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- Outubro de 1951 N. 0 31 ' PELA NOSSA T ER RA-PELAS GENTES DA SERRA REDACTOR: P;of. Carlos P. AscenSõo DlRECTOR E PROP.RIF.TARlO: Dr. Carlos Leitão Ba111os li EDlTOR: jos.; Lub ele Pina Redoeção e Administração: Rua Marquês da Front eira J J J C/D. - LJS!lOA Composto e lJ1!presso: •União Gráíi= - R. Santo Marta 48 - ; . , - ... .. e I ' ( • • • \ \ .. , : . ·. . ' .. . · ·cir cunstâncias v?rias, cuja exp:icação não cab.! lugar, com que, nos fins .do séc. Xl .x' e princípio do séc. XX, a inteligência do hom !.!rn :;e \ em clareiras de maravilha. · : Ampi:re e Arago deram-nos a electricidadc; Hertz e.!1-farconi brindaram-nos com a tc!efon.ia sem fios; Glaíshcr e Flamarion apresentam, resp eCtiva- mente, o aerostato e e,· ascensor, tentando aperfei- çoar a ••passarolan do no sso compatriota, padre Bar- ; tolomeu de Ç-usmão; Louvrié ;inventa o motor de explosão, elemento essencial para a navega,ção .. rea; Bell e Gray constroem os primeiros telefones; fa7. o primeiro apârelho telegráfico; Edison inventa o fonógrafo; Papin e \VotL aplicam o vapor a fms industriais; e Seguin em a loco· _. motiva a galgar montes e va Jes; Roentgen. descobr i.' os raios X; Na chct apresenta ao mundo o primeiro microscópio;· Volta faz o primeiro clectroscópio; Go- laz inventa o calorímetro; Bunsen e Kerchhoff in .. ventam o espectroscópi o; os irmãos Lumiêre ' dã" ·!'l os 'o cinema , e muitas outras inteligências cria- ram obras de espanto. Actualizando mais estas considerações, podía- . mos· citar o extraordinário incremento dado a todas .obras, .sobretudõ à e ao cinema. 1Po- ainda; · falar' nu espantoso invento ela · c:v·isão, · na fo'rmidável e temível descoberta da !,'la atómica :e em tan tas outras maravilhas que as· ·o mundo. . . . Por toda a pa t : . · 1 · d cha · é f . r .e _se fábricas co ossa1s e min s · umcgante· · d · · orguih d . ':' '. ".1-t:a as . ao céu, como que 'in·ia ?sas . c1c1v1hzaçãon que Na , " insatisfeita de se buscar riqueza p crfuram-s<:: montes e remechem-se-Jhes as É des· . ,cndado 0 segredo das profundidades oceânicas e nem a fauna submarina pode viver tranquila par - 0 homem continuamente lhe invade os domí· nios. E n:m os pássa,ros são senhores do · ar, pórquc outros upassaro- tál· . " me 1cos>1 bem ma.is potentes, con · o reino aéreo. Na terra no mar e no ar vai uma agitaÇão fréménte, duma técnÍ· ca espantosa .ª que muitos chamam pro!rresso. · Todas progrediram, até ;tesmo aque· las qu e mais d1rectamente dizem respeito à :vida do ser J1umano, c omc»·a medicina. 'a cirorgia e a farrna- Contudo, Jtá · uma ciência q' ue continua igno. rada: a ciência que diz respeito ao próprio homem. a ser o grande desconhecido. · o notou A' ? exis Carrel. escrevendo sobre o as- sunto um Jivro memorável - <Co Homem, e3Se des- Jivz:.c palavras: ma. a nossa 1gnorc1.nc1a é muito grande. A a' ior Parte dos problemas que a sipróprios propõem queles que.estudam os seres.humanos permanccen: resposta. Imensas regiões do nosso mundo in- eoor continuam desconhecidas. De oue modo se c_o mbinam as moléculas das substâncias químicas Para formar · os «?rgãos complexos e transitórios das . células? Oe que modo os genes contidos no núcleo do ovo fecundado det erminam os caracteres do in- ·que provém desse De que m'odo a; ceJulas se organizam nessas soci.edades que são os tecido.; e os órgãos?» E mais adiante: t<Qual ' à.'_ na- tureza da duração do ser humano, do tempo psico- lógico e do tempo fisiológico? Somos um composto de tecidps. de ÓFgãos, de Jfquido e de consciência. as reJa5ões da ,consciência com as células ce- rebrais conlinu am a ser um mistério. Desconhece- rnos. quase a fiSiol ogia ' das célula5 nervosas. Até que ponto pode a vontade modificar Q organismo? De que man eira age, sobre o espírit<' Ignorância De Cargas o estado dos órgãos? De que modo os caracteres or- g-.dnicos e mentais, que cada indivídt10 recebe dos seus pais, são tra nsformados pelo moclo de vida, pelas substâncias quí1J1icas dos alimentos, pelo cli- ma, e pelas disciplinas fisiológicas e morais?n E. continuando es(a série de perguntas res- posta, Alexis Carrcl faz- 11Qs concl uir que, na ver- dade, o homem é a ucoisa11 mais desconheciê:la do um verso ... Este desconhcci.mcnto, porém, não teria conse· quências de maior, se. aptnas se limitasse à vida fi- siológica. 111as o que é pior (e é isto que se elo livro citaqo) é que ele se estende à \'ida do rit o. Por mais parodoxal que isto pareça, o hom em vive esqucçido ' de que é homem, isto é, rriatéria e espírito. a primêira conta e vale. O segundo an- da esquecido, renegado e espezinhado. O homem lcm vivido mais par.:i fora do que pa- ra dentro. assim se explica que a maléria tenha progredido tanto e o e.<;pírito tão pouco. Todos os produtos da inteligência, atrás citados, que deviam converter-se cm felicidade têm contribuído mais inais para a desgiaça da huma nidade. O mundo tem sido mais feliz com o invento da aviação? - Olhai para o miJ triste, das cida- des bombardeadas. O mundo é mais feliz com o in- ... vento <lo microscópio? Vêde-o nos laboratórios a trabalhar na preparação da guerra Iactereológica. O mundo é mais .feliz com o desenvolvimento dos tran sportes marítimos? Pensai nos b?r cos de guerra. carregados de metralha. O mundo é mais feliz com o invento do cinema? · Pensai nas consciências cor- rompidas com fiimes Não -nego, evidentemente, o bem que se t em feito. Reprovo apenas 9 mal que a técnica tem tra- ' 1r ' 2) - ont. na pag. PALAVRAS Quando se pensou na criação dum jornal, em Loriga, a terra nas pessoas dos seus elemento;; mais representativos. Dessa consulta se conclu(u•que era vontade geral a criação dum ape- riódico », de nome a escolher, e que seria o órgão defensor dos interesses de Lori ga e da região. E a vontade da · terra manifestou-se materialmente, pois raros forâm os que não deram o seu óbulo. em di- nheiro. ··E surgiu •<A Nevenl Quem escreve est as linhas não fez . parte daquele grupo de briosos rapazes . que deram ao jornal o primeiro imp ulso. Mas recor-· damo -nos da .alegria que .sentimos-e da -senti da por · todos quantos leram o prime.iro número. O jornal pro metia. e não faltavam assmantes, nem leitores, nem colaboradores! . · . · 11 -Ias as coisas mu daram e hoje Q panorama ·é um . pouco triste. J u1gou-se, a que . 1<A . Neve•>. poderia contar sempre com o ·auxlho de tOdos. Jl'la:; na verdade, assim não aconteceu. Os que conoseo · podia1n bat;Hhar, _ por iestar em aptos !J. manejar es- pada, abandonaram o 1 C'"c:lDpo da · h.lta; por como- dismo OU magoados por imperfeições humanas, CO · muns a todos' os homens. Quem as não te m? E o • mais triste ainda é que :muitos desertaram, arras- tando consigo outros que.desejariam ficar. Isto pas- . Li ourro dia. num dos últimos números de «A NEVE'.,, um a rtigo intit ulado «De Corgas - Fu- tura Vila Salaz !;lr», que por diz er respe ito .li ter- r<1 onde fui nado e criado, me mereceu parti- cular int er esse. T rat a·Ja e c om inteira justiça, de reclamaçõ".!s , para quem tem obrigação de zela.r pelos interes - se.: de!lta terra . Concordei em absoluto co m o autor do refeúdo arti go, sobre este oonto de vis- t;,, pois que apes ar da acção do ESTA<DO NO- VO ter abrangid o a maior parte das terras do nosso :,iucrido PORTUGAL. Corgas parece es- q!1ec ida ou votada a um com pleto desprezo. \: emos por essas tenas tantas e tantas ob ras, co- mo escolas, estradas. Casas do ' Povo, electrifica- ção. públicos, fontênários, ab asteci- dr e tantos outros benefícios, que mfehzme nte ainda o chegaram a'té nós, ou se chegaram , foi graças ao esforço desta boa gen- te, gostando de acompanhar o progresso, tem feito o que em poucas terras se vê, mercê dr acçã o pur amente interna. , Assim, uma estrada de sete qui - Ion .. constn.nmos uma escola, têm-se rep a- rado mmtas ruas. fontes, muros públicos. cape- las, etc., E:tc. Dadas as boas condições desta po- voação esse ncialmente agrícola·, a sua popula- ção, o seu desenvolvi_ mento toda a espécie, bem que para ela ol hem com um pouco · mais de carinho. T ai não tem aco ntecido até ho . je, nem tc.-m indíc ios de acontecer, neste futuro mais próximo. · uma boa dezena de anos que noa fa. (Cont. na pág. 2) CLARAS - sou-se não c?m ;'nas também com co- laboradores. · . . . Hoje, todo o traball10 de HA Neveu recai sobre 0 "triunvirato» escravo do amor à· terra-berço.' J muito que vimos perdendo tempo, forças e a"té di- nheiro, para mantermos vivo o fo .,.o que três anos se acend eu. Não no s prende a este trabalho o dese- jo de ou honras. Nunca o jornalismo inglório da aJde1a deu fortuna ou fama literária a alguém. Prende-11os, sim, o desejo de segurannos de al"'ll· ma coisa que não deve cair, porque, se cair, • se· erguerá. · 'fudo isto -se disse pdra darmos uma e>..-plicação . aqueles que ainda nos lêem e são nossos amigos. Como deveis ter reparado o jornal não te.m cola; boràdores e é sabido que ã. condição principal pa - ra a :iuma publicação é haver es- creva. O martlnzante atraso na saída resulta essen- cialmente de$te facto. Não original e nóS espe- ramos que, de modo, apareça. Às yezes, andamos a ped1-Jo; por. esmola, de porta em p oria. Conseguido, enfim, o' original necCs.sá1io leva-se à. tipografia._ Mas esta, que não podia estar' a vi- da à es pera, meteu trabalho na máquina. E agora. : (Cont. na pág. 4)

