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i LUIZ FERNANDO DE ALMEIDA LIMA E SILVA AVALIAÇÃO DA RESPOSTA TERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO COM LÍTIO EM PACIENTES COM TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR CAMPINAS 2015

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LUIZ FERNANDO DE ALMEIDA LIMA E SILVA

AVALIAÇÃO DA RESPOSTA TERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO COM LÍTIO EM PACIENTES COM TRANSTORNO

AFETIVO BIPOLAR

CAMPINAS

2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Médicas

LUIZ FERNANDO DE ALMEIDA LIMA E SILVA

AVALIAÇÃO DA RESPOSTA TERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO COM LÍTIO EM PACIENTES COM TRANSTORNO

AFETIVO BIPOLAR

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Ciências Médicas, na área de concentração Saúde Mental.

ORIENTADOR: PROF. DR. CLÁUDIO EDUARDO MULLER BANZATO CO-ORIENTADOR: PROFA. DRA. CLARISSA DE ROSALMEIDA DANTAS ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO LUIZ FERNANDO DE ALMEIDA LIMA E SILVA, E ORIENTADO PELO PROF. DR. CLÁUDIO EDUARDO MULLER BANZATO _______________________________________

CAMPINAS

2015

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Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Ciências MédicasMaristella Soares dos Santos - CRB 8/8402

Silva, Luiz Fernando de Almeida Lima e, 1980- Si38a SilAvaliação da resposta terapêutica no tratamento de manutenção com lítio em

pacientes com transtorno afetivo bipolar / Luiz Fernando de Almeida Lima e Silva.– Campinas, SP : [s.n.], 2015.

SilOrientador: Cláudio Eduardo Muller Banzato. SilCoorientador: Clarissa de Rosalmeida Dantas. SilDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de

Ciências Médicas.

Sil1. Transtorno bipolar. 2. Transtornos psicóticos. 3. Lítio. 4. Tabaco. 5.

Resultado do tratamento. I. Banzato, Cláudio Eduardo Muller,1964-. II. Dantas,Clarissa de Rosalmeida,1976-. III. Universidade Estadual de Campinas.Faculdade de Ciências Médicas. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Assessing treatment response to prophylactic lithium therapy inpatients with bipolar disorderPalavras-chave em inglês:Bipolar disorderPsychotic disordersLithiumTobaccoTreatment outcomeÁrea de concentração: Saúde MentalTitulação: Mestre em Ciências MédicasBanca examinadora:Cláudio Eduardo Muller Banzato [Orientador]Mário Francisco Pereira JuruenaPaulo DalgalarrondoData de defesa: 27-05-2015Programa de Pós-Graduação: Ciências Médicas

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

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RESUMO

O transtorno afetivo bipolar (TAB) é uma morbidade mental crônica e grave,

que habitualmente se manifesta na adolescência ou início da vida adulta. Sua

forma mais prevalente de apresentação é a de episódios maníacos ou

hipomaníacos, intercalados por episódios depressivos ou períodos de eutimia.

Modernamente, uma miríade de medicações possuem aprovação para o

tratamento do TAB, porém o lítio ainda é considerado um dos fármacos de

primeira linha no tratamento de manutenção do transtorno. Como a resposta ao

lítio não é uniforme, a tentativa de identificar possíveis preditores de resposta

terapêutica vem sendo alvo de diversos estudos. Neste contexto, um grande

desafio é avaliação da melhora clínica de pacientes tratados fora de um protocolo

estrito de pesquisa. Para contornar este problema, a escala ALDA vem se

mostrando como um valioso instrumento nos trabalhos publicados na literatura.

OBJETIVOS: estudar a confiabilidade da escala ALDA, avaliar de forma

padronizada a resposta terapêutica ao lítio no tratamento de manutenção do TAB

e identificar possíveis preditores clínicos e epidemiológicos de resposta.

MÉTODOS: quarenta pacientes em tratamento ambulatorial com diagnostico

confirmado de TAB e história de uso de lítio foram avaliados, com revisão

minuciosa dos prontuários médicos. Um instrumento padronizado (a escala

ALDA), que se baseia em informações clínicas obtidas de forma retrospectiva, foi

usado para avaliar a melhora clínica global e possíveis fatores confundidores.

Foram também coletados dados acerca de variáveis clínicas e sociodemográficas,

para avaliar possíveis fatores preditores de resposta ao tratamento. Também

aferimos a confiabilidade interavaliadores para o escore total e para cada um dos

itens da escala ALDA, por meio do Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC),

entre dois pesquisadores que realizaram suas avaliações de modo independente.

RESULTADOS: nosso estudo encontrou uma relação inversa entre o número de

episódios de humor com sintomas psicóticos e melhor desfecho no tratamento

com lítio (PE -1,24241). Também constatamos a relação direta entre uso atual ou

prévio de tabaco e melhora clínica com lítio (PE 7,66608). Com relação ao estudo

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de ICC nos diferentes itens da escala ALDA, encontramos valores que variaram

de 0,610 a 0,833. CONCLUSÃO: nossos achados apontam que a escala ALDA

pode ser uma ferramenta útil e confiável para a avaliação padronizada da resposta

terapêutica em pacientes com TAB. Os resultados obtidos reforçam a hipótese

que o lítio parece ser menos eficaz em pacientes que manifestam sintomas

psicóticos, além de nos levarem a questionar o papel do tabaco no prognóstico de

pacientes com transtorno bipolar.

PALAVRAS-CHAVE: Transtorno Bipolar, Transtornos Psicóticos, Lítio, Tabaco, Resultado do Tratamento.

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ABSTRACT

Bipolar disorder (BD) is a chronic and severe mental illness that usually manifest

its first symptoms in early adulthood. The most prevalent clinical form of the

disorder is the occurrence of episodes of mania or hypomania, interspersed with

episodes of depression and periods of euthymia. Currently, many drugs have

approval for treating BD, nevertheless lithium still stands as a gold standard in the

prophylactic treatment of the disorder. Since lithium response is not uniform

between patients, different studies have been trying to identify possible predictors

of response to the treatment. In this scenario, accessing clinical improvement in

patients not treated following a strict research protocol is a great challenge. To

solve this issue, the ALDA scale appeared as a valuable tool in different published

studies. OBJECTIVES: to study the reliability of the ALDA scale, to systematically

access the response of prophylactic lithium treatment in BD and to identify possible

clinical and epidemiological predictors of lithium response. METHODS: forty

outpatients in treatment for confirmed clinical diagnose of BD, and with history of

lithium use, were accessed with a thorough review of their medical charts. A

standardized instrument (the ALDA scale), which is based on clinical information

obtained retrospectively, was used to evaluate clinical improvement and possible

confounding factors. In this process, we have obtained other clinical and

sociodemographic data, to investigate possible predictive variables to treatment

response. We have also used the Interclass Correlation Coefficient (ICC) to

determine the inter-rater reliability between two independent researchers, for the

ALDA scale total score and each of its sub items. RESULTS: our study found an

inverse relation between the number of mood episodes with psychotic symptoms

and improvement with lithium therapy (PE -1,24241). We have also found a direct

relation between current or previous tobacco use and clinical improvement with

lithium (PE 7,66608). Concerning the ICC for each of the ALDA scale sub items,

we found values ranging between 0,610 and 0,833. CONCLUSION: our findings

suggest that the ALDA scale can be a useful and reliable instrument in the

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standardized evaluation of clinical response in patients with BD. Our results also

reinforce the hypothesis that lithium treatment seems to be less efficacious in

patients with psychosis, and lead us to speculate the role of tobacco use in the

outcome of patients with bipolar disorder.

KEYWORDS: Bipolar Disorder, Psychotic Disorders, Lithium, Tobacco, Treatment Outcome.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 01

1.1 – Epidemiologia, Aspectos Clínicos e Nosológicos 01

1.2 – Tratamento Farmacológico do TAB 02

1.3 – Preditores de Resposta Terapêutica ao Lítio 04

1.4 – Avaliando a Resposta Clínica ao Lítio – a escala ALDA 05

2. OBJETIVOS 07

3. SUJEITOS E MÉTODOS 08

3.1 – Local da pesquisa 08

3.2 – Sujeitos 08

3.3 – Procedimentos 09

3.4 – Variáveis Estudadas 09

3.5 – Análise Estatística 12

4. RESULTADOS 13

4.1 – Descrição da Amostra 13

4.2 – Variáveis Clínicas 15

4.3 – Resposta ao Lítio 18

4.4 – Modelo Univariado e Multivariado 18

4.5 – Concordância Interavaliadores na Aplicação da Escala ALDA 23

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5. DISCUSSÃO 25

5.1 – Gênero 26

5.2 – Idade de Início dos Sintomas 27

5.3 – Número e Frequência dos Episódios de Humor 28

5.4 – Sintomas Psicóticos 29

5.5 – Tentativas de Suicídio 32

5.6 – Internação Psiquiátrica 33

5.7 – Eletroconvulsoterapia (ECT) 34

5.8 – Comorbidades Psiquiátricas 35

5.9 – Comorbidades Clínicas 36

5.10 – Álcool e Outras Substâncias Psicoativas 37

5.11 – Tabaco 39

5.12 – Uso de Outras Medicações 40

5.13 – Antecedentes Familiares de Transtornos Mentais 41

5.14 – Confiabilidade Interavaliador na Aplicação da Escala 42

6. CONCLUSÃO 45

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 47

APÊNDICES 58

ANEXOS 63

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DEDICATÓRIA

Para meu pai, Luiz Antonio da Silva, que plantou em mim a ideia de que todo pequeno grão de saber que conseguimos agarrar pela vida tem seu valor, e se torna parte de nós para sempre.

Para minha mãe, Helvia Maria de Almeida Lima e Silva, que incansavelmente luta em me convencer de que a vida pode ser mais simples do que, a princípio, parece.

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AGRADECIMENTOS

O caminho que trilhamos até a consumação de uma dissertação de mestrado é permeado por sacrifícios e alegrias e, em ambos os casos, o peso é demasiado se os carregarmos sozinhos.

Eu não teria sido capaz de enfrentar todos estes desafios se o Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, na figura de seus docentes, médicos assistentes e funcionários não tivesse me recebido, desde o primeiro dia, de forma afetuosa, com a dedicação necessária para transformar meus defeitos e inseguranças nas virtudes que definem o psiquiatra que sou hoje. Se meus colegas de trabalho da Unidade de Emergência Referenciada do Hospital das Clínicas não tivessem me ouvido e apoiado todas as vezes que fui tomado por incertezas. Se minha família não fosse incrivelmente paciente com minhas frequentes ausências, mesmo nas poucas ocasiões em que estive fisicamente presente.

Ainda assim, existem aqueles que merecem ocupar um lugar de destaque nestas poucas linhas de agradecimentos em minha dissertação.

A equipe do Laboratório de Genética Molecular (Profa. Dra. Íscia Lopes-Cendes, Rodrigo Secolin e Marilza de Lima Santos), que participa do grande projeto no qual minha dissertação se insere e cujos frutos ainda estão para serem colhidos.

