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LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autor: Walter Ramos Momm

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LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS

Programa de Pós-Graduação EAD

UNIASSELVI-PÓS

Autor: Walter Ramos Momm

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCIRodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito

Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SCFone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

363.11 M733i Momm, Walter Ramos Legislação e Normas Técnicas / Walter Ramos Momm. Indaial : Uniasselvi, 2013. 82 p. : il ISBN 978-85-7830-791-2

I. Legislação. II. Normas técnicas. 1. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 2. Momm, Walter Ramos.

Copyright © UNIASSELVI 2013Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

Reitor: Prof. Dieter Sergeli Sardeli de Paiva

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profª. Erika de Paula Alves Profª. Izilene Conceição Amaro Ewald Prof. Márcio Moisés Selhorst

Revisão de Conteúdo: Profª. Amanda da Silva Barbosa Hatleben

Revisão Gramatical: Profª. Iara de Oliveira

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Walter Ramos Momm

Advogado, professor universitário do curso de direito da uniasselvi em indaial/sc. Lecionou na FURB e na FAMEBLU em Blumenau/SC. na FEBE em Brusque. Mediador e árbitro fundador da camara de mediação e arbitragem do Vale do Itajaí - MEDIARVI em Blumenau. Ex-coordenador do PROCON em Timbó/SC. atualmente é assessor de recursos humanos no instituto mix de profissões/indaial/SC. Ramos do direito nos quais atua: direito constitucional, direito do trabalho, direito do consumidor, direito civil e obrigações. direito contratual e imobiliário. direito de família e sucessões. Tutor graduado pela escola nacional de defesa do consumidor (ENDC) para ead, bem como com curso complementar em direito

do consumidor em 2011(ENDC). Pós-graduado em Gestão Escolar. FURB, conclusão em 2011. Pós-graduado

na ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE SANTA CATARINA, junto ao TJSC,

conclusão em 1999. Pós-graduado em Direito Comercial, FURB, conclusão em 1996. Graduado

em DIREITO. FURB, com ênfase em Assessoria Empresarial - conclusão em 1972.

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Sumário

APRESENTAÇÃO ......................................................................7

CAPÍTULO 1Legislação Brasileira e Normas Regulamentadoras Aplicáveis à Segurança do Trabalho ....................................9

CAPÍTULO 2Constituição Federal .......................................................... 23

CAPÍTULO 3Consolidação das Leis do Trabalho .................................. 35

CAPÍTULO 4Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego Aplicáveis à Segurança do Trabalho .............61

CAPÍTULO 5Órgãos Atuantes na Aplicação da Legislação e das Normas Regulamentadoras ..........................................72

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APRESENTAÇÃO

Caro (a) pós-graduando (a):

A disciplina Legislação e Normas Técnicas trata do conhecimento da organização do Estado Brasileiro, do Sistema Legislativo Brasileiro, da conceituação jurídica da lei, da sociedade brasileira e da Constituição da República Federativa do Brasil. Os profissionais da área de Segurança do Trabalho (engenheiraos e técnicos) conhecerão o seu procedimento legal e a necessidade de requerer os documentos e registros exigidos para o exercício profissional e para as obras sob sua orientação ou fiscalização.

Nossa tônica é fundamentar o aprendizado na Legislação e nas Normas Regulamentadoras da Segurança do Trabalho, bem como proporcionar ao(à) acadêmico(a) a habilidade de localizar as leis e as normas regulamentadoras vigentes no Brasil.

Face ao comprometimento do(a) pós-graduando(a) em identificar situações

de riscos e proteger o trabalhador ou trabalhadora quanto a possíveis acidentes de trabalho, este estudo laborará na educação de segurança no trabalho, prevenindo o trabalhador, fiscalizando-o no exercício de seus afazeres e aplicando-lhe, através do departamento competente de gestão de pessoas (a antiga denominação era departamento de pessoal e, após, recursos humanos), as reprimendas cabíveis ou até a rescisão contratual por justa causa, a fim de evitar um evento de morte ou invalidez permanente.

O Caderno de Legislação e Normas Técnicas abrange um conteúdo o qual, se bem aplicado, minimizará os dados estatísticos relacionados aos acidentes de trabalho. Consequentemente, o benefício coletivo abrangerá tanto o Estado, cujos encargos previdenciários serão diminuídos, quanto o trabalhador, que progredirá na sua carreira, tendo em vista o aspecto psicológico e material pela ausência de acidentes e, consequentemente, terá como um dos maiores benefícios dessa obediência e uso de “EPIs” (Equipamento de Proteção Individual) um capital moral que, particularmente, o engrandecerá por não fazer parte daqueles que, infelizmente, restarão deficientes, mesmo que sejam reabilitados ou aposentados por invalidez.

Este Caderno está dividido em cinco capítulos e suas seções permitirão a você, futuro(a) especialista, meios e condições legais de solucionar os impasses que surgirem face à aplicação de conceitos legais e normas técnicas as quais regularizam a medicina e a segurança do trabalho.

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Com o estudo do Capítulo I você conhecerá a organização do Estado Brasileiro e a legislação sobre Segurança do Trabalho.

O Capítulo II esclarecerá, nos textos das leis, os suportes legais que amparam a Segurança do Trabalho e as penalidades pelo descumprimento da legislação. Com este cabedal, você poderá avaliar a necessidade de aplicação do texto legal para as situações que, de fato, surgirem em seu exercício profissional.

O Capítulo III apontará, nos textos de lei, a base de amparo da Segurança do Trabalho e demonstrará a necessidade de aplicação do texto legal para que possa haver um excelente exercício profissional.

Ao estudar o conteúdo do Capítulo IV, você terá condições de avaliar a aplicabilidade de leis, normas regulamentadoras e resoluções técnicas nos textos da lei brasileira e das convenções e recomendações aceitas pelo Brasil sobre Segurança do Trabalho, provindas da OIT (Organização Internacional do Trabalho), devidamente homologadas pelo Supremo Tribunal Federal. Como adendo, saberá, ainda, organizar e selecionar os importantes temas que envolvem o funcionamento da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e o desenvolvimento da SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho).

No Capítulo V compreenderá o conteúdo das normas regulamentadoras, tanto nacionais como os decretos oriundos das convenções e recomendações da OIT. Debaterá, visando minimizar a incidência de acidentes do trabalho, com os seus comandados e em seus ambientes de trabalho, a implantação e obediência à Legislação e às Normas Técnicas aplicáveis à Segurança do Trabalho.

Para a conclusão deste Caderno, a leitura e a prática de pesquisas virtuais sugeridas em torno do tema e a assistência de vídeos que retratam a segurança do trabalho atuarão para a diminuição dos riscos de acidentes de trabalho.

O autor.

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CAPÍTULO 1

Legislação Brasileira e Normas Regulamentadoras Aplicáveis à Segurança do TrabalhoA partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

� Conhecer o Sistema Legislativo Brasileiro a partir da conceituação jurídica da lei.

� Identificar as leis e Normas Regulamentadoras de acordo com a especificidade de cada caso.

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Legislação e Normas Técnicas

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Legilação Brasileira e Normas Regulamentadoras Aplicáveis à Segurança do Trbalho

Capítulo 1

ContextualizaçãoNeste capítulo será abordada, dentro do Sistema Legislativo Brasileiro,

a questão da hierarquia das leis de uma forma interessante, possibilitando visualizar o contexto legislativo como parte integrante da vida diária de cada cidadão brasileiro.

Para melhor compreensão deste capítulo, faz-se necessário estudar a estrutura organizacional do Estado Brasileiro, que é formado pela UNIÃO FEDERAL, mais o Distrito Federal, os Estados e os Municípios. Esta forma hierárquica distribuiu o poder de tal modo que os poderes necessários para o funcionamento das entidades políticas figuraram numa distribuição conforme a Constituição Federal de 1988 atualmente em vigor.

Assim, para a facilidade de entendimento da distribuição dos três poderes na República, tem-se que a UNIÃO FEDERAL detém o Poder Executivo, que é exercido pelo(a) Presidente e Vice-Presidente da República; o Poder Legislativo, que é exercido pelos Deputados Federais e Senadores da República.

O Poder Judiciário é exercido através da hierarquia estabelecida pela Constituição Federal de 1988, começando pelo Superior Tribunal Federal e seus ministros, Superior Tribunal de Justiça e seus ministros, Tribunal Superior do Trabalho e seus ministros, Tribunal Superior Eleitoral e seus ministros, seguidos dos Tribunais Militar, Regionais, Estaduais e sua distribuição de Juízes Togados, em Comarcas ou Jurisdições, nos principais ramos do Direito: Cível, Penal, Família, Eleitoral, Trabalho e demais Varas especializadas, tanto em nível federal como estadual.

O Ministério Público, com toda a sua estrutura própria em vários ramos do Direito e em níveis Federal e Estadual, pertence ao Poder Executivo e tem como principal objetivo representar os interesses da sociedade, de acordo com o que a Constituição Federal de 1988 estabeleceu.

O DISTRITO FEDERAL, igualmente, detém o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário.

Por sua vez, os ESTADOS detêm o Poder Executivo, exercido pelo

Governador e Vice-Governador; além do Poder Legislativo, exercido pela Assembleia Legislativa através dos Deputados Estaduais, e do Poder Judiciário.

Quanto aos MUNICÍPIOS, os poderes são dois: Poder Executivo, exercido pelo Prefeito e pelo Vice-Prefeito, e o Poder Legislativo, exercido pela Câmara

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Legislação e Normas Técnicas

de Vereadores. Entretanto, o Poder Judiciário Estadual está presente quando, por determinação do Tribunal de Justiça de cada Estado, são distribuídas as comarcas pela Lei de Divisão e Organização Judiciária daquele Estado.

Quanto à hierarquia das leis, segundo a Constituição Federal de 1988, elas são apresentadas com base na divisão estratégica das seções onde figuram: a Legislação Federal, a Legislação Distrital, a Legislação Estadual e a Legislação Municipal. O conteúdo legislativo está alicerçado na Constituição da República Federativa Brasileira e representa as bases da nossa democracia.

Para um melhor entendimento, o(a) pós-graduando(a) pode visualizar o seguinte esquema:

UNIÃO FEDERAL - Poder Legislativo – Legislação Federal

DISTRITO FEDERAL - Poder Legislativo - Legislação Distrital

ESTADOS - Poder Legislativo – Legislação Estadual

MUNICÍPIOS - Poder Legislativo – Legislação Municipal

Hierarquia Das Leis: Caro (a) pós-graduando(a), é necessário compreender que as conceituações

relacionadas às leis, seja qual for a sua natureza (direito a ser protegido como manda a Constituição Federal de 1988), sempre estarão concentradas na seguinte consideração: uma lei nada mais é do que uma ordem de caráter positivo ou negativo que, pelo seu conteúdo explicativo, determina que alguém [pessoa física ou jurídica] faça ou deixe de fazer alguma coisa, e é elaborada por um determinado poder devidamente constituído de acordo com a Constituição Federal e aprovada na forma prevista constitucionalmente.

A lei também é conhecida como norma jurídica (SOILBEMANN, 1981, p. 251):

Norma é uma regra de conduta, podendo ser jurídica, moral, técnica, etc. Norma jurídica é uma regra de conduta imposta, admitida ou reconhecida pelo ordenamento jurídico. Norma e lei são usadas comumente como expressões equivalentes, mas norma abrange na verdade também o costume e os princípios gerais do direito. Há quem distinga norma de lei: a lei seria o ato que atesta a existência da norma que o direito vem reconhecer como de fato existente, ou das formas da norma. O art. 2º da Lei de Introdução ao C. Civ. alemão diz: “Lei, no sentido do C. Civ. e desta lei, é toda norma de direito”. Os autores franceses quase não empregam a

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Capítulo 1

expressão norma jurídica, preferindo falar em regra de direito. A classificação das normas jurídicas apresenta uma grande variedade entre os autores: primárias, secundárias, gerais, individualizadas, fundamentais, derivadas, legisladas, consuetudinárias, jurisprudenciais, nacionais, internacionais, locais, de vigência determinada ou indeterminada, de direito público ou privado, substanciais, adjetivas, imperativas, supletivas, de ordem pública, repressivas, preventivas, executivas, restitutivas, rescisórias, extintivas, constitucionais, federais, estaduais, municipais, ordinárias, complementares, negociais, de equidade, positivas, de organização, de comportamento, instrumentais, preceptivas, proibitivas, permissivas, particulares, autônomas, rígidas, elásticas, formais, materiais, construtivas, técnicas, etc. Duguit fez uma famosa distinção: regra de direito normativa ou norma jurídica propriamente dita, que determina uma ação ou abstenção, e regras de direito construtivas ou técnicas, que asseguram a aplicação das regras normativas.

Na realidade, trata-se de uma conceituação genérica sobre legislação e de fácil compreensão. A legislação é um conjunto complexo de princípios e normas que tem por objeto regulamentar, isto é, organizar, as relações de cidadania entre o Estado (Brasil) e seus cidadãos (nós), entre o Estado (Brasil) e os Municípios (que são as cidades nascidas da divisão geográfica e política dos Estados Brasileiros) e as demais atividades entre todos; as entidades e órgãos jurídicos públicos e os órgãos jurídicos privados.

Algumas leis são editadas para cumprirem sua finalidade dentro de um determinado prazo que interessa ao governo. Conforme os ensinamentos de Jesus (1995, p. 82), essas leis são as que possuem “[...] vigência previamente fixada pelo legislador. Este determina que a lei terá vigência até certa data”. Em geral, a vigência da lei é por prazo indeterminado. Na realidade, vigência é o período durante o qual a lei terá sua eficácia (prazo de validade durante o qual produzirá efeitos). De um modo geral, a vigência de uma lei termina pela sua revogação. Tal revogação pode ser previamente programada, como mencionado anteriormente.

A revogação também poderá ocorrer quando uma lei nova for devidamente aprovada e, em seus termos, estiver expressa a informação de que a nova lei passa a vigorar, ficando revogadas as leis e as disposições em contrário.

Em outras situações, quando o conteúdo legislativo foge do espírito legal

previsto na Constituição Federal de1988 e suas emendas, aqueles que, sentindo-

Norma é uma regra de condu-ta, podendo ser jurídica, moral,

técnica, etc. Nor-ma jurídica é uma regra de conduta imposta, admitida ou reconhecida

pelo ordenamento jurídico. Norma e lei são usadas

comumente como expressões equivalentes, mas norma abrange na verdade também o costume e os princípios gerais

do direito.

