william walker atkinson - a forca do pensamento

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  • A FORA DO PENSAMENTO

    (Apresentao colocado na dobra) Pode o nosso pensamento modificar as situaes desagradveis, a ponto de

    tornar-nos felizes e triunfantes? A resposta afirmativa encontrar o leitor nas pginas deste livro. Afirma Atkinson

    que, quando pensamos, emana de ns uma corrente etrea que, at certo ponto, semelhante ao raio da luz, penetra na mente de outras pessoas e l exerce a sua influncia, mesmo que estejamos separados por uma grande distncia.

    Todo pensamento que emitimos um poder mais ou menos considervel, conforme a energia que empregarmos no momento de sua irradiao.

    Quando um forte pensamento projetado, as suas vibraes vencem a resistn-cia instintiva oposta por muitas pessoas, s influncias que vm do exterior.

    Um pensamento fraco, ao contrrio, no ser capaz de se insinuar na mente de terceiros, a menos que esta se encontre sem defesa.

    Pensamentos fortes, repetidamente projetados na mesma direo, acabaro finalmente por penetrar onde uma s vibrao teria sido repelida.

    Muito mais do que supomos, os pensa-mentos alheios exercem sobre ns consi-dervel influncia.

    coisa extraordinria observarmos que o nosso triunfo parece depender completamente do grau da f que tivermos na fora do nosso pensamento.

    Por isso uma f hesitante, acompanhada de dvidas, no trar seno resultados imperfeitos, ao passo que uma f convicta, acompanhada da certeza de que "obteremos o que quisermos", far milagres.

    Rezam as Escrituras: "Pedi e recebereis; batei e abrir-se-vos-". Mas esse pedido deve ser feito com o impulso de uma f inabalvel e de plena confiana no xito.

    Tudo ser nosso, se nos dermos ao trabalho de querer enrgicamente. Todavia, no devemos empregar a fora do pensamento com o intuito de prejudicar o prximo, nem para nos divertirmos ou satisfazer a frvola curiosidade dos nossos amigos.

    O poder do nosso pensamento se desenvolve com os exerccios de concentrao dirios, do mesmo modo que nossos msculos se desenvolvem, mediante uma ginstica metdica.

    Encontramos neste livro inmeros exerccios de fcil execuo, os quais nos ensinam como a fora do pensamento pode ajudar-nos; como devemos exercer influncia atrativa, a grande distncia, emitindo ondas mentais telepticas; a arte da concentrao e da defesa pessoal contra as ms vibraes mentais de outrem; como obtermos favorveis efeitos da nossa influncia mental, aplicada antes de uma entrevista, bem como a aplicao do olhar magntico e vrias outras lies de valor incalculvel.

    Advertimos o leitor que os nossos pensamentos exercem influncia sobre ns mesmos; portanto aproveite para o seu prprio bem e de outrem essa fora que deixou tanto tempo, sem um cultivo metdico.

    Formulamos aqui, nossos votos de bom xito, adquirido pelo estudo e aplicao destas lies to simples e valiosas!

  • A FORA DO PENSAMENTO

  • WILLIAM WALKER ATKINSON

    A FORA DO PENSAMENTO

    SUA AO NA VIDA E NOS NEGCIOS CONHECIMENTOS PRTICOS DAS FORAS DA ALMA HUMANA PODER DO PENSAMENTO, CONCENTRAO DE ENERGIA E LIES DE MAGNETISMO PESSOAL, INFLUENCIA PSQUICA

    EDITORA PENSAMENTO

    SO PAULO

  • Ano87-88-89-90-91-92

    Direitos reservados EDITORA PENSAMENTO LTDA.

    Rua Dr. Mrio Vicente, 374 - 04270 So Paulo, SP - Fone: 63 3141

    Impresso em nossas oficinas grficas.

  • A PROPSITO DESTE LIVRO

    Dando a ler ao pblico mais esta obra do filsofo norte-americano William

    Walker Atkinson, a Editora Pensamento Ltda., que de h muito vem conquistando os aplausos e o favor do mesmo pblico com as edies de outras obras deste abalizado Autor, amplia e enriquece a nossa literatura com uma jia de inesti-mvel valor.

    "A Fora do Pensamento" contm ensinos admirveis; um desses livros capazes de dar uma nova orientao vida de um homem e elev-la a planos superiores, estando ainda no plano fsico.

    No meio em que vivemos e para o qual escrevemos - meio, alis que nossos esforos pela propagao dos ideais espiritualistas, j familiarizou com os altos ensinos deste grande mestre - este livro, cremos ter uma grande aceitao, pois, de um modo ou de outro, lana nova luz, pela clareza e simplicidade de sua exposio, em muitos pontos por ele j tratados em outros livros seus, que so numerosos e interessantes.

    Uma feio importante e a mais natural desta obra o modo, explicado nos exerccios, de praticar os seus ensinos ou antes as suas utilssimas lies, de que fizemos outros tantos captulos. Aqui onde o Autor revela excelentemente seu carter americano. Quem

    se der ao trabalho de ler esta obra, dever sentir-se bem disposto a praticar os seus ensinos. O Autor no oferece uma literatura imaginosa, antes relata os fatos com simplicidade, e, por ser verdadeira, esta simplicidade j lhe granjeou entre as almas sinceras a mais franca e cordial simpatia.

    Aos nossos leitores oferece a Editora mais esta jia de subido valor e, sobretudo, um tesouro de conhecimentos inestimveis.

    O ouro brilha, as pedras preciosas fulgem, do riqueza, glria e fausto terrestres; mas quantas e quantas vezes recamam as vestes daqueles cujos coraes sofrem sob a desgraa e o luto!

    Outra coisa a riqueza que se adquire da leitura e meditao dos captulos deste livro e, sobretudo, da prtica de seus ensinos. Esta a riqueza verdadeira; a conquista da virtude, o prazer, a alegria, a coragem na luta, o triunfo na vida.

    A Editora Pensamento, dando ao pblico mais esta jia dos ensinos espiritualistas do grande Atkinson, nada mais faz do que pr a felicidade ao alcance de todos quantos a buscam com seriedade.

  • CAPITULO I

    DISCURSO PRELIMINAR

    Concepes de outros autores - Falsas teorias - Vegetarismo - Celibato - Corrente restauradora - Respirao forte - Fizeram-se grandes progressos, mas graas observao, no s teorias - A existncia do magnetismo animal, nos tempos presentes, um fato inegvel, evidente, e no um problema a resolver - resultado da experincia, e no das teorias - Publicar teorias favoritas um ato pouco louvvel - No aceiteis nada que no possa provar-se.

    As teorias so simplesmente bolhas de sabo que servem de brinquedo s

    crianas da cincia. A maioria dos autores que tm versado este assunto, quis provar que o

    magnetismo existe de fato, e que se explica, fcil e claramente, por certas das suas teorias favoritas. Quase todos os seus esforos tm empregado, visando este efeito, desprezando muita personalidade. Atribuem uns o poder de exercer certa influncia sobre outrem, ao regime vegetariano, esquecendo uma coisa principal: - que muitas pessoas mais "magnticas" fazem dos seus estmagos asquerosos cemitrios de cadveres. Querem outros que a chave do enigma seja o celibato, a abstinncia da carne, apesar de ser incontestvel que a maioria dos "magnticos" no difere, neste particular, de outros menos magnticos. Um terceiro partido afirma ver no ar, que por todos os lados nos cerca, o portador da fora magntica; por isso, dizem que a respirao forte nos permite absorver uma forte quantidade de matria restauradora e cumular-nos dessa fora como de uma matria eltrica.

    E assim sucessivamente; cada qual faz o elogio da sua idia preferida. Tratarei de combater os supracitados sistemas, sem nenhuma reserva. Sem que eu seja um vegetariano declarado, simpatizo, contudo, com aqueles

    que presumem ver, nesse sistema, o regime ideal; se bem que, por minha parte, eu no viva em celibato, vejo muito bem que, na doutrina da abstinncia, no h seno uma opinio possvel; quanto ao alto valor da absoro da "fora magntica" como parte integrante da atmosfera, sou, entretanto, um grande amigo da respirao forte, persuadido de que, se ela fosse praticada mais amide, um grande nmero de doenas e fraquezas do corpo desapareceria da face do globo.

    Todas estas coisas so excelentes, mas um bocadinho de reflexo demonstrar claramente que no so Estes os principais fatores que colaboram na produo da fora chamada Magnetismo animal. Os escritores que se tm ocupado deste assunto terminam, de ordinrio, por fazer brilhar, aos olhos deslumbrados dos seus leitores, todas as grandes possibilidades que existem para os que tm sabido apropriar-se desta fora e aprendido a fazer uso dela. Mas, quanto maneira de se apropriarem dela, isso que eles nada, absolutamente dizem, ou quase no falam. Este fato est fora do domnio da demonstrao da verdade das suas teo-rias. So pregadores, esses senhores, e no professores; erigem as suas opinies em teorias e no em fatos.

    O verdadeiro progresso que este ramo da cincia humana tem feito, deve-se, no aos telogos, mas a um pequeno nmero de experimentadores srios que tm feito inumerveis experincias e examinam de perto tudo o que pode lanar mais viva luz no objeto das suas investigaes. Estes ltimos foram os que elevaram este objeto de maravilhosas pesquisas acima dos meios em que ele no era somente o objeto de especulaes cientficas e financeiras, e, por sua vez, foram tambm os que o estabeleceram sobre uma base verdadeiramente cientfica.

    O autor deste livro estudou e experimentou neste campo durante longos anos; e pela presente obra quer tentar fazer conhecer aos seus discpulos certas verda-

  • des fundamentais que so o fruto de labores, tanto de investigaes como de experincias, dos seus colaboradores e de si prprio.

    Eis porque as presentes lies sero consagradas, quanto possvel, ao programa seguinte: determinar fatos provados e um ensino racional, sem nos ocupar-nos de teorias, a no ser no caso em que seja impossvel dispens-las.

    Recearia depreciar-vos a inteligncia, fornecendo--vos uma argumentao completa que tivesse por fim demonstrar a existncia da fora maravilhosa que existe em estado latente, certo, em todo o homem, e que s alguns deles desenvolvem, se bem que tal desenvolvimento seja possvel a todo ser humano. A essa fora que, falta de melhor, se deu o nome de Magnetismo animal.

    Querer demonstrar a algum de medocre instruo o fato do" m exercer certa influncia na agulha

    magntica, ou de os raios X atravessarem o corpo humano e matrias ainda mais opacas que este, seria querer demonstrar-lhe a existncia da telegrafia que permite seja uma notcia transmitida ao longo dos fios, pela eletricidade, ou mesmo atravs da atmosfera, sem necessidade de fios. Mas, ao homem educado, com conscincia da sua razo e da existncia dos fenmenos supracitados, seria suprfluo querer provar, mais uma vez, a existncia deles. Quem se interessar por estas coisas, desejar saber como funcionam tais foras para se achar em estado de agir com elas quando queira. Para o discpulo desejoso de conhecer o funcionamento do Magnetismo animal, a coisa absolutamente idntica. Todos os dias sabe ou, melhor ainda, todos os dias v na roda que o cerca, prodgios realizados graas a ele. Pode, porm, acontecer que ele tenha conscincia de alguma coisa mais do que saber que j desenvolveu essa fora at certo ponto em si prprio, e, em tal caso, o seu desejo ser conhecer mais completamente a fora que em si dormita e servir-se dela na prtica da vida. Eis porque no quero tratar de provar a existncia desta fora; no o julgo necessrio.

