lona.redeteia.comEdição 803 Curitiba, 7 de agosto de 2013edição especial

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SalaMundo 2013

Evento recebe palestrantes brasileiros e estrangeiros para debater a educação

O Teatro Positivo está, mais uma vez, sendo palco para o Sala-Mundo, o encontro internacio-nal de educação. O evento reúne palestrantes de diversas áreas para debater a vida em sala de aula sob vários pontos de vista. Os temas debatidos vão de in-clusão digital ao bullying e den-tre a lista convidados surgem nomes de peso como Marília Pêra, Aloizio Mercadante e Vivi-ane Senna. Nesta edição do Lona, assim como na de amanhã, você encontrará informações com os acontecimentos de destaque do evento.

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2 ESPECIAL SALA MUNDO

Hugo Barreto, Secre-tário Geral da Funda-ção Roberto Marinho, comentou durante sua palestra “A Sala de Aula na Tela – O Ensi-no pela Televisão”, que a televisão e o vídeo têm outra dimensão de construção do en-sino. A metodologia educacional utilizada no telecurso permite a inclusão com totali-dade absoluta, conta o Secretário. A tecnologia educa-cional do Telecurso é reconhecida pelo MEC, e é utilizada na Brasil para diminuir a defasagem idade-ano, fazendo o uso de diferentes dialógos que ajudam na com-preensão em sala de aula. “O telecurso rompe barreiras e questiona a interrup-ção do currículo”.A sala de aula de um telecurso normal-mente tem o formato circular, oferecendo uma estrutura que reinventa tempos e espaços escolares físi-

cos. “Essa dimensão metodológica do tele-curso é muito central.” O Telecurso foi im-plantado em 1995, pela Fundação Ro-berto Marinho, e ofe-rece ao aluno, inde-pendente de sua faixa etária, oportunidades de lidar com situações do mundo de trabalho, trazendo para a sala de aula questões cotidi-anas, e priorizando aprendizagens signifi-cativas. “Essa metodo-logia pressupõe o estudante como con-strutor do conheci-mento.”O programa procu-ra sistematizar um modelo de mobiliza-ção dinâmica da sala de aula, o que ajuda na construção cole-tiva do conhecimento. Cada processo é um aprendizado, conta o Secretário. O professor é apenas um mediador de aprendizagem, uti-lizando como base liv-ros do curso, teleaulas, e o material didático complementar.Hugo Barreto ainda

citou alguns projetos adotados em locais como Acre e Pernam-buco. No ano 2000, a situação do Acre se mostrava insuficien-te, revelando um alto índice de abandono e reprovação, caso que se repetia em Per-nambuco. O projeto Igaraté foi adotado na

região no ano de 2009, permitindo com que a população tivesse acesso a um ensino com planejamento de atividades em grupo com mais frequência.Segundo dados do MEC/INEP, o Tele-curso já implementou cerca de 30 mil salas de aula em todo o Brasil,

tendo mais de 40 mil professores formados para lecionar. “6 mil-hões de brasileiros se formaram e se inseri-ram na vida de forma cidadã com a ajuda do telecurso”, afir-mou Hugo Barreto. A metodologia desse tipo de trabalho con-solida diversas co-

munidades dispersas pelos país, e viabiliza a possibilidade de in-clusão social.”, final-izou.

Telecurso oferece escolaridade básica e possibilita inclusão socialDurante palestra, Hugo Barreto, Secretário Geral da Fundação Roberto Marinho, defendeu a consolidação do curso a distância

MARINA GERONAzzO

ExpedienteReitor: José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani

Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora: Ana Paula MiraEditores-chefes: Júlio Rocha e Marina Geronazzo

Hugo Barreto, Secretário Geral da Fundação Roberto Marinho, deu a palestra “A Sala de Aula na Tela – O Ensino pela Televisão” no Sala Mundo 2013

