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  • 264 PARTE III: CRISES E REVOLU

  • UNIDADE V- 0 POVO QUER A PAZ 265

    a rea~ao da Turquia republicana as impos1~oes do Tratado de Sevres e, princi-palmente, o problema alemao: seja quanto ao seu novo estatuto polftico, seja no tocante a questao das repara\=6es de guerra.

    Os problemas internacionais eram ainda mais agravados devido a politica norte~americana e a situa\=aO espedfica da URSS. Os EVA, embora adquirissem a posi~ao de primeira potencia mundial, mantinham-se formalmente afastados dos problemas europeus, dentro dos parametros do seu tradicional isolacionismo, reafirmado pela recusa do Congresso em assinar o Tratado de Versalhes e de participar da Liga das Na\=6es, originariamente projeto do Presidente Wilson.

    E born deixar claro que o isolacionismo norte-americana nao significava afastamento, separa~ao, mas sim a recusa em estabelecer qualquer compromisso capaz de limitar sua liberdade de a\=aO, . de restringir suas possibilidades de intensificar o comercio externo, ampliar seus campos de investimento e receber as dividas de guerra. Oaf os tratados de paz assinados em separado com a Alemanha, Austria, Hungria, os quais, sem impor as obriga\=6es estipuladas em Versalhes e Pari~, asseguravam aos EUA todos os privilegios de que gozavam os demais vencedores. Assim, sem deixar de se interessar pela Europa OS EVA ptocuraram refor~ar seu predominio na America Latina, onde substitufram a Inglaterra como potencia dominante, e no Pacifico, onde ten tar am limitar as ambi~6es japonesas no Extrema Oriente. Dai a Conferencia de Washington (1921-1922) quando o J apao foi obrigado a restituir territ6rios a China (Chan-tung) e a URSS (Sacalina, Siberia e parte da Manchuria), alem da limita\=ao a construc,:ao de grandes navios de guerra , firmando criterios assegurando a inferioridade naval japonesa em relac,:ao aos norte-americanos.

    "Este Tratado poe fim ( .. . ) a corrida de armamentos navais. Ao mesmo tempo, mantem sem fissuras a seguran~a das grandes potencias mariti-mas A significa\=ao do Tratado, contudo, vai mais alem. Falamos de armas em uma linguagem de paz ( . .. ) Estamos dando talvez o maior passo ( ... ) para estabelecer o reino da paz."

    (Charles Hughes, Secretario de Estado dos EUA; citado par DUROSELLE, J. B., Polltica Exterior de los Estados Vnidos - 1913-1945, Fondo de Cultura Econ6mica, pag. 185.)

    Quanta a URSS, outra pec;a no xadrez das rela6es internacionais, sua situa-\=ao era diffcil. Temia-se o alastramento de uma revolu\=aO segundo o modelo sovietico~ o temor era agravado pelas proposic;6es russas de uma revoluc;ao mundial, e, apesar do fracasso de Bela Kuhn na Hungria e do Movimento Espar-taquista na Alemanha, receava-se a "mare vermelha". 0 fracasso da interven~ao estrangeira (1918-1921) trouxe frustra\=6es, em parte compensadas pela Politica do Cordao Sanitaria na Europa Oriental e pelo "congelamento" impasto a VRSS, isolada na polltica internacional.

    Procurando sair desse isolamento, a V RSS aproximou-se da Alemanha, tambem isolada internacionalmente. Dai o Tratado de Rapallo ( 1922) em que mutuamente renunciavam a dividas de guerra e restabeleciam rela\=6es diploma-ticas e economicas Complementarmente assinaram acordos militares permitindo, em troca da assistencia tecnica alema, a instalac;ao na URSS de centros de fabricac;ao de armas proibidas aos alemaes pelo Tratado de Versalhes. A aproxi-

  • 266 PARTE III: CRISES E REVOLUC::AO

    ma~ao germano-sovietica, retirando os dois paises do isolamento polltico e eco-nomico, frustrou os objetivos franco-ingleses de reconstru~ao da Europa em detrimento dos vencidos e da URSS.

    A uniao entre as na96es : pintura no teto da sede da Liga das Na96es.

  • UNIDADE V - 0 POVO QUER A PAZ 267

    As rela96es internacionais eram conturbadas tambem pela questiio das repararoes de guerra, fonte de atrito entre os EUA, e Fran~a e Inglaterra: essas potencias europ6ias vinculavam a amortiza~ao dos emprestimos norte-america-nos ao pagamento da divida de guerra por parte da -:\lemanha. 0 problema complicava-se mais ainda pelas

  • 268 PARTE III: CRISES E REVOLU

  • UNIDADE V - 0 POVO QUER A PAZ 269

    "Art. 1 Q As altas Partes Contratantes declaram, solenemente, em nome de seus respectivos povos, que condenam o recurso a guerra para a solugao das cdntroversias internacionais, e a ele renunciam, como instrumento de politica nacional, em suas relag6es reciprocas. Art. 29 As altas Partes Contratantes reconhecem que o regulamento au a solugao de todas as controversias au conflitos de quaisquer natureza pu origem, que possam surgir entre elas, jamais deveni ser procurado senao por meios pacificos."

    (Trecho do Pacta de Paris ou Briand-Kellog, in Textos de Direito lnterna-cional e de Hist6ria Diplomatica de 1815 a 1949, Livraria Cl::issica Brasi-leira, pag. 325.)

    ' ARABIA

    SAUD ITA

    0 Oriente M6dio ap6s a 1~ Guerra Mundial, quando os tratados de Sl!vres e Lausanne re: duziram a Turquia a limites nacionais e criaram ~reas de influencia franco inglesa-. Em linhas verticais, os territ6rios tutelados pela Fran~a: Ubano. e Sfria; em linhas horizontais estao indicados OS submetidos a lnglaterra: Palestina, lraque e Transjordania.

    Acolhido com grandes esperangas, marcava o apogeu da seguranga coletiva; contudo, as antagonismos permaneciam latentes. Com a Grande Depressao estes voltaram a se manifestar e o mundo passou da Ilusao da Paz a Desilusao da Guerra: o recrudescimento do imperialismo alemao exigindo reformas e o aban-dono do "Diktat'; de Versalhes, as pretens6es imperialistas da Italia Fascista e o avango japones sabre a China, tolhido ate entao pela pressao norte-america-na, romperam o precario equilibria internacional e, de crise em crise, o mundo marchou para a 2l:l Guerra Mundial.

  • 270 PARTE III: CRISES E REVOLU(:AO

    DESTAQUES DA UNIDADE

    1) Identificar as duas fases do periodo entre-guerras. 2) Sintetizar as terttativas de desarmamento e pacifica~ao entre 1919 e 1929. 3) ldentificar a posi~ao dos EUA, da URSS e da Alemanha no mundo p6s-

    Primeira Grande Guerra. 4) Correlacionar isolacionismo, repara~6es de guerra e Conferencias de Wash-

    ington. 5) Relacionar Revoluc,:ao Mundial, "Cordao Sanitaria", "congelamento" e

    URSS. 6) Considerar a importancia do Tratado de Rapallo. 7) Analisar a questao das repara~6es de guerra, levando em conta os atritos

    suscitados e a solu~ao encontrada. 8) Caracterizar as linhas gerais da politica internacional acid ental entre 1924

    e 1929. 9) Resumir os principais problemas do Oriente Media.

    10) Considerar o significado do Pacta Briand-Kellog.

  • UNIDADE wm Realidades sombrias ...

    A GRANDE DEPRESSAO E AS SOLU~OES NACIONAIS

    1 . NOQoES INICIAIS

    Lembra-se quando falamos do "otimismo liberal" que invadiu o mundo capi~ talista na sua fase de apogeu?

    Aquele "otimismo" era reflexo do pensamento economico liberal .predoml-nante ate a decada de 1920 o que e:xplicava a fe no desenvolvimento ilimitado do capitalismo.

    No entanto, algumas coisas vieram ameac;ar essa visao otimista. Em todos OS periodos da Hist6ria tern havido muitas crises. Antes do seculo XVIII as crises, de urn modo geral, afetavam normalmente o setor agnirio, sendo caracte-rizadas pela carencia, escassez de alimentos e outras artigos necessarios, cujos pre~os, conseqiientemente, se elevavam. Mas com o advento do sistema capitalis-ta houve urn a mudanc;a no carater dessas crises : nelas niio ha escassez, mas s1m superabundancia, e os prec;os, ao inves. de subirem, decaem.

    Par que isto? A produr:iio capitalista tem por finalidade o lucro. E tais crises sao ineren-

    tes ao proprio sistema na medida em que existe uma tendencia de reduc;iio na taxa de lucro.

    Veja. Com o desenvolvimento do Capitalismo, uma parte cada vez maior do lucre foi empregada em novas e melhores maquinas. Essa maquinaria, embora custe muito dinheiro, elimina o trabalho de muitos homens, diminuindo o custo da pro-du~ao e, portanto , possibilitando maiores Iueras. Todavia , por outro !ado, provocando o desemprego e a baixa dos salafios, diminuia , entao , a capacidade de consume das mer-cadorias.

    Assim, apesar de a capacidade de produc;ao ter aumentado, a taxa de Iuera sofreu reduc;iio porque o poder aquisitivo d.os trabalhadores era Iimitado. E este o diletna do sistema capitalista.

    Como soluciom1-lo? Aumentando os sah1rios? 0 capitalista, porem, sabe que quanta mais pagar a seus operanos, tanto

    menor o seu Iuera. E do seu ponte de vista, tal niio deve ocorrer, pois mc;:nor Iuera sigriifica reduc;iio da acumulac;ao de capital e esta e essencial a continua~ao do lucre.

    Por isso resolve parte do dilema pagando baixos salaries, o que lhe permite uma acumulac;ao cada vez maior. Contudo, tal acuniulac;ao propicia a produc;iio

  • 272 PARTE III: CRISES E REVOLU

  • UNIDADE VI - REALIDADES SOMBRIAS ... 273

    Thomas Carlyle, ja em 1843, tocou no ponto fundamental da quesHi.o: "Qual a utilidade de vossas camisas de seda? EsHi.o penduradas a\, aos milh6es, invenda-veis; e ha os milh6es de costas nuas, trabalhadoras, que n~h as podem usar. As camisas sao uteis para cobrir as costas humanas; inuteis para qualquer outra finalidade, urn motejo insuportavel, de outro modo. Que rectio representa esse aspecto do problema! " (HUBERMAN, L. , op. cit., pag. 302.)

    Todos, entao, .se preocupavam em resolve-lo. No entanto, o problema das crises dclicas e inerente ao sistema capitalista. Por isso, a UnHio Sovietica, a partir de 1917 com a Revoluc;ao Socialista, procurava resolve-to pela total substi-tuic;ao do modo de produc;ao capitalista: aboliu a propriedade privada dos meios de produc;ao e planejou a economia de modo a produzir somente o necessaria ao consumo, sem o objetivo de Iuera, pais tudo pertencia a todos.

    Enquanto isso, nos demais parses tentava-se resolver o problema controlando e "consertando" o proprio capitalismo: o plano era abolir a abundancia reduzin-do a produc;ao.

    Vejamos, ,entao, em detalhes as diversas crises par que passou o capitalismo no perfodo entre-guerras, para que possamos compreender as soluc;6es encon-tradas.

    2. A CRISE DO POS-GUERRA (1920-1923): A DIFiCIL RECONVERSAO

    As conseqiiencias da guerra foram pesadas para os pafses europeus, princi-palmente para os diretamente en:volvidos no conflito e cujo territ6rio serviu de

    campo de batalha, como a Franc;a e a Alemanha. No geral, o capitalismo europeu iniciou urn processo de decHnio relativo no p6s-guerra, contrastando com a ascensao norte-americana e japonesa. A Inglaterra entrou em urn processo croni-co de crise, o mesmo ocorrendo, de certa maneira, com a Franc;a.

    Essa Pequena Crise atingiu todos os parses capitalistas, principalmente os europeus, que perderam os seus mercados tradicionais; mas atingiu tambem parses como os Estados Unidos e o Japao, provocando desemprego e falencias e deixan-do no seu caminho a insatisfac;ao social.

