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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA – RFB/2012 PROFESSORES: LUIZ MISSAGIA E RODRIGO LUZ Prof. Rodrigo Luz www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 01 SUMÁRIO 3. TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR ................................................. 2 3.1. Regramento Constitucional e Legislação Específica .................................................................... 2 3.2. Produtos, Bens e Mercadorias ....................................................................................................... 3 3.3. Produtos Estrangeiros, Produtos Nacionais, Nacionalizados e Desnacionalizados. ..................... 6 4.13 Reimportação ............................................................................................................................. 10 4. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO .................................................................................................... 11 4.2. Incidência .................................................................................................................................... 11 4.2.1. Exceções: mercadorias exportadas que não perdem a condição de nacional .......................... 12 4.2.2. Não incidência.......................................................................................................................... 13 4.3. Fato Gerador ............................................................................................................................... 16 4.1. Sujeitos Ativo e Passivo.............................................................................................................. 33 4.5. Alíquotas ..................................................................................................................................... 48 4.4. Base de Cálculo ........................................................................................................................... 51 4.6. Tributação de Mercadorias não Identificadas ............................................................................. 53 4.10. Pagamento do Imposto .............................................................................................................. 54 4.11. Isenções e Reduções do Imposto de Importação ...................................................................... 55 4.14. Similaridade .............................................................................................................................. 61 4.12. Imunidades do Imposto de Importação e Controle exercido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil ............................................................................................................................................. 64 QUESTÕES ANALISADAS NESTA AULA ................................................................................... 68 Olá, pessoal. Nesta aula estudaremos o imposto de importação e todos os detalhes pedidos nos tópicos 3 e 4 dos editais da RFB/2012. Na verdade, tirei desta aula os tópicos 4.7, 4.8 e 4.9. É melhor estudá-los junto com a bagagem na aula 09. Antes de entrarmos na aula, veja que o sumário não segue a sequencia normal. Sua numeração se refere aos tópicos dos editais da RFB. Para melhorar a explicação, eu coloquei, por exemplo, o tópico 4.1 (Sujeitos Ativo e Passivo) depois de 4.3 (Fato Gerador). Por fim, o edital de ATRFB não cobra os tópicos 4.6, 4.11, 4.13 e 4.14.

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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA – RFB/2012 PROFESSORES: LUIZ MISSAGIA E RODRIGO LUZ

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AULA 01

SUMÁRIO 3. TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR ................................................. 2

3.1. Regramento Constitucional e Legislação Específica .................................................................... 2

3.2. Produtos, Bens e Mercadorias ....................................................................................................... 3

3.3. Produtos Estrangeiros, Produtos Nacionais, Nacionalizados e Desnacionalizados. ..................... 6

4.13 Reimportação ............................................................................................................................. 10

4. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO .................................................................................................... 11

4.2. Incidência .................................................................................................................................... 11

4.2.1. Exceções: mercadorias exportadas que não perdem a condição de nacional .......................... 12

4.2.2. Não incidência.......................................................................................................................... 13

4.3. Fato Gerador ............................................................................................................................... 16

4.1. Sujeitos Ativo e Passivo .............................................................................................................. 33

4.5. Alíquotas ..................................................................................................................................... 48

4.4. Base de Cálculo ........................................................................................................................... 51

4.6. Tributação de Mercadorias não Identificadas ............................................................................. 53

4.10. Pagamento do Imposto .............................................................................................................. 54

4.11. Isenções e Reduções do Imposto de Importação ...................................................................... 55

4.14. Similaridade .............................................................................................................................. 61

4.12. Imunidades do Imposto de Importação e Controle exercido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil ............................................................................................................................................. 64

QUESTÕES ANALISADAS NESTA AULA ................................................................................... 68

Olá, pessoal.

Nesta aula estudaremos o imposto de importação e todos os detalhes

pedidos nos tópicos 3 e 4 dos editais da RFB/2012. Na verdade, tirei desta aula os tópicos 4.7, 4.8 e 4.9. É melhor estudá-los junto com a bagagem na aula 09.

Antes de entrarmos na aula, veja que o sumário não segue a sequencia normal. Sua numeração se refere aos tópicos dos editais da RFB. Para melhorar a explicação, eu coloquei, por exemplo, o tópico 4.1 (Sujeitos Ativo e Passivo) depois de 4.3 (Fato Gerador).

Por fim, o edital de ATRFB não cobra os tópicos 4.6, 4.11, 4.13 e 4.14.

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3. TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR 3.1. Regramento Constitucional e Legislação Específica Bem, vocês já sabem tudo sobre o regramento constitucional acerca dos tributos. Afinal, o professor de Tributário já maceteou todo o Sistema Tributário Nacional, inserido na Constituição Federal (CF) (arts. 145 a 169). O que mais eu teria aqui para explicar além do que os mestres especialistas em Tributário já explicaram? Nada. Eu não tenho metade do conhecimento deles. Mas, para não dizerem que eu estou fugindo do tema (rsrs), vamos relembrar o que diz a CF/1988 sobre os tributos que incidem no comércio exterior brasileiro e que são pedidos no edital. Impostos de importação e de exportação

Tributos federais previstos nos arts. 153, I e II. A eles não se aplica a anterioridade anual (art. 150, III, “b” c/c § 1º) nem a nonagesimal (art. 150, III, “c” c/c § 1º). Também não se aplica o princípio da legalidade, mas exclusivamente no que tange a alíquotas, passíveis de alteração pelo Poder Executivo (art. 153, § 1º). Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

Tributo federal previsto no art. 153, IV. Criado pela União, aplicando-se a anterioridade nonagesimal. Não se aplica a anterioridade anual nem o princípio da legalidade, este em relação a alíquotas. Há imunidade de IPI nas exportações de bens. PIS/PASEP-Importação e COFINS-Importação

Contribuições sociais previstas na CF, art. 195, IV. Criadas pela Lei 10.865/2004, submetendo-se aos princípios da legalidade e da anterioridade nonagesimal. Não se aplica a anterioridade anual (CF, art. 195, § 6º). Há imunidade das contribuições nas exportações de bens. ICMS

Tributo instituído pelos Estados e Distrito Federal (DF) e previsto na CF, art. 155, II. Obedece aos princípios da legalidade e da anterioridade (anual e nonagesimal).

A legislação específica de tais tributos veremos no estudo dos tópicos 4 a 8 do edital da RFB. Além dos seis tributos, outros incidem nas importações,

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tais como a CIDE-Combustíveis e o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), mas que não estão sendo pedidos na matéria de Legislação Aduaneira. 3.2. Produtos, Bens e Mercadorias Por que a Esaf está pedindo tais conceitos aqui no edital? Ora, veja o contexto. O tópico 3.2 está dentro do tópico 3, né? Diz que sim, por favor. Logo, devemos conhecer os conceitos em virtude dos reflexos tributários. Por exemplo, em relação aos impostos de importação e de exportação, podemos dizer que eles incidem sobre bens, produtos ou mercadorias? É complicado dizer, pois a CF/1988 menciona produtos, mas o Decreto-Lei 37/1966 menciona mercadorias. Vamos olhar os três termos: a) “Bens” É um termo genérico utilizado pelo Código Civil (CC) (Lei 10.406/2002). Não há no CC uma definição expressa de “bens”, mas podemos ver que se classificam em móveis e imóveis, fungíveis e infungíveis, consumíveis e inconsumíveis, divisíveis e indivisíveis, singulares e coletivos, principais e acessórios, públicos e privados. Como nossa aula não é sobre Direito Civil, não nos cabe estudar tais classificações. Apesar de não constar a classificação de corpóreos vs incorpóreos no CC, a doutrina a utiliza:

“Os bens corpóreos são coisas que têm existência material, como uma casa, um terreno, uma joia e um livro. Os bens incorpóreos não têm existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os produtos de seu intelecto ou contra outra pessoa, apresentando valor econômico, tais como os direitos reais, obrigacionais e autorais”. (Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro, São Paulo: Saraiva, 2002).

b) “Mercadorias”

Na Contabilidade, estudamos que “mercadorias” são os bens destinados à revenda. No entanto, na Legislação Aduaneira, o conceito de mercadorias é bem mais amplo, não englobando apenas os bens destinados à revenda. Vejamos, por exemplo, o artigo 69 do Regulamento Aduaneiro:

Art. 69. O imposto de importação incide sobre mercadoria estrangeira.

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Se o conceito de mercadoria estrangeira aqui fosse o mesmo conceito da Contabilidade (“bens para revenda”), a pessoa que compra, pela internet, um produto estrangeiro para uso pessoal não poderia ser tributada. E sabemos que ela é (muito bem) tributada. Quem compra pela internet paga 60% de imposto de importação, como veremos nesta aula. “Tá, Rodrigo, o conceito aduaneiro de mercadoria é mais amplo do que o conceito contábil. Isso eu entendi. Mas qual é exatamente o conceito aduaneiro?” Calma, rapaz. Vamos ver isso agora. O único conceito aduaneiro de mercadoria consta no Código Aduaneiro do Mercosul (CAM) (Decisão CMC 27/2010, art. 3o), que ainda não entrou em vigor:

“Mercadoria: todo bem suscetível de um destino aduaneiro.”

Logo, toda mercadoria é um bem, mas nem todo bem é uma mercadoria. Que negócio é esse de “destino aduaneiro”?

Bem, dando uma folheada no restante do CAM, encontramos o artigo 35 que diz que existem quatro destinos aduaneiros: “1. A mercadoria ingressada no território aduaneiro deverá receber um dos seguintes destinos aduaneiros:

a) inclusão em um regime aduaneiro de importação; b) retorno ao exterior; c) abandono; ou d) destruição.”

“Mas, espera aí, professor, o Código Aduaneiro do Mercosul ainda não entrou em vigor. Então, eu ainda não posso usar tal conceito.” Aí é que você se engana. Você não sabe que a Esaf ama o Código Aduaneiro do Mercosul? (rs) Você não viu as provas de AFRFB/2009 e MDIC/2012 nas questões relativas à valoração aduaneira? Se não, vai ver na aula do Missagia. Pelas questões que o Missagia vai te apresentar, vemos que a Esaf já utiliza o Código Aduaneiro do Mercosul na montagem das provas. Para finalizar o estudo dos conceitos, só falta o de “produtos”. “Bem” possui uma interpretação jurídica. “Mercadoria” possui uma definição aduaneira, que, apesar de não estar em vigor, certamente cairá na sua prova, tamanho o amor da Esaf pelo Código Aduaneiro. (rsrsrs) E os “produtos”, eles possuem alguma definição aduaneira?

c) “Produtos”

Na legislação tributária ou na aduaneira, não há uma definição do que seja “produto”. No entanto, pode-se conceituá-lo como tudo aquilo que resulta

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de produção. Na legislação tributária, é tratado como sinônimo de “mercadoria”. Comparemos, por exemplo, a Constituição Federal e o Regulamento Aduaneiro:

CF, art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros; (...)

RA, art. 72. O fato gerador do imposto de importação é a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro.