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U m n o v o e s t i l o d e e d u c a r t e m s i d o i n t r o d u z i d o n o m e i o e s c o l a r e m d i v e r s a s p a r t e s d o m u n d o , e e s t á p r o v a n d o q u e o j e i t o t r a d i c i o -n a l d a e s c o l a n e m s e m p r e é o m e l h o r

p a r a a s c r i a n ç a s d e h o j e . O p r o j e t o t e m c o m o p r i n c i -p a i s c a r a c t e r í s t i -c a s o i n c e n t i v o à s h a b i l i d a d e s d e c o m u n i c a ç ã o , c o l a b o r a ç ã o , a n á l i s e , c r i a t i v i -d a d e , l i d e r a n ç a e

p e n s a m e n t o c r í t i -c o d o s n o v o s c i -d a d ã o s . I n t i t u l a d o d e “ B a c h a r e l a d o I n -t e r n a c i o n a l ”, o p r o g r a m a t e m c o m o f o c o f o r -m a r u m a “c r i a n ç a d o f u t u r o”, q u e

t e r á c o m o p r i n -c i p a l c a r a c t e r -í s t i c a a v o n t a d e d e f a z e r p a r t e d e u m a s o c i e d a d e i n t e r n a c i o n a l e q u e p e n s e g l o b a l -m e n t e . O a t u a l d i r e t o r d a e s c o l a S a i n t A n d r e w s ’, n a F l ó r i d a , R o b -e r t B o u r e s s a , f o i o r e s p o n s á v e l p e l a i m p l a n t a ç ã o d o n o v o s i s t e m a d e g r a d u a ç ã o n o l o c a l . E l e e x p ô s o s u c e s s o d o p r o -g r a m a d u r a n t e o e v e n t o S a l a M u n -d o . R e a l i z a n d o s u a p a l e s t r a c o m p l e -t a m e n t e e m p o r -t u g u ê s , B o u r e s s a a f i r m o u q u e a s e s c o l a s q u e seg-

uem o m é t o d o a p r e s e n t a d o t e m o “a l u n o c o m o o c e n t r o d e t u d o”, f a z e n d o a s s i m c o m q u e o p r o -f e s s o r t r a n s m i t a o c o n h e c i m e n t o , p r i n c i p a l m e n t e , p o r m e i o d a s d ú v -i d a s d o s a l u n o s . “ C o m o u s a r a i n -f o r m a ç ã o é u m g r a n d e d e s a f i o h o j e e m d i a , p o r -t a n t o a l é m d e o a l u n o s e r i n s t i g a -d o a a p r e n d e r , e l e t a m b é m a d q u i r e o c o n h e c i m e n t o d e o u t r a l í n g u a , o q u e o f a r á c r i a r u m a m e n t a l i d a d e i n t e r n a c i o n a l ” , e x p l i c a o d i r e t o r .O n o v o e s t i l o d e e n s i n o j á f o i i m -

p l a n t a d o e m e s -c o l a s p ú b l i c a s q u e s e e n c o n t r a m e m á r e a s e m q u e a v i o l ê n c i a e a d e s i g u a l d a d e s o -c i a l p r e d o m i n a m , e e s t á a p r e s e n t a n -d o u m a g r a n d e d i f e r e n ç a n a e d u -c a ç ã o d e s s e s a l u -n o s d e s p r i v i l e -g i a d o s . A g r a n d e v a n t a g e m d e s s e p r o j e t o e s t á e m e n s i n a r o a l u n o a “c o m o a p r e n -d e r ” e n ã o “o q u e” a p r e n d e r . E t a m -b é m e m b u s c a r i n s p i r a r o s a l u n o s a e s t a r e m s e m p r e b u s c a n d o o c o n -h e c i m e n t o .

