lona 731 - 06/06/2012

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[email protected] @jornallona Ano XIII - Número 731 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, quarta-feira, 6 de junho de 2012 O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil Brunno Covello / SMCS lona.redeteia.com ESPECIAL Mais de 30 mil pessoas vão deixar a capital no feriado Mesmo com previsão de tempo frio, movimento nas estradas deve ser intenso no feriado prolongado de Corpus Christi. Operação da Polícia Rodoviária Estadual começa hoje, às 14 horas. Pág. 3 Sabia o que leva pessoas se tornarem vegetarianas Págs. 4 e 5 COMPORTAMENTO ENTREVISTA Dia do Basta em Curitiba é motivo de debate na internet e nas ruas Pág. 8 Primeira Igreja Batista realiza casamento entre ex-detentos em Curitiba Pág. 7

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Page 1: LONA 731 - 06/06/2012

Curitiba, quarta-feira, 6 de junho de 2012

[email protected] @jornallona

Ano XIII - Número 731Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade PositivoCuritiba, quarta-feira, 6 de junho de 2012

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Brunno Covello / SMCS

lona.redeteia.com

ESPECIAL

Mais de 30 mil pessoas vão deixar a capital no feriado

Mesmo com previsãode tempo frio,

movimento nasestradas deve ser

intenso no feriado prolongado deCorpus Christi.

Operação daPolícia Rodoviária Estadual começa

hoje, às 14 horas.

Pág. 3

Sabia o que levapessoas se

tornarem vegetarianas

Págs. 4 e 5

COMPORTAMENTO ENTREVISTADia do Basta em Curitiba é motivo de debate na

internet e nas ruas

Pág. 8

Primeira Igreja Batista realiza casamento entre ex-detentos

em Curitiba

Pág. 7

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Curitiba, quarta-feira, 6 de junho de 2012

Ano de eleições municipais, mais uma vez os políticos se armam para angariar votos dos eleitores com propagandas, discursos inflamados, adesivos, “santi-nhos” e, claro, promessas impressionantes (e se conforme, leitor, elas já são gigantescas de propósito, como tática publicitária para conquistar uma deslumbrada população).

Só que toda essa “papagaiada” tem um prazo para começar, que é definido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Porém, as pré-candidaturas e as próprias candidaturas oficiais sempre são definidas pelos partidos antes da propaganda legal ser liberada. Como a ânsia de nossos políticos é interminável, fica impossível que eles aguentem este tempo sem se promoverem. Neste ano, não está sendo diferente, pois aqui em Curitiba, Luciano Ducci e Gustavo Fruet já foram multados por propaganda ilegal.

A prática é realizada sem qualquer pudor por parte dos candidatos, exemplo disto é que alguns deles já fazem seu orçamento de campanha (que, diga-se de passagem, envolve muito dinheiro) contando as multas que serão impostas pelo TSE, pois o custo-benefício da propaganda ilegal acaba sendo mais vantajoso do que o respeito à lei eleitoral.

Sem dúvidas, a lei eleitoral mais uma vez se prova frágil e suscetível a brechas, como acontece diversas vezes. O TSE, que se vangloria de ter o pleito mais tecnológico, seguro, e com os resultados finais mais rápidos do planeta, deveria se voltar a tentar exercer melhor as regras e impor punições mais severas aos políticos que fazem suas “gambiarras”.

Do outro lado, na prática, fica difícil que não haja uma autopromoção dos candidatos aos cargos executivos em ano de eleição, já que, assim que há um boato de que tal pessoa irá disputar o pleito, a imprensa volta seus olhos para ela e dá espaço para que haja uma exposição de suas posturas e ideais, além dos ataques aos adversários (algo mais comum dos candidatos de oposição quanto à situação). Com a mídia no encalço dos políticos, que são exímios retóricos, a propaganda sempre começa antes do que deveria.

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ExpedienteReitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comuni-cação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editora-chefe: Suelen Lorianny |Repórter: Vitória Peluso | Pauteira: Renata Silva Pinto| Editorial: Gustavo Vaz

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.

Opinião

Editorial

Damiel Zanella

Foi aprovado ontem em primeiro turno o projeto de lei que prevê desconto de 1/30 no salário dos vereadores de Curitiba caso faltem sem uma justificativa plau-sível. O atestado de frequência será feito através de uma folha presencial contendo a assinatura dos participantes da sessão plenária. Deverão permanecer até o en-cerramento da Ordem do Dia - fase da sessão destinada à discussão e votação das propostas.

As explicações aceitas são: doença, luto, gala, missões oficiais, atividades ine-rentes ao exercício do mandato – em que se encaixa o presidente da Câmara, ve-reador João Luiz Cordeiro (PSDB), que não necessita apresentar justificativas por escrito -, e outros que serão julgados pela Mesa da Executiva da Casa. O motivo da ausência será aceito até o 5º dia útil do mês.

O vereador Paulo Frote (PSDB) apresentou uma emenda que consiste em divul-gar mensalmente as frequências no site da Câmara, e alguns especulam a possibili-dade de instalar um painel eletrônico que melhor controle essas faltas.

