linguagens, códigos & suas tecnologias o texto literÁrio e...
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
AULA 1 – O TEXTO LITERÁRIO E SEUS RECURSOS EXPRESSIVOS
2. Exercício
1.INTRODUÇÃO
Sabemos que o reino das palavras é farto. Elas brotam de nosso
pensamento de maneira natural, não temos a preocupação de elaborar o que
dizemos ou até mesmo escrevemos. As palavras, contudo, podem ultrapassar
seus limites de significação. Podendo assim, conquistar novos espaços e passar
novas possibilidades de perceber a realidade. O caminho que a literatura percorre
é este. O artista sente, escolhe e manipula as palavras, as organiza para que
produzam um efeito que vá além da sua significação objetiva, procurando
aproxima-las do imaginário. A obra do escritor é fruto de sua imaginação, embora
seja baseado em elementos reais. Da concretização desse trabalho surge então a
obra literária
2. LINGUAGEM CONOTATIVA: a linguagem da literatura e da
arte
Veja no quadro abaixo as diferenças entre linguagem
denotativa e linguagem conotativa:
DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO
A palavra tem significado
restrito.
A palavra tem significado amplo,
criado pelo contexto.
O sentido da palavra é comum, o
do dicionário.
O sentido das palavras é
carregado de contexto emotivo,
social, ideológico, etc.
A palavra é utilizada de modo
objetivo: diz-se o que se quer
dizer.
Utiliza-se a palavra de modo
criativo, artístico.
A linguagem é exata e precisa: o
objetivo é deixar claro o que está
sendo dito.
A linguagem é expressiva,
possui mais de um significado.
Observe o poema abaixo, da poetisa mineira Adélia Prado
TREM DE FERRO
Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica, mas atravessa a noite, a madrugada, o dia, atravessou minha vida, virou só sentimento.
Adélia Prado
COMENTÁRIOS
01) (ENEM 2013) Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas
brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001
A memória é um importante recurso do patrimônio cultural de uma
nação. Ela está presente nas lembranças do passado e no acervo
cultural de um povo. Ao tratar o fazer poético como uma das
maneiras de se guardar o que se quer, o texto
(A) ressalta a importância dos estudos históricos para a construção da memória social de um povo.
(B) valoriza as lembranças individuais em detrimento das narrativas populares ou coletivas.
(C) reforça a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os valores humanos.
(D) destaca a importância de reservar o texto literário àqueles que possuem maior repertório cultural.
(E) revela a superioridade da escrita poética como forma ideal de preservação da memória cultural.
COMENTÁRIOS
3. GABARITO
1-C
Linguagens, Códigos & suas tecnologias
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
AULA 2 : A PRODUÇÃO LITERÁRIA NO BRASIL: AS PRIMEIRAS VISÕES SOBRE A TERRA E O NATIVO HABITANTE
2. Exercícios
1.INTRODUÇÃO
O QUINHENTISMO, fase da literatura brasileira do
século XVI, tem este nome pelo fato das manifestações literárias se
iniciarem no ano de 1.500, época da colonização portuguesa no
Brasil. Necessariamente nasceu e desenvolveu-se a literatura no
Brasil como rebento da portuguesa e seu reflexo. Somente para o
fim do século XVIII é que entramos a sentir nos poetas brasileiros
algo que os começa a distinguir.
QUINHENTISMO (1500-1601): a chegada dos colonizadores e cronistas estrangeiros e a literatura sobre o Brasil.
Diversos viajantes europeus que estiveram no país durante a colonização do Brasil, no século XVI, registraram suas observações sobre a terra. Fizeram-no por obrigação profissional ou motivos pessoais. Assim, seus textos são basicamente depoimentos e relatos de viagem, com a finalidade de apresentar aos compatriotas um panorama do Novo Mundo. Sob a forma de cartas, diários, tratados ou crônicas esses textos informativos foram escritos principalmente por portugueses e compõem o chamado Período de Informação, Literatura de Informação, ou Literatura Colonial. O primeiro texto da época é a célebre "Carta de achamento do Brasil", de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, D. Manuel 1º., escrita entre abril e maio de 1500, quando a frota de Cabral se preparava para deixar o Brasil, seguindo em direção à Índia. Missionários jesuítas também estiveram no Brasil, a partir do primeiro Governo-geral. Seu objetivo principal era catequizar os índios, convertendo-os ao cristianismo, mas seu trabalho acabou ultrapassando os limites religiosos e interferiu em diversos aspectos da vida colonial, particularmente com a criação de escolas. TODOS ESSES TEXTOS apresentam: aspectos literários e informativos, deslumbramento e fantasia em relação à terra, visão etnocêntrica do colonizador, perplexidade e choque cultural, sentimento nativista, influência em estilos posteriores.
1. (ENEM 2015) A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e essa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida.
GÂNGAVO, P M. A primeira história do Brasil
A observação do cronista português Pero de Magalhães de
Gândavo, em 1576, sobre a ausência das letras F, L e R na língua
mencionada demonstra a
(A) simplicidade da organização social das tribos brasileiras.
(B) dominação portuguesa imposta aos índios no início da
colonização.
(C) superioridade da sociedade europeia em relação à sociedade
indígena.
(D) incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos
portugueses.
(E) dificuldade experimentada pelos portugueses no aprendizado
da língua nativa.
TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco
começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia,
quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam
arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer
coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão
bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.
TEXTO II
PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil: 1956.
2. Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero
Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos
portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que
(A) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras
manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e
preocupa-se apenas com a estética literária.
(B) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados,
cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira
e a contestação de uma linguagem moderna.
(C) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do
colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em
primeiro plano, a inquietação dos nativos.
(D) as duas produções, embora usem linguagens diferentes –
verbal e não verbal -, cumprem a mesma função social e artística.
(E) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos
étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momento histórico,
retratando a colonização.
1. GABARITO 01. D 02. C