lei ambiental

Upload: paulo-tyzskouski

Post on 08-Jul-2015

158 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Sumrio: 1. Introduo 2. Legislao penal ambiental brasileira no tempo 3. Introduo Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 4. Evoluo das penas na histria 5. Evoluo das penas no Brasil 6. Das penas vigentes na legislao brasileira 7. Das sanes aplicveis aos delitos ambientais 8 . Concluso 9. Referncias bibliogrficas. 1. Introduo A partir de um determinado ponto na histria da evoluo da espcie humana, a ocupao do territrio planetrio passou a representar um risco iminente e de acentuada gravidade. De fato, a populao de indivduos da espcie saltou, a partir de meados do sculo XIX, em um curto espao de cerca de 150 anos, de 1 bilho e meio para quase 6 bilhes e meio de habitantes. Apenas nos ltimos 40 anos, dos conturbados anos 60 aos perigosos dias atuais, de cerca de trs bilhes para os atuais nmeros. Como qualquer espcie que ocupa o planeta, a humana necessita de se utilizar dos servios ambientais providos pela natureza para se sustentar no plano da existncia fsica e manter-se como vida dentro do vasto sistema natural. Ao se utilizar de tais servios, tambm como qualquer espcie, agente de transformao do ambiente que ocupa e, nos processos de transformao e ocupao, provoca devastaes do ambiente natural e degradao ambiental. A acelerada proliferao humana, produto de sua elaborao cerebral mais complexa que lhe permitiu descortinar mundos tecnolgicos inacessveis s demais provveis dez ou quinze milhes de espcies, acentuou o processo de transformao e degradao em nveis que hoje se demonstram extremamente perigosos prpria sobrevivncia da espcie. O grande avano e a agilidade da ocupao humana deixam atrs de si um rastro de devastaes que dificultam aos processos naturais de recuperao espontnea adequarem-se e manter o equilbrio funcional do sistema natural. Por ora, essa forte presso para o caos, com tendncias a despertar graves riscos iminentes a todo o equilbrio planetrio, predominantemente humana, em um verdadeiro processo de entropia e desarticulao do sistema natural. Grandes reas verdes foram devastadas, imensas quantidades de resduos lquidos e slidos foram produzidas e depositadas no solo e nas guas, volumes assustadores de gases originrios de processos da existncia e da elaborao tecnolgica humanos foram liberados para a atmosfera, em um ciclo de envenenamento perverso.

A partir dos anos 60 do sculo XX, h um tmido despertar da conscincia do ser humano quanto necessidade de preservar o ambiente para possibilitar a continuidade da espcie. Apesar desse fio de conscincia vir cada vez mais se tornando um expressivo volume de interesses, a situao se agravou sobremaneira no perodo posterior. Isso no s pelo excessivo crescimento demogrfico que superou o ndice de 100% do peso da ocupao, como pelas conseqncias que advieram desse significativo aumento de ocupao, principalmente dos processos industriais e agropecurios necessrios manuteno da massa acrescida, seja quanto sobrevivncia pelo consumo de alimentos, como pela necessidade de se acomodar em nichos e aglomerados sociais e pela busca idealizada de um utpico padro de qualidade de vida tecnolgica condizente com sua necessidade de conforto. As relaes humanas, desde quando a espcie, gregria, buscou o convvio social para satisfazer suas necessidades, tiveram que ser reguladas por leis, que em um processo mais elaborado, deu origem s normas jurdicas que vm ditando as regras de vivncia comum e as punies para o seu descumprimento h milhares de anos. Ignorando at recentemente que a espcie humana causava danos de alto potencial destrutivo ao ambiente, as normas pretritas que regulavam as questes ambientais, tinham um cunho predominantemente econmico. A partir dos perodos dos confrontos blicos mundiais e do confronto psicolgico pela hegemonia de naes no planeta, conhecido por guerra fria, comearam a brotar, em cantos alternados e distantes, de maneira tmida e de pouca eficcia, normas que visavam a proteo do patrimnio natural. Tanto assim que chegam os j invocados anos 60, em pleno auge da guerra fria, com poucas normas efetivas de proteo ambiental . No Brasil, algumas poucas normas cuidavam de ordenar o tema, e a punio penal se restringia a alguns dispositivos de lei. No entanto, face crescente explorao comercial e ocupao desordenada, propiciando toda uma gama de ofensas graves integridade ambiental e, por conseqncia, prpria vida planetria, chegou-se a um ponto em que uma proteo eficaz do ambiente se tornou impossvel, sem a colaborao do Direito Penal e a penalizao criminal dos delitos ambientais de maior gravidade . A evoluo legislativa prosperou da em diante, vindo culminar com a hierarquizao constitucional do meio ambiente, inserida nos artigos 224 da Carta Magna do Pas. As leis penais pertinentes ao meio ambiente, foram final e praticamente consolidadas na Lei 9.605/98, de 12 de fevereiro de 1998, remanescendo apenas algumas contravenes e alguns crimes ambientais em outros diplomas legais, como se anotar adiante. 2. Legislao penal ambiental brasileira no tempo. A preocupao com a degradao do ambiente e a necessidade de se buscar punies mais severas ao degradador, vm de longe. No porque se desse valor ao ambiente, mas sim, ou por motivos econmicos, ou incentivados pela necessidade de se punir a leso a um pretenso direito alheio.

Conforme anota CELESTE LEITE DOS SANTOS as providncias legislativas penais, relativas ao meio ambiente, tiveram incio, no Brasil, com o Cdigo Criminal de 1830, arts. 178 e 257, que continham normas penais para o corte ilegal de madeira. O incndio foi considerado crime a partir de 14/10/1886, atravs da Lei 3.311. Aps, em 1934, com a edio do primeiro cdigo florestal atravs do Decreto 23.793, as infraes penais passaram a ser divididas em crimes (art. 83) e contravenes (art. 9, 1., arts. 21, 22 e alneas e 1., art. 23, caput, e 2., arts. 25 a 34, 43 a 45, 51, 54, c/c os arts. 84 e 86). As penas ento previstas, tanto para os crimes como para as contravenes, eram de priso, deteno e multa, conjuncta ou separadamente, a critrio do juiz (art. 71), mas, com a edio do Cdigo Penal de 1940, estatuiu-se que os fatos definidos como crime no Cdigo Florestal, quando no compreendidos dentre as disposies do Cdigo Penal, seriam transformados em contravenes. Efetivamente, vrias infraes previstas no Cdigo Florestal, como supresso de tapumes, dano por abandono de animais em florestas, desacato autoridade florestal, foram encampadas pelo Cdigo Penal. Fazem parte do Cdigo Penal, relacionados preservao do ambiente, os delitos previstos nos arts. 161, 163, 164, 250, 1., II, h; 259, 270 e 271. Com a edio da Lei de Contravenes Penais, em 1941, foram enquadradas como contravenes as infraes ambientais previstas em seus arts. 28, 37, 38, 42 e 64. A Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965 promulgou o Cdigo Florestal, respeitando os posicionamentos anteriormente abrigados pela legislao. Em 15 de setembro de 1965, foi editada a Lei 5.197, dispondo sobre a proteo fauna (conhecido como Cdigo de Caa), prevendo contravenes as infraes dos art. 1., 2., 3., 4. e 8., alneas a, b, c; art. 10, alneas a a m; art. 13 e seu par. nico, art. 14, 3., arts. 17, 18 e 19, por fora do art. 27. A lei 7.653, de 12 de fevereiro de 1988, deu nova redao ao art. 27 e seus , transformando em crimes as anteriormente previstas contravenes e criou novas figuras criminosas, relativas a atos de pesca. Agravou as penas e tornou os crimes ambientais inafianveis. Pouco antes, em fevereiro de 1967, atravs do Decreto-lei 221, foi estabelecido o chamado Cdigo de Pesca (dispe sobre a proteo e estmulos pesca), que prev como figuras criminosas, punveis na forma do Cdigo Penal, aquelas tipificadas em seus arts. 9. e 35, alneas c e d (art. 61). A Lei 6.453, de 17 de outubro de 1977 previu, em seus arts. 19 a 27, figuras penais por crimes por atos relacionados com atividades nucleares. Tambm a lei sobre parcelamento do solo urbano, Lei 6.766, de 19 de dezembro de 1979, prev figuras penais em seus arts. 50 a 52. Em 18 de dezembro de 1987 foi instituda a Lei 7.643, que probe a pesca e o molestamento de cetceos nas guas brasileiras, cominando pena criminal, em seu art. 2., ao infrator. A Lei 7.679, de 23 de novembro de 1988, que dispe sobre a proibio da pesca em perodo de reproduo, taxou de criminosas as figuras previstas em seu art. 1., inciso IV, alneas a e b e expressamente revogou o 4 e suas alneas, do art. 27 da Lei n 5.197, de 3 de janeiro de 1967, alterada pela Lei n 7.653, de 12 de fevereiro de 1988.

Em 11 de julho de 1989 editou-se a Lei 7.802, que Dispe sobre a pesquisa, a experimentao, a produo, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercializao, a propaganda comercial, a utilizao, a importao, a exportao, o destino final dos resduos e embalagens, o registro, a classificao, o controle, a inspeo e a fiscalizao de agrotxicos, seus componentes e afins. Prev, em seus arts. 15 e 16, crimes relacionados ao uso inadequado de agrotxicos. A Lei 7.804, de 18 de julho de 1989, deu nova redao ao art. 15 e seus da Lei 6938, de 31 de agosto de 1981, criando figura de crime pela prtica de poluio (art. 1., VIII). A Lei 8.974, de 05 de janeiro de 1995, que, dentre outras coisas, Regulamenta os incisos II e V do 1 do art. 225 da Constituio Federal, estabelece normas para o uso das tcnicas de engenharia gentica e liberao no meio ambiente de organismos geneticamente modificados, previa, no art. 13, incisos, alneas e pargrafos, uma srie de crimes oriundos das conseqncias do manuseio indevido de material gentico. Essa lei foi revogada, juntamente com outras normas legais pertinentes manipulao gentica, pela recente Lei 11.105, de 24 de maro de 2005, que passou a prever os crimes respectivos em seu Captulo VIII, arts. 24 a 29. Por fim, decidiu o legislador regulamentar toda a questo criminal dos delitos contra o meio ambiente, o que fez atravs da Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. No que pese a boa inteno, falhou em aspectos relevantes, j que por no regular a matria completamente, em alguns casos, permitiu no s a vigncia de vrios dispositivos legais, como se ver adiante, como, tambm, propiciou uma srie de debates e controvrsias jurdicas sobre temas que ali so tratados, dada sua m tcnica de redao e de embasamento doutrinrio. 3. Introduo Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. O projeto, oriundo do poder executivo, tinha, originalmente, a inteno de sistematizar as punies administrativas e unificar o valor das multas. Amplo debate no Congresso Nacional conduziu seus destinos para uma tentativa de consolidar a legislao ambiental no que se referia questo penal . Note-se que a inteno do legislador era, efetivamente, a de reunir toda punio penal e administrativa da rea federal em um nico dispositivo de lei, que consolidasse toda a legislao anterior em apenas um diploma. Concentraria, com isso, o foco da matria em uma norma aglutinadora para que ao tcnico em direito se permitisse viabilizar a manipulao dos tipos penais em um nico flego normativo e aos administradores federais a aplicao das punies administrativas atravs de regulamentao nica que tornassem efetivos os atos de coero, punio e impedimento de medidas detratoras ao ambiente. Essa regulamentao veio a ocorrer atravs do Decreto 3.179, de 21 de setembro de 1999, que dispe sobre a especificao das sanes aplicveis s condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Infelizmente, no que pese a boa inteno legislativa, faltou sensibilidade necessria ao legislador para cumprir com fidelidade o esprito com que se pretendeu insuflar o corpo da norma legal. Apesar disso, a vantagem da norma est em promover uma maior sistematizao, focando os aspectos criminais, na maioria, em apenas um texto legal . Tratando-se de norma especfica sobre crimes ambientais, revogou expressa ou tacitamente a maior parte dos dispositivos penais lanados em leis esparsas, j que dispositivos destas somente tm aplicao quando da omisso de disposies expressas