A iniciativa parece boa a olho nu. Se o desconto é estimado em R$ 350,00, o salário deve ser de aproximadamente R$ 10.500. Somando-se o salário com as “contribuições” internas como as que Paulo Frote adquiriu apropriando-se de salá-rios de assessores na época em que era vereador de Curitiba, acredito que no final do mês a conta esteja um pouco mais “encorpada”.

Mas a questão não é a imoralidade política, que dificilmente pode ser resolvida com a lei, e sim a decisão unânime dos 32 vereadores, depois de mais de duas horas de discussão, sobre o desconto “justo” de seus salários. A medida, inclusive, ajuda a reduzir a imagem ruim que a Casa adquiriu perante a população após uma série de denúncias de irregularidades ocorridas há pouco tempo. A repercussão funciona perfeitamente para encobrir os pequenos desvios de conduta políticos.

Período que começa muito antes

BipolaridadeIsabele Kolb

Os três amistosos recentes da Seleção Brasileira de Futebol, dentro do giro preparatório às Olimpíadas de Londres de julho, foram oportunida-des interessantes de conferir o novo padrão de jogo que Mano Menezes implantou – um futebol de marcação adiantada, incisivo e sufocante – e o comportamento da imprensa brasileira diante de duas boas apresentações e um resultado ruim (e natural).

É praxe na imprensa esportiva internacional classificar o jornalismo brasileiro, no que tange ao futebol, como maníaco-depressivo, um jorna-lismo capaz de ir aos extremos em menos de uma semana, quase neuró-tico.

De um time desacreditado e execrado publicamente por ter perdido os principais jogos contra equipes fortes, as vitórias sobre a mediana Di-namarca e o ascendente EUA revigoraram as esperanças para a Copa do Mundo do Brasil, em 2014, além de despejar um pouco mais de confiança em uma conquista olímpica inédita.

Entretanto, não é suficiente definir um plano futuro por dois jogos de contornos atípicos até – adversários que pareciam não saber o que iriam enfrentar, erro este não cometido pelo experiente México, que se apro-veitou das falhas que não foram capitalizadas pelas equipes derrotadas nos jogos anteriores.

A derrota para o México foi boa para expor os velhos problemas co-letivos da seleção, que carece de alternativas diante de times mais orga-nizados e fortes no contra-ataque – e uma ducha no ufanismo que toma conta da imprensa esportiva, com seus toques canhestros de subjetivida-de e bipolaridade.

Maquia, mas não resolve

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Feriado de Corpus Christi deveaumentar movimento nas estradas

Fernando TakizawaFlávio MartinsTiago Pereira

Milhares de pessoas de-vem pegar as estradas nes-se feriado prolongado de Corpus Christi. Só na Ro-doviária de Curitiba devem embarcar cerca de 33 mil passageiros com os destinos mais variados. A maioria dos passageiros tem como destino o interior do Para-ná, com 45% dos viajantes. Santa Catarina é o segun-do destino mais procurado, com 20 % da preferência dos passageiros, divididos entre cidades do interior e o litoral catarinense. O litoral paranaense vem em seguida com 15%.

De acordo com a Urbs (Urbanização de Curitiba S/A), entre hoje e amanhã devem sair do terminal ro-doviário da capital 1.285 ônibus. Hoje, serão 645 com 19.350 passageiros. Enquanto na quinta-feira,

7, serão 480 ônibus com 14 mil passageiros. Em dias normais o movimento é de aproximadamente 10 mil passageiros. Esse movi-mento é 5% maior ao regis-trado em 2011 no feriado de Corpus Christi.

A recomendação da PRE é que os motoristas procu-rem horários diferenciados

Só na rodoviária de Curitiba o movimento deve ser 5% maior em comparação ao feriado de 2011

45% dos embarques na Rodoviária de Curitiba serão para o interior do estado

Luiz Costa / SMCS

para viajar. Uma dica é sa-ber como está a condição das rodovias antes de sair de casa. O motorista conta com diversos métodos para isso, como por exemplo, a página da PRE-PR e PRF no twitter (@preparana e @prf191pr), que responde aos usuários as condições das rodovias. Outra dica é

viajar sempre com os fa-róis acesos, mesmo durante o dia e sempre usar o cinto de segurança - inclusive os passageiros do banco tra-seiro - e transportar crian-ças pequenas em assentos especiais.

No ano passado, de acor-do com Os balanços da Po-lícia Rodoviária Federal

(PRF) e da Polícia Rodovi-ária Estadual (PRE) foram registrados 440 acidentes nas rodovias federais e es-taduais que cortam o Para-ná, com 348 feridos e 25 mortes.

A previsão é de um feria-do gelado em todo o Para-ná, inclusive com previsão de geadas.

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ESPECIAL

Virei vegetariano... E agora?