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Page 1: LJS!lOA .. e Cargas - gentesdeloriga.wdfiles.comgentesdeloriga.wdfiles.com/local--files/jornal-a-neve/ANeve-1951.10...laz inventa o calorímetro; Bunsen e Kerchhoff in .. ventam o

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_AN_o;;__:m~-------------------__::L:::::origa - Outubro de 1951 N.0 31

' PELA NOSSA T ER RA-PELAS GENTES DA SERRA ~~~~~~~~--~~~--,,-~~~~~~~~~·~·-~~~~~~11~~~~~~~~~~~-

REDACTOR: P;of. Carlos P. AscenSõo DlRECTOR E PROP.RIF.TARlO: Dr. Carlos Leitão Ba111os li EDlTOR: jos.; Lub ele Pina

Redoeção e Administração: Rua Marquês da Fronteira J J J C/D. - LJS!lOA Composto e lJ1!presso: •União Gráíi= - R. Santo Marta 48 - ; •sbc~ . , - ...

.. e I ' • ( • • • \ \ ..

, : . ·. . ' .. . · ·circunstâncias v?rias, cuja exp:icação não cab.! n~te lugar, fize~m com que, nos fins .do séc. Xl .x' e princípio do séc. XX, a inteligência do hom!.!rn :;e

\ abriss~ em clareiras de maravilha . · : Ampi:re e Arago deram-nos a electricidadc;

Hertz e.!1-farconi brindaram-nos com a tc!efon.ia sem fios; Glaíshcr e Flamarion apresentam, respeCtiva­mente, o aerostato e e, · ascensor, tentando aperfei­çoar a ••passarolan do nosso compatriota, padre Bar-

; tolomeu de Ç-usmão; Louvrié ;inventa o motor de explosão, elemento essencial para a navega,ção aé .. rea; Bell e Gray constroem os primeiros telefones; jfors~ fa7. o primeiro apârelho telegráfico; Edison inventa o fonógrafo; Papin e \VotL aplicam o vapor a fms industriais; Stephen~on e Seguin põem a loco·

_. motiva a galgar montes e vaJes; Roentgen. descobri.' os raios X ; Nachct apresenta ao mundo o primeiro microscópio;· Volta faz o primeiro clectroscópio; Go­laz inventa o calorímetro; Bunsen e Kerchhoff in .. ventam o espectroscópio; os irmãos Lumiêre 'dã" ·!'los 'o cinema, e muitas outras inteligências cria­ram obras de espanto.

Actualizando mais estas considerações, podía-. mos· citar o extraordinário incremento dado a todas ~stas .obras, .sobretudõ à ª'~iaçãó e ao cinema. 1Po­~e'!amos;.· ainda;· falar' nu espantoso invento ela· k · c:v·isão, ·na fo'rmidável e temível descoberta da cnc~­

!,'la atómica :e em tantas outras maravilhas que as· ~om~z:am ·o mundo. . . . Por toda a pa t : . · 1 · d cha · é f . r .e _se erg~em fábricas co ossa1s e

min s · umcgante· · d · · orguih d . ':' '. ".1-t:a as . ao céu, como que 'in·ia ?sas . ~ c1c1v1hzaçãon que repr~entarn: Na , " insatisfeita de se buscar riqueza p crfuram-s<:: ~s montes e remechem-se-Jhes as ent·r~nhas. É des· . ,cndado 0 segredo das profundidades oceânicas e Jª nem a fauna submarina pode viver tranquila par­q~ic 0 homem continuamente lhe invade os domí· nios. E n:m os pássa,ros são senhores do ·ar, pórquc outros upassaro- tál· . " me 1cos>1 bem ma.is potentes, con · qmst~rarn o reino aéreo. Na terra no mar e no ar vai uma agitaÇão fréménte, prod~tci duma técnÍ· ca espantosa .ª que muitos chamam pro!rresso. ·

Todas a~ ci~ncias progrediram, até ;tesmo aque· las que mais d1rectamente dizem respeito à :vida do ser J1umano, comc»·a medicina. 'a cirorgia e a farrna­~Ologia. Contudo, Jtá ·uma ciência q'ue continua igno . rada : a ciência que diz respeito ao próprio homem.