Se você fizer a mesma comparação em relação ao imposto de exportação (CF vs RA) e ao imposto sobre produtos industrializados (CF vs Lei 4.502/1964), verá que os termos “produtos” e “mercadorias” são usados sem distinção. A literalidade da CF/1988 Na literalidade, a CF/1988 faz as seguintes referências aos tributos: 1) o imposto de importação incide sobre produtos. 2) o imposto de exportação incide sobre produtos. 3) o imposto sobre produtos industrializados (IPI) incide sobre produtos. 4) o ICMS incide sobre mercadorias. Como “produtos” e “mercadorias” são tratados como sinônimos, não há distinção na prática. Em relação às contribuições (PIS/PASEP-Importação e COFINS-Importação), elas possuem algumas particularidades: 1a) Elas não incidem apenas sobre bens, mas também sobre serviços importados. 2a) o artigo 195, IV, faz expressa menção à importação de bens. Por outro lado, o artigo 149, II, menciona a importação de produtos. Veja que não há muito critério na legislação tributária para se diferenciarem os três institutos. Na prática, portanto, os três termos acabam sendo usados como sinônimos. O termo utilizado nas normas de bagagem Por fim, uma importante observação ocorre em relação às bagagens: um dos cuidados que sempre temos ao discutirmos novas normas sobre bagagens é a utilização do termo. A RFB sempre se preocupa em não usar o termo “mercadorias” para falar das coisas trazidas pelos viajantes. Isso poderia dar margem a eles entrarem na Justiça, invocando o conceito contábil, já que não há um conceito aduaneiro em vigor.

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Sempre que a RFB define normas sobre bagagens, ela escreve “os bens trazidos por viajantes blábláblá”. Esse cuidado é importante, pois, como estudaremos, se o viajante estiver trazendo bens destinados à revenda, a pena é a apreensão e o perdimento do bem, tendo em vista que as pessoas físicas não podem trazer bens com destinação comercial (Portaria Secex 23/2011, art. 11). Por isso, todo cuidado é pouco: se escrevêssemos “mercadorias”, isso poderia dar margem a permitir a entrada de “bens destinados à revenda” como bagagem, ainda que a Portaria Secex vede isso expressamente. “Mas, professor, se a Portaria Secex veda, a RFB não precisa se preocupar com o termo...” Não é bem assim, né? Na Justiça, vigora o “in dubio pro reo” (“na dúvida, a favor do réu”). Não se pode arriscar e perder o direito de apreender os bens dos sacoleiros. Eles iriam “fazer a festa”. Guarde isso!

1) Somente “mercadoria” possui um conceito na legislação aduaneira. “Produtos” e “bens” não foram conceituados.

2) Mercadoria é “todo bem suscetível de um destino aduaneiro”, ou seja, todo bem passível de ser incluído em um regime aduaneiro de importação, de ser retornado ao exterior, abandonado ou destruído.

3.3. Produtos Estrangeiros, Produtos Nacionais, Nacionalizados e Desnacionalizados. A conceituação de produtos estrangeiros e nacionais depende da verificação do país de origem do produto. Aí não há muito mistério. Se o Brasil for o país de origem, o produto é considerado nacional. Caso contrário, é considerado estrangeiro. Onde está a definição de país de origem? No Regulamento Aduaneiro (RA):

Art. 557. A fatura comercial deverá conter as seguintes indicações:

VIII - país de origem, como tal entendido aquele onde houver sido produzida a mercadoria ou onde tiver ocorrido a última transformação substancial;

Nacionalizada é a mercadoria importada a título definitivo (RA, art. 212, § 1º). Desnacionalizada é a mercadoria exportada a título definitivo. Sobre o conceito de “mercadoria nacionalizada”, há ainda um comentário super importante até porque já foi algumas vezes objeto de prova da Esaf,

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como veremos a seguir. Toda mercadoria importada sofre o procedimento de despacho aduaneiro (a ser estudado com o Missagia), que consiste na verificação da regularidade fiscal da importação. Por conta disso, há autores que consideram que a nacionalização de uma mercadoria somente se efetiva após a conclusão do procedimento. Afinal, a mercadoria poderia não ser liberada pela RFB e aí não caberia dizer “mercadoria nacionalizada”. É bastante razoável esta ideia, tanto que o Banco Central do Brasil a seguia, nos termos da Circular Bacen no 3.325/2006:

6 – Para fins e efeitos do disposto neste Capítulo, a mercadoria proveniente do exterior, inicialmente admitida em regime aduaneiro especial ou atípico, é considerada nacionalizada após a conclusão do respectivo despacho aduaneiro de importação para consumo.

Tal circular foi revogada pela de no 3.401/2008 e o Banco Central não

mais definiu um conceito de mercadoria nacionalizada. Apesar de alguns seguirem essa ideia da nacionalização “pós despacho”, esta é uma posição minoritária que nem a Esaf aceita. Para a maioria dos autores (e para a Esaf), a mercadoria é considerada nacionalizada quando, importada a título definitivo, embarca com destino ao Brasil. Veja as palavras de Ângelo Oswaldo Melhorança, negociador do Brasil no GATT:

Destarte, tem-se que: (a) se se tratar da importação de uma mercadoria a título definitivo, o ato final de sua nacionalização será o seu embarque, vez que com este ocorre a tradição (no caso, indireta) da coisa adquirida, consubstanciada no conhecimento de transporte; (b) se se tratar de importação temporária (admissão temporária ou entreposto aduaneiro) ulteriormente convertida, o ato final da transferência da propriedade, em outras palavras, a sua tradição, vale dizer, a sua nacionalização ocorre em data de identificação imprecisa, posto não ser instrumentada em documento qualquer de efeito probante perante os órgãos oficiais.

Quando a mercadoria é importada a título definitivo, a nacionalização acontece com o embarque, pois, com isto, ocorreu a tradição (a entrega) do bem. A mercadoria foi entregue e já não pertence mais ao exportador, mas ao destinatário.

Se você está estudando para o cargo de AFRFB, então já estudou (ou ainda vai estudar) os INCOTERMS/2010 na matéria de Comércio Internacional. Se já estudou, então talvez você queira perguntar algo que já me perguntaram algumas vezes em aula:

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“Professor, se o INCOTERM utilizado tiver sido o DDP (Delivered Duty Paid), por exemplo, a mercadoria ainda pertence ao exportador, né? Como então a mercadoria é considerada entregue com o embarque?”

Pequena observação apenas para quem não sabe o que é DDP e que só vai estudar para ATRFB: o DDP é um termo utilizado nos contratos de compra e venda, significando que a obrigação do exportador é entregar a mercadoria no local nomeado pelo comprador no país de destino e com os tributos de importação pagos (“duty paid”). O preço cobrado pelo exportador na fatura inclui, portanto, todos os gastos que ele vai ter em levar a mercadoria, desembaraçada pela aduana, até o estabelecimento do importador.

Deixa eu responder à pergunta virtual do meu aluno. Quando uma fatura é emitida no termo DDP, isto significa que o

exportador mantém a responsabilidade pela mercadoria até sua entrega no estabelecimento do importador. Até mesmo os tributos de importação o exportador vai pagar. Neste caso, como é que dizemos que a mercadoria está entregue com o embarque?

Realmente, sua pergunta foi boa, mas você deixou passar um detalhezinho.

Eu posso dizer sim que a mercadoria está entregue, pois o conhecimento de carga emitido pela empresa transportadora indica um destinatário a receber a carga seja no aeroporto de importação, seja no porto. Mas claro que este destinatário não será o importador.

“O quê?????” Vamos fazer uma analogia? Você acabou de comprar um produto

estrangeiro pela internet e contratou a empresa Federal Express (FEDEX) para fazer o transporte porta a porta. Quando a FEDEX dos EUA entregar a carga para a companhia aérea, esta irá emitir o conhecimento de carga com qual destinatário? Você ou a FEDEX do Brasil? Acertou se disse FEDEX do Brasil. Você não será nomeado como destinatário da carga no aeroporto do Galeão, senão você teria que ir ao Galeão providenciar o desembaraço da carga. Afinal, a RFB entrega a carga para aquele que está indicado como destinatário no conhecimento de carga.

Em suma, se o termo utilizado tiver sido o DDP, a propriedade da carga se transfere, apesar de não ser ainda ao importador. A transferência será a alguém no Brasil que vai atuar em nome do exportador estrangeiro para que a carga seja liberada na alfândega e levada até o estabelecimento do importador. Sendo assim, a mercadoria é considerada nacionalizada, pois passa a integrar o patrimônio brasileiro.

Respondida sua pergunta? Mesmo no termo DDP, a mercadoria é considerada nacionalizada no embarque.

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Há os casos em que a mercadoria, tendo entrado no país de forma não definitiva, tenha a sua situação transformada para a permanência definitiva. É o caso de mercadoria que esteja no Brasil sob um regime aduaneiro especial, como, por exemplo, admissão temporária (a ser estudada na aula 06). Digamos que foi importado um bem para exposição no Brasil e retorno ao exterior marcado para daqui a 30 dias.

Caso, no decorrer do prazo, haja a decisão de se manter a mercadoria no país definitivamente, a nacionalização se dará, pela corrente majoritária, quando ficar acordado entre as partes que a mercadoria não volta mais para o exterior. Para a Receita Federal, este momento é impreciso, mas também é pouco relevante já que o fato gerador, para efeito de cálculo do imposto de importação, será o registro da Declaração de Importação, como vamos estudar nesta aula.

Portanto, em ambos os casos, ou seja, na entrada definitiva ou na entrada temporária transformada em definitiva, a nacionalização não depende do despacho aduaneiro para consumo.

Guarde isso!

1) A nacionalização da mercadoria importada a título definitivo ocorre com o embarque. 2) A nacionalização de mercadoria que tem a entrada temporária transformada em definitiva ocorre no momento em que as partes acertam que o bem não voltará mais para o exterior. 3) Em ambos os casos, a nacionalização independe do despacho para consumo.

QUESTÕES 01 – (TRF/2000) Consideram-se nacionalizadas: a) as mercadorias estrangeiras importadas a título não definitivo em regime comum de importação, somente após o regular despacho para consumo, tributadas, ou isentas do imposto de importação; b) as mercadorias estrangeiras importadas a título definitivo, desde que tenham sido despachadas para consumo; c) as mercadorias estrangeiras adquiridas no exterior, excluídas as doações, e tributadas pelo imposto de importação; d) somente as mercadorias estrangeiras despachadas para consumo, tenham ou não sido pagas ao exportador estrangeiro; e) as mercadorias estrangeiras importadas a título definitivo, independentemente de serem despachadas para consumo. Comentários

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Questão direta. Nacionalizadas são as mercadorias importadas a título definitivo, independentemente do despacho para consumo. Gabarito: E. 02 – (AFRF/2002-2) No sistema aduaneiro brasileiro a nacionalização de uma mercadoria: a) é condicionada ao seu despacho para consumo; b) ocorre quando se importa uma mercadoria a título definitivo ou não; c) é condicionada ao prévio pagamento dos tributos ou ao reconhecimento de sua dispensa pela autoridade aduaneira; d) implica a sua importação a título definitivo independente de seu despacho para consumo; e) ocorre para a mercadoria importada a título não definitivo, no momento em que é submetida a despacho aduaneiro de admissão a um regime especial. Comentários Resposta no rodapé.1

4.13 Reimportação

O conceito de reimportação é: “importar de volta aquilo que foi exportado temporariamente”. Em regra, não há cobrança de imposto na reimportação. Há uma exceção prevista no art. 456 do RA, como veremos na aula 06, sobre Regimes Aduaneiros.

