literatura enem

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Prefeitura de Juiz de Fora / SDS DISQ / Curso Preparatório para Concursos Rua Halfeld, 450 / 5º andar - Centro - CEP: 36010-000 Tel.: (32) 3690-8503 / 3690-8533 1 LITERATURA ENEM 1) Literatura é... ... usar da palavra para recriar a realidade, originando um mundo ficcional que emociona e dá prazer. Artista e leitor fazem um pacto: um escreve como se escrevesse a verdade e o outro lê como se lesse a realidade. É também uma fonte de conhecimentos sobre uma determinada comunidade em um determinado momento histórico. Conotação e denotação Linguagem denotativa é o emprego da palavra no seu sentido objetivo, real, verdadeiro, dicionarizado. Linguagem conotativa é o emprego da palavra no seu sentido subjetivo, figurado, plurissignificativo. Veja o exemplo: Quando você foi embora / Fez-se noite em meu viver: 2) Figuras de Linguagem Metáfora É o emprego de uma palavra com o significado de outra em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É uma comparação subentendida. Exemplos: Minha boca é um túmulo. Essa rua é um verdadeiro deserto. Comparação Consiste em atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança. Exemplos: O meu coração está igual a um céu cinzento. O carro dele é rápido como um avião. Metonímia É a substituição de uma palavra por outra, quando existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos que permite essa troca. Ocorre metonímia quando empregamos: - O autor pela obra. Exemplo: Li Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares) - O continente pelo conteúdo. Exemplo: O ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo os torcedores) - A parte pelo todo. Exemplo: Vários brasileiros vivem sem teto, ao relento. (teto substitui casa) - O efeito pela causa. Exemplo: Suou muito para conseguir a casa própria. (suor substitui o trabalho) Sinestesia Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes. Exemplos: Raquel tem um olhar frio, desesperador. Aquela criança tem um olhar tão doce. Aliteração Ocorre aliteração quando há repetição da mesma consoante ou de consoantes similares, geralmente em posição inicial da palavra. 1. Espaço de tempo em que o sol está abaixo da linha do horizonte 2. Tristeza, solidão, abandono

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Prefeitura de Juiz de Fora / SDS – DISQ / Curso Preparatório para Concursos Rua Halfeld, 450 / 5º andar - Centro - CEP: 36010-000 – Tel.: (32) 3690-8503 / 3690-8533

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LITERATURA ENEM

1) Literatura é... ... usar da palavra para recriar a realidade, originando um mundo ficcional que emociona e dá prazer. Artista e leitor fazem um “pacto”: um escreve como se escrevesse a verdade e o outro lê como se lesse a realidade. É também uma fonte de conhecimentos sobre uma determinada comunidade em um determinado momento histórico.

Conotação e denotação Linguagem denotativa é o emprego da palavra no seu sentido objetivo, real, verdadeiro, dicionarizado. Linguagem conotativa é o emprego da palavra no seu sentido subjetivo, figurado, plurissignificativo. Veja o exemplo: Quando você foi embora / Fez-se noite em meu viver:

2) Figuras de Linguagem Metáfora É o emprego de uma palavra com o significado de outra em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É uma comparação subentendida. Exemplos: Minha boca é um túmulo. Essa rua é um verdadeiro deserto. Comparação Consiste em atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança. Exemplos: O meu coração está igual a um céu cinzento. O carro dele é rápido como um avião. Metonímia É a substituição de uma palavra por outra, quando existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos que permite essa troca. Ocorre metonímia quando empregamos: - O autor pela obra. Exemplo: Li Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares) - O continente pelo conteúdo. Exemplo: O ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo os torcedores) - A parte pelo todo. Exemplo: Vários brasileiros vivem sem teto, ao relento. (teto substitui casa) - O efeito pela causa. Exemplo: Suou muito para conseguir a casa própria. (suor substitui o trabalho) Sinestesia Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes. Exemplos: Raquel tem um olhar frio, desesperador. Aquela criança tem um olhar tão doce. Aliteração Ocorre aliteração quando há repetição da mesma consoante ou de consoantes similares, geralmente em posição inicial da palavra.

1. Espaço de tempo em que o sol está abaixo da linha do horizonte

2. Tristeza, solidão, abandono

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Exemplo: "Toda gente homenageia Januária na janela." (Chico Buarque) Assonância Ocorre assonância quando há repetição da mesma vogal ao longo de um verso ou poema. Exemplo: "Sou Ana, da cama da cana, fulana, bacana Sou Ana de Amsterdam.” (Chico Buarque) Antítese Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. Exemplo: "Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal. (Rui Barbosa) Paradoxo Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas também na de ideias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência de mentira. Oximoro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo. Exemplo: "Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer..." (Camões) Eufemismo Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante. Exemplo: "E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague". (Chico Buarque) paz derradeira = morte Hipérbole Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de impacto. Exemplo: "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac) Ironia Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica. Exemplo: "Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor." (Mário de Andrade) Prosopopeia É uma figura de linguagem que atribui características humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la de PERSONIFICAÇÃO. Exemplo: O céu está mostrando sua face mais bela. O cão mostrou grande sisudez. Perífrase Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar algum objeto, acidente geográfico ou situação que não se quer nomear.

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Exemplo: "Cidade maravilhosa Cheia de encantos mil Cidade maravilhosa Coração do meu Brasil." (André Filho) 3) Gêneros literários Gênero é a categoria à qual pertence uma obra literária, graças a um certo número de características relacionadas à situação de comunicação e à forma da linguagem privilegiada, regras ou convenções que nos permitem agrupar, pelas semelhanças, determinados textos. Classificação dos Gêneros Gênero lírico - caracteriza-se basicamente por se tratar de uma manifestação de sentimentos e emoções de um sujeito lírico (chamado eu-lírico). A musicalidade é uma característica importante do texto lírico (o que mais explora as sonoridades). A palavra lírico, assim como o cognato lirismo, deriva de lira (instrumento musical de cordas). A musicalidade e a expressão de sentimentos são características fundamentais do gênero lírico. Modo se enunciação do gênero lírico: Enunciação do emissor; eu-lírico. Perspectiva temporal: O presente do artista. Verbos e pessoas: Presente – 1ª pessoa. Conteúdo: Expressão de sentimentos. Efeito no ouvinte ou leitor: Emoção, simpatia, exaltação. Formas principais: Soneto, ode, balada, elegia, canção, prosa lírica. “Maior amor nem mais estranho existe que o meu, que não sossega a coisa amada e quando a sente alegre fica triste e se a vê descontente, dá risada.” (...) MORAES, Vinícius de. “Soneto do maior amor”. In: Poesia completa e prosa.2 ed. Rio de Janeiro, Aguilar, 1985. p.202. Gênero Épico - caracteriza-se pelo aspecto narrativo e pela sua vinculação aos fatos históricos ou às realizações humanas, revelados pelo artista como observador que transfigura em sua obra o mundo exterior. Presta-se à narração de ações heróicas e dos grandes feitos humanos. Modo se enunciação do gênero épico: Enunciação do emissor (narrador) e/ou das personagens. Perspectiva temporal: O passado presentificado. Verbos e pessoas: Passado – 3ª pessoa. Conteúdo: Relato de ações heróicas. Efeito no ouvinte ou leitor: Admiração, surpresa, orgulho. Formas principais: Epopéia e diferentes tipos de romances vinculados a grandes realizações humanas. O poema de Camões tem a intenção de celebrar os feitos lusitanos e a descoberta do caminho marítimo para as Índias. “Vasco da Gama, o forte Capitão, Que tamanhas empresas se oferece, De soderbo e altivo coração, A quem Fortuna sempre favorece, Pera se aqui deter não vê razão, Que inabitada a terra lhe parece. Por diante passar determinava. Mas não lhe sucedeu como cuidava”.

CAMÕES, Luís de. Os lusíadas. In: Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1963.p. 18.

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Gênero dramático – que tem a sua manifestação mais viva no trágico e no cômico, procura representar o conflito dos homens e seu mundo. Ora apresenta heróis, seus feitos e a fatalidade que os conduz à queda; ora personalidades medíocres, tolas, mesquinhas, ambiciosas, cômicas ou ridículas: as manifestações da miséria humana. As ações presentes (no palco), a representação de ações nas quais se chocam forças oponentes, o conflito dos homens e seu mundo, o drama humano. O tom dramático pode estar presente em textos em prosa, quando retratam esses conflitos, a miséria ou o drama das personagens. “(PAUSA. Rudi está estranho.) STELLA – Cala a boca, Rudi. RUDI – Stella, eu te amei muito, até demais. Mas era um sentimento primitivo,animal, sem nenhuma lógica... Agora eu mudei. STELLA – (Cada vez mais desesperada) Não! Você não mudou nada! RUDI – Você me fez mudar. STELLA – Tenta me ouvir, eu sou louca por você, sempre fui! RUDI – Os minutos, as horas, a poeira que cai. O maldito tempo... Você tem que ir embora. STELLA – Não. Claro que não. PAIVA, Marcelo. 525 linhas. São Paulo, Brasiliense, 1989.p.74. Modo se enunciação do gênero dramático: Enunciação das personagens. Perspectiva temporal: Ações presentes. Verbos e pessoas: Presente e Futuro – 1ª e 2ª pessoas. Conteúdo: Representação de ações. Efeito no ouvinte ou leitor: Piedade, revolta, terror. Formas principais: Diferentes tipos de peças de teatro, monólogos dramáticos.

O que é narrar?