.~ste · continua a ser o grande desconhecido. · Já o notou A'?exis Carrel. escrevendo sobre o as­

sunto um Jivro memorável - <Co Homem, e3Se des­~:b1!ecidon. São . d7ss~ Jivz:.c ~ segui~tes palavras: ma. fa~to a nossa 1gnorc1.nc1a é muito grande. A a' ior Parte dos problemas que a sipróprios propõem queles q ue .estudam os seres.humanos permanccen:

:e~ resposta. Imensas regiões do nosso mundo in­eoor continuam desconhecidas. De oue modo se

c_ombinam as moléculas das substâncias químicas Para formar ·os «?rgãos complexos e transitórios das . células? Oe que modo os genes contidos no núcleo do ovo fecundado determinam os caracteres do in­d~vfduo · que p rovém desse ovo~ De que m'odo a; ceJulas se organizam nessas soci.edades que são os tecido.; e os órgãos?» E mais adiante: t<Qual 'à.'_ na­tureza da duração do ser humano, do tempo psico­lógico e do tempo fisiológico? Somos um composto de tecidps. de ÓFgãos, de Jfquido e de consciência. ~as as reJa5ões da ,consciência com as células ce­rebrais conlinuam a ser um mistério. Desconhece­rnos. quase comple~amente a fiSiologia 'das célula5 nervosas. Até que ponto pode a vontade modificar Q organismo? De que maneira age, sobre o espírit<'

Ignorância De Cargas o estado dos órgãos? De que modo os caracteres or­g-.dnicos e mentais, que cada indivídt10 recebe dos seus pais, são transformados pelo moclo de vida, pelas substâncias quí1J1icas dos alimentos, pelo cli­ma, e pelas disciplinas fisiológicas e morais?n

E. continuando es(a série de perguntas ~cm res­posta, Alexis Carrcl faz-11Qs concluir que, na ver­dade, o homem é a ucoisa11 mais desconheciê:la do um verso ...

Este d esconhcci.mcnto, porém, não teria conse· quências de maior, se. aptnas se limitasse à vida fi­siológica. 111as o que é pior (e é isto que se conclu~ elo livro citaqo) é que ele se estende à \'ida do espí~ rito. Por mais parodoxal que isto pareça, o homem vive esqucçido 'de que é homem, isto é, rriatéria e espírito. Só a primêira conta e vale. O segundo an­da esquecido, renegado e espezinhado.

O homem lcm vivido mais par.:i fora do que pa­ra dentro. Só assim se explica que a maléria tenha progredido tanto e o e.<;pírito tão pouco. Todos os produtos da inteligência, atrás citados, que deviam converter-se cm felicidade têm contribuído mais ~ inais para a desgiaça da humanidade. O mundo tem sido mais feliz com o invento da aviação? -Olhai para o esp~!facu)o, miJ .Vt'7.~s triste, das cida­des bombardeadas. O mundo é mais feliz com o in-... vento <lo microscópio? Vêde-o nos laboratórios a trabalhar na preparação da guerra Iactereológica. O mundo é mais .feliz com o desenvolvimento dos transportes marítimos? Pensai nos b?rcos de guerra. carregados de metralha. O mundo é mais feliz com o invento do cinema? · Pensai nas consciências cor­rompidas com fiimes ne~astos .

Não -nego, evidentemente, o bem que se tem feito. Reprovo apenas 9 mal que a técnica tem tra-

' 1r ' 2) - ont. na pag.

PALAVRAS Quando se pensou na criação dum jornal, em

Loriga, consultoti~se a terra nas pessoas dos seus elemento;; mais representativos. Dessa consulta se conclu(u• que era vontade geral a criação dum ape­riódico», de nome a escolher, e que seria o órgão defensor dos interesses de Loriga e da região. E a vontade da · terra manifestou-se materialmente, pois raros forâm os que não deram o seu óbulo. em di-

nheiro. ·· E surgiu •<A Neven l Quem escreve estas linhas

não fez .parte daquele grupo de briosos rapazes . que deram ao jornal o primeiro imp ulso. Mas recor-· damo-nos da .alegria que.sentimos-e da-sentida por· todos quantos leram o prime.iro número. O jornal prometia. e não faltavam assmantes, nem leitores, nem colaboradores! . · .

·11-Ias as coisas mudaram e hoje Q panorama ·é um . pouco triste. J u1gou-se, a prindpi~, que .1<A. Neve•> . poderia contar sempre com o ·auxlho de tOdos. Jl'la:; na verdade, assim não aconteceu. Os que conoseo

· podia1n bat;Hhar, _por iestarem aptos !J. manejar ~ es­pada, abandonaram o 1 C'"c:lDpo da· h.lta; por como­dismo OU magoados por imperfeições humanas, CO·

muns a todos' os homens. Quem as não tem? E o • mais triste ainda é que :muitos desertaram, arras­

tando consigo outros que . desejariam ficar. Isto pas-

. Li ourro dia. num dos últimos números de «A NEVE'.,, um a rtigo intitulado «De Corgas - Fu­tura Vila Salaz!;lr», que por dizer respeito .li ter­r<1 onde fui nado e criado, me mereceu parti­cular interesse.

T rata·Ja e com inteira justiça, de reclamaçõ".!s, para quem tem obrigação de zela.r pelos interes­se.: de!lta terra . Concordei em absoluto com o autor do refeúdo artigo, sobre este oonto de vis­t;,, pois que apesar da acção do ESTA<DO NO­VO ter abrangido a maior parte das terras do nosso :,iucrido PORTUGAL. Corgas parece es­q!1ecida ou votada a um completo desprezo. \ : emos por essas tenas tantas e tantas obras, co­mo escolas, estradas. Casas do' Povo, electrifica­ção. tel~fones públicos, fontênários, abasteci­~en~os dr á~a e tantos outros benefícios, que mfehzmente ainda não chegaram a'té nós, ou se chegaram , foi graças ao esforço desta boa gen­te, _qu~ gostando de acompanhar o progresso, tem feito o que em poucas terras se vê, mercê dr acção puramente interna. , Assim, constr~ímos uma estrada de sete qui­

Ion .. ~tTos '. constn.nmos uma escola, têm-se repa­rado mmtas ruas. fontes, muros públicos. cape­las, e tc., E:tc. Dadas as boas condições desta po­voação essencialmente agrícola·, a sua popula­ção, o seu desenvolvi_mento d~ toda a espécie, bem mer~ce que para ela olhem com um pouco · mais de carinho. T ai não tem acontecido até ho. je, nem tc.-m indícios de acontecer, neste futuro mais próximo. •

Há · já uma boa dezena de anos que noa fa.

(Cont. na pág. 2)

CLARAS -

sou-se não só c?m a~sinantc's ;'nas também com co-laboradores. · . .

.Hoje, todo o traball10 de HA Neveu recai sobre 0

"triunvirato» escravo do amor à · terra-berço.' J :í há muito que vimos perdendo tempo, forças e a"té di­nheiro, para mantermos vivo o fo.,.o que hâ três anos se acendeu. Não nos prende a este trabalho o dese­jo de IÕ~ros ou honras. Nunca o jornalismo inglório da aJde1a deu fortuna ou fama literária a alguém. Prende-11os, sim, o desejo de segurannos de pê al"'ll· ma coisa que não deve cair, porque, se cair, jan~is

• se· erguerá. ·

'fudo isto -se disse pdra darmos uma e>..-plicação . aqueles que ainda nos lêem e são nossos amigos.

Como deveis ter reparado o jornal não te.m cola; boràdores e é sabido que ã. condição principal pa­ra a existênci~ :iuma publicação é haver que~ es­creva. O martlnzante atraso na saída resulta essen­cialmente de$te facto. Não há original e nóS espe­ramos que, de ;qualqu~r modo, apareça. Às yezes, andamos a ped1-Jo; por. esmola, de porta em poria. Conseguido, enfim, o' original necCs.sá1io leva-se à. tipografia._ Mas esta, que não podia estar' ~oda a vi­da à espera, meteu trabalho na máquina. E agora.

