leptospirose canina -...

58
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ KAROLINE SOEK LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃO CURITIBA 2012

Upload: duongkien

Post on 26-Sep-2018

227 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

KAROLINE SOEK

LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃO

CURITIBA

2012

Page 2: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

KAROLINE SOEK

LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professora orientadora: Profa. Dra. Ana Laura Angeli Orientador profissional: José Tavares da Silva

CURITIBA

2012

Page 3: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

TERMO DE APROVAÇÃO

KAROLINE SOEK

LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Bacharelado em Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 28 de novembro de 2012.

______________________________________

Bacharelado em Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientador: ______________________________________ Profa. Dra. Ana Laura Angeli Universidade Tuiuti do Paraná ______________________________________ Profa. MSc. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns Universidade Tuiuti do Paraná ______________________________________ Profa. MSc. Fabiana dos Santos Monti Universidade Tuiuti do Paraná

Page 4: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

À minha mãe, Marilene Vonsowicz Soek, ao meu

pai José Soek, que apesar de não estar de corpo

presente, mora no meu coração, ao meu padrasto

João Barbosa Mendes Filho, ao meu irmão Diego

José Soek e a todos aqueles que sempre me

apoiaram e incentivaram em todas as minhas

decisões.

DEDICO

Page 5: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me destinar uma vida tão maravilhosa e

cheia de surpresas.

Agradeço à minha família, pela paciência de me ajudar durante os cinco anos

de faculdade. Em especial à minha mãe que sempre seguiu me apoiando e

incentivando a dar o melhor de mim em tudo o que faço. Obrigada.

Ao Ricardo Luiz Reolon, que me acompanhou por toda essa jornada,

passando por momentos de alegria e tristeza, mas sempre me apoiando e me dando

conselhos para seguir em frente e enfrentar os desafios que a vida oferece. Te amo.

À professora Ana Laura Angeli, por ter me aceito como sua orientada e pela

dedicação, orientação e amizade durante o decorrer do trabalho. E também pela

paciência de ouvir e explicar detalhadamente todos os passos dessa caminhada.

Sou imensamente grata.

À minha cunhada Michele Aparecida Mendes que me ajudou muito

principalmente na tradução dos artigos em inglês.

Aos professores, pelas maravilhosas aulas ministradas e orientações que vão

servir para a vida toda.

Aos meus queridos amigos Haline Joiane Ribeiro, Mariane Miranda

Gonçalves, Marcelo Andrey Coradin e Tawnny Kim Karasawa, pelos momentos

inesquecíveis que passamos juntos. Com certeza, nunca apagarei vocês de minha

memória e do meu coração.

Aos demais colegas de turma, pelas boas risadas e brincadeiras. E também

pelo companheirismo por parte deles. Saudades.

Às minhas cachorrinhas Bibi e Susi, e à minha gata, Preta, que me deram

muito carinho nas horas que não cabiam palavras.

Ao Dr. José Tavares da Silva e ao Dr. Frederico José Retzlaf, pela paciência

de me ensinar a realizar os procedimentos de rotina da clínica.

À minha grande amiga Vera, da Clínica, onde passei momentos de risos,

muita alegria, brincadeiras e companheirismo, tristezas, mas também momentos de

seriedade e dedicação pelo que estávamos realizando durante a rotina. E aos

demais colegas da clínica que sempre me apoiaram e me incentivaram em todas as

minhas decisões. Sou muito grata a vocês todos.

Page 6: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

E aos animais que acompanhei durante o estágio obrigatório, pelos gestos de

carinho e compreensão e que me possibilitaram um melhor aprendizado prático.

E aos meus amigos aqui de Mandi, que sempre me incentivaram a seguir em

frente nos momentos que eu queria jogar tudo para o alto, e compreendiam quando

eu precisava ficar horas estudando em uma tarde de domingo.

Page 7: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

"Jamais creia que os animais sofrem menos do que os

humanos. A dor é a mesma para eles e para nós. Talvez

pior, pois eles não podem ajudar a si mesmos".

Louis J. Camuti

Page 8: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo descrever as atividades

realizadas durante o estágio curricular obrigatório de Karoline Soek, na Clínica

Veterinária Tavares em Fazenda Rio Grande - PR, durante o segundo semestre de

2012. O estágio foi na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, no

período de 06 de agosto a 10 de outubro de 2012, sob a orientação do Médico

Veterinário José Tavares da Silva, totalizando 376 horas. O estágio curricular foi

realizado com supervisão integral da Profa. Dra. Ana Laura Angeli. Descreve-se o

local de estágio, as atividades desenvolvidas e a casuística acompanhada. A

Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira, que

é muito importante no ponto de vista de saúde pública, pois é uma zoonose de

ocorrência mundial, que acomete o homem e animais domésticos, tendo como

reservatório os animais silvestres, estes que podem eliminar a bactéria pela urina

por toda a sua vida. Os principais tipos de tratamentos incluem a administração de

antimicrobianos que eliminem tanto a fase de multiplicação do agente na corrente

circulatória e em vários órgãos, como também, a fase de imunidade, que é

caracterizada pela formação crescente de anticorpos com estabelecimento de

leptospiras em locais de difícil acesso aos mesmos. E, principalmente, o essencial é

o controle e a prevenção, utilizando-se de vacinas multivalentes, eliminação de

roedores e melhorias em condições sanitárias.

Palavras chave: TCC, Estágio Curricular Obrigatório, Clínica Médica, Clínica

Cirúrgica, Leptospirose.

Page 9: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

ABSTRACT

This course conclusion work aims to describe the activities performed during the

traineeship made mandatory Karoline Soek in Tavares Veterinary Clinic in Fazenda

Rio Grande - PR, during the second half of 2012. The stage was in the area of

Medical and Surgical Clinic of Small Animals, in the period from 06 August to 10

October 2012, under the guidance of veterinarian Jose Tavares da Silva, totaling 376

hours. The traineeship was conducted with full supervision of Professor Ana Laura

Angeli. We describe the local stage, the activities and the series followed. Canine

Leptospirosis is a disease caused by bacteria of the genus Leptospira, which is very

important from the viewpoint of public health, it is a zoonosis of worldwide occurrence

that affects humans and domestic animals, and wild animals as reservoirs, such that

can eliminate the bacteria in the urine throughout his life. The main types of

treatments include administration of antibiotics which eliminate both the multiplication

phase of the agent in the blood stream and in various organs, and also, the phase of

immunity, which is characterized by increased formation of antibodies to leptospira

establishing in local difficult access. And especially, what is essential is the control

and prevention, using multivalent vaccine, elimination of rodents and improvements

in sanitary conditions.

Keywords: CBT, Compulsory Internship, Internal Medicine, Surgery, Leptospirosis.

Page 10: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS

BID: Duas vezes ao dia

CID: Coagulação intravascular disseminada

CK: Creatino-cinase

CVT: Clínica Veterinária Tavares

DAPE: Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasitas

DNA: Ácido desoxirribonucléico

DRC: Doença Renal Crônica

DITUIF: Doença Inflamatória do Trato Urinário Inferior dos Felinos

ELISA: Ensaio Imunossorvente Ligado à Enzima (enzyme-linked

immunosorbent assay)

EMJH: Ellinghausen-McCullough-Johnson-Harris

FeLV: feline leukemia virus (Vírus da Leucemia Felina)

FIV: Vírus da Imunodeficiência Felina

gl: Glândula

IgG: Imunoglobulina G

IgM: Imunoglobulina M

IM: Intramuscular

IRA: Insuficiência Renal Aguda

IV: Intravenoso

Kg: Quilogramas

MAT: Teste de Aglutinação microscópica

mg: Miligramas

ml: Mililitros

mm3: Milímetros cúbicos

MPD: Membro pélvico direito

MPE: Membro pélvico esquerdo

MTD: Membro torácico direito

Page 11: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

MTE: Membro torácico esquerdo

OMS: Organização Mundial de Saúde

PCR: Reação em Cadeia de Polimerase

pH: Potencial hidrogeniônico

PIF: Peritonite Infecciosa Felina

SID: Uma vez ao dia

TID: Três vezes ao dia

TVT: Tumor Venéreo Transmissível

UI: Unidades Internacionais

VO: Via oral

ºC: Graus centígrados

%: Porcentagem

≥: Maior ou igual

Page 12: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - ENTRADA DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES EM FAZENDA RIO

GRANDE, PR, 2012 _________________________________________________ 13

Figura 2 - CONSULTÓRIO PARA ATENDIMENTOS GERAIS, CLÍNICA

VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO GRANDE, PR, 2012 _______________ 15

Figura 3 - ÁREA DE INTERNAMENTO DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES,

FAZENDA RIO GRANDE, PR, 2012 ____________________________________ 16

Figura 4 - PET SHOP PARA CÃES E GATOS, CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES,

FAZENDA RIO GRANDE, PR, 2012 ____________________________________ 17

Figura 5 - AGROPECUÁRIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO

GRANDE, PR, 2012 _________________________________________________ 18

Page 13: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

LISTA DE GRÁFICOS

GRAFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO POR AFECÇÕES DOS 141 CASOS

ACOMPANHADOS NA CVT, PR, NO PERÍODO DE 06 DE AGOSTO A 10 DE

OUTUBRO DE 2012 ________________________________________________ 24

GRAFICO 2 - DISTRIBUIÇÃO ENTRE OS MACHOS E FÊMEAS DOS 141 CASOS

ACOMPANHADOS NO CVT, PR, NO PERÍODO DE 06 DE AGOSTO A 10 DE

OUTUBRO DE 2012 ________________________________________________ 25

GRAFICO 3 - DISTRIBUÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES CANINA E FELINA DOS 141

CASOS ACOMPANHADOS NA CVT, PR, NO PERÍODO DE O6 DE AGOSTO A 10

DE OUTUBRO DE 2012______________________________________________ 25

Page 14: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - CASUÍSTICA DE ACORDO COM OS 141 CASOS ACOMPANHADOS

DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO - CVT - 06 DE AGOSTO A 10 DE

