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#023 ANO 12 MAIO 2015

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Ano 12, Maio 2015

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#023

ANO 12MAIO 2015

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312303/10

tiragem

6500 exemplares

periodicidade

duas edições/ano

título

Linhas, Revista da Universidade de Aveiro

edição e propriedade

Universidade de Aveiro

direção

Manuel António Assunção

edição

José Alberto Rafael

Margarida Isabel Almeida

Miguel Conceição

redação

Serviços de Comunicação, Imagem

e Relações Públicas: João Afonso Correia,

Pedro Farias e Sofia Serrano Bruckmann

design, fotografia e produção

Serviços de Comunicação, Imagem

e Relações Públicas: António Jorge Ferreira,

Sofia Almeida e Vítor Teixeira

FICHA TÉCNICA

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Manuel António AssunçãoReitor da Universidade de Aveiro

EditorialOs temas desta edição da Linhas mostram bem como a UA se afirma como Universidade Cívica: a par da excelência, na educação, na pesquisa e na inovação, da relação inseparável com a comunidade local, regional e nacional, de grande aposta na internacionalização, pratica uma articulação intencional, estratégica, entre todas as suas funções.

Atentos ao presente e às tendências que moldam o futuro, desenhamos formação superior em todos os níveis: doutoramento, mestrado, licenciatura e, agora também, técnicos superiores profissionais. Fazemo-lo porque reconhecemos a importância das escolhas individuais e da pluralidade e flexibilidade de percursos. Fazemo-lo porque pretendemos dar melhores profissionais à sociedade. Fazemo-lo porque queremos promover melhores oportunidades de emprego para cada um dos nossos diplomados.

Por isso encontrarão, nas páginas que se seguem, múltiplas perspetivas: um olhar qualificado sobre a evolução que pretendemos para a formação doutoral; a utilização de técnicas de simulação na formação graduada e pós-graduada, em áreas tão distintas como a saúde e a contabilidade, aproximando os contextos de ensino e de trabalho; a aposta nos Cursos Técnicos Superiores Profissionais, ampliando a oferta e alargando-a às quatro Escolas Politécnicas; e uma visão sobre a empregabilidade dos nossos diplomados. Entre muitas outras iniciativas, que poderia adicionar, realço o amplo programa de estágios que vimos desenvolvendo com os nossos parceiros e que ascende já a mais de 1000 estágios por ano, curriculares na sua grande maioria. Estágios que, como é realçado em estudo recente realizado por docentes da Escola de Tecnologia e Gestão de Águeda, contribuem, de forma muito significativa, para uma transição rápida, e com sucesso, para o trabalho.

Elegemos a Luz, simbolicamente e em pleno Ano Internacional da Luz, como exemplo da qualidade da investigação, da interdisciplinaridade, da criação do conhecimento, da inovação e criação de novos produtos e serviços, com contributos da física, química,

materiais e engenharia civil, electrónica e telecomunicações, design, biologia, línguas e cultura. E continuamos a enfatizar a importância da ligação às empresas através da criação e dinamização de mais Plataformas Tecnológicas, em domínios temáticos, que constituem um fórum de eleição para a interação entre investigadores e empresas.

Acreditamos na importância da multiculturalidade, na vivência em ambientes diversos, na mobilidade, na colaboração. E aqui o papel da língua, como elemento de aproximação e de compreensão mútua, é determinante. Fomentamos, por isso, a aprendizagem de português, para os estrangeiros que nos procuram. E alargámos o leque de oportunidades de aprendizagem de outras línguas, através do recém-criado Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro, para a promoção da língua e cultura chinesas, e de um protocolo para o ensino de russo.

Os antigos alunos são, costumo dizê-lo, os nossos principais embaixadores, pelo seu testemunho mas, sobretudo, pela sua ação. Partilhamos com eles, através deles, um conjunto de percursos bem diversos, que atravessam o mundo, de Timor-Leste aos Estados Unidos da América, e que alargam a nossa presença nele.

Assumimos, também, um compromisso com a sustentabilidade, não apenas no Campus mas noutros cenários que nos envolvem. É o caso da iniciativa conjunta entre o Herbário da UA e o Centro de Infância Arte e Qualidade, que fomenta o contacto, dos mais pequenos, desde muito cedo, com práticas sustentáveis.

Universidade Cívica: um conceito que pode constituir uma síntese feliz do nosso projeto: com preocupação pelo interno; mas com maior preocupação ainda pela osmose com o exterior, com o nosso efeito de dentro para fora, com o nosso impacto no crescimento de uma sociedade mais desenvolvida, mais humana, mais solidária, melhor!

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03 EDITORIALManuel António AssunçãoReitor da UA

06-11 OPINIÃOUm olhar sobre a empregabilidade dos diplomados da UA

Cursos TeSP: Uma oferta formativa a pensar na empregabilidade

O caminho para a proximidade

12-13 PERCuRsO sINguLARDoutoramento Honoris Causa atribuído a Paul O´Brien

14-19 PERCuRsOs ANTIgOs ALuNOsSamuel FreitasO diretor da Faculdade de Ciências Exatas da Universidade Nacional de Timor-Leste

Rui DiogoNa senda de um novo campo da Biologia chamado Evolutionary Developmental Anthropology

Daniel SoaresUm criativo à conquista dos Estados Unidos da América

20-23 ENTREVIsTA COM...Preparar o futuroEduardo Marçal Grilo, novo presidente do Conselho Geral da UA

24-30 DOssIERLuz, campus, ação!

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31 EDIçõEs

32-35 INVEsTIgAçÃOPioneirismo da UA facilita pesquisas arqueológicasGeociências apoiam Arqueologia desde os anos 80

Neurorradiologia lança rede de novo conhecimento na UACampanha “Stop AVC” decorre a nível nacional

36-39 ENsINODiz-me, e eu esquecerei; ensina-me e eu lembrar-me-ei; envolve-me, e eu aprendereiSimulação recria, na formação, vida profissional

40-44 DIsTINçõEs

45-47 COOPERAçÃO Encontro de empresários da Rede Alumni UAEspaço AAAUA

Plataforma Tecnológica da Floresta reforça ligação da UA às empresas do setor

48-49 CuLTuRALInstituto Confúcio da UA vai apoiar o ensino de mandarim em Portugal

50-51 CAMPus susTENTÁVELNa “Casa Verde” cultiva-se a esperança num mundo mais sustentávelHora Verde resulta da parceria CIAQ/Herbário da UA

52-57 ACONTECEu NA uA

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O ensino superior (ES) português vive atualmente um período de forte transformação que coloca desafios importantes às suas instituições. As universidades e os institutos politécnicos nacionais continuam a ser chamados à promoção da massificação do ES entre os mais jovens, para que o país possa recuperar as décadas de atraso na qualificação da sua força de trabalho. As instituições de ensino superior (IES) são, assim, obrigadas a gerir uma diversidade crescente de públicos com ideias cada vez mais diferenciadas relativamente ao que esperam ser a experiência do ES. Paradoxalmente, esses novos públicos trazem expectativas de empregabilidade e de remuneração moldadas pela posição relativa das anteriores gerações de diplomados, mesmo que estas detenham hoje uma posição relativa no mercado de trabalho que, em média, será dificilmente atingível por aqueles que agora concluem os seus cursos. Esta é uma das razões, aliás, que explica o debate

intenso que sempre se gera, por exemplo, em torno do desemprego de diplomados ou da possível existência de uma “geração de quinhentos-euristas”. Por outro lado, esse esforço de massificação do ES faz-se agora num cenário de estabilização ou até, mais recentemente, de decréscimo do número total de novos candidatos ao ES (ao nível do primeiro ciclo). Se a isto juntarmos a reconfiguração do sistema decorrente da implementação do processo de Bolonha e da ação de regulação da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) percebemos que, aos poucos, a competição entre IES e ofertas formativas se assume e acentua.

Neste cenário, os indicadores de empregabilidade assumem uma importância decisiva quer nas escolhas dos candidatos ao ES, quer na governação do sistema. Essa tendência é aliás inequívoca mesmo que não exista ainda informação harmonizada a nível

um olhar sobre a empregabilidade dos diplomados da uA

Hugo FigueiredoDocente do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial

Maria João Pires da RosaDocente do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial

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central, capaz de permitir comparações adequadas entre ofertas formativas e instituições. O que existe – em particular, os dados de desemprego de diplomados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) – tem conhecidas e importantes limitações. A urgência das questões que são colocadas ao sistema e às IES justifica mesmo assim a sede por este tipo de informação, mesmo que esta esteja ainda perigosamente dispersa. De facto, são ainda muitas as interroga-ções. A criação de diversas ofertas formativas de segundo ciclo e o acentuado crescimento de Mestres que acompanhou Bolonha garante-lhes ainda hoje vantagens significativas no mercado de trabalho? Como ficam aqueles que optam por concluir apenas o primeiro ciclo? Conseguem emprego na sua área de formação? As competências adquiridas nos cursos são úteis ao desempenho profissional dos diplomados? A escolha por uma determinada instituição ou por uma determinada área de formação protege os diplomados do desemprego, que tem aliás vindo a crescer nos anos mais recentes?

A ideia será sempre a de

potenciar a empregabilidade

e o sucesso profissional dos

diplomados da UA.

Ser capaz de, regularmente, responder a estas questões é, assim, do ponto de vista das IES, uma arma importante para poder antecipar e gerir potenciais problemas de atratividade e relevância das suas ofertas formativas. Ciente dessa importância, a UA tem vindo a dedicar uma atenção particular a estas questões, nomeadamente através da criação do Observatório do Percurso Socioprofissional dos Diplomados da Universidade de Aveiro. Em rigor, a atuação do Observatório insere-se numa agenda bastante mais ampla de ligação da UA aos seus Alumni, que não se esgota na mera medição da sua empregabilidade recente. Não pode igualmente ser desligada do caminho que a UA, à semelhança de outras instituições, tem vindo a fazer no desenvolvimento e afirmação de um sistema interno de garantia da qualidade.

Este, entre outros objetivos, pretende tornar a universidade mais atenta às preocupações dos seus estudantes e diversos stakeholders e integrá-las nos seus processos de decisão.

Em qualquer caso, os resultados do Estudo sobre a Empregabilidade dos Diplomados pela UA no Triénio 2008/09 a 2010/11 constituem, por esta altura, a face mais visível da ação do Observatório. Os dados obtidos são, aliás, resultado de uma iniciativa da UA de dimensão considerável, apoiada, nomeadamente, pelo Centro de Investigação em Marketing e Análise de Dados – CIMAD. No âmbito desta iniciativa foram inquiridos, através de entrevistas telefónicas, 2693 (37,4%) diplomados dos 7195 diplomados pela UA no triénio de 2008/09 a 2010/11. Procurou-se igualmente garantir um nível de representatividade mínima da situação de todos os cursos oferecidos nesse período. A UA passou, assim, a dispor de mais um instrumento para apoio à gestão dos seus cursos.

Os resultados deste estudo mostram que, globalmente, o panorama da UA ao nível da empregabilidade dos seus diplomados no triénio em análise é bastante positivo, pese embora a pressão negativa exercida pela dimensão da crise económica que o país enfrentava no período de recolha dos dados. As taxas de emprego dos diplomados da UA, considerando os diferentes tipos de ensino, ciclos de estudo e áreas de formação dos mesmos, rondam, em média, os 80%. Além disso, uma considerável maioria (cerca de 80%) encontra-se empregada na área de formação dos seus cursos e considera que as competências adquiridas no curso em que se diplomaram são compatíveis com as exigidas no atual emprego (cerca de 85%). A esmagadora maioria dos diplomados parece também encontrar-se satisfeita com a formação obtida e disposta não só a voltar a escolher a Universidade de Aveiro (mais de 90%), mas também o curso em que se diplomaram (cerca de 80%). Por outro lado, a maior parte dos diplomados da UA encontra emprego até seis meses após a conclusão dos seus cursos (o tempo médio é de cerca de 5 meses), embora seja verdade que apenas uma minoria

aufira salários superiores a 1000 euros e assuma imediatamente posições de chefia (pouco mais de 30% em ambos os casos).

Os dados contêm ainda uma história interessante ao nível da distinção entre o primeiro e o segundo ciclo de ensino. Além de ser já muito significativa (na ordem dos 60%) a percentagem de diplomados que prossegue os seus estudos imediatamente após a conclusão da licenciatura, os resultados obtidos apontam para que a obtenção de um diploma de 2º ciclo e/ou de mestrado integrado se configure como uma vantagem significativa em termos do posicionamento futuro dos diplomados da UA no mercado de trabalho. As vantagens são visíveis a vários níveis: por exemplo, ao nível da menor incidência de desemprego ou no menor tempo de transição para o primeiro emprego, mas, igualmente, ao nível da possibilidade de obter remuneração acima dos 1000 euros (mais do que 40%) ou de vínculos de emprego mais estáveis. Finalmente, essas vantagens aparecem reforçadas quando nos referimos a cursos das áreas da Educação e das Engenharias.

Concluído que está este primeiro estudo, o futuro do Observatório passa agora pela repetição regular do mesmo em triénios sucessivos. A ideia é obter uma “fotografia” da evolução da empregabilidade dos seus recém- -diplomados. Mas não só. Está prevista igualmente a realização de um novo inquérito à coorte de diplomados inquiridos neste triénio (2008/09 a 2010/11) no sentido de analisar a evolução do seu posicionamento no mercado de trabalho, nomeadamente em termos de progressão na carreira, mudança de emprego, alteração salarial ou de opção por novas formações académicas. Nos planos mais imediatos de trabalho está também prevista a condução de um estudo que pretende envolver as entidades empregadoras com maior relevância para a UA na definição das competências que, do seu ponto de vista, lhes parecem essenciais incluir nos diversos perfis de formação. A ideia será sempre a de potenciar a empregabilidade e o sucesso profissional dos diplomados da UA.

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Artur FerreiraCoordenador da Comissão de Gestão dos cursos TeSP

Dina seabraMembro da Comissão de Gestão dos cursos TeSP

Fernando CostaMembro da Comissão de Gestão dos cursos TeSP

Carmen guimarãesMembro da Comissão de Gestão dos cursos TeSP

A criação de oportunidades de formação para públicos diversos tem sido, desde sempre, uma prioridade da UA. Por essa razão, a oferta formativa desta instituição tem procurado responder aos novos desafios profissionais com que todos nos defrontamos no presente, oferecendo alternativas válidas e reconhecidas, nacional e internacionalmente.

Nesta linha, e no seguimento de mais de 12 anos de sucesso com os Cursos de Especialização Tecnológica (CET), a UA, através das suas Escolas Politécnicas, volta a ser pioneira na oferta de um novo tipo de formação superior, os cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP). O Decreto-Lei n.º 43/2014, que cria estes cursos, posiciona-os como uma oferta educativa de natureza profissional especializada, enquadrando-a no nível V do Quadro Nacional de Qualificações e da OCDE.

Estes cursos TeSP contribuem para o posicionamento estratégico da UA: uma Universidade que, na sua missão, valoriza os aspetos da aprendizagem e do conhecimento, com um vínculo estreito às necessidades de criação de riqueza das empresas e entidades da região e à respetiva ligação com o modelo de crescimento económico que, a nível nacional, tem vindo a ser exigido.

O plano de estudos dos cursos TeSP tem a duração de dois anos letivos (quatro semestres), e 120 ECTS. Os três primeiros semestres são dedicados à aprendizagem centrada nas componentes de formação geral, científica e técnica (90 ECTS); o quarto e último semestre é dirigido à aprendizagem em contexto de trabalho (30 ECTS), através de um estágio de 680 horas em ambiente empresarial. Ao concluírem os seus estudos, os estudantes terão acesso a um Diploma de Técnico Superior

Cursos TesP: uma oferta formativa a pensar na empregabilidade

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Profissional e poderão ainda prosseguir estudos no ensino superior.

A identificação das áreas de formação e perfis profissionais dos cursos TeSP na UA estão alicerçados nas necessidades do tecido empresarial da região de influência das Escolas Politécnicas da UA, em conjunto com as entidades parceiras, nomeadamente autarquias locais, associações e conselhos empresariais e empresas de todos os setores de atividade económica, e na oferta de ensino e formação de nível IV, existente na região. Para a planificação desta oferta em muito contribuiu, ainda, o projeto educativo de cada uma das Escolas da UA, que possibilita o prosseguimento de estudos no ensino superior politécnico na UA, e o enquadramento na Estratégia de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente (no contexto RIS3).

À semelhança dos CET, para além da elevada empregabilidade, prevê-se que os cursos TeSP possam atrair novos públicos à universidade e aos estudos, designadamente, no que respeita aos maiores de 23 anos, aos ativos que procuram a aquisição de novas competências e, entre outros, aos ativos e desempregados em busca de requalificação profissional.

Cursos que respondem às necessidades da regiãoNo ano letivo 2014/15, a UA voltou a integrar um projeto piloto no âmbito da formação técnica profissional de nível superior, através da criação, registo e oferta de três cursos TeSP: Banca e Seguros, no Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA), Redes e Sistemas Informáticos, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) e Sistemas Mecatrónicos e de Produção na Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia de Produ- ção Aveiro-Norte (ESAN). A este desafio responderam 70 novos alunos que, a breve prazo, vão poder ingressar no mercado de trabalho com novas competências.

No próximo ano letivo, para além dos cursos anteriormente referidos, a UA

apresenta a oferta adicional de 10 novos cursos TeSP (a aguardar registo pela Direção-Geral do Ensino Superior), e uma oferta global de cerca de 400 vagas. Prevê-se que metade dos cursos funcione num regime pós-laboral. A oferta formativa, que agora se antecipa com uma síntese dos respetivos perfis profissionais, será a seguinte:

Assistentes Pessoais e de geriatria (EssuA): Assegurar o apoio a pessoas com incapacidades no desempenho individual das atividades de comunicação, mobilidade, cuidados pessoais e vida doméstica, comunitária, social e cívica.

Banca e seguros (IsCA-uA): Promover e efetuar a comercialização de produtos, serviços financeiros e de seguros, assegurando a gestão de carteiras.

Comércio Internacional (EsTgA): Gerir as operações internacionais de uma organização, designadamente ao nível do planeamento e execução dos processos de importação e exportação.

Design de Produto (EsAN): Desenvolver atividades na área do design e desenvolvimento de produto, colaborando nas fases de conceção, projeto, planeamento, detalhe, teste e apresentação de novos produtos.

Desenvolvimento de software (EsAN): Desenvolver atividades nas áreas de conceção, projeto, planeamento, desenvolvimento, manutenção e otimização de software e sistemas de informação.

gestão de PME (EsTgA): Coordenar e executar as operações associadas à gestão das áreas funcionais das PME, gerindo recursos humanos, materiais e financeiros e solucionando problemas, de modo a promover a sustentabilidade das PME.

gestão de Vendas e Marketing (IsCA-uA): Participar ativamente no processo de tomada de decisão e operacionalização da estratégia comercial e de marketing das empresas, contribuindo para a concretização de oportunidades de mercado.

Instalações Elétricas e Automação (EsTgA): Desenvolver, projetar e implementar soluções de automação industrial e participar na análise, conceção, instalação, exploração e manutenção de instalações elétricas, de redes de comunicação e de sistemas de alarme e videovigilância.

Manutenção Industrial (EsTgA): Desenvolver atividades de manutenção nas diferentes fases do ciclo de vida dos equipamentos de uma unidade industrial, concebendo ainda alterações de equipamentos de modo a melhorar o seu desempenho.

Programação de sistemas de Informação (EsTgA): Efetuar a análise e o desenvolvimento, otimização, teste e manutenção de módulos de software e aplicações informáticas, recorrendo a diferentes paradigmas de programação e a bases de dados relacionais.

Projeto de Moldes (EsAN): Desenvolver atividades nas áreas do projeto, desenho, fabrico e controlo de qualidade de moldes para a indústria da moldação por injeção.

Redes e sistemas Informáticos (EsTgA): Efetuar o planeamento, instalação, configuração e manutenção de redes e sistemas informáticos, procedendo à implementação dos níveis de segurança adequados e garantindo a otimização do seu funcionamento.

sistemas Mecatrónicos e de Produção (EsAN): Desenvolver atividades nas áreas de conceção, projeto, planeamento, fabrico, manutenção e otimização de sistemas de produção.

Informações adicionais sobre os cursos, datas de candidatura e condições de acesso podem ser encontradas no endereço: http://www.ua.pt/ensino

Cursos TesP 2014/2015 · 3 cursos · 3 Escolas Politécnicas · 70 novos alunosCursos TesP 2015/2016 · 13 cursos · 4 Escolas Politécnicas · 400 vagas

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No período pré Bolonha tirar um doutoramento era necessariamente um caminho longo.

O percurso universitário de um estudante passava por uma licenciatura de quatro ou cinco anos. Seguidamente, caso pretendesse prosseguir na sua formação científica poderia enveredar por um mestrado, tipicamente de dois anos. Para completar a licenciatura e mestrado eram necessários seis ou mais anos, e assim se abriam as portas ao doutoramento, para os licenciados com uma classificação inferior a dezasseis valores. O grau de doutor baseava-se numa relação essencial-mente bilateral, entre estudante e orientador, consubstanciando um período integralmente dedicado à investigação.

O contexto económico-social e político de então propiciava o crescimento e florescimento das universidades e da formação universitária, um emprego e emprego valorizado, principalmente no ensino e na investigação.

Realimentando o sistema tínhamos, ainda, uma crescente generalização do acesso ao ensino universitário e uma conjuntura de financiamento favorável no sistema científico com fortes incen-tivos nacionais e internacionais potenciadores de uma série de oportunidades para a formação avançada que beneficiava de um elevado número de bolsas.

Nos últimos anos, a conjuntura sócio-económica e política alterou-se consideravelmente.

Razões diversas afetaram e alteraram várias tendên-cias da sociedade, incluindo a procura pela formação universitária e o perfil dos estudantes que nela permanecem desde o primeiro ao terceiro ciclo de estudos. Estes fatores inverteram a tendência para o crescimento ou estabilização dos indicadores de sustentabilidade que gerem o ensino superior e refletiram-se diretamente nos recursos humanos do ensino universitário que pararam de crescer e, em alguns casos, mesmo de se renovar. A acrescer, o

O caminho para a proximidade

António TeixeiraCoordenador da Escola Doutoral da Universidade de Aveiro

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perfil da nossa indústria ainda não se transformou o suficiente para incorporar os doutorados.

Concomitantemente, o processo de Bolonha revolucionou todo o sistema de ensino, criando oportunidades de saída no percurso universitário bastante mais cedo (e.g. o primeiro ciclo termina aos três anos de estudo). A nível dos segundo e terceiro ciclos, foram essencial e claramente delimitados os tempos de duração. No terceiro ciclo introduziu-se ainda a parte curricular tendo em vista alicerçar um programa doutoral bem sucedido, na UA, e em geral com sessenta ECTS.

As dinâmicas consequentemente criadas evidenciam tendências que devem ser aproveitadas no repensar de algumas das decisões tomadas na transição para Bolonha.

No período pré Bolonha, uma pequena percentagem de estudantes enveredava pelo doutoramento, sendo que muitos eram docentes do ensino universitário e politécnico. O pós Bolonha acelerou a formação de mestres e como tal o universo de estudantes que podem prosseguir estudos doutorais. Esta brecha aumentou o potencial de estudantes para ingressar no terceiro ciclo. Ampliando este fator estiveram também as já referidas condições conjunturais que dificultaram a entrada no mercado de trabalho. Nos cinco anos pós Bolonha, a Universidade passou de cerca de meio milhar de estudantes inscritos anualmente no terceiro ciclo para mais de um milhar.

A diminuição das bolsas de doutoramento fez com que os estudantes tivessem que diversificar cada vez mais as fontes de financiamento e recorrer mesmo ao auto financiamento, aumentando a pressão na eficiência do processo de progressão na investigação e obtenção do grau. Ainda, e nesta linha, as dificuldades que as empresas estão a passar não permitem a libertação dos recursos humanos para atividades doutorais porque, no momento, não representam prioridades para a sua sustentabilidade.

Todos estes fatores implicam a necessi-dade de ganhos de eficiência na formação

de terceiro ciclo, apontando para uma redução do período de formação, certo que na justa medida em que for possível.