Narrar é contar um fato qualquer, a partir de uma sequência que envolve o que aconteceu, o que está acontecendo e o que irá acontecer. a narrativa se estrutura em torno de alguns elementos básicos: o enredo, os personagens, o narrador, o tempo e o espaço. Enredo - narrativa de acontecimentos causados por uma tensão a que chamamos conflito. Quando os acontecimentos se desenvolvem de uma forma lógica, coerente, dizemos que ela é verossímil, ou seja, embora não sejam necessariamente verdadeiros, os fatos apresentam verossimilhança.

Tempo - normalmente, pode estar presente na narração em 3 níveis: a época em que se passa a história, o tempo cronológico, o tempo psicológico, quando os fatos narrados não estão na ordem natural.

Espaço - é o lugar onde acontece a história, e pode ser o espaço físico ou o meio social.

Narrador - o ponto de vista do narrador é denominado foco narrativo e apresenta diversas possibilidades:

- foco narrativo em terceira pessoa: quando o narrador não é personagem da história; - foco narrativo em primeira pessoa: quando o narrador é uma das personagens que vivem a história. O narrador pode ser ainda: - observador: quando narra como quem apenas presencia um fato. - onisciente: quando conhece e revela o interior das personagens, seus pensamentos e emoções. As narrativas normalmente apresentam 4 partes: a introdução, quando o narrador apresenta os fatos iniciais, a complicação, quando a história se desenvolve, o clímax, quando o conflito atinge a maior tensão, e o desfecho, quando o conflito é solucionado.

Referências bibliográficas: FARACO, Carlos Emílio & MOURA, Francisco Marto. Literatura Brasileira.10ªed. edição reformulada e ampliada. São Paulo: Ática, 2000. MAIA, João Domingues. Português: volume único. 2.ed. São Paulo: Ática, 2000.

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CRONOLOGIA DOS ESTILOS LITERÁRIOS EM PORTUGAL E NO BRASIL

Estilo Portugal Brasil Características

Trovadorismo 1189/1198 A Ribeirinha Paio Soares de Taveiros Gêneros: cantigas (poesia), novelas de cavalaria, nobiliários, hagiografias.

Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. Cantigas de Amigo: A palavra amigo, nestas cantigas, tem o significado de namorado. O tema principal é a lamentação da mulher pela falta do amado. Cantigas de Maldizer: através delas, os trovadores faziam sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões verbais. Em algumas situações eram utilizados palavrões. O nome da pessoa satirizada podia aparecer explicitamente na cantiga ou não. Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada não aparecia. As sátiras eram feitas de forma indireta, utilizando-se de duplos sentidos.

Humanismo 1418 Fernão Lopes, guarda-mor da Torre do Tombo.

Gêneros: historiografia, teatro popular, prosa doutrinária.

Gil Vicente (teatro)

Teatro: em poesia, versa sobre assuntos profanos ou religiosos; carpintaria teatral rudimentar; ausência de regras; sem unidade de ação, tempo e espaço. Aspectos críticos de uma sociedade em transição. Auto da Barca do Inferno

Classicismo (Renascimento) Quinhentismo (Brasil)

1527

Sá de Miranda

Introdução da medida nova (versos decassílabos).

Gêneros: poesia lírica, épica, teatro e crônicas.

Camões (poesia)

1500 (Quinhentismo) 1º Documento escrito em terras brasileiras: Carta a D. Manuel.

Gêneros: poesia lírica e épica, teatro e crônicas.

Pero Vaz de Caminha(carta) e José de Anchieta (sermões

Poesia: Valorização do homem (antropocentrismo); paganismo (maravilhoso pagão); superioridade do homem sobre a natureza; objetividade; racionalismo; universalidade; saber concreto em detrimento do abstrato; retomada dos valores greco-romanos; rigor métrico, rítmico e estrófico: equilíbrio e harmonia.

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e poesia)

Barroco 1580 Morte de Camões

Portugal sob o domínio espanhol.

Gêneros: oratória sacra, política e social; poesia religiosa, satírica e lírico amorosa.

Pe. Antônio Vieira

(oratória)

1601 Bento Teixeira: publicação de Prosopopeia

Pe. Antônio Vieira (oratória)

Gregório de Matos (poesia)

Poesia: Arte dos contrastes: antinomia homem - céu, homem - terra; visualização e plasticidade; fugacidade; não-racionalismo; unidade e abertura (perspectivas múltiplas para o observador); luta entre o profano e o sagrado. Culto a elementos evanescentes (água/vento). Sentido de transitoriedade da vida; carpe diem (aproveitar o momento); valorização do presente, movimento ligado ao espírito da Contra - Reforma; jogos de metáforas; riqueza de imagens; gosto pelo pormenor; malabarismo verbal – uso de hipérbato, hipérbole, metáforas e antíteses.

Arcadismo 1756

Fundação da Arcádia Lusitana.

Gênero: poesia

Manuel Maria Berbosa du Bocage (poesia)

1768

Cláudio Manuel da Costa:

Obras Poéticas

Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga (poesia lírica e épica)

Basílio da Gama e Santa Rita Durão (poesia épica)

Poesia: Arte do equilíbrio e harmonia; busca do racional, do verdadeiro e da natureza; retorno às concepções de beleza do Renascimento; poesia objetiva e descritiva; aurea mediocritas: o objetivo arcádico de uma vida serena e bucólica; pastoralismo; valorização da mitologia; técnica da simplicidade. Literatura linear e regrada: inutilia truncat (cortar o inútil).

Romantismo 1825

Almeida Garrett

Publicação do poema Camões

1836

Gonçalves de Magalhães

Publicação de Suspiros

1ª Geração: nacionalismo, ufanismo, natureza, religião (cristianismo), indianismo/medievalismo.

2ª Geração: mal do século, evasão, solidão, profundo pessimismo, anseio

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Gêneros: prosa (romance e novela)

poesia e teatro.

Poéticos e Saudades

Poesia: Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves.

Prosa: (urbanos) Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida; (regionalistas) Alencar, Bernardo Guimarães, Taunay; (indianista-histórico) Alencar

da morte.

3ª Geração: condoreirismo, liberdade, oratória de reivindicação, transição para o Parnasianismo, literatura social e engajada.

Geral: imaginação, fantasia, sonho, idealização, sonoridade, simplicidade, subjetivismo, sintaxe emotiva, liberdade criadora.

Realismo Parnasianismo Naturalismo

1865

Questão Coimbrã: Antero de Quental contra Castilho (Novos x Velhos)

Gêneros: prosa (romance, conto, crônica), poesia, crítica.

Prosa: Eça de Queirós

Poesia: Antero de Quental, Cesário Verde, Guerra Junqueiro.

1881

Machado de Assis

Publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas/ Realismo

Aluísio de Azevedo

Publicação de O Mulato/ Naturalismo

Década de 80

Definição do ideário parnasiano.

Prosa: Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Raul Pompéia

Poesia: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Vicente de Carvalho.

Realismo: preocupação com a verdade exata, observação e análise, personagens tipificadas, preferência pelas camadas altas da sociedade. Objetividade. Descrições pormenorizadas. Linguagem correta, no entanto é mais próxima da natural, maior interesse pela caracterização que pela ação – tese documental.

Naturalismo: visão determinista do homem (animal, presa de forças fatais e superiores – meio, herança genética, fisiologia, momento). Tendência para análise dos deslizes de personalidade. Deturpações psíquicas e físicas. Preferência pela classe operária. Patologia social: miséria, adultério, criminalidade, etc – tese experimental.

Parnasianismo: arte pela arte, objetividade, poesia descritiva, versos impassíveis, exatidão e economia de imagens e metáforas, poesia técnica e formal, retomada de valores clássicos, apego à mitologia greco-romana.

Simbolismo 1890

Eugênio de Castro

Publicação de Oaristos

1893

Cruz e Sousa

Publicação de Missal (prosa poética) e

Simbolismo: reação contra o positivismo, o Naturalismo e o Parnasianismo; individualismo, subjetivismo psicológico, atitude irracional e mística, respeito pela música, atitude irracional e mística,

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Gêneros: poema e prosa.

Poesia: Camilo Pessanha

Broquéis (poesia).

Poesia: Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens, Pedro Kilkerry, Emiliano Perneta.

respeito pela música, cor, luz; procura das possibilidades do léxico.

Pré-Modernismo

1902

Publicação de Os Sertões, de Euclides da Cunha; Canaã, de Graça Aranha.

Prosa: Monteiro Lobato, Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha.

Poesia: Augusto dos Anjos;

Pré-Modernismo: tendência das primeiras décadas do século XX, sentido mais crítico, fixando diferentes facetas da realidade social, política ou alterações na paisagem e cor local.

Modernismo 1915 – 1ª fase

Revista Orfeu

1930 – 2ª fase

Alves Redol

Publicação de Gaibeús

Mais recentemente: Surrealismo.

Gêneros: poesia, prosa (crônica, conto, romance), teatro

Poesia: Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Florbela Espanca, José Régio, etc

Prosa: Fernando Namora, Vergílio Ferreira, Alves Redol, Ferreira de Castro, Branquinho da Fonseca, José Saramago, etc.

1922- Semana de Arte Moderna.

1922-30 – 1ª fase: revolucionária: Mário de Andrade.

Publicação de Paulicéia Desvairada.

1930-45 – 2ª fase:

neo-realismo, literatura regional..

José América de Almeida; A Bagaceira.

Geração de 45 – 3ª fase: investigar comportamentos e atitudes do ser humano

João Guimarães, Clarice Lispector, João Cabral.

1ª Geração: revolucionária – negação da tradição cultural, antipurista, antiacademicista, linguagem coloquial, verso livre, nacionalismo crítico, ironia, sarcasmo, irreverência. Poema-piada, liberdade de criação. Predomínio da poesia.

2ª Geração: estabilidade: herança de 22, acrescentando aprimoramento da linguagem (inclusive metalinguagem), busca da expressão universal, recuperação de valores tradicionais (Neo-simbolismo), engajamento religioso e social, literatura de denúncia das condições humanas. Predomínio da prosa (romance) de tendências neo-realistas e regional.

