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Curitiba, quinta-feira, 18 de junho de 2009 - Ano XI - Número 507 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L STF acaba com obrigatoriedade do diploma para jornalistas Divulgação/SindiPRevs Servidores do INSS lutam por carga horária menor Funcionários de 17 estados aderiram à greve. A proposta é para que haja redução de 30 para 40 horas de trabalho por semana. Greve não tem prazo para terminar. Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Ensaio mostra Weimar, na Alemanha, que, segundo Goethe, não é uma cidade com um parque, mas um parque com uma cidade Elis Ribas Especial Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Calçadas de Petit Pavê preservam fragmentos da história de um povo Foi com esse tipo de pavimentação a maior intervenção urba- na feita em Curitiba no século XIX. Mais de cem anos depois, a produção das pedras continua na memória, mas também no dia- a-dia dos que trabalham na fabricação do material nas pedrei- ras. Por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os jornalistas não precisam de diploma para exercerem a profissão. A decisão vai contra a luta dos órgãos de representação desses profissionais da comunicação, que fizeram passeatas e reivindicações ontem em todo o Brasil, com maior intensidade em Brasília. Em Curitiba, o Sindicato dos Jornalistas do Paraná (Sindijor-PR) manifes- tou apoio à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) a favor do diploma obrigató- rio. Mas, apesar das reivindicações, os juízes do STF interpretaram que quem deve autorregular os profissionais da imprensa são os próprios meios de comunica- ção. Página 8 Página 8 Página 8 Página 8 Página 8 Página 8 Página 8 Página 8 Página 8 Página 8

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Page 1: LONA 507- 18/06/2009

Curitiba, quinta-feira, 18 de junho de 2009 - Ano XI - Número 507Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

STF acaba comobrigatoriedadedo diploma parajornalistas

Divulgação/SindiPRevs

Servidores do INSSlutam por cargahorária menor

Funcionários de 17 estadosaderiram à greve. A proposta épara que haja redução de 30para 40 horas de trabalho porsemana. Greve não tem prazopara terminar.

Página 3Página 3Página 3Página 3Página 3

Página 3Página 3Página 3Página 3Página 3

Ensaio mostra Weimar, na Alemanha, que, segundo Goethe, nãoé uma cidade com um parque, mas um parque com uma cidade

Elis Ribas

Especial

Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5

Calçadas de Petit Pavê preservamfragmentos da história de um povo

Foi com esse tipo de pavimentação a maior intervenção urba-na feita em Curitiba no século XIX. Mais de cem anos depois, aprodução das pedras continua na memória, mas também no dia-a-dia dos que trabalham na fabricação do material nas pedrei-ras.

Por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os jornalistasnão precisam de diploma para exercerem a profissão. A decisão vai contra a lutados órgãos de representação desses profissionais da comunicação, que fizerampasseatas e reivindicações ontem em todo o Brasil, com maior intensidade emBrasília. Em Curitiba, o Sindicato dos Jornalistas do Paraná (Sindijor-PR) manifes-tou apoio à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) a favor do diploma obrigató-rio. Mas, apesar das reivindicações, os juízes do STF interpretaram que quemdeve autorregular os profissionais da imprensa são os próprios meios de comunica-ção.

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Curitiba, quinta-feira, 18 de junho de 20092

Copa

Expediente

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalis-mo da Universidade Positivo – UP,

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000

Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins.Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitora de Extensão:Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de Planejamento e Avalia-ção Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Cur-so de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Profes-sores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida e Mar-celo Lima; Editores-chefes: Antonio Carlos Senkovski, Cami-la Scheffer Franklin e Marisa Rodrigues.

“Formar jornalistas comabrangentes conhecimentosgerais e humanísticos, capa-citação técnica, espírito cria-tivo e empreendedor, sólidosprincípios éticos e responsa-bilidade social que contribu-am com seu trabalho para oenriquecimento cultural, so-cial, político e econômico dasociedade”.

Missão do cursode Jornalismo

OpiniãoMeio ambienteEsporte

Juliane Costa

Considerado um dos maio-res clubes do futebol brasileiro,o São Paulo não pode asseve-rar-se com a mesma firmaçãoem relação ao seu estádio paraa Copa. Uma vez que as cida-des foram escolhidas para sub-sedes, questiona-se a infra-es-trutura de cada uma delas,principalmente em São Paulo.

Duras críticas foram feitaspor parte da FIFA à cidademais rica do país. A confirma-ção se deve apenas pelo fatodo poderio financeiro e da in-fra-estrutura decorrente no es-tado, considerada uma das me-lhores do país. A principal re-clamação tem como alvo a in-fra-estrutura, considerada in-suficiente e precária para queocorra um evento dessa gran-deza. A entidade máxima dofutebol recomenda que medi-das sejam tomadas emergenci-almente.