    A retrac;ao das exportac;6es das nac;6es europeias durante o conflito e a necessidade de materias-primas e produtos alimenticios levou os parses da peri-feria, da Ameriaa Latina especialmente, a desenvolverem a sua industrializac;ao e aumentarem sua exportac;ao de produtos primaries, o mesmo ocorrendo com o Japao, grande aproveitador da guerra, e, principalmente, com os Estados Uni-dos, financiador e abastecedor da "Entente" por quatro anos.

    3 . A "GRANDE ILUSAO" (1924-1929) : PROSPERIDADE E

    ESPECULA

  • 274 PARTE III: CRISES E REVOLU~AO

    reto~no ao padrao-ouro na paridade anterior a guerra: a libra ficou muito valori-zada e os pre~os dos produtos ingleses nao eram competitivos1 o que era agrava-do pelo fato de a estrutura industrial inglesa ser arcaica, e, ,com raras excet;6es, somente nos chamados setores novas observou-se a introdugaa:de moderna tecno-Iogia. A Fran

  • UNIDADE VI - REALIDADES SOMBRIAS .. . 275

    A crise monetaria foi uma s6: em 21 de setembro de 1931, o governo brita-nico abandonou o padrao-ouro, ocorrendo uma d.esvalorizagao de mais de 40% na libra, o que levou para o abismo . as "moedas-satelites" (rnais de 30 paises). A Fran~a sofreu os efeitos da crise urn pouco mais tarde.

    De 1929 a 1933 a produriio industrial retrocedeu, tendo o ponto rnais baixo ocorrido em 1932 (38% a menos que em 1929). A Alemanha foi o pais mais atingido e os prejufzos repartiram-se entre os EUA, a Alemanha, lnglaterra, Fran-

  • 276 PARTE III : CRISES E REVOLU

  • UNIDADE VI - REALIDADES SOMBRIAS ... 277

    "Uma multidao de cidadaos desempregados enfrenta o grave problema da subsistencia e urn numero igualmente grande recebe pequeno salario pelo seu trabalho. Somente urn otimista pode negar as realidades sombrias do movimento."

    (Trecho do discurso de posse de Franklin Delano Roosevelt, citado por MORRIS, R. B., Documentos Basicos da Hist6ria dos Estados Unidos, Edito-ra Fundo de Cultura, pag. 203.)

    A incapacidade para veneer a crise acarretou a perda de substancia politica dos Republicanos: a opiniao publica reclamava mudangas radicais. Em 1932 o candidato democrata, Franklin Delano Roosevelt, foi eleito por grande maioria, tendo apresentado em sua campanha urn plano de possivel intervenc;ao dos pode-res publicos na economia. Reunindo uma equipe de tecnocratas, logo que ascen-deu ao poder tomou medidas severas: fechamento temporario dos bancos e requi-sic;ao dos estoques de ouro. Desenvolveu tambem uma poHtica de inflac;ao moderada: a desvalorizac;ao do d6lar permitiu o pagamento das dividas e a revalorizac;ao dos estoques e salarios, aumentando o poder aquisitivo da popula-c;ao e os lucros dos empresarios.

    0 New Deal, termo retirado de urn discurso de Roosevelt, foi o conjunto de medidas novas adotadas para debelar a crise. Para os tecnocratas que cercavam a presidencia, influenciados pel as ideias do economista ingles J. M. Keynes, a crise resultara de urn excedente de produgao (superprodugao) e de uma insufi-ciencia do consumo (subconsumo), tornando-se necessaria uma melhor distri-buic;ao da renda de modo a diminuir a capacidade de prciduc;ao e aumentar o poder de consumo. Na aparencia, o New Deal, limitando o ' poder do grande capital e aumentando a renda dos trabalhadores, assemelhava-se ao socialismo. Alias, esta foi a acusac;ao dos opositores de Roosevelt, mas na realidade era uma politica dirigista que visava a salvaguardar o capitalismo mediante medidas novas.

    0 Estado passou a investir na construc;ao de grandes obras publicas, tornan-do-se o principal agente do reativamento economico. Por outro lado, as grandes construc;oes valorizaram algumas areas-problema e aumentaram a taxa de empre-go. 0 caso mais celebre foi o projeto confiado em 1933 a Administrac;ao do Vale do Tennessee (Tennessee Valley Authority - TVA), empresa estatal encarre-gada de valorizar aquela regiao.

    A fim de acabar com a onda de falencias, o Federal Reserve System conce-deu creditos ilimitados que levaram a uma inflac;ao moderada.

    Na luta contra o desemprego, desde abril de 1933, o Governo Federal passou a conceder creditos aos Estados para a distribuic;ao de seguros aos desemprega-dos e, em novembro desse mesmo ano, urn programa de grandes trabalhos foi lanc;ado (TV A).

    A intervenc;ao na agricultura deu-s~ atraves da Lei de Reajustamento Agri-cola (Agricultural Adjustment Act- AAA), que propos aos agricultores reduzi-rem a produc;ao em troca de indenizac;ao, ao mesmo tempo que o governo fornecia credito abundante, a fim de aumentar o poder aquisitivo dos setores rurais e elevar os prec;os dos produtos agricolas.

  • 278 PARTE III: CRISES E REVOLU

  • UNIDADE VI - REALIDADES SOMBRIAS 279

    B. Inglaterra e Fran~a

    A Inglaterra, que s6 em 1928 recuperou os indices de produc;ao de antes da guerra, vivendo em crise cronica, foi duramente ,atingida, 0 que no plano politico favoreceu a ascensao dos Trabalhistas ao poder com Ramsay MacDonald, embora no Parlamento os Conservadores fossem majoritarios. A intervenc;:ao do Estado na economia encontrou serias resistencias, nao s6 entre os grupos conser-vadores, mas tambem na opiniao publica em geral, que se agarrava a estabilidade da libra e a manutenc;:ao do padrao-ouro. Uma politica deflacionaria implicava o congelamento de salaries, o que era impossivel para urn governo trabalhista apoiado nos sindicatos. Entretanto, o Primeiro-Ministro obteve da Camara dos Comuns o reagrupamento das empresas carboniferas, pouco rentaveis, mas teve de renunciar a diminuic;:ao de salaries diante da ameac;:a de nova greve genii.

    A crise, entretanto, levou o governo a tamar medidas drasticas, rompendo com os expedientes tradicionais; em setembro de 1931 o padrao-ouro foi abando-nado, a libra esterlina desvalorizada e a conversao do papel-moeda em ouro suspensa, ao mesmo tempo que, depois de mais de urn seculo de Iivre-cambismo, abandonou-o em favor de urn ainda tfmido intervencionismo, o qu~ era uma niedida retardada, de vez que ha muito o pais perdera a condic;:ao de "oficina do mundo": a Commonwealth (Comunidade Britanica das Nac;:6es) formou urn bloco econo-mico, no qual os produtos ingleses e dos Dominions gozariam de tarifas prefe-renciais. S6 urn unico pais de fora do bloco teve seus interesses salvaguardados: a Argentina, tradicional exportadora de trigo e carne para a Gra-Bretanha.

    Tal conjunto de medidas permitiu a economia inglesa recuperar-se. 0 padrao de vida da popufac;:ao equilibrou-se, embora continuassem existindo 500 mil desempregados, amparados em medidas assisteJ?.ciais do Estado: era o "Wel-fare State" (Estado do Bem-Estar).

    Na Franc;:a, s6 em 1931 a economia foi afetada pela crise mundial e, desde 1933, os prec;:os franceses para a exportac;:ao superavam sensivelmente os prec;:os estrangeiros: a partir desse momenta, o principal escoadouro ainda aberto era o Imperio Colonial, mas a renda nacional diminuiu. Contudo, os sucessivos gabinetes direitistas recusaram-se a tamar novas medidas, limitando-se a uma politica deflacionista atraves dos chamados "decretos-leis de miseria".

    0 fracasso da politica deflacionaria e a insatisfac;:ao social reinante levaram ao poder, em 1936, a Frente Popular, alianc;:a de comunistas, socialistas e radi-cais, sob a lideranc;:a do socialista moderado Uon Blum. 0 novo governo alentou os operarios, prejudiCados por uma polltica extremamente conservadora de dez anos, mas sucumbiu as press6es da direita, que se sentia ameac;:ada pelas sucessi-vas greves.

    A partir de 1938 os elementos da direita retornaram ao poder, abandonando . aos poucos as tfmidas reformas sociais do perfodo da Frente Popular, conhecen-do a Franc;:a, durante todo o periodo de crise, uma estagnac;:ao que contrastava com o dinamismo dos demais paises.

    DESTAQUES DA UNIDADE

    I ) Analisar as crises do capitalismo, considerando seus mecanismos e compa-rando as crises conjunturais com a Grande Depressao.

  • 280 PARTE III: CRISES E REVOLUI;AO

    2) Correlacionar o pensamento economico com as mudan!(as ocorridas no capi-talismo, especialmente ap6s 1870.

    3) Conceituar capitalismo monopolista e intervencionismo economico. 4) Caracterizar a economia capitalista no periodo 1919-1929, identificando as

    origens ?a Crise de 1929. 5) Sintetizar os efeitos da Crise de 1929. 6) ldentificar as divers as poHticas intervencionistas adotadas pelos paises

    capitalistas, especialmente o New Deal. 7) Resumir os objetivos e principais medidas do New Deal.

  • ~77WW ------------------ UNIDADE ~ J!JJ!J

    Crer, Obedecer, Com bater

    OS FASCISMOS DO ENTRE-GUERRAS

    1. N~oES INICIAIS

    Ate a 1 ~ Guerra Mundial o otimismo da "Belle :poque" imperava na Euro-pa, sendo reflexo do pensarnento economico liberal.

    Todos acreditavam no desenvolvimento tlimitado do capitalismo. Sornente os Socialistas se opunham a esse "otimisrno liberal", tendo uma visao pessimista da situa~ao, pois, segundo eles, as . crises do sistema capitalista eram inevitaveis, e viam como unica solu

  • 282 PARTE Ill: CRISES E REVOLU

  • UNIDADE VII- CRER, OBEDECER, COMBATER 283

    2 . AS CONDIQOES HISTORICAS DO FASCISMO

    0 entre-guerras assinalou a crise da sociedade liberal, forjada desde o infcio do seculo XIX com a afirmar;ao do capitalismo. 0 pas-guerra assistiu ao decHnio relativo da Europa como centro hegemonico mundial, tanto do ponto de vista economico como polftico. Novas palos de poder apareceram: os Estados Unidos, transformados em "banqueiros do mundo", e o Japiio, que se aproveitou da guerra para estender seu poderio.

    Paralelamente, os valores iiberais (liberdade individual, poHtica, religiosa, economica) comer;aram a ser colocados em xeque pela impotencia dos governos frente as crises economicas, que aguc;avam as insatisfar;6es sociais e pauperizavam exatamente aqueles setores da sociedade que se aferravam aos valores liberais: as classes medias ( profissionais Iibera is, pequenos comerciantes e industriais etc.).

    Ao mesmo tempo que a crise provocava o aumento dos conflitos sociais, assistimos, no imediato pas-guerra, a uma serie de movimentos de esquerda, contestadores 9a ordem vigente, e ao reforr;o da ar;ao sindical, embora o movi-mento open1rio . se tivesse cindido em duas grandes fac~6es: os Socialistas ou Social-Democratas, marxistas que tinham abandonado o tema da Revolur;ao violenta e aderiram ao jogo politico-partidario do Liberalismo; e Comunistas, surgidos inicialmente como dissidencias socialistas e que, sob a influencia da tomada do poder pelos Bolchevistas na Russia, desenvolviam toda uma atividade voltada para a derrubada dos regimes tradicionais. Os setores sociais predomi~ nantes bern como as classes medias, sentiam-se inseguros frent~ ~ situar;ao de convulsao geral por que passava a Europa.

    Do ponto de vista intelectual, o otimismo "belle-epoquiano" do pre-guerra foi substituldo por urn pessimismo, sensfvel sobret1,1do entre a intelectualidade da classe media. Manifestava-se sobretudo no antiparlamentarismo, no irracionalis-mo, no nacionalismo agressivo e na proposir;ao de solur;oes violentas e ditatoriais para os problemas colocados pela crise.