:(Cont. na pág. 4)

Page 2: LJS!lOA .. e Cargas - gentesdeloriga.wdfiles.comgentesdeloriga.wdfiles.com/local--files/jornal-a-neve/ANeve-1951.10...laz inventa o calorímetro; Bunsen e Kerchhoff in .. ventam o

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2 A' NEVE OUTUBRO - 1951

Ciência e Ignorância =====(CONTINUAÇÃO DA PRIMEIRA PÁGINA}=====

zido ao mundo, porque os homens assim o querem. Dir-me-eis que, enquanto houver mundo, tem d~ haver bem e mal. De acordo. :Mas desejaria ({ue· 0

bem fosse mais visível que o mal. E se lançarmo:; os olhos para o mundo moderno, observamos pre­cisamente o contrário. Os jornais dia-a-dia nos tra-7.cm notícias de .mais uma nova arma de guena qu:! . aparece. Chega-nos aos oui,ridos o clamor de gente esfomeada e doente, porque lhe arrebataram a casa e o conforto. A ânsia de possuir a comodidade que o mundo modemó paten!eia leva muitos a apodc­rarcm--se d~ dinheiro que não lhes pertence. A sede do luxo criada pela, sociedade nova aumenta dià- . riamente o contingente de. inulhcres prostituídas. A agitação constante cm que se vive, o frenesim diabó. lico de se sorver até à última gota-a taça do prazer, a correria louca para os espectáculos, divertimentos e para as «Casasn .onde imperam V~nus e Baco, le · vam muitos ao esgotamento e à loucura.

Não. Apesar de todos os inventos e descobertas que criara.m todo este progresso material, não creio que a humanidade de hoje seja mais feliz que a de

/ há quinhentos ou mil anos. Porque a felicidade, co­mo diz :Plínio Salgado, não está em desejar e pos­suir n1as antes em saber renunciar. Renunciar ao que leva à ruína física e moral deveria ser lema de todo o ser' humano.

'Mas como, se o homem se ignora a si mesm(l? E voltamos ao princípio da questão. Enquanto o he>-111em não procurar conhecer, a par do mundo exte­rior, o seu mundo interior, os produtos da sua inte­ligência converter-se-ão em instrumentos da ruin:i. própria. Mas quando entrar dentro de si, reconhecer a sua fragilidade material que num inoment.o se es­vai, dar à vida espiritual o valor que realmente

- O aetor clnematográHco Adolph MenJou re­ci:beu 10.000 dólares para eortar o bigode a fim d~ .poder f!g11.1rar num filme; de cara rapada.

.Cerca. de 300 conros .. . :por um bigode! . - .:\ gr.a.nde subscrição aberta pelos bisp:>S

portugueses, 'J}ara e·umprimento dum voto feito na Cova àa Iria em 1940, ·tendente a erguer-se em Portugal 'llffi monumento a Cristo-Rei, rendeu 2.801.255$:i0. A eonstrução <deste monumento va! com·eçar dentro em breve. .

-Faleceu <?m Versalhes a última rainha de Portugal, Senhora D. Amélla de Orleans e Bra­ganç.a. O governo decr.etou luto nacional.. por três dias -e os seus restos -mortais serão trazidos para. Portugal, :tendo então :funerais nacionais.

- Está :patente, em Lisboa, a ElG])Osição de Arte Sacra. Mi..c:síonária uma das mais curiosas exposições realizadas em iPortugal. .

- Ex.lblu-se no Pavilhão dos Desportos em Lisboa j) Rancho Folclóri'Co «Flores de ...Mont' Alto de Arganil, em _espect~ulo a .favor do Hospital desta hospitaleira. vila.

A sua apresentação perante o .público de Lis­boa constituiu asslnalado sucesso. Para.bens à .Casa de Arganil. '

. .

~------------··---------. .

o Festejou o 32.º ·ano da sua publica,ção o nosso

~olega 11A Vw.. <la Serra», ao qual desejamos uma vida longa e prósper~. ao serviço das ~erras de ~­na. Ao seu ilustre director as nossas sinceras fe}1c1-tações.

AGRADE<CDMED':dlT'O · A família àe ·António Moura :Romano, na

impossibilidade de agradecer pessoalme.nte a to­das as pessoas ·.gue se dignaram ·manifestar-lhes

seu pesar pela morte d-0 seu ente querido, vem fazê-lo por• este meio mui reconhecidamente.

tem, como fonte de paz, de concórdia e de felicidade Jmperecível, quando, cm suma, aprender que é ho­mem. e não simples animal, a sua inteligência tra­ba:hará para o bem individual e social.

Evidentemente que, conhecendo-se a si. verá no semelhante um irmão seu, essencialmente igual , com direitos e deveres, com aspirações _iguab às suas, numa palavra, têrá de rcspeitá.-lo no corpo e nos ha­veres. É o princípio da _paz.

O que dir.cmos do indivíduo Podenl'os di7.ê-lo das nações . .. aglomerado de indivíd'üos. A paz ... só se­rá possível, quando rec-0nhecerem umas :às outra::: direitos invioláveis. · :. ·. ; . . :·::. , ; :

Pelo que 'fica. exposto, já concluímos <]no o ca­minho a percorrer é extenso e doloroso. Requer,; uma. reforma total do homem, reforma que exige trabalho e renúncia: traba-Jbo do estudo de si pró· prio, para reconhecer o seu valor como homem, co­·mo .indivíduo e como elemento social e conhecer os defeitos e .tendências e renunciar a situações ou prá- · ticas em que costuma cair, lançando dentro de si a escuridão e no mundo a desordem. ·

Estou a ouvir aos materialistas (ou materialões) e gozadorcs esta expressão grosseira: «isso é para os santos! Para nós ... go:r.ar ·enquanto é tempo!. .. " Mas, então, nãQ ande sempre a dizer aos amigos. que o mundo está doente, esta podre e a conlinu<l.r assim não sabe o que acontecerá. Na reconstrução do mundo, todo o homem tem o seu lugar. E se ·ca­da um se reconstruir a si próprio está a obra reali­zada. Tão difícil. .. e tão fácil!·

Oh! como u mundo sabe o que podia ignorar -:: como ignora o que de>"ia saber!

Carlos Pinte 1lscensiio

DE ·CORGAS (Conti'!uaçãê>da pág. z)

MOVIMENTO ESCOLAR:. Foi nomeada para ~- escola femlnma de Sandomil. onde se enrontra Ja -e!D .exerc1c!o das suas .funções, a professora D. Mana de Lourdes Ferreira.

Para as -escolas de Loriga foram ümalmente nomeadas: - Para a escola Feminina a., profess:>­ra D. Maria Luísa Escalda: para a masculina a professora_ D. Maria Helena Fernandes Leltão e para a mim.a a iprofessora D. Maria Gomes Leai

Os nossos parabens e feliz êxito. BAPTIZADOS;; Na nossa 1greja ar uial re.!

ceberam . o baptlsmo as s_eguintes éRar.n~- Fer' _nagdo, filho ~o Prof. ~tónio ·Domingos Marques e e _D. Amália de :Brito Pina. Padrinhos· Marta do Céu de Brlto .Pina e António Luis Duarte p1na..