Por outro lado, o trabalho feito na definição dos programas doutorais está a ser validado externamente, sendo que a primeira ronda de revalidações da acreditação já passou e, genericamente, os cursos da UA foram aceites e revalidados com poucas alterações e muitas evidências de elevada qualidade. Este processo de acreditação é importante e dá-nos confiança de que estamos bem, mas o seu revés é que vincula a estrutura por mais cinco a seis anos. Esta condição é confortável do ponto de vista da estrutura e do funcionamento, mas, do lado da inovação e da flexibilidade, complexifica a gestão do processo, sendo que são estes dois fatores a essência dos programas doutorais mais dinâmicos.

A formação de grande número de doutores, que conceptualmente são pessoas com uma formação muito específica, certamente que vai colidir com um mercado de trabalho para doutorados também ele muito específico e diversificado. Daí que a formação tenda a ser cada vez mais próxima dos desafios societais, dos empregadores e dos seus problemas, para que o processo de formação doutoral não se torne desajustado às reais e verdadeiras necessidades da sociedade, incorrendo no risco de não cumprir a sua missão e a desacreditar.

A UA dispõe de uma estrutura de ensino e investigação de excelência, sendo distinguida em vários rankings nacionais e internacionais, o que permite estabelecer uma boa base para atingir outros alvos e mercados, onde a nossa excelência possa ser uma fonte de atração para os estudantes brilhantes, bem como para os recursos humanos nacionais e internacionais de empresas e instituições, sem esquecer os das administrações públicas.

No entanto, este tipo de mercados apresenta especificidades e em muitos casos enfrenta desafios distintos da investigação mais fundamental para a

qual as instituições estão mais voca-cionadas. Para aliviar esta tendência, a formação deve ser flexibilizada, ocorrer com ritmos potencialmente mais adaptados aos requeridos pela sociedade, facilitando uma maior e crescente incorporação dos doutores nas instituições e empresas privadas.

É aqui que a proximidade tem um papel muito relevante, fazendo parte do caminho que, na minha opinião, foi traçado pela UA. Evidência disso mesmo são as diretivas para os terceiros ciclos, onde antevejo uma formação mais flexível e adaptada aos novos tempos e necessidades.

Com efeito estão justamente em discussão medidas: alinhadas com a formação em competências transversais e a concentração da formação do curso doutoral num semestre onde são objetivadas as competências essenciais que permitem antecipar o início a investigação; com o planeamento rigoroso e cuidado do trabalho de tese, que permite aos alunos obter um trilho bem definido para o processo de investigação que vão seguir; com monitorização de todo progresso ao longo do ciclo de estudos; com a introdução de componentes livres para complementar o concreto perfil do estudante; com a reflexão cuidada sobre a duração efetiva do programa doutoral de modo a que cada um se ajuste ao seu mínimo eficiente e não a um padrão.

Todas estas medidas proporcionam aos profissionais ativos prosseguir na formação doutoral, sem exigir dos empregadores esforços tais que possam inviabilizar o posto de trabalho, e aos estrangeiros possibilidades concretas de se poderem graduar na UA.

Com este caminho de proximidade traçado em função do contexto, penso que a UA está a criar a capacidade e a adaptabilidade necessárias rumo ao sucesso nas três fases do terceiro ciclo: dimensão e perfil dos potenciais estudantes de doutoramento; processo de investigação eficiente; e, finalmente, uma bem sucedida incorporação do doutorado no mercado de trabalho.

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Fundador e professor da Escola de Química da Universidade de Manchester, Paul O’Brien, um dos mais eminentes químicos europeus na área dos materiais, recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Aveiro. Fellow of the Royal Society, a mais importante distinção que um cientista pode receber no Reino Unido, e membro da Academia Europeia de Ciências, Paul O’Brien foi distinguido a 4 de maio pela academia de Aveiro.

“A atribuição de um grau Honoris Causa representa um reconhecimento pelas excecionais qualidades e níveis de realização atingidos pelo homenageado”, começou por apontar Manuel António Assunção, Reitor da UA, durante a cerimónia que contou também com a presença de Júlio Pedrosa, antigo Reitor da academia e padrinho do novo doutor, e de José Ferreira Gomes, secretário de Estado do Ensino Superior.

“Mas não deixa de conter, ao mesmo tempo, algo onde a própria instituição se revê. Não deixa nunca de ser um espelho no qual a UA se gosta de mirar.

O título que entregamos é especialmente feliz nesse aspeto porque o galardoado tem no seu percurso de vida muitos elementos que refletem o próprio caminhar da UA nestes seus pouco mais de 41 anos de existência”, sublinhou o Reitor da academia de Aveiro, Manuel António Assunção.

Desde logo, apontou o Reitor, “a impor-tância dada à investigação, a dedicação à pesquisa de qualidade, que foi assumida desde muito cedo como pedra basilar de um projeto, em Aveiro, que se instalava fora dos grandes centros urbanos e a curta distância, para norte e para sul, de duas das mais prestigiadas instituições universitárias portuguesas”.

Para mais, “a enorme reputação científica do Professor O’Brien foi obtida naquela que é uma das nossas áreas bandeira e em que temos conseguido granjear maior reconhecimento no estrangeiro e cá dentro: a ciência e engenharia dos materiais”. O Reitor lembrou que, “no recente exercício de avaliação pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, são do domínio dos Materiais as nossas

duas Unidades de Investigação que obtiveram as melhores marcas: uma, classificada de Excecional, e a outra (o CICECO da UA), ficando isoladíssima à frente de todas as Excelentes". Foi exatamente através do CICECO – Aveiro Institute of Materials, apontou Manuel António Assunção, que Paul O’Brien “mais exerceu a sua longa e forte associação profissional e afetiva ao Departamento de Química e à UA”.

O Reitor não deixou também de referir “o espírito empreendedor” do novo Honoris Causa bem como os seus esforços para a divulgação da ciência, missões que a UA tem também como prioridades.

Cientista de referência internacionalCom uma forte e longa ligação profissional e afetiva ao Departamento de Química (DQ) da UA, Paul O´Brien foi um dos primeiros colaboradores de Júlio Pedrosa. Da ligação à UA, destaque ainda para o facto de O´Brien ter integrado o Internacional Advisory Board da antiga unidade de Química Inorgânica e de Materiais e integrar, atualmente, o mesmo

Doutoramento Honoris Causa atribuído a Paul O´Brien

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percurso singular13

grupo de conselheiros do CICECO – Aveiro Institute of Materials.

Os catedráticos do DQ, proponentes desta distinção, apontam O´Brien como “um académico íntegro, de perfil completo e de enorme reputação científica” que deixou “uma marca indelével” nas duas entidades da academia para que hoje estas se tenham afirmado no panorama internacional.

“Um professor universitário tem um leque de responsabilidades e de apelos que é muito difícil de conciliar, já que àquelas missões frequentemente se acrescentam atividades institucionais de gestão e governança”, referiu Júlio Pedrosa apontando para Paul O´Brien, “um exemplo notável de realização competente de tão diverso e exigente leque de funções”.

Colegas desde há 40 anos – conheceram--se nos laboratórios de investigação de Química Inorgânica do University College Cardiff – Júlio Pedrosa lembrou não só o “brilhante percurso académico” de O´Brien como as respetivas conquistas enquanto empreendedor, químico, engenheiro e consultor para as áreas da governação e investigação universitária.

Com efeito, lembrou Júlio Pedrosa, Paul O’Brien tem mais de seis centenas de publicações científicas registadas, é fundador da Nanoco, uma empresa que visa a produção de nanomateriais a pensar, principalmente, na indústria electrónica, foi convidado um pouco por todo o mundo para participar em painéis de avaliação de atribuição de financiamento para a investigação, liderou “complexos e difíceis projetos institucionais” e é um exemplar promotor e divulgador de ciência para o grande público.

“A UA é uma academia de sucesso, pioneira e que muito tem crescido nos últimos 40 anos para se tornar competitiva internacionalmente. Criou uma nova cultura, temos novas instalações. Estou contente por ter um pequeno contributo neste sucesso”, afirmou Paul O´Brien que, ao longo da intervenção, recordou que tem acompanhado o crescimento da academia desde que esta nasceu.

Professor Catedrático de Química Inorgânica e Diretor da Escola de Materiais da Universidade de Manchester, uma das duas maiores escolas do Reino Unido nesta área científica e uma das bem colocadas nos rankings internacionais, Paul O´Brien iniciou o seu percurso como lecturer no Chelsea College da Universidade de Londres. Corria então o ano de 1978.

Entre 1984 e 1994, rumou ao Queen Mary and Westminster College onde, para além de lecturer, foi reader e professor. Seguiram-se cinco anos de trabalho como Professor de Química Inorgânica no Imperial College of Science, Technology and Medicine.

Durante este período, nomeadamente entre os finais da década de 70 até meados da de 90, o nome de Paul O´Brien foi presença entre os investigadores da UA focados na atividade biológica do crómio (III), um ião associado ao chamado factor de tolerância à glicose, e entre os que davam os primeiros passos na academia de Aveiro na Química de Materiais no Departamento de Química, tendo como foco a síntese controlada de sólidos inorgânicos. Foram pois, vários os investigadores da academia que foram beber aprendizagens à escola de nano-materiais que Paul O’Brien estava então a desenvolver, primeiro no Queen Mary and Westminster College, depois no Imperial College of Science, Technology and Medicine, de 1994 a 1999, e, depois desse ano, na Manchester Victoria University.

Referência empreendedora, Paul O’Brien, em 2001, fundou em Manchester a Nanoco Technologies, uma empresa que visa a produção de nanomateriais a pensar, principalmente, na indústria eletrónica. Esta empresa recebeu mais de 4 milhões de libras de capital de risco, gerando anualmente

1 milhão de libras de lucro e empre-gando 22 trabalhadores. O valor de mercado da Nanoco é hoje de quase 100 milhões de libras.

Com mais de 600 publicações científicas registadas, das quais se sublinham os enormes contributos no desenvolvimento de métodos de síntese inorgânica relevantes para a produção controlada de nano-partículas, O’Brien recebeu em 2010 o primeiro “Peter Day Award” das mãos da Royal Society of Chemistry, um prémio que o homenageou pelas valorosas contribuições para o avanço da Química dos Materiais. Este foi, porém, apenas um entre dezenas de gestos de reconhecimento com que o investigador foi agraciado ao longo da carreira. A medalha Kroll do Institute of Mining, Minerals and Metallurgy, em 2006, o título de Doctor of Science pela Universidade de Zululand (África do Sul), o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Liverpool em 2013, e, agora, pela UA, são apenas alguns dos exemplos dos aplausos que Paul O’Brien tem recebido dos seus pares. Destaque ainda para a atribuição dos títulos de Fellow da European Academy of Science, em 2012, Fellow da Royal Society de Londres, em 2014, e Fellow da Learned Society do País de Gales, em 2015.

O apreço e reconhecimento da comunidade científica internacional pelo trabalho de Paul O’Brien tem-se manifestado ainda pelos inúmeros convites para presidir e participar em painéis de avaliação para atribuição de bolsas e outras vias de financiamento à investigação, e nas funções de consultadoria em questões de governança universitária e da investigação quer no Reino Unido, quer fora do seu país natal. Foi precisamente com as funções de conselheiro do Centro de Química Inorgânica e de Materiais e do CICECO, que o cientista se deslocou inúmeras vezes ao Departamento de Química da UA.

Uma vida dedicada à Ciência

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Sam

uel F

reita

s

O diretor da Faculdade de Ciências Exatas da universidade Nacional de Timor-LesteFoi o primeiro estudante timorense a completar em Portugal licenciatura, mestrado

e doutoramento. Chama-se Samuel Freitas e chegou a Aveiro em 2001 e à UA em

2002 ao abrigo do protocolo de formação de estudantes timorenses assinado entre

os governos de Timor-Leste e de Portugal. Licenciado, mestre e doutor em Engenharia

Química, Samuel Freitas é desde fevereiro de 2015 decano (ou diretor) da Faculdade

de Ciências Exatas da Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (UNTL),

uma instituição que a UA ajudou a criar e que abriu as portas ao futuro daquele país.

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Sendo uma faculdade nova, criada em 2014 pela UNTL com o apoio técnico da UA e colocada em funcionamento neste ano letivo, descreve Samuel Freitas, “as limitações ao nível de infraestruturas e recursos humanos são desafios notáveis”. Assim, como decano, ou seja, diretor da nova Faculdade de Ciências Exatas, “presto sempre os meus serviços diários em prol da concretização bem sucedida da visão e missão da Faculdade, corrigindo gradualmente as limitações existentes e incentivando o empenhamento coletivo das pessoas da Universidade em torno da concretização das estratégias já formuladas para o desenvolvimento desta instituição”.

Sobre a casa onde Samuel Freitas trabalha, o antigo estudante conta apenas a bonita e auspiciosa história nascida da UNTL e justifica a criação da Faculdade de Ciências Exatas desta instituição. “A UNTL é a única universidade pública timorense criada no dia 17 de novembro de 2000 a partir da fusão da Universitas Timor Timur (1986 a 1999) e da Politeknik Díli (1990 a 1999) e tem a sua sede em Díli. Enquanto instituição do Ensino Superior, a UNTL tem a visão de ser o Centro de Excelência para o Ensino Superior em Timor Leste reconhecida sobretudo pela qualidade de ensino e aprendizagem e pela excelência de investigação científica”. É com esta visão, “que todas as suas unidades orgânicas se organizam e trabalham. A Faculdade de Ciências Exatas partilha esta visão estratégica da UNTL e foi criada propositadamente para responder à lacuna de produção e apropriação dos conhecimentos, ideias e atitudes das áreas de Ciências Exatas muito importantes para o desenvolvimento de ciência e tecnologia timorense”.

sonho de estudar numa universidade internacionalApós concluir o Ensino Secundário, Samuel Freitas sempre pensou em estudar no estrangeiro. Acreditava que

tinha a capacidade para frequentar uma universidade internacional mais competitiva e exigente. Do avô, com quem partilhava o sonho, ouviu um dia: “se queres a ciência vai para Portugal, se queres o dinheiro vai para Austrália”. As palavras que ouviu fizeram-no cimentar o desejo de ir para Portugal. “Apesar de não saber na altura falar a língua portuguesa, queria muito estudar em Portugal. Felizmente esta minha pretensão foi realizada com a ajuda da bolsa de estudo que Portugal ofereceu aos 300 estudantes timorenses para frequentarem cursos superiores nas universidades portuguesas”.

Escolheu Química. A área científica já rondava há muito as suas aspirações. “Quando eu andava na escola secundária queria ser padre”, recorda. Mas, não conseguindo seguir essa vocação e ao gostar tanto da química, Samuel Freitas já planeava ser especialista desta área científica nas universidades ou nas indústrias químicas. “Quando cheguei à UA vi que havia ramos diferentes de Química. Após ouvir as opiniões de dois estudantes séniores do Departamento de Química da UA sobre as saídas profissionais dos cursos de Química e Engenharia Química, interessei-me por este último”, lembra.

Percurso exemplar repleto de boas recordaçõesFez a licenciatura, o Mestrado Integrado e o Doutoramento num percurso que terminou em 2013. “Este curso correspondeu bem às minhas expectativas, pois é muito importante para o desenvolvimento de Timor Leste sobretudo a partir do momento em que o plano nacional de desenvolvimento comece a dar mais atenção ao setor industrial”, afirma Samuel Freitas.

Quanto à UA, garante, “foi um privilégio estudar nesta instituição”. Hoje não tem dúvidas: “Estou feliz por ter feito todo o meu percurso académico aqui. Sempre fui bem tratado académica e socialmente.

Nunca passei por dificuldades. A forma como a UA organiza e proporciona os seus serviços de apoio aos alunos também determina o sucesso de qualquer aluno aplicado”.

Das competências adquiridas na UA, Samuel Freitas destaca as técnicas, as organizacionais, as sociais, as informáticas e as linguísticas como as mais importantes. “Tudo o que apreendi na UA, desde a licenciatura até ao doutoramento, é fundamental para o exercício da minha atividade atual. Por isso, mesmo sendo novato na UNTL, não me rendo aos desafios. Encaro-os sempre com o maior entusiasmo, pois eles nos ensinam que não podemos conquistar nada sem lutar”.

Dos 12 anos de UA guarda imensas histórias que o marcaram. “Todos os momentos que passei, todos os colegas que eu conheci e amigos que tive, dentro e fora do complexo universitário de Aveiro, do mesmo curso ou não, independentemente do país de origem, foram importantes para mim”, reconhece. “Através de apoios diversos, todos contribuíram para o sucesso da minha integração académica. Conheci muita gente durante os 12 anos que vivi em Aveiro e passei por diversos momentos felizes com pessoas diversas. Não me lembro de ter estado em situações prolongadas de desgosto, pois sempre havia soluções para os problemas que tive, vindas de amigos, professores ou colegas”, descreve o antigo aluno. Portanto, “viver na UA foi maravilhoso e, se pudesse, repetia”.

Samuel Freitas, entre as várias pessoas que lhe passaram pela vida enquanto estudante em Aveiro, destaca duas pessoas que o marcaram: “a Rosária Almeida (de Oliveira de Azeméis), que me ajudou muito nos anos da minha licenciatura, e o Professor João Coutinho (do Departamento de Química), que teve um papel importante nas minhas formações de mestrado e doutoramento”.

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Rui

Dio

go

Na senda de um novo campo da Biologia chamado Evolutionary Developmental AnthropologyÉ um novo campo da Biologia aquele que Rui Diogo quer ajudar a erguer. Evolutionary

Developmental Anthropology (EDA). Assim se chama a área que pretende combinar a

biologia evolutiva com a de desenvolvimento e juntar a evolução humana e o estudo

de defeitos de nascimento. A surgir, a EDA terá, afirma o antigo estudante da UA, entre

outros aspetos, importantes, “aplicações e implicações para a medicina e na discussão

de temas sociais como a história do racismo”. Licenciado em Biologia pela academia

de Aveiro em 1998, Rui Diogo é hoje investigador e professor no Colégio de Medicina

da Universidade de Howard.

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Um dos exemplos mais significativos da EDA, e de como integra informação de anatomia comparada, biologia evolutiva, biologia de desenvolvimento, e evolução humana e implicações para medicina, está bem patente num artigo publicado na revista Nature, em abril, por Rui Diogo como primeiro autor.

O artigo avança uma nova ideia sobre a origem da cabeça humana, na evolução dos cordados, e de uma ligação profunda entre os músculos da cabeça e do coração. “Exemplos de implicações evolutivas são o revelar que a nossa cabeça tem uma heterogenia enorme de tecidos, em que um só sistema – por exemplo o muscular – tem ao menos sete tipos de origens embrionárias diferentes, em que alguns músculos de expressão facial estão mais relacionados embriologicamente com músculos de outras partes do corpo que com os músculos idênticos do outro lado da cara”, explica o investigador.

Incrivelmente, avança, “os músculos de expressão facial do lado direito da cabeça estão mais relacionados com a base da artéria aorta, enquanto os músculos faciais do lado esquerdo estão mais relacionados com a base do tronco arterial pulmonar”.

Professores marcantesO prestígio da UA, o curso em Biologia, que é a sua área científica preferida – “antes de ir para a Universidade, quando aprendi sobre Darwin e a teoria evolutiva na escola secundária, vi que era isso que realmente me interessava” –, a cidade e o facto de poder viver junto ao mar trouxeram-no de Castelo Branco, onde vivia, para Aveiro.

“A Universidade e a cidade correspon-deram completamente às minhas expectativas e o curso, em grande parte, também”, recorda Rui Diogo. Talvez a pequena exceção que abra tenha sido o facto de o curso, naquela época, ser mais orientado para biologia de laboratório e não tanto para anatomia e biologia evolutiva,

tendo, por exemplo, muito pouco sobre paleontologia, enquanto o seu interesse maior era a biologia evolutiva.

“A paleontologia está agora a desenvolver- -se muito bem em Portugal, mas a anatomia comparada e biologia evolutiva ainda não são áreas com tanto interesse no país. Na verdade, vejo que já introduziram a área “Biologia, Evolução e Diversidade” no primeiro ano do currículo do curso de Biologia da UA”, congratula-se.

Em relação aos docentes que o marcaram, lembra-se da professora Ana Rodrigues, “com quem falava muito”, do professor Victor Quintino e da sua classe de Bio--Estatística, “muito boa”, e também do professor de biologia vegetal, de plantas terrestres. “Não me lembro do seu nome mas adorei a cadeira, pois tinha uma grande parte sobre biologia evolutiva, como evoluíram as plantas com e sem flor e falava muito de fósseis de plantas”, recorda.

Das competências que adquiriu na UA, e que entende terem sido fundamentais para o exercício da sua atual atividade, Rui Diogo lembra “a importância que se dava às várias áreas da biologia em geral”. Um aspeto do curso que o ajudou a ter uma base de conhecimentos mais alargada. Recorda também que “foi devido à experiência como estudante Erasmus” que lhe foi possível, graças à ajuda do professor Victor Quintino (coordenador na época do programa de Erasmus para os alunos de Biologia da UA), estudar um semestre na Universidade de Liège onde acabaria por fazer o Mestrado e Doutoramento em Biologia (2003). Mais tarde realizou outro Mestrado e Doutoramento, em Antropologia, na Universidade de George Washington (2011).

uma nova área para a Ciência Depois de acabar o doutoramento foi para a capital espanhola, onde fez um pós-doutoramento no Museu de Ciências

Naturais de Madrid. “Pude então estudar a anatomia e evolução de todos os grandes grupos de animais vertebrados. Depois fui convidado a continuar a minha investigação no Departamento de Antropologia da Universidade de George Washington, em Evolução Humana, que no fundo foi sempre a meu interesse principal”, diz o investigador.

“Como tinham fundos para fazer doutoramento, e eu queria muito ir para esse departamento, considerado hoje um dois mais fortes do planeta em evolução humana, aceitei fazer um segundo mestrado e doutoramento, que acabei em 2011”, descreve. Depois foi contratado pela Universidade de Howard, também em Washington DC, como professor de anatomia humana no colégio de medicina, onde está atualmente.

“Temos muito bons professores, mas a investigação não correspondia tanto a esse nível. E é por isso que, estando sobretudo no colégio de medicina, sinto a necessidade e o prazer de tentar combinar investigação básica com aplicações para a medicina e também sobre temas sociais como a história do racismo, a história da Ciência em geral e a negligenciada contribuição por parte de investigadores não ocidentais, por exemplo, investigadores da China e também muçulmanos, os quais contribuíram muito mais do que se diz normalmente, para o conhecimento da anatomia humana e mesmo da biologia evolutiva”.

Hoje, Rui Diogo está a tentar criar, junto com alguns colegas, um novo campo da biologia, que se chama “Evolutionary Developmental Anthropology”, que “pretende combinar a biologia evolutiva com a biologia de desenvolvimento e também a evolução humana e o estudo de defeitos de nascimento, com importantes aplicações e implicações para a medicina, portanto, e também para discutir temas sociais como a história do racismo, entre outros”.

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Dan

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oare

s

um criativo à conquista dos Estados unidos da AméricaNos Estados Unidos já criou campanhas publicitárias globais para marcas como

a Jordan, a Beats by Dre e a Visa. Para esta última marca esteve mesmo envolvido

na criação da respetiva campanha a pensar exclusivamente no Campeonato

do Mundo de Futebol no Brasil.

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Chama-se Daniel Soares, licenciou-se em 2010 em Línguas e Relações Empresariais pela UA, e, aos 27 anos, é diretor artístico na R/GA, uma agência internacional americana com sede em Nova Iorque, que cria publicidade e potencia a comercialização de produtos baseados em tecnologia e design, e que faz parte do Interpublic Group of Companies, uma das quatro empresas de publicidade de holding global.

“O meu percurso profissional tem sido o menos tradicional possível”, reconhece Daniel Soares. Comecemos então pelo seu primeiro emprego que conseguiu por dormir em frente a uma agência de publicidade, a portuguesa Torke, até ao ponto de ser contratado. “Para se começar a trabalhar como criativo numa agência de publicidade é preciso ter-se um portfólio com trabalhos criativos, mas na altura eu tinha acabado de me apaixonar por essa área e a única coisa que eu tinha era essa paixão e muita vontade de trabalhar lá. Foi isso que quis vender com essa ação”, recorda.

No final, não só consegui o emprego como a atenção da TVI que fez uma reportagem sobre a persistência de Daniel Soares. “Serve de demonstração de que boas ideias alinhadas com boa vontade te podem levar a qualquer lugar”, diz. Depois acumulou prémio atrás de prémio. Conquistou o palco internacional com vários trabalhos no festival de Cannes, Art Directors Club e New York Festivals, entre outros. E vários dos seus projetos pessoais foram publicados pelo Mashable, ABC News e a Fast Company.

