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Boletim do Instituto Hidrográfico Hidromar N.º 88, II Série, Maio 2005 SUMÁRIO 2 Palavras do Almirante CEMA Mensagem do Almirante CEMA 3 As perspectivas estratégicas e técnicas do IH Valores como garante de um caminho bem sucedido Uma recordação do Instituto Hidrográfico 4 A divisão de Hidrografia em entrevista 5 A necessidade de uma «nova» Hidrografia 6 A EHO: Presente e Futuro 9 A EHO na primeira pessoa 10 A palavra aos alunos da Escola 11 Impacto da seca na exportação de sedimentos dos cursos fluviais para o Oceano 13 Instituto revoluciona rede maregráfica 14 Vai navegar para o Algarve? Carta da «Ponta de Sagres a Vilamoura» tem nova edição Carta da Figueira da Foz em 1.ª edição 15 Roteiro da Costa de Portugal – Do Rio Minho ao Cabo Carvoeiro 16 Testes Vibrocorer na «Auriga» 17 Crónica de construção do edifício dos laborató- rios 19 Actividades das divisões e navios hidrográficos 20 É tempo de fazer parar o tempo? 21 IH na final das «Boas Práticas» 2004 22 Funcionários do IH percorrem os «Passos de D. Carlos I» 23 Uma caminhada na Lousã 24 Novo Director dos Serviços de Apoio 25 Novo chefe do serviço de Electrotecnia 26 Novo comandante da divisão de Hidrografia Nova estagiária no CD Nova investigadora na área dos SIG 27 Uma Conferência para reescrever a OHI 28 «É o vosso trabalho que salva vidas no mar» 29 Grupo Técnico Misto de Portugal e Espanha debatem problemas do Minho e Guadiana Visita de técnicos de laboratório do Institute of Marine Research de Bergen 30 IV confer. nacional de cartografia e geodesia Geográfico do Exército visita o IH Ciência multidisciplinar 31 Palestra sobre AIS na Escola Naval Mais um passo de navegador Estagiários do Gabinete CEMA FEMME 2005 32 Presidente da República a bordo do D. Carlos I Hidromar n.º 88, Maio 2005 1 N o passado dia 21 de Abril, o Almi- rante Francisco António Torres Vidal Abreu, Chefe do Estado- -Maior da Armada visitou o Instituto Hidrográfico, acompanhado pelo Ajudante de Campo, CFR Novo Palma. Àchegada, foi recebido pelo Vice-almi- rante Carlos Alberto Viegas Filipe, pelo CMG Valente Zambujo e pelos Directo- res do Instituto, tendo ainda cumpri- mentado os oficiais e civis chefes de divi- são e serviço e representantes dos demais militares e civis. Posteriormente, seguiu-se uma apre- sentação no Auditório, pelo Vice-almirante Director-Geral e pelo Director Técnico, rela- tivamente às perspec- tivas estratégicas e téc- nicas do Instituto. A visita, que durou cerca de duas horas, visou o conhecimento das obras em curso e do planeamento de modernização de infra-estruturas do Instituto, tendo tido início no piso da Direcção dos Serviços Administrativos e Financeiros, onde o Almirante CEMA visitou os serviços Administrativos, de Controlo de Gestão e de Finanças e Contabilidade. Esta área, integralmente construída em 2002, aco- lhe ainda os Pólos Museológicos das mis- sões do ultramar. Seguiu-se depois a visita ao serviço de Informática. No 4.º piso, o Almirante Vidal Abreu teve oportuni- dade de visitar a divisão de Navegação, onde folheou as últimas publicações náuticas oficiais, nomeadamente o Roteiro da Costa de Portugal – Portugal Continen- tal – Marinas e Portos de Recreio. No Cen- tro de Dados Técnico-Científicos con- tactou com as estagiárias e bolseiras daquela Divisão, reconhecendo o seu con- tributo para as actividades do Instituto. Ainda no mesmo piso, reviu o gabinete do Director Técnico, que ocupou outrora, assim como a nova configuração das salas da direcção. Sucedeu-se a visita à divisão de Hidro- grafia, com uma passagem pelo Pólo Museo- lógico: Sala de Desenho e pelo Pólo Museológico: Hidrografia. Nesta divisão, recentemente intervencionada, pôde o Almirante Vidal Abreu testemunhar as mais recentes actividades técnicas. Seguiu-se depois a visita ao gabinete de Multimé- dia, no 5.º piso que, brevemente, verá as suas instalações remodeladas. Na divisão de Oceanografia, foram apresentados ao Almirante CEMA os principais projectos em curso, bem como os novos produtos disponibilizados – designadamente as previsões das condi- ções de agitação marítima ao largo da costa portuguesa. Na descida para o serviço de Artes Gráficas, foram ainda apresentadas três pedras litográficas, de valor histórico, pro- venientes do Instituto de Cartografia e Cadastro, recuperadas recentemente. Naquele serviço, o Almirante CEMA conheceu a maquinaria de offset e o pessoal que trabalha naquele serviço. Na mesma área, foi mostrado o difractó- metro, pela Doutora Aurora Bizarro, ali colocado em conse- quência da desloca- lização da Geologia Marinha em razão da intervenção nos Labo- ratórios. Seguiu-se a visita ao serviço Geral e à secção de Instru- mentos de Precisão. A Escola de Hidro- grafia e Oceanografia foi a paragem que se seguiu, tendo o Almi- rante Vidal Abreu con- tactado com os alunos. A passagem pelo Centro de Saúde antecedeu uma para- gem no serviço de Pessoal e, seguidamente, no recinto de obras do novo edifício laboratorial, onde as plantas da obra elucidaram a sua nova configuração. Por fim, a visita ao serviço de Electrotecnia, cujas instalações foram «conquistadas» recentemente ao Convento das Trinas. Após o almoço, o Almirante CEMA assinou o Livro de Honra, na Biblioteca, onde lhe foi oferecida uma lembrança pelos funcionários do Instituto Hidro- gráfico. Almirante CEMA visita o IH Almirante CEMA visita o IH

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Page 1: Boletim do Instituto Hidrográfico N.º 88, II Série, Maio 2005 … · INSTITUTO HIDROGRÁFICO Rua das Trinas, 49 – 1249-093 LISBOA • PORTUGAL Telefone +351 210 943 000 Fax +351

B o l e t i m d o I n s t i t u t o H i d r o g r á f i c o

HidromarN.º 88, II Série, Maio 2005

S U M Á R I O2 Palavras do Almirante CEMA

Mensagem do Almirante CEMA3 As perspectivas estratégicas e técnicas do IH

Valores como garante de um caminho bemsucedidoUma recordação do Instituto Hidrográfico

4 A divisão de Hidrografia em entrevista5 A necessidade de uma «nova» Hidrografia6 A EHO: Presente e Futuro9 A EHO na primeira pessoa10 A palavra aos alunos da Escola11 Impacto da seca na exportação de sedimentos

dos cursos fluviais para o Oceano13 Instituto revoluciona rede maregráfica14 Vai navegar para o Algarve?

Carta da «Ponta de Sagres a Vilamoura» temnova ediçãoCarta da Figueira da Foz em 1.ª edição

15 Roteiro da Costa de Portugal – Do Rio Minho aoCabo Carvoeiro

16 Testes Vibrocorer na «Auriga»17 Crónica de construção do edifício dos laborató-

rios19 Actividades das divisões e navios hidrográficos

20 É tempo de fazer parar o tempo?21 IH na final das «Boas Práticas» 200422 Funcionários do IH percorrem os «Passos de

D. Carlos I»23 Uma caminhada na Lousã24 Novo Director dos Serviços de Apoio25 Novo chefe do serviço de Electrotecnia26 Novo comandante da divisão de Hidrografia

Nova estagiária no CDNova investigadora na área dos SIG

27 Uma Conferência para reescrever a OHI28 «É o vosso trabalho que salva vidas no mar»

29 Grupo Técnico Misto de Portugal e Espanhadebatem problemas do Minho e GuadianaVisita de técnicos de laboratório do Institute ofMarine Research de Bergen

30 IV confer. nacional de cartografia e geodesia Geográfico do Exército visita o IHCiência multidisciplinar

31 Palestra sobre AIS na Escola NavalMais um passo de navegadorEstagiários do Gabinete CEMAFEMME 2005

32 Presidente da República a bordo do D. Carlos I

Hidromar n.º 88, Maio 2005 1

No passado dia 21 de Abril, o Almi-rante Francisco António TorresVidal Abreu, Chefe do Estado-

-Maior da Armada visitou o InstitutoHidrográfico, acompanhado pelo Ajudantede Campo, CFR Novo Palma.

Àchegada, foi recebido pelo Vice-almi-rante Carlos Alberto Viegas Filipe, peloCMG Valente Zambujo e pelos Directo-res do Instituto, tendo ainda cumpri-mentado os oficiais e civis chefes de divi-são e serviço e representantes dos demaismilitares e civis.

Posteriormente,seguiu-se uma apre-sentação no Auditório,pelo Vice-almiranteDirector-Geral e peloDirector Técnico, rela-tivamente às perspec-tivas estratégicas e téc-nicas do Instituto.

Avisita, que duroucerca de duas horas,visou o conhecimentodas obras em curso edo planeamento de modernização deinfra-estruturas do Instituto, tendo tidoinício no piso da Direcção dos ServiçosAdministrativos e Financeiros, onde oAlmirante CEMA visitou os serviçosAdministrativos, de Controlo de Gestãoe de Finanças e Contabilidade. Esta área,integralmente construída em 2002, aco-lhe ainda os Pólos Museológicos das mis-sões do ultramar. Seguiu-se depois a visitaao serviço de Informática. No 4.º piso, oAlmirante Vidal Abreu teve oportuni-dade de visitar a divisão de Navegação,onde folheou as últimas publicações

náuticas oficiais, nomeadamente o Roteiroda Costa de Portugal – Portugal Continen-tal – Marinas e Portos de Recreio. No Cen-tro de Dados Técnico-Científicos con-tactou com as estagiárias e bolseirasdaquela Divisão, reconhecendo o seu con-tributo para as actividades do Instituto.Ainda no mesmo piso, reviu o gabinetedo Director Técnico, que ocupou outrora,assim como a nova configuração das salasda direcção.

Sucedeu-se a visita à divisão de Hidro-

grafia, com uma passagem pelo Pólo Museo-lógico: Sala de Desenho e pelo Pólo Museológico: Hidrografia. Nesta divisão,recentemente intervencionada, pôde oAlmirante Vidal Abreu testemunhar as maisrecentes actividades técnicas. Seguiu-sedepois a visita ao gabinete de Multimé-dia, no 5.º piso que, brevemente, verá assuas instalações remodeladas.

Na divisão de Oceanografia, foramapresentados ao Almirante CEMA osprincipais projectos em curso, bem comoos novos produtos disponibilizados –designadamente as previsões das condi-

ções de agitação marítima ao largo da costaportuguesa.

Na descida para o serviço de ArtesGráficas, foram ainda apresentadas trêspedras litográficas, de valor histórico, pro-venientes do Instituto de Cartografia eCadastro, recuperadas recentemente.Naquele serviço, o Almirante CEMAconheceu a maquinaria de offset e o pessoal que trabalha naquele serviço. Na mesma área, foi mostrado o difractó-metro, pela Doutora Aurora Bizarro,

ali colocado em conse-quência da desloca-lização da Geologia Marinha em razão daintervenção nos Labo-ratórios. Seguiu-se avisita ao serviço Gerale à secção de Instru-mentos de Precisão.

A Escola de Hidro-grafia e Oceanografiafoi a paragem que seseguiu, tendo o Almi-rante Vidal Abreu con-

tactado com os alunos. A passagem peloCentro de Saúde antecedeu uma para-gem no serviço de Pessoal e, seguidamente,no recinto de obras do novo edifíciolaboratorial, onde as plantas da obra

elucidaram a sua nova configuração. Porfim, a visita ao serviço de Electrotecnia,cujas instalações foram «conquistadas»recentemente ao Convento das Trinas.

Após o almoço, o Almirante CEMAassinou o Livro de Honra, na Biblioteca,onde lhe foi oferecida uma lembrançapelos funcionários do Instituto Hidro-gráfico.

Almirante CEMA visita o IHAlmirante CEMA visita o IH

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INSTITUTO HIDROGRÁFICORua das Trinas, 49 – 1249-093 LISBOA • PORTUGAL

Telefone +351 210 943 000Fax +351 210 943 299

e-mail [email protected] www.hidrografico.pt

TÍTULO HIDROMAR – Boletim do Instituto Hidrográfico (IH)

NÚMERO 88, II Série, Maio 2005

REDACÇÃO E COORDENAÇÃO Raquel Patrício Gomes, TS1 email: [email protected]

FOTOGRAFIA Gabinete de Multimédia, morguefile.com, scx.hu, Gabinete CEMA, Diário Económico, CTEN Mesquita Onofre

DESIGN GRÁFICO Jorge Tavares

COLABORAÇÃO AAP Ana Luísa Rodrigues

EXECUÇÃO GRÁFICA Serviço de Artes Gráficas

TIRAGEM 1000 exemplares

DEPÓSITO LEGAL 98579/96

ISSN 0873-3856

Boletim do Instituto Hidrográfico N.º 88, II Série, Maio 2005

MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL MARINHA

Hidromar

Hidromar n.º 88, Maio 20052

No Livro de Honra do Instituto Hidrográ-fico, escreveu o Almirante Francisco Antó-

nio Torres Vidal Abreu a seguinte mensagem:

«Foi com enorme gosto e orgulho quepude confirmar o caminho que está a sertrilhado pelo Instituto Hidrográfico, con-tinuando a ser uma referência nacional derigor, qualidade, eficiência e espírito de aber-tura ao futuro e ao exterior.

São encorajantes as referências que aeste respeito me são feitas por nacionais e

estrangeiros que, de qualquer forma, expe-rimentaram este contacto que não maisesquecem.

Considero exemplar o trabalho deequipa que aqui continua a ser praticadoem plena união de esforço entre militarese civis, em prol da missão da Marinha e dePortugal.

Dou assim os parabéns ao seu Director,Vice-almirante Viegas Filipe, e a toda a equipa,a quem desejo a continuação de sucessosque já mostraram ser capazes de alcançar.»

«Aminha visita é um sinal de reco-nhecimento pelo trabalho do Ins-

tituto Hidrográfico e pelo seu contributopara a missão da Marinha».

• «É claro o orgulho e a vida activano Instituto Hidrográfico. Bastou-me vero entusiasmo das palavras proferidas peloVice-almirante Director-Geral para ver que[o Instituto Hidrográfico] é gerido comorgulho, dinamismo e alegria».

• «Foi ainda claro o sinal de gosto portudo quanto se passa no Instituto Hidro-gráfico».

• «Foi claro o salto enorme em ter-mos de progresso. São sinais de que oInstituto Hidrográfico não parou – nãosó acompanha o progresso como lideraesse mesmo progresso».

• «O Hidromar é um sinal claro damaturidade da instituição».

• «É evidente o bom ambiente internovivido no IH.»

• «O IH confere, a par da Direcção--Geral da Autoridade Marítima, uma sin-gularidade própria à Marinha, quando

nos comparamos com outras Marinhas.Tal como A Marinha é de duplo uso, mili-tar e guarda costeira, também o IH sediferencia de instituições congéneres pelasua característica de duplo uso, que lheconfere uma individualidade própria noenquadramento nacional.»

• «O Instituto Hidrográfico é diferentedos institutos dos outros países (…). É fruto da dimensão do nosso País. O vazio em algumas valências técnicaspermitiu que, através de visão estraté-gica, o Instituto Hidrográfico se fosse ocu-pando dessas áreas».

• «É necessário encontrar um equilí-brio entre a razão de ser do Instituto Hidrográfico, que é servir a Marinha, eo conjunto de actividades que vos sãosolicitadas por fora».

• «Este instituto é uma escola extraor-dinária. Aprende-se o rigor e a reconhecero papel da componente civil para aquiloque a Marinha é, não somente nos aspec-tos técnicos mas também nos aspectoshumanos».

• «A rotação do pessoal militar pos-sibilita uma partilha equilibrada de valo-res e de complementaridade, desde queassegurado o equilíbrio entre o que o IHe o resto da Marinha se valorizam e o quese perde em desempenho e realização pro-fissional com comissões muito curtas».

• «A sustentabilidade e a continui-dade dos saberes do Instituto dependeem muito do pessoal civil».

• «Exorto a que não esqueçam oaspecto da formação a longo prazo».

• «Apostem nos projectos de investi-gação aplicada».

Palavras do Almirante CEMA

Mensagem do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada

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Hidromar

Hidromar n.º 88, Maio 2005 3

Avisita do Chefe do Estado-Maior daArmada ao Instituto Hidrográfico

teve como ponto de partida um briefingdo Director-Geral e do Director Técnicodo Instituto Hidrográfico à comitiva emvisita. Estas apresentações tiveram como

objectivo conceder uma ideia genéricadas actividades em curso na Unidade.

O Vice-almirante Carlos Viegas Filipe,Director-Geral do Instituto Hidrográfico,apresentou uma perspectiva de gestão,abordando o ciclo estratégico do Instituto

Hidrográfico. Na apre-sentação, foram apre-sentadas a missão e avisão do Instituto, osvalores institucionais ea respectiva cadeia deobjectivos estratégicos,vectores estratégicos deactividade e planos de

acção. Esta perspectiva, que integrou asáreas de gestão técnica, financeira e derecursos, contextualizou o planeamentoe a execução das actividades do Instituto,favorecendo o seu enquadramento insti-tucional.

Na sequência desta primeira parte,o Director Técnico do Instituto Hidro-gráfico, CMG Carlos Lopes da Costa,caracterizou as actividades, o seu desen-volvimento e a perspectiva estratégicada componente técnica e científica do Ins-tituto, tendo explicado os principais pro-jectos em curso e os recursos envolvi-dos.

Em jeito de singela homenagem ao Al-mirante Francisco Vidal Abreu, que sau-

dosamente deixou marcas no InstitutoHidrográfico, os funcionários, representa-dos pelo CTEN Proença Mendes, ASSP Dr.ªLeonor Martins e ENCGAntónio Luís, recor-daram a sua passagem pela casa com a ofertade uma agulha magnética com bitácula paraembarcação, com lamparina a petróleopara iluminação, restaurada e preparadanas oficinas do Instituto Hidrográfico.

O agora Chefe do Estado-Maior daArmada, Almirante Francisco Vidal Abreu,devotou anos da sua carreira naval aoInstituto Hidrográfico: chefiou divisõestécnicas nas áreas de Marés, Ondas e Dinâ-mica de Costas e Estuários, exerceu oComando da Esquadrilha de NaviosHidrográficos (entre 1989 e 1991) e, pos-teriormente, foi Director Técnico do Ins-tituto Hidrográfico.

As perspectivas estratégicas e técnicas do Instituto Hidrográfico

Uma recordação do Instituto Hidrográfico

Partilhar, com todos os que servem oInstituto Hidrográfico, uma visão

estimulante da missão que nos está atri-buída é, seguramente, uma das respon-sabilidades desta liderança e condiçãosine qua non de um caminho tranquiloe bem sucedido.

Temos porém que estar conscientesde que, ao colocarmos em prática umavisão estimulante para a organização, pro-jectada segundo um pensamento estru-turado em objectivos e vectores de acçãoestratégica coerentes, torna-se absoluta-mente indispensável clarificar e interio-rizar um quadro de valores que orientem

o nosso comportamento no dia-a-dia.Isto não significa que a instituição não

possua já valores próprios, os quais natu-ralmente emergem da cultura de exce-lência que tem caracterizado os serviçosprestados pelo Instituto Hidrográfico aolongo dos anos, e também do seio da pró-pria Marinha, onde nos integramos e comquem partilhamos uma profunda voca-ção de serviço público a Portugal.

Significa, tão somente, que se mos-tra indispensável explicitar, abertamente,esses valores, para que possam seradoptados e abraçados por todos, tor-nando-se farol das atitudes e comporta-

mentos que cada um de nós deve assu-mir perante a comunidade em que nosinserimos, inspirando-nos num caminhoem que a atitude perante a vida profis-sional e cívica nos transporte no planoda ética, da excelência e da inovação.

Visão e valores são elementos essen-ciais ao desenvolvimento de um sensode compromisso, garante da confiançamútua e institucional indispensável aofortalecimento do espírito colectivo destagrande equipa e do cumprimento irre-preensível da missão que está atribuídaao Instituto Hidrográfico.