- Fernando. ·fllho de AbHlo Macedo de p1na â Mi:ia José Madeira. Padrinhos: Abilio Fernan-es u1s e. A~ora Mendes de Brito Lu.is.

sus é :a~~a d~~ ~~rd~, 'filha de FTanclsco de Je· lia Irene dos Santo~~ os Santos. Madrinha: J\ía-

t . - Lúcia, fll.ha de José Adelino Maraues e R!­r~ -~rllia.. Padrmbos: Augusto Gonçalves e Isau-

. .a.ue no lVIarques.

nh·elro F;r~!1r~~· iUho de Augusto de 1\-Ioura pl­J 1 omena Gonçalves. Padrinhos: v~:q~e ~r~~çalves d~ Brito e Laurinda G1Jnçal·

-. Maria de Lourdes. filba de António Men­des Lages e Aurora de Br:lto Antunes P drtnhos· Carlos Lucas Ano Bom e Marta de L · da L 5• An-0 Bom. · our es uca

- - .~ugusto, filho de Constantino N M. · A Q unes a-t1a.s e urora uadros Car?oso. Padrinhos: Au-~to de Brito Braga e Mar.a 'do Céu Quadros de Brito.

. - Vítor M2nUel, filho de Arnêrlco da Costa. Pinto e Maria Helena Pina Calado. Padrinhos: António de Pina Calado e 'Maria do Carmo da Costa Abreu.

-Maria do Carmo, filha de Hilário de Sou­sa e Filomena Mendes de Jesus. Padrinhos: Ma­nuel da. F.onseca Félix e Maria do Carmo .Mendes de · J-esus. ··

.-Maria_ da Guia, filha de Joaauim Alves LuiS e Filomena _ Leitã.o de .Moura. P~drinhos: carlO.S Duarte Leltao e Marl.a Isabel de· Moura.

Iam continuamente na construção da estrad3 que -Maria Ire!l~· filha de Joaquim dos Sant:>S Pereira e Conceição Lopes Pereira. Madrinha;

daria !igação"para Sándomil. Qual será 0 dia em Maria kene Gouveia .Cabral. 'que nós a veremos começar, se já .J)or mais de OASA..'\fENTOS; .ReaUzou-se na nossa IgreJP. uma e .duas vezes nos disseram que ia ser co- paroquia~ o seguinte enlace matrimonial: - AP~ meçada dentro de breve tempo, e afinal iá lá tónio ·Lms Amaro, filho de Abillo Luís Amaro e

, d f · Maria Gonçalves com ·Maria dos santos Jorge fl-vão anos, e nem um· so escu o oi gasto para tal lha de .Abílio 'Duarte Palas e Maria da Encarna" fim? T an1bé1n nos falaram num~ escola que até çáo Mendes Jorge. Aos noivos ós nossos stnceroi: hoje não tevé começo. . parabens.

1!, dura e triste a situação de Corgas, que pos- óBITOS: Registaram-se os seguintes:. · l d oo -No dia 24 de setembro, o ·menino Fernan·

sui uma popu ação e 6 habitantes, sem mé- do Lopes pe Brito Pina, ·filho de álvaro Abrante.'i .dico assistente, dentro àa própria terra, tendo f'.l.na e Maria dos Anjos Lopes de Brito. em casos urgentes de o procurar em Sandomil -No dia 21, o menino António Jorge Duaf' ou S. G.ião, a uma distância que varia 'entre 5 e te Nunés de Brlto, tllho de Américo Nunes ·de Brl' 7 quliómetros, por caminho~ impraticáveis. Se to e Adélia Duarte J orge. . - No d:ia 28, a menina Maria Isabel de Moll'' ao m enos dispuzesse de uma boa estrada para r~ Brito, filha de Ah•aro de Brito Lourenço e Ma' tornar mais râpido o acesso, ou um posto pú- ria Emilla de Jesus de Moura. blico com telefone, para m3is ràpidamente pe- - No d~ ~ de Outubro. o Sr_ JoaoUlm ]'deo-dir o auxílio necessário, tornaria mais leve ~ vi- des Lucas, filho de Josê de Moura. Lúcãs e ~arla

~ Mendes Videira. da de trabalho dos seus habitantes e remediar· -No dla 8, o sr. Emílio Abrantes. :rllhO ~e -se-ia muita desgraça. :A luz eléctrica, também Antão Abrantes e Maria José Pinto das Neves. bastante necessária, não é de tanta urgência, ,mas -No dl.a 10, o menino ~tónio de Brito pe~ a estrada e o telefone sã<>' na verdade duas cai- reira, 1ilho de José Alves Peretra e Aurora G<>X1l~

-. · . - . · ·· . , . .. . .. -· · . .. _ _ . de Brito. · . . sas que :e~e povo mmto .ance1a-, àevidó à sua· ·· - -No dla-13.-o Sr. Joaquim Fernandes ;praig. grande ~tihdade. filho de Manuel Fernandes Prata e Maria de Je·.

D st d . h d . d. d f . sus Lages. . · e e mo o, ven o secun ar os pe 1 os e1- _ .No dia 18 a menina Maria Isabel M&rtinS

. tos pelo meu conterrâneo Sr. F ernanqo Adrega, ' Lourenço, filha de António de Brito LQurenço e mas no que diz :respeito à troca do nome de C.or- Laura. Martina . de Moura- · gas estou em desacordo .pois nós oor enquiln- -No dia 24. o sr . . António de Moura Roma-to ~ada re~ebemos da a~tual situação .a não ser no, filho de António Luis Jorge e Maria T er esa

h . . . d d d 19~6 d·e Moura. . ,

a paz e a armoma que tem xe1na o es e /.. , _No dia 28. 0 sr. José dos SantOs Fernto. mas que afinal. não dádiva só par::i. nós, mas pa- filho de Jos€ Du.a.rte dos Santos Ferrlto e Maria Ta todos os portugueses. da Cruz Lemos. . .

. . .. - No dia 31, o Sr. Albano Antunes Ferreil'S.· Quando Vlrmos alguma coisa f e1ta Para a filho de Albano Mendes Ferreira e Maria EmillS.

nossa terra, pela actual situação. -então sim. en- Antunes Ferreira · · tão poderemos pôr~lhe o nome desse grande As fa.milla.s enlutadas a.presentamos os nossos

~ h d t d • . f . mais sentidos pêsames. . portugue~ e . ?roem e es a o, que e, ~ue 01 a . DIVERSAS: Para. 0 Rio de Janeiro saiu o nos-que continuara a ser o nosso governante; o no- sv ronterrâneo Sr Abílio Moura. Barros, a queX1l me de Sua Ex.ª o Senhor •Dr. Oliveira Salazar. deseja.mos multas felicidades e õptlma viagem.

· Do Pará regressaram: O Sr. Armando Mat!BS

ÃN"f ÓNlO l-IERCUL.A1NO f!A ;p AIXÃO MELO 1 •

Ribeiro Freire acompanhado de sua. famllla e. o Sr. Albano Antunes Ferreira. que faleceu 3 dlaS depois da. sua chegada.