Rumo ao mundoDepois da Torke mudou-se para a Alemanha. “Lá comecei a trabalhar as contas da Nike, da Google e da Mercedes-Benz. Depois de dois anos surgiu a proposta da AKQA, dos escritórios de São Francisco, nos Estados Unidos, uma das melhores agências de publicidade digital do mundo que nasceu em Londres

e integra, desde 2012, o grupo WPP. Audi, Delta Airlines, Montblanc, Nike e a WWF estão entre os clientes globais da empresa que tem escritórios espalhados pelas maiores cidades do planeta, como Amesterdão, Londres, Paris, Berlim, Washington, Atlanta, Portland, San Francisco, Nova Iorque, Tóquio ou Xangai.

“Agora, estou na R/GA de Los Angeles, uma agência full-service voltada para a era digital”. A agência nascida em 1977, que já produziu mais de quatro mil comerciais, mudou o respetivo modelo de negócio ao longo das últimas décadas até se transformar hoje numa provocativa empresa de inovação. Após dedicar-se ao desenvolvimento de produtos e software, a R/GA volta sua atenção para os anúncios comerciais a pensar na televisão. A empresa é hoje uma potência mundial no que à produção de publicidade diz respeito.

Na R/GA, eleita como uma das 10 empresas mais inovadoras do mundo pela Fast Company, Daniel Soares ajuda algumas das marcas mais reconhecidas no mundo a conectarem-se com os seus consumidores.

“Começamos com a pergunta: o que é que os consumidores querem? E desde aí seguimos o caminho a que essa resposta nos leva. As nossas soluções são baseadas em tecnologia e storytelling e construídas para clientes que estejam dispostos a soluções inesperadas”, desvenda.

“O meu dia-a-dia normalmente começa às 10 da manhã. Depois de passar pela praia de Venice de bicicleta começo a pensar em ideias com a minha dupla, a Carol. Em agências, normalmente, trabalha-se em duplas criativas. Um(a) diretor(a) de Arte e um(a) copywriter. Ambos passam 80 por cento do tempo a criar ideias em conjunto e depois o diretor de arte foca-se no design e visualização da ideia, enquanto que o copywriter se dedica à escrita”, explica.

“Basicamente pagam-me para ter ideias e fazer design. Duas das minhas grandes paixões. O lado ruim é que nunca se sabe quando as boas ideias surgem e, por isso, por vezes pode levar-te a ficar na agência até às tantas da madrugada. É sem dúvida uma profissão na qual só com muita paixão se consegue suceder (e sobreviver)”.

Ter orgulho no que se fazA proximidade de casa e o bom nome que a UA conseguiu criar ao longo das últimas décadas trouxeram-no até ao Departamento de Línguas e Culturas sem saber muito bem o que queria fazer no futuro. Na verdade, só depois de ter ido para Granada (Espanha) em Erasmus é que Daniel Soares começou a delinear o seu caminho. “Encontrei um professor lá que me abriu os olhos para o mundo da criatividade. E desde aí nunca mais parei”, lembra.

Nesse sentido, o bom do curso de Línguas e Relações Empresariais do Departamento de Línguas e Culturas da academia de Aveiro “é que serve de entrada para pessoas indecisas como eu na altura”. Porquê? “Porque abre muitas portas e fecha muito poucas. Se formos a ver hoje em dia sou mais artista do que empresário, mas o facto de eu ter experimentado todas essas áreas, levou-me a optar pela publicidade. O curso toca em mais de dez áreas diferentes, desde Línguas, Economia, Gestão, Marketing e muitas outras”. Por isso, aponta “a variedade como a vertente mais forte do curso de Línguas e Relações Empresariais”.

“Eu acho que o mais importante não é encontrar o curso certo, mas a paixão certa”, pensa. Por isso, Daniel Soares (www.danielsoares.me) deixa um conselho aos estudantes da UA: “Seja qual for a tua decisão, vais trabalhar nela durante os próximo 40 anos. E estás sempre a tempo de mudar o rumo e começar de novo. Não é brincadeira. É importante acordarmos todos os dias e termos orgulho naquilo que fazemos. O resto é secundário”.

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Eduardo Marçal Grilo, novo presidente do Conselho Geral da UA

Preparar o futuroEduardo Marçal Grilo, antigo ministro da Educação e administrador da Fundação Calouste Gulbenkian,

é o novo presidente do Conselho Geral da UA. Marçal Grilo, 72 anos, foi eleito na reunião do Conselho

Geral de dia 28 de abril e sucede no cargo a Alexandre Soares dos Santos.

“O país precisa de universidades que sejam capazes de nos colocar na senda de um novo modelo

de desenvolvimento o que só se conseguirá quando se perceber que a ciência, o conhecimento e a

inovação são fatores essenciais para o crescimento económico e para um desenvolvimento equilibrado”,

afirma o novo presidente. O futuro das universidades passa por novas formas de aprender e ensinar e,

cada vez mais, pela criação de redes de conhecimento, vaticina o ex-ministro da Educação,

há muito defensor da inclusão de disciplinas de humanidades em cursos de ciências.

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entrevista21

Já conhecia a uA? se sim, em que circunstâncias a conheceu?Conheço a UA desde 1976 quando, como Diretor Geral do Ensino Superior, participei ativamente na expansão da Universidade que estava então a dar os primeiros passos. Visitei-a pela primeira vez em dezembro desse ano, pouco antes da nomeação do Reitor Mesquita Rodrigues.

Que ideia tem da uA?A ideia que tenho é a de uma instituição muito consolidada e muito dinâmica que presta hoje ao país serviços inestimáveis, tanto ao nível da formação avançada como na produção do conhecimento científico. A sua relação com o tecido económico julgo ser também um fator muito positivo no projeto científico e académico da Universidade.

A UA é uma instituição muito

consolidada e muito dinâmica

que presta hoje ao país serviços

inestimáveis, tanto ao nível da

formação avançada como na

produção do conhecimento

científico.

Que significa para si poder participar nas principais decisões da uA?Participar nas grandes decisões sobre o futuro de uma instituição que já se impôs pela sua qualidade é um privilégio que me é concedido. Vai significar certamente um grande desafio a que espero corresponder da forma que eu for capaz havendo da minha parte grande empenhamento e vontade de ser útil à instituição. Tenho o maior interesse em começar por aprender e compreender bem o que é hoje a Universidade e depois poder contribuir para a evolução do Projeto. Numa Universidade nunca nada está acabado ou completo. Os universi-tários e os académicos com o seu espírito e cultura científicas estão permanentemente a interrogar-se sobre o que deve ser feito numa lógica de dúvida permanente.

A sua ampla experiência na área do Ensino superior representa uma mais--valia para a presidência do Conselho geral da uA… Para além dessa mais--valia óbvia, que outros contributos acha que pode dar? Que expectativas tem para o cargo?Não é fácil à partida traçar as expecta-tivas que tenho. Entre muitos dos temas por que me interesso talvez que a consolidação do processo de internacionalização e a relação escola empresa sejam duas áreas que me atraem particularmente. O país precisa de universidades que sejam capazes de nos colocar na senda de um novo modelo de desenvolvimento o que só se conseguirá quando se perceber que a ciência, o conhecimento e a inovação são fatores essenciais para o crescimento económico e para um desenvolvimento equilibrado.

CIêNCIAs ExATAs + CIêNCIAs HuMANAsEnquanto ministro da Educação no governo do então Primeiro-Ministro, António guterres, conseguiu a aprovação da Lei do Financiamento do Ensino superior que estabelecia, pela primeira vez, o pagamento de propinas no Ensino superior. Como vê a evolução no financiamento do Ensino superior desde então?A lei do financiamento debatida e aprovada no Parlamento em 1997 constituiu um passo importante para a participação dos estudantes (e das famílias) nos custos das Universidades e dos Institutos Politécnicos.

Como primeiro passo foi uma lei que teve as suas limitações a que se devem acrescentar os condicionalismos políticos que a envolveram, designadamente o facto de o governo a que eu pertenci não dispor do apoio de uma maioria na Assembleia da República.

O financiamento é hoje ainda um problema sério com que se debatem as instituições do ensino superior. Não podemos esconder que se, por um lado, se progrediu em termos de autonomia das universidades e politécnicos para estabelecerem o valor das propinas a adotar em cada ano, também é verdade

que o financiamento com origem nos nossos impostos, isto é, o que provém de Orçamento do Estado, em muitos casos ou pelo menos em alguns, é manifestamente insuficiente para que as instituições consigam atingir as metas que traçaram e que fazem parte do plano de atividades estabelecido para cada ano.

O país precisa de universidades

que sejam capazes de nos

colocar na senda de um novo

modelo de desenvolvimento o

que só se conseguirá quando

se perceber que a ciência, o

conhecimento e a inovação

são fatores essenciais para o

crescimento económico e para

um desenvolvimento equilibrado.

Significa isto que há que continuar a refletir sobre este tema e tentar encontrar soluções diferenciadas que possam trazer uma maior tranquilidade às instituições nomeadamente através de contratos plurianuais de financiamento que permitam um planeamento mais rigoroso das ações a desenvolver para encontrar os financiamentos alternativos (fund-raising) que proporcionem as condições indispensáveis a uma melhoria da qualidade do ensino, da investigação, das aprendizagens e dos projetos e programas de formação que cada instituição tem para oferecer.

Foi um dos incentivadores – presumo que, no âmbito das suas atribuições de administrador da Fundação Calouste gulbenkian – do conceito de conhecimento como bem exportável e fator de atração do investimento. Disse, numa entrevista, que tem confiança na capacidade de atração de Portugal pelo conhecimento que desenvolve. Concorda com a via que tem sido seguida? Tem sido eficaz?Penso que estamos no início deste processo de internacionalização do ensino superior português. Muito do caminho já foi percorrido mas temos pela

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frente um grande desafio que importa ser encarado por um vasto conjunto de atores que interferem no processo – as Universidades, os Politécnicos, o AICEP, as Embaixadas Portuguesas espalhadas pelo Mundo, as empresas e os empresários.

Importa não esquecer que Portugal tem condições quase únicas para atrair estudantes estrangeiros – o clima, o sol, a hospitalidade do povo, o mar, a gastronomia, a paisagem – mas isso por si só não será suficiente. É necessário continuar a investir nas Universidades para que estas atinjam níveis de qualidade reconhecidos internacionalmente.

A recente divulgação de dados relativos à qualidade de algumas das nossas instituições como a UA, a Universidade do Minho e a Universidade Nova de Lisboa é um facto que pode elevar em muito a capacidade para atrair estudantes estrangeiros mesmo aqueles que possam provir de países com níveis de desenvolvimento superior ao nosso.

Sou um grande defensor da ideia

de que nos cursos de ciências

exatas deveriam existir cadeiras

de ciências humanas

Já apelidado “engenheiro-leitor”, o Professor tem defendido a ideia de uma formação universitária científica especializada, mas complementada com formação em humanidades, – as chamadas soft skills. uma ideia que também tem sido defendida pelo Reitor da uA. Como podem as universidades concretizar essa ideia?Sou de facto um grande defensor da ideia de que nos cursos de ciências exatas – engenharias, tecnologias, economia, física, matemática, química, biologia, etc. – deveriam existir cadeiras de ciências humanas – filosofia, história, história de arte, teatro, cinema, sociologia, etc. – de entre as quais cada estudante seria obrigado a escolher e frequentar por exemplo duas em cada semestre. O objetivo será o de abrir em cada

um, horizontes mais vastos para além daqueles que são dados ao estudante quando este está excessivamente concentrado nas matérias específicas do curso que escolheu.

Algumas Universidades já o fazem há muitos anos sendo que Harvard e o MIT são talvez os casos com maior experiência (e sucesso) nesta forma de estruturar os seus cursos.

FuTuRO: ENsINO NÃO PREsENCIAL E REDEs DE CONHECIMENTOQuais lhe parecem ser as grandes tendências do ensino superior a nível internacional?A nível internacional julgo que, no ensino superior, estaremos sempre em processo de transição e evolução. O ensino superior ou é muito dinâmico e

acompanha as transformações tecno-lógicas que estão a verificar-se de forma tão rápida e intensa ou acabará por se tornar irrelevante.

A relevância tem hoje a ver com as novas formas de ensinar e aprender nomeadamente a adoção de esquemas MOOC (Massive Open Online Courses) que estão a fazer o seu percurso e para os quais teremos que virar a nossa atenção. Não para que estes cursos venham a ser uma alternativa ao ensino mais clássico, mas penso que iremos ter no futuro muitos esquemas mistos de aprendizagem através de cursos que combinam as MOOC com o ensino presencial.

Em termos de futuro também julgo que vamos assistir ao desenvolvimento

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entrevista23

de redes institucionais quer ao nível de ensino, quer sobretudo ao nível da investigação científica.

Tendo em consideração o nível comparativamente baixo da qualificação da população portuguesa ativa, que papel poderão ter as universidades neste domínio?As Universidades são uma das instituições mais poderosas que as sociedades têm para desenvolver o conhecimento e aumentar genericamente as qualificações da população.

Importa, no entanto, que as Universida-des continuem a saber comunicar o que fazem e que cursos oferecem, uma vez que a escolha de um curso é uma decisão que cada um deve tomar tendo uma informação rigorosa, tanto quanto

Eduardo Marçal Grilo nasceu em 1942. Licenciado (1966) e doutorado (1973) em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, Eduardo Marçal Grilo obteve o grau de «Master of Science in Applied Mechanics» pelo Imperial College – Universidade de Londres (1968).

Marçal Grilo foi diretor-geral do Ensino Superior, cargo que o levou a “participar ativamente” na expansão da UA então a dar os primeiros passos. O então diretor--geral, visitou a academia aveirense, pela primeira vez, em dezembro de 1976, pouco antes da nomeação do Reitor Mesquita Rodrigues. Foi consultor do Banco Mundial, presidiu ao Conselho Nacional da Educação, foi ministro da Educação com António Guterres e é administrador da Fundação Gulbenkian.

É membro de várias instituições, sendo uma delas o International Commission do Council for Higher Education Accreditation. Também é senior adviser junto do Reitor da Universidade das Nações Unidas, presidente do iTEC High Level Group, presidente da A.G. do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI). Autor de várias publicações na área da Educação e na Ajuda ao Desenvolvimento, foi condecorado com as Ordens: Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito e da Instrução Pública.

EDuARDO MARçAL gRILOpossível, relativamente às características do curso; aos níveis de empregabilidade; aos métodos de ensino; e, sobretudo, quanto àquilo que o curso representa como formação de base sólida e alargada que permita no futuro que cada diplomado desempenhe funções profissionais muito diversificadas.

Convém recordar que temos hoje, por exemplo, diplomados em filosofia que desempenham com grande sucesso funções de gestão em empresas quando aparentemente um curso de filosofia serviria apenas, como acontecia há umas décadas atrás, para que o seu diplomado fosse professor no ensino secundário.

PAIxÃO PELO CICLIsMOO Professor também já foi apelidado de “verdadeira enciclopédia” do ciclismo. De onde vem esse gosto e esse saber?Interesso-me pelo ciclismo desde o início dos anos 50. Os meus primeiros contactos com a modalidade tiveram lugar nessa altura em Castelo Branco onde passava a Volta a Portugal, sendo que a meta da etapa estava instalada mesmo em frente da nossa casa na Avenida Nun’Álvares. A Volta era a única atividade desportiva de nível nacional que “tocava” Castelo Branco e talvez daí venha o gosto que eu ainda hoje tenho por esta modalidade.

Depois vieram os livros e hoje quando se diz que eu conto muitas histórias e sei muitas coisas sobre ciclismo eu tenho que sublinhar que o que eu tenho é uma biblioteca razoável sobre ciclismo, em especial sobre a Volta a França que é (e continuará a ser) a prova em torno da qual se desenrola toda a época do ciclismo mundial.

A uA criou recentemente a Plataforma Tecnológica da Bicicleta e da Mobilidade suave, uma das oito estruturas deste género para promover parcerias com a sociedade e articular projetos com os vários agentes económicos. Que lhe parece esta iniciativa?Parece-me muito interessante, embora eu tenha ainda um conhecimento pouco aprofundado relativamente a esta Plataforma.

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Luz, campus, ação!A luz está omnipresente na vida e nas sociedades contemporâneas. Sendo incontornável em inúmeras

aplicações da ciência e da tecnologia, a luz está também omnipresente numa instituição de ensino,

investigação e cooperação com sociedade, como a UA. Proclamado 2015 como o Ano Internacional

da Luz, este é o momento para um filme, entre vários possíveis, sobre a luz e as suas aplicações na UA:

Física, Química, Biologia e as aplicações em várias outras áreas que se relacionam com a luz.

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Nos laboratórios, gabinetes e salas de aula de uma universidade como a de Aveiro, avaliada com excelentes prestações em 10 parâmetros, no U-Multirank, e reiteradamente colocada entre as melhores do mundo com menos de 50 anos pelo ranking Times Higher Education, todos os dias se faz luz. Luz sobre uma parte, maior ou menor, da realidade que nos rodeia. Mas a luz que torna o ano de 2015 internacionalmente especial provém de outras fontes explicadas por conceitos da Física e da Química e que se propaga por ondas eletromagnéticas.

A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou, a 25 de novembro de 2013, o ano de 2015 como o Ano Internacional da Luz e das tecnologias baseadas em luz (AIL2015). Trata-se de uma iniciativa global que pretende sublinhar em todo o mundo a importância da luz e das tecnologias óticas nas suas vidas, no seu futuro e no desenvolvimento da sociedade, explica-se no site da organização (http://ail2015.org). “A ciência e aplicações da luz criaram tecnologias revolucionárias que possuem um efeito direto na melhoria da qualidade de vida a nível mundial. A tecnologia baseada na luz é o maior motor económico da atualidade (conforme

ocorreu com a eletrónica no século XX). As suas aplicações na saúde, comuni-cações, economia, ambiente e sociedade são exemplos da abrangência deste tema e o seu potencial educativo apresenta ligações com todas as áreas do conhecimento.”

Em 2015, assinalam-se mil anos desde que Ibn Al Haytham escreveu o primeiro “Livro de Ótica”, 200 anos desde que Fresnel apresentou “a natureza ondulatória da luz” e 150 anos da teoria de Eletromagnetismo, de Maxwell, apresentando “a luz como ondas eletromagnéticas”. Em 1915, Einstein publicou a teoria da Relatividade Geral, apresentando a “luz no espaço e no tempo” e, em 1965, Arno Penzias e Robert Wilson descobrem a Radiação Cósmica de Fundo, “a luz mais antiga do Universo”, sendo também este o ano em que Charles Kao apresentou a tecnologia da fibra ótica.

A Comissão Nacional – de que faz parte Pedro Pombo, docente da UA e diretor da Fábrica Centro Ciência Viva – procurou explorar as quatro dimensões da Luz: Ciência, Tecnologia, Natureza e Cultura. Nesta comissão participam diversas entidades, como a Sociedade Portuguesa

de Física, a Sociedade Portuguesa de Ótica e Fotónica, a Comissão Nacional da UNESCO, o Ciência Viva, a Ordem dos Biólogos e universidades. O conceito de dinamização fundamenta-se no desenvolvimento e sustentabilidade, educação e história, sendo o programa especialmente dedicado ao público em geral e em particular ao público jovem.

Um dos aspetos da sustentabilidade, um dos cinco objetivos assumidos a nível internacional e nacional, relaciona-se com a eficiência energética e durabilidade dos díodos emissores de luz (LED). “São de tal ordem superior às fontes de luz convencionais que hoje é possível fazer chegar iluminação (por exemplo acoplando os emissores LED a pequenas células solares) a regiões do planeta onde quase tudo falta, nomeadamente uma rede de distribuição elétrica”, assinalavam os investigadores Teresa Monteiro, Rosário Correia e Sérgio Pereira, num balanço sobre esta área de investigação na UA.

Em conjunto com a campanha “One dollar lenses”, para distribuir óculos a baixo custo pelas populações com maiores dificuldades de acesso a estes bens, o Ano Internacional da Luz

“Para Sabina, viver significa ver. A visão é limitada por uma dupla fronteira: a luz

intensa que cega e a escuridão total. Talvez daí lhe venha a repugnância por todos

os extremismos. Os extremos delimitam a fronteira para além da qual não há vida,

e a paixão pelo extremismo, tanto em arte como em política, é um desejo de morte

disfarçado. Para Franz, a palavra ‘luz’ não evoca a imagem de uma paisagem

suavemente iluminada pelo sol, mas sim a fonte da própria luz: o sol, uma lâmpada,

um projetor. Vêm-lhe à cabeça as metáforas habituais: o sol da verdade, o brilho

ofuscante da razão, etc. É atraído pela luz como também o é pela escuridão.”

Milan Kundera. A Insustentável Leveza do Ser. Pág. 100.

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promove uma campanha para fazer chegar candeeiros, também de baixo custo, com LED e alimentados por células fotoelétricas, às mais recônditas regiões de África, onde não existe luz à noite, por exemplo, para as crianças estudarem.

Física – LED, fotónica e hologramas Foi a Sociedade Europeia de Física que deu o primeiro passo em direção ao Ano Internacional da Luz, contactando as suas congéneres nacionais, incluindo a portuguesa. Os estudos de luz começaram na Física, através da ótica. Na UA, há muito que no Departamento de Física se estuda a luz, sendo os exemplos mais expressivos a articula-ção com a eletrónica e a investigação em LEDs.

Num artigo recentemente publicado na “Nature Communications”, uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo, investigadores de Aveiro reportam o desenvolvimento de um novo LED emissor de luz branca que, em relação aos existentes no mercado, tem melhor qualidade de luz branca, melhor índice de reprodução de cor,

temperatura de cor, melhor estabilidade e brilho constante. A luz assemelha-se à emitida pelo sol, sem necessidade do habitual recurso a filtros para a tornar mais acolhedora e para que não interfira com a perceção da cor dos objetos sob iluminação natural. Para além disso, o novo LED foi desenvolvido com materiais não tóxicos e abundantes na natureza, o que potencia a redução dos custos de fabrico e, consequentemente, de comercialização.

O estudo, resultado de uma parceria internacional, foi coordenado por Rute Ferreira, investigadora do Departamento de Física da UA e do Aveiro Institute of Materials (CICECO). Da equipa fizeram parte também Xue Bai e Vânia Freitas, dos departamentos de Física e de Química da UA e do CICECO.

Para além deste trabalho sobre LED emissores de luz branca para iluminação, outros grupos de investigadores da UA deram contributos para a tecnologia do LED azul, cujo desenvolvimento, pelos cientistas Isamu Akasaki, Hiroshi Amano e Shuji Nakamura, foi distinguido com a atribuição do Prémio Nobel da Física.

A participação do Departamento de Física da UA na área de investigação de materiais da família dos nitretos para aplicação LED de luz azul, em que foi pioneira a nível nacional, remonta aos anos 90. Em 1996, iniciou-se o projeto multidisciplinar e internacional “Rainbow", financiado pela Comunidade Europeia, que na UA foi coordenado por Helena Nazaré e Estela Pereira, professoras daquele Departamento. Este projeto envolveu a indústria e universidades de diversos países europeus e, entre outros objetivos, destinava-se ao desenvolvimento de protótipos de LED e díodos laser no azul.

Como consequência e fruto da capacidade de investigação ao nível da caraterização ótica e estrutural de materiais semicondutores, nomeadamente no GaN (nitreto de gálio) e na liga ternária de InGaN (nitreto de gálio com índio), o material emissor central nestes dispositivos, os investigadores da UA – Estela Pereira, Teresa Monteiro, Rosário Correia e Sérgio Pereira –, desenvolveram trabalhos em coautoria com os laureados com o prémio Nobel da Física 2014, um dos quais

Rute Ferreira coordenou a equipa que criou um novo LED emissor de luz branca “Suculenta” – Francisco Providência/Larus

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integra um capítulo de um livro desta área. A relevância desta investigação obteve ainda reconhecimento direto por parte dos três laureados ao ser citado por estes autores num artigo publicado na “Nature Materials”. Teresa Monteiro e Rosário Correia são membros do Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação (I3N), laboratório associado em que participa a UA, e Sérgio Pereira faz parte do CICECO.