A educação do futuro: ensinando os jovens a pensar e participar da sociedadeLAíS RAwSkI

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O jornalista Paul Tough, um dos escritores que contribuem para o jor-nal The New York Times, pautou diversos tópicos ligados à educação du-rante sua palestra inti-tulada “Valores, caráter e sucesso na Escola”. A palestra aconteceu na última terça-feira, dia 06, durante o Encontro In-ternacional de Educação, SalaMundo 2013. Paul é autor do livro How chil-dren Succeed: Grit, cu-riosity, and the Hidden Power of character, que será lançado no início do ano que vem no Brasil. Entre os principais aspec-tos abordados durante a palestra, o jornalista de-fendeu a ideia de que o fracasso seria o segredo para o sucesso. Boa parte das crianças que obtêm sucesso pas-saram em algum mo-mento de sua vida por situações em que tiveram que lidar com problemas. Paul iniciou a palestra afirmando que o pensa-

mento mais comumente repassado é de que o po-tencial de uma criança é medido pelo seu QI, e argumentou que essa se-ria apenas um dos fatores que contribuem para o sucesso de um indivíduo. Entre os principais es-tariam habilidades como perseverança, curiosi-dade, consciência, otimis-mo e autocontrole.Esses tópicos são dire-tamente relacionados a fatores biológicos como o estresse. O escritor afirma que o desenvolvi-mento inicial do cérebro pode ser afetado quando a criança é submetida a situações de estresse e trauma como a separação dos pais, ou a perda do emprego de algum par-ente, ou até mesmo ser o sobrevivente de algum desastre natural. Existem duas fases em que esse desenvolvimento pode sofrer alterações: na in-fância e na adolescência. Durante a adolescência, os jovens passam a pen-

sar mais sobre as coisas e principalmente sobre eles mesmos, e isso está ligado à formação e à mudança de caráter. A pesquisa realizada por Paul mostra que a falta de interesse e a dificuldade de lidar com problemas pode ser prejudicial para

que uma criança consiga obter êxito em sua vida. Os jovens tendem a tra-balhar mais, e quando in-centivados a melhorar, essa tendência se po-tencializa. Além de terem problemas de segurança, os adultos que sofreram algum trau-

ma durante a infância têm mais probabilidade de apresentarem doenças como câncer e prob-lemas cardíacos, e ainda são mais predispostos a cometerem suicídio. O escritor finalizou a pales-tra afirmando que ainda não existem respostas

fáceis e concretas, mas espera que histórias de pessoas bem-sucedidas passem a ser mais co-muns.

Desenvolvimento de caráter está ligado ao sucesso Em uma das palestras mais concorridas do SalaMundo2013, o escritor americano Paul Tough declarou que o estresse pode ser um dos fatores que interferem no caráter

MARINA GERONAzzO

ESPECIAL SALA MUNDO

Paul Tough, jornalista do New York Times, conta que o caráter é indispensável para o sucesso pessoal

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O Encontro Internacio-nal da Educação Sala-Mundo 2013 teve início, na manhã de ontem, com a palestra do Ministro da Educação, Aloizio Mer-cadante, que disse ser necessário o foco nos en-sinos básicos para a mel-hora da educação no país para o aprendizado efe-tivo. “Não adiantam três horas ou mais para fazer capoeira e aprender a faz-er bolo, nós precisamos melhorar a educação”. Mercadante ressaltou a importância do papel do professor e sua valo-

rização como principal agente de mudança na educação, além de enfa-tizar o progresso do país desde a década de 90 e o acelerado crescimento de IDH (índice de Desen-volvimento Humano). Mercadante ainda disse que até 2014 a previsão é de totalizar 6 mil creches e pré-escolas, além do in-gresso da criança com 6 anos de idade na escola. “Alfabetização na idade certa, as crianças não aprendem a ler e escrever antes dos 8 anos. E essa situação é mais complica-

da no Nordeste”. O Min-istro da Educação tam-bém falou sobre o projeto + Educação. Há pouco tempo, 91% das crianças não eram completamente alfabetizadas, ressaltando o progresso do IDEB de 2006 a 2011, que saltou de 3,8 a 5,0. Para Mercadante, parte da solução para a mel-hora é o investimento no professor, que precisa ter mais experiência prática e mais vivência pedagógi-ca, além de investimentos que já estão sendo feitos, como os 600 mil tablets

para professores. A outra parte seria maiores inves-timentos que. Para ele, o único investimento pro-missor são os royalties do petróleo. Além de priorizar os en-sinos básicos (português, matemática e ciências), Mercadante aponta com prioritária a educação em tempo integral. Ele também afirmou que há soluções, como PronaTec e o recente SisuTec, além de mais de 240 mil vagas para quem está no ensino médio.