OUTUBRO DE 2012 ________________________________________________ 21

Tabela 2 – TABELA MOSTRANDO AS ORIENTAÇÕES DO MINISTÉRIO DA

SAÚDE QUANTO AO TIPO DE DIAGNÓSTICO DA LEPTOSPIROSE, TIPO DE

MATERIAL A SER ENCAMINHADO AO LABORATÓRIO, COM A QUANTIDADE

NECESSÁRIA, RECIPIENTE CORRETO, TRANSPORTE E ESTOCAGEM _____ 40

Page 15: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO _________________________________________ 12

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO _____________________ 13

2.1 Clínica Veterinária Tavares _____________________________________________________ 13

2.1.1 Instalações e funcionamento__________________________________________________ 13

2.1.2 Atividades desenvolvidas ____________________________________________________ 19

2.1.3 Casuística ________________________________________________________________ 19

3. LEPTOSPIROSE CANINA – REVISÃO _____________________ 26

(LEPTOSPIROSIS CANINE – REVIEW) _______________________ 26

Resumo ________________________________________________________________________ 26

Abstract ________________________________________________________________________ 27

3.1 História _____________________________________________________________________ 28

3.2 Introdução ___________________________________________________________________ 28

3.3 Transmissão _________________________________________________________________ 29

3.4 Patogenia ___________________________________________________________________ 30

3.5 Sinais Clínicos _______________________________________________________________ 31

3.6 Diagnóstico __________________________________________________________________ 33

3.6.1 Hemograma completo _______________________________________________________ 33

3.6.2 Urinálise__________________________________________________________________ 33

3.6.3 Perfil Bioquímico Sérico _____________________________________________________ 34

3.6.4 Imagem Diagnóstica ________________________________________________________ 34

3.6.5 Soroaglutinação microscópica ________________________________________________ 35

3.6.6 Teste de ELISA ____________________________________________________________ 36

3.6.7 Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) _______________________________________ 37

3.6.8 Isolamento e cultivo do agente ________________________________________________ 37

3.6.9 Microscopia de Campo Escuro ________________________________________________ 38

Page 16: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

3.6.10 Diagnóstico anatomo-patológico ______________________________________________ 39

3.7 Diagnóstico Diferencial ________________________________________________________ 41

3.8 Tratamento __________________________________________________________________ 41

3.9 Complicações da Leptospirose canina ___________________________________________ 42

3.10 Profilaxia ___________________________________________________________________ 43

3.11 Saúde Pública _______________________________________________________________ 44

3.12 Manifestação da Leptospirose em Curitiba-PR____________________________________ 46

3. 13 Considerações Finais ________________________________________________________ 47

4. CONCLUSÃO _________________________________________ 49

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________ 50

Page 17: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

12

1. INTRODUÇÃO

O estágio curricular obrigatório é muito importante para que o aluno

desenvolva as atividades que aprende em sala de aula, visando ao aprendizado de

competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular,

sempre objetivando o desenvolvimento para a vida cidadã e para o trabalho.

Além disso, proporciona aplicar os conhecimentos técnicos adquiridos no

decorrer do curso, na identificação clínica das enfermidades dos animais

domésticos, sugerir tratamentos a serem aplicados em cada caso, efetuar colheita

de material biológico, realização de medidas profiláticas, enfim, há muitas outras

atividades que podem ser desenvolvidas pelo aluno estagiário, porém, todas com

um único objetivo, adquirir experiência para enfrentar os desafios da carreira

profissional. Todas as atividades foram realizadas com a supervisão do médico

veterinário responsável.

O objetivo deste estudo foi reunir em um único documento informações sobre

o estágio realizado e uma revisão de literatura a respeito da leptospirose, tendo

como enfoque a doença nos cães, e deste modo contribuir para um melhor

conhecimento desta zoonose de grande importância mundial.

Page 18: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

13

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

2.1 CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES

2.1.1 Instalações e funcionamento

A Clínica Veterinária Tavares está localizada na rua Tenente Sandro Luiz

Kampa, 65, Bairro Pioneiros, Fazenda Rio Grande, Paraná. Foi projetada e

estruturada para oferecer atendimento especializado a pequenos animais, em

especial cães e gatos (FIGURA 1).

FIGURA 1 - ENTRADA DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES EM FAZENDA RIO GRANDE, PR FONTE: SOEK, 2012.

Page 19: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

14

O setor de clínica médica de pequenos animais funciona de segunda-feira a

sábado. De segunda a sexta-feira, o horário de atendimento é de 8:00 às 18:00

horas. Aos sábados, o horário de funcionamento é de 8:00 às 14:00 horas. A clínica

também dispõe de plantão, portanto os pacientes que necessitam de internamento

no período noturno não precisam ser encaminhados para outro local.

A clínica possui dois consultórios, sendo que um deles é para atendimento

geral e outro é utilizado como sala de vacina (FIGURA 2). A clínica conta ainda com

internamento para cães e gatos (FIGURA 3), sala de Raio-X, sala de cirurgia,

farmácia, área de espera de caninos e felinos, recepção, cozinha e lavanderia.

Page 20: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

15

FIGURA 2 - CONSULTÓRIO PARA ATENDIMENTOS GERAIS, CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO GRANDE, PR FONTE: SOEK, 2012

Page 21: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

16

FIGURA 3 - ÁREA DE INTERNAMENTO DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO GRANDE, PR FONTE: SOEK, 2012

Há ainda, anexo à clínica, o pet shop com banho e tosa para cães e gatos

(FIGURA 4) e loja agropecuária com múltiplos produtos destinados à área animal

(FIGURA 5).

Page 22: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

17

FIGURA 4 - PET SHOP PARA CÃES E GATOS, CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO GRANDE, PR FONTE: SOEK, 2012

Page 23: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

18

FIGURA 5 - AGROPECUÁRIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO GRANDE, PR FONTE: SOEK, 2012

Os atendimentos são realizados por dois médicos veterinários, com a ajuda

dos estagiários e funcionários que trabalham na clínica, sempre intercalando os

profissionais para que não tumultue o consultório.

Os pacientes que chegam à clínica ficam na área de espera, enquanto o

responsável é encaminhado para a recepção, a fim de abrir ficha de consulta. Os

atendimentos ocorrem por ordem de chegada, porém as emergências têm

prioridade.

Page 24: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

19

2.1.2 Atividades desenvolvidas

O estagiário inicia as consultas, realizando anamnese completa e exame

físico de novos casos ou retornos. Em seguida, entra em contato com o médico

veterinário responsável pelo caso, que conduz o restante da consulta encaminhando

o paciente para realizar exames complementares, se necessário. O estagiário ainda

acompanha o paciente até o fim de todos os procedimentos, sendo assim, auxilia

também em radiografias e colheita de material biológico para exames e demais

procedimentos a serem realizados em cada paciente. Se o paciente precisar de

internamento e medicações parenterais, o estagiário pode preparar os frascos de

fluidoterapia, fazer o acesso venoso e aplicar as medicações, sempre

supervisionado pelo médico veterinário responsável.

Foi possível acompanhar testes de Shirmer e de fluoresceína nas consultas

de oftalmologia, bem como testes neurológicos e ortopédicos nas consultas de

neurologia e ortopedia, realizados junto ao médico veterinário.

Ao final de cada consulta, o estagiário auxilia a prescrever receitas, sempre

sob orientação, com carimbo e assinatura de médico veterinário responsável.

Durante os casos de emergência, o estagiário ajuda, quando requerido, na

fluidoterapia, oxigenoterapia, colheta de material para exame ou qualquer outra

atividade determinada pelo veterinário responsável. Após a estabilização do

paciente, o estagiário realiza a anamnese junto ao proprietário, bem como a

monitoração constante do paciente, repassando as informações ao veterinário.

O estagiário também pode auxiliar o cirurgião em determinados

procedimentos, pode instrumentá-lo e acompanhar o anestesista, desde a

medicação pré-anestésica até o retorno das funções normais do paciente.

Demais atividades envolveram colheita de material biológico, como sangue ou

urina, acompanhamento em quimioterapias, ajuda na contenção de pacientes e

realização de requisição de cada exame solicitado.

2.1.3 Casuística

Durante o período de estágio, foram acompanhados 141 casos, sendo que a

maioria deles foram afecções do trato digestório, seguido pelas afecções

ortopédicas (GRÁFICO 1). Todos os casos acompanhados estão listados abaixo

conforme o sistema afetado, de acordo com o diagnóstico presuntivo ou definitivo

Page 25: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

20

(TABELA 1). Estão listados nos gráficos a seguir, a proporção entre os gêneros

(GRÁFICO 2) e entre as espécies canina e felina (GRÁFICO 3).

Page 26: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

21

Dos 141 casos acompanhados durante o estágio, a maioria foram digestórios,

seguido pelas afecções ortopédicas. Todos estão listados conforme o sistema

afetado, de acordo com o diagnóstico presuntivo ou definitivo, conforme a tabela 1.