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Legislação e Normas Técnicas

se prejudicados, acabam pelos meios processuais legais ingressando com uma Ação Declaratória de Inconstitucionalidade.

O Estado Brasileiro é uma federação, formada pela União Federal, um Distrito Federal e 26 Estados, divididos em 5.561 Municípios, segundo informações do IBGE no ano de 2000. Todas essas entidades públicas são autônomas entre si, mas dependentes umas das outras na forma estabelecida na Constituição Federal de 1988, mantendo uma harmonia de poderes.

Estes poderes são conhecidos como: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário, os quais são independentes, mas harmônicos entre si.

Todo o órgão criado dentro do Poder Público ou Privado tem, no Brasil, regras e normas a serem seguidas para a sua estruturação organizacional, administrativa, financeira, profissional, educativa, social, psicológica, trabalhista, comercial, industrial, associativa, creditícias ou cooperativista dentre outras atividades humanas. E, na inexistência de lei ou norma nacional, dentro do processo legislativo brasileiro, essas mesmas regras e normas incorporam, aderem ou inserem leis, regras ou normas estrangeiras, desde que benéficas e homologadas pelo Congresso Nacional.

É interessante você saber a respeito do nosso processo legislativo, acessando o site: www.planalto.gov.br. No link “Manual de Redação da Presidência da República”, você poderá fazer um download. Será de grande utilidade, tanto na parte redacional da língua portuguesa, quanto para seus conhecimentos gerais como cidadão brasileiro, que sabe como as leis são criadas e aprovadas.

As leis, bem como todas as resoluções, portarias, normas e notas explicativas, seguem o procedimento denominado “processo legislativo”. Também seguem um procedimento sumário, constante dos manuais de procedimentos de cada um dos organismos estatais ou privados.

Consultando o site www.crea-sc.org.br, você encontrará um link sobre os manuais de fiscalização preparados para os variados ramos de engenharias existentes hoje. Constam nesses manuais, em conformidade com cada câmara respectiva ao setor de engenharia indicado, todos os procedimentos relacionados à fiscalização, que compete aos fiscais do CREA e, por desdobramento, ao interesse de todos os engenheiros, no tocante à segurança do trabalho, bem como à segurança das obras.egilação Federal.

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Legilação Brasileira e Normas Regulamentadoras Aplicáveis à Segurança do Trbalho

Capítulo 1

A legislação federal é elaborada pela UNIÃO FEDERAL (Governo Federal) através do Poder Legislativo Federal (Câmara Federal mais Senado Federal), regida pela “Carta Magna”, que é uma das denominações da Constituição Federal de 1988.

A Constituição Federal é a nascente de todos os ramos do Direito Brasileiro. Assim, teremos dentre outros: um ramo do Direito Constitucional, um ramo do Direito Eleitoral, um ramo do Direito Administrativo, um ramo do Direito Civil e um ramo do Direito do Trabalho.

É em relação a este último ramo do Direito, Direito do Trabalho, que dedicaremos mais atenção neste estudo. É dentro deste tema que se insere em profundidade a legislação do trabalho e as normas aplicáveis à segurança e à saúde do trabalhador.

Assim, tais normas provêm das seguintes fontes:

• Primeira: Constituição Federal de 1988.• Segunda: CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e convenções e

recomendações da OIT (Organização Internacional do Trabalho).• Terceira: Ministério do Trabalho e Renda, Ministério da Indústria e Comércio e Ministério da Seguridade Social.• Quarta: as regras e normas que provêm da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), bem como do CONFEA em nível federal. • Quinta: as regras e normas estaduais.• Sexta: as regras e normas municipais.

Para o devido entendimento da Legislação do Trabalho e de sua abrangência, é preciso que estudemos as Fontes da Legislação do Trabalho. Basicamente, para a nossa orientação, podemos nos servir das lições do Direito (DINIZ, 2011).

Desse modo, tem-se como Fontes Diretas:

a) Normais Legais – tais como a Constituição da República Federativa do Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho, outras leis, decretos, resoluções, portarias.

b) Normas Contratuais – contratos individuais de trabalho, convenções coletivas de trabalho.

Legilação FederalA legislação federal é ela-borada pela

UNIÃO FEDERAL (Governo Federal) através do Poder

Legislativo Federal (Câmara Federal mais Senado Fe-deral), regida pela

“Carta Magna”, que é uma das denominações da Constituição

Federal de 1988.

Tem-se como Fontes Diretas:Normais LegaisNormas Contra-

tuais

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Legislação e Normas Técnicas

Já as Fontes Indiretas, podem ser apontadas da seguinte forma: - a Jurisprudência.- a Analogia. - a Equidade. - os Princípios Gerais de Direito. - os Usos e Costumes. - o Direito Comparado [as Convenções da OIT] e o Direito Comum.

Assim, ordenadamente, as fontes dessa legislação consistem em dois tipos de fontes: as de natureza direta e as de natureza indireta da legislação trabalhista.

Elas serão nomeadas a fim de que, como benefício direto do aprendizado, o(a) acadêmico(a) possa escolher qual ou quais caminhos deverá tomar para solucionar as questões, seja a partir da legislação trabalhista ou a partir da vida corporativa, dentro de uma empresa.. Além disso, saberá como direcionar-se para uma solução positiva e satisfatória do assunto, fundamentando-se nas fontes do Direito do Trabalho.

Princípios Usuais do Direito do Trabalho

Para uma boa interpretação, quando estiver diante de uma problemática e precisar saber como proceder, regras básicas devem ser observadas, como os princípios usuais do Direito do Trabalho, além, é claro, do uso do bom senso e da pesquisa, ao ouvir ambas as partes, trabalhador e empresa.

Em função da hierarquia funcional, prevalece a “Norma mais favorável ao trabalhador” (exemplificando: nas questões de análise de uma Convenção Coletiva de Trabalho); “Condição mais benéfica ao trabalhador.” (por exemplo: uma questão salarial ou em decorrência de um turno de trabalho); “Irrenunciabilidade dos Direitos pelo Trabalhador” (o trabalhador não pode manifestar sua vontade contra um direito expresso em lei).

Glossário: A compreensão das palavras usadas documentalmente dentro da área do

Direito do Trabalho e que, por ventura, venham a ser utilizadas pelas partes envolvidas em questões trabalhistas e também envolvendo temas, tais como higiene, saúde e segurança do trabalho, fez com que o autor se preocupasse em auxiliar o especialista, fornecendo-lhe algumas palavras mais usuais nesta

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Legilação Brasileira e Normas Regulamentadoras Aplicáveis à Segurança do Trbalho

Capítulo 1

área, com o seu respectivo significado prático encontrado no Dicionário Aurélio (2010) e um dicionário jurídico ou num livro de curso de Direito do Trabalho. O conhecimento do significado evita confusões e desentendimentos, conforme palavras ou expressões técnicas:

• Acordos Coletivos – são acordos escritos que decidem os interesses de uma categoria profissional entre os sindicatos dos trabalhadores e os sindicatos patronais.

• Analogia – consiste em encontrar decisões de casos semelhantes, inexistentes no corpo legal e na Jurisprudência, para fins de aplicação ao caso que necessita de uma decisão.

• Convenção Coletiva – são as regras escritas a respeito dos interesses coletivos de uma categoria profissional e da classe empresarial, envolvendo a data-base de aumento salarial e resultante de uma assembleia na qual as tratativas chegam a uma conciliação trabalhista.

• Dissídio Coletivo – por sua vez, o dissídio coletivo provém de uma decisão judicial trabalhista junto a uma Vara Federal Trabalhista, fruto de um processo motivado por uma das partes quando não há um consenso em assembleia geral da categoria profissional ou empresarial e que é decidido junto ao Tribunal Regional do Trabalho da Região correspondente.

• Emenda Constitucional (EC) – vem a ser a aprovação de uma cláusula constitucional elaborada para alterar, acrescentar ou revogar determinado direito contemplado pela Constituição Federal. Tem um procedimento legislativo especial através do Congresso Nacional até a sua aprovação ou rejeição, que começa por meio de um Projeto de Emenda Constitucional (PEC)..

• Enunciado é uma espécie de discurso proferido pelo Superior Tribunal Federal sobre uma determinada matéria de direito que deve ser respeitada pelos cidadãos.

• Jurisprudência – é o conjunto de decisões transitadas em julgado (sobre as quais já não cabem mais recursos) nos Tribunais Regionais do Trabalho e os seus incidentes de uniformização (do Tribunal Superior do Trabalho), aplicando o direito aos casos concretos.

• Lei – Para alguns autores, é uma norma de conduta humana, elaborada por um poder competente e que traz consigo uma penalidade ou sanção, caso haja o seu descumprimento.

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Legislação e Normas Técnicas

• Leitura de uma lei – é necessário que se entenda que a lei segue a sistemática do processo legislativo para a sua elaboração. Entretanto, para o entendimento de uma pessoa leiga ou um cidadão comum, que não é versado no Direito, basta saber que a lei é dividida em Artigos, Incisos, Parágrafos e Alíneas. Na elaboração de uma lei, normalmente se especifica qual é o assunto que será tratado ou qual é tema principal. A este conteúdo inicial chamamos de “caput” em latim ou de “cabeça do artigo” em português. Na sequência, sendo necessário, faz-se uma divisão em Incisos, que são numerados em algarismos romanos. Há uma divisão dos assuntos também em Parágrafos (cujos sinais gráficos podem ser o famoso “jogo da velha” ou o sinal gráfico que representa uma ou mais cobrinhas). Na redação e especificação da lei pode surgir a necessidade de numeração em algarismos arábicos. É a forma representativa de uma Alínea.

• Medida Provisória (MP) – a medida provisória de uma medida legal, que não é lei, é editada pelo Poder Executivo Federal e tem respaldo na Constituição Federal de 1988 como se lei fosse até sua aprovação pelo Congresso Nacional. A medida provisória era válida por 30 dias até sua aprovação e podia ser reeditada mensalmente. Hoje, com base na EC nº32 de 11-09-2001, publicada no D.O.U de 12-09-2001, a MP passou a ter a validade de 60 dias e ser reeditada somente uma vez.

• Norma regulamentadora – são diretrizes administrativas expedidas por autoridade competente junto ao Ministério do Trabalho e Emprego,

principalmente de cunho preventivo à saúde, à higiene e à proteção ao trabalhador.

• Portaria – é um documento oficial de ato administrativo baixado por uma autoridade pública e destinado a dar instruções ou fazer determinações de várias ordens.

• Sentença normativa – julgamento ou decisão final proferida por um juiz, tribunal ou árbitro, finalizando um processo trabalhista.

• Súmula vinculante: – é o resumo das jurisprudências sobre determinadas matérias jurídicas. Entretanto, só ao Supremo Tribunal Federal cabe emitir súmula vinculante. As instâncias inferiores, assim, não podem decidir contrariamente ao que foi estipulado na súmula

vinculante. Diz-se que esta súmula tem efeito obrigatório, pois tira a liberdade do magistrado de decidir em conformidade com o seu critério pessoal de justiça. Compromete o duplo grau de jurisdição. Na realidade, é uma lei, no sentido amplo da palavra, de forma material, mas não é formal.

Norma regulamentadora - são diretrizes administrativas

expedidas por autoridade

competente junto ao Ministério do Trabalho e Emprego,

principalmente de cunho preventivo

à saúde, à higiene e à proteção ao

trabalhador.

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Legilação Brasileira e Normas Regulamentadoras Aplicáveis à Segurança do Trbalho

Capítulo 1

Para aumentar seu grau de compreensão e conhecimento em

torno do processo legislativo e das expressões utilizadas na Lei, por gentileza, leia o “Manual de Redação da Presidência da República”, acessando o site: www.planalto.gov.br

Dentro da complexidade da legislação federal, destaca-se um resumo do que contém a Constituição Federal de1988 e a Consolidação das Leis do Trabalho como segue:

Moraes (2002), ao falar sobre os Direitos Sociais em sua obra, traduz o entendimento de que no regramento constitucional, dentre outras coisas, a Constituição Federal de 1988 traz em seu conteúdo legal regras de Direito Constitucional que são aplicáveis ao Direito e aos contratos de trabalho, como, por exemplo: “ A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”, como consta no texto do Art. 5º, inciso XXXVI.

Foi promulgada em 05 de outubro de 1988 e já teve muitas modificações, sempre na busca da aplicação do melhor Direito.

De forma resumida, para o estudo da presente disciplina, é importante ter-se como referências, os seguintes artigos e incisos:

Art.5º- Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – incisos: I, XIII, XVIII, XIX, XX; Art.7º- Direitos dos Trabalhadores Urbanos e Rurais;Art.8º- Associação Profissional ou Sindical;Art.9º- Direito de Greve;O Ato das Disposições Transitórias (Garantias de Emprego).

Por sua vez, a Consolidação das Leis do Trabalho, mais conhecida como “CLT”, é fruto do Decreto-Lei nº 5.452 de 1º de Maio de 1943 e consiste numa forma sistematizada de várias leis existentes na época da sua criação, que foram sendo acrescidas dos novos instrumentos trabalhistas, criados conforme a evolução do mercado de trabalho e aperfeiçoados pelos juristas e doutrinadores trabalhistas que elaboraram tais ferramentas jurídicas.

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Legislação e Normas Técnicas

http://www.planalto.gov.br – link: legislação: Constituição da República Federativa do Brasil e Consolidação das Leis do Trabalho.

A legislação estadual é elaborada pelo ESTADO, através do Poder Legislativo Estadual. A respeito da segurança e saúde do trabalhador, tem-se como fonte básica no Estado o que consta na Constituição Estadual, sendo ínfima a intervenção estadual no que diz respeito ao tema, pois as principais referências da Secretaria Estadual de Trabalho e Renda dizem respeito, principalmente, à preocupação burocrática de que o trabalhador tenha seu trabalho legalmente contratado e com a sua renda consiga manter-se e manter sua família. Ao SINE (Sistema Nacional de Emprego), por delegação do Ministério do Trabalho e Emprego, cabe o encaminhamento da documentação para a obtenção da Carteira de Trabalho e Previdência Social (1ª ou 2ª via), da documentação para o recebimento do Seguro Desemprego, quando o trabalhador for demitido sem justa causa, dentre outras atribuições, que poderão ser conferidas no site do Ministério do Trabalho e Emprego.

Você irá surpreender-se com o que pode aprender ao visitar o site do Ministério do Trabalho e Emprego e os diversos links que estão disponíveis, uma vez que é importante para quem é empresário e, principalmente, para quem é trabalhador!

http://www.mte.gov.br Neste site você poderá pesquisar sobre legislação e dicas úteis e serviços essenciais ao cidadão.

Legislação MunicipalÉ a legislação elaborada pelo Município através do Poder Legislativo

Municipal, que é exercido pela Câmara de Vereadores. Um exemplo é a Lei Orgânica dos Municípios a qual dá toda a estrutura organizacional ao Município, bem como a divisão dos Poderes entre Poder Executivo e Poder Legislativo.

Legislação Estadual

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Legilação Brasileira e Normas Regulamentadoras Aplicáveis à Segurança do Trbalho

Capítulo 1

Outro exemplo a ser seguido pelos munícipes é o chamado “Código de Postura Municipal”, que estabelece regras, como, por exemplo, cuidados necessários para a edificação de imóveis. Outro, é o “Código de Vigilância Sanitária” e a “Lei de Parcelamento de solos”. Outro exemplo é constituído pelas normas legais do “Plano Diretor do Município” e as questões ambientais controladas pelo órgão próprio municipal. O princípio da territorialidade vigora dentro dos limites de cada município.

Ao Município compete, de acordo com a legislação vigente, em matéria de Segurança e Saúde do Trabalhador, vigiar e autuar os estabelecimentos comerciais, industriais e canteiros de obras, nas suas fiscalizações de postura ou Vigilância Sanitária e/ou impulsionado pelos órgãos hierarquicamente superiores, quando houver denúncias de atos infracionais contra a segurança e a saúde do trabalhador no Município.

http://www.leismunicipais.com.br Visite o site do seu Município, sede de sua residência e navegue nos diversos links que estão disponíveis no site.

Atividade de Estudos:

1) Como atividade complementar, caro(a) acadêmico(a), pesquise e anote explicando o significado dos seguintes termos:

Enunciado: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Emenda Institucional: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________

Sentença Normativa: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

Outro exemplo a ser seguido pelos

munícipes é o chamado “Código de Postura Munici-pal”, que estabe-

lece regras, como, por exemplo, cui-dados necessários para a edificação

de imóveis.

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Legislação e Normas Técnicas

Algumas ConsideraçõesO estudo da Legislação e Normas Técnicas está na condição de espinha

dorsal desta pós-graduação, posto que do entendimento inicial da formação do Estado Brasileiro, sua estruturação e distribuição de poderes até a criação das leis e normas regulamentadoras. Você estará apto para opinar e orientar qual ou quais os caminhos que deverá tomar para solucionar questões que a legislação trabalhista lhe apresentar ou que a vida corporativa, dentro de uma empresa, proporcionar-lhe. Além disso, saberá como direcionar-se para uma solução positiva e satisfatória do assunto, com uma fundamentação sólida e legal, quando não puder dispor de uma assessoria ou consultoria jurídica ao seu dispor.

ReferênciasBRASIL. Constituição Federal – República Federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2012.

DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 19. ed. São Paulo: Saraiva,1995. Vol. 1.

MARTINS, Melchíades Rodrigues; FERRARI, Irany; COSTA, Armando Casimiro.(Org.). CLT. 41. ed. São Paulo: LTr, 2013.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

SOILBEMANN ENCICLOPÉDIA JURÍDICA. Normas Jurídicas. 1981. Disponível em: <http://www.elfez.com.br/elfez/Normajuridica.html>. Acesso em: 10 jun. 2013.

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CAPÍTULO 2

Constituição Federal

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

� Esclarecer, nos textos de lei, os suportes legais que proporcionaram o desenvolvimento das regras para a Segurança do Trabalho e quais as penalidades pelo descumprimento da legislação.

� Aplicar o conteúdo do texto legal para a solução de situações fáticas que surjam no exercício profissional do especialista.

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Legislação e Normas Técnicas

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Constituição Federal Capítulo 2

Neste capítulo, o futuro especialista esclarecerá, nos textos de lei, os suportes legais que proporcionaram o desenvolvimento das regras para a Segurança do Trabalho e quais as penalidades pelo descumprimento da legislação.

Com este cabedal aplicará o conteúdo do texto legal para a solução de situações fáticas que surjam no exercício profissional do especialista, bem como no ambiente de trabalho, empresa pública ou privada.

Nos seus estudos e baseado na legislação existente, verificará que os fundamentos legais, os quais dão suporte ao exercício profissional dos engenheiros e técnicos em segurança do trabalho, baseiam-se na Constituição Federal Brasileira.

A legislação trazida através da Consolidação das Leis do Trabalho e o conjunto de regras e normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego são aquelas sobre as quais deverá trabalhar, a fim de firmar, por exemplo, a exigência das proteções individuais no trabalho a serem fornecida pelas empresas.

Na sua atividade profissional, o(a) acadêmico(a) interpretará os textos da lei e das normas técnicas, a fim de que haja a compreensão de todos os agentes envolvidos com a questão da prevenção, para obter-se a excelência em matéria de segurança do trabalho, conscientizando-os sobre a necessidade do uso de EPIs (MIGUEL, 2010) e outros cuidados no trabalho, cuja competência de alcance intelectual e prática pertence ao campo da “Higiene do Trabalho”.

Constituição FederalNo presente Caderno de Estudos uma abordagem profunda do texto legal

demonstrará que a proteção ao trabalhador está expressa já a partir do capítulo específico a respeito das garantias e direitos individuais do cidadão brasileiro.

É através dos vários ramos do Direito, contemplados naquela que é chamada de “mãe das leis brasileiras”, isto é, a Carta Magna, a Carta Maior, que eu e você poderemos constatar que existe uma hierarquia das leis.

Só mediante sua leitura é que, de uma forma interessante, conseguiremos visualizar no texto legislativo as regras que regulam nossa vida, como matéria integrante da vida diária de cada cidadão brasileiro.

Contextualização

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Legislação e Normas Técnicas

Por meio da Constituição Federal é que podemos entender a maneira pela qual as regras trabalhistas e aquelas inscritas no Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalham vigoram e funcionam.

Dessa compreensão é que a CLT, ao tratar sobre aquele diploma legal da Medicina do Trabalho, demonstra que a responsabilidade não é somente pela saúde ou pela higiene do trabalho, mas que também existe a responsabilidade pela Segurança do Trabalho.

Para que funcione, esta legislação e as normas regulamentadoras existentes, a princípio, precisam ser fiscalizadas pelos órgãos próprios do Ministério do Trabalho, que possui seus serviços de fiscalização

tanto nas empresas privadas como nas empresas públicas.

Tais serviços podem ser delegados para o Estado e para o Município. Outra forma de atuação, que conta com a participação dos quatro entes jurídicos públicos, (União, Distrito Federal, Estados e Municípios), mais rara, é aquela ação deflagrada sob a forma de uma chamada “força tarefa” e sob o comando dos Ministérios envolvidos, para proporcionar investigações e autuações nas áreas de sua competência e, assim, darem uma resposta ao clamor público sobre supostas irregularidades no cumprimento das leis contra entidades, sejam elas governamentais, sejam privadas.

Da aplicação adequada da legislação, seja diretamente da Constituição Federal, seja da CLT ou das normas regulamentadoras provindas do Ministério do Trabalho e Renda, os benefícios serão, de um modo geral, bons para as empresas de qualquer natureza jurídica, pois haverá um custo menor na produção dos produtos ou na prestação de serviços, bem como para os trabalhadores em qualquer área de atividade laboral.

Haverá para os trabalhadores uma satisfação maior, principalmente, em relação à qualidade de vida e à consciência de saberem que existe uma preocupação material e psicológica pela proteção à sua saúde e à sua vida.

Um grandioso benefício que o investimento em prevenção traz para os empresários é que, além de custos menores, haverá o reconhecimento quanto à sua participação e preocupação quanto à sua responsabilidade social. Ora, num mundo misto de boas e más ações de qualquer natureza, bem como altamente competitivo, a exposição na mídia em geral dessa característica certamente garantirá a credibilidade dos produtos e dos serviços prestados.

Observando-se a urgente necessidade dos empresários de produzir e prestar serviços dentro de normas de segurança, seguindo os padrões estabelecidos em

Por meio da Constituição

Federal é que podemos entender

a maneira pela qual as regras trabalhistas e

aquelas inscritas no Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalham

vigoram e funcionam.

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Constituição Federal Capítulo 2

lei e regras de fácil compreensão é que nesta disciplina do curso de MBA procurou-se estabelecer um diálogo, permitindo conhecer e utilizar a legislação vigente. Serão comentadas e indicadas, de forma sucinta, as normas regulamentadoras, mais leis e decretos, bem como portarias e instruções normativas.

Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para Produção ou a Circulação de Bens ou de Serviços. Art.966 CC - Legislação Código Civil, 2002.

Chama-se a atenção para uma importante inserção a respeito da Organização Internacional do Trabalho e de suas convenções (nos 155 e 161 da OIT) as quais foram ratificadas pelos Brasil, tornando-as de uso imediato, porque também regulamentaram ações de proteção do trabalhador quanto à saúde, aos riscos e às condições perigosas e insalubres.

Com a Constituição da República Federativa do Brasil, em 1988, foram lançados os principais fundamentos para a redução de riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de meio ambiente do trabalho, saúde, higiene e segurança.

Constitucionalmente, o fundamento da proteção à saúde do trabalhador está baseado no princípio “da vida com dignidade”. O ponto central é a redução do risco de doença, como enfatiza o Art.7º, inciso XI, e, de igual forma, o Art.200, inciso VIII, que protege o meio ambiente de trabalho. Refletindo-se sobre o tema, verifica-se que o Art.193 CF/88 expõe: “a ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”.

Pela CF/88 cabe ao empregador a obrigação de tomar as providências necessárias para reduzir os riscos ligados diretamente ao trabalho, por meio do cumprimento de normas de saúde, higiene e segurança do trabalho, como está espelhado no texto do inciso XXII do Art.7º da Constituição Brasileira.

Há a proteção legal, tanto urbana como a proteção para o trabalhador rural.

O Ministério do Trabalho, por meio de uma Portaria de nº 3.067, publicada no dia 12 de abril de 1988, aprovou cinco Normas Regulamentadoras Rurais vigentes, que são as de número: NRR1-Disposições Gerais; NRR 2 – Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – SEPATR; NRR 3 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR; NRR 4 – Equipamento de Proteção Individual – EPI e NRR 5 – Produtos Químicos, que foram reunidas na nova NR-31, a qual revogou as Normas Regulamentadoras Rurais. (MORAES, 2011).

O Art.193 CF/88 expõe: “a ordem social tem como

base o primado do trabalho, e como objetivo o bem--estar e a justiça

sociais”.

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Legislação e Normas Técnicas

Como complementação preliminar, tem-se o Rol de Normas Regulamentadoras, ou seja, 28 NRs foram aprovadas pela Portaria no 3.214 de 1978. Nesta análise constatar-se-á que pela Portaria SSST nº 53 de 17 de dezembro de 1997 foi aprovada a NR nº 29 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário. E que a NR nº 30, de autoria do agora denominado Ministério do Trabalho e Emprego, tratou de criar a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário. Já a Norma Regulamentadora nº 31 unificou as 5 NRs Rurais e normatizou a Segurança e Saúde do Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura. Além disso, há as NRs 32, 33, 34, 35 e 36. (MORAES, 2011).

Legislação AcidentáriaPartindo da CF/88, a qual estabeleceu os princípios de proteção à vida, à

saúde e à segurança dos trabalhadores brasileiros, passa-se à Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que será estudada no próximo capítulo. Na sequência do presente estudo, verificam-se as regras do Código Civil Brasileiro, no qual se encontram as definições de responsabilidade civil e empresarial sobre os atos contratuais praticados envolvendo terceiros (trabalhadores, por exemplo) e o que emana sobre a parte contratante a respeito de indenizações, pensões alimentícias, danos materiais e morais, caso fiquem constatadas práticas ilícitas, ou imprudentes, ou imperitas pelas quais devam responder em ações judiciais por ressarcimento de danos, independente de condenações trabalhistas ou previdenciárias.

Interessante consultar no site: http://bd.camara.gov.br o link do Centro de Documentação e Informação sobre o opúsculo de 51 páginas, “Saúde do Trabalhador Legislação Federal” de Carvalho, Cláudio V., Brasília, 2011.

Não se pode esquecer, neste material de estudo, o fato de que, dependendo do tipo, os acidentes de trabalho ocorridos nas empresas ou nas obras, tanto públicas como civis, de nível nacional ou transnacional, também integram a relação legislativa, toda a legislação penal e processual penal brasileira. Conforme a necessidade, a legislação deverá ser pesquisada e abordada, mesmo que seja para simples consulta e orientação dos envolvidos nas questões administrativas ou judiciais.

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Constituição Federal Capítulo 2

Legislação PrevidenciáriaÉ a legislação que foi elaborada no sentido de auxiliar o trabalhador por

ocasião de diversos tipos de eventos que podem ocorrer durante sua vida laboral. Dessa forma, constata-se, inicialmente, a preocupação sobre o seguro previdenciário, concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social, após requerimento e realização de perícia médica, quando confirmada a necessidade do afastamento temporário ou definitivo do trabalhador em face da ocorrência de acidente do trabalho. Em algumas oportunidades, o afastamento é menor do que 15 (quinze dias) ou maior de 30 (trinta) dias, quando é destinado ao trabalhador ou trabalhadora o pagamento denominado auxílio-doença. Em outras ocasiões, a perícia, constatando que houve uma invalidez, seja ela parcial ou permanente, fará o enquadramento oficial para a aposentadoria por invalidez temporária ou definitiva, com a percepção monetária de uma pensão.

Assim como eu, você, na vontade de crescer em sabedoria, verá o amplo conteúdo de sugestão para a verificação da legislação previdenciária no site: http://www3.dataprev.gov.br/sislex.

Legislação ProfissionalRelativamente à Legislação Profissional, muito embora no Brasil existam,

até o momento, cerca de 62 (sessenta e duas) profissões devidamente regulamentadas, abordar-se-á e se indicarão aquelas que mais dizem respeito ao universo propriamente dito desta disciplina, face o interesse, ressalvando a inclusão posterior de alguma profissão não mencionada involuntariamente.

Aproveite, caro(a) acadêmico(a), a fim de aumentar seu grau de sabedoria, para conhecer as profissões regulamentadas, no site: www.mte.gov.br.

Assim, diretamente ligada ao tema principal deste MBA, encontra-se a Lei nº 4.215/63, que é o Estatuto da Advocacia Brasileira, a qual rege profissionalmente os advogados.

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Legislação e Normas Técnicas

Aquela frase “é bom cada pessoa ter seu advogado” (autor anônimo), provavelmente fará com que acesse www.oab.sc.org.br para tomar conhecimento do conteúdo da Lei nº4.215/63 e saber um pouco mais sobre esta nobre profissão.

Inúmeros advogados certamente têm percorrido os meandros legislativos, buscando uma solução para os casos que lhes são submetidos na área de Acidentes do Trabalho, buscando defender ora os interesses do trabalhador, ora os interesses dos empregadores. Vão pesquisar dentro do espaço da jurisprudência, da legislação e das normas regulamentadoras, bem como convenções internacionais de saúde e segurança do trabalho, além dos acordos internacionais de previdência social, mantidos entre o Brasil e os países com os quais são estabelecidos acordos bilaterais, como: Cabo Verde, Chile, Espanha, Grécia, Itália, Japão, Luxemburgo, Portugal. Estão pendentes de ratificação pelo Congresso Nacional: com a Alemanha e a Bélgica. O Brasil ainda possui acordos multilaterais: Ibero-americano (em vigor para os seguintes países: Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Espanha, Paraguai e Uruguai) que entrou em vigor em maio/2011, e MERCOSUL (Argentina, Paraguai e Uruguai), conforme Decreto Legislativo nº451/2001 de 15/12/1997.

Saber nunca é demais, conheça sobre os acordos multilaterais. Por isso, recomendo que para conhecer mais sobre o assunto acima acesse o site: http://www3.dataprev.gov.br./sislex/paginas/02/indice.htm

O conhecimento dos acordos bilaterais e multilaterais da Previdência implica um saber jurídico de como agir em relação ao fato de os trabalhadores brasileiros prestarem a mão de obra em contratos realizados com países estrangeiros. Estão sendo contratados por grandes empresas nacionais que ganharam concorrências internacionais, principalmente da construção civil e da indústria petrolífera, para obras em vários e diferentes lugares e países. Estes mesmos trabalhadores são abrangidos pela Legislação e as Normas Reguladoras nas quais você agora está se especializando.

Os riscos à vida, à saúde e à segurança do trabalho para aqueles brasileiros contratados por essas empresas são inerentes à responsabilidade e à grandiosidade das obras que estão sendo realizadas. Citam-se dois exemplos: a

O Brasil ainda possui acordos

multilaterais: Ibero-americano (em vigor para os seguintes países:

Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Espanha, Para-guai e Uruguai)

que entrou em vi-gor em maio/2011,

e MERCOSUL (Argentina,

Paraguai e Uru-guai), conforme

Decreto Legislati-vo nº451/2001 de

15/12/1997.

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Constituição Federal Capítulo 2

fabricação de aviões pela Embraer na China e as autoestradas em países árabes pelo Consórcio Camargo Correa.

Não se pode fechar os olhos para os grandes desafios que são as explorações de petróleo, bem como outras matérias-primas que, de uma forma ou de outra, exigem a proteção legal e instrumental através das normas reguladoras brasileiras, como é o caso da NR-20 que trata das “definições e dos aspectos de segurança envolvendo atividades com líquidos inflamáveis e combustíveis, GLP e outros gases inflamáveis”, citada por Moraes (2011).

Como pelo princípio da territorialidade, as contratações da mão de obra são feitas no Brasil, todos os trabalhadores das plataformas petrolíferas e da indústria e comércio de líquidos inflamáveis, combustíveis, GPL e outros combustíveis deverão obedecer a norma reguladora NR-20 e seus anexos.

Já, por sua vez, a Lei nº 5.194 de 24/12/1966, que definiu a profissão de Engenheiro, em qualquer modalidade e especificidade de abordagem profissional, foi modificada pela Lei nº 12.378 de 31 de dezembro de 2010, que regulamentou a profissão de Arquiteto e Urbanista no Brasil.

Conheça melhor a Lei nº12.378 de 31 de dezembro de 2010, que trata da diferenciação do CREA e o CAU. O texto legal obtém-se no site: http://www4.planalto.gov.br

Ao encontro de nosso estudo, é preciso referir-se à profissão médica, com especificidade na saúde do trabalhador. Essa profissão é regulamentada por um grande conjunto legislativo. Assim como o Engenheiro especializado em Segurança no Trabalho, também o Médico que destinou seus afazeres médicos nessa carreira tem, como já citado anteriormente, a obrigação dentro de suas competências profissionais de respeitar tal legislação e normas reguladoras.

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Legislação e Normas Técnicas

Atividades de Estudos:

1) Quais são os objetivos da utilização de EPIs?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) Aponte duas razões para a existência da CIPA? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Constituição Federal Capítulo 2

Algumas ConsideraçõesPara melhor compreensão deste capítulo é bom que se tenha em mente

que, como qualquer cidadão brasileiro, todos os profissionais devem respeito à Constituição Federal/88 e as Leis Estaduais, Leis Orgânicas, tanto do Distrito Federal, bem como dos Municípios e a toda a legislação brasileira não citada especificamente, mas que está em vigor. Também estão sujeitos a respeitarem a legislação trabalhista, previdenciária, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, o Código Civil, o Código Penal, as leis do Código Tributário Nacional, dos Estados e Municípios, o Código Florestal Federal e Estadual, as leis que regem o Meio Ambiente, o Trânsito, enfim, todas as normas e convenções da sociedade em geral e isso em nível nacional e internacional no que competir em suas atuações.

A legislação acima mencionada pode perfeitamente ser consultada no site do Planalto: http://www4.planalto.gov.br

ReferênciasMIGUEL, Alberto S. S. R. Manual de Higiene e Segurança do Trabalho. 11. ed. Porto: Porto Editora, 2010.

MORAES, Giovanni A. Normas Regulamentadoras Comentadas. 8. ed. rev. Rio de Janeiro: Gerenciamento Verde, 2011.

PREVIDENCIA SOCIAL. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br./sislex/paginas/02/indice.htm>. Acesso em 19 mar. 2013.

REIS, Roberto Salvador. Segurança e Medicina do Trabalho – Normas Regulamentadoras. 6. ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2010.

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Legislação e Normas Técnicas

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CAPÍTULO 3

Consolidação das Leis do Trabalho

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

� Apontar, nos textos de lei, os fundamentos legais que amparam a Segurança no Trabalho.

� Avaliar a necessidade de prevenção e proteção de Segurança no Trabalho.

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Legislação e Normas Técnicas

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

O estudo da disciplina de Segurança do Trabalho é realizado no sentido de chamá-lo (a) a ter os maiores cuidados com a vida dos trabalhadores. Seus estudos deverão ser aplicados principalmente em favor dos trabalhadores que formam a maioria cidadã a qual produz e sustenta este País.

Assim, convido-o (a) à leitura das variadas seções da CLT, em seu Capítulo V, que contém, além das disposições gerais, as questões fundamentais, autoexplicativas por seções, do conteúdo da Segurança e Medicina do Trabalho.

Dentro da temática da Segurança e Medicina do Trabalho, para fins de conhecimento do texto legal utilizado atualmente, o autor deste caderno permitiu-se reproduzir da Consolidação das Leis do Trabalho (BRASIL, 2012) o capítulo próprio – Capítulo V - seguindo a redação dada pela Lei nº 6.514.

Assim, prezado (a) acadêmico (a), o fracionamento do texto na medida da necessidade de comentários, visou facilitar sua reflexão, posto que a linguagem da referida lei é perfeitamente compreensível aos leitores e estudiosos do texto legal, como segue no decorrer deste capítulo.

Boa leitura!

A Segurança e a Medicina do Trabalho

Os cuidados em minimizar os problemas inerentes ao exercício profissional dos trabalhadores, empregados em qualquer setor econômico brasileiro, não diminui o zelo e a necessidade de serem observadas as regras nacionais contidas na CLT, bem como reforçar, de modo imperioso, o fato de que outras normas e disposições relativas à Saúde, à Higiene e à Segurança do Trabalho sejam obedecidas. Verifique a seguir as Disposições Gerais do Art. 154.

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Contextualização

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Legislação e Normas Técnicas

Art. 154 – A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste Capítulo, não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios em que se situem os respectivos estabelecimentos, bem como daquelas oriundas de convenções coletivas de trabalho.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

É pouco relevante se essas regras são de natureza municipal, estadual ou federal, ou até aquelas que tenham nascido como fruto das discussões em convenções coletivas de trabalho. O que prevalece sempre nessas discussões e decisões é o princípio dos direitos mais benéficos em favor do trabalhador.

Por sua vez, na questão de definir a competência e aplicação das normas e inclusive a fiscalização das empresas, o Artigo 155 da CLT é muito explícito e enfático no modo de proceder por parte do Estado (entendido como a União, os Estados e os Municípios). Em virtude disso, é importante a leitura complementar abaixo para que se tenha uma ótima compreensão do contexto em matéria de medicina e segurança do trabalho:

Art. 155 – Incumbe ao órgão de âmbito nacional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho:

I – estabelecer, nos limites de sua competência, normas sobre a aplicação dos preceitos deste Capítulo, especialmente os referidos no art. 200;

II – coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fiscalização e as demais atividades relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho em todo o território nacional, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho;

III – conhecer, em última instância, dos recursos, voluntários ou de ofício, das decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matéria de segurança e medicina do trabalho.

Art. 156 – Compete especialmente às Delegacias Regionais do Trabalho, nos limites de sua jurisdição:

I – promover a fiscalização do cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho;

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

II – adotar as medidas que se tornem exigíveis, em virtude das disposições deste Capítulo, determinando as obras e reparos que, em qualquer local de trabalho, se façam necessárias;

III – impor as penalidades cabíveis por descumprimento das normas constantes deste Capítulo, nos termos do Art. 201.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

E, como forma de evitarem-se problemas para as empresas, é urgente e mais do que necessário que os empresários contratem profissionais especializados em Medicina e Segurança do Trabalho e façam convênios com as empresas especializadas no setor. Face à necessidade de proteção à vida do trabalhador, o Ministério do Trabalho e Emprego editou as Normas Regulamentadoras as quais serão objeto de estudo num próximo capítulo deste Caderno de Legislação e Normas Regulamentadoras. Quanto ao papel das empresas, sejam as empregadoras principais, sejam as subempregadoras ou terceirizações, a CLT apresenta:

Art. 157 – Cabe às empresas:I – cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina

do trabalho;II – instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto

às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;

III – adotar as medidas que lhe sejam determinadas pelo órgão regional competente;

IV – facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.

Leitura Complementar:

No diz respeito aos empregados, verifica-se que:

Art. 158 – Cabe aos empregados:I – observar as normas de segurança e medicina do trabalho,

inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior;II – colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos

deste Capítulo.

Parágrafo único – Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:

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Legislação e Normas Técnicas

a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo anterior;

b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.

Art. 159 – Mediante convênio autorizado pelo Ministério do Trabalho, poderão ser delegadas a outros órgãos federais, estaduais ou municipais atribuições de fiscalização ou orientação às empresas quanto ao cumprimento das disposições constantes deste Capítulo.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

Em se tratando da liberação de um estabelecimento de qualquer natureza por meio da fiscalização exercida pelas Delegacias Regionais do Trabalho, existe por obrigação legal (vide a Seção II, do Art. 160 e 161 completos da CLT) a questão da Inspeção Prévia e de Embargo ou Interdição, como forma de o Estado cumprir sua contrapartida nesse processo de proteção e prevenção em matéria de Segurança do Trabalho. Observe o que consta na Lei sobre o tema:

SEÇÃO II

Da Inspeção Prévia e do Embargo ou Interdição

Art. 160 – Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho.

§ 1º – Nova inspeção deverá ser feita quando ocorrer modificação substancial nas instalações, inclusive equipamentos, que a empresa fica obrigada a comunicar, prontamente, à Delegacia Regional do Trabalho.

§ 2º – É facultado às empresas solicitar prévia aprovação, pela Delegacia Regional do Trabalho, dos projetos de construção e respectivas instalações.

Art. 161 – O Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico do serviço competente que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá interditar estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargar obra, indicando na decisão, tomada com a brevidade que a ocorrência exigir, as providências que deverão ser adotadas para prevenção

Em se tratando da liberação de um estabelecimen-to de qualquer

natureza por meio da fiscalização

exercida pelas De-legacias Regionais do Trabalho, existe por obrigação le-gal a questão da Inspeção Prévia e de Embargo ou Interdição,

como forma de o Estado cumprir

sua contrapartida nesse processo de proteção e preven-

ção em matéria de Segurança do

Trabalho.

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

de infortúnios de trabalho.

§ 1º – As autoridades federais, estaduais e municipais darão imediato apoio às medidas determinadas pelo Delegado Regional do Trabalho.

§ 2º – A interdição ou embargo poderão ser requeridos pelo serviço competente da Delegacia Regional do Trabalho e, ainda, por agente da inspeção do trabalho ou por entidade sindical.

§ 3º – Da decisão do Delegado Regional do Trabalho poderão os interessados recorrer, no prazo de 10 (dez) dias, para o órgão de âmbito nacional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho, ao qual será facultado dar efeito suspensivo ao recurso.

§ 4º – Responderá por desobediência, além das medidas penais cabíveis, quem, após determinada a interdição ou embargo, ordenar ou permitir o funcionamento do estabelecimento ou de um dos seus setores, a utilização de máquina ou equipamento, ou o prosseguimento de obra, se, em consequência, resultarem danos a terceiros.

§ 5º – O Delegado Regional do Trabalho, independente de recurso, e após laudo técnico do serviço competente, poderá levantar a interdição.

§ 6º – Durante a paralisação dos serviços, em decorrência da interdição ou embargo, os empregados receberão os salários como se estivessem em efetivo exercício.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

Assim como o Estado tem suas atribuições, os empregadores e os empregados também as têm. Às empresas competem a constituição e atuação da CIPA – COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES, formada por representantes da empresa e dos empregados. (NASCIMENTO, 2013). Tal obrigatoriedade está expressa no texto legal:

SEÇÃO III

Dos Órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas Empresas

Art. 162 – As empresas, de acordo com normas a serem

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Legislação e Normas Técnicas

expedidas pelo Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho.

Parágrafo único – As normas a que se refere este artigo estabelecerão:

a) classificação das empresas segundo o número mínimo de empregados e a natureza do risco de suas atividades;

b) o número mínimo de profissionais especializados exigido de cada empresa, segundo o grupo em que se classifique, na forma da alínea anterior;

c) a qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu regime de trabalho;

d) as demais características e atribuições dos serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho, nas empresas.

Art. 163 – Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA -, de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas.

Parágrafo único – O Ministério do Trabalho regulamentará as atribuições, a composição e o funcionamento das CIPAs.

Art. 164 – Cada CIPA será composta de representantes da empresa e dos empregados, de acordo com os critérios que vierem a ser adotados na regulamentação de que trata o parágrafo único do artigo anterior.

§ 1º – Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão por eles designados.

§ 2º – Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados.

§ 3º – O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano, permitida uma reeleição.

§ 4º – O disposto no parágrafo anterior não se aplicará ao membro suplente que, durante o seu mandato, tenha participado de menos da metade do número das reuniões da CIPA.

§ 5º – O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o Presidente da CIPA, e os empregados elegerão, dentre eles, o Vice-Presidente.

Art. 165 – Os titulares da representação dos empregados nas ClPAs não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

Parágrafo único – Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso de reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar a existência de qualquer dos motivos mencionados neste artigo, sob pena de ser condenado a reintegrar o empregado.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

No exercício das atividades laborais, os trabalhos deverão desenvolver-se dentro das metas planejadas pelos programadores de cada empresa de engenharia, ou dos laboratórios, ou das fábricas de quaisquer produtos ou plataformas de petróleo, enfim, em qualquer uma das atividades econômicas, inclusive rural.

Com a utilização dos modernos recursos existentes hoje, não existe atividade econômica que possa dispensar os cuidados para com o trabalhador, exigidos pela Medicina e Segurança do Trabalho. Tal perspectiva se estende às diversas modalidades de transporte de cargas, seja modal, terrestre, aquaviário, férreo, aéreo ou cibernético, até mesmo numa plataforma para disparo de foguetes.

O planejamento da prevenção deverá, com base nos conhecimentos dos especialistas em Segurança do Trabalho, seguir uma previsão de providências e, na sequência, com base num ordenamento, aquilo que for analisado e concluído na elaboração de um laudo pericial, que determine que a empresa forneça a cada trabalhador, independentemente do seu grau de hierarquia, o equipamento de proteção individual adequado e, cobre, fiscalize o uso do citado equipamento de segurança.

Por isso, numa amplitude muito grande, mas de forma sucinta, a Consolidação das Leis do Trabalho trata, no Capítulo V, seção IV, em seus artigos 166 e 167 deste assunto e determina que “a empresa é obrigada a fornecer aos empregados e de forma gratuita equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento,”

Aqui no Brasil, além do que consta no teor do Art. 167 da CLT (BRASIL, 2012), deve-se obedecer às diretrizes do INMETRO (Instituto Brasileiro de Metrologia) somente utilizando-se “Equipamentos de Proteção Individual, aprovados e com selo do INMETRO”.

Com a utilização dos modernos recursos exis-

tentes hoje, não existe atividade econômica que possa dispensar os cuidados para

com o trabalhador, exigidos pela Me-dicina e Seguran-ça do Trabalho.

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Legislação e Normas Técnicas

O INMETRO é uma autarquia com autonomia, vinculada ao Ministério da Indústria e Comércio, a quem compete a normatização da fabricação e fiscalização da utilização dos produtos aprovados, com o fim de proteção da saúde e da vida dos cidadãos em geral. Atuando em conjunto com a Polícia Federal do Brasil, evita as fraudes, combate os crimes de sonegação fiscal, contrabando internacional e faz apreensões de mercadorias e produtos falsificados.

SEÇÃO IV

Art. 166 – A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.

Art. 167 – O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

Como complementação do estudo, há que referir-se à Seção V – a respeito das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho, pois, dependendo do tipo de atividade econômica desenvolvida pelos empregadores, deverão zelar obrigatoriamente pela observação e cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho, para prevenção de infortúnios relativos ao trabalho. O desleixo ou o descuido dessas normas poderão trazer um aumento da responsabilidade civil ou penal por algum motivo grave, caso algum imprevisto ocorra e dê causa para a apuração dos ilícitos ocorridos.

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

SEÇÃO V

Das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho

Art. 168 – Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho: (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

I – na admissão; (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

II – na demissão; (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

III – periodicamente. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

§ 1º – O Ministério do Trabalho baixará instruções relativas aos casos em que serão exigíveis exames: (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

a) por ocasião da demissão; (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

b) complementares. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

§ 2º – Outros exames complementares poderão ser exigidos, a critério médico, para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a função que deva exercer. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

§ 3º – O Ministério do Trabalho estabelecerá, de acordo com o risco da atividade e o tempo de exposição, a periodicidade dos exames médicos. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

§ 4º – O empregador manterá, no estabelecimento, o material necessário à prestação de primeiros socorros médicos, de acordo com o risco da atividade. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

§ 5º – O resultado dos exames médicos, inclusive o exame complementar, será comunicado ao trabalhador, observados os preceitos da ética médica. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

Art. 169 – Será obrigatória a notificação das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condições especiais de

Será obrigatório exame médico,

por conta do em-pregador, nas con-dições estabele-cidas neste artigo e nas instruções

complementares a serem expedidas pelo Ministério do

Trabalho.

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trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

Em se tratando, principalmente, das questões de segurança no trabalho, as seções a partir da sexta tratam de temas específicos, como as questões das edificações, da iluminação, do conforto térmico, das instalações elétricas, cujas regras são autoexplicativas e merecedoras de citação, como segue:

SEÇÃO VI

Das Edificações

Art. 170 – As edificações deverão obedecer aos requisitos técnicos que garantam perfeita segurança aos que nelas trabalhem.

Art. 171 – Os locais de trabalho deverão ter, no mínimo, 3 (três) metros de pé-direito, assim considerada a altura livre do piso ao teto.

Parágrafo único – Poderá ser reduzido esse mínimo desde que atendidas as condições de iluminação e conforto térmico compatíveis com a natureza do trabalho, sujeitando-se tal redução ao controle do órgão competente em matéria de segurança e medicina do trabalho.

Art. 172 – Os pisos dos locais de trabalho não deverão apresentar saliências nem depressões que prejudiquem a circulação de pessoas ou a movimentação de materiais.

Art. 173 – As aberturas nos pisos e paredes serão protegidas de forma que impeçam a queda de pessoas ou de objetos.

Art. 174 – As paredes, escadas, rampas de acesso, passarelas, pisos, corredores, coberturas e passagens dos locais de trabalho deverão obedecer às condições de segurança e de higiene do trabalho estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e manter-se em perfeito estado de conservação e limpeza.

SEÇÃO VII

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

Da Iluminação

Art. 175 – Em todos os locais de trabalho deverá haver iluminação adequada, natural ou artificial, apropriada à natureza da atividade.

#1º – A iluminação deverá ser uniformemente distribuída, geral e difusa, a fim de evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. O Ministério do Trabalho estabelecerá os níveis mínimos de iluminação a serem observados.

SEÇÃO VIII

Do Conforto Térmico

Art. 176 – Os locais de trabalho deverão ter ventilação natural, compatível com o serviço realizado.

Parágrafo único – A ventilação artificial será obrigatória sempre que a natural não preencha as condições de conforto térmico.

Art. 177 – Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em virtude de instalações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de vestimenta adequada para o trabalho em tais condições ou de capelas, anteparos, paredes duplas, isolamento térmico e recursos similares, de forma que os empregados fiquem protegidos contra as radiações térmicas.

Art. 178 – As condições de conforto térmico dos locais de trabalho devem ser mantidas dentro dos limites fixados pelo Ministério do Trabalho.

SEÇÃO IX

Das Instalações Elétricas

Art. 179 – O Ministério do Trabalho disporá sobre as condições de segurança e as medidas especiais a serem observadas relativamente a instalações elétricas, em qualquer das fases de produção, transmissão, distribuição ou consumo de energia.

Art. 180 – Somente profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou reparar instalações elétricas.

Art. 178 – As con-dições de conforto térmico dos locais de trabalho devem

ser mantidas dentro dos limites fixados pelo Minis-tério do Trabalho.

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Legislação e Normas Técnicas

Art. 181 – Os que trabalharem em serviços de eletricidade ou instalações elétricas devem estar familiarizados com os métodos de socorro a acidentados por choque elétrico.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

Mas não só diretamente da segurança do trabalho tratam estes estudos. É importante compreender a temática a respeito da movimentação, da armazenagem e do manuseio de materiais, expressamente redigida de forma a facilitar a interpretação por todos os agentes envolvidos nos locais de trabalho, posto que a preocupação seja extensiva e protetiva no sentido de evitar-se os “acidentes de trabalho” e suas consequências. Isso dá a dimensão da importância do Direito a favor da vida humana. Leia a seguir a seção X:

SEÇÃO X

Da Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais

Art. 182 – O Ministério do Trabalho estabelecerá normas sobre:I – as precauções de segurança na movimentação de materiais

nos locais de trabalho, os equipamentos a serem obrigatoriamente utilizados e as condições especiais a que estão sujeitas a operação e a manutenção desses equipamentos, inclusive exigências de pessoal habilitado;

II – as exigências similares relativas ao manuseio e à armazenagem de materiais, inclusive quanto às condições de segurança e higiene relativas aos recipientes e locais de armazenagem e os equipamentos de proteção individual;

III – a obrigatoriedade de indicação de carga máxima permitida nos equipamentos de transporte, dos avisos de proibição de fumar e de advertência quanto à natureza perigosa ou nociva à saúde das substâncias em movimentação ou em depósito, bem como das recomendações de primeiros socorros e de atendimento médico e símbolo de perigo, segundo padronização internacional, nos rótulos dos materiais ou substâncias armazenados ou transportados.

Parágrafo único – As disposições relativas ao transporte de materiais aplicam-se, também, no que couber, ao transporte de pessoas nos locais de trabalho.

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

Art. 183 – As pessoas que trabalharem na movimentação de materiais deverão estar familiarizadas com os métodos racionais de levantamento de cargas.

Art. 184 – As máquinas e os equipamentos deverão ser dotados de dispositivos de partida e parada e outros que se fizerem necessários para a prevenção de acidentes do trabalho, especialmente quanto ao risco de acionamento acidental.

Parágrafo único – É proibida a fabricação, a importação, a venda, a locação e o uso de máquinas e equipamentos que não atendam ao disposto neste artigo.

Art. 185 – Os reparos, limpeza e ajustes somente poderão ser executados com as máquinas paradas, salvo se o movimento for indispensável a realização do ajuste.

Art. 186 – O Ministério do Trabalho estabelecerá normas adicionais sobre proteção e medidas de segurança na operação de máquinas e equipamentos, especialmente quanto à proteção das partes móveis, distância entre estas, vias de acesso às máquinas e equipamentos de grandes dimensões, emprego de ferramentas, sua adequação e medidas de proteção exigidas quando motorizadas ou elétricas.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

Outro tópico necessita cuidado no que diz respeito à segurança do trabalho: as determinações relacionadas às caldeiras, fornos e recipientes sob pressão, posto que tanto os afazeres de precaução, bem como a periodicidade com que devem ser feitas inspeções nos equipamentos de que trata esta seção XII estão muito bem elaborados. Leia a seguir:

SEÇÃO XII

Das Caldeiras, Fornos e Recipientes sob pressão

Art. 187 – As caldeiras, equipamentos e recipientes em geral que operam sob pressão deverão dispor de válvulas e outros dispositivos

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Legislação e Normas Técnicas

de segurança, que evitem seja ultrapassada a pressão interna de trabalho compatível com a sua resistência.

Parágrafo único – O Ministério do Trabalho expedirá normas complementares quanto à segurança das caldeiras, fornos e recipientes sob pressão, especialmente quanto ao revestimento interno, à localização, à ventilação dos locais e outros meios de eliminação de gases ou vapores prejudiciais à saúde, e demais instalações ou equipamentos necessários à execução segura das tarefas de cada empregado.

Art. 188 – As caldeiras serão periodicamente submetidas a inspeções de segurança, por engenheiro ou empresa especializada, inscritos no Ministério do Trabalho, de conformidade com as instruções que, para esse fim, forem expedidas.

§ 1º – Toda caldeira será acompanhada de “Prontuário”, com documentação original do fabricante, abrangendo, no mínimo: especificação técnica, desenhos, detalhes, provas e testes realizados durante a fabricação e a montagem, características funcionais e a pressão máxima de trabalho permitida (PMTP), esta última indicada, em local visível, na própria caldeira.

§ 2º – O proprietário da caldeira deverá organizar, manter atualizado e apresentar, quando exigido pela autoridade competente, o Registro de Segurança, no qual serão anotadas, sistematicamente, as indicações das provas efetuadas, inspeções, reparos e quaisquer outras ocorrências.

§ 3º – Os projetos de instalação de caldeiras, fornos e recipientes sob pressão deverão ser submetidos à aprovação prévia do órgão regional competente em matéria de segurança do trabalho.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

O assunto a seguir trata de divergências entre a realidade e a legalidade. Esta classificação de atividades insalubre ou perigosas tem alimentado inúmeros julgamentos nos mais variados tribunais federais do trabalho e gerado reflexões entre os engenheiros e técnicos de segurança do trabalho. Ao emitirem seus laudos, em inúmeras oportunidades, são divergentes e há quem subscreva um laudo dando, ao mesmo tempo, de acordo com a atividade, um grau de insalubridade e o complemento para a periculosidade, devido à exposição da vida do trabalhador, com possibilidade de morte em virtude de sua exposição ao perigo por imposição laboral e empregatícia. Leia sobre isso na seção abaixo:

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

SEÇÃO XIII

Das Atividades Insalubres e Perigosas

Art. 189 – Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

Art. 190 – O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes.

Parágrafo único – As normas referidas neste artigo incluirão medidas de proteção do organismo do trabalhador nas operações que produzem aerodispersoides tóxicos, irritantes, alergênicos ou incômodos.

Art. 191 – A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:

I – com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância;

II – com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.

Parágrafo único – Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo.

Art. 192 – O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo.

Art. 193 – São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de

Serão conside-radas atividades

ou operações insalubres aquelas que, por sua na-tureza, condições

ou métodos de trabalho, expo-

nham os empre-gados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites

de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do

agente e do tempo de exposição aos

seus efeitos.

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Legislação e Normas Técnicas

risco acentuado.§ 1º – O trabalho em condições de periculosidade assegura ao

empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.

§ 2º – O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido.

Art. 194 – O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do Trabalho.

Art. 195 – A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.

§ 1º – É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas.

§ 2º – Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por sindicato em favor de grupo de associados, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho.

§ 3º – O disposto nos parágrafos anteriores não prejudica a ação fiscalizadora do Ministério do Trabalho, nem a realização ex officio da perícia.

Art. 196 – Os efeitos pecuniários decorrentes do trabalho em condições de insalubridade ou periculosidade serão devidos a contar da data da inclusão da respectiva atividade nos quadros aprovados pelo Ministério do Trabalho, respeitadas as normas do art. 11.

Art. 197 – Os materiais e substâncias empregados, manipulados ou transportados nos locais de trabalho, quando perigosos ou nocivos à saúde, devem conter, no rótulo, sua composição, recomendações de socorro imediato e o símbolo de perigo correspondente, segundo a padronização internacional. Parágrafo único – Os estabelecimentos que mantenham as atividades previstas neste artigo afixarão, nos setores de trabalho atingidos, avisos ou cartazes, com advertência

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

quanto aos materiais e substâncias perigosos ou nocivos à saúde.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

O chamamento à responsabilidade dos empregadores, relativamente à sua atuação junto aos trabalhadores, passa pela análise do risco envolvido em cada uma das áreas de exploração econômica conhecidas. Igualmente, as indagações que o legislador teve que responder para enumerar cada uma das especificações mencionadas na Consolidação das Leis do Trabalho (BRASIL, 2012) e na legislação esparsa e, também, das Normas Regulamentadoras emitidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), tendo em vista as atividades insalubres e perigosas.

Sobre a Prevenção da Fadiga, leia a seguir:

SEÇÃO XIV

Da Prevenção da Fadiga

Art. 198 – É de 60 (sessenta) quilogramas o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher.

Parágrafo único – Não está compreendida na proibição deste artigo a remoção de material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou quaisquer outros aparelhos mecânicos, podendo o Ministério do Trabalho, em tais casos, fixar limites diversos, que evitem sejam exigidos do empregado serviços superiores às suas forças.

Art. 199 – Será obrigatória a colocação de assentos que assegurem postura correta ao trabalhador, capazes de evitar posições incômodas ou forçadas, sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado.

Parágrafo único – Quando o trabalho deva ser executado de pé, os empregados terão à sua disposição assentos para serem utilizados nas pausas que o serviço permitir.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

Quando o trabalho deva ser execu-tado de pé, os

empregados terão à sua disposição

assentos para serem utilizados

nas pausas que o serviço permitir.

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Legislação e Normas Técnicas

O artigo 198 da CLT convém ser comentado, pois, além de tratar da prevenção da fadiga e de outras medidas especiais de prevenção, demonstra, mais uma vez, que os cuidados em diminuir ou neutralizar a incidência de acidentes do trabalho permeia todo o capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho.

Dentre os estudos sobre como proporcionar descansos para os trabalhadores, além da ginástica laboral, existem outros exercícios de alongamento, bem como o aconselhamento do intervalo intrajornada para descanso no próprio ambiente profissional, local apropriado, locais de refeições alegres e bem iluminados, com ventilação agradável e música ambiente adequados ao bem-estar dos colaboradores.

Um estudo recomendado é a respeito da ergonometria nos locais e móveis utilizados nos afazeres ocupacionais, pois também atingirá a meta de diminuição da fadiga laboral.

Para saber mais leia o trabalho elaborado por Josie Helena Esper de Araujo intitulado Ginástica Laboral e Ergonomia: considerações sobre essa temática. O material está disponível no link www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=000413643‎

Para o entendimento deste capítulo, existe uma situação paralela entre o que deve ser feito, em matéria de proteção e segurança do trabalho em favor do empregado, e o que não deve ser feito, também pelos empregadores, que você poderá ler na seção a seguir:

SEÇÃO XV

Das Outras Medidas Especiais de Proteção

Art. 200 – Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, especialmente sobre:

I – medidas de prevenção de acidentes e os equipamentos de proteção individual em obras de construção, demolição ou reparos;

II – depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis,

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

inflamáveis e explosivos, bem como trânsito e permanência nas áreas respectivas;

III – trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, sobretudo quanto à prevenção de explosões, incêndios, desmoronamentos e soterramentos, eliminação de poeiras, gases etc., e facilidades de rápida saída dos empregados;

IV – proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas, com exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de paredes contra fogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil circulação, corredores de acesso e saídas amplas e protegidas, com suficiente sinalização;

V – proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento e profilaxia de endemias;

VI – proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radiações ionizantes e não-ionizantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões anormais ao ambiente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para eliminação ou atenuação desses efeitos, limites máximos quanto ao tempo de exposição, à intensidade da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do trabalhador, exames médicos obrigatórios, limites de idade, controle permanente dos locais de trabalho e das demais exigências que se façam necessárias;

VII – higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências, instalações sanitárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e armários individuais, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das refeições, fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo de sua execução, tratamento de resíduos industriais;

VIII – emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de perigo.

Parágrafo único – Tratando-se de radiações ionizantes e explosivos, as normas a que se refere este artigo serão expedidas de acordo com as resoluções a respeito adotadas pelo órgão técnico.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

A obrigação dos empregados é utilizar os equipamentos de proteção individual. Porém, o dever de fiscalizar o uso dos EPIs é da empresa, seja ela pública seja privada, através de seus prepostos que devem prestar muito atenção

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Legislação e Normas Técnicas

em suas atuações, mediante comunicações a ser feitas aos setores competentes do Departamento de Recursos Humanos tão logo constatadas as infrações pelos empregados, para que sejam aplicadas as penas de advertência, suspensão ou até a pena máxima da rescisão contratual por JUSTA CAUSA, com a perda de vários direitos trabalhistas. (BRASIL, 2012; SAAD; BRANCO; SAAD, 2013).

Após o dever de fiscalização da empresa, vem a obrigação do Estado de igualmente fiscalizar no que diz respeito aos procedimentos empresariais, quanto ao cumprimento da legislação trabalhista e, principalmente, na área da Saúde, Higiene e Segurança do Trabalho.

Se, por um lado, a lei prevê sérias penalidades para a empresa

que descumprir com suas obrigações na proteção da saúde, higiene e segurança do trabalho para com seus empregados, por outro, os empregados que descumprirem sua parte também não poderão ficar impunes. Daí a decorrência em virtude da qual muitos casos são levados à Justiça Federal do Trabalho para pronunciar-se a respeito das questões que forem suscitadas e proferir uma decisão judicial.

Desse modo, é útil falar que, de acordo com o texto da CLT (BRASIL, 2012), deverá a empresa tomar suas precauções e fazer

uso do seu direito de defesa, instaurando o competente inquérito para apuração de falta grave, no caso de tratar-se de infração ou infrações deste nível que justifiquem a demissão por falta grave daqueles empregados que estiverem abrangidos pelo manto da “estabilidade”, seja em decorrência do exercício de cargo sindical, gravidez, participante da CIPA ou algum eventual outro caso de estabilidade convencional, contratual de trabalho ou previdenciário.

É importante você pesquisar a CLT Comentada 2013, em especial, o Art.482 da CLT e seus incisos, sobre as demissões por justa causa, por iniciativa do empregador, em virtude de ato ilícito praticado pelo empregado.

Assim, para lembrar a questão das penalidades, nada melhor do que o próprio texto legal da CLT que diz:

Após o dever de fiscalização da

empresa, vem a obrigação do Esta-do de igualmente fiscalizar no que diz respeito aos procedimentos empresariais,

quanto ao cumpri-mento da legisla-ção trabalhista e,

principalmente, na área da Saúde, Hi-giene e Segurança

do Trabalho.

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

SEÇÃO XVI

Das Penalidades

Art. 201 – As infrações ao disposto neste Capítulo relativas à medicina do trabalho serão punidas com multa de 30 (trinta) a 300 (trezentas) vezes o valor-de-referência previsto no art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975, e as concernentes à segurança do trabalho com multa de 50 (cinquenta) a 500 (quinhentas) vezes o mesmo valor.

Parágrafo único – Em caso de reincidência, embaraço ou resistência à fiscalização, emprego de artifício ou simulação com o objetivo de fraudar a lei, a multa será aplicada em seu valor máximo.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 10 jun. 2013.

Por isso, quando ocorrerem motivos de aplicação de penalidades pelo descumprimento de regras que digam respeito tanto à saúde (Medicina e Higiene do Trabalho) quanto em relação aos riscos do trabalho, isto é, em relação à segurança do trabalho, é muito bom que o julgador administrativo ou judicial reveja o acervo legal, desde a Constituição Federal/88 e as Leis Estaduais, Leis Orgânicas tanto do Distrito Federal, bem como dos Municípios e a toda a legislação não citada, mas que está em vigor.

Cabe informar que se deverá consultar e respeitar a legislação trabalhista, previdenciária, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, o Código Civil, o Código Penal, as leis do Código Tributário Nacional, Código Florestal Federal, o Código de Trânsito Brasileiro, todos disponíveis no site da Presidência da República, e a legislação dos Estados e Municípios, o Código Florestal Estadual, as leis que regem o Meio Ambiente, o Trânsito, também disponíveis nos sites dos Governos Estaduais e Municipais, enfim, todas as normas e convenções da sociedade em geral e isso em nível nacional e internacional, no que competir em suas atuações de julgamento.

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Legislação e Normas Técnicas

Atividade de Estudos:

Aplique seus conhecimentos no seguinte caso:

Uma empresa moageira de grãos e extratora de óleo de soja tinha 5 (cinco) silos para armazenar os grãos transportados por meio de caminhões e de trem. Pelo tamanho da empresa e pelo número de empregados tinha a CIPA instalada. Todos os silos tinham equipamentos de segurança para seus operadores. Havia um trabalhador rebelde que era encarregado de quebrar com uma espécie de arpão a camada de soja que se formava por causa da umidade do ar no alto dos silos, nos quais havia uma passarela para o operador passar. Eram disponibilizados os EPIs necessários para a operação com segurança. Havia, inclusive, uma corda presa ao teto, a qual deveria ser amarrada na cintura do trabalhador que fizesse a operação chamada de “quebradura”.

O sr. João do Nascimento era o operador rebelde que se recusava a usar os EPIs. Já fora advertido por uma vez e já recebera até uma suspensão de 5 (cinco) dias. As punições foram anotadas nas atas das reuniões da CIPA. No dia 16 de Novembro de 2005, por volta das 06h 30min foi a última vez que seus colegas de trabalho o viram com vida. Duas testemunhas ouvidas pela Polícia informaram que ele estaria brincando, pois fazia de conta que lá no alto era malabarista. A família, inconformada, procurou um advogado e ingressou com uma ação de indenização civil porque o trabalhador morreu asfixiado e soterrado no silo de soja. Realizada a perícia criminal, constatou-se que a empresa era isenta de responsabilidade criminal e a sentença judicial foi improcedente contra a família do infeliz trabalhador.

adequadas ao tema tratado:

a) Quais eram os equipamentos que a empresa oferecia e que o trabalhador deveria ter usado para evitar sua morte?______________________________________________________________________________________________________________b) Qual o conteúdo das atas da CIPA a respeito do “defunto” e que determinou a conclusão da perícia criminal por isenção de responsabilidade penal?______________________________________________________________________________________________________________

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Consolidação das Leis do Trabalho Capítulo 3

c) Como seria o nome de um processo judicial com o qual a família do “defunto” ingressou para pedir uma indenização pela morte do trabalhador?______________________________________________________________________________________________________________

d) Qual foi o resultado da sentença contra a empresa? Por quê?______________________________________________________________________________________________________________

Algumas ConsideraçõesA você que está buscando o título de especialista, recomendo a leitura dos

artigos extraídos diretamente da Consolidação das Leis do Trabalho (BRASIL, 2012) aqui transcritos, por serem autoexplicativos, uma vez que são a essência da proteção ao trabalhador quando devidamente aplicados nos afazeres diários nas obras que estiverem sob seu comando.

Como já foi dito, a inobservância dessas regras, bem como as normas regulamentadoras expedidas pelo MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO produzirão efeitos negativos, com as consequências prejudiciais ao trabalhador face ao fato de não estar usando os equipamentos adequados, pondo em risco até a sua vida.

Tais consequências poderão gerar desde a demissão com justa causa (no caso de já ter sido advertido e suspenso em outras oportunidades), quando flagrado sem usar os equipamentos, até a instauração de inquérito para apuração de falta grave e a demissão por justa causa. Poderá haver inquérito policial contra o responsável pela empresa para aferir o uso dos equipamentos e fiscalizar para evitar acidente de trabalho e, eventualmente, contra os responsáveis pela CIPA. (NASCIMENTO, 2013).

ReferênciasBRASIL. CLT e Constituição Federal. 39. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

______. Da Segurança e da Medicina do trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em: 10 jun.2013.

SAAD, José Eduardo; BRANCO, Ana Maria Saad Castello; SAAD, Eduardo

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Legislação e Normas Técnicas

Gabriel. CLT Comentada. São Paulo: Ltr, 2013.

NASCIMENTO, Amaury Mascaro, Iniciação ao Direito do Trabalho, São Paulo, LTr – 38ª Ed. 2013

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CAPÍTULO 4

Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego Aplicáveis à Segurança do Trabalho

Na perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

� Reconhecer a aplicabilidade das leis, normas regulamentadoras e resoluções técnicas brasileiras, emitidas pelo MTE, visando à Segurança do Trabalho.

� Selecionar os temas que envolvem o funcionamento da CIPA e o desenvolvimento da SIPAT.

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Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego Aplicáveis à Segurança do Trabalho

Capítulo 4

ContextualizaçãoAntes de adentrar no assunto deste novo capítulo, é importante que conheça

a distinção entre Normas regulamentadoras e Normas técnicas. 1. Existem as normas regulamentadoras, as quais são Normas

Regulamentadoras emitidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE);

2. Existem as Normas Técnicas que são emitidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Diante da distinção, faz-se necessário observar que a interpretação das normas regulamentadoras, aplicáveis à Segurança do Trabalho, deve ser feita ao pé da letra para que possa surtir o efeito previsto em lei e a desejada prevenção, evitando-se acidentes do trabalho.

Caro acadêmico (a), orientamos que você realize as leituras dos textos encontrados nas dicas de site e pesquisa, ampliando assim sua compreensão sobre o assunto.

.Boa leitura!

Conceituação BásicaO que é a Normalização?

Para fins de estudo e baseado no princípio da Analogia, para as Normas Regulamentadoras, pode-se, para esta disciplina, servir a conceituação dada pela própria ABNT (2013, p. 931), na qual a Normalização é “atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto”.

O Que são Normas Regulamentadoras?

As Normas Regulamentadoras, também chamadas de NRs, foram publicadas pelo Ministério do Trabalho por meio da Portaria nº 3.214/78 para estabelecer os requisitos técnicos e legais sobre os

As Normas Re-gulamentadoras,

também cha-madas de NRs,

foram publicadas pelo Ministério do Trabalho por meio da Portaria nº 3.214/78 para estabelecer os

requisitos técnicos e legais sobre os aspectos mínimos de Segurança e

Saúde Ocupacio-nal (SSO). Hodier-namente existem 36 Normas Regu-

lamentadoras.

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Legislação e Normas Técnicas

aspectos mínimos de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO). Hodiernamente existem 36 Normas Regulamentadoras.

Prezado (a) acadêmico (a), a elaboração e modificação das NRs participa de um processo dinâmico, necessitando que o estudo seja via Internet. (http://www.mte.gov.br).

De acordo com a necessidade do mercado de trabalho, conforme as inovações de métodos, profissões e determinadas ações que influenciam a elaboração da NRs, estas são digitalizadas, testadas e modificadas por uma comissão tripartite. Tal comissão, a princípio, deve ser isenta de politicagem, composta por representantes do governo, empregadores e empregados.

A criação das NRs passa pelas mãos dos técnicos do Ministério do Trabalho e Emprego, que emite Portarias as quais demonstram os novos textos ou os modificados pelo próprio MTE. Nenhum item das NRs é revogado sem que exista uma Portaria identificando a modificação e com as justificativas da pretensão.

Como é da própria natureza jurídica das NRs, sua aplicação é obrigatória apenas às instituições públicas e privadas cujos trabalhadores forem contratados pelo regime da CLT porque se tratam de questões relativamente eletivas de segurança do trabalho, de higiene e de saúde do trabalhador.

Em virtude da existência de empregados regulamentados e regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho é que as empresas ou instituições, incluindo empresas privadas e públicas, órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como todos os órgãos dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, necessitam cumprir as normas regulamentadoras. E tudo funciona adequadamente bem a partir da movimentação da Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho, conhecida como SSST, que é um órgão nacional a quem compete coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas aos aspectos mínimos de Segurança e Saúde Ocupacional dos trabalhadores brasileiros.

Em todo o território nacional, as atividades que incluem a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho – CANPAT, o Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT e, ainda, a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e saúde ocupacional devem ocorrer em conformidade com o calendário específico. Compete, também, à SSST conhecer, em última instância, as decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho em termos de segurança e saúde ocupacional.

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Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego Aplicáveis à Segurança do Trabalho

Capítulo 4

Os requisitos de Segurança e Saúde Ocupacional existem em um grande número de documentos apontados pela lei, visando atender cada uma das nuances existentes e mentalizadas pelo legislador.

Assim, tais requisitos estão presentes em: Leis, Decretos, Decretos-Lei, Medidas Provisórias, Portarias, Instruções Normativas (Fundacentro), Resoluções (Cnen e Agencias do Governo), Ordens de Serviço (INSS), Regulamentos Técnicos (Inmetro).

Chamo, também, a atenção para o fato de que não basta observar o cumprimento das NRs para que os entes cumpridores se vejam desobrigados da efetivação das disposições. As empresas e demais órgãos dos três poderes não estão isentos do cumprimento das outras disposições, contidas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos estados ou municípios e outras, oriundas de convenções e acordos coletivos de trabalho, como reza o texto legal exposto na Consolidação das Leis do Trabalho.

Ao estudar-se o tema verifica-se que as Delegacias Regionais do Trabalho também têm um papel fundamental nos municípios, cidades-sedes ou regiões geográficas nas quais se situam estes órgãos, conhecidos como DRT.

As DRTs, dentro dos limites de sua jurisdição, são os órgãos regionais competentes para executar as atividades relacionadas com a segurança e saúde do trabalhador.

Essas atividades incluem a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho – CANPAT, o Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT e, ainda, a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e saúde ocupacional.

Cabe salientar que compete, ainda, à DRT, nos limites de sua jurisdição, as

atividades enumeradas abaixo e que devem ser cumpridas:

Adotar medidas necessárias à fiel observância dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho, inclusive orientar os empregadores sobre a correta implementação das NRs;

Impor as penalidades cabíveis por descumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e saúde ocupacional;

Embargar obra, interditar estabelecimento, setor de serviço, canteiro de obra, frente de trabalho, locais de trabalho, máquinas e equipamentos;

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Legislação e Normas Técnicas

Notificar as empresas, estipulando prazos para eliminação e/ou neutralização de insalubridade;

Atender requisições judiciais para realização de perícias sobre segurança e medicina ocupacional nas localidades onde não houver médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho registrado no tem;

Dar toda a assistência quando solicitada pelas empresas, públicas ou privadas, quanto à formação da CIPA (Comissão Interna de Prevenção contra Acidentes) ou a realização da SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho.

É por meio do estudo constante que se aperfeiçoam as regras, as normas, as instruções, as resoluções, as leis e as próprias instituições, dentre elas a Legislação e as Normas Regulamentadoras Brasileiras.

O que são Portarias Normativas e Resoluções Técnicas?

Na Enciclopédia do Advogado Soilbeman (1981, p. 279) encontramos a definição de “Portarias”: (Dir.Adm.). “Atos administrativos internos, expedidos por chefes de órgãos ordenando a seus subordinados, providências para o bom funcionamento dos serviços públicos.” No caso do MTE, as Portarias ditam normas a serem cumpridas para o bom funcionamento das regras contidas nas NORMAS REGULAMENTADORAS.

Quanto às Resoluções Técnicas, igualmente em Soilbeman (1981, p.316), encontramos a seguinte definição no singular: “Resolução: Ato do poder legislativo que não tem forma de lei, ou decreto-legislativo (V.) Decisão de um órgão administrativo, de uma assembleia, de um conselho. Deliberação.” No caso do MTE, é uma decisão aprovada para determinada situação, que não foi emitida e aprovada como uma nova norma regulamentadora, mas decidiu uma situação daquele

momento no qual foi elaborada e que, em caso análogo, deverá ser obedecida.

O que vem a ser a Inspeção Prévia e de Embargo ou Interdição?

O papel do Estado Fiscalizador também se aplica neste estudo da disciplina de Legislação e Normas Regulamentadoras, posto que, além de ser uma atribuição legal (isto é, determinada pela Lei), a autoridade competente do Ministério do Trabalho e Emprego (denominação atual do Ministério), a qual

No caso do MTE, é uma decisão aprovada para determinada situação, que

não foi emitida e aprovada como

uma nova norma regulamentadora, mas decidiu uma situação daquele momento no qual foi elaborada e que, em caso

análogo, deverá ser obedecida.

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Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego Aplicáveis à Segurança do Trabalho

Capítulo 4

deveria exercer a atividade estatal sem necessitar da provocação das pessoas jurídicas privadas, acaba, muitas vezes, sem cumprir adequadamente o seu papel em virtude do pequeno número de fiscais especializados na área de Saúde, Higiene e Segurança do Trabalho.

Por isso, pede-se com veemência que os (as) pós-graduandos (as) façam sua parte ao enfrentarem o mundo empresarial, prevenindo, assim, os trabalhadores de acidentes de trabalho que poderão lhes custar a vida.

Por outro lado, a valorização do profissional especializado na área de

Segurança do Trabalho surgirá na medida em que sua atuação for avaliada como fator de economia para a empresa que o mantiver em seu quadro de colaboradores.

Igualmente, a tão sonhada valorização profissional poderá ocorrer também como profissional autônomo de Segurança do Trabalho ou, se estiver inserido em uma empresa especializada no setor de Segurança do Trabalho, conseguir demonstrar para quem estiver sendo prestado o serviço sua importância. Bastará demonstrar através de Laudo Técnico de Segurança do Trabalho que, graças ao planejamento dos itens de segurança do trabalho e a aplicação correta dos equipamentos de proteções individuais, haverá uma diminuição sensível das taxas de seguro, cobradas pelas companhias seguradoras, em face da diminuição do RISCO DE ACIDENTES DE TRABALHO.

Devido à importância do conteúdo da Consolidação das Leis do Trabalho (BRASIL, 2012), este caderno de Legislação e Normas Regulamentadoras reproduz abaixo a seção II do Capítulo V da CLT, no qual consta de forma autoexplicativa:

Toda a matéria relativa à inspeção prévia e dos embargos; Interdição de obras; Funcionamento de equipamentos; Outros itens que coloquem em risco de acidentes ou de vida os trabalhadores nas empresas.

Assim, por questão de zelo profissional e para que não se incorra em erros graves pela falta de conhecimentos segue a reprodução:

SEÇÃO II

Da Inspeção Prévia e do Embargo ou InterdiçãoArt. 160 – Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas

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Legislação e Normas Técnicas

atividades sem prévia inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho.

§ 1º – Nova inspeção deverá ser feita quando ocorrer modificação substancial nas instalações, inclusive equipamentos, que a empresa fica obrigada a comunicar, prontamente, à Delegacia Regional do Trabalho.

§ 2º – É facultado às empresas solicitar prévia aprovação, pela Delegacia Regional do Trabalho, dos projetos de construção e respectivas instalações.

Art. 161 – O Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico do serviço competente que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá interditar estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargar obra, indicando na decisão, tomada com a brevidade que a ocorrência exigir, as providências que deverão ser adotadas para prevenção de infortúnios de trabalho.

§ 1º – As autoridades federais, estaduais e municipais darão imediato apoio às medidas determinadas pelo Delegado Regional do Trabalho.

§ 2º – A interdição ou embargo poderão ser requeridos pelo serviço competente da Delegacia Regional do Trabalho e, ainda, por agente da inspeção do trabalho ou por entidade sindical.

§ 3º – Da decisão do Delegado Regional do Trabalho poderão os interessados recorrer, no prazo de 10 (dez) dias, para o órgão de âmbito nacional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho, ao qual será facultado dar efeito suspensivo ao recurso.

§ 4º – Responderá por desobediência, além das medidas penais cabíveis, quem, após determinada a interdição ou embargo, ordenar ou permitir o funcionamento do estabelecimento ou de um dos seus setores, a utilização de máquina ou equipamento, ou o prosseguimento de obra, se, em conseqüência, resultarem danos a terceiros.

§ 5º – O Delegado Regional do Trabalho, independente de recurso, e após laudo técnico do serviço competente, poderá levantar a interdição.

§ 6º – Durante a paralisação dos serviços, em decorrência da interdição ou embargo, os empregados receberão os salários como se estivessem em efetivo exercício.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em: 10 maio. 2013.

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Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego Aplicáveis à Segurança do Trabalho

Capítulo 4

Assim como o Estado tem suas atribuições, os empregadores e os empregados, por si ou por seus representantes, também têm a obrigação da constituição e atuação da CIPA – COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES, em conformidade com a Seção III, Art. 166 e 167 da CLT. (BRASIL, 2012). A comissão deve ser fruto de fiscalização das DRTs, pois, além de ser tratada na CLT, é regulamentada pela NR 5 do MTE.

Chama-se, também, o espírito investigativo do(a) acadêmico(a) para as questões e problemáticas a serem enfrentadas principalmente na questão da segurança do trabalhador, mais ainda de terceiros que comparecem aos grandes eventos e megaeventos, onde são empregados milhões de reais para construção, mesmo que pouco aproveitáveis em termos de uso, como nos shows, feiras, autódromos, kartódromos, velódromos, festas populares, carnaval, parques de diversão e transportes de uma forma geral, seja por via terrestre, aérea, marítima, aeroespacial, seja onde forem necessárias as Medidas Preventivas de Medicina(Saúde), Higiene e Segurança do Trabalho, para, independentemente do tipo de atividade econômica desenvolvida, atentarem para os cuidados máximos neste setor de atividade humana.

Atividades de Estudos:

1) Quais são os objetivos da Normalização Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego no Brasil?_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) Os conhecimentos aqui obtidos certamente multiplicaram as suas experiências de vida profissional. Nesse aspecto, quais são os benefícios da Normalização Regulamentadora sob seu ponto de vista?_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3) Destaque cinco desses benefícios sob o aspecto qualitativo._______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4) Destaque cinco desses benefícios sob o aspecto quantitativo.

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Legislação e Normas Técnicas

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5) Dentro do contexto da Segurança do Trabalho, aponte duas razões para a implantação e a utilização das Normas Regulamentadoras nas empresas, quer públicas ou privadas e que visem ao bem-estar e à segurança do trabalhador e nas quais assumirá a liderança desta área das engenharias._____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Normas Regulamentadoras do MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO

Caro (a) acadêmico (a), para aprimoramento de seus estudos, pesquise com afinco e dedicação a matéria deste site http://siabi.trt4.jus.br/biblioteca/direito/legislacao/atos/federais/__portal.mte.gov.br_legislacao_normas-regulamentadoras-1.pdf

Algumas Considerações É interessante lembrar que, ao buscar sua valorização profissional, com

a especialização obtida na área de Segurança do Trabalho, agindo com ética, respeito e responsabilidade, esta (a valorização) surgirá na medida em que sua atuação for avaliada como fator de economia (lucro) para a empresa que o (a) mantiver em seu quadro de colaboradores.

Neste capítulo vimos a importância do estudo e da aplicação das Normas Reguladoras emitidas pelo MTE.

Ora, a tão sonhada valorização profissional também poderá ocorrer como profissional autônomo (a) de Segurança do Trabalho ou se estiver inserido (a)

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Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego Aplicáveis à Segurança do Trabalho

Capítulo 4

em uma empresa especializada no setor de Segurança do Trabalho e conseguir mostrar para quem estiver prestando o serviço o quanto de economia estará fazendo, livrando-se de incômodos.

Por meio do Laudo Técnico de Segurança do Trabalho poderá haver uma diminuição relevante das taxas de seguro, cobradas pelas companhias seguradoras, em face da diminuição do RISCO DE ACIDENTES DE TRABALHO.

A você que está buscando o título de especialista, como incentivo, recomendo a leitura dos artigos da Consolidação das Leis do Trabalho, por serem altamente necessários e autoexplicativos, uma vez que são a essência da proteção ao trabalhador quando devidamente aplicados nos afazeres diários, nas obras que estiverem sob seu comando ou fiscalização em relação à Segurança do Trabalho.

ReferênciasASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_pagina=931>. Acesso em: 19 mar. 2013.

BRASIL. CLT e Constituição Federal. 39. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

SOILBEMANN, Leib. Enciclopédia do Advogado. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Rio Editora, 1981.

