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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE – UNIVALE LEPTOSPIROSE: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E LABORATORIAIS. VÂNIA RODRIGUES DE SOUZA Governador Valadares – MG Julho 2011

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE – UNIVALE

LEPTOSPIROSE: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E

LABORATORIAIS.

VÂNIA RODRIGUES DE SOUZA

Governador Valadares – MG

Julho 2011

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VÂNIA RODRIGUES DE SOUZA

LEPTOSPIROSE: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E

LABORATORIAIS.

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao I curso de Analises Clínicas e Gestão de laboratório da faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce, como requisito para obtenção do titulo de especialista em Analises Clinicas e Gestão de Laboratório.

Orientador: Rogério Oliveira Rodrigues

Governador Valadares – MG.

Julho 2011

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Dedico esse trabalho a meus familiares, minha mãe Luzia Rodrigues e meus Pais Geraldo Moreira e Jandir Elias de Oliveira (In Memória) pelo apoio incondicional, pelo amor, crença no meu potencial e incentivo as minhas escolhas. A meus sobrinhos Ana Luiza, Pedro Luiz e ao novo que esta a caminho. E em especial a Julia Rodrigues, minha amiga, companheira e acima de tudo minha filha.

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AGRADECIMENTO (S)

Agradeço a Deus por ter me proporcionado tal oportunidade, dando-me forcas para

superar as dificuldades, por ter me dado saúde perfeita e me dotado da capacidade

infinita para realização deste projeto.

A minha família pelo incentivo a fazer este estudo.

A meu orientador Rogério de Oliveira Rodrigues, que me forneceu orientações seguras,

guiando meu caminho.

Aos meus colegas de pós-graduação pelos momentos de descontração.

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“A vida é demasiado curta para nos permitir

interessar-nos por todas as coisas, mas é bom que

nos interessemos por tantas quantas forem

necessárias para preencher os nossos dias”.

Bertrand Russell

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RESUMO

A Leptospirose é uma zoonose de grande importância social e econômica, causada por bactérias do gênero Leptospira, cujo espectro pode variar desde um processo inaparente até formas graves. Acomete animais domésticos, silvestres e o homem, caracterizada por uma enfermidade infecciosa que afeta múltiplos órgãos. Contudo, em nosso meio, a maior parte dos casos ainda ocorre entre pessoas que habitam ou trabalham em locais com más condições de saneamento e expostos à urina de roedores. O homem se infecta através do contato direto com animais infectados ou através de exposição por contato indireto com água ou solo contaminado pela urina dos animais infectados ou ainda através da vegetação e alimentos contaminados. A Leptospira ssp. pode penetrar no corpo pela pele integra ou não, pelas mucosas nasal, oral e conjutiva. As inundações propiciam a disseminação e a persistência do agente causal no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos. Uma analise realiza no período de 1999 a 2003, no Brasil, foram confirmados 14.334 casos de leptospirose, com uma média anual de 2.866 casos, variando entre 2.415 (2003) e 3.532 casos (2001). Nesse mesmo período foram informados 1.683 óbitos, numa média de 336 óbitos por ano. O quadro clínico é constituído por febre, insuficiência renal, icterícia e eventos hemorrágicos. O diagnóstico da leptospirose pela observação dos sinais clínicos, mas é confirmado através do exame de microscopia em campo escuro; isolamento da bactéria ou através da sorologia, onde a reação de micro-aglutinação (MAT), embora seja uma forma indireta, é o método de referência para a detecção da infecção em homens e animais. Palavras-chave: Leptospirose, epidemiologia no Brasil e no Mundo, patogenia, sinais e sintomas clínicos e Diagnostico.

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SUMMARY

Leptospirosis is a zoonosis of great social and economic importance, caused by bacteria of the genus Leptospira, whose spectrum can vary from one process inapparent to severe forms. It affects cattle, and wild man, characterized by an infectious disease that affects multiple organs. However, in our midst, most cases still occur among people who live or work in places with poor sanitation and exposed to urine of rodents. Man becomes infected through direct contact with infected animals or through exposure by indirect contact with water or soil contaminated with urine of infected animals or through contaminated food and vegetation.Leptospira spp. can enter the body through the skin part or not, the nasal mucosa, oral and conjuctiva. Floods favor the spread and persistence of the causative agent in the environment, facilitating the occurrence of outbreaks. An analysis conducted from 1999 to 2003 in Brazil, were 14,334 confirmed cases of leptospirosis, with an annual average of 2,866 cases, ranging from 2415 (2003) and 3532 cases (2001). In the same period 1,683 deaths were reported, an average of 336 deaths per year. The clinical picture consists of fever, renal failure, jaundice and bleeding events. The diagnosis of leptospirosis by observation of clinical signs, but is confirmed through examination of dark-field microscopy, isolation of the bacterium or by serology, where the reaction micro-agglutination test (MAT), although it is a roundabout way, is the method reference for the detection of infection in humans and animals. Keywords: Leptospirosis, epidemiology in Brazil and Worldwide, pathogenesis, clinical signs and symptoms and diagnosis.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Sorovariedade de Leptospira Interrogans e seus hospedeirosde manutenção----------------------------------------------------------------- 14 Tabela 2: Principais locais favoráveis a infecção no meio urbano e rural por no Brasil-------------------------------------------------------------------------- 16

Tabela 3: Freqüência de sinais e sintomas da Leptospirose em varias series clinicas-------------------------------------------------------------------------- 22 Tabela 4: Seqüências dos primers G1 e G2 com indicação do Tamanho do fragmento amplificado e das regiões do gene sec Y em que ocorre o anelamento--------------------------------------------------------------- 25