    Nos palses derrotados, como a Alemanha, ou insatisfeitos com o resultado da guerra, como a Italia, a crise assumiu forma violenta, tomando caracteristicas nacionais: em ambos OS pafses, 0 Liberalismo nao criara rafzes, nao havendo tradir;3o parlamentar; tambem possufam problemas naciomiis latentes. Daf a for-mar;ao de grupos de extrema direita, compostos por ex-militares, profissionais liberais e estudantes, geralmente desempregados e pertencentes a uma classe media que se degradava. socialmente, sensfveis aos temas nacionalistas, racistas e antiliberais. assim que explicamos o sucesso, na Ittilia, do Partido Fascista, de Mussolini, no imediato pas-guerra, e o crescimento do Partido Nacional-Socialista, de Hitler, na Alemanha.

    Organizados em formar;6es paramilitares, refletiam tambem a situar;ao de pauperizar;ao a que eram Ievadas as classes medias com a crescente concentrar;ao industrial e financeira, que tornava impossfvel a existencia do pequeno comer-dante e industrial. Daf a explicar;ao para a pregar;ao anticapitalista.

    De infcio, tais grupos eram mais ou menos marginalizados e se valiam de tentativas golpistas para a conquista do governo: caso do "Putsch" fracassado em Munique, em 1923, quando Hitler tentou assumir o poder. Os efeitos prolon-gados da crise, com a amear;a de Revolur;ao nos moldes bolchevistas, levaram os setores mais conservadores e ligados a grande industria, aos bancos e as finanr;as

  • 284 PARTE III : CRISES E REVOLU

  • UNIDADE VII - CRER, OBEDECER, COMBATER 285

    de grupos armadas, fundados em 1919 por Benito Mussolini, que agrupavam hete-rogenea massa de insatisfeitos.

    N as elei\!6es de 1919, entretanto, os fascist as for am derrotados, observando-se, a partir daf, uma reorganiza\!iiO administrativa criando organiza\!6es para-militares, altamente disciplinadas. "Constituindo milfcias, seus membros ( ... ) usavam a camisa negra, simbolo do luto da Italia, e foram enquadrados e arma-das por oficiais, devendo obedecer cegamente ao Duce.." (BOUILLON, J . , SORLIN, P . e RUDEL, J., op . cit. , pag 62.)

    0 Rei Vitor Emanuel homenageia o sfmbolo do "Novo Imperio Romano" (caricatura alema de 1926).

  • 286 PARTE III: CRISES E REVOLU

  • UN !DADE VII - CRER, OBEDECER, CO MBA TER 287

    za do enquadramento da Na~ao. 0 Partido valia-se de uma miHcia voluntaria para impor o terror.

    Ap6s a promulga~ao de diversas leis em 1926 e da Carta do Trabalho (1927), os trabalhadores rurais e urbanos foram enquadrados: "o trabalho ( ... ) e urn dever social" (CHABOT, F., op. cit., pag. 118). A greve e o lock-out eram proibidos, sendo as conflitos submetidos a arbitragem do Estado. Em 1934 foi promulgada a lei sabre as corpora~oes, sendo patroes e empregados reunidos num mesmo conjunto, a Corpora~ao, visando a estreitar ambos as setores sociais em beneficia da na~ao.

    Toda a politica economica esbo~ada desde 1925 visava a soerguer o nivel de vida da popula~ao da "Grande Italia" que desenvolvia uma poHtica natalista, beneficiando as famHias numerosas. Entretanto, o aumento da popula~ao agravou o problema do desemprego, levando o Estado a realizar grandes obras publicas e a desenvolver urn esfor~o para a industrializa~ao . Visando a aumentar a produ-~ao agricola, desenvolveram-se as "batalhas de trigo".

    0 primeir,o a to agressivo da I talia fascista foi a Guerra da Eti6pia (1935-1936), buscando uma saida para o problema do desemprego e da crise na industria. Politicamente, teve efeitos internos apreciaveis, uma vez que desviou a aten~ao nacional para o exterior. Embora a fragil Liga das Na~oes, par propo-si~ao da lnglaterra, tivesse impasto sanc;oes economicas a ltalia (a Eti6pia era membra da Liga), nada resolveram porque se manteve o flilxo de petr6leo para a Peninsula ltaliana.

    Nessa epoca observou-se a aproximarao italo-alemii, materializada no .Acor-do ttalo-Germanico quando se formou o Eixo Roma-Berlim (1936).

    N a Guerra Civil Espanhola as italian as enviaram trap as (com os alemaes) para auxiliar Francisco Franco; e, as vesperas da 21.). Guerra Mundial, a Albania era agredida pela ltalia (1939).

    A ltalia entrou decididamente ao /ado da Alemanha e do Japiio na 2(2 Guer-ra Mundial. Mas a estrutura economica do pais nao correspondeu a verborragia dos dirigentes, observando-se, desde o inicio, que a guerra seria custosa e dificil para o pais.

    4 . A ALEMANHA NAZISTA

    A . A crise do p6s-guerra

    A Alemanha foi a grande derrotada na Primeira Grande Guerra. Em Versa-lhes, durante a Conferencia de Paz (1919) , teve de assinar a propria "culpa da guerra", alem de sujeitar-se ao pagamento de urn a indenizac;ao de guerra vulto-sissima. Antes da assinatura do armisticio, em novembro de 1918, ja sofria serios abalos : o Kaiser era deposto e estabelecia-se urn Governo Provis6rio e uma Assembleia Constituinte: nascia a Republica de Weimar.

    Mesmo antes da assinatura do armisticio, a Revoluriio Espartaquista, lidera-da par Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, tentou a tomada do poder em Berlim . Apoiava-se nos soldados que vo ltavam do "front" organizados em comites agindo sob a influencia dos acontecimentos ocorridos na Russia em 191 7.

    0 Governo Provis6rio, composto de social-democratas, apelou para o Exer-cito e o Estado-Maior - monarquistas e conservadores - a fim de esmagar

  • 288 PARTE III: CRISES E REVOLU

  • UNIDADE VII - CRER, OBEDECER, COMBATER 289

    organiza!taO paramilitar, os SA ( Sturmabteilungen), se!t6es de ass alto encarre-gadas de perturbar as reunioes dos adversarios. 0 programa, confuS'O e demag6-gico, denunciava os marxistas, os judeus e os estrangeiros, prometendo trabalho a todos, realiza!t6es sociais e a supressao do "Diktat" de Versalhes. Em fins de 1921, o Partido Nazista contava com cerca de tres mil membros; mas nao era ainda senao urn grupo modesto em urn pais onde pululavam as forma!t6es nacio-nalistas". (BOUILLON, J., SORLIN, P. e RUDEL, J., op. cit., pag. 87.)

    A tentativa fracassou por falta de apoio de outros grupamentos politicos; porem, as autoridades foram suaves nas puni!t6es: Hitler pegou 5 anos de prisao, mas alguns meses depois foi I:bertado; na prisao escreveu aquila que seria a Biblia do nazismo, resumindo todo o seu programa e perspectivas: Minha Luta (Mein Kampf).

    A partir de 1924 a situa~ao tendeu a se estabilizar, seguindo-se fase de reformas Ievando ao declinio a onda grevista e as tentativas golpistas.

    C. Recupera~io e estabiliza~io (1924-1929)

    A recupera~ao economica que caracterizou o perlodo, explica-se, em parte, pelo ajluxo de grandes invesdmentos narte-americanos e ingleses, aliado a refor-mas financeiras. Tal recuperac;ao permitiu a retomada do impulso industrial e o equilibria do balan~o de pagamentos.

    Do ponto de vista politico, prosseguiu a estabiliza~ao aparente com a eleic;ao de Hindenburg, velho Marechal do Reich, monarquista e nacionalista, que conse-guiu o apoio do Exercito para o governo. A Republica de Weimar afundava, assim, no conservadorismo.

    D. A crise mtlndial e a ascensio do Nazismo (1929-1933)

    A Republica de Weimar, primeira eX:periencia liberal na Alemanha, nao conseguiu resistir a Crise, simplesmente porque os antagonismos sociais nao tinham sido resolvidos, levando o Estado Alemao ao impasse. 0 periodo foi marcado mundialmente pela crise economica do sistema capitalista, atingindo em cheio a Alemanha, cuja recupera~ao economica repousava em bases frageis. A Crise e a Depressao que se seguiram trouxeram na sua esteira o deserilprego, as falencias, o declinio da produ~ao agricola e industrial, o que politicamente se refletiu no agravamento dos antagonismos e na ascensao dos partidos extremistas.

    A crise cindiu a coalizao partidaria mantida por socialistas e moderados, o que levou a urn refor~o do regime presidencialista, passando a governar-se atraves de decretos, uma vez que o governo nao conseguia maioria parlamentar.

    Paralelamente, multiplicaram-se os choques entre os comunistas, formado-res das Frentes Vermelhas, e as forma~5es paramilitares da direita, como os Capacetes de A~o, e, principalmente, os nazistas, que possuiam uma organiza~ao complexa e contavam com o financiamento das grandes fi!mas capitalistas, de vez que o nazismo lhes parecia urn defensor eficaz da ordem contra o perigo bolchevista. 0 desespero e o temor ao comunismo levaram a pcquena burguesia para as fileiras do Partido Nazista.

  • 290 PARTE III : CRISES E REVOLUc;AO

    Os demais partidos moderados, como os social-democratas e os cat6Iicos, perderam substancia pela inepcia e indecisao. As novas eleic;6es realizadas em novembro de 1932 nao deram a maioria ao governo. Mas o impasse foi resolvi-do com a escolha de Hitler para a Chance/aria , em 30 de janeiro de 1933.

    CRER -OBEDECER . COM BATER

  • UNIDADE VII - CRER, OBEDECER, CO MBA TER 291

    E . 0 regime nazista

    A partir de sua ascensao a Chanceler, come

  • 292 . PARTE III : CRISES E REVOLU

  • UNIDADE VII - CRER, OBEDECER, COMBATER 293

    "instrumento dos fortes e garantia dos fracas, pais o papel do mais forte consis-te em dominar, nao em fundir-se com o fraco" (Hitler).

    0 principal tra9o particular do fascismo italiano foi o corporativismo. As corpora96es eram associa96es mistas de patr6es e empregados, sob a tutela do Estado, arbitro das quest6es entre as classes. A organiza!fao corporativa refletia a nega!faO da luta de classes, uma vez que 0 Estado-Na9aO e uma unidade. Mas o corporativismo nao conseguiu esconder -~ realidade: sua fachada mal disfar9a os grandes interesses dos industriais e elementos endinheirados que apoiaram o fascismo.

    DESTAQUES DA UNIDADE

    1) Relacionar crise do Estado Liberal ( economica, politica, social e ideol6-gica) e fascismo.

    2) Correlacionar 1 ~ Guerra Mundial, Revolu9ao Russa, fascismo e crise do Estado Li,beral.

    3) Analisar as origens do fascismo na I tali a. 4) Sintetizar as "leis fascistissimas" que organizaram a ditadura fascista na

    Italia. 5) Identificar as caracteristicas da politica economica, social e externa do

    fascismo italiano. 6) Caracterizar a Republica de Weimar, considerando a economia e os proble-

    mas sociais e politicos. 7) Analisar as origens, o desenvolvimento e a chegada ao poder do nazismo. 8) ldentificar a politica de nazifica9ao da Alemanha. 9) Resumir as caracteristicas e eta pas da politic,a externa nazista.

    10) Analisar a ideologia do fascismo, considerando os pontos principais e com-parando o fascismo italiano com o alemao.

  • --------------- UNIDADEWlrrillill

    1 . N~oES INICIAIS

    Esta guerra e continuac;ao da anterior

    A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)

    Os primeiros dez anos que se seguiram ao fim da Primeira Grande Guerra foram anos de ilusao, da llusao da Paz. A fase correspondia aqueles momentos d.e "prosperidade" que caracterizam as crises ciclicas do sistema capitalista.

    No entanto, com a Grande Depressao os antagonismo~ latetztes vo/taram a se manifestar: o sistema de seguranc;a coletiva internacional nao foi suficiente para solucionar, por meios padficos, tais antagonismos. Dai as pretensoes impe-rialistas das grandes potencias de romperem o precario equilibria internacional, e, de crise em crise, o mundo caminhou para a 21). Guerra Mundial.

    A Crise foi, assim, o principal fator desencadeador da guerra. As medidas adotadas pelos diversos paises para soluciona-la, propiciaram urn crescente nacio-nalismo economico. E , ante a ameac;a de uma Revoluc;ao Comunista, grupos qa extrema direita, ligados a grande burguesia industrial e financeira, estabeleceram-se no poder atraves de uma ideologia fascista, que apelando para o irraciona-lismo, o racismo e a violencia prepararam o espirito da guerra.

