levantamento hidrogrÁfico · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo...

36
COMANDO NAVAL QUE FUTURO? pág. 10 NRP ÁLVARES CABRAL MISSÃO A CABO VERDE pág. 6 ESCOLA DA AUTORIDADE MARÍTIMA pág. 14 PUBLICAÇÃO OFICIAL DA MARINHA / Nº 494 / ANO XLV MARÇO 2015 / MENSAL / €1,50 LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Upload: lamkien

Post on 11-Feb-2019

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

COMANDO NAVALQUE FUTURO?pág. 10

NRP ÁLVARES CABRALMISSÃO A CABO VERDEpág. 6

ESCOLA DA AUTORIDADEMARÍTIMApág. 14

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA MARINHA / Nº 494 / ANO XLVMARÇO 2015 / MENSAL / €1,50

LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Page 2: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

Doca Seca da Beira (Moçambique)

Fotografias com mais de quarenta anos, quando a doca seca da Beira tinha como entidade responsável e administrativa a Capitania do Porto da Beira, subordinada à Direção dos Serviços de Marinha de Moçambique.

Era, pois, pessoal da Marinha que controlava e executava a entrada e saída dos navios, tanto os nacionais como os estrangeiros, que se serviam da dita doca.

Segundo constava na altura, a doca fora construída com a finalidade de fabricar uns “caixões” para acrescento do cais do porto.Como doca, tinha demasiadas deficiências, entre as quais, por exemplo, o tipo de porta utilizado, que era de abater, ficando paralela

ao fundo. Na operação de descer ou subir, demorava cerca de quarenta e cinco minutos. Outro pormenor, não menos importante, é que a porta não segurava a água; conforme a maré subia ou descia, assim variava o nível de água dentro da doca, devido à inclinação que a porta tinha, de uns vinte a trinta graus, para fora.

Batista Velez1TEN OTT REF

FOTOGRAFIASANTIGAS, INÉDITAS OU CURIOSAS

Page 3: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 3

Fotografias Antigas, Inéditas ou Curiosas

Strategia 10

NRP Cuanza

Presidente da República visita o Instituto Hidrográfico

Levantamento Hidrográfico em S. Tomé e Príncipe

Lusitano 14

Academia de Marinha

Casa da Balança. Uma requalificação esperada

Busca e Salvamento dos Açores

Vigia da História (72)

Estórias (10)

Aniversários

Saibam Todos / Convívios

Novas Histórias da Botica (41)

Saúde para Todos (23)

Quarto de Folga

Notícias Pessoais Símbolos Heráldicos

Publicação Oficial da MarinhaPeriodicidade mensalNº 494/ Ano XLVmarço 2015

Revista anotada na ERCDepósito Legal nº 55737/92ISSN 0870-9343

SUMÁRIO

DiretorCALM Carlos Manuel Mina Henriques

Chefe de RedaçãoCMG Joaquim Manuel de S. Vaz Ferreira

Redatora1TEN TSN - COM Ana Alexandra G. de Brito

Secretário de RedaçãoSCH L Mário Jorge Almeida de Carvalho

Desenho GráficoASS TEC DES Aida Cristina M.P. Faria

Administração, Redação e PublicidadeRevista da Armada - Edifício das InstalaçõesCentrais da Marinha - Rua do Arsenal1149-001 Lisboa - PortugalTelef: 21 321 76 50Fax: 21 347 36 24

E-mail da Revista da [email protected]@marinha.pt

Paginação eletrónica e produçãoInstituto Hidrográfico

Tiragem média mensal4500 exemplares

Preço de venda avulso: € 1,50

NRP ÁLVARES CABRALMISSÃO A CABO VERDE 06

ESCOLA DA AUTORIDADEMARÍTIMA 14

020412131720

2322

24262728 29

3231

3334CC

COMANDO NAVALQUE FUTURO?10

CapaEquipamento Global Navigation Satellite System, na sua posição junto à Igreja de S. João, baía de Ana Chaves.

Page 4: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 4

REVISTA DA ARMADA | 494

MARTE E VÉNUS?

Stratεgia 10

Marte: Quarto planeta do sistema solar, batizado em homena-gem ao deus romano da guerra.

Vénus: Segundo planeta do sistema solar, batizado em home-nagem à deusa romana do amor.

INTRODUÇÃOComo foi referido no artigo anterior, a recente Estratégia da

UE para a Segurança Marítima apontou a complementaridade e a coordenação como os pilares do relacionamento mútuo entre as duas organizações no domínio marítimo. Essa complemen-taridade e essa coordenação são tão mais importantes quan-to as atuais ameaças securitárias são demasiado complexas e exigentes para poderem ser enfrentadas por um só Estado ou por uma só organização internacional. Vejamos, pois, em que se podem traduzir esses dois conceitos, no quadro da seguran-ça dos mares.

COMPLEMENTARIDADEAo analisar a complementaridade entre as duas organiza-

ções, é preciso ter em atenção que a NATO é a única que tem um compromisso claro de defesa coletiva, o que implica prepa-ração e prontidão para atuar em todo o espectro das operações marítimas, incluindo em operações de combate. Efetivamente, a Estratégia Marítima da Aliança aprovada em 2011 discriminou as principais funções do poder naval aliado, começando preci-samente pela dissuasão e defesa coletiva. Além dessa função,

o documento elenca a gestão de crises, a segurança cooperativa e a segurança marítima – sendo que estas funções ca-bem perfeitamente no quadro de atua-ção tanto da NATO como da UE.

Atendendo a isso mesmo, uma das opções de complementaridade que tem sido debatida pela comunidade opera-cional seria a NATO assumir as opera-ções no extremo superior do espectro de empenhamentos (aquilo que em lín-gua inglesa se denomina de high-end ou high-intensity e que podemos designar como de alta intensidade) e a UE as mis-sões e operações no extremo inferior do espectro de empenhamentos (low-end ou low-intensity, que podemos designar como baixa intensidade), que inclui, por exemplo, o combate à pirataria e à imi-gração ilegal.

De facto, a UE está mais vocaciona-da para missões e operações marítimas de baixa intensidade, enquanto a NATO tem um maior enfoque na preparação

para empenhamentos de alta intensidade. Porém, não é expectável que ao nível político ambas as orga-

nizações venham a comprometer-se com uma divisão funcional deste tipo, pois nenhuma delas quererá prescindir declarada-mente da sua autonomia de decisão, caso a caso. E relativamen-te à NATO, não é crível que abdique da possibilidade de intervir em operações de menor intensidade, como são normalmente as operações de segurança marítima, até porque a Estratégia Marí-tima da Aliança, que incluiu a segurança marítima no rol de fun-ções do poder naval aliado, entrou recentemente em plena fase de operacionalização. Acresce que o valioso contributo das forças navais da Aliança para a segurança cooperativa, promovida pelo reforço das parcerias com países terceiros, implica o seu empe-nhamento em atividades não combatentes, dificultando ainda mais a tal divisão funcional de tarefas no domínio marítimo.

COORDENAÇÃOAssim, é mais expectável que o relacionamento entre a NATO

e a UE passe por uma acrescida coordenação que permita, em cada situação e em função das circunstâncias, concertar qual o empenhamento mais adequado. Isso poderá evitar duplicações de esforços e perda de eficiência estratégica, como, de algum modo, acontece atualmente com as operações OCEAN SHIELD (da NATO) e ATALANTA (da UE), de combate à pirataria soma-li. Com efeito, embora os mandatos dessas operações não se-jam iguais, existe inevitavelmente alguma sobreposição, além

Reunião de coordenação, a bordo da fragata “Álvares Cabral”, entre os comandantes e os estados-maiores das forças da NATO e da UE (e, também, das Combined Maritime Forces), empenhadas no combate à pirataria somali

Foto

1SA

R A

Dias

Page 5: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 5

Stratεgia 10

Sardinha MonteiroCFR

duma competição entre ambas as organizações pela obtenção dos meios navais nos processos de geração de forças. Tem sido possível esbater essa sobreposição graças a uma boa coorde-nação na área de operações, aos níveis tático e operacional, e também, habitualmente, através de uma separação geográfica, com a força naval da NATO a concentrar a sua atuação junto do corredor de tráfego estabelecido no Golfo de Áden e a força naval da UE (EUNAVFOR) a focalizar a sua atuação na bacia da Somália. Já no que respeita à competição pelos meios, o desa-fio permanece e assim permanecerá enquanto as forças navais da NATO e da UE estiverem empenhadas nas operações acima referidas. Veja-se o caso de Portugal, que – além da atribuição, por diversas vezes, de aviões de patrulha marítima P3 da Força Aérea Portuguesa – já empenhou navios na força da NATO en-volvida em operações anti-pirataria por 3 vezesi (tendo mesmo comandado a força em 2009/2010) e também já empenhou na-vios na EUNAVFOR por outras 3 vezesii (tendo também coman-dado a força em 2011 e 2013).

CONSIDERAÇÕES GERAISNos últimos anos tem havido reiterados esforços de coopera-

ção estratégica entre a NATO e a UE, mas é agora necessário pas-sar à prática. O difícil relacionamento entre a Turquia e o Chi-pre (abordado no artigo do último mês) permanece como o fator mais impeditivo desta cooperação, mas ainda assim é possível implementar ações concretas que aproximem as duas organiza-ções no plano marítimo, como sejam a intensificação das con-versações informais entre o Conselho do Atlântico Norte (North Atlantic Council) da NATO e o Comité Político e de Segurança (Po-litical and Security Committee) da UE e respetivos estados-maio-res, a realização de exercícios entre forças navais de ambas as organizações e uma maior partilha de informação e informações, que possa contribuir para o incremento do conhecimento situa-cional marítimo global.

Cabe aqui referir que, por um lado, a UE dispõe de melhores fer-ramentas que a NATO para empenhamentos no low-end, por pos-suir instrumentos jurídicos, económicos e diplomáticos, bem como capacidades civis para apoio à capacitação de Estados fracos, es-senciais para a implementação de estratégias holísticas e abrangen-tes de prevenção e combate a ameaças securitárias aquém da guer-ra. Por outro lado, o foco das forças navais permanentes da NATO deve ser a preparação para empenhamentos de alta intensidade, na certeza de que com isso se garante a capacidade de intervenção

em todo o espetro de missões e operações – sendo que essas forças (pela sua elevada prontidão e pela sua preparação para todo o tipo de empenhamentos) são também particularmente indicadas para a reação inicial a qualquer ameaça à segurança aliadaiii.

Isso poderá permitir alguma complementaridade entre am-bas as organizações, uma vez que a NATO pode reagir de forma imediata a qualquer ameaça à segurança coletiva, podendo criar condições para um follow-on que possa ser gerado, em tempo, pela UE. Esta lógica de sequenciação temporária poderá permi-tir que, após a reação inicial e logo que adequado, as forças da NATO se retirem para se focalizarem na manutenção de eleva-dos níveis de prontidão para empenhamento em operações de alta intensidade. Já a UE, podendo ser mais lenta na capacidade de resposta, focalizar-se-ia numa abordagem mais abrangente de conjugação da promoção da segurança com a promoção do de-senvolvimento, para a qual parece claramente mais vocaciona-da. Esta sequenciação temporária também poderá aplicar-se em ordem inversa, com a UE a assumir a fase inicial das operações de gestão de crises que, num cenário de escalada que compro-metesse a segurança aliada e levasse à invocação do artigo 5º do Tratado de Washington, daria lugar a uma intervenção mais mus-culada das forças navais permanentes da NATO.

CONCLUSÃOAtendendo ao acima exposto, pode-se dizer que tem sido pos-

sível encontrar, aos níveis tático e operacional, alguma comple-mentaridade, que designo como geográfica, com as forças navais da NATO e da UE empenhadas no combate à pirataria somali a fazerem incidir a sua atuação em áreas distintas.

Além disso, o facto de a NATO possuir forças navais permanen-tes poderá permitir alguma complementaridade, que designo como temporal, em operações não-artigo 5º, com a NATO a asse-gurar a reação inicial perante ameaças à segurança aliada, criando condições para um empenhamento subsequente da UE quando a estabilidade dos teatros o permita, libertando as forças da NATO, logo que adequado, para regenerarem as suas valências comba-tentes. O conceito de complementaridade temporal adequa-se, igualmente, a operações de gestão de crises em que a força naval da UE esteja autonomamente empenhada, mas em que a escalada do conflito implique evoluir para uma operação de defesa coletiva, resultando na transferência do comando para a alçada da NATO e num incremento dos meios navais combatentes.

É por isso que – embora seja difícil que NATO e UE acordem numa complementaridade do tipo: NATO para o high-end; UE para o low-end – uma tal complementaridade funcional (desde que não seja mutuamente exclusiva) não deixa de ser um bom ponto de partida para a concertação, caso a caso, de empenha-mentos entre a NATO e a UE. Adaptando (de forma livre) uma conhecida e controversa analogia introduzida por Robert Kagan, essa “divisão de tarefas” corresponderia, de algum modo, à visão da NATO como Marte e da UE como Vénus.

Notas

i Fragatas “Corte Real” em 2009, “Álvares Cabral” em 2009/2010 e “Francisco de Almeida” em 2011ii Fragatas “Vasco da Gama” em 2011, “Corte Real” em 2012 e “Álvares Cabral” em 2013.iii Além de poderem, ainda, ser utilizadas, no âmbito dos seus exercícios, para promover parcerias em áreas de interesse estratégico para a Aliança.

Foto

NRP

“Vi

ana

do C

aste

lo”

Apoio médico a náufrago socorrido pelo NRP “Viana do Castelo” no âmbito da Operação TRITON, de controlo de fronteiras / combate à imigração ilegal / salvamento marítimo, lançada pela UE no mar Mediterrâneo

Page 6: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 6

REVISTA DA ARMADA | 494

NRP ÁLVARES CABRAL MISSÃO A CABO VERDE

INTRODUÇÃOApós um silencioso sono de 19 anos, no passado dia 23 de

novembro o imponente vulcão da Ilha do Fogo, uma formidá-vel ilha-montanha com 2829 metros de altitude situada em pleno Atlântico, despertou. Para o olhar de quem vem de lon-ge, facilmente se constata que a Ilha do Fogo, toda ela, é um enorme registo material da génese vulcânica do arquipélago cabo-verdiano.

Camada após camada, o tempo histórico e a cor da paisagem facilmente nos transportam a imaginação muito para além da memória humana, recordando que as pontuais erupções da his-tória do Fogo, representam a contínua, porém frágil, relação en-tre o Homem e a Natureza que o rodeia.

Na manhã do passado dia 23 de novembro, com o suspeito prenúncio de atividade sísmica, uma das câmaras secundá-rias do sistema vulcânico da montanha do Pico do Fogo gerou uma erupção de magma às 09h45 na face oeste do cone prin-cipal. O fluxo de lava irrompeu desde então, mantendo-se en-quanto o navio permaneceu na área, de uma forma contínua, embora a diversas velocidades, causando dois caudais de lava principais, um para sul e outro para noroeste. Nos dias que se seguiram à erupção inicial, a descarga de material vulcâni-co variou entre violentas explosões piroclásticas e emissões de gases, em paralelo com o fluxo de lava que desde então se mantém.

A região da caldeira, protegida a Oeste pela alta escarpa rocho-

sa de uma antiga parede vulcânica e a Leste pelo Pico do Fogo, é conhecida por ser especialmente fértil, nomeadamente na pro-dução de viticultura, o que levou à fixação de diversas popula-ções locais ao longo do tempo.

A erupção de 24 de novembro em pouco tempo ameaçou diretamente as populações locais da Chã das Caldeiras. As lo-calidades mais afetadas foram a Portela e Bangaeira, primei-ro uma depois a outra, viram-se forçadas a ser abandonadas face ao movimento da lava. As populações foram rapidamen-te recolocadas para povoados vizinhos, tendo, no entanto, de deixar todos os seus pertences para trás. Na semana se-guinte o avanço contínuo da lava viria a consumir dezenas de casas, edifícios municipais, igrejas e instalações de saúde e ensino.