daquela, regulando a matria, pois a norma especial afasta a geral se se tratar da mesma matria e se for conflitante Segundo oportuna relao de dispositivos legais vigorantes apontada por SIRVINSKAS , das inmeras contravenes anteriormente inseridas no Cdigo Florestal (Lei 4.771/65, art. 26 e alneas), remanesceram vigentes apenas aquelas previstas no art. 26, alneas e, j, l e m . Tm ainda aplicao paralela Lei dos Crimes Ambientais, por se relacionar matria, as contravenes previstas na Lei das Contravenes Penais em seus artigos 31, 37, 38, 42 e 64. Do Cdigo Penal restaram aplicveis subsidiariamente s ofensas ao meio ambiente, os artigos 163, 164, 250, 251, 252, 253, 254 256, 270 e 271. Os arts. 1. e 2. da Lei 7.643 de 18 de dezembro de 1987, proibindo e instituindo punio penal para a pesca ou qualquer forma de molestamento intencional de cetceos nas guas brasileiras, tambm subsistiram LCA. No que se refere s atividades nucleares persistem os tipos penais relacionados nos arts. 23, 26 e 27 da Lei 6.453 de 17 de outubro de 1977. Continuam aplicveis as penalidades previstas nos arts. 50 a 52 da Lei 6.766 de 19 de dezembro de 1979, Lei do Parcelamento do Solo Urbano. Vigente, naturalmente, por ser ulterior Lei dos Crimes Ambientais, os dispositivos penais inseridos nos arts. 24 a 29 da Lei 11.105, de 24 de maro de 2005, que dispe sobre a poltica nacional de biossegurana. 4. Evoluo das penas na histria. Segundo se depreende da histria humana conhecida, os primeiros sistemas penais eram violentos e desumanos. Presume-se que as primeiras penas utilizadas pela sociedade, para punir o eventual infrator fossem de morte, nos casos mais severos, violncias fsicas, expulso da comunidade e escrnio. Acompanhando a evoluo das penas pelos perodos histricos da humanidade, sob a tica do estudioso BRENO FONTENELE MACHADO , tem-se a diviso em 5 perodos: perodo primitivo, caracterizado por um componente mstico, que indicava a ligao entre o grupo social e divindades desconhecidas. A infrao social era uma ofensa s deidades e a punio, muitas vezes atravs de sacrifcios rituais, ou expulses, era uma maneira de aplacar a ira divina dirigida ao grupo pela ofensa de um indivduo. Era uma represso de natureza coletiva. A evoluo das relaes humanas, no entanto, com a formao de cls unidos por fortes vnculos consangneos, terminaram por encaminhar as punies para a vingana privada e a composio. O segundo perodo, chamado de perodo antigo, foi marcado pelo nascimento das primeiras civilizaes e pela criao da figura de um soberano que representava, ou dominava, a coletividade e em seu nome, aplicava sanes aos infratores. Da surgiu a pena de talio: o indivduo recebia de volta o mesmo agravo que cometera a um outro. Esse foi o incio do processo de gradao da pena, com sano equivalente gravidade do delito. Esse processo punitivo evoluiu para a pena de priso, com a idia de segregar indivduos que demonstrassem colocar em risco a ordem social. Atribui-se o aprimoramento desse sistema penitencirio igreja, que segregava aqueles que violassem preceitos religiosos para que, atravs de penitncias e oraes, em cela prisional, pudessem se arrepender do mal cometido, acabando por servir de modelo ao sistema prisional da atualidade.

O perodo seguinte, terceiro da lista enumerada, foi o medieval, ainda sujeito influncia da igreja nas formas punitivas. Foi um perodo marcado por crueldades e injustias, onde as classes dominantes se isentavam de punies e as dominadas eram subjugadas de maneira cruel e injusta. Essa crise de comportamento punitivo abriu campo para a evoluo do mpeto punitivo, j que o sistema despertava um forte sentimento de revolta, combustvel para revolues e para o nascimento de novos pensadores. Com isso, o pensamento jurdico criminal evoluiu para os primrdios das filosofias de ressocializao dos infratores, a despeito de a pena continuar tendo sua funo punitiva e retributiva. Em seguida, temos o perodo moderno, com as filosofias penais imbudas de idias iluministas, com a valorizao do direito de liberdade do indivduo e a quebra do poder opressor todo poderoso das classes dominantes sobre as dominadas. Foi nesse perodo, em meados do sculo XVIII, que o direito penal foi evolucionado por uma forte corrente doutrinria contra a aplicao de penas de castigo corporal, trabalho forado e de morte. tambm desse perodo, o surgimento do movimento cientfico, que preocupava com o estudo do fenmeno da delinqncia e as causas a ele inerentes. A pena passou a ser enfocada como um instrumento preventivo e ressocializador, destinado defesa do grupo social e reeducao do infrator. Do movimento cientfico, surgiu a disciplina da Criminologia. O ltimo dos perodos que marcam a evoluo da pena o perodo contemporneo, utilizado hoje em dia, com posio mais liberal e com um ideal de recuperao do criminoso, que deve ser preparado para retornar ao convvio social, sem representar risco coletividade. A pena de priso deixa de ser o objetivo principal do sistema de repreenso, substituda por penas que, ao invs de se configurar punio e segregao, permitam a reeducao do infrator. Assim, pretende-se que o encarceramento seja aplicado apenas em casos excepcionais, de necessidade extrema, enquanto a maioria dos mtodos punitivos direcionada para penas que permitam a reincluso social do delinqente. Surgem, nesse passo, as formas penais alternativas, como penas restritivas de direito, pecunirias, a suspenso da pena e do processo mediante condies etc. A idia matriz a de que o Direito Penal deve passar por um processo de descriminalizao e/ou despenalizao das condutas hoje incriminadas, mas que no representam uma ofensa mais grave aos bens jurdicos considerados fundamentais. O excesso de tipologias penais no tem carter preventivo, posto que os delinqentes no se eximem de cometer delitos que tm penas severas. 5. Evoluo das penas no Brasil. Ainda perseguindo o filo da histria da evoluo das penas conforme estudos de BRENO FONTENELE MACHADO , o Brasil foi marcado por trs perodos distintos: Perodo Colonial, Perodo Imperial e Perodo Republicano, com caractersticas distintas. No perodo colonial, os portugueses, colonizadores, trouxeram seu ordenamento jurdico, desconsiderando os sistemas tpicos dos ndios, populao tradicional que ocupava a terra. Para esta, inexistiam regras escritas, mas costumes, transmitidos verbalmente e de forte contedo mstico, com a predominncia de atos de vingana privada e de penas corporais de diversos matizes. Foram aplicadas, mas com pouca

eficcia, as Ordenaes Afonsinas e as Ordenaes Manuelinas. Sobrevieram, aps, as Ordenaes Filipinas, estas sim, de ampla aplicao na colnia at 1830. Nelas existia seo especial de direito penal, com previso de punies a quem infringisse as normas ali estipuladas. Os objetivos dessas normas eram castigar o infrator e intimidar o meio social, desestimulando os indivduos de prticas criminosas. Via de regra, as penas eram cruis e violentas, predominando a de morte e a de castigo corporal. Com a independncia do pas inicia-se uma nova fase legislativa, conhecida por perodo imperial. A independncia trouxe a necessidade de buscar-se um novo ordenamento jurdico, pelo que o imperador D. Pedro I, por lei, confirmou a vigncia das Ordenaes Filipinas, excetuando penas infamantes e castigos corporais, at que fosse criado um Cdigo especfico. Isso veio a ocorrer em 1830, quando foi editado o primeiro Cdigo Criminal do pas, estipulando as condutas punveis e as penas que correspondiam s infraes penais. Esse primeiro cdigo penal trouxe a influncia dos cdigos italiano e francs e da Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, de 1789, imbuda dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. As penas previstas eram de morte por enforcamento, priso com trabalho, priso simples, banimento, multas etc. Havia, no entanto, uma aplicao discriminatria, por segregao social, do direito penal, privilegiando a aristocracia rural e penalizando com crueldade a classe pobre, principalmente os escravos. O perodo republicano, com a proclamao da Repblica em 1889, veio trazer uma nova necessidade de substituio do sistema jurdico vigente. Com isso, j no incio do perodo, em 1890, foram institudas novas regras penais, atravs do Cdigo Penal de 1890, estabelecendo a punio prisional como principal forma de apenar o infrator, filosofia que permanece ainda em nossos dias. Houve previso, ainda, das penas de interdio, suspenso e perda de funo pblica, bem como de multa, mas representou um grande avano na evoluo legislativa criminal por banir penas desumanas como a pena de morte e a de castigos corporais. Em 1940 foi editado um novo Cdigo Penal, vigente at os dias de hoje, no que pesem as diversas modificaes e transformaes por que passou atravs de leis penais posteriores, merecendo destaque a Lei 7.209, de 11 de julho de 1984, que alterou toda a parte geral do cdigo, desde o artigo 1. at o art. 120. Esta lei representou avano enorme no sistema penal brasileiro, principalmente quando permitiu a adoo de penas restritivas de direitos em substituio pena privativa de liberdade de curta durao. 6. Das penas vigentes na legislao brasileira. Nos moldes da Carta Poltica brasileira, conforme previsto em seu art. 5., XLVI, admite-se no territrio nacional, as seguintes penas: privativa de liberdade, restritiva de liberdade, perda de bens, multa, prestao social alternativa e suspenso ou interdio de direitos. O dispositivo constitucional foi regulamentado pela Lei 9.714, de 25 de novembro de 1998, que alterou o Cdigo Penal em seus artigos 43, 44, 45, 46, 47, 55 e 77. J anteriormente, a Lei 7.209, de 11 de julho de 1984, dera nova redao ao art. 32 do Cdigo Penal, acolhendo, sem maiores dificuldades, as alteraes subseqentes que foram ditadas pela nova ordem constitucional.

Assim, nos termos do art. 32, as penas no sistema penal brasileiro passaram a ser: privativas de liberdade, restritivas de direitos e multas. As privativas de liberdade podem ser de recluso ou deteno, com suas caractersticas previstas nos artigos 33 a 42. As penas restritivas de direitos so: prestao pecuniria, perda de bens e valores, prestao de servio comunidade ou a entidades pblicas, interdio temporria de direitos e limitao de fim de semana (art. 43). As penas restritivas de direito, em casos excepcionais e nos delitos de menor porte, passaram a ter o condo de substituir as privativas de liberdade (arts. 44 a 48). A pena de multa est prevista nos arts. 49 a 52. Note-se que a ordem constitucional acatou, em caso excepcional, a pena de morte, em caso de crime previsto no Cdigo Penal Militar, para tempo de guerra declarada (art. 5., XLVII, a). Mesmo prevendo sanes penais em seu prprio bojo, e concedendo o direito de a Unio legislar amplamente sobre matria penal (art. 22, I), a Constituio da Repblica entendeu por bem impedir as penas atentatrias dignidade da pessoa humana (art. 5., XLVII), devendo a pena, ao ser imposta, observar os pressupostos constitucionais que orientam o direito penal . Na Lei das Contravenes Penais tm-se apenas dois tipos de penas, quais sejam de priso simples e de multa. Nesse ponto, interessante realar que o legislador ptrio previu dois tipos de infrao penal, que so o crime e a contraveno. Em tese, tem-se que o primeiro se direciona a infraes penais de natureza mais grave, a que a lei comina penas de recluso ou deteno; o segundo, a condutas menos gravosas, sujeitando o agente a sanes de menor monta, como priso simples ou multa. Com os processos evolutivos das normas de punio criminal, onde se privilegia atualmente a recuperao do infrator e sua ressocializao, dando-se preferncia aplicao das penas alternativas, tem-se que em verdade a diferena entre crime e contraveno depende apenas de a lei definir uma conduta delitiva como crime ou como contraveno . Importante mencionar-se, ainda, pela importncia relevante que tm sobre a aplicao e a execuo das penas, as inovaes trazidas pela Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995, conhecida como Lei dos Juizados Especiais Cveis e Criminais. Objetivando dar maior celeridade soluo das infraes de menor potencial ofensivo, nos casos em que a lei comine pena mxima no superior a 01 (um) ano (art. 61), o legislador previu a substituio da pena privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos ou multa. Conforme nos lembra DOS SANTOS , esse regime penal geral da legislao brasileira tem aplicao aos crimes e contravenes cometidos contra o meio ambiente, ressalvando-se que, em caso de penas pecunirias, aplicam-se aquelas dos diplomas especiais, se forem estabelecidas de modo diverso (art. 12 do CP). 7. Das sanes aplicveis aos delitos ambientais. A importncia de se adequar as punies legais, de mbito penal, s necessidades das ofensas ao ambiente trouxe inovaes legislativas quanto s penas tradicionais previstas pelo direito penal brasileiro, bem como fez com que se procedessem a adequaes de outras normas punitivas, conforme se pode vislumbrar da Lei 9.605/98, Lei dos Crimes Ambientais.

Inicialmente, importante que se observe que, ao regular mandamento constitucional que permite a punio penal da pessoa jurdica, exclusivamente por crimes ambientais, a Lei 9.605/98 previu expressamente em seu art. 3. essa possibilidade, inovao legislativa que observa os modernos anseios da necessidade de se preservar o ambiente da ganncia avassaladora de empresas sem escrpulos, que muitas vezes escondem seus verdadeiros proprietrios na sombra de pessoas fsicas de difcil ou de ineficaz punio. No entanto, essa figura jurdica gerou e continua gerando controvrsias das mais variadas amplitudes, desde a defesa da adoo plena e irrestrita do dispositivo legal at a argumentao de que o prprio art. 225, 3. da CRFB, ao permitir a penalizao criminal da pessoa jurdica, conflitou com seus prprios princpios ptreos e imutveis, insertos em diversos incisos do art. 5., tornando-se, por isso, o prprio preceito constitucional, invlido por inconstitucionalidade. Feitas tais consideraes, em preliminar, constata-se que, em dispositivo especfico, a Carta Magna previu que as atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitam os infratores, sejam eles pessoas naturais ou jurdicas, a sanes penais, conjuntamente com punies administrativas e com ressalva da obrigao de reparar os danos causados (art. 225, 3.). Criou-se como se v a figura penal peculiar ao direito ambiental de punio pessoa jurdica. Tal direcionamento constitucional foi regulamentado pelo art. 3. da Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. de se mencionar, ainda, que, pelos artigos 15 a 17, a Lei 8.884, de 11 de junho de 1994, anterior, portanto Lei dos Crimes Ambientais, j dispunha expressamente sobre a possibilidade de apenar-se criminalmente as pessoas jurdicas nos crimes de infrao da ordem econmica, buscando sustentao no art. 173, 5., da Constituio da Repblica, combinado com o art. 170, VI, e com o prprio art. 225, 3.. Ainda segundo DOS SANTOS , o direito penal deve preocupar-se com as condutas que represente um perigo real e potencial para a humanidade, sejam elas perpetradas por pessoas fsicas ou jurdicas, solidariamente ou no..., reservando-se ao direito administrativo, as sanes que resultem de um mero desconhecimento ao disposto pela autoridade competente em matria de meio ambiente. A questo da responsabilidade penal das pessoas jurdicas em matria de infraes contra o meio ambiente ainda tormentosa, tumultuada, confusa e no pacfica entre os doutrinadores e penalistas ptrios. A definio, naturalmente, deve ficar a cargo do judicirio que, ao apreciar as diversas correntes de pensamento pro e contra, firmar jurisprudncia consistente que consolidar a questo. Por ora, bom que se lembre que existem j alguns julgamentos de expresso entendendo ser cabvel as punies penais previstas na Lei dos Crimes Ambientais contra a pessoa jurdica, inclusive julgamento recente emanado do Egr. Superior Tribunal Federal, por sua Quinta Turma, ao decidir processo instaurado pelo Ministrio Pblico de Santa Catarina contra Auto Posto 1270 (julgamento em junho de 2005, RESP 564960) . Para a elaborao deste trabalho parte-se, portanto, do pressuposto que a insero no corpo da Carta Magna de dispositivo especfico prevendo a possibilidade de punio criminal da pessoa jurdica, e sua regulamentao em lei especfica, torne absolutamente legtima a figura penal.

A aplicao da pena na Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9605/98, est inserida no Captulo II, artigos 6. e seguintes. O artigo em foco d os critrios para fixao da pena que devero ser observados pelo juiz, aqui incorretamente denominado de autoridade competente (j que a nica autoridade competente para aplicar sanes penais o juiz), segundo: I- a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infrao e suas conseqncias para a sade pblica e para o meio ambiente; II- os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislao de interesse ambiental; III- a situao econmica do infrator, no caso de multa. Como bem observam DIS MILAR e PAULO JOS DA COSTA JNIOR , os critrios apresentados pela LCA so insuficientes, sendo mister que o juiz se socorra do art. 59, caput, do Cdigo Penal , sob pena de se sentir tolhido ou desamparado em sua misso de fixar a extenso da pena. Essa aplicao subsidiria se justifica por fora do art. 79 da Lei 9605/98 Dada a peculiaridade de se punir distintamente as pessoas fsicas e as pessoas jurdicas, ainda que na maioria das vezes, pelo mesmo crime, ambas possam responder, o legislador adotou a tcnica de dividir as modalidades punitivas aplicveis a uma e outra das pessoas fsica ou jurdica. I- Penas aplicveis s pessoas fsicas Assim, so penas aplicveis s pessoas fsicas: a) privativas de liberdade, pela prtica dos delitos previstos entre o art. 29 e o art. 69. Observe-se que a pena privativa de liberdade, no que pese a configurao legal inserta nos artigos supramencionados, na Lei dos Crimes Ambientais de aplicao excepcional, considerando-se que, em sua maioria, sempre poder ser substituda por pena restritiva de direito, garantida por fora do art. 7. que, a grosso modo, praticamente permite a substituio em todas as figuras penais contidas na lei. Apenas em trs delitos, aqueles previstos nos artigos 35, 40 e 54, 2., as penas superam os quatro anos, marco de tempo para a substituio das penas, independentemente dos fatores que a qualifiquem. Alm do mais, a substituio garantida para os crimes culposos e pode ser concedida pelo julgador quando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstncias do crime indicarem que a substituio seja suficiente para efeitos de reprovao e preveno do crime. Portanto, somente em excepcionais e rarssimos casos poder o indivduo sofrer, como punio, a privao de sua liberdade. b)- restritivas de direito. Esto previstas entre os artigos 7. e 13 da Lei e, na forma do art. 8., podem ser: Iprestao de servios comunidade; II- interdio temporria de direitos; III- suspenso parcial ou total de atividades; IV- prestao pecuniria; e V- recolhimento domiciliar. No ver de VALDIR SZNICK inexiste uma escala indicativa de preferncia de uma pena sobre a outra, mas pondera que, pela simplicidade e economia, a prestao de servios comunidade, ao lado da prestao pecuniria, se apresentam como as mais indicadas.

A prestao de servios comunidade consiste na atribuio ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins pblicos e unidades de conservao, e, no caso de dano da coisa particular, pblica ou tombada, na restaurao desta, se possvel (art. 9.). As penas de interdio temporria de direito so a proibio de o condenado contratar com o Poder Pblico, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefcios, bem como de participar de licitaes, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 (trs) anos, no de crimes culposos (art. 10). A suspenso de atividades ser aplicada quando estas no estiverem obedecendo s prescries legais (art. 11). A prestao pecuniria consiste no pagamento em dinheiro vtima ou entidade pblica ou privada com fim social, de importncia, fixada pelo juiz, no inferior a 1 (um) salrio mnimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salrios mnimos. O valor pago ser deduzido do montante de eventual reparao civil a que for condenado o infrator (art. 12). O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que dever, sem vigilncia, trabalhar, freqentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horrios de folga em residncia ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentena condenatria (art. 13). c) Multa A pessoa fsica poder, ainda, sofrer a punio atravs da aplicao de multa que, conforme prev o art. 18 da Lei, ser calculada segundo os critrios do Cdigo Penal; se revelar ineficaz, ainda que aplicada no valor mximo, poder ser aumentada at 3 (trs) vezes tendo em vista o valor da vantagem econmica auferida. II- Penas aplicveis s pessoas jurdicas. J as pessoas jurdicas podem sofrer, isolada, cumulativa ou alternativamente, as seguintes penas, nos moldes do art. 21 da LCA: I- multa; II- restritivas de direitos; IIIprestao de servios comunidade. a)- multa: As regras para a aplicao da pena de multa so as mesmas pertinentes pessoa fsica, inexistindo outro dispositivo a respeito a no ser o j citado art. 18. b)- restritivas de direitos: Para as pessoas jurdicas, as penas restritivas de direito so I- suspenso parcial ou total de atividades; II- interdio temporria de estabelecimento, obra ou atividade; IIIproibio de contratar com o Poder Pblico, bem como dele obter subsdios, subvenes ou doaes (art. 22).

A suspenso de atividades ser aplicada quando estas no estiverem obedecendo s disposies legais ou regulamentares, relativas proteo do meio ambiente (art. 22, 1.). A interdio ser aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorizao ou em desacordo com a concedida, ou com violao de disposio legal ou regulamentar ( 2.). A proibio de contratar com o Poder Pblico e dele obter subsdios, subvenes ou doaes no poder exceder o prazo de 10 (dez) anos ( 3.). c)- prestao de servios comunidade: Nos termos do art. 23, a prestao de servios comunidade, pela pessoa jurdica, consistir em: I- custeio de programas e de projetos ambientais; II- execuo de obras de recuperao de reas degradadas, III- manuteno de espaos pblicos; IVcontribuies a entidades ambientais ou culturais pblicas. d)- perda de bens e valores: Conforme previso do art. 24, se a pessoa jurdica tiver sido constituda ou utilizada com finalidades preponderantes de encobrir, facilitar ou permitir a prtica de atos considerados criminosos pela Lei, ter decretada sua liquidao forada e seu patrimnio ser considerado como instrumento de crime e, nesse caso, perdido a favor do Fundo Penitencirio Nacional. A redao desse dispositivo, como em grande parte da norma, vem causando controvrsias acirradas, alm de no deixar clara a maneira pela qual tal forma de punio ser executada, o que, naturalmente, dificulta a utilizao do preceito legal como mecanismo de proteo dos bens ambientais. III- Apreenso de produto e instrumento de crime. Independentemente de o sujeito ativo do crime ser uma pessoa jurdica ou uma pessoa fsica, desde que seja verificada a infrao e constatada a ocorrncia do crime, seus produtos e instrumentos sero apreendidos, na forma disposta no art. 25. Em seus 1. a 4., a lei torna clara a destinao que ser dada aos produtos ou instrumentos apreendidos, sendo natural que o infrator perca a propriedade sobre eles. IV- Aplicao da Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995 aos delitos ambientais. Os crimes ambientais de menor potencial ofensivo podero ser processados perante o Juizado Especial de Pequenas Causas, nos moldes dos arts. 27 e 28 da Lei 9.605/98. No entanto, h de se observar que a aplicao da pena restritiva de direito, ou da multa, somente ser possvel quando o degradador componha previamente o dano ambiental, salvo em caso de absoluta impossibilidade. Da mesma forma, a aplicao do disposto no art. 89 da Lei 9.099/95 sofrer as seguintes modificaes: a declarao de extino de punibilidade depender de laudo de constatao de reparao do dado ambiental, salvo absoluta impossibilidade de faz-lo, e na hiptese de o laudo de constatao comprovar que a reparao no foi completa, o prazo de suspenso do processo ser prorrogado ao mximo, com acrscimo de um ano, mas suspendendo-se o prazo prescricional.

8 . Concluso.A responsabilidade criminal do degradador, dentro do processo de evoluo econmica e cultural da coletividade, tornou-se uma necessidade premente e imperiosa. Em todos os pases, ao redor do planeta, legislaes especficas foram e esto sendo desenvolvidas, visando coibir as aes danosas ao ambiente e punir as ocorrncias impossveis de serem prevenidas. A despeito de toda a legislao, de uma maneira geral, se direcionar para a educao ambiental do infrator, a sano, como medida tambm punitiva, ao lado de educativa, cada vez mais se torna necessria e cabvel. Na esteira do processo evolutivo da legislao penal ambiental, o legislador ptrio tem desenvolvido um sistema de normas cada vez mais abrangente, vindo a culminar na edio da Lei 9.605/98. A despeito das inmeras crticas merecidas que recebe, vem confirmar o impulso de se codificar a matria, aprimorando os mecanismos tanto de avaliao do delito, como de uma eficaz instruo criminal e aplicao justa de uma pena que, sobretudo, dever ter como finalidade a sensibilizao do infrator para que, consciente, desperte para a necessidade de preservar o ambiente, como medida necessria sobrevivncia da prpria espcie humana. Como visto no correr deste trabalho, no mbito dos delitos ambientais, a penalizao em sua quase totalidade em penas alternativas s punies prisionais. O caminho trilhado pelo legislador ptrio conduz possibilidade de melhor proteger o ambiente, restaurando os danos e apenando o infrator com medidas educativas e no apenas punitivas. Resta justia consolidar esse processo em um fato concreto e eficiente.

9. Referncias bibliogrficas:AMARAL, Regina Clia. possvel a responsabilidade penal de pessoa jurdica por dano ambiental. Pesquisado em http://www.stj.gov.br. Acesso em 05-09-2005. ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Editora Lmen Juris, 2004, 7. edio. DE ARAJO, Suely M. V. G. Apreenso e Confisco do Produto e do Instrumento do Crime Ambiental. Setembro 2000. Nota tcnica da Cmara dos Deputados. Pesquisado em www.camara.gov.br/internet/ diretoria/conleg/notas/008865.pdf . Acesso em 05-092005. DOS SANTOS, Celeste Leite. Crimes contra o Meio Ambiente Responsabilidade e Sano Penal. So Paulo: Ed. Juarez de Oliveira, 3 ed., 2002. FIORILLO, Celso Antnio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. So Paulo: Saraiva, 2001, 2. edio.

MACHADO, Breno Fontenele. O papel das Penas Alternativas no Processo de ressocializao do apenado na Comarca de Fortaleza. Pesquisado em http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas. Acesso em 08 09 2005. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. So Paulo: Malheiros Editores, 2004, 12. edio. MILAR, dis e DA COSTA JNIOR, Paulo Jos. Direito Penal Ambiental Comentrios Lei 9005/98. Campinas: Millenium Editora, 2002. MUKAI, Toshio. Direito Ambiental Sistematizado. Rio-So Paulo: Forense Universitria, 2004, 4. edio. NUNES, Clayton Alfredo. Concurso de Crimes x Concurso de Penas Uma abordagem prtica. Ministrio da Justia. Pesquisado em www.mj.gov.br/Depen/pdf/ concurso_de_crimes.pdf. Acesso em 08-09-2005. PIERANGELI, Jos Henrique. Penas atribudas s pessoas jurdicas pela lei ambiental. Jus Navigandi, Teresina, a. 4, n. 39, fev. 2000. Disponvel em: . Acesso em: 13 set. 2005. SILVA, Jos Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. So Paulo Malheiros Editores, 2004, 5 edio. SIRVINSKAS, Luiz Paulo. Tutela Penal do Meio Ambiente. So Paulo: Saraiva, 2004, 3. edio. SZNICK, Valdir. Direito Penal Ambiental. So Paulo: cone Editora, 2001.

RESUMO: Sistema Nacional de Meio Ambiente SISNAMA. Institudo atravs do art. 6. da Lei 6938, de 31 de agosto de 1981 Lei do Meio Ambiente. 1. Poltica Nacional de Meio Ambiente PNUMA. Antes: Secretaria Especial de Meio Ambiente, criada em 73, ligada ao Ministrio do Interior e diretamente subordinada ao Ministro de Estado. Suas finalidades: conservao do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais. Tinha, como rgo de apoio, o Conselho Consultivo do Meio Ambiente. A SEMA foi extinta pela Lei 7.735/89. Ao SISNAMA cabe instituir e executar a Poltica Nacional de Meio Ambiente PNMA. Os objetivos da PNMA encontram-se no art. 2. da Lei. Estabelece que a PNMA tem por objetivo a preservao, melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida, visando assegurar ao Pas, condies de desenvolvimento

socioeconmico, aos interesses da segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana.... O art. 4. complementa a lista de objetivos. J os incisos do art. 2. (I a X) apontam os princpios da PNMA, valendo realar o inciso I: ao governamental na manuteno do equilbrio ecolgico, considerando o meio ambiente como patrimnio pblico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo e o inciso X: educao ambiental a todos os nveis de ensino, inclusive a educao da comunidade, objetivando capacit-la para a participao ativa na defesa do meio ambiente (princpio da gesto democrtica). Os instrumentos da PNMA encontram-se no art. 9. da Lei, incisos I a XII, realando-se os quatro primeiros incisos: I- estabelecimento de padres de qualidade ambiental; II- o zoneamento ambiental; III- a avaliao de impactos ambientais; e IV- o licenciamento e a reviso de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. 2. rgos integrantes do SISNAMA. Nos termos do art. 6., fazem parte do SISNAMA os rgos e entidades da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territrios e dos Municpios, bem como as fundaes institudas pelo Poder Pblico, responsveis pela proteo e melhoria da qualidade ambiental. Nos incisos e pargrafos do art. 6 est a estrutura do SISNAMA, que , basicamente: I- rgo superior: o Conselho de Governo. Finalidade: assessorar o Presidente da Repblica na formao da poltica nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; II- rgo consultivo e deliberativo: Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA. Finalidade: assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes para o M.A. e deliberar, nos limites de sua competncia, sobre normas ambientais; III- rgo central: Ministrio do Meio Ambiente. Finalidade: planejar, coordenar, supervisionar e controlar a poltica nacional e as diretrizes governamentais; IV- rgo executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBAMA. Finalidade: executar e fazer executar a poltica nacional e diretrizes governamentais de M.A; V- rgos seccionais: rgos ou entidades estaduais; VI- rgos locais: idem, municipais. O pargrafo 3. fala ainda em rgos setoriais, rgos da administrao pblica voltados a setores ou atividades especficos. 2.1. CONAMA. O art. 8. estabelece a competncia do CONAMA, em 7 incisos. O Decreto n. 99.274, de 6 de junho de 90, com as alteraes do Decreto n. 3.942, de 27 de setembro de 2001,

regulamentou a competncia em XIX incisos, valendo destacar os incisos I, VII, VIII e XVIII, respectivamente: I- estabelecer normas para licenciamento ambiental para atividades efetivas ou potencialmente poluidoras; VII- assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de polticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais; VIII- deliberar sobre normas e padres compatveis co o meio ambiente ecoologicamente equilibrado e essencial sadia qualidade de vida; e XVIIIdeliberar para o cumprimento da PNMA (atravs de resolues, proposies, recomendaes e moes). O Ministro de Meio Ambiente o Presidente do CONAMA. 2.3. Ministrio do Meio Ambiente. A SEMA foi extinta em fevereiro 89, pela Lei 7735. Em abril de 90, pela Lei 8028, foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidncia da Repblica. Em novembro 92 a Secretaria foi transformada em Ministrio. Em dezembro 93 em Ministrio do Meio Ambiente e da Amaznia Legal (Lei 8746). E, finalmente, pela MP 1795, de janeiro de 99, em Ministrio do Meio Ambiente. 2.4. IBAMA o rgo executivo (ou executor) do SISNAMA. Foi criado pela Lei 7735, de fevereiro de 89 (antes IBDF e SUDHEVEA). uma autarquia federal vinculada ao MMA, com estrutura administrativa atual fixada pelo Decreto 3059 de maio de 99. Os objetivos do IBAMA so fixados no anexo I do Decreto: I- executar as polticas nacionais de meio ambiente referentes s atribuies federais permanentes, relativas preservao, conservao e ao uso sustentvel dos recursos ambientais e sua fiscalizao e controle; II- apoiar o Ministrio do Meio Ambiente na execuo da Poltica Nacional de Recursos Hdricos; e III- executar as aes supletivas da Unio, de conformidade com a legislao em vigor e as diretrizes daquele Ministrio. O art. 2. do Decreto indica as aes federais cabveis ao IBAMA, em XXI incisos, com realce para: I- proposio de normas e padres de qualidade ambiental; II- zoneamento ambiental; III- avaliao de impactos ambientais; IV- licenciamento ambiental de atividades e empreendimentos, produtos e processos considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como daqueles capazes de causar degradao ambiental; XII- fiscalizao ambiental; XIII- aplicao das penalidades relacionadas aos danos e infraes sobre meio ambiente; XV- execuo de capacitao e de educao ambiental. 2.5. rgos setoriais rgos com atividades associadas s de proteo da qualidade ambiental ou ao disciplinamento da utilizao dos recursos naturais. O art. 12 do Decreto 99.200 confere

a coordenao dos rgos setoriais (ali impropriamente chamados de seccionais), no que se refere PNMA, ao MMA. Exemplos de rgos setoriais: Ministrio da Agricultura, Ministrio da Fazenda, Ministrio da Sade, da Marinha, das Minas e Energia etc. 2.6. rgos seccionais So os rgos estaduais do SISNAMA (art. 6., inciso V da Lei 6938/81, da PNMA). Guardam uma certa reciprocidade com os federais. Em Minas, o rgo central a SEMAD Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel; o consultivo-deliberativo, o COPAM Conselho Estadual de Poltica Ambiental, os executores o FEAM Fundao Estadual de Meio Ambiente e o IEF Instituto Estadual de Florestas. 2.6.1. SEMAD 2.6.2. COPAM O Conselho de Poltica Ambiental - COPAM, criado em 1977 como Comisso de Poltica Ambiental, tem sido o rgo responsvel pela formulao e execuo da poltica ambiental em Minas Gerais. No histrico dos servios prestados pelo rgo cabe destacar seu importante papel na formulao e conduo da poltica ambiental em Minas Gerais, atravs de um processo aberto participao de representantes da sociedade civil. Entre suas competncias destacam-se a formulao de normas tcnicas e padres de qualidade ambiental, a autorizao para implantao e operao de atividades potencialmente poluidoras, e a aprovao das normas e diretrizes para o Sistema Estadual de Licenciamento Ambiental. O COPAM tem o seu histrico marcado pela inovao na forma de atuao dos conselhos governamentais, especialmente pelas suas caractersticas de rgo colegiado e pela participao de representantes de associaes no governamentais como seus membros. Estas caractersticas inovaram a forma de organizao de conselhos governamentais e a forma de elaborao de polticas pblicas. Sua existncia anterior implantao do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA, criado pela lei 6938/81, a qual instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente. A estrutura de organizao do COPAM, tambm adotada pelo CONAMA, consagrou o processo de formulao de polticas ambientais atravs de uma estrutura colegiada e composta por representantes governamentais e da sociedade civil. Outra caracterstica especfica do COPAM o conselho apresentar atribuies de carter executivo, o que requer que rgos de governo de carter tcnico realizem essas competncias por delegao. O COPAM contou, at 1983, com o apoio tcnico da Fundao Centro Tecnolgico de Minas Gerais (CETEC) atravs da sua Superintendncia de Engenharia Ambiental. Este

rgo funcionava como Secretaria Executiva do Conselho e realizava as fiscalizaes e os pareceres ambientais sobre a implantao de atividades poluidoras. Com a publicao do Decreto 39.490 de 13 de maro de 1998, os rgos seccionais de apoio, vinculados Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel, so rgos executivos e de assessoramento tcnico s Cmaras Especializadas e ao Plenrio do COPAM. Assim, cabe FEAM as tarefas de secretaria executiva do COPAM, no tocante s atividades industriais, minerrias e de infra-estrutura, ao IEF, no tocante s atividades agrcolas, pecurias e florestais e as IGAM, no tocante a instruo de processo de outorga do direito de usos das guas. Assim, o Conselho exerceu at a criao da SEMAD - Secretaria de Meio Ambiente em 1995, o papel de rgo superior do sistema ambiental, contando sempre com uma composio de representantes de instituies pblicas e associaes civis, incluindo representantes das entidades ambientalistas. De acordo com sua estrutura atual, o COPAM est organizado em seis Cmaras Tcnicas: Atividades Agropecurias e Florestais, Bacias Hidrogrficas, Defesa de Ecossistemas, Minerao, Poltica Ambiental e Poluio Industrial. As Cmaras Tcnicas so dotadas de competncia para elaborao de normas tcnicas para a proteo ambiental, de acordo com respectivos temas. Entre as competncias de carter deliberativo, destacam-se a concesso de licena ambiental para atividades potencialmente poluidoras e o julgamento em primeira instncia dos processos de infrao tipificados como graves ou gravssimos, pelo no cumprimento da legislao ambiental. A amplitude das atribuies das cmaras tcnicas garantem a operacionalidade e a dinmica do conselho. Em sua composio participam no mximo 7 conselheiros, escolhidos entre membros do plenrio e representantes de entidades pblicas, de classe ou do setor produtivo, no integrantes do plenrio e relacionados rea de atuao e especializao da cmara. A presidncia da cmara tcnica exercida por um de seus integrantes, eleito entre os membros da cmara tambm pertencentes ao plenrio. Esta caracterstica faz com que a cmara seja conduzida por um dos conselheiros mais representativos entre os seus pares e lhe confere uma caracterstica de grande independncia e responsabilidade em suas deliberaes. Esta sinergia entre as cmaras tcnicas e o conselho completam as principais caractersticas da estrutura do COPAM. Os procedimentos usados para a tomada de decises pelas cmaras tcnicas e pelo conselho rotineiramente incluem: A participao da FEAM na apresentao de pareceres tcnicos, jurdico ou proposies normativas; A participao de empreendedores e respectivos consultores; A manifestao e esclarecimento necessrios ao posicionamento dos conselheiros

A apresentao de relatrios e pareceres por parte de conselheiros sobre assuntos especficos; A presena de representantes de comunidades e demais agentes envolvidos nos temas em discusso. Estes procedimentos utilizados pelo COPAM no processo de tomada de deciso, tem se mostrado um mtodo democrtico e eficiente para a resoluo de conflitos inerentes s decises sobre as exigncias de controle ambiental de atividades poluidoras e outras matrias de carter ambiental. A partir da criao da SEMAD, em 07/09/95 atravs da Lei n 11.903, as entidades que compem o Sistema Estadual de Meio Ambiente em Minas Gerais necessitam ter suas atribuies ajustadas dentro da nova configurao do Sistema Ambiental, que passa a ser coordenado pela SEMAD e composto pelas instituies seccionais a ela vinculada: FEAM - Fundao Estadual do Meio Ambiente, IEF - Instituto Estadual de Florestas e IGAM - Instituto Mineiro de gesto das guas. Nessa nova configurao o COPAM, passou a integrar a estrutura da SEMAD. Compete ao COPAM: formular normas tcnicas e estabelecer padres de proteo, conservao e melhoria do meio ambiente, observada a legislao federal e os objetivos definidos nos Planos de Desenvolvimento Econmico e Social do Estado de Minas Gerais; compatibilizar os planos, programas, projetos, atividades de proteo, conservao e melhoria do meio ambiente com as normas estabelecidas de acordo com a legislao em vigor e de forma a que se possa alcanar o bem-estar da comunidade; incentivar os municpios a adotarem normas de proteo, conservao e melhoria do meio ambiente; aprovar relatrios sobre impactos ambientais; estabelecer as reas em que a ao do Governo, relativas a qualidade ambiental, deve ser prioritria; exercer a ao fiscalizadora no tocante observncia das normas contidas na legislao de proteo, conservao e melhoria do meio ambiente; exercer o poder de polcia, diretamente ou por delegao de competncia, nos casos de infrao da legislao de proteo, conservao e melhoria do meio ambiente e de inobservncia de normas ou padres estabelecidos, propondo a criao de mecanismos e instrumentos que viabilizem a fiscalizao ambiental; responder a consulta sobre matria de sua competncia, orientando os interessados e o pblico em geral quanto aplicao das normas e padres de proteo ambiental; autorizar a implantao e operao de atividade poluidora ou potencialmente poluidora e, quando for o caso, providenciar o deslocamento ou encerramento dessas atividades, observadas as limitaes impostas por lei; atuar no sentido de formar conscincia pblica da necessidade de proteger, conservar e melhorar o meio ambiente, inclusive incentivando ou patrocinando programaes culturais e educacionais que levem a esses objetivos; aprovar instrues, normas, diretrizes e outros atos necessrios implantao do Sistema Estadual de Licenciamento de Fontes Poluidoras e proteo, conservao e melhoria do meio ambiente; julgar, por suas Cmaras Tcnicas e pelo Plenrio, pedidos de reconsiderao e os recursos interpostos em razo da aplicao de penalidades por infraes de normas e padres de controle ambiental.

2.6.3. FEAM A Fundao Estadual do Meio Ambiente - FEAM pessoa jurdica de direito pblico, dotada de autonomia administrativa e financeira, com sede e domiclio na Capital do Estado de Minas Gerais e vincula-se Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel - SEMAD. A FEAM integra, no mbito estadual, o Sistema Nacional do Meio Ambiente SISNAMA, como rgo executivo seccional, ao lado do IEF - Instituto Estadual de Florestas e do IGAM - Instituto Mineiro de Gesto das guas. A FEAM tem por finalidade propor e executar a poltica de proteo, conservao e melhoria do meio ambiente no que concerne preveno e correo da poluio ou da degradao ambiental provocada por atividades industriais, minerrias e de infraestrutura, bem como promover e realizar estudos e pesquisas sobre a poluio, qualidade do ar, da gua e do solo. A Fundao Estadual do Meio Ambiente - FEAM foi instituda pelo Decreto n 28.163, de 6 de junho de 1988, nos termos da Lei n 9.525, de 29 de dezembro de 1987, alterada pela Lei n 10.623, de 16 de janeiro de 1992, pela Lei n 12.583, de 17 de julho de 1997 pelo Decreto n 39.489, de 13 de maro de 1998 e demais normas aplicveis. Compete FEAM: pesquisar, monitorar e diagnosticar a poluio ou degradao ambiental; desenvolver pesquisas, estudos, sistemas, normas, padres, bem como prestar servios tcnicos destinados a prevenir e corrigir a poluio ou a degradao ambiental; desenvolver atividades informativas e educativas visando compreenso, por parte da sociedade, dos problemas ambientais, relacionados poluio ou degradao ambiental; apoiar os municpios na implantao e no desenvolvimento de sistemas de gesto destinados a prevenir e corrigir a poluio ou a degradao ambiental; fiscalizar o cumprimento da legislao de controle da poluio ou da degradao ambiental, podendo aplicar penalidades; atuar em nome do Conselho Estadual de Poltica Ambiental - COPAM, nos termos de regulamento, no licenciamento de fonte ou atividade poluidora ou degradadora do meio ambiente; atuar junto ao COPAM como rgo seccional de apoio, nas matrias de sua competncia, assessorando as Cmaras de Atividades Industriais, de Atividades Minerrias e de Atividades de Infra-estrutura; exercer outras atividades correlatas. 2.6.4. IEF O Instituto Estadual de Florestas - IEF uma autarquia criada pela Lei n 2.606, de 5 de janeiro de 1962, vinculada Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel, dotada de personalidade jurdica de direito pblico, com autonomia administrativa e financeira, sede e foro na Capital do Estado e jurisdio em todo territrio estadual. A expresso Instituto Estadual de Florestas, os termos Instituto ou Autarquia e a sigla IEF se eqivalem. O IEF - integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA criado pela Lei Federal n 6.938, de 31 de agosto de 1981, alterada pela Lei n 7.804, de 18 de julho de 1989.

No exerccio de suas atribuies, o IEF observar as deliberaes emanadas do Conselho Estadual de Poltica Ambiental - COPAM, do Conselho Estadual de Recursos Hdricos - CERH e as diretrizes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel - SEMAD Compete ao IEF: O Instituto Estadual de Florestas - IEF tem por finalidade executar a poltica florestal do Estado e promover a preservao e a conservao da fauna e da flora, o desenvolvimento sustentvel dos recursos naturais renovveis e da pesca, bem como a realizao de pesquisa em biomassa e biodiversidade, competindo-lhe: coordenar, orientar, desenvolver, promover e supervisionar a execuo de pesquisas relativas manuteno do equilbrio ecolgico, bem como promover o mapeamento, inventrio e monitoramento da cobertura vegetal e da fauna silvestre e aqutica, e elaborao da lista atualizada de espcies ameaadas de exteno do Estado, recomposio da cobertura florestal, a recuperao de rea degradada e enriquecimento dos ecossistemas florestais e aquticos; administrar Unidades de Conservao de modo a assegurar a consecuo dos objetivos e a consolidao do Sistema Estadual de Unidades de Conservao - SEUC; promover, apoiar e incentivar, em articulao com rgos afins, o florestamento e o reflorestamento com finalidade mltipla e aes que favoream o suprimento de matria-prima de origem vegetal susceptvel de explorao, de transformao, de comercializao e de uso, mediante assistncia tcnica, prestao de servios, produo, distribuio e alienao de mudas; promover o disciplinamento, a fiscalizao, o licenciamento e o controle da explorao, utilizao e consumo de matrias-primas oriundas das florestas, da pesca e da biodiversidade, bem como coordenar e promover aes de preservao, controle e combate a incndios e queimadas florestais e manejo sustentado; coordenar, orientar, fiscalizar e supervisionar a execuo de atividades de preservao, conservao e uso racional dos recursos pesqueiros, bem como promover o desenvolvimento de atividades que visem proteo da fauna ictiolgica; promover a educao ambiental visando compreenso pela sociedade da importncia das florestas, da pesca e da biodiversidade, bem como manter sistema de documentao, informao e divulgao dos conhecimentos tcnicos relativos s florestas, pesca e biodiversidade; aplicar penalidades, multas e demais sanes administrativas, promovendo a arrecadao, a cobrana e a execuo de tributos e crditos no tributrios e emolumentos decorrentes de suas atividades; exercer outras atividades correlatas. 2.7. rgos locais So os rgos municipais. Normalmente, a Secretaria de Meio Ambiente (como rgo central e executor) e o Conselho de Meio Ambiente (como rgo consultivodeliberativo). As normas federais fornecem padres gerais que devem ser observados pelos Estados e Municpios. Estes, em suas atribuies administrativas e legislativas, podem estabelecer outros critrios, atendendo s particularidades regionais e locais, mas esses critrios no

podem ser mais permissivos que o padro fixado em mbito federal. Os limites de tolerncia mximo e patamares, so federais. 3. Gesto das guas 3.1. Poltica Nacional de Recursos Hdricos - PNRH A Poltica Nacional de Recursos Hdricos PNRH foi estabelecida pela Lei 9433, de janeiro de 97. Tem como princpios basilares que: I- a gua um bem de domnio pblico; II- a gua um recurso natural limitado, dotado de valor econmico; III- em situaes de escassez, o uso prioritrio dos recursos hdricos o consumo humano e a dessedentao dos animais; IV- a gesto dos recursos hdricos deve proporcionar o uso mltiplo das guas; V- a bacia hidrogrfica a unidade territorial para implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos PNRH; VI- a gesto dos recursos hdricos deve ser descentralizada, contando com a participao do Poder Pblico, dos usurios e das comunidades. Os objetivos da PNRH so: assegurar atual e s futuras geraes a necessria disponibilidade de gua, em padres de qualidade adequados ao uso; utilizao racional e integrada, visando o desenvolvimento sustentvel; preveno e defesa contra eventos hidrolgicos crticos (naturais ou por uso inadequado). Seus instrumentos so: planos de recursos hdricos; enquadramento dos corpos de gua em classes; outorga de direitos de uso de recursos hdricos; cobrana pelo uso; sistema de informao. Os planos so planos diretores, com objetivo de fundamentar e orientar a implantao da PNRH. So realizados como planos de longo prazo. Realizam diagnsticos e projees de crescimento e desenvolvimento etc. Podem ser criados em nvel local, regional e nacional. O enquadramento dos corpos de gua em classes,tm como finalidade assegurar s guas qualidade compatvel com os usos mais exigentes a que forem destinadas e diminuir os custos do combate poluio das guas mediante aes preventivas permanentes. A outorga prevista no art. 11 da Lei 9433, que estabelece que: o regime de outorga de direitos de uso de recursos hdricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da gua e o efetivo exerccio dos direito de acesso gua. O art. 12 prev as hipteses de outorga: I- derivao ou captao de parcela de gua existente em corpo de gua para consumo final, inclusive abastecimento pblico, ou insumo de processo produtivo; II- extrao de gua de aqfero subterrneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;

III- lanamento em corpo de gua de esgotos e resduos (diluio, transporte ou deposio final); IV- aproveitamento de potenciais hidreltricos; V- outros usos que alteram o regime, a quantidade ou a qualidade da gua existente em um corpo de gua. A cobrana observa o princpio de que, aquele que aufere lucros da utilizao de recursos ambientais deve suportar o pagamento por essa utilizao. Os objetivos da cobrana so: reconhecer a gua como bem econmico e dar ao usurio uma indicao de seu real valor; e obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e interaes contemplados nos planos de recursos hdricos. 3.2. Administrao dos Recursos Hdricos feita em trs nveis: Conselho Nacional de Recursos Hdricos CNRH, comits de bacias hidrogrficas e agncias de gua. O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos integrado por: I- Conselho Nacional dos Recursos Hdricos (rgo consultivo-deliberativo nacional); II- Conselho de Recursos Hdricos dos Estados e do DF (idem, dos estados e do DF); III- Comits de Bacias Hidrogrficas (idem, das bacias hidrogrficas. Podem ser nacionais guas da Unio, ou Estaduais guas estaduais. No existem guas municipais); IV- Agncias de gua (rgo executivo. Podem ser dos Conselhos e sempre o so das baciais). A nvel federal, o rgo executor Agncia Nacional de guas ANA. Os rgos locais de gesto das guas so sempre, no mnimo, a rea de uma determinada bacia hidrogrfica. Em Minas Gerais h o Conselho Estadual de Recursos Hdricos CERH, como rgo consultivo-deliberativo e o Instituto Mineiro de Gesto das guas IGAM, como rgo executivo. Existem, ainda, as Organizaes Civis de Recursos Hdricos (art. 47 da Lei 9433, de janeiro de 97): consrcios e associais intermunicipais; associaes regionais, loais ou setoriais de usurios; organizaes tcnicas de ensino e pesquisa; organizaes no governamentais de defesa das guas; outras organizaes reconhecidas pelos Conselhos Nacional ou Estaduais. COMPETNCIA EM MATRIA AMBIENTAL 1 Introduo As questes ambientais so objeto de preocupao e discusso, de um modo efetivo e geral, desde apenas pouco tempo. A despeito de aes pontuais anteriores, bem como de

estudos ancestrais a respeito, podemos, para efeito prtico, demarcar o incio dessa preocupao no incio da dcada de 1970 com a realizao da Conveno de Genebra. As preocupaes quanto ao desgaste do meio ambiente, face ocupao humana insustentvel, somente passaram a ter sentido a partir da segunda revoluo industrial, por volta de 1850, no instante em que a humanidade percebeu que as riquezas naturais que extraa eram finitas e que estavam vorazmente se exaurindo. De um modelo de comunidade agro-pastoril, praticado at a revoluo industrial, a humanidade se viu, em rpida mudana, rumo s aglomeraes urbanas em busca de um padro ideal de vida e de bem estar tecnolgico, provocando toda espcie de problemas que esse novo modelo de vida trazia. J em 1921, prevendo a precria sustentabilidade do planeta, Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia, publicava que "a vida da terra depende da vontade humana. A terra ser o que os homens nela faro. Ns vivemos, desde agora, este momento histrico decisivo da evoluo terrestre". O crescimento dos ncleos urbanos ento existentes e o aparecimento de novos ncleos com alto potencial de crescimento, demandou a elaborao de regras de convivncia especficas para o ambiente urbano, que vm sendo inseridas no ordenamento legal e em regras consuetudinrias ao longo de todo o tempo. O Brasil, pas que no escapou a esse movimento populacional explosivo global acompanhado do xodo rural, passou a cuidar de suas questes ambientais a partir da dcada de 60. Como repblica federativa que , o gerenciamento das questes ambientais para os dias de hoje firmou-se, a partir da promulgao da Carta Constituinte de 1988, nos trs nveis federativos da repblica Unio, Estados (equiparando-se a eles o Distrito Federal) e Municpios. Sendo recente essa partilha de poder, ainda no se definiram seus contornos com clareza e preciso, ocorrendo em repetidas ocasies conflitos quanto competncia legislativa ou administrativa relativa aos imperativos ambientais. Essa situao agravada quando se verifica que a poltica ambiental nacional est compartimentada em diversos entes, com delimitao de competncias muitas vezes entrelaadas e de contornos pouco ntidos. Esses conflitos so muito freqentes na esfera de atribuies dos estados, quando confrontados com aes oriundas do poder municipal. Quando a esfera de competncia se restringe ao meio ambiente urbano, com maior potencialidade de interferncia do municpio, a situao tende a se agravar. 2 Competncia sobre questes ambientais. 2.1. A Constituio da Repblica A assemblia constituinte, no que se refere competncia sobre matria ambiental, entendeu por bem distribu-la entre os diversos nveis da federao: unio, estados (DF assemelhado) e municpios, enquanto responsabilizava tanto o Estado como a populao pela preservao ambiental. Assim que surgiu, como princpio constitucional bsico da responsabilidade ambiental aquele firmado no art. 225 da CRFB , distribuindo a competncia relativa ao assunto entre os entes federados nos moldes bsicos estatudos nos arts. 21 a 25, 29 e 30. No sistema constitucional, os entes federativos so autnomos, assentando-se tal autonomia na existncia de rgos governamentais prprios e posse de competncias exclusivas. Acrescenta que o equilbrio federativo da repblica, nos moldes da Lei Maior, ocorre em face de um sistema tcnico de repartio de competncias fundado na enumerao dos poderes da Unio (arts. 21 e 22), com poderes remanescentes para os Estados (art. 25, 1.) e poderes definidos indicativamente para os Municpios (arts. 29 e 30), sem

prejuzo de prever atuaes paralelas dos entes federativos, na forma do art. 23, bem como a atuao concorrente, quando as normas gerais so editadas pela Unio, outorgando-se competncia suplementar aos Estados e at aos Municpios (arts. 24 e 30. Assim, o sistema de distribuio constitucional de competncias se encontra circunscrito aos artigos apontados, destacando-se a competncia formal ou legislativa da competncia material, executiva. De se notar que o art. 21 aponta a competncia material exclusiva da Unio, enquanto o art. 25, 1. o faz dos Estados e o art. 30, III a VIII, dos Municpios. O art. 23 se reporta competncia material comum da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios. J a competncia formal ou legislativa privativa ou exclusiva da Unio est inserida no art. 22, dos Estados no art. 25, 1. e 2. e dos Municpios no art. 30, I. O art. 24 aponta a competncia legislativa concorrente entre Unio, Estados e Distrito Federal, cabendo Unio editar normas gerais e aos outros as normas suplementares de aplicao no mbito de seus territrios, em carter suplementar. Por fim, o art. 30, II autoriza a competncia legislativa suplementar dos Municpios. As competncias privativas da Unio so enumeradas taxativamente nos citados arts. 21 e 22, as primeiras de ordem administrativa e as ltimas, legislativa. As competncias privativas dos Municpios encontram-se descritas no art. 30 tambm enumeradas, restando aos Estados, portanto, as competncias remanescentes, por fora do art. 25, pargrafo primeiro. O que no for competncia privativa da Unio ou dos Municpios pertence competncia do Estado membro. Alm disso, inovou o Constituinte ao criar a figura das competncias comuns, previstas no art. 23, deixando a critrio de Lei Complementar (ainda no editada, no que pese os quase vinte anos passados da promulgao do estatuto Constitucional) a fixao de normas de cooperao entre os entes federados, visando o equilbrio do desenvolvimento e do bem-estar em mbito nacional. Ao que o legislador constituinte no atribuiu especificamente competncia legislativa, tem-se que se trata de competncia administrativa, ou formal. Os arts. 23 e 24 prevem expressamente as competncias concorrentes, abrigando todos os entes federados nas competncias administrativas (art. 23) e excluindo deliberadamente os Municpios quando se trata de competncia legislativa (art. 24). Neste ltimo caso, no entanto, permite-se aos Municpios suplementarem a legislao Federal ou Estadual, no que couber, quando omissas (art. 30, II). Quanto legislao suplementar, pertinente aos Municpios, somente poder ser editada em face de continuidade de legislao que especifique normas gerais ou omita normas especficas. J a legislao concorrente poder suprir a lacuna legislativa dos demais entes da Federao, observando-se que ao Municpio cabe respeitar as normas gerais vlidas da Unio e dos Estados, ao Estado, as da Unio. Nos moldes dos pargrafos 1. e 2. do art. 24, tambm os Estados podem legislar normas gerais suplementares Unio, em matria concorrente, mas podem exercer competncia plena na ausncia da legislao federal ( 3.), sendo que a eventual supervenincia de lei federal suspender a eficcia da legislao estadual no que lhe for contrrio ( 4.). Resumindo, as competncias so tidas como horizontais (privativas, exclusivas: enumeradas, destinadas Unio e aos Municpios), verticais (concorrentes, da Unio e dos Estados e Distrito Federal) ou, ainda, comuns (comuns a todos os entes federados) e suplementares (cabendo ao Estado suprir as lacunas legislativas e administrativas da Unio e ao Municpio preencher as lacunas legais dos demais entes federados desde que haja interesse exclusivamente local). 2.1.1. Competncia ambiental da Unio

Em matria ambiental, basicamente as competncias da Unio so assim divididas: 1) Competncia privativa: Art. 21, IX Elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenao do territrio e de desenvolvimento econmico e social. XVIII Planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades pblicas, especialmente as secas e as inundaes. XIX Instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hdricos e definir critrios de outorga de direitos de uso. XX Instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitao, saneamento bsico e transportes urbanos. Art. 22, inc. I Legislar sobre direito penal, processual, agrrio, martimo, aeronutico, espacial... II Legislar sobre desapropriao. IV Legislar sobre guas, energia... XI Legislar sobre trnsito e transporte. XII Legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia. XIV Legislar sobre populaes indgenas. XVIII Legislar sobre sistema estatstico, cartogrfico e de geologia nacionais. XXIV Legislar sobre diretrizes e bases da educao nacional. XXVI Legislar sobre atividades nucleares de qualquer natureza. Art. 225, 6. - Definir, atravs de lei federal, a localizao das usinas que operem com reator nuclear. 2) Competncia concorrente: A Unio pode legislar, editando normas gerais, sobre: Art. 24, 1., inciso I Direito urbanstico. Inc. VI Florestas, caa, pesca, fauna, conservao da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteo do meio ambiente e controle da poluio (excetuando-se os casos especficos das competncias que lhe so exclusivas). VII Proteo do patrimnio histrico, cultural, artstico, turstico e paisagstico. VIII Responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico. XII Previdncia social e proteo e defesa da sade. 3) Competncias comuns com os demais entes federados, e que so previstas no art. 23 e no 4. do art. 225: Art. 23: I - Preservar e restaurar os processos ecolgicos essenciais e promover o manejo ecolgico das espcies e ecossistemas. II - Preservar a diversidade e a integridade do patrimnio gentico do Pas e fiscalizar as entidades dedicadas pesquisa e manipulao de material gentico. III - Definir, em todas as unidades da Federao, espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidos somente mediante lei. IV - Exigir, na forma de lei, estudo prvio de impacto ambiental para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente. V - Controlar a produo, a comercializao e o emprego de tcnicas, mtodos e substncias que comportem risco para a sade, a qualidade de vida e o meio ambiente. VI - Promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao ambiental. Art. 225, 4. - Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticas que coloquem em risco sua funo ecolgica, provoquem a extino de espcies ou submetam os animais a crueldade.

Proteger a Floresta Amaznica brasileira, a Mata Atlntica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira, prevendo a utilizao dentro de condies que assegurem a preservao do meio ambiente, inclusive quanto ao uso de recursos naturais. 2.1.2. - Competncia ambiental dos Estados: De natureza privativa Aquelas que no sejam de atribuio privativa e devidamente enumeradas da Unio e dos Municpios (art. 25, 1.). De natureza concorrente Legislar sobre normas gerais de contedo ambiental, suplementando a legislao da Unio. De natureza comum As mesmas indicadas para a Unio sob essa mesma rubrica. 2.1.3. - Competncia ambiental dos Municpios: De natureza privativa Art. 30, I - Atribuies que se enquadrem em seus interesses locais quando no existam normas geris da Unio e suplementares do Estado. Art. 30, VIII - Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupao do solo urbano. IX - Promover a proteo do patrimnio histrico-cultural local, observada a legislao e a ao fiscalizadora federal e estadual. .De natureza supletiva Atribuies que se enquadram em seu interesse local, mas para as quais existam normais gerais da Unio e suplementares (ainda que gerais) dos Estados, hiptese em que o Municpio suplementar a legislao federal e estadual em sua prpria legislao, sem, contudo, contrari-las (Art. 30, II). De natureza comum As mesmas assim anteriormente indicadas para a Unio (vide Mukai, obra cit, pgs. 22/25). 2.2. Legislao Federal A legislao federal infra constitucional, trata de regular a questo relacionado ao ambiente, em geral no mbito administrativo, em diversos dispositivos legais. A ttulo de ilustrao, vale a pena mencionar os textos normativos mais relevantes quanto matria, destacando-se as principais regras de fixao de competncia. Observe-se que, via de regra, quando distribui competncia privativa, o legislador especifica o ente federado beneficiado com tal competncia. Assim, refere-se a rgo publico federal, rgo competente estadual etc. Quando h a possibilidade de gesto concorrente da situao jurdica, mormente entre Estados e Municpios, refere-se de maneira singela a rgo competente. Essas caractersticas esto ntidas nos exemplos adiante. 2.2.1. - Lei n. 5.197, de 03 de janeiro de 1967, que dispe sobre a proteo fauna. J no artigo 8, referindo-se permisso de captura, estipula que o rgo pblico federal competente publicar e atualizar anualmente a relao das espcies cuja utilizao, perseguio, caa ou apanha ser permitida indicando e delimitando as respectivas reas, bem como a poca e o nmero de dias em que o ato acima ser permitido e a quota diria de exemplares cuja utilizao, perseguio, caa ou apanha ser permitida. J em seu artigo 13 prev a obrigatoriedade de licena anual, de carter especfico e de mbito regional, para o exerccio da caa, que ser expedida pela autoridade competente. Observe-se que, aqui a autoridade competente ser aquela que gerir o mbito regional em foco. O pargrafo 1 do mesmo artigo excepciona que, quando se tratar de cientistas estrangeiros, devidamente credenciados pelo pas de origem, dever o pedido de licena ser aprovado e encaminhado ao rgo pblico federal competente, por intermdio de instituio cientfica oficial do pais, que dar cincia permanente das atividades dos cientistas licenciados ( 2.).

O artigo 19 torna obrigatrio o fornecimento, pela autoridade competente, de guia para o transporte interestadual e para o Exterior, de animas silvestres, lepidpteros, e outros insetos e seus produtos. O artigo 32 remete ao Cdigo de Processo Penal, a competncia de autoridades para instaurar, presidir e proceder a inquritos policiais, lavrar autos de priso em flagrante e intentar a ao penal, nos casos de crimes ou de contravenes previstas na Lei ou em outras leis que tenham por objeto os animais silvestres seus produtos instrumentos e documentos relacionados com os mesmos. Determinando a adoo de textos especficos sobre a proteo da fauna, o artigo 35 impede a qualquer autoridade que permita a adoo de livros escolares de leitura que no contenham textos dessa natureza, remetendo a aprovao de tais textos competncia do Conselho Federal de Educao. Ao determinar que os programas de rdio e televiso devero incluir textos e dispositivos semelhantes, o 2. desse artigo, impe que esse material seja aprovado pelo rgo pblico federal competente. 2.2.2. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispe sobre a poltica Nacional do Meio Ambiente. Em seu artigo 6., pargrafo 1, reafirma a competncia dos Estados, nas reas de sua jurisdio, para a elaborao de normas supletivas e complementares e padres relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA. Da mesma forma, no pargrafo 2, a dos Municpios, observadas as normas e os padres federais e estaduais, para tambm elaborar as normas mencionadas no pargrafo anterior. J no artigo 8. esto elencadas as atribuies de competncia do CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente, destacando-se, dentre elas: I estabelecer normas e critrios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis - IBAMA.; II determinar a realizao de estudos das alternativas e das possveis conseqncias ambientais de projetos pblicos ou privados, no caso de obras ou atividades de significativa degradao ambiental, especialmente nas reas consideradas patrimnio nacional; III - decidir, como ltima instncia administrativa em grau de recurso, mediante depsito prvio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA; VI - estabelecer, privativamente, normas e padres nacionais de controle da poluio por veculos automotores, aeronaves e embarcaes; VII - estabelecer normas, critrios e padres relativos ao controle e manuteno da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hdricos. O artigo 10 impe o prvio licenciamento por rgo estadual competente, e, em carter supletivo, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis IBAMA de construo, instalao, ampliao e funcionamento de estabelecimentos e atividades que utilizem de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradao ambiental. Observe-se aqui, que a competncia para a concesso da licena dos Estados, naturalmente respeitadas suas reas de jurisdio, somente podendo atuar a Unio, atravs do IBAMA, em carter supletivo. No entanto, segundo previso normativa estabelecida pelo CONAMA atravs de resoluo em casos e prazos que determinar, o licenciamento de que trata esse artigo depender de homologao do IBAMA ( 2.). Ou seja, a competncia do Estado, mas, em situaes especiais previstas pelo

CONAMA, ser obrigatria a participao, atravs de homologao do licenciamento, do IBAMA que, nos termos da lei, tem competncia apenas supletiva. Novamente, no 3 prev-se que o rgo estadual do meio ambiente e o IBAMA, este em carter supletivo, podero, se necessrio e sem prejuzo das penalidades pecunirias cabveis, determinar a reduo das atividades geradoras de poluio, para manter as emisses gasosas, os efluentes lquidos e os resduos slidos dentro das condies e limites estipulados no licenciamento concedido. J o 4 dispe que competir exclusivamente Unio, atravs do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis IBAMA, o licenciamento previsto no artigo 10, no caso de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de mbito nacional ou regional. Neste caso, a competncia do IBAMA exclusiva, no se falando de homologao por rgo estadual, ainda que a abrangncia do impacto se restrinja rea de jurisdio de um nico Estado. O artigo 11 delega competncia ao IBAMA para propor ao CONAMA normas e padres do licenciamento previsto no artigo anterior e, novamente, em seu 1 dispe que a fiscalizao e o controle da aplicao de critrios, normas e padres de qualidade ambiental sero exercidos pelo IBAMA, em carter supletivo da atuao do rgo estadual e municipal competentes. Aqui, no caso, a despeito de ser o IBAMA o rgo responsvel por ditar as normas a serem observadas no licenciamento, somente proceder a fiscalizao em carter supletivo atuao tanto do rgo estadual como do rgo municipal que forem competentes. Ou seja, a Unio tem competncia supletiva ao Estado e ao Municpio. 3.2.3. - Decreto 24.643, de 10 de julho de 1934, Cdigo de guas. No prlogo j prev que a execuo do Cdigo de guas compete ao Ministrio da Agricultura. De relevante interesse em seu bojo a distribuio de competncia do artigo 64, entre a Unio, os Estados ou os municpios para providenciar sobre a desobstruo nas guas do seu domnio, estendendo a competncia da Unio s guas de navegao explicitadas no inciso II do art. 40. O artigo 144 define que o Servio de guas do Departamento Nacional de Produo Mineral do Ministrio da Agricultura, o rgo competente do Governo Federal para proceder ao estudo e avaliao de energia hidrulica do territrio nacional, como para examinar e instruir tcnica e administrativamente os pedidos de concesso ou autorizao para a utilizao da energia hidrulica e para produo, transmisso, transformao e distribuio da energia hidro-eltrica, e, ainda, para fiscalizar a produo, a transmisso, a transformao e a distribuio de energia hidro-eltrica. 3.2.4. Decreto-lei 221, de 28 de fevereiro de 1967, que dispe sobre a proteo e estmulos pesca. O artigo 6 prev a inscrio e autorizao, pelo rgo federal competente, de toda embarcao nacional ou estrangeira que se dedique pesca comercial, e o art. 19 que nenhuma indstria pesqueira, seja nacional ou estrangeira poder exercer suas atividades no territrio nacional ou nas guas nacionais, sem prvia autorizao do rgo pblico federal competente devendo estar devidamente inscrita e cumprir as obrigaes de informao e demais exigncias que forem estabelecidas. No artigo 21 definiu-se que as obras e instalaes ou reformas portos pesqueiros esto sujeitas aprovao do rgo pblico federal competente. O artigo 33 prev competncia comum, em acordo entre Unio e Estados para estipular regras de pesca no territrio nacional e nas guas extraterritoriais, estipulando que devero ser obedecidos os atos emanados do rgo competente da administrao pblica federal e dos servios dos Estados, em regime de acordo.

3.2.5. Medida Provisria 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, que altera o Cdigo Florestal. Um dos principais textos legais pertinentes distribuio, via normas infra constitucionais, de competncia, sem dvida a Medida Provisria 2.166-67/01, foco, inclusive de controvrsias prolongadas quanto delimitao das competncias dos Estados e dos Municpios. Merece ser avaliada em diversos de seus artigos, iniciando-se pelo artigo 4. que estipula limites para a supresso de vegetao em rea de preservao permanente. Supresso de vegetao em rea de preservao permanente somente poder ser autorizada em caso de utilidade pblica ou de interesse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo prprio, quando inexistir alternativa tcnica e locacional ao empreendimento proposto. O 1. do artigo em questo impe que a supresso tratada no caput do artigo depender de autorizao do rgo ambiental estadual competente, com anuncia prvia, quando couber, do rgo federal ou municipal de meio ambiente, sendo essa a regra geral, ressalvada, entretanto, a exceo do disposto no 2.. A exceo contida no pargrafo 2. remete a autorizao para supresso de vegetao em rea de preservao permanente situada em rea urbana, ao rgo ambiental competente do municpio, desde que o municpio possua conselho de meio ambiente com carter deliberativo e plano diretor, mas precedida de anuncia prvia do rgo ambiental estadual competente fundamentada em parecer tcnico. O rgo ambiental competente, portanto, inclusive o conselho municipal de meio ambiente, poder autorizar a supresso eventual e de baixo impacto ambiental, assim definido em regulamento, da vegetao em rea de preservao permanente, sempre indicando previamente emisso da autorizao, as medidas mitigadoras e compensatrias que devero ser adotadas pelo empreendedor ( 3. e 4.). No que se revelem, de forma recomendvel, protecionistas as medidas de interferncia, no processo autorizador, sempre de dois entes federados (um deles sempre o Estado), a discutvel redao legislativa causa de grandes controvrsias entre os chamados rgos ambientais competentes. Uma visada mais objetiva parece demonstrar o bvio: se a rea de preservao permanente que sofrer a interveno se situa em zona urbana, dentro do plano diretor do Municpio, a competncia para autorizar a interveno do Conselho de Meio Ambiente, que tenha carter deliberativo, deste ente federado, aps obter anuncia prvia do rgo ambiental estadual. Fugindo a essa especificidade, a competncia ser sempre do rgo estadual, aps anuncia prvia do Municpio ou da Unio. No entanto, causam dvidas diversos pontos do texto: em quais casos, o rgo estadual, ou o municipal, ou o federal, podero negar a anuncia prvia? Quais so os requisitos exigidos dessa anuncia prvia? Qual a autonomia de um licenciamento se ele subordinado a uma anuncia prvia? Se for negada a anuncia prvia, poder ela ser substituda por outro procedimento? Se o Estado negar a anuncia prvia, ou se omitir a expedi-la, poder a Unio suplementar a lacuna? Observe-se que a anuncia prvia do Estado, no caso de interferncia em rea de preservao que se situe em zona urbana, h de ser precedida e fundamentada em estudo tcnico, no existindo, todavia, a mesma exigncia quando se fala da anuncia municipal ou federal . Outras atribuies de competncia administrativa, tanto ao rgo ambiental competente da Unio, do Estado ou do Municpio so elencadas no art. 16, 4., no art. 44, inc. I, e e art. 44-A, 2.. Essas so as fixaes de competncia mais marcantes da legislao ambiental federal. 3. Competncia especfica sobre ambiente urbano.

A gesto legislativa e administrativa do ambiente urbano compete ao Municpio, como se v do artigo 30 da CRFB, harmonizando-se os incisos I, II, VIII e IX. Com efeito, assim dispe: Art. 30 - Compete aos Municpios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislao federal e a estadual no que couber; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupao do solo urbano; IX - promover a proteo do patrimnio histrico-cultural local, observada a legislao e a ao fiscalizadora federal e estadual. O adequado ordenamento territorial parte da poltica de desenvolvimento urbano, que dever, nos moldes do art. 182 da Carta Magna, ser executada pelo Poder Pblico Municipal. No entanto, como se verifica do mencionado art. 182, o Municpio se submete s diretrizes gerais fixadas em lei, ou seja, s diretrizes fixadas pela Unio. No que se refere a rea no edificada, subutilizada ou no utilizada, o Municpio apenas poder exigir do proprietrio, mediante lei especfica, o seu adequado aproveitamento nos termos de lei federal ( 4.). Assim reza o mencionado dispositivo constitucional: Art. 182. A poltica de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Pblico municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. 1 - O plano diretor, aprovado pela Cmara Municipal, obrigatrio para cidades com mais de vinte mil habitantes, o instrumento bsico da poltica de desenvolv