O querido Prof. Dr. Paulo Dalgalarrondo tem sido um exemplo desde os primeiros dias de minha residência e seu apoio em minha vida profissional e pessoal é inestimável. Não menos importante nesta trajetória foi a contribuição do caríssimo Prof. Dr. Cláudio Eduardo Muller Banzato, que ainda na residência médica me apresentou as engrenagens ocultas sobre as quais a psiquiatria funciona. Como meu orientador, em conjunto com a Profa. Dra. Clarissa de Rosalmeida Dantas, mostrou paciência, disponibilidade e sabedoria ímpares, condições sine qua non para a conclusão desta dissertação.

Meus pais, a quem dedico esta dissertação, estiveram sempre disponíveis para me ouvir a cada momento em que hesitei neste percurso, demonstrando apoio incondicional.

Finalmente, minha mulher Júlia Cunha Loureiro, que não só teve contribuição acadêmica ativa compondo a equipe de trabalho desta projeto, mas também me acolheu (e acolhe) de forma amorosa e compreensiva, todos os dias. Minha dupla, a você todo meu amor.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Dados Sociodemográficos

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TABELA 2 – Aspectos Clínicos Relacionadas aos Episódios de Humor

15

TABELA 3 – Escores Consensuais da Escala ALDA

18

TABELA 4 – Preditores Clínicos de Resposta ao Lítio – Regressão Linear

Univariada

20

TABELA 5 – Preditores Clínicos de Resposta ao Lítio – Regressão Linear

Multivariada

21

TABELA 6 – Preditores Clínicos de Resposta ao Lítio, Excluídos Pacientes

com BT > 4 – Regressão Linear Univariada

22

TABELA 7 – Preditores Clínicos de Resposta ao Lítio, Excluídos Pacientes

com BT > 4 – Regressão Linear Multivariada

22

TABELA 8 – Análise de Confiabilidade entre os Avaliadores (ICC)

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INTRODUÇÃO

1.1 - EPIDEMIOLOGIA, ASPECTOS CLÍNICOS E NOSOLÓGICOS

O transtorno afetivo bipolar (TAB) é uma morbidade mental crônica e grave,

com taxas de prevalência na população de aproximadamente 1% (1–3).

Habitualmente suas primeiras manifestações ocorrem na adolescência ou início da

vida adulta, entre 20 e 30 anos de idade (4), sendo a forma mais prevalente de

apresentação a de episódios maníacos e depressivos se sucedendo, com apenas

5% dos pacientes apresentando apenas sintomas maníacos (5).

Além das fases de mania e depressão francas, com clínica exuberante, a

incidência de sintomatologia afetiva sub-sindrômica entre os episódios é alta,

resultando em prejuízo funcional significativo (6,7). O curso do TAB é crônico,

associando-se com queda na qualidade de vida e funcionalidade, elevado grau de

morbidade e incapacidade, além de altas taxas de tentativas de suicídio (7–10).

Ainda assim, o transtorno é comumente subdiagnosticado ou erroneamente

tratado como depressão unipolar, taxa que chega a 31% (11,12). Pacientes

atendidos no nível básico com sintomas depressivos, ansiosos, abuso de

substâncias ou antecedentes para TDAH, apresentam screening positivo para

sintomas sugestivos de TAB em 27,9% dos casos (13).

A prevalência de comorbidades com outros transtornos mentais também é

alta, com até 65% dos pacientes preenchendo, no decorrer da vida, critérios para

pelo menos um outro diagnóstico psiquiátrico de eixo I (DSM-IV) (14).

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Apesar de descrições clássicas do desfecho do TAB destacarem a idéia de

um curso episódico, com Kraepelin enfatizando o aspecto “não-demencial” em

sua descrição do transtorno, frequentemente evidencia-se uma evolução

deteriorante (15). Observam-se também alterações neuroestruturais, deterioração

cognitiva (16), além do acúmulo de comorbidades clínicas (17,18).

1.2 - TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DO TAB

There is no doubt that in mania patients improvement has closely paralleled

treatment (with lithium)... The quietening effect on restless non-maniac psychotics

is additional evidence of the efficacy of lithium salts... Lithium salts have no

apparent hypnotic effect; the result is purely sedative. The effect on patients with

pure psychotic excitement – that is, true manic attacks – is so specific that it

enevitably leads to speculation as to the possible aetiological significance of a

deficiency... in the genesis of this disorder.

John Frederick Joseph Cade (1949)(19)

Desde a publicação de Cade em 1949, o uso do lítio em psiquiatria tem se

consolidado como uma importante opção terapêutica, especialmente em pacientes

com transtorno bipolar (19).

Apesar do lítio ter ganhado aprovação do FDA para tratamento profilático

de TAB em 1974, o primeiro estudo com grupo controle (placebo) a demostrar

suas propriedades antimaníacas só aparece na literatura em 1994 (20).

Posteriormente, o primeiro trabalho desenhado com grupo controle e grupo

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placebo, duplo cego e randomizado a utilizar o lítio (como parâmetro de

sensibilidade em uma comparação de valproato versus placebo), é publicado

somente no ano 2000 (21).

Modernamente, uma miríade de medicações possuem aprovação do FDA

para o tratamento de TAB (episódios maníacos, depressivos e manutenção),

incluindo agentes anti-dopaminérgicos (como Olanzapina, Risperidona, Quetiapina

e Aripiprazol) e fármacos que atuam em outros mecanismos não-dopaminérgicos

(como o Lítio, Valproato e Carbamazepina).

Com relação a superioridade de algum destes agentes no tratamento no

TAB, grandes estudos da literatura apresentam resultados conflitantes. Tamayo et

al. (2010), estudando episódios de mania aguda, não encontraram superioridade

evidente de nenhum agente em termos de resposta, remissão, descontinuação por

efeitos adversos, falta de resposta ou por qualquer outra causa (22). Por outro

lado, um grande estudo de revisão sistemática que incluiu 68 ensaios clínicos

controlados (totalizando 16073 participantes) conduzido por Cipriani et al. (2011),

apontou superioridade de Haloperidol, Risperidona e Olanzapina no tratamento de

mania aguda (23).

Mesmo considerando as diferentes opções de tratamento disponível para o

TAB, as taxas de estabilização clínica completa e persistente são baixas (24,25),

não raramente fazendo-se necessária a associação de múltiplos agentes

estabilizadores 26,27. Especula-se que esta baixa taxa de resposta ao lítio em

monoterapia decorra de mudanças no fenótipo dos pacientes que recebem o

diagnóstico de TAB, o que passou a ocorrer principalmente a partir da década de

oitenta (28,29). O que rotulamos como TAB hoje é um grupo significativamente

mais amplo e heterogêneo do que os antigos maníaco-depressivos (30).

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Ainda assim, atualmente o Lítio é considerado um dos fármacos de primeira

linha no tratamento de manutenção do TAB, impedindo a ciclagem entre mania e

depressão (31,32), diminuindo o risco de comportamento suicida e a mortalidade

global nos transtornos de humor (33,34).

1.3 – PREDITORES DE RESPOSTA TERAPÊUTICA AO LÍTIO

A tentativa de identificação de possíveis preditores de resposta terapêutica

ao lítio data das primeiras publicações envolvendo seu uso profilático em

transtornos do humor. Desde então uma enorme quantidade de informação

envolvendo potenciais preditores foi publicada na literatura, com resultados

controversos (35).

Kleidienst et al. (2005), em uma revisão sistemática da literatura, nomeou

42 potenciais fatores relacionados a resposta terapêutica ao lítio, entre eles:

número de episódios prévios do humor, número de episódios maníacos prévios,

número de episódios depressivos prévios, número de hospitalizações prévias,

frequência dos episódios e cicladores-rápidos, duração do intervalo entre o

primeiro e o segundo episódio, duração total do transtorno, idade de início dos

sintomas, padrão do intervalo entre mania e depressão, episódio index depressivo

ou maníaco, episódio index eufórico-maníaco ou com características mistas,

percentagem de episódios maníacos e depressivos, presença de sintomas

psicóticos, sintomas psicóticos congruentes ou incongruentes, gravidade e

duração do episódio index, comorbidades com uso de substâncias, transtornos de

personalidade e transtornos ansiosos, alucinações, distúrbios formais do

pensamento, ansiedade, padrão sazonal, entre outros. Este extenso trabalho

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conseguiu apontar que apenas o padrão “mania-depressão-intervalo” e baixo

número de hospitalizações prévias estavam claramente relacionados a resposta

terapêutica ao lítio (35).

Outros dados da literatura sugerem, contudo, que em pacientes que

apresentam uma fenomenologia clássica de transtorno bipolar, o lítio parece ter

maior efetividade. Já em indivíduos com características atípicas, como sintomas

psicóticos não congruentes com o humor, sintomas residuais, cicladores rápidos,

estados mistos, e comorbidades psiquiátricas (transtornos ansiosos e uso de

substâncias psicoativas, por exemplo), dados da literatura sugerem resposta

terapêutica inferior (32,36–38).

1.4 - AVALIANDO A RESPOSTA CLÍNICA AO LÍTIO – A ESCALA ALDA

A prevenção contra recorrência de episódios maníacos e depressivos

durante o tratamento a longo prazo com lítio, em pacientes com TAB, pode ser

avaliada de forma retrospectiva ou prospectiva, e a resposta expressa de modo

categorial ou dimensional. Na abordagem categorial, os pacientes são

habitualmente divididos em 3 categorias: 1. Respondedores excelentes ao lítio,

sem episódios afetivos; 2. Respondedores parciais ao lítio, com 50% de redução

de episódios afetivos por ano, quando comparado ao período pré-lítio; 3. Não-

respondedores ao lítio, com menos de 50% de redução ou piora do número de

episódios por ano quando comparado ao período pré-lítio (39).

Em 2002, um grupo de pesquisadores canadenses criaram uma escala na

tentativa de quantificar, de forma retrospectiva, a resposta profilática ao lítio em

pacientes com TAB não tratados de acordo com um protocolo de pesquisa (40). O

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instrumento passou a ser conhecido como “Escala ALDA”, em alusão a Martin

Alda, um dos principais pesquisadores envolvidos em sua elaboração.

Desde então, a escala foi utilizada por uma série de estudos que buscaram

avaliar, de forma retrospectiva, a resposta ao lítio, sendo considerada atualmente

o instrumento mais específico para este objetivo (41–46). Finalmente, vale

destacar que a escala ALDA foi o instrumento escolhido para medir resposta ao

tratamento com lítio pelo Consortium of Lithium Genetics (ConLiGen), um grande

projeto internacional com o objetivo de realizar um GWAS (genome-wide

association) em uma ampla população de pacientes tratados com lítio (47).

A escala ALDA é composta por dois critérios: O critério A avalia a melhora

clínica do paciente com o tratamento instituído; O Critério B avalia possíveis

confundidores de resposta ao tratamento, o que poderia comprometer o

estabelecimento de uma relação causal entre a melhora clínica e o tratamento

com lítio 40. A pontuação total é obtida subtraindo-se B de A. Uma descrição

detalhada deste instrumento será feita na sessão métodos.

