lei seca: trânsito seguro a gente que faz1 · concentração de álcool no sangue acima do...
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Curso de Jornalismo da Faculdade Satc – Criciúma – SC – Junho de 2016
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Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz1
Giovane Marcelino Leandro, Jhulian Pereira Tomaz2
Karina Woehl de Farias3
Faculdade Satc, Criciúma, SC
Resumo
O projeto “Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz” consiste em um documentário
radiofônico sobre a Lei Seca e os impactos que ela traz para a sociedade. A lei criada para
penalizar pessoas que dirigem após ingerirem bebidas alcoólicas ou substâncias psicoativas
passou por mudanças rigorosas. O trabalho inclui estatísticas e orientações sobre as novas
medidas anexadas à legislação, riscos do consumo nocivo de álcool, além de retratar a
história de um condutor que se envolveu em acidente de trânsito após ingerir álcool.
Palavras-chave: lei seca; álcool; trânsito; radiojornalismo.
1 INTRODUÇÃO
Entre as inúmeras causas que comprometem a saúde humana e contribuem para
o desenvolvimento de doenças destaca-se o uso excessivo de bebidas alcoólicas. Na
América do Sul e América do Norte, conforme o “Relatório de situação regional sobre o
álcool e saúde nas Américas”, realizado em 2014 pela Organização Pan-Americana da
Saúde (OPAS), em 2012, “o álcool contribuiu com mais de 300 mil mortes na região, das
quais mais de 80 mil não teriam ocorrido sem o consumo de álcool” (2015, p.2).
No Brasil, de acordo com o “Relatório Global sobre Álcool e Saúde”, divulgado
em 2015 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), “os homens consomem 13,6 litros
por ano, enquanto as mulheres são responsáveis por ingerir 4,2 litros” (2014, p.143). A
cerveja lidera o ranking de bebidas alcóolicas mais consumidas no país e torna-se conhecida
através de veículos de comunicação de massa, que trabalham e faturam com anúncios de
drogas lícitas, incluindo o álcool. Para Moronna, “quando vemos as propagandas de
cerveja, a cerveja é vendida como uma substância neutra, as pessoas felizes, descontraídas,
mulheres bonitas, seminuas” (2011, p. 58). Anthony destaca que:
1 Trabalho apresentado para cumprimento da disciplina Projeto Experimental 2 do curso de Jornalismo da Faculdade Satc
em março de 2016.
2 Acadêmicos de Graduação do 5º semestre do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected],
3 Orientadora do trabalho. Professora do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected]
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A cada ano, estima-se que morrem 2 a 2,5 milhões de pessoas devido ao uso de
álcool (p. ex., intoxicações agudas, cirrose hepática induzida pelo álcool,
violência e colisões de automóveis). A proporção entre os dois (2 bilhões de
consumidores; 2 a 2,5 milhões de mortes atribuídas ao álcool) indica que a cada
ano as consequências nocivas do álcool são responsáveis por, aproximadamente,
1,2 morte atribuível ao álcool para cada 1.000 consumidores – aproximadamente
6% de todas as mortes entre homens (consumidores e não-consumidores
somados) e 1% entre as mulheres. (ANTHONY, 2009, p.1).
Diminuir o número de óbitos e lesões decorrentes do consumo inadequado de
bebidas alcóolicas, principalmente em acidentes de trânsito, é uma das metas mundiais.
Países como Brasil, China, Estados Unidos da América, França, Inglaterra, Japão e Qatar,
alteraram leis ao criar e aprovar projetos que estabelecem limites de concentração de álcool
no sangue. Para Leyton, Ponce e Andreuccetti (2009, p.165), leis rigorosas são favoráveis e
geram resultados positivos, uma vez que o álcool etílico ocasiona “1,2 milhão de mortes e
20 a 50 milhões de feridos ao ano, principalmente em países de baixa e média renda”.
No Brasil, iniciativas para reduzir o índice de mortes em acidentes de trânsito
foram firmadas com a Lei n° 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de
Trânsito Brasileiro (CTB). No entanto, a principal medida para garantir a segurança de
condutores em rodovias brasileiras foi decretada em 2008, após o ex-presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionar a Lei n° 11.705, criada com a finalidade de
“estabelecer alcoolemia 0 (zero) e de impor penalidades mais severas para o condutor que
dirigir sob a influência do álcool [...]” (BRASIL, 2008). Conforme Leyton, Ponce e
Andreuccetti:
[...] Com a introdução da Lei n. 11.705, de junho de 2008, da redução do limite
para 0,2 g/L, verificou-se, segundo dados divulgados pela imprensa, reduções de
43,5% no atendimento a acidentados e de 13,6% nos acidentes com mortes,
apesar de um aumento de 4,3% no número total de acidentes, mas com gravidade
menor. Esses números carecem de uma análise científica, mas indicam uma
tendência de prevenção de mortes no trânsito com a nova lei. Capitais que tiveram
fiscalização mais intensiva apresentaram resultados mais positivos. (LEYTON,
PONCE, ANDREUCCETTI, 2009, p.173).