    Tais apelos fascistas encontraram repercussao na medida em que a Crise levou os diversos setores da popuiCJc;iio a uma situac;ao social insustentavel: a pauperizac;ao da pequena burguesia, a degradac;ao cada vez maior do proleta-riado e a inseguranc;a dos grupos dominantes ante a ameac;a do comunismo tornavam a sociedade vulneravel ao fascismo. Este explorava o desespero das classes com uma propaganda que explicava a situac;ao atraves de bodes expia-t6rios, como o judeu, desenvolvendo a violencia que levaria a guerra.

    Uma violencia que conduziria o nacionalismo a assumir urn aspecto ultra-agressivo diante da impossibilidade de sair da crise atraves de uma "pacifica" expansao economica externa. A ideologia fascista vinha favorecer tal expansao capitalista e, naquele momenta, somente a guerra conseguiria tal coisa.

    Charles Chaplin, o Carlitos, na decada de 1940 fez urn filme satirizando a ideologia fascista, denunciando o seu aspecto irracional e ate mesmo ridiculo. No filme "0 Grande Ditador", ele, Chaplin, e confundido com Hitler, e ao ser chamado a urn discurso pronuncia o seu "Apelo aos Homens" :

    "Tenho muita pena, mas nao quero ser urn ditador. Nao e esse o meu desejo. Nao quero dirigir, nem conquistar seja o que for. Gostada de ajudar

  • UNIDADE VIII- ESTA GUERRA E CONTINUA

  • 296 PARTE III:CRISES E REVOLU

  • UNIDADE VIII- ESTA GUERRA f: CONTJNUA~AO DA ANTERIOR 297

    1) em 1932 a Alemanha se retirou da Conferencia de Desarmamento de Gene-bra e, no ana seguinte, da Sociedade das Na~oes; .

    2) a partir de 1935 come~ou a ser reconstituldo 0 exercito alemao, a frota de guerra, a avia~ao de guerra etc.;

    3) em ~ 935 a ltalia invadiu a Eti6pia, cuja conquista foi camp leta no ana segumte;

    4) em 1936 as tropas alemiis remilitarizaram a Reniinia, declarada desmi)itari-zada pelo Tratado de Versalhes. As potencias ocidentais perderam a ocasiiio de deter o avan~o nazista;

    5) em outubro de 1936, Mussolini e Hitler formaram o Pacta ltalo-Germiinico

    (Eixo Roma-Bcrlim); 6) nesse mesmo ana a Alemanha e a Italia intervieram na Guerra Civil Espa-

    nhola ao !ado das tropas franquistas, sem que as demais potencias ociden-tais abandonassem sua "neutralidade''. S6 a URSS forneceu ajuda aos repu-blicanos;

    Voluntarios das Brigadas lnternacionais partem para a guerra contra os franquistas.

    7) em 1936 a Alemanha assinou com o ]ap1w e a Italia o Pacta Anti-Komintern, secretamente dirigido contra a URSS,. embora publicamente afirmasse o com-promisso de combater o comunismo internacional;

    8) em 1937 o Japao invadiu a China, iniciando urn conflito so terminado em 1945;

    9) em 1938 a Austria foi anexada ao Terceiro Reich (o "Anschluss"); preparada ha muito pelo existencia de urn partido nazista austriaco, a crise come~ou quando Hitler impos a nomea~ao, como Ministro do Interior, do chefe dos nazistas austriacos, Seyss-Inquart. Depois, o "Anschluss" foi exigido por por Hitler e aceito por Seyss-Inquart. As tropas alemas penetraram na Austria, anexando-a. Nao houve rea~ao dos demais paises ocidentais, pois a polftica anglo-francesa era de apaziguainento em rela~ao aos alemaes.

  • 298 PARTE III: CRISES E REVOLU

  • UNIDADE VIII - ESTA GUERRA :f: CONTINUA

  • 300 PARTE III: CRISES E REVOLU

  • UNIDADE VIII- ESTA GUERRA CONTINUAGAO DA ANTERIOR 301

    2\1 fase (junho de 1942 a fevereiro de 1943) - Marcada pela contenrao do Eixo e in!cio da comra-ofensiva dos Aliados, o que representava uma revira-volta total, decorrente do poderio dos EUA e da URSS.

    Em junho de 1942, os norte-americanos paralisaram a ofensiva niponica contra o Havaf derrotando os japoneses na batalha de Midway. Novo triunfo dos EU A ocorreu em Guadalcanal (II has Salomao), frustrando a tentativa japone-sa de conquistar a Australia.

    No mesmo ano, os sovit!ticos cercaram poderoso exercito alemao que ataca-va Estalingrado, obrigando-o a capitular em fevereiro de 1943. Essa vit6ria punha fim ao mite da invencibilidade alema e reprcsentava o inicio de violenta contra-ofensiva.

    No Egito, os ingleses derrotaram o "Afrika Korps" em El-Alamein, ao mesmo tempo que uma expedic;ao anglo-norte-americana desembarcou no Marro-cos e na Argelia, a fim de dominar o Norte da Africa, para criar bases para o ulterior ataque ao Sui da Europa.

    3\1 fase (mar~o de 1943 a setembro de 1945) - Caracterizada pela derrota do Eixo. 0 peso do potencial norte-americana e sovietico ja entao se evidenciava. Ap6s canter o avanc;o do Eixo, os Aliados passaram a ofensiva, desenvolvida prioritariamente contra a Alemanha: sabia-se que os alemaes prepa-ravam terrfveis engenhos de guerra, alguns dos quais come!;avam a utilizar (as bombas VI e V2).

    Na Africa do Norte, o "Afrika Korps" foi cercado na Tunisia pelo avan!;O convergente das tropas norte-americanas de Eisenhower e briH'tnicas de Montgo-mery, sendo obrigado a capitular. A ocupac;ao do Norte da Africa facilitou a invasao da Sicilia e o desembarque na Italia, onde ,Mussolini foi deposto. Apesar da rendic;ao incondicional da italia ( 8 de setembro de 1943) , a maier parte do pais estava em poder dos alemaes, que opuseram forte resistencia aos Aliados, entre os quais estavam contingentes terrestres e aereos do Brasil.

    Nova frente contra a Alemanha foi aberta com a invasao da Franra: desem-barques na N ormandia (norte) e Provenc;a (sui) . A liberta!;aO da Franc;a foi seguida de invasao da Alemanha ao se iniciar 1945.

    Na Europa Oriental, os sovieticos, desde 1943, lanc;aram violentas ofensi-vas, forc;ando a rendirao da Finliindia, Bulgaria e Hungria. Prosseguindo sua ofensiva, o Exercito Vermelho ocupou a Pol6nia, Romenia, Tchecoslovdquia e Jugosldvia,

    s6 detendo seu avanc,:o com a conquista de Berlinz (2 de maio de 1945). No mesmo dia, os alemaes renderam-se na Italia. Invadida par todos os lades, a 7 de maio de 1945, no quartel-general de

    Eisenhower, em Reims, e a 8 de maio, em Berlim, no quartel-general de Zhukov, a A lemanha se rendeu incondicionalmente.

    Restava o J apao, contra quem os norte-americanos adotaram a tatica de , mediante o emprego de avi6es decolados de porta-avi6es, destruir a frota e a aviac;ao niponicas, isolando as fon;as terrestres japonesas nas centenas de ilhas

    . do Pacifico. Apesar da tenaz resistencia oposta, tambem se renderam os japone-ses ap6s o bombardeio atomico de Hiroshima e Nagasaki. A capitulac;ao japone-sa foi formalizada a bordo do encourac;ado "Missouri" (2 de setembro de 1945).

    Terminou, assim, a 2~ Guerra Mundial, na qual pereceram cerca de 50 milh6es de individuos, dos quais 14 milh6es nos campos de concentrac;ao criados pelos nazistas.

  • 302 PARTE III: CRISES E REVOLUyAO

    0 inverse do poder: o fim de Mussolini.

    5. 0 POS-GUERRA: OS TRATADOS DE PAZ, A ONU E AS DIVER-GNCIAS ENTRE OS VENCEDORES

    A . As conferencias dos Tres Grandes

    A elaborac;:ao da paz comec;:ou a se processar desde 1943 quando, . ao se esboc;:ar a vit6ria dos Aliados, os Tres Grandes (EUA, URSS e Inglaterra)

  • UNIDADE VIII- ESTA GUERRA CONTINUA(:AO DA ANTERIOR 303

    reuniram-se em diversas conferencias, discutindo, alem de operac;:oes militares, problemas relativos a Eutopa em geral e a Alemanha em particular, a participa-

  • 304 PARTE III: CRISES E REVOLU

  • UNIDADE VIII- ESTA GUERRA f. CONTINUA

  • 306 PARTE III : CRISES E REVOLU

  • CONCLUSAO

    0 Capitalismo desenvolvia-se e chegou ao seu apogeu, mas as cdses foram muitas. Crises dclicas, que traziam consigo a miseria em meio a abundfmcia: os baixos . sah1rios, o subconsumo, o desemprego.

    Os trabalhadores tentavam exigir melhores condi

  • EUROPA

    - Preuornlnio do capital rno-nopolista e finaneeiro

    - Politica das Alin.nc;as de Bismarck (1871-18go)

    - A politica irnperialista e colonialistn. dos Estados ca-pitalistas

    - Lign. dos Tres Imperadores: AleiP.n.nha, An~trin.-Hungria e Russia (18i'2-18i'5 e 1881-1890)

    - Congresso de Berlirn : inde-pendencia da Servia, Ro-rnenin. e do Montenegro (1878)

    - Fmw.ac;ao da Triplice Alin.n-c;a (1882)

    - Conferencin. de Berlirn (1884-1885): a Partilha da

    Africa - Sindicalismo de Sorel e La-

    briola

    - Encfclica Rerum N ovarum (1891)

    - Alianc;a franco-russa: in(cio da forrnac;ao da Trlplice Entente (1894)

    - "Entente Cordiale": auto-nomia inglesa no Egito e francesa no Marrocos (1904)

    - Revolur;ii.o de 1905 na Rus-sia

    QUADRO SINCRON!CO 1870-1945

    AFRICA

    - Protetorado frances na Tu-n(sia (1881)

    - Protetorado ingles no Egito (1882)

    - Protetorado alemao no To-go, Camerum e .Sudoeste Africano (1884)

    - Criac;ao da Africa Oriental Alemii. (1885)

    - Conquista da Eritreia pela Italia (1887-1890)

    - Conquista da Somalia peln. Italia (1889)

    - Anexar;ao de Madagascar pela Franc;a (1895-1896)

    ASIA

    - Japii.o: prossegue a R (1885)

    - Criar;ii.o da Indochina (1887)

    - Guerra Sino-J aponesa. (1894-1895)

    - "Break-up" da China.

    - Revolta dos Boxers (1900-1901)

    - Alianc;a Anglo-J aponesa (1902)

    AMERICA

    - Fim da Guerra do Para-guai (187U)

    - Vit6ria do ChUe sabre Peru e Bolivia na Guerra do Pa-c!fico (1879-1883)

    - 1.8 Conferencia Interameri-cana em Washington (1889-1890)

    - Proclarnac;ii.o da Republica no Brasil (1889)

    - Guerra Hispano-America-na: anexac;ao de Porto Rico, Havaf e Filipinas

    - Independencia de Cuba. (1898)

    - Theodore Roosevelt e o "Big Stick" (1901-1908)

    w 0 00

  • EUROPA

    - Confermcia de Algeeiras: o isolamento da Alemanha (1905)

    - Formru;ao da Triplice En-tente (1907)

    - Proclarna~ao da Republica em Portugal {1910)

    - rndependencia da Albania {1913)

    - Assassinato de Francisco Ferdinando em Serajevo e inicio da Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

    - RevoluQao Russa: fim do Czarismo (marQo de 19H) e da Republica Liberal (no-vembro de 1917)

    - Tratado de Brest-Litovsky {1918): a Russia sai da guerra

    - Independencia da Polonia, Finlandia, Estonia, Letonia e Lituiinia (1918)

    - Alernariha: fim do Seg:mdo Reich e inicio da Republica de Weimar (1918)

    - Conferencia de Par s (1919): os tratados de p6.;-guerra

    - Revolu~ii.o Espartaquista (1919)

    - Independencia da Tchecos-lovaquia (1919)

    QUADRO SINCR0NICO 1870-1945 .