Apesar de seu uso frequente em estudos internacionais, a escala ALDA

ainda não foi adaptada ou traduzida para seu uso em português, no Brasil.

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OBJETIVOS

GERAL:

Avaliar de forma padronizada a resposta terapêutica ao lítio no tratamento de

manutenção do TAB e identificar possíveis preditores clínicos e epidemiológicos

de resposta.

ESPECÍFICOS:

- Tradução e adaptação para uso no Brasil da Escala ALDA.

- Testar a confiabilidade entre avaliadores da Escala ALDA.

- Avaliar a resposta terapêutica ao lítio no tratamento de manutenção do

TAB, em pacientes bipolares acompanhados em um serviço ambulatorial de

hospital universitário.

- Identificar entre um conjunto de variáveis clínicas e sociodemográficas,

potenciais preditores de resposta terapêutica ao lítio no tratamento de

manutenção do TAB.

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SUJEITOS E MÉTODOS

3.1 - LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada no Ambulatório de Psiquiatria do Hospital de

Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC-UNICAMP).

3.2 - SUJEITOS

Foram selecionados para participar do estudo pacientes com diagnóstico clínico confirmado de TAB, acompanhados no Serviço de Psiquiatria do HC-

UNICAMP, adotando-se os seguintes critérios:

Inclusão: idade maior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos; diagnóstico

clínico atual de TAB segundo avaliação da equipe responsável pelo

tratamento do paciente; história de uso atual ou prévio de lítio, por período

maior ou igual a 6 meses.

Exclusão: retardo mental, presunção de sintomas neuropsiquiátricos

secundários a doenças clínicas, ou ainda a incapacidade de compreensão

dos objetivos do estudo ou do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) combinada à ausência de um responsável.

Todos os pacientes selecionados foram informados sobre a pesquisa e

convidados a participar do estudo. Aqueles que concordaram (ou seus

responsáveis) em participar leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e

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Esclarecido, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Ciências Médicas da UNICAMP. Foi enfatizado o caráter voluntário da

participação e que a recusa em integrar parte ou todo o projeto não implicaria em

qualquer prejuízo para o tratamento atual ou futuro do paciente no Serviço de

Psiquiatria do HC-UNICAMP.

3.3 - PROCEDIMENTOS

Os prontuários dos pacientes que concordaram em participar do estudo

foram minuciosamente revisados para a coleta de dados sociodemográficos e

clínicos sobre os quais se baseou a avaliação da resposta terapêutica ao lítio no

tratamento de manutenção do TAB.

3.4 VARIÁVEIS ESTUDADAS

A) RESPOSTA TERAPÊUTICA AO LÍTIO NO TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO DO TAB: avaliada com a utilização da Escala ALDA, instrumento

que se propõe a quantificar a resposta profilática ao lítio em pacientes com TAB

não tratados de acordo com um protocolo de pesquisa (40). A escala é constituída

por dois grandes critérios, denominados A e B.

A pontuação atribuída ao Critério A correlaciona-se ao grau de resposta ao

tratamento (atividade da doença enquanto em uso adequado de lítio), variando de

zero (não respondedor) a 10 pontos (resposta completa).

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Já o critério B mede possíveis confundidores de resposta ao tratamento.

Sua pontuação total é obtida pela somatória do escore conferido a cinco subitens:

B1: número de episódios antes do tratamento

B2: frequência dos episódios antes do tratamento

B3: duração do tratamento

B4: adesão durante o(s) período(s) de estabilidade

B5: uso de medicação adicional durante os períodos de estabilidade

A pontuação total é obtida subtraindo-se B de A. Desta forma, esta escala

permite tanto uma abordagem categórica (abaixo ou acima de determinado ponto

de corte) ou uma avaliação dimensional da resposta ao lítio (40,42).

Para seu preenchimento, inicialmente é necessário determinar o período a

ser avaliado. Deve-se dar preferência ao maior período no qual o uso de lítio

esteja bem documentado e que informações sobre resposta clínica, frequência e

duração dos episódios, duração do tratamento, adesão ao tratamento (incluindo

registro litemias séricas), e descrição do uso de medicação adicional que não o

lítio (uso sistemático de antidepressivos, antipsicóticos ou outras) estejam

disponíveis.

Fizeram parte de nosso estudo dois avaliadores: 1. JCL, residente em

psiquiatria; 2. LFALS, psiquiatra assistente de ensino, com maior experiência

clínica. Antes do início da aplicação da escala, os pesquisadores se reuniram com

os orientadores para treinamento e “calibração” dos escores, através do conjunto

de vinhetas clínicas utilizadas para treinamento no ConLiGen, até que todos se

familiarizassem com o procedimento.

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Posteriormente, os dois pesquisadores (LFALS, JCL) revisaram os

prontuários dos participantes na instituição (HC-UNICAMP). O tempo de revisão

de cada um dos prontuários variou de 30 minutos a aproximadamente 3 horas,

dependendo do tempo de história clínica. Pacientes acompanhados há décadas

na instituição possuem prontuário de até seis volumes. Obteve-se assim um banco

de dados que incluiu os 40 pacientes avaliados. Utilizando este mesmo conjunto

de informações, os dois pesquisadores pontuaram a escala ALDA de forma

totalmente independente, obtendo escores individuais para cada um de seus

critérios.

Em um segundo momento, os dois pesquisadores, reuniram-se para

discutir a eleição do melhor período a ser considerado, além das pontuações

obtidas nas avaliações individuais. Construiu-se assim uma pontuação de

consenso para cada um dos itens da escala ALDA, escores que foram utilizados

na avaliação de preditores de resposta ao lítio.

Nosso estudo também elaborou uma versão em português da escala ALDA

(APÊNDICE 2). Para isso, um dos pesquisadores (JCL) traduziu o instrumento

para português a partir de sua versão original em inglês e, em seguida, um novo

profissional independente, não ligado ao estudo, realizou uma retrotradução.

Este procedimento permite a avaliação crítica da qualidade da tradução.

B) VARIÁVEIS CLÍNICAS E SOCIODEMOGRÁFICAS: Outras variáveis clínicas e

sociodemográficas também foram obtidas neste processo, como gênero,

escolaridade, idade de início e frequência dos episódios de humor, presença e

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frequência de sintomas psicóticos, história de tentativas de suicídio,

hospitalização, eletroconvulsoterapia (ECT), uso de álcool ou outras drogas, e

história familiar de transtorno mental. Um quadro com todas as variáveis analisadas encontra-se disponível no APÊNDICE 1.

O processo de obtenção dos dados clínicos e sociodemográficos foi feito de

forma a refletir o período anterior ao escolhido para a pontuação da escala ALDA. Esta abordagem nos permitiu criar um modelo com poder preditivo das

variáveis estudadas com relação a resposta terapêutica ao lítio, analisado em

modelos estatísticos univariado e multivariado (descritos em resultados).

3.5 - ANÁLISE ESTATÍSTICA

1. Para determinar a relação entre as variáveis e as pontuações da escala

ALDA, os dados foram transformados em postos (ranks) e foram utilizados

os métodos de análise de regressão logística e análise de regressão linear

(univariada e multivariada). O nível de significância adotado para o estudo

foi de 5%.

2. No caso da análise de confiabilidade entre avaliadores da escala ALDA,

utilizou-se o coeficiente de correlação intraclasse (ICC). Foram

considerados os valores individuais atribuídos por cada avaliador.

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RESULTADOS

4.1 - DESCRIÇÃO DA AMOSTRA

A amostra consistiu de 40 pacientes, dos quais 15 eram homens e 25

mulheres, com uma média etária de 40,03 (± 3,08) anos. Quarenta por cento

nunca se casou e 57,5% tiveram filhos, com uma média de 1,23 (± 1,44) filhos por

paciente.

Com relação ao nível de instrução, chama a atenção que a maior parte do

avaliados possui ensino médio completo (28,21%) ou curso superior incompleto

(23,08%). O número médio de anos de escolaridade completos foi de 9,72 (±

4,08), com taxas de repetência ou abandono escolar de 63,64%. Outro dado

interessante é que somente 42,5% dos avaliados mostraram-se economicamente

ativos. Mais detalhes da amostra encontram-se expostos na TABELA 1.

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TABELA 1 – DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS VARIÁVEL N (FREQUÊNCIA %) MÉDIA (DP) Aparência Física Asiática Branca Negra Pardo

2 (5,13) 27 (62,23) 4 (10,26) 6 (15,38)

Estado conjugal Nunca casou Casado Separado

16 (40,00) 15 (37,50) 9 (22,50)

Religião Católica Evangélica Espírita Não tem Outra

15 (38,46) 20 (51,26) 1 (2,56) 2 (5,13) 1 (2,56)

Instrução Sem Instrução Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio incompleto Ensino médio completo Superior incompleto Superior completo Pós-graduação

1 (2,56) 7 (17,95) 4 (10,26) 4 (10,26) 11 (28,21) 9 (23,08) 2 (5,13) 1 (2,56)

Habitação Própria Alugada Cedida Instituição

22 (62,60) 8 (23,53) 3 (8,82) 1 (2,94)

Renda pessoal (Reais)

29

547,28 (± 579.91)

Renda familiar (Reais)

23

2543,10 (± 1471,20)

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4.2 – VARIÁVEIS CLÍNICAS

Em nossa amostra, a idade média na qual os pacientes passaram a

apresentar sintomas de humor (anos) foi de 24,18 (± 9,18), enquanto o tempo total

de doença (anos) até o início do período escolhido para o preenchimento da

escala ALDA foi de 12,85 (± 9,18). Os sintomas maníacos se manifestaram, em

média, mais precocemente do que os depressivos (26,55 vs 28,14 anos).

Contudo, a idade média dos primeiros episódios mistos foi inferior a de qualquer

outra forma de episódio do humor (24,55). Uma descrição detalhada da idade de

início e número de episódios de humor é apresentada na TABELA 2.

TABELA 2 – ASPECTOS CLÍNICOS RELACIONADAS AOS EPISÓDIOS DE HUMOR VARIÁVEL N MÉDIA D.P. MEDIANA MÍN MÁX Idade na qual os sintomas de humor começaram

40

24,18

9,18

22,00

12,00

49,00

Idade no início do intervalo

40

34,90

13,22

32,00

16,00

68,00

Número de episódios maníacos

40

3,23

3,08

2,00

0,00

13,00

Idade do primeiro episódio maníaco

38

26,55

10,50

25,00

14,00

57,00

Número de episódios hipomaníacos

40

0,53

0,85

0,00

0,00

3,00

Idade do primeiro episódio hipomaníaco

13

28,31

9,89

23,00

16,00

44,00

Número de episódios depressivos

40

1,53

1,95

1,00

0,00

10,00

Idade do primeiro episódio depressivo

28

28,14

12,23

26,50

12,00

62,00

Número de episódios mistos

40

0,45

1,40

0,00

0,00

7,00

Idade do primeiro episódio misto

06

24,50

4,28

22,00

21,00

30,00

Número total de episódios do humor

40

5,75

4,46

4,00

1,00

20,00

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No que diz respeito a presença de sintomas psicóticos no TAB, nosso

estudo encontrou que 67,5% dos pacientes (N=27) apresentaram estas

manifestações, incluindo delírios, alucinações e desorganização grosseira do

comportamento. A média de episódios de humor com sintomas psicóticos no total

da amostra (N=40) foi de 1,88 (± 2,51), com mediana de 1,00. Contudo,

considerados apenas os pacientes que manifestaram sintomas psicóticos (N=27),

esta média sobe para 2,77 (± 2,62), com mediana de 2,00.