RESPOSTA AO PEDIDO DE AJUDA INTERNACIONALCom o agravamento da situação no Fogo, o Governo de Cabo

Verde emitiu um pedido internacional de apoio. Portugal respon-deu prontamente com o envio de uma unidade naval para o terri-tório de Cabo Verde (28 de novembro a 14 de dezembro).

A fragata NRP Álvares Cabral, que se encontrava na fase final do seu Plano de Treino Operacional, foi o navio empenhado para a operação DJARFOGO.

Em pouco menos de 48 horas, o navio preparou-se para a missão embarcando diverso material e equipamento de apoio às autoridades locais, proveniente de diversas instituições na-

Page 7: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 7

cionais e entidades, nomeadamente, da Fundação para a Ciên-cia e Tecnologia, através do consórcio C4G, da Autoridade Na-cional da Proteção Civil, do Instituto Nacional de Emergência Médica e do Instituto Camões.

Além deste apoio suplementar, o navio preparou-se ao ní-vel logístico e reforçou as suas capacidades orgânicas de pro-jeção, embarcando um helicóptero Lynx Mk-95, 12 botes da Unidade de Meios de Desembarque (UMD) e mais uma se-mirrígida. Estes meios de projeção visaram o apoio no trans-porte de pessoal e material no local. Para esta missão a guar-nição foi reforçada com 22 fuzileiros, 12 da UMD e 10 do pelotão de abordagem do Batalhão de Fuzileiros nº 1 (PE-LBOARD-BF1), quatro mergulhadores, um médico, uma psi-cóloga, mais um enfermeiro, para além de 13 elementos da Esquadrilha de Helicópteros.

Após ter recebido altas entidades militares, nomeadamente o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), General Artur Pina Monteiro, e o Chefe do Estado-Maior da Ar-mada, Almirante Luís Manuel Fourneaux Macieira Fragoso, a fra-gata NRP Álvares Cabral largou já no final do dia 28 de novembro da Base Naval de Lisboa, com 201 militares a bordo, rumo ao ar-quipélago de Cabo Verde.

O navio largou tendo como missão a entrega do material em-barcado às autoridades locais e apoio à população afetada, de-signadamente, através da prestação de primeiros-socorros, as-sistência médica, distribuição de alimentos e água, e pequenas obras de reabilitação urbana.

A CHEGADA A CABO VERDEApós uma navegação de cinco dias, o navio chegou, ao início da

tarde do dia 3 de dezembro, à cidade da Praia, capital de Cabo Verde. A paragem na cidade da Praia visou a coordenação inicial com

as autoridades locais, de forma a agilizar e coordenar a operação de apoio à população afetada no Fogo, tendo sido entregue o material e equipamento fornecido pela ANPC nacional à sua con-génere cabo-verdiana.

Page 8: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 8

REVISTA DA ARMADA | 494

Ainda nessa tarde, foi recebida a visita a bordo do Primeiro-mi-nistro da República de Cabo Verde, Dr. José Maria Neves, com larga e distinta comitiva, tendo sido recebido pelo comandante do na-vio, na companhia do adido de defesa na Praia, CMG Pinto e Lobo, e do embaixador naquela cidade, Dr. Homem de Lucena. Esta visita ilustra bem o interesse que despertou a presença do navio junto das autoridades locais e dos órgãos de comunicação social, que fo-ram presença assídua durante a missão.

Estando previsto inicialmente o embarque do Presidente da República de Cabo Verde, Dr. Carlos Jorge Fonseca, para se fazer deslocar à ilha do Fogo, foi decidido que o CALM Silvestre Correia acompanharia a visita daquela alta entidade, em representação do GEN CEMGFA. O CALM Silvestre Correia embarcou no dia 4 de dezembro, tendo permanecido a bordo até ao dia 6, acompa-nhando a atividade do navio.

No seu trânsito para a ilha do Fogo o navio transportou dois téc-nicos da ONU (Disaster Assessment and Coordination – UNDAC) e outros dois técnicos do mecanismo europeu de proteção civil, que se encontravam em apoio aos dois primeiros.

AS OPERAÇÕES NO TERRENOÀ chegada à Ilha do Fogo, durante a manhã do dia 4 de de-

zembro, o navio permaneceu ao largo do porto de Vale de Ca-valeiros, tendo embarcado de imediato uma delegação com os principais elementos do serviço de proteção civil no local, contando ainda com a presença da Ministra da Administração Interna, Dra. Marisa Morais, com os quais foi possível definir as tarefas para o navio e atribuir prioridades ao material a de-sembarcar. O CALM Silvestre Correia pôde fazer um périplo pela ilha do Fogo, tendo como anfitriã a Senhora Ministra, tes-temunhando o impressionante fenómeno e os efeitos da sua ação nas povoações afetadas na Chã das Caldeiras e a resposta vigorosa e organizada do serviço de proteção civil. Os milita-res do navio que acompanharam esta visita aproveitaram para fazer um importante trabalho de reconhecimento que permi-tiu, mais tarde, organizar o apoio ao centro de deslocados de Monte Grande.

No dia 4 de dezembro o Garfield descolou rumo à Ilha do Fogo com a tarefa de fazer recolha de imagem e vídeo da zona desde Mosteiros, voando por norte da Ilha até à cidade de São Filipe.

Após este voo inicial, no dia seguinte o Garfield descolou novamente para mais um voo de reconhecimento. Desta feita a bordo seguiu uma vulcanóloga do Instituto de Vulcanologia das Canárias, com o objetivo de tentar, através de uma câmara de imagem térmica, recolher dados relativos ao fluxo de lava, bem como da quantidade de dióxido de enxofre. Infelizmen-te, por limitações meteorológicas não foi possível alcançar o resultado desejado.

Para além dos voos de reconhecimento efetuados, o Gar-field foi prontamente chamado a responder à solicitação da Embaixada de Portugal na cidade da Praia, descolando pelas 09h50 do dia 6 de dezembro, com destino ao aeródromo de São Filipe, para embarcar uma cidadã portuguesa grávida de sete meses e os seus dois filhos de treze e quatro anos com destino à cidade da Praia, de onde seguiram para Lisboa.

● Equipa médica

A avaliação inicial das condições médico-sanitárias e apoio necessário feita pelo médico do navio e pela psicóloga junto dos centros de deslocados de Monte Grande, Chã das Furnas e Mosteiros, permitiu rapidamente definir o centro de Monte Grande como local prioritário para projetar, a partir do navio, uma equipa de apoio. Nesse sentido, a equipa de saúde auxiliou as autoridades locais de modo a efetuar a triagem dos desloca-dos, estabelecimento de prioridades médicas na assistência e coordenação ao nível dos apósitos médicos. De igual modo foi possível fornecer cuidados de saúde primários e de enferma-gem à população.

A presença no terreno de uma psicóloga permitiu efetuar a identificação e avaliação dos indivíduos mais expostos ao inci-dente crítico e a necessitar de intervenção psicológica imediata; em estreita colaboração com a psicóloga cabo-verdiana presen-te, foram desenvolvidos protocolos de triagem para identifica-ção das pessoas com necessidades mais imediatas, tendo sido

Page 9: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 9

Ao nível habitacional foram recuperados cinco telhados que se encontravam degradados, efetuada a montagem de um fogão comunitário e a instalação de um iso-contentor com capacidade para 1500 litros de água potável. Foram também distribuídas 250 refeições quentes.

O REGRESSOApós ter desembarcado todo o material e ter executado o pla-

no “Nha Casa”, o navio regressou para a cidade da Praia, onde veio a atracar no dia 8 de dezembro, numa paragem logística an-tes de regressar a Lisboa.

Ainda no dia 8, foi possível receber, em jantar protocolar, o Embaixador de Portugal na cidade da Praia, Dr. Bernardo Homem de Lucena, o Adido de Defesa, CMG Pinto e Lobo, e o Diretor Téc-nico do Projeto 5 da Cooperação Técnico-Militar entre Portugal e Cabo Verde, CFR Mariano Alves.

O navio largou na manhã do dia seguinte, já reabastecido e preparado para o regresso. Durante o trânsito de regresso a Por-tugal, foi possível realizar algumas atividades de treino interno, nomeadamente exercícios de tiro, disparo de pirotécnicos, ope-rações de voo, etc.

Aproveitando a época festiva, no dia 11 de dezembro, num são ato de comunhão a bordo, a guarnição juntou-se num jan-tar de celebração de Natal, onde foi possível reforçar os laços de camaradagem e espírito de corpo e, acima de tudo, refletir sobre o impacto da operação que findara na vida de cada um de nós, onde foi possível dar, num modesto contributo, um pouco mais de conforto à população afetada pelo vulcão da Ilha do Fogo, em Cabo Verde.

O navio atracou no dia 14 de dezembro na Base Naval de Lis-boa, com o sentimento de missão cumprida.

9 aequo animo F331

Colaboração do CoMando do nRP ÁlVaReS CaBRal

realizadas diversas consultas de psicologia clínica, bem como apoio domiciliário. Este apoio irá continuar a ser prestado ao longo do tempo.

● Unidade de Meios de Desembarque (UMD)

Para cumprir o solicitado a UMD embarcou no NRP Álvares Ca-bral um total de 12 militares e 12 botes Zebro III, tendo sido atri-buída a tarefa de transporte de material entre o navio e o local de desembarque.

Após o estudo do local, ainda no trânsito para a Ilha do Fogo, posteriormente suportado pelas imagens do reconhecimento do Garfield, ficou definido como local de desembarque prioritário o porto de Vale de Cavaleiros.

Embora aparentasse ser simples, a tarefa revelou-se bastante trabalhosa em virtude de o material a desembarcar ser volumo-so e o navio ter permanecido a navegar, sendo necessário içar e arriar os botes antes das movimentações diárias. No entanto, o resultado final saldou-se num total de 95% de todo o material e pessoal movimentado através dos botes da UMD.

Aos primeiros alvores de 7 de dezembro, foi colocado em práti-ca o plano apelidado de “Nha Casa”; este plano tinha apenas um objetivo principal, ajudar os desalojados do centro de Monte Gran-de. Por forma a sustentar este plano foi definida uma unidade de desembarque com capacidades diversificadas, i.e. médica, técnica, reconhecimento e segurança, relações públicas e logística.

Por forma a alcançar o objetivo definido foram estabelecidos quatro vetores de ação:

– Apoiar na triagem e recenseamento médico da comunida-de local;

– Proporcionar apoio psicológico à comunidade local;– Preparar e distribuir 250 refeições quentes;– Auxiliar trabalhos de reabilitação urbana.Como súmula do trabalho realizado destacam-se as trinta e

cinco consultas de triagem, consulta e pequenos cuidados de en-fermagem, as três consultas e quinze visitas ao domicílio presta-das pela psicóloga de bordo, a montagem de um gerador portátil e rede de distribuição de energia a três casas comunitárias.

Page 10: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 10

REVISTA DA ARMADA | 494

QUE FUTURO?

COMANDO NAVAL

As operações, no presente, são uma nova arte no mundo global em que estamos inseridos, para a qual é necessário

contribuir, através de soluções passíveis de liderar os processos de mudança, garantir a vanguarda da doutrina, promover a supremacia na informação e assegurar a eficácia no desempenho no domínio marítimo.

As velhas ameaças rejuvenesceram e transformaram-se em novas realidades, sinalizando a sua aparição em teatros de ope-ração que apresentam características totalmente diferentes das existentes num passado recente, arrastando para o domí-nio marítimo contornos de incerteza e imprevisibilidade assina-láveis, constituindo-se como ameaças à defesa e segurança do Estado e dos seus cidadãos, bem como à estabilidade da comu-nidade internacional.

A participação em operações, cujo ambiente circundante é a população, o cidadão comum (“The war amongst the people”), bem como os teatros com ameaça assimétrica constituem, no presente, uma realidade complexa. Em resposta, os conceitos evoluem, procurando balizar, controlar e extinguir as novas for-mas de conflito e contribuir para a segurança das populações e da comunidade internacional.

Na sequência da implementação do programa da “Reforma 2020” que representa reajustamentos e alterações muito signifi-cativas nas Forças Armadas, num ambiente de fortes restrições de recursos financeiros, humanos e materiais, o período que se avizi-nha afigura-se como uma oportunidade para uma mudança de cul-tura, cimentada no que de melhor fomos capazes de construir no passado e que traduza um novo alento para as gerações vindouras.

Neste cenário em permanente mudança torna-se indispensá-vel proceder à revisão dos mecanismos e das modalidades de atuação, bem como assumir a necessidade de participar em ope-rações com meios e capacidades ágeis, flexíveis, facilmente pro-jetáveis e prontos para integrarem ambientes multidisciplinares.

É assim que o Comando Naval do presente deverá estar foca-lizado no produto operacional da Marinha, preparado para en-frentar os desafios do futuro, através da maximização do empre-go operacional e da sustentação, para assegurar o cumprimento da missão com eficácia, através de:

− Uma resposta adequada, e de forma autónoma, aos re-quisitos exigidos nos diferentes teatros de operações, num contexto de soberania ou em cumprimento de compromissos assumidos internacionalmente;

- Padrões de desempenho que permitam o emprego de meios e forças de forma credível e sustentável;

− Estruturas de funcionamento mais ágeis, de forma a concen-trar o esforço, e os recursos, na componente operacional.

Nesta medida, com o intuito de assegurar o aprontamento de forças e meios, e garantir a capacidade de comando e con-trolo, em apoio ao exercício do comando do Almirante CEMA, foram estabelecidos três grandes objetivos, concorrentes para a satisfação dos estabelecidos na Diretiva de Planeamento da Marinha 2014, e que contribuem decisivamente para a visão do

CEMA de uma Marinha pronta e credível na defesa dos interes-ses de Portugal no mar:

− Incrementar a vigilância e o controlo dos espaços marítimos sob jurisdição e soberania nacional;

− Incrementar a prontidão das forças e meios operacionais;− Melhorar a estrutura organizacional e os processos do setor.Para este efeito, concorrem ainda, o fortalecimento dos valores

referência da Marinha, a Disciplina, a Lealdade, a Honra, a Integri-dade e a Coragem, que conduzem à edificação de um espírito de equipa fundamental para a coesão na ação, no reforço da responsa-bilidade indispensável para atingir a confiança e a credibilidade de-sejável na cooperação, bem como no desenvolvimento dos proces-sos de inovação com vista à materialização dos objetivos propostos.

Os constrangimentos são geradores de oportunidades. Neste contexto, em que a dificuldade de acesso aos recursos é trans-versal, resulta uma oportunidade para promover uma atitude significativamente mais colaborativa, entre todas as entidades e organizações com competências no espaço marítimo de respon-sabilidade nacional, fomentando o relacionamento e a partilha de conhecimento, explorando conceitos de natureza militar de “co-mando apoiante/comando apoiado”, no sentido de gerar sinergias potenciadoras de uma maior eficácia da ação do Estado no mar.

Acresce que a nova Estratégia para o Mar fomenta a capacidade de ação centrada na multidisciplinaridade e na cooperação intera-gência, conduzindo naturalmente a melhores práticas no uso do mar.

Por outro lado, as relações bilaterais e a participação de Por-tugal nas alianças e organizações internacionais, através do in-cremento da cooperação, constituem-se como elemento multi-plicador para a segurança global, permitindo contribuir para a atualização da doutrina e dos procedimentos, e para a manuten-ção, aferição e certificação das capacidades da Marinha para em-pregar nos diversos teatros.

Page 11: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 11

As constantes evoluções tecnológicas permitem também de-senvolver novas abordagens sustentadas no processamento, ges-tão e análise de informação, assim como a implementação dos adequados sistemas de apoio à decisão com vista ao empenha-mento eficiente das forças e meios.

A renovação da esquadra impõe soluções que conduzam à re-visão do conceito do modelo de emprego de capacidades e à adoção de novos procedimentos e metodologias para o empe-nhamento dos limitados recursos disponíveis.