Denominada “Lei Seca”, a lei aplica penalidades como multa de R$ 1.915,40,
apreensão do veículo e suspensão do direito de dirigir por 12 meses aos motoristas que
conduzirem automóveis sob a influência de álcool ou de qualquer substância psicoativa. Em
2012, a Lei nº 12.760 alterou a Lei Seca e a tornou mais rígida. Qualquer concentração de
álcool por litro de sangue, bem como por litro de ar alveolar (ar expirado pela boca, em
equilíbrio com o sangue), deixa o condutor sujeito às penalidades administrativas e
criminais. A legislação determina que, para verificar dependência de substâncias ilegais, o
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condutor “que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame
clínico, perícia ou outro procedimento [...]” (BRASIL, 2012).
O esforço de autoridades e órgãos públicos para evitar danos causados pelo uso
excessivo de substâncias psicoativas não interferiu no marketing de bebidas alcóolicas. A
Lei Seca, conforme a Constituição Federal, obriga “os estabelecimentos comerciais em que
se vendem ou oferecem bebidas alcoólicas a estampar, no recinto, aviso de que constitui
crime dirigir sob a influência de álcool” (BRASIL, 2008), mesmo assim, muitos
empreendedores deixam o regulamento de lado e ignoram iniciativas que pretendem, a
princípio, conscientizar a comunidade.
Agora, como não é possível resolver todos os problemas, talvez para eleger uma
das prioridades, eu elegeria justamente a conscientização das pessoas no sentido
de que não devam beber e dirigir. É mais fácil tentar conscientizar as pessoas de
que beber e dirigir é algo muito perigoso do que tentar fazer com que as pessoas
não bebam. Como é preciso eleger uma prioridade, entendo que nesse ponto a lei
foi acertada. (MORONNA, 2011, p.58).
Além de comprometer a saúde e colocar a vida de motoristas e passageiros em
risco, acidentes provocam prejuízos à sociedade, em especial, às entidades prestadoras de
serviços. O Ministério da Saúde aponta que entre 2008 e 2013, foram gastos mais de R$
340 milhões com internações em virtude de acidentes de trânsito no Brasil. Apesar do alto
custo gerado ao Governo Federal, o endurecimento da Lei Seca favoreceu para a redução de
6,5% de mortes no trânsito por 100 mil habitantes entre 2012 e 2013. Continuar
conscientizando o cidadão e promover iniciativas educacionais é necessário, visto que:
[...] 24,3% da população brasileira admite dirigir logo depois de beber e que na
zona rural, esse percentual é de 30,4%. O Brasil é um dos 25 países do mundo
que estabeleceram a tolerância zero para o consumo de bebida alcóolica por
motoristas e um dos 130 que usam o teste do bafômetro como forma de garantia
do cumprimento da lei. (PORTAL BRASIL, 2015).
A Lei Seca colaborou para a redução de indenizações pagas pelo Seguro
DPVAT4 em 2015. Segundo o “Boletim Estatístico” da Seguradora Líder, no Brasil, houve
queda de 15% em relação a 2014. De janeiro a dezembro, a entidade pagou 652,349
indenizações, sendo que, os casos de invalidez permanente foram os mais atendidos. Os
casos de morte reduziram 19%.
4 Seguro de caráter social criado em 1974. Indeniza vítimas de acidentes de trânsito, sem apuração de culpa,
seja motorista, passageiro ou pedestre, e oferece coberturas para três naturezas de danos: morte, invalidez
permanente e reembolso de despesas médicas e hospitalares.
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No período analisado, a maior incidência de vítimas foram os motoristas (64%).
Em acidentes fatais, os motoristas representaram 54% das indenizações pagas e
em acidentes com sequelas permanentes, 64%, predominando significativamente
os motociclistas (91%). (SEGURADORA LÍDER DPVAT, 2015, p.2).
Em Criciúma, segundo o psicólogo e ex-presidente do Conselho Municipal de
Políticas Sobre Drogas (Comad), Manoel Rozeng, a lei mostrou-se eficiente, no entanto,
das pessoas que faleceram em acidentes de trânsito nos últimos anos, “36,4% estavam com
concentração de álcool no sangue acima do permitido pela lei” (ROZENG, 2016).