O secretário-geral da FIFA,Jérôme Valcke, chegou a ratifi-car que teria de ser escolhidaoutra cidade para a substituiçãoda atual, ou a única solução en-contrada seria a construção deum novo estádio com capacida-de para de 46 mil lugares. O fatoé que o Morumbi definitivamen-te não atende os requisitos ne-cessários para o evento.

Apesar da divulgação donão uso do dinheiro público, háquestionamentos em relação acomo será o procedimento, nãosó em São Paulo, mas em todasas cidades escolhidas. Porém, ogovernador de São Paulo, JoséSerra, mostra-se confiante notrabalho do time do São Paulo,o qual é responsável pelasobras especificadas no planeja-mento do estádio.

O estádio do Morumbi estálonge de ser unanimidade no

Mais sobre a

Copaestado. Discussões sobre esse as-sunto são levantadas sempreque possível por autoridadesque tem predileção por outrosestádios. A prefeitura, por suavez, questionou a não escolha doestádio Pacaembu, que não poracaso pertence ao mesmo estado,porém quem usufrui é o time doCorinthians.

A FIFA não se deteve muitoao fato de que o estádio maismoderno do país encontra-se nosul, exatamente no Paraná, emCuritiba. A arena da baixada foiescolhida, porém não tão exalta-da como alguns que desmerecemtal apologia. Pertencente ao Clu-be Atlético Paranaense, a Arenaobteve com mérito e honradez apredileção para ser sub-sede.

O que antes era apenas indi-vidualismo e falta de vontade porparte de autoridades estaduais edirigentes de times da capitalpara a vinda do evento ao esta-do transformou-se em união como objetivo de trazer melhorias àcidade e ao estado envolvido.

A princípio, o objetivo foiconquistado, porém, apesar deter o estádio mais moderno dopaís, reformas terão de ser feitas,com menores mudanças, é ver-dade, mas que não podem dei-xar de existir.

O estado também ambicionaser sede da imprensa que virácobrir o evento mundial. Chan-ces têm, porém há interesse deoutras sub-sedes com maior po-der. Influências existirão, bastasaber qual será o estado com talpoder de decisão.

Ainda se questiona se o cer-to é a Copa vir ao Brasil. Prós econtras travam discussões rela-cionadas ao assunto. Convenha-mos, o país do futebol não pode-ria deixar de apreciar esse mo-mento tão glorioso que há anosnão se vê, parte por não ter umaseleção qualificada.

Ailime Kamaia

Somente no dia 26 de maio(terça-feira) a Eletronuclear co-municou que houve o vazamen-to de material radioativo ocorri-do na usina nuclear de Angra 2em 15 de maio. Segundo notaoficial da empresa, a falha teriaocorrido durante o processo dedescontaminação de um equipa-mento, liberando material radio-ativo. Seis pessoas trabalhavampróximas ao local onde a tarefaestava sendo realizada, entre-tanto a quantidade de radiaçãoliberada não chegou a afetar asaúde dos trabalhadores. O pe-queno deslize foi classificadocomo Evento Não Usual, ou denível 1. Ou seja, foi uma falha depequenas proporções e não hou-ve necessidade de ações repara-doras, porém foram tomadas me-didas preventivas para evitarnovos imprevistos.

Com essa noticia o debatesobre as melhores formas de ob-tenção de energia voltam à tona.Ambientalistas em sua maioriasão contra a utilização dessemétodo no Brasil. No entanto al-guns especialistas afirmam queusinas nucleares são seguras efontes “limpas” de energia.

Usina nuclear, o velho debate

Nesse caso os ambientalis-tas estão certos, não se trata depuro “radicalismo”.

Sendo o Brasil um país comamplo potencial para investirem energia eólica, solar, de bio-massa e até hidrelétrica, soa in-coerente a alegação do governode que o Brasil necessita deuma geradora de energia nucle-ar. Emissões de CO2 tambémentram na lista de desvanta-gens, apesar de ser uma fontemenos poluente do que usina acarvão mineral ou óleo combus-tível, a utilização de energia ra-dioativa tem índices de emis-sões indiretas de gás carbônicomaiores do que a energia solare a eólica. O engenheiro elétri-co Ricardo Baitelo, ligado aogrupo ambiental Greenpeaceelaborou um relatório intitula-do “Cortina de Fumaça: Emis-sões de CO2 e outros impactosda energia nuclear” que com-prova o dado. Para fazer essaanalise foi necessário conside-rar todas as etapas desse tipode produção energética, desdea extração de minério de urânioaté a desocupação da usina aofim de sua vida útil.

Outras considerações de-vem ser feitas sobre os impac-

tos ambientais causados pelolixo radioativo, um problemasem solução ainda. Para ilus-trar os danos causados pelodescarte inapropriado de mate-riais desse tipo, basta fazer umresgate do drama sofrido por fa-mílias de Goiânia que entraramem contato com o Césio 137.

Suspeita-se ainda que diver-sos países só manifestaram in-teresse nessa fonte de energiapara, no futuro, poderem apro-veitar os conhecimentos obti-dos sobre esses materiais comum objetivo militar. O próprioMinistro de Defesa do Brasil,Nelson Jobim deixou transpare-cer esses interesses em declara-ções feitas em um evento sobresegurança nacional.