TABELA 1 - CASUÍSTICA DE ACORDO COM O DIAGNÓSTICO PRESUNTIVO OU DEFINITIVO DOS 141 CASOS ACOMPANHADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO - CVT - 06 DE AGOSTO A 10 DE OUTUBRO DE 2012 AFECÇÕES Nº DE CASOS %

Cardiovasculares Cardiomiopatia dilatada

Insuficiência cardíaca congestiva

1

1

0,71%

0,71%

Cutâneas

DASP

Demodiciose

Dermatite atópica

Dermatite úmida aguda

Escabiose

Esporotricose

Miíase

Otohematoma

Otite fúngica

Otite externa

1

2

2

1

2

1

1

2

1

2

0,71%

1,42%

1,42%

0,71%

1,42%

0,71%

0,71%

1,42%

0,71%

1,42%

Digestórias

Corpo estranho linear

Estomatite

Fecaloma em cólon

Gastroenterite não hemorrágica

Gastroenterite hemorrágica

Intussuscepção

Pancreatite

Prolapso retal

1

2

1

10

5

1

1

1

0,71%

1,42%

0,71%

7,1%

3,55%

0,71%

0,71%

0,71%

Endócrinas

Diabetes mellitus

Hiperadrenocorticismo

1

1

0,71%

0,71%

Genitourinárias

Aborto prematuro

Cesariana

Cistite intersticial

Consulta eletiva para castração

Controle gestacional

DRC

1

2

1

7

1

1

0,71%

1,42%

0,71%

4,97%

0,71%

0,71%

Page 27: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

22

DITUIF

IRA

Piometra

Piometra de coto

2

1

3

1

1,42%

0,71%

2,13%

0,71%

Hérnias

Hérnia diafragmática

Hérnia escrotal

Hérnia inguinal

Hérnia perineal

Hérnia umbilical

1

1

1

1

2

0,71%

0,71%

0,71%

0,71%

1,42%

Imunomediadas Fístula perianal 1 0,71%

Infecto-

contagiosas

Cinomose

Felv

Leptospirose

Poliartrite infecciosa (Cabrito)

Tétano

3

1

2

1

1

2,13%

0,71%

1,42%

0,71%

0,71%

Neoplásicas

Linfoma

Metástase pulmonar

Neoplasia esplênica

Neoplasia hepática

Neoplasia mamária

Neoplasia mandibular

Neoplasia renal

Neoplasia testicular

Osteossarcoma

Tumor de subcutâneo

TVT

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

2

0,71%

0,71%

0,71%

0,71%

1,42%

0,71%

0,71%

0,71%

0,71%

0,71%

1,42%

Neurológicas Neuropatia a esclarecer

Trauma em crânio

1

1

0,71%

0,71%

Oftalmológicas

Catarata

Ceratoconjuntivite seca

Conjuntivite

Enucleação

Glaucoma

Proptose de globo ocular

Protrusão da gl. da 3ª pálpebra

Úlcera de córnea

3

2

1

1

1

2

1

1

2,13%

1,42%

0,71%

0,71%

0,71%

1,42%

0,71%

0,71%

Page 28: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

23

Odontológicas

Abscesso dentário

Doença periodontal grau II

Doença periodontal grau III

1

2

1

0,71%

1,42%

0,71%

Ortopédicas

Amputação de cauda

Amputação de cauda e MTE

Amputação de MTD

Amputação de MPD

Amputação de 4ª falange MPE

Displasia coxofemoral

Fratura de fêmur

Fratura de íleo

Fratura de íleo e ísquio

Fratura de rádio e ulna

Fratura de tíbia e fíbula

Luxação vertebral

1

1

1

1

1

2

2

2

1

3

2

3

0,71%

0,71%

0,71%

0,71%

0,71%

1,42%

1,42%

1,42%

0,71%

2,13%

1,42%

2,13%

Outras

Check-up

Espinho de ouriço

Envenenamento por picada de

abelha

Picada de Loxosceles spp

Feridas por mordedura de outros

cães

1

1

1

1

2

0,71%

0,71%

0,71%

0,71%

1,42%

Total 141 100%

Page 29: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

24

Dentre as afecções observadas durante o período de estágio, a maior

prevalência (15,6%) foram de digestórias, seguidas por ortopédicas (14,89%) e

gênitourinárias (14,18%).

GRÁFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO POR AFECÇÕES DOS 141 CASOS ACOMPANHADOS NA CVT, PR, NO PERÍODO DE 06 DE AGOSTO A 10 DE OUTUBRO DE 2012

Casuística

Digestórias 15,60%

Gênitourinárias 14,18%

Cutâneas 10,64%

Neoplásicas 10,64%

Oculares 8,52%

Infecto-contagiosas 4,96%

Hérnias 4,25%

Outras 4,25%

Respiratórias 4,25%

Odontologia 2,85%

Imunomediadas 1,42%

Endócrinas 1,42%

Cardiovasculares 1,42%

Neurológicas 0,71%

Ortopédicas 14,89%

Page 30: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

25

Dos 141 casos atendidos, 82 (58,16%) foram machos e 59 (41,84%) fêmeas,

conforme o gráfico 2.

GRAFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO ENTRE OS MACHOS E FÊMEAS DOS 141 CASOS ACOMPANHADOS NO CVT, PR, NO PERÍODO DE 06 DE AGOSTO A 10 DE OUTUBRO DE 2012

Dos 141 casos atendidos, 105 (74,47%) foram caninos e 36 (25,53%) felinos, conforme o gráfico 3. GRAFICO 2 - DISTRIBUÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES CANINA E FELINA DOS 141 CASOS ACOMPANHADOS NA CVT, PR, NO PERÍODO DE O6 DE AGOSTO A 10 DE OUTUBRO DE 2012

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Machos Fêmeas

Fêmeas

Machos

59

82

0

20

40

60

80

100

120

Câes Gatos

Gatos

Cães

105

36

Page 31: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

26

3. LEPTOSPIROSE CANINA – REVISÃO

(LEPTOSPIROSIS CANINE – REVIEW)

RESUMO

A Leptospirose é doença zoonótica bacteriana que acomete homens e animais

domésticos, de ocorrência mundial, sendo mais comum em países tropicais e

subtropicais, tendo como portador ou servindo como reservatórios de Leptospiras

spp. os animais silvestres. Dentre os animais silvestres estão os roedores

sinantrópicos comensais, principalmente o Rattus norvegicus, pois neles as

Leptospiras causam uma infecção sem sinais clínicos, porém eliminam a bactéria

pela urina por toda a sua vida. A leptospirose tornou-se uma das causas de

epidemias, principalmente em comunidades carentes dos países em

desenvolvimento, assumindo grande importância como problema de saúde

pública. Os sinais clínicos desenvolvem-se aproximadamente sete dias após a

exposição. As infecções podem ser de forma aguda ou crônica, porém, as

Leptospiras têm predileção por túbulos renais e os sinais clínicos mais comuns

são a insuficiência renal aguda, disfunção hepática e diátese hemorrágica. O

diagnóstico é baseado em uma combinação de sinais clínicos, patologia clínica e

exames laboratoriais. Porém, o teste de eleição para a confirmação da doença é a

técnica de PCR, pois mostrou-se mais rápida, específica e sensível,

proporcionando um diagnóstico precoce da leptospirose. Seu tratamento consiste

na administração de antimicrobianos que eliminem a fase leptospirêmica, e

subsequentemente, a fase leptospirúrica. O controle e a prevenção baseiam-se

em ações de educação em saúde da população, melhorias nas suas condições

sanitárias e monitoramento dos reservatórios envolvidos no ciclo da doença. E

também na utilização de vacinas multivalentes, que contém mais sorotipos de

Leptospiras, propiciando um amplo espectro de proteção aos animais.

Palavras-chave: Cães, Leptospirose, Insuficiência renal, Zoonose, Roedores.

Page 32: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

27

ABSTRACT

Leptospirosis is a zoonotic disease that affects bacterial men and domestic animals,

occurring worldwide and is most common in tropical and subtropical countries, with

the carrier or serving as reservoirs of Leptospira spp. wild animals. Among the wild

animals are rodents synanthropic diners, mainly Rattus norvegicus, for in them the

leptospires cause an infection without clinical signs, but eliminate the bacteria in the

urine throughout his life. Leptospirosis has become one of the causes of epidemics,

especially in poor communities in developing countries and of great importance as a

public health problem. Clinical signs develop in approximately seven days after

exposure. Infections can be acute or chronic, however, leptospires have a

predilection for renal tubules and the most common clinical signs are acute renal

failure, hepatic dysfunction and bleeding diathesis. The diagnosis is based on a

combination of clinical signs, clinical pathology and laboratory tests. However, the

test of choice for confirmation of the disease is the PCR technique therefore was

more rapid, specific and sensitive, providing an early diagnosis of leptospirosis. Their

treatment is the administration of antibiotics which eliminate the phase

leptospirêmica, and subsequently, the phase leptospirúrica. The control and

prevention actions based on health education of the population, improvements in

their health conditions and monitoring of reservoirs involved in the disease cycle. And

also the use of multivalent vaccines containing more serotypes of Leptospira,

providing a wide range of animal protection.

Keywords: Dogs, Leptospirosis, Renal failure, Zoonosis, Rodents

Page 33: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

28

3.1 HISTÓRIA

Em 1866 Weil, descreveu uma enfermidade no homem que se caracterizava

por febre, icterícia e hemorragias, ainda com comprometimento hepático e renal.

Trinta anos após, dois pesquisadores japoneses levantaram a hipótese de se tratar

de uma enfermidade causada pela L. interrogans sorovar icterohaemorrhagiae.

Foram descritas em 1951, no Japão, aglutininas específicas em cães para os

sorovares icterohaemorrhagiae, canicola, hebdomadis e autumnalis. Na Iugoslávia

em 1955, foi descrito o sorovar serjöe. Davies, na Inglaterra em 1957, encontrou em

cães a predominância dos sorovares icterohaemorrhagiae e canicola. Darcoso Filho

em 1940, e Azevedo em 1945, foram os primeiros a estudar a enfermidade no Brasil.

Guida, por sua vez, em 1948, encontrou os sorotipos icterohaemorrhagiae em 13

cães com sintomatologia da enfermidade. E por fim, em 1962, Santa Rosa e

Pestana de Castro comprovaram em cães os sorovares: australis, bataviae,

pomona, icterohaemorrhagiae e canicola (CORRÊA, 1992).

3.2 INTRODUÇÃO

A leptospirose é causada pela bactéria do gênero Leptospira, família

Treponemataceae, ordem Spirochaetiales (JESUS, 2009). São bactérias flexíveis,

delgadas e filamentosas em espiral, e possuem suas extremidades em forma de

anzol (BIAZZOTI, 2006). Podem medir cerca de 0,1 a 0,2 µm de largura por 6 a 12

µm de comprimento (LAPPIN, 2006). Seu crescimento é de forma aeróbia e

deslocam-se em movimentos giratórios. O gênero Leptospira é dividido em

Leptospira interrogans que compreende todos os sorotipos patogênicos, e

Leptospira biflexa, compreendendo as leptospiras saprófitas isoladas do ambiente

(RODRIGUES, 2008).

A leptospirose é considerada uma doença infecto-contagiosa, de importância

mundial em muitos animais. Atuam como reservatórios potenciais de infecção para

os humanos e outros hospedeiros, os animais domésticos e selvagens (GREENE,

2004).

