luis virgílio afonso da silva - o proporcional e o razoável

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  • 8/8/2019 Luis Virglio Afonso da Silva - O proporcional e o razovel

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    Publicado na RT 798/23

    O PROPORCIONAL E O RAZOVEL

    LUS VIRGLIO AFONSO DA SILVA

    Mestre em Direito do Estado - Universidade de So Paulo.Doutorando em Direito Constitucional e Teoria do Direito na Universidade de Kiel,

    Alemanha.

    SUMRIO: 1. Introduo - 2. Questes terminolgicas preliminares - 3.Proporcionalidade e razoabilidade - 4. A jurisprudncia do STF - 5. A regra daproporcionalidade e seus elementos: 5.1 Adequao; 5.2 Necessidade; 5.3Proporcionalidade em sentido estrito - 6. A regra da proporcionalidade nodireito brasileiro - 7. Concluso - 8. Bibliografia.

    1. INTRODUO*

    Nos ltimos anos, a regra da proporcionalidade vem despertando cada vez mais o

    interesse da doutrina brasileira e so inmeros os trabalhos produzidos sobre o tema. 1Muitas vezes, no entanto, ela encarada como mero sinnimo de razoabilidade, sejapela doutrina, seja pela jurisprudncia. Partindo no s do pressuposto de que essaidentificao errnea, mas tambm de que nem sempre a regra da proporcionalidadetem sido tratada de forma clara e precisa, este artigo pretende fornecer um conceitotcnico adequado de proporcionalidade no controle judicial da constitucionalidade dasleis restritivas de direitos fundamentais.

    Para tanto, percorrerei os seguintes passos. No item 2, esclarecerei uma questo

    terminolgica preliminar, ligada utilizao do termo princpio. No 3, pretendo deixarclaro que proporcionalidade, em sentido tcnico-jurdico, no sinnimo derazoabilidade , o que implica uma anlise crtica da doutrina sobre o assunto. Anlisesemelhante desenvolvida no tpico 4, desta vez centrada no na doutrina, mas najurisprudncia do STF. Superadas as imprecises terminolgicas e conceituais, tentareiexpor, no item 5, com auxlio de casos prticos, a regra da proporcionalidade e seuselementos, atentando, principalmente, para caractersticas que c onsidero vm sendonegligenciadas nas anlises sobre o tema. No 6, por fim, dedicar -me-ei questo dafundamentao da regra da proporcionalidade no direito positivo brasileiro.

    Para alcanar os objetivos propostos no pargrafo anterior, faz -se necessria umaanlise fundada em um mtodo multidimensional. Em primeiro lugar, pretende -se uma

    anlise detalhada do conceito tcnico -jurdico de proporcionalidade, especialmentepara diferenci-lo de conceitos afins (dimenso analtico-conceitual). No menosimportante a indagao sobre a relao entre a regra da proporcionalidade e odireito positivo brasileiro, para que se possa discutir, por exemplo, a exigibilidade desua aplicao (dimenso emprica). Por fim, e com base nos resultados das anlisesconceitual e emprica, tenciona-se aqui fornecer uma resposta correta para o problemaenfrentado (dimenso normativa). essa multidimensionalidade que expressa ocarter prtico deste trabalho. No se cuida aqui de anlise terica que se esgota emsi mesma. Pretende-se, pelo contrrio, no s contribuir para a discusso sobredireitos fundamentais, mas tambm fornecer subsdios para a atividade

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    jurisprudencial , especialmente aquela ocupada com a proteo dos direitosfundamentais contra atos estatais que os restrinjam.

    Como remate desta introduo, um conceito preliminar de proporcionalidade, aser enriquecido com a anlise que segue. A regra da proporcionalidade uma regra de

    interpretao e aplicao do direito - no que diz respeito ao objeto do presenteestudo, de interpretao e aplicao dos direitos fundamentais -, empregadaespecialmente nos casos em que um ato estatal, destinado a promover a realizao deum direito fundamental ou de um interesse coletivo, implica a restrio de outro ououtros direitos fundamentais. O objetivo da aplicao da regra da proporcionalidade,como o prprio nome indica, fazer com que nenhuma restrio a direitosfundamentais tome dimenses desproporcionais. , para usar uma expressoconsagrada, uma restrio s restries. Para alcanar esse objetivo, o ato estataldeve passar pelos exames da adequao, da necessidade e da proporcionalidade emsentido estrito. Esses trs exames so, por isso, considerados como sub-regras da regrada proporcionalidade. 2

    2. QUESTES TERMINOLGICAS PRELIMINARES

    No Brasil, o termo mais difundido para designar o objeto do presente estudo o princpio da proporcionalidade, aceito sem grandes controvrsias terminolgicas. Emtrabalho recente,3 contudo, Humberto Bergmann vila demonstra, com razo, que aquesto mais controversa do que parece e que a utilizao do termo princpio podeser errnea, principalmente quando se adota o conceito de princpio jurdico emcontraposio ao conceito de regra jurdica, com base na difundida teoria de RobertAlexy.4 No h como se aprofundar aqui no tema. Algumas consideraes, no entanto,so necessrias.

    Alexy divide as normas jurdicas em duas categorias, as regras e os princ pios. Essa

    diviso no se baseia em critrios como generalidade e especialidade da norma, masem sua estrutura e forma de aplicao. 5 Regras expressam deveres definitivos e soaplicadas por meio de subsuno. Princpios expressam deveres prima facie, cujocontedo definitivo somente fixado aps sopesamento com princpios colidentes.Princpios so, portanto, normas que obrigam que algo seja realizado na maiormedida possvel, de acordo com as possibilidades fticas e jurdicas; so, porconseguinte, mandamentos de otimizao.6 Ainda que esta brevssima explicao noseja esclarecedora o suficiente, o que basta para o presente trabalho, e o que possvel desenvolver aqui sem dar incio a outro tema. A literatura jurdica em lnguaportuguesa j se ocupou freqentemente d o assunto e h material bastante paraaprofundamento. 7

    O problema terminolgico evidente. O chamado princpio da proporcionalidadeno pode ser considerado um princpio, pelo menos no com base na classificao deAlexy, pois no tem como produzir efeitos em variadas medidas, j que aplicado deforma constante, sem variaes. Nesse sentido, Humberto Bergmann vila afirma queAlexy, sem o enquadrar noutra categoria , exclui-o com razo do mbito dosprincpios, j que no entra em conflito com outras n ormas-princpios, no concretizado em vrios graus ou aplicado mediante criao de regras de prevalnciadiante do caso concreto, e em virtude das quais ganharia, em alguns casos, aprevalncia. 8 No de todo correta, contudo, a afirmao. correto, como j dito,que o chamado princpio da proporcionalidade no um princpio no sentido acima

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    descrito. Mas Alexy enquadra-o, sim, em outra categoria, pois classifica-oexplicitamente como regra. Aps fazer as ressalvas citadas por Bergmann vila, Alexyafirma que os subelementos da proporcionalidade devem ser classificados comoregras,9 e cita como entendimento semelhante a posio de Haverkate, segundo aqual a forma de aplicao da proporcionalidade e de suas sub -regras a subsuno.10

    Como j visto acima, segundo a teoria defendida por Alexy, somente regras soaplicadas por meio de subsuno. 11

    Bergmann vila utiliza o termo dever de proporcionalidade .12 O termo , semdvida, correto, mas limita-se a contornar o problema e no o resolve. Se se fala emdever, fala-se em norma. Normas so ou regras, ou princpios. Como j foi visto, noque diz respeito sua estrutura, o dever de proporcionalidade no um princpio, masuma regra. O termo mais apropriado, ento, regra da proporcionalidade , razo pelaqual se dar preferncia a esse termo no presente trabalho.

    No possvel, todavia, fechar os olhos diante da prtica jurdica brasileira.Quando se fala em princpio da proporcionalidade, o termo princpio pretende

    conferir a importncia devida ao conceito, isto , exigncia de proporcionalidade. 13Em vista disso, e em vista da prpria plurivocidade do termo princpio, no h comoesperar que tal termo seja usado somente como contraposto a regra jurdica. No hcomo querer, por exemplo, que expresses como princpio da anterioridade ouprincpio da legalidade sejam abandonadas, pois , quando se trata de palavras deforte carga semntica, como o caso do termo princpio, qualquer tentativa deuniformidade terminolgica est fadada ao insucesso.

    Mais importante do que a ingnua ambio de querer uniformizar a utilizao dotermo princpio deixar claro que ele, na expresso princpio daproporcionalidade, no tem o mesmo significado de princpio na distino entreregras e princpios, na acepo da teoria de Robert Alexy.

