levantamento e prescriÇÃo das atividades de crm …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/tarcis...

115
ipeií AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO LEVANTAMENTO E PRESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE CRM PARA O CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS -CCTM/IPEN TARCIS VILLA FRANCA Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear- Materiais. Orientador: Dr. Jesualdo Luiz Rossi São Paulo 2002

Upload: leque

Post on 20-Sep-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • ipei AUTARQUIA ASSOCIADA UNIVERSIDADE

    DE SO PAULO

    LEVANTAMENTO E PRESCRIO DAS ATIVIDADES DE CRM

    PARA O CENTRO DE CINCIA E TECNOLOGIA DE

    MATERIAIS -CCTM/IPEN

    TARCIS VILLA FRANCA

    Dissertao apresentada como parte dos requisitos para obteno do Grau de Mestre em Cincias na rea de Tecnologia Nuclear- Materiais.

    Orientador: Dr. Jesualdo Luiz Rossi

    So Paulo 2002

  • INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGTICAS E NUCLEARES

    Autarquia associada Universidade de So Paulo

    LEVANTAMENTO E PRESCRIO DAS ATIVIDADES DE CRM PARA O CENTRO

    DE CINCIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS - CCTM / IPEN

    TARCIS VILLA FRANCA j / N \

    V

    Dissertao apresentada como parte dos requisitos para obteno do Grau de Mestre em Tecnologia Nuclear -Materiais com nfase em Gesto Tecnolgica

    Orientador:

    Dr. Jesualdo Luiz Rossi

    SAO PAULO

    Outubro 2002

    COMISSO mmmi DE ENERGIA W U C L E A * / S

  • INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGTICAS E NUCLEARES

    Autarquia associada Universidade de So Paulo

    LEVANTAMENTO E PRESCRIO DAS ATIVIDADES DE CRM PARA O CENTRO

    DE CINCIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS - CCTM / IPEN

    TARCIS VILLA FRANCA

    Dissertao apresentada como parte dos requisitos para obteno do Grau de Mestre em Tecnologia Nuclear -Materiais com nfase em Gesto Tecnolgica

    Orientador:

    Dr. Jesualdo Luiz Rossi

    SO PAULO

    Agosto 2002

    ifciSSAO h&GGmi OC ENERGIA N U CIE AH/Si* W&

  • Neuci,

    Minha maior fonte de vida.

    iii

  • AGRADECIMENTOS

    Todo o conhecimento produzido no distante do meio que o cerca, de modo

    que gratificante reconhecer o apoio de pessoas na elaborao deste trabalho.

    Em primeiro lugar a participao do Dr. Jesualdo Luiz Rossi, que na forma de

    orientador mostrou preocupao, suporte e discernimento durante as etapas que

    culminaram no trabalho. Inerente experincia, boa parte do conhecimento adquirido

    no trabalho proveniente dos pesquisadores e funcionrios do IPEN e de fato tm

    parcela na fertilidade no estudo.

    So tambm mencionados os pesquisadores do Programa de Gesto

    Tecnolgica (PGT) da Faculdade de Economia e Administrao da Universidade de

    So Paulo e alguns fora deste pelas suas contribuies e orientao bibliogrfica. O

    agradecimento ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico -

    CNPq ressaltado pelo fomento deste.

    Tambm gostaria de agradecer o Dr. Carlos Henrique, ex-companheiro de

    trabalho e pesquisador na Universidade Federal de Uberlndia pela qualidade de

    suas observaes. Outras pessoas tambm colaboraram com seus conhecimentos e

    por vezes apoio na discusso de idias. Entre eles, Edson Marques que

    disponibilizou sua experincia acadmica e pessoal, profissionais das reas de

    Marketing (Branding e equipe) e Tl (xy-rep). Sem eles, a jornada deste trabalho teria

    sido mais dura. Muitas pessoas tambm colaboraram de forma indireta, resolvendo

    dvidas, oferecendo possibilidades e por vezes alertando sobre dificuldades

    espreita. No possvel enumer-las todas, mas gostaria de deixar claro a relevncia

    do contato e o reconhecimento.

    iv

    X W 3 S A 0 NAWGN*l DE ENERGIA NCLEAK/SP W

  • EPGRAFE

    "Estamos de novo regressados necessidade de perguntar pelas relaes entre a

    cincia e a virtude, pelo valor do conhecimento dito ordinrio e vulgar que ns,

    sujeitos individuais ou coletivos, que criamos e usamos para dar sentido s nossas

    prticas e que a cincia teima em considerar irrelevante, ilusrio e falso; e temos

    finalmente de perguntar pelo papel de todo o conhecimento cientfico acumulado no

    enriquecimento ou no empobrecimento prtico de nossas vidas, ou seja, pelo

    contributo positivo ou negativo da cincia para nossa felicidade".

    Boaventura de Souza Santos

    XiWSSAO IMGONAl DE ENERGIA N U C L E A R / S P ?FE

  • LEVANTAMENTO E PRESCRIO DAS ATIVIDADES DE CRM PARA O CENTRO

    DE CINCIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS - CCTM / IPEN

    TARCIS VILLA FRANCA

    RESUMO

    As necessidades gerenciais do Centro de Cincia e Tecnologia de Materiais - CCTM

    / IPEN so identificadas. Entre outros fatores, existe especificamente uma carncia

    de recursos humanos na rea de gesto tecnolgica. Apesar dos investimentos

    realizados no CCTM na rea de tecnologia de informao (Tl) subsidiarem as

    necessidades bsicas da pesquisa, esta permanece latente em suas possibilidades,

    sobretudo o impacto da Tl na organizao. Com o objetivo de ampliar e facilitar as

    possibilidades da transferncia de tecnologia no CCTM, o presente trabalho oferece

    um levantamento para a implementao de um sistema de CRM - customer

    relationship management (gesto de relacionamento de clientes) com a perspectiva

    de conectar o pesquisador com os interessados externos ao CCTM. De maneira

    complementar, apresenta-se os conceitos envolvidos sintetizados na gesto do

    sistema CRM aos pesquisadores do CCTM.

    vi

  • DIAGNOSIS AND PRESCRIPTION FOR CRM ACTIVITIES FOR THE SCIENCE

    AND MATERIALS TECHNOLOGY CENTER - CCTM / IPEN

    TARCIS VILLA FRANCA

    ABSTRACT

    The management requirements of the Science and Materials Technology Center -

    CCTM / IPEN are identified. Among other factors, there is a lack of human resources

    in technology management issues. Despite of the investments done in information

    technology (IT) by the CCTM support the basic research practices, it retains a latency

    on its possibilities, above all the IT impact on organizational aspects. Aiming to

    increase and improve technology transfer capabilities at CCTM, this dissertation offers

    a diagnosis for a CRM (customer relationship management) accomplishment with the

    perspective to bring together the researchers and the external claims. Complementary

    to this, the concerned outlined CRM concepts are presented to the researchers.

    vu

  • NDICE Pgina

    1. INTRODUO 1

    2. CENTROS DE PESQUISA 4

    2.1. Contexto 4

    2.2. Caracterizao do Instituto de Pesquisa Energticas e Nucleares - IPEN 10

    2.3. A utilizao do hardware disponvel e conseqncias para o pesquisador e

    organizao 11

    2.4. Caracterizao do Centro de Cincia e Tecnologia de Materiais - CCTM 12

    2.5. Organizao e planejamento 15

    3. ADMINISTRAO DE MARKETING 18

    3.1. Viso sistmica de marketing 18

    3.2. Relao entre marketing e tecnologia 23

    3.3. Escola do posicionamento 28

    3.4. Mercado industrial de tecnologia 34

    4. TECNOLOGIA E SISTEMAS DE INFORMAO 40

    4.1. Sistema de informao de marketing (SIM) 46

    4.2. Arquitetura da informao e seu foco no processo 48

    4.3. CRM - gesto de relacionamento de clientes atravs de sistemas 50

    4.3.1. Mecanismo de obteno de informaes do CRM 52

    4.3.2. Personalizao (My CCTM) 71

    4.3.3. Ferramenta online analytical process - OLAP 71

    5. METODOLOGIA PROPOSTA 75

    5.1. Coleta e anlise de dados 77

    6. CONSIDERAES SOBRE O QUESTIONRIO 78

    7. CONCLUSES 81

    8. TRABALHOS FUTUROS 83

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 84

    BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR 88

    vi i i

    U U t A N A C G N A L DE fcNtRG* m U L f c H / S P m

  • LISTA DE FIGURAS

    1- Organograma do CPP utilizado no plano de desenvolvimento de mercado 14

    2- Diviso do mercado em funo do aumento da incerteza sobre o perfil 19

    3- Sistema de marketing 20

    4- Fases do processo administrativo das atividades de marketing 23

    5- Tecnologia e fatores condicionantes de marketing 25

    6- Aprendizado e conhecimento organizado para a competitividade 28

    7- Matriz de crescimento - participao da Boston Consulting Group 31

    8- Modelo de foras competitivas de Porter 33

    9- Sistema de marketing de tecnologia e suas componentes 35

    10- Possveis intercambios para transferncia de tecnologia na Embrapa 39

    11- Sistema de informao de marketing 46

    12- Simulao de uma relao en^ciespesae receita hip^ 58

    13- Distribuio da receita hipottica em funo dos grupos 59

    14- Distribuio hipottica de clientes por servio para o grupo 1 62

    15- Visualizao de comportamento semelhante em grupos distintos 63

    16- Relao entre os grupos 1 e 2 e seus produtos em comum 64

    17- Relao entre grupos 1 e 2, seus servios em comum e receita 64

    18- Afinidade dos produtos em relao ao servio 3 do grupo 1 65

    19- Perfil de atributos de origem dos clientes 66

    20- Painel hipottico de montagem da campanha de marketing 69

    21- Modelo de elaborao de estratgias para produtos na web 70

    22- Arranjo de dados em formato multidimensional 73

    APNDICE A - Levantamento do perfil de empresas do PTECH 2001

    APNDICE B - Levantamento do perfil de pesquisadores do CCTM

    APNDICE C - O SWOT do CCTM

    ix

  • 1. INTRODUO

    As atividades desenvolvidas neste trabalho so fruto da observao da

    necessidade que centros de pesquisa pblicos tm em relao s aes

    estratgicas, em especial, as atividades de difuso de conhecimento e sua

    coordenao. Entende-se estas atividades como condizentes com a misso que

    estas instituies de pesquisa pblica (IPP) executam e no necessariamente as

    questes que a alta hierarquia destas instituies desenvolvem. Uma pesquisa pode

    ser estratgica e ao mesmo tempo executada por um pesquisador que no detm

    nenhum cargo alm do respectivo.

    As IPP no tm um fim em si, so submetidas a um objetivo normalmente de

    benefcio pblico, o que impe polticas e valores externos aos internos e

    conscincia das suas oportunidades e conseqncias.