As características fisiológicas ideais para o seu crescimento são: temperatura

entre 28ºC e 30ºC, pH entre 7,2 - 7,6, e são bactérias que possuem baixa resistência

(BIESDORF et al, 2008).

Page 34: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

29

Há descrição de mais de 200 sorovares de Leptospira, todos com uma

característica universal, que é a capacidade em colonizar os túbulos renais

proximais, fazendo do hospedeiro um portador renal crônico, com excreção de

bactérias pela urina (SHERDING, 2008).

Os cães são infectados por L. australis, L. autumnalis, L.ballum, L. bratislava,

L. bataviae, L. canicola, L. grippotyphosa, L. hardjo, L. icterohaemorrhagiae, L.

pomona e L.tarassovi, pertencentes ao gênero Leptospira interrogans. Os felinos

podem ser infectados por L. bratislava, L. canicola, L. grippotyphosa e L. pomona,

mas os relatos clínicos são raros, pois parecem ser resistentes à doença clínica

(LAPPIN, 2006).

Segundo Greene (2004), a L. grippotyphosa, L. pomona e a L. bratislava são

os sorotipos mais comuns isolados de cães infectados ou sorologicamente

detectados entre esses cães. Entretanto, McDonough (2008), não considera o

sorotipo L. bratislava entre os mais comuns.

De acordo com Bartges (2005) e Greene (2004), devido à vacinação, a L.

icterohaemorrhagiae e a L. canicola são menos frequentes, a partir disso, existem

indícios crescentes de que outros sorovares estão se tornando mais prevalentes

entre a espécie canina.

3.3 TRANSMISSÃO

Os animais silvestres podem atuar como reservatórios de Leptospira spp

para outros animais silvestres ou domésticos e mesmo para o homem. Entre eles,

estão os roedores sinantrópicos comensais, principalmente o Rattus norvegicus, que

é o mais importante reservatório natural da doença. Nos ratos, as leptospiras

causam uma infecção sem sinais clínicos, mas estes eliminam a bactéria pela urina

por toda a sua vida (JORGENS, 2011).

O contato direto geralmente se dá pela manipulação com sangue e/ou urina

de animais doentes, transmissão venérea, placentária ou através da pele

(JORGENS, 2011). Já a transmissão indireta, mais frequente, ocorre por meio da

exposição de animais suscetíveis a um ambiente contaminado, por exemplo, água

tépida de movimentação lenta ou estagnada (GREENE, 2004).

Segundo Sherding (2008), a contaminação ocorre pelo contato muco-cutâneo

com a Leptospira no ambiente, principalmente com superfície de água contaminada,

Page 35: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

30

mas também com alimentos, material de cama, solo, vegetação ou fômites

contaminados. Os microrganismos podem penetrar na mucosa ou na pele com

escoriação, mediante ferimento ou mordida, ou ainda pode ocorrer a transmissão

venérea.

A infecção pode ocorrer tanto no meio rural quanto no urbano nas regiões

semi tropicais do mundo onde existam o solo em condições alcalinas (LAPPIN,

2006). A prevalência é mais elevada no início de outono e final de verão e a taxa de

infecção aumenta após períodos de chuva e inundação (SHERDING, 2008).

De acordo com Gaschen (2008) e Sherding (2008), os cães de grande porte,

machos, de meia-idade e criados em ambientes externos, em áreas periurbanas,

são os mais acometidos. Todos podem se infectar, porém os animais que trabalham

como cães de caça ou pastoreio estão em maior risco de desenvolvimento de

leptospirose em comparação aos cães que ficam dentro de casa.

A água é considerada o meio de propagação mais prevalente, principalmente

em hábitats onde a água é morna e estagnada e o pH do solo é alcalino, condições

que favorecem ainda mais a sobrevivência da Leptospira (GREENE, 2008).

A infecção pode se desenvolver de três formas, podendo ser assintomática,

sub-clínica ou ocasionar quadros clínicos graves, anictéricos ou ictéricos, com alta

letalidade. Aproximadamente 60 a 70% dos casos ocorrem de forma anictérica

(CARMO et al, 2004).

3.4 PATOGENIA

Os hospedeiros que entrarem em contato com a Leptospira e possuírem

títulos de anticorpos preexistentes, eliminarão o microrganismo rapidamente e

permanecerão subclinicamente infectados. As bactérias replicam-se em múltiplos

tecidos de hospedeiros que não são imunes ou naqueles que forem infectados por

espécies não específicas (LAPPIN, 2006).

O agente multiplica-se em diferentes órgãos parenquimatosos, sangue, linfa e

líquor, o que caracteriza o quadro agudo da doença, denominado de leptospiremia.

Quando essa multiplicação ocorre no endotélio vascular determina uma quadro de

vasculite generalizada. Após a fase aguda, o agente permanecerá nos túbulos

contornados renais, sendo eliminado pela urina de forma intermitente, também

chamado de leptospirúria, podendo ocorrer desde 72 horas após a infecção e

Page 36: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

31

permanecendo de semanas a meses nos animais domésticos e por toda a vida nos

roedores (JORGENS, 2011).

A replicação inicial da espiroqueta causa uma inflamação que provoca lesão

nos rins e no fígado (GREENE,2004). No epitélio do túbulo renal, causa uma lesão

tubular aguda e insuficiência renal, ocasionando prolongada colonização renal e

excreção de Leptospiras na urina. Já no fígado lesiona células hepáticas, podendo

ocasionar disfunção de hepatócitos, colestase, necrose hepática aguda, icterícia e

hepatite crônica com fibrose hepática, principalmente o sorotipo L. grippotyphosa

(SHERDING, 2008).

Aproximadamente sete dias após a exposição desenvolvem-se os sinais

clínicos. Normalmente sobrevivem os cães que são tratados ou que desenvolvem

resposta imune. Alguns vão eliminar a infecção 2 a 3 semanas após a exposição,

sem tratamento, mas desenvolvem hepatite crônica ou doença renal crônica. Os

gatos geralmente são acometidos subclinicamente, mas podem eliminar o

microrganismo por períodos de tempo variáveis (LAPPIN, 2006).

A severidade das lesões vai variar conforme a virulência da Leptospira spp e

a suscetibilidade do hospedeiro (BIESDORF et al, 2008). Segundo os mesmos

autores, o clima, a densidade populacional e o grau de contato entre os

reservatórios e hospedeiros acidentais é o que vai determinar a viabilidade da

Leptospira spp.

3.5 SINAIS CLÍNICOS

Os sinais clínicos da leptospirose, mesmo quando característicos, não são

patognomônicos, o que impede que o diagnóstico clínico seja conclusivo (ANZAI,

2006).

Os sinais clínicos vão depender da idade e da imunidade do hospedeiro, mas

também dos fatores ambientais e da virulência do sorotipo infectante (GREENE,

2004). Cães com menos de seis meses são os mais sensíveis e muitas vezes

podem demonstrar marcada disfunção hepática (LOBETTI, 2007). O início agudo

pode incluir sinais de anorexia, depressão, febre, vômito, desidratação, andar rígido

e relutância em se movimentar, também chamada de mialgia generalizada e

congestão de membranas mucosas (SHERDING, 2008). A presença de petéquias,

equimoses, melena e epistaxe pode frequentemente acontecer em consequência da

Page 37: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

32

trombocitopenia e coagulação intravascular disseminada. Infecções superagudas

podem rapidamente evoluir para a morte antes mesmo da doença hepática ou renal

acentuada ser identificada (LAPPIN, 2006).

A leptospirose é considerada uma doença bifásica, ou seja, dispõe de uma

fase aguda ou leptospirêmica, seguida por uma fase imune, que é caracterizada pela

produção de anticorpos e presença de leptospirúria. A fase aguda pode persistir até

uma semana após a infecção (BIESDORF et al, 2008).

A bactéria tem predileção por túbulos renais e os sinais clínicos mais comuns

são aqueles consequentes à insuficiência renal aguda, disfunção hepática, e diátese

hemorrágica (LANGSTON e HEUTER, 2003).

De acordo com Jesus (2009), e Biesdorf et al (2008), a infecção causada pela

L. interrogans, sorovar icterohaemorrhagiae caracteriza-se por doença hemorrágica

aguda, insuficiência hepática e renal, resultando em febre, mialgia, prostração e

diferentes graus de comprometimento renal. Já na doença causada pela L.

interrogans, sorovar canicola, há o comprometimento renal, sem haver sinais

hepáticos. São sinais predominantes de insuficiência renal progressiva e uremia:

perda de peso, poliúria, desidratação, emese, diarréia (nem sempre), ulcerações na

cavidade oral e necrose da língua, em casos mais avançados. A L. kirschneri

sorovar grippotyphosa e a L. interrogans sorovar pomona, também estão

associadas à insuficiência renal grave e lesões hepáticas em cães. A L. interrogans

sorovar bratislava causa insuficiência renal aguda, podendo ou não ser grave. Em

infecção experimental com os sorovares Pomona e Bratislava da L. interrogans,

associam-se lesões inflamatórias e hemorrágicas em pulmões, rins e fígado,

enquanto que na infecção com L. kirschneri, sorovar Grippotyphosa, associam-se

nefrite intersticial, com degeneração tubular e necrose, podendo causar hemorragia

pulmonar.

A forma urêmica acomete em geral, animais mais velhos e apresenta os

seguintes sinais: febre, apatia, inapetência, vômito e diarréia, sensibilidade renal,

mucosas congestas, úlceras orais e de língua, que tendem a necrose, e o exame de

urina mostra-se com alterações, como densidade baixa, glicosúria, proteinúria,

bilirrubinúria, entre outras (SILVA et al, 2006).

A fase subaguda é caracterizada por febre, depressão e sinais clínicos ou

achados do exame físico compatíveis com síndrome hemorrágica, doença hepática,

doença renal ou uma combinação de doença hepática e renal. Ocasionalmente pode

Page 38: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

33

ocorrer, ainda, conjuntivite, rinite, tonsilite, tosse e dispnéia (LAPPIN, 2006). A

deterioração progressiva na função renal vai resultar em oligúria ou anúria. Pode

ainda ocorrer icterícia em alguns cães (GREENE, 2004).