    Outra questo terminolgica a ser resolvida refere -se ao uso do conceito deproibio de excesso, visto que muitos autores tratam a regra da proporcionalidadecomo sinnimo de proibio de excesso. 14 Ainda que, inicialmente, ambos os conceitosestivessem imprescindivelmente ligados, principalmente na construo jurisprudencialdo Tribunal Constitucional alemo, h razes para que essa identificao sejaabandonada. Conquanto a regra da proporcionalidade ainda seja predominantementeentendida como instrumento de controle contra excesso dos poderes estatais, cada vezmais vem ganhando importncia a discusso sobre a sua utilizao para finalidadeoposta, isto , como instrumento contra a omisso ou contra a ao insuficiente dospoderes estatais. Antes se falava apenas em bermaverbot, ou seja, proibio deexcesso. J h algum tempo fala-se tambm em Untermaverbot, que poderia ser

    traduzido porproibio de insuficincia.15 O debate sobre a aplicabilidade da regra daproporcionalidade tambm para os casos de omisso ou ao estatal i nsuficiente aindase encontra em fase embrionria, mas a simples possibilidade de aplicao daproporcionalidade a casos que no se relacionam com o excesso estatal j razosuficiente para abandonar o uso sinnimo de regra da proporcionalidade eproibio deexcesso.16

    3. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE

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    Aquele que se prope analisar conceitos jurdicos tem que ter presente que nemsempre os termos utilizados no discurso jurdico guardam a mesma relao quepossuem na linguagem laica. Assim, se um pai probe a seu filho que jogue futeboldurante um ano, apenas porque este, acidentalmente, quebrara a vidraa do vizinhocom uma bolada, de se esperar que o castigo seja classificado pelo filho - ou at

    mesmo pelo vizinho ou por qualquer outra pessoa - como desproporcional. Poder-se-dizer tambm que o pai no foi razovel ao prescrever o castigo. O mesmo raciocniopode tambm valer no mbito jurdico, desde que ambos os termos sejam empregadosno sentido laico. Mas, quando se fala, em um discurso jurdico, em princpio darazoabilidade ou em princpio ou regra da proporcionalidade, evidente que os termosesto revestidos de uma conotao tcnico-jurdica e no so mais sinnimos, poisexpressam construes jurdicas diversas. Pode-se admitir que tenham objetivossemelhantes, mas isso no autoriza o tratamento de ambos como sinnimos.17 Aindaque se queira, por intermdio de ambos, controlar as atividades legislativa ouexecutiva, limitando-as para que no restrinjam mais do que o necessrio os direitosdos cidados, esse controle levado a cabo de form a diversa, caso seja aplicado um ououtro critrio.

    A tendncia a confundir proporcionalidade e razoabilidade pode ser notada no sna jurisprudncia do STF, como se ver adiante, mas tambm em inmeros trabalhosacadmicos e at mesmo em relatrios de comisses do Poder Legislativo.18 LusRoberto Barroso, por exemplo, afirma que digna de meno a ascendente trajetriado princpio da razoabilidade, que os autores sob influncia germnica preferemdenominar princpio da proporcionalidade , na jurisprudncia constitucionalbrasileira. 19 Estivesse correta a afirmao, a regra da proporcionalidade nada maisseria do que o nome dado regra da razoabilidade pelos autores sob influnciagermnica, uma simples questo de preferncia terminolgica, de acor do com afiliao acadmica de cada jurista. Tambm Suzana de Toledo Barros iguala ambos osconceitos, nos seguintes termos:

    O princpio da proporcionalidade, (...) como uma construo dogmtica dosalemes, corresponde a nada mais do que o princpio da razoabilidade dos norte-americanos. 20

    A regra da proporcionalidade, contudo, diferencia -se da razoabilidade no s pelasua origem, mas tambm pela sua estrutura. Quanto origem, basta um breve excursohistrico, feito a seguir. Sobre a estrutura, as diferenas ficaro claras ao longo dopresente trabalho.

    comum, em trabalhos sobre a regra da proporcionalidade, que se identifique suaorigem remota j na Magna Carta de 1215.21 Este documento seria a fonte primeira do

    princpio da razoabilidade e, portanto, tambm da proporcionalidade. Essaidentificao histrica , por diversas razes, equivocada. Em primeiro lugar, visto queambos os conceitos - razoabilidade e proporcionalidade - no se confundem, no hque se falar em proporcionalidade na Magna Carta de 1215. Alm disso, de sequestionar at mesmo a afirmao de que a regra da razoabilidade tenha origem nessedocumento. Como bem salienta Willis Santiago Guerra Filho, na Inglaterra fala-se emprincpio da irrazoabilidade e no em princpio da razoabilidade. 22 E a origem concretado princpio da irrazoabilidade, na forma como aplicada na Inglaterra, no se encontrano longnquo ano de 1215, nem em nenhum outro document o legislativo posterior, masem deciso judicial proferida em 1948. 23 E esse teste da irrazoabilidade, conhecido

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    tambm como teste Wednesbury, implica to-somente rejeitar atos que sejamexcepcionalmente irrazoveis. Na frmula clssica da deciso Wednesbury: se umadeciso (...) de tal forma irrazovel, que nenhuma autoridade razovel a tomaria,ento pode a Corte intervir. 24 Percebe-se, portanto, que o teste sobre airrazoabilidade muito menos intenso do que os testes que a regra da

    proporcionalidade exige, destinando-se meramente a afastar atos absurdamenteirrazoveis.

    A no-identidade entre os dois conceitos fica ainda mais clara quando seacompanha o debate acerca da adoo do Human Rights Act de 1998 na Inglaterra.Somente a partir da passou a haver um real interesse da doutrina jurdica inglesa naaplicao da regra da proporcionalidade, antes praticamente desconhecida naInglaterra. Atualmente, discute-se qual o papel que a regra da proporcionalidadedever desempenhar ao lado do princpio da irrazoabilidade ou, at mesmo, se aqueladever substituir este. Se ambos fossem sinnimos, essa discusso seria impensvel. 25Por fim, no difcil perceber que um ato considerado desproporcional no ser,necessariamente, considerado irrazovel, pelo menos no nos termos que a

    jurisprudncia inglesa fixou na deciso Wednesbury, pois, para ser consideradodesproporcional, no necessrio que um ato seja extremamente irrazovel ouabsurdo. H decises na Corte Europia de Direitos Humanos express amente nessesentido, ou seja, decidindo pela desproporcionalidade de uma medida, mesmoadmitindo a sua razoabilidade. 26

    Mais freqente a associao entre a proporcionalidade e a razoabilidade dajurisprudncia da Suprema Corte dos Estados Unidos, bas eada no chamado substantivedue process.27 Como o STF costuma tambm fazer essa associao, voltarei ao temamais adiante, quando da anlise da jurisprudncia do STF. Em algumas decisesrecentes, a Suprema Corte dos Estados Unidos introduziu, para certo s casos, aexigncia de proporcionalidade aproximada.28 Tal exigncia no guarda, contudo,

    qualquer semelhana com a regra da proporcionalidade, na forma aqui analisada.A regra da proporcionalidade no controle das leis restritivas de direitos

    fundamentais surgiu por desenvolvimento jurisprudencial do Tribunal Constitucionalalemo e no uma simples pauta que, vagamente, sugere que os atos estatais devemser razoveis, nem uma simples anlise da relao meio-fim. Na forma desenvolvidapela jurisprudncia constitucional alem, tem ela uma estrutura racionalmentedefinida, com subelementos independentes - a anlise da adequao, da necessidade eda proporcionalidade em sentido estrito -, que so aplicados em uma ordem pr -definida, e que conferem regra da proporcionalidade a individualidade que adiferencia, claramente, da mera exigncia de razoabilidade. 29

    A regra da proporcionalidade, portanto, no s no tem a mesma origem que ochamado princpio da razoabilidade, como freqentemente se afirma, mas tambmdeste se diferencia em sua estrutura e em sua forma de aplicao, como se esclarecermais adiante.

    4. A JURISPRUDNCIA DO STF

    O recurso regra da proporcionalidade na jurisprudncia do STF pouco ou nadaacrescenta discusso e apenas solidifica a idia de que o chamado princpio darazoabilidade e a regra da proporcionalidade seriam sinnimos. A invocao da

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    proporcionalidade , no raramente, um mero recurso a um tpos, com cartermeramente retrico, e no sistemtico. 30 Em inmeras decises, sempre que se queiraafastar alguma conduta considerada abusiva, recorre -se frmula luz do princpioda proporcionalidade ou da razoabilidade , o ato deve ser consideradoinconstitucional. 31

    Na deciso da liminar do sempre citado HC 76.060 -4, por exemplo, o Tribunal fazuso da regra da proporcionalidade nos seguintes termos:

    O que, entretanto, no parece resistir, que mais no seja, ao confronto doprincpio da razoabilidade ou da proporcionalidade - de fundamental importncia parao deslinde constitucional da coliso de direitos fundamentais -, que se pretendaconstranger fisicamente o pai presumido ao fornecimento de uma prova de reforocontra a presuno de que titular. 32

    Apesar de salientar a importncia da proporcionalidade para o deslind econstitucional da coliso de direitos fundamentais, o Tribunal no parece disposto a

    aplic-la de forma estruturada, limitando-se a cit-la. Na deciso, a passagemmencionada a nica a fazer referncia regra da proporcionalidade. No feitanenhuma referncia a algum processo racional e estruturado de controle daproporcionalidade do ato questionado, nem mesmo um real cotejo entre os finsalmejados e os meios utilizados. O raciocnio aplicado costuma ser muito maissimplista e mecnico. Resumidamente:

    - a constituio consagra a regra da proporcionalidade;

    - o ato questionado no respeita essa exigncia;

    - o ato questionado inconstitucional.

    O silogismo, inatacvel do ponto de vista interno, 33 composto de premissas defundamentao duvidosa e por isso bastante frgil quando se questiona suaadmissibilidade do ponto de vista externo. 34

    Com relao fundamentao da premissa maior, no se pode deixar dequestionar se realmente a Constituio brasileira consagra a regra daproporcionalidade, como se vem repetindo, muitas vezes irrefletidamente. Isso aindaser discutido mais adiante neste artigo e, no momento, interessa apenas verificar afundamentao que o prprio STF fornece. A comeam os problemas, pois nem sempreo recurso regra da proporcionalidade justificado nas decises do STF. Muitas vezes a fundamentao simplesmente pressuposta, como se se tratasse da utilizao de um

    princpio constitucional de larga tradio no direito brasileiro. Quando algumafundamentao fornecida, quase sempre mencionado o art. 5., LIV, e o chamadosubstantive due process of law. A deciso da medida cautelar na ADIn 1407 -2 umexemplo de fundamentao nesse sentido:

    O princpio da proporciona lidade - que extrai a sua justificao dogmtica dediversas clusulas constitucionais, notadamente daquela que veicula a garantia dosubstantive due process of law - acha-se vocacionado a inibire a neutralizaros abusosdo Poder Pblico no exerccio de suas funes, qualificando-se como parmetro deaferio da prpria constitucionalidade material dos atos estatais.

