liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança...

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO GESTÃO E ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA CLAUDETE SILVA DOS SANTOS VALMIR ROGÉRIO E SILVA VÂNIA DE OLIVEIRA SÁTIRO LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO NA GESTÃO ESCOLAR SEGUNDO OS PRESSUPOSTOS DA TEORIA DA LIDERANÇA SITUACIONAL

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Page 1: Liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança situaciona

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOGESTÃO E ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA

CLAUDETE SILVA DOS SANTOSVALMIR ROGÉRIO E SILVA

VÂNIA DE OLIVEIRA SÁTIRO

LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO NA GESTÃO ESCOLAR SEGUNDO OS PRESSUPOSTOS DA TEORIA DA

LIDERANÇA SITUACIONAL

2007

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CLAUDETE SILVA DOS SANTOSVALMIR ROGÉRIO E SILVA

VÂNIA DE OLIVEIRA SÁTIRO

LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO NA GESTÃO ESCOLAR SEGUNDO OS PRESSUPOSTOS DA TEORIA DA

LIDERANÇA SITUACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, como requisito para a obtenção do título de especialista em Gestão e Organização da Escola.

Maceió

2007

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DEDICATÓRIA

[Dedicamos este trabalho aos nossos

familiares, por todo carinho e apoio].

AGRADECIMENTOS

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Somos infinitamente gratos a Deus por sua presença constante em nossas vidas;

Aos colegas de turma por firmarmos uma amizade que com certeza será vindoura;

A todos que colaboraram para a realização desse trabalho.

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"O líder que exercita o poder com honra

trabalhará de dentro para fora, começando por

si próprio."

Blaine Lee

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SANTOS, Claudete Silva dos; SILVA, Valmir Rogério e; SÁTIRO, Vânia de Oliveira. Liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança situacional. 2007. 29 folhas. Monografia (Gestão e Organização da Escola) - Sistema de Ensino Presencial Conectado. Universidade Norte do Paraná, Maceió, 2007.

RESUMO

A transformação vivenciada atualmente nas escolas com a gestão democrática, centra-se no compartilhamento de tarefas para obtenção de objetivos comuns ao grupo. Para tanto, o papel do gestor, antes voltado simplesmente para a execução das tarefas, passa a exigir competências que estimulem o auto-gerenciamento e, por conseguinte, tornem as equipes autônomas e empreendedoras. É importante que as organizações educacionais busquem uma mudança que permita a prática dessas competências, pois é preciso que haja um ambiente favorável para que o Líder possa conduzir as pessoas, desenvolvendo suas ações. O modelo da liderança situacional baseado na inter-relação entre a quantidade de orientação e direção, de apoio sócio-emocional dado pelo líder e do nível de maturidade dos subordinados no desempenho de uma tarefa, oferece ao gestor uma oportunidade de melhorar a eficácia do grupo. O presente trabalho busca através de um estudo de campo, desenvolver um estudo relacionado à teoria da liderança situacional, apresentando conceitos de liderança, poder, maturidade, motivação, qual o papel e a responsabilidade do líder, quais suas competências. Apresenta os conceitos de liderança situacional, junto às suas abordagens.

Palavras-chave: liderança, motivação, gestão escolar, educação, liderança situacional.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................8

OBJETIVOS .............................................................................................................11

CAPÍTULO 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................12

1.1 LIDERANÇA ...........................................................................................................12

1.2 MOTIVAÇÃO ..........................................................................................................13

1.3 A LIDERANÇA SITUACIONAL.....................................................................................14

1.4 ESTILOS DE LIDERANÇA .........................................................................................15

1.5 PODER .................................................................................................................17

CAPÍTULO 2. METODOLOGIA ....................................................................................19

2.1 LOCAL ..................................................................................................................19

2.2 SUJEITOS .............................................................................................................20

2.3 PROCEDIMENTOS ..................................................................................................20

CAPÍTULO 3. ANÁLISE DOS DADOS ...........................................................................22

3.1 ESCOLA PÚBLICA ..................................................................................................23

3.2 ESCOLA PRIVADA...................................................................................................24

3.3 LIDERANÇA E EDUCAÇÃO .......................................................................................25

CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................26

REFERÊNCIAS.........................................................................................................28

APÊNDICES .............................................................................................................29

Page 8: Liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança situaciona

INTRODUÇÃO

Desde os tempos mais remotos, nas primeiras tentativas do ser

humano de conviver em grupo, já existia a figura do líder. Além disso, desde o

nascimento o homem já está habituado a obedecer aos mais velhos, pais, avós e

aos professores até o término de sua vida escolar. Por este motivo, nem todos os

indivíduos estão preparados para uma real autonomia, sentindo constantemente

grande dificuldade quando necessitam tomar uma decisão importante, por estarem

acostumados a serem dirigidos.

As constantes mudanças ocorridas neste final de século,

possibilitaram ao homem uma profunda reflexão sobre o trabalho em grupo, o

pensar coletivo e a resolução de problemas de modo participativo, principalmente no

seio escolar.

Tratamos aqui de assuntos relacionados à liderança fornecendo

reflexões sobre sua natureza, o modo como se tem sentido a liderança educacional

e as relações com a conquista da autonomia. Refletiremos também sobre a

importância das relações humanas numa gestão escolar que conta com a presença

de um gestor líder.