Na ampla maioria dos casos (62,96%) os sintomas psicóticos ocorreram

exclusivamente na vigência de episódios maníacos; apenas em 3,7% dos casos

estes sintomas ocorreram exclusivamente em episódios depressivos. Em 33,33%

dos pacientes, os sintomas psicóticos ocorreram tanto na mania como na

depressão. Destaca-se ainda que em 75,86% dos casos os sintomas psicóticos

não eram congruentes com o humor, com delírios paranoides ou auto-referentes,

alucinações auditivas ou ainda desorganização grave do comportamento.

!

!

!

!

Dentre as variáveis estudadas existem aquelas cuja ocorrência é indicativo

de gravidade clínica, como é o caso das relacionadas a tentativas de suicídio.

Nossa amostra apontou que 22,5% dos pacientes cometeram, em algum momento

de suas vidas, uma tentativa de suicídio. A idade média da primeira tentativa foi de

26,89 anos (± 12,81). Em sete dos casos as tentativas de suicídio ocorreram na

vigência de episódio depressivo do humor, enquanto em dois deles estas

ocorreram em episódios maníacos. Quanto a gravidade das tentativas de suicídio,

28,57% tiveram consequências clínicas relatadas, como por exemplo necessidade

de suporte clínico e internação hospitalar.

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Outro importante indicativo de gravidade clínica é a necessidade de

hospitalização. Pelo menos uma internação psiquiátrica ocorreu na ampla maioria

dos casos (87,5%; N=35) , sendo que o número médio de internações no período

estudado foi de 3,40 (± 2,51), com mediana de 2,00. Por fim, cerca de 25% dos

pacientes foram submetidos a ECT em algum momento de suas histórias clínicas,

incluindo tratamento para mania, depressão ou estados mistos.

Quanto à presença de comorbidades clínicas e psiquiátricas, em 40% dos

casos foi identificada pelo menos uma comorbidade clínica e em 57,5% pelo

menos uma psiquiátrica. Com relação ao envolvimento com substâncias

psicoativas, consideramos comorbidade com o uso de álcool e outras drogas tanto

o uso abusivo quanto a dependência, relatados no prontuário e constatados

clinicamente pelo médico assistente. Apenas 7,69% apresentam história prévia de

comorbidade com uso de álcool, enquanto 10,0% de uso de outras substâncias.

Com relação à comorbidade com tabagismo, a prevalência é maior e atinge cerca

de um terço dos pacientes (31,58%).

Com relação ao tratamento de manutenção dos pacientes com TAB, a

combinação de múltiplos agentes estabilizadores foi verificada na maior parte das

vezes, sendo raros os casos nos quais os pacientes usavam um único fármaco.

Em nossa amostra, quase a totalidade dos pacientes apresentam história de uso

atual ou prévio de outros fármacos que não o lítio, sendo o mais frequente a

associação com antipsicóticos (95,0%), seguido pelos anticonvulsivantes (80,0%),

benzodiazepínicos (60%) e antidepressivos (42,5%).

Finalmente, com relação à presença de antecedentes familiares para

transtornos mentais, é interessante notar que cerca de 80,0% dos pacientes

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apresentavam algum antecedente familiar para transtorno do humor, 20%

apresentam antecedente familiares de transtornos psicóticos, enquanto 42,5%

apresentavam antecedente para algum outro transtorno mental, especificado ou

não.

4.3 - RESPOSTA AO LÍTIO

Os valores consensualmente obtidos para cada um dos itens da escala

ALDA são apresentados na TABELA 3.

A duração média dos intervalos considerados foi de 37,35 meses (± 39,74),

com mediana de 24,50 meses.

4.4 – MODELO UNIVARIADO E MULTIVARIADO

Apesar do grande número de variáveis analisadas, apenas algumas delas

foram escolhidas para serem testadas nas análises multivariadas. Tal escolha

levou em conta a distribuição das variáveis na população estudada e dados da

TABELA 3 – ESCORES CONSENSUAIS DA ESCALA ALDA VARIÁVEL N MÉDIA D.P. MEDIANA ALDA A 40 7,00 2,25 7,00 ALDA B1 40 0,50 0,68 0,00 ALDA B2 40 0,38 0,67 0,00 ALDA B3 40 0,53 0,64 0,00 ALDA B4 40 1,05 0,81 1,00 ALDA B5 40 1,78 0,58 2,00 ALDA BT 40 4,23 1,79 4,00 ALDA TOTAL 40 2,78 3,08 3,00

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literatura acerca de possíveis preditores de resposta ao lítio. Estas variáveis

encontram-se expostas no QUADRO 1.

Com relação às análises envolvendo a pontuação ALDA TOTAL (A menos

B), vale ressaltar que apenas 4 pacientes mostraram AT ≥ 7, o ponto de corte

mais comumente adotado nos estudos. Esta distribuição não permitiu categorizar

a amostra dicotomicamente em respondedores e não respondedores. Deste

modo, optamos por utilizar os valores do Critério A, como variável contínua, opção

também adotada pelos estudos do ConLigen.

QUADRO 1 – VARIÁVEIS ANALISADAS NO MODELO MULTIVARIADO

Gênero Anos Estudo Completos com Sucesso Idade Início dos Sintomas Tempo de Doença Antes do Intervalo Número de Episódios Maníacos Idade do Primeiro Episódio Maníaco Número de Episódios depressivos Idade do Primeiro Episódio depressivo Total de Episódios do Humor Realizou Tentativa de Suicídio (Sim ou Não) Presença de Sintomas Psicóticos (Sim ou Não) Internação Psiquiátrica Uso de Tabaco Uso de Etanol Uso de Outras Substâncias Psicoativas Antecedente Familiar de Transtorno do Humor (Sim ou Não) Antecedente Familiar de Psicose (Sim ou Não) História de Eletroconvulsoterapia (ECT)

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4.4.1 - PONTUAÇÃO DO CRITÉRIO A DA ESCALA ALDA, COMO VARIÁVEL CONTÍNUA (N=40)

Na análise estatística, em um primeiro momento utilizamos a pontuação do

Critério A como variável contínua, sem excluir pacientes com muitos

confundidores (escores altos de BT), o que pode comprometer a inferência de

causalidade entre melhora clínica e o tratamento com lítio (N=40) (TABELAS 4 e 5).

TABELA 4 – PREDITORES CLÍNICOS DE RESPOSTA AO LÍTIO – REGRESSÃO LINEAR UNIVARIADA (N=40) *

VARIÁVEL N DF PARAMETER ESTIMATE

STANDARD ERROR T VALUE PR > |T|

Gênero 40 1 1,17333 3,81358 0.31 0,7600

Anos de Estudo 39 1 -0,31181 0,46737 -0.67 0,5088

Idade Início 40 1 0,30941 0,19749 1.57 0,1255 Tempo de Doença (Antes do Intervalo ALDA) 40 1 -0,00061 0,01722 -0.04 0,9721

Número de Episódios Maníacos 40 1 -0,36525 0,60410 -0.60 0,5490

Idade do primeiro episódio maníaco 38 1 0,08459 0,18456 0.46 0,6494

Número de Episódios Depressivos 40 1 -0,01014 0,96109 -0.01 0,9916

Idade do Primeiro Episódio Depressivo 40 1 -1,84524 4,02273 -0.46 0,6491

Número Total de Episódios do Humor 40 1 -0,43987 0,41317 -1.06 0,2938

Realizou Tentativa de Suicídio 40 1 5,73477 4,32791 1.33 0,1931 Presença de Sintomas Psicóticos (Sim ou Não) 40 1 -7,69231 3,74425 -2.05 0,0469 Número de Episódios com Sintomas Psicóticos 40 1 -1,57078 0,69989 -2.24 0,0307

Internação Psiquiátrica 40 1 -2,05714 5,57949 -0.37 0,7144

Uso de Tabaco 38 1 5,97756 3,82631 1.56 0,1270

Uso de Etanol 39 1 -3,16667 6,90623 -0.46 0,6493

Uso de Outras Substâncias Psicoativas 40 1 -7,91667 6,02649 -1.31 0,1968 Antecedente Familiar de Transtorno do Humor 40 1 -2,03125 4,60959 -0.44 0,6620

Antecedente Familiar de Psicose 40 1 -4,60938 4,56046 -1.01 0,3185

Realizou ECT 40 1 -1,66667 4,26045 -0.39 0,6978

* Critério ALDA A (variável contínua)

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TABELA 5 - PREDITORES CLÍNICOS DE RESPOSTA AO LÍTIO – REGRESSÃO LINEAR MULTIVARIADA (N= 35) * VARIÁVEL

PARAMETER ESTIMATE

STANDARD ERROR

TYPE II SS

F VALUE

PR > F

R2 PARCIAL

Número Total de Episódios do Humor -2,03744 0,66632 934,51128 9,35 0,0045 0,1578

Uso de Tabaco 8,54129 3,62881 553,72938 5,54 0,0249 0,2821

* Critério ALDA A (variável contínua) – critério de seleção: stepwise

No modelo univariado, tanto a presença de sintomas psicóticos como o

número de episódios de humor com sintomas psicóticos mostraram relação

inversa com o critério A, ou seja, com a melhora clínica (p<0,05). A presença de

sintomas psicóticos mostrou um impacto maior na resposta ao tratamento (PE = -

7,692) do que o número de episódios com sintomas psicóticos (PE = -1,570).

Já no modelo multivariado, foi o número total de episódios do humor que mostrou relação inversa com o critério A (PE = -2,037), ou seja, quanto maior

o número de episódios prévios ao tratamento, menor a melhora clínica. Outro

interessante resultado foi que pacientes com história de uso de tabaco (prévio

ou atual) mostraram relação direta com a resposta ao tratamento (PE = 8,541).

4.4.2 - PONTUAÇÃO DO CRITÉRIO A DA ESCALA ALDA, COMO VARIÁVEL CONTÍNUA, EXCLUÍDOS OS PACIENTES COM ESCORE B TOTAL MAIOR

QUE 4 (N= 26)

Posteriormente, pra determinar melhora clínica relacionada ao tratamento com

lítio, nós adotamos a abordagem preferencial do ConLiGen, utilizando a

pontuação A como variável contínua, após a exclusão de todos os indivíduos

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22!!!

com BT > 4 (48). Esta estratégia exclui pacientes com confundidores que podem

comprometer a inferência de causalidade entre a melhora clínica e o tratamento

medicamentoso com o lítio. Os dados encontram-se representados nas TABELAS 6 e 7.