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    A norma estatal, que no veicula qualquer contedo de irrazoabilidade , prestaobsquio ao postulado da proporcionalidade, ajustando-se clusula que consagra, emsua dimenso material, o princpio do substantive due process of law (CF, art. 5.,LIV). 35

    A nica meno ao modo concreto de aplicao da regra da proporcionalidaderesume-se a uma referncia a duas de suas sub-regras, a adequao e a necessidade,por meio da citao de trabalho doutrinrio, de autoria de Gilmar Ferreira Mendes, 36sem nenhuma preocupao em aplic-las ao caso concreto. O Tribunal, mais uma vez,limita-se a equiparar proporcionalidade a razoabilidade, atendo -se frmula de que proporcional aquilo que no extrapola os limites da razoabilidade.

    No tpico anterior j foi discutida a no -identidade entre proporcionalidade erazoabilidade. Essa no-identidade fica ainda mais clara quando se analisa a conexoentre o devido processo legal substancial e a razoabi lidade.37

    A exigncia de razoabilidade, baseada no devido processo legal substancial,

    traduz-se na exigncia de compatibilidade entre o meio empregado pelo legislador eos fins visados, bem como a aferio da legitimidade dos fins.38 Barroso chama aprimeira exigncia - compatibilidade entre meio e fim - de razoabilidade interna, e asegunda - legitimidade dos fins -, de razoabilidade externa. Essa configurao da regrada razoabilidade faz com que fique ntida sua no -identidade com a regra daproporcionalidade. O motivo bastante simples: o conceito de razoabilidade, na formacomo exposto, corresponde apenas primeira das trs sub -regras da proporcionalidade, isto , apenas exigncia de adequao.39 A regra daproporcionalidade , portanto, ma is ampla do que a regra da razoabilidade, pois nose esgota no exame da compatibilidade entre meios e fins, conforme ficar claro maisadiante.40

    Em vista disso, ainda que o STF se refira freqentemente ao princpio daproporcionalidade, essa referncia tecnicamente incorreta, e deve ser entendidacomo referncia anlise da razoabilidade. Destarte, pode -se dizer que najurisprudncia do STF no se encontram maiores subsdios para o desenvolvimento dadiscusso sobre a regra da proporcionalidade no Bra sil.

    H autores que defendem posio contrria. Ives Gandra da Silva Martins e GilmarFerreira Mendes, por exemplo, afirmam que o princpio da proporcionalidade [...]tem plena aplicao entre ns.41 Entendimento semelhante sustentado por Suzanade Toledo Barros, que afirma no serem raras as decises, exaradas por diversos rgosjurisdicionais, que poderiam ser catalogadas como manifestaes do reconhecimentodo princpio da proporcionalidade .42 Baseados nesse entendimento, tanto Gilmar

    Ferreira Mendes quanto Suzana de Toledo Barros dedicam -se a analisar o princpio daproporcionalidade na jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal. 43 Vrios so osjulgados citados como exemplos de aplicao da regra da proporcionalidade entre ns,dos mais recentes at julgados do incio da dcada de 50. Mesmo que no nosocupemos com o fato de que, na maioria deles, a proporcionalidade nem sequer citada, e concentremos somente naqueles em que, pelo menos nominalmente, faz-sereferncia a ela, como o caso das duas decises j citadas, salta aos olhos umproblema de difcil soluo: tanto Gilmar Ferreira Mendes como Suzana de ToledoBarros, quando expem teoricamente a regra da proporcionalidade, referem, comono poderia deixar de ser, os exames da adequao, da necessidade e da

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    proporcionalidade em sentido estrito. Contudo, quando da anlise da supostaaplicao da proporcionalidade pelo STF, esses exames simplesmente desaparecem.Sempre citada a deciso liminar do STF que declarou inconstitucional a exigncia depesagem de botijes de gs na presena do consumidor, instituda, no Paran, por leiestadual. No h como no se perguntar se os dispositivos considerados

    inconstitucionais - no s nessa, mas em vrias outras decises em que se recorreu regra da proporcionalidade - foram considerados inadequados, desnecessrios oudesproporcionais em sentido estrito . No se sabe. E no h como se saber, visto que oSTF no procedeu a nenhum desses exames de forma concreta e isolada. E se no osrealizou, no foi aplicada a regra da proporcionalidade . Destarte, fica tambm semfundamentao a premissa menor do silogismo exposto anteriormente.

    5. A REGRA DA PROPORCIONALIDADE E SEUS ELEMENTOS

    A subdiviso da regra da proporcionalidade em trs sub -regras, adequao,necessidade eproporcionalidade em sentido estrito, conquanto praticamente ignoradapelo STF, bem salientada pela doutrina ptria. Algumas vezes, contudo, a anlise

    dessas sub-regras no tem sido feita de maneira a torn-las compreensveis eaplicveis na prtica jurisprudencial. Muitas vezes fornecido apenas um conceitosinttico de cada uma delas, sem que se analise, no entanto, a relao entre elas, nema forma de aplic-las.44 Com isso, so ignoradas algumas regras importantes daaplicao da regra da proporcionalidade, impossibilitando sua correta aplicao pelostribunais brasileiros. Uma dessas regras, trivial primeira vista, mas com importantesconseqncias, a ordem pr-definida em que as sub-regras se relacionam.

    Se simplesmente as enumeramos, independentemente de qualquer ordem, pode -seter a impresso de que tanto faz, por exemplo, se a necessidade do ato estatal , nocaso concreto, questionada antes ou depois da anlise da adequao ou daproporcionalidade em sentido estrito.45 No o caso. A anlise da adequao precede

    a da necessidade , que, por sua vez, precede a da proporcionalidade em sentidoestrito.

    A real importncia dessa ordem fica patente quando se t em em mente que aaplicao da regra da proporcionalidade nem sempre implica a anlise de todas as suastrs sub-regras. Pode-se dizer que tais sub-regras relacionam-se de forma subsidiriaentre si. Essa uma importante caracterstica, para a qual no se tem dado a devidaateno. A impresso que muitas vezes se tem, quando se mencionam as trs sub-regras da proporcionalidade, que o juiz deve sempre proceder anlise de todaselas, quando do controle do ato considerado abusivo. No correto, contudo, essepensamento. justamente na relao de subsidiariedade acima mencionada que residea razo de ser da diviso em sub-regras. Em termos claros e concretos, com

    subsidiariedade quer-se dizer que a anlise da necessidade s exigvel se, e somentese, o caso j no tiver sido resolvido com a anlise da adequao; e a anlise daproporcionalidade em sentido estrito s imprescindvel, se o problema j no tiversido solucionado com as anlises da adequao e da necessidade. Assim, a aplicao daregra da proporcionalidade pode esgotar-se, em alguns casos, com o simples exame daadequao do ato estatal para a promoo dos objetivos pretendidos. Em outr os casos,pode ser indispensvel a anlise acerca de sua necessidade. Por fim, nos casos maiscomplexos, e somente nesses casos, deve-se proceder anlise da proporcionalidadeem sentido estrito.

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    legislador devem ser adequados e necessrios consecuo dos fins visados. O meio adequado se, com a sua utilizao, o evento pretendido pode ser alcanado (...).50

    Esses conceitos de adequao no so, contudo, os mais corretos. A causa doproblema est na traduo imprecisa da deciso. A sentena em alemo seria melhor

    compreendida se se traduzisse o verbo frdern, usado na deciso, por fomentar, e nopor alcanar, como faz Gilmar Ferreira Mendes, porque, de fato, o verbo frdern nopode ser traduzido por alcanar. Frdern significa fomentar, promover. Adequado,ento, no somente o meio com cuja utilizao um objetivo alcanado, mastambm o meio com cuja utilizao a realizao de um objetivo fomentada,promovida, ainda que o objetivo no seja completamente realizado. H uma grandediferena entre ambos os conceitos, que fica clara na definio de Martin Borowski,segundo a qual uma medida estatal adequada quando o seu emprego faz com que oobjetivo legtimo pretendido seja alcanado ou pelo menos fomentado.51 Dessaforma, uma medida somente pode ser considerada inadequada se sua utilizao nocontribuir em nada para fomentar a realizao do objetivo pretendido. 52

    Exemplo 1: ADC 9-6, racionamento de energia.

    As medidas governamentais mais questionadas judicia lmente foram aquelasconstantes dos arts. 14 a 18 da MedProv 2.152-2, razo pela qual o Presidente daRepblica props ao declaratria de constitucionalidade (ADC 9 -6) para que essesartigos fossem declarados constitucionais, com efeitos vinculantes. O STF deferiu amedida cautelar na ao declaratria para suspender, com eficcia ex tunc, e comefeito vinculante, at final julgamento da ao, a prolao de qualquer deciso quetenha por pressuposto a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade dos ar ts. 14 a18 da MedProv 2.152-2. O Tribunal entendeu demonstrada, em face da crise deenergia eltrica, a proporcionalidade e a razoabilidade das medidas tomadas. 53

    Os citados arts. 14 a 18 disciplinam as metas de consumo de energia eltrica eprevem as sanes para aqueles que no as cumprirem. A medida que aqui interessa a suspenso do fornecimento de energia eltrica.

    O teste da adequao da medida limita-se, como j visto, ao exame de sua aptidopara fomentaros objetivos visados. O objetivo do plano de racionamento de energiaeltrica , como prev o prprio art. 1. da MedProv 2.152 -2, compatibilizar ademanda e a oferta de energia eltrica, de forma a evitar interrupes intempestivasou imprevistas do suprimento de energia eltrica. questionvel se a previso desuspenso do fornecimento de energia eltrica, nos moldes previstos pela MedProv2.152-2, medida adequada - ou a mais adequada - para que sejam completamenteevitadas interrupes intempestivas ou imprevistas do suprimento de energia

    eltrica. Mas inegvel que, devido ao seu carter coercitivo, a medida pressiona osconsumidores a economizar energia eltrica e, ainda que, sozinha, no sejanecessariamente capaz de evitar as interrupes no fornecimento de energia, colaborapara que esse objetivo possa ser alcanado. Destarte, pode -se dizer que as medidasprevistas nos arts. 14 a 18 da MedProv 2.152 -2 so adequadas, nos termos exigidos pelaregra da proporcionalidade.

