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lhar ocial Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Escola da Indústria Criativa da Universidade Municipal de São Caetano do Sul Ano 11 - Nº 51 - Março de 2020 OS CEGOS SOMOS NÓS Pag. 2 Várias facetas do mesmo documentário RESPONSABILIDADE Saúde Vacinação sofre com desinformação e medo de efeitos colaterais Pag 5 “Jogou na minha cara” Cidades Pag 3 Leite materno: o laço entre mãe e filho Saúde Pag 4 CHEERLEADER Esporte Pag 7 100% BRUNA SOUSA O homem invisível O vilAo que encanta I Maioria ou Minoria Cultura Pag 7 Pag 8 Pag 6 Comportamento Pag 6 Comportamento Cinema Pag 8 Divulgação Warner Bros. Pictures Foto: Jefferson Zuleger Fotos: Letícia Matos Foto: Raquel Santos Foto: Milene Tavares Foto: Vinícius Cerchiari Foto: Assessoria de imprensa USCS Cinema

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lharocialJornal-Laboratório do Curso de Jornalismo

da Escola da Indústria Criativa daUniversidade Municipal de

São Caetano do SulAno 11 - Nº 51 - Março de 2020

OS CEGOS SOMOS

NÓSPag. 2

Várias facetas domesmo documentário RESPONSABILIDADE

SaúdeVacinação sofre com

desinformaçãoe medo de

efeitos colaterais

Pag 5

“Jogouna minha

cara”

Cidades

Pag 3

Leite materno: o laço entremãe e filho

Saúde

Pag 4CHEERLEADER

Esporte Pag 7

100%BRUNA SOUSA

O homem invisível

O vilAo que encanta

I

Maioria ou Minoria

CulturaPag 7

Pag 8

Pag 6

Comportamento

Pag 6 Comportamento

CinemaPag 8

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Foto: Jefferson Zuleger

Fotos: Letícia Matos

Foto: Raquel SantosFoto: M

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Foto: Vinícius Cerchiari

Foto: Assessoria de imprensa U

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Cinema

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Olhar diferente

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Tiragem: 300 Exemplares

Universidade Municipal de São Caetano do Sul

ReitorProf. Dr. Marcos Sidnei Bassi

[email protected]

Pró-Reitor Administrativoe Financeiro

Prof. Ms. Paulo Sérgio Lopes Ruiz [email protected]

Pró-Reitor de GraduaçãoProf. Dr. Leandro Campi Prearo

[email protected]

Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Maria do Carmo Romeiro [email protected]

Gestor da Escola da Indústria Criativa

Prof. Ms. Flávio [email protected]

Curso de JornalismoProf. Ms. Flávio Falciano

[email protected]

Curso de Publicidade e PropagandaProf. Ms. Leandro Novi [email protected]

Curso de Rádio,TV e InternetProf. Ms. Luciano de Souza

[email protected]

Coordenação do Projeto Integrado (PI) da edição do jornal

Profa. Ms. Ana Paula Borges de Oliveira

Editor Jornal Olhar SocialProf. Dra. Profa. Lilian Crepaldi Ayala

Chefia de RedaçãoProfa. Ms. Ana Paula Borges de Oliveira

FotojornalismoProf. Ms. Vitor Mizael Rubinatti Dias

Direção de ArteProf. Ms. Paulo Alves de Lima

Equipe de fechamento dessa ediçãoProfa. Ms. Ana Paula Borges de Oliveira,

Prof. Ms. Paulo Alves de Lima

Colaboração EspecialLogotipo do Jornal Olhar Social

AG - Agência Experimental de Publicidade da USCS

Secretaria da Escola de Comunicação [email protected]

Fone: (11) 4239-3212

Impressão dessa edição:PlenaPrint Gráfica e Editora

www.plenaprint.com

Ano11 - Edição 51Março de 2020

lharocialJornal - Laboratório

do Curso de Jornalismo da Escola da Indústria Criativa

2 lharocialMarço de 2020Ano 11 - Nº 51

Aline Miranda Conhecidos como pragas urbanas,

baratas, mosquitos, pernilongos, ara-nhas, cupins, pombos, ratos e formi-gas, são alguns dos pequenos insetos e animais que em grande quantidade podem causar um desequilíbrio am-biental. Favorecem a transmissão de doenças aos seres humanos e a outros animais e podem destruir plantações. A proliferação varia de acordo com a espécie, mas é geralmente no verão em que são mais frequentes.

Embora diferentes, as pragas têm algo em comum. Todas precisam dos 4 As: Água, Alimento, Abrigo (um lugar para ficar) e Acesso (meios para chegar nesse lugar). Esses elementos favorecem a proliferação e dificultam o combate.

Igor Marques Alvarez (28) é médi-co veterinário e atua na área de saúde preventiva. Para ele, “a maneira mais eficaz de combater as pragas sempre será a prevenção. Algumas maneiras preven-tivas são o uso de substâncias químicas em casa, uso de repelentes pessoais, realizar análise de risco nas residências, não deixar água parada e fazer a sepa-ração do lixo de maneira adequada”, e complementa: “tomando esses tipos de medidas preventivas e lembrando sem-pre de eliminar os 4As, você impede o aparecimento de pragas”.

As pragas atormentam a popula-

É preciso seguir em frente. Após uma edição única e histórica para o nosso jor-nal, olhar para o social nunca foi tão im-prescindível. Imersos nesse momento de instabilidade, com profundas mudanças acontecendo do Norte ao Sul do país, te-mos a missão de continuar olhando para a sociedade, mantendo-a como foco cen-tral do nosso trabalho.

Em meio à tantas críticas ao jor-nalismo tradicional, a massificação das fake news e a Geração Z, que consome a maior parte do seu conteúdo vindo de influenciadores digitais, nós, jornalistas,

temos que garantir e zelar pela veracida-de das informações que estão circulando. Essa garantia, é claro, deve ser um pilar para qualquer veículo de mídia, contudo quando falamos do social, das pessoas, isso se torna ainda mais necessário.

Um documentário que se tornou livro, antes de virar uma exposição e futuro filme. A diretora, Paula Trabulsi, conversou com o nosso repórter Bruno Si-mione sobre a pré-produção da película Linha do Desejo, com filmagens planeja-das para o este ano.

Em um movimento para comba-

ter o mal do século, Mario Jorge traz uma matéria sobre como usar a arte para enfrentar a depressão, uma grave doença que atinge milhões de pessoas em todo o mundo.

Caminhando para dentro das cida-des, Jonathan Vieira nos mostra como o município de Santo André obteve bons resultados na redução do número de roubos de veículos. Já nossa jornalista Raquel Santos esteve com as pessoas dis-tribuidoras de panfletos na cidade de Mauá, mostrando uma realidade dife-rente da que estamos acostumados.

Com a chegada do verão, baratas e outras pragas urbanas começam a cir-cular com maior intensidade em nossas ruas. Pensando nisso, Aline Miranda ou-viu especialistas e nos conta quais são as principais maneiras de prevenção.

Por último, mas não menos impor-tante, temos nossa cronista Leticia Santos com um relato emocionante da falta de relevância dos artistas de rua e o impacto de quatro paredes para o reconhecimento da crítica e da sociedade.

Desejamos uma boa leitura em ano repleto de notícias verdadeiras!

EDITORIAL Vinicius Cavallero

Letícia MatosQuadros sempre me intrigaram.

O contexto histórico, o artista e a notoriedade foram alguns dos mo-tivos pelos quais, em maio passado me dirigi ao MASP (Museu de Arte de São Paulo). Na época, a exposição era composta de obras da Tarsila do Amaral, grande nome da arte brasileira.

Subi no trem, peguei um metrô, que seguiria até a Estação Trianon--Masp. O céu ensolarado cortava a Paulista, a avenida mais famosa da cidade. Era uma terça-feira como todas as outras. Havia a multidão alvoroçada característica, que com toda a pressa do mundo, agitavam--se para chegar a lugar nenhum.