    Tenho tambm o propsito de evitar tratar das inumerveis teorias que at hoje tm sido emitidas, no intuito de dar conta dos fenmenos do Magnetismo animal, por ser fastidiosa e sem utilidade alguma semelhante discusso.

    No me permito a mim tambm, de modo algum, o luxo de teorias favoritas, e, portanto, no as emitirei. O que eu quero ensinar-vos como obterdes resultados, deixando-vos plena liberdade de terdes tantas teorias quantas vos aprouverem, e at, tambm, a liberdade de criardes vs mesmos uma teoria conforme as vossas opinies pessoais.

    Expor-vos-ei, em poucas palavras, o que sei a respeito da causa dos fenmenos de que falo neste livro, deixando-vos a liberdade de aceitar ou rejeitar toda a teoria, visto como os resultados obtidos no dependem, absolutamente, de um ponto de vista qualquer, em relao f prestada a tal ou tal teoria. Grande nmero de experimentadores, que tm obtido bons resultados, tm rejeitado sucessivamente todas as teorias estudadas, acabando por abandonarem qualquer explicao da causa verdadeira dos resultados e contentando-se em continuar a fundar as suas investigaes sobre qualquer teoria dogmtica, por tanto tempo quanto obtiveram os resultados.

    Depois desta curta introduo, que me pareceu necessria, quero abandonar o terreno da teoria e entrar no domnio da prtica e da aplicao. Quero ensinar-vos o desenvolvimento e a aplicao desta fora poderosa, para vos tornar capazes de obterdes os resultados que outros tm obtido. Talvez vs tambm, um dia, sejais um experimentador e um guia, que nos ajude a levantar a tempestade que h de rasgar o vu de superstio que, por tanto tempo, tem ocultado a verdade a respeito deste assunto.

    Peo-vos tambm que nada queirais aceitar que no possais demonstrar, depois de ter aprendido a conhecer Estes ensinos.

  • CAPITULO II

    NATUREZA DA FORA

    A natureza da fora no magntica - A corrente sutil das ondas dos pensamentos - Os pensamentos so coisas - Os nossos pensamentos exercem influncia tanto sobre ns prprios, como sobre os outros - Uma mudana de ocupao seguida de uma mudana do exterior - Os pensamentos revestem uma forma nas aes - O pensamento a fora mais poderosa do universo - "Posso, quero, no quero" - Ensino prtico sem argumentaes metafsicas - A fora atrativa do pensamento.

    maioria dos homens representa-se o Magnetismo animal como uma corrente

    emanante do corpo da pessoa magntica e atraindo tudo o que se acha no seu campo magntico.

    Se bem que, em suma, esta aceitao seja falsa, contm ela, no obstante, o germe da verdade. fato que existe uma corrente atraente, emanante do homem, porm que no uma forma magntica no sentido que o termo "magntico" supe, em relao com o m ou com a eletricidade. Posto que a corrente magntica humana oferea, pelo que toca aos seus efeitos, alguma semelhana com as duas foras, alis da mesma natureza, na realidade no existe entre si nenhuma relao pelo que diz respeito sua origem ou sua essncia.

    O que entendemos por magnetismo animal a corrente sutil das foras do pensamento ou das vibraes do pensamento que emanam da alma humana. Todo pensamento criado pela alma um poder mais ou menos considervel, conforme a impulso, que se manifesta no momento do seu nascimento, tenha sido mais ou menos violenta. Quando pensamos, emana de ns uma corrente etrea que, at certo ponto, semelhante ao raio da luz, penetra at alma das outras pessoas e a faz valer a sua influncia, mesmo que os indivduos se achem separados por uma grande dis-tncia. Um forte pensamento , a bem dizer, projetado. Que se passar? Esse pensamento vencer, muitas vezes, pelo seu grande poder, a resistncia instintiva oposta por muitas almas s impresses que vm do exterior; um pensamento fraco no ser capaz de se insinuar na fortaleza da alma, a menos que esteja quase sem defesa. Pensamentos projetados por diferentes vezes, uns aps outros, na mesma direo, acabaro no fim de contas, por penetrar onde uma s onda teria sido repelida, mesmo que ela fosse muito mais que uma lei fsica no mundo psquico, fenmeno expresso no velho adgio: "A unio faz a fora", o qual aqui mais de uma vez se confirma.

    Os pensamentos de outrem exercem, em ns, influncia muito maior do que supomos. No so as suas idias e opinies que eu tenho em vista, mas os seus pensamentos. E eis, a meu ver, a expresso assaz justa de um autor clebre que tratou deste assunto: "Os pensamentos so coisas".

    Isso rigorosamente verdadeiro. Os pensamentos so coisas, e at coisas muito poderosas. A menos que se no reconhea esta verdade, achamo-nos abandonados aos caprichos de uma fora poderosa, cuja natureza ignoramos absolutamente e cuja existncia contestada por um nmero imenso de pessoas da nossa roda. E se, pelo contrrio, conhecemos a natureza desta fora e as leis a que ela est submetida, nesse caso existe a possibilidade de fazermos dela um auxiliar e um instrumento obediente nossa vontade.

    Todo pensamento nosso, quer seja fraco ou forte, bom ou mau, so ou doentio - todo pensamento, disse eu, projeta as suas ondas de vibraes rpidas, e so essas que exercem a sua influncia sobre cada pessoa com quem nos relacionamos ou que de ns se aproxima, de maneira a entrar no raio das vibraes do nosso pensamento. Para se fazer uma idia dessas vibraes do pensamento, s temos que observar o que se passa quando atiramos uma pedra gua. A partir do centro, os

  • crculos se propagam e vo aumentando. Mas, quando um pensamento projetado com fora na direo de um certo

    objeto, claro que ser sobretudo nesse ponto que a influncia dessa fora se far sentir.

    No semente sobre outrem que os nossos pensamentos exercem a sua influncia. Ns prprios sofremos tambm, e no essa uma impresso passageira; tanto que ficamos marcados por ela para sempre. Pode-se tomar ao p da letra a passagem bblica, que diz: "Dize-me o que pensas, dir-te-ei quem s". Somos formados e desenvolvidos pela criao da nossa alma. Sabeis, talvez, que faclimo mostrar cara de descontente, mas no sabeis, porventura, que esse mesmo pensamento, repetindo-se a cada instante, no deixa de exercer a sua influncia no s sobre o carter (o que um fato indiscutvel), mas ainda sobre o exterior do pensador. E de que um fato indiscutvel, podeis convencer-vos, olhando em roda de vs. Sem dvida, fostes impressionado por uma particularidade que cada dia se vos apresenta, porque o carter e o exterior do indivduo ostentam, a bem dizer, o cunho da sua profisso. A que atribus isto? Ao pensamento, e no a outra coisa. Se vos sucede mudar de profisso, o vosso carter e o vosso exterior sofrero modificaes mais ou menos sensveis, correspondentes ao curso dos vossos pensamentos, que, naturalmente, deve ter mudado como as vossas novas funes.

    No h nada que nos deva assombrar. A vossa nova profisso suscitou uma srie de pensamentos, e "os pensamentos tomam uma forma fixa nas aes".

    Pode ser que nunca tenhais pensado em vos colocardes sob este ponto de vista, que, alis, no o nico recomendvel, como, por numerosas provas, vo-lo poder testemunhar a roda que vos cerca.

    O homem que est sempre cheio de pensamentos enrgicos, mostra energia na vida. Aquele que ali-menta pensamentos corajosos, manifesta-se como corajoso. O homem que pensa: "Eu posso, eu quero", vai para diante, ao passo que o que pensa: "Eu no posso", fracassa. Bem sabeis que esta a verdade. Mas perguntai-me a causa desta diferena? Est simplesmente no pensamento, s no pensamento de cada dia; o caso. Toda gente o percebe; a ao a conseqncia lgica do pensamento. Pensai de um modo intensivo, e a ao faz o resto. O pensamento o que h de mais poderoso na terra. Se acaso ainda o no sabeis, sab-lo-eis antes de chegar 'ao fim deste curso. Direis, sem dvida: "A idia no nova; h bom nmero de anos que eu sei que no fcil triunfar quando se tem o esprito flutuante, e que preciso saber tomar uma resoluo quando necessrio! Isso todos sabem". Mas ento, por que no tendes posto

    em prtica esse conhecimento? Por que no tendes assimilado essa verdade de maneira a torn-la, a bem dizer, uma parte do vosso ser, de vs mesmo? Pois dir-vos-ei como isso se faz.

    Pensai "Eu no posso", em lugar de "Eu posso". E eu concebi o projeto de substituir o "Eu no posso" por um "Eu posso", enrgico antes de tudo, e por um "Quero", ainda mais enrgico a seguir.

    isso o que quero fazer - fazer de vs um outro homem, uma outra mulher, mesmo antes de partilhardes completamente a minha opinio.

    muito provvel que tenhais esperado por um discurso sobre as coisas que vo pelas nuvens e que para acumulardes uma dose de magnetismo suficiente para acender um bico de gs, s pelo simples ato de lhe tocardes com a ponta do dedo, ou para atrairdes alguma pessoa como um m atrai o ferro.

    Pois exatamente isso o que eu no quero fazer. S quero ensinar-vos a despertar em vs uma fora, ao lado da qual o magnetismo animal uma fora insignificante; uma fora que far de vs um homem; uma fora que far com que tenhais plena conscincia do vosso Eu.

    Quero e posso fazer-vos conhecer esta fora que far de vs um homem de qualidades pessoais notveis; um homem que exerce influncia; uma fora que vos far chegar aonde desejardes. Ensinar-vos-ei a desenvolver o que chamais, de ordinrio, magnetismo animal, com a condio de que a tanto vos apliqueis seriamente. Vale a pena trabalhar para esse fim; quando sentirdes essa fora nova desenvolver-se em vs, j no querereis trocar a vossa nova qualidade por todas as riquezas do mundo.

    Comeais j a sentir mais vigor, no verdade? muito natural. Nunca me acontece dizer, durante cinco minutos, diante de uma classe de alunos, as palavras mgicas: QUERO, POSSO, EXISTO, sem que os peitos se dilatem, sem que a respirao se torne mais forte, e os ouvintes,

  • homens e mulheres, me fitem bem de frente como convm a homem e mulheres. isto "o pensamento tomando corpo na ao". Vede o centro em volta do qual tudo gravita. Eu tinha semeado o grozito, e o grozito comeava a germinar.

    Antes de terminar esta lio, chamo a vossa ateno para uma particularidade muito importante do pensamento, quero dizer, a fora de atrao do pensa-mento. Porm, segui bem o raciocnio, porque essa fora da maior importncia. No pretendo dar-vos uma explicao cientfica e abstenho-me de toda nomenclatura tcnica; quero apenas provar o fato com algumas palavras.

    Os pensamentos exercem uma atrao contnua sobre outros que lhes so idnticos; os bons pensamentos atraem os bons, os maus chamam os maus; os pensamentos de desnimo, de dvida, e os de fora, todos esto sujeitos a esta mesma lei; os vossos pensamentos vos atraem os pensamentos idnticos de outrem e aumentam o nmero dos vossos pensamentos idnticos. Compreendestes?

    Tendes pensamentos de medo, e todos os pensa-mentos similares da vossa corte so atrados por eles. Quanto mais intensamente pensardes nisto, mais a onda dos pensamentos pouco desejveis vir ter convosco. Pensai: "Eu no tenho medo algum", e todas as foras-pensamentos corajosas da vossa corte viro ter convosco e vos ajudaro. Dai-vos, porm, ao trabalho de experimentar o que j vos disse em segundo lugar. No

    alimenteis nenhum pensamento de medo. J tendes pensado, alguma vez, nas desgraas, misrias e infortnios que o Medo e a sua triste filha, a Inquietao, tm causado? Pois, vo-lo repito: tm causado mais mal que nenhuma outra falta da humanidade. O Medo e o dio so os pensamentos capitais que tm gerado todos os pensamentos baixos e vis.

