luz, de lais de barros monteiro guimarães

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Série História dos Bairros, 12 (1973)

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Page 1: Luz, de Lais de Barros Monteiro Guimarães

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CAP" : R IU Ped ro Alvarn CabralI'OTO : Crist iano 'Ia~caro

L\ Y·Ol I : h :rnando Frank Cabral

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PREFEITUR A DO MU N IC I PI O DE sA O PAU LO

SEC RETARIA "tUNICIPAl DE CULTURA

DEPA RTA \It: ~ T() DO r AT RI\lc) S IO IIIST OR ICO

DIVISAO DO ARQU\,O IIISTORICO

IVO L UM E XIII

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lais de bar ros monteiro guimaraes

luz

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SEGUN DO p R£ MIO DO VIII CONCURSO

DE ~IONOGRAFlAS SOBRI:: A HIST6RIA

DOS BAIRR QS DE SAO PAULO, PRO~tO·

VlDO PELA D1VISAO DO ARQUIVO

II1ST6 RICO DA SI::CRI::TARlA MlJ?<,1ClPAL

DE CULTURA DA PREFEITURA 00 MUNI­

01'10 DE SAO PAULO.

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LAIS DE BARROS MONTEIRO GUIMARA ES

Natural de Assis, Estado de Sao Paulo .

Pro fessora Primaria e Secundarta, Advogada , prcsentcmente eProfessora Univcrsitaria das Faculdades Mctr opoluanas Unidase ccupa a Diretor ia da Divistc Tdcnica de Controlc de Pessoaldo Departamento de Administracao da Prefcitura do Munici piode Sao Paulo .

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"Na cidade, forces e inJ1uencias remotasse [undemcom 0 local ..

- Munford -

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iN DI e E

CAPit u LO I - ANTELOQUIO

I. PALAV R AS EXPLICATIVA S

CAPItU LO 2 - ORIGEM

2. NOTlClA HISTOR ICA. CAP ELA DE N. SF.NHORA DA LUZ .2.1 - Reoonh ecimento geografico .2.2 - Destaq ucs de avcnidas, ruas c funcdcs do Bairro da Luz .

17

233719

CAPITU LO 3 - EXPANSAO

3. BAIRRQ DA LUZ MONUMENTAL E ARTISnCO . . . . . . . . . . . SS3.1 - 0 Jardim da Lua . Hist6rico e posi~io social . . . . . . . . . . . . . . . 553.2 - A Esta~ao da Luzcln stalacdo. 0 Grande Incendio . . . . . . 7J

CAPI'rULO 4 - ENTIDADES CULTURAIS

4. MUSEU DE ARTE SACRA DE SAO PAULO. . .4.1 - Pinacoteca do Estado . • • • • . • • • • • • •• • . . . . . . . . . .4.2 - Escola Pobtecntca. Sua participacao na revolu~io ccnst ttucionateta .4.3 - Pol{cia Militar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4.4 - Service National de Aprend izagem - SENAC .4 .5 - Presfdio Tiradentes. a quartel. . . . . • . . • . . . .4 .6 - GEC Prudente de Moraes .4.7 - Metropolitano de Sio Paulo '. . . • . . ..4.8 - Real BeneflCincia Port uguesa . . . ...... .. . ... •.. _ .. . .4 .9 - Igreja de Sio Crist6vio ... . . .. . .. .. . . ... .. . • . . ..

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.. ... . . . . ....... ~ .

CAPITU LO 5 - DESENVOLVlMENTO CARTOGRAFICO

5. COMENTARIOS· GERAIS SOBR E CARTAS GEOGRAFICASGIAO .

DA RE-10]

CAPJ'l'ULO 6 - POSF ACIO

6. PR OJETO DE URBA NlZAc;AO DO BAIRRO DA LUZ .

BIB L I OGRAF I A . .• • • • • • . • . • . . . • . • • • • • • • • • • • : .

II ]

117

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C AP(T U LO I

- ANTEu'>QUIO -

1. PALAVRAS EXPLICATIVAS

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I. PALAV R AS EXPLI CA T IVAS

Em boa hera a Secretara Municipal de Cunura da Prefeitu ra do Muni­cipio de Sao Paulo. instit u iu urn con curso monograflco sobre a historia dusbairro s da Cidade de Sao Paulo. A medtda. ajem de despe rtar no coracso despaulistas. legitimo sentimenl o patri6lico pelas cotsas do passado, ted ainda ,o condao de perpetuar nos arqu wos muntcipats. fates. usos, costu mes, pcrso­nagens e data s epis6dicas relevanres ou pitor escas legadas a evolucso metro­politana desta Terra. que de urn ano para outre mae se dcsfigura de suascaract ensttcas originais, primitivas ou provin cials.

lI ist6ria e tradlcro sao aqui analisadas, quando Sao Paulo entre noquinto seculo de sua existdncia, grayas a cssa iniciativa do Podcr Publico,lancand o mao de todos os recursos e meios dc comumcacr c , com o objcuvcde despertar nos cidadaos de Piratininga frutos de complexa nuscjgcnacrocultural, a ide'ia de que a Patria nao e' simplesmente a terra de nosscs pais,ou aquela em que vivemos e nascemos. Na sua conceuuacso sent imen­tal - geograflca e cultura l, e' precise que os individuos que vivem nestepedaco asencoado de terra. se persuadam de que a existe ncia social de cadaurn e de todos. esta ligada ao solo. ao passado conium. e agrandeza moral dosantepassados, dos homens e aconrecimentos de onrem. a tod os cingindo naestrururacro da raca a que se propuseram organizat .

A grandeza do Sao Paulo ccnremporaneo nso e obra exclusiva despaulist anos de hoje, mas, produ to de esforco, dedicacao e operosidade dasgeracces pretcrttas. atravcs dessa jomada que ja sc cstende pOT quatrocentosc vinte anost

Sao Paulo , nascida sob 0 signa da fe, floresceu como urn nulagrc,especie de baluarte entre dois no s e 0 Tiele que corria do lite ral para 0 scrtdo.

Ale'm do planaIto , 0 in6spito sertao.Os velhos paulistas. cuja fibra foi tem perada na rudeza geografica local.

cu idaram e dcfcndcram sua Terra. Desbravararn-na em todos as senudos. ea n6s legaram sob a inspuacac do douto Manuel de N6brega - "csta terra ea nossa empress . . : .

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~o () BAIRRO DA l UZ

Conquistas pcla tcas. vanragens ecorcrmcas, seguranca familiar, uveramo pr~o de penosos sacnfrclos. e. poT " C/CS. de lutas scm treguas!

Dcvemo-lhes. pais. profunda solidariedade moral. como autenricossucesscres seus, inco rpora ndo em nossas almas e patoote mo, a predestmacrode esCOUI 3 de cammhos no rumo de vida.

I': 0 que ocorre 30 auto r, no momento de iniciar a s despretensiososcomentanos que fad . sobre urn des mais ant igos e hist6ricos bairros de SaoPaulo. conscientc dos prop6sitos da Secretarta Municipal de Culture, certa­mente envolvida poT nova f6rmula de propaganda crvica que se institu iunos orgaos publicos municipais, e. sem duvida alguma, muito procedente efecund a - fixar 0 passado , no memento em que a urbc criada sob a tnspiracaoda cruz, rnetarnorfoseia-se para sc transformer no mllagrc do novo mundo .

Escolhemos para lema de nossa monografia, urn des bairros maisarulgos de Sao Pau lo. teccndo dados de dominies varies, e proeurandoconst ruir uma narrative coerente. visando Iocaliza-lo na sua rea lidade pr6pr ia,c identificando scus esUgios de desenvolvimento . por meio de srmbcloscaracrensticos,

Nito foi. nem pod eria ser nossc designio relacionar aqui, todos a svatorese formosu ras que h~ rnuito reclar uam a devido inventano .

Os seus caracterrsncos, suas poucas construcees senho riais, sua pito­resca beleza. e, principalmcnt e sua pcja nte atua~io na estruturacro mora'de sao Paulo, merecem a sutileza e acuidade de pena mais hAbil. Assim, demodo assistemauco au impresslonista. procuramos mostrar quant a ~ nobree antigo 0 Batrro da Luz,

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C APrTU L O II

- ORIGEM -

2. NOT(CIA HISTQRICA. CAPELA DE NOSS A SENHORADA LU Z

2 .1 Reconh ecim ent o Gt'ogra fico

2 .2 Desta que s tie Avenid as. R uas e Funeaes do Hai rr o daLuz

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2. NOTic lA HIST ()RI CA

o di<i rio de Pero Lo pe s de Sou za registra que seu irmio , ~lartim Afonsode Souza . lniciandc a cclcmz acro do Brasil. " fez uma vila na ilha de Saovtcenre e outre- a nove ~guas cent ro pelo sertso. a borda de urn rio que sechama Piralininga e rcparnu a geme rcstas duas vilas. E fez nelas oflctais epOs tudo em boa ordcrn e just k a . E todos ficaram satisfeitos por ser cada urnscnhor do Seu c tcr tod os os out ros bcns da vida e conscrvavcl".

A vila de Piratininga, parece rcr se sit uado na couftusnca des nosAnh agabau e Tamanduatef, q ue a epoca tin ha um per curso mats lange quehoje cm da.

Essa vesta regi:io, que conespondia a do atual bairr o da Luz, perma­ncceu durante mu itos anos, toralmcme despovoada e distante dos hens daeivilizacao. No s prim eiros tem pos da lustona. talvez devido as difi cu ldadesde sob revivcncia no loca l, os co lon izador es portugue ses retomaram a Sao Vi­cente , fica ndn tod a aquela umpliddo geogr:ifica el}!Jegue a Tibiricd.

Com a fundacr o do Colegio de Sao Paulo em 1554, concentricarncntcem to rno dele. ccmecou a se est ruturar a povoacao, sendo certo que aconfiguracio geografica regiona l, dclimirou e subordinou tal organizacdo eosseus caprichos naturais.

Relevo agreste e aspero. Ilao perrnitia urn arruamento a " moda ponu­guesa". q ue se caractcnzava pela sua regular idade e conti nuidade , alem doque, durante mu itos enos. a cidade roo pcssuiu urn oficial arruador .

Assim, ate 1828. Sao Pau lo de Piral ininga possuia restrita area urba na,como sc podc apr eciar 113 planta da imper ial cidade, de au tcrta do Capnaode Engen bana . Ru fino Felizardo e Costa .

o lcvantamcnto urbane de 1810 , mostra-nos um a povoacro modeste.talvez bern mellor que a arual freguezta cia S~ , tendo seu centro urbane en­caixado no tradicional tr iingulo setscer msra.

Para o s lados do Guare - sigmfi cardo em lingua tu pi, "cotsa" q ueIoi e nao e mais - 0 loca l estava ainda , totalmente despovoado, mos trandosimplesmcnte 0 delinc amcnto do Jardim Botantco e a lgrcja e Con vcnto de

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24 o BAIRRO DA LUZ

Nessa Senho ra da Luz, em posiceo dcstacada na imensidao daque les campos.o caminho do Cuare ou Cu arepe, cc nsta ntcmcnte rcfcrtdo nas Alas

do Govemo de Sao Paulo , intcrligava as campos da Luz ao centro urbano dapovoacro . serpenteando na planrcle. juntc 3 0 rio ou barranco actma. chetc debarrocas e fundos grotces.

Era a unica ascensrc dos campos distantes. que com 0 COffer do tempofoi cakado . receben do outras denormnacoes. I: atualmcr ne. a Rua Floren cicde Abreu que "foi man dada abrb pelo govema dor e capnso-general Franciscoda Cunha Menezes, que goverllOu a Capilania em 1782 a 1786" - (M.E. Aze­vedo Marques - Apo ntamentos lI ist6ricos - VoL II - pegma 138).

"A Rua Flo rence de Abreu, dcsdob rada pela lambada estreit issimado extreme d ivisor das aguas Anhangabau-Tam anduat ef sofreu varies rebat­xos. urn des quais em da ta cc ntemporanca des velhos paulistas de hoje , aindaassim, para conseguir-se tr ansite . ate mcsrno de pcdestres, tornou-se necessa­rio 0 tevar narnento da margem esquerda do Anhangabau, ate junto a RuaSenador Oueuoz. aterr o que em seu po r-to mais elevado atingiu aaltura decerca de cinco metros" , (A. A. de Freitas - Die. Hist. de Sao Paulo).

Desenvolveu-se. pois. no alto do espigio que acompanhava 0 leno dorio Tamanduatef, just amente onde hoje se situa a Rua 25 de Mar~. 0 que,de certo modo explica a Ladeira Porto Geral, porto que se s nuava exatament eno inic io dessa ladeira .

• Entre 1828 e 18 72, Sio Paulo cresceu ttmidamente e de forma irregu­lar. As cronicas continuam a nomear a Ouare a u Guarepe como termo da Vilade Sao Paulo , local entregue ao gada que por ali pastava . Seus moradoresem 1555 passaram-se para 0 povoado fundado pelos jesu itas.

Em cartas de datas de terras aparecem referencias freqt lentes a loca li­z.a~Io da aldeia de Piratminga entre os r ibeiros histcricos - 0 Taman duateie 0 Anhangabau. H;f tambem cont inuas referencia s eo caminho para NessaSen hora da Luz em Guarepe, e j i em outubro de 1598 encontramos alusioi capela de Nessa Senhora da luz, inaugurada em 1579 , no Ipiranga e trans­ferida para as campo s da Lux. Tal ocorreu . quando Domingos l u iz, " 0 Car­voeiro" e sua mulhe r Ana Camacho , refo rmaram a escritura de terr as doadasa cape la do "Piranga". A referlda doacsc foi entao transferida para a Guareou Guarepe , cabe ndo a pequena ermida a terce des bens do piedosc casalpara sua rnanutencro. que mais tarde se transformaria no atual conventoe igreja, no momenta em que 0 ou ro das minas longm quas determinou aeleva~o do pedrso de vida da povoacro nascente .

o documentc fc i lavrado a 10 de abril de 1603 , pelo TabeliaoLourenco Vaz.

o atual ba irro da Luz, os Campo, EIIsios e a varzea do Tid e o nde"es te rio se une ao Tamanduatef", consnt uiam a vclha Piratininga, sendo

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QRIGB I 25

certo que os residentes no ou tre lado do rio etam denominados "a lem Pua­nmnga".

Na medida em que 0 tr iingu lo setscentista Ioi se alargando em vanesdirecoes, Ioi sc forcando 0 recuo das Chaceras e malagais eireunvizinhos. Emuita s de las foram retalhadas para a formacao de ruas. largos c novas cons.trucoes. Alguns poucos arrua mentos iniciais prevaleceriam, marcando aestrut ura urbana de Sao Paulo.

Par todo s os cantos. ruelas estreitas e caminhos planejados em curves.a Ilm de sc contomarem fundas barrocas. Ruas e camlnhos eventuais, trace­jades eo gosro e interesse dos primeiros moradores, que lfvremente erguiamsuas casas, barravam as vias pcbhcas, nestas lancando as imundfclesdc rresncas.

Varas de w inos Iossavam Iivremente aqui e aceta. chegando a invadirate: mesmo a Casa da Cama ra e as lgrejas, fugindo a cardo s e espinhe iros quecresctarn pelos caminhos.

Os arr uamentos se faziam em fun~io das I~Oes necessrnas comSanto Andre! ou come 0 lite ral, 0 que , aliado a prolfferacro de lgrejas nosvarie s pon tos da cidade, prop ieiaram a abertu ra de trilhos e caminhos.

Sao Paulo do Campo ou de Pirat ininga continuava isolada do teste doBrasil. Pobre, scm nenhuma cxpreesro econ6 mica na America Portuguese.du rante decdnics co ntinuaria mergulhada na sua solidi o geografica . _

No ano 1950 , a SARA efetuou 0 levantamento da cidade de Sao Paulo ,oferecendo-nos a jmprcssso de que guardava, ainda. muito do principio doSeculo. sobret udo a part e velha. A se:, representando ainda , a feirrao da vidapaulistana dos seculos preteruos. onde apenas as garagens da Praca ClovisBevilacqua e Joi o Mendes melho raram em alinhame nto eTetificarrao.Nomais, ainda se encontra a rua que "da Matriz vai a Sio Bento" que c! a RuaXV de Novembro ; a " rua Direita a Santo Antonio" ; a que do Carmo vai aSao Francisco", que deve ser Benjamin Constant ou Senador Feij6 , as antigasrua s da Ereira e do Jogo de Bola .

Quarenta e trss bairros sao indicados nos Inventaro s de persona lidadesda provincia. (l nventanos e Testamentos; publica¢"o do Arquivo Hist6rico),espalhado s pela " Vila de Sio Paulo do Campo", e onde moravam nossosantepassados, nos seus sit ios e fazenda s.

Eram eles: Guapira, Ebira puera, Embu assava, Pinheiros, Pirajussara,Mandaqu i, Piranga, Oultauna, Jaragua, Pary, M6oc:a, Barueri, Paceembu,Nessa Sen hora do O. haquera , lIapecerica, Acotia (Cotia), Tremembe, NossaSenhora da Penba, Guarulhos, Carapicuiba, Ptquen . Piritu ba, para citannosos mais unportantes .

Par ai viviam os velhos paulistas, que somente vinham a Vila para asfunczes religiosas ou politicas, em determinadcs d ias da semane.

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Z6 o BAIRR O DA LUZ

Todavta, no centro , alguns peullstas possuiam suas casas com q uintais.H em 1720 ha nouctas de que os dgeis cavaleiros paulistanos sc cxibiam

em pcrigosas galopadas pclas ruas e caminhos da povoacao . Bento do Amaralda Silva era urn desses ousados cavalciros.

Urn po uco ma is tarde. alguma cadc irinha au uma rara traq unanadernon srram a fo rma de vida do pau listano, fosse para sair da povoact o, Fossepara deJa sair nas piedosas peregnnacces pelas igrejas mae distantes .

o ctescimento da area urbana acen tuou -se rnais nitida mente, a partirde meados do secujo passado. quando 0 poder municipal ja era obrigado apressionar os particulates 00 sentido de melhor aprovenarnentc das terrasabandona das dent ro do rocio "da meia lcgua" .

Entdo , nas varias zo nas da cidade se abriram novas ruas, ao rncsmotempo que 0 nucleo central se compactava.

Abnu-se a Rua 25 de Marco. Dcsenha-se a Rua General Carneiro,comunicando a varzea do Rio Tam anduatei com ° cent ro urban o da povoa·~o.

Como ° crescimen to urba no se fazia irregularmente, desenvo lvendo-seem algumas dire\ Oesaperas, rest aram chaceras e mata gais.

Na po nte do Acu, popularmente chamada do Cisqueiro, Ioi colocadourn portae separa ndo campo e cidade. No cam po, compreendtem-se todas asterra s que urn dia constitu iriam a cidade nova, Sant a Ifigenia , Santa Cecil iae Consolecao.

Alguma s atas da Camara de Sao Paulo, mo stram a tendencia de rete­lhamento dessas areas.

E as chdcaras foram se pulvenz andc , sobretudo a partir de meados dooitocenti smo, dando lugar a novas ruas, ainda com jeito de est radas, casasmuito isoladas urnas das outras.

Algumas delas foram retr atadas por Ferreira de Rezende em suasmem6r ias ( 1849·1855 ), ce rro a "rua dos Bambus" (trecho da "Rua Viscondedo Rio Branco" , e a rua que passava pelos fundo s da lgreja de San ta Ifige­Ilia, trecho da futura Aventda Ipiranga.

No volume VI , pagina 97 das At as enco nt ramos referencia ii "estradareal do Ouarepe", como urn des caminhos de grande transite na pcvoacao.Era 0 " caminho para a volta Grande " que dava acesso ao campo do Guare ,passa ndc par Sao Bento (Rua Ptorsnclo de Abreu).

Alguns estudtosos coruesram essa ideia de que essa regiao do Guare,hoje correspondente ao bairTo da Luz e suas imedia~lles . tenha side 0 Iamosocampo de Piratin inga onde se aldeava Tibir~a e referido po r Pero Lop es deSouza.

Sabe-se com certeza que em 1777 era amd a, uma regiao tota lmentedespovoada .

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ORIGEM 27

Urn pequeno riacho chamado Guarepe a cortava rumo norte , razaopclc qual passou a scr conhccida por " campo do Guare" havcndo quemtr aduza Guarepe por "ca minho dos Ouaras", as bclas e majcstosas avesaqu drlcas brasilci ras.

A Ca pe la de Nessa Senhura da Luz

A hist6ria da regiaa sc descnvolve em tor no da pcquena crrnida queDomingos Luis constru iu, em cujo orago coloco u a imagem da Vtrgern deolhos baixos, que conta cerca de Ires sdculos e meio.

Em 16030 picdoso por tuguds eognom inado "0 Carvoctro" , porque eranatural de Carvocira, com a colaboracso de sua rnulher Ana Camacho, trans­!adou do "Plranga" uma capellnha sob a tovocecro de Nessa Senhora daLuz.

As notic ias mtlagrosas da v lrgem esvaztaram a velha dcnomina caoIndigene e 0 " caminho dos Guaras" passou a ser conhecido como "ca mpoda Luz".

Pr6ximo ao Rio Anhamb i, era local de aprazrvct beleza e convidativoa medttacao espirit ual.

"De aspecto mutavel com as estacces do ano, na cpoca dos aguaceirosperi6dicos formava a ridente planura , nos suaves dcslizes de suas orlas, vastolenco l d'agua , inundada pelo legenda rto Anhembi, para emergir, nas esnagcns .luxuriant es de vegeteceo campezina, pontua das de capoes de mate , irrigadaem todas as direcoes por uma infinidadc de regatos nascidos de Inumeraslagoas que 0 benfazcjo Tictc ao voltar ao seu leito , convertia em piscososviseiros".

"Com a dcscida das aguas. os campos cc br iam-se de bandos incontdvcisde perdizes, as legoas povoavam-sc de pernaltas desde a garca elegante ate 0macarnbuzio jaburu , de marrecos e pato s selvagens em parccn a com as pacas.capivaras, ariranhas e outras na dist rutcro dos habttant es das aguas. nso. porseu tu rnc , servindo de pasto ao indigena oruvoro".

Em "A Polianteia", assrrn Afonso de Freitas descrcve a beleza dosCampos da Luz.

Os relate s hist6 ricos informam que os prtmetros franciscanos que ptsa­ram terras paulistanas. em 1583, recolherarn-se na Capela de Nessa Senhorada Luz, situada no melhor pont o da regiao, at rardos. talvez pela belezanatu ral des Campos do Guare que sc comparavam as campinas de Assis, ou

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28 o BAIRRO DA LUZ

a " ermidinha " da Senhora da Luz lhes fizesse lembrar a "tgrejinha' de Por­ctancula .

Alem dtsso . as alas onde SiC ab rigaram. tambem SiC assemelh avam 30

pob re abrigo des (fades do Rio I ori o!Tudo no local lhes Ialava de uma santa convivencia como da Ordem

de sao Francisco de Assis.Diz a hist6ria que esses francsscanos em 1583 se abrigaram ra Capela

de Nossa Senhora da l uz. Sc assim for, 0 certo ~ que antes da lra nsla da~ao

levada a cfetto pe lo "Carvoeiro" em 1603 . no local j ii cxlstla a capels votiva." Domingos l uis estava acabando a igreja . H lhe dtssemos missa nella

c6 ra ta Festa ".Quando Anchicta escrcvcu essas palavras estava lavrando a certidro

de nascimcnto da Igreja de Nessa Scnhora da Luz.Segundo Leonardo Arroyo, era 0 ana de J 579. Em l 603, ocorreu

snnplc smcnte a trans ladacdo da imagem da capela do "Pora nga~~ para a ermidada Luz. Essa imagem, de barre clare de Sao Paulo , era obra de urn dos matsant igos at tistas do Brasil, e reafirmava nos campos do Guare . a glor iosadevocao da v ugem Maria.

Sabe-se do inicio da colomzacro peulista, que em 1583. os Irades fran­ctscanos chegaram a Sao Vicente na esquadra do alnurante espanhol DiogoFlores Valdez , e que const rurram nos campos do C uarcpe. a primeira ermidaem devocrc a Nessa Senhora da Luz, como nos relata 0 crontsta franctscanoFrci Antonio de Santa ~taria Jaboatao. "Com muita pobreza, recolh imentoe exemplo" abrigaram-se no local. onde a natureza distribu ira santos encan­res.

Urn dos franciscanos. 0 umao leigo Fr ei Diogo, t assassinado no local.sob a bruta lidade das pun haladas do perverse soldado espanhol. ao qualhurruldemente advertira. para nao blasfemar e comet er tanta s imp iedades.

Considerado marur . t sepultado no Cok glo cos Jesuitas, contando-setcr eoncedido aos fieis, miraculosas gracas at raves do Scnhor, em razro doque, logo se propa lou sua sanlidade.

Durante mais de urn seculo . vanes religicscs ali residirarn, solitaria ­mente. destacan do-se as ermitoes Manoe l de Atouguta e Antonio Joro.

Em 1729, urn dcscendent e ao bencment o Domingos Luis. FilipeCardoso , juntamcnte com sua mulhcr e filho, constitu tu par cscntu ra publicades Reverendos Ma nges Beneditmos, perpetu os administ radores da Capela,dando-lhe tambem, 0 patrim6n io territorial que a circundava. (A. E. Taunay).Nso sc tern nonce algoma de como teria sido a igreja ate 1680 e anos pos­ter tc res. pois ns o ficou dela nenhuma descncro.

Devia. porem, ser pequena. vde certa forma rica c co lorida , por forcedas picdosas doacoes de nt is e encont radas em van es testame ntos. muit os

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ORIGEM

com uns 3 epoca. em louvor 3 Ne ssa Senhora da Luz.Ou trossmi , "0 caminhc de Anhabau que vai par.. Nessa Senhora da

Luz" - (Alas - volume XVI · paglnc 1:27) - sempre mcreceu a methoratencro da Camara de Sao Paulo.

