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Lernstrategien – fördern Deutschlehrer ihre Schüler heute mehr? Ferdinand Miranda Reis Junior, Sonia Jecov Schallenmüller e Ieda Itsuco Uno Introdução O estudo acerca de estratégias de aprendizagem requer como cerne de questionamentos aquele sujeito que, por meio de processos e operações mentais, busca refinar e adequar, ou até mesmo aprender, o conteúdo debatido em sala de aula com colegas e professores. O aluno, encontrando-se em dependência do ensino institucional, também tem a possibilidade do desenvolvimento de um aprendizado “solo”, ou seja, procurar trilhas que o levem ao automatismo na língua estrangeira de acordo com características idiossincráticas. No entanto, nesse mecanismo aparentemente simples, notam-se dois conceitos fundamentais referentes ao processo de aprendizagem de um segundo idioma. O aprendizado de uma língua estrangeira observado do âmbito da psicologia cognitiva ou cognitivista tem como pressuposto a transformação do conhecimento declarativo em conhecimento procedimental ou procedural 1 . O funcionamento desse mecanismo tem origem nas informações armazenadas na memória de longo prazo, provavelmente com capacidade ilimitada, e localizadas em proposições, esquemas, redes, imagens ou elos que, passíveis de serem ativados e utilizados por meio da memória operacional, passam do repouso à manipulação (O’MALLEY & CHAMOT 1990). O conhecimento procedimental é o arcabouço onde são trabalhadas todas as habilidades do ser humano, inclusive aquelas que envolvem o aprendizado de uma 1 Terminologia observada em Koch (1988), apreendida em estudos sobre coerência textual. Os interlocutores, autor e leitor, interagem no texto a fim de compreender os sentidos ali veiculados. O conhecimento de mundo ou declarativo é alterado para conhecimento procedimental ou procedural se houver coerência no texto, se houver compreensão. Assim, a coerência não se dá em, mas entre. A leitura de um texto demonstra, portanto, as negociações entre o inato e o ativo. Esses pressupostos são também notados em O’MALLEY & CHAMOT (1990), nos termos em inglês declarative knowledge e procedural knowledge.

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Page 1: Lernstrategien – fördern Deutschlehrer ihre Schüler heute ... · PDF filelíngua estrangeira e, consequentemente, onde são formuladas as estratégias de aprendizagem. Segundo

Lernstrategien – fördern Deutschlehrer

ihre Schüler heute mehr?

Ferdinand Miranda Reis Junior, Sonia Jecov Schallenmüller e Ieda Itsuco Uno

Introdução

O estudo acerca de estratégias de aprendizagem requer como cerne de

questionamentos aquele sujeito que, por meio de processos e operações mentais, busca

refinar e adequar, ou até mesmo aprender, o conteúdo debatido em sala de aula com

colegas e professores. O aluno, encontrando-se em dependência do ensino institucional,

também tem a possibilidade do desenvolvimento de um aprendizado “solo”, ou seja,

procurar trilhas que o levem ao automatismo na língua estrangeira de acordo com

características idiossincráticas. No entanto, nesse mecanismo aparentemente simples,

notam-se dois conceitos fundamentais referentes ao processo de aprendizagem de um

segundo idioma.

O aprendizado de uma língua estrangeira observado do âmbito da psicologia

cognitiva ou cognitivista tem como pressuposto a transformação do conhecimento

declarativo em conhecimento procedimental ou procedural1. O funcionamento desse

mecanismo tem origem nas informações armazenadas na memória de longo prazo,

provavelmente com capacidade ilimitada, e localizadas em proposições, esquemas,

redes, imagens ou elos que, passíveis de serem ativados e utilizados por meio da

memória operacional, passam do repouso à manipulação (O’MALLEY & CHAMOT

1990). O conhecimento procedimental é o arcabouço onde são trabalhadas todas as

habilidades do ser humano, inclusive aquelas que envolvem o aprendizado de uma 1 Terminologia observada em Koch (1988), apreendida em estudos sobre coerência textual. Os interlocutores, autor e leitor, interagem no texto a fim de compreender os sentidos ali veiculados. O conhecimento de mundo ou declarativo é alterado para conhecimento procedimental ou procedural se houver coerência no texto, se houver compreensão. Assim, a coerência não se dá em, mas entre. A leitura de um texto demonstra, portanto, as negociações entre o inato e o ativo. Esses pressupostos são também notados em O’MALLEY & CHAMOT (1990), nos termos em inglês declarative knowledge e procedural knowledge.

Page 2: Lernstrategien – fördern Deutschlehrer ihre Schüler heute ... · PDF filelíngua estrangeira e, consequentemente, onde são formuladas as estratégias de aprendizagem. Segundo

língua estrangeira e, consequentemente, onde são formuladas as estratégias de

aprendizagem. Segundo os fundamentos cognitivistas, o conhecimento declarativo,

origem única e primeira das informações que, posteriormente, podem vir a ser

utilizadas, está em intrínseca relação com meios individuais de aprendizagem, pois a

experiência de mundo é idiossincrática.

Partindo-se do pressuposto de que o aluno formula hipóteses acerca do idioma

estudado (KRASHEN 1989) e de que as mesmas podem vir a ser ou não confirmadas

por uma regularidade observada pelo próprio aprendiz, representada pelo binômio “SE/

ENTÃO”2 (O’MALLEY & CHAMOT 1990: 52), o aluno desdobra tal dicotomia em

estruturas ainda mais complexas. Um esquema binário onde se procure demonstrar um

processo cognitivo deve considerar, além de condições e ações, as respectivas

interações, ou seja, de que maneira o aluno atravessa o campo das hipóteses para

aportar no espaço das certezas. Assim, as estratégias de aprendizagem são, em médio e

longo prazo, revistas pelos aprendizes, caso o aprendizado do idioma estrangeiro

perdure, fator relacionado à motivação e à atitude do aluno diante da língua e da cultura

estrangeiras. Trata-se de uma revisão e de um processo cíclico, no qual a negação

também pode ser incluída. Logo, o SE pode vir a ser um SE NÃO, da mesma maneira

que o ENTÃO pode se tornar um ENTÃO NÃO. Os opostos que podem se complementar

admitem entre o SE/ ENTÃO uma interação entre essas quatro categorias, existindo não

apenas uma relação de causa e consequência, como também um estabelecimento

contínuo de sistemas autônomos e individuais, nos quais o aprendiz calca processos

mentais estratégicos. Não obstante, esses quatro conceitos também são estendidos ao

processo de ensino e aprendizagem e à busca da sintonia entre o ensinar e o aprender.

Essas acepções vêm de encontro aos estágios de aquisição das habilidades, em especial

com relação ao nível associativo, formulados por ANDERSON (1983):

Cognitivo: não há substância inata de conhecimento declarativo para

posterior transformação em conhecimento procedimental.

Associativo: já existe a aquisição, em pequena escala, da língua estrangeira

e uma grande quantidade de tentativas de estabelecimento de estratégias de

aprendizagem, visto que algumas das quais são passíveis de êxito.

2 “IF” e “THEN” no original em inglês.

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Autônomo: as habilidades são autônomas; o conhecimento é, em grande

parte, procedimental. As estratégias de aprendizagem utilizadas são aquelas que

viabilizam a aquisição do idioma estrangeiro.

O conceito de estratégia de aprendizagem advém de observações acerca de

comportamentos mentais relacionados a uma língua estrangeira, sendo fundamental,

porém, a distinção entre aquisição e aprendizagem (KRASHEN 1989), que é de

importância crucial no âmbito dos estudos pedagógicos. A aquisição refere-se ao estudo

informal de uma língua estrangeira, enquanto a aprendizagem alça as atividades

realizadas em âmbito formal. Não se restringindo somente a uma divergência

terminológica, ambos os conceitos, quando devidamente esclarecidos, compreenderão

estratégias empreendidas em diferentes situações e atividades, havendo aí problemáticas

com relação ao corpus a ser construído e, consequentemente, à sua delimitação.

O aprendizado e a aquisição de uma língua estrangeira, dadas as acepções acima,

é um movimento de codificação, recodificação, decodificação e feedback, o que

caracteriza as atividades delineadas dentro e fora da sala de aula como empregos de uma

interlíngua, ou seja, aquele idioma que não é a língua materna tampouco a língua

aprendida, já que “(...) aprender a se comunicar em língua estrangeira implica uma

constante construção/ reconstrução de representações acerca da língua e suas

capacidades enunciativas e interacionais” (RODRIGUES 1999: 34). Partindo desta

problemática, RODRIGUES (1999: 14) propôs uma breve distinção:

a. Estratégias de produção: baseadas na repetição de estruturas básicas, de

modo a respeitar os padrões de fonologia e de planejamento do discurso, não havendo a

procura por diversificações.

b. Estratégias de comunicação ou “competência estratégica” (BACHMAN

1995): tentativa de estabelecer um diálogo ou de se comunicar na língua estrangeira.

c. Estratégias de aprendizagem: “(...) tentativa de desenvolver competência

linguística e sociolinguística na língua alvo” (RODRIGUES 1999: 14 apud ELLIS

1996: 529).

1. Hipóteses

No presente trabalho, foram objetos de hipóteses:

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a) A existência de estratégias de aprendizagem individuais fora da sala de

aula em estudantes de alemão como língua estrangeira.

b) A relação entre a busca por estratégias para estudo próprio e a estrutura

oferecida pelo local de ensino, por outras instituições que divulgam a cultura e a língua

alemãs, bem como pela capital econômica brasileira.

c) A incorporação das estratégias de aprendizagem pode se encontrar em

dependência, ao menos neste estudo de caso, de locais que ofereçam possibilidade para

o desenvolvimento das mesmas, em especial, o próprio instituto.

d) As eventuais estratégias de aprendizagem utilizadas pelos alunos em seu

ambiente doméstico.

2. O Questionário Individual

O tratamento do questionário individual caracterizou-se como uma ampla pesquisa

acerca de possíveis necessidades do aprendiz de alemão como uma segunda língua, a

fim de que o aprendiz pudesse suscitar outros questionamentos e respostas. Os objetivos

das perguntas em série eram identificar as estratégias de aprendizagem formuladas de

maneira individual pelos alunos e a sua possível relação com o oferecimento de

ambientes e materiais pelo instituto, bem como por outros locais e situações, além do

contato com familiares e estrangeiros. A função do questionário era, em suma,

demonstrar as circunstâncias em que os alunos poderiam estender seus aprendizados,

que se trate de produção oral ou escrita e de compreensão oral ou escrita, ou, até

mesmo, comunicarem-se no idioma estrangeiro, tornando-se, assim, interlocutores.

As instruções para preenchimento do questionário foram explicitadas em um

breve enunciado, localizado acima das questões, com uma observação em relação à

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liberdade oferecida ao aprendiz de elencar problemáticas ali não presentes, bem como

sobre a necessidade da elaboração de um texto, por motivos já referidos. As estratégias

de aprendizagem foram agrupadas em gráficos para uma melhor visualização,

classificação e análise dos dados obtidos.

3. Considerações Finais

Partindo-se do pressuposto de que as estratégias de aprendizagem utilizadas fora

da sala de aula são intrínsecas ao aprendizado de uma língua estrangeira, a pesquisa

demonstrou que até mesmo aqueles indivíduos que consideram suficiente o espaço da

interatividade com o professor, além daqueles que buscam meios próprios, necessitam

de um aprendizado “solo”. Sendo assim, há uma espécie de auxílio no processamento da

língua estrangeira, não interessando aqui quais sejam subconscientes, conscientes ou

potencialmente conscientes. Além disso, notou-se a utilização de estratégias em

ambiente doméstico. No entanto, essas táticas aplicam-se a materiais e, ao menos neste

estudo, todos eles podem ser encontrados na biblioteca do instituto, havendo, portanto,

somente uma transposição local, em que os materiais advindos do instituto, utilizados

tanto dentro como fora da sala de aula, podem ser utilizados na casa dos participantes da

pesquisa.

A análise e a classificação dos dados revelaram uma dependência no que diz

respeito às estruturas oferecidas pela instituição na qual se estuda o idioma alemão. Os

materiais oferecidos pela biblioteca, uma das hipóteses da pesquisa, foram citados pela

maioria dos entrevistados, até mesmo como objeto de dificuldades para o aprendizado

da língua. No entanto, a facilidade de se buscar livros, CD, filmes etc. auxilia, como

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demonstraram os resultados, na formulação e no emprego de estratégias de contato com

a língua estrangeira, bem como em um melhor aprendizado do conteúdo debatido em

sala de aula.

Anexos

Questionário

Por favor, responda o questionário abaixo, elaborando um breve texto sobre

estratégias desenvolvidas fora da sala de aula para aprender alemão. Fique à vontade

para discorrer sobre outras questões, não se atendo somente às sugeridas. Responda na

própria folha ou envie por e-mail para [email protected]

A aula é suficiente para solucionar todas as dúvidas?

O aprendizado fora da sala de aula mostra-se necessário mesmo quando a aula

é considerada adequada para o aprendizado de alemão?

Você tem estratégias próprias de aprendizado? Se sim, você seria capaz de

esquematizá-las?

O que você faz para se tornar um falante do alemão?

O que a instituição e a cidade oferecem?

Como você vê a biblioteca e os meios audiovisuais disponíveis para estudar

alemão sozinho?

Você adquire materiais para estudo próprio ou se atém ao livro-texto utilizado

em sala de aula?

O que você lê e ouve no idioma alemão?

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Como você estuda? Como se expressar em alemão sem ter com quem falar

essa língua?

Como você pode se tornar um falante de alemão na região onde você mora?

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Referências bibliográficas

ANDERSON, J. The Architecture of Cognition. Cambridge: Harvard University Press, 1983.

BACHMAN, L. Habilidad linguistica comunicativa. In: LLOBERA, M. et al.

Competencia Comunicativa (documentos básicos en la ensenãnza de lenguas extranjeras). Madri: Edelsa, 1995, pp. 5-26.

KRASHEN, D. The input hypothesis: issues and implications. London: Longman,

1989. O’MALLEY, J. M. & CHAMOT, A. U. Learning strategies in second language

acquisition. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.