Os edifícios, peças construídas para abrigar a exploração do mundo contemporâneo, cortavam o azul das 11 horas da manhã, e quase demonstravam alguma beleza, mas nada. A ausência de sentimentalis-mo era uma constante nas grandes metrópoles, porém, se você tivesse

A segunda hipótese me entristeceu. Para a arte ser definida como

tal, precisa estar dentro de quatro paredes, sendo comentada por críticos e valorizada pela classe média? Ignorar é a marca da perspectiva de centenas de brasileiros, que passam diariamente pelas criações de Shidon e desdenham.

Evidentemente, vivemos em um Brasil avassalador. Preto e branco para os pessimistas, e cinza para os otimistas. E as cores? São para os sonhadores.

Naquela manhã, se tivesse escolhido Shidon ao invés de Tarsila, talvez teria descoberto a essência, a inspiração, o desejo e a resistência do artista. Mas popularidade define o foco e a relevância, pois os quadros realizados por mãos mortas possuem peso muito maior sobre nós.

Fotografei o momento, apaguei o cigarro e segui pela avenida, dei-xando a galeria de rua e sua história para trás. Todas as terças-feiras, Shi-don Soares é visto com seu cavalete, tintas e pincéis, porém, ainda não pôde ser enxergado.

sorte, vez ou outra, avistaria uma alma colorida: os artistas.

Se engana quem pensa que expo-sições e ateliês são os únicos ambientes de prestígio e cultura. A essência do universo está contida nos pequenos detalhes, os esquecidos e ignorados, como as criações que surgem dos mais inóspitos locais.

Acendi um cigarro e, ao lado do MASP, encontrei a galeria de rua de

Shidon Soares, que aos 64 anos, porta-va um cavalete, tinta óleo e um pincel. Distraído, empenhava-se sobre a tela, a arte e a vida. Os traços eram inacredi-tavelmente delicados, principalmente para um ignorante, como eu.

Dentre diversos quadros, a estru-tura do Museu de Arte de São Paulo estava presente em tamanha admira-ção, algo que poderia ser justificado pela proximidade ou anseio em fazer parte.

OS CEGOS SOMOS NÓS

Shidon Soares em seu Ateliê de rua, localizado na Avenida Paulista

ção. Além de nocivas à saúde, podem trazer problemas ao ambiente físico, destruindo casas e móveis. É o caso do cupim. Laís Mascagni (29), da Eccoclean, empresa de dedetização e desentupimento, explica: “temos basicamente dois tipos de cupim. O de madeira seca, que ataca somente a madeira como portas, janelas, guarda--roupa; e o cupim de solo, mais devas-tador e ofensivo. Ele está no solo, em-baixo da construção dos imóveis. Ele sobe, abre fissuras nas paredes e ataca tudo a base de celulose como papel, papelão, madeira, isopor e gesso”.

Na cidade de São Caetano do Sul

Formiga até a animação Vida de In-seto e o herói Homem Formiga da Marvel. Porém, na vida real, fazem parte das pragas urbanas e são atraídas pelo açúcar. “Meu filho gosta de jo-gar videogame. Enquanto ele jogava, eu levava doces para ele. Ele comia e não lavava as mãos que iam direto para o controle. Passou um tempo e o controle parou de funcionar. Quando abri, tinha um formigueiro lá dentro”, conta Paulo Silveira (55), de São Ca-etano. O combate às formigas não é fácil pois elas são organizadas em uma comunidade em que cada uma realiza uma função específica.

Mesmo diante de tantos proble-mas, a maioria das pessoas não reali-za um acompanhamento frequente. “Geralmente, as residências só cha-mam a empresa quando têm o pro-blema. Alguns chamam quando veem uma barata, porque já ligam ao verão e optam por fazer o controle, mas ou-tros deixam chegar ao caso extremo de infestação”, diz Laís Mascagni.

O cuidado com a proliferação de pragas urbanas é um fator de pre-ocupação para a população, pois são transmissoras de doenças que podem levar à morte, como a Leptospiro-se, transmitida pela urina do rato. A saúde é o nosso bem mais precioso e cuidando dela, também cuidamos do equilíbrio do planeta.

A Barata diz que tem...Além de nojentas, pragas urbanas são nocivas à saúde

e trazem problemas à população

Ilustração: Aline Miranda

encontramos Clélia Marinelli (54). Ela vive em uma casa no bairro Mauá com a mãe e já perdeu o guarda-roupa com infestação de cupins. “Os cupins vieram de uma árvore da casa do vizi-nho. Não faziam barulho, mas solta-vam aquele pozinho marrom. Minha mãe falou ‘Acho que aqui tem cupim’, quando abriu o armário já estava tudo comido”. Elas tentaram solucionar o problema usando removedor e vina-gre, mas nada adiantou. O guarda--roupa foi para o lixo.

As formigas foram romantizadas e retratadas em diversos filmes e his-tórias, desde a fábula da Cigarra e a

Fotos: Letícia Matos

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Universidade Municipal deSão Caetano do Sul - USCS Cidades Março de 2020

Ano 11 - Nº 51 3lharocial

Chuvas fortes causam prejuízos em São Caetano do SulCidade com maior IDH do Brasil não suporta nível de água fluvial, que aumenta todos os anos durante as chuvas de verão

João DelfitoCom as fortes chuvas de verão,

São Caetano do Sul, cidade com o maior IDH (Índice de Desenvolvi-mento Humano) do Brasil, fica alaga-da em seus bairros de divisa. Os rios Ribeirão dos Meninos (lado oeste) e Tamanduateí (norte e leste) não pos-suem capacidade de escoamento, já que os mesmos recebem água de São Caetano, São Paulo e Santo André.

Os bairros da divisa municipal, como Fundação, Prosperidade, Cerâ-mica, São José, Jardim São Caetano e bairro Mauá, são tomados pela água das chuvas e rios que transbordam, pois, o sistema de escoamento de São Caetano é falho.

No começo de 2019, foi feita uma reunião no Palácio dos Bandeirantes para uma retomada da construção do Piscinão Jaboticabal, localizado nas proximidades da Rodovia Anchieta e na confluência entre os ribeirões dos Couros e dos Meninos, na divisa entre São Bernardo do Campo, São Caeta-no do Sul e São Paulo. Estima-se que esse piscinão será um dos maiores do país, com capacidade para armazenar 900 mil m³ de água pluvial. A obra é feita em parceria do Governo do Esta-do de São Paulo e o Governo Federal e está prevista para o começo de 2020.

Foto

: Joã

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elfito

Gráfico acima baseadonas informações da Defesa Civil de São Caetano do Sul

Com esse cenário em pauta, no começo do ano passado, São Caetano recebeu fortes chuvas e um mini tor-nado, o qual destruiu inclusive parte da estrutura do campus Barcelona da Universidade Municipal de São Caetano do Sul. O prédio do curso de Direito ficou interditado, parte do telhado foi arremessada. O teto da quadra poliesportiva também foi levado pelo vento. Uma das fachadas do prédio dos cursos de Comunicação acabou caindo, tamanha a intensida-de do vento.

Na época, os bairros Fundação, Prosperidade e parte do Centro fica-ram alagados. Os moradores perde-ram suas casas, pois o Rio Tamandua-teí não suportou a capacidade de água vindo das cidades.

Ainda, devido ao alagamento das estações da linha 10 – turquesa da CPTM, tiveram seu funcionamento interrompido.

A equipe de reportagem entrou em contato com uma moradora e perguntou a opinião em relação ao sistema de escoamento.