Nso sc pe de prcctsar pe r qua nto tempo cs bcncdtunos desempcnharama incurnbdncia reccbuj a, que pot scr muito one rosa , 1130 Ioi cominuad a pclosmanges de Sao Bento .

Quando D. LUIs Anto nio lie So uza yeo para Sao Paulo , como ca pt­tao-general, a capela estava aba ndo nada e arrutnada . j:i contando , e ntao,mats de cern anos.

a novo gover nador provincial, homem prorundamente reljgo so. repa ­rou a cape ls , esco lhendo-a para a reanzacao da testa da Nessa Senhora desPrazeres.

lnicia-se 0 segundo mement o da lgreja da Luz, if qual tern sua historia ,de extraordmaria sanndade e devorarnento 3 causa de Cristo .

Co mccou Pvt vo lta de 1765 , quando D. lU IS Anlon io de Sou za Botelhoe Mou rdo mais co nhccido como "Morgado de Mateus" apo iou aos anseios dairma Helena Mar ia do Sacramento . que assegurava ter rccebido uma revclacsosobrenatural para fundar um rccotlumcnt o para rnulheres na cidade de SaoPaulo .

Seu co nfessor , Frei Antonio de Sant' Anna Galvao. franciscano respctta­diss imo. accnou a revelacso cia irma Helena e com 0 bcneplacuo de D. Luis,iniciou a obra para que "a i se perperuasse 0 Culto do San tissi mo Sacramen toe de Nossa Senho ra dos Prazeres". (Termo de Aprovacso ).

o Mo rgado de Mateus ordenou a sua cus ta. a construcro de pequcnoscornodos juntc a capela para abrigo das futuras recolh idas.

A dois de Ievere irc de 1774 , reabz ou-se solenement e a revetada Iunda­crao, assistida pelas pessoas gracias e ilustres da terra , que se encontra emmanuscrlro . ainda existente no arq crvc do Convenro . nos seguintes term os:

"Foram ao reco lhunen tc de Santa Teresa, 0 General D. Luis, 0 Gover­nador do Bispado , 0 ouvidor Jose Go mes, 0 Reverendo Cura Jose Xavier e 0

Reverendo Frei Antonio de Sant'Anna Galvio , com outros cavateiros epessoa s d istinta s desta cidade , ao romper do dia , e a Regcnt e daque le Reco­lhimento cntr egou a Fundadora Madre Helena e por companheira sua sobrl­nha Madre Ana da Conceksc : ai se embarcaram estes em duas cadet ras q uepara cste efcito sc tinham preparado. c com 0 maior segrcdo foram acompa·nha das petas pessoas acun a referldas. ignora ndo tude lsto ate as pr6priasrecolhidas daquele Recclhimento".

"Cnegandc a Capeja da Senho ra da Luz, °gene ral ent regc u as chavesao Reverendo Frei Antonio de Sant'Anna Galvso e recclheu-se com mais acomtnva para a cidade on de assrsnrama fun~ao da ben~aoda Cera na Catedral.

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30 o BAIRRQ DA l UZ

scm fazer a menor falta e ningudm saber desta mc danca . ate que comeco u apubhcar-se por meio de algumas pretas que passaram pelc nosso Recolhl­mem o".

Assim, no segreco da madrugada instalara-se 0 Rccolhimento da Luz,e cntregue aonenracsc espiritual ao Fr ei Galvao.

Fo i ajustado 0 recclhimento. per or dem do Papa Julo II. a Ordemdas Con ccpclorustas Franc tscanas. Consta que 3 religiosa Helena ~1ar ia doSacramento , que ali vivia em santa inlimidade com 0 Scnhor, qucna 0 Reco­lhimen to ajusrado a urdem Carmelita , mas. ante a detemunacro receblda,c bedeceu prontamcnte, trocando 0 bur el pardo do Cannelo, pclo habtto azule brando da lr naculada Ccncctcao.

A Ordem da Concctcao da Bcm-Aventurada Virgem Maria. comumenrechamad a <las Ccn ccp cionist as. fo i fundada pcla bcata Bcatriz da Silva, emTuicdo. 1IaEspanha , no ano de 14~4 .

Ordem de monjas contcmplativas c enclausuradas, tinha £lor objet ivohonrar a Concetcso lrnaculada de Maria Sant fssirua, verdadc quc .1 cpocaainda co nst ituia poldmica entre os tec logos, po rque ainda ml o fora dcfinidacomo dogma. 0 que s6 veto a acoruecer em 1854, qua tro seculos ap6s afundacrc da ordem pela nob re dama port uguesa.

Pur essa ratio. recebeu indiscriminado apoio da lgreja. A epoca, 1774,- t res dos cinco Converuos ja existentes no Brasil eram concepctomstas. e.como tais, franciscancs - os convento s da Lapa, 113 Bahia, de Nessa Senho rada Ajuda no Rio de Janeiro, e de Mecaubas. em Minas Gera is.

Aos poucos 0 Recolhimento da Luz foi crescendo, na medida em que aele chegavam as novas servas da Imaculada Concercso.

~ladre Helena reccbeu a proflssro de fundadora, constituindo-se Regen­te e Mestra de suas oit o filhas espuituais.

Era o dia o ito de setembro de 1774, dia em que 0 Capitao General feztarnbcr ncelebrar a festa de Ne ssa Senho ra de s Prazeres.

Madre Helena prornctera zelar pe r essa festividadc, cu]c estatuto rna­nuscrito - "Irmandade da Nobre za" - sc enco nt ra nos arqulvos do Mostei­ro.

Anto nio Egid io Mar lins, no segundo volume de scu livre, "Sao PauloAnt igo" , tra nscreve a noticia segui nte:

"N a segunda-fctra da Pascoe la, realiza-se na igrcja do Recolhimentoda Luz, a festa de Ne ssa Senho ra dos Prazeres, aqual antigamente , concorrtamuito povc da cidade, que, em rornana . seguia. nac 56 de manta, como atarde, para aquele temple , a fim de assist ir as solenidadcs que nele se faziam ,nrc trabalhandc nesse dia e pe r causa da mesma Festa quase todos os cida ­dsos. especialmente os tip6grafos empregados em npogratlas de jOH13isdtanos, os quais nu dia seguinte, nso circulavam, pedindo os respecnvos

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3 1

proprtera no a dcsculpas aos scus asstoantcs. dessa falt a. dando , como rnottvo.a tcadicional Festa de Nossa Senhora dos Prazeres".

Com 0 passar do tempo, a tes ta foi se amphflca ndo , chegando a res­tnn gir-sc a devocao das religiosas, em cum primento a vcntade de D. Luis,scu instituidor.

o Mor gado estabclccera ainda, ou tra condtcso , qual fosse a perpctuaadoracrc do Sant issimo Sacramento , Essa, jamais sofreuqualquer lirnttacao.

Dia e nottc, 300 pe do Tabema culo encon tra-sc uma monja a cumprira sagrada rr ussrc de adcra dora do Santfssimo, que consutut verdad eiro"cxercic io herolco'' . na exprcssro de D. Antoni o de Melu.

As monjas viviam quasc mtseravclmcnto no Recolhimento, apena scom as esmolas dos fieis, sendo certo que as coisas cornpradas se destlnavamapen..s as doentes. Nrc tlnham fun dos ou rendas. totatrnente entregues aDivina Providencia, sem pedirem esmolas a quem quer que fosse. Venderago era considerado crime!

Era uma ence nradora simplicidade suas vidas, geralmente provtndas defanulias rtcas , scrvidas por abun dante escravaria, no Recolhimento andavamdescalcas c qua ndo usavam calcados na hera da Santa Comunhso , eram desua Iebncacso, com panes velhos.

Temper ando a alma, com as pn vacoes constantes e 0 sofrimento ffsico.preparava-se 0 terr eno para que ali sc fizessc 0 Convento da Luz .

A 14 de junho de 177 5, assume 0 governo da Provincia de Sao Pau lo,Martin Lopes Lobo Sa ldanha, em substituicao 010 Morgado de Mateu s.

o fato foi causa de pcnosa prova para a comunidade da Luz, puis 0

novo govcrnador , contraditando a atua cao administrativa de seu antecessor,ordenou 0 fechamento do cenoblo . ordenando ate rnesmo a retirada dasirmas para suas casas, exatarnente no dia de Sao Pedro do ana 177 5.

Frei Oalvao . apes a distnbuiceo da Cornunhao as lrmas, durante a SantaMissa consumiu 0 Santissimo Sacramen to. Mandou apagar a lampada, e dissea todos que nao mais adorassem Nosso Senhor ali, pots Elc nao estava matspresente naque le Sacrado.

Permaneceram no Convento sete Irmss. sem nenhum sinal de vidahumana . Sofrem, rezam , e esperam pela Divina Pro videncia.

Todosjulgavam deserta a Case.Revogada a ordem do seu fechamento ate 1782, Mart im Lopes conn­

nuaria hostilizando 0 Couvento.Tao logo Frei GalV'Jo soube da determinacao do vice-rei, dirlge-se para

o "conventtnhc". a co-rer pela " descida da Figueira de Sao Bento" , vencendo,talvez, a dgua e a lama rcinantes.

Pa r algum tempo Ol inda, para par-se a salvo da ordem do Reina da"Alternative", Fre t Gelvao couservara 0 Recolhimento como simples casa de

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o M IRRO DA LUZ

reuro. c ndc sc agrupavarn senhoras devotes. mas scm vote s para a prat ica davida refjgiosa em lOW a plen itude.

Toda via, nao cram cc nsidcradas religiosas nem 0 esubclccuncnro. urnconvem o verdadeiro .

A ~ de maT\o de 1846 , 0 Impera dor D. Pedro II e a lmperatr jz Dna.Teresa Crist ina visilam 0 Rcco lhimento. co ntando a hLqo ria que 0 Realv tsname permancccu na Igrcja. enqua nto sua co nsorte visitava 0 Conven to .

Em 1885, fo i a vez da Pnncesa Imperial Dna. Isabel. a Rcdcnrora. escu esposo a Co nde D' Eu .

Conta -se que ela ficava hospe dada no palacete des Marqucses de TresRim , a frente do Co nvcnto e qu e to das as manhas vinba assistir missa naCapels de Ne ssa Senhor a da Luz. na cc mpanhla do Co nde c de scus dotsfilhus ainda meninos .

Cem o e ctnqucuta c cinco alios rnais tarde. Madre Oliva Mar ia de Jesus,cst tmulada c apoiada pclo arccbts po D. Duarte Leopoldo e Silva. co nseguiutncorpo rar 0 convcruo a OrJem Co ncepctor usta elevan do-o :i cond tcso deMosteirc pontificio, LOrn votos s olenes e observancia de Regra propria 1.1,1

Ordem, a que, anlc riormcnte perte nciam por devocro e ordem do BispoD. xta uucl da Rcssurrcicro .

E Jesus Sacram ent ado vo hou a 12 de setembrc . a habita r 0 Sacra- rioda Cape la da Luz.

A melhor ia. das condlcses do convenrc foi tratada pessoatmenre po rFrei Galvac . pots. as paredes da igreja velha estavam amcacadas de ruir como frc ntispicio especedo e 0 dormit6rio multo acanhado.

A nova construcrc nada tern a ver com as primitivas casinhas e a errmdada Luz erguida pejo "Ca rvoci ro".

Situada ,10 seu lado , t inteiramente independ enle. A venia igrejinhatinha a [rente e ent rada voltadas para d Rua Rodrigo de Barr os.

A atual igreja tern sua frerue vo ltada para a Avenida Tiradentes, con­forme 0 quis Frei Galvro. porque em -eu tempo . 0 trtlhc que Iigava 0 Campodo Guare 3 ctda de, era bastant e transitado , 0 qual se tomo u rua entre 178 2 eI 7H6 , no govcrno do Ca pitdc General Francisco da Cunha Menezes.

Costumava dizcr que 0 "Baine da Luz", conf ormc era chamadc pelopovo. se tor naria 0 coracao da cida dc de Sao Paulo.

Nao se sabe 0 dia, mes c 3110 do tancamento de sua pedra fundamental.Outs Erei Ga lvao que as religiosas Iosse r nas primeiras que, lomand o a enxada,comccasscm a abrir os auccrccs do convento. E no dia pa r cle determinado,rcvestldo de sobrepele foi ,10 lugar marca.do acom panha do das religiosas,tendo a freme a Madr e Regente . todas recobenas de capa e veu. e percorre­ram a quadr a delineando a novo Sa nruarjo .

A Captta nta de Sao Paulo se achava material e surnamen te depa upe rada

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OR1GBI 33

em razao do Bandems mo te-la prosuado enfraquecida, dados os sacnfjciosque exigira de todos. Alcm disso , 0 Iisco portugues o primia as atividadcsindivid uals C corucr ciais e 0 mlltt artsmo suhtra ia para si us ctcmcrnos ma tssadios c progrcsststas para os co loca r nas guerras do Sui contra us cspanhou.

" As classes inferior es da populacac viviam em grande misCria, com 0

atraso da agricultura e consequent- falt a de vrvcres {Tau nay - Antigo~

Aspectos Paulistanos - Pag. 98 ).Mesmc assim. Fre i Galvi'o pUs msos aobra e. longe de bUSC31 uma cons­

tru cao mediocr e. delmeia s6lido e vasto edificio que aepoca OlUSOU admira­If'iOaos pauh stanos (Vide iluslra-;ao ;.

o pnmuivo Recolhimemo pcrdurou a l ~ 1 90~ . quando foi devolvidopara dar lugar ac s do ts 1l0VOS tanco s, con st ru rdo s pelo Co nde de Prates.

Niuguem pOIJe enuar no Co nvento. mas, sabe-sc que atras daq uelasparcdcs de sobdro. vivcm ccrca de u inta ou mais irrnas, sob as ordcns deuma abadcs sa e assistid as por UIll capelao . Scu s dcgraus estao desgastadospclo anda r das monjas que Ita mats de cern anos pisam suas lisas tabua s.Em 1900. suas janelas forarr; envidracadas. mas amda testam Vt"stig ios da sanugas ro tulas .

A lgreja tie x ossa Scn hora da luz apresen ta dois aspectos nrucos entretod as as dc mais i~ejas de Sao Paulo. Tern duas frent es e a ent rada para 0

corpo da igreja ~ lateral. sendo que Ol primit iva entrada a tua -se hoje nosjardins do convcn to . razao pela qual (; proibida.

Chela de rctabulos. coro gradcado, com dois confcsstonanos, maisparccc um casarao co lonia l. em cujos jardlns cxt stc um cemi tcric particular .pccas hist6r icas e cur iosas paisagcns.

o ediffci o ~ co nsidcrado urn J us thais vahosos mo nurnentos fustoncosdo Estadn de Sao Paulo e corr.o 131. cnconua-se regisrrado no Departamentodo Patr im6 nio fli sttirico e Art iSlico ~ac iolla l.

~ o decorrer de 180 a nus. presenciou 0 crcscimen to c progresso J eSao Pau lo . para ele ccncorrcndc es piritualmente de modo in tense, cm bc ratmpcrcepuvel.

lsolado c solita rio , a prin cipio , 110 campo do Guare, f9 i com a pcssagcmdo tempo , scndo ccrcado per Ji st inta c nohrc vizinhanca : os quartets Ja ForcePublica . a Escola Po litccnica. u Hosp ital Mtluar , 0 Liceu de Art es e Of'rclo s.o Instit ut o de Pcsquisa Tccnologtca. a Peni tcnciari l .. .

o Convcnt o e como 0 compd ndio das at ividades de scus vtnnhos.Sua vida e disctplinada ao som de t oques rigoro sos. de srnos que tangent

por amo r ac pro ximo . :"0 seu interior. vi\'cm as irllla~ enclau suradas livre­mente e por viTl ude . pr;tticanJ o tlTat;'ocs , ,\ meia-noi le de cada dia. reune-setlJda a comuni,jaJe par;: {czar parte do Ofi cio Oivino . a~ ' lal inas,

l:nqualllo Sao Paulo Jorme. vela .r as :rmas IIC I;l cidad c!

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34 o IJA IRRO DA LUZ

Atualmente , a Comunidadc da Luz compoe-se de trinta e duas re ligio­sas. tendo por Abad essa a Rcvrna. Madre Maria Lucia da Put ificacao c seuendenreco post al e0 seguinte :

"Mc steiro da Imaculada Concercao da LU l "

Avenid a Tiradent es. n.o 676 - Sao Paulo .Nossos avos 0 chamaram "Yiveiro de Santas". Ternes para n6s que c

e lc, urn oasis de pal no mete dessa inter minavel efervescencta de rurdos emovtrnentos que caracte rizam Sao Paulo . Decor rtdos hoje da is seculos de suafundacso, continua 0 Mosteiro da Luz, uma forta lcza espiritual e mate rial­mente inabalavel .

A peque nina capela do "Ca rvoeiro" que evoluia no governo do Morgadode Matcus para uma casa simples e tosca , em pouco tempo. acusta de esmo laspenosarnent e medigadas a POPUi3 'f:lO , se tra nsformaria no mats expresstvotemple de todos quantos restsnram adevastado ra a~ao do progresso.

Considerado pelo Prefcito Prestes Maia como a (mica construceo querealmente expressava um est ilc arqui tetonico conformc urn processo deconstrucao tip icamente paul ista , com rnarcas imperecfveis da cvoluceo deSao Paulo.

~ urn des predios pauttstanos tombado pelo Departamento lI ist6rico cArt rstt co Nacional do Mtruster tc da Educacro.

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"X dO dd:u ql'~ m~ f lrtIm. s~ mrxtrrm IrqS mil/hDsped ros, "01 I1/~UI muros dt IQ/{l4, 11111 lIIi"'141illli1grl/S robrrtQI dr owo . IIQI mOl/iDs Qqui reco­U,iJa$, estardo dt'Struindo Q{Xl: r Qk fici4adr dn tQciJQJr qu r I·; crescer , enqUQl/to rr:41/JO. re: QI/Jo,>orl'/ll . elll'e1hecilZ . , . ··

!'rei Gatvio

-- -Convcn to da Luz ( 1!ol 70 , o:uja \ rd il:: lO\;I ' ..l l\ lf lhuJ.ln, P3.r1<: ..la, ~""mob, que r,'Ct"b,a ll1

entre os pobr..... da ctdadc. (Arquivo <10 1>': /"In3. lI1"nIO d.· Cultu ra,.

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Re co nhect mento de Areas do Bairro da Luz

Antigo e nc bthssimo. nao podia 0 bairro da Luz, detxar de possuuaquelas evocanva s co nstrucocs - igreja s, 0 convento. casas nob res, a cadeia ...que em cada terra sc revestem des caracrensttcas de seus const ru tores. Cons­tit uern certarnente. vencrandas rehquias que ent re n6s 0 acaso conscrvo u.Por vet , sao hoje rnodesta s e ancntmas residencies, scm mais valor que naoscja seu tracado pr tmu fvo. 0 11 n interesse de scus promono res arqultc tcn tcos.

Esucttas sacadas debrucadas para as ruas do bair ro, ou altas janclas compcito ris de rcssalto elegantes por ta is. a u rare janclao de canto . atestam aindao gosto de urna epoca . Por suus velhas ruas. - Brigadeiro To bias, Maua.Sao Caetan o ... -, essas pcu cas casas constituem motivo de enlevo para osque sent em 0 misterioso odor que sc evola de tudo quanta a do brar desseculos rocam.

Em plena coracso da Luz, a lgreja de Sao Crist6vao se destaca comaltaneria sobre 0 casino a dcslado . De out ro lado , a Ptnacot eca do Esta dcinstalada em predio da Escola de Betas Artes, que se reccmenda pela nobrezade seu aspecto ex terior , e pe la deeo rativa e apalacada escadaria de seu pat iolie entr ada .

Poueo a [rente. a Velha Casa de Detencro que em fase de demolcso.mostra-nos seas paredes taipadas de quase urn metro de largura .

Aqui e ajem . uma porta ou urn portio de rejas, como que a permitirscus mdr adores apreciar a chegada do visita nte dcscmbarcadc nil Estacro. emverdade ua via-sacra ao sol de cada man ha .

Sao imagens anngas e imagens novas , criaifocs artist teas a u da natu reza .De tu do existc ali - do vetusto Co nvento da Luz, ao casarlo parasna que aele se achegou.

o csprruo inovador do seculo que corte, indiferente ao test emunhode outros tempo s, sense impicdoso para eles. nao respeita 0 que hoje podertaconstltuir-se padrao de feil;ao hist6rica.

As demolicoes sucesstvas, desfiguraram sua area de 1.804 .700.000metros quadrados de terra . As demobcoes sao sempre rnais Iacets e c6modaspara a continua e crescerue passagem des carros e das gentesl

Des velhos Cam pos do Guare, 0 Convento t 0 unico e precioso do­cumenta no da Luz quinhem tsta , q ue em mete a cidadc moderna e progress ts­ta de hoje. e como que uma rubrica do passado, a prender a atencr o despassantes e a interesse dos art istes. Os descalebros ..10 tempo e a injur ia des

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38 o BAIR RO DA L1':Z

hornens 1150 co nscguiram atingf-lo. 1130 conseguindo artancar -lhe a da cepoesta que sc evola de sua rnajcstadc serena.

Oflciatmcnte. 0 Municipio de Sao Paulo comprccnde sete distritos equarenta sub distr itos. Todeve . nem sempre 0 que a Lei d:l. como subdis truocorrespo nde ao que a populacro ter ncomo bairro .

. I: comum encomrar-sc da is a u ruais bair ros induidos em uni co subd is-true. OU. entac . urn s6 bairra em da is subdistntos.

E h:i ainda . as zonas de tT3 nsi~3o em que equase unpossrvel det erminaron de comeca urn bairro e termina outre .

An im ca Luz!A Zon a Nort e por excrnplo, d istin gue-se por dois grupos de ba irros : as

localizados aquem do Ticle (para 0 obscrvador local izado no centro da cida­de). co mo Sa nta lfigcnia. Campo s Ehscos. Born Rctlro c Luz, cos bairrosagcnciadcs alcm do Tictd. nas culinas da Serra da Carua rcira. cndc apareccmSantana. Tucuruvi, Casa Verde c Freguesla do O.

A Ilstcnonn a urba na de Sao Paulo. 56 cornccou a se dclincar hi po ucomais de urn seculo.

Iniciado 0 povoamento . durante t rczcn ros alios a cidade nao foi ma isque 0 Tridngulc Serscenusta no tope da celina . abracada pelo Vale do Anhan­gabau e pelo Rio Tamanduate f.

Sornente por vo lta de 1810 e que a cidade de Sao Paulo transpo s a vale.e. a partir de 1800 . vadeou 0 Tamanduatei rurno ao Bras.

A partir de 1900 . passou a ganhar paula tinamente, a sua configurafjaourbana atual. porem. ainda 110 seculo passado a cidade em toda a sua extensscnao ultrapassava dois quijometros do centro.

Seu primeiro surto urba nist ico ocorreu no Co verno do Dr. JoseTh eodoro Xavier - 1872/1 8 75 - sendo tal a remc delacs o havida que cshistor iado res paul istas apoma m essa adrrurustracsc como responsavel pela"segunda fundaeac da cidade".

Quanto ao bairro da Luz, e 0 quint o subdistrilo de Santa lfigenia,sendo que para flns de registro de jmovets, "San Ephigenia era apendlce daSe, que se apresentava ainda como vasto descampado , com 0 convemo e aIgreja da Luz, altanc irame nte destacados.

Prescnter nent c. sua s areas estdo assim distribu idas:

Areas verdesEsta doPrefeituraOu tras entidadesAvenidas, Ruas e Pracas

Area tot al

123.9 15.000 metro s quadrados120AOO.000 metro s quadrados144.575.000 metros quadr ados76.115.lXX) me tros quadrados

639 .1:!O.OOO met ros quadrados

l . oO~ .700.QOO metros quad-ados

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AnnitJas . ru as e p ra~as do Baino da Luz

A regrao entrou em surto de desenvolvtmem o na medida em que 0jardim ganhou significa(f3o social e a partir da proje(f30 cc mercial da rnesma.A construcao da ferrovia "Sao Paulo Railway" , a rransformacro da Capelada Luz em temple de rccolhimento para Senhoras e a instalacro do se mi­narlo. consti tu iram mot ivalfOcs de progresso.

o que antes era dcscampado , local temldo. tr ansforrna- se em logradourode passetos. de com das de cavalos e de estudo da populacro paulistana .

A diferenciacao entre a cidade propriamente dita e o campo, nso signi­Ficava dcscontinuidade abrupta. Os campos da Luz sempre constitutrammot ive de preocupacao para a Camara Municipal. Como 0 cent ro urbanecstevc sujeitc a urn crescimento espontsneo, ocorreu paulatino ent rosamentoent re urn e outre , na medida em que os paulistanos convergam para a regiio.movidos por romarias piedosas ou per interesses cornerciab.

A co lonizecso das terras de Sao Paulo, no seu todo, foi empreendi­ment e levado a efeltc pelos habita ntes do cent ro urbane , tendo como pon tode partida 0 nucleo inicial.

Seguiram arbitdria sel~o dos rumos a serem trtlhados. De tal sorte.a cidade politicamen te se ident ificou ao campo, sendo cerro que a pr6priaMunicipalidade inc1uia areas rurais.

o desenvolvimento da rede urbana foi lento , porque as barreiras geo­graficas eram form idaveis e tambem potque a pol iti ca mercannhsta de Portu­gal. pouco ou quase nada fez para estimular 0 crescimento da povcecsc nas­cente . que em poucos seculos se Iransfo rmaria em metropole de realidadepr6p ria.