Priscila PachecoSofia Ricciard Jorge

O que leva as pessoas a se tornarem vegetarianas e qual é a maneira maissaudável de aderir a essa dieta

O fast-food curitibano Au-Au recentemente anunciou um lança-mento em seu cardápio: a salsicha de soja, oferecida para atingir es-pecialmente um público carente de opções gastronômicas, os ve-getarianos. Para o público-alvo, uma vitória. Agora, além de ter mais um local para comer fora, a novidade comprova que os vege-tarianos estão se destacando cada vez mais no cenário atual mun-dial. Com o número de adeptos desta forma de alimentação au-mentando no Brasil, é natural se questionar sobre os verdadeiros motivos que os movem e qual é a maneira mais correta e saudável de aderir ao vegetarianismo.

A discussão não se restringe aos adeptos à dieta, o vegetaria-nismo já é debatido com atenção especial pela Associação Dietéti-ca Americana e mais recentemen-te pelo Conselho de Nutricionis-tas do Brasil, que afirmam que a

opção traz benefícios à saúde e previne diversas doenças como obesidade, diabetes, hipertensão, doença cardiovascular e até mes-mo o câncer.

No entanto, é preciso saber que existem diversas categorias do vegetarianismo. O semive-getarianismo é baseado em uma dieta sem carne vermelha, mas ainda com o consumo de carnes brancas como frango ou peixe. O ovolactovegetarianismo mantém uma alimentação sem o consumo de carne, sejam elas vermelhas ou brancas. Além desses, ainda exis-tem o vegetarianismo estrito e o veganismo, que não consomem e nem utilizam qualquer tipo de produto de origem animal.

Seja qual for a categoria es-colhida, ao se tornar vegetariano é preciso ficar atento a alguns cuidados. De acordo com a nu-tricionista Nicolle Mercer, apesar dos benefícios, algumas compli-cações são frequentes nas die-tas sem carne. Os adeptos estão propensos a desenvolver anemia ferropriva, pela falta de ferro na alimentação. “Para evitar, deve-se ingerir através de outras fontes, como as leguminosas e alguns ve-

getais, associadas com alimentos fonte de vitamina C que melho-ram a absorção deste nutriente”, disse ela.

Natalia Chede, coordenadora do Departamento de Culinária e membro do Departamento de Me-dicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira, também alerta para outros cuidados. “É preciso cuidar para não exagerar no consumo de pães e massas, o que é muito comum de se observar numa dieta vegetariana desequili-brada. Consumir frutas, hortaliças e fontes de proteína vegetal, como feijões. Além de sempre ter vege-tais verde-escuros, que são fonte de ferro”, recomendou.

Entre todas as dietas, o vega-nismo é o mais delicado e propen-so aos déficits na alimentação. “É a dieta que apresenta risco real de deficiências nutricionais. Além da anemia ferropriva, também é preciso estar atendo à deficiência de vitamina B12 (presente apenas em alimentos de origem animal), vitamina D, ômega 3 e cálcio. Para este tipo de dieta, também deve-se suplementar vitamina B12 e outros nutrientes se o con-sumo através dos vegetais e cere-

ais for insuficiente, como é o caso do cálcio, zinco e vitamina D”, explicou Nicolle Mercer.

Apesar da atenção redobrada e de todos os cuidados recomen-dados, poucos vegetarianos con-cordam com a opinião dos médi-cos, alegando que mesmo com o número de adeptos aumentando no país, são raros os especialistas preocupados e atualizados sobre a dieta. Roberta Romanó Sartor é brasileira, mora em Buenos Aires, não consome nenhum tipo de car-ne há 10 anos e é uma das adeptas que não concorda com a opinião da maioria dos médicos a respei-to do assunto. “Faço check-ups de saúde anualmente, mas nunca busquei a aprovação de um médi-co ou nutricionista de consultório por considerá-los, em geral, muito mal informados sobre o assunto, já que a questão nutricional se-gue sendo investigada. Se estuda como as dietas vegetarianas favo-recem a saúde e ajudam a preve-nir doenças, como o câncer, por exemplo, mas nem todos os mé-dicos e nutricionistas estão atuali-zados a respeito disso”, justificou ela.

Apesar disso, outros vegetaria-

nos preferem não arriscar e procu-ram por médicos especializados para equilibrar de forma correta suas dietas. “É importante, para vegetarianos e onívoros. Comecei a monitorar no final do ano passa-do. O vegetariano fica muito vul-nerável. Ando comendo dois ovos por dia para não cair nessa, foi recomendações da nutricionista”, disse o publicitário Guilherme Krauss, vegetariano há dois anos.

Krauss, vegetariano há dois anos.

A administradora Melise Se-abra também buscou auxílio médico assim que parou de co-mer carne, também há dois anos. “Falei com o nutricionista e ele pediu para ficar atenta à questão da proteína. o nutricionista e ele pediu para ficar atenta à questão da proteína. No início achei que eu teria alguns problemas por não gostar muito de comer carnes de soja ou outros tipos de grãos ricos em proteína, mas como consumo regularmente ovos, queijo, iogur-tes, leite, até então está tudo bem.

Desde que parei de comer car-ne, pelo menos três vezes ao ano faço exames para saber se está tudo ok e se não há falta de algu-ma vitamina”, contou ela. “Mês passado mesmo fiz um check up e estava tudo ótimo!”, completou.

