nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

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NATHALIA LAIS MAZOTTI MANUTENÇÃO, INFRAESTRUTURA E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS NO AMBIENTE HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO. Uberlândia 2016

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Page 1: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

NATHALIA LAIS MAZOTTI

MANUTENÇÃO, INFRAESTRUTURA E INSTALAÇÕES

ELÉTRICAS NO AMBIENTE HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO.

Uberlândia

2016

Page 2: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

NATHALIA LAIS MAZOTTI

MANUTENÇÃO, INFRAESTRUTURA E INSTALAÇÕES

ELÉTRICAS NO AMBIENTE HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO.

Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao

curso de Engenharia Biomédica da Universidade

Federal de Uberlândia, como requisito parcial à

obtenção do Título de Bacharel em Engenharia

Biomédica.

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Ferreira de Paula

Silva

Uberlândia

2016

Page 3: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

NATHALIA LAIS MAZOTTI

MANUTENÇÃO, INFRAESTRUTURA E INSTALAÇÕES

ELÉTRICAS NO AMBIENTE HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Ferreira de Paula Silva

Universidade Federal de Uberlândia

________________________________________

Prof. PhD. Eduardo Lázaro Martins Naves

Universidade Federal de Uberlândia

________________________________________

Prof. Ms. Sérgio Ricardo de Jesus Oliveira

Universidade Federal de Uberlândia

Uberlândia, ____ de ____________ de _____.

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A Deus, meus familiares e aos meus amigos

companheiros de todas as horas.

Page 5: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família por todo o apoio durante esses anos, em especial minha

mãe Marilza, por ser essa pessoa incrível, guerreira, que não mediu esforços para poder

proporcionar o melhor para mim e ao meu pai, que mesmo lá no céu, sempre me protegeu.

Agradeço ao Prof. Dr. Sérgio Ferreira de Paula Silva, que me orientou nesta

monografia, me guiando para as melhores decisões a ser tomada durante o trabalho.

Agradeço aos professores da Universidade Federal de Uberlândia que participaram do

meu crescimento profissional e pessoal, em especial aos professores da Faculdade de

Engenharia Elétrica- FEELT, vocês são incríveis e tenho muito orgulho de ter tido aula com

grandes mestres.

Às minhas amigas da universidade, que se tornaram amigas da vida e me deram apoio

nos momentos mais difíceis e tornaram eles mais felizes. Obrigada pela paciência e por

aguentar o mau- humor matinal. Vocês são demais.

Aos meus amigos de apartamento, minha gratidão eterna, pelo companheirismo e

pelas noites mal dormidas virando noites estudando, pelos muitos momentos de alegria e por

também me apoiarem em todos os momentos e serem pacientes e conselheiros comigo.

Morar com vocês foi sem dúvida um amadurecimento pessoal e se tornaram os melhores três

anos da minha vida acadêmica.

Às minhas amigas de adolescência, com atenção especial a melhor dupla Simone e

Kellen, que, apesar da distância, dos caminhos diferentes seguidos, continuam presentes em

minha vida. Sei que nossa amizade será eterna e sinto muito orgulho das pessoas que vocês

se tornaram.

Meu agradecimento também a toda equipe do hospital envolvido no estudo, em

especial para o administrador e a enfermeira responsável, que foram muito prestativos e me

permitiram fazer a coleta de dados e informações do ambiente hospitalar.

Page 6: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

RESUMO

Este trabalho é um documento objetivo sobre manutenção, infraestrutura e instalações

elétricas no ambiente hospitalar. Os sistemas elétricos associados a equipamentos elétricos e

eletromédicos em estabelecimentos assistenciais de saúde exigem uma atenção especial, tanto

a nível de elaboração de projeto, execução, manutenção e até futuras mudanças para adequá-

las nas normas vigentes. Além disso, estes equipamentos exigem qualidade, segurança e

confiabilidade nas instalações elétricas, instaurada nas características das atividades

destinadas a cada ambiente. Por isso um estudo sobre a funcionalidade e segurança de acordo

com as normas brasileiras vigentes de infraestrutura física e instalações elétricas para

estabelecimentos assistenciais de saúde é desenvolvido neste trabalho, levando como base um

trabalho de pesquisa da situação atual de um hospital de pequeno porte do interior de São

Paulo, com ênfase nos setores de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Lavanderia.

Instalações elétricas inadequadas podem provocar grandes riscos na utilização de

equipamentos elétricos e eletromédicos, tanto para o usuário como para pacientes. O risco de

choque elétrico deve ser minimizado através de instalações seguras e adequadas para cada

ambiente. Em função da conjuntura averiguada nos setores estudado do hospital, concluiu-se

que é necessária uma reestruturação da infraestrutura física e elétrica, bem como recursos de

manutenção, humanos e organizacionais, pertencentes a estas atividades. Propõe-se algumas

modificações de caráter emergencial, a longo prazo, além de reestruturação em programas de

manutenção, recursos e fiscalização, como o objetivo de oferecer melhor garantia para todas

as pessoas que se beneficiam dos serviços oferecidos no local, além dos trabalhadores, e

comunidade em geral.

Palavras- chave: Instalações elétricas, Hospital, Equipamentos Eletromédicos, Manutenção,

UTI, Lavanderia, Infraestrutura Hospitalar.

Page 7: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

ABSTRACT

This work is an objective document on maintenance, infrastructure and electrical installations

on hospital environment. Electrical systems associated with electric and electromedical

equipments in health care establishment require special attention in both the project design

level, implementation, maintenance and even future changes to adapt them according to

current standards. In addition, these devices require quality, safety and reliability of electrical

installations, established the characteristics of activities to each environment. So a study on

the functionality and safety in accordance with current Brazilian standards of physical

infrastructure and electrical systems for health care establishment is developed in this work,

taking as a basis a research study of the current situation of a small interior hospital São

Paulo, with emphasis on sectors of the Intensive Care Unit (ICU) and Laundry. Inadequate

electrical installations can cause great risks in the use of electrical and electromedical

equipments, both for the user and patient. The electric shock should be minimized through

safe facilities and appropriate for each environment. Depending on the ascertained situation in

the sectors studied the hospital, it was concluded that a restructuring of the physical and

electrical infrastructure is needed as well as maintenance, human resources and organizational

belonging to these activities. It is proposed some changes emergency, long term, as well as

restructuring in maintenance programs, resources and oversight, as the goal of providing

better security for all the people who benefit from the services offered on the place, in

addition to the workers, and community.

Key Words: Electrical Installations, Hospital, Electromedical Equipment, Maintenance, ICU,

Laundry, Hospital Infrastructure.

Page 8: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1− Diagrama da Importância da Manutenção. ........................................................................... 24

Figura 2- Selo de Inspeção para a próxima verificação, vencido, do Monitor Cardioversor

Desfibrilador Bifásico. .......................................................................................................................... 27

Figura 3- Selo de Inspeção para a próxima verificação, vencido, de um Monitor Multiparamétrico. .. 28

Figura 4- Secadora Industrial quebrada. ............................................................................................... 28

Figura 5- Diagrama de Seleção dos Tipos de Manutenção a Serem Aplicados. ................................... 30

Figura 6- Ventilação artificial do ambiente. .......................................................................................... 33

Figura 7- Janelas da área limpa. ............................................................................................................ 34

Figura 8- Janela da área contaminada. .................................................................................................. 35

Figura 9- Lavadora com barreira. .......................................................................................................... 37

Figura 10- Lavadora sem barreira. ........................................................................................................ 38

Figura 11- Centrífuga. ........................................................................................................................... 39

Figura 12- Máquina Secadora. .............................................................................................................. 40

Figura 13- Sala de quarto coletivo da UTI. ........................................................................................... 51

Figura 14- (a) Parede da sala de quartos coletivos; (b) Rachadura no piso da sala de quartos coletivos.

............................................................................................................................................................... 52

Figura 15- Fiação Exposta..................................................................................................................... 52

Figura 16- Condicionador de Ar da sala de quartos. ............................................................................. 53

Figura 17- Janela padrão da sala de UTI. .............................................................................................. 53

Figura 18- Mesa para prescrição médica. .............................................................................................. 54

Figura 19- Banheiro da UTI. ................................................................................................................. 54

Figura 20- Leito equipado da UTI. ........................................................................................................ 55

Figura 21- Desfibrilador Externo; (b) ECG. (c) Monitor Cardioversor. ............................................... 56

Figura 22- Layout da nova sala de quartos coletiva. ............................................................................. 57

Figura 23- Situação de Macro choque. .................................................................................................. 64

Figura 24- Situação de Micro choque. .................................................................................................. 65

Figura 25- Esquema de ligação TN-S. .................................................................................................. 67

Figura 26- Esquema de ligação TN-C. .................................................................................................. 68

Figura 27- Esquema de ligação TN-C-S. .............................................................................................. 68

Figura 28- Esquema de ligação TT. ...................................................................................................... 69

Figura 29- Esquema de ligação IT. ....................................................................................................... 70

Figura 30- (a)Proteção Contra Contatos Indiretos por Seccionamento Automático; (b) Dispositivo de

Proteção (DP) percorrido pela corrente Ia, atua num tempo t, determinado de Ub. ............................... 75

Figura 31- Sistema elétrico Hospitalar, onde C.P= Concessionária Pública; G= Gerador. .................. 84

Figura 32- Exemplo de ruptura de isolação na Unidade de Terapia Intensiva. ..................................... 95

Figura 33- Caixa de proteção presentes na Lavanderia. ........................................................................ 96

Figura 34- Caixa de proteção dos disjuntores de cada leito da UTI. ..................................................... 97

Figura 35- Pontos de tomada da Lavanderia. .................................................................................... 97

Figura 36- Plugues adaptadores e extensões pela Lavanderia e UTI. ................................................... 98

Figura 37- Pontos de tomada e linhas de filtro de um leito. .................................................................. 98

Page 9: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Ambientes e seus dimensionamentos. ................................................................................... 56

Tabela 2- Efeito fisiológico de uma corrente de 60Hz, aplicada entre as mãos de um indivíduo de 70kg

por 1 a 3 segundos. ................................................................................................................................ 62

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Classificação dos Serviços de Segurança para EAS. ........................................................... 86

Quadro 2- Classes de alimentação de segurança. .................................................................................. 87

Page 11: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACCE- American College of Clinical Engineering

ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BEP- Barramento de Equipotencialização Principal

BS- British Standard

BTU- British Thermal Unit

CA- Corrente Alternada

CC- Corrente Contínua

CNES- Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

C.P- Concessionária Pública

CPFL- Companhia Paulista de Força e Luz

CREA- Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

DEA- Desfibrilador Externo Automático

DNOSS- Divisão Nacional de Organizações de Serviços de Saúde

DR- Dispositivo Residual

DSI- Dispositivo Supervisor de Isolamento

EAS- Estabelecimento Assistencial de Saúde

ECG- Eletrocardiograma

EMG- Eletromiograma

EPI- Equipamento de Proteção Individual

FC- Frequência Cardíaca

FEELT- Faculdade de Engenharia Elétrica

FELV- Functional Extra-Low Voltage

FP- Frequência de Pulsação

LED- Light Emitting Diode

NO2- Óxido Nítrico

O2- Oxigênio

Page 12: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

PD- Pressão Diastólica

PE- Proteção

PEN- Proteção e Neutro conjugado

PM- Pressão Média

PS- Pressão Sistólica

PVC- Policloreto de Vinila

SpO2- Oximetria de Pulso

SUS- Sistema Único de Saúde

UPS- Uninterruptible Power Supply

UTI- Unidade de Terapia Intensiva

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15

1.1 Considerações Iniciais ........................................................................................................... 15

1.2 Objetivos e Justificativas ....................................................................................................... 17

2 AMBIENTE DO ESTUDO ............................................................................................... 19

2.1 O objeto de estudo ................................................................................................................ 19

2.2 A pesquisa ............................................................................................................................. 19

2.3 Delimitações do objeto de estudo ........................................................................................ 20

2.4 Levantamento de Dados ....................................................................................................... 21

2.5 Soluções Propostas ............................................................................................................... 22

3 ANÁLISE DE MANUTENÇÃO ...................................................................................... 23

3.1 Fundamentação..................................................................................................................... 23

3.1.1 Tipos de Manutenção .................................................................................................... 24

3.2 Levantamento de Dados ....................................................................................................... 26

3.3 Soluções Propostas ............................................................................................................... 29

4 LAVANDERIA ................................................................................................................. 31

4.1 Fundamentação..................................................................................................................... 31

4.2 Levantamento de Dados ....................................................................................................... 32

4.2.1 Área Contaminada e Limpa ........................................................................................... 35

4.2.2 Equipamentos ............................................................................................................... 36

4.3 Soluções Propostas ............................................................................................................... 40

5 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA .......................................................................... 44

5.1 Fundamentos ........................................................................................................................ 44

5.1.1 Teoria da UTI ................................................................................................................. 44

5.1.2 Legislação ...................................................................................................................... 45

5.1.3 Classificação das UTIs .................................................................................................... 46

5.1.4 Requisitos Mínimos ....................................................................................................... 46

5.1.4.1 Infraestrutura ............................................................................................................ 46

5.1.4.2 Equipamentos Eletromédicos e Materiais ................................................................ 47

5.2 Levantamento de Dados ....................................................................................................... 50

5.3 Soluções Propostas ............................................................................................................... 56

6 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ......................................................................................... 60

Page 14: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

6.1 Riscos Elétricos em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde ............................................. 60

6.1.1 O Choque Elétrico .......................................................................................................... 60

6.1.1.1 Origens do Choque Elétrico em EAS e seus Efeitos Fisiológicos ............................... 61

6.1.2 Macro Choque e Micro Choque .................................................................................... 63

6.2 Proteção Contra Choques Elétricos ....................................................................................... 65

6.2.1 Aterramento .................................................................................................................. 66

6.2.2 Proteção Básica ............................................................................................................. 71

6.2.2.1 Proteção Supletiva .................................................................................................... 72

6.2.3 Proteção Adicional ........................................................................................................ 76

6.3 Equipamentos Eletromédicos ............................................................................................... 77

6.3.1 Classificação .................................................................................................................. 78

6.4 Instalação Elétrica Hospitalar ................................................................................................ 80

6.4.1 Normatização ................................................................................................................ 81

6.4.2 Classificação dos Ambientes Hospitalares .................................................................... 83

6.4.3 Sistema Elétricos em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde ................................... 83

6.4.3.1 Fornecimento de Energia .......................................................................................... 84

6.4.3.2 Subestação Rebaixadora de Tensão .......................................................................... 85

6.4.3.3 Sistema de Geração e Cogeração de Energia ............................................................ 85

6.4.4 Sistema Isolado ............................................................................................................. 88

6.4.5 Previsão de Cargas ........................................................................................................ 89

6.4.6 Pontos de Utilização ...................................................................................................... 90

6.4.6.1 Tomadas .................................................................................................................... 90

6.4.6.2 Iluminação ................................................................................................................. 90

6.4.6.3 Iluminação Emergencial ............................................................................................ 91

6.4.7 Instalações Elétricas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ...................................... 91

6.4.8 Instalações Elétricas em Lavanderia Hospitalar ............................................................ 93

6.5 Levantamento de Dados ....................................................................................................... 94

6.6 Soluções Propostas ............................................................................................................... 99

7 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 101

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 103

ANEXO A .............................................................................................................................. 107

ANEXO B .............................................................................................................................. 108

ANEXO C .............................................................................................................................. 110

Page 15: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

15

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS) é uma denominação dada a qualquer

edificação prestadora de serviços à população relacionados à saúde, que demande o acesso

de pacientes, em regime de internação ou não, independente do seu nível de complexidade

(ANVISA, 2002). Além disso, é um local destinado ao atendimento médico, de

enfermagem e paramédico de pessoas.

Todo EAS tem por objetivo a prestação de serviços na área de saúde, e deve

oferecê-los com o máximo de garantia, qualidade e principalmente segurança, por se

tratarem de locais que lidam com vidas e situações de risco. A maioria dessas situações é

devido a substâncias ou fontes de energias potencialmente perigosas, como por exemplo,

radiações ionizantes, microorganismos e substâncias químicas. Dentro desta conjuntura, o

risco de choque elétrico envolvendo instalações e equipamentos eletromédicos é de

essencial atenção por parte dos profissionais da área da saúde, pois estes têm papel

importante na monitorização, tratamento e manutenção à vida (ANVISA, 2002).

Com os atuais avanços da tecnologia e todo o incremento de equipamentos

elétricos utilizados na prática médica, os EAS dependem cada vez mais de um elevado

nível de qualidade e confiabilidade na energia elétrica. Com o uso de técnicas invasivas, o

paciente passou a ser mais sensível aos contatos com correntes elétricas, que mesmo

sendo muitas vezes na ordem de microampères, podem causar fibrilação ventricular no

organismo humano, sendo fatal.

Os EAS brasileiros têm apresentado fatos e notícias preocupantes recorrentes de

acidentes relacionados às instalações elétricas e aos equipamentos eletromédicos e mesmo

com as publicações de normas hospitalares por parte da ABNT (Associação Brasileira de

Normas Técnicas), que estabelecem padrões e regras para procedimentos que utilizam

equipamentos médicos e instalações hospitalares, ainda se fazem presentes os acidentes

que poderiam ser evitados caso houvesse maior preocupação, investigação e fiscalização

desses fatores. No Brasil, os acidentes que ocorrem, geralmente não são registrados

Page 16: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

16

devido à falta de identificação e caracterização. Assim, devido à dificuldade de gerar um

índice concreto, pouco estudo está relacionado a esses aspectos, diferente de outros países

mais desenvolvidos. Podemos citar como exemplo, o ano de 1983, nos Estados Unidos,

onde ocorreram cerca de 1.000.000 de acidentes na área hospitalar, sendo que 200.000 se

deram por fatores negligenciais. Entre os anos de 1984 e 1985 foram analisados na Suécia

306 equipamentos que apresentavam problemas e que causaram acidentes de sérias

consequências e até fatais. Cerca de 21% dos acidentes foram relacionados à manutenção

incorreta, 26% ao uso indevido e 46% com problemas de funcionalidade (BRASIL, 1995).

Acredita-se que esses elevados números, em ambientes onde espera-se o mínimo de falhas

em sua operação, referem-se, em grande parte, à infraestrutura elétrica inadequada ao

correto funcionamento destes equipamentos, além da correta administração e manutenção.

Além dos aspectos técnicos, os estabelecimentos de saúde devem apresentar

estrutura capaz de atender adequadamente todas as necessidades requeridas no ambiente a

fim de proporcionar o melhor atendimento aos usuários. Portanto, estes estabelecimentos

devem ser selecionados, localizados e dimensionados levando em conta projetos viáveis,

racionais, eficientes e que atendam todas as necessidades do ambiente.

Durante a projeção de um sistema elétrico ligado à saúde é importante que se

tenham presentes condutores, condutos e equipamentos elétricos que proporcionem com

segurança e confiabilidade a transferência de energia elétrica do momento em que se tem

a fonte geradora até os dispositivos que irão ser alimentados (COTRIM, 2009). Em

complemento, para evitar a interrupção de serviços que são essenciais dentro de um local

de saúde e garantir maior segurança, o equipamento eletromédico deve ser de baixa

sensibilidade a distúrbios de qualidade de energia, mas também gerar o mínimo de

distúrbios.

O projeto de instalações elétricas requer, inicialmente, uma proposta bem definida

da infraestrutura. Para isso, algumas medidas devem ser tomadas (SILVA, 2013):

Determinação do uso previsto para todas as áreas do prédio;

Determinação do layout dos equipamentos eletromédicos a serem utilizados;

Levantamento das características elétricas dos equipamentos eletromédicos;

Classificação das áreas quanto às influências externas;

Definição do tipo de linha elétrica que será utilizada;

Determinação dos equipamentos que necessitam de energia de substituição;

Page 17: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

17

Determinação dos setores que necessitam de iluminação de segurança;

Determinação dos equipamentos que necessitam de energia de segurança;

Determinação da resistividade do solo;

Realização de uma estimativa inicial da potência instalada e de alimentação

globais;

Definição da localização preferencial da entrada de energia.