Os hologramas estão mais presentes no nosso dia a dia do que se supõe, explicava Pedro Pombo, no programa televisivo Sociedade Civil dedicado ao Ano Internacional da Luz. É muito provável que cada um de nós tenha hologramas no seu bolso ou carteira. Como? Existem, por motivos de segurança, nos cartões de crédito e nas notas de euro.

O grupo de investigação do Departamento de Física, coordenado por Pedro Pombo, tem vindo a trabalhar em imagem holográfica, no desenvolvimento de técnicas de gravação e projeção deste tipo de imagens e em projetos de comunicação de ciência, envolvendo escolas e centros Ciência Viva. A HoloRede foi criada por iniciativa do Departamento de Física para ensinar conceitos de ótica e fotónica através da holografia. Envolve 30 escolas, cada uma com sistemas holográficos, e oito centros de ciência.

Um outro campo de investigação em que participam investigadores da Física da UA e do Instituto de Telecomunicações – Pólo de Aveiro (IT-Aveiro) são novos tipos de fibra designadas fibras óticas microestruturadas (MOF) ou fibras de cristais fotónicos (PCF). São fibras especiais, que têm sido desenvolvidas e fabricadas desde 1996, que apresentam uma rede regular microscópica de canais ocos que se estendem por todo o comprimento da fibra. O material sólido pode ser sílica, como na maior parte das fibras convencionais, mas também pode ser outro vidro ou um polímero. Estas fibras dividem-se em dois grandes grupos, as fibras de núcleo sólido e as fibras de núcleo oco. As primeiras conseguem guiar a luz pelo fenómeno de

reflexão interna total à semelhança do que acontece nas fibras convencionais. As últimas apenas guiam a luz numa determinada região espetral ou gama de comprimentos de onda, gama essa para a qual a propagação não é permitida na estrutura periódica da bainha, efeito conhecido como guiagem por hiato fotónico.

Estes novos tipos de fibras permitem um vasto conjunto de novos tipos de propagação de luz controlável pela escolha da geometria, materiais ou mesmo dos fluidos que podem preencher os canais ocos. Os investigadores Mário Ferreira, Margarida Facão e Armando Pinto têm vindo a coordenar trabalhos nesta área.

Telecomunicações, LED e inteligência O ano de 2015, para além do Ano Internacional da Luz, é também o ano das tecnologias baseadas em luz. A fibra ótica, do tamanho de um cabelo e que garante a comunicação transportando luz, é hoje uma tecnologia essencial da nossa sociedade, só possível pelo controlo da luz e com as técnicas proporcionadas pela engenharia, afirmava Rui Aguiar, professor do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) da UA, na emissão do programa televisivo Sociedade Civil sobre o Ano Internacional da Luz.

A interação entre sistemas de iluminação e veículos ou condutores, através da cor e intensidade da luz, no sentido de, por exemplo, prevenir acidentes, e permitir a comunicação entre entidades gestoras das infraestruturas rodoviárias e os veículos, ou a comunicação entre veículos, são exemplos de projetos relacionados com telecomunicações e que decorrem com envolvimento de investigadores do DETI.

Por outro lado, a necessidade de reduzir os consumos de energia, leva a um consumo mais eficiente e inteligente da luz. Foi nesse sentido que surgiu o projeto internacional LITES ("LED based Intelligent Lighting for Energy Savings"), projeto de demonstração e estudo da viabilidade económica da iluminação

pública por LED através de sistemas inteligentes. O projeto envolveu a UA, as universidades Técnica de Riga, na Letónia, e de Toulouse, em França, o Politécnico de Torino, em Itália, a ThornLighting (empresa subsidiária do grupo Zumtobel) e também o município de Bordéus. O trabalho demonstrou poupanças de energia que podem chegar aos 70 por cento em ilumina-ção pública.

O elemento central da solução reside no escurecimento ativo e dinâmico da luz em função das condições do ambiente. Um conjunto de sensores mede luz ambiente, temperatura, corrente e deteta movimento. Os dados de saída dos sensores são processados pela inteligência integrada permitindo uma melhor regulação dos níveis de luz. A inovação introduzida pelo LITES permite o controlo integrado do escurecimento da luz para garantir uma queda significativa do consumo de energia, respeitando integralmente as normas europeias de segurança que regem a categoria dos locais públicos a iluminar. Luís Nero Alves, investigador do IT-Aveiro e professor do DETI, foi responsável técnico do LITES na UA. Para além de Luís Nero

Holograma com caricatura de Einstein

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Alves, a equipa incluiu o coordenador Rui Aguiar e ainda o investigador João Paulo Barraca.

Na região de Águeda, a parceria Light Living Lab, que envolve a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA), empresas e outras entidades, está agora a ser redinamizada com coordenação do empresário Carlos Alves, presidente da Globaltronic. O projeto SIGLuzEE, uma aplicação informática para suporte à gestão da infraestrutura de iluminação pública camarária, desenvolvido inicialmente na ESTGA, está já numa fase operacional, tendo servido inclusivamente, na sua fase de implementação, de suporte ao estudo de novos projetos de instalação de iluminação LED na rede pública de iluminação no município de Águeda.

Luz na Química A Química também recorre à luz para potenciar a aplicação de certos materiais em diversas áreas, nomeadamente: na área ambiental com a destruição de microrganismos patogénicos em águas residuais e através da oxidação de poluentes; na saúde com o desen-volvimento de agentes antitumorais e antimicrobianos; em painéis fotovoltaicos com o desenvolvimento de corantes para células solares. Estes estudos multidisciplinares envolvem não só investigadores do grupo de Química Orgânica, mas também do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do I3N da UA.

Uma destas aplicações no ambiente tem por base o princípio da Terapia Fotodinâmica que consiste na utilização de “fotossensibilizadores”, como porfirinas, ftalocianinas e clorinas que absorvem luz visível, transferindo a energia absorvida para moléculas de oxigénio ao seu redor originando espécies reativas de oxigénio (ROS). Estes ROS são altamente tóxicos para todo o tipo de células microbianas provocando alteração nas biomoléculas que os constituem (ex. proteínas, lípidos) levando à sua inativação. Como referiu a investigadora Maria Amparo Faustino, os estudos realizados até agora mostram ser pouco plausível o desenvolvimento

de resistência bacteriana a este tipo de tratamento. Como se sabe, um dos principais problemas com a utilização de antibióticos está relacionado com o aparecimento de resistência ao tratamento.

Mais, compostos de tipo porfirina e análogos, desenvolvidos pelo Grupo de Química Orgânica da UA têm demonstrado particular eficiência, nas aplicações ao ambiente, quer utilizando luz artificial quer luz natural. Os resultados demonstram inclusive maior eficiência na presença de luz natural abrindo ótimas perspetivas para a sua real aplicação. Os testes já realizados foram feitos em águas residuais recolhidas em esgotos urbanos e hospitalares, e o método mantém igual eficiência na inativação quer de bactérias sensíveis a antibióticos quer nas multirresistentes.

A luz na Biologia – fotossíntese A luz é determinante para a realização da fotossíntese, o processo que normalmente entendemos como produtor de vida. Mas a luz é, simultaneamente, a razão de ser da fotossíntese e a principal causa de danos no aparelho fotossintético. Este paradoxo, reconhecido desde os primeiros estudos sobre a fotossíntese, deve-se ao fenómeno genericamente designado por fotoinibição, que descreve a diminuição da taxa de fotossíntese durante a exposição à luz.

A medição da emissão in vivo de fluores-cência da clorofila a (pigmento que confere a cor verde às plantas) utilizando um tipo de instrumento designado por "fluorómetro de pulso modulado" é uma técnica utilizada de forma muito generalizada em estudos fundamentais e aplicados sobre a atividade fotossintética de plantas, líquenes, corais, algas e outros organismos fotossintéticos. Um dos métodos mais utlizados consiste na medição de "curvas de resposta à luz", baseadas na quantificação da emissão de fluorescência quando uma amostra é exposta a diferentes níveis de intensidade luminosa. Os métodos correntemente em uso são afetados por dois problemas principais: a morosidade e a dependência das medições.

A luz, onde ela não existeA existência de luz pressupõe também a sua ausência, a noite e a penumbra. Há adaptações muito curiosas da vida em ambientes onde a luz é escassa ou mesmo inexistente. No entanto, nesses ambientes, existe dependência em relação ao alimento que chega dos ambientes com luz, ou seja, ainda que indiretamente a dependência da luz mantém-se. É o caso das grandes profundezas oceânicas e das grutas.

Nos oceanos a fotossíntese pode ocorrer, regra geral e dependendo de vários fatores, até aos 200 m de profundidade (zona de luz do sol) e o fitoplâncton (comunidade de algas marinhas microscópicas), que produz cerca de metade do oxigénio da nossa atmosfera, utiliza as componentes azul e verde da luz solar. No entanto, a quimiossíntese é um processo alternativo de produção de vida por microrganismos, que pode ocorrer na ausência de luz, e é um processo essencial em alguns ecossistemas profundos únicos (ex: fontes hidroter-mais e vulcões de lama).

Dentro do espectro da luz visível, as cores com menor penetração são os vermelhos e laranja e aquelas com maior penetração são os azuis. Por isso é que vemos os oceanos como azuis e se mergulharmos no oceano com um objeto de cor vermelha deixamos de conseguir visualizar essa cor gradualmente à medida que mergulhamos mais fundo, explica Marina Cunha, professora do Departamento de Biologia da UA. De acordo com a penetração da luz, as zonas do oceano dividem-se em epipelágica (zona de luz do sol): 0-200 m; mesopelágica (zona de lusco-fusco): 200-1000 m; batipelágica (zona da meia--noite): 1000-4000 m; e abissal: mais de 4000 m.

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enzima luciferase. Muitas das adaptações destinam-se a evitar a predação ou estão relacionadas com a alimentação e a reprodução. Ou seja, comer sem ser comido e encontrar um parceiro…

A zona da meia-noite é o reino da bioluminescência – os animais têm menor mobilidade (os peixes por exemplo não têm bexiga natatória por causa da pressão elevada a que estão sujeitos). Não migram verticalmente para se alimentarem à superfície como os que habitam na zona do lusco-fusco, mas desenvolveram complexos padrões de emissão e reconhecimento de bioluminescência. Na zona abissal muitos organismos são cegos. Alternativas para a deteção de alimento na ausência de luz podem passar por um maior desenvolvimento de órgãos quimiorreceptores (olfato) especialmente em peixes e crustáceos necrófagos que conseguem detetar carcaças de cetáceos a muitos quilómetros de distância.

A VIDA NAs gRuTAsA ausência de luz não impede o desenvolvimento de vida, embora a maior parte da vida que habite exclusivamente habitats sem luz dependa indiretamente da energia produzida por fotossíntese, ou seja, da matéria orgânica que provém do exterior e é arrastada pela água que

se infiltra ou por via aérea através das entradas das cavernas ou ainda por transporte por animais, explica Ana Sofia Reboleira, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), atualmente no Museu de História Natural da Dinamarca.

Os organismos que vivem permanentemente em ausência de luz, exibem adaptações genéticas que se traduzem em modificações morfológicas, fisiológicas e comportamentais. As mais visíveis são a falta de pigmentação, e a ausência de estruturas oculares, mas devido à falta de luz e consequentemente à limitação energética destes ecossistemas, estes organismos têm metabolismos muito mais lentos que os seus parentes que vivem à superfície.

A ausência de luz imprime um stress ambiental que pressiona a evolução a moldar os organismos dos mais diversos grupos, de forma muito semelhante, assinala a investigadora. A redução progressiva das estruturas oculares até à completa anoftalmia (ausência de olhos) é uma das adaptações transversais dos animais que vivem sem luz, mas também a redução das asas nos insetos. A perda destas estruturas está associada a um maior desenvolvimento de estruturas sensoriais e estilização corporal.

ADAPTAçõEs DA VIDA NAs PROFuNDEzAs OCEâNICAsOs organismos que vivem num regime de baixa intensidade ou mesmo ausência de luz desenvolveram uma grande diversidade de adaptações para fazer face a esta condição afirma a investigadora.

Algumas das transformações morfológicas refletem-se na cor dos organismos. Os organismos que vivem junto ao fundo, na zona do lusco- -fusco, podem ter uma cor vermelha ou alaranjada que usam como uma “capa de invisibilidade” uma vez que esta gama de cor é a que mais rapidamente deixa de ser visível. Os peixes que habitam na coluna de água têm muitas vezes o dorso em tons azulados e o ventre branco ou prateado porque, visto de cima, o azul confunde-se com o azul da água e, visto de baixo, o branco é difícil de distinguir face à luz que vem de cima. Há também uma diversidade enorme na forma e funcionalidade dos olhos que podem ser grandes, tubulares, adaptados para ver com menor intensidade luminosa, com luz ultravioleta ou luz polarizada. Outros organismos são capazes de produzir a sua própria luz – bioluminescência (semelhante à luz produzida pelos pirilampos) – através de processos químicos que envolvem a

Galatheidae encontrado a cerca de 1500 metros de profundidade no Banco de Gorringe Fungo sobre o milpés Lusitanipus alternans

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João Serôdio, investigador do Departa-mento de Biologia, propôs, recentemente, uma nova abordagem para a aplicação da imagiologia da fluorometria de Pulso Modulado (ou PAM, de “Pulse Amplitude Modulation”) ao estudo da resposta fotossintética à luz, permitindo uma análise quantitativa sobre os mecanismos de fotoproteção e a indução de fotoinibição. A maior vantagem desde método é permitir uma abordagem mais abrangente e integradora ao estudo da fotoproteção e fotoinibição, pois permite combinar os principais tipos de protocolos experimentais usados neste contexto: curvas de saturação luminosa (light-response curves) e experiências de stress luminoso e recuperação (light stress-recovery experiments). O novo método representa ainda uma forma nova de medir curvas de resposta à luz baseadas na emissão de fluorescência da “clorofila a”, permitindo a obtenção de curvas constituídas por medições independentes e muito mais rápido que qualquer dos métodos descritos anteriormente.

A luz e as suas aplicações no ambiente humano No sentido de aproveitar ao máximo a luz do sol para maximizar os ganhos solares de forma a minimizar a fatura energética da habitação e garantir simultaneamente o conforto em todos os outros parâmetros essenciais à vida no lar, um grupo de investigadores liderado por Romeu da Silva Vicente e Fernanda da Silva Rodrigues, professores do Departamento de Engenharia Civil das UA, trouxe para Portugal o conceito "Passive House", aliado ao de "Nearly Zero Energy Buildings", e tem vindo a desenvolver projetos de investigação e com a indústria em território nacional e fora dele.

Assim, foi constituída uma associação sem fins lucrativos, designada Casa Passiva (PassivHaus Zero-Energy Plataforma Portuguesa), que pretende promover a prática, divulgação e investigação do conceito PassivHaus  para atingir a meta dos edifícios com balanço energético quase nulo, com baixa emissão poluente. Os princípios da Casa Passiva, de consumo energético baixo, conforto e qualidade do ar interior elevada, vão precisamente ao encontro das metas

estabelecidas para os países membros da União Europeia – edifícios públicos, até 2018, e construção residencial, até 2020, terão que cumprir os requisitos de baixo impacte energético, ou seja, Nearly Zero Energy Buildings (NZEB).

A UA iniciou ainda um projeto de cooperação, já financiado, com a Universidade Federal de Pelotas (UFP) para promoção do conceito Casa Passiva no Brasil. O projeto prevê a mobilidade de investigadores entre as duas instituições e a atuação em três áreas fundamentais: o desenvolvimento da simulação do comportamento térmico dos edifícios, aplicação e adaptabilidade à realidade climatérica e construtiva do Brasil, e análise técnico-económica deste conceito.

Projetos de luz no Design “Ainda que a luz possa não ser a força motriz no projeto de Design, a consciência da luz é fundamental na arquitetura e no desenho dos espaços e objetos”, considera Paulo Bago de Uva, professor do Departamento de Comunicação e Arte da UA, designer com experiência na construção naval, transportes e equipamento urbano e em cenografia. A perceção da luz permite o diálogo de volumes, diferentes interpretações do espaço consoante a hora do dia, e é uma ferramenta que pode ser usada para sublinhar aspetos estruturais, sendo, por exemplo, fundamental na indústria automóvel dos dias de hoje e no jogo que faz de cores e formas, e é preponderante no atual calçado desportivo, afirma ainda.

O docente destaca o papel da ilumi-nação LED na conceção de espaços e objetos. Associada a consumos muito inferiores aos da iluminação convencional e permitindo uma mais ampla diversidade de aplicações, na perspetiva de Paulo Bago de Uva, esta tecnologia veio pôr em causa, por exemplo, a iluminação pública: “Pode acentuar superfícies e fazer levitar elementos”. “Há indícios de que a luz vai ser o elemento projetual mais importante nas próximas décadas”, vaticina o docente de Design.

Nesse sentido, o docente tem vindo a desenvolver e a orientar projetos com este enfoque. Projetos de construção naval para a Animaris/ Nautiber, Algarexperience e Dolphin Driven são disso exemplo. Sob sua orientação, decorreu a dissertação de mestrado de Gregório Rodrigues sobre novas soluções de iluminação nas ambulâncias.

Alguns projetos de Francisco Providência, docente da UA, ou desenvolvidos sob sua orientação, também são exemplos expressivos. Por exemplo, o candeeiro com iluminação por LED e um painel fotovoltaico, designado “Suculenta”, dirigido ao mercado angolano – desenvolvido para a Larus –, o candeeiro “17º” que foi distinguido com o prémio internacional “Red Dot” ou ainda o “Laboratório Poético” que recebeu o prémio POP’s Serralves. Mais que um candeeiro, o “Laboratório Poético” é um elegante suporte para dar luz às palavras, segundo Francisco Providência.

Laboratório Poético, de Francisco Providência

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edições31

O CATO MINOR DE DIOgO PIREs E A POEsIA DIDÁTICA DO sÉCuLO xVIAutor António Manuel Lopes AndradeEditora INCMIsBN: 9789722719421Ano 2014

FOLCLORE E FOLCLORIzAçÃO NO MONTIJO – TRâNsITOs E ENCONTROs DE MúsICA E DA DANçAAutores Maria do Rosário Pestana e Jorge Castro RibeiroEditora ColibriIsBN: 9789896893620Ano 2014

EdiçõesEDuCAR, INVEsTIgAR E FORMAR: NOVOs sABEREsCoord. Idália Sá-ChavesEditora UA EditoraIsBN: 9789727894260Ano 2014

HuMANIsMO E CIêNCIA: ANTIguIDADE E RENAsCIMENTOCoord. António Manuel Lopes Andrade, Carlos de Miguel Mora e João Manuel Nunes TorrãoEditora UA EditoraIsBN: 9789727894345Ano 2015

PELOs MAREs DA LíNguA PORTuguEsA 2Eds. António Manuel Ferreira e Maria Fernanda BraseteEditora UA EditoraAno 2015

IMPLEMENTAR A REEsTRuTuRAçÃO CuRRICuLAR DO ENsINO sECuNDÁRIO gERAL EM TIMOR-LEsTE: CONsTRuINDO QuALIDADEAutor/coord. Isabel CabritaEditora UA EditoraIsBN: 978-9727894383Ano 2015

TRANsVERsALIDADE IV: CONTRIBuTOs DO MANuAL DE PORTuguêsAutores Cristina Manuela Sá, Hérica LimaEditora UA EditoraIsBN 9789727894390Ano 2015

A PROMOçÃO DA LíNguA PORTuguEsA E A EDuCAçÃO LINguísTICAOrg. Maria Helena Ançã e Maria João MacárioEditora UA EditoraIsBN 9789727894406Ano 2015

Os EsTÁgIOs CuRRICuLAREs E O sEu IMPACTO NA EMPREgABILIDADE DOs LICENCIADOsAutores Gonçalo Paiva Dias...[et al.]Editora UA EditoraIsBN 9789727894437Ano 2015

A EMPREgABILIDADE DOs DIPLOMADOs PELA uNIVERsIDADE DE AVEIROResultados do Estudo sobre o Triénio 2008/09 a 2010/11Autor Observatório do Percurso Socioprofissional dos Diplomados da Universidade de AveiroEditora UA EditoraIsBN 978-972-789-448-2Ano 2015

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Entre a suspeita de localização de vestígios arqueológicos e a certeza do local onde escavar pode haver alguma distância que nem sempre é compatível com as verbas disponíveis para os trabalhos a realizar. É aí que podem entrar, com vantagem, as Geociências. Tanto em terra como debaixo de água, os trabalhos arqueológicos podem ser bem mais facilitados com apoio de métodos de Geofísica.

Esta área de pesquisa começou na UA no final dos anos 80, pela mão e saber em Geofísica de Senos Matias e Fernando Almeida, professores do Departamento de Geociências da UA. A primeira intervenção foi na Serra do Rabaçal, perto de Conímbriga. O que se estudou foram os contrastes na condução elétrica e variações do campo magnético que o terreno apresentava. Esses contrastes e variações permitiam identificar zonas de maior ou menor probabilidade de ocorrência de estruturas debaixo da superfície do solo. Surgiam assim, sinais de restos de construções, valas e zonas que terão sofrido aquecimento.

A partir daí, os trabalhos sucederam-se: Praça dos Poveiros, no Porto, Castelo de Silves, no Algarve, em Almada, entre vários outros. A colaboração da equipa coordenada por Severo Gonçalves, professor da UA e então diretor da Associação para a Formação Profissional e Investigação da UA (UNAVE), usando técnicas de georreferenciação, permitiu avançar para trabalhos de maior envergadura: Praça do Infante, no Porto, Évora, entre outros. A Geofísica permitia não só apoiar os trabalhos de Arqueologia, mas também apoiar trabalhos de construção civil na identificação de património arqueológico antes da construção de estruturas. Abria-se, assim, todo um novo mercado de trabalho. A participação em pesquisas de maior notoriedade como as já referidas no Vale do Côa, do Cromeleque do Xarez, em Reguengos de Monsaraz ou de arqueologia subaquática na Ria, foi também surgindo.

geofísica no apoio à descoberta de navio do séc. xVFernando Almeida e Miguel Aleluia, assistente técnico no Museu de Aveiro que trabalhou no Centro Nacional de

Geociências apoiam Arqueologia desde os anos 80

Pioneirismo da uA facilita pesquisas arqueológicasQue têm em comum o Vale do Côa, o Cromeleque do xarez, em Reguengos de Monsaraz, ou a arqueologia

subaquática na Ria, para além de serem conhecidos como locais arqueológicos? Em todos estes tabalhos

participaram geofísicos da uA.Fa

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investigação33

Arqueologia Náutica e Subaquática, relocalizaram, há cerca de 21 anos (1 de março de 1994), os vestígios do naufrágio junto à Ponte da Barra. O então diretor do Museu Nacional de Arqueologia, Francisco Alves, dera indicações a Miguel Aleluia nesse sentido, após a localização feita por Carlos Neves Graça quando apanhava casulo na zona. Nesse local, posteriormente designado estação arqueológica “Ria de Aveiro A”, encontraram-se antigos materiais, nomeadamente madeira e cerâmica, debaixo de água. Desde o início as pesquisas decorreram com a colaboração de Francisco Alves. A então Vice-reitora, Isabel Alarcão, e o Reitor da Universidade de Aveiro, Renato Araújo, apoiaram os primeiros estudos no local.

Mais tarde, Fernando Almeida, Luís Menezes Pinheiro, Cristina Bernardes, Luís Serrano, todos eles professores do Departamento de Geociências, e João Labrincha, do então Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro, participaram em trabalhos de investigação multidisciplinar sobre a estação arqueológica “Ria de Aveiro A”. Francisco Alves, então já diretor do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática e da Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática, continuou a dirigir as pesquisas.

Os vestígios de uma embarcação do século XV encontrados no “Ria de Aveiro A” e outros vestígios encontrados noutros locais de prospeção na laguna têm vindo a ser estudados. Parte desse espólio foi integrado numa exposição sobre as pesquisas arqueológicas mais significativas em vários pontos do litoral português, ao longo dos últimos 30 anos. Esta exposição está patente no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, até 31 de julho, havendo expectativas de, a partir dessa data, poder ser vista noutros locais do país.

geofísica e geoquímica articuladas em ulOs investigadores da UA, com o conhecimento que foram adquirindo desde o final dos anos 80 neste tipo de trabalhos, orientaram pesquisas, em parceria com o arqueólogo João Tavares do Município de Oliveira de Azeméis, para permitir o avanço no Castro de Ul. Neste caso, os estudos envolveram Geofísica (resistividade) e Geoquímica. Os alunos de mestrado, orientados na disciplina de Geofísica por Fernando Almeida e na de Geoquímica por Eduardo Silva (também professor do Departamento de Geociências da UA), trabalharam no sentido de identificar locais com maior probabilidade de ocorrência de estruturas em todo o espaço já delimitado antes.