Os arruamentos, as rotas seguidas, a construcso em geral, 0 processode cultivc da terra, Coram eventualmc nte de lineados pelas condiezes arnbien­tats. sujeitando-se a insignlflcantes modiflcacoes durante todo 0 perfodocolonial. Segundo 0 Engen hciro Luis Saia, Sao Paulo no seu funclonamentoocasional, se constuuta mais propriamente em uucleo stmbcltcc que emnucleo atuante.

A cidade atual. eck tica e imensa, perpetua ainda e pedrso de cornu­nicacao instaurado nas SUH or igens. Situada nas proximtdades da crista daSerra do Mar , ponte de distribuilfiio para ampla regi:io interjorana, Dutrapoderia ter sido sua ore ruacao. Entreramo, algumas passagens e rotas apre­sentaram inte resse fugae e temporano.

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o BAIRRO OA lUZ

Arenas a rota Sao Paulo - Santos . fosse no tempo do burro de cargaou da fcrrovia ou rodo via. eonslitui a jugula r do planalt o . Por issc , 0 planode ma s de Sao Paulo nortcou-sc a principia pelc rota do Caminho do Marou "Ca r nin ho do Padre Jose" , q ue dcixava a cidadc rumo a San tos e emdire,ao SuI.

X o seculo XIX essa one ntacsc sc alterara quando ocorrcu a impla n­ta,30 das ferrovia s na Provincia. que passuu a definir a forma linear depovoa mento.

Por volta de 1890. a per iferia urbana ja apresentava a forma circular,distendida a este. ao Iongo da rota para 0 Rio de Ja neiro e a oeste, rumo astet ras roxas do cafe .

No secuto XX, 0 etxc cste - oeste ganha projccao . Ainda em l H20,quem vtslumbrasse Silo Paulo a dtstan cta. podcria admire r a cidade aglome­rada no tope da colma. A stlhueta de igrcjas mc ocstas alteando-se de sob ra­does colo ndos e circuudados pela Imcnsiddo des campos. ernbelezados aqu te ali de capoes de mato e araucana s e palrnetras. e jem de muitas cbaca rasvcsndas de pomares e flores.

Chegava-se ao centro de Sao Paulo , submdo-se de qualque r lade, aelevacso central. No triangu lo urbano pisava-se rusticc calcamento de pedrasdesigua is. e se bebia egua nos chafarjzes pubhcos. sob a algazarra da cscravaraesparrar nada pelas ruas e pra,as.•

No maximo, uma duzia de mas! Nao havia qualquer ordcnacao e naoeram sequer margeadas de casas, havendo longos trcchos de quintais mura dos.

Sobrados de taipa com telhados inclinados nas suas quat ro faces, secstend iam pctas pracas e rues, aqui c acola ... Hav ia os de urn ou do ts andaresque cram residencia das classes ncas. enquanto os mais humiJdes habitavamas casas ter reas. ap inhada s a marge m das ladeiras empinadas e escorregadiasque davant acesso acidade .

Os mosteiros de Sao Bento , Carmo e Sao Francisco delimitavam 0

penmetro urbane . c nde se dest acava tambem 0 Colegjo des Jesuuas. naepoca usado como "Palacio do Oovemo". Havia a inda 0 Palacio da Camara,tar nbern cadeia : 0 quartel-general das tropas (urn quadrado de cascma s); ahurnildc Catedral da SC, de 1745, bern como as igrejas da Boa Mortc c SaoOonc alo.

Ja cm 1856, a area urbana paulista na era empiricamente defi nida comose estende ndo ao longo da est rada de Santo Amaro, ate a chaca ra do CapuroBcnjamim Jose Gonca lves pe la estrada de Cam pinas att a do BrigadeiroPereira Leite da Gama Lobo.

I! que nos relata Jose Candido de Azevedo \t arques. Fo i a cc nst rucsoda ferrovia "Sao Paulo Railway" que acelerou realmente o. crescimento daLuz. Paralelarnente. 0 quarrel da Force PUblica. 0 Hospital !dilitar. a Cadeia

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ORIGEM 4 1

Publica como co mpleme nto da or dem . acabana m put transfo rmer 0 antigocaminhc para os Campos do Cu are em Avenida Tiradentes, ape s ° que,ccor rcu uma succssso de mclh orias urbanas.

o Scmtnano Ep iscopal , a urn canto do cruzamento da Rua Sao Cac­tano, teve ::'i sua [rent e d urante muitos ancs, a eststua de Ramos de Azevedo ,voltada para a belcza arquiteto nica neo-classica do predio do entso Liceu deArtes e Offcios. hoje Putacoteca do Estad o e Escola de Betas An es de SaoPaulo .

Urn d ia, porem, 0 progresso . a fhndez do rrafego or denou a safda daestarua do norave l engenbcuc . Onde C5 tara~

A frente da Esracr o da LUl levantou-se urn hot el cujo predio, pela suaamphdsc e coofon o nao teve rival d ura nte muito tempo na cidade. Ficava naRua da Bstaceo (r..laua) .

Co m 0 tempo , comecou a cstorvar a modcrnizacao do local, ant e anecessidade do alargamcn to da rua . Urn comcrcio prospcro sc instalou nosa ndares terreos des sobrados da Luz. na rnedtda em que 0 descam padu sepovoa.

Quando a cultura e a tecnica se inslalaram na senhoria l residenctado Marques de Tres Rios, a tecno logia se unip lantaria no bairro como po lode irrad ia¢o geral . E Sao Paulo nio mais parana. pois dati partir i3m cnge­nheiros e arquiteto s que ergueriam Sao Paulo para 0 alt o!

A Rua Marques de Tres Rios avancarta na d ire~ao do Born Rcnro e nelase instalarla, em breve , a Faculdade de Parmdcia e Odcn tologia da U5 P co tra d icional Colegio Santa lues.

Quando se co nstruiu pouco alem, a Igreja do 55. Corac so de Jesus,desta se divisava toda a parte baixa do sui da cidade . mas ja em 1900, doespigao da Avenida Paulista e dos dema is pontos e jcvados da cidad e, avis­tava-se a torre i1uminada da Estacrc da Luz. cujo tel6gio marcava 0 cornpassodidrio de milhares de paulistanos.

Suas mas e pracas represent am curiosa heranca. podendo-se nelas obser­vat 0 ve jho, 0 novo e per vezes, 0 estranho . Ha restdenctas que ostentamainda pat ios e entradas colontats em cont rapostcso a compridos e escurcscorredores, escada s Ingremes. aguas fur tadas, te lhados de ard6sia e frontis­pfcio s rcbuscados. 0 reb uscedo vitoria no sc encontra Irequenternentc com 0

fut i! ou grotcsco da " belle epoquc".E unindo tudo isso . 0 Metr opo litano de Sao Paulo, em vias de fun cio­

namcnto no bairro , hgando passado e fut uro em uaccjedo un ico . Sua es t a~ao

LUl sera junto a Rua \laua com Hnga dcirc Tobias.A Luz POSSUI um earner parti cular. f. esse silencio sa magia que prende

a todos q ue po r ail passam e q ue scntem de algoma forma. q ue sell presenrea li sc o rigmou ou unpregncu.

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o M IRRO DA ll'Z

Como cram encarnados os anngos passeios no Jard im da Luzl A bicha.rada , 0 velho lagc , 0 teatrtnho Jose Minhoca, os quic squcs de doces c 0tetra to u ad tcro nal . . . Apesar da rransforrnacao havida, muitas de suas ruesguardam originalidades caracten'sticas do passado. pais 0 ba irro ainda nausofreu as conse quenctas da desapropracro. Par Isso. nao ~ diffcil imaginarcomo rena side outrora . 0 Bairro da Luz.

No me ncla t ura das ru as

Ant iga dellberacf o do Exccu nvo Mur ucipat deterrruna que das placasidentificadoras das ruas de Sao Paulo , ccn stc aba ixo des nomes respecnvos,a sua signiflcacdo histcrica c u biografica.

Ent retanro, nem sernpre 0 dtsposmvo tern sido cumpndo. Murtas denossas ladeiras. praljas e ruas apenas sao co nhecidas por urn nome ou umadata: Rua Maua, Rua 25 de Janeiro . . . Sro etas. vftimas pecientes de nossotransit e quot id iano que se individuahz am por suas part tcularfdadcs cspc­crnces, seus accnt ecimentcs notaveis, seus moradores a u msplradores deprojelj3o histcrica .

A sua esrrut uracro segue um fatalismo com um. Pn rncuamcnre, 0 pisarco nt inuado do viandant e e das troptlhas. abrem os trilhos de terra ba nd a lIOrelvado . 0 trUho sc alarga e cede 0 passu ao camin ho talhad u pela enxada queapara a mato e oferece ao passante urn terradc tratado.

Depots ~ a estrada . em cujas laterais as cercas. algum pedaco de mu ro.uns poucos cascbres anunciam a propr iedade. F inalmente aparece co mo rua,muit as ruas ccn vcrglndo para 0 largo na Matrizl

o quinto subdistr ito do ~lunicip io de Sao Paulo, sc compoe de dotsbair ros d ist mtos: Santa lfigenia e Luz. Este ulumo lema de nossos comen­tanos. se circunscreve no pen metro scguinte : Canal do Rio Tamanduatej,Rua Maua, Rua Prates, Rua Ribeiro de Lima e Rua Afonso Pena. que vaitcrminar junto aAvcnida do Estado.

Par vezes, urna rua sc continua em outre ba irro , como ~ 0 caso da RuaJose Tecd oro. que comunica a Luz com 0 Pari. 0 mesmo secede com a RuaJoao Caetano ou com a Avcnida Tlradcmes. que vai atingir a Avenida CasteloBranco. junto a A.A. Sao Paulo.

Toda cssa irradialjao comeco u com 0 primit ive caminho do Guare queteve ounas dc nornmacees : " caminho direito de Guar epe" ou "carninho deAnhabau".

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OR IGEM 43

Constitu ia urn dos cinco caminhos da Vila de Sao Paulo , no ano 1583..A Rua XV de Novcmb ro . junt a ndo aRua de Sao Bento, dando saida

pcla desctda da Ladeira do Acu, transpondo 0 leuo do Rio Anhangabau,tomava a direl;;io dos Campos do Ouarepe. a saida para 0 sense.

Assim, podemos afirmar que 0 Caminho do Guare cornecava ria atualladeira da Avenida Sse Joao, em local onde hoje se insula 0 Banco do Brasila u 0 Predlo America (Martinelli) at~ atingir 0 local que conheccmos por Ruado Scrninar io.

Auavcssava 0 lotto do rio na ponte do Acu c prosscguia pela RuaAlegre, Beco do Sapo e chcgando aos Campos do Guarepc. Em todo 0 scupercu rso. pouscs e moradas cobertas de talpa.

o caminlio seguia poe. tangendando a colina onde se stuava 0 burgoIlorescente .

:-';0 " canto da rua que vai a Cua re" (Volume 10 - Inven ranos e Testa­mentos) , ficava a casa de Pedro Jacome.

A polite do Acu au do Guarepe. vivum damficadas pelo trafego intensode boiadas. tropas e tropilhas de burros. carros de bois c Indios andarilhosCOlli scus carguctros.

:\'0 caminho havia uma ponte chamada de Ne ssa Scnhora do Cua ra oudas Almas, ou da Cruz. das Almas que urn dia consnr uu a a Ponte Pequena.

Atualmente as mas que integrarn 0 bairro da Luz. 530 as seguintes :

I. RuaStiu Caetano2. A venida TimdentcsJ. Rua Maud4. Rua Jvao Tcodara5. Rua Jorge Jliral/du6. Rua Odete SaBarbosa7. RuaMatiJJe Sa Barbosa8. Rua Francisco sa Barbosa9. Rua A me/ioSa Barbosa

/0. Rua Rena/ito Sa Barbosa/ /. Rua Guitncrme Maw12. Rua Dutra Rodrigues/3. Rua Dialma DUtra14. Rua POsSid6nio t ndcio15. RuaSao Lazaro16. Rua Centareim17. RuaPedro AlJ'QlnCabral18. Rua Pallia Souza19. A I'. Preuesstaia

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44 0 BAI RRO DA LUZ

20. Rua Washingtoll /.llis21. Rua Casper l.ibcro22. Rua Aurora23. Rua General Couto Magrllhiln24. Rua dot Gllsmoi!f25. Rua Brigadeiro Tobias26. Rua Dum A ntonio de Mello2 7. Rua R odrigo de Barros28. Rua Alfredo Maia29. Rua I tapi1lapCs30. Rua Santos Dumont31. Rua dos Bandcirantes32. R lla Jorxe Vclho33. traca Coronel ltcmanao Irestes34. Largo Generat Osorio35. Rua General Osorio36. Rua Phnio Ramos3 7. Rua Anto nio Paes38. Rua Votorantim39. Rue .lUgllel Corlos40. Rue Ileocleciana41. Rua 25 de Janeiro42. Rua 25 de Marro

Podcnamos classificar 0 bairro da l uz como urn bairro misto . porquepossui vana s funczes:

l. F un e a u Cull ura l

Sob cste aspccto. dcstacum-sc os scguintcs cent res: Escofa Politccnicada Universidade de Sao Paulo. Inst ituto de Pesquisas Tccuolo gtcas: Facul.dadcs de Farmacia e de Odolomologia da Universidadc de Sao Pau lo. Dcsta­canamos ainda 0 predio que pcrtenccu ao Liccu de Artcs c Ofic ios ondehoje esta i ns talada a Pinaco teca do Estado e a Faculdadc de Be las Artes. Aoladovo GEG "Pru dente de Moracs" e. mais rccentc mcnt c, 0 "'luseu de ArtcSacra de Sao Paulo . de destaquc interna cional. quando em maio de 1973a "Fundacr o Cebouste (iulbcnkian" pr omoveu uma exposicio do BarracoBrasilciro , em Lisboa, com 0 patrocuuo da Emba ixada do Bra!>il.

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OR IGEM 45

2. Fu ncao Residen ci al

Coni predominancia de residencias de-ti pn medic para modesto, embora

algumas ruas ostentem ainda . alguma habi tacdcs Iocadas a hcteis e a escn­to rte s ou consutronos. qu e cspc thum 3 riqueza de uma epoca .

3, Funeso Comercial

Nro aprcscnt a a significaceo tjue podcria ofcreccr , dada a proximidadeda s cst acdcs Icrrcus e rodoviana .

Possut rcdu zido numcro de indu strias. mas urn co nt ingente conside­

ravel de pcqucnas oftcrna s. al<.' 111 des "pones de areia ", as margens do RioTictc. na Po nte Grande.

Desdc sua o rigem. fui pont e de reunt r o de fciran tcs c tropciros, or iun­de s principalmcnte de Atibaia c Braganca que caracrcrtzou a indole comcrcta !do bairru . ainda atuantc nos tempos que corrcm com ruas totalmcnt e entre­gucs ao alto comcrc!o. com dcstaque para as ruas Brigadeiro Tob ias, Vinte eCinco de Marco e Sao Caetano.

As rues Maud, Brigadeiro Tobias, do Triun fo , General Osorio, AvenidaCoucctcao. em ar ea incluida no Ba irr o de San ta Iflgs nta sao tomadas porgrande ndmcro de ho te ls. pcn soes, restaurantcs e bares.

Dcfronte a Bstacao da Luz, a vasnssima area verde do .lardim da Luze asua csqucrda a Avcni da T iradent es.

A complexidade de suas funcces rcflcte-sc na sua paisage m urbana .Aos gran des edif'icios pubhcos gcra lmente instala dos em antigas resi­

dencias de particulates e areas amplame nte aja rdinadas como 0 jardim publicoe pracas publicas. con traoccrn-se quaetcirc es dcnsamente ocupados por urn

casario modesto, cujo estado de conservacao revela pe lo me nos rnais de meiosecuto de existencia .

Sao numerosas as vilas de casas no bair ro , dtssemtnadas a part ir de1920 au 1930 c construrdas onde antes existiam grandes quintals.

4. In du st r ia e Come rcto

Processo de mdustrtahzacro:Presentemente, 0 bairro da Luz nao e urn ba irro industrial , en treta nto ,

em 1888, Major Diogo de Barros instalava na regiac , cen to e cinqilenta teares

e urn motor a vapor Carliss. de trezentos H.P ., cujas caldeiras eram aquccidasa carvso Cardiff. Struava -se na Rua Flore nc io de Abreu .

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o BAIRRO DA l UZ

A tint uraria dcssa industria era dotada de dois~os artesianns, urn desquais atingia a profundidadc de duzcntos met ros (" A Notte", Sao Paulo ,rcportagcm).

Segundo obscrvacao desse indu strial, em 1882, a urn visira nte da cidade,sua indust ria excre ta benefice tnfluencta sobre as operar los da mesma.~ilCllLlo que " rnuuos aprenderam ali as scrvrcos que hoje execu tam comdcsr reza e adquiriram habitos de orde m e regularidade de conduta que Ihestern aproveitado na vida domesnca .

13 ao terrnlnc da penuluma decada oiroccnus ta. a indust ria possuiaccnro e quarenra e uesoperanos.

Per outre lado. per volta de 1890 , ja cram comuns em todosas bairrosda provincia. as serrarias rnecanlcas movtdas a vapor, geralmente bem menta.des e rnunidas de ruaqulnas aperfckoadas, util izadas inclusive no corte delenha em pcdacos de igual volume.

Ent retantc . a Luz jamais se caractcrizar ia como bairrc fabril, comoocorreu com 0 Bras. MOnca, Belenzinho ou Vila Prudente . dentre outros .

DESTAQUES

R ua Sao Caetano

Aberta por ordem do Covemador Joso Teodoro Xavier, entre 1872e 1875, contr ibuiu para a elimina(fao das famosas raias de parc lheiros exis­rentes oos velhos Campos da Luz.

Sua denomma cro fo i conflrmada pcla Ato Oficial numerc 972 do ano1916 e. dada sua sitw lfio de a r t~ r ia de comunlcacso inter-bairres, no seutrajeto logo se instalou eclen co cornercic atacadista e varehsta .

Ali se encorura desde ricos vest idos de noivas e maqu inaria pesad a ateo humilde saco de bat atas.

Ainda hojc clfteralmente do minada por MercunotHou ve tempo em que era co nhecida como Rua dos Alfaiates, pelo fato

da oficialidade da epoca Iazer suas compras e confecc tonar seus fardamentosali. Nas imedialfoes existiu urn bo tequim famoso . 0 " Infant me", onde amcsma oficialidade to mava aper itivos em reservados especiais e a soldadescano prop rio botequ im.

Esses aperitivos ganharam fama na Provfncia. Era a pinga com losna,a carapa, a canelinha para curar calor . . . rotulando os Irascos .

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ORIGBI

Era cornum a pedida de uma pmga para "curar urucubaca"

47

R ua Jo i o Teodoro

Etemizav a num preito de verdadeua grandso Ci VIC3. 0 nome do Dr.J030 Tecdoro Xavier de Malos. govema do r da Provincia no ano de 1872 .

A rua Iiga 0 baino do Bras ao bairrc da Luz. Com urn scntldo urbams­nco realmente nc tonc para a epoca . remodclo u a cidade . Cons truiu a Rua doCo nde O-EU (hoje Glice rio) ; rcgular izou 0 Largo uos Curros (de po ts 7 deAbr il de hoje Praca da Republica): abnu a Rua do Hosprcio atd a Ponte daMooca.

Embelczo u c scgurou as rcrras do Morro do Carillo . alent de transformaros terrenos mselubrcs da velha v erzca do Carmo, em [rent e ao antigo mcr ca.do . na Jendana "llha des Amo rcs' localizada onde S£" situava 0 mercado depcixc da Rua Vinte e Cinco de Marco. alern de rcahz ar out ras facanhas urba­msucas c inaugurar prcd ios publicos.

Xo Jard tm da LUL. mandou colocar urn observarono que uonicamen tco povo batjzou de -Ca nudo de J030 Teodoro".

Fo r. ennm . 0 primciro presidente que realmcntc sc unercssou pc jospro blemas urbamsucosda provin cia.

Temperamer no vigorosc e energtco. aureolando sua joviahd ade bu r­gucsa . ingenue e com unica tiva, descritas em var tas cror nces a seu respen o.

Fo i prude nte e patr iota , morrendo pobremente como urn paladmo doprogressc paulisrano.

Rua ~t au 3

Nus pr jmeiros tempos havia. pa is. 0 grande dcscampado que sc cste nduate os co nfins do Norte da Provmca de Sao Paulo . A lgrcja e o Convento deNessa Senho ra da Luz. 0 Jardim Botanico . . . Estc co r necava na entdo Rua daAlegria [da Estacao e Maua) e avancava pela unenstdao . 110 fo rma te de umpcntagono.

Os rrtlhos das Ierrovias. primei raruente os da " Th e Sao Paulo Ra ilwayCo mpany" - hojc Estrada de Ferro Saruos-J undiar e depots os da Estrada dcFerr o So rocabana trou xcram 0 proeresso para 0 Bairro da Luz. Descnvol­veu-se COlli a sua ex pansro e d CC3lU co m 0 seu ost racisr no .

A pt imetra Icrrovia rcbaixou 0 solo em sete metros c nivelou seustrilhos abaixo do nrvel da fila . A Sorocabana em I Bn ttn ha sua Esta\3o naRu a ~Ia ua , mudando-se para 0 Largo General Osooo (OOPS) em 1917 e

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48 o BAIRRO DA LeZ

finalmente para 0 local onde hoje se encontra. em 1929. Scmpre viveu emfun~ao das fer rcvias.

A Rua Maw por exem plo. nos fundos da ESI3l;30 ,da Luz ~ por assimdizer, 0 pon te de con vergencia e divergencia de quantc s chegam asEsracc es.Por isso mesmo e grande-mente mo virnentada nessc trechc . 0 mesmc naoccorrendo co m sua parte terminal. No inicio. 0 comerco varcjista que vaidcsdc 0 oferecimcm o aos nanscuntcs des ma ts rudimentarcs instrumentosde caca e pesca ate 3. utuma gravacro de s "Neves Baianos". Nos bares. asguloscimas da cidadc grande .

Sao bares. hotels . bazarcs. uma confusio atordcantc, mostrando ccndi­cdcs dcstinadas 300 Iat alismo de rim cerro.

No terrmno da RU3. 0 comcrcto atacadista . Em ambos us trechos, amcsma nostalgia.

A Rua Maua. hojc em dia transitada pa r urna muludrc mcoruavclde pessaa s e par urn trafcgo de verculcs pesados. em 1900 era corta da porbon des pux ado s a burros. ligando a Estrada de Ferro Sorocaban a e a Avenidado Estado. Mais ta rde. esscs bondes foram substit ufdos pelos ektricos.

Scus predios ainda sao os mesmo s do corneco do Seculo . Arenas 0

asfalto c uma o u ou tra inovacdo arquitetc nica alreraram a paisagem da " be lleepoque" de toda a rua.

Xas proximidades do nurnero 800 . existc ainda uma vila de casas comtelhadcs quase vcrncas e duplos. com :iguas furt adas protegidas por vidracasencardid as e escurecidas pelo tempo. Esses tclha dc s con tinuam a espe rar umanevas.ca eventual . ..

Refletern 0 vitorianismo do gosto estenco des eogenheiros inglesesque mon taram cs IriUIOS da "S dc Paulo Ra ilway"", Co nta-se que cssas casasIoram constr ufdas para suas resldencas.

Adiante dcssa vila. os annazens atacadistas. ate seu encontro com aRua da Cantareu a. IH enrdo. u rn silcncio quase bucolico comra sta nte como bu lieio reinant e :) Rua Paula Souza. sua paralela :) esq ucrda. com trafegoscm prc atravancado por caminhocs de carga .

Bern no meio dessa rua. ent re as Avcn idas Tiradent es e Prestos Mala,a csquina da Rua Br igadciro Tobias. h:i urn espaco (hoje em ob ras) que nospcrm itc cnt rcvcr 0 antigo Largo que ante s exist ira ali.

Em 1900, quando sc mud ou a frente da Esta~ao para 0 lado do Ja rdimda Luz, a Rua da Estacdo j:i mio servia mais como pont o de referenda .Passou eruao a charnar-se Rua Maua , horncnagcando a Inn cu Evangelista deSouza - 0 Batao de Mau<i - q ue abriu a primcira Estrada de Ferro no Brasil.

Aven ida Tirad entes

No passado reve va nas denominacoes: Campo da Luz, Campo do

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ORIGI-:M 49

Cornercto da Luz, Campo do Cu arepe ou Campo do Guard.A cxtcnsa plaruc ic, que sc estendia a margcm esquerda do hist6r ico

Anhcm bi. coruprccudcndo os bairros da Luz, Campo s Eh scos c Bom Retir ofo i constdcrada por alguns historiadores como a lendaria Ptraunlnga. rcglscfertilfssima e de ubcmmas terras.

Em tempos imemor iais a cidade seguiu a d ire~o dos campos do Guarepara ai se desenvolvendc . opnmida que esta numa celin a mcd ue rranea.

E ali se con strutu a ermida aNossa Senhora da Luz de Guarepe. seguidado -Convenunbo da Luz". Atualment e tern-se 0 Convent o da Luz, como umadas mais vivas tradilj:oes da cidade de Sao Paulo. Em 1853. ali se funda a velhoScmina rio Episcopa l, aberto em 1856 por D. Anton io Jcaqu im de Melo.

Na esquma do Campo da Luz com a Rua da Estalj:ao (hoje Rua Maua},o velho "Jardim Botanico". inicio do Jard im da Luz .

A Estacro da Luz. a Rua Jose Paulino no scu come~o, os IriUlOS daIerrova e 0 atual ed u rcto do Liccu de Artes e Oficios [hojc Praca da Luzn.c 2), formavam umcc bjoco , isto C. urn cam po rasa .