3ª Geração: Não se mostram tão preocupados com o contexto sociopolítico; análise da natureza humana. Rigor formal.

Literatura contemporânea:

Proliferação de estilos, experimentalismo na forma, o cotidiano. Proliferação de contistas e

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Literatura contemporânea (Pós-Modernismo); década de 50; enorme proliferação de estilos.

Concretismo

Poesia –práxis

Contos

cronistas. crises de caráter existencial, reflexões metafísicas

RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DOS ESTILOS LITERÁRIOS NO BRASIL

1- Quinhentismo (século XVI) Representa a fase inicial da literatura brasileira, pois ocorreu no começo da colonização. Representante da Literatura Jesuíta ou de Catequese, destaca-se Padre José de Anchieta com seus poemas, autos, sermões cartas e hinos. O objetivo principal deste padre jesuíta, com sua produção literária, era catequizar os índios brasileiros. Nesta época, destaca-se ainda Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Através de suas cartas e seu diário, elaborou uma literatura de Informação ( de viagem ) sobre o Brasil. O objetivo de Caminha era informar o rei de Portugal sobre as características geográficas, vegetais e sociais da nova terra.

A Primeira Missa – Victor Meireles. Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, 1500 – Oscar Pereira da Silva. Seguro, 1500 – Oscar Pereira da Sil

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2- Barroco (século XVII) Essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos espirituais. Esse contexto histórico acabou influenciando na produção literária, gerando o fenômeno do barroco. As obras são marcadas pela angústia e pela oposição entre o mundo material e o espiritual. Metáforas, antíteses e hipérboles são as figuras de linguagem mais usadas neste período. Podemos citar como principais representantes desta época: Bento Teixeira, autor de Prosopopeia; Gregório de Matos Guerra ( Boca do Inferno ), autor de várias poesias críticas e satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes.

Igreja São Francisco de Assis, Ouro Preto, MG. 3- Neoclassicismo ou Arcadismo (século XVIII) O século XVIII é marcado pela ascensão da burguesia e de seus valores. Tivemos na Europa o Iluminismo e a Revolução Francesa que colocou no poder a burguesia e deram ideais de igualdade e liberdade. Na América se destaca o movimento da Inconfidência Mineira e a Independência dos Estados Unidos. Esses fatos influenciaram na produção da obras desta época. Enquanto as preocupações e conflitos do barroco são deixados de lado, entra em cena o objetivismo e a razão. A linguagem complexa é trocada por uma linguagem mais fácil. Os ideais de vida no campo são retomados (fugere urbem = fuga das cidades ) e a vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a idealização da natureza e da mulher amada. As principais obras desta época são: Obra Poética de Cláudio Manoel da Costa, O Uraguai de Basílio da Gama, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu de Tomás Antonio Gonzaga, Caramuru de Frei José de Santa Rita Durão.

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Dom João VI – Jean Baptiste Debret. Apolo Visitando Admeto – Nicolas Antoine Taunay 4- Romantismo (século XIX) A modernização ocorrida no Brasil, com a chegada da família real portuguesa em 1808, e a Independência do Brasil em 1822 são dois fatos históricos que influenciaram na literatura do período. Como características principais do romantismo, podemos citar: individualismo, nacionalismo, retomada dos fatos históricos importantes, idealização da mulher, espírito criativo e sonhador, valorização da liberdade e o uso de metáforas. As principais obras românticas que podemos citar : O Guarani de José de Alencar, Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães, Espumas Flutuantes de Castro Alves, Primeiros Cantos de Gonçalves Dias. Outros importantes escritores e poetas do período: Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Junqueira Freire e Teixeira e Souza.

Independência ou morte – Pedro Américo

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Porão de Navio Negreiro – Rugendas

5- Realismo - Naturalismo (segunda metade do século XIX) Na segunda metade do século XIX, a literatura romântica entrou em declínio, juntos com seus ideais. Os escritores e poetas realistas começam a falar da realidade social e dos principais problemas e conflitos do ser humano. Como características desta fase, podemos citar: objetivismo, linguagem popular, trama psicológica, valorização de personagens inspirados na realidade, uso de cenas cotidianas, crítica social, visão irônica da realidade. O principal representante desta fase foi Machado de Assis com as obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e O Alienista. Podemos citar ainda como escritores realistas Aluisio de Azedo autor de O Mulato e O Cortiço e Raul Pompéia autor de O Ateneu.

As Respingadeiras – Jean François Millet O homem desesperado – Gustave Coubert

Caipira picando fumo – Almeida Júnior

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6- Parnasianismo (final do século XIX e início do século XX) O parnasianismo buscou os temas clássicos, valorizando o rigor formal e a poesia descritiva. Os autores parnasianos usavam uma linguagem rebuscada, vocabulário culto, temas mitológicos e descrições detalhadas. Diziam que faziam a arte pela arte. Graças a esta postura foram chamados de criadores de uma literatura alienada, pois não retratavam os problemas sociais que ocorriam naquela época. Os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac, Raimundo Correa, Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho.

Ponte Japonesa – Claude Monet Meninas ao Piano – Auguste Renoir

Aula de Dança – Edgar Degas O Grito – Edward Munch 7- Simbolismo (fins do século XIX) Esta fase literária inicia-se com a publicação de Missal e Broqueis de João da Cruz e Souza. Os poetas simbolistas usavam uma linguagem abstrata e sugestiva, enchendo suas obras de misticismo e religiosidade. Valorizavam muito os mistérios da morte e dos sonhos, carregando os textos de subjetivismo. Os principais representantes do simbolismo foram: Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens. 8- Pré-Modernismo (1902 até 1922) Este período é marcado pela transição, pois o modernismo só começou em 1922 com a Semana de Arte Moderna. Esta época é marcada pelo regionalismo, positivismo, busca dos valores tradicionais, linguagem coloquial e valorização dos problemas sociais. Os principais autores deste período são: Euclides da Cunha (autor de Os Sertões), Monteiro Lobato, Lima Barreto, autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma e Augusto dos Anjos.

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A persistência da memória – Salvador Dalí Criança geopolítica assistindo o nascimento do novo homem – Salvador Dalí

Les demoiselles d’Avignon – Picasso Guernica – Picasso

Abaporu – Tarsila do Amaral A estudante – Anita Malfatti 9- Modernismo (1922 a 1930) Este período começa com a Semana de Arte Moderna de 1922. As principais características da literatura modernista são: nacionalismo, temas do cotidiano (urbanos), linguagem com humor, liberdade no uso de palavras e textos diretos. Principais escritores modernistas: Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Cassiano Ricardo, Alcântara Machado e Manuel Bandeira.

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Lavrador de café – Cândido Portinari Mulata – Di Cavalcanti 10- Pós-Modernismo (1930 a 1945) Fase da literatura brasileira na qual os escritores retomam as críticas e as denúncias aos grandes problemas sociais do Brasil. Os assuntos místicos, religiosos e urbanos também são retomados. Destacam-se as seguintes obras: Vidas Secas de Graciliano Ramos, Fogo Morto de José Lins do Rego, O Quinze de Raquel de Queiroz e O País do Carnaval de Jorge Amado. Os principais poetas desta época são: Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles.

Operários – Tarsila do Amaral Retirantes – Cândido Portinari EXERCÍCIOS: 1- Considere os itens adiante. I. "... a busca da perfeição no retratar o homem levou a observação da natureza e do universo orientou a ação uma simbiose entre arte e ciência, desenvolvendo-se estudos de anatomia, técnicas de cores, perspectivas..." II. ”... o teocentrismo, o coletivismo, a tradição marcaram as obras de arte do período e estiveram presentes na pintura, na arquitetura e na escultura..." III. “... procuram explicar o mundo através de novas teorias, fugindo às interpretações religiosas típicas do período anterior. O grande destaque é a utilização do método experimental...”.

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O Renascimento é identificado em a) somente II b) somente I e II c) somente I e III

d) somente II e III e) I, II e III

2- A Renascença ou Renascimento foi um movimento artístico e científico ocorrido na Europa entre os séculos XV e XVI. Sobre esse movimento, identifique a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) com V e com F, a(s) falsa(s). ( ) A utilização de métodos experimentais e de observação da natureza e do universo orientou a ação dos cientistas durante o Renascimento. O período demarca, ainda, o início de um processo de maior valorização da razão humana e do indivíduo. ( ) O Renascimento, baseado na ideologia absolutista, foi um movimento de valorização do mundo rural. Essa característica pode ser entendida pela forte influência dos mecenas, uma vez que todos eles eram vinculados à agricultura. ( ) O Renascimento surge no período de transição da sociedade medieval para a sociedade moderna e representa uma nova visão de mundo. Suas principais características eram o racionalismo e o antropocentrismo. ( ) Uma das mudanças propiciadas pela cultura renascentista foi a valorização da natureza, em contraste com as explicações sobrenaturais sobre o mundo. A sequência correta é: a) VFVV b) VVVV c) FFFV

d) VVFF e) FFVF

3- (UFRS 2000) Leia o soneto a seguir, de Luís de Camões. Um mover de olhos, brando e piedoso, Sem ver de quê; um riso brando e honesto, Quasi forçado; um doce e humilde gesto, De qualquer alegria duvidoso; Um despejo quieto e vergonhoso; Um repouso gravíssimo e modesto; Uma pura bondade, manifesto Indício da alma, limpo e gracioso; Um encolhido ousar; uma brandura; Um medo sem ter culpa; um ar sereno; Um longo e obediente sofrimento: Esta foi a celeste fermosura Da minha Circe, e o mágico veneno Que pôde transformar meu pensamento. Em relação ao poema acima, considere as seguintes afirmações. I- O poeta elabora um modelo de mulher perfeita e superior, idealizando a figura feminina. II- O poeta não se deixa seduzir pela beleza feminina, assumindo uma atitude de insensibilidade. III- O poeta sugere o desejo erótico ao se referir à figura mitológica de Circe. Quais são corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II.

d) Apenas I e III. e) I, II e III.