Mais médicos

Mercadante anunciou que irá fazer a ampliação de 11.447 vagas de medicina nos próximos cinco anos, além de 12.376 vagas para residente, focadas na “área básica”: clínica médica, pe-diatria, medicina de famí-lia e comunidade, cirurgia geral, ginecologia e ob-stetrícia, sempre dando prioridade para o SUS e procurando incentivar os profissionais.

evento

O vice-governador Flávio Arns e o prefeito de Curiti-ba Gustavo Fruet também estiveram presentes no Sal-aMundo 2013. Ambos dis-cursaram com previsões otimistas para o Paraná, apontando números como os 480 profissionais em re-des municipais e 30% do orçamento para a educa-ção. O presidente da Positi-vo Hélio Bruck Rutenberg, também se pronunciou na mensagem de aber-tura.

Investimento na educação básica é solução para educaçãoMinistro da Educação também vê como opção a valorização do professor

LUCAS DE LAVOR

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4 ESPECIAL SALA MUNDO

As palestras do final da manhã do primeiro dia do SalaMundo fo-caram na dificuldade de aprendizagem dos alunos nas escolas. A preocupação dos pal-estrantes era auxiliar os professores tanto na questão de aborda-gem dos temas, quanto na relação entre pro-fessor e aluno, diante dessa dificuldade. A primeira palestra foi do oftalmologista Ri-cardo Guimarães, que explicou que os prob-lemas de entendimen-to das crianças podem ser causados pela Sín-drome de Irlen. Já o economista Claudio de Moura Castro de-fendeu que as aulas mais práticas ajudam o aluno a associar os conteúdos com o mundo real, facilitan-do o aprendizado.

síndrome de irlen

Pouco conhecida, pro-fessores não sabem como lidar com a Sín-drome de Irlen, uma das causas de dificul-dades de aprendizado dos alunosA palestra “Os sen-tidos que punem e despertam: a visão en-ganosa – A Síndrome de Irlen”, apresentada pelo Dr. Ricardo Gui-marães, demonstrou de forma surpreen-dente a reação dos professores e colegas diante de um aluno com essa condição.

A palestra iniciou aparentemente sem surpresas, com uma exposição do que se tratava a síndrome. Após um exercício de leitura para demon-stração, proposto por Guimarães, uma das expectadoras da pal-estra interrompeu o Doutor, subiu no palco e começou a expor suas dificul-dades, já que desde criança convive com a Síndrome de Irlen. A mulher se identificou como a professora He-loisa e, durante mais de 10 minutos, contou sua trajetória de vida, desde a discriminação quando criança, até ser diagnosticada. A interferência de He-loisa na palestra des-pertou irritação em muitos espectadores. Palmas, gritos e risos contagiaram a plateia, que pedia para a pro-fessora se retirar. Hel-oisa, sem se intimidar, continuou falando so-bre sua condição. Ao final da palestra, Gui-marães revelou que a participação era com-binada e deixou parte do público surpreso. Para ele, essa situa-ção ilustrou a maneira com que as pessoas reagem ao conviver com crianças que têm a síndrome. “Bullyng é isso. O seu compor-tamento anormal me incomoda. E eu vou te agredir porque eu não gosto do seu com-

portamento, eu quero que você seja normal como eu. O grande grupo agride, em res-posta a essa intolerân-cia. A Heloisa é um caso muito bonito porque ela era real-mente uma deficiente sensorial intensa, ela é hoje uma pessoa ab-solutamente normal”, afirmou.A Síndrome de Irlen é muito frequente nas salas de aula. No Bra-sil, cerca de 15% das crianças nas escolas têm distúrbios com dificuldades visuais. Em outros países, como EUA e Tai-wan, apresentam um número ainda maior de crianças diagnos-ticadas, com 41% e

75%. Segundo o oftal-mologista, uma das explicações para o au-mento dessa condição é a exposição exces-siva de crianças a te-las de computadores e tablets. A Síndrome de Irlen é caracter-izada por dificuldades de leitura, dificuldade com os movimentos e sensibilidade com contraste de luz. É um distúrbio, que resulta de problemas ocula-res.