Fortalecer o hábito da direção defensiva e intensificar blitz de trânsito se fazem necessário
para coibir atos ilegais e prevenir tragédias.
1.1. Jornalismo comunitário
A Lei Seca tornou-se um assunto capaz de gerar muitos comentários. Entre
culpados e inocentes, todos possuem opinião sobre casos negativos originados do uso de
bebidas alcóolicas. Para Freitas (2006, p.7), “o jornalismo comunitário torna-se uma
possibilidade para a população encontrar espaço e discutir assuntos de seu interesse [...]”. O
noticiário nacional costuma pautar assuntos relacionados à Lei Seca com frequência. Na
televisão, rádio e internet, casos de motoristas autuados sem Carteira Nacional de
Habilitação (CNH), bem como alcoolizados, tornaram-se constantes.
O principal objetivo do jornalismo comunitário é transmitir informações que
interessam uma comunidade específica. Para o cidadão, por exemplo, é mais útil ser
informado sobre acontecimentos de seu bairro, ou cidade, do que fatos protagonizados no
exterior. Não basta informar o que ocorre na mídia nacional, é preciso aprofundar e discutir
os temas. Tratando-se de Lei Seca, o jornalismo comunitário pode auxiliar nas iniciativas
que visam conscientizar a população sobre os perigos de dirigir após o consumo de álcool.
[...] A comunidade e o jornalismo irão atuar em conjunto para fazer o que deveria
ser a essência de todo o jornalismo. Informar com responsabilidade a sociedade e
discutir questões importantes para a comunidade, entretanto, isso quase não
acontece na grande imprensa, pois lá não há espaço para a reflexão, somente tem-
se que produzir para a indústria da informação que a cada dia exige mais
velocidade e menos contextualização. (FREITAS, 2006, p.27).
Acidentes de trânsito e blitz, enquadrando-se à Lei Seca, são assuntos
facilmente destacados por meio do jornalismo regional. Em casos de mortes provocadas por
motoristas embriagados, entra em discussão a aplicação e a força da lei - se o papel
estabelecido na Constituição Federal é, verdadeiramente, cumprido. O processo para
elaborar noticiários destinados à determinada comunidade está cada vez mais acessível,
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uma vez que o comunicador tem a possibilidade de criar microblogs, redes sociais e portais
de notícias. Ribeiro e Ortiz alegam que:
O jornalismo comunitário busca resgatar esta identidade individual e coletiva da
sociedade na qual está inserido. Procurando valorizar a cultura local através do
despertar de um “sentimento de pertença” do indivíduo pela sua comunidade, [...]
pode-se proporcionar ao cidadão exercer o seu direito a uma comunicação ativa e
não apenas passiva. (RIBEIRO E ORTIZ, 2007, p.4).
Pioneiro na transmissão de informações, o rádio é essencial, especialmente em
comunidades onde o acesso à internet é escasso. Prezando pela simplicidade e clareza, cabe
ao radialista interagir com os ouvintes e repercutir os fatos de maneira imparcial, de acordo
com os princípios éticos do jornalismo. O jornalismo comunitário veiculado em rádios
reforça a relação entre profissional e público-alvo, essencial para a prática da cidadania,
como forma de valorização cultural, prestação de serviço e hábitos sociais. Para Santana
(2006, p.17), rádios e conteúdos comunitários acabam despertando o “[...] desejo de opinar,
debater e participar do processo. Mais que ouvinte ser parte decisiva na sociedade”.
Tal processo resume-se em informar pautado no dia a dia da comunidade,
valorizando práticas educacionais. Contudo, referindo-se à Lei Seca, o noticiário precisa ser
desenvolvido de maneira leve, para que o público consiga acompanhar e decodificar as
informações. De acordo com Barbeiro (2013, p.59), “boas entrevistas são as que revelam
novos conhecimentos, esclarecem fatos e marcam opiniões”. Repórteres e radialistas
necessitam dominar o assunto em discussão. Sobre reportagem no rádio, Barbeiro diz:
A reportagem é a principal fonte de matérias exclusivas da rádio jornalística. [...]
O repórter tem de se preparar para construir uma reportagem completa e
equilibrada; se esforçar ao máximo para ouvir todos os envolvidos no episódio,
respeitando o direito das pessoas de terem opiniões divergentes do mesmo
assunto. (BARBEIRO, 2013, p.55).
Conscientizar motoristas sobre os perigos de beber e dirigir através de reportagens é
viável por conta do caráter universal da linguagem radiofônica. Especialmente no século
XXI, a tecnologia tornou o rádio mais acessível. Ouvintes de frequências em AM e FM
passaram a consumir a informação em plataformas online – por meio da internet. Bianco
(2008, p.22) defende que “a audição do rádio pode ser feita em qualquer lugar [...] Por essas
características, o veículo é parte fundamental de qualquer projeto de educação [...]”. O
jornalismo comunitário e o radiojornalismo são plataformas eficientes e apropriadas para
abordar temas sensíveis, como Lei Seca, acidentes de trânsito e o uso inadequado de
bebidas alcóolicas.