Na csqulna pr6xi ma, a grande chacara do Comendador JoaquiruEgfdiode Souza Aranha. 0 Barao de Tres Rios. checara essa " iniciadora do desmcm­bramento da propr icdade part icular na rede urbana do Born Retire " (SaoPaulo de Ourrora. pag. 163 - P.C. Moura).

Em 1860 . Policarpo Lopes, entso president e da Provincia de Sao Paulo ,emrcga aCompanhia de Ferro Inglesa "vi nte braces de terrene em [rente aojardim", para ali se construtr uma estacao ferrea.

o mart ir da lndepcndencia do Brasil, tern seu nome pcrpctuado ncssaimporla nHssima via publica de Sao Paulo. Sua amplitude , postcsc. remin is­cencias da cidad e velha se co nfund tdo com a ccnstrucio do Mct ropoluanonuma desnorteante combmacro de passado e lecnologia, a sombra de fron­dose arvoredc bern representa a alma da cidadc.

A escole. a cascrna, a cadeia publica tern pur denominador comum algreja que em cada mome nta da hisl6ria fo rjou a inteligencia e 0 carater decada um e de todos.

A Aven ida Tiradent es reprcscma. pais . uma vitalidade de cam btantesvara das. Seu movtrncnt o tncomum cmprcsta aAvcnida Tiradeutes, extraordt­narto cxcmplo de trabalho e empr ceudtrue nto .

Rua Bri gadeiro T o bias

Lu.."as Anton io ~"" ;tei ro .lc Barros. 0 Visconde de Congontas, foi 0

primciro govemador nomeado da Provincia de Sao Paulo.A SU<l norueacdo oco ncu a I de abril de IM24, e a partir de entao. e

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50 o BAIRRO DA LUZ

durante 108 anos , Sao Paulo fo i gcvemada pe r sesscnta e cinco cidadaos,aldm des 26 vicc-prcsidcn tes q ue ascendceam ao pod er.

Dcnt re esscs govcrn adorcs dcs taco u-sc 0 nome do Bngadciro Tob ias.que por dua s vczes. dignamente drngfu o s des tines polit icos de Sao Pau lo.

Sl.'U nome - Bngadeiro Rafael Tobias de Aguiar - . banz arta uma dasmats imporl antes arterias urbanas da cidade. A rua emerge de urn ca nto daRu a do Seminano. sob 0 Yiadu tc de Santa If igenia . dai subm dc para aLuz,

Sua trajetc na parece flxar a 3flCClI(,30 do homem vindc de Soro caba .sua terra na ta1. como simples bu rgues e na cidade fo i impondo sua persona li­dade' ao conceno publico des pauh s tanos. Em poucc tempo se transforrnarano balua rt c da fibr a dos horne ns de Sao Paulo . cingido de uma Filantro p iahugualdvcl.

Fi lho do Coronet Anto nio Franci sco de Agu iar, um sorocabano Iabulo ­s:l Il1C nIC rico . "a rmou c cquipou :i sua custa mais de ccm homens que marcha­ram para 0 Rio de Ja neiro a f un de combater as ir opas port ugucsas que pre­tcndcrarn entorpccer a marcha da mdepcndencia do Brasil" .

Pelos services prestados ;i Pama . foi nomeado brigadeiro do ExcrcitoXackmal. chcg ando a scr 0 seXIO e n decimo prime iro governador da Provrn­cia dc Sao Paulo - de 183 1 a 1835 c dc 1K-«) a I M4 1. respec uvamc ntc .

Por dive rsas VC/CS crnp rcstou somas cnor mcs ac s cof'res pub hcos. scmcoor ar ju ro algum.

I'm ocasieo du " F ico" , subscrcvcu euormc quant ia para cob rir asdcspesas do movnncnto scparatista.

Fill 1840 recebcu 0 Te-SOUTO Publico. scm 0 suficicnte erario 010 paga­memo uus funcio uarios, de bito (IUC cle saldou com rec ursos pessoas. Aotransrcnr u govcmo ao scu substi tute. as cofres pob hco s ja possuiam saldo .

I or ua-sc assirn. pa radigma do altruismo c modele de homern publ ico,scndo cerro q ue 0 q ue 0 marcava carac rensucamenre. era a sua hab itua l.peculia r c nohre rCJci\ :io ao orde uado de Prcsrdcnre. para apli ca\ao em ob raspubhcas. insl iIUi,oL'l. de bcncmcrcncu c cscolas. rcvc taudo-sc co mo homcmC cstad istu. si hio ccononusr a e ftlam ropo.

Fomcurou ainda a incipic utc industria paulistanu. c csum ulou :I lavon-ra.

<'aSHU-S{' COlli Domuila de Castro Canto c ~ ' (' l o . com quem trw quat rounios:

o Dr. Rafael Tobias de Aguiar e Castro :o Dr. Joso Tob ias de '\ ~u ia r c Castro :o Dr. Anto nio Francisco TlIbi;r\ de AgU tH c Castro cHr:1Sl1il) de ,\ gu iar c ramo.

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OR IGBI 51

o casal viveu no casarso :i csquina da Rua Alegre e no vetusto casarsodo Bcco do Pinto , na csquma da Rua do Carm o. que mats tarde abrfgarjao Palacio Ep iscopal de Sao Paulo .

Scu nome esta gravado na "Rua Brigadeiro Tobias" , para glonficaro notavcl po lit ico pau lista.

Nessa arte ria ja estivctam instalados scrvtcos lmportantes. como aHeneficdncia Portuguese . urna das mais antiga s instituicdcs de Sao Paulo ,constru ida em 187 3 c inaugurada em 1876 , na antiga Rua Alegre. dcpo isdo Serrnnario .

Tambcm a Tribunal da Rcla, ao de Sao Pau lo, criado pelo Dccretonumcro 1341 de b de agosto de 1873 e mstalado 3. Rua Boa Vista. pcgadoao velhc Teat rc Sam'Ana . Da f sob a denommacro de T ribunal dc Jusuca.mudou-se para a Rua Jose Bonifacio . onde futuramcntc se mstalana a J uniaComercial de sao Paulo . Fmalmcnte . transferiu.sc para 0 atual C suntuosoPalacio da J ust ~a , na Praca Cl6vis Bevilacqua .

Prescnt crncnte. nela sc jnsralam vanes services pubh cos imponarues.como 0 dc Scgura nca Publica.

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C A P f TU L O II I

E X P A N S A O -

3. BAIRRO DA LUZ MON UMENTAL E ARTfsTICO

3.1 0 Jardim da l uz . His to r tco e POS i ~3 0 So cial

3.2 A Estaed o da Lu z, lnsral aes n . 0 Gra nde Ince ndi o

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3 . LUZ - MON UM E NTAL E A RTISTI CO

"Amiquo 1.'1 nobtlssiruo". anterior a propria uacjonalidadc 0 bairroda LUL noio e allCnas J pdgina histonca que suas vclhas ccnsrrucocs documcn­lam. SUJ Iisiononua guarda hannomosamcute. dc is aspectos drstmtos: f'.l :>s.1 'do e prescurc. rradlcao e progres sc .

o solcnc Ccnvcrno da LUI . a monumenta l Est uctlu c 0 famasnco melril.em feliz enlace. rcvclam u scgrcdo dcssc bau ro. csparramado na distdncia docentro urbane . Silas planura s ainda hojc dctxam sob rcssair as tor t es doConvcnto e da Estacuo, dcm tnandc simbolicamcntc . todo 0 agkuuc rudo aurcdor.T) pnmcir o, e vcrdudciru area gramtica. " rcposttorto das mais bolas cvcnc ran das fo nnosuras da unc brusileira. aurcoladas de infuuta cspir uu uli­J ade. A sua frcmc. a cing f-lo num prirnci ro abraco. (I Jardim Ccutendrio. cmars ruclas cstrci tas. pcqucuas pracas. prcd ios ruodcstos de verandas corr idas.cnuncntcs ;i rua com janclas IJuJdJs. rcstos de uns poucos solares uobrcsde anstoc ranca fachada .

~-IJ is JO longe. as novas cousuucocs. casano novo. arruamcnt os 1100·OS.

ba u ros 1I00'OS ••• c ja \;i fora. 0 scrpc mcar das grnudes artdrias mu nicipals.com uns po ueos campos adjacent ...>s .

Os dcsca lahros .10 tempo I.' as inju rias des hom cns. nao arraucaramainda. a doce pocsta I.' 0 hnsmo que se esola de suus con strucoes rcstaurcs.

lmagcns umigas c uuc gcus novas despon tam de todos os lados pararctrat ar a anc o u a natureza - do: tudo ha la. 0: tudu ~ I.U/.!

3.1. Ex pa nsdo

A Avcmda Tiradcntes. arleriJ cent ral do bair ro. ern fins do scculopassado "parcc ta a jnda urn pat io de fazenda' L tcndc de cada lade do scu lcn o.Irondosas arvorcs. como se 110de observar em uma fotografi;] do album deGustavo Koe nigswat ( S.P. ISQ5 ); o ndc anu s hcuvcra mata frondosa C

grande .

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56 o BAIRRQ DA l UZ

E ccrto que em todas as dpocas 0 ba irro da Luz Io i bern visto pelasad mmlstracocs paulistanas e pelo povo em geral. Era ai que se rcalizavamas pdrnciras corridas de parel heiros de puro-sangue (caminho quesc abria3 0 Joquei Clube ), e o nde se reunta a ertstocracia provincial.

Urn aviso regia datado de 19 de novembro de 1798. indicava a cons­trucso de urn Jard im Bodnico nesse local.

Pretendeu-se cultivar e cnar ali. aflora e a fauna paulista. plano quenunea chcgou a efet ivar-se. 0 Jardim da luz nunea chegou a ser "parquebotanico e zoologico". pois 0 govemo da provincia nao cbcgou a tanto.Em retan ro;o Senado da Camara concedeu vuue dares de terras com a testadade 173 braces contadas. des "muros do padre Capeuo ale 0 angulo defrontcdo Espaldso" (Sao Paulo Antigo - pi g. 133 - A.E. Mart ins), para nelas selnstalar;o Jardim Botanico. 0 Hospital Militar e a Casa do Trem.

Em 1797, 0 capuso - General Anton io Manoel de Melo Castro cMend onca. cognominado de "General Pilatos", proje tou e iniciou no local,urn qua rte l para 0 Cor po de Arti lhar ia de Volu ntarie s Reais, cujos murosse conservaram ate 1844 .

3.2 Casa d o Trem e Se~io de Bo mbet ros

Criada pelo Capit eo-General luis Telles da Silva - 0 Marques de Ale­grete - , que governo u Sao Paulo de 1.0 de novembro de 1811 ate 20 deagosto de 18 13.

Funcio nou no pred io cn de j:i se aquartelara 0 Corpo de Bombeiros,a Rua do Trem, arteria que mais tarde se transformaria na Rua Anita Gari­baldi.

Foi 0 Dr. Laurind o Abelardo de Brito, presldente da Provincia, queorganizou, anexa a Companhia de Urbanos, mais tarde Guarda Crvtca. umaseeto de bombeiros para ext~ao de incendios na cidade de sao Paulo, aqual fo i rcgulamentada a 7 de julho de 1880 .

Seu primeiro comandante fo i 0 cidadao Jose Severino Dtas. que chegoua ser agraciado com a patcnte de alfcrcs e Instrutor da sccro.

3.3 Ja rdim da luz:

Pode-se dizerque 0 bairro da LU1_se expandiu . a partir de s campostmensos. que ficavam aIrent e da lgreja e do Convem o de Ne ssa Scnhora daLuz. 0 Jardim da Luz, sob a dencrmnacao inicial de "H orto Botdnico" , foiiniciado mediante subscr~ao pub lica ,

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EXPANSAO 57

Contr ibui ram com vauo sos dona tives, os r tcos homens da epoca. de ntreos quais des tacaram-se ent re ourro s. 0 - Corone l J ose Floren cio de Oliveira,

doand o 1.000 5000 : - Coro ne l Bent o Man oel de Alme ida Paes, dcando1.0005000 : - Ten ent e-Co ronet Antonio Per eira da Costa , do and o 500S 000;- Tencntc-Coron cl Man oc l Ant onio Rangel, doa ndc 500$000.

As contr ibuieocs arrecad adas totalizaram 6.906 5000. tendo 0 GovernoImperia l concedido aos sub scr tror cs, as pat en tes de oficiais militares.

Parte da arrccad acdo sc dcstinou a construcso do Jard im Botantco cpar te . a constructlo do cdiffcio do Hosp ital Milit a r, on de, du rante rn uitosanos , rnais tard e functc nana 0 Sem tnano de Ed ucan das. criado em 1825,

Esse rncsmo prcdio , situado na Rua do Scmtnarlo . em frentc ao Mer­cado de Sao J oao . cstcvc arrcndado pela Un iao. par 5005000 mcns ats. aoDr. An tonio Carlos Me lchert .

( 0 Jurdim da LuI., 0 muts antigo jardim paultstano. te ndo ficadopro nto em 1~~5, qua ndo foi Inaugurudo c cnt rcguc avtsnacro publica , pas­sando a scr dcnominado "Jardim Publico" , a part ir de 1838 , ganhando 11016­

r ia popula rid adc na cidadc. em b reve esr eco de tempo .Supo c-sc qu e as tcrras do ja rdim tenham side doadas ao governo pro­

vincial, pclas irma s Arou chc . mats conhccid as pclu alcun ha de "M eninas daCasa Verde" .

Todavia. ja em 1830 cstava 0 rnclborarnento publico transformado empaste de gado. tendo havtdo mcsmo, urn clemro que planta ra capim nojard im . :i custa da Fa zcnda PUblica .

Bo is de carro c cavalos pastavam livrcmcnt e. sendo que , somcntc apes

1850, passo ll 0 ja rdim a rncrccer maiores at cn cocs do Podcr Pub lico . Em185~ foi inteiremcntc ccrcado, com fixacao oficial do horarto de abcrt urac fcchamcntc ao publico .

A co nst rucao da "Est rad a de Ferro Ingtcsa". ex igiu urn co rte nas tet rasdo ja rdim, quando era presidcntc da Provrncia de Sao Paul o, 0 Dr. PolycarpoLopes de Lese . Estc ordcnou a cnt rcga dq ucla Companhia. de vinic bracusde terrene elll [rente uo jard im para ali sc cons t ruir a cstaceo Ierrca.

Essu con ccssro pr ejud ico u a cstetica e simet ria do te rrene, aldm dealtcrar a d tsposicro o rigina l de silas ruas e avenidas intcriorcs .

Fo i 0 Prcsident c Lucas Anto nio Mo nt eiro de Barr o s, de pots Barao evtscondc de Co ngonhas do Camp o , q ue entregou 0 ja rdirn :i rccreacr o puhli­ca. nomcando para SC' U prbnctro tnsp ctcr , 0 Marecha! Dr. Jo S(! Arou chc deTol edo Rend on . <11lC' a cp oca residia em sua vasta propriedade :i Rua SantaIsabel. 11 .0 3. a pri nc ipa l ent rada para 0 futuro Largo do Arouche.

A ~ I de ab ril de 1827, ror ordem do Go verno Im peria l bra sileiro , fo !rcalizada a scguintc avalecso do propr io paulistano:

"I) Jardim Bot anico. snuadc no Cam po da L Ul , por dctraz do edif icio

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58 o BA]RRO DA LUZ

principiado que se dcst ina para Hospital Milita r, com [rente para 0 mesmoCampo da Luz, cujo te rrene pclo lado da frente cornpreende cincoenta cnove braces c meta . ate dar na cstrada que segue do Campo da Luz para achacara do Brigadeir o Bannan. ondc fonn a ndo urn ::i ngulo obt use pelo ladecsquerdo fazcndo Ircrnc para a cha cera do Coronel An tonio Leite, com ­prccndendo cento e tr inta c o ito braces. c pclos fundus, formando outredngulo obtuse . e fazen do frent e COIl1 os vale s da cbecnra do falccido MarechalGaviao . noveuta c Ires braces c meta. e dah l em linha rcta. fazendo frcntccorn a travcssa que sat para a rua Alegre COIll novent a e nove bracas ate encon­trar COlli os muros do Ediffcio pr i ncipiado para Hospital Militar , e pclcsqu aes scgumdo em llnha reta ate feixar a quadra comprchcnde-se 0 namerode ccn to e ctncocnta bracas, cujo terrene acha-sc to do cercado de r nurcsHOVOS. de qu atorzc palmu s de alto ; 0 que tude sendo visto pelos dit o s avalia­do rcs. avaltarau : 0 tcr rono em 1I qu antia de urn conto de rcts; c os r nuros em aquantia de urn COIII O c scisccntos mil rets. que tudo soma a quant ta de dotscen tes C sclsccn tos mil reis."

Eis as dimc nsdcs e valor do maim jardirn publico paulistano , a urnte mpo que mu ros custavam ma is que te tras!

No ana de 1838 , a Asscmbldia Lcgjslativa Provincial mudou seu no­me - de Janlim Botanico para J ardim Publico , atra ves da Lei orcamentartado ano .

Logo 0 povo com ecou a charna-lo J ardiru da Luz, e ja em 1845 0 rcla­tor te do prcstdcntc da provincia relata retterados desmoronamentos dosterr enos latera is. alem de extravios Ircq ucnt cs de aguas, porque o encana­mento cntso existente , "das aguas do tanque do reuno para a bacia da Pyra­mide do Piques, e dall i para 0 Jardim Bctanico l! 0 r nenos regular e bern feitoque se pede obsc rvar .c, em tra ba lho da cspecie .

Em 1869 0 Barac de ltauua , 0 Scnado r Candido Borges Monteiro , afrcnte do s dest inos da Provincia, me lho rou grandemente 0 Jardim da Luz,ma ndando reco nstrutr as paredes do lago ali existente e cimentar sua super­ficie . Substituiu tam bem 0 cano bruto de pedra , por uma cabeca de lese .reconstruiu a escada . transformando-a no centro de uma cascata desdob radasab re um pcqueno tanq ue , em cujas parcdcs laterais rnandou constr uir essen­tos atijolados.

Tambcrn a s pedesta ls das esta tu as foram reconstrufdos, e urn mu ro devedacao fO I Ievantado em pontos diversos do perimetro do jardim . Suasgrades foram consertadas, bem como seu portae solcne. Ao centro do lago ,uma ilho ta com rustica casinhola para abrigo das aves aqua t lcas.

Em 1874 ent rava-se no recin to por tres port6es - pela Rua Jose Paul ino,pcla Praca Vtsco nde de Congon has e pela Avenida T tradent es. que era aprincipal entrada, tendo ii sua frente belo cha fariz de o nde jo rrava dgua po r

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EXPANSAO 59

oi to to rneiras de suas q uatro faces . Era prestdente da Provi ncia, 0 Dr. JoseTheodora Xavier.

Esse chafariz era abastecido pelas aguas do Ribeirao Saracu ra. quenascia na baixada da Avenida Paulista , sendo que no loca l c nde hoje sesit ua 0 Via duto Martinho Prado , f ormava-se urn tanque de onde part ia uma

valera ate 0 jardim.Seus cant eiros adornados de fuchsias. epc meias enrodilhada s nos

caules, de primaveras da India. libc lias, violetas c doratas e mcolores. eche­semas. saxifragas e balsaminas, q ue brotavam em prcfusro. Obede eiam ac"sistema ingles", atraves do q ual Joaquim Gaspar dos Santos Pereira seobrigara a cu idar do jard im pelo espaco de cincoe ma anos. Segundo os cro,nistas cia epoca. ha uma solidao agradavel. onde passarinhos 'loam e revoamalegremente . A copa do arvoredo . de tao dense . e umida e refrescar ne. pen·dia para 0 chao. permit indo que 0 transeunre solita rio sentese urn silencioperfumado .

Koveru z, em 1883 comentanoo 0 ja rd im revejou-nos que e1e " reuneo carate r de ja rdim ornamental ao de jardim botan ico". com arranjos ao gustodos jard ins patsagrsncos. com grupos de arvores e arbustos raros, cuidado­samente tratados.

Ate esse ano. era ilumina do a gas. quan do reeebeu a eletricidadc.A beira do [ago central, em for ma de cruz de Sab6 ia, bancos convida­

t ivos a medita~ao , c ndc certamente scntaram-sc Raul Po mpcia , Alvares deAzevedo. Luis Gama .. .

Oito estat uas circu ndandc urn repuxo . lem brando Versa illes. c. entreve lhas arvores e mquetas e sibilantes po nta s de bambus, sobressaia-sc cilfn­dnca tor te. que era famoso observatono loca l.

Os joccsos do ultimo quarrel do o itocent ismo chama varn-na de "canudodo Dr. Joao Theodor a" .

Dessc obscrvat6rio feitu de ujolos. e a cujo to po Sf' chegava por umaescada em caracol de quat ro andar es, de ferro baudo . descort inava-sc 0

panorama da rcdon deza : 0 Semtneno . 0 Hospita l, 0 casano baixo e espalhadoda Ru a Tristc e Rua Alegre. e 0 va l-e-vern de s trcns da vel ha "Iug jcsa"!

No scu parapcito . bem ao alto , aves de grande porte se acorn oda vamao anoitcccr des campos, una idas pela sornbra e soltdao rcinantes. Eram assutvtdaras. ba nidas da capela do Semtnano ou do Conve nto da Luz ,

Nas converses de salao 0 "Canudo" gozava de rna fama por sc tcrIransfon nadu em ponte de cncont ros escusos o u eq u rvocos ate que noana 1900, fo i demo lido.

Durante largos dccenios foi por no de enc oru ro da ehte provincial, en­qua nto no coteto extsreme. a "bandmha" da Forc e Publica aracava as mcjo­

dias da epoca .

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60 o BAIRRO DA LUZ

Nas ulttmas decades do ouocenusmo. lodes as governos provinciaisfizeram algo em favor do ja rd im trad icional.

Da cidade do Rio de Janeiro. unportou-sc grande variedade de nOTeS earvores para plant io do velho Jardim Publico. 0 presidente, Dr. LaurindoAbelardo de Brito . rnandou Iazer a be la gruta que ado rna 0 Jardim e ja em1881.0 senador Florincio Carlos de Abreu e Silva mandou fazer fechosnovos, o rganizando urn projeto que anexava 3 0 ja rdim, todos as terrenos asua (re nte, ficando a s fechos no alinhamcnto da Case de Correcso.

Como a Camara discordassc , ficou resolvtdo que as novas consrruccesse fizessem dez metros alc!m do antigo muro . dividido em lances de pttastrasde rnarmore verde do Pantoja . scndo entfo delineado urn portio suruuosofianqueado por quatr o pilastras de marmore verde e preto . 0 gradiJ e 0

portso foram feitos na antiga "Fabrica de Ferro de Sao Jose do l panerna",cujo orcamcn tc elevou-se a 2 1.884$ 730 !

Em marco de 1908 por ordem do Prefeito Municipal, esse portae foiret irado e rebaixadc 0 gradiL

Urn ato oflctal de 28 de ou tubr c de 1882 declarou de ut ihdade pub licaprovincial e Municipal, urn ter rene da propriedade de De. Maria MarcolinaMonteiro de Barros, necessaria ac aumento e regulanz acro da area do Jardimda Luz e para a achmatacso de planta s e abert ura de nova rua - hoje, a RuaRibeiro de Lima, onde atualmente se situa uma das grandee garegens Mum­eipais - em cont inua~ao da Rua Dr. Jose Theodoro.

o alemao Jacob Frjedenchs, proprtetano de anl iga ccnfeitana naRua Direita - "Confeitaria Stat Coblcnz" - mando u construir urn pavtlhrono jardim que foi inaugurado a 6 de setem bro de 1874 .

Em 1880. Ioi contratado por cinco anos como jardineiro , 0 cidadaofran ces Ant onio Fou rchon que dur ant e dezessete anos trabalhou nas ofi­cmas da Inglesa e cc nstruiu a foote antiga que existia no Largo de Sao Bento.

Posi~ io So ci al do Ja rd im Publi co da Luz :

Durant e vanes decentos. ainda 0 Jardim da Luz cont inuaria a rcpre­sent ar urn ponto de reunidc e encontro da socicdade paulistana. Os Interio­ranos t inham no ve uio jardim, uma visita obrigat6ria e urn not 6rio ponte deatracso tunstica.

Asstm. foi ali que se realizou a primeira querm esse havida em Sao Paulo,fato que ocorreu entre as ancs de 1882 e 1884 . Pot patroctnada pela coloniafrancesa aqui resldente, na qual teve atuacro destacada 0 Scnhor AlbertoThiebaut. ant igo "g uarda-livros" da tradicionalissima " Livraria Garraux"(fundada em 1860), 0 veUIO "sebo" de sao Paulo.

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6 \

Dar por da nte , 0 cost ume se generalizar ia resist indo att as dias presen-res.

Por outre lade , a sociedade particular "e ute rpe Comerctal", mtegradapol imsmeros cidadjos pcrtugueses, costumava toca r no Jar dim PUblico aoentardece r para gaudio lias antigas Iamrl a s da aristocracia de sao Paulo egrande quant idade de pub lico.

Apesar do ost recisrno que cairia no Seculo XX, 0 Jardim PUblico desao Paulo sempre mereceu a atencso do poder publico. Pela Lei n.c 41 de 11de julho de 1892 combinada com 0 Decreta n.c 145 de S de janeiro de 1893fo i transferido a competencia municipa l. passando sua entrada principal IiRua J ose Paulino , dcsde 1890 .

Foi tarnbem cenartc de famosos leiloes pauhstanos e ourros acom e­cir uentos sociais. Em 1876, por exemplo, efetuou-sc a ascensso do aeronautaZcba los, ante a adnnracac gcral.