importância da prática

As atividades esco-lares deveriam criar oportunidades de fazer com que os alu-nos utilizem mais as

mãos, segundo Clau-dio de Moura Castro, palestrante da manhã de ontem no Sala-Mundo. O economista utilizou como base de seu pensamento o construtivismo, o qual sugere que a educação deve partir do con-creto ao abstrato, in-duzindo os aprendizes a interagirem com o mundo real ao invés de decorar fórmulas sem sentido ou apren-der algo que está longe da sua realidade. Castro defende que a escola brasileira não segue o modelo con-strutivista, pois utiliza como ponto de parti-da o abstrato, ensin-ando com palavras ao invés de ensinar por

meio de ações reais, o que aproxima o aluno da realidade e, conse-quentemente, facilita o aprendizado. Segun-do ele, “a escola aban-donou o mundo sen-sorial e se refugiou no mundo das palavras”.Claudio de Moura Castro sugere que as escolas façam com que seus alunos interajam mais com o mundo real por meio de ativi-dades práticas, e deem a eles a oportunidade de fazer e errar, pois o erro ensina, e não dá pra acertar sem isso. Castro sugere que as escolas aprendam a fazer, pois fazer é pen-sar, e é fazendo que se aprende.

Aprendizado foi principal tema de Claudio de Moura Castro e Ricardo GuimarãesPalestrantes abordam dificuldades de aprendizagem e importância da práticaISADORA NICASTRO E JAQUELINE BAUMEL

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A i mp or t ân c i a d a l i t e r atu r a p ar a a for m a ç ã o d e c i -d a d ã o s i n qu i e t o s ,

c om i m a g i n a ç ã o e e s p í r i t o c r í t i c o fo i d e fe n d i d a p e l o g an h a d or d o prê -

m i o n o b e l d e l i t -e r atu r a , Mar i o Varg a s L l o s a , e m u m v í d e o e x i b i d o p e l o p a l e s t r ant e C l au d i o d e Mou r a C a s t ro qu e o e n -t re v i s t ou n a s u a p a s s a ge m p e l o R i o d e Jan e i ro. E m u m a bre ve i n -t ro du ç ã o, C a s t ro c ont e x tu a l i z ou o m o d e l o d a e du -c a ç ã o n o Br a s i l , qu e é b a s e a d a n o s i s t e m a f r an c ê s d e e du c a ç ã o. E s s e s i s t e m a e r a u m m o d e l o p ar a t o d o s o s p a í s e s e o s a lu -

n o s d e l á s a i am c om for m a ç ã o for t e n a c i ê n c i a . O d e s e n -vo lv i m e nt o d e s s e s i s t e m a m o s t rou u m a n e c e s s i d a d e d e c on h e c i m e nt o d a s hu m an i d a d e s , a c r e s c e n t a n d o n a g r a d e c u r-r i c u l ar d oi s an o s p ar a e s s e e s tu d o. Q u an d o o e ns i n o br a s i l e i ro c re s c e u , n ã o a d ot ou o m e s -m o p a d r ã o f r an c ê s e atu a l m e nt e , a l i t -e r atu r a n ã o é e s -s e n c i a l . L l o s a arg u m e nt a qu e a i mp or t ân -

c i a d a l i t e r atu r a e d a s hu m an i d a d e s é qu e , a o c ont r ár i o d a c i ê n c i a , u m c on h e c i m e nt o n ã o an i qu i l a o ant e r i -or, e l e s s ã o i m or-t a i s . Um e xe mpl o c i t a d o é d a v iv a -c i d a d e d e Eu c l i d e s d a c u n h a e d e s e u l i v ro O s S e r t õ e s , m e s m o a m ai s d e 1 0 0 an o s e s c r i t o.Na e nt re v i s t a , Ma -r i o Varg a s L l o s a a l e r t a p ar a o s p e r i -go s d a n ã o v a l o -r i z a ç ã o d a l i t e r a -tu r a . Par a e l e , u m mu n d o e m qu e n ã o

s e pre s t a at e n ç ã o n a a l m a d a s p e s -s o a s e qu e o c om -put a d or e a c i ê n -c i a d i z e m tu d o, f avore c e o s p e n -s a d ore s t o t a l i t a -r i s t a s e n o s l e v ar á a u m a c at á s t rofe . “S e qu e re m o s t e r s o c i e d a d e s l i v re s e c om e s pi r i t o c r i t i -c o, t e m o s qu e f a z e r a l i t e r atu r a e ar t e u m a f u n d am e nt a l p ar a a c r i a ç ã o”, c ompl e t a L l o s a .