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OUTUBRO- 1951

&ta• 1louo4

·1VIDA6RINDIDSA DO ~ONDESTÃVEL Mário Domingues. que tem sido, como roman­

cista e novelista, um criador brilhante de conflitos e de f:íguras, entrou com o seu último livro «A vida grandiosa do Condestável>>, no domínio perigoso e difícil da História, buscando 'precisamente uma das figuras e uma das épocas mais divulgadas. Preten­ilcu dar;nos. como a leitura do livro revela. não o vulgar somatório de datas, de episódios. de citações e documentos, mas a interpretação da figura de Nún'Alvares num plano de humanidade e de com­preensão. Alcançou plenamente o seu objectivo, J>?is o seu Condestável adquire nessas trezentas pá; g1~ de prosa tersa, escorreita e animada, um ful­gor_ novo. A éppca tão agitada que. abrange os rei­nados de o: 'Fernando e' de o; "Jo5o 1 encon~ro·~· em. Mário Domingues - ou não fosse ele u·m jor­nalisti de garra - o - historiógrafo compreensivo e ardente. Vive-se, na leitura, esse ambiente de intri­g~ aleivosias e heroismos que vai do período do­oUnador de Leonor Teles até à morte do Condestí; 'Ve). Toma-nos a. emoção, por mais conhecedores que sep.m.os daquela época, vendo desfilar animados pe-­la pena· fulgurante. de Mário Domingues, os ho­·llJens que pretender..im entregar Portugal aos cas­telhanos e os que. num verdadeiro prodígio de fé e de vontade. salvaram e fortaleceram a indepen­dência nacional. Mas, de todos eles - é Nun'Alva­res Pereira quem está sempre presente nas suas au­dácias salvadoras. na tenacidade, no valor, no he• roismo e, por fim, nos arroubos místicos que eram, afinal, o complemento lógico da sua fé. ao julgar­-se. na. defesa da Pátria, o braço de Deus.

l! um belo livro o que Mário Domingues escre­veu. A edição, ·bem apresentada e com artística ª' ~. é da Livraria Romano Torres, de Lisboa.

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!

Sempre, a toda a hora, veJ:> O teu.olhar de beleza, Que: -em misterioso ·ade1· o v· .

lVe ;em toda a Natureza ... ti'Ylorreu s 1 o o no poente; Com · ª noite, -fico .a chorar. ~ endo o teu <>lhar ausente.

as estrelas, a brilhar ...

ALCINO BE.IRÃO

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A NEVE

-EMIGRACAO

' Ensina-nos a história que Portugal foi um grande povo e diz-nos a geografia que. actual­mente, constitui ainda um Grande ·Império. Se é um -:ievcr sagrado amarmos a Pátria onde nas· cemos. se nos ufanamos de um passado tão glo­rioso, se nos orgulhamos de, ainda hoje, as grandes potências nos olharem como um Povo que civilizou mundos, não menos dever será dos Governantes da !Nação verem com. certo carinho um dos principais problemas desse mesmo po· vo. É. ele o problema da emigração para o ur. tramar. •

À .densidade de população dos pequenos centros, não corresponde, na maioria dos casos,

0 seu Jesenvolvimento material a poder permi­

tir o acesso ao trabalho e, daí, a razão de ser do emigrc1nte que tem de ·procurar nova condi-

. ção de vida para, honestamente, poder ganhar _,_ . . \ o pa-0 para s1 e para os seus.

Se quem não trabalha porque não quer é pe­la Socied;i.de considerado -como um ~er indese­jável, também quem deseja empregar a sua acti­vidade e não tem ao~de, sentir-se-á, por mais rude que ·seja, e.orno um ser inferior e terá até õ simples noção de que anda a mais neste mun­do.

Não tem o nosso Governo descurado o pro­b lema .da assistência, mas as 'Facilidades de emi­gração para as nossas colónias, carecem de solu­ç.ão imediata. Será lógico, até, admitir o racio· cínio de que a resolução do primeiro não po­derá ser ~adical sem a interferência na do se­gunde.

É <le louvar, o que se tem feito nesse sen-tido e º " problema .é melindroso pois requer a criação de condiçõés de vida para a adaptação dos povos colonos, mas dada a neccssida-le im­peroisa e a 'SUa projecção na futura economia do País, há que dar-lhe a maior atenção e dedicar ao assunto cuidado · estudo. Há gue facilitar, quanto possível, o povoamento .do Ultramar, há que pôr de .lado peias .burocráticas que se opo­nham à sua .efectivação, •há, numa p'alavra, que permitir aos portugueses que, na sua própria Pá­.tria, ganhern ... a -vida .e não tenham gue, muitas , . vezes, recorrer a paises estrangenos.

Se Portugal não tivesse a-0nde albergar os.· seus filhus, seria até humano que junto de ou· tras nações, que tanto apreciam o nosso traba­lhador. se obti-vcssem facilidades nesse sentido, mas, felizmente, o nosso Império é suficiente­mente grande para nele ganharem a vida todos os portugueses.

Cabe ·à 1olroprensa 1Regionali1 fazer eco deste grave :;:iroblema, cabe aos poderes públicos le­var o assunto a S. Ex." o l'Vlinistro do Ultramar e fazer-lhe sentir o perigo !'.IUe nos cerca.

Ficando indiferente, não seremos amigos de P-0rtugal . nem .do seu povo, quedand<>-nos a· olhar para esta ordem de coisas e ficando apá­ticos, sentir-nos7emos .culpados, um dia, de · ao Portugal' de •1Üntem>l não corresponder o de · <1Amanhãll. . ,

~ necessário, pois, que à extensão do seu T erritóri.o corresponda também a grandiosidade das suas realizações.

A. Gonçalves da Cruz

t João· Mendes Cabral

Passa no dia 28 de Novembro o segundo ani-· 'Versário da -morte do querido amigo e bom Lo--:-iguense Sr. João !Mendes C~bral. · : ·

, , S Esposa e Iamília, :que dolorosai:nenle sen-

tem ua ua perda: e os ami.gos, ide Lor1ga e Con-a $ .! • A • ' 1 1 go Belga', .0 nae se 1mpos, a ·estima g~:a pe as

11obres qualidades de caracter ~. afab1hdad.e _de

coração, evócam a ~ua ;,ne~ona co~ s~~tida saudade e respe~tosa reverencia aos des1gmos de ·Deus. .

f.m sufrágio . da sua. ~\Tfla; .celebram-se. miss~s · na Igreja de Sánta-'Mana-'Ma1or, ·C~ . L'?nga_, as 8 boras e na fgr·ejà ôe .Nossa Senhora de Fánma. em Lisboa, às 9 horas, mandadas rei.ar por sua viúva que, reconhecidamente ª?r~dece a to~a.s as .pessoas que se dignarem assistir a estes pie~

dosas actos. ,. \

3

Fátima - Bênção dos Céus (Continuação da 4.' página)

hossanas a Nossa Senhora; houve Fé e Espcn1n· ça, flores beru:litas da Vida que se vive em aitu­ra. da vida que se apresenta com dignidade.

O Congresso, o encerramento do Ano Santo. a própria exposição de Arte Missionária, trans· cendem o mero significado de factos embo1a g1andiose>s; são, lodoi; eles. a projecção da V cr· dade Revelada. <ia Mensagem de Fátima da fé da Humanidade. E se Portugal se orgulha' desses fr.ctos, o seu povo apresenta-se como portador . dessa i\.1ensagem _que .através dos tempos, desde Belém à Cova da ilria, vem aconselhando a ,.\ó. . l) " na a cus e a paz na Terra.

N,º. rcd~r do. tempo e no alargar do espaço. - 1Fatim~ e mais que um centro de roma·gem é um esérínío de fé e penitência, de piedade' e amor fn1terno donde irradia, como sol glorioso, o . Verbo Divino. E as graças de Deus, que dali abençOãm o povo português, são o .milagre do novo reflorir da !fé, tanto em Portugal como em todo b •!Vlundo.

O _A.no Santo, iniciado na <1porta santan ele Roma, encerrou-se ·para o estrangeiro, em Por­tugal.

Honra suprema - sinal de que f:átíma re­presenta uma nova mensagem c.:ujo sginificado altíssim'> - de verdadeira .Paz - ficará a marc.ar o caminho dos •homens e dos povosn.