O Brasil deveria seguir nacontramão de países como ReinoUnido, França, Polônia e Finlân-dia, que estão planejando ouconstruindo usinas nucleares. Oque deve ser lembrado é que aconstrução dessas usinas deman-da altos custos, longos períodosde construção, riscos de aciden-tes (sempre vale lembrar de casoscomo Chernobyl – Ucrânia eThree Mile Island – Estados Uni-dos) e questões de segurança ine-rentes à geração nuclear.

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Curitiba, quinta-feira , 18 de junho de 2009 3

GeralGreve no INSSJulgamento no STF

Anna Luiza Garbelini

Parte dos funcionários doInstituto Nacional de Seguri-dade Social (INSS) do Estadodo Paraná e de mais 17 esta-dos brasileiros entraram emgreve a fim de reivindicar algu-mas melhorias nas condiçõesde trabalho. A manifestaçãoacontece desde terça-feira e nãotem prazo para terminar.

Entre as reclamações está adiminuição da carga horária de40 horas para 30 horas sema-nais, propondo o funcionamen-to de 12 horas diárias da agên-cia em turnos de 6 horas porfuncionários. Há também o in-tuito de fazer com que o gover-no efetue a contratação dos re-cém-concursados para aliviaros demais trabalhadores. Alémdisso, existe a ideia de criar,através de uma Comissão Par-lamentar Mista de Inquérito, aCPMI da Previdência, na qualdeverão ser investigadas as de-cisões que envolvam a previ-dência e a verba por esta arre-cada.

Para tentar conter a parali-sação, o Supremo Tribunal deJustiça ameaçou multar diaria-mente a Federação Nacional dosSindicatos de Trabalhadores emSaúde, Trabalho e PrevidênciaSocial (Fenasp) em R$100 mil.Segundo Hélio de Jesus, diretordo Sindicato dos TrabalhadoresFederais em Saúde de TrabalhoPrevidência Social Estado (Sin-dPRevs), isso não irá desestabi-lizar o movimento. “Eu particu-larmente acredito que iremos

Greve no INSS temraízes históricas

São necessárias melhorias paraatender os idosos, principalmente noespaço físico e nos computadores, queestão em péssimo estado”HÉLIO DE JESUS, DIRETOR DO SINDPREVS

derrubar a liminar”. A previdência social benefi-

cia de maneira direta 26 milhõesde pessoas e é a maior estruturade seguros da América Latina,auxiliando o cidadão não só naterceira idade, mas ao longo davida, a começar pela licença ma-ternidade, seguro-desemprego eauxílio concedido a trabalhado-res acidentados.

Essa estrutura entrava emconflito com as demais institui-ções públicas já em 1984, épo-ca em que a inflação impediaaumentos salariais significati-vos. A reivindicação dos funci-onários, portanto, aconteciapara exigir uma redução nacarga horária. E assim foramatendidos. No seu segundomandato, porém, o presidenteLula, no intuito de conter gas-tos, baixou um decreto que au-mentava as horas de trabalho,deixando a opção de cumprir oturno de seis horas para quemconcordasse com a redução de25% do salário.

De acordo com Hélio de Je-sus, esta burocracia, já há al-gum tempo, acaba priorizandoos desdobramentos políticos,como a construção de váriasagências do INSS no Cearápara ajudar na candidatura deJosé Pimentel, Ministro da Pre-vidência Social, governadordo estado, ao invés de visarum melhor atendimento paraa população. “São necessáriasmelhorias para atender osidosos, principalmente no es-paço físico e nos computado-res, que estão em péssimo es-tado”, completa Hélio.

Diminuição da carga horária é aprincipal bandeira dos manifestantes

Diploma deixade ser obrigatóriopara jornalistas

Divulgação

Luiz Fellipe Deon

O Supremo Tribunal Fede-ral (STF) derrubou, em Plená-ria realizada ontem em Brasí-lia, por oito votos a um, a exi-gência do diploma de jornalis-ta para o exercício da profis-são. O julgamento considerouinconstitucional o decreto-lei972/69 – aprovado no ano de1969 pelo governo da ditadu-ra militar –, que estabelecia re-gras para o trabalho do jorna-lista, incluindo a obrigatorie-dade do diploma.

Desse modo, o STF acatouo Recurso Extraordinário (RE)511961, pedido pelo Ministé-rio Público Federal (MPF) epelo Sindicato das Empresasde Rádio e Televisão do Esta-do de São Paulo (Sertesp), e apartir de agora não é mais ne-cessário diploma para exercera profissão de jornalista.

