lei seca: trânsito seguro a gente que faz1 · concentração de álcool no sangue acima do...

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Curso de Jornalismo da Faculdade Satc – Criciúma – SC – Junho de 2016 1 Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz 1 Giovane Marcelino Leandro, Jhulian Pereira Tomaz 2 Karina Woehl de Farias 3 Faculdade Satc, Criciúma, SC Resumo O projeto “Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz” consiste em um documentário radiofônico sobre a Lei Seca e os impactos que ela traz para a sociedade. A lei criada para penalizar pessoas que dirigem após ingerirem bebidas alcoólicas ou substâncias psicoativas passou por mudanças rigorosas. O trabalho inclui estatísticas e orientações sobre as novas medidas anexadas à legislação, riscos do consumo nocivo de álcool, além de retratar a história de um condutor que se envolveu em acidente de trânsito após ingerir álcool. Palavras-chave: lei seca; álcool; trânsito; radiojornalismo. 1 INTRODUÇÃO Entre as inúmeras causas que comprometem a saúde humana e contribuem para o desenvolvimento de doenças destaca-se o uso excessivo de bebidas alcoólicas. Na América do Sul e América do Norte, conforme o “Relatório de situação regional sobre o álcool e saúde nas Américas”, realizado em 2014 pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 2012, “o álcool contribuiu com mais de 300 mil mortes na região, das quais mais de 80 mil não teriam ocorrido sem o consumo de álcool” (2015, p.2). No Brasil, de acordo com o “Relatório Global sobre Álcool e Saúde”, divulgado em 2015 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), “os homens consomem 13,6 litros por ano, enquanto as mulheres são responsáveis por ingerir 4,2 litros(2014, p.143). A cerveja lidera o ranking de bebidas alcóolicas mais consumidas no país e torna-se conhecida através de veículos de comunicação de massa, que trabalham e faturam com anúncios de drogas lícitas, incluindo o álcool. Para Moronna, “quando vemos as propagandas de cerveja, a cerveja é vendida como uma substância neutra, as pessoas felizes, descontraídas, mulheres bonitas, seminuas” (2011, p. 58). Anthony destaca que: 1 Trabalho apresentado para cumprimento da disciplina Projeto Experimental 2 do curso de Jornalismo da Faculdade Satc em março de 2016. 2 Acadêmicos de Graduação do 5º semestre do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected], [email protected] 3 Orientadora do trabalho. Professora do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected]

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Curso de Jornalismo da Faculdade Satc – Criciúma – SC – Junho de 2016

1

Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz1

Giovane Marcelino Leandro, Jhulian Pereira Tomaz2

Karina Woehl de Farias3

Faculdade Satc, Criciúma, SC

Resumo

O projeto “Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz” consiste em um documentário

radiofônico sobre a Lei Seca e os impactos que ela traz para a sociedade. A lei criada para

penalizar pessoas que dirigem após ingerirem bebidas alcoólicas ou substâncias psicoativas

passou por mudanças rigorosas. O trabalho inclui estatísticas e orientações sobre as novas

medidas anexadas à legislação, riscos do consumo nocivo de álcool, além de retratar a

história de um condutor que se envolveu em acidente de trânsito após ingerir álcool.

Palavras-chave: lei seca; álcool; trânsito; radiojornalismo.

1 INTRODUÇÃO

Entre as inúmeras causas que comprometem a saúde humana e contribuem para

o desenvolvimento de doenças destaca-se o uso excessivo de bebidas alcoólicas. Na

América do Sul e América do Norte, conforme o “Relatório de situação regional sobre o

álcool e saúde nas Américas”, realizado em 2014 pela Organização Pan-Americana da

Saúde (OPAS), em 2012, “o álcool contribuiu com mais de 300 mil mortes na região, das

quais mais de 80 mil não teriam ocorrido sem o consumo de álcool” (2015, p.2).

No Brasil, de acordo com o “Relatório Global sobre Álcool e Saúde”, divulgado

em 2015 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), “os homens consomem 13,6 litros

por ano, enquanto as mulheres são responsáveis por ingerir 4,2 litros” (2014, p.143). A

cerveja lidera o ranking de bebidas alcóolicas mais consumidas no país e torna-se conhecida

através de veículos de comunicação de massa, que trabalham e faturam com anúncios de

drogas lícitas, incluindo o álcool. Para Moronna, “quando vemos as propagandas de

cerveja, a cerveja é vendida como uma substância neutra, as pessoas felizes, descontraídas,

mulheres bonitas, seminuas” (2011, p. 58). Anthony destaca que:

1 Trabalho apresentado para cumprimento da disciplina Projeto Experimental 2 do curso de Jornalismo da Faculdade Satc

em março de 2016.