A

- Estiveram entre nós os nossos contcrràne:lS António Cabral Leitão, José Leitão de Brlto An­tónio Fernandes Leitão, António Cardoso 'de Mou­ra, Joã-0 · D1n1z· !Peteira, car)os Lucas Ano Bom, Antónto Gomes Ptna ·Maehado bem como Abílio Moura Barreiros que x~tirou para o Rio de Janei­ro, após breve estadia na nossa .terra.

-· Tamb~m o digníssimo presidente da Câma­ra Municipal de Seia, aqui velo assistir ao Con­gresso da Mensagem de ·Fátima.

- Chegou há dias a ~sposa do nosso amigo António Cardoso de Moura, que para aqui vem n­xar residência. Vinha acompanhada :pelos seus sobrinhos José Cabral Leitão e D. Maria Celeste Conde Leitão. ·

-.As maqnetes ipa·ra -0 · inausoleu de Emília M~ndes de Brito. artisticamente !deallzadas pelo nosso amigo José ~edro, suscitaram a admiração e o mteresse de todos quantos as apreciaram.

UNIÃO GRÁFICA S. A. R. L.

. ' Sede e escritórios: ·

R. de Sonta Morta, 48 - LISBOA-N.

Telef. P. P. C. A. 44191 e 441 92

End1

telegr. MOVIDADES

Fil ial no Guardo: CASA VÊRITAS

Proprietária do diário Nov~dades , da re-.. . vista de actualidades Flama e do ·~e-

manário A Guarda

Secções:

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EDITORIAL

A Maior organi:ração de ' Portugal t 1 • •

1 ao serviço da Igreja

!._.,_....;..,_._---'

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A NEVE

PELA NOSSA TERRA-PELAS GENTES DA SERRA

A Festa de Cristo-Rei e Acção Católic'a

As Secções da Acção Católica de Loriga com o zelo do Rev.""' Assistente, ·pre;pararam com gran­de relevo e brilhantismo, como em nenhum ano t ransacto a Fcst"S. de Cristo-Rei, Festa da Acção Católica. . ..

No dia 25 - Assistência à Santa '.·Missa por todos os associados, bem como ·à noite a Hora San_; ta, · invocando a Deus graças para t.octa a Acção Católica mundial.

Dia 26 -SeguL:ndo o 1programa do dia 25, pe-. la Accão Católica Portuguesa. . ·

Dia 27 - Com o programa dos dias anterio­res, pelas secções da Acção Católica da P.a.róqula (J. o. C.-J. o. e. ·F.-L. -o. ·c.-e ·L. o. e. F.). Nestes três dlas houve também med1taç!lo em conjunto para todos os Dirigentes, Mllltantes e associados dos referidos orga.nl.smos, onde o· nos­so assistente em brevés .palavras relembrava a to­dos quais· os de\•eres e ·responsabilidades que se têm ;pelo movimento, pelos nossos irmãos de tra-balho. .

Finalmente no ·dia 28, dia de .Cnsto-Re!, ao romper 'Cla aurora, o dla mostrava-se festívo, pols ?. natureza .quls. associar-se à nossa !festa. Ai; oito horas !)rlnciplava o Santo Sacrifício da. Missa. dialogada e acompanhada a cânticos por todos os associados. sendo acolitada por do!s Joclstas. Ao Ofertório os Presidentes das· Secções ofereceram ·no altar o pão, o vinho, as. velas e os prapósltos que todos os Associados fizeram a Cristo-Rei, pro­pondo-se cada um Intensificar a sua vida espiri­tual e servirem com árduo trabalho cada Qual a sua Secção. ~egulu-se rio final da Santa Missa a Sagrada , Comunhão. (jue foi numerosa, pois fo­ram inúmeras as pessoas que receberam o Dlvino­~Operárlo, além dos associado-~. que contam mais de uma centena. ·

De tarde na presença de todo o povo na Igre­ja Paroquial que estava r epleta, fizeram jura­mento '(enquanto no j.uribulo ardiam os propôsi­les feitos· juntamente ·com incenso) os novos di­rigentes para o IX\OVO .>\no Social de 1951/ 52, n~ cando portanto constituidas as Direcções pelos Ex.'""• Srs. e Ex.w•• Sras : . · .

J. O. C. - Presld. - Artur .Duarte Jorge;. Se­cretário - Augusto Duarte Gouveia; Tesoureiro - Carlos Alves da Costa. . .

L. O. C. - · Pr"esíd. - Alvaro dos Santos Aparlcio; Secretário - Viriato Amaro Pinto; Te­soureiro - Joaquim G<lmes Melo.

J. O. C. F. - Presid. - Natália Abreu Nunes; Secret. - lda.llna Diniz Pereira; · Tesoureira -Maria Helena Pereil'a. · ·

L. O. C. F. - Pres!d. - D. Irene Brito . Mou­ra ; Secret. - D. Irene .G.' Dinlz Prata; Tesourei­ra - D. Maria Teresa Cabral.

Receberam' também os emblemas do seu or­ganismo (L. O. C.) os Ex."'"" s .rs: Alvaro ~antas Aparício, Carlos A1ves de .Moura., Joaquim Moura. Simão Viriato Amaro Pinto, Alberto -Marques Sil­vestre: · José :Duarte Gouvela e Joaquim Gomes Melo. Aos novos dirigentes fazemos votos oue eles sirvam com grande dedlcaç!ío nos cargos que lhes foram incumbidos.

Ai; vinte horas Honrosa Sessão Solene a Cris­to-Rei no Salão ParOGUiá.l que apesar de ser -ç>as­t O, !o! pequei:io para conter centenas de pessoas

/

Evoc~~.ões do Outono

Tardes cinzentas, frescas. outonais, Tárdes d·e ·bruma esc~ra e de mistério, Fazem lembrar-me as covas sepulcrais · Na solidão e paz dum ct:mitério ...

~.

Há nos ciprestes, arrepios.: . ais ... Agrura extrema dum fatal império! Fazem lembrar-me gritos infernais, ·Prelúdio louco dum bailado etéreo ...

Tardes .de Outono ... do pià:r dos môchos .. .. ºd A ) Por que escolheis vossos vesti os roxos.

Porquê de cinza esses cabelos cheios?

Fazem lembrar-me rostos penitentes, Pobres ce~nhos de olhos inocentes, Mã\ls tsten~idas nos portais alheios.'·

OLGA '

de diversas categorias sociais, pais estava repleto. Estava ccmstituida a mesa pelos Ex."'"" Srs: Rev.'""" Assistente Padre •Pr.a.ta, :Padre coa'djutor, Pedro Vaz Leal, Tesoureiro da Junt a d e Freguesia· M a­nuel ~mes Leitão, representante da entidade Pa­trona1 \ Mâtrio · Alves ·Fernandes, rep'r-esentante do S1nd1cato do Pessoal 'da. Indústria de Lani.ficios · António Leitão · de Brito, representante e ali~ Presidente do Grupo Desportivo Loriguense; D. AUce de Almekla Abreu, r epresentante do profes­sorado; ~ Presidentes de cada um dos organis­mos da Acção Católica, e ipelos oradores da Ses­são. seguindo-se o programa que adiante se lê:

1 - Hino da A. C. ;portuguesa. . II - Abertura pelo Rev."'º A.sslstente. III - Missão do Pai. por José Gomes Melo. IV -Família Nova (cântico). V - Leitura do Re)atório da L. O. C., por Al­

varo dos Santos Aparlclo. VI - Hino do XV." Aniversário da J. O. C.

Portuguesa. VII - Missão da ·Mt!loher, por Maria I:rene de

Brito Moura. VIII - Hino da ·L. O. C. F.