Assim como a decisão de con-sultar ou não um especialista, a opção de se tornar vegetariano também é bastante dividida entre os adeptos. Os motivos variam de ideologias à posição político-eco-nômica, como o caso de Melise. “A quantidade de recursos neces-sários para a produção de carne no mundo é absurda! Só para ter uma ideia, o espaço de terra ne-cessário para criação de gado de corte para produção de carne sufi-ciente para 20 pessoas é o mesmo espaço de terra necessário para produzir uma quantidade de grãos

Saiba como cuidar de sua alimentação

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Curitiba, quarta-feira, 6 de junho de 2012 5

Nome: Melise SeabraIdade: 24 anos

Qual é o tipo de dieta vege-tariana que você segue? Não consumo nenhum tipo de carne, mas ainda man-tenho o consumo de leite e seus derivados e ovos. Tento, na medida do possível, consumir carne de soja, mas confesso que não gosto mui-to. Prefiro manter uma dieta rica em verduras, legumes, frutas, ovos, queijos, leite.

Qual foi o motivo para essa decisão?No início de 2009 me envol-vi em um projeto de exten-são e pesquisa voltado para o tema sustentabilidade. Es-tudei aspectos econômicos, sociais e ambientais. Uma das coisas que tomei conhe-cimento nesta experiência de estudo foi que a quanti-dade de recursos necessários para a produção de carne no mundo é absurda! Quando você se vê no meio disso tudo, você acaba mudando a sua maneira de encarar a situação.

Você já consultou algum nutricionista e/ou outro es-pecialista para avaliar sua atual alimentação? Desde que parei de comer carne, pelo menos três vezes ao ano faço exames para sa-ber se está tudo ok. Mês pas-sado mesmo fiz um check-up e estava tudo ótimo!

capaz para alimentar cerca de 200 pessoas. Isso acontece dentro de um contexto mundial em que há milhões morrendo de fome”, de-fendeu a administradora.

Assim como ela, a estudante de design Thais Burmeister tam-bém refletiu sobre os impactos da produção de gado no mundo, op-tou por ser vegana e não consumir nenhum produto de origem ani-mal. “Grande parte da agricultura no mundo é para a alimentação de gado, que gera uma grande quan-tidade de resíduos e poluição”, disse ela, que também defende os ideais de respeito aos animais, compaixão e saúde. “Nem sem-pre é fácil, mas veganismo é uma luta diária para tentar levar uma vida mais gentil e com menos danos possíveis aos outros e ao mundo”, declarou.

Seguindo esse mesmo argu-mento, o vegetariano Matheus Capeletto Ferreira, de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, também defendeu sua opção. “Percebi que tanto a nossa espécie quanto as espécies ‘irracionais’ tem sentimentos parecidos: dor, medo, fome, sede, sono, sossego, raiva... Criei consciência de que a vida de um animal, um inseto que seja, tem o mesmo valor que a vida humana”, disse ele, que decidiu virar vegetariano depois que visitou um abatedouro. “Co-nheci, infelizmente pessoalmente, um abatedouro de bovinos. So-bre isso, digo parafraseando Paul Mccartney que se as paredes dos abatedouros fossem feitas de vi-dro, todos seriam vegetarianos”, afirmou.

Ainda existem outros motivos para aderir às dietas sem carne. Os estudantes Adriano Akira e Ma-riana Kauchakje optaram em ser vegetarianos por motivos pesso-ais. “Eu não diria que é por peni-nha dos animais, porque se minha vida dependesse da morte de um animal, eu não iria me opor isso, mas comecei a pensar e perceber que não preciso comer carne pra ter uma vida saudável. Isso é uma opção minha e nunca julguei nin-guém por comer carne ou não”, explicou ele. “Eu fui parando aos poucos de comer carne porque não gostava e a carne me causava uma repulsa, parei com todos os

tipos aos seis anos. Como a mi-nha mãe também é vegetariana, essa transição foi bem tranquila”, contou Mariana. Assim como ela, Ocimara Schwab também teve sua alimentação sem consumo de carnes incentivada pela famí-lia. “Sou vegetariana desde os sete anos de idade, quando meus pais aderiram à dieta. Depois de adulta, resolvi continuar sendo as-sim”, disse ela.

A vegetariana carioca Aline Alcântara cortou a carne de sua alimentação e só abre exceções para peixes criados em cativeiro. “Morando na cidade e comprando tudo no supermercado, nos dis-tanciamos da origem de nosso ali-mento e paramos de nos questio-nar sobre sua qualidade. Isso é um erro e está diretamente associado às doenças comuns na sociedade hoje”, afirmou ela. Questionada se sentiu falta de comer carne em algum momento, Aline admitiu não achar agradável o gosto do alimento. “Eu nunca gostei muito para ser bem sincera”, confessou.