Giovanna Fiorio (20) estudante e moradora de São Caetano do Sul contou que o piscinão feito na Av. Guido Aliberti não foi efetivo, pois as enchentes continuam acontecen-

do naquele local e que os bueiros são pequenos e muito espaçados um do outro.

Na época, o site da Prefeitura de São Caetano do Sul, postou um in-formativo urgente de que as equipes da Defesa Civil, Bombeiros, Saúde, Guarda Civil Municipal, Saesa (Sis-tema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental), Serviços Urbanos, Assis-tência e Inclusão Social e demais se-tores públicos trabalharam no atendi-mento às vítimas das cheias.

Os lugares atendidos foram a Ave-nida Almirante Delamare (Primar-ca), Viaduto Prefeito Luiz Tortorello, Avenida Presidente Wilson (Canil da GCM), Carrefour Fundação, Sam’s Club Fundação, Rua São Paulo (Céu Meninos), Estradas das Lágrimas (Clube São José-BMF), Rua Mariano Pamplona (Fundação), Avenida Pros-peridade e Rua Felipe Camarão (Con-tinuação Rua Piratininga).

Antes de finalizar esta edição, nossa equipe entrou em contato com a Secretaria de Urbanização e GCM (Guarda Civil Militar), para saber se havia algum plano de con-tingência para as chuvas deste verão, porém não houve resposta por parte das duas instituições até o fecha-mento desta edição.

“Ela enrolou o papel e jogou na minha cara”Em Mauá, idosos, em sua maioria aposentados, entregam panfletos para complementar renda

Raquel SantosA distribuição de panfletos é

vista como um método de estraté-gia de marketing tradicional, sendo uma das ferramentas mais antigas para promover marcas, serviços e produtos de uma empresa. É uma prática comum nas grandes metró-poles. Na região do grande ABC, mais precisamente em Mauá, ido-sos em sua maioria já aposentados, exercem a função a fim de comple-mentar a renda gerada pelo benefí-cio do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Conforme dados da Fundação Seade (Portal de Estatísticas do Esta-do de São Paulo), existem 332,5 mil pessoas acima dos 60 anos na região do ABC. Se considerarmos o volu-me de aposentados que continuam trabalhando, ele representa 85,2% do total de idosos – em 2016. O perfil procurado pelas empresas é de jovens em busca de uma primeira oportunidade de trabalho, porém, a demanda de interesse das pessoas com mais de 60 anos é maior. Dado que, trabalhar como “panfleteiro” não é visto como uma profissão que “dê futuro” para os jovens.

A maior parte dos empregos ofertados não dispõe de nenhum

vínculo empregatício e benefícios além do valor pago por dia que varia entre 30 e 40 reais. “É um servicinho até bom, eu chego às 8h:30 e saio às 17:00h. Nada de exploração, tudo certinho.” - Falou Aparecido Silva (76), natural do Paraná, que migrou para São Paulo em 1969 em busca de oportunida-des de trabalho.

Já Dona Luzia Maria (64), na-tural da Paraíba, diz que, é uma pro-fissão cansativa, que envolve contato direto com o público. “Nesse meio,

existem muitas pessoas educadas, outras nem tanto, mas nós, panfle-teiros, temos que deixar passar mui-ta coisa para levar o dinheiro para casa”, desabafa Luzia. Há ainda os desafios da profissão. Faça chuva ou sol lá estão eles com as mãos esten-didas. “Uma vez eu fui entregar um panfleto para uma mulher, ela enro-lou o papel e jogou na minha cara”, menciona Luzia.

Mesmo quem já é aposenta-do continua sendo o alicerce das famílias, visto que, além de contri-

buir com as contas da casa, também ajudam os filhos e netos que estão desempregados. “Paguei o curso da minha neta com o que eu ganho aqui entregando panfletos”, comen-tou José Carlos (59), que hoje atua como panfleteiro e plaqueiro para anunciar a venda de ouro.

Dona Luzia Maria, comenta que não concluiu os seus estudos e que estudou somente até a 4º sé-rie. “Meu maior sonho, é ter uma casa, com móveis bonitos, um sofá, coisas assim que uma pessoa que nunca teve quer ter”, contou Luzia. E ela veio para São Paulo também a procura de emprego e relata que já trabalhou como doméstica, diarista, garçonete e até mesmo como assis-tente funerária.

Muito se deve ao acesso restrito à educação básica no país há algu-mas décadas. Isso principalmente nas regiões norte e nordeste do país, onde pessoas como a Dona Luzia sequer chegaram a concluir o ensino fundamental. Hoje, jovens contam com políticas e programas de inclu-são que movem forças para demo-cratizar o acesso ao ensino superior e estimulam os estudantes a buscar sua posição no mercado de sua área de formação.

Como resultado disso, os mais novos desfrutam de mais chances e melhores oportunidades, tais como uma maior remuneração, benefícios e vínculo empregatício conforme dita a lei trabalhista. Enquanto ido-sos, em sua maior parte já aposen-tados, ocupam posições que jovens apresentam pouco ou nenhum inte-resse em ocupar.

José Carlos entregando panfletos em Mauá

Foto: Raquel Santos

Plaqueiro em seu local de trabalho, em Mauá

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Infográfico: João Delfito

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Universidade Municipal deSão Caetano do Sul - USCSSaúde4 lharocial

No Brasil, apenas 39% dos bebês são amamentados exclusivamente com o leite materno

Milene Tavares O mês de agosto foi dedicado

exclusivamente para enaltecer a im-portância da amamentação. O Agosto Dourado, como é chamado, inclui campanhas do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde que apontam os benefícios. O leite materno é um alimento grátis, natu-ral e prático em relação ao transporte, além do laço criado entre mãe e filho. Além disso, para o bebê, o alimento minimiza cólicas, melhora a digestão, reduz o risco de doenças alérgicas e contagiosas e fortalece a arcaria den-tária. Para a mãe ajuda no pós-parto, reduz o risco de câncer de mama, ová-rio e endométrio, e também evita os-teoporose e doenças cardiovasculares.

O alimento é indicado exclusiva-mente para os bebês até seis meses de vida, pois atende a todas as necessida-des de nutrientes e sais minerais que o bebê possui, podendo continuar sendo digerido após a introdução de novos alimentos.

No Brasil, apenas 39% dos bebês brasileiros de até 5 meses são alimen-tados exclusivamente do leite mater-no. A taxa é considerada abaixo do ideal de 60%, mas regular. Há 23 pa-íses que superam a taxa “Tive muito medo de não conseguir amamentar, por ver diversos relatos. No primeiro

Suelen Gaeber (26 ) amamentando seu filho recém-nascido, Matteo.

Leite materno: o laço entremãe e filho

dia, a Lara (atualmente com 3 meses) teve que tomar fórmulas lácteas, pois não conseguia sugar meus seios. Já no segundo, com a ajuda de um bico de silicone, ela pegou e até hoje mama muito bem. Fiquei muito feliz pois me ajudou bastante no pós-parto e por saber que ela está digerindo todos os nutrientes que precisa vindo de mim”, diz Giovanna Romano (20).

Ela amamenta sua filha desde o nascimento. “Comprei até uma bom-binha para tirar meu leite e mantenho em potes na geladeira e no freezer, para quando eu não puder estar pre-sente fisicamente com minha filha ela ainda se alimentar do leite materno”, complementa.