Guarde isso!

1) Desnacionalização é a exportação a título definitivo. 2) Nacionalização é a importação a título definitivo. 3) Reimportação é a entrada no Brasil de algo que saíra a título temporário. 4) Reexportação é a saída de algo que fora importado a título temporário. Pelo amor de Deus, “reimportar” não é “importar duas vezes”, nem “reexportar” é “exportar duas vezes”.

1 02 - Questão direta. Gabarito: letra D.

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4. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO

Já relembramos que o imposto de importação não obedece ao princípio da anterioridade nem ao princípio da legalidade, visto que tem função extrafiscal ou econômica. Sua função não é arrecadatória como o imposto de renda ou o IPTU.

É justamente por ter uma função regulatória que o Poder Executivo pode alterar suas alíquotas, sendo dispensado o processo legislativo. E a majoração do imposto, seja pelo Poder Executivo, seja pelo Poder Legislativo, pode ser aplicada nas importações efetuadas no mesmo exercício financeiro e sem precisar cumprir a noventena. 4.2. Incidência Ok, todos sabemos que o imposto de importação incide sobre mercadorias estrangeiras.2 O que muitos não sabem é que as mercadorias estrangeiras podem “englobar” mercadorias produzidas aqui no Brasil. O artigo 70 do RA estende o tratamento de estrangeiros para os bens nacionais e nacionalizados exportados, como vemos a seguir. “Professor, isso é ilegal. Está ferindo o artigo 110 do CTN. A lei tributária não pode chegar e dizer que o nacional é estrangeiro só para abocanhar mais imposto. Que absurdo!” Meu caro, deixe para brigar depois de entrar na RFB (acho que você nem vai querer saber disso depois). O fato é que a legislação diz que, para fins de incidência do imposto, são consideradas estrangeiras as mercadorias nacionais ou nacionalizadas que forem exportadas, salvo algumas exceções:

Art. 70. Considera-se estrangeira, para fins de incidência do imposto, a mercadoria nacional ou nacionalizada exportada, que retorne ao país, salvo se:

I – enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado;

II – devolvida por motivo de defeito técnico, para reparo ou para substituição;

III – por motivo de modificações na sistemática de importação por parte do país importador;

IV – por motivo de guerra ou de calamidade pública; ou

V – por outros fatores alheios à vontade do exportador.

2 Art. 69. O imposto de importação incide sobre mercadoria estrangeira. Parágrafo único. O imposto de importação incide, inclusive, sobre bagagem de viajante e sobre bens enviados como presente ou amostra, ou a título gratuito.

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Parágrafo único. Serão ainda considerados estrangeiros, para os fins previstos no caput, os equipamentos, as máquinas, os veículos, os aparelhos e os instrumentos, bem como as partes, as peças, os acessórios e os componentes, de fabricação nacional, adquiridos no mercado interno pelas empresas nacionais de engenharia, e exportados para a execução de obras contratadas no exterior, na hipótese de retornarem ao País.

Você quer voltar para a briga? Eu, particularmente, não vejo ilegalidade

nenhuma no caput do artigo 70. Afinal, se o produto foi exportado a título definitivo, ele deixou de fazer parte do patrimônio brasileiro. Ele perdeu a condição de nacional. Assim como as pessoas se desnaturalizam, os bens podem se desnacionalizar (que palavreado, hein? rs).

Para completar, veja que nem o STF derrubou essa cobrança de imposto de importação sobre bens desnacionalizados, que surgiu no Decreto-Lei 2.472, de 1988!

Antes de olharmos os cinco incisos que excepcionam a regra, veja o parágrafo único do artigo 70. Ele se refere aos benefícios fiscais criados pelo Decreto-Lei no 1.418/1975 para a exportação de serviços. Um destes benefícios, previsto no art. 2º, foi permitir que as empresas nacionais de engenharia adquirissem máquinas e outros bens no mercado interno a um preço mais baixo para que ganhassem competitividade nas licitações no exterior. Para isso, a venda para as empresas de engenharia passou a ser equiparada a exportações. Significa que nesta venda não incidem o IPI, PIS/PASEP e COFINS e demais tributos e contribuições dispensados nas exportações.

No caso de uma empresa de engenharia usufruir tal benefício e sair com os bens para prestar o serviço no exterior, tal saída não poderá ser considerada temporária, visto que a exportação já “ocorreu” na venda interna. Tendo sido as mercadorias “exportadas”, elas serão tratadas como estrangeiras ao retornarem ao país. É uma questão de opção: quando a empresa de engenharia compra os bens no mercado interno pode pedir a equiparação à exportação definitiva para usufruir as imunidades tributárias, mas, no retorno, será tributada pelo valor depreciado das máquinas, ou paga os tributos internos e faz uma exportação temporária, não pagando os tributos incidentes na reimportação.

4.2.1. Exceções: mercadorias exportadas que não perdem a condição de nacional

Vejamos agora as cinco exceções previstas nos cinco incisos do artigo

70. São casos em que as mercadorias são exportadas, mas não perdem a condição de nacional.

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O inciso I é mais do que óbvio. Mercadorias exportadas em consignação não são exportadas a título definitivo. Logo, não se desnacionalizam na exportação.

O inciso II trata de bens que nos são enviados para conserto. Nós vendemos um bem no mês passado. Como deu defeito, ele virá para que o consertemos. Apesar de ter saído a título definitivo, sua volta não será tributada, até porque se presume que vai voltar de novo para o exterior.

O inciso III trata de mudanças nas normas dos países importadores. Considere que nós exportamos camisas para os EUA. No meio da viagem, os EUA resolvem “endurecer” suas regras de importação. Com isso, se a entrada dos bens exportados ficar inviabilizada, os bens voltarão para o Brasil. Com base no inciso III, os bens retornados não serão considerados estrangeiros e não serão tributados. Seria o fim do mundo, né? O exportador já se deu mal com o cancelamento da venda. Ainda vai ter que pagar imposto de importação? Não dá, né?

O inciso IV tem a mesma ideia do inciso III, só que o retorno não é em virtude de mudança de norma, mas de guerra ou calamidade pública.

O inciso V resume todos, que poderiam ser dispensados. Bastaria que se escrevesse: “Não se consideram estrangeiras as mercadorias que voltarem ao Brasil por fatores alheios à vontade do exportador.” 4.2.2. Não incidência Pessoal, a Esaf pede que estudemos “Incidência” no tópico 4.2 de ambos os editais da Receita Federal. Assim também a Esaf pedia nos concursos antigos. Porém, para estudar a incidência do imposto, é primordial ver também os casos de não incidência. Você vai ver que a Esaf gosta muito de cobrar a lista de casos de não incidência.

Art. 71. O imposto [de importação] não incide sobre:

I – mercadoria estrangeira que, corretamente descrita nos documentos de transporte, chegar ao país por erro inequívoco ou comprovado de expedição, e que for redestinada ou devolvida para o exterior;

II – mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e que se destine à reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o desembaraço aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que observada a regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda;

III – mercadoria estrangeira que tenha sido objeto da pena de perdimento, exceto na hipótese em que não seja localizada, tenha sido consumida ou revendida;

IV – mercadoria estrangeira devolvida para o exterior antes do registro da declaração de importação, observada a regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda;

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V – embarcações construídas no Brasil e transferidas por matriz de empresa brasileira de navegação para subsidiária integral no exterior, que retornem ao registro brasileiro, como propriedade da mesma empresa nacional de origem;

(tacitamente revogado) VI – mercadoria estrangeira avariada ou que se revele imprestável para os fins a que se destinava, desde que seja destruída sob controle aduaneiro, antes do desembaraço aduaneiro, sem ônus para a Fazenda Nacional; e

VII – mercadoria estrangeira em trânsito aduaneiro de passagem, acidentalmente destruída.

O primeiro inciso é o de mercadoria, por exemplo, que estava indo da Europa para a Argentina, mas acabou sendo descarregada no Brasil por erro. Não será cobrado o imposto se a mercadoria sair do país, seja para o destino correto (redestinada), seja para a origem (devolvida ao exterior). O segundo inciso é bastante lógico. Uma mercadoria foi importada e todos os impostos foram pagos. Chegando ao estabelecimento do comprador, a mercadoria apresentou defeito dentro do prazo de garantia e o vendedor irá substituí-la. Ora, se é uma troca, não há porque cobrar imposto de novo, já que este já foi pago na primeira entrada. Portanto, a entrada de mercadoria que vem para substituir outra é situação de não-incidência. Algumas condições são inseridas neste inciso: a mercadoria substituta tem que ser “idêntica”, não serve “similar”; a detecção do defeito se deu após o desembaraço, ou seja, com certeza o imposto foi pago. Com isso, não haverá nova cobrança de imposto sobre o produto idêntico que entrar para substituir o defeituoso. O terceiro inciso também é bastante lógico. Se o importador perdeu sua mercadoria em favor da União, não há porque cobrar dele o imposto sobre a mercadoria. Também não tem lógica a cobrança do imposto daquele que hoje possui a mercadoria: o governo. Porém, há exceções. Algumas vezes, a Receita aplica a pena de perdimento à mercadoria, mas antes que ela seja apreendida, o possuidor “some” com ela, seja consumindo, vendendo ou fazendo qualquer outra coisa. Para desestimular estas fraudes, é prevista uma multa de 100% do valor da mercadoria (que seria “equivalente” a apreender a mercadoria) e, além disso, serão cobrados os impostos incidentes, já que a mercadoria foi efetivamente utilizada no país. Se a punição fosse apenas a multa, talvez o “sumiço” fosse vantajoso para o fraudador. Afinal, ele teria tido um lucro com a utilização ou a revenda da mercadoria.

Em suma, se a mercadoria for apreendida e dado o perdimento, não precisa pagar nem multa nem imposto. Se sumir com a mercadoria, cobra-se a multa e o imposto. O quarto inciso se refere a uma devolução de mercadoria antes da ocorrência do fato gerador do imposto. Ora, o registro da DI é considerado o fato gerador para efeito de cálculo (como veremos adiante). Se a mercadoria é devolvida antes deste momento, então o imposto não será cobrado por falta do elemento temporal do fato gerador.

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O quinto inciso é só para decorar, ok? Não incide o imposto de importação no caso de embarcações produzidas no Brasil e transferidas por empresa brasileira de navegação para subsidiária integral no exterior, no caso de voltarem para a empresa brasileira. Em relação ao sexto inciso, sua base legal é o Decreto-Lei no 37/1966, art. 1o, § 4o. Este dispositivo foi alterado pelo art. 40 da Lei no 12.350/2010, não tendo ainda havido a atualização do art. 71 do Regulamento Aduaneiro. Como o regulamento não pode contrariar a lei na qual se baseia, claro que passamos a aplicar a nova regra no nosso dia a dia:

“O imposto [de importação] não incide sobre mercadoria estrangeira:

I – destruída sob controle aduaneiro, sem ônus para a Fazenda Nacional, antes de desembaraçada”.