1.2 Objetivos e Justificativas

Para que uma estrutura assistencial de saúde funcione corretamente, é essencial que

todos os diretamente envolvidos no seu processo trabalhem em condições de garantias e com

toda a segurança possível. Com isso, se torna necessário levar em conta jornadas de trabalho,

qualificação profissional e infraestrutura adequada. Dentro disso, este trabalho objetiva o

estudo da estrutura relacionada direta ou indiretamente com as instalações elétricas dos

setores de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Lavanderia Hospitalar e também a correta e

segura utilização envolvendo os equipamentos elétricos e eletromédicos.

O objetivo principal desta monografia é realizar um estudo das condições do sistema

elétrico de um hospital de pequeno porte, visando apresentar formas de adaptação das

estruturas às normas brasileiras, tanto de equipamentos como de instalações elétricas,

assegurando melhor aproveitamento da estrutura hospitalar. A proposta que será apresentada

visa enriquecer o conhecimento necessário para uma reestruturação dos setores mencionados,

levando em conta também a implantação de um setor de Engenharia Clínica, não encontrada

no local até então.

O estudo da situação das instalações elétricas do hospital visa propor alternativas de

soluções para os problemas, no que diz respeito à segurança, instalações e verificação de

normas técnicas e ainda sobre a manutenção e como isso afeta diretamente no equilíbrio do

ambiente hospitalar.

Este trabalho é justificado com base e aprovação de normas técnicas para instalações

elétricas hospitalares pela ABNT, principalmente as normas NBR 13534 (Instalações

Elétricas para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde- 1995), a IEC 60601-1 (Equipamentos

Eletromédicos- Prescrições para Segurança- 1996), NBR 5410 (Instalações elétricas de baixa

tensão- 2004) e RDC nº 50.

Page 18: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

18

Como já relatado, instalações elétricas inadequadas geram grandes riscos no uso de

equipamentos, tanto para o paciente como para todo o pessoal envolvido. A partir do

momento em que se tem o controle da tecnologia presente na instalação, tem-se condição de

analisar toda a infraestrutura elétrica de um hospital, avaliar, e se necessário, corrigir suas

condições de segurança e funcionalidade.

Atualmente, é comum encontrar instalações projetadas há muito tempo atrás, como o

caso deste estudo, que não levam em consideração a maioria dos aspectos relacionados às

instalações hospitalares. É importante esclarecer que, em um hospital, tem-se diversos tipos

de necessidades elétricas, e qualquer falha pode acarretar em fatalidades. Com o nível atual de

conhecimento tecnológico na área de instalações elétricas hospitalares, é incabível que as

instalações continuem trazendo prejuízos tanto ao paciente como a todos os envolvidos no

ambiente.

Ainda é visto uma resistência e desinteresse pela solução desses problemas existentes.

Portanto, este trabalho pretende também estimular os profissionais e autoridades envolvidos

nesta área a pensarem, questionarem e tomarem decisões concretas e eficazes para a solução

destes problemas.

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19

2 AMBIENTE DO ESTUDO

2.1 O objeto de estudo

O hospital em estudo é de pequeno porte, aproximadamente 3.303,94 m2

de área

construída, e está localizado no estado de São Paulo, na cidade de Bariri, atendendo cerca de

50.000 pacientes da cidade e região. Fundado em 22 de setembro de 1930, a construção da

entidade está vinculada à vontade da população em conquistar um hospital próprio e poder

prestar atendimento a toda região, aliada à iniciativa da doação de um terreno para tal fim.

A fim de atender com maior qualidade, em 13 de maio de 1951 foi inaugurada a

maternidade do hospital em estudo, que tem o nome em homenagem a uma das irmãs

pioneiras do centro hospitalar, tendo dedicado aí, a maior parte de sua vida. Em 1981, a

maternidade passou por reformas, ampliação e com novas instalações.

Apesar de ser uma instituição mantida pelo Fundo Nacional de Saúde e por doações e

em meio a tantas crises, os atendimentos humanizados continuam até hoje, conseguindo

manter viva sua essência caridosa, de forma responsável e com respeito de toda comunidade e

da região.

Buscando modalizar suas atividades na área da saúde, aliada a uma nova gestão, o

Hospital reformulou todo o seu estatuto, permitindo que de forma social, a qualidade da

assistência seja em favor dos usuários do SUS e que possa ser expandida e replicada em

outras instituições do País.

2.2 A pesquisa

A pesquisa baseou-se na metodologia de avaliar um ambiente através de

levantamentos físicos, feitos em pesquisa de campo. Para essa avaliação foram realizadas

visitas frequentes, observações, verificações de alterações e consultas a plantas e normas.

Trata-se de um estudo exploratório de caráter qualitativo, com objetivo principal de observar

e detectar irregularidades de acordo com normas vigentes.

A escolha dos ambientes de estudo do hospital, UTI e Lavanderia, se deve ao fato

desses ambientes possuírem maior fluxo, além de estarem equipados com uma ampla

Page 20: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

20

variedade de equipamentos. Os principais aspectos avaliados no estudo são construtivos, de

conforto ambiental, estéticos e de segurança.

Para conseguir realizar a pesquisa foi necessária a permissão dos diretores do Hospital,

que solicitaram uma carta de justificativa do orientador do projeto, todos os documentos

pessoais do pesquisador e ainda um seguro pessoal que o hospital exige para todas as pessoas

que trabalham no local ou realizam estudos e pesquisas.

Através de reuniões foi disponibilizada uma planta baixa (Anexo A), antiga, porém em

condições de uso, o que tornou possível o reconhecimento da amplitude do ambiente. Um

relacionamento com profissionais ligados à área de manutenção desta estrutura também se

tornou muito importante para o trabalho, e se procurou, sempre que possível, a troca de

experiências, vivências no local, promovendo a integração teórica com a prática.

2.3 Delimitações do objeto de estudo

Independente da natureza do estudo seja ele qualquer tipo de caráter, distinção teórica

escolhida e metodologias diferentes, a pesquisa apresenta limitações que precisam ser

explicadas para sustentar as discussões que serão apresentadas. As limitações impostas à

elaboração do trabalho são as citadas abaixo:

a) Quanto à equipe local

O hospital não apresenta um setor de Bioengenharia, sendo que trabalhos e projetos

ligados à Engenharia são em grande parte realizados por empresas terceirizadas. Isso dificulta

o estudo quanto ao esclarecimento de muitas perguntas que somente uma equipe técnica de

Engenharia poderia responder. É importante mencionar que as pessoas que trabalham na

manutenção do local não têm formação técnica para tal, mas possuem conhecimento pela

vivência e experiência adquirida no local.

b) Quanto à falta de informação

O estudo tem como perspectiva um diagnóstico da Lavanderia e UTI do hospital

escolhido, baseado em procedimentos e normas técnicas. Porém, algumas informações

Page 21: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

21

inerentes às partes físicas das instalações elétricas não foi possível serem obtidas, por serem

locais de acesso restrito e perigoso.

A ausência de diagramas unifilares e mapas elétricos também se tornaram ponto

importante, limitando o estudo quanto à parte quantitativa. Além disso, a falta de um controle

eficaz em diversas áreas como, por exemplo, manutenções e fluxos ativos, tornam o estudo

mais trabalhoso e com carência de informações.

c) Quanto a fatores externos

Os setores escolhidos para a pesquisa são bastante complexos e de intensa atividade. O

fluxo de funcionários e trabalho é muito grande, dificultando as observações e registros de

parâmetros elétricos.

2.4 Levantamento de Dados

O levantamento de dados relacionados à atual situação das instalações elétricas do

hospital é essencial para atingir os objetivos do trabalho, tratando como principal objetivo

deste levantamento obter informações para comparar com as normas vigentes relacionadas

tanto a infraestrutura quanto aos equipamentos eletromédicos, sobre o assunto e em função da

realidade atual do hospital. Logo, fez-se necessário um estudo sobre as normas vigentes, antes

de realizar a pesquisa de campo.

Com base nos estudos, surgiu uma dúvida do que seria mais interessante aprofundar,

para que a pesquisa tivesse informações seguras e suficientes para uma avaliação correta.

Tendo deparado com a falta de informação, importante para um estudo quantitativo e a atual

realidade do hospital, foi definido que seria mais importante focar em informações

qualitativas, como aspectos básicos e fundamentais para as instalações elétricas mínimas

exigidas por normas vigentes.

Para que fosse feito o levantamento das instalações elétricas do hospital, foi utilizado

um modelo de ficha apresentado no Anexo B deste trabalho. Todas as questões abordadas na

ficha tencionam-se a uma análise e subsequente avaliação.

A ficha contém informações referentes à situação do hospital, começando pela

identificação do local e seu enquadramento de acordo com a NBR 13534. Esta parte da ficha

Page 22: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

22

engloba perguntas sobre o tipo de ligação, existência de barramentos de terra e equipotencial,

presença de sistemas isolados, pisos semi-condutivos, informação sobre o tipo de proteção

utilizada para o circuito, o número de tomadas e seus tipos e condições, além de observações

sobre a infraestrutura. A ficha também apresenta espaço para identificação dos equipamentos

presentes, estado geral e características do ambiente, como pisos, janelas, tipo de ventilação,

fluxo e espaço para observações.

Nos momentos da pesquisa de campo, foram utilizados registros fotográficos para

melhores investigações do local, visto que nem todas as perguntas conseguiram ser

respondidas no momento das visitas.

2.5 Soluções Propostas

Esta parte não está tencionada a apresentar as propostas de soluções, mas sim a

maneira como se pretende finalizar e quais os melhores métodos para solucionar os problemas

encontrados.

Como o indicativo para avaliação das instalações elétricas, ambiente e equipamentos

médicos se deu principalmente pela ficha preenchida e por registros fotográficos, se torna

possível responder algumas perguntas quanto ao modo correto de instalação, visto que o

observado e registrado em grande maioria não atende as normas vigentes. Foram consideradas

também como quesito essencial para as propostas de soluções a realidade financeira e as

prioridades na estrutura hospitalar. Por consequência, foi essencial determinar soluções

adequadas, emergenciais e que a maioria em curto prazo pudesse ser executada.

Assim, nos próximos capítulos serão abordados mais profundamente conceitos

teóricos, problemas encontrados referentes a cada assunto e propostas de soluções.

Page 23: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

23

3 ANÁLISE DE MANUTENÇÃO

3.1 Fundamentação

De acordo com uma interpretação da definição de 1992 da American College of

Clinical Engineering (ACCE), engenheiro clínico é um profissional responsável por apoiar e

avançar na assistência ao paciente, aplicando conceitos de engenharia e gestão para aprimorar

a tecnologia ligada à saúde.

Dentre as atuações da Engenharia Clínica, está à criação de planos de gerenciamento e

supervisão quanto à manutenção dos equipamentos encontrados no âmbito hospitalar

(ACCE).

Segundo a norma brasileira NBR 5462 (1994), manutenção é definida como a

combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de coordenação,

destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma

função requerida, podendo ainda incluir uma modificação do item. Ainda, a norma inglesa

BS-3811 (1993) define manutenção como sendo a combinação de qualquer ação para reter ou

restaurar um item, de acordo com um padrão aceitável.

Como mencionado por KARDEC e NASCIF (2001) a manutenção deve auxiliar no

atendimento do programa de produção, de forma a maximizar a confiabilidade e a

disponibilidade dos equipamentos e das instalações, otimizando os recursos disponíveis com a

maior qualidade e segurança. Logo, podemos tratar deste conceito como sendo um conjunto

de cuidados técnicos que são indispensáveis para um correto funcionamento, de maneira

regular, de qualquer item, seja ele um equipamento ou mesmo instalações e infraestruturas, se

tratando, por exemplo, de prevenção, conservação, restauração e substituição (figura 1).

Page 24: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

24

Figura 1− Diagrama da Importância da Manutenção.

Fonte: Kardec e Nassif (2001).

3.1.1 Tipos de Manutenção

Dentre os tipos mais comuns de manutenção, podemos mencionar a manutenção

corretiva, seja ela planejada ou não, manutenção preventiva, preditiva, detectiva e engenharia

de manutenção.

Manutenção Corretiva Planejada: é definida como a correção pela atuação de

um acompanhamento do tipo preditivo, ou correção da falha com decisão gerencial, operando

até a quebra. Nesta manutenção, a função da qualidade dos detalhes fornecidos pelo

acompanhamento do equipamento é o que a torna diferente das outras manutenções. A partir

do momento que as implicações das falhas operacionais e de segurança pessoal, em relação a

custos e atrasos no processo de produção, se tornem maiores e prejudiciais, será importante

adotar a manutenção corretiva planejada, mesmo porque algo quando planejado sempre acaba

sendo mais eficaz, barato e de maior qualidade e segurança (KARDEC e NASSIF, 2001).

Manutenção Corretiva não Planejada: é a manutenção operada a fim de corrigir

uma falha aleatória, de caráter emergencial. Essas falhas muitas vezes acarretam em

consequências graves, podendo danificar ainda mais o equipamento, provocando perdas na

produção e na qualidade, impactando custos negativamente (KARDEC e NASSIF, 2001).

Manutenção Preventiva: é a manutenção que atua de forma a diminuir a

probabilidade de falhas ou quedas no desempenho do serviço oferecido. Tem caráter

elaborado e programável, geralmente com datas e cronogramas previstos de acordo com

Page 25: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

25

históricos dos equipamentos ou por recomendação dos fabricantes, no intuito de realizar, por

exemplo, ajustes, inspeções sistemáticas, preservação do equipamento, reparo de defeitos. Por

outro lado, a manutenção preventiva tem sua eficácia questionável, pois necessita da retirada

do equipamento ou sistema em execução, envolvendo alto custo na revisão, além da

possibilidade de ser induzida a falhas sobressalentes, contaminação na lubrificação, falhas

humanas e em procedimentos operacionais. Logo, esse tipo de manutenção se torna útil

quando a simplicidade na reposição, os altos custos por falha e a falta de segurança

operacional e pessoal, for grande (KARDEC e NASSIF, 2001).

Manutenção Preditiva: é realizada a partir da alteração de padrões de

funcionamento ou condição, obedecendo a uma metodização. Seu propósito é impedir falhas

nos equipamentos ou sistemas, realizando acompanhamentos de diversos parâmetros, porém

sem a necessidade de interromper a operação da máquina ou sistema. Quando é detectado um

grau de degradação ou o limiar especificado está próximo a ser atingido, é implantada a

decisão de operação, que normalmente parte para a manutenção corretiva planejada

(KARDEC e NASSIF, 2001).

Nesta manutenção, a diminuição de acidentes por falhas relevantes e incidentes por

falhas não previstas, é grande, elevando a segurança pessoal e operacional e de instalação,

evitando gastos relevantes e interferindo o mínimo possível no equipamento.

Manutenção Detectiva: tipo de manutenção realizada em sistemas de proteção

ou comando procurando identificar defeitos ocultos ou não explícitos aos profissionais da

operação. Dessa forma, é feito a verificação no sistema e possível correção, caso precise, sem

precisar tirá-lo de execução (KARDEC e NASSIF, 2001).

Apesar de ser um tipo de manutenção pouco mencionada no Brasil, à medida que se

aumenta o campo de controle e automação, principalmente industrial e predial, maior se torna

a necessidade de assegurar o correto funcionamento dos sistemas.

Engenharia de Manutenção: é um conjunto de atividades que torna aumentada

a confiança e disponibilidade assegurada. Esse tipo de manutenção está intencionado a

oferecer suporte técnico da manutenção destinado a assentar a rotina e introduzir melhorias,

combinando ações de manutenções preditivas e preventivas, principalmente, e de acordo com

a necessidade, através de práticas modernas, utilizando dados adquiridos pela Manutenção

para melhorar continuamente. Portanto, se a manutenção vivenciar em grande parte a

intervenção corretiva, principalmente se tratando da não planejada, certamente neste ambiente

Page 26: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

26

não está sendo praticada a implantação da Engenharia de Manutenção (KARDEC e NASSIF,

2001).

Introduzido neste assunto, Karman (1994) considera as principais vantagens e

desvantagens em relação à metodologia de manutenção comparando a mão-de-obra própria

interna ou terceirizada:

Manutenção própria interna: possui vantagem de apresentar disponibilidade de

mão-de-obra contínua e flexível, além da integração entre os trabalhadores do mesmo setor. A

desvantagem nesse caso é que se necessita uma equipe múltipla, ociosidade dos trabalhadores

e eventuais paralisações dos serviços.

Manutenção por terceiros: apresenta a formação de equipes próprias e com

diversas qualificações, tornando-se uma possível solução para quando existem acúmulos de

serviços. Também apresenta maior flexibilidade e transfere a responsabilidade do serviço para

terceiros. Em contrapartida, existe a presença de uma equipe desconhecida dentro de um

ambiente amplo de trabalho, inexistindo um vínculo entre a equipe e à organização.

Ainda segundo Karman (1994), uma opção viável é a manutenção composta por uma

equipe mista, tendo os serviços que são rotineiros atribuídos à equipe própria interna, e

serviços específicos e especializados destinados à equipe terceirizada. Assim, em casos

específicos e de complementação, que exigem muitas vezes tempo maiores de investigação e

de serviço, não interferem demasiadamente na instituição e no setor de manutenção.

3.2 Levantamento de Dados

Durante a coleta de dados, foi constatado que o Hospital não apresenta um setor

responsável por manutenções, e que essas manutenções ocorrem de forma terceirizada e

somente do tipo corretiva, não existindo um controle sobre a frequência em que o

equipamento ou sistema foi reparado, ou seja, quando o equipamento começa a apresentar

falhas ou simplesmente para de funcionar. Durante a observação do ambiente UTI, por

exemplo, foi constatado que em alguns equipamentos havia selos, e esses informavam a data

da última manutenção e ainda a data que deveria ocorrer a próxima manutenção. Praticamente

em todos esses equipamentos, foi observado que a data para a próxima manutenção já estava

fora do prazo (Figuras 2 e 3), demonstrando a falta de um controle eficaz sobre a inspeção do

estado dos equipamentos em si.

Page 27: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

27

Figura 2- Selo de Inspeção para a próxima verificação, vencido, do Monitor Cardioversor

Desfibrilador Bifásico.

Fonte: O próprio autor (2016).

Na lavanderia, é necessário garantir a segurança para a qualidade de vida no trabalho.

A situação atual dos maquinários e da infraestrutura indica uma falta de inspeção, manutenção

e monitoramento, afetando os princípios necessários para garantir ao trabalhador a segurança

necessária. Na Figura 4 pode-se notar a presença de corrosão em uma secadora industrial

quebrada, ocupando um espaço que poderia ser utilizado para outros fins.

Page 28: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

28

Figura 3- Selo de Inspeção para a próxima verificação, vencido, de um Monitor Multiparamétrico.

Fonte: O próprio autor (2016).

Figura 4- Secadora Industrial quebrada.

Fonte: O próprio autor (2016).

Page 29: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

29

Além disso, apoio e manutenção à infraestrutura, como troca de torneiras, lâmpadas,

luminárias, adequação do ambiente para um novo equipamento médico-hospitalar, limpeza de

caixas d’água, ar-condicionado, entre outros, também ocorre de maneira corretiva, que

normalmente é realizada por um único profissional sem formação técnica, como já

mencionado no início do trabalho, colocando em risco a própria vida e a de terceiros, por não

possuir muitas vezes conhecimento destinado à função.

3.3 Soluções Propostas

Perante a inexistência de um setor específico de manutenção e da falta de fiscalização

no controle da manutenção terceirizada, se torna primordial que o hospital tenha um setor de

Engenharia Clínica coordenando um programa de manutenção, com o intuito de minimizar

falhas e economizar tempo desperdiçado com problemas específicos e operacionais que

atingem a produtividade e a qualidade, garantindo a segurança e eficiência do hospital.

A área de Engenharia Clínica é uma implantação diferencial e que agrega valor

significativo à instituição de saúde, além de amparar a administração no gerenciamento dos

serviços de saúde de modo geral. A implantação da Engenharia Clínica comandando um setor

de manutenção tem impacto direto nos resultados relacionados às pessoas que irão usufruir

dos serviços prestados e aos trabalhadores do hospital, aumentando a qualidade da prestação

de serviço e do trabalho e com isso agrega benefícios à organização, que depende do correto

funcionamento dos equipamentos médico-hospitalares, infraestrutura e instalações.