AuxílioHá casos de mães que enfrentam

problemas na gestação ou até mesmo no pós-parto, o que as impede de amamentar. Foi assim com Isabella Batista (18), mãe de Sophia. “No pri-meiro dia senti muita dor quando a Sophia pegava no meu peito, mesmo assim continuei tentando. Com a in-sistência meus seios racharam, feridas se formaram, tive infecção mamária, mas eu não desisti, pois sempre quis amamentar minha filha. Consegui amamentá-la por 10 dias, mesmo com as dores. Tentei usar a bombinha para ver se melhorava, mas aí então meu corpo parou de produzir leite e eu tive que passar a dar fórmula, indi-cado pela pediatra. Fiquei triste, mas procuro suprir os benefícios que o lei-te materno trás de outras maneiras. ”

A pediatra Adriana, da rede São Cristóvão, diz que “a amamentação é fundamental, mas para as mamães

que não conseguem, não precisam se sentir inferiores, há outras maneiras de suprir esse ato em caso de necessidade, basta se informar com sua pediatra e ela ajudará para que seu bebe não tenha grandes diferenças dos bebês amamentados com leite materno. Já as mães que conseguem, aproveitem essa dádiva o máximo possível e não esqueçam de consultar o pediatra na hora da introdução alimentar. ”

Para quem não pode estar fisica-mente presente, ela recomenda: “re-servem seu leite em potes de vidros com tampas ou saquinhos próprios para o armazenamento na geladeira por até 24 horas e no freezer por até 14 dias, lembrando que o aquecimen-to deve ser feito em banho maria, com a água desligada do fogo e é de total importância uma etiqueta com a data da reserva. ”.

CuidadosPara amamentar, é necessário pre-

paro emocional de cada mulher, já que nas primeiras semanas as mamadas podem ser doloridas e podem ocorrer infecções. Outra questão é a volta ao trabalho após a licença maternidade. A mulher pode sentir a perda da au-tonomia de seu corpo, diminuindo a autoestima. Também a falta de apoio pode tornar o ato de amamentar difí-cil. Assim, é imprescindível que a lac-tante tenha ajuda de seu parceiro ou de algum conhecido, que auxilie nas tarefas domésticas e pessoais.

Apesar dos obstáculos encontra-dos, a amamentação traz uma ligação única entre mãe e filho. É fundamen-tal que a lactante sempre se informe e busque ajuda em caso de problemas.

Foto: Milene Tavares

Arte surge como alternativa a problemas psicológicosBrasil é líder em número de pessoas diagnosticadas com ansiedade e aulas de artesanato ajudam no tratamento

Mário JorgeA depressão e a ansiedade são

as doenças psicológicas que mais afetam as pessoas nos dias atuais. De acordo com dados fornecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) cerca de 300 milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem com a depressão, e, ainda segundo a organização, a doença será a que mais incapacitará até 2020. O Brasil é o país da América Latina que mais sofre com essas doenças, sendo 6% da população (cerca de 11 milhões de pessoas).

Uma pesquisa realizada pelo IBOPE em 2018 chamada “Depres-são, suicídio e tabu no Brasil” traz números sobre o assunto, mostran-do que muitas vezes ainda há receio do diagnóstico, e, por conta disso, o tratamento não é procurado. Uma opção de trabalho são os chamados tratamentos alternativos, que fazem uso da arte como método de escape em busca da cura, alinhado com as consultas com médicos especialistas.

Uma equipe de pesquisa da Uni-versidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos (quando?), deu

início ao movimento que defende a arte como alternativa para a aju-da no tratamento. A equipe reuniu dados de 149 trabalhos científicos e, entre os recursos analisados, estão a prática de artesanato, teatro, exercí-cios físicos e meditação. Com isso, diversos locais passaram a oferecem esses tratamentos.

Adriane Moreno (39) é dona da Escola de Artesanato chamada ABC Dri, que conta com aulas de pintu-ra em tecido e telas e busca levar às pessoas o conhecimento sobre a arte. “Aqui na escola recebemos pessoas que estão em tratamento e buscam a arte para as ajudar ainda mais. Já ouvi muitas vezes que, enquanto es-tão aqui, tudo parece melhor, os pro-blemas são esquecidos. Isso é muito gratificante, saber que posso fazer o que gosto e ainda ajudar as pessoas a melhorar. Esse é um dos motivos que me fazem continuar nessa área”, explicou Adriane.

A chamada Arteterapia é a área de tratamento que utiliza recursos artísticos com finalidade terapêuti-ca, pensando nas questões de saúde psicológica dos pacientes. Normal-

mente, é feita por profissionais com graduação na área de saúde, como Psicologia, Enfermagem e Fisiote-rapia, porém também são reconhe-cidos aqueles formados nas áreas da Arte e Educação, desde que não haja enfoque clínico.

Dayane Costa Fagundes (37), terapeuta e colunista no portal onli-ne FalaFreud, explicou como a par-ceria entre os profissionais da saú-de mental e da arte pode ajudar os pacientes em tratamento: “A pessoa que sofre com doenças psicológicas costuma guardar diversas emoções e a arte pode ser uma alternativa para expressar tudo aquilo que está guar-dado, e que, de certa forma, deve ser externado. Por isso o tratamento é bem eficaz, gerando diversos resulta-dos positivos”.

Em busca da cura“Fui diagnosticada com depres-

são faz 20 anos, e desde então venho lutando. Eu me sinto melhor en-quanto estou nas aulas, aprendendo a pintar tecidos e peças de madeira. Já fiz teatro e aula de violão também. Não é fácil, então temos que agrade-

Alunas em aula de artesanato

Foto: Divulgação Escola ABC Dri

cer a todos aqueles que nos olham para ajudar e falar sobre o assunto, que infelizmente ainda é um tabu”, contou Rosângela Rodrigues (65).

Devido ao crescimento dos nú-meros das doenças psicológicas no Brasil, alguns estados promoveram projetos para ajudar. Um exemplo é a já conhecida campanha Setembro

Amarelo, desenvolvida com a inten-ção gerar debates sobre o suicídio (terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos, segundo a OMS). Dando a devida importância para informações sobre causas como esta, a tendência é que os números diminuam, e os trata-mentos, cada vez mais eficazes.

Divulgação: Secretaria de saúde do D

F

Março de 2020Ano 11 - Nº 51

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Universidade Municipal deSão Caetano do Sul - USCS Saúde + Cidades 5lharocial

Vacinação: responsabilidade com os filhos e a sociedadeEstudo mostra que brasileiros não se vacinaram ou não vacinaram uma criança por desinformação, com medo de efeitos colaterais

Camila LopesConsiderado erradicado no Brasil

por conta das boas taxas de vacinação do passado, o vírus do sarampo pou-co circulou no país nos últimos anos, deixando de entrar em contato com gerações inteiras. Sem o alarde que a doença provocava antes da década de 1980, quando a vacinação começou a ser aplicada, baixou-se a guarda e as ta-xas de imunização caíram. O resultado é que o sarampo voltou ao Brasil no final do ano passado, fazendo-o perder o certificado de país livre do vírus.

ReaparecimentoUma Comissão na Câmara dos

Deputados discutiu no final de outu-bro de 2019 o avanço da doença e as

formas de conter a infecção do vírus. Durante a audiência, a presidente da Associação Brasileira de Saúde Coleti-va (Abrasco), Gulnar Azevedo e Silva, enumerou pontos que poderiam estar contribuindo para a atual prevalência do sarampo. Foram confirmados entre os meses de agosto e outubro 6.192 casos da doença em todo o país, con-forme dados divulgados pelo Minis-tério da Saúde. São Paulo concentrou 90% dos casos – as cidades de Santo André e São Bernardo lideraram os casos – mas houve registros também em São Caetano, Mauá, Diadema, Ribeirão Pires. Um total de 14 mortes foram confirmadas, 13 na capital.

De acordo com Silva, os postos de saúde precisaram adotar medidas como horário estendido de vacinação para garantir a cobertura ideal. Afir-mou, ainda, que o governo precisa adaptar a comunicação à atualidade, utilizando, por exemplo, o Instagram. A segunda fase da campanha de vaci-nação aconteceu de 18 a 30 de novem-bro de 2019 e teve como foco jovens de 20 a 29 anos. Embora a campanha tenha acabado, os municípios devem ainda seguir realizando ações de blo-queio diante da notificação de casos da doença.

