lohan walker - universidade federal fluminense

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE FÍSICA CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA LOHAN WALKER METODOLOGIAS ATIVAS SALA DE AULA INVERTIDA NITERÓI 2018

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Page 1: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE FÍSICA

CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA

LOHAN WALKER

METODOLOGIAS ATIVAS – SALA DE AULA INVERTIDA

NITERÓI

2018

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LOHAN WALKER

METODOLOGIAS ATIVAS – SALA DE AULA INVERTIDA

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Licenciado.

Orientador: Prof° Dr. REINALDO FARIA DE MELO E SOUZA

NITERÓI

2018

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LOHAN WALKER

METODOLOGIAS ATIVAS – SALA DE AULA INVERTIDA

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Licenciado.

Aprovado em de dezembro de 2018.

BANCA EXAMINADORA

Professor Dr.º REINALDO FARIA DE MELO E SOUZA (orientador)

UFF

Professor Dr.º DANIEL JONATHAN

UFF

Professor Dr.º THIAGO RODRIGUES DE OLIVEIRA

UFF

NITERÓI

2018

Page 5: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

5

AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse, ао longo da

minha vida, е nãо somente nestes anos como universitário, mаs que еm todos

оs momentos é o maior mestre qυе alguém pode conhecer.

Аоs meus pais, irmã,е a toda minha família que, cоm muito carinho е apoio, nãо

mediram esforços para qυееυ chegasse аté esta etapa da minha vida.

Аоs amigos, pelo incentivo е pelo apoio constante, pеlаs alegrias, tristezas е

dores compartilhas. Cоm vocês, аs pausas entre υm parágrafo е outro dе

produção melhora tudo о qυе tenho produzido nа vida.

A esta universidade, sеυ corpo docente, direção е administração qυе

oportunizaram а janela qυе hoje vislumbro υm horizonte superior.

Ao meu orientador, pelo suporte nо pouco tempo qυе lhe coube, pelas suas

correções е incentivos.

A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ

muito obrigado!

Page 6: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

6

RESUMO

Não é difícil perceber que o ensino que temos até então se encontra

engessado, com o professor sendo o detentor de todo o conhecimento e os

alunos agentes passivos do ensino. Por isso, pensar em metodologias ativas

para o ensino é colocar o aluno no papel de coparticipante do aprendizado

juntamente com o professor, ressignificando esses papéis. No presente trabalho

têm-se a apresentação da sala de aula invertida, metodologia ativa de ensino

que busca o estudo prévio e o melhor aproveitamento do ambiente da aula

presencial. São propostas duas aulas para professores utilizarem a metodologia

de sala de aula invertida em seus núcleos escolares. Na opinião dos alunos, o

uso da sala de aula invertida melhora o aprendizado de um conteúdo mais do

que pelo ensino tradicional.

Palavra-chave: Metodologias ativas. Ensino de física. Sala de aula invertida

Page 7: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

7

ABSTRACT

It is not hard to realise that the educational system is stuck on the past. Professor

sand teachers are still the ones with all knowledge in hands while students are

extremely passive during the pedagogical process. Thinking about the

implementation of active learning methodologies is important because, in this

approach, students cooperate with their professors, changing their status

regarding passivity. In this work, the flipped classroom is presented through the

results of its objective, which is to enhance student's learning exploitation in the

regular classroom environment. Also, two lessons are proposed so that

professors can use this approach in their local schools. In the student's opinion

the flipped classroom methodology is better than the traditional one because it

makes knowledge easier to grasp.

Key words: Active methodologies, teaching Physics, flipped classroom

Page 8: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

8

Lista de links

Link sobre vídeo aula – Força de Lorentz:

Parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=eM6FlOQHu6k

Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=NjW0zZthCzo

Link OBS Studio:

https://obsproject.com/pt-br/download

Link da página – Mecânica Geral:

https://www.youtube.com/channel/UCDCjVyYcYjnuNHNJImUGh9A

Link da página – Física da Matéria Condensada:

https://www.youtube.com/watch?v=dL1RbItNiRs&list=PL8zzcM7NAIdjAROvWM

2cVOW4JyI4QkBao

Link respostas dos alunos por questionário Google Forms:

https://docs.google.com/forms/d/1jqK-

sSKet5uyM9W0YjcSi98EvWXsCsTJR75SKTXJoqg/edit#responses

https://docs.google.com/forms/d/198eAn_Vv0OdGCINWG69HmZe5dLtJxz5Jc

WkKEO9nEec/edit#responses

Page 9: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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SUMÁRIO

1- Introdução................................................................................................9

2- Fundamentação teórica ..........................................................................11

3- Metodologia e atividades propostas.......................................................18

3.1- Aula sobre Força de Lorentz.........................................................18

3.2- Aula sobre Cinemática...................................................................20

4- Aplicação da Metodologia.......................................................................22

5- Resultados e Discussões........................................................................30

6- Bibliografia .............................................................................................34

7- Apêndice.................................................................................................36

Page 10: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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1 - INTRODUÇÃO

Como funciona o ensino tradicional hoje? Temos a sala de aula como o

ambiente de aprendizagem, onde o professor é o detentor de todo conhecimento,

e o responsável para passá-lo para os alunos. Por isso, vamos para a sala de

aula e ouvimos o que nos é apresentado de forma expositiva. Depois desse

momento temos o "dever de casa" onde vamos praticar em forma de exercícios

o que vimos na sala de aula.