Com a criação do setor de Engenharia Clínica e o programa de manutenção, o

próximo passo é entender e planejar qual tipo de manutenção deve ser aplicada corretamente,

a fim de aperfeiçoar as atividades e conter gastos no hospital. Segundo KARDEC e NASCIF

(2001) “não basta apenas reparar o equipamento ou instalação tão rápido quanto possível”,

mas é preciso, principalmente manter a função do equipamento disponível para a operação,

reduzindo a probabilidade de uma parada de produção não planejada. Ainda, o ideal é ser

implantada a Engenharia de Manutenção, combinando ações de manutenção principalmente

detectivas, preditivas e preventivas, utilizando as corretivas (planejada ou não) como último

caso, e principalmente quando se tratar de caráter emergencial, pois quando combinamos

ações das diversas manutenções, segundo KARMAN (1994) menores serão as ocorrências

emergenciais, os colapsos, tornando o programa com nível de alto desempenho e baixo custo.

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30

O diagrama (Figura 5) proposto por KARDEC & NASCIF (2001), também pode ser

apoio para a equipe de manutenção encontrar e adequar qual o melhor tipo de manutenção

para cada situação, levando em conta, por exemplo, o tipo de falha, a idade do equipamento

ou instalação e o monitoramento de condições.

Figura 5- Diagrama de Seleção dos Tipos de Manutenção a Serem Aplicados.

Fonte: KARDEC e NASCIF (2001)

Page 31: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

31

4 LAVANDERIA

4.1 Fundamentação

A lavanderia hospitalar é definida segundo Castro e Chequer (2001) como sendo uma

unidade que realiza a prestação de serviços de apoio ao atendimento do paciente, responsável

pelo processamento da roupa, transformando a roupa suja e contaminada em roupa limpa,

sendo sua distribuição em perfeitas condições de higiene e conservação. De acordo com a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2004), a lavanderia hospitalar é

considerada como uma área crítica, responsável pelo processamento de roupa e de sua

distribuição dentro de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, onde existem riscos

aumentados de transmissões de infecções e se realizam procedimentos de risco, com ou sem

paciente.

Até o meio do século XIX, segundo Torres e Lisboa (2001) as roupas dos pacientes na

maioria dos hospitais eram higienizadas num ambiente externo ao hospital, trazendo

problemas como, por exemplo, infecções entre os usuários. Na metade do século XX, algumas

medidas foram tomadas em relação às lavanderias hospitalares, devido ao conhecimento dos

perigos de contaminação hospitalar, tendo um cuidado mais específico, como por exemplo, a

separação de área contaminada, área limpa e rouparia, além de processos de lavagem e

cuidados administrativos. (TORRES e LISBOA, 2001). Essa divisão em áreas ainda

permanece nos dias atual estando presente na área contaminada a coleta, separação da roupa,

pesagem e lavagem; na área limpa a centrifugação, secagem, calandragem e prensagem; e a

área de rouparia realizando a costura, estocagem e distribuição da roupa (ANVISA, 2004).

Entretanto, muitos hospitais ainda tratam a lavanderia hospitalar como sendo um setor

de segundo plano, mas a verdade é que ela possui grande importância dentro do complexo

hospitalar, pois segundo Bartolomeu (1998) seu correto funcionamento demonstra a real

eficiência em que o ambiente se encontra, se tratando principalmente do controle de

infecções, segurança do paciente, conforto e recuperação mais rápida. Além disso, se tomada

como assunto principal, pode reduzir custos operacionais, tempo, material e maior segurança

aos que participam e desfrutam do serviço. Ainda, Mezzomo (1984), evidencia que a falta de

atenção relacionada ao setor pode prover da carência de profissionais com formação

específica na área, ou ainda, por indiferença da administração hospitalar.

Page 32: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

32

Relacionado a esse assunto, a Divisão Nacional de Organizações de Serviços de Saúde

(DNOSS) do Ministério da Saúde (1986), publicou o Manual de Lavanderia Hospitalar que

visa orientar o processo de organização do serviço de saúde, tendo como principal objetivo

uma maior eficácia e eficiência e será base de sustentação das ideias desse capítulo.

4.2 Levantamento de Dados

Através de observações diretas realizadas dentro da lavanderia do hospital estudado,

foi possível coletar e registrar em imagens, as informações que serão apresentadas na

sequência.

O setor possui uma jornada de trabalho diária de 12 horas, funcionando de segunda a

sexta-feira das 6 horas da manhã até às 6 horas da tarde, aos sábados das 6 horas da manhã até

meio dia e no domingo o setor não funciona. Atualmente, somente 3 funcionárias trabalham

no local cumprindo em torno de cinco ciclos totais de processo (incluindo as etapas de roupa

contaminada e limpa) ao dia. O setor está ligado ao hospital, localizado atrás do pavimento

térreo central, junto à área de serviços gerais, tendo como conexão um corredor de concreto,

disposto verticalmente, estando ao ar livre, utilizado para o transporte das roupas

contaminadas e limpas, através dos carros de transporte. A lavanderia contém uma área

contaminada e uma área limpa, sendo estas divididas apenas por uma parede de concreto,

além de um banheiro e uma sala de costura. Além disso, as salas possuem piso tanto no chão

(já degradados e de cor marrom) e até o meio da parede (cor azul claro). Também são dotadas

de luminárias que utilizam lâmpadas fluorescentes tubulares, mas que em sua grande parte

ficam desligadas.

De acordo com o Ministério da Saúde (1986), as condições climáticas interferem

totalmente na lavanderia hospitalar, sendo o sentido da circulação da roupa (horizontal e

vertical), a distância percorrida e os fatores encontrados nesse percurso (ruídos, vibrações,

odores, calor, risco de contaminação, localização das caldeiras, direção dos ventos e

orientação solar) de extrema importância para a reestruturação do projeto arquitetônico do

setor. Como o hospital é de pequeno porte, os corredores não são muito extensos e os

principais locais aonde existem a presença de roupas são de fácil acesso a passagem principal

que liga os serviços gerais. Os ruídos e vibrações presentes no ambiente são provenientes dos

processos das máquinas. A maioria delas, como são velhas e apresentam muito desgastes

Page 33: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

33

físicos, emitem sons além do habitual. Também contribuem o som emitido pelo ventilador

que foi improvisado na parede, e os sons do ambiente natural presentes no local.

Em se tratando de características climáticas, a cidade apresenta clima tropical de

altitude. No verão, apesar das salas possuírem portas de entrada relativamente grande, não há

circulação de ar no ambiente. O piso perto da centrífuga e das lavadoras (na área

contaminada) é totalmente molhado, e perto da secadora o calor se torna insuportável, pois a

máquina retira o ar quente saturado do interior do cesto espalhando para o ambiente. A sala

limpa apresenta apenas um ventilador improvisado (figura 6) que foi justamente instalado por

conta dos funcionários não suportarem o calor.

Figura 6- Ventilação artificial do ambiente.

Fonte: O próprio autor (2016).

Existem duas janelas grandes na área limpa, dispostas de frente para a porta de

abertura (figura 7), mas mesmo aberta elas não conseguem ajudar na circulação de ar.

Page 34: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

34

Figura 7- Janelas da área limpa.

Fonte: O próprio autor (2016).

Na sala contaminada, o único meio de passagem de ar é pela porta principal, duas

janelas ao lado da porta (que permanecem fechadas) e uma janela na subdivisão da sala.

A face do prédio mais exposta ao sol corresponde ao lado da entrada de todas as portas

dos serviços gerais, permanecendo mais aquecida e atraindo o ar dos ambientes mais frios.

Em relação às etapas de processamento de roupas, seguem da seguinte forma: alguns

funcionários realizam a coleta das roupas nas dependências do hospital, em horários pré-

estabelecidos, usando EPIs específicos e em carros de transporte apropriados. As roupas

coletadas são conduzidas para a área contaminada onde ocorre a separação, divididas em

processos lentos (roupa contaminada por sangue e as provenientes de pacientes com doenças

transmissíveis) e processo rápido (poeira e suor, por exemplo). Após isso, as roupas separadas

são levadas para a máquina lavadora principal e as demais ficam armazenadas em um balcão

esperando que o processo termine. Com as roupas já lavadas, essas vão manualmente para a

centrífuga que retira o excesso da água, e depois à secadora para haver uma completa

secagem. Em seguida, são levadas à calandra e posteriormente dobradas e armazenadas em

prateleiras para futura distribuição nos pontos de rouparias do hospital. Quando as roupas

Page 35: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

35

estão em procedimento de dobra, é verificado se o tecido necessita de algum reparo, e caso

precise, a roupa é levada à sala de costura. Também, se apresentar algum tipo de sujeira, a

roupa volta ao processo inicial de lavagem.

Figura 8- Janela da área contaminada.

Fonte: O próprio autor (2016).

4.2.1 Área Contaminada e Limpa

A área contaminada possui cerca de 3m², porta de abertura confeccionada em madeira,

e uma subdivisão de sala feita por um portão corrediço de vidro, que divide a área de

separação da roupa e pesagem, da área de lavagem. Na primeira parte da sala, existe a

presença de um balcão de granito forrado de sacos plásticos vermelhos, sendo utilizado para a

separação e armazenamento temporário das roupas contaminadas; um lavábulo para

higienização dos trabalhadores; uma balança convencional utilizada para a pesagem das

roupas separadas; e uma fervedeira quebrada a mais de 20 anos, que continua estocada no

local. Nesta sala, ainda existem duas janelas de vidro destinada à circulação de ar.

Page 36: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

36

Na segunda parte da sala, após o portão de vidro, existe uma lavadora industrial de

desinfecção composta de barreira, que tem acesso a área limpa, sendo esta a principal

lavadora, e em posição oposta a ela encontra-se outra lavadora de desinfecção, mas sem

barreira, utilizada quando há acúmulo de roupas, porém, essa é evitada por necessitar de

trabalho manual para retirar a roupa do cesto e levar até a centrífuga que se encontra na área

limpa, podendo causar contaminação do que já estava higienizado. Além disso, há dois

sistemas de dosagem eletrônica que controlam os produtos de lavagem distribuídos em

recipientes encostados em uma das paredes, sendo que um deles está em desuso devido à

troca de sistema e a falta da retirada do anterior, e o outro possui ligação para as duas

lavadoras. Dois automatizadores eletrônicos também estão no local, controlando os processos

das lavadoras e as fases do ciclo de lavagem, além da temperatura e do nível da água.

A área limpa é uma sala com aproximadamente 5m² e também apresenta porta de

abertura confeccionada em madeira. Existem janelas para a circulação de ar, mas uma delas

não é aproveitada devido a presença da secadora instalada na frente dela. Nessa área, os

equipamentos presentes são: barreira de passagem da roupa já limpa instalada na parede que

divide as áreas; uma centrífuga disposta perto da barreira; uma calandra no meio da sala; e

uma secadora posicionada ao lado da porta de entrada. Além disso, outra secadora está

quebrada e estocada em um dos cantos da sala, ocupando certo espaço, devido a sua

dimensão. O local também possui duas mesas em madeira. Uma ao lado da centrífuga e a

outra em frente a calandra no centro da sala, ambas servindo de apoio às dobras manuais dos

tecidos. Encontra-se no local algumas prateleiras de aço-inox que armazenam as roupas já

lavadas, passadas e dobradas. O espaço também apresenta um banheiro com lavábulo e vaso

sanitário, um armário para armazenamento de materiais específicos de costura e documentos,

e um telefone.

4.2.2 Equipamentos

A lavanderia hospitalar impõe a instalação de equipamentos e utilização de diversos

materiais. Fatores como a instalação, manutenção e conservação do equipamento são cruciais

para o correto funcionamento e sua eficiência. Diante disso, serão citadas abaixo as

observações feitas referentes aos maquinários encontrados no local, no que diz respeito às

funções e a situação atual física e de funcionamento.

Page 37: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

37

Lavadoras: Ambas as lavadoras estão presentes no local a mais de 20 anos,

possuindo capacidade de 30 kg cada e tempo de operação de 40 minutos para processos lentos

e 20 minutos para processos rápidos. Possui formato cilíndrico externo com uma porta

corrediça (duas no caso da que apresenta barreira, sendo a outra uma de entrada e a outra de

saída), batedeiras em aço inoxidável sem arestas e sistema de segurança junto à porta externa

que não permite a partida do motor com a porta aberta e interrompe o funcionamento da

mesma, no momento em que se abre. Apresenta freio manual e um sistema de tração

composto por motor e transmissão através de correias em “V” e polias de ferro fundido, com

reversão automática do sentido de rotação por inversão de fases elétricas. A figura 9 mostra a

situação atual do equipamento, estando ela externamente totalmente em estado de corrosão,

porém, o cesto interno não apresenta nenhum desgaste, sendo ele confeccionado em aço

inoxidável, resistindo assim aos processos químicos da lavagem, como mostrado na figura 10.

As lavadoras têm ainda um sistema eletrônico de automação responsável pelo nível de entrada

da água, temperatura, controle do processo lento (para roupas contaminadas por sangue,

vômito e fezes, por exemplo) e rápido.

Figura 9- Lavadora com barreira.

Fonte: O próprio autor (2016).

Page 38: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

38

Figura 10- Lavadora sem barreira.

Fonte: O próprio autor (2016).

Calandra: É um equipamento que se destina a secar e alisar ao mesmo tempo.

A roupa é passada sob pressão entre a calha aquecida e o cilindro girando, e assim, seca e

desenruga. A que se encontra no ambiente é constituída de dois rolos revestidos, que giram

dentro de calhas fixas de ferro, aquecidas por eletricidade. É provida de uma chave fim

decurso que desliga a máquina, evitando acidentes com as mãos do operador, entre os rolos,

além dos botões manuais de liga e desliga. Opera com até 40 kg de roupa seca e é sempre

desligada após o ciclo de funcionamento. Apesar se ser um equipamento antigo, que foi

adquirido juntamente com as lavadoras e a centrífuga, ela se encontra em boa conservação

física.

Centrífuga: Constituída de dois cilindros, um fixo externo e um giratório

interno perfurado, ela trabalha de forma manual, tendo um frio a pedal em formas de cinta que

abraça totalmente a polia central, garantindo uma frenagem suave. A centrífuga encontrada na

área limpa (figura 11) possui capacidade para 15 kg de roupa seca a cada ciclo, operando

durante 15 minutos, e foi instalada na mesma época em que as lavadoras, apresentando

também em sua estrutura física externa processo de corrosão, porém, seu corpo interno foi

feito em aço inoxidável, estando em condições adequadas de funcionamento nesse quesito.

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39

Figura 11- Centrífuga.

Fonte: O próprio autor (2016).

Secadora: Como já mencionado, existem duas secadoras na área limpa,

uma quebrada e a outra em estado ativo. A unidade em funcionamento foi adquirida em 2014,

possui dois cilindros, sendo um interno, giratório, que movimenta a roupa pela rotação e

presença de pás, e outro externo fixo. É um equipamento que está em perfeitas condições

físicas (figura 12), não existindo a presença de ferrugem, pois segundo o manual do

fabricante, o corpo externo da máquina é feito em aço com tratamento antiferruginoso e

isolação térmica. Além disso, possui sistema de travamento que permite sua abertura somente

quando o cesto não estiver em movimento. Um detalhe observado é que o exaustor da

máquina, que tem como função retirar o ar quente saturado do interior do cesto, fica em frente

a uma janela e ao lado da porta principal, porém, a janela se encontra constantemente fechada,

e por mais que a porta esteja sempre aberta, a sensação de calor neste local é demasiada.

Outro aspecto observado é que para ser instalada, a máquina precisou de apoio improvisado

com pedaços de madeira para evitar vibrações.

Page 40: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

40

Fonte: O próprio autor (2016).

4.3 Soluções Propostas

A partir das descrições feitas até o presente momento neste capítulo, serão descritas

sucintamente as principais mudanças para a reestruturação de uma lavanderia hospitalar

moderna e eficiente, implantando medidas e citando requisitos dispostos em normas, para a

operação correta tanto dos equipamentos como do setor, em geral.

Ao se projetar arquitetonicamente uma lavanderia hospitalar, deve-se primeiramente

planejar e levar em conta fatores como as funções que serão executadas no ambiente e sua

complexidade, além do real fluxo, peso e quantidade de roupa a ser processada. Esses fatores

são essenciais para determinar a capacidade e dimensão da lavanderia, os melhores

equipamentos, a devida instalação e os recursos humanos acessíveis e cabíveis.

Com o intuito de determinar o peso preciso da roupa que chega e sai da lavanderia

hospitalar é necessário conhecer o número total de leitos do hospital e sua taxa de ocupação.

Para o hospital em estudo, que abrange pronto-socorro, obstetrícia, pediatria, tendo uma

rotatividade maior, a troca diária de roupa dos leitos é equivalente a 6 kg/leito/dia. Além

disso, a jornada de trabalho semanal também deve ser levada em conta, pois dias não

trabalhados acarretam em cargas de roupa acumuladas que podem danificar os equipamentos

por sobrecarga quando estes voltarem a operar no reinicio da jornada. O ideal seria existir um

Figura 12- Máquina Secadora.

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41

constante trabalho na lavanderia, tornando as instalações compatíveis com a real produção

calculada. Porém, como no estabelecimento de saúde em estudo existe a interrupção da

jornada, a partir do sábado à tarde, voltando em operação somente na segunda-feira, esses dias

devem ser analisados, tendo em cerca uma redução de 20% na jornada de trabalho,

considerando uma quebra da eficiência do servidor por interrupções inevitáveis

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1986).

Para o cálculo do peso da produção horária por dia, recorre-se a seguinte equação 1:

Nos cálculos, normalmente é utilizado uma jornada de trabalho padrão de 8 horas

diárias. É significativo tomar como base a jornada de trabalho, pois ao se diminuir ou

aumentar esta, os impactos refletem sobre a mensuração da área e do número de

equipamentos. Como a jornada de trabalho do setor estudado é de 12 horas diárias, a produção

horária por dia é de 62,5 kg/h levando em conta que o hospital apresenta 100 leitos. Esse valor

mostra que a lavanderia pode operar com menos números de equipamentos do que um

hospital que funciona 8 horas diárias, conseguindo suprir as necessidades do hospital.

Outros fatores como: o tipo e a qualidade do tecido utilizado na fabricação das roupas;

equipamentos que vão pertencer ao ambiente e sua devida distribuição; técnicas de instalação;

técnicas de processamento; condições climáticas em que o ambiente se encontra; tipo de

iluminação; materiais utilizados na construção do setor; e a equipe que irá trabalhar no local

são de extrema importância no planejamento de uma eficiente lavanderia. Para uma melhor

operação e organização do ambiente, um corpo administrativo adequado deve estar

administrando o local. Também, treinamentos eficientes ao serviço prestado são levados em

conta. O uso inapropriado de peças de roupas, para outras funções, por exemplo, faz com que

o tecido se deteriore mais rápido, trazendo vários prejuízos, que podem ser evitados com uma

simples capacitação. Esse conjunto de fatores são essenciais para um completo e correto

equilíbrio do local.

No contexto geral do hospital, no que se refere à sua organização físico-espacial, a

lavanderia deverá estar conectada ao prédio do hospital pelo corredor já existente, mas este

deve ser fechado e com cobertura para evitar contaminação da roupa limpa. As caldeiras

Page 42: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

42

também devem ser instaladas próximas à lavanderia por ser esta o maior centro consumidor

de vapor.

Em relação à circulação de ar artificial, o ideal seria a instauração de ventiladores de

teto, para prover melhor circulação do ar, e proporcionar maior sensação de bem-estar no

ambiente. As janelas devem ser melhor dispostas e aproveitadas. O ideal é que todas passem

por manutenção e limpeza constantemente, e fiquem totalmente abertas durante a jornada de

trabalho, melhorando a circulação de ar natural, e semifechadas fora do expediente para que

entre ar nas salas e ao mesmo tempo não molhe, caso chova. A ventilação no ambiente deve

assegurar um local de trabalho adequado, sendo que o ar deve fluir sempre do lado limpo para

o lado sujo, aumentando a efetividade do pessoal e evitando a disseminação de

microorganismos.

É adequado a existência de sistemas de exaustão mecânica na lavanderia, tanto na área

limpa quanto na área contaminada, para retirar o ar contaminado do ambiente e introduzir ar

filtrado, assegurando um ambiente saudável aos funcionários. Esses sistemas devem ser

independentes um do outro.