    AFRICA

    - Eti6pia derrota a Italia em Adua (1896)

    - Incidente de Fachoda (1898)

    - Guerra dos Boers (1899-1902)

    - CriaQii.o da Africa Ocidental Francesa (1904)

    - As crises marroquinas (1905-1912)

    - Cria~ii.o da Africa Equato-rial Francesa (1910)

    - Guerra Italo-Turca: a lt:i-lia obteve a Libia (1911-1912)

    ASIA

    - Guerra Russo-J aponesa (1904-1905)

    - China: funda~ii.o do Kuo-mintang (1905)

    - India: funda~tao da Liga MuQulmana (1906)

    - Corcia ocupada pelo J apao (1910)

    - ProclamaQaO da Republica Chinesa {1911)

    - Alemanha: expuba da Asia (1914-1918)

    - India: inlcio da aQao de Gandhi (1919)

    AMERICA

    - Protetorado dos EUA sobre Cuba: Emenda Platt (1901)

    - lndependencia do Panama (1903)

    - Questii.o do Acre (1903)

    - Revolw;ao Mexicana (1910)

    - Abertura do Canal do Pa-nama (1914)

    - Os 14 "Pontos de Wilson" (1918)

    - Quebra da Bolsa de Nova Iorque (1929)

    w 0 \.0

  • EUROPA

    - Criagii.o da Iugoslavia (1919)

    - Criagii.o da Liga das N a-~6es (1919)

    - Revolugii.o Comunista na Hungria (1919)

    - Inlcio da NEP (1921) - ItO.lia: os fascist9.s assumem

    o governo (1922) - Fracasso do "Putsch" de

    Munique (1923) - Plano Dawes: a recupera-

    r;ao alemii. (1924) - Conferencia de Locarno

    (1925) - Pacto Bri.and-Kellog: "con-

    denagii.o" da guerra (1928) - Portuga.l: inlcio do Salaza-

    rismo (1928-1970) - URSS : o Estalinismo

    ( 1928-1953) e a socializa-r;ii.o integral

    - Criagii.o do Estado do Vati-cano (1929)

    - A Grande Depressii.o (1929-1939)

    - Enc!clica "Quadragesimo Anno" (1931)

    - Conferencia de Genebra (1932): fracasso do desar-mamento

    QUADRO SINCRONICO 1870-1945

    AFRICA

    - Alemanha: expulsa da Afri-ca (1919)

    - Independencia do Egito ( 1922)

    - Conquista da Eti6pia pela ItO.Jia (1936)

    - Desembarque dos Aliados no Marrocos (1942)

    ASIA

    - Independencia da Mong6-lia (1921)

    - Proclamagii.o da Republica na Turquia (1922)

    - Mandato ingles na Pales-tina e no Iraque, e frances na Siria e no Libano (1923)

    - Conferencia de Wash-ington (1921-1922): "con-tengii.o do Japii.o"

    - Mong6lia: torna-se socia-Iista (1924)

    - 4ldependencia do Ira (1925)

    - Iridependencia da Arabia Saudita (1927)

    -Guerra Civil na China (1927-1937)

    - Inrlependencia do Iraque (1930)

    AM:f;RICA

    - Brasil: Revohu;ii.o de 1930 e a Era de Vargas (1930-1945 e 1950-1954)

    - EUA: Era Roosevelt (1933-1945), o "New Deal" e a Boa Vizinhanr;a

    - Mexico: pre>idencia de La-zaro Cardenas (1934-1940) e reformismo nacionalista

    - Carta do Atlantica (1941)

    - Criagii.o do GOU na Argen-tina e os prim6rdios do Pe-ronismo (1943)

    - Conferencia de Dumbarton Oaks: projeto da ONU (1944)

    w ...... 0

  • EUROPA

    - Alemanha: o nazismo no poder (1933)

    - Pacta Anti-Komintern (1936)

    - Guerra Civil Espanhola (1936-1939)

    - Ocupa9ii.0 da Austria pela Alemanha (1938): o "Ans-chluss"

    - Crise dos Sudetos e Confe-rencia de Munique (1938)

    - Albania: ocupada pela It3.-lia (1939)

    - Invasii.o da Poll>nia pela Alemanha e inlcio da 2. Guerra Mundial (1939-1945)

    - Fran9a de Vichy e Fran9a Livre (1940)

    - lnvasii.o da URSS pela Ale-manha (1941)

    - Conferencia de !alta e Pots-dii. (1943)

    QUADRO SINCRONICO 1870-1945

    AFRICA

    - Derrota do Afrika Korps na Tunfsia (1943)

    - Conferencia do Cairo (1943)

    - lndependencia da Libia (1945)

    ASIA

    - Manchuria ocupada pelo Japii.o (1931)

    - Autonom.ia da Siria e do Llbano (1936)

    - Invasii.o da China pelo J a-pii.o (1937-1945)

    - Ocupa9ii.o da Indochina pelo Japii.o (1940) e forma-9ii.O do Vietminh

    - Ataque japones a Pearl Harbour : EUA entram na

    guerra (1941) ""--- Autonomia da Siria e do

    Lfbano (1941)

    - Bombardeio atl>rnico de Hiroshima e Nagasaki: capitub9ao do Japao (1945)

    AMERICA

    - Fim do Estado Novo no Brasil (1945)

    - Cria9ii.o da ONU (1945)

    w --

  • ==============================:PARTE.TII~ Neocapitalismo e Socialismo

    0 MUNDO CONTEMPORANEO: AS SOCIEDADES ATUAIS (APOS 1945)

  • NO

  • 316 . ._ PARTE IV: NEOCAPITAUSMO E SOCIALISMQ

    poucas semanas. para 0 trabalho com as maquinas: alguns trabalhadores bra~;ais e operarios especializados, sem verdadeira forma~;ao profissional, sao capazes de satisfazer; nao e . mais necessario 0 operario experimentado capaz de demons-trar uma pericia adquirida atraves de uma longa pnitica do servi~;o, possuindo as vezes "segredos tecnicos;', transmitidos de gera~;ao a gera~;ao.

    0 operario e colocado diante de urn mecanismo que substitui sua arao pessoa/ e sua iniciativa pela do engenheiro; este, ao programar . a produc;ao, impoe-lhe os gestos e o ritmo determinados pela tarefa, cujo sentido o operario ja nao percebe, chegando mesmo a ignorar o material que vai transformar.

    0 aperfei~;oamento das tecnicas e dos metodos de produ~;ao em serie acen-tuou a divisao do trabalho: as diversas fases da produ~;ao, realizadas por dife-.rentes equipes de operarios, em diferentes setores de uma mesma industria, despersonalizanim o trabalho, nao permitindo ao operario visualizar sua partici-pa~;ao no produto acabado. Seu trabalho ficou restrito a algumas opera~;oes simples, repetidas e sem qualquer interesse intelectual ou tecnico de sua parte; tornou~se mono to no e impessoal: os dirigentes e os executantes nao tern mais contato direto; 0 controle do trabalho e feito atraves de sistemas _de fiChas de ordens e rel6gio de ponto, de inspetores e fiscais que, criando urn clima de desconfiaiwa e intolerancia, ferem a individualidade do openirio, que passa a ser apenas uma engrenagem a mais da maquina, ao inves de pessoa humana. 0 trabalho e, en tao, . realizado sem . motiva~;ao e, muitas vezes, de mi vontade; ainda mais que toda a possibilidade de ascensao social lhe fica vedada diante da alta capacidade tecnica requerida para ocupar os postos de dire~;ao e plane-jamento.

    Como, entao, explicar a urn rel6gio de ponto os motivos de seu atraso? Como trabalhar com dedica~;ao, sem ver o resultado do trabalho, ou melhor, -sem reconhecer o produto acabado como urn trabalho seu? Como, ainda, se entusiasmar com urn trabalho em que nao sente nenhum progresso individual, nem a possibilidade dele, e onde lhe e 'vedada qualquer possibilidade de ascensao social?

    Resulta . de tudo isso urn sentimento de frustra~;ao que o- faz procurar itlguma forma de evasao: sua "vida" ja nao esta no seu trabalho, por isso, em suas distrac;oes - futebol , televisao e jogos de azar -, procura restabelecer seu equilibrio ffsico-emocional. Elas, porem, o distanciam, cada vez mais, de uma consciencia da realidade que o cerca - vive de "pao e circo", como diziam os romanos.

    E niio e aperias o trabalhador da- industria que vive esse clima de latente insatisfarao e tedio: na agricultura ~ nos escrit6rios a maquina tambem substi-tuiu o ser humano. "0 empregado de escrit6rio ( . .. ) tambem e arrastado numa corrida trepidante por entre uma massa obsedada pelo atraso ( . .. ) e trabalha nmp meio transformado pel a rnaquina ( . .. ) : servic;o de secretariado, secretaria particular e esten6grafas-datil6grafas tornam-se inuteis gra~;as ao dita-fone, ao magnetofone, ao telescritor, ao "pool" dos datil6grafos que jamais tern contato direto com o redator do texto a ser transcrito." ( CROUZET, ~- . op. cit., vol. XVII, pag. 19 3.)

    0 uso das maquinas reduz a maioria das pessoas a simples apertadores de botoes, diminuindo, assim, o grau de consciencia de cada um em relariio a tudo que o cerca. No entanto, as pessoas "sentem" que estao sendo cerceadas naqui-

  • NO

  • 318 PARTE IV: NEOCAPITALISMO E SOCIALISMO

    Pacifica, apesar da acirrada Iuta ideol6gica. Nesse contexto compreende-se a tremenda propaganda de massa atraves da qual procura catalisar e induzir suas respectivas ideologias a popula~ao. :E importante destacar tambem o ressurgi-mento do fascismo :..___ inascarado sob a denomina~ao de Neofascismo - e a defesa do Neutralismo, principalmente na India de Nehru, ante a oposic;ao entre capitalismo e comunismo.

    0 MUNDO DIVIDIDO:NEOCAPITALISMO E SOCIALISMO

  • NOc;OES GERAIS 319

    Entretanto, como vimos, em meio ao conflito fundamental entre capitalismo e comunismo, dois terc;os do mundo vivem mergulhados na miseria: e o chamado Terceiro Mundo, composto pelos paises subdesenvolvidos e dependentes da Asia, Aftica e America Latina. "Os 2/3 da humanidade vivem em permanente estado de fome: raramente trata-se de fome propriamente dita, is to e, da ausencia ou da insuficiencia muito grande de alimentac;ao provocando inanic;ao e, em pouco tempo, a morte, mas sobretudo da 'fome oculta', isto e, das molestias de carencia produzidas pela insuficiencia de certos elementos indispensaveis ao equilfbrio fisio16gko do ser humano ( . .. ) cujo resultado e 0 desenvolvimento de doenc;as da miseria." (cRouzET, M., op. cit., vol. XVII, pag. 199~)

    0 mais grave problema do seculo XX e . inegavelmente a desigualdade dos padroes de vida: OS progressos das ciencias e das tecnicas nao sao aproveitados por todos, dai a miseria, a fome, as doenc;as e a ignorfmcia em meio a abundan-cia - e a dicotomia, desenvolvimento e subdesenvolvimento.

    Mas as soluc;o.es para 'os problemas do subdesenvolvimento estao sendo buscadas. Por urn lado, especialistas em Geografia Humana, Demografia, Agri-cultura etc., apoiando-se na teoria de Darwin, da selec;ao natural das especies na luta pela vida, e na tese de Malthus, da insuficiencia de recursos de subsisten-cia para nutrir uma populac;ao em vertiginoso crescimento, pregam urn controle cientlfico da natalidade como soluc;ao para a miseria. No entanto, a Biologia contemporanea obriga a limitar o alcance dessas teorias, pois ensina que a vida e eminentemente uma, existindo uma interdependencia das especies viventes entre si e destas com seu habitat. Poi partindo dessas considerac;6es que . surgiu no seculo XX a Ecologia, no momenta mesmo em que "a intervenc;ao anarquica dos homens ameac;a destruir de maneira irremediavel o equilibria natural das especies viventes, num planeta inteiramente habitado, onde nao mais e possivel o abandono de uma area esgotada em busca de outra mais rica. As maquinas modernas, destinadas a explorac;ao dos recursos naturais, sao meios de destrui-c;ao infinitamente niais poderosos ( . .. ) , sobretudo quando associadas a urn a organizac;ao social fundamentada apenas no lucro industrial ( .. . ) A Ecologia esta em condic;oes, se contar com a colaborac;ao de uma organizac;ao polftica e social adequada, de permitir uma explorac;ao mais racional das riquezas do globo ( ... ) e, por conseguinte, de enfrentar o rapido crescimento da populac;ao do mundo". (cROUZET, M., op. cit., vol. XVII, pag. 203.)

    No entanto, "as nac;6es dominantes mostram-se resolutamente malthusianas; assim como as classes dirigentes do inicio do seculo viam, com Malthus, na restric;ao da natalidade 0 unico remedio possfvel a miseria das classes pobres, pregam, agora, () 'birth control' [controle da natalidade] as populac;6es asiaticas em rapido crescimento. Ao contrario, a posic;ao otimista antimalthusiana e defen-dida pelas religioes, fieis a sua posic;ao tradicional, e por todos os que, como os marxistas, estao persuadidos de . que a fome deve-se mais a fatores economi-cos do que geogrdficos e que com uma organizac;ao social adequada pode-se enfrentar qualquer ;:~umento da populac;ao". (CROUZET, M ., op. cit., vol. XVII, pags. 203 e 204.)

    Assim, em UIT! mundo que se transforma apresentando problemas serios, niio ha Iugar para imobi/isnzo e tradicionalismo; tornou-se extremamente impor-tante o posicionamento de cada urn diante dos problemas e conflitos que nao se explicam pela maldade ou natureza humanas. Embora o homem seja determi-

  • 320 PARTE IV:NEOCAPITALISMO E SOCIALISMO

    nado, em suas a

  • --------------------------------------------UNIDADE "JJJ

    Agora e Tio Sam no topo do mundo ...

    0 BLOCO CAPITALIST A _,

    1 . NO(!oES INICIAIS

    0 que voce acha da imagem sugerida pelo titulo? A imageni de uma lideran

  • 322 PARTE IV: NEOCAPITALISMO E SOCIALISMO

    1975 apontam 9 milhoes de desempregados nos EUA), a elevariio dos preros dos produtos energeticos (a alta dos pre~os do petr6leo estabelecida pela Organi-za~ao dos Paises Exportadores de Petrol eo a partir de 1972), a incidencia de crises au retraroes economicas (como as de 1948-1949, 1953-1954, 1957-1958, 1960-1961), constituem alguns dos problemas atuais do capitalismo.

    Por tudo isso podemos observar, ap6s 1945, uma tendencia, cada vez maior, a intervenriio do Estado na economia: seja na multiplica~ao de compa~ nhias estatais (transportes, comunica~oes; bancos _ ou produ~ao), na regulamen-ta~ao - de ' atividades economicas, no crescente investimento na produ~ao belica e afins ( envolvendo a astromiutica devido a competic;ao espacial e militar), na fixa~ao de sahirios, na tendencia ao planejamento da vida economica ...

    Todas essas mudan~as, sobretudo a interven~ao do Estado na economia, contestada anteriormente, levaram a generaliza~ao da expressao Neocapitalismo, aplicada ao capitalismo ap6s 1945~ Isto porque M uma "extensao marcante na America e Europa Ocidental das atividades economicas do Estado, isto e, desenvolvimentos em grande parte riovos, tanto em grau quanto em especie, daquilo a que se chamou variadamente de capitalismo de Estado ou capitalismo de monop6lio de Estado ( ... ) '' (DOBB, M., A Evoluriio do Capitalismo, Zahar Editores, pag. 471.)

    Voce, a essa altura, pode estar se perg~ntando: sofrendo tantas mudan~as o capitalismo continuava a ser capitalismo?

    . A interven~ao do Estado na economia contrariava os ideais liberais que serviram de fundamento para a implanta~ao da sociedade capitalista iiberal: a teoria do "laissez-faire" e a livre-concorrencia. Seria, entao, correto ainda falarmos em capitalismo?

    Sim, porque a expressao Neocapitillismo foi criada apenas para demons-trar a ocorrencia de algumas mudan~as. No entanto, o .Neocapitalismo ainda e capitali.smo, pois, como tal; consagra a propriedade privada e . o lucro como seus fundamentos basicos. 0 Iuera, sendo, ainda, o objetivo fundamental, ~explica a persistencia do desnfvel social das sociedades capitalistas, onde domina a burguesia.

    Enfim, o capitalismo evoluiu. . . assumiu novas formas ... Manteve suas caracterfsticas basicas: a propriedade privada .e o lucro, e

    suas contradi~oes, sao as mesmas. No en tanto, a tendencia ao planejamento economico veio ameniza-las, tornando os perfodos de "prosperidade" menos pr6speros, mas possibilitando uma menor constancia das crises e das retra~oes.

    A nova forma de imperialismo, . atraves das multinacionais, garante merca-dos e Conseqiientemente OS lucros dos grandes grupos economiCOS e financeiros: nos pafses subdesenvolvidos elas atuam, muitas vezes, com incentivos fiscais dos governos contribuindo para uma total dependencia economica. T orna-se dificil o desenvolvimento industrial daqueles pafses, com capitais nacionais, na medida em que qualquer iniciativa particular nacional fica na dependencia do "know~how" estrangeiro, sendo impossivel a . concorrencia com os pre~os das multinacionais. Estas encontram nos pafses subdesenvolvidos condi~6es extrema-mente favoraveis: terra e materia-prima a baixos pre~os e mao-de-obra barata.

    Tal situac;ao agrava ainda mais o principal problema do seculo: a desigual-dade dos padr6es de vida, a miseria em meio a abundancia - a desigualdade entre os povos, a desigualdade entre as classes sociais ...

  • UNIDADE I -AGORA TIO SAM NO TOPO DO MUNDO 323

    Dai o debate politico geral, nos . dias atuais, em torno do tema: qual o tipo de governo que melhor representaria os anseios do povo?

    No Bloco Capitalista ha uma tendencia aos governos representativos ..,.- em geral, republicanos -, constitucionais e pluripartidarios. Constituiam exce

  • 324 PARTE IV: NEOCAPITALISMO E SOCIALISMO

    trustes, que foram obrigados a se dissolver, embora a concentra

  • UNIDADE I - AGORA !!: TIO SAM NO TOPO DO MUNDO 325

    atitude cada vez rnais agressiva do Japao, Italia e Alemanha, contribuiu para que os Estados Unidos fomentassem a solidariedade continental e proc.urassem converter o hemisferio oddental americano em bloco coeso sob a sua lideran~a; isto evidenciou-se na Conferencia Interamericana de Buenos Aires (1936), onde conseguiu a aprovac;:ao de uma ac;:ao coletiva para manter a paz continental.

    0 ataque japones a Pearl Harbour, nas Ilhas Haval, levou os Estados Unidos a declarar guerra ao Eixo Roma-Berlim-T6quio.

    "Ao terminar a guerra, o poderio dos Estados Unidos alcanc;ou seu ponto mais alto, talvez o maximo. Nao s6 fora o fator principal da vit6ria dos Aliados, mas, uma vez . terminado o conflito, era o unico a monopolizar a bomba atomica. Foi a unica das grandes nac;:oes beligerantes a nao sofrer danos de guerra, a nao ser os das opera~oes de ultramar, e cujo desenvolvimento industrial e agricola era maior do que antes de entrar no conflito. Calcula-se que, em 1948, desfruta-va de 40% da renda mundial ( .. . ) Isso se refletia em seu proprio poderio

  • 326 PARTE IV: NEOCAPITALISMO E SOCIALISMO

    militar, pois era a primeira em aviac;ao, forc;as terrestres e navais." (ALLEN, H. c., Historia de los Estados Unidos de America, vol. II, Editorial Paidos, pag. 146.)

    J a en tao Roosevelt havia morrido, sen do sucedido pelo tambem Democrata Harry Truman (1945-1951). Internamente, desenvolveu urn programa de avao de-nominado "Fair Deal" (Tratamento Justo) que pretendia corttinuar o reformismo do "New Deal". Consistia na estabilizavao dos pre9os agrlcolas mediante a entrega de subsldios aos produtores rurais , no aumento dos salarios e na garantia de empregos; na aplicac;:ao de verbas federais para a melhoria e construc;:ao de habitav5es a fim de extirpar as favelas e baratear os alugw!is; na efetiva igualdade civil dos negros. A oposic;:ao foi muito grande - principalmente por parte dos Republicanos conservadores e Demo-cratas do Sui: Mas o resultado imediato mais importante do "Fair Deal" foi ode ter pro-tegido as vantagens ja conquistadas pclo ''New Deal".

    Externamente, teve infcio a Guerra Fria, configurando uma crescente hosti-lidade para com a URSS. Dai a Doutrina Truman (1947), cujo principia era 0 dir~ito de OS EUA fornecerem ajuda - especialmente economica e militar -a qualquer pafs ameac;ado pelo comunismo; imediatamente aplicou-se a Dotitri-na Truman a Grecia e a Turquia, sendo a mesma ampliada atraves do Plano Marshall (194 7) e da OT AN .

    A vit6ria de Mao Tse-tung na China, a explosiio da primeira bomba atomica sovietica, o infcio indeciso da Guerra .da Coreia, a exacerba

  • UNIDADE I - AGORA ~ TIO SAM NO TOPO DO MUNDO 327

    caso do aviiio U-2, fatos estes que muito contribufram para desacreditar a administra~iio republicana.

    "0 estado atual da economia e inquietante. Assumimos a presidencia ap6s sete meses de recessiio, de tres anos e meio de estagna~iio, de sete anos de reduzida expansiio economica e de nove anos de declfnio das rendas agrfcolas. As falencias das empresas privadas atingiram seu nfvel mais, elevado ( ... ) Cerca de cinco milh6es e meio de americanos sem emprego, mais de urn milhiio procura trabalho ha mais de quat~:o meses ( ... ) A economia mais industrializada e rica em recursos naturais se coloca entre os nlveis mais baixos de expansiio economica ( ... ) Nossas cidades apre-sentam urn aspecto misenivel ( ... ) Todos esses problemas esmaecem quando comparados com os que devemcis enfrentar no mundo ( ... ) 0 primeiro grande obstaculo ainda e o de nossas rela~6es com a Uniiio Sovie-tica e a China Comunista."

    (Trechos da mensagem de John Kennedy ao povo norte-americana, em 1961. Citados por BOUILLON, J., SORLIN P. e RUDEL, J., op. cit., pags. 578 e 579.)

    Coube ao Democrata John Fitzgerald Kennedy . ser o 359 Presidente dos Estados Unidos (1961-1963), tendo no desempenho de suas func;6es, procurado imprimir novas metodos e diretrizes a polltica norte-americana . . Seu . programa interno buscava uma Nova Fronteira, revisando o "New Deal" de Roosevelt e o "Fair Deal" de Truman, ai6n1: de utilizar os progressos da ciencia e da tecnolo-gia em beneficia do povo norte-americana e da humahidade em . geral. Apesar do fiasco da invasao de Cuba (epis6dio da Bafa dos Porcos), do envolvimento nos problemas do Vietna e do bloqueio de Cuba por causa dos foguetes sovieti-cos existentes na ilha, Kennedy acelerou a Coexistencia Pacifica, iniciada com Eisenhower. Para a .America Latina, lanc;ou a Alianra para o Progresso, concre-tizada na Conferencia de Punta del Este (1961), visando a promover o seu desenvolvim.ento economico mediante a cooperac;ao t6cnica e financeira. Mas seu assassinato, em Dallas, pos fim a uma nova era que se abria para os Estados Unidos.

    Seus sucessores - oDemocrat.a Lyndon Johnson (1963-1968) e oRepubli.., cano Richard Nixon (1969~1974) - retornaram a uma politita externa mais rfgida, patenteada na participa~ao na Guerra do Vietna e na intervenc;ao em Sao Domingos, ao passo que, internamente, o assassinato de elementos progressistas, os conflitos raciais, os protestos da classe media, as explos6es estudantis, a infla-~iio, os movimentos dos "hippies'', constitulram evidencias da crise por que passam os Estados Unidos.

    0 crescente envolvimento no Sudeste Asiatica, onde a guerra estendeu-se ao Camboja e Laos, agravando cada vez mais a cfise interna norte-americana, levou Nixon a empreender uma guiiwda na politica externa. Movido pela ambi-~iio do prestlgio pessoal, capaz de lhe assegurar a reeleic;ao, e buscando ai:npliar os mercados externos, o que se ifupunha face a recessao industrial, realizou visitas a URSS onde negociou diversos acordos com Brejnev, e a China, com a qual restabeleceu rela~6es diplomaticas e comerciais, rompidas desde a vit6ria

  • 328 PARTE IV:NEOCAPITALISMO E SOCIALISMO

    de Mao Tse-tung. lgualmente firmou em Paris ( 1973) acordos de paz retirando as tropas norte-americanas do Vietna. Reeleit

  • UNIDADE I - AGORA f TIO SAM NO TOPO DO MUNDO

    A INTEGRACAO DA EUROPA

    1. Noruega 2. Dinamarca 3. Alemanha Ocidental 4. Holanda 5. Belgica 6. Luxemburgo 7 .. Portugal 8. ltalia 9. Grecia

    10. Turquia 11. lnglaterra

    MERCADO COMUM EUROPEU

    1. Holanda 2. Belgica 3. Luxemburgo 4. Alemanha Ocidental 5. Franc;:a 6. ltalia 7. lrlanda 8. lnglaterra 9. Dinamarca 10. Gnkia

    329

    1. URSS 2. Polonia 3. Alemanha Oriental 4. Tchecoslovaquia 5. Hungria 6. Romenia 7. Bulgaria 8. Albania

    Coopera{:iio Economica) form ada com o objetivo de distribuir a ajuda norte-americana entre 16 paises capitalistas europeus e tambem visando ao intercam~ bio de projetos para fomentar o crescimento economico.

    Ainda que dificuldades existissem - como as opostas pelo nacionalismo -, o Bloco Capitalista Europeu dava-se conta de que s6 atraves da integra~,

  • 330 PARTE IV: NEOCAPITALISMO E SOUALISMO

    Cartaz do holandes Reijin Dirksen sobre a Organizac;:ao Europ~ia de Cooperac;:ao Economica.

    A CEE, mais conhecida como Mercado Comum Europeu, integrou mais fortemente a "Europa dos Seis" (Fran~a, Alemanha Ocidental, Italia, Holanda, Belgica e Luxemburgo). Funcionando a partir de 1958, gradativamente liberou de restri~oes o comercio interno, permitindo a livre importa~ao e exporta~ao dentro da CEE; uniformizou . as tarifas aduaneiras extern as dos palses integrantes

  • UNIDADE I -AGORAE TIO SAM NO TOPO DO MUNDO 331

    da Comunidade; permitiu a livre movimentac;ao de mao-de-obra e a igualdade de direitos para os tnibalhadores do Bloco dos Seis; envidou esforc;os par; a parida-de de sahirios para ambos os sexos etc. Ravia, contudo, divergencias em relac;ao a politica de prec;os agricolas. Posteriormente, a Irlanda, Dinamarca, lnglaterra ( 1973) e a Grecia ( 1979) integraram-se a CEE.

    A CEEA, ou Euratom, reuniu a "Europa dos Seis" visando a urn esforc;o comum para a explorac;ao pacifica da energia atomica.

    Houve ainda a Associa~iio Europeia do Livre Comercio (AELC .ou EFTA) surgida pelo Tratado de Estocolmo (1959), com infcio efetivo em 1960, organi-zada pela Inglaterra, com a Suecia, Suf~a, Portugal, Austria, Dinamarca, Noruega e Fin-landia. Previa uma redu~ao dos direitos aduaneiros entre os associados, porem manti-nha tarifas alfandegarias nacionais para o intercambio com outros paises. A maior prosperidade da CEE e o pouco sucesso da EFT A levaram a Inglaterra, desde 1961, a so~icitar seu ingresso no Mercado Comum Europeu, o que foi obstado pel a Franc; a, sobretudo na epoca de De Gaulle (I 958-1969), alegando maiores problemas a dificil questao dos prec;os agrfcolas.

    4. 0 JAPAO

    A derrota na 21!- Guerra Mundial, alem de deixar urn enorme saldo de ruina (perdeu a marinha mercante, o imperio foi desfeito etc.), acarretou a ocupa~iio do pais pelos norte-americanos. Sob a direc;ao do General MacArthur, empreenderam-se reformas radicais, sobressaindo-se: a dissoluc;ao dos zaibatsu (grandes trustes); a reforma agrciria de 1946, que pos fim as grandes proprieda-des e converteu 70% do campesinato em proprietarios de pequenos lotes de terra; a extinc;ao das industrias belicas; o desarmamento e a desmilitarizac;ao; a promulgac;ao da Constituiriio de 1947 estabelecendo urn regime parlamentar em que o Imperador tern poderes limitados.

    A politica de "reforma e castigo" comec;ou a se modificar com o infcio da Guerra Fria, sobretudo a partir da vit6ria de Mao na China e da eclosao da Guerra da Coreia, quando, de "inimigo vencido", o Japao tornou-se aliado dos EU A. "Reduziram-se as reparac;6es exigidas, atenuaram-se as leis anti-trustes que em 1950 foram revogadas e concedeu-se ajuda financeira para a reconstruc;ao. Os zaibatsu foram facilmente reconstruidos ( ... ) 0 governo esta-beleceu uma escala de prioridades e fundou urn banco ( . .. ) que financiava e concedia incentivos fiscais aos set ores consider ados mais importantes ( constru-c;ao naval, carvao, ac;o, adubos e eletricidade)." (PRADA, v. v., op. cit., pag. 485.)

    A partir de 1950, o crescimento economico japones foi acelerado. Dent~e outras raz6es, pode-se apontar o grande crescimento demogrcifico (entre 1945 e 1965, a populac;ao saltou de 47 para 98 milh6es) possibilitando a utilizac;ao de numerosa miio-de-obra a baixo salcirio, alem da ampliac;ao do mercado de consumo interno, importante para o arranco inicial. Esse crescimento demo-grcifico vern sendo atenuado devido a metodos de controle da natalidade e a legalizac;ao do aborto, adotados por imposic;ao norte-americana.

    Outra razao do "boom" niponico foi a importariio macira da tecnologia estrangeira, particularmente para as industrias quimicas, e!etricas e de fabrica-c;ao de maquinas; com isso pode compensar o atraso tecnico verificado com a guerra, quando as tecnicas se voltaram para as industrias belicas; alem do mais,

  • 332 PARTE IV: NEOCAPITALISMO E SOCIALISMO

    na reconstruc;:ao industrial aplicaram-se as tecnicas mais novas, possibilitando elevado ritmo de produc;:ao.

    Fator igualmente importante foi o maci~o investimento de capitais na produ~ c;:ao, seja fornecidos pelo Estado atra\ es de creditos ou incentivos f;scais, seja dos grupos economicos niponicos ou pela afluencia de capitais norte-americanos, principalmente com a Guerra da Coreia e a Guerra do Vietna. 0 fato de o 1 apao ter-se convertido na principal base de operap5es das for~ as norte-america-nas na Coreia, levou muitas empresas norte-americanas a estabelecer subsidia-rias no pais ou a se associar a industrias japonesas a fim de atender as demandas de material para a guerra.

    A manutenc;:ao de uma balan~a comercial favoravel tambem explica o desen-volvimento japones. Em bora carente de materias-primas que precis a importar ( carvao, petrol eo, ferro, algodao etc.), reduziu os gastos com a importac;:ao de generos alimentfcios devido a reforma agraria. Em contrapartida, a exportac;:ao de produtos industrializados vem aumentando continuamente, para isso contando inclusive com uma das maiores frotas mercantes do mundo.

    Ainda que transformado em importante pec;:a do esquema militar norte-arriericano na Asia, os japoneses tem resistido a uma polftica de rearmamento em grande escala. Pode-se dizer que essa recusa igualmente favorece o desenvol-vimento economico, que nao se ve entorpecido pelo desvio de verbas para gastos militares.

    0 J apao e hoje a segunda palencia economica do mundo capitalist a. DESTAQUES .DA UNIDADE

    1) Sintetizar as linhas basicas do Mundo Capitalista ap6s 1945. 2) Analisar a poHtica norte-americana em relac;:ao a America Latina, conside-

    rando o periodo de Theodore Roosevelt. 3) Identificar as razoes da entrada dos EUA na 1 ~ Guerra Mundial e as

    transformac;:oes ocorridas no p6s-guerra. 4) Caracterizar o periodo de Franklin Roosevelt, identificando seus aspectos

    principais, pondo em destaque as novas dire~rizes para as relac;:oes com a America Latina.

    5) Comparar e com;eituar "Big Stick", Diplomacia do D6lar e Boa Vizi-nhanc;:a.

    6) Sintetizar o Go~erno Truman, considerando o "Fair Deal" e as implica-c;:oes decorrentes do infcio da Guerra Fria.

    7) Identificar os pontos basicos do periodo Kennedy: Nova Fronteira, Guerra Fria, Degelo e Alianc;:a para o Progresso.

    8) Caracterizar os problemas internos e externos da era p6s-Kennedy. 9) Analisar a situac;ao da Europa Ocidental, correlacionando reconstrw;:ao e

    integrac;:ao com 2:;t Guerra Mundial, Guerra Fria e Descolonizac;:ao. 1 0) Identificar as linhas basicas do processo de integrac;:ao da Europa capita-

    lista. 11) Caracterizar BENELUX, CECA, OECE, CEE e EFT A. 12) Analisar as . razoes da recuperac;:ao economica do J apao ap6s a Segunda

    Grande Guerra. 13) ldentificar a posic;:ao do J apao no mundo ap6s 1945. 14) Conceituar Neocapitalismo, Neofascismo, Intervencionismo economico,

    estatizac;:ao.

  • ------~----------- UNIDADE 1IT1IT No caminho do Socialismo ...

    0 BLOCO SOCIALIST A

    1 . NO{:oES INICIAIS

    Esta frase faz parte de urn pronunciamento de Chu En-lai em 1954, onde declara que o objetivo fundamental da Revoluc;ao da China e "Iibertar as forc;as produtivas do pais da opressao do imperialismo ( ... ) " para que a economia nacional pudesse progredir "no caminho do socialismo ( ... ) "

    0 que voce acha dessas ideias? 0 que significava libertar as forc;as produti-'Vas do pais da opressao do imperialismo?

    Significava desenvolver as atividades economicas, as tecnicas etc., tendo em. vista as necessidades nacionais e nao a demand a de urn mercado internacio-nal, que naquele momenta ja era dominado pelas multinacionais.

    E o que representava progredir "no caminho' do socialismo?" Representava a libertac;ao da economia nacional da opressao imperialista,

    e desenvolvendo-se no sentido de eliminar os fundamentos basicos do sistema capitalista: a propriedade privada dos meios de produc;ao e a produc;ao visando ao lucro. Dessa forma, uma nova organizac;ao social implantou-se - a sociedade socialista - tendo por base a propriedade coletiva dos meios de produriio, o que permite garantir trabalho, educac;ao e assistencia medica gratuitas para todos, mediante planifica

  • 334 PARTE IV: NEOCAPITALISMO E SOCIALISMO

    de Guine-Bissau, Mor;ambique e Angola, independentes, respectivamente, em 1973 e 197 5 (as duas ultimas)' organizaram gove_rnos populares e nacionalistas que tambem se proclamaram socialistas.

    Embora a URSS inicialmente liderasse e funcionasse como "modelo" para os pafses socialistas, as diferen

  • UNIDADEII - NO CAMINHO DO SOCIALISMO 335

    "E intolen1vel e estranho ao espfrito do marxismo-leninismo exaltar uma pessoa e dela faze-la urn super-homem dotado de qualidades sobrenaturais semelhantes as de urn deus. Este sentimento a respeito de Stalin existiu durante muitos anos. Ap6s a guerra, a situac;ao s6 se complicou. Stalin tornou-se ainda mais caprichoso, irritadi

  • 336 PARTE IV: Nl.:C CAPITALISMO E SOCIALISMO

    compromissos com os sovieticos; e o caso do Egito que, alem de sair da area de influencia sovietica, adotou uma politica anti-sovietica.

    3. AS DEMOCRACIAS POPULARES DA EUROPA CENTRO-ORIENTAL

    "A Europa Central e Oriental constitui, ao I ado do Extrema Oriente, a parte do mundo que sofreu, desde o fim da 2~ Guerra Mundial, a mais profunda e a rna is completa revolu

  • UNIDADE II - NO CAMINHO DO SOCIALISMO 337

    A criac;ao do COMECON (1949), para a coordenac;ao das poll tic as e dos pianos econ6micos, e o estabelecimento do Pacta de Vars6via (1955) trouxeram maior coesiio ao Bloco Socialista Europeu, estreitamente vinculado a URSS.

    Entretanto, a Albania, onde se continuou a celebrar o culto de Stalin, afastou-se da URSS e se ligou a China quando se deu a ruptura sino-sovietica.

    A Jugoslavia igualmente constitui um caso especial: seu rompimento com a URSS (1948-1955), a adoc;ao de uma politica externa independente e da tese do "caminho proprio para o socialismo'', representam caracterfsticas originais do socialismo iugoslavo. Sob a direc;ao de Tito, lider guerrilheiro que libertou o pais da ocupac;ao nazista, criou-se urn Estado Federal e Multinacional, a autogestao operaria e a descentralizac;ao econ6mica, embora mantendo o sistema coletivista.

    4. A REPUBLICA POPULAR DA CHINA

    Mesmo ap6s a :proclamac;ao da Republica, a China nao se livrara da anar-quia interna e . da pressao do imperialismo, aguc;ando-se as rivalidades entre norte-americ~nos e japoneses. Contudo, mudanc;as ocorriam face ao desenvolvi-mento das industrias, favoreddas pela disponibilidade de mao-de-obra barata. 0 proletariado urbana aumentava e constantes greves evidenciavam crescente descontentamento. A grande maioria da populac;ao compunha-se de camponeses pobres, cujas dificuldades se agravavam com o continuo fracionamento da terra, com a elevac;ao das taxas de arrendamento do solo, com as freqiientes guerras e com as inundac;oes decorrentes das cheias dos rios.

    Ap6s a morte de Sun Yat-sen ( 1925), a direriio do Kuomintang ficou com Chiang Kai-shek, que empreendeu . violenta repre$sao contra os comunistas (Jt;l Guerra Civil, /927 a /937, quando houve a Longa Marcha sob a direriio de Mao Tse-tung), porem, viu crescer a presenc;a japonesa: ocupac;ao da Manchu-ria ( 19 31 ) , culminando com a guerra aberta visando a apoderar-se de todo o pals (1937-1945).

    A medida que a guerra contra OS japoneses se processava, modificava-se a relac;ao de forc;as entre os comunistas e o Kuomintang. Embora fosse feita uma frente nacional antinip6nica, a resistencia era efetivamente conduzida pelos comu-nistas, enquanto Chiang Kai-shek procurava preservar suas forc;as a fim de lutar contra os comunistas. Nas regi6es sob controle comunista, organizaram-se gover-nos democraticos, confiscaram-se terras dos grandes proprietaries distribuindo-as . aos camponeses. Em contraposic;ao, o Kuomintang mostrava-se fraco, corrupto, apatico: nao realizava reformas, oferecia pouca resistencia aos ja:poneses, os dirigentes revendiam os auxilios norte-americanos. Segundo o General Stillwell, "os chefes do exercito tendem a conservar as arm as e as . munic;6es ( .. . ) prome-tem atacar e depois recuam ( ... ) pagam o soldo dos homens conforme seu capricho ( ... )" (cROUZET, M., op. cit., val. VII, pag. 219.)

    Foi entao que Mao Tse-tung, Hder dos comunistas, come~tou a aplicar sua

    teor;a da Nova Democracia Chinesa: "A esmagadora prepondedincia do elemen-to campones leva-a a edificar o movimento comunista sabre base camponesa e nao operaria como os partidos comunistas europeus. A primeira fase da Revo-luc;ao Comunista sera a 'Nova Democracia' que transformara, com a ajuqa da URSS, a velha sociedade semifeudal numa sociedade democnitica independente.

  • 338 PARTE IV:NEOCAPITALISMO E SOCIALISMO

    Este Estado sera governado pela alianc;a de varias classes revolucionarias." (CROUZET, M., op. cit., val. VII, pag. 220.) Essas Classes eram: a burguesia, os camponeses e o proletariado.

    Com o fim da 2ll- Guerra Mundial, os japoneses se retiraram do pais, abandonando muitos territ6rios e equipamentos belicos aos comunistas. A luta logo recomec;ou: na 2{1 Guerra Civil (1946-1949), apesar da substancial ajuda .:conomica norte-americana, a desintegrac;ao do Kuomintang foi rapida. Enquanto Chiang Kai-shek fugi_a para Formosa, Mao proclamava a Republica Popular da China ( 1949). Ap6s uma etapa inicial de organizac;ao administrativa e de recons-truc;ao material de urn pais arruinado pela guerra, comec;aram as reformas estruturais para a socializac;ao integral. E certo que, na fase de transic;ao ( 1949-1953 ), o regime foi hibrido: subsistiram formas capitalistas {pequeno comer-cia, propriedades privadas rurais, permissao do "justa Iuera" e de setores priva-dos nas indus trias etc.) paralelamente a socializac;ao progressiva dos meios de produc;ao (nacionalizac;ao dos bancos e das empresas-chave c!a industria).

    Ao se envolver na Guerra da Coreia (1950-1953), a China desviou recursos materiais e humanos da reconstruc;ao interna e s6 com 0 seu termino realizou 0 ]

  • UNIDADE-11 -NO CAMINHO 'DO SOCIALISMO 339

    Desfile durante a Revolu.;ao Cultural.

  • 340 PARTE IV: NEOCAPITALISMO E SOCIALISMO

    se pelo uso excessive e pela inexperiencia tecnica; a insuficiencia de transportes ferroviarios estrangulava o desenvolvimento industrial. Alem disso, o desvio de mao-de-obra da agricultura para a industria criava desequilibrios de prodw;:ao; o corte da ajuda e a retirada de tecnicos sovieticos, devido a ruptura sino- sovietica (1959-1960), afetou a industria em particular. Tudo isso contribuiu para 0 reajustamento do planejamento: dava-se prioridade a agricultura e no setor industrial colocava-se em primeiro Iugar a prodw;:ao de bens de consumo, relegando-se a plano secundario a prodw;ao de bens de equipamento.

    Talvez como reflexo das falhas do Grande Saito, Mao Tse-tung foi substi-tuldo na presidencia da Republica por Liu'Shao-chi (1959-1968), embora Chu En-Iai per-menecesse como Ministro do Exterior, funs;ao que desempenhou de 1949 ate sua morte (1976).

    Contudo, Mao jamais renunciou a polftica "dos grandes saltos a frente", por isso desencadeou a Revoluriio Cultural, verdadeira "revoluriio dentro da revoluriio". Segundo Jan Deleyne (op. cit., pags. 171 e 172), "a finalidade polftica do ' movimento associava-se urn a finalidade econ6mica. A primeira tinha por objetivo eliminar do Partido o espfrito burocratico e dar a iniciativa as massas, isto e, a todos OS que nao sao quadros do Partido. A segunda, incenti-vando o fervor revolucionario, tinha por finalidade estimular ao maximo a prodw;:ao: a participa~ao das massas deve ser a melhor garantia da produtivi-dade". Com apoio nas massas, mas sobretudo nos Guardas Vermelhos, empre-endeu-se a reeduca~ao doutrinaria tanto das massas quanta das institui~oes, envolvendo o Partido e o Governo, on de se afastaram os "revisionistas ", como Liu Shao-chi, substituldo por Mao, que voltou a presidencia (1969) que desempenhou ate sua morte (1976).

    "Fazer a Revolu~ao e aumentar a produ~ao."

    (Lema da "Revolu~ao Cultural", citado por DELEYNE, J., op. cit., pag. 171.)

    Desde 1960, a China vern desenvolvendo intensa atividade diplomatica, pro-curando quebrar seu isolamento e aumentar suas liga

  • UNIDADE II - NO CAMINHO DO SOCIALISMO 341

    5. CUBA

    Tendo-se libertado do domfnio espanhol ( 1898), Cuba ficou sob a tutela norte-americana em virtude da Emenda Platt que fixava a cessao de uma faixa de terra necessaria ao estabelecimento de uma base naval, o direito de interven-!;aO para manutenc;ao da ordem e concess6es para explorac;ao de carvao (1901).

    Essa tutela politica reforrava a subordinariio economica aos capitalistas norte-americanos que controlavam a produc;ao e a exportac;ao ac;ucareira cubana (uma das mais elevadas do mundo) e os demais ramos da economia. As inter-venc;6es norte-americanas, abertas ou veladas, foram freqi.ientes e provocaram acentuado descontentamento. Parafso do turismo norte-americana, Havana era a capital do jogo e da prostituic;ao, enquanto a maioria da populac;ao vivia na miseria e no analfabetismo.

    Na decada de 30, projetou-se Fulgencio Batista, desde 1934 convertido em homem forte do regime, em bora s6 ocupasse a presidencia por duas vezes ( 1940-1944 e 19 52-19 59). Sua corrupc;ao e opressao ditatorial levaram a crescente oposic;ao, tambein ligada as maiores concess6es . aos capitais norte-americanos. A industria cubaria era incipiente e via sua expansao tolhida pelas limitac;6es do mercado de consumo interno e pela cnr.!'orrencia estrangeira . A monocultura

    ac;ucareira favorecia o aumento do numero de camponeses sem ter~as, obrigados a trabalhar tres a quatro meses por ano e a ficar desempregados no perfodo da entressafra.

    Manifestac;:ao popular em Havana.

  • 342 PARTE IV:NEOCAPITAUSMO E SOOALISMO

    Isto explica o movimento revolucionario liderado par Fidel Castro, que se tornou vitorioso (1959) e acabou convertendo Cuba em um Estado Socialista, para isso muito contribuindo os erros dos dirigentes norte-americanos.

    Entre 1959 e 1963, profundas reformas estruturais foram realizadas: nacio-naliza~ao das industrias, ferrovias, bancos, comunica~oes, instalac;oes portmirias; reforma agniria, levando ao confisco das propriedades privadas e a criac;ao das Granjas del Pueblo, inspiradas nos sovcoses; erradicac;ao do analfabetismo; pla-nifica~ao economica; . mecanizac;ao da agricultura; estatiza~ao do comercio exte-rior; reforma urbana etc. Nao obstante o incentivo a diversifica~ao econom1ca, a economia cubana ainda repousa essencialmente na explorac;ao da cultura a~ucareira.

    Desde 1959, multiplicaram-se os atritos com os EUA, sobressaindo o fracassado desembarque na Baia dos Porcos (1961) e a crise dos foguetes sovie-ticos em territ6rio cuban a (1962), epis6dio de grave tensao internacional na Guerra Fria. Em 1962 foi excluida da OEA na Conferencia de Punta del Este, sem esquecer que se reuniu em Havana a Primeira Conferencia da OLAS ( Orga-nizariio Latina-Americana de Solidariedade) visando a auxiliar novas movimentos revoluciomirios na America Latina (1967).

    Apesar dos vinculos econ6micos e militares com a URSS, Fidel imprimiu diretrizes pr6prias a polltica externa cubana. Segundo a teoria de "criar novas Vietnas" para enfraquecer os EVA e, conseqiientemente, o sistema capitalista, o governo cubano vern participando, inclusive com tropas, dos movimentos de Descoloniza~ao, como ocorreu em Angola.

    Nao obstante, negociac;oes se realizam a fim de restabelecer rela~oes diplo-maticas com os EUA, o que retiraria Cuba do isolamento em que se encontra na America desde sua exclusao da OEA.

    DESTAQUES DA UNIDADE

    1) Sintetizar as caracterfsticas do Mundo Socialista. 2) Resumir as etapas da evolu~ao da URSS ap6s 1945, enfatizando o perfodo

    Nikita Krutschev. 3) Analisar as linhas basicas das Democracias Populares Europeias, conside-

    rando as posi~oes especfficas da Jugoslavia e da Albania. 4) Comparar o p6s-guerra na reconstruc;ao da Europa Ocidental com a Euro-

    pa Centro-Oriental. 5) Analisar as origens e eta pas da Revoluc;ao Chinesa. 6) Comparar o "model a sovietico" com o "caminho chines para o socialism a". 7) Identificar a posic;ao da China no mundo ap6s 1945. 8) Analisar as origens e principais realizac;oes da Revoluc;ao Cubana. 9) Identificar os novas pafses socialistas do Sudeste Ashitico e da Africa.

    10) Conceituar Desestalinizac;ao, Degelo, Democracia Popular, Grand