IX - Entrada no trabalho, por Atur Duarte Jorge.

X - l'vlarcha da Conqulsta. XI - Relatór:io da J. O. C. por Carlos Alves da

Costa. XII -· A J. O. C. e o Tra:balho, por Filomena

Nunes Abreu. XIII - Com Nobre Altivez (cântico}. XIV - Leitura 'Cios Relatôrlos da P ré-J. o. G. F.

e J. O. C. i'.'· ,por Maria Helena Pereira. XV - Rapsódia. Jodsta. ·

XVI - Força de vontade, por José de Moura Mourita.

XVII - Marcha. Jubilar. XVIII - Avante no JTúcJo do novo Ano Social por

Maria Teresa Cabral ' . IXX ·-Relatório da L. O. C. F., por Maria. Ter e-

' sa Cabral ' · · ., XX-Ma;rcba Joci.sta. . . . ' . XXI - A L. O . C. ·e o operário, por José. Amaro.

XXII - Hino da· J. o. e. .. XXllI - ·Encerrament:> .pelo Rev.'"" Assis~ente.

Que. Cristo-Rei o Divino Operário -abençoe as Secções da Aeção Católica, bem como todos. os seus associados trabálhando todos para que Cris-to vçlte à Classe Operária. . ·

Carlos Alves de Moura

NOTA - As Secções de Loriga da J. O. C., J . -O. C.· F., L. O C. F. organizou uma ex;posição nas ·montras do antigo café Império, e que têm despertado muito Interesse e curiosidade por toda a freguesia, pois aH se podem apreciar os Porta­-voz das J. o. e .. J. o. e . .F., L. o. e. e L. o. e. F. bem assim como alguns jornais e Revistas Jocis­tas lnternaclonals, etc. Numa delas podemos .ver e Cónego J. Cardln grande fll7lda.dor do Jocismo com o emblema internacional da J. o. e. na mes-ma roto, etc.,_ ·etc .. etc. ·

Cor unum et ani.ma una

INQUIETAÇÃO Sempre a caminhar na incerteza, Prócui:o sougar . o~ . meus sentidos. ,.

. Em silêncio, -interrogo -a Natureza ~'v1as ela, i n{uda, não me d& ou~idos .. . . . .

Queria saber: para onde vou) Se me perdi no meu destino, Para ·onde me levam?...:_ don<le estou Quero um rumo e não atino'... .

, Sinto-me .preso n~o sei ·a cjuê ... A um poder estranho que não se vê .. .' Neste mau estar que me condena. · . .

,.. •: . • , . , h

Se é isto a vida e melhor prazer não tein. Antes camnihar para o além .Pois viver assim, não vale .a pena ...

ALVARITO ..

..

OUTUBRO -1951

F ÁTIMA-Beoção dos Eéos . ... uEra a 13 de ·f\1aio de 1951 na Cova ela Iria. Findara a missa; os cânticos subiam ao Céu; meio milhão de fiéis orava à Viraem de Fátima,· agitando os seus lenços brancos7- pombas de· Pai: que Nossa Senhora anunciara. ·

Naquele ponto cardeal do Mundo católico, . . sítio -ermo que a fé transformara num ponto de convergência de almas d e todas as raças e lati­tudes, .passou-s.~ · então um facto memorável: o Bi~po de Leiria anunciara á esses 500 .000 per é- 1 gnnos de todo,T.:ir~\1undo a decisão tomnôa pelo · Santo Padre de encerrar o Ano Santo em Fáti· ma, no dia 13 de Outubro.

.. . E o dia 13 de Outubro chegou. Portugal, cel~~ou. uma data · grande do seu calendário de Nj:ç~-º fi~díssi~a. E. <>. signifi{:ado a um tempo · re 1gioso e: nac1on;_:l do acontecimento reveste· -se de tanto maior grandeza 'qu'aói~ ~ 'certo uá~ tar-se do cumprimento da missão histórica de um p_ovo devotado à Mãe de Deus, Rainha ele. Portugal. cuja mensagem irradiou dê novo de Fátima para todo o 'Mundo, e to~ou -as alm~s e as aqueceu · ao seu calor eele':stial. · "·

E como se Ó pr6priô Pap~. Pai da ~ristnnc:k­de, estivesse na Cova da Iria, veio a Portugal C<>rno seu Legado ua latere11, o Cardeal T edes. chini representando o Vigário de Cristo .

-De noyo a fé divina, enlaçou em orações e lágrimas. preces e invocatórias, portugueses e esuangeiros, todos peregrinos daquele supremo ideal que eleva as almas ao plano sobrenatural e refl-ecte na -. .. húmanidade os princíoios duma Paz cristã, 'onte de Amor e de Beleza· - paz na. família " no trabalho, .paz entre os homens e . entre as nações, que <> Congresso da Mensagem de F ntima tão dignamente apontou ao 1Mundo.

.foi hora grande para o povo · português ju-' biloso por ter sido escolhido na pessoa dos' t rês pastorínhos como depositário' da Mensagem àe Nossa SP.nhora, jubiloso pela honra com que o distlnguiu S. S. Pio X1ll, jubiloso, afinal, porque a Virgem .Peregrina .leva ao Mundó o Ideal que este povo em séculos e séculos de cristianização tem espalhado. . .. ~16ria '«· •qeus nas altur~.s e paz na terra c;.os

. hom~ns d e -boa vontade ' Em 12 e ·13 dê b{it-übr0 ,

0

em Fátima, um mi­lhão de cat6licos <le todo o Mu~do. levantou

(Continua na pág. 3)

P a 1 a v ra .. s Claras (Continuação da f .• pág.}

' muito justamente, e.Speramos nós. Todos reparan•

· no:; atrasos, mas poucos conhecem as razões. ?rlui­to; criticam o . que se publica mas poucos cuidam em escrever alguma coisa de melhor.

O jornal não é de um, nem de dois nem de trêS;· O jornal é de todos 'vós. 1Portanto, àqueles que não ~oncordam com .a doutrina nele exposta acei1amOS que faça.m melhor. Dizem-nos que o jornal devia. ser. sobretudo regionalista. Absolutamente de acor­do .Haja quem' escreva sobre 'assuntos de interesse regional e 1(A ·Neve» honrar-se-á com a sua publica· çào. Pelo amor de Detis, não exijais que nós e só

f nós,. estes carolas incompreendidos, escrevamos o jornal de fio a pavio com a obrigação de apresen­tarmos assunto variado! ... Apareça. pois, quem es: . crevf. Acima das palavras, queremos ver obras. ·

É evidente que· os que .têm a responsabilidade oficial da publiq1ção devem yelar pela coriveniênc!ll das matérias vérsadas e, por isso, reservam-nos . o · direito de regeitar o que 'não convenha.

Estamos já a ouvii os protestos dos críticos pro· . fissionais, porque já se publicaram artigos que não

deviam ser publicados. Ainda aqui, absolutame~tc <le acordo. Nem sempre a nossa perspicácia pode ver se isto ou aquilo ,.Jeva água no bicou. /VJs qu '-' sem12re atingem o âma90 <la questã~, pqr conhec~-

\ rem os po~res do nosso ~urgo, aceitamos a ·exp~~ cação ou a defesa, por escn to e em tennos correctos. dos pontos de vista que julgam obsc.uros ' ou doS' princípios que_ consiaeram ofendidos. ·

Depo_is de escritas estas palavras, a que nós de:.. · mos -o nome de «claras" (e oxalá o fossem) prome­temos fazer novo esforço, para que «A Nc.ve11, con­tinue a manter-se . à frente de Loriga e da região. aPéla nossa terra - pelas gentes da ,Serra!n

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