Deve ser previsto coifa com exaustor sobre as calandras, para se captar calor e

umidade diretamente nos locais de origem, com altura máxima de 60 cm acima das mesmas,

além de outros exaustores perto das lavadoras, secadoras e prensas, pelo mesmo motivo, isso

quando o equipamento já não possuir seu próprio sistema de exaustão.

Alguns fatores arquitetônicos e tipos de materiais utilizados na construção também

fazem diferença no aproveito da orientação solar, direção dos ventos, iluminação, conforto e

segurança dos trabalhadores. Os revestimentos hospitalares podem ser especificados

livremente, de acordo com o projetista, porém deve ser levada em conta uma correta

especificação para o ambiente em que será utilizado. Na lavanderia hospitalar, de acordo com

a RDC nº 50 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2002), os materiais

adequados para revestimentos de pisos, paredes e tetos em ambientes críticos e semicríticos,

devem ser resistentes a lavagem. Os pisos devem ser lisos, sem a presença de desenhos ou

ranhuras que dificultem a limpeza, resistentes à água, grande resistência a escorregamento e

possuir queda ideal em direção às caneletas para evitar o acúmulo de água no local. As tintas

devem ser resistentes às lavagens e produtos químicos, e destinadas às áreas molhadas, como

por exemplo, tintas a base de PVC ou epóxi. Um rejunte adequado também deve ser altamente

absorvente. Segundo BICALHO e BARCELLOS (2002), o rejunte mais adequado é o que

Page 43: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

43

contém em sua composição epóxi, tornando a superfície impermeável. As portas devem

possuir visores e se possível existir um visor de vidro entre a área contaminada e limpa para a

visualização entre as áreas e melhor iluminação do ambiente. Todo o ambiente deve ser de cor

clara para emitir melhor a iluminação e higiene e o teto ainda deve ter tratamento acústico.

Os ralos e grelhas que cobrem as caneletas das lavadoras e centrífugas devem ser

colocados sem que exista o risco de acidentes dos trabalhadores ou dificuldades de passagem

dos carros de transporte. Nas lavadoras, no lado da área limpa, deve existir uma caneleta

recoberta de piso para o escoamento da água, e caixa na saída das manilhas e caneletas, com

grades, para segurar as felpas que vão junto com a água.

Page 44: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

44

5 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

5.1 Fundamentos

As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) surgiram para o atendimento a pacientes em

estado crítico, mas tidos ainda como recuperáveis, e da necessidade de observação constante,

assistência médica e de enfermagem contínua em um núcleo especializado. É um local que

necessita cada vez mais de equipamentos tecnológicos e muitas vezes de ordem específica,

pois oferta atendimento direcionado especialmente a pacientes que necessitam de maior

atenção e que requer o máximo de cuidado e monitoramento (NASCIMENTO; CAETANO,

2003).

O cuidado oferecido a esses pacientes deve estar fundamentado não só no

aperfeiçoamento da tecnologia. Hoje, entende-se que a tecnologia deve ser utilizada de forma

dinâmica, eficiente e ao mesmo tempo humana, com o intuito de aumentar a qualidade de vida

(CAETANO ET AL., 2007).

Dentre as normas técnicas para construção, a UTI apresenta uma área física exclusiva,

o que possibilita que a pessoa internada observe e sinta o que ocorre ao seu redor. Com a

presença de equipamentos, o trabalho contínuo da equipe, barulhos constantes e invariáveis,

iluminação e aeração artificial inalterado, exclusão de janelas para visualização do meio

externo, entre outros, ajudam a alterar o lado emotivo dos pacientes e profissionais envolvidos

no ambiente (NASCIMENTO, 2003).

5.1.1 Teoria da UTI

Em 1854 durante a Guerra da Criméia, ao reunir as pessoas afetadas gravemente em

um mesmo ambiente, com o intuito de minimizar os riscos de infecção hospitalar e visando

ainda tornar o tratamento mais eficiente, dispondo de assistência médica e enfermagem

contínua, a enfermeira Florence Nightingale idealizou o que é chamado hoje de UTI.

(BARBOSA, 2009)

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45

Instituída em torno de 1926 nos Estados Unidos e concebido no Brasil na década de

70, a UTI exerce atualmente, função decisiva na chance de sobrevida de pacientes

intensamente doentes, sejam por trauma ou ameaças vitais (PEREIRA ET AL., 1999).

Junto ao progresso tecnológico visto nas décadas seguintes surgem então as UTIs com

equipamentos sofisticados apropriados ao monitoramento constante dos pacientes, sendo que

atualmente é o setor hospitalar que possui tecnologia avançada e pessoal competente para o

atendimento de pacientes agravados.

Por ser um espaço que apresenta recursos tecnológicos complexos, as UTIs carecem

de equipe profissional qualificada e treinada para proceder a partir de qualquer necessidade.

Além de possuir conhecimentos técnicos e científicos, os profissionais que trabalham

diretamente na UTI devem dominar habilidades técnicas e lidar com situações que envolvam

a humanização, atendendo as famílias das pessoas hospitalizadas (MOLINA et al., 2007).

A unidade de Terapia Intensiva (UTI) é definida segundo a RDC N° 7 da ANVISA

(2010) como uma área crítica que se destina à internação de pacientes graves ou de riscos que

necessitam de acompanhamento profissional ininterrupto, materiais especiais e equipamentos

tecnológicos para fins de diagnósticos, monitoramento e tratamento.

5.1.2 Legislação

A resolução- RDC Nº 7, de 24 de Fevereiro de 2010, dispõe sobre as exigências

mínimas para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras medidas a serem

tomadas, tendendo a reduzir riscos aos pacientes, visitantes, profissionais e meio ambiente.

Segundo o art. 5 a UTI deve atender alguns critérios como estar a posto em um

hospital registrado junto ao órgão de Vigilância Sanitária Municipal ou Estadual. Esse

registro se dá mediante a emissão de renovação do alvará de licenciamento sanitário, salvo

algumas exceções que são previstas nas leis. O artigo 6º ainda menciona que no hospital

deverá estar cadastrada e manter atualizada as informações referentes a esta Unidade no

Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).

O artigo 7º especifica que a direção do hospital deverá certificar o fornecimento de

recursos humanos e materiais que se fazem necessário para o correto funcionamento da

unidade e à continuidade da atenção, de acordo com a RDC, garantindo segurança e proteção

a todos os envolvidos no local. No artigo 8º é citado que a unidade deverá dispor de registro

Page 46: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

46

das normas institucionais e das rotinas de procedimentos assistenciais e administrativos

realizados na unidade. Por fim, o artigo 9º especifica que o hospital deverá dispor de registro

das normas institucionais e das rotinas relacionadas à biossegurança.

5.1.3 Classificação das UTIs

As UTIs são classificadas de acordo ainda com a RDC em faixa etária e especialidade.

São divididas principalmente em cinco categorias:

Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): destinada à assistência de

pacientes com idade de 0 a 28 dias.

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): destinada à assistência de

pacientes com idade de 29 dias até 14 anos, sendo em algumas instituições a admissão até os

18 anos.

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTIPm): destinada à

assistência a pacientes recém-nascidos e pediátricos numa mesma sala.

Unidade de Terapia Intensiva Especializada: destinada à assistência de

pacientes selecionados por tipos de doença ou intervenção como, por exemplo, neurológicos,

cirúrgicos e cardiopatas.

Unidade de Terapia Intensiva Adulta (UTI-A): destinada à assistência de

pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos,

se definido nas normas da instituição.

5.1.4 Requisitos Mínimos

5.1.4.1 Infraestrutura

A RDC/ANVISA Nº 50 de 21 de Fevereiro de 2002, fornece requisitos mínimos

quanto à infraestrutura de EAS, contribuindo para a privacidade do paciente sem interferir na

monitorização. Além disso, ela é sustentada por outras normas especificas da ABNT, que

enriquecem o projeto.

Para princípios arquitetônicos envolvendo ruído, as normas que deverão ser

consideradas são NBR 10152 (Níveis de Ruído para Conforto Acústico- 1992) e NBR 12179

Page 47: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

47

(Tratamento Acústico em Recintos Fechados- 1992). Essas normas regem o controle acústico

nos ambientes, produzidos externamente, agindo no sentido de isolar o indivíduo da fonte de

ruído, através de limites impostos.

Quanto ao conforto luminoso a partir de fonte artificial, as normas a serem seguidas

são NBR ISO CIE 8995-1 (2013).

Quanto aos requisitos de limpeza e sanitização de pisos, paredes, tetos, pias e

bancadas, devem ser seguidas as normas que estão presentes no manual de Processamento de

Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde 2ª edição, Ministério da Saúde/

Coordenação de Controle de Infeccção Hospitalar. Brasília- DF, 1994, que aborda vários

aspectos visando as condições para cada ambiente distinto.

Na UTI se faz necessário o condicionamento de ar destinado à assepsia e conforto dos

pacientes e envolvidos no local. A norma NBR-7256 aborda os requisitos para o projeto e

execução dessas instalações, levando em conta a presença de ruídos, vibração, localizações,

pontos de tomadas, entre outros.

Para as soluções propostas serão analisadas todas as normas citadas acima, com o

intuito de adequar os setores estudados às normas vigentes, proporcionando maior segurança,

conforto e qualidade para a instituição e pessoas envolvidas no ambiente.

5.1.4.2 Equipamentos Eletromédicos e Materiais

A RDC nº 7 apresenta algumas especificações quanto aos recursos materiais mínimos

que devem existir numa UTI básica, sendo que estes deverão estar presentes de acordo com o

tipo de atendimento e serviços oferecidos em torno da sua demanda. A presença de materiais

e equipamentos utilizados dentro do local seja ele de caráter nacional ou importado deve estar

autorizado pela ANVISA e possuir cópias escritas do manual do fabricante em língua

portuguesa. É importante que seja preservada a integridade desses materiais e equipamentos,

bem como estarem limpos e prontamente disponíveis para o uso. Também, devem ser

realizadas manutenções nos equipamentos tanto em uso como os de reserva de acordo com a

periodicidade determinada pelo fabricante ou pela equipe de manutenção da instituição.

Visto que a Instituição em estudo apresenta apenas UTI do tipo adulto, os requisitos

mínimos específicos segundo a RDC nº 7 são:

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48

a) Para cada unidade

Materiais para punção lombar;

Materiais para drenagem liquórica em sistema fechado;

Oftalmoscópio;

Otoscópio;

Negatoscópio;

Máscara facial que permite diferentes concentrações de Oxigênio: sendo uma

para cada dois leitos;

Materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e fechado;

Aspirador a vácuo portátil;

Equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/cânula endotraqueal

Ventilômetro portátil;

Capnógrafo: um para cada dez leitos;

Ventilador pulmonar mecânico microprocessado: um para cada dois leitos, com

reserva;

Operacional de um equipamento para cada cinco leitos, devendo dispor, cada

equipamento de, no mínimo, dois circuitos completos,

Equipamento para ventilação pulmonar mecânica não invasiva: um para cada

dez leitos, quando o ventilador pulmonar mecânico microprocessado não possuir recursos

para realizar a modalidade de ventilação não invasiva;

Materiais de interface facial para ventilação pulmonar não invasiva sendo um

conjunto para cada cinco leitos;

Materiais para drenagem torácica em sistema fechado;

Materiais para traqueostomia;

Foco cirúrgico portátil;

Materiais para acesso venoso profundo;

Materiais para flebotomia;

Materiais para monitorização de pressão venosa central;

Materiais e equipamento para monitorização de pressão arterial invasiva: sendo

um equipamento para cada cinco leitos, com reserva operacional de um equipamento para

cada dez leitos;

Materiais para punção pericárdica;

Page 49: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

49

Monitor de débito cardíaco;

Eletrocardiógrafo portátil: sendo um equipamento para cada dez leitos;

Kit contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências:

sendo um para cada cinco leitos ou fração e devem conter, no mínimo: ressuscitador manual

com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, tubos/cânulas, endotraqueais, fixadores

de tubo endotraqueal, cânulas de Guedel e fio guia estéril.

Equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria: sendo um para cada

cinco leitos;

Marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador: sendo um equipamento

para cada dez leitos;

Equipamento para aferição de glicemia capilar, específico para uso hospitalar,

sendo um para cada cinco leitos;

Materiais para curativos;

Materiais para cateterismo vesical de demora em sistema fechado;

Dispositivo para elevar, transpor e pesar o paciente;

Poltrona com revestimento impermeável, destinada à assistência aos pacientes,

sendo uma para cada 05 leitos ou fração.

Maca para transporte, com grades laterais, suporte para soluções parenterais e

suporte para cilindro de oxigênio: sendo uma para cada dez leitos ou fração;

Equipamento(s) para monitorização contínua de múltiplos parâmetros

(oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; cardioscopia; frequência respiratória)

específico(s) para transporte, com bateria, sendo um para cada dez leitos ou fração;

Ventilador mecânico específico para transporte, com bateria: sendo um para

cada dez leitos ou fração;

Kit para acompanhar o transporte de pacientes graves, contendo medicamentos

e materiais para atendimento às emergências: um para cada dez leitos ou fração;

Cilindro transportável de oxigênio;

Relógios e calendários posicionados de forma a permitir visualização em todos

os leitos.

Refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de uso exclusivo para

guarda de medicamentos, com monitorização e registro de temperatura.

Page 50: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

50

Outros equipamentos ou materiais podem substituir os listados neste regulamento

técnico, desde que tenham comprovada sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam

regularizados pela ANVISA.

b) Para cada leito

Cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e rodízios;

Equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto-inflável, com

reservatório e máscara facial sendo um por leito, com reserva operacional de um para cada

dois leitos;

Estetoscópio;

Conjunto para nebulização;

Quatro equipamentos para infusão contínua e controlada, com reserva

operacional de 01 um equipamento para cada três leitos:

Fita métrica;

Equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de:

frequência respiratória, oximetria de pulso, frequência cardíaca, cardioscopia, temperatura e

pressão arterial não-invasiva.

5.2 Levantamento de Dados

De acordo com a Portaria GM/MS n° 3432 de 12 de Agosto de 1998, a UTI do

Hospital em estudo, é classificada no artigo 2° como tipo I, pois é uma unidade cadastrada

pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, a Unidade está em processo de adequação à

legislação vigente, continuando em funcionamento e em análise a possibilidade dos

respectivos leitos se tornarem leitos semi-intensivos.

A Unidade em estudo é destinada à terapia intensiva de adultos (UTI-A), que segundo

a ANVISA, atende pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, podendo admitir idades

de 15 a 17 anos, se definido nas normas da instituição e possui apenas cinco leitos, número

mínimo que a norma exige para que uma UTI funcione.

O setor possui uma jornada de trabalho ininterrupta, ou seja, qualquer paciente que

necessite dos cuidados oferecidos no local, caso exista vaga, será encaminhado, sendo

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51

necessário, que o ambiente esteja preparado para qualquer circunstância emergencial. A

equipe que trabalha no setor é diversificada, referindo-se a pelo menos um médico diarista e

um plantonista, enfermeiras assistenciais, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem e auxiliares

de limpeza.

O setor é ligado ao hospital por um dos corredores principais, envolto de quartos,

almoxarifado, estoque, farmácia e próximo ao centro cirúrgico. Apresenta um hall com

dimensões aproximadas de 1,5 m x 1,1 m, uma sala de quartos coletivos (aproximadamente 2

m x 4 m) e um banheiro (aproximadamente 2 m x 0,5 m). No hall estão armazenados alguns

documentos, e materiais de reparo físico e reserva, como lâmpadas e alguns materiais de

limpeza. A sala de quartos coletivos apresenta cinco leitos, que são separados apenas por

cortinas e estão distribuídos horizontalmente pelo quarto, como apresentado na figura 13. A

porta de abertura da sala é corrediça em estrutura de vidro e fechadura de alumínio, com

dimensão de aproximadamente (2,10 m x 0,8 m).

As paredes são de alvenaria, revestida em tinta látex branco, porém foi observado

muito desgaste, partes sem tinta e sujeira, podendo ser constatado através da figura 14. O chão

tem revestimento cerâmico esmaltado de coloração azul azulada e também apresenta

rachaduras e em alguns pontos da sala também se encontra quebrado (figura 15).

Figura 13- Sala de quarto coletivo da UTI.

Fonte: O próprio autor (2016).

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52

Figura 14- (a) Parede da sala de quartos coletivos; (b) Rachadura no piso da sala de quartos coletivos.

Fonte: O próprio autor (2016).

A sala e o hall apresentam luminárias que utilizam lâmpadas fluorescentes tubulares

de 16W e 32W e o banheiro utiliza lâmpada incandescente de 60W.

Tanto a sala, hall como banheiro apresentam tomadas do tipo 2P. Porém, como a

maioria dos equipamentos obedecem a nova norma de padrão de tomadas utilizando o sistema

2P+T, foram improvisadas filtro de linhas, extensões e adaptadores pela sala para que

equipamentos pudessem operar. Há presença também de fiação exposta (figura 15).

Figura 15- Fiação Exposta.

Fonte: O próprio autor (2016).

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53

A ventilação artificial é feita por um condicionador (figura 16) de ar do tipo Split de

24000 BTU para função de resfriamento e aquecimento. Existem duas janelas grandes de

vidro, sendo o único meio para a iluminação e ventilação natural, mas que raramente são

abertas tendo presente um toldo do lado de fora a fim de barrar a incidência da luz (figura 17).

Figura 16- Condicionador de Ar da sala de quartos.

Fonte: O próprio autor (2016).

Figura 17- Janela padrão da sala de UTI.

Fonte: O próprio autor (2016).

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54

Existe ainda no mesmo ambiente uma mesa de escritório, um computador, um

telefone, uma estante, um quadro de avisos, uma televisão e papéis anexados na parede

referentes à informações, procedimentos e telefones úteis, sendo esta área destinada à

prescrição médica.

Figura 18- Mesa para prescrição médica.

Fonte: O próprio autor (2016).

A Figura 19 mostra que banheiro da UTI tem uma única porta de abertura voltada para

o lado de dentro da sala de quartos.

Figura 19- Banheiro da UTI.

Fonte: O próprio autor (2016).

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55

A porta é confeccionada em madeira, com dimensões de (2,10 m x 0,7 m) e revestida

em tinta acrílica branca, porém nas condições atuais apresenta ranhuras e desgaste da pintura.

A fechadura da porta é do tipo maçaneta e confeccionada em alumínio. Ele dispõe de um

lavábulo, um chuveiro, prateleira para armazenar materiais de limpeza, uma cadeira de rodas,

uma mesa em alumínio, lixeira e portas- higienização.

O ambiente como um todo tem aspecto frio, monótono e apresenta muita desordem

quanto a distribuição dos equipamentos no espaço.

Cada leito é equipado com os itens listados abaixo, conforme figura 20:

01 cama (1,90 m x 0,8 m x 0,7 m) com leito esmaltado em chapa de aço lisa,

rodízios de 2 polegadas, sendo 2 com freios, possuindo capacidade máxima de 110 kg;

01 monitor multiparamétrico com funções que possui um módulo de medida de

parâmetros, braçadeira de pressão arterial, cabos de ECG e sensores de SpO2. Nele é

apresentado a frequência cardíaca (FC), curvas de ECG, análise de arritmias, análise do

segmento ST, frequência respiratória, curva de respiração, oximetria de pulso (SpO2),

pulsação (FP), pletismograma de SpO2, pressão sistólica (PS), pressão diastólicas (PD),

pressão Média (PM) e temperatura corporal;

01 bomba de infusão com sistema de propulsão peristáltico linear;

01 estação de anestesia com fluxômetros medicinais de O2 e N2o, servomático

de fluxo e pressão para mistura dos gases, manômetros e válvulas reguladoras de pressão,

ventilador pneumático (volumétrico/pressométrico) e vaporizador.

Figura 20- Leito equipado da UTI.

Fonte: O próprio autor (2016).

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56

Além dos equipamentos eletromédicos que compõem cada leito, existem

equipamentos específicos do setor, mas que estão presentes em cada leito. Os principais e que

ficam visíveis e de fácil acesso ao setor são (figura 21):

Desfibrilador Externo Automático Portátil (DEA)

Eletrocardiógrafo (ECG)

Monitor Cardioversor Desfibrilador Bifásico

Figura 21- Desfibrilador Externo; (b) ECG. (c) Monitor Cardioversor.