    No captulo seguinte, entrarei a considerar mais detidamente este assunto. Deixai-me, porm, exortar-vos, conjurar-vos. Arrancai, condenai esse joio, o Medo e o dio;

    exterminai-o! Essas duas ervas daninhas prejudicam tudo o que as rodeia; sinistras chocadeiras, fazem nascer um nmero pavoroso de males, tais como a Inquietao, a Dvida, a Maldade, o Desprezo de ns prprios, o Cime, a Inveja, a Maledicncia, as Doenas imaginrias. No digo porque eu queira repreender-vos; sei que Estes pensamentos baixos embaraam a vossa marcha no progresso, e disso vos certificareis, se quiserdes ter o trabalho de refletir um momento.

    Abri de par em par as janelas de vossa alma e permiti ao radioso sol dos pensamentos puros, afetuosos e bons, entrar e varrer os micrbios da Dvida, do Desespero e do Infortnio, os quais podero achar, noutra parte, um acolhimento hospitaleiro.

    Se fsseis o meu melhor amigo e se esta mensagem fosse a ltima que possa dirigir-vos nesta vida, gritar-vos-ia com todas as minhas foras:

    - ABANDONAI TODO PENSAMENTO DE MEDO E DIO!

  • CAPITULO III

    MODO PELO QUAL A FORA-PENSAMENTO

    PODE AJUDAR-VOS O xito depende da influncia animal - Os "fortes" triunfam - H, no obstante, excees surpreendentes - Se pessoas

    negativas fazem um trabalho produtivo, as pessoas positivas colhero os frutos dele - O dinheiro a forma material do xito - O dinheiro um intermedirio e no um termo - A lei do imprio mental - A influncia da sugesto - Influncia exercida pela vibrao do pensamento - Influncia da fora atrativa do pensamento - Influncia obtida pela formao do carter.

    Suponho, daqui por diante, que tomastes a firme resoluo de desenvolver vossas foras intrnsecas com a inteno de abrirdes caminho na vida. O xito depende, em sua maior parte, do dom de interessar o prximo e de exercer certa influncia nele; se tivsseis todas as qualidades do mundo, sereis, no obstante, preterido por um outro que tivesse sua disposio essa fora sutil que, comumente, chamamos: magnetismo animal. No h regra sem exceo, mas as raras excees que vemos aqui e alm, no fazem mais que confirmar a regra. As pessoas que fazem exceo devem, pela sua maior ' parte, seu xito sua superioridade em relao s artes, s cincias, a alguns inventos ou trabalhos literrios; verificar-se- fcilmente que, segundo a natureza da coisa, devem esse xito mais ao esforo concentrado, contnuo e judicioso do pensa-mento, do que habilidade de se porem em primeiro plano, energia, fora, ao conhecimento da natureza humana ou maneira de ganhar a estima das pessoas. Trabalham com xito nas suas obras, mas geralmente o homem prtico quem colhe os frutos dela. Sucede, certamente, ser o sbio recompensado das suas passadas viglias luz de um candeeiro, absorto no estudo das coisas abstratas, e ser essa recompensa um benefcio financeiro; mas ento, na maioria dos casos, deve o xito a algum carter positivo que se tem encarregado de lanar o fruto da sua obra e transport-lo das esferas da teoria para o domnio da prtica: nota--se, freqentemente, que Estes caracteres positivos tm a parte de leo. Sendo assim os negcios, no h nenhum inconveniente em encarar como sinnimos o xito e o benefcio financeiro, que dependem, em boa parte, do Magnetismo animal de quem procura aquele.

    O inventor, o estudante, o autor e o sbio, todos podem utilizar o conhecimento e o uso consciente do Imprio-mental; mas " o homem no meio dos homens", o homem sempre em contato com os seus semelhantes, que mais das vezes, tem ocasio de utilizar este poder maravilhoso, que no s lhe traz o xito, mas tambm a prova material do xito, o Dinheiro.

    O dinheiro, considerado nicamente como tal, no um ideal elevado; mas, considerado como meio pelo qual nos possvel cercar-nos de tudo o que a vida nos pode oferecer de bom e de belo, o dinheiro torna-se um objetivo em busca do qual o homem no desce. Eis porque creio ter o direito de considerar o dinheiro como sendo o fim a atingir.

    Repito: o xito depende, em grande parte, da nossa habilidade em inspirar interesse aos outros homens, em os atrair e influenci-los.

    No creio que seja necessrio explicar-me mais claramente, sobretudo se tendes estado em contato, de uma maneira ou de outra, com comerciantes e homens da sociedade. Agora trata-se de aprender a maneira de desenvolver este poder

  • maravilhoso e precioso. Como? Simplesmente pela autoridade da lei do Imprio-mental. este no s o segredo do magnetismo animal, mas tambm o de uma vida venturosa e triunfante. Para aquele ou aquela que possui este imprio, o mundo como uma ostra que ele ou ela pode abrir e provar sua vontade. Mesmo aquele que no tem a aplicao e a perseverana necessrias para praticar at o final os exerccios adequados ao desenvolvimento das suas foras latentes, esse mesmo se sentir mais forte, pelo fato de ter chegado a conhecer o assunto.

    Ouo-vos, porm, dizer: "Tudo isso bom e belo; mas dizei-nos, antes, a maneira de desenvolver essa fora." Ora, justamente o que fao, o que estou fazendo: conduzo-vos, pouco a pouco, a uma compreenso ntida da teoria; quero desenvolv-la logicamente aos vossos olhos, de maneira a poupar-vos uma indigesto mental. Voltemos, porm, ainda uma vez, teoria geral, antes de entrar em consideraes minuciosas.

    J vos disse que a fora do pensamento pode ser-vir de diferentes maneiras para influenciar os homens

    alcanar triunfos. J vos mostrei, tambm, de que maneira o pensamento faz a sua obra.

    Antes de passar ao captulo seguinte, parece-me prefervel enumerar, ainda uma vez, as diferentes maneiras de influenciar os homens, a fim de se obter o que se .pretende - o xito.

    O pensamento ajudar-vos- das seguintes maneiras : I - Graas ao emprego da vossa fora positiva, influenciando

    diretamente a pessoa, isto , pela lei da sugesto. Dizendo isto, quero significar que podereis interessar os homens nos vossos projetos, obter o seu auxlio, assegurar-vos da sua proteo; numa palavra, influenci-los, em todo o sentido do termo. Esta faculdade, infusa em alguns casos raros, pode ser adquirida por todo homem e por toda mulher que tenham a fora de vontade e a perseverana necessrias ao desenvolvimento de to precioso dom. - Os estudiosos, em sua maior parte, desejam conhecer este ramo do Imprio-mental antes de estudar as outras partes deste assunto, razo por que o tratarei no captulo seguinte.

    II - Pela fora das vibraes diretas do pensa-mento ocasionadas pela alma e exercendo uma influncia poderosa nas almas alheias, a menos que estas tenham o segredo que as preserva contra essas foras, tornando-as positivas em relao s primeiras. O conhecimento desta lei tornar-vos- tambm capaz de vos manterdes num estado de alma positivo em relao s ondas do pensamento das outras lamas.

    III - Pelo poder das qualidades adutivas do pensamento, baseando-se na teoria de que "os semelhantes se atraem." Alimentando constantemente certo pensa-mento, atraireis pensamentos que de todos os lados vos cercam, como participando do grande Corpo-pensamento que nos cerca, invisvel e onipotente. Este poder um dos mais fortes depois da natureza da coisa, e empregado judiciosamente atrair foras auxiliares do lado de onde elas menos se esperavam. "Os pensamentos so coisas", e tm a maravilhosa propriedade de atrair as outras ondas do pensamento que tm a mesma fora de vibrao e as mesmas qualidades.

    IV - Fortificando, pela fora do pensamento, o vosso carter e o vosso temperamento, a fim de prover s necessidades da vossa alma. Faltam-vos certas qualidades que vos dariam o triunfo. Sab-lo-eis melhor do que ningum, mas, vos deixais enganar por uma aparncia ilusria; credes que essas lacunas no vosso carter so inatas, e dele formam uma parte in-trnseca; e pensais: - "Burro velho no toma andadura". Pois, para vs, o estudo da lei do Imprio-mental um aliado poderoso, porque podeis curar-vos dessas faltas e assimilar qualidades novas exatamente como podereis desenvolver as que j tendes.

    Procurarei, nos captulos seguintes, mostrar-vos o caminho a tomar, mas ser preciso que, para isso, faais da vossa parte o que puderdes. Todo homem deve trabalhar para si, tanto no domnio dos estudos dos

  • fenmenos de que trata o presente livro, como em qualquer outro ramo do saber humano.

  • CAPITULO IV

    INFLUENCIA PSQUICA DIRETA Influncia durante uma conversao de viva voz - Os trs mtodos principais - Sugesto direta - Ondas do pensamento

    A fora de atrao do pensamento - O que a Sugesto - A dualidade da alma - Sugesto hipntica - Funes ativas e passivas. A natureza das duas Funes - Carneiros humanos - Os dois irmos-associados - O irmo Passivo - O irmo Ativo - Trao dos seus caracteres - O homem bonacheiro - O homem duro como pedra - A maneira de evitar o encontro deste ltimo. - Nunca vos contenteis com um "No" de resposta, tanto em casos de amor como em assuntos de negcio - A Fortuna uma mulher - O amor engenhoso - A confiana triunfar.

    Ocupar-me-ei, neste captulo e no seguinte, em expor-vos o modo por que um indivduo influencia a outro numa conversao de viva voz e de que modo pode interess-lo nos seus projetos, certificar-se do seu auxlio, da sua ajuda e da sua proteo; - numa palavra, influenci-lo completamente. Qualquer de ns co-nhece desses indivduos e da o contentarmo-nos em admirar esse poder estranho e os seus resultados, sem contudo, nos aplicarmos a adquiri-lo.

    A arte de influenciar os homens e mulheres, quando nos achamos em face deles, abraa os diferentes mtodos de influncia mental tratados nos captulos precedentes e possui um tanto da natureza de cada um deles.

    difcil tratar tericamente essa parte da influncia mental, sem tratar tambm da segunda .parte do objeto que reservei para os captulos seguintes. Tratarei de mencionar, de passagem, essas diferentes partes; encontr-la-emos, mais adiante, e ser ento que as trataremos a fundo.

    Espero que, depois de ter percorrido a srie destes quinze captulos, ainda uma vez consultareis este. Farei do objeto dele uma idia muito mais clara, e di-ferentes proposies que no podem satisfazer agora, depois vos aparecero mais claras e compreensveis.

    Pode cada um adotar vrias maneiras para exercer a sua influncia nos homens; a classificao mais simples dela est nas trs categorias seguintes:

    1. - Por meio da voz, pelo exterior e pela vista. Exerce-se, assim, o que chamamos sugesto direta. Alm das sugestes voluntrias, classificaremos nesta categoria as que todo homem srio exerce, a bem dizer, contra sua vontade.

    2. - Por ondas do pensamento dirigidas por meio de uma ao voluntria da alma sobre o objeto.

    3. - Pela propriedade atrativa do pensamento, resultado do pensamento dominado, que tratarei no captulo seguinte. Esta fora, o fenmeno mais impor-tante do que chamamos "Magnetismo animal", trabalha, uma vez adquirida e conquistada, sem que a vontade nada tenha que ver com ela.

