legislaÇÃo brasil impÉrio

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LEGISLAÇÃO BRASIL IMPÉRIO Durante o período de alteração de regimes, e enfraquecimento de potências ocorrido na Europa no final do século XVIII, as colônias americanas aproveitaram o período instável e o crescimento do sentimento emancipador foi inevitável. Argentina, Chile, Peru, Estados Unidos e Brasil se agarraram no momento para alcançar independência. Entretanto, apesar das insurreições e movimentos revolucionários do Brasil, seu processo de separação aconteceu de forma mais amena que os demais americanos, pelo fato de ter sido feita pelo príncipe da coroa portuguesa e contar com o apoio de muitos cidadãos de alta representatividade do país. Fazia-se necessário urgentemente fazer nova constituição ao país, distinta da vigente, portuguesa, que estava muito atrasada. A primeira constituição do império foi barrada pelo imperador em 1823, mas entrou em vigor no ano seguinte. Essa carta ainda que não o fizesse radicalmente, procurou alcançar alguns ideais do movimento renovador, diminuído diferenças e privilégios e reafirmando o respeito à liberdade e garantias fundamentais. A carta de 1824 tratava do regime e da forma de disposição do governo com quatro poderes: Executivo, Moderador, Judicial e Legislativo. As leis feitas pelo legislativo tinham por obrigação que passar pelo Imperador que dava a ultima palavra sobre a aprovação. O Imperador era chefe do poder executivo e detentor exclusivo do poder moderador, sua pessoa era inviolável, sagrada e não estava “sujeita a nenhuma responsabilidade”. O poder Judicial é

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LEGISLAÇÃO BRASIL IMPÉRIO

Durante o período de alteração de regimes, e enfraquecimento de potências

ocorrido na Europa no final do século XVIII, as colônias americanas aproveitaram o

período instável e o crescimento do sentimento emancipador foi inevitável. Argentina,

Chile, Peru, Estados Unidos e Brasil se agarraram no momento para alcançar

independência. Entretanto, apesar das insurreições e movimentos revolucionários do

Brasil, seu processo de separação aconteceu de forma mais amena que os demais

americanos, pelo fato de ter sido feita pelo príncipe da coroa portuguesa e contar com o

apoio de muitos cidadãos de alta representatividade do país. Fazia-se necessário

urgentemente fazer nova constituição ao país, distinta da vigente, portuguesa, que estava

muito atrasada. A primeira constituição do império foi barrada pelo imperador em 1823,

mas entrou em vigor no ano seguinte. Essa carta ainda que não o fizesse radicalmente,

procurou alcançar alguns ideais do movimento renovador, diminuído diferenças e

privilégios e reafirmando o respeito à liberdade e garantias fundamentais. A carta de

1824 tratava do regime e da forma de disposição do governo com quatro poderes:

Executivo, Moderador, Judicial e Legislativo. As leis feitas pelo legislativo tinham por

obrigação que passar pelo Imperador que dava a ultima palavra sobre a aprovação. O

Imperador era chefe do poder executivo e detentor exclusivo do poder moderador, sua

pessoa era inviolável, sagrada e não estava “sujeita a nenhuma responsabilidade”. O

poder Judicial é independente, composto de juízes e jurados e cuidavam da área cível e

criminal. O código ordenava que em todo processo devesse haver tentativa de

reconciliação, e as garantias e direitos cíveis estavam dispostas nos incisos I a XXXIV

do art. 179. Principio da reserva legal, igualdade perante a lei, inviolabilidade do

domicílio, liberdade de pensamento expressão e culto, são exemplos dessas garantias. O

mal-estar estava na possibilidade que o moderador tinha de a qualquer momento

suprimir essas garantias, tornando os abusos constantes na época. O ato adicional de

1834 foi ditado pela regência e além de determinasse a forma de eleição deste, ditava

normas para o exercício das câmaras dos distritos e assembléias legislativas provinciais.

Código Criminal do Império

Vigorou a partir de 1830 o Código criminal do império que trouxe sensíveis

modificações ao rígido sistema vigente até então. Iniciado com o princípio da reserva

legal, esse código tinha pena de morte, que caiu em desuso, maioridade penal aos

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quatorze anos. Muitas penas foram abolidas, como tortura, açoite contra os escravos,

entre outras penas cruéis. Os crimes não prescreviam; fato que veio a ser mudado

posteriormente por lei processual. Na parte especial o código tratava dos crimes

públicos como: exercitar pirataria, destronizar o imperador, sedição, insurreição etc.

Tanto o código criminal tanto o código processual criminal de 1832 reconheciam a

figura do habeas corpus como dispunha este último: “todo cidadão que entender que ele

ou outrem sofre uma prisão ou constrangimento ilegal em sua liberdade, tem direito de

pedir uma ordem de habeas corpus a seu favor.

Legislação sobre a Administrativa civil

Junto ao código criminal foi promulgada a disposição provisória acerca de

administração da Justiça Civil, com vigência efêmera que era de ordem processual,

ampliando, por exemplo, a participação efetiva do juiz na causa. Essa disposição foi

precursora das ideias de uma justiça melhor e menos onerosa. O regulamento 737,

promulgado para ordem do juízo comercial, por sua praticidade foi adotada no processo

civil, e impressionava pela competência na distribuição e classificação das matérias,

além do esforço na abreviação do tempo do processo. Dispunha sobre a forma de

iniciação do processo e suas regras, além disso, seguiam-se os vários tipos de resposta,

exceção, contestação, reconvenção e de intervenção de terceiro. Entre as provas, dava-

se maior valor às escrituras e instrumentos públicos ou aqueles que se lhe equiparassem.

Os juízes não ficavam inertes durante o processo podendo intervir e realizar diligência

ainda que não requerido nas alegações finais.

Código Comercial do Império

O código Comercial do Império do Brasil foi promulgado pela lei 526, de

25.06.1850, após percorrer demorada tramitação nas casas legislativas e vigora até hoje,

embora já revogado vários títulos. Na primeira parte cuidava do comércio em geral:

contratos e obrigações mercantis, dos banqueiros, locação, mútuo e juros mercantis,

escambo ou troca, tipos de sociedade. A segunda parte tratava do comércio marítimo e a

última, já inteiramente revogado hoje, referia-se às quebras, matéria que conhece u

mesmo durante o regime monárquico, sucessivas alterações.