No entanto, diferente de Ali-ne, muitos vegetarianos sofreram para conseguir largar o costu-me de comer carne. Guilherme Krauss admite que chegou a sentir falta de alguns quitutes com car-ne. “Foi bem no começo, mas foi questão de dias e pelos sabores de uma coxinha”, contou. Matheus Capeletto Ferreira também en-controu dificuldades. “Senti falta de comer camarão. Acho que o único alimento que me era real-mente muito agradável ao pala-dar”. Adriano Akira não achou fácil, mas rapidamente notou di-ferenças positivas ao aderir à die-ta. “É claro, no começo eu tinha vontade quando sentia o cheiro de um churrasco, mas nada que fosse incontrolável. Meu corpo nunca sentiu falta de carne. Na verdade, quando parei, até me senti mais ‘leve’. Não sei se é porque a carne é muito pesada, ou se foi o peso na consciência que baixou”, disse ele.

Já a administradora Melise alegou nunca sentir falta de con-sumir carne. “É uma escolha que você faz. Não pode haver dúvi-da, nem sofrimento. Eu parei e nunca senti falta, nem vontade. Continuo frequentando os mes-

mos lugares de antes, churrasca-rias, por exemplo, e sempre ar-rumo algo dentro do meu padrão de alimentação para comer. Isso nunca foi um empecilho para nada”.

Roberta Romanó ainda en-contra dificuldades para comer fora de casa. “Como gosto muito de comer, sinto falta mesmo é de opções de comidas vegetarianas e saborosas nos restaurantes”, disse. Mariana Kauchakje tam-bém reclama da falta de opção. “O principal problema é que ge-ralmente as opções sem carne são massas ou salgados como pão de queijo e pão de batata, ou seja , carboidratos, gorduras e nada de proteína. Assim, se eu sei que vou passar o dia fora de casa, levo uma barrinha de proteína e sempre como iogurte no café da manhã para garantir as doses di-árias de proteína”, contou.

Com uma alimentação mais restrita ainda, a vegana Thais Burmeister opta por cozinhar em casa e pesquisar ingredientes alternativos. “Em alguns mo-mentos sinto falta de algo como requeijão para cozinhar, mas já aprendi uma substituição para ele, então está tudo resolvido. É só você gostar de procurar novas receitas, ter novas ideias na co-zinha que sua alimentação acaba sendo muito mais saudável e va-riada. Na maioria das vezes nem lembro que levo uma dieta dife-renciada”, explicou ela.

Morando no Rio de Janeiro, o vegano Madjer Raposo D’Ávila Goulart também encontrou di-ficuldades para comer fora de casa, mas pesquisou maneiras de cuidar bem de sua alimentação e acredita que cuida mais de sua saúde do que as demais pes-soas. “Infelizmente, o Rio de Janeiro possui pouca opção de refeição vegana por ai.

Mas nada é impossível e eu acredito piamente que me ali-mento melhor do que muita gen-te que recrimina e faz desdém do meu estilo de vida”, afirmou. “Não preciso ser vegano para estudar como balancear a minha dieta de forma saudável para meu corpo e mente, mas acaba que muitos veganos estudam melhor sobre isso”, explicou.

Nome: Guilherme KraussIdade: 25

Qual é o tipo de dieta vege-tariana que você segue? Nenhum tipo de carne (Ovo-lactovegetarianismo)

Há quanto tempo você se-gue este tipo de dieta? Dois anos. Fui parando aos poucos. Primeiro parei com os churrascos. Depois com os “derivados” - coxinha, hambúrguer e etc.

Qual foi o motivo para essa decisão?Entendi que não precisava de carne na minha dieta. Portanto, não fazia muito sentido matar só pelo prazer de comer, se já não havia necessidade. Saúde, pois é sabido que a carne bovina e suína trazem vários males para a saúde.

Em algum momento chegou a sentir falta da carne?Bem no começo. Mas foi questão de dias e pelos sabo-res de uma coxinha.

Você já consultou algum nutricionista e/ou outro especialista para avaliar sua atual alimentação? Sim. É importante, para vege-tarianos e onívoros. Comecei a monitorar no final do ano passado. O vegetariano fica muito vulnerável a uma defi-ciência de B12. Ando comen-do dois ovos por dia para não cair nessa.

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Curitiba, quarta-feira, 6 de junho de 20126

Literatura 2.0LITERATURA

Com tanta coisa para criticar no nosso Brasil, todo mundo procura exemplos de corrupção, agressão, abuso de poder, traição e coisas do gênero para compartilhar no face-book e mostrar toda a sua indignação. Mas esse pessoal se esquece de criti-car também as vergonhas que vêm de baixo. Como, por exemplo, o precário índice de leitura entre os brasileiros. Por mais que existam inúmeras pes-quisas que comprovem isso, pode-se tirar a prova apenas entrando em al-gum colégio de ensino médio qualquer e perguntar para algum aluno aleatório com frequência ele lê algum livro. As respostas serão bem desanimadoras.

Mas meu objetivo aqui não é cri-ticar a falta de interesse dos jovens do país pela leitura. Na verdade, eu (quase) entendo porque a situação está tão feia. Sendo recém-saído do ensi-no médio, me sinto com motivo para dizer que a leitura não é bem incenti-

Júlio [email protected]

vada na escola. Não fosse pelo grande incentivo à leitura que vem de casa, provavelmente o único contato com os livros que eu procuraria por con-ta própria seria aquele de última hora quando tem uma prova no dia seguinte e eu não sei nada da matéria.

