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Luciana R. Storto Departamento de Linguística Universidade de São Paulo

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Page 1: Luciana R. Storto Departamento de Linguística Universidade de São Paulo

Luciana R. StortoDepartamento de LinguísticaUniversidade de São Paulo

Page 2: Luciana R. Storto Departamento de Linguística Universidade de São Paulo

• Apresentar a pesquisa realizada na pós-graduação em línguas indígenas do DL/USP desde 2006, com ênfase na área de sintaxe.

• Discutir as estratégias utilizadas no DL/USP para fomentar o desenvolvimento da pesquisa em línguas indígenas.

• Discutir o futuro do estudo das linguas indígenas no Brasil.

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Professores envolvidos até agora na pesquisa:

•Ana Muller – Semântica Formal (Esmeralda Negrão e Marcelo Barra Ferreira também já participaram)

•Didier Demolin (Paris 3, França) – Fonologia Experimental

•Luciana Storto – Fonologia e Sintaxe Formal

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17 línguas estudadas até o presente:

Karitiana, Juruna, Wayoro, Guarani Paraguaio (Tupi); Kaingang (Jê); Kuikuro, Kalapalo, Arara (Karib); Dâw, Hup, Yuhup (Nadahup), Kotiria, Wa’ikhana, Tukano, Makuna, Tuyuka (Tukano); Sanuma (Yanomami).

Teses e dissertações:www.linguistica.fflch.usp.br/node/189

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• 12 mestrados concluídos (Luciana Sanchez-Mendes, Suzi Lima, Thiago Coutinho-Silva, Andrea Marques, Lara Frutos, Michel Navarro, Ivan Rocha, Fernanda Nogueira, Jéssica Costa, Lorena Orjuela, Karin Vivanco, Wallace Andrade)

• 1 doutorado concluído (Luciana Sanchez-Mendes)

• 7 doutorados em andamento (Lara Frutos, Ivan Rocha, Carol Alves, Karin Vivanco, Joana Autuori, Fernanda Nogueira, Karolin Obert)

• 4 mestrados em andamento (Maurício Oliveira, Thiago Alexandre, Lucas Barboza, Luiz Fernando Ferreira)

Page 6: Luciana R. Storto Departamento de Linguística Universidade de São Paulo

• Fonologia Experimental: 3• Semântica Formal: 8• Sintaxe: 13

Vamos focar nossa apresentação hoje nos temas das pesquisas em sintaxe, a principal subárea em termos de números de alunos trabalhando com línguas indígenas no programa, não sem antes apresentar brevemente a pesquisa realizada nas outras subáreas.

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• Novos sons do IPA foram descobertos (o tepe uvular em Kuikuro e Kalapalo).

• Processos fonológicos que não tinham explicação dentro da teoria de traços foram explicados baseados em termos de gestos articulatórios (a pré e pós-oralização das consoantes nasais em Karitiana).

• Novos traços (tubo epilaríngeo) foram identificados em línguas Tukano.

Page 8: Luciana R. Storto Departamento de Linguística Universidade de São Paulo

• Suzi Lima, mestre USP, hoje UFRJ• Bruna Franchetto, Museu Nacional/UFRJ• Carlos Fausto, Museu Nacional/UFRJ• Kristine Stenzel, UFRJ

• Wallace Andrade, mestre USP (nasalidade)• Lorena Orjuela, mestre USP (glotalização)• Lucas Barboza, mestrando USP

(glotalização)

Page 9: Luciana R. Storto Departamento de Linguística Universidade de São Paulo

• Carmen Sorin, Paris 7• Esmeralda Negrão, USP• Marcello Barra, USP• Roberta Pires, UFSC• Edit Doron, Universidade Hebraica de Jerusalém• Nora Boneh, Universidade Hebraica de Jerusalém• Brenda Laca, Paris 8

• Luciana Sanchez-Mendes, mestre/doutora USP, hoje UFF (pluracionalidade, quantificação adverbial)

• Andrea Carvalho, mestre USP (aspecto)• Lara Frutos, mestre USP, doutoranda USP (quantificação de grau)• Michel Navarro, mestre USP (quantificação nominal)• Thiago Alexandre, mestrando USP (evidencialidade)• Luiz Fernando Ferreira, mestrando USP (modo)

Page 10: Luciana R. Storto Departamento de Linguística Universidade de São Paulo

• (1) A distinção massivo-contável no sintagma nominal. Conclusão:  bom candidato a universal semântico.

• (2) Número no sintagma nominal (singular vs. plural). Conclusão: as operações de singular e plural variam de língua para língua.

• (3) Definitude vs. Indefinitude. Conclusão: em línguas sem determinantes, os sintagmas nominais são não marcados para essa distinção.

• (4) Pluracionalidade. Conclusão: pluracionalidade marca principalmente plural de eventos.