    Supe-se que uma reduo das disparidades entre estes fatores em

    ambientes de pesquisa e a sua absoro pela sociedade seja uma atitude

    estratgica, pois alm de envolver o prprio trabalho cientfico, aborda prticas e

    polticas. No caso ainda das IPP, que detm as caractersticas de regulamentao,

    subsdio e estrutura de recompensa diferenciada das firmas, (Ansoff, 1990), sua

    misso essencialmente atribuda ao melhoramento das condies da populao e

    a prospeco de problemas que esta enfrenta. Esta situao entendida por todos

    os integrantes da organizao e refletida na sua gesto, mas no pode ser

    constatada de maneira homognea. Apesar da existncia de uma organizao, ela

    fruto de componentes individuais que atuam a partir de seus pontos pessoais

    tambm.

    Notadamente, apesar do desempenho da rea de Cincia e Tecnologia ser

    passvel de melhorias e apresentar avanos com marcos tecnolgicos que oferecem

    possibilidades de competitividade nossa indstria, a etapa final da conformao do

    conhecimento e as metodologias intrnsecas sua difuso, no caso a tecnologia

    aplicvel, no tem acompanhado o mundo na mesma proporo. Por conseqncia,

    1

  • o processo de obteno da tecnologia sofre do mesmo mal. A interface entre a

    pesquisa que feita e o conhecimento aplicado no apresenta uma configurao

    satisfatria quando se v de um lado o conhecimento como conjunto contido em

    instituies de pesquisa e no outro as demandas (nem sempre claras) por

    tecnologias pela sociedade.

    O exemplo da exceo pode ser visto na gnese do Projeto Genoma,

    fortemente suportado pelas tecnologias de telecomunicao, informtica e biologia

    num esforo multidisciplinar para fins prticos e estratgicos. Este evento herico

    no pode ser ignorado, pois diz respeito ao atendimento de demandas de tecnologia

    numa viso ampla.

    Alm dos frutos colhidos pela biotecnologia, uma nova gerao de empresas

    est se inserindo sob a perspectiva da associao da tecnologia praticada no

    negcio com a tecnologia que d suporte ao negcio. Da mesma maneira, a

    sociedade desenvolve sua comunicao com o suporte da tecnologia, procurando

    associ-la aos seus interesses. H a vontade de equacionar problemas que

    correspondem aos interesses externos ou de clientes e uma melhoria no modus

    operandi sustentvel da organizao para que esta evolua conforme o seu ambiente.

    Esta no uma questo simples a ser pensada isoladamente. Os processos

    so eminentemente correlatos e tm uma funo sub-sistmica. Mas o entendimento

    mais claro sobre o tema justifica a sua discusso e uma reviso do pesquisador e

    sua natureza no negcio da informao, seja ele a pesquisa, a academia ou a

    transferncia de tecnologia (TT) carente de dilogo e sua manuteno.

    Sobre os avanos para aumentar a comunicao, em especial a internet,

    poucas mudanas tiveram tamanha fora na maneira de interferir nas prticas da

    organizao j existentes. Inicialmente criada dentro do mbito da pesquisa e de

    suporte questes militares americanas, hoje a internet parte integrante das

    oportunidades que o mundo oferece, independente dos aspectos que envolvam a

    natureza do objetivo, seja a comunicao dentro da organizao ou entre estas.

    Estima-se que sero vistas aplicaes interessantes da internet e da tecnologia

    digital, mas a maioria ser apenas uma nova viso acerca do cotidiano. Uma espcie

    de releitura de nossos desejos e atitudes.

    2

  • Apesar da internet trazer boas alternativas s instituies que desejam se

    relacionar com o ambiente externo, tambm acrescenta novos desafios. A tecnologia

    da informao varia velozmente, o que a faz incessante fonte de ateno das

    pessoas que tm interesse em se relacionar a partir de outros canais ou baseada em

    novas tecnologias. Esta mudana atinge no apenas a maneira de entender como a

    informao pode se tornar disponvel, mas tambm sua gesto. Posteriormente, o

    gerenciamento distanciado tecnolgico pode ser remodelado para tornar a

    organizao eficiente.

    Estabelece-se a premissa que sistemas de informao (SI) suplantem o

    resultado de suas funes bsicas e venham a interferir na estrutura e estratgia das

    organizaes. Mas no possvel ser categrico quanto s necessidades que ela

    impe (com exceo das questes oramentrias) para isto.

    A associao entre o canal de comunicao e seu ambiente

    caracteristicamente sistmico na veiculao de informaes acrescenta uma nova

    dimenso para as organizaes que utilizam a tecnologia de informao (Tl): a

    velocidade e acuracidade com que uma informao se torna disponvel. Esta nova

    perspectiva acrescenta possibilidades para atingir resultados e controles desejados e

    at antes inimaginveis. o poder da sntese da velocidade de acesso associada

    interatividade.

    Em IPP o interesse em conciliar estas questes com o ambiente externo por

    vezes sujeito foras que escapam de sua rea de atuao. Questes polticas

    internas e externas e de oramento indicam as causas para a dificuldade de novas

    posturas por parte de pesquisadores ou interessados na transferncia de tecnologia.

    Fatores desta natureza so entendidas como inibidoras de vrias iniciativas, mas tm

    menor impacto econmico quando observadas em ambientes virtuais.

    Tendo em vista as oportunidades que a Tl oferece para a pesquisa, seus

    investimentos de infra-estrutura e capacitao j realizados e as necessidades que

    as IPP enfrentam em relao difuso de conhecimentos, o presente trabalho visa

    estabelecer a juno destes num modelo que permita gerncia mdia destas IPP

    atuarem de maneira consistente com suas realidades.

    3

  • 2. CENTROS DE PESQUISA

    2.1. Contexto

    As consideraes sobre a apresentao deste item so correlatas

    necessidade de mostrar o cenrio em que o estudo de caso foi elaborado. No se

    tem a inteno de aprofundar-se em todas as suas questes. Tm-se pesquisadores

    que trabalharam extensivamente sobre este tema e a partir de vrias metodologias:

    Vasconcellos, sobre as estruturas organizacionais em ambientes de P&D (estrutura

    organizacional para pesquisa), Campomar nas atividades de marketing (atividades

    de marketing no processo de transferncia de tecnologia), e Kuglianskas e Sbragia

    (organizao e gesto destes). Atem-se a colocar a questo pblica e estabelecer

    um quadro. Este foco ser ainda estreitado.

    Iniciar a discusso sobre centros de pesquisa remete ao caso de estudar no

    necessariamente centros e suas tecnologias, mas a questo poltica que norteou seu

    histrico. Os primeiros centros de pesquisa nacionais tiveram sua fundao no

    sculo passado, sofrendo ento os problemas do baixo desempenho industrial nos

    anos 1920 e 1930 com a pouca integrao tecnolgica com as indstrias. Entre 1950

    e 1975, com o aumento do nvel de industrializao houve uma segunda gerao de

    institutos de pesquisa, instalada por iniciativa dos governos estaduais em perodos

    pr-democrticos e associada s universidades pblicas.

    Desde a segunda metade dos anos 1980, a poltica de cincia e tecnologia

    tem sofrido vrias mudanas e reorientaes. Isto aconteceu devido necessidade

    de modernizar e tornar competitiva a indstria brasileira em perodo turbulento da

    economia e poltica. Esta redefinio foi e ainda objeto de estudos de

    universidades, instituies de fomento e o governo, entre outras justificativas, para

    estabelecer polticas de linhas de pesquisa e seus respectivos financiamentos.

    No ambiente da IPP em 1990, a questo relevava o debate entre a pesquisa

    bsica e a aplicada nas instituies e as suas conseqncias para estas. Temia-se o

    abandono da sociedade, um ostracismo imposto e o perigo da pesquisa estar a

    4

  • servio apenas das empresas que utilizariam estes conhecimentos, sacrificando a

    questo cientfica e social. Estas oscilaes acabaram prejudicando a natureza e

    qualidade do servio que estas IPP teriam por oferecer. Os regimes de trabalho

    acerca da pesquisa nestes institutos apresentavam forte conotao poltica, o que

    sofria mudana no desempenho em funo das alteraes iminentes das esferas

    superiores. O desagravo da organizao no permitiu a associao eficiente entre o

    pesquisador e a administrao deste, visto que a questo da pesquisa sobrepujava a

    organizacional.

    Apesar da questo sobre a natureza da pesquisa estar com sua relevncia um

    pouco diminuda, os aspectos polticos continuam a distorcer a principal funo a

    qual a pesquisa pblica tem como premissa, a sua difuso para o benefcio da

    sociedade. Outra justificativa intrnseca para entender a distncia entre a pesquisa e

    a indstria o fato da pesquisa estar baseada, segundo (Rovere apud Quental,

    2000), sobre a lgica que "a cincia se valida a si mesma, que tem como objetivo

    ltimo a cincia mesma e como interlocutores vlidos outros cientistas". Esta

    perspectiva determina por distanciar a validao da pesquisa sobre seu benefcio da

    parte quem a aplica, as indstrias.

    Externamente, o distanciamento do setor produtivo destas IPP repercutiu na

    ignorncia dos reais interessados acerca das necessidades motrizes que moldavam

    a pesquisa e sua aplicao advinda do setor pblico. Os esforos para redirecionar

    os avanos tecnolgicos gerados internamente no pas tiveram em meados de 1990

    a escolha de indstrias maduras e que apresentavam competitividade no comrcio

    externo. Associava-se este raciocnio perspectiva de uma economia liberai e

    melhoria das polticas industriais nacionais. Poucas indstrias como a de celulose e

    papel, petroqumica e agroindstria foram agraciadas com este movimento (Jorge,

    1998).

    Para as empresas nacionais no contempladas, este processo evoluiu de

    maneira a substituir a fonte de sua tecnologia, optando pela estrangeira e seus

    malefcios. Na poca media-se com maior preocupao apenas aspectos financeiros

    como o preo do dlar e no o impacto da adoo de uma tecnologia, nacional ou

    estrangeira.

    5

  • Este descompasso evoluiu para um padro reconhecido em termos globais,

    coerente com os trabalhos de pesquisadores mencionados no incio do tpico. Os

    pases subdesenvolvidos instalaram sua base tecnolgica tardiamente, fortemente

    ligada estrutura de poder e de natureza centralizadora. Sem estar em sintonia com

    a situao industrial da poca, estes centros de P&D basearam-se em concepes

    externas cultura nacional e com poucas excees, pouca prtica de negcios com

    o ambiente privado.

    Diferentemente de pases como a Coria onde os empresrios patrocinam

    uma parte maior da P&D e mantm a questo da propriedade intelectual condizente

    com as perspectivas da poltica industrial (Revista Pesquisa Fapesp, 2001), a

    dinmica nacional entre a sociedade e IPP reduziu no apenas a base tecnolgica e

    de prospeco, mas tambm trouxe inovaes contextuais empresa, gerando

    barreiras de trabalho e clausura para a maioria dos pesquisadores no contato com

    estas. Logicamente, os empresrios coreanos atriburam pesquisa um escopo

    comum ao dos pesquisadores na escolha de quais tecnologias deveriam ser

    subsidiadas. Deste modo, a parceria visa a utilidade comum da pesquisa e no

    apenas sua manuteno.

    As aes para corrigir estes problemas so de escopo nacional e necessitam

    de fora poltica expressiva. O Ministrio da Cincia e Tecnologia - MCT foi fundado

    em 1985, justamente para atender a estas demandas. O Governo Federal

    atualmente mantm a estimativa de uso de 1,2% do PIB para o investimento em P&D

    (Revista Pesquisa Fapesp, 2001). Esta poltica incapaz por si s de realizar a

    transferncia do conhecimento obtido em IPP, visto que o problema de investimento

    crtico, mas ele no capaz de sanar a questo organizacional.

    H o interesse de complementar esta poltica com alternativas. A primeira

    delas a questo do incentivo fiscal para as empresas pequenas com necessidade

    de pesquisa. A segunda o incentivo governamental para a inovao tecnolgica

    que ocorre com a participao das IPP e outros atores, na forma do atual Plano

    Plurianual. Este contm mais de vinte programas que beneficiam a cincia e

    tecnologia (C&T) no pas a partir dos fundos setoriais com valores que se aproximam

    de 2 bilhes de reais. Alm destes projetos monitorados pela FINEP - Financiadora

    6

  • de Estudos e Projetos, o MCT tem o projeto INOVAR, que estimula a introduo do

    capital de risco na pesquisa tecnolgica, uma prtica comum em pases

    desenvolvidos como EUA e Japo (Terra, 2000). Acrescenta-se neste contexto as

    iniciativas das incubadoras de empresas existentes como o CIETEC - Centro

    Incubador de Empresas Tecnolgicas, presente no IPEN - Instituto de Pesquisas

    Energticas e Nucleares, com atualmente com 83 projetos e estimativa de 100 at o

    final de 2002.

    Estima-se que estas aes vo de fato aproximar o cenrio nacional das

    perspectivas industriais s atividades de C&T, viabilizada a partir do uso do

    conhecimento disponvel em IPP. Ainda, estabelecer o reconhecimento do

    pesquisador pela indstria. Esta discusso se apresenta no cotidiano das instituies

    de pesquisa, associando questes polticas s econmicas e de administrao.

    Sobre a condio tecnolgica para a consecuo deste objetivo, em especfico

    os centros presentes no IPEN, sua estrutura varivel. Apesar de todos serem

    informatizados, poucos executam a gesto tecnolgica de maneira otimizada,

    podendo ser considerada ainda latente.

    Entre os demais externos ao IPEN, o Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatstica - IBGE, que nos anos 1980 j implementava sistemas de informao,

    hoje oferece produtos para iniciativa privada e a Empresa Brasileira de Pesquisas

    Agropecurias - Embrapa, que usa sua estrutura de informao e sistemas para

    melhor compreender quais atividades estratgicas deve exercer aos interessados,

    separados por tipo de pesquisa, regio ou produtos (Quental, 2000). Nos dois casos,

    a tecnologia aplicada est dividida entre os interesses que envolvem a pesquisa

    prioritria e sua utilidade para a sociedade.

    A informtica na pesquisas so aliviadas pelas instituies de fomento, que

    dentro de suas atividades permite a insero de hardware e software na lista de

    necessidades a serem contempladas em projetos e programas, reduzindo a

    carncia. A orientao de alunos em IPP por vezes prejudicada por uma estrutura

    compatvel com suas necessidades burocrticas, mas nem sempre de pesquisa e

    desenvolvimento acadmico na rea de informtica. Prestigiam-se mais as

    atividades-meio, em detrimento das atividades de pesquisa como bancos de dados

    7

  • sobre os usurios das tecnologias praticadas. Uma recente iniciativa, a plataforma

    Lattes para currculos instalada pelo CNPq, alm de oferecer um mapa da pesquisa

    executada no pas permite ao pesquisador obter informaes a partir de outros

    experts, e desperta ateno em pases estrangeiros. Uma ao louvvel seria

    estender a importncia deste dispositivo iniciativa privada e fomentar sua consulta

    para numa etapa posterior capacitar tanto as empresas quanto os pesquisadores na

    sua utilidade para a TT.

    Uma ltima abordagem sobre as IPP recai sobre o mbito legislativo de suas

    atividades e sua influncia na transferncia de tecnologia e a propriedade intelectual.

    Considera-se esta ltima uma espcie de motor para o avano tecnolgico,

    sugerindo influncias que vo desde o planejamento das pesquisas at o seu

    desenvolvimento.

    A propriedade intelectual, segundo (Fujino, 1999):

    "...compreende os direitos de autor e a propriedade industrial. As

    criaes protegidas pelo direito de autor tm como requisito a

    originalidade, enquanto que as criaes no campo da propriedade

    industrial dependem do requisito da novidade, um novo conhecimento

    para a sociedade. As formas de proteo propriedade intelectual

    variam de acordo com os diferentes tipos de criao", grifo meu.

    No aspecto prtico, a propriedade intelectual funciona como um contrato que

    estabelece o direito de uso restrito de uma tecnologia. Garante que esta no seja

    replicada sem consentimento por algum que deseja seus benefcios, mas no o

    nus acarretado de sua pesquisa.

    O baixo nmero de patentes recolhidas pelo Centro de Cincia e Tecnologia

    de Materiais - CCTM pode ser justificado em parte devido falta de pessoal

    especializado inserido na pesquisa (executante), um problema que se apresenta na

    estrutura da pesquisa de maneira generalizada. H tambm o fato externo ao CCTM

    das indstrias serem abastecidas por tecnologias criadas e desenvolvidas no

    exterior, reduzindo a demanda e conseqente integrao com a pesquisa praticada

    8

  • no CCTM. De uma maneira cclica, os rgos de fomento separam as questes de

    mecenato e fiscal da tecnologia, de modo que esta se torna menos provvel de

    adoo nas esferas industriais. Estas, por sua vez, pelo fato da baixa interao com

    o setor de pesquisa pertinente, determinam por acreditar que as pesquisas

    desenvolvidas no congratulam o mbito dos problemas que ela vivncia na sua

    atividade.

    Atualmente no Brasil os setores de ponta como biotecnologia ganham

    notoriedade mundial dada a sua competitividade e impacto. Estes so assessorados

    por profissionais especializados em garantir a legitimidade do conhecimento, e esto

    presentes no necessariamente nas prprias IPP, mas oferecem assistncia como o

    caso do GADI - Grupo de Assessoramento ao Desenvolvimento de Inventos,

    presente na Universidade So Paulo, criado em 1986

    (www.cecae.usp.br/gadi/apresentacao.htm). O GADI estipulou um procedimento

    privativo para a questo da propriedade intelectual. Este procedimento ainda varia de

    uma instituio para outra, mas j concebe o valor estratgico no avano das

    tecnologias praticadas pelas empresas e o benefcio para quem executa a pesquisa.

    Apesar desta condio, o Brasil signatrio de um dos primeiros tratados

    sobre a propriedade intelectual em 1883, reconhecido como a Conveno de Paris,

    reafirmando sua importncia no desenvolvimento indstria (Aranha, 1998).

    No IPEN h a dificuldade reconhecida em se estabelecer as intervenes

    eficientes para que a propriedade intelectual seja conscientizada e difundida entre os

    pesquisadores, reconhecida pela atividade da SAR - Secretaria de Assuntos

    Institucionais, criada em 1995, que divide sua ateno entre as necessidades

    externas de comunicao e a conscientizao interna dos pesquisadores sobre

    estas.

    Este dficit identificado tem possibilidade de combater a falta de crdito por

    parte do setor privado nas garantias de retorno de investimento, enquanto que os

    pesquisadores, anteriormente margem da discusso pela falta de interesse ou

    contato com a informao so atualizados e assessorados sobre a importncia da

    propriedade intelectual.

    H o interesse em desobstruir o canal entre a pesquisa, a patente e sua

    9

    http://www.cecae.usp.br/gadi/apresentacao.htm

  • comercializao, estimulando o pesquisador a compreender as vantagens do

    patenteamento de suas descobertas, conforme o Ante projeto da Lei de Inovao,

    que reafirma um grupo de leis j existentes, mas espalhadas. Infelizmente, h certa

    resistncia cultural por parte dos pesquisadores em aceitarem a questo da patente

    como sendo vital para a manuteno de suas pesquisas em nome do "uso universal

    do conhecimento", uma filosofia outrora eficaz para fins de difuso.

    2.2. Caracterizao do Instituto de Pesquisa Energticas e Nucleares - IPEN

    O IPEN (antigo IEA - Instituto de Energia Atmica) uma autarquia

    constituda em 1956 e apresenta em sua estrutura atividades de P&D, produo e

    ensino, voltados s demandas governamentais e de produtos da rea nuclear, o que

    contribuiu para o incio e desenvolvimento desta rea na oferta de servios no-

    governamentais na instituio. Gerido pela CNEN - Comisso Nacional de Energia

    Nuclear desde 1982 e tambm associado Universidade de So Paulo para fins de

    Ps-Graduao, a autarquia apresenta caractersticas de monoplio pblico no que

    tange a oferta de servios tcnicos e possui 9 unidades de pesquisa, a saber: a)

    Aceleradores Ciclotrn; b) Biologia Molecular; c) Cincia e Tecnologia de Materiais;

    d) Engenharia Nuclear; e) LASERS e Aplicaes; f) Qumica e Meio Ambiente; g)

    Radiofarmcia; h) Tecnologia de Radiaes; i) Reator de Pesquisas; j) Combustvel

    Nuclear.

    Historicamente e por questes de vocao, o IPEN empreendeu poucas

    atividades relacionadas ao ambiente de empresas privadas, sendo a comercializao

    de seus produtos iniciada em 1990. Em seu plano diretor de 2001, o IPEN

    apresentou mudanas na sua gesto e estrutura com reforo nas atividades de

    marketing e TT.

    Na rea de informtica, o IPEN conta com rede prpria (intranet) e est

    presente em todos os seus departamentos de pesquisa e administrao, constituda

    por 740 microcomputadores e 703 pontos de rede, alm de estrutura de servidores e

    banco de dados.

    10

  • 2.3. A utilizao do hardware disponvel e conseqncias para o pesquisador e

    organizao

    As discusses sobre tema Hardware (definido certa vez por um aluno como

    "aquilo que envolve o computador e pode ser chutado") so subjacentes pesquisa

    e normalmente recaem em inventrios de tecnologia ou apenas sua relevncia

    financeira em projetos (Mcgee & Prusak, 1997). Em ambos os casos, ficam exclusas

    as questes secundrias sobre sua aplicaes contextuais e a poltica de utilizao

    dentro da IPP que interfere desde sua concepo at as atividades de manuteno/

    upgrades. Neste ponto ser oferecida uma viso interna e externa ao CCTM sobre

    as questes de hardware e seus inerentes servios.

    A internet, sua introduo e boa parte de sua manuteno na pesquisa no

    Brasil deram-se pela iniciativa e fomento da FAPESP - Fundao de Amparo

    Pesquisa do Estado de So Paulo, FINEP e em parte pelo CNPq e contaram com

    parceiros nacionais e estrangeiros.

    A "corrida da internet" no IPEN (1986-1989) foi gerenciada pelo Centro de

    Processamento de Dados. Este fora desenhado inicialmente na forma de Mainframe

    (mquina com a estrutura caracterstica de processamento centralizado. Por vezes

    sugerida como a estrutura antagnica do computador pessoal, apesar da grande

    maioria dos seus dispositivos serem semelhantes) e fornecia inicialmente seus

    servios tcnicos autarquia e seus pesquisadores, aos primeiros apresentam maior

    formalidade e burocracia, condizente com o conceito de centros de servios e aos

    segundos eram servios personalizados e envolviam poucas aplicaes exclusivas

    do pesquisador e sua rea.

    A criao de uma rede na poca cunhou a situao que CPDs envolvidos na

    descentralizao da poca passaram: a sobrecarga e diversificao dos servios

    associada sua natureza intangvel de retorno (CPDs em geral so vistos como

    centro de custo e no de lucro) foi resolvida em parte nos prprios centros,

    conferindo autonomia em questes que suplantassem os servios gerais disponveis

    ao nvel institucional. Atualmente, tem-se vinte 20 sub-redes disponveis para todo o

    IPEN e a estrutura de servidores definida em funo de sua aplicao (FTP, para

    controle de pginas disponveis, acesso de pginas e segurana).

    11

  • Os centros so hoje responsveis pela intranet que est instalada nestes e

    seu contedo e junto ao CPD tm apenas como contraparte apresentar um

    responsvel interno para fins de responsabilidade e capacitao. Outros cursos que

    tratavam tanto de aspectos de hardware e software foram apresentados, mas no de

    maneira sistematizada. Uma meno especial o fato de apenas uma vez um curso

    de montagem de pginas foi executado.

    A utilizao do hardware pelo IPEN praticamente de uso ordinrio (ler e

    enviar mensagens, consultas). Em relatos colhidos no CPD do IPEN h ociosidade

    reconhecida na estrutura. Exclusivamente no CCTM, poucas mquinas so inferiores

    serie Pentium II e praticamente todos os computadores esto conectados aos

    servidores.

    H a crena dentro do CPD que as certificaes de qualidade atuem de

    maneira a prestigiar o uso compartilhado da Tl e seu carter produtivo, sobretudo na

    rea nuclear. Atualmente as iniciativas sobre a utilizao do hardware sob questes

    secundrias da pesquisa (sua apresentao, difuso e comercializao) no so

    restritas rea do CPD, o que favorece maior liberdade nas possibilidades de uso

    por parte dos pesquisadores.

    H certa homogeneidade no contedo das pginas disponveis na web

    (apresentao das informaes sobre o centro, suas reas e servios internos)

    desbalanceada em suas componentes institucionais e para fins de TT. Uma das

    justificativas que, se tornar uma tecnologia vendvel no mundo real j

    reconhecida como complexa, as barreiras acrescidas pela Tl determinam por tornar o

    ambiente virtual mais rido em iniciativas.

    Conforme j mencionado, a estrutura de hardware (os equipamentos e a sub-

    rede) acometida de maneira enviesada quanto a sua disponibilidade aos

    pesquisadores. Apesar de especfica de cada laboratrio, ela sobremaneira restrita

    expectativa de uso e limitada ao senso comum das atividades de pesquisa.

    2.4. Caracterizao do Centro de Cincia e Tecnologia de Materiais - CCTM

    O CCTM - Centro de Cincia e Tecnologia de Materiais uma nova

    denominao do antigo Departamento de Metalurgia Nuclear criado em 1964, vem

    12

  • constituir a massa crtica da pesquisa necessria ao desenvolvimento do IPEN com

    atuao em praticamente todas as reas de materiais. Sua funo dentro do IPEN

    subsidiar a demanda de tecnologia de materiais, sobretudo s questes de energia

    nuclear. O CCTM conta com 64 funcionrios envolvidos diretamente na pesquisa,

    sendo que 20 so doutores, 11 mestres e 4 com nvel superior, 29 pessoas entre

    tcnicos e apoio administrativo alm de cerca de 60 alunos de ps graduao.

    Similar estrutura do IPEN, o CCTM organizado conforme a disposio de

    seus laboratrios e abordam as seguintes reas: a) Clulas combustvel; b)

    Cermicas eletro-eletrnicas; c) Cermicas estruturais; d) Comportamento mecnico;

    e) Conformao por "spray"; f) Corroso e tratamentos de superfcie; g) Difrao de

    raios-X; h) Centro de Processamento de Ps Metlicos e Cermicos - (CPP); )

    Materiais magnticos; j) Metalurgia do p; k) Microscopia e microanlise; I) Vidros e

    compsitos. Seus servios encontram-se descritos na tabela 3 do item 4.2.1.

    Entre estes a meno do Centro de Processamento de Ps Metlicos e

    Cermicos - (CPP), montado essencialmente para demanda industriais. Alm dos

    equipamentos mais comuns ao ambiente de pesquisa de materiais (fornos, prensas e

    tornos), conta com outros mais sofisticados como a planta Osprey, nica na Amrica

    Latina. O CPP conta tambm com capacidade para atender projetos que envolvem

    escala-piloto de produo, um recurso que o distingue dos demais. O CPP foi o

    laboratrio que captou e elaborou o projeto GMB, uma das poucas iniciativas deste

    porte dentro do CCTM. Atualmente, o CPP encontra dificuldades em administrar

    suas atividades de marketing e gesto, sobretudo pela carncia de profissionais para

    estes fins.

    A perspectiva organizacional caracterstica do ambiente de pesquisa, sendo

    esta gerida pelos prprios pesquisadores e usuria de servios externos em grande

    parte na forma de insumos e manuteno voltada para uma rea especfica.

    Diferente de uma empresa, os estoques, oramentos assim como as pesquisas so

    independentes em funo dos laboratrios. Estes podem ser entendidos como

    nichos de trabalho e razoavelmente independentes, com reserva aos servios

    internos (entre laboratrios). Neste ponto, os tcnicos so privilegiados com maior

    mobilidade, o que fonte potencial de capacitao tcnica e por vezes gerencial.

    13

  • No levantamento das atividades propostas para o CPP, foram revistas

    iniciativas de organizao interna na forma de documentos indicados pelos

    pesquisadores e contratados. Consta desde 1999 a proposta de sistemas de

    qualidade com forte nfase em projetos de P&D e pesquisa para as indstrias. Estas

    propostas foram elaboradas com o indicativo de injeo de capital (pblico e privado)

    para viabilizar as necessidades de capacitao, insumos e atividades de marketing.

    Durante o projeto GMB a estrutura organizacional vigente no CCTM

    apresentada na figura 1:

    Departamento de Engenharia de Materiais (MM)

    Conselho de usurios

    CPP

    Gerncia executiva Unidade administrativa

    Unidade de Marketing, Projetos e Divulgao

    Unidade de documentao

    Assessoria

    Laboratrios de Processamento de Ps

    Mercado

    Setor produtivo Autnomos Universidades/

    Institutos

    Figura 1 - Organograma do Centro de Processamento de Ps utilizado no plano de desenvolvimento de mercado do CPP 1999. Criado dentro do CCTM (Braga, 1999).

    A distribuio formalizada das atividades do projeto deixa clara a organizao

    14

  • coerente do marketing prximo P&D. Apesar de adotada, permaneceu incompleta

    dada a falta de procedimentos delineados mas no contemplados pela organizao.

    2.5. Organizao e planejamento

    Em primeira instncia acredita-se que uma estratgia implantada

    homognea, que todas as partes de uma organizao foram orquestradas com

    maestria. Esta situao no mnimo bastante rara (Mintzberg, 2000). Normalmente,

    o processo de implementao tem uma aparncia catica e no muito diferenciada

    em suas atividades.

    Talvez a nica verdade inquestionvel sobre uma mudana organizacional

    seja a necessidade de se ter um grupo ou responsvel e uma perspectiva definida do

    rumo a ser tomado. A fora deste grupo pode ser visualizada quando se nota

    consistncia entre o que pretendido e refletido em atividades executadas pela

    organizao.

    Uma das justificativas para o processo catico na fase de implementao a

    dificuldade do alinhamento das perspectivas humanas sobre as necessidades que o

    planejamento impe. Numa empresa privada este alinhamento facilitado, pois a

    manuteno dos empregos (motivao) est associada ao desempenho que a

    empresa auferir. No CCTM, este fator de menor impacto frente a forma de

    subsdios que a instituio recebe, que por sua vez no promove o alinhamento das

    suas atividades e gera um ambiente fragmentado.

    As atividades a serem concebidas pelo planejamento, propositalmente

    mesclado com a implementao decorrem da importncia da informao como fio

    comum do processo (Porter, 1999). Neste aspecto, a organizao, e em especial a

    gerncia de produtos e servios, sua proposta deve ser de carter facilitador e no-

    centralizador, de modo a se adaptar ao estilo do pesquisador detentor do

    conhecimento e as nuances que envolvem o processo de comercializao da

    tecnologia. De maneira anloga, as caractersticas pessoais dos pesquisadores

    variam da mesma maneira que os pretensos clientes interessados numa tecnologia

    disponvel.

    Sobre a criao de uma nova organizao, o binmio Tl-Organizao reafirma

    15

  • a sua interdependncia e seu carter dinmico. Esta situao antevista por (Ansoff,

    1983) a respeito do mpeto da liderana na implementao de tecnologias que

    suportam a administrao. Em um momento posterior, a administrao pode no ter

    alcanado seus objetivos iniciais, mas pode se aproveitar de um sistema

    implementado como base para novas aes. Este aprendizado, de carter tcito do

    ambiente de IPP no uma etapa isolada, mas permeia toda a organizao no seu

    cotidiano. Apesar do ambiente estar inserido num contexto de alta tecnologia, os

    conhecimentos mais antigos para gesto da organizao no devem ser descartados

    automaticamente pelos pesquisadores. A sndrome do "J fizemos isto e no

    funcionou" uma caracterstica que est associada ao descarte de idias j

    pensadas em contextos diferentes.

    Na USP, o GADI - Grupo de Assessoramento ao Desenvolvimento de Inventos

    utilizou uma estratgia de adaptao aos problemas de falta de estrutura para as

    questes de patenteamento evitando regras rgidas para situaes adversas. Esta

    fase proporcionou aprendizado para melhor discernimento sobre os procedimentos

    correlatos s polticas de patentes e direitos da instituio na fase de

    comercializao. O resultado o esclarecimento destes processos para a

    comunidade cientfica da USP e posterior padronizao de seus procedimentos.

    As atividades acompanhadas no CCTM revelam o uso de reunies (quase

    todas abertas) para discusso de problemas relevantes e comuns a todos. Nestes, a

    distribuio de tarefas ocorreram normalmente vinculadas negociao de

    benefcios (coalizo de foras), mas dificilmente por um consenso maxmizador. Por

    outro lado, casos que envolveram a pesquisa (ou seu procedimento) diretamente,

    estes grupos (menores) por vezes tiveram o comportamento similar ao acionista de

    uma empresa, a maximizao dos recursos.

    Para a pesquisa ser encarada como um possvel produto que deve ser

    transferido sociedade, este juzo deve ser inserido na organizao dentro do

    contexto da atividade-fim de seus executores. Os valores gerenciais tambm devem

    cruzar estas etapas para que a atividade pr-ativa no seja percebida no ambiente

    como um peixe fora d'gua.

    Os desafios de gerir demandas a partir de contatos virtuais para execuo de

    16

  • projetos oferecem insegurana pelo desconhecimento do uso e potencial da Tl e

    podem ser asfixiantes sem as devidas tolerncias quando encaradas dentro do

    grupo. Como boa parte do oramento advindo do governo, este acaba por inibir os

    aspectos comerciais nas relaes da IPP com o meio externo e sua percepo.

    Talvez a conseqncia mais nefasta deste procedimento seja a dificuldade de

    apresentar-se frente s empresas, seus aspectos de comunicao e objetivos

    praticados. Contatou-se a opinio no decorrer do acompanhamento que seria

    interessante a ajuda externa de uma consultoria para resolver estes problemas, mas

    por questes oramentrias esta iniciativa est longe de ser uma opo da rea de

    metalurgia do CCTM. Neste ponto expresso uma ptica realista do ambiente de

    IPP: que os pesquisadores tm perspectivas diferenciadas nas suas atividades

    apesar do objeto (a pesquisa em si) seja comum pelo menos maioria.

    A sntese deste trabalho de pesquisa no CCTM a possibilidade de

    transformar o conhecimento adquirido em um produto ou servio de interesse para

    as empresas numa linguagem comum a ambos. Mas como todas as atividades

    novis, elas necessitam de tempo de aprendizado para tornarem-se sistemticas.

    Uma condio que passa desapercebida nas questes sobre implementao de

    organizaes e sistemas.

    As solues sistematizadas tm o interesse de tornar o cotidiano da pesquisa

    similar ao processo de gerenciamento da informao em empresas privadas. Nestas,

    as diferentes reas transferem a informao de modo que possam ser orquestradas,

    facilitando o seu reconhecimento e sugerem interdependncia, uma atividade no

    verificada na metalurgia do CCTM.

    Apesar de apenas uma parte dos pesquisadores e no a sua totalidade serem

    sensibilizados pelo apelo das demandas industriais, o conhecimento no apresenta

    este atributo, podendo ser utilizado para este fim independente de quem o gera, o

    que facilita a adoo para o pesquisador com veia empreendedora.

    17

  • 3. ADMINISTRAO DE MARKETING

    3.1. Viso sistmica de marketing

    Voltado essencialmente para aplicaes de interface, o marketing tem seu

    escopo centrado nas relaes de troca entre partes, a partir do estmulo de uma

    delas, i.e., no uma atividade tipo "gerao espontnea" e visa a satisfao de

    pessoas e organizaes, alm da viabilidade e manuteno deste relacionamento

    atravs de prticas e polticas. Estes ltimos dois fatores, quando abordados de

    maneira sistemtica chamado de administrao de marketing e estabelece duas

    caractersticas reconhecidas (Kotler,1993):

    Reconhecimento da sociedade e oferta de servio;

    A compreenso da satisfao a partir da troca para ambas s partes e sua

    eficcia.

    Alm do reconhecimento de clientes e suas expectativas, o sistema de

    administrao de marketing oferece a possibilidade de visualizar o ambiente e

    organizaes que no necessariamente participam da troca mas exercem influncia,

    delimitando os mercados potenciais e suas incertezas. Deste modo as atividades

    tendem a ser focalizadas sobre os objetivos propostos com maior nitidez. A

    importncia deste conhecimento base para orientao tecnolgica (Vasconcellos,

    2000) que concilia as informaes adquiridas pertinentes execuo das atividades

    de centros de pesquisa para fins de difuso.

    Diferente do mercado de varejo, a oferta de uma tecnologia tem um

    tratamento diferenciado em relao aos bens de consumo como pasta de dente,

    sabo em p ou servios pouco costumizveis como telefonia. A despeito do

    mercado ser um indicador importante para a elaborao de produtos, muitas vezes o

    mesmo no pode ser uma referncia plena para as atividades de marketing pelo fato

    que estes produtos podem ser inditos em um mercado desenvolvido. O mesmo,

    18

  • salvo em situaes de monoplio formal ou informal, no homogneo, requerendo

    por parte da administrao diferentes interaes para seu entendimento.

    A administrao deve estar consciente que o fato de uma tecnologia ser usada

    em uma determinada indstria no a probe de investigar outras indstrias para

    oferec-la com enfoque diferenciado (Roussel et ai, 1982), o que remete ento o

    produto condio de desconhecido ou mal-dimensionado para esta indstria. Uma

    tecnologia pode ainda, dependendo das restries da prpria indstria ou da

    tecnologia, ser associada outras tecnologias, o que caracteriza o seu

    desenvolvimento. Nem todas as tecnologias podem ser associadas, de modo que a

    questo tcnica sobre o produto ou servio a ser elaborado deve conciliar-se com as

    suas demandas. Para a IPP, esta deve ter em mente suas restries e contribuies

    do ponto de vista comercial e de avano tecnolgico.

    A diviso de um mercado pode ser observada na figura 2 a partir da poro

    usuria de uma determinada tecnologia at o nvel potencial de uso. Com o

    distanciamento do perfil atendido (ou mercado cativo), novas possibilidades so

    avaliadas, sobretudo a informao sobre os benefcios formais que podem ser

    oferecidos e desejados.

    Cativo Target Qualificado Disponvel Potencial

    Figura 2 - Diviso do mercado em funo do aumento da incerteza sobre o perfil.

    Tradicionalmente, o sistema de marketing permite que uma organizao

    execute suas funes de marketing para atender um mercado a partir de quatro

    variveis genricas. Estas variveis so conhecidas como composto de marketing ou

    4 P e significam produto, preo, praa e propaganda. Estes fatores permitem a

    organizao da oferta de produtos e estabelecimento de relacionamento ou

    identidade com o cliente. O modelo proposto por (McCarthy apud Barroso, 1992)

    apresenta uma estrutura bsica para entendimento das variveis conforme mostrada

    na figura 3.

    19

  • informao sobre necessidades

    informao sobre disponibilidade

    Objeto Objetivo

    Organizao Operao

    Produto Preo

    Promoo Praa

    Mercado

    retribuio

    bens e servios

    Figura 3 - Sistema de marketing (McCarthy apud Barroso, 1992).

    A coordenao de um sistema de marketing implica em prticas especficas

    para insero da organizao no mercado que pretende atuar, mas esta

    coordenao no pode ser executada independentemente. (Campomar, 1981) traduz

    a expresso marketing integrado a partir de trs afirmaes complementares:

    O preo deve ser compatvel com a qualidade do produto;

    Os canais de distribuio devem ser compatveis com a qualidade e o

    preo do produto;

    A promoo deve ser compatvel com os canais, com o preo e com a

    qualidade do produto.

    A compreenso das variveis, inevitavelmente generalizveis e outras

    peculiares, gera o conhecimento que pode ser utilizado para descrever o

    comportamento da demanda, dinmico e incremental.

    Sobre os fatores acima citados h para os profissionais de marketing a

    dificuldade de precificar a tecnologia. A criao de produtos com forte componente

    tecnolgica deve ser equilibrada quando comparada com seu custo de

    desenvolvimento e seu mercado. Mas quando a tecnologia o prprio produto, o

    20

    XMMiSSftO IYACMCL DE ENERGA N U C t E A R / S P m

  • custo de desenvolvimento e mercado se tornam menos definidos, gerando risco e

    incerteza para a deciso de engendrar ou no um projeto. Tal abordagem sugere

    que nem sempre uma tecnologia desenvolvida compatvel com sua utilizao ou

    benefcios pretendidos. H a necessidade de tornar compatvel o custo para

    obteno com a pretensa utilidade sob a ptica dos mercados que se beneficiaro

    desta.

    A partir do modelo apresentado na figura 3, espera-se um comportamento

    sistmico de dois fluxos: o reconhecimento das demandas, oferta de produtos e

    servios e a comunicao gerada a partir do evento. Sob a ptica do planejamento

    de estratgias, a administrao de marketing tem por objetivo elaborar o perfil do

    mercado que pretende atender, decidir como abord-lo e prover relacionamento (os

    fluxos). As aes que compem estas atividades so correlatas ao cargo da gerncia

    de marketing.

    No ambiente da gerncia de pesquisa com valores de marketing

    reconhecidos, a concepo de uma tecnologia a partir das atividades de

    planejamento pode se iniciar quando h a identificao de uma necessidade do

    ambiente na forma de novos materiais ou melhor eficincia das propriedades destes.

    Como conseqncia secundria, o lanamento de novos produtos retribudo pelo

    conhecimento acerca da aplicao da tecnologia e suas especificidades juntos aos

    clientes.

    (Gardner,1983) define a administrao de marketing a partir de duas

    premissas: a integrao da organizao para elaborar seu composto de marketing

    para mercado-alvo; e a mensagem interna que o entendimento das necessidades

    dos clientes so importantes na escolha das atividades.

    A reduo do entendimento dos conceitos de marketing a partir de quatro

    variveis subjuga o escopo da rea. Estas variveis ilustram apenas partes do

    processo da troca e devem ser consideradas como "ferramentas" ou "botes" de um

    sistema que podem ser manipuladas parte ou em grupo. H dentro do conjunto de

    tcnicas de marketing uma modelagem matemtica que a suporta, mas nem todas

    as decises de marketing podem ser resolvidas essencialmente desta maneira. A

    elaborao de estratgias suportada por mtodos, tanto de carter lgico-

    21

  • matemtico, quanto de uma abordagem humana e cognitiva. Sobre um

    aprofundamento na elaborao de estratgias, estas sero apresentadas na

    subseo referente escola do posicionamento, como ser visto adiante.

    O modelo apresentado na figura 3, em detrimento da sua ordem interna, no

    enfatiza a modelagem de estratgias por parte da organizao, seu procedimento e

    implementao. Estes requerem uma concepo sob o ponto de vista do

    administrador, que em posse das informaes de mercado, clientes, produtos e

    recursos, estabelece e relaciona as atividades e oportunidades para concretizar seus

    objetivos.

    H na fase do planejamento o delineamento explcito das atividades e

    resultados esperados. As atividades correlatas administrao de marketing

    extrapolam a busca de oportunidades e se estendem at a implementao e controle

    do planejamento. Estes por sua vez, ultrapassam o escopo da administrao de

    marketing, sendo esta sua condio mais estratgica pois h o uso de ferramentas

    que de maneira direta interfere nos processos organizacionais e seu alinhamento.

    Sob este ponto, a abordagem de marketing nesta sobreposio consiste no

    reconhecimento, influncia e adaptao aos consumidores como reforo a atingir os

    objetivos organizacionais (Certo, 1987).

    As duas primeiras fases esquerda do processo administrativo de marketing

    mostradas na figura 4 constituem a parte pensante da gerncia. Nestas h de fato a

    preocupao de reconhecer quais as possibilidades de tornar atraente o servio

    oferecido e s vezes, se ele mesmo vivel. Elaborada esta primeira parte, segue o

    processo de implementao que visa determinar como a organizao vai atuar e

    seus respectivos dispositivos de controle, instrumentos que suportam as atividades

    no reconhecimento de performance e feedback. Neste trabalho no ser

    aprofundada a questo da elaborao de planejamentos, visto que a organizao

    das IPP variam bastante no quesito de formalidade e capacitao em marketing e

    tem um conceito difuso do planejamento de marketing (Campomar, 1981). O enfoque

    do trabalho tem a perspectiva de apenas ilustrar esta ferramenta.

    O exerccio de planejamento para fins de aplicao, similar elaborao de

    estratgias, uma mistura de arte e cincia (Ackoff, 1975) e deve ser feito pela

    22

  • organizao e no para ela. Convm citar que as delimitaes da parte do processo

    entre o planejamento e a implementao so artificiais e tem mais utilidade para fins

    de entendimento do que aplicao (Ansoff, 1990).

    procura de formulao de estratgias de marketing

    ! implantao da controle do processo oportunidades

    formulao de estratgias de

    marketing estratgia controle do processo

    t A i i

    I

    planejamento i organizao e direo controle

    i i

    Figura 4. - Fases do processo administrativo das atividades de marketing.

    A viso genrica sobre o macro ambiente e as atividades de administrao de

    marketing se apresentam incompletas no modelo quando se acrescenta a questo

    tecnolgica como atividades essenciais ao negcio (core business) da empresa. A

    administrao de marketing neste caso deve estar consciente da tecnologia como

    ferramenta para alcanar seus objetivos. No apenas no reconhecimento de suas

    possibilidades tcnicas para desenvolvimento de produtos que atendam uma

    demanda, mas tambm a evoluo da prpria tecnologia para as atividades

    cotidianas na prospeco de novos mercados e aplicaes. O monitoramento destas

    tecnologias elemento capacitador em IPP de modo que apropriado a estes se

    alinharem com as demandas de mercado de sua tecnologia (Quental, 2000).

    3.2. Relao entre marketing e tecnologia

    As atividades de marketing oferecem subsdios tanto para tornar as

    tecnologias praticadas pelas IPP orientadas para o mercado quanto no delineamento

    23

  • destas para novos projetos. (Roussel et a/., 1982) estabelece o nvel de

    relacionamento das reas de P&D e marketing em trs estgios sucessivos da

    empresa, que variam conforme a ausncia de relacionamento integrao e suas

    aes na elaborao do planejamento estratgico. Uma integrao maior entre estas

    reas sugere que alm da facilidade de vislumbrar possveis lacunas tecnolgicas a

    serem preenchidas pela tecnologia (novos materiais ou propriedades interessantes)

    tambm auxilia a coordenao das atividades em termos gerenciais.

    importante realar a harmonia entre a P&D e a administrao de marketing

    no planejamento destas atividades. Uma abordagem essencialmente de marketing

    no tratamento das variveis e planejamento em um ambiente de pesquisa a torna

    insuficiente. Como caracterstica de anlise do planejamento, empresas que atuam

    sobre foras tecnolgicas no podem se esquivar da influncia destas.

    Segundo (Dickson apud Baker, 1999) h uma correlao saudvel entre o

    conhecimento oriundo da experincia de mercado e o processo de aprendizado

    refletido na organizao e suas operaes. Esta viso tambm corroborada por

    (Prahaiad, 2000), que tambm enfatiza o papei dos clientes e outros participantes

    (stakeholders) na aprendizagem e entendimento do mercado. (Mcgee & Prusak,

    1997) tambm consideram importante esta relao e reconhecem que existe o

    imperativo benfico da relaes inter-organizacionais.

    A viso do marketing na elaborao de estratgias tecnolgicas

    complementada com conhecimentos denominados competncias essenciais {core

    competencies) e associada a uma estrutura propcia para seu desenvolvimento.

    (Roussel et ai, 1982) estabelece a relao entre fatores pertinentes ao marketing e

    P&D na estruturao de porta-flios de projetos, conforme mostrado na figura 5. O

    processo de planejamento importante e referendado por autores diversos em

    quaisquer empresas ou organizaes que executam atividades com caractersticas

    sinrgicas ou complementares e pode abordar partes, temas ou o todo destas.

    24

  • 1 2 3 4 * " 1 2 3 ~4** 1 2 3 4

    Figura 5 - Tecnologia e fatores condicionantes de marketing (Roussel et ai, 1982).

    Na figura 5, tem-se nos respectivos eixos das abscissas:

    X - Time to market tempo de demora entre o desenvolvimento de uma

    tecnologia at sua comercializao.

    $ - Recompensa

    V.C. - Vantagem competitiva, atributo que permite uma empresa se sobressair

    entre os concorrentes. Na rea de P&D pode ser traduzido como o grau de

    dificuldade de uma determinada tecnologia ser copiada rapidamente.

    No eixo das ordenadas, tem-se os estgios em que a tecnologia numa

    perspectiva genrica se encontra, a saber:

    1 - Tecnologia em estado embrionrio. Oferece muitos desafios para ser uma

    vantagem competitiva. Sua avaliao s possvel com base na prospeco /

    extrapolao onde os custos devem ser contabilizados com a incerteza. Tem-se

    como exemplo o que seria o projeto Genoma h 5 anos atrs.

    2 - Tecnologia em crescimento. Processo ainda difuso de evoluo, porm j

    parcialmente praticado. Apresenta relao custo/beneficio/tempo sofrvel, mas seu

    ritmo pode, como no item anterior, oferecer possibilidades de recompensa e

    prospeco se bem gerenciada, sobretudo no aspecto tcnico para definir os limites

    entre a pesquisa e desenvolvimento. O projeto nacional do carro lcool um bom

    exemplo na dcada de 1970.

    3 - Tecnologia em amadurecimento. Apresenta-se disseminada, com avanos

    menos freqentes e de impacto reduzido. A explorao desta tem certa

    previsibilidade, com custos e recompensas altos. Processadores de computador Intel

    e lminas de barbear so exemplos tpicos de tecnologias concebidas nesta

    25

  • perspectiva.

    4 - Tecnologia em envelhecimento: O desenvolvimento praticamente

    sobrepe-se pesquisa sem oferecer grandes avanos. So reconhecidas em

    produtos que exploram mercados consolidados, na forma de algumas novas

    caractersticas. Como por exemplo, tornos com controle numrico via computador -

    CNC igual torno mais o uso de processador. Apesar destas tecnologias serem

    bastantes conhecidas, a unio delas gera novos produtos e mercados e sua

    replicao por concorrentes no requer investimentos muito diferentes, com exceo

    das questes de licenciamento.

    A tecnologia desenvolvida tem impacto na coordenao das atividades de

    comercializao. Variveis correlatas tecnologia e sua explorao, apesar de

    importantes, ocupam uma posio desalinhada quando as aes de gerncia

    apreciam apenas o marketing ou vice-versa. Cabe portanto administrao de

    marketing dentro da IPP entender como a tecnologia deve ser orientada de maneira

    funcional para os projetos estabelecidos ou em prospeco.

    Esta orientao nem sempre de fcil visualizao. (SALLES FILHO &

    Kageyama,1997) estabelecem, em ambiente de reestruturao de uma IPP, a

    demanda desta em quatro vertentes, a saber:

    Demanda corrente: quando a demanda por determinada pesquisa ou

    servio reconhecida e explicitada. Enquadram-se nesta categoria pesquisa

    e servios desenvolvidos e a desenvolver, desde que identificados e

    solicitados pelo usurio/cliente;

    Demanda potencial: atividades de pesquisa ou prestao de servios para

    as quais o Instituto necessita procurar ou motivar o usurio/cliente;

    Demanda prospectiva: so as habilidades que o Instituto deseja

    desenvolver no futuro. Nesta classe no h solicitao pelo usurio, nem

    procura/motivao do usurio. So as "apostas" para os prximos anos, em

    reas ou temas que acredita-se sero estratgicos para a sobrevivncia da

    instituio no futuro;

    26

  • Demanda derivada: so as necessidades de desenvolvimento de

    capacitaes complementares que decorrem das demandas anteriores. A

    implementao de uma linha de pesquisa muitas vezes requer avanos em

    reas disciplinares do conhecimento que so identificadas durante a

    execuo dos projetos, dando origem a demandas derivadas e no

    conhecidas ex-ante.

    A partir desta diviso genrica de demandas para IPP (suportadas na

    reestruturao por planejamento) pode-se compreender que os conceitos

    tecnolgicos no se separam de uma perspectiva de marketing quando o que est

    em interesse a administrao e utilidade da pesquisa. (Drucker, 2002) exemplifica

    com base em retrospectiva histrica que cientistas na posse de descobertas

    cientificas para uso em produtos inditos sem uma anlise profunda de outras

    questes (sociais, econmicas ou perceptuais) recai em perda de oportunidade para

    o lanamento por outros que no necessariamente tm o conhecimento cientfico,

    mas "peas" de conhecimentos adjacentes para o lanamento.

    Um dos indicadores adjacentes no mbito tecnolgico para lanamento de

    novos produtos a conscincia da correlao entre os ciclos de vida dos produtos

    que utilizam a tecnologia e a maturidade da indstria que a pratica. Ciclos de vida do

    produto ajudam a perceber o mercado que utiliza determinada tecnologia e se este

    est orientado para uma mudana incremental ou drstica de seu estado. Em outras

    palavras, o monitoramento de tecnologias auxilia o entendimento sobre ciclos de

    produtos e seu estado. Complementar esta questo, (Hammel e Prahalad, 1997)

    sugerem s empresas que so baseadas em tecnologia a aprender como estes

    ciclos se desenvolvem, seus padres e a legislao que os regulam.

    De modo enftico, os autores supracitados estendem esta perspectiva quando

    afirmam que toda vantagem que uma empresa pode incorporar fruto do

    aprendizado e sua absoro pela organizao. Estas competncias so mais bem

    entendidas, quando delineadas e praticadas, no sendo, portanto a competitividade

    um marco esttico, mas a recriao desta a partir de conhecimentos adquiridos e

    alinhados, mostrado na figura 6 como uma sucesso de escolhas que a organizao

    27

  • trilha no seu desenvolvimento para atingir um mercado, em situaes antes mesmo

    deste existir. Sobre as "organizaes que aprendem", as learning organizations, os

    autores sintetizam a obteno do conhecimento orientada para a concorrncia

    associada alavancagem ou utilizao criativa de recursos.

    Figura 6 - Aprendizado e conhecimento organizado para a competitividade. 1

    Uma aplicao prtica da alavancagem de recursos a categorizao de sites

    disponveis na internet a partir da utilizao destes pelos pesquisadores. A

    organizao deste conhecimento (onde est a informao) oferece oportunidades

    que podem ser orientadas tanto ao negcio quanto pesquisa. possvel utilizar

    este conhecimento para sintetizar vises sobre a pesquisa praticada e seu escopo

    bem como o desenvolvimento e direo para os estudantes da ps-graduao

    ulteriores.

    3.3. Escola do posicionamento

    A escola do posicionamento provavelmente uma das escolas de elaborao

    de estratgias mais reconhecidas devido a sua disseminao tanto no meio

    acadmico quanto empresarial. Sua origem remete aos anos 1980 e acrescentou

    novas luzes sobre o que se entendia acerca de administrao estratgica, incluindo o

    prprio termo (Mintzberg, 2000). Sua natureza prescritiva adotava simultaneamente

    Os quadrados e estrelas so representaes grficas da informao no estado bruto, por vezes incompreensveis que podem ser padronizadas em tringulos e estes podem ser adequadamente agrupados e manipulados conforme sua expectativa de uso.

    ATATAT AYAYAT AYAYAT

    28

  • alguns conceitos da escola de Design e do Planejamento atravs da interpretao

    cognitiva e racional e ao mesmo tempo incrementava a questo de estratgia sob

    dois pontos: a importncia da adoo de uma estratgia e no apenas a maneira de

    formul-la e segundo, aprofundou os estudos sobre o contedo destas. Com estas

    duas caractersticas ela atingiu os interesses do meio acadmico pela maneira como

    era descrita, basicamente por meios de dados sobre indstrias. As consultorias

    podiam ento trabalhar com empresas, considerando essencialmente aspectos

    externos mesma. De uma certa maneira, como se o planejamento estratgico

    fosse elaborado com maior qualidade de informao e menos tcnica.

    A maior contribuio desta escola sobre o reconhecimento quanto ao

    contedo das estratgias foi reduz-la a um carter genrico. Estas posies eram

    consagradas tambm dadas s possibilidades de perdurarem contra concorrentes

    atuais e futuros.

    Todo este aparato foi reconhecido em estudos em indstrias, gerando

    ferramentas de aplicao independente ao conceito da empresa, surgido a partir de

    observaes de carter estatstico, uma das caractersticas marcantes desta escola.

    A escola do posicionamento pode ser dividida em trs ondas. Por se tratar de

    competio, um assunto bastante antigo, tem-se documentos com idade de 2000

    anos sobre guerras que indicavam como agir em condies especficas num campo

    de batalha, dependendo da geografia e insumos disponveis. Estas Mximas

    Militares so chamadas desta maneira, pois careciam na poca de levantamentos

    estatsticos avanados, mas mostravam experincias j vivenciadas na prtica. Um

    exemplo destas mximas segue:

    "... aquele que ocupa primeiro o campo de batalha e aguarda o inimigo est

    vontade; quem chega depois cena e se apressa a lutar est cansado".

    Estas palavras so de Sun Tzu, um estrategista de guerra de 400 a.C.

    O uso de mximas no contexto das guerras e seu trabalho de dispor insumos

    da melhor maneira para obter a vitria foram a grande influncia para a segunda

    29

  • onda da escola do posicionamento. Mas apesar de toda a efervescncia da poca

    (os anos 60) poucas consultorias realmente expandiram o conceito de formulao de

    estratgia. Nesta poca aconteceram poucas inovaes comparando-se com a

    difuso dos servios voltados para atender empresas. Mudanas importantes foram

    alcanadas a partir de trabalhos da Boston Consulting Group - (BCG) com a matriz

    de crescimento participao e a curva da experincia.

    A matriz de crescimento-participao baseia-se essencialmente no

    planejamento de porta-flio de projetos que a empresa possu ou deseja

    implementar. Todo o levantamento feito a partir de fluxos de caixa e participao

    de mercado. A partir de um grfico cartesiano onde a participao de mercado atual

    e a taxa de crescimento compem o par de eixos, so estabelecidas quatro regies

    onde os projetos so visualizados. Com quatro categorias distintas apresentadas na

    figura 7, os projetos devem gerar lucros para serem aplicados em novos projetos,

    garantindo a evoluo da empresa.

    Os projetos suportados pelas empresas deveriam se encaixar segundo estas

    classificaes, a saber:

    Vaca leiteira: produtos com alta participao no mercado e crescimento lento.

    Apresentam excedente de caixa em seus fluxos financeiros. Este excedente pode ser

    usado para financiar outros negcios. Apresentam boa estabilidade e maturidade,

    no sendo necessrios grandes investimentos.

    Co: produto com baixa participao no mercado e baixo crescimento. No

    apresenta atratividade sob o ponto de vista contbil, necessitando de reinvestimento.

    Criana problema: apresenta baixa participao de mercado e alto

    crescimento. Como crianas, exigem muito investimento inicial e no so muito

    rentveis nesta fase, sendo considerados um passivo no incio. O desempenho de

    projetos desta natureza podem transform-lo em estrelas ou ces. O no

    investimento acarretar na morte do negcio.

    Estrelas: negcios bastante atrativos com grande desenvoltura at

    estabilizarem-se. So apresentados com investimento inicial e tornam-se geradores

    de caixa para outros investimentos com o passar do tempo. Quando estabilizados

    tem caractersticas de vacas leiteiras onde seu excesso de caixa utilizado para

    30

  • outros negcios.

    Participao de mercado no negcio

    Alta Baixa

    A

    $ /

    X Figura 7 - Matriz de crescimento - participao da Boston Consulting Group.

    Esta maneira de conceber quais os negcios em que as empresas estavam

    interessadas em se inserir simplificou a maneira de organiz-los, atendo-se apenas

    preocupao da manuteno do fluxo de caixa de um negcio para outro. A matriz

    de crescimento participao se limitava a aspectos para a seleo de negcios que a

    empresa pretendia, mas no resolvia questes organizacionais que no fossem de

    aspectos financeiros. Os melhores porta-flios reduzem riscos na medida em que h

    o equilbrio entre investimentos, baseado nas caractersticas de cada projeto. H o

    interesse em combinar investimento a curto e longo prazo, especulativo (prospeco)

    e outros j mais ajustados empresa (Tjan, 2001). Poucas empresas, em especial a

    General Electric, puderam conciliar de maneira inovadora esta ferramenta para

    auxlio nos seus departamentos na adoo da ferramenta na poca. A coordenao

    dos negcios ficava fora do mbito da matriz, bem como a avaliao da capacidade

    da empresa de se desenvolver em reas escolhidas.

    Apesar das premissas que garantem a validade desta abordagem, preciso

    uma adaptao para projetos online, com caractersticas distintas ao ambiente em

    que a ferramenta foi formulada. A velocidade com que a internet muda, incluindo sua

    31

  • demanda, termina por conferir instabilidade aos projetos, antes executados em

    alguns anos para os atuais meses.

    Um modelo orientado para este ambiente anlogo matriz BCG foi criado por

    (Tjan, 2001), onde as variveis visibilidade do negcio e ajuste ao negcio, em

    detrimento de posio de mercado e atratividade da indstria so os principais

    parmetros. A viabilidade como varivel captura dados quantitativos sobre o retorno

    de um investimento. O ajuste qualitativo, mede o grau em que um investimento se

    ajusta s capacidades existentes, processo e cultura. Sobre este ltimo, h forte

    conotao sobre a questo consensual para implementao desta anlise.

    Tanto o posicionamento quanto as outras duas escolas prescritivas (de

    planejamento e design) sugeriam aes para alcanar um objetivo, mas ficavam

    indefinidas sobre quais seriam as decises seguintes, o que levou empresas a

    condies indesejveis com participao de mercado conquistada, mas sem uma

    idia clara para tal situao (Mintzberg, 2000).

    A terceira onda do posicionamento que prevalece at hoje eliminou aspectos

    das anteriores como as mximas militares e pregaes sem justificativa. A partir de

    exploraes sobre as correlaes do ambiente industrial tanto no meio interno

    quanto externo, as estratgias so concebidas e baseadas em fatos analisados e

    consistentes, supondo a coerncia da empresa com o ambiente e sua dinmica.

    Nesta parte a maioria dos estudos selecionados so advindos de Michael E. Porter.

    Segundo ele, as empresas deveriam escolher suas estratgias com base na

    estrutura do mercado na qual operam.

    A teoria proposta por Porter tem grande influncia de um ramo da economia

    chamado organizao industrial, que a partir de algumas premissas j aceitas da

    escola de Design originou uma nova maneira de avaliar o ambiente externo da

    empresa (Mintzberg, 2000). Seu modelo de anlise competitiva define cinco foras

    que moldam a competio, de maneira a entender o setor em que atua (figura 8). Em

    seu artigo "Como as foras competitivas moldam a estratgia", Porter descreve que

    alm dos competidores atuais, os fornecedores e clientes, novos participantes e

    produtos substitutos devem ser avaliados para a criao da estratgia, relevando

    cada influncia em aspectos financeiros, sociais e econmicos. Apesar de todas as

    32

  • possibilidades existentes de tipos de estratgias, segundo o autor citado, apenas

    poucas destas podem ser realmente passveis de sucesso e so originadas da

    anlise do setor.

    As estratgias genricas tm possibilidade de se prolongarem por um tempo

    limitado, uma dcada at a nova situao em que o setor se encontrar. importante

    ressaltar que cada indstria ou empresa considera uma ou mais foras

    ameaadoras, dependendo de suas caractersticas. Um modelo simples

    apresentado na figura 8 juntamente com sua essncia (Porter, 1999).

    Substitutos

    Poder dos fornecedores

    Posicionamento das empresas no

    setor

    Barreiras

    Poder dos compradores

    Figura 8 - Modelo de foras competitivas de Porter.

    Todos estes fatores so sentidos ou pressentidos no mercado. O dever do

    estrategista avaliar estas foras e compar-las com as condies da empresa. S

    assim ele estar preparado para estabelecer uma estratgia que

    "(1) melhor disponham as vantagens que a empresa possui; e/ou (2) a

    mudana do equilbrio das foras citadas em condies vantajosas

    para si; e/ou (3) reconhecimento prematuro das condies que o

    mercado estar sujeito no futuro, adaptando a empresa antes que os

    concorrentes." grifo meu.

    33

  • Como mencionado, apesar das vrias forcas influenciarem na competitividade

    de uma empresa, Porter, a partir de seus estudos em segmentos de indstrias

    diferentes avaliou poucas opes em que as empresas concorrentes tm condies

    de se tornarem vencedoras. Estas estratgias so chamadas pelo autor de

    Estratgias Genricas, pois independem da empresa ou setor em que atuam.

    Existem trs modalidades proposta na teoria. A primeira dela o

    posicionamento baseado na liderana em custo, seguido de diferenciao e foco.

    Elas dizem respeito sobre, por exemplo, como reduzir os custos para obter um

    produto de preo mais acessvel. A segunda sugere adotar alguma caracterstica do

    produto que seja atraente para os consumidores e explor-la, em especial, sua

    imagem e mensagem que pode chegar a nica no mercado e a itima a adaptao

    da estratgia a um escopo bastante estreito e definido.

    Como colocado nesta ltima discusso, para sugerir uma abordagem de

    insero no mercado necessria uma viso clara sobre os desejos que uma

    empresa deseja atender vinculada a sua capacidade de executar estas tarefas, e

    principalmente advinda da escolha deste mercado e seu potencial. Novamente, tem-

    se a sobreposio das atividades que envolvem o marketing na seleo das

    estratgias e da administrao responsvel pela elaborao das atividades da

    empresa.

    Uma lacuna da teoria sobre as foras competitiva proposta por Porter deve ser

    ressaltada. Apesar desta oferecer uma abordagem analtica do mercado, ela

    apresenta poucas possibilidades de delineamento na utilizao do conhecimento.

    Por outro lado, pode auxiliar as IPP no entendimento das demandas industriais que

    deseja atender e sua comunicao a partir de atividades de posicionamento de seus

    servios.

    3.4. Mercado industrial de tecnologia

    Aps o levantamento das funes e importncia das aes de marketing frente ao

    estudo, tem-se como fundamental articul-las prximas ao alcance das condies

    que o CCTM apresenta. Considera-se necessrio a aproximao deste com sua

    demanda, o que pressupe o conhecimento das especificidades que seu mercado

    34

  • caracterizado. Para uma visualizao macro na figura 9 as organizaes que

    compem o setor de tecnologia no setor pblico e privado e seu possvel arranjo

    (Christensen & Rocha, 1988).

    | Institutos de pesquisa

    Fornecimento de equipamentos

    Fornecimento de matria-prima

    Universidades

    Empresas

    Outros

    Figura 9 - Sistema de marketing de tecnologia e suas componentes.

    O mercado industrial, diferente dos de bens de consumo, apresenta

    comportamento diferenciado na maneira como os relacionamentos e operaes so

    executados, sendo o preo (questo racional) a varivel de maior impacto na

    natureza das escolhas dos clientes. Estes por sua vez tm interesse em manter

    relacionamento com fornecedores, evitando despesas na manuteno do

    fornecimento e gastos com desenvolvimento de novos parceiros. Porm no caso de

    mercados de tecnologia, os benefcios nem sempre so comparados desta maneira.

    Os benefcios que a tecnologia oferece tem apelo muito maior em detrimento

    do preo, sobretudo para clientes que tem a percepo que a no-adoo da

    tecnologia pode recair em perda de competitividade frente aos concorrentes, como

    no caso das empresas que produziam impressoras matriciais at a chegada da

    tecnologia LASER.

    A compra comercial tradicional acontece quando uma determinada soluo

    para uma empresa torna atraente a aquisio desta. Em determinadas circunstncias

    Intermedirios institucionais

    Consultores de tecnologia j

    Adotantes

    ai (D O 3 "O o

    a> o ~o '3 .a

    to b ca

    c ** o

    T3

    8

    Outros

    35

  • na relao cliente-fornecedor, uma estrutura internaliza-se na empresa-cliente para

    administrao e controle do processo de compra. A compra, dependente da sua

    natureza pode estar associada aos servios adjacentes como assistncia tcnica ou

    uma vantagem competitiva.

    Os compradores industriais so em nmero reduzido, mas compram em

    quantidade, de 40 a 60 % do valor total do produto (no no caso da P&D, mais

    aparente na forma de projetos, prottipos ou o conhecimento formal) e encontram-se

    normalmente concentrados geograficamente. Seu comportamento de demanda

    apresenta flutuao: um determinado aumento de consumo de produtos finais

    redunda num aumento maior no setor produtivo em termos de demanda de fbrica e

    equipamentos (Kotler, 1993). Este comportamento interessante pois possvel

    estabelecer padres tambm a partir da demanda de bens de consumo. Sob este

    ltimo aspecto, reconhecer qual o comportamento da tecnologia (aplicao) e seu

    valor agregado no produto facilitam o entendimento de seu mercado potencial.

    De acordo com (Roussel ei al., 1982), "A maturidade tecnolgica intrnseca

    tecnologia, independente da indstria em que aplicada. O impacto competitivo

    extrnseco e estritamente dependente da indstria que o aplica" grifo meu.

    Em outras palavras, situaes especficas de aquisio de tecnologia podem

    oferecer a mercados consolidados novas possibilidades no processo e produto.

    Inerente difuso, a compra nova, assim chamada pela primeira aquisio de um

    relacionamento cliente-fornecedor, apresenta excelentes possibilidades na

    prospeco de tecnologia. o exemplo da oferta de servio que pode ser

    direcionada para processo ou produto para melhorar custos ou qualidade. Nas aes

    de marketing esta oportunidade comea na prospeco atravs do reconhecimento

    dos padres de compra do cliente, como ele deseja ser atendido ou percebe um bom

    fornecedor. (Torres, 1995) reconhece estes padres, entre outros, como fatores-

    chave de sucesso a partir da seleo das atividades mais importantes para

    atendimento de uma demanda, sem os quais a empresa muito improvvel de ser

    competitiva.

    O mercado industrial apresenta nuances a respeito do processo de compra.

    Apesar da tcnica (engenharia) ser o critrio de seleo da tecnologia, a

    36

  • consolidao da compra uma atividade especfica e requer o levantamento de

    caractersticas que no se traduzem apenas em quesitos tcnicos, mas tambm

    impresses pessoais e indicativos sobre as reais condies (financeira, de

    capacitao e gerencial) do fornecedor. Os compradores avaliam e tomam decises

    a respeito do fornecedor com interesse em uma relao que prevalea.

    A deciso de compra uma atividade complexa no que se diz respeito

    comunicao. O telefone, a carta e a visita fazem parte das atividades entre

    compradores e vendedores industriais para melhor reconhecimento de seus

    negcios a fim de entender quais os fatores mais importantes. Em mercados

    industriais, a experincia anterior pode ser um diferencial importante, assim como a

    especializao na escolha de fornecedores.

    Em indstrias, o relacionamento industrial entre cliente e fornecedor pela

    internet conhecido com B2B (business to business), apesar deste nome fazer parte

    da literatura desde 1983 (Barroso, 1992). Atividades desta natureza so

    reconhecidas no relacionamento cliente-fornecedor a partir nas modalidades de

    supply chain, onde os clientes so abastecidos ou de mercado abertos para

    competio, os marketplaces.

    No primeiro caso h o uso de tecnologia para integrar as demandas num fluxo

    de informao e bens, que permite acompanhar os elos da cadeia produtiva no-

    relacionados diretamente dentro do sistema de valores de um setor, alm de

    planejamento colaborativo que pode alm de orientar, criar novas combinaes

    sinrgicas que geram vantagem.

    No segundo h o verdadeiro mercado virtual, onde h possibilidade de

    executar negcios com base na velocidade de acesso informao a um custo

    moderado de canal de comunicao. Ambas as partes se beneficiam da economia

    de papel, telefone, fax e viagens que tem feito parte das vendas por muito tempo.

    Muitos destes mercados verticais que esto operando online so agora uma terceira

    parte representada pelo site, o que significa que algum de fora traz compradores e

    vendedores para uma reunio num espao virtual. Seu apelo para os compradores

    forte pois estes podem comparar preos de uma variedade de vendedores de

    maneira rpida e barata, conquistando a posio de grupo mais beneficiado.

    37

  • Tem-se pouco material acerca das relaes que as IPP mantm com clientes

    industriais pela internet, essencialmente pelo fato que a pesquisa executada por

    encomenda tende a ser sigilosa. Mas as aes de marketing para atingir estes tipos

    de cliente pela internet ocorrem praticamente desde a criao da mesma. A

    preocupao em sites para atendimento de demandas de tecnologia industriais

    (Siemens, IBM so exemplos) normalmente se reflete em transparecer a tecnologia

    no prprio negcio e no apenas no seu produto.

    Estas experincias no mbito institucional podem ser exemplificadas com a

    iniciativa do NIT-UFSCar - Ncleo de Informaes Tecnolgicas da Universidade

    Federal de So Carlos, criado em 1994, que tem como funo principal traduzir a

    demanda de indstrias em ambiente de pesquisa. Pela internet, projetos executados

    tiveram contatos iniciais via e-mail ou conhecimento do servio atravs do site,

    suportados por propaganda tambm offline na forma de eventos e material de apoio.

    Hoje o NIT-UFSCar oferece alm de seus servios tcnicos tambm servios

    paralelos como anlise de setores tecnolgicos. Esta competncia foi possvel a

    partir da criao de uma inteligncia competitiva nas reas em que atua.

    Uma citao especial na questo de atendimento de mercados industriais com

    servio de P&D em ambiente eletrnico a Embrapa. Em menos de cinco anos a

    instituio desenvolveu-se de maneira contundente em ambiente eletrnico para fins

    de suporte na sua comunicao institucional atraindo parcerias como a Monsanto,

    uma multinacional que detm capacitao tecnolgica e de P&D reconhecida na rea

    de agribusiness. Estas atividades, no entanto remontam as mudanas j previstas h

    quase uma dcada. Um esforo de gesto tecnolgica e administr