lugar de mulher é na política

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LUGAR DE MULHER É NA POLÍTICA!* *TEXTO DISTRIBUÍDO NO SEMINÁRIO ESTADUAL “AS MULHERES E A REFORMA POLÍTICA” ALESC - 04/07/2011 www.luizaerundina.com.br

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Texto escrito pela Dep. Ângela Albino (PCdoB/SC) e distribuído no seminário "As Mulheres e a Reforma Política" realizado na ALESC em 04/07/2011

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Page 1: Lugar de mulher é na política

LUGAR DE MULHER É NA POLÍTICA!*

*TEXTO DISTRIBUÍDO NO SEMINÁRIO ESTADUAL

“AS MULHERES E A REFORMA POLÍTICA” ALESC - 04/07/2011

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LUGAR DE MULHER É NA POLÍTICA!*

A elevada concentração de poder econômico e político são características da nossa República ondeainda reina a apropriação privada da coisa pública e o clientelismo. As conquistas das mulheres se dãonos períodos de expansão democrática, com apoio dos setores avançados da sociedade e por pressãodas próprias mulheres.

Vivemos um momento crucial para subverter os valores estratificados e aprofundar o processo dedesenvolvimento e ampliação da democracia. Mas, para democratizar a estrutura política brasileira, umdos elementos decisivos é a incorporação das mulheres nas instâncias de poder e decisão.

Mas como encontrar uma perspectiva de poder? Como construir seu empoderamento? Como ampliaro recrutamento feminino para uma maior participação política? Certamente, uma série de políticaspúblicas são imprescindíveis para reafirmar a autoestima da mulher, como a articulação de redes deapoio que viabilizem e reforcem a participação feminina. Contudo, essencial nessa estratégia é aconstrução e aprovação de uma reforma política sob a ótica de gênero.

As regras atuais do nosso Sistema Político Eleitoral fazem com que as mulheres, os trabalhadores, osjovens, os índios, os homossexuais, os negros, sejam sempre subrepresentados. Não podemosconsiderar democrático um sistema que permite que poucos segmentos sociais minoritáriosconcentrem enormes poderes, excluindo amplos setores majoritários da sociedade.

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Nós mulheres, somos 51% da população e elegemos apenas cerca de 10% das vagas na Câmara dosDeputados. A população indígena soma cerca de 400 mil e não tem nenhum represente no Congresso.

Já os ruralistas que representam apenas 40 mil brasileiros, possuem uma bancada de cerca de 100parlamentares no Congresso. E o pano de fundo que reproduz a subrepresentação e impede aexpansão das mulheres nos espaços de poder reside na manutenção do financiamento privado decampanhas e no modelo de eleição proporcional com lista aberta pós ordenada.

A história recente confirma que setores mais avançados têm chegado ao centro do poder conquistandogovernos e até conquistando maiorias legislativas, mas sem coesão programática e muito menosideológica. E esta situação, obviamente, impõe obstáculos à aprovação de medidas capazes de incidirna mudança da correlação de forças de poder.

Uma reforma política ampla e democrática é fundamental no quadro geral de acúmulo de forças e deavanços na luta estratégica para as transformações. Por isso, o sistema atual implica em diversasdificuldades de sobrevivência dos partidos de esquerda. Se de um lado temos dificuldades pelacorrelação de forças no Congresso Nacional e pela influência, inclusive midiática, de setoresconservadores, por outro, existe um ambiente favorável ao debate sintonizado com as mudanças.

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Alguns pontos do atual sistema são positivos e precisamos defender: o sistema proporcional naseleições de parlamentares, a ausência de cláusula de barreira, as coligações proporcionais. No entanto,temos que acabar com o financiamento privado de campanhas (que favorece o poder econômico); ovoto nominal nas eleições proporcionais (que favorece o individualismo, o personalismo, adespolitização, o rebaixamento programático e o enfraquecimento dos partidos); a forma de eleiçãodos suplentes de senadores (que é uma distorção e afronta à democracia e à legitimidade); acabar coma subrepresentação das mulheres, dos negros, índios e demais minorias; combater a criação dos“distritões” (que representam um verdadeiro golpe à democracia, intensificando ainda mais opredomínio do poder econômico).

É preciso construir um sistema político que beneficie os mecanismos de participação. É imprescindívelfortalecer os partidos e democratizar as direções partidárias. Assegurar a pluralidade da representaçãocom a manutenção do voto proporcional, pois, é através dele que a mulher consegue melhorescondições de alcançar a representação. Diminuir a força do poder econômico com o financiamentopúblico de campanha é o caminho para viabilizar recursos materiais às candidaturas femininas. Reforçaros partidos através das listas préordenadas regulamentadas para garantir a implementação das cotas(alternância de gênero) e a participação democrática dos convencionais.

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Nas experiências onde foi instituído o voto em lista fechada, houve significativo avanço na mudança dacorrelação de forças presentes nos parlamentos, bem como, uma considerável diminuição da diferençaentre homens e mulheres nos espaços de poder. Na Argentina, por exemplo, quando se instituiu osistema de lista fechada com mulheres pelo menos nas posições terceira, quinta e sétima, de 7%passou para 21% a presença de mulheres já nas primeiras eleições, e hoje, a presença da mulher noparlamento é superior a 40%.

Mulheres! Não permitamos retrocessos nem contra-reformas. A emancipação das mulheres écomponente decisivo na democratização da estrutura política do Estado brasileiro, portanto não podeser vista apenas como direito, mas sim como dever do estado e da sociedade.

ANGELA ALBINO - Deputada Estadual – PCdoB/SC

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