Mario Vargas Llosa alerta para os perigos de uma educação sem a literaturaISADORA NICASTRO

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Os palestrantes Ricardo Guimarães (esquerda) e claudio de Moura castro discutiram sobre as dificuldades de aprendizagem

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Dificuldade nas dis-ciplinas, falta de mo-tivação e excesso de conteúdo estão entre os fatores que levam os alunos do ensino médio em escolas públicas a abandona-rem a escola. Esses resultados foram le-vantados durante uma pesquisa real-izada com 3300 jo-vens que frequentam o ensino público de Minas Gerais.O estudo que trouxe essa nova percep-ção sobre as taxas de pessoas que não completam o ensino médio foi exposto durante a palestra do professor e co-ordenador de pes-quisa do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educa-ção, da Universidade Federal de Juiz de Fora, Tufi Machado Soares, e da profes-

sora Mariana Calife, para os participantes do Sala Mundo, que acontece na Univers-idade Positivo. Entre as constatações da pesquisa, o principal motivo do abandono escolar é uma junção entre a inf luência da escola, a família e o aluno.Para os pesquisa-dores, o problema das desistências tem início no ensino fun-damental, uma vez que é nessa época em que começam as reprovações e con-sequentemente os alunos começam a ter uma idade muito avançada para a série em que se encontram na escola. “Com a chegada dos 18 anos, muitos estudantes se sentem pressiona-dos pela família para começarem a con-tribuir com a renda

familiar, o que leva muitos alunos a de-ixarem os estudos”, explica Tufi, sendo esse um dos princi-pais fatores para as desistências.A qualidade das es-colas e a falta de dedicação dos pro-fessores são elemen-tos decisivos para o sucesso ou não dos alunos. “O jo-vem desiste quando sente que não está aprendendo”, af irma o professor. Para os estudantes, o meio de encontrar um melhor aproveita-mento e o maior interesse nas au-las está na inova-ção, ou seja, uma aula que ultrapasse os deveres que o livro traz e tam-bém que os profes-sores tentem expli-car os conteúdos, e não somente expô-

los no quadro. Tufi também apresenta o excesso de maté-rias como um dos quesitos que tornam o ensino médio “pe-noso e desagradáv-el” para o estudante.A proposta então é criar uma escola que atenda às diferen-tes necessidades e interesses apresen-

tados pelos jovens brasileiros. Além disso, é necessário também criar uma abordagem que atraia o estudante e também o faça se interessar pelo que está sendo apresen-tado. “Precisamos atender jovens com grandes diferenças, para que possamos

atraí-los para a es-cola novamente”, argumenta o pes-quisador, que recon-hece as dif iculdades operacionais que as escolas públicas brasileiras apresen-tam, o que impossi-bilita, de certa for-ma, a implantação dessa nova forma de educar.

Alunos apontam os principais fatores para a falta de interesseLAíS RAwSkI

Programação Sala Mundo 2013

Dia 7 de agosto

8h30Tema: Autoridade e DisciplinaAndré Comte-Sponville e Luc Ferry - Mensagem exclusiva para o SalaMundo 2013, em conversa dirigida por Luca Rischbieter

9h30Tema: O peso e a importância dos fatores não cognitivos Viviane Senna

10h15Coffee-break

10h40Tema: Como lidar com o bullyingLuciene Tognetta

11h10Tema: O que faz uma boa EscolaFrancisco Soares e James Ito-Adler

12hEncerramento

O pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora expôs os números que apontam o desinteresse dos jovens

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