Para o ministro GilmarMendes, a Constituição Fede-ral de 1988 garante o direito àampla liberdade de expressãoe por isso não acolhe o decre-to-lei 972/69 , que restringe otrabalho jornalístico apenasaos profissionais graduados.Os ministros Ricardo Lewan-dowski, Eros Grau, CarlosAyres Britto, Cezar Peluso eCelso de Mello, e as ministrasCármen Lúcia Antunes Rochae Ellen Gracie acompanharamMendes na decisão contrária àobrigatoriedade do diploma. Oministro Marco Aurélio foi oúnico favorável e os ministrosMenezes Direito e JoaquimBarbosa não compareceram àsessão, mas justificaram a au-sência.

ManifestaçõesAlgumas horas antes

de o julgamento daexigência do diplo-ma em Curso Superi-or de Jornalismo parao exercício da profis-são acontecer noSTF, em Brasí-lia, várias mani-festações foramrealizadas pela Federação Na-cional dos Jornalistas (Fenaj) epelos sindicatos em algumas ci-dades do Brasil.

Em Curitiba, o Sindicato dosJornalistas do Paraná (SindiJor-PR) realizou um ato públicopela obrigatoriedade do diplo-ma para jornalistas na BocaMaldita, centro da cidade. Esta-vam presentes representantesdo SindiJor-PR, estudantes dejornalismo e jornalistas forma-dos, que, ao som de músicas deapoio e segurando placas e umafaixa que dizia “Jornalistas doParaná pelo diploma”, distribu-íram panfletos e conversaramcom as pessoas que passavampela Rua XV de Novembro.

Segundo o presidente doSindiJor-PR, Marcio Rodri-gues, o objetivo do protesto eramobilizar a sociedade e pres-sionar o STF a manter a obri-gatoriedade do diploma parajornalistas. “A qualidade dainformação veiculada poderáser questionada em função deum profissional sem formação,que não passou por um bancoescolar, que não tem uma for-mação ética, que não sabecomo formular uma informa-ção de qualidade, não sabeouvir o contraditório... Ou seja,é um problema pra população

como um todo e não só pra ca-tegoria dos jornalistas”, dizRodrigues.

Ao contrário das entidadesque representam os jornalistaspor todo o Brasil e formam umacorrente favorável à exigência dodiploma, a opinião das pessoasnas ruas da capital paranaenseestava dividida sobre o assunto:“Eu conheço muita gente que ésuper competente e profissionalao extremo e não tem o diploma.Mas sempre uma formação é im-portante”, disse a vendedoraGraciele Assunção, que passavapela Boca Maldita no momentoda manifestação. Para o consul-tor de negócios Carlos Medeiros,que assistia de longe ao protes-to, disse: “Tudo depende do quevocê quer ouvir, do que vocêquer ler... Se você quiser uma in-formação de qualidade, o profis-sional tem que ser qualificado,tem que ser formado. A informa-ção tem que vir de alguém quetenha o que falar, porque senãoa credibilidade da informaçãofica prejudicada”. Já o empresá-rio Márcio Greon, que tambémpassava pelo local, diz que o di-ploma não é tão necessário as-sim: “Tem ótimos jornalistas quenão têm diploma, vários aí quesão bastante conhecidos, e vejoque tem jornalista com diplomae que não é grande coisa”.

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Curitiba, quinta-feira, 18 de junho de 20094

EspecialPetit-Pavé

Cubículos quedão vida às ruasPedras gigantes enfrentam longo processo até chegarem ao formato petit-pavé

Milena Santos

Na correria do dia-a-dia, sãopoucos os que podem parar eapreciar aquelas pedrinhas quefazem a cara das calçadas daRua XV de Novembro e de mui-tas outras ruas da cidade. Estescubículos são denominados pe-tit-pavé (pequeno pavimento, oumosaico português). Os dese-nhos e formas que podem sercompostos por eles são inúme-ros: ondas, rosáceas, pinhões,andorinhas e muitas outras for-mas que variam com a criativi-dade de cada um.

Um bom exemplo encontra-do em Curitiba são as simpáti-cas figuras de pinheiros em pe-dra preta e branca, que ocupamas calçadas da região central.Mas quem pensa que o cami-nho para se chegar até esses de-senhos é fácil se engana. Ele élongo e perigoso.

O petit-pavé surgiu em Por-tugal, no século XIX, e veiopara o Brasil no começo do sé-culo XX, quando vários artistasdo velho continente vierampara as colônias e ex-colôniasde Portugal junto com a corte deD. João VI. Atualmente, existemquatro modelos da pedra: quart-zito amarelo, quartzito verme-lho, calcário branco e calcárioverde.

As regiões metropolitanasde Curitiba como Rio Branco doSul, Almirante Tamandaré eColombo são os locais ondemais se concentram empresasespecializadas na exploraçãodessas pedras, mas o uso de-las nas últimas reformas dasruas curitibanas diminuiu.

A prefeitura da capital para-naense não tem investido nascolocações de petit pavê nospontos de acesso comum doscidadãos e nos locais próximos

aos telefones públicos, com oargumento de que isso afasta opossível perigo às pessoas, no-tadamente aquelas portadorasde deficiências, já que a pedri-nha é considerada escorrega-dia.