A cobrança de leitura obrigatória nas escolas é uma coisa ótima, sem dúvida. Porém, seria mais inteligente uma escolha que não fizesse o aluno criar raiva dos livros. Nessa época de internet em que tudo o vem rápido e direto, obrigar jovens a ler textos com exageradas descrições e um ritmo ab-surdamente lento é garantir o que o coitado sinta um tédio profundo. Por que razão alguém faz um pobre alu-no de sétima série ler “Ana Terra”, do Érico Veríssimo, quando seu filho, Luís Fernando, escreve crônicas e ro-mances com temas e estilo bem mais atuais?

As escolas optam por apresentar

aos alunos a literatura clássica brasi-leira. Muito justo. Mas, sinceramen-te, essa literatura está ultrapassada, dificilmente alguém que ainda está formando seu gosto pela leitura se sentirá atraído pelos estilos arcaicos e temas que não são mais tão relevan-tes. No ensino fundamental, é muito mais fácil agradar alunos com livros da “Série Vaga-Lume”, que fez grande sucesso em um passado não tão dis-tante e possui obras de grandes auto-res como Marcos Rey, Lúcia Machado de Almeida e Maria José Dupré. No ensino médio, autores mais contempo-râneos como Marcelo Rubens Paiva, João Ubaldo Ribeiro e Edney Silves-tre com certeza fariam mais sucesso.

O único ponto que me deixa triste nessa minha argumentação é que, tal-vez, ela possa ser usada pra defender os sucessos musicais do momento. Afinal, para que alguém iria exigir instrumentais sofisticados, letras in-

teligentes e bons intérpretes quando tudo o que se precisa é um refrão mo-nossilábico que seja fácil de aprender e um ritmo industrializado para ani-mar uma balada? Pensando bem, acho que ler Machado de Assis e José de Alencar na escola nem foi tão difícil assim...

TECNOLOGIA

Gustavo [email protected]

Liberdade com asasUma das grandes aspirações hu-

manas sempre foi, e acredito que sempre será, a busca pela liberdade. Há quem ache que a liberdade é re-lativa mas, antes de tudo, utópica, já que o mais livre de todos talvez nun-ca seja completamente livre e sempre aspire mais liberdade. Ícaro, filho de Dédalo, teve a oportunidade de dei-xar a ilha de Creta, e o labirinto no qual estava preso, voando em asas de cera. Não bastasse a sua liberdade para voar, Ícaro quis aproximar-se do Sol e suas asas derreteram.

Apenas com esse pequeno e bre-ve relato histórico e mítico a gente já começa a perceber a ligação mui-to próxima de liberdade com a pos-sibilidade de voar. O homem almeja poder alcançar o céu, reduzir distân-cias, diminuir o tempo de viagens e

deslocar-se de maneira ágil e despre-ocupada. Cada vez mais sem precisar enfrentar filas na hora do embarque, pagar excesso de peso de bagagem e não ter espaço para esticar as pernas ou colocar um notebook no colo para escrever uma coluna sobre tecnolo-gia.

E falando da nossa amiga tecno-logia, hoje ela já nos disponibiliza um protótipo bem finalizado de um carro com asas retráteis. O Terrafu-gia Transition transporta dois passa-geiros e pode ser considerado “o que temos para hoje” de carro voador. Transforma-se de carro para avião a qualquer momento e suas janelas fo-ram projetadas para aguentar veloci-dades superiores a duzentos e vinte e dois quilômetros por hora.

Os próximos passos para homens e

motoristas realmente livres (de com-panhias aéreas, congestionamentos e ruas esburacadas), deve ser analisado com calma, já que com certeza tere-mos que obedecer novos semáforos, limites de velocidades e regras de “trânsito voador”. E aí a liberdade, que a gente nem teve tempo de apro-veitar direito, já deixou de ser liber-dade e temos que encontrar um novo jeito de sermos livres.

E se mesmo para nós, pessoas nor-mais que podem transitar livre por aí nos shoppings, parques e aeroportos do mundo, a liberdade nunca é satis-fatória, imagine para aqueles que de-vem ficar enclausurados em pequenas celas. Pois até mesmo os presidiários já trataram de providenciar suas asas de cera. A Polícia Militar de Presiden-te Venceslau, cidade a 600 km de São

Paulo, encontrou um helicóptero de brinquedo, com GPS, suspeito de carregar celulares para dentro das penitenciárias. Nada feito de cera; apenas tecnologia.

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Curitiba, quarta-feira, 6 de junho de 2012 7

Comportamento

Ex-detentos se casaram na capela da Primeira Igreja Batista de Curitiba

O sonho do casal foi compartilhado com o pas-tor Fabiano Pires Martins no banco do ônibus Biar-ticulado. Os noivos não tinham condições de arcar com os custos do casamen-to, que foi realizado graças à contribuição da Pastoral Carcerária Batista, e de ou-tros doadores e voluntários que trabalharam no casa-mento.