TABELA 6 - PREDITORES CLÍNICOS DE RESPOSTA AO LÍTIO, EXCLUÍDOS PACIENTES COM BT > 4 – REGRESSÃO LINEAR UNIVARIADA (N=26) *

VARIÁVEL

N

DF

PARAMETER ESTIMATE

STANDARD ERROR

T VALUE

PR > |T|

Gênero 26 1 0,93464 3,17072 0,29000 0,77070

Anos de Estudo 26 1 -0,11763 0,33077 -0,36000 0,72520

Idade Início 26 1 0,25139 0,16900 1,49000 0,14990 Tempo de Doença (Antes do Intervalo ALDA) 26 1 -0,00260 0,01380 -0,19000 0,85210

Número de Episódios Maníacos 26 1 -0,24399 0,46058 -0,53000 0,60120

Idade do primeiro episódio maníaco 26 1 0,04205 0,15313 0,27000 0,78620

Número de Episódios Depressivos 26 1 -0,11900 0,69764 -0,17000 0,86600

Realizou Tentativa de Suicídio 26 1 4,49624 3,28098 1,37000 0,18320 Presença de Sintomas Psicóticos (Sim ou Não) 26 1 -3,14379 3,11096 -1,01000 0,32230

Número de Episódios com Sintomas Psicóticos 26 1 -0,95286 0,47727 -2,00000 0,05730

Uso de Tabaco 25 1 6,19481 2,73883 2,26000 0,03350 Antecedente Familiar de Psicose 26 1 -6,94318 3,94131 -1,76000 0,09090

Realizou ECT 26 1 -0,29323 3,40640 -0,09000 0,93210

* Pontuação ALDA A como variável contínua, excluídos pacientes com BT > 4

TABELA 7 - PREDITORES CLÍNICOS DE RESPOSTA AO LÍTIO, EXCLUÍDOS PACIENTES COM BT > 4 – REGRESSÃO LINEAR MULTIVARIADA (N= 23) * VARIÁVEL

PARAMETER ESTIMATE

STANDARD ERROR

TYPE II SS

F VALUE

PR > F

R2 PARCIAL

Número de Episódios do Humor com Sintomas Psicóticos -1,24241 0,40396 314,23522 9,46 0,0060 0,2502

Uso de Tabaco 7,66608 2,41712 334,15917 10,06 0,0048 0,2208 * Pontuação ALDA A como variável contínua, excluídos pacientes com BT > 4 - Critério de Seleção: stepwise

Nesta abordagem dos dados (TABELA 7), o modelo multivariado (N=23)

mostrou que o número de episódios do humor com sintomas psicóticos

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23!!!

apresentou relação inversa com a melhora clínica dos pacientes, medida pelo

critério A da escala ALDA (PE -1,24241). Já o uso de tabaco (atual ou prévio)

relacionaram-se de forma direta com a melhora clínica (PE 7,66608).

4.5 - CONCORDÂNCIA INTERAVALIADORES NA APLICAÇÃO DA ESCALA ALDA

Um importante aspecto da aplicação da escala ALDA é a escolha do maior

período no qual o uso de lítio esteja melhor documentado. em nosso estudo, dois

avaliadores independentes aplicaram a escala ALDA, usando um mesmo banco

de informações. Para determinar o grau de concordância na escolha do período

avaliado, calculou-se o número de meses em comum dos períodos escolhidos por

LFALS e JCL. Posteriormente calculou-se a relação deste valor com a duração

total do período escolhido por cada um dos avaliadores, afim de se estabelecer o

percentual de tempo que o período em comum representa no período total.

A média de duração do intervalo escolhido pelo avaliador LFALS foi de

37,25 meses (± 44,29), enquanto da avaliadora JCL foi de 28,32 meses (±27,95).

A média da relação entre o intervalo coincidente entre os dois avaliadores com

relação ao intervalo escolhido foi de 0,80 (± 0,33) para o avaliador LFALS e 0,85

(± 0,29) para a avaliadora JCL. Estes resultados apontam uma concordância entre

80-85% na escolha do período para escala ALDA.

Com relação a análise de confiabilidade entre avaliadores foi utilizado o

coeficiente de correlação intraclasse (ICC). Valores abaixo de 0,4,

confiabilidade baixa; entre 0,4 – 0,75, confiabilidade regular ; valores acima de

0,75, confiabilidade alta (49,50).

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24!!!

Dos seis itens da escala, quatro apresentaram ICC maior ou igual a 0,75

(Critérios A, B1, B3, B5) e dois entre 0,6 e 0,75 (Critérios B2 e B4).

Especificamente, no Critério A, obtivemos um ICC de 0,748 e na pontuação da

ALDA Total, 0,709. Os resultados, critério a critério estão listados na TABELA 8.

TABELA 8 - ANÁLISE DA CONFIABILIDADE ENTRE OS AVALIADORES (ICC) Variável ICC IC 95% CRITÉRIO A 0,748 0,573 – 0,858 CRITÉRIO B1 0,833 0,707 – 0,908 CRITÉRIO B2 0,610 0,373 – 0,772 CRITÉRIO B3 0,765 0,599 – 0,868 CRITÉRIO B4 0,634 0,407 – 0,788 CRITÉRIO B5 0,781 0,334 – 0,753 B TOTAL 0,672 0,461 – 0,811 ALDA TOTAL 0,709 0,515 – 0,834

ICC = Coeficiente de Correlação Intraclasse; IC = Intervalo de Confiança (95%)

Finalmente, o gráfico abaixo demonstra o Coeficiente de Correlação

Interclasse (ICC) para cada um dos itens da escala, dos dois avaliadores

(GRÁFICO 1).

GRÁFICO 1 - ICC POR ITEM DA ESCALA ALDA

0!0,1!0,2!0,3!0,4!0,5!0,6!0,7!0,8!0,9!

A"Alda B1"Alda B2"Alda B3"Alda B4"Alda B5"Alda BT"Alda Total"Alda

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25!!!

DISCUSSÃO

Avaliar, de forma retrospectiva, a resposta terapêutica a determinada

abordagem farmacológica é um desafio na realização de pesquisas em que não

utilizou-se um protocolo específico de tratamento. Deve-se, sempre que possível,

utilizar o maior número de fontes de informações disponíveis, incluindo a

realização de entrevistas diretas, com os pacientes e familiares.

Contudo, o TAB pode estender-se por décadas, e mesmo com a realização

de entrevistas, informações detalhadas envolvendo número de episódios,

frequência, adesão ao tratamento ou uso de medicações adjuvantes, podem se

mostrar pobres e inconclusivas. Na tentativa de superar estes problemas, a

revisão dos prontuários dos pacientes constitui-se como uma importante

ferramenta na obtenção de informações clínicas e relacionadas ao tratamento.

Esta solução vem, contudo, com um conjunto de novos problemas.

Informações clinicas são registradas de maneira errática e não padronizada nos

prontuários. Dados importantes, como uso de substâncias psicoativas e tabaco,

são frequentemente ignorados, e faltam explicações relacionadas a mudanças no

rumo do tratamento. Interpretar dados centrais para determinação da efetividade

de um tratamento, como o grau de melhora clínica ou a adesão ao uso de

determinado fármaco, requer interpretação do registro de outros profissionais, e

pode variar entre diferentes avaliadores. Ainda assim, a obtenção de dados

clínicos através da revisão minuciosa dos prontuários médicos é uma valiosa

ferramenta para pesquisas clínicas.

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As limitações deste estudo são inerentes a este processo de obtenção de

informação, além de possíveis vieses de seleção, já que todos os participantes

pacientes de um hospital universitário de alta complexidade.

5.1 – GÊNERO

A literatura sugere que a prevalência de TAB é igual em ambos os sexos

(51), apesar de homens e mulheres apresentarem diferenças com relação a

apresentação clínica e o tratamento que recebem para controle sintomático, sendo

mais frequente o uso de antidepressivos, benzodiazepínicos, neurolépticos,

lamotrigina e psicoterapia nas mulheres (52).

Mulheres com TAB mais comumente manifestam sintomas depressivos

subsindrômicos e disforia, apesar do número e duração dos episódios depressivos

não ser diferente dos homens (52,53). Além disso, o diagnóstico de TAB tipo II,

hipomania e estados mistos também são mais prevalentes em mulheres (52–54).

O nosso estudo não encontrou relação de resposta terapêutica ao lítio com

gênero, o que está de acordo com os dados da literatura que não apontam

diferença entre homens e mulheres com relação a resposta ao tratamento com

lítio (52,55).

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5.2 - IDADE DE INÍCIO DOS SINTOMAS

Conforme ilustrado na TABELA 2, a média de idade na qual os sintomas do

humor se iniciaram, na população estudada, foi de 24,18 anos (± 9,18). Tendo em

vista a heterogeneidade com a qual o TAB se manifesta na população, a idade de

início dos sintomas (Age of Onset) é considerada uma das potencias variáveis na

tentativa de discriminação dos acometidos pelo transtorno em subgrupos.

Contudo, tais subgrupos baseados na idade de início dos sintomas ainda não

foram validados, e os critérios para esta divisão são conflituosos (4,56).

Em um estudo realizado por Azorin et al. (2013), pacientes com início dos

sintomas em idade ≤20 anos foram considerados como de início precoce, >20 até

≤30 anos de início intermediário, enquanto pacientes ≤ 30 anos foram

considerados de início tardio (56).

O início precoce no TAB está associado a maiores taxas de comorbidades

como sintomas psicóticos durante os episódios afetivos (56–60), evolução clínica

mais grave (56), transtorno do pânico durante a vida (57,60–62), distúrbios de

conduta, alcoolismo e abuso de substâncias (63,64), comportamento suicida

(56,57,60), cicladores rápidos (60), além de um curso mais crônico, com episódios

recorrentes e sem intervalo livre de sintomas (4).

Dados da literatura também sugerem que pacientes com manifestações

afetivas precoces evoluem mais comumente como TAB tipo 1 (57,65), apresentam

maior chance de ter parentes de primeiro grau com distúrbios do humor (57,60).

Em contraste com os pacientes que apresentam sintomatologia tardia, e

frequentemente são diagnosticados como depressão unipolar ou transtornos

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ansiosos, os pacientes com início precoce apresentam maior intervalo de tempo

entre o diagnóstico correto e o início do tratamento (56), maior número de

episódios de humor e hospitalização durante a vida (56), além de apresentam

piores taxas de resposta ao lítio (57).

Em nosso estudo, tanto nas análises univariadas (TABELAS 4 e 6) como

no modelo multivariado (TABELAS 5 e 7), a idade de início de sintomas afetivos

não teve relação com a resposta terapêutica ao lítio em pacientes portadores de

TAB.