A maioria das infecções pela Leptospira spp é crônica ou subclínica, mas os

animais podem apresentar insuficiência renal aguda (GREENE, 2004). Os cães que

sobrevivem à fase subaguda desenvolvem nefrite intersticial crônica ou hepatite

crônica. As manifestações mais comuns são: poliúria, polidipsia, perda de peso,

ascite e sinais de encefalopatia hepática causada por insuficiência hepática

(LAPPIN, 2006).

Nos cães com febre idiopática, insuficiência renal e/ou doença hepática,

poliúria, polidipsia ou uveíte, deve ser realizada a sorologia para leptospirose. Além

disso, devem ser rastreados e monitorados os cães saudáveis de canis, cães

domésticos, de bairros ou outras áreas onde tenha a infecção e que apresentem os

sinais de leptospirose (BARTGES, 2005).

3.6 DIAGNÓSTICO

3.6.1 Hemograma completo

Segundo Greene (2004), Biazotti (2006), Jesus (2009), e Sherding (2008), as

alterações hematológicas envolvem leucopenia na fase superaguda, em resposta

inicial à leptospiremia, evoluindo para leucocitose neutrofílica com desvio à

esquerda, e trombocitopenia, em casos mais graves, decorrente das anormalidades

de coagulação ou CID.

Pode ocorrer ainda anemia regenerativa, por provável perda de sangue ou

hemólise ou anemia arregenerativa, pela doença hepática ou renal crônica (LAPPIN,

2006).

3.6.2 Urinálise

As alterações na urinálise de cães com leptospirose geralmente são:

densidade baixa, glicosúria, proteinúria, bilirrubinúria, que normalmente precede

Page 39: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

34

hiperbilirrubinemia, acompanhadas de presença de cilindros granulosos, e elevação

de leucócitos e eritrócitos no sedimento urinário (BIAZOTTI, 2006).

De acordo com Sherding (2008) e Lappin (2006), o microrganismo não é visto

no sedimento urinário pelo microscópio óptico, portanto, por não ser confiável, a

microscopia de campo escuro de urina não é recomendada.

3.6.3 Perfil Bioquímico Sérico

A bioquímica sérica revela azotemia, que é o aumento da uréia e creatinina

(varia de acordo com a gravidade da lesão renal), hiponatremia, hipocalemia,

hiperfosfatemia, hipoalbuminemia, hipocalcemia, níveis elevados de alanina

aminotransferase, aspartato aminotransferase, fosfatase alcalina e do teor sérico de

bilirrubina e ácidos biliares, resultantes da doença hepática, doença renal, perdas

gastrintestinais e acidose metabólica (SHERDING, 2008 e JESUS, 2009).

A hiperglobulinemia pode ser detectada em alguns cães com leptospirose

crônica. Os cães com miosite podem ter a atividade da creatino-cinase (CK)

aumentada (LAPPIN, 2006).

3.6.4 Imagem Diagnóstica

O rim pode estar com tamanho normal ou aumentado. O ultrassom mostra o

aumento em 75% da ecogenicidade cortical dos rins e pielectasia em quase 50%

dos casos. Alguns cães podem apresentar demarcação ecogênica da margem

cortico-medular (SHERDING, 2008). Na leptospirose crônica pode ocorrer

mineralização da pelve e do córtex renal (LAPPIN, 2006 e GASCHEN 2008).

No fígado geralmente não se percebe mudanças pelo ultrassom, mas

alterações inespecíficas na ecogenicidade podem ser visualizadas (SHERDING,

2008).

As radiografias de tórax não são muito precisas, mas podem revelar infiltrado

alveolar reticulonodular irregular ou infiltrado intersticial pulmonar generalizado, com

distribuição dorsocaudal indicativa de pneumonia, vasculite ou hemorragia pulmonar

(SHERDING, 2008 e LAPPIN, 2006).

Page 40: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

35

3.6.5 Soroaglutinação microscópica

Segundo Greene (2004) e Sherding (2008), o teste de aglutinação

microscópica é considerado o método sorológico padrão para o diagnóstico

presuntivo de leptospirose. Constitui uma técnica imprecisa e depende do contato

prévio com o agente, detectando os anticorpos a partir do sétimo dia de infecção

(BIESDORF et al, 2008). É ainda, recomendado pela OMS e amplamente utilizado

como prova-padrão tanto no diagnóstico da leptospirose animal, como humana

(JESUS, 2009).

Esta técnica consiste principalmente na reação entre anticorpos presentes no

soro contra os antígenos encontrados na superfície da lepstospira. Fatores

importantes na interpretação dos resultados laboratoriais são as reações cruzadas

entre sorovares, títulos vacinais e o início da fase aguda da enfermidade, sendo

assim, os testes sorológios devem ser realizados levando em consideração dados

epidemiológicos, bem como as informações obtidas na anamnese e no exame físico

(ANZAI, 2006).

Muitas vezes é necessária a elevação de quatro vezes no título para a

confirmação sorológica da doença. Os títulos frequentemente são negativos na

primeira semana, sendo necessária a obtenção de uma segunda ou terceira amostra

a intervalos de duas a quatro semanas. Vale lembrar que são essenciais para a

identificação das leptospiras a escolha do momento oportuno e da técnica

apropriada. A amostragem deve anteceder a instituição da terapia antimicrobiana

(GREENE, 2004).

Os títulos de anticorpos no teste de aglutinação microscópica podem ser

negativos em animais em doença superaguda; em duas a quatro semanas cães

soronegativos, mas com doença clássica devem ser retestados (LAPPIN, 2006). A

administração de vacinas de reforço dois a três meses antes do teste pode

ocasionar um título alto. O título pós-vacinal varia de 1:100 a 1:400, mas raramente

haverá título tão elevado quanto 1:3.200 três meses após a vacinação (SHERDING,

2008).

Um único título não tem valor diagnóstico definitivo para infecção ativa,

porém, um título em MAT de 1:400, ou superior, é indicativo de infecção, título 1:800,

ou superior, é altamente indicativo de leptospirose (SHERDING, 2008).

Page 41: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

36

As vacinas que são aplicadas rotineiramente nos cães domésticos contra a

leptospirose, são capazes de protegê-los contra a doença, mas não contra o estado

de portador renal (JESUS, 2009).

Os sorovares de Leptospira spp: Australis, Bratislava, Autumnalis, Butembo,

Castellonis, Bataviae, Brasiliensis, Canicola, Whitcombi, Cynopteri, Djasiman,

Sentot, Grippotyphosa, Hebdomadis, Copenhageni, Icterohaemorrhagiae, Javanica,

Panama, Pomona, Pyrogenes, Hardjo, Wolffi, Shermani e Tarassovi são os que

normalmente são utilizados na soroaglutinação microscópica, segundo as normas do

Ministério da Saúde (SILVA et al, 2006).

3.6.6 Teste de ELISA

Com o soro de animais suspeitos pode ser feita a pesquisa de anticorpos

específicos através do teste de ELISA. O princípio da técnica consiste na

imobilização de um dos reagentes (anticorpo ou antígeno) em uma fase sólida. O

outro reagente ligado a enzima, após a edição da amostra, reagirá com o complexo

antígeno-anticorpo. Os imunocomplexos são revelados ao adicionar o substrato da

enzima e um cromógeno até formar um produto colorido. Não dependendo de

leituras subjetivas, os resultados do exame são expressos objetivamente pelas

absorbâncias obtidas de espectrofotômetros (JESUS, 2009).

Títulos combinados de imunoglobulina IgM e IgG obtidos pelo teste de ELISA,

permitem diferenciar a resposta inicial de IgM, que está situada na fase aguda da

doença da resposta mais tardia de IgG, que se encontra na fase de recuperação, ou

no caso de infecção ou vacinação prévia. O título de IgM torna-se positivo na

primeira semana, podendo obter valor máximo em duas semanas, enquanto que o

título de IgG torna-se positivo em duas a três semanas e persiste durante meses

(SHERDING, 2008).

Segundo Jesus (2009) e Sherding (2008), o teste de ELISA pode ser de

grande ajuda quando o teste de aglutinação microscópica produz um resultado

confuso, porém, não distingue os diferentes sorovares e não é tão facilmente

disponível quanto o MAT.

Na fase aguda da Leptospirose os cães desenvolvem título elevado de IgM

maior que 1:320. A proporção de anticorpos IgM e IgG na fase convalescente, após

a imunoestimulação, varia dependendo do sorovar (JESUS, 2009).

Page 42: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

37

3.6.7 Reação em Cadeia de Polimerase (PCR)

Segundo Anzai (2006), o método consiste na amplificação exponencial 'in

vitro' de regiões específicas de DNA em curto espaço de tempo. Cada ciclo consiste

de três fases: 1. desnaturação das fitas de DNA; 2. anelamento dos

oligonucleotídeos iniciadores específicos ao DNA molde; 3. síntese do DNA

específico utilizando a enzima Taq DNA polimerase. As moléculas amplificadas pela

técnica podem ser facilmente detectadas e identificadas pela eletroforese.

O PCR vem sendo utilizado de forma crescente para o diagnóstico precoce da

leptospirose em diversas espécies animais e também no homem, por ser um meio

eficaz de diagnóstico antes do desenvolvimento do título do anticorpo ou quando os

títulos estão baixos e o curso clínico confuso. A técnica apresenta alta sensibilidade

e especificidade, e permite amplificar quantidades mínimas do DNA do

microrganismo em diversos tipos de amostras biológicas, entre elas o humor

aquoso, soro sanguíneo, líquor, urina e tecidos (ANZAI, 2006 e SHERDING, 2008).

É possível ter um diagnóstico precoce com essa técnica, pois Jesus (2009) e

Biesdorf (2008), afirmam que a leptospirúria pode ocorrer já nos primeiros dias da

infecção, antes mesmo dos anticorpos serem detectáveis no soro, portanto a

leptospira é passível de detecção pela PCR na urina logo no início da doença.