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LISTA DE SIGLAS

ELISA: Ensaio Imunoenzimatico Indireto

EUA: Estados Unidos da America

IgG: Imunoglobulina G

IgM: Imunoglobulina M

LCR: Liquido Cefalorraquidiano

MAT: SoroaglutinaÇão Microscópica

OMS: Organização Mundial de Saúde

PCR: Reação de Cadeia de Polimerase

PH: Potencial Hidrogenionico

PME: Proteínas de Membrana Externa

SAT: SoroaglutinaÇão Macroscópica

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SUMÁRIO

1 INTRODUCAO ----------------------------------------------------------------------------- --11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA---------------------------------------------------------------13

2.1 EPIDEMIOLOGIA DA LEPTOSPIROSE NO MUNDO-----------------------------13

2.2 EPIDEMIOLOGIA DA LEPTOSPIROSE NO BRASIL----------------------------- 15

2.3 PATOGENIA DA LEPTOSPIROSE-----------------------------------------------------18

2.4 SINAIS E SINTOMAS CLINICOS DA LEPTOSPIROSE-------------------------- 21

2.5 DIANOSTICO DA LEPTOSPIROSE--------------------------------------------------- 23

3 CONCLUSÕES---------------------------------------------------------------------------------29 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS--------------------------------------------------------30

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1 INTRODUCAO

A leptospirose é uma zoonose de ampla distribuição geográfica, caracterizada

como uma doença epidêmica cuja incidência é maior em épocas chuvosas e

inundações urbanas, sendo considerada uma doença infecciosa aguda, transmitida por

bactérias do gênero leptospira (GUIDUGLI, 2006).

Em 1850 foi descrita uma enfermidade em cães que mais tarde foi considerada

como similar à doença humana descrita por Weil na Alemanha. Em 1918 descobriu-se

que o agente da icterícia infecciosa dos cães era uma espiroqueta. Em 1886,

descreveu-se pela primeira vez a leptospirose, como "doença de Weil", a qual se

caracterizou por ser doença febril associada à icterícia e à hepatomegalia. O seu

agente etiológico foi descoberto em 1915, desde então pesquisadores de todo o mundo

estudam a leptospirose e seu agente (BIAZOTTI, 2006).

As leptospiras são bactérias patogênicas pertencentes à ordem Spirochaetales,

a família Leptospiracae, ao gênero Leptospira. Durante muito tempo, esse gênero foi

divido em duas espécies: L. biflexa e L. interrogans, ambas subdivididas em várias

sorovariedades. As sorovariedades da L. biflexa são as de vida livre, consideradas

saprófitas, enquanto as da L. interrogans são responsáveis pela infecção nos animais

domésticos e no homem, (MELO et al.,2010; SCHMIDT et. al, 2002 ) ou seja,

patogênicas (PEREIRA,2009).

Recentemente, na reunião do Subcomitê de Taxonomia da Leptospiraceae

realizada no Equador em 2007, a L. interrogans foi reclassificada em 13 espécies

patogênicas de Leptospiras: L. alexanderi, L. alstonii, L. borgpetersenii, L. inadai, L.

interrogans, L. fainei, L. kirschneri, L. licerasiae, L. noguchi, L. santarosai, L. terpstrae,

L. weilii e L. wolffii, distribuídas em mais de 260 sorovariedades agrupadas em 23

sorogrupos (MELO et al.,2010). As espécies saprófitas de vida livre são: L. biflexa, L.

wolbachii e L. hollandia; possuem 38 sorovares agrupados em seis sorogrupos, sendo

encontradas principalmente em água doce, e há raros registros de infecção no homem

e nos animais (PEREIRA, 2009; SANTANA, 2008).

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As Leptospiras são bactérias Gram Negativas, espiraladas, flexíveis e móveis,

compostas de um cilindro protoplasmático que se enrola ao redor de um filamento axial

central. O envelope externo é composto por lipopolissacarídeos (MORIKAWA, 2009),

são bastante sensíveis á luz solar direta, aos desinfetantes comuns e aos anti-sépticos.

O período de sobrevida das linhagens patogênicas na água pode variar segundo a

temperatura, o pH, a salinidade e o grau de poluição. Sua multiplicação é ótima em pH

compreendido entre 7,2 a 7,4 (GUIDI, 2006).

A transmissão das leptospiras ao homem pode ocorrer pelo contato direto com

sangue, tecidos, órgãos ou urina de animais infectados, e também por um via indireta,

quando em contato com água, solo úmido ou vegetação contaminada com urina de

animais infectados. Os seres humanos são infectados pela penetração de leptospiras

nas mucosas íntegras, na pele lesada ou integra quando imersas em água por longo

tempo e quando em contato direto ou indireto com animais doentes ou reservatórios

e/ou suas excreções (GUIDI, 2006; KOURY, 2006).

Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa sendo os mais comuns: dor

de cabeça, febre, dores musculares, fadiga e sufusão conjuntival (STONE et al.,2006).

A profilaxia da leptospirose requer a adoção medidas de controle em todos os

níveis da cadeia epidemiológica da doença, tais como imunização dos amimais,

erradicação dos hospedeiros e, sobretudo manejo sanitário adequado dos locais de

alta incidência de roedores (GUIDI, 2006).

O objetivo do presente estudo esta em apresentar uma revisão bibliográfica que

descreva a importância dos aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais da

leptospirose.