Nesse ponto cabe um questionamento: "O método tradicional de ensino

funciona?" A resposta é clara, é óbvio que funciona, ao menos parcialmente,

afinal nós aprendemos, passamos no vestibular, tiramos notas boas na escola e

estamos aqui, de modo que o modelo tradicional funciona pelo menos para uma

parcela dos estudantes.

No entanto, mudar os papéis dos alunos e professor é o que as

metodologias ativas para o ensino propõem. A aprendizagem ativa pelo método

do "Flipped Learning", ou seja, Sala de Aula Invertida ocorre quando

substituímos a parte expositiva por atividades que o estudante deve

desempenhar individualmente em casa antes da aula, de modo que o ambiente

da sala de aula fica ressignificado. Isso poderia ser feito de algumas maneiras,

seja por meio de materiais impressos como notas de aula ou livros sugeridos, ou

através de vídeos gravados.

Esta possibilidade é potencializada em virtude da enorme facilidade de

obtenção de informação nos dias de hoje. Em outros tempos, o professor era o

detentor de informação, algo que com a enorme base de dados fornecida pela

internet deixou de ser verdade. No seu dia a dia, os alunos estão constantemente

conectados a redes sociais, smartphones, tablets, entre outros aparelhos

eletrônicos. Devido a este fato, o professor tem desafios jamais vistos, assim,

possivelmente o uso de metodologias ativas de ensino possa ser útil no combate

a dispersão dos alunos.

Estruturar uma nova sala de aula se torna fundamental. Inverter a sala de

aula é mudar a relação também com o tempo, pois no período presencial a aula

ganha mais qualidade devido ao fato dos estudantes já chegarem em sala tendo

Page 11: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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visto o conteúdo, pois assim, o papel do aluno se torna mais ativo, confiante, e

com uma postura diferente ao chegar à classe.

No capítulo 2 será mostrado a fundamentação teórica que dará base para

a aplicação de metodologias ativas para o ensino de física. Mostrando como é

necessária e produtiva a participação dos alunos como agentes ativos em sala

de aula.

No capítulo 3 apresentaremos propostas de aula com a utilização da

metodologia de sala de aula invertida. No capítulo 4 encontra-se resultados do

uso da sala de aula invertida em uma turma de uma escola privada do ensino

médio e 2 turmas de nível superior da Universidade Federal Fluminense - UFF.

Page 12: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É comum imaginarmos que a discussão sobre métodos ativos

foi estabelecida na atualidade, porém já aparece desde pelo menos o século I.V.

A.C. com Sócrates propondo modelos dialógicos ativos, onde os indivíduos eram

instigados a criar ideias, pensar e refletir (WOLF, 1993).

Mais recentemente, temos diversas publicações sobre metodologias

ativas, cito aqui alguns dos métodos de sala de aula invertida mais populares em

todo mundo, principalmente para o ensino de física, o método de Instrução por

Pares (Peer Instruction), teve origem na década de 1990 (MAZUR, 2015).

Outras metodologias como o Ensino sob Medida (Just-in-Time Teaching)

(NOVAK et al, 1999), Aprendizagem Baseada em Equipes

(TeamBased Learning), Aprendizagem Baseada em Projeto (Project-

Based Learning) e Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem-

Based Learning) têm origem entre as décadas de 70 e 90.

Pensar no por quê se inverter a sala de aula e qual método usar é de

responsabilidade do professor, pois este precisa analisar o perfil da turma para

a qual leciona. Abaixo apresentamos algumas motivações para que a sala de

aula invertida seja empregada nos diversos lugares de ensino:

I. A Sala de Aula Invertida ressignifica o papel do professor

Um dos maiores questionamentos que ouço dos professores, em geral os

profissionais na área de física, é que não há tempo para se trabalhar o conteúdo

da forma que gostariam. Inverter a sala de aula confere ao professor o papel de

colaborador, cabendo a ele criar, organizar e selecionar os conteúdos a serem

discutidos em sala de aula para resolver os questionamentos trazidos pelos

alunos.

Em aulas tradicionais o professor emprega muito tempo em exposições

orais, sem a participação efetiva dos alunos. Sem contar que, os alunos

presentes nossas salas de aula atualmente são nascidos em uma época digital,

onde o acesso à internet é fácil. Desta forma, é conveniente explorarmos

recursos tecnológicos para a transmissão do conhecimento, o qual pode ser

Page 13: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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complementado pelo uso de livros didáticos que já são disponibilizados para o

estudante.

O papel do professor é mais específico. Em vez de excessivas aulas

expositivas os encontros presenciais são empregados para

desenvolver atividades visando um melhor aproveitamento do conteúdo, por

exemplo, através da realização de parte das listas de questões conceituais e

quantitativas a serem feitas em sala de aula juntamente com o professor.

Sabendo que um dos maiores questionamentos que os estudam apresentam

sobre a matéria é a dificuldade encontrada na hora da realização das listas de

exercícios, conseqüência da discrepância encontrada entre as aulas e a

avaliação, ter um tempo da aula presencial para a discussão das listas é

extremamente válido.