5.3 - NÚMERO E FREQUÊNCIA DOS EPISÓDIOS DE HUMOR

Com relação ao número de episódios de humor no decorrer do TAB,

especula-se que uma maior duração do transtorno ou maior número de episódios

está relacionado a um aumento da morbidade, incluindo taxas maiores de

ciclagem do humor e episódios mais longos (66). Uma hipótese é que este

fenômeno decorra de kindling ou sensibilização comportamental, efeito estressor

de descontinuações frequentes do tratamento, ou ainda o impacto acumulativo da

doença prolongada com prejuízo no desenvolvimento e funcionalidade (67,68).

As tentativas de consolidar estas hipóteses geraram resultados conflitantes

na literatura. Enquanto trabalhos como o de Swann el al. (1999) e Franchini et al.

(1999) demonstraram melhor resposta e prognóstico em portadores de TAB que

receberam tratamento precoce, outros grupos não evidenciaram os mesmos

achados. Baldessarini et al. (1999), em um estudo naturalístico envolvendo 360

indivíduos adultos, não encontrou relação da resposta clínica com o número de

episódios prévios ou com a latência em iniciar o tratamento farmacológico (68–70).

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Outros dados apontam que pacientes com múltiplas recorrências de

episódios do humor apresentavam pior qualidade de vida, maiores taxas de

invalidez, além de maior cronicidade e gravidade dos sintomas (66).

No nosso estudo, a análise multivariada do Critério A como variável

contínua sem a exclusão dos pacientes com BT > 4, também apontou que o

número de episódios de humor relacionou-se a pior prognóstico no tratamento

com lítio. Vale ressaltar, contudo, que nesta abordagem, como não se excluiu

pacientes com valores de B total altos, a inferência de causalidade entre a

melhora clínica e o tratamento medicamentoso com o lítio é comprometida.

Excluídos os pacientes com BT > 4, tanto nas análises univariadas como

nos modelo multivariado multivariados, o número de episódios de mania,

depressão, hipomania ou mistos não se relacionou com a resposta ao tratamento

profilático com lítio (TABELA 6 e 7). Este dado vai ao encontro de outros estudos

encontrados na literatura, como a revisão sistemática realizada por Kleindienst et.

al. (2005) que não encontrou relação entre o número de episódios e resposta ao

lítio (35).

5.4- SINTOMAS PSICÓTICOS

A hipótese de que pacientes com características psicóticas, como sintomas

paranóides e distúrbios formais do pensamento, responderiam mal ao lítio não é

recente (37). Contudo, as tentativas de confirmar o valor preditivo da presença de

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sintomas psicóticos no prognóstico de pacientes bipolares tratados com lítio

mostraram resultados inconclusivos (35).

Mais da metade dos pacientes com TAB desenvolvem sintomas psicóticos

em algum momento de suas vidas (38). Discute-se na literatura se a presença de

sintomas psicóticos indicariam uma forma particular de transtorno do humor, ou

simplesmente uma manifestação não específica, cuja melhora acompanha a dos

sintomas de humor subjacentes (71). Indicando a gravidade do transtorno afetivo,

a presença de sintomas psicóticos, está associada a piores escores nas escalas

PANSS, YMRS e GAS (38).

Uma grande discussão envolvendo o poder preditivo da presença de

sintomas psicóticos no TAB e melhora clínica com uso de lítio concerne a

definição de psicose. O modelo mais comumente adotado é a separação entre

sintomas psicóticos congruentes e incongruentes como humor. Parece haver uma

tendência de pior prognóstico no tratamento quando há sintomas psicóticos não

congruentes com o humor (35), o que ocorre em até 55% dos pacientes com TAB

(72). Fennig et al. (1996) encontrou que mais da metade dos pacientes

apresentam uma combinação de sintomas psicóticos congruentes e incongruentes

e que, na maioria dos casos, psicose não congruente estava presente na ocasião

de uma primeira hospitalização (73).

Contudo, não existe uma definição universalmente aceita de psicose não

congruente com o humor e a própria identificação de sintomas psicóticos nestes

casos pode se difícil (74). A definição habitualmente adotada refere-se as

manifestações não diretamente relacionadas a polaridade do humor, como temas

de grandeza ou poder na mania, e culpa, punição, pobreza, doença e niilismo na

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depressão (72,73,75). Incluem a presença de delírios paranoides e

autorreferentes, de inserção do pensamento, ou de controle por força externa .

Psicose incongruente com o humor se associa a piores desfechos na esfera

psicossocial, evidentes especialmente no seguimento a longo prazo (73,76), talvez

por relacionar-se a maior gravidade global da doença e maior morbidade (72).

Yazici et al. (1999) investigaram o impacto de sintomas psicóticos não

congruentes com o humor em 141 pacientes com transtorno bipolar e encontrou

uma forte relação negativa entre a presença destes sintomas e resposta

terapêutica ao uso profilático de lítio (78). Finalmente, psicose parece ser preditivo

de sintomas psicóticos futuros, em especial quando associada a depressão (77).

Nosso estudo encontrou, no modelo multivariado, uma relação inversa entre o número de episódios do humor com sintomas psicóticos e melhora clínica com uso de lítio, reforçando a hipótese de que o tratamento com lítio

parece ser menos eficaz nestes pacientes. Esta variável não separa, contudo,

sintomas psicóticos congruentes dos incongruentes com o humor, apesar de outra

variável apontar que cerca de 76% (N = 22) dos casos apresentaram sintomas

incongruentes.

Uma possível explicação para estes resultados concerne ao fenótipo da

população estudada, já que o que é rotulado como TAB hoje é um grupo

significativamente maior e mais heterogêneo do que os maníaco-depressivos do

passado (30).

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32!!!

5.5 – TENTATIVAS DE SUICÍDIO

O comportamento suicida é um grande desafio na atenção a saúde,

envolvendo a assistência psiquiátrica, outros campos de assistência médica e

mobilizando a sociedade como um todo. Os fatores de caráter médico-

psiquiátricos são considerados os com maior valor preditivo no risco de suicídio, já

que em 90% das tentativas ou suicídios consumados o indivíduo preenche critério

para, pelo menos, um diagnóstico de eixo I do DSM-IV (79,80). Hierarquicamente,

os transtornos mais comumente associados ao comportamento suicida são:

transtorno depressivo (56-87%), transtornos relacionados ao uso de substâncias

psicoativas (26-55%) e esquizofrenia (6-13%) (80,81).

O transtorno bipolar especificamente relaciona-se fortemente a mortalidade

prematura, com taxas 2-3 vezes maiores do que a população em geral (Muller-

Oerlinghausen et al., 2002), sendo o suicídio a principal causa de morte precoce

nestes pacientes (82). No decorrer de suas vidas, aproximadamente 50% dos

pacientes com transtorno bipolar tentam suicídio (83), e entre 11% e 19%

cometem suicídio (84).

Em nosso estudo, 22,5% dos estudados cometeram, em algum momento

de suas vidas, uma tentativa de suicídio, percentagem abaixo da relatada na

literatura. Tanto nas análises univariadas como no modelo multivariado, história de

tentativa de suicídio não se relacionou, de forma positiva ou negativa, com a

resposta terapêutica ao lítio (TABELAS 4-7).

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5.6 - INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA

A internação psiquiátrica, além de estar associada a maiores custos no

tratamento de pacientes com transtorno bipolar, também é um indicador de

gravidade da evolução clínica e de piores indicadores de funcionamento global

(85,86). Ösby et al. (2009) encontraram, em um estudo envolvendo a população

sueca com transtorno bipolar, que ¾ das internações foram reinternações, e

apontaram que história de internações prévias relacionam-se a quadros mais

graves e mais propensos a serem readmitidos no hospital (86).

Pacientes com transtorno bipolar também são os mais propensos, em

conjunto com pacientes psicóticos, a permanecerem internados no pronto-socorro

enquanto aguardam por leitos na enfermaria de psiquiatria. Esta condição,

conhecida como boarding, é associada a desfechos adversos, aumento da

mortalidade, impacto negativo nos cuidados do paciente, em sua segurança e da

equipe, além de um aumento nos custos do tratamento (87).

Goldberg e Ernest (2002) encontraram que atraso na instituição do

tratamento medicamentoso com estabilizadores de humor, em pacientes com

TAB, associa-se a maiores taxas de hospitalização (88). Além disso, o uso de lítio

parece relacionado a menores taxas de internação psiquiátrica quando comparado

ao valproato (89).

Em nosso estudo 87,5% (N=35) dos pacientes apresentaram pelo menos

uma internação psiquiátrica no período estudado. Na análise univariada (TABELA 4), história internação psiquiátrica não se relacionou com a resposta terapêutica

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ao lítio. A distribuição da variável na amostra não permitiu a análise quanto

excluídos pacientes bom BT > 4 (TABELA 6).

A alta taxa de internação psiquiatra em nosso estudo pode estar

relacionada com um viés de seleção, já que a população é proveniente de um

hospital de alta complexidade e com evolução clínica grave.

5.7 – ELECTROCONVULSOTERAPIA (ECT)

O uso de Eletroconvulsoterapia (ECT) pode ser uma opção valiosa no

tratamento de mania e de episódios depressivos refratários ao tratamento

medicamentoso. Em muitos centros, mania é a terceira indicação mais comum de

ECT, ficando atrás apenas de depressão psicótica e esquizofrenia com sintomas

catatônicos (90).

No tratamento especificamente de quadros maníacos, as evidências na

literatura sugerem que o ECT seja tão ou mais eficaz que a farmacoterapia,

incluindo uso de lítio. A superioridade do ECT torna-se evidente em quadros de

mania grave e estados mistos (90). Em um estudo naturalístico conduzido em um

hospital psiquiátrico privado no Brasil, Volpe et al. (2003) encontraram que em

33,2% das internações por mania o paciente foi submetido a eletroconvulsoterapia

(91).

A prevalência da realização de ECT em nossa amostra (25%) vai ao

encontro de outros estudos na literatura. Não encontramos relação entre história

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de ECT e resposta ao tratamento com lítio nas análises univariadas e no modelo

multivariado (TABELAS 4-7)

5.8 - COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS

Comorbidade com outros diagnósticos psiquiátricos do eixo I (DSM) não é

um fenômeno raro em pacientes portadores de TAB, com incidência que chega a

65% durante a vida (14).

Grant et al. (2005), em um estudo epidemiológico que utilizou os dados do

National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions de 2001-2002

(N = 43,093), encontrou as seguintes taxas de prevalência de comorbidade, entre

pacientes com TAB e outros transtornos psiquiátricos, em 12 meses e durante a

vida respectivamente: 23,6% e 58,0% para transtornos relacionados ao uso de

álcool; 12,9% e 37,5% para transtornos relacionados ao uso de qualquer

substância psicoativa; 37,0% e 44,4% para dependência de nicotina; 48,5% e

53,3% para transtornos ansiosos e finalmente 70,8% e 64,7% para transtornos de

personalidade (51).

Os dados relacionados a comorbidade se replicam em diversos estudos na

literatura (1,92,93) e sugerem que os pacientes com TAB estão mais sujeitos a

sofrerem de outros transtornos mentais, como ansiedade, dependência de

substâncias psicoativas e transtornos alimentares, do que seria esperado ao

acaso (14).