Fabiano relata que Alli-son Neto e Ana Cristina

dos Anjos Neto se conhe-ceram através de cartas enquanto estavam na ca-deia. Os dois foram trans-feridos e perderam contato por onze meses. Tempo em que Ana, recebeu a visita da mãe a qual não via há sete anos, a moça perdoou a mãe por tela abandonado ainda criança, para casar com outro homem e Ana nesse período, foi morar na rua onde viveu por sete anos. E nesse período foi pressa quatro vezes.

Em seguida Ana entrou no regime semi-aberto, pe-ríodo que brigou com sua mãe e voltou a usar dro-gas, e planejava fugir da prisão. Allison apesar do longo tempo sem ver Ana não desistiu de conhecê-la

pessoalmente e teve ajuda da professora Aurilene de Stefani, que dava aula para

os dois no presídio. A Pro-fessora contou para moça o desejo do seu agora esposo, de conhecê-la pessoalmen-te, mas a senhora Neto, não estava totalmente conven-cida do seu interesse, afir-ma Ana.

O dia em que Neto ga-nhou liberdade foi o mes-mo em que Ana tinha di-reito de sair por 24 h no semi-aberto, momento em que estava tudo pronto para fuga da prisão. Allison foi até o presídio para encon-trá-la e a convenceu a não fugir pois ele cuidaria dela e sua vida nunca mais seria mesma, afinal Deus o man-dou ao seu encontro. Qua-

Os voluntários e doações Neto, no momento em que saiu em liberdade, mandou uma carta para o progra-

ma da RIC (Rede Independência de Comunicação) Mais Bela, e a história de Ana foi a escolhida, tendo o direito a um dia de princesa onde passou um dia inteiro se arrumando para o casamento e também ganhou um bolo de casamento e o trajeto até a igreja em um carro antigo e luxuoso. A noiva relata emocionada que tudo que ganhou estava da forma que sonhou dês do vestido até a Igreja.

A pastoral carcerária batista atua em 11 presídios no estado do Paraná e se co-locou a disposição do casal. A entidade sobrevive por meio de doações, e leva aos presos não apenas ajuda financeira, mas também espiritual, mostrando as pessoas que é possível mudar de vida, embora a sociedade os veja com outros olhos depois de saírem da prisão tornando difícil para o ex condenado arrumar um emprego e voltar a conviver nem sociedade como um cidadão, afirma o pastor Fabiano.

Fernando TakizawaFlávio MartinsTiago Pereira

tro meses depois Ana ga-nhou liberdade, tempo em que o noivo buscou arru-mar tudo para o casamento, que foi realizado no dia 25 de maio. Relata Ana.

Ana e Allison foram pre-sos por roubo e trafico de drogas situação em que não se conheciam e agora afir-mam que suas vidas foram totalmente transformadas depois de aceitar a Jesus Cristo como salvador e pa-raram de cometer crimes. Hoje em dia Alisson abriu uma pizzaria em sociedade com seu irmão e Ana tem visitado presídios contando aos presos sua historia de mudança de vida.

Tiago Pereira

Ana Cristina e Alisson casam na Primeira Igreja Batista de Curitiba

Page 8: LONA 731 - 06/06/2012

Curitiba, quarta-feira, 6 de junho de 20128

CONSCIENTIZAÇÃO + AÇÃO = MOVIMENTOS SOCIAISBruna Bozza e Zub Carolina Soares

Nos dias atuais, nos deparamos com movimentos sociais na internet quase que cotidianamente, porém até onde esses movimentos têm alcance fora das redes e nos trazem resultados efetivos é uma questão bastante delicada, que deve, no mínimo, nos causar reflexão. O fato é que temos muito para mudar, e muito por que lutar em nossa sociedade. Hoje, um dos maiores movimentos em busca destas mudanças em Curitiba é o Dia do Basta CWB, uma pá-gina no Facebook, com 535 membros que debate justa-mente sobre quais as questões que devem ser mudadas além de motivar a população para participar efetiva-mente de manifestações e campanhas de conscientiza-ção para ver essas mudanças ocorrerem. Conversamos com Ana Caroline Brustolin Kummer, 25 anos, Bacharel em Relações Internacionais e Coor-denadora Regional do Dia do Basta.

LONA: O que é o movimento?Ana: O Dia do Basta é um movimento social, de inicia-tiva popular, de caráter pacífico e apartidário, formado por diversos estados e várias cidades brasileiras. Atra-vés da formação de uma proposta coletiva horizontal, com a participação de todos e comprometidos com a ci-dadania, o resgate da ética e da moralidade nas institui-ções públicas. Nosso movimento é anônimo no sentido impessoal, não se sujeitará a promover vaidades indivi-duais e não aceitará servir para trampolim eleitoral de qualquer membro do grupo ou extra-grupo. Entende-mos que a omissão compromete o progresso da nação e que estimular a sociedade a participar é o caminho para aperfeiçoar nossa democracia. A Ficha Limpa é a prova de que a sociedade organizada e ativa consegue a aprovação de propostas contra a corrupção.