    Exemplo 2: ADIn 855-2,pesagem de botijes de gs.54

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    Com o objetivo de proteger o consumidor, uma lei do Estado do Paran (Lei10.248/93) exigia que os botijes de gs fossem pesados na presena do consumidor, 55para que possveis variaes no peso do botijo vendido, ou possveis sobras de gs nobotijo devolvido, fossem devidamente ressarcidas ou abatidas do preo do botijonovo. A autora da ao alegou, genericamente, alm de vcios de competncia,

    violao aos princpios da razoabilidade e da proporcionalidade, argumento aceito peloSTF - sem qualquer anlise concreta em separado sobre adequao ou necessidade damedida adotada. No exame da adequao deve -se indagar simplesmente se a medidaempregada promoveria a defesa do consumidor. Com base em parecer do Inmetro,afirmou-se que no. Em primeiro lugar, porque o tipo de balana necessria para apesagem seria extremamente sensvel, desgastando-se facilmente, o que poderiaacarretar desregulagem. Em segundo lugar, porque a pesagem impediria que oconsumidor adquirisse o botijo em local distante do veculo, como feitofreqentemente. Nenhum dos argumentos , contudo, suficiente para decretar ainadequao da pesagem para a proteo do consumidor. Se a ba lana desregula-sefacilmente, basta que haja controle por parte do Poder Pblico. E o fato de oconsumidor ter que andar at o veculo para acompanhar a pesagem pode at ser

    considerado incmodo, mas no altera em nada a efetividade da medida. A medidapode, portanto, ser considerada adequada para promover a defesa do consumidor,porque fomenta a realizao dos fins visados.

    5.2 Necessidade

    Um ato estatal que limita um direito fundamental somente necessrio caso arealizao do objetivo perseguido no possa ser promovida, com a mesma intensidade,por meio de outro ato que limite, em menor medida, o direito fundamental atingido.Suponha-se que, para promover o objetivo O, o Estado adote a medida M1, que limitao direito fundamental D. Se houver uma medida M2 que, tanto quanto M1, sejaadequada para promover com igual eficincia o objetivo O, mas limite o direito

    fundamental D em menor intensidade, ento a medida M1, utilizada pelo Estado, no necessria.56 A diferena entre o exame da necessidade e o da adequao clara: oexame da necessidade um exame imprescindivelmente comparativo, enquanto o daadequao um exame absoluto.

    Exemplo 1: ADC 9-6, racionamento de energia.

    Vimos que as medidas previstas nos arts. 14 a 18 da MedProv 2.152-2 soadequadas, porquanto ajudam a promover a economia de energia por parte dosconsumidores e, com isso, colaboram para que se evitem interrupes intempestivasou imprevistas do suprimento de energia eltrica. Na anlise da necessidade dessasmedidas, trata-se de cotej-las com outras medidas que sejam capazes de promover o

    mesmo objetivo com a mesma intensidade, mas que restrinjam menos os direitos doscidados. Para tanto, necessrio primeiramente questionar quais direitos solimitados. A ameaa de suspenso do fornecimento de energia eltrica restringe, emprimeiro lugar, o amplo acesso a um servio pblico de primeira necessidade. Erestringe-o de forma extremamente desigual, porquanto a fixao de cotas baseadasna mdia de consumo de meses anteriores faz com que justamente aqueles quesempre economizaram energia tenham a menor margem de manobra, correndo umrisco maior de ter seu fornecimento de energia suspenso. Se uma pessoa P1 consumiu,em mdia, nos meses de maio, junho e julho de 2000, 125 kWh de energia eltrica, eoutra, P2, em moradia idntica, consumiu, no mesmo perodo, 250 kWh de energia

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    eltrica, no poder P1 ultrapassar, a partir do incio do racionamento de energia, 100kWh por ms, sob pena de ter seu fornecimento suspenso (a rt. 14, II e 2. e 4., daMedProv 2.152-2), enquanto P2 poder consumir at 200 kWh por ms, sem maioresconseqncias. A limitao ao direito de igualdade perante a lei (CF, art. 5., caput einc. I) parece evidente. Mas no s a igualdade limitada pelo plano de racionamento

    de energia. Tambm a livre iniciativa, quando esta depende de fornecimento deenergia que supere os limites fixados. O direito ao trabalho, pelas mesmas razes. Emltima anlise, at mesmo o direito a uma vida digna limitado.

    Como j explicado, na anlise da necessidade de uma medida, deve-se indagarsobre a existncia de medida igualmente eficaz. No caso em anlise, de medida quetambm possa fazer com que sejam evitadas interrupes intempestivas ouimprevistas do suprimento de energia eltrica, mas que restrinjam em menor es calaos direitos dos cidados. Uma aplicao real da sub-regra da necessidade, algo norealizado pelo STF, implica analisar medidas alternativas que satisfaam essacondio. No o caso de faz-lo neste artigo, que no dedicado ao problema doracionamento. Medidas alternativas foram propostas em grande quantidade e bastante

    divulgadas, no s em veculos especializados, mas tambm pela grande imprensa. provvel que uma anlise minuciosa dessas alternativas revelasse a existncia demedidas to (ou mais) adequadas do que as adotadas pelo Governo Federal, mas querestringissem em menor intensidade os direitos dos cidados. Nesse caso, as medidasprevistas pelas medidas provisrias do Governo deveriam ser consideradasdesproporcionais , pois, conquanto fossem elas adequadas para fomentar a realizaodo objetivo desejado, dificilmente resistiriam a um cotejo com medidas alternativas eseriam classificadas como desnecessrias.57 claro que no se pode excluir apossibilidade de que as medidas governamentais sejam, de fato, necessrias. Mas aessa concluso s pode chegar quem as compara com medidas alternativas. Essa aessncia do exame da necessidade.

    Exemplo 2: ADIn 855-2,pesagem de botijes de gs.A exigncia de pesagem dos botijes de gs, como foi visto, adequada para a

    defesa do consumidor. Para saber se necessria, o primeiro passo , como vistoacima, verificar qual direito fundamental est sendo restringido para, num segundopasso, perquirir sobre a existncia de medidas alternativas que , da mesma forma,protejam o consumidor, mas restrinjam em menor escala o direito em questo.

    A autora da ao alegou apenas uma possvel restrio a um direito fundamental, arestrio liberdade de iniciativa, pois a produo de balanas exigiria inves tirmuitos recursos em tecnologia, o que poderia levar runa econmica das empresasdistribuidoras. 58

    Como medida alternativa, sugeriu-se que a proteo ao consumidor fosse feita pormeio de controle do peso dos botijes por amostragem, realizado pe lo Poder Pblico,como atualmente feito. Alega-se que os consumidores so protegidos e que asempresas no se locupletam com o que resta de gs nos botijes recolhidos, porquantotais sobras so levadas em conta na fixao dos preos pelo rgo competen te,beneficiando, assim, toda a coletividade dos consumidores finais. 59 Mesmo em umcenrio de preos controlados, o argumento no suficiente para decidir peladesnecessidade da medida, uma vez que ela no exclui esse controle por amostragem,mas a ele se soma. Caso a medida se destinasse apenas a evitar locupletamento

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    indevido por parte das empresas, poder-se-ia argumentar que o controle poramostragem seria no s menos restritivo livre iniciativa, mas tambm to ou maiseficiente do que a pesagem na frente do consumidor. Mas a exigncia de pesagem temtambm outra finalidade: proteger o consumidor individualmente, para que ele nopague pelo que no recebeu. E, para a consecuo dessa finalidade, a exigncia de

    pesagem certamente mais eficiente do que o controle por amostragem. Nessesentido, a exigncia de pesagem na presena do consumidor pode ser consideradacomo necessria, nos termos da regra da proporcionalidade.

    5.3 Proporcionalidade em sentido estrito

    Ainda que uma medida que limite um dir eito fundamental seja adequada enecessria para promover um outro direito fundamental, isso no significa, por si s,que ela deve ser considerada como proporcional. Necessrio ainda um terceiroexame, o exame da proporcionalidade em sentido estrito, qu e consiste em umsopesamento entre a intensidade da restrio ao direito fundamental atingido e aimportncia da realizao do direito fundamental que com ele colide e que

    fundamenta a adoo da medida restritiva. 60

    Um exemplo extremo pode demonstrar a importncia dessa terceira sub-regra daproporcionalidade. Se, para combater a disseminao da Aids, o Estado decidisse quetodos os cidados devessem fazer exame para detectar uma possvel infeco pelo HIVe, alm disso, prescrevesse que todos os infectados fossem encarcerados, estaramosdiante da seguinte situao: a medida seria, sem dvida, adequada e necessria - nostermos previstos pela regra da proporcionalidade -, j que promove a realizao do fimalmejado e, embora seja fcil imaginar medidas alternativas que restrinjam menos aliberdade e a dignidade dos cidados, nenhuma dessas alternativas teria a mesmaeficcia da medida citada. Somente o sopesamento que a proporcionalidade emsentido estrito exige capaz de evitar que esse tipo de medidas descabidas seja

    considerado proporcional, visto que, aps ponderao racional, no h como nodecidir pela liberdade e dignidade humana (art. 5. e 1., III), ainda que isso possa, emtese, implicar um nvel menor de proteo sade pblica (art. 6.).