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Apesar de 40% dos pacientes de nosso estudo apresentarem

comorbidades psiquiátricas relatadas em algum momento de sua história, esta

variável não integrou as análises univariadas ou o modelo multivariado.

5.9 - COMORBIDADES CLÍNICAS

Transtornos mentais graves notoriamente relacionam-se a um maior risco

de comorbidades clínicas, e também maiores índices de mortalidade, quando

comparados aos encontrados em indivíduos mentalmente saudáveis (94–96).

Especificamente em pacientes com transtorno bipolar, a presença de

enfermidades clínicas está associada a um maior tempo para recuperação dos

episódios e a pior evolução do transtorno mental como um todo (95,97).

Beyer et al. (2005) encontrou que as patologias mais de maior prevalência

nos pacientes com TAB foram as endocrinológicas (13,6%), incluindo diabetes,

obesidade, distúrbios tireoidianos e hipercolesterolemia. Em segundo lugar estão

as doenças do sistema cardiovascular (13,0%), seguidas de distúrbios

neurológicos (11,1%) e infecciosos (7,6%), incluindo HIV (97).

Assim como no caso das comorbidades psiquiátricas, apesar de 57,5% dos

nosso pacientes apresentarem relato de alguma comorbidade clínica, o dado não

integrou as análises univariadas ou o modelo multivariado.

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5.10 - ALCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS (SPAS)

Transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas são

sabidamente mais prevalentes em pacientes com outros transtornos mentais, e

estão entre as comorbidades mais frequentes em pacientes acometidos por

transtorno bipolar (14,51,98).

Em um estudo ligado a Organização Mundial de Saúde (OMS), o World

Mental Health Survey, envolvendo 61,392 adultos de 11 diferentes países das

Americas, Europa, e Asia, a prevalência comorbidade de portadores de TAB com

transtornos relacionados a uso de substâncias na vida foi de 36,6% (99).

Outros estudos envolvendo a população dos EUA encontraram

prevalências ainda maiores. O Epidemiologic Catchment Area Study (ECA), que

envolveu 20.000 participantes nos EUA na década de 80, encontrou que, quando

comparado a outros diagnósticos psiquiátricos do eixo I, indivíduos com TAB tipo I

apresentavam os maiores índices de transtornos relacionados ao uso de álcool

(46%) e drogas (41%) durante a vida. Estes índices foram significativamente

maiores do que os encontrados na população em geral (14% e 5%

respectivamente) (100).

Em outra pesquisa também envolvendo a população norte-americana, o

National Comorbity Survey (NCS), que incluiu 58.000 participantes, encontrou que

indivíduos com mania apresentaram chance 8,2 vezes maior de dependência a

drogas nos últimos 12 meses e 8,4 vezes maior de dependência de drogas

durante a vida quando comparados com a população em geral (101).

Posteriormente, o National Comorbidity Study Replication (NCS-R), conduzido

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entre 2001 e 2003, e envolvendo 9282 pacientes, encontrou uma prevalência de

comorbidade entre TAB e Transtornos relacionados ao uso de Substâncias de

42,3% (1).

Considerando a comorbidade entre TAB e uso de SPAs e a diferença entre

os sexos, Schaffer et al. (2006) encontrou que os homens mostraram-se mais

propensos a ter abuso ou provável dependência de substâncias psicoativas do

que as mulheres (46% vs 22%) (102), resultado também encontrado por outros

pesquisadores (103,104).

Finalmente, comorbidade de TAB com o uso de álcool e outras substâncias

psicoativas está associada a um início precoce dos sintomas afetivos (93,103) e a

piores desfechos no tratamento (98,105), com formas mais graves de

manifestação, como ciclagem rápida, disforia, sintomas ansiosos e estados mistos

(98,103).

Nos pacientes em episódio maníaco agudo com uso concomitante de

álcool, quando comparados aos em mania sem uso da substância, evidencia-se

um maior número de sintomas maníacos, bem como aumento da labilidade do

humor, impulsividade, comportamento violento, risco de suicídio e de internação

hospitalar (103,106).

Em nosso estudo, o uso de álcool ou de outras substâncias psicoativas

(excluído tabaco, que será discutido separadamente) não se relacionou, nas

análises univariadas e no modelo multivariado, com pior resposta ao lítio

(TABELAS 4 e 5). Estas variáveis não puderam ser analisadas quando excluídos

os pacientes com BT > 4 (TABELAS 6 e 7).

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5.11 – TABACO

Em pacientes acometidos por Transtorno Bipolar do humor, a prevalência

de dependência ao tabaco reportada na literatura varia entre 31,2% (107) a 66%

(108). Nosso estudo encontrou prevalência semelhante, de 31,58%.

No modelo multivariado, excluídos ou não os pacientes com BT > 4

(TABELAS 5 e 7), um achado interessante foi a relação positiva entre uso atual ou prévio de tabaco e melhora clínica no tratamento com lítio. Usualmente o

uso de tabaco está associado a piores prognósticos e aumento da recorrência e

gravidade dos episódios de humor no transtorno bipolar (107). No entanto, tanto

os alcaloides do tabaco, como nicotina e cotinina, e os sais de lítio reduzem a

atividade da glicogenio-sintetase-quinase 3 (GSK3), através do aumento de sua

fosforilação, assim modulando a sinalização intracelular com implicações em vias

inflamatórias e apoptóticas (109,110).

Considerando outro cenário, é postulado que na doença de Alzheimer a

inibição do fator pró-apoptótico GSK3β, o que acontece em decorrência tanto do

uso de tabaco quanto de lítio, associa-se a melhora cognitiva e neuroproteção

(111). Cotinina também relaciona-se a redução de comportamento depressivo-like,

memória de trabalho e perda sináptica associada a estresse crônico (112) .

De volta ao transtorno bipolar, apesar do mecanismo exato através do qual

o lítio desempenha seu efeito terapêutico não ser completamente compreendido,

acredita-se que a inibição da GSK3 tem um importante papel na prevenção de

episódios do humor (109). Nossos achados nos levam a especular se os

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alcaloides do tabaco e o lítio poderiam ter um efeito sinérgico na melhora clínica

de pacientes com TAB.

Este dado, contudo, deve ser interpretado com cautela. Apesar de, no

serviço de psiquiatria do HC-UNICAMP, rotineiramente inquirir-se o paciente

quanto a uso de tabaco e outras substâncias psicoativas, nós consideramos a

ausência de informações sobre o uso atual e prévio de tabaco como casos de

não-fumantes. Além disso, o padrão de consumo da substância baseou-se apenas

no relato clínico no prontuário, e nenhum método específico foi utilizado para

caracterizar este uso.

5.12 – USO DE OUTRAS MEDICAÇÕES

A combinação de múltiplos agentes estabilizadores, no tratamento

farmacolígico do TAB, faz-se necessária na maior parte das vezes, sendo raros os

casos nos quais os pacientes permanecem estáveis com o uso de um único

fármaco (26,41).

Uma miríade de medicações, de diferentes classes farmacológicas, foi

estudada como potenciais agentes no tratamento de manutenção do TAB,

incluindo antidepressivos, antipsicóticos e anticonvulsivantes. Destacam-se:

Amisulprida, Aripiprazol, Carbamazepina, Clorpromazina, Clozapina, Fluoxetina,

Gabapentina, Haloperidol, Lamotrigina, Olanzapina, Paliperidona, Quetiapina,

Risperidona, Topiramato, Valproato e Ziprazidona (32,113).

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Dentre as associações mais comuns estão a combinação de

anticonvulsivantes com lítio, particularmente valproato e lítio, mas também lítio

com agentes antipsicóticos e benzodiazepínicos (26,32).

Na nossa amostra, quase a totalidade dos pacientes apresentam história de

uso atual ou prévio de outros fármacos que não o lítio, valor superior a 95% para o

uso de antipsicóticos. Novamente, uma possível explicação para este dado é um

viés de seleção, com pacientes provenientes de um serviço de alta complexidade.

É importante notar, contudo, que a alta prevalência de uso de outros

fármacos que não o lítio implica em maiores valores de B5 na escala ALDA,

culminando com maiores valores de BT e diminuindo quase que globalmente a

pontuação total (AT). Esta variável não foi analisada no modelo univariado ou

multivariado.

5.13 - ANTECEDENTES FAMILIARES DE TRANSTORNOS MENTAIS

A hipótese de que o TAB apresente alguma forma de herança familiar

também é antiga, e a sua maior prevalência entre parentes de primeiro grau logo

levantou a hipótese de relação com componentes genéticos (114).

Song et al. (2004), no maior estudo de coorte já publicado envolvendo

pacientes com TAB (N = 54723), encontraram: 1. Forte risco familiar para TAB; 2.

Forte risco de co-ocorrência de esquizofrenia, transtornos ansiosos, TDAH, abuso

de SPAs, transtornos de personalidade e distúrbios do espectro autista; 3. Alto

risco familiar de coocorrência de esquizofrenia, depressão, transtornos ansiosos,

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TDAH, abuso de SPAs, transtornos de personalidade e transtornos do espectro

autista; 4. A associação entre o TAB e estes transtornos psiquiátricos é em grande

parte explicada por fatores genéticos compartilhados entre estes transtornos

(115).

Em um estudo envolvendo a população brasileira, Berutti et al. (2014)

encontraram dados semelhantes, demonstrando que pacientes com TAB com

história familiar de transtornos do humor parecem apresentar, quando comparados

aos sem história familiar, maiores índices de transtornos ansiosos, uso de SPAS,

número de hospitalizações e tentativas de suicídio (116). Dados de estimativa de

heritabilidade no transtorno bipolar na literatura variam de 58% a 85% (115,117).

Em nossa amostra, cerca de 80,0% dos pacientes apresentavam

algum antecedente familiar para transtorno do humor, 20% apresentam

antecedente familiares de transtornos psicóticos, enquanto 42,5% apresentavam

antecedente para algum outro transtorno mental, especificado ou não. Estes

dados de prevalência parecem estar de acordo com as estimativas de

heritabilidade dos transtornos mentais encontradas na literatura. Nas análises

univariadas e multivariadas, os antecedentes familiares de transtornos mentais

não se associaram à resposta terapêutica ao lítio (TABELAS 4-7).

5.14 – CONFIABILIDADE INTERAVALIADOR NA APLICAÇÃO DA ESCALA ALDA

A aplicação da escala ALDA exige um conhecimento prévio dos critérios do

transtorno bipolar, julgamento clínico e minuciosa análise do curso da doença. O

preenchimento da escala requer que seja selecionado o maior período no qual o

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uso de lítio é bem documentado, e preferencialmente usado em monoterapia. A

escolha desse período de estabilidade clínica é crucial para definir o escore dos

diferentes itens que compõem o instrumento (40,48).