Outro exemplo é a realização de tutorias presenciais com a turma na sala

de aula, pois no tutorial a transmissão do conteúdo é baseada em algumas

informações iniciais ou tópicos sobre determinado assunto que já tenha

sido estudado. Essas informações iniciais apresentam um “passo a passo” a ser

discutido, revisando o que já foi visto e com isso eliminando as dúvidas mais

frequentes. Outra estratégia é a realização de testes conceituais online antes

das aulas, constituindo uma ferramenta útil para ajudar o docente a diagnosticar

as partes do conteúdo que foram menos assimiladas pelos estudantes. Estes

testes podem ser bem simples já que o conteúdo será aprofundado em sala de

aula. Em nosso tratamento estes testes foram feitos utilizando os formulários do

Google. GADOTTI (2003) diz que o êxito do ensino não depende tanto do

conhecimento do professor, mas da sua capacidade de criar espaços de

aprendizagem.

II. Inverter a sala de aula coloca o aluno no centro do processo educativo

Com o método da sala de aula invertida tiramos o professor de um papel

absoluto, ou seja, ele não é mais o único agente falante em sala de aula e o

colocamos como um participante, assim como os alunos. Com isso,

transpassamos aluno e professor para um papel ativo em sala de aula.

Page 14: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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Assim, os alunos passam a ser corresponsáveis pela própria produção do

conhecimento. Em casa os alunos necessitam estudar e se preparar para todas

as tarefas e atividades que serão desenvolvidas em sala de aula. E, quando em

sala de aula os alunos são coparticipantes da aprendizagem dos demais colegas

de classe, pois o desenvolvimento em grupo por meio dos tutoriais e resolução

das listas de exercícios é um fator importante para a contribuição de

uma aprendizagem significativa.

O conceito de aprender segundo MASETTO (2013, p.142) está ligado

diretamente a um sujeito (que é o aprendiz) que, por suas ações, e pela

interação com os colegas e com o professor, busca e adquire informações, dá

significado ao conhecimento, produz reflexões e conhecimentos próprios,

pesquisa, dialoga, debate, desenvolve competências pessoais, profissionais,

atitudes éticas, políticas, muda comportamentos, transfere aprendizagens,

integra conceitos teóricos com realidades práticas, relaciona e contextualiza

experiências, dá sentido a diferentes práticas da vida cotidiana, desenvolve seu

senso crítico, a capacidade de considerar e olhar para os fatos e fenômenos de

diversos ângulos, comparar posições e teorias e resolver problemas.

III. Na sala de aula invertida são levados em consideração os

conhecimentos prévios dos alunos

AUSUBEL afirma que os alunos já sabem algo sobre determinado

assunto, e que isso é um fator importante para a aprendizagem. Creio que a falta

de tempo é uma das maiores dificuldades do professor em saber ou entender os

conhecimentos prévios dos seus alunos.

No flipped classroom o professor consegue saber, por exemplo, por meio

dos questionários online quais são as dúvidas dos alunos, antes mesmo desses

chegarem à sala de aula. Tendo então, o tempo presencial com a turma para

sanar as dúvidas que ainda restam.

É interessante quando aprendemos alguma coisa. No entanto, é

fantástico quando um professor consegue não apenas ensinar certo conteúdo,

mas quando este mesmo professor consegue operar no aluno uma mudança de

pensamento que culmina em um jeito de estudar diferente do convencional.

Page 15: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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IV. A Sala de Aula Invertida lida com a heterogenia na sala de aula

Nossas salas de aula são repletas de alunos dos mais diferentes tipos. E

isto se aplica mesmo ao ensino superior, embora os estudantes partilhem da

escolha de curso e tenham sido aprovados em um mesmo processo seletivo. Há

diversas razões para isto, de cunho cultural, social e regional. Isto é um problema

sério para um ensino baseado em aulas convencionais, fazendo com que certos

alunos sejam mais privilegiados que outros. Sou aluno, e como estudante no

ensino médio e até mesmo no ensino superior pude perceber flutuações em

certas salas de aula. Já tive professores que elevavam o nível das suas aulas

acarretando assim que apenas cerca de 20% da turma acompanhassem o ritmo

do curso. E o caso contrário também acontece, professores que nivelam muito

por baixo, deixando os alunos mais estudiosos e curiosos sem motivação.

No método da sala de aula invertida podemos equilibrar estas abordagens

com uma maior facilidade, uma vez que pode proporcionar um atendimento mais

individualizado a cada estudante (ou em turmas muito grandes pelo menos

separá-las em grupos). Além disso, alunos que já entenderam o conteúdo

conseguem explicar para os outros, e assim aprender ainda mais, pois estará

estruturando sua compreensão ao explicar para o outro. Os alunos que ainda

possuem dúvidas e dificuldades com o conteúdo conseguem ouvir outros

colegas e assim acontecer à mudança de pensamento por meio das discussões.