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2 OBJETIVOS
2.1. Geral:
Produzir um documentário radiofônico sobre a Lei Seca para servir de acervo
histórico online.
2.2. Específicos:
1) Proporcionar conhecimento sobre a legislação, alertar e conscientizar a população.
2) Incentivar o hábito da direção defensiva.
3) Apresentar casos de acidentes de trânsito.
4) Mostrar iniciativas educacionais registradas no Sul de Santa Catarina.
3 JUSTIFICATIVA
Na contemporaneidade, a Lei Seca é discutida tanto no noticiário nacional –
sem a atenção necessária – quanto no regional. Acidentes ocorrem diariamente e acabam
esquecidos, sem repercussão e divulgação por parte dos veículos de comunicação. Em
períodos festivos, onde há ascensão no número de acidentes e mortes, a Lei Seca é um dos
assuntos mais comentados no Brasil. Estudar o tema e ouvir pessoas que sofreram
consequências devido ao consumo de bebidas alcoólicas é de suma importância para buscar
respostas aos casos que, constantemente, resultam em mortes.
A proposta pretende enfatizar acidentes de trânsito ocasionados após o uso de
substâncias psicoativas, bem como apresentar estatísticas de casos registrados no Sul de
Santa Catarina. O projeto busca aprofundar-se na lei a fim de propagar o pensamento
consciente e destacar a importância de promover ações que evidenciam a direção defensiva
e, acima de tudo, a educação no trânsito.
No decorrer dos anos, a lei tornou-se mais rígida por conta do aumento de
óbitos e acidentes em todo o território nacional. As penalidades severas têm deixado a
população em situação de alerta, colaborando para a segurança e garantia da saúde de
motoristas e passageiros. Por esse motivo, é importante explicar a eficiência e os defeitos da
Lei Seca, além do trabalho desenvolvido pelos órgãos públicos nas estradas brasileiras,
sensibilizando a população a fim de evitar atos imprudentes e, consequentemente, tragédias.
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O jornalismo, através da divulgação de estatísticas, análises de profissionais e
atividades públicas e privadas que visam conscientizar condutores, é fundamental para
expandir iniciativas educacionais. Logo, desenvolver um documentário radiofônico sobre o
tema é viável e contribui para a repercussão da necessidade de adotar comportamentos
responsáveis e alertar sobre os riscos causados devido ao consumo de bebidas alcóolica,
além de especificar a Lei Seca.
4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
A metodologia de trabalho adotada para a elaboração do projeto radiofônico, de
15 minutos e 43 segundos, incluiu entrevistas sonoras com sete fontes, além de pesquisa
bibliográfica sobre a Lei Seca, consumo de bebidas alcoólicas e a importância do
radiojornalismo para transmissão de informações à sociedade. O projeto foi finalizado em
junho de 2016, cinco meses após a primeira reunião dos estudantes. Os entrevistados foram
definidos através de conversas entre acadêmicos e orientadora.
As fontes classificam-se em oficiais, independentes, primárias e secundárias.
Conforme Lage (2001, p.8), por estar próxima ou na origem da informação, as fontes
primárias são aquelas que fornecem diretamente “o essencial de uma matéria... fatos,
versões e números”. As fontes primárias do projeto são: policial civil e técnico do Instituto
Médico Legal (IML) de Criciúma, Almir Fernandes, presidente da Junta Administrativa de
Recurso de Infração (Jari) de Criciúma, André Marcelino e a policial civil Rochelle Back de
Souza.
Além de responder como fonte primária, o tenente do 9º batalhão de Polícia
Militar de Criciúma, Paulo Renato Farias, é considerado fonte oficial, pois o profissional é
“alguém em função ou cargo público que se pronuncia por órgãos mantidos pelo Estado e
preservam os poderes constituídos” (SCHMITZ, s/d, p.9). As entrevistas foram agendadas
por telefone e as sonoras coletadas pessoalmente, no ambiente de trabalho de cada
entrevistado.
As conversas duraram, em média, 40 minutos, e foram captadas por meio do
gravador digital Sony ICD-PX440. Para a coleta das sonoras foi estipulado o prazo de um
mês e 12 dias, incluindo a decupagem. O roteiro foi escrito pelos estudantes e o
documentário gravado no laboratório de rádio da Associação Beneficente da Indústria
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Carbonífera de Santa Catarina (Satc). A edição contém trilhas sonoras e foi realizada
através do software Sony Vegas.