Na análise de confiabilidade observou-se desarmonia entre os avaliadores,

principalmente com relação a pontuação atribuída aos Critérios B1-B5. O ICC

para o Critério A foi de 0,748, enquanto para o Critério B TOTAL foi 0,672.

Uma vez que o curso do TAB é bastante heterogêneo (118), uma possível

explicação para estes dados concerne a escolha do período para pontuação da

escala. Diferentes períodos resultam em heterogeneidade no número de episódios

(B1), frequência de episódios (B2), duração do tratamento (B3), interpretação da

adesão ao tratamento (B4) e também diferente uso de medicações adjuvantes no

período (B5). Estes dados sugerem que a Escala ALDA exige não apenas

experiência clínica para que seja bem utilizada, mas também que os

pesquisadores sejam submetidos a um treinamento cuidadoso e se reúnam

periodicamente para calibrar os escores.

No que se refere a confiabilidade entre avaliadores, dados da literatura

mostram que, em estudos nos quais a confiabilidade é testada periodicamente, o

índice de concordância não se mantém estável. Altas taxas de confiabilidade no

início da pesquisa podem não se sustentar ao longo do tempo (119). Ou seja,

confiabilidade não é uma característica constante de um instrumento.

Quando os investigadores sabem que a confiabilidade será testada, a aplicação

dos instrumentos é realizada com maior rigor e os índices de concordância são

melhores (119). Estes dados apontam que além das aconselháveis calibragens

periódicas, os entrevistadores devem ser treinados em conjunto e devem

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preferencialmente estar cientes que serão testados no que se refere à

confiabilidade dos resultados.

Com relação aos dados obtidos em nosso estudo, a boa confiabilidade

interavaliador (ICC variando entre 0,610 - 0,833) demonstrou que o instrumento

pode ser útil e confiável na avaliação retrospectiva de resposta terapêutica ao lítio.

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CONCLUSÃO

Nosso estudo realizou, com sucesso, a tradução e adaptação da escala

ALDA para o português. Além disso, a aplicação da escala por dois avaliadores

independentes, com boa confiabilidade interavaliador (o Coeficiente de Correlação

Intraclasse variou entre 0,610 – 0,833), demonstrou que o instrumento pode ser

útil e confiável na avaliação retrospectiva de resposta terapêutica ao lítio.

Utilizando a escala ALDA, nós avaliamos a resposta terapêutica dos

pacientes ao lítio, no tratamento de manutenção do Transtorno Afetivo Bipolar

(TAB). Apesar dos avaliados terem apresentados índices de melhora clínica com o

tratamento satisfatórios (Critério A ≥ 7), estes também tiveram pontuações altas no

Critério B, em especial no item B5 (uso de outros fármacos que não o lítio). Estes

resultados apontam para uma melhora clínica dos pacientes tratados, porém não

permitem que esta seja atribuída exclusivamente ao uso de lítio.

Para contornar este problema, tratamos o Critério A como variável contínua

e excluímos pacientes com muitos confundidores (altos valores no Critério B),

estratégia também adotada por outros estudos internacionais. Esta estratégia

permitiu a análise da relação entre os resultados obtidos com a escala ALDA e as

demais variáveis estudadas.

Finalmente, no modelo preditivo criado em nosso estudo, encontramos que

pacientes com maior número de episódios de humor com sintomas psicóticos

apresentaram pior resposta ao tratamento de manutenção com lítio, o que vai ao

encontro de boa parte dos dados na literatura. Além disso, nosso estudo constatou

que pacientes com história de uso atual ou prévio de tabaco tiveram melhor

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resposta ao tratamento com lítio. Neste caso, os nossos resultados distanciam-se

da ideia mais aceita de que pacientes tabagistas portadores de TAB apresentam

pior prognóstico. Acreditamos que este é um resultado que precisa ser mais bem

explorado em futuros estudos, com melhor caracterização do uso de tabaco por

estes pacientes.

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APÊNDICE 1

VARIÁVEIS CLÍNICAS E SOCIODEMOGRÁFICAS INVESTIGADAS

Gênero: Masculino ou Feminino.

Aparência Física: Grupo Étnico ao qual o paciente pertence, incluindo

caucasiano, negro, asiático, indígena, pardo ou outro.

Antecedentes Étnicos: Ascendência Étnica, incluindo pais e avós.

Estado Conjugal: Se casado, “amigado”, separado, solteiro, viúvo ou outro.

Possui Filhos: Variável binária, sim ou não, referente a presença de filhos.

Número de Filhos: Variável ordinal do número filhos do paciente.

Habitação: Qualificação da habitação do paciente, se própria, alugada, cedida,

morador de instituição, morador de rua ou outra.

Religião: Caracterização da religião do paciente, incluindo católico, evangélico,

espírita, religiões orientais, judaica, africanas, outras ou se o paciente é ateu.

Instrução: Nível de instrução (estudo) do paciente, incluindo sem escolaridade,

ensino fundamental incompleto, ensino fundamental complete, ensino médio

incompleto, ensino médio complete, ensino superior incompleto, ensino

superior complete, pós-graduação.

Anos de Estudo Completos com Sucesso: variável numérica ordinal do

número de anos de estudo completes com sucesso.

Repetência ou Abandono Escolar: Se o paciente tem história de repetência

ou abandono escolar (Sim ou Não).

Trabalho: Status laboral do paciente, incluindo se nunca trabalhou,

desempregado, trabalhos eventuais ou bicos, trabalho regular informal,

trabalho formal, afastado do trabalho, aposentado, aposentado por invalidez,

aposentado por problema de saúde ou outro.

Economicamente ativo: Se o paciente é economicamente ativo (sim ou não).

Pacientes economicamente ativos incluem aqueles com trabalho formal ou

informal.

Renda Pessoal: Renda pessoal do paciente, em reais.

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Renda Familiar: Renda Familiar do paciente (incluindo o próprio e demais

pessoas com quem coabita), em reais.

Início dos Sintomas: Idade, em anos, na qual passou a manifestar sintomas

do humor relacionados ao TAB.

Idade em Anos no início do Intervalo: Idade que o paciente apresentava, em

anos, no início do intervalo eleito para o preenchimento da escala ALDA.

Tempo de Doença antes do Intervalo: Tempo de Doença, em anos, antes do

Intervalo eleito para o preenchimento da escala ALDA, ou seja, o período que

começa no início dos sintomas de humor e estende-se até o início do Intervalo

escolhido para ALDA.

Número de Episódios Maníacos: Numero total de episódios maníacos

documentados.

Idade do Primeiro Episódio Maníaco: Idade, em anos, na qual o paciente

tinha na ocasião em que manifestou, pela primeira vez, sintomatologia maníaca

(episódio maníaco).

Número de Episódios Hipomaníacos: Numero total de episódios

Hipomaníacos documentados.

Idade do Primeiro Episódio Hipomaníaco: Idade, em anos, na qual o

paciente manifestou, pela primeira vez, sintomatologia hipomaníaca (episódio

hipomaníaco).

Número de Episódios Depressivos: Numero total de episódios depressivos

documentados.

Idade do Primeiro Episódio Depressivo: Idade, em anos, na qual o paciente

manifestou, pela primeira vez, sintomatologia depressiva (episódio depressivo).

Número de Episódios Mistos: Numero total de episódios mistos do humor

documentados.

Idade do Primeiro Episódio Misto: Idade, em anos, na qual paciente

manifestou, pela primeira vez, sintomatologia mista (episódio misto)

Número Total de Episódios do Humor: Número total de Episódios do Humor

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documentados, incluindo maníacos, hipomaníacos, depressives e mistos.

História de Tentativas de Suicídio: Paciente já realizou tentativa de suicídio

(sim ou não).

Número de Tentativas de Suicídio: Número total de tentativas de suicídio

documentadas.

Idade da Primeira Tentativa de Suicídio: Idade, em anos, na qual ocorreu a

primeira (ou única) tentativa de suicídio.

Episódio de Humor nas Tentativas de Suicídio: Em que tipo de episódio do

humor ocorreu a tentativa de suicídio (mania, depressão, misto ou hipomania).

Consequências Clínicas da Tentativas de Suicídios: Houveram

consequências clínicas decorrentes da tentativa de suicídio (necessidade de

hospitalização, lavagem gastrointestinal, cirurgia, etc) (sim ou não)?

Sintomas Psicóticos: Paciente já manifestou sintomas psicóticos em sua

história clínica (sim ou não)? Foram considerados sintomas psicóticos a

presença de delírios, alucinações, ou desorganização grosseira do

comportamento.

Episódio do Humor no qual houve Psicose: caso paciente tenha

manifestado sintomas psicóticos, estes ocorreram na vigência de que tipo de

episódio do humor (mania, depressão ou episódio misto)?

Congruência dos sintomas psicóticos com episódio afetivo: Os sintomas

psicóticos manifestos pelo paciente eram congruentes com a modalidade de

episódio de humor apresentada (mania, depressão ou episódio misto)?

Número de episódios do Humor com sintomas psicóticos: Na história

clínica documentada, em quantos episódios do humor o paciente manifestou,

de sintomas psicóticos?

Internação Psiquiátrica: O paciente teve que ser submetido a internação

psiquiátrica (sim ou não)?

Outros Diagnósticos Psiquiátricos: variável nominal na qual enumera-se

outros possíveis diagnósticos psiquiátricos que não TAB, na história clínica do

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paciente. Foram consideradas as hipóteses documentadas no prontuário,

elaboradas no percurso do acompanhamento clinico.

Diagnósticos Clínicos: Variável nominal na qual enumera-se comorbidades

clínicas documentadas no prontuário.

Uso de Tabaco: O paciente faz ou tem história prévia de uso de Tabaco (sim

ou não)? Como o uso de Tabaco é sistematicamente investigado no

ambulatório de psiquiatria do HC-UNICAMP, os pacientes com ausência de

relato explícito de tabagismo foram considerados como não-fumantes na

análise estatística.

Uso de Etanol: O paciente faz ou tem história prévia de uso abusivo ou

síndrome de dependência ao etanol (álcool) (sim ou não)?

Outras Substâncias Psicoativas (SPAs): O paciente faz ou tem história de

uso de Outras Substâncias psicoativas (“drogas”) que não o Etanol ou o

Tabaco (sim ou não)? Os pacientes com ausência de relato de consumo de

SPAs no prontuário foram escorados como “não”.

Antecedente Familiar de Transtorno do Humor: Paciente apresenta história

familiar positiva para transtornos do Humor (sim ou não)?

Antecedente Familiar de Psicose: Paciente apresenta história familiar

positive para transtornos psicóticos (sim ou não)?

Antecedente Familiar de Outros Transtornos mentais: Paciente apresenta

história familiar positive para outros transtornos mentais (que não psicóticos ou

de humor) (sim ou não)?

Eletroconvulsoterapia: Paciente possuí história de realização de

Eletroconvulsoterapia (ECT) (sim ou não)?

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APÊNDICE 2 VERSÃO EM PORTUGUÊS (BR) DA ESCALA ALDA

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ANEXO 1 VERSÃO ORIGINAL DA ESCALA ALDA (INGLÊS)