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2 REVISÂO BIBLIOGRAFICA

2.1 EPIDEMIOLOGIA DA LEPTOPSIROSE NO MUNDO

Na historia da humanidade são descritas diversas doenças que afetam

negativamente a sobrevivência dos seres humanos, doenças essas como a

leptospirose que merece destaque por se tratar de uma zoonose de grande destaque

mundial (CORCHO et al, 2008).

As leptospiras não podem se replicar fora de um hospedeiro (WOHL, 1996)

geralmente estão presentes nos túbulos renais dos mamíferos e são excretadas na

urina por vários meses após a fase aguda contaminando água e/ou alimentos, podendo

o hospedeiro reservatório demonstrar pouco ou nenhum sinal clínico (GUIDI,

2006;KOURY, 2006).

Para que a bactéria leptospira permaneça no ambiente depende de condições

favoráveis como clima temperado e úmido, solos saturados de água e pH neutro,

tornando viável a sobrevivência de leptospiras por até 180 dias, no entanto, só resistem

30 minutos quando o solo está seco ao ar (GUIDI, 2006).

A prevalência de uma sorovariedade de Leptospira em uma região, causando

doença humana, depende de vários fatores: a espécie do animal reservatório presente

no local, às condições climáticas e geográficas do ambiente, a forma de ocupação e

práticas de agricultura (NETO, 2010).

Os principais reservatórios de leptospiras são os roedores (Rattus norvergicus,

Rattus rattus e Mus musculus). Em áreas metropolitanas o rato de esgoto, Rattus

norvegicus, é o mais importante transmissor de leptospiras no homem. Outros animais

são considerados reservatórios para as espécies de leptospiras, como bovinos, suínos,

ovinos, caprinos, eqüinos e caninos e animais silvestres (KOURY, 2006).

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Tabela 1: Sorovariedades de Leptospira interrogans e seus hospedeiros de manutenção.

SOROVARIEDADES HOSPEDEIRO DE MANUTENCAO

Canicola Caes

Icterohaemorrhagiae Ratos

Grippotyphosa Guaxinins, ratos-calungas, gambás e

esquilos

Pomona Gado, porcos

Bratislava Porcos

Hardjo Bovinos

Ballum Camundongos

Fonte: WOHL, J.S. 1996.

Embora em muitos países a leptospirose não é vista como uma doença de

notificação obrigatória, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece anualmente

300.000 a 500.000 novos casos da infecção (CORCHO et al., 2008).

Em estudos de soroprevalência humana realizados em alguns países nos anos

de 1982 e 1996, mostra que Somália representa o maior índice de contaminação por

leptospiras com 51%, com 43% Barbados, Índia com 33%, Detroit nos EUA e Bolívia

com 31%, 21% na Espanha, Coréia e Baltimore nos EUA com 16% e com 12% Itália

(ENNA; ROLANDO, 2007).

No Japão, o número de casos de leptospirose tinha aumentado atingindo mais

de 200 mortes anual até 1960, principalmente no campo, porém esse número foi

diminuindo rapidamente devido à mecanização da agricultura, onde os agricultores

passaram a fazer uso de botas de borracha durante o trabalho no campo, além do uso

de vacina inativada (VICTORIANO et. al., 2009).

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2.2 EPIDEMIOLOGIA DA LEPTOSPIROSE NO BRASIL

A leptospirose é considerada uma doença endêmica no Brasil, sendo vista como

uma enfermidade de grande importância social e econômica. Sua ocorrência esta

relacionada a precárias condições de infra-estrutura sanitária, população de baixa

renda e alta infestação de roedores, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos,

principalmente nas capitais e áreas metropolitanas (BIAZOTTI, 2006; KOURY, 2006).

A incidência de surtos de leptospirose é mais elevada em áreas onde as

inundações são mais freqüentes. Nos países desenvolvidos a infecção tem sido

associada com o lazer, em atividades como a natação em água doce, caiaque,

canoagem, caca, pesca e caminhadas (TULSIANI et. al., 2010).

No Brasil, alterações sociais ocorridas entre 1960 e 1996 causaram um aumento

de 350% na população urbana favorecendo o aparecimento de favelas, onde as

condições sanitárias são propicias para o aparecimento de ratos, principais

reservatórios e transmissores de leptospiras (KOURY, 2006).

Os principais locais favoráveis de infecção no meio urbano e rural por

leptospiras de acordo com análise realizada no Brasil no período de 2001 a 2003 estão

descritas na tabela 2 (GUIA DE VIGILANCIA EPIDEMIOLOGICA, 2005).

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Tabela 2: Principais locais favoráveis a infecção no meio urbano e rural por Leptospiras

no Brasil.

Local favorável de infecção por Leptospira

no meio urbano % de casos

Domicilio 55%

Ambiente de Trabalho 32%

Situações de Lazer

13%

Local favorável de infecção por Leptospira

no meio rural % de casos

Domicilio 28%

Ambiente de trabalho 54%

Lazer 17%

Fonte: Guia de Vigilância Epidemiológica, 6. ed. Brasilia, 2005. p.816.

O Brasil é considerado pela medicina, juntamente com o Peru, Nicarágua, Índia,

China, Malásia, Ilhas Unidas e outros países asiáticos como regiões onde a

leptospirose é uma doença reemergente, pelo aumento do número de casos de

ocorrência de formas graves como a hemorragia pulmonar (NETO, 2010). Os surtos de

leptospiroses freqüentemente são registrados nos períodos mais quentes e chuvosos

do ano compreendidos entre dezembro e março (GUIDI, 206).