A crescente relevância do mar reforça ainda a necessidade de garantir o seu uso na justa medida dos interesses de Portugal, salvaguardando as dimensões de defesa e de segurança, promo-vendo a investigação e o conhecimento científico, o desenvolvi-mento da atividade económica, o progresso e o estabelecimento de um clima de confiança entre os vários intervenientes.

É com esta atitude que diariamente, no campo da honra, no mar, se consolidará a visão expressa de «Maximizar o emprego operacional e a sustentação para assegurar o cumprimento da missão, com eficácia».

Dos objetivos definidos decorrem três pilares estratégicos para o cumprimento da missão do CN:

● Empenhamento operacional, que se consubstancia:− No incremento da disponibilidade das forças e meios operacio-nais de modo a garantir o cumprimento das missões que decor-rem dos compromissos nacionais e internacionais;− Na necessidade de mitigar a obsolescência tecnológica regis-tada e que impõe a procura de novas e inovadoras soluções que permitam a sustentação das capacidades;− No esforço para assegurar a manutenção de capacidades edi-ficadas só possíveis de justificar pela evidência da sua valia estra-tégica, e pelo reconhecimento da excelência de desempenho dos nossos marinheiros. A experiência e a capacidade demonstradas são prova de competência, profissionalismo, dedicação, e vonta-de de bem servir, predicados das melhores tradições navais. − Na exploração de uma componente operacional edificada com o objetivo de potenciar uma utilização versátil dos meios, com capacidade de atuação «multirole/multipurpose» em diferentes cenários, alargando o respetivo espectro de opções de emprego, privilegiando uma lógica de economia de esforço, por partilha de conhecimento e de recursos.

● Conhecimento situacional, que se materializa:− No incremento da vigilância e o controlo dos espaços maríti-mos sob jurisdição e soberania nacional, promovendo a partilha de informação e do conhecimento; − Na unidade de comando, sustentada numa sólida estrutura de rede e de comunicações, atributo reconhecido ao nível nacional e interna-cional, e que representa uma via para a excelência da ação no mar; − Na necessidade de edificar a capacidade de cyber defesa, no sentido de estar preparado para uma nova dimensão da guerra.

● Restruturação organizacional, que se promove:− Na melhoria da estrutura organizacional e dos processos do se-tor, permitindo uma gestão racional e equilibrada dos recursos dis-poníveis, como suporte ao cumprimento da missão com eficácia;

− Na obtenção e na gestão criteriosa de recursos, que no âmbito do recrutamento e na esfera orçamental, constituem-se como o maior desafio, em que servir nas unidades operacionais terá de representar um campo de ação atrativo e aliciante, preenchendo por completo a vocação de ser marinheiro; − Na adoção de modelos mais versáteis, sendo por isso impera-tivo repensar a atual estrutura organizativa das unidades, entida-des e órgãos dependentes, tornando-a mais flexível e adequada, orientada no princípio da concentração do esforço.

● Para este efeito, considera-se prioritário:− A transferência do Comando Naval para a BNL, numa lógica de exercício do comando de proximidade, bem como a alteração da sua orgânica, decorrente da eliminação de comandos adminis-trativos intermédios, em particular a integração da Flotilha e a edificação de uma nova Esquadrilha de Superfície;− A atualização do COMAR, numa perspetiva de desenvolvimen-to das capacidades indispensáveis à condução das operações no domínio marítimo, no combate às ameaças e riscos existentes, materializando um esforço na melhoria do conhecimento situa-cional marítimo, na obtenção da superioridade da informação e no incremento da rapidez no apoio à decisão; − A reestruturação do Corpo de Fuzileiros, sustentada numa ló-gica de integração dos elementos de força em unidades de ele-vada prontidão, sem contudo descurar a capacidade de gerar as valências necessárias para edificar e projetar uma capacidade an-fíbia de forma autónoma, que, concorrendo para a própria coe-rência do sistema de forças da Marinha, seja capaz de contribuir para a materialização do conceito de força expedicionária.

A velocidade crescente da mudança e a mutação vertiginosa dos riscos associados constituem motivo suficiente para que nenhum Estado negligencie a vigilância e a segurança dos seus espaços ma-rítimos, nem a dissuasão de atos ilícitos neles praticados, razão pela qual a componente naval representa um instrumento indis-pensável à afirmação da determinação e à expressão da vontade em defender direitos e preservar o património nacional.

O quadro de valores dos que servem a Marinha, a bordo, no mar, a partir do mar ou em terra, gera um sentimento de partilha, constrói o espírito de corpo e cimenta a coesão. A lealdade, a ca-maradagem, o sentido de responsabilidade e o espírito de missão são aqui consolidados de forma ímpar, o que confere uma vanta-gem competitiva, amplamente reconhecida e que devemos pre-servar e incrementar. Neste âmbito, importa relevar o contributo e o esforço de todos os setores para o produto operacional da Mari-nha a fim de ser minimizado o impacto das várias restrições que se fazem sentir, e continuar a cumprir a missão.

É neste entendimento que se pretende consolidar o presente e preparar o futuro, numa perspetiva (inter)setorial, devidamente alinhada com a DPM em vigor.

Pereira da CunhaVALM

Comandante Naval

Page 12: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 12

REVISTA DA ARMADA | 494

Além das atividades focadas na fiscalização marítima, o navio assegurou durante toda a comissão uma prontidão de duas ho-ras, tendo-se mantido preparado para ser empenhado em qual-quer operação de busca e salvamento. Nesse âmbito, efetuou onze rendições e reabastecimento dos vigilantes da natureza localizados nos postos das ilhas Desertas e Selvagens e exerceu presença naval na área das ilhas Selvagens, de forma a garantir a salvaguarda dos interesses nacionais.

Transversalmente a todas estas atividades está o apoio e a relação de proximidade com as populações ribeirinhas, bem como a partici-pação ativa em atividades de consciencialização ambiental e visitas de estudo dos mais jovens. No dia 21 de agosto, o navio associou-se à celebração dos 506 anos da fundação da cidade do Funchal, tendo o Comandante participado na cerimónia oficial e o navio aberto a visitas e embandeirado em arco. Nesta mesma ocasião o NRP Cuan-za recebeu a visita de uma comitiva constituída pelo Presidente da Câmara do Funchal, Prof. Paulo Cafofo, pelo Presidente da Assem-bleia Municipal e seis vereadores, tendo estes demonstrado muito interesse nas características vintage do navio e nas suas capacidades operacionais, amadurecidas em anos de comissões na região.

Chegado o fim da missão e tendo sido cumpridas, em seguran-ça, todas as tarefas atribuídas, o NRP Cuanza atracou na BNL, no dia 23 de outubro pela manhã, após 92 dias de missão e 4092 milhas percorridas em 566 horas de navegação, com o sentimen-to de mais uma missão cumprida com sucesso, sempre com o mesmo brio e satisfação de cumprir de forma elevada a missão, na senda de todas as gerações ilustres que nos antecederam, ao serviço da Marinha e de Portugal.

NRP CUANZAMISSÃO NA ZONA MARÍTIMA DA MADEIRA

O NRP Cuanza iniciou mais uma comissão na Zona Marítima da Madeira (ZMM), tendo largado da Base Naval de Lisboa

(BNL) no dia 23 de julho. Antes de iniciar o trânsito para a ZMM, o navio assegurou a colaboração com a Escola de Tecnologias Na-vais (ETNA), no âmbito do curso de formação de sargentos arti-lheiros e técnicos de armamento, tendo realizado tiro com a peça Oerlikon de 20 mm nas áreas de exercício a sul de Sesimbra.

Durante o trânsito para sul, foram ainda executados diversos exercícios de treino interno no sentido de verificar a prontidão do pessoal e material, antes de cruzar as águas quentes da Região Autónoma da Madeira, tendo o navio atracado no cais de Pesca, no Funchal, na manhã do dia 25 de julho.

À chegada ao Funchal, cumprindo a tradição protocolar, o Co-mandante do navio apresentou cumprimentos ao Comandante da Zona Marítima da Madeira, CMG Félix Marques.

A missão do navio atribuído à ZMM decorre do cumprimento das seguintes tarefas, que representam o garante do exercício da segurança e autoridade do estado no mar: a vigilância e fiscaliza-ção marítima, a salvaguarda da vida humana no mar, a presença naval e o apoio a entidades militares e civis da região, principal-mente assegurando o apoio ao Parque Natural da Madeira (PNM).

Retemperadas as forças, o NRP Cuanza iniciou a sua atividade operacional tendo cumprido o planeamento do esforço de fisca-lização da pesca, através de patrulhas em toda a costa do Arqui-pélago da Madeira, no sentido de fiscalizar a atividade de pesca comercial e lúdica e, por outro lado, contribuir para o combate à imigração irregular no âmbito da rede europeia de patrulhas (FRONTEX). Paralelamente, durante as navegações, o navio reali-zou o controlo da atividade de extração e inertes, a verificação do sistema de bóias ondógrafo e o controlo com eventual recolha de amostras de água com indícios de poluição. Colaboração do CoMando do nRP CUanZa

Page 13: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 13

Desejo aos militares e civis que servem no Instituto os maiores êxitos e que dêem continuação ao espirito de bem servir, para o prestígio da Marinha e das Forças Armadas”.

Colaboração do IH

PRESIDENTE DA REPÚBLICAVISITA O INSTITUTO HIDROGRÁFICO

No passado dia 9 de janeiro, o Presidente da República, Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, visitou o Instituto Hidrográfico (IH), onde foi recebido, à chegada, pelo Ministro da Defesa Nacio-nal, Dr. José Pedro Aguiar-Branco, pelo Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional, Almirante Maciei-ra Fragoso, e pelo Diretor-geral do Instituto Hidrográfico, CALM José Luís Branco Seabra de Melo.

Durante o período da visita, o Presidente da República assistiu a uma apresentação do Diretor-geral sobre as principais valên-cias deste instituto, como órgão da Marinha e simultaneamente Laboratório do Estado, na área das ciências do mar.

O programa da visita prosseguiu com uma passagem pela Escola de Hidrografia e Oceanografia e pelas divisões da Di-reção Técnica – nomeadamente o Centro de Dados Técnico-científicos, a Navegação, a Oceanografia, a Hidrografia, e os laboratórios de Geologia Marinha e Química e Poluição do Meio Marinho, onde permitiu a troca de informação sobre os principais projetos em curso ao nível nacional e internacio-nal, que contribuem para o desenvolvimento tecnológico e científico do país.

No final da visita, o Presidente da República, manifestou o seu agrado pela visita, através da seguinte mensagem deixada no Livro de Honra:

“Foi com muito gosto que visitei o Instituto Hidrográfico, onde pude constatar as capacidades de investigação e desenvolvimen-to científico e tecnológico das ciências do mar, que são colocadas ao serviço da Marinha e do País.

Com a minha visita quis sublinhar a importância que atri-buo à existência de Centros de Excelência que investem no conhecimento do mar, que tão importante é para o futuro de Portugal.

O IH, órgão da Marinha Portuguesa, funciona na direta dependência do Chefe do Estado-Maior da Armada, sendo a competência relativa à definição das suas orientações es-tratégicas, bem como o acompanhamento da sua execução, exercida pelo Ministério da Defesa Nacional em articulação com o Ministério da Agricultura e do Mar e com o Ministério da Educação e Ciência.

O IH é Membro Honorário da Ordem de Sant’Iago da Espada.Instituindo-se como Laboratório do Estado, e gozando de au-

tonomia administrativa e financeira, o IH tem por missão fun-damental «assegurar atividades relacionadas com as ciências e técnicas do Mar, tendo em vista a sua aplicação na área militar, e contribuir para o desenvolvimento do País nas áreas científica e de defesa do ambiente marinho.»

Page 14: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 14

REVISTA DA ARMADA | 494

Criada pelo Decreto-Lei nº 264/97 de 02 de Outubro de 1997, no seguimento da consciencialização de que a formação do

pessoal afeto aos serviços do Sistema da Autoridade Marítima (SAM) assume especial importância, sendo imperioso garantir uma especialização profissional e uma constante atualização, tendo em vista a qualidade dos serviços prestados ao público. Paralelamente torna-se ainda necessário assegurar uma forma-ção adequada à progressão na carreira.

Atendendo a que o SAM abrange um leque de atribui-ções de grande vastidão temática e complexidade, na qual se incluem, entre outras, a segurança marítima, a salva-guarda da vida humana no mar, o assinalamento marítimo, a vigilância da área do Domínio Público Marítimo (DPM) e o policiamento, visando a repressão de atividades ilícitas, bem como os socorros a náufragos e a assistência a ba-nhistas nas praias, reconhece-se por isso, a necessidade de criar uma escola que tenha como principal missão garan-tir e promover a formação técnico-profissional do pessoal que integra o SAM.

Com a aprovação do estatuto da EAM, pelo Decreto-Regula-mentar nº 03/99 de 29 de Março, define-se a natureza, atribui-ções e organização da EAM.

A formação na EAM é ministrada através de quatro Núcleos de Formação.

Os Núcleos de Formação da Autoridade Marítima e Polícia Ma-rítima, assim como a direção e a secretaria da EAM, estão sedea-dos nas instalações da Escola de Tecnologias Navais (ETNA). Já o Núcleo de Formação de Faroleiros está situado na Direção de Fa-róis e o Núcleo de Formação de Socorros a Náufragos no Instituto de Socorros a Náufragos.

Assim, o Núcleo de Formação da Autoridade Marítima des-tina-se à formação de quadros de chefia e administrativos dos órgãos regionais e locais da DGAM, sendo também res-ponsável pelo planeamento e execução das atividades de aperfeiçoamento e atualização do pessoal que presta serviço nos órgãos supra referidos. Entre os vários cursos ministra-dos por este núcleo é de mencionar os seguintes: Curso de Aperfeiçoamento em Autoridade Marítima para os Capitães

ESCOLA DA AUTORIDADE MARÍTIMA

A Escola da Autoridade Marítima (EAM) é um estabelecimento de ensino na dependência da Direção-Geral da Autoridade Marítima (DGAM) e tem como missão principal garantir e promover a formação técnico-profissional do pessoal afeto aos órgãos e serviços da estrutura da Autoridade Marítima Nacional (AMN).

Page 15: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 15

dos Portos e Adjuntos, os vários Estágios para Chefe de Ser-viço Administrativo e Financeiro de Departamento, o recen-te Curso para Peritos da Autoridade Marítima, Escrivão, Pa-trão-Mor e, por último, os Cursos de Operações no Mar e de Controlo da Pesca.

O Núcleo de Formação da Polícia Marítima tem como função principal a formação dos quadros e agentes da Polícia Marítima, sendo também responsável pelo planeamento e execução das atividades de formação inicial, progressão na carreira, aperfei-çoamento e atualização do pessoal que presta serviço na Polí-cia Marítima. Entre a formação ministrada por este Núcleo des-tacam-se os seguintes cursos: Curso de Formação de Agentes da Polícia Marítima, Curso de Promoção a Subchefe da Polícia Marítima, Curso de Aperfeiçoamento em Armas Menos Letais e Procedimentos Tático-Policiais e o Curso de Aperfeiçoamento em Operações Ciclo.

O Núcleo de Formação de Faroleiros tem como objetivo a for-mação de pessoal que desempenha ou venha a desempenhar funções no âmbito do assinalamento e posicionamento maríti-

Page 16: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 16

REVISTA DA ARMADA | 494

de documentação pertinente, tanto para estudo como para consulta (ex. legislação), realização de opinogramas, troca de informações entre formandos-formadores e/ou forman-dos-formandos.

Por outro lado, como o quadro de formadores existente na EAM é insuficiente para responder aos requisitos inerentes a uma formação de qualidade e de exigência que se requer, e aten-dendo ao leque muito variado de matérias e à actual exiguida-de de recursos humanos que não permite alargar esse quadro, optou-se por recorrer a formadores eventuais de acordo com as necessidades e capacidades, no sentido de, com as necessárias adaptações, tirar o melhor partido da abordagem do Sistema de Formação Profissional da Marinha (SFPM).