A área até onde se suspeitava que o Castro se estendesse foi repartida de acordo com as caraterísticas geofísicas e geoquímicas, facilitando a prospeção de pormenor que pode ainda passar por outros métodos geofísicos. Abriu-se caminho a estudos geofísicos mais pormenorizados para poupar tempo e recursos às escavações arqueológicas. Estes estudos realizados no âmbito da cooperação com a região foram apresentados, em Oliveira de Azeméis, a 29 de novembro de 2014.

Neste local, antes estudado por Maia Marques, foram encontrados vestígios da época do Calcolítico e Idade do Bronze. Atualmente, decorrem trabalhos arqueológicos dirigidos por João Tavares em parceria com a UA.

O Castro de Ul é apenas um exemplo em como o pioneirismo da UA criou um novo mercado e tem contribuído para economizar recursos à Arqueologia. Os trabalhos pioneiros da UA, desde os anos 80, permitiram também o aparecimento de empresas de antigos alunos de Engenharia Geológica da UA, como a Geosurveys e a Geosonda, entre outras.

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Campanha “Stop AVC” decorre a nível nacional

Neurorradiologia lança rede de novo conhecimento na uAÁrea relativamente nova na Medicina e no serviço Nacional de saúde, a Neurorradiologia tem vindo a lutar por ser

reconhecida como intervenção de primeira linha pós-AVC. Pedro de Melo Freitas, médico neurorradiologista/docente

de Imagiologia Clínica e Imagem Médica na Escola superior de saúde da universidade de Aveiro (EssuA) e membro

da direção da sociedade Portuguesa de Neurorradiologia (sPNR), está a lançar as bases para uma rede de investigação

e conhecimento na uA.

A UA tem uma já longa tradição, mas também muito atual conhecimento produzido na área do tratamento de sinal e imagem médica, especialmente no Instituto de Engenharia Eletrónica e Telemática de Aveiro (IEETA). Esta é claramente uma área com fortes ligações à Neurorradiologia, podendo haver ganhos mútuos se articulados os esforços de investigação, considera Pedro de Melo Freitas. O mesmo se passa em relação à chamada Física Médica (estudos de formação de imagem, ressonância magnética, entre outras áreas), à Biologia Celular e às Neurociências, à Biomecânica e estudos de novos materiais que podem contribuir para aspetos mecânicos da intervenção neurorradiológica (novos materiais endovasculares, por exemplo).

O docente e investigador da ESSUA tem vindo a dialogar com vários grupos de investigação da UA para identificar pontos de interesse comuns, estando nomeadamente a ser lançado um projeto inovador, em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia, de criação de um Biobanco de Neuroimagem. O congresso de Neurorradiologia que vai decorrer na UA, dias 23, 24 e 25 de outubro, assinala os 25 anos da SPNR e poderá constituir uma boa oportunidade para congregar o conhecimento de áreas diversas e com ligações à Neurorradiologia.

Intervenção de primeira linha pós-AVCOs Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) dividem-se em dois tipos: isquémico/oclusivo, vulgarmente designado “trombose”,

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investigação35

que ocorre em aproximadamente 85-90 por cento dos casos, e o hemorrágico, vulgarmente designado “derrame” e em que não raras vezes é necessária a intervenção da Neurocirurgia. É nas primeiras situações citadas, de oclusão arterial, que intervém mais ativamente a Neurorradiologia, através da remoção mecânica do trombo, via intra-arterial, ou destruição química, conforme seja possível e desejável removê-lo ou dissolvê-lo. Orientações científicas internacionais recentes, sobretudo desde janeiro de 2015, reconhecem a Neurorradiologia como a primeira linha de tratamento do AVC.

No entanto, sublinha Pedro de Melo Freitas, também médico nos Hospitais da Universidade de Coimbra, é fundamental a intervenção até, no máximo, seis horas após a ocorrência do AVC. O médico e docente alerta para a demora excessiva em certos procedimentos atualmente adotados no socorro a vítimas de AVC no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Hoje em dia, o Protocolo da Via Verde adotado no SNS define atendimento imediato para o AVC e ocorrências cardíacas, mas o atendimento depende da afluência e da gravidade dos casos. A este tempo, se se somar o tempo da primeira chamada, o tempo de chegada da equipa de emergência e o transporte – que pode em muitos casos chegar a uma hora ou mais, dependendo do local onde ocorreu o acidente vascular cerebral – para um hospital central, no Porto, Coimbra ou Lisboa, onde existem serviços de Neurorradiologia de Intervenção, aproximam-se as seis horas limite para uma intervenção desejável/eficaz. É nestes casos, afirma o docente da UA, que se torna mais difícil reverter os efeitos nefastos e, muitas vezes irreversíveis do AVC, culminando frequentemente na morte do paciente (“A cada 3 horas morrem 2 pessoas de AVC em Portugal” – fonte DGS 2011).

sTOP AVCA campanha que decorre a nível nacional alerta os profissionais de saúde, responsáveis de equipas e unidades de saúde, entidades e população em geral. O “XI Congresso Nacional de Neurorradiologia – 25 Anos de SPNR”, sob o patrocínio científico da Ordem dos Médicos, é uma das iniciativas desta campanha nacional. O evento decorre sob o tema principal “Intervenção diagnóstica e terapêutica na fase aguda do AVC”.

A escolha de Aveiro, segundo a organização do evento, e de um campus universitário onde se faz formação em Saúde e em áreas intrínsecas à Imagem Médica, relaciona-se não só com questões de centralidade da região, mas também com o tributo a um dos nomes mais destacados da Neurociência mundial, Egas Moniz, nascido na região (mais concretamente, em Avanca), mas sobretudo pela necessidade de criar redes de conhecimento com outras áreas científicas relacionadas com a Neurorradiologia. O evento procura ainda sensibilizar toda a academia para esta temática tão atual.

Pretende-se que, das iniciativas em debate, possam resultar orientações que impulsionem a unidade em torno da primeira linha de intervenção assistencial, normalmente os familiares, médico de família e os centros de saúde, agilizando a urgente referenciação e atuação em caso de AVC.

A campanha STOP AVC, iniciada em abril, procura não só atuar ao nível do tratamento em fase aguda, mas também da sensibilização/prevenção do AVC tendo como alvo a população em geral. Entre as várias iniciativas previstas, ocorrerá um trail/caminhada alargada que encerrará o congresso, assim como a atribuição numa parceria inovadora SPNR – Câmara Municipal de Estarreja, da primeira edição do Prémio Egas Moniz em Neurorradiologia.

A atribuição inaugural do Prémio Egas Moniz em 2015 coincide com os 90 anos da entrega do Prémio de Oslo (1945) ao neurocientista português pela sua contribuição relativa ao desenvolvimento da Angiografia Cerebral, exame basilar da Neurorradiologia atual, prémio este que precedeu a sua distinção com o Prémio Nobel da Medicina (1949).

Em cima, ressonância magnética funcional. Em baixo, AVC: mapa de perfusão.

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Simulação recria, na formação, vida profissional

Diz-me, e eu esquecerei; ensina-me e eu lembrar-me-ei; envolve-me, e eu aprenderei

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Com as especificidades que cada uma tem, em comum partilham a possibilidade dada aos alunos de fazerem uso dos conhecimentos adquiridos no curso num ambiente que recria o que irão encontrar ao longo da sua vida profissional. “Diz-me, e eu esquecerei; ensina-me e eu lembrar-me-ei; envolve-me, e eu aprenderei”, recorda a propósito desta metodologia de ensino Daniela Chaló, coordenadora e diretora técnica do SIMULA.

O recurso à simulação como suporte ao ensino é uma prática corrente em várias áreas científicas. A simulação em ambiente de ensino é uma estratégia que visa, por um lado, motivar o aluno para a aprendizagem, e, por outro, que permite ao aluno ter uma experiência do que poderá vir a ser a sua prática profissional, recriando-se o ambiente de trabalho em que poderá vir a operar e colocando-se o aluno perante situações que tem de resolver recorrendo aos conhecimentos adquiridos nas várias disciplinas que constituem o seu curso. Ela surge no ensino das línguas, por exemplo, como estratégia de motivação à aprendizagem, colocando o aluno perante situações de comunicação semelhantes às que encontrará na vida real. A simulação surge ainda no ensino das engenharias,

recorrendo-se à construção de cenários que colocam o aluno perante problemas que terá de resolver fazendo uso dos conhecimentos já adquiridos, para citar apenas dois exemplos de áreas em que se recorre à simulação como suporte ao ensino.

A UA tem, em duas áreas científicas distintas, duas situações de recurso à estratégia da simulação que merecerão destaque nesta edição da Linhas por se tratar de dois casos de simulação que constituem, per se, uma unidade curricular, em que o recurso à simulação não acontece de forma esporádica, sendo antes o âmago da disciplina: é o caso da simulação empresarial e da simulação clínica.

simulação EmpresarialO recurso à simulação como suporte ao ensino é uma realidade presente na UA desde 1998, com a unidade curricular Simulação Empresarial, lecionada no âmbito da licenciatura em Contabilidade, no ISCA-UA. A frequência desta unidade curricular dá a possibilidade aos alunos de realizarem um conjunto de atividades equivalentes a um estágio profissional, reconhecido como tal pela Ordem dos

Técnicos Oficiais de Contas (OTOC) para efeitos de inscrição neste organismo profissional, que lhes permita uma transição, enquadrada e apoiada do ponto de vista técnico e científico, entre a vida académica e profissional.

O objetivo pedagógico genérico da unidade curricular Simulação Empresarial é colocar os alunos num ambiente em tudo semelhante ao da realidade profissional, recorrendo, para o efeito, a técnicas e métodos que recriem o mercado em que normalmente atuam as empresas. Esta unidade curricular simula, assim, a atividade de um profissional de Contabilidade durante um período operacional, o que corresponde a um ano civil, cumprindo todas as operações e obrigações inerentes à sua atividade. Para o efeito, procede-se à distribuição dos alunos por grupos de trabalho, compostos por dois elementos. Cada grupo constitui-se em empresa ou entidade pública a quem é sorteada uma atividade económica. Após o sorteio, e a partir de uma ficha de empresa/entidade, que fornece as linhas genéricas enquadradoras no mercado, o grupo tem de desenvolver o seu negócio, desde a fase de constituição até ao

Com reconhecida importância como estratégia de ensino, a simulação marca presença

na UA nas áreas da contabilidade e da saúde, com a unidade curricular Simulação

Empresarial, lecionada no Instituto Superior de Contabilidade e Administração da UA

(ISCA-UA), e o Centro de Simulação Clínica (SIMULA), da Escola Superior de Saúde

da UA (ESSUA).

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encerramento do período económico. O aluno é, deste modo, colocado num contexto de trabalho virtual no qual se pretende que desenvolva capacidades e competências profissionais na sua área de formação. Apesar de esta metodologia de ensino assentar no pressuposto de que os alunos são os agentes ativos do processo de ensino-aprendizagem, a equipa docente faz um acompanhamento permanente em sala, realizando auditorias ao trabalho desenvolvido, a fim de verificar o cumprimento dos objetivos definidos, corrigir eventuais deficiências e aconselhar os alunos quando estes se debatem com dificuldades técnicas e científicas.

O mercado virtual recriado pela Simulação Empresarial integra 35 setores de atividade económica em funcionamento, formando um mercado coeso onde a cadeia de valor está garantida a todos os agentes económicos. As empresas deste mercado, tal como as empresas reais, estabelecem relações com o respetivo meio envolvente. Decorrente da assinatura de protocolos de cooperação interinstitucionais entre a UA e outras instituições de ensino superior portuguesas (7) e moçambicanas (2) onde também se recorre à Simulação Empresarial, os alunos podem beneficiar de um mercado virtual constituído por cerca de 500 empresas nacionais e 200 moçambicanas, representadas por mais de 1000 alunos de 10 escolas diferentes.

O trabalho realizado no âmbito da Simulação Empresarial apoia-se numa estrutura organizacional suportada por plataforma informática desenvolvida para o efeito que garante a sustentabilidade das atividades que os alunos têm de realizar no âmbito desta unidade curricular: portal da Simulação Empresarial que oferece, para além de serviços bancários, o interface entre a empresa virtual e as instituições públicas virtuais, designadamente e entre outras, a Autoridade Tributária, a Segurança Social e o Instituto dos Registos e Notariado (IRN). A disponibilização destas ferramentas informáticas visa possibilitar aos alunos uma aproximação aos instrumentos que irão encontrar no decorrer da sua vida profissional, refere Elda Guimarães, coordenadora da unidade curricular.

O recurso à simulação como suporte ao ensino, ao eleger o estudante como motor do seu processo de ensino e facultar-lhe um elevado grau de liberdade no desenvolvimento de atividades, permite-lhe integrar conhecimentos adquiridos em diferentes áreas científicas, ao longo do curso, promover uma visão multidisciplinar do conhecimento, desenvolver competências e atitudes multidimensionais, incentivando a sua autonomia e preparando-o para o exercício profissional futuro.

Inquéritos feitos aos alunos para avaliação da unidade curricular Simulação Empresarial evidenciam o reconhecimento de que se trata de uma extrema mais-valia para a sua vida profissional, onde chegam já com conhecimentos práticos úteis sobre como decorre a atividade de um profissional de contabilidade, explica a docente e coordenadora. Os alunos referem ainda que, no âmbito dos trabalhos que desenvolvem na Simulação Empresarial, têm oportunidade de aplicar, de forma integrada, os conhecimentos adquiridos nas diversas áreas científicas que constituem o curso, o que enriquece em muito a sua formação.

simulação ClínicaA área das Ciências da Saúde reúne um conjunto de cursos em que o recurso a técnicas de simulação como suporte ao ensino é de extrema importância. O centro de Simulação Clínica da UA (SIMULA) – http: //www.ua.pt/essua (menu “recursos”) – foi criado no sentido de dar resposta a esta necessidade. Ele tem como missão formar, através de um treino experiencial, estudantes de graduação e de pós-graduação em Ciências da Saúde, proporcionando um treino intensivo e especializado, de maneira a garantir uma maior segurança do paciente, e contribuir para a formação pós-graduada de diversos profissionais de saúde. O Centro de Simulação tem ainda como intuito fomentar a investigação científica e multidisciplinar, entre as várias unidades orgânicas da UA e outras escolas ou instituições.

A simulação aplicada à área das Ciências da Saúde é uma ferramenta educacional inovadora que permite ao aluno experienciar várias técnicas e cenários, de maneira absolutamente segura para o paciente, uma vez que são utilizados modelos de simuladores em ambiente garantido e repetido, com a mais elevada tecnologia aproximada à realidade.

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A simulação permite não só o treino em diversas competências técnicas, como também competências comportamentais, nomeadamente o trabalho em equipa ou a gestão de eventos críticos, tão comuns nas Ciências da Saúde, e ainda trabalhar o lado das emoções com que os profissionais da saúde terão de aprender a lidar.

“Estudos internacionais mostram que este tipo de formação consegue reduzir erros que podem ocorrer no exercício profissional”, diz Daniela Chaló, coordenadora e diretora técnica do SIMULA, “Submeter alunos e profissionais a um treino num ambiente seguro e simulado é especialmente bom em patologias raras e críticas, que não surgirão com frequência na vida ativa. Num ambiente seguro como é o da simulação, o aluno aprende a reconhecer estas patologias e a atuar de forma correta e adequada”.

O centro SIMULA tem como público- -alvo os alunos de licenciaturas na área da Saúde, nomeadamente Enfermagem, Fisioterapia, Terapia da Fala, Gerontologia, Imagem Médica e Radioterapia, e Ciências Biomédicas, alunos de pós- -graduação da área da Saúde, bem como

profissionais de saúde que procuram uma educação profissional contínua. Para além deste público especificamente da área da saúde, o centro tem ainda uma vertente de formação da comunidade, podendo qualquer cidadão que o pretenda receber formação básica em suporte básico de vida (SBV).

Os questionários que são aplicados aos alunos, antes e depois da sua passagem pelo SIMULA, revelam que eles reconhecem os benefícios da formação com recurso à simulação, afirma Daniela Chaló. Em questões que se relacionam com a motivação, uma grande percentagem dos alunos atribui notas máximas, denotando que a motivação aumenta por terem tido a experiência de trabalhar com o simulador. Mostram ainda que têm vontade de usar o simulador e reconhecem a necessidade e importância da experiência de trabalho com o simulador. Dão conta desta necessidade sobretudo os alunos de Ciências Biomédicas, cujo curso não inclui um estágio, e para quem, deste modo, o simulador é o único contacto que têm com o paciente antes de entrarem na vida ativa. A importância do recurso à simulação na formação contínua é

também reconhecida pelos profissionais que exercem já a sua atividade, por ser uma forma de adquirirem mais prática com os casos clínicos menos frequentes e mais críticos, salienta ainda a coordenadora do Centro de Simulação.

O SIMULA dispõe de um espaço onde foram criados dois ambientes de simulação diferenciados: um bloco operatório/enfermaria de cuidados intensivos e uma enfermaria/sala de urgência. Deste modo possibilita-se a realização de duas simulações simultâneas, com cenários e em áreas variadas. O centro conta com dois modelos simuladores de alta fidelidade de paciente adulto, e um modelo simulador de alta fidelidade de paciente pediátrico, bem como modelos simuladores para suporte básico de vida e desfibrilhação automática (adulto e pediátrico), várias cabeças de manequim para intubação (adulto e pediátrico) e um modelo simulador para o treino em trauma e outras técnicas. Para além deste equipamento específico à simulação, o centro dispõe ainda de material audiovisual e de medicina/eletromedicina necessário às atividades de simulação clínica nele realizado.

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uA ENTRE As sEIs PúBLICAs NACIONAIs COM MELHOR CLAssIFICAçÃO sEguNDO O u-MuLTIRANkA UA é uma das seis instituições de ensino superior públicas com melhor avaliação a nível nacional, de acordo com os critérios do U-Multirank, publicado a 30 de março deste ano. A segunda edição deste ranking europeu resulta numa avaliação ainda mais favorável para a UA do que a edição de 2014 no que respeita a critérios de investigação: índice de citações, número absoluto de publicações de trabalhos de investigação e percentagem de publicações mais citadas no contexto de todas as publicações científicas no respetivo domínio científico.

A UA está no grupo das seis melhores instituições de ensino superior público nacionais, de acordo com esta avaliação, onde se incluem também as universidades de Lisboa, Nova de Lisboa, Minho, Coimbra e Porto.

O Reitor da UA destaca a obtenção de dez ou mais indicadores com classificação “A” (a melhor no U-Multirank) o que na sua perspetiva configura “um excelente resultado”. Manuel António Assunção explica que seis desses indicadores referem-se à área

da investigação, o que “confirma a qualidade da investigação” que a UA produz, e outros quatro estão relacionados com internacionalização (repartido no número de estudantes estrangeiros e publicações com investigadores estrangeiros), criação de spin-offs e ainda um último indicador que se refere a receitas arrecadadas com outras instituições da região.

…E uMA DAs 100 MELHOREs uNIVERsIDADEs DO MuNDO COM MENOs DE 50 ANOsA UA está em 69º lugar no ranking mundial das 100 melhores instituições de ensino superior com menos de 50 anos divulgado pela prestigiada revista Times Higher Education (THE). Numa lista elaborada com base em indicadores como a qualidade do ensino e da investigação, o número de citações em revistas científicas, a projeção internacional e a inovação, a UA subiu dez posições em relação ao ano passado.

Além da academia de Aveiro, e entre as universidades portuguesas fundadas há menos de meio século, também as do Minho e a Nova de Lisboa figuram nesta lista. O ranking foi divulgado ao mundo a 29 de abril. Este é já o quarto ano de publicação deste ranking e em todos eles a UA esteve presente.

Distinções

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HELENA NAzARÉ AgRACIADA COM gRÃ-CRuz DA INsTRuçÃO PúBLICA PELO PREsIDENTE DA REPúBLICANuma cerimónia dedicada ao Ensino Superior, o Presidente da República agraciou Helena Nazaré, antiga Reitora da UA e presidente da Associação Europeia de Universidades (EUA), com a mais elevada distinção na Ordem da Instrução Pública, a Grã-Cruz. Para além de Helena Nazaré e da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, outras 11 personalidades ligadas ao Ensino Superior foram distinguidas, na cerimónia de 14 de abril, com os diferentes graus, quer da Ordem da Instrução Pública, quer da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.

Ainda que orgulhosa em termos pessoais, Helena Nazaré afirma que este grau mais elevado da Ordem da Instrução Pública distingue, sobretudo, a academia aveirense e as universidades portuguesas em geral. A antiga Reitora que foi ainda presidente da Sociedade Portuguesa de Física, fez questão de reafirmar que “nada disto seria possível se não fosse a Universidade de Aveiro”.

de Química, distingue, pela segunda vez, um cientista da UA. Nesta terceira edição, a distinção atribuída a um português de dois em dois anos, reconhece a carreira científica de João Rocha, diretor do Aveiro Institute of Materials – CICECO, laboratório associado da UA. Na sua primeira edição, a Real Sociedad distinguiu José Cavaleiro, agora professor aposentado do Departamento de Química da UA.

O diretor do CICECO destaca a independência do júri, constituído por prestigiados cientistas espanhóis, na atribuição do Prémio Medinabeitia--Lourenço e o prestígio ibérico da distinção na área da Química. João Rocha tem vindo a desenvolver colaboração com cientistas de várias instituições de ensino e investigação espanholas, em Vigo, Oviedo, País Basco, Saragoça, Barcelona e Valência.

Criados pela Fundação Yves Rocher, os galardões nacionais e internacionais pretendem homenagear o trabalho das mulheres que, por todo o mundo, contribuem para salvaguardar o mundo vegetal e para melhorar o meio ambiente, agindo simultaneamente para o bem--estar da sociedade. Em 13 anos de existência, o Terre de Femmes já homenageou o trabalho de “compromisso pela Terra” de mais de 350 mulheres de todo o mundo.

MILENE MATOs CONQuIsTA DuPLO PRÉMIO INTERNACIONAL TERRE DE FEMMEsO projeto “Biodiversidade para Todos” da Mata do Buçaco, um trabalho da bióloga da UA Milene Matos, é o vencedor do Prémio Internacional Terre de Femmes. Instituído pela Fundação Yves Rocher, o trabalho de Milene Matos conquistou pela primeira vez para Portugal um galardão que este ano colocou a concurso outros seis projetos de seis mulheres de França, Marrocos, Suíça, Alemanha, Ucrânia e Rússia. Vencedora nacional do prémio Terre de Femmes, atribuído a 3 de março, Milene Matos recebeu a distinção a 2 de abril, em Paris, durante a cerimónia internacional da Yves Rocher. A candidatura arrecadou também o Prémio do Público atribuído por votação online.

INCuBADORA DA uA ENTRE As MELHOREs “BEsT kNOwLEDgE BAsED INCuBATOR”A Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA) é uma das melhores, vencendo a categoria “Return on Investment” e conquistando o segundo lugar da classificação geral do prémio “Best Science Based Incubator” promovido pela Technopolicy Network e pelo Centre for Strategy & Evaluation Services. Trata-se de um concurso de âmbito mundial.

A distinção foi atribuída no âmbito da conferência “Boosting Academic Entre-preneurship” que decorreu entre 11 e 12 de dezembro, no Kennispark Twente, Holanda, e foi promovida pela Universidade de Twente. É a segunda vez consecutiva que a IEUA é distinguida, após ter ficado entre as três primeiras nas categorias “Fastest Growth” e “Self Sustainability” na edição de 2013 deste prémio.

BEsT PAPER AwARD DIsTINguE PROFEssOREs E Ex-ALuNO DO MEsTRADO EM gEsTÃOO artigo “The impact of sensory stimuli on brand buying behavior” foi distinguido com o Best Paper Award na vertente de Marketing Sensorial na

JOÃO ROCHA DIsTINguIDO COM PREMIO MEDINABEITIA-LOuRENçO DA sOCIEDADE DE QuíMICA EsPANHOLAO Prémio Medinabeitia-Lourenço, na vertente dirigida a químicos portugueses, atribuído pela Real Sociedad Española

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International Conference on Innovation and Entrepreneurship in Marketing and Consumer Behaviour (ICIEM 2015), que se celebrou em Aveiro em maio. Os autores são Ramiro Santiago, António Carrizo Moreira e Nuno Fortes. Os dois últimos são docentes do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI).