VICE-ALMIRANTE CARLOS ALBERTO VIEGAS FILIPEDIRECTOR-GERAL

Valores como garante de um caminho bem sucedido

NESTE Hidromar, falamos sobretudo de reconhe-cimento. Quis o acaso que eventos e visitas trans-mitissem ao Instituto Hidrográfico a sua visão

sobre esta instituição. Duas importantes visitas ocor-reram recentemente; em primeiro, a visita do Almi-rante Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) aoInstituto Hidrográfico, que assumiu particular rele-vância para todos os que cá trabalham pelo estímuloe reconhecimento demonstrado. O Presidente daRepública embarcou também no NRP D. Carlos I, acom-panhado pelos Reitores das Universidades que, emPortugal, se dedicam às ciências do mar, imprimindoe reforçando a necessidade da actividade do InstitutoHidrográfico para a prossecução do interesse do País.

Ao nível nacional, o Instituto Hidrográfico foi aindahonrado com uma importante presença na final do Pré-mio de Boas Práticas no Sector Público. Lá fora, vimostambém o nosso trabalho reconhecido, expresso na entre-vista do Almirante Maratos, presidente do Comité deDirecção da Organização Hidrográfica Internacional.Foi assim um período de «reconhecimentos», que decor-rem da qualidade das actividades desenvolvidas nestacasa e do envolvimento que os funcionários, militarese civis, têm tido para com o Instituto. É sobre este compromisso institucional que versam as palavras doVice-almirante Director-Geral por ocasião da visita doAlmirante CEMA e ainda no artigo aqui publicado relativo aos valores do Instituto Hidrográfico.

Neste número falamos ainda da Escola de Hidrogra-fia e Oceanografia, importante pilar de formação e capa-citação dos recursos humanos do Instituto Hidrográ-fico e da Marinha. Ao nível técnico, olhamos aindapara o impacto da seca deste Inverno no prisma daGeologia Marinha e falamos dos novos produtos daHidrografia e da Navegação. Três momentos de con-fraternização, na Serra da Lousã, no Palácio Nacionalda Pena e no Museu de Marinha, uniram alguns funcionários do IH; vamos assim saber os seus cami-nhos para lá do Instituto…

A equipa Hidromar

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Hidromar n.º 88, Maio 20054

Z É N I T EUma visão abrangente

H i d r o m a r :Qual é o seu pontode partida, ou seja,qual a situaçãoactual da Divisãode Hidrografia?

CTEN Freitas Artilheiro (F.A.): Gos-taria, pelo contrário, de caracterizar o pontode chegada, resultado da dedicação e dotrabalho desenvolvido por um conjuntode gerações que, nas duas últimas déca-das, nas divisões de Levantamentos Hidro-gráficos e de Cartografia e, depois da suafusão, na divisão de Hidrografia, acom-panharam, de perto, o progresso tecnoló-gico, produto da informatização na áreada Hidrografia, desenvolvendo o conhe-cimento e as metodologias necessárias, edi-ficando os meios necessários à transiçãopara a Hidrografia moderna do Século XXI.

Assim, a situação actual da divisão deHidrografia corresponde, nos Levanta-mentos Hidrográficos, ao estado-da-arteda tecnologia e metodologia utilizada namedição de profundidades e no posicio-namento, por meio dos sistemas sonda-dores multifeixe e posicionamento GPS,em modo relativo (diferencial ou RTK).

Na Cartografia a transição deu-se, em1993, no sentido da implementação da Car-tografia Assistida por Computador paraa produção da Carta Náutica Oficial (CNO)em papel. Desde há cerca de oito anos,deu-se início à produção da Carta Elec-trónica de Navegação Oficial (CENO), comrecurso a aplicações informáticas, dedica-das, para a edição, verificação e controloda qualidade.

Hidromar: Que orientações gerais con-sidera de maior relevância no ciclo queagora inicia?

CTEN F.A.:O estado-da-arte da Hidro-grafia e a constante tendência de desen-volvimento e inovação, de meios e apli-cações informáticas, dificilmente secoadunam com simples conhecimentos téc-nicos multi-disciplinares e com a perma-nente rotatividade de funções. Assim,para o funcionamento sustentado da divi-são de Hidrografia, é necessário planeara manutenção dos sistemas, e prever o ree-quipamento e renovação, dos meios e dasaplicações necessárias à manutenção doselevados padrões de qualidade, requeri-dos em Hidrografia. É igualmente neces-sário prover os recursos humanos da

adequada formação técnica especializada,de assegurar a estabilidade e permanên-cia dos técnicos, militares e civis, por perío-dos apropriados, e a actualização perió-dica de conhecimentos, porquanto adiversidade das tarefas, dos sistemas e dasaplicações informáticas, assim o exigem.É também relevante prosseguir a repre-sentação da divisão de Hidrografia nasComissões e Grupos de Trabalho no âmbitoda Organização Hidrográfica Internacio-nal (OHI), como forma de acompanha-mento e de intervenção activa na comu-nidade hidrográfica internacional.

Hidromar: Recentemente, o IH passoupor um processo de remodelação das ins-talações e da própria orgânica. Quais asnovidades da divisão de Hidrografia?

CTEN F.A.: A remodelação das insta-lações traduz-se na adequação e optimi-zação dos espaços atribuídos à divisão deHidrografia. Aextinção da tradicional salade desenho e a criação da sala de traba-lho da Hidrografia, como área ampla queé, permite a reunião de todos os colabo-radores das várias secções no mesmo local,potenciando uma maior interoperabilidadee coesão entre as várias áreas funcionais.

Aestrutura da divisão foi ajustada porforma a corresponder às necessidades exis-tentes. A estrutura actual apresenta duasnovas secções, correspondentes às seguin-tes áreas funcionais: sistemas de informa-ção e de gestão de dados batimétricos(HDW) e sistema de produção cartográ-fica (HPD). Foram também introduzidosalguns ajustamentos nas funções atribuí-das às restantes secções, nomeadamentena área dos Levantamentos Hidrográficose da Planificação e Verificação Cartográ-fica, no sentido de corresponder ao reforçoda coordenação entre as várias secções.

Hidromar: De um chefe de divisãoespera-se não só que produza ciência…

CTEN F.A.: Além das responsabili-dades da divisão de Hidrografia, noacompanhamento das técnicas e normaspara o apoio geodésico e para os levan-tamentos hidrográficos, na produção e naactualização da cartografia náutica e naparticipação em Comissões e Grupos deTrabalho no âmbito da OHI; surgem novosdesafios, motivações e objectivos, aos quaistemos de corresponder. A eficácia e efi-ciência da divisão de Hidrografia depen-derá do desempenho de cada um de nós

e da conjugação de esforços, num mesmodesígnio – o prestígio do Instituto Hidro-gráfico.

Hidromar: Quais os maiores desafioscom que se depara agora?

CTEN F.A.: Abordando apenas os demaior relevo e visibilidade, são exemplosdesses desafios:

• a edição das novas cartas náuticasoficiais e das novas células de carta elec-trónica de navegação oficial para finali-zação do novo fólio cartográfico nacional;

• a implementação efectiva do sistemade gestão de base de dados batimétricos(HDW) e da base de dados para produ-ção cartográfica (HPD);

• a implementação efectiva da impres-são de cartas náuticas oficiais a pedido (print--on-demand), conforme as necessidades;

• o acompanhamento da evolução dascartas electrónicas de navegação oficiais,com integração de níveis de informaçãoadicional, como o nível exclusivamente mili-tar;

• o apoio ao Projecto de Extensão daPlataforma Continental de Portugal;

•o reequipamento do NRP«AlmiranteGago Coutinho» com um multifeixe paraáguas profundas, e

• a implementação do sonar lateral decasco em levantamentos hidrográficos, emzonas onde o sondador multifeixe é poucoprodutivo.

Hidromar: Qual é o papel da divisãode Hidrografia no Instituto Hidrográficoe na ciência do Século XXI?

CTEN F.A.: O Instituto Hidrográfico éa entidade nacional responsável pela car-tografia náutica oficial de Portugal. Adivi-são de Hidrografia tem como atribuiçõesa produção e actualização contínua dacobertura cartográfica, planeando e pro-pondo os Levantamentos Hidrográficosnecessários, assim como o respectivo con-trolo da qualidade.

Adivisão de Hidrografia possui recur-sos humanos com elevado grau de espe-cialização e empenhamento, e meios téc-nicos modernos, com capacidadescomplementares, permitindo encarar ofuturo de forma confiante. Consegue-seassim reforçar o posicionamento do Insti-tuto Hidrográfico como instituição dereconhecida referência, no conhecimentodas ciências e das tecnologias do mar, anível nacional e internacional.

A divisão de Hidrografia em entrevista

O novo comandante da Hidrografia fala ao Hidromar da suaperspectiva, da divisão e do caminho que pretende percorrer.

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Hidromar n.º 88, Maio 2005 5

A necessidadede uma «nova» Hidrografia

Não passava despercebido oestado e a natureza em que seencontravam as divisórias de

toda a zona da divisão da Hidrografia(HI), devido à sua construção ser antigae em fibro-cimento, onde a degradaçãoe o envelhecimento se tornavam sinto-máticos, ano após ano; por outro lado, apavimentação apresentava elevado graude degradação: a corticite apresentavauma camada de desgaste assinalável,onde, pese embora o esforço na aplica-ção de ceras acrílicas, estaria já no seulimite de vida útil.

Pois bem! Uma vez identificada econhecida a necessidade, inscrita noPlano de Obras do IH, bastou a tomadade decisão superior, dado ser estratégicaa recuperação de todo aquele espaço caren-ciado e avançar-se no sentido da sua exe-cução. Simples…

Era inevitável a remodelação da HI,uma vez tratar-se de uma área carenciadade melhoramentos; além desta constata-ção, é política da Direcção do IH apos-tar inequivocamente na melhoria de con-dições de trabalho e de bem-estar paratodos os funcionários que servem estainstituição.

Dado tratar-se de uma área vastís-sima a intervencionar, houve que acau-telar um conjunto de acções tendentes àminimização das despesas, por um lado,e, por outro, na área da coordenação, paraque a empreitada fosse articulada e exe-cutada com o menor prejuízo para o ser-viço e pessoal que ali exerce as suas acti-vidades.

O planeamento da obra contemploua sua realização em quatro fases, todaselas contemplando os respectivos pre-parativos, desmontes de cablagens eléc-tricas e da rede de comunicação dedados, equipamentos de ar de condicio-nado, das divisórias, betumagens deparedes e madeiras de janelas e respec-tivas pinturas.

Assim, na primeira fase, e aprovei-tando as divisórias removidas do edifí-cio da Química e Poluição Marinha e Geo-logia Marinha, foram substituídas asdivisórias nos gabinetes do chefe da divi-são e da sala de reuniões. Nesta, tambémforam substituídos os pavimentos de cor-ticite. Os equipamentos de ar condicio-nado foram reposicionados tendo em

conta a futura distribuição dos espaçose a sua respectiva climatização de formaeficaz.

A segunda fase correspondeu à subs-tituição das divisórias subsequentes e quedelimitam as áreas da Divisão, bem comoem toda a zona de compartimentações.Nesta consideraram-se também a subs-tituição da pavimentação de corticite e amontagem de uma janela em PVC.

Aterceira intervenção gerou-se na alaposterior da divisão, a zona da Carto-grafia Tradicional, incluindo-se a substi-tuição de pavimentos e a montagem deduas janelas em PVC.Nesta fase também seconsiderou a aquisi-ção de mobiliários,estando incluídos osbiombos que servirãode separação entreos vários sectores dadivisão, bem como omobiliário para salade reuniões.

Aquarta fase con-templou a colocaçãode todo o pessoal nosrespectivos locais,beneficiações estru-turais finais e res-pectivas limpezas.

Desta forma, com a adopção deste pla-neamento, após a conclusão da primeirafase, possibilitou-se a rotação dos postosde trabalho da seguinte zona a inter-vencionar para esse local acabado, per-mitindo a conclusão dos trabalhos fasea fase com a respectiva rotatividade dospostos de trabalho.

• Áreas a remodelar: 689 m2;

• Áreas de divisória substituídas: 150 m2;

• Área de pavimentação substituída: 210 m2;

• Janelas de PVC novas: 3 unidades;• Substituição de mobiliários:

Sala reuniões e zona open space;• Prazo de execução da empreitada: 2,5

meses.

No que diz respeito à adaptação daRede Eléctrica e de Comunicação deDados, as mudanças foram igualmentesignificativas. Toda a instalação estavaadequada para a compartimentação que

anteriormente existia; no entanto, as alte-rações estruturais e substituição de divi-sórias obrigaram a um trabalho de fundo,nomeadamente:• Desmontagem da instalação existente;• Elaboração de projecto de instalação

eléctrica e de comunicação de dadostendo em conta as novas necessidades;

• Aproveitamento do material existentee de todo aquele desmontado do edi-fício dos Laboratórios;

• Levantamento de necessidades ao nívelde material;

• Aquisição do material.

A execução dos trabalhos de instala-ção e adaptação das infra-estruturas, bemmais exigente do que se uma nova infra--estrutura se tratasse, visaram a redis-tribuição e a instalação de novos postosde trabalho.

De salientar que quando a Hidrografia,à semelhança dos restantes espaços doIH, foi objecto da remodelação da cabla-gem estruturada, ficou dotada com maispostos de trabalho (cerca de 20), já ante-vendo uma eventual expansão ou remo-delação – que acaba agora por se reali-zar. Os novos pontos de acesso que foramcontemplados na altura permitiram agoraefectuar algumas poupanças; não obs-tante, foram instalados mais 10 novos pos-tos de trabalho completos.

Na remodelação da instalação eléc-trica, rede de comunicação de dados e arcondicionado estiveram envolvidos 4homens num total de 880 horas.

CFR PASSOS RAMOS, DIRECTOR DOS SERVIÇOS DE APOIO (À DATA DOS FACTOS, CHEFE DO SERVIÇO DE ELECTROTECNIA)

CTEN PEDRO DOS SANTOS, CHEFE DO SERVIÇO GERAL

Momento da visita dp Almirante CEMA às novas instalações da Hidrografia

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Hidromar n.º 88, Maio 20056

A M A R R A SArtigos de opinião sobre projectosestruturantes no âmbito das Direc-ções do Instituto Hidrográfico

A EHO: Presente e Futuro

AEscola de Hidrografia e Oceano-grafia (EHO) é um órgão do Ins-tituto Hidrográfico que funciona

sob a dependência directa do seu Direc-tor-Geral e tem por missão promover arealização dos cursos de formação dosoficiais e técnicos necessários às activi-dades hidrográficas e oceanográficas ouque, relacionadas com estas, interessamà Marinha ou ao País. Neste âmbito, com-pete à EHO:• Planear, executar e controlar as acções

de formação, em especial os Cursos deEspecialização;

• Coordenar a realização dos estágiosfinais dos oficiais que frequentam oCurso de Engenheiro Hidrógrafo;

• Analisar os programas de cursos minis-trados por outros estabelecimentos deensino com interesse para o IH;

• Providenciar a actualização dos progra-mas dos cursos existentes, tendo em espe-cial atenção os Padrões de Competênciapara os Hidrógrafos estabelecidos pelasorganizações internacionais, de modo amanter as acreditações obtidas;

• Propor a criação ou extinção de cursosde formação técnica ministrados no IH.

OrganizaçãoA EHO compreende um Director de

Instrução – obrigatoriamente um oficialsuperior engenheiro hidrógrafo ou espe-cializado em hidrografia – e um corpodocente formado essencialmente por ofi-ciais engenheiros hidrógrafos ou espe-cializados em Hidrografia, e por técnicoscivis que desenvolvem actividade nadivisões da Direcção Técnica (DT) e emoutros serviços do IH. Aestrutura da EHOinclui também dois órgãos consultivos: • O Conselho de Coordenadores;• O Conselho Escolar.

O Conselho de Coordenadores com-preende o Director de Instrução, os Coor-denadores das áreas temáticas de ensinoe por inerência os Chefes das Divisões daDirecção Técnica do IH, e tem por fun-ção apurar a classificações dos alunos nofinal de cada curso, propondo-as ao Con-selho Escolar.

O Conselho Escolar é presidido peloVice-almirante Director-Geral do IH, inte-gra o Director de Instrução e os Coorde-nadores, e tem por função homologar asclassificações propostas pelo Conselho deCoordenadores, apreciar e aprovar todasas alterações aos programas em vigor, bem

como decidir a extinção de cursos exis-tentes ou a criação de novos cursos.

Para além da sua dependência relati-vamente ao Vice-almirante Director-Geraldo Instituto Hidrográfico nos aspectos téc-nicos, funcionais e militares, a Escola deHidrografia e Oceanografia faz tambémparte do conjunto de Escolas de Espe-cialização que compõem o Sistema de For-mação Profissional da Marinha (SFPM).

Os cursos de especialização

A realização das actividades decor-rentes da missão do Instituto Hidrográ-fico requer naturalmente meios humanosqualificados com formação geral e espe-cífica adequada. Nos casos particularesda hidrografia e da cartografia, há a con-siderar também a questão da responsa-bilidade legal relativamente à produçãode documentos náuticos oficiais.

AEscola de Hidrografia e Oceanografiaé o único estabelecimento de ensino doPaís que mantém em funcionamento cur-sos de hidrografia acreditados pela Orga-nização Hidrográfica Internacional, cum-prindo integralmentetodos os requisitosconstantes na últimaversão dos «Padrõesde Competência paraos Hidrógrafos»publicada conjunta-mente pela Federa-ção Internacional deGeómetras (FIG),pela OHI e pela Asso-ciação CartográficaInternacional (Inter-national CartographicAssociation – ICA). AEHO desempenhaassim função essen-cial no âmbito da

missão do IH, por ser a «porta de entrada»obrigatória de todos os oficiais e técnicosresponsáveis pelos trabalhos hidrográfi-cos e cartográficos.

Aactividade principal da EHO é man-ter em funcionamento o Curso de Espe-cialização de Oficiais em Hidrografia(CEOH) e o Curso Técnico de Hidrogra-fia/Curso de Especialização em Hidro-grafia para Sargentos (CTH/CEHS). Estesdois cursos, com uma duração total de44 semanas e um número elevado de horasde formação teórica e prática, estão acre-ditados pela OHI/FIG/ICA com as cate-gorias A e B, respectivamente. Ambos oscursos incluem as opções de CartografiaNáutica e Hidrografia das Zonas Costei-ras, consideradas as mais importantes faceà natureza dos trabalhos que o IH rea-liza.

O Curso de Especialização de Ofi-ciais em Hidrografia foi acreditado inter-nacionalmente pela primeira vez pelaFIG/OHI em 17 de Junho de 1983 com aCategoria A. O CEOH manteve-se desdeentão acreditado com a Categoria A, oque implicou submeter os programas e aestrutura global do curso à comissão deespecialistas da FIG/OHI/ICA em 1993e 2003. A versão actual do CEOH foi re--acreditada pela FIG/OHI/ICA em 1 deSetembro de 2003.

O CEOH encontra-se estruturado emquatro componentes: uma componenteacadémica, um período de visitas a outrasunidades de Marinha e instituições civiscom actividades ligadas às do IH, doisprojectos aplicados nas áreas dos levan-tamentos hidrográficos e da cartografia,e um período de treino prático incluindo

Organigrama da Escola de Hidrografia e Oceanografia

Um momento da visita à Escola de Hidrografia e Oceanografia em 21 deAbril de 2005 do Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Vidal

Abreu, acompanhado pelo Vice-almirante Viegas Filipe, Director-Geral doInstituto Hidrográfico

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Hidromar n.º 88, Maio 2005 7

um estágio numa Brigada Hidrográficae um período de embarque num naviohidrográfico.

A componente académica tem umaduração de 33 semanas e compreende umtotal de 25 disciplinas ou módulos, dis-tribuídos pelas seguintes áreas temáticas:Matemática/Estatística, Física, Informá-tica, Geodesia, Levantamentos Hidrográ-ficos, Cartografia, Ciências do Ambiente,Direito do Mar e Ciências Náuticas. Nafase dos projectos de hidrografia e carto-grafia, procura-se que o trabalho realizadopelos alunos esteja relacionado com umaactualização em curso de uma carta náu-tica, de modo a que haja uma continui-dade entre os dois projectos e que o tra-balho escolar seja aproveitado no produto

final. Durante o está-gio na Brigada Hidro-gráfica, os alunosefectuam todas asoperações inerentesaos trabalhos hidro-gráficos, desde oapoio em terra – reco-nhecimento, coorde-nação de pontos, operações de plani-metria e altimetria –ao processamentodos produtos finais,passando pelo pla-neamento e execuçãode sondagens.

Aestrutura actualdo CEOH (conformea revisão curricularde 2003) encontra-se

resumida no Quadro 1.O Curso de Especialização de Oficiais

em Hidrografia é um ponto de passagemobrigatório para todos os oficiais quedesenvolvem actividade na hidrografia eum pré-requisito para a frequência doCurso de Engenheiro Hidrógrafo. Os ofi-ciais especializados em hidrografia podemdesempenhar uma variedade de cargos,incluindo a chefia de brigadas hidrográ-ficas, o comando de lanchas hidrográfi-cas, chefia do serviço de Hidrografia dosnavios hidrográficos oceânicos e adjun-tos dos chefes das divisões da DirecçãoTécnica do IH.