No ana 1910 . procedente s da Floresta Bussaco, proxim o de Colmbra,chegaram para 0 Ja rdim Publico. dois cedros ofertados pela mocidade acade­mica portuguese e nesse mesmo anc . jnaugurou-se ali. 0 busto de Garibaldi .pot Olavo Bilac.

Na decade de 1930. quando era Prefeito de Sao Paulo 0 Dr.Pues doRio . os muros e portoes do Jardim da Luz foram derrubados. Ilcando SIlasaver udas. arvoredo e cantei ros entregues ao publico em geral, epoca em queos animais ali exposes foram transferidos para 0 Parque da Agua Branca.

Fo i 0 inicio do declin io de seu velho esplendcr, quan do passou a serpont e de perrnanenca e atuacrc de vadios e marginais que ate! perncitavamper ali.

Chegou mesmc a se constit u ir urn lugar perigoso e jl nao se podiasequer qualificl-Io de jard im . .. abandonado pe lo poder publico , 0 mate atudo invad iu e nem sequer uma folli inha l

o pessoal do interior p nao t inha mais onde passar seus domingospaulista nos e 0 Jard im flcou esquecldo .

Em 1972 , a Prcfeitura do Municipio de Sao Paulo , atraves da Secre­tar ia do Turismo e do Fomento programou a reabe rtura do Jardim da Luz,pretendendo reconstituir ali a " belle epoque'' paulistana . Planejaram-se diver­sees amoda da epoca. Bailes popu lates promovidos por orquestras e solistascantando velhos maxixes, " charlestons" e ta ngos . . . E Serenatas ao luarsob arvores centenaries do velho parque l

Para tanto, 0 Jardim da Luz foi remod e ladc . Consertadas as alarnedase rebocados seus bancos e quiosques. Novas plantas foram plantadas nos seuscanteiros. E restaurantes, sal6es de cha ao inicio do seculo.

o est udicso que a tudo assist iu, sent iu que a amblentacao realizadaIlio representou a verdade ira realidade e fllosof ia do tradicional Jard im da

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6~ o BAIRRO DA LUZ

Luz, na vida de Sao Paulo.Quando muito, serviu de cenarto oj fugitiva cvocacro da " belle epoque"

de sao Paulo. once grupos folclo ncos. jogadores de futebol caricaturaram aautent icidade de uma epoca - a projelf3o de filmes do cinema mud c, 0 teat rcde marionetes, lembra ndo 0 saudoso "Jose Minhoca" ,

A remodetacso cusrou trezentos mil cruzeiros aos cofres Municipais efoi processada por uma cquipc de arqun etos. dcsenhistas e decoradores.sob 0 pscud6nimo de "Sao Paulo Antiga".

Apesar dos esto rcos cmpreendidos, 0 Jard im da Luz apenas ganhou vidaC rnovtment o por uns poucos dias, porque sua projecao e signiflcacac na vidade Sao Paulo n50 Ici revivida ou reconquistada .

Ent retantc . regradeado por ord cm do Prefeno Figueiredo Fer raz,continua franqucado ao publico .

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FE RRO VIAS - ESTA f;AO DA lUZ - OS BONDES DE

BURR OS

Esracao da Lu z

"Segura mo"nl tit' velho.Quem al'isoamigo e.Quem quner dar bans pan eios.Tem camnnos sem receios.Bern bara tos iii /IQ Sf! "

A 16 de abril de 1856 foi prmulgado 0 Decreto Imperial n.c 1754,concedendo :i: companhia a ser organizada por lrineu Evangchsta de Souzaamio de Maua - Jose da Costa Carvalho - Marques de Sao Vicente - privt ­ICgio para a construcso . usc e gozo de uma esrrada de ferro, pe jo penodode noventa ancs. Essa estrada. parl indo de Santos. passaria pOI Sao Pauloe se prolongaria all~ a entao vila de J undiai.

o Barso de Maua, graces an seu presugio e poder econorruco consegujumteressar capitais mglescs no emprcendimento. Subscrevendo a maior ia dasaczcs. fundou a "The Sao Paulo Railway" , com sede em Londres. A 1.0 demaio de 1860 se iniciou a construcro da ferrovia, adotando-sc urn sistemafunicular num percurso de 8 quil6metros de cxten sro, tam pa de 10% utili­zando-sc cabos de al;o com duas pontas em 4 lances cada urn acionado pormcio de maqutna f ixa e carga maxima de 60 toneladas.

Assim sc venccria a alt itude de 800 metro s da Serra do Mar. dia 16 defcvereiro de 1867. foi inaugurada a linha ferrea no total de 139 quilcrnettos.ligando Santos a J uudiar

Ent re 1896 e IYO) 101 construida nova linha na Serra, de tracadodiferente com dcz quilOmetws de exrensso, 8% de tampa, dividida em cincopianos mclinados, uuhzando 110\-0 sistema funicular - 0 cabo scm fim. Estesistema e 0 usado att:' hoje. cunhecido como sistema "Se rra Nova" . A "The

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bb o BA IRRQ DA U :Z

Sao Paulo Railway" , conhcclda pclos paulistanos como a " lnglcsa' ou''S.P.R: ', em ~946 encampada pelo Coverno da Undo. passandu a cha-

o rnar-se Estra da de Ferro San tos a lundiai c. maa recemememe quando 0

Brasil assiste ao ressurgimemo das estradas de ferro com a divisac da RedePerrovrana Federa l S.A. em Regionais , ganhou 3 denominacao de 9.3 Divi­sse Sa nros-J undiai.

ttt ualmente essa divisao que coma com urn efeuvc de 7000 homensesra se prepa rando para nova rase de mten sificacao de trafego.

Saindo do Largo des Curros chegava-se a Avenida Sao Joao. enla­deirada e estreita com passeios que em determinado s locais chegavarn aat ingir meia brace de altura. Por uma de suas transversais, a Rua Alegre.chegava-se diretarncnte 010 local rJa Estacao cuja construcao i nicial era muitosimples. nao passandc de co mprida plataforma coberta por te lhciro de z. inco .co m abas para resguardar asua sombru. trcm quando parado .

Terrninava numa linha de lambrequins. A cstacro era baixa c pequena .inteiramente caada. com suas sere vtdracas frontemcas e dun laterals quesob 0 nevoeiro des manbas paul istanas detxavem transparecer a galhanacopada do arvoredc do jardim publico que Ihe Ficava aos fundos.

Na platafor ma . teuros somdentes embucados na farda azul-marinhode botoes dourado s. sacu dindo grosse mo UIO de chaves.

Os rrens compunha rn-se de dots carros de passagetros _ 1.20 e ::! .a clas­se -', alem do carro-correic . destinado a correspondencta e bagagem. Suespcrtas late rais se abr iam para a platafocma onde passageiros apressados em­barcavam, uns empunhando gordos malotes de couro c outros. grandestrou xas alvas porque soara a campainha do embarque. Pclas janelas do tremaprecave-se a cidade que se distanciava ja , do centro urbane para todos oslades. Ruas sulcavam as lombadas dos monos como lanhos vermelhos e comalguns barrancos latera is ainda adornados de espinheiros Ilondos.

Aqui e la, amoreiras stlvestres. Um cheiro agradave l de maravilha,cor-de-rosa forte , misturado com 0 de serragern. penetram a sensibilidadedo expecta dor absorto .

Par vezes, apitos agudos da locomot iva cortam 0 ar enquanto 0 hon­zome distante ainda t! visivel sob um ceu muito azul cheic de elves nuvensque a distancia parecem gdnlcs desengarrafados por mdos feit iceiras. Taodensas essas nuvens que 0 sol precisa lutar para se fazer notadc , enquantoa "fatal friul" tao decantado por Castro Alves, vai ficando para tras ...

Assim, nos vimos a ESlalj:aO da l uz que pode ser considerada verdadeircsimbolo da cidade de sao Paulo.

A epcca da realiza~ao do projeto era monument al 0 seu plano. Assis­tiu solenemente ao tremendo crescimento da cidade que em 1867, ano dainaugurayio da ferrova possuia apenas 20 mil habitant es.

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EX PASSA Q 67

Sua cdulcacto mo numental dcspencu a cunostdade gerat. nso se cntc n­dendo porque a "Sao Paulo Railway" lcvant ava lao impone nte edi frcio numarcgi.io em que a populacao Iocal uao podia esgota r a terce parte de suns possi­bilidades de bern servir,

Em POliCO tempo porem. 10rllUU ·SC 0 local de comparcctr ncnro o briga­tono do mundu oficial. soc ial e tunsncc . close de apreciar a harmonia de scuconjunt o arqutte toruco . sua iluminalf30 feerica enfeitada na austeriJade doesulo vuorano.

A Estacao da Luz era parte de urn prujeto de du plicaca o da Imha ferreae dcma ls msralacccs da " lnglcsa", apresernadc ac Governo da Republica em1895.

Apos trabalhos arduos constames de fundas escavacoes em tetras doJ ardim da Luz cedidas para 0 [jill e oude sc cncravava a velha estacro comCOlli Ir ent e para a cmso Rua da Esta,ao . hojc Rua Maua. 0 pr ojeto pode sere laborado .

As obras foram d irigidas pclo Enge nheiro F. Ptorte. da propria Estrada .Tod o 0 mater ial emprcgado foi unpor tado da lngtaterra. prolo ngando-se ate190 1. ano em que sc deu sua inauguracao oncrat. no primeiro dia de marco.est ando porern entregue ao pub lico dcsde feveretro para observa, ao de even­tua is falh as.

A magnifica connrucao. a primeira do genera na America Lat ina .custou cento e cinqucnta mil libras cstcrbuas ou ccrca de 45 500 ,000 50001Ina cpoca. quatr o mil e quinhent os cont os de reis).

POT ocasiao da viagcm inaugural do trcm da via fcrrea . ocorrcu pequencdcsasrrc que possibilito u ao povo saurizar a tnauguracao. verscjand o trovesiromcas.

Esse dcsast re ocorreu a 6 de sete mbro de 1865 ' Sao Paulo Ant igo - A.E. :\Iart ins - pag. 143, na pan e da Estra da de Ferro lnglesa. no trecho entre a:\106ca e a Estacao da luz. Muilas pessoas importantes da Provincia Iicaramfcnd as, tendo ocorrido a morte do maq uinista.

A Camara Municipal pretendcu conferir 3 inauguracao grande solc m­

dade de mo do que a cmpr esa permi t iu que 0 trem de mater iais rcccbesse nestalf:io da M06 ca. us co nvidados do legislative provincial , ccrca de cer n. a fimde asstsrircm na Estacso da Luz , 3 bcncao das locomotivas que se ba tizariamCOlli os no mcs de "Ypiranga" e "Maud".

A vc joctdadc excessive da s loco mo tivas cnsejou 0 dcsastre c 0 Go vcmo

lm pcr tat respousabtbzou o cngenhctro fiscal. Dr. Emesto Diniz Street . demi­nndo-o dcssa fun~ao .

Para soconcr os fcndos. os rehgo sos cap uchinhos do Sem in:irio Epis­copal ~ apr cssaram mccuuuen u. muuidos de medicament os em cheg ar aoloca l do Suust ro - frei E U~ l11u de Rum tlly, frci F irmino I'ent clhas. frei

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o U,\ IRRO DA LL'Z

Generoso de Rumilly dcnt rc muitos out ros.

Conta-sc q ue cstuvam entre os feridos. 0 Harao de ltapc tinlnga. Dr. Joa­q uint J usto da Silva, conse lhciro padr e Dr. Vicent e Pires da Motta . tcnent c­corone t Ant onio l ose Osono da Fo nseca C 0 Conselhcuo Dr, Joaq uim In:icioRamalho.

o J ardi m da LUL csrava ptcparado para part icipar de tao importantcmauguracao . A Camara Municipal rnaudo u ptcparar em suas dcpcnddncias umgrande banquete. u qual nao chc gou a se rcaljzar. em vinudc do dcsastrc.Con ta-sc que no J ia segurnte. mdo cstava intact o. cooforme fora prepa rado ...

A Estacro d a LUl simbohzava 0 arroj o fcr rovid ric de uma cidadc nas­ccrn c. Sua ednt cacao. das mais perfcitas no gcncro em todo 0 m undo, antesde 18 73 , nrc possuia cobena para ahrigo de s passagciros. de modo que porimpmi\ :ill das aut oridadcs trscal izudorcs do Covc rno Im perial, a "Sao PauloRailway" oruencu tal construcao.

Eram dcpcndcn cias adequ adas j admin istrJ \:Io c aos usudnos coundasnum sobrado npi carnentc provinciano. co nfo rme toda a Pauhccia da epoca.

Quando em 1900 a tudo sc dcmohu para sc iniciar a const rucao da novaEstacao. S50 Pau lo passana a coruar com maruvilhosa obra arquucrontca . mi llsobrepujada por ncnhuma outre. Ncm menno as lgrejas de Sao Paulo possut­ram o u pOSSUClll tao bela te rre ad ornada por grande rel6g ill , q ue du ran tedccadas ITliIr COU a hor a uncial da cidadc.

Emrctanm fo i a consuucso dcssa terr e que dc rcntunou a dernolcsodo ubscrvatorio do Jardim da Luz que 0 povo apclldara "Canudo do Dr. Je r eT hcod uro". scu con strutor . em IH74 , q ue t inha vinte metros de altura e acujo ctmo S(" atin gia por ingremc escadana mtcma .

r\ [ stil\i"ao da LUT csta const rurda sobre uma area de 7500 met ros qua­drado s scndo cerro que ap6s sua inauguracao, 0 bairro da Luz cmrou emritmo do:' acelorado dcscnvolvimcnto. Em suas platafonna s cmbarcavam cdcscm harcavam milhurcs de pcssoas. bern como alias pcrsonabdadcs do mun­do cultural e socia l da dpoc a, como pur exemplo . ··0 rei soldado" - Sua Ma­jcstadc \1 Rei Alberto da Bclgjca.

E ao seu rcdor fo ram se abrindo ruas. e ncssas ruas S(" Ioram levantandocasas. mui tas das quais uvcr am vidus mais curta, que as des pr6p rios homcnspor estes as dcrrubavam para alargar c rcfuzc r aquclas " .

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• •••

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o Gra nde ln ce nd iu

Dia () de novc mbro de 1946 . a Estacdo da Luz foi quasc totnlmcntcdestrufda por urn pavoro so incdndio. ~ao acont cccu sua total destruicdo.porque sua clcgame terre func ionou como aspiradou rc . atravcs do qual aslabarcdas e Iumaca sub iam e pcrd iam sua force destruidora .

o fogo urompeu :is duas horas e vinte e cinco minutes da madrugadac durante Uinta minutos agiu livremcrue. destru indo :i vontade.

Soment c apes meta hora as mangucira s func iona ram . mas. ao raiardo dia. cstava a ES13,<50 da Luz rcduzida a esccmbros. acusando urn pre­ju rzo o rcaco em dcz milhccs de cru zet rcs anngos .

No "hall" principal havia uma placa comcmo rauva que conscguiurcsist ir ao fogo, a qual . Iamcu tavclrncn te nao foi reparada e recolocada noseu IUg'H. Pcrdeu-se, co mo arquivado . fo i 0 tnqueruo sobrc as causas doincen dio .

AliOS mais tarde, jd rcconsm nda . cum scnsrvcts rcfo rmas em sua cst ru­tura . com 0 acresctmo de U1l1 andar aos dots exls tcruc s. cum 0 grande sahrcem cstilo "Renasce nce" rasgado ate 0 segundo andar, ganhou dois coujuntosde grossos pilurcs nas rcspcct ivas sarda s de passagetros.

A tradicional Estacao da Luz volta agora a assumir as dirnc nsze s deo utror a. Counn ua a scr local de Ireq ucncia numcrosa c de qua ntos visua ma cidadc de Sao Paulo . c rea boenre. urn cspetacuto de arq uitctura do: lm­pressioua nte belcza.

E. a ma is importante esracs o de passageiros UO !lrasil.

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­,.,o

.'"

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C A P f TU L O I V

- ENTIDAI> ES CU LT URAlS -

4 . MUSE U DE AR TE SAC RA DE S,\O PAU LO

4 .1 Pin acu tccu do Estu dc

4 .2 Escula Poli tecnica . Su a Pa rtfclpaceu na Revulu cdoCo nstn ucion afista

4 .3 Policia i\lilit ar

4.4 Ser vice Na cion al de Apren di zagem - SE NA C

4.5 Pre sfdio Tirad entes. 0 Quartel

4 .6 . GEC Prude n te de Morees

4 .7 Metropolitano de Sao Paulo

4 .8 Real Ben eftcencta Po rtuguese

4 .9 Igrej a de Sao Crtstovao

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\ t USEU DE A RTE SACRA DE SAO PA ULO

o Museu de Artc Sac ra de Sao Paulo , cnccrrado no mais represent ativer uonume nto arquitetcnico da ctdadc, const itui no scu genera, lim dos maisnobrcs c hisroricos do Brasil.

Em cdifi cio { IUC rcrnonta an scculo XVI, no vc lho "ca minho de Anha­bau que vat para Ne ssa Senhora da Luz", ou " caminho direito de Cuarepe" ~(Atas. vol. XVI - rag. 127 ) - , ap resen ta atualmcnt e, do is aspectos untcosen t re todos os templos de Sao Paulo : tern duas frcntcs. scndo que a entradapara 0 adro da igreja l! lateral.

A prim itiva entrada loca hza -sc nos jardins do Co nvemo. e scu accssoeproibido .

Possui duas to n es romdntcas encima ndo ve lho casarso colonial. e seuinte rior se cnobrcce pelo se ll cam gradeado. scus retebulos preciosos e seusconfesstonanos.

Vasto ed ifieio. a dcspe uo das vicissitudes a que 0 tempo 0 sujeitou.nada sofreu 110 seu aspecto extcncr severo e desnudo de lavores. 0 mesmo queUte imprim iram h:i centcnas de anos. seus pedosos alvandis. Sua nobreza de­corrc de sua pr6pria mon umc ruahdade.

Guarda em seus au ares prcciosa estat uar ta. Com o. pe r exe mplo. amtagem de Nessa Scnhora da l.uz. que. segundo a Iradi~:io l! a mcsrna que scvene rava na antiga ermida des Cam pos da LuI.. Aldm dcssa. I;{ se venera tarn­hem. a imagcm da mdrfir San ta Fau stina. J oada pclo Papa Pio lX.

Arras de scus muros de talpa . a soltdro das monja s. Um ccuuterio part i­cular. aspectos arquitctonicos inus itados. pe~as histcricas dc valor incalcuhl­ve l. alent de valioso s oocumcntcs sobrc a cdiflcacao do ccnvcmo. scus csta ­tutos c relatonos de s trabalhos de seus srndtcos.

Sua fro nta ria crcctu entre duas to rres stnct ras. jauclas rctangularcs.balaustrada s e zimborios, constituem conjunto de rara harmonia, no gencrctalvez, 0 ma is belo . 0 ma ts grandiose, 0 mais evoceuvo de Sao Pau lo, mila­grosamcntc poupado 010 dcscammho do progresso.

Essa rclfquia sctsce nusta guarda a inda, hem mais precioso. (lll.:' ~ 0

corecso da Luz!

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78 o BAIRRO DA LL'Z

Acervo Artis l i co

;-';0 ano !')73 foi aprcscntada em Lisboa. uma cXJ"Osi~ao do "barrocobras ncuo". cornu micranva cultu ral de mtercambio entre Itrasil e Portugala qual conlou com 3 prCSC'II, a de s chefes de Estado cos dais r aises.

,\ exposicdn for urgaruzada pc la Sccretana de Cuh ura. Esportcs c Tun s­1TI0 e pelo Museu de " fie Sacra de Sao Pau lo. e aprcsc ntada pela "F undacaoCaloustc Gulbcnk mu", sob 0 pauoc mto da Embarcada do Brasil.

As obras arusncas cxpostas pcnc ncem 01 0 Museu de Ar1(' Sacra de S:ioPaulo . com cxcccro de umas poucas. de pro pncdadcs dos ' t USl' US pon ugue.scs. Rcvcstcm-sc tais ob ras da maier significa, ao arusuca . dada sua tradtcso .rcquintc c rtq ucza .

A imagcm de :'\O SS<l Scnhoru da s Maravilhas. Ill1( CXC1l1 p]o , que era vcnc.rada 110 alta r da Catcdral du Bahia. c ce lebre por scr npon tada como respull­save! pclo estate na cabcca do Padre ViCH a_da ndo-lhc intcligencia c sabcdo ria .

Tcrta cssa imagcm vindo para 0 Brasil em 1550. scndo rcvcst tda de prataern I (1 ~8. pefos ancs.ros ba ianos.

Outra prcciosida dc e uma unagcrn de ~o~ Scnhora da Espe rauca. empcdra IiOL, portuguese de 1500. semclhautc a que Cabral trazia na sua viagcmas tcrras brasileiras \I edindo HO ccunmerros de altura. c recobcrta por urnmant o preso par um fermal qumhenusra. tendo na cabcca uma corea real .

Pnmitivament c cncomrava-sc na frontana da lgreja de Sdo Pedro de sCkr fgos. no Largo da ~ de Sse Paulo . ( am a dem ol iij:ao dew lgreja . forrcnuwida para a L Ul . I: digno de atcnca o ncssa imagcm. a \I enino Jesuscatrcgando nas maos urn ccrvc . simbo lo da sabcdoria c da esperance . Paraalguns cstudjosos. ca propria imagcm do Espiru o Santo .

Esclarcca-sc que essa prccrostdadc foi doada ao \ Iuscu. pelo Dr. Olive iraRibeiro Xeto

[ada peca do xtuscu C inc rivclmcntc bela. no movimcntc de seus flo­roes. des scus vidros. des scus qucrubins . seus santos trabalhados a mao, seus'utros e volut as. numa pol icrouria e cs togo singular.

Scu acervo lao magnificamc ntc conservado. comc cou a ser rcun ido nospnmordios do seculo XX pcfo Hust rc Arceblspo de Sao Paulo , Dom Duart eLcopoldo c Silva. Erum pccas sacras dus vcthas capela s c Igrcjas paultstas. dacapital c do interior do latado . c de o utros pont es do Brasil. que comc carama scr reunidas c guardadas para a posrcnda dc. c hojc () Museu de Arte Sacracxpoc ern caratcr pcrmauent c juntamcnte com o ntras jle~a s ali chegadas emdoalfa\l o u adq uiridas.

U prcJ io ondc ta is prcciosidade estao guaruJd as. e um dm mais am igosdi,.' 550 Paulo. sendo que SUJ con stnu;:ao S(' I'ro longou por l!UairO a no~ aproxi­madamcn le. -Possui esllCssas paredes. algumas com mais de lim nWlTo de

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ENTIDADES CUL TURAI S 79

espessura. nas quais se encaixam po rta s e janelas de madeira rnacica , pesadrs­sima, qu e se movem em dobradica s em fo rma de pino que gira den tro de

pequeno cilindro .As fechaduras e cha ves. no tamanho e solidez, fazem seis ou sete das

atuais. As rabua s do assoalhc , de madeira escura. medem quas e meio met rode largura , e tu do 0 que e pregado , e por meio de crave s de quase dez cen ­umetros de comprimento, quadrangular es, com cebe ca acha tada e irregular.

Suas escadas chamam a atencro porque seus degraus cstao oesgastadospelo continuo e prolongado passer das munjas em ma s duplas, durante qca seduzentos anos!

A construcao or iginal sofreu algumas mod tttcacoes e muitos repa ros.entre as quais as que foram realizadas pelo Co nde de Prate s, si ndic o doMosteiro :i epoca. Asstm. a parte que vat desde a portaria ale a extre rnidade,contin uando lateralrnen te ate cnco nrrar 0 anti go pu xado que havia . Dcve-seao mesmo con de, a co nstrucao do mur o que circunda todo 0 terreno ext erno

do Con vcnto .As porta s e janelas ainda sao as mesmas coustruidas em 1777 , mas as

vidracas foram colocadas em 1900 , por iniciariva do Co nego Augusto, tam ­bern sm dico. e 0 atual piso de lajotas, pnnut ivament e for a de terra bat ida .

Por volta de 190 5, a iluminacao eletrica fo i levada , para 0 Convento .para finalmente a 29 de jun ho de 1970 ser ali instala do 0 Museu de Art e

Sacra de Sao Paulo .A Inaugu racao c corrcu ao som de "Missa", de autorta do Padre Andre

da Silva Gomes, mestr e das lgrejas de Sao Paulo, em 177 5, e cuja partituraorig inal sc const itui numa das reliquias do Museu , encontrando-se numa dasvitrinas da sala Dom Duarte Leopoldo e Silva.

As de pendencies do Museu foram restauradas pe lo Estado, na med idapo ssrvel de conservaceo do ambient e original. Assim , as modernos tacose os ladrtlhos imitando rnarmorc, toram substi tuidos por madeira de lei, emlargas tabuas de ipc, com craves da epoca, e lajotas de barre qu eimado . Todoo ma dciramen to, portais e guarnicc es foram rcstaurados, os quais tinham sidemutilados pela colocacao de roda pes. A pintura das paredes, sobreposta emcores dife rentes , foi eliminada . A parte elet rtce e 0 sistema de segura neafora m adaptados aos rnais modernos metodos, em conson ancia co m 0 estiloarq uitctouico .

o projeto c a cxccucao da mon tagem do Museu cstiveram a cargo doSenhor Artu r Jorge de Carvalho.

o Museu se abre com a Sala charnada Madr e Helena do Espirito Sant o.homenagem a tu nda dora do Mostetro. e aesquerda urn alta r setscent tsta emtalha de madeira policro mada e dour ada, proce dente de Itu , da FazendaPiraf dos Camargo, tendo no scu nicho a imagem de Nossa Scnhora des

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so o HAIRRO DA t.uz

Prazcrcs. do Scculo XVII , em bar ro C07j UO poh cromado c do ur.ado. prove­ment e da zona de Sorocaba . Um rochciro de prata portug uese. enviado em1745 por D. J030 V para a SCde Sao Paulo . ostenta as arrnas reais. i1uminama imagem de Sao Paulo, de barro condo. qumheruista, e proccdcute da lgrcjado Coleglo .