Fonte: O próprio autor (2016).

5.3 Soluções Propostas

Para a implantação de medidas e requisitos dispostos nas normas, será necessário

investimento para aquisição de materiais, equipamentos e mudanças na estrutura física, mas

principalmente planejamento e reestruturação organizacional.

Constam na RDC nº 50 padrões de dimensão para diversas áreas do hospital. A tabela

1 apresenta essas dimensões e mostra que se faz necessário uma adequação do ambiente,

primeiramente em relação a tamanho e distâncias.

Tabela 1- Ambientes e seus dimensionamentos.

AMBIENTE DIMENSIONAMENTO

Quantificação (min.) Dimensão (min.)

Prescrição médica 1,5m²

Tratamento Coletivo Mínimo de cinco leitos

podendo existir quartos ou

áreas coletivas, ou ambos, à

critério do EAS.

9,0m² por leito com distância de 1m entre

paredes e leitos, exceto cabeceira, 2m entre

leitos e pé direito = 1,2m (o espaço destinado

a circulação da unidade pode estar incluído

nesta distância).

Sala de Higienização No mínimo 1. 4m², com dimensão mínima de 1,5m.

Fonte: O próprio autor (2016).

(a) (b) (c)

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57

A área de prescrição médica deverá estar contida dentro do setor UTI. Deverá ter

dimensões mínimas de 1,50m² para acomodação de toda a mobília, como mesa e cadeiras para

prescrição médica, computador, armário de documentos e telefone, por exemplo. O hall que

se encontra ao lado da sala de quartos coletivos e que atualmente está em desuso especifico,

pode ser ocupação para a nova sala de prescrição médica. Para total adequação das normas,

piso e as paredes desta sala deverão ser lisos, sem a presença de frestas, com poucas ranhuras,

de fácil higienização e resistente aos processos de desinfecção e limpeza, como exemplo,

poderá ser utilizado tintas a base de epóxi que ofereçam essas condições. O teto também

deverá ser resistente à lavagem e ao uso de desinfetantes. O nível de iluminamento deverá ser

de 100 a 200lux, sendo que para a mesa de trabalho o lux deverá estar na faixa de 300 a 750,

garantindo ao profissional melhor aproveitamento.

Para a sala de quartos coletivos, poderá ser tomada como exemplo estrutura

organizacional da figura 22, que está disposta na cartilha de Programação Arquitetônica de

Unidades Funcionais de Saúde, do Ministério da Saúde (2013). Também deverão ser seguidas

as indicações quanto a paredes, pisos e tetos mencionados para a sala de prescrição médica. A

organização do espaço é essencial, não necessita de gastos e pode ser realizada rapidamente a

fim de melhorar o fluxo e a harmonização do ambiente.

Figura 22- Layout da nova sala de quartos coletiva.

Fonte: Ministério da Saúde (2013).

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58

As cortinas que separam os leitos na área coletiva poderiam ser trocadas por boxes que

possuam dispositivos que permitam a privacidade dos pacientes, como por exemplo, biombos.

Para que não seja necessário modificar a estrutura física para a implantação de um

posto de enfermagem destinado ao monitoramento dos leitos, deverá existir um

monitoramento eletrônico, compondo campainhas e câmeras pela sala, que fiquem

disponíveis sua visualização em uma central com monitores.

A porta de acesso a pacientes, como a do banheiro, deve ter dimensões mínimas de

0,80m x 2,10m. A porta de entrada para a sala de quartos deve ter dimensões mínimas de

1,10m x 2,10m. Essa adequação física se torna totalmente importante visto que impede uma

passagem de camas e macas, primordial no setor.

As portas de banheiros e sanitários de pacientes devem abrir para fora do ambiente, a

fim de que sejam abertas sem necessidade de empurrar o paciente eventualmente caído atrás

da porta. Neste caso, seria ideal que outra porta além da que já está presente, fosse construída

dando abertura para o corredor. Além disso, as fechaduras devem permitir a facilidade de

abertura em caso de emergência, sendo ideal do tipo alavanca.

A UTI é um ambiente que exige um sistema de controle natural das condições de

luminosidade (RDC nº 50). Esta unidade precisa de condições especiais de iluminação, no

sentido de carecerem de incidência de luz de fonte natural direta no ambiente, mas também

precisarem de luz artificial. Para a luz natural, as janelas já se tornam ótima fonte, sendo

necessário só controlar de acordo com o dia, o toldo presente do lado de fora. Para iluminação

artificial, o nível de iluminamento deverá ser de 100 a 200lux geral, sendo que para o leito

será 150 a 300lux. Todos os pontos de iluminação devem ser luz preferencialmente do tipo

LED ou Fluorescente, visto que é mais eficiente energeticamente, considerando seu tempo

maior de vida útil, tendem a consumir menos após o uso contínuo, não emitem calor e são

mais econômicas.

Em situações que tubulações estiverem aparentes nas paredes, estas devem ser

protegidas em toda sua extensão por material resistente a impactos e lavagem mesmo com o

uso de desinfetantes, mesmo porque em toda a extensão da instituição o que mais se preza é

pela segurança dos envolvidos no local.

Para uma total adequação do banheiro para os pacientes, deverá ser colocada uma

ducha higiênica.

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59

Quanto à situação dos equipamentos eletromédicos, esses estão em perfeitas condições

tanto de operação, quanto física, porém, para o correto funcionamento, ainda faltam alguns

que não foram verificados no local e são de extrema importância e devem estar nas

prioridades de mudança. Para isso será necessário a aquisição de no mínimo:

01 capnógrafo;

01 foco cirúrgico;

01 dispositivo para elevar, transpor e pesar o paciente;

01 maca para transporte;

01 cilindro de oxigênio transportável;

01 ventilador mecânico para transporte.

Além disso, é ideal ter no ambiente, de forma organizada uma poltrona com

revestimento impermeável e pelo menos um relógio e um calendário permitindo sua

visualização a partir de qualquer leito, e de forma organizada no ambiente.

No atendimento da UTI o condicionamento de ar é destinado à assepsia e conforto. O

equipamento presente no local está de acordo com as normas e só necessita de manutenção

em tempos, para limpeza e quando necessária troca do filtro. Além disso, este deverá ser

mantido na temperatura ideal entre 21- 24ºC.

Quanto a presença de extensões, filtro de linhas, e tipos de tomadas, serão abordadas

no capítulo de Instalações Elétricas.

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60

6 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Este capítulo contempla conceitos importantes sobre os riscos elétricos existentes em

um ambiente hospitalar, proteções necessárias, além de requisitos para projetos de instalações

elétricas voltadas a unidades hospitalares, abordando normatizações e equipamentos

eletromédicos.

6.1 Riscos Elétricos em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde

Com o avanço da tecnologia, os equipamentos eletromédicos também acompanham as

tendências, fazendo com que existam cada vez mais recursos tecnológicos para fins

terapêuticos e assistenciais. Porém, além da funcionalidade correta destes equipamentos, há

também uma preocupação a respeito dos choques elétricos.

6.1.1 O Choque Elétrico

Para Cotrim (2009), choque elétrico é

[...] a perturbação, de natureza e efeitos diversos, que se manifesta no

organismo humano ou animal quando este é percorrido por uma corrente

elétrica. Dependendo da intensidade e do tempo do choque elétrico, a

corrente elétrica provoca maiores danos e efeitos fisiopatológicos no

homem.

Os choques elétricos devem ser classificados quanto ao seu contato, que pode ser

Direto ou Indireto, segundo a definição do Cotrim (2009), mas alguns autores, como Cavalin

e Cervellin (2006), também classificam o mesmo conceito utilizando nomes de Parte Viva e

Massa Condutora Exposta.

A definição de contato direto ou parte viva corresponde a um condutor elétrico ou

qualquer parte condutora que pode ser energizada em condições normais. A parte viva,

também é considerada o condutor neutro e excluído o condutor PE (Proteção) ou PEN

(Proteção e Neutro conjugados), designando apenas aos condutores fase e ao neutro. Esse

contato se dá de forma direta, ocorrendo devido ao toque com condutores energizados,

consequência de defeitos nos materiais utilizados para isolação do fio, como rupturas, e até

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61

remoção de partes isolantes pelo próprio usuário, também ocorre devido à imprudência ou a

falta de conhecimento dos usuários.

Normalmente, equipamentos velhos, deteriorados e danificados, assim como seus

terminais, são as maiores origens de choque elétrico direto.

O conceito de Massa Condutora Exposta corresponde aos elementos condutores que

normalmente não estão energizados, mas que podem a vir sofrer problemas de isolação e se

tornar energizados, provocando, ao serem tocados diretamente, choques. Isso pode ocorrer,

por exemplo, em estruturas metálicas de aparelhos elétricos ou contato com pessoas ou

animais, que ficaram sob tensão devido a uma falha na isolação.

6.1.1.1 Origens do Choque Elétrico em EAS e seus Efeitos Fisiológicos

O choque elétrico é a resposta do organismo ao caminho da corrente elétrica. Por sua

vez, a eletricidade é a passagem de elétrons de um átomo, por um condutor, que permite a

fácil passagem da corrente elétrica.

O corpo humano apresenta características propícias à condutividade, sendo composto

por cerca de 70% de água misturado com compostos salinos, que facilitam a condução.

Alguns fatores como a resistência da pele seca e a organização espacial da corrente

pelo corpo, quando uma pessoa sofre um choque elétrico, influenciam diretamente na

intensidade do choque elétrico.

A epiderme, ultima camada da pele, caso esteja seca e intacta, apresenta alta

resistência, variando em torno de 15kΩ a 1MΩ para cada 1cm² de contato elétrico, no entanto,

a pele molhada faz com que esta resistência diminua drasticamente. Além disso, partes

diferentes do corpo humano apresentam valores distintos, como por exemplo, para membros,

a resistência interna varia em torno de 200Ω, individualmente, e tronco em torno de 100Ω.

Fatores como o peso também influenciam nos valores da impedância. Indivíduos que

apresentam maior índice de gordura corporal tendem a possuir valores de resistência interna

maiores, devido a alta resistividade da gordura (WEBSTER, 1998).

Quando se reduz drasticamente a impedância da pele, cria-se um caminho de corrente

maior, proporcionando maiores condições de macro choques. Em um ambiente de saúde,

qualquer procedimento médico que diminua a resistência, ou dispositivos que atuem como

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62

condutor, como por exemplo, gel de eletrodos e cateteres intravenosos, podem facilitar a

passagem da corrente e aumentam os riscos de choques elétricos.

Os efeitos causados pela passagem da corrente elétrica através do corpo humano

dependem basicamente da intensidade, densidade e caminho da corrente, da duração do

choque e da frequência do sinal. Como medida de exemplo, a tabela 2 apresenta valores

relacionados a intensidade da corrente e seu efeito fisiológico no corpo humano.

Tabela 2- Efeito fisiológico de uma corrente de 60Hz, aplicada entre as mãos de um indivíduo de

70kg por 1 a 3 segundos.

Fonte: Dalziel (1973).

Um ambiente hospitalar é composto, em sua grande maioria, por equipamentos

eletromédicos. Estes, por sua vez, possuem partes de metal que podem estar em contato direto

com a equipe médica e com o paciente. Se as partes metálicas de um equipamento não forem

aterradas corretamente, e caso ocorra falha da isolação ou presença de um curto-circuito, estas

partes do equipamento estarão sujeitas a tensão proveniente da rede de alimentação,

ocasionando macro choque caso sejam tocadas simultaneamente junto a um outro objeto

aterrado (WEBSTER, 1998).

Para proteção das pessoas envolvidas, as partes metálicas devem estar aterradas por

meio de um condutor especifico para este fim, denominado condutor de proteção. Este

condutor deve estar conectado à malha de aterramento, assim, caso ocorra uma falha, a

corrente tenderá a fluir para o aterramento através do condutor, minimizando as tensões de

toque e, consequentemente, protegendo as pessoas sujeitas a estas tensões.

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63

Eventualidades envolvendo condutor vivo e terra não são frequentes. Em virtude

disso, é necessário realizar manutenções e testes de tempos em tempos para verificar a

continuidade do condutor de proteção (fio terra), pois um condutor danificado ou uma ligação

inadequada com a malha de terra não é detectada em uma operação normal dos componentes.

(WEBSTER, 1998).

Acidentes envolvendo ligações elétricas diretas com o coração, normalmente por

procedimentos invasivos, estão relacionados a micro choques, resultantes de correntes de fuga

em operações de equipamentos ou da diferença de potencial entre áreas condutoras aterradas.

Estas pequenas correntes fluem entre condutores de diferentes tensões, mas também podem

escoar através de isolamentos prejudicados por poeira e umidade (WEBSTER, 1998).

Entretanto, as fontes mais significativas são as correntes que provêm dos condutores

conectados entre o equipamento o paciente. Correntes de fuga fluindo no chassi fluem para o

aterramento, se for disponível uma baixa resistência neste condutor (ou seja, o chassi deve

estar aterrado). Na hipótese do condutor terra estar danificado, a tensão presente nas partes

metálicas será maior do que o potencial de terra. Consequentemente, se um indivíduo que

apresenta alguma ligação elétrica direta no coração e toca as partes metálicas do equipamento,

estará em contato com micro choques (WEBSTER, 1998).

6.1.2 Macro Choque e Micro Choque

No âmbito de instalações elétricas em EAS relacionados a equipamentos médicos, do

ponto de vista de segurança elétrica, é necessário esclarecer os conceitos de macro choque e

micro choque e sua ocorrência nesses estabelecimentos.

Os riscos elétricos provenientes de equipamentos eletromédicos podem ocorrer em

qualquer ambiente de um EAS, porém, procedimentos cirúrgicos, com técnicas invasivas, por

exemplo, a monitozação de pacientes em UTI, deixa o paciente mais vulnerável a esses riscos.

Macro choque é o choque elétrico em que a corrente elétrica penetra no corpo humano

de maneira externa (KINDERMANN, 2005), com a pele intacta, podendo atingir tanto o

paciente quanto a equipe profissional envolvida (RODRIGUES; MACIEL, 2009) (figura 23).

Assim, a corrente invade a pele percorrendo o corpo e saindo novamente pela pele, ficando

limitada aproximadamente pela resistência da pele humana. Num ambiente hospitalar é o

choque mais comum, pois qualquer pessoa pode estar envolvida nesta circunstância. A

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presença de correntes de fuga ou diferenças de potencial entre superfícies aterradas possibilita

a ocorrência do macro choque, por exemplo, o contato em carcaças de equipamentos que

estão com diferentes potenciais (WEBSTER, 1998).

Figura 23- Situação de Macro choque.

Fonte: Webster (1998).

O micro choque é o choque elétrico que tem seus efeitos no interior do organismo

decorrente de procedimentos invasivos, quando estes são aplicados no coração ou próximo

dele, por exemplo, na utilização de eletrodos ou cateteres (RODRIGUES; MACIEL, 2009)

(figura 24). Estes procedimentos invasivos deixam o paciente exposto ao risco de uma

descarga elétrica no interior do organismo, dificilmente atingindo a equipe profissional

envolvida com o trabalho do equipamento. Apesar de este conceito apresentar o nome de

“micro”, os efeitos destas correntes menores, pode ocasionar fatalidades, da mesma maneira

que o macro choque.

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65

Figura 24- Situação de Micro choque.

Fonte: Webster (1998).

6.2 Proteção Contra Choques Elétricos

O cuidado em pesquisas, elaboração de projetos e execução das instalações de

proteções elétricas, apresentam grande importância, pois esses sistemas são responsáveis por

fornecer energia elétrica a diversas pessoas, principalmente em ambientes de assistência a

saúde, além de estar interligado a equipamentos caros.

Diversos componentes elétricos são isolados com o intuito de proteção, ou seja,

possuem isolação a fim de proteger contra choques elétricos e garantir o correto

funcionamento do equipamento ou componente. Quando temos a falha da isolação, ela se

propaga por um caminho de condução, por exemplo, pela superfície da isolação ou por

perfuração do material isolante, gerando uma fuga de corrente que pode se transformar em

curto-circuito (COTRIM, 2009).

A isolação atua com duas metas principais, sendo elas evitar que as falhas que possam

a vir ocorrer no sistema, possam danificar os equipamentos e dispositivos e promover

restabelecimento da energia rapidamente com o intuito de minimizar danos aos usuários. A

seguir serão apresentadas principais formas de proteção elétrica e suas características

(COTRIM, 2009).

Este capítulo tem como propósito abordar conceitos e medidas de proteção contra

choques elétricos aplicados a estabelecimentos de saúde, de acordo com as normas vigentes.

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66

6.2.1 Aterramento

De acordo com a NBR 5410 (2004) o aterramento é fundamental para garantir o

funcionamento apropriado dos sistemas de proteção contra choques elétricos. Segundo Cotrim

(2009) aterramento é “ligação elétrica intencional e de baixa impedância com a terra (solo).

Ainda, de acordo com Creder (1991) o aterramento tem como objetivo “estabelecer uma

referência para a rede elétrica e permitir o fluxo para a terra de correntes elétricas de naturezas

diversas tais como correntes de raios, descargas eletrostáticas, corrente de filtros, supressores,

de surto e pára-raios de linha, e correntes de curto-circuito para a terra”.

Em ambientes ligados à saúde, o projeto de aterramento deve ser de grande eficiência,

garantindo confiabilidade, segurança e qualidade no fornecimento de energia elétrica,

principalmente se tratando dos equipamentos eletromédicos. Além disso, com um projeto de

aterramento eficiente mantêm-se os potenciais produzidos pelas correntes de falta dentro do

limite de segurança, sem causar fibrilação no coração do paciente, garante melhor

sensibilidade aos equipamentos destinados à proteção, e proporciona um caminho de

escoamento de cargas atmosféricas para a terra (KINDERMANN, 2005).

Nas instalações elétricas são considerados dois tipos de aterramento:

Aterramento funcional: ligação à terra de um dos condutores do sistema,

normalmente é utilizado o neutro, e relaciona-se com o correto e seguro funcionamento da

instalação (COTRIM, 2009).

Aterramento de proteção: ligação à terra das massas e dos elementos estranhos

à instalação, visando proteger contra choques elétricos por contato indireto (COTRIM, 2009).

A NBR-5410 (2004) aborda exemplos, que serão mostrados a seguir, de esquemas de

aterramento para sistemas elétricos trifásicos que são normalmente utilizados. Uma mesma

instalação pode eventualmente abranger mais de uma edificação. As massas devem

necessariamente compartilhar o mesmo eletrodo de aterramento, se pertencentes a uma

mesma edificação, mas podem, em princípio, estar ligadas a eletrodos de aterramento

diferentes.

a.1) Esquema TN

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67

No esquema TN (figura 25), um ponto de alimentação, que em geral é o neutro, é

rigorosamente aterrado e as massas dos equipamentos elétricos são ligadas a esse ponto

através de um condutor metálico (FREITAS, 2013).

Esquema TN-S

Neste esquema, o condutor neutro e o condutor de proteção são diferentes (N e

PE). Ele deve ser enfatizado entre os outros sistemas TN porque sua operação normal,

todo o condutor PE sempre estará praticamente no mesmo potencial do aterramento da

fonte, com tensão zero ou quase próximo a esse valor. (CALAVIN e CERVELLIN,

2006)

É utilizado quando a distância entre a carga e a fonte não é muito grande, e sua

proteção deve ser garantida por dispositivos DR (diferencial- residual) que detectam a

corrente que escoa pela terra (FREITAS, 2013).

Figura 25- Esquema de ligação TN-S.

Fonte: Cavalin e Cervellin (2006).

Esquema TN-C

As funções do neutro e de proteção são proporcionadas em um único condutor (PEN)

(figura 26).

Nesse sistema a tensão do condutor PEN junto da carga não é igual a zero, porque há

correntes de carga (incluindo harmônicas) e de desequilíbrio voltando pelo neutro, produzindo

quedas de tensão ao pelo condutor PEN. Consequentemente, as massas dos equipamentos

elétricos não apresentam mesmo potencial do aterramento da fonte. Desta forma,

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68

permanentemente haverá uma diferença de potencial entre a mão e o pé do usuário que toca o

equipamento elétrico. Além de tudo, também existe o perigo de perda do condutor neutro,

quando o potencial do condutor de fase transfere para a massa da carga, trazendo risco a

segurança humana (CALAVIN e CERVELLIN, 2006).