Este prémio resulta de uma dissertação de mestrado desenvolvida no DEGEI por Ramiro Santiago, orientada por Nuno Fortes e coorientada por António Carrizo Moreira, ambos professores do DEGEI.

A imagem, alvo da intervenção do designer vencedor, está associada a um vinho que tem como produtor João Camizão, igualmente antigo aluno da UA. “Toda a imagem, rótulo e packaging para o vinho Sem Igual foram criados segundo um design minimal, apelativo e sofisticado”, explica Celso Assunção. Designer e produtor trabalharam lado a lado na criação de uma imagem que “comunica pela sua beleza e simplicidade”.

A Load criou a aplicação móvel Space Stuff que tem como objetivo interagir com os astronautas. Esta aplicação, criada em apenas 36 horas, permite, ao apontar o dispositivo móvel para o céu, encontrar o astronauta que estiver no espaço (os astronautas aparecem identificados por pontos) através de realidade aumentada, comunicar com ele através do Twitter e saber mais acerca do seu perfil.

DOCENTE DA uA DIsTINguIDO COM PRÉMIO BIAL DE MEDICINA CLíNICAUm trabalho de investigação ao longo de 10 anos sobre o consumo de sal e a relação com a doença cardiovascular e as políticas de saúde valeu a Jorge Polónia, professor convidado da UA, o Prémio Bial de Medicina Clínica 2014. Mais concretamente, o trabalho tratou

ALuNOs DE PIANO E guITARRA PREMIADOsTaíssa Pacheco Cunha, aluna do primeiro ano de mestrado em Ensino de Música da UA, venceu o 1º Prémio, na categoria F (até aos 24 anos), no 10º Concurso de Piano da Póvoa do Varzim. A aluna de 24 anos venceu ainda, neste mesmo evento, o Prémio Melhor Interpretação de Peça Portuguesa. Entretanto, os alunos Yuri Marchese e Francisco Berény conquistaram, respetivamente, o segundo e terceiro lugares no Concurso Internacional Jovem de Guitarra Terras de Santo Estevão.

ANTIgO ALuNO CONQuIsTA PRÉMIO NOs INTERNATIONAL DEsIgN AwARDsO designer Celso Assunção conquistou uma Menção Honrosa nos International Design Awards (IDA), um dos maiores concursos internacionais de Design. O antigo aluno da UA, licenciado em Design pelo Departamento de Comunicação e Arte, cativou um painel de jurados de prestígio que todos os anos promovem um rigoroso processo de seleção, com a imagem, rótulo e packaging para o vinho verde Sem Igual.

da problemática do sal em Portugal na última década: avaliação do consumo de sal, das fontes alimentares, da relação com doença cardiovascular, das políticas de saúde e dos benefícios obtidos em 10 anos. Este trabalho intitulado “Efeitos do sal nas doenças cardiovasculares e impacto das políticas de saúde em 10 anos” levou à atribuição do Prémio Bial de Medicina Clínica. O estudo foi coordenado por Jorge Polónia e realizado em colaboração com Luís Martins, Jorge Cotter, Fernando Pinto e José Nazaré.

CLusTER HABITAT susTENTÁVEL DIsTINguIDO COM sELO DE ALTO NíVEL EuROPEuEm março de 2015 foi atribuído ao Cluster Habitat Sustentável, do qual a UA é fundadora, o “Gold Label” da “European Cluster Excellence Initiative”, o mais alto nível de reconhecimento internacional para

CAMBADA CONQuIsTA PRATA FRENTE AOs CAMPEõEs DO MuNDO NO FEsTIVAL NACIONAL DE ROBóTICAA CAMBADA, equipa de Futebol Robótico da UA, ficou em segundo lugar na Liga de Tamanho Médio, depois de uma final com os atuais campeões do mundo, o TechUnited Eindhoven, da Holanda, no Festival Nacional de Robótica que decorreu em Vila Real. Na condução autónoma, a equipa da UA, ROTA, ficou em terceiro. A CAMBADA ainda terminou a fase de grupos em primeiro lugar, tendo batido a campeã do mundo no primeiro jogo e conseguido um empate com a mesma equipa no segundo, mas não evitou a derrota na final, lutando com dificuldades de comunicação.

ANTIgO ALuNO DA uA NA EQuIPA VENCEDORA DE PRÉMIO DA NAsAGil Millasseau, antigo aluno de Novas Tecnologias da Comunicação, participa na equipa da empresa que trouxe para Aveiro a vitória no concurso internacional SpaceApps Challenge 2015, organizado pela NASA, na categoria de “Most innovative use of IBM Bluemix”. O concurso, que decorreu na Holanda, resultou na vitória da Load Interactive, empresa tecnológica de Aveiro, com sede na Avenida Dr. Lourenço Peixinho.

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os clusters de competitividade. Trata-se de um dos primeiros clusters da cadeia de valor que reúne as fileiras dos materiais de construção e da construção e imobiliário a receber tal distinção na Europa.

O Cluster Habitat Sustentável já havia recebido a classificação de “Bronze Label” em 2013, subindo agora, em 2015, para um patamar de excelência, juntando-se aos restantes 51 “Gold Labels” de 10 outros países europeus.

FILIPA LÃ CONQuIsTA PRÉMIO VAN LAwRENCEFilipa Lã conquistou o prestigiado prémio Van Lawrence, atribuído conjuntamente pela National Association of Teachers of Singing e pela The Voice Foundation. A docente e investigadora do Departamento de Comunicação e Arte da UA é a primeira pessoa fora do universo norte-americano a receber o galardão que, desde 1991, distingue docentes de canto pela sua excelência no ensino e o seu contributo para a pedagogia vocal através da qualidade da sua investigação.

MEMóRIAs DE EugÉNIO LIsBOA RECEBEM gRANDE PRÉMIO DE LITERATuRA BIOgRÁFICAO Grande Prémio de Literatura Biográfica, da Associação Portuguesa de Escritores (APE), foi entregue à obra “Acta Est Fabula – Memórias I – Lourenço Marques (1930-1947)” de Eugénio Lisboa, Doutor Honoris Causa pela UA e professor desta academia entre 1996 e 2002. Publicada em 2012 pela Opera Omnia, editora com sede no Porto, o livro constitui o primeiro volume das memórias do ensaísta e crítico literário, nascido há 84 anos, em Lourenço Marques, atual Maputo, em Moçambique. Na cerimónia de entrega do galardão, que decorreu na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, estiveram presentes Manuel António Assunção, Reitor da UA, e Isabel Cristina Rodrigues, diretora da licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas do Departamento de Línguas e Culturas.

BEsT PAPER AwARD PREMEIA INVEsTIgADOREs DO DEgEIO artigo “Antecedentes do Brand Risk no mercado dos relógios de Luxo” foi distinguido com o Best Paper Award nas XXV Jornadas Hispanolusas de Gestión Científica na Área Científica de Marketing, que se celebrou em Ourense, Espanha, em fevereiro. Os autores são António Carrizo Moreira, Vítor Moutinho, Pedro Silva e Sílvia Almeida. Os dois primeiros são docentes do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial.

Este prémio reconhece o trabalho que teve origem numa dissertação de

mestrado e que foi orientada pelos docentes do DEGEI. Este estudo desenvolve e testa empiricamente um modelo para analisar o valor social, o envolvimento, a confiança e o afeto como antecedentes do risco no mercado das marcas de relógios de luxo.

apresentado na 4ª Conferência sobre Engenharia de Resíduos e Valorização de Biomassa, fora distinguido como melhor comunicação em póster.

INVEsTIgADOR DA uA ENTRE Os 30 MAIs DA EuROPA EM TOxICOLOgIAAmadeu Soares está entre os 30 investigadores europeus mais citados na área da Toxicologia, com trabalhos publicados entre 2005 e 2011, no ranking da revista Lab Times construído a partir dos dados ISI Web of Knowledge. O professor do Departamento de Biologia e investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, laboratório associado da UA, surge no 29º lugar deste ranking.

Surpreendido por ser o único português entre os 30 investigadores mais citados do ranking da publicação Lab Times, baseado na base de dados da ISI Web of Knowledge, na área da Toxicologia. Amadeu Soares considera que este é “um reconhecimento individual, claro, mas que não existiria sem a atividade de todo um grupo”. “Pelo que é mais um selo de qualidade para a relevância da Ciência que produzimos, no Departamento de Biologia da UA, no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, na UA e em Portugal”, assinala.

ROuTLEDgE sOCIAL sCIENCEs JOuRNALs DIsTINguE EsTuDO DO DEgEIArmando Luís Vieira é o autor principal de um dos artigos mais lidos em 2014 na área do Marketing. Um facto que valeu ao trabalho do investigador do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI) da UA, publicado

DOuTORANDO DA uA RECEBE NOVA DIsTINçÃO POR EsTuDAR CINzAs DE BIOMAssA FLOREsTALA caracterização de diferentes tipos de cinzas recolhidas em centrais termoelétricas nacionais e a avaliação do efeito da sua aplicação no solo, com diferentes pré-tratamentos, motivou os trabalhos de doutoramento de David Silva, novamente distinguido. Desenvolvido sob orientação de Luís Tarelho e José Figueiredo, professores do Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA, o trabalho mereceu um segundo prémio-bolsa da Cooperação Europeia em Ciência e Tecnologia (COST). Já em 2012, quando

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no Journal of Business-to-Business Marketing, uma distinção atribuída pela Routledge Social Sciences Journals.

O artigo do investigador da UA sistematiza a extensa e fragmentada literatura sobre marketing relacional e testa modelos rivais, com recurso à modelação em equações estruturais, para fornecer uma melhor compreensão de como as características de uma relação de negócio podem contribuir para otimizar o desempenho dos fornecedores de serviços.

a Medalha de Honra L’Oréal Portugal para Mulheres na Ciência.

A investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) recebeu o prémio, ex aequo, com Sónia Melo, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), e Raquel Ferreira, da Universidade da Beira Interior.

GRIDS, um dos grupos de investigação do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da UA. Raquel Silva está hoje a trabalhar na Alemanha para a multinacional Volkswagen.

ALuNOs DE PsICOLOgIA DA uA gANHAM PRÉMIO NAs I JORNADAs CIENTíFICAs DE JuVENTuDEA Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) atribuiu o prémio de melhor comunicação ao trabalho intitulado “Receita para Corações Ansiosos: Biofeedback e Terapia Cognitivo-Comportamental” realizado por um grupo de estudantes de mestrado e doutoramento em Psicologia da UA, no âmbito das “ I Jornadas Científicas da Juventude “ com a temática “Stop, Se Tás na Onda, Previne”.

O trabalho foi realizado pelo grupo de investigadores Rita Vicente, Andreia Fonseca, Cristina Santos, Paulo Chaló, Laura Martins, os quais realizaram a investigação com o apoio dos docentes Paula Vagos, Inês Direito e Luis Sancho sob a supervisão científica da professora Anabela Pereira.

sEguNDA DIsTINçÃO NA gRAVITy REsEARCH FOuNDATION EssAy COMPETITIONCom um ensaio sobre a velocidade máxima de rotação da fronteira dos buracos negros, intitulado "How fast can a black hole rotate?", os inves-tigadores Carlos Herdeiro e Eugen Radu, do Departamento de Física da UA, concorreram ao "Gravity Research Foundation Essay Competition" de 2015 e foram distinguidos com uma Menção Honrosa. É a segunda vez que os investigadores recebem uma Menção Honrosa nesta mesma competição. Na competição de 2014, Carlos Herdeiro e Eugen Radu defendiam que os buracos negros têm cabelo, em referência ao físico John Wheeler que afirmou, em 1971, que os “os buracos negros não têm cabelo”.

O ensaio agora premiado em 2015 conclui que a velocidade de rotação da fronteira de um buraco negro, que gira tal como uma estrela ou outro objeto celeste, não pode ultrapassar a veloci-dade da luz.

PROFEssORA DA uA wANg suOyINg ELEITA uMA DAs 10 PERsONALIDADEs CHINEsAs MAIs INFLuENTEsWang Suoying integra a lista das dez figuras homenageadas este ano na gala “A Luz da China”, uma iniciativa do ministério chinês da Cultura que já distinguiu, entre outros, o pianista Lang Lang, o basquetebolista Yao Ming e o ator de cinema Jackie Chan. A docente do Departamento de Línguas e Culturas (DLC), juntamente com o marido, Lu Yanbin, foram premiados pelo seu papel na divulgação da cultura chinesa, na primeira distinção do género atribuída a personalidades ligadas a Portugal.

ANTIgA EsTuDANTE DE ENgENHARIA MECâNICA gANHOu PRÉMIO NACIONAL DA ORDEM DOs ENgENHEIROsRaquel de Carvalho e Silva, antiga estudante de doutoramento em Engenharia Mecânica da UA, foi distinguida com o prémio de melhor estágio a nível nacional entregue pelo Colégio de Engenharia Mecânica da Ordem dos Engenheiros.

“Otimização de forma e de ferramentas em simulações numéricas de processos de conformação plástica” foi o título do trabalho entregue à Ordem e que desenvolveu no ano passado no seio do

TRABALHO DE HELENA NOBRE EM DEsTAQuE NA ROuTLEDgE sOCIAL sCIENCEs JOuRNALsO trabalho explora os benefícios que uma estratégia de social media marketing assume para as Pequenas e Médias Empresas, tem como autora principal Helena Nobre, professora no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da UA, e foi distinguido como um dos mais lidos na Routledge Social Sciences Journals, na área de Gestão no ano de 2014.

O artigo distinguido tem como título “Social Network marketing strategy and SME strategy benefits e foi publicado num dos jornais da Routledge, que incluem as mais importantes publicações internacionais para a área da Gestão.

VâNIA CALIsTO É uMA DAs TRês DIsTINguIDAs COM MEDALHA DE HONRA L’ORÉAL PORTugAL PARA MuLHEREs NA CIêNCIARemover resíduos de medicamentos de uma forma barata e eficaz em efluentes domésticos é o objetivo do estudo de Vânia Calisto, investigadora em pós- -doutoramento da UA, que já mereceu

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Os últimos três anos passaram a correr, como se só um ano tivesse sido… coisas da idade e da velocidade com que os factos acontecem.

A AAAUA está de parabéns, pois no triénio anterior fizemos muitas actividades de relevo nacional e internacional, reforçámos a marca UA e mostrámos que apesar de todas as diferenças (que serão provavelmente muitas) com a forma de trabalhar e fazer coisas com a equipa reitoral, isso nunca foi assunto de relevo. Antes pelo contrário, as diferenças, quando há inteligência, ampliam e unem ao invés de dividir.

Soubemos preocupar-nos com os conteúdos e nunca muito com a forma, porque a forma é um registo de estilo, próprio da alma de cada um, os conteúdos são o resultado dum trabalho que pode ser avaliado objetivamente.

O meu mandato anterior, ao contrário do que se espera deste, foi marcado (por inúmeras razões que não vale a pena detalhar) por um regime quase totalitário, com decisões sobre o caminho a seguir feitas maioritariamente pelo Presidente, o que tem vantagens, como decisões rápidas e uma maior coerência, mas perde-se a capacidade de, na ausência de consensos, criar um valor acrescentado, próprio da discussão sobre os caminhos a seguir. Mas assim foi.

Esperamos que estes novos órgãos sociais, com experiência em associativismo, nos mercados, nas empresas, no saber ouvir e falar, no saber gerir sensibilidades, em saber que se encontram caminhos cedendo e concedendo ao(s) outro(os) o benefício da dúvida, consigam fazer crescer ainda mais a AAAUA, e sobretudo dinamizar o tecido empresarial Português, em especial o que envolve antigos alunos da UA.

Por isso, o primeiro encontro de empresários da rede Alumni UA que decorre a 3 de junho é a primeira pedra lançada efetivamente para atingir este objetivo.

Sem Empresas não há crescimento e, sem mão-de-obra qualificada, não poderemos competir neste mundo globalizado. Daqui, que a relação intensa e absolutamente necessária entre os Antigos Alunos, as Empresas e a Universidade é indiscutível, premente e, na realidade, o busílis para a solução do problema que temos hoje em Portugal.

Quanto ao modelo, iremos discuti-lo com os Antigos Alunos e a UA, pois, em sociedades estruturadas e bem sucedidas, todos precisam de todos, todos ganham com o sucesso de todos, e sabemos hoje que Portugal só será competitivo com salários altos, i.e., se tiver técnicos altamente qualificados e, por isso, a Universidade terá obrigatoriamente que ouvir o que as empresas e o clube de empresários têm a dizer e estes irem à UA beber conhecimento para atingir este objetivo.

Claramente que o próximo triénio ficará marcado pela operacionalização deste objetivo, onde as Plataformas Tecnológicas terão um papel decisivo, outras infra-estruturas tecnológicas também, com vista a aproveitarmos com sucesso os fundos do Portugal 2020 e do Horizon 2020.

Os desafios são grandes, as dificuldades também, mas como em tudo, a vontade de vencer é muita e temos uma marca chamada UA, reconhecida mundialmente como uma marca Premium, que ajudará a todos num caminho mais suave.

Mais do que nunca temos que saber unir esforços e perceber que aquilo que nos une terá que ser sempre muito mais importante que aquilo que eventualmente nos divide. Simplificando (que é uma das minhas grandes virtudes), e como exemplo, não relevar a forma à mensagem e nunca, sem contexto, mostrar descontentamento porque sim. Os líderes avaliam-se fundamentalmente pelos resultados e a rapidez com que os definem e atingem.

Definitivamente, temos que criar e definir objetivos, metas e prazos, responsabilizar com autonomia pessoas, dar liberdade e cobrar pelos resultados. Caso contrário, passamos o tempo a tratar dos assuntos intermináveis do dia-a-dia, de expediente, e o tempo passa... Já não temos mais tempo para andarmos a trabalhar desta forma, que desgasta e não traz os resultados que se conseguiriam com a colaboração de todos. Perder-se-á o cunho pessoal, mas será ele importante? Acho que não. Como em tudo, o tempo o dirá. Os próximos três anos serão geridos com projetos, delegação de poderes, com diálogo, mas com muita autonomia, com tudo o que isso tem de bom e mau.

Um ótimo verão.

Carlos Pedro da silveira Coelho FerreiraPresidente da Associação de Antigos Alunos da UA

reeleito a 9 de maio para o mandato 2015/18

Espaço AAAUA

Encontro de empresários da Rede Alumni uA

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Transferir o conhecimento de excelência e os meios tecnológicos desenvolvidos na UA para o setor empresarial ligado à floresta é a grande missão da Plataforma Tecnológica da Floresta (PT Floresta). A Plataforma, apresentada a 6 de maio, enquadra-se na aposta da academia de Aveiro em reunir competências internas direcionadas para setores-chave da economia regional e nacional, com o objectivo de dar uma resposta articulada

Plataforma Tecnológica da Floresta reforça ligação da uA às empresas do setor

e multidisciplinar, neste caso particular para o setor da floresta.

Abordagens às questões relacionadas com a produção florestal, o melhoramento de espécies, as doenças da floresta ou o impacto ambiental das atividades de exploração florestal e de proteção da floresta são algumas das apostas presentes no caderno de encargos da PT Floresta. Constituída por docentes e

investigadores da academia, a Plataforma quer também colocar à disposição dos empresários soluções de apoio aos processos clássicos de transformação de matérias-primas florestais, de conversão de energia e de biocombustiveis e desenvolver novos processos e produtos.

A nova aposta da UA, constituída por docentes e investigadores, pretende ainda incluir estratégias inovadoras

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Plataforma Tecnológica do Mar – Portugal tem umas das Zonas Económicas Exclusivas e uma das plataformas continentais mais extensas do mundo. Razão de sobra para a UA ter feito nascer esta Plataforma para maximizar não só as valências existentes na academia nos vários domínios do saber aplicados às Ciências e Tecnologias do Mar, governação e desenvolvimento sustentável, como também para estabelecer parcerias com o setor empresarial, entidades portuárias e da Administração.

A Plataforma Tecnológica Multidisciplinar de Alta Pressão – tem por objetivo principal dinamizar e catalisar a investigação fundamental e desenvolvimento industrial de aplicações de Alta Pressão, nomeadamente a pasteurização a frio de alimentos, o melhoramento e criação de alimentos com características inovadoras e novos processos de esterilização de alimentos. São também objeto de estudo novas aplicações biotecnológicas, aplicações farmacêuticas e aplicações na indústria papeleira.

Plataforma Tecnológica Comunidades Inteligentes – visa o estabelecimento de parcerias entre a UA e a Sociedade, para o desenvolvimento de soluções associadas às Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica que sejam uma resposta para os desafios societais, económicos, ambientais colocados pela região, pelas várias áreas de intervenção do setor público, pelos cidadãos e pelo setor empresarial.

Plataforma Tecnológica da Bicicleta e Mobilidade suave – tem por missão apoiar a criação de condições favoráveis ao uso e à produção de investigação & desenvolvimento sobre a bicicleta e modos suaves como forma de propiciar uma melhoria do ambiente, da economia, da qualificação do território e da vida dos cidadãos e comunidades, visando a conceção de projetos inovadores alinhados com os desafios do país e com as orientações da União Europeia.

São a mais recente aposta da UA para reforçar a ligação ao tecido empresarial e surgiram em 2012 sob o nome de Plataformas Tecnológicas. Foram criadas, precisamente, para dar resposta às necessidades concretas dos setores-chave da economia nacional. Agroalimentar, Moldes, Mar, Multidisciplinar Alta Pressão, Comunidades Inteligentes e da Bicicleta e da Mobilidade Suave são já as Plataformas Tecnológicas criadas às quais se junta agora a da Floresta.

Acompanhadas e apoiadas pela Reitoria, através da Unidade de Transferência de Tecnologia (UATEC), e dinamizadas por equipas multidisciplinares de investigadores e docentes, as Plataformas têm em mãos a missão de desenvolverem projetos, produtos e serviços para as empresas que a elas se associam:

Plataforma Tecnológica Agroalimentar – visa o estabelecimento de parcerias entre a UA e as empresas do setor, numa congregação de esforços com vista ao desenvolvimento tecnológico e respetivo aumento de competitividade das empresas. Esta Plataforma estrutura e coordena as diversas atividades que são desenvolvidas na UA e que podem ser utilizadas pelo setor agroalimentar por forma a conseguir oferecer serviços e produtos ao longo da cadeia produtiva, desde os produtos agrícolas até ao consumidor final.

Plataforma Tecnológica dos Moldes – para além de reforçar a missão da UA enquanto entidade associada na gestão do Pólo de Competitividade Engineering &Tooling que operacionaliza o Plano Estratégico para o Setor de Moldes e Ferramentas Especiais em Portugal, é um agente dinamizador e facilitador dos diferentes intervenientes deste setor industrial, de forma a alavancar a respetiva competitividade. Para tal, dentro da UA, esta Plataforma reúne equipas multidisciplinares para dar respostas aos desafios de uma indústria competitiva e inovadora.

Plataformas reforçam ligação da UA às empresas

e trabalho conjunto com o setor empresarial, e a sociedade em geral, no sentido de acrescentar valor aos produtos, reduzir consumos de matéria- -prima, aumentar a eficiência energética e hídrica, valorizar desperdícios e melhorar performances de equipamentos.

“A floresta e as indústrias de base florestal representam um peso significativo na economia nacional e, em particular, da Região Centro, onde constituem cerca de 40 por cento do VAB nacional do sector”, aponta Carlos Pascoal Neto, Vice-reitor da UA.

“São muito vastas as áreas de compe-tência existentes na UA diretamente relacionadas com a floresta, cobrindo

praticamente toda a cadeia de valor, desde a produção florestal, às tecnologias e produtos e materiais de origem florestal”, explica o responsável. Assim, acrescenta Carlos Pascoal Neto, “pretendemos com a PT Floresta promover a articulação destas competências e colocá-las ao serviço da economia, estimulando, paralelamente, sinergias estratégicas entre os agentes envolvidos nas fileiras do pinho, do eucalipto e do sobreiro/cortiça”.

A enorme importância da floresta no paísSendo a floresta, enquanto cadeia de valor no seu conjunto, um dos eixos da Estratégia Nacional de Investigação e Inovação para uma Especialização

Inteligente, nomeadamente para a Região Centro, a UA considera que é de extrema importância que as instituições de I&DT se articulem com o setor empresarial, e com a sociedade em geral, no sentido de dar resposta a este desafio determinante para o desenvolvimento da região e do país.