    Limitar-me-ei, neste captulo, a tratar dos fenmenos que resultam da primeira categoria menciona-

    da, deixando as trs restantes para os captulos seguintes. tarefa dificlima explicar de modo claro a natureza do que chamamos

    sugesto, visto o limitado espao de que disponho para isso. Se conhecsseis os princpios do hipnotismo e da sugesto hipntica,

    compreendereis, sem dvida, o sentido da palavra "Sugesto". Para aqueles que no tm esse benefcio, interpret-la-ei do seguinte modo: - a sugesto uma impresso recebida consciente ou inconscientemente pelos sentidos.

    Sugestionamos ou somos continuamente sugestionados, ao passo que a propriedade de ser sugestionado ou sugestionar depende do grau de suscetibilidade que atingirmos para a sugesto, grau que, por sua vez, depende do desenvolvimento das qualidades no suscetveis sugesto da alma. No poderamos pretender aprofundar a questo geralmente conhecida sob o nome de "Dualidade da alma

  • humana", estudo que deu origem a uma nomenclatura variada, de que no cita-rei, como exemplo, seno os nomes: Alma Subjetiva e Alma Objetiva, Alma Consciente e Alma Inconsciente, Alma Voluntria e Alma Involuntria, etc. Se quiserdes conhecer a fundo este assunto, aconselhar-vos-ei, como adaptando-se melhor ao nosso fim, as publicaes da Psychic Research Company.

    Para que o estudante alcance fcilmente o sentido das minhas palavras, quando falo do emprego da sugesto como meio de influncia pessoal, direi, antes de tudo, que a alma humana tem duas funes gerais; como nas outras minhas obras j publicadas, distinguir-las-ei pelos nomes de Funo Ativa e Funo Passiva. A Funo Ativa produz o pensamento voluntrio, e manifesta o que costumamos chamar fora de vontade. E a funo operante nos momentos em que ele desenvolve toda a sua atividade. A Funo Passiva forma os pensamentos instintivos, automticos, involuntrios; no mostra nenhuma fora de vontade; porm, manifesta um carter diametralmente oposto ao da Funo Ativa. A Funo Passiva uma serva preciosa do homem; desempenha realmente a parte mais importante da tarefa mental dele. ela quem faz o maior servio, sem censura e sem elogio; quem trabalha sem se queixar, sem se fatigar e sem esforo aparente. A Funo Ativa, pelo contrrio, no trabalha seno compelida pela vontade e consome uma quantidade de fora nervosa muito mais considervel que a irm passiva. ela quem faz o trabalho da energia e da atividade da alma; quem, depois de um trabalho porfiado, se fatiga, e ento tem imperiosa necessidade de repouso. Tereis, mais ou menos, conscincia do fato, quando vos servis da Funo Ativa, mas no quando empregais a Funo Passiva, de carter fcil, dcil e fiel. Creio que pudestes fazer uma idia ntida dos caracteres respectivos das duas funes, graas a esta explicao.

    Pessoas h, cujo pensamento escolhe, de preferncia, o caminho da Funo Passiva. As que no se esforam por pensar, preferem aproveitar os pensamentos j formados das outras. Essas tais so verdadeiros carneiros humanos. So por demais crdulas, e aceitaro quase tudo o que lhes quiserdes contar de um modo positivo e com a necessria seriedade. evidente que essas pessoas esto entregues discrio das pessoas mais ativas. Custa-lhes dizer "no", e acham--se dispostas a dizer "sim", se isso lhes mais fcil ou lhes exige menos reflexo.

    Outras no so to fcilmente sugestionveis: mas estas ltimas so mais fceis de sugestionar, quando no querem incomodar-se e tm concedido algum repouso s suas Funes Ativas.

    Para vos dar uma idia das duas Funes, a fim de poderdes utilizar os preceitos dados nesta obra, peo-vos que vos representeis dois gmeos associados numa empresa comercial. Parecem-se como duas gotas de gua, mas tm qualidades completamente diferentes; cada um deles possui as qualidades precisas ao desem-penho da tarefa de que tem a responsabilidade. Enfim, as suas partes de ganho e perda so sempre iguais. O irmo passivo fiscaliza a entrada das mercadorias, faz as encomendas e vigia a embalagem e o estoque, ao passo que o irmo ativo regula a venda, dirige os negcios, administra os fundos, faz o reclamo: em uma palavra, este quem representa o poder executivo e quem , por assim dizer, a alma do negcio. Mas, pelo que respeita compra das mercadorias, o caso com os dois irmos.

    O irmo passivo simptico, acomodatcio, bom como um po, um tanto mecnico. Tem a inteligncia tardia, um pouco supersticioso e mesquinho, mas desmascarada mente crdulo e suscetvel de acreditar tudo quanto lhe contem, contanto que a nova idia no seja diametralmente oposta a outra concebida antes. Para lhe fazer agradar uma nova idia, preciso (permita-se-me a imagem) ir-lha ministrando gota a gota.

    Quando o irmo est presente, tem o hbito de seguir suas idias; se o irmo est ausente, segue as das outras pessoas.

    E levado a dispensar-vos todo o favor e a dar-vos tudo quanto vos acudir imaginao pedir-lhe, sob condio de que lhe peais energicamente e com a certeza de o obter. Tem medo de vos afrontar por uma recusa e prometer tudo quanto quiserdes para se descartar de vs e poupar-se ao desgosto de vos recusar redondamente o que lhe pedis. Se souberdes conduzir-vos, podereis vender-lhe quase tudo o que quiserdes, sempre durante a ausncia do irmo, entende-se. Tudo o que tendes a fazer mostrar-lhe cara franca e confiada e fazer como se as coisas estivessem tratadas h muito tempo.

    O outro irmo, pelo contrrio, feito de modo diferente. Pertence a uma espcie de pessoas duras como a pedra, desconfiadas, vigilantes, sempre

  • obstinadas e no se pode brincar com ele. Julga necessrio no perder de vista seu irmo passivo, para que os negcios da casa no corram nenhum risco. O irmo passivo est quase sempre aambarcado por este ou por aquele, e h realmente necessidade de que algum o vigie, sem que ele d por tal; porque, quer o irmo ativo durma a sua sesta ou as suas ocupaes o impeam de vigiar o irmo, podeis estar certo de que ele far alguma tolice. Ora, eis porque o irmo ativo no gosta de vos encontrar com o irmo passivo, a menos que ele vos conhea e saiba que no quereis mal algum a esse bom rapaz. Lana-vos um olhar perscrutador e quer saber o fim da vossa visita, antes de vos permitir ter uma conversa com o seu associado. Se ele julga que tendes alguma razo secreta para querer a todo transe ter essa conversa, dir-vos- que o irmo simplrio no est em casa. E, ento, mesmo que vos conceda a entrevista, seguir com olhos vigilantes cada movimento que fizerdes e com ouvidos atentos todas as palavras proferidas; se ele cr notar que representais um papel perigoso para seu irmo, lanar-vos- mo ao jogo e tomar-vos- os trunfos. Todas as vossas proposies so examinadas por ele por todos os lados;

    aceita a que lhe agrada, mas nada mais do que isso. A medida que mais a fundo vos conhece, mais a sua desconfiana o abandona e pode dar lugar a uma grande confiana. Se se ocuparem dele e o divertirem, perder tambm uma parte da sua desconfiana. Se esta desapareceu, acontece que ficais na possibilidade de trocar algumas palavras com seu irmo, o que um progresso real, porque uma vez que tiverdes travado relaes com o irmo passivo, uma boa parte da obra est feita, visto que este se encarregar de proceder de sorte que a entrevista se reproduza mais fcilmente. Ele sente-se desamparado e revolta-se, por um momento, contra o jugo de seu irmo, esforando-se por vos tornar a ver, para vos falar ainda uma vez. O primeiro passo o nico que custa.

    claro que a alma humana no mais que uma associao de duas funes semelhantes s que vos esbocei acima; mas as razes sociais que nem sempre so as mesmas.

    O associado passivo um tipo que no varia; se bem que haja casos em que ele sabe muito bem fazer-se obedecer, outros h, pelo contrrio, em que est completamente recuado para o ltimo plano. Esta variabilidade causada pelo grau mais ou menos positivo que atinge o irmo ativo.

    H, pelo contrrio, uma grande diferena entre os associados ativos dos diferentes indivduos.

    H deles que so um exemplo frisante de prudncia, de vigilncia e de sagacidade, ao passo que outros possuem estas qualidades em menor grau, e so quase to acomodatcios como seus irmos passivos. Outros h, sob cuja vigilncia se pode adormecer; outros que so sensveis a pequenas atenes ou a pequenas lisonjas, ao passo que outros, enfim, se cansam depressa de estar vigilantes.

    Certos h que se interessam a tal ponto por um negcio qualquer, que nem mesmo do pela amizade que se estabelece entre o visitador e o irmo passivo, ao qual ele arrasta uma encomenda.

    Cada qual tem as suas particularidades e as suas fraquezas. Como um homem, por mais forte que seja, tem o seu ponto fraco, para esse lado vulnervel que ele concentra todos os seus esforos. Claro est que o ponto cardial iludir a vigilncia do scio ativo. Ora, este fim pode-se atingir de diferentes maneiras; mas achar a melhor, eis o importante. Se fordes mal sucedido, experimentando uma delas, experimentai resolutamente a outra. Triunfareis naturalmente com perseverana. Quem se no arrisca, nada consegue. Um corao tmido nunca pde ganhar a afeio de uma bela mulher. Isso s se consegue havendo audcia. Isso todos os dias se alcana. Uns rendem-se fcilmente, outros dificilmente, mas todos os associados vigilantes podem ser iludidos pela perseverana.

    Nunca vos acomodeis com um "No". Tratai dos negcios exatamente como fareis com uma mulher amada. Neste caso no vos conformareis, se recebsseis um "No" uma vez, duas vezes, uma dezena de vezes.

    Tende a mesma ttica nos negcios e vencereis a batalha. A fortuna uma mulher e mostra todos os caractersticos do sexo.

    As sugestes ganham fora, quando so repetidas. Acontece que, se algum deixa de atender uma proposta feita pela primeira vez, ouvindo continuamente a mesma coisa, acaba por ceder. O caso no para admirar; assim como chegais a dar crdito ao que dizeis, por que o no dar a pessoa a quem o afirmais?

    Em todo caso, se uma sugesto pode no produzir nenhuma impresso

  • logo primeira tentativa, f-la- depois, exatamente como o gro lanado terra frtil germina um dia. Procurando as boas graas do associado ativo, de modo a interess-lo, fornecereis ao associado passivo a ocasio de se aproximar e pr-se escuta. Refletir muito nas palavras ouvidas e, na vez seguinte, chegar a ter conversa convosco, apesar das precaues do irmo ativo. "O amor engenhoso" e com efeito, nestes casos, torna o irmo passivo capaz de iludir a vigilncia do irmo ativo. Com esta imagem diante dos olhos, tereis a vantagem de poder exercer a vossa sugesto de modo a tirar dela o maior proveito possvel e de vos poderdes garantir contra as sugestes dos outros.

    Para exercer uma influncia qualquer num indivduo com o qual estais em relaes, no tereis simples-mente vossa disposio o poder das vossas sugestes para iludir a vigilncia do associado ativo, mas ainda tereis para vos ajudar duas potncias auxiliares, a saber, as ondas do pensamento emanante diretamente da alma e as da fora inconsciente da atrao do pensamento. Estas foras podero ser desenvolvidas pode-rosamente pelos exerccios que vos sero indicados na presente obra. Ensinar-vos-ei tambm a maneira de assimilardes os caractersticos que vos poro em estado de fazer uma boa impresso ao irmo ativo, que levado a julgar pelas exterioridades.

    Mas h uma coisa que necessrio que assimileis a todo custo: a certeza e a convico de que tendes todas as capacidades necessrias para possuir inteiramente o paciente. Este um fato anlogo ao seguinte:

    Um rapaz quer aprender a nadar; no cr que todos os rapazes sejam capazes de aprender a nadar,nem mesmo cr que ele o seja. Ora, a partir do momento em que ele cr que sabe nadar, nadar; mas, se por muito tempo crer que no sabe nadar, no nadar. A fora de exerccios, aprender a nadar melhor, isso verdade, mas ter tido sempre, em si, uma fora que o tornava capaz de nadar. A nica coisa que lhe faltava era a convico do poder. Tereis como dormitando, o poder de influenciar os outros homens, contanto que tenhais a convico dessa fora; de outro modo, no podereis influenci-los. A convico um elemento indispensvel ao xito. Fazei pois o necessrio para obt-la. Deveis comear pelos exerccios fceis, mas necessrio que, logo desde o incio, tenhais convico. H pessoas que descobriram isto por acaso, porm que no sabem a causa do seu xito. Quanto a vs agora sabeis o "porque" e podeis fazer a mesma coisa e at mais do que o homem que encontrou a verdade graas a um sopro do acaso.

  • CAPTULO V

    UM POUCO DE SABER VIVER Maneira de influenciar o associado ativo - Conversao - A arte de escutar - Carlyle e o seu visitante - Uma conversao

    agradvel - Mantende-vos positivo - Maneira de se apresentar - O exterior. Roupas brancas - Perfumes - Asseio - Porte - Reserva - Humor - Audcia - Respeito por si prprio - Respeito pelo prximo - Fraqueza - Seriedade - O aperto de mo - O olhar - O tom da voz - Uma regra til - Como corrigir as faltas no porte.

    No captulo precedente, comparei as duas funes da alma a dois irmos associados numa empresa comercial. Para maior clareza e facilidade na explicao dos fatos seguintes, continuarei a servir-me da mesma imagem, porque ela d muito boa idia das relaes existentes entre as funes da alma.

    O companheiro ativo um velho original, que preciso tratar com deferncia e que convm pr de bom humor. A maneira de falar e de apresentar-se, a voz, o olhar, etc., todas estas coisas exercem, at certo ponto, sua influncia nele.

    Todo associado ativo tem as suas particularidades e os seus gostos pessoais, o que no impede que ele tambm tenha qualidades comuns a todos os associados.

    Pelo que respeita ao objeto da conversao, -vos preciso absolutamente conseguir saber o que interessa ao bom velhote. Se nisso lhe agradardes, ser capaz de perder de vista os seus deveres de vigilante do ir-mo passivo. Para tanto, mister que estejais a par dos seus fracos, sem nunca fazerdes a tolice de falar demais! Quando o virdes cavalgando, deixai-o trotar.

    Deveis apropriar-vos da arte de escutar. Essa arte um dos primeiros atributos da delicadeza. Muitos homens (e mulheres) ganham batalhas s devido qualidade de saberem escutar. Conheceis a velha anedota corrente de que Carlyle era uma das personagens? Algum que sabia muito bem escutar e que estudava tambm o carter humano em geral, visitou Carlyle e conseguiu levar a palestra para um objeto que apaixonava o grande autor. Carlyle falou durante mais de trs horas, sem que o visitante precisasse de pronunciar uma slaba. Quando, enfim, este ltimo se levantou para partir, Carlyle, que estava de bom humor, acompanhou-o at porta da rua e disse-lhe com a maior afabilidade: "At mais ver", acrescentando: "Mas no deixe de vir ao menos mais uma vez. Tivemos uma conversa to agradvel!"

    Estais vendo o mago da histria? - a moralidade da anedota? - Escutai com ateno o velho associado ativo e fazei como se cada uma das suas palavras fosse uma bela pea sonante, mas - no vos deixeis iludir por ele; no admitais a sua influncia. Escutai cada uma das palavras com ateno e compostura, mas defendei-vos de toda impresso; alis ele que venderia suas mercadorias ao vosso associado passivo. Mantende-vos positivo, porque tereis duas palavras a dizer ao irmo passivo, depois do bom homem se haver embriagado com as suas prprias palavras,

    graas ao que a sua desconfiana o ter largado. Portanto, antes de tudo, aprendei a escutar com inteligncia.

    Quanto ao vosso exterior, aconselho-vos que eviteis os extremos e vos defendais tanto de desleixos como de fatuidades no modo de trajar. Evitai atrair a ateno por um arranjo excntrico ou por uma simplicidade afetada. O exterior deve ser simples e asseado pelo que toca ao vesturio e toillette em geral. Nunca deveis pr um chapu ou uns sapatos estafados. Um homem que traz roupa no fio (mas limpa!), com um bom chapu e um calado em bom estado e bem cuidado, poder muito bem apresentar-se; ao passo que, no caso contrrio, a boa impresso produzida por bons fatos , muitas vezes anulada por um chapu velho e sapatos estragados. Trazei sempre boa roupa branca. Isto so coisas importantes. Evitai o

  • uso dos perfumes fortes. A maior parte dos homens detesta perfumes de toda espcie. No preciso dizer que o asseio da pessoa uma qualidade da maior importncia, quando se trata de ser escutado com ouvidos benvolos pela maioria dos associados ativos, ainda mesmo que eles sejam muito indulgentes ao se tratar da falta de limpeza.

    A maneira de vos apresentardes dever ser jovial, mas no frvola. muito recomendvel mostrar alguma reserva. No vale a pena dizer que deveis ser senhor absoluto do vosso humor. O arrebatamento um sinal de fraqueza e no de fora; o homem que fcilmente se exalta , indubitvelmente, inferior quele que senhor de si.

    Deveis absolutamente banir todo receio, todo medo, tanto moral como fsico; sobretudo o primeiro, que aquele que maiores dores de cabea vos pode causar.

    Se sois de natural exaltado ou se o medo, a inquietao e o infortnio fcilmente tenham ascendente em vs, deveis prestar particular ateno ao captulo que trata do desenvolvimento do carter e corrigir-vos dessas faltas.

    A maneira de vos apresentardes deve, por assim dizer, dar a nota do respeito pelos sentimentos, gostos e opinies das outras pessoas.

    Se no possus esta ltima qualidade preciso que a todo preo a adquirais, visto que ela vos ajudar a adquirir amigos e ganhar a estima dos associados ati-vos que esto frente de todo homem, apesar da rudeza do seu exterior. Se tiverdes sempre na idia o pensamento: Trato-vos pela maneira por que desejaria ser tratado, e se derdes forma aos vossos pensa-mentos nas vossas aes, em tal caso tereis adquirido essa qualidade to importante e to estimvel no homem. Cultivai maneiras simples e francas. A maioria dos homens gosta disso. Sede srio, falando. Isso no somente vos atrair a ateno dos homens, como ainda vos ser um auxiliar poderoso para fazer criar razes neles (se me lcito expressar-me assim) para vossas sugestes e ser mais um poderoso agente a acrescentar fora das vibraes do vosso pensamento. Dai apertos de mo slidos e viris. Ningum gosta de um aperto de mo frouxo e hesitante. Nem vs, por certo! Apertai a mo a toda gente como apertareis a mo do pai riqussimo da vossa muito amada. Acompanhai esse aperto de mo com um olhar firme.

    No captulo seguinte, tratarei mais demoradamente do poder do olhar; o que eu pretendia salientar aqui a relao ntima dele com o aperto de mo: porque os dois atos juntos se completam.

    Cultivai a voz, por maneira a dar-lhe um tom agradvel. Evitai, por um lado, uma voz mal distinta, murmurosa, e, por outro lado, um tom ruidoso, spero. um excelente mtodo regular a voz pela do nosso interlocutor, salvo sendo preciso comear a gritar para obter esse equilbrio vocal. Se tal se der, isto , se o vosso interlocutor gritar, ento baixai a voz a um tom calmo, sem afetao, e logo ele abaixar a sua. , seja dito de passagem, uma regra de proceder excelente a seguir para com algum que est num estado de grande excitao e que quer "matar-vos o bicho do ouvido". Conservai, em tais casos, toda vossa serenidade e fazei com que vossa voz se mantenha firme e submissa vossa vontade; vereis que a voz do vosso interlocutor (ou interlocutora) abaixar, gradualmente, at altura da vossa. A medida que sua voz abaixar e for mais natural, ele (ou ela) serenar e ter vergonha. Assim, vs ficareis senhor do campo de batalha. Experimentai. A voz de uma importncia incontestvel. Uma voz branda, frases bem modeladas, garantem um acolhimento favorvel e numerosas vitrias ao seu afortunado possuidor. Exprima a vossa voz os sentimentos que quereis comunicar e interprete todos os cambiantes deles. A voz expressiva um dos mais poderosos instrumentos de sugesto.

    O leitor no deve desanimar, se algumas das qualidades supramencionadas lhe faltam.

    Deveis convencer-vos bem da verdade seguinte: todos os dons da natureza podem ser obtidos por vs, se quiserdes dar-vos ao trabalho de estender a mo para os colher. Tratarei de particularidades deste ponto no captulo que trata da formao do carter.

    Um outro auxiliar de um poder enorme a vista, quando se trata de

  • influenciar outrem e de sustentar o nosso associado ativo. A vista humana! Quem no conhece o seu poder e, todavia, quo poucos sabem assimilar o segredo do seu emprego! Podiam-se escrever volumes a respeito do emprego dela como arma ofensiva ou defensiva, como meio para influenciar o homem e os animais, e ainda ficaria um tesouro em que o autor poderia haurir, procurando materiais para os seus estudos e investigaes.

    Vou consagrar o captulo seguinte, antes de tudo, demonstrao do uso da vista como meio de influncia; indicar-vos-ei, depois, a maneira de desenvolverdes o olhar magntico e anular a influncia exercida em vs pelo olhar alheio.

  • CAPTULO VI

    O PODER DA VISTA

    O meio mais enrgico que o homem tem sua disposio para exercer certa influncia sobre outrem - As razes - A vista educada uma arma terrvel - Vibraes mentais transmitidas por meio da vista - O poder que a vista exerce sobre os animais ferozes e sobre os animais bravios - O olhar persistente quase insustentvel - Emprego racional da vista - Fascinao e atrao hipntica - O olhar magntico - O princpio da conversao - Como empregar a vista para impor ateno - Como cativar a ateno - Como reaver a ateno que por um momento afrouxou - Atingi o fim que vos propusestes - Proteo a si prprio - Como preservar-vos da influncia de outrem - Como dizer "No" . - Como exercer sugestes.

    A vista um dos meios mais poderosos que a influncia pessoal tem ao seu

    dispor. Cativa a ateno do nosso interlocutor, tornando-o, assim, suscetvel em mais elevado grau de receber as nossas sugestes. Alm disto, a vista possui ainda a faculdade de implantar a nossa vontade na alma de outrem, com a condio de que esse poder seja exercido por modo racional. Atrai, cativa e encanta o associado ativo, oferecendo-nos o ensejo de falar ao associado acomodatcio. uma arma temvel a vista daquele que tem assimilada a cincia da lei do imprio-mental. Tal pessoa transplanta diretamente as vibraes da sua alma para a alma do seu interlocutor.

    Haveis de ter ouvido falar da influncia da vista do homem nos animais selvagens e mesmo nas feras; pois o homem civilizado influencia da mesma sorte a seu irmo selvagem.

    Muitos dentre vs se tero encontrado com pessoas que parecem ler em vossas almas e cuja vista vos ter sido impossvel suportar.

    No captulo seguinte, indicar-vos-ei alguns exerccios que vos ajudaro a adquirir o que se chama, em geral, "o olhar magntico", auxiliar precioso para quem se ocupa do magnetismo animal. Neste captulo, suporei que tendes ao vosso dispor esse olhar magntico.

    No decurso de uma palestra, o emprego judicioso da vista tornar-se-vos- capaz de exercer no vosso interlocutor uma influncia assaz semelhante a uma espcie de fascinao ou de atrao hipntica. Esta influncia tem por causa as fortes vibraes mentais projetadas com o auxlio do olhar magntico da pessoa experi-mentada.

    Apresentando, cada um destes casos, numerosas circunstncias particulares, naturalmente deve haver, para cada um, uma linha de proceder especial. Eis porque impossvel dar regras gerais adaptveis a todas as circunstncias da vida. Convm, portanto, que aprendais a adaptar essas regras gerais s complicaes im-previstas que acompanham cada caso, que os acasos se comprazam em apresentar-vos algum dia.

    da maior importncia principiar toda conversao, encarando a pessoa com quem falais, bem de frente, com um olhar magntico e persistente. No ne-cessrio fix-la, mas preciso que vosso olhar seja

    constante e firme, dando a impresso de uma grande fora de vontade e de concentrao.

    No decurso da conversa, podeis dar uma outra direo ao vosso olhar; mas acompanhai toda proposio, toda resposta e toda pergunta; numa palavra, toda expresso que tenha por fim impression-la fortemente, de um olhar magntico bem de frente.

    Isto muito importante e nunca deve deixar de ser regra. Quando falardes de

  • negcios, sede sempre srio e resoluto, cativai a ateno do vosso homem; se tendes um pedido a fazer, fazei-o clara e dignamente, com os olhos nos dele e querendo interiormente que ele vos conceda o que pretendeis. Fazei tudo o que puderdes para impedir-lhe de olhar para outra parte nesses momentos decisivos. Precisais, a todo custo, cativar-lhe a ateno. Se a possuirdes completamente, o irmo ativo estar bastante empolgado para prestar ateno ao irmo passivo e este aproximar-se- para ouvir o que tendes a dizer. Se vosso interlocutor evita encontrar-vos o olhar, ser-vos-, muitas vezes, possvel reconduzir a sua ateno para vs, da maneira seguinte: - Olhai para outro lado, vigiando-o constantemente com o canto dos olhos: logo que ele d pela mudana de direo do vosso olhar, afoitar-se- a lanar-vos um olhar furtivo; o momento propcio; desde que ele vos encara, preciso envolv-lo num olhar resoluto e rpido, reconduzindo o seu olhar para vs, num esforo de vontade. Toda vantagem, ento, vossa e esse o momento psicolgico em que podeis exercer uma forte sugesto.

    Se esta maneira de prender-lhe a ateno no d resultado e se ele persiste em furtar-se ao vosso olhar, aconselho-vos a que lhe mostreis alguma coisa que tenha correlao com os vossos negcios, um desenho, uma amostra, por exemplo.

    Vereis, ento, que ele olha para vs, depois de ter examinado o que lhe mostrardes.

    Isto reproduzir-se- todas as vezes e deveis fazer de sorte a encontrar o seu olhar, pondo no vosso toda firmeza possvel e sugestionando ao vosso homem a vossa vontade. Se puderdes prender a ateno de algum e conseguirdes fit-lo de frente durante toda conversa, conserv-lo-eis mais ou menos completamente sob a vossa influncia, e isto sem a menor dvida, a menos que esse algum no esteja, percebe-se, ao cor-rente destas coisas.

    Neste ltimo caso, ser muito difcil exercer nele influncia direta. Porm, como h poucas pessoas que tenham tomado conhecimento disto, est claro que no deveis contar com semelhante dificuldade.

    Pode acontecer notardes, no decurso da vossa conversa, que o vosso interlocutor nota a influncia que nele exerceis e que ele queira pr ponto palestra para ter a certeza de que no procede debaixo da sugesto. No lho deveis permitir, porque tendes influncia nele e deveis a todo custo colher os frutos dela. No o deixeis antes de terdes atingido o fim da vossa visita.

    Com respeito ao que acabo de dizer, creio ser de utilidade acrescentar isto. Como difcil refletir ou raciocinar lcidamente sob a influncia do olhar mag-ntico de algum, aconselho-vos a que vos ponhais em guarda contra o emprego de tal fora por quem quer que seja que tenha o segredo dela. Deveis manter-vos num estado de alma positivo, quando perceberdes que algum quer influenciar-vos, e convencer-vos do pensamento de que sois forte e de que estais acima dessa influncia. Este estado de alma vos servir de escudo e no tendes mais que vos pr no lugar do vosso interlocutor na conversa esboada acima, para verdes que

    preciso procederdes contrariamente ao modo como procedeis na primeira conversa, em que reis vs que deveis exercer a influncia em lugar de vos defenderdes contra a de um outro. Se algum tentar fazer-vos interessar em uma proposio, no lhe permitais ligar o seu ao vosso olhar enquanto dura a conversa.

    -vos fcil olhar, de tempos a tempos, para qualquer parte, sem parecer que o fazeis de propsito, e, portanto, evitar-lhe o olhar. Destarte, tereis tempo de refletir e podereis manter vosso equilbrio positivo.

    Quando ele vos der uma resposta, olhai para outro stio, como quem seriamente reflete em cada uma das palavras que ele pronunciou. Se ele consegue impor-vos uma sugesto ou uma proposta, de olhos cravados nos vossos olhos, no lhe respondais antes de ter tido o vosso olhar, pelo menos um minuto, desprendido e, assim, recobrado vosso equilbrio positivo. Se a vossa resposta um "No", pronunciai esse "No" firmemen-te, resolutamente, mas com urbanidade, est claro, e encarando bem de frente o vosso interlocutor. Se duvidais, dizei "No".

    Mas, sobretudo, desconfiai de sugestes insidiosas exercidas num momento psicolgico, porque h nelas um perigo real. Reparai que o vosso "associado ativo" cumpra o seu dever e que o vosso interlocutor no tenha

  • "apartes" com o vosso "associado passivo". Estes dois ltimos no estimariam outra coisa, mas o vosso associado ativo deve por lhes embargos ao intento.

    Numa conversa, o homem que fala (se est altura da sua tarefa) o elemento positivo, ao passo que o que ouve mais ou menos passivo. Ora, o positivo mais forte que o passivo; e, portanto, deveis continuamente vigiar para que as sugestes positivas de outrem vos no sejam impostas num instante em que vos achais em estado passivo. Deveis aprender a praticar sugestes de uma forma sria, firme e positiva; a vossa voz deve denotar claramente que estais persuadido de alcanar o vosso fim, e deveis crer nisso firmemente, no vosso ntimo.

    Se quiserdes formar uma imagem mental do que exprimem estas duas palavras: "seriamente convencido", sereis capaz de conceber a idia que eu j vos quis comunicar, dizendo que deveis impor as vossas sugestes por "boas maneiras".

    O captulo que trata da concentrao vos mostrar o caminho a seguir.

  • CAPITULO VII

    O OLHAR MAGNTICO

    O que o olhar magntico - Explicao minuciosa dos exerccios - Como possuir um olhar magntico - Estudo interessante - Experincias em indivduos viventes - Estes do sinais de inquietao - Primeiro exerccio: Mtodo completo para o desenvolvimento do olhar firme e persistente Fatos curiosos - Fatos imponentes - Influncia exercida no homem e nos animais - Segundo exerccio: Exerccios diante do espelho tendo por fim desenvolver o olhar - Como suportar o olhar de outrem e como resistir-lhe - Terceiro exerccio: Desenvolvimento dos msculos e dos nervos ticos Quarto exerccio: Arte de fortificar os msculos e os nervos ticos - Quinto exerccio: Experincias nas outras pessoas - Experincias nos animais - Estes fugiro - O homem influenciado e recebe uma impresso desagradvel - Uso permitido do poder - Guardai os vossos segredos.

    O olhar geralmente conhecido sob o nome de olhar magntico a expresso de um fervoroso desejo da alma por meio da vista, cujos nervos e msculos foram desenvolvidos de maneira a poderem fornecer o esforo necessrio para expedir um olhar firme, persistente e positivo. A maneira de dar nascimento ao esforo mental ser tratada num dos captulos seguintes. Os exerccios que seguem so importantssimos; creio que o estudante os cultivar com perseverana. Fazendo assim,poder, em pouco tempo, emitir um olhar que ser sentido pela outra pessoa, e se continuar a desenvolv-lo, adquirir esta qualidade em tal grau que muito pouca gente lhe poder suportar o olhar.

    este um estudo excessivamente interessante e tereis a prazer de notar que o poder do vosso olhar vai aumentando, fato de que vos podereis convencer fcilmente, escolhendo tipos entre os que vos cercam. 'Notareis depressa que se tornam inquietos sob o vosso olhar e que no se sentem vontade; certos indivduos mostraro algum temor quando o vosso olhar se fixar neles durante alguns minutos. Obtidos tais resultados, quando houverdes adquirido o forte olhar magntico, no mais querereis trocar o vosso poder nem por todo o ouro do Peru.

    No deveis contentar-vos com percorrer exerccios, mas experiment-los continuamente, tomando por alvo as pessoas com as quais tendes negcios, e assegurando-vos bem dos resultados obtidos. S pelas experincias feitas sobre "tipos viventes" que podereis aprender a conhecer a fundo o poder do olhar humano.

    EXERCCIOS

    I. - Tomai uma folha de papel branco que mea aproximadamente 15 centmetros em quadrado. Traai nela um crculo, cuja superfcie seja, mais ou menos, igual a uma moeda de vinte centavos. Pintai com tinta de escrever este crculo, de modo que se destaque ntidamente na superfcie branca do papel. Colocai ou pregai, depois, esse papel na parede, altura da vossa vista, estando sentado; colocai uma cadeira no meio do quarto e ponde-vos defronte desse papel.

    Fixai serenamente o olhar na marca negra, mas isso com firmeza, sem pestanejar, durante um minuto. Depois de ter deixado repousar a vista um momento, repeti o exerccio. Recomeai cinco vezes.

    Deixai agora a cadeira no seu lugar, e suspendei o papel a meio metro de distncia, mais ou menos, direita do seu posto anterior. Sentai-vos, fixai o olhar no lugar da parede que vos fica fronteiro, isto , onde antes estava o "alvo", virai os olhos para a direita (sem mover a cabea) e fixai o papel com persistncia durante um minuto. Repeti este exerccio, colocando o papel A. esquerda em vez de ser direita, do seu primitivo lugar. Repeti este exerccio cinco vezes. Repeti, enfim este exerccio durante trs dias, e ide prolongando

  • o tempo at dois minutos. Passados trs dias, prolongai o tempo at trs minutos, e assim sucessivamente, ide prolongando o tempo de um minuto todos os trs dias. Pessoas h que adquiriram a faculdade de conservar o olhar fixo sobre um ponto, durante vinte ou trinta minutos, sem pestanejar e sem que os olhos se lhes encham de lgrimas; mas aconselho-vos a que no excedais o limite de um quarto de hora. O homem que sujeita o seu olhar durante um quarto de hora, pode emitir um olhar to poderoso como aquele que conseguiu submet-lo por meia hora.

    Este exerccio importante, e se o fizerdes com perseverana, permitir-vos- encarar sria e continuamente a pessoa que vos falar. Graas a ele, o olhar ter uma expresso imponente e ser capaz de fixar com fora e penetrao, de tal modo que poucas pessoas possam suport-lo. Os ces e outros animais ficaro inquietos sob o vosso olhar, cuja impresso neles produzida se manifestar de diferentes modos.

    Este exerccio mais ou menos fastidioso, mas quem quer que o pratique ser largamente compensado do tempo e dos esforos que ele lhe custou. Se vos ocupardes do hipnotismo, este olhar vos ser muito til: enfim, os olhos parecero maiores por causa do aumento do espao entre as plpebras.

    II. - Podeis completar o exerccio precedente pelo exerccio seguinte, que lhe cortar a monotonia, introduzindo-lhe algumas diferenas, o que tambm vos trar, alm disso, a vantagem de vos habilitar a olhar para algum de frente, sem vos sentirdes embaraado. Ponde-vos diante de um espelho e fixai a imagem dos vossos prprios olhos pela maneira como vos indiquei no exerccio I.

    Prolongai a durao como no exerccio precedente. Isto acostumar-vos- a suportar o olhar de uma outra pessoa e trar-vos-, alm disso, a oportunidade de pr nos vossos olhos a expresso que vos parecer melhor e fazer diferentes observaes que vos sero de proveito. Podereis, assim, seguir o desenvolvimento da expresso caracterstica que vos d aos olhos o olhar magntico que ides possuindo cada vez mais.

    sobretudo este exerccio que deveis praticar sistematicamente. Autoridades h, no assunto, que o preferem ao precedente, mas, no meu entender, pela combinao dos dois que se obtm melhores resultados.

    III. - Ponde-vos de p, o rosto voltado para a parede, distncia de um metro desta. Suspendei o pedao de papel com a marca negra altura dos vossos olhos. Pregai o olhar nessa marca e fazei a cabea descrever um crculo, sem desviar a vista da marca. Como este exerccio fora os olhos a girar nas suas rbitas, exige naturalmente um esforo considervel dos msculos e nervos. Variai o exerccio, voltando a cabea em direes diferentes. Comeai serenamente este exerccio e fazei de sorte que no fatigueis os olhos.

    IV. - Encostai-vos parede, olhando-a de frente e dirigi rpidamente o olhar de um ponto da parede para outro, do alto para baixo, da direita para a esquerda, em ziguezague, em crculos, etc. Parai quando os olhos comearem a fatigar-se. A melhor maneira de terminar este exerccio parece-me ser a de fixar um s ponto, o que dar descanso aos olhos, depois do movimento que precedeu. Este exerccio tem por fim fortificar os msculos e os nervos ticos.

    V. - Quando tiverdes desenvolvido um olhar resoluto, aprendereis a ter nele confiana, persuadindo um dos vossos amigos a que vos permita experimentar nele a fora do vosso olhar. Fazei-o colocar uma cadeira, diante de vs; sentai-vos e olhai-o serena, firme-mente e com persistncia, recomendando-lhe que vos encare por tanto tempo quanto puder suportar.

    Vereis como vos ser fcil fatig-lo: no momento em que ele disser "Basta", estar num estado vizinho da hipnose. Se o indivduo que vos cair nas mos for um hipntico, muito mais apropriado ficar futuramente para o efeito.

    Podeis tambm experimentar a fora do vosso olhar num co, por exemplo, num gato ou em qualquer outro animal, com a condio de que ele se conserve quedo. Mas, em breve, verificareis que a maior parte dos animais foge para vos evitar o olhar.

    Claro est que deveis saber distinguir um olhar persistente e sereno de um olhar atrevido; o primeiro uma particularidade do homem psquicamente forte, ao passo que o segundo caracteriza o insolente.

    Notareis que o vosso olhar firme e persistente intimidar os vossos amigos e os atrapalhar. Mas, em breve, vos habituareis ao vosso poder e, usando dele de maneira discreta, impressionareis as pessoas, sem as molestar.

    Aconselho-vos a que no faleis dos vossos estudos de magnetismo animal, antes de tudo, porque o mundo no tardaria a ver-vos com olhar desconfiado, e em segundo lugar porque no podereis falar dele

  • seno em detrimento da vossa influncia nas outras pessoas. Guardai os vossos segredos e mostrai o vosso poder por aes e no por palavras. Fora destas razes, essencialmente prticas, outras h que so ocultas e que justificam absolutamente o vosso silncio quanto s novas faculdades adquiridas. No seguindo o meu conselho, estas poderiam tornar-se uma fonte de pesar para vs. Marcai o vosso tempo para estudar Estes exerccios e no os percorrais pressa. Fazei como a prpria natureza faz e desenvolvei o olhar gradualmente, lenta-mente, confiadamente. Evitai o pestanejar das plpebras, assim como o piscar dos olhos, e furtai-vos ao olhar das outras pessoas. A fora de vontade e a reflexo ajudar-vos-o a deixar de tais costumes. Se os olhos se fatigarem com os exerccios, banhai-os em gua fria e logo sentireis alvio. Podeis estar certo de no terdes dificuldades por este lado, depois de os haverdes exercitado alguns dias.

  • CAPITULO VIII -

    FORA VLIQUA

    Distino entre Fora atrativa do Pensamento e a Fora vliqua - Manifestaes diferentes das vibraes do pensamento - Definies das expresses "Volio" e "Fora vliqua" - Uma fora quase onipotente - O homem prpriamente dito - O "xito" - A sua importncia - Como dar-se cada um conta da sua existncia - O homem atinge um grau de poder desconhecido at hoje - A alma humana - A vontade - O segredo do desenvolvimento da vontade - Influncia mental ativa e passiva - A projeo das ondas do pensamento.

    J vos indiquei, nos captulos precedentes, como uma pessoa pode influenciar outra, numa conversa de viva voz, recorrendo sugesto, etc. O homem que exerce essa influncia ajudado por duas outras foras. Um destes auxiliares conhecido pelo nome de Fora atrativa do pensamento, para a explicao da qual se recorrer aos captulos seguintes; o outro a influncia volitiva da alma de uma pessoa sobre a alma de outra. Estas duas manifestaes do poder da alma humana oferecem entre si uma diferena notvel. Em primeiro lugar, a fora atrativa do pensamento, uma vez em ao, exerce a sua influncia em outrem, sem que seja necessrio um esforo consciente da alma;basta um pensamento enrgico tendo por objeto uma coisa qualquer, para suscitar a fora poderosa que influenciar outrem.

    Quando, pelo contrrio, a volio que se faz valer, a manifestao da fora da alma produz-se do modo seguinte: as vibraes mentais so projetadas e impelidas pela energia consciente da fora de vontade do indivduo que as projeta, e dirigidas para um ponto determinado; logo que a fora motriz deixa de atuar, as vibraes cessam tambm.

    No encontrei, na nomenclatura, nenhum termo mais especialmente adaptvel a esta forma de Fora-pensamento, e como a definio: - o esforo consciente da vontade produzindo vibraes de pensamento e propulsando-as at um objeto determinado - me parece por demais extensa, vi-me obrigado a socorrer-me de um neologismo para exprimir a idia.

    Conformemente a isto, servi-me-ei, portanto, na presente obra, do termo Volio para dar idia supramencionada, termo derivado do latim, pois que Volos significa vontade. Cuidado, porm, em no confundir esta palavra com volio, termo que serve para designar o ato pelo qual a vontade se determina a alguma coisa. Servir-me-ei tambm do termo vliquo, palavra que tirei da mesma raiz, para traduzir a idia da vontade.

    De todas as foras naturais, a fora vliqua uma das mais poderosas e tambm das menos compreendidas. Todos os homens se servem dela mais ou menos, inconscientemente. H os que percebem os seus efeitos, sem, todavia, nada compreenderem da sua origem ou do seu desenvolvimento. Pois se se lhe sacrificar tempo e os devidos esforos, pode ser desenvolvida num grau de elevao quase inaprecivel, por

    seqncias e exerccios racionais. Indicar-vos-ei os exerccios no captulo que tratar da concentrao.

    Para estar em condies de fazer uso inteligente da Fora vliqua, incontestvelmente preciso um conhecimento mais ou menos profundo da vontade, e para adquirir esta indispensvel fazer uma idia exata do que o homem na acepo da palavra.

    Muita gente no v no Ego - "Eu" humano - seno um corpo essencialmente

  • fsico. o ponto de vista materialista. Outra cr dever explicar o "Eu" como uma entidade mental com sede no crebro e domnio no corpo. H nisso apenas uma parte da verdade. Outra classe, ainda, mas esta pouco numerosa, tem conscincia da existncia dentro em si de um "Eu Superior", a cujas leis vive em conformidade. O verdadeiro Ego ou "Eu" est to elevado acima da alma, quanto esta se eleva acima do corpo; e as duas entidades, alma e corpo lhe esto subordinadas. Ambas so, nem mais nem menos, instrumentos de que ele se serve quando o julga necessrio.

    O verdadeiro "Eu" a entidade de que temos conscincia quando pensamos e dizemos: "Eu existo", nos nossos momentos de mediao e introspeco.

    Todos vs tereis conhecido esses momentos de conscincia do vosso verdadeiro "eu", mas havereis descurado de reconhecer a sua grande importncia. Ponde de parte, por alguns minutos, este livro e distendei todos os msculos do corpo; deixai-vos chegar a um estado absolutamente passivo da alma, e ento refleti, tranqila e serenamente, sobre o sentido do "Eu existo", fazendo por vos representardes vosso verdadeiro "eu" como estando elevado acima da vossa alma e do vosso corpo. Se o vosso estado de alma e corpo , neste momento, favorvel, percebereis um como reflexo da presena do vosso verdadeiro "eu" dentro de vs. Repeti a experincia: essa nova experincia far nascer em vossa alma a percepo da verdade. Nada pode lesar ou destruir o verdadeiro "eu". Que o corpo e a alma desapaream, v! A entidade "Eu existo" eterna e invulnervel. O "Eu existo" poderoso, quase onipotente;. e no dia em que a alma souber moldar-se sua vontade, o homem regenerado ter atingido um grau de poder que at ento lhe era desconhecido.

    O fim que me propus, escrevendo esta srie de captulos, inibe-me de demorar mais tempo neste assunto, que de tamanha importncia, que um estudo tendente a faz-lo apreciar ocuparia muitos volumes. O que eu quero atrair vossa ateno para esta verdade palpitante, e fao-o com empenho: - dou-vos a liberdade de escolherdes em face das minhas lies o ponto de vista que vos aprouver; concedo-vos que aceiteis ou rejeiteis tudo, - mas insisto, com toda a energia de que sou capaz, neste ponto: - Compenetrai-vos da grande verdade de que o "Eu existo" o vosso verdadeiro "Eu".

    Quando a vossa alma tiver reconhecido o seu verdadeiro senhor, tereis aprendido o segredo da vida. Lanai em vossa alma a semente do pensamento, e essa h de germinar, crescer, tornar-se a maravilhosa planta, cujas flores tero um aroma bem mais suave do que o perfume das mais belas flores terrestres.

    Quando as suas folhas se desenrolarem e a flor se mostrar em toda a sua beleza, ento sabereis que vos achastes a vs prprio.

    "Senhora de mil mundos, existi antes da gnese dos tempos. Contemplei e contemplarei o eterno recomear da noite dando lugar ao dia, e do dia dando lugar noite.

    E no terei repouso seno no fim dos tempos. Porque sou a Alma humana." O que entendemos pela vontade uma manifestao do "Eu existo" do

    indivduo, e entre estas duas entidades h uma relao quase anloga que existe entre o pensamento e a alma.

    Quando usamos da expresso "desenvolvimento da vontade", queremos, por este modo, indicar o desenvolvimento da alma, tendo por fim lev-la ao reconhecimento da existncia da vontade e da autoridade desta sobre ela.

    A vontade assaz forte por si mesma; no necessita de nenhum desenvolvimento. Esse ponto de vista diametralmente oposto ao que geralmente se adota, sendo, no entanto, perfeitamente justo.

    H, espalhada, uma corrente de vontade na rede dos fios psquicos, mas preciso aprender a estabelecer o contato entre o cabo e o varal para se poder pr em movimento o carro da alma.

    O pensamento humano pode escolher dois caminhos. O primeiro, que chamamos Influncia Mental Passiva, um esforo instintivo ou pouco menos que isso. Produz-se essa influncia por si mesma, e no exige seno muito pouca ou nenhuma fora vliqua.

    A segunda categoria dos esforos psquicos, a que chamaremos Influncia Mental Ativa, produz-se por um emprstimo de fora, mais ou menos considervel, feito pela alma vontade. Mas mal posso tocar ao de leve neste ponto, visto como ele sai do assunto da presente obra; vejo-me obrigado a remeter-vos para um outro dos meus livros, no qual o tratarei de maneira mais minuciosa.

  • Neste volume, propus-me, como fim, ensinar-vos o "modo" e no o "por que" das coisas, e, portanto, no quero ir alm dos limites do domnio da teoria.

    Quanto mais formar o homem os seus pensamentos, seguindo o caminho Ativo, mais os seus pensa-mentos se tornaro fortes. Mas o contrrio tambm verdade, no haja dvida. O homem que conhece o imprio da lei mental tem uma vantagem que no pode apreciar assaz no seu congnere, que segue totalmente o caminho do esforo mental passivo.

    Todas as espcies de pensamentos so projetadas pela alma e as suas vibraes influenciam os outros com mais intensidade, medida que o esforo propulsivo que os move mais enrgico. Os pensamentos passivos so, certo, menos poderosos do que os pensamentos ativos, mas renovados sem cessar; so, no entanto, uma fora poderosa. Conceber-se- fcilmente que um esforo de Volio necessrio toda vez que se queira exercer uma influncia direta na alma de outrem, por meio de vibraes mentais; quanto mais enrgico for o esforo, mais profunda ser a influncia.

    O captulo seguinte ser consagrado a uma dissertao sobre o uso da Volio.

  • CAPITULO IX

    VOLIO DIRETA A volio o pndulo do xito - Os guias da humanidade possuram-na - Assimilao inconsciente - Napoleo Bonaparte deu

    com a verdade - Os homens fortes sentem o seu "eu" Desejo fervoroso - M vontade na paga do tributo do xito - Homens que adquiriram o poder oculto - Fora vibratria - Telepatia: transmisso do pensamento; arte de ler o pensamento - Os mestres na arte guardam o seu segredo - Condio principal - Exerccio de Volio durante uma conversa de viva voz - Expectativa - As pessoas, em sua maior parte, figuram como "bonecos" - Instrues gerais No se deve empregar o poder para prejudicar o prximo Um conselho - Terrvel exemplo de Sat - Como "querer" alguma coisa - Exerccio I: Fazer virar algum - Exerccio II: Influenciar algum num lugar pblico - Exerccio III: Influncia exercida numa pessoa sem a fixar - Resultado cmico - Exerccio IV: Sugesto de uma frase esquecida - Resultado notvel obtido por um estudante alemo - Exerccio V: Direo dos movimentos de outra pessoa - Exerccio VI: Exerccios feitos de p, junto de uma janela - Influncia exercida nos transeuntes - Exerccios cativantes - Usai do vosso poder para desenvolvimento prprio e no para vos divertirdes ou para satisfazer a curiosidade dos vossos amigos.

    O grau em que o homem possui a qualidade de Volio varia muito, segundo o indivduo. Em geral, acontece que o homem causa uma influncia maior nos seus semelhantes, proporo que possui em mais alto grau a qualidade da Volio. Os guias da humanidade desenvolveram em si este poder num grau relativamente elevado, provvelmente, inconscientes e sem darem conta do funcionamento da fora patente que atua neles.

    Muitos dentre eles francamente confessam no poder explicar a influncia que exercem nos que os rodeiam. Sabem que tm uma espcie de poder que as outras pessoas no possuem, mas so absolutamente ignorantes quanto natureza desse poder e das leis a que ele obedece.

    Napoleo foi um exemplo notvel do homem que possui em alto grau a Volio. A sua vontade influenciava milhes que obedeciam s suas ordens e obteve resultados que eram quase milagres. Frases que lhe escaparam parecem justificar a suposio de que ele tinha vagamente conscincia do poder de que dispunha e, durante certo tempo, os seus atos foram compatveis com ela. Mais tarde que, querendo abusar do seu poder, perdeu de vista a sua origem, infringiu as suas leis, e - esta foi a sua runa.

    Vereis que todos os homens que chegam onde querem, tm, intensivamente, conscincia do seu "eu". Tm f em si prprios e, muitas vezes, conscincia de uma Providncia especial que olha favorvelmente por tudo quanto eles empreendem. Como Napoleo, percebem que tm uma "boa estrela". a conscincia instintiva do "eu existo". Nunca entreviram seno o reflexo da verdade e dela tiraram o maior proveito possvel, ao passo que a sua sede ardente de poder, glria e riquezas os incita e os leva instintivamente a assegurarem-se o poderoso socorro do seu "Ego".

    Muitos homens h que reconhecem o poder do "Eu existo"; h tambm, entre Estes, os que no conhecem as suas leis e, portanto, lhes no utilizam as foras na luta pela vida. Contentam-se com pouco e no se preocupam com pagar o tributo a que a maioria dos homens chama sucesso ou poder sobre seus semelhantes. Muitos daqueles que tm assimilado foras ocultas desprezam as riquezas, os cargos elevados e a glria. Sentem que no esse um fim digno do seu dom e preferem pr este ao servio de alguma coisa mais nobre aos seus olhos. Dizem com o Profeta: " vaidade, s vaidade, sempre vaidade!"; e com Puck: "Que loucos so os mortais!"

    A lei da compensao parece tudo nivelar; as riquezas, o poder e as posies elevadas no do a felicidade. "Cabea coroada no tem repouso", e "toda rosa tem

  • seus espinhos", so outras tantas verdades. Mas o meu fim no fazer um sermo, nem estabelecer uma moral. Todo

    indivduo deve, por si mesmo, fazer a sua escolha; ningum pode escolher por outrem. No vos dou seno um conselho: tudo o que fizerdes, fazei-o bem. No h seno uma s e nica maneira de fazer as coisas: FAZ-LAS. Pegai da charrua sem olhar para trs; escolhei o vosso fim e ide pelo vosso caminho afora, derrubando todos os obstculos que encontrardes na passagem. Para atingirdes o vosso fim preciso que tenhais um "Desejo" fervo-roso de triunfar; deveis reconhecer o vosso "eu", o vosso "Eu existo", de maneira a serdes capaz de fora de vontade. No captulo precedente, defini a Volio nestes termos: "O esforo consciente da vontade produzindo vibraes do pensamento e impelindo estas na direo de um determinado objeto".

    A fora vibratria pode ser exercida de maneira ordinria, isto , a pequena distncia, no decurso de uma conversa de viva voz, e tambm de um modo menos conhecido, por meio de vibraes a grandes distncias - fenmeno geralmente designado pelo nome de Telepatia.

    A primeira forma encontra-se freqentemente e todos temos visto numerosos exemplos dela; a segunda, sob a qual se apresenta esta fora mental, muito mais rara e os que nela se acham iniciados faro muito bem em no falar no seu nome. No entanto, o nmero das pessoas que, em silncio, exercem tal poder muito mais considervel do que primeira vista se imagina. Vemos exemplos insignificantes deste fato no conjunto dos fenmenos conhecidas sob o nome de Telepatia ou Transmisso do Pensamento, na arte de ler o pensamento, etc.; mas semelhante espetculo , de ordinrio, dado por pessoas que no conhecem o assunto seno de um modo superficialssimo. Conheo algumas que tm desenvolvido esse poder a um grau quase prximo do prodgio e essas nunca acedero a dar uma prova do seu poder a outras, com exceo de alguns amigos privilegiados com os quais simpatizam absolutamente e que esto altura do fato. Essas pessoas conhecem a verdadeira natureza da fora de que tm adquirido o uso e no querem rebaix-la especulao

    e vulgares representaes. Acham-se satisfeitas com os seus conhecimentos a respeito do assunto e no esto para se dar ao trabalho de convencer as outras. No procuram fazer proslitos, mas, pelo contrrio, pem a sua cincia oculta, persuadidas como esto de que os tempos de tal divulgao ainda no chegaram e de que esta, por conseqncia, s abusos acarretaria.

    Para cada um desenvolver em si o poder da Volio, trate antes de tudo de chegar ao reconhecimento do verdadeiro "eu", do "Eu existo".

    Quanto mais completo for este reconhecimento, mais poderosa ser a sua fora. No vos posso dar

    preceitos exatos para chegardes a tal reconhecimento. Antes deveis adquiri-lo do que compreend-lo. No momento em que estiverdes no bom caminho, tereis conscincia dele e no mais duvidareis.

    Contudo, como ao assunto no repugna toda explicao, passarei a dar-vos uma idia aproximada do mesmo.

    Imaginai que o vosso corpo um fato que vos cobre durante um lapso de tempo mais ou menos considervel, sem contudo fazer parte do vosso "eu"; que este est separado do vosso corpo, elevado acima dele, sem contudo deixar de estar, temporriamente, ligado a ele. Concebereis sem custo que mesmo a vossa alma no o vosso "eu"; mas apenas o instrumento com o auxlio do qual este pode manifestar-se e que, como este instrumento defeituoso, embaraa a expresso do vosso verdadeiro "eu". Em breve, quando dizeis ou pensais "Eu existo", tereis conscincia da existncia do vosso verdadeiro "eu" e sentireis nascer em vs um poder novo. Acontecer, talvez, que este reconhecimento do "eu" no passe de ser vago, mas animai-o e logo ele se fortalecer. Fortalecendo-o se manifestar alma e lhe indicar o caminho do desenvolvimento a seguir. este um exemplo do versculo da Bblia: - Aquele que tem, lhe ser dado e quele que no tem, ser tirado o que possui. A simples exposio do fato bastar para despertar em alguns a conscincia do seu "eu", ao passo que outros julgaro necessrio refletir maduramente e levaro mais tempo a reconhecer a verdade. Outros, enfim, no daro com a verdade. A esses direi: Ainda no soou a hora de conhecerdes esta grande verdade, mas a semente foi lanada terra e, no devido tempo, germinar. Pode acontecer que tudo isto, na hora presente, se vos afigure um contra--senso, mas dia vir em que reconhecereis ser tudo rigorosamente verdadeiro. Quanto aos

  • que sentem em si o despertar do verdadeiro "eu", a esses s isto lhes posso dizer: - Sustentai convosco o pensamento, e o pensamento florescer como o 1tus, natural e regularmente: a verdade, uma vez reconhecida, no mais se perder; a natureza no tem estagnao. Pelo que respeita aos que reconheceram a verdade em toda a sua extenso muito terei que dizer-lhes, mas no neste