Hoje, o petit-pavé é preser-vado como memória da cidadepor representar uma das maio-res intervenções urbanas feitasem Curitiba, no século XIX.

A história das calçadas da-qui pode ser encontrada no li-vro da arquiteta Lucia Torresde Moraes Vasconcelos, “Cal-çadas de Curitiba: preservar épreciso”. O livro conta o valorde calçadas que expressam acultura de uma época “tornan-do-se uma arte em exposiçãopermanente”. De acordo com aarquiteta e escritora, nada impe-de que o antigo seja recuperado,seja conciliado harmonicamen-te com o novo, tanto em relaçãoà diversidade de materiais,quanto aos motivos utilizados.“O material é um referencial dacidade, e não pode correr riscosde desaparecer devido à faltade esclarecimento da populaçãoem relação ao seu valor”, acres-centa.

Processo da exploraçãoDenílson Sandri é um dos

funcionários da empresa Ca-vassin Ltda, especializada nocorte das pedras petit-pavê.Sandri trabalha no ramo há 14anos e garante que o trabalhonão é fácil e exige muita con-centração.

Até chegar a essas pequenaspedrinhas de 25 centímetrosquadrados, há vários estágios.O primeiro passo é a limpezadas rochas, que se escondempor entre o mato e a terra. Apartir do momento em que ela éencontrada ocorre a perfuraçãoatravés de um compressor. De-pois disso, acontece a explosãoda rocha através da dinamite.Essa é uma das partes mais pe-rigosas da exploração.

De acordo com Sandri, é for-mado um grupo de quatro pesso-as responsáveis por acender a di-namite. Um comanda e três au-xiliam. Esse é o primeiro momen-to em que é tocada a sirene dan-do o sinal de alerta da explosão.O intervalo mínimo a cada sériede explosões é de 30 minutos.Para a segurança dos funcioná-rios, eles devem correr a uma dis-tância de pelo menos 300 metrosaté o tempo máximo do terceirotoque de alerta.Uma bandeiradeve ser levantada a uma alturaque possa ser vista por todos se-guida de um brado de “fogo”.

Em seguida, a rocha é des-pedaçada em várias partes detamanhos variados e é separa-da em três espécies: petit-pavê,que é a primeira pedra retirada

dos escombros, cal e calcário.O petit-pavé deve ser escolhi-

do minuciosamente, já que deveser liso para facilitar o corte, e co-berto com veludo úmido para apedra não ressecar. A partir deentão, começa o processo manu-al. Equipados com marreta, luva,óculos, capacete, protetor oriculare uniformizados, os funcionáriospassam a quebrar em pequenoscubos as rochas.

De acordo com dados da em-presa Cavassin Ltda, uma jorna-da de trabalho de oito horas ren-de um metro cúbico de pedrascortadas e equivale a um saláriode R$ 35,00 a R$ 40,00 ao corta-dor. A pedra é revendida poraproximadamente R$ 160,00para diversas empresas de pavi-mentação paulista, já que o mer-cado Curitibano não tem investi-do nisso.

Um salário baixo que rendealtos riscos.

E a natureza?Uma vez extraídos os recur-

sos minerais, não há como seremrepostos pelo homem, já que de-moram milhões e milhões deanos para se formarem. Então, amaneira de contribuir com a na-tureza é usá-los de modo racio-

Funcionário utilizando dinamite paraexplodir uma das pedreiras de extração

Os desenhos e formas que podem sercompostos por eles [petit-pavés] sãoinúmeros: ondas, rosáceas, pinhões,andorinhas e muitas outras formas quevariam com a criatividade de cada um.

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Fotos: Milena Santos

Uma das pedreiras exploradas na cidade de AlmiranteTamandaré, região metropolitana de Curitiba

nal e planejado. Segundo a Ca-vassin Ltda, a sua pedreira temmatéria-prima para aproximada-mente 100 anos.

Segundo a Minérios do Para-ná (Mineropar), empresa especi-alizada em pesquisas geológicase geotécnicas para o planejamen-to do uso e ocupação do solo, apreservação ambiental e o contro-le do risco geológico contempla-do, existem 16 pedreiras que ocu-pam a região metropolitana deCuritiba.

De acordo com a empresa, asconsequências da inadequadaexploração calcária podem sermuito grandes: a paisagem é de-gradada, os ruídos das explosõesincomodam os morados e a po-luição das águas e o tráfego deveículos pesados aumentam. O

Um dos funcionários da pedreira cortando a pedra

impacto no meio físico pela ocu-pação desordenada do solo cul-mina a deflagração de acidentesgeológicos prejudicando a popu-lação, o poder público e causan-do risco de morte.