    Para que uma medida seja reprovada no teste da proporcionalidade em sentidoestrito, no necessrio que ela implique a no -realizao de um direito fundamental.Tambm no necessrio que a medida atinja o chamado ncleo essencial de algumdireito fundamental.61 Para que ela seja considerada desproporcional em sentidoestrito, basta que os motivos que fundamentam a adoo da medida no tenham pesosuficiente para justificar a restrio ao direito fundamental atingido. possvel, porexemplo, que essa restrio seja pequena, bem distante de implicar a no -realizaode algum direito ou de atingir o seu ncleo essencial. Se a importncia da realizao

    do direito fundamental, no qual a limitao se baseia, no for suficiente para justific -la, ser ela desproporcional.62

    Exemplo 1: ADC 9-6, racionamento de energia.

    Como j foi explicado anteriormente, dada a relao de subsidiariedade que assub-regras da proporcionalidade guardam entre si, s h que se falar em exame daproporcionalidade em sentido estrito caso a medida estatal tiver sido consideradaadequada e necessria. Como, na anlise acima realizada, chegou -se concluso deque as medidas previstas pelos arts. 14 a 18 da MedProv 2.152 -2 no so necessrias,

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    ento no h a possibilidade de se indagar acerca de sua proporcionalidade em sentidoestrito.

    Exemplo 2: ADIn 855-2,pesagem de botijes de gs.

    Como visto, a exigncia de pesagem de botijes de gs na presena do consumidorpode ser considerada adequada para fomentar a realizao dos fins perseguidos.Dentro das possibilidades da presente anlise, a medida pde tambm ser consideradacomo necessria, pois ainda que a medida alternativa de pesagem por amostragempudesse restringir em menor escala a livre iniciativa das empresas distribuidoras degs, tal alternativa no parece ter a mesma capacidade de fomentar a proteo doconsumidor. Na anlise da proporcionalidade em senti do estrito deve ser questionadose a proteo ao consumidor justificaria essa pequena limitao liberdade deiniciativa.

    A resposta parece bvia, e no foi toa que me referi limitao liberdade deiniciativa, nesse caso, como pequena. A proteo ao consumidor parece ter um peso

    maior do que uma restrio mnima liberdade de iniciativa. O STF, no entanto,decidiu de forma diversa.63

    6. A REGRA DA PROPORCIONALIDADE NO DIREITO BRASILEIRO

    Aqui se cuida do que, na introduo deste artigo, chamei de dimenso emprica,isto , da identificao da regra da proporcionalidade no direito positivo brasileiro. Aquesto de se saber se a aplicao da regra da proporcionalidade encontra fundamentono direito positivo brasileiro tem recebido respostas diversas.

    Em algumas decises do STF, como j visto, esse fundamento meramentepressuposto, o que em nada contribui para o deslinde da questo. Em vrias outras,

    contudo, o tribunal encontra um fundamento para a proporcionalidade no inc. LIV doart. 5..

    Boa parte da doutrina entende que a regra da proporcionalidade tem seufundamento no chamado princpio do Estado de Direito, como o caso de GilmarFerreira Mendes,64 Lus Roberto Barroso,65 e Suzana de Toledo Barros. 66 Esta umatendncia que, na Alemanha, encontra apoio em decises do Tribunal Constitucional ena doutrina.67

    H tambm quem encontre o fundamento da proporcionalidade nos mais diversosdispositivos constitucionais. o caso, por exemplo, de Suzana de To ledo Barros,Antonio Magalhes Gomes Filho, e de Carlos Affonso Pereira de Souza e Patrcia Regina

    Pinheiro Sampaio.68 Segundo esses autores, fundamentam a aplicao daproporcionalidade os arts. 5., II (legalidade), 5., XXXV (inafastabilidade do contr olejurisdicional), 1., caput (princpio republicano), 1., II (cidadania), 1., III (dignidade).So ainda citados os institutos do habeas corpus (art. 5., LXVIII), mandado desegurana (art. 5., LXIX), habeas data (art. 5., LXII), assim como o direito de petio(art. 5., XXXIV, a). No mesmo sentido, e provavelmente como inspirador dos autorescitados, leciona Paulo Bonavides. 69

    H, ainda, baseada tambm na lio de Paulo Bonavides, 70 uma tendncia a trataros diversos dispositivos constitucionais que mencionam o adjetivo proporcional, 71 ou

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    termos correlatos, como expresses da regra da proporcionalidade no direitoconstitucional brasileiro.

    Por fim, h a tese de que a proporcionalidade integra o direito positivo brasileiropor meio do 2. do art. 5., por decorrer do regime e dos princpios adotados na

    Constituio, defendida especialmente por Willis Santiago Guerra Filho e PauloBonavides.72

    de se reconhecer que pelo menos alguns desses dispositivos exigem que asatividades legislativa e executiva sejam controladas, para que se evitem abusos. O queresta sem resposta, contudo, a razo pela qual esse controle deve ser feito porintermdio da aplicao da regra da proporcionali dade e no por outro mtodo. Hdiversos outros modelos de controle que poderiam desempenhar a mesma tarefa. NaItlia, por exemplo, fala -se em ragionevolezza , para a qual no se aplicam as trs sub-regras aqui discutidas.73 O mesmo vale para qualquer outro mtodo.

    A despeito da opinio de inmeros juristas da mais alta capacidade, entendo que a

    busca por uma fundamentao jurdico-positiva da regra da proporcionalidade umabusca fadada a ser infrutfera. 74

    A exigibilidade da regra da proporcionalida de para a soluo de colises entredireitos fundamentais no decorre deste ou daquele dispositivo constitucional, mas da prpria estrutura dos direitos fundamentais.75 Essa fundamentao no se confunde,contudo, com aquela anteriormente citada, segundo a qual a exigncia de aplicao daregra da proporcionalidade, por decorrer do regime e dos princpios adotados pelaConstituio, encontraria sustentao legal no 2. do art. 5.. A fundamentao aquiseguida tem um carter estritamente lgico, e valeria ainda que esse 2. noexistisse.

    Se se admite que a grande maioria dos direitos fundamentais so princpios, nosentido defendido por Robert Alexy, analisado brevemente no tpico 2, admite -se queeles so mandamentos de otimizao , isto , normas que obrigam que algo sejarealizado na maior medida possvel, de acordo com as possibilidades fticas ejurdicas.76 E a anlise da proporcionalidade justamente a maneira de se aplicar essedever de otimizao ao caso concreto. por isso que se diz que a regra daproporcionalidade e o dever de otimizao guardam uma relao de mtuaimplicao.77

    Qual a relao entre a otimizao diante das possibilidades fticas e a regra daproporcionalidade? As possibilidades fticas dizem respei to s medidas concretas quepodem ser utilizadas para o fomento e a proteo de direitos fundamentais. Se para o

    fomento do princpio P1, h duas medidas estatais, M1 e M2, que so igualmenteadequadas para esse fim, mas M1 restringe um outro direito fundamental P2, de seadmitir que a otimizao desse princpio P2 exija que seja empregada a medida M2.Essa conseqncia da otimizao de P2 em relao s possibilidades fticas presentesnada mais do que a j analisada sub -regra da necessidade.78

    J o exame da terceira sub-regra - a proporcionalidade em sentido estrito - nadamais do que um mandamento de ponderao ou sopesamento, como j visto acima(item 5.3). Quando dois ou mais direitos fundamentais colidem, a realizao de cadaum deles depende do grau de realizao dos demais e o sopesamento entre eles busca

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    atingir um grau timo de realizao para todos. A otimizao de um direitofundamental, nesse caso, vai depender das possibilidades jurdicas presentes, isto ,do resultado do sopesamento entre os princpios colidentes, que nada mais do que asub-regra da proporcionalidade em sentido estrito. 79

    7. CONCLUSO

    Como concluso, antes de arrolar sucintamente as teses aqui defendidas, examinomais um caso concreto sobre a aplicao ou no-aplicao da regra daproporcionalidade. Nos controvertidos casos sobre a admissibilidade de provas obtidaspor meios ilcitos, a regra da proporcionalidade constantemente aventada. Nessesentido, sustenta Ada Pellegrini Grinover:

    embora se aceite o princpio geral da inadmissibilidade da prova obtida por meiosilcitos, propugna-se a idia de que em casos extremamente graves, em que estivessemem risco valores essenciais, tambm constitucionalmente garantidos, os tribunaispoderiam admitir e valorar a prova ilcita.

    primeira vista, a Constituio brasileira parece impedir essa soluo, quando noabre nenhuma exceo expressa ao princpio da proporcionalidade [...].80

    Como visto, a Constituio no prev a aplicao da regra da proporcionalidad e. E,por uma razo lgica, se no a prev, tambm no pode abrir excees e dizer quandoela no aplicvel. Se se entende, no entanto, que a regra da proporcionalidadedecorre logicamente do fato de os direitos fundamentais, em sua maioria, seremprincpios, e no regras, no h como tentar afastar a aplicao da regra daproporcionalidade, sob o argumento de que no h previso constitucional a respeito.Isso no significa, contudo, que, necessariamente, uma aplicao da proporcionalidadepoder autorizar a admisso de provas obtidas por meios ilcitos. Se se entende que

    essa vedao uma regra, no sentido definido por Alexy e brevemente comentado noitem 2 deste trabalho, no haveria a possibilidade de sopesamento com outrosprincpios colidentes, porque regras, ao contrrio dos princpios, no comportamsopesamento. No haveria, por conseguinte, como relativizar a proibio das provasilcitas por meio da aplicao da regra da proporcionalidade, pois essa s apl icadaquando h coliso entre princpios, no nos casos de conflitos entre regras. 81

    Por fim, algumas das principais teses defendidas neste trabalho:

    1. Proporcionalidade e razoabilidade no so sinnimos. Enquanto aquela tem umaestrutura racionalmente definida, que se traduz na anlise de suas trs sub -regras(adequao, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito), esta ou um dos

    vrios topoi dos quais o STF se serve, ou uma simples anlise de compatibilidade entremeios e fins.