O que a lei de 2010 inovou foi o fato de que a destruição da mercadoria pode ser realizada sobre mercadorias em qualquer estado e não apenas sobre as avariadas ou imprestáveis. Enfim, independentemente do estado das mercadorias, caso o importador deseje, ele pode solicitar à aduana a destruição dos bens importados, sendo dispensado do pagamento do imposto de importação. “Mas, professor, se a Esaf colocar na prova o inciso VI, eu considero correto ou não?”

Depende. Você sabe que contra literalidade não se briga. Isso vale para a legislação aduaneira assim como vale para todo ramo do Direito. Então se você perceber, pelas outras opções, que a Esaf está apenas cobrando a literalidade, então considere o item correto. No entanto, se a Esaf estiver pedindo juízo de valor, saiba que a redação do inciso VI está incompleta, mas não errada. Afinal, a situação de não incidência não é apenas para as mercadorias avariadas ou imprestáveis. É para toda mercadoria “destruída sob controle aduaneiro”, “sem ônus para a Fazenda Nacional” e “antes do desembaraço”. O sétimo inciso trata do trânsito aduaneiro, que é um dos regimes aduaneiros especiais que vamos estudar nas aulas 06 a 08. O trânsito aduaneiro é aquele regime em que, por exemplo, transfere-se a mercadoria de um ponto a outro para que neste outro ela seja conferida. Caso as empresas de Minas Gerais importem mercadorias por navio, elas têm duas opções para as mercadorias que chegam pelo Porto do Rio de Janeiro: enviam um funcionário (ou um sócio ou um despachante aduaneiro) para apresentar os documentos para a Receita no porto ou, em vez de ir ao porto, pedem que a mercadoria seja transferida para um porto seco situado próximo ao seu estabelecimento. Este último caso usa o regime de trânsito aduaneiro, em que as mercadorias são normalmente lacradas no porto do Rio para se assegurar que não serão violadas durante a viagem. Ao chegar ao porto seco em Minas Gerais, os lacres são conferidos pelos funcionários da Receita que lá trabalham. Esta modalidade de trânsito aduaneiro é o trânsito de importação. O sétimo inciso trata especificamente do trânsito aduaneiro de passagem, ou seja, a mercadoria só está passando pelo Brasil. Está entrando

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pela fronteira com a Venezuela para sair depois para a Bolívia, usando o nosso território. Quando entra no Brasil pela Venezuela, são lacradas as cargas e/ou os veículos. O beneficiário assina um compromisso de sair do país. Caso não o faça, os tributos serão cobrados com base no termo de responsabilidade assinado pelo beneficiário. Quando chega à fronteira Brasil-Bolívia, verifica-se se tudo foi cumprido conforme havia sido assumido pelo transportador. Qualquer inadimplemento do regime gera a execução do termo de responsabilidade como veremos na aula específica. “Tá, professor, mas o que diz o sétimo inciso?” Bem, ele diz que se, no trânsito aduaneiro de passagem, houver um acidente envolvendo as mercadorias, os tributos serão dispensados. Isto porque o Brasil não cobraria mesmo nenhum imposto sobre esta mercadoria, já que ela só está passando pelo Brasil. Interessante a conclusão a contrário senso, ou seja, se for um trânsito do porto do Rio de Janeiro para a empresa em Minas Gerais, não sendo, portanto, um trânsito de passagem, e houver um acidente, os tributos serão exigidos se ficar provado o dolo ou a culpa. Isto porque o tributo seria recolhido pelo importador no destino e o deixará de ser. Para não ficar “barato”, o transportador será cobrado do imposto, salvo se for o caso de força maior ou caso fortuito (RA, art. 664).

Em suma, acidente em trânsito de passagem não gera cobrança de imposto, pois a RFB já não arrecadaria mesmo este imposto. Nas outras modalidades de trânsito (que veremos em aula futura), acidente gera cobrança de imposto, pois a RFB deixará de receber os tributos de quem de direito. Só não haverá tal cobrança se tiver havido caso fortuito ou força maior, devidamente comprovada. 4.3. Fato Gerador O fato gerador do imposto de importação é tratado nos artigos 72 a 74 do Regulamento Aduaneiro.

O art. 72 do RA dispõe que “o fato gerador do imposto de importação é a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro”.

Quanto a isso, não há nenhum mistério para quem já estudou Direito Tributário. Na verdade, só existe um detalhezinho: o Regulamento Aduaneiro menciona “território aduaneiro”, enquanto o Decreto-Lei 37/1966, base legal do imposto de importação, menciona “território nacional”. Apesar de possuírem a mesma extensão, o decreto não deveria modificar a definição de fato gerador dada pelo Decreto-Lei, né? Discussões à parte, para a prova valem as duas expressões, porque literais, ok?

A entrada física da mercadoria é considerada o fato gerador material ou espacial. É também referida como o elemento material do fato gerador.

Lá em Direito Tributário, aprendemos que, para se proceder ao lançamento do crédito tributário, é necessário aplicar a legislação vigente na

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data da ocorrência do fato gerador. Logo, para calcular o imposto de importação, necessário é saber quando efetivamente a mercadoria estrangeira entrou no território aduaneiro. Isso é complicadíssimo.

Por que complicado? No Direito Administrativo, aprendemos que as águas territoriais e o

espaço aéreo também pertencem ao território nacional. Portanto, a entrada da mercadoria no território aduaneiro se dá quando o avião entra no espaço aéreo brasileiro ou quando o navio entra nas águas territoriais.

Você acha que a Receita Federal sabe o momento em que o avião entrou no espaço aéreo? Não, né? Será que, pelo menos, a Aeronáutica sabe? Se tiver vindo por navio, em que momento a mercadoria entrou em águas territoriais? A Receita não sabe. Por via terrestre, é bem mais fácil, né? Aliás, é mais fácil se o sujeito tiver entrado pela via legal. Se entrou por estradinha de terra (ou “a estrada do contrabando”) que a gente sempre vê no Jornal Nacional, aí complicou.

Enfim, é bem complicadinho saber a hora em que a mercadoria entrou no país. Por isso, para fins de cálculo do imposto, foi criado o chamado “elemento temporal do fato gerador” e o momento ficou muito bem determinado. Este elemento também é chamado “momento de incidência”. Na verdade, existem quatro momentos de incidência do imposto de importação:

Art. 73. Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador:

I - na data do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo;

II - no dia do lançamento do correspondente crédito tributário, quando se tratar de:

a) bens contidos em remessa postal internacional não sujeitos ao regime de importação comum;

b) bens compreendidos no conceito de bagagem, acompanhada ou desacompanhada;

c) mercadoria constante de manifesto ou de outras declarações de efeito equivalente, cujo extravio ou avaria tenha sido apurado pela autoridade aduaneira; ou

d) mercadoria estrangeira que não haja sido objeto de declaração de importação, na hipótese em que tenha sido consumida ou revendida, ou não seja localizada;

III - na data do vencimento do prazo de permanência da mercadoria em recinto alfandegado, se iniciado o respectivo despacho aduaneiro antes de aplicada a pena de perdimento da mercadoria, na hipótese a que se refere o inciso XXI do art. 689;

IV - na data do registro da declaração de admissão temporária para utilização econômica.

Parágrafo único. O disposto no inciso I aplica-se, inclusive, no caso de despacho para consumo de mercadoria sob regime suspensivo

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de tributação, e de mercadoria contida em remessa postal internacional ou conduzida por viajante, sujeita ao regime de importação comum.

Guarde isso!

1) O fato gerador do imposto de importação é a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro. (elemento material do fato gerador)

2) Para fins de cálculo, considera-se ocorrido o fato gerador (elemento temporal do fato gerador ou momento de incidência): a) no registro da DI para consumo b) no dia do lançamento do crédito tributário c) no vencimento do prazo de permanência em recinto alfandegado d) no registro da DI para admissão temporária para utilização econômica

Vamos ver os quatro elementos temporais? O primeiro inciso está relacionado ao registro da Declaração de

Importação (DI) para consumo, sendo o imposto de importação calculado com base na legislação vigente nessa data. Quando você estudar despacho aduaneiro com o Missagia, verá que há três modalidades de despacho: consumo, admissão e internação. Note que o fato gerador do imposto de importação é expressamente mencionado apenas para o despacho de consumo. Porém, na aula certa, você verá que também existe fato gerador nos demais casos.

“Professor, que negócio é esse de despacho para consumo?” Meu caro, submetem-se ao despacho para consumo aquelas mercadorias

que entram no país a título definitivo. Diz-se que elas vêm “para consumo”. Pelo amor de Deus, não confunda bens “despachados para consumo”

(conceito aduaneiro) com bens “consumíveis” (conceito do Direito Civil). “Despachado para consumo” significa que o bem foi importado a título definitivo. Já os bens “consumíveis” são aqueles que se destroem com o uso. Um carro não é consumível (conceito de Direito Civil), mas, se estiver sendo importado a título definitivo, será despachado “para consumo” (conceito aduaneiro). Embananou tudo? Não, né? Nas aulas sobre despacho aduaneiro e sobre regimes aduaneiros, você verá que o despacho para consumo ocorre para as mercadorias importadas a título definitivo; despacho para admissão, para as mercadorias ingressadas em um regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais; e despacho para internação, para as mercadorias que saem, por exemplo, da Zona Franca de Manaus (ZFM) para o restante do território nacional. O controle de internação é necessário para se evitar que as empresas do Brasil importem

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bens utilizando os benefícios fiscais criados especificamente para a ZFM, como veremos.

Atenção! Ainda não vimos nem despacho aduaneiro nem regimes aduaneiros, mas vamos bater muito nisso aqui do lado!

1) Despacho para consumo é para mercadorias importadas a título definitivo, ou seja, importadas para o regime comum.

2) Despacho para admissão é para mercadorias que vão entrar num regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais.

3) Despacho para internação é para mercadorias que saem de regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais, como a Zona Franca de Manaus, para o restante do território.

O segundo inciso pode ser entendido como o momento de incidência

para aquelas situações em que se deve cobrar o imposto de importação, mas sem que haja o registro de uma declaração de importação. É o caso, por exemplo, dos bens trazidos como bagagem dos turistas que chegam dos EUA. Sobre tais bens haverá cobrança do imposto, se o sujeito trouxer mais de US$ 500.00 de bens novos. Para estes casos, o turista vai pagar o imposto, mas ele não vai registrar uma DI. O turista nem sabe o que é uma DI. Ele só sabe o que é DIor, Ralph Lauren, Lacoste, enfim isso tudo aí ele conhece muito bem, mas de DI, que é bom, ele não sabe nada.

Para este caso e também para o caso das importações pelos correios, o sujeito paga imposto, mas não registra nenhuma declaração. Para tais casos, o fato gerador será considerado ocorrido no dia do lançamento do imposto ou, para ser exato, “no dia do lançamento do crédito tributário”. As alínea a e b do segundo inciso dizem respeito às importações pelos correios e pelos viajantes. Como escrevi no início da aula, o regime de tributação simplificada (pedido no tópico 4.7) e o regime de tributação especial (tópico 4.8) serão estudados em detalhes só na aula 09. Mas para não ficarmos sem a explicação do fato gerador, vejamos um resumo bem sucinto.