V. Métodos ativos de ensino baseados no modelo de sala de aula invertida

podem auxiliar no desenvolvimento de hábitos de estudo nos estudantes

O estudo às pressas antes da prova é um hábito muito comum dos

estudantes. Devido ao acúmulo de matéria o aluno deixa para estudar tudo

algumas horas antes da prova. O método de sala de aula invertida auxilia a

mudar esta mentalidade. O conteúdo a ser estudado é dividido em pequenas

partes, em vídeos pequenos ou em poucas páginas de um livro texto. Então, a

cada semana ou a cada aula o aluno já está estudando para a avaliação

final. Por experiência própria, quando ao chegar perto da avaliação podemos até

não perceber, mas já sabemos o conteúdo.

Page 16: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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Creio que o mais difícil seja o de criar o hábito desse estudo gradativo.

Sei que não será fácil, mas acredito que podemos mudar essa cultura! Não parar

é fundamental, pois assim, com o tempo o aluno toma consciência de seus

próprios processos mentais e tem a possibilidade de controlá-los gradativamente

(STEDILE, 2003).

Juntamente com essa ideia, a sala de aula invertida auxilia os alunos no

desenvolvimento da capacidade de reflexão e da habilidade de elaborar boas

perguntas. Paulo Freire diz:

“O conhecimento surge como resposta a uma

pergunta. A origem do conhecimento está nas

perguntas, ou no ato mesmo de perguntar”.

A autorreflexão é uma habilidade fundamental para se aprender.

No método da sala de aula invertida o aluno é estimulado a se desenvolver

criticamente, de maneira reflexiva e argumentativa.

Diferentemente do ensino convencional no qual o professor determina o

ritmo da aula, agora o aluno tem a oportunidade de caminhar com suas próprias

pernas e decidir com que velocidade vai adquirir a informação, e assim, pensar

no que está sendo ensinado. Pausar o vídeo, fazer anotações ouvir novamente.

Essas são algumas das vantagens que ganhamos com o flipped classroom.

O lado argumentativo do aluno é mais desenvolvido. Como já sabemos a

produção do conhecimento em forma de debate, ou melhor, uma pedagogia

relacional produz um conhecimento mais significativo. (MASETTO, 2013) chama

de “interaprendizagem”, onde o aluno é introduzido a um conteúdo e discute,

debate, organiza, manipula, relaciona as informações até produzir o

conhecimento significativo. A autora (KENSKI, 2013) afirma que a parceria entre

professor aluno é o que movimenta o ensino colaborativo, possibilitando assim

uma evolução no ensino aprendizagem.

VI. Na sala de aula invertida ocorre uma maior participação dos alunos

O que se precisa entender é que a participação dos alunos em sala de

aula é importante, afinal eles também podem trazer contribuições e repensar as

Page 17: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

17

posições do professor e do aluno. Refletir é necessário, (FARIAS, 2009, p.31)

diz:

“a forma de organização e de funcionamento da

escola, bem como da ação didática dos

professores, assumem diferentes formas no

decorrer do tempo. Por vezes apresentam

mudanças substanciais, noutras apenas

superficiais”.

O objetivo do corpo docente precisa ser o de gerar mudanças substanciais

no discente, produzindo desta forma uma melhora na aprendizagem significativa.

Segundo NOVAK (1980):

"a aprendizagem significativa está subjacente à

integração construtiva do pensamento,

dos sentimentos e das ações que levam à

capacitação humana tanto quanto ao

compromisso e à responsabilidade."

Isto também se fundamenta na estratégia de AUSUBEL (1980) que diz que:

"a conversa, debate ou o ato de

usar vocabulários para expressar suas ideias

tornam mais fácil o processo de transformar

essas ideias em novos

discernimentos, fazendo assim que a

compreensão seja mais efetiva."

Verbalizar ideias deixa mais claro e preciso o pensamento. Mais ainda,

PERRENOUD (2000) fala sobre o confronto de ideias, dizendo que este

confronto estimula as atividades metacognitivas.

Page 18: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

18

3 – METODOLOGIA

Nesta seção proporemos dois tipos de aula com a utilização da sala de

aula invertida. Essas aulas podem ser desenvolvidas em turmas com diferentes

níveis de escolaridade. Na primeira aula, o método consistirá em uma aula por

vídeo acrescida pela realização de um questionário antes do encontro

presencial. Em sala de aula os alunos terão oportunidade de tirar suas dúvidas

com o professor e se aprofundarem no conteúdo visto. Ao final desde tempo os

alunos realizarão atividades como tutoriais e/ou listas de aprendizagem. Na

segunda aula o método consistirá da utilização de uma “Tarefa de Leitura” KIELT

(2017) e de um jogo chamado “quem sou eu?”.

As atividades propostas são livres para modificações, porém foram

pensadas para serem de fácil acesso e aplicabilidade. A primeira destas

atividades foi aplicada por mim a uma turma de ensino médio e discutirei esta

experiência na próxima seção.

3.1 – Aula sobre Força de Lorentz

PLANO DE AULA

Conteúdo: Força Magnética

Objetivo Geral: Analisar as diferentes formas de uso da força magnética.

Objetivo Específico: Aprender sobre a força magnética na presença de

campos magnéticos constantes.

Recursos Utilizados: Vídeo-aula no YouTube, material para o Questionário

de Aprendizagem e tutorial.

Desenvolvimento: Nos primeiros momentos da aula o professor retomará o

que foi visto no vídeo, destinando um tempo para tomada de dúvidas e de

Page 19: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

19

aprofundamento no conteúdo. Após esse tempo, retomaremos para uma

conclusão geral sobre o conteúdo abordado.