Ada ma m a inda , a sala , urn grande crucifixc do Seculo XVIII. deReccllurnem o de Sa nta Teresa. uma imagcrn de Sao Pedro Pap a. tam bcmonocent ista e da annga igreja pau lista na de S3'o Pedro des Ctengos. Itatambem , uma area da Bah ia. sct ecent ista . mesa de bolachas e Ire-midas doSeculo XVIII e urna cadeira da ant iga Se ; lima cruz de proci ssdo sctscennsta .de prata lisa. e tres Iampadanos de prata. ostentaud o 0 central. as armas dopnrnetro lm pet io Brasneirc q ue fo i oferectdo :i. Se de Sao Paulo pOT D. Pc­dro I, em corocmo racro da mdependdncia do Brasil.

A sala d:l para 0 corredo r de Sao Jorge, coloca do no r uche da escada .adomado tambcm pelas imagens das Santas \ laes, Sao Bento e Sao Franciscode Pau la. cucim adas par dois cam pauatio s de prata . do ano 17(XJ,

O chamado "Corrcdor do Fret Calvao", era a ant iga en trada do Mus­teiru de Luz, em cujas paredes latcrais encostarn-sc buncos de veuras igrej asouocem tstas. urn grande Cristo cruciflcado. rctabulo s de altar, sctsccnttstas.e na parede urn quadro da Anunctacsc da v lrger u que pertenceu ac tete daantiga Igreja des Remedios (18 13 ), q ue sc situava na Prace 1000 vtcndes.Ourras imagens sao vistas ; Nessa Senhora do Rosano. S;io Pedro Papa,Sam'Ana. - a segunda padroe ira de Sao Paulo, per decre ta papal de 1 78 ~ - ema is uma v ero nica e dots scraf ms de madei ra da autor ia de Mestr e va lcnnmno Rio de Janeiro .

o corr edor de Nessa Sen ho ra da Luz ostcnt a mesas e cncont ros deD. Jose v, da Se de Sao Paulo. vanas unagens setsccnns tas de barre e paulis­las, centre as q uais a de Nessa Senhora ua luz de auto na de Frci Agostin hode Jesus; uma Santa Luze , Sao Francisco reccbendo as est rgmes - 1630 - ,S ow Senhora co m 0 Menino . e Ull13 coroa em prata, do Divino , co m salvee cerro. da Irma ndade do Espirito Santo da Se .

Cadciras o itocent istas de jacaranda da auriga SC, adornam as vdriasdcpcndcncias do museu , num tot al de 48 .

o pati o inte rno c! atin gido por esse corrcdor. E ajardinado . e si sccncont ra a Pia Bensmal de Sao Paulo, do Seculo XVIII , de granito e marmc rc.Vinic e tres lampadanos de prate adornam 0 altar de Nossa Scnhora da Luz,intcgrante da estrutura do Mosteiro. que ostenta a imagem do vclho OTagode Domingos Luis, 0 Carvoetro. e trazida para ali da Capela do Poranga. 0Sen ho r Mcrtc ottocenusta. tochetros. litnl . palmas e pcq uenas imagens sedtspecrn harrnoruosarncurc por sobre 0 mesmo .

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ENTID ADESCUtTURAlS 81

A urn canto, sob 0 Espirito Santo de Ara~riguama , do Seculo XVIII,Ne ssa Senhora da Conceicro trazida do antigo Palacio des Bispos., do Rio deJaneiro, admira vejho armanc da Sacristia cia igreja do Patrocinio de ltu,que guarda mitras, barretes e soltdeus des rehg tosos de Sao Paulo, inclusivede Diogo Feij6 .

Centralizando tanta bcleza, entre vitrinas que guardam objetos de ouroe prata de velhas igrejas paulistas, a urna do Sant rsstmo. ottocennsta, e da Sede Sao Pau lo, em branco e ouro pcrfumada a sl ndalo.

Na Casa Forte, as duas sales sao prol egidas per urna por ia de banco, eguardando objetos de alto valor dtsposros e arrnanos e vitrina s ao longo dasparedes. ~ ai que se encont ra a imagern de Nessa Senhora des Prazeres, dos1600, ernbasada pa r doze querubins, de aut oria de Frei Agostinho de Jesus,bern como Ne ssa Scnhora das Dorea e Sant 'Ana Mestra, em madeira e escul­pidas pelo Aleijadinho.

Cruzes de procisseo, oste nsonos de prata e ouro, Cnstc s Crucificados,de marfim e madeira, e urn pequeno quadro de Veronesi. A cruz peito ral eancl, do primeiro Cardeal brasileiro - Cardca\ Arcoverde - de ouro, rubi.esmeraldas e brilhantes, rebc enos de prata, ouro e pcrJrarias em mem6rias devarios santos, sao dtsposrcs ai.

Ha ainda 0 ''Conedor des Btspos' no qua l sc observe a mesma cons­ta me de beleza e riqueza: lmagens e rochetros de prata , atandelas de madeiratrabalhada, cujos entalhadcs proceden tes das Miss3es do Rio Grande do Sui,estante de coro do Seculo XVIII de Sio Luis do Maranhao. urn pulpito cito­cenusta com pintura barroca mineira , e urna cruz de procissio do SeculoXVII, que pertenceu i ant iga Capcla da famil ia Pires, de Sio Bernardo. Essecorredor termina na Sala Dam Duarte Leopo ldo e Silva, com S\l3 S paredesadomadas com os retratos. a 6leo , dos bispos de sao Paulo, desde 1745 ,quando foi criada a diocese de sao Paulo. Do teto, pe:ndem cinco lampadanosde prate , do Seculc XVIII, procedentes da St. Vitrinas C1'p6em objetos deouro e prate: 0 Sacraric da Matriz de Guarulhos., do 1600, em talha de madel ­ra policrornada e dourada, a mesa do altar da Matriz de Santo Amaro (1700),imagens, cadetras e retabulos de altar da epoca barroca .

A Sala Dam Jose de Camargo Barros, nome do fldalgo bispo de SaoPaulo , falecido em 1906 nurn naufragio, tern inscrito, em urna de suas pare­des, 0 brasao de armas desse ilustre pastor, em talha policromada, enctmandourn cadeiral D. Joao V da antiga St. Seus lampedanos venezianos do secu­10 XVIII , procedem de urna colecso paulista ; urn carrilhao ingJes com catxade xarso, um areal baiano e urn quadro italiano do 16lXl completam a sala,cuja porta ~ encimada por quadro e figuras de urn Calvaria mineirc doSeculc XVIII.

o antigo refeit6 rio des freiras ~ hoje a Sala Dom Bernardo Nogueira , 0

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o BAIRRO DA LUZ

primc iro bispo de Sao Paulo . Apresenta eta mctas pare des divisorias fo rradas

de ima gens peque ninas de ora torio s pamcularcs. alem de vttr tnas co m j6ias

e obje tos sacro s, pia ba t ismal de made ira color ida , seiscentista, altar de Santo

Amaro de talha barroca. c cinco orato rios. Dcstcs. urn precede da Igrcja do

Colcglo . e out re em forma de armano . da casa de Bor ba Gato em Parna iba.

Urn rico tocheiro de pra ta co m as armas de D, Joao v , quatro lampada nos de

prata do scculc XVIII , ccmplc tam a sala.

Urn monumenta l tochciro proccde nte da S~ de Sao Paulo , desp erta a

atencso na sala scgutme, que da para 0 "Corredor dos Reis", assim cha rnado

em virtude de expor a galena a ole o des refs port ugueses. Em urn nicho, a

imagcm de Ne ssa Scnbora da Bsperauca. do Seculo XVI, de pc dr a portuguosa

do Alll{a, vinda para 0 Brasi l co rn os primciros colonizadorcs, c que tarnbem

csuvera na fro nta ria da lgreja de Sao Pedro dos Clcrfgcs. c numa des parcdcs .(J " Naufragio do S mo". de Bened ito CaJixto.

Ulna cnormc porta e duas janelas de trel ica no "C o rredor de l-rei

Galvan". sc abrem para 0 antigo Cenuteno das religiosas da Luz, com chao

rusn co c carnciras nas poredcs. Con tu-se que durante rnuito tempo as "pcdri­nhas" de revestuncmo do tumulo de Frei Galva-a, cra m dtsputad as . puis

curavam, sc colocadas nos filtrcs de ague para heber. No extreme do Ccnu­

reno existe lim altar orato rio do Seculo XVII I. e proccdcntc da Capels da

Fazcnda da Fcit iccir a ou ,IC' Sao Mat ias, na Hila Be la (anuga Vila Bela), no

literal nortc de Sao Paulu.

Paredes t' ptso da Sala Fret Galv30 110S rcvetam a cstr ut ura do Mosteiro

da Luz, de talp a socada e de sopapo . da q ual 0 vencrando monge tot 0 autor

principal.

Nessa sate. vtrrinas guardam objctos que pe rtenceram ao santo sacer­

dote .. Sells rosa rtos. co rduo do hab uo, tc rcos. amhula . callce de co munhao.

o crucifixo de sua cc lu. lllll chicot c de pcnitdncia c a cha vc de seu csqulfc

mo rtuurio .

De modo geral . as paredes de tod as <ISsatas do Museu sao adornadas denoravc! colccro de pintura co lonial re ligio sa brasncua . com destaque daso bras do Pad re Jcsum o do Mo nte Cannclo 0 muio r pintor colon ial de Sao

P<lulo .

Como parte do programa de festcjos do 150 .0 universario da l ndepcn­

de ncia do Brasil. algumas dessas pccas Ioram sclccionadas para divulgacao

de s valores trad icio na is da cultu ra <' desenvolvimcmo do Pats, entre as nacoes

anugas. fato q ue dcspertou rca! interesse pcla mais tradtcional art e brasi­lcirn.

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L ~TI [)A [)l-S cut.TlRA IS

Pinn coteca d o Evtndo

Sit uada a [rente do Conve mo de Nessa Scnhora da Lux. instalou-scem prec ho coustruido em Ig95 c que pcrtcncc u all Liccu de Artcs e Offcio s,hojc 113 Rua Joao Tcodoro.

Fo i dcsaprc priado corn dcst ina~ao cspccffica aInstalaceo da l' inaCO!CC3 ,Fiscalizac do Art fstica c Faculd adc de Belas Anes de Silo Paulo .

Sao seus Iund ado res. (l Dr. Carlos de Cam pos. Ramos dc Azevedo.Freitas Vale, Surnpa to Viana c Ado lfo Pinto . Apbs 1930 , pcrmanc ccu fccha dadurante algum temp o, quando a Pinacot oca fo i sediada no antigo predio daImprensa Oficial do Esrado. f Ruu XI de Agosto .

Em 1946. cntrctanto. volt ou ao seu nasccdc uro. em plene coracs c dol.Cam pos da Luz. ja sc iniciandc 0 funcionamcnto da Faculdad e de Bolas Artcsde Sao Paulo ,

Durante muitos anos esteve a [rent e. a cstatua de Ramos de Azevedo ,que a unpiedadc do progresso dcsalojou para outr as paragens.

A Pinacoteca possui sets salas c urn corrcdor, luta ndo consequc me­mente, com a falta de espa"O. Nesse rectnto. situam-se 1874 ob ras, a maior iade 1850 a 1900 , representauto um patrimunio valiosissimo , qua sc todo eleprocede nte de doacoes de part iculares. inclusive do Ministro AzevedoMarques e do s lrmaos Bernardelli.

Guarda tambc m. 1148 fotos c fotogravu ras de art e francesa. colccsode moldagens, rcproducces e originals de rncstres franccses dos seculos XVIIIe XIX, paineis a 6 leo , estampas. gravures, bron zes, cstatuas em rndrrnorc .

As Salas de cxpostcao foram batizadas com os no mos de pa tronos dasartcs em Sao Paulo - Fr eitas Vale, Azevedo Marques, Bcnedu o Caltxto.Pedro Alexa ndrino . . .

A galena de escultura s aprcscnta notavel traba lho do escultor helgaA. Pune nann , bern como "C raysus". original em marmore de Ferout.

Dcstacam-se ainda esculruras de Victor Brccheret , Raphael Galvez eVicente Larroca.

Quante a Calera de pintura, 0 acervo mostra ob ras de Di Cavalcann"Os Amtgcs": Hcnedit o talixto - "Bma de Sdo Vicente" ; Pedro Alexan­drui o - "As pargos": Ailllcida J unio r ~ "Caipira picando fum o": dentre osmais nota vcts trabalho s prctortcos .

A dtrccro do Museu rcscrvou uma Sala para expostcces event uais deIlOVOS pintorcs. c possui tambcm. sala de tcat ro de arena e biblioteca.

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o BAIR RO DA LUI

A es trurura exter ior do predto ainda nac esta revcsttda. e 0 projeto deiluminacdo artificial co nferiu ao local. uma personalidade diferenciada emdcstaq uc no fundo negro do velho J ardtm da Luz .

ESCOLA POLIT £CN IC A

"Aqui ninguem em ra que luio seia geometra "- Pia lao -

A Escola Poltt ccntca da Universidade de Sao Paulo corn pletou oitcn tae urn ancs de exi stdncia no dia 15 de fevcreiro do ano conente . tendo side

sole neme nte inaugurada a 15 de fevererro de 1894. contando ja 3 1 alun osmatriculados e 28 ouvtntes .

Congregando lnstttutos Anexos - Institu to de Pesquisas Tecnol6gicase Inst itute de Ejetro tecnica , par exernplo , fo rma urn conj un to de justificadoorgulho no cemirio intejectual de Sao Paulo e do Brasil.

Foi crada pela Lei n.c 191 de 24 de agosro de 1893. promulgada porBernardino de Campos.

Dispunha a Lei qu e a Escola de Engenharia dcvia formar cngenh ctro sprdt icc s, ccnstrutores e cond utores de maqu tnas. mestr cs de ofic inas c dire­tores de industrias, mediante ensi no tcorfco e prance .

A Esco la Polit ecnica se dispun ha aos cursos seguintes:engenharia civil: em 5 alios de est udcsengenharia indu str ial: com 5 anc s de esrudosengenharia agrico la: com 3 ano s de estudoscurso anexo de artes rneca nicas: com 3 anos de estudos.

o Governo do Estado adq ui riu na Avenida Teademes. na esquina daRua Tres Rtos. urn predio espacosc . com vasto terrene ancxo , ant iga rcsi­den cia do Comendador F idelis Prates. que passou sucessivamente :i propric­dade do Marq ues de Trcs Rios e de uma crnpresa industrial, a Empresa SaoPaulo Hote l em cujo dominic se cfctuou a aq uisicdc , pela impo rtdncia decit cnta com es de n~ i $ '

Fo i nomeado seu pnm eiro dire to r, 0 Dr. Ant onio Francisco de PaulaSouza.

Primeiro esrabelccuneruo de ensino superior. fun dado pelo Estadc deSao Paulo Repub lic.a no . sempre 51: constit uiu caminho aber to :i atividadeint eligente da mo ctdade. um foco inexti ngu ivel de luz a aclarar-lhes a inte­ligdncia .

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ENTI DADES CUlTIlRAIS 85

o Ensino da Escola Politecnica, em cont inuo progresso, depois da ins­tala¥30 dos Inst itute s Anexos. desenvolveu-se ma is favoravelmente.

o Insti tu to de Pesquisas TccnoI6gicas - I.P.T. - e 0 Inst itute de Ele­trotecntca, com os seus problema s industria is e as sues equipe s tecmcas emregime de tempo integral. num ritmo de trabalho ate a pouco tempo nesco­nhecido no Pats, criaram urn ambicnte extraordinariamente benefice para osestuda ntes. Esses passam pelos laborat6rios des lnsn rutos onde realizam ostrabalhos prattcos das cadeiras arms. ajem de pode rem entregar-se a traba lhc sde pesqutsas na qualidade de asststenres-alunos.

Sem duvida algoma a funda~o de ta is lnsut utos AnexosaEscola Poli­tecnica co nsut uem-se 0 in(cio real da pesquisa tecmca no Brasil.

o Ediffcio Velho, como era chamado 0 palacete Tres Rtos, arcou com:I orgaruzacao e funcioua ment o da Escola durante largo tempo . Sua demol i­cso foi iniciada com a sedicao militar de 1924, quando canhoneiros e met ra­Ihas au ngiram seus tefhados. que acabaram por ruir.

As pressas, mudou-se a Escola Potuecn lca para 0 " Novo Predio' c"xovrssrmo Predio".

Pe r voila de 19::!8. nada ma ts restava do Palace te Tres Riosl 0 pred ionovo, co nstruido por Ramos de Azevedo. chama-se hoje em dia " EdificioPaula Souza" . e ficava nos fundos do velho ed iffcio .

Com a instalalfio do Curse de engenheiros eleu icistas, 0 GovemoEstadual construiu 0 predio novissimo, e, posteriormente, entre 0 Novo eo Novrsstmo ediffcio s, crgueu-sc 0 mtponente ediffcio do I.P.T.

o Prof essor Francisco de Pau la Ramo s de Azevedo, segundo Diretor daEscola Politccnica. e lido como 0 consolidador da Escola. d irigindo-a de191 7 a 192 8.

Os est udanres de t:io renomada Escola se agremiam representau vementeno " Gremio Politecnicc", entidade que anualmente promove com os estudan­res da Faculdade Pau lisla de Medicina , maratona espcrtiva. 1:. a cejebrePauli-Poll que ja ehcgou a empolgar os meios es tudant is de Si o Pau lo.

Dessa compencao resulta a MAC-POll que reane os vencedores daMAC-MED e PAULI-POll .

A Revol ucao Co ns t it uci onalis ta e a Escu la Pnlirecntca

Em 1 93~ . 3 1<:11S:iO na Capital e quase incontida . Conspua-se abena­mente contra a peasca ~ 0 regune do drtador Vargas.

'\0 me., de marc . era-se a mist ic:a do \t.M.D.C., e a 9 de julho dornesmo ano, deflagra-se a Guerra Constu ucionals ra, adotando prop6sitosngorosamem e naeionalistas.

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86 o BAIRRO DA l UZ

o M.\I.D.C. invade e ocupa 0 vasto casarao da Faculdadc de Dlreno (':Iii se o rganiza 0 primeiro con un genre de paisanos armados que comecam aoperar ao lado do Exercitc c I1a Fo rce Publica e a 10 de ju lho. 0 entaa i nter­venter de 530 Paule . Pedro lie Toledo. ~ detuaruernerne acLamado Govema­dor de Sao Paulo . " na mais vibra ntc manifestacdo de civismo . na mais pujantcprova de amor ao Brasil e a Sao Paulo .....

Volt a urna vez mais. 0 bairro da LUL, a dcsempcuha r sua funcao his­t6rica.

Deflagradc 0 mo vimcnt o con sutucionahsta . a q de julho de 19 3.:! , foia Escola Po litecnica c todos os scus laborat 6rios rcquisita dos pelc Governo doEstadc de Sao Paulo . para cons ttt utrcrn 0 Service de Engcnharie da PereaPublica .

lrrcst rua solidaricdadc foi unanimcmcntc votada pc la COl1gn:ga~ao crodo curpo doccntc J a Escola . no dia 12 de julho .

Su b a o ricutacdo gcral do Professo r Mario Whately. a quem cou be, uaqualidadc 0.11: delegado do Govcrno. dirigir as atividades bcucasda Escola . csob a Chene dircta do Engenh eiro Adr iano Marchin i os tecnicos do L.E.M.levarama cabo varias reanz ccoes.

Ali forarn estudados, projctado s e executados: pcnscomc s de trmcheira.co rretorcs de nr c para mctrathadoras anu-ae rcas. tclCmetros e binoculosmilimetrados para art ilharja . Fora m amda preparadus, IM.U am plu cro 1010­graflca. Jelenas de pranchas cauograficas em grande escala lias varus freutesde luta, e ensaadcs e estu dados mate riais para chapa s de bllndagem . capa ­ceres. mo rteiros de tt incheiras, etc.. __

Nos laboratcnos foram fabncadas granadas de mao c municao de an i­lharia, equelas adapta das ascond iljoes de sao Paulo na ocastdo .

Aos labo rat6rios Ioram cngajados 300 volu nta no s dada a necessidadede maier procucto. os qua is num ambiente de absolute disciplina, c traba­IhanJo none e dia po t rurnos que sc revezavam. u L.E.~1. chegc u a produznurn total de 150000 granadas de mao.

Nos ulurnos dias de luta . a prodocao diana aun gja a ItMJOO. cuja produ­Ifjo to tal era sistemanc amc ntc submct tda a contro les cxpcr tmentats.

Apesar da caut ela mantida. cssa fabrtcacs c custou algumas vit imas: oscngcnhc tros Douglas Me Lean, Joaqutrn Bohn c o est udant e Jose Greff Borba .tod os vo luntaries. e que ali dcixaram suas vidas.

o Engenheiro Adriano Jose Marchini. responsavc t pe la transforrnacaodo I.P.T. em autarqu ia em 1944 c seu supe rtnt endentc, fo i mutilado ua rea­liza\=ao daqueles trabalhos. Tambc!m 0 voluntano Mario Bertacht teve igualsene.

Os engen heiros Cyrillo Florence c Rornulo de Lemos Roma no. sofre­ram graves lewes orgarncas pclo anu cnal. sendo q ue 0 ulttmo velo a falecer

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(;:'Ii Ti DADLS CUl TUR,\ IS 87

prema tu ramcnte. em 1936 .At uatmcme . J. E~'O I:1 Poludcmca da Umversidade de sao Pau lo insta­

lou-se ua Ctdade Ul1iv(niUria, no distr ito do Butant:i, em area superior acern alqucircs, dos quais ::!40000 mJ

, ficaram rescrvados ao l.R'L, consn­tumdo ali. u chama do "Bloco Potnecnico".

Po lici a Mili tar - Ge ne ra lidades

Criada na antjga Provrnca de Sao Paulo, como modesto "Cc rpc deGuardas Pcrmancntcs" . inst ituidc para garantia e ma r uncncec da ordempub lica. 0 cnvolvcr de s anos. imprimiram-lhe nova cstrutura e conststencta.

Corn scus 141 alios de exislcllcia. SU:J Iamu c noronc dadc. utrrapassouJ~ frontcr ras do ESI;J do c du Brasil. dcvido sua or gantzacr o. disciplina e mtc ­gran tcs itust tcs.

SIlJ ~ trad lcocs st u verdadcirus csrandancs de coufja uea. dignidadc. ·rcspeito c respcnsabihdade em favor do bern estar da colctividade gerat.

Unifieadas as pclfc ias fardadas de s Estados, suas muralhas se tcmaramamda mars s6lidas ua defcsa da pal . da familia e do patrim6nio paulistano.

,\ Pohcta ~l ilil :tr do Estado C produto da umnca~;ia da Pe rea Publicae da GuarJa Civil de Sao Paulo.

NoHcia Hist 6ri ca

"C onscjho da Presidencia da Provincia de Sao Paulo. - (J.3 Sesst oOnJillaria,a 15 de Dczembro dc 183' ''.

Rcunido 0 Exm.v Cousclho . Jed arada abcrta a scssro . Ioi IO TnJ da

publica a Carla de l ei J~ 10 de outubro Je SSI: mesmo auo. uutorizandn ac r ia ~ao de lim I'c rpo de tiuarda Muntctpats, voluntartos a I,l! c a cavnlo nomemento julgado oportuno.

Verdadciramente. as prnnctras nouctas sobrc rrc pas auxiliarcs em550 Paulo, remontam ao inl'cio do Scculo XVIII, tor nando.sc mais prcctsasdepo ts da cra cao da Ccpn anla c da etevacso da Vila de Sao Paulo a Cap ital,em 1721.

Ent re 1748, 1765, a Govemo da Capitania estevc sujelto uc governodo Rio de Janeiro. 030 havendo . consequentemente . progresso de taiscorposrnilitares.

A ~O de maio de 1702 , Attu r de Sa Menezes concede a Jose de Goes.a patente de capnso "ad honoreur" e. a 10 de junho do mcsmo ano. iddntica

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88 o BAIRRO DA LUZ

patente de capitdo de cavalana e concc dida a D. Francisco Rondon, propri e­tadc de muitas terr as na cap ttanta .

Par ocastr c da revolra em Minas Gerais. em 1720 e prcvocada pOTFelipe dDS Santos. soldados de sao Pau lo foram mandados para la. e ja em1722 0 Provedor da Fazenda Real na Provincia , Sebasnso Fernandes Regc,prontutcou-se a formar :i sua CUSla, uma compant ua rnontaca. provtdencaque parece naa let side accn aua .

Entre 1727 e 1730, tercos ou companruas de auxtna res j :i estavam orga­nizadas, finalment e. Cou be. cut retanto. a D. Luiz Antonio, reorganfzar oscor pos auxiliares, 0 qua l se cntusiasmou com os projetos militates , acabandopor declarer que orgamzana urn regirnento de cavalana formadc da melhargenie de sao Paulo.

Para i nsl ru~3o da Milieia. prc ntificou-sc 0 proprio governador a ensi­nd-lo aos domingos , em San tos e 550 Paulo.

Data dessa epoca 0 Reghneuto de Dragoes da Capit ania, Iormado da" melhor gente e de mais uotono luzimcnto".

A 29 de agosto de 1765, D. Lutz ordcnou a allstamcnto de tod os ospardcs forro s da vila, a fim de aumentar quan to possivcl a Mi]{cia. ate corn.pletar cern homeus.