Em São Paulo, no Instituto de Infectologia Emilio Ribas, 43 crianças foram

hospitalizadas com leptospirose no período entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995,

e 88% tiveram contato com água contaminada (MAROTTO et al., 1997).

Ainda em São Paulo, dados mais recentes obtidos pela ficha de notificação

compulsória, demonstram uma incidência de leptospirose de 1,7 a 2,7 em 100.000

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habitantes de 2004 a 2006, sendo a sexta causa de morte entre as doenças notificáveis

da capital com taxa de mortalidade global de 11 a 19%. São Paulo é a cidade do Brasil

onde se registra o maior número de casos da doença de Weil com uma taxa de

mortalidade de 46 % (NETO, 2010).

No Brasil, durante o período de 1985 a 1993, foram notificados 20.341 casos de

leptospirose humana. Nesse período houve 2.232 óbitos por leptospirose. Em 2004,

entre janeiro a outubro, o total de casos foi de 2.775, com 340 óbitos e entre janeiro a

outubro de 2005 foram confirmados 2307 casos de leptospiroses em humanos, com

260 óbitos (KOURY, 2006).

Na cidade de Porto Alegre, em 1966, foram encontrados 19,2% de positivos para

Leptospirose também em trabalhadores de esgotos, identificando-se as sorovariedades

icterohaemorrhagiae, australis e sentot (ALMEIDA et al., 1994).

No estado do Rio Grande do Sul, em 1962, foram identificados 2,3% de

reagentes à prova de soroaglutinaÇão para leptospirose entre trabalhadores de

esgotos, predominando as sorovariedades canicola, icterohaemorrhagiae e

copenhageni (ALMEIDA et. al , 1994).

Em Minas Gerais poucos trabalhos epidemiológicos referentes à leptospirose

foram realizados. A Fundação Ezequiel Dias, laboratório de referência do estado para o

diagnóstico da leptospirose, recebeu 411 amostras de sangue de pacientes com

suspeita da doença no período de 1988 a 1993, que foram examinados pela reação de

soroaglutinaÇão macroscópica (SAM) obtendo-se 28,5% de positividade (OLIVEIRA et

al., 1993).

No Brasil, em 2008, de acordo com o Ministério da Saúde foram registrados

3.306 casos de leptospirose, sendo 949 na sudeste e 63 no estado de Minas Gerais.

Segundo a Vigilância Epidemiológica da Prefeitura Municipal de Uberlândia, no ano de

2008, foram registrados no município 11 casos suspeitos de leptospirose e dois casos

confirmados de leptospirose humana (CASTRO et al., 2011).

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2.3 PATOGENIA DA LEPTOSPIROSE

As fontes de leptospiras são encontradas principalmente em animais silvestres e

domésticos, que abrigam as espiroquetas nos túbulos proximais dos rins, sendo as

mesmas excretadas pela urina no meio ambiente (CINCO, 2010).

A transmissão da leptospirose aos seres humanos ocorre através do contato

com solo, água fresca contaminada com urina de animal infectado ou contato com

tecido animal infectado (SILVA, 2007). Uma vez infectados, os animais podem eliminar

o agente na urina por um período de tempo variável, que pode chegar a mais de um

ano (BRICH, 2010; MARINHO, 2008).

As leptospiras penetram no corpo dos hospedeiros através das membranas da

mucosa dos olhos, nariz ou garganta e através de cortes ou abrasões da pele, e invadir

os tecidos e fluidos dos hospedeiros. A gravidade da doença nos seres humanos varia

de acordo com a espécie de leptospiras, desde uma doença aguda sem manifestações

crônicas ate um quadro mais grave e fatal como icterícia, insuficiência renal e/ou

hemorragia pulmonar (CINCO, 2010).

A leptospirose é uma doença de múltiplos órgãos, a translocação rápida de

leptospiras patogênicas no meio de células de mamíferos permite que as bactérias

rapidamente atinjam a corrente sanguínea e dissemine por todo corpo (MARCHIORI et.

al., 2011).

Para que ocorra a infecção, as leptospiras penetram ativamente no organismo

dos hospedeiros ganhando a corrente circulatória. O período de incubação é de 2 a 20

dias (BIAZOTTI, 2006).

Após ter superado os mecanismos de defesa não-específicos, as leptospiras se

multiplicam no sangue, na linfa, no fluido cerebral espinhal e em todos os tecidos,

constituindo a fase aguda da doença que cursa com leptospiremia (FAGUNDES, 2008)

onde os órgãos alvos são rins e fígado, podendo causar lesão aguda e insuficiência

renal e lesões dos hepatócitos, resultando ocasionalmente em necrose hepática aguda,

fibrose hepática e hepatite ativa crônica (BIAZOTTI, 2006; GUIDI, 2006; SILVA, 2007).

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Uma vez no sangue as leptospiras são capazes de circular em todos os tecidos,

as leptospiras que conseguir fugir das células fagocíticas do sistema reticulo -

endotelial multiplicam-se de forma exponencial, dobrando a cada 8 horas. Não há

evidências de que leptospiras fagocitadas sobrevivam por muito tempo no interior dos

fagócitos. Cepas virulentas, entretanto, têm a capacidade de atenuar a resposta

fagocítica ativando a apoptose de macrófagos (TULSIANI et al., 2010).

Dependendo da resistência do hospedeiro, e com a produção de anticorpos

circulantes, as leptospiras deixam a corrente circulatória e passam a persistir nos

órgãos e tecidos do sistema imune (ADORNO, 2006). Quanto maior a especificidade

do sorotipo para a espécie, maior o grau de patogenicidade (BIAZOTTI, 2006). A

infecção com Leptospira spp. produz um estado de inflamação generalizada durante o

período de invasão tecidual (SILVA, 2007).