Avaliação: Na avaliação levaremos em conta o aluno que viu ao vídeo e

respondeu o questionário online, assim como, a participação na aula

presencial na realização do tutorial.

Eletricidade e magnetismo são conteúdos que muitos professores

encontram dificuldades em ensinar para os alunos, e é comum o aparecimento

de diversas dúvidas entre os docentes. Abaixo estão disponíveis os links para

as aulas que eu gravei para ensinar a estudantes do ensino médio a força

magnética.

Link parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=eM6FlOQHu6k

Link parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=NjW0zZthCzo

Os vídeos foram gravados através do aplicativo para computador

chamado Open Broadcaster Software (OBS), que é um programa de streaming e

gravação gratuito e de código aberto mantido pelo OBS Project que pode ser

obtido através do link https://obsproject.com/pt-br/download. A versão para

Windows do OBS Studio suporta o Windows 7, 8, 8.1 e 10. Tem também versão

para MacOS do OBS Studio, suportando o MacOS 10.10 ou superior. Por fim,

existe também uma versão para Linux.

Estes vídeos devem ser disponibilizados para os alunos antes da aula.

Em sala de aula haverá a discussão do assunto apresentado nos vídeos.

Passando este momento, o professor dividirá a turma em pequenos grupos de 3

a 4 pessoas. Nestes grupos os alunos serão responsáveis por fazer um

Questionário de Aprendizagem (Apêndice 7.2). Durante esta atividade, o

professor poderá andar pela sala esclarecendo dúvidas ou questionamentos,

mas sempre com o pensamento de deixar os alunos trabalharem entre si.

Depois de acontecido este encontro, nos últimos momentos da aula o

professor pode interagir com a turma como um todo a fim de se obter um resumo

ou uma conclusão sobre o conteúdo estudado. Pode-se, por exemplo, perguntar

Page 20: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

20

para os alunos: “como podemos então concluir nosso novo conteúdo?”,

“sairemos hoje com o que em nossa cabeça?”, entre outras perguntas com o

objetivo de conclusão sobre o conteúdo apresentado. É importante deixar os

alunos se sentirem responsáveis e participantes da aprendizagem, conforme

discutido na seção anterior.

3.2 – Aula sobre Cinemática

PLANO DE AULA

Conteúdo: Cinemática

Objetivo Geral: Conseguir relacionar as relações da cinemática com

problemas do dia a dia.

Objetivo Específico: Analisar o movimento relativo, velocidade e aceleração.

Recursos Utilizados: Material disponibilizado pelo professor previamente,

post-it e caneca.

Desenvolvimento: Previamente a aula sobre cinemática o professor

disponibilizará aos estudantes o material didático. Na aula presencial o

professor retoma o que foi feito no material disponibilizado, separando

posteriormente a turma em grupos menores e faz uma brincadeira conhecida

como “quem eu sou?”

Avaliação: Na avaliação vale a pena observar como está sendo desenvolvido

o jogo do “quem eu sou?”. Pois durante a brincadeira poderá ser observado

se o aluno assimilou o conteúdo visto.

Cinemática é considerada por muitos professores de física um conteúdo

fácil de ser lecionado para os alunos, porém muitos já caíram no conformismo

Page 21: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

21

de utilizar apenas um mesmo método de ensino para este conteúdo. Além disto,

é um assunto que frequentemente os estudantes não gostam muito de estudar.

Segue no apêndice 7.1 o material a ser disponibilizado aos estudantes

uma semana antes da aula sobre o conteúdo de cinemática. Depois deste

momento o professor dividirá a turma em alguns grupos que participaram do jogo

“quem sou eu?”. O objetivo do jogo é fazer com que o conteúdo visto seja fixado

por meio de uma brincadeira lúdica.

Cabe ao professor dividir os grupos e pedir para que cada aluno escreva

em um papel alguma palavra física sobre o conteúdo visto. O aluno gruda o post-

it na testa e começa a fazer perguntas genéricas com a proposta de querer

descobrir qual é a palavra em sua testa. Os outros alunos respondem à pergunta

com sim ou não. Cada participante do grupo faz apenas uma pergunta por vez,

até reiniciar a rodada.

Page 22: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

22

4 – APLICAÇÃO DA METODOLOGIA

Com o objetivo de aplicar o que discutimos na seção anterior, o método

da sala de aula invertida foi aplicado por mim em uma turma do Segundo Ano do

Ensino Médio de uma escola particular na qual leciono aulas de física. Nesta

seção descrevo a aplicação que fiz da atividade 3.1 descrita anteriormente no

meu ambiente de trabalho.

A pesquisa foi feita com 26 alunos, todos com idades próximas entre si e

estudando na mesma escola onde estiveram juntos desde o início do ensino

médio. A pesquisa teve a intenção de fazer um comparativo entre alunos do

ensino médio que utilizaram esta metodologia de ensino e os que não a

utilizaram.

A turma foi dividida em dois grandes grupos. O grupo A teve uma aula

convencional como já vinham tendo durante todo o ano. Já ao grupo B foi

aplicada a metodologia da sala de aula invertida. A seleção dos alunos que

compuseram os grupos A e B foi realizada por meio da lista de presença. O

critério escolhido por mim foi selecionar os alunos de número ímpar para assistir

o vídeo, deixando os alunos de número par com a aula expositiva tradicional.