Marcelo Vaz, 51 anos, morador da cidade de Santo André, contraiu a do-ença. Em entrevista, afirmou que não

havia sido imunizado anteriormente. Teve os sintomas clássicos, que são confundidos muitas vezes com uma gripe comum. As manchas vermelhas, características do vírus, apareceram na região do pescoço somente cinco dias depois dos primeiros sintomas.

Marcelo foi então ao hospital particular São Luiz, em São Caeta-no do Sul, o qual, segundo ele estava muito mal informado sobre a doen-ça. Mesmo tendo passado os sinto-mas para a médica que o atendeu, a mesma foi categórica ao informar que não se trataria de sarampo, so-licitando um exame para dengue, o qual deu negativo., “Me mandou de volta para a casa dizendo “Vida nor-mal” disse ele, “me prescreveu apenas dipirona dizendo ser uma simples virose”. Três dias depois, estava de volta ao mesmo hospital, foi pronta-mente isolado juntamente com sua esposa – que não contraiu a doença -, “quando o resultado do exame de sangue saiu, o médico chefe infecto-logista veio me dizer que meu caso era muito grave mesmo, e que nunca tinha visto o vírus do sarampo “aca-bar” com um fígado como fez com o meu. Fui direto para a UTI, fiquei em isolamento total por cinco dias. Após os três primeiros dias, quando meu fígado começou a voltar ao nor-mal, contraí pneumonia, tive de ser

medicado com antibióticos e ficar em isolamento por mais 10 dias, só que em casa.”

Vaz tem uma filha de 17 anos que, diferente dele, já tinha sido imunizada na infância. Questionado sobre os pais “antivacina”, é categórico na resposta: “Absurdo! Ignorância acharem que a vacina causa algum outro tipo de do-ença. Temos que nos vacinar contra todos os tipos de doenças. Na época que eu nasci, meus pais não tinham informações, como consequência, por nunca ter tido contato com o vírus, quase fui a óbito. ”

Já, J.M, de 38 anos, profissional da área da saúde, participa de um grupo contrario à vacinação, e afirma que seus filhos, tomaram apenas as pri-meiras por determinação hospitalar, mas não foram todas. “Meus filhos são mais saudáveis que muitas crianças. Se alimentam bem e fazem tratamento homeopático. As vacinas atrapalham a imunidade natural que elas desenvol-vem, sem contar os riscos que trazem com suas reações que não são ditas ao público.”

Especialistas ressaltam que a decisão de pais que optam pela não vacinação não traz apenas conse-quências individuais. A queda na cobertura de vacinação pode gerar problemas de saúde pública e que não há base científica que compro-

vem esses supostos efeitos colaterais divulgados por tais grupos.

Um estudo chamado “As Fake News estão nos deixando doentes?” feito pela pela Avaaz em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em novembro de 2019, relata que 67% dos brasileiros acreditam em ao menos uma informação imprecisa sobre vacinação. O PDF do estudo está disponível para leitura no site da SBIm (www.sbim.org.br).

Foto: Cristine RocholIn

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Jonathan VieiraSegundo dados emitidos pela

Secretaria de Segurança Pública (SSP), houve uma diminuição bas-tante elevada no roubo de veículos em Santo André em setembro de 2019, se comparado com mesmo mês em 2018. Os roubos caíram 45,2%, de 217 para 119. Dados relacionados a furtos também mos-traram uma queda significativa de 15,1%. Isso mostra um movimen-to oposto ao observado em outros

meses, já que Santo André segue em primeiro lugar no ranking de rou-bos e furtos das cidades da grande São Paulo.

Esses números são resultados de diversas ações tomadas pela prefei-tura de Santo André junto ao gover-no do estado para melhorar a segu-rança pública da cidade. No final de outubro, o governador João Doria inaugurou a 1ª Companhia do 41º Batalhão da PM, localizada na Rua Curupaiti, nº 49, na Vila Scarpelli.

De acordo com João Doria, o ba-talhão contará com 121 policiais militares, 14 veículos, sistema de comunicação e integração que será capaz de atender, pelo menos, até 8 bairros da região. “Ao inaugurar-mos, aqui, a 1ª Companhia do 41º Batalhão da PM, em uma ação con-junta, estamos contribuindo muito para a melhoria da qualidade da segurança pública do ABC e, espe-cificamente, desta região”, relatou o governador. Os investimentos reali-zados pela prefeitura para a reforma do batalhão chegam em R$ 589,5 mil e as obras duraram oito meses, começando em março de 2019 e concluídas em setembro.

Outra medida que ajudou a di-minuir os índices da criminalidade em Santo André foi a criação do COI (Centro de Operações Inte-gradas), capaz de interligar imagens de até 300 câmeras espalhadas pela cidade em uma única sala. Essa me-dida facilita o monitoramento de ruas, avenidas, centros comerciais e dos ônibus via GPS. O objetivo é que também sejam adicionadas nessa lista escolas municipais e uni-dades de saúde.

Santo André investiu mais de R$ 4 milhões de reais em câmeras e em todo o ambiente em que está lo-

Roubos de veículos tem queda em Santo AndréApesar da queda inédita no mês de setembro, Santo André segue em primeiro lugar no ranking de roubos e furtos das cidades da grande São Paulo

calizado o COI. As câmeras usadas são de última geração e possuem até reconhecimento facial para faci-litar o trabalho da polícia militar na identificação de possíveis crimino-sos flagrados cometendo algum tipo de delito.

Embora Santo André ainda li-dere o ranking de furtos e roubos das grandes cidades de São Paulo, o governo municipal e o estadual es-tão empenhados em trabalhar jun-tos para que esses números sejam cada vez mais reduzidos, para que a população possa ter tranquilidade ao caminhar pelas ruas da cidade.

A expectativa é que com es-

sas medidas adotadas, os índices baixem ainda mais neste primeiro semestre. De acordo com Daniel Betega, assessor da prefeitura da ci-dade, os esforços da gestão munici-pal não pararão e a tendência é que novos investimentos sigam sendo feitos durante todo o ano de 2020 “A Prefeitura de Santo André já tra-balha para a instalação de cerca de 3 mil novas câmeras na cidade, o que vai multiplicar em dez vezes a capacidade de vigilância e monito-ramento do município. Operações também continuarão sendo reali-zadas sistemática e periodicamente em toda região” contou.

Prefeito Paulo Serra durante visita ao COI

Nova sede da 1ª Companhia do 41º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) Fo

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elber AggioMarço de 2020

Ano 11 - Nº 51

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Universidade Municipal deSão Caetano do Sul - USCSComportamento6 lharocial

Aline SantanaSegunda-feira, 18 de março de

2018 às 20h29. Vinicius Cerchiari ca-minha pelas ruas próximas à Avenida Perimetral, repetindo o mesmo trajeto com 20 minutos de duração, o qual faz todos os dias ao ir e voltar do trabalho. O fluxo de carros segue sem grandes congestionamentos, há aglomeração de pessoas nas calçadas na espera dos ônibus sentido Mauá e São Bernardo. Mas, tudo aparenta fluir tranquila-mente na cidade de Santo André, ex-ceto pela adrenalina que toma conta de seu corpo. As mãos trêmulas e o cora-ção disparado parecem o sufocar, trans-formando um caminho tão simples em um sentimento angustiante.

As crises de ansiedade intensi-ficavam a cada dia. Em meio aos pensamentos turbulentos, Cerchiari se recorda da sua última passagem ao Pronto Socorro ao sofrer mais uma de suas crises. Enquanto a en-fermeira aplicava Diazepam em sua veia para amenizar os sintomas e acalmá-lo, ela o orientava a procu-rar por terapia e realizar atividades para ocupar a sua mente, pois como a mesma dizia, ele era muito jovem para tomar um medicamento com tamanha intensidade.