Figura 26- Esquema de ligação TN-C.

Fonte: Cavalin e Cervellin (2006).

Esquema TN-C-S

As funções de neutro e de proteção são combinadas em um único condutor em uma

parte da instalação (CALAVIN e CERVELLIN, 2006) (figura 27).

Figura 27- Esquema de ligação TN-C-S.

Fonte: Cavalin e Cervellin (2006).

a.2) Esquema TT

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69

Neste esquema as correntes de falta direta fase-massa são menores que a corrente de

curto-circuito, mas que também podem se tornar. Este esquema apresenta um ponto de

alimentação diretamente aterrado, com as massas da instalação conectadas a eletrodos de

aterramento eletricamente diferentes do eletrodo de aterramento da alimentação (CALAVIN e

CERVELLIN, 2006) (figura 28).

Figura 28- Esquema de ligação TT.

Fonte: Cavalin e Cervellin (2006).

a.3) Esquema IT

É o esquema em que todas as partes vivas possuem isolação da terra ou então um

ponto da alimentação é aterrado pela de impedância. As massas da instalação são aterradas,

observando dois aspectos: massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da

alimentação, caso exista ou massas aterradas em eletrodo(s) de aterramento próprio(s) (figura

29).

Trata-se de uma ligação em que o trajeto de uma corrente vinda de uma falta fase-

massa insere a terra e que a alta impedância deste trajeto limita o valor da corrente de curto-

circuito. Também, a corrente de curto-circuito consiste da eficiência do aterramento da fonte e

da massa, pois se o aterramento não for de qualidade, poderá apresentar demora na sua

atuação, causando risco a segurança humana.

Sua utilização se torna possível e apropriada quando a fonte de alimentação e a carga forem

muito afastadas entre si, sendo muito aplicada em ambientes ligados a saúde (CALAVIN e

CERVELLIN, 2006).

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Figura 29- Esquema de ligação IT.

Fonte: Cavalin e Cervellin (2006).

Para um sistema de aterramento atender os objetivos propostos, é necessário levar em

conta parâmetros da instalação e do solo.

A implantação desse sistema se dá através de condutores de proteção que ligam as

massas dos equipamentos e elementos condutores estranhos à instalação aos eletrodos de

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aterramento. Os eletrodos de aterramento possuem um condutor ou mais em contato direto

com a terra, podendo ser construído uma malha de terra, os quais são ligados ao terminal de

aterramento.

Em um projeto eficiente de aterramento o primeiro passo é estabelecer o tipo de

sistema desejável. Em projetos hospitalares normalmente são utilizadas malhas de terra para

aterramento geral da instalação. Também é necessário definir os locais que serão instalados os

sistemas de aterramento, que depende da posição que estarão dispostos os equipamentos e

outras instalações essenciais.

Outro fator que deve ser levado em conta durante a projeção é o solo. De acordo com

Cotrim (2009), os solos possuem normalmente composição básica de materiais isolantes,

como é o caso de silicatos e óxidos, tendo a presença também de água e sais minerais e o

carbono derivado da decomposição dos vegetais. É através da ionização dos sais que a

corrente elétrica consegue fluir. A temperatura e umidade do solo influenciam diretamente na

resistividade do solo, sendo solos arenosos normalmente de maior resistividade e solos com

resíduos vegetais menor resistividade.

Finalmente, um projeto de aterramento deverá ser dimensionado seguindo resultados

de medições e requisitos mínimos de operação, previstos na NBR-5410, de maneira funcional

e com a máxima segurança.

6.2.2 Proteção Básica

Segundo a ABNT (2004), proteção básica é um “meio destinado a impedir contato

com partes vivas perigosas em condições normais”, ou seja, é uma proteção que corresponde

aos contatos diretos. As partes vivas carecem de completa isolação que só consiga ser removida por

meio de destruição.

Os dispositivos montados em indústrias ou aqueles que são utilizados nas instalações elétricas

são diferenciados, segundo a ABNT (2004):

Dispositivos montados em indústrias devem possuir isolação atendendo às

descrições básicas a esses componentes;

Outros dispositivos carecem de isolação que suporte ações mecânicas,

químicas, elétricas e térmicas.

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72

A isolação básica de uma parte viva pode ocorrer através do uso de barreiras ou

invólucros e por limitação da tensão. Para o uso de barreiras ou invólucros, estes deverão ser

fixados firmemente e apresentar durabilidade e robustez para preservar os graus de proteção

exigidos e a separação adequada das partes vivas, levando-se em conta as condições de

influências externas pertinentes. Além disso, devem seguir algumas recomendações (ABNT,

2004):

Deverá assegurar que as pessoas sejam informadas de que as partes acessíveis

através da abertura são vivas e não sejam tocadas propositalmente;

Possuir o mínimo compatível com a necessidade de substituição da parte

consumível ou de funcionamento apropriado do dispositivo ou equipamento.

Quanto a isolação básica por limitação de tensão, a diferença de potencial é restringida

a valores seguros de operação (extra baixa tensão). Os sistemas de extra baixa tensão são

classificados e especificados como:

SELV (Separated extra-low voltage): “sistema de extra baixa tensão que é

eletricamente separado da terra, de outros sistemas e de tal modo que a ocorrência de uma

única falta não resulta em risco de choque elétrico” (ABNT, 2004).

PELV (Protected extra-low voltage): “sistema de extra baixa tensão que não é

eletricamente separado da terra, mas que preenche, de modo equivalente, todos os requisitos

de um SELV” (ABNT, 2004).

FELV (Functional extra-low voltage): qualquer outro circuito de extra baixa

tensão que não preenchem os requisitos de um circuito SELV ou PELV.

Para instalações elétricas em EAS, locais condizentes ao grupo 1 e grupo 2 (anexo C),

é pertinente utilizar proteção SELV ou PELV, que não deverá exceder tensão normal de 25

VCA (valor eficaz) ou 60 VCC (sem ondulação). Além disso, a proteção FELV só deverá ser

utilizada em locais do grupo 0 (ABNT, 1995).

6.2.2.1 Proteção Supletiva

A proteção supletiva é o “meio destinado a suprir a proteção contra choques elétricos

quando massas ou partes condutivas acessíveis tornam-se acidentalmente vivas“ (ABNT,

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73

2004), corresponde ao conceito de “proteção contra contatos indiretos”. São exemplos de

proteção supletiva:

a) Equipotencialização e Seccionamento Automático

Segundo a ABNT (2004):

A eqüipotencialização e o seccionamento automático da alimentação se completam,

de forma indissociável, porque quando a eqüipotencialidade não é o suficiente para

impedir o aparecimento de tensões de contato perigosas, entra em ação o recurso do

seccionamento automático, promovendo o desligamento do circuito em que se

manifesta a tensão de contato perigosa.

a.1)Equipotencialização

A ligação equipotencial é uma ligação elétrica que coloca as massas e elementos

condutores praticamente no mesmo potencial. O conceito de equipotencialização ao contrário

do aterramento, não envolve diretamente o solo, mas está relacionado ao objetivo de

colocarmos todas as massas e elementos condutores no mesmo potencial entre si,

independente do potencial em relação ao solo (COTRIM, 2009), ou seja, impedir a origem de

diferenças de potenciais entre duas partes metálicas, que regularmente não pertencem à

instalação elétrica.

A NBR 5410 (2004) exige que “cada edificação deve ser realizada uma

equipotencialização principal” reunindo alguns elementos que serão citados a seguir

(CAVALIN e CERVELLIN, 2006):

Necessita a existência na edificação armaduras de concentro armado e demais

estruturas metálicas;

Em tubulações e estruturas metálicas associadas à água, gás combustível,

esgoto, ar comprimido, vapor, sistema de condicionadores de ar, entre outros;

Os condutores metálicos das linhas de energia e de sinal que entram e/ou saem

da construção, assim como as blindagens, armações, coberturas e capas metálicas de cabos de

linha;

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74

Os condutores de proteção das linhas de energia e de sinal que entram e/ou

saem da edificação e condutores de interligação provenientes de outros eletrodos de

aterramento existentes ou provável no retorno da edificação;

Os condutores de interligação resultantes de eletrodos de aterramento de

construções nas imediações, nos casos em que essa relação for necessária ou recomendável;

O condutor neutro da alimentação elétrica, exceto se não existente ou se a

edificação tiver que ser alimentada, em esquema TT ou IT (que serão descritos adiante);

O(s) condutor(es) de proteção principal(is) da instalação elétrica (interna) da

edificação.

Conforme a norma NBR – 13534 a ligação equipotencial deverá estar presente em

locais de grupos 1 e 2, a fim de uniformizar diferenças de potencial de barra dos condutores

de proteção, elementos condutores estranhos, interferências eletromagnéticas, malha de pisos-

semi condutivos, massa de equipamentos, entre outros.

O conceito de equipotencialização é divido em dois tipos, sendo elas principais e

locais. A equipotencialização principal é um dispositivo que conta com um condutor de

aterramento, um condutor de proteção principal e também condutor de equipotencialidade

principal. Esse dispositivo normalmente é instalado junto ou próximo ao ponto de entrada da

fonte de alimentação da edificação e deverá conter um barramento de equipotencialização

principal (BEP), essencial para que todos os itens citados acima possam ser ligados de forma

direta ou indireta. Além disso, deverá fornecer conexão elétrica e mecânica de forma segura e

confiável. O barramento PE (proteção equipotencial), que tem a finalidade de permitir o

escoamento das correntes de fuga e/ou falta de instalação, podem acumular função de BEP

dentro do quadro de distribuição principal, contanto que este quadro esteja localizado o mais

próximo do ponto de entrada da linha elétrica na edificação (CAVALIN e CERVELLIN,

2006).

Por outro lado, a equipotencialização local é importante na proteção contra choques e

razões funcionais, que incluem prevenção contra perturbações eletromagnéticas que ligam

massas e/ou elementos condutores diferentes à instalação (CAVALIN E CERVELLIN, 2006).

a.2) Seccionamento automático

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75

A proteção por seccionamento automático é a melhor medida de proteção supletiva

contra contatos indiretos. Aplica-se no intuito de impedir que uma tensão de contato (Ub)

maior que a tensão de contato-limite (Ul), se sustente a fim de que possa resultar em riscos

fisiológicos fatais para os seres humanos. Essa proteção constitui-se em principalmente em

duas condições (figura 30)(COTRIM, 2009):

Presença de um trajeto para a corrente de falta fase-massa (If) onde a

composição depende do tipo de esquema de aterramento adotado (TN, TI ou TT).

Seccionamento da corrente de falta por um elemento de proteção adequado,

intervindo em um tempo adequado.

Para o primeiro item, é necessária a existência de ligações de todas as massas da

instalação a uma “infraestrutura de aterramento” de proteção, viabilizando a formação de um

caminho para uma corrente de falta fase-massa que possa vir aparecer. Este trajeto da corrente

de falta advém do esquema de aterramento utilizado. O segundo item impõe a instalação de

elementos de proteção com características específicas com base no esquema de aterramento

adotado (COTRIM, 2009).

O elemento de proteção deve seccionar automaticamente a alimentação do circuito ou

do equipamento que ele protege por um tempo ideal, sempre que houver falta (entre parte viva

e massa ou entre parte viva e condutor de proteção) no circuito ou equipamento originar a

uma tensão de contato maior que um valor ideal da tensão de contato limite Ul (que dependem

de situações de influências externas) (COTRIM, 2009).

Figura 30- (a)Proteção Contra Contatos Indiretos por Seccionamento Automático; (b) Dispositivo de

Proteção (DP) percorrido pela corrente Ia, atua num tempo t, determinado de Ub.

Fonte: Cotrim (2009).

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76

Cada esquema de aterramento possui tempos de seccionamento indicados, porém, este

tempo não deve ser superior a 5 segundos, independente do esquema de aterramento para

circuitos de distribuição e circuitos terminais exclusivos para alimentação de equipamentos

fixos, desde que uma falta no circuito não se propague em equipamentos portáteis ou móveis

que são deslocados manualmente enquanto operam. Se, na aplicação de seccionamento

automático, não for possível atender aos tempos de seccionamento máximo indicado, deve-se

então realizar equipotencialização suplementar (COTRIM, 2009).

b) Isolação Suplementar

A isolação suplementar é uma isolação providas por uma isolação reforçada entre

partes vivas e partes acessíveis. A aplicação desta medida como única medida de proteção só

é aceita caso for providenciadas ações que garantam eventuais alterações posteriores sem

comprometer a efetividade da medida. Também, não é permitido a aplicação da isolação

dupla ou reforçada como única proteção em linhas que incluam pontos de tomada (ABNT,

2004).

O uso da isolação reforçada como método de proteção pode ser visto em componentes

que já estão providos de isolação reforçada ou então componentes em que a isolação

reforçada é feita durante a execução da instalação (ABNT, 2004).

6.2.3 Proteção Adicional

Segundo ABNT (2004), a proteção adicional é definida como:

meio destinado a garantir a proteção contra choques elétricos em situações de maior

risco de perda ou anulação das medidas normalmente aplicáveis, de dificuldade no

atendimento pleno das condições de segurança associadas a determinada medida de

proteção e/ou, ainda, em situações ou locais em que os perigos do choque elétrico

são particularmente graves.

Alguns exemplos como equipotencializações suplementares e uso de proteção

diferencial-residual de alta sensibilidade são exemplos de proteção adicional contra choques

elétricos (ABNT, 2004).

Os Dispositivos diferencial residual (DR) protegem contra os efeitos danosos das

correntes de fuga à terra assegurando uma proteção eficiente para a vida dos usuários e dos

equipamentos envolvidos. A NBR-5410 define especificamente a proteção de pessoas contra

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77

os perigos dos choques elétricos que podem ser fatais, através do uso do Dispositivo DR com

alta sensibilidade menores ou igual a 30mA. Além disso, esses disjuntores são ideais para

minimizar o desperdício de energia por fuga excessiva, controlando o isolamento da

instalação, assegurando maior qualidade e segurança da instalação, além de proporcionar

maior proteção à vida humana.

Esses componentes devem ser utilizados obrigatoriamente segundo a NBR-5410, nos

seguintes casos:

Locais que contenham banheira ou chuveiro e qualquer que seja o esquema de

aterramento;

Circuitos que sirvam pontos de utilização situados em locais com banheira ou

chuveiro;

Circuitos que alimentem tomadas de correntes situados em áreas externas à

edificação

Circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam vir

alimentar equipamentos no exterior;

Circuitos que, em locais de habitação e em edificações não residenciais, sirvam

de pontos de utilização situados em cozinhas, copas, lavanderias áreas de serviços, garagem e

demais dependências internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens.

Em circunstâncias de falhas na isolação, as correntes de fuga passam à fonte de tensão.

Os disjuntores ou interruptores diferenciais percebem e captam a corrente de fuga e se

desligam, quando ultrapassam a corrente nominal de fuga, apresentando ainda uma garantia

da qualidade da instalação, por não admitirem correntes de fuga ou de faltas excessivas,

auxiliando para a diminuição das perdas por efeito joule, o que colaborando para a

preservação de energia (CAVALIN e CERVELLIN, 2006).

6.3 Equipamentos Eletromédicos

Neste ponto serão tratados conceitos relevantes, especificados em normas, quanto a

segurança de equipamentos eletromédicos, com o intuito de garantir o correto desempenho

das práticas nas instalações elétricas de ambientes ligados a saúde, permitindo que apresentem

confiabilidade na operação e não ofereçam riscos de acidentes a todos os envolvidos.

Page 78: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

78

Muitos estudos envolvem a ocorrência de problemas com equipamentos eletromédicos

associados à sua instalação, manuseio, treinamentos e assistência técnica. Por isso, deve ser

garantido um programa de prevenção e manutenção dentro do EAS, assegurando maior

qualidade aos equipamentos e ao serviço prestado. O programa deve atender a critérios de

dimensionamento e aquisição, de acordo com as normas nacionais e internacionais de

equipamentos eletromédicos, observando padrões mínimos e a sua confiabilidade, além do

treinamento da equipe que irá operar e realizar as manutenções.

6.3.1 Classificação

Como já mencionado, a norma que regulamenta a segurança elétrica dos equipamentos

eletromédicos é a NBR IEC 60601-1 (2010). Seguindo esta norma, os equipamentos são

classificados e identificados através dos seguintes aspectos.

a) Tipo de proteção contra choques elétricos

a.1) Equipamento energizado por fonte de alimentação elétrica externa:

Equipamentos do grupo 0: são equipamentos convencionais utilizados em

ambientes que não são aplicados equipamentos eletromédicos alimentados pela rede, como

por exemplo, telefone, microondas, geladeira, entre outros.

Equipamento do grupo 1: a proteção contra choque elétrico não se baseia

somente no isolamento básico, incorpora também precaução de segurança adicional, criando

um recurso de conexão do equipamento ao condutor de aterramento da instalação,

impossibilitando que partes metálicas acessíveis possam ficar sob tensão, na ocorrência de

uma falha na isolação básica (ABNT, 2010), como por exemplo, equipamento de hemodiálise,

aparelhos sem procedimentos intracardíacos, aparelhos destinados à fisioterapia.

Equipamento do grupo 2: equipamento cuja proteção contra choque elétrico

não se sustenta apenas no isolamento básico, incorporando precauções de segurança

adicionais (isolação dupla ou isolação reforçada), sem abranger recursos de aterramento para

proteção, e necessitar das condições de instalação, por exemplo, qualquer aparelho destinado

a procedimentos intracardíacos e que sustentem a vida humana, como balões de oxigênio,

ventilador pulmonar (ABNT, 2010).

Page 79: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

79

a.2) Equipamento energizado internamente: admite uma fonte interna responsável pela

alimentação do mesmo (ABNT, 2010).

b) Grau de proteção contra choques elétricos

A classificação em relação ao grau de proteção contra choques elétricos apresenta o

conceito de “parte aplicada” que necessita de definição para sua melhor compreensão. De

acordo com a ABNT (2010) é “uma parte do equipamento que em utilização normal

necessariamente entra em contato físico com o paciente para que o mesmo realize sua função;

ou pode entrar em contato com o paciente; ou precisa ser tocada pelo paciente”.

A parte aplicada tem um conceito que se aplica a este item, o tipo F. O tipo F é uma

parte aplicada, que está separada eletricamente das demais partes do equipamento, sendo

eletricamente flutuante, possuindo um grau que não ultrapasse o valor admissível da corrente

de fuga através do paciente sob condições de falha, ou seja, uma tensão não intencional

originada de uma fonte externa é conectada ao paciente e, através disso, executada entre a

‘parte aplicada’ e o terra (ABNT, 2010).

Com isso, os equipamentos eletromédicos são classificados de acordo com o grau de

proteção contra choques elétricos:

Equipamento tipo B: proporciona grau de proteção especial contra choque

elétrico, principalmente em relação à corrente de fuga aceitável e confiabilidade da conexão

de aterramento para proteção (caso exista) (ABNT, 2010). É pertencente aos grupos 1 e 2 e

adequado para aplicações intencionais internas e externas ao paciente, com exceção de

aplicações cardíacas diretas (MONTE, 1993);

Equipamento de tipo BF: equipamento tipo B com uma parte aplicada tipo F

(ABNT, 2010). São equipamentos também pertence aos grupos 1 e 2, como por exemplo,

equipamentos com ou sem conexão intencional ao paciente, mesas de raio-X, cadeiras

odontológicas, estimuladores e bisturis elétricos (MONTE, 1993);

Equipamento de tipo CF: proporciona grau de proteção superior ao do

equipamento de tipo BF contra choque elétrico, especialmente em relação às correntes de fuga

aceitáveis, e que possui uma parte aplicada tipo F (ABNT, 2010). Este tipo de equipamento

pertence aos grupos 1 e 2 e é destinado à aplicação cardíaca direta, apresentando elevadíssimo

grau de proteção contra choque elétrico.