O parágrafo primeiro do arti-go 225 da Lei do solo da União,afirma que: “Todos têm direito aomeio ambiente ecologicamenteequilibrado, bem de uso comumdo povo e essencial à sadia qua-lidade de vida, impondo-se aoPoder Público e à coletividade odever de defendê-lo e preservá-lopara as presentes e futuras gera-ções. Aquele que explorar recur-sos minerais fica obrigado a re-cuperar o meio ambiente degra-dado de acordo com a soluçãotécnica exigida pelo órgão públi-co competente, na forma da lei”.

De acordo com dados da empresaCavassin Ltda, uma jornada detrabalho de oito horas rende ummetro cúbico de pedras cortadas eequivale a um salário de R$ 35,00a R$ 40,00 ao cortador. A pedra érevendida por aproximadamenteR$ 160,00 para diversas empresasde pavimentação paulista, já que omercado Curitibano não teminvestido nisso.

Pedra petit-pavé cortada em sua forma de venda e aplicadaem calçamento

Divulgação

O petit-pavé também é chamado de pequeno pavimento ou mosaico português

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Unindo o útilao agradável

ColunasPolítica Esporte

Fotos: divulgação

Gabriel Hamilko

A intriga e confusão estãoinstaladas entre os partidosparanaenses. Um motivo? Aantecipação das eleições doano que vem. Nessa época,sempre começam a rolar boa-tos nos bastidores sobre ospossíveis pré-candidatos aogoverno estadual, mas nesteano, o adiantamento na dis-cussão está tão acalorado quejá “mina” as relações entrepartidos, e, até mesmo dentrodeles.

Como a discussão do su-cessor de Requião está em de-bate desde as eleições munici-pais, estão praticamente cer-tos, os principais nomes queirão disputar ano que vem: Os-mar Dias (PDT), que já se lan-çou pré-candidato, OrlandoPessuti (PMDB), também jálançado, e, Beto Richa (PSDB),que joga no time dos “aindanão sei de nada”. Alvaro Dias(PSDB) “corre por fora”, mas acada dia que passa, vê suasesperanças diminuírem.

Como desse cenário poucacoisa vai mudar, as conversaspara alianças já estão bemavançadas, partindo para ou-tro estágio: apoio você a go-vernador, se me apoiar comosenador. O principal exemploé Roberto Requião. Favorito

para alcançar uma vaga no Se-nado, cogita-se um acordobranco, com nada menos queos tucanos. Requião aceitando(para não dizer apoiando) acandidatura de Beto Richa(melhor do que a de Osmar, nopensamento do atual governa-dor), enquanto Gustavo Fruetdesistiria das suas pretensõesao Senado Federal.

Mas o que incomoda mes-mo o governador é a falta dedisciplina de um dos seus fi-éis escudeiros: O Partido dosTrabalhadores locais. Ele e seuporta-voz oficial não aceitamo namoro dos petistas com Os-mar. Se sentem traídos, prati-camente chifrados, tamanhaindignação demonstrada. Re-quião já apelou para Zé Dir-ceu, já ameaçou petistas quenão votassem a favor e agorachegou a um beco sem saída:vai ter que pedir o divórcio ever seu aliado ir embora demão dadas com o seu atualdesafeto político.

Todo esse envolvimentosentimental tem afetado a ca-beça dos petistas, que abala-dos com a separação e com onovo “noivado”, não se encon-tram nos discursos e criam ummal estar interno. Deputado(Tadeu Veneri) que não aceitaas imposições do governadore coloca a boca no trombone

para reclamar de céus e mun-do, presidente do partido(Gleisi Hoffman) que se senteofendida por não ser babá denenhum deputado e outro de-putado mais alinhado a Re-quião, esbanjando veneno con-tra Veneri por tentar acabarcom os favores que recebe dogoverno.

Enfim, não tem nada demonótono nos lados políticosdo Paraná!

Enquanto isso, na escolinhado professor Requião

O “grande líder” parana-ense tenta promover um deba-te super antecipado entre ospré-candidatos ao governo, noBrasil Nação do dia 28, na Pa-raná Educativa. Orlando Pes-suti já foi convidado e juntocom ele se juntariam OsmarDias, Beto Richa e AlvaroDias.

Osmar prometeu analisar,mas acha que é muito cedopara esse tipo de debate e a as-sessoria de Beto Richa afir-mou não receber nenhum con-vite, mas se chegar, a propos-ta será analisada.

A impressão é que o pró-prio Requião está indeciso noseu apoio, e vai tentar promo-ver um debate particular parasaber quem terá a “honra” desua parceria.

tapas ebeijos

tapas ebeijos

EntreGiulia Lacerda

Enquanto a indústria automobilística investe em novas tecnolo-gias para montar carros cada vez mais luxuosos e confortáveis, háuma forte mobilização no que diz respeito a consciência ambiental.Juntamente com isso, as bicicletas surgem como uma alternativa detransporte capaz de preservar o meio ambiente. O exemplo de queessa inserção de uma prática exclusivamente esportiva até então narotina de vida da pessoa pode dar certo vem de fora. Os países euro-peus têm investido muito em ciclovias e incentivado o uso das bici-cletas como forma de locomoção, até mesmo quem não tem uma podealugar pagando um valor simbólico. Na Bélgica, por exemplo, comum depósito de uma caução, as pessoas podem utilizar as bicicletasà vontade e ao devolvê-las, em qualquer ponto da cidade onde hajaum estacionamento, retiram o dinheiro depositado anteriormente.