O Curso de Especialização em Hidro-grafia para Sargentos (CEHS), tambémdesignado por Curso Técnico de Hidro-

grafia (CTH), surgiu recentemente emsubstituição do Curso Médio de Hidro-grafia e Oceanografia, acreditado inter-nacionalmente pela primeira vez pelaFIG/OHI em 30 de Agosto de 1984 coma Categoria B. A mudança de designaçãodo Curso ficou a dever-se não só à alte-ração profunda da estrutura e conteúdosprogramáticos, mas também a umamudança da finalidade do curso e daspré-qualificações dos alunos. O programado curso actual foi acreditado com a Cate-goria B pela FIG/OHI/ICAem 1 de Julhode 2004, com as mesmas unidades de opçãodo Curso de Especialização de Oficiaisem Hidrografia.

Para poder ser frequentado por alu-nos com habilitações académicas ao níveldo 12.º ano, com as disciplinas de Mate-mática e Física, as matérias teóricas foramreduzidas ao mínimo essencial, e o está-gio prático na Brigada Hidrográfica foiaumentado de forma significativa.

A estrutura do Curso de Especializa-ção em Hidrografia para Sargentos/CursoTécnico de Hidrografia encontra-se sin-tetizada no Quadro 2.

Espera-se que o Curso de Especiali-zação em Hidrografia para Sargentos per-mita alterar significativamente o modode funcionamento das Brigadas Hidro-gráficas e inclusivamente de alguns sec-tores das Divisões da Direcção Técnicado IH, criando um escalão intermédio qua-lificado que até agora não existiu de formatotalmente consistente. Esta linha criaçãoe reforço de um escalão intermédio comqualificações técnicas adequadas foiseguida com êxito por outros InstitutosHidrográficos estrangeiros, em especialos que estão funcionalmente ligados àestrutura militar.

O ciclo principal de actividade da EHOconsiste na realização alternada dos doiscursos de especialização, o que propor-ciona em princípio uma realimentação deoficiais e sargentos especializados de doisem dois anos.

Para além dos dois cursos de espe-cialização descritos anteriormente, a EHO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE OFICIAIS EM HIDROGRAFIA (CEOH)

Condições Oficiais subalternos oriundos da Escola Naval e alunos do Curso de Formaçãode de Oficiais do Serviço Técnico;admissão Elementos civis com licenciatura em Ciências ou Engenharia (formação base em mate-

mática e física)

Duração 44 semanas

Estrutura Componente académica: 33 semanasMatemática (38h), Processamento de dados (46h), Física (63h), Informática (71h), Geo-desia (59h), Levantamentos geodésicos (53h), Sistemas de Radioposicionamento emGeodesia e Hidrografia (54h), Equipamentos de medição de ângulos e distâncias (41h),Fotogrametria (20h), Levantamentos Hidrográficos (142h), Projecções Cartográficas (39h),Cartografia Náutica (87h), Oceanografia Física (22h), Oceanografia Costeira (25h), Geo-logia Marinha e Geofísica (26h), Oceanografia Química e Poluição Marinha (8h), Marés(32h), Instrumentação Oceanográfica (20h), Detecção remota (20h), Introdução à Hidráu-lica Marítima (20h), Direito do Mar (20h).

Visitas a unidades de Marinha e organismos externos: 1 semanaProjectos: 3 semanas

Projecto de Levantamentos HidrográficosProjecto de Cartografia

Estágio em Brigada Hidrográfica: 6 semanasEmbarque em navio hidrográfico: 1 semana

Qualificações Especialização em Hidrografia, categoria Aobtidas (reconhecida pela FIG/OHI/ICA)

Quadro 1 – Estrutura do Curso de Especialização de Oficiais em Hidrografia (CEOH)

Certificado de acreditação do Curso de Especialização de Oficiais emHidrografia com a Categoria A, incluindo as opções de Hidrografia para a

Cartografia Náutica e Levantamentos para a Gestão de Zonas Costeiras,emitido pela FIG/OHI/ICA, válido até 2013

Aula prática de processamento digital de imagem,no âmbito da cadeira DR-Detecção Remota do CEOH

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Hidromar n.º 88, Maio 20058

realiza o acompanhamento de um CursoPrático de Hidrografia. Este curso é fre-quentado pelas praças que iniciam as suascomissões de serviço nas Brigadas Hidro-gráficas e por alguns elementos das guar-nições dos navios hidrográficos com fun-ções atribuídas nos serviços de hidrografiarespectivos. O Curso Prático de Hidro-grafia tem a duração de um mês e nãotem acreditação internacional (processocomplexo e moroso, só justificável no casodos cursos de longa duração).

A EHO efectua ainda a coordenaçãodos estágios finais do Curso de EngenheiroHidrógrafo, frequentados em Universi-dades estrangeiras por oficiais que obti-veram previamente a Especialização emHidrografia (frequentando o CEOH).

Recursoshumanos e financeiros

O corpo docenteda EHO é compostopor 8 coordenadores(cinco oficiais supe-riores e dois civischefes de divisões daDirecção Técnica doIH) e 23 instrutores(15 oficiais e 8 civis).Os oficiais e instru-tores do InstitutoHidrográfico leccio-nam em acumulaçãocom as suas tarefasnas divisões e servi-ços. É de inteira jus-tiça fazer uma refe-

rência muito especial à dedicação dosinstrutores à causa da Escola, dado queas actividades lectivas interferem neces-sariamente com outros trabalhos, num dia-a-dia por vezes desgastante. Para alémda dedicação, muitos dos instrutores quecontribuem para o funcionamento daEscola desenvolveram e evidenciaram aolongo do tempo excelentes qualidadespedagógicas, o que constitui uma valo-rização adicional para os próprios e parao Instituto Hidrográfico.

A EHO conta também com a colabo-ração de quatro professores externos paraleccionar cadeiras específicas sobre as quaisnão existe no IH know-how suficiente,nomeadamente Fotogrametria, DetecçãoRemota, Introdução à Hidráulica Marí-

tima e Direito do Mar. Estas cadeiras sãoministradas por especialistas de méritoreconhecido oriundos do LaboratórioNacional de Engenharia Civil, do Insti-tuto Superior Técnico e da Direcção Geralda Autoridade Marítima.

Os recursos financeiros necessáriosao funcionamento da Escola são asse-gurados no âmbito do orçamento de funcionamento do Instituto Hidrográ-fico.

A EHO e a cooperaçãointernacional

Ao longo da sua existência, a EHOtem-se afirmado como um pólo privile-giado para a projecção internacional doIH, através de numerosas acções de coo-peração com instituições congéneres deoutros países na área da formação.

Desde 1986 até ao presente, o Cursode Especialização de Oficiais em Hidro-grafia foi frequentado por 42 alunosestrangeiros oriundos de 8 países: Angola,Cabo Verde, China (Macau), Guiné-Bis-sau, Marrocos, Moçambique, S. Tomé ePríncipe e Tunísia. Destes alunosl. Entre1980 e 1991 frequentaram o Curso Médiode Hidrografia e Oceanografia (substituídorecentemente pelo Curso Técnico deHidrografia/Curso de Especialização emHidrografia para Sargentos) 17 alunosestrangeiros oriundos de 3 países: Guiné-Bissau, Moçambique e S: Tomé e Prín-cipe.

CURSO DE HIDROGRAFIA(Curso de Especialização em Hidrografia para Sargentos)

Condições Sargentos da Marinha oriundos de qualquer classe, habilitados com o 12.º ano,de incluindo as cadeiras de matemática e física;admissão Elementos civis habilitados com o 12.º ano, incluindo as cadeiras de matemática e física.

Duração 44 semanas

Estrutura Componente académica: 28 semanasMatemática (42h), Física (60h), Informática (55h), Geodesia (53h), Levantamentos geo-désicos (57h), Sistemas de Radioposicionamento em Geodesia e Hidrografia (44h), Equi-pamentos de medição de ângulos e distâncias (41h), Levantamentos Hidrográficos (127h),Projecções Cartográficas (37h), Cartografia Náutica (77h), Oceanografia Física (31h),Geologia Marinha e Geofísica (26h), Oceanografia Química e Poluição Marinha (14h),Marés (25h), Instrumentação Oceanográfica (30h), Direito do Mar (10h).

Projectos: 2 semanasProjecto de Levantamentos HidrográficosProjecto de Cartografia

Estágio em Brigada Hidrográfica: 14 semanasPlanimetria e altimetriaMarés e medição de níveis de águaPrática de levantamentos hidrográficosProcessamento de levantamentos hidrográficos

Qualificações Especialização em Hidrografia para Sargentos ou Técnico de Hidrografia, categoria B obtidas (reconhecida pela FIG/OHI/ICA)

Quadro 2 – Estrutura do Curso de Especialização de Oficiais em Hidrografia (CEOH)

Certificado de acreditação do Curso Técnico de Hidrografia (também Cursode Especialização em Hidrografia para Sargentos) com a Categoria B,

incluindo as opções de Hidrografia para a Cartografia Náutica e Levanta-mentos para a Gestão de Zonas Costeiras, emitido pela FIG/OHI/ICA,

válido até 2013

Instrução prática de instrumentos de medição deângulos e distâncias (estações totais)

Aula prática de redução de giros de horizonte,no ponto coordenado existente

no Instituto Hidrográfico

AMARRAS

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Hidromar n.º 88, Maio 2005 9

A EHO na primeira pessoaHidromar: É lugar comum dizer que

o conhecimento é o único factor certo decompetitividade. Com que aptidões pre-tende dotar os alunos da EHO?

CFR Oliveira Lemos (CFR O.L.): Asaptidões que os alunos devem adquirir,através dos Cursos de Especializaçãoministrados na EHO, encontram-se defi-nidas nos Standards of Competence for Hydro-graphic Surveyors estabelecidos pelaFIG/OHI/ICA. No caso do Curso de Espe-cialização de Oficiais em Hidrografia, acre-ditado com a Categoria A, essas aptidõesincluem o conhecimento pormenorizadode todos os aspectos da teoria e práticadas tarefas da Hidrografia e outras dis-ciplinas relacionadas (como sejam a Geodesia, a Cartografia ou mesmo a Oceanografia), o desenvolvimento decapacidade analítica e da capacidade dedecisão, e a concepção de soluções paraproblemas que ultrapassam a aplicaçãorotineira dos métodos e sistemas. No casodo Curso de Especialização em Hidro-grafia para Sargentos/Curso Técnico deHidrografia, acreditado com a CategoriaB, os alunos devem adquirir os conheci-mentos e competências que lhes permi-tam realizar com rigor todas as tarefas derotina em Hidrografia, incluindo a capa-cidade para dirigir equipas de campo.

Para além dos aspectos formais, pre-

tende-se que os alunos desenvolvamespírito crítico e capacidade de interpre-tação das matérias, tanto teóricas comopráticas, em especial no tocante à ligaçãoda teoria à prática e à ligação das maté-rias entre si. Os programas dos cursosestão idealizados de modo a que as cadei-ras se sucedam umas às outras como asmudanças numa caixa de velocidades deum automóvel! Neste sentido, é um objec-tivo da Escola transmitir aos alunos umespírito (ou cultura) de rigor em relaçãoà actividade técnica diária.

É necessário que os alunos possuamuma boa preparação de base em mate-mática e física, para poderem absorver asmatérias leccionadas ao ritmo impostopelos planos de curso. No entanto, pensoque existe um equilíbrio em relação à exi-gência. As cadeiras de Matemática, Físicaou Oceanografia são sempre considera-das como cadeiras «auxiliares» e não comocadeiras «nucleares».

Hidromar : A EHO é uma escola muitopeculiar, quer no público-alvo, quer naespecificidade das matérias leccionadas.Quais os principais constrangimentoscom que se depara?

CFR O.L.: Os principais constrangi-mentos decorrem da exiguidade e carac-terísticas das instalações, das limitaçõesno apoio administrativo e do facto deser difícil gerir as tarefas de rotina nascircunstâncias actuais, pois os instruto-res do IH acumulam a actividade lectivacom outras actividades nas suas divi-sões e Serviços.

Hidromar : E quais os principais desa-fios?

CFR O.L.: O principal desafio que secoloca à EHO é a divulgação dos seuscursos junto da sociedade civil e a con-sequente abertura à frequência por alu-nos externos, eventualmente realizandoparcerias ou protocolos com outras ins-

Embora ao longo dos cerca de 25 anosde actividade da EHO na área da coope-ração internacional se tenham registadoêxitos e insucessos, pode-se considerarque o balanço actual é francamente posi-tivo. A cooperação com Moçambiquepode ser considerada como um caso desucesso particular, em virtude da sua longaduração, do número de alunos que com-pletaram com êxito os cursos respectivose do reconhecimento internacional pelosresultados da reabilitação da hidrografia,cartografia e navegação naquele país. Estaacção continuada contribuiu para esta-belecer uma ligação forte entre o Insti-tuto Hidrográfico e o Instituto Nacionalde Hidrografia e Navegação (INAHINA)de Moçambique, a qual se espera man-ter e se possível reforçar no futuro. Maisrecentemente, foi iniciada uma colabora-ção com os serviços hidrográficos da Tuní-sia no âmbito da formação, cujos resul-tados se afiguram bastante promissores.

A expansão da acção da EHO na coo-peração internacional mantém-se comoum objectivo estratégico do IH, através

de uma acção permanente junto das ins-tituições com as quais já foram desen-volvidas acções no passado e de uma aten-ção especial à exploração de novasoportunidades.

Perspectivas futurasA formação técnica em hidrografia e

oceanografia é uma área estratégica degrande importância para o Instituto Hidro-gráfico. No actual contexto de evoluçãorápida da tecnologia e redução dos recur-sos humanos disponíveis, a qualidade dessaformação é essencial. Como órgão dedi-cado exclusivamente à instrução, a EHOtem desempenhado um papel essencial paraa sustentação e o cumprimento da missãodo IH. Neste processo, o esforço para con-seguir e manter a acreditação dos cursosde especialização junto das organizaçõesinternacionais foi determinante.

Por outro lado, o actual contexto deconcepção e desenvolvimento de novastecnologias para a exploração do mar, acar-reta uma procura crescente de pessoal téc-

nico e de trabalhos ligados à hidrografiae à oceanografia. Deste modo, é de pre-ver um aumento proporcional da impor-tância da EHO no tocante à sua contri-buição para a missão principal do InstitutoHidrográfico.

Tendo em conta os ensinamentoscolhidos da experiência passada e os fac-tores conjunturais do presente, apontam-se como objectivos estratégicos para ofuturo a divulgação dos cursos de espe-cialização junto da comunidade civil euma maior abertura da Escola em rela-ção ao exterior, o contributo para a cria-ção de um Curso para Técnicos de Ocea-nografia, cuja necessidade se faz sentirnão só ao nível do IH mas também deoutras instituições ligadas à investigaçãodo mar, o reforço da cooperação interna-cional e a melhoria das instalações, quepresentemente constitui um factor limi-tativo importante.

CDR OLIVEIRA LEMOS,DIRECTOR DE INSTRUÇÃO

DA ESCOLA DE HIDROGRAFIA E OCEANOGRAFIA

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O que é que a EHO vos proporcionaem termos de qualificações?

• A Escola de Hidrografia e Oceanogra-fia apresenta-se, no contexto da missão doI.H., como a única estrutura que confere emPortugal a formação e certificação de Hidró-grafos Classe «A» e Classe «B», ao abrigo dosregulamentos da Organização HidrográficaInternacional –O.H.I. e da FederaçãoInternacional de Geó-matras – F.I.G..

• O Curso deEspecialização de Ofi-ciais em Hidrografia(CEOH) que decorreno Ano Lectivo2004/05, consti-tuindo-se como umaPós-Graduação paraformar HidrógrafosClasse «A», encontra-se sujeito a um vastoleque de módulosde disciplinas e a umaelevada carga horária,promovendo o conhe-cimento científico etroca de experiênciacom os Monitores deInstrução, do QuadroMilitar e Civil do I.H., bem como de Insti-tuições de Ensino Universitário e Investiga-ção Ciêntifica Externas, de acordo com o dis-posto no n.º 101 e n.º 102, Capitulo Ido Regulamento do Curso de Especializaçãode Oficiais em Hidrografia – PEESCO-LHID2.

• Para além do óbvio atrás referido, pro-porciona conhecimentos nas diversas áreas dis-tintas onde as actividades do IH tocam – ocurso é muito variado em disciplinas, con-densado em quantidade de matéria a reter eobriga a readquirir/adquirir conhecimentoscientíficos de base.

O que distingue a EHO de outras

instituições de formação?• O C.E.O.H. mantém uma valiosa pla-

taforma entre os alunos e os diversos secto-res e serviços relacionados com as atribuiçõesfuturas dos Hidrógrafos, não apenas devida àproximidade física das infra-estruturas, maspelo facto de serem abordadas inúmeras meto-dologias, equipamentos e experiências no

decurso dos diferentes módulos de disciplinas.• A carga horária e o grau de exigência

requeridos obrigam os alunos a uma dedicaçãoem exclusivo ao Curso e à assiduidade diáriaàs aulas (das 0910H às 1700H), impossíbili-tando o desempenho de uma actividade profis-sional externa à Marinha e obrigando os alu-nos externos a privações financeiras, pessoaise familiares, durante os 11 meses de Formação(incluíndo o Estágio na Brigada Hidrográfica).

• Baseia o seu corpo docente em pessoalmilitar e civil do Instituto Hidrográfico, temum propósito específico (formar pessoal parao quadro de hidrógrafos da Marinha), e o apro-veitamento tem impacto directo na carreirados alunos.

Qual a maior virtude da EHO?• O elevado rigor e excelência na orien-

tação do Plano de Estudos do C.E.O.H., bemcomo a disponíbilidade para prestar apoio esco-lar aos alunos, por parte dos Monitores e doDirector de Instrução da E.H.

• A possibilidade de frequência por pes-soal não pertencente à Marinha, após auto-

rização do Chefe deEstado-Maior daArmada, alargando oespírito de missão epromovendo a colabo-ração com entidadesnacionais e cidadãosque anseiam o desen-volvimento sustentadoda sua Pátria, bemcomo a celebração deacordos de coopera-ção na área da forma-ção técnica especiali-zada com naçõesestrangeiras.

• Cumprir os seusobjectivos de formaclara e inequívoca ape-sar das dificuldades,fruto do relaciona-mento de todos osintervenientes.

Gostariam de acrescentar mais algumamensagem?

• Num periodo em que se discute a exis-tência de uma hipotética crise de valores e afalência de estruturas, importa dar seguimentoaos anseios e à realização pessoal dos cida-dãos, largando o «cais de espera» e traçandoo rumo ao «mar das oportunidades».

• É certo que nem todos temos as mes-mas capacidades, objectivos ou filosofia de vida,no entanto unindo os esforços para ultrapas-sar a «tormenta», cedo alcançaremos a tãodesejada «bonança», com projectos alician-tes como os que a Hidrografia nos propor-ciona.

Hidromar n.º 88, Maio 200510

Os alunos do Curso de Especialização de Oficiais em Hidrografia 2004-2005, e o Director de Instruçãoda EHO. Da esquerda para a direita: Sr. Élio Figueiredo (civil, oficial da Marinha Mercante), 1.º Ten. Soa-res de Almeida, 2.º Ten. Monoom Turki (da Marinha Tunisina), 1.º Ten. Brito Afonso (chefe do curso), Sr. Arlindo Faustino (técnico civil do Instituto Nacional de Hidrografia e Navegação de Moçambique), 1.º Ten. Pinto da Silva e o CFR Oliveira e Lemos

A palavra aos alunos da Escola

tituições. O reforço da cooperação inter-nacional, que tem sido um ponto fortena história da EHO, é naturalmente umaaposta futura. Para além do caso deMoçambique, desenha-se uma coopera-ção muito interessante com a Tunísia, faceà qualidade e características pessoais dosalunos oriundos daquele país.

Outro desafio importante é potenciaruma maior ligação entre as actividades daEHO e as actividades das divisões da Direc-

ção Técnica. Essa ligação existe natural-mente, mas pode sempre ser desenvolvidae melhorada. Neste sentido, a participaçãoda EHO na proposta de elaboração de pro-postas de programas para cursos novos,como por exemplo um curso para técni-cos de oceanografia, é importante por con-tribuir para a sustentação futura do IH ealargar as áreas tradicionais de formaçãoda EHO (até agora centradas na hidrografiae na cartografia).

No plano da rotina de funcionamento,é uma aspiração da Escola possuir melho-res instalações e melhor apoio adminis-trativo.

Hidromar: Onde quer levar a EHO?CFR O.L.: O Director de Instrução pre-

tende levar a EHO a atingir os desafiosfuturos tal como enunciados, mantendoou melhorando a qualidade do ensino eos resultados já atingidos.