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4- (Pism/UFJF-MG) Leia, com atenção, a estrofe do Canto I de Os lusíadas, transcrita abaixo para responder à questão: "Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandre e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano A quem Netuno e Marte obedeceram. Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta." Assinale a alternativa incorreta: a) Para o poeta épico renascentista, o Grego e o Troiano são modelos insuperáveis. b) Há um forte nacionalismo laudatório que se estende pelo poema como um todo. c) Para o poeta épico português, os portugueses são heróis de mar e guerra. d) O herói do poema de Camões é coletivo e não individual. e) Os portugueses, como os povos antigos, mereceram ser objeto de poesia épica.

5- As primeiras manifestações literárias que se registram na Literatura Brasileira referem-se a:

a) Literatura informativa sobre o Brasil (crônica) e literatura didática, catequética (obra dos jesuítas).

b) Romances e contos dos primeiros colonizadores.

c) Poesia épica e prosa de ficção.

d) Obras de estilo clássico, renascentista. e) Poemas românticos indianistas. 6- (UNISA) A “literatura jesuíta”, nos primórdios de nossa história: a) tem grande valor informativo; b) marca nossa maturação clássica; c) visa à catequese do índio, à instrução do colono e sua assistência religiosa e moral; d) está a serviço do poder real; e) tem fortes doses nacionalistas. 7- A importância das obras realizadas pelos cronistas portugueses do século XVI e XVII é: a) determinada exclusivamente pelo seu caráter literário; b) sobretudo documental; c) caracterizar a influência dos autores renascentistas europeus; d) a de terem sido escritas no Brasil e para brasileiros; e) n.d.a. 8- (UNIV. FED. DE SANTA MARIA) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que: a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese. b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira. c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuítica. d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica. e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições encontradas no Novo Mundo. 9- (UFV-MG) Leia atentamente o fragmento do sermão do Padre Antônio Vieira: A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande

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para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande […]. Os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns aos outros. Tão alheia cousa é não só da razão, mas da mesma natureza, que, sendo criados no mesmo elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer. VIEIRA, Antônio. Obras completas do padre Antônio Vieira: sermões. Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçalo Alves. Porto: Lello e Irmão — Editores, 1993. v. III, p. 264-265. O texto de Vieira contém algumas características do Barroco. Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela em que NÃO se confirmam essas tendências estéticas: a) O culto do contraste, sugerindo a oposição bem x mal, em linguagem simples, concisa, direta e expressiva da intenção barroca de resgatar os valores greco-latinos. b) A tentativa de convencer o homem do século XVII, imbuído de práticas e sentimentos comuns ao semipaganismo renascentista, a retomar o caminho do espiritualismo medieval, privilegiando os valores cristãos. c) A presença do discurso dramático, recorrendo ao princípio horaciano de “ensinar deleitando” — tendência didática e moralizante, comum à Contra reforma. d) O tratamento do tema principal — a denúncia à cobiça humana — através do conceptismo, ou jogo de ideias. e) A utilização da alegoria, da comparação, como recursos oratórios, visando à persuasão do ouvinte. 10- (UNOPAR-PR) Considere as seguintes afirmações: I- A temática e a linguagem barroca expressam os conflitos experimentados pelo homem do século XVII. II- A linguagem barroca caracteriza-se pelo emprego de figuras, como a comparação e a alegoria, entre outras. III- A antítese e o paradoxo são as figuras que a linguagem barroca emprega para expressar a divisão entre mundo material e mundo espiritual. IV- A estética barroca privilegia a visão racional do mundo e das relações humanas, buscando na linguagem a fuga às constrições do dia-a-dia. Dentre elas, apenas a) I e III estão corretas. b) II e IV estão corretas. c) III está correta.

d) I, II e IV estão corretas. e) I, II e III estão corretas.

11- (UFMG 2010) Um dos recursos utilizados pelo padre Antônio Vieira em seus sermões consiste na “agudeza”- maneira de conduzir o pensamento que aproxima objetos e/ ou ideias distantes, diferentes, por meio de um discurso artificioso, que se costuma chamar de “discurso engenhoso”. Assinale a alternativa em que, no trecho transcrito do Sermão da Sexagésima, o autor utiliza esse recurso: a) Lede as histórias eclesiásticas, e achá-las-eis todas cheias de admiráveis efeitos da pregação da palavra de Deus. Tantos pecadores convertidos, tanta mudança de vida, tanta reformação de costumes; os grandes desprezando as riquezas e vaidades do Mundo, os reis renunciando os cetros e as coroas; as mocidades e as gentilezas metendo-se pelos desertos e pelas covas.(...) b) Miseráveis de nós, e miseráveis de nossos tempos, pois neles se veio a cumprir a profecia de S. Paulo: (...) “ Virá tempo, diz S. Paulo, em que os homens não sofrerão a doutrina sã”. (...) “Mas para seu apetite terão grande número de pregadores feitos a montão e sem escolha, os quais não façam mais que adular-lhe as orelhas.” c) Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. (...) Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro de si ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça, o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento. d) Quando Davi saiu a campo com o gigante, ofereceu-lhe Saul as suas armas, mas ele não as quis aceitar. Com as armas alheias ninguém pode vencer, ainda que seja Davi. As armas de Saul só servem a Saul, e as de Davi a Davi, e mais aproveita um cajado e uma funda própria, que a espada e a lança alheia.

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12- (FUVEST-SP) “Nasce o sol, e não dura mais que um dia,/ Depois da Luz se segue a noite escura,/ Em tristes sombras morre a formosura,/ Em contínuas tristezas a alegria.” Na estrofe acima, de Gregório de Matos, a principal característica do Barroco é: a) O culto da natureza. b) A utilização de rimas alternadas. c) A forte presença de antíteses. d) O culto do amor cortês. e) O uso de aliterações. 13- (UM-SP) Entende-se por literatura árcade: a) A linha europeia de produção literária com linguagem rebuscada. b) A linha europeia de produção literária com volta aos padrões clássicos. c) A produção de poesia lírico-amorosa da geração byroniana. d) A produção de poesia lírica nacional com retórica aprimorada. e) A linha europeia que prega a “arte pela arte”. 14- (FATEC-SP)- Sobre o Arcadismo brasileiro só não se pode afirmar que: a) Tem suas fontes nos antigos grandes autores gregos e latinos, dos quais imita os motivos e formas. b) Teve em Cláudio Manuel da Costa o representante que, de forma original, recusou a motivação bucólica e os modelos camonianos da lírica amorosa. c) Nos legou os poemas de feição épica Caramuru (de Frei José de Santa Rita Durão) e O Uraguai (de Basílio da Gama), no qual se reconhece qualidade literária destacada em relação ao primeiro. d) Norteou, em termos dos valores estéticos básicos, a produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que celebrizou Tomás Antônio Gonzaga e que destaca a originalidade de estilo e de tratamento local dos temas pelo autor. e) Apresentou uma corrente de conotação ideológica, envolvida com as questões sociais do seu tempo, com a crítica aos abusos de poder da Coroa Portuguesa. 15- (UFPE) “Além do horizonte deve ter Algum lugar bonito Pra viver em paz Onde eu possa encontrar A natureza Alegria e felicidade Com certeza... Lá nesse lugar O amanhecer é lindo

Com flores festejando Mais um dia que vem vindo... Onde a gente pode Se deitar no campo Se amar na relva Escutando o canto Dos pássaros...”.

Roberto e Erasmo Carlos estão falando de um lugar ideal, de um ambiente campestre, calmo. Em literatura, um grupo de escritores, no século XVIII, defendeu o bucolismo, a necessidade de revalorização da vida simples, em contanto com a natureza. Estamos fazendo referência aos escritores do: a) Romantismo. b) Arcadismo. c) Realismo.

d) Barroco. e) Simbolismo.

16- Considere as afirmativas abaixo, referentes ao Arcadismo brasileiro: I. A natureza adquire um sentido de simplicidade, verdade e harmonia, impondo-se como modelo para a realização do ser humano. II. A vinculação ao mundo natural se dá através de uma poesia de caráter pastoril.

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III. Defende-se a imitação da simplicidade dos autores clássicos, que produziram suas obras na Antiguidade greco-romana e no Barroco. IV. Há uma forte ligação com a Inconfidência Mineira, pelo fato de poetas como Cláudio Manuel da Costa e Tomás António Gonzaga terem se envolvido na rebelião contra a metrópole. V. Os poetas enfatizam a subjetividade, pois estavam convencidos de que deviam expressar em seus textos sentimentos intensos, passionais e impulsivos. Está CORRETO o que se afirma em: a) I e III, apenas. b) I, III, IV e V, apenas. c) II e V, apenas.

d) I, II e IV, apenas. e) I, II, III, IV e V.