    2. Na forma como discutida neste artigo, a regra da proporcionalidade tem origemna jurisprudncia alem, e no na jurisprudncia inglesa ou norte -americana.

    3. A aplicao da regra da proporcionalidade pelo STF consiste apenas em umapelo razoabilidade.

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    4. As sub-regras da proporcionalidade guardam uma relao de subsidiariedade, oque significa dizer que nem sempre ser necessria a aplicao de todas elas.

    5. Para que uma medida seja considerada adequada, nos termos da regra daproporcionalidade, no necessrio que o seu emprego leve realizao do fim

    pretendido, bastando apenas que o princpio que legitime o objetivo seja fomentado.

    6. A regra da proporcionalidade no encontra seu fundamento em dispositivo legaldo direito positivo brasileiro, mas decorre logicamente da estrutura dos direitosfundamentais como princpios jurdicos.

    7. Se se aceita, portanto, a definio de princpio jurdico como mandamento deotimizao, necessrio tambm aceitar a aplicao da regra da proporcionalidade,pois ambos guardam uma relao de implicao.

    Estes dois ltimos pontos desta concluso tm um significado maior do que podeparecer primeira vista. Dizer que a regra da proporcionalidade decorre de uma

    posio terica acerca da estrutura dos direitos fundamenta is, e no de uma norma dedireito positivo ou do Estado de Direito, significa tambm esvaziar um pretenso carteruniversal dessa regra. Para aqueles que sustentam que a exigncia deproporcionalidade decorrncia do Estado de Direito ou do devido process o legal,resta a tarefa de justificar a sua no-utilizao, por exemplo, pela Suprema Corte dosEstados Unidos, ou por qualquer outro tribunal de pases onde, inegavelmente, vige umEstado de Direito.

    Que fique claro, pois, que se cobra apenas coerncia no s julgados no STF, e no aaplicao da regra da proporcionalidade. Se o STF, por ter outra concepo acerca daestrutura dos direitos fundamentais ou da forma de controlar a coliso entre eles,sustentasse que a regra da proporcionalidade no aplicvel ao caso brasileiro, poder-

    se-ia criticar essa concepo, mas no a sua coerncia. Mas, a partir do momento emque o STF sustenta que a regra da proporcionalidade tem fundamental importnciapara o deslinde constitucional da coliso de direitos fundamentai s,82 e assim o faz nocom o intuito de se manter meramente no plano retrico, isto , de recorrer a umtpos - como acontece quando menciona o princpio da razoabilidade -, mas com oexpresso intuito de ir alm, e passar para o plano da aplicao siste mtica eestruturada de um modelo pr-existente, de se esperar, ento, que dele sejacobrada coerncia.

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    (5) Cf. Robert Alexy, Zum Begriff des Rechtsprinzips, p. 184 et seq.Bergmann vila, contudo, sustenta que os princpios so mais genricos que asregras. Cf. Humberto Bergmann vila, A distino entre princpios e regras e aredefinio do dever de proporcionalidade, p. 167.

    (6) Cf. Robert Alexy, Zur Struktur der Rechtsprinzipien, p. 32; do mesmoautor, Theorie der Grundrechte, p. 75. Como alternativa ao termo mandamentode otimizao pode ser utilizado dever de otimizao, como faz HumbertoBergmann vila, A distino entre princpios e regras e a redefinio do dever deproporcionalidade, passim; ou mandado de otimizao, como usado por Suzanade Toledo Barros, O princpio da proporcionalidade , p. 173, nota 188. No recomendvel que se use, por influncia da traduo espanhola da obra de RobertAlexy, o termo mandato de otimizao, pois no se trata de um mandato. Cf.,todavia, Inocncio Mrtires Coelho, Constitucional idade/inconstitucionalidade:uma questo poltica?, RDA 221 (2000), p. 59; do mesmo autor, in Gilmar FerreiraMendes, Inocncio Mrtires Coelho, Paulo Gustavo Gonet Branco, Hermenuticaconstitucional e direitos fundamentais , p. 50-51; e Wilson Antnio Steinmetz,

    Coliso de direitos fundamentais e princpio da proporcionalidade , p. 152-153.

    (7) Cf., sobretudo, Eros Roberto Grau, A ordem econmica na Constituio de1988, p. 73-120; Paulo Bonavides, Curso de direito constitucional, p. 248-252; J. J.Gomes Canotilho, Direito constitucional e teoria da Constituio , p. 1.033-1.049,alm do prprio Bergmann vila, no trabalho acima citado. Em espanhol, cf., portodos, Robert Alexy, Teora de los derechos fundamentales , especialmente p. 81 a111, e Martin Borowski, La restriccin de los derechos fundamentales, REDC 59(2000), p. 35 a 39. Para uma anlise crtica sobre a distino entre regras eprincpios, incluindo uma anlise sobre a sua difuso no direito brasileiro, cf. LusVirglio Afonso da Silva, Princpios e regras: mitos e equvocos acerca de umadistino, a ser publicado em breve.

    (8) Cf. Humberto Bergmann vila, A distino entre princpios e regras e aredefinio do dever de proporcionalidade, p. 169 (grifei).

    (9) Cf. Robert Alexy, Theorie der Grundrechte, p. 100, nota de rodap 84(grifei). No mesmo sentido, Martin Borowski, Grundrechte als Prinzipien, p. 115.

    (10) Cf. Grg Haverkate, Rechtsfragen des Leistungsstaats, p. 11, nota 38.

    (11) Cf., para uma contraposio entre sopesamento e s ubsuno, RobertAlexy, Rechtssystem und praktische Vernunft, p. 214; Martin Borowski,Prinzipien als Grundrechtsnormen, ZR 53 (1998), p. 309; Hege Stck,

    Subsumtion und Abwgung,ARSP84 (1998), especialmente pp. 409 et seq.

    (12) O termo usado, entre outros, tambm por Rainer Dechsling, DasVerhltnismigkeitsgebot, passim. Klaus Stern, Staatsrecht der BundesrepublikDeutschland, I, 20 IV 7, p. 861.

    (13) Nesse sentido, o termo princpio, na expresso princpio daproporcionalidade , empregado com o significado de disposio fundamental, eessa a acepo mais corrente do termo princpio na linguagem jurdica ptria.

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    Cf. Celso Antnio Bandeira de Mello, Curso de direito administrativo, p. 450; JosAfonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 95.

    (14) Exemplos do uso de ambos os conceitos como sinnimos pode serencontrado em: J. J. Gomes Canotilho, Direito constitucional e teoria da

    Constituio, p. 259; Willis Santiago Guerra Filho, Teoria processual daConstituio, p. 81-82; Gilmar Ferreira Mendes, O princpio da proporcionalidadena jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal: novas leituras, Bol. IOB 14 (2000),p. 372; Wilson Antnio Steinmetz, Coliso de direitos fundamentais e princpio daproporcionalidade , p. 148. J Paulo Bonavides, Curso de direito constitucional , p.360, usa o termo proibio de excesso - vedao de arbtrio, nas palavras deBonavides - como sinnimo de exame da adequao do ato estatal, enquanto LusRoberto Barroso, Os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade no direitoconstitucional, RT-CDC 23 (1998), p. 71-72, usa proibio de excesso comosinnimo de exame da necessidade . Na jurisprudncia do Tribunal Constitucionalportugus, o termo proibio de excesso de uso corrente. Cf., para decisesrecentes, Acrdos 187/01, 382/01 e 400/01. Na literatura alem, cf., por todos,

    Klaus Stern, Staatsrecht der Bundesrepublik Deutschland, I, 20 IV, 7, p. 861. Parauma posio contrria identificao da proporcionalidade com a proibio deexcesso, ainda que no com os argumentos aqui aduzidos, cf. Juarez Freitas, Ointrprete e o poder de dar vida Constituio, p. 232.

    (15) O termo Untermaverbot foi utilizado pela primeira vez, ao que tudoindica, por Claus-Wilhem Canaris, Grundrechte und Privatrecht, AcP184 (1984),p. 228, e ganhou importncia na jurisprudncia do Tribunal Constitucional alemoa partir da segunda deciso sobre o aborto. Cf. BVerfGE 88, 203 [245].

    (16) Sobre a aplicabilidade da regra da proporcionalidade tambm aos casosde medidas insuficientes, cf. a resposta de Robert Alexy aos questionamentos de

    Christian Calliess, seguidos conferncia do prprio Robert Alexy,Verfassungsrecht und einfaches Recht - Verfassungsgerichtsbarkeit undFachgerichtsbarkeit. O texto da conferncia e a transcrio dos debates seropublicados no prximo volume da VVDStRL (uma traduo da conferncia, feita porLus Afonso Heck, ser publicada, provavelmente ainda em 2002, na Revista dosTribunais). Cf. tambm Martin Borowski, Grundrechte als Prinzipien, p. 115-122 e151 et seq. Sobre a discusso acerca do conceito de Untermaverbot, cf. ErhardDenninger, Vom Elend des Gesetzgebers zwischen bermaverbot undUntermaverbot, p. 561 et seq.; Johannes Dietlein, Das Untermaverbot:Bestandaufnahme und Entwicklungschancen einer neuen Rechtsfigur, ZG 10(1995), p. 134 et seq.; Karl-E. Hain, Der Gesetzgeber in der Klemme zwischenberma- und Untermaverbot, DVBl. (1993), p. 982 et seq.; do mesmo autor,

    Das Untermaverbot in der Kontroverse: eine Antwort auf Dietlein, ZG 11 (1996),p. 80 et seq., alm da j citada obra de Canaris. Em lngua portuguesa, cf. J. J.Gomes Canotilho, Direito constitucional e teoria da Constituio, p. 265.Canotilho, contudo, prefere o termo proibio por defeito.