Amsterdam, na Holanda, é considerada a cidade “amiga dos ci-clistas”, afinal os moradores são movidos a pedaladas, literalmente.Até 2007 quase 40% de todo o trafego na cidade era formado por bi-cicletas. Lá, esse meio de transporte é comparado ao carro no que dizrespeito a design. São comuns as “magrelas” personalizadas de acor-do com o estilo do dono. Quem anda de carro em Amsterdam tem asensação de estar no lugar errado por sentir-se intimidado pela quan-tidade de bicicletas que circulam nas ruas.

Em Curitiba, essa ideia ainda não foi colocada em prática, apesardo estilo da capital ser propício a isso. Desde 2007, se discute na pre-feitura melhorias para os ciclistas da cidade. O Instituto de Pesquisae Planejamento Urbano está analisando o Projeto Diretor Cicloviário,que pretende incentivar o uso de bicicletas através de campanhaseducativas e melhorias na rede de ciclovias locais, tornando o usodesse transporte mais seguro. Conforme o número de adeptos às “ma-grelas” aumentar, a tendência é uma diminuição da poluição tantoatmosférica quanto sonora da cidade.

Curitiba tem a segunda maior extensão de ciclovias no país, per-dendo apenas para o Rio de Janeiro, mas apresenta um problema defuncionalidade. Os 120 km de ciclovia visam somente o lazer e serestringem as áreas próximas aos parques.

Os benefícios que o uso diário de bicicletas como meio de locomo-ção apresentam são inúmeros. Além de não causar danos ao meioambiente é uma atividade física que traz melhorias para a saúde dequem pratica. Se vivemos hoje em um mundo onde o número de pes-soas obesas cresce assustadoramente é porque tudo favorece para queprevaleça a lei do menor esforço.

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Curitiba, quinta-feira , 18 de junho de 2009 7

EntrevistaCultura

Eli Antonelli

Quando nos deparamos comuma obra cultural e atribuímos aela um considerável valor, busca-mos entender por meio de análi-ses minuciosas seu processo deconstrução. Acreditamos, assim,que tal conhecimento trará satis-fação e somará a importânciadessa obra. Para estudantes eprofissionais de Letras esse pro-cedimento é comum. O professorde língua portuguesa Mauro De-llal faz análise de obras literári-as em sites. Formado em LetrasPortuguês Literatura pela Facul-dade Estácio de Sá do Rio de Ja-neiro, Dellal está cursando atual-mente a Pós-Graduação em Lín-gua portuguesa e Linguística namesma Instituição. Numa dessasviagens de investigação cultural,Dellal analisou o texto de Vini-cius de Moraes e Tom Jobim de1958, “Eu sei que vou te amar”.A intenção foi descobrir como oscompositores usaram a lingua-gem musical para produzir umdeterminado efeito. Dellal com-

A semiótica do amor

para a boa música ao bom texto“A qualidade está livre da super-ficialidade não intencional quemarcam as obras feitas a partir deuma falta de reflexão e de inte-resse em querer dizer algo umpouco mais profundo do quesimplesmente tocar os nossossentimentos” explica.

Qual o processo de análiseque foi utilizado? Que instru-mentos foram usados comobase para construção deste tex-to?

O processo utilizado foi o deteoria de literatura comparada.Aqui, literatura significa tudoque pressupõe um texto. Umamúsica é um texto, no que se re-fere à mensagem que passa, uti-lizando sua própria linguagem.Não é o único método, mas umdos possíveis. Não houve instru-mento utilizado; apenas a melo-dia da canção era o mais impor-tante.

Qual a forma de realizaçãodeste processo de análise?

Neste método, procuram-se li-gações entre as duas linguagens

_texto escrito e texto sonoro. Oque uma influencia na outra. Emmeu trabalho, procurei mostrar oequilíbrio entre as duas lingua-gens, partindo sempre da letrapara a melodia, pois está claroque esta ordem era a possívelpara este tipo de análise.

Analisar o contexto históricoe o ambiente do autor na épocaque foi escrito o texto, proporci-ona uma melhor análise sobre otexto? Contribui de alguma for-ma?

Para a ideia a que me propus,isso era irrelevante. O trabalho foiestritamente formal e de conteú-do explícito. Mas, sim; em umaanálise em que se queira extraira linha filosófica e suas consequ-ências, o contexto histórico é im-portante.

Quando é feita uma análisede texto como esta é necessáriopensar na questão cultural queestá inserido o autor para enten-der detalhes da obra? Esse pro-cesso é percebido neste texto deVinicius e Jobim? Por exemplo,o amor exagerado, em que soci-

edade é visto isso?Como afirmei anteriormente,

o análise foi apenas da forma esuas ligações internas. Interes-sou-me o modo como esse amorexagerado, descrito na letra, seharmonizou com a melodia. Nãocreio que esse processo da ques-tão cultural possa ser percebidono poema, pois o autor o tratacom parâmetros universais.