AMARRAS

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Hidromar n.º 88, Maio 2005 11

Como fazemos

S O N A R

Muito se tem falado nos últimosmeses na situação de seca quese tem vindo a sentir no nosso

país, nomeadamente no que diz respeitoaos impactos sócio-económicos negativosque esta situação implicará no abasteci-mento de água às populações, ao sectoragrícola e, com a aproximação da esta-ção quente, o risco acrescido de incên-dios florestais. Consequência directa destasituação, a Resolução do Conselho deMinistros n.º 85/2005 visou definir níveisde intervenção adequados de modo a coordenar medidas minimizadoras a cadacaso individualmente. No entanto, no quediz respeito ao potencial efeito desteperíodo de seca prolongada na exporta-ção de sedimentos das albufeiras e con-sequentemente para o oceano, muitoainda há que reflectir.

Os sedimentos encontrados nas zonaslitorais derivam predominantemente daalteração e erosão das áreas continentaisemersas, transportados pelos rios naforma de sedimentos em suspensão (essen-cialmente finos, argilas e siltes, tambémconhecidos como lodos) ou junto a fundo(essencialmente os grosseiros, areias e cas-calhos). De facto, um rio pode ser consi-derado tanto um curso de sedimentos emmovimento como um curso de água emmovimento. Nas zonas emersas, a erosãodos solos e rochas ocorre como efeito dediversos factores, sendo o mais impor-tante o impacto das gotas de chuva e con-sequente arrastamento dos sedimentospelos escoamentos superficiais. Partedeste material ir-se-á depositar no terreno,onde o escoamento superficial das águasda chuva é menos energético, e a restante

parcela irá atingir os cursos de água e sertransportada em direcção ao mar.

Na ausência de precipitação, deixaráde existir o principal modo de transportedos sedimentos para os cursos fluviais,havendo uma progressiva depleção docaudal sólido dos rios.

Agravando esta situação, a generali-dade dos sistemas fluviais portuguesesde maior importância foi, desde o iníciodo séc. XX, objecto de intervenções exten-sas para a regularização de caudais ouaproveitamento hidroeléctrico. A pri-meira consequência desta regularizaçãofoi a minimização ou quase obliteraçãodos picos de cheia nos cursos fluviais,consequência ainda mais agravadadurante os períodos de seca. Em segundolugar, ao atingir o ponto da barragem, ocaudal fluvial perde a sua capacidade detransporte devido à redução drástica develocidade, o que resulta na deposiçãodo caudal sólido nas albufeiras. Esta redu-ção pode conduzir, praticamente, à reten-ção de todo o material sólido afluente aoponto da barragem, principalmente noque diz respeito aos sedimentos grossei-ros transportados junto ao fundo. Assim,nos cursos fluviais regularizados, osperíodos de cheia têm um efeito depu-rativo e renovador, sendo que, na maiorparte dos casos, são estes os únicos perío-

dos onde há exportação efectiva de sedi-mentos para o mar, não obstante ospotenciais efeitos negativos das cheias,tão graves ou mais graves ainda que osda seca (tabela 1).

Estudos realizados no Instituto Hidro-gráfico (em colaboração coma Universi-dade do Algarve) entre 1999 e 2001, visa-ram caracterizar a dinâmica da zonacosteira Algarvia potencialmente influen-ciável pela construção da barragem doAlqueva (Projecto SIRIA – SItuação deReferência na Região Costeira AlgarviaInfluenciável pela barragem de Alqueva),incluindo a dinâmica dentro do estuáriodo Guadiana. A construção da barragemdo Alqueva veio aumentar em cerca de

Impacto da seca na exportação de sedimentos

dos cursos fluviais para o Oceano

Impacto da seca na exportação de sedimentos

dos cursos fluviais para o Oceano

Transporte Total Transporte de Fundo Transporte em suspensão

Rios Antes Depois Antes Depois Antes Depois

Minho 1 734.4 284.6 185.2 30. 41 549.2 254.2

Lima 126.8 13.0 113.8

Cávado 163.7 16.8 146.9

Ave 169.8 16.6 153.2

Douro 11 243.8 1 646.2 329.2 9 597.6 1919.5

Vouga 374.5 42.2 332.3

Mondego 1 396.4 230.8 1 165.6

Mira 284.5 30.2 254.3

Guadiana 7 196.1 2 074.6 763.7 220.2 6 432.4 1 854.4

R. do Algarve 1 036.2 110.0 926.2

Tabela 1 – Estimativas do material presumivelmente transportado pelos principais rios em regime natu-ral e depois da construção das barragens (em 103m3/ano) (FONTE: Fernando Magalhães, 2001)

Fig. 1 – Posições adoptadas para a realização deestações hidro – sedimentológicas no estuário do

Guadiana, durante as campanhas do Projecto SIRIA,entre 1999 e 2001

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Hidromar n.º 88, Maio 200512

50% a capacidade de armazenamento destabacia hidrográfica. A análise dos registoshistóricos de caudal fluvial no limite mon-tante do estuário revelou um aumentogradual da frequência de caudais infe-riores a 20 m3/s ao longo das décadas,reflectindo directamente o efeito da cons-trução de diversas barragens desde adécada de 40 do séc. XX. As observaçõesrealizadas no interior do estuário revela-ram a ausência de fenómenos de expor-tação de material sedimentar em regimede caudais inferiores a 20%. De facto, sódurante a campanha de Fevereiro de 2001,caracterizada por episódio de cheia gene-ralizada em toda a bacia, e em particularno baixo estuário, é que se verificou aexportação efectiva de material do estuá-rio para a plataforma (figs. 1, 2 e 3) (San-tos, 2005). Será de ressalvar que duranteos três anos de vigência do projecto, estefoi o mais significativo dos períodos em

que se verificaram caudais superiores àmédia, tendo sido também esta única oca-sião onde se observou uma exportaçãoefectiva de material sedimentar para aplataforma, material este essencialmentefino (lodos). Será também de ressalvarque nenhum dos anos de observação queantecederam este episódio de cheia foramcaracterizados por um estado de seca tãograve como aquele que se tem feito sen-tir actualmente.

Assim, nos principais cursos fluviaisportugueses, a afluência de caudais sig-nificativos nos estuários dar-se-á apenasem condições de cheia prolongada, apósos reservatórios das barragens atingiremo seu nível máximo, retendo a quase tota-lidade do caudal sólido grosseiro ehavendo apenas um transporte selectivode material sedimentar fino para jusante.Consequentemente, os baixos estuários ea plataforma interna irão, a longo prazo,

ser caracterizados por uma sedimenta-ção essencialmente fina, mais susceptívelà absorção de poluentes, com conse-quências negativas directas nos ecossis-temas estuarinos e costeiros. Por outrolado, a diminuição dos caudais afluentesaos estuários irá aumentar a influência eentrada de sedimentos marinhos no baixoestuário resultando no seu assoreamentocom consequências directas na navega-bilidade e aumento da necessidade de dra-gagens periódicas.

É de salientar que as secas são fenó-menos naturais que ocorrem em Portu-gal, com alguma regularidade mas sempre com importantes impactos sócio-económicos de curto, médio ou longoprazo. Em Portugal a existência de umciclo anual de precipitação muito acen-tuado, com uma quase ausência de pre-cipitação durante os meses de Verão, espe-cialmente no Sul do país, leva a que o

armazenamento de água duranteo Inverno seja imprescindível nagestão dos recursos hídricos. Con-tudo, não há em Portugal, nos tex-tos dedicados à minimização dosefeitos de seca, qualquer referên-cia à monitorização dos caudais sóli-dos afluentes das albufeiras, ou àminimização dos efeitos negativosque esta depleção terá a longoprazo.

STEN TSN ANA ISABEL SANTOSLIC. ENG. GEOLÓGICA – MESTRE EM ECOLOGIA

GESTÃO E MOD. DE RECURSOS MARINHOS – DIVISÃO DE GEOLOGIA MARINHA

Fontes:Doutora Mariana Bernardino, Inv. Bol.,Divisão de Oceanografia.

Páginas Web:http://www.portugal.gov.pt (portal do

Governo)

http://www.aprh.pt (Associação Portu-

guesa dos Recursos Hídricos)

http://www.snirh.inag.pt (Sistema

Nacional de Informação dos Recursos Hídri-

cos)

http://www.inag.pt (Instituto da Água)

http://www.irn.pt (International River

Network)

BibliografiaMagalhães, F. (2001) – Os sedimentos da

plataforma continental portuguesa:Contrastes espaciais, perspectiva tem-poral, potencialidades económicas.Documentos técnicos 34, InstitutoHidrográfico, 287 pp.

Santos, A.I. (2005) – CaracterizaçãoHidro-Sedimentológica do Estuário doGuadiana. Tese de mestrado apre-sentada ao Instituto Superior Téc-nico – Universidade Técnica de Lis-

Fig. 2 – Estrutura halina e de turbidez ao longo do estuário do Guadiana em período de marés vivas (1 de Dezem-bro de 2001), durante a vazante com um escoamento fluvial de aproximadamente 15 m3/s (período de estiagem).O eixo do XX diz respeito às distâncias de Sul para Norte. A turbidez é um parâmetro medido pelo CTD/nefeló-metro que dá uma medida da quantidade de sedimentos na coluna de água. Note-se a ausência de sedimentosa saírem do estuário em direcção ao mar e a influência das águas oceânicas (salinidade superior a 32) nas esta-ções mais a jusante

Fig. 3 – Estrutura halina e de turbidez ao longo do estuário do Guadiana em período de marés vivas (11 de Feve-reiro de 2001), durante a baixa-mar com um escoamento fluvial de aproximadamente 2000 m3/s (situação de cheia intensa). Note-se o máximo de turbidez a sair do estuário em direcção ao mar e a ausência de águade salinidade oceânica dentro do estuário

S O N A R

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Hidromar n.º 88, Maio 2005 13

OInstituto Hidrográfico está a pro-ceder à instalação de novosequipamentos maregráficos

baseados na tecnologia RADAR (RAdioDetection And Ranging) em substituiçãodos antigos marégrafos do tipo mecâ-nico e analógico, a funcionar alguns deleshá mais de duas décadas.

Trata-se, com efeito, de uma opera-ção que visa dotar a Rede MaregráficaNacional (RMN) de uma tecnologiamais fiável que permite nomeadamenteuma melhoria sensível da qualidade dosdados recolhidos ao mesmo tempo quefacilita a visualização remota da infor-mação recolhida e uma menor inter-venção por parte dos operadores.

Nesse sentido, foi já instalado emSesimbra o primeiro marégrafo RADARencontrando-se a funcionar a título expe-rimental desde o passado dia 22 de

Março. A estação integra um Logger (DataTaker) para controlo da estação earmazenamento dos dados, com senso-res RADAR (Krohne), de pressão (Druck)e ainda de pressão atmosférica. Esta esta-ção faz parte de um conjunto de seisadquiridas em final de 2003, prevendo-se a progressiva substituição de maré-grafos do tipo mecânico por marégra-fos RADAR, com vista à cobertura detoda a costa portuguesa com uma redemaregráfica automatizada.

Os novos equipamentos pressupõema instalação de dois sensores, um prin-cipal (tipo RADAR) e outro de compa-ração e backup (flutuador e contra-peso

ou de pressão, conforme a situação),tendo como vantagem uma minimiza-ção substancial da acção do operador econsequentes erros sistemáticos, bemcomo evitar os problemas mecânicos queos anteriores apresentavam, com os ine-rentes custos de manutenção. Refira-seque a utilização deste tipo de tecnolo-gia permite a não utilização de tubo tran-quilizador (poço), evitando o registo demarés diferenciadas em relação à maréreal verificada, encontrando-se os seuselementos menos expostos ao desgastenatural.

A renovação da Rede MaregráficaNacional (RMN), que o Instituto Hidro-

gráfico leva a efeito, vem introduzir pro-fundas melhorias na recolha de dados,permitindo aos utilizadores uma maiorfacilidade de acesso e uma maior fia-bilidade na informação disponibili-zada.

A equipa de instalação desta estaçãofoi composta por pessoal do serviço deElectrotecnia, nomeadamente o ASSAntónio Branquinho e o 1SAR ETC Fer-reira, que se encarregaram da adapta-ção do software de aquisição e comu-nicação de dados pelo DataLogger, o TSestagiário Luis Laranjeira e CAB MPombo, encarregues da instalação emanutenção de todas as estações da redemaregráfica nacional, e o ENC José Rosa– que pela sua experiência foi essencialà finalização dos trabalhos.

TS ESTAGIÁRIO LUÍS LARANJEIRASERVIÇO DE ELECTROTECNIA

Ao Sabor da Maré…Instituto revoluciona rede maregráfica

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Hidromar n.º 88, Maio 200514

Carta da «Ponta de Sagres a Vilamoura» tem nova edição

OInstituto Hidrográfico publicou a 2.ª Edição da Carta Náu-tica Oficial (CNO) 25R11, referida a Fevereiro de 2005. Nesta

edição foi incluída informação actual de interesse para a nave-gação de recreio, como é exemplo a nova marina de Albufeira,tendo possibilitado a actualização da CNO no que se refere aogrande número de Avisos aos Navegantes que a afectavam.

Esta CNO está inserida na série de Cartas de Recreio, car-tas de pequenas dimensões (A2), formato que visa facilitar oseu manuseamento a bordo das embarcações de recreio. Trata-se de uma carta náutica para navegação costeira e contém amesma informação que as CNO da Série Costeira.

À semelhança das outras CNO da Costa Algarvia, esta cartatem grande procura pela comunidade da navegação de recreio,acentuando-se este interesse com a proximidade da época deVerão.

Carta da Figueira da Foz em 1.ª edição

Foi publicada a 1.ª Edição da CNO 26404 «Figueira da Foz (Plano do Porto daFigueira da Foz)», referida a Maio de 2005. A CNO 26404 disponibiliza nova

informação cartográfica na área da Figueira da Foz e constitui-se como mais umimportante passo no sentido de promover a conclusão da publicação do novofólio nacional (denominado Fólio 94). Este Fólio, que com 56 cartas em papel emformato A0 permite cobrir todo o território nacional, aguarda a publicação dasúltimas 9 cartas.

Outro aspecto relevante e que importa salientar é o facto de que com estanova edição prosseguir a utilização, em termos de impressão, da moderna tec-nologia PoD (impressão a pedido).

Este documento náutico é uma carta de grande escala e pertence à série Apro-ximação, a qual tem como objectivo possibilitar a aterragem aos portos nacionaisde menor dimensão. Inclui, na mesma folha, um plano do porto. Publicada quefoi esta carta em formato papel, em breve será comercializada em formato digital.

Para mais informações, consulte ou o Depósito de Documentos Náuticosdo Instituto Hidrográfico através do telefone 21 094 31 57 ou do e-mail: [email protected].

S O N A R

OInstituto Hidrográfico publicou a 1.ª reimpressão da2.ª Edição da CNO 24206, referida a Abril de 2005. Esta

reimpressão teve como objectivo corresponder ao grandeinteresse demonstrado pela comunidade marítima por umacarta que representa toda a região algarvia.

A aproximação do Verão implica, normalmente, umaumento da procura, à qual foi necessário responder com aimpressão de cerca de meio milhar de exemplares.

Esta CNO está inserida na série Costeira, destina-se à nave-gação ao longo da orla costeira, e possui dimensões A0, formato que está de acordo com as especificações da Orga-nização Hidrográfica Internacional, utilizado no fólio novonacional (denominado Fólio 94).

Vai navegar para o Algarve?

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Hidromar n.º 88, Maio 2005 15

Roteiro da Costa de Portugal – Do Rio Minho ao Cabo Carvoeiro

Um novo volume da 3.ª edição do Roteiro da Costa de Portugal, destinadoà navegação marítima geral, foi lançado pelo Instituto Hidrográfico, no mêsde Maio, por ocasião das celebrações do Dia da Marinha, na Figueira da Foz.

Na rota dos Roteiros

Decorreu já um período sig-nificativo desde a publi-cação da 2.ª edição do

Roteiro da Costa de Portugal –Portugal Continental, que datoude 1990, e da sua última actuali-zação através do suplemento n.º3, de 31 de Janeiro de 2000, tendonesse período ocorrido mudan-ças assinaláveis na orla costeira,bem assim como na legislaçãonacional e internacional que regulaessas áreas. Assistiu-se ainda auma assinalável evolução e inves-timento na formação profissionale cultural dos agentes envolvidosna actividade marítima, seja deâmbito comercial ou de lazer, oque se traduz numa abordagemcada vez mais pragmática e cons-ciente aos diversos documentosnáuticos de referência para estasactividades.

O Instituto Hidrográfico encetou, nobiénio 2003-2004, o processo de revisãoda generalidade das suas PublicaçõesNáuticas Oficiais, nele se destacando oRoteiro da Costa de Portugal – Portu-gal Continental. Este processo envolveua recolha sistemática de informaçõesactualizadas junto das diversas autori-dades com responsabilidades na orla cos-teira e nas infra-estruturas portuárias,bem assim como a obtenção de registosfotográficos dedicados dessa mesmasáreas.

Atendendo à dimensão da costa dePortugal Continental e à quantidade deinformação que a ela diz respeito, optou-se por dividir o anterior volume respei-tante a Portugal Continental em trêsvolumes, que irão cobrir respectivamenteas áreas do Rio Minho ao Cabo Carvoeiro,do Cabo Carvoeiro ao Cabo de SãoVicente e do Cabo de São Vicente ao RioGuadiana.

O Roteirodo Minho ao Carvoeiro

O volume agora editado contém infor-mação relativa ao trecho de costa com-preendido entre O Rio Minho e o CaboCarvoeiro, bem como todos portos comer-ciais, portos de pesca, marinas e portosde recreio aí existentes, destinando-se ànavegação marítima em geral.

Na sua elaboração procurou estrutu-rar-se a informação de forma completacom sentido prático e adaptada aos des-tinatários complementada sempre que pos-sível e adequado, com tabelas, gráficos efotografias representativas da realidadeactual.

Apublicação encontra-se dividida emquatro partes; após uma introdução e apre-sentação da estrutura da publicação, é feitaa caracterização dos factores climáticosque afectam o troço de costa coberto pelovolume, seguindo-se a apresentação dosdados sobre os diversos portos existen-

tes, com indicação das principaisvalências, serviços e facilidadesneles disponíveis, organizados deforma geográfica de Norte paraSul na costa Oeste e de Oeste paraLeste na costa Sul. Segue-se umaquarta parte, onde se apresentauma descrição exaustiva da orlacosteira, suportada por umareconstituição fotográfica sequen-cial utilizando os registos foto-gráficos obtidos a bordo de uni-dades navais. Embora exaustiva,pretende-se que esta descriçãopermita uma consulta fácil, intui-tiva e rápida; é complementada,quando aplicável, por registosfotográficos dedicados dos diver-sos pontos conspícuos, designa-damente faróis, barras, enfiamen-tos e outros, de forma a auxiliaro navegante na execução da nave-gação costeira. Nesta última parteé também efectuada a caracteri-zação dos fundeadouros existen-tes ao longo da nossa costa e nasáreas portuárias, destinados à

navegação marítima em geral, devida-mente promulgados pelas AutoridadesMarítimas e Portuárias, sendo, se aplicá-vel e disponíveis, divulgadas as áreas res-pectivas, condições de utilização e demaisinformações de utilidade para o navega-dor tais como o tipo de fundo, sua tençae outras informações pertinentes.

Sempre que considerado aconselhá-vel são ainda apresentados os detalhesgenéricos de alguns dos fundeadourosusualmente utilizados pela navegaçãode menor porte, designadamente a quese dedica à actividade piscatória ou àda náutica de recreio, especialmenteaqueles que se constituem em pontos deabrigo em condições meteorológicasadversas.

Para mais informações sobre estanova Publicação Náutica Oficial, visite osite oficial do Instituto Hidrográfico emwww.hidrografico.pt ou o consulte oDepósito de Documentos Náuticos atra-vés do telefone 210 943 157.

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Hidromar n.º 88, Maio 200516

Acompanhando a evolução tecno-lógica, o Instituto Hidrográfico(IH) procura manter-se na van-

guarda do conhecimento científico. Foinesse sentido que, em finais do ano tran-sacto, o NRPAuriga largou da Base Navalde Lisboa, com o objectivo de testar e defi-nir os procedimentos de operação do novocolhedor de sedimentos verticais, desig-nado por Vibrocorer. Para o efeito, embar-cou uma equipa técnica da Divisão deGeologia do IH.

Para tornar possível esta nova opera-cionalidade, o NRP Auriga foi remode-lado no convés de ré na última reparaçãoem estaleiro. Os trabalhos de remodela-ção consistiram basicamente no reforçoestrutural do pavimento, na criação de umabase ajustável aos diversos guinchos ocea-nográficos usados pelo IH e na colocaçãode quatro olhais de fixação (três para ins-talação de um tripé e um para colocaçãode uma patesca de retorno). O conjuntodestes equipamentos (guincho, tripé, epatesca de retorno) constitui a estruturade apoio à operação do Vibrocorer (ver figura«Estrutura de apoio»).