Ciente disso, e considerando que é na Região Centro onde se concentra uma parte importante deste recurso natural, e uma forte implantação de indústrias deste setor, a PT Floresta enquadra-se na aposta da UA em reunir competências internas direcionadas para setores-chave da economia regional e nacional, com o intuito de dar uma resposta articulada e multidisciplinar, neste caso particular para o setor da Floresta.

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Apresenta-se como um centro de formação contínua de docentes portugueses de língua chinesa e quer, com esse desígnio, assegurar o ensino de chinês a todos os níveis de ensino em Portugal em colaboração com o Ministério da Educação e Ciência. Inaugurado dia 23 abril, o Instituto Confúcio (IC) da UA cimenta a relação de três décadas entre a China e a academia de Aveiro e, mais do que reconhecer o enorme trabalho que a UA tem realizado em prol da divulgação e ensino da língua e cultura chinesa, nasce para apoiar e alavancar essa missão.

Resultado de uma parceria com a Universidade de Línguas Estrangeiras de Dalian (ULED), na China, o IC tem, como todos os homólogos espalhados pelo mundo, dois diretores, um em representação da universidade de acolhimento, outro ligado à universidade chinesa parceira. Assim, Carlos Morais, antigo diretor do Departamento de Línguas e Culturas da UA, e Cheng Cuicui, em representação daquela universidade chinesa, são os responsáveis pelo terceiro IC instalado em Portugal.

A cerimónia de inauguração contou com a presença do Reitor da UA, Manuel Assunção, da Reitora da ULED, Sun Yuhua, de Huang Songfu, Embaixador da República Popular da China em Lisboa, de Wang Yongli, Vice-Diretor do Hanban, de Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência, e de Miguel Poiares Maduro, Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.

universidade quer língua chinesa ensinada nas escolas do país“As oportunidades que se abrem para a UA com a instalação do IC, no que ao ensino da língua chinesa diz respeito, são múltiplas”, apontou o Reitor da UA, Manuel António Assunção. Atualmente responsável pelo ensino de chinês a cerca de 750 alunos dos 3.º, 4.º e 5.º anos do ensino básico de São João da Madeira, a UA quer replicar o sucesso do projeto, nascido em 2012 em parceria com a autarquia local, por outras escolas do país. Uma missão para a qual a ajuda do Instituto será fundamental.

“Há uma oportunidade direta e óbvia para a UA [com a instalação do IC no Campus da academia] e que vem ao encontro da vontade do Ministério em estender o ensino do mandarim ao currículo do ensino secundário, replicando assim a experiência em São João da Madeira a outras escolas e autarquias do país que venham a aderir ao programa”, lembrou Manuel António Assunção.

A introdução do ensino da língua chinesa no ensino secundário em Portugal, como disciplina opcional nos programas curriculares portugueses e com o apoio da UA, revelou o responsável pela academia, “está já a ser protocolada” com o ministro Nuno Crato. “Tendo o IC professores que vêm da

Instituto Confúcio da uA vai apoiar o ensino de mandarim em Portugal

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China para capacitar docentes portugueses no ensino da língua chinesa vamos ter capacidade de estender o projeto de São João a uma base mais alargada de escolas”, apontou Manuel António Assunção.

Centro de formação em mandarim para professores nacionaisAssumindo-se fundamentalmente como um centro de formação contínua de docentes locais de chinês, o IC da UA tem como objetivos paralelos divulgar e promover a língua e cultura chinesas, reforçar a cooperação no domínio educativo entre a China e Portugal e melhorar a compreensão mútua e a amizade entre os dois países.

Carlos Morais aponta que, para além de querer “assegurar o ensino de chinês em escolas de ensino básico e secundário”, o IC vai “oferecer cursos gerais e específicos de Língua e Cultura Chinesa, criar o centro de exames de língua chinesa (HSK) e abrir um curso de orientação para o exame HSK, promover periodicamente atividades diversas e múltiplos seminários sobre cultura chinesa e organizar visitas de estudo à China, para que os estudantes portugueses possam desenvolver in loco a língua chinesa e conhecer a cultura e a sociedade chinesas”.

No caderno de encargos do novo Instituto há ainda a disponibilização de estadias na China para os alunos de chinês da UA, a aposta no ensino à distância com a elaboração de materiais audiovisuais e a oferta de serviços de consultoria a empresas e instituições públicas.

“Com uma biblioteca devidamente equipada, um laboratório de línguas e uma sala multifunções [para aulas, reuniões e atividades diversas], o IC da UA, para cumprir estes objetivos, vai arrancar com três docentes, podendo alargar este número em função das necessidades e dos projetos que forem surgindo”, desvenda o diretor do IC indicado pela UA.

“A vinda do IC para a UA é uma grande conquista, atendendo ao trabalho que a UA tem vindo a fazer pela promoção e divulgação da cultura chinesa em Portugal”, diz Carlos Morais.

Instituto cimenta mais de três décadas de ligação uA/ChinaPrimeira instituição de ensino superior portuguesa a ministrar um Mestrado em Estudos Chineses, em 2001, a UA, também de forma pioneira, criou uma licenciatura em Línguas e Relações Empresariais, que oferece o chinês como unidade curricular, e posteriormente, um Mestrado com o mesmo nome, igualmente com oferta de língua chinesa.

Só nestes dois cursos, mais de sete centenas de alunos apren-deram já a língua chinesa. Ao longo das últimas três décadas a UA assinou numerosos acordos de cooperação com várias universidades chinesas. Atualmente, ao abrigo de alguns destes protocolos, cerca de 60 alunos chineses estudam língua e cultura portuguesas.

Manuel António AssunçãoReitor da Universidade de Aveiro

“Vamos fazer deste um excelente Instituto Confúcio. Vamos mesmo! À maneira do Padre António Vieira: “nós só existimos enquanto fazemos; quando não fazemos só duramos”.

Nuno CratoMinistro da Educação e Ciência

“A cooperação com a China tem-se intensificado nos últimos anos, ao nível da Ciência e da Educação e existem já experiências interessantes de ensino do mandarim a crianças portuguesas, como a experiência- -piloto desenvolvida pela UA em São João da Madeira”.

Poiares MaduroMinistro Adjunto e do Desenvolvimento Regional

“(O esforço de internacionalização) tem de acontecer também ao nível das competências dos portugueses, nomeadamente no conhecimento das línguas estrangeiras e também ao nível da internacionalização do nosso sistema científico e de ensino superior”.

Huang songfuEmbaixador da República Popular da China em Lisboa

“Tenho a certeza de que com a criação do IC esta Universidade vai desempenhar um papel ainda mais importante no ensino do chinês e na promoção da cultura chinesa em Portugal”.

sun yuhuaReitora da ULED

“Desejamos que ambas as instituições [ULED e UA] possam desempenhar ativamente o seu papel para que, juntas, façam do IC da UA um excelente Instituto”.

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“No início, tinham algum receio de mexer na terra, agora é notório o entusiasmo das crianças na Hora Verde”.

A satisfação na voz das orientadoras Lísia Lopes e Raquel Gomes está também patente na expressão

da miudagem do Centro ATL no Centro de Infância Arte e Qualidade (CIAQ) situado no campus. São os

mais pequenos que, alegremente, vão acondicionando terra e plantas aromáticas em pequenos copos de

iogurte previamente identificados e oferecem aos convidados na inauguração da estufa e canteiros anexos

a que chamaram Casa Verde. A inauguração desta casa da esperança para um mundo mais equilibrado,

peça central do projeto Hora Verde, decorreu a 14 de abril.

Hora Verde resulta da parceria CIAQ/Herbário da UA

Na “Casa Verde” cultiva-se a esperança num mundo mais sustentável Fo

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Lísia Lopes faz parte da equipa do Herbário da UA e Raquel Gomes é coor-denadora do Centro ATL no CIAQ. As duas entidades associaram-se para proporcionar a cerca de 80 crianças do 1º ciclo todo um programa de atividades que passa pela sementeira, plantação, monda, colheita, recolha de sementes, preparação, secagem, entre várias outras tarefas que enquadram os muitos usos das plantas. A compreensão da presença das plantas no dia a dia, cuidar delas e a perceção da sua importância para um mundo mais equilibrado ajudam a formar melhores cidadãos, explicam as orientadoras.

Na Hora Verde, uma hora às quartas e outra às quintas, as crianças do CATL aprendem a conhecer as plantas, como se cultivam, ouvem falar da sua utilidade e no quanto dependemos delas. Para além disso, começam a perceber que a diversidade de plantas está associada a um conceito muito mais vasto, a biodiversidade, e que muitas atividades realizadas na Hora Verde fazem mais sentido reutilizando materiais bem conhecidos: embalagens de iogurte, couvettes de gelado e latas de diversos tamanhos podem servir para sementeira e para as primeiras fases do desenvolvimento das plantas; um antigo armário para guardar preparações num laboratório, pode agora arquivar saquinhos com sementes; paletes e estrados de madeira foram usadas para construir uma grande mesa de trabalho…

uma aromática porta para a sustentabilidadeA Casa Verde funciona como estufa para as primeiras fases do desenvolvimento das plantas, incluindo sementeira e outras formas de propagação, mas

também ali podem funcionar várias outras atividades, como a recolha de sementes, a secagem e tarefas diversas de preparação das plantas. Por exemplo, as crianças do CATL assinalaram o Dia do Pai oferecendo pequenos vasos com uma variedade de menta à sua escolha. Ou, ainda mais recentemente, uma feira de flores para incentivar o convívio entre os membros desta comunidade de pais, filhos e funcionários do CIAQ e, mais uma vez, sensibilizar para a importância das plantas.

As plantas aromáticas, medicinais ou condimentares, um mundo de aromas, cores e sabores, em suma, de sensações, serve de porta de entrada ao imenso mundo das plantas. O forte cheiro da hortelã-das-cozinhas, algo doce e refrescante, algumas vezes lembrando laranja ou maçã, tantas vezes usado para dar um toque especial à canja, o tomilho-limão, o manjericão e outras plantas aromáticas são o mote para despertar o gosto pelo cultivo, mas também ajudam nos primeiros contactos com os conceitos de biodiversidade. O uso de materiais rejeitados, muitos trazidos de casa, em atividades que envolvam as plantas, junta outros conceitos, como os de reciclagem e reutilização, proteção do ambiente, completando o leque para chegar, afinal, a um conceito mais vasto e pretendido no projeto que é o de sustentabilidade.

As atividades em parceria realizadas com as crianças já mostram resultados. No espaço aberto no interior do CIAQ começam a compor-se, entre uma multitude de outras espécies, um jardim de aromáticas, devidamente identificadas, um canteiro de arbustos ornamentais

como o folhado, pouco comum nos nossos jardins, ou o pilriteiro, que dá bagas muito apreciadas pelas aves e, portanto, com importante papel na preservação da biodiversidade. Um outro canteiro com morangueiros começa agora a dar frutos que já servem de petisco a melros mais destemidos.

De pequenino…Num almoço que inclui salada, batata ou feijão, sumo de fruta, programas como este ajudam as crianças a perceberem que, destes ingredientes, a planta não é só a alface de cor verde e que nada disto nasce nos supermercados. É preciso que alguém prepare a terra, cultive, colha e prepare os condimentos da nossa vida, sendo cada vez mais importante o contributo de cada um de nós num mundo que se quer acolhedor para as novas gerações, sublinha Rosa Pinho, responsável pelo Herbário da UA. Estas tenras idades são ideais para os primeiros contactos com estes conceitos, acrescenta ainda a responsável pelo Herbário.

O projeto Hora Verde, que surgiu por iniciativa do CIAQ, bem acolhida pela equipa do Herbário da UA, constitui um exemplo de educação para biodiversidade e para a sustentabilidade que Lísia Lopes gostaria de ver multiplicado por outros centros educativos para crianças do mesmo nível de ensino, ou seja até ao 4º ano de escolaridade.

Além do mais, incidindo sobre uma estrutura do campus universitário, a Hora Verde é um projeto que vai ao encontro dos objetivos do Campus Sustentável, projeto da UA para tornar o campus de Santiago ainda mais sustentável, sublinha a coordenadora do Herbário da UA.

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CTEsP: NOVA OPçÃO NO ENsINO suPERIOR COM “APLICAçÃO MAIs IMEDIATAConseguir com os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) um acréscimo de 10 por cento de jovens a chegar ao Ensino Superior, nos próximos anos, para além dos atuais 40 por cento, é a expectativa do secretário de Estado, José Ferreira Gomes. O secretário de Estado do Ensino Superior começou na UA, a 5 de maio, uma campanha pelas instituições de ensino superior politécnico ou com politécnico integrado para divulgação desta nova tipologia de formação que, como dizia a gestora de Recursos Humanos da Grohe, combina bem “saber saber e saber fazer”.

José Ferreira Gomes enquadrou a criação desta nova oferta formativa, prevista desde o início da Declaração de Bolonha, na estratégia do Ministério da Educação e Ciência de dotar os jovens com competências para que, no final de um ciclo de estudos, possam dizer: “Eu sei fazer isto”. Nesse sentido, foram criados os CTeSP para colmatar uma lacuna no ensino nacional quanto a cursos correspondentes ao nível 5 de qualificações segundo a OCDE.

A UA, para além dos três CTeSP já iniciados durante este ano letivo, propôs mais 10 cursos com esta tipologia para funcionarem nas suas quatro escolas politécnicas.

Aconteceu na uA

Research Day: troca de experiências de investigação e distinção aos melhores

O Research Day constitui um momento de balanço sobre a mais recente investigação feita na UA e de troca de experiências entre as equipas e investigadores da academia. Este ano decorreu a 20 de maio e integrou no programa, como convidados externos, entidades gestoras de ciência, dirigentes de instituições de investigação estrangeiras e unidades de inovação em empresas.

Apesar da UA estar bem posicionada nos rankings internacionais e a sua prestação ser incremental, nomeadamente quanto ao número de publicações, ainda há margem para melhorar, dado que o impacto dessas publicações pode subir bastante mais, salienta o Vice-reitor para a área da Investigação, José Fernando Mendes. Assim como a criatividade, a excelência, em suma, a qualidade do que se produz, acrescenta.

No final do dia foram entregues os prémios para investigadores do mês e também aos melhores dos cerca de 200 posteres que se apresentaram no Research Day. Distinguidos como Researcher of the Month: Carlos Fernandes da Silva, Departamento de Educação/CINTESIS; Isabel Duarte, Departamento de Engenharia Mecânica /TEMA; João Paulo Davim, Departamento de Engenharia Mecânica; João Rocha, Departamento de Química/CICECO; João Tedim, Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica/CICECO; Mercedes Vila, Departamento de Engenharia Mecânica/TEMA; Milton Santos, Escola Superior de Saúde da UA; Uwe Kähler, Departamento de Matemática/CIDMA. Pósteres distinguidos na área Artes e Humanidades: Inês Lamelas; esta área incluiu duas Menções Honrosas: Mariana Clemente; Margaret Gomes. Póster distinguido na área das Ciências: Patrícia M. R. Pereira; Póster distinguido na área das Engenharias: Gil M. Fernandes.

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aconteceu na ua5353

DOuTORAMENTO HONORIs CAusA ATRIBuíDO A PAuL O´BRIENFundador e professor da Escola de Química da Universidade de Manchester, Paul O’Brien, um dos mais eminentes químicos europeus na área dos materiais, recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela UA. Fellow of the Royal Society, a mais importante distinção que um cientista pode receber no Reino Unido, e membro da Academia Europeia de Ciências, Paul O’Brien foi distinguido a 4 de maio pela academia de Aveiro. Manuel António Assunção, Reitor da UA, Júlio Pedrosa, antigo Reitor da academia e padrinho do homenageado, e José Ferreira Gomes, secretário de Estado do Ensino Superior, marcaram presença na sessão que trouxe Paul O'Brien para a família UA.

(ESTGA), o primeiro realizado no país sobre o impacto da existência de estágios curriculares na empregabilidade dos licenciados.

A investigação da ESTGA aponta ainda que, nos cursos politécnicos, o facto de os estágios serem obrigatórios tende a reduzir em 28 por cento a taxa de desemprego dos alunos formados. Os resultados do estudo sugerem, ainda, que a redução da taxa de desemprego é maior (37 por cento) quando os estágios são faseados, por comparação com o modelo de estágios únicos e tendencialmente no final da licenciatura (15 por cento).

“O estudo mostra que os estágios contri- buem efetivamente para a empregabilidade dos licenciados, principalmente se forem estágios faseados ao longo do curso”, aponta Gonçalo Paiva Dias, coordenador da equipa do projeto.

uA REPREsENTADA NO LANçAMENTO DO ANO INTERNACIONAL DA LuzA UA esteve representada no lançamento oficial do Ano Internacional da Luz (AIL), nos dias 19 e 20 de janeiro, na UNESCO, em Paris. Durante o ano de 2015 celebra--se a Luz nas suas variadas dimensões mostrando a importância que a Luz e suas aplicações têm no nosso dia-a-dia. Esta celebração multidisciplinar reforçou que a Luz é central na ciência, tecnologia, arte e cultura. Desta forma, a Luz pode promover educação a diferentes níveis e em diversas áreas.

A UA esteve representada na comitiva nacional através de Pedro Pombo, diretor da Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. Desta comitiva também fizeram parte Carlos Fiolhais, coordenador da Comissão Nacional do Ano Internacional da Luz, e Teresa Peña, presidente da Sociedade Portuguesa de Física.

BEELAB.uA, uM NOVO EsPAçO DEDICADO à TECNOLOgIA DE IMPREssÃO 3DA comunidade académica da UA e os empreendedores associados aos polos da Incubadora de Empresas da Região de Aveiro (IERA) passaram a ter à sua disposição um novo espaço

dedicado exclusivamente à tecnologia de impressão em três dimensões, o BEElab.UA.

Integrado nas instalações da Incubadora de Empresas da UA (IEUA), o BEElab.UA nasceu de uma parceria pioneira entre a BEEVERYCREATIVE, a UA e o Parque de Ciência e Inovação (PCI), com o objetivo de promover a impressão 3D e democratizar a sua utilização na Região de Aveiro.

LICENCIADOs COM EsTÁgIOs CuRRICuLAREs ENCONTRAM EMPREgO MAIs FACILMENTEA existência de estágios curriculares nas licenciaturas disponíveis em Portugal tende a reduzir as taxas de desemprego dos licenciados em cerca de 15 por cento. Quando aplicado ao ensino superior politécnico, o modelo de análise desenvolvido sugere que a redução da taxa de desemprego tende a ser de 27 por cento. Esta é a principal conclusão do estudo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda

uA INVEsTIgA A síNTEsE ‘VERDE’ DE NANOPARTíCuLAs usANDO ExTRATOs DE PLANTAsUma equipa de investigadores da UA desvendou alguns aspetos essenciais do mecanismo da síntese de nanopartículas metálicas utilizando extratos de plantas como agentes redutores e de estabilização. A nova metodologia pode ser utilizada com uma grande variedade de extratos vegetais, tem baixo custo de produção e permite valorizar os resíduos da indústria agroalimentar e agroflorestal.

Por isso, garantem os investigadores da UA, o uso de extratos de plantas ou de resíduos de biomassa é uma alternativa às estratégias convencionais de síntese de nanopartículas muitas das quais envolvendo reagentes perigosos que representam elevados riscos para o ambiente e para a saúde humana.

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monitorização das florestas, que quando realizada é morosa e feita por técnicos no terreno, está já pensado para ser posto ao serviço de explorações agrícolas.

Muito mais do que uma loja online, esta plataforma pretende apoiar criadores emergentes e marcas na área da moda, assegurando assim a visibilidade do seu trabalho junto do público, assinala João Figueiredo.

uA PARTICIPA EM EsTuDO PuBLICADO NA PLOs ONEUm estudo realizado por investigadores da academia de Aveiro, da Universidade de St. Andrews (Reino Unido), da Zoological Society of London (Reino Unido) e da Universidade do Lúrio (Moçambique), publicado na revista PLOS One, mostra que o santuário marinho da Ilha de Vamizi, no norte de Moçambique, permitiu aumentar a abundância de peixe, não apenas dentro da reserva mas também na sua área envolvente.

Esta região é uma das zonas mais pobres do globo, onde os habitantes vivem quase exclusivamente da pesca artesanal exercida nestas zonas de coral. Há 8 anos atrás, foi criado o santuário da Ilha de Vamizi pelo Conselho Comunitário de Pesca (CCP). É gerido pelo CCP e representa um dos únicos modelos ativos de conservação envolvendo a participação conjunta das comunidades, do governo e do sector do turismo em Moçambique.

“DEgEI EM REDE”: DOIs DIAs DE EVENTOs COM MARCA DEgEIO “DEGEI em Rede” consistiu em dois dias de atividades de grande impacto regional e nacional, promovidas pelo Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI) da UA, aos dias 22 e 23 de abril. O evento incluiu as seguintes atividades: as Jornadas do DEGEI 2015 e o Open Day DEGEI, no dia 22 de abril, e a Competição Nacional Universitária Young Talents@UA, no dia 23 de abril.

FuTuROs ENgENHEIROs MECâNICOs DA uA DEsENVOLVEM FERRAMENTAs COMPuTACIONAIs MóVEIsDesenvolver aplicações móveis e produ-tos computacionais potenciadores de estratégias eficientes no domínio ensino/aprendizagem são alguns dos novos desafios propostos aos estudantes do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica da UA.

Essa atividade exploratória foi lançada neste ano letivo aos alunos daquele curso com a orientação do GRIDS, um grupo de investigação do Centro de Tecnologia Mecânica e Automação e do Departamento de Engenharia Mecânica, dedicado às áreas da Engenharia Mecânica e com um forte caráter computacional.

uA DEsENVOLVE O PRIMEIRO DRONE DE MONITORIzAçÃO DA sAúDE DAs FLOREsTAsÉ o primeiro drone preparado para monitorizar o estado da saúde das áreas florestais. Desenvolvida na UA, a tecnologia acoplada ao veículo aéreo não tripulado (VANT) permite avaliar o grau de impacto de vários fatores de stress numa área florestal, seja os causados pela falta de água ou de nutrientes, seja os provocados por doenças ou ataques de insetos e fungos.

O projeto, que numa primeira fase pretende mudar o paradigma da

INVEsTIgADOREs DEsENVOLVERAM EsTuDO sOBRE A AVALIAçÃO DA PERIgOsIDADE E RIsCO sísMICO NO NEPALO estudo “Avaliação da perigosidade e risco sísmico no Nepal” desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento de Hemchandra Chaulagain (investigador nepalês), no Departamento de Engenharia Civil da UA, ao abrigo do programa EUNICE – Erasmus Mundus, analisou o risco sísmico de todo o Nepal. Considerou os vários tipos de edifícios existentes (construção em terra (adobe), construção em alvenaria, construções em madeira e construções em betão armado).

Parte do estudo foi publicado no mês de abril, dias antes do sismo, na revista internacional da área dos riscos naturais “Natural Hazards”.

ANTIgO ALuNO LANçA PLATAFORMA PARA DAR VIsIBILIDADE A NOVOs CRIADOREs DE MODASusana Bettencourt, criadora de colares usados por Lady Gaga, Celsus, autor do projeto “Vestir Aveiro”, e a marca Rasto que projecta roupa para o ciclista urbano, são apenas alguns dos criadores já representados pela nova plataforma Minty.

A plataforma, concebida por João Figueiredo, antigo aluno da UA, e Ana Cravo, foi disponibilizada na sua versão beta. O projeto está a beneficiar do apoio do programa Passaporte para o Empreendedorismo.

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aconteceu na ua55

MEsTRADO EM CRIAçÃO ARTísTICA CONTEMPORâNEA EM ALTA NA REDE INTERNACIONAL CREART 2015O aluno do Mestrando em Criação Artística Contemporânea da UA, Hermano Noronha, e o antigo aluno do mesmo curso, Rogério Guimarães, foram escolhidos para mostrar os seus trabalhos fora de portas no âmbito da rede internacional CreArt, Rede de Cidades para Criação Artística, com sede em Valladolid. A Câmara Municipal de Aveiro é parceira do CreArt. Paulo Bernardino, docente da UA, fez parte do júri nacional.

âmbito do seminário “Áreas Protegidas: marcas e modelos de gestão”.