17- (PUC-MG) Texto I "Discreta e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo claramente Na vossa ardente vista o sol ardente, e na rosada face a aurora fria; Enquanto pois produz, enquanto cria Essa esfera gentil, mina excelente No cabelo o metal mais reluzente, E na boca a mais fina pedraria. Gozai, gozai da flor da formosura, Antes que o frio da madura idade Tronco deixe despido o que é verdura. Que passado o zenith da mocidade, Sem a noite encontrar da sepultura, É cada dia ocaso da beldade." Gregório de Matos Guerra Texto II "Minha bela Marília, tudo passa; A sorte deste mundo é mal segura; Se vem depois dos males a ventura, Vem depois dos prazeres a desgraça. Estão os mesmos deuses Sujeitos ao poder do ímpio Fado: Apolo já fugiu do Céu brilhante, Já foi pastor de gado. Ah! enquanto os Destinos impiedosos Não voltam contra nós a face irada, Façamos, sim façamos, doce amada, Os nossos breves dias mais ditosos, Um coração, que frouxo A grata posse de seu bem difere A si, Marília, a si próprio rouba, E a si próprio fere. Ornemos nossas testas com as flores; E façamos de feno um brando leito, Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos Amores.

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Sobre as nossas cabeças, Sem que o possam deter, o tempo corre; E para nós o tempo, que se passa, Também, Marília, morre." Tomás Antônio Gonzaga O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparando-os, só não é correto afirmar que: a) Os barrocos e árcades expressam sentimentos. b) As construções sintáticas barrocas revelam um interior conturbado. c) O desejo de viver o prazer é dirigido à amada nos dois textos. d) Os árcades têm uma visão de mundo mais angustiada que os barrocos. e) A fugacidade do tempo é temática comum aos dois estilos.

18 - (UFPR) - "Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que vive de guardar alheio gado;

“De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelado e dos sóis queimado. Tenho próprio casal e nele assisto Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto.

Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!"

O texto tem traços que caracterizam o período literário ao qual pertence. Uma qualidade patente nesta estrofe é:

a) o bucolismo; b) o misticismo;

c) o nacionalismo;

d) o regionalismo; e) o indianismo.

19- (Fuvest)

I. "Porque não merecia o que lograva, Deixei, como ignorante, o bem que tinha, Vim sem considerar aonde vinha, Deixei sem atender o que deixava."

II."Se a flauta mal cadente Entoa agora o verso harmonioso, Sabei, me comunica este saudoso

Influxo a dor veemente; Não o gênio suave, Que ouviste já no acento agudo e grave."

III."Da delirante embriaguez de bardo Sonhos em que afoguei o ardor da vida, Ardente orvalho de febris pranteios, Que lucro à alma descrida?"

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Cada estrofe, a seu modo, trabalha o tema de um bem, de um amor almejado e passado ou perdido. Avaliando atentamente os recursos poéticos utilizados em cada uma delas podemos dizer que os movimentos literários a que pertencem I, II e III são respectivamente: a) barroco - arcadismo - romantismo. b) barroco - romantismo - parnasianismo.

c) romantismo - parnasianismo - simbolismo. d) romantismo - simbolismo - modernismo. e) parnasianismo - simbolismo - modernismo.

20- (UFSC) - Considere as afirmativas sobre Barroco e o Arcadismo: 1. Simplificação da língua literária – ordem direta – imitação dos antigos gregos e romanos. 2. Valorização dos sentidos – imaginação exaltada – emprego dos vocábulos raros. 3. Vida campestre idealizada como verdadeiro estado de poesia-clareza-harmonia. 4. Emprego frequente de trocadilhos e de perífrases – malabarismos verbais – oratória. 5. Sugestões de luz, cor e som – antítese entre a vida e a morte – espírito cristão antiterreno. Assinale a opção que só contém afirmativas sobre o Arcadismo: a) 1, 4 e 5 b) 2, 3 e 5 c) 2, 4 e 5

d) 1 e 3 e) 1, 2 e 5

21- (Puc-RJ) - Qual dessas afirmações não caracterizava a poesia arcádica realizada no Brasil no século XVIII?

a) Procurava-se descrever uma atmosfera denominada locus amoenus. b) A poesia seguia o lema de “cortar o inútil” do texto. c) As amadas eram ninfas, lembrando a mitologia grega e romana. d) Os poetas da época não se expressaram no gênero épico. e) Diversos poemas foram dedicados a reis e rainhas, e tinham um objetivo político.

22- (Santa Casa SP)

Texto I “É a vaidade, Fábio, nesta vida, Rosa, que da manhã lisonjeada, Púrpuras mil, com ambição dourada, Airosa rompe, arrasta presumida.” Texto II “Depois que nos ferir a mão da morte, ou seja neste monte, ou noutra serra, nossos corpos terão, terão a sorte de consumir os dous a mesma terra.” O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparando-os, é possível afirmar que os árcades optaram por uma expressão: a) impessoal e, portanto, diferenciada do sentimentalismo barroco, em que o mundo exterior era projeção do caos interior do poeta. b) despojada das ousadias sintáticas da estética anterior, com predomínio da ordem direta e de vocábulos de uso corrente. c) que aprofunda o naturalismo da expressão barroca, fazendo que o poeta assuma posição eminentemente impessoal.

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d) em que predominam, diferentemente do Barroco, a antítese, a hipérbole, a conotação poderosa. e) em que a quantidade de metáforas e de torneios de linguagem supera a tendência denotativa do Barroco. 23- Em relação ao Romantismo brasileiro, todas as afirmativas são verdadeiras. Exceto: a) Expressão do nacionalismo através da descrição de costumes e regiões do Brasil. b) Análise crítica e científica dos fenômenos da sociedade brasileira. c) Desenvolvimento do teatro nacional d) Expressão poética de temas confessionais, indianistas e humanistas. e) Caracterização do romance como forma de entretenimento e moralização. 24- Leia e responda: “ A poesia deixa de ser apenas um lamento sentimental murmurado em voz baixa para ser também um grito de protesto político ou reivindicação social.” O fragmento acima se refere a dois momentos da poesia romântica brasileira que podem ser definidos, respectivamente como: a) 1ª geração romântica – 2ª geração romântica. b) ultra-romantismo – condoreirismo. c) indianismo – poesia social. d) geração byronista – indianismo. e) geração condoreira – geração “mal-do-século”. 25- UFPE/UFRPE/UNIVASF - 2007 TEXTO XIII Discreta e formosíssima Maria Enquanto estamos vendo a qualquer hora Em tuas faces a rosada Aurora, Em teus olhos e boca, o sol e o dia: ............................................................ Goza, goza da flor da mocidade Que o tempo trata a toda ligeireza E imprime em toda flor sua pisada. (Gregório de Matos) Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora, A lua nas janelas bate em cheio. Boa-noite, Maria! É tarde...é tarde... Não me apertes assim contra teu seio. ......................................................... Mas não me digas descobrindo o peito Mar de amor onde vagam meus desejos (Castro Alves) Nos versos acima, o lirismo barroco, em Gregório de Matos, e o romântico, em Castro Alves, apresentam pontos de divergência e convergência, apesar de pertencerem a movimentos literários diferentes, distanciados por séculos. As convergências se devem a que: a) a visão do amor, fundamentada na religiosidade contrarreformista, elimina a expressão do amor físico, sublimando o sentimento. b) as relações amorosas são apresentadas de uma maneira sensual e ardente. c) o tema do “Carpe diem” faz referência ao aproveitamento da vida e da beleza, na sua brevidade; esse tema aparece em ambos como uma reflexão sobre a transitoriedade das coisas.

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d) utilizando o discurso direto, os poetas descrevem suas amadas recorrendo a metáforas alusivas a elementos da natureza. e) em ambos os poemas, as mulheres são descritas como figuras contraditórias, simultaneamente angelicais e demoníacas. 26- Leia o fragmento do poema de Castro Alves, em seguida, responda: A cruz da estrada Caminheiro que passas pela estrada, Seguindo pelo rumo do sertão, Quando vires a cruz abandonada, Deixa-a em paz dormir na solidão. ...................................................................... É de um escravo humilde sepultura, Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz. Deixa-o dormir no leito de verdura, Que o Senhor dentre as selvas lhe compôs. ...................................................................... Dentre os braços da cruz, a parasita, Num abraço de flores se prendeu. Chora orvalhos a grama, que palpita; Lhe acende o vaga-lume o facho seu. ...................................................................... Caminheiro! Do escravo desgraçado O sono agora mesmo começou! Não lhe toques no leito de noivado, Há pouco a liberdade o desposou. (ALVES, Castro. (1883) In: LAJOLO, Marisa & CAMPEDELLI, Samira (org.) Literatura comentada. 2 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 89-90.) Nesse fragmento do poema “A cruz da estrada”, observa-se um traço marcante da poesia romântica, que é: a) o egocentrismo exacerbado revelador das emoções do eu. b) o nacionalismo expresso na origem histórica do nosso povo. c) o envolvimento subjetivo dos elementos da natureza. d) a evasão do eu para espaços distantes e exóticos. e) a idealização da infância como uma época perfeita. 27- Leia atentamente os versos a seguir: "Teu romantismo bebo, ó minha lua", A teus raios divinos me abandono, Torno-me vaporoso... e só de ver-te Eu sinto os lábios meus se abrir de sono." (Álvares de Azevedo, "Luar de verão", Lira dos vinte anos) Estes versos parecem exemplificar um dos temas mais caros à escola romântica: a identificação com a natureza, personificada e participante. Contudo, o verso final nos permite uma leitura capaz de caracterizar o trecho como manifestação de: a) tendência ao misticismo b) melancolia mórbida c) aversão à natureza

d) fuga onírica e) ironia

(UFJF – 2008/1ª fase) Leia, com atenção, o Texto VII, a seguir, para responder às questões 28 e 29. TEXTO VII

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“Há uma crise nos séculos como nos homens. É quando a poesia cegou deslumbrada de fitar-se no misticismo e caiu do céu sentindo exaustas as suas asas de ouro. O poeta acorda na terra. Demais, o poeta é homem. Homo sum, como dizia o célebre Romano. Vê, ouve, sente e, o que é mais, sonha de noite as belas visões palpáveis de acordado. Tem nervos, tem fibra e tem artérias – isto é, antes e depois de ser um ente idealista, é um ente que tem corpo. E, digam o que quiserem, sem esses elementos, que sou o primeiro a reconhecer muito prosaicos, não há poesia.” (Prefácio à Segunda parte da Lira dos vinte anos. In: AZEVEDO, Álvares de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000, p. 190) 28- No Texto VII, observa-se a constatação de que: a) o passado era uma época mais feliz para viver. b) o ser humano muda de acordo com a época. c) a época contemporânea tem mais recursos. d) a felicidade se confunde com a poesia. e) o poeta só trabalha com abstrações. 29- A tese central do Texto VII é: a) tema da poesia brasileira do século XIX. b) síntese das aspirações do romantismo brasileiro. c) apologia da poética de celebração da vida física. d) descrição da poesia nativa ligada à natureza. e) negação do desejo romântico de chegar ao Bem. 30- (UFV-MG) Leia com atenção o seguinte poema de Cruz e Sousa: Sinfonias do Ocaso "Musselinosas como brumas diurnas. Descem do ocaso as sombras harmoniosas, Sombras veladas e musselinosas. Para as profundas solidões noturnas. Sacrários virgens, sacrossantas urnas, Os céus resplendem de sidéreas rosas, Da Lua e das Estrelas majestosas. Iluminando a escuridão das furnas.