Condições de operaçãoAoperação deste equipamento implica

necessariamente condições meteorológi-cas favoráveis e que o navio se encontrecom posição fixa e pequena variação dalinha de proa. Assim, em profundidades

inferiores a 100 metros, recorre-se ao fun-deamento do navio com auxílio de doisou três ferros. Em profundidades supe-riores e até aos 600 metros, deve-se recor-rer a navios equipados com bons siste-mas automáticos para correcção de posiçãoem tempo real (sistemas de posiciona-mento dinâmico).

Estas condições são de elevada impor-tância para assegurar os seguintes princípios, elementares à operação docolhedor:• Manter a verticalidade do colhedor

durante a manobra de assentamento nofundo e penetração no subsolo;

• Manter o navio na vertical da amostrano momento de içar.

Riscos de manobraO não cumprimento de um dos prin-

cípios referidos no paragrafo anteriorresulta num aumento considerável doesforço exercido no colhedor para que sedesprenda do fundo. Esta situação põeem risco o colhedor, a segurança do pes-soal e a do navio (no máximo 7 graus deinclinação para estibordo – em navios daclasse «Andrómeda»). No entanto, casoocorra uma tensão exagerada no colhe-dor, o equipamento dispõe de um dis-positivo de segurança, que ao actuar causaa separação física entre o colhedor e ocorpo do Vibrocorer, perdendo-se apenaso colhedor e a respectiva amostra.

Testes realizados abordo do NRP Auriga

Nos navios da classe «Andrómeda»,a área de operação encontra-se limitadaa águas interiores e costeiras, até à profundidade máxima de 100 metros.Esta limitação resulta da insuficientecapacidade de manobra destes naviospara corrigirem pequenos desvios deposicionamento, e também porque paraprofundidades superiores a manobra defundear deixa de ser praticável.

A bordo do NRP Auriga, a condiçãode posicionamento estável pode ser garan-tida fundeando o navio com dois ou trêsferros, com as seguintes combinações possíveis:• Fundear com um ferro à proa e outro

à popa;• Fundear com um ferro à proa e dois à

popa (para profundidades inferiores a30 metros).

Os testes foram realizados em duasáreas distintas, um em águas interiores eoutro em águas costeiras, com profundi-dades compreendidas entre os 15 e os 30metros respectivamente. A estabilidadedo posicionamento em ambas as áreas foigarantida fundeando à proa com o ferrodo navio e à popa com um ferro extra

❷❸

Estrutura de apoio: ❶ Tripé; ❷ Olhais de fixação; ❸ Patesca de retorno; ❹ Guincho

Vibrocorer e Colhedor suspensos

POSTO DE VIGIAOlhar para dentro

Testes Vibrocorer na «Auriga»

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Hidromar n.º 88, Maio 2005 17

disponibilizado pelo IH. Foram alcança-dos os seguintes resultados:• Em águas interiores (Mar da Palha –

Rio Tejo), com profundidades da ordemdos 15 metros e fundo de lodo e cas-calho, os resultados foram satisfatórios;

• Em águas costeiras (Cabeceira doCanhão de Lisboa), na batimétrica dos30 metros e fundo de areia, os resulta-dos foram satisfatórios. Contudo devidoao desconhecimento do tipo de sedi-mentos nas camadas subadjacentes aofundo, o colhedor embateu em rochadurante a penetração, resultando naperda total dos sedimentos.

Quanto ao tempo de duração dos tra-balhos, para profundidades compreen-didas entre os 10 e os 30 metros, quandousado um dos ferros da proa do naviopara fundear, o tempo total para realizara estação (composta por 3 fases distintas:manobra de colocar o navio em estação,operação do Vibrocorer; e manobra de sus-pender) é na ordem dos 120 minutos. Para profundidades compreendidas entreos 30 e os 100 metros, deixa de haver apossibilidade de se usar um dos ferros

do navio para fundear à proa, o que implicarecorrer a um segundo ferro extra, tor-nando consequentemente a manobra maisdemorada.

Considerações finaisNa fase de planeamento e execução

de um levantamento de colheita de amos-tras verticais com recurso ao colhedor dotipo Vibrocorer, além dos princípios ele-mentares, devem ser considerados osseguintes itens:• Área do levantamento ser precedida de

um levantamento geofísico, para conhe-cimento do declive do fundo e da natureza das camadas subadjacentes(para não se correr o risco do colhedorembater ou se prender em sedimentosde natureza rochosa);

• Seleccionar locais que permitam fun-dear o navio recorrendo a um dos ferros da proa (torna a manobra menosmorosa);

• Condições meteorológicas: vento infe-rior a 6 nós, e vaga/ondulação inferior0,5 metros.

ConclusãoNa implementação de novos sistemas

ocorrem sempre dificuldades e situaçõesinesperadas, estas foram o corolário paraa definição e correcção dos métodos deoperação, de segurança do equipamentoe sobretudo do pessoal. Concluídos ostestes e alcançados resultados positivos,vemos assim crescer o acesso ao conhe-cimento do mar para melhor compreen-dermos o futuro.

CTEN SILVA LAMPREIACOMANDANTE DO NRP AURIGA

Colocação na água

Uma política sustentada

Poder-se-ia pensar que o ciclo dasobras terminaria com a reinstala-ção das Oficinas de Mecânica

Geral para a Azinheira (2000) ou apósa reinstalação do Serviço de Electrotec-nia (2001) ou, porventura, após a remo-delação de toda a direcção Financeiraem 2002. Pois é! Enganaram-se aquelesque julgaram que pouco ou nada haviamais a fazer no IH…

O ILA 8 – Instruções para a Elabo-ração do Plano Director da Unidade –designado por PDU, é um documento ondese encontra estabelecido o conjunto das infra--estruturas, caracterizado de forma integrada,

e dos recursos humanos, com os quais a uni-dade obtém os resultados que lhe permitemo cumprimento da missão atribuída de formaeficaz e eficiente.

É nesta plataforma de entendimentoque o IH tem reagido em tempo oportuno,na área da manutenção, remodelação eampliação das obras necessárias, enceta-das por um planeamento de obras dinâ-mico – e em permanente actualização.

Por outro lado, de forma clara e sus-tentada, a Direcção de Infra-estruturas temsido, sempre, como órgão de direcção téc-nica, o principal suporte de apoio às nos-sas necessidades de obras em infra-estru-turas, havendo sempre daquela direcçãoa maior abertura para esclarecimentos,apoios e dinâmicas consentâneas com ospropósitos do IH.

Anualmente as necessidades de infra-estruturas do IH são inscritas nos pro-gramas no âmbito do Plano Integrado deNecessidades de Apoio Logístico (PINAL).Como exemplo, das várias propostasenviadas ao Estado-Maior da Armada,resultou a devida autorização superiorpara a execução da Obra de «Remodela-ção e Ampliação do Edifício da Químicae Poluição do Meio Marinho e da Geo-logia Marinha».

O projecto de reabilitaçãodos edifícios laboratoriais

Antecedentes

Constatadas as necessidades, havia jáalguns anos que proceder a uma remo-

Crónica de construção do edifício dos laboratórios

Numa altura em que decorrem as obras de construção dos laboratórios, os Coman-dantes Passos Ramos e Pedro dos Santos apresentam uma crónica que visa abordaras diversas fases do processo. A Parte I, abordada nesta edição, é intitulada «dapolítica ao projecto». PARTE I: DA POLÍTICA AO PROJECTO

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delação profunda a todo o edifício doslaboratórios da Química e Poluição doMeio Marinho (QP) e da Geologia Mari-nha (GM), pelo que foi elaborado um ante-projecto, onde se procurou a adequaçãodos espaços a uma realidade mais adap-tada a equipamento tecnologicamenterecente e às actividades actuais da QP eda GM. Havia somente que aguardar pelamelhor oportunidade conjuntural para asua execução.

O contexto em que foi elaborado oante-projecto inicial, em 2003, assentavasomente num processo de execução detrabalhos de manutenção de infra-estru-tura, sem qualquer desenvolvimento deampliação e remodelação profunda dosespaços, face à disponibilidade financeiraque, na altura, se entendeu atribuir paraa presente obra. Estava apenas inscritona LPM 300.000€.

O Projecto

No entanto, o padrão que se impu-nha às unidades laboratoriais tendentesà sua certificação, conduzia a uma apostade qualidade e aumento dos espaços queobrigava inevitavelmente à execução deum projecto de ampliação.

Decorrente dessa constatação, proce-deu-se à procura de soluções e ideias, visi-tando diversos laboratórios e espaços con-géneres, como por exemplo o LNEC, tendoem vista reunir informação que permi-tisse ao grupo de trabalho deter conhe-cimentos para o apoio para à execuçãodo referido projecto.

Assim, atenta à complexidade e natu-reza das obras, a Direcção do IH, veioa obter a aprovação de financiamentono âmbito de um programa plurianualda LPM no valor de 1.500.000€, e deci-diu proceder a uma prestação de servi-ços para a execução do respectivo pro-

jecto de arquitectura e algumas espe-cialidades.

Em 28 de Abril de 2004, foi conhecidoo plano de trabalhos proposto pelo ate-lier de arquitectura Margarida SimõesGomes e Ricardo Silva Pinto, para a exe-cução do projecto de arquitectura e dasespecialidades, no valor de 54.000,00€.Em 4 de Junho de 2004, o valor estimadopara a construção da obra era de1.250.000,00€. Na altura, em virtude das valências existentes no SE para a execução de alguns projectos, decidiu-seque este Serviço ficaria com o encargo de efectuar o desenvolvimento nas áreasda sua especialidade. Este facto permitiulogo à partida economizar custos do projecto.

Em 14 de Julho de 2004, o então Direc-tor-Geral, Vice-almirante Carlos da Silva

Cardoso, procedeu ao envio da respec-tiva Nota ao Almirante Chefe de Estado--Maior da Armada, propondo:

• que fosse obtida a «concordância pré-via» do ministro da Defesa Nacionalpara a realização da despesa relativa àempreitada;

• a autorização do procedimento do con-curso público.

Em 5 de Agosto de 2004 procedeu--se ao lançamento do Concurso Públicopara a execução da obra. No que res-peita à execução dos projectos elabora-dos pelo SE, foi dado a conhecer à Mari-nha (EMA/DITIC) a necessidade, queinscreveu junto do EMGFA, como pri-meira prioridade para 2005, para ser con-templada no âmbito do ProgramaSICOM.

Posteriormente, procedeu-se à liber-tação do edifício e reinstalação de todo opessoal e equipamentos noutros locais,tendo estes trabalhos sido realizados emdois meses.

Em meados de Janeiro de 2005, deu-se o início da respectiva empreitada pelafirma vencedora, a ENGIARTE – Enge-nharia e Construções Lda, devendo estaobra ser realizada de acordo com o seucronograma de actividades, em oito meses.

(Continua em próximas edições)

CFR PASSOS RAMOS, DIRECTOR DOS SERVIÇOS DE APOIO

(À DATA DOS FACTOS, CHEFE DO SERVIÇO DE ELECTROTECNIA)

CTEN PEDRO DOS SANTOS, CHEFE DO SERVIÇO GERAL

CTEN RUIVO DA SILVA, CHEFE DO SERVIÇO DE ELECTROTECNIA

POSTO DE VIGIA

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Hidromar n.º 88, Maio 2005 19

Actividades das divisões e navios hidrográficosHIDROGRAFIA Pesquisa bibliográfica para o cálculo de geo-désicas. Aulas de Levantamentos Hidrográficos (Módulo LH3).Manutenção HDW. Aulas de Levantamentos Geodésicos (MóduloLG03). Revisão de relatórios da BH. Participação na IV Confe-rência Nacional de Cartografia e Geodesia nos dias 10 e 11de Março. Pesquisa bibliográfica para o cálculo de geodésicas.Manutenção do HDW. Participação na Reunião do ConselhoCoordenador de Cartografia em 30MAR2005.No período de 4 a 10 de Abril, foram executadas as seguintestarefas: vectorizações: CNO 257, CNO 262, CNO 259, CNO23203, COSTAS 25R11, COSTAS 25R09; Colagens: CNO 24201.Cartas Novas: continuação da compilação CNO 26404; CNO26303; CNO 26304; reimpressões: Continuação da compila-ção CNO24206, CNO 156, CNO 157, CNO 25R09. CálculoVolume Dragados: Doca Marinha. Fornecimento Repromats: Pre-paração/Envio Repromats CNO 26408 (Hidrográfico Espanhol).Correcção de Cartas: continuação Introdução das Correcçõesdos AN’s na BD e Cartas. Manutenção do HDW. Revisão derelatórios da BH.No período de 11 a 17 de Abril, esta Divisão continuou com aprodução das seguintes CENO: PT221101, PT426402, PT426403,PT526309, PT528506, PT526311, PT526310. Elaboração deupdates às CENO. Finalização da redacção do artigo para apre-sentar na ICC2005 – «The production of electronic charts formarine transportation». Criação do CD de Exchange Set quin-zenal. Preparação da 6.ª reunião do TEWG do IC-ENC. Análisede Circular Letter da OHI e preparação das respectivas respos-tas/comentários. Análise de documentação sobre AML relativaà reunião do GMWG da NATO. Participação da 9.ª conferên-cia da WEND. Compilação/Construção de Colagens para asCNO: 21101, 23202, 23203, 23204, 24202, 24204, 24205,24206, 24P04, 24P05, 24P06, 25R05, 25R06, 25R07, 25R10,25R11. Revisão da 1.ª reimp. da 2.ª ed. da CNO 24206. Vec-torizações: CNO 257; CNO 262; CNO 259; CNO 23203;COSTAS 25R11; COSTAS 25R09. Colagens: CNO 24201. Car-tas Novas: Continuação da Compilação CNO 26404; CNO26303; CNO 26304. Reimp.: Continuação da Compilação CNO24206; CNO 156; CNO 157; CNO 25R09. Correcção de Car-tas: Continuação Introdução das Correcções dos AN’s na BD eCartas.Manutenção do HDW. Revisão de relatórios da BH. Lec-cionação de Aulas na Escola de Hidrografia e Oceanografia.No período compreendido entre 2 e 8 de Maio foi levada acabo a Compilação/Construção de Colagens para as CNO:21101; 23202; 23203; 23204; 24202; 24204; 24205; 24206;24P04; 24P05; 24P06; 25R05; 25R06; 25R07; 25R10; 25R11.Revisão da 2.ª ed. da CNO 24204. Revisão da 2.ª ed. daCNO 24205. Vectorizações: CNO 257; CNO 262; CNO 259;CNO 23203; COSTAS 25R11; COSTAS 25R09. Colagens: CNO24201. Cartas Novas: Continuação da Compilação CNO 26404;CNO 26303; CNO 26304. Reimpressões: Continuação da Com-pilação CNO 24206; CNO 156; CNO 157; CNO 25R09.Correcção de Cartas: Continuação Introdução das Correcçõesdos AN’s na BD e Cartas. Manutenção e carregamento (carre-gamento de 10LH) do HDW. Revisão de relatórios da BH. Lec-cionação de Aulas na Escola de Hidrografia e Oceanografia ena Escola Naval. Participação de um Oficial na Conferência deUtilizadores de Multifeixe Femme 2005. Continuação da pro-dução das seguintes CENO: PT221101; PT426402; PT426403;PT526309; PT528506; PT526311; PT526310. Elaboração deupdates às CENO. Continuação da redacção do artigo paraapresentar na ICC2005 – «The production of electronic chartsfor marine transportation». Criação do CD de Exchange Set quin-zenal. Análise de Circular Letter da OHI e preparação das res-pectivas respostas/comentários.De 5 a 9 de Maio, a divisão executou os seguintes trabalhos:Compilação/Construção de Colagens para as CNO: 21101;23202; 23203; 23204; 24202; 24204; 24205; 24206; 24P04;24P05; 24P06; 25R05; 25R06; 25R07; 25R10; 25R11. Revi-são da 2.ª ed. da CNO 24204 e da CNO 24205. Vectoriza-ções: CNO 257; CNO 262; CNO 259; CNO 23203; COS-TAS 25R11; COSTAS 25R09. Colagens: CNO 24201. CartasNovas: Continuação da Compilação CNO 26404; CNO 26303;CNO 26304. Reimpressões: Continuação da Compilação CNO24206; CNO 156; CNO 157; CNO 25R09. Correcção deCartas. Continuação Introdução das Correcções dos AN’s naBD e Cartas. Continuação da produção das seguintes CENO:PT221101; PT426402; PT526309; PT526311; PT526310. Ela-boração de updates às CENO. Continuação da redacção doartigo para apresentar na ICC2005 – «The production of elec-tronic charts for marine transportation».Conclusão da produçãodas seguintes CENO: PT426403 ; PT528506. Continuação da

produção das seguintes CENO: PT221101; PT336201; PT426402;PT526309; PT526311 ; PT526310. Elaboração de updates àsCENO. Continuação da redacção do artigo para apresentar naICC2005 – «The production of electronic charts for marine trans-portation». Elaboração da nota resumo da 6.ª reunião do TEWGdo IC-ENC.. Criação do CD de Exchange Set quinzenal. Manu-tenção e carregamento (carregamento de 10LH) do HDW. Revi-são de relatórios da BH. Leccionação de Aulas na Escola deHidrografia e Oceanografia e na Escola Naval.Na semana de 23 a 29 de Maio esta Divisão procedeu à Com-pilação/Construção de Colagens para as CNO: 21101; 23202;23203; 23204; 24201; 24202; 24204; 24205; 24206; 24P04;24P05; 24P06; 25R05; 25R06; 25R07; 25R10; 25R11. Vec-torizações: CNO 23203; COSTAS 25R11; COSTAS 25R09;CNO 105. Cartas Novas e Novas Edições: Continuação dacompilação das CNO 26404; CNO 26303; CNO 26304;CNO 24P04; CNO 24P05; Revisão da 2.ª ed. da CNO 24204e da CNO 24205. Reimpressões: continuação da compilaçãoCNO 25R09. Correcção de Cartas: continuação introdução dascorrecções dos AN’s na BD e CARTAS. Manutenção e carrega-mento do HDW. Leccionação de Aulas na Escola de Hidrogra-fia e Oceanografia e na Escola Naval. Continuação da produ-ção das seguintes CENO: PT221101; PT336201; PT426402;PT526309; PT526311; PT526310; PT426404. Elaboração deupdates às CENO. Preparação do 17.º CHRIS. Análise de Circular Letter da OHI e preparação das respectivasrespostas/comentários.GEOLOGIA MARINHA Cruzeiro SISMEX. Realização de exer-cícios com os sistemas de reflexão sísmica, a bordo do NRPAuriga, entre o Cabo Espichel e Sines.QUÍMICA E POLUIÇÃO De 28 de Fevereiro a 4 de Marçorealizou-se a reunião do grupo de trabalho dos sedimentos mari-nhos (WGMS) do ICES, em França. Nesta reunião esteve pre-sente a ASS Carla Palma. No dia 8 de Março realizou-se a cam-panha de recolha de amostras de água no estuário do rio Sado,no âmbito do projecto de Vigilância de Qualidade do MeioMarinho. No dia 31 de Março foi realizada mais uma campa-nha de águas subterrâneas no âmbito do projecto VALORSUL.Foram recolhidas amostras de água, em seis piezómetros loca-lizados nas imediações da Central de Tratamento de ResíduosSólidos Urbanos, em S. João da Talha. Dois piézometros atin-gem os 25 metros de profundidade e os restantes apenas 15metros. As amostras de água foram colhidas em colaboraçãocom os técnicos da LABELEC e seguidamente foram preserva-das e acondicionadas para posterior análise em laboratório. Nodia 13 de Abril realizou-se uma campanha de recolha de amos-tras de água na Ria Formosa, no âmbito do projecto de Vigi-lância de Qualidade do Meio Marinho. No dia 28 de Abril foirealizada mais uma campanha de águas subterrâneas no âmbitodo projecto VALORSUL. Vão ser recolhidas amostras de água,em seis piezómetros localizados nas imediações da Central deTratamento de Resíduos Sólidos Urbanos, em S. João da Talha.Dois piézometros atingem os 25 metros de profundidade e osrestantes apenas 15 metros. As amostras de água são colhidasem colaboração com os técnicos da LABELEC e seguidamentevão ser preservadas e acondicionadas para posterior análiseem laboratório. No dia 16 de Maio foi realizada mais uma cam-panha de monitorização do projecto VALORSUL, com recolhade amostras de água em três estações do estuário e na vala dedrenagem, na zona envolvente à Central de Tratamento de Resí-duos Sólidos Urbanos, em S. João da Talha. As amostras foramcolhidas à superfície e no fundo e em situação de preia-mar ede baixa-mar. Todas as amostras foram preservadas e conser-vadas para posterior análise em laboratório. No dia 23 de Maiorealizou-se mais uma campanha de águas subterrâneas no âmbitodo projecto VALORSUL. Foram recolhidas amostras de água, emseis piezómetros localizados nas imediações da Central de Tra-tamento de Resíduos Sólidos Urbanos, em S. João da Talha. Doispiézometros atingiram os 25 metros de profundidade e os res-tantes apenas 15 metros. As amostras de água foram colhidasem colaboração com os técnicos da LABELEC e seguidamenteforam preservadas e acondicionadas para posterior análise emlaboratório.NAVEGAÇÃO No dia 1 de Março, o CTEN Rafael da Silvadeslocou-se à BNL para desmontar o DGPS utilizado em testesde cobertura na Madeira pelo NRP Zaire e elaboração de tes-tes de verificação do DGPS Furuno das UN’s. No dia 2 deMarço, o CTEN Proença Mendes deslocou-se à Direcção deFaróis para trabalhos no âmbito de projectos conjuntos. O CTENProença Mendes participou no dia 3 de Março na Reunião/Jan-tar no âmbito da conclusão do Projecto SIMNAV – Simulador

Radar Navegação. No dia 4 de Março o CTEN Sardinha Mon-teiro compareceu na sede da SICOM, afim de participar na reu-nião sobre ponto de situação do projecto de instalação das esta-ções DGPS dos Açores e da Madeira. De 24 a 31 de Maio, oCTEN Proença Mendes deslocou-se a Luanda (Angola), no âmbitode trabalhos de acompanhamento da instalação da SinalizaçãoMarítima do Cabo Submarino SAT3, para a empresa AngolaTelecom. CENTRO DE DADOS O CTEN Bessa Pacheco participou naReunião semanal do CDPM, no dia 3 Março. No dia 30 de Março, o Cte. Bessa Pacheco, deslocou-se à DAGI,a fim de participar na reunião ADAF. No dia seguinte, estevepresente na reunião semanal da Comissão do Domínio PúblicoMarítimo, na DGAM. O Cte Bessa Pacheco deslocou-se a Rodes– Grécia, de 6 a 10 de Abril, para participar na reunião dearranque do projecto HERMES. No dia 12 de Abril, o Cte. BessaPacheco participou na reunião Redebiomar, no ICAT e no dia14 do mesmo mês compareceu na DGAM para a reunião sema-nal da Comissão do Domínio Público Marítimo. No dia 28 deAbril, o Cte Bessa Pacheco esteve presente na reunião semanalda Comissão do Domínio Público Marítimo – DGAM. O Cte.Bessa Pacheco participou na reunião semanal da Comissão doDomínio Público Marítimo – DGAM, nos passados dias 5 e 12de Maio. O Cte. Bessa Pacheco participou nas comemoraçõesdo Dia da Marinha, no dia 19 de Maio, na Figueira da Foz.OCEANOGRAFIA No período de 3 a 21 de Maio, o 2TENConduto Pereira deslocou-se a Moçambique de forma a dar apoioe formação no Instituto Hidrográfico Moçambicano. No períodocompreendido entre os dias 18 e 19 de Maio de 2005, o 2TENCardoso Jerónimo e o STEN Quaresma dos Santos efectuarammedições de correntes de maré no porto de Lisboa. No períodode 30 de Maio a 05 de Junho o 1TEN Silva Barata, o 2TENPereira e o 2TEN Cardoso Jerónimo embarcaram no NRP Andró-meda, para fundeamento das amarrações do projecto HERMES.BRIGADA HIDROGRÁFICA Iniciado o LH da Figueira daFoz, trabalho a ser realizado no âmbito institucional. A BrigadaHidrográfica prosseguiu com o levantamento com sondador mul-tifeixe na Base Naval de Lisboa e canal do Alfeite, tendo estelevantamento sido pedido pela BNL. Concluiu, em 10 de Março,o levantamento do rio Coina, desde o canal da Siderurgia atéao Vale do Zebro. Continuação do LH da Figueira da Foz, tra-balho a ser realizado no âmbito institucional. Conclusão do LHda Figueira da Foz, trabalho a ser realizado no âmbito institu-cional. Coordenação de uma linha de alta tensão na Figueirada Foz. Na semana de 23 a 29 de Maio efectuaram o levan-tamento de Vila Real de Santo António, ao abrigo do protocolocom o IPTM e o levantamento das INAZ, trabalho pedido pelaDA para controlo de dragagens.

Agrupamento de NaviosNRP D. CARLOS I No dia 5 de Março, após reparação naBNL, o navio prosseguiu com a missão PLATCONT. Embora compequenas permanências na BNL, durante o restante mês deMarço e Abril, o navio prosseguiu com a missão atrás mencio-nada. Atracou na BNL para manutenção até dia 8 de Maio,data em que largou da BNL e atracou no Porto de Setúbal parapreparar visita SEXA Presidente da República. Na semana de16 a 22 de Maio prosseguiu com a missão PLATCONT.NRP ALMIRANTE GAGO COUTINHO No Arsenal do Alfeiteaguardando adaptação a navio hidrográfico.NRP AURIGA Depois de um período atracado na BNL, nodia 7 de Março e durante 4 dias, o navio levou a cabo a mis-são SISMEX, tendo posteriormente permanecido na BNL até 5de Abril, data em que executou a missão SANEST. De 11 a 17de Abril, o navio executou a missão COREX e a partir de entãoficou atracado na BNL. Prosseguiu com a missão ENERSIS até17MAI, tendo seguido posteriormente para a Figueira da Foz,onde participou nas comemorações do Dia da Marinha.NRP ANDRÓMEDA Após um período de permanência naBNL, o navio largou no dia 7 de Março para executar a mis-são SANEST/EUROSTRATAFORM, durante 4 dias, tendo poste-riormente permanecido atracado na BNL até 10 de Abril. Nestadata, participou no exercício CONTEX 2005, numa série detreino de salvamento de submarinos. Após mais uma perma-nência na BNL, o navio largou no dia 26ABR05 (AM) para exe-cutar missão AGITMAR (fundeamento de bóias de protecção àsbóias ODAS de Faro e Sines), saindo novamente apenas no dia4 de Maio para executar missão SANEST. Desde então per-manece atracado na BNL.

AAP ANA LUÍSA RODRIGUES

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Hidromar n.º 88, Maio 200520

Numa iniciativa coordenada pelaassessora para a Área Museo-lógica, ASSP Maria Helena

Tavares Roque, o Instituto Hidrográficoconta com uma série de espaços (pólosmuseológicos), dedicados ao passado dassuas actividades e missões técnicas, como objectivo de preservar a memória his-tórica dos equipamentos, técnicas evivências usadas nessas actividades emissões.

No terceiro piso, entre as instalaçõesdo serviço Administrativo e do serviçode Finanças e Contabilidade, encontram-se exposições alusivas às missões hidro-gráficas exercidas no Ultramar.

As duas áreas mais recentes foram cria-das a par da remodelação de toda a zonaafecta à divisão de Hidrografia; em frenteàs escadas de acesso ao Piso 4 (lado nas-cente), nelas se encontra agora o Pólo Museo-lógico: Sala de Desenho. Aqui podemos recor-dar a Cartografia Tradicional através defotografias e testemunhar o que foi aquelaarte através instrumentos de desenho, poi-sados sobre um estirador e uma mesa deluz, e apreciar ainda um coordinatógrafo(uma mesa que permite desenhar as qua-driculas das cartas náuticas).

No hall da Hidrografia encontra-se oPólo Museológico dedicado àquela divi-são, que exibe diversos equipamentos dediferentes datas (décadas de 70 a 90), comosonda acústica, prumo, medidor de alti-tude, trisponder, receptor GPS, receptorGPS com capacidade diferencial, três teo-dolitos e um distanciómetro. Está aindaexposta uma colecção de cinco pinturasa óleo sobre tela, correspondentes às Lan-chas Hidrográficas «Auriga» e «Andró-meda» e aos Navios Hidrográficos«Almeida Carvalho», «D. Carlos I» e«Almirante Gago Coutinho», da autoriado CMG SEH Manuel dos Anjos Branco.

Imponente, está ainda exposta uma pedralitográfica (usada no passado para aimpressão de cartas), datada de 1941.

A preparação destes pólos implicoua acção de uma vasta equipa pluridisci-plinar, desde da assessora para o PóloMuseológico, ao gabinete de Multimédia,ao Centro de Documentação e Informa-ção, ao serviço Geral e ao serviço de Elec-trotecnia, à divisão de Hidrografia e aosdesenhadores já reformados: João JoséFrasca Silvestre, José Miguel VenturaFontes e João Caim.

É tempo de fazer parar o tempo!

POSTO DE VIGIA

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Hidromar n.º 88, Maio 2005 21

OProjecto Sistema de Apoio à Gestão – SAGe – chegouà final do Prémio Boas Práticas no Sector Público, aointegrar a short list de cinco instituições públicas que,

pelas qualidades de inovação que souberam desenvolver eaplicar no âmbito de Sistemas de Informação de Gestão, forampublicamente reconhecidas.

De entre os vários projectos que concorreram a estes pré-mio, o júri seleccionou cinco para integrarem a short-list final,por se distinguirem pela sua quali-dade, após a análise de diversos cri-térios, nomeadamente os objectivospropostos, o tempo de execução, oâmbito de aplicação e a populaçãoabrangida (este último o critério maisvalorizado), tendo o projecto do Ins-tituto Hidrográfico integrado estegrupo restrito de nomeados.

O Prémio Boas Práticas no Sec-tor Público visa divulgar, desde2002, iniciativas de relevo no sectorpúblico, que sirvam de exemplo paraos diversos organismos e cujas ideiaspossam ser reaproveitadas. Este con-curso resulta de uma iniciativa daDeloitte e do Diário Económico, emcolaboração com o Instituto Nacio-nal de Administração, a SIC Notí-cias e a Fundação Luso-Americanapara o Desenvolvimento.

Na 3.ª Edição do Prémio, relativo ao ano de 2004, o júriintegrou destacadas personalidades nacionais, nomeadamenteos Professores Doutores Luís Valadares Tavares (Presidente)e António Correia de Campos, e os Drs. Francisco MurteiraNabo, Maria José Nogueira Pinto, Maria de Belém, Diogo Vasconcelos, Rui Machete, Pina Moura, Francisco Maria Balsemão, Manuela Ferreira Leite e Martim Avilez Figueiredo,que avaliam os projectos candidatos às categorias de Sistemasde Informação de Gestão, Serviço Electrónico, Atendimento aClientes e Melhoria de Processos.

A cerimónia de entrega de prémios desta edição teve lugarno passado dia 12 de Abril, no Hotel Ritz, em Lisboa, distinguindo os diversos projectos inovadores no seio da Admi-nistração Pública.

O evento contou com a presença do secretário de Estadoda Administração Pública, Dr. João Figueiredo, a quem coubeo encerramento da cerimónia. Na oportunidade, destacou aimportância do evento e deu os parabéns aos premiados e atodos os concorrentes, quer pela qualidade dos projectos apre-sentados, quer pelo esforço e coragem demonstrados.

Na categoria de Sistemas de Informação de Gestão, foramdistinguidos com uma menção honrosa os projectos apre-sentados pela Câmara Municipal de Lisboa, Instituto deEmprego e Formação Profissional e Secretaria-Geral do Minis-tério da Justiça.

SAGe coloca o IH na final das

«Boas Práticas» 2004

PAULO FIGUEIREDO / DIÁRIO ECONÓMICO

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Hidromar n.º 88, Maio 200522

Tendo por objectivo a promoção dacomunicação interna e o fomentode redes de cooperação e pertença

dos funcionários do Instituto Hidrográfico,o gabinete de Relações Públicas deste Ins-tituto está a realizar uma série de iniciati-vas de carácter histórico e social, abertasaos funcionários do Instituto.

Dado o objecto de actividade do Ins-tituto Hidrográfico, entendeu-se pertinentea organização de um ciclo de visitas cul-

turais relacionadas com a vida de D. Car-los I, com periodicidade mensal, ao qualchamamos «Nos Passos de D. Carlos I».

Foi neste contexto que 25 funcionáriosdo Instituto Hidrográfico visitaram, no pas-sado dia 21 de Abril, o Palácio Nacionalda Ajuda, local de nascimento de D. Car-los I em 28 de Setembro de 1863.

Edificado entre os séculos XVIII e XIX,o Palácio Nacional da Ajuda serviu, durantedezenas de anos, como residência da Famí-lia Real portuguesa. No interior, o grupofoi guiado pela Dr.ª Maria João Burnay,que destacou, entre as inúmeras salas dopalácio, no primeiro andar, a Sala dosArcheiros, a Sala do Porteiro da Cana, aSala de Espera ou da Audiência, a Sala de

D. Sebastião ou dos Cães, a Sala do Des-pacho ou do Beija-mão, a Sala de Músicae ainda a Salinha de Saxe e a Sala de Már-more ou jardim de Inverno. No segundoandar, foram visitadas a Sala Oriental, a

Sala de D. Fernando,a Sala do Trono, aSala dos Embaixa-dores, a Sala de jan-tar e ainda a Sala doCorpo Diplomático –e pudemos observaras salas que, aindahoje, assistem às

mais importantes cerimónias de Estado.Com uma visita guiada «feita à medida»,os participantes tiveram ainda oportuni-dade de ver reflectidos os primeiros anosde D. Carlos I: a suaeducação, as horasdiárias que dedicavaao estudo das artes,letras e ciências, e ocuidado com queaprendeu as lides degovernar.

No dia 11 deMaio, seguiu-se avisita ao Museu deMarinha onde,acompanhados pelo

Tenente Neves, visitaram a Sala das Cama-rinhas Reais utilizadas pelo rei D. Carlose pela rainha D. Amélia, preservadas apóso desmantelamento do iate «Amélia» em1938, assim como porcelanas, cristais efaqueiros que fizeram parte da palamentadaquele iate real. Já no Pavilhão das Galeo-tas, os participantes conheceram o pólomuseológico do Instituto Hidrográficoque, ladeado pelos pólos da Direcção deFaróis e do Instituto de Socorros a Náu-fragos, mostra interessantes peças do pas-sado do Instituto.

Em Junho reviveremos o quotidianodos membros da família real que habita-ram esta residência de veraneio da coroaportuguesa. Será possível ver, nos aposentosde D. Carlos, o seu atelier de pintura, oquarto de dormir, a casa de banho de apoioe a sala de duche e massagens…

Para mais informações sobre as próxi-mas visitas: [email protected] 32 7014.

Funcionários do IH percorrem os «Passos de D. Carlos I»

POSTO DE VIGIA

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Hidromar n.º 88, Maio 2005 23

Foi no dia 16 de Abril que 32 fun-cionários do Instituto Hidrográfico,ex-funcionários e alguns familiares

se deslocaram à maravilhosa serra daLousã para realizar uma caminhada comcerca de 10 km, que permitiu conheceralgumas aldeias perdidas e paisagens degrande beleza. Apesar do percurso serfeito por caminhos quase inacessíveis ecomo tal, praticamente desconhecidos, oponto de encontro só poderia ser na partemais turística da Lousã. O castelo, Monu-mento Nacional situado mesmo em frenteà ermida de Nossa Senhora da Piedade,foi o local de partida para este Desafio -com um D grande.

Durante cerca de 6 horas, o verde cer-cou-nos por todos os lados. De início segui-

mos ao longo do vale da Ribeira de S.João e passámos pela Central Hidroe-léctrica da Lousã. Há mais de 70 anosque existe esta fonte de energia, emboranos últimos anos funcione sazonalmente.A partir deste ponto, a encosta íngreme(que quase nos sufocava só de olhar!) vaiser subida. Devagar, tudo se faz – e o quelá no cimo se encontra serve de recom-pensa. Nesta altura, já o caminho passoua carreiro, de forma que só suporta umapessoa de cada vez... O primeiro cumejá foi transposto e ao longe vê-se a aldeiado Talasnal, talvez a mais bonita e melhorpreservada do conjunto das quatro. Segui-ram-se as povoações de Vaqueirinho, Chi-queiro e Casal Novo.

As casas confundem-se na paisagemescura da cor do xisto. Algumas estão aban-donadas, outras recuperadas «como deveser», onde as tradições e materiais forammantidos. São toscas estas construções mas,ao mesmo tempo, belas diante da sua sim-plicidade arquitectónica, onde invariavel-mente o xisto é utilizado nas paredes e alousa nos telhados.

Entretanto, caminhámos por pinhaissituados nas encostas da serra que têmpor vizinhos autênticos bosques de mimo-sas. Em terrenos ricos em água encon-tram-se alguns soutos e uma paisagemviçosa e cheia de musgo. Pelo chão estãoouriços e castanhas e claro, muitas folhasde diversas formas e cores que formamum tapete natural mas bastante ruidosoà nossa passagem.

Subindo e descendo, descendo esubindo, conseguimos ainda de um pontobastante alto ter uma perspectiva a maisde 80 quilómetros. Em primeiro plano, aserra mostra-se irregular com os socal-cos aproveitados para cultivo, com os valesfecundos lá ao fundo. Mas o olhar des-

via-se para longe, com as serras vizinhasdo Buçaco e do Caramulo a reclamarematenção – assim como o Trevim, o pontomais alto da serra, a 1200 metros de alti-tude.

Por fim, a descida pelo bosque de acá-cias até às piscinas naturais e à ermida daSenhora do Livramento. Todos os anos, alembrar outros tempos, os habitantes davila levam a Senhora da Piedade em pro-cissão até à Igreja Matriz - que aí fica duranteum mês. Nessa altura descem ao vale oshabitantes das aldeias, que a vão buscare levar de novo até à ermida. De certaforma, o templo serve de fronteira a duasrealidades tão diferentes mas tão fortescomo o xisto que da terra sai e a ela volta.

No final todos os participantes esta-vam satisfeitos por um dia bem passadonum local de rara beleza.

A próxima actividade será o CANN-YONING e realiza-se no dia 4 de Junhono Rio Teixeira (caso haja caudal suficiente).Desta vez iremos seguir o curso de umrio, transpondo as diversas cascatas comrecurso a técnicas de «rappel» ou efec-tuando saltos para lagoas de águas cris-talinas. Novas caminhadas só lá para oOutono, para evitar o calor do Verão!

CTEN MESQUITA ONOFREDIVISÃO DE OCEANOGRAFIA

Uma caminhadana Lousã

Uma caminhadana Lousã

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Hidromar n.º 88, Maio 200524

Acerimónia coincidiu também coma despedida do CMG GuerreiroInácio que, após 40 anos ao ser-

viço da Marinha, 24 dos quais ao serviçodo Instituto Hidrográfico, vê terminadaa sua carreira naval. Em dois períodosdistintos, de 19 anos e de 6 anos, o CMGGuerreiro Inácio desempenhou funçõesno Instituto Hidrográfico, tendo passadopelas Brigadas Hidrográficas n.º 1 e n.º 2(tendo chefiado esta última), sido adjuntoda divisão de Cartografia Náutica, chefedo serviço Geral e, ultimamente, Direc-tor dos Serviços de Apoio. Pelas suas mãospassaram importantes projectos na áreada modernização de infra-estruturas e ree-quipamento, como sejam os decorrentesdas responsabilidades acrescidas no lan-çamento da rede DGPS Nacional, o aprontamento dos projectos de cablagemestruturada e acompanhamento da suaexecução, os projectos de infra-estrutu-ras e projectos de reequipamento dos NRP D. Carlos I e Almirante Gago Cou-tinho, para além das tarefas internas demanutenção de equipamentos electróni-cos e eléctricos, de melhoria das condi-ções de trabalho do pessoal do InstitutoHidrográfico, de modernização dos meiosinformáticos, de modernização da frotaautomóvel e de manutenção das embar-cações de sondagem.

A passagem de testemunho deu-separa um oficial «da casa»: o CFR PassosRamos provém do serviço de Electrotec-nia (SE), onde desempenhou funções noúltimo ano e meio. No SE sucede-lhe agorao CTEN Ruivo da Silva. Aos presentes nacerimónia, o CFR Passos Ramos afirmoua sua «total disponibilidade para traba-lhar com vontade e afinco, nesta grandeequipa.»

O CFR Passos Ramos afirmou que«compete à Direcção dos Serviços deApoio, desenvolver o apoio logístico etécnico, adequado, que suporte as acti-vidades do IH, mormente para as divi-sões e serviços da Direcção Técnica e dasBrigadas Hidrográficas.» Referindo a con-vicção de que «constituem desafios per-manentes, a elevação dos níveis de efi-

cácia e desempenho de todos, nas activi-dades para o cumprimento da missão doIH», estabeleceu como «importantes for-ças motrizes, para manter e elevar os níveisde qualificação e competências, que sãoesperados à nossa instituição» os «inves-timentos na formação dos recursos huma-nos», as «iniciativas para a transmissãodos valores da instituição ao grupo, paraa sua coesão» e os «esforços para o fomentodo espírito criativo e mobilizador de con-dições para gerar inovação, no aperfei-çoamento de técnicas e na utilização eimplementação de novas tecnologias».

O Director dos Serviços de Apoio diri-giu-se ainda ao seu pessoal, «considerandoo reconhecimento pelo trabalho que têmvindo a desenvolver e exortando-os paraque «continuem com o empenho e dedi-cação ao serviço do Instituto Hidrográ-fico», assim como às chefias e funcioná-rios do instituto, dizendo contar «com oapoio e estreita colaboração, considerandoque os objectivos propostos só se atin-gem com o forte espírito de coesão e cooperação institucional e pessoal, que

enfim nos liga a todos como uma grandeequipa».

No final da cerimónia, o Vice-almi-rante Carlos Viegas Filipe enalteceu asqualidades do CMG Guerreiro Inácio, oficial profundamente conhecedor dadinâmica do Instituto Hidrográfico, que,com competência e espírito de leal cola-boração, contribuiu, de forma decisiva,para o sucesso da missão do InstitutoHidrográfico. Ao CFR Passos Ramos,expressou o Vice-almirante Director-Geralo regozijo pela sua nomeação dadas assuas qualidades de empenho e dedica-ção, convicções indispensáveis para o cum-primento das suas actividades.

Na passagem do testemunhoPalavras do DA ao CMG GuerreiroInácio:

«(…) Ao Sr. Comandante GuerreiroInácio, devo expressar o meu reconhe-cimento de respeito e consideração peloexemplo de carácter e dedicação de umdistintíssimo Oficial Superior e cama-rada, que nos presenteou e pelo empe-nho em bem servir, dirigindo-nos a todos,seus subordinados, com sabedoria, expe-riência e sensibilidade, e a todos, comamizade e camaradagem. Desejo-lhe asmelhores felicidades e sucessos pessoais,em mais uma etapa da sua vida, na certeza que sentirá o orgulho e a satis-fação de quem conferiu, numa longa carreira à Marinha e ao IH, toda a dis-ponibilidade e dedicação. Um bem-hajae um abraço.»

Os eixos de actividade da DANo seu discurso, o CFR Passos Ramosenumerou as suas prioridades:

• Os contributos para o melhoramentodas capacidades e desempenho dosrecursos humanos do IH, considerandoa participação no desenvolvimento dostrabalhos para a publicação da novalei orgânica, do novo regulamento

Empossado o Director dos Serviços de Apoio

No passado dia 22 de Abril, o CFR Passos Ramos foi empossado como Director dosServiços de Apoio do Instituto Hidrográfico, sucedendo ao CMG Fernando Guer-reiro Inácio, em cerimónia realizada no gabinete do Vice-almirante Director-Geral.

PRE IA-MARBAIXA-MAR

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interno, e do redimensionamento dosquadros civis e militares, decorrentesdas novas possibilidades, quer em sededa DSRH, quer através das formas quevão estando ao alcance para, entre-tanto, procurar se obter o necessáriorecrutamento e o rejuvenescimento docapital humano;

• A manutenção e calibração dos instru-mentos técnico-científicos, e as acçõesde apoio para a modernização dos equi-pamentos e dos navios hidrográficos,nomeadamente para a reconversão doNRP Gago Coutinho;

• O apoio ao desenvolvimento, em par-ticular com o NRP Carlos I nos traba-lhos que venham a ser efectuados, asso-ciado à obtenção da necessáriainformação científica, demonstrativa

da possibilidade de alargamento da Pla-taforma continental;

• Os trabalhos de modernização de infra-estruturas e meios de apoio logístico,com realce para as novas instalaçõesdos espaços laboratoriais da QP e GM,e os demais, tendentes a prosseguir namelhoria de condições de trabalho dasinstalações, nomeadamente das ArtesGráficas, da áreas do Pessoal, serviçosde alimentação e EHO, a par com asactividades de manutenção e conser-vação das instalações e dos meios doInstituto Hidrográfico;

• a manutenção das embarcações e damodernização da frota de automóvel,o assegurar o desenvolvimento da capa-cidade oficinal para a calibração dosinstrumentos e sensores, tendo em vista

a qualidade dos dados ambientais obtidos, e a melhoria dos acessos e infra-estruturas portuárias das Instala-ções da Azinheira;

• a importante actividade desenvolvidapelo serviço de Artes Gráficas seráobjecto permanente de atenção, tendoem vista a minimização das dificul-dades esperadas, pela necessárias adap-tações, decorrentes da diminuição dopessoal e recurso ao out-sourcing

• a introdução dos recentes modelos degestão e sistemas de informação, nosvários domínios, dos instrumentospara o planeamento, dos planos desegurança, da informática e das infra-estruturas, bem como dos modelos paraavaliação da organização, dos seusrecursos e resultados.

Quatro anos e meio depois de terdestacado para o Instituto Hidro-gráfico, o CTEN Ruivo da Silva

assume a chefia do serviço de Electro-tecnia (SE), sucedendo ao CFR PassosRamos.

Da sua passagem pelo SE realça-se achefia da secção de Infra-estruturas, umserviço vocacionado para o apoio à acti-vidade técnica do Instituto Hidrográfico.Assume agora a direcção do Serviço, quetem «enraizado na sua génese a compo-nente de Apoio, não só em estreita cola-boração e cooperação com os restantesserviços da Direcção, mas com todas asáreas do IH, e em particular com a Direc-ção Técnica.»

O CTEN Ruivo da Silva salientou asqualidades dos seus anteriores superio-res, o CFR Costa Honorato e CFR PassosRamos, dizendo que «o padrão e prestí-gio que o serviço de Electrotecnia atin-giu (…) constitui uma responsabilidadeque neste momento, para mim, não temainda dimensão, mas também por isso, éum desafio e um estímulo … e o vossoexemplo será o verdadeiro motor do meuempenho, esforço e dedicação.»

Aos funcionários do SE, uma «equipaforte e coesa», disse confiar no seu«valor»; mais afirmou que a «eficiência,eficácia e profissionalismo não serãomeras palavras (…) serão antes o resul-tado de acções, tarefas, trabalhos oumesmo atitudes e posturas mais con-sentâneas com as décadas de prestígio

e reputação do Instituto Hidrográfico,que todos (…) se orgulham de perten-cer e servir.»

O CTEN Ruivo da Silva salientou asmais importantes linhas de orientação queserão uma prioridade nos próximos tem-pos, a saber:

• «Reequipamento do Gago Coutinho;

• A remodelação do Edifício da Químicae Poluição do Meio Marinho e Geolo-

gia Marinha;

• Implementação de um Sistema deManutenção Planeada das Embarcaçõese UAM’s;

• Contribuir para a prossecução doexposto no Plano Director de Infra-estru-turas para recuperação e reabilitaçãodos espaços do Edifício Sede e Azinheira;

• Apoiar activamente todas as activida-des da Direcção Técnica;

• O aumento do débito da Rede deComunicação de Dados para Gigabit.»

Afirmou ainda a necessidade de adop-tar uma postura pró-activa, que permitaultrapassar os constrangimentos ao nívelde recursos humanos e financeiros; incitou, assim:

• «Que se adopte uma atitude de pre-serverança constante,

• Que se mantenha um enfoque activonos objectivos,

• Que haja uma criteriosa gestão orça-mental,

• Que se continue a aposta na formaçãoe valorização do pessoal existente,

• Que se inove, desenvolva, adapte, pro-cure novas formas e, se necessário for,reinvente processos.»

Por fim, o CTEN Ruivo da Silva colo-cou o seu trabalho e o SE à disposição daDirecção dos Serviços de Apoio, procu-rando dar um contributo válido para aMissão da Direcção e do Instituto Hidro-

Novo chefe do serviço de Electrotecnia

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Hidromar n.º 88, Maio 200526

OCTEN Fernando Freitas Arti-lheiro tomou posse como chefeda divisão de Hidrografia (HI),

sucedendo ao CFR Fernando Maia Pimen-tel, que, após seis anos à frente da divi-são, destaca para a Estrutura de Missãopara a Extensão da Plataforma Continental.

«É com elevada motivação e sentidode responsabilidade que assumo as fun-ções de chefe da divisão de Hidrografia.Estas são também as funções mais impor-tantes que fui chamado a desempenharna Marinha.» O compromisso do CTENFreitas Artilheiro foi publicamente assumido numa concorrida cerimónia, nogabinete do Director Técnico, no passadodia 11 de Março.

Há oito anos que o CTEN Freitas Artilheiro tem funções atribuídas naquela

divisão, tendo assistido «à evolução dastecnologias e metodologias utilizadas noslevantamentos hidrográficos e em pro-dução cartográfica, de crescente comple-xidade.» O CTEN Freitas Artilheiro refe-riu ainda que a HI «está dotada de umconjunto de profissionais, de exemplardedicação e de sólidos conhecimentos. Dis-põe de meios técnicos e aplicações quepermitem o desenvolvimento da carto-grafia náutica, oficial e temática, de ele-vada qualidade e reconhecida pela comu-nidade hidrográfica internacional.» Nestesentido, o chefe empossado dirigiu-se aoscolaboradores da Divisão, oficiais, técni-cos superiores, sargentos, praças e fun-cionários civis, aos quais incitou para acontinuidade do excelente trabalho desen-volvido.

Nova estagiária no CD

Chama-se Ana Sofia Nobre a nova estagiária do Cen-tro de Dados Técnico-Científicos. Tem 24 anos, vive

em Lisboa e referiu já conhecer o Instituto Hidrográ-fico, onde esteve em visita de estudo, na altura pelamão do CFR Ventura Soares. É aluna da licenciaturaem Ciências do Mar da Universidade Lusófona de Huma-nidades e Tecnologias e encontra-se a desenvolver oseu estágio curricular na área dos Sistemas de Infor-mação geográfica (SIG), sob orientação do CTEN BessaPacheco e do Comandante Pinto de Abreu, até ao finalde 2005.

Nova investigadora na áreados SIG

Célia Pires Pata tem 30 anos, vive em Lisboa, é licenciada em Geologia pela Universidade de Lisboa e mestranda em Orde-

namento do Território na Universidade Nova de Lisboa. Vinda doDepartamento de Geologia Marinha do Instituto Nacional de Enge-nharia, Tecnologia e Inovação (INETI), que incorpora o antigo Ins-tituto Geológico e Mineiro, beneficia de uma Bolsa de InvestigaçãoCientífica (BIC) no Instituto Hidrográfico, onde, ao longo dos pró-ximos três anos, pretende desenvolver os seus conhecimentos sobreSistemas de Informação Geográfica. No seu percurso profissionalteve oportunidade de conhecer as actividades do Instituto Hidrográ-fico; conta com uma passagem de dois anos pela então Comissão daPlataforma Continental e participou também em levantamentos dedados de Química e Poluição no quadro do Projecto EU-SEAD.

Cooperação com as universidades

Novo comandante da divisão de Hidrografia

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Realizou-se entre 11 e 14 de Abril a3.ª Conferência Hidrográfica Extraor-dinária da Organização Hidrográ-

fica Internacional (OHI), da qual Portugalé membro fundador. AConferência decor-reu no Fórum Rainier III, no Principadodo Mónaco, sede daquela Organização.

Na reunião, participaram 62 dos 75Estados Membros da OHI, sendo a dele-gação portuguesa, acreditada pelo minis-tro dos Negócios Estrangeiros, compostapelo Vice-almirante Carlos Alberto Viegas Filipe (chefe de Delegação), peloCMG Lopes da Costa (Director Técnico)e TS1 Raquel Patrício Gomes (assessorapara as relações internacionais).

A OHI é uma organização internacio-nal, intergovernamental, sedeada no Principado do Mónaco, cujos membros sãoEstados marítimos, e constitui um fórumque visa a melhoria dos serviços relativosà navegação marítima, graças à discussãoe à resolução, ao nível internacional, dequestões relacionadas com a Hidrografia.Assiste os membros a assegurar estes ser-viços ao melhor custo, através dos canaisdos serviços hidrográficos nacionais.

Embora estabelecida em 1967 atravésda Convenção da OHI (em vigor após 3 meses do 28.º Estado a ter ratificado,ou seja, em 1970), descende e confere con-tinuidade ao International HydrographicBureau, com origem em 1921; a este deuo estatuto de organização intergoverna-mental, dotada de um aparelho orgânicoefectivo e permanente, e dele herdou osobjectivos: permitir e fomentar uma coo-

peração intergovernamental no domínioda Hidrografia através da coordenaçãodas actividades dos organismos nacionaiscom tutela no domínio da Hidrografia,do fomento da uniformidade em documentos e cartas náuticas, da adop-ção de métodos eficientes nas expediçõeshidrográficas, e do desenvolvimento dasciências e técnicas empregues na ocea-nografia descritiva.

No passado recente, a OHI empreen-deu esforços de reforma orgânica e jurí-dica, como resposta aos novos desafiostécnicos e institucionais dos ServiçosHidrográficos, assim como ao surgimentodo sector não-governamental e comercialno panorama institucional da Organiza-ção. Desde os anos 90, alguns esforçostêm sido empreendidos, resultando, a suamaioria, em actos de legalidade duvidosa,que contornaram o ordenamento jurídicovigente. Na XVI Conferência Hidrográ-fica Internacional (Abril 2002), Portugalapresentou um conjunto de Propostas decarácter reformador, que comprometiam,ao mínimo, eventuais alterações aos docu-mentos jurídicos da OHI. A Conferênciatomou-as como base para um (redefinido)Grupo de Planeamento Estratégico (SPWG– Strategic Planning Working Group),encarregue agora de estudar as mudan-ças organizacionais e legais da OHI.

A3.ª Conferência Extraordinária cons-titui o culminar de um trabalho encetadoem 2002 pelo SPWG, investido na XVIConferência Hidrográfica Internacionalpara tomar as propostas de harmoniza-

ção jurídica e de evolução institucionalque então tinham sido abordados. Talgrupo de trabalho, no qual o InstitutoHidrográfico esteve representado peloVice-almirante Director-Geral, empreen-deu um relatório designado «AStudy intothe organizational structure and proce-dures of the IHO», que versa, concreta-mente, sobre as alterações orgânicasnecessárias ao bom funcionamento daOHI. Decorrentes das alterações orgâni-cas, das quais se destacam a criação deum conselho e uma nova configuraçãopara a organização dos comités técnicose grupos de trabalho, foram então ela-borados estudos jurídicos relativos àsemendas à Convenção da OrganizaçãoHidrográfica internacional. O InstitutoHidrográfico participou activamente noSPWG, tendo assistido a todas as suasreuniões na qualidade de representanteda Comissão Hidrográfica do AtlânticoOriental (CHAtO), com o devido interessedecorrente dos estudos institucionais que,com base na sua experiência, desenvol-veu desde 2000.

A agenda em discussão na 3.ª Confe-rência deriva directamente dos trabalhosdo SPWG e compreendeu a adopção dorelatório «A Study into the organizatio-nal structure and procedures of the IHO»,a aprovação das emendas à Convençãoda OHI, a concordância com os princí-pios aplicáveis aos órgãos subsidiários daestrutura da OHI, a concordância com osprincípios para os procedimentos deselecção dos membros para o conselho

Uma Conferência para reescrever a OHI

B Ú S S O L AEventos nacionais e internacionais

Os participantes na Conferência

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da OHI, a concordância com os princí-pios e orientações para a acreditação dasOrganizações Internacionais não Gover-namentais Observadoras nos trabalhos daOHI, a concordância com os princípiospara o critério de elegibilidade do secre-tário-geral e directores da OHI, a con-cordância com a estrutura da versão revista

dos Documentos Básicos, as emendas aostermos de referência do SPWG e a pro-posta chilena de texto alternativo ao«Protocol of Proposed Amendments tothe Convention on the InternationalHtdrographic Organization».

No final dos trabalhos foram dadascomo aprovadas as propostas do SPWG

relativas às emendas à Convenção, comajustamentos efectuados em sede de Con-ferência, sobretudo quanto aos princípiosde selecção dos Estados Membros para oConselho. Além do critério da «tonela-gem», o SPWG vai preparar, até à pró-xima Conferência, em Abril de 2007, ocritério do «interesse hidrográfico».

Hidromar (H): Muitoobrigado pela sua disponi-bilidade. Qual o passado doSenhor Almirante e comochegou à OHI?

Almirante Maratos(AM): A minha carreirahidrográfica começou em1972, quando participei naX Conferência HidrográficaInternacional. Tinha acabadode chegar à Grécia após trêsanos de estudo nos EUA,onde frequentei o Master of Science Degreein Physical Oceanography da Naval Pos-tgratuate School, em Monterey, Califórnia,e onde obtive um certificado em Hydro-graphic Engineering. Nessa altura, fui desig-nado responsável pelos levantamentos,produção de cartas e formação pelo Ser-viço Hidrográfico Helénico. Em 1979,obtive o grau de mestre em Surveying Engi-neering na Universidade Técnica de Ate-nas. Em 1993, após 20 anos ao serviço, emdiferentes postos e funções no ServiçoHidrográfico Helénico, assumi o cargo deHidrógrafo da Marinha [n.e.: o equivalente

ao cargo de Director-Geral do Instituto Hidro-

gráfico], até 2002. Participei em muitas reu-niões nos domínios da hidrografia, da nave-gação, da cartografia, da oceanografia edo direito do mar em organizações comoa OHI, a Organização Marítima Interna-cional, a Comissão Oceanográfica Inter-governamental (UNESCO) e a NATO,desde 1972. Em 2002, na XV ConferênciaHidrográfica Internacional, os Estados-membros elegeram-me Presidente doComité de Direcção do Bureau da OHI.

H: Qual a história da OHI e como éque a sua visão evoluiu ao longo dosanos?

AM: AOHI é a organização mais antigade entre as que lidam com os assuntos domar, apoiando a segurança da navegação

e a protecção do ambientemarinho. A primeira reu-nião que levou à sua cria-ção ocorreu em 1908, emSão Petersburgo, Rússia,com o objectivo de intro-duzir uma uniformidadenas cartas, publicações eregulamentos para a nave-gação. A estandardizaçãoé ainda um dos objectivesmais importantes da OHI,mas num ambiente tec-

nológico muito diferente. É por esta razãoque acredito que a visão da OHI não mudouao longo dos anos. Mas tem de ser forta-lecida, para que a OHI seja reconhecidacomo a autoridade hidrográfica, ao nívelinternacional, que apoia e promove a segu-rança da navegação e a eficiência e pro-tecção do ambiente marinho.

H: Que obstáculos e desafios encon-trou na OHI?

AM: Não diria que, enquanto presi-dente do Comité e Direcção, encontrei difi-culdades. Naturalmente ficaria mais satisfeito se o Bureau tivesse outra dis-ponibilidade orçamental ou mais funcio-nários para responder ao que nos é soli-citado. Mas enfrentei «desafios». E é bomenfrentar «desafios»! Os «desafios» indi-cam que a organização está viva e que sedirige rumo ao futuro. Uma organizaçãosem «desafios» é como uma arma semmunições. Ao enfrentar «desafios», aorganização torna-se mais eficiente, maiseficaz e mais preparada em termos decapacidade de resposta, num século XXIcaracterizado por um ambiente tecnoló-gico e digital. A melhoria do apoio aosEstados-membros, uma melhor coopera-ção com outras organizações internacio-nais, uma boa cobertura de cartas elec-trónicas de navegação baseada emlevantamentos hidrográficos recentes,

uma melhor coordenação e apoio dascomissões hidrográficas regionais e ummelhor apoio das capacidades hidrográ-ficas de Estados em desenvolvimento, sãoalguns dos «desafios» que, em conjuntocom os outros Directores, tenho enfren-tado, dando o nosso melhor para que sejamalcançados.

H: De que forma esta ConferênciaExtraordinária ficará para a História?

AM: Não creio que a OHI podia con-tinuar com a sua estrutura e com as prá-ticas actuais, neste contexto de intensasmudanças tecnológicas. A organizaçãonecessita de produtos novos, mais exac-tos e acessíveis, capazes de cobrir dife-rentes solicitações. AConferência de 2002tomou, sabiamente, a decisão de atribuirao Strategic Planning Working Group oestudo e a proposta de emendas à Con-venção e aos Regulamentos da OHI. A3.ª Conferência Hidrográfica Extraordi-nária, que recentemente se realizou noMónaco (entre 11 e 15 de Abril), ficarápara a História como a Conferência queaprovou uma nova Convenção e que pro-porcionará à Organização os instrumen-tos necessários para trabalhar mais efi-cazmente, assim como responder de umaforma optimizada aos desafios e solici-tações que lhe são colocados.

H: Com base na experiência doSenhor Almirante, que elementos devemser postos em prática para que seja atin-gida essa escala de desenvolvimento orga-nizacional?

AM: Os Estados-membros aprovaramas emendas à Convenção, e este é um eventohistórico. Mas para que a nova estruturae as novas práticas sejam concretizadas oapoio dos Estados-membros é essencial paraa aprovação formal das emendas de acordocom o estabelecido no artigo XXI da actualConvenção. O desenvolvimento de umplano de implementação para a aplicação

«É o vosso trabalho que salva vidas no mar»Num período que se reveste de imensa importância para o futuro da Organização HidrográficaInternacional (OHI), o Hidromar entrevistou o Almirante Maratos, Presidente do Comité de Direc-ção daquela Organização.

BÚSSOLA

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das emendas deverá serapresentado pelo SPWG e,claro, é também necessárioo contínuo apoio do Bureaunesse processo. Estes sãoalguns dos elementos mais

importantes que têm de ser observados,rapidamente, para que a Organização evo-lua para uma nova estrutura.

H: O que pensa do trabalho de Por-tugal junto da OHI?

AM: Portugal foi e creio que será sem-pre um dos Estados que mais apoiou econtribuiu para o trabalho e para os objec-tivos da OHI. Participou de uma formamuito eficaz nos trabalhos técnicos e jurí-dicos do SPWG, e efectuou comentáriose observações muito construtivos durantea Conferência Extraordinária, que apro-vou as propostas de emendas à Conven-ção, revelando que Portugal se preocupa

com o curso da Organização. O papel prin-cipal que tem tido na Comissão Hidro-gráfica do Atlântico Oriental e na WestAfrican Action Team, a produção de ENCs(cartas electrónicas de navegação) e a sus-tentação dos centros regionais de ENCs,o estudo e o apoio a assuntos técnicos ecientíficos, como as marés, e a participa-ção activa em muitos comités e gruposde trabalho são alguns dos contributosmuito positivos que Portugal dá à OHI.Por esta razão, gostava de expressar omeu agradecimento ao Almirante CarlosAlberto Viegas Filipe.

H: Qual é o «sonho» do Senhor Almi-rante para a OHI?

AM: A palavra «sonho» é muito difí-cil mas desafiante. Devemos ter sonhos parair mais longe, em direcção a algo diferentee melhor mas, ao mesmo tempo, que sejamexequíveis. É por isto que diria que o meu

«sonho» é que todos os Estados costeirosestabeleçam serviços hidrográficos, que setornem membros da OHI, que seja possí-vel alcançar uma boa cobertura de ENCse que a OHI seja reconhecida e aceite comoa autoridade hidrográfica internacional deapoio aos serviços hidrográficos.

H: Gostaria de deixar uma mensa-gem aos funcionários do Instituto Hidro-gráfico?

AM: A minha mensagem é que con-tinuem os seus esforços para que tenha-mos produtos melhores e mais exactos.A segurança da navegação e a protecçãodo ambiente marinho dependem emmuito da qualidade dos produtos da vossaequipa de funcionários. E a vossa equipadeve reconhecer a importância do seu tra-balho. O vosso trabalho não é como outrotrabalho qualquer. É o vosso trabalho quesalva vidas no mar.

Grupo Técnico Misto de Portugal e Espanha debatem problemas do Minho e GuadianaReuniu no Instituto Hidrográfico

(IH), em Lisboa, em 7 de Marçode 2005, o Grupo Técnico (GT)Misto de Portugal e Espanha paraos problemas de assoreamento e ero-são dos estuários do Minho e Gua-diana.

A agenda de trabalhos com-preendeu o ponto de situação doassoreamento do rio Minho e o asso-reamento da barra do Guadiana e

erosão da costa espanhola adjacente.Relativamente à continuidade dasactividades do GT Misto de Por-tugal e Espanha, as Delegaçõesentenderam voltar a reunir, emEspanha, depois de disponíveis osdados batimétricos e de caracteri-zação dos sedimentos, no segundosemestre de 2005, já que se consi-dera urgente o desassoreamento daBarra do Guadiana.

No dia 3 de Maio, um grupo de 13técnicos do Institute of Marine Research

de Bergen, na Noruega, visitou as insta-lações provisórias dos laboratórios da Divi-são de Química e Poluição do Meio Mari-nho, actualmente a funcionar no Institutode Ciência Aplicada e Tecnologia (ICAT)da Faculdade de Ciências e nas Instala-ções da Azinheira.

O Institute of Marine Research de Ber-gen está sob a jurisdição do Ministériodas Pescas e tem como objectivos o acon-selhamento científico junto das autori-dades, da indústria e de toda a comuni-dade em geral. É a maior instituição deinvestigação marinha da Noruega edesempenha em muitas áreas funções rele-vantes em termos internacionais. As suas

obrigações desenvolvem-se nas áreas demonitorização e investigação da vida mari-nha, incluindo as suas interacções comas águas costeiras e oceânicas, na áreados recursos marinhos com importânciapara a aquacultura e no desenvolvimentode tecnologia e conhecimentos biológi-cos que sirvam de base para uma indús-tria pesqueira e de aquacultura susten-táveis. O instituto desenvolve os seustrabalhos no Mar Barents, no Mar daNoruega e no Mar do Norte.

O grupo de técnicos que visitou o IHforma a equipa do Departamento de Quí-mica do referido Instituto. O Departamentofunciona em áreas como investigação depoluição orgânica no meio marinho e res-pectivos efeitos, análise e monitorização

de compostos inorgânicos e de poluiçãoradioactiva no meio marinho e análise bio-química. O objectivo da viagem a Lisboae a visita ao IH, ambas inseridas no con-ceito de teambuilding, foi a de reforçar oespírito de equipa e partilhar conhecimentose experiências com outras instituições quetrabalham em áreas similares. Foram dis-cutidas estratégias de amostragem, méto-dos de análise, aspectos de gestão labora-torial e sistemas de acreditação.

A visita foi concluída com um almoçode grupo, oferecido pelo IH, onde esti-veram também presentes cinco técnicosda QP. Na visita final à Biblioteca foramefectuadas trocas de ofertas e proferidaspalavras de agradecimento.

ANA CARDOSO, TSP

Visita de técnicos de laboratório do Institute of Marine Research de Bergen (Noruega)

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Hidromar n.º 88, Maio 200530

Realizou-se nos dias 10 e 11 de Marçode 2005, no Centro de Congressos

do Laboratório Nacional de EngenhariaCivil, a IV Conferência Nacional de Car-tografia e Geodesia. Presidido pelo Pro-fessor Doutor João Matos, o Congressofoi organizado pelo Colégio de Enge-nharia Geográfica da Ordem dos Enge-nheiros e pelo Instituto de Engenhariade Estruturas, Território e Construção doInstituto Superior Técnico.

Neste evento, referência nacional nestaárea científica que abordou os temas «Car-tografia e Sistemas de Informação Geo-gráfica», «Detecção Remota», «Geodesiae Topometria», «Aplicações do GPS» e

«Geocomunidade e Projectos em Carto-grafia e Topografia», o Instituto Hidro-gráfico participou nos mais diversos níveis.

No dia 10 de Março, o Vice-almiranteCarlos Viegas Filipe, Director-Geral doInstituto Hidrográfico, proferiu uma alo-cução, na qualidade de membro daComissão de Honra do Congresso. Foiobjecto daquela apresentação uma abor-dagem ampla da missão do Instituto. AComissão de Honra integrou ainda oDirector do Instituto Geográfico Portu-guês, Coronel Eng. Geógrafo Arméniodos Santos Castanheira, e o Director doInstituto Geográfico do Exército, Coro-nel Eng. Geógrafo Manuel Mateus Couto.

O CTEN Miguel Bessa Pacheco, chefedo Centro de Dados Técnico-Científicos(CD) do Instituto Hidrográfico integroua Comissão Científica do Congresso. A Dr.ª Maria Simões, à data estagiáriado CD, apresentou uma comunicação inti-tulada «Desenvolvimento e Implemen-tação da Componente Hidrológica do Sis-tema de Informação Geográfica sobre oAmbiente Marinho do Instituto Hidro-gráfico»; os comandantes Santos de Cam-pos, Freitas Artilheiro e Maia Pimentel,da Divisão de Hidrografia, apresentarama comunicação «Planeamento AssistidoAplicado aos Levantamentos Multifeixeem Grandes Fundos».

«As capacidades de instrumentação de observação permitem-nos obter informaçãode estado físico e químico da água do mar. Os sondadores e os sonares são os nos-sos olhos para o fundo do mar. A representação cartográfica e o posicionamento rigo-roso permitem transmitir aos navegadores a informação necessária para a segurançada sua navegação. A modelação oceanográfica permite-nos prever o comportamentodo oceano em determinadas situações. A integração da informação ambiental comcartográfica permite-nos descobrir um pouco mais do que é o estranho e ainda muitodesconhecido mundo submarino. Este conjunto de competências é o Instituto Hidro-gráfico. A utilização deste conhecimento está ao serviço de Portugal.»

VICE-ALMIRANTE CARLOS VIEGAS FILIPE, DIRECTOR-GERAL DO INSTITUTO HIDROGRÁFICO

Ciência multidisciplinarDeslocou-se a Rhodes, Grécia, na primeira semana de Abril,

uma delegação do Instituto Hidrográfico para partici-par no «kick-off meeting» do projecto científico europeu HER-

MES (Hotspot Ecosystem Research on the Margins of EuropeanSeas). O projecto, a desenvolver entre 2005 e 2009, envolve asdivisões de Oceanografia, Geologia Marinha, Química e Polui-ção e Centro de Dados, cabendo ao Instituto Hidrográfico acoordenação científica dos estudos a efectuar na área queabrange a margem continental portuguesa e o Golfo de Cádiz.Espera-se deste projecto progressos no estudo da BiologiaMarinha, Oceanografia Física e Geologia Marinha, com espe-cial enfoque nos canhões submarinos europeus. Este projectoreflecte a tendência de aproximações multidisciplinares e inte-gradas na investigação científica do meio marinho, consti-tuindo um excelente exemplo de interacção entre as váriasdivisões do IH.

Geográfico do Exército visita o IH

Quatro oficiais do curso de Informação Cartográfica doIGeoE visitaram o Instituto Hidrográfico, no passado dia

20 de Abril. Acompanhados pela STEN Ana Santos, visitaramas divisões de Hidrografia, de Navegação e o Centro de DadosTécnico-Científicos.

BÚSSOLA

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Hidromar n.º 88, Maio 2005 31

Palestra sobre AIS na Escola NavalNo passado dia 11 de Março, o CTEN

Rafael da Silva realizou uma pales-tra na Escola Naval, subordinada ao tema

Universal Automatic Identification System(AIS), um sistema de comunicações, ope-rando em VHF, que permite a troca deinformação relevante para a segurançada navegação entre navios e entre naviose estações costeiras.

Esta palestra teve como público alvocadetes dos 3.º e 4.º anos, justificando-seo interesse da Escola Naval pela actuali-dade do tema, uma vez que os naviosSOLAS com Tonelagem Bruta superior a

300 GT envolvidos em trocas comerciaisinternacionais e todos aqueles com maisde 500 GT, independentemente do tipo defrete que realizem, carecem da posse detal sistema, com carácter obrigatório desde31 de Dezembro de 2004.

A palestra assentou não só na descri-ção do sistema, mas também na análisedo seu contributo para o aumento da segu-rança da navegação e na comparação comoutros sistemas de vigilância como o radar.

Mais um passo de navegadorOCTEN Rafael da

Silva concluiu, em18 de Março, a frequência dos módulosde formação do MSc in Navigation Tech-nology, leccionado pelo Institute of Engi-neering Surveying and Space Geodesy, na

Universidade de Nottingham. Os módu-los de formação frequentados pelo CTENRafael da Silva foram:• Fundamentals of Satellite Positioning;• Terrestrial Based Navigation Systems;• Geodetic Reference Systems;

• Digital Charting;• Navigation and Integrated Systems;• Satellite Positioning Systems Design.

A esta fase segue-se a dissertação demestrado, a realizar durante o próximo ano.

Entre os dias 26 e 29 de Maio realizou--se, em Dublin, a Conferência FEMME

2005 (Forum for Exchange of Mutual Mul-tibeam Experiences) para utilizadores desondadores multifeixe, na qual partici-pou uma delegação do Instituto Hidro-gráfico (IH), constituída por um oficialda Divisão de Hidrografia e de um ofi-cial da Brigada Hidrográfica.

Este fórum bienal, organizado pelaKongsberg Maritime, fabricante dos son-dadores multifeixe (SMF) utilizados noIH, promove a troca de experiências eideias entre utilizadores, grupos de hidró-grafos e engenheiros responsáveis pelodesenvolvimento dos sistemas, maximi-zando assim o desempenho em temporeal dos sondadores multifeixes da Kongs-berg e a actualização de conhecimentose de experiências na utilização e aplica-ção dos SMF.

Participaram nesta conferência cercade 150 representantes de institutos eempresas provenientes de 20 países, reu-nindo especialistas nas áreas da hidro-grafia, geologia, hardware e software.

O fórum foi organizado em várias sessões de comunicações e discussõessubordinadas aos seguintes temas:• Apresentação de novas técnicas e meto-

dologias de calibração de SMF;• Desenvolvimento de método de posi-

cionamento GPS, de elevada exactidão,em modo absoluto;

• Estudos ambientais, dedicados ao trans-porte sedimentar utilizando imagemsonar;

• Navios de investigação, abrangendo acomunicação de experiências, provas eresultados obtidos em diversas plata-formas;

• Projectos de cooperação, envolvendo

experiências de outros países no âmbitodo SMF e consequentes parcerias coma Kongsberg Maritime;

• Sondadores multifeixe, desenvolvi-mentos e perspectivas.

A discussão de matérias, o estabele-cimento de contactos e o intercâmbio deexperiências proporcionaram a actuali-zação de conhecimentos e o contacto coma tecnologia mais avançada dos SMF.Assim, considera-se que a participaçãodo IH nesta conferência se revestiu deelevada importância, atingindo os seusobjectivos e beneficiando consideravel-mente da experiência e do conhecimentodos técnicos da Kongsberg. Salienta-se aexcelência da organização da conferên-cia e o óptimo relacionamento entre aKongsberg Maritime e a delegação do IH.

2TEN MARTINS LOBODIVISÃO DE HIDROGRAFIA

No passado dia 9 de Março, quatro estagiários doGabinete do Chefe do Estado-Maior da Armada

visitaram o Instituto Hidrográfico, com o objectivo deconhecer as actividades esta Unidade.

Carina Sequeira e Ângela Baptista, licenciadas emComunicação Empresarial e Nilma Mulchande, licen-ciada em Publicidade e Marketing, trabalharam no Ser-viço de Informação e Relações Públicas do GabineteCEMA. António da Silva Rosa, licenciado em RelaçõesInternacionais, trabalhou junto do Ajudante de Campodo Almirante CEMA.

Estagiários do Gabinete CEMA

FEMME 2005

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Hidromar n.º 88, Maio 200532

No dia 9 de Maio, o Presidente daRepública, Dr. Jorge FernandoBranco Sampaio, visitou o NRP

D. Carlos I, acompanhado pelo ministroda Defesa Nacional, Dr. Luís Filipe Mar-ques Amado, e pelo ministro da Ciência,Tecnologia e Ensino Superior, ProfessorDoutor José Mariano Rebelo Pires Gago.As individualidades, recebidas a bordo peloAlmirante Francisco António Torres VidalAbreu, Chefe do Estado-Maior da Armada,tiveram a oportunidade de conhecer asvalências científicas no navio e os contri-butos da Marinha para o Projecto da Exten-são da Plataforma Continental.

Na visita a este navio de investigaçãohidro-oceanográfica, estiveram ainda pre-sentes os reitores das universidades por-tuguesas que possuem valências de inves-tigação ou ensino relacionadas com asciências do mar. Acompanharam tambéma visita o Vice-almirante Silva da Fon-seca, Comandante Naval, e o Vice-almi-rante Viegas Filipe, Director-Geral do Ins-tituto Hidrográfico.

Durante a visita, as individualidadesconheceram as potencialidades técnico--científicas do navio e os instrumentosoperados a bordo. O CTEN Ramalho Mar-reiros, comandante do navio, apresentouo processo de conversão do NRP D. Car-los I e o processo de aquisição de dadosno navio. De seguida, as actividades deinvestigação e desenvolvimento do Ins-tituto Hidrográfico, designadamente osprojectos HERMES (Hotspot EcossistemResearch on the Margins of European Seas),MOCASSIM (Desenvolvimento das compe-tências nacionais para implementação deModelos OCeanográficos com ASSIMilaçãode dados) e SEPLAT (SEdimentos da PLAtaforma continental), foram expostaspelo CMG Lopes da Costa, Director Técnico, pela Doutora Aurora Bizarro,Chefe da Divisão de Geologia Marinha,e pelo Dr. João Vitorino, investigador daDivisão de Oceanografia daquele Insti-tuto. Seguiu-se ainda a apresentação dos trabalhos futuros da Estrutura de Mis-são para a Extensão da Plataforma Con-tinental, exposta pelo Professor DoutorPinto de Abreu, presidente daquele orga-nismo.

Posteriormente, o Presidente da Repú-blica e demais entidades conheceram osequipamentos técnicos que fazem do D. Carlos uma verdadeira plataforma deciência, designadamente as imagens obti-das pelo Remote Operated Vehicle (ROV),operado pelos militares da Brigada Hidro-gráfica, bem como uma apresentação dosistema perfilador de correntes oceânicaspor feixe acústico (ADCP) e de resulta-dos já obtidos pelo navio em anteriorescampanhas, pelo STEN Luís Quaresma,técnico da Divisão de Oceanografia doInstituto Hidrográfico.

O papel da Marinha na Missãoda Plataforma Continental

AMarinha tem, desde a ratificação daConvenção das Nações Unidas sobre oDireito do Mar (CNUDM), pelo EstadoPortuguês, em 3 de Novembro de 1997,acompanhado e colaborado, de formaactiva, na criação de condições para o iní-cio dos trabalhos necessários à extensãoda Plataforma Continental de Portugal.

No âmbito do projecto da extensãoda Plataforma Continental, a Marinha estáa cooperar com a Estrutura de Missãopara a Extensão da Plataforma Continental(EMEPC). Esta colaboração centra-se, porum lado, na actividade NRP D. Carlos I,com recurso às capacidades hidro-ocea-nográficas, correspondentes ao estado-da-arte da tecnologia ao serviço das técni-

cas e das ciências do mar, e, por outro,no apoio directamente prestado pelo Ins-tituto Hidrográfico (IH) à EMEPC.

Os trabalhos a bordo do NRP D. Car-los I, requeridos pela Estrutura de Mis-são para a Extensão da Plataforma Con-tinental, referem-se a campanhas delevantamentos hidrográficos, planeadose divididos geograficamente (os levanta-mentos hidrográficos planeados para2005 correspondem a uma área com cercade 1,4 vezes a subárea da ZEE de Portu-gal Continental), sobre os quais são fun-damentais dados batimétricos de alta qua-lidade e resolução. O produto maisrepresentativo dos levantamentos é obtidorecorrendo à tecnologia de sondadormultifeixe que permite determinar a mor-fologia do fundo do mar com uma ele-vada resolução. Esta realidade possibili-tará a criação de uma proposta para aextensão da Plataforma Continental à luzda CNUDM. Adicionalmente, será efec-tuada a recolha de dados de magnetismo,a fim de complementar a interpretaçãodos dados adquiridos com o sondadormultifeixe.

Adicionalmente, o NRP D. Carlos Iadquire outros tipos de dados para sus-tentar o apoio à EMEPC, nomeadamentedados de magnetismo, estando previstoque, a curto prazo, a diversidade dos dadosrecolhidos seja aumentada, criando-seassim a possibilidade de fornecer à comu-nidade científica nacional um conjuntoímpar de dados.

De entre as várias valências a seremsolicitadas ao IH, salientam-se as rela-cionadas com a hidrografia, âmbito noqual o Instituto Hidrográfico dispõe decapacidade técnica e humana para o pro-cessamento e validação dos dados mul-tifeixe adquiridos pelo navio, conformeas recomendações da Organização Hidro-gráfica Internacional. O Sistema de Ges-tão de Base de Dados Hidrográficos per-mite ao Instituto Hidrográfico integrar,de forma sistemática, a informação já exis-tente com os dados a serem recolhidosdurante os levantamentos hidrográficos.

Presidente da República a bordo do D. Carlos I

Aos leitores do HidromarO Hidromar em formato papel é distribuído a quem expressamente o desejar. No cumprimento de um esforço de contenção de custos ede recursos, solicita-se aos leitores do IH que comuniquem, por escrito, a sua intenção de receber a publicação em suporte papel, fazendoreferência à sua identificação (nome, posto, serviço, funções e morada do local de recepção). Esta informação deverá ser remetida [email protected]. Como é já habitual, a versão digital em formato PDF está acessível em www.hidrografico.pt.