Resumo bem sucinto de importações pelos CORREIOS: As remessas postais internacionais podem se submeter ao regime de importação comum ou ao regime de tributação simplificada. Se você comprar pela internet um bem de até US$ 3,000.00 e mandar vir pelos correios, será aplicado, em regra, o regime de tributação simplificada. Neste caso, você pagará 60% de imposto de importação, mas não vai precisar registrar uma Declaração de Importação (DI). Acima daquele limite, aplica-se o regime de importação comum e tem que ser feita a DI.

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Resumo bem sucinto de bens trazidos por VIAJANTES:

Os bens trazidos pelos viajantes podem cair em um dos três tratamentos tributários: isenção, regime de tributação especial e regime de importação comum. Caso o valor total dos bens novos adquiridos no exterior fique abaixo do limite de isenção (US$ 500.00 ou US$ 300.00, dependendo do meio de transporte), o sujeito não paga nada de imposto. Se passar do limite, mas se os bens puderem ser considerados bagagem, eles caem no regime de tributação especial e o viajante só sai com suas malas para casa se pagar o imposto de 50% sobre o valor que excedeu o limite de isenção. Se não puderem ser considerados bagagem, por serem, por exemplo, bens de uso industrial, então eles são retidos e caem no regime de importação comum, tendo que se registrar uma DI.

No caso do regime de importação comum, seja nas importações pelo

correio, seja em relação ao viajante, tem que ser feita a Declaração de Importação, e o fato gerador do imposto é o registro desta. Nos casos do regime de tributação simplificada e do regime de tributação especial, não há Declaração de Importação. Logo, o fato gerador do imposto se considera ocorrido no lançamento do crédito tributário. Veja tais regras nas alíneas a e b e no parágrafo único do artigo 73. Guarde isso!

1) As importações pelos correios se submetem a um dos dois regimes: - Regime de Tributação Simplificada: o fato gerador é considerado ocorrido no dia do lançamento. - Regime de Importação Comum: o fato gerador é o registro da DI.

2) Os bens trazidos por viajantes se submetem a um dos três tratamentos tributários: - Isenção: o fato gerador não foi definido, já que não haverá cobrança de imposto. - Regime de Tributação Especial: o fato gerador é considerado ocorrido no dia do lançamento. - Regime de Importação Comum: o fato gerador é o registro da DI.

A alínea c do artigo 73 trata do fato gerador presumido. “O que é isso, professor? É o fato gerador presumido da CF/1988, art.

150, § 7º?”

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Ah, você está afiado em Tributário, hein? Só que a resposta é não. (rsrsrs) O fato gerador presumido da legislação

aduaneira não se confunde com o previsto na CF/1988. Você estudou em Tributário que o governo pode cobrar imposto ou

contribuição antes mesmo da ocorrência do fato gerador. É o fato gerador presumido previsto na CF/1988:

“A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.”

No caso do imposto de importação, o fato gerador presumido é previsto

no art. 72, § 1º: “Para efeito de ocorrência do fato gerador, considera-se entrada no território aduaneiro a mercadoria que conste como importada e cujo extravio tenha sido apurado pela autoridade aduaneira.”

A diferença básica consiste em que a CF/1988 presume que o fato gerador irá ocorrer e, por isso, já permite a cobrança antecipada. Já a legislação aduaneira presume que ocorreu o fato gerador (a entrada do bem) e, por isso, permite a cobrança do imposto de importação.

Um presume que algo irá ocorrer; o outro presume que algo ocorreu. Já já trataremos dos responsáveis pelo pagamento do imposto de

importação. Ali vamos verificar que o transportador e o depositário são os responsáveis pelo pagamento do imposto caso eles avariem ou extraviem a mercadoria do importador. Vamos imaginar o seguinte: durante a conferência da mercadoria lá no aeroporto do Galeão, a Receita Federal detectou uma avaria ou falta de bens. O que a RFB faz? Abre um processo de vistoria aduaneira (RA, art. 650) para se descobrir quem foi o responsável pelo problema.

Resumo bem sucinto de vistoria aduaneira: A vistoria será estudada no tópico 13.2 do edital, mas é necessário um breve resumo. Porém, já posso avisar que a vistoria aduaneira está morrendo... Vamos deixar isso para a aula específica. Consta no artigo 650 que “a vistoria aduaneira destina-se a verificar a ocorrência de avaria ou de extravio de mercadoria estrangeira entrada no território aduaneiro, a identificar o responsável e a apurar o crédito tributário dele exigível.” A vistoria é realizada pela RFB toda vez que percebe a

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falta ou a avaria de mercadoria. A intenção é descobrir quem foi o responsável pelo problema com a carga do importador para cobrar dele os tributos que serão, se for o caso, restituídos ao importador.

Não confunda!

Conferência final de manifesto (aula passada): destina-se a apurar falta ou acréscimo de volume ou de mercadoria, olhando-se o manifesto em comparação com os registros de descarga. Em caso de divergência, caberá multa ao transportador.

Vistoria aduaneira: destina-se a apurar falta ou avaria de mercadoria. Detectado o problema, serão cobrados os tributos do responsável (transportador ou depositário)

Descoberto o responsável pela falta ou pela avaria da mercadoria, a

Receita irá cobrar dele os tributos que serão restituídos ao importador. Se o importador pagou R$ 1.000,00 de imposto de importação, ele tem direito à restituição deste valor. Por quê? Perceba o seguinte: o fato gerador do imposto de importação se divide em duas “metades”: o elemento material e o elemento temporal. O elemento material é a entrada, e o elemento temporal é um dos quatro que estamos analisando (registro da DI para consumo, dia do lançamento, dia do vencimento ou dia do registro da declaração de admissão temporária). O fato gerador somente se considera completo se as duas metades acontecerem. Não adianta a mercadoria entrar no país, pois somente se considerará ocorrido o fato gerador no dia do registro de uma declaração, no dia do lançamento ou no dia do vencimento. Não adianta também registrar uma DI se não houver a entrada. A restituição, no caso de extravio, ocorre porque, apesar de ter havido o registro da DI, a mercadoria não entrou ou, pelo menos, não podemos garantir que entrou. Como o elemento espacial não ocorreu (ou não se prova que ocorreu), o imposto deve ser restituído ao importador. “Peraí, se a entrada não ocorreu, por que então cobrar do responsável?”

Aí há uma grande “sacada” da legislação. O imposto só pode ser cobrado se ocorrer o fato gerador. Como não posso afirmar que a entrada ocorreu, a legislação, para não “deixar tudo por isso mesmo”, criou uma presunção de entrada da mercadoria. É o que dispõe o parágrafo 1o do artigo 72 do Regulamento Aduaneiro:

“§ 1o – Para efeito de ocorrência do fato gerador [do II], considera-se entrada no território aduaneiro a mercadoria que conste como tendo sido importada e cujo extravio venha a ser apurado pela administração aduaneira.”

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Portanto, a entrada não pode ser provada e, por isso, restituem-se os

tributos pagos pelo importador (II, IPI, PIS/PASEP e COFINS). Mas se presume a entrada para se cobrarem do responsável pelo extravio os tributos incidentes sobre a importação.

Aqui há um detalhe interessante: a redação do parágrafo 1o refere-se exclusivamente ao extravio de mercadoria, mas a cobrança do imposto ocorre também em relação à avaria, como vemos na alínea c do artigo 73. Neste caso, o fato gerador para a cobrança do imposto em relação ao transportador ou ao depositário não é considerado ocorrido no registro da DI. Afinal, a DI nem é registrada por eles, mas pelo importador. O fato gerador presumido será considerado ocorrido no dia do lançamento do crédito tributário. É exatamente o que diz a alínea c do artigo 73.

Uma curiosidade: considerando que o importador tenha pago R$ 1.000,00 de imposto de importação e tenha este valor restituído por causa do extravio da sua carga, será que o responsável (transportador ou depositário) irá pagar exatos R$ 1.000,00 de imposto? Talvez sim, talvez não. A legislação aplicável ao lançamento sobre o responsável não é necessariamente a mesma legislação do dia do registro da DI. Se, entre o registro da DI e o lançamento dos tributos, tiver havido, por exemplo, alteração na alíquota do imposto de importação, o responsável irá pagar um valor diferente do originalmente pago pelo importador.

Só mais um detalhe acerca do FG presumido: no caso de mercadorias transportadas a granel, ou seja, grãos, petróleo e outros bens vendidos a peso transportados nos porões dos navios, há uma perda natural decorrente do tipo de mercadoria. Se for comprada uma tonelada de soja, será um milagre se chegar ao porto exatamente uma tonelada. Chegarão 999 kg ou 997,6 kg ou qualquer número aproximado. Este extravio natural é tolerado até 1% conforme dispõe o § 3o do artigo 72 do RA. E finge-se que não aconteceu nada. Mas se o extravio passar de 1%, este excedente será considerado extraviado como vimos antes. Será restituído o imposto ao importador e cobrado do transportador o imposto relativo ao que excede o 1%.

A alínea d do artigo 73 está diretamente ligada ao inciso III do artigo 71, visto anteriormente. Já tínhamos aprendido que o imposto de importação não incide sobre os bens objeto da pena de perdimento, SALVO se os bens não foram encontrados para a apreensão. Neste caso, haverá cobrança do imposto e o fato gerador se considera ocorrido no dia do lançamento. Sobre a questão das duas “metades” do fato gerador do imposto de importação, veja a questão que caiu na prova de TTN/97, quando os Analistas Tributários da Receita Federal ainda eram chamados Técnicos do Tesouro Nacional.

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QUESTÃO

03 – (TTN/1997-Área Aduana) Para se configurar o fato gerador do imposto de importação e o momento de sua ocorrência, para fins de cálculo do imposto, são condições cumulativas

a) a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro e o seu licenciamento pelo órgão competente

b) a entrada da mercadoria estrangeira nos recintos alfandegados de zona primária e o seu registro no manifesto de carga do veículo transportador

c) a chegada do veículo transportador ao porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado e a entrega dos documentos relativos à importação na repartição aduaneira jurisdicionante

d) a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro e o registro no SISCOMEX da declaração de importação para consumo

e) a entrada de mercadoria estrangeira na zona primária dos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados e o registro da mercadoria para qualquer regime aduaneiro especial.

Comentários O gabarito é a letra D. A questão é interessante porque aborda esta idéia

das duas metades, ao dizer que são condições cumulativas o elemento espacial e o elemento temporal do fato gerador.

Veja, porém, que a resposta está imprecisa, pois existem quatro elementos temporais do fato gerador e o gabarito só traz um (“registro de DI para consumo”).

O terceiro inciso do artigo 73 traz o terceiro elemento temporal do fato gerador do imposto de importação: a data do vencimento do prazo de permanência da mercadoria em recinto alfandegado, se iniciado o respectivo despacho aduaneiro antes de aplicada a pena de perdimento da mercadoria. O que vem a ser isso? Na legislação aduaneira, estão definidos vários prazos para que o importador inicie o despacho aduaneiro. Por exemplo, estando a mercadoria armazenada no aeroporto ou porto alfandegado de chegada, o importador tem um prazo de 90 dias para registrar a DI. Caso não o faça, a mercadoria será considerada abandonada e será aberto o processo de perdimento (“mercadoria abandonada” é assunto da aula 09). Neste processo, será dada ampla defesa ao importador para que ele, inclusive, possa se “redimir” e registrar a DI, ainda que fora de prazo. A Receita irá permitir este registro da DI, mas, para puni-lo pela sua inércia,

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considerará ocorrido o fato gerador no dia do vencimento do prazo de permanência. Se não tivesse sido criado este terceiro caso, o fato gerador para este “atrasildo” seria o registro da DI. Então para desestimular a inércia dos importadores e se ressarcir de processos de perdimento abertos e não encerrados, a lei definiu que o fato gerador não será o registro da DI, mas o dia do vencimento do prazo de permanência. No nosso exemplo, o fato gerador se considerará ocorrido no 90o dia da descarga, pois este era o último dia para ele registrar a DI. O efeito prático disto é que, além do imposto, o importador terá que pagar juros e multa por estar atrasado no pagamento, ou seja, em mora.