5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
“Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz” trata-se de um documentário
radiofônico sobre a Lei Seca destinado às pessoas maiores de 18 anos de idade que possuem
Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O trabalho serve de conscientização à sociedade,
especialmente para os motoristas, uma vez que alerta sobre os riscos da relação entre álcool
e direção. O projeto contém números referentes à legislação e histórias de personagens que
auxiliam dependentes alcóolicos e desenvolvem atividades de educação no trânsito em
empresas e escolas, enaltecendo a condução defensiva e o respeito à vida.
A proposta acadêmica é exclusiva, ou seja, não há periodicidade. No entanto, o
programa pode ser reprisado em rádios da região Sul de Santa Catarina em datas
específicas, como Semana Nacional de Trânsito e Semana Nacional de Políticas sobre
Drogas. Pensou-se em veicular o documentário às 7h e às 18h, horários em que o fluxo de
veículos é intenso e requer atenção redobrada por parte de motoristas. A reprodução do
documentário pode ser realizada tanto em rádios com programação jornalística quanto em
veículos de comunicação que priorizam músicas e entretenimento.
O trabalho foi produzido em bloco único de 15 minutos e 43 segundos. Efeitos
sonoros de um veículo automotor freando e colidindo, sirenes de ambulâncias, além de
depoimento de uma vítima de acidente de trânsito, foram introduzidos no início do
documentário radiofônico com o intuito de humanizar a proposta e sensibilizar os ouvintes.
Para acompanhar as locuções dos autores, foram selecionadas trilhas de caráter
jornalísticas, uma vez que o assunto exige seriedade, despertando atitudes responsáveis. As
sonoras possuem, em média, 30 segundos.
6 CONSIDERAÇÕES
A produção do documentário “Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz”
acrescentou vasto conhecimento aos autores, que com o trabalho pretendem sensibilizar e
conscientizar motoristas, passageiros e pedestres. A cada entrevista finalizada, os
estudantes, com auxílio de pesquisas, concluíram que a Lei Seca contribuiu para diminuir a
quantidade de acidentes de trânsito e, sobretudo, de mortes em rodovias brasileiras.
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A dupla se interessou em abordar do tema depois de prestar atenção no
comportamento de diferentes tipos de motoristas e como o trânsito pode ser perigoso caso
não se tenha uma direção ofensiva. No personagem principal, vivenciamos um rapaz que
tenta reconstruir a sua vida depois do acidente e que mesmo com as dificuldades, ele não
deixou de fazer as atividades do dia-a-dia. Nosso objetivo é mostrar que as estradas podem
ser perigosas se não for um motorista consciente e através da produção radiofônica,
podemos passar ao ouvinte as reais condições do trânsito brasileiro.
Diferentes profissionais foram entrevistados, com opiniões diversificadas sobre
o assunto. Os autores avaliam de forma positiva o resultado do documentário radiofônico,
visto que adquiriram conhecimento sobre a legislação. Para alcançar os objetivos propostos
para a elaboração do projeto, os acadêmicos utilizaram métodos ensinados em sala de aula,
como manter os valores morais e éticos do jornalismo, buscando a imparcialidade e
checando as informações coletadas. O roteiro do trabalho foi escrito de maneira clara para
transmitir o conteúdo sem confundir o ouvinte.
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APÊNDICE
Projeto Experimental II
Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz – tempo total: 15min43s
Lei Seca: trânsito seguro a gente que faz é um projeto experimental de rádio do curso de
Jornalismo da Faculdade Satc// Este projeto foi produzido pelos acadêmicos Giovane
Marcelino Leandro e Jhulian Pereira Tomaz// sob a orientação da professora Karina de
Farias/ com trabalhos técnicos de Jean Vieira// no primeiro semestre letivo de 2016//.
SONORA – Felipe: Eu tinha bebido quase nada, digamos assim... | Eu sofri um acidente
de carro em dezembro de 2007. | Eu quebrei a coluna, tive traumatismo craniano e perfurei
o pulmão, eu estava voltando da praia e me perdi no redutor de velocidade.
Locutor Jhulian: Era véspera de mais um ano novo qualquer, alegre, mas a história de
Felipe Santiago Gregorine ganhou cenas de filmes de terror. Ao deixar a praia após passar o
dia ao lado dos amigos, o estudante viveu momentos de desespero. Acompanhado de três
colegas e dirigindo na movimentada SC-444, em Içara, Felipe perdeu o controle do carro
em um redutor de velocidade. O veículo bateu em um poste, matando um dos ocupantes.