Cart a do governador relata a 5 de janeiro de 1767 , que cinco compa­nhias de mulatos. armados de compndos chucos, estavam disl ribuidas ent reSamos. Sso Vicent e, Sao Sebastu o. Taubate e Pindamonhangaba.

Em 1775, D. Luiz Antonio cnou outre eompanhia de mulatos naCapita l.

Em 1796. intcgruu -se 0 chamado "Rcgimcnm des Uteis" . e em 1798,surge a "Rcgunent o de Scrtanejos" de Itu.

Quando ocorreu a rransrnigracsc da familia real port uguese. em 1808.D. J030 VI ordcnou a reorgaruzecao das milicias da Capttania . nrc apenaspara atcnder as novas lutas com os espanh6is do Sui. como para oc upar osCampos de Guarapuava. (no arual Estado do Parana) que amenormentetinham sido atravessados pelos bandeirantes. Cnou-se emso. urn Corpo devotunranos de Milicias a cavalo. com 502 homens com elemenlOS dos Iresrcglmentos cxtstentes na Capitania. e um esquadrso de curi tibauos.

Em 1822. per ordcm do principe D. Pedro, 0 Govemo Provtsorto deSao Paulo orgauizou lim corpo de mil homens sob a legenda de -Lea ts Paulis­tauos", que part iu para 0 Rio de Ja neiro.

Em maio de 181:!, 0 Regunent o des Ute ts passou a const ituir 0 3.0Regimento de Infanraria de Milicias da Cidade de sao Paulo.

Por ocastso da chegada de D. Pedro .i Provincia. a 15 de agosro de18:!:!. houve formatura solene sob 0 comando do Coronel Jose JoaquimCesar de Ccrqucira Sene , dcsde a "ponte do Carma ale a lgteja da Sc c pcla

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ENTI DA DES CL:l Tt)RAIS 89

rua da Fundjcao ate 0 Palacio do Govemo". ESS3S legi6es mais tarde seco nstituiriam nas legities consolidadcras do vasto patnmor uo territoria lbrasileiro.

Da mdependencta ate 1831. foram esscs milicianos que guatdaram egarantiram a tranqiiilidade des Provmca s. sendo cerro que 0 regime Imperialcentralizador. encomrava nos rnesmos. 0 esteic de sua scguranca. disciph n a. cespmto nacional.

Acon tecida a abdlcacl c imperial. e consequents cstabelecun ento dogoverno Regencial. fez-se oportuna reorgamza cao das forces armadas brasi­tetras. rernodetacso essa que fora imcu da com a Lei de \8 de agosto de 1831.que mandava cr iar no Brasil. as Guardas Nactonas. an rncsmo tempo queexnnguia todos as Ccrpos de :\Iilici:l , Guardas Municipais c Ordcnancas.ak m de estatuir 0 scu rcgulamcnto.

As Guardas Nacionals forum crtadas para defender a Const tn ncrobrasileira. a libcrdadc e a intcgridadc do Imperio. lnvcst idas de tao clevadosencargos, nao cram, todavia, cficicntc s ao cxcrcrclo des suas funcccs. e nemmesmo disciplinadas ou provides do necessaria mater ial behco. Assim. lor­neu-se urgente a organiza'fi u de novas forces com 0 objenvo principal depoliciar os cen tres povoados do Pais.

As tropes regulates foram convocadas pela Rcgencla para pcrmane­cerem na Capital. enquanro que nas provincias ficaram as Cua rdas xacionals.para cumprimento de event ua l 3\;10 rniluar.

A 10 de outubro de 1831 foi prornulgada a lei que instituia 0 primeironucleo encarregado da or dem inte ma, e ja a 15 de dczembro. reuna -sc emsessro ordinaria 0 Conselho da Provincia de Sao Paulo, sob a presidencia doBrigadeiro Raphael Tubias de A;;uiar . que apresentou a ja citada Carta de Lei.bern como 0 Dccreto de 11 do mesmo meso

No dia 1.0 de marco de 1831, 0 celebre Brjgadciro comunicava a orga­ruzacs o da Guarda Municipal Perrnanente da Provincia de Sao Pau lo, quecmbora Fosse modesto nucleo de mihcianos, um dia sc rransformaria naForce Publica. mais tarde intcgrada :i Guarda Civil de Siio Paulo.

" Os Morceg os"

Em 1873, dado 0 descnvolvimento da cidadc de Sao Paulo. tc rnou-scnccessario urn servtco de scguranca. que 0 Corpo Policial Pcnnanente naopodia realizar.

Asslrn. 0 Dr. Joaqunn Jo se!" do Amaral, Chefe de Pohcia da Provincia,propos a cria'fi o de uma com panhia de guardas urbanos,

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00 o M IR RO IJA LUZ

o povo da ctdade. eomcc e mordaz. alcunh ou tal guarda de "Os Mar­cegos".

Em varias rodas da cidadc SoC cantava ironicamcnte a atua cdo de t35guardas . Havendo mesmo uns versos atr ilmidos a Alvares de Azevedo q ueassrm os tratava:

" Sou Kuarda urbano, petasrues wgo.de ('spada Ii chua. p OT nd o fer empngo.E as fra ll5C'lJll rcs. qual/do 1'01 / /)(ISSlJ.1Idu

dizcm rosnando - so;daqu! morcego."

() regulamcnto dce a Guarda Urbana fora expcdido pclo l. ovcrno daProvincia a 30 de junho de 1876. Seu pr tmetro comandaute to t () majorhonoraria do Exercito . Trist:io Firmino de Almeida, q ue :".C aq uartelava naCasa do Trem.

Sua rnissro em 1886 co nstst c no pat rulharnonm das freguesias remote sdo Bras, Po nte Grande, e Sant a Ifigenia com pra~as de cavalar ia, quando ,devido 30 grande progresso da clda de, foi transfer ida para grande predioassobradado da rna do Carmo.

o Raino da Luz e as Revolu ~ 6e s de S i o Paulo

Em 1924, durante a Revolu~o de Sio Pau lo, movimento iniciado a5 de serembro de 1924. tendo a[rente 0 major-fiscal Miguel Costa . 0 bairroda Luz se transformou em redutc mexpugnavel do ideal revctuctcneno.

Suas casemas fla m logo em podcr dos msurretos. com excecso do4.0 Batalhac da Fo rce. que suportava os ataques de Miguel Costa.

Sues ruas e avemdas di o passagem as tropas que convergent para 0

centro de Sao Paulo , sob lntensa fuzilaria.Em 1932. durante a Revolu cso Cons t itueionali sta , uma vez mais se

rrausformou em campo de luta aberta, agora, quando na Escola Politecnicae dcpcndencias do J.P.T. se precede a fabrlcacs o de armamento belico ccapacctcs de ace .

Service Nac io nal de Aprend izagem Co merci al - SEN AC

Com preen dcndo na Capita l. tres Centre s de Ensino . um deles se situano Bairro da Luz, na Avenida Tuadentes. numero 8~ 2 . Edificio J030 NunesJunior. Compreende o ito escolas . para 0 atend tmento de 2500 alun os - Artes

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lO NTI DADES CUl ITRAIS 9 \

Comercrats. Administracao Comerctal, v endas, Hctclara , Classifica~o deMercador a s, Higjene e Beleza. Tur ismo e a de Aprendizagem Comerciat.

o Scnac surgiu pur Iorca do Dccrcto-ki nu rnero 8621 de 10 de janeirode 1946 , que estabejeceu a competencia da Confederaceo Nacional do Co­mercto. para organizar e administrar urn sistema de escolas de aprendiz.agemcomerctal.

Sao assistidos pete Serv ice. pnncipalmcnt e os ccmercranos menores de14 a 17 anos.

Basea ndo-se em progra mas de cultura gcral, em nivel de prirneiro ciclcdo ensino med ic . objet iva 0 Scnac. 0 dom inio mctodico des tecnicas comer­ciais de trabalho .

Cumpre notar que as "salas-ambiente" de cstudo, sao dcvidamenteaparclhadas para as atividades de Bscrttcno -Modeto, Loja-Modclo, Datilogra­Ita. Ctsnciasc Artes Ccmcrciais. funcionalizando 0 aprcndizado.

Os alunos do curso de Aprcndizado Cornercial reecbem os beneffciosda onentacao educative-profissiona! com intense at ividade (acooselharnemo.farto material dtdauco. cinema. teatro. exposlcoes. cc rncmoracocs. premios.bibhotecas, Olimpiada Inter-Escolar, Tor nelo Cunu ral. etc. . . .).

Entre as ocupacoes que 0 Senac prepara situam-se as de Iatunsta, caixa.balconista. daulografo. pracista. arquivista, protocohsta, almoxar ife, corren­t ista, estoquista. nous ta . cardexista. auxiliar de escrit6 rio e de contabilidade.

Os adultos tambem sao treinados pelo Senac em curse de aperfe icca­menlo e for macao acelerada para uma sene de ocupacoes comcrciais.

Pr es fd i c T ira de nt cs

Inscrtcao existente no seu portal. reveta-nos ter side construido em1851. Sua poria principal encontra-se fechada atuajrncu te. Const a ter sidedeposito de escravcs. do que eruretanto . nao se tem not fcia uficial.

No in icio do seculo XIX foi a Cadeia PUblica de Sao Paulo. sendo maistarde ehamada de "Case de Dctencdo v elha". .

Construida pelc sistema de 'taipa. barre socado e entremeadc de ripadode made ira, tern suas jane las vedadas poc grades scldadas pelo antigo sistemade caldearnen tc , prccessado pela junc;ao de ferros a Ic rjc sob temperatura dequasc fusro , e seguidamente aspergido com areia comu m.

Essa pranca empregada. revela-nos que ao tempo mio sc conhecia asolda autogeruca. oxi-acetileno ou a eletnca.

Ha noticias de sua locacrc 3 0 E stado. h;l cerca de cmcoem a anos. des­conhecendo-se seu proprleteno.

Encont ramos referencias datadas de 1914, noticiando a rna qualidade

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o BAIRR O DA LUZ

da a limenta~o no presidio Tiradentes.Qua ndo interventor de sao Paulo. 0 Dr. Armando Salles de Oliveira, em

193 4. fez uma visita oj "Case de Dctencao Velha", concluindo da nccessidadede sc rctormar 0 presid io . cis que sc apr esentava obsolete as suas finalidades ,sent condlcces ideais oj in s tala~ao de urn estabelecun eruc penal.

• Atua lmente esta parcia lmen te destruido , j;i ndo mas servindo comopresidio penal.

Q ua rt el

Sua construcso foi ordcnada juntamente com 0 Jardim Bota ntco. 0Hospital Militar e a Casa do Tr em.

Po t inaugurado em 1831 , pclo cx-prcsidcntc da Provincia de Sao Paulo,Brigadciro Rafael To bias de Aguiar.

o arquueto respc nsavel pela sua co nstrucr o fo i 0 Dr. Francisco dePaula Ramos.

Durant e a Revo lulfio de 1924, fo i dar que partiu 0 moviment c revo­lucicnaric . 1\:0 dia 5 de jullio dessc ana , a unidade mon teda da Pe rea PUblica,com a totalidade de seu efeuvo com po sto de 600 homens tendo oj frente 0

~Iajo r Migue l Costa, iniciou 0 hist6r ico movtmenro revclucionano .o bair ro da l uz transforma-se em reduto da Revolucao , sendo que

suas casernas ficam logo em poder os insurretos, com excecsc do 4.0 Bata­lhao da Force, que suportava aos ata ques do Major Miguel Cos ta. Em 1932.em dcccrrencta des bornbsrdelos pelos avtoes ditatoriais, 0 quarrel foi des­truido por explosro e incendio.

o predic restante, ~ considerado patrim6n io hist6rico da cidade deSio Paulo .

GE e " Prudente de Moraes"

Situa-se na Avenida Tira dentes na mero 273, atendendo a 1821 alunosres tdentes nos bairr os da Luz , Born Ret iro e Par i. Mant em 28 classes deprimeiro grau e dezessete de segun do grau, aldm de onze classes para defi ­cientes auditivos e mentais.

Possui tambem , urn curse prc-primar io com tres classes.A principio chamava-se Escola Modelo Prud ente de xtoraes. que era

conhecida pelo povo, s mplesmente co mo " Esco la da Luz".Sua pedra fundamental fot lancada pelo Dr. Cesereo Motta J unior a

28 de setembro de 1893, sendo nomeada sua pr imeira diretora, Miss MarciaPerella Browne, qu e to mou a si 0 enca rgo da organizalf3o escolar.

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FNTI OADl :SCULTl IRAI S 93

A esse tempo. cada Orupo Escclar possuia seu csta ndartc . de modo lju,,:a da Escola da Luz. rep rcse nrava UIlU prccetara a lurar cont ra os ven tos . r\

berea do cnsmc douuuando U ma r da ignordncia. luta ndo cont ra todos a sactdcnrcs - os vagathocs. os maus vcnt c s e as tcmpcstades - Tu de vcnccnd opara cntrcgar a Nal,':<i"o. o s co ndutc rcs do pcvc c luminares que pregariam a10000s a scmenre do proercsso-

Em 1l130. 0 predio foi requisitado para ali se instalar 0 quarte l generalda Force PUblica do Estadu . e 0 grupo passou a funcionar em sales do cdificiodo Liceu de Arres e Oucios.

Algum tempo dep ots . um enorme inccndio dcst ruiu complctnmcnte 0

cdtffciu cscolar. que Heave entre 0 Jardim da Luz c a Cadcia Publica. comurna area de 6 7750 Ill: .

Atualmen te. o GEC " Prude nte de \I oracs", cont inua ali na Avcmdarr radcn res. mas q uem passar par ali i ica ra surpreend tdo sc soubcr llue aqaclaEscola tcvc urn dia sua arqu ne tura planejada pelo Dr. Ramus de Azevedo .

Tcm-sc a imprcssau de urna casa tic lIa muito ahandonadal

o :\t et ro d e Sa o Paulo

Sao Paulo. que tcrritortahncnte C sets vczes maier que Par is. para SL'rme lhor udminist rada. Ioi dividida ern rt'gil)cs drsnmas. que irao scndo l!CSUO·

brudas c ampliadas. na modida cxigida pclo crescimento da ctdaoc. scndoccno que cada Regio nal. c uma subprcfcitura de Into, rcspons dvcl por todoso s services J o s ba irros sob sua Jurisdi~ao. e dir etarucntc ligadas ao Gabmctcdo Prefeito de Sao Paulo . pur services de 'tele x.

Apc sar de SU3 vasndac atual. 3S duranctas crcsccm COlli 3 cidadc. quedianamcntc dcvern scr vencidas por milhocs de pessoas.

O~ ombus c o s tax is. de hoi mult o sto insuficicntcs aprcstacrc ruciona l

de services.E a necessidadc de const rucao do \ Ielro . mergulho na terra que CUS.t3

tempe c din heiro . IOrllOU-SC UIlU premd ncia na cole nvidade paubstana.o proble ma j;i vinha scndo cstudad o dcsdc 19! 7, pu is a capital pa ulis­

ta figurava entre as Ires grandee cidades do mundo. com rnais de cincomilhoes de habitantes. que nee tinham seque r projcto de coust rucao de:\le tro . Assun . a pnmcira proposra l)ara consuucto do ~.Ietro Pa ulstau o dat ade 19 :!7. q uando se pret endeu implantar uma linha de alguns qunome trcs.o que nao fo i fei to , porque a rccei ta ~'un icipal era bai xa .

Em 196 5, com a reforma tnburana nactonal. crtaram-sc coud lcoesflnancciras que pcr mitira m a Administracdo cnfrcntar 0 problem a. c ja emagosto de 1966 fo i criadc urn grupo executive para cstudar e sugcrt r provt­J encias :i. implantaci o e opera~:io do Mel ro paulislano .

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94 o IJAIRRQ DA LUZ

Dczcsscte orgamzacoes tecnica s de dcz r aises ofcrcccram sugcstecs, es­colhendo -se duas empresas alemas e uma brusileit a, q ue em consorcic clabora­ram 0 cstudo da viabilidade do Met ro, fixando , ent ao. a redc bastca e a Iinhaprioritana .

Planeja-sc que em dcz anos a rede basica esta ra implant ada c fu ncionan­do , co m uma capac idade de transp ort c de o itcnta mil passagctro s por hora :urna composc ao a cada 90 segundcs, que custar» urn bilhao de dola rcs!

Recursos nacionais e estrangeiros gara ntem a cxccucac do projcto nosprazos prcvtstos. contando os Ilnanciam entos cxtem os C01l1 0 aval do govemofederal. q ue atento a impor tanc ia de Sao Paulo na realid ade brasilcira, vernapo iando lncondtctonatmentc as iniciat ivas que visam 0 bcrn-cstar da colcti­vidadc , c pnnctpatmcnt c 0 progresso soctal-ccononuco do Brasil.

Oua tro linhas cruz arao a Cap ital de Sao Paulo em varias dtrecces. asqua is futura mcnte. sc acrcsce nta rro rama is:

I. A Linha Nor te-Sui - tSantana -Jabequare) . atualmen te em fase finalde cons uucao. to talizando 2 1.4 quilorncrros. incluiJo ur n ramal do Paraisoate Mocma.

Tcra 15,3 quilomctros subtcnaneos e 6,1 em elevado.2. A Linha Lcstc-Ocste (Casa Verde-Vila Maria) q ue tcra 13,3 qu ito­

metro s, des quais 9 scrao subtcmi neos, 2.2 em efevado e 2,1 em superfjcie.3. A Lin ha Sudeste-Sudoeste (Pin heirc s-Via Anchieta) , qu e ted 23,8

quilomct rc s: 21 em tunct, 2,1 em elevado e 0 ,7 em supcrffcic.4 . A Linha Paulista - (Paratso-vtla Madalena ) que ted 8,1 quilornct ros

em subte mi nco.A Linha Norte-Sui (San taua-Jabaquara) e a que vem sendo constru ida

subrerrancamcnte sob os an t igos cam po s do C uerc .Atualm cnte . em frcnte ao Mosteiro da Luz e ate a Rua Scnador Quciroz,

Iazem-se construcc es altamentc tecntcas, de fo rma a modifica r 0 velho pano­rama da tradicio nal Luz.

A Linha Norte-Sui po ssuiea : 198 carros rodantes. que ao q ue se anu ncia ,a lnda ent rara em funcionaruento cfcttvo, ainda na atual gestae municipal.

o Metro de Sao Pau lo possui important e carac tenst tca: seu tracadopermit ira succ ssivas ampliacocs. pudenda 0 sistema expandir-se ate os limitesda cidade, confo rme as ncccssidadcs, de modo que a linha bestca e apena s seucorneco. que se diga. nada modesto. porque, concluido. se interhga ra a redcferroviaria que atravcssa e con torna a cidade, estabelecen do. assim , um sistc­ma raptdo de tra nsporte de 450 qut tomc tros.

Re a l Bene fic e ncia Portu gu e sa

Constnut-se uma das instuutcoes mars antfgas de Sao Paulo . constru ida

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ENTIDADES cutITRAIS 95

em 1873 e inaugurada em 1876.Ficava na Rua Alegre.Pela televancia dos services prestado s, 0 rei de Portugal. D, Carlos J.

em 1904 . conferiu-Ihes os ut ulos de " real e benernerua". Seu pnrneuo presi­dente foi 0 socto fundador, Joaquim Lopes Lebre. 0 Conde de sao Joaquim,que hoje tern seu nome imortahzad o numa das ruas de sao Paulo .

Atualmente a Real Bcncficencia Portuguese sc acha instalada em predloIomudavel a Rua Maestro Cardrrn, constit uindo-se no ponte de convergencada ciencia medica brasi leira.

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lgreja de Sio CnsI6~io. no 8,)11'':0 ..1:1 Lee , Rcmlniscencia do an llgO Semmario Episcopal,

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l-:Nn[)A Dl~S n ':LTURAIS 99

Igr eja de Sao Cri st 6va 0 [Igreia dos Principes]

Sao Paulo possui numerosas igrcjas. Segundo Leonardo Arroyo , maisde cern temples, cspalhados por todcs os cantos da cidade, grandes ou peq ue­ntnos , ricos e pobrcs. ate stando 0 esprr ttc religiose do seu povo .

No bairrc da Luz dcstacam-sc trcs: a de Nessa Scnhora da Luz que scorig inou da remota crmtda da Luz: cc nst rurda por Domingos Luis; a deNessa Scnhora Aux iliadora da Luz: e a de Sao Crist6v:io , nas proxtmtda dcsda Luz, rcnun iscencia do an tigo Scmtnartc Episcopal.

Esta igrcju, quase paupen-ima ho]e em dia, ~ talvcz a majs humilde destgrejas de Sao Paulo . Fica dcfrontc ao pre dio cndc atualmcnte esta instaladaa Ptnacotcca do Estado c a Escola de Betas Art cs. c que , corn suas tabuasracha das. sell cora gradcado. lcgou.n os to da lima tradfcao de fe.

Sao Cristovao c scu padrocrru. Conta a historia, que de port e gigan­resco . 0 santo no fim de sua vida tentou cruzar a rio com 0 Scnhor -Mentnoaos scus ombros, trac assando lurnino samcntc ! Com 0 peito j :i coberto pelasriguas, scnua-sc dcsfalcccr sob 0 peso cnonnc daqucla crtanca que lhe parcccratao fragil. quan do scnt iu que subia . lcvado pela mao . .

o Senhor asccndia-o agl6r ia do n u lo temple encimado per duas tor rcs late ra is rccobcrtas ao alto por

ardusia. possui cinco janc locs cuvid rucados c tr cs pones - lima central,nobrc. c dues laterais.

Muno prox ima da bst acao da Luz c des trilhos rJa ferr ovia situa-se emarea de movun ento Intense - onibus, automcvc ts, povo , a ccnstrucao doMetropolnano asua frcntc .

Apesar de sua humildadc . ~ uma igreja tradicional, cis que do sell

pulpito pregaram notavcis pnnctpcs da Igrcja. ets que , durante muitos ano sfoi a capcla do Semtnartc Episcopal , fundado em setembro de 1853 c inau­gurado a 9 de novembro de 18:56 por D. Antonio J oaqui m de Mc lo . Ccnto cdczo ito anos de pteces. est lidos c sildncio .

D. Antonio solicitou a Pic IX autortaacso para organizar 0 cc rpcdoccnte do Scmiuaric , rccai ndo a prcferdnct a papal. sobre us frades capuchi­nho s, que foram cscolhid cs para professores.

Vieram da provincia de Sab6ia, frci Eugenio de Rumilly ot tmc cantor. cFrc i Firmlno de Centelhas que logo iniciaram funcces doccntcs 110 palacioEpiscopal de Silo Paulo. Logo a seguir, vieram outros profcssorcs da Europa ,

Em 11:\ 57 chcgava Frei Ger mano de Ane ci, "notdvcl matcma ttco c as­tr6nomo que se acha va missionado no Chile".

A presence deste religiose na lgrcja de Sao Cnstovao. par si so, dignificao rcspcito do paulistano ao temple.

Aman te do s cstudo s. aldm de tcr abcrto 1I11l colcgto em Franca. 1.' 111

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!OO o BAIRR O ()A LU Z

1 88~ . e ter tecionado . no Dbservatonc ASlronomico existe urn rel6gio de sol.fcno par elc.

Coma-nos Leonardo Arroyo {lgrejas de S3"o Paulo . peg. :!68 ). que fre iGerma no, ja famoso professor, do (amm o ter race que sera de obse rvato rtodo Palacio Episcopal. "fazia cxpene nctas com a luz clctrica . projctando-asobre a cidade tranquila daquclcs tempos" , Scu telescopic t inha 7 metros e38 cennmctros de co mprirnento .

Nessa igreja. que lao ativamen te part icipou da formacao cultu ral dopovo paulistano , casaram.sc ilustr es pcrsonahdadcs no seculo passado.

Assim, a 8 de scte mbrc de 1883 , casou-se Luiz Gonzaga da Silva Lemc(au l OT da Genca logia Paulista na], com Maria Fausta de Macedo Leme.

o velho Scmma rlo Episcopal comprccndta duas alas e no sell ocaso.esteva expcsto Sant o lnacic de Lo iola. A diretta . alojavarn-se os seminaristasque cstudavam clence s e faziam os preparat6rios (fuosofa . geograna. mat e­rnat ica, latim e linguas). os quais podcnam dedicar-se a qualquer prof iss:io.A csqucrda. at ualme nte inteiramente dcsaparcctda. residiam os alunos teo­logos ou seja . os que se dedicariam avida clerical.

Clemente Falcao de Souza Filho nos descreve 0 semindrjo como urn"edificio cuja Irente olha para 0 poen te, ~ dividido em dois lances. urn adireita e outro i esqucrda da capela . Esta e de urn gosto simples e modesto .scm ornatos de pompa , e por isso mcsmo convida 0 espirito a ruedttacao".(0 scmlnar to Episcopal de Sao Paulo" . in Archivo Ptttor csco - Vol. VI.peg. 266) .

Funcionou 0 Scmtnarlo Episcopa l ali. ate 1927. quando foi transferidopara a Freguesia do O. onde permareceu ate 1934. e dai para 0 Ipir anga,c nde sc encontra ate 0 present e.

Co m a sarda do Serrunarto. 0 pred to Ficou fechado ate 1940 , anc emque foi criada a Par6quia de 530 Cns rcvso. por D. Jose Gaspar de Afonsccae Silva. Arcebispo de sao Paulo .

A padroei ra da capela atl!" entso. era Nessa Senhora da ImaculadaConceicro .

Co mo Sao Cnstovro eo padroeiro dos mot ori stas, no dia I S de julho decads ano, na lgrcja realtza-se a festejada bcn~ao de carros.