Para além disso, a EAM interage e relaciona-se em regime de reciprocidade com a Escola de Tecnologias Navais (ETNA), Escola de Fuzileiros (EF), Escola de Mergulhadores (EM) e o Centro Integrado de Treino e Avaliação Naval (CITAN).

Atendendo à diversidade temática exigida pelo exercício de funções no SAM, a EAM colabora com diversas entidades, no-meadamente, Autoridade de Segurança Alimentar e Económi-ca (ASAE), Polícia Judiciária (PJ), Autoridade Tributária (AT), Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Guarda Nacional Republicana (GNR), Bandeira Azul, Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR), Direção-Geral de Recursos Natu-rais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), e outros, com resultados muito profícuos.

É também de realçar o importante papel que a EAM, através da formação ministrada pelos seus diferentes núcleos, tem vindo a ter nas relações de cooperação com os diversos países de língua oficial portuguesa e outros.

A EAM, ciente da exigência colocada cada vez mais pela so-ciedade civil aos prestadores de serviço público, tem em curso o alargamento da formação em várias áreas, de modo a dar respos-ta a todas as necessidades e solicitações.

Colaboração da eSCola da aUtoRIdade MaRítIMa

mos, sendo responsável pelo planeamento e execução das ati-vidades de formação inicial, progressão na carreira, aperfeiçoa-mento e atualização do pessoal que presta serviço na área do assinalamento marítimo. O Núcleo de Formação de Faroleiros encontra-se certificado para ministrar cursos reconhecidos pela International Association of Lighthouse Authorities (IALA). O Núcleo de Formação de Faroleiros efetua a formação de carrei-ra dos faroleiros, nomeadamente o Curso de Formação de Faro-leiros e o Curso Complementar de Faroleiros.

O Núcleo de Formação de Socorros a Náufragos é responsá-vel pela formação de formadores de nadadores-salvadores e de nadadores-salvadores, sendo-o também, pelo planeamento e execução das atividades de formação inicial, aperfeiçoamento e atualização das tripulações de embarcações salva vidas, de for-madores de nadadores-salvadores e de nadadores-salvadores, realçando-se o Curso de Aperfeiçoamento em Condução de Mo-tas de Água, Curso de Nadador-Salvador, Curso de Formador de Nadador-Salvador, Curso de Condução de Embarcações até 9,5 metros e o Curso de Suporte Básico de Vida.

Em Maio de 2011, a EAM teve a necessidade, aprovei-tando a plataforma Moodle da Marinha, de dar formação no formato de e-learning a todo o quadro da Polícia Marí-tima, de uma ferramenta desenvolvida na Holanda, desig-nada de avoID.fraud, ferramenta esta destinada a adotar métodos práticos de análise documental, baseado em três questões chaves:

1 − O documento é autêntico?2 − O documento é válido?3 − O documento pertence ao portador?Como consequência desta necessidade, atendendo à disper-

são geográfica dos elementos alvos desta formação, reconhe-ceu-se a mais-valia da plataforma Moodle, adotando-a em to-dos os cursos da EAM.

Assim, a partir dos finais de 2011, todos os cursos pas-saram a beneficiar da utilização desta plataforma a vários níveis, tais como a formação em b-learning e e-learning, di-vulgação de expediente (cronogramas ou informações rele-vantes), realização de testes de avaliação, disponibilização

DIRETOR

DIRETOR DE FORMAÇÃO

CONSELHO PEDAGÓGICO DIREÇÃO FORMAÇÃO CENTRO DOCUMENTAÇÃO

SECRETARIA ESCOLAR

NÚCLEO FORMAÇÃOAUTORIDADE MARÍTIMA

COORDENADORCAAM

COORDENADORESTÁGIOS

COORDENADORCFAPM

COORDENADORCPSCPM

COORDENADORCFFA

COORDENADORCCF

COORDENADORCNS

COORDENADORCMNS

NÚCLEO FORMAÇÃOPOLÍCIA MARÍTIMA

NÚCLEO FORMAÇÃOFAROLEIROS

NÚCLEO FORMAÇÃOSOC. NÁUFRAGOS

Page 17: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 17

LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICOEM S. TOMÉ E PRÍNCIPE

INTRODUÇÃONo âmbito do programa-quadro de

Cooperação Técnico-Militar (CTM) com a República Democrática de São Tomé e Príncipe (STP) da Direção-Geral de Polí-tica de Defesa Nacional (DGPDN), uma equipa do Instituto Hidrográfico (IH) rea-lizou, entre 24 de novembro e 20 de de-zembro de 2014, um levantamento topo-hidrográfico na Baía de Ana Chaves, de modo a publicar uma carta náutica com informação atualizada para substituição da Carta Náutica (CN) 393 “Portos de Fer-não Dias e de Ana Chaves”, cuja última edição ocorreu em 1972.

A EQUIPANa seleção da equipa houve o cuidado

de garantir elementos com elevada expe-riência em hidrografia e, também elemen-tos especializados nas áreas de eletrónica e mecânica, de modo a assegurar auto-

nomia na reparação e na manutenção de meios e equipamentos. A equipa foi cons-tituída por seis militares da Brigada Hidro-gráfica (BH): Chefe da BH, dois sargentos hidrógrafos (um ETA e outro MQ), dois pa-trões de embarcação (CAB M) e um auxi-liar de hidrografia e manutenção (CAB E).

TRABALHOSEm 21 de novembro foram transpor-

tados via aérea 10 volumes de material (cerca de 700 kg). Deste, realçam-se 3 sis-temas sondadores de feixe simples, 2 ma-régrafos, 4 sistemas de posicionamento Global Navigation Satellite System (GNSS), equipamentos de topografia e nivelamen-to (nível e estação total).

A equipa da BH partiu de Lisboa no dia 24 de novembro via aérea. Após a chega-da, no dia 25, procederam-se aos cumpri-mentos protocolares às entidades locais. De imediato, iniciou-se o reconhecimento de locais de apoio, meios e área de sonda-

gem. Os trabalhos em terra foram apoia-dos por uma viatura da CTM e outra das Forças Armadas de STP. Os trabalhos de mar foram efetuados a bordo de uma em-barcação da Guarda Costeira de STP (lan-cha costeira ARCHANGEL) e num bote do Corpo de Fuzileiros da Marinha Brasileira presente em STP.

O material do IH foi disponibilizado a 27 de novembro. No próprio dia iniciou-se a instalação de equipamentos, tarefa que se prolongou por mais 3 dias. Paralelamente, iniciou-se o estabelecimento de uma rede geodésica local, a coordenação de pontos de apoio para posicionamento horizontal e vertical, quer das embarcações quer dos trabalhos de topografia. Esta tarefa com-preendeu ainda a instalação de estações de referência GNSS, nivelamentos geométri-cos, a colocação de marcas de nivelamen-to e a instalação de marégrafos. Em virtu-de dos condicionalismos de disponibilidade dos meios de sondagem, o levantamento hi-

Page 18: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 18

REVISTA DA ARMADA | 494

drográfico iniciou-se apenas a 1 de dezem-bro. Os trabalhos, incluindo levantamentos topográficos e geodésicos, prolongaram-se até dia 19 de dezembro, data em que se procedeu ao arrumo do material, tendo a equipa regressado a Lisboa no dia 20. Dos trabalhos realizados realça-se os cerca de 1.300 km percorridos em fiada pelas duas embarcações, perfazendo quase 190 horas de sondagem, e a coordenação de 37 pon-tos (vértices geodésicos, ajudas à navegação e pontos de apoio aos trabalhos).

Para o cumprimento do objetivo do trabalho foi essencial o apoio logístico e administrativo do Diretor do Projeto 4 (Guarda Costeira) da CTM, elemento fa-cilitador nos contactos tidos com as en-tidades locais.

RESULTADOS E CONCLUSÕESAs profundidades obtidas são, em geral,

consistentes com a informação batimétri-ca adquirida em levantamentos anterio-

res. A informação topográfica e as posi-ções das ajudas à navegação observadas complementam a informação hidrográfi-ca e são parte integrante da produção da nova carta náutica. A informação geodé-sica adquirida permitirá a transformação da informação de base da CN 393 para os sistemas de coordenadas atuais.

O trabalho realizado apresenta eleva-da relevância para a segurança da nave-gação, por permitir a elaboração de uma carta náutica com informação atual, num sistema de coordenadas compatí-vel com o sistema GPS e com a locali-zação dos diversos navios naufragados, que, por si só, constituem grave perigo para a navegação.

A importância desta missão foi registada em todas as ações protocolares da equipa, realçando-se o apoio dado à missão, parti-cularmente a relevância dada pelo Minis-tro da Defesa e do Mar ao receber o Chefe da BH no dia 17 de dezembro, sublinhando

Page 19: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 19

a importância da Cooperação Técnico-Mili-tar com Portugal não só na área militar mas também nas áreas cada vez mais significa-tivas de desenvolvimento, segurança e de-fesa do ambiente marinho.

Ao longo de 25 dias em S. Tomé, cheios de dificuldades mas também de momentos inesquecíveis e de elevada criatividade técnica, sem folgas nem fe-riados, num ritmo nada léve-léve onde reinou o espírito de missão e a alegria de fazer hidrografia num país Natura, os objetivos foram cumpridos com sucesso e sem incidentes a registar. Terminada a missão em STP, é de assinalar a forma cordial com que todas as entidades e os São-tomenses receberam e apoiaram os trabalhos e a equipa do IH.

delgado VicenteCTEN

Chefe da Brigada Hidrográfica

A referência para medições altimétricas (nível médio do mar adotado − NMA) na Baía de Ana Chaves (S. Tomé) foi estabelecida pela Missão Hidrográfica de 1916-17 a partir de leituras maregráficas. Em 1966, a Missão Hidrográfica de An-gola e S. Tomé e Príncipe materializou a marca de nivelamento MHAST 3/1966 no canto SW da Fortaleza de S. Sebastião. Desde então, aquela marca é adotada como o “elo de ligação” ao NMA estabelecido em 1916-17.

No presente trabalho, para apoio aos levantamentos foram colocadas marcas no cais comercial e na Fortaleza, dando amplitude à infraestrutura altimétrica lo-cal, permitindo referenciar as leituras de maré, as profundidades e os trabalhos de topografia em terra.

MARCA DE NIVELAMENTO

Page 20: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 20

REVISTA DA ARMADA | 494

LUSITANO 14

Entre 1 e 5 de dezembro de 2014 reali-zou-se o exercício conjunto Lusitano 14,

que envolveu os três ramos das Forças Ar-madas e contou com o empenhamento de diversos meios e um vasto contingente de militares, e que ocorreu, em simultâneo, nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, na região de Beja e na península de Tróia.

A Marinha participou ativamente no exercício através do empenhamento do NRP Bartolomeu Dias (com helicóptero orgânico), NRP Bérrio e NRP Jacinto Cân-dido, de uma companhia de fuzileiros e de uma equipa de mergulhadores, perfazen-do um total de 509 militares.

O exercício conjunto Lusitano 14 decor-reu sob a égide do Chefe do Estado-Maior--General das Forças Armadas (CEMGFA), General Artur Pina Monteiro (CTF 477), e teve como propósito testar o comando e controlo das Forças Armadas, treinar a execução de operações de evacuação de não-combatentes (non-combatant eva-cuation operation − NEO), a resposta a cri-ses e o apoio à proteção civil.

O Lusitano 14 determinou a ativação da Força de Reação Imediata (FRI), cons-tituída por meios dos três ramos. Coube ao CMG Gonçalves Alexandre comandar

a Componente Naval, tendo embarcado, com o seu Estado-Maior, no NRP Bartolo-meu Dias.

A FRI focou-se no objetivo de treinar a realização de uma operação NEO, enqua-drada nas características de operações similares da União Europeia, tendo ocor-rido a projeção de forças para a área de operações e sido assegurada a prontidão e proficiência necessárias para efetuar um exercício de evacuação de não combaten-tes, garantindo a segurança no embarque, transporte e extração dos evacuados.

O Lusitano 14 permitiu treinar os diver-sos níveis de decisão, de modo a envolver o nível estratégico militar, o nível opera-cional e o nível tático, incluindo os coman-dos de componente, associados à cadeia de comando operacional sob o comando do GEN CEMGFA.

Permitiu conduzir, de igual modo, a evacuação de 240 cidadãos elegíveis de Palândia (país fictício em termos de cená-rio) para um local seguro, com o intuito de preservar a sua segurança.

O exercício foi conduzido em quatro fases. A fase 1 (treino individual e coletivo)

teve como objetivo assegurar que todas as forças participantes estavam aptas para

desempenharem as suas funções. A fase 2 (planeamento das operações)

destinou-se à elaboração de um plano de resposta a uma determinada crise, bem como à criação de ordens preparatórias, à avaliação estratégica e à produção das opções de resposta.

A fase 3 (execução) consistiu na com-ponente prática do exercício e permitiu exercitar todos os procedimentos a imple-mentar numa operação de evacuação de cidadãos não combatentes.

A fase 4 (avaliação) decorreu em 19 de dezembro, posterior à fase de execu-ção, tendo sido debatidos todos os as-petos positivos e negativos do exercício e identificadas diversas lições aprendi-das, passíveis de serem aplicadas em próximos exercícios.

No NRP Bartolomeu Dias, para além do destacamento de helicópteros (Hooters), embarcaram duas equipas de abordagem e um destacamento de mergulhadores de inativação de engenhos explosivos, apre-sentando, assim, uma disponibilidade permanente, embora limitada, na capaci-dade de projeção de força.

No período de 1 a 2 de dezembro, no mar, a Força Naval teve oportunida-

Page 21: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 21

de de realizar o treino de integração de força em várias áreas, nomeadamente, ameaça assimétrica, navegação em ca-nal rocegado e numa das áreas clássicas da guerra no mar: luta antissubmarina, aproveitando a presença na área de ope-rações do submarino Arpão e da fragata Vasco da Gama.

Neste período foi também possível mi-nistrar treino às equipas da ponte dos diferentes navios, designadamente em navegação em águas restritas e em com-panhia. Apesar de a fase de mar ter de-corrido num período de tempo muito curto, permitiu gerar um treino positivo e retirar diversos ensinamentos úteis em futuros empenhamentos.

Na noite de 1 para 2 de dezembro, deu-se o desembarque da equipa de mergu-lhadores para limpeza e recolha de infor-mação da praia da Lixeira. Posteriormente, ocorreu o desembarque anfíbio, na mesma praia, de modo a que a força de desembar-que garantisse a segurança da área molha-da e seca do porto marítimo de Tróia. A equipa de mergulhadores foi ainda incum-bida de garantir a segurança do cais para a atracação dos navios da componente na-val, no porto marítimo de Tróia.

Em 2 de dezembro, no período da tar-de, decorreu a montagem do Centro de Controlo de Evacuados (CCE) e do Posto Avançado de Saúde (PAS), para permi-tir a receção, triagem, processamento, apoio e evacuação dos cidadãos elegí-veis de Palândia.

Nos dias 3 e 4 de dezembro, foram re-colhidos os 240 cidadãos elegíveis desde o ponto de recolha, situado na Comporta, até ao CCE, em Tróia.

No dia 5 de dezembro decorreu uma demonstração das capacidades da componente naval, num cenário de evacuação de cidadãos num país em crise, ao Ministro da Defesa Nacional,

Dr. José Pedro Aguiar-Branco, e às al-tas individualidades que o acompanha-ram, designadamente o GEN CEMGFA e o ALM CEMA/AMN.

O Lusitano 14 constituiu uma excelente oportunidade de treino, permitindo gerar uma dinâmica muito positiva ao nível do comando e EM da FRI e das três compo-nentes, e consolidar a doutrina conven-cionada para ações reais de evacuação de cidadãos não combatentes.