Page 80: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

80

6.4 Instalação Elétrica Hospitalar

A função de projetar um sistema elétrico hospitalar requer confiança e qualidade de

modo a proporcionar a maior segurança desde a fonte geradora de energia, dispositivos que

serão alimentados e principalmente pessoas envolvidas direta e indiretamente.

(MCPARTLAND, 1978)

Para a execução de um projeto elétrico são necessárias as plantas da instalação,

diagramas unifilares, esquema de prumadas, detalhes de instalação, esquemas elétricos, lista

de material e todos os itens sejam corretamente especificados. Além disso, outros cuidados

devem estar presentes na concepção e execução do projeto como, por exemplo, habilitação,

conhecimento da tecnologia em equipamentos eletrônicos e eletromédicos, abrangência das

normas, padronizações e, por fim, uma especificação dos componentes adequada e condizente

com a realidade. É essencial também que os responsáveis técnicos estejam certificados e

habilitados a guiar o projeto, além de possuírem experiência em edificações do tipo a ser

construído.

Relacionado a estes pontos é relevante entender a atual tecnologia e a segurança

envolvida com a presença dela no ambiente, criando condições de flexibilidade no sistema e

para um futuro crescimento de cargas e com isso proporcionando uma instalação propícia a

sustentar condições de mudanças com total segurança. O crescimento de cargas e alterações

para suprir o avanço da tecnologia precisa que os elementos que constituem a instalação,

como eletrodutos, condutores, subestações, chaves, esquemas e dispositivos de ligação,

apresentem capacidade nominal para suportar mudanças futuras alterações no projeto,

permitindo que as linhas e circuitos elétricos tenham capacidade de atender a estes requisitos,

evitando tubulações completamente cheias ou circuitos operando com a máxima carga,

quando já não sobrecarregados.

Projetar eletricamente envolve muitos conhecimentos e entendimentos a cerca de

fórmulas, normas, técnicas de instalações e padronizações, combinando todos esses elementos

para gerar um projeto harmonioso, com possibilidades de concepção de soluções

diversificadas e passível de adaptação a novas necessidades. A padronização dos

equipamentos e dispositivos deve ser aproveitada ao máximo, pois resulta em economia na

aquisição destes e facilita a execução e o suporte técnico destas instalações.

Page 81: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

81

Por isso, é indispensável que antes de qualquer projeto elétrico, se faça um estudo

detalhado de todos os pontos de consumo de energia para que a edificação seja conhecida,

idealizada e preparada com total estabilidade.

A fonte de alimentação pode advir da concessionária de energia ou da geração própria.

Quando alimentado por concessionárias, dependendo da carga total, é necessário aprovação

da mesma, exigindo o conhecimento das normas e requisitos que cada concessionária

abrange.

Em suma, a instalação elétrica é uma etapa extremamente importante de qualquer

construção, e deve ser preocupação de todos os profissionais envolvidos, objetivando um bom

planejamento da instalação.

O projeto objetiva, principalmente, responder a circunstâncias diferentes: maneira de

fornecer energia elétrica da rede de distribuição até os pontos de utilização de forma segura,

sendo que “a vantagem na elaboração do projeto elétrico está ligada ao aspecto de segurança

(da instalação e dos usuários), precisão (racionalidade) na execução da instalação, bem como

a sua funcionalidade” (CAVALIN e CERVELLIN, 2006).

Instalações elétricas em estabelecimentos assistenciais de saúde são designadas

especiais, pois alimentam cargas críticas de circuitos com a finalidade de sustentar e

monitorar a vida de pacientes. Portanto, é necessário projetar adequadamente a instalação

elétrica, com cuidado especial para a distribuição dos circuitos elétricos.

A fim de maior garantia em um projeto de excelência para as instalações hospitalares é

essencial acompanhar as normas vigentes, sendo algumas apresentadas ao decorrer do

capítulo.

6.4.1 Normatização

Ao se projetar sistemas elétricos hospitalares, é importante ter mão de obra

qualificada, com formação técnica na área e habilitação regulamentada junto ao CREA, além

de possuir experiência na elaboração de projetos para ambientes hospitalares.

A fim de garantir que as instalações elétricas atinjam um patamar inquestionável

quanto sua eficiência e segurança, órgãos regulamentadores tem elaborado conceitos, normas

e procedimentos para padronizar as instalações elétricas no Brasil.

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82

O órgão responsável por estruturar e criar normas técnicas rereferentes às instalações

elétricas é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), junto com o Comitê

Brasileiro de Eletricidade (COBEI), que tem papel na normatização do setor Eletroeletrônico.

A principal norma de instalações elétricas em baixa tensão é a NBR- 5410, com última

atualização em 2004, que regulamenta os tipos de instalações elétricas de baixa tensão. Junto

a esta norma, outras vêm como complemento para determinar instalações específicas.

Para instalações elétricas hospitalares, devem ser considerados vários procedimentos e

ambientes diferentes reunidos num mesmo local. Para isso várias normas técnicas devem ser

tomadas como apoio durante um projeto de um EAS, por exemplo, quanto a climatização e

luminotécnico. Segue abaixo as principais:

NBR - 5410 (2004): Instalações Elétricas de Baixa Tensão: Firma requisitos

que devem ser estabelecidos e mantidos nas instalações alimentadas sob uma tensão nominal

igual ou inferior a 1000 V em CA, com frequências menores que 400 Hz ou a 1500 V em CC,

para garantia de um bom funcionamento, segurança das pessoas e animais, e preservação de

bens.

NBR - NBR ISO CIE 8995-1 (2013): Iluminação de Ambientes de Trabalho:

Nesta norma são indicados os níveis iluminamento médios nos serviços com iluminação

artificial de interiores.

NBR - 13534 (1995): Instalações Elétricas em Estabelecimentos Assistenciais

de Saúde: Requisitos para segurança em ambientes ligados à saúde.

NBR - IEC 60079-14 (2006): Equipamentos Elétricos para Atmosferas

Explosivas: requisitos específicos para o projeto, seleção e construção de instalações elétricas

em atmosferas explosivas de gás.

NBR - 5419 (2015): Proteção de Edificações Contra Descargas Atmosféricas:

Requisitos mínimos exigidos para projetos e instalações de para-raios comuns em edificações.

NBR - 10898 (2013): Sistema de Iluminação de Emergência: Indica exigências

mínimas para que a iluminação de emergência a ser projetada em edifícios altos com

afluência de público assegure visibilidade adequada para movimentação segura em qualquer

circunstância de emergência.

NBR - IEC 60601-1 (2010): Equipamentos Eletromédicos- Prescrições para

Segurança.

NBR - 13570 (1996): Instalações elétricas em locais de afluência de público.

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83

NBR - 7256 (2005): Tratamento de Ar em Estabelecimentos Assistenciais de

Saúde: Requisitos para projeto e execução das instalações de ar, como ventiladores,

condicionadores de ar.

As normas descritas acima são as principais em instalações elétricas e devem fazer

parte do embasamento de um projeto de instalação elétrica de qualquer estabelecimento,

inclusive os de assistência à saúde. Algumas normas são básicas e um tanto redundantes, por

isso é importante que seja analisado e projetado de acordo com o melhor método para o local

destinado, a fim de se obter uma melhor qualidade. É importante também verificar as normas

editadas pela concessionária de energia, que podem variar de estado para estado.

Para os EAS, praticamente todas as normas acima se fazem presentes, lembrando que

as instalações destes ambientes devem estar voltadas para a manutenção da vida, reforçando

ainda mais a segurança, adaptando-os para as reais necessidades.

6.4.2 Classificação dos Ambientes Hospitalares

Os locais de um hospital para fins médicos, do ponto de vista elétrico, são divididos

em três grupos. Esta classificação é necessária para assegurar que o dimensionamento das

instalações para estes locais atendem por completo às necessidades elétricas de funcionalidade

e segurança de equipamentos, e com o intuito de evitar avaliações incorretas quanto a que

atividades realmente serão desenvolvidas nestes ambientes.

Os três grupos previstos na norma ABNT (1995) para enquadramento dos locais de

um hospital, é relacionado à classificação dos equipamentos, já mencionados, que podem vir a

ser utilizados no local e se encontra no anexo C.

6.4.3 Sistema Elétricos em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde

O sistema de energia elétrica, bem como seu fornecimento, é uma das partes mais relevantes

num projeto hospitalar, sendo responsável por manter em funcionamento todos os sistemas e

equipamentos do complexo hospitalar, alimentando-os para que esses operem corretamente.

O sistema básico elétrico de um hospital necessita de alimentação. Para que o

fornecimento dessa energia opere em condições normais, é essencial saber as normas

Page 84: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

84

exigentes da concessionária local para que seja determinado o tipo de sistema de

distribuição e de entrada (FREITAS, 2013).

A Figura 31 expõe um esquema básico do sistema elétrico hospitalar.

Figura 31- Sistema elétrico Hospitalar, onde C.P= Concessionária Pública; G= Gerador.

Fonte: Castellari (2016).

6.4.3.1 Fornecimento de Energia

Para esta etapa do projeto, é necessário saber os padrões adotados pela concessionária

local, com o intuito de determinar (FREITAS, 2013):

Tipo de sistema de distribuição e de entrada;

Neste caso, segundo a norma 2855 da CPFL (2012) uma concessionária exclusiva do

território brasileiro, adota distribuição trifásica de energia elétrica em média tensão, indicando

tensões nominais de 15kV, 25kV e 34,5kV, para unidades consumidoras com carga instalada

maior que 75 kW, por meio de subestações individuais ou coletivas.

Localização da entrada de energia;

Tensão de fornecimento;

Padrão de entrada e medição a ser utilizado, em função da potência instalada,

das condições de fornecimento e do tipo de prédio;

Nível de curto-circuito no ponto de entrega;

Esquema de aterramento.

Page 85: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

85

6.4.3.2 Subestação Rebaixadora de Tensão

A Subestação elétrica é destinada ao rebaixamento da tensão oferecida pela

concessionária para as tensões de alimentação das cargas elétricas do hospital que

podem ser de 380V, 220V e 127V. Neste local também existem os quadros gerais de

baixa tensão que fazem a distribuição primária das categorias e classes de energia

normal, emergência e nobreak (CREDER, 1991).

No projeto da subestação devem ser especificadas as potências instaladas e as

potências de alimentação da instalação, apresentando de maneira geral e dos setores e

subsetores, onde a maioria já foram determinadas durante a análise inicial do projeto e

agora só precisam ser direcionados, caracterizados e marcados na planta (SILVA,

2013):

Tensões de fornecimento da concessionária;

Tensões nominais e potências dos equipamentos previstos;

Existência de equipamentos especiais, como por exemplo, ressonância

magnética e Raios-X;

Distâncias entre o ponto de entrega da concessionária e os centros de carga

principais e entre eles e os centros de carga secundários.

6.4.3.3 Sistema de Geração e Cogeração de Energia

As fontes de energia essenciais para alimentar diferentes locais do hospital de modo

seguro estão apresentados e divididos de acordo com a necessidade de cada classe, no quadro

1.

Page 86: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

86

Quadro 1- Classificação dos Serviços de Segurança para EAS.

Fonte: Castellari (2016).

Para a geração de energia elétrica de maneira alternativa são utilizadas as principais

formas apresentadas a seguir.

a) Sistema de energia elétrica normal

Esse tipo de sistema é concedido pela concessionária local, utilizadas em locais como

baixa responsabilidade, como por exemplo, tomadas de uso geral e iluminação, para

ambientes comuns dentro do hospital. Também, não apresentam qualquer tipo de

tratamento (COUTINHO).

b) Sistema de energia elétrica de emergência e ininterrupta

A falta de energia elétrica em um ambiente hospitalar pode trazer drásticas

consequências tanto para o paciente quanto para o equipamento e profissionais envolvidos,

por isso se faz necessário o máximo de cuidado durante a especificação e execução do

projeto, além de um sistema de suporte para eventuais emergências.

A norma da ABNT (1995) classifica de acordo com o tempo de comutação a

alimentação de segurança com que equipamentos do local em questão devem ser providos,

apresentados no quadro 2.

Page 87: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

87

Quadro 2- Classes de alimentação de segurança.

Fonte: ABNT (1995).

A previsão de um sistema de emergência de um ambiente hospitalar está contida na

NBR- 13534, exigindo que esta esteja presente caso ocorra falta de fornecimento de energia,

com tempos menores que 0,5 segundos até 15 segundos e em tempos superiores a 15

segundos. Para isso, o sistema deverá apresentar pelo menos três características de

funcionalidades diferentes. Além disso, caso ocorra uma queda de tensão maior que 10% da

tensão nominal em uma das fases ligadas a esse sistema, fugindo dos limites de tempo

impostos, o sistema de emergência deverá atuar.

Para sistemas que se enquadrem na classe de 15 segundos, é necessário um gerador

com partida automática e maiores que 15 segundos se torna necessário somente a utilização

de um gerador (CASTELLARI, 2016). Na maioria dos hospitais os geradores são do tipo

diesel-elétrico. Estes alimentam uma grande quantidade de carga, e por serem de grande porte

e apresentarem inércia em alguns componentes, que apesar de trabalharem ininterruptamente,

não conseguem atuar imediatamente no sistema, tornando ineficaz para locais de classe 0,5

segundos, podendo ser utilizados em sistemas de ventilação, elevadores, comunicação,

iluminação de suporte, entre outros.

Os Nobreak ou “UPS” (Uninterruptible Power Supply) é um sistema emergencial

ininterrupto utilizado em áreas que necessitem de energia elétrica de alta qualidade e

confiabilidade como, por exemplo, centros cirúrgicos e UTIs, de classe 0 segundo, 0,5

segundo e menor que 0,15 segundos, além de ser utilizado para alimentar equipamentos

críticos em relação a sua eficiência quanto à falta de energia elétrica e devem estar ligado ao

sistema de energia emergencial, sendo alimentado por duas fontes de energia, no caso a

concessionária e o sistema de geradores (COUTINHO).

Page 88: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

88

Os Nobreak possuem bancos de baterias autônomas, retificadores e inversores, que

não deixam ocorrer a interrupção da transferência de energia. São de alta qualidade, sem

variação de tensão, frequência e outros transtornos causados no sistema elétrico padrão,

estando condicionada a eliminar todas as influências externas (COUTINHO). Segundo Monte

(1993), pelo menos a UTI e centros cirúrgicos deveriam possuir Nobreaks como fonte

emergencial.

Os sistemas que apresentam Nobreak devem fornecer energia por pelo menos 1 hora

para o caso de luminárias cirúrgicas estarem atuando e possuírem fontes próprias de

segurança. Se ocorrer dessas luminárias não apresentarem fontes próprias de segurança, a

energia de suprimento do Nobreak deverá aumentar para no mínimo 3 horas.

A grande vantagem de se empregar sistemas no-breaks é relacionado a garantia de

energia ininterrupta aos locais específicos, além de que após a entrada da atuação do sistema

de gerador, os circuitos podem ser ligados a este sistema, diminuindo as necessidades de

capacidade dos Nobreak e, por consequência, minimizando custos.

Conforme a NBR-13534 o sistema de energia emergencial também deverá abranger

equipamentos elétricos integrados ao fornecimento de gases medicinais, exaustão de gases

anestésicos e equipamentos de monitoração.

É importante que esses sistemas emergenciais passem por manutenções

frequentemente, pois são de extrema importância para a sustentabilidade da vida humana no

ambiente em que se encontra.

6.4.4 Sistema Isolado

O sistema isolado ou esquema IT é definido segundo a ABNT (1995) como “um

sistema de alimentação que não possui conexões direta entre partes sob tensão e aterramento,

sendo as partes condutivas expostas da instalação elétrica aterradas. O esquema IT-médico

utiliza transformador de separação elétrica para fins médicos.”

Neste sistema não devem existir o neutro distribuído pela instalação, se tornando

necessário e obrigatório a utilização de dispositivo supervisor de isolamento (DSI) com alerta

sonoro e/ou visual. Assim, as massas podem ser aterradas de duas maneiras: Individualmente

(ou por grupo) com proteção igual à de sistemas TT ou coletivamente aterradas, valendo as

regras de sistemas TN (CREDER, 1991).

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89

O sistema IT-médico garante melhor funcionamento dos equipamentos, pois fornece

energia confiável, sendo que qualquer falha de isolamento, um curto-circuito à terra ou

contato com partes condutivas não irão influenciar o equipamento sustentado pela energia,

garantindo segurança à vida humana. Por conta disso, esse sistema exige requisitos mínimos e

essenciais que garantem maior confiabilidade nos locais médicos.

Em relação às correntes existentes no sistema IT, a soma da corrente de fuga entre

fase-fase é devido a uma corrente capacitiva. Essas correntes apresentam valores muito baixos

e, portanto não há perigo de choque por contato indireto. Neste esquema nenhuma parte

condutiva é aterrada ou aterrada com altas impedâncias, sendo necessário existir um

transformador de separação mono, trifásico ou trifásico com neutro. A corrente de falha no

evento de um curto para terra ou contato nas partes condutivas é baixa, portanto, não é

necessária uma desconexão. (CASTELLARI, 2016).

A presença de esquema de aterramento IT deverá existir em locais médicos

classificados no grupo 2, como sala de cirurgias, UTIs e salas de procedimento, por exemplo.

Em UTIs, por exemplo, o limite de potência do transformador determinará o limite de leitos

que irão ser alimentados e sob esta forma é determinado também a quantidade de esquemas

IT-médico para compor o ambiente (CASTELLARI, 2016).

A primeira falta à terra ou à massa é suprida, sem que haja o desligamento da energia,

permitindo continuar os procedimentos médicos sem prejudicar o trabalho da equipe médica e

o paciente. Também é indicado como forma de proteção contra contatos indiretos, o uso de

DR (FREITAS, 2013).

O esquema IT apresenta vantagens quanto ao isolamento, deixando o sistema em

perfeito estado de operação, sendo também que o condutor pode ser totalmente curto-

circuitado para a terra. A manutenção nesse tipo de sistema é facilitada através da supervisão

da resistência de isolamento (para fins de manutenção preditiva, solucionando a falha que

pode vir ocorrer) e supervisão de sistemas CC, além da possibilidade de detecção de falhas na

isolação em equipamentos com operação desligada temporariamente.

6.4.5 Previsão de Cargas

Cada equipamento de utilização precisa de uma estipulada potência requerida da

energia elétrica da concessionária, para entrar em operação. Para isso é essencial prever as

cargas do sistema. Segundo Cavalin e Cervellin (2006) “o objetivo da previsão de carga é

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90

determinar todos os pontos de utilização de energia (pontos de consumo ou carga) que terão

parte da instalação”.

6.4.6 Pontos de Utilização

6.4.6.1 Tomadas

As tomadas são classificadas de acordo com a corrente nominal das tomadas utilizadas

e pelo tipo de aparelho que irá alimentar.

De acordo com a ABNT (1995), em EAS os pontos de tomadas que compõem a

instalação de esquema IT-médico nos locais pertencentes ao grupo 2, deverão estar repartidos

em no mínimo dois circuitos independentes. Também, se no esquema IT-médico existir

pontos alimentados por esquema TN-S ou TT, os pontos compostos pelo IT-médico deverão

ser não-intercambiáveis com plugues previstos para as outras conexões (TN-S ou TT)

(ABNT, 1995).

6.4.6.2 Iluminação

Os principais requisitos para o cálculo da iluminação estão relacionados a quantidade e

qualidade da iluminação de uma determinada área. Para o cálculo de iluminação os métodos

mais utilizados são o método dos lumens e o método do ponto a ponto, levando sempre em

consideração a carga mínima exigida pela norma NBR 5410.

De acordo com ABNT (2004), os pontos de iluminação devem:

Cômodos ou dependências com área igual ou inferior a 6m2, deve ser prevista

uma carga mínima de 100VA;

Cômodo ou dependências com área superior a 6m2, deve ser prevista uma

carga mínima de 100VA para os primeiros 6m2, acrescida de 60VA para cada aumento de

4m2

inteiros.

Para aparelhos fixos de iluminação a descarga, a potência nominal deverá

incluir a potência das lâmpadas, as perdas e o fator de potência dos equipamentos auxiliares

(ABNT, 2004).