Segui este procedimento para evitar qualquer viés.

Cada grupo era composto por 13 alunos. Os dois grupos tiveram a aula

presencial no mesmo dia e com o mesmo professor, no caso eu mesmo. Ambos

foram submetidos ao final da aula presencial a um teste que qualifiquei como

sendo um “Questionário de Aprendizagem” (disponível no apêndice 7.2), onde

minha intenção era a de conseguir alguns dados sobre a utilização da

metodologia que estava sendo usada. O questionário foi conceitual, com

perguntas qualitativas. Minha intenção era conseguir comparar a compreensão

deles através de dois métodos de ensino, um dito ativo e outro sendo tradicional.

O assunto selecionado para os grupos foi o de força magnética. O grupo

A não teve nenhuma informação prévia de qual seria o assunto tratado, assim

como já estava sendo feito desde o início do ano. Coloquei o conteúdo no

quadro, esperei os alunos copiarem. A partir de então, comecei a explicação

expositiva. Já para o grupo B foi enviado uma semana antes um vídeo com a

Page 23: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

23

intenção de chegar ao encontro presencial já tendo assistido ao vídeo

previamente sobre o assunto. A gravação foi através de uma apresentação de

powerpoint gravada pelo aplicativo OBS, capturando assim a imagem da tela do

computador e a voz emitida.

Em sala de aula o grupo A teve a mesma aula que durante o decorrer do

ano, foi utilizado 2 tempos de aula onde aconteceram aulas expositivas apenas,

sem tempo para aplicação de exercícios. Já para o grupo B o tempo em sala de

aula foi dedicado para tirar dúvidas, debates e a resoluções das questões

propostas no vídeo que os alunos assistiram. O “Questionário de Aprendizagem”

foi aplicado para os grupos A e B ao final da aula presencial.

Imagem do vídeo apresentado, disponível no link colocado na seção 3.1

Page 24: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

24

Imagem do vídeo apresentado, disponível no link colocado na seção 3.1

O vídeo foi dividido em duas partes, cada uma durando em média 6

minutos. O vídeo foi disponibilizado através do YouTube. Uma coisa curiosa

aconteceu assim que cheguei na escola, quando três alunos me procuraram

antes da aula para dizer que não tinha entendido muito bem como funcionava a

“regra da mão direita”. Achei isso fantástico! Talvez você esteja pensando: Mas

mesmo vendo o vídeo os alunos lhe procuraram para tirar dúvida ainda? Pois é,

sim, procuraram, e isso que é bom. Apenas o interesse em me procurar, antes

mesmo da aula presencial para perguntar algo com o qual ficou com dúvida é

sensacional! Realmente o engajamento desse grupo B já estava aparentemente

maior. Isso ainda me motivou a entrar na sala de aula deles.

Abaixo apresento os resultados obtidos por cada grupo no questionário

(disponível no apêndice 7.2) respondido pela turma após a aula.

Page 25: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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Número de alunos participantes: total = 26

- Não assistiram ao vídeo = 13

- Assistiram ao vídeo = 13

- Média dos alunos que assistiram ao vídeo = 7.5

- Média dos alunos que não assistiram ao vídeo = 4.3

ALUNOS QUE NÃO ASSISTIRAM AO VÍDEO ALUNOS ASSISTIRAM AO VÍDEO

13 13

0

2

4

6

8

10

12

14

MER

O D

E A

LUN

OS

7,5

4,3

ALUNOS QUE ASSISTIRAM AO VÍDEO ALUNOS QUE NÃO ASSISTIRAM AO VÍDEO

Média dos alunos

Page 26: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

26

O valor da variância, que é uma medida de dispersão que mostra quão

distantes os valores estão da média, foi calculado. Para os alunos que assistiram

ao vídeo e os alunos que não assistiram ao vídeo, o valor da variância foi,

respectivamente, 1.96 e 5.29.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

MÉDIA

Média com variância

ALUNOS QUE ASSITIRAMAO VÍDEO

-2

0

2

4

6

8

10

MÉDIA

Média com variância

ALUNOS QUE NÃOASSITIRAM AO VÍDEO

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Questão 1:

- Acertos dos que viram = 13

- Acertos dos que não viram = 7

Questão 2:

- Acertos dos que viram = 10

- Acertos dos que não viram = 8

13

7

ACERTOS DOS QUE ASSISTIRAM ACERTOS DOS QUE NÃO ASSISTIRAM

Questão 1

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Questão 3:

- Acertos dos que viram = 13

- Acertos dos que não viram = 9

10

8

ACERTOS DOS QUE ASSISTIRAM ACERTOS DOS QUE NÃO ASSISTIRAM

Questão 2

13

9

ACERTOS DOS QUE ASSISTIRAM ACERTOS DOS QUE NÃO ASSISTIRAM

Questão 3

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29

Questão 4:

-Acertos dos que viram = 6

-Acertos dos que não viram = 3

É certo que existem muitos pontos sobre esses dados, por exemplo:

- Alunos que assistiram: tiveram duas notas dez e nenhuma nota zero.