Ah! Por estes sinfônicos ocasos. A terra exala aromas de áureos vasos, Incensos de turíbulos divinos. Os plenilúnios mórbidos vaporam [...] E como que no Azul plangem e choram. Cítaras, harpas, bandolins, violinos [...]"

SOUSA, Cruz e. Obra completa. Org. Andrade Murici. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,1995. p. 86. Sobre o autor e o poema citados acima, é INCORRETA a afirmativa: a) O autor explora sensações impalpáveis, vagas; utilizando-se de linguagem hermética, difícil, busca expressar o belo e o sublime de um cenário mais interiorizado do que real. b) Cruz e Sousa, autor simbolista, faz uso do verso decassílabo, frequente também na poética parnasiana. c) No poema são intensamente explorados os sentidos da audição, visão e olfato, buscando transmitir ao leitor as impressões do eu lírico diante do por do sol. d) O poema apresenta uma visão subjetiva da natureza, em que o fenômeno do ocaso é mais sugerido que descrito. e) No poema, expressivo do ideal da “arte pela arte”, é evidente o repúdio ao subjetivismo e à emoção, pela utilização de vocabulário preciso e raro. 31- (UFV-MG) Leia atentamente os textos a seguir, escritos, respectivamente, pelos poetas Olavo Bilac e Cruz e Souza: Texto I

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"[...] E horas sem conta passo, mudo. O olhar atento, A trabalhar longe de tudo. O pensamento. Porque o escrever – tanta perícia, Tanta requer, Que ofício tal [...] nem há notícia. De outro qualquer. [...]" Texto II "[...] Infinitos espíritos dispersos, Inefáveis, edênicos, aéreos, Fecundai o Mistério destes versos. Com a chama ideal de todos os mistérios. Do sonho as mais azuis diafaneidades. que fuljam, que na Estrofe se levantem. e as emoções, todas as castidades. da alma do Verso, pelos versos cantem. [...]" A partir de uma reflexão sobre os fragmentos acima, assinale a afirmativa INCORRETA. a) O texto I está contido nos padrões estéticos do Parnasianismo por propor valores específicos da “Arte pela Arte”. b) O texto II insere-se na poética simbolista por priorizar elementos vagos, oníricos e, sobretudo, os mistérios da alma. c) O texto I é parnasiano por transformar o fazer poético em um ato consciente, de elaboração e aperfeiçoamento formais. d) Ambos os textos apresentam elementos de representação simbólica que estabelecem uma correspondência entre os mundos interior e exterior. e) O texto II é simbolista por sugerir uma poética voltada para valores metafísicos, transcendentais e subjetivos. 32- (UFPE/UFRPE 2004) Quais as características do Simbolismo que podem ser observadas nos versos abaixo? “Infinitos espíritos dispersos Inefáveis, edênicos, aéreos Fecundai o mistério destes versos Com a chama ideal de todos os mistérios” a) Subjetividade, cor local, amor sensual b) Nacionalismo, mitologia, impessoalidade c) Mistério, musicalidade, hermetismo d) Descrição da natureza, ironia, impessoalidade e) Racionalismo, religiosidade, versos livres.

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33- (PUC-RS 2002) Ismália Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu, Estava longe do mar... E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar...

A vinculação do poema em questão ao Simbolismo revela-se pelas imagens e expressões plenas de ________, ________ e ________ . a) musicalidade, mistério e desvario b) descritivismo, musicalidade e erotismo c) imprecisão, sentimentalismo e religiosidade d) objetividade, erotismo e subjetivismo e) sentimentalismo, descritivismo e plasticidade 34- (UFPE/UFRPE – 2006) O Modernismo no Brasil teve três fases, e podemos dizer que cada um dos poetas abaixo representa uma dessas fases, conforme se descreve nas proposições abaixo: 1) Manuel Bandeira foi um dos pioneiros do Modernismo. Compôs o poema Os Sapos, para a Semana de Arte Moderna de 22. 2) Carlos Drummond de Andrade, da segunda fase do Modernismo, tem como um dos temas freqüentes o desajustamento do indivíduo no mundo. 3) João Cabral de Melo Neto pertenceu à chamada geração de 45. Entre as características de sua poesia estão o racionalismo, a lógica e o rigor formal, o que não o impede de fazer denúncia social. Está(ão) correta(s): a) 1, 2 e 3 b) 2 e 3 apenas c) 1 apenas

d) 1 e 2 apenas e) 1 e 3 apenas

35- (UFV- MG) Observe com atenção o poema de Carlos Drummond de Andrade: Poesia “Gastei uma hora pensando um verso Que a pena não quer escrever. No entanto, ele está cá dentro Inquieto e vivo. Mas a poesia deste momento Inunda minha vida inteira.” ANDRADE, Carlos Drummond de. Carlos Drummond de Andrade: poesia e prosa. 8. ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. p. 20. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que NÃO corresponde a uma interpretação possível do texto: a) O poema transcrito acima propõe, através do verso livre, abdicar do rigor formal que caracterizou a poesia parnasiana. b) Os dois últimos versos do poema sugerem o silêncio como o momento especial que leva o eu-lírico a captar a essência de sua poesia.

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c) O texto contém algumas reflexões do poeta mineiro em relação ao próprio fazer poético. d) O poema de Drummond ilustra a angústia do escritor ante as limitações que a forma impõe ao fluxo livre de seu pensamento. e) A forte presença de antíteses e hipérboles evidenciam a ressonância de alguns aspectos românticos na criação do poeta modernista. (UNIFAL – 2001) Leia o seguinte poema de Manuel Bandeira e responda às questões 36 e 37: Nova poética Vou lançar a teoria do poeta sórdido. Poeta sórdido: Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida. Vai um sujeito. Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama: É a vida. O poema deve ser como a nódoa no brim: Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero. Sei que a poesia é também orvalho. Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade. BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993. p. 287. 36- Em “Nova poética”, estão presentes algumas tendências inovadoras propostas pelo movimento modernista, EXCETO: a) a opção pela poesia pautada por temas “sujos”, em detrimento da pureza dos temas idílicos. b) a visão crítica do poeta, apresentando uma nova forma de arte literária através do discurso metalinguístico. c) a linguagem futurista, expressão do homem moderno, ao ritmo da máquina e da velocidade. d) a rejeição ao Parnasianismo, pela desobediência às formas clássicas de versificação. e) a elaboração de uma nova linguagem, mais simples e dinâmica, a partir da observação do cotidiano. 37- Em relação ao poema “Nova poética”, de Manuel Bandeira, é INCORRETO afirmar que: a) o “poeta sórdido” seria aquele que privilegiasse em seus versos a marca suja da vida humana, olhando criticamente a sociedade e denunciando os males da modernidade. b) ao afirmar que “O poema deve ser como a nódoa no brim”, o poeta sugere a total rejeição ao lirismo romântico que, ao suscitar o encantamento, o sonho e a paixão, só é capaz de provocar sentimentos alienantes e dispensáveis à vida e ao ritmo do homem moderno. c) o poema funde à linguagem poética o discurso narrativo, buscando expressar melhor a realidade do homem moderno, sugerindo a necessidade do dinamismo e da constante atualidade dos versos, para expressar o drama do ser humano, vítima da própria engrenagem da vida moderna. d) segundo o poeta, a poesia deve “Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.”, ou seja, é preciso que os versos incomodem, provoquem alguma mudança na consciência do leitor. e) o poeta não rejeita totalmente a poesia sobre os temas sublimes, mas nos versos finais, ao referir-se à poesia “que é também orvalho”, destila, em fina ironia, o desprezo pelas manifestações poéticas já consagradas.

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38- (UFV-MG) Leia as passagens abaixo, extraídas de Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade: I. Os camaradas não disseram que havia uma guerra e era necessário trazer fogo e alimento. (“Sentimento do mundo”) II. Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói. (“Confidência do itabirano”) III. Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto de me contar. Por isso me dispo, por isso grito, por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias preciso de todos. (“Mundo grande”) IV. Trabalhas sem alegria para um mundo caduco, onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo. Praticas laboriosamente os gestos universais, sentes de calor e frio, falta dinheiro, fome e desejo sexual. (“Elegia 1938”) V. Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. (“Mãos dadas”) Apesar do tom intimista e quase confessional da poesia de Carlos Drummond de Andrade, podemos encontrar alguns traços em que se desenvolve certa experiência histórica. Assinale a alternativa em que as três passagens ilustram a vivência das transformações sociais e econômicas por parte do sujeito lírico. a) I, III e IV. b) I, III e V. c) II, III e V.

d) II, III e IV. e) I, II e IV.