Colaboração do CtG 443.20

Page 22: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 22

REVISTA DA ARMADA | 494

22

ACADEMIA DE MARINHA

Na sessão solene de 27 de Janeiro, presidida pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Macieira Fragoso, teve

lugar a cerimónia de entrega do Prémio “Almirante Teixeira da Mota”/2014, e foi apresentada a comunicação “Almirante Aveli-no Teixeira da Mota (1920-1982). O Mar, o Além-Mar e as Ciên-cias”, pelo académico Carlos Manuel Valentim.

Após agradecer a presença do Almirante CEMA, o Presidente Vieira Matias dirigiu um cumprimento especial à Sra. D. Maria de Lourdes Teixeira da Mota, impossibilitada de estar presente, sublinhando a boa recordação que tem do Almirante Teixeira da Mota, enquanto seu professor na Escola Naval.

Concedido pela primeira vez em 1986, o prémio “Almirante Teixeira da Mota” destina-se, lembrou o Almirante Vieira Ma-tias, a “incentivar e dinamizar a pesquisa e investigação cien-tífica nas áreas das Artes, Letras e Ciências ligadas ao Mar e às Marinhas”. Destacou o facto, sem precedentes, de terem concorrido 19 obras nesta edição do prémio, o que interpre-tou “como demonstração do prestígio que o evento alcançou no nosso meio académico”.

O Presidente agradeceu a todos os membros do júri pela “qua-lificada e valiosa contribuição dada para a selecção das obras a premiar, tarefa muito dificultada pela elevada qualidade do vasto leque de trabalhos a concurso”, o que justificou a atribuição de três menções honrosas.

Relativamente à obra premiada, o Presidente disse que estava na linha de um conjunto de obras de referência dedicadas ao es-tudo das oportunidades e desafios do mar português, como são o “Relatório da Comissão Estratégica dos Oceanos”, o “Hyper-cluster da Economia do Mar” e o livro “Políticas Públicas do Mar”.

A cerimónia prosseguiu com a entrega do Prémio “Almiran-te Teixeira da Mota”/2014 ao Dr. Tomás Freire d’Andrade de Albuquerque Rodrigues, autor da obra A Economia Maríti-ma de Portugal: Uma Análise Estratégica sobre as Oportuni-dades da Economia do Mar em Portugal nos seus diferentes sectores de actividade.

Em seguida, com a entrega de um diploma e oferta de um li-vro aos autores, foram atribuídas Menções Honrosas às obras: As Ásias, a Europa e os Atlânticos – sob o Signo da Energia – Hori-zonte 2030, de Ana Catarina Mendes Leal e José Félix Ribeiro; A protecção da biodiversidade marinha através de áreas protegidas nos espaços marítimos sob soberania ou jurisdição do Estado: dis-cussões e soluções jurídicas contemporâneas – o caso português, de Marta Chantal Machado Ribeiro; e Os desafios de Orta. Coló-quios dos Simples, Goa 1563, de Teresa Nobre de Carvalho.

Na segunda parte da sessão, o académico Carlos Manuel Va-lentim apresentou a comunicação “Almirante Avelino Teixeira da Mota (1920-1982). O Mar, o Além-Mar e as Ciências”.

Promovido a vice-almirante por distinção, em 1981, Teixeira da Mota foi Presidente da Academia de Marinha de Janeiro de 1980 até ao seu falecimento em abril de 1982.

“Oficial de Marinha, professor, historiador, deputado, quadro administrativo colonial, investigador, Avelino Teixeira da Mota deixou uma vasta obra que abarca os mais variados domínios do saber”, começou por dizer o orador. As suas investigações, tan-

to no domínio da cartografia e das relações luso-africanas, como dos Descobrimentos e da história da navegação, traduziram-se numa produção científica avultada e assinalável, o que lhe gran-jeou elevado prestígio internacional – Teixeira da Mota perten-ceu a numerosas academias estrangeiras e nacionais. Os seus es-tudos dividem-se em duas grandes áreas: por um lado, os textos relativos ao estudo da cartografia antiga, da náutica e da expan-são portuguesa; por outro, os estudos pioneiros, em Portugal, sobre as relações afro-portuguesas, as sociedades africanas e a História de África.

“Detentor de um saber científico abrangente sobre os espa-ços ultramarinos, a cartografia, a história das navegações, a Ma-rinha, a geodesia e a hidrografia, Teixeira da Mota foi associa-do a projectos científicos e técnicos de relevo que marcaram a sociedade portuguesa”, disse o comandante Carlos Valentim na parte final da apresentação do seu aprofundado estudo da vida e obra do homenageado.

A sessão prosseguiu com a apresentação da obra vencedora do prémio “Almirante Teixeira da Mota”/2014 pelo autor, que come-çou por afirmar que “o Mar é o novo desígnio nacional”.

Depois de ter dado uma breve perspectiva global da Econo-mia do Mar, o orador falou das oportunidades, dos desafios e das recomendações que sugere para os sectores da pesca e in-dústria do pescado, da construção e reparação naval, do trans-porte marítimo e logística de portos e, por fim, do turismo ma-rítimo e náutica de recreio.

Nas conclusões do seu estudo, e depois de sublinhar o papel do Estado no Mar, o Dr. Tomás de Albuquerque Rodrigues afir-mou que em todos os sectores do cluster do Mar, o potencial de crescimento de Portugal é assinalável, e que “o caminho de desbloqueio desse potencial para a economia real terá de passar por modernização de infra-estruturas, dinamização e simplifica-ção de processos e pela dignificação das actividades marítimas”.

O entusiasmo com que a numerosa assistência aplaudiu o Autor, evidenciou a sua percepção da elevada qualidade do trabalho vencedor da edição de 2014 do Prémio “Almirante Teixeira da Mota”.

Colaboração da aCadeMIa de MaRInHa

Page 23: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 23

CASA DA BALANÇAUMA REQUALIFICAÇÃO ESPERADA

Conforme um artigo recentemente divulgado na Revista da Armada sobre o projeto de requalificação da Ribei-

ra das Naus, a Marinha tem vindo a contribuir, em parce-ria com outras entidades, para a conservação do património comum das Instalações Centrais da Marinha (ICM) confinan-te com o espaço monumental da Praça do Comércio. Con-cretamente, procurou-se dar continuidade à recuperação do edificado histórico existente no espaço das ICM sob a sua responsabilidade, nomeadamente, a Capela de São Roque e a Casa da Balança, locais que, ultimamente, têm assumido uma acrescida visibilidade.

Este artigo visa apresentar o trabalho de requalificação realiza-do recentemente na Casa da Balança, numa colaboração entre a Direção de Infraestruturas (DI) e a Unidade de Apoio às Instala-ções Centrais da Marinha (UAICM), com o objetivo de reforçar a dignidade que este espaço merece. Far-se-á um brevíssimo apon-tamento histórico, centrando o artigo na recuperação do espaço e na sua futura utilização.

A Casa da Balança sofreu, ao longo da sua história de mais de duzentos anos, utilizações várias. Alguns apontamentos associam o nome deste espaço ao facto de, durante muitos anos, aí ter estado instalada uma balança de grandes dimen-sões destinada a pesar os géneros que seguiam para bordo dos navios no Quadro dos Navios de Guerra. Contudo, é com o movimento gerado pelo vaivém para os navios no Quadro que este espaço adquire um propósito com o qual diversas gerações de Marinheiros se identificaram. Lugar de espera para embarque na Caldeirinha, o espaço proporcionava um ambiente de conversa e debate, antecipando as navegações. No regresso de bordo, este era o local para mudar de farda e partir de licença para a Lisboa marinheira. Momentos mar-cantes da história do país e da Marinha passaram por este espaço, dos quais se releva o pioneirismo na telegrafia sem fios (TSF), associado, durante um largo período, ao posto de TSF instalado no canto sudoeste da Casa da Balança.

A edificação das infraestruturas do Arsenal do Alfeite e da Base Naval para abrigar a Esquadra, ambas na margem sul do Tejo, e a execução dos aterros para acolher a nova Avenida da Ribeira das Naus, durante os anos quarenta do século passado, trazem a este espaço uma fase de menor relevância, chegando a ser utilizado como armazém. Neste período, de quase três dé-cadas, muitas soluções se aventaram para devolver ao espaço a dignidade merecida.

Com o aumento da concentração dos serviços neste extenso edificado, onde a Casa da Balança se insere, e o consequente au-mento do número de militares, militarizados e civis a prestar aqui serviço, nos anos setenta, são conduzidas obras que possibilita-ram recuperar o espaço, transformando-o num local de acolhi-mento, de exposições e, mais tarde, de realização de cerimónias de posse dos cargos de direção superior da Marinha.

A perenidade da Nau de Pedra não escapa ao efeito do tem-po. Na Casa da Balança era por todos testemunhado o estado de avançada degradação das suas emblemáticas portadas, si-tuação não considerada consentânea com a necessária preser-

vação deste espaço monumental, bem como à sua utilização em segurança. Neste sentido, tendo como referência a preser-vação da traça original que todo este edificado exige, proce-deu-se à substituição das portadas existentes por umas novas em madeira de câmbala e vidro duplo, efetuou-se a reparação do pavimento e alterou-se a rede elétrica e de iluminação, ade-quando-a a novos padrões de eficiência.

Como propósito desta requalificação existe o interesse que a Casa da Balança volte a ser um local nobre onde se realizem eventos de relevância para a Marinha, ponto de encontro de gerações, contribuindo para a intensificação dos programas de visitas guiadas e ajudando a promover a realização de exposi-ções temporárias.

Com esta requalificação, o espaço reforça as condições para continuar a ser um local privilegiado de memória de momentos marcantes da nossa Instituição para muitas das gerações vindouras.

Colaboração das dI e UaICM

Foto SCH L Mário Carvalho

Page 24: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 24

REVISTA DA ARMADA | 494

BUSCA E SALVAMENTO DOS AÇORESIV ENCONTRO

No período compreendido entre os dias 18 e 20 de novembro, decorreu em Ponta Delgada, o IV Encontro de Busca e Salva-

mento dos Açores, organizado pelo Centro de Busca e Salvamen-to Marítimo de Ponta Delgada (MRCC Delgada).

O MRCC Delgada e o Centro de Coordenação de Busca e Salva-mento Aéreo das Lajes (RCC Lajes) cooperam estreitamente en-tre si na coordenação e execução das ações de Busca e Salvamen-to na Search and Rescue Region de Santa Maria. A prossecução da eficiente coordenação e conjugação de esforços em ações de Busca e Salvamento exige um conhecimento detalhado e atua-lizado das capacidades dos meios mútuos, modos de operação, bem como a compreensão das respetivas responsabilidades e campo de atuação. Neste âmbito, o MRCC Delgada e o RCC La-jes promovem a realização de ”Encontros de Busca e Salvamen-to”, com periodicidade semestral, alternadamente nas Lajes e em Ponta Delgada.

Os encontros de Busca e Salvamento decorrem em duas fases; um ciclo de palestras, em que é eleito um tema central, perti-nente, de interesse e atualidade regional ou nacional, e relacio-nado com a busca e salvamento (este ano foi designado o tema relacionado com a crise mundial motivada pelo surto de Doença por Vírus Ébola (DVE)). E um evento LIVEX, baseado num cenário provável, onde são empregues os meios operacionais existentes na Região Autónoma dos Açores (RAA).

Estes eventos, que se destinam a todas as organizações e par-ceiros regionais ou nacionais que detêm competências e respon-sabilidades no âmbito da Busca e Salvamento, têm-se revelado, ainda, excelentes oportunidades para estimular o contacto com as entidades da estrutura auxiliar do Sistema Nacional de Bus-ca e Salvamento, nomeadamente a Direção Regional de Saúde

dos Açores, o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), o Instituto Nacional de Emergência Médica, através do Centro de Orientação de Doentes Urgentes no Mar (INEM-CODUMAR), permitindo abordar assuntos transversais às diversas entidades.

O ciclo de palestras, que decorreu no dia 18 de novembro, con-tou com a participação de representantes da Secretaria Regional da Saúde e do SRPCBA, incluindo o Secretário Regional e o Presi-dente do SRPCBA, do INEM-CODUMAR, da Marinha, da Autorida-de Marítima Nacional (AMN) e da Força Aérea.

A pertinência e atualidade do tema central conduziram os par-ticipantes numa sessão muito profícua, que possibilitou um co-nhecimento da capacidade regional de resposta a uma eventual crise relacionada com a ocorrência de um surto de DVE.

Neste âmbito, foram detalhadas as características da doença, o atual estado de evolução da epidemia, os modos de transmissão e as medidas e procedimentos a adotar perante casos suspeitos de DVE. Neste particular, há a destacar o papel da DSS na divul-gação do plano de contingência para o Ébola da Marinha, desen-volvido para fazer face a este tipo de ocorrências, assim como a apresentação do INEM-CODUMAR, parceiro fulcral na condução das operações de MEDEVAC, que por impossibilidades logísticas não se fez representar presencialmente, mas que acompanhou os trabalhos através de videoconferência.

No dia 20 de novembro realizou-se o simulacro de busca e sal-vamento tendo por base um cenário de “Mass Rescue Opera-tion” considerado como provável, pelo facto de se registar um significativo incremento de escalas de navios de passageiros na RAA e pela existência de uma forte atividade sazonal, relacionada com o transporte marítimo inter-ilhas de pessoas e bens.

Fotos Eduardo Resendes/Açoriano Oriental

Page 25: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 2525

O exercício, que se desenrolou ao largo de Vila Franca do Cam-po, contou com a participação de diversos parceiros, dos quais se destaca a AtlânticoLine, empresa regional que assegura o trans-porte marítimo inter-ilhas de pessoas e bens, que disponibilizou o navio de passageiros Mestre Simão para o papel de navio si-nistrado, a Portos dos Açores, que disponibilizou o rebocador S. Miguel, empregue como navio auxiliar na condução das ações de evacuação de passageiros e a participação de 41 figurantes, per-tencentes a diversas organizações regionais.

O cenário criado baseou-se na ocorrência de um acidente a bordo que evoluiu para uma situação de incêndio, com múltiplas vítimas e risco de poluição. Numa fase posterior do exercício, e após simulada a ausência de cinco pessoas no controlo e triagem dos passageiros resgatados, deu-se início a uma “Search and Rescue Operation”.

Às 08:23Z o MRCC Delgada recebeu um sinal de socorro prove-niente do Mestre Simão e ativou a corveta Baptista de Andrade, os meios da Autoridade Marítima Nacional (AMN), o rebocador S. Mi-guel e colocou em alerta o helicóptero da Força Aérea (EH-101).

À chegada ao local, a Batista de Andrade assumiu as funções de “On-Scene Coordinator”, passando a coordenar todos os meios empenhados na ação SAR e transferiu para bordo do navio sinistrado uma equipa de segurança e combate a incêndios de modo a auxiliar a tripulação na contenção do sinistro e preparar a chegada, em segurança, da equipa médica para prestar os pri-meiros socorros e efetuar triagem dos tripulantes feridos.

Seguidamente, iniciou-se a evacuação dos passageiros e feri-dos não urgentes para a corveta e para o rebocador, utilizando os meios da corveta e da AMN, e dos feridos urgentes (cinco) para o Hospital do Divino Espirito Santo (HDES), através do EH-101.

Às 11:39Z terminaram as operações de resgate dirigindo-se a corveta e o rebocador para o porto de Ponta Delgada, local onde foi instalado o centro de recolha de vítimas e triagem, ini-ciando-se a fase de desembarque dos evacuados sob a coorde-nação do Capitão do Porto, que assumiu as funções de Coman-dante das Operações de Socorro (COS).

Concluído o controlo dos evacuados, simulou-se o desapa-recimento de cinco passageiros, tendo-se dado início às opera-ções de Busca e Salvamento, definindo-se as áreas de busca e envolvendo-se a corveta, o EH-101 e uma aeronave C-295. Para dar mais realismo a esta ação, foi solicitado ao Instituto Hidrográ-fico o envio de duas boias derivantes, uma simulando um náufra-go na água e outra simulando uma jangada.