LONA: Há quanto tempo esse movimento está atu-ando aqui em Curitiba?Ana: O movimento Dia do Basta Curitiba teve início em novembro de 2011, quando assumi, frente aos coor-denadores nacionais, a tarefa de coordenar o movimen-to na cidade. Hoje o movimento conta também com a colaboração voluntária de Luan de Souza, que também faz parte da coordenadoria do grupo e com a colabora-ção também voluntária de diversas pessoas presentes no grupo do facebook Dia do Basta CWB.

LONA: Qual o objetivo desse movimento?Ana: Nosso objetivo é estimular e mobilizar a socieda-

de brasileira para: a troca de ideias, articulações, ações e manifestações (pacíficas e apartidárias) na internet, ruas e praças de nossas cidades.

LONA: Quando falamos em conscientização, como a população brasileira está se portando em relação a isso?Ana: A população brasileira tem se mostrado muito fle-xível e aberta às mudanças, calejada com tantos casos de corrupção no país, está disposta a pesquisar os candi-datos antes da eleição, repensando a forma como vinha votando nas ultimas eleições. Como prova disso esta a ótima aceitação das ações feitas pelo Dia do Basta na cidade até então, a exemplos, as ações de conscientiza-ção feita em escolas, a grande adesão na Marcha do dia 21 de abril, na qual contamos com aproximadamente 2.500 pessoas, a Blitz Educativa na Câmara Municipal de Curitiba em parceria com a fanpage Acorda Cidadão realizada para pedir mais ética na política e para cha-mar a atenção da população sobre o papel dos vereado-res na política.

LONA: Qual a faixa etária mais interessada e enga-jada em mudar o país?Ana: No grupo do Dia do Basta CWB contamos com a colaboração de pessoas de todas as faixas etárias, são aposentados, adolescentes e adultos trabalhando e cola-borando da forma como podem para fortalecer o grupo. O contato na maior parte do tempo acontece via mídias sociais, como o facebook, e dessa forma, são os jovens que tem se mostrado mais antenados a isso, mas na ul-tima marcha do Dia do Basta tivemos a felicidade de poder contar com pessoas de todos os credos, cores e ideologias, cadeirantes, crianças de colo, idosos e jo-vens, todos juntos pelo fim da corrupção.

LONA: Em relação a apoio, como isso funciona? Como vocês buscam tanto apoio da população, quanto apoio financeiro para produção dos mate-riais que você utilizam?Ana: Como mencionado acima existem hoje diversos movimentos sociais que acabam formando redes de ati-vismo, se assim pode-se chamar, seria uma forma de compromisso com os demais grupos. Eu e os demais respectivos coordenadores, coordenamos o Dia do Basta Curitiba e a Marcha Xingu Vivo Curitiba, mas apoiamos e nos solidarizamos com as demais causas e, portanto, procuramos sempre estar presente e ajudar da forma que podemos. Da mesma forma, podemos con-tar com o apoio e presença deles em nossa causa, nos fortalecendo. Além disso, a causa contra a corrupção é

muito popular e de grande aceitação, o que nos garante maior adesão popular em marchas e ações programadas e organizadas via facebook e disseminadas por panfle-tos, flashmobs e teasers no youtube.

LONA: Nessa era de redes sociais, quais as vanta-gens e desvantagens delas?Ana: As redes sociais facilitaram muito o contato en-tre as pessoas, anteriormente isoladas ideologicamente e distantes geograficamente, hoje conectadas e engaja-das. A maior dificuldade encontrada hoje pelos movi-mentos sociais é fazer com que as coisas não fiquem só na internet, é fazer com que as pessoas saiam às ruas, exerçam sua cidadania, protestem e se mobilizem, fa-zendo pressão popular em questões pontuais, funda-mental em diversos momentos históricos mundiais.

LONA: Desde o momento que o movimento foi cria-do até então, você reparou em alguma melhora na ideia da população em relação aos problemas sociais do país?Ana: A melhora é visível quando se observa o aumento de ativistas nas mais diversas causas dos movimentos sociais, a aceitação e interesse por parte da população também é explícito, pois em casos de manifestação e atos muitas pessoas solicitam mais informações sobre o que se trata; quais as reivindicações que defendemos e até aderem à marcha em si. Outro exemplo é o aumento expressivo do número de curtidores de fanpages desti-nadas a questões que versam sobre cidadania e política, isso mostra que as pessoas estão atentas e cada vez mais interessadas sobre tais assuntos.

LONA: O que você acha que ainda falta para que a população crie essa ideia, se conscientize e lute pelos seus direitos?Ana: O trabalho de conscientização do voto, da impor-tância das eleições, do uso consciente do dinheiro pú-blico e da mudança que a sociedade em si precisa passar com relação a corrupção diária, do “jeitinho” brasileiro é um processo a longo prazo e que já terá seus primei-ros frutos para a eleições em outubro desse ano, na qual já conseguiremos observar os impactos das ações rea-lizadas pelo Dia do Basta e outros. Mesmo assim, em decorrência do fraco sistema de educação no país, falta aos brasileiros um pouco de senso crítico ao analisar as informações veiculadas pelos canais nacionais de mí-dias, que são as grandes responsáveis pela alienação da população, a qual perdeu a cultura da leitura e da busca do conhecimento, por ter sido acostumada a receber in-formações mastigadas e de pouca interpretação.