    (17) Para posies semelhantes, cf. Humberto Bergmann vila, A distinoentre princpios e regras e a redefinio do dever de proporcionalidade, p. 173;Wilson Antnio Steinmetz, Coliso de direitos fundamentais e princpio daproporcionalidade , p. 183-192; Raphael Augusto Sofiati de Queiroz, Os princpiosda razoabilidade e proporcionalidade das normas , p. 30. Bergmann vila refere-se

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    a uma diferenciao feita pelo Tribunal Consti tucional alemo entre dever deproporcionalidade e princpio da razoabilidade. Este ltimo seria, segundo ele, o Zumutbarkeitsgrundsatz. O Tribunal alemo, contudo, refere-se quase sempre Zumutbarkeit (razoabilidade, exigibilidade) como um mero sinnimo deproporcionalidade em sentido estrito. Cf., nesse sentido, BVerfGE 95, 173 [183], de

    1997, e os precedentes a citados. H esforos doutrinrios no sentido de conferiruma autonomia a essa regra da razoabilidade. Esses esforos, no entanto, noencontram grande ressonncia na jurisprudncia do Tribunal Constitucional. Sobreo tema, cf. tambm Lothar Hirschberg, Der Grundsatz der Verhltnismigkeit, p.97 et seq. e Laura Clrico, Die Struktur der Verhltnismigkeit , p. 224, queafirma que o Tribunal Constitucional alemo no confere razoabilidade nenhumsignificado autnomo. Como subsdio tese de Bergmann vila, cf., por todos,Rdiger Konradin Albrecht, Zumutbarkeit als Verfassungsmastab, especialmentep. 64 et seq.

    (18) Cf. PEC 264-A/95, cujo relatrio foi redigido pelo Deputado SilasBrasileiro.

    (19) Lus Roberto Barroso, Dez anos da Constituio de 1988 (foi bom pravoc tambm?), RDA 214 (1998), p. 18 (parte do grifo no original); do mesmoautor, Os princpios da razoabilidade e da proporciona lidade no direitoconstitucional, p. 69.

    (20) BARROS, Suzana de Toledo. O princpio da proporcionalidade e ocontrole de constitucionalidade das leis restritivas de direitos fundamentais , p. 57(grifos originais suprimidos, grifos acrescentados). No mesmo sentido, cf. PauloArminio Tavares Buechele, O princpio da proporcionalidade e a interpretao daConstituio, p. 137: Nos Estados Unidos, onde denominado Princpio daRazoabilidade, o Princpio da Proporcionalidade foi fruto da grande liberdade de

    criao do Direito que o sistema federal -republicano norte-americano concede, athoje, aos seus juzes. No mesmo sentido, cf. Ada Pellegrini Grinover, Liberdadespblicas e processo penal, p. 151.

    (21) Cf., por exemplo, Lus Roberto Barroso, Os princpio s da razoabilidade eda proporcionalidade no direito constitucional, p. 65; Pereira de Souza e PinheiroSampaio, O princpio da razoabilidade e o princpio da proporcionalidade, RF349(2000), p. 31 et seq. e 36 et seq. Esses autores sugerem tambm que a regra daproporcionalidade tem origem com o fim do Estado absolutista ingls.

    (22) Cf. Willis Santiago Guerra Filho, Princpio da proporcionalidade e teoriado direito, p. 283. Guerra Filho sugere que a utilizao do termo razoabilidade,

    no lugar de irrazoabilidade, fruto da influncia argentina. Nesse sentido, de serecomendar a leitura do trabalho de Laura Clrico, que contm uma minuciosaanlise da regra da proporcionalidade alem e da razoabilidade na jurisprudnciaargentina. Cf. Laura Clrico, Die Struktur der Verhltnismigkeit, especialmentep. 251 et seq. Uma traduo para o espanhol est sendo preparada pela autora eser publicada provavelmente ainda este ano. Para outra recente e minuciosaanlise da regra da proporcionalidade, incluind o uma discusso sobre sua recepono direito espanhol, cf. Carlos Bernal Pulido, El principio de proporcionalidad y losderechos fundamentales, a ser publicado ainda este ano.

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    (23) Cf.Associated Provincial Picture Houses Ltd. v. Wednesbury Corporation [1948], 1 KB 223, p. 228-230.

    (24) Cf., nesse sentido, alm da deciso no caso Wednesburyacima citada (p.234), Council of Civil Service Unions v.Minister for the Civil Service [1985], AC

    374, p. 410.

    (25) Sobre a relao entre proporcionalidade e irrazoabilidade na Inglaterra,cf., por exemplo, Paul Craig, Unreasonableness and Proportionality in UK Law,especialmente p. 85-87 e 94 et seq.; Garreth Wong, Towards the NutcrackerPrinciple: Reconsidering the Objections to Proportionality, Public Law (2000), p.94-96; David Feldman, Proportionality and the Human Rights Act 1998, p. 117 etseq.; Nicholas Green, Proportionality and the Supremacy of Parliament in theUK, p. 145 et seq.

    (26) Cf., por exemplo, Smith and Grady v.United Kingdom [1999], 137 etseq.

    (27) Cf., por exemplo, Lus Roberto Barroso, Os princpios da razoabilidade eda proporcionalidade no direito constitucional, p. 65 et seq.; Suzana de ToledoBarros, O princpio da proporcionalidade e o controle de constitucionalidade dasleis restritivas de direitos fundamentais, p. 60 et seq.

    (28) A primeira deciso que fez uso dessa exigncia de proporcionalidade foiDolan v. City of Tigard, 512 U.S. 374 [1994], p. 391. A prpria Suprema Corte,contudo, restringiu o mbito de aplicao desse novo teste de proporcionalidadeaproximada a alguns casos relativos a limitaes ao direito de propriedade eplanejamento urbano, e desde que no sejam baseadas em decises legislativas, oque limita sobremaneira a sua aplicabilidade prtica. Cf., nesse sentido, City of

    Montereyv.Del Monte Dunes at Monterey Ltd., 119 S.Ct. 1624 [1999], p. 1.635 etseq. Sobre esse tema, cf. Inna Reznik, The Distinction Between Legislative andAdjudicative Decisions in Dolan v. City of Tigard, New York University Law Review74 (2000), especialmente p. 246 et seq., com a literatura e, especialmente, ajurisprudncia a citadas.

    (29) Essa distino muito bem analisada por Wilson Antnio Steinmetz,Coliso de direitos fundamentais e princpio da proporcionalidade , p. 183-192.Steinmetz deixa ntida a diferena estrutural acima citada com a seguinteindagao: Os princpios parciais da adequao [...], da exigibilidade [...], eproporcionalidade em sentido estrito [...] funcionam como indicadores de'mensurao', de controle [do princpio da proporcionalidade]. Quais seriam os

    indicadores de 'mensurao' do princpio da razoabilidade? (grifei).

    (30) Cf., sobre o tema, Trcio Sampaio Ferraz Jr., Introduo ao estudo dodireito, p. 298.

    (31) Cf., por exemplo, RTJ 167, 92 [94]; RTJ 169, 630 [632]; RTJ 152, 455;LexSTF 237, 304.

    (32)LexSTF 237, 304 [309].

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    (33) Com o intuito de simplificar o silogismo, e como no o objetivo destetrabalho discutir questes relacionadas supremacia constitucional e legitimidade do controle de constitucionalidade, pressups-se a premissa de que osatos que violem qualquer princpio constitucional devem ser consideradosinconstitucionais.

    (34) Sobre a diferena entre justificao interna e externa dos silogismos, cf.Jerzy Wrblewski, Legal Syllogism and Rationality of Judicial Decision,Rechtstheorie 5 (1974), p. 33 et seq.; Robert Alexy, Theorie der juristischenArgumentation, p. 373 et seq. Para uma aplicao dessa diferenciao como formaargumentativa, ainda que de maneira extremamente simplificada, cf. Lus VirglioAfonso da Silva, Ulisses, as sereias e o poder constituinte derivado, RDA 226(2001), p. 13.

    (35)DJU15.03.1996.

    (36) MENDES, Gilmar Ferreira. A proporcionalidade na jurisprudncia do

    Supremo Tribunal Federal, Bol. IOB 23 (1994), p. 475.

    (37) Sobre a relao entre o substantive due process e o chamado princpio darazoabilidade, cf. a anlise, resumida, porm esclarecedora, de Lus RobertoBarroso, Os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade no direi toconstitucional, p. 65 et seq. e a literatura e jurisprudncia, nacionais eestrangeiras, a citadas.

    (38) Cf. Lus Roberto Barroso, Os princpios da razoabilidade e daproporcionalidade no direito constitucional, p. 66. No mesmo sentido, cf. CarlosRoberto de Siqueira Castro, O devido processo legal e a razoabilidade das leis nanova Constituio do Brasil, p. 158. Sobre o mesmo tema, com base na

    jurisprudncia espanhola, que considera a razoabilidade como simples exame dalegitimidade de uma medida, cf. Carlos Bernal Pulido, Razionalit, proporzionalite ragionevolezza nel giudizio di costituzionalit delle leggi, a ser publicado embreve.

    (39) Caso se siga a tese de que a regra da proporcionalidade deve ser divididaem quatro sub-regras, em vez de apenas trs, a anlise da razoabilidadecorresponderia s duas primeiras dessas sub-regras. Sobre as diversas teses acercado nmero de sub-regras, cf. tpico 4 deste artigo.

    (40) Em sentido oposto, ou seja, entendendo que a razoabilidade maisampla do que a proporcionalidade, cf. Raphael Augusto Sofiati de Queiroz, Os

    princpios da razoabilidade e proporcionalidade das normas , p. 46.

    (41) MARTINS, Ives Gandra da Silva Martins e MENDES, Gilmar Ferreira. Sigilobancrio, direito de autodeterminao sobre informaes e princpio daproporcionalidade, Bol. IOB 24 (1992), p. 438 (grifei). Com entre ns, queremeles dizer, especialmente, na jurisprudncia do STF.