Então, a história começa. Vi-nicius tira seu celular de dentro do bolso da calça, e acessa o aplicativo de câmera. As mãos continuavam a transpirar e a respiração estava ofe-gante, mas ele tenta se concentrar no ambiente ao seu redor para afastar

aquelas sensações. Aflito, ele para em frente ao acostamento da avenida.

Ele respira fundo, e se permite sen-tir o vento fresco de encontro ao seu rosto durante aquela noite de primave-ra. Com o celular ainda em mãos, ele se posiciona e tira uma foto do movi-mento dos carros. Assim como o flash, a sensação de desespero é libertada para fora. Vinicius observa os tons de azul e roxo que a iluminação da cidade causou em seu registro, e lhe agrada ao comparar com edições de filmes futu-rísticos que assistia em seu tempo livre. Ele sorri, satisfeito pelo resultado e por ter conseguido dominar a ansiedade.

A sua rotina muda. Cerchiari co-meça a fotografar coisas simples de seu cotidiano, como folhas com gotas d'água, pombos enfileirados nos fios dos postes, pôr-do-sol. Até conhecer Gerson, um amigo da faculdade do curso de Publicidade e Propaganda. Gerson começou a enxergar muito mais potencial em Vinicius; sempre elogiava as suas fotos e o orientava a amadurecer a ideia de ter uma câmera profissional, e dar vida ao seu dom.

Aos poucos, Vinícius investe em equipamentos profissionais de foto-grafia e aprende novas técnicas assis-tindo a vídeos de outros fotógrafos na

Internet para praticar em seus regis-tros. Portanto, decide criar um proje-to pessoal chamado “Serial City”, re-tratando a sua amada cidade natal de uma forma diferente do que todos es-tavam acostumados a enxergar, usan-do a fotografia de forma inspiradora para retratar cenas desprezadas no co-tidiano e enfatizar sua beleza invisível.

Como em um piscar de olhos, suas fotos começam a ganhar visibili-dade nas redes sociais, com centenas de compartilhamentos no Facebook e inúmeras curtidas em seu Insta-gram. A repercussão chega aos olhos do Atrium Shopping em agosto, o

convidando para uma exposição des-te mesmo projeto. Vinícius não ima-gina, mas era apenas o início.

Aparentemente, o ano de 2019 havia reservado incontáveis dias de sucesso para o sonhador Vinícius Cerchiari. A cada passo, ele vai além. Um novo projeto nasce, e provavel-mente, o maior de sua vida e car-reira: Invisível. Nessa exposição em especial, ele tenta representar todo mundo, e passou a conhecer histórias incríveis que transmitem além dessa representatividade, toda a poesia existente em um clique.

Com o auxílio de outros dois amigos artistas, a exposição percorre alguns centros culturais do Grande ABC, como o Museu de Santo An-dré e Pinacoteca de São Bernardo do Campo. Algumas escolas da região também fazem caravanas para co-nhecerem o trabalho dos artistas. O intuito de Vinícius é inspirar crian-ças e jovens para que eles comecem e tenham um primeiro contato com o mundo da arte, e tenham referências artísticas. Ele acredita muito que a fotografia possa transformar as próxi-mas gerações.

Com muitos projetos em vista, Vinicíus Cerchiari está pronto para encarar os novos desafios e fazer de 2020, mais uma vez, o ano de sua vida. “A arte ela mudou a minha vida, e eu acho que, ela tem esse poder de mudar a vida das pessoas também.”, diz com os olhos radiantes e um sorri-so estampado no rosto.

Foto: Vinícius Cerchiari

Vinicius Cerchiari

O homem invisível

Perfil: 100% Bruna SousaKhevelly Barsotti

“Meu nome é Bruna. Bom, agora é Bruna. Quando nasci fui registrada como Bruno e sou transsexual.” Com a voz ainda sonolenta e meio fanha de um recém resfriado, a estudante de radialismo conta que nasceu em Dia-dema, mas foi criada em São Caetano do Sul. Desde criança, sentia que algo não estava certo nela, passava os dias em casa sozinha com o irmão, pois os pais saiam para trabalhar e se divertia com as roupas e sapatos de sua mãe. “Eu sempre colocava as roupas da mi-nha mãe, adorava quando ela compra-va um salto novo, ficava esperando ela sair pra colocar. Mesmo que ficasse fal-tando espaço. E aí meu irmão sempre ficava de olho porque se ela chegasse eu tinha que correr pra tirar.”

Apesar de trabalhar muito, dona Silvana sempre foi a rainha master de Bruna e sempre teve muito medo de decepcioná-la, em todos os sentidos. Quando se assumiu gay, uma das frases ditas pela mãe que a marcou muito foi “Só não vai ficar se vestindo de mulher” e isso acabou virando um bloqueio enorme para ela mas seguiu a vida.

Conheceu um rapaz pelo qual se apaixonou e nesse meio tempo des-cobriu uma nova paixão, a arte de ser Drag Queen. Começou a trabalhar em eventos e shows e usou da arte da Drag como uma máscara, já que não podia mostrar quem realmente era 100%,

24 horas por dia, tinha a liberdade de mostrar um pouquinho desse lado mulher, de poder se ver no espelho e se sentir confortável com a imagem refletida pelos menos para as noites. A persona Thayla Fenatti nunca foi aquela Drag Queen caricata com ma-quiagens exageradas, cabelão armado e palhaça com tudo e todos. Era uma menina mais delicada, com maquia-gens sutis e bem autêntica. “Sempre tive na minha cabeça que era daquele jeito que eu queria estar sempre. Era daquele jeito que eu me olhava e falava “poxa, tô gata, to completa”.

No meio do ano de 2019, pres-tes a completar 22 anos, ela decidiu que não podia mais ficar fingindo ser alguém que não era. “Eu não tenho tempo pra ficar perdendo, sabe? Pra que que eu vou perder tempo deixan-do de ser quem eu realmente sou só pra satisfazer a felicidade dos outros?”. O carinha que conheceu há 3 anos e namorava, não aceitava ela como Drag, então, contou que se ele real-mente gostasse dela não se importa-ria em estar com um menino ou uma menina, iria se importar em estar com a pessoa Bruna. Não queria mais arris-car sua felicidade para continuar com alguém que não gostava de sua essên-cia. Sobre a dona Silvana, bom, mãe é mãe né? Nós sempre vamos buscar a aceitação e aprovação delas, mas Bru-na estabeleceu que por mais difícil que

seja, mesmo que leve anos, mesmo que ela se encontre sozinha em alguns momentos, no final, sua mãe vai aca-bar aceitando a filha que tem.

Depois que resolveu essas duas grandes questões, ela começou a in-troduzir vestimentas femininas em sua rotina e para sair com os amigos e tomou para si um lema “Gostou, gostou. Não gostou, problema é todo seu”. Algo muito comum entre a his-tória da Bruna e a de outras meninas transsexuais é que a maioria delas também passou por todo processo de transição sozinha, “Eu faço muito por mim, sem ter auxílio de ninguém”.

Foi uma frase que marcou muito nossa conversa, principalmente depois de contar sobre a primeira vez que foi tomar hormônios.”Eu fui tomar mi-nha dose de hormônio, e fui tomar em um lugar, que não recomendo, mas era o único lugar que me passava a dose sem receita e eu fui sozinha morrendo de medo do que podia acontecer co-migo, o que podia acontecer com meu corpo, qual efeito colateral ia ter.” Nes-se dia, foi sem medo, ninguém sabia o que estava indo fazer, a decisão foi toda dela e não precisou conversar com ninguém por horas para saber que realmente queria começar o processo. Ela sabia dos riscos, mas estava dispos-ta a fazer uma transição completa.