• (5) Distributividade. Conclusão: em línguas sem determinantes e sem quantificadores nominais, a distributividade é marcada por advérbios distributivos.

Page 11: Luciana R. Storto Departamento de Linguística Universidade de São Paulo

• Teorias formais de sintaxe foram usadas para testar padrões universais de estrutura argumental dos verbos nas línguas.

• Dados foram elicitados sistematicamente para classes de verbos em construções sintáticas específicas nas línguas Karitiana, Wayoro, Juruna, Dâw e Sanuma.

• Em alguns casos, as teorias não se confirmaram – Por exemplo, o Karitiana e o Wayoro não possuem formalmente duas classes de verbos intransitivos (ativos e estativos).

Page 12: Luciana R. Storto Departamento de Linguística Universidade de São Paulo

• A variação na ordem de constituintes foi identificada como expressão de fenômenos sintáticos do tipo movimento verbal e argumental (tópico e foco). Interface sintaxe-pragmática.

• Subordinação: distinguir entre subordinações que envolvem nominalizações e as que não envolvem. Interface morfologia-sintaxe.

• Descrever a prosódia nos níveis acima da palavra, onde há previsibilidade entoacional baseada nos padrões de acento lexical e na constituição sintática dos sintagmas e orações. Interface sintaxe-fonologia.

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• Línguas que têm nomes neutros para número podem vir a compensar as ambiguidades criadas pelos nomes com a pluralização de verbos (pluracionalidade) via duplicação ou supleção.

• Na ausência de determinantes (artigos ou demonstrativos), línguas podem usar orações relativas ou adverbiais temporais no lugar de sintagmas nominais (sintagmas nucleados por demonstrativos) e na expressão de noções de quantificação universal, respectivamente.

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• Cristina Fargetti, UNESP• Ana Vilacy Galúcio, Museu Goeldi• Bruna Franchetto, Museu Nacional/UFRJ• Kristine Stenzel, UFRJ• Carmen Sorin, Paris 7• Patience Epps, U. Texas• Caroline Heycock, U. Edinburgh• Uli Sauerland, ZAZ Berlin• Spike Gildea, Oregon U.

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• Suzi Lima, mestre USP, doutora U. Massachusetts, pós-doutorado Harvard, UFRJ (estrutura argumental)

• Thiago Coutinho-Silva, mestre USP, doutor UFRJ (quantificação universal)

• Ivan Rocha, mestre USP, doutorando USP, bolsista sanduiche U. Texas (estrutura argumental, subordinação)

• Antônia Fernanda Nogueira, mestre USP,UFPA, doutoranda USP (estrutura argumental, subordinação)

• Jéssica Costa, mestre USP (estrutura argumental)

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• Karin Vivanco, mestre USP, doutoranda USP (relativas)

• Carol Alves, mestre Leiden, doutoranda USP (gramática)

• Joana Autuori, mestre UF Roraima, doutoranda USP (estrutura argumental)

• Maurício Carvalho, mestrando USP (aspecto)

• Karolin Obert, doutoranda USP (noções de espaço)

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• Buscam criar bases de dados documentais da língua e cultura dos Arara (Karib), Karitiana (Tupi), e Dâw (Nadahup).

• O projeto Arara está sendo financiado em parte por projetos de Ana Vilacy Galúcio e do Museu Goeldi (Belém, Pará).

• O projeto Karitiana está sendo financiado por projetos FAPESP de Ana Muller.

• O projeto Dâw é um esforço colaborativo entre professores e alunos do DL-USP e da Universidade do Texas financiado pelo SOAS da Universidade de Londres e pela FAPESP. As professoras envolvidas vêm de tradições teóricas diferentes (gerativismo e tipologia) e têm colaboradores na área da fonologia de laboratório e da antropologia.

Page 18: Luciana R. Storto Departamento de Linguística Universidade de São Paulo

• Um dos temas mais importantes a se estudar é a sintaxe e semântica do verbo. Os processos de mudança de valência permitem a identificação de classes verbais e alternâncias. A morfologia de Caso e pessoa, às vezes, nos permite identificar se a língua possui duas classes de intransitivos (ativos e estativos).

• Além disso, concordância, tempo, aspecto e modo devem ser estudados para que se entendam os paradigmas verbais e os tipos sentenciais. A subordinação deve ser investigada, por ser um tipo especial de oração.

• Finalmente, narrativas devem ser analisadas em busca de um melhor entendimento dos fenômenos de estrutura informacional (tópico e foco). Um bom entendimento da prosódia é fundamental neste tema.

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• Colaborando com as comunidades de falantes nas aldeias e na cidade ao treiná-los em técnicas de documentação e registro audiovisual e na produção de material didático.

• Trazendo falantes à universidade para treinar alunos em metodologia de campo. Alguns falantes poderão fazer graduação ou mestrado em linguística.

• Colaborando com especialistas - do Brasil e do exterior - em subáreas da linguística ou em teorias específicas (interdisciplinaridade).