Liderar é preciso. Mas no processo educacional é complexo porque

há uma heterogeneidade de personalidades, de várias dimensões humanas,

políticas e sociais. Educador e educando diferem quanto à motivação, interesses e

expectativas, necessidades, conteúdos experienciais, variáveis e difíceis, mas, não

impossíveis de trabalhar.

O objetivo deste trabalho é avaliar a influência da liderança na

gestão escolar com base nos pressupostos da teoria da liderança situacional de

BLANCHARD & HERSEY (1986). Foi adotada a metodologia de pesquisa de campo,

que tomará por base a realidade apresentada numa escola da rede pública estadual

e outra da rede privada, ambas situadas no município de Rio Largo-AL.

A justificativa maior para este trabalho é o fato reconhecido que a

relação entre família, escola e sociedade requer a real participação de cada uma das

partes envolvidas. Para que isto ocorra é preciso que sejamos capazes de construir

coletivamente uma relação de diálogo, onde cada um dos envolvidos tenha o seu

momento de fala, onde exista uma efetiva troca de saberes. A construção dessa

relação implica na necessidade de termos um gestor escolar que tenha a

Page 9: Liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança situaciona

capacidade de liderar eficazmente, que possa influenciar pessoas fazendo-as

empenhar-se voluntariamente em objetivos comuns ao grupo, que possua o desejo

de escutar o que está sendo expresso, bem como a flexibilidade para aceitar idéias

que podem ser diferentes das suas.

Partimos para uma análise envolvendo comunidade, pais, alunos

professores, corpo técnico e os funcionários da escola, acompanhada de pesquisas

bibliográficas. Ao analisarmos as questões que envolvem a liderança, observamos

que nenhuma liderança pode ser imposta. O verdadeiro líder, o verdadeiro gestor é

aquele que, através de seus próprios méritos, conquista a liderança, organizando as

ações da escola, cumprindo a missão moral, inspirando confiança e transmitindo

segurança aos seus subordinados. Deve ainda ter um comportamento voltado à

orientação, e acompanhar os trabalhos junto ao grupo, participando do processo de

forma que venha subsidiar, orientar, e trabalhar a maturidade dentro do grupo,

motivando assim os participantes do processo na busca de objetivos comuns. A

participação do líder junto às atividades, discussões, análises e reflexão para a

construção dos trabalhos prioritariamente deve contemplar o acompanhamento de

forma sistemática, desenvolvendo no grupo segurança e confiança pelos liderados.

Um outro aspecto relativo à liderança é que quanto mais

comprometido for o líder, mais aumenta a sua responsabilidade. A auto-realização

profissional também é uma conquista da liderança. Ser gestor-líder é ser alguém que

sugere, não ordena como chefe. É respeitar a capacidade e a iniciativa do pessoal

que compõe o quadro humano da instituição de ensino. Evidentemente que as

escolas cujos diretores praticam um estilo de gestão consultivo e que buscam as

opiniões do coletivo criam um ambiente muito mais eficaz. Implicitamente, nas

atitudes de um bom gestor, está um código de valores. Valores como o

comprometimento, a capacitação, as informações e o planejamento. Exercer a

liderança, nesse sentido, é instaurar a ação coletiva, o espírito de equipe no interior

da escola.

Resumindo, registramos que para a gestão escolar eficaz, é ponto

crucial a comunicação. Saber ouvir é uma arte, e colocar em prática o que ouvimos,

sabendo selecionar idéias criativas e participativas, pode ajudar muito no

desenvolvimento profissional. Um líder inteligente utiliza sua maturidade emocional

para construir uma cultura de respeito mútuo entre as pessoas, fazendo-as crescer e

produzir.

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Este trabalho está dividido em três capítulos e uma conclusão. O

primeiro capítulo traz os pressupostos teóricos que norteiam essa pesquisa, dando

enfoque para a conceituação de liderança e motivação na gestão escolar, dentro da

linha teórica adotada. No segundo capítulo, foram abordados os procedimentos

metodológicos empregados nesta pesquisa. O terceiro capítulo apresenta a análise

dos dados obtidos, para tanto, foram utilizados métodos de observação direta e

questionário para sondagem de características do líder. Nas considerações finais foi

feita uma síntese dos resultados obtidos em nossa pesquisa, avaliando o perfil dos

lideres nas instituições analisadas, segundo a teoria da liderança situacional.

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OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Avaliar a influência da liderança e motivação do gestor escolar para um

melhor rendimento da escola como um todo e sua interação com a família e

sociedade.

Objetivos específicos:

Avaliar a relação entre os gestores analisados e os pressupostos da teoria da

liderança situacional;

Avaliar se a relação entre os segmentos família, escola e sociedade

encontrado nas escolas analisadas propicia o cumprimento do objetivo maior

da educação de fornecer aos alunos saberes para que se tornem cidadãos

críticos e reflexivos;

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CAPÍTULO 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O estudo da liderança e motivação procura responder a complexas

questões sobre a natureza humana. Reconhecendo a importância do elemento

humano para uma gestão e organização escolar eficaz, tentaremos, neste capítulo,

desenvolver um referencial teórico que poderá auxiliar os gestores escolares e

administradores em geral a entender as motivações que geram determinados

comportamentos por parte dos seus funcionários como também, na medida do

possível, através das técnicas de liderança, prever e modificar comportamentos

futuros, visando obter resultados positivos dentro dos objetivos traçados no seu

plano de gestão.

1.1. LIDERANÇA

Em toda parte há uma constante procura por pessoas que tenham a

capacidade necessária para liderar eficazmente. Essa falta de liderança não se

restringe a área educacional, mas ocorre igualmente no governo, nas empresas, nas

fundações, nas igrejas e em todas as outras formas de organização humana.

Quando lamentamos a falta de líderes em nossa sociedade, não estamos falando da

falta de pessoas para preencher cargos administrativos. Falamos sobre a falta de

pessoas que queiram assumir funções significativas de liderança em nossa

sociedade e sejam capazes de exercê-las com competência.

Administrar é, sem dúvida, uma dimensão essencial da liderança.

Envolve gerenciar recursos financeiros; programar, acompanhar e avaliar planos;

organizar, prover, facilitar; criar condições favoráveis ao aproveitamento dos alunos.

Porém isso não basta para fazer com que uma escola se aperfeiçoe e mude.

Administradores intervêm apenas de maneira indireta no trabalho dos professores.

Para que transformações na qualidade do ensino ocorram, é preciso que o diretor vá

além, que atue como líder e influencie diretamente o comportamento profissional dos

educadores.

Diante de tantas discussões, vemos no nosso dia-a-dia certa

dificuldade dos indivíduos envolvidos de descrever com clareza o que é a liderança

Page 13: Liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança situaciona

e motivação. Alegações de que a liderança é um dom dado por Deus para algumas

pessoas são muito comuns, o que faz essas pessoas predestinadas a liderar. Um

dos pontos principais da teoria situacional é o fato da liderança não ser considerada

como um dom, mas como uma habilidade que pode ser desenvolvida e exercitada a

cada dia. Para BLANCHARD & HERSEY (1986) liderança é o processo de

influenciar as atividades de um indivíduo ou de um grupo para a consecução de um

objetivo numa dada situação. Desta definição podemos depreender que o processo

de liderança é uma função do líder, dos liderados e de variáveis situacionais.

Adotamos nesse trabalho o conceito de liderança descrito em

RUFINO (2006) por estar em harmonia com os referenciais teóricos dessa pesquisa

e por descrever a liderança de maneira mais ampla:

[...] um processo de ressonância entre dois seres que lhes permitem alcançarem o desenvolvimento a partir da atitude de um deles, o líder. Leia-se por atitude qualquer estímulo; seja exemplos, valores, conceitos ou o próprio ato em si. O ato de influenciar e servir são meios utilizados para o objetivo máximo da liderança que é o desenvolvimento do ser (RUFINO, 2006. On line).

Observamos que essa definição não faz menção a qualquer tipo

particular de organização. Em toda situação em que alguém procura influenciar o

comportamento de outro indivíduo ou grupo, há liderança. Assim, em um ou outro

momento da vida, todos tentam exercer liderança, quer suas atividades se refiram a

uma organização política ou à familia. Cumpre lembrar que, quando esta definição

mensiona líder ou liderado, não devemos supor que somente uma pessoa procura

influenciar o comportamento de outra, a primeira é o líder potencial e a segunda o

liderado potencial, não importando se esta última é o chefe, um colega, subalterno,

amigo ou parente.

1.2. MOTIVAÇÃO

As pessoas apresentam diferenças entre si não só pela sua

capacidade, mas também por sua vontade de fazer as coisas, isto é, pela motivação.

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A motivação das pessoas depende da intensidade dos seus motivos. Os motivos

podem ser definidos como necessidades, desejos ou impulsos vindos do indivíduo e

dirigidos para objetivos, que podem ser conscientes ou subconscientes. Os motivos

são os porquês do comportamento. Provocam e mantêm as atividades e determinam

a orientação geral do comportamento das pessoas. Resumindo, os motivos ou

necessidades são as molas propulsoras da ação. Nosso comportamento geralmente

é motivado pelo desejo de alcançar algum objetivo. Nem sempre as pessoas têm

consciência dos seus objetivos. Todos nós por vezes nos perguntamos: Por que fiz

isso? Nossa mente nem sempre vê conscientemente a razão das nossas ações.

Como seres humanos, estamos sempre fazendo alguma coisa:

andando, conversando, comendo, dormindo, trabalhando etc. em muitos casos

realizamos mais de uma atividade simultaneamente. A qualquer momento podemos

decidir passar de uma atividade ou conjunto de atividades para outra. Isso levanta

algumas questões importantes. Por que as pessoas se envolvem em certas

atividades, e não em outras? Por que mudam de atividades? Como poderá um

gestor entender, prever e até controlar as atividades de seus funcionários em dado

momento? Para isso, cabe ao gestor saber que motivos ou necessidades das

pessoas originam determinada ação em dado momento.

Por exemplo, quando um professor se irrita facilmente com os

alunos sem motivo aparente, compete ao gestor conhecer os motivos que geraram

tal comportamento, como stress, cansaço físico ou mental, problemas familiares e, a

partir desse diagnóstico prévio, influenciá-lo de maneira positiva para naquele

momento resolver a situação.

1.3. A LIDERANÇA SITUACIONAL

Durante muito tempo a visão mais comum no estudo da liderança

concentrou-se predominantemente nos traços de liderança, na suposição de que

havia certas características, como a força física ou a amabilidade, que eram

essenciais para uma liderança eficaz. Julgava-se que as qualidades pessoais

inerentes ao indivíduo, como a inteligência, eram transferíveis de uma situação para

outra. Como nem todas as pessoas possuem essas qualidades, somente aquelas

que as tinham eram consideradas líderes potenciais. Consequentemente, essa visão

Page 15: Liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança situaciona

das coisas parecia questionar a validade do treinamento de pessoas para assumir

posições de liderança. Se fossemos capazes de identificar e medir essas qualidades

de liderança, teríamos condições de distinguir os “predestinados” líderes dos

liderados.

O enfoque da teoria situacional é o comportamento tal como é

observado, e não alguma hipotética habilidade ou potencialidade inata ou adquirida

de liderança. A ênfase recai sobre o comportamento dos líderes e dos membros dos

seus grupos e as diferentes situações. Com essa ênfase no comportamento e no

ambiente, há mais estímulo para a possibilidade de treinar as pessoas a adaptar os

estilos de comportamento dos líderes às mais diversas situações. Acredita-se que a

maioria das pessoas pode aumentar sua eficácia em funções de liderança através

da educação, do treinamento e do desenvolvimento.

A Teoria Situacional surgiu diante da necessidade de um modelo

significativo na área de liderança, onde defini-se a maturidade como a capacidade e

a disposição das pessoas de assumir a responsabilidade de dirigir seu próprio

comportamento. Portanto, entende-se como Liderança Situacional, o líder que se

comporta de um determinado modo ao tratar individualmente os membros do seu

grupo e de outro quando se dirigir a este como um todo, dependendo do nível de

maturidade das pessoas que o mesmo deseja influenciar. Num contexto geral, ela

pode ser aplicada em qualquer tipo de organização, quer se trate de uma

organização empresarial, educacional, governamental ou militar e até mesmo na

vida familiar.

1.4. ESTILOS DE LIDERANÇA

Na Teoria Situacional existem quatro estilos de liderança:

determinar, persuadir, compartilhar e delegar. Estes estilos formam uma combinação

de comportamento de tarefa e de relacionamento, estabelecendo objetivos e

definindo os papéis das pessoas que são dirigidas pelo líder.

Observe o quadro a seguir:

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Quadro 1 – Estilos de liderança

Determinar

Para maturidade baixa. Pessoas que não tem nem capacidade nem vontade de assumir a responsabilidade de fazer algo, não são seguras de si. Este estilo caracteriza-se pelo fato de o líder definir as funções e especificar o que as pessoas devem fazer, como, quando e onde devem executar vá rias tarefas.

Persuadir

Para maturidade entre baixa e moderada. Pessoas que não tem capacidade e sentem disposição para assumir responsabilidades, mas ainda não possuem as habilidades necessárias. A maior parte da direção a ser tomada neste estilo ainda é dada pelo líder.

Compartilhar

Para maturidade entre moderada e alta. As pessoas possuem capacidade, mas não estão dispostas a fazer o que o líder quer, por não estarem seguras de si mesmas. O líder e o liderado participam juntos da tomada de decisão, sendo o papel principal do líder facilitar a tarefa e a comunicação.

DelegarPara maturidade alta. As pessoas têm capacidade e disposição para assumir responsabilidades. São psicologicamente maduros, não necessitando de uma comunicação acima do normal ou de um comportamento de apoio.

Fonte: MEDEIROS, Alexandre Rodrigues et al. Liderança. Monografia (Curso de Organização, Sistemas e Métodos) – Faculdades Integradas Campos Salles, São Paulo, 2000. Disponível em: http://www.maurolaruccia.adm.br/trabalhos/lider2.htm. Acesso em 25 mar. 2007.

Tendo em vista que o estilo de liderança a ser adotado por

determinado líder depende do nível de maturidade das pessoas que o mesmo

deseja influenciar, devemos mensurar o que é maturidade numa abordagem

situacional. A maturidade divide-se em duas dimensões: maturidade de trabalho e

maturidade psicológica.

A maturidade de trabalho está relacionada com a capacidade de

fazer alguma coisa, referindo-se ao conhecimento e à capacidade técnica. As

pessoas com alta maturidade de trabalho numa determinada área tem o

conhecimento, a capacidade e a experiência necessária para executarem certas

tarefas sem direção da parte de outros.

A maturidade psicológica refere-se à disposição ou motivação para

fazer alguma coisa. Está ligada à confiança em si mesmo e ao empenho. As

pessoas que possuem alta maturidade psicológica julgam que a responsabilidade é

importante, tem confiança em si mesmas e sentem-se bem nesse aspecto do seu

trabalho.

Na Liderança Situacional está implícita a idéia de que o líder deve

ajudar os liderados a amadurecer até o ponto em que sejam capazes e estejam

dispostos a fazê-lo, esse desenvolvimento deve ser realizado ajustando-se o

comportamento de liderança. Independente do nível de maturidade do indivíduo ou

grupo, podem ocorrer algumas mudanças.

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1.5. PODER

Antes de tudo, o gestor precisa entender que com a abertura da

escola para uma atuação maior da comunidade e com a concepção de uma escola

pautada na gestão democrática, consequentemente o gestor escolar de hoje tem

apenas uma quantidade limitada de poder. Seu poder é finito e transitório, pois se

estiver nas mãos dele, um outro profissional, muito provavelmente um dos seus

subordinados, em breve o terá. O poder que dispõe pode, ainda, ser retirado por

força de lei ou negociação. De acordo com a linha da pesquisa, assim se dá a

relação entre liderança e poder:

[...] a liderança se define como o processo de influenciar as atividades de um indivíduo ou grupo para a consecução de um objetivo numa dada situação. Portanto, liderança é simplesmente qualquer tentativa de influenciar, enquanto o poder do líder é o seu potencial de influência, isto é, o poder é o recurso que permite um líder influenciar os outros ou conseguir a sua submissão. (BLANCHARD & HERSEY, 1986. p.218)

Segundo a teoria situacional existem sete bases de poder,

identificadas como possíveis meios para influenciar com sucesso o comportamento

de outros indivíduos, essas bases são definidas conforme abaixo:

Poder de coerção: baseia-se no temor. Um líder com alto poder

coercitivo induz ao cumprimento de suas ordens, porque a desobediência poderá

acarretar punições, tais como execução de tarefas desagradáveis, repreensão ou

até a demissão.

Poder de legitimidade: baseia-se na posição ocupada pelo líder.

Normalmente quanto mais elevada for a posição, tanto maior será o poder de

legitimidade. Um líder com alto poder de legitimidade induz ao cumprimento de suas

ordens ou influencia o comportamento dos outros porque esses percebem que ele,

em virtude do cargo que ocupa na organização, tem o direito de esperar que seus

desejos sejam realizados.

Poder de competência: baseia-se na experiência, habilidade e

conhecimento que o líder possui e que através de respeito influencia os outros. Um

líder com alto poder de competência facilita o comportamento de trabalho dos

demais. Esse respeito induz ao cumprimento dos desejos do líder.

Page 18: Liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança situaciona

Poder de recompensa: baseia-se no poder do líder de

recompensar os outros, que acreditam que o cumprimento das suas ordens lhes

trará incentivos em termos de salário, de promoção ou de reconhecimento.

Poder de referência: baseia-se nas características pessoais do

líder. Um líder com alto poder de referência geralmente é estimado e admirado pelos

outros por causa da sua personalidade. Essa estima, admiração e identificação com

o líder influencia os outros.

Poder de informação: baseia-se na posse ou acesso, por parte do

líder a informações consideradas importantes pelos outros. Esta base de poder

influencia as pessoas porque estas necessitam de tais informações e desejam estar

a par das coisas.

Poder de conexão: baseia-se nas conexões do líder com pessoas

importantes ou influentes dentro ou fora da organização. Um líder com alto poder de

conexão induz outras pessoas a cumprir os seus desejos, porque querem obter

favores ou evitar as ameaças da conexão influente.

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CAPÍTULO 2. METODOLOGIA

2.1. LOCAL

A escola pertencente à rede pública estadual está situada na zona

rural, no Loteamento Santa Maria, bairro Mata do Rolo, no município de Rio Largo,

cidade localizada a 30 km de distância de Maceió, capital do Estado de Alagoas. A

referida instituição é de pequeno porte e faz parte dum conjunto de quatro escolas

estaduais que assistem aos munícipes ofertando ensino fundamental de 1ª a 4ª

série, atendendo apenas no período diurno, tendo como unidade mantenedora a

Secretaria Executiva de Educação do Estado. No aspecto estrutural, a escola revela

um quadro crítico, funciona com salas de aula que comportam muito bem vinte e

cinco alunos em média, no entanto, é comum observarmos turmas com quantidade

superior a quarenta crianças, com o agravante das salas não possuírem ventilação

adequada. O quadro de professores que compõe a escola apresenta-se da seguinte

forma: dois professores estão cursando nível superior, um terço deles está tentando

ingressar na universidade, e apenas um possui nível superior já concluído. Há,

ainda, a atuação de um monitor na instituição.

A Escola da rede privada de ensino está situada à Avenida

Fernando Afonso Collor de Melo, próximo ao Aeroporto Internacional Zumbi dos

Palmares, na cidade de Rio Largo, Estado de Alagoas. A clientela que a freqüenta é

de classe média. A escola funciona no período diurno, tem um espaço físico

privilegiado, com salas amplas e quadra poli-esportiva. Os alunos têm à sua

disposição vários tipos de atividades extra curriculares como balé, ginástica rítmica,

vôlei, futebol de salão, judô, karatê. O corpo docente da escola é todo composto por

profissionais com nível superior, sendo a graduação critério obrigatório para

admissão. Tratando-se de uma escola particular as regras comumente são

acatadas, tanto pelos alunos, como por pais, professores e demais funcionários. Os

alunos são responsabilizados caso cheguem atrasados, ficando registrado em sua

agenda pessoal, o mesmo acontece se comparecerem a escola sem uniforme.

Page 20: Liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança situaciona

2.2. SUJEITOS

Partindo do enfoque da liderança e motivação na gestão escolar

segundo os pressupostos da teoria da liderança situacional, os critérios de escolha

dos sujeitos da pesquisa foram: um gestor escolar da rede pública estadual e um

gestor escolar da rede privada, ambos de nível superior, formados em pedagogia, e

que exerçam o cargo de gestor escolar no município de Rio Largo, Estado de

Alagoas, no ano dessa pesquisa.

O primeiro informante tem faixa etária de 43 anos, é branco, do sexo

feminino, maceioense, e reside na cidade de Rio Largo há mais de 15 anos. Está

exercendo o cargo de diretor pela segunda vez, numa escola pública da rede

estadual de ensino e assumiu a função por meio de eleição direta entre funcionários,

alunos, pais e comunidade escolar. Antes de dirigir a escola o referido informante

exercia o cargo de professor na mesma instituição de ensino, onde trabalha há 24

anos.

O segundo informante, gestor da escola da rede privada, tem faixa

etária de 40 anos, é branco, do sexo feminino, rio-larguense, residente no bairro do

Tabuleiro do Pinto. Atua na educação há 22 anos, não só na rede privada, como

também na rede pública estadual, além de fazer parte da equipe pedagógica da 12ª

Coordenadoria Regional de Educação do Estado de Alagoas.

2.3. PROCEDIMENTOS

A metodologia apresentada nesta monografia constitui-se através de

dados que foram coletados em pesquisa de campo, entre duas escolas, sendo uma

da rede pública estadual que está situada na zona rural do município de Rio Largo, e

outra da rede privada, esta última situada na área urbana da cidade.

Observamos critérios que foram previamente definidos, segundo os

preceitos da teoria da liderança situacional, como: comportamento do gestor em

relação aos docentes, comportamento do gestor em relação aos discentes,

comportamento do gestor em relação ao pessoal que compõe o quadro

administrativo, comportamento do gestor em relação aos pais, comportamento do

gestor em relação à comunidade onde as escolas estão inseridas. Os estudos foram

Page 21: Liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança situaciona

realizados de forma sistemática e, principalmente, pautados na observação. Cabe

ressaltar ainda que as observações foram feitas de forma discreta e sem

intervenções, utilizando as técnicas de coleta de dados descritas em TARALLO

(1990), minimizando os entraves do chamado paradoxo do observador.

Para garantir a representatividade das amostras que compõem o

corpus desta pesquisa, elaboramos, ainda, a coleta de dados realizada através de

um questionário (ver apêndices) em que os gestores educacionais responderam por

escrito. O referido questionário foi composto de dez perguntas abertas com o

objetivo de averiguar a concepção de liderança e motivação e como isso é

desenvolvido em sua prática.

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CAPÍTULO 3. ANÁLISE DOS DADOS

O Resultado obtido na análise dos dados desse Trabalho de

Conclusão de Curso vem de uma observação realizada in loco em duas escolas,

uma da rede pública estadual e outra da rede privada, bem como de questionários

feitos com os gestores escolares existentes nas referidas escolas.

Líder indica o dirigente, a pessoa-vetor, a pessoa que controla as

operações. É o centro operativo de várias relações e funções. Centro operativo não

significa que é um indivíduo que se coloca sobre os outros e comanda, essa é uma

projeção infantil. Ele é o homem que dá impulso de progresso. Observa-se, portanto

que o líder é sem dúvida um estimulador que visa o sucesso do grupo. É

substancialmente um estimulador. O líder é alguém que constrói a função, a repara

quando necessário e a aperfeiçoa. Nos valores de um líder deve emanar a

consciência da compreensão, porque os problemas são com freqüência os efeitos

colaterais de nossos êxitos.

Ficou claro em nossa análise que a escola encontra-se numa

perspectiva de mudança que ainda não conseguiu dar subsídios para a implantação

de uma política de liderança. Achava-se que os antigos problemas do âmbito

educacional tinham sido extintos, mas observa-se que muitos desses problemas

persistem até hoje, como as grandes taxas de analfabetismo, reprovação e evasão

escolar, a desqualificação crescente dos profissionais da educação, o sucateamento

da rede física, além de tratamento das questões educacionais com base em

relações clientelistas que, sabe-se, se caracterizam como relações de desprezo pelo

bem público e falta de autonomia. Todos esses fatores dificultam ainda mais a

atuação do gestor-líder na escola.

Contudo, a manutenção de uma sociedade capitalista não impede

aos sujeitos se oporem a interesses hegemônicos, pois, embora a escola

institucionalmente esteja comprometida com a reprodução do capital no seu modo

atual de desenvolvimento, as contradições da sociedade sempre afloram nos

interesses antagônicos de classe, e os grupos sociais inevitavelmente expressam

seus conflitos em torno de questões específicas, projetos de sociedade e idéias.

Portanto, o enfrentamento das diversas manifestações ideológicas torna-se

imperativo na construção coletiva da função social da escola.

Page 23: Liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança situaciona

3.1. ESCOLA PÚBLICA

A Escola da rede pública de ensino, segundo as observações,

apesar de já estar introduzida na gestão democrática, que garante a liberdade de

expressão, de pensamento, de criação e de organização coletiva na escola, ainda

assim está arraigada a conceitos errôneos que dificultam o processo de influência e

mudança desenvolvimento na equipe escolar por parte do gestor.

Segundo PAGLIUSO & BEZERRA (2007), assim deve proceder o

líder em relação ao processo de mudança na educação:

Os líderes devem entender o processo de mudança e atuar como facilitadores e catalisadores ou seja, como agentes dessa mudança; devem ser os primeiros a aceitar e implementar as mudanças, para que possam ajudar seus colaboradores, nesse aspecto; devem ser pacientes e entender que as mudanças não ocorrem da noite para o dia e que as pessoas passam por um ciclo de mudança que compreende negação, resistência inicial, exploração, aceitação e implementação (PAGLIUSO & BEZERRA, 2007. p.20).

Em relação ao tipo de poder, o gestor apresentou traços mais

predominantes do poder de legitimidade, o que é natural na relação entre o gestor

da escola pública e seus subordinados, pois estes últimos já estão habituados com o

sistema de mudança da direção escolar em ciclos bianuais, implantado no Estado de

Alagoas. Assim sendo, aquele eleito como gestor terá seu poder legitimado diante

dos demais funcionários da escola.

Foi apresentado, também, traços do poder de recompensa,

claramente observado durante nossa estadia na instituição de ensino. O gestor

influenciava os funcionários de apoio a realizar determinadas tarefas, geralmente

não relacionadas às suas atribuições, dando-lhes em troca alguns dias de folga ou

valores em dinheiro.

Em menor monta, também foi observado o poder de referência entre

as características do gestor. Os professores da escola eram levados a atender suas

ordens devido à experiência do gestor, pelo bom trabalho exercido pelo gestor

quando na condição de professor.

Quanto ao estilo de liderança, quando se tratava da relação entre os

funcionários de suporte administrativo, o gestor se valia do estilo de liderança

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determinar, mesmo havendo funcionários que se mostraram com alto grau de

maturidade psicológica e de trabalho. Já com a equipe pedagógica, o estilo

predominante era o compartilhar, pois havia maior afinidade entre professores e

gestão escolar, facilitando a tomada de decisão conjunta.

3.2. ESCOLA PRIVADA

A escola da rede privada de ensino mostrou-se pautada numa visão

autoritária, onde as decisões partem prioritariamente através dos donos da

instituição, cabendo aos professores, funcionários e alunos acatar a decisão dos

mesmos. Trata-se de um projeto tradicional, que visa primordialmente aprovação e

lucros.

As relações de poder apresentadas na escola particular se

mostraram bastante peculiares, pois o gestor ao mesmo tempo em que exerce o

poder, também sobre influencia do poder exercido pelos proprietários do

estabelecimento de ensino. Tal situação dificulta a tomada de posição do gestor e o

exercício de sua liderança, pois segundo PAGLIUSO & BEZERRA (2007):

O exercício da liderança pressupõe que a Direção sirva de exemplo para todos, a partir de seu comportamento ético e transparente, de suas habilidades de planejamento, comunicação e análise. Isso é que estimula as pessoas a buscarem a excelência. A organização voltada para a excelência busca o engajamento de todos os líderes, para que eles possam sensibilizar todos os demais colaboradores da organização (PAGLIUSO & BEZERRA, 2007. p.05).

A presença do poder de coerção é notável entre todos os

funcionários, inclusive o próprio gestor sofre tal influência, tanto que em algumas

situações os proprietários devem ser consultados para depois haver um

posicionamento por parte da gestão escolar.

Oriundo desse temor gerado pelo poder de coerção dos proprietários

da escola, o poder do líder sedimenta-se no chamado poder de conexão, tendo em

vista que o contato direto com os proprietários induz ao cumprimento de suas ordens

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por parte dos demais funcionários, pois estes pensam que com isso podem evitar

problemas ou obter algum favor.

Os poderes de informação e competência também se mostraram

presentes nas nossas observações na escola da rede privada. Tais poderes são

fruto do cargo exercido pelo gestor junto à equipe pedagógica da 12ª Coordenadoria

Regional de Educação e de sua vasta experiência como professor e coordenador

pedagógico, o que facilita que suas determinações sejam acatadas.

3.3. LIDERANÇA E EDUCAÇÃO

As observações apontam que, nas escolas do município de Rio

Largo, a gestão democrática, enquanto espaço plural de negociação de acordos e

conflitos, ainda não amadureceu na prática social das referidas escolas. O

fortalecimento dela, através de um espaço de vivência democrática, com a

descentralização de poderes, está apenas no plano das intenções. Os mecanismos

democráticos constituídos para essa vivência, tais como o Conselho Escolar e as

eleições de diretores, vêm assumindo um fim em si mesmo, sem visibilidade quanto

à função política, que é voltada para um projeto coletivo de escola.

O que poderia estar sendo consubstanciado através do exercício da

cidadania, voltado para a construção do sujeito coletivo, portanto crítico, mobilizado

e capaz de lutar por seus direitos, tem se mostrado, na prática, concentrado no

minimalismo da democracia liberal, exaltando o cidadão individualista, competitivo,

provocando a nítida separação entre representação e participação política, o que,

por conseguinte, tem distanciado a escola de uma prática ampliada de democracia.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nosso objetivo inicial nesse Trabalho de Conclusão de Curso era

avaliar a influência da liderança e motivação do gestor escolar para um melhor

rendimento da escola como um todo e sua interação com a família e sociedade,

tendo como referencial teórico a Teoria da Liderança Situacional.

Quase sem distinção, os sujeitos pesquisados em ambas as

escolas, ao tratarem do compartilhamento do poder de decisão, contraditoriamente,

alegam que todos devem se envolver, porém, alegam também, a falta de preparo

cultural para, de fato, participarem das decisões escolares. Assim, tendem a repetir

o discurso dominante sobre a incapacidade de tomar decisões por grande parte dos

brasileiros. Neste sentido, desconhecem que a participação conjunta nas tomadas

de decisão é uma aprendizagem que, para tanto, requer o efetivo exercício da

mesma, e que compete à escola desenvolver essa aprendizagem cívico-cultural, por

meio de sua função social, capaz de possibilitar condições para a formação e o

exercício crítico da participação política, assumindo erros, acertos, atropelos e

riscos.

Não podemos desconhecer que a cultura de liderança e motivação é

ainda muito incipiente na sociedade brasileira, o que se manifesta nas instituições

escolares. Desse modo, um redirecionamento das medidas de políticas pautadas

pelo gerencialismo eficaz ainda se mostra difícil de acontecer, muito embora a

existência, neste quadro, de instrumentos democratizantes abre perspectivas para

que um processo de democratização substantiva possa vir a se instalar. Mas, para

que isto ocorra, como já mencionamos, seria necessário também, que as escolas

estivessem atentas à sua função social de formação para a cidadania e para a

solidariedade, funções que se atritam com os princípios da gestão gerencial,

conforme procuramos demonstrar ao longo dessa pesquisa.

A liderança e motivação na gestão escolar é uma dimensão, um

enfoque de atuação, um meio e não um fim em si mesmo, uma vez que o objetivo

final da gestão é a aprendizagem efetiva e significativa dos alunos, de modo que, no

cotidiano que vivenciam na escola, desenvolvam as competências que a sociedade

demanda, dentre as quais se evidenciam: pensar criativamente; analisar

informações e proposições diversas, de forma contextualizada: expressar idéias com

Page 27: Liderança e motivação na gestão escolar segundo os pressupostos da teoria da liderança situaciona

clareza, tanto oralmente, como por escrito; empregar a aritmética e a estatística para

resolver problemas; ser capaz de tomar decisões fundamentadas e resolver

conflitos, dentre muitas outras competências necessárias para a prática da cidadania

responsável. Portanto, o processo de gestão escolar deve estar voltado para garantir

que os alunos aprendam sobre o seu mundo e sobre si mesmos em relação a esse

mundo, adquiram conhecimentos úteis e aprendam a trabalhar com informações de

complexidades gradativas e contraditórias da realidade social, econômica, política e

científica, como condição para o exercício da cidadania responsável.

Com esta demanda, o sentido de educação e de escola se torna

mais complexo e requer cuidados especiais. O aluno não aprende apenas na sala

de aula, mas na escola como um todo: pela maneira como a mesma é organizada e

como funciona; pelas ações globais que promove; pelo modo como as pessoas nela

se relacionam e como a escola se relaciona com a comunidade, pela atitude

expressa em relação às pessoas, aos problemas educacionais e sociais, pelo modo

como nela se trabalha, dentre outros aspectos.

Em síntese, esperamos ter evidenciado que, para se compreender

os fatores impeditivos da construção de um modelo de gestão escolar de caráter

democrático, não é suficiente entendermos apenas os seus aspectos administrativos

e burocráticos. É necessário entendermos, também, o caráter educativo desse

modelo de gestão, o sentido e o significado de suas instancias democratizantes e, a

partir desse entendimento, a relação desse modelo com a função central da escola,

que é o trabalho pedagógico.

Por isso, a escola ainda é uma instituição sobre a qual se precisa

escrever, pensar e debater incansavelmente. Empecilhos da estrutura social,

políticas educacionais e realidade cultural travam seu amadurecimento e

fortalecimento, não obstante a riqueza das diversas teorias elaboradas no campo da

educação. Esperamos que nosso trabalho possa trazer alguns esclarecimentos

sobre o quanto é substancial a presença do gestor-líder, seu poder de liderança e

motivação, para o desenvolvimento educacional.

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REFERÊNCIAS

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BLANCHARD, Kenneth H; HERSEY, Paul. Psicologia para administradores: a teoria e as técnicas da liderança situacional. São Paulo: EPU, 1986.

BRAUE, Paulo de Castro. Apostila: Liderança integrativa. AMANA: Desenvolvimento e educação, 1995.

HUNTER, James C. O Monge e o executivo: Uma história sobre a essência da Liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.

MEDEIROS, Alexandre Rodrigues et al. Liderança. Monografia (Curso de Organização, Sistemas e Métodos) – Faculdades Integradas Campos Salles, São Paulo, 2000. Disponível em: http://www.maurolaruccia.adm.br/trabalhos/lider2.htm. Acesso em 25 mar. 2007.

MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. 12 ed. ver. e ampl. Rio de Janeiro: J. Olímpio, 2002.

PAGLIUSO, Antônio Tadeu; BEZERRA, Sérgio Queiroz. Cadernos de Excelência: Liderança. São Paulo: Fundação Nacional da Qualidade, 2007.

ROBBINS, Harvey; FINLEY Michael. Porque as equipes não funcionam? 10ª ed. Rio de Janeiro: Ed.Campus,1997.

RUFINO, José Divaldo. Liderança: o fim das cartilhas. Disponível em: http://www.administradores.com.br/membros.jsp?pagina=membros_espaco_aberto_corpo&idColuna=2302&idColunista=9366. Acesso em 16 abr. 2007.

TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolingüística. 3ª. ed. São Paulo: Ática, 1990.

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APÊNDICES

Questionário aplicado nas entrevistas aos gestores escolares

1. Se você estiver com problemas de ordem pessoal, quando chega ao seu local

de trabalho como se comporta?

2. A Secretaria de Educação pede para você comunicar um fato aos professores

que você sabe que irá desagradá-los. Como você resolve essa questão?

3. Suponha que existam duas professoras que não conseguem se quer

conviver, o que faz para envolvê-las num projeto da escola?

4. Você observa que o coordenador pedagógico está desatento em relação as

suas atribuições dentro da escola. Como você interviria nessa situação?

5. Você vê, dentro da escola, que o quadro administrativo anda um tanto

descuidado, o que você faz para mudar esse quadro?

6. O vigia ultimamente anda insatisfeito e não trata as crianças como deveria, o

que você faz para melhorar essa situação?

7. Que tipo de posicionamento você toma, se um pai se exceder dentro da

escola?

8. O que você entender por motivação?

9. Para você, o que é a liderança?

10.O gestor, sozinho, pode iniciar um processo de mudança na escola?

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