Segundo Anzai (2006), na leptospirose canina são poucos os trabalhos que

utilizam a técnica de PCR no diagnóstico ante-mortem e post-mortem dessa

enfermidade. Mas vários autores já demonstraram que a PCR é uma técnica

bastante eficaz no diagnóstico precoce da leptospirose canina e permite, com maior

antecedência, que condutas adequadas de tratamento e de saúde pública sejam

adotadas.

3.6.8 Isolamento e cultivo do agente

A cultura para identificação de Leptospira spp raramente é utilizada pois é

tecnicamente difícil e apresenta baixa taxa de detecção. Os microrganismos são

fastidiosos e seu crescimento pode demorar várias semanas. A principal amostra é a

urina fresca obtida preferencialmente por cistocentese antes da administração de

antibióticos. Em cães hidratados, pode-se utilizar uma baixa dose de furosemida

(0,5mg/kg, IV) antes da colheita para permitir um maior volume de urina

(SHERDING, 2008).

Page 43: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

38

Após a colheita, o material deve ser alcalinizado até atingir pH ≥ 8, colocado

em um frasco estéril e transportado para o laboratório o mais rápido possível, para

que o agente não entre em lise. A leptospiremia pode ser de curta duração e a

eliminação do microrganismo na urina pode ser intermitente, gerando resultados

falso-negativos (CORRÊA, 1992; LAPPIN, 2006 e BIESDORF et al, 2008).

Segundo Jesus (2009), as Leptospiras pode ser isoladas a partir do sangue

durante os primeiros sete a dez dias da infecção e a partir da urina durante

aproximadamente duas semanas após a infecção inicial.

Os meios de cultivo das Leptospiras são o líquido, semi-sólido ou sólido. E os

mais utilizados são o Ellinghausen, McCullueg, Johnson, Harris (EMJH) e Fletcher.

As culturas devem ser incubadas em temperatura de 28º a 30ºC e, para a

confirmação do diagnóstico, devem ser examinadas semanalmente por microscopia

de campo escuro durante no mínimo, dois meses (JESUS, 2009).

De acordo com Sharma e Kalawat (2008), para o isolamento das leptospiras é

necessário tempo e técnica apropriados e, como os resultados não são tão

confiáveis, é necessário a realização de um exame paralelo para a confirmação do

diagnóstico.

3.6.9 Microscopia de Campo Escuro

Segundo Jesus (2009), a microscopia de campo escuro aplica-se a

observação de microrganismos vivos, sem preparação prévia. Formando uma

imagem com contorno brilhante no campo microscópico, os raios luminosos são

projetados obliquamente sobre o preparado pela ação do condensador cordióide e,

quando encontram obstáculos com capacidade de desviá-los, como bactérias, são

refratados e atingem a objetiva.

Até o 4º dia de infecção pode-se observar a Leptospira spp examinando uma

gota de sangue entre lâmina e lamínula. Mais constante, entretanto, é seu encontro

na urina (CORRÊA, 1992).

Utiliza-se para esse exame a amostra de urina fresca ou tecidos, como

amostras de rim ou fígado que podem ser obtidas por biópsia ou por citologia.

Emprega-se o corante Giemsa ou Fontana-Tribondeaux, corantes para

imunohistoquímica ou pesquisa de anticorpos fluorescentes (SHERDING, 2008).

Page 44: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

39

A amostra de urina durante a fase de leptospirúria permite a visualização

direta de Leptospiras em microscópio de campo escuro, porém esta técnica

apresenta limitações como: baixa sensibilidade, necessidade de experiência por

parte do observador e principalmente a eliminação de Leptospiras de forma

intermitente pela urina e lise pelo pH ácido da urina, que vão contribuir para um

resultado falso. Contudo, resultados negativos desse exame não excluem a

possibilidade do diagnóstico (ANZAI, 2006).

3.6.10 Diagnóstico anatomo-patológico

O exame pos-mortem pode ser extremamente valioso no diagnóstico da

Leptospirose em cães, porém os achados anatomo-patológicos variam de acordo

com a sintomatologia clínica desenvolvida (BIAZOTTI, 2006).

Segundo Greene (2004), nos cães mortos de forma aguda as lesões incluem

icterícia, formação de petéquias sobre a superfície de muitos órgãos e tumefação

difusa dos pulmões, fígado e rins. Em animais cronicamente infectados, as

alterações da função renal nem sempre se correlacionam com a gravidade das

alterações histológicas.

Após a necropsia dos animais, os rins e o fígado são considerados os órgãos

de escolha para a identificação do agente, pois a partir de fragmentos desses órgãos

que será realizado o diagnóstico histopatológico, corados por técnicas de

impregnação pela prata (JESUS, 2009).

Segundo o Ministério da Saúde, para a colheita e conservação de materiais

para diagnóstico é necessário seguir alguns requisitos muito importantes para que

estes não entrem em lise, conforme mostra a TABELA 2.

Page 45: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

40

TABELA 2 – TABELA MOSTRANDO AS ORIENTAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE QUANTO AO TIPO DE DIAGNÓSTICO DA LEPTOSPIROSE, TIPO DE MATERIAL A SER ENCAMINHADO AO LABORATÓRIO, COM A QUANTIDADE NECESSÁRIA, RECIPIENTE CORRETO, TRANSPORTE E ESTOCAGEM Tipo de diagnóstico

Tipo de material

Quantidade Nº amostra

Período da coleta Recipiente Transporte Estocagem longo prazo

Cultura Sangue 1, 2 e 3 gotas por tubo Total= 3 tubos por paciente)

1 Fase aguda (preferencialmente antes de tratamento antibiótico, ideal até o 7º dia do início dos sintomas).

Meio semi-sólido ou líquido de cultura EMJH ou Fletcher

Temperatura ambiente

Uma a duas semanas nos meios adequados em temperatura ambiente e no escuro

Micro-aglutinação Soro (sem hemólise)

3,0 ml 2 Amostras pareadas nas fases aguda e convalescente: a primeira no primeiro atendimento e a segunda após um intervalo de 14 a 21 (máximo 60 dias)

Frasco adequado para congelamento (tubo de ensaio) sem anticoagulante

No gelo (4ºC)

Congelado (-20ºC)

ELISA-IgM Soro (sem hemólise)

3,0 ml 1 ou 2 Fase aguda (no primeiro atendimento); se for negativo, coleta uma segunda amostra em 5-7 dias.

Frasco adequado para congelamento (tubo de ensaio) sem anticoagulante

No gelo (4ºC)

Congelado (-20ºC)

PCR Plasma ou soro

1,0 ml 1 Fase aguda. Início dos sintomas: 1-10 dias

Frasco adequado para congelamento

Congelado (-20ºC) ideal: (-70ºC)

Histopatologia e Imuno-histoquímica

Blocos em Parafina ou tecidos em formalina tamponada

Conforme manuais de patologia

1 Post-mortem Frasco adequado para transporte de blocos de parafina ou frascos com a solução de preservação

Temperatura ambiente

Temperatura ambiente

Fonte: ARSKY, M.L.N.S. et al; Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, 2009.

Page 46: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

41

3.7 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Os diagnósticos diferenciais da leptospirose no cão podem ser a dirofilariose;

anemia hemolítica; imunomediada, bacteremia/sepse (ferimentos por mordedura,

prostatite, endocardite, doença dentária); hepatite canina infecciosa e herpesvirose

canina; neoplasia hepática, traumatismo, lúpus eritematoso sistêmico, febre

maculosa das montanhas rochosas, erliquiose, toxoplasmose, neoplasia renal e

cálculos renais (McDONOUGH, 2008).

3.8 TRATAMENTO

Evitando a seleção da resistência aos antimicrobianos, o papel destes na

leptospirose inclui terapia para infecção aguda e prevenção de doença clínica com

profilaxia recomendada apenas para humanos (GREENE, 2004). Devido à

toxicidade, contra-indicação, custo ou administração complexa, um pequeno número

de agentes antimicrobianos que provaram ser efetivos, através de estudos

controlados, tem aplicação limitada em certas populações de pacientes. Uma grande

dificuldade em avaliar a eficácia do tratamento com antimicrobiano resulta na

apresentação tardia de vários pacientes com doença grave, após as leptospiras já

terem se localizado nos tecidos (OLIVEIRA, 2010). A terapia antimicrobiana é

direcionada inicialmente para resolver a fase leptospirêmica e, subsequentemente, a

fase leptospirúrica, ou de portador renal (LANGSTON e HEUTER, 2003 e

SHERDING, 2008).

Segundo Greene (2004), a terapia de suporte para os animais com

leptospirose vai depender da gravidade da infecção, da presença ou não da

disfunção renal ou hepática e de outros fatores complicantes.

Em um tratamento intensivo, a taxa de sobrevida pode ser de 75 a 90%. A

maioria dos cães recupera-se completamente, porém a insuficiência renal crônica

residual é uma consequência potencial (SHERDING, 2008).

Para evitar o choque e a desidratação, os fluidos devem ser administrados

intensivamente; a diurese química com agentes osmóticos (glicose a 10% em

5ml/kg) ou diuréticos tubulares (furosemida - lazix®) é necessário para animais

oligúricos (GREENE, 2004).

Page 47: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

42

Inicialmente, para a leptospiremia, são administrados antibióticos por via

parenteral, como a penicilina G (25.000 a 40.000 UI/kg, BID, IV) ou ampicilina

(22mg/kg, TID, IV).Quando cessado o vômito, devem ser substituídos por

amoxicilina (22mg/kg, BID, VO) e manter o tratamento durante duas semanas

(LAPPIN, 2006 e SHERDING, 2008).

Para eliminar a condição de portador renal, uma vez concluído o tratamento

com amoxicilina, deve ser administrado doxiciclina (5mg/kg, BID, VO) durante duas

semanas. Outras alternativas incluem os macrolídeos (eritromicina, azitromicina),

fluoroquinolonas ou aminoglicosídeos, este último que deve ser evitado em cães

com disfunção renal (GREENE, 2004 e SHERDING, 2008).

Durante a fase aguda da infecção, algumas quinolonas têm efeito contra

Leptospiras e podem ser usadas em combinação com penicilina. A ampicilina e a

enrofloxacina foram concomitantemente usadas em estudos, no qual 83% dos

caninos infectados obtiveram cura (LAPPIN, 2006).

Um dos principais objetivos da vacinação contra a leptospirose em cães, que

é uma doença zoonótica, é a prevenção do sistema urinário e o derramamento de

Leptospiras interrogans spp. por cães infectados cronicamente (SCHREIBER, 2005).

3.9 COMPLICAÇÕES DA LEPTOSPIROSE CANINA

Os achados clínicos no momento da consulta são muito importantes para

saber se o animal precisa de um tratamento de emergência. Insuficiência renal

oligúrica e CID são complicações de leptospirose com risco de morte, que

necessitam de atenção e cuidados mais urgentes (SHERDING, 2008).

Em casos de enterorragia e de púrpura cutânea, deve ser administrada a

vitamina K (1mg/kg, SID, IM) e vitamina C (10-20mg/kg, SID, IM) durante três a cinco

dias. A primeira como fator de coagulação e a segunda como fator fibroblástico e de

regeneração do tecido conectivo, pois os vasos estão com a permeabilidade

aumentada (CORRÊA, 1992).

O gluconato de cálcio a 20-25%, também pode ser administrado na dose de

1ml/kg, (BID, VO), procurando com o cálcio complementar os fatores de coagulação

e com o gluconato oferecer energético (CORRÊA, 1992).

Após cinco dias, se a hepatite e a nefrite atingirem um alto grau, e em casos

de vasculite, pode-se associar elixir de dexametasona na dose de 0,1mg/kg, (SID,

Page 48: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

43

IV) durante três a cinco dias, a fim de diminuir a inflamação. Não se deve administrar

antes o corticóide, pois o mesmo pode agravar as hemorragias (CORRÊA, 1992).

Segundo Corrêa (1992), há casos em que após a hidratação é necessário

fazer uma transfusão, pois a hemodiluição mostra grave anemia, geralmente quando

o número de hemácias está a 3.000.000/mm3 ou menos. A dieta deverá ser

energética, evitando ao máximo as gorduras, que só fariam sobrecarregar e agravar

o estado hepático, e as proteínas que, aumentando a albuminúria e a uréia

sanguínea, agravam o estado renal e a condição geral do paciente.

3.10 PROFILAXIA

Segundo Sherding (2008), a prevenção à exposição não é uma perspectiva

realística, pois são os animais selvagens os reservatórios da doença, e com isto,

abrigam e excretam Leptospiras, que contaminam o ambiente. Porém, a vacinação

de rotina contra a leptospirose auxilia a reduzir a prevalência e a gravidade de

leptospirose canina e também a minimizar o risco da doença aos proprietários de

animais domésticos.

A prevenção da leptospirose envolve a eliminação do estado de carreador.

Como é impossível controlar a liberação de Leptospiras pelos animais selvagens, a

vacinação dos cães é essencial. As bactérias bivalentes que contém dois sorotipos

principais, a L. canicola e a L. icterohaemorrhagiae, estão disponíveis para os cães.

Pelo fato dos títulos superiores serem produzidos por múltiplas injeções, vacinações

semestrais devem ser administradas aos cães em áreas endêmicas, e todos os cães

devem receber no mínimo três doses, com intervalo de três a quatro semanas, em

seu programa de vacinação inicial (GREENE, 2004 e LAPPIN, 2006).

As vacinas bivalentes não propiciam reação cruzada contra outros sorovares,

que atualmente respondem pela maior parte das infecções por Leptospira, em cães.

Com isso, a melhor escolha é utilizar as vacinas multivalentes, que contém os

sorovares L. pomona, L. grippotyphosa, L. canicola e L. icterohaemorrhagiae, de

modo a propiciar amplo espectro de proteção (SHERDING, 2008).

Segundo Sherding (2008), a aplicação de bacterinas de Leptospiras pode

desencadear reações anafiláticas (edema facial, prurido, hipotensão ou dispnéia); a

incidência pode ser maior em raças de pequeno porte e em filhotes com menos de

nove semanas de idade. As vacinas mais recentes, povavelmente apresentam um

Page 49: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

44

menor risco de reações alérgicas, pois foram melhoradas e derivadas de

subunidades antigênicas de Leptospira spp.

Os gatos geralmente não são vacinados, pois são muito resistentes e até

refratários às Leptospiras, apesar de serem estimulados pelo antígeno,

desenvolvendo título sorológico (CORRÊA, 1992).

3.11 SAÚDE PÚBLICA

A leptospirose é considerada uma zoonose disseminada e potencialmente

fatal (SHERDING, 2008). A urina contaminada é altamente contagiosa para os

humanos e para as espécies animais suscetíveis, portanto, deve ser evitado o

contato com mucosas ou abrasões cutâneas (GREENE, 2004).

Devem ser considerados como zoonóticos para os humanos todos os

sorotipos que infectam os mamíferos. Devem ser evitados o contato com a urina

infectada, água contaminada e hospedeiros reservatórios. Superfícies contaminadas

devem ser limpas com detergentes e desinfetantes para eliminar o agente (LAPPIN,

2006).

Os médicos veterinários e tratadores de animais são pessoas em risco, pois o

contato direto da membrana mucosa ou de lesão cutânea com a urina de animais

infectados representa um risco potencial de infecção, portanto devem tomar cuidado

e manter higiene rigorosa durante o tratamento de animais infectados (SHERDING,

2008).

Page 50: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

45

Segundo Bartges (2005), Sherding (2008) e Carmo et al (2004), para evitar a

infecção com as Leptospiras, são recomendadas as seguintes medidas preventivas:

Assistência médica adequada e oportuna ao paciente;

Fazer a notificação, busca e confirmação de dados do paciente, investigar a

epidemiologia de casos, fazer a detecção de áreas de risco para desencadear

ações de controle;

Oferecer proteção à população: alertá-la em períodos que antecedem chuvas,

para que evitem entrar em áreas alagadas sem as medidas de proteção

individual;

Objetos contaminados com urina devem ser considerados material de risco

biológico;

Tratadores e pessoas que manuseiam animais infectados devem

obrigatoriamente dispor de luvas de borracha;

Não fazer a lavagem de gaiolas ou canis contaminados por aspersão, para

que a urina não se torne um aerossol; e retirar sobras alimentares dos

animais antes do anoitecer, pois servem de atrativos a roedores;

Durante a limpeza da gaiola devem ser utilizados óculos de proteção e

máscara facial;

Em locais contaminados com urina utilizar iodóforo com desinfetante;

Em animais suspeitos ou que sabidamente excretam Leptospiras deve se

administrar doxiciclina;

Eliminar principalmente a infestação de roedores.

Além dos canis que devem ser higienizados rigorosamente para evitar o

contato com a urina infectada, devem ser controlados os roedores, monitorar e

remover os cães portadores até que estes sejam tratados e isolar os animais

acometidos durante o período de tratamento (McDONOUGH, 2008).

O contato com a urina de um cão infectado com leptospirose é a fonte mais

provável de infecção para os seres humanos, especialmente pelos donos do animal

de estimação e para os funcionários e médicos do hospital ou clínicas que cuidam

dos animais durante o tratamento (BARTGES, 2005).

O principal fator de risco na leptospirose humana para a ocorrência de surtos

epidêmicos ainda são as inundações durante os períodos de chuvas, principalmente

Page 51: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

46

em grandes cidades. Localidades com más condições de saneamento básico são

mais acometidas por surtos devido a presença de esgoto a céu aberto e lixões,

proximidade com córregos, os quais propiciam o contato direto com as águas

contaminadas com urina de roedores (ratos e camundongos) e cães errantes

(CORRÊA, 1992).

A leptospirose humana pode se manifestar de forma leve ou moderada, ou de

forma ictérica, sendo grave e fatal. O período de incubação varia de 24 horas a 30

dias, numa média de sete a 14 dias, sendo os sintomas iniciais semelhantes aos da

gripe, que depois evoluem para alterações específicas (CARMO et al, 2004).

3.12 MANIFESTAÇÃO DA LEPTOSPIROSE EM CURITIBA-PR

O mapeamento de doenças, a identificação de variáveis e a avaliação de

fatores de risco à saúde, que podem revelar estruturas ambientais, sociais e

econômicas, podem ser realizados pela utilização da análise espacial de

informações sobre o ambiente e saúde. A base da análise espacial constitui o

mapeamento da distribuição geográfica de determinada doença, fazendo parte de

um levantamento de monitoramento epidemiológico ou formando hipóteses para

futuras investigações (MORIKAWA, 2010). Esta técnica busca descrever os padrões

existentes nos dados espaciais e, portanto, estabelecer de forma quantitativa, os

relacionamentos entre as diferentes variáveis geográficas (BIER, 2012).

Em 2007, foram examinadas 598 amostras de soro sanguíneo de cães

assintomáticos, em várias regiões de Curitiba, com isso obteve-se o resultado 193

(32,27%) amostras reagentes para os seguintes sorovares de Leptospira spp.: L.

copenhageni (71,50%), L. canicola (6,74%), e L. icterohaemorrhagiae (2,08%). E

alguns cães apresentaram infecções mistas: L. copenhageni e icterohaemorrhagiae

(10,36%), L. copenhageni e canicola (7,76%), L. canicola, copenhageni e

icterohaemorrhagiae (1,04%), L. canicola e icterohaemorrhagiae (0,52%)

(TESSEROLLI et al, 2008).

Segundo Morikawa (2010), a Vila Pantanal, situada na região sudeste de

Curitiba, apresenta condições precárias de saneamento, ocorrência de constantes

alagamentos e grande acúmulo de lixo. Em estudo realizado na região, foram

coletadas 379 amostras de sangue de cães, sendo que 35 destas foram reagentes

para dez sorovares pelo teste de soroaglutinação microscópica. A prevalência

Page 52: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

47

encontrada foi de 9,2% e os sorovares mais prevalentes foram o L. canicola (27,7%),

L. bratislava (21,3%) e L. icterohaemorrhagiae (15,0%).

Porém Bier, (2012) ao realizar o mesmo experimento na região da Vila

Pantanal, coletou 378 amostras de sangue de cães, e obteve um resultado de 105

reagentes positivos para pelo menos um dos dez sorovares amostrados. A

soroprevalência encontrada dessa vez foi de 27,8%, onde os sorovares mais

prevalentes foram L. canicola (48,8%), L. bratislava (10,6%) e L.

icterohaemorrhagiae (10,2%)

Em decorrência do processo de urbanização acelerada, a cidade de Curitiba,

a partir dos anos 70, apresenta cada vez mais ocupações de áreas irregulares,

especialmente na periferia da cidade, onde surgem as comunidades urbanas

carentes ou favelas. Nesses locais ocorre um número muito alto de pessoas

infectadas pela leptospirose, pois faltam condições de habitação e há uma grande

deficiência de saneamento básico. Os animais que vivem nessa área apresentam

um maior risco de adquirirem e de disseminarem a doença. Os dados encontrados

nas pesquisas, com significativa frequência de animais soropositivos, condizem com

a realidade do local, demonstrando a necessidade de investimentos no setor de

saneamento básico, bem como de conscientizar a população dos riscos e da forma

de prevenção (BIER, 2012).

3. 13 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A leptospirose é uma zoonose de extrema importância para a saúde pública e

dos animais, portanto, a vacinação é imprescindível como método de controle.

Porém, as medidas sanitárias gerais, como: controle de roedores; limpeza do

ambiente; remoção de resíduos sólidos e líquidos; restrição de acesso dos cães do

domicílio ao ambiente externo, principalmente em períodos de maior precipitação

pluviométrica, onde ocorrem enchentes e formação de coleções líquidas residuais

nas quais as Leptospiras spp. permanecem viáveis por um maior período de tempo;

e outras medidas importantes para reduzir as chances de contaminação, as quais

foram citadas no trabalho acima.

As informações obtidas neste trabalho mostram a importância do diagnóstico,

tratamento e prevenção da leptospirose canina. Foram descritas as diferentes

formas de apresentação da infecção, assim como a eficácia do tratamento na

Page 53: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

48

eliminação do estado de portador renal e possíveis alterações laboratoriais que

poderiam auxiliar na triagem dos animais contaminados.

Atualmente há inúmeras técnicas para diagnosticar a Leptospirose canina,

porém, no presente trabalho foi relatado que entre os testes confirmatórios, nenhum

associa as exigências de sensibilidade, especificidade e praticidade.

As manifestações clínicas inespecíficas da leptospirose encontradas nos

animais que chegam à clínica mostram a necessidade de técnicas que possibilitem a

rapidez no diagnóstico da doença e adoção, com a maior antecedência possível, de

medidas adequadas de tratamento e saúde pública. A técnica da PCR, entre as

descritas neste estudo, apresenta os requisitos necessários para a adoção das

medidas citadas. Além de que, o diagnóstico precoce também é de extrema

importância para instituir o melhor tratamento.

Page 54: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

49

4. CONCLUSÃO

O estágio curricular obrigatório foi muito importante para minha formação

acadêmica e também pelo conhecimento adquirido, onde pude acompanhar várias

consultas, todas com diagnósticos bem diferentes e também aprimorar meus

conhecimentos e pôr em prática as aulas ministradas durante o curso, sempre

dentro dos limites da profissão.

A casuística de uma clínica é bastante diversificada e devemos estar sempre

preparados para poder proporcionar um melhor atendimento ao proprietário e

principalmente contribuir para o bem estar animal.

Além de ser um primeiro contato com a rotina profissional, o estágio

obrigatório faz o aluno observar as situações de um modo diferente, interpretá-las e

até mesmo a tomar decisões mais coerentes, que vão levar para a vida toda. Há

muito o que descobrir e aprender na Medicina Veterinária, basta o aluno ter força de

vontade e querer sempre aprimorar ainda mais os seus conhecimentos.

Durante esse período, pude desempenhar várias atividades e analisar sobre

coisas que eu mesma nunca tinha parado para pensar, por exemplo, quando entrei

na faculdade tinha o sonho de abrir uma enorme clínica veterinária com vários

setores para atendimentos. Hoje, já tenho uma visão totalmente diferente, não

gostaria de ficar presa a um consultório esperando que o proprietário traga seu

animal de estimação para uma consulta. Estou gostando cada vez mais da Saúde

Pública, que abrange muitas áreas e é de um interesse muito grande pela

população. Por isso a extrema importância do estágio curricular obrigatório, faz com

que o aluno tenha pelo menos uma noção do rumo que vai seguir carreira e mostrar

que a vida profissional é bem diferente daquela que achamos ser a mais correta

possível.

Page 55: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

50

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANZAI, E.K. Utilização da PCR para o Diagnóstico da Leptospirose em Cães

naturalmente infectados por Leptospira spp. Londrina: UEL, 2006. 48 p.

Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal,

Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2006.

ARSKY, M.L.N.S. et al. Leptospirose: Diagnóstico e Manejo Clínico. In: Brasil.

Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, 2009, 34 p.

BARTGES, J. Leptospirosis: clinical features and present day threat. In: Proceeding

of the NAVC North American Veterinary Conference. Orlando, 2005.

BIAZZOTI, R. Leptospirose Canina. Rio de Janeiro: UCB, 2006. 27 p. Monografia -

Curso de Especialização "Lato Sensu" em Clínica Médica de Pequenos Animais,

Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, 2006.

BIER, D. Distribuição espacial e fatores de risco para Leptospirose Canina na

Vila Pantanal, Curitiba, Paraná, Brasil. Curitiba: UFPR, 2012. 141 p. Dissertação -

Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do

Paraná, Curitiba, 2012.

BIESDORF, S. M. et al. Sorologia negativa e PCR positiva: a importância da biologia

molecular para o diagnóstico de leptospirose aguda em um cão. In: Revista Clínica

Veterinária. v. 13, n. 73, 2008. p. 44-48.

CARMO, E. H. et al. Leptospirose. In: Doenças Infecciosas e Parasitárias. 4ª Ed.

Brasília: Ministério da Saúde, 2004. p. 216-220.

CORRÊA, W. M.. Enfermidades por bactérias. In: CORRÊA, Célia N.M.; CORRÊA,

Walter M. Enfermidades Infecciosas dos Mamíferos Domésticos. 2ª Ed. Rio de

Janeiro: Medsi, 1992. p. 233-240.

Page 56: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

51

GASCHEN, F. Canine leptospirosis. In: 33rd World Small Animal Veterinary

Congress. Dublin, 2008.

GREENE, C. E.. Doenças Bacterianas. In: ETTINGER, Stephen J.; FELDMAN,

Edward C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. Doenças do cão e do gato.

5ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 418-419.

GREENE, C. E.. Canine Leptospirosis, emerging or surging?. In: International

Congress of the Italian Association of Companion Animal Veterinarians. Rimini,

2008.

JESUS, N. H. Meios Diagnósticos da Leptospirose Canina. Mossoró, UFERSA,

2009. 21 p. Monografia - Curso de Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de

Pequenos Animais, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró, 2009.

JORGENS, E. N.; SCHMITT, C. I. Leptospirose em cães: uma revisão

bibliográfica. Cruz Alta: UNICRUZ, 2011. 4 p. Seminário Interinstitucional de

Ensino, Pesquisa e Extensão, Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta, 2011.

LANGSTON, C.E.; HEUTER, K.J. Leptospirosis. A re-emerging zoonotic disease. In:

Magazine the veterinary clinics of North America small animal practice. v. 33, 4.

ed. p. 791-807, jul. 2003.

LAPPIN, M. R.. Doenças Bacterianas Polissistêmicas. In: COUTO, C. Guilhermo;

NELSON, Richard W. Medicina Interna de Pequenos Animais. 3ª Ed. Rio de

Janeiro: Elsevier, 2006. p. 1222-1224.

LOBETTI, R. Leptospirosis. In: WSAVA Congress. Sydney, 2007.

McDONOUGH, P. L.. Leptospirose. In: TILLEY, L.P.; SMITH, Francis W.K. Consulta

Veterinária em 5 minutos- canina e felina. 3ª Ed. São Paulo: Manole, 2008. p.

891-893.

Page 57: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

52

MORIKAWA, V.M. Estudo sorológico da infecção por Leptospira spp. em uma

área de ocupação irregular e de alto risco para a doença em cães em Curitiba,

PR. Curitiba: UFPR, 2010. 72 p. Dissertação - Programa de Pós-Graduação em

Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.

OLIVEIRA, S.T. Leptospirose Canina: dados clínicos, laboratoriais, e

terapêuticos em cães naturalmente infectados. Porto Alegre: UFRGS, 2010. 89 p.

Tese - Doutor em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Porto Alegre, 2010.

RODRIGUES, A. M. A. Leptospirose Canina: Diagnóstico Etiológico, Sorológico

e Molecular e Avaliação da Proteção Cruzada entre os Sorovares

icterohaemorrhagiae e copenhageni. São Paulo: FMVZ-USP, 2008. 117 p.

Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Clínica Veterinária,

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootécnica da Universidade São Paulo, São

Paulo, 2008.

SCHREIBER, P. Prevention of renal infection and urinary shedding in dogs by a

Leptospira vaccination. In: Revista veterinary microbiology. v. 108, 1-2ª Ed. p.

113-28, jun. 2005.

SHARMA, K.K.; KALAWAT, U.. Early diagnosis of leptospirosis by conventional

methods: one-year prospective study. In: Revista Indian J Pathol Microbiol. v. 51,

2ª Ed, p. 209-11, abril-jun. 2008.

SHERDING, R. G.. Infecções Bacterianas Sistêmicas. In: BIRCHARD, Stephen J.;

SHERDING, Robert G. Manual Saunders. Clínica de Pequenos Animais. 3ª Ed.

São Paulo: Roca, 2008. p. 195-199.

SILVA, W.B. et al. Avaliação de fatores de risco de cães sororeagentes à Leptospira

spp. e sua distribuição espacial em área territorial urbana. Brazilian Journal of

Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v. 43, n. 6, p. 783-792,

2006.

Page 58: LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃOtcconline.utp.br/wp-content/uploads/2013/10/LEPTOSPIROSE-CANINA.… · Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira,

53

TESSEROLLI, G.L. et al. Principais sorovares de leptospirose em Curitiba, Paraná.

Pubvet. v. 2, n. 21, 2008.