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Legislação e Normas Técnicas

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CAPÍTULO 5

Órgãos Atuantes na Aplicação da Legislação e das Normas Regulamentadoras

Na perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

� Conhecer que a legislação e o corpo de normas regulamentadoras na questão de segurança do trabalho existem a partir da atuação do Ministério do Trabalho

e Emprego.

� Examinar o conteúdo legal e apontar os elementos condizentes com a legalidade.

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Órgãos Atuantes na Aplicação da Legislação e das Normas Regulamentadoras

Capítulo 5

ContextualizaçãoAo falar sobre os órgãos atuantes na aplicação da legislação e normas

regulamentadoras, torna-se necessário a ampliação do foco de luz que provém do Ministério do Trabalho e Emprego.

Basicamente ao leitor leigo, e dentro dos tópicos já abordados neste Caderno de Estudos, as atribuições do CREA permaneceriam as mesmas porque, desde sempre, ao falar-se do significado da sigla CREA com ares inteligentes, alguém sempre responderia: Conselho Regional de Arquitetura, Engenharia e Agronomia

Entretanto, com a chegada da Lei nº 12.378/2010, o Art. 65 da mencionada lei determinou que o CREA passou a ser CONSELHO DE ENGENHARIA E AGRONOMIA. Assim, foi criado o CAU – CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO porque os arquitetos, a partir daquela lei, não podiam ficar registrados no CREA. Segundo as ilustrações trazidas por Faria (2013), em sua magnífica obra cuja leitura é recomendada aos acadêmicos, existem outras profissões regulamentadas as quais são da alçada do sistema CONFEA/CREA fiscalizar, muito embora a Lei nº 5.195/66 não se refira a essas profissões.

Desse modo, é preciso seguir com cautela e atenção o conteúdo de cada

norma regulamentadora e também o que consta nos sites recomendados. A legislação que cuida da saúde, higiene e segurança do trabalho para o trabalhador e que é aplicável e vigente no Brasil, seguindo as convenções da OIT, transformaram-se pelo processo legislativo brasileiro em decretos, como consta no excelente estudo denominado “A legislação de saúde do trabalhador aplicável e vigente no Brasil” (TEIXEIRA, 2012).

A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas foi criada em 1940 e

tornou-se o órgão responsável pelo desenvolvimento tecnológico brasileiro, ditando as normas de caráter rigidamente técnico tanto para produtos como para serviços.

Muito embora tenha nascido como uma instituição meramente de caráter

privado e sem fins lucrativos, atingiu alto grau de especialização ao editar normas técnicas para os múltiplos ramos de conhecimento, produtos e serviços, após ter o seu reconhecimento nacional, através da Resolução nº 07 do CONMETRO, de 24/08/1992, como FÓRUM NACIONAL DE NORMALIZAÇÃO - ÚNICO.

Também a ABNT, para seu conhecimento, é membro fundadora da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e AMN (Associação MERCOSUL de Normalização).

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Legislação e Normas Técnicas

A ABNT é uma entidade brasileira que alcançou um nível tal de aperfeiçoamento que é respeitada mundialmente. Seu grau de confiabilidade é enorme, em face do fato de disponibilizar uma “CERTIFICAÇÃO” de reconhecimento INTERNACIONAL.

Boa leitura!

Conceituação Básica De acordo com a Previdência Social Brasileira, é através da OIT que existe

a participação para o chamado “diálogo social”, no qual se procura de uma forma harmônica a solução para o tema “segurança do trabalho”.

A respeito do “diálogo social” é interessante conhecermos o “excerto” extraído de um dos Manuais da Previdência Social denominado “Estudos da Previdência Social”, como segue:

Segundo a OIT, Organização Internacional do Trabalho, o diálogo social abarca todos os tipos de negociação, de consulta ou, simplesmente, de intercâmbio de informações entre representantes do governo, empregadores e trabalhadores, acerca de questões que envolvem interesses comuns no âmbito das políticas sociais e econômicas. E tem como principais objetivos promover a criação de consensos, possibilitar a participação democrática dos diversos atores envolvidos no processo e contribuir para a resolução de questões importantes da vida econômica e social. Através dele, é possível promover melhores condições de vida e de trabalho, além de uma maior justiça social.

Também é interessante saber quem são os atores mencionados no mesmo Manual acima citado e cujo texto segue abaixo:

O papel dos atores sociais no diálogo social:

a) O governo – pode assumir o papel de promotor e também pode participar ativamente do processo. No primeiro caso, promove a consulta com interlocutores sociais e adota medidas apropriadas para o melhor andamento das negociações e consultas. No segundo caso, toma parte do diálogo, para alentar os intercâmbios e levar mais a fundo os debates, respaldando suas próprias políticas;

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Órgãos Atuantes na Aplicação da Legislação e das Normas Regulamentadoras

Capítulo 5

b) Os empregadores – as organizações de empregadores assumem um papel fundamental no fortalecimento das relações de trabalho, uma vez que servem como veículo para expressar suas necessidades, além de contribuir para a definição de consensos em matéria de emprego, previdência e saúde dos trabalhadores;

c) Os trabalhadores – importantes interlocutores e participam do processo através de seus sindicatos e/ou associações na busca de seus interesses profissionais, tais como melhores condições de trabalho e melhores salários.

As organizações sindicais são os principais canais de participação dos trabalhadores, no diálogo social, sendo, por isso, indispensáveis para que estes melhorem sua qualidade de vida. Além disso, por meio do diálogo social e das negociações coletivas, têm-se ampliado as reivindicações dos trabalhadores para as áreas de proteção social, de segurança e saúde no trabalho, e de educação.

O diálogo social pode assumir formas bipartites, tripartites ou quadripartites. As formas bipartites dizem respeito às relações entre empregadores e representantes dos trabalhadores, ou ainda, às relações entre o governo e os sindicatos e as organizações de empregadores. Já no processo tripartite, as discussões giram em torno de representantes do governo, das organizações dos empregadores e dos trabalhadores. No caso da Previdência Social brasileira, o diálogo social assume um modelo quadripartite, que tem como princípio o caráter democrático e descentralizado de administração (CF, art. 194). Esse modelo conta com a participação dos seguintes atores: o governo, os empregadores, os trabalhadores e os aposentados.

Como já foi dito, a inobservância das normas regulamentadoras expedidas pelo MTE (EQUIPE ATLAS, 2011) produzirão efeitos negativos com as consequências prejudiciais ao trabalhador diante do fato de não estar usando os equipamentos adequados, pondo em risco sua vida, bem como ao empregado e à empresa. Por isso, tais fatos se justificam, num conjunto, como a maior finalidade para a existência da legislação e normas regulamentadoras para a segurança do trabalho.

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Legislação e Normas Técnicas

Localize – via internet - no site do Tribunal Superior do Trabalho, a TV TST, que produziu um vídeo sobre o Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, para fins de ilustração do estudo.

Tais consequências poderão gerar, em conformidade com o Art. 282 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a demissão com justa causa contra o empregado, no caso de já ter sido advertido e suspenso em outras oportunidades, quando flagrado sem usar os equipamentos.

Ou, ainda, poderá ocorrer a instauração de inquérito trabalhista para apuração de falta grave e a demissão por justa causa, no caso de se tratar de um empregado estável, ou a instauração de um inquérito policial contra o responsável pela empresa por não aferir o uso dos equipamentos e não fiscalizar para evitar um acidente de trabalho, além da extensão do mesmo inquérito policial contra eventualmente os responsáveis pela CIPA e os diretores da empresa.

Isso requer um cuidado muito grande do gestor de Relações Humanas de qualquer empresa, seja privada ou pública, no sentido de saber quais as ações necessárias a serem tomadas no caso da ocorrência de um acidente do trabalho, a fim de minimizar o tanto quanto possível os riscos de morte ou para diminuir o tempo de recuperação do acidentado.

Das sábias decisões que forem tomadas, os benefícios tanto para

a empresa como para o acidentado serão minimizadas. Dentre os benefícios, visualizam-se aqueles que dizem respeito principalmente a evitar as possíveis ações de indenização por morte e de alimentos, na área civil. É claro que no caso de ocorrer a invalidez permanente ou morte do empregado, em favor de sua família e herdeiros, não há como fugir da responsabilidade civil ou criminal, independentemente das questões previdenciárias, inclusive com perícias sobre o acidente de trabalho. (YEE, 2011).

A empresa brasileira de petróleo, denominada PETROBRÁS, realizou um vídeo “Sua Segurança”, que pode ser visto no site: http://www.youtube.com/watch?v=cTtyadNIpL8

Para nós, aqui no Brasil, o que se verificam são necessidades, tais como:

No caso de ocorrer a invalidez

permanente ou morte do empre-gado, em favor de sua família e herdeiros, não

há como fugir da responsabilidade civil ou criminal,

independentemen-te das questões previdenciárias, inclusive com

perícias sobre o acidente de traba-lho. (YEE, 2011).

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Capítulo 5

o aperfeiçoamento das Normas Regulamentadoras, em virtude do aumento de novos produtos que surgem quase que diariamente no mercado e são ofertados ao consumidor; o atendimento das exigências dos outros mercados internacionais, inclusive da Organização Mundial do Comércio e do MERCOSUL.

É através do estudo constante que se aperfeiçoam as regras, as normas,

as instruções, as resoluções, as leis e as próprias instituições, dentre estas a Legislação e as Normas Regulamentadoras.

As Recomendações da Organização Internacional do Trabalho – OIT – constam no site http://jus.com.br/artigos/5946/os-efeitos-das-convencoes-e-recomendacoes-da-oit-no-brasilI. Seus conteúdos são aceitos no Brasil e podem ser acessados através dos sites apropriados. O texto expresso de cada uma, sua abordagem com as especificações e os pormenores de cada norma técnica é uma tarefa de pesquisa pessoal, destinada a cada um dos acadêmicos. Consta ainda a diferença de conceituação entre convenção e recomendação da OIT.

O Que Fazer na Ocorrência de um Acidente de Trabalho?

Como complemento prático, segue uma relação de auxílio sobre os procedimentos que devem ser tomados diante da ocorrência de um acidente de trabalho.

As providências necessárias a serem tomadas no caso da ocorrência de um acidente do trabalho numa empresa, são as seguintes:

Acionar o pessoal da CIPA para analisar a situação e, em seguida, chamar pelos meios de comunicação disponíveis, os socorristas através do SAMU ou do Corpo de Bombeiros; Isolar e preservar o local do acidente, ou seja, não permitir a limpeza de máquinas e equipamentos e nem a organização do local, a fim de eliminar vestígios do acidente de trabalho; Manter o local para que sejam realizados os procedimentos da Perícia Criminal; Nos casos de vítima(s) com lesões corporais, a empresa deve solicitar

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Legislação e Normas Técnicas

ajuda dos socorristas profissionais (SAMU e Corpo de Bombeiros); Na ocorrência de vítima ou vítimas fatais, acionar a Delegacia de Polícia mais próxima e registrar o fato; Para registrar o fato são necessários os seguintes documentos para o registro de acidentes de trabalho:

o Carteira de identidade da(s) vítima(s) e do notificante; o Carteira de trabalho da(s) vítima(s);o Cópia da Cat (Comunicação de Acidente de Trabalho);o Certidão de Óbito (em caso de vítimas fatais);o Caso haja veículo envolvido no acidente, cópia do documento do veículo.

Dependendo da gravidade ou não do acidentado acompanhar a evolução de sua saúde junto ao hospital para onde tiver sido encaminhado; Avisar a companhia de seguro correspondente a respeito do sinistro, caso a empresa tenha este tipo de prevenção; Avisar a Previdência Social, através do Setor de RH da empresa, caso seja necessário, diante do afastamento do trabalho pelo empregado; Cuidar que tudo esteja registrado em documentos e atas da CIPA; No caso do evento morte, entrar em contato imediato com o Departamento Jurídico da empresa para que acompanhe o inquérito policial e os demais procedimentos criminais; Colher as evidências, fotos e provas que estejam a favor da empresa, conforme a orientação jurídica, bem como o nome e demais dados das testemunhas presenciais do evento.

Para complementação de seus estudos , leia o conteúdo da Resolução nº07 do CONMETRO, no site: www.conmetro.org.br, O CONMETRO – Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial foi criado pela Lei nº 9.933 de 20 de dezembro de 1999.

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Capítulo 5

Atividades de Estudos:

1) Quais são os objetivos das Convenções e Recomendações da OIT? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) O que vem a ser o “Diálogo Social”, referido nas atividades da OIT?_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3) Quais são as providências necessárias a serem tomadas no caso da ocorrência de um acidente do trabalho numa empresa?_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Algumas ConsideraçõesA você que está buscando o título de especialista, recomendo a leitura

dos artigos extraídos diretamente da Consolidação das Leis do Trabalho, aqui transcritos, por serem altamente autoexplicativos, uma vez que são a essência da proteção ao trabalhador, quando devidamente aplicados nos afazeres diários nas obras que estiverem sob seu comando.

Igualmente, não podemos esquecer-nos de todas as contribuições internacionais, vindas com as discussões das convenções e recomendações da OIT. Nesse contexto, Ariosi (2004) fala sobre os efeitos das convenções e recomendações da OIT no Brasil de uma forma muito apropriada, que poderá auxiliá-lo(a) a compreender melhor o assunto. Para realizar a leitura indico os sites a seguir.

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ReferênciasASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_pagina=931>. Acesso em: 19 mar. 2013.

ARIOSI, Mariângela F. Os efeitos das convenções e recomendações da OIT no Brasil. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto>. Acesso em 20 mar. 2013.

BRASIL. CLT e Constituição Federal. 39. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

______. Ministério da Previdência Social. Estudos da Previdência Social. Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br/arquivos.office/3_1>. Acesso em: 07 jul. 2013.

______. Previdência Social. Acidente do Trabalho. Disponível em: <www.tvprevidencia.gov.br>. Acesso em: 11 jun. 2013.

CONSELHO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL - CONMETRO. Disponível em: <www.conmetro.gov.br>. Acesso em: 20 mar. 2013.

EQUIPE ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho - NR – 1-34. 67. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

FARIA, Claude P. A. Comentários à Lei 5.194/66. 3. ed. rev. amp. atual. Florianópolis: Insular, 2013.

OIT. Convenções e Recomendações da Organização Internacional do Trabalho. Disponível em: <http://www.oit.org.br/content/recommendations>. Acessado em: 10 jun. 2013.

TEIXEIRA, João C. legislação de saúde do trabalhador aplicável e vigente no Brasil. Disponível em: <http://www.pgt.mpt.gov.br>. Acesso em: 12 jun. 2013.

YEE, Zung Che. Pericias de Engenharia de Segurança do Trabalho. 2. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2011.