Com base na análise, quaisdetalhes você citaria que contri-buem para a beleza da compo-sição?

O cuidado com que foi feita aharmonia entre a letra e a melo-dia. Esse é o detalhe principal.Uma boa canção é, para mim,uma harmonia entre os dois ex-tremos que é a letra e melodia. Emuma canção, está claro que a le-tra tem a importância principal,pois é ela quem garante a trans-missão da mensagem. Dizendode uma forma diferente, a melo-dia respeita a letra. Não se sobre-põe a ela, mas sim a potencializa.

Como se dá o processo deonda lírica no texto?

No texto escrito, a onda líricaé marcada pela sugestão de repe-tição do sentimento, reiteradopela utilização de elementos lin-güísticos que guardam em si essa

“Eu sei que vou te amar,Por toda a minha vida eu vou te amar,

A cada despedida, eu vou te amar,Desesperadamente, eu sei que vou te amar.

E cada verso meu seráPra te dizer, que eu sei que vou te amar,

Por toda a minha vida.Eu sei que vou chorar,

A cada ausência tua eu vou chorar,Mas cada volta tua há de apagar

O que essa tua ausência me causou.Eu sei que vou sofrer

A eterna desventura de viverÀ espera de viver ao lado teu,

Por toda a minha vida.” –VINICIUS DE MORAES E TOM JOBIM - 1958

Síntese da analise- Para afirmar sua certeza os autores utilizam a repetição da frase “Eu sei que vou te amar”.- Na sequência utilizam a elipse dos termos “sei que”- Amará: por toda sua vida, em cada despedida e de forma desesperada, no sentido de totaldedicação. A melodia que acompanha esses versos se baseia nisso: repetição e afirmação. Acada dizer da frase principal (eu vou te amar) as notas são, também, repetidas como algo imutá-vel, definitivo. Mas não é só isso; as frases se repetem (melodicamente falando) mudando deescala a cada verso da estrofe. Isso causa o efeito de uma afirmação incontestável, sempre cres-cente.- As estruturas das frases, em sílabas poéticas são: 6-10-10-12. A estrutura de notas musi-cais acompanha esse desenho, e a altura da frase musical também se eleva a cada descri-ção do texto.A ausência de modulações (mudanças de tons) bruscas dá à música um molde compacto. Ape-sar de o poema se referir aos opostos amar / não ser amado, essa oposição não se baseia emalterações de estado d’alma. Baseia-se, sim, em algo único, em algo gigantesco, em um amorindestrutível, em um amor auto-suficiente, que regenera em si mesmo. Por assim dizer, a peçamostra total equilíbrio e se mantém pela sua simplicidade (algo que não é fácil de produzir). Osimples aqui não é, absolutamente, falta de genialidade, nem falta de inspiração; é, antes detudo, consciência de limites exatos que valorizam algo prosaico e belo.

Análise na íntegra : http://pt.shvoong.com/humanities/1834255-eu-sei-que-vou-te/

marca “eu sei, toda a minhavida...” junto a uma descrição decontrários (amar/sofrer).

Qual a importância do movi-mento cíclico que há na músicae onde ele aparece?

Aí está o segredo da harmo-nia: O movimento cíclico está namúsica inteira.

O que faz dessa composiçãorefinada e ao mesmo tempo po-pular?

Justamente esta harmonia en-tre letra e melodia. Além disso, seolharmos separadamente, tantoa melodia como a letra são ele-mentos que sobrevivem sozinhos.O refinamento se dá, então, pelaforma, e o fator popular, pela sim-plicidade.

Sua experiência de mais de20 anos com a orquestra da Pe-trobrás contribuiu de forma a fa-cilitar a análise dessa música?

Não creio que apenas o co-nhecimento musical seja possívelpara esse tipo de análise, já queo método tratou de linguagenscomparadas. Mas, de certa for-ma, porque, ao se escutar tantasobras bem compostas, tendosempre uma visão crítica-reflexi-va das mesmas, acabamos ad-quirindo certo conhecimento daestrutura da música ocidental.

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Ensaio

Texto e Fotos: Elis Ribas

Tentamos conhecer um pouco da Alemanha. Como na casa de GOETHE, um dos mais importan-tes escritores alemães, onde andamos inúmeras vezes em sua praça olhando para “ele”. Viajando detrem, conhecemos o grande ápice da Bauhaus em Dessau e também o monumento mais alto da Euro-pa em Leipzig. Também tivemos momentos tristes, como na visita ao antigo campo de concentraçãoBuchenwald. Depois de andar pelo Park der Ilm, concordamos com Goethe: Weimar não é uma cida-de com um parque, mas um parque com uma cidade.

Do turismo aoaprendizado