“Eu adoro sair, eu frequento mui-tas baladas e rolês hetero e eu sou

sempre muito bem aceita, o que não é a realidade para muitas garotas trans né?”, ainda mais no Brasil que é o país que mais mata transsexuais e travestis. Por isso que, mesmo não tendo passa-do por nenhuma dessas situações ela acha importante levantar a bandeira da questão LGBTQI+. Ela afirma que o preconceito é a arma dos ignorantes

"É a primeira vez que me sinto confortável diante

das câneras depois que me assumi como mulher trans."

Foto: Khevelly Barsotti

Foto: Khevelly Barsotti

e que o conhecimento pode mudar muito a cabeça das pessoas. “Ninguém é obrigado a me ajudar com isso, nin-guém é obrigado a gostar. Mas todo mundo é obrigado a respeitar.”

A morena, de traços finos e tre-jeitos singulares finaliza com uma simples frase “Eu não posso mais e me anular pelos outros, deixar de ser quem eu sou pelos outros.”

“Eu sempre sofri muito calada sozinha e tomei

partido sozinha.”

Março de 2020Ano 11 - Nº 51

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Universidade Municipal deSão Caetano do Sul - USCS Esportes + Cultura 7lharocial

Cheerleader: torcer virou esporte

Brenda BragaO Cheerfest Paulista de 2019,

competição anual entre equipes de Cheerleaders, aconteceu dia 28 de setembro, domingo, em Santo André. Participaram 800 atletas e o público somou 2.200 espectadores, segundo o site Cheer One Channel. Uma das integrantes da equipe vencedora Spirit Of Titans da categoria All Star Coed nível 02, Bruna Ribeiro (21), comen-ta: "Acabei quebrando meu dedo du-rante a apresentação, mas continuei e acabou recompensando. Ganhamos e sinto como se um sonho tivesse se tornado realidade”.

Quem assiste a filmes colegiais norte-americanos, ou acompanha NBA (National Basketball Asso-ciation) e NFL (National Football League), está habituado a ver um grupo de pessoas realizando algu-mas coreografias durante os jogos e intervalos para animar a torcida. O Cheerleading - nome em inglês para animador de torcida - é um espor-te de alto rendimento, que inclui danças, saltos e elementos circenses, como acrobacias e elevações. O ideal é treinar todos os dias para executar as chamadas rotinas, que são apre-sentações de dois minutos e trinta segundos, para as competições.

A diferença do esporte no Bra-sil é a infraestrutura. Dérico (Déco) Santana (28), treinador da equipe Ohana All Star, explica: "As técni-cas são as mesmas porque muitas equipes utilizam o livro de regras 'Varsity', como um manual para

“As pessoas julgam o esporte sem conhecer,

por passar essa percepção de alegria

e não veem o que acontece nos bastidores”

Dérico Santana

Não é ginástica, nem futebol, masum esporte que faz a diferença

Espaço para a maioria que é tratada como minoriaFeiras culturais sobre a cultura afro são organizadas por todo o país para mostrar a

importância do negro na história e a luta pela igualdade racial.Jefferson Zuleger

Em meados de 1538 o negro foi tirado de seus povos e da sua ter-ra para ser escravizado no Brasil até 1810, e depois de um pouco mais de 300 anos de escravidão, entrou em vigor a Lei Aurea, lei na qual viria abolir a escravidão no Brasil.

Mas hoje em 2019 o negro re-presenta apenas 10% dos cargos superiores nas empresas, o número de negros assassinados no Brasil é 2,5 vezes maior que o branco, sen-do 75% dos casos, o número de ne-gros analfabetos são duas vezes mais do que entre brancos, o número de negros nas universidades dobra aos anos anteriores, mas ainda é inferior nas universidades, sendo apenas 34% dos alunos, apenas 5% dos políticos em todo o país é negro, sendo a sua maioria homem.

Números mostram que o negro ainda sofre com o preconceito racial, tratado como minoria mesmo sendo 56% da população brasileira, eles se uniram e realizam feiras para dar o devido espaço ao negro, para a sua cultura e para mostrar o empreende-dorismo negro. Em São Paulo aconte-ce o Festival Feira Preta, maior festival de cultura negra da américa latina, desde 2002 onde já reuniu em toda a sua história 170 mil pessoas, abrindo espaço para 900 artistas e 1200 expo-

sitores para brasileiros e latinos, e até hoje movimentou cerca de 5 milhões de reais na venda de produtos e servi-ços ligados ao universo afro.

Aqui no ABC já temos feiras e festivais semelhantes, um deles é a Feira Afro Sanca, e até agora já

aconteceu duas edições, o evento foi criado por Valdete Ribeiro inte-grante da CONESC (Comunidade Negra de São Caetano) com o mes-mo propósito de levar a cultura e a representatividade para a população negra local “É muito bonito no fim

da feira a gente ver a autoestima das crianças que se acham feias, que que-rem alisar o cabelo porque acha que o cabelo é ruim, que sofrem bullying, vendo as modelos desfilando, elas se sentem representadas, reconhecendo a sua beleza e acreditando que um

dia podem estar ali” diz Teresa fre-quentadora do evento.

Na cidade de São Caetano do Sul onde a cultura predominante é italia-na, o negro é minoria por aqui “Em um país que metade da população é negra e que ainda sofre com o pre-conceito, organizar essa feira foi uma forma de valorizar a nossa cultura no município onde o povo e a cultura italiana predomina. E assim pode-mos fortalecer nossa cultura em prol da promoção da igualdade racial! ” Diz Andreia Miguel, outra integran-te da CONESC. Frequentadores da Afro Sanca relatam que os próprios negros da cidade de São Caetano do Sul não frequentam a feira sobre a sua cultura, mas prestigiam festas de outras culturas “A festa italiana aqui em São Caetano sempre leva muitas pessoas as ruas, mesmo tendo valores abusivos em suas atrações e pratos típicos, onde o negro que é cidadão frequenta todos os anos, mas as vezes deixa de frequentar feiras como essa de sua própria cultura, o próprio ne-gro as vezes deixa de lutar pelo o seu espaço na sociedade” relata frequen-tadores da Afro Sanca.

Feiras sobre cultura afro aconte-cem anualmente em São Paulo e re-gião, para se informar sobre datas e atrações é necessário acessar aos sites das prefeituras.

poder criar as rotinas". Existem três campeonatos no Brasil, universi-tários, estaduais e nacional, e duas categorias de equipes, Universitária e All Star. A primeira é dependen-te de uma instituição, ou seja, tem uma atlética por trás, participa dos jogos que a entidade promove. Já a segunda é totalmente independen-te, "qualquer" pessoa pode montar um time All Star, os treinos são es-

6 avançado. Os níveis das equipes estão diretamente relacionados às competições e é o treinador quem decide em qual estão. Determina-dos movimentos são característicos, o nível 3 pode usar do nível 2. Mas o contrário, não. A estrutura para a realização das rotinas é chamada de stunt, pode ser formada por quatro, três ou duas bases e um flyer. O flyer efetua os movimentos no ar, é pre-ciso ter flexibilidade. As bases são classificadas como laterais, traseira e frontal. As laterais sustentam e dão estabilidade ao flyer para que possa realizar as acrobacias com confiança. A traseira ajuda equilibrar o peso e a frontal ajuda em ambas as funções.

Bianca Fodor (21), estudante de Pedagogia, está há dois anos na equipe de Cheerleader da USCS (Universidade Municipal de São Ca-etano do Sul), e ressalta: "O corpo muda bastante, pra quem treina di-reito seguindo as recomendações. Eu adquiri mais equilíbrio, flexibilidade e sou uma pessoa muito mais ativa, não fico sem treinar!". Já Bruna, que está há um ano praticando o esporte, destaca: "Agora tenho autoconfian-ça, noção corporal e disciplina por saber que tenho que fazer por mim e por eles".