2 Acadêmicos de Graduação do 5º semestre do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected],

[email protected]

3 Orientadora do trabalho. Professora do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected]

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A cada ano, estima-se que morrem 2 a 2,5 milhões de pessoas devido ao uso de

álcool (p. ex., intoxicações agudas, cirrose hepática induzida pelo álcool,

violência e colisões de automóveis). A proporção entre os dois (2 bilhões de

consumidores; 2 a 2,5 milhões de mortes atribuídas ao álcool) indica que a cada

ano as consequências nocivas do álcool são responsáveis por, aproximadamente,

1,2 morte atribuível ao álcool para cada 1.000 consumidores – aproximadamente

6% de todas as mortes entre homens (consumidores e não-consumidores

somados) e 1% entre as mulheres. (ANTHONY, 2009, p.1).

Diminuir o número de óbitos e lesões decorrentes do consumo inadequado de

bebidas alcóolicas, principalmente em acidentes de trânsito, é uma das metas mundiais.

Países como Brasil, China, Estados Unidos da América, França, Inglaterra, Japão e Qatar,

alteraram leis ao criar e aprovar projetos que estabelecem limites de concentração de álcool

no sangue. Para Leyton, Ponce e Andreuccetti (2009, p.165), leis rigorosas são favoráveis e

geram resultados positivos, uma vez que o álcool etílico ocasiona “1,2 milhão de mortes e

20 a 50 milhões de feridos ao ano, principalmente em países de baixa e média renda”.

No Brasil, iniciativas para reduzir o índice de mortes em acidentes de trânsito

foram firmadas com a Lei n° 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de

Trânsito Brasileiro (CTB). No entanto, a principal medida para garantir a segurança de

condutores em rodovias brasileiras foi decretada em 2008, após o ex-presidente da

República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionar a Lei n° 11.705, criada com a finalidade de

“estabelecer alcoolemia 0 (zero) e de impor penalidades mais severas para o condutor que

dirigir sob a influência do álcool [...]” (BRASIL, 2008). Conforme Leyton, Ponce e

Andreuccetti:

[...] Com a introdução da Lei n. 11.705, de junho de 2008, da redução do limite

para 0,2 g/L, verificou-se, segundo dados divulgados pela imprensa, reduções de

43,5% no atendimento a acidentados e de 13,6% nos acidentes com mortes,

apesar de um aumento de 4,3% no número total de acidentes, mas com gravidade

menor. Esses números carecem de uma análise científica, mas indicam uma

tendência de prevenção de mortes no trânsito com a nova lei. Capitais que tiveram

fiscalização mais intensiva apresentaram resultados mais positivos. (LEYTON,

PONCE, ANDREUCCETTI, 2009, p.173).

Denominada “Lei Seca”, a lei aplica penalidades como multa de R$ 1.915,40,

apreensão do veículo e suspensão do direito de dirigir por 12 meses aos motoristas que

conduzirem automóveis sob a influência de álcool ou de qualquer substância psicoativa. Em

2012, a Lei nº 12.760 alterou a Lei Seca e a tornou mais rígida. Qualquer concentração de

álcool por litro de sangue, bem como por litro de ar alveolar (ar expirado pela boca, em

equilíbrio com o sangue), deixa o condutor sujeito às penalidades administrativas e

criminais. A legislação determina que, para verificar dependência de substâncias ilegais, o

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condutor “que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame

clínico, perícia ou outro procedimento [...]” (BRASIL, 2012).

O esforço de autoridades e órgãos públicos para evitar danos causados pelo uso

excessivo de substâncias psicoativas não interferiu no marketing de bebidas alcóolicas. A

Lei Seca, conforme a Constituição Federal, obriga “os estabelecimentos comerciais em que

se vendem ou oferecem bebidas alcoólicas a estampar, no recinto, aviso de que constitui

crime dirigir sob a influência de álcool” (BRASIL, 2008), mesmo assim, muitos

empreendedores deixam o regulamento de lado e ignoram iniciativas que pretendem, a

princípio, conscientizar a comunidade.

Agora, como não é possível resolver todos os problemas, talvez para eleger uma

das prioridades, eu elegeria justamente a conscientização das pessoas no sentido

de que não devam beber e dirigir. É mais fácil tentar conscientizar as pessoas de

que beber e dirigir é algo muito perigoso do que tentar fazer com que as pessoas

não bebam. Como é preciso eleger uma prioridade, entendo que nesse ponto a lei

foi acertada. (MORONNA, 2011, p.58).

Além de comprometer a saúde e colocar a vida de motoristas e passageiros em

risco, acidentes provocam prejuízos à sociedade, em especial, às entidades prestadoras de

serviços. O Ministério da Saúde aponta que entre 2008 e 2013, foram gastos mais de R$

340 milhões com internações em virtude de acidentes de trânsito no Brasil. Apesar do alto

custo gerado ao Governo Federal, o endurecimento da Lei Seca favoreceu para a redução de

6,5% de mortes no trânsito por 100 mil habitantes entre 2012 e 2013. Continuar

conscientizando o cidadão e promover iniciativas educacionais é necessário, visto que:

[...] 24,3% da população brasileira admite dirigir logo depois de beber e que na

zona rural, esse percentual é de 30,4%. O Brasil é um dos 25 países do mundo

que estabeleceram a tolerância zero para o consumo de bebida alcóolica por

motoristas e um dos 130 que usam o teste do bafômetro como forma de garantia

do cumprimento da lei. (PORTAL BRASIL, 2015).