- Alunos que não assistiram: teve uma nota zero e nenhuma nota dez.

6

3

ACERTOS DOS QUE ASSISTIRAM ACERTOS DOS QUE NÃO ASSISTIRAM

Questão 4

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5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

Algumas conclusões acerca da aplicação da sala de aula invertida foram

obtidas por opiniões de alunos da UFF que realizaram as disciplinas de Mecânica

Geral e Física da Matéria Condensada no primeiro período de 2018, onde foi

utilizado o método de sala de aula invertida. Também foram colhidas

informações de alunos do Ensino Médio da mesma turma que foi citada acima.

Segue link das páginas do YouTube:

- Mecânica Geral:

https://www.youtube.com/channel/UCDCjVyYcYjnuNHNJImUGh9A

- Física da Matéria Condensada:

https://www.youtube.com/watch?v=dL1RbItNiRs&list=PL8zzcM7NAIdjAROvWM

2cVOW4JyI4QkBao

Os alunos responderam a um questionário totalmente voluntário e

anônimo com o objetivo de saber a opinião deles sobre a utilização do método

de sala de aula invertida. No questionário foram feitas as seguintes perguntas:

“Você acha que o uso da sala de aula invertida funciona em qualquer nível de

ensino? (Exemplo: funciona no ensino médio? No ensino superior? No início ou

no final do curso?) Justifique.”, também foi perguntado: “Você acha que o

conteúdo foi melhor aprendido com metodologia ativa da sala de aula invertida

do que pelo método tradicional?”, ainda foi pedido: “Descreva na sua opinião

pontos positivos e pontos negativos sobre o método de sala de aula invertida.

Justifique.” e “Descreva sua experiência com a metodologia da sala de aula

invertida.”.

Sobre a turma de Mecânica Geral, as aulas vistas pelos alunos antes do

encontro presencial foram vídeos de aulas expositivas gravadas, sendo assim

foram obtidos relatos sobre a aplicação do método que exaltam a qualidade de

aprendizagem obtida, mas também criticam o tempo gasto. Alunos relataram que

o tempo em sala de aula para debates e explicação de dúvidas é um ponto

positivo, assim como a fixação dos conteúdos devido ao fato de chegarem a sala

Page 31: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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de aula já com o conteúdo na cabeça, a conexão feita com os colegas da classe

e a constante troca feita entre alunos e professor.

Respondendo sobre pontos negativos os alunos do curso de Mecânica

Clássica expõem que a demanda de tempo necessário precisa ser maior para

disciplinas que dispõem deste método.

“Excelente experiência” disse um dos alunos. Outro disse: “Uma boa

experiência, onde grande parte da turma foi aprovada”. Os alunos relatam que

“Apesar de impactante no início pelo ritmo acelerado de listas e videoaulas, foi

muito bom pra formação ter aprendido mecânica utilizando este método”. Outro

fato importante a ser visto é o que um dos alunos comentou em sua resposta

sobre a sua vivência com o método de sala de aula invertida. O aluno deixa claro

que teve uma trajetória positiva com o método, pois conseguia fazer o que lhe

era proposto, porém “amigos que não tinham o tempo demandado ficaram

prejudicados por não conseguir acompanhar o ritmo”, diz o aluno.

Sobre a turma de Física da Matéria Condensada, os alunos viram antes

da aula presencial vídeos de aulas por slide com o áudio do professor. As

conclusões apresentadas pelos alunos foram interessantes, pois como esta

disciplina é uma disciplina do final do curso de física os alunos puderam

expressar suas experiências de forma mais concreta, pois já passaram por

muitos professores e métodos de ensino. Um aluno disse que “o tempo dedicado

aos vídeos e dúvidas foi sem duvidas o fator mais importante. Uma vez que já

havia lido o livro e assistido ao vídeo pude aprender muito com o tempo dedicado

a discussão”. Foi percebido com as falas dos alunos que para eles “chegar

sabendo e podendo tirar dúvidas” foi algo valioso e gera uma “dinâmica melhor”.

Sobre os pontos negativos desta turma os estudantes destacaram que

precisam estar focados, motivados e com menos disciplinas, o que para um final

de curso é comum. Mas mesmo assim um aluno destaca que se o aluno não tem

tempo para se dedicar e oferecer a devida atenção à disciplina “acaba-se

tornando uma forma de ensino segregadora”.

Com relação a turma do Ensino Médio os relatos dados pelos alunos

contribuíram para reflexão da aplicabilidade do método de sala de aula invertida.

Page 32: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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Um ponto positivo citado por um aluno foi que “a sala de aula invertida ajuda

principalmente os alunos com dificuldade de concentração”. Depois o aluno

explica: “tive muito mais facilidade de aprender com o método, pois pelo fato de

conhecer o assunto e conseguir entender o que o professor falava tornou mais

difícil eu deixar de prestar atenção”.

O ponto negativo ressaltado pela turma foi que na opinião de les o aluno

precisa necessariamente ter visto ao vídeo, senão durante a aula presencial o

mesmo “poderia ser excluído por não ter o conhecimento adquirido por todos os

outros”. Algo que ficou bem claro durante os relatos dos alunos da turma no

Ensino Médio foi que os estudantes vêem a necessidade de ter algum tipo de

motivação para assistir ao vídeo ou a algum material de estudo dado antes do

encontro presencial. A fala de um dos alunos com relação a isso foi: “um ponto

negativo é que se o aluno não quiser ver o material não fará diferença nenhuma”.