Locutor Giovane: Felipe tinha ingerido uma quantidade pequena de bebida alcóolica antes
de assumir o volante e se acidentar. Seu destino foi a UTI do Hospital São José, de
Criciúma. A combinação álcool e direção mudou sua vida, o deixou paraplégico. A cadeira
de rodas virou sua fiel companheira. Felipe precisou reaprender a viver.
SONORA – Felipe Gregorine: Mudou 100% a vida, hoje em dia está se encaminhando,
tem que reaprender tudo de novo. Como o cara sentou na cadeira, totalmente diferente,
cada dia é um aprendizado novo, tudo de novo, tudo, tudo, tudo de novo, e estamos
tentando levar a vida para a frente.
Locutor Jhulian: Hoje, em vez de ir ao trabalho, Felipe visita às sessões de fisioterapia três
vezes por semana, dirigindo seu próprio carro. Conheceu pessoas novas, que o ajudaram a
superar o medo de voltar ao volante. As atenções redobraram.
Locutor Giovane: Acidentes semelhantes ao de Felipe ocorrem todos os dias. O Ministério
da Saúde aponta que nos últimos quatro anos, mais de oitenta e sete mil pessoas morreram
nas estradas brasileiras. Mas os índices reduziram. De 2012 a 2013, a taxa de mortalidade
por cem mil habitantes caiu em 6,5 por cento. Reflexo da Lei Seca, que penaliza motoristas
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que conduzirem veículos automotores com capacidade psicomotora alterada, seja por
influência de álcool ou de substâncias psicoativas. O policial civil e técnico do Instituto
Médico Legal de Criciúma, Almir Fernandes, conta que a lei despertou os motoristas.
SONORA – Almir Fernandes: Foi possível perceber que as pessoas tinham esse cuidado.
Quando fossem em uma festa, sempre levavam um motorista que não bebia e que buscava
outro meio de conduzir seu veículo sem que ele pudesse pôr em risco a vida dele, então,
isso estava bem consciente.
Locutor Jhulian: Em vigor desde 2008, a lei onze mil setecentos e cinco provocou
mudanças nos hábitos dos brasileiros. O condutor flagrado com teor de álcool no organismo
acima do permitido passou a ser multado financeiramente, autuado com infração
gravíssima, além de ter o veículo apreendido e o direito de dirigir suspenso por doze meses.
Almir defende que a lei é eficiente, mas é preciso valorizar a própria vida, respeitar o
Código de Trânsito Brasileiro e agir com consciência, priorizando a segurança.
SONORA – Almir Fernandes: As pessoas ainda não tiveram a consciência de cuidar de
si só, a grande chave, o grande motivo para que isso reduza realmente é cada um ter
consciência de si mesmo, não precisa nem sentar no banco da autoescola, é termos
consciência de que o acidente é um risco permanente e que nós devemos ter precauções.
Ter o que chamamos de direção defensiva.
Locutor Giovane: O resultado da combinação álcool e direção contribuem para o aumento
dos acidentes. Todos os anos, o álcool deixa mais de vinte milhões de pessoas feridas. No
Brasil, segundo o “Relatório Global sobre Álcool e Saúde”, divulgado em 2015 pela
Organização Mundial da Saúde, o consumo de bebidas alcóolicas supera a média mundial.
Em Criciúma, desde 2014, mais de vinte pessoas perderam a vida em acidentes. A Lei Seca
surgiu como uma das apostas para diminuir a quantidade de fatalidades, conforme explica o
psicólogo e ex-presidente do Conselho Municipal de Políticas Sobre Drogas de Criciúma,
Manoel Rozeng.
SONORA – Manoel Rozeng: Está comprovado. Rio de Janeiro, São Paulo, grandes
centros tiveram uma diminuição muito importante de acidentes envolvendo motoristas
alcoolizado, quando a Lei Seca foi, realmente, colocada em prática. Foi cobrado e
fiscalizado a aplicação da lei. Realmente houve uma diminuição muito importante.
Curso de Jornalismo da Faculdade Satc – Criciúma – SC – Junho de 2016
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Locutor Jhulian: Em 2012, a Lei Seca foi alterada pela lei doze mil setecentos e sessenta.
Na prática, a nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito estabeleceu tolerância zero
para motoristas embriagados. Hoje, o condutor submetido ao teste do bafômetro não pode
apresentar qualquer quantidade de álcool por litro de ar soprado. Quem violar a lei terá o
direito de dirigir suspenso por um ano, o veículo apreendido, e será autuado com infração
gravíssima, no valor de mil, novecentos e quinze reais e quarenta centavos.
Locutor Giovane: O motorista também pode sofrer penas criminais se o bafômetro marcar
mais de 0,34 miligramas de álcool por litro de ar. Em exames de sangue a concentração de
álcool deve ser igual ou inferior a seis decigramas. A pena para os infratores é de seis meses
a três anos de prisão, multa e suspensão do direito de dirigir. Se cometer a mesma infração
dentro de um ano, o valor da multa pode chegar a três mil, oitocentos e trinta reais.
Locutor Jhulian: Mesmo com as medidas, álcool e direção, acompanhados da
imprudência, continuam causando acidentes. O caso de Felipe foi mais um que entrou para
as estatísticas.
Sonora – Manoel Rozeng: Aqui é terrível, terrível, já perdi pacientes que eu estava
esperando aqui para atender e ele simplesmente não apareceu porque estava morto depois
de encher a cara na madrugada de sábado. | Fizemos um levantamento, e nesse
levantamento a gente conseguiu constatar que 36,4% das pessoas que foram a óbito no
trânsito, tinham álcool acima, bem acima, o suficiente para provocar um acidente por falta
de consciência da realidade, do momento. 36,4% aqui, aqui na região.
Locutor Jhulian: Assumir a direção do veículo depois de beber pode custar caro. Todo o
cuidado é pouco. Dois copos de cerveja são suficientes para que o resultado do bafômetro
aponte crime de embriaguez. O álcool traz mais prejuízos do que vantagens.
Sonora – Manoel Rozeng: O grande perigo é que o álcool, ao contrário do que a grande
maioria pensa é uma droga sim. O que é droga? É toda substância que altera seu estado de
consciência, comportamento. O álcool provoca essas alterações. E com isso altera a
percepção de tempo e espaço. No trânsito é extremamente perigoso.
Locutor Giovane: Acidentes provocados em saídas de festas, onde a bebida alcóolica é um
dos atrativos principais são testemunhados com frequência. Motivo que levou a Polícia
Militar e a Guarda Municipal às principais ruas de Criciúma durante às noites. Mas para
Manoel Rozeng, a legislação deixa a desejar.
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Sonora – Manoel Rozeng: O grande problema, infelizmente, é que é tudo para inglês ver.
Está aqui a lei, mas a lei precisa de bafômetro, precisa disso, precisa de policiais... Isso
nós não temos. Então não adianta lei. Lei para o quê?
Locutor Jhulian: Os agentes fiscalizadores reconhecem as dificuldades para aplicar a lei.
O responsável pelo setor de trânsito do nono Batalhão de Polícia Militar de Criciúma,
tenente Paulo Renato Farias, conta que as alterações da Lei Seca ainda geram dúvidas na
hora de abordar um motorista embriagado. O trabalho da polícia é dificultado, e para ele há
pontos a serem melhorados. A lei precisa ser aplicada com mais tranquilidade.
Sonora – Paulo Renato Farias: A gente sente muita dificuldade, tem situações assim,
principalmente, de embriaguez, a gente tem uma grande dificuldade, porque a gente tem a
nossa norma interna da PM sobre isso, que regulamenta isso. Só que a gente precisa
melhorar.
Locutor Jhulian: Conflitos na legislação não são os únicos problemas enfrentados pela
polícia. Há casos que a punição de motoristas embriagados esbarra em outros profissionais.
Sonora – Paulo Renato Farias: O médico dá o laudo e diz que o cidadão não está
embriagado. Então fica uma situação difícil para nós. Conduz o cara e ele não vai ser
preso.
Locutor Giovane: De janeiro a abril deste ano, a Polícia Militar de Criciúma realizou cinco
prisões em flagrante durante operações de trânsito. Trinta e sete Carteiras de Habilitação
foram recolhidas. A maioria delas por causa da embriaguez. A partir do próximo ano,
segundo o presidente da Junta Administrativa de Recurso de Infração de Criciúma, André
Marcelino, a Lei Seca vai pesar ainda mais no bolso dos motoristas. Isso porque, no mês de
maio, o Código de Trânsito sofreu novas alterações para endurecer as infrações.
Sonora – André Marcelino: O celular, por exemplo, vai passar de R$ 85,00 de uma média
para gravíssima para 293. | A embriaguez e o alcoolismo, que hoje ela está tipificada no
artigo 165 do código de trânsito com R$ 1.915,00, ela vai passar 10 vezes do 293, vai para
R$ 2.930,00, quase R$ 3 mil reais. E se ele repetir isso em 12 meses, ela dobra o valor.
Locutor Jhulian: Pessoas autuadas têm a chance de buscar a defesa e recorrer da decisão
tomada pelos agentes. Mas esse processo passa despercebido para a maioria dos condutores.
Em Criciúma, a procura pela defesa é baixa.
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Sonora – André Marcelino: A gente tem observado com relação às aplicações e o pessoal
que entra com defesas não chega a 30%, não dá 30%. Certa vez, a gente andava fazendo
média aí, dava em torno de 20%. Vinte alguma coisa por cento que fazem defesa. Vamos
botar 30%, em torno de 30% das pessoas que fazem defesa, fazem recurso. Os outros 70,
quero crer, a metade, vamos botar 35, admitem a culpa e não querem deixar sofrer as
penas, e acredito que os outros 35 não sabem das regras, não conhecem.
Locutor Giovane: Os números de carteira de habilitação cassadas diminuíram no
comparativo com o ano de 2015. Mas a quantidade de apreensões ainda é alta na região
carbonífera. Em média, sessenta motoristas perdem a carteira a cada mês. De acordo com a
policial civil, Rochelle Back de Souza, mais condutores perderiam o direito de dirigir se
todos os processos de verificação de recursos de infrações de trânsito fossem analisados.
Sonora – Rochelle Back de Souza: Ano passado foram 400 e poucas e 50 e poucas
cassações, 60 cassações e quase 500 processos. Só não sai mais porque tem pouco
funcionário no setor.
Locutor Jhulian: Processos de suspensão por embriaguez chegam a oitenta por cento.
Rochelle afirma que é preciso respeitar a legislação e dirigir com cuidado. Só assim vai
haver queda no número de infrações e de processos instaurados. Foi pensando nisso que
instituições como Polícia Civil, Instituto Geral de Perícias e Departamento Estadual de
Trânsito criaram o programa Educando para o Trânsito. Coordenado por Almir Fernandes,
o projeto já atendeu mais de quinze mil jovens. A proposta é apenas uma: conscientizar.
Sonora – Almir Fernandes: O objetivo inicial desse programa é levar aos alunos de
ensino médio, segundo grau, aqueles que estão bem próximos da idade de tirar a carteira
de motorista, para conscientizá-los, para mostrar a questão da necessidade de previamente
antes de ir para a autoescola, saber como funciona o trânsito, porque as autoescolas não
dão conta da demanda das pessoas que recorrem a carteira de motorista, então a gente vai
dar uma noção a eles para a questão de conscientização.
Locutor Giovane: Já para quem tem o volante como profissão todo cuidado é pouco. É o
que detalha o caminhoneiro Daniel de Oliveira. Ele trabalha 12 horas e cumpre paradas e
descansos obrigatórios, além de não andar acima de oitenta quilômetros por hora nas
rodovias do país. O uso de bebidas alcóolicas só é liberado após a jornada de trabalho, em
respeito à Lei Seca e a própria vida. A imprudência é presenciada a cada viagem.
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Sonora – Daniel de Oliveira: Muitos de carro pequeno, principalmente no final de
semana, quando as pessoas saem para visitar seus familiares e acabam bebendo demais, já
que eles não são acostumados a ter a rotina da estrada, a viajar, acabam bebendo demais e
tendo acidente. Agora, com caminhões são poucos, são bem poucos, porque todos têm sua
responsabilidade e sabem que dependem daquilo para trabalhar. Viaja e aquilo ali já é a
rotina de trabalhar. Agora tem muitos de carro pequeno, carro baixo, que são os
domingueiros, que nós falamos, acontece muito acidente com esses domingueiros, vão
visitar seus familiares e acabam bebendo demais e causam acidentes.
Locutor Jhulian: Felipe Gregorine, nove anos atrás, não precisou ingerir tanto álcool para
ter um final infeliz. Perdeu um amigo. Ganhou uma nova vida, enxergando a Lei Seca com
novos olhares.
Sonora – Felipe Gregorine: No começo, eles estavam pegando bem pesado, porque hoje
em dia, se eles quisessem pegar todo mundo, eles pegavam, mas eles não pegam. Hoje em
dia, já relaxaram de novo, e hoje em dia tu vê todo mundo bebendo e se quisessem acabar
com isso, botavam mais fiscalização, porque todo mundo bebe e dirige mesmo e não
adianta falar que não, porque o cara sabe que é. É difícil, porque as vezes tu pega alguém
na rua e não está só colocando tua vida em risco, está colocando a vida de muitas pessoas.
Locutor Giovane: Hoje Felipe segue uma nova vida. Além das fisioterapias semanais, ele
encontrou no handebol um motivo para correr atrás de seus objetivos. Ele também pensa em
retornar à faculdade e cursar Direito. Mesmo com as dificuldades, Felipe segue sua vida,
com um sorriso no rosto, como nos velhos tempos.
Locutor Jhulian: A prevenção contra acidentes é necessária. Álcool e direção não
combinam. Se beber, respeite a lei. Um trânsito seguro é a gente que faz.