Na lesão primária as leptospiras danificam as membranas das células

endoteliais de pequenos vasos sanguíneos pela ação dos fatores de virulência como as

lipoproteínas, e PME (Proteínas de Membrana Externa) periférica (LAFETA, 2006),

levando ao rompimento dos capilares e a migração das bactérias para os espaços

extravasculares. As lesões preliminares são atribuídas à ação mecânica dos

microrganismos dentro da parede dos vasos sanguíneos e são seguidas por

hemorragias (FAGUNDES, 2008).

Durante o período de incubação, de sete a 14 dias, ocorre a septicemia, levando

a produção de anticorpos da classe IgM, que têm atividade de poucos dias, e, mais

tardiamente, surgimento de anticorpos da classe IgG. Apesar dos anticorpos auxiliarem

no combate à bacteremia, não eliminam por si só a infecção renal (SANTANA, 2008).

Com a progressão da infecção, ocorre o processo de reação imunitária do

hospedeiro conhecida como a segunda fase da infecção, que antagoniza o agente

invasor onde o mesmo se refugia em algumas áreas do organismo, verificando-se a

imunidade humoral insistente ou em níveis baixos. Tais locais são a câmara do globo

ocular e a luz dos túbulos renais. A localização renal caracteriza a fase de leptospirúria,

onde as leptospiras são eliminadas na urina (ARRUDA, 2005; ALCINDO, 2010) que se

inicia entre o sétimo e o décimo dia da evolução da doença. Nesta fase, ocorre a

formação de complexos imunes e reação inflamatória, o que leva vários órgãos a uma

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vasculite generalizada, principalmente no fígado, rins, coração, pulmões e sistema

reprodutivo (ALCINDO, 2010). Portanto a leptospirose é dividida em duas fases,

leptospiremia e fase de leptospirúria e imunidade (SILVA, 2007).

As leptospiras podem infectar os fetos levando-os a morte, além de causar

transtornos reprodutivos. Caso a infecção ocorra no terceiro trimestre de gestação

poderá ocorrer produção de anticorpos específicos superando a manifestação da

doença (GUIDI, 2006; MENEZES et. al, 2006; SANTANA, 2008).

Nos portadores, a patogenicidade da Leptospirose se distingue pela baixa

resposta sorológica, apresentando poucos sinais clínicos agudos e um prolongado

estado de portador renal. Já nos hospedeiros acidentais a Leptospira causa severa

com altos títulos de anticorpos aglutinantes, apresentando quase nenhum estado de

portador renal (ADORNO, 2006).

Outra característica da Leptospirose é a ativação do processo de coagulação

através da ativação da cascata de coagulação na infecção de animais susceptíveis

levando a uma coagulação intravascular disseminada. Qualquer outro órgão pode ser

atingido na Leptospirose aguda, hemorragias e icterícia nos casos graves. A lesão

tecidual pode ser reversível e ser seguida pela reparação do órgão afetado como os

rins e fígado, podendo alcançar a cicatrização (GOMES, 2011).

Page 21: LEPTOSPIROSE: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E ... · Tabela 3: Freqüência de sinais e sintomas da Leptospirose em varias series clinicas----- 22 Tabela 4: Seqüências dos

21

2.4 SINAIS E SINTOMAS CLINICOS DA LEPTOSPIROSE

A leptospirose apresenta manifestações clínicas variáveis, desde formas

assintomáticas até quadros clínicos graves com manifestações fulminantes

(ELKHOURY et al, 2009).

A leptospirose pode apresentar-se com sintomas variados que vão desde um

leve estado gripal até doença de weil que se manifesta em múltiplos órgãos, porém

nenhuma manifestação da leptospirose como febre, dor de cabeça, fotofobia, sinal de

kerning, calafrios, mialgia, artralgia, náuseas, vômitos, oliguria, icterícia, desidratação

são específicos para leptospirose (TULSIANI, et. al., 2010).

O curso clínico da doença pode ser divido em duas fases, a fase inicial tem

duração de 3 a 7 dias, apresentando como sintomas: febre de 38°C a 39°C que perde

sua intensidade após 4 a 7 dias do início dos sintomas , calafrios, cefaléia intensa,

anorexia, diarréia, náuseas, vômitos e mal estar, mialgia mais pronunciada na região

da panturrilha. Nessa fase, é possível isolar a leptospira no sangue, embora o

isolamento da Leptospira seja difícil, pois a bactéria é muito sensível as alterações

ambientais e morrem facilmente. Em alguns casos, podem apresentar retorno dos

sintomas após um período de 1 a 3 dias, iniciando a fase imune da doença, que tem

duração de 4 a 30 dias. Nesta fase, sintomas mais graves, como meningite, presença

de anticorpos IgM são comumente encontrados (HUTTNER et. al, 2002).

As seqüelas mais graves da leptospirose ocorrem durante a fase imune da

doença, incluindo insuficiência renal aguda, insuficiência hepática, meningite asséptica

e pulmonar grave, hemorragia (SLACK, 2010).

Os sinais e sintomas mais comuns são: febre, mialgia intensa, cefaléia,

manifestações e alterações gastrointestinais, como vomito, dor abdominal, injeção

conjutival e síndrome meningea na segunda semana de evolução como relatados na

tabela 03. (ENNA; ROLANDO, 2007).

Page 22: LEPTOSPIROSE: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E ... · Tabela 3: Freqüência de sinais e sintomas da Leptospirose em varias series clinicas----- 22 Tabela 4: Seqüências dos

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Tabela 3: Freqüência de sinais e sintomas da Leptospirose em várias series clinicas %.

Sintomas Chile 1960

(n=110)

EUA 1965

(n=483)

Vietnam

1973

(n=150)

Chile 1985

(n=36)

Febre 100 100 97 100

Cefaléia 99 77 98 85

Mialgia 71 68 79 92

Calafrios _ _ 78 39

Náuseas/Vômitos 64 60 41 47

Dor Abdominal 48 30 28 22

Constipação 35 6 _ 33

Diarréia 17 15 29 30,5

Sinais

Hiperemia Conjuntival 36,3 33 42 77,2

Sinais Meningeos 22,7 37 12 19,4

Icterícia 7,2 43 1,5 19,4

Hepatomegalia 12,2 18 _ 8,3

Esplenomegalia 10,9 5 22 5,6

Exantema 5,5 9 7 5,6

Fonte: ENNA, Z.M & ROLANDO, P.P. 2007.

Os comprometimentos pulmonares, como a pneumonia intersticial, são mais

comuns no homem do que nos cães, e a inflamação intestinal, em alguns animais,

pode resultar em intussuscepção (GUIDI, 2006). A forma pulmonar da leptospirose

pode ocorrer na ausência de icterícia (MARCHIORI et. al., 2011).

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A infecção pelo sorovar canicola causa um severo comprometimento renal com

sinais de uremia e gastroentéricos, podendo evoluir para insuficiência renal crônica

(GUIDI, 2006).

2.5 DIAGNOSTICO DA LEPTOSPIROSE

O diagnóstico da leptospirose humana continua sendo um sério problema

médico e saúde pública. Na maioria dos casos, a história epidemiológica, os sinais e

sintomas clínicos da doença não permitem o diagnóstico, sendo necessária à

confirmação laboratorial (KOURY, 2006).

A confirmação precoce da Leptospirose é importante para o sucesso do

tratamento que deverá iniciar na fase de leptospiremia, logo na primeira semana da

doença, para assim prevenir a evolução de uma infecção subclínica a uma síndrome

grave, com envolvimento de diversos órgãos e sistemas, a qual tem, em regra, um

desfecho fatal se não for tratada em tempo útil (KOURY, 2006).

A cultura da bactéria é um método para o diagnóstico da leptospirose, mas

requer que sejam tomadas precauções para proteger os seres humanos da infecção e

aperfeiçoar o isolamento da bactéria, que é extremamente frágil (POSPISSIL, 2007).

A Leptospira Interrogans é cultivada em meios de cultura especiais,

preferencialmente contendo soro, além de albumina ou meios sintéticos livres de

proteínas (SILVA, 2007). A cultura da bactéria pode ser feito a partir do fluido fetal,

fígado, rins, leite, fluido cérebro-espinhal, liquido peritoneal, urina ou sangue

(POSPISSIL, 2007).

A urina de animais em infectados é o material ideal para o cultivo, porém devem

ser colhidas mais de uma amostra, pois a liberação pela urina é intermitente

(BIAZOTTI, 2006).

O isolamento da Leptospira a partir fígado, rins ou fluido fetal é possível, porém

é lento e pouco prático. Um dos meios de cultura mais usado é o Fletcher, sendo um

meio de cultura sintético e semi-sólido, devido à adição de Agar. A incubação é feita a

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28°C devendo-se verificar semanalmente se há crescimento da bactéria. Se houver o

crescimento observa-se uma discreta opalescência na região abaixo da superfície,

devendo ser verificado o cultivo durante um mês. O isolamento da Leptospira é difícil,

pois a bactéria é muito sensível as alterações ambientais, morrem facilmente. Além

disso, o isolamento requer várias semanas de incubação, onde custo e a complexidade

do isolamento limitam a técnica ainda mais (POSPISSIL, 2007).

O isolamento da bactéria permite o diagnostico definitivo da infecção e

proporciona estudos epidemiológicos e profiláticos da leptospirose nas regiões

acometidas (SILVA, 2007).

O exame direto pode demonstrar leptospiras no sangue, na urina, no líquido

cefalorraquidiano (LCR) e nos tecidos. As leptospiras podem ser visualizadas por meio

da microscopia de campo escuro ou contraste de fase; através das técnicas de

coloração como as do Giemsa, Vermelho Congo ou impregnação pela prata. Essas

técnicas são pouco sensíveis e pouco específicas, visto que as leptospiras são

passíveis de serem confundidas com fibrina e com outras estruturas celulares

(GOMES, 2011).

A Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) outro método utilizado para detecção

da leptospirose, baseia-se na detecção e amplificação do DNA específico do gênero

Leptospira de diversos tecidos ou fluidos corpóreos, podendo essa técnica utilizar os

primers LEP-1 e LEP- 2, e realizadas em microtubo de 0,2mL com volumes totais de 25

mL contendo tampão de reação 10mM Tris HCl pH 8.0, 50mM KCl, 1,5mM MgCl2,

0,2mM dNTP, 20rM de cada primer, 0,2 unidades de Taq Platinum DNA polimerase

(Invitrogen) e 10ng de DNA genômico. A incubação deve ser realizada em

termociclador Mastercycler gradient (BISCOLA et al, 2008).

Os resultados na Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) são positivos na fase

de bacteremia que é na primeira semana da doença. A partir da segunda semana da

doença as bactérias e fragmentos de DNA são encontrados na urina (FRAGA, 2009).

Já foram descritas varias técnicas de PCR, como “PCR-iRep1”, baseada na

amplificação de um elemento repetitivo (iRep1) de DNA presente no genoma da

leptospiras, identificado a partir de um isolado humano de Leptospira interrogans

sorovar Copenhageni, a qual permite a identificação ao nível do sorogrupo e técnica

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de PCR G1 e G2, baseada na amplificação de um fragmento específico do gene secY

que permite a identificação de estirpes do complexo L. interrogans sensu lato à

excepção de L. kirschner (GONCALVES, 2009).

A imunofluorescência como método para diagnosticar leptospirose pode ser

utilizada para identificar Leptospiras em tecidos como fetal, fígado, pulmões, rins ou

placenta ou sedimentos urinários. É um teste rápido, podendo ser utilizado em

amostras congeladas. Sua interpretação requer um técnico treinado, e o conjugado

disponível comercialmente não é sorovariedade-específico e torna necessária a

realização do exame sorológico para identificar a sorovariedade infectante. A cultura

bacteriana é um método definitivo de diagnóstico. A urina deve ser coletada após

aplicação de furosemida para aumentar a filtração glomerular, liberando mais

Leptospiras e diluindo a urina, o que aumenta a sobrevivência das leptopsiras. Esse

método tem como desvantagem ser mais difícil e dispendioso. O exame histopatológico

com pigmentos especiais é o único que pode utilizar tecidos formolizados (renais,

placentários, pulmonares, hepáticos em casos de aborto), tendo como desvantagem

uma baixa sensibilidade e incapacidade de detectar a sorovariedade infectante (MELO

et al., 2010), a sua aplicação é, em regra, superior à da coloração de prata visto

permitir uma melhor visualização das leptospiras (GONCALVES, 2009).

Tabela 4: Seqüências dos primers G1 e G2 com indicação do tamanho do fragmento

amplificado e das regiões do gene secY em que ocorre o anelamento.

Gene Primer Nucleotideos Sequencia Fragmento

Sec Y G1 {1-20} forward 5´- CTG AAT CGC TGT ATA

AAA GT-3

285 p

G2 {266-285} reverse 5´- GGA AAA CAA ATG GTC

GGA AG-3

Fonte: GONCALVES, A.T.S Leptospirose em São Miguel: caracterização dos primeiros isolados humanos de Leptospira sp. e diferenciação molecular de estirpes isoladas principais reservatórios silváticos.Univ. Lisboa, 2009.

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Na Microscopia de Campo Escuro o diagnostico é feito com cepas vivas de cada

sorovariedade da bactéria. Depois de uma incubação de 37 ºC durante duas horas

determina por microscopia direta ou por microscopia de campo escuro se há

aglutinação. Se mais de 50 % das bactérias estiverem aglutinadas o teste é

considerado positivo. Resultados positivos não indicam que o homem ou o animal

esteja doente no momento da extração da amostra (POSPISSIL, 2007). Este tipo de

pesquisa é indicado nos primeiros dias de evolução da doença (fase de leptospirémia)

em amostras de sangue e LCR (líquido cefalorraquidiano), e numa fase mais avançada

(fase de leptospirúria) em amostras de urina (GOMES, 2009)

As colorações pela prata (Técnica de Levaditi e Método de Warthin-Starry), mais

eficazes, permitem visualizar as leptospiras coradas de castanho-escuro sobre um

fundo castanho-claro, mas estão apenas indicadas em preparações líquidas com o

mínimo de detritos (GONCALVES, 2009).

Os métodos sorológicos são os mais usados e recomendados para fazer o

diagnostico de Leptospirose (POSPISSIL, 2007), eles visam à identificação de

anticorpos anti-leptospiras em soros de humanos e animais infectados pela bactéria

Leptospiras, essas provas podem ser realizadas em liquido cefalorraquidiano, pleural,

sinovial e humor aquoso. São várias as provas sorológicas usadas para o diagnostico

da Leptospirose, como a reação de soroaglutinaÇão microscópica, reação de

soroaglutinaÇão macroscópica, reação de fixação de complemento, reação de

hemaglutinaÇão em látex, reação de contra-imunoeletroforese, reação de

imunofluorescência, ensaio imunoenzimatico e radioimunoensaio (SILVA, 2007).

Já o resultado da sorologia para leptospirose pelo método ELISA geralmente

está disponível dentro de uma semana após o envio da amostra de soro. Entretanto, se

esse soro for coletado antes do paciente manifestar os sintomas por sete dias, o teste

pode apresentar-se como falso-negativo, sendo necessária à repetição do exame

sorológico com uma amostra convalescente (RASCADO et al., 2010).Como antígenos

tem sido utilizados extratos de Leptospiras, brutos ou sonicados, e proteínas

recombinantes como a LipL32, LipL41,LigA, LigB, Lp49, Lp29, MPL17 e MPL21

(FRAGA, 2009).

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O Ensaio Imunoenzinático (ELISA) Indireto tem como vantagens a existência de

kits comerciais, sendo de fácil execução em comparação com a MAT, pois não

necessita de habilidades especiais, os reagentes podem ser estocados por longos

períodos sem perderem a reatividade e a capacidade de distinção entre uma infecção

ocorrida no passado e uma recente por meio da detecção de imunoglobulinas

específicas da classe IgM, e IgG. Porém, o teste, por ser gênero-específico, detecta

somente a presença da bactéria, não sendo apropriado para a identificação do

sorogrupo e da sorovariedade Porém, a utilização do ELISA como método exclusivo de

diagnóstico, substituindo o MAT, não é recomendado (MELO et al., 2010).

O teste de microaglutinacão (MAT) é considerado o "padrão ouro" pela

organização mundial de saúde como diagnostico de Leptospirose, também considerado

um método indireto para o diagnostico de leptospirose (GOMES, 2011). Nesta técnica,

diluições seriadas do soro do paciente com suspeita da doença são incubadas a 28°C

com uma suspensão de leptospiras vivas e após duas horas e observada presença de

aglutinação em microscopia de campo escuro. Como o teste é dirigido contra sorotipos

específicos, as series de antígenos utilizados devem incluir as sorovariedades

representativos de todos os sorogrupos (MONTEIRO, 2003; FRANCESCO et al.,

2010).

A maior dificuldade deste método encontra-se na interpretação dos resultados,

visto que os soros de indivíduos com títulos positivos geralmente apresentam reações

cruzadas a uma variedade de sorovariedade, dificultando assim a identificação da

sorovariedade infectante (MORIKAWA, 2009).

O MAT é um ensaio quantitativo e de alta complexidade, pois envolve a

manuntenÇão de diversas estirpes de referência (FRAGA, 2009).

A reação de soroaglutinaÇão macroscópica (SAT) é considerada gênero-

especifica devendo ser interpretada como prova de triagem. Os resultados obtidos

nesta provas são rápidos, econômico e de fácil execução. Devido a sua

inespecificidade em nível de sorovariedade, essa reação poderá mostrar resultados

positivos porém mais precoce que a reação de soroaglutinaÇão microscópica. No caso

de anticorpos residuais a tendência é a obtenção de resultados negativos. A técnica

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não funciona bem na fase crônica da doença, pois detecta anticorpos melhor na fase

aguda (SILVA, 2007).

Os exames complementares para o diagnostico da leptospirose são usados para

indicar as alterações funcionais nos diferentes órgãos acometidos pela leptospira, entre

esses exames podemos citar: Hemograma completo, urinalise, Bioquímica Sérica

(SILVA, 2007).

O hemograma pode mostrar anemia, plaquetopenia e leucocitose. Os valores de

bilirrubina podem chegar a níveis bastante elevados, principalmente à custa da

bilirrubina direta. Os níveis de uréia e creatinina podem estar bastante elevados e

tipicamente, ao contrário de outras causas de insuficiência renal aguda, pode ocorrer

hipocalemia. Exames de gasometria, raios-X de tórax e eletrocardiograma também

auxiliam no acompanhamento clínico da leptospirose (SANTOS, 2009).

Os achados anatomopatológicos e histopatológicos constituem também

importantes fontes de informação para o diagnóstico da leptospirose (BIAZOTTI, 2006).

O Ministério da Saúde do Brasil considera um caso suspeito como caso

confirmado de leptospirose humana, de acordo com a seguinte ordem de prioridade:

isolamento de leptospiras a partir do sangue, urina ou líquor; MAT com soroconversão,

sendo necessárias 2 a 3 amostras, com intervalos de 15 dias, evidenciando aumento

de títulos de 4 vezes ou mais; quando não houver disponibilidade de 2 ou mais

amostras, um título igual ou superior a 800 na MAT confirma o diagnóstico. Títulos

menores (entre 100 e 800) poderão ser considerados de acordo com a situação

epidemiológica do local; Soroaglutinação Macroscópica (SAT) positiva ou ELISA-IgM

positivo confirma o caso, quando não for possível a realização de MAT; quando não

houver possibilidade de confirmação laboratorial, o diagnóstico poderá ser

fundamentado apenas nos critérios clínico-epidemiológicos; nos casos suspeitos que

evoluírem para óbito sem confirmação laboratorial, amostras de tecidos poderão ser

encaminhadas para exame imunohistoquímico (JOUGLAR, 2005).

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3 CONCLUSOES

A leptospirose é uma zoonose de distribuição mundial que acomete vários animais,

principalmente os ratos de esgoto. Assume caráter epidêmico em determinadas

regiões, com maior freqüência em países tropicais e em desenvolvimento. A

prevalência de uma sorovariedade de Leptospira em uma região, causando doença

humana, depende de vários fatores: a espécie do animal reservatório presente no local,

as condições climáticas e geográficas do ambiente, a forma de ocupação e praticas de

agricultura. Embora em muitos países a leptospirose não e vista como uma doença de

notificação obrigatória, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece anualmente

300.000 a 500.000 novos casos da infecção. No Brasil, durante o período de 1985 a

1993, foram notificados 20.341 casos de leptospirose humana, com 2.232 óbitos por

leptospirose. A Leptospira sp. penetra de forma ativa através de mucosas (ocular,

digestiva, respiratória, genital), pele escarificada e inclusive pele íntegra, em condições

que favoreçam a dilatação dos poros. Apresenta caráter bifásico, fase septicemica, que

varia de 4 a 7 dias e fase imune, variando de 10 a 30 dias. Os sinais clínicos são

variados, de acordo com a extensão das lesões e o tipo de órgão atingido. O ser

humano pode apresentar mal estar, febre de início súbito, cefaléia, dores musculares,

náuseas, enterite, e nos casos graves complicações hepática, renais e vasculares. O

diagnóstico é baseado no histórico, contexto epidemiológico e exame físico do animal e

confirmado por exames laboratoriais complementares, através de testes sorológicos,

moleculares e bacteriológicos. As técnicas mais comumente utilizadas na rotina clínica

são: SoroaglutinaÇão Microscópica (MAT), ELISA- IgM, ReÇão de Cadeia de

Polimerase(PCR) e Isolamento de bactéria.

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