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SIM, porque:

•(1) cria um ambiente científico em que a circulação de informações e ideias advindas de várias disciplinas e fontes teóricas estimula o avanço das descrições e teorias;

•(2) desestimula o dogmatismo teórico;

•(3) estimula a criação de um vocabulário comum às várias disciplinas, o que é benéfico para a divulgação do conhecimento;

•(4) facilita a aproximação teórica, que pode vir a gerar modelos interdisciplinares e soluções comuns às diversas áreas da linguística;

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• Sim, porque:

• (1) Fortalecem a área de línguas indígenas, na medida em que pesquisadores de instituições ou subáreas do conhecimento diferentes ao invés de competir passam a construir conhecimento e formar profissionais juntos.

• (2) Permitem acelerar o processo de publicação ou formação de alunos.

• (3) Criam consensos entre os pesquisadores.

• Isso não quer dizer que seja fácil. São necessários respeito, tolerância e perseverança.

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• Uma das estratégias no estudo das línguas indígenas tem sido a documentação de línguas e culturas. Ela precisa ser intensificada e ampliada, mas é necessário também que as bases de dados criadas gerem teses, dissertações, artigos científicos e materiais educativos para as comunidades e para o público em geral.

• Para que isso seja possível, os falantes e linguistas que trabalharam nas bases de dados poderiam colaborar (coautorias) com outros que tenham projetos específicos de como utilizar os dados em publicações.

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• Nos últimos 10 anos, dois grandes programas internacionais vêm patrocinando projetos de documentação linguística no Brasil. O programa DOBES – Documentação de Línguas Ameaçadas, através da Fundação Volkswagen da Alemanha, apoiou a documentação das línguas Kuikúro, Trumái, Awetí, Kaxuyána, Bakairí, Mawé e Kaxinawá: www.dobes.mpi.nl

• O ELDP - Programa de Documentação de Línguas Ameaçadas, da University of London na Inglaterra, patrocinou a documentação das línguas Puruborá, Sakurabiát, Ayuru, Salamãy, Xipáya, Apurinã, Ofayé, Kadiwéu, Káro, Enawené-Nawé, Wanáno, Waikhána (Piratapúya) e Dâw (próximos 2 slides): www.hrelp.org

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• Um grande passo na documentação das línguas indígenas é o programa ProDocLin da FUNAI-Museu do Índio, (Rio de Janeiro), que forneceu recursos para documentar 13 línguas e criar acervos digitais, fortalecendo a pesquisa e a participação das comunidades indígenas. Hoje um novo edital financia projetos para a elaboração de 5 gramáticas pedagógicas.

• O Inventário Nacional da Diversidade Linguística--planejado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) pretende mapear as línguas e falantes das línguas indígenas do Brasil. Um projeto piloto já foi realizado.

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• Como passo importante na capacidade brasileira de documentação linguística, arquivos digitais modernos estão sendo montados no Museu do Índio (FUNAI, Rio) e no Museu Goeldi (MCT, Belém).

• www.museudoindio.gov.br

• www.museu-goeldi.br\linguistica

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• Analisar mais a fundo os dados das bases de dados formadas em projetos de documentação, gerando artigos científicos, gramáticas e dicionários.

• Priorizar as línguas e dialetos que ainda não têm nenhuma descrição (21,5% de acordo com Moore 2011).

• Intensificar as colaborações e coautorias com colegas que tenham competências (teóricas ou descritivas) diferentes das nossas.

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•Franchetto, B. (2000). O conhecimento científico das línguas indígenas da Amazônia no Brasil. In: Queixalós, F.; Renault-Lescure, O. (org). p.165-182, As línguas Amazônicas hoje. São Paulo: Instituto Socioambiental.

•Moore, D.; Galúcio, A.V.; Gabas Junior, N. (2008). O Desafio de documentar e preservar as línguas Amazônicas. Scientific American (Brasil) Amazônia (A Floresta e o Futuro), n. 3, p. 36-43, setembro de 2008.

•Moore, D. (2006) Brazil: Language Situation. In: BROWN, K. (org. geral). Encyclopedia of language and linguistics, 2. ed. Oxford: Elsevier. v. 2. p. 117-128.

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• ______. (2011). As Línguas indígenas no Brasil hoje. In: H. Mello; C. Altenhofen; T. Raso. (Org.). Os Contatos linguísticos no Brasil. 1ed.Belo Horizonte: Editora UFMG v. , p. 217-240.

• Rodrigues (1986). Línguas Brasileiras: para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Loyola.

• ____. (2006). As línguas indígenas no Brasil. In RICARDO, B.; RICARDO, F. (orgs). Povos indígenas no Brasil 2001/2005. São Paulo: Instituto Socioambiental,. p.59-63.

• Seki, L. (1999). A lingüística indígena no Brasil. Revista de Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, n.15, p.257-290.