    (42) BARROS, Suzana de Toledo. O princpio da proporcionalidade , p. 103.

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    (43) Cf. Gilmar Ferreira Mendes, A proporcionalidade na jurisprudncia doSupremo Tribunal Federal, p. 475 et seq.; do mesmo autor, O princpio daproporcionalidade na jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal: novas leituras,especialmente p. 370 et seq.; Suzana de Toledo Barros, O princpio daproporcionalidade , p. 102-128, em tpico denominado O princpio da

    proporcionalidade na jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal.

    (44) Como visto acima, a exposio terica costuma no corresponder anlise prtica da aplicao da regra da proporcionalidade.

    (45) Willis Santiago Guerra Filho, Processo constitucional e direitosfundamentais, p. 67 e 68, expe as sub-regras da proporcionalidade na seguinteordem: proporcionalidade em sentido estrito, adequao e necessidade. Issopoderia dar a entender que a anlise da proporcionalidade em sentido estritoprecede as anlises da adequao e da necessidade. Em trabalho mais recente,contudo, a anlise das sub-regras segue o modelo padro. Cf. Willis SantiagoGuerra Filho, Teoria processual da Constituio , p. 84.

    (46) Cf. Ernst-Wolfgang Bckenfrde, Vier Thesen zur Kommunitarismus-Debatte, p. 83; como juiz do Tribunal Constitucional, pde Bckenfrde expressarsua rejeio ao sopesamento entre direitos fundamentais em diversas decises doTribunal. Cf., por exemplo, BVerfGE 69, 1 [63-65]. Cf. tambm Bernhard Schlink,Abwgung im Verfassungsrecht, p. 76 et seq.; do mesmo autor, Freiheit durchEingriffsabwehr, p. 462. No Brasil, Gilmar Ferreira Mendes, sempre influenciadopelas lies de Pieroth e Schlink (cf. Grundrechte - Staatsrecht II, Rn 293, p. 68),menciona algumas vezes apenas os testes da adequao e da necessidade. Cf., porexemplo, O princpio da proporcionalidade na jurisprudncia do Supremo TribunalFederal: novas leituras, p. 372; cf., contudo, do mesmo autor, Direitosfundamentais e controle de constitucionalidade , p. 80, para uma referncia s trs

    sub-regras, incluindo a proporcionalidade em sentido estrito.

    (47) Cf., por exemplo, Jeffrey Jowell, Beyond the Rule of Law: TowardsConstitutional Judicial Review, p. 679. Ainda sobre a regra da proporcionalidadeno direito comunitrio europeu, cf. o estudo de Nicholas Emiliou, The Principle ofProportionality in European Law, especialmente p. 115 et seq.; John JosefCremona, The Proportionality Principle in the Jurisprudence of the EuropeanCourt of Human Rights, p. 323 et seq.

    (48) Por isso, uma possvel discordncia quanto aos resultados dos examesrelativos aos casos prticos no os invalida, dado o explcito carter didtico que osreveste e dadas as limitaes tcnicas referidas.

    (49) Cf. Humberto Bergmann vila, A distino entre princpios e regras e aredefinio do dever de proporcionalidade, p. 172.

    (50) Cf. Gilmar Ferreira Mendes, O princpio da proporcionalidade najurisprudncia do Supremo Tribunal Federal: novas leituras, p. 371 (grifei); domesmo autor, in: Gilmar Ferreira Mendes; Inocncio Mrtires Coelho; Paulo GustavoGonet Branco, Hermenutica constitucional e direitos fundamentais , p. 248. Adeciso citada encontra-se em BVerfGE 30, 292 [316].

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    (51) Cf. Martin Borowski, Grundrechte als Prinzipien, p. 116. A definio deMartin Borowski baseia-se exatamente na mesma deciso citada por Gilmar Ferre iraMendes. Tambm Pieroth e Schlink, em cujas lies Ferreira Mendes se baseia,definem, de forma lapidar: o meio deve fomentar o objetivo. Cf. Pieroth eSchlink, Grundrechte - Staatsrecht II, Rn. 283, p. 66 (grifei). Cf. tambm Lothar

    Hirschberg, Der Grundsatz der Verhltnismigkeit, p. 50 et seq. e EberhardGrabitz, Der Grundsatz der Verhltnismigkeit in der Rechtsprechung desBundesverfassungsgerichts, AR 98 (1973), p. 572. No sentido aqui proposto, cf.Willis Santiago Guerra Filho, Teoria processual da Constituio , p. 84-85, que,ainda que, em certa passagem, refira-se a meio adequado como aquele que atingeo fim almejado, nas demais passagens segue a definio aqui defendida comocorreta, quando, por exemplo, define adequao como confor midade com oobjetivo, ou ainda quando oferece a sua prpria traduo da deciso mencionada,utilizando o verbo promover em vez do verbo alcanar, usado por FerreiraMendes. A correta traduo de Guerra Filho tambm citada por Lus RobertoBarroso, Os princpios da razoabilidade e proporcionalidade no direitoconstitucional, p. 71. Para mais detalhes sobre as implicaes dessa variao no

    conceito de adequao, cf. Carlos Bernal Pulido, El principio de proporcionalidad ylos derechos fundamentales, no prelo (Captulos VI, II, I).

    (52) Cf., nesse sentido, Suzana de Toledo Barros, O princpio daproporcionalidade , p. 78; Wilson Antnio Steinmetz, Coliso de direitosfundamentais e princpio da proporcionalidade, p. 150; Pereira de Souza e PinheiroSampaio, O princpio da razoabilidade e o princpio da proporcionalidade, p. 38.

    (53)DJU09.08.2001. O mrito do pedido foi julgado em 13.12.2001 e o plenodecidiu, vencidos os Ministros Nri da Silveira e Marco Aurlio Mello, manter adeciso cautelar. At a data de envio deste artigo para publicao, a deciso aindano havia sido publicada.

    (54) Esse caso j foi chamado de nosso leading case em matria deproporcionalidade (cf. Pereira de Souza e Pinheiro Sampaio, O princpio darazoabilidade e o princpio da proporcionalidade, p. 38). Parece um exageroclassific-lo dessa forma, principalmente quando se tem em mente que a aplicaodo princpio da proporcionalidade, por parte do STF, , quando muito, umaaplicao de um controle de razoabilidade, como j foi visto no tpico 3.

    (55) A mesma exigncia feita pela Lei 9.048/95 (lei ordinria federal).

    (56) Essa frmula corresponde frmula de otimizao proposta por VilfredoPareto e , por isso, conhecida como eficincia de Pareto. Cf. Robert Alexy,

    Theorie der Grundrechte, p. 149, nota 222; do mesmo autor, Individuelle Rechteund kolletive Gter, p. 259; Bernhard Schlink, Abwgung im Verfassungsrecht, p.178-182; Laura Clrico, Die Struktur der Verhltnismigkeit, p. 112-119. Cf.tambm Rainer Dechsling, Das Verhltnismigkeitsgebot, p. 51-54. Dechslingsugere tambm a aplicao do critrio de Kaldor-Hicks, com algumas modificaes,para a anlise da necessidade de uma medida (cf. p. 68).

    (57) Para alguns exemplos de alternativas, cf. o relatrio Colapso energticono Brasil e alternativas futuras, que o resultado de um estudo realizado porcomisses permanentes da Cmara dos Deputados (Minas e energia e defesa do

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    consumidor). Sobre a discusso na imprensa, cf., por exemplo, Jos Goldemberg,H alternativas ao racionamento de energia?, O Estado de S. Paulo, 15.05.2001;Rogrio L. Furquim Werneck, Alternativa ao racionamento, O Estado de S. Paulo,16.03.2001; Bruno Duque Horta Nogueira, A tarifa extrafiscal: uma alternativa aoracionamento, Gazeta Mercantil, 19.06.2001.

    (58)RTJ 152, 455 [461].

    (59)RTJ 152, 455 [460 e 461].

    (60) Cf., por exemplo, na jurisprudncia do Tribunal Constitucional alemo,BVerfGE 90, 145 [173]. A idia de sopesamento , contudo, extremamentepolmica. Como j referido anteriormente, vrios so os autores que a rechaam(vide nota 46). Cf., por exemplo, Jrgen Habermas, Faktizitt und Geltung, p. 316-317; Friedrich Mller, Juristische Methodik, p. 63; do mesmo autor, Die Positivittder Grundrechte, p. 18. Bernhard Schlink,Abwgung im Verfassungsrecht, p. 76 etseq., por exemplo, sugere que a proporcionalidade em sentido estrito deve garantir

    o ncleo essencial do direito restringido, sem a necessidade de sopesamento.Hirschberg, contudo, insinua que Schlink, ainda que rejeite a necessidade desopesamento como parte da proporcionalidade em sentido estrito, inclui -o,disfaradamente, no exame da necessidade. Cf. Lothar Hirschberg, Der Grundsatzder Verhltnismigkeit, p. 174-175. Para uma crtica idia de sopesamento nateoria de Robert Alexy, cf. Matthias Jestaedt, Grundrechtsentfaltung im Gesetz, p.229-241. Recomendvel tambm a anlise de Walter Leisner, DerAbwgungsstaat, especialmente p. 11-45.

    (61) Em sentido oposto, cf. Humberto Bergmann vila, A distin o entreprincpios e regras e a redefinio do dever de proporcionalidade, p. 159 -160 e173; Willis Santiago Guerra Filho, Sobre princpios constitucionais gerais: isonomia

    e proporcionalidade, RT719 (1995), p. 59.

    (62) Alexy costuma dividir o grau de restrio de um direito fundamental e ograu de importncia da realizao do direito que justifica a medida restritiva emalto, mdio e pequeno. Assim, se o grau de restrio a um direito mdio -portanto longe de implicar a sua no-realizao -, mas o grau de importncia darealizao do