O aluno tenta deixar a entender que para o material ser visto precisa-se de

alguma coisa recompensadora para o seu ato.

Dentre as perguntas feitas aos estudantes foi perguntado se eles

achavam que o método da sala de aula invertida funcionaria em qualquer nível

de ensino. Em relação a isso os alunos ficaram bem divididos, pois ainda não

sabem se funcionaria, pois crêem que para a melhor efetivação precisa ser

cultural o hábito de se inverter a sala de aula.

Page 33: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

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Porém, uma curiosidade foi encontrada. Quando foi perguntado para os

alunos se o conteúdo visto foi melhor aprendido com o uso do método de sala

de aula invertida ao invés do método tradicional, tivemos um resultado positivo.

Vale a pena ressaltar que as conclusões aqui tomadas não representam

dados estatísticos, já que temos pouca quantidade de dados, mas sim

informações dadas pelos próprios alunos que experimentaram o método de sala

de aula invertida. Pode-se perceber que além de ser aplicado o método da sala

de aula invertida, se torna necessário pensar sobre como se avaliar os

estudantes depois do método aplicado.

Segundo HAYDT (2000) é parte do trabalho docente verificar e julgar o

rendimento dos alunos, avaliando os resultados do ensino. HOFFMANN (1997)

diz: “A avaliação é essencial à educação”. Sabe-se que a avaliação está sempre

presente na sala de aula e faz parte da rotina de uma escola. Portanto, é

responsabilidade do professor sempre aperfeiçoar suas técnicas. Assim, será de

meu grande interesse dar continuidade no mestrado e por diante a pesquisas

sobre metodologias ativas para o ensino de física e seus métodos de avaliação.

Page 34: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

34

6 - BIBLIOGRAFIA

AUSUBEL, David Paul, NOVAK, Joseph e HANESIAN, Helen. Psicologia

educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.

E. Mazur, Peer Instruction: A Revolução da Aprendizagem Ativa (Penso

Editora LTDA, Porto Alegre, 2015).

F. Hernández, Transgressão e Mudança na Educação: Os Projetos de

Trabalho (Artmed, Porto Alegre, 1998).

FARIAS, Isabel Maria Sabino de Didática e docência: aprendendo a

profissão. 2.Ed. Brasília: Líberlivro, 2009, p.11-53.

G.M. Novak, E.T. Patterson, A.D. Gavrin and W. Christian. Just-in-

Time Teaching: Blending Active Learning with Web Technology (Prentice

Hall, Upper Saddle River, 1999).

GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido.

Novo Hamburgo: Feevale, 2003.

HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. São

Paulo: Ática, 2000.

H.S. Barrows e M.R. Tamblyn, Problem-

Based Learning: An Approach to Medical Education (Springer, New York,

1980).

HOFFMANN, J.M.L. Avaliação – mito e desafio. Porto Alegre: Mediação, 1997.

KIELT, Everton Donizetti. Utilização integrada do Just-in-time e

PeerInstruction como ferramenta de ensino de mecânica no ensino médio

por APP. 2017.

KENSKI, Vani M. Tecnologias e tempo docente. Campinas: Papirus, 2013.

L.K. Michaelsen, A.B. Knight and L.D. Fink, Team-Based Learning:

A Transformative Use of Small Groups in College Teaching (Stylus Publishi

ng, Sterling, 2004).

Page 35: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

35

MASETTO, Marcos T. Mediação pedagógica e tecnologias de informação e

comunicação. In: MORAN, José M.; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Maria

A. (Org.) Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2013.

PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Artmed, 2000.

STEDILE, N. L. R., & FRIENDLANDER, M. R. Metacognição e ensino de

enfermagem: uma combinação possível? Revista Latino-Americana de

Enfermagem, 11, 6, 2003,792- 799.

WOLF, F. (1993). Três Figuras do Discípulo na Filosofia Antiga. Discurso,

(22), 123-152.

Page 36: LOHAN WALKER - Universidade Federal Fluminense

36

7 – APÊNDICES

7.1)

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37

7.2)

nossa aula, coloquei o conteúdo no quadro, esperei copiarem e comecei a

plicação.

Questionário de Aprendizagem

1. Qual a formulação matemática da força de Lorentz?

a) Fm= mghcos ɵ

b) FL = qmvcos ɵ

c) Fm = qvBsen ɵ

d) FL = Bgmsen ɵ

2. A regra da mão direita para a Força de Lorentz é feita por meio de quais grandezas físicas?

a) Velocidade; Aceleração; Posição

b) Força; Aceleração; Campo Magnético

c) Campo Magnético; Velocidade; Força

d) Aceleração; Massa; Velocidade

3. O que acontece com a Força de Lorentz quando o sen ɵ = 0 e v = 0, respectivamente?

a) F = 0; F = 1

b) F = 0; F = ∞

c) F = ∞; F = 0

d) F = 1; F = 0

4. Qual a direção e sentido da força de Lorentz?

a) b) c) d)