39- (UFV-MG) A partir da leitura do poema abaixo, assinale a afirmativa INCORRETA. “Havia a um canto da sala um álbum de fotografias intoleráveis, alto de muitos metros e velho de infinitos minutos, em que todos se debruçavam na alegria de zombar dos mortos de sobrecasacas. Um verme principiou roer as sobrecasacas indiferentes e roeu as páginas, as dedicatórias e mesmo a poeira dos retratos. Só não roeu o imortal soluço de vida que rebentava que rebentava daquelas páginas .”

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(Carlos Drummond de Andrade - “Os mortos de sobrecasaca”) a) O poema desenvolve um sentimento sutil mas profundo sobre objetos que rodeiam o sujeito lírico. b) O “álbum de fotografias” pode ser entendido como um sinal de lirismo, pois remete às sensações íntimas do sujeito lírico. c) Não há qualquer traço de lirismo, pois não se trata de um poema de amor. d) O poema trata da experiência afetiva da memória, uma das marcas da poesia de Carlos Drummond de Andrade. e) O “verme” que rói as fotografias simboliza a passagem do tempo, que envelhece as coisas e as pessoas. 40- (UFV-MG) Leia os poemas de Cecília Meireles, retirados de Viagem e Vaga Música: Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: – Em que espelho ficou perdida a minha face? Epigrama do espelho infiel (a João de Castro Osório) Entre o desenho do meu rosto e o seu reflexo, meu sonho agoniza, perplexo. Ah! Pobres linhas do meu rosto Desmanchadas do lado oposto, e sem nexo! E a lágrima do seu desgosto Sumida no espelho convexo. Assinale a afirmativa INCORRETA: a) Os dois poemas retratam a passagem do tempo. b) O segundo poema pode ser lido como uma resposta à pergunta final do primeiro. c) Os dois poemas apresentam o eu lírico conformado diante da mudança inexorável da vida. d) No primeiro poema, o eu lírico se tornou menos emotivo com as mudanças sofridas através do tempo. e) Os dois poemas expressam mudanças experimentadas com o passar do tempo. 41) (UFV-MG) Leia atentamente o poema abaixo, de João Cabral de Melo Neto: A educação pela pedra Uma educação pela pedra: por lições; para aprender da pedra, frequentá-la; captar sua voz inenfática, impessoal

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(pela de dicção ela começa as aulas). A lição de moral, sua resistência fria ao que flui e a fluir, a ser maleada; a de poética, sua carnadura concreta; a de economia, seu adensar-se compacta: lições de pedra (de fora para dentro, cartilha muda), para quem soletrá-la. Outra educação pela pedra: no Sertão (de dentro para fora, e pré-didática). No Sertão a pedra não sabe lecionar, e se lecionasse não ensinaria nada; lá não se aprende a pedra: lá a pedra, uma pedra de nascença, entranha a alma.

MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. p. 21. Assinale a alternativa que NÃO traduz uma leitura possível do poema acima: a) O poeta apreende da pedra a própria vivência na vida agreste do Sertão: de austeridade, resistência silenciosa e sempre capaz de dar lições de vida e de poesia. b) Os versos metalinguísticos revelam a própria poética cabralina: concreta, impessoal, concisa, embora profundamente social. c) Ao partir do pressuposto de que a pedra é muda, e, portanto, não ensina nada, o poeta suscita uma reflexão sobre a situação educacional precária no Nordeste. d) O eu lírico também apreende da pedra os próprios versos enxutos, num esforço de dissecação de quaisquer sentimentalismos. e) No poema, de intensa economia verbal, a pedra faz-se metáfora da paisagem do Sertão, que “entranha a alma”, e espelha o fazer poético do autor pernambucano.

Exercícios com questões de provas anteriores do ENEM:

Questão 01 (ENEM-2009): Cárcere das almas Ah! Toda a alma presa, Soluçando nas trevas, Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves Para abrir-vos as portas do Mistério?! CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

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Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Souza, são: (A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. (B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista. (C) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais. (D) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. (E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano. Questão 02 (ENEM 2006): ERRO DE PORTUGUÊS Quando o português chegou Debaixo de uma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de Sol O índio tinha despido O português. (Oswald de Andrade. Poesias Reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978). O primitivismo observável no poema transcrito acima, de Oswald de Andrade, caracteriza de forma marcante (A) o regionalismo do Nordeste. (B) o concretismo paulista. (C) a poesia Pau-Brasil. (D) o simbolismo pré-modernista. (E) o tropicalismo baiano. Questão 03 (ENEM 2009): Para o Mano Caetano 1 O que fazer do ouro de tolo Quando um doce bardo brada a toda brida, Em velas pandas, suas esquisitas rimas? 4 Geografia de verdades, Guanabaras postiças Saudades banguelas, tropicais preguiças? A boca cheia de dentes 7 De um implacável sorriso Morre a cada instante Que devora a voz do morto, e com isso, 10 Ressuscita vampiro, sem o menor aviso [...] E eu soy lobo-bolo? Lobo-bolo Tipo pra rimar com ouro de tolo? 13 Oh, Narciso Peixe Ornamental! Tease me, tease me outra vez 1

Ou em banto baiano 16 Ou em português de Portugal Se quiser, até mesmo em americano De Natal [...]

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1 Tease me (caçoe de mim, importune-me). LOBÃO. Disponível em: http//vagalume.UOL.com.br. Acesso em: 14 ago. 2009 (adaptado). Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da língua portuguesa, a fim de conseguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o extrato sonoro do idioma e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem: (A) “Quando um doce bardo brada a toda brida” (v.2) (B) “Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v.3) (C) “Que decora a voz do morto” (v.9) (D) “lobo-bolo/Tipo pra rimar com ouro de tolo?’ (v.11-12) (E) “Tease me, tease me outra vez” (v.14) Questão 04 (ENEM 2000) : Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um exemplo:

Jornal do Commercio, 22/8/93

O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é: (A) Descansem o meu leito solitário Na floresta dos homens esquecida, À sombra de uma cruz, e escrevam nela – Foi poeta – sonhou – e amou na vida. (AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL,1971) (B) Essa cova em que estás Com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida. É de bom tamanho, Nem largo nem fundo, É a parte que te cabe deste latifúndio. (MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967) (C) Medir é a medida mede A terra, medo do homem, a lavra; lavra duro campo, muito cerco, vária várzea. (CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo: Summums, 1978) (D) Vou contar para vocês um caso que sucedeu na Paraíba do Norte com um homem que se chamava

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Pedro João Boa-Morte, lavrador de Chapadinha: talvez tenha morte boa porque vida ele não tinha. (GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983) (E) Trago-te flores, – restos arrancados Da terra que nos viu passar E ora mortos nos deixa e separados. (ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986) Questão 05 (ENEM 2000): “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época. Poética Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e [manifestações de apreço ao Sr. diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o [cunho vernáculo de um vocábulo Abaixo os puristas ............................................................................................ Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare — Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. (BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro. Aguilar, 1974) Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta: (A) critica o lirismo louco do movimento modernista. (B) critica todo e qualquer lirismo na literatura. (C) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico. (D) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico. (E) propõe a criação de um novo lirismo. Questão 06 (ENEM 2000): Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua relação com as pequenas e grandes cidades. Bicho urbano Se disser que prefiro morar em Pirapemas ou em outra qualquer pequena cidade do país estou mentindo ainda que lá se possa de manhã lavar o rosto no orvalho e o pão preserve aquele branco sabor de alvorada. ..................................................................... A natureza me assusta.

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Com seus matos sombrios suas águas suas aves que são como aparições me assusta quase tanto quanto esse abismo de gases e de estrelas aberto sob minha cabeça.

(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1991) Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso. (A) "e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada." (B) "ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho" (C) "A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas" (D) "suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto" (E) "me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas" Questão 07 (ENEM 2004): Cidade grande Que beleza, Montes Claros. Como cresceu Montes Claros. Quanta indústria em Montes Claros. Montes Claros cresceu tanto, ficou urbe tão notória, prima-rica do Rio de Janeiro, que já tem cinco favelas por enquanto, e mais promete. (Carlos Drummond de Andrade) Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a (A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem. (B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos. (C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica. (D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo. (E) prosopopéia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida. Questão 08 (ENEM 2009):

ECKHOUT, A.”Índio Tapuia” (1610-1666). Disponível em: http://.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9jul,2009. A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos, Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em:12 ago,2009. Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que:

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(A) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento romântico das artes plásticas. (B) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso. (C) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo colonizador. (D) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena. (E) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da catequização jesuítica. Questão 9 (ENEM 2009): No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes, dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura do Norte. Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as características locais. CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003. Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões nacionais, sabe-se que (A) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temática essencialmente urbana, colocando em relevo a formação do homem por meio da mescla de características locais e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração europeia. (B) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da urbanização das cidades brasileiras e das relações conflituosas entre as raças. (C) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo temático local, expressando a vida do homem em face da natureza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos. (D) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do homem brasileiro, o sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo. (E) Érico Veríssimo, Raquel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano em confronto com a modernização do país promovida pelo Estado Novo. Questão 10 (Enem 2003): Pequenos tormentos da vida De cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o azul convida os meninos, as nuvens desenrolam-se, lentas como quem vai inventando preguiçosamente uma história sem fim...Sem fim é a aula: e nada acontece, nada...Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida, se ao menos um avião entrasse por uma janela e saísse por outra! (Mário Quintana. Poesias) Na cena retratada no texto, o sentimento do tédio (A) provoca que os meninos fiquem contando histórias. (B) leva os alunos a simularem bocejos, em protesto contra a monotonia da aula. (C) acaba estimulando a fantasia, criando a expectativa de algum imprevisto mágico. (D) prevalece de modo absoluto, impedindo até mesmo a distração ou o exercício do pensamento. (E) decorre da morosidade da aula, em contraste com o movimento acelerado das nuvens e das moscas. Questão 11: (Enem 2007) Sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que muito influenciaria a Semana de Arte Moderna, Monteiro Lobato escreveu, em artigo intitulado Paranóia ou Mistificação:

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Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem as coisas e em consequência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é formada dos que veem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...). Estas considerações são provocadas pela exposição da sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso & cia. O Diário de São Paulo, dez./1917. Em qual das obras abaixo identifica-se o estilo de Anita Malfatti criticado por Monteiro Lobato no artigo? (A) (B)

Acesso a Monte Serrat – Santos Vaso de Flores (C) (D)

A Santa Ceia Nossa Senhora Auxiliadora e Dom Bosco (E)

A Boba

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Textos para as questões 12 e 13 (ENEM 2007) Texto I Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo. Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23.ª ed., 1969, p. 75. Texto II Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes. Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, n.° 2, 2001, p. 254. Questão 12: A partir do trecho de Vidas Secas (texto I) e das informações do texto II, relativas às concepções artísticas do romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas. I O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em protagonista privilegiado do romance social de 30. II A incorporação do pobre e de outros marginalizados indica a tendência da ficção brasileira da década de 30 de tentar superar a grande distância entre o intelectual e as camadas populares. III Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30 conseguiram, com suas obras, modificar a posição social do sertanejo na realidade nacional. É correto apenas o que se afirma em (A) I (B) II (C) III (D) I e II (E) II e III. Questão 13: No texto II, verifica-se que o autor utiliza (A) linguagem predominantemente formal, para problematizar, na composição de Vidas Secas, a relação entre o escritor e o personagem popular. (B)linguagem inovadora, visto que, sem abandonar linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor. (C) linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma história que apresenta o roceiro pobre de forma pitoresca. (D) linguagem formal com recursos retóricos próprios do texto literário em prosa, para analisar determinado momento da literatura brasileira. (E) linguagem regionalista, para transmitir informações sobre literatura, valendo-se de coloquialismo, para facilitar o entendimento do texto.

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Questão 14: (Enem 2005) Cândido Portinari (1903-1962), um dos mais importantes artistas brasileiros do século XX, tratou de diferentes aspectos da nossa realidade em seus quadros. 1 2

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Sobre a temática dos “Retirantes”, Portinari também escreveu o seguinte poema: (....) Os retirantes vêm vindo com trouxas e embrulhos Vêm das terras secas e escuras; pedregulhos Doloridos como fagulhas de carvão aceso Corpos disformes, uns panos sujos, Rasgados e sem cor, dependurados Homens de enorme ventre bojudo

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Mulheres com trouxas caídas para o lado Pançudas, carregando ao colo um garoto Choramingando, remelento (....) (Cândido Portinari. Poemas. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1964.) Das quatro obras reproduzidas, assinale aquelas que abordam a problemática que é tema do poema. (A) 1 e 2 (B) 1 e 3 (C) 2 e 3 (D) 3 e 4 (E) 2 e 4

Questão 15: (Enem 2001)

No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo.

“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que ia lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.” (Assis, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957.) A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao Romantismo está transcrita na alternativa: (A)... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas... (B) era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça... (C) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno,... (D) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos... (E) ...o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. Questão 16: (Enem 2002) O autor da tira utilizou os princípios de composição de um conhecido movimento artístico para representar a necessidade de um mesmo observador aprender a considerar, simultaneamente, diferentes pontos de vista.

Das obras reproduzidas, todas de autoria do pintor espanhol Pablo Picasso, aquela em cuja composição foi adotado um procedimento semelhante é:

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Questão 17: (Enem 2002) A leitura do poema descrição da guerra em Guernica traz à lembrança o famoso quadro de Picasso: Entra pela janela o anjo camponês; com a terceira luz na mão; minucioso, habituado aos interiores de cereal, aos utensílios que dormem na fuligem; os seus olhos rurais não compreendem bem os símbolos desta colheita: hélices, motores furiosos; e estende mais o braço; planta no ar, como uma árvore a chama do candeeiro. (...) Carlos de Oliveira in ANDRADE, Eugénio. Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa. Porto: Campo das Letras, 1999.

Uma análise cuidadosa do quadro permite que se identifiquem as cenas referidas nos trechos do poema.

Podem ser relacionadas ao texto lido as partes:

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(A) a1, a2, a3 (B) f1, e1, d1 (C) e1, d1, c1 (D) c1, c2, c3

(E) e1, e2, e3

Questão 18: (Enem 2000)

“Precisa-se nacionais sem nacionalismo, (...) movidos pelo presente, mas estalando naquele cio racial que só as tradições maduram! (...). Precisa-se gentes com bastante meiguice no sentimento, bastante força na peitaria, bastante paciência no entusiasmo e sobretudo, oh! sobretudo bastante vergonha na cara! (...) Enfim: precisa-se brasileiros! Assim está escrito no anúncio vistoso de cores desesperadas pintado sobre o corpo do nosso Brasil, camaradas.” (Jornal A Noite, São Paulo, 18/12/1925 apud LOPES, Telê Porto Ancona. Mário de Andrade: ramais e caminhos. São Paulo: Duas Cidades, 1972)

No trecho acima, Mário de Andrade dá forma a um dos itens do ideário modernista, que é o de firmar a feição de uma língua mais autêntica, “brasileira”, ao expressar-se numa variante de linguagem popular identificada pela (o): (A) escolha de palavras como cio, peitaria, vergonha. (B) emprego da pontuação. (C) repetição do adjetivo bastante. (D) concordância empregada em Assim está escrito. (E) escolha de construção do tipo precisa-se gentes. Questão 19: (Enem 2012) O trovador Sentimentos em mim do asperamente dos homens das primeiras eras ... As primaveras de sarcasmo intermitentemente no meu coração arlequinal ... Intermitentemente ... Outras vezes é um doente, um frio na minha alma doente como um longo som redondo ... Cantabona! Cantabona! Dlorom ... Sou um tupi tangendo um alaúde!

ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiais, 2005.

Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é: (A) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete à brasilidade. (B) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas. (C) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1),“frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9). (D) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswaldo de Andrade.

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(E) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas. Questão 20: (Enem 2012) Verbo ser QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer. ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões existenciais que têm origem: (A) no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e singular. (B) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência de outros. (C) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas familiares. (D) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados. (E) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus pares. Questão 21: (Enem 2012) Labaredas nas trevas Fragmentos do diário secreto de Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski 20 DE JULHO [1912] Peter Sumerville pede-me que escreva um artigo sobre Crane. Envio-lhe uma carta: “Acredite-me, prezado senhor, nenhum jornal ou revista se interessaria por qualquer coisa que eu, ou outra pessoa, escrevesse sobre Stephen Crane. Ririam da sugestão. *…+ Dificilmente encontro alguém, agora, que saiba que é Stephen Crane ou lembre-se de algo dele. Para os jovens escritores que estão surgindo ele simplesmente não existe.” 20 DE DEZEMBRO [1919] Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou reconhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa. Já se passaram dezenove anos desde que Crane morreu, mas eu não o esqueço. E parece que outros também não. The London Mercury resolveu celebrar os vinte e cinco anos de publicação de um livro que, segundo eles, foi “um fenômeno hoje esquecido” e me pediram um artigo. FONSECA, R. Romance negro e outras histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992 (fragmento). Na construção de textos literários, os autores recorrem com frequência a expressões metafóricas. Ao empregar o enunciado metafórico “Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal”, pretendeu-se estabelecer, entre os dois fragmentos do texto em questão, uma relação semântica de: (A) causalidade, segundo a qual se relacionam as partes de um texto, em que uma contém a causa e a outra, a consequência. (B) temporalidade, segundo a qual se articulam as partes de um texto, situando no tempo o que é relatado nas partes em questão. (C) condicionalidade, segundo a qual se combinam duas partes de um texto, em que uma resulta ou depende de circustâncias apresentadas na outra. (D) adversidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta uma orientação argumentativa distinta e oposta à outra.

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(E) finalidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta o meio, por exemplo, para uma ação e a outra, o desfecho da mesma. Questão 22: LXXVIII(Camões, 1525?-1580) Leda serenidade deleitosa, Que representa em terra um paraíso; Entre rubis e perlas doce riso Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Presença moderada e graciosa, Onde ensinando estão despejo e siso Que se pode por arte e por aviso, Como por natureza, ser fermosa; Fala de quem a morte e a vida pende, Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; Repouso nela alegre e comedido: Estas as armas são com que me rende E me cativa Amor; mas não que possa Despojar-me da glória de rendido. CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.

SANZIO, R. (1483-1520). A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos: (A) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema. (B) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema. (C) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema. (D) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema. (E) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.

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Questão 23: (Enem 2012) Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvi e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas coisas de tupi, de folklore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma! O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções. A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete. BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em:www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011. O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que: (A) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país. (B) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto republicano. (C) a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica. (D) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete. (E) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor. Questão 24: (Enem 2012) Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência a vossa! Todo o sentido da vida principia a vossa porta: o mel do amor cristaliza seu perfume em vossa rosa; sois o sonho e sois a audácia, calúnia, fúria, derrota... A liberdade das almas, ai! com letras se elabora... E dos venenos humanos sois a mais fina retorta: frágil, frágil, como o vidro e mais que o aço poderosa! Reis, impérios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam... MEIRELLES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento). O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem: (A) A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras.

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(B) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu equilíbrio vinculado ao significado das palavras. (C) O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem pela vida. (D) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e suas crenças. (E) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos.