lição 10 - não furtarás

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Pr. Andre Luiz

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Pr. Andre Luiz

“O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar,e há arrombamentos e homicídios sobre homicídios”. (Os 4.2.). Furto é aapropriação de um objeto, valor financeiro. Roubo é a apropriação deum objeto, valor financeiro quando há emprego de violência ou graveameaça. Mas, em relação ao oitavo mandamento, qual o seusignificado? Será que ele proíbe apenas o furto, e não o roubo? Aoconsiderarmos o uso da palavra hebraica ganav, traduzida por furtar,percebemos que o oitavo mandamento não proíbe apenas o furto. Naverdade, a expressão envolve muito mais do que apenas o furto e oroubo de objetos pessoais. No Antigo Testamento, ganav encerra osentido de 1) furto de objetos inanimados (prata, ouro, dinheiro) eanimados (boi, ovelha, etc); 2) engano; 3) rapto de pessoas. A questão é:qual ou quais desses sentidos deve ser aplicado ao oitavo mandamento?Ou, em outros termos: o que exatamente está sendo proibido no oitavomandamento? Vamos descobrir?

“O mandamento "Não furtarás" se dirigia originalmente asequestradores, segundo a maioria dos exegetas do Antigo Testamento,mas o contexto revela sua aplicação contra tudo o que é apropriaçãoindébita, de coisas ou pessoas. A ligação com o tráfico de pessoas é umaconclusão e se baseia na inferência de Êxodo 21.16: "E quem furtaralgum homem e o vender; ou for achado na mão, certamente morrerá".Este preceito reaparece mais adiante (Dt 24.7). E o verbo hebraicogãnav, "roubar, furtar", que aparece no oitavo mandamento lo’ tignov,"Não furtarás", é o mesmo usado nesses dois versículos (Êx 21.16; Dt24.7). Pessoas eram roubadas na antiguidade para serem vendidascomo escravas, como aconteceu com José do Egito, que foi vendidopelos próprios irmãos (Gn 37.22-28). Ele mesmo disse: "De fato, fuiroubado da terra dos hebreus" (Gn 40.35). Esse tipo de crime eracomum também no período do Novo Testamento (1 Tm 1.10). Mas opreceito se refere também a furto de objetos (Gn 44.8). O camposemântico da raiz gnb,us se estende de "remover (secretamente)” a"trapacear" (Gn 31.20, 26, 27). O furto se distingue do roubo, já que oprimeiro é a subtração do objeto sem violência e às esconsas, pois o

dono está ausente; o roubo é a subtração da coisa na presença davítima, também sem violência, como fazem os batedores de carteira nasgrandes cidades. O assalto é o ataque súbito a alguém com ameaça eviolência para subtrair alguma coisa. O latrocínio é o roubo seguido demorte da vítima. O mandamento "Não furtarás" é um dispositivo contrao roubo: "Não confiem na violência, nem esperem ganhar alguma coisacom o roubo" (Sl 62.10, NTLH) e contra o furto: "Aquele que furtava nãofurte mais" (Ef 4.28). Mas o oitavo mandamento não se restringe a isso,havendo muitas atividades desonestas condenadas na presenteordem”. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante

Mudança. Editora CPAD. pag. 113-114.

O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) comenta o seguinte: “Estemandamento regula o direito da propriedade particular. E errado tomarde outro o que é legalmente dele. Constitui roubo quando a pessoa seapossa do que legalmente pertence a uma empresa ou instituição. Nãohá justificativa para a “apropriação” mesmo quando a pessoa sente queo produto lhe é devido. Este mandamento é quebrado quando a pessoaintencionalmente preenche a declaração do Imposto de Renda cominformações falsas, desta forma retendo tributos devidos ao governo.Esta prática é imprópria mesmo que o cidadão desaprove o governo.Também passa a ser roubo o ato de tirar vantagens de outrem na vendade propriedades ou produtos, ou na administração de transaçõescomerciais. E impróprio pagar salários mais baixos do que devemreceber por direito. O amor do dinheiro é o pecado básico condenado poreste mandamento. A obediência é perfeita somente com um coraçãopuro”. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag. 191.

O sétimo mandamento tem como objetivo proteger a família, estabelecendo uma sociedade moral e espiritualmente sadia.

“Na antiguidade, o crime aqui destacado era aquele atualmenteconhecido como sequestro. Mas naquele tempo fazia-se isso, no maisdas vezes, não para cobrar uma importância dos parentes da vítima, emtroca de sua libertação, e, sim, a fim de vendê-la como escrava. Contudo,também sequestrava-se com vistas ao recebimento de um resgate. Ocódigo de Hamurabi (14), também reputava o rapto ou sequestro comoum crime capital, em que o culpado pagava com a perda da própria vida.O trecho de Dt 24.7 diz especificamente que o rapto de um hebreugeralmente se dava com a finalidade de vendê-lo como escravo. Atéonde ia a lei, esse tipo de escravidão não era permitido. O trecho de Êx21.2-11 regulamenta a escravidão entre os hebreus, quando um hebreuse tomava escravo de outro hebreu. Mas quando alguém tomava-se umnegociante de escravos, se fosse apanhado, era executado. O textosagrado não diz especificamente tal coisa, mas quase sempre essaatividade envolvia venda de hebreus como escravos a estrangeiros, ouem mercados estrangeiros. Assim ocorria porque um hebreu denunciariaa seu explorador, se permanecesse em território de Israel.

Os antigos persas exigiam a restituição de quatro animais paracada animal furtado. Pesadas retaliações tinham por escopo defender odireito à propriedade. Na antiga nação de Israel, os animais domésticosrepresentavam as principais propriedades das massas. Somente osabastados possuíam coisas como ouro, prata, casas ornamentadas,carruagens, etc... Êx 22.4 Pagará o dobro. Achamos aqui a lei darestituição em dobro. A propriedade furtada não havia sido vendida.Continuava na casa do ladrão, pronta a ser devolvida. O caso era fácil esimples. Nesse caso, o ladrão restituía em dobro. Caso não tivesse comofazer essa dupla restituição, então era reduzido à posição de escravo,para pagar pelo que tinha furtado, e mais alguma coisa, para aprender aabandonar tal vida de desonestidade. Os antigos persas requeriam umaquádrupla restituição. O código de Hamurabi era muito severo,requerendo até o máximo de trinta vezes mais do que o furtado, e nuncamenos de dez vezes mais! A lei de Sólon, entre os gregos, tambémrequeria uma dupla restituição (A. Gell. 1.11. c.18). As restituições acimado valor furtado tinham por intuito impor uma pesada pena sobre a vidado ladrão, com propósitos refreadores e reformadores. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo

Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 401-402.

Se um ladrão invadisse uma casa à noite, e fosse morto aofazer isto, o seu sangue estaria sobre a sua própria cabeça e não seriaexigido da mão daquele que o derramou, v. 2. Da mesma maneira comoaquele que comete um ato ilícito leva sobre si a culpa do dano quecausou aos outros, ele também é o responsável por aquilo que ocorre asi mesmo. A casa de um homem é o seu castelo, e a lei de Deus, assimcomo a do homem, coloca uma guarda para ele. Aquele que a ataca ofaz por sua própria conta e risco. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo

Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 301

A legislação mosaica não somente punia alguém que furtou, mas protegia a vida do ladrão e fazia com que ele restituísse suas vítimas, prezando pela paz.

Um ladrão que atacasse durante o dia não era tido como umhomicida em potencial, pelo que não deveria ser morto. Nesse caso, se fosseferido, quem o ferisse seria considerado culpado de sangue. Quem o feriuserá culpado do sangue. Só podemos entender essas palavras comoindicação de que um ladrão não podia ser ferido se atacasse durante o dia, eque quem o matasse seria culpado de homicídio e teria de ser executado. Osintérpretes, contudo, tentam evitar essa implicação, havendo aqueles quechegam a fazer emendas no texto para evitar essa conclusão lógica.Realmente, essa distinção entre ladrões que atacam à noite e ladrões queatacam de dia parece forçada demais. Talvez os ladrões hebreus não fossemtão perigosos quanto os modernos. Ou, então, devemos pensar que osladrões que atacam de dia seriam o que hoje chamamos de descuidistas,que furtam pequenos objetos ou pequenas importâncias em dinheiro.Outros intérpretes pensam que a culpa do sangue deve ser atribuída aoladrão. Assim, um ladrão que atacasse de dia seria culpado, pelo quedeveria ser punido, embora não executado. Quem o surpreendesse, pois,não deveria executá-lo. Nesse caso, não é dito o que sucederia a quemmatasse um ladrão que atacasse de dia. Mas extrair tal sentido do textosagrado requer uma incrível manipulação do hebraico originai. CHAMPLIN, Russell

Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 402.

Dar pasto aos animais custava dinheiro. Assim, talvez alguémachasse ser medida de esperteza fazer seus animais pastarem emterreno alheio. Mas isso também poderia ocorrer acidentalmente. Emambos os casos estaria ocorrendo um pequeno furto. A restituição eracobrada da melhor parte da propriedade do ofensor, embora não sefale aqui em porcentagem. O código de Hamurabi (55 e 56) tambémcondenava tais atos. Os ofensores tinham que pagar multas. Osintérpretes judeus também levavam em conta o dano que um anima!poderia fazer enquanto estivesse solto no terreno de um vizinhoqualquer. O ofensor também devia pagar por esses danos. Portanto,era punida a invasão de terreno alheio. Desse modo, a legislaçãomosaica defendia tanto o direito à propriedade quanto a integridadeda propriedade. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por

versículo. Editora Hagnos. pag. 402.

A respeito de danos causados pelo fogo, v. 6. Aquele quedesejou queimar somente os espinhos pode tornar-se cúmplice daqueima do trigo, e não será considerado inocente. Homens de espíritoacalorado e ansioso devem tomar cuidado, para que, enquantopretendem somente extirpar as ervas daninhas, não extirpem também otrigo. Se o fogo provocou danos, aquele que o acendeu deve responderpor isto, ainda que não possa ser provado que ele desejasse o prejuízo.Os homens devem sofrer pelos seus descuidos, assim como pela suamaldade. Nós devemos tomar cuidado para não iniciar rixas. Pois,embora possam parecer pequenas, nós não sabemos quão grande poderesultar a questão, cuja culpa deveremos suportar se, como o louco,lançarmos faíscas, flechas e mortandades, e fingirmos que nãodesejávamos nenhum mal. Nós nos tornaremos muito cuidadosos anosso respeito, se considerarmos que devemos responder, não somentepelo mal que causamos intencionalmente, mas também pelo mal quecausamos pela inadvertência. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo

Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 301-302.]

A lei procura reparar os danos materiais, contribuindo para o bem-estar da sociedade.

A lei apresenta ainda na presente seção alguns preceitosadicionais sobre o ladrão (Êx 22.7-9). Aqui a lei trata de alguém que temobjeto roubado sob a sua guarda. Se o ladrão for encontrado, ele retribuiráo dobro (v. 7). Mas, se o autor do roubo não for encontrado, o responsávelpela custódia terá de provar que o objeto não foi de fato roubado,confirmando assim sua inocência (v. 8). Isso é para ser feito numjulgamento, razão pela qual o assunto é levado perante os juízes (v. 9). A leiconstituiu juízes para julgar os réus como também deliberar sobre oslitígios. O termo juízes, em hebraico aqui é’el-hã-’êlohim significaliteralmente "diante de Deus", embora o termo plural, 'èlohim, de formaisolada, signifique também "deuses". O termo aparece duas vezes napresente seção (vv. 8, 9). A tradução literal seria "perante Deus" comoaparece na Septuaginta e na Vulgata Latina. O oitavo mandamento é umaproibição que envolve toda a forma de apropriação indébita: o furto, oroubo, o tráfico de seres humanos e a recepção de qualquer coisa roubada,as transações fraudulentas e os pesos e as medidas falsos, a remoção demarcos de propriedade, a injustiça e a infidelidade em contratos entre oshomens ou em questões de confiabilidade, patrão e empregado e vice-versa, a opressão, a extorsão, a usura e o suborno. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores

Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 117-119.

A Bíblia mostra o trabalho como bênção de Deus e não comomaldição (Sl 128.1,2), mostra que todos devem trabalhar e que otrabalho traz honra; "Se alguém não quiser trabalhar, não comatambém" (2 Ts 3.10). Russell Norman Champlim comentando sobre oJardim do Éden - Para o cultivar e o guardar, escreve: “Na ocasião, ohomem recebeu um trabalho para fazer. Não foi deixado no ócio. Atarefa do homem era cultivar e tomar conta do jardim que Deus haviapreparado. Isso posto, o seu trabalho era feito para Deus, um serviçodivino. Cada indivíduo tem seu próprio jardim para cultivar e proteger, oque, sem dúvida, é uma das lições espirituais sugeridas neste texto.Idealmente, cada ser humano tem uma missão ímpar a cumprir. Sua vidadeveria ser vivida de tal maneira que ele descobrisse essa missão eentão a cumprisse.

As informações bíblicas mais antigas de que dispomos sobre oregime de propriedade retrocedem ao período patriarcal. Abraão comprou deum heteu chamado Efrom parte de uma propriedade que se localizava no fimde seu campo, para o sepultamento de Sara (Gn 23.17-20). No Egito, durante operíodo das vacas magras, José comprou para o Faraó todas as terras do Egito,exceto aquelas que pertenciam aos sacerdotes egípcios. Assim, os antigosproprietários arrendaram essas terras e passaram a pagar ao rei do Egito 20%de sua produção (Gn 47.20-26). Textos antigos de autores profanos confirmamessa reforma administrativa de José no Egito. Heródoto diz que o FaraóSisóstris "repartiu o país entre todos os egípcios, concedendo a cada um umaparte quadrada e, conforme esta partilha, estabeleceu a eles o pagamento deum tributo anual" (História II. 109). Os sacerdotes eram isentos desse tributo.Relato similar aparece em Diodoro Sículo, historiador da Sicília,contemporâneo de Júlio César e Augusto, em sua Biblioteca Histórica, afirmaque toda a terra do Egito pertencia aos sacerdotes, ao rei e aos guerreiros(1.73); e, segundo o estoico Estrabão, historiador e geógrafo grego (64 a. C.-19d. C.), autor da obra Geografia, os camponeses e mercadores arrendaram asterras do Egito de modo que elas não lhes pertenciam (Livro 17). Sãodocumentos extrabíblicos confirmando o relato da Bíblia. Na Mesopotâmia, aspropriedades eram familiares e individuais, e o rei só podia dispor delas se as

comprasse. No sistema mosaico, toda a terra pertencia a Javé (Êx 19.5; Dt10.14). Deus autorizou a partilha da terra dos cananeus entre as famíliasisraelitas, o que aconteceu durante as conquistas de Josué. A partir do capítulo13 de Josué, há o registro da divisão da terra entre as tribos de Israel. Cadapropriedade estava limitada por marcos cuja remoção a lei proibiaseveramente (Dt 19.14; 27.17), e essa ordem se estende ao longo do AntigoTestamento (Jó 24.2; Pv 22.28; 23.20; Os 5.10). A lei garantia o direito de posseda propriedade, que era patrimônio familiar, e o rei não tinha o direito de seapossar dela, exceto pela compra se o proprietário quisesse vendê-la. Oepisódio do rei Acabe é um exemplo clássico do direito sagrado depropriedade, como se vê em 1 Reis 21. Deus não criou o homem para aociosidade. Adão recebeu tarefas para serem feitas mesmo antes da Queda doÉden: "E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para olavrar e o guardar" (Gn 2.15).Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma

Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 112-113.

O trabalho é uma dádiva divina. Ele foi dado ao homem antes da Queda.

Romanos 2:21 «...Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?...»Não se pode duvidar que o furto era um defeito de caráter extremamentecomum entre os judeus. Mas mui provavelmente Paulo, à semelhança doSenhor Jesus, se referia aqui a formas mais pervertidas e às vezes disfarçadasde furto, conforme vemos nos pontos discriminados abaixo: 1. Por exemplo,impunham pesadas cargas aos outros, como impostos e a necessidade decontribuírem com altas somas para o templo, além daquilo que era legítimo, afim de que enriquecessem. (Ver Mat. 23:2,4). 2. Faziam da própria casa deDeus, o templo de Jerusalém, um covil de salteadores, estabelecendo mesas decambistas no templo, onde vendiam os sacrifícios necessários por preçosexorbitantes. (Ver Mt 21.13 e João 2.16). 3. Toda a moeda corrente no templotinha de ser judaica, e por isso havia o grande negócio explorado peloscambistas, que trocavam o dinheiro estrangeiro pelo dinheiro nacional. Ocâmbio era exageradamente alto, e assim o povo judaico era sistematicamenteroubado de seu dinheiro, e isso para atenderem a uma finalidade religiosa. 4.Os líderes do judaísmo também furtavam as casas das viúvas, convencendo-asa doarem suas propriedades e heranças para o serviço de Deus, ou formandoprocessos contra elas, a fim de se apossarem dessas propriedades. Ou aindapressionando-as ilegalmente, fazendo acusações inverídicas. (Ver Mt 23.14).