Paralelamente a toda esta ação e de modo a testar os proce-dimentos de combate à poluição, simulou-se a ocorrência de um derrame de hidrocarbonetos, com origem no navio sinistrado, pos-sibilitando o treino de combate à poluição no âmbito do Plano Mar Limpo, envolvendo os órgãos locais da AMN e a Administração Por-tuária, sob a coordenação do Capitão do Porto de Ponta Delgada.

O simulacro, coordenado pelo MRCC Delgada, no âmbito da Bus-ca e Salvamento Marítimo, e pelo Capitão do Porto, no âmbito da Proteção Civil, envolveu a empenhada participação de um conjunto significativo de pessoas e meios navais, aéreos e terrestres, desig-nadamente a corveta Baptista de Andrade, um helicóptero EH-101, uma aeronave de asa fixa C-295, as embarcações salva-vidas N. S. da Boa Viagem e Maria da Esperança, viaturas de transporte de doen-tes do SRRCBA, o rebocador S. Miguel da empresa Portos dos Açores S.A e o navio de passageiros Mestre Simão da empresa Atlânticoline.

Como resultado final, verificou-se que os objetivos de trei-no estabelecidos foram plenamente atingidos, sendo de enal-tecer o elevado espírito de cooperação demonstrado por to-dos os participantes.

O evento teve um entusiástico acolhimento por parte dos órgãos regionais de comunicação social, e as reportagens que se lhe segui-ram, na TV e nos jornais, certamente que contribuíram para reafir-mar a imagem da Força Aérea, da Marinha e da AMN na RAA e para a credibilidade do Sistema de Busca e Salvamento Marítimo.

Colaboração do MRCC Ponta delGada

Page 26: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 26

REVISTA DA ARMADA | 494

.

REVISTA DA ARMADA | 494

A TAÇA DO EMBAIXADOR

Monsieur Honorato ou, como também surge referenciado na documentação por-tuguesa, Honorato de Cais, foi embaixa-dor do Rei de França, em Portugal, por vá-rias vezes. Tendo vindo inicialmente para tratar do casamento de Carlos III, duque de Sabóia, com a infanta Dª Beatriz, em 1512, intento que ficou gorado alega-damente por causa da idade da infanta, voltou novamente a Portugal, três anos depois, para negociar novamente o casa-mento, o que veio a suceder em 1521.

Continuou, mais tarde, em Portugal, no âmbito das relações luso francesas por cau-sa dos problemas de pirataria e corso leva-dos a cabo por franceses e portugueses.

No conjunto desses períodos o embai-xador viveu, em Portugal, um largo perío-do de tempo que lhe permitiu adquirir um muito razoável conhecimento da realidade portuguesa, nada que espante pois, ao fim e ao cabo, essa é uma das tarefas principais de qualquer embaixador que se preze.

A sua inserção na sociedade do tempo, e o prestígio que aparentemente detinha, poderão estar na origem da autorização concedida a um seu sobrinho para seguir embarcado para a Índia.

Conta-se que este embaixador, no decur-so de uma qualquer festa, no momento em que bebia por uma taça, terá afirmado:

“Se o Rei de Portugal tivesse meia dú-zia de naus iguais a esta minha taça seria, sem qualquer dúvida, o homem mais rico do mundo".

Quando questionado sobre a razão de tal afirmação, terá então esclarecido que:

− A sua taça, em cada meia hora, fazia várias viagens;

− Na sua taça nunca entrava água; − Se o quisesse na sua taça nunca have-

ria falta de água. A explicação apresentada aponta, na

verdade, para os principais problemas que afectavam a Carreira da Índia e de-monstram claramente o conhecimento que o embaixador tinha da situação na-quela Carreira.

Na verdade, a mesma nau, na melhor das hipóteses, o que não era a generali-dade dos casos, só poderia efectuar nova viagem para a Índia dois anos passados da

data da partida da viagem anterior, isto porque a viagem, mesmo correndo tudo pelo melhor, teria uma duração superior a um ano, havendo necessidade, ao tempo, de respeitar os períodos da partida, do Reino entre Março e Abril, e da Índia em Dezembro ou Janeiro; a tudo isto acres-cia ainda o facto de que, naquele tempo, não eram muitas as naus que conseguiam efectuar 4 ou mais viagens.

Por outro lado, poucas eram as naus que não embarcavam água, quer devido ao tempo, quer por avarias, o que provo-cava a perda de muitas naus ou, quando tal não sucedia, a necessidade de arribar, com as consequentes demoras e aumen-to de custos, isto para além dos prejuí-zos provocados pela água embarcada nas mercadorias transportadas.

Finalmente, a falta de água a bordo era uma constante praticamente em todas as viagens, levando a que, com grande fre-quência, fosse necessário efectuar escalas por forma a fazer aguada, provocando as-sim mais demoras com o consequente au-mento de encargos e, tal como quanto ao embarque de água, com acentuada perda de vidas humanas.

Em boa verdade, o embaixador Honora-to tinha uma correcta percepção dos, até então, mais graves problemas com que se deparava a navegação do Reino para a Ín-dia e na respectiva torna viagem.

Com. e. Gomes

VIGIA DA HISTÓRIA 72

N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.

Fonte

Colecção Política de Apotegmas ou Ditos Autorizados e Sentenciosos por Pedro José Supico de Morais .

MARÇO 2015 26

Page 27: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 27

busca e salvamento dum avião de treino da FA que caira perto da Praia de Sta. Cruz, tornou-se forçosa a presença a bordo dum ou-tro oficial para fazer quartos, e foi pedido pelo comandante um que, preferencialmente, jogasse bridge. E apareceu um.

E ainda havia quem dissesse mal da gestão do pessoal! …

Ferreira JúniorCMG

N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.

ESTÓRIAS 10

O MEU PRIMEIRO NAVIO

PUB

Ainda cadete, pertenci à guarnição dum navio − aquele que, na altura, menos queria que me calhasse na rifa − o “Ribeira

Grande”, onde tinha por mais duma vez lavado as tripas até à exaustão, nas viagens de fim de semana da Escola Naval.

Era seu comandante uma das figuras mais curiosas e emblemá-ticas da Marinha daqueles tempos. Ou estávamos a navegar, em serviço SAR ou na fiscalização das pescas, ou estávamos a jogar bridge na câmara de oficiais. Não sei se consegui dormir duas ho-ras seguidas a bordo daquele navio.

Para variar, fui encarregado de fazer o chaveiro do navio, além das minhas funções de navegador.

Fiscalizávamos a zona centro e, normalmente, pernoitávamos em Setúbal ou lá íamos passar o que restava da noite. Várias ve-zes fomos ver se o navio cabia entre dois cargueiros atracados ao cais comercial. Umas vezes sim, outras não.

Tudo era melhor do que ir parar ao Cais do Carvão. Certa noi-te, no Cais do Carvão, depois duma ida ao cinema, quando re-gressámos a bordo, tínhamos o navio pendurado no cais, com o verdugo assente na estacaria. Tivemos que esperar a subida das águas para endireitar o navio e poder zarpar. Ainda estou a ouvir a desanda que o comandante deu ao pessoal de serviço.

Sair a barra de Setúbal com a água a vazar e o sudoeste rijo, como tivémos que fazer algumas vezes, não era pêra doce. A re-bentação em cima do baixio tirava-nos a água que precisávamos para não bater com o fundo, que era de madeira. Numa acção de

Page 28: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 28

REVISTA DA ARMADA | 494

ANIVERSÁRIOS

Durante o mês de janeiro diversas Unidades celebra-ram o seu dia. A Revista da Armada associa-se a esta

efeméride, endereçando os parabéns aos Comandantes//Diretores e respetivas Guarnições.

Direção de Navios 01 janeiroNRP D. Francisco de Almeida 15 janeiroNRP Bartolomeu Dias 16 janeiroUTITA (Unidade de T. I. de Toxicodependências e Alcoolismo) 17 janeiroNRP Vasco da Gama 18 janeiroNRP Gago Coutinho 26 janeiroDepósito POLNATO de Lisboa (S. João da Caparica) 31 janeiro

NRP D. FRANCISCO DE ALMEIDA5º ANIVERSÁRIO

NRP BARTOLOMEU DIAS6º ANIVERSÁRIO

No passado dia 15 de janeiro celebrou-se o 5º aniversário do NRP D. Francisco de Almeida ao serviço da Marinha. Para as-

sinalar esta efeméride foi organizado um almoço de convívio no hangar para a sua guarnição.

Na ocasião, o Comandante do NRP D. Francisco de Almeida, CFR Silvestre Correia, usando da palavra, recordou o último ano de ati-vidade do navio e da guarnição, nomeadamente o Plano de Treino Básico (PTB), o Portuguese Operational Sea Training (POST), em In-glaterra, e o exercício NOBLE MARINER 14, no Mediterrâneo.

Realçou que, para além da manutenção dos padrões de pronti-dão, o ciclo de treino permitiu ao navio adquirir uma dinâmica e uma alma própria, indispensável para o cumprimento das missões e tarefas superiormente atribuídas, na representação da Marinha e de Portugal. Terminou desejando a todos um bom trabalho no aprontamento e no cumprimento da missão como navio-almirante da STANDING NATO MARITIME GROUP ONE (SNMG1).

Após o agradável convívio, e respeitando as tradições, se-guiu-se o corte do bolo de aniversário e um brinde ao navio e à Marinha, onde não faltaram as “Salvas Artilheiras” proferidas pelo chefe do serviço de operações de superfície e antiaéreas, à guarnição, ao NRP D. Francisco de Almeida e à Marinha.

Colaboração do CoMando do nRP d. FRanCISCo de alMeIda

No dia 16 de janeiro, o NRP Bartolomeu Dias comemorou o seu 6º aniversário ao serviço da Marinha e de Portugal.

O dia contou com vários eventos desportivos, com uma ce-rimónia militar de entrega de condecorações e distintivos de tempo de embarque e com um almoço convívio a bordo, num ambiente de sã camaradagem e confraternização.

Estiveram presentes o Comandante da Esquadrilha de Escoltas Oceânicos, CMG Gonçalves Alexandre, o primeiro Comandante do navio, CMG Vizinha Mirones, entre outros convidados.

O Comandante, CFR Paulo Cavaleiro Ângelo, usou da palavra para enaltecer o legado deixado pelas duas primeiras guarni-ções e exortou todos os militares sob o seu comando a pros-seguirem com empenho e determinação, de forma a levar o navio sempre a bom porto. Disse ainda, “(…) após seis anos, a Bartolomeu Dias efetuou cerca de 6500 horas de navegação, teve 12 214 horas de missão atribuídas, de que resultou uma taxa de navegação de cerca de 53%, e percorreu 71 150 milhas náuticas, o equivalente a 3,3 voltas ao Mundo. São estes os números estatísticos que fizeram a história do navio até à pre-sente data e que dão visibilidade à operacionalidade do navio. Não revelam, contudo, o esforço não visível realizado pelas suas guarnições ao longo destes seis anos.”

No ouvido de todos, naquele ambiente de festa e também de assumida responsabilidade, soaram fundo as palavras do

Comandante, nomeadamente quando, ao iniciar a sua inter-venção, se referiu à “nossa Bartolomeu Dias”. Sim, teremos pensado todos, ele é bem “o nosso Navio”, o navio de cada um e de todos nós, mulheres e homens militares da Armada que nele orgulhosa e empenhadamente cumprimos missão como a sua guarnição.

Colaboração do CoMando do nRP BaRtoloMeU dIaS

Page 29: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 29

Convictos que, brevemente a fragata NRP Vasco da Gama volta-rá a cumprir com aquilo que faz de melhor, que é navegar no mar, seja onde ele for, com o talento de bem-fazer, servindo Portugal.

Colaboração do CoMando do nRP VaSCo da GaMa

NRP VASCO DA GAMA24º ANIVERSÁRIO

O NRP Vasco da Gama celebrou, no passado dia 18 de janeiro, o seu 24º aniversário.

Este ano o dia da unidade foi assinalado de forma indelével e singela, no dia 19 de janeiro, uma vez que dia 18 foi um domingo, e em simultâneo com a fase de aprontamento para o Plano de Trei-no Básico (PTB), a iniciar em 02 de março de 2015.

Para assinalar tão importante efeméride, o evento contou com a presença do Comandante da Esquadrilha de Escoltas Oceânicos, CMG Gonçalves Alexandre, tendo o programa consistido numa missa a bordo − Oração de Fiéis, presidida pelo Capelão Costa Amorim (Capelão da Base Naval de Lisboa), coadjuvado pelo Ca-pelão Santos Oliveira (Capelão da Escola de Tecnologias Navais), seguido de um almoço-convívio da guarnição no hangar do navio.

As atividades comemorativas culminaram num excelente e agra-dável almoço-convívio da 10ª guarnição do NRP Vasco da Gama, se-guido do corte do respetivo bolo de aniversário e com o patrocínio de Santa Bárbara, com as tradicionais “salvas artilheiras que a Mari-nha consagrou”, proferidas pelo artilheiro mais moderno de bordo.

• "SAÚDE OPERACIONAL” E “SAÚDE ASSISTENCIAL"Foram superiormente definidos pelo ministro da Defesa Nacio-

nal, através do despacho MDN nº 511/2015 (Diário da República, 2ª Série, nº 12 de 19 de janeiro), os conceitos de “saúde opera-cional” e de “saúde assistencial”.

A “saúde operacional” é definida como sendo “a prestação de cuidados de saúde por motivos operacionais”, sendo que “os cui-dados de saúde são prestados pelas estruturas de saúde que in-tegram a estrutura orgânica”. A “saúde operacional” é parte inte-grante do orçamento dos ramos das Forças Armadas/Ministério da Defesa Nacional.

A “saúde assistencial” é definida como “a prestação de cuida-dos de saúde necessários e imprescindíveis para a manutenção do estado de saúde do militar no seu ambiente socioprofissio-nal”. Os cuidados de saúde “são prestados preferencialmente pelas estruturas de saúde que integram a estrutura orgânica (…) podendo ainda ser prestados por outras entidades”. A “saúde as-sistencial” é suportada pela Entidade Gestora da ADM (IASFA).

• ASSINATURA DE PROTOCOLOSFITNESSHUT – Foi rubricado um protocolo entre a Mari-

SAIBAM TODOSnha e a cadeia de ginásios Fitnesshut. Trata-se de uma par-ceria que tem como missão fomentar a atividade desportiva, podendo os beneficiários usufruir de condições vantajosas. Para usufruir do protocolo, os interessados devem efetuar as inscrições através de: https://sales.fitnesshut.pt/lou/f/83. No formulário de inscrição, o campo “Empresa” deve ser preenchido com “Marinha”.

CLUBE DE PADEL – A Marinha e o Clube de Padel celebrar-am um protocolo de cooperação, tendo em vista a obtenção de condições preferenciais para a Família Naval na prática da modalidade. O Clube de Padel encontra-se localizado na Doca de Santo Amaro, em Alcântara, sob a pala da Ponte 25 de abril e possui seis campos. Aos praticantes são disponibilizadas bolas e raquetes.

CENTRO CLÍNICO S. CRISTÓVÃO – Foi assinado um protocolo entre a Marinha e o Centro Clínico S. Cristóvão na área do apoio à saúde. O Centro Clínico S. Cristóvão possui as seguintes espe-cialidades médicas: estomatologia, dermatologia, clínica geral, urologia, psicologia e psiquiatria.

Para mais informações relativas aos protocolos visite o subportal DAS.

CONVÍVIOS

ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS A Associação de Fuzileiros realizou

um jantar de Natal em Vila Nova de Gaia, que contou com presença de cerca de 85 Fuzileiros e familiares. No encontro esteve presente o CFR Pacheco dos Santos, em representa-ção do Almirante CEMA e do Coman-dante do Corpo de Fuzileiros.

Page 30: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 30

REVISTA DA ARMADA | 494

No próximo dia 9 de maio, a 3ª guarnição (1974/1976) da COUTINHO vai comemorar o 40º aniversário do Adeus a Mo-çambique em 1975. O 11º encontro vai ter lugar no Restau-rante Manjar das Laranjeiras, em Fernão Ferro, e é alargado a todos os familiares e amigos. Para mais informações, con-tactar: Manuel Camões TLM 917 349 262, João Códices TLM 937 494 548, Jorge Gonçalves TLM 917 810 546, Rui Azeve-do TLM 963 392 342 ou [email protected].

No passado dia 26 de outubro realizou-se o 1º Encontro da 3ª Incorporação de Militares do Sexo Feminino admitidas a 24 de outubro de 1994. O encontro teve início na Capela Nª Srª do Mar, na BNL, onde se prestou uma sentida homenagem à 1MAR TFD Sandra Magalhães, entretanto falecida. Seguiu-se o almoço comemorativo do 20º aniversário, no Hotel Mélia Aldeia dos Capuchos, onde se reuniram mais de 30 elementos da incorporação, para relembrar o início de uma etapa mar-cante na vida de todas.

A comissão organizadora agradece a todas as que compare-ceram a este convívio e faz votos que no próximo ano sejamos muitas mais.

“FILHOS DA ESCOLA“ JANEIRO DE 1973

No passado dia 17 de janeiro, os “Filhos da Escola” de janeiro de 1973 levaram a efeito o seu 42º aniversário, em Benavente, no restaurante O Miradouro, em que compareceram cerca de 125 mancebos e respetivas famílias.

Como já é habitual, foi lida a ordem OP2/21/30JAN73/G, a fim de recordar os tempos em que as ordens eram lidas em parada. Foi feita a chamada dos “Filhos da Escola” presentes, a fim de re-fazerem o seu novo alistamento na ARMADA, seguindo-se uma oferta a cada um.

O almoço decorreu em ambiente de sã camaradagem e, mais uma vez, com o esforço e dedicação desta comissão, comparece-ram mais nove elementos pela primeira vez.

A comissão organizadora agradece a todos os “Filhos da Esco-la” que estiveram presentes, ficando a promessa que para o ano de 2016, novo evento seja organizado na zona de Leiria.

José armadaSMOR E RES

3ª INCORPORAÇÃO DE MILITARES DO SEXO FEMININO

NRP JOÃO COUTINHO

Os "Filhos da Escola" incorporados na Marinha em abril/64, vão estar em festa. A comissão organizadora vai levar a efeito, no dia 11 de abril, na Quinta da Concha, em Santiago de Litém, Pombal, um almoço-convívio para comemorar o 51º aniversário.

Os interessados deverão inscrever-se até ao dia 5 de abril, contactando os seguintes "Filhos da Escola":

José Gomes TLM 963 018 181 / 235 204 468Acácio Almeida TLM 917 267 914 / 239 455 415Ulisses Cadete TLM 918 836 631 / 236 961 537

RECRUTAMENTO DE ABRIL DE 1964

Page 31: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 31

Na noite em que o encontrei, voltei a ouvir a música simples (guardada em cassetes esquecidas), para as pequenas horas da noi-te. Emocionei-me com as memórias que os sons transportam. Pro-curei, outra vez, abrigo num poema. Ocorreu-me então que a emo-ção é maior, muito maior, que a morte… E está na nossa mão…

Escrevi esta história, que não ia enviar para a Revista da Armada, por ser “muito lamechas”… Foi um acidente de percurso que me levou a publicá-la. Na verdade, foram os silêncios da Almirante Reis e os amigos como o Poeta que me permitiram procurar “as vozes e as palavras para lá do meu alcance…”. Estas palavras tornaram-me naquilo que sou (e não me refiro aos títulos profissionais, ou mesmo académicos). Foi então que me habituei a ouvir… Foi então que per-cebi que não há uma quantificação clara para o amor, para o sofri-mento, para a solidão do ser humano… se a houver, está na alma de alguns espíritos. Foi então, por fim, que aceitei que as coisas impor-tantes da vida só se exprimem em sentimentos… Daí até estas pala-vras e outras fica apenas um suspiro… e mais este escrito…

Que bom ter encontrado o Poeta. Até breve, velho amigo…

doc

NOVAS HISTÓRIAS DA BOTICA 41

VELHO AMIGO... "as palavras para lá do meu alcance… só se escrevem no silêncio"

Citação de autor anónimo

Encontrei-o na Baixa. É o que dá estar no Terreiro do Paço. Há mais de 20 anos que o não via. Mantinha a barba, que estava agora grisalha, o corpo magro, curvado; nestas palavras vou de-signá-lo como o Poeta. Conheceu-me logo e quase gritou, com uma voz rouca modelada por anos de tabaco sem filtro:

− És o Luís, não és?− Sou, sou eu − respondi de imediato, a memória deste homem

estava (estará) sempre nítida na minha mente.− Então és Doutor? – continuou.− Sou − respondi de novo. Lembrei-me que sempre foi de

frases curtas.A cara iluminou-se, como se tivesse recebido uma prenda, na

Rua Augusta, fora do Natal…Conheci o Poeta quando era aluno de Medicina. Morava então

na Avenida Defensores de Chaves, numa Residência dos Serviços Sociais (chamada Egas Moniz), entretanto transformada em Ho-tel. Estudava de noite, dormia pouco. Percorria o jardim Constan-tino, a Rua da Estefânia, enfim, andava para baixo e para cima, na Almirante Reis.

Foi lá que conheci o Poeta, que nessa altura habitava na fren-te da Igreja de Arroios. Pedia cigarros, beatas a quem passava… À saída da missa pedia com um chapéu velho aos devotos, que saíam apressados, poucos paravam… Em noites quentes, encon-trava-se na relva da Alameda, ou mesmo no Jardim da Praça de Londres. Tinha sido escriturário, trabalho fino, num notário. As ideias “baralharam-se” na cabeça dele em certo ponto da vida. Via e sentia a vida de modo diferente. A mulher, inicialmente, e depois toda a família, abandonou-o.

Recitava poemas de um livro amarelado e gasto que carregava. Dizia-o com alma, acentuada pelo silêncio na noite, para quem passava. Achei sempre que eram belos. Ficámos grandes amigos. Durante os anos seguintes, encontrei-o a ele e aos amigos que entretanto fui conhecendo, vizinhos da mesma “habitação”.

Cheguei mesmo a levar muitos à Urgência de São José, ali tão perto. Onde o cheiro e sarna do Poeta me faziam ouvir in-vetivas mais ou menos desagradáveis dos médicos de Serviço – uns anos mais tarde fiquei mesmo conhecido pelo “médico dos malcheirosos” – nome que guardo na alma com orgulho e nos muitos escritos, que então produzia. Uns alegres, outros tristes, todos apreciados pelo Poeta e pelos entes eternos, fan-tasmas desdentados, que pululavam à volta dele e no silêncio da minha alma…

Parecia, agora, tantos anos passados, mais alinhado. Morava num abrigo de uma instituição que lhe tinha “dado a mão”. Tinha um trabalho. Pareceu-me feliz…

− Perguntei-lhe pela “Sebenta Amarela dos Poemas”. Abriu os olhos, que ficaram de repente estupefactos pela pergunta… Não respondeu, sorriu… Eu também não esperava resposta…

Seguimos, então, cada um para seu lado, sem pressa… Imersos na vida.

Page 32: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 32

REVISTA DA ARMADA | 494

máticos, ou seja, visam melhorar e atrasar a progressão dos sintomas. Os tratamentos atuais passam por fármacos (inibidores da acetilcolinesterase: rivastigmina, galantami-na e donepezilo; antagonistas dos recetores de NMDA: memantina), pelo controlo dos fa-tores de risco vascular, pela estimulação do exercício físico, atividades cognitivas e intera-ção social (não sendo de todo recomendado que o doente passe o dia sozinho em fren-te à televisão), por medidas gerais (e.g.: criar rotinas diárias, simplificar os objetos na casa de banho e na mesa de refeições, aumentar a intensidade da luz ambiente, usar fechaduras de segurança, rotular os artigos domésticos) e pelas intervenções psicossociais (e.g.: tera-pia emocional, cognitiva, comportamental).

PROGNÓSTICO A velocidade da progressão da doença

varia de pessoa para pessoa, mas esta aca-ba por levar a uma situação de dependên-cia completa, culminando na morte. Uma pessoa com Doença de Alzheimer pode viver entre três a vinte anos, sendo que a média estabelecida é de sete a dez anos.

ana Cristina Pratas1 TEN MN

DOENÇA DE ALZHEIMERSAÚDE PARA TODOS 23

Demência é o termo médico utilizado para designar um grupo alargado de doenças que causam uma deterioração progressiva das funções cognitivas. A função cognitiva cuja alteração mais associamos às demências é a memória, mas estas englobam muitos outros domínios, como a atenção, a linguagem, o processamento visuo-espacial, o cálculo e mesmo as competências sociais, comportamento e personalidade.Existem muitas causas de demência, sendo a Doença de Alzheimer a mais comum. Foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra e neuropatologista alemão Alois Alzheimer, de quem recebeu o nome. Apesar de ser mais frequente após os 65 anos, esta doença pode surgir muitos anos antes. É uma doença neurodegenerativa, ou seja, existe uma perda progressiva e irreversível das células nervosas – os neurónios.Uma vez que a Doença de Alzheimer ainda não tem cura, o doente torna-se gradualmente dependente da assistência de outros. Na maioria das situações são os familiares quem assume o papel de cuidadores. Portanto, esta doença, além de ter impacto na vida do doente, tem também um impacto muito significativo para os cuidadores, quer a nível psicológico e social, quer a nível físico e económico. Nos países desenvolvidos, a doença de Alzheimer é uma das doenças com maiores custos sociais.

DESCRIÇÃOA Doença de Alzheimer representa cerca

de 70% das demências e deve-se a uma acu-mulação anormal de proteínas no cérebro, nomeadamente de proteína beta-amiloide (deposita-se no exterior dos neurónios sob a forma de placas senis) e de proteína tau (forma tranças neurofibrilhares no interior dos neurónios). Esta situação afeta o fun-cionamento e a comunicação dos neurónios entre si, que acabam por degenerar e mor-rer, levando a atrofia cerebral (diminuição do volume do cérebro).

À medida que as células cerebrais vão desaparecendo, o doente vai ficando gra-dualmente incapaz de recordar a informa-ção. Primeiro é afetada a memória a cur-to prazo (dificuldade em recordar factos aprendidos recentemente ou em memori-zar nova informação) e só posteriormente as memórias mais antigas da vida da pessoa (memória episódica), os factos já aprendi-dos (memória semântica) e a memória im-plícita (a memória associada à realização de ações, como usar uma caneta para escrever ou andar de bicicleta).

EPIDEMIOLOGIAA doença afeta cerca de 1% das pessoas

entre os 65 e 70 anos, mas a prevalência aumenta exponencialmente com a idade, sendo de 10-15% aos 80 anos e até 50% após os 90 anos. É mais comum em mulhe-res do que em homens.

Em Portugal, durante o ano de 2009, es-timou-se que existiam cerca de 90.000 pes-soas com Alzheimer. A Organização Mun-dial de Saúde prevê que em 2050 afete 1 em cada 85 pessoas à escala mundial.

CAUSASA Doença de Alzheimer pode ser esporá-

dica ou familiar. A forma esporádica é larga-mente mais frequente. Esta surge normal-mente acima dos 65 anos e ainda não se conhecem na totalidade os fatores de risco para o seu aparecimento. Contudo, existem alguns já conhecidos: genética, tabagismo, consumo elevado de álcool, hipercolestero-lemia, hipertensão arterial, diabetes mellitus, traumatismo craniano grave no passado, de-pressão em idades superiores a 50 anos e se-dentarismo. De forma oposta, alguns fatores parecem reduzir o risco de desenvolvimen-

to da doença, incluindo o exercício físico e a estimulação cognitiva, ou seja, escolaridade elevada, empregos intelectualmente estimu-lantes, leitura frequente, tocar instrumentos musicais e interação social frequente.

A forma hereditária da Doença de Alzhei-mer é rara (<1% dos casos) e surge normal-mente entre os 40 e 60 anos. Por ser autos-sómica dominante, se um dos progenitores tem um gene mutado, cada filho terá 50% de probabilidade de herdá-lo.

SINTOMASNas fases iniciais da doença os sintomas

são muito subtis e podem ser confundidos com o processo normal de envelhecimen-to ou stress. Começam frequentemente por lapsos de memória e dificuldade em en-contrar as palavras certas para objetos do quotidiano. Com o tempo vão aparecendo novos sintomas como confusão mental, dis-curso vago e pobre, apatia, alterações súbi-tas de humor (choro, irritabilidade e agressi-vidade), falhas na linguagem, dificuldade na coordenação motora e perda de memória a longo prazo. É importante salientar que ge-ralmente o doente não tem perceção das próprias dificuldades de memória.

DIAGNÓSTICOÉ baseado na história clínica, com a ca-

racterização dos sintomas do doente, dos seus antecedentes pessoais e familiares, bem como na observação do doente, sen-do extremamente importante a presença de um familiar/acompanhante nas consul-tas. É, contudo, fundamental excluir outras causas tratáveis de demência, através de análises sanguíneas e exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância magnética (RMN).

O diagnóstico definitivo só é possível mediante uma análise histopatológica, in-cluindo um exame microscópico ao tecido cerebral (autópsia ou biópsia cerebral).

TRATAMENTOO diagnóstico precoce é importante para

se tentar preservar ao máximo as capacida-des intelectuais e prolongar a qualidade de vida do doente e dos seus cuidadores. Dado que não existem tratamentos para parar ou regredir a progressão da doença, os trata-mentos disponibilizados são apenas sinto-

A Alzheimer Portugal é uma Instituição Par-ticular de Solidariedade Social. Fornece apoio, informação, formação e aconselhamento para as pessoas afetadas pela Demência, seja para os próprios doentes ou para os seus familiares. Este apoio pode fazer uma diferença positiva na forma de gerir a doença.

Page 33: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 33

REVISTA DA ARMADA | 494

MARÇO 2015 33

Problema nº 463PALAVRAS CRUZADAS

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 463

HORIZONTAIS: 1 – AFRODISIACA. 2 – OAIOS; ARNAL. 3 – RISO; AIO; AC. 4 – TAT; ORA; ABA. 5 – ER; CII; EVAN. 6 – TOM; ALO. 7 – TORA; ARO; EI. 8 – ARA; TOS; MDL. 9 – SS; AIS; SORA. 10 – IESSO; REVED. 11 – ALCANDORADO.VERTICAIS: 1 – AORTECTASIA. 2 – FAIAR; ORSEL. 3 – RIST; TRA; SC. 4 – 000; COA; ASA. 5 – DS; OIM; TION. 6 – ARI; AOS. 7 – SAIA; ARS; RO. 8 – IRO; ELO; SER. 9 – AN; AVO; MOVA. 10 – CAABA; EDRED. 11 – ALCANTILADO.

Carmo Pinto1TEN

21 3 4 5 6 7 8 9 10 11

123456789

1011

1 9 2

3 6

9 4 7 6

7 3

8 7 4 1 5

6 8

2 8 1 9

5 4

9 8 6

9 5 6

2 1 5 9 6

7 2 4 1

8 7 1

6 4 3 8 2

7 6 3

4 3 6 8

7 2 5 3 9

1 6 2

QUARTO DE FOLGA

JOGUEMOS O BRIDGE Problema nº 181

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 13

SUDOKU Problema nº 13

FÁCIL

FÁCIL DIFÍCIL

DIFÍCIL

HORIZONTAIS: 1 – Que restaura ou excita as forças geradoras. 2 – Rio dos Estados Unidos da América do Norte (Pl); que cresce na areia. 3 – Zombaria; escudeiro; antes de Cristo. 4 – É quase tatu; reza; título do bis-po em algumas igrejas orientais. 5 – Símb. quím. do érbio; cento e dois romanos; nau (ant. e inv.). 6 – Modo particular de se exprimir; para barlavento (Náut). 7 – Livro da lei dos Judeus portugueses; anel; no meio e no fim da lei. 8 – Altar; porcos; mil quinhentos e cinquenta romanos. 9 – Polícia nazi; gritos de dor; redução popular de senhora. 10 – Grande ilha ao norte do arquipélago japonês; ter dívidas (Inv). 11 – Empoleirado. VERTICAIS: 1 – Dilatação da aorta. 2 – Furtar (Gíria); pintor franc., especialista da pintura religiosa (1795 – 18507) (ap). 3 – Economista franc. nascido na Suíça (1874 – 1955) (ap); o mesmo que trans…; símb. quím. do escândio. 4 – Três vogais iguais; rio de Portugal, afluente do Douro; proteção. 5 – Duas de dose; voz do gato (Inv); o mesmo que nout… (Inv). 6 – Nome próprio masculino; palavras compostas da preposição a e do artº. os. 7 – Suplemento às velas latinas, que se emprega para navegar por bom tempo ou para dar caça ao inimigo (Náut); no princípio de arsenal; letra grega. 8 – Enguia; gavinha; es-tar. 9 – No meio da cana; bagatela (Fig); agite. 10 – Espécie de pavilhão que se eleva na principal mes-quita de Meca; filho de Eduardo, o Antigo, rei dos Anglo - Saxões de 946 a 955. 11 – Talhada a pique.

NORTE (N)

OESTE (W) ESTE (E)

♠♥ ♦♣ 10 10 10 8 9 7 2 6 4 5 5 2 4

♠♥ ♦♣ 7 9 A A 5 8 R V 3 4 6 2 2

♠♥ ♦♣ R A 5 D 6 R 4 7 D 3 3 6 3

♠♥ ♦♣ A V D R D V 10 V 9 9 8 8 7

SUL (S)

Ninguém vuln. S joga 4♥ após abertura de W em 1♦, tendo recebido a saída a D♦.

SOLUÇÃO: PROBLEMA Nº 181

A abertura de W mostra que os pontos-chave restantes estarão na sua mão, portanto deverá ser com base nesta informação que S terá de desenvolver a sua linha de jogo, nomeadamente na defesa do seu R♠. Vejamos como: deixa fazer a D para precaver-se contra a eventualidade de E ter o 10♦ e W ter uma hipótese de lhe passar a mão para atravessar ♠; W repete ♦ que pega. Vem à mão em trunfo e joga pequeno ♣ para o V que faz, pois o R está localizado pela abertura. Acaba o destrunfo com uma ou 2 voltas, conforme os trunfos estejam 2-2 ou 3-1, joga o último ♦ e de seguida A♣ e ♣ colocando a mão no R de W, que fica sem defesa e terá de se virar em corte e balda ou para o R♠.

nunes MarquesCALM AN

TAPE OS JOGOS DE E-W E TENTE RESOLVER A 2 MÃOS

Page 34: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

MARÇO 2015 34

REVISTA DA ARMADA | 494

NOTÍCIAS PESSOAIS

RESERVA

● CMG Fernando José da Silva Coelho ● CMG Jorge Manuel da Cos-ta e Sousa ● CFR Paulo Luís Silva Neto ● CTEN STMEC Diamantino Fortio Lopes ● CTEN STH Francisco Pedro Marques Mourato ● CTEN STA José dos Santos Domingos ● CTEN TS António Ernesto Camari-nha Martins ● SMOR CM Ernesto da Costa Barbosa ● SMOR M Fer-nando Manuel Eusébio Ferreira ● SMOR C António João Galhanas Ramalho ● SMOR FZ António Cândido de Sousa Rodrigues ● SMOR FZ Daniel Simões Rodrigues ● SMOR TF António Augusto Patrício Rodrigues ● SCH FZ Carlos Manuel Fonseca Jorge ● SCH H Carlos Alberto Rodrigues Figueiredo ● SCH ETS António Manuel dos Reis Medeiro ● SCH ETC Joaquim José Nobre Marreiros da Assunção Mela ● SCH H Luís Manuel Droga Videira ● SCH C João Manuel Sil-va Tomás ● SAJ FZ Fernando Manuel Fernandes Vital ● SAJ FZ José Gomes de Sousa ● SAJ FZ Vital Manuel Carmona Dias Afonso ● SAJ H Manuel Nunes Teixeira ● SAJ M Luís Manuel dos Reis da Silva Ga-lhofa ● SAJ T Luís Manuel Lopes de Oliveira ● SAJ C António Joaquim Esteves dos Santos ● SAJ MQ Rui Jorge Rodrigues Leal Ribeiro ● SAJ A Vítor Manuel Monteiro Pinela ● SAJ ETS Paulo Jorge Tercitano Ta-vares ● SAJ MQ Vítor Alexandre da Silva Costa ● SAJ MQ Fernando José Nunes Madeira ● SAJ MQ João Filipe de Menezes Capa ● SAJ MQ Pedro Miguel Marques do Amaral ● SAJ CM José Manuel Mo-reira Rodrigues ● SAJ C Fernando Manuel da Silva Freitas ● SAJ E Ar-lindo Sargento Rodrigues ● SAJ E João António Lopes da Silva Aguar-denteiro ● SAJ M Alberto da Conceição Afonso ● SAJ M Luís Filipe Rodrigues Sabino ● SAJ H Paulo Vítor da Silva Barreiros ● SAJ H Luís Manuel da Conceição Ribeiro Falcão ● SAJ H João Maria Ascensão de Campos ●  SAJ B Domingos Alberto Mota Borda D´Água ● SAJ FZ Pedro Manuel Teixeira Barbosa ● SAJ FZ José Rosa Montes Salgado ● SAJ FZ Artur Augusto Cunha ● SAJ FZ José Augusto Falcão de Vas-concelos Barros ● SAJ FZ Gilberto Miguel Domingos ● 1SAR FZ Amé-rico José Lourenço Salvado Júnior ● 1SAR B António Joaquim Trin-dade Sovelas ● 1SAR TF João Paulo Cordeiro Guerra Serra ● 1SAR TF Jorge Ventura Henriques ● CAB CM Leandro Ferreira Isidro de Oli-veira ● CAB CM Hélder Luís Loureiro Simões ● CAB CM José Augusto de Sousa Oliveira ● CAB CRO José Guilherme da Conceição Ferreira ● CAB E João Carlos da Silva ● CAB E Vítor Manuel Martins Baptista ● CAB L José Manuel da Silva Fernandes ● CAB L Carlos Manuel Go-mes Jordão ● CAB L Henrique José Lopes Pereira ● CAB U Mário Fer-nando dos Santos André ● CAB FZ António Augusto Carvalho Nunes ● CAB L Carlos Alberto Félix Matoso ● CAB L José Carlos Silva Gregó-rio ● CAB L Paulo Sérgio Machado Moreira ● CAB L António Rebelo do Carmo ● CAB L Álvaro Rodrigues Gonçalves ● CAB TFD Francisco José de Sousa Oliveira ● CAB TFD Fernando José Cardoso Martins ● CAB FZ João Maria Mariquito Conchinhas ● CAB FZ Rui Jorge Gon-çalves Ramalho Macedo Monteiro ● CAB FZ Avelino Ferreira Mar-ques Brites ● CAB FZ Ernesto Nunes Duarte ● CAB FZ José Luís de Carvalho Lúcio ● CAB FZ Luís António Aires Ramos ● CAB FZ Vítor Manuel de Jesus ● CAB FZ José dos Santos Carvalho Costa ● CAB FZ Carlos Alberto Monteiro Morgado ● CAB FZ José Bernardo Verrugas Aroeira ● CAB FZ Oscar Manuel Batista Bica ● CAB FZ António José Francisco Ramos ● CAB A José Manuel Rodrigues Simão ● CAB CM Rui Jorge da Silva Fernandes ● CAB CM José António das Neves Car-valho ● CAB CM Carlos Manuel Franco Marina ● CAB CM Abel Alves Júlio ● CAB CM José Augusto Cabrita Fernandes ● CAB CM Nelson

NOMEAÇÕES● CALM António José Gameiro Marques, Secretário-geral Adjunto do Ministro da Defesa Nacional ● CALM José Ribeiro da Silva Cam-pos, Chefe do Grupo de Acompanhamento da Construção dos Na-vios Patrulhas Oceânicos ● CTEN Rogério Mendes Valente, Chefe da Secção de Operações do Comando da ZMA.

COMANDOS E CARGOS José Raposo Mendes ● CAB CM Manuel Jardim Gonçalves ● CAB CM Carlos Alberto Zacarias ● CAB CM Manuel António Augusto Fer-nandes ● CAB CM João Francisco Plácido Sena ● CAB CM Augus-to Manuel Guilhermino Faia ● CAB CM José Manuel Jardinha Dias ● CAB CCT Nuno Eduardo Martins Duarte ● CAB CCT Henrique Jorge Valente Bernardino ● CAB CCT António Carlos Branco Valente ● CAB CCT António Norte Valador ● CAB E António Manuel Pereira Guerra ● CAB E Mário Natalino da Costa Silvestre ● CAB M Manuel Veríssi-mo Rodrigues ● CAB M João Emídio Albuquerque Barbosa ● CAB M Francisco Augusto Machado Baioneta.

● CMG Francisco José Trabucho Caeiro ● CMG MN Carlos José Coe-lho Cardoso ● CFR Hélio Natal Lopes Prior ● 1TEN STMEC José An-tónio Claro Alves ● SMOR R António José de Sousa Almeida ● SMOR ETA Filipe Alberto Amorim Alves Viana ● SMOR ETC António Mateus de Oliveira Henriques ● SCH ETI Carolino Augusto Xavier ● SCH ETC José Silvério Ferreira de Carvalho ● SCH ETA Ambrósio Ferreira Faria ● SCH CM José de Jesus Pereira ● SCH M António Teixeira Queiroz ● SCH M Eduardo António Abraços Alhinho ● SCH ETC Luís Manuel Pacheco Ferreira ● SAJ B Fernando Gonçalves Pereira Gomes ● SAJ CM Carlos Manuel dos Santos Mateus ● SAJ CM Fernando da Silva Aguiar ● SAJ T Mário Borrego Duarte ● SAJ ETI Carlos Manuel de Oliveira Faria ● SAJ FZ António Mendes Pereira ● SAJ FZ Fernando Manuel Martins de Sousa ● SAJ R Augusto do Nascimento Seixas ● 1SAR CM José Manuel Brito dos Anjos ● 1SAR TF Joaquim Fer-nando Rodrigues Alves Gago ● 1SAR CM António dos Santos Freitas ● 1SAR M António Manuel Viana da Silva ● 1SAR T João Maria dos Santos Nunes ● 1SAR R Luís Fernando Baltazar Faria ● 1SAR US Jor-ge Carlos Ramos de Novais Pinto ● 1SAR TF Carlos Manuel Mendes Martins ● 1SAR V Isidoro Manuel Póvoas Roque ● 1SAR B Vítor Hugo Dias Franco ● 1SAR R Rui José Delgado da Rosa ● 2SAR L Pedro Jor-ge Cristóvão Rodrigues ● CAB L Manuel dos Santos Ferreira Barroso ● CAB TFH Manuel Ramos Francisco ● CAB A José António Martins Fernandes Pedro Simões ● CAB M António Manuel de Sousa ● CAB E António Dias da Silva Cambas ● CAB L Alberto Guerra Morgado ● CAB CCT T Rui da Costa Parreiral ● CAB A Manuel Francisco Barro-cas Rosa ● CAB FZ Joaquim Pires de Sousa ● CAB M João José Neves Duarte ● CAB M Manuel Gomes de Carvalho ● CAB V Carlos Manuel de Jesus Cardoso ● CAB A Daciano Duarte Ferreira ● CAB A António Roberto da Silva Tavares ● CAB TFD Fernando Manuel Carmona Jor-ge ● CAB B José Fernando Barbosa Ferreira ● CAB FZ Dilli Fernando Pinto ● CAB V Carlos Alberto Carvalho Coelho ● CAB T Celso Araújo ● CAB T Amílcar Luís de Almeida Mestre ● CAB T António Manuel Ferreira Gonçalves ● CAB T Alberto Jorge Rodrigues da Silva ● CAB TFH António Joaquim Faia Rodrigues.

REFORMA

● 9445 CALM M REF João Francisco da Encarnação Simões ● 143850 CMG M REF João Carlos Shearman de Macedo Alvarenga ● 261350 1TEN OTT REF José Azevedo Gomes da Nave ● 114239 1TEN SG REF José Marques Pinheiro ● 170647 SCH R REF António Queimado Quintas ● 186248 SAJ A REF José Baltazar Alves ● 439356 SAJ M REF Guilherme Silvestre Franco ● 77266 SAJ CM REF José João Cândido Ferreira ● 628260 SAJ ET REF José António do Patrocínio ● 194177 SAJ FZ REF Matias Zacarias Machado ● 73570 SAJ B REF José Augus-to Farinha Manaia ● 99342 1SAR Q REF Paulino do Carmo Póvoas ●  59166 1SAR FZ REF Júlio Carlos de Almeida Faleiro ● 196248 CAB TFH REF José de Matos Oliveira ● 183968 CAB FZ REF José Manuel Alves dos Santos ● 232281 CAB M RES João Emídio Albuquerque Barbosa ● 9314103 CAB E Pedro Miguel Escusa Branco ● 117770 1GR FZE PIV REF Dandam Cambai ● 31011277 AG 1CL QPPM APOS Manuel Joaquim Cordeiro ● 32000962 QUARDA 1CL QPMM APOS Manuel Aurélio Henriques.

FALECIDOS

Page 35: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

SÍMBOLOS HERÁLDICOS

DESCRIÇÃO HERÁLDICAEscudo de prata com um tridente de vermelho movente da ponta. Bordadura de azul carregada com quatro esferas armilares de ouro, uma em chefe, uma em ponta e uma em cada flanco. Coronel naval de ouro forrado de vermelho. Sotoposto listel de prata ondulado, com a legenda em letras negras maiúsculas, tipo elzevir, «DEPARTAMENTO MARÍTIMO DA MADEIRA».

SIMBOLOGIAO tridente exprime o poder sobre o mar. Muito embora o Departamento Marítimo da Madeira só compreenda duas capitanias, a ação da Autoridade Marítima estende-se a todo o arquipélago, que integra quatro ilhas principais, razão de ser das quatro esferas armilares. A esfera armilar também constitui o timbre do brasão de armas da região autónoma da Madeira.

BRASÃO DO DEPARTAMENTO MARÍTIMO DA MADEIRA

Page 36: LEVANTAMENTO HIDROGRÁFICO · comando naval que futuro? pág. 10 nrp Álvares cabral missÃo a cabo verde pág. 6 escola da autoridade marÍtima pág. 14 publicaÇÃo oficial da marinha

BRASÃO DO DEPARTAMENTO MARÍTIMO DO NORTE

SÍMBOLOS HERÁLDICOS

DESCRIÇÃO HERÁLDICAEscudo de prata com um tridente de vermelho movente da ponta. Bordadura de púrpura carregada com oito flores-de-lis de ouro, realçadas de negro. Coronel naval de ouro forrado de vermelho. Sotoposto listel de prata ondulado, com a legenda em letras negras maiúsculas, tipo elzevir, «DEPARTAMENTO MARÍTIMO DO NORTE».

SIMBOLOGIAO tridente simboliza o poder sobre o mar e a flor-de-lis – uma por cada capitania do Departamento Marítimo do Norte – é o elemento gráfico que na agulha magnética e na girobússola dos navios assinala o norte, tendo sido igualmente utilizada nas rosas-dos-ventos da cartografia para indicar o norte magnético.