Se alguém tiver interesse em par-ticipar de uma equipe de Cheerlea-der, precisa procurar dentro da insti-tuição que estuda ou uma equipe All Star, e terá que passar pelo Try Out, uma prova em que avaliarão se você está apto a participar.

pecificamente para competições. "É complicado, nós lidamos um pouco com o 'paitrôcínio', os pais ajudam bastante comprando os uniformes para que possam participar das com-petições, alimentação e maneiras de conseguir dinheiro para campeona-tos ou eventos futuros que queiram participar", lamenta Déco.

As equipes são formadas pelo treinador e capitães, que ajudam a montar os treinos, os Cheers e pes-soas que cuidam do setor financeiro e da divulgação. As equipes pos-suem níveis, que vão de 1 a 6, que se diferem pela complexidade dos movimentos, sendo o 1 básico e o

Foto: Jefferson Zuleger

Foto: Assessoria de imprensa U

SCS

Março de 2020Ano 11 - Nº 51

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Cultura + Esporte8 lharocial Cultura + Cinema

O vilAo que encanta

Giovanna Quintino Após 53 anos do primeiro fil-

me e seis versões do maior vilão da DC Comics, Joaquim Phoe-nix nos concede uma obra prima do cinema mundial. O Coringa é um longa-metragem em que muitos começaram a assistir sem muita expectativa e saem das sa-las de cinema atônicos com tama-nha beleza e atuação.

É um filme em que o silên-cio dos atores é o complemento da cena. A dança sem música do

protagonista no banheiro da es-tação de trem nos faz temer pelo próximo ato. É o Coringa nunca visto antes, com inúmeras ex-pressões e jeitos, o que supera os outros cinco atores que inter-pretaram o personagem nas te-lonas. Phoenix trouxe a Gotham City o mais brilhante e artístico dos vilões.

Arthur Fleck é um cara pro-blemático, e um comediante não tão engraçado. Ele gera empatia no público, que tenta entender os porquês de tantos maus-tratos, motivos que o tornaram uma pes-soa tão sombria, triste e sozinha. Sem nenhuma intervenção do fa-moso Bruce Wayne, nem mesmo de seu pai, Thomas Wayne, o fil-me é apenas dele e sobre ele.

Convivendo com uma gigan-te depressão, que o abraça sem o deixar sair, ele depende do auxí-lio do programa do governo para ir à terapia e conseguir seus me-dicamentos, mas a assistência so-cial o abandona sem aviso prévio ou data de retorno. É uma crítica social direta à realidade de mui-tas pessoas, que, da mesma ma-neira, enxergam no Estado uma única esperança no meio do caos que interior.

Entre tantos segredos e mentiras em sua vida, ele procura saber da verdade de sua história. Numa bus-ca conturbada pelo seu passado e o de sua mãe, provoca nos espectado-res um misto de emoção e angústia.

Há também sua risada temida e pavorosa, que sempre o atra-palha e gera constrangimentos. “What’s so funny? Freaky!” (Qual é a graça? Esquisito!). A patolo-gia, que por anos foi colocada como algo divertido e engraçado, é motivo de nervosismo e aflição. E com Joaquim foi possível perce-ber o sofrimento de Fleck.

A fotografia, as cores, a atua-ção e, sem esquecer, That’s Life e Send In The Clowns de Frank Si-natra na trilha sonora, que deixa tudo mais bonito e harmonioso. As cenas se compõem e se com-pletam.

Em contexto histórico, o ini-migo do homem morcego foi criado por Jerry Robinson, Bill Finger e Bob Kane (também criador do Batman), e teve ins-piração de Gwynplaine, perso-nagem interpretado por Conrad Veidt, no filme O Homem Que Ri (1928). Sua primeira aparição foi em Batman #1, em 25 de abril de 1940. O vilão mais temido de Gotham City (cidade fictícia da série de quadrinhos Batman) não possui nenhuma capacidade sobre-humana, assim como seu inimigo.

Nessa nova adaptação, é ex-plorada a sua história e todos os problemas que o fizeram se tornar o que nos é apresentado. Batman e toda a Gotham City são apenas complementos da obra toda.

Joaquin Phoenix protagoniza filme solo de Coringa e impressiona críticos e espectadores

Joaquim Phonix e sua dança silenciosa na estação de trem.

I

Bruno CunhaO projeto Linha do Desejo, do

coletivo de comunicação Asas, traz a personagem Ana Thereza (Maria Fernanda Cândido) de diversas for-mas e linguagens. Hoje, este coleti-vo já produziu um documentário, um livro (Capa abaixo) e uma expo-sição gratuita em algumas estações de metrô. E ainda há um filme pla-nejado para o ano que vem.

Em entrevista ao Olhar Social, a diretora do documentário Pau-la Trabulsi, fala da pré-produção. ‘Sempre que possível, eu viajava para estes jardins de Paris (França) para fotografar e analisar as melho-res formas de gravar’, lembra.

O documentário, exibido com exclusividade todos os finais de se-mana no Petra Belas Artes, mostra Ana Thereza, uma mulher casada que cursa doutorado na França, onde se apaixona pelo orientador. Para entender esta atração, ela vai a diferentes jardins da capital francesa para colocar no papel os motivos do seu desejo. A diretora intercala esses momentos com depoimentos do fi-lósofo Luiz Felipe Pondé, do profes-sor de ética Clóvis de Barros Filho, e da artista plástica Marilu Beer sobre suas opiniões relacionadas ao desejo.

Além de continuar a história da protagonista, o projeto ainda conta-rá com depoimentos coletados em uma instalação e interação em algu-mas estações de metrô em São Pau-lo, além de falar sobre o sentimento ao longo de 800 anos na história.

O longa-metragem ‘Linha do Desejo’ que inicia suas gravações neste ano, irá compilar todo este material coletado, que será incorpo-rado na personagem já apresentada no documentário, com a interpreta-ção da mesma atriz.

A pesquisadora Suely Straub, conta que essa diversidade de pro-

zação do material, as imagens do Luciano Amado (Diretor de foto-grafia do documentário) foram sele-cionadas para a exposição. “A linha de cultura do Metrô de São Paulo entrou em contato conosco e acerta-mos quais estações estariam as inte-rações e seriam coletados os depoi-mentos da população”, confirma.

A instalação esteve nas estações da Santa Cecília, Sé (Linha Verme-lha) e Clínicas (Linha Azul) e pos-suía o nome de ‘Você no diário da Ana Thereza’. Essa espontaneidade em falar do desejo foi percebida pela produção desde a exibição do documentário no Festin (Festival de Cinema Itinerante da Língua Por-tuguesa), como nos conta Suely “As pessoas vinham nos contar, pós ses-são, falando que tinham essa neces-sidade em colocar no papel os seus sentimentos” relata.

Referente às diferentes Ana There-za, a diretora detalha: “No documen-tário, somos apresentados às inquie-tações da protagonista, já no filme teremos as interpretações de tudo isso, sendo mais poético, onde a Maria in-terpreta essas diversas Anas”, explica.

O Incerto Lugar do Desejo das Asas se mostra um exemplo de como um projeto pode ser tornar múlti-plo a partir de uma ideia durante o percurso normal de divulgação do produto, mas por ter uma equipe dedicada, conseguiu entregar ótimos resultados em cada etapa e ficamos ainda mais ansiosos pelo filme. Que ele venha logo.

Capa do livro 'O Incerto Lugar do Desejo'

Maria Fernanda Cândido em cena

Foto: Divulgação - Elo C

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As várias facetas deum mesmo documentário

jetos foram acontecendo durante a exibição do documentário. “Está-vamos esperando as críticas da im-prensa e tivemos um retorno muito positivo, até mesmo das sessões com debate pós sessão. Isso nos motivou a buscar novas formas de trazer essa história”, afirma.

Ela explica como foi a organi-

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