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91

6.4.6.3 Iluminação Emergencial

Segundo a ABNT (1995), as luminárias de cada rota de fuga e de cada local do Grupo

1 ou 2 devem constituir no mínimo dois circuitos independentes, um dos quais devendo ser,

obrigatoriamente, um circuito de segurança. As luminárias das rotas de fuga, deverão ser

ligadas à instalação de segurança pelo menos de forma alternada, provendo uma iluminância

mínima de 1lux, medida na linha de centro e a 0,2m acima do piso ou degraus (ABNT, 1995).

Todas as sinalizações de saída devem ser enquadradas como iluminação de segurança

e como tal projetadas e executadas (ABNT, 1995).

Os locais indicados para compor os quadros de comando e controle dos grupos

geradores, os quadros de distribuição principais da alimentação normal e os quadros

principais da alimentação de segurança deverão apresentar iluminação emergencial,

assegurando iluminância mínima, em qualquer ponto, de 15lux (ABNT, 1995).

Os locais que abrigam centrais de utilidades essências deverão existir pelo menos uma

luminária em cada local. Além disso, deverá existir uma luminária em cada local do Grupo 1

integradas à instalação de segurança. No grupo 2, todas as luminárias deverão ser integradas à

instalação de segurança (ABNT, 1995).

6.4.7 Instalações Elétricas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI)

As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) como já mencionada são locais destinados

ao tratamento e monitoramento de pacientes, que normalmente apresentam estado crítico,

estando presentes equipamentos essenciais de suporte à vida. São divididas em várias

categorias, porém as necessidades elétricas são as mesmas para qualquer uma das divisões. De

acordo com a norma NBR-13534, são locais enquadrados no grupo 2 e na classe 0,5, ou seja,

locais que requerem extrema confiança na instalação elétrica e não aceitam interrupção do

fornecimento de energia elétrica.

Devido ao alto âmbito tecnológico dos equipamentos eletromédicos, as instalações

elétricas devem ser capazes de suportar essas evoluções, atendendo com competência todas as

habilidades exigidas. Por isso, se faz necessário uma projeção que ofereça maior flexibilidade,

sempre assegurando as devidas proteções a fim de manter a segurança local, do paciente e da

equipe médica envolvida.

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92

Para estas unidades, o esquema de ligação IT-médico é o mais indicado,

principalmente para os circuitos que compõem os equipamentos, mas também é permitido a

ligação através do sistema TN-S ou o TT, e exclusivamente proibido segundo a NBR-13534 a

ligação TN-C. Também deverá apresentar um quadro de força próprio, com seu transformador

isolador para o sistema IT-médico.

Os problemas com induções eletromagnéticas nestes recintos devem também ser

considerados, visto a presença de equipamentos para exames que são fortemente

influenciados por esses problemas, como por exemplo, EMG e ECG.

Para uma completa e eficiente proteção, garantindo o máximo de segurança, o local

deverá possuir sistema de aterramento, assim como um sistema de equipotencialização, já que

no local estão presentes riscos de micro choque e macro choque, oferecendo risco direto ao

paciente. Os locais poderão ainda contar com a proteção de disjuntores termomagnéticos para

auxiliar na proteção dos equipamentos. Além disso, os circuitos de alimentação deverão ser

dimensionados observando vários aspectos, contidos nas normas vigentes mencionadas deste

trabalho.

Em relação à proteção contra contatos indiretos, sugere-se o uso de proteção por extra

baixa tensão, com tensão nominal máxima de 25V em AC ou 60V CC para amparar aparelhos

que trabalhem com estes valores de tensão.

Para circuitos que apresentem forma de ligação TN-S e TT, a proteção automática da

alimentação deverá ser realizada por DR, limitado a circuitos para unidades de raios-X e

circuitos para equipamentos que apresentem potência nominal de saída maior que 5kVA.

A fim de satisfazer um correto dimensionamento das cargas dos equipamentos, a

seletividade na proteção e exclusividade de circuitos são assuntos primordiais para tornar uma

instalação eficiente.

Em relação à quantidade de pontos de utilização de tomadas, é ideal cada leito

apresente no mínimo 15 tomadas aterradas, com padrão 2P+T, onde pelo menos e 3 tenham

tensão comercial distinta das outras. Estas deverão estar dispostas nos leitos a uma altura de

1,20m, de modo a facilitar a instalação dos equipamentos. Além disso, partes metálicas não

pertencentes à instalação deverão estar ligadas ao sistema de equipotencialização.

O dimensionamento destas tomadas deverá ser dimensionado para suportar potência

de no mínimo 400VA, para garantir melhor segurança aos equipamentos e evitar sobrecarga

dos circuitos. Cada leito deverá possuir tomadas derivadas de fases distintas, evitando que o

Page 93: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

93

leito seja desligado por queda de uma das fases. Também, os leitos deverão apresentar

circuitos únicos, para promover maior flexibilidade nas manutenções.

Cada leito também deve dispor de uma tomada para equipamentos de raios-X

portáteis, identificadas, com potência mínima de 4500VA e com circuitos únicos e aterrados.

Todas as tomadas deverão estar conectadas ao sistema emergencial, capaz de prover energia

em menos de 0,5 segundos.

Para compor a iluminação deverá ser utilizado a NBR ISO CIE 8995-1 (2013), que

estabelece valores mínimos de iluminância para cada local. É importante também que sejam

utilizadas preferencialmente lâmpadas fluorescentes ou LED para reproduzir com fidelidade

as cores, e luminárias, de preferência embutidas, que apresentem características importantes

em um ambiente de saúde, como higienização, materiais sépticos, entre outros. Também

deverá estar ligado ao sistema emergencial uma quantidade de lâmpadas capazes de fornecer

iluminação propícia para rota de saída, com nível de iluminação mínima de 300lux.

Para a composição da UTI se faz necessário também um piso que de preferência não

apresentem características de condutibilidade, pois podem se tornar perigosos na condução de

eletricidade.

As características apresentadas acima mencionam os principais requisitos e técnicas de

utilização para um projeto de instalação elétrica em EAS. Porém, é de grande importância

estudar as normas vigentes e aprofundá-las de acordo com o tipo de estabelecimento do

projeto, buscando assim, maior segurança e qualidade.

6.4.8 Instalações Elétricas em Lavanderia Hospitalar

A lavanderia é um local que se enquadra no grupo 0, não exigindo cuidados especiais

além do que já está previsto nas normas de instalações elétricas convencionais. Por isso, suas

especificações deverão se basear no que já foi citado no decorrer deste trabalho, levando em

conta sempre o melhor caminho para um projeto eficiente e de qualidade.

É importante mencionar que por ser um local em contato direto com água, a segurança

deve ser reforçada, tendo, por exemplo, tomadas blindadas, interruptores e aparelhos de

iluminação não corrosivo e pisos que não apresentem características de condução elétrica.

Page 94: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

94

6.5 Levantamento de Dados

O central motivo deste trabalho foi realizar um levantamento de dados condizentes

com a atual realidade dos setores escolhidos tanto na parte de infraestrutura física como nas

instalações elétricas, para no fim, realizar uma comparação e verificação com as normas

vigentes, já citadas no trabalho. Para isso, foi elaborada uma ficha, já mencionada no trabalho,

que apresenta questões qualitativas, abordando principais aspectos.

Através de registros fotográficos e pela análise da ficha, pode-se observar que tanto a

lavanderia como a UTI não atendem totalmente às especificações exigidas principalmente

pelas normas básicas em instalações elétricas, NBR-13435 e NBR-5410.

A falta de padronização nas instalações elétricas é clara, estando a maioria em estado

precário. Além disso, a maioria dos dispositivos essenciais para uma correta instalação se

encontram desatualizados, não obedecendo às exigências mínimas em eletricidade, operando

com o mínimo desempenhando e colocando em risco a segurança e confiabilidade da

instalação e do local.

Foi constatado que a maioria dos condutores apresentam ruptura da isolação (figura

32), indícios de sobrecarga, fios remendados por com fitas isolantes e alguns até em contato

direto com o ambiente. Os indícios de sobrecarga se devem ao sério problema que foi

informado pelo pessoal da manutenção. O hospital passa por problemas com o balanceamento

de cargas entre as fases presentes no sistema, que atinge diretamente em sobrecargas nos

transformadores e condutores, contribuindo para o aparecimento de grandes riscos elétricos.

Além disso, foi informado que o sistema de aterramento é ineficiente e não existe sistema de

equipotencialização. O esquema de ligação é do tipo TN-S em ambos os locais, e não existe a

presença de esquema IT-médico como recomendado na UTI.

Page 95: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

95

Figura 32- Exemplo de ruptura de isolação na Unidade de Terapia Intensiva.

Fonte: O próprio autor (2016).

Foi constatada a utilização indevida de circuitos elétricos descritos para a utilização

exclusiva de equipamentos eletromédicos na UTI, sendo utilizados para outros fins, como

equipamentos destinados a limpeza, ligação do condicionador de ar e até carregamento de

celular.

No hospital foi verificado apenas a presença de um único para-raios, do tipo haste, e

não existe nenhuma evidência de um sistema de proteção para auxílio de interferências

eletromagnéticas. Como por exemplo, Gaiola de Faraday, importante na UTI para o exame de

Ecocardiograma (ECG), por exemplo.

Os circuitos apresentam má dimensionamento e em decorrência da ausência de

manutenção e suporte técnico qualificado, quase que todos os sistemas de proteção não

apresentam confiabilidade.

O sistema apresenta apenas um motor gerador do tipo diesel-elétrico, que se encontra

na única subestação do hospital e que não suporta todas as correntes excessivas presentes no

neutro, além de não conseguir atender às exigências da classe 0,5. Com isso, o sistema de

alimentação emergencial fica obsoleto e sem confiabilidade, além de não atender as normas

vigentes, visto que o gerador e os demais dispositivos estão desatualizados.

Os quadros de proteção, principalmente na lavanderia, se encontram em estado

precário, sendo alguns datados da década 40, quando o hospital começou a ser construído. Na

Page 96: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

96

lavanderia foi constatada a presença quase que em todos os quadros de proteção somente

fusíveis e disjuntores, a maioria em situação crítica pela falta de troca, comprometendo a

credibilidade do dispositivo (figura 33 e 34). Já na UTI só foram encontrados 5 disjuntores

(figura 33), cada um responsável por cada leito. Em nenhum dos ambientes foi observado nos

quadros gerais a utilização de dispositivos residuais (DR), que são exigidos para locais que

apresentam contato direto com água, como por exemplo, a lavanderia. Também não foi visto a

presença de Nobreaks nos locais.

Figura 33- Caixa de proteção presentes na Lavanderia.

Fonte: O próprio autor (2016).

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97

Figura 34- Caixa de proteção dos disjuntores de cada leito da UTI.

Fonte: O próprio autor (2016).

Em relação aos pontos de tomadas, tanto na lavanderia, quanto na UTI a maioria apresenta

padrão 2P. As tomadas que apresentam padrão 2P+T não apresentam fio terra chegando ao

terminal. Foi constatada também inversão da polaridade ocorrida durante a instalação, além

de a isolação interna apresentar precariedades (figura 35).

Figura 35- Pontos de tomada da Lavanderia.

Fonte: O próprio autor (2016).

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98

A presença de extensões e plugues adaptadores foram notados em ambos os ambientes

(figura 36). Isso pode ocasionar diversos problemas, desde sobrecargas de circuitos, aumento

da possibilidade de interferência entre equipamentos, e até riscos de acidentes elétricos.

Filtros de linha com a presença de fusível também são utilizados na UTI (figura 37) para a

ligação tanto de equipamentos eletromédicos, quanto para ligação de demais equipamentos e

dispositivos elétricos, inclusive o condicionador de ar, sem verificar se a tomada, sobretudo o

filtro de linha, suporta a demanda de todos os equipamentos que serão utilizados.

Figura 36- Plugues adaptadores e extensões pela Lavanderia e UTI.

Fonte: O próprio autor (2016).

Figura 37- Pontos de tomada e linhas de filtro de um leito.

Fonte: O próprio autor (2016).

Page 99: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

99

O numero de pontos de tomada em cada leito também se encontra fora dos requisitos

mínimos exigidos pelas normas, tanto em relação à quantidade, quanto a altura e

espaçamento, dificultando a ligação dos equipamentos e dispositivos que compõem o local.

6.6 Soluções Propostas

A atual circunstância que envolve a instalação elétrica do hospital estudado é bastante

precária no que se trata ao cumprimento das normas, seu funcionamento geral e não

apresentando o mínimo de segurança e confiabilidade, além de estar longe de serem ideais.

A falta de ciência pelo corpo administrativo e parte técnica sobre as normas vigentes

que embasam os conceitos de instalações elétricas é preocupante.

Em decorrência da conjuntura atual que hospital demonstra, percebe-se que uma das

medidas solucionais para as falhas das instalações elétricas necessitará primeiro de um

método de compreensão dos profissionais envolvidos, abordando administradores, órgãos

regulamentadores e fiscalizadores.

Para a resposta dos problemas encontrados no hospital, propõem-se é um estudo mais

detalhado das condições e com isso realizar um plano de reestruturação e adequação das

normas atuais, atendendo primeiramente situações emergenciais e prioritárias, já que o

estabelecimento convive com a falta de recursos por ser de caráter público e estabelecer

sucessivamente alterações nas demais instalações que devem ser alteradas para se encontrar

completamente dentro das normas.

Em relação ao problema de distribuição de energia elétrica, e balanceamento das

cargas, se torna necessárias mudanças estruturais completas e gerenciamento ligados à

organização do hospital, como por exemplo, estabelecer horários rotineiros para diversas

funções, equilibrados, de forma a continuar a atender todas a comunidade e minimizando os

problemas de sobrecargas. Em suma, o hospital carece de uma reestruturação/adequação

completa de suas instalações elétricas.

A qualidade de componentes usados também é importante dentro das mudanças que

deverão ser adotadas na instalação. Torna-se essencial a utilização de itens que apresentem

melhor qualidade e garantam confiabilidade técnica e de segurança para um correto trabalho

do corpo técnico.

Page 100: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

100

Quanto à segurança dos equipamentos eletromédicos, quanto a sua utilização, o setor

de Engenharia Clínica deverá estar atento durante a compra sobre a especificação, as

necessidades de instalação, e as devidas manutenções e adequações de acordo com as normas

presentes.

A presença de uma equipe técnica qualificada gerenciando as instalações elétricas é

extremamente necessária. Essa deverá passar por treinamentos pertencentes às atividades.

Além de que este treinamento e conscientização são essenciais para que recursos sejam

direcionados e maximizados para os resultados destas falhas.

Além disso, deverá ser composta por técnicos prediais, de manutenção, eletrotécnica,

eletrônica, engenheiros e arquitetos.

Como já apresentado, existe um leque de normas que devem ser aplicadas para uma

correta instalação da parte elétrica, tanto geral, como para ambientes de saúde, por isso,

justificativas em torno de projetos mal elaborados e dimensionados não são desculpas, além

de que os requisitos das normas não demandam um aumento significativo nos custos das

instalações. Para tanto, a relação custo benefício torna possível a adequação e implantação das

normas durante o plano de reestruturação, visto a segurança, qualidade e eficiência que isto

pode trazer ao estabelecimento diretamente e indiretamente, minimizando possíveis gastos

futuros, principalmente por se tratar de um ambiente que envolve equipamentos com grandes

valores aquisitivos.

Aconselha-se uma conscientização, treinamento e fiscalização por parte de órgãos

públicos competentes para forçar que a gerencia local mantenha as instalações sob vigilância.

Para isso, é importante que esses órgãos participem de maneira eficaz na reestruturação do

local, analisando corretamente os projetos, antes da sua aprovação.

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101

7 CONCLUSÃO

A carência de recursos financeiros e mão de obra se faz presente na maioria dos

hospitais públicos do Brasil, sendo às vezes adotadas medidas funcionais de emergência para

atender a demanda de pacientes.

Com o aumento do número de pessoas atendidas, a instituição em estudo cresceu sem

um correto planejamento e readequação de suas instalações trazendo deficiências, tanto pela

falta de conhecimento de normas técnicas vigentes, quanto por descuido.

O presente estudo apresentou um plano de intervenções e melhor acompanhamento

tanto da lavanderia, quanto da UTI do hospital, propondo mudanças no ambiente com o

intuito de melhorar a qualidade e segurança da mão-de-obra, aproveitamento mais eficaz do

espaço, acarretando em reduções de futuros custo, além da implantação de um projeto

arquitetônico moderno e adequação das normas vigentes relacionadas ao assunto. O estudo

teve uma metodologia descritiva e exploratória, apurando os processos de trabalho e da

infraestrutura por meio de entrevistas, visitas, registros fotográficos, revisões bibliográficas e

aplicação de normas vigentes.

Ambos os ambientes estudados necessitam de rápidas intercessões, pois se encontram

fora das normas vigentes. Além disso, após a implantação das mudanças é necessário o

monitoramento das ações, buscando sempre estar em contato com normatizações atuais e

melhores estratégias organizacionais.

Além disso, uma compreensão de um setor de manutenção aliado a diferentes práticas

é passível de implantação, contudo, é necessário um correto planejamento que interfira

diretamente sobre o desempenho e os resultados financeiros. As vantagens devem ser levadas

em conta e calculadas quanto à determinação dos investimentos, e com isso obter a

visualização da taxa de retorno, pois a admissão da Engenharia de Manutenção não se resume

em apenas reduzir custos, mas também em observar os resultados e a imagem da organização.

Assim, fica visível a importância da manutenção para a formação de uma identidade

resistente, estável e favorável à obtenção dos resultados almejados, sendo este principalmente,

o lucro.

Mostra-se a relevância nos cuidados durante um projeto de instalações elétricas em

ambientes assistenciais de saúde, pois são locais que lidam com vidas humanas e cuidados

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102

destas. Por isso, se torna fundamental compreender a necessidade da integridade à cada

orientação exigida pelas normas a fim de se ter um projeto seguro, eficaz e de qualidade.

Destaca-se que este estudo, apesar de focar em apenas dois ambientes do hospital, não

descarta a necessidade de atender a todo o EAS, proporcionando garantia e segurança em todo

o ambiente.

Page 103: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

103

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Page 107: nathalia lais mazotti manutenção, infraestrutura e instalações

107

ANEXO A

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108

ANEXO B

FICHA DE LEVANTAMENTO DE DADOS DO HOSPITAL

Setor:

Datas de observação:

Grupo:

Classe:

Esquemas de ligação que deveria apresentar

TN-C TN-S TN-C-S TI TT

Sistema de Proteção

Disjuntor

Termomagnético

Disjuntor DR Fusível Nenhum

- Quantidade do componente do sistema de proteção:____________________________

- Estado do componente do sistema de proteção:________________________________

Tomadas presentes no setor:

- 2P: ____________________

- 2P+T (Tripolar):__________

- Observações (altura, estado, polaridade):

Barramento de Terra: ( )SIM ( )NÃO

Barramento Equipotencial: ( )SIM ( )NÃO

Sistema Isolado: ( )SIM ( )NÃO Monitoração:__________________

Piso semi-condutivo: ( )SIM ( )NÃO

- Estado das instalações elétricas em geral: ( )EXCELENTE ( )BOM

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109

( )RUIM ( )PÉSSIMO

Equipamentos e estado:

- Organização do local: ( )EXCELENTE ( )BOM ( )RUIM ( )PÉSSIMO

- Observações (estado, problemas, extensões):

Ambiente

- Pisos:________________________________________________________________

- Ventilação:____________________________________________________________

- Paredes:______________________________________________________________

- Janelas:_______________________________________________________________

- Fluxo: _______________________________________________________________

- Descrição do ambiente (quanto às condições, observações):

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110

ANEXO C

Local do GRUPO 0: ambientes em que não são utilizadas partes aplicadas de

equipamentos eletromédicos alimentados pela rede, por exemplo, salas de atendimento e salas

de massagem (ABNT, 1995) .

Local do GRUPO 1: ambiente em que se tem o uso de equipamentos

eletromédicos, mas não para procedimentos intra cardíacos, por exemplo, quartos e salas de

fisioterapia (ABNT, 1995).

Local do GRUPO 2: ambiente que prevê o uso de equipamento eletromédico

destinado a procedimento intra cardíaco e equipamentos essenciais à manutenção da vida dos

pacientes, por exemplo, UTI, Centros Cirúrgicos e salas de cateterismo (ABNT, 1995).