O quarto inciso trata do único regime aduaneiro especial em que se cobram tributos no registro da Declaração de Importação (DI). E ele só foi inserido no Regulamento Aduaneiro no ano de 2010. Vejamos. Os regimes aduaneiros especiais, a serem analisados nas aulas 06 a 08, caracterizam-se pela suspensão no pagamento de tributos e pelo despacho aduaneiro de admissão, não de consumo. Logo, à luz do RA, art. 73, I, o registro da DI de mercadorias submetidas a regimes aduaneiros especiais não é, em princípio, caracterizado como fato gerador do imposto.

No entanto, a admissão temporária para utilização econômica, apesar de ser um regime aduaneiro especial, prevê um recolhimento parcial de tributos no registro da DI. Aliás, é o único regime aduaneiro especial em que se cobram tributos no registro da DI. Como os bens submetidos a este regime se submetem a despacho para admissão, o inciso IV do art. 73 definiu que, neste caso, o registro da DI também se caracteriza como fato gerador do imposto. 4.3.1. Não ocorrência do fato gerador O RA define duas situações de não ocorrência do FG:

Art. 74. Não constitui fato gerador do imposto a entrada no território aduaneiro:

I – do pescado capturado fora das águas territoriais do País, por empresa localizada no seu território, desde que satisfeitas as exigências que regulam a atividade pesqueira; e

II – de mercadoria à qual tenha sido aplicado o regime de exportação temporária, ainda que descumprido o regime.

Os dois casos são engraçados. O primeiro inciso é hilário: a não ocorrência do FG na entrada do pescado capturado em águas internacionais está condicionada ao cumprimento da legislação pesqueira. Ora, imagine que o barco que chega trazendo peixes esteja totalmente irregular. Considerando o descumprimento da condição inserida no inciso I, a aduana vai ter que saber se o pescado foi capturado dentro ou fora das águas territoriais para decidir se autua ou não. Se tiver sido pescado em águas territoriais, é peixe brasileiro e não se cobra imposto. Se tiver sido pescado em águas internacionais, é peixe internacional e cobra-se o

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imposto. Como saber onde o peixe foi capturado? Pergunta para quem? Para o peixe? O pescador nunca irá assumir que pescou fora das águas territoriais. O segundo inciso trata de uma mercadoria que saiu do país temporariamente, como, por exemplo, o veículo que vai passear na Argentina ou os sapatos e roupas constantes da bagagem de um turista brasileiro que vai passear na Disney. Como tais bens saíram temporariamente do país, eles não perderam o vínculo com o Brasil, ou seja, não foram desnacionalizados e continuaram sendo bens brasileiros. Precisava desta previsão de não ocorrência do FG? É lógico que não, já que o imposto de importação somente incide sobre mercadorias estrangeiras e sobre as nacionais que se tornaram estrangeiras por terem saído a título definitivo. A ESAF adora misturar os conceitos de “não estrangeira” (incisos do artigo 70), “não ocorrência do fato gerador” (art. 74) e “não incidência” (art. 71). O efeito de todos é o mesmo, ou seja, não se cobra o imposto de importação. Veja: se uma mercadoria não é estrangeira, há incidência do imposto? Não. E ocorre o FG do imposto de importação na sua entrada no Brasil? Também não. Pois bem, mercadorias não estrangeiras são também situações de não incidência e de não ocorrência do FG, ainda que não seja na literalidade do Regulamento Aduaneiro. Mas, para efeito de prova, devemos guardar os três grupos separadamente. GUARDE ISSO!

Mercadorias não estrangeiras Mercadorias (nacionais) que foram exportadas, mas que voltaram ao país por fatores alheios à vontade do exportador.

Não ocorrência do FG 1) Retorno de exportação temporária 2) Pescado

Não incidência do imposto de importação

1) Casos de mercadorias estrangeiras 2) Embarcações

QUESTÕES 04 – (AFTN/1989) No caso de falta de mercadoria constante de documento de carga ou equivalente, apurada pela autoridade aduaneira, considera-se ocorrido o fato gerador:

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a) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data do lançamento do crédito tributário correspondente; b) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data da entrada do veículo transportador no território aduaneiro; c) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data em que o fato foi comunicado à repartição fiscal; d) na data em que a autoridade aduaneira tenha iniciado a apuração do fato, ficando a mercadoria sujeita aos tributos então vigentes; e) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data em que tenha ocorrido o primeiro registro de declaração de importação de mercadoria desembarcada do mesmo veículo transportador. Comentários Acabamos de ver que, se for detectada falta de mercadoria, a aduana vai lançar o imposto de importação sobre o responsável. E, neste caso, a legislação aplicável ao lançamento é a do dia do próprio lançamento, pois o fato gerador é considerado ocorrido neste dia. Portanto, o gabarito é a letra A. 05 – (AFTN/1991) Para efeito de cálculo do imposto de importação, considera- se ocorrido o fato gerador na data: a) da entrada da mercadoria estrangeira ou desnacionalizada no território aduaneiro; b) da numeração, pela repartição da Secretaria da Receita Federal, da Declaração de Importação de mercadoria despachada para consumo; c) da apuração da falta da mercadoria constante do Manifesto de Carga, ou documento equivalente, apurada pela autoridade aduaneira; d) do lançamento do imposto, quando se tratar de mercadoria contida em remessa postal internacional ou conduzida por viajante, se aplicado ao caso o regime de importação comum; e) da vistoria aduaneira que verificar ocorrência de falta de mercadoria, mediante o confronto do manifesto com os registros de descarga. Comentários Existem quatro elementos temporais (dia do registro da DI para consumo, dia do lançamento, dia do vencimento do prazo de permanência, dia do registro da DI para admissão temporária para utilização econômica). A letra A está errada, pois é o próprio fato gerador do imposto. Eles estão perguntando sobre o elemento temporal (“considera-se ocorrido o FG”), não sobre o elemento material do fato gerador (“entrada”). A letra B está correta, pois o registro da DI consiste em sua numeração (veremos isso escrito na aula de despacho aduaneiro).

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A letra C está errada, pois o processo de apuração da falta de mercadoria para cobrança do imposto sobre o responsável é chamado “vistoria aduaneira”, não “conferência final de manifesto”, conferência meramente documental vista na aula anterior. Na conferência final de manifesto, a consequencia possível é a imposição de multa sobre o transportador por ele ter declarado que traria 100 caixas e só trouxe 90, por exemplo. No instante da conferência final de manifesto, não se cobra ainda imposto de nada, pois pode não estar faltando mercadoria. Algumas das 100 caixas podem simplesmente ter sido fitadas juntas na última hora pelo transportador, antes de viajar para o Brasil. A carga está toda lá, mas, por ter havido uma informação errada, que vai atrapalhar o controle da RFB, o transportador é punido com multa. Claro que na hora que a RFB receber o importador e seus documentos e for fazer a abertura das caixas, ela pode verificar que estão faltando mercadorias. Neste momento, a RFB pára a conferência e realiza a vistoria aduaneira para descobrir quem foi o responsável. Se o depositário, a Infraero, mostra que já recebeu a carga exatamente daquele jeito, com aquele peso e com aquela quantidade, então a Aduana vai concluir que a culpa pelo estrago foi do transportador. Neste caso, a Aduana vai cobrar os tributos deste. Já havia cobrado a multa pela diferença entre o número de volumes manifestado e o descarregado. Agora, será um novo lançamento, desta vez com os tributos dos bens avariados ou faltantes. Em relação à letra D: se o regime é o de importação comum, o fato gerador é considerado ocorrido no registro da DI, não no dia do lançamento. Letra E: incorreta. Em primeiro lugar, vistoria aduaneira não compara manifesto com nada. Isso é coisa de conferência final de manifesto. Em segundo lugar, se tiver sido detectada falta ou avaria, o fato gerador não é considerado ocorrido na “data da vistoria”, mas no “dia do lançamento”. A Receita pode realizar a vistoria num dia e o lançamento em outro. 06 – (AFTN/1996) O momento de incidência do imposto de importação sobre uma mercadoria estrangeira associa-se à(ao): a) entrada da mercadoria no território nacional por via aérea, terrestre ou marítima; b) registro da declaração de importação; c) emissão do conhecimento de embarque; d) liquidação do contrato de câmbio; e) expedição da licença de importação. Comentários

Lembre que “momento de incidência” é sinônimo de “elemento temporal do fato gerador”.

Existem quatro momentos de incidência. Em resumo muito rápido: registro da DI para consumo, dia do lançamento, dia do vencimento, registro da DI de admissão temporária para utilização econômica.

A questão não está perfeita porque o gabarito (letra B) deveria dizer registro da DI para CONSUMO ou para ADMISSÃO TEMPORÁRIA PARA

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UTILIZAÇÃO ECONÔMICA. As DI podem ser registradas para vários regimes aduaneiros (veremos isso em aula futura) e a previsão expressa de registro da DI como momento de incidência é específica para os dois casos que citei.

A letra A está falando do fato gerador. Não se pode confundir: quando se pergunta pelo momento de incidência ou “quando se considera ocorrido o fato gerador”, está se perguntando sobre o elemento temporal, ou seja, registro da DI para consumo, dia do lançamento, dia do vencimento ou registro da declaração para admissão temporária para utilização econômica.

07 – (AFRF/2002-2) A importação de mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e que se destine à reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que satisfeitas as condições estabelecidas pelo Ministro da Fazenda, configura relativamente ao imposto de importação uma hipótese de

a) isenção condicionada. b) regime suspensivo até o implemento das condições. c) não incidência. d) reimportação com não ocorrência do fato gerador. e) isenção de natureza objetiva.

Comentários

Lembra que são três tratamentos distintos? “não estrangeira”, “não incidência” e “não ocorrência do FG”.

As não estrangeiras são “mercadorias NACIONAIS” exportadas e que voltaram ao Brasil por fator alheio à vontade do exportador.

Os casos de não incidência se referem a “mercadorias ESTRANGEIRAS” que não serão tributadas, pois serão, por exemplo, devolvidas ao exterior ou destruídas. Aí entram também as embarcações. Guarde “estrangeiras” e “embarcações”.

Os casos de não ocorrência do FG dizem respeito aos casos “engraçados” (pescado e retorno produto exportado temporariamente).

Se a questão fala sobre “mercadoria estrangeira”, está falando de não incidência. Gabarito: Letra C. 08 – (AFTN/março de 1994) O imposto de importação não incide sobre a) I – mercadoria estrangeira que, corretamente declarada, chegar ao País com erro no manifesto e que, sendo comprovado, seja redestinada ao exterior, II – mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e que se destine a substituir outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, a critério do Ministério da Fazenda;

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III – mercadoria estrangeira que tenha sido objeto de apreensão na zona secundária aduaneira. b) I – mercadoria nacional ou nacionalizada, reimportada, quando descumpridas as condições do regime de exportação temporária; II – mercadoria estrangeira similar, em igual quantidade e valor, e que se destine à reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que satisfeitas as condições estabelecidas pelo Ministro da Fazenda; III – mercadoria desnacionalizada que retorne ao País desde que tenha sido exportada a título definitivo. c) I – mercadoria estrangeira que, corretamente manifestada, chegar ao País por erro evidente ou comprovado de expedição e que for reexportada para outro país; II – mercadoria estrangeira idêntica ou similar, em igual quantidade e valor, e que se destine à reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após a descarga, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que satisfeitas as condições estabelecidas pelo Ministro da Fazenda; III – mercadoria estrangeira, apreendida ou abandonada, que tenha sido objeto de alienação ou qualquer outra destinação pelo poder público. d) I – mercadoria estrangeira que, corretamente declarada, chegar ao País por erro manifesto ou comprovado de expedição e que for redestinada para o exterior, II – mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e que se destine a reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que satisfeitas as condições estabelecidas pelo Ministro da Fazenda; III – mercadoria estrangeira que tenha sido objeto de pena de perdimento. e) I – mercadoria desnacionalizada, que corretamente declarada chegar ao País com defeito técnico que exija sua devolução para reparo ou substituição; II – mercadoria estrangeira idêntica ou similar, em igual quantidade ou valor. e que se destine a reposição de outra anteriormente importada, que se tenha revelado, após a conferência aduaneira, defeituosa, imprestável ou obsoleta para o fim a que se destinava, desde que o importador assine termo de responsabilidade se comprometendo a reembarcá-la para o exterior; III – mercadoria estrangeira ingressada no País em regime exonerativo de tributação. Comentários

Gabarito: D. É questão literal. A letra A está errada porque fala que apreensão é caso de não

incidência. Isto é falso: perdimento não é sinônimo de apreensão ou

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abandono. O perdimento só é declarado após um processo em que se assegure ampla defesa e contraditório ao importador. A apreensão é apenas o primeiro ato do processo que pode desaguar no perdimento.

Outro problema: “erro manifesto” da legislação foi mudado para “erro no manifesto [de carga]”. Com o jogo de palavras, o primeiro item da letra A ficou errado.

Letra B: se a mercadoria foi submetida ao regime de exportação temporária, o seu retorno é caso de “não ocorrência do FG” e não o caso de “não incidência”. Uma observação: descumprir o regime de exportação temporária leva apenas ao pagamento de uma multa, pois a mercadoria não deixa de ser mercadoria nacional só porque, em vez de voltar em 30 dias, voltou em 40. Imposto não pode ser cobrado como punição, não é sanção de ato ilícito, como definido no artigo 3o do CTN.

Letra C: incorreta. O primeiro item fala de reexportação. Não é o caso. Reexportar é devolver aquilo que entrou a título temporário. A coisa que chegou ao Brasil nem deveria ter chegado, quanto mais ter entrado temporariamente. O segundo item fala de mercadorias idênticas e similares, enquanto a legislação fala apenas de mercadorias idênticas. Fala de descarga, quando a legislação menciona despacho. O terceiro item menciona apreendida, coisa que está errada como comentei na letra A.

Letra E: incorreta. O primeiro item é todo embaralhado. Não dá nem para entender direito o que eles estão querendo dizer. O segundo item falou de “similar” e de “conferência aduaneira”. O terceiro item é invenção.

09 – (TRF/2003) Não haverá incidência do imposto de importação nas seguintes situações, exceto: a) devolução de dois aparelhos de ultra-sonografia nacionalizados, por motivo de defeito técnico e que retornaram ao País para substituição. b) retorno ao País de veículo de fabricação nacional, adquirido no mercado interno, por empresa nacional de engenharia e exportado para execução de obra contratada no exterior. c) retorno ao Brasil de peças de artesanato, sob a alegação de que não correspondia à amostra apresentada ao importador estrangeiro pelo representante da cooperativa de artesãos. d) retorno ao País de produtos nacionais, enviados em consignação e não vendidos, imediatamente após o término do prazo autorizado. e) redestinação ou devolução para o exterior de mercadoria estrangeira, corretamente descrita e cujo erro de expedição foi comprovado. Comentários

Como vimos, os bens adquiridos pelas empresas nacionais de engenharia, se trazidos de volta, são tratados como estrangeiros. Gabarito: B.

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Esta questão é capciosa. Em primeiro lugar, pelo duplo “não” no enunciado. Segundo, porque a única opção onde há literalmente uma situação de “não incidência” (RA, art. 71) é a letra E.

As letras A, C e D tratam de situações de “não estrangeira” (RA, art. 70). Estes casos são de mercadorias nacionais que voltam para o país por fatores alheios à vontade do exportador. Se fosse pela vontade do exportador, estas mercadorias não voltariam. São não estrangeiras e, portanto, não há incidência do imposto.

Note que a letra D trata de mercadorias voltando para o Brasil após o prazo autorizado. Por exemplo, foi dado um prazo de 90 dias e a mercadoria volta depois deste prazo. Haverá, por conta deste descumprimento, incidência do imposto de importação? Não, já vimos na resolução de questão anterior que um descumprimento de norma ou um ato ilícito nunca podem ser motivo para se cobrar tributo, pois tributo não é sanção de ato ilícito. 10 – (TRF/2002-1) Caso se trate de mercadoria constante de manifesto ou documento equivalente, cuja falta for apurada pela autoridade aduaneira, reputar-se-á como ocorrido o fato gerador:

a) no dia do registro do manifesto. b) no dia do lançamento do crédito tributário. c) no dia do registro da declaração de importação. d) no primeiro dia útil do mês subseqüente à apuração da falta. e) no dia da atracação do veículo transportador.

Comentários

Resposta no rodapé.3 11 – (TTN/1998) Para efeito de cálculo do imposto de importação, considera-se ocorrido o fato gerador

a) na data do registro da declaração de importação para admissão nos regimes aduaneiros especiais, exceto o de drawback b) na data da entrada da mercadoria no território nacional, assim considerada a da descarga dos volumes para os recintos alfandegados de zona primária c) no dia do lançamento respectivo, quando se tratar de mercadoria constante de manifesto ou documento equivalente, cuja falta ou avaria for apurada pela autoridade aduaneira d) no dia do lançamento respectivo, quando se tratar da entrada regular no território aduaneiro de mercadoria contida em remessa postal à qual tenha sido aplicado o regime de exportação temporária

3 10 - Questão literal. Gabarito: B.

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e) na data do registro da declaração de importação de mercadoria constante de manifesto ou documento equivalente cuja falta for apurada pela autoridade aduaneira em ato de revisão

Comentários

Gabarito no rodapé.4

4.1. Sujeitos Ativo e Passivo O sujeito ativo é a União. Já os sujeitos passivos são divididos em três grupos: contribuintes, responsáveis e responsáveis solidários. 4.1.1. Contribuintes

O artigo 104 do Regulamento Aduaneiro (RA) elenca três pessoas como contribuintes do imposto:

1) o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro; 2) o destinatário de remessa postal internacional, indicado pelo respectivo remetente; e 3) o adquirente de mercadoria entrepostada.

O RA define o importador como sendo aquele que promove a entrada

da mercadoria estrangeira no território nacional. Neste contexto, promover a entrada deve ser entendido como mandar vir a mercadoria e não o de colocar a mercadoria dentro do país ou entregá-la para embarque, que são responsabilidades diretas do transportador e do exportador. Não fosse esse o entendimento, raras seriam as pessoas que poderiam ser chamadas de importadoras no Brasil, pois quase nunca o brasileiro vai ao exterior pegar a mercadoria, seja para trazê-la em mãos, seja para providenciar o seu embarque como carga.

Considerando-se equivalentes as expressões “promover a entrada do bem” e “mandar vir o bem”, surge um problema com as importações por via postal. Afinal, quantas vezes recebemos em casa mercadorias que nem esperávamos como, por exemplo, brindes ou amostras grátis de algum produto? Se esta amostra estivesse vindo do exterior, eu poderia tentar me safar do pagamento do imposto de importação (II) se simplesmente alegasse

4 11 – Questão literal. Gabarito: C.

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que não era o importador pois não havia sido eu a promover a entrada da mercadoria no território nacional. Esta “fuga” do pagamento do II seria mais comum ainda para os agentes de venda dos exportadores estrangeiros que sempre estão recebendo mercadorias para apresentar para os potenciais compradores no Brasil.

Se somente fosse cobrado o imposto daquele que tivesse de fato promovido a entrada, já no sentido de encomendado a mercadoria ao exterior, a “fuga” da tributação seria a tônica das importações via correio. Todos alegariam que não haviam promovido a importação de nada. Aquela mercadoria estaria chegando sem que eles estivessem esperando.

Para evitar isso, o segundo inciso dispõe que o destinatário de remessa postal internacional sempre é contribuinte do imposto de importação, mesmo que não promova a entrada da mercadoria no território nacional.

E o terceiro inciso trata do adquirente de mercadoria entrepostada. Para falar dele é necessário inicialmente falar do regime de entreposto aduaneiro que é um dos vários regimes aduaneiros especiais que nós vamos analisar neste curso. Os editais de 2012 para a Receita Federal não elencaram os regimes aduaneiros que temos que estudar. Por isso, vamos ter que olhar todos (ou quase todos).

Vejamos o regime de entreposto aduaneiro. Os regimes aduaneiros especiais, dentre eles o regime de entreposto aduaneiro, são regimes suspensivos, em que os tributos ficam suspensos, não sendo cobrados por algum motivo. No caso do regime de entreposto aduaneiro, isto ocorre porque as mercadorias estão entrando no país não para consumo imediato. Pode ser usado, por exemplo, para as mercadorias importadas em consignação, em que se procurarão compradores no Brasil. O governo brasileiro retarda a cobrança dos tributos incidentes sobre a importação para o momento próximo à utilização no mercado interno. Assim, se para as mercadorias que entraram em consignação for encontrado um comprador no Brasil, elas poderão sair do recinto alfandegado onde estão armazenadas, mas somente depois do pagamento dos tributos. Já se ninguém se interessar em comprá-las, a mercadoria deve voltar ao exterior, ou seja, ser reexportada.

As mercadorias são trazidas, normalmente, por agentes de venda do exportador estrangeiro, para que estejam disponíveis no país na hora em que aparecer algum interessado aqui no Brasil. Sendo assim, já se economiza o tempo da viagem da Europa para Brasil, sendo muito usado para as mercadorias que precisam de rápida reposição. Eu sempre dou o exemplo, por ser a coisa que considero mais urgente no mundo, das máquinas que funcionam nos centros de tratamento intensivo ou unidades de tratamento intensivo dos hospitais. Se uma dessas máquinas quebrar, não se pode somente neste momento encomendar uma nova ao exterior. É necessário que outras sobressalentes já estejam no Brasil para a rápida reposição. É questão de vida ou morte.

Imagine então a situação em que a empresa estrangeira produtora das máquinas mande algumas unidades para o Brasil. Estas mercadorias ficam em alguma unidade aduaneira (porto, aeroporto ou outros locais que veremos

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quando estudarmos especificamente o regime), sob controle da Receita Federal, para que esta tenha certeza de que o bem não será usado enquanto os tributos não forem pagos.

Esta máquina pode ser enviada em consignação para um hospital mantê-la na unidade aduaneira ou, o que é mais comum, para um agente de venda que passa a concentrar as máquinas para todos os potenciais clientes no Estado do Rio de Janeiro, de São Paulo ou, por exemplo, da Região Sul do país.

Neste segundo caso, quando houver interesse de alguma empresa brasileira em adquirir a mercadoria, ela se acerta com o exportador estrangeiro ou com o agente de venda do exportador estrangeiro e celebram o contrato de compra e venda. Feito isto, quem irá retirar a mercadoria do recinto alfandegado, pagando os tributos?

São duas as possibilidades: o próprio consignatário, isto é, aquele que trouxe em consignação, ou o adquirente da mercadoria entrepostada. O Regulamento Aduaneiro define que os dois podem ser contribuintes do imposto: o primeiro, o consignatário, é o importador visto que foi ele que promoveu a entrada da mercadoria estrangeira no território nacional. O segundo está previsto no inciso III: o adquirente de mercadoria entrepostada é contribuinte do imposto de importação. Qualquer um dos dois poderá preencher a declaração de importação para apresentar a mercadoria à Receita, pagando os tributos incidentes sobre a importação. E, obviamente, o consignatário somente será o contribuinte se promover o despacho aduaneiro.

QUESTÕES 12 – (TRF/2000) O consignatário de mercadoria submetida ao regime de entreposto aduaneiro na importação: (adaptada) a) é contribuinte do imposto de importação porque reveste a qualidade de importador ao promover a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro b) é contribuinte do imposto de importação ao nacionalizar a mercadoria e promover o despacho aduaneiro para consumo em seu nome c) é contribuinte do imposto de importação porque tem relação pessoal e direta com o procedimento de admissão de mercadoria no regime d) é contribuinte do IPI no momento do desembaraço aduaneiro para admissão no regime e) é responsável pelo pagamento do imposto de importação apenas nas hipóteses de extravio ou falta de mercadoria admitida no regime e declarada abandonada pela ultrapassagem do prazo de entrepostamento Comentários

Muitos tendem a marcar a letra A como resposta, mas a correta é a letra B, pois o consignatário somente será o contribuinte do imposto se registrar a

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Declaração de Importação e promover o despacho aduaneiro. Não é porque o consignatário importa as mercadorias em consignação que ele será sempre o contribuinte, pois esta poderá ser nacionalizada (ao transformar a entrada não definitiva em definitiva, a mercadoria é nacionalizada, analogamente à naturalização de pessoas) pelo adquirente. Em suma, o consignatário somente será o contribuinte do imposto caso nacionalize e registre a DI para consumo. Caso seja o adquirente de mercadoria entrepostada a fazer isso, este será o contribuinte do imposto. 13 – (AFTN/1989) Contribuinte do imposto de importação é: (adaptada) a) o importador ou quem a lei a ele equipara, bem como o adquirente de bens apreendidos ou abandonados aos quais tenha sido aplicada a pena de perdimento, e ainda o adquirente de bens entrepostados; b) a pessoa em nome da qual é feito o contrato de câmbio, se operação cambial houver e, em caso contrário, aquela em nome da qual é emitida a fatura comercial, salvo se existir consignatário diferente do importador, na licença de importação, hipótese em que o consignatário será o titular do despacho aduaneiro para consumo; c) o importador, assim considerado qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional, bem como o adquirente de mercadoria entrepostada e o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; d) a pessoa que apresentar à repartição fiscal a Declaração de Importação e aquela que receber remessa postal internacional, bem como o adquirente de mercadoria entrepostada e o adquirente, em licitação, de mercadoria estrangeira; e) o detentor da mercadoria estrangeira em território nacional no momento da ocorrência do fato gerador, ou a qualquer tempo, quando em situação irregular, bem como o adquirente de mercadoria estrangeira entrepostada ou de mercadoria apreendida ou abandonada, em relação à qual tenha sido aplicada a pena de perdimento. Comentários Gabarito no rodapé.5 14 – (AFTN/1994) É contribuinte do imposto de importação: a) qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional, bem como o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente, conforme estabeleçam os atos internacionais pertinentes; b) o permissionário de entreposto aduaneiro relativamente às mercadorias estrangeiras depositadas; 5 13 - Questão literal. Gabarito: C.

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c) qualquer pessoa que tenha relação com a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional, inclusive o transportador e o depositário, mesmo que a mercadoria se destine a permanecer no país apenas por um tempo determinado; d) qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira para consumo no território nacional, bem como o transportador de mercadoria procedente do exterior em percurso interno, sob controle aduaneiro; e) o importador e o adquirente ou cessionário de mercadoria estrangeira beneficiada com isenção ou redução do imposto vinculada à qualidade do importador. Comentários

Letra B: incorreta. Permissionário de entreposto aduaneiro não existe. O que existe são permissionários de porto seco, que ganharam, mediante licitação, o direito de explorar o serviço de armazenagem e movimentação de mercadorias destinadas à conferência aduaneira. São os depositários, os quais são responsáveis pelo imposto e não contribuintes.

Letras C e D: incorretas. Transportador e Depositário são responsáveis e não contribuintes.

Letra E: incorreta. O adquirente ou cessionário ... é responsável solidário.

Gabarito: letra A. 4.1.2. Responsáveis

O artigo 105 do Regulamento Aduaneiro nomeia dois responsáveis pelo pagamento do imposto. Devemos inicialmente lembrar o conceito de responsável no Código Tributário Nacional: é aquele que não tem uma relação pessoal e direta com o respectivo fato gerador, a lei lhe atribui de forma expressa a responsabilidade pelo pagamento do tributo.

Os responsáveis pelo imposto são: I) o transportador, quando transportar mercadoria procedente do

exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno, e II) o depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da

custódia da mercadoria sob controle aduaneiro. Porque eles são nomeados responsáveis? Por causa de bobagens que eles façam. Por exemplo, se a mercadoria for

avariada pelo transportador, ele deve pagar o imposto sobre a parte avariada, devolvendo-se o que foi pago pelo importador. E se houver extravio da mercadoria enquanto depositada no aeroporto do Galeão? O depositário irá pagar pelo imposto relativo a esta mercadoria e será restituído o imposto pago pelo importador.

Como ocorre tal cobrança?

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Toda vez que a mercadoria chega ao Brasil, o importador deve registrar uma DI (declaração de importação), descrevendo a mercadoria detalhadamente para que a Aduana proceda à conferência aduaneira. Este registro é pela Internet. O importador, do seu escritório, envia a declaração de importação com uma série de informações, tais como o valor da mercadoria, o valor do frete, valor do seguro, o país de origem, o país de procedência, o peso líquido, a moeda negociada, o nome do exportador, a classificação fiscal, o regime aduaneiro, a quantidade etc. O SISCOMEX, que é o sistema utilizado no comércio exterior, faz algumas verificações sobre esta DI. Resumidamente, podemos dizer que o SISCOMEX verifica: 1) se o CNPJ do importador está ativo, 2) se a mercadoria já chegou ao país, 3) se a importação foi licenciada pelos órgãos anuentes (por exemplo, se for importação de um animal vivo, é obrigatória a autorização prévia do Ministério da Agricultura; se for importação de remédio, o Ministério da Saúde tem que dar a autorização. Ambas as autorizações devem ser concedidas antes mesmo do embarque da mercadoria no exterior com destino ao Brasil) e 4) se há dinheiro na conta do importador para o pagamento dos tributos devidos pela importação.

O pagamento dos tributos se dá da seguinte forma: o número da conta corrente do importador, o número da agência e do banco são alguns campos a serem informados pelo importador na DI. O SISCOMEX envia uma ordem de débito para o banco para que este retire da conta indicada um determinado valor a título de imposto de importação, IPI, PIS/Pasep e Cofins. Talvez também o valor do ICMS seja debitado, dependendo da escolha do importador, como veremos na aula sobre este tributo.

Se todos os quatro testes citados derem resultado positivo, a DI é registrada e se inicia o despacho aduaneiro. Note que a modalidade de lançamento do imposto de importação é por homologação, em que o importador paga primeiro os tributos e só depois a Receita Federal confere se o pagamento foi correto.

Voltando à DI: para que a Receita confira se os dados foram perfeitamente informados, o importador deve apresentar alguns documentos, como a fatura comercial, o conhecimento de carga (que é o documento que representa o contrato do transporte, sendo emitido pelo transportador), entre outros, que veremos em detalhes na aula de “despacho aduaneiro”. Durante a conferência, normalmente se descobrem as faltas ou avarias de mercadoria. Caso a mercadoria, ao ser conferida pela Aduana, mostre-se avariada ou extraviada, a Receita abre o processo de vistoria aduaneira para descobrir quem foi o responsável por este problema. No final do processo de vistoria, que nada mais é que um processo de investigação, a Receita terá descoberto que o responsável foi o transportador durante a viagem ou o depositário durante a armazenagem. Normalmente estes são os dois responsáveis pela falta ou avaria. Descoberto o responsável, a Receita lança o tributo com penalidades sobre esta pessoa e restitui o imposto que havia sido pago pelo importador via débito automático. Quando olharmos a seguir os responsáveis solidários pelo pagamento do imposto, veremos que também o exportador pode ser responsabilizado por uma falta ou avaria.

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Mais duas observações sobre os responsáveis pelo imposto: a primeira é sobre a redação do inciso I que diz que o transportador será responsável inclusive em percurso interno. O que se quer dizer com isso?

Muitas vezes, é solicitado pelo importador o regime de trânsito aduaneiro. Este regime aduaneiro especial é o que permite o transporte de mercadoria de um ponto a outro do território nacional com suspensão dos tributos para que somente no destino a mercadoria seja verificada. Isto é muito comum quando, por exemplo, uma empresa do estado de Goiás importa mercadorias por navio. A mercadoria entra pelo porto do Rio de Janeiro ou pelo porto de Santos, mas, como a presença do importador ou de um representante é obrigatória na hora da sua verificação, o importador prefere que a mercadoria seja transferida para uma unidade aduaneira mais perto de sua sede, para não precisar viajar para o Rio de Janeiro nem contratar um despachante aduaneiro. A mercadoria então será transferida para um porto seco, utilizado para armazenagem e despacho aduaneiro das mercadorias.

Caso uma mercadoria transportada do porto do Rio de Janeiro para um porto seco em Goiás não chegue ao destino ou chegue avariada, o responsável, isto é, o transportador, irá pagar os tributos relativos a ela. Por isso, ele é considerado responsável também em percursos internos.

A segunda observação é que o artigo 105 traz o inciso III que diz que também é responsável pelo imposto qualquer outra pessoa que a lei assim designar. Não há nenhuma outra lei designando ninguém. Por isso atualmente só existem dois responsáveis pelo imposto. 4.1.3. Responsáveis Solidários

O artigo 106 do Regulamento Aduaneiro define que são responