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Logística Reversa

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Adriano Rosa AlvesMárcio Ronald SellaAlessandra Petrechi de Oliveira

Logística Reversa

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Alves, Adriano Rosa

ISBN 978-85-8482-202-7

1. Logística empresarial. 2. Administração de material. Sella, Márcio Ronald. II. Oliveira, Alexandra Petrechi de. Título.

CDD 586

Sella, Alessandra Petrechi de Oliveira. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2015. 224 p. : il.

A474L Logística reversa / Adriano Rosa Alves, Márcio Ronald

© 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e

transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.

Presidente: Rodrigo GalindoVice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava

Diretor de Produção e Disponibilização de Material Didático: Mario JungbeckGerente de Produção: Emanuel Santana

Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra DannaGerente de Disponibilização: Nilton R. dos Santos Machado

Editoração e Diagramação: eGTB Editora

2015Editora e Distribuidora Educacional S. A.

Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João PizaCEP: 86041 -100 — Londrina — PR

e-mail: [email protected] Homepage: http://www.kroton.com.br/

I.III.

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Unidade 1 | Logística e seus conceitos

Seção 1.1 - Os conceitos e fundamentos da logística e canais de distribuição1.1.1 | Fundamentos da logística1.1.2 | A importância e a missão da logística1.1.3 | A interface de marketing e logística1.1.4 | A cadeia de suprimentos orientada para o mercado1.1.5 | A cadeia de suprimentos sincrônica

1.1.6 | Gerenciando a cadeia global

Seção 1.2 - Os canais de distribuição reversa: fundamentos; competitividade e questões legais1.2.1 | Conceitos de canais de distribuição e logística reversa1.2.2 | A logística reversa como estratégia empresarial 1.2.3 | A legislação aplicada sobre a logística reversa no Brasil1.2.4 | Aspectos da implantação da Logística Reversa1.2.5 | O gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil1.2.6 | A logística reversa – elementos de um instrumento sustentável

Unidade 2 | Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo

Seção 2.1 - O produto logístico de pós-consumo2.1.1 | Natureza e classificação dos bens pós-consumo2.1.2 | Tendência à descartabilidade dos bens de consumo2.1.3 | Consumo, consumismo e consumo sustentável 2.1.3.1 | Lançamento de novos produtos 2.1.3.2 | Produção de eletroeletrônicos 2.1.3.2.1 | Telefonia móvel 2.1.3.2.2 | Informática 2.1.3.3 | Produção de materiais plásticos 2.1.3.3.1 | Embalagens descartáveis: indústria alimentícia

2.1.3.4| Produção de automóveis

Seção 2.2 - Natureza dos canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo 2.2.1 | Os canais reversos de reuso2.2.2 | Os canais reversos de remanufatura2.2.3 | Os canais reversos de reciclagem2.2.4 | Planejamento operacional na cadeia de valor da logística reversa 2.2.4.1 | Plano de preparação e acondicionamento 2.2.4.2 | Plano para coleta e transporte 2.2.4.3 | Plano de beneficiamento 2.2.4.4 | Plano de destinação final2.2.5 | Ciclos reversos abertos e fechados de reciclagem 2.2.5.1 | Canais de distribuição reversos de ciclo aberto 2.2.5.2 | Canais de distribuição reversos de ciclo fechado2.2.6 | A logística reversa e a política nacional de resíduos sólidos

Sumário

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Unidade 3 | Canais de distribuição reversos de bens pós-venda

Seção 3.1 - Identificação do produto pós-venda3.1.1 | Barreiras à logística reversa – pós-venda

Seção 3.2 - Categorias de fluxos reversos de pós-venda3.2.1 | Categoria Comercial 3.2.1.1 | Retornos não contratuais 3.2.1.1.1 | E-commerce (erros de expedição do pedido) 3.2.1.2 | Retornos contratuais 3.2.1.2.1 | Retorno de produtos em consignação 3.2.1.2.2 | Retorno de embalagens retornáveis 3.2.1.3 | Retorno de ajuste de estoques de canal 3.2.1.3.1 | Baixa rotação de estoque 3.2.1.3.2 | Excesso de estoque no canal 3.2.1.3.3 | Efeitos sazonais de produtos3.2.2 | Categoria garantia/qualidade 3.2.2.1 | Qualidade intrínseca 3.2.2.2 | Validade de produto: expiração do prazo de validade 3.2.2.3 | Recall de produtos3.2.3 | Seleção e destinos dos produtos que retornam do pós-venda3.2.4 | Políticas reversas de empresas no Brasil

Unidade 4 | Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial

Seção 4.1 - Sustentabilidade e gestão ambiental 4.1.1 | Ambientalismo 4.1.1.1 | Evolução do desenvolvimento sustentável ambiental4.1.2| Desenvolvimento sustentável4.1.3 | As organizações e a responsabilidade ambiental4.1.4 | Gestão ambiental

4.1.5 | Gestão ambiental da cadeia de suprimentos

Seção 4.2 - Logística ambiental como fator de competitividade empresarial4.2.1 | Logística ambiental 4.2.2.1 | Logística verde x logística reversa 4.2.2.2 | Logística reversa 4.2.3 | Responsabilidade ambiental como prática estratégica de logística4.2.4 | Práticas estratégicas ambientais de logística4.2.5 | Estratégias ambientais logísticas4.2.6 | As práticas de responsabilidade ambiental em logística4.2.7 | Os fatores motivadores para adoção de práticas de responsabilidade ambiental na atividade logística 4.2.7.1 | Logística verde como fator de competitividade 4.2.7.2 | Estratégias de logística ambiental

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ApresentaçãoA Logística Reversa está associada, normalmente, às funções de

pós-venda e pós-consumo. Quase sempre o enfoque é em levar de volta a alguns poucos centros um conjunto muito grande de materiais que foi distribuído para o consumo através da logística direta.

A logística direta tem o papel de levar os produtos e serviços do produtor para alguns centros de distribuição, destes para o mercado e finalmente para o grande público consumidor. Já a Logística Reversa faz o papel inverso, pegando os produtos altamente dispersos e devolvendo-os às suas origens para tratamento, disposição final ou reciclagem. Porém, precisamos começar a ampliar essa visão e começar a enxergar o apelo à sustentabilidade da logística reversa, atualmente chamada de Logística Verde ou Ambiental. Não podemos mais simplesmente dar destino adequado aos produtos no pós-consumo, mas também controlar os resíduos gerados nas organizações.

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (estabelecida pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010), a Logística Reversa pode ser definida como “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.

A Logística Reversa, como sabemos, tem uma preocupação centrada no fluxo reverso de materiais e produtos tanto no pós-venda como no pós-consumo. Já a Logística Ambiental tem uma preocupação mais abrangente, preocupando-se com a avaliação e minimização dos problemas ambientais associados às atividades de Logística Empresarial, passando pelas preocupações relativas à Logística Reversa.

É disso que trata este livro, do entendimento da Logística Reversa e seus modelos e processos e da Logística Ambiental como um diferencial competitivo empresarial.

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Na primeira unidade do livro será feita uma recordação dos conceitos de Logística, bem como dos Canais de Distribuição e serão abordados os conceitos da Logística Reversa e dos Canais Reversos. Apontaremos às questões legais que regem o processo da Logística Reversa dos Resíduos Sólidos e qual a importância deste processo para a Organização e para o Meio em que atua.

Conceituaremos, na Unidade 2, os bens de consumo de acordo com o critério de vida útil e dividindo-os em três grandes categorias: descartáveis, duráveis e semiduráveis. Na sequência serão apresentados alguns dos sinais que indicam um elevado crescimento na descartabilidade destes bens impactando no aumento dos resíduos sólidos.Trataremos vários aspetos envolvendo a reciclagem e finalizaremos a unidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), que contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.

Na terceira unidade do livro abordamos os canais reversos de pós-venda, com foco nas categorias: comerciais e garantia/qualidade. Nas categorias comerciais apresentaremos os retornos não contratuais (erros de expedição do pedido), retornos contratuais (retornos de produtos em consignação e retornos de embalagens) e retornos de ajuste de estoques de canal (excesso no canal, baixa rotação de estoque e efeitos sazonais de produtos). Já na categoria garantia/qualidade, discutiremos os aspectos de qualidade intrínseca (retornos de produtos defeituosos e danificados), validade de produto (expiração da validade) e recall de produtos (recolhimento de produto do mercado). Finalizaremos a unidade com a seleção e destinos dos produtos que retornam do pós-venda.

Na quarta unidade, você vai entender como a responsabilidade ambiental empresarial vem ganhando destaque no cenário mundial e no ambiente dos negócios, principalmente porque a busca por um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental é importante para a formação da reputação das organizações. Essa nova realidade se dá em virtude de alguns aspectos ambientais que imperam transparência nos negócios. Vamos compreender o que é a Logística Reversa, dentro do contexto da Logística Ambiental, e como

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as empresas podem e devem utilizá-la para ganhos em competitividade empresarial.

O livro fornece uma ampla visão das questões relacionadas à Logística Reversa, uma análise dos modelos e a sua participação dentro dos diversos sistemas produtivos e da Logística Empresarial.

Finalmente, o livro Logística Reversa é uma porta de entrada bastante qualificada para a exploração inicial, dentro de um quadro conceitual moderno, da Logística Reversa e da Logística Ambiental.

Após nossa discussão vamos buscar responder: a Logística Reversa e a Logística Ambiental são fatores de competitividade empresarial?

Convidamos você a navegar pelas páginas e assuntos aqui apresentados, onde poderá, no final, compreender o papel da Logística Reversa para as Organizações e o Meio. A reflexão deste material permeia questões legais, mercadológicas e sustentáveis. Esperamos e desejamos que você tenha um excelente aproveitamento dos apontamentos realizados neste material. Bom estudo!

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Unidade 1

Logística e seus conceitos

O objetivo desta unidade é apresentar para você os conceitos e fundamentos da Logística e dos Canais de Distribuição, bem como o impacto que eles podem gerar para as organizações e relatar um breve histórico da logística e sua importância para as organizações. A intenção é apresentar todos os conceitos que envolvem a logística e os canais de distribuição, bem como, enfatizar a importância da implantação e execução de uma logística eficaz. Iremos analisar também a aplicação dos canais de distribuição reversos nas organizações. Através destas informações, você irá compreender como é vital a logística nas organizações. Iremos observar alguns resultados obtidos pelas políticas de logística reversa aplicadas em empresas atuando no Brasil. Vale ressaltar que esta introdução e conceitos básicos são necessários para o bom entendimento dos Sistemas de Logística Reversa.

Objetivos de aprendizagem

Nesta seção iremos identificar os conceitos de logística e canais de distribuição; a importância e a missão da logística frente às organizações e o mercado; a interface de marketing e de logística; a cadeia de suprimentos orientada para o mercado; a cadeia de suprimentos sincrônica e; gerenciando a cadeia global. O objetivo desta seção é que você tenha plena visão da atuação dos canais de distribuição em uma organização, bem como o resultado gerado pelo trabalho executado.

Seção 1.1 | Os conceitos e fundamentos da logística e canais de distribuição

Adriano Rosa Alves

Nesta seção será apresentado o conceito de canais de distribuição reversa; iremos analisar a competitividade entre as organizações originárias da logística reversa; a legislação aplicada sobre logística reversa no Brasil; os aspectos da implantação da

Seção 1.2 | Os canais de distribuição reversa: fundamentos; competitividade e questões legais

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logística reversa; o gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil. O intuito é que você possa compreender a importância do conhecimento das questões legais e o impacto gerado pelos resíduos sólidos bem como, ratificar a importância de uma política sólida para a implantação da logística reversa nas organizações.

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Introdução à unidadeQuando abordamos o assunto, logística, ouvimos várias

teorias e apontamentos; críticas e elogios; definições e dúvidas. Uma das definições populares que você já pode ter contemplado: “Logística é transporte.” Você talvez pôde, em algum momento, ter ouvido esta definição e tê-la aceitado, mas, hoje, você sabe que isto não é verdade.

Você saberia me dizer então qual é a definição de logística? Por que, por exemplo, em nosso País, discute-se tanto no Senado e na Câmara Federal sobre os custos logísticos para o escoamento da safra produzida no Brasil? É neste sentido que, nesta primeira parte, iremos abordar os conceitos da logística e dos canais de distribuição, bem como sua importância para as organizações e os seus benefícios. Dentro deste contexto, traremos para você a logística reversa e o seu papel nas organizações. Questões como: sustentabilidade, competitividade e legais, serão abordadas dentro do nosso material.

O desejo deste conteúdo elaborado é despertar em você a importância de um projeto ou planejamento tangendo a logística reversa. Talvez, você irá ouvir que a logística reversa eleva o custo da organização, e isso realmente é possível, se não houver um planejamento ou controle das atividades, mas, aqui, será um lugar que você poderá observar todos os benefícios que ela pode acarretar a uma organização, tanto benefícios tangíveis como benefícios intangíveis.

Vamos fazer uma viagem no vasto conhecimento logístico e canais de distribuição para poder facilitar o seu entendimento da aplicação da logística reversa, assim, você poderá no final do conteúdo compreender a necessidade e a importância da análise dos conceitos aqui abordados, bem como seus resultados.

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Seção 1.1Os conceitos e fundamentos da logística e canais de distribuiçãoIntrodução à seção

1.1.1 Fundamentos da logística

Nesta seção, você irá compreender as definições e conceitos de Logística, Canais de Distribuição, Logística Reversa e Canais de Distribuição Reversa. Iremos abordar assuntos como a missão da logística, sua importância e papel para as organizações e resultados esperados.

A humanidade tem uma história vasta, repleta de conhecimentos, descobertas e também mistérios. O homem, desde as eras remotas, sempre esteve em busca de ferramentas para melhorar o desenvolvimento de suas atividades e resultados. Sendo assim, conforme o tempo foi transcorrendo, o homem, através das inovações e aperfeiçoamentos de suas tecnologias, fora aprimorando a forma de realizar o seu trabalho, objetivando sempre a satisfação e atendimento de suas necessidades.

Fonte: <https://pixabay.com/pt/evolu%C3%A7%C3%A3o-andar-charles-darwin-297234/>. Acesso em: 15 jun. 2015.

Figura 1.1 | Evolução do homem

É sobre este pensamento que vamos analisar porque as empresas necessitam tanto do planejamento e, qual é o papel da logística e dos canais de distribuição. Precisamos entender antes qual é o conceito destes dois termos, Logística e Canais de Distribuição. Como citamos na introdução do nosso material,

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talvez você tenha ouvido falar que, logística era o transporte realizado das mercadorias. De acordo com Panitz (2006, p. 73):

Logística, do francês “logistique” parte da arte da guerra que trata do Planejamento e da realização do Projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material (para fins operativos e administrativos); Recrutamento, incorporação, instrução e adestramento, designação, transporte, bem-estar, evacuação, hospitalização, e desligamento de pessoal; Aquisição ou construção, reparação, manutenção e operação de instalações e acessórios destinados a ajudar o desempenho de qualquer função militar.

Você deve ter plena consciência que a Logística é “o ato de planejar, executar e controlar o, fluxo e armazenagem, quanto ao tempo, qualidade e custos, observando desde o ponto de obtenção da matéria-prima até o consumidor final, sempre tendo como objetivo o alcance da satisfação deste consumidor” (NOGUEIRA, 2012, p. 21). A logística se torna fator importante em nosso cenário a partir da década de 1990, quando o então ex-presidente da república, Exmo. Sr. Fernando Collor de Mello, abre o mercado nacional para todo o mundo, atraindo novas empresas. Este fato gerou uma nova realidade, pois, com estas empresas entrantes, veio a tecnologia, produtos com qualidade superior, custos mais baixos e processos mais ágeis. Neste sentido, as empresas brasileiras sentiram a verdadeira necessidade de melhorarem os seus processos e evitarem desperdícios e custos desnecessários.

Mas, quando falamos em logística, precisamos compreender que ela sempre esteve em nosso meio, antes mesmo da era Cristã. Se você observar os fatos históricos como a construção das Pirâmides do Egito; a Muralha da China; as conquistas de Alexandre, o Grande, irão encontrar vários fatos que nos reportam à logística. O detalhe é que naquela época, estes processos de planejamento, controle, execução e busca da satisfação não estavam atrelados à logística, mas ela estava presente. Nas guerras (1ª e 2ª) mundiais, podemos encontrar facilmente os processos logísticos: movimentação de homens, máquinas, armamentos, munição, alimentação, estruturas para acampamentos, hospitais, informação etc. Observe bem este

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Uma organizada cadeia de agentes e instituições que, combinadas, desenvolvem as atividades necessárias à união de fabricantes e usuários para a consolidação das atividades de marketing; Uma ou mais companhias ou indivíduos que participam do fluxo de bens e serviços, desde um produtor até o consumidor; Os canais de distribuição desempenham 4 funções básicas: indução da demanda, satisfação da demanda, serviços de pós-venda e troca de informações.

Pode-se observar que logística não tem a mesma definição que os canais de distribuição e aqui, enfatizo mais uma informação que você precisa ter pleno conhecimento: Canais de Distribuição / Cadeia de Abastecimento / Cadeia de Suprimentos e / Supply Chain Management (SCM) – tem o mesmo significado.

Você deve se perguntar: “Mas professor, como podem todas estas terminologias ter a mesma concepção?” Analise o que Nogueira (2012, p. 29) cita sobre o SCM: “é a integração dos processos de negócios desde o usuário final até os fornecedores originais (primários) que providenciam produtos, serviços e informações que adicionam valor para os clientes e stakeholders”. Observe que ambas as definições apresentam, em seu conceito básico, o mesmo princípio.

ponto, quando nos reportamos à logística, estamos falando em processos. Segundo Ballou (2006, p. 26) a logística empresarial “é um campo relativamente novo do estudo da gestão integrada, das áreas tradicionais das finanças, marketing e produção”.

Quero chamar sua atenção para o termo gestão integrada, quando Ballou cita, ele nos reporta a importância de todos os departamentos trabalharem em conjunto para alcançarem o objetivo da empresa: o sucesso e o lucro. Vale ressaltar que, para conseguirmos estes objetivos, necessitamos trabalhar com qualidade, ou seja, gerar satisfação e atender às necessidades de nossos clientes.

Agora que compreendemos o que é logística, convido você para analisarmos os canais de distribuição. Afinal, o que vem a ser canais de distribuição? De acordo com Panitz (2006, p. 29), canal de distribuição é:

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A cadeia de abastecimento integrada apresenta uma visão mais ampla do que conhecemos como cadeia logística, esta mais limitada à obtenção e movimentação de materiais e à distribuição física de produtos. A tecnologia da informação e a inovação tecnológica tornam possível um futuro no qual a cadeia de abastecimento possa ser realmente integrada. Nunca se falou tanto em atender às exigências dos consumidores como tem acontecido ultimamente.

Assim, esperamos que você possa ter uma ampla visão da diferença entre a Logística e os Canais de Distribuição. Fica evidenciado que a logística (processos) está presente nas atividades dos canais de distribuição. Precisa-se de uma visão sistêmica da organização para poder ter uma compreensão plena das atividades desenvolvidas.

Então, quando estamos estudando os canais de distribuição, estamos observando um conjunto de processos (logística) que ocorre em uma organização, para atender às necessidades dos clientes, analisando desde o momento em que adquirimos a matéria-prima em nosso fornecedor, até a colocação do produto final no ponto de venda (PDV).

Afirma Bertaglia (2009, p. 5):

1.1.2 A importância e a missão da logística

Diariamente, milhões de pessoas realizam negócios como: troca de mercadorias, compra e venda e prestação de serviços. Talvez você já tenha se deparado com a seguinte situação: entrar em uma determinada empresa para adquirir um produto e não o encontrar para atender a sua necessidade. Acredito que sua reação não fora muito de satisfação. Este fato ocorre todos os dias devido à falta de planejamento das organizações na reposição dos produtos ofertados. Vários percalços podem gerar esta falha: atraso de entregas, falta de matéria-prima, greves, fatores climáticos, alterações em questões legais; controle do estoque de forma errada; falta de análise da oferta x demanda; avarias etc. Diante dos fatos expostos, a logística (processos) integrada à cadeia de abastecimentos tem como obrigação e missão corroborar para que isto não ocorra. Como pode a missão da logística corroborar para que estes percalços não ocorram nas organizações e prejudiquem os clientes ou gerem insatisfação?

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Fonte: <https://pixabay.com/pt/carrinho-de-m%C3%A3o-steekkar-caixa-564242/>. Acesso em: 15 maio 2015.

Figura 1.2 | Distribuição de mercadorias

Precisamos entender que a missão da Logística nos canais de distribuição é a de colocar o produto/mercadoria no local, hora, quantidade e qualidade certa, exatamente no momento que o cliente necessita, para atender as suas necessidades e satisfazer sua necessidade. Cita Bertaglia (2009, p. 11): “o objetivo clássico da cadeia de suprimentos é possibilitar que os produtos certos, na quantidade certa, estejam nos pontos de venda no momento certo, considerando o menor custo possível”.

Este fato surge em decorrência da globalização, pois, o aumento da competitividade, uma oferta maior de produtos e marcas e, a agilidade dos processos de compra e venda também sendo ofertados pelo e-commerce cria a necessidade de as empresas aprimorarem suas formas de trabalho e atendimento ao cliente. Organizações que não se aterem para os processos da cadeia terão seu futuro muito afetado.

Analisar a missão não é somente observando os pontos internos da organização, seus pontos fortes e fracos, mas deve-se observar constantemente o ambiente externo, ou seja, tudo o que circunda a organização, que vai desde os fornecedores e concorrentes, até questões legais, sustentáveis e clientes.

“As questões da globalização e uma economia global têm elevado a competitividade das organizações, forçando-as a projetarem produtos para um público globalizado e ao mesmo

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tempo racionalizarem seus processos para evitarem os custos desnecessários” (NOGUEIRA, 2012, p. 6). Segue a figura que elucida o canal de distribuição em funcionamento e suas possíveis fases que podem ser encontradas nas organizações.

Figura 1.3 | Canais de distribuição – processos

Fonte: O autor (2015).

Observe que a figura apresentada tem suas etapas inter-relacionadas, uma vinculada à outra. Qualquer erro ou atraso que ocorra em uma etapa irá prejudicar a seguinte. É importante ressaltar as questões da qualidade do produto e da prestação de serviço que são oferecidos ao cliente. Para que possamos alcançar esta qualidade esperada, todas as etapas devem ser muito bem planejadas, estudadas e executadas. Cabe então às organizações buscarem, também, qualificar os seus colaboradores, pois, não irá adiantar nada ter às melhores ferramentas se os colaboradores não estiverem aptos a usá-las. Torna-se evidente, com base no que expusemos anteriormente, que “a missão da gestão logística é de planejar, coordenar e controlar todos os processos necessários para se alcançar os níveis esperados de serviços executados e qualidade ao menor custo possível” (CHRISTOPHER, 2013, p. 13). Sendo a missão da logística tão importante, porque ainda encontramos empresas que relutam para aprimorar suas técnicas de trabalho e não procuram novas formas de desempenhar suas atividades para atender às necessidades dos clientes?

De acordo com Christopher (2013, p. 15):

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A maioria das organizações se vê como entidades independentes das outras, e de fato precisam competir com elas a fim de sobreviver. No entanto, essa filosofia pode ser autodestrutiva se levar a uma falta de disposição em cooperar para competir. Por trás desse conceito aparentemente paradoxal esta a ideia de integração da cadeia de suprimentos.

Fica evidente que, necessitamos dos concorrentes para podermos aprimorar nossos negócios, bem como desenvolver novas técnicas em função da necessidade de atender a uma demanda cada vez mais crítica. Sendo assim, às empresas, nos canais de distribuição, devem cooperar entre si para que o objeto final, o cliente/consumidor final, possa sair satisfeito com o negócio efetuado. “Como nos encontramos em um mercado de mercadorias, onde o consumidor observa pouca diferenciação entre os produtos ofertados, necessitamos de uma vantagem diferencial por meio do valor agregado”. (CHRISTOPHER, 2013, p. 28). O atendimento diferenciado, com qualidade, o “olho no olho” irá fazer a diferença. Atender ao cliente de forma a superar suas expectativas, fornecer ao cliente um canal de pós-vendas, por exemplo, já pode ser um diferencial entre várias áreas de prestação de serviços. Precisamos conhecer nossos concorrentes, através do benchmarking, observar práticas, qualidades e fraquezas para podermos conquistar o nosso futuro cliente ou manter os clientes ativos na carteira.

1.1.3 A interface de marketing e logística

Quando vamos abordar os canais de distribuição e a logística, precisamos entender que esta área da organização, além de atender aos anseios e desejos de consumo de um cliente que solicitou um produto ou serviço, também está atendendo ao Departamento de Marketing da empresa, ou também conhecido como Departamento Comercial. Dentro dos conceitos de marketing, encontramos o composto mercadológico que é formado pelos 4 Ps, sendo eles: produto, preço, promoção e praça. A maioria das ênfases sempre é sobre os três primeiros Ps apresentados, sendo a praça deixada de lado, muito vezes. Mas, segundo Christopher (2013) este cenário está apresentando sinais de mudança, pois,

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Quando a organização não acredita na importância de saber qual o melhor caminho a seguir ou o que deve fazer, estará à mercê de um mercado cada vez mais consciente e competitivo, e em um curto espaço de tempo pode ser massacrada pela concorrência, pois, novas ideias podem substituir o seu produto e/ou serviço.

Eis a importância de conhecermos os nossos clientes, bem como nossos concorrentes, como citado no item anterior (1.2). E para podermos ser e fazer o diferencial para nossos clientes é importante que meçamos os processos logísticos, ou seja, medir nossos desempenhos, observando às metas e objetivos e como a empresa está trilhando estes planejamentos traçados. Cita Nogueira (2012, p. 173) que “estas medidas são um grande instrumento de comunicação, apresentando benefícios como: promover e compartilhar a cultura organizacional; direcionar o comportamento gerencial; apresentar o feedback; gerir esforços de melhorias e; aperfeiçoar o processo de decisões.”

De acordo com Bertaglia (2009, p. 19), “ouvir e compreender as necessidades do seu cliente tornou-se fator principal para o sucesso da organização”. Este fato de estarmos “ouvindo” o cliente gera um valor adicional ao seu produto, marca e empresa. Vale ressaltar que os clientes são disputados pelas empresas, interessadas no quando ele esta disposto a desembolsar para adquirir um serviço ou um produto. Imagine você, neste momento, escolhendo um produto para se presentear. De que forma gostaria de ser atendido? Quais benefícios gostaria que a empresa oferecesse na aquisição do produto escolhido?

Os clientes, em todos os mercados, querem cada vez maior agilidade, sendo que, a disponibilidade de um produto ou serviço, no momento exato em que o cliente tem o seu desejo, poderá superar a fidelidade a uma marca ou fornecedor, isto nos reporta a seguinte reflexão: se o produto que o cliente costuma

os clientes estão cada vez mais solicitando agilidade no processo e entrega de seus produtos / serviços, sendo esta agilidade, um potencial de diferença na vasta oferta que o mercado disponibiliza todos os dias. Para Nogueira (2012, p. 171):

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consumir não está ao seu alcance, mas, o produto substituto sim, a probabilidade de perdermos uma venda será muito grande (CHRISTOPHER, 2013). De acordo com Bertaglia (2009, p. 293), “as alterações no contexto industrial, transitando de um modelo que evidenciava a produtividade para um modelo de competitividade, requer que as organizações adotem formas diferentes de administração empresarial, com o foco voltado para o serviço e ao cliente”. A cadeia de suprimentos exerce um papel fundamental a fim de gerar às organizações a vantagem competitiva por meio da velocidade nos processos e redução de custos, por estar conectada ao transporte.

Afirma Bertaglia (2009, p. 293-294):

A variação e a diversificação na demanda têm sofrido grandes modificações, obrigando as organizações a fornecerem uma variedade maior de produtos. Os clientes, um dos principais elementos da cadeia, estão exigindo maior frequência de entrega, com quantidades reduzidas e maior variedade de produtos. Para satisfazer essa demanda, as organizações precisam ser mais velozes e apresentar um alto grau de qualidade nos seus produtos para evitar devoluções. Nesse contexto, a área de transporte é fortemente afetada e necessidades adicionais lhe são impostas.

Você pode observar que, cada vez mais, as organizações precisam correr para melhorar seus processos logísticos, diminuindo custos, aumentado a qualidade dos produtos e serviços prestados, criando mecanismos para agilizar a distribuição de seus produtos frente ao mercado consumidor. Vale enfatizar a importância do departamento comercial / marketing na hora de selecionar os fornecedores, bem como, saber o que comprar. “Logo, o papel do atendimento ao cliente é ofertar utilidade de tempo e lugar na transferência de bens e serviços entre o comprador e o vendedor” (CHRISTOPHER, 2013, p. 37).

Cita Christopher (2013, p. 41):

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Muitas empresas sofrem nesse novo ambiente competitivo, porque, no passado, elas se focaram nos aspectos tradicionais do marketing – desenvolvimento de produtos, atividades promocionais e concorrência nos preços. No entanto, embora esses aspectos ainda sejam dimensões necessárias a uma estratégia bem sucedida de marketing, eles não são suficientes.

Ficou evidente que, empresas que se atém somente a preços, ações promocionais e desenvolvimento de produtos, estão em maior desvantagem em relação às empresas que ampliam o produto básico com serviços de valor agregado.

1.1.4 A cadeia de suprimentos orientada para o mercado

Quando a logística começou a ser aplicada nas organizações e, através dos processos, houve o surgimento da cadeia de suprimentos. Neste contexto primordial, o foco era voltado a aperfeiçoar as operações internas da empresa fornecedora. “O fabricante era motivado a principiar acordos de fornecimento e distribuição que viabilizariam maximizar a eficiência da produção” (CHRISTOPHER, 2013, p. 46). Isso nos reporta a visão de que a produção seria em larga escala e o transporte seria realizado em grandes volumes. O que se pode concluir desta estratégia era que o foco não estava nos clientes, mas tão somente nos processos. Christopher (2013, p. 46) diz mais: “com a contínua transferência de poder do canal de distribuição do produtor para o consumidor, essa filosofia convencional se torna cada vez menos apropriada”. A nova perspectiva não enxerga mais o consumidor no final da cadeia, mas sim em seu início. Christopher apresenta o modelo de cadeia de suprimentos da empresa de moda ZARA, que cria valor real para seus clientes-alvo.

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Figura 1.4 | Ligando valor do cliente à estratégia de cadeia de suprimentos

Fonte: Christopher (2013, p. 47).

Vale ressaltar que não existem dois clientes iguais. Cada um tem seus anseios e desejos. Suas necessidades a serem atendidas são diferentes. Os desejos de compras mudam de pessoa para pessoa, regiões, culturas. Mas, podemos fazer a classificação de nossos clientes por segmentos, buscando semelhanças, características aproximadas. O estrategista em logística precisa conhecer quais são os problemas de atendimento que diferenciam clientes. Realizar uma pesquisa de mercado pode ajudar e muito nesta identificação. Christopher (2013, p. 49) nos sugere um processo de três etapas:

a) Identificar os principais componentes de atendimento ao cliente, na visão dos próprios clientes; b) Estabelecer a importância relativa de componentes de atendimento aos clientes; c) Identificar grupos de clientes de acordo com a similaridade de preferências de atendimento.

O primeiro ponto citado refere-se à questão das empresas presumirem que sabem o que seus clientes necessitam ou buscam no mercado. Para que as organizações não incorram neste erro, faz-se necessário a aplicação da pesquisa de mercado, sendo o primeiro objeto de pesquisa saber o que o cliente deseja

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comprar. “O objetivo destas pesquisas é compreender, no linguajar dos clientes, a importância que eles atribuem ao atendimento ao cliente perante outros elementos do composto de marketing” (CHRISTOPHER, 2013, p. 50). Você já deve ter passado por uma entrevista em um PDV ou por telemarketing quando uma empresa de pesquisa faz várias perguntas sobre que tipo de produto você usaria? Quais os motivos que levariam você a comprar? Quais motivos levariam você voltar a comprar? Etc.

O segundo ponto apresentado trata da identificação da importância dos componentes de atendimento. Quando você efetua a etapa um, a entrevista, em um segundo momento, é solicitar aos clientes que classifiquem os fatores de aquisição em “mais” e “menos” importante na concepção deles. Um exemplo na distribuição seria quanto ao tempo que o comprador poderia estar preparado para sacrificar para ganhar confiabilidade na entrega, ou para a troca do preenchimento de pedido por melhorias na entrada de pedidos.

O terceiro ponto, identificar a similaridade de preferências de atendimento, ou seja, pelas preferências, volume de compra, tamanho do negócio, segmentação do mercado, distância, agendamento, peculiaridades para realização da entrega – são fatores que podemos usar na hora de compor uma carga ou um pedido para fazer a distribuição.

Sendo assim, o desafio para a gestão logística é gerar soluções de cadeia de suprimentos adequadas para acolher os anseios desses sortidos segmentos de valor. Seria correto classificar os clientes pelo poder de compras e assim gerar atendimentos diferenciados dando preferências na hora da entrega quando ocorressem atrasos nos processos logísticos? Necessita-se salientar que, todas as empresas têm de enfrentar um fato básico: haverá diferenças significativas na rentabilidade entre os seus clientes.

Christopher (2013, p. 52) diz que o propósito da cadeia de suprimentos e logística é “disponibilizar aos clientes o nível e a qualidade de atendimento que eles exigem, e executá-lo ao menor custo para a cadeia de suprimentos total”. Embora deva ser objetivo de qualquer sistema logístico fornecer a todos os clientes um nível

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As atividades desempenhadas pelos departamentos nas organizações sofreram grandes modificações nos últimos anos. Setores que trabalhavam como células isoladas, no contexto de planejamento, compras, manufatura e distribuição com interfaces e limites definidos, hoje, encontram-se agrupadas em um único processo: a cadeia de abastecimento integrada (BERTAGLIA, 2009). Tal procedimento adotado reduz consideravelmente os conflitos e disputas entre os departamentos, e, ao mesmo tempo, aumenta a velocidade em que a informação circula entre todos os envolvidos no processo. Vale também para o aumento na eficácia do atendimento ao cliente que anseia para que seu pedido seja atendido o mais rápido possível. A quebra dos paradigmas de se aplicar a Tecnologia de Informações tem auxiliado e muito às organizações a melhorarem seus resultados frente ao mercado e também de acordo com seus objetivos internos. Segundo Bertaglia (2009, p. 449), “o profissional que não evoluir, não acompanhar as mudanças, estará determinando o seu próprio fim”.

Como você tem reagido à evolução tecnológica? Você é um profissional conectado? Como a empresa em que você atua tem se portado com as inovações tecnológicas?

Para sermos multifuncionais, é necessário sermos competentes. Sermos ágeis, produzir baixos custos e sermos criativos. A cadeia de suprimentos desempenha um papel especial nesse processo, pois é fator decisivo na diferenciação competitiva. Considera Bertaglia (2009, p. 450):

1.1.5 A cadeia de suprimentos sincrônica

A necessidade de sobrevivência das organizações exige que o seu modelo estrutural seja adaptado às novas demandas de negócio. A consequência maior é a necessidade de adequar o perfil profissional das pessoas que tem a incumbência de administrar os

de atendimento satisfatório, conforme os acordos estabelecidos deve-se reconhecer que serão necessárias as prioridades de atendimento. A Lei de Pareto é uma ferramenta válida para ajudar-nos neste processo de análise, desenvolvendo uma estratégia de atendimento mais rentável.

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O profissional de logística da atualidade necessita de uma visão mais ampla, observar o negócio como um todo; necessita compreender que o cliente é o foco e, é fundamental maximizar os valores para a sua retenção e fidelização junto à empresa. Para atuar como gestor logístico, o profissional necessita ter um perfil eclético, apresentando características como: conhecimento de processos, espírito de liderança, visão externa, ser estrategista, ser objetivo, ser comunicador. Queremos chamar sua atenção para um fato que também é de suma importância: ele necessita de apoio. Preparar o “espelho”, ou a “sombra” não faz mal algum. Pessoas para auxiliá-lo são muito bem-vindas, principalmente para dividir tarefas na transformação e mudanças da empresa.

Então, por que não trabalharmos sincronizados?

Os setores/departamentos, assim como a empresa toda, não podem agir como uma ilha isolada. A ideia da sincronização nos reporta a compreender que cada fase da cadeia de suprimentos está ligada a outra e todas elas caminham para o mesmo objetivo. Eis que o papel da informação é primordial para este funcionamento pleno, pois é a informação compartilhada que irá gerar a conexão entre todos na cadeia de abastecimento.

Para Christopher (2013) as informações a serem comungadas entre todos são os dados e previsões de demanda, cronogramas de produção, detalhes de lançamento de novos produtos e lista de alterações de materiais. Para que tudo isto possa ser funcional, os processos (logística) devem estar em funcionamento pleno e correto, ou seja, alinhados com o planejamento da organização.

processos reorganizados. Dessa forma, o profissional responsável pela compra de matéria-prima passa a interagir fortemente com o profissional que recebe os pedidos dos clientes. A cadeia de abastecimento passa a ter responsabilidade pela adição de valor aos pedidos dos clientes por meio do atendimento do produto correto, da embalagem adequada, da emissão da nota fiscal e do documento de cobrança no qual constem preço e quantidade conforme contratado.

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Cada vez mais as organizações de sucesso parecem ter uma coisa em comum: o uso de informações e da tecnologia de informação para melhorar a receptividade dos clientes (CHRISTOPHER, 2013). Infelizmente, não são todas que partilham desta mesma ideia. Várias organizações, em seus quadros de colaboradores, padecem por terem “líderes” que se baseiam em ferramentas de “gestão” do passado. Geralmente suas justificativas vêm precedidas das seguintes frases: “há vinte anos eu faço assim...”; “...no meu tempo sempre fizemos desta forma...”. Estes são verdadeiros percalços nas organizações, gerando entraves e criando situações negativas no desenvolver das atividades. Geralmente recorrem a estas frases para não se reportarem às novas tendências do mercado, ou, pelo simples fato do medo devido à falta de conhecimento técnico. E as organizações ficam à mercê destes “gestores” que acabam impactando diretamente nos custos e na satisfação dos clientes.

O desafio para gestão logística é encontrar formas de atender às necessidades a serem alcançadas sem uma escalada de custos que não seja rentável. Sendo assim, o princípio básico de sincronização, segundo Christopher (2013, p. 176) é:

Garantir que todos os elementos da cadeia ajam como um e, portanto, deve haver a identificação precoce das necessidades de transporte e reabastecimento, e, o mais importante de tudo, deve haver o nível mais elevado de disciplina de planejamento. Em uma cadeia de suprimentos sincronizada, a gestão de fluxo de materiais de entrada torna-se uma questão crucial.

A logística deve ser uma resposta rápida ao cliente, e para as organizações atingirem este patamar, a cadeia de suprimentos sincronizada é essencial. O que auxiliou esta formulação da resposta rápida fora a aplicação da tecnologia de informação. De acordo com Christopher (2013, p. 179): “a ideia básica por trás da resposta rápida (QR, quick response) é que, a fim de aproveitar as vantagens da concorrência fundamentada no tempo, é necessário desenvolver

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sistemas que sejam capazes de responder rapidamente”. Um fator positivo com a aplicação da QR é a redução dos leads times cumulativos, podendo resultar em um estoque mais baixo. Somente para ilustrar, este processo surgiu na indústria da moda e vestuário.

Bertaglia (2009, p. 474) cita que: “as organizações tradicionais estão sofrendo uma transformação importante ao usar a tecnologia como base para alterar os seus padrões de comportamento”. No passado, não muito distante, as empresas eram engessadas e departamentalizadas, com inúmeras funções. As organizações contemporâneas devem ser muito mais flexíveis e apresentar estruturas organizacionais mutáveis, ou seja, adequar-se conforme a necessidade e as alterações que o mercado sofre. Um fator primordial aqui, novamente é a informação, que passa a ser compartilhada interna e externamente. Dessa forma, a TI passa a ter um papel fundamental, pois, fornece suporte para processos importantes como avaliação de mercado, gestão da distribuição, atendimento aos clientes, entre outros. Para encerrarmos este ponto, quero enfatizar a você que para uma organização ter lucro, antes ela precisa ter qualidade.

1.1.6 Gerenciando a cadeia global

Antes de navegarmos neste conceito, gostaria de convidar você a observar as opções que temos para disponibilizar o produto, e também para disponibilizarmos um serviço. Você deve ter observado nas citações sobre os canais de distribuição que eu me referi ao atendimento dos consumidores, clientes e intermediários. Sobre este aspecto que quero falar. Os intermediários têm um papel vital para as organizações que desejam ampliar a sua área de atendimento. São eles, os intermediários, que efetuam o elo entre os fornecedores e os clientes, em vários processos. Podemos citar como exemplo um supermercadista que oferece um vasto mix de produtos, disponibilizando em suas gôndolas marcas, produtos, bens de consumo. Este supermercadista por ser um intermediário direto entre o fornecedor e você, ou, ele ainda poder ser um dos elos de toda a cadeia de abastecimento. Observe a figura a seguir para você compreender os níveis que podemos encontrar nos canais de abastecimento.

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Figura 1.5 | Canais de distribuição – níveis de distribuição

Fonte: O autor (2015).

Fornecedor

Fornecedor

Fornecedor

Fornecedor

Fornecedor

Cliente final

Interm. 1 - Varejista

Interm. 2 - Varejista

Interm. 2 - Atacadista

Interm. 3 - Varejista

Interm. 2 - Distribuidor

Cliente final

Cliente final

Clientefinal

Cliente finalInterm. 1 - Atacadista

Interm. 1 - Distribuidor

Interm. 1 - E-commerce

Todos estes citados na Figura 5 fazem parte do processo de distribuição. Quero ressaltar a você que a escolha do tipo de distribuição será feita de acordo com o tipo de produto, abrangência de mercado, forma de abastecê-lo, segmentação dos clientes e política de distribuição do fornecedor. Não existe aqui o caminho certo ou o errado, mas sim, o que melhor atende aos anseios do fornecedor para atingir o seu público-alvo.

Abordando o gerenciamento, a cadeia global, dentro dos níveis de distribuição, as organizações também podem escolher como será este processo. Assim precisamos definir o projeto inicial do canal de distribuição. Neste processo podemos optar por três modalidades, a saber:

• Distribuição Intensiva: quando o fornecedor opta por disponibilizar os seus produtos em vários PDVs, ou seja, atua junto a todos os meios de distribuição para atingir os seus consumidores. Um exemplo clássico que podemos encontrar em todos os ambientes é um refrigerante. Você encontra uma lata de refrigerante em uma padaria, confeitaria, mercado, mercearia, farmácia, lojas de conveniência, restaurantes, hotéis etc. O produto é pulverizado, massificado. A ideia é que todos possam ter acesso a ele.

• Distribuição Exclusiva: quando o fornecedor opta por disponibilizar os seus produtos somente para aqueles

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intermediários que garantirem a distribuição exclusiva de sua marca. Um exemplo clássico para este tipo de distribuição são as concessionárias de veículos zero quilômetro. Você não irá encontrar um carro zero da marca X em uma concessionária da marca Y. Isso pode ocorrer também com aqueles refrigeradores que encontramos nos varejistas, com uma determinada marca estampada na geladeira. Aquele imobilizado só pode ser usado para expor a marca que está rotulada no refrigerador. Isso é a exclusividade. É elaborado um contrato entre as partes.

• Distribuição Seletiva: quando o fornecedor analisa o perfil do público que frequenta a empresa que irá representar a sua marca, levando em consideração questões de renda, localização, status, ambiente de atendimento e exposição do produto. Um exemplo clássico para este tipo de distribuição é aplicado às marcas de relógios famosos: Rolex, Bulova etc. Este tipo de produto é para um público mais seleto, que não procurará produtos com estas características em uma simples loja no bairro retirado.

Você pode observar que, escolher os canais de distribuição não é fácil, muito menos, em qual intensidade o seu produto será ofertado e para quem. Aqui, justifica-se a necessidade da aplicação de uma pesquisa de mercado, para evitarmos possíveis erros e custos desnecessários. A partir destas análises, eu venho apresentar para você o que cita Christopher (2013, p. 205):

A lógica da empresa global é clara: pretende expandir seus negócios alargando seu mercado, enquanto busca redução de custos mediante economias de escala na aquisição e na produção, bem como por meio da fabricação concentrada e/ou de operações de montagem.

Vale ressaltar que, quando se pretende atender a todos os públicos, o trabalho não é fácil. Os mercados e clientes não são homogêneos, diferenças econômicas, culturais, sociais, políticas, religiosas e legais podem ser barreiras em algumas regiões e para outras não. Outro fator preponderante para a distribuição maciça é a questão do lead time. Hoje, por mais que as distâncias

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Questão para reflexão

Na seção 1, você observou as definições de logística e canais de distribuição, bem como, o seu papel nas organizações, seus efeitos e suas características. Você já parou para analisar como um simples produto que você adquiriu na gôndola de um supermercado pode estar ali disponível no exato momento em que você o necessita ou deseja?

Atividades de aprendizagem

1. De acordo com Nogueira (2012) e Bertaglia (2009), logística e canais de distribuição não têm a mesma definição. Discorra sobre quais as definições de logística e os canais de distribuição e, como eles se inter-relacionam nas organizações?

2. De acordo com os assuntos abordados sobre logística e canais de distribuição, analise as sentenças a seguir:

I. “O objetivo clássico da cadeia de suprimentos é possibilitar que os produtos certos, na quantidade certa, estejam nos pontos de venda no momento certo, considerando o maior custo possível” (BERTAGLIA, 2009, p. 11).II. A logística deve ser uma resposta rápida ao cliente e para as organizações atingirem este patamar a cadeia de suprimentos sincronizada é essencial. O que auxiliou esta formulação da resposta rápida foi a aplicação da tecnologia de informação.III. “A maioria das organizações se vê como entidade independente das outras, e de fato precisam competir com elas a fim de sobreviver. No entanto, essa filosofia pode ser autodestrutiva se levar a uma falta de disposição em cooperar para competir. Por trás desse conceito aparentemente paradoxal está a ideia de integração da cadeia de suprimentos.” (CHRISTOPHER, 2013, p. 15).IV. Segundo Ballou (2006, p. 26) a logística empresarial “é um campo relativamente novo do estudo da gestão integrada, das áreas tradicionais das finanças, marketing e produção”.

possam ser reduzidas pelo meio de transporte aéreo, não é em todos os lugares e regiões que encontramos um aeroporto fácil, bem como, não são todos os produtos que apresentam um valor agregado para custear um meio de transporte como esse, que, vale relembrar, é o mais caro entre os modais disponíveis.

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Assinale a alternativa correta:a) As sentenças I e IV estão corretas.b) As sentenças I e III estão corretas.c) As sentenças I, II e III estão corretas.d) As sentenças II, III e IV estão corretas.

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Seção 1.2Os canais de distribuição reversa: fundamentos; competitividade e questões legaisIntrodução à seção

1.2.1 Conceitos de canais de distribuição e logística reversa

Devido ao grande aumento do consumo de produtos de bens de consumo e matérias-primas, descartes, desperdícios, exploração do meio ambiente, muitas vezes, de forma agressiva, necessitamos aplicar uma política sustentável de negócio para tentar diminuir ao máximo os impactos, bem como, buscar uma redução na linha de produção aplicando conceitos como o reuso, reciclagem e desmanche. O tratamento dos resíduos sólidos também é uma fonte de captação de recursos financeiros, sendo estes lançados como recursos financeiros não operacionais. Iremos observar a importância da aplicação da logística reversa nos canais de distribuição, bem como, quais os impactos positivos que as organizações podem obter com este processo.

Convido-o a fazer uma pequena reflexão sobre os conceitos que abordamos na seção anterior. Você agora está mais do que ciente que logística corresponde aos processos aplicados nas organizações dentro da cadeia de suprimentos/abastecimento/distribuição. De acordo com Xavier e Corrêa (2013, p. 3):

Gestão de cadeias de suprimento é a administração integrada dos processos principais de negócios envolvidos com a gestão das instalações e dos fluxos físicos, financeiros e de informações, englobando desde os produtos originais de insumos básicos até a disposição do produto final pós-consumo, no fornecimento de bens, serviços e informações, de forma a agregar valor para todos os clientes – intermediários e finais – e para outros grupos de interesse legítimos e relevantes para a rede.

Necessitamos entender a cadeia de suprimentos em seu ciclo tradicional para podermos aprimorar os conhecimentos dos canais de distribuição reversa. É perceptível que nos canais de distribuição encontramos um conjunto de empresas vinculadas por processos

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de negócio, que possibilitam atender à demanda de um cliente por um produto ou serviço. Quero lembrá-lo que, no canal de distribuição direto, segundo Tadeu et al. (2012, p. 15):

O fornecedor de matéria-prima realiza a primeira etapa, seguida de transporte e armazenagem inicial. A fase seguinte corresponde ao transporte do armazém para o beneficiamento subsequente. Já na terceira fase, identifica-se o transporte da fábrica para os subsistemas de atacado/varejo, e, finalmente, o transporte de produtos aos clientes/consumidores finais. Os produtos/bens são movimentados (manuseio e transporte) com o objetivo de entrega ao consumidor final e a esta série de atividades denomina-se distribuição física de produtos/bens quando ela ocorre unicamente em um território nacional.

Figura 1.6 | Canais de distribuição direta

Fonte: Portal Guia do TRC (2015).

Após esta reflexão podemos discorrer sobre o conceito da logística reversa. Para Leite (2009, p. 15) “logística reversa tem o seu foco relacionado no retorno de bens a serem processados em reciclagem de materiais, denominadas e analisados como canais de distribuição reversos”. Já, segundo a CLM – Councilof Logistic Management (1993, p. 323) citado por Leite (2009, p. 16), a logística reversa é: “um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens [...]”.

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Você ou a organização em que você atua tem uma política de logística reversa dos produtos que são descartáveis / resíduos sólidos?

Imaginem todos os produtos que fossem produzidos, ao seu descarte não fossem reciclados, retornassem à linha de produção para reaproveitamento e/ou reuso dos mesmos, fossem descartados de forma inconsciente? Será que haveria espaços para depositar todo esse lixo? E as fontes de matéria-prima, principalmente às minerais, não seriam extintas devido ao alto volume de exploração desenfreado e sem controle do impacto ambiental?

Os canais de distribuição reversos irão tratar de todo o descarte originário dos produtos de pós-venda e pós-consumo. Assim como o produto tem uma sequência lógica para chegar ao seu destino final, o cliente/consumidor final, o caminho inverso irá destinar-se a captar o descarte e retornar para o fornecedor que originou este bem. Tadeu (2012) divide o conceito de Canais de Distribuição Reverso em duas frentes: produto de pós-venda e pós-consumo.

Afirma Tadeu et al. (2012, p. 16):

Canais de distribuição reversos de pós-venda constituem-se pelas diferentes modalidades de retorno de uma parcela de bens/produtos com pouca ou nenhuma utilização à sua origem, ou seja, tem seu fluxo inverso/reverso do comprador, consumidor, usuário final ao atacadista, varejista ou ao fabricante pelo simples fato de defeitos, não conformidades, erros de emissão de pedido; Canais de distribuição de pós-consumo é constituído por diferentes modalidades de retorno ao ciclo de produção/geração de matéria prima de uma parcela de bens/produtos ou de seus materiais constituintes após o fim de sua vida útil, subdividindo-se em reuso, desmanche e reciclagem.

A logística reversa deve ser utilizada e explorada como uma vantagem competitiva. O conceito de empresa verde, aos poucos, vem sendo difundido no mercado consumidor. Clientes com maior consciência acabam procurando por empresas e produtos que

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A. Canais de distribuição reversos de ciclo aberto são formados pelas diversas etapas de retorno de materiais constituintes dos produtos de pós-consumo: metais, plásticos, vidros, papéis etc., materiais extraídos de diferentes produtos de pós-consumo, visando à reintegração ao ciclo produtivo e substituindo matérias-primas novas na fabricação de diferentes tipos de produtos. B. Canais de distribuição reversos de ciclo fechado são constituídos pelas etapas de retorno de materiais constituintes dos produtos de pós-consumo, nas quais os materiais constituintes de determinado produto descartado ao fim de sua vida útil são extraídos seletivamente dele para fabricação de um produto similar ao de origem. Neste caso, por interesses tecnológicos, econômicos, logísticos ou de outra ordem, todas as fases da cadeia produtiva reversa são especializadas para a revalorização do material constituinte de determinado produto.

Você pode perceber que tudo o que produzimos hoje, de alguma forma, pode ser aproveitado, gerando valores sustentáveis para a organização que atua com estes ciclos. Talvez possa ter gerado uma dúvida quanto ao Canal Fechado, mas, um exemplo bem prático deste sistema é quando descartamos óleos e lubrificantes automotivos usados. A operação reversa retira e elimina as impurezas, efetua a adição de aditivos e os reintegra ao ciclo produtivo como novo óleo.

se preocupam com o meio ambiente. Outro fator importante da aplicação da logística reversa é que, podemos reaproveitar os materiais descartados no ciclo produtivo, evitando assim a necessidade de buscar, no meio e junto aos fornecedores, os insumos.

Depois de concluídas as fases de fluxo logístico direto, grande parcela dos bens de pós- consumo retornarão ao ciclo de produção de matéria-prima, partes, peças, componentes, e acessórios, por meio dos canais reversos de pós-consumo, seja por meio do reuso, seja pela reciclagem, constituindo produtos similares ou um novo produto (TADEU et al., 2012).

Leite (2009, p. 54-56) classifica as categorias de ciclos reversos de retorno ao ciclo produtivo em:

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Sobre a ótica e perspectiva estratégica, refere-se às decisões no macroambiente composto pela sociedade e comunidades locais, governos e ambiente concorrencial. Assim sendo, levará em consideração as características que garantirão competitividade e sustentabilidade às empresas nos eixos econômico e ambiental por meio de vários objetivos empresariais: recuperação de valores, seguimento de legislações, prestação de serviços aos clientes, demonstração de responsabilidade empresarial, reforço de imagem de marcar ou corporativa e conter os riscos de cenários negativos (LEITE, 2009).

Para a organização poder usar a logística reversa como uma estratégia empresarial, ela necessita levar em consideração os aspectos de relevância para as operações executadas, tais como: localizações de origens e destinos, quais modais de transporte serão aplicados, observar a forma que será executada a gestão de armazenagem e estocagem, qual o sistema de informação utilizado etc.

Afirma Leite (2009, p. 17-18):

1.2.2 A logística reversa como estratégia empresarial

A logística reversa, por meio de sistemas operacionais diferentes em cada categoria de fluxos reversos, tem como objetivo tornar possível o retorno dos bens ou de seus materiais constituintes ao ciclo produtivo ou de negócios. Agrega valor econômico, de serviço, ecológico, legal e de localização ao planejar as redes reversas e as respectivas informações e ao operacionalizar o fluxo, desde a coleta dos bens de pós-consumo ou de pós-venda, por meio dos processamentos logísticos de consolidação, separação e seleção, até a reintegração ao ciclo.

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Figura 1.7 | Estratégia empresarial e a logística reversa

Fonte: O autor (2015).

Sociedade• Educação• Hábitos• Mídia• Propaganda

Organização empresarial

Ambiente Interno Empresarial• Recursos disponíveis• Capacitação• Fase emprresarial

Ambiente Empresarial• Competição• Empresas das cadeias

reversas• Disponibilidade de

serviço de logística reversa

• Setor empresarial• Tecnologia

Governo• Legislação• Regulamentação• Penalizações

Estratégia da Logística reversa• Objetivos

estratégicos• Objetivos

operacionais

Outro fator que também chama a atenção quanto ao emprego da logística reversa, reporta-se às questões de sustentabilidade. Segundo Christopher (2013, p. 289):

A crescente preocupação com o meio ambiente, em especial a possibilidade de alterações climáticas causadas pelo aquecimento global, dirige o foco para o moco como as atividades humana e econômica tem potencial de afetar negativamente a sustentabilidade do planeta em longo prazo.

Assim sendo, necessitamos planejar corretamente às ações empresariais, pois estas poderão afetar negativamente o nosso meio. Necessitamos enfatizar a importância de se analisar o impacto das decisões de negócios sobre três áreas-chaves:

• Meio ambiente: poluição; mudanças climáticas; o esgotamento de recursos escassos.

• Economia: efeitos sobre a vida das pessoas e segurança financeira; rentabilidade da empresa.

• Sociedade: redução da pobreza; melhoria das condições de vida e de trabalho.

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Esta preocupação se faz necessária para garantir no longo prazo a viabilidade e a continuidade da empresa, bem como contribuir para o futuro bem-estar da sociedade. Desta forma, quais medidas práticas as organizações podem tomar para melhorar a intensidade do transporte de suas cadeias de suprimento?

(A) Analisar a concepção de produtos e lista de materiais.

(B) Revisão das opções de transporte.

(C) Melhoria na utilização dos transportes.

(D) Utilização da estratégia de adiamento: produtos que podem ser expedidos a granel de seu ponto de origem e serem montados ou configurados para os requisitos locais mais próximos do ponto de uso podem ser uma oportunidade para reduzir a intensidade global de transportes.

No passado, pouca visão fora dada ao desafio da logística reversa, muitas vezes resultando em custos extremamente elevados. Atualmente, devido às regulamentações cada vez mais rigorosas, a questão está muito mais em destaque. O desafio hoje é criar cadeias de suprimentos do tipo “trajeto fechado” que permitirão um nível muito mais alto de reutilização e reciclagem.

A logística reversa é uma grande oportunidade para as empresas reduzirem o impacto, tanto sobre os seus custos quanto sobre sua pegada de carbono, assim deve ser analisada como uma oportunidade e não como uma ameaça.Os processos de reduzir, reutilizar e reciclar na gestão sustentável da cadeia de distribuição está agora começando a receber maior atenção na maioria das empresas. Cresce o entendimento de que ela não é só uma estratégia focada na redução do impacto ambiental, mas também é uma estratégia para a melhoria da rentabilidade global da empresa, pois utilizando estes princípios, há um consumo menor de recursos (CHRISTOPHER, 2013, p. 301).

E tratando de competitividade e redução de custos e impactos ao meio, surge a oportunidade de ganhos com a prestação de serviços especializados em logística reversa.

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As oportunidades nos países mais desenvolvidos e as mais recentes experiências no Brasil nos apresentam um amplo campo de possibilidades de trabalho aos operadores logísticos que se dedicam a logística reversa. Em geral, os processos da logística reversa não apresentam economia em escala suficiente para serem realizadas por empresas isoladas, exigindo, dessa maneira, o intermédio de especialistas em diversas áreas. “Lapidar-se em serviços especializados de logística reversa, além de proporcionar inovações e acréscimo de valor a seus clientes, pode se tornar um importante diferencial competitivo para os operadores logísticos” (LEITE, 2009, p. 36).

1.2.3 A legislação aplicada sobre a logística reversa no Brasil

O emprego eficiente dos recursos naturais, bem como a diminuição ou eliminação da produção de resíduos, efluentes e emissões, têm sido analisados sob a visão da sustentabilidade, por intermédio de uma gestão mais ecoeficiente de recursos, processos e infraestrutura (XAVIER; CORRÊA, 2013, p. 79). Atualmente, no Brasil, existem leis específicas que têm impactado os sistemas produtivos de forma considerável.

Entre as décadas de 80 e 90, a política nacional do meio ambiente, instituída pela Lei nº 6.938/1981, consolidou-se como o principal marco regulatório a tratar do gerenciamento ambiental do país. Esta lei, aprovada durante o regime militar, apresentou-se como instrumento moderno e inovador em relação aos padrões ambientais vigentes na América Latina (Presidência da República – Casa Civil).

A política nacional dos recursos hídricos, estabelecida pela Lei nº 9.433/1997, delibera sobre a outorga e cobrança pelo uso de recursos hídricos, bem como sobre a compensação dos munícipios em que ocorre a exploração de recursos ambientais (Presidência da República – Casa Civil). Por meio dessa lei, foram regulamentados os mecanismos de gestão dos recursos hídricos e também de prevenção da poluição decorrente do lançamento de esgotos e resíduos (líquidos ou gasosos) em corpos hídricos.

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A Lei nº 9.605/1998, conhecida como a Lei de Crimes Ambientais, regulamenta o uso de sansões e multas para os responsáveis por impactos ambientais e considera a pessoa física como responsável pelo impacto ambiental decorrente de atividade industrial (Presidência da República – Casa Civil).

O principal instrumento regulamentador que define o conceito e a implantação da Logística Reversa no Brasil é a Lei nº 12.305/2010, que estabelece a política nacional de resíduos sólidos (PNRS). Com esta lei, os produtores, importadores e comerciantes são corresponsabilizados pelos impactos decorrentes da produção, transporte, consumo e destinação de produtos. O texto da PNRS inicia fazendo menção à alteração da Lei de Crimes Ambientais, justamente por priorizar a aplicação de multas e sanções por danos causados por gestão ambientalmente inadequada de resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos) (Presidência da República – Casa Civil).

De acordo com Xavier e Corrêa (2013, p. 80-81):

Figura 1.8 | Sustentabilidade

Fonte: <http://www.centralgraos.com.br/timac-agro-sustentabilidade/>. Acesso em: 25 fev. 2015.

Dependendo da forma de uso dos recursos naturais e da forma de destinação de resíduos, a qualidade dos recursos naturais e, portanto, a qualidade de vida da população pode ser seriamente comprometida. Por outro lado, a gestão ambiental eficiente evita tanto a exploração abusiva dos recursos como a degradação ambiental. A gestão ambiental torna-se uma necessidade, tanto pela ótica da preservação

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e melhoria da qualidade de vida, como também pelo uso ecoeficiente dos recursos visando sua preservação para uso das gerações futuras.

Você pode observar que, nossos atos, assim como das empresas, estão intimamente ligados com o meio, podendo impactar negativamente se não tomarmos os devidos cuidados com a preservação deste.

A política nacional de resíduos sólidos (PNRS) define logística reversa como o instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

Com base no entendimento do PNRS, pode-se analisar a influência de cada alternativa na logística reversa. Os rejeitos não podem ser objeto de retorno na cadeia produtiva por serem considerados como incapazes de serem submetidos a qualquer forma de tratamento ou recuperação com tecnologia economicamente viável. Por outro lado, as alternativas de destinação de resíduos são passíveis de serem incluídas nas cadeias que compõem a logística reversa e de ciclo fechado.

A maioria das leis sobre bens de pós-venda e pós-consumo está orientada principalmente aos fabricantes, solicitando-se destes a responsabilidade sobre produtos e embalagens. Todos os fabricantes são responsabilizados pela organização dos canais reversos após o seu ciclo de vida útil. Porém, vários países não apresentam uma legislação ou programas voltados aos consumidores finais. Vale ressaltar que muitos consumidores não têm a consciência verde ou sustentável perante a sociedade. Sendo assim, cabe ao governo a intervenção por meio de legislações. Sobre este aspecto da responsabilidade do consumidor final, você é uma pessoa que pensa no futuro? Como você se comporta quanto às questões da sustentabilidade? Como está sua pegada de carbono?

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É evidente a necessidade da conivência entre o poder público, o setor privado e a sociedade para, de um lado, elaborar meios de regulamentação e controle e, de outro lado, haver o efetivo cumprimento das normas regidas. A revalorização legal de bens pós-consumo ocorrerá por meio do cumprimento dessas normas e regulamentos, posto que a responsabilidade sobre um produto não é encerrada quanto se concretiza a venda, estende-se até a disposição segura e correta até o seu destino final, reutilizando, reciclando, ou até mesmo gerando novas formas de energia e ou utilização (TADEU et al., 2002).

1.2.4 Aspectos da implantação da logística reversa

No meio empresarial, cada vez mais competitivo e acirrado, empresas “lutam” por “migalhas”. Qualquer erro ou falta de planejamento pode gerar custos desnecessários e elevadíssimos. As organizações, quando buscam novas tecnologias ou novas ferramentas/processos de trabalho, antes de implantarem, necessitam saber quanto isto irá custar e, quanto terá de retorno depois que estiverem executando. Com a logística reversa não seria diferente.

As organizações necessitam de fatores motivadores para implantarem algo novo em suas atividades e, a logística reversa oferta alguns pontos que são relevantes e precisam da nossa apreciação:

• A revalorização econômica de componentes ou materiais.

• A prestação de serviços a clientes ou consumidores finais.

• A proteção da imagem corporativa ou da marca.

• O cumprimento da legislação.

Estes quatro fatores são premissas circunstanciais para que as organizações possam olhar com bons olhos para o processo reverso.

No entanto, “nem tudo o que reluz é ouro”, existem aspectos que desafiam a implantação da logística reversa, tais como:

• O custo do retorno.

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• A localização fragmentada dos pontos de descarte, o que compromete a eficiência.

• A contaminação dos produtos recolhidos que podem comprometer a qualidade do mesmo.

• A localização dos centros de reciclagem.

• A especialização dos centros de reciclagem por tipo de material como forma de garantir o foco dos processos desenvolvidos.

Infelizmente um fator que muitas empresas pontuam como negativo é a localização dos centros de reciclagem, elevando ainda mais os custos devido ao transporte e deslocamento dos materiais até o seu destino final, sendo também, a localização fragmentada dos pontos de descarte, outra grande agravante negativa para a logística reversa.

Tudo o que a sociedade descarta em seus processos humanos só passou a ser um problema com o crescimento da população mundial em direta correlação com o volume de resíduos. “A quantidade de lixo produzido no mundo tem sido grande e má gestão, além de provocar gastos financeiros significativos, pode provocar graves danos ao meio ambiente e comprometer a saúde e o bem-estar da população”. (TADEU et al. 2012, p. 49).

A produção de lixo urbano é de tal intensidade que não é possível conceber uma cidade sem considerar a problemática gerada pelos resíduos sólidos desde a etapa da geração até a disposição final. Em países desenvolvidos como o Brasil, há previsão de que 95% do aumento populacional ocorrerá em áreas urbanas.

A deliberação normativa do Copam nº 118 (COPAM, 2008, art. 2º) relaciona algumas das áreas permitidas e não permitidas para a disposição de resíduos urbanos:

1.2.5 O gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil

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a. Área de preservação permanente (APP): área protegida coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar nos recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Não pode ser destino de resíduos;

b. Lixão: forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, caracterizada pela sua descarga sobre o solo, sem critérios técnicos e medidas de proteção ambiental ou à saúde pública. É o mesmo que descarga ao céu aberto;

c. Aterro Controlado: técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais;

d. Depósito de Lixo: denominação genérica do local utilizado para destinação final de resíduos sólidos urbanos coletados pela municipalidade, que dependendo da técnica ou forma de implantação e operação pode ser classificado como: aterro sanitário, aterro controlado, lixão ou outra técnica pertinente;

e. Aterro Sanitário: técnica adequada de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo sem causar danos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais, que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário. São instalados em área geologicamente apropriadas, distantes de rios e outras fontes de água.

Como você pode observar, não é tão simples a gestão dos resíduos sólidos. Necessitamos de técnicas e processos adequados para que não possamos interferir, negativamente, no meio social e ambiental. Vale apontar que, este processo do tratamento dos resíduos sólidos urbanos também faz parte da Logística Reversa na Cadeia de Distribuição.

Não cabe somente ao Estado ter às devidas preocupações em como será tratado estes resíduos, você também precisa fazer sua parte em atos simples, como a seleção do seu lixo doméstico. Parece ser insignificante este tema, mas, se todos fizerem, os resultados no meio ambiente serão muito mais positivos. Infelizmente, o que

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impede que estes processos sejam mais eficientes é a própria falta da responsabilidade dos indivíduos, bem como, muito das vezes, a falta de conhecimento do que um simples papel de bala pode ocasionar ao meio em que vivemos. E você, tem feito sua parte para ajudar os processos de Logística Reversa?

1.2.6 A logística reversa – elementos de um instrumento sustentável

Quero convidar você para a seguinte reflexão: Logística reversa é sustentabilidade?

Ao contrário do que muitos pensam, a logística reversa é apenas um processo com foco empresarial, pensando retornos no mercado, e não um processo que foi desenvolvido visando ao alcance da sustentabilidade. A logística reversa refere-se a todos os esforços para movimentar mercadorias do seu lugar típico da eliminação a fim de recuperar valor. Este processo não invoca os preceitos de sustentabilidade e sim uma cultura de redução de custos com busca pelo lucro. Mas alguns processos da logística reversa têm pressupostos de sustentabilidade, como a logística verde ou ecológica. Estes termos tratam de compreender e minimizar ao máximo o impacto ecológico da logística. A logística verde aparece para ofertar uma alternativa de interação entre as dimensões sociais, econômicas e, principalmente, ambientais da logística reversa. Um de seus objetivos é apresentar às organizações o custo externo que elas podem gerar.

Figura 1.9 | Custos externos do processo logístico e o papel da logística verde na logística reversa

Fonte: Tadeu et al. (2012, p. 153).

ImpactoSociedade

Meio ambiente

CrescimentoEficiênciaEmpregos

CompetitividadeEscolhas

Mudanças climáticasQualidade do ar

Uso da terraBiodiversidade

Resíduos sólidos

SegurançaSaúdeAcesso

EquidadeS

Logística verde

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Podemos observar na Figura 1.9, os impactos que são gerados devido ao crescimento desenfreado e a falta de responsabilidade de todas as partes (setor privado, público e indivíduos). Vale ressaltar que, o meio não o único a sofrer com a falta de uma política de logística reversa, pois, a empresa poderá sofrer sansões legais devido a sua irresponsabilidade quanto ao descarte inapropriado dos seus materiais, sobras e resíduos sólidos, bem como, poderá sofrer com a falta de insumos que a mesma busque na biodiversidade em função da exploração sem os devidos controles e cuidados com o meio. Teóricos e pesquisadores têm alertado sobre a escassez de recursos naturais devido à exploração errônea ou à falta de cuidados no momento da realização dos processos. Como fora citado, a logística reversa não é a sustentabilidade, mas, ela ajuda para que este princípio possa continuar a existir e atuar. Então, será que você irá implantar uma logística reversa em sua empresa?

Questão para reflexão

Diante das notícias que são apresentadas todos os dias pelos meios midiáticos, como podemos sanar os problemas hídricos em nosso País? Que medidas podem ser tomadas para que a população tenha um consumo mais consciente? Qual é o papel da gestão pública neste percalço cada vez mais presente em nosso território nacional?

Atividades de aprendizagem

1. Qual é o impacto que a implantação dos processos de logística reversa pode acarretar às organizações? Por que empresas ainda desconhecem esta ferramenta ou, mesmo tendo conhecimento não aplicam na gestão de seus negócios?

2. Qual é o melhor canal de distribuição reversa para ser aplicado nas organizações? Qualquer modelo pode ser praticado? Quais podem ser as etapas existentes nos canais de distribuição reversa?

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Fique ligado

• O homem, através das inovações e aperfeiçoamentos de suas tecnologias, foi aprimorando a forma de realizar o seu trabalho, objetivando sempre a satisfação e atendimento de suas necessidades.

• Logística é o ato de planejar, executar e controlar o, fluxo e armazenagem, quanto ao tempo, qualidade e custos, observando desde o ponto de obtenção da matéria-prima até o consumidor final, sempre tendo como objetivo o alcance da satisfação deste consumidor.

• SCM é a integração dos processos de negócios desde o usuário final até os fornecedores originais (primários) que providenciam produtos, serviços e informações que adicionam valor para os clientes e stakeholders.

• Quando a organização não acredita na importância de saber qual é o melhor caminho a seguir ou o que deve fazer, estará à mercê de um mercado cada vez mais consciente e competitivo, e em um curto espaço de tempo pode ser massacrada pela concorrência, pois, novas ideias podem substituir o seu produto e/ou serviço.

• Os clientes, em todos os mercados, querem cada vez maior agilidade, sendo que, a disponibilidade de um produto ou serviço, no momento exato em que o cliente tem o seu desejo, poderá superar a fidelidade a uma marca ou fornecedor, isto nos reporta à seguinte reflexão: se o produto que o cliente costuma consumir não está ao seu alcance, mas, o produto substituto sim, a probabilidade de perdermos uma venda será muito grande.

• O propósito da cadeia de suprimentos e logística é disponibilizar aos clientes o nível e a qualidade de atendimento que eles exigem, e executá-lo ao menor custo para a cadeia de suprimentos total.

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• As informações a serem comungadas entre todos são os dados e previsões de demanda, cronogramas de produção, detalhes de lançamento de novos produtos e lista de alterações de materiais. Para que tudo isto possa ser funcional, os processos (logística) devem estar em funcionamento pleno e correto, ou seja, alinhados com o planejamento da organização.

• A ideia básica por trás da resposta rápida (QR, quick response) é que, a fim de aproveitar as vantagens da concorrência fundamentada no tempo, é necessário desenvolver sistemas que sejam capazes de responder rapidamente. Um fator positivo com a aplicação da QR é a redução dos leads times cumulativos, podendo resultar em um estoque mais baixo.

• Gestão de cadeias de suprimento é a administração integrada dos processos principais de negócios envolvidos com a gestão das instalações e dos fluxos físicos, financeiros e de informações, englobando desde os produtos originais de insumos básicos até a disposição do produto final pós-consumo, no fornecimento de bens, serviços e informações, de forma a agregar valor para todos os clientes – intermediários e finais – e para outros grupos de interesse legítimos e relevantes para a rede.

• A logística reversa é um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens.

• Canais de distribuição reversos de pós-venda constituem-se pelas diferentes modalidades de retorno de uma parcela de bens/produtos com pouca ou nenhuma utilização à sua origem, ou seja, tem seu fluxo inverso/reverso do comprador, consumidor, usuário final ao atacadista, varejista ou ao fabricante pelo simples fato de defeitos, não conformidades, erros de emissão de pedido; canais de distribuição de pós-consumo são constituídos por diferentes modalidades de retorno ao ciclo de produção/geração de matéria-prima de uma parcela de bens/produtos ou de seus materiais constituintes após o fim de sua vida útil, subdividindo-se em reuso, desmanche e reciclagem.

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• A logística reversa é uma grande oportunidade para as empresas reduzirem o impacto, tanto sobre os seus custos quanto sobre sua pegada de carbono, assim deve ser analisada como uma oportunidade e não como uma ameaça.

Para concluir o estudo da unidade

Ao finalizarmos o estudo desta unidade, você deverá ter pleno conhecimento sobre o papel e funcionamento dos canais de distribuição frente ao mercado e às organizações; que logísticos são os processos que incorporam a cadeia de suprimentos. Observou que para distribuirmos um bem, devemos antes selecionar qual canal será trabalhado e de que forma será colocado no mercado: com intensidade ou não. Compreendeu que a missão da logística é proporcionar as melhores práticas para que o canal de distribuição possa cumprir com seu papel frente aos clientes gerando a satisfação e atendendo as suas necessidades; observou que as relações entre o marketing e a logística são de suma importância para que o trabalho seja muito bem desempenhado e assim o cliente possa fidelizar-se à marca ou à empresa.

Compreender que a logística reversa é um processo que pode agregar valores ao serviço prestado ou ao bem ofertado no mercado; que existem questões legais que regem e cobram o funcionamento correto dos processos reversos; que a logística reversa pode ser um fator positivo para a competitividade entre os concorrentes; que estes processos ajudam a logística verde a medir o grau de impacto no meio ambiente; jamais deverá esquecer que logística reversa não é a sustentabilidade, mas sim um processo que contribui para que ela possa desempenhar suas características.

Não deixe de acessar todos os links aqui nominados para poder enriquecer o seu estudo e aumentar a sua compreensão sobre o assunto abordo.

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Atividades de aprendizagem da unidade

1. De acordo com a Lei nº 12.305/2010, que trata sobre a logística reversa dos resíduos sólidos no Brasil, é correto afirmar que esta lei monitora as atividades do descarte de resíduos sólidos e cobra, através da legislação, somente os:

(A) Setores públicos (Município, Estado e Federação).(B) Setores privados (Indústria, Comércio e Prestadores de Serviço).(C) Os Produtores, Importadores e Comerciantes.(D) Consumidores e Usuários Finais.(E) Das transportadoras e Operadores de Logística Reversa.

2. Quando efetuamos uma compra de um produto eletrônico, este, depois que atinge sua vida útil, acaba sendo descartado. Sabe-se que deste descarte, muitos componentes poderão ser reaproveitados, reciclados e outros não sofreram revalorização de uso. Sendo assim, é correto afirmar que os produtos eletrônicos, na logística reversa, são tratados pelos canais de distribuição. Assinale a alternativa correta:

(A) Canais de distribuição fechados.(B) Canais de distribuição abertos.(C) Canais de distribuição mistos.(D) Canais de distribuição diretos.(E) Canais de distribuição flexíveis.

3. A logística reversa é uma grande oportunidade para as empresas reduzirem o impacto, tanto sobre os seus custos quanto sobre sua pegada de carbono, assim deve ser analisada como uma oportunidade e não como uma ameaça. Esta preocupação se faz necessária para garantir no longo prazo a viabilidade e a continuidade da empresa, bem como em contribuir para o futuro bem-estar da sociedade. Desta forma, quais medidas práticas as organizações podem tomar para melhorar a intensidade do transporte de suas cadeias de suprimento? Assinale a alternativa correta:

(A) Analisar a concepção de produtos e lista de materiais.(B) Revisão das opções de transporte.(C) Melhoria na utilização dos transportes.(D) Utilização da estratégia de adiamento.(E) Todas as alternativas estão corretas.

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4. Um determinado fornecedor optou por disponibilizar os seus produtos em vários PDVs, ou seja, atuar junto a todos os meios de distribuição para atingir os seus consumidores. Ele fornece refrigerante. Este produto pode ser encontrado em uma padaria, confeitaria, mercado, mercearia, farmácia, lojas de conveniência, restaurantes, hotéis etc. O produto é pulverizado, massificado. A ideia é que todos possam ter acesso a ele. O modelo de distribuição adotado pelo fornecedor fora qual? Assinale a alternativa correta:

(A) Distribuição viral.(B) Distribuição seletiva.(C) Distribuição exclusiva.(D) Distribuição intensiva.(E) Distribuição B2B.

5. Quais são os benefícios que uma empresa pode adquirir aplicando e implantando a logística reversa em suas atividades? Você acredita que este processo seja necessário? Justifique:

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo54

Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo

O objetivo desta unidade destina-se à análise dos produtos de pós-consumo, iniciando-se pela sua caracterização, origem e classificação sob o ponto de vista de vida útil. Na sequência será feita a análise da tendência à ‘descartabilidade’ dos bens pós-consumo e os sinais que indicam a produção elevada de alguns produtos, resultado do consumo acelerado. Veremos como se organizam as cadeias de diferentes segmentos, as características dominantes bem comodados e o formato de descarte de alguns materiais. Neste contexto espera-se que os alunos compreendam a necessidade de revalorização dos produtos pós-consumo e as formas de reduzir os impactos ao meio ambiente.

Objetivos de aprendizagem

Márcio Ronald Sella

Unidade 2

Nesta seção abordaremos a classificação e natureza dos bens pós-consumo.

Na sequência apresentaremos os sinais que demonstram a tendência cada vez

maior de descarte dos bens duráveis e semiduráveis resultante do consumo

desenfreado que vem ocorrendo deste o final do século XX.

Seção 2.1 | O produto logístico de pós-consumo

Nesta seção serão abordados os canais de pós-consumo de reuso,

de remanufatura e reciclagem. O foco da discussão será a reciclagem

e o planejamento operacional envolvendo as etapas de preparação e

acondicionamento, coleta e transporte beneficiamento e destinação

final. Ainda sobre a reciclagem, conceituaremos os canais de distribuição

reversos de ciclo aberto e fechado. Finalizando a seção apresentaremos

os aspectos principais da Política Nacional de Resíduos Sólido (Lei

Federal n° 12.305/2010).

Seção 2.2 | Natureza dos canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 55

Introdução à unidadeDe acordo com o que vimos na Unidade 1, os fluxos de distribuição

reversos são aqueles que partem do mercado consumidor ou de

algum ponto ao longo do canal de distribuição em direção à origem

com a finalidade de retorno.

Esses fluxos reversos definem o papel da logística reversa na

sustentabilidade, que consiste em reduzir o uso de recursos não

renováveis e a geração de resíduos nocivos ao ambiente.

A conscientização quanto ao problema ambiental que vivemos hoje,

levou à discussão e ao surgimento de novos comportamentos sociais

e consequentemente a novas propostas e atividades organizacionais.

Dentre as novas atividades organizacionais temos a logística reversa

de pós-consumo, despontando como uma proposta de solução para

o problema ambiental.

“Os canais de distribuição reversos de pós-consumo são

constituídos pelo fluxo reverso de uma parcela de produtos e de

matérias originados no descarte dos produtos, depois de finalizada

sua utilidade original, retornam ao ciclo produtivo de alguma maneira”

(LEITE, 2009, p. 8).

Aliado à imagem corporativa, as empresas e entidades

governamentais também devem se preocupar com a escassez

dos bens ambientais e o consumo desenfreado que tem relação

direta com o agravamento da crise ambiental do planeta, onde o

comportamento humano e o estilo de vida trazem impactos negativos

no frágil equilíbrio da vida sobre a Terra.

Antes de avançarmos nossos estudos sobre os canais de distribuição

reversos de pós-consumo se faz necessária a caracterização desses

produtos, sua origem e sua classificação sob o ponto de vista de vida útil.

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo56

Seção 2.1O produto logístico de pós-consumoIntrodução à seção

2.1.1 Natureza e classificação dos bens pós-consumo

Nesta seção serão tratados assuntos relativos à natureza e classificação dos bens de utilidade, a tendência à descartabilidade dos produtos, consequência do consumo desenfreado.

Os produtos fornecidos pelo sistema produtivo para atender às demandas da sociedade possuem uma história que se inicia com a obtenção dos recursos necessários do sistema natural e termina com a destinação pós-consumo. Esta pode ser uma destinação final (aterro sanitário, incineração etc.) ou um retorno para o ciclo produtivo (reciclagem, reuso etc.).

Leite (2009, p. 38) complementa que “Os bens industriais apresentam ciclos de vida útil de algumas semanas ou de muitos anos, após os quais são descartados pela sociedade, de diferentes maneiras, constituindo os produtos de pós-consumo e os resíduos em geral”.

Na prática, a vida útil de um produto é entendida como o tempo decorrido desde sua produção original até o momento em que o primeiro possuidor se desembaraça dele. Dessa maneira, para efeito da abordagem da logística reversa e dos canais de distribuição reversos de pós-consumo, iremos considerar três grandes categorias de bens produzidos:

• Bens descartáveis: são os bens que apresentam duração média de vida útil de algumas semanas, raramente superior a seis meses. Essa categoria de bens produzidos constitui-se tipicamente de produtos de embalagens, brinquedos, materiais para escritório, suprimentos para computadores, artigos cirúrgicos, pilhas de equipamentos eletrônicos, fraldas, jornais, revistas, entre outros.

• Bens duráveis: são os bens que apresentam duração média de vida útil variando de alguns anos a algumas

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 57

décadas. São bens produzidos para satisfação de necessidades da vida social e incluem os bens de capital em geral. Fazem parte dessa categoria os automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos industriais, edifícios de diversas naturezas, aviões, navios, entre outros.

• Bens semiduráveis: são os bens que apresentam duração média de vida útil de alguns meses, raramente superior a dois anos. Trata-se de uma categoria intermediária que, sob o foco dos canais de distribuição reversos dos materiais, apresenta características de bens duráveis, ou de bens descartáveis. São bens como baterias de veículos,óleos lubrificantes, baterias de celulares, computadores e seus periféricos, revistas especializadas, dentre outros (LEITE, 2009, p. 39).

A tecnologia, o marketing e a própria logística contribuem fortemente para a redução do ciclo de vida observado nas últimas décadas. A seguir abordaremos a tendência à descartabilidade dos produtos e os sinais que evidenciam este rápido descarte, exigindo maior eficiência no equacionamento no retorno e tratamento dos produtos pós-consumo.

Desde os tempos mais remotos, o ser humano sempre buscou uma relação de domínio sobre a natureza com base na sua criatividade, visando garantir a sua existência em um ambiente hostil, o que propiciou descobertas que facilitaram diferentes formas de dominação sobre os demais seres vivos, considerada como início da degradação da natureza por Simão (2008).

O resultado foi o aumento da concorrência em todos os setores industriais por meio do avanço tecnológico e a necessidade de se prestar serviços cada vez melhores para atender às exigências dos consumidores, o que trouxe discussões a respeito de como situar uma empresa num ambiente altamente ativo e competitivo (SHIBAO et al., 2010).

Isso significa que, para ter sucesso, uma organização deve oferecer um produto com maior valor perceptível pelo cliente, ou produzir com custos menores, ou, ainda, utilizar a combinação das duas estratégias.

2.1.2 Tendência à descartabilidade dos bens de consumo

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Leite (2009, p. 39) reforça que:

[...] principalmente após a Segunda Guerra Mundial, o acelerado desenvolvimento tecnológico experimentado pela humanidade permitiu a introdução constante, e com velocidade constante, de novas tecnologias e de novos materiais que contribuem para a melhoria do desempenho técnico, para redução de preços e dos ciclos de vida útil de grande parcela de bens de consumo duráveis e semiduráveis.

A aceleração do tempo de giro na produção em paralelo ao crescente o consumo transformou o mundo da instantaneidade, e fatores como a descartabilidade dos produtos sem o devido planejamento, tem sido perverso para o planeta e seus habitantes.

Eletrodomésticos, computadores, automóveis, embalagens e equipamentos de telecomunicações, entre outros, possuem seus custos reduzidos e uma obsolescência acelerada, fazendo com que a descartabilidade entrasse em momento histórico no final do século XX.

Com ciclos de vida cada vez menores, os produtos duráveis serão descartados também em ciclos menores, transformando-se em produtos semiduráveis. Assim um dos maiores problemas da atualidade é justamente a geração de resíduos oriundos do consumo em massa.

A Figura 2.1 nos sinaliza resumidamente os principais fatores que contribuem para a ‘descartabilidade’ crescente dos produtos.

Figura 2.1 | Impacto da descartabilidade na logística reversa

Fonte: Leite (2009, p. 44).

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 59

A seguir abordaremos alguns sinais que indicam essa tal comentada tendência de descarte envolvendo bens duráveis e semiduráveis.

A discussão a respeito da geração de resíduos, passa antes, pela análise da cultura do consumismo da sociedade atual. Através da criação de falsas necessidades, tal sociedade acaba por consumir mais do que realmente necessita. Vive-se a era do consumo desenfreado que caracteriza a sociedade de consumo, no qual boa parte do que se consome é descartável.

Desta forma, tudo o que é produzido, visa, em uma perspectiva final, o mercado de consumo. A palavra de ordem é a produção padronizada e em grande escala de bens para serem consumidos por pessoas que tiveram suas prioridades conduzidas por um processo de marketing voltado ao aumento da demanda, ainda que não tivessem necessidade real de adquirir tais produtos (FAGUNDEZ, 2004).

Em países em desenvolvimento, o caso do Brasil, podemos evidenciar tal situação, devido ao crescimento da população, o fortalecimento da classe média e a estabilidade econômica, aliados ao processo acelerado da expansão urbana, sem planejamento, tornam a situação ainda mais crítica. Isso porque tais países encontram-se ainda na fase do desenvolvimento de tecnologias de reciclagem, não possuem capacidade técnico-profissional e contam com um volume de recursos insuficiente para o gerenciamento adequado de seus resíduos.

2.1.3 Consumo, consumismo e consumo sustentável

A principal consequência desse cenário tem reflexo direto no meio ambiente, uma vez que a demanda constante, e cada vez maior, por parte da sociedade de consumo, tem aumentado a extração dos recursos naturais, tanto renováveis como não renováveis, de modo que a capacidade de regeneração desses recursos na natureza está sendo seriamente comprometida. Aliado a isso está o fato de que o tratamento e a destinação final dos resíduos produzidos estão pautados, na maioria das vezes, em soluções imediatistas como o simples descarte, muitas vezes em lixões, que acentuam a deterioração ambiental, além de envolver aspectos sociais, de saúde pública, estéticos, econômicos e administrativos (SIQUEIRA; MARQUES, 2012, p. 175).

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo60

Entre as causas que impactam diretamente no aumento da geração de resíduos podemos citar: lançamentos de novos produtos, produção de eletroeletrônicos, produção materiais plásticos e por fim o aumento da produção de veículos automotivos.

Todos estes aspectos serão detalhados na sequência.

2.1.3.1 Lançamento de novos produtos

É notório que nos encontramos em um momento de inúmeras e profundas mudanças, que se refletem na vida das empresas e do consumo tendo como pano de fundo o acelerado processo de evolução tecnológica.

A oportunidade para lançamentos de novos produtos no Brasil é imensa, em vista das mudanças nos padrões de consumo serem potencialmente mais intensas do que aquelas observadas nos países desenvolvidos. Cerca de 40% do faturamento das empresas brasileiras já são resultantes do lançamento de novos produtos (DAMETTO; SILVA, 1997).

Pensando nisso, o lançamento de novos produtos se tornou um dos cernes para a competitividade das empresas. Para muitas empresas desenvolverem novos produtos com maior rapidez, mais eficiência, e mais efetividade é a grande meta competitiva.

A velocidade de lançamento de produtos é uma característica da competitividade das empresas modernas, utilizando uma série de procedimentos informatizados de projetos simultâneos que permitem ganhos extraordinários na época de lançamento de novos produtos. Essa verdadeira ‘corrida’ de lançamentos é imposta pela redução sistemática dos ciclos de vida mercadológicos dos produtos, devido a fatores como moda, status de um modelo, novas tecnologias etc., encontrando-se exemplos de produtos em que o tempo de elaboração do projeto e de sua realização é maior que seu ciclo de vida mercadológico (LEITE, 2009, p. 40).

Por outro lado, o consumidor brasileiro tem-se mostrado cada vez mais preocupado com a aquisição e o uso de produtos e serviços socioambientais sustentáveis. Nesse contexto, o consumidor desejará obter cada vez mais informações sobre

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 61

os produtos oferecidos, desde a aquisição de matérias-primas, passando pelo processo de fabricação, até o seu destino final.

Diante de um consumidor que se mostrará cada vez mais exigente nos próximos anos, terá valor crescente a rastreabilidade de produtos e processos produtivos. Isto permitirá não somente adequá-los às normas de qualidade e aos requisitos de aparência, funcionalidade e facilidade de manutenção exigidos pelo consumidor, como garantirá também o acesso à informação em tempo real da história, aplicação, localização e os processos aos quais o produto está relacionado.

Na visão moderna de marketing social, ambiental e principalmente de responsabilidade ética empresarial, se adotada por organizações em diversos elos da cadeia produtiva de bens em geral, certamente serão recompensadas, impactando diretamente na sua imagem e por consequência diferenciada como uma vantagem competitiva.

Em resumo “a sociedade enfrenta atualmente um grande desafio: conseguir transitar, de maneira socialmente responsável, para uma organização condizente com sistema natural que a suporta” (VALLE; SOUZA, 2014, p. 11).

Ao longo das últimas décadas, vem acontecendo uma revolução na indústria eletrônica: produtos eletroeletrônicos1 são fabricados em larga escala e passam por evoluções tecnológicas de forma mais veloz. Esta produção incentiva o consumo e o descarte em curtos períodos de tempo pela população.

As vendas e por consequência o aumento na produção do segmento de eletroeletrônico foram impulsionados em todas as partes do mundo em função do crescimento da globalização e da velocidade de lançamentos de produtos mais baratos e com constantes modificações tecnológicas. Com o barateamento dos equipamentos e a evolução tecnológica, os consumidores tendem a substituir o antigo pela modernidade, ou seja, comprar dispositivos mais avançados e descartar produtos antigos.

2.1.3.2 Produção de eletroeletrônicos

1Produtos eletrônicos: são todos aqueles produtos cujo funcionamento depende do uso de corrente elétrica ou de campos eletromagnéticos.

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo62

Os dados mais recentes sobre a evolução das vendas dos produtos eletroeletrônicos são sinalizados no gráfico 2.1 que revelam um crescimento acumulado entre os anos de 2006 a 2013 na ordem de 50%.

2Linha Branca: Fazem parte desta categoria os equipamentos de cozinha (fogões, depuradores e exaustores), refrigerados (refrigerador, freezer e congeladores) e área de serviço (lavadoras e secadoras).

Gráfico 2.1 | Evolução do faturamento da indústria eletroeletrônica (R$ milhões)

Fonte: Adaptado de ABINEE (2014).

Esse incremento também é impulsionado, entre outros fatores, pelo crescimento do poder de compra das classes C e D, beneficiadas com o aumento do emprego formal e expansão do crédito, com o corte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para produtos da chamada linha branca2, pelos programas governamentais de estímulo à inclusão digital e a constante inovação tecnológica que cria novas “necessidades” e desejos para a sociedade (COOPER, 2005).

Quanto às categorias dos produtos, a Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (ABINEE), agrupa os equipamentos eletroeletrônicos (EEE) em quatro linhas que podem ser observadas com maiores detalhes na Figura 2.2.

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 63

Figura 2.2 | As quatro categorias dos eletroeletrônicos – ABINEE

Gráfico 2.2 | Porcentagem do Faturamento por área na indústria eletroeletrônica (2006 – 2013)

Fonte: Adaptado de Análise Inventta; Diagnóstico de Geração de Resíduos Eletrônicos no Esatado de MG (2009); Final Report WEEE (2007).

Fonte: Adaptado de ABINNE (2014).

Analisando o Gráfico 2.2 a seguir, constatamos que somente dois setores pertencentes à linha verde: informática e telecomunicações, representam quase 50% do faturamento sendo a característica básica destes produtos um período de vida útil curto.

Outros54%

Informática 30%

Telecomunicações16%

Assim, entende-se pertinente aprofundarmos nossos estudos nestes dois setores bem como a evolução no consumo nos últimos anos.

2.1.3.2.1 Telefonia móvel

Após anos de monopólio estatal no mercado de telecomunicações, a privatização de 1998 fez o Brasil entrar num

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo64

Gráfico 2.3 | Proporção de aparelhos celulares por habitante por Unidade da Federação

Fonte: Adaptado de Anatel (2013).

modelo de competitividade quanto à telefonia móvel. As obras de infraestrutura espalharam-se pelas principais cidades brasileiras com instalação de cabos de fibra óptica, antenas de transmissão de sinal de celulares, aumentando assim, a oferta de serviços.

Estas melhorias contribuíram para o avanço do sistema como um todo colocando o país na trilha do desenvolvimento com a tão esperada inclusão social e digital.

As telecomunicações no Brasil desempenham um papel cada dia mais relevante na economia e na vida dos brasileiros. Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o número de aparelhos ativos no Brasil chegou a 264 milhões. A internet estava ativa em 68,2 milhões de aparelhos (Folha de S. Paulo, 2013).

De acordo com a reguladora, a média nacional equivale a 1,3 aparelho por habitante.Podemos observar no Gráfico 2.3 que as quatro unidades da federação que estavam acima da média nacional era o Distrito Federal, São Paulo, Rondônia e Mato Grosso do Sul respectivamente.

Rondônia; 1,5

Mato Grosso do Sul; 1,4 Distrito Federal; 2,2

São Paulo; 1,5

Quanto às vendas de celulares, podemos observar pelo Gráfico 2.4 que no período de 2009 a 2013 houve um crescimento na ordem de 43%. Também é possível identificar a migração do consumo dos aparelhos ditos “tradicionais” para os aparelhos “smartphones”.

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 65

Gráfico 2.4 | Evolução do mercado de telefones celulares (mil unidades)

Fonte: Adaptado de ABINEE (2014).

80.000

70.000

60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

0

2009 2010

Total celulares Celulares tradicionais Smartphones

2011 2012 2013

2.1.3.2.2 Informática

Quanto ao mercado de informática (PCs)3 observa-se pelo Gráfico 2.5 o crescimento das vendas de notebooks e netbooks e a queda dos produtos tipo desktops.

Gráfico 2.5 | Evolução do mercado de PCs

Fonte: Adaptado de ABINEE (2014).

Total celulares

18.000

16.000

14.000

12.000

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

02006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

PC's Desktops Notebooks e Netbooks

3PCs: Personal Computer (Computadores Pessoais).

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo66

Inevitavelmente com a proliferação dos aparelhos eletroeletrônicos (PCs, telefones celulares, eletrodomésticos, aparelhos de vídeo e som), temos o aumento da quantidade de lixo eletrônico descartado rapidamente em todo o mundo.

Os produtos eletroeletrônicos, após consumo, podem ser descartados por diferentes motivos:

• Não atendem mais às necessidades do consumidor.

• Não são mais utilizados.

• São substituídos por produtos mais novos, econômicos e/ou eficientes.

Entende-se, principalmente, por falta da estrutura adequada de coleta e de informação a esse respeito, o consumidor brasileiro não tem o hábito de dar a destinação adequada aos resíduos eletroeletrônicos ou lixo eletrônico.

O lixo eletrônico é ainda mais nocivo que o chamado lixo convencional, por conter uma grande quantidade de elementos químicos altamente nocivos à saúde e ao meio ambiente, quando lançados indiscriminadamente na natureza. Tais elementos estão presentes principalmente em baterias e capacitores, dispositivos cuja função é armazenar energia.

No Brasil, a geração de resíduos provenientes de telefones celulares e fixos, televisores, computadores, rádios, máquinas de lavar roupa, geladeiras e freezers é cerca de 679.000 t/ano. Para o período compreendido entre 2001 e 2030, estima-se que a média da geração per capita anual dos resíduos provenientes dos aparelhos citados seja de 3,4 kg/habitante. Isso implica que, no final desse período, haverá, aproximadamente, 22,4 milhões de toneladas de Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (REEE) para serem descartados no país (ROCHA et al., 2009).

Através da contaminação da natureza, este lixo eletrônico acaba afetando a população local que vive e extrai recursos do meio contaminado.

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 67

O auge do desenvolvimento da indústria petroquímica ocorreu nos períodos entre guerras e no 2° pós-guerra, quando Alemanha e EUA lideraram o progresso tecnológico e a descoberta de novos produtos petroquímicos e artigos plásticos. Dentre importantes produtos desenvolvidos comercialmente neste período estão a fibra de nylon, resinas de acrílico para janelas de avião e fibras de PET para confecção (ABIPLAST, 2003).

Na Figura 2.3 podemos visualizar as mais variadas aplicações do plástico por tipo de resina.

Figura 2.3 | Aplicação do plástico por tipo de resina

Fonte: PIA Produto (2011) - IBGEElaborado: ABIPLAST (2013)

2.1.3.3 Produção de materiais plásticos

Já no Quadro 2.1, relatamos marcos históricos na evolução do material plástico.

Ano Marco histórico

1956 Primeiros relatos do uso da goma-laca, uma resina natural, na Índia.

1880 Gravadora alemã usa goma-laca para fabricar discos fonográficos.

1910 Iniciada a fabricação de meias femininas na Alemanha, fabricadas em rayon.

Tabela 2.1 | Balanço aproximado da produção de ATP na respiração celular

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo68

1934 Desenvolvido o nylon, originalmente na forma de fibra, que virá a substituir o rayon.

1936Uso do PVA, poli(acetato de vinila), e do poli(vinilbutiral) em vidros laminados de segurança, como parabrisa de automóveis.

1938Descoberto o PTFE – poli (tetrafluoretileno), amplamente utilizado como revestimento antiaderente.Surgem fibras de nylon 66, utilizadas na fabricação de tecidos.

1940 Resinas de acrílico (PMMA) são usadas em janelas de aviões.

1941São produzidas as fibras de PET – poli (tereftalato de etileno), utilizada na fabricação de tecidos.

1942 É desenvolvida a primeira embalagem “blister” termoformada.

1952 Comercialização de filmes de PET orientados para a fabricação de embalagens.

1953Produção experimental de 300 automóveis Corvette (da GM) com carroceria totalmente feita em poliéster termofixo reforçado com fibra de vidro.

1954 Primeiro cabo telefônico submarino revestido de PE ligando EUA e Europa.

1956Aplicação da resina epóxi reforçada com fibra de vidro em circuitos impressos de produtos eletrônicos.

1958Primeira embalagem de PEAD – polietileno de alta densidade – moldada por sopro nos EUA.

1961 Construído o primeiro vagão-tanque ferroviário com plástico reforçado nos EUA.

1965 Construção de tanques subterrâneos de gasolina feitos de plástico reforçado.

1966 Introdução de fibras óticas feitas de PBT – Polibutileno Tereftalato.

1968 Fabricação de garrafas de PVC para água e vinho na Europa.

1960 Tanques de combustível em PEAD para veículos militares.

1970

Primeira garrafa plástica para acondicionar bebidas carbonatadas, feita de estireno-acrilonitrila – ASN, que substituiu totalmente as garrafas de vidro, no final dos anos 70 nos EUA e anos 90 no Brasil.Fabricação de garrafas de PVC para óleos comestíveis nos EUA.

1976Utensílios de plástico para uso em fornos de micro-ondas.Produzidas as primeiras garrafas de PET para refrigerantes, em substituição ao SAN.

1978Produção em larga escala de filme de PEBDL, (Polietileno de baixa densidade linear) muito utilizado em embalagens.

1970 a 1980

Fabricação de lentes de contato flexíveis em resina plástica.

1990Era dos plásticos biodegradáveis, fabricados pela primeira vez com resina a base de amido.Primeiras garrafas de PET pós-consumo são recicladas com sucesso.

Fonte: Adaptado de Associação Brasileira da Indústria do Plástico – ABIPLAST (2013).

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 69

Neste contexto diversos países em estágio de crescimento elevado também perceberam a importância dessa indústria e de seus produtos para o sucesso da estratégia de desenvolvimento e crescimento nacional, e assim a indústria petroquímica e de transformados plásticos se difundiu principalmente por outros países da Europa e Ásia (ABIPLAST, 2013).

O Gráfico 2.6 nos mostra dados de 2012 com o ranking de produção de plásticos. O Brasil ocupa a 9ª posição e participa com uma produção de 6 milhões de toneladas.

Gráfico 2.6 | Produção mundial de plástico – 2012

Fonte: Plastics Europe (2013).Elaborado: ABIPLAST (2013, p. 21).

China Europa CISJapão BrasilEUA, Canadá e México

Oriente Médio e

África

Ásia (exceto Japão e China)

América Latina

(exceto Brasil)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Segundo Leite (2009, p. 42), a produção de plásticos no Brasil registrou um aumento de cerca de 2,5 vezes entre os anos de 1993 e 2007. O país está ganhando espaço em termos mundiais, porém a participação ainda é pequena em relação à dimensão do país, 2,0% no volume produzido mundialmente.

No Gráfico 2.7, observamos a evolução física da produção de materiais plásticos no Brasil entre os anos de 2007 e 2013.

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo70

Gráfico 2.7 | Evolução física da produção de materiais plásticos (milhões ton.)

Fonte: IBGE/ ABIPLAST (2013).

A versatilidade do material plástico é comprovada pela sua presença em segmentos industriais distintos que permeiam toda a matriz industrial.

É amplamente utilizado na construção civil devido à facilidade em variar suas características. Dependendo da formulação aplicada ao material, ele pode ser rígido, usado para a fabricação de tubos, conexões e esquadrias de janelas e pode ser também flexível utilizado na fabricação de mangueiras diversas (ABIPLAST, 2013).

O plástico também é largamente utilizado por suas propriedades de isolações acústicas e térmicas na construção de lajes para casas e edifícios.

Na indústria alimentícia, os plásticos permitem maior tempo de prateleira aos produtos frescos devido as suas propriedades de barreira física. Para o setor de bebidas, as garrafas de plástico para refrigerantes conferem a impermeabilidade dos gases, não deixando que eles escapem antes do consumo (ABIPLAST, 2013).

A produção de embalagens plásticas passou a crescer a partir da década de 1960. A produção mundial de plásticos em 1960 era de 6 milhões de toneladas por ano e, em 1994, passou para 110 milhões de toneladas.

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Dos anos 70 até os dias atuais, a indústria brasileira de embalagem plástica vem acompanhando as tendências mundiais produzindo embalagens com características especiais como o uso em fornos de micro-ondas, tampas removíveis manualmente, proteção contra luz e calor e evidência de violação. Foram incorporadas também, novas matérias-primas, como o alumínio para latas e o PET para frascos.

Por definição, embalagens descartáveis são aquelas que chegam ao usuário ou ao consumidor final e são descartadas imediatamente após o uso ou consumo do produto que elas contêm, sendo destinadas ao lixo, podendo ou não ser recicladas, dependendo da existência de sistemas de coleta seletiva ou diferenciada.

Trata-se de um segmento que tem adaptado e contribuído de forma significativa para as modificações mercadológicas e logísticas requeridas na distribuição física, garantindo elevada eficiência e tornando-se, também, altamente descartável (LEITE, 2009).

Funções de embalagem:

• Conter o alimento: guardá-lo, armazená-lo, desde a produção até o momento do uso pelo consumidor final. Produtos alimentícios de natureza distinta como líquidos sólidos e pastas requerem uma escolha adequada de materiais elaboração da embalagem.

• Vender o produto: quanto mais rapidamente a embalagem identificar o produto, maior eficiência técnica ela terá sob o ponto de vista de vendas. Esta identificação se baseia em sua apresentação gráfica que deve incluir, entre outros, os seguintes elementos:

• Descrição concisa do produto.

• Valorização da marca, logotipo e nome do fabricante.

• Conteúdo líquido – peso, volume, e número de unidades.

• Instruções de uso.

• Ilustração do produto.

2.1.3.3.1 Embalagens descartáveis: indústria alimentícia

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• Espaço para o preço.

• Proteger o produto: proteger de condições ambientais adversas, tais como luz, ar, umidade e temperatura.

A embalagem deve ser sempre prática. Deve ser fácil de abrir, de fechar, de descartar, de permitir o uso de porções adequadas. Atualmente, a indústria de embalagem plástica adota algumas classificações que podem ser identificadas como:

a) Rígida: são feitas com os polímeros PEAD4, PP5, PVC6, PET7, e podem ser encontradas sob a forma de garrafas, frascos, bandejas e caixas. O maior uso de embalagens rígidas está em garrafas plásticas.

b) Flexível: o mercado de embalagens flexíveis é estimado em uma produção de cerca de US$ 1,7 bilhão, o equivalente a 9% da produção americana (ABIPLAST, 2013). Segundo ABIEF (Associação Brasileira de Embalagens Flexíveis) existem cerca de 2000 empresas neste setor, sendo que estas são em sua maioria médias e pequenas empresas.

As embalagens descartáveis perdem grande parte do valor durante o consumo do produto, tais como as garrafas PET (material termoplástico em polietileno tereftalato), ou retornáveis, cujo valor sobrevive ao consumo do produto, tais como garrafas de vidro.

No caso da embalagem tipo PET, pode-se afirmar que é um grande causador de degradação do meio ambiente, pois as garrafas de refrigerante, água mineral, óleo vegetal, vinagre e produtos lácteos são comprados pelos consumidores finais e após o consumo do líquido, são geralmente descartadas no resíduo doméstico ou abandonadas na natureza. É bem comum serem vistas boiando, ou às margens dos córregos e rios.

De acordo com o Gráfico 2.8, verificamos a crescente tendência de utilização deste tipo de embalagem plástica.

4PEAD: Polietileno de Alta Densidade.5PP: Polipropileno.6PVC: Poli (Cloreto de Vinila).7PET: Poli (Tereftalato de Etileno).

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Analisando o Gráfico 2.9, observamos que entre as regiões brasileiras que mais utilizam as embalagens PET, a região Sudeste ocupa a 1a posição com 53%, seguida pelas regiões Nordeste e Sul com 19% e 13% respectivamente.

Gráfico 2.8 | Evolução do consumo de resina PET (mil toneladas)

Fonte: ABIPET/MDIC (2010).

Gráfico 2.9 | Estatística da localização das embalagens PET

Fonte: ABIPET (2012).

O papel da logística reversa neste caso é recolher e dar destinação ao material, ou, no máximo, extrair um valor residual. Importante dizer que quando na localidade não há coleta seletiva destas embalagens, elas são coletadas e direcionadas aos lixões e aterros sanitários.

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo74

As embalagens descartadas pela sociedade apresentam considerável e negativa ‘visibilidade ecológica’ em alguns centros urbanos, em virtude do grande crescimento de sua utilização, muitas vezes são dispostas impropriamente, gerando poluição, mas oferecem ao mesmo tempo, importantes oportunidades econômicas (LEITE, 2009, p. 12).

2.1.3.4 Produção de automóveis

“A indústria automobilística e o mercado automotivo brasileiro posicionam-se entre os maiores do mundo: o Brasil é o 4° maior mercado e o 6° maior produtor automotivo mundial (2010) (CNI/DIRET/ANFAVEA, 2012, p. 13).

No Gráfico 2.10, podemos visualizar a evolução da produção de veículos no Brasil durante o período de 2002 a 2011.

Gráfico 2.10 | Evolução da produção de veículos automotivos no Brasil

Fonte: CNI/DIRET/ANFAVEA (2012, p. 15).

“Em 54 anos de atividades no país, a indústria automobilística produziu 63 milhões de veículos” (CNI/DIRET/ANFAVEA, 2012, p. 15).

A indústria automobilística tem efeitos sobre múltiplos setores da sociedade. Mais de 200 mil empresas no Brasil têm suas atividades ligadas ao setor automotivo. A evolução nas vendas, traduzidas em número de licenciamentos, de veículos novos, pode ser observado no Gráfico 2.11 a seguir.

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 75

Também temos as projeções para o mercado até o ano de 2020. Se confirmadas, indicam um mercado interno de 6,3 milhões de veículos/ano em 2020 conforme Gráfico 2.12 (CNI/DIRET/ANFAVEA, 2012).

Gráfico 2.11 | Evolução do licenciamento de veículos novos no Brasil

Fonte: CNI/DIRET/ANFAVEA (2012, p.16).

Gráfico 2.12 | Projeções do mercado interno automotivo

Fonte: ANFAVEA. Tendências. Autofacts. Análise PWCElaborado por: CNI/DIRET/ANFAVEA (2012, p. 18).

Para saber mais

A indústria automobilística entende que a sustentabilidade é sistêmica, um processo abrangente e contínuo de atuação, com visão de futuro, uma questão necessariamente impositiva e prioritária, a ser tratada em toda a sua extensão e reflexos na sociedade, com políticas públicas e

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo76

privadas. A indústria automobilística é parte relevante na equação do desenvolvimento com sustentabilidade.

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA E SUSTENTABILIDADE – Encontro da Indústria para a Sustentabilidade.

Questão para reflexão

Nos dias atuais, o ser humano vem sendo assolado pelo consumismo!

O produto comprado, jamais irá satisfazer sua “necessidade”, sendo trocado por outro com promessa mais convincente, e por outro e mais outros.

Assim o problema do lixo está estreitamente relacionado ao consumismo, agravado pela explosão demográfica, males que precisam ser sanados urgentemente pelo ser humano, sob pena de levá-lo à degradação. Indivíduos, famílias, sociedades, governos, todos devem contribuir para a solução do problema.

a) Qual é o meu papel como consumidor no mercado?

b) A quem compete resolver o problema do lixo resultante da crescente ‘descartabilidade’ dos bens?

Atividades de aprendizagem

1. Cite alguns produtos em que se note claramente a redução do ciclo de vida útil:

2. Examine o caso dos eletrodomésticos. Como você tem percebido a redução do ciclo de vida dos produtos? Como podemos evidenciar a tendência à ‘descartabilidade’?

3. são exemplos de bens duráveis que apresentam duração média de vida útil variando de alguns anos a algumas décadas. São bens produzidos para a satisfação de necessidades da vida social e incluem os bens de capital em geral.A alternativa que contém o texto que completa a lacuna acima é:

a) Artigos cirúrgicos.b) Pilhas de equipamentos eletrônicos.c) Suprimentos para computadores. d) Equipamentos eletroeletrônicos.

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 77

Seção 2.2Natureza dos canais de distribuição reversos de bens pós-consumoIntrodução à seção

2.2.1 Os canais reversos de reuso

Os bens industriais classificados como duráveis ou semiduráveis, após seu desembaraço pelo primeiro possuidor, tornam-se produtos pós-consumo. O produto pós-consumo pode ser classificado como em condições de uso, fim de vida útil, e resíduos industriais. Um produto considerado em condições de uso apresenta interesse de reutilização.

Os canais de distribuição reversos de bens pós-consumo constituem-se nas diversas etapas de comercialização e industrialização pelas quais fluem os resíduos industriais e os diferentes tipos de bens de utilidade ou seus materiais constituintes, até sua reintegração ao processo produtivo, por meio dos subsistemas de reuso, remanufatura ou reciclagem.Essas etapas apresentam características peculiares nos diversos países ou comunidades examinadas, motivadas por diferentes disponibilidades de fontes de resíduos de pós-consumo, diferentes legislações e regulamentos, diferentes sensibilidades ecológicas e hábitos de consumo da sociedade (LEITE, 2009, p. 49).

Questão para reflexão

Você já observou entre os produtos que consome quais são aqueles que utilizam embalagens retornáveis? Você dá preferência à compra de algum produto em razão da embalagem ser retornável?

Trata-se de um canal reverso de grande importância, com características econômicas e logísticas de realce, pelo volume de comércio envolvido. Fazem parte deste canal os produtos que ainda apresentam condições de utilização, podendo ser destinados ao mercado de segunda mão, sendo que a comercialização nesse caso pode ocorrer várias vezes até atingir o fim da vida útil.

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Para exemplificarmos, o caso mais comum desse tipo de canal reverso é o de veículos em geral.

A fase de aquisição do bem de pós-consumo durável é realizada por comerciantes estabelecidos, empresários de remanufatura, especializados por tipo de bem, ou seja, automóveis, computadores, máquinas operatrizes etc., ou por intermediários negociadores de lotes que arrematam a totalidade de bens em empresas para posterior negociação.

Estes leilões de bens duráveis representam uma grande fonte de produtos para reuso alimentando importantes áreas de comércio.

São os canais que permitem que os produtos sejam reaproveitados em suas partes essenciais, através da substituição de componentes complementares, retornando o produto a sua condição original.

É constituído por empresas industriais, comerciais e de serviços que operacionalizam ações no processo de retorno dos produtos ou componentes duráveis de pós-consumo, denominados ‘cores’ ou ‘carcaças’, recapturando o valor de alguma natureza. O mercado secundário de bens remanufaturados representa uma parcela importante no valor total da economia reversa nas sociedades atuais, embora, na maior parte das vezes, seus valores sejam estimados e ainda pouco documentados.

A ABNT (2005) define peça remanufaturada como peça ou componente de produção original usado, caracterizado por

Um exemplo de canal reverso de grande importância é o da venda de materiais em leilões, em formas de sucatas e equipamentos usados, constituindo-se em fonte primária de pós-consumo, em que são adquiridos e coletados bens pós-consumo ou pós-uso: bens de ativo fixo em condições de uso, como máquinas, equipamentos, móveis, utensílios, veículos etc.; partes de equipamentos ou peças sem condições de uso, denominadas genericamente ‘ sucatas’; sobras industriais de processos ou subprodutos de processo; excessos de estoques de insumos e matérias-primas, dentre outros (LEITE, 2009, p. 11).

2.2.2 Os canais reversos de remanufatura

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 79

2.2.3 Os canais reversos de reciclagem

ter sido submetido a processo industrial pelo próprio fabricante original ou em estabelecimento autorizado por esse fabricante, para o restabelecimento de funções e requisitos técnicos originais. São exemplos deste canal a remanufatura de motores automotivos.

Embora esse canal reverso possa representar enormes possibilidades de economia de recursos e aumento de produtividade, e em muitos casos represente importante volume financeiro de negócios, ainda é pouco explorado pelas empresas fabricantes originais.

A partir do primeiro “Choque do Petróleo”, em 1973, países e empresas passaram a ver a reciclagem como uma iniciativa estratégica, ganhando popularidade, sobretudo, pelo aspecto econômico do impacto provocado pelo aumento significativo no preço do barril do petróleo, e não tanto por questões ambientais, como preferem destacar os ambientalistas.

Podemos definir a reciclagem como o conjunto de técnicas que tem por objetivo o aproveitamento dos resíduos no ciclo produtivo no qual estes tiveram origem.

Reciclar é garantir matéria-prima para a produção de um novo produto, sem precisar agredir o meio ambiente para se remover a matéria-prima primária novamente. Isso significa, fazer o ciclo produtivo girar sem desperdiçar qualquer resíduo que possa ser reutilizado.

No processo de transformação dos resíduos sólidos8 ocorre a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos.

Com o aumento das pressões da sociedade para produtos e processos ecologicamente corretos, a reciclagem ganha força e a logística reversa é um dos principais motores deste movimento.

Sob uma perspectiva logística, visando garantir a sustentação econômica da atividade de reciclagem, devem ser considerados alguns aspectos importantes, quais sejam:

8Resíduos sólidos são todos os restos sólidos ou semissólidos das atividades humanas ou não humanas, que embora possam não apresentar utilidade para a atividade-fim de onde foram gerados, podem virar insumos para outras atividades.

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• a demanda existente no mercado para materiais reciclados;

• os custos envolvidos no processo – coleta (transporte), separação, armazenagem e revalorização (preparação do material antes do processamento, inclusive a sua limpeza);

• os custos de processamento (transformação);

• as quantidades de materiais disponíveis (o volume é essencial para garantir economias de escala);

• as distâncias entre a fonte geradora e o local de reciclagem, em função dos custos de transportes envolvidos para produtos (geralmente) de baixo valor agregado;

• as facilidades logísticas necessárias para o suporte operacional (armazéns, equipamentos de movimentação);

• as características e aplicações do resultado da reciclagem.

A questão tornou foco no meio empresarial, e vários fatores cada vez mais as destacam, estimulando a responsabilidade da empresa sobre o fim da vida de seu produto, que não termina quando, após serem utilizados pelos consumidores, são descartados.

Observando o Gráfico 2.13, podemos verificar que o Brasil tem evoluído na reciclagem de alguns materiais, mas em outros ainda os índices deixam a desejar (ex.: reciclagem do plástico).

Gráfico 2.13 | Taxa de reciclagem no Brasil de diferentes materiais (%)

Fonte: Adaptado IPEA (2012).

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 81

O caso do plástico no Brasil, observa-se que o índice de reciclagem permanece relativamente baixo (menos taxa de reciclagem em relação aos outros materiais) sendo boa parte dos volumes destinados a aterros e lixões.

Segundo IPEA (2012), o material plástico é o principal produto reciclável e o potencial ambiental e econômico desperdiçado com a destinação inadequada de plásticos é em média de R$ 5,08 bilhões por ano. No entanto, embora o índice brasileiro de reciclagem de plástico na fase pós-consumo é considerado baixo (22%) no ano de 2012, ainda foi maior que os índices observados em países como Portugal (20%) e França (18%) ocupando a 10ª posição no ranking ao lado da Eslovênia e próximo ao Reino Unido (23%) (ABIPLAST, 2013).

Ainda em relação ao material plástico, os vários polímeros têm comportamentos bastante distintos. O PET talvez seja o segmento que vem obtendo melhor resultado, com taxas de reciclagem pós-consumo da ordem de 60%. O PEBD aparece em segundo lugar, com uma reciclagem pós-consumo de cerca de 20%; todos os outros polímeros, porém, apresentam taxas inferiores a 10%. Dessa forma, comparando os diferentes materiais, os plásticos são aqueles que apresentam menor taxa de recuperação, sendo potenciais alvos para políticas específicas de estímulo à reciclagem.

Figura 2.4 | Identificação e simbologia de plásticos recicláveis

Fonte: Adaptado de ABIPLAST (2013).

Sinalizamos no Gráfico 2.14 os principais setores que consomem plástico reciclado como matéria-prima e a respectiva participação.

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Fonte: Adaptado de Plastivida (2012).

Para visualizarmos as diversas possibilidades de comercialização e tratamento dos bens e materiais de pós-consumo nos canais de distribuição reversos, apresentamos a Figura 2.5 a seguir.

Gráfico 2.14 | Participação dos setores que consomem plástico reciclado como matéria-prima

0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00% 14,00% 16,00% 18,00%

Fonte: Adaptado de Leite (1998, p. 24).

Figura 2.5 | Canais de distribuição de pós-consumo direto e reversos

Incineração

Remanufatura

SobrasComponentes

ReusoDesmanche

Duráveis/ SemiduráveisDescartáveis/ Semiduráveis

Mercados secundários

Consumidor final(empresa / pessoa física)

Mercados secundários

Materiais reciclados

Resíduos industriais

Fabricante de produtos(duráveis/ descartáveis)

Fabricante de matérias-primas novas

Indústria de reciclagem

Intermediários (sucateiros)

Bens de Pós- consumo

Coleta informal

Coleta seletiva

Coleta do lixo

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo 83

Sabemos que os descartes são uma agressão à natureza. Desta forma tornou-se necessário um planejamento reverso do pós-consumo, visando ao retorno e à recuperação dos produtos utilizados, visto que na cadeia comercial, o ciclo dos produtos não termina quando são descartados, daí a importância da reciclagem e do reaproveitamento destes produtos para o meio empresarial, já que tratam da responsabilidade da empresa sobre o fim da vida de seus respectivos produtos.

De maneira geral, em administração da produção, o processo de planejamento costuma ser dividido em três:

• Planejamento estratégico (longo prazo): Engloba questões de natureza muito ampla (ex.: O que será feito com o resíduo? Onde buscar os geradores ou fornecedores de resíduos? Qual é a capacidade de transporte e recepção que necessitamos? Quando devemos aumentá-la?).

• Planejamento tático (médio prazo): Segundo nível de planejamento, tem como objetivo alocar materiais e mão de obra de forma eficiente, dentro das orientações e restrições estratégicas definidas no planejamento estratégico (ex.: Quantos coletores, transportadores e receptores precisamos? Qual é o intervalo de coleta? Há necessidade de estações de transbordo? Como dimensionar o galpão de armazenamento?).

• Planejamento operacional (curto prazo): Abordará questões mais imediatas e precisas. Deve garantir que todos os resíduos serão tratados de forma apropriada e segura, desde a sua fonte de geração até a destinação final.

Após a sua implementação, os materiais deverão ter sido restituídos a um ciclo produtivo (ao seu próprio ou a outros), sem acidentes, danos ambientais ou mesmo descaracterização e perda de materiais. Muitos gestores veem isto apenas como uma grande fonte geradora de custos. Porém, a logística reversa, por valer-se de matéria-prima residual ou secundária, mais barata, pode trazer vantagens econômicas e gerar lucro, se for bem planejada (REZENDE et al., 2006).

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2.2.4 Planejamento operacional na cadeia de valor da logística reversa

2.2.4.1 Plano de preparação e acondicionamento

Tem como objetivo detalhar o programa de trabalho, em curto ou médio prazo, com vistas ao cumprimento das metas de prazo maior. O planejamento operacional deverá se traduzir em um programa de operações de logística reversa, formado pelos seguintes planos:

Explica os tipos e quantidades de materiais a serem coletados pela fonte geradora (interna e externa). Exige um conhecimento mais detalhado do material e das formas de manter suas características. Os principais passos para definição dos processos de preparação e acondicionamento são:

• Localização das fontes geradoras: faz-se necessário percorrer o ciclo de vida do produto, a partir da distribuição e consumo dos produtos em sua logística direta, conhecendo os hábitos dos consumidores através de entrevistas e demais investigações. Ao final, é realizada uma análise para identificar os locais onde resíduos são dispostos.

• Amostragem: aquisição de uma porção representativa de todo o resíduo, para posteriormente caracterizá-lo por meio de testes laboratoriais. Por exemplo, resíduos aparentemente compostos de papel e papelão úmidos podem estar contaminados com substâncias tóxicas e inflamáveis.

• Classificação: análise das amostras em laboratório para que sejam definidas suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade ou patogenicidade.

• Segregação: é um processo que tem como princípio a separação de resíduos em sua origem, pode contar com o auxílio de coletores de diferentes cores, segundo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) (BRASIL, 2001, p. 80).

Quadro 2.2 | Relação da cor do recipiente com o tipo de material

Cor do Recipiente Material

Azul Papel/papelão

Vermelho Plástico

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No caso dos produtos perigosos, a segregação impede que haja uma contaminação cruzada. Tal fato garante que estes não serão misturados ao resíduo não perigoso, minimizando a propagação dos riscos, e consequentemente o volume de resíduos perigosos gerados. Um exemplo muito observado é a contaminação de resíduos recicláveis, tais como embalagens de papelão e copos plásticos, por óleo e graxa em setores de manutenção mecânica (VALLE; SOUZA, 2014).

• Acondicionamento e Armazenamento Temporário: promoção do acondicionamento para o acúmulo dos resíduos de madeira segura, para que permaneçam, temporariamente, até que sejam coletados para encaminhamento adequado ou destinação final.

Fonte: Adaptado de Brasil (2001, p. 80)

9PEV: Posto de Entrega Voluntário.

Caso Tipo de PEV9 Classificação

Resíduos de construção

CaçambaArmazenamento temporário para coleta externa

Recicláveis (grandes instituições)

Coletores coloridos, menores e distribuídos

Segregação e armazenamento temporário para coleta interna

Coletores coloridos, maiores e concentrados

Armazenamento temporário para coleta externa

Recicláveis nos domicílios e pequeno comércio

Cestos de resíduos separados Segregação

Coletores coloridos, nas calçadasArmazenamento temporário para coleta externa

Sacos transparentes na calçadaArmazenamento temporário para coleta externa

Quadro 2.2 | Relação da cor do recipiente com o tipo de material

Verde Vidro

Amarelo Metal

Preto Madeira

Laranja Resíduos perigosos

Branco Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde

Roxo Resíduos radioativos

Marrom Resíduos orgânicos

Cinza Resíduos comuns não recicláveis

Fonte: Adaptado de Valle e Souza (2014, p. 113).

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U2 - Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo86

2.2.4.2 Plano para coleta e transporte

É fundamental, por iniciar de fato o fluxo reverso. Estabelece o roteiro e a equipe de coleta, a frequência, o tipo de veículo; procedimento de carregamento/ manutenções etc. Busca por formas seguras e eficientes de garantia de retorno dos resíduos sólidos para a sua cadeia produtiva, ou para outras cadeias produtivas. Fazem parte do plano para coleta e transporte as seguintes etapas:

• Quantificação do resíduo gerador: medição da quantidade de resíduos gerados em determinado intervalo de tempo; identificação da capacidade de armazenamento local do gerador; estabelecimento de uma rotina para coleta.

• Definição dos receptores: identificação dos receptores que atendem aos objetivos do gerador; seleção dos receptores baseada em fatores legais relacionados ao tipo de serviço prestado; identificação da capacidade de processamento dos receptores.

• Consolidações prévias: identificação dos transportadores que atendem ao objetivo do gerador e do receptor; seleção dos transportadores; consolidação entre o fluxo de geração dos resíduos, capacidade de processamento do receptor e a capacidade de carga dos transportadores.

• Coleta: definição do tipo de serviço entre coleta seletiva e coleta particular; definição do tipo de trabalho para a realização da coleta, baseado em fatores práticos e legais, relacionados ao tipo de serviço prestado; reconhecimento de riscos existentes em determinada atividade de coleta; eliminação de dos riscos ou definição do uso de EPI adequados; padronização dos procedimentos e comportamentos para prevenir acidentes e/ou doenças ocupacionais.

Os locais onde os resíduos são acumulados e armazenados temporariamente para coleta externa devem permitir a aproximação dos veículos coletores sem dificuldades.

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2.2.4.3 Plano de beneficiamento

• Transporte: identificação das características da carga; reconhecimento dos riscos existentes em determinada atividade de coleta.

Caracteriza-se pela execução das etapas de beneficiamento, que envolvem as escolhas entre as diversas alternativas de transformações físicas aplicadas aos materiais, conferindo-lhes uma função própria e agregando algum valor ao mesmo. A partir dele que são gerados os estímulos necessários à promoção do negócio propriamente dito.

Os principais procedimentos/ fases operacionais pertencentes ao plano de beneficiamento são:

• Recebimento: identificação dos riscos, cuidados necessários, procedimentos de emergência e uso de EPIs10; definição do tipo de beneficiamento e o posterior encaminhamento a ser realizado conforme quadro abaixo; encaminhamento de resíduos inservíveis para tratamento e/ou disposição final adequada; documentação dos dados de recebimento como auxílio ao planejamento estratégico, financeiro e controle operacional da produção.

10EPIs: Equipamento de Proteção Individual

Quadro 2.4 | Resíduos e o tipo de beneficiamento empregado

Resíduo Tipo de beneficiamento

Papel• Resíduo/ redução de volume/ comercialização

• Reciclagem (limpeza + alvejamento + refinação + adição)

Plástico

• Reuso/ lavagem/redução de volume/ comercialização• Reciclagem com separação das resinas (separação + regeneração + pós-tratamento + transformação)• Reciclagem sem separação das resinas (regeneração + transformação)• Incineração

Metais• Redução de volume/ comercialização• Reciclagem (fusão + conformação)• Reciclagem (briquetagem + refusão + transformação em lingote)

Vidro

• Separação + trituração• Reciclagem (produção de embalagens, tijolos, microesferas, lã, fibra, bolinhas ou espuma de vidro/ fritas cerâmicas/ asfalto)• Reuso (material abrasivo ou de enchimento/ aplicações artísticas)

Pneus• Recauchutagem + reuso• Reciclagem (engenharia civil / regeneração da borracha/asfalto)• Incineração + geração de energia

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Lâmpadas

• Reciclagem (destruição + separação + descontaminação + reciclagem/ reuso/ comercialização)• Separação por sopro + reciclagem• Esmagamento + solidificação/ encapsulamento• Disposição em aterros

Eletroeletrônicos

• Recondicionamento + reuso/ revenda• Desmontagem/ desmanche + reciclagem• Reciclagem (desmontagem + triagem + trituração + separação+ transformação)

Pilhas e baterias

• Devolução• Reutilização/ reciclagem/ disposição final•Reciclagem (trituração + separação + recuperação + reciclagem)

Embalagens de produtos tóxicos

• Tríplice lavagem• Incineração

Fonte: Adaptado de Vilhena (2010). Guarnieri (2011).

Para saber mais

O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV) é uma entidade sem fins lucrativos voltada a promover, em todo o Brasil, a correta destinação das embalagens vazias de defensivos agrícolas.

Pesquise mais sobre o procedimento da Tríplice Lavagem, que, como o próprio nome diz, consiste em enxaguar três vezes a embalagem vazia seguindo alguns critérios.

• Armazenamento temporário: compactação dos resíduos e posterior organização.

• Pré-tratamento: segregação ou triagem mais específica dos resíduos para assegurar a qualidade exigida pelas indústrias recicladoras; compactação para um ganho de massa específica, aproveitando o espaço de forma eficiente.

• Opções de tratamento: desmanche apara aproveitamento dos materiais contidos nas mercadorias descartadas e destinação segura de resíduos complexos; reparo para correção de problemas específicos em um produto; recondicionamento para recuperação das boas condições de uso de um produto, bem como reequipar e embelezar; remanufatura para restituir os materiais a sua vida útil; reciclagem dos materiais através da utilização na produção de novos produtos; descontaminação através da retirada

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e tratamento de componentes perigosos existentes nos diversos materiais; a incineração para reaproveitamento de energia; coprocessamento em fornos para fabricação de cimento; compostagem e outros processos de biodigestão de matéria orgânica para produção de húmus ou energia.

Em relação à nomenclatura apresentada nas diversas fases do fluxo reverso dos materiais, algumas adaptações devem ser feitas (ex.: o caso da construção civil – Para a fabricação de produtos duráveis seria entendida como a construção dos imóveis e o desmanche, como sua demolição).

Este plano não faz parte da logística reversa, mas deve ser tratado com igual importância. Integra-se ao plano de beneficiamento, determinando qual é o volume de produtos beneficiados que será encaminhado para cada alternativa de destinação (compra, doação, aterro etc.), bem como suas demandas, sazonalidade, valor de mercado etc. Além disso estabelece o volume de rejeitos dos processos que será destinado aos aterros sanitários, e quais são estes aterros, quais os custos, a logística envolvida etc.

Uma parcela dos bens pós-consumo será reintegrada ao ciclo produtivo, fluindo pelos canais reversos de reciclagem, ocorrendo revalorização de seus materiais constituintes, podendo ou não ser reintegrados ao ciclo produtivo na fabricação de um produto similar ao que lhe deu origem ou a um produto distinto.

A seguir iremos apresentar e distinguir as duas grandes categorias de ciclos reversos de retorno ao ciclo produtivo:

• Canais de distribuição reversos de ciclo aberto.• Canais de distribuição reversos de ciclo fechado.

2.2.4.4 Plano de destinação final

2.2.5 Ciclos reversos abertos e fechados de reciclagem

2.2.5.1 Canais de distribuição reversos de ciclo aberto

[...] são constituídos pelas diversas etapas de retorno de materiais constituintes dos produtos pós-consumo, como metais, plásticos, vidros, papéis, etc., nos quais esses materiais são extraídos de diferentes produtos de pós-consumo, visando à sua integração ao ciclo produtivo

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e substituindo matérias-primas novas na fabricação de diferentes produtos (LEITE, 2009, p. 55).

Fonte: Leite (2009, p. 55).

Figura 2.6 | Exemplos de ciclo reverso aberto

Os canais de ciclo aberto, portanto não distinguem os produtos de origem do pós-consumo, mas têm seu foco na matéria-prima que os constitui. São característicos dessa categoria os metais, como ferro, alumínio, cobre etc., os plásticos constituídos de polímeros de diversas naturezas, como os polietilenos, os polipropilenos etc., os materiais constituintes de diversas naturezas de vidros e os diferentes tipos de papéis (LEITE, 2009, p. 55).

"Os canais de distribuição reversos dessa categoria são constituídos por etapas de produtos de pós-consumo, nas quais os materiais constituintes de determinado produto descartado, ao fim de sua vida útil, são extraídos seletivamente para fabricação de um produto similar ao de origem" (LEITE, 2009, p. 56).

2.2.5.2 Canais de distribuição reversos de ciclo fechado

Quadro 2.5 | Exemplos de canais reversos de ciclo fechado

Produto de origem de pós-consumo

Principais materiais extraídos

Novo produto

Óleos lubrificantes usadosEliminação de impurezas e acréscimo de aditivos

Óleos lubrificantes novos

Baterias de veículos descartadas

Plástico e extração do chumbo

Baterias de veículos novas

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Fonte: Leite (2009, p. 56).

Latas de alumínio de embalagens descartadas

Extração da liga de alumínio

Latas de alumínio novas

2.2.6 A logística reversa e a política nacional de resíduos sólidos

Um dos maiores problemas da atualidade é a geração de resíduos oriundos do consumo em massa. Leite (2009) alerta que o grande indicador do crescimento da ‘descartabilidade’ dos bens duráveis e semiduráveis é o aumento dos resíduos sólidos urbanos, vulgarmente denominados por lixo urbano nos grandes centros urbanos em diversas partes do mundo.

Entre os fatores que têm levado ao crescimento vertiginoso do volume de resíduo produzido, principalmente no que tange aos produtos pós-consumo, podemos citar: a redução da vida útil de alguns produtos, através da obsolescência programada; as práticas consumistas existentes nas culturas atuais além do aumento do consumo devido ao aumento do poder aquisitivo.

A situação da produção de lixo mundialmente e também no Brasil é preocupante, pois dados do IBGE do ano de 2000, destacam que das cerca de 230 mil toneladas de resíduos geradas por ano no Brasil, aproximadamente 22% são destinadas a vazadouros a céu aberto ou lixões, sendo que 75% são destinadas a aterros controlados ou sanitários.

Os problemas decorrentes deste depósito de resíduos sólidos são a poluição do ar e contaminação do solo, das águas superficiais e dos lençóis freáticos; riscos à saúde pública pela proliferação de diversos tipos de doenças; agravamento de problemas socioeconômicos pela presença de "catadores"; poluição visual da região; mau odor e também desvalorização imobiliária (TENÓRIO;s ESPINOSA, 2004, p. 164).

Os resíduos sólidos podem ser compostos por: matéria orgânica (alimentos em geral), papel e papelão (revistas, jornais, caixas e embalagens), plásticos (garrafas PET, garrafões, frascos etc.); vidro (garrafas, frascos e copos), metais (latas em geral), outros (tecidos, óleos de origem animal e vegetal, resíduos eletrônicos etc.).

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Na Figura 2.7 sinalizamos os materiais mais descartados nos lixos urbanos e a participação em percentual conforme dados do IPEA (2012).

Fonte: Adaptado de IPEA (2012).

Figura 2.7 | Principais materiais descartados no Brasil

Ao analisar a figura anterior, podemos observar que os quatro materiais mais representativos e que juntos somam aproximadamente 95% são respectivamente: a matéria orgânica (51,4%) seguido por outros (16,7%), plástico (13,5%) e papel, papelão (13,1%).

Quanto ao material plástico, mais propriamente o caso das embalagens, abordaremos mais adiante aspectos adicionais já que é um exemplo de canal reverso de importância econômica crescente.

Estes são apenas alguns dos motivos que têm levado a um acréscimo significativo na quantidade de lixo urbano em todo mundo e para contextualizar o problema, caso as medidas necessárias para o processo de reciclagem não sejam colocadas em práticas, vamos apresentar alguns indicadores na sequência.

A definição dos resíduos como material inservível e não aproveitável é, na atualidade, com o crescimento da indústria da reciclagem, considerada relativa, pois um resíduo poderá ser inútil para uma devida necessidade, mas útil para outras.

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Na Figura 2.8 sinalizamos algumas informações sobre a coleta de resíduos sólidos urbano no Brasil.

Fonte: IPEA (2012).Elaborado: ABIPLAST (2013).

Figura 2.8 | Destinação do resíduo urbano no Brasil

No Brasil são produzidos cerca de 54,38 milhões de toneladas por ano de resíduo sólido urbano (o que equivale a 80% recolhido por caminhões no país). Entretanto, uma pesquisa do IPEA (Diagnósticos dos Resíduos Sólidos Urbanos, IPEA, 1012) mostra que apesar da coleta de lixo ser realizada em quase 90% dos municípios brasileiros, a coleta seletiva – que recolhe o material a ser reciclado – não chega a 15% dos municípios. Fato este que impõe às autoridades a necessidade de tratar a questão com maior seriedade.

Um dos poucos estudos sobre aspectos econômicos da reciclagem foi realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2010) e foi constatado que o país perde anualmente R$ 8 bilhões ao enterrar o lixo que poderia ser reciclado.

De acordo com a publicação LCA (2013), a coleta seletiva municipal é imprescindível como fonte de abastecimento do mercado da reciclagem. A maior parte dos municípios realiza a coleta de porta em porta (88%), mas cresce a alternativa de recolhimento por meio dos Postos de Entrega Voluntária (PEVs), onde a população deixa resíduos recicláveis.

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Em um país como o Brasil, medir a reciclagem é um trabalho complexo por vários motivos: o grau de informalidade do mercado, a inexistência de dados oficiais consistentes e abrangentes, a dimensão territorial e suas diferentes realidades, e a diversidade de atores que participam do mercado – catadores, atacadistas de materiais recicláveis, indústrias recicladoras de pequeno, médio e grande porte, prefeituras, empresas de coleta, entre outros (LCA, 2013).

Está em jogo não apenas a viabilidade econômica da reciclagem, mas também a geração de empregos e o bem-estar de milhares de catadores, organizados em cooperativas. Das caixas de suco às garrafas de refrigerantes, o que antes era visto como lixo sem valor vira fonte de riquezas e como tal começa a ser tratado pelas estatísticas.

A resolução dos resíduos sólidos passa necessariamente pelo tratamento do resíduo, processo este que pode se tornar extremamente caro, principalmente no que diz respeito a produtos mais industrializados e também aos resíduos perigosos.

Para enfrentar o problema, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal no 12.305/2010), sancionada no dia 2 de agosto de 2010, é considerada um marco brasileiro para abordar a questão dos resíduos sólidos no país, e, neste contexto, atribui à logística reversa um papel-chave.

Entre os princípios desta Política, alguns estão diretamente associados à logística reversa: prevenção e precaução; poluidor-pagador e protetor-recebedor; a visão sistêmica que considere as variáveis tecnológicas, econômicas, culturais, sociais, ambientais e de saúde pública; o desenvolvimento sustentável; a ecoeficiência; a cooperação entre diversos setores da sociedade; a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; e o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável ou reciclável como bem econômico de valor social, gerador de trabalho e renda.

A maioria dos objetivos estratégicos determinantes nesta política também está diretamente associada à logística reversa. Para citar alguns: estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas; redução do volume e da

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periculosidade dos resíduos perigosos; incentivo à indústria de reciclagem; gestão integrada de resíduos sólidos; capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos; estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto; incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial.

A política reforça a responsabilidade dos geradores de resíduos, sejam pessoas físicas ou jurídicas, em implementar e operacionalizar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Esse plano deve contemplar a instalação e o funcionamento de atividades que gerem ou operem com resíduos perigosos, podendo haver contratação de terceiros para os serviços de gerenciamento dos resíduos, o que não isenta o gerador da sua responsabilidade pelos eventuais danos provocados pelos seus resíduos.

Ainda segundo a Lei, os consumidores finais são obrigados a disponibilizar adequadamente seus resíduos sólidos para a coleta seletiva, ou, quando aplicável, à logística reversa de determinados produtos. A logística deve ser implementada sob responsabilidade conjunta dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, e é aplicável, especialmente, aos seguintes resíduos: eletroeletrônicos; lâmpadas fluorescentes; pneus; óleos lubrificantes e suas embalagens; pilhas e baterias; agrotóxicos e suas embalagens; e outras embalagens que se caracterizem como resíduos perigosos, ou cuja logística reversa seja viável. No âmbito da responsabilidade destes últimos atores pela logística reversa de seus produtos e resíduos, as medidas que devem tomar podem incluir: implantação de procedimentos de compra de produtos ou embalagens usadas; disponibilização de postos de entrega de resíduos recicláveis ou reutilizáveis; e atuação em parceria com cooperativas de catadores. Também devem concentrar-se no desenvolvimento de produtos e embalagens que gerem menos resíduos, e favoreçam posterior reciclagem ou reutilização.

Quanto aos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos, devem implementar a coleta seletiva e compostagem, dar destinação final adequada aos rejeitos e estabelecer acordos setoriais para a operacionalização da logística reversa, dando prioridade à organização de associações e cooperativas de catadores e sua inclusão nos sistemas.

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Fique ligado

Nos canais de distribuição reversos, a reciclagem é o processo mais conhecido entre os que caracterizam o beneficiamento na logística reversa. A reciclagem consiste na série de atividades em que os materiais descartados são coletados, triados, processados e utilizados na produção de novos produtos. Mais especificamente, consideramos que a reciclagem ocorre no momento em que um resíduo entra em uma nova cadeia produtiva, cujos produtos finais podem ser os mais diversos. Dessa forma, o resíduo torna-se matéria-prima para o novo processo, em substituição às matérias virgens. Isso pode se traduzir em vantagens econômicas e de sustentabilidade.

Para concluir o estudo da unidade

Os canais reversos de pós-consumo constituem-se nos diferentes modos de retorno dos produtos após seu uso, podendo apresentar serventia a novos possuidores, caracterizando-se os canais de reuso dos bens pós-consumo, ou não apresentando condições de reutilização, sendo destinados aos canais reversos de reciclagem de seus produtos ou de materiais constituintes.

Distinguem-se duas categorias de fluxos reversos de pós-consumo:

• Fluxos reversos abertos: os materiais constituintes têm sua origem em diferentes produtos de pós-consumo.

Atividades de aprendizagem

1. Como vimos, as lâmpadas fluorescentes também são descartadas, mas devem ser separadas desde a origem. Por possuírem materiais pesados, como vapor de mercúrio, são capazes de afetar o meio ambiente e a saúde humana. Pesquise na literatura qual é o procedimento correto para a reciclagem das lâmpadas fluorescentes e sinalize algumas empresas que atuam nesta reciclagem.

2. O vidro, um material 100% reciclável, também possui critérios para triagem. A própria indústria de vidreira recebe vidro em cacos ou grãos e lavado para reutilizar em seu processo, após separação das cores. Existe uma orientação à população sobre a reciclagem do vidro e qual a forma correta de segregação e destinação correta?

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Atividades de aprendizagem da unidade

1. Considere o texto apresentado a seguir. Plano Nacional para o lixoA Lei n° 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao país no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado). Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa dos resíduos e embalagens [...]. Fonte: Disponível em: <www.mma.gov.br>. Acesso em: 27 dez. 2012.Analisando as informações apresentadas no texto e considerando atividades relacionadas ao lixo, a política nacional de resíduos sólidos determinará a extinção:

a) da logística reversa.b) dos lixões.

c) da reciclagem.d) da coleta seletiva.

• Fluxos fechados: os materiais constituintes são extraídos de um produto pós-consumo e são usados para fabricar produtos da mesma natureza.

Os bens duráveis, quando transformados em bens de pós-consumo e não apresentando condições de serem reutilizados, poderão ser enviados diretamente ao ‘lixo urbano’, desmontados nos canais reversos de ‘desmanche’ ou diretamente enviados ao canal reverso de ‘reciclagem’.

Os bens descartáveis normalmente não têm condições de reutilização e podem ser dirigidos aos canais reversos do ‘lixo urbano’ ou ‘reciclagem’ por meio de diferentes modos de coleta: coleta de lixo urbano, coleta seletiva, ou coleta informal.

Os resíduos industriais constituem importantes quantidades de materiais dirigidos aos canais de reciclagem de reuso.

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2. Considere as afirmações a seguir acerca da política nacional de resíduos sólidos, tal como instituída pela Lei nº 12.305/2010.I. No gerenciamento de resíduos sólidos, a não geração e a redução de resíduos são objetivos preferíveis à reciclagem e ao seu tratamento adequado.II. Os fabricantes de produtos em geral têm o dever de implementar sistemas de logística reversa.III. Os consumidores têm responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida de quaisquer produtos adquiridos.Está correto o que se afirma em:

a) I, II, III.b) I e III, apenas.c) II e III, apenas.

3. A produção de lixo virou uma das grandes preocupações do mundo atual e a sua destinação é sempre um motivo de controvérsia. Os administradores das cidades apontam para soluções paliativas, tornando necessária a criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Sobre esse tema, assinale a alternativa correta:

a) A logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial.b) Os lixões a céu aberto só serão permitidos nas áreas mais afastadas das principais regiões metropolitanas do País.c) A incineração dos resíduos sólidos e os aterros sanitários são as soluções mais viáveis para a destinação do lixo urbano.d) A responsabilidade da destinação dos resíduos sólidos fica a cargo dos fabricantes e dos importadores, de acordo com a PNRS.

4. Em relação aos canais de distribuição reversos ciclo aberto, os materiais são extraídos de diferentes produtos de pós-consumo, visando à reintegração ao ciclo produtivo e substituindo matérias-primas novas na fabricação de diferentes tipos de produtos. São exemplos:

a) Óleos lubrificantes. → Eliminação de impurezas e acréscimo de aditivos → Óleos lubrificantes novos.b) Baterias de veículos → Plástico e extração de chumbo → baterias de veículos novas.c) Latas de alumínio → Extração de liga de alumínio → latas novas alumínio.

d) Automóveis → Extração do material ferroso → Chapas e barras.

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5. No Brasil, observa-se que o índice de reciclagem deste material permanece relativamente baixo (menos taxa de reciclagem em relação aos outros materiais) sendo boa parte dos volumes destinados a aterros e lixões. O material a que estamos nos referindo é o:

a) Alumínio.b) Papel/ papelão.c) Vidro.d) Plástico.

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Canais de distribuição reversos de bens pós-venda

Esta unidade tem como objetivo apresentar ao aluno as formas de retorno dos produtos com pouco ou nenhum uso que são devolvidos entre os elos da cadeia de distribuição direta e pelo consumidor final. Segue-se uma caracterização do produto logístico de pós-venda, as diferentes possibilidades de entrada, o destino dos fluxos reversos desses produtos e as barreiras para implementação do processo. Também serão apresentados os fluxos reversos de pós-venda: categoria comercial, categoria garantia/qualidade.

Objetivos de aprendizagem

Márcio Ronald Sella

Unidade 3

Nesta seção serão identificadas as principais características dos produtos que

retornam ao ciclo de negócios além de compreender as razões que justiçam as

devoluções dos produtos de pós-venda e as barreiras existentes.

Seção 3.1 | Identificação do produto pós-venda

Avaliaremos, nesta seção, as categorias de fluxos reversos: categoria

comercial (retornos não contratuais, retornos não contratuais e retornos

de ajuste de estoque de canal) e a categoria garantia/qualidade (qualidade

intrínseca, validade de produto e recall de produtos). Finalizando a seção,

trataremos a seleção e destinos de produtos (comercialização no mercado

primário e secundário, comercialização de produtos reparados, doação,

desmanche, remanufatura, reciclagem industrial e sistema de distribuição

final apropriado) e políticas de logística reversa de empresas brasileiras.

Seção 3.2 | Canais de distribuição reversos de bens de pós-venda

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Introdução à unidadeDentro do ciclo de comercialização do produto, destaca-se a

distribuição. Se o processo de distribuição é falho, com certeza, todo o esforço desprendido pelas equipes de projeto de produto, equipes de produção, equipes de marketing, equipes de vendas, terão seus trabalhos e esforços comprometidos pela insatisfação do cliente em relação à entrega do produto (KOTLER, 2000).

Depois de encerrado o processo de distribuição do produto, começa a atuar a logística reversa. A satisfação do cliente não pode ser relacionada somente à entrega do produto, mas, também, como a empresa procederá se o produto apresentar algum problema (KOTLER, 2000), ou não satisfizer à expectativa criada por um anúncio ou propaganda, no caso de se tratar de vendas por catálogo ou comércio eletrônico.

Neste sentido, a logística reversa de pós-venda foi criada para atender a uma necessidade do mercado, pois existia uma lacuna na logística empresarial para atender aos clientes que precisavam fazer trocas de produtos por motivos de defeito de fabricação ou problemas com a validade.

Porter e Stern (2001) destacam que no ambiente empresarial, mais competitivo e complexo, no qual as empresas desenvolvem suas atividades, se faz necessário o uso de estratégias que sirvam de alicerce para o bom gerenciamento do empreendimento. No entanto, o canal reverso de pós-venda ainda não é tratado por muitas empresas como um processo constante dentro da cadeia logística e na maioria dos casos não existe um gerenciamento desse retorno, impedindo o controle dos resultados.

Assim, a logística reversa, no âmbito do processo de pós-venda, poderá suprir as necessidades e expectativas dos clientes de forma que os mantenham leais à empresa, mesmo quando ocorrer algum problema ou defeito e, também, buscando manter uma imagem positiva da empresa perante o mercado consumidor.

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Quando falamos em logística reversa de pós-venda, caracteriza-se pela devolução de produtos com pouco ou nenhum uso, que são devolvidos entre os elos da cadeia de distribuição direta ou pelo consumidor final, sendo reintegrados ao ciclo de negócios, como os produtos com avarias no transporte, sazonais, produtos com defeito, com validade expirada, entre outros aspectos. Esta forma de retorno será mais explorada neste estudo.

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Seção 3.1Identificação do produto pós-vendaIntrodução à seção

No término do processo de distribuição, muito se fala em logística reversa sob o prisma de uma crescente conscientização ecológica relativa aos impactos que os resíduos dos produtos, originados a partir do descarte de pós-consumo, podem causar no meio ambiente. No entanto é importante sinalizar que existe outro importante aspecto envolvendo a logística reversa a ser abordado, que se trata da satisfação do cliente e que não está relacionada unicamente à entrega do produto, mas também com a qualidade e os níveis de serviços logísticos oferecidos.

[...] logística reversa de pós-venda a área específica de atuação da logística reversa que se ocupa do planejamento, da operação e do controle físico e das informações logísticas correspondentes de bens de pós-venda, sem uso ou com pouco uso, que por diferentes motivos retornam pelos elos da cadeia de distribuição direta (LEITE, 2009, p. 187).

Os produtos de pós-venda retornam através da própria cadeia de distribuição direta, tendo, em geral, como origem do retorno um dos elos da cadeia ou o próprio consumidor final e tendo como destino o fabricante do produto (CLM, 1993; STOCK, 1998; ROGERS; TIBBENLEMBKE, 1999; LEITE, 2003).

As etapas iniciais de retorno dos produtos não consumidos constituem-se da coleta nos locais de origem, consolidações físicas geográficas e de quantidade, seleção de destino dos produtos retornados e expedição aos destinos.

Recursos logísticos de transporte, de armazenagem e de movimentação interna, mão de obra e sistemas de informações são consumidos nos processos de retorno. O gerenciamento do fluxo reverso envolve, portanto, a administração desses recursos, estabelecendo ciclos curtos de tempo de retorno, que repercutirão na recuperação de valor das mercadorias retornadas (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 1999; LEITE, 2003).

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Lacerda (2003) destaca que o tempo de retorno adiciona custos pelo atraso na geração de caixa e pelo custo de locais de armazenagem, ressaltando que tempos altos de retorno são gerados por ineficiências e de carência de recursos colocados à disposição da logística reversa.

Kotler (2000) complementa que existem outras preocupações que atingem as empresas em relação ao pós-venda como: os serviços de suporte e assistência ao produto onde, a frequência das avarias, a demora nos reparos e os custos de manutenção são fatores avaliados pelo cliente no momento da decisão de compra e, muitas vezes, são fatores geradores de vantagens competitivas para a empresa.

Já Doyle (1997) afirma que as empresas devem monitorar o comportamento do consumidor frente às reações apresentadas em relação ao produto, de forma que se possa melhorá-lo ou, até mesmo, suspender sua comercialização.

Muitas vezes, como aponta Hartley (2001), medidas drásticas, como cancelar a comercialização de um produto, pode evitar que a imagem da empresa seja degradada devido ao fraco desempenho de seu produto no mercado.

A administração moderna ensina que um dos critérios-chave para um relacionamento duradouro e a garantia de fidelização de clientes, conquistados por meio da logística empresarial integrada, é a qualidade ou nível de serviços logísticos que lhes são oferecidos. Critérios como rapidez, confiabilidade nas entregas, frequência nas entregas, disponibilidade de estoques e, mas recentemente, a política de flexibilidade empresarial e a prestação de serviços em assistência técnica, se adotados em operações de venda e pós-venda, agregam valor perceptível aos clientes, contribuindo para sua fidelização (LEITE, 2009, p. 186).

Quando mencionamos a assistência técnica de pós-venda, temos que ter em mente o formato como ela é constituída, ou seja, pelas redes de logística reversa interna e externa, sendo uma das atividades de grande impacto na fidelização do cliente, na imagem de marca empresarial.

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Dessa maneira, a logística reversa se tornou um assunto de prioridade nos negócios da empresa,devido ao seu potencial de incremento simultâneo entre a satisfação do cliente e a rentabilidade da empresa (MINAHAN, 1998). Um melhor atendimento ao cliente, redução dos custos de operação, maior rentabilidade da empresa, elevação do prestígio da marca e imagem da empresa no mercado de atuação, entre outros fatores, tem sido identificados como benefícios potenciais que podem provir de programas efetivos e bem estruturados de logística reversa (DAUGHERTY et al., 2001).

Nesse sentido, a logística reversa de pós-venda é importante fonte de vantagem competitiva para as empresas no ambiente atual, uma vez que as mercadorias devolvidas oferecem oportunidades de recuperação de parte do valor empregado no processo produtivo e/ou negócios, bem como economias de custo em potencial.

Para saber mais

Após a venda e entrega do produto, acabou o atendimento ao cliente?

O cliente recebe a mercadoria, abre a caixa, porém o produto não está funcionando. Ele rapidamente procura informações sobre a devolução. Se nesse momento a loja não tiver bem definido uma política de devolução e troca de mercadorias, iniciaremos uma longa batalha para fazer valer os diretos do consumidor além dos prejuízos à imagem corporativa.

O artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor – CDC – concede a um prazo de sete dias para o cliente se arrepender da compra realizada fora do estabelecimento comercial, em lojas virtuais, por exemplo. Ao exercer esse direito, o consumidor pode desfazer a compra e solicitar a devolução do valor pago e este deverá ser devolvido, de imediato, monetariamente atualizado.

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Fonte: Adaptado de Leite (2009, p. 188).

Figura 3.1 | Destinação do resíduo urbano no Brasil

Logística reversa pós-consumo

- Reaproveitamento de componentes- Reaproveitamento de materiais- Incentivo a nova aquisição- Revalorização ecológica

Logística reversa de pós-

venda

- Liberação de área de Loja- Redistribuição de estoques- Fidelização de clientes- Nível de serviço- Feedback de qualidade

Cadeia de distribuição direta

Consumidor

Bens de pós-venda

Bens de pós-consumo

Imagem corporativa

CompetitividadeRedução de custos

A necessidade de lidar com produtos devolvidos ou não consumidos torna-se ainda mais importante quando se atua num mercado competitivo. A flexibilidade de retorno de mercadorias contribui para fidelização dos clientes, aumentando a competitividade da empresa no mercado pela diferenciação do serviço, garantindo-se também ganhos de imagem corporativa.

De acordo com Leite (2009, p. 187):

Empresas modernas utilizam-se da logística reversa de pós-venda, diretamente ou através de terceirizações com empresas especializadas, por diferentes objetivos estratégicos, como o aumento da competitividade no mercado pela diferenciação de serviços, a recuperação de valor econômico dos produtos, a obediência à legislação, garantindo imagem corporativa, entre outros.

Esses canais reversos apresentam importância crescente, tanto do ponto de vista estratégico empresarial como do ponto de vista econômico.

Pesquisa realizada nos Estados Unidos em 1997 estimou o custo do retorno de bens em 35 bilhões de dólares, ou seja, aproximadamente 0,5 % do PNB daquele país, ou 4% dos custos

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logísticos totais (US$ 862 bilhões naquele ano). A mesma pesquisa obteve os níveis de retorno de vários setores de atividade econômica, que pode ser observado no Quadro 3.1.

Quadro 3.1 | Porcentagem de retorno de bens pós-venda – EUA

Ramo de atividade Porcentagem média de retorno

Editores de revistas 50%

Editores de livros 20 - 30%

E-commerce 35%

Distribuidores de livros 10 - 20%

Distribuidores de eletroeletrônicos 10 - 12%

Fabricantes de computadores 10 - 20%

Fabricantes de CD-ROMs 18 - 25%

Impressoras para computador 4 - 8%

Peças para indústria automotiva 4 - 6%

Fonte: Rogers e Tibben-Lembke (1999, p. 7).

Existem outros estudos que estimaram a importância econômica dos fluxos reversos, podemos citar o de Blumberg (1999, p. 6) “que estima que o custo total da logística reversa somente com o setor eletroeletrônicos nos Estados Unidos foi de US$ 4,7 bilhões no ano de 1996”.

Já o setor editorial de revistas é apontado pela literatura como um dos mais expressivos em termos de retornos de produtos. Este fato se deve principalmente ao sistema de comercialização e suas variáveis: dificuldade de previsão de retorno devido o surgimento crescente de pontos de venda em grandes lojas de varejo e ao natural ciclo de vida das edições em geral (alta perecibilidade).

No Brasil, algumas pesquisas nos indicam que o percentual de retorno no setor fica próximo a 60% em relação às vendas efetuadas. Se compararmos com o percentual encontrado nos EUA (Quadro 3.1) temos no Brasil um indicador maior para este segmento.

Devido ao elevado percentual de retorno e para um entendimento maior dos fatores envolvidos, vamos descrever alguns pontos da operação de distribuição de revistas em bancas.

Para melhor compreensão dos retornos, iniciaremos como a operação de distribuição de publicações no território nacional, ou seja, o recebimento de publicações das editoras clientes. A

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partir da etapa de recebimento os exemplares são separados e organizados em lotes, em quantidades previamente definidas pela área de logística em função das vendas nas regiões atendidas. Grande número de centros de distribuição regional (CDR) no país se encarrega de distribuir as publicações para os pontos de venda no varejo (ex.: bancas e revistarias) e para isso utilizam o modal rodoviário, podendo em alguns casos, utilizar o fluvial.

O sistema de vendas é o de consignação, sistema este que detalharemos à frente.

Com a expiração do prazo de exposição e venda dos produtos nas bancas, temos o início do fluxo reverso das publicações. O primeiro passo é a emissão pela área de distribuição de um documento denominado ‘encalhe’1, que avisa o varejista sobre o término do prazo para venda da publicação.

O varejista então devolve ao CDR toda a publicação não vendida e é realizado o acerto financeiro do que foi vendido e das respectivas comissões. O CDR, por sua vez, encarrega-se de devolver à empresa toda a publicação recebida de seus varejistas e de fazer o acerto financeiro das vendas.

O fluxo apresentado na Figura 3.2 poderá servir para o melhor entendimento dos retornos de revistas.

1Encalhe: Solicitação de retorno.

Fonte: Leite (2009, p. 199).

Figura 3.2 | Mapeamento do fluxo reverso de publicações na empresa

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Quanto ao ‘encalhe’, uma das alternativas utilizadas para a recuperação de valor é a reciclagem (transformação de parte do retorno em aparas de papel). A revalorização econômica também pode acontecer por meio da venda de publicações encalhadas em mercados secundários, ou seja, países que falam a língua portuguesa.

Além dos mercados secundários, os produtos retornados podem servir para atividades de marketing, sendo utilizados como ‘degustação’, considerada canal de reuso pela literatura.

O tratamento do encalhe também pode servir como fonte para projetos que visem à educação e o bem-estar social. Outra contribuição é para com a realização dos serviços que são prestados ao cliente, por exemplo, atender às solicitações de revistas de edições passadas.

Ainda em relação ao mercado editorial, outra variável que impacta diretamente nos volumes de ‘encalhe’ são as quantidades de publicações e de editoras que crescem em todo planeta. Segundo Leite (2009) o crescimento entre os anos de 1990 e 2006 foi de 22.400 títulos, com 212, milhões de exemplares, para 46.000 títulos, com 310 milhões de exemplares.

O sistema de produção desse setor está baseado em produção em escala e deve incluir os custos da logística reversa, que podem atingir alguns dólares por livro ou revista. Novas tecnologias de produção gráfica permitem prever lotes econômicos de produção menores do que os atuais e, em consequência, consentiram grande agilidade para o setor, o que se traduziria na redução de devoluções e maior comercialização via internet.

No Quadro 3.2 são relacionados os principais motivos de devoluções de produtos na etapa de pós-venda.

Quadro 3.2 | Principais motivos de devoluções de pós-venda

Motivo Percentual (%)

Insatisfação do cliente 32,16

Produto defeituoso 26,05

Pedido incorreto 10,44

Produto na garantia 8,27

Produto danificado 7,10

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Fonte: Daugherty et al. (2001, p. 113 apud GIACOBO. et al. 2003, p. 10).

Produto não vendido 1,35

Produto para recondicionar 0,80

Produto para reciclar 0,67

Renovação de produto 0,64

Outros 8,50

É nesse contexto que se insere o acentuado crescimento da logística reversa de pós-venda em todo o mundo, tanto na área acadêmica como na área empresarial e para o seu avanço se faz necessário equacionar alguns conflitos e barreiras nos diferentes elos da cadeia de distribuição.

3.1.1 Barreiras à logística reversa – pós-venda

Apesar da relação entre a logística reversa e as vantagens que esta atividade pode agregar, ela encontra barreiras. As barreiras podem ser internas e externas à implementação da logística reversa. Elas variam desde a falta de sistemas, negligências administrativas, falta de recursos financeiros e de pessoal, subestimação da importância desse setor perante outros, políticas das empresas, dentre outros (CAMPOS, 2006).

No Quadro 3.3 é possível avaliarmos barreiras através das respostas de um estudo norte-americano com mais de 150 administradores sobre as responsabilidades da logística reversa.

Fonte: Rogers e Tibben-Lembke (1998, p. 33).

Quadro 3.3 | Barreiras à logística reversa

Ao analisar o quadro podemos interpretar que as barreiras estão inter-relacionadas. Tanto a falta de importância dada à logística reversa quanto o descaso da administração e a destinação insuficiente de recursos financeiros são evidências de que, para muitas empresas, não é justificável um alto investimento no processo de logística reversa.

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Já a política da empresa pode representar uma enorme barreira quando esta não incentiva e apoia a prática da atividade.

A falta de sistemas de informação está relacionada à falta de padronização do processo da logística reversa. E por fim, os recursos humanos por não possuírem mão de obra especializada para esse processo.

Em uma pesquisa desenvolvida na cadeia de alimentos processados no oeste paranaense por Chaves (2005), ele afirmou que 71,4% das empresas do setor agroalimentar analisadas em sua pesquisa não possuem dados relativos à porcentagem dos custos do gerenciamento dos fluxos reversos nos custos totais da logística. Além disso, 64,3% dos entrevistados assumiram também não possuir informações sobre a redução da lucratividade da empresa com os retornos, mas há casos em que este percentual atinge mais de 30%.

Qualquer empresa busca maximizar suas oportunidades no mercado e reduzir os custos e riscos associados ao seu negócio. A ausência de dados e informações conduz à incerteza sobre o processo logístico reverso.

Segundo Rogers e Tibben-Lembke (1998, p. 32), as empresas que não administram bem a informação e os dados sobre seus processos logísticos geralmente não administram seus estoques eficientemente.

Podemos ainda relatar que os elevados custos de transportes do fluxo reverso e a falta de intermediários especializados nas funções desse fluxo (coleta, manuseios, armazenagem, processamento e troca de materiais recicláveis) também são considerados como barreiras à logística reversa (CHAVES, 2009).

Em relação às dificuldades, Lacerda (2003) ainda destaca a falta de planejamento que dificulta o controle e o aperfeiçoamento do processo e os dos conflitos entre fabricantes e varejistas sobre quem é o responsável sobre os danos causados aos produtos, como no transporte e na fabricação.

Após identificarmos tais barreiras, fica evidente que os fluxos reversos devem ser tratados como parte integrante da estratégia logística das empresas. Faz-se necessário planejar, operar e

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controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós-venda devolvidos por diversos motivos.

Para trabalharmos as barreiras do processo de implementação da logística reversa sugerimos a utilização da metodologia MASP (Método de Análise e Solução de Problemas) através de oito etapas e que possui relação direta com o ciclo PDCA nas fases de Planejar (P- Plan), Executar (D- Do), Verificar (C- Check) e Agir (A- Action) de acordo com a Figura 3.3.

Fonte: Portal Administração (2014). <http://www.portal-administracao.com/2014/08/ciclo-pdca-conceito-e-aplicacao.html>. Acesso em: 15 maio 2015.

Figura 3.3 | Método MASP – Ciclo PDCA

A seguir abordaremos de maneira sucinta as oito etapas da metodologia MASP associadas ao ciclo PDCA ilustradas na Figura 3.3.

Para utilizar o Método de Análise e Solução de Problemas é preciso conhecer passo a passo todas as suas etapas a fim de conseguir o melhor resultado possível.

Etapa 1 – Identificação do problema

A primeira etapa do MASP consiste em identificar e determinar com exatidão qual é o problema existente. Para isso, ele deve ser detalhado da melhor forma possível. Depois da identificação do problema é preciso definir metas (mais uma vez bem detalhadas) e bons indicadores que possam ajudar na conclusão dos resultados.

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Etapa 2 – Observação

Este é o momento de observar o problema que foi identificado para poder coletar o maior número de informações possíveis com o objetivo de ajudar na solução do problema. Podemos utilizar ferramentas que ajudam nesta etapa tais como: folha de verificação, diagrama de Pareto, brainstorming, histogramas, gráficos de controle, entre outras.

Etapa 3 – Análise

Nesta terceira etapa, as informações e dados coletados na etapa de observação devem ser analisados. Se você estava querendo descobrir as possíveis causas do problema, chegou o grande momento. Algumas dicas que podem ajudar é comparar se o problema acontece sempre nas mesmas épocas, horários ou situações parecidas.

Etapa 4 – Plano de ação

Finalmente nesta etapa chegou o momento de planejar suas ações.

Etapa 5 – Ação

Chegou o momento de agir, ou seja, executar o seu plano de ação que foi feito na etapa anterior (etapa 4). É muito importante que as pessoas envolvidas neste projeto de melhoria estejam treinadas e capacitadas para ajudarem no projeto.

Etapa 6 – Verificação

A verificação nada mais é do que ver se tudo ocorreu da maneira planejada, desde prazos, custos estimados, resultados e até as metas iniciais. É uma fase muito importante para analisar se tudo está ocorrendo conforme esperado.

Etapa 7 – Padronização

Como já houve a verificação dos resultados, agora é possível ver se as ações tomadas trouxeram benefícios para a empresa. Se sim, é importante que elas sejam padronizadas para mudar a operação de alguns processos e manter sua qualidade.

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Etapa 8 – Conclusão

Etapa de documentação. É importante avaliar as experiências obtidas e arquivar documentos e informações utilizados na solução do problema porque os mesmos podem ser úteis depois para problemas semelhantes.

Questão para reflexão

Na Seção 3.1 apresentamos algumas barreiras à implementação do processo eficiente e eficaz de logística reversa nas organizações. Sob a ótica da logística reversa no pós-venda, como podemos avaliar tais barreiras em uma organização que atua no segmento de alimentos (alta perecibilidade) e o seu papel no contexto quanto à segurança alimentar?

Atividades de aprendizagem

1. O setor de pós-venda na empresa, pode contribuir para a performance empresarial, na prestação de serviços diferenciados, na confiabilidade dos serviços prestados, na retenção e na lealdade dos clientes, no processo efetivo, estruturado, periódico e duradouro de relacionamento com os clientes, na possibilidade da recompra, no desenvolvimento de novos serviços, no redirecionamento da estratégia de marketing (ao invés de marketing de massa implementar o marketing de relacionamento), no fortalecimento da imagem e da reputação da empresa junto ao mercado de atuação, no desenvolvimento profissional da força de trabalho, bem como no aumento do lucro. Indique empresas do seu conhecimento que atua fortemente no setor de pós-venda.

2. Distribuição de revistas em bancas:Ao analisarmos o mapeamento do fluxo reverso de publicações na empresa (Figura 3.2), o ‘encalhe’ pode ser direcionado para os mercados secundários (brindes, exportação e doação). Avalie como este fluxo pode contribuir como fonte para projetos que visem à educação e o bem-estar social? Você conhece algum projeto?

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Seção 3.2Categorias de fluxos reversos de pós-vendaIntrodução à seção

Observamos na Seção 3.1 desta unidade que a logística reversa de pós-venda envolve o planejamento, a operacionalização e controle do fluxo de retorno dos produtos de pós-venda devolvidos por diversos motivos. Esses motivos foram agrupados em categorias ‘comerciais’, por ‘garantia/qualidade’ e ‘substituição de componentes’.

Quanto aos retornos que fazem parte da categoria comercial, podemos exemplificar: a obsolescência de um produto, retorno por erro de expedição, excesso de estoque, mercadoria em consignação, mudança de estação, ou ter seu prazo de validade vencido entre outros motivos.

Já quanto aos aspectos de garantia de qualidade, entendemos que a concorrência acirrada impõe aos fabricantes e varejistas que assumam a responsabilidade sobre os produtos danificados durante a distribuição. No entanto, para que se tenha um fluxo reverso eficiente, é necessário ter-se uma estrutura para recebimento, classificação e expedição, a fim de garantir o retorno desses bens.

Entre os bens de pós-venda, existem ainda aqueles que se originam a partir da substituição de componentes de bens duráveis ou semiduráveis danificados ao longo da sua vida útil e que passaram por um processo de manutenção.

Todas essas categorias e subcategorias poderão ser visualizadas na figura a seguir.

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Fonte: Adaptado de Leite (2009, p. 191).

Fonte: Leite (2003, p. 211-216) e Rogers e Tibben-Lembke (1999, p. 47-48).

Figura 3.4 | Categorias de retorno de pós-venda

Quadro 3.4 | Principais motivos de retornos de produtos pós-venda

Já o quadro a seguir indica os principais motivos de retorno de produtos pós-venda relacionando as categorias comerciais e de garantia/qualidade.

Categoria comercial Motivo de retorno

Retornos não contratuaisErros de expedição do pedido, erros na recepção

Retornos comerciais contratuais Retorno de produtos em consignação

Retorno de ajuste de estoques de canal

Excesso de estoque no canal, baixa rotação do estoque, introdução de novos produtos, efeitos sazonais de produtos

Categoria garantia / qualidade Motivo de retorno

Qualidade instrínseca Produto na garantia, defeituosos, danificados

Validade de produto Expiração da validade

Fim de vida do produto Expiração da utilidade

Recall de produtosManutenção, recolhimento de produto do mercado

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3.2.1 Categoria comercial

3.2.1.1 Retornos não contratuais

3.2.1.1.1 E-commerce (erros de expedição do pedido)

A seguir será detalhado cada um dos motivos de retornos dentro da respectiva categoria.

Na classificação ‘retornos comerciais’ são destacadas as duas grandes subdivisões: retornos comerciais e retornos não contratuais, envolvendo movimentos logísticos reversos de mercadorias devolvidas devido a erros de expedição, excesso de estoque no canal de distribuição, em consignação, liquidação de estação de vendas, pontas de estoques etc., que serão retornadas ao ciclo de negócios por meio de redistribuição em outros canais de vendas.

Caracterizado pela ocorrência de devoluções por erro do fornecedor nas vendas diretas. Entre alguns exemplos podemos citar os erros de expedição do pedido e erros de recepção principalmente envolvendo o e-commerce.

O comércio eletrônico, subdividido no sistema business to business (B2B), atualmente com importantes quantias comercializadas, tem experimentado enorme crescimento em todo o planeta.

Denominado ‘canal direto de vendas’, caracteriza-se como um dos mais importantes canais de distribuição reversos de bens de pós-venda, com expectativas da ordem de 25 a 30% em relação ao total de vendas nos EUA e de 10% no Brasil (LEITE, 2009, p. 11).

Uma das razões para o elevado índice de devoluções se deve ao número elevado de pedidos onde os produtos na sua maioria são de pequeno porte, entregues de forma fragmentada, exigindo investimentos na área de expedição e processamento de pedidos.

De maneira geral, os erros de expedição são diversas falhas que costumam ocorrer nos bastidores logísticos e os mais frequentes são: tipo de mercadoria, quantidade fornecida, destinação da entrega e confecção da embalagem. Tais problemas podem acarretar a perda de clientes por deficiência do serviço, perdas de recursos pela avaliação equivocada dos custos ou perdas de controle devido às operações ultrapassadas.

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3.2.1.2 Retornos contratuais

3.2.1.2.1 Retorno de produtos em consignação

São retornos definidos por meio de um contrato comercial entre empresas visando geralmente ao aumento de vendas (disponibilização dos produtos em mais pontos de vendas), minimizando o efeito negativo do desembolso imediato de caixa além da preocupação com a rotatividade de estoques.

A consignação enquadra-se nos retornos contratuais. Conceitua-se consignação mercantil como a operação entre duas empresas em que a primeira chamada de consignante (ex.: indústria) fornece a mercadoria a outra chamado de consignatário (ex.: varejo) para que seja vendida por ele, com prazo determinado ou não. No caso a organização consignatária somente irá desembolsar recursos financeiros para pagamento dos produtos que foram vendidos.

Ao término de um período previamente convencionado, os produtos que não foram vendidos, deverão retornar ao consignante. É importante sinalizar que durante toda a operação o fornecedor (consignante) sempre foi o “dono” do estoque.

Entre algumas das preocupações da empresa que irá fazer a logística reversa se refere às condições de manuseio (transporte, condição das embalagens, validade etc.) no sentido de assegurar a qualidade do estoque. No entanto a grande vantagem dessa modalidade é a possibilidade de fazer a programação de retirada/retorno dos produtos.

Os segmentos que praticam com frequência a operação de consignação mercantil são os fabricantes de brinquedos, editoras e as indústrias de confecções.

Morrel (2001) identificou um nível de 30% o retorno dos bens comercializados via internet. É importante mencionar que existe um relacionamento fiel entre fornecedor e comprador e alguns erros podem se tornar aceitáveis, desde que esclarecidos e solucionados o mais rápido possível.

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3.2.1.2.2 Retorno de embalagens retornáveis

A embalagem tornou-se item fundamental das atividades de qualquer empresa, sendo essencial para atingir o objetivo logístico de disponibilizar mercadorias no tempo certo, nas condições adequadas e ao menor custo possível, principalmente na distribuição internacional.

Embalagens estão presentes em todos os produtos, com formas variadas, e funções variadas, sempre com a evolução das tecnologias utilizadas, que as tornam cada vez mais eficientes e estratégicas.

Embalagem é uma função tecnoeconômica, com o objetivo de proteger e distribuir produtos ao menor custo possível, além de promover as vendas, e consequentemente, aumentar os lucros. A embalagem é, por isso, uma consequência da integração de arte e ciência, que exige conhecimentos de resistências de materiais, fluxogramas, logística, fabricação, movimentação de materiais, design, cromatografia e mercado, além de elevada dose de bom senso e criatividade (MOURA, 1998, p. 11).

As principais funções da embalagem são: contenção, proteção e comunicação.

Além das funções básicas, segundo Vasco (2012), as embalagens desempenham uma série de funções e papéis na sociedade. Para melhor compreensão, podem ser visualizadas no Quadro 3.5 a seguir.

Quadro 3.5 | Amplitude das embalagens

AMPLITUDE DA EMBALAGEM

Funções Primárias Conter, proteger, transportar.

Econômicas Componente do valor e do custo de produção. Matérias-primas.

TecnológicasSistemas de acondicionamento. Conservação do produto. Novos materiais.

MercadológicasTransmitir informações. Despertar desejo de compra. Vencer a barreira do preço.

ConceituaisConstruir a marca do produto. Formar conceito sobre o fabricante. Agregar valor significativo ao produto.

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Comunicação e Marketing

Principal oportunidade de comunicação do produto, suporte de ações promocionais.

SocioculturalExpressão da cultura e do estágio de desenvolvimento de empresas e países.

Meio AmbienteImportante componente do lixo urbano. Reciclagem/ Realidade atual mundial.

Fonte: Vasco (2012).

Segundo Moura (1998), as embalagens podem ser classificadas segundo sua finalidade e sua utilidade.

• Finalidade: as embalagens podem ser de consumo (venda ou apresentação), expositora, de distribuição física, de transporte e exportação, industrial ou de movimentação e de armazenagem.

• Utilidade: as embalagens podem ser classificadas como retornáveis e não retornáveis ou descartáveis.

• Classificação das embalagens de acordo com sua finalidade:

Embalagens primárias (ou embalagem de venda): conceitua-se como embalagem primária qualquer embalagem que esteja em contato direto com o produto e que tenha contato direto com o consumidor final (ex.: garrafa de vidro para refrigerantes ou cerveja).

São as embalagens que estão em contato direto com o produto e que definem o tipo de material constituinte as dimensões adequadas compatíveis com as fases logísticas seguintes, os aspectos estéticos e mercadológicos, os aspectos e a tecnologia de utilização, entre outros cuidados. São os recipientes rígidos e as embalagens flexíveis de diversos materiais, com conteúdo tecnológico crescente, visando à redução de custos e a diferenciação mercadológica, normalmente constituído de materiais como vidro, alumínio, plásticos, papel, complexos ou ligas de materiais (LEITE, 2009, p. 193).

Embalagens secundárias: designada para conter uma ou mais embalagens primárias. Seu principal objetivo é a adaptação à comercialização de quantidades múltiplas, ao transporte e à distribuição física dos produtos sendo que as características do produto não serão alteradas se removidas desta embalagem. São

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exemplos os envoltórios plásticos retráteis ou encolhíveis (filme stretch 2), entre outros.

Embalagens terciárias ou unitizadoras: agrupa diversas embalagens primárias ou secundárias visando principalmente à movimentação, à armazenagem e ao transporte na distribuição de produtos. Entre as embalagens retornáveis são exemplos as caixas metálicas, as caixas de madeira, os contenedores plásticos, os paletes, racks, os dispositivos especiais, os contêineres, entre outros.

Para saber mais

Embalagem retornável entre parceiros de negócio

Melhores práticas

Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) e Sindipeças elaborou e disponibilizou um manual (2011) para aplicação das melhores práticas na gestão e controle de embalagem retornável entre parceiros de negócio.

2Filme Stretch: Filme plástico esticável é utilizado principalmente para proteger o produto da umidade e poeira, além de unitizar cargas. Tem boa adesão e resistência.

• Classificação das embalagens de acordo com sua utilidade (retornáveis):

Abordaremos a utilização de embalagens retornáveis, reutilizáveis ou de múltiplas viagens que entre as vantagens exploradas a partir de uma boa gestão de embalagens retornáveis, podemos destacar: redução de tempo, aumento de produtividade, eficiência na utilização dos equipamentos e espaços disponíveis, eficiência no transporte e manuseio, na informação interna e externa.

Há uma série de aspectos que envolvem as embalagens retornáveis, entre eles:

• requer investimento e, portanto, capital adicional;

• ocupa o mesmo espaço quando vazia ou cheia ou, então, como opção mais prática, é desmontável.

• implica custo de transporte para retorno;

• requer controles de expedição e recebimento;

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• exige documentação fiscal para seu transporte;

• requer manutenção e conservação constante;

• é obrigatório por lei, que a empresa a identifique com seu nome e numeração sequencial, para fins de controle.

Apesar das embalagens retornáveis apresentarem alguns custos, a relação custo-benefício é vantajosa às empresas à medida que o tempo de reuso dessas embalagens aumenta.

Lacerda (2003) complementa que quanto maior o número de vezes que se usa a embalagem retornável, menor o custo por viagem que tende a ficar menor que o custo da embalagem one way.

Quando mencionamos alta rotatividade das embalagens, não podemos deixar de mencionar o segmento alimentar, que possui como característica básica o atendimento de grandes demandas. Neste segmento, as embalagens retornáveis para as frutas e hortaliças frescas têm por função aumentar a eficiência no manuseio e movimentação das cargas além de garantir a conservação da qualidade desses alimentos prevenindo quanto aos danos físicos, que aceleram a senescência3, diminuem o valor do produto e podem permitir a entrada e o desenvolvimento de micro-organismos oportunistas, levando ao apodrecimento do produto.

De acordo com as figuras a seguir observamos que para as frutas e hortaliças frescas é comum utilizarmos embalagens retornáveis de madeira e plástico.

Fonte: O autor (2015).

Figura 3.5 | Embalagens retornáveis de madeira e plástico – Frutas e Hortaliças

3 Senescência: Série de processos que ocorre após a maturidade. Envelhecimento dos frutos.

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Para saber mais

Embalagens terciárias de frutas e hortaliças.

A Embrapa Hortaliças elaborou a Circular Técnica Nº 44, que trata das embalagens para comercialização de hortaliças e frutas.

Em relação aos custos sinalizados anteriormente envolvendo as embalagens retornáveis, Rogers e Tibben-Lembke (2001) vêm em defesa comentando que os custos existentes no transporte são minimizados, já que estas também afetarão custos de manuseio e rastreamento de embarques. Os autores destacam a importância de se desenvolverem embalagens leves e resistentes, tendo em vista que muitos custos de embarque estão associados ao peso da carga e à necessidade de acondicionamento para prevenção de dano no transporte. O aproveitamento do espaço das embalagens retornáveis também é destacado pelos autores, haja vista que embalagens padronizadas podem fazer com que haja espaço perdido e prejudicar o aproveitamento dos contêineres e veículos, aumentando o custo de transporte. O ganho em ergonomia também é relevante, de modo a preservar a saúde ocupacional dos operadores, tanto na fabricação como no uso e descarte da embalagem.

O canal reverso de embalagens sejam elas primárias, ou de contenção de produtos, sejam secundárias ou de contenção das primárias ou utilizadas para transporte merecem destaque devido a sua crescente importância econômica.

O maior desafio, porém, é o gerenciamento no sistema de transporte e distribuição destas embalagens no que se refere ao seu rastreamento durante o fluxo de materiais. As embalagens são facilmente perdidas, extraviadas ou utilizadas para outros fins quando esta administração carece de eficiência.

Para saber mais

Acesse o site da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), cujo objetivo é criar oportunidades de incremento comercial e estimular o contínuo aprimoramento da embalagem brasileira. É uma ótima fonte de pesquisas.

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3.2.1.3 Retorno de ajuste de estoques de canal

3.2.1.3.1 Baixa rotação de estoque

A devolução ou a liquidação de estoques dos bens de pós-venda por ajustes de estoques no canal normalmente envolve duas empresas, e os produtos envolvidos ou liquidados serão revalorizados por meio de envio, geralmente, ao mercado secundário, entendido como um mercado apropriado para esses casos.

Nesses mercados, os produtos são oferecidos a preços mais baixos do que no mercado original, com ou sem marca original, e em pontos de venda diferentes daqueles dos produtos de origem. Em alguns casos, são enviados ao mercado de origem (LEITE, 2009, p. 195).

Leite (2003, p. 224) alerta que:

O investimento em estoque tem como objetivo estratégico maximizar os recursos da empresa, por meio da possibilidade de aumento da eficiência operacional, visando a um atendimento satisfatório ao cliente, disponibilizando recursos esperados pelo consumidor.

Entende-se como rotação de estoques o número de vezes que um produto ou mercadoria é reposto nas prateleiras de um estabelecimento durante um período de tempo, no decorrer de um ano. Quanto maior a rotação, maior será, certamente, o volume de vendas e a margem de lucratividade. Porém, os itens com

Diversas situações de cooperação entre empresas participantes da cadeia de suprimento justificam esses contatos. Na sequência trataremos de algumas dessas situações.

[...] o tempo de retorno é determinante nas operações logísticas, pois a obsolescência rápida dos diversos modelos lançados no mercado exige ágeis ações empresariais, principalmente no ramo de varejo. Ocorre em grande parte pelos mesmos caminhos da distribuição direta, entre os diversos integrantes da cadeia. A coleta e consolidação têm caminho contrário das entregas sendo tanto mais difíceis quanto mais elos houver a serem transpostos em seu retorno.

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rotatividade (giro) insatisfatória afetam a rentabilidade da empresa e se faz necessário a implantação de processos com o objetivo de minimizar o efeito negativo no fluxo de caixa das empresas.

Entre os procedimentos para minimizar tal efeito, é definir junto aos fornecedores ações para eliminar os itens de baixo giro, seja por redução de preço, por devolução de mercadorias (logística reversa) ou por ações promocionais conjuntas.

O ramo editorial é um exemplo clássico de excesso de estoque no canal. O segmento é caracterizado por dificuldades inerentes de previsão de vendas e pela rápida obsolescência de seus produtos, necessitando organizar sua logística reversa com eficiência, pois, normalmente, é a operação vital para lucratividade para o setor.

A palavra “sazonal” vem da palavra “sazão”, que significa “estação”.

As indústrias em períodos sazonais (ex.: Natal, Páscoa, Dia das Mães etc.) antecipam aos clientes (ex.: varejo) estoques que nem sempre são vendidos nas quantidades esperadas.

Para amenizar a situação, pode ser feito os contratos de retorno visando antecipar-se aos eventos e resolver o problema de excesso ou de falta de estoques nos canais de distribuição por meio do planejamento de revalorização dos produtos retornados.

Classificam-se como devoluções por ‘garantia/qualidade’ aquelas que ocorrem por defeitos de fabricação ou de funcionamento dos produtos, por avarias no produto ou na embalagem e outros problemas relacionados aos aspectos de qualidade intrínseca aos produtos vendidos.

3.2.1.3.2 Excesso de estoque no canal

3.2.1.3.3 Efeitos sazonais de produtos

3.2.2 Categoria garantia/qualidade

Ao retornarem a um dos agentes da cadeia de distribuição direta, esses produtos poderão ser submetidos a consertos ou reformas que permitirão seu retorno ao mercado como produtos novos, ou poderão ser dirigidos a mercados diferenciados, denominados mercados secundários, recapturando valor comercial (LEITE, 2009, p. 196).

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É importante que os casos que impactam em devoluções na categoria de qualidade, além de operacionalizarmos o retorno, se faz necessário atuarmos no problema (diagnosticar as causas) para que não venha acontecer novamente, principalmente se for devido às operações logísticas.

Classificam-se como devoluções por qualidade, os produtos que apresentam defeitos de fabricação, falhas de funcionamento, avarias no produto e embalagem etc. Leite (2003, p. 216) complementa que a devolução por motivo de defeito ou de problema de qualidade em geral requer decisão de natureza técnica em um dos elos da cadeia de distribuição direta para definir o destino dos bens devolvidos.

• Devoluções de produtos defeituosos

Os motivos de devolução entre empresas e o consumidor final e entre empresas de venda direta poderão relacionar-se com legislações de proteção ao consumidor ou por garantia concebida pelo fabricante do produto.

3.2.2.1 Qualidade intrínseca

Os argumentos de devolução poderão ser verdadeiros, quando o produto precisa de fato ser consertado ou remanufaturado, ou falsos, no caso de devoluções sem defeito, mas provocadas por deficiência de manuais de uso ou falta de entendimento do comprador (LEITE, 2009, p. 196).

O conhecimento dos reais motivos de devolução pode ser um excelente feedback para correções em termos de qualidade por parte do fabricante.

Na Figura 3.6, para exemplificar a devolução de produtos defeituosos, descrevemos o fluxo reverso de telefones celulares quando existe a necessidade de reparos e consertos.

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Fonte: Leite (2009, p. 202).

Figura 3.6 | Mapeamento dos processos de retorno

Para saber mais

O prazo de troca de produtos.

O prazo de troca de produtos é um direito garantido a todos os consumidores pelo CDC (Código de Defesa do Consumidor). Embora algumas lojas/empresas não respeitem as normas apontadas na lei, é importante que o consumidor saiba que os fornecedores e fabricantes têm 30 dias, a partir da reclamação, para sanar o problema do produto. Depois desse período, deve-se exigir um produto similar, a restituição imediata da quantia paga ou o abatimento proporcional do preço. Vale lembrar ainda que essas exigências podem ser feitas antes dos 30 dias se a substituição das partes com defeito puder comprometer as características do produto, diminuir-lhe o valor, ou quando se tratar de um “produto essencial” (como a geladeira, por exemplo).

• Devoluções de produtos danificados

Tipo de devolução que ocorre principalmente por avarias durante as etapas de manuseio, o transporte ou por acidentes no trajeto, e devem retornar ao fabricante ou a intermediários especializados.

No caso de carga acidentada, em geral, a companhia de seguros é responsável pelo destino do bem acidentado.

O conhecimento das condições das avariais, além de

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permitir correções em embalagens e formas de transbordo das mercadorias, ainda auxiliará na comercialização orientada dos produtos salvos.

As devoluções por expiração do prazo de validade dos produtos são situações onde existem contratos/ acordos entre fornecedor, atacadistas e varejistas que permitem o retorno dos estoques residuais de produtos que perdem a validade. Normalmente, nestes casos, a exigência é legal e um exemplo com alto nível de fluxo reverso é o de produtos farmacêuticos em geral.

Também é possível observar com frequência no setor de alimentos, especificamente no setor varejista, entre indústrias e supermercados, que buscam manter relacionamentos mutuamente satisfatórios no intuito de assegurar a credibilidade dos produtos e garantir a reputação da empresa varejista, utilizando-se de práticas de logística reversa que garantam, ao mesmo tempo, disponibilidade e confiabilidade dos produtos ofertados pelos supermercadistas ao consumidor (CHAVES, 2006).

Diante disso, as empresas passam a se reestruturar para se adequarem a essas novas práticas, sobretudo nas relações comerciais entre indústrias, varejistas e consumidor. Assim, tendem a se tornar mais competitivas ao utilizar técnicas de gestão que maximizem tanto a utilização de recursos quanto o cumprimento da legislação que garantam a satisfação dos clientes (CHAVES, 2006).

Segundo Chaves e Chicarelli (2005), no setor de alimentos, a logística reversa tem um papel diferenciado no que tange à segurança do alimento. Através de políticas liberais de retorno de produtos alimentícios, a empresa permite a devolução de produtos defeituosos ou fora do prazo de validade, evitando problemas de infecção ou intoxicação e, desta forma, ela protege a sua marca por garantir proteção à saúde do consumidor, pois de acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC):

3.2.2.2 Validade de produto: expiração do prazo de validade

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Art. 18 Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.[...] § 6° São impróprios ao uso e consumo: I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam (BRASIL, 1990).

Este fator é relevante, pois muitos varejistas, frente à possibilidade de perder o produto pelo término de sua validade e a impossibilidade de retornar este produto ao fabricante, fazem promoções para liquidar o estoque.

Se algum problema de contaminação ocorrer, a marca do produto perde credibilidade junto aos consumidores. É de interesse de ambas as partes, fabricantes e varejistas, a implantação de um sistema reverso para dividir os custos de retorno de produto e proteger suas margens de lucro (CHAVES, 2006).

A elevada perecibilidade dos produtos que exige um eficiente sistema logístico, em contraposição ao baixo valor agregado de seus produtos, tem limitado a expansão da atividade neste setor (CHAVES; CHICARELLI, 2005).

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Não obstante, o varejo de alimentos, produtos lácteos, depara-se com alta perecibilidade e prazo de validade relativamente curto o que torna a logística tradicional e, principalmente a reversa, fator competitivo para as organizações.

Para saber mais

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) divulgou em seu site informações sobre o prazo de validade – alimentos.

Também sinaliza que verificar condições de armazenamento e eventuais adulterações devem ser práticas frequentes.

O recall, ou “chamamento”, é o mecanismo que obriga o fornecedor a alertar nos meios de comunicação como: jornais, rádios e TVs os consumidores que adquiriram produtos defeituosos com potencial risco para a saúde e segurança, além de informar sobre os procedimentos a serem adotados para a solução do problema – o conserto ou troca, por exemplo.

É um procedimento de logística reversa que visa efetuar o fluxo de bens, partindo do consumidor em direção à empresa, de forma a trocar ou reparar algum defeito de fabricação que possa ter ocorrido.

O recall no Brasil teve seu início na esfera regulamentatória com a promulgação da Lei nº 8.078/90, mais conhecida como Código de Defesa do Consumidor – CDC, em 1990, onde em seu art. 10 estabeleceu as seguintes obrigações:

3.2.2.3 Recall de produtos

[...] Art. 10 O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.§ 1º - O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que

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apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. § 2º - Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço. § 3º - Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.

Juntamente com o Art. 22, onde se estabelece que a pessoa jurídica que descumpra as regulamentações da lei será compelida a cumpri-las e a reparar os danos causados, caracterizam e regulamentam o recall na esfera legal no Brasil.

A qualidade percebida nas ações de pós-venda altera na lealdade e no relacionamento entre cliente e empresa. Assim percebe-se a crescente importância dos stakeholders aumentando o foco das organizações para os ambientes interno e externo, buscando um melhor entendimento e gerenciamento da sua identidade e reputação (OLIVEIRA, 2008).

Assim um processo de logística reversa pós-venda bem estruturado é importante na construção de um relacionamento duradouro com clientes. Os consumidores tendem a ver empresas como mais responsáveis quando essas agem de forma proativa, ou seja, antes de ser obrigada pela comissão de proteção ao consumidor. Empresas percebidas como responsáveis costumam adquirir uma melhor imagem para os consumidores (MATOS et al., 2004).

Em outras palavras, por ser um contato pós-venda entre empresa e consumidor, o processo deve ser bem gerenciado de forma que a imagem da empresa e do produto não seja prejudicada (GUARNIERI et al., 2006).

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Com o decorrer do tempo tem sido muito usado pelas empresas, seja para defender sua imagem ou mesmo por determinação legal, exigindo controle e rastreabilidade dos produtos pós-venda.

Na indústria automobilística, segmento cuja prática é bem intensificada, não há precisão sobre qual montadora teria realizado o primeiro recall no Brasil. A Ford diz ser a primeira a realizar um recall com o chamamento do Ford Corcel em 1968.

Para saber mais

A Fundação Procon-SP possui um banco de dados bastante interessante sobre recall. Nele há informações sobre chamamentos realizados desde 2002, organizados por segmento, tipo de defeito ou marca/modelo. Além de veículos, há medicamentos, produtos infantis, alimentos e bebidas e entre outros produtos.

Também o DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor), do Ministério da Justiça, registra desde 2000, em nível nacional, os recalls de automóveis, medicamentos, alimentos, brinquedos, produtos de informática, entre outros.

Para as listas, acesse o site do Idec.

No caso das indústrias alimentícia e farmacêutica, a preocupação com seus consumidores, bem como a marca, não pode ser mensurada economicamente. Uma contaminação, por exemplo, pode causar danos irreparáveis na imagem de uma empresa que atua nesses setores.

Nesse sentido, para a indústria de bebidas e alimentos, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) propõe algumas regras para o recall entre elas é a comunicação ao órgão por meio eletrônico em até 24 horas, a partir do momento em que as indústrias souberem da necessidade de recolhimento de algum produto.

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[...] a empresa responsável pelo alimento que será alvo de recall (fabricante ou importadora) deverá elaborar e implementar um plano de recolhimento dos produtos, na forma de procedimentos operacionais padronizados. Esse plano deve contemplar: procedimentos para recolhimento do produto, forma de segregação dos produtos e destinação final, definição dos responsáveis pela execução das atividades previstas e os procedimentos de comunicação do recolhimento dos alimentos à cadeia de produção, às autoridades sanitárias e aos consumidores (ANVISA, 2013, p. 1).

Entre outras definições, as empresas também deverão informar a cadeia de distribuição sobre o início do recolhimento dos alimentos e manter registro dessa comunicação. De acordo com a proposta, a ação de recolher o produto do mercado é uma responsabilidade de todos os estabelecimentos da cadeia.

As empresas precisam, ainda, dispor, prontamente, dos registros de distribuição dos alimentos para assegurar a rastreabilidade dos mesmos.

A ANVISA propõe também que os alimentos alvo de recall sejam divididos em duas categorias:

• Classe I – Produtos considerados impróprios para o consumo. A empresa deverá encaminhar a cada 15 dias, um relatório de acompanhamento do recall. Fazem parte desta classe alimentos contaminados com formol e soda cáustica. O prazo para finalização do recall deve ocorrer em até 60 dias.

• Classe II – Produtos em descumprimento da legislação sanitária, mas que o consumo do alimento não implique risco à saúde, o relatório deverá ser encaminhado a cada 30 dias. São exemplo os alimentos com erros simples de rotulagem, como declaração errada do número do lote ou

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identificação da empresa. O prazo para finalização do recall deve ocorrer em até 120 dias.

A mensagem de alerta veiculada na mídia pelas empresas responsáveis deve conter no mínimo:

Recall na indústria de alimentos.

“Parmalat e Líder anunciam recall de 300 mil caixas de leite com formol”.

O Ministério da Justiça afirmou que a LBR, responsável pelas empresas Parmalat e Líder, protocolou o pedido de recall de mais de 300 mil caixas de leite das duas marcas. Segundo o comunicado do ministério, foi detectada presença de formol na bebida.

O recall também atingiu a indústria de brinquedos no ano de 2007. A gigante no segmento, a Mattel, realizou um recall que incluiu 850 mil brinquedos no Brasil. Na verdade dos cerca de 21,8 milhões de produtos fabricados na China, 4% deveriam ser retirados do mercado brasileiro.

Embora todos os pontos de vendas fossem notificados, a assessoria da Mattel no país, informou que grande parte dos produtos relacionados já havia sido vendida.

Os itens comercializados no país que foram afetados por esse recall são todos da linha Polly com ímãs aparentes, a pá do conjunto Barbie e Tanner e algumas figuras magnéticas do Batman. Segundo o site em inglês da empresa, os ímãs dos brinquedos Polly Pocket, Batman Magna, Doggie Daycare e Shonen Jump's One Piece poderiam se soltar sem serem detectados pelos pais ou responsáveis. Estes ímãs poderiam ser engolidos ou aspirados por crianças, o que poderia causar perfuração no intestino, infecções, entre outros problemas.

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Na ocasião, os consumidores que haviam adquirido os produtos envolvidos no recall deveriam mandar um e-mail para <[email protected]> ou ligar no 0800 77 01207 para maiores informações de como proceder. Após o cadastro ou contato telefônico, os consumidores receberam um documento com orientações sobre a identificação, devoluções de peças e ressarcimento ou substituição do produto por similar.

Este recall foi anunciado pela Mattel menos de duas semanas depois de divulgada a retirada de 1,5 milhão de brinquedos da fabricante (carros de brinquedo Pixar Sarge), produzidos na China, por excesso de chumbo na pintura (VALLONE, 2007).

Este exemplo de recall, exigiu mega operações logísticas (pós-venda), para retirada dos seus produtos do mercado.

• Comercialização – mercado primário

São operações características, deste mercado, os produtos que retornam por motivos puramente comerciais, devido a ajustes de estoques de canais de distribuição diretos. Esses produtos possuem condições gerais de reenvio/ revenda ao mercado primário, ou seja, o mercado original, com a marca do fabricante, e por meio de distribuição. Podemos exemplificar como participantes deste mercado os setores da moda, têxtil e calçados, entre outros,

A devolução por causa de um defeito ou de um problema de qualidade em geral requer decisão de natureza técnica em um dos elos da cadeia de distribuição direta para definir o destino dos bens envolvidos, que poderão ser dirigidos ao mercado secundário, a processos de remanufatura ou de reforma, à reciclagem de materiais constituintes ou a um dos sistemas de disposição final apropriados (LEITE, 2009, p. 197).

3.2.3 Seleção e destinos dos produtos que retornam do pós-venda

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apresentam essa movimentação de recuperação de valor quando é possível a realocação.

• Comercialização – mercado secundário

Este caso refere-se aos produtos que retornam ao longo da cadeia de distribuição direta e não podem voltar ao mercado original por diferentes motivos. Visa recapturar valor do produto por meio de políticas de baixo preço, como é o caso das pontas de estoque e de leilões pela internet.

Os setores de moda têxtil e de calçados, artigos sazonais em geral, podem ser beneficiados por uma política de retorno planejado dirigindo vendas a outlets, lojas especializadas, de preços menores, ou lojas do tipo ‘tudo por um real’.

Os ganhos oferecidos com as vendas ao mercado secundário são muito interessantes para os varejistas, que conseguem comprar produtos em fim de estação ou de estoque em condições que revalorizam os produtos para o varejista ou para o fabricante.

A estratégia de um mercado secundário, de acordo com Rogers (2002), está dividida em quatro pontos:

• encontrar boas negociações para comprar e vender;• altas taxas de retorno com o inventário; • nível de estoque mínimo; • manter relações de confiança com produtores e fornecedores.

• Comercialização – produtos reparados

São processos de retornos de produtos destinados à reparação necessária e que após conserto poderão ser comercializados no mercado primário ou, mais frequentemente no mercado secundário.

O produto pode ser reaproveitado e retornar ao ciclo de negócios, por meio do mercado primário ou secundário.

• Doação

“É o destino de produtos retornados quando existe interesse de fixação de imagem por parte do fabricante e em geral é associada a produtos com certo grau de obsolescência” (LEITE, 2009, p. 198). Trata-se de um caso muito comum no setor de computadores, que

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possuem vida média útil muito curta, mas apresentam interesse no mesmo país ou em outros países mais necessitados.

• Desmanche (canibalização)

Ocorre quando o bem retornado se apresenta em condições de funcionamento para utilidade de projeto e existe valor de uso em seus componentes. Os produtos salvo em acidentes de trajeto e a destinação de peças e veículos ao mercado secundário são exemplos dessa categoria de canal reverso.

• Remanufatura

Ocorre quando os componentes do desmanche de bens retornados apresentam defeitos e devem ser para o encaminhamento secundário.

• Reciclagem industrial

Da mesma maneira que os produtos de pós-consumo, tanto os subconjuntos quanto as partes da estrutura dos bens são comercializados com empresas especializadas na reciclagem dos materiais constituintes desses produtos.

• Sistema de distribuição final apropriado

Não existe possibilidade de qualquer reaproveitamento. O produto retornado ou as suas partes ou materiais são destinados aos aterros sanitários ou a processo de incineração dependendo das particularidades de cada região ou país.

Os ganhos econômicos por meio do desmanche (canibalização), remanufatura, reciclagem industrial e disposição final podem ser assim definidos como:

[...] a recuperação do valor, de diferentes maneiras: por meio de reuso dos bens ainda em condições de reutilização em mercados de segunda mão; por meio dos desmanche dos bens, aproveitando o valor residual dos componentes do bem retornado; por meio da remanufatura do bem ou dos seus componentes, de modo que se recapture o valor de mercado; por meio de reciclagem industrial, na qual os materiais constituintes serão recuperados e comercializados no mercado de materiais secundários; ou, finalmente, por meio da disposição final cujo valor recuperado poderá

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3.2.4 Políticas reversas de empresas no Brasil

No ano de 2007 foi realizada uma pesquisa com 188 respondentes em empresas independentes no Brasil com o objetivo de conhecer suas políticas de retornos de produtos, considerando empresas que recebem produtos do mercado, tendo como clientes outras empresas ou consumidor final. A seguir sinalizaremos os resultados da pesquisa publicada por Leite (2009).

• Ramo de atividade das empresas respondentes: operadores logísticos, alimentos industrializados, eletroeletrônicos, químico, automotivo, material de construção, farmacêutico, bebidas, higiene pessoal, papel, têxtil, móveis, e alimentos in natura.

• Razão para aceitar o retorno dos produtos: não há motivos que se destaquem, mas observamos pelo Quadro 3.6 que o motivo mais citado está relacionado com a capacidade de competição da empresa.

• Motivo para retorno para a empresa: podemos observar pelo Quadro 3.7 que as empresas respondentes estão associadas principalmente a problemas de qualidade do produto ou dos serviços executados e menos a problemas comerciais, como venda em excesso ou giro de produtos.

Fonte: Adaptado de Leite (2009, p. 233).

Quadro 3.6 | Principais motivos para aceitar o retorno dos produtos

Motivo

Ter diferencial competitivo 18%

Eliminar produtos impróprios para uso do canal de distribuição 17%

Recuperar produtos para reprocesso 16%

Responsabilidade ecológica 15%

Recuperar produtos para revenda 14%

Cumprimento da lei 11%

Outras 13%

Quadro 3.7 | Classificação da importância do motivo de retorno

Motivo do retorno Importância do motivo

Defeitos de produtos 66%

Danos em trânsito 60%

ser econômico, se os produtos forem transformados em energia térmica ou elétrica. (LEITE, 2009, p. 204).

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Fonte: Adaptado Leite (2009, p. 233).

Erro de expedição 50%

Conserto ou reparo 50%

Troca de componente 44%

Validade expirada 43%

Excesso de estoque no canal 39%

Baixo giro 35%

Produto em consignação 32%

Fim de estação 29%

• Tempo médio para completar a operação de retorno: segundo o autor, a ideia referia-se a entender como os respondentes estimam o nível de retorno de mercadorias no pós-venda.

A pesquisa revelou que 90% das empresas respondentes disseram que completam a operação de retorno em até 30 dias, sendo mais 50% que concluem o retorno em até uma semana (7 dias).

Gráfico 3.1 | Prazo médio para completar a operação de retorno

Fonte: Adaptado de Leite (2009, p. 234).

Atualmente, quando há defeito ou vício, o consumidor precisa enviar a mercadoria à assistência técnica e deve aguardar até 30 dias para a troca, ou seja, de acordo com o artigo 18 do CDC, o fornecedor e o fabricante têm 30 dias, a partir da reclamação, para sanar o problema do produto. Analisando a pesquisa sob esta ótica, 90% dos problemas deveriam ser solucionados em até 30 dias.

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Será que realmente os entrevistados foram sinceros quanto ao prazo médio para completar a operação de retorno?

Questão para reflexão

Na Seção 3.2, entre outros aspectos, estudamos o retorno das embalagens retornáveis. Você já observou entre os produtos que você consome quais são aqueles que utilizam mais embalagens retornáveis? Você dá preferência à compra de algum produto em razão da embalagem ser retornável?

Atividades de aprendizagem

1. Em sua opinião, como os consumidores reagem ao Recall de produtos?

2. Conforme foi visto, uma das razões para o elevado índice de devoluções no E-commerce se deve ao número elevado de pedidos onde os produtos na sua maioria são de pequeno porte, entregues de forma fragmentada, exigindo investimentos na área de expedição e processamento de pedidos. De maneira geral, os erros de expedição são diversas falhas que costumam ocorrer nos bastidores logísticos. Que ações estratégias poderiam ser propostas para minimizar os problemas das devoluções envolvendo o e-commerce?

Fique ligado

Os correios também oferecem serviços de Logística Reversa (LR) do pós-consumo e pós-venda.

Atuando como Operador Logístico, as operações de LR nos correios tiveram início em 2006, especificamente nos segmentos de eletroeletrônicos, telefonia e e-commerce. “O fato de nosso atendimento cobrir todo o território nacional foi determinante para iniciarmos a prestação deste serviço. Com o boom de vendas pela internet, ainda mais em um país de dimensões continentais como o Brasil, a LR passou a ser essencial para qualquer corporação”, conta o diretor regional dos Correios, José Floriano Filho, informando, ainda, que a LR tem apoiado o incremento das vendas de Sedex.

O serviço funciona da seguinte forma: o cliente com um contrato de encomenda PAC, Sedex ou e-sedex faz o pedido pela internet, um carteiro coleta o produto e os Correios entregam-no no endereço indicado.

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Existem duas opções de coleta domiciliar: a que leva este mesmo nome e é feita porta a porta em mais de 2.000 cidades e, hoje, representa 20% das coletas de LR realizadas pelos Correios; e a coleta simultânea, que tem a mesma abrangência e é realizada no momento da entrega do produto substituto ao usuário.

Há, ainda, uma terceira opção que é a coleta em agência – que representa 80% das coletas de LR –, realizada mediante apresentação do e-ticket ou do formulário “Instrumento de Habilitação de Postagem – IHP”, por parte do remetente do objeto, em uma das cerca de 500 agências próprias dos Correios em todo o país.

Portal Logweb

20/10/2009

Fonte: Disponível em: <http://www.logweb.com.br/novo/conteudo/noticia/22139/correios-oferece-logistica-reversa-no-posvenda-e-posconsumo/>. Acesso em: 15 maio 2015.

Para concluir o estudo da unidade

Objetivo legal de retorno de produtos pós-venda

As preocupações com o relacionamento entre fornecedores e clientes finais de produtos e serviços não são novas nas sociedades, porém se formam tornando visíveis à medida que cresceram a quantidade de produtos, a diversidade, a complexidade de modelos, a redução do ciclo de vida, entre outros fatores, o que intensificou com o desenvolvimento dos mercados mundiais, graças à comunicação e globalização dos anos 90.

Dentro dessa perspectiva de relacionamento, o retorno de produtos e seus respectivos serviços merecem destaque nas regulamentações legais.

Pós-venda: regulamentação sobre a garantia de informações adequadas antes, durante e após a compra do bem, sobre consertos e reparos de produtos e componentes, sobre chamamentos (recall) de produtos em casos de problemas funcionais posteriormente descobertos pelo fabricante, sobre trocas ou devoluções no varejo em geral, sobre prazo de validade de produtos, entre outros casos.

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Atividades de aprendizagem

1. Um tema recorrente em notícias de jornais e na televisão é o recall, o qual consiste na troca de componentes ou do produto pelo fabricante que constatou algum defeito ou mau funcionamento desse produto ou de um de seus componentes. O recall é:

a) Opcional e gratuito, sendo o consumidor aconselhado a procurar os postos de troca ou reparo do produto.b) Opcional, sendo o consumidor aconselhado a procurar os postos de troca ou reparo do produto e incumbido de pagar pelo serviço.c) Compulsório, sendo o consumidor obrigado a procurar os postos de troca ou reparo do produto e a pagar pelo serviço.d) Opcional em alguns casos, gratuito em outros, porém sempre com o consumidor sendo ressarcido pelo fabricante do produto.

2. Um fabricante de refrigerantes, dentro de uma nova estratégia de gestão dos resíduos optou por usar garrafas de vidro que são recolhidas, para lavagem e reenchimento, no ato da compra do produto. O método de gerenciamento de resíduos utilizado neste caso é:

a) Redução na fonte.b) Reutilização.c) Reciclagem.d) Recuperação.

3. Um cliente compra um produto eletrônico numa loja e, ao instalá-lo em casa, constata um defeito de fabricação. Devolve-o, então, ao varejista, que reembolsa, sem problemas, o valor da compra. O varejista, por sua vez, devolve o produto danificado ao fabricante e este conserta o produto e o coloca à venda no mercado de artigos de segunda mão.

Este ciclo de procedimento corresponde:a) Corrigir os erros do processo pós-consumo.b) Organizar o processo de produção e gerar estoques.c) Deixar clientes satisfeitos para alavancar as vendas.

d) Administrar o canal logístico reverso pós-venda.

4. Em relação às embalagens, aquela que estiver em contato direto com o produto e que tenha contato direto com o consumidor final é chamada de embalagem:

a) Embalagem unitizadora.b) Embalagem secundária.

c) Embalagem primária.d) Embalagem terciária.

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5. Os produtos que retornam por motivos puramente comerciais, devido a ajustes de estoques de canais de distribuição diretos e que possuem condições gerais de reenvio/ revenda ao mercado original serão destinados a:a) Comercialização – mercado secundário.b) Comercialização – mercado de reparações e consertos.c) Comercialização – mercado primário.d) Desmanche (canibalização).

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G1. Parmalat e Líder anunciam recall de 300 mil caixas de leite com formol. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/04/parmalat-e-lider-anunciam-recall-de-300-mil-caixas-de-leite-com-formol.html>. Acesso em: 21 maio 2015.

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Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial

Nesta unidade, você vai ser levado a compreender o que é a Logística Reversa, dentro do contexto da Logística Verde. Para isso buscamos analisar a evolução da sustentabilidade ambiental e empresarial e da Gestão Ambiental, oportunizando novos conceitos como da Cadeia de Suprimentos Sustentável. Estes estudos nos levarão ao entendimento da Logística Reversa como fator de competitividade empresarial.

Objetivos de aprendizagem

Alessandra Petrechi de Oliveira

Unidade 4

Nesta seção, você vai entender como a responsabilidade ambiental empresarial, vem ganhando destaque no cenário mundial e no ambiente dos negócios, principalmente porque a busca por um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental é importante para a formação da reputação das organizações. Essa nova realidade se dá em virtude de alguns aspectos ambientais que imperam transparência nos negócios, que são: cuidado em atender à legislação, preocupação com os stakeholders e preocupação com o que pensam os consumidores, cada vez mais conscientes de seu papel na sociedade em busca do desenvolvimento sustentável, cobrando das organizações novos posicionamentos.

Seção 4.1 | Sustentabilidade e gestão ambiental

Na seção 4.2, você vai compreender que assim como as empresas vem evoluindo, na busca por competitividade, a logística evolui constantemente para se adaptar às novas exigências legais e de mercado, sendo uma das principais tendências a adoção de práticas sustentáveis. Assim, surge a logística sustentável, que engloba a variável ambiental nos negócios das empresas, agregando-lhes valores de diversas naturezas: legal, econômica, competitiva, de imagem corporativa e ambiental. Assim, nesta seção, vamos compreender o que é a Logística Reversa, dentro do contexto da Logística Verde, e como as empresas podem e devem utilizá-la para ganhos em competitividade empresarial.

Seção 4.2 | Logística ambiental como fator de competitividade empresarial

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Introdução à unidadeOs termos Logística Verde e Logística Reversa, inseridos na questão

da responsabilidade ambiental empresarial, vêm ganhando destaque

no cenário mundial e no ambiente dos negócios, principalmente,

porque a busca por um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico

e a proteção ambiental, são importantes para a formação da reputação

das organizações. Essa nova realidade se dá em virtude de alguns

aspectos ambientais que imperam transparência nos negócios, como

o cuidado em atender à legislação, a preocupação com os stakeholders

e a preocupação com o que pensam os consumidores, cada vez mais

conscientes de seu papel na sociedade em busca do desenvolvimento

sustentável, cobrando das organizações novos posicionamentos.

As regulamentações governamentais, pressões das organizações

não governamentais (ONGs) e a maior conscientização dos

consumidores fazem com que as organizações se vejam obrigadas

a modificar sua posição quanto às questões ambientais. Observa-

se que em um primeiro momento as empresas estão mudando

para se enquadrar na nova legislação, mas atualmente a imagem

ecologicamente correta é vista pelas empresas como uma estratégia

de competitividade. Assim, surge nas organizações uma maior

preocupação com práticas e ações que afetam o meio ambiente e

a questão da responsabilidade ambiental ganha importância e corpo.

Diante desses desafios, as organizações estão buscando desenvolver

práticas de responsabilidade ambiental, um comportamento

socialmente correto e economicamente viável. Assim, é preciso buscar

uma postura estratégica que responda adequadamente tanto às leis,

quanto aos consumidores e a preservação do meio ambiente, como

as capacidades da organização, procurando um estado de equilíbrio

entre o social e o funcional. Percebe-se que a questão econômica e

de marketing ambiental são cada vez mais relevantes nesse sentido.

Percebe-se o início de uma era da responsabilidade, sendo esta a

conjuntura em que as empresas necessitam aceitar e comprometer-se

com as consequências e impactos de suas decisões e ações de responder

às demandas de todos os afetados pelas suas atividades.

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial 151

Diante do que foi discutido, vamos buscar responder: A Logística Reversa é um fator de competitividade empresarial?

Esta nossa unidade será dividida em duas seções. Na Seção 4.1

vamos estudar a Sustentabilidade e a Gestão Ambiental, buscando

entender como a responsabilidade ambiental empresarial vem

ganhando destaque no cenário mundial e no ambiente dos negócios.

Na Seção 4.2 vamos compreender a Logística Verde e a Logística

Reversa como fator de competitividade empresarial.

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Seção 4.1Responsabilidade, sustentabilidade e gestão ambientalIntrodução à seção

Responsabilidade é uma palavra que chegou ao português pelo francês responsablee tem origem do latim responsus, particípio passado de respondere, “responder”. O termo é resultado de várias camadas sucessivas de sentidos acumulados sobre o mesmo vocábulo. “Responsável é o que responde por seus atos e responsabilidade é a característica – ou virtude – de quem faz”. (OLIVEIRA; MACHADO, 2009, p. 23).

Estas preocupações tiveram início de maneira mais efetiva nas últimas três décadas do século XX, entrando definitivamente na agenda dos governos de muitos países e de diversos segmentos da sociedade civil organizada e algumas empresas e entidades empresariais já vêm buscado práticas ambientalmente saudáveis em tempos quando o ambientalismo apenas começava a despertar interesse fora dos círculos restritos de especialistas e das comunidades afetadas diretamente pelos problemas.

Foi nos anos 1970, com mobilizações sociais contra os acidentes ecológicos e a poluição e o surgimento das ONGs ambientais, destacando o surgimento em 1971 do Greenpeace, que o meio ambiente e as ações responsáveis ganharam corpo. Em 1972 aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Conferência de Estocolmo. Esta foi a primeira grande conferência mundial sobre temas ligados ao meio ambiente, com a participação de 113 países. Em 1992 realizou-se a Conferência das Nações Unidas no Rio de Janeiro (Eco-92), que trouxe ainda mais consciência aos consumidores e aos governos.

No Brasil, em pesquisa realizada em 2000 pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE) com 1.158 indústrias de diversos portes, verificou-se que o principal motivador para investimentos na

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área ambiental era o atendimento à legislação, mas que o segundo motivador era a melhoria da imagem da empresa.

A maior conscientização e as pressões levaram as organizações a adotarem uma nova postura em relação às questões ambientais.

Em 2010, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) realizou a Sondagem Especial sobre Meio Ambiente junto a indústrias de todo o país, buscando verificar a adoção de procedimentos e práticas ambientalmente corretas. A pesquisa revelou os dados apresentados no Quadro 4.1.

Fica evidente a adoção da responsabilidade ambiental pelas organizações, apresentando percentuais superiores a 50% em todos os portes, indicando que cada vez mais as organizações estão procurando incorporar a gestão ambiental.

A pesquisa realizada pela CNI aponta ainda os fatores que levaram as organizações à utilização de práticas de responsabilidade ambiental, apresentadas no Gráfico 4.1.

Quadro 4.1 | Adoção de procedimento gerencial associado à gestão ambiental

Fonte: CNI (2010)

Total Pequenas Médias Grandes

Adota 71,3% 61,0% 77,3% 94,9%

Não Adota 28,7% 39,0% 22,7% 5,1%

Gráfico 4.1 | Principais fatores para a adoção de procedimentos de gestão ambiental

Fonte: CNI (2010).

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A sondagem da CNI aponta que as organizações vêm optando por práticas ambientalmente responsáveis, principalmente preocupadas com sua imagem e reputação, seguida das exigências do licenciamento ambiental, dos regulamentos ambientais e, destacando-se, a política interna da empresa.

No novo ambiente de negócios, a imagem da marca torna-se um importante fator estratégico, e influencia fortemente o preço das ações e a fidelidade dos clientes. A reputação baseia-se na síntese de como os stakeholders (clientes, fornecedores, governos, acionistas, organizações não governamentais, mídia, colaboradores, concorrentes) veem a empresa.

Questão para reflexão

Para se manterem competitivas, as empresas almejam produzir um retrato atraente para vários públicos de relacionamento, o que no contexto atual esbarra na responsabilidade ambiental.

As pressões sobre as organizações advêm principalmente de fatores externos como as regulamentações ambientais, que têm se desenvolvido em número, especificidade, abrangência e rigor. Um segundo motivo é a influência da sociedade civil organizada, principalmente através dos movimentos ambientalistas, que têm multiplicado o número dos seus integrantes e têm se especializado e profissionalizado, tornando as suas ações cada vez mais eficazes. O terceiro motivo são os mercados de produtos, que têm apresentado uma crescente tendência dos consumidores em valorizar atributos ambientais de empresas e produtos, o que é também reforçado por um aumento na concorrência interna e externa derivada da abertura internacional dos mercados. Por fim, podem-se apontar as fontes de recursos naturais, sobretudo água e energia, que têm dado sinais de que podem tornar-se limitantes para o desempenho e crescimento futuro das empresas (SCHMIDHEINY, 1992; HOFFMANN, 2001).

Essa configuração atual do cenário dos negócios leva as organizações a repensarem seu modo de atuar buscando adequar-se às novas exigências por responsabilidade ambiental, mas também se preocupando com as questões econômicas que estão envolvidas nas mudanças.

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Para saber mais

Leia o artigo: “Educação ambiental, sustentabilidade e ciência: o papel da mídia na difusão de conhecimentos científicos”. Este artigo fala dos problemas de ordem ambiental: aquecimento global, mudanças climáticas, escassez de recursos naturais e resíduos.

4.1.1 Ambientalismo

A partir dos anos 1970 o ambientalismo começa a ser propagado, originando-se a partir dos desastres ambientais causados por organizações, fazendo com que as questões ambientais começassem a ocupar um lugar nas preocupações da humanidade. Segundo Lora (2000), os problemas ambientais adquiriram uma nova dimensão após os acidentes industriais graves e derrames de quantidades consideráveis de petróleo no mar, além dos problemas globais como o efeito estufa e a destruição da camada de ozônio. Esses problemas ambientais, causados pelo homem desde a sua evolução até a atualidade, tem ultrapassado a capacidade da natureza de restaurar-se, tornando-se um problema de caráter global.

O debate ambiental contemporâneo assume, predominantemente, que a preocupação ambiental está ligada ao problema da poluição industrial. Corrobora com esta visão Donaire (1995, p. 102), dizendo que “a degradação da natureza surgiu com as primeiras indústrias, em um tempo em que os problemas ambientais eram de pequena expressão, principalmente pelas reduzidas escalas de produção”. Nesse contexto as exigências ambientais eram poucas, e a fumaça era vista como sinal de progresso e desenvolvimento, muitas vezes, utilizado como símbolo de desenvolvimento em propagandas.

Verifica-se que era inevitável o surgimento de problemas de caráter ambiental, mais na ocasião os problemas econômicos eram prioritários e atuais. O processo de desenvolvimento econômico, afirma Chehebe (1997, p. 22), não considerava os efeitos adversos nos ecossistemas e na própria sociedade, “permitindo que problemas sociais e ambientais se tornassem críticos para o bem-estar da sociedade, surgindo miséria, pobreza, desemprego, devastação de solos produtivos, poluição da água e do ar”.

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A globalização do movimento ambientalista ocorreu definitivamente no século XX com a Conferência Científica da ONU sobre a Conservação e Utilização de Recursos, em 1949, e com a Conferência sobre a Biosfera, realizada em Paris, em 1968.

Porém, o grande marco do despertar de uma consciência ecológica mundial foi a publicação do Relatório Limites do Crescimento, elaborado pelo Clube de Roma e a Conferência de Estocolmo, em 1972 (I CNUMAD), que teve por objetivo conscientizar os países sobre a importância da conservação ambiental como fator fundamental para a manutenção da espécie humana.

O quadro a seguir apresenta um resumo dos principais acidentes e impactos causados ao meio ambiente.

Quadro 4.2 | Principais acidentes ambientais

Fonte: Lerípio e Pinto (1998, p. 8).

ACIDENTE IMPACTO

MinamataLançamento de mercúrio, Japão, anos 50, 700 mortos, 9.000 doentes crônicos.

Seveso Desastre industrial, Itália, 1976, fábrica de pesticidas, Dioxina.

BhopalDesastre com gás metil isocianeto, 1984, Índia, Union Carbide, 3.300 mortos e 20.000 doentes crônicos.

ChernobylAcidente nuclear, Ucrânia, abril de 1986, 50 a 100 milhões de curies no ar, 29 mortos, 200 condenados, 135.000 casos de câncer e 35.000 mortes subsequentes.

BasiléiaIncêndio e derramamento, Suíça, novembro de 1986, 30 toneladas de pesticida no rio Reno, 193 Km do rio morto, 500.000 peixes e 130 enguias.

ValdezDesastre com óleo no Alasca, 1989, 37 milhões de litros de óleo, 23.000 aves migratórias, 730 lontras e 50 aves de rapina.

Goiânia Acidente com césio 137, Brasil.

Rio GrandeDerramamento de 8.000 toneladas de ácido sulfúrico no mar, Brasil.

Sabe-se que o ambientalismo é responsável pela ampliação da sensibilidade para com a deterioração ambiental no mundo inteiro, e contribuiu para modernização dos processos produtivos, que, assim, tendem a ser menos predatórios. Sua contribuição reside na formulação de processos produtivos mais limpos, e fracassa na reformulação de padrões de consumo que se expandiram nos últimos dez anos (VIOLA, 2001).

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O ambientalismo se apresenta em duas frentes: uma conservadora do status quo, e outra transformadora, que defende um mundo ecologicamente sustentável, e que está tensionada por duas forças principais: a do ambientalismo radical, orientado pela ética e pela crítica aos valores predominantes na sociedade; e a do ambientalismo renovado, que compatibiliza o modelo de desenvolvimento econômico com a conservação dos recursos naturais (ALMEIDA, 1997; LAYRARGUES, 2003).

Questão para reflexão

Como foi observado, os problemas ambientais levaram ao surgimento de pressões de cunho ambiental que começaram a influenciar diretamente as organizações e a forma como são administradas. Você sabe que pressões são essas?

Constata-se, em um primeiro momento, que a poluição ambiental é cada vez mais globalizada, ultrapassando as fronteiras nacionais, causando estragos em todos os países. Em segundo momento, a opinião pública e os consumidores mais sensíveis às questões ambientais, em virtude da acessibilidade, cada vez maior e imediata, aos meios de comunicação, sendo os desastres ecológicos, a pobreza e a miséria de alguns países notícias com grande poder de repercussão. Verifica-se, em um terceiro momento, o aumento da competitividade, o surgimento de leis mais rigorosas, as mudanças tecnológicas e outros acontecimentos que delineiam um novo caminho a ser percorrido pelas organizações que não querem perder espaço no mercado.

Figura 4.1 | O futuro do planeta em nossas mãos

Fonte: <http://www.engenhonacional.com/2010/01/logistica-verde/>. Acesso em: 15 mar. 2015.

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Percebe-se que as pressões para o surgimento de soluções aos problemas ambientais ocasionaram o surgimento de organizações não governamentais (ONGs) voltadas ao meio ambiente, reuniões entre especialistas e governos, maior conscientização da população, legislação específica, e uma evolução natural do pensamento ambiental.

4.1.1.1 Evolução do desenvolvimento sustentável ambiental

Os problemas cada vez mais evidentes de desgaste do meio ambiente e a maior conscientização de parcela da população levaram ao surgimento de um conceito de desenvolvimento sustentável nos anos 60 e 70, surgido de reuniões, debates e encontros entre governos, especialistas e sociedade.

O primeiro encontro mundial sobre meio ambiente foi realizado em 1968, ficando conhecido como Clube de Roma. Foi uma organização informal que se reuniu com o objetivo de promover o entendimento entre fatores econômicos, políticos, naturais e sociais e de colocar em evidencia os problemas ambientais chamando a atenção da sociedade e dos governos. O Clube de Roma tinha como objetivo examinar os problemas que assolavam os países como: pobreza, degradação ambiental, expansão urbana descontrolada, insegurança de emprego, transtornos econômicos e monetários dentre outros (MEADOWS, 1972). Do encontro surgiu o relatório “Limites do Crescimento”, que alertava para um caos ambiental em futuro próximo, se não fossem realizadas modificações nos modelos de desenvolvimento econômico praticados por organizações e governos, modelos que levam ao acúmulo de capital e produtos, não considerando o alto custo ambiental deste modo de vida insustentável.

No mesmo ano do Clube de Roma foi realizada a Conferência da Biosfera (Conferência Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para Uso e Conservação Racionais dos Recursos da Biosfera), em Paris, em que cientistas demonstraram as condições naturais do ambiente. “O objetivo foi a análise do uso e da conservação da biosfera e o impacto humano sobre a mesma. A Conferência chamou a atenção da sociedade para a importância e urgência de se programarem sistemas de preservação ecológica” (TACHIZAWA; ANDRADE, 2008, p. 2).

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Em 1972, realizou-se a Conferência de Estocolmo (Conferência Mundial das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento), primeira reunião de líderes mundiais para discutir as relações entre o homem e o meio ambiente e a necessidade da adoção de medidas efetivas de controle dos fatores de degradação da natureza.

Em 1974 foi realizada na Holanda o Primeiro Congresso Internacional de Ecologia, alertando sobre a redução da camada de ozônio.

Em 1975 foi publicada a Carta de Belgrado, um documento que marca a evolução do ambientalismo no mundo.

A partir dos anos 1980, o termo desenvolvimento sustentável passou a ser difundido globalmente, após a apresentação do documento Estratégia de Conservação Ambiental, divulgado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), com o objetivo de alcançar o desenvolvimento sustentável através da conservação dos recursos vivos (BARONI, 1992).

Em 1983 foi criada a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), também conhecida por Comissão Brundtland, principal desenvolvedora e criadora de conceitos e propostas relacionados ao desenvolvimento sustentável.

Em outubro de 1984, em Oslo, foi proposta pela primeira vez no mundo “uma agenda global para a mudança”, cujo foco reside na formulação de estratégias de conciliação entre desenvolvimento econômico e meio ambiente e na disseminação de noções comuns relativas a questões ambientais de longo prazo, visando à cooperação entre os países, para o desenvolvimento sustentável. Essa agenda compôs o relatório final, intitulado Nosso Futuro Comum ou Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela Assembleia Geral da ONU, em 1983.

Questão para reflexão

“O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades”.

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Em 1987 foi lançado o Protocolo de Montreal, que trata sobre as substâncias que destroem a camada de ozônio. Até o ano de 2014, 193 países já faziam participavam do Protocolo e da Convenção. O documento apresenta obrigações comuns a todos os participantes, mas os países desenvolvidos, que historicamente tiveram maior consumo de SDOs, devem contribuir financeiramente para apoiar a implementação de medidas para eliminar essas substâncias em países em desenvolvimento, como o Brasil.

Em 1987, a Comissão Brundtland, através do documento Our Common Future (Nosso Futuro Comum), formulou os princípios do desenvolvimento sustentável, recomendando os principais objetivos de políticas derivados do conceito de desenvolvimento sustentável, sendo estes:

a) retomar o crescimento como condição necessária para erradicar a pobreza;

b) mudar a qualidade do crescimento para torná-lo mais justo, equitativo e menos intensivo em matérias-primas e energia;

c) atender às necessidades humanas essenciais de emprego, alimentação, energia, água e saneamento;

d) manter um nível populacional sustentável;

e) conservar e melhorar a base dos recursos;

f) reorientar a tecnologia e administrar os riscos, e incluir o meio ambiente e a economia no processo decisório das políticas governamentais. Referindo-se ao desempenho ambiental do setor industrial, o relatório ressalta que este deverá produzir mais, utilizando menos recursos (BARBIERI, 2009).

Em 1992, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92), no Rio de Janeiro. O conceito de desenvolvimento sustentável e as recomendações da Comissão Brundtland foram aprovados e incorporados a Agenda 21, confirmando as linhas mestras do relatório, principalmente a relação entre pobreza e degradação ambiental (NÓBILE, 2003).

Como destaque, as orientações de redução dos impactos ambientais decorrentes da operação das empresas: a) implementação de políticas e programas de manejo responsável

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do meio ambiente; b) emprego de processos de produção mais eficientes, de estratégias preventivas e de tecnologias e procedimentos mais limpos de produção ao longo do ciclo de vida do bem fabricado; c) redução dos impactos da atividade produtiva sobre a saúde humana e o meio ambiente.

Em 1997, acontece em Kyoto, no Japão, a Conferência sobre Mudança no Clima (RIO + 5). Aprovado em 11 de dezembro de 1997, o documento oficial da Conferência conhecido como Protocolo de Kyoto, estabeleceu uma meta média de cerca de 6% de redução de emissões de gases de efeito estufa nos países industrializados até o período de 2008 a 2012.

No ano de 2000, a Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU (CDS) sugeriu a realização de uma nova cúpula mundial, desta vez sobre Desenvolvimento Sustentável. Assim, em dezembro de 2000, a Assembleia Geral das Nações Unidas resolveu realizar, em 2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Johanesburgo, na África do Sul.

Em 1999, por iniciativa da Organização das Nações Unidas, foi lançado o Pacto Global. O documento tem como objetivo incentivar as organizações a contribuírem com a construção de uma economia global mais sustentável e inclusiva. Mais de 200 companhias brasileiras aderiram ao movimento, que promove os direitos humanos e de trabalho, protege o meio ambiente e combate à corrupção.

Como visto o desenvolvimento sustentável ambiental percorreu um longo caminho de construção conceitual e prática, estando seu delineamento e entendimento ainda em elaboração.

4.1.2 Desenvolvimento sustentável

O conceito de ecodesenvolvimento é anterior ao conceito de desenvolvimento sustentável, caracterizado por propor um novo pensamento, buscando o uso cuidadoso dos recursos naturais e a utilização de processos e tecnologias que minimizem os impactos ambientais e sociais. “O ecodesenvolvimento é o lugar obrigatório por onde devem passar os movimentos políticos conducentes a outro (tipo) de desenvolvimento” (SACHS, 1986, p. 116). Segundo Félix (2009), o ecodesenvolvimento busca uma alteração nos

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padrões de produção e de consumo procurando a preservação do meio ambiente.

O ecodesenvolvimento está embasado em cinco dimensões de sustentabilidade, sendo:

(1) sustentabilidade social, relacionada à equitativa distribuição de renda entre os povos;

(2) sustentabilidade econômica, que é a busca por um equilíbrio entre investimentos do setor privado e do setor público;

(3) sustentabilidade ecológica, buscando novos estilos e padrões de consumo e produção, caracterizados por processos produtivos e novas tecnologias menos destrutivas ao meio ambiente e por uma legislação ambiental aparatada por mecanismos de proteção e cumprimento;

(4) sustentabilidade espacial, com objetivo de promover um equilíbrio entre o rural e o urbano, procurando oportunizar moradia, assentamento e emprego/produtividade econômica; e

(5) sustentabilidade cultural, primando pelo respeito às culturas dos povos (SACHS, 1986).

Segundo o Relatório de Brundtland (1987), desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades. A Figura 4.2 demonstra figurativamente o tripé da sustentabilidade.

Sustentabilidade

Figura 4.2 | Tripé da sustentabilidade

Fonte: Elkington (2011).

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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Segundo Sachs (1993, p. 27), é necessário que sejam consideradas, simultaneamente, cinco dimensões, para uma apreensão completa de seu significado:

Quadro 4.3 | Significados da sustentabilidade

Fonte: Sachs (1993, p. 32).

Sustentabilidade social Igualdade de direitos e das condições de vida das populações.

Sustentabilidade

econômica Viabiliza a alocação e a gestão eficiente dos recursos.

Sustentabilidade ecológica

Coloca em favor da harmonização do desenvolvimento e da preservação ambiental, com atenção aos limites dados pela capacidade de suporte dos sistemas envolvidos.

Sustentabilidade espacial

Dada pela distribuição mais racional das atividades produtivas e sociais no espaço físico, com ênfase no equilíbrio entre o meio rural e o urbano.

Sustentabilidade cultural

Ligada à questão dos valores da sociedade, da educação, da pluralidade de interesses e necessidades humanas, das peculiaridades de cada sistema cultural.

Questão para reflexão

Você acredita que o desenvolvimento sustentável ocorre quando o crescimento econômico traz justiça e oportunidade para todos os seres humanos do planeta, sem privilégio de algumas espécies, sem destruir os recursos naturais finitos e sem ultrapassar a capacidade de carga do sistema?

O conceito de desenvolvimento sustentável circunscreve o de proteção ambiental e está fundamentado em valores éticos e sociais, marcando uma filosofia de desenvolvimento que conjuga eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica. Novos princípios precisam ser formulados, para que a sociedade ultrapasse as etapas de reconhecimento das ineficiências e deficiências da chamada sociedade de consumo e de proposições de linhas de ação para a de “sistematização real de um novo patamar científico”, que se concretizará com o avanço da ciência econômica na incorporação da natureza como um “valor intrínseco e como parte do patrimônio humano” (BUARQUE, 1990, p. 133).

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Questão para reflexão

Precisamos parar de pensar:

O que e para quem produzir?

E começar a pensar na questão:

Como produzir?

Dentro dessa dinâmica, a proteção ambiental vem sendo observada sob as mais diversas perspectivas. De acordo com Valle (1995, p. 13), “a responsabilidade ambiental passou a ser vista pelas organizações como uma necessidade, pois reduz os desperdícios com materiais e assegura uma boa imagem da empresa”. Essas considerações evidenciam que as empresas não podem mais atuar como um sistema fechado, operando independentemente dos sistemas social e natural. Para Albuquerque (2009, p. 87) “as organizações em busca da sobrevivência em longo prazo, faz com que exista como objetivo o equilíbrio entre o desempenho econômico, social e ambiental”.

É dentro desta dinâmica que surge a responsabilidade ambiental empresarial, ou seja, a responsabilidade que as organizações devem ter em produzir de forma consciente sem prejudicar o meio ambiente, utilizando processos que acabem ou reduzam os impactos ambientais, observando uma menor utilização de recursos naturais, um descarte ecológico de resíduos e ainda uma logística reversa.

Constata-se após este estudo que o desenvolvimento sustentável é um conceito que circunscreve o de proteção ambiental e está fundamentado em valores éticos e sociais. Assim, adota-se como referencial o conceito de que o desenvolvimento sustentável é: uma proposta que tem em seu horizonte uma modernidade ética, não apenas uma modernidade técnica (uma vez que absorve), o compromisso com a perenização da vida.

4.1.3 As organizações e a responsabilidade ambiental

A variável ambiental, gerada pelas transformações culturais ocorridas entre os anos 60 e 90, adquiriu extrema importância em direção à proteção e preservação ambiental como valor fundamental do novo ser humano e da organização dos novos tempos. Para Savitz (2007, p. 45) a responsabilidade socioambiental é “aquela que gera lucro para o acionista, ao mesmo tempo em

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que protege o meio ambiente e melhora a qualidade de vida das pessoas com que mantém relações”.

A Responsabilidade Ambiental é um conjunto de atitudes, individuais ou empresarias, voltado para o desenvolvimento sustentável do planeta. Ou seja, estas atitudes devem levar em conta o crescimento econômico ajustado à proteção do meio ambiente na atualidade e para as gerações futuras, garantindo a sustentabilidade.

Como exemplos de atitudes que envolvem a responsabilidade ambiental individual, temos:

Como exemplos de atitudes que envolvem a responsabilidade ambiental empresarial, temos:

1. Fazer a reciclagem de lixo de nossas casas (resíduos sólidos).

2. Não jogar pelo ralo (sistema de esgoto) líquidos, como: óleo de cozinha, óleo de motor.

3. Utilizar a água de forma racional e econômica.

4. Consumir produtos de empresas com certificação ambiental e que tenham práticas responsáveis para com o meio ambiente em seus processos produtivos.

5. Recorrer ao transporte público coletivo e bicicleta.

6. Comprar e usar eletrodomésticos com selo de baixo consumo de energia.

7. Desligar da tomada os aparelhos eletrônicos como TV e micro-ondas quando não estiverem em uso.

8. Levar sua sacola para carregar suas compras de mercado, quitanda, açougue e outras.

9. Diminuir o uso de produtos químicos para a limpeza.

1. Adoção de práticas e de sistemas de gestão ambiental.

2. Criar sistema de tratamento e reutilização da água dentro do processo produtivo.

3. Tratar materiais poluentes (resíduos sólidos e líquidos) antes de devolvê-los a natureza.

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4. Criar formas de reaproveitamento de resíduos (sólidos e líquidos).

5. Investir em pesquisa, desenvolvimento e criação de produtos e serviços que causem o mínimo possível de impacto ambiental.

6. Criar um sistema de gestão de transportes que priorize a utilização de uma matriz com transportes menos poluentes, como o ferroviário.

7. Criar e desenvolver equipes de trabalho responsáveis pela disseminação de ideias sustentáveis dentro da empresa.

8. Procurar fornecedores certificados ambientalmente

9. Utilizar fontes de energia limpas e renováveis no processo produtivo.

Nesses novos tempos, as questões de desenvolvimento sustentável deixaram de girar em torno de um mero controle da poluição, passando a se referir a controle ambiental integrado às práticas e processos produtivos das organizações. A perspectiva futura é a de que as questões relativas à preservação do meio ambiente deixem de ser um problema meramente legal, com ênfase nas punições legais, para evoluírem para um contexto empresarial pleno de ameaças e oportunidades, em que as decorrências ambientais e ecológicas passem a significar posições competitivas que ditarão a própria sobrevivência da organização em seu mercado de atuação.

Para o Instituto Ethos (apud BARBIERI, 2009, p. 32) a sustentabilidade é entendida como sendo:

A forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.

Diante dos desafios de conservação do meio ambiente, do cumprimento às leis e da procura por uma imagem organizacional condizente com as expectativas da opinião pública surge, na prática, a produção mais limpa e a eco eficiência na estratégia, que

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vem contribuir de forma efetiva para o fim das práticas das técnicas de “fim de tubo” e construir uma nova estrutura necessária para integrar os conceitos de desempenho econômico e ambiental.

A responsabilidade social ou responsabilidade socioambiental empresarial (RSE), termo que vem sendo mais utilizado, é o conjunto de ações socioambientais desenvolvidas por uma determinada empresa. Estas ações visam a identificar e a minimizar os possíveis impactos negativos resultantes de sua atuação, bem como desenvolver ações para construir uma imagem positiva, fortalecendo as condições favoráveis aos negócios da empresa.

As empresas que estão engajadas no aperfeiçoamento da responsabilidade ambiental, que desempenham um papel de liderança por suas iniciativas, evidenciam que a responsabilidade ambiental é mais do que uma série de iniciativas, gestos ou práticas isoladas motivadas por marketing social, relações públicas ou outros benefícios. Permeando várias atividades das empresas, as iniciativas podem ser tomadas em vários setores da empresa, mas devem ser expressões de um esforço sistemático para atingir as metas e os objetivos sociais, ambientais e éticos. Políticas, processos, práticas e programas são vistos como parte integrante das operações de negócio das empresas, do processo de tomada de decisão, com o apoio da alta administração.

Questão para reflexão

O debate da responsabilidade ambiental intensificou-se porque a atuação das empresas e o impacto de suas atividades estavam afetando a qualidade de vida e comprometendo o futuro do planeta. O foco do debate é o cerne da estruturação da relação empresas com a sociedade: o papel das empresas e dos negócios na sociedade.

Foi a partir da década de 1970 que em vários países começam a surgir políticas governamentais que procuram tratar as questões ambientais de modo integrado e introduzir uma abordagem preventiva. Contribuíram para essa mudança os debates sobre as relações entre meio ambiente e desenvolvimento e os acordos ambientais multilaterais após a Conferência de Estocolmo – 72.

No quadro a seguir podem-se verificar os instrumentos de política pública ambiental utilizados pelos governos.

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Quadro 4.4 | Instrumentos de política pública ambiental – classificação e exemplos

Fonte: Barbieri (2004, p. 84).

GÊNERO ESPÉCIES

Comando e Controle

- padrão de emissão- padrão de qualidade- padrão de desempenho- padrões tecnológicos- proibições e restrições sobre produção, comercialização e uso de produtos e processos- licenciamento ambiental- zoneamento ambiental- estudo prévio de impacto ambiental

Econômico

- tributação sobre poluição- tributação sobre uso de recursos naturais- incentivos fiscais para reduzir emissões e conservar recursos- financiamento em condições especiais- criação e sustentação de mercados de produtos ambientalmente saudáveis- permissões negociáveis- sistema de depósito-retorno- poder de compra do Estado

Outros

- apoio ao desenvolvimento tecnológico e científico- educação ambiental- unidades de conservação- informações o público

Na década de 1980, as organizações não governamentais em prol do meio ambiente iniciam um trabalho incisivo e direto no direcionamento das estratégias ambientais corporativas. Com o aumento expressivo de pessoas envolvidas nas ONGs, estes começaram a desenvolver-se, ganhando poder, influência e recursos financeiros e especializaram-se em suas atividades, causando pressões sociais que levaram muitas organizações a adotarem novas práticas ambientais responsáveis.

Foi no período de 1970 a 1985 que se viu o começo de uma integração, embora fraca, entre preocupações ambientais e estratégias de negócios, o que alguns autores chamaram de "adaptação resistente". A partir deste período, as empresas começaram a criar departamentos especiais para tratar das questões ambientais.

Após a segunda metade da década de 1980 começou a surgir uma espécie de "ambientalismo de livre mercado", que trocou ênfase das regulações dos insumos e das atividades para os resultados. “Os

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novos instrumentos de política ambiental mudaram as possibilidades de utilização das ações ambientais como instrumentos de marketing e estratégia competitiva pelas empresas” (MENON; MENON, 1997, p. 52).

Na década de 1990, as organizações começam a integrar definitivamente as práticas ambientais as suas estratégias e tem início uma nova realidade do ambientalismo organizacional:

Proteção ambiental e competitividade econômica têm se entrelaçado. O que anteriormente foi dirigido por pressões que estavam fora do mundo dos negócios é agora direcionado por interesses que existem dentro dos ambientes econômico, político, social e mercadológico das empresas (SOUZA, 2004).

Muitas organizações, ao obterem boa performance ambiental, com boa gestão operacional, baixo risco financeiro e boas perspectivas de sucesso econômico futuro, estão começando a influenciar as normas de práticas corporativas e estão transformando o ambientalismo, de algo externo para algo que está dentro do sistema de mercado e que é central para os objetivos das empresas (HOFFMAN, 2000, p. 33).

Todo este panorama, com enfoque na relação desenvolvimento e meio ambiente, interfere diretamente nas atividades empresariais uma vez que, estas estão no centro de todo o processo que envolve principalmente: a utilização de recursos naturais, a geração de resíduos e a capacidade de suporte do planeta (tanto no suprimento de recursos, quanto na recepção de resíduos).

Paulatinamente, as empresas vêm percebendo que preservar a qualidade socioambiental pode ser uma oportunidade de investimento e de ganhos futuros e, paradoxalmente, pode se transformar numa vantagem competitiva. O modelo da gestão da qualidade introduziu novos conceitos e valores na gestão das empresas, buscando qualidade, satisfação dos clientes, abordagens preventivas em vez de corretivas, processos integrados, e reconheceu que os funcionários são colaboradores ativos para o sucesso das empresas (ALIGLERI, ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2009).

As relações entre a sociedade e as empresas se baseiam num contrato social que vai evoluindo conforme as mudanças sociais

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e as consequentes expectativas da sociedade. Nesse contrato, a sociedade legitima a existência da empresa, reconhecendo suas atividades e obrigações, bem como estabelecendo limites legais para sua atuação.

Questão para reflexão

Você acredita que a sociedade tem o direito de mudar suas expectativas dos negócios como um instrumento da própria sociedade?

Em consequência disso, as empresas são obrigadas a assumir suas responsabilidades e a responder às exigências da sociedade, cumprindo o papel que delas é esperado. Em princípio, as empresas são responsáveis pelas consequências de suas operações, incluindo os impactos diretos, assim como as externalidades que afetam terceiros, o que envolve toda a cadeia produtiva e o ciclo de vida dos seus produtos e serviços. Essa nova realidade impera que as organizações se moldem, principalmente ao novo consumidor que emerge, está mais maduro e requer mais responsabilidade das organizações. Para os consumidores a responsabilidade das organizações é evidenciada em suas ações, produtos e serviços. Assim a responsabilidade das organizações é evidenciada através da imagem que passa à sociedade através de sua comunicação de suas práticas e políticas.

As políticas ambientais ganham destaque nas organizações, principalmente pela cobrança dos consumidores, pelas ações dos ativistas e ONGs, exigências das certificações ISO 9000, ISO 14000, SA 8000 e a legislação vigente sobre proteção ao meio ambiente. Essas questões colaboram para uma maior responsabilidade social das organizações. Para obter bons resultados, a gestão ambiental nas organizações dependerá fundamentalmente de um marketing bem administrado, devendo fazer parte da política global e das estratégias adotadas pela empresa, com programas engajados nos objetivos gerais e no cumprimento da missão da organização.

Nos ambientes externo e interno, as organizações estabelecem oportunidades, ameaças, parâmetros, limites e desafios que têm de ser interpretados e se tornar significativos pelos diversos níveis da administração da empresa, por intermédio da leitura através de lente defletora representada por seu modelo de gestão, crenças e valores.

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Por outro lado, o que se procura é complementar essa abordagem social das organizações por um enfoque econômico, ambiental e principalmente pela análise do ambiente externo às empresas, de forma a delinear os fatores de influência presentes nas organizações em função de seu ramo de negócios ou setor econômico.

O nível de competitividade de uma empresa depende de um conjunto de fatores, variados e complexos, que se inter-relacionam e são mutuamente dependentes, tais como: custos, qualidade dos produtos e serviços, nível de controle de qualidade, capital humano, tecnologia e capacidade de inovação. Nos últimos anos, a gestão ambiental tem adquirido cada vez mais uma posição destacada, em termos de competitividade, devido aos benefícios que traz ao processo produtivo como um todo e a alguns fatores em particular que são potencializados.

Entre as vantagens competitivas da gestão ambiental, podemos encontrar:

Quadro 4.5 | Vantagens competitivas da gestão ambiental

Fonte: Dias (2011, p. 65)

(1) Com o cumprimento das exigências normativas, há melhora no desempenho ambiental de uma empresa, abrindo-se a possibilidade de maior inserção num mercado cada vez mais exigente em termos ecológicos, com a melhoria da imagem junto aos clientes e a comunidade;

(2) adotando um design do produto de acordo com as exigências ambientais, é possível torná-lo mais flexível do ponto de vista de instalações e operação, com um custo menor e uma vida útil maior;

(3) com a redução do consumo de recursos energéticos, ocorre a melhoria na gestão ambiental, com a consequente redução nos custos de produção;

(4) ao se reduzir ao mínimo a quantidade de material utilizado por produto, há redução dos custos de matéria-prima e do consumo de recursos;

(5) quando se utilizam materiais renováveis, empregando-se menos energia pela facilidade de reciclagem, melhora-se a imagem da organização;

(6) com a otimização das técnicas de produção, pode ocorrer melhoria na capacidade de inovação da empresa, redução das etapas de processo produtivo, acelerando o tempo de entrega do produto e minimizando o impacto ambiental do processo.

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É possível dizer que cada vez mais a questão ambiental começa a ser integrada ao planejamento das organizações, tornando-se uma questão estratégica, através da utilização e da adoção de certificações socioambientais, da adoção de práticas e de programas de responsabilidade ambiental e da adoção de sistemas de gestão ambiental.

4.1.4 Gestão ambiental

A inclusão da proteção ambiental entre os objetivos estratégicos da organização amplia substancialmente todo o conceito de administração. Administradores, executivos e empresários têm introduzido nas empresas programas de reciclagem, medidas para poupar energia e outras inovações ecológicas. Esse novo pensamento precisa ser acompanhado de uma mudança de valores, passando da expansão para a conservação, da quantidade para a qualidade, da dominação para a parceria. O novo pensamento e o novo sistema de valores, juntamente com as correspondentes percepções e novas práticas, constituem o que se denomina de “novo paradigma”, com reflexos imediatos nas escolas de formação e preparação de administradores.

A expressão gestão ambiental pode ser entendida como as diretrizes e atividades administrativas e operacionais que têm como objetivo obter efeitos positivos sobre o meio ambiente. Para Barbieri (2004, p. 21) a expressão gestão ambiental aplica-se a uma grande variedade de iniciativas relativas a qualquer tipo de problema ambiental. Na sua origem, estão as ações governamentais para enfrentar a escassez de recursos. A gestão ambiental começou efetivamente pelos governos dos Estados nacionais e desenvolveu-se à medida que os problemas foram surgindo. Por um longo período as iniciativas dos governos eram quase exclusivamente corretivas, isto é, os governos só enfrentavam os problemas ambientais depois que eles já haviam sido criados, embora isso ainda ocorra. Esse modo de agir produz ações fragmentadas apoiadas em medidas pontuais, pouco integradas e de baixa eficácia.

Centrada nos recursos, a gestão ambiental pressupõe escolher entre alternativas, que não sejam somente tecnológicas e criar as condições para que aconteça o que se pretende que aconteça, a sustentabilidade ambiental. Deve controlar e assegurar o

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cumprimento da lei ou normas que estão estabelecidas e regulam os comportamentos das pessoas, das sociedades, das empresas, das formas de produção e seus efeitos.

A gestão ambiental envolve o diagnóstico, o planejamento e o gerenciamento. O diagnóstico representa a identificação das potencialidades e problemas que ocorrem em determinado sistema. O planejamento ambiental é um processo que busca identificar e hierarquizar alternativas de uso dos recursos naturais, privilegiando o potencial em detrimento da demanda, a qualidade de vida do ser humano, sob o enfoque da felicidade, a participação da comunidade e a premissa de desenvolvimento sustentável.

Questão para reflexão

As empresas não competem e não crescem no vácuo, mas crescem refletindo a lógica e a dinâmica de setor econômico (ou ramos de atividades dos quais fazem parte), significa dizer que este último tem seu comportamento típico e parte da estratégia genérica das organizações, refletindo, necessariamente, essas características.

No macroambiente, tem-se maior amplitude das forças societárias que afetam todos os agentes no meio ambiente da organização, em termos de condições ou forças, quais sejam: econômicas; demográficas; físicas/ecológicas; tecnológicas; político/legais; e socioculturais.

Dependendo de como a empresa atua em relação aos problemas ambientais decorrentes de suas atividades, ela pode desenvolver diferentes abordagens, as quais podem ser também compreendidas como estágios evolutivos de um processo de implementação gradual de práticas de gestão ambiental (BARBIERI, 2004).

Nesse sentido, vários autores (HUNT; AUSTER, 1990; HOFFMAN, 1999; SHARMA; PABLO; VREDENBURG, 1999; BARBIERI, 2004; JABBOUR; SANTOS, 2004) realizaram estudos no sentido de identificar as fases evolutivas da gestão ambiental empresarial, procurando distinguir ou caracterizar cada uma das fases encontradas em seus trabalhos. Os achados desses autores serão abordados no intuito de melhor compreender o desenvolvimento da gestão ambiental nas organizações.

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Hunt e Auster (1990) identificaram um continuum de cinco estágios de desenvolvimento ambiental nas organizações, conforme discriminadas a seguir:

O estágio 1 (beginner) é aquele em que não há nenhuma prevenção para os riscos ambientais e a gestão ambiental não é percebida como uma função necessária. Não há esforços por parte da empresa no sentido de identificar os requisitos ambientais ou as repercussões de potenciais impactos negativos das operações sobre o meio ambiente. Além disso, a alta administração não se envolve com as questões ambientais, tendo como consequência a disponibilização mínima de recursos voltados para esse propósito.

No estágio 2 (fire fighter), empreende-se uma mínima proteção contra os riscos ambientais por meio de esforços pontuais de pequenos grupos centralizados de apoio para resolver problemas após eles ocorreram. A alta administração se envolve de forma gradativa e os recursos apenas são disponibilizados na medida em que há necessidade e interesse da organização de lidar com questões ambientais específicas.

No estágio 3 (concerned citizen), há uma moderada proteção contra os riscos ambientais. A gestão ambiental é uma função percebida como relevante para a organização. A alta administração está teoricamente comprometida e, apesar de os recursos ainda serem mínimos, estes se tornam consistentes.

O estágio 4 (pragmatist) provê uma ampla proteção contra os riscos ambientais. A gestão ambiental é compreendida como uma função importante na organização. A alta administração, por estar moderadamente envolvida e atenta às questões ambientais, disponibiliza recursos suficientes para lidar com as demandas. São realizados os primeiros programas de educação e treinamento ambiental para os empregados. As áreas de produção e projeto do produto começam, ainda que moderadamente, a se envolverem e integrarem suas atividades em prol do meio ambiente.

No estágio 5 (proactivist), há uma máxima proteção contra os riscos ambientais. A gestão ambiental é um item prioritário na organização. A alta administração está ativamente envolvida, existe forte integração entre as áreas e os programas de educação ambiental são estendidos para todas as pessoas da organização. Os requisitos e metas são claros e existem relatórios formais e reuniões periódicas para discutir e expor as questões ambientais.

Hoffman (1999 e 2001), em pesquisa realizada junto a indústrias químicas e petrolíferas, entre 1960 e 1993, para entender como estas indústrias se moveram de uma postura de veemente resistência ao ambientalismo para uma postura proativa, e por que esta transformação ocorreu, verificou quatro períodos no ambientalismo corporativo:

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(1) ambientalismo industrial (1960-70), que focava sobre a resolução interna de problemas como um adjunto para a área de operações;

(2) ambientalismo regulatório (1970-82), cujo foco era sobre a conformidade com as regulamentações, dada a imposição externa de novas leis ambientais cada vez mais rigorosas;

(3) ambientalismo como responsabilidade social (1982-88), cujo foco era sobre a redução de poluição e minimização de resíduos dirigidos externamente por associações de indústrias e iniciativas voluntárias; e.

(4) ambientalismo estratégico (1988-93), que focava na integração de estratégias ambientais proativas a partir da administração superior.

Sharma et al. (1999) também estudaram a evolução do ambientalismo nas empresas, por meio de pesquisa com sete empresas do setor petrolífero canadense. A pesquisa tinha como objetivo verificar quais fatores, e como eles operavam e levavam as estratégias ambientais. O trabalho constatou que existem quatro fases de evolução da estratégia de responsabilidade: gestação, politização, legislação e litigação.

Na fase de gestação (1980-85), tanto a intensidade regulatória quanto a preocupação pública com a preservação ambiental eram de baixo nível. Contudo, grupos ambientalistas mobilizaram-se neste período para aumentar a consciência social sobre os danos ambientais causados pelas indústrias de petróleo.

Na fase de politização (1986-87), o meio ambiente tornou-se incrementalmente importante nos debates de políticas públicas, e as agências governamentais incumbiram-se de revisar as regulamentações e recomendaram que elas fossem racionalizadas e intensificadas. As empresas tinham pouco interesse nas questões ambientais e, na sua maioria, apenas limitavam-se a atender à legislação.

Durante a fase legislativa (1988-92) intensificou-se dramaticamente a preocupação pública com o meio ambiente devido a vários "eventos críticos" que ocorreram no período, como alguns acidentes ambientais bastante publicados (o derramamento de petróleo da Exxon Valdez, por exemplo), a descoberta do buraco na camada de ozônio, os recordes de temperatura alcançados na América do Norte e Europa e interpretados como um sinal de aquecimento global, entre outros. Grandes acordos e conferências internacionais, como o Protocolo de Montreal e o Relatório Brundtland, também contribuíram para o acirramento da pressão da opinião pública e das regulamentações sobre as empresas. Vários administradores das empresas estudadas foram unânimes em sua opinião de que a motivação para a redução de riscos ambientais neste período foi evitar perturbações e perdas financeiras.

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Por fim, na fase de mitigação (1993 em diante), o nível de preocupação pública com as questões ambientais permaneceu alto e, em 1993, regulações federais e provinciais foram consolidadas e os administradores passaram a ser considerados responsáveis criminalmente pelos acidentes e danos ambientais causados por suas companhias. Este foi o grande "evento crítico" desta fase. Estas regulamentações causaram pânico, pois representavam perda pessoal aos gestores das empresas, obrigando-as a incorporar definitivamente as preocupações ambientais em suas decisões e ações.

Estudando os referenciais teóricos sobre o desenvolvimento da gestão ambiental, Jabbour e Santos (2006, p. 441) estabeleceram uma taxonomia comum sobre as fases evolutivas da gestão ambiental nas organizações que partem de uma atitude reativa para uma atitude proativa, conforme apresenta o quadro a seguir:

Quadro 4.6 | Fases evolutivas da gestão ambiental

Fases

evolutivasPráticas de gestão ambiental

Especialização

funcional

As ações são predominantemente reativas. As principais preocupações

estão no atendimento às regulamentações ambientais e em evitar a

geração de problemas ecológicos para a alta administração. Ocorre

tipicamente em organizações que não consideram a variável ambiental

como uma oportunidade de negócios, mas sim como um entrave ao

sucesso das estratégias organizacionais.

Integração

interna

O desempenho ecológico da organização não é tratado como fator

estratégico, forçando a área de gestão ambiental a adaptar os programas e

políticas às estratégias em vigor. As principais atividades desempenhadas

dizem respeito à prevenção da poluição. A variável ambiental é tratada em

projetos de negócios específicos, não sendo considerada relevante por

todas as divisões da organização.

Integração

externa

As atividades de gestão ambiental são alinhadas ao planejamento

estratégico da empresa. Entende-se o meio ambiente como uma

oportunidade de negócios. Nesse sentido, buscam-se oportunidades

no mercado que possam ser exploradas por meio de uma abordagem

ambiental proativa. São elaboradas, portanto, estratégias, as quais se

destacam pela participação ativa de todos da organização em prol

de vantagens competitivas. Costuma ocorrer em organizações mais

dinâmicas, que constantemente procuram reforçar as variáveis de sua

vantagem competitiva.

Fonte: Adaptado de Jabbour e Santos (2006, p. 442).

O estudo da evolução da gestão ambiental empresarial leva à compreensão de que as decisões que as organizações tomam devem ser resultantes de um processo de análise de variáveis

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interna e externa à organização, alinhadas aos propósitos, princípios e objetivos de longo prazo. Deve-se, portanto, inserir as questões ambientais na administração estratégica organizacional.

No contexto da gestão ambiental surge a gestão ambiental da cadeia de suprimentos (do inglês, Green Supply Chain Management – GSCM).

4.1.5 Gestão ambiental da cadeia de suprimentos

Figura 4.3 | Gestão ambiental da cadeia de suprimentos

Fonte: <http://globalogistics.blogspot.com.br/2013_09_01_archive.html>. Acesso em: 30 abr. 2015.

A gestão da cadeia de suprimentos pode ser definida como a integração dos principais processos de negócios desde o consumidor final até os fornecedores de matérias-primas, fornecendo produtos, serviços e informação que adicionam valor aos consumidores e demais partes interessadas das organizações (GLOBAL SUPPLY CHAIN FÓRUM, 2008 apud SEIFFERT, 2005).

A GSCM amplia o conceito tradicional da gestão da cadeia de suprimentos, englobando as questões de logística reversa e as questões de sustentabilidade ambientais, a fim de que os impactos ambientais sejam minimizados durante todo o ciclo de vida do produto.

Dessa forma, a questão cadeia de suprimentos sustentável se insere definitivamente no cenário da logística empresarial, como um

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conjunto de políticas, ações adotadas e os relacionamentos formados pelas empresas objetivando a preservação do meio ambiente.

Entende-se que a GSCM é a integração das preocupações ambientais, incluindo a Logística Verde e a Logística Reversa, procurando minimizar os impactos ambientais e sociais de um produto ou serviço, tendo início no processo de compras mais sustentáveis até a integração de todo o fluxo da cadeia de suprimentos, do fornecedor ao consumidor.

Questão para reflexão

Você acha que a GSCM é um modismo ou veio para ficar?

Podemos dizer que a GSCM diz respeito ao conjunto de políticas e práticas administrativas e operacionais que levam em conta a saúde e a segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente por meio da eliminação ou mitigação de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação de empreendimentos ou atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida do produto. Assim, a gestão ambiental envolve as atividades de planejamento e organização do tratamento da variável ambiental pela empresa, objetivando-se alcançar metas ecológicas específicas (SEIFFERT, 2005).

Devemos perceber que a sustentabilidade da cadeia de suprimentos é a expressão utilizada para se denominar a gestão que se orienta para evitar, na medida do possível, problemas para o meio ambiente. Em outros termos, é a gestão cujo objetivo é conseguir que os efeitos ambientais não ultrapassem a capacidade de carga do meio onde se encontra a organização, ou seja, obter um desenvolvimento sustentável da logística.

A GSCM pode ser dividida em interna e externa. A gestão ambiental interna refere-se às questões relativas a um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Esse sistema procura desenvolver as atividades de logísticas com vistas à diminuição dos impactos ambientais durante os processos logísticos internos da empresa. A gestão externa refere-se às atividades como:

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(1) compras, procura por fornecedores certificados ambientalmente, aquisição de insumos com selo verde, compras verdes, a partir de critérios de seleção, monitoramento e avaliação de fornecedores ambientalmente adequados;

(2) projeção de produtos, tendo em vista aspectos de ecoeficiência;

(3) cooperação com os clientes, a fim de apoiar mudanças de projeto de produto e produção mais limpa;

(4) recuperação do investimento, com o objetivo de destinar corretamente sucata, máquinas obsoletas etc.

(5) logística reversa, fazer o fluxo reverso do produto pós-consumo de forma a buscar a alternativa mais viável entre o reuso, a reciclagem, a remanufatura ou o descarte.

Fan Wang e Gupta (2011, p. 37) definem GSCM da seguinte forma:

A ideia principal é reduzir o impacto ambiental por meio de uma cadeia de valor, da matéria-prima até o produto final. Nesse caso, a redução dos impactos ambientais inclui a redução do uso de energia, do consumo de recursos naturais e inclui também redução de problemas relacionados à poluição. [...] Para esse efeito, a GSCM deve aumentar as atividades de gestão da Logística Reversa (que incluem redução do uso de recursos naturais, uso de matérias-primas renováveis, reciclagem de materiais residuais e de substâncias perigosas) para integrar todos os aspectos da gestão ambiental relacionados ao seu domínio.

Como vemos, a GSCM emprega as práticas de responsabilidade ambiental da gestão ambiental procurando a diminuição dos impactos ambientais de produtos e serviços incluindo ações em toda a cadeia de suprimentos.

Fan Wang e Gupta (2011) descrevem a evolução do conceito da cadeia de suprimentos verdes. Veja a figura a seguir:

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial180

Figura 4.4 | Evolução da cadeia de suprimentos verde

Fonte: Fan Wang e Gupta (2011).

BAIXA Complexidade da cadeia de suprimentos

1960-1970- normas ambientais focadas apenas no controle da poluição do ar- cadeias de suprimentos mais simples e havia apenas o planejamento da rentabilidade- cadeias de suprimentos e normas ambientais não estavam relacionadas

1970-1980- início do planejamento dos recursos materiais na cadeia de suprimentos- regulamentação a respeito de aspectos ambientais para a manufatura- início da gestão de riscos

1980-1990- gestão de resíduos e controle da poluição- introdução da sustentabilidade ambiental na manufatura localmente- introdução da sustentabilidade ambiental nos processos por meio de terceirização- nenhum impacto na cadeia de suprimentos

1990-2000- melhoria dos processos para reduzir o consumo de matéria-prima- minimização de resíduos e melhoria da eficiência

2000-2010- gestão sistemática de produtos e processos para maximizar a rentabilidade e garantir a qualidade ambiental- foco nos efeitos ambientais do ciclo de vida de produtos e processos

2010 +- sustentabilidade ambiental da cadeia de suprimentos- foco na redução da pegada de carbono da cadeia de suprimentos- gestão da energia- prevenção da poluição, ao invés do controle da poluição- uso de produtos recicláveis e reutilizáveis

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A GSCM é um importante instrumento gerencial para capacitação e criação de condições de competitividade para as organizações, qualquer que seja seu segmento econômico.

Para algumas empresas as práticas de sustentabilidade ambiental voltadas para a cadeia logística são apenas respostas às exigências legais. Para Xavier (2013), poucas empresas percebem o potencial econômico e social da consolidação de estratégias e implementação de práticas ambientais, e somente as empresas de grande porte têm investido nesse nicho e alcançado ganhos significativos, conforme evidenciam indicadores como o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) ou o Índice Dow Jones de sustentabilidade.

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Acesse a página do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Disponível em: <http://www.sustainability-indices.com/>. Acesso em: 21 maio 2015.

Acesse a página do Índice Dow Jones de sustentabilidade.Disponível em: <http://www.atitudessustentaveis.com.br/sustentabilidade/indice-dow-jones-de-sustentabilidade-empresas-sustentaveis/>. Acesso em: 21 maio 2015.

Foi nos Estados Unidos, no final da década de 1990, que surgiram as primeiras práticas de responsabilidade ambiental voltadas para a gestão logística, o que se deu em virtude do estabelecimento de leis voltadas à diminuição das emissões de poluentes de modais de transporte como o rodoviário, evidenciando a interação entre a logística e o meio ambiente.

Foi exatamente a preocupação com a poluição dos caminhões que oportunizou o surgimento das primeiras práticas e leis focadas em logística. As questões de responsabilidade ambiental foram evoluindo ao longo dos tempos, e em paralelo as questões logísticas também, sendo cada vez mais vinculadas à sustentabilidade, dando origem à Logística Ambiental ou Logística Verde.

A Logística Ambiental enfoca a questão ambiental, atuando como proposta da sustentabilidade dos sistemas produtivos.

Fique ligado

• A responsabilidade ambiental empresarial, vem ganhando destaque no cenário mundial e no ambiente dos negócios, principalmente porque a busca por um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental são importantes para a formação da reputação das organizações.

• Os termos Logística Verde e Logística Reversa, inseridos na questão da responsabilidade ambiental empresarial, vem ganhando destaque no cenário mundial e no ambiente dos negócios, principalmente porque a busca por um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental, são importantes para a formação da reputação das organizações.

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• Essa nova realidade se dá em virtude de alguns aspectos ambientais que imperam transparência nos negócios, sendo estes: cuidado em atender à legislação, preocupação com os stakeholders e preocupação com o que pensam os consumidores, cada vez mais conscientes de seu papel na sociedade em busca do desenvolvimento sustentável, cobrando das organizações novos posicionamentos.

• A maior conscientização e as pressões levaram as organizações a adotarem uma nova postura em relação às questões ambientais.

• No novo ambiente de negócios a imagem da marca torna-se um importante fator estratégico, e influencia fortemente o preço das ações e a fidelidade dos clientes. A reputação baseia-se na síntese de como os stakeholders (clientes, fornecedores, governos, acionistas, organizações não governamentais, mídia, colaboradores, concorrentes) como veem a empresa.

• O debate ambiental contemporâneo assume, predominantemente, que a preocupação ambiental está ligada ao problema da poluição industrial. Nesse contexto, as exigências ambientais eram poucas, e a fumaça era vista como sinal de progresso e desenvolvimento, muitas vezes, utilizado como símbolo de desenvolvimento em propagandas.

• O ambientalismo se apresenta em duas frentes: uma conservadora do status quo, e outra transformadora, que defende um mundo ecologicamente sustentável, e que está tensionada por duas forças principais: a do ambientalismo radical, orientado pela ética e pela crítica aos valores predominantes na sociedade; e a do ambientalismo renovado, que compatibiliza o modelo de desenvolvimento econômico com a conservação dos recursos naturais.

• Percebe-se que as pressões para o surgimento de soluções aos problemas ambientais ocasionaram o surgimento de organizações não governamentais (ONGs) voltadas ao meio ambiente, reuniões entre especialistas e governos, maior conscientização da população, legislação específica, e uma evolução natural do pensamento ambiental.

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• O desenvolvimento sustentável ambiental percorreu um longo caminho de construção conceitual e prática, estando seu delineamento e entendimento ainda em elaboração.

• O conceito de desenvolvimento sustentável circunscreve o de proteção ambiental e está fundamentado em valores éticos e sociais, marcando uma filosofia de desenvolvimento que conjuga eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica.

• Novos princípios precisam ser formulados, para que a sociedade ultrapasse as etapas de reconhecimento das ineficiências e deficiências da chamada sociedade de consumo e de proposições de linhas de ação para a de “sistematização real de um novo patamar científico”, que se concretizará com o avanço da ciência econômica na incorporação da natureza como um “valor intrínseco e como parte do patrimônio humano” (BUARQUE, 1990, p. 133).

• Constata-se que o desenvolvimento sustentável é um conceito que circunscreve o de proteção ambiental e está fundamentado em valores éticos e sociais, assim, adota-se como referencial o conceito de que o desenvolvimento sustentável é: uma proposta que tem em seu horizonte uma modernidade ética, não apenas uma modernidade técnica (uma vez que absorve), o compromisso com a perenização da vida.

• Diante dos desafios de conservação do meio ambiente, do cumprimento às leis e da procura por uma imagem organizacional condizente com as expectativas da opinião pública surge, na prática, a produção mais limpa e a eco eficiência na estratégia, que vem contribuir de forma efetiva para o fim das práticas das técnicas de “fim de tubo” e construir uma nova estrutura necessária para integrar os conceitos de desempenho econômico e ambiental.

• Paulatinamente as empresas vêm percebendo que preservar a qualidade socioambiental pode ser uma oportunidade de investimento e de ganhos futuros e, paradoxalmente, pode se transformar numa vantagem competitiva. O modelo da gestão da qualidade introduziu novos conceitos e valores na gestão das empresas, buscando qualidade, satisfação dos clientes, abordagens preventivas, em vez de corretivas,

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processos integrados, e reconheceu que os funcionários são colaboradores ativos para o sucesso das empresas.

• A inclusão da proteção ambiental entre os objetivos estratégicos da organização amplia substancialmente todo o conceito de administração. Administradores, executivos e empresários têm introduzido nas empresas programas de reciclagem, medidas para poupar energia e outras inovações ecológicas. Esse novo pensamento precisa ser acompanhado de uma mudança de valores, passando da expansão para a conservação, da quantidade para a qualidade, da dominação para a parceria. O novo pensamento e o novo sistema de valores, juntamente com as correspondentes percepções e novas práticas, constituem o que se denomina de “novo paradigma”, com reflexos imediatos nas escolas de formação e preparação de administradores.

• A expressão gestão ambiental pode ser entendida como as diretrizes e atividades administrativas e operacionais que têm como objetivo obter efeitos positivos sobre o meio ambiente. Para Barbieri (2004, p. 21) a expressão gestão ambiental aplica-se a uma grande variedade de iniciativas relativas a qualquer tipo de problema ambiental. Na sua origem, estão as ações governamentais para enfrentar a escassez de recursos. A gestão ambiental começou efetivamente pelos governos dos Estados nacionais e desenvolveu-se à medida que os problemas foram surgindo. Por um longo período as iniciativas dos governos eram quase exclusivamente corretivas, isto é, os governos só enfrentavam os problemas ambientais depois que eles já haviam sido criados, embora isso ainda ocorra. Esse modo de agir produz ações fragmentadas apoiadas em medidas pontuais, pouco integradas e de baixa eficácia.

• A GSCM amplia o conceito tradicional da gestão da cadeia de suprimentos, englobando as questões de logística reversa e as questões de sustentabilidade ambientais, a fim de que os impactos ambientais sejam minimizados durante todo o ciclo de vida do produto.

• Para algumas empresas as práticas de sustentabilidade ambiental voltadas para a cadeia logística são apenas

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respostas às exigências legais. Poucas empresas percebem o potencial econômico e social da consolidação de estratégias e implementação de práticas ambientais, e somente as empresas de grande porte têm investido nesse nicho e alcançado ganhos significativos, conforme evidenciam indicadores como o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) ou o Índice Dow Jones de sustentabilidade.

• A Logística Ambiental enfoca a questão ambiental, atuando como proposta da sustentabilidade dos sistemas produtivos.

Atividades de aprendizagem

1. Diante dos desafios de conservação do meio ambiente, do cumprimento às leis e da procura por uma imagem organizacional condizente com as expectativas da opinião pública surge, na prática, a produção mais limpa e a eco eficiência na estratégia. De que forma estas duas práticas contribuem com as empresas e com a gestão ambiental?

2. Paulatinamente as empresas vêm percebendo que preservar a qualidade socioambiental pode ser uma oportunidade de investimento e de ganhos futuros e, paradoxalmente, pode se transformar numa vantagem competitiva. O modelo da gestão da qualidade introduziu novos conceitos e valores na gestão das empresas. Quais são estes novos conceitos?

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Seção 4.2Logística Ambiental e Reversa como fator de competitividade empresarial

4.2.1 Logística Ambiental

A logística evolui constantemente para se adaptar às novas exigências do mercado e, atualmente, a tendência dominante é a adoção de práticas sustentáveis. Assim, surge a Logística Ambiental, que engloba a variável ambiental nos negócios das empresas, agregando-lhes valores de diversas naturezas: legal, econômica, competitiva, de imagem corporativa e ambiental.

Como vimos, as questões ambientais estão cada vez mais em pauta, levando as organizações a repensarem seu modo de atuar. A logística está entre as áreas empresariais que mais têm sofrido pressões legais, econômicas e de mercado para uma maior responsabilidade ambiental, fazendo surgir, assim, uma Logística Ambiental ou Logística Verde.

A Logística Verde é a área da logística que tem como objetivo a redução dos impactos das atividades logísticas sobre seu entorno (população e natureza), como por exemplo: contenção de emissão de resíduos ao meio ambiente; diminuição do desperdício de materiais (sólidos e líquidos) resultantes do processo logístico; busca pelo reaproveitamento de materiais que antes eram encaminhados ao lixo; guarda segura de estoques; compra de materiais de fornecedores certificados; reaproveitamento e reutilização de materiais antes descartados; novos usos para matérias antes descartadas; uso consciente de materiais no processo logístico (papel, água, combustível, embalagem); cuidado mais zeloso com materiais para que tenham longa durabilidade (contenedores, contâineres, embalagens, paletes etc.); aquisição de equipamentos de movimentação de maior durabilidade; parceria (uso compartilhado) para utilização de equipamentos de movimentação de materiais; uso compartilhado de frota etc.

Percebe-se que Logística Verde (LV) e Logística Reversa (LR) não são diferentes, porém a Logística Verde tem uma abrangência muito maior, assim a LR está dentro do universo da Logística Verde.

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4.2.2.1 Logística verde x logística reversa

A LR trata do retorno de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. Esse processo já ocorre há alguns anos nas indústrias de bebidas (retorno de vasilhames de vidro) e distribuição de gás, tanto os especiais como os de cozinha, com a reutilização de seus vasilhames, isto é, o produto chega ao consumidor e a embalagem retorna ao centro produtivo para que seja reutilizada e volte ao consumidor final em um ciclo contínuo.

É importante observar que a logística tradicional não considerou aspectos ambientais quando de sua concepção original, considerando-se como externalidades de seus processos. Nos dias de hoje, o apelo da sustentabilidade de produtos e serviços (entre eles os serviços logísticos) pode ser um critério relevante para a conquista e manutenção de mercados, ou seja, para a competitividade empresarial.

Para iniciar nosso estudo sobre competitividade da LV e do LR, primeiro precisamos diferenciá-las de forma mais contundente.

A Logística Reversa, como sabemos, tem uma preocupação centrada no fluxo reverso de materiais e produtos tanto no pós-venda como no pós-consumo. Já a Logística Verde tem uma preocupação mais abrangente, preocupando-se com a avaliação e minimização dos problemas ambientais associados às atividades de logística empresarial, passando pelas preocupações relativas à Logística Reversa. Assim, podemos dizer que a LV engloba a LR, como vemos na figura a seguir:

Figura 4.5 | Logística verde engloba logística reversa

Fonte: A autora (2015).

Logística Verde

Logística Reversa

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A LV procura atuar em cinco frentes de trabalho:

(1) Redução das externalidades dos transportes de carga: impactos no volume do tráfego e poluição atmosférica e sonora gerada.

(2) Logística urbana: além da avaliação dos impactos acima, envolve a avaliação dos benefícios econômicos, alocação de espaço viário e investimento em transportes.

(3) Logística reversa: retorno dos resíduos à cadeia produtiva e redução do volume de resíduos destinados à disposição final (aterros e incineração).

(4) Estratégias ambientais organizacionais no sentido da logística: incorporação do meio ambiente como elemento-chave do modelo de negócio da organização, iniciativas e programas ambientais.

(5) Gestão verde da cadeia de suprimentos: alinhamento e integração da gestão ambiental na gestão da cadeia de suprimentos.

Questão para reflexão

A Logística Verde é a parte da logística que se preocupa com os aspectos e impactos ambientais causados pela atividade logística, que pode trazer ganhos ambientais, pois tem como finalidade o desenvolvimento sustentável.

Tanto a Logística Reversa quanto a LV se preocupam com a reciclagem, com a remanufatura e com as embalagens reutilizáveis, conforme a figura a seguir:

Figura 4.6 | Logística verde e sua integração com a logística reversa

Fonte: Rogers e Tibben-Lembke (2001, p. 131).

- Retorno dos produtos- Retornos comerciais- Materiais secundários

- Redução de embalagens- Redução de emissões- Impacto ambiental de operações logísticas

- Reciclagem- Remanufatura- Embalagens reutilizáveis

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Percebe-se que a LR não é, portanto, apenas um processo a ser implementado pela organização, mas uma filosofia que deve ser considerada sob diversos pontos de vista. A partir daí, precisa ser traduzida para a estratégia e então para os processos operacionais da organização.

Os conceitos de logística verde não se aplicam somente à logística reversa, como também são utilizados na logística direta. Por exemplo, um estudo para reutilização de pilhas e baterias trata ao mesmo tempo da logística reversa e da logística verde. Por outro lado, a redução no consumo de energia de um determinado processo é um estudo de LV, porém trata de LR.

A ‘Logística Sustentável ou Verde’ tem como objetivo principal atender aos princípios de sustentabilidade ambiental, considerando a responsabilidade do ‘berço à cova’ ou do ‘berço ao berço’. Na responsabilidade do ‘berço à cova’, quem produz deve responsabilizar-se também pelo destino final dos produtos gerados, de forma a reduzir o impacto ambiental que eles causam, incinerando-os ou dispondo-os em um aterro sanitário. No entanto, já existem críticas a esse modelo, que vem sendo substituído paulatinamente pela responsabilidade do ‘berço ao berço’, que propõe que a sociedade continue a consumir e a se desenvolver, porém, invés de destruir o meio ambiente, deve-se alimentar o ciclo biológico da Terra (lixo = comida) e o ciclo tecnológico das indústrias. Neste contexto, o que não puder ser utilizado como nutriente/comida para o meio ambiente, deverá ser quebrado em elementos que possam ser reabsorvidos pelas indústrias como matérias-primas de qualidade (MCDONOUGH; BRAUNGART, 2002).

O conceito proposto por McDonough e Braungart e chamado de ‘Cradleto Cradle’, pressupõe que o conceito de gestão do ciclo de vida do berço à cova não pode mais ser considerado viável econômica e ambientalmente é muito menos eficiente, pois é notório que muitos resíduos possuem possibilidades de revalorização e reinserção nos processos produtivos e/ou de negócios e não devem simplesmente ser incinerados ou dispostos em um aterro sanitário.

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial190

Questão para reflexão

O gerenciamento logístico tem como foco a integração das atividades da empresa e sua intensa troca de informações, pois se considerando que todas estas atividades fazem parte de um processo único, cujo objetivo é satisfazer as necessidades do cliente final, não há razões para gerenciá-las separadamente incorrendo em riscos desnecessários à empresa.

4.2.2.2 Logística reversa

A logística ambiental ou logística verde é uma importante ferramenta que, aliando a gestão ambiental à gestão logística, representa um importante avanço na gestão de sistemas produtivos: a logística ambiental compreende atividades como o planejamento de embalagens para a redução do uso de materiais e energia e redução da geração de emissões pelo transporte. Entretanto, a logística reversa representa muito mais que reuso de embalagem e reciclagem de materiais. Pode compreender operações, por exemplo, de remanufatura e recondicionamento e pode ser definida como o processo de movimentar produtos, a partir de seu descarte, com o objetivo de agregar valor a eles ou promover a sua destinação adequada.

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (estabelecida pela Lei nº 12.305 de 2/08/2010), a logística reversa pode ser definida como “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.

Figura 4.7 | Logística reversa

Fonte: <http://www.doeseulixo.org.br/ultimas-noticias/page/3/>. Acesso em: 30 abr. 2015.

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De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a logística reversa passará a vigorar em 2014 e deverá estar implantada em todo país até o ano de 2015. Porém, já existem muitas indústrias utilizando a logística reversa em função da política de responsabilidade ambiental que possuem.

Vantagens para a sociedade e meio ambiente

• Possibilita o retorno de resíduos sólidos para as empresas de origem, evitando que eles possam poluir ou contaminar o meio ambiente (solo, rios, mares, florestas etc.).

• Permite economia nos processos produtivos das empresas, uma vez que estes resíduos entram novamente na cadeia produtiva, diminuindo o consumo de matérias-primas.

• Cria um sistema de responsabilidade compartilhada para o destino dos resíduos sólidos. Governos, empresas e consumidores passam a ser responsáveis pela coleta seletiva, separação, descarte e destino dos resíduos sólidos (principalmente recicláveis).

• As indústrias passarão a usar tecnologias mais limpas e, para facilitar a reutilização, criarão embalagens e produtos que sejam mais facilmente reciclados.

A implantação do sistema de logística reversa é mais um elemento rumo ao desenvolvimento sustentável do planeta, pois possibilita a reutilização e redução no consumo de matérias-primas. Na prática, a LR deve funcionar da seguinte forma: uma empresa fabricante de pneus deverá receber de volta seus produtos já usados.

Figura 4.8 | Logística reversa

Fonte: <http://www.doeseulixo.org.br/ultimas-noticias/page/3/>. Acesso em: 30 abr. 2015.

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A função de cada setor no processo:

• Consumidores: devolver os produtos que não são mais usados em postos (locais) específicos.

• Comerciantes: instalar locais específicos para a coleta (devolução) destes produtos.

• Indústrias: retirar estes produtos, através de um sistema de logística, reciclá-los ou reutilizá-los.

• Governo: criar campanhas de educação e conscientização para os consumidores, além de fiscalizar a execução das etapas da logística reversa.

Principais produtos que farão parte do sistema de logística reversa:

• Pneus.

• Pilhas e baterias.

• Embalagens e resíduos de agrotóxicos.

• Lâmpadas fluorescentes, de mercúrio e vapor de sódio.

• Óleos lubrificantes automotivos.

• Peças e equipamentos eletrônicos e de informática.

• Eletrodomésticos (geladeiras, fogões, micro-ondas, freezers etc.).

4.2.3 Responsabilidade ambiental como prática estratégica de logística

A questão socioambiental tem assumido proporções estratégicas em algumas organizações, pois a prática de ações com base na responsabilidade socioambiental corporativa tem sido vista pelo mercado como uma forma inovadora de diferenciar-se das demais organizações ou de criar vantagens competitivas em mercados saturados e de concorrência sem fronteiras.

• Por que as organizações deveriam adotar estratégias empresariais que levam em conta a questão ambiental e ecológica?

• Não seria um mero surto de preocupações passageiras que demandam medidas com pesado ônus para as empresas que a adotarem?

Conforme Wood Júnior e Zuffo (1997, p. 3), as “organizações estão deixando de ser sistemas relativamente fechados para se

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial 193

4.2.4 Práticas estratégicas ambientais de logística

tornarem sistemas cada vez mais abertos. Suas fronteiras estão se tornando mais permeáveis e, em muitos casos, difíceis de identificar”.

Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009, p. 30) salientam que:

De acordo com Shrivasta (1995) para que as organizações alcancem os objetivos da sustentabilidade, precisam ser reformadas, redesenhadas, e reestruturadas para minimizar seus impactos ecológicos negativos.

A busca para solucionar os problemas ambientais não deve ficar circunscrita apenas a inovações tecnológicas em processos, mantendo a exploração dos recursos e produção de resíduos, pois, desta maneira, os problemas somente aumentaram. Conforme alerta Câmara (2009, p. 67), há necessidade de uma alteração do pensamento empresarial buscando incorporar, desde o projeto de produtos e regulamentação, variáveis ligadas ao meio ambiente e à qualidade de vida da população.

Para Souza (2004) a complexa relação entre o meio ambiente e o mundo dos negócios requer boas técnicas administrativas e habilidade organizacional para que as empresas alcancem a aprendizagem necessária para transformar suas estratégias ambientais em vantagens competitivas e financeiras.

Percebe-se que o problema da implantação da gestão ambiental e de práticas e ações ambientalmente corretas não passa somente pela lucratividade e competitividade, mas pelas condições da organização e de que forma elas podem atuar.

Conclui-se que as práticas estratégicas ambientais, como destaca Roome (1992), vão do não cumprimento da legislação,

Empresas com imagem e marcas fortes têm se preocupado com a reputação e legitimidade dos outros agentes da cadeia. A habilidade de compartilhar atividades na cadeia de valor é a base para a competitividade empresarial, porque a integração realça a vantagem competitiva por aumentar a diferenciação com outras redes de negócios. Esta condição sugere que o alcance da sustentabilidade só ocorre se for integrada ao longo da cadeia de negócios.

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passando pelo cumprimento, cumprimento a mais, excelência comercial e ambiental e finalizando com a liderança ambiental.

As estratégias ambientais são resultado das pressões do ambiente e do foco que as organizações dão a essas estratégias, que acabam resultando em estratégias ambientais, visualizadas pelas empresas como práticas e ações de responsabilidade ambiental.

De acordo com Dias (2011, p. 67), há diversas razões que podem incentivar uma empresa a adotar estratégias ambientais; além dos interesses econômicos, podem surgir de estímulos internos e externos. Esses estímulos podem ser descritos como fatores motivadores para a adoção de estratégias e práticas de responsabilidade ambiental. Os estímulos externos, segundo Dias (2011, p. 69) são:

4.2.5 Estratégias ambientais logísticas

(1) demanda do mercado; (2) a concorrência; (3) o poder público e a legislação ambiental; (4) e meio sociocultural; (5) as certificações ambientais; e (6) os fornecedores.

(1) a necessidade de redução de custos; (2) incremento na qualidade do produto; (3) melhoria da imagem do produto e da empresa; (4) a necessidade de inovação; (5) aumento da responsabilidade social; e (6) sensibilização do pessoal interno.

Já os estímulos internos, segundo o autor são:

Miles e Covin (2000) estabelecem outra tipologia para as estratégias ambientais. Segundo estes autores, existem basicamente dois modelos (que os autores chamam de “filosofias de comportamento organizacional"): o modelo da conformidade e o modelo estratégico de gestão ambiental. O modelo de conformidade sugere que as firmas apenas cumpram com todas as regulações e leis aplicáveis, visando maximizar o retorno para os stackholders. Por este modelo, as despesas ambientais são vistas

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como custos ou taxas para poder conduzir os negócios em uma sociedade, e nunca como um investimento no desenvolvimento de uma vantagem competitiva.

Questão para reflexão

Questão para reflexão

Os administradores destas empresas viam as estratégias ambientais como fonte de melhoria da imagem corporativa, de diferenciação de produtos, redução de custos, melhoria na produtividade e de inovação através da reengenharia de vários processos operacionais.

Os ganhos na adoção destas práticas não refletem somente na imagem corporativa, na diferenciação de produtos, e na redução de custos, mas também na melhoria na produtividade e na inovação, fato que parece ser cada vez mais percebido por administradores como oportunidades.

As estratégias ambientais (se mais proativas ou mais reativas) são uma função da percepção que os administradores têm da questão ambiental, se uma ameaça ou uma oportunidade. A orientação das estratégias ambientais, portanto, é uma questão cognitiva dos administradores quanto ao significado da questão ambiental, se representa perdas ou ganhos, ameaças ou oportunidades, se são controláveis ou incontroláveis, se são negativos ou positivos.

Como se pode depreender as estratégias ambientais são ações que levam as organizações a uma melhora ambiental exponencial, procurando não degradar o ambiente através de práticas de melhor utilização de matéria-prima, procurando por fornecedores conscientes ambientalmente e engajados em práticas ambientais, evitando os desperdícios, diminuindo a poluição, o consumo de água e energia, reuso e renovação de descartes e uma forte conscientização de todos envolvidos com a organização. Estas práticas, conforme Barbieri (2011), estão sendo cada vez mais difundidas no meio das organizações, por vários tipos de pressões, e têm levado as empresas a adotá-las.

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial196

As práticas de responsabilidade ambiental são impulsionadas, como visto, por diversos fatores. Entre eles, os principais são os fatores externos, como as regulamentações governamentais, a mídia, os consumidores e a sociedade civil organizada; e os fatores internos, como a cultura e a visão empresarial.

Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009) apresentam uma análise das práticas de responsabilidade ambientais baseadas em um olhar para as áreas organizacionais de: produção, gestão de pessoas, marketing e varejo. As estratégias ambientais são feitas através de ações responsáveis nestas áreas, e as estratégias têm como intuito melhorar a imagem das organizações, que ganham maior visibilidade, mas também, e principalmente, tornar-se realmente responsáveis ambientalmente.

As organizações devem buscar inovar em seus processos internos e desenvolver práticas e políticas que reduzam ou eliminem os problemas ambientais. O alcance de um melhor desempenho ambiental em produtos e serviços está diretamente relacionado com as decisões da gestão da produção, conforme veremos no quadro a seguir:

4.2.6 As práticas de responsabilidade ambiental em logística

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial 199

A adoção das práticas observadas em Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009) levam, segundo os autores, a um novo posicionamento organizacional, oferecendo uma imagem empresarial positiva diante da sociedade e tem alcances econômicos muito positivos.

Para Aligleri, Aligleri e Kruglianskas 2009, p. 92:

A melhoria ambiental em uma organização é capaz de beneficiar a produtividade dos recursos e dos processos devido à economia de materiais e redução de lixo e resíduos. Além disso, pode trazer ganhos econômicos devido à substituição, reutilização ou reciclagem dos insumos da produção e menor consumo de energia ao longo do processo.

Com a adoção das práticas ambientais, a organização consegue se posicionar diante de seus públicos e com isso tem ganhado em competitividade e em sua imagem corporativa. Na figura a seguir, elaborada pelos autores, com base em Bellen e Trevisan (2005), verifica-se um resumo da discussão retratando as diferentes estratégias que podem ser adotadas pelas empresas e os motivadores para as novas posturas e práticas.

- revolução- tecnologia limpa- marcas

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Figura 4.10 | Modelo de valor sustentável

Fonte: Bellen e Trevisan (2005).

Com base nos estudos de Hart e Milstein (2004), Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009) explicitam que existem novos modelos de produção sustentável, que não se baseiam somente em melhorias feitas para diminuir a poluição, mas às inovações que ultrapassam

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial200

as rotinas e o conhecimento comum. Os autores analisando os relatórios da United Nations Industrial Development Organization (UNIDO) verificam que os modelos de produção sustentável:

Envolvem o uso de processo ao longo da cadeia produtiva que não polui o meio ambiente, evita a geração de resíduos, apresenta alternativas de reaproveitamento e a reciclagem que permita a reinserção de resíduos na cadeia de consumo. Já para o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o conceito de produção mais limpa foca a aplicação contínua de uma estratégia ambiental integrada aos processos, produtos e serviços para aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos ao homem e ao meio ambiente. (ALIGLERI; ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2009, p. 99).

Quanto às práticas responsáveis de gestão de pessoas, Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009) explanam que é necessário haver a disseminação de uma cultura interna de responsabilidade ambiental que deve ser criada junto aos colaboradores. Essa criação de cultura torna possível o desenvolvimento de políticas interna, que propiciam:

(1) institucionalizar práticas responsáveis vinculadas ao recrutamento e à seleção de pessoas;

(2) definir políticas éticas e de gestão socialmente responsáveis para a orientação de pessoas, modelagem de cargos e avaliação do desempenho dos colaboradores;

(3) deselvolver programas de higiene, segurança e qualidade de vida dos colaboradores;

(4) institucionalizar sistemas de informações de recursos humanos que possibilitem tranparência da organização;

(5) criar ações que possibilitem o desenvolvimento integral dos colaboradores e da organização; e

(6) criar políticas de remuneração, programas de incentivos e benefícios.

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial 201

Pode se observar no trabalho desenvolvido por Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009) que as práticas de responsabilidade ambiental devem estar presentes em todas as áreas da organização, criando um corpo único de gestão ambiental.

Como se observou, as práticas de responsabilidade ambiental devem estar presentes em todas as áreas de atuação da empresa e em todos os seus processos. Dessa forma fica evidenciado que uma organização só pode ser considerada uma empresa responsável com o meio ambiente se cada setor e funcionários da empresa compreenderem seu papel ambiental.

As organizações podem querem mudar seu pensamento estratégico ambiental, procurando atender a três razões: 1) a crescente degradação ambiental tem feito com que a legislação mude e evolua no sentido de proteger cada vez mais o meio ambiente; 2) o mercado tem dado mostrar de uma profunda e intensa mudança, buscando produtos menos danosos ao meio ambiente; e 3) a opinião pública esta cada vez mais preocupada com os danos causados ao meio ambiente e tem cobrado mudanças das organizações para que estas se tornem mais protetoras do meio ambiente.

Tais fatos têm feito com que a gestão ambiental se condicione às pressões legais, de mercado e da opinião pública e assim consigam uma reputação melhor. As pressões exercidas por estes atores parecem ser os indicadores das mudanças nas organizações, para a maioria dos autores.

Neder (1992) em uma pesquisa realizada no início dos anos 1990, feita com 48 organizações industriais brasileiras de grande porte. Verificou que as práticas ambientais buscam a modernização dos

Questão para reflexão

A preocupação da empresa com as práticas e os impactos da sua gestão, demonstrada por seus atos, é que diferenciará uma organização comprometida com a sociedade daquelas que praticam atividades de cunho social sem maior compromisso.

4.2.7 Os fatores motivadores para adoção de práticas de responsabilidade ambiental na atividade logística

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial202

sistemas de controle da poluição, buscando atender à legislação. O estudo também verificou que a gestão ambiental era focada em atividades meio, na maioria das vezes, na área produtiva, não sendo observadas inovações organizacionais, tecnológicas ou de produto.

Para Lau e Ragothaman (1997) existem cinco fatores principais envolvidos nas pressões que as organizações sofrem que as levam a mudanças ambientais. No estudo desenvolvido pelos autores com 69 empresas americanas, identificaram, em ordem de importância: as regulamentações ambientais; a reputação da companhia; iniciativas da alta administração; a redução de custos; e a demanda dos consumidores.

O estudo foi realizado com o intuito de verificar, junto à indústria química americana, um sumário de estatísticas descritivas sobre questões estratégicas da gestão ambiental da indústria química americana (SOUZA, 2004). O estudo conclui que a maioria das empresas desenvolve suas ações ambientais mais como resposta às regulamentações ambientais do que como uma política proativa que vai ao encontro dos interesses de toda a sociedade. Isto certamente está relacionado ao fato da indústria química ser um setor fortemente regulamentado em função de seus potenciais impactos ambientais.

Na ótica da decisão estratégica a logística reversa é um processo holístico que ocorre no macroambiente empresarial, com o objetivo de garantir competitividade e sustentabilidade às empresas. Portanto, supera e ao mesmo tempo amplia o conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos.

Em suma, podemos dizer que a logística reversa no contexto da estratégia:

Questão para reflexão

Apesar desta predominância das regulamentações como fonte de direcionamento das ações ambientais das empresas, a questão da reputação aparece como um fator também importante.

4.2.7.1 Logística verde como fator de competitividade

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial 203

• como competência-chave, considerando a moderna cadeia de suprimentos;

• como equilíbrio dinâmico entre a visão global da ação organizacional e as especificidades dos processos;

• como vantagem competitiva e forma de agregação de valor aos clientes, shareholders e stakeholders;

• como ciclo contínuo de logística;

• como contribuição de garantias de competitividade e sustentabilidade.

As empresas precisam intuir que a logística reversa, assim como a logística verde, devem ser encaradas como uma estratégia, que deve denotar um comprometimento com o ambiente e com os atores de produção.

Dessa forma, as organizações conseguem assumir garantias de que os bens e serviços produzidos e entregues não se tornarão problemas futuros para os consumidores, os cidadãos, os governos ou para a ecologia, ao longo de sua vida útil. Ao mesmo tempo, a ação da empresa se constituirá em oportunidades de novos negócios, de novos relacionamentos, de novas intercessões entre cadeias de suprimentos, na diversificação do escopo organizacional e em ganhos de escala.

As organizações que vem trabalhando com a gestão ambiental há mais tempo foram movidas por vários fatores. Esses fatores são estratégicos e levam as empresas a repensarem seu modo de atuação, adotando práticas modernas de engajamento ambiental.

Os principais fatores que levam as organizações a adoção de estratégias ambientais são:

• impulsionadores econômicos

Leite (2009) argumenta que a logística reversa traz ganhos de competitividade às empresas, decorrente da possibilidade de tornar produtos e serviços mãos atraentes e capazes de resultar na fidelização de clientes ao longo de toda a cadeia logística. Para Leite (2009) os ganhos com impacto econômico incidem sobre o

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial204

custo, a imagem corporativa, a fidelização dos clientes às marcas. Além disso, a LR na perspectiva econômica gera valor pela melhoria da gestão dos estoques, pela recuperação do valor do produto no ciclo de vida, pela melhoria do processo de prestação de serviços aos clientes, por racionalização de espaços, estoques.

Questão para reflexão

As vantagens da LR podem ser sentidas no macroambiente pela geração pela geração de emprego e renda, pela educação ambiental, pelo uso parcimonioso de recursos naturais em função do aproveitamento de insumos em diversas cadeias de suprimentos, pela expansão e formalização de pequenas empresas e consequentes ganhos tributários de formação de mão de obra.

Possíveis relutâncias para a implementação da LR podem advir de pressões dos investidores, devido aos investimentos que são necessários para operacionalizar as estratégias de LR. Esses investimentos podem afetar resultados de curto prazo (ALVARES-GIL et al., 2007).

• impulsionadores legais

Os impulsionadores legais dizem respeito tanto ao desenvolvimento de novas legislações e formas de regulação governamental, como também às novas inovações gerenciais decorrentes do esforço das empresas para se adaptarem às exigências legais. O marco legal e regulador constitui o arcabouço de regras que orientam as revisões estratégias. A formulação de normas e leis impõe às empresas maior compromisso e proximidade com governos, entidades reguladoras e organismos de controle social. As obrigações previstas em leis determinam mudanças no modo de produção e nas práticas de modernização dos processos de trabalho.

Leite (2009) destaca que é crescente e qualitativo o desenvolvimento da legislação ambiental em todo o mundo, tanto dirigida à preservação de gerações futuras como à proteção do consumidor ao adquirir e utilizar os produtos.

No Brasil, o principal marco legal é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), que define responsabilidades, diretrizes e metas para a adequação dos sistemas de gerenciamento

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial 205

de resíduos, o que inclui a implementação da logística reversa de determinados resíduos.

• impulsionadores da cidadania corporativa

Dentre os impulsionadores, é preciso incluir as estratégias de implementação da LR orientadas para aspectos ambientais e de imagem corporativa. De fato, a consciência ecológica e noção de sustentabilidade podem alavancar a adoção de processos de LR (ALVARES-GIL et al., 2007; LEITE, 2009). Para Leite (2009) o comportamento da sociedade no sentido de consumo crescente exige o equacionamento da destinação final dos produtos sob pena de gerar poluição e contaminação.

Segundo Leite (2009) aponta a consciência ecológica como um valor gerencial universal, que afeta o comportamento organizacional e individual. Para esse autor, as empresas mais atentas às relações entre criação de riqueza e danos ambientais podem alcançar vantagens estratégicas e compartilhar com a sociedade e funcionários um valor socialmente percebido. Por outro lado, a proteção ambiental como valor pode trazer custos que deverão ser assumidos socialmente.

Leite (2009) insere a imagem corporativa no contexto valorativo e evidencia as contribuições da LR para o desenvolvimento da cultura de consumo orientada para o serviço, que privilegia a redução consciente do consumo em favor da cultura de sustentabilidade. A imagem corporativa também está associada a valores gerenciais como ética e responsabilidade social.

Em resumo, a adoção da LR como estratégia se justifica por impulsionadores econômicos, legais e de cidadania corporativa. Mas o entendimento sobre o peso da influência dos stakeholders sobre o processo decisório interno, o comportamento organizacional relativo ao uso de folgas de recursos e a atitude dos gestores determinam as decisões finais e a possível configuração estratégica do sistema de LR a ser adotado.

Cada vez mais as empresas procuram promover negócios sustentáveis, pois consistem em um dos principais desafios das

4.2.7.2 Estratégias de Logística Ambiental

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U4 - Logística ambiental: competitividade e sustentabilidade empresarial206

organizações. A busca pelo desenvolvimento de estratégias de sustentabilidade visa fornecer produtos e serviços para outras empresas que passam gradualmente a exigir isso como critério qualificador. As restrições legais e a necessidade de conquistar e manter fatias de mercado consistem em alguns dos principais desafios gerenciais das últimas décadas. A Logística Reversa surge nesse cenário motivada por exigências legais, mas também como oportunidade de negócios.

Muitas organizações, quando buscam estabelecer estratégias, sabem que precisam estabelecer um processo contínuo e dinâmico, com um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para o cumprimento da missão institucional.

As empresas que pretendem trabalhar com estratégias de logística reversa devem buscar desenvolver um modelo estratégico adequado ao seu ambiente e posicionamento no mercado. A seguir, encontra-se um modelo básico inicial para organizações que desejem trabalhar com logística reversa e ambiental. O modelo é composto por quatro passos e é baseado na proposta de O’Laughlin e Copacino (1994), desenvolvido originalmente para a logística direta. O modelo estratégico pode ser visto na figura a seguir:

Gestão da mudança

Figura 4.10 | Passos do planejamento estratégico de logística reversa

Fonte: A autora (2015).

Passo 1 – Estabelecimento da visão

No primeiro momento se dá o estabelecimento da visão de logística reversa da empresa, que consiste no desenvolvimento sistemático de um consenso organizacional sobre os pontos-chave para o processo de planejamento da logística reversa. O estabelecimento da visão é uma maneira efetiva para desenvolvimento do consenso em três pontos-chave para a definição do processo de planejamento estratégico:

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• atribuir clareza à direção estratégica e às implicações para a logística reversa, bem como articular uma visão concisa das necessidades da logística reversa;

• entender os requisitos dos serviços necessários para responder a diferentes contextos e segmentos de clientes e demais partes interessadas;

• explorar as condições de fatores externos, tais como serviços de transporte e taxas, restrições ambientais e regulatórias; legislação social, fatores competitivos e outros eventos que podem impactar na logística reversa.

A figura a seguir mostra um fluxo básico para o estabelecimento da visão de logística reversa.

Figura 4.11 | Visão geral do processo de estabelecimento da visão

Fonte: A autora (2015).

Passo 2 – Análise estratégica

No segundo momento deve-se conduzir uma análise, para que se possa embasar melhor a escolha de uma alternativa. Neste processo é salutar entender como os componentes do sistema de logística reversa criam valor para o cliente, para as demais partes interessadas e para a organização. Roberson e Copacino (1994) sugerem dez componentes-chave para a estratégia de logística direta que, com algumas adaptações, podem ser aplicados à logística reversa, como vemos na figura a seguir:

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ESTRATÉGICO

ESTRUTURAL

FUNCIONAL

IMPLEMENTAÇÃO

Serviço ao cliente e partes interessadas

Análise da rede e dos canais de coleta e de

distribuição

(políticas e procedimentos, gestão da mudança, instalações e equipamentos,

sistemas de informação)

Figura 4.12 | Componentes-chave para a estratégia de logística reversa

Fonte: Adaptado de Roberson e Copacino (1994).

Os componentes-chave se distribuem em quatro níveis estratégicos, que devem ser coordenados e integrados, a fim de alcançar alto desempenho logístico.

O primeiro nível refere-se à definição da direção estratégica através do serviço ao cliente. É essencial ter uma visão clara dos requisitos e demandas dos clientes e demais partes interessadas, para desenvolver-se uma estratégia que atenda a essas expectativas. São as necessidades dos clientes que devem direcionar todo o desenho da cadeia de valor e da cadeia de suprimentos da logística reversa.

O nível estrutural do sistema de logística define como satisfazer as expectativas dos clientes através da cadeia de atividades e as funções necessárias para a atividade logística e de facilidades da rede estrutural. Importantes decisões estratégicas sobre a forma de servir ao cliente são tomadas nesse plano, tais como utilizar intermediários ou desenvolver internamente os serviços.

A estratégia da rede física de instalações inclui definições quanto à quantidade e localização de instalações, tipos de clientes que

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serão atendidos em cada instalação, tipo de serviço de transporte que será utilizado e como organizar o fluxo entre instalações.

O terceiro nível envolve uma análise aprofundada dos componentes funcionais da estratégia de logística reversa, especificamente com relação a transporte, armazenamento e gestão de materiais.

Deve-se considerar ainda, para a logística reversa, o tipo de destinação pretendida para o resíduo e as estruturas necessárias para estes resíduos.

O quarto nível da pirâmide envolve a implementação. Inclui o sistema de informação para suporte da logística reversa, políticas e procedimentos para orientar o dia a dia da operação da logística reversa, instalações e manutenção de instalações e equipamentos, e questões de organização e de pessoal.

Passo 3 – Plano de logística reversa

Após a análise estratégica, segue-se com a montagem do plano de logística reversa, como vemos na figura a seguir:

Figura 4.13 | Conteúdo do plano estratégico de logística reversa

Fonte: Adaptado de Roberson e Copacino (1994).

O plano deve ser um guia que destaca a missão e objetivos da logística reversa, bem como os programas e atividades para alcançar esses objetivos. Pode conter ainda metas de desempenho para os custos e os serviços aos clientes e a especificação das metas de desempenho.

Os passos 1, 2 e 3 do planejamento são processos interativos (ou seja, frequentemente repetidos) e que se sobrepõem. Isso significa que algumas tarefas e atividades (como pesquisas de satisfação dos clientes, análise da configuração da rede de coleta ou análise

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funcional do transporte) do processo de planejamento estratégico podem ser incorporadas como projetos específicos no plano.

A atividade de desenvolvimento da estratégia de logística reversa é, portanto, um processo que nunca termina e continua a ser redefinido e refinado ao longo do tempo.

Questão para reflexão

A atividade de planejamento deve ser percebida mais como um momento para estabelecer objetivos anuais e analisar as atividades que devem ser executadas durante o ano corrente.

Passo 4 – Gerir mudanças

A etapa final do processo de planejamento da estratégia envolve gerir as mudanças, isto é, preparar a organização para implementar efetivamente formas melhores de condução do negócio. Vários fatores são importantes para gerir efetivamente mudanças:

• Plano visível: a missão, os objetivos, direção para as atividades de logística reversa precisam ser claros. Um processo formalizado para desenvolvimento da estratégia é uma atividade importante para conseguir o comprometimento de toda a organização. Mais ainda, um plano contendo iniciativas e objetivos prioritários se torna um importante veículo de comunicação.

• Um patrocinador: mudanças bem-sucedidas possuem maior probabilidade com líderes que representem bem, dentro e fora da organização, os objetivos estratégicos. Para cada projeto definido no plano também é necessário um líder com responsabilidade por aquela atividade.

• Treinamentos: os líderes devem reconhecer que a mudança é normalmente difícil e que treinamentos podem ser necessários. Os treinamentos devem focar no desenvolvimento do conhecimento requerido e nas habilidades para operar no novo ambiente.

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Atividades de aprendizagem

1. A ‘Logística Sustentável ou Verde’ tem como objetivo principal atender aos princípios de sustentabilidade ambiental, considerando a responsabilidade do ‘berço à cova’ ou do ‘berço ao berço’. Descreva a responsabilidade do berço à cova:

2. As organizações podem querer mudar seu pensamento estratégico ambiental, procurando atender a três razões. A primeira delas é a crescente degradação ambiental que tem feito com que a legislação mude e evolua no sentido de proteger cada vez mais o meio ambiente. Quais são as outras duas razões?

Fique ligado

• A logística evolui constantemente para se adaptar às novas exigências do mercado e, atualmente, a tendência dominante é a adoção de práticas sustentáveis. Assim, surge a Logística Ambiental, que engloba a variável ambiental nos negócios das empresas, agregando-lhes valores de diversas naturezas: legal, econômica, competitiva, de imagem corporativa e ambiental.

• A Logística Verde é a área da logística que tem como objetivo a redução dos impactos das atividades logísticas sobre seu entorno (população e natureza), como por exemplo: contenção de emissão de resíduos ao meio ambiente; diminuição do desperdício de materiais (sólidos e líquidos) resultantes do processo logístico.

• Percebe-se, que Logística Verde (LV) e Logística Reversa (LR) não são diferentes, porém a Logística Verde tem uma abrangência muito maior, assim a LR está dentro do universo da Logística Verde.

• A LR trata do retorno de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. Esse processo já ocorre há alguns anos nas indústrias de bebidas (retorno de vasilhames de vidro) e distribuição de gás, tanto os especiais como os de cozinha, com a reutilização de seus vasilhames, isto é, o produto chega ao consumidor e a embalagem retorna ao centro produtivo para que seja reutilizada e volte ao consumidor final em um ciclo contínuo.

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• Os conceitos de logística verde não se aplicam somente à logística reversa, como também são utilizados na logística direta. Por exemplo, um estudo para reutilização de pilhas e baterias trata ao mesmo tempo da logística reversa e da logística verde. Por outro lado, a redução no consumo de energia de um determinado processo é um estudo de LV, porém trata de LR.

• A ‘Logística Sustentável ou Verde’ tem como objetivo principal atender aos princípios de sustentabilidade ambiental, considerando a responsabilidade do ‘berço à cova’ ou do ‘berço ao berço’. Na responsabilidade do ‘berço à cova’, quem produz deve responsabilizar-se também pelo destino final dos produtos gerados, de forma a reduzir o impacto ambiental que eles causam, incinerando-os ou dispondo-os em um aterro sanitário. No entanto, já existem críticas a esse modelo, que vem sendo substituído paulatinamente pela responsabilidade do ‘berço ao berço’, a qual propõe que a sociedade continue a consumir e a se desenvolver, porém, invés de destruir o meio ambiente, deve-se alimentar o ciclo biológico da Terra (lixo = comida) e o ciclo tecnológico das indústrias.

• A questão socioambiental tem assumido proporções estratégicas em algumas organizações, pois, a prática de ações com base na responsabilidade socioambiental corporativa tem sido vista pelo mercado como uma forma inovadora de diferenciar-se das demais organizações ou de criar vantagens competitivas em mercados saturados e de concorrência sem fronteiras.

• Percebe-se que o problema da implantação da gestão ambiental e de práticas e ações ambientalmente corretas não passa somente pela lucratividade e competitividade, mas pelas condições da organização e de que forma elas podem atuar.

• Conclui-se que as práticas estratégicas ambientais, como destaca Roome (1992), vão do não cumprimento da legislação, passando pelo cumprimento, cumprimento a mais, excelência comercial e ambiental e finalizando com a liderança ambiental.

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• Como se pode depreender as estratégias ambientais são ações que levam as organizações a uma melhora ambiental exponencial, procurando não degradar o ambiente através de práticas de melhor utilização de matéria-prima, procura por fornecedores conscientes ambientalmente e engajados em práticas ambientais, evitar os desperdícios, evitar ou diminuir a poluição, o consumo de água e energia, reuso e renovação de descartes e uma forte conscientização de todos envolvidos com a organização.

• Com a adoção das práticas ambientais, a organização consegue se posicionar diante de seus públicos e com isso tem ganhado em competitividade e em sua imagem corporativa.

• Na ótica da decisão estratégica a logística reversa é um processo holístico que ocorre no macroambiente empresarial, com o objetivo de garantir competitividade e sustentabilidade às empresas. Portanto, supera e ao mesmo tempo amplia o conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos.

• As organizações podem querer mudar seu pensamento estratégico ambiental, procurando atender a três razões: 1) a crescente degradação ambiental tem feito com que a legislação mude e evolua no sentido de proteger cada vez mais o meio ambiente; 2) o mercado tem dado mostrar de uma profunda e intensa mudança, buscando produtos menos danosos ao meio ambiente; e 3) a opinião pública esta cada vez mais preocupada com os danos causados ao meio ambiente, e cobrado mudanças das organizações para que estas se tornem mais protetoras do meio ambiente.

• Tais fatos têm feito com que a gestão ambiental se condicione às pressões legais, de mercado e da opinião pública e assim consigam uma reputação melhor. As pressões exercidas por estes atores parecem ser os indicadores das mudanças nas organizações, para a maioria dos autores.

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Para concluir o estudo da unidade

Nesta unidade, você estudou que promover negócios sustentáveis consiste num dos principais desafios atuais das empresas de médio e grande porte. Mesmo pequenas empresas têm buscado desenvolver suas estratégias de sustentabilidade visando fornecer produtos e serviços para outras empresas que passam gradualmente a exigir isso como critério qualificador. As restrições legais e a necessidade de conquistar e manter fatias de mercado consistem em alguns dos principais desafios gerenciais das últimas décadas. A Logística Reversa surge nesse cenário motivado por exigências legais, mas também como oportunidade de negócios.

De modo geral, todo formulação de estratégias busca estabelecer um processo contínuo e dinâmico, com um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para o cumprimento da missão institucional.

Existem muitos modelos de planejamento estratégico já definidos para as organizações em geral. E, embora atualmente seja bastante reconhecido que nenhum modelo dará conta de todos os desafios estratégicos que surgem cada vez mais rapidamente para as organizações, sabe-se também que sem uma análise da situação que se enfrenta, sem o estabelecimento de algumas diretrizes estratégicas e sem um plano inicial, será ainda mais difícil para uma organização obter e manter suas vantagens competitivas.

Espero nesta unidade ter passado algumas informações que desperte em você o interesse pelo assunto e tenha conseguido fazer você perceber a importância do ambientalismo, da gestão ambiental e da logística verde para o futuro das empresas e para um futuro equilibrado de nosso planeta, onde não faltem: água, alimentos e natureza.

Atividades de aprendizagem da unidade

1. A Logística Reversa, entre outras atividades, trata principalmente de:

a) transportar produtos inservíveis, visando a conserto ou a descarte final. b) analisar o processo logístico de trás para frente, analisando seus pontos de ineficiência ou erro.

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c) retornar matéria-prima ao armazém, quando dele retirado indevidamente ou em momento inadequado. d) transportar produtos de volta ao fornecedor de matéria-prima, quando o pedido não tiver sido atendido em conformidade com o contratado.

2. O processo de Logística Reversa ganhou importância, recentemente, em função da gestão ambiental. Nesse contexto, as etapas simplificadas de um processo de Logística Reversa são:

a) Revender, distribuir, transportar e coletas.b) Retornar, expedir, coletar e inspecionar.c) Distribuir, revender, transportar e embalar.d) Recondicionar, distribuir, entregar e descartar.e) Reciclar, expedir, embalar e coletar.

3. Complete as lacunas assinalando a alternativa que dá sentido ao parágrafo: A(O) envolve os processos de reciclagem, reutilização de embalagens e retornos de produtos por problemas de especificações, avarias etc. A preocupação com o meio ambiente, originou a(o) , que visa reduzir os impactos provocados no meio ambiente com os serviços da organização.

a) reciclagem – impacto ambientalb) logística reversa – logística verdec) logística empresarial – movimento verded) gestão de suprimentos – análise de resíduose) processo logístico – gerenciamento de fornecimento

4. A etapa final do processo de planejamento da estratégia envolve gerir as mudanças, isto é, preparar a organização para implementar efetivamente formas melhores de condução do negócio. Vários fatores são importantes para gerir efetivamente mudanças. Quais são elas?

5. Nesses novos tempos, as questões de desenvolvimento sustentável deixaram de girar em torno de um mero controle da poluição, passando a se referir a controle ambiental integrado às práticas e processos produtivos das organizações. A perspectiva futura é a de que as questões relativas à preservação do meio ambiente deixem de ser um problema meramente legal, com ênfase nas punições legais, para evoluírem para um contexto empresarial pleno de ameaças e oportunidades, em que as decorrências ambientais e ecológicas passem a significar posições competitivas que ditarão a própria sobrevivência da organização em seu mercado de atuação. Como a sustentabilidade é entendida?

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