A a ntiga ala esquerda do Semtnarto Episcopal esta hoje em dia alugadapara 0 "Hotel Tiradentes" e " Ho tel Paraguacu", alem de outras locaczes parafins come rciais - bares, restaurantes, farmacia , armar inhos ... A par6quia edir igida pelos padres seculares diocesanos. e seu peroco atual e 0 Padre JoseJair de Nascimento do Val. desde 1970 .

LBN 1293 180

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C A P I" T U LO V

- D ES ENVOL V IM ENTO C A RT OG R A F ICO ~

5 . CO~IEN TA R I OS G ERAIS SOBR E CARIAS GEOG RAF I­C AS DA R EG IAO

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Desenvol vime nl o Car togdifi eo

Ainda em fins do Seculo XVIII. decon ida a epopcta do Duro. Sao Pauloera uma peq ucnina e estagnada cidade . lsolada dos dcmais nucleos urba nosbrastletros. vivia em nuserr uuo estado.

Sua evolucro pede ser apreciada atraves de difer entes plantas que anc­xemos ao presem e cstud o rnonografico. a pr imeira das qua is, datada em18 10. Trata-se da "P janta da Imperial Cidade de Sao Paulo" , lcvantada nesseana , pclo Capitao de Engcnhciros. Rufino J. Fclizardo e Costa, e co piadaem 1841 com todas as altcracoes havidas - [Revista do Insti tute Hist6r icoc Geograftco de Sao Paulo - Vol . XVI - 191 1).

Observa-se no seu delineament o que a cidade ainda no tradiciona ltr i3ngulo, com alguns poucos monumentos pdb licos.

- A Catearat do StA lgreie de Sio Pedro

- 0 Coltgio dos Jesuitas- 0 Paldcia do Govemo- 0 Convento de Santa Terezo- A 19reja do MisericOrdia- 0 Convento do Carma- A tgreia dos Remedios- A 19reja de Sio Goncoto- 0 QUOTle! MililaT- 0 Convento de Sio Bento- 0 Converao de Sio Francisco- A A cademia- A Cadeia- A Igreia do Rosario- A Igreia de Santo Antonio- A Igreia cia Boa MOTte- 0 Cemnerto- A Pirdmide I /O Piques- 0 Convemo da tuz- A Casoda P6lvora- A Casa do Correrio- 0 Hospital dos Ltizaros

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10 4 o BA IRRO DA LUZ

Cor tando 0 centro urbane no sent jdo lcstc-oesre. 0 Rio An hengaba u.rcun indo suas agua s .10 Tamanduatcf na altura da "R ua Miguel Carlos" , quecont inuava a Ru a de Sao Bento, passando par tras do velho Mo steiro de igualnome. Para aldm da " Ponte Miguel Carlos", 0 Guare c nde !>C destaca m: 0dcltn eament o do Jardim Botanico. a Casa de Corrccro. a Casa da Polvora , 0

Co nveuto da Luz, e 0 Hospi tal des Lazarus. A cidade s nuava-se. cntso . a230 , 33 ', 36" de lati tude sui e 3310. :!4', 30" de longitude pelo Meridiana daIIha de Ferro !

Serso ainda. ancxadas outras plantas. como a elaborada por C.A. Dresserret ratan do a cidade de Sio Paulo e scus suburbios, Em J84::!, Jose Jacques daCosta Ounque (a t r ibui~ao), tam bem tornbou em planta geral, a Capitaniade Sao Paulo. Em 1855. temos a mapa da Imperial Cidade de Sao Paulo. deCarlos Rath a out ra atrfbu fda ao rucsruo cart6grafo. da tada de 1868.

F. de Albuquerque c Ju les Mart in em 1877. rambem f izeram urn mapade Cap ital da Provincia de Sao Paulo e em 1881. a Companhia Can tare ira deEsgot os, dcdicou-sc a iddnuca tarefa.

Em 1890 . Ju les Martin voila a cartografar a capital de Sao Paulo e seusarrabaldes para que finalmente , ac temun o do Seculo XIX. em 1897. GomesCardim tracasse a planta gerat da Capital de Sao Paulo.

A plan ta elaborada pclo Engenheiro Rufino Felizardo e COSI a. mo s.tra-nos estrerto conjur uo de mas SC dtste ndendo para as paragens de Santaltlgenia . Luz e Cc nsolacro. Casas. gcralmenre terreas. uns poucos ediffc iospub ltcos e vdrias Igrejas e convcnt os pulvcrizadcs na distancia.

Proclama da a Independencia. com a tenue fort alecimento da economtalocal. obsc rvam-sc methonas generallzadas, a cria~ao da Facul dadc de Dircitc .a ex panss o das ferrovias impulsionada pcla econo mia cafeeira .

A cidade sohterta crcscta devagar. ainda hesttante na d ir~ao a scgu ir.A planta de 1868 revels-nos a d irecr o Oeste. qua ndo 0 Anhangabac t ultra­passado. 0 Lar30 dos Curros t vencido e urn fragil progresso avanca emdirelj"io a Lapa. Em 1877. Sao Paulo ja possui 30000 habita ntes! U agora aLargo dos CurIOS chama -so Sct e de Abril e 0 oeste co meca a ser insistente­mente dcsbravado.

A Ru a de Sao Joro (! prolongada ate a Rua do General Osorio. scndo 0

Largo des Guaianazes, 0 limite extrem e do cent ro urbane provincial para os

lade s dessas paragcns.Em 1886. elabora-sc 0 pnrneiro C6digo de Postu res, quando a cidade

crescta pachorren ta mente ao acaso.l: em 1890 que oco rre 0 impulso acelerador do progresso e. a part ir

de emso, nmguem e nada conseguiu dete-lo.Em 1900 sao 25()(X)() habita ruea. Em 1975 seriam otto rnilhoes _ . _A planta de 1897 mostra-nos uma Sao Paulo cxpandida por sobre vales

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DESENVOLVlMENT O CARTOGRAnc o 105

e ja enraizada nas coh n as. 0 caft provocaee a ediflcacio de luxuosas mansoespara as lados do Oeste e 0 vclho trjingulo enrtqcccc -se de urn co mcrcioluxuoso.

A eclcsio da Primeira Grande Guerra - 1 914·1 ~ - Sio Pau lo contaco m 500000 habltames. agora ja espalhados pelos quadrantes da cidade - La­

Pe-Santana. Sant o Amar o, Penha, LUI . . .A industrtalizacdo e imperiosa, ditando necessrdades prementes com 0

Iecharnento dos porto s naciona is aos fomecedo res habituars.Os bondes que transttam pelas ruas paulistana s passarn a ostentar 0

d u t ico Iamoso de que "Sao Paulo e 0 major centro industrial da Americado Sui".

Em 1930, com a deflagra cdo da crtsc mundial. aportam Ita terr a, levasde imigrantes que viriam impulsionar novas atividades industria is e dar no vocolor ido aos caractercs somancos des homens da Terra.

A Segunda Grande Gue rra descortina horizontcs novos para 0 grandecentro , apes a qua l, Sao Paulo sc denominaria "Met r6pole" Metr6pole doCafe , do trabal ho. sua princ ipal atracso turfstica e profissional para tod osos homens da Terra. Projet a-se assim no cenano internaciona l.

Canaliza m-se rios e nbeuos. Povoam-se a s suburbtos e arrabaldes.Rasgam-se ruas e largas avenidas em todas as direcoes. Levantam-se pontes.Constroem-sevadutos e elevados. encurtando distancias e integrando reg toesdistanciadas. Seus homens mult iplicam -se geometr icamente .

As planta s certograf'icas, sao agora. complicado emaranhad o de traces.e tal sua expansro que as remod elaeoes urbanfst lcas nao puderam acompa­nhar seu ritmo desenvolvimentista . Sua pujance material se patenteia em cadacanto sob a moldura de majestoso censn o. E sua topografia acidentada enri­queceu-se de angulos inespcrados. donde se destacam edificios rnajestosos.enquanro pelas suas ruas, aventdas. largos e pracas se acotovelam rnilhares dehomens de todas as racas e tod os as credos .. .

Nesse cresctmento vertlgmoso. como terta sc comportado 0 bairro daLuz?

Em 1877. F. de Albuquerque e J ules Mart in pub licaram urn mapa daCapital de Sao Paulo , tombando seus edificlos publtcos. hotefs.Hnhes fdrreas,lgrcjas , estacoes de bondes e de ferro , bern como scus locals de recrea~ao .

Atraves dele podemos reconhccer ° antigo e tradiciona l ba irro daLUI .

Destaca -se a Avcnida da Luz. arborizada em toda a sua exte nsao. comarvores frondosas. A. [rente do Jardim PUblico , dupla asen ida de arvores,temuuando em frente ao alto gradil de ferro . A sua direita , de q uem ia paraa Ponte Grande. a 99 5 metros da "Correcro", °Con vento da l uz.ja demons­trando sua solenidade peculiar que at ravessare os seculos. A esquerda . °

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lOb o RAIKRO Il" U 'Z

Jardim Publico , cuu e as Ruas da Correcao. Pau la Souza c a Via r-er rca paraJ undiai c Campmas.

;\0 cruzam cuto da Avcn tda da LUI: C os trtlhos da 5;\0 Paulo Railway,a J ll t ig;! Estacao da Lu1.. ac lado da qual sc situava a FunJ ifjao da Luz. fc.chandc a cumprida Rua da Con cc tcto. :\0 mcsmo quadril:itcro irregular , avelha Estacdo de Bondes da Luz, voh ada pa ra os fund os da Puudict o . j untoa Rua do Bo m Rcuro . Alras dcla . a I ~rc.,a Evaugdlica . colocada em " W" ,entre as Ruas do General Osorio tcrmiuando 113 rua do s trilhos ferrcos c aRua do BOlli Retire ern ven ice com a Rua do Triunfu .

Aids do Jar Jim Publico . rente ao s IriUlOS para SorUC3b;J C l pauema.as oficina s da Cia . lngfesa.

Bern no imcio da Aveuida da LUl , entre a Rua dos Laza ru s c o s tr ilhosparu San tos, 0 Scminar io Episcopa l. da frcntc do qual punta duple alamedade Jrvor cs ale 0 Obscr varono Astron omtco . cousrruulu J mauc ira de umqutosquc. Bcm d (rente do Scmuuirio. tcmunava a R ua da r~llls iitu ilf:i~l . em

cuja dircita ficava a Casa do bispo c uma fabnca de tccrd os. cujo quintalccrcado chcgava ale a nbancerra do s muoso Tumanduatc i , cucha rcandotoda a rcguto.

Paralcta :i R ua da Ccncctcso. a com prida Rua Alegre [dcpois Scmindnoc bojc Brigadciro Tobias]. co mccava no Cha far iz da Rua Alegre. a frcu te dopa lacetc de D. Ant o nio Tobias. no Largu de Santa Jrigcnia. aqual chcgavamas ma s. da Bc ncficdncia Pon ugucsa c Ha rao de Piracicaba. Entre cssas duasruas. as antigas mstalucocs da Real Hcncficenciu Portuguese. que ttnha urnpo uco asua frcnt c . 0 Consula do Po n ugncs.

,\ sua dir eita. a Rua Scnacor Ouctroz c a Rua Episcopal. coutinuada emcctovelo pcla rua Aurora . .. :\'0 dcs tcn ado largo triangular. entre as Ruasda Concctcro. Santa lf igdma c do l pu anga, a vcncrdvel lgreja de Santa lfigClliaque ti uha asua dircita. a pcqucna distancia. uma cscola de pat inncdo .

A R ua de Santa lfigc nia cOlllc,ava na lateral da igrcja de e ual nomee tcrmiuava bern J f'rcntc do anngo Co legio Ipir anga . situad o na R ua Duquede Cax ias.

Rua Aurora . vuorta. nrlo tinham aiuda siguif icacac.IWIO - Planta de J ules Marl in :J:l cncontramos a Avcnid a da Luz, bcm ao norte . junto J POlHe Grande.

co m 0 aterrado d... Sa ntana . Ju nto ;i Ponte Pcq ucua . 0 Largo do Comercto daLuz. amda urn arrabalde diname . completam ent e despovoado .

Ja nr c c ma ts chamada Avcnida. Bcm a!"rent e da Casa de Co rre,ao cdefini da "C:llllPOS da Luz"'. A d irclta. II 1I0VO quartel e 0 (Ollvento da Luz.

At r:is Ja (asa de Corrc,ao surgem novas ruas: a Rua do Dulley. a RuaAlegre d3 Luz e a Rua do Ja rdim. scparando a r asa 1.1... ( orre,Jo do JarJimpuhhcn .

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DI'Sl NVOl V1MlNTO CARTOGRAn co 107

As velhas arvorcs Coram removidas. Somente a [rente do jardim , etas seconservam em fila indiana.

13 sao vistas as tnlhos da Estr ada de Ferro Sorocabana e da SPR. osnovos Armazens Ingleses - n .OS I e 2 C' de inf'la maveis, bern como escrit6 riosse instalam, como 0 escnrcrto " Lacerdo e Camargo" .

A esq uina do Semmano Episcopal, a Rua sao Caetano, paralela a RuaDr. Joeo Teodoro. chegando at~ a Rua Monsenhor Andrade, no Braz.

A Rua da Consut ulcro paSS3 a chamar-se do " Dr. Elorencio de Abreu " ,e a Rua Alegre ja t:! "Rua do Brigadciro Raphael Tobias" , amba s terrnina ndona Rua da Estacso.

En tre a Rua Aurora e General Oscno. a rua Vit6ria e des Gusmoes, jaagora atravessadas pelas ruas (em ordem) dos Andradas. de Santa lfigenia ,Visconde do Rio Bra nco , dos Guaanazes e Cons.elheiro Neba s.

Entre a Rua do Born Retiro e 0 " Largo do Duque de Caxtas". (f renteda Estal;30 Sorocabana], a Rua dos Prot estantes.

Para os lades do Nordeste. esparrama-se 0 Born Ret ire .1897 - Plante Geral da Cap ital de Sao Paulo.Neste ana, na qualidade de intendente de obras, 0 Dr. Gomes Cardim

organizou a planta da cidade de sao Pau lo. na escala de 1:20 .000 .Nessa ja aparece a Avenida Tiradentes. iniciada no " Largo do Jardim",

transpondo a PUl;3 Roberto Penteadc mais ao norte , a Ponte Pequena echegando aPonte Grande.

Novas ruas chegam at~ cia: Rua Rodr igo de Barros. des Bandeirantes,Marques dos Tres Rios e Ribeiro de lima. A sua direita , no venice com a RuaDr. Joao Teodc ro , a "Bst acao da Ca ntaretra". Para 0 lado do marco zero , apart ir da Rua da Estacao. urn emaranhado de ruas.

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C ,\PfT ULO VI

- POSF..\C10 -

6. PR OJ ET O DE UR HANIZA yAO DO BAIRRO LJ A LUZ

BIBLIOG RAF IA

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Po sfacio - Prnjet o de Urbanizaca o do Bairrc da LUI .

A Il l es IIUSestuddvam os os passar os: Agora eSIQmoS

tentanda salver 0 CSI'f!c;C Iw mQIIQ"

Dr . S Ol m an vto o rc.

o prcseruc cnsaio nao pretcndcu tco rtzar novos lincamcntos geraispara a hist6ria de Sao Paulo. lnspirado em doc umcntos scbcjarncntc conhe­ctdos dus cstuutosos do assume . reflctira singclarncutc, nossa tntcncao dercunir mformacocs csparsas. csqucc tdas pe r ar. em dOCUIIlCll toS oficiais, ounuma ltter atura de dificil accsso. Consuttamos alas munic ipais. rclatortos deprcstdcntcs da Provincia. obras tncranas. plant as. almanaqucs . guias turrs­nco s. jo rnais c revistas ant fgos, vclhas crontcas colontat s. cartas. versus ant i­gus. pe~as reat ra ts da epoca em que sc "estudavam os passaros .. : .

A pcsquisa do passado de uma cidadc ou de um bairro . co mo e o casoprcscutc. demanda urn sent ido. ao mesmo tempo socio l6gico e ps cotogtco. 1':precise esrar aten to a int imos mas stgrnncauvos pormenores des fates c davida diaria . Por vezes, deve-sc. ate mesrno. parnctpar-sc cessa mesma vida edos mesmos fates ou da mc sma cuh ura. pois. 0 passado nunca morrc COI11­pteta ment e para 0 homem .

Passagens aparent eme ntc pttorcscas ou anedoucas, na verdadc saosccialmente exprcss rvas de uma rcalidadc at uantc ou de um passado que scptet end eu anahsa r como UII13 unidade.

Tanto esforco ex. igiu pacicntcs pesquisas de arqutvcs c bihhotccas, paraque sc pudessc tracr r 0 rotciro lJue tcvc como pouto de pari ida os velhoscampo~ da LUL. alC a con dict o preser ue de cston tcaute e Iantastica cidaderncsstantca. ~' .

Consutui 1l0SS0 cscopo. 0 ressurguncnto do passado em consonanc tacorn 0 presem e, de urn rccam o paulistano . rcconsutumdo-o. nao como urnrnorto digno de figurar em museus. mas sim como imagem "capaz de govcrnarus vivos" . Assm foi porque entcndemos que o passado dcvc ofcrcccr-nos ()cardtcr de utilidadc e nan u de set stmptcsmcnt e pitorcsco nos scus conccitoscs teucos. scut imcntais c ~ I k·{l s.

Muitos de nO~,{l , \'u lll<: nlarios sc firmaram em cronicas cspectaltzadas110 assume. Gunavo Bcycr . \I awe. xtarun s. Sa int Hilaire ou Kidder. lcga­rant-nos nnpr cssocs valicsav. Denn e os nactona ts. Taunay, Almeida Nogueira.Arroyo. Af varcs de Azevedo. Bruno, dcstacaram-se pcla concisao de scusrelates.

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"4 o llA II~RO DA LUZ

Assim. Almeida Noguei ra nos ap rescnta Sao Paulo em 1840 , como"pcqucnina c mcdcsta prov incia de tristonho cspccto . scm movtmcnto.

scm antmacro . .. de pcpulacro rctraida .. . sobrc tudo em rclacilo :lOS foras­trims", Todavia . suas ruas cst rcitas c compndas vro sc cnchcndo de sobrados

haixos c de casas de rotula. rnutt o prccoc cmcnte t ranstormacas em centrode civilldade e civismo , onde baiancs como Rui Barbo sa c fidalg os comoJoaquirn Nab uco. sc tmprcgnaram de inusitado amor aTerra, c se CO IllC<;O U

a aprcndcr a scr cidadrio brasileiro.Co m Alvares de Azevedo nos de pa ramos co mo uma "Pauliceia", canta­

da em to ns so mbrios e carregados . Afirma cle, a t raves de sua far ta cortes­

po nddncia familiar, nunca tc r vista "luger tao ins ipido como hoje esta SaoPaulo , Nunes vi coisa lao tcdtosa c mats inspiradora de S pleen . a vidaaqui c urn bocejar inflruto , . . nao ha passeios que entrctcnha m. nern bailcs.ne rn sociedadcs. pa rece isto uma cid ade de monos".

Um dcscnvolvimcnto e crcsctmcm o scm nenhuma planificacao urba­

ms tica. separa 0 ottoccnusmo dcsc rito' da cid adc utu al, t ransrnudada parvcrdadclra rncta mcrfosc .

No auo que co ne. Sao Paul o se ap rcscnta com o a primeira cidadc doBrasil. e uma lias dcz pnmciras do mundo !

Muit o em br eve possutra o ito mi lhoes de habitantes, distnbu idos pelos

scus 144 8 qu ilometros qua drados de supe rf fcic. tot al que the assegu ra apol uente denstdadc dcrnognlfica de 4377 .76 habit an tes por km2 !

G ilbert o Fr eyr e cntende Sao Paulo co mo "a un ica area do Brasil dehojc. em que os cc on omis tas cncontram uma ccono mta ruaduramcntc capi­ta lista". Sua arrccad acao qu e c a terce ira do Brasil . supc rada apcnas pelada Umao e a do proprio Esta do de Sao Paulo, chegando a eq uivale r-se asomadas rcccit as de outros estad os brasilc iros !

Na SU:l area . segundo 0 Professor Tullio Ascarelli. c onde mats sc accn­tun a " nat ura l prcdo mindncia psicologica da espcranc a no futuro sob re a

tradtcso de um breve passado".Bceco c suportc da indust ria nacional, possui var iado com plexo de vias

publicas. cscola s. pracas de csportes. cdifrcios nobres. service de tran sportede massa, viadut os. elevades, bairros paupcmrn os em c pos tcso a bairros

op utenros. reatros. bib liutecas. area s verdes . . . Toda sua turbilhonante vida ,parece funcio nar co mo se fora rnovida pe r uma int cllgencta colet iva noco man do das aczes. que rcccbem ape nas . 0 endosso da gcncrostdad c des

tnt eressados. ,Por isso, 0 plaueja merno da area cent ral da cida de e dctemunacao

im pcriosa , e nessa programacro o bairro da Luz desponta como 0 lo calindicad o para iniciar 0 processo de ur bantzacro do centro de Sao Pau lo.

Seg undo os arq uttetos rcsponsaveis - Alberto Bott i, Mario R ubin e

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POSI·ACIO l i S

Luis Roberto de Carvalho Franco - 0 bairro da Luz apresenta condieoes queo indicam como area prioritaria para a cxpansao do centro atual. visando a

constituicao do futuro Centro Mctropolitano da Grande Sao Paulo.Esta pralicamcnte ligado ao Centro, atravcs de grandes arterias, como

a Avenida Prcstes Maia, Casper Lrbero c Rua Florcncio de Abreu. A Rua

Mana c a Estacao da Luz. aproxtmaram 0 nucleo central do tradicional bairro

paul istano.o bairro da LUl utcrccc atnda. outras vantagens cstruturats. E tangen­

clade ao Norte pela marginal do Ttcte, com possibilidadc de conexao ferro'vidria. COlli a pretendida rcfonnulacao des rrcns de suburbia e mtcgracsc devartes fcrrovias. as ligayClCs mtiltiplas scr.Io grandcmcntc Iavorccidas. princi­palmentc corn a area industrial do ABCD, Osasco e outros populusos nuclcos

da Central do Brasil.Detalhando 0 planejamcutc. tcmos 11<1 Estacao da Luz. 0 centro do

sistema, onde ocorrera a concxao tom 0 Metro. As condlcoes topograficassao multo tavoravcts 11<1 acidcntada area da cidade.

A area dos "Campos da Luz", otcrccc ainda. a vantagern de scr umarcgido que nolo foi atingida pela dcscomunal vatorfzacro das terras. Grandeparte da area c de propriedade do Estado c do Municipio, guardando instala­

<;:6es obsulctas em materia dc construcao C iuadequadas quanto a sua loca­

lizacao.Dessa forma , 0 problema de cxpropriacfio da area, para sua posterior

reurbunizacao Iicaria simpliflcado o 0 invcstimento rcduzulo.

A. pro posta cornprccndc trss setorcs principais:I. Centro Administrativo Municipal: sttuado ao Norte. junto

a marginal do Ttete, ocupando a area compreendida entre esse rio c 0

Turuanduatc r.Essa area sera servida especialmente pcla Estacro da Ponte

Pcqucna do Metropolitano de Sao Paulo, e compoe-sc de dois conjuutosprincipais: 0 Paeo Municipal c 0 Edifieio do Executive Municipal.

2. Sctor Cultural: compreendora a atual area ocupada pela Casade Dctcncao, Comaudo da Polfcia Militar, Museu de Arte Sacra de Sao Paulo

c Piuacotcca do Estudo, junto a flit lira "Estaceo Politecnica" do Metro.Os prcdios da Pmacotcca. Escola Politccnica c Convcnto de

Nessa Scnhora da Luz scnio prcsc rvados.Prcvc-sc a construcao de um Auditorio Municipal para gran­

des concertos sinfonicos. c aprcscntccac de Corals. Havera ainda. Hihliotcca

Publica c Sala para Confcrdncias.0, cdiffcios da Escola Poltrccntca c Instituto de Pcsquisas

Tccnologicas - IPT - scrao rcscrvados n instalacao do futuro "Museu Tee­

nolog ico".

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" 6 o BAIRR O DA LUZ

3. Setor Comerca l e Administrativo : este setor ocupara a parterestante da area, cujo tot al ~ de 1804 700 000 metr os quadrados.

Sera ocupada pelos grandes ediffcios administrativos. redes deempresas particulates e estatais ow para-estata is, cinemas, bares, restaura ntese "S hopping-Center",

o projeto a ser executado devers ser supervisionado pelaEmpresa Municipal de Urbaniza~o - EMUR B - segundo os autores doprojeto , cis que essa empresa foi criada com 0 prop6sito de renovar areas<fa cidade que apresentem tal possibilidade.

. ' .

Aque!es cue-urn dia estudamm os passaro!, gostariam e sedariam por(elees. se oudessem associar 0 teitoe aDS seus enseios, que :lifo os do Autar.

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ESTA OBRA n R.'fINOIJ.SE DE n,tpRlMlR NO M£S DE MAR<;O

DE HUM MIL NOVECENTOS E SEnNTA E SEn, PEU Novos

HORIZONTES. EDITORA LTDA., SENOO PRF.FEITO 00 "'UNl­cmo DE SAO PAULO 0 DOUTOR OLAVO ECYDIO SETOBAL.SECRETARIO MUNICIPAL DE CULTURA 0 PROFESSOR SABATOANTONIO MACALDI. D1RETOR DO DEPARTAMENTO DO PATRI·MONIO H!STORICO 0 ARQUInTO MURILO DE AZEVEDO MARXE DlRETOR DA D1VISAO DO ARQUJVO HISTORICO PROFESSOREDUARDO DE J ESUS MORAES DO NASCIMENTO.

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