DEsCOBERTAs EsTRuTuRAs CALCÁRIAs FORMADAs POR MICROALgAs DE CORAIsA descoberta, por investigadores da UA, de estruturas calcárias formadas por algas unicelulares, mais conhecidas por viverem em simbiose com corais, traz uma perspetiva inteiramente nova sobre a ecologia destes organismos. Trata-se de dinoflagelados do género Symbiodinium.

DINOssAuROs PORTuguEsEs E LINCE-IBÉRICO EM ETIQuETAs E sELOs DOs CORREIOsOs grandes carnívoros jurássicos portugueses figuram numa nova emissão de etiquetas autocolantes dos CTT, a serem fornecidas pelas máquinas automáticas de impressão de franquia, da autoria de Fernando Correia, docente da UA. A emissão foi lançada a lançada 4 de maio pelos CTT, dias depois da série de selos sobre o Lince-ibérico, também criada pelo mesmo autor. No caso das etiquetas sobre dinossauros, o autor procurou não só representar os grandes carnívoros lusos, como também prestar homenagem à evolução dos modos de representação em ilustração paleontológica.

Os cinco selos, representando cinco fases da vida do lince-ibérico, ilustram momentos marcantes do ciclo de vida de uma das espécies de felinos mais ameaçada de extinção em todo o mundo, o Lince-ibérico (“Lynx pardinus”).

A série de selos foi apresentada a 30 de abril, no Centro Cultural de Belém, no

A descoberta consta de um artigo assinado por cinco investigadores da UA e um colega da Universidade de Tecnologia de Sydney publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA” (PNAS).

ExPOsIçÃO COLETIVA DE IMAgENs CIENTíFICAs “NANOs”No âmbito das comemorações do Ano Internacional da Luz – 2015, a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro e a UA promoveram a Exposição Coletiva de Imagens Científicas “Nanos”. Esta exposição é da autoria de 20 investigadores da UA que integram os laboratórios associados CICECO e I3N e tem como curadores os investigadores Rui Nuno Pereira (I3N) e Sérgio Pereira (CICECO).

A exposição está patente ao público até 30 de maio de 2015.

uNAVE E uNIÃO DAs IPss DE AVEIRO REúNEM EsFORçOs PARA A FORMAçÃO DE FuNCIONÁRIOs E DIRIgENTEsA UNAVE – Associação para a Formação Profissional e Investigação da UA, e a União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Aveiro (UDIPSSAVEIRO) assinaram dia 7 de abril um protocolo de cooperação tendo em vista a formação de colaboradores e dirigentes das IPSS da região.

O protocolo, assinado por Lacerda Pais, em nome da UDIPSSAVEIRO, e por José Alberto Fonseca, em representação da UNAVE, prevê a colaboração entre as duas entidades ao nível da deteção de carências, da conceção, promoção e realização de ações de formação capazes de responderem às necessidades de atualização/adequação das capacidades decorrentes dos novos desafios, como o envelhecimento da população, com que dirigentes e colaboradores das Instituições particulares de solidariedade social são chamados a lidar no seu quotidiano.

ATLETAs DA uA CONQuIsTAM Os MELHOREs REsuLTADOs DE sEMPRE NOs CAMPEONATOs NACIONAIs uNIVERsITÁRIOsAs equipas de basquetebol feminino e masculino e a equipa de andebol feminino da Associação Académica da Universidade de Aveiro alcançaram o primeiro lugar nos Campeonatos Nacionais Universitários (CNU) que decorreram em Braga e em Guimarães de 19 a 26 de abril.

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linhas maio 2015

CEBT Ibérico, o concurso Prototransfer (apoio à materialização de protótipos orientados para o mercado), e as ações de capacitação em valorização de tecnologias.

A UA acolheu, a 20 de fevereiro, a primeira sessão, em torno das compe-tências de caráter não-técnico/científico, indispensáveis aos profissionais e cidadãos do século XXI.

Nesta primeira sessão pretendeu-se fomentar a convergência dos olhares académico e profissional, a partilha e a reflexão sobre as práticas atuais da academia e a discussão sobre perspetivas futuras em torno das questões: Que competências? Como são promovidas? Como são avaliadas? Como são reconhecidas?

Os novos campeões nacionais da UA são apenas a ponta do icebergue de uma fantástica participação dos atletas da academia que, em oito modalidades, alcançaram o pódio. As equipas da UA atingiram mesmo o melhor resultado de sempre em modalidades coletivas nos CNU que este ano reuniram 2300 estudantes-atletas de todo o país.

uA ACOLHEu APREsENTAçÃO DE TRês INICIATIVAs DE APOIO AO EMPREENDEDORIsMOConcurso de ideias de negócio “Wanted Business Ideas”, 6.ª edição do Building Global Innovators e 3.ª edição do Programa +Inovação +Indústria foram dados a conhecer aos membros da academia. O evento de apresentação das três iniciativas de apoio ao empreendedorismo decorreu a 16 de abril.

COMPOsITORAs PORTuguEsAs DOs sÉCuLOs xx E xxI EM DEsTAQuE NO BRAsILO Performa Ensemble esteve em digressão por várias salas de espetáculo no Brasil para dar a conhecer obras para flauta e piano de compositoras portuguesas dos séculos XX e XXI.

Jorge Correia, Helena Marinho e Sara Carvalho, docentes da área de música do Departamento de Comunicação e Arte, interpretaram e comentaram novas composições para o público brasileiro.

PARCEIROs DO PROJETO INEsPO 2 APREsENTARAM REsuLTADOs EM BROkERAgE EVENTA UA, juntamente com os restantes parceiros do projeto transfronteiriço INESPO 2 – Innovation Network Spain--Portugal, promoveram, nos dias 28 e 29 de abril, um Brokerage Event com o intuito de dar a conhecer os resultados do trabalho efetuado pelas dezenas de alunos e investigadores envolvidos no projeto.

O programa do Brokerage Event con-templou a apresentação das políticas e estratégias da Região Centro, balanço e desafios do POCTEP – Programa de Cooperação Transfronteiriça Portugal/Espanha, bem como oportunidades de financiamento por Business Angels. Foram igualmente apresentados os projetos e tecnologias apoiadas no âmbito do INESPO 2, como sendo o

uA RECEBE DIsCussÃO sOBRE “COMPETêNCIAs TRANsVERsAIs NO ENsINO suPERIOR: PERCEçõEs, PRÁTICAs E DEsAFIOs”No âmbito do projeto “Pensar e Partilhar Práticas de Qualidade no Ensino Superior” a UA, em associação com outras instituições de ensino superior, promoveu um ciclo de cinco sessões dedicadas à partilha e divulgação de boas práticas de ensino e aprendizagem, que decorreu entre fevereiro e abril de 2015.

PROJETOs DE ALuNOs DE DEsIgN NA EuNIQuEProjetos desenvolvido pelos alunos de Projeto em Design III, do 2º ano da Licenciatura em Design da UA, estive- ram patentes na EUNIQUE 2015 – International Fair for Applied Arts and Design, em Karlsruhe, na Alemanha, de 8 a 10 de maio. Os trabalhos foram realizados por alunos de licenciatura e mestrado, no âmbito da participação das Aldeias de Xisto que representaram Portugal no certame. “Agricultura Lusitana” foi o tema central desta participação portuguesa.

Os projetos que os alunos da UA apre-sentam nesta exposição relacionam-se com temas como o linho, o medronheiro, as máscaras de entrudo, a agricultura medicinal, o alambique, a land art, a peneira, o pão, a latoaria ou a castanha portuguesa. A participação da UA, uma das várias instituições nacionais intervenientes na EUNIQUE, sob o tema “Agricultura Lusitana”, inclui alunos do segundo ano da licenciatura em Design, divididos em nove grupos, cada um com uma peça, e ainda alunos de

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aconteceu na ua57

mestrado em Design que construíram um observatório do céu a partir do trabalho desenvolvido na aldeia de Fajão, em Pampilhosada Serra.

Célia Alves queimou outros três tipos produzidos a partir de resíduos da indústria mobiliária e da construção civil. O trabalho do CESAM foi financiado pelo projeto europeu AIRUSE, no âmbito do programa LIFE+.

uA PREPARA-sE PARA CANDIDATuRAs NO âMBITO DO PORTugAL 2020A UA criou um grupo de trabalho, designado “UA2020” para estimular e apoiar a participação de forma integrada da comunidade académica no desenvolvimento de candidaturas aos vários programas de financiamento. O grupo de trabalho criado foi apresentado na sessão de esclarecimento e mobilização subordinada ao tema: “As Oportunidades do Portugal 2020 para o Sistema Científico e Tecnológico” que decorreu a 29 de abril, no auditório da Reitoria da Universidade de Aveiro, evento que resultou da colaboração entre a UA e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.

Com o novo quadro de fundos europeus 2014-2020 em curso, a UA tem vindo a organizar-se para corresponder aos desafios e oportunidades do Portugal 2020 e dos Programas Europeus.

Das prioridades e objetivos definidos pela Comissão Europeia para o período de programação 2014-2020, e respetiva transposição para os Estados Membros, resulta um vasto conjunto de programas operacionais e regulamentos que enquadram o apoio financeiro a projetos de natureza diversa. As instituições do Sistema Científico e Tecnológico, dada a diversidade e complexidade da informação, devem mobilizar-se com vista a corresponder ao desafio da competitividade e inovação.

COMPETIçõEs NACIONAIs DE CIêNCIA AssINALARAM 25 ANOsAs Competições Nacionais de Ciência voltaram a reunir milhares de jovens na UA, num evento que foi especial por comemorar 25 anos de existência. Uma exposição fotográfica, várias atividades paralelas e um formato jovem e inovador contribuíram para manter a atualidade desta “grande festa do conhecimento”. Os alunos colocaram à prova, dias 11,

13 e 14 de maio, os seus conhecimentos nas áreas da Matemática, Português, Química, Física, Geologia, Biologia e Literacia Financeira.

O objetivo do Projecto Matemática Ensino (PmatE) é hoje o mesmo que o move há mais de duas décadas: desenvolver conteúdos e eventos ao serviço da promoção do sucesso escolar e da literacia científica, levando a ciência ao público jovem, de forma lúdica e divertida. É assente num espírito jovem e irreverente que o PmatE tem vindo a promover diversas iniciativas marcantes para todos quantos fazem parte do ensino: já foi de camião TIR às escolas (CAIXAmat); desenvolveu vários projetos de cooperação (OUTclass, Pensas@MOZ e CPLP nas Escolas); lançou um programa de comunicação e divulgação de ciência (Geração 2030); esteve na estrada com uma exposição itinerante de educação financeira (Educação + Financeira); promoveu encontros de professores em diversos distritos (OFA e AFI) e além-fronteiras (Bienal, Literacia Financeira), entre muitos outros notáveis eventos. As Competições Nacionais de Ciência são o rosto mais emblemático de todo o seu percurso.

METAIs PEsADOs PERIgOsOs EM BIOCOMBusTíVEIs DOMÉsTICOsZinco, chumbo, ferro e arsénio são alguns dos metais pesados descobertos por uma equipa da UA nas partículas emitidas durante a queima de vários tipos de pellets à venda no mercado nacional. Potenciadores de múltiplas doenças respiratórias e desencadeadores de cancro, os elevados teores de metais identificados pelos investigadores resultam da utilização, no fabrico das pellets, de resíduos de madeiras provenientes da indústria mobiliária e da construção civil que contêm colas e tintas ou que foram tratadas com biocidas para evitar a infestação.

Sem legislação que regulamente o fabrico deste biocombustível e, principalmente, que proíba o uso de metais pesados na sua composição, as pellets fabricadas em Portugal, face ao preço elevado dos combustíveis tradicionais, são cada vez mais utilizadas em recuperadores de calor doméstico.

No decorrer da investigação a equipa do Centro de estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA queimou quatro tipos de pellets, um deles certificado pelo selo de qualidade EN-Plus, da responsabilidade da Associação Nacional de Pellets Energéticos de Biomassa (ANPEB) e que garante que o biocombustível, ligeiramente mais caro, é feito apenas com madeira sem casca e sujeito a testes físicos e químicos. Além de pellets com rótulo EN-Plus, a equipa liderada pela investigadora

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Oferta formativa 2015/2016

ARTES E HUMANIDADES

Curso de Especialização

Estudos Editoriais

Tradução Especializada – Alemão

Tradução Especializada – Espanhol

Tradução Especializada – Ferramentas de Tradução

Tradução Especializada – Francês

Tradução Especializada – Francês e Alemão

Tradução Especializada – Francês e Espanhol

Tradução Especializada – Inglês

Tradução Especializada – Inglês e Alemão

Tradução Especializada – Inglês e Espanhol

Tradução Especializada – Inglês e Francês

Mestrado

Criação Artística Contemporânea

Design

Estudos Editoriais

Línguas, Literaturas e Culturas

Música

Português Língua Estrangeira/Língua Segunda*

Promoção da Literatura e Bibliotecas Escolares

Tradução Especializada

Programa Doutoral

Design

Estudos Culturais (em associação com a Universidade do Minho)

Música

Tradução e Terminologia

(em associação com a Universidade Nova de Lisboa)

CIÊNCIAS ECONÓMICAS E SOCIAIS

Curso de Especialização

Contabilidade e Auditoria

Contabilidade e Fiscalidade

Contabilidade Pública

Finanças

Línguas e Relações Empresariais

Mestrado

Administração e Gestão Pública

Ciência Política

Contabilidade

Contabilidade Pública

Economia

Estudos Chineses (em associação com o Instituto Superior de Ciências

do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa)

Finanças*

Gestão

Gestão e Planeamento em Turismo

Gestão e Políticas Ambientais

(em associação com as Universidades de Évora e Nova de Lisboa)

Línguas e Relações Empresariais

Marketing

Planeamento Regional e Urbano

Psicologia da Saúde e Reabilitação Neuropsicológica

Curso de Formação Avançada

Contabilidade e Auditoria

Gestão da Tecnologia, Inovação e Conhecimento

Gestão Industrial e Logística

Gestão para Executivos

Turismo

Programa Doutoral

Ciência Política

Contabilidade (em associação com a Universidade do Minho)

Estudos em Ensino Superior

(em associação com a Universidade do Porto)

Marketing e Estratégia

(em associação com as Universidades da Beira Interior e do Minho)

Políticas Públicas

Psicologia

Turismo

CIÊNCIAS DA ENGENHARIA E TECNOLOGIAS

Curso de Especialização

Comunicação Multimédia

Riscos e Reabilitação Sustentável

Temas de Engenharia Cerâmica

PÓS-GRADUAÇÃOEU ESCOLHOAVANÇAR.Universidade de AveiroServiços de Comunicação,Imagem e Relações PúblicasCampus Universitário de Santiago3810-193 Aveiro Portugal

tel.: (+351) 234 370 200fax: (+351) 234 370 985e-mail: [email protected]

www.ua.ptwww.facebook.com/universidadedeaveirowww.youtube.com/universidadedeaveirotwitter.com/univaveiroinstagram.com/universidadedeaveiro

universidadede aveiro

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Mestrado

Biotecnologia

Comunicação Multimédia

Engenharia Civil (mestrado integrado)

Engenharia de Automação Industrial

Engenharia de Computadores e Telemática (mestrado integrado)

Engenharia de Materiais

Engenharia do Ambiente (mestrado integrado)

Engenharia e Design de Produto

Engenharia e Gestão Industrial

Engenharia Eletrónica e Telecomunicações (mestrado integrado)

Engenharia Física (mestrado integrado)

Engenharia Geológica

Engenharia Mecânica (mestrado integrado)

Engenharia Química (mestrado integrado)

Estudos Ambientais

(Erasmus Mundus – JEMES em associação com as Universidades

de Aalborg, Autónoma de Barcelona e Tecnológica de Hamburgo)

Functionalized Advanced Materials and Engineering

(Erasmus Mundus – FAME em associação com o Instituto Nacional

Politécnico de Grenoble e com as Universidades de Augsburg, Bordeaux 1,

Catholique de Louvain, Liege and Technische Darmstad)

International Master in Advanced Clay Science

(Erasmus Mundus – IMACS em associação com as Universidades

de Poitiers, Creta, Ottawa e Porto Alegre)

Materiais e Dispositivos Biomédicos

Sistemas de Informação

Sistemas Energéticos Sustentáveis

Curso de Formação Avançada

Computação Móvel

Eficiência Energética e Energias Renováveis

Gestão Ambiental nas Organizações

Poluição e Gestão Ambiental

Projeto de Sistemas Rádio

Sistemas de Gestão Ambiental e Auditoria

Programa Doutoral

Ciência e Engenharia de Materiais

Ciência e Tecnologia Alimentar e Nutrição

(em associação com as Universidades do Minho e Católica Portuguesa)

Ciências e Engenharia do Ambiente

Engenharia Civil

Engenharia da Refinação, Petroquímica e Química

(em associação com as Universidades de Coimbra, Nova de Lisboa,

do Porto e Técnica de Lisboa)

Engenharia e Gestão Industrial

Engenharia Eletrotécnica

Engenharia Física

Engenharia Informática

Engenharia Mecânica

Engenharia Química

Informação e Comunicação em Plataformas Digitais

(em associação com a Universidade do Porto)

Informática (em associação com as Universidades do Minho e Porto)

Materiais e Processamentos Avançados

Nanociências e Nanotecnologia

Telecomunicações

(em associação com as Universidades do Minho e Porto)

Território, Risco e Políticas Públicas

(em associação com as Universidades de Coimbra e Lisboa)

CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

Curso de Especialização

Ilustração Científica

Mestrado

Biologia Aplicada

Biologia Marinha

Biologia Molecular e Celular

Bioquímica

Ciências do Mar e das Zonas Costeiras

Ecologia Aplicada

Física

Geomateriais e Recursos Geológicos

(em associação com a Universidade do Porto)

Matemática e Aplicações

Matemática para Professores

Meteorologia e Oceanografia Física

Microbiologia

Química

Toxicologia e Ecotoxicologia

Curso de Formação Avançada

Ciências do Mar

Geo-Engenharia de Reservatórios Carbonatados

(em associação com as Universidades de Lisboa, Técnica de Lisboa,

Estadual de Campinas, Estadual Paulista, a Galp Energia e a Petrobras)

Hidrogeofísica

Reabilitação de Solos

Programa Doutoral

Biologia

Biologia e Ecologia das Alterações Globais

(em associação com a Universidade de Lisboa)

Bioquímica

Ciência, Tecnologia e Gestão do Mar

(em associação com as Universidades do Minho, Trás-os-Montes

e Alto Douro, Vigo, Santiago de Compostela e Coruña)

Ciências do Mar

(Erasmus Mundus – MARES em associação com as Universidades

de Ghent, Bremen, Bolonha, Algarve, Plymouth, Gdansk, Klaipeda, Pavia,

Paris Marie Curie e com os Institutos Galway Mayo Institute of Technology,

Flanders Marine Institute and Royal Netherlands Institute for Sea Research)

Ciências do Mar e Ambiente

(em associação com as Universidades do Algarve e Porto)

Física (em associação com as Universidades do Minho e Porto)

Geociências (em associação com a Universidade do Porto)

Gestão Marinha e Costeira

(Erasmus Mundus – MACOMA em associação com as Universidades

de Cádiz, Algarve, Bolonha e Estatal Russa de Hidrometeorologia)

Matemática

Matemática Aplicada*

(em associação com as Universidades do Minho e Porto)

Matemática e Aplicações

(em associação com a Universidade do Minho)

Química

Sistemas Energéticos e Alterações Climáticas

CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DA SAÚDE

Mestrado

Biomedicina Molecular

Enfermagem de Saúde Familiar (em associação com o Instituto

Politécnico de Bragança e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)

Gerontologia

Tecnologias da Imagem Médica

Programa Doutoral

Biomedicina

Ciências e Tecnologias da Saúde

Gerontologia e Geriatria (em associação com a Universidade do Porto)

EDUCAÇÃO

Mestrado

Educação e Formação*

Educação Pré-Escolar e Ensino no 1º Ciclo do Ensino Básico*

Ensino de Biologia e de Geologia no 3º Ciclo do Ensino

Básico e no Ensino Secundário

Mestrado em Ensino de Inglês e de Língua Estrangeira

no 3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário,

na especialidade de Alemão ou Francês ou Espanhol

Ensino de Inglês no 1º ciclo do Ensino Básico*

Ensino de Matemática no 3º Ciclo do Ensino Básico

e no Ensino Secundário

Ensino de Música

Mestrado em Ensino de Português e de Língua Estrangeira

no 3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário,

na especialidade de Alemão ou Francês ou Espanhol

Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico e de Matemática

e Ciências Naturais no 2º Ciclo do Ensino Básico*

Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico e de Português

e História e Geografia de Portugal no 2º Ciclo do Ensino Básico

Programa Doutoral

Educação

História das Ciências e Educação Científica

(em associação com a Universidade de Coimbra)

Multimédia em Educação

* novo ciclo de estudos a aguardar decisão final da A3ES –

Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior.

Candidaturas em: paco.ua.pt2ª fase – 6 de julho a 24 de agosto3ª fase – 21 a 27 de setembro

Os ciclos de estudo conjuntos com outras instituições poderão

ficar sujeitos a um calendário de candidatura próprio.

PÓS-GRADUAÇÃOEU ESCOLHOAVANÇAR.Universidade de AveiroServiços de Comunicação,Imagem e Relações PúblicasCampus Universitário de Santiago3810-193 Aveiro Portugal

tel.: (+351) 234 370 200fax: (+351) 234 370 985e-mail: [email protected]

www.ua.ptwww.facebook.com/universidadedeaveirowww.youtube.com/universidadedeaveirotwitter.com/univaveiroinstagram.com/universidadedeaveiro

universidadede aveiro

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agenda

30 DE MAIOSessão académica de entrega dos diplomas aos últimos graduados da UA

1 › 2 DE JuNHOFórum Internacional do Património Arquitetónico Portugal/Brasil

3 DE JuNHO I Encontro Nacional Clube de Empresários Alumni UA

3 DE JuNHOSessão de abertura oficial da safra 2015 na Marinha Santiago da Fonte

3 › 5 DE JuNHO Visitas guiadas à Marinha Santiago da Fonte – no âmbito da Green Week Europe

5 DE JuNHOSessão de encerramento do ano letivo do programa doutoral em políticas públicas “A quarta dimensão da universidade”, por Adriano Moreira

11 DE JuNHOCiclo “Quinta das Ria”: “A proteção da qualidade da água na Ria de Aveiro”

22 › 24 JuNHO3º Congresso Internacional “Cocoa Coffee and Tea 2015”

1 › 2 DE JuLHO Fórum Internacional “Re-engineering the tourism labour market through gender-aware research”

6 › 8 DE JuLHOConferência Internacional “Industrial Engineering and Operations Management”

6 DE JuLHO › 14 DE AgOsTO2ª fase de candidatura ao concurso especial de acesso e ingresso para Estudantes Internacionais

6 DE JuLHO › 24 DE AgOsTO2ª fase de candidatura a pós-graduação da UA

8 › 11 DE JuLHO3º Congresso Internacional de Educação Ambiental dos Países e Comunidades de Língua Portuguesa

9 DE JuLHOCiclo “Quintas da Ria”: “Políticas públicas e governação partilhada na Ria de Aveiro”

20 DE JuLHO › 7 DE AgOsTO1ª fase de candidatura ao concurso nacional de acesso ao ensino superior

20 DE JuLHO › 14 DE AgOsTOCandidatura a concursos especiais de acesso à UA

2 › 13 DE sETEMBRO1ª fase de candidatura aos Cursos Técnicos Superiores Profissionais da UA

7 › 18 DE sETEMBRO2ª fase de candidatura ao concurso nacional de acesso ao ensino superior

17 › 18 DE sETEMBRO10ª Conferência de Telecomunicações, Conftele 2015

17 › 20 DE sETEMBROI Congresso Internacional de Música Eletroacústica de Aveiro – Electroacoustic Winds 2015

17 › 22 DE sETEMBRO16ª Conferência “Science of Aphasia” sob o tema “Neuroplasticity and Language”

21 › 27 DE sETEMBRO3ª fase de candidatura a pós-graduação da UA

23 › 25 DE OuTuBROXI Congresso Nacional de Neurorradiologia “Intervenção diagnóstica e terapêutica na fase aguda do AVC”

1 › 5 DE OuTuBRO3ª fase de candidatura ao concurso nacional de acesso ao ensino superior

1 › 31 DE DEzEMBRO3ª fase de candidatura ao concurso especial de acesso e ingresso para Estudantes Internacionais

Mais informações em: uaonline.ua.pt