A Lei Seca colaborou para a redução de indenizações pagas pelo Seguro

DPVAT4 em 2015. Segundo o “Boletim Estatístico” da Seguradora Líder, no Brasil, houve

queda de 15% em relação a 2014. De janeiro a dezembro, a entidade pagou 652,349

indenizações, sendo que, os casos de invalidez permanente foram os mais atendidos. Os

casos de morte reduziram 19%.

4 Seguro de caráter social criado em 1974. Indeniza vítimas de acidentes de trânsito, sem apuração de culpa,

seja motorista, passageiro ou pedestre, e oferece coberturas para três naturezas de danos: morte, invalidez

permanente e reembolso de despesas médicas e hospitalares.

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No período analisado, a maior incidência de vítimas foram os motoristas (64%).

Em acidentes fatais, os motoristas representaram 54% das indenizações pagas e

em acidentes com sequelas permanentes, 64%, predominando significativamente

os motociclistas (91%). (SEGURADORA LÍDER DPVAT, 2015, p.2).

Em Criciúma, segundo o psicólogo e ex-presidente do Conselho Municipal de

Políticas Sobre Drogas (Comad), Manoel Rozeng, a lei mostrou-se eficiente, no entanto,

das pessoas que faleceram em acidentes de trânsito nos últimos anos, “36,4% estavam com

concentração de álcool no sangue acima do permitido pela lei” (ROZENG, 2016).

Fortalecer o hábito da direção defensiva e intensificar blitz de trânsito se fazem necessário

para coibir atos ilegais e prevenir tragédias.

1.1. Jornalismo comunitário

A Lei Seca tornou-se um assunto capaz de gerar muitos comentários. Entre

culpados e inocentes, todos possuem opinião sobre casos negativos originados do uso de

bebidas alcóolicas. Para Freitas (2006, p.7), “o jornalismo comunitário torna-se uma

possibilidade para a população encontrar espaço e discutir assuntos de seu interesse [...]”. O

noticiário nacional costuma pautar assuntos relacionados à Lei Seca com frequência. Na

televisão, rádio e internet, casos de motoristas autuados sem Carteira Nacional de

Habilitação (CNH), bem como alcoolizados, tornaram-se constantes.

O principal objetivo do jornalismo comunitário é transmitir informações que

interessam uma comunidade específica. Para o cidadão, por exemplo, é mais útil ser

informado sobre acontecimentos de seu bairro, ou cidade, do que fatos protagonizados no

exterior. Não basta informar o que ocorre na mídia nacional, é preciso aprofundar e discutir

os temas. Tratando-se de Lei Seca, o jornalismo comunitário pode auxiliar nas iniciativas

que visam conscientizar a população sobre os perigos de dirigir após o consumo de álcool.

[...] A comunidade e o jornalismo irão atuar em conjunto para fazer o que deveria

ser a essência de todo o jornalismo. Informar com responsabilidade a sociedade e

discutir questões importantes para a comunidade, entretanto, isso quase não

acontece na grande imprensa, pois lá não há espaço para a reflexão, somente tem-

se que produzir para a indústria da informação que a cada dia exige mais

velocidade e menos contextualização. (FREITAS, 2006, p.27).

Acidentes de trânsito e blitz, enquadrando-se à Lei Seca, são assuntos

facilmente destacados por meio do jornalismo regional. Em casos de mortes provocadas por

motoristas embriagados, entra em discussão a aplicação e a força da lei - se o papel

estabelecido na Constituição Federal é, verdadeiramente, cumprido. O processo para

elaborar noticiários destinados à determinada comunidade está cada vez mais acessível,

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uma vez que o comunicador tem a possibilidade de criar microblogs, redes sociais e portais

de notícias. Ribeiro e Ortiz alegam que:

O jornalismo comunitário busca resgatar esta identidade individual e coletiva da

sociedade na qual está inserido. Procurando valorizar a cultura local através do

despertar de um “sentimento de pertença” do indivíduo pela sua comunidade, [...]

pode-se proporcionar ao cidadão exercer o seu direito a uma comunicação ativa e

não apenas passiva. (RIBEIRO E ORTIZ, 2007, p.4).

Pioneiro na transmissão de informações, o rádio é essencial, especialmente em

comunidades onde o acesso à internet é escasso. Prezando pela simplicidade e clareza, cabe

ao radialista interagir com os ouvintes e repercutir os fatos de maneira imparcial, de acordo

com os princípios éticos do jornalismo. O jornalismo comunitário veiculado em rádios

reforça a relação entre profissional e público-alvo, essencial para a prática da cidadania,

como forma de valorização cultural, prestação de serviço e hábitos sociais. Para Santana

(2006, p.17), rádios e conteúdos comunitários acabam despertando o “[...] desejo de opinar,

debater e participar do processo. Mais que ouvinte ser parte decisiva na sociedade”.

Tal processo resume-se em informar pautado no dia a dia da comunidade,

valorizando práticas educacionais. Contudo, referindo-se à Lei Seca, o noticiário precisa ser

desenvolvido de maneira leve, para que o público consiga acompanhar e decodificar as

informações. De acordo com Barbeiro (2013, p.59), “boas entrevistas são as que revelam

novos conhecimentos, esclarecem fatos e marcam opiniões”. Repórteres e radialistas

necessitam dominar o assunto em discussão. Sobre reportagem no rádio, Barbeiro diz:

A reportagem é a principal fonte de matérias exclusivas da rádio jornalística. [...]

O repórter tem de se preparar para construir uma reportagem completa e

equilibrada; se esforçar ao máximo para ouvir todos os envolvidos no episódio,

respeitando o direito das pessoas de terem opiniões divergentes do mesmo

assunto. (BARBEIRO, 2013, p.55).

Conscientizar motoristas sobre os perigos de beber e dirigir através de reportagens é

viável por conta do caráter universal da linguagem radiofônica. Especialmente no século

XXI, a tecnologia tornou o rádio mais acessível. Ouvintes de frequências em AM e FM

passaram a consumir a informação em plataformas online – por meio da internet. Bianco

(2008, p.22) defende que “a audição do rádio pode ser feita em qualquer lugar [...] Por essas

características, o veículo é parte fundamental de qualquer projeto de educação [...]”. O

jornalismo comunitário e o radiojornalismo são plataformas eficientes e apropriadas para

abordar temas sensíveis, como Lei Seca, acidentes de trânsito e o uso inadequado de

bebidas alcóolicas.

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2 OBJETIVOS

2.1. Geral:

Produzir um documentário radiofônico sobre a Lei Seca para servir de acervo

histórico online.

2.2. Específicos:

1) Proporcionar conhecimento sobre a legislação, alertar e conscientizar a população.

2) Incentivar o hábito da direção defensiva.

3) Apresentar casos de acidentes de trânsito.

4) Mostrar iniciativas educacionais registradas no Sul de Santa Catarina.

3 JUSTIFICATIVA

Na contemporaneidade, a Lei Seca é discutida tanto no noticiário nacional –

sem a atenção necessária – quanto no regional. Acidentes ocorrem diariamente e acabam

esquecidos, sem repercussão e divulgação por parte dos veículos de comunicação. Em

períodos festivos, onde há ascensão no número de acidentes e mortes, a Lei Seca é um dos

assuntos mais comentados no Brasil. Estudar o tema e ouvir pessoas que sofreram

consequências devido ao consumo de bebidas alcoólicas é de suma importância para buscar

respostas aos casos que, constantemente, resultam em mortes.

A proposta pretende enfatizar acidentes de trânsito ocasionados após o uso de

substâncias psicoativas, bem como apresentar estatísticas de casos registrados no Sul de

Santa Catarina. O projeto busca aprofundar-se na lei a fim de propagar o pensamento

consciente e destacar a importância de promover ações que evidenciam a direção defensiva

e, acima de tudo, a educação no trânsito.

No decorrer dos anos, a lei tornou-se mais rígida por conta do aumento de

óbitos e acidentes em todo o território nacional. As penalidades severas têm deixado a

população em situação de alerta, colaborando para a segurança e garantia da saúde de

motoristas e passageiros. Por esse motivo, é importante explicar a eficiência e os defeitos da

Lei Seca, além do trabalho desenvolvido pelos órgãos públicos nas estradas brasileiras,

sensibilizando a população a fim de evitar atos imprudentes e, consequentemente, tragédias.

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O jornalismo, através da divulgação de estatísticas, análises de profissionais e

atividades públicas e privadas que visam conscientizar condutores, é fundamental para

expandir iniciativas educacionais. Logo, desenvolver um documentário radiofônico sobre o

tema é viável e contribui para a repercussão da necessidade de adotar comportamentos

responsáveis e alertar sobre os riscos causados devido ao consumo de bebidas alcóolica,

além de especificar a Lei Seca.

4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

A metodologia de trabalho adotada para a elaboração do projeto radiofônico, de

15 minutos e 43 segundos, incluiu entrevistas sonoras com sete fontes, além de pesquisa

bibliográfica sobre a Lei Seca, consumo de bebidas alcoólicas e a importância do

radiojornalismo para transmissão de informações à sociedade. O projeto foi finalizado em

junho de 2016, cinco meses após a primeira reunião dos estudantes. Os entrevistados foram

definidos através de conversas entre acadêmicos e orientadora.

As fontes classificam-se em oficiais, independentes, primárias e secundárias.

Conforme Lage (2001, p.8), por estar próxima ou na origem da informação, as fontes

primárias são aquelas que fornecem diretamente “o essencial de uma matéria... fatos,

versões e números”. As fontes primárias do projeto são: policial civil e técnico do Instituto

Médico Legal (IML) de Criciúma, Almir Fernandes, presidente da Junta Administrativa de

Recurso de Infração (Jari) de Criciúma, André Marcelino e a policial civil Rochelle Back de

Souza.

Além de responder como fonte primária, o tenente do 9º batalhão de Polícia

Militar de Criciúma, Paulo Renato Farias, é considerado fonte oficial, pois o profissional é

“alguém em função ou cargo público que se pronuncia por órgãos mantidos pelo Estado e

preservam os poderes constituídos” (SCHMITZ, s/d, p.9). As entrevistas foram agendadas

por telefone e as sonoras coletadas pessoalmente, no ambiente de trabalho de cada

entrevistado.

As conversas duraram, em média, 40 minutos, e foram captadas por meio do

gravador digital Sony ICD-PX440. Para a coleta das sonoras foi estipulado o prazo de um

mês e 12 dias, incluindo a decupagem. O roteiro foi escrito pelos estudantes e o

documentário gravado no laboratório de rádio da Associação Beneficente da Indústria

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Carbonífera de Santa Catarina (Satc). A edição contém trilhas sonoras e foi realizada

através do software Sony Vegas.

5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO

“Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz” trata-se de um documentário

radiofônico sobre a Lei Seca destinado às pessoas maiores de 18 anos de idade que possuem

Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O trabalho serve de conscientização à sociedade,

especialmente para os motoristas, uma vez que alerta sobre os riscos da relação entre álcool

e direção. O projeto contém números referentes à legislação e histórias de personagens que

auxiliam dependentes alcóolicos e desenvolvem atividades de educação no trânsito em

empresas e escolas, enaltecendo a condução defensiva e o respeito à vida.

A proposta acadêmica é exclusiva, ou seja, não há periodicidade. No entanto, o

programa pode ser reprisado em rádios da região Sul de Santa Catarina em datas

específicas, como Semana Nacional de Trânsito e Semana Nacional de Políticas sobre

Drogas. Pensou-se em veicular o documentário às 7h e às 18h, horários em que o fluxo de

veículos é intenso e requer atenção redobrada por parte de motoristas. A reprodução do

documentário pode ser realizada tanto em rádios com programação jornalística quanto em

veículos de comunicação que priorizam músicas e entretenimento.

O trabalho foi produzido em bloco único de 15 minutos e 43 segundos. Efeitos

sonoros de um veículo automotor freando e colidindo, sirenes de ambulâncias, além de

depoimento de uma vítima de acidente de trânsito, foram introduzidos no início do

documentário radiofônico com o intuito de humanizar a proposta e sensibilizar os ouvintes.

Para acompanhar as locuções dos autores, foram selecionadas trilhas de caráter

jornalísticas, uma vez que o assunto exige seriedade, despertando atitudes responsáveis. As

sonoras possuem, em média, 30 segundos.

6 CONSIDERAÇÕES

A produção do documentário “Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz”

acrescentou vasto conhecimento aos autores, que com o trabalho pretendem sensibilizar e

conscientizar motoristas, passageiros e pedestres. A cada entrevista finalizada, os

estudantes, com auxílio de pesquisas, concluíram que a Lei Seca contribuiu para diminuir a

quantidade de acidentes de trânsito e, sobretudo, de mortes em rodovias brasileiras.

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A dupla se interessou em abordar do tema depois de prestar atenção no

comportamento de diferentes tipos de motoristas e como o trânsito pode ser perigoso caso

não se tenha uma direção ofensiva. No personagem principal, vivenciamos um rapaz que

tenta reconstruir a sua vida depois do acidente e que mesmo com as dificuldades, ele não

deixou de fazer as atividades do dia-a-dia. Nosso objetivo é mostrar que as estradas podem

ser perigosas se não for um motorista consciente e através da produção radiofônica,

podemos passar ao ouvinte as reais condições do trânsito brasileiro.

Diferentes profissionais foram entrevistados, com opiniões diversificadas sobre

o assunto. Os autores avaliam de forma positiva o resultado do documentário radiofônico,

visto que adquiriram conhecimento sobre a legislação. Para alcançar os objetivos propostos

para a elaboração do projeto, os acadêmicos utilizaram métodos ensinados em sala de aula,

como manter os valores morais e éticos do jornalismo, buscando a imparcialidade e

checando as informações coletadas. O roteiro do trabalho foi escrito de maneira clara para

transmitir o conteúdo sem confundir o ouvinte.

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Curso de Jornalismo da Faculdade Satc – Criciúma – SC – Junho de 2016

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APÊNDICE

Projeto Experimental II

Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz – tempo total: 15min43s

Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz é um projeto experimental de rádio do curso de

Jornalismo da Faculdade Satc// Este projeto foi produzido pelos acadêmicos Giovane

Marcelino Leandro e Jhulian Pereira Tomaz// sob a orientação da professora Karina de

Farias/ com trabalhos técnicos de Jean Vieira// no primeiro semestre letivo de 2016//.

SONORA – Felipe: Eu tinha bebido quase nada, digamos assim... | Eu sofri um acidente

de carro em dezembro de 2007. | Eu quebrei a coluna, tive traumatismo craniano e perfurei

o pulmão, eu estava voltando da praia e me perdi no redutor de velocidade.

Locutor Jhulian: Era véspera de mais um ano novo qualquer, alegre, mas a história de

Felipe Santiago Gregorine ganhou cenas de filmes de terror. Ao deixar a praia após passar o

dia ao lado dos amigos, o estudante viveu momentos de desespero. Acompanhado de três

colegas e dirigindo na movimentada SC-444, em Içara, Felipe perdeu o controle do carro

em um redutor de velocidade. O veículo bateu em um poste, matando um dos ocupantes.

Locutor Giovane: Felipe tinha ingerido uma quantidade pequena de bebida alcóolica antes

de assumir o volante e se acidentar. Seu destino foi a UTI do Hospital São José, de

Criciúma. A combinação álcool e direção mudou sua vida, o deixou paraplégico. A cadeira

de rodas virou sua fiel companheira. Felipe precisou reaprender a viver.

SONORA – Felipe Gregorine: Mudou 100% a vida, hoje em dia está se encaminhando,

tem que reaprender tudo de novo. Como o cara sentou na cadeira, totalmente diferente,

cada dia é um aprendizado novo, tudo de novo, tudo, tudo, tudo de novo, e estamos

tentando levar a vida para a frente.

Locutor Jhulian: Hoje, em vez de ir ao trabalho, Felipe visita às sessões de fisioterapia três

vezes por semana, dirigindo seu próprio carro. Conheceu pessoas novas, que o ajudaram a

superar o medo de voltar ao volante. As atenções redobraram.

Locutor Giovane: Acidentes semelhantes ao de Felipe ocorrem todos os dias. O Ministério

da Saúde aponta que nos últimos quatro anos, mais de oitenta e sete mil pessoas morreram

nas estradas brasileiras. Mas os índices reduziram. De 2012 a 2013, a taxa de mortalidade

por cem mil habitantes caiu em 6,5 por cento. Reflexo da Lei Seca, que penaliza motoristas

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que conduzirem veículos automotores com capacidade psicomotora alterada, seja por

influência de álcool ou de substâncias psicoativas. O policial civil e técnico do Instituto

Médico Legal de Criciúma, Almir Fernandes, conta que a lei despertou os motoristas.

SONORA – Almir Fernandes: Foi possível perceber que as pessoas tinham esse cuidado.

Quando fossem em uma festa, sempre levavam um motorista que não bebia e que buscava

outro meio de conduzir seu veículo sem que ele pudesse pôr em risco a vida dele, então,

isso estava bem consciente.

Locutor Jhulian: Em vigor desde 2008, a lei onze mil setecentos e cinco provocou

mudanças nos hábitos dos brasileiros. O condutor flagrado com teor de álcool no organismo

acima do permitido passou a ser multado financeiramente, autuado com infração

gravíssima, além de ter o veículo apreendido e o direito de dirigir suspenso por doze meses.

Almir defende que a lei é eficiente, mas é preciso valorizar a própria vida, respeitar o

Código de Trânsito Brasileiro e agir com consciência, priorizando a segurança.

SONORA – Almir Fernandes: As pessoas ainda não tiveram a consciência de cuidar de

si só, a grande chave, o grande motivo para que isso reduza realmente é cada um ter

consciência de si mesmo, não precisa nem sentar no banco da autoescola, é termos

consciência de que o acidente é um risco permanente e que nós devemos ter precauções.

Ter o que chamamos de direção defensiva.

Locutor Giovane: O resultado da combinação álcool e direção contribuem para o aumento

dos acidentes. Todos os anos, o álcool deixa mais de vinte milhões de pessoas feridas. No

Brasil, segundo o “Relatório Global sobre Álcool e Saúde”, divulgado em 2015 pela

Organização Mundial da Saúde, o consumo de bebidas alcóolicas supera a média mundial.

Em Criciúma, desde 2014, mais de vinte pessoas perderam a vida em acidentes. A Lei Seca

surgiu como uma das apostas para diminuir a quantidade de fatalidades, conforme explica o

psicólogo e ex-presidente do Conselho Municipal de Políticas Sobre Drogas de Criciúma,

Manoel Rozeng.

SONORA – Manoel Rozeng: Está comprovado. Rio de Janeiro, São Paulo, grandes

centros tiveram uma diminuição muito importante de acidentes envolvendo motoristas

alcoolizado, quando a Lei Seca foi, realmente, colocada em prática. Foi cobrado e

fiscalizado a aplicação da lei. Realmente houve uma diminuição muito importante.

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Locutor Jhulian: Em 2012, a Lei Seca foi alterada pela lei doze mil setecentos e sessenta.

Na prática, a nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito estabeleceu tolerância zero

para motoristas embriagados. Hoje, o condutor submetido ao teste do bafômetro não pode

apresentar qualquer quantidade de álcool por litro de ar soprado. Quem violar a lei terá o

direito de dirigir suspenso por um ano, o veículo apreendido, e será autuado com infração

gravíssima, no valor de mil, novecentos e quinze reais e quarenta centavos.

Locutor Giovane: O motorista também pode sofrer penas criminais se o bafômetro marcar

mais de 0,34 miligramas de álcool por litro de ar. Em exames de sangue a concentração de

álcool deve ser igual ou inferior a seis decigramas. A pena para os infratores é de seis meses

a três anos de prisão, multa e suspensão do direito de dirigir. Se cometer a mesma infração

dentro de um ano, o valor da multa pode chegar a três mil, oitocentos e trinta reais.

Locutor Jhulian: Mesmo com as medidas, álcool e direção, acompanhados da

imprudência, continuam causando acidentes. O caso de Felipe foi mais um que entrou para

as estatísticas.

Sonora – Manoel Rozeng: Aqui é terrível, terrível, já perdi pacientes que eu estava

esperando aqui para atender e ele simplesmente não apareceu porque estava morto depois

de encher a cara na madrugada de sábado. | Fizemos um levantamento, e nesse

levantamento a gente conseguiu constatar que 36,4% das pessoas que foram a óbito no

trânsito, tinham álcool acima, bem acima, o suficiente para provocar um acidente por falta

de consciência da realidade, do momento. 36,4% aqui, aqui na região.

Locutor Jhulian: Assumir a direção do veículo depois de beber pode custar caro. Todo o

cuidado é pouco. Dois copos de cerveja são suficientes para que o resultado do bafômetro

aponte crime de embriaguez. O álcool traz mais prejuízos do que vantagens.

Sonora – Manoel Rozeng: O grande perigo é que o álcool, ao contrário do que a grande

maioria pensa é uma droga sim. O que é droga? É toda substância que altera seu estado de

consciência, comportamento. O álcool provoca essas alterações. E com isso altera a

percepção de tempo e espaço. No trânsito é extremamente perigoso.

Locutor Giovane: Acidentes provocados em saídas de festas, onde a bebida alcóolica é um

dos atrativos principais são testemunhados com frequência. Motivo que levou a Polícia

Militar e a Guarda Municipal às principais ruas de Criciúma durante às noites. Mas para

Manoel Rozeng, a legislação deixa a desejar.

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Sonora – Manoel Rozeng: O grande problema, infelizmente, é que é tudo para inglês ver.

Está aqui a lei, mas a lei precisa de bafômetro, precisa disso, precisa de policiais... Isso

nós não temos. Então não adianta lei. Lei para o quê?

Locutor Jhulian: Os agentes fiscalizadores reconhecem as dificuldades para aplicar a lei.

O responsável pelo setor de trânsito do nono Batalhão de Polícia Militar de Criciúma,

tenente Paulo Renato Farias, conta que as alterações da Lei Seca ainda geram dúvidas na

hora de abordar um motorista embriagado. O trabalho da polícia é dificultado, e para ele há

pontos a serem melhorados. A lei precisa ser aplicada com mais tranquilidade.

Sonora – Paulo Renato Farias: A gente sente muita dificuldade, tem situações assim,

principalmente, de embriaguez, a gente tem uma grande dificuldade, porque a gente tem a

nossa norma interna da PM sobre isso, que regulamenta isso. Só que a gente precisa

melhorar.

Locutor Jhulian: Conflitos na legislação não são os únicos problemas enfrentados pela

polícia. Há casos que a punição de motoristas embriagados esbarra em outros profissionais.

Sonora – Paulo Renato Farias: O médico dá o laudo e diz que o cidadão não está

embriagado. Então fica uma situação difícil para nós. Conduz o cara e ele não vai ser

preso.

Locutor Giovane: De janeiro a abril deste ano, a Polícia Militar de Criciúma realizou cinco

prisões em flagrante durante operações de trânsito. Trinta e sete Carteiras de Habilitação

foram recolhidas. A maioria delas por causa da embriaguez. A partir do próximo ano,

segundo o presidente da Junta Administrativa de Recurso de Infração de Criciúma, André

Marcelino, a Lei Seca vai pesar ainda mais no bolso dos motoristas. Isso porque, no mês de

maio, o Código de Trânsito sofreu novas alterações para endurecer as infrações.

Sonora – André Marcelino: O celular, por exemplo, vai passar de R$ 85,00 de uma média

para gravíssima para 293. | A embriaguez e o alcoolismo, que hoje ela está tipificada no

artigo 165 do código de trânsito com R$ 1.915,00, ela vai passar 10 vezes do 293, vai para

R$ 2.930,00, quase R$ 3 mil reais. E se ele repetir isso em 12 meses, ela dobra o valor.

Locutor Jhulian: Pessoas autuadas têm a chance de buscar a defesa e recorrer da decisão

tomada pelos agentes. Mas esse processo passa despercebido para a maioria dos condutores.

Em Criciúma, a procura pela defesa é baixa.

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Sonora – André Marcelino: A gente tem observado com relação às aplicações e o pessoal

que entra com defesas não chega a 30%, não dá 30%. Certa vez, a gente andava fazendo

média aí, dava em torno de 20%. Vinte alguma coisa por cento que fazem defesa. Vamos

botar 30%, em torno de 30% das pessoas que fazem defesa, fazem recurso. Os outros 70,

quero crer, a metade, vamos botar 35, admitem a culpa e não querem deixar sofrer as

penas, e acredito que os outros 35 não sabem das regras, não conhecem.

Locutor Giovane: Os números de carteira de habilitação cassadas diminuíram no

comparativo com o ano de 2015. Mas a quantidade de apreensões ainda é alta na região

carbonífera. Em média, sessenta motoristas perdem a carteira a cada mês. De acordo com a

policial civil, Rochelle Back de Souza, mais condutores perderiam o direito de dirigir se

todos os processos de verificação de recursos de infrações de trânsito fossem analisados.

Sonora – Rochelle Back de Souza: Ano passado foram 400 e poucas e 50 e poucas

cassações, 60 cassações e quase 500 processos. Só não sai mais porque tem pouco

funcionário no setor.

Locutor Jhulian: Processos de suspensão por embriaguez chegam a oitenta por cento.

Rochelle afirma que é preciso respeitar a legislação e dirigir com cuidado. Só assim vai

haver queda no número de infrações e de processos instaurados. Foi pensando nisso que

instituições como Polícia Civil, Instituto Geral de Perícias e Departamento Estadual de

Trânsito criaram o programa Educando para o Trânsito. Coordenado por Almir Fernandes,

o projeto já atendeu mais de quinze mil jovens. A proposta é apenas uma: conscientizar.

Sonora – Almir Fernandes: O objetivo inicial desse programa é levar aos alunos de

ensino médio, segundo grau, aqueles que estão bem próximos da idade de tirar a carteira

de motorista, para conscientizá-los, para mostrar a questão da necessidade de previamente

antes de ir para a autoescola, saber como funciona o trânsito, porque as autoescolas não

dão conta da demanda das pessoas que recorrem a carteira de motorista, então a gente vai

dar uma noção a eles para a questão de conscientização.

Locutor Giovane: Já para quem tem o volante como profissão todo cuidado é pouco. É o

que detalha o caminhoneiro Daniel de Oliveira. Ele trabalha 12 horas e cumpre paradas e

descansos obrigatórios, além de não andar acima de oitenta quilômetros por hora nas

rodovias do país. O uso de bebidas alcóolicas só é liberado após a jornada de trabalho, em

respeito à Lei Seca e a própria vida. A imprudência é presenciada a cada viagem.

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Sonora – Daniel de Oliveira: Muitos de carro pequeno, principalmente no final de

semana, quando as pessoas saem para visitar seus familiares e acabam bebendo demais, já

que eles não são acostumados a ter a rotina da estrada, a viajar, acabam bebendo demais e

tendo acidente. Agora, com caminhões são poucos, são bem poucos, porque todos têm sua

responsabilidade e sabem que dependem daquilo para trabalhar. Viaja e aquilo ali já é a

rotina de trabalhar. Agora tem muitos de carro pequeno, carro baixo, que são os

domingueiros, que nós falamos, acontece muito acidente com esses domingueiros, vão

visitar seus familiares e acabam bebendo demais e causam acidentes.

Locutor Jhulian: Felipe Gregorine, nove anos atrás, não precisou ingerir tanto álcool para

ter um final infeliz. Perdeu um amigo. Ganhou uma nova vida, enxergando a Lei Seca com

novos olhares.

Sonora – Felipe Gregorine: No começo, eles estavam pegando bem pesado, porque hoje

em dia, se eles quisessem pegar todo mundo, eles pegavam, mas eles não pegam. Hoje em

dia, já relaxaram de novo, e hoje em dia tu vê todo mundo bebendo e se quisessem acabar

com isso, botavam mais fiscalização, porque todo mundo bebe e dirige mesmo e não

adianta falar que não, porque o cara sabe que é. É difícil, porque as vezes tu pega alguém

na rua e não está só colocando tua vida em risco, está colocando a vida de muitas pessoas.

Locutor Giovane: Hoje Felipe segue uma nova vida. Além das fisioterapias semanais, ele

encontrou no handebol um motivo para correr atrás de seus objetivos. Ele também pensa em

retornar à faculdade e cursar Direito. Mesmo com as dificuldades, Felipe segue sua vida,

com um sorriso no rosto, como nos velhos tempos.

Locutor Jhulian: A prevenção contra acidentes é necessária. Álcool e direção não

combinam. Se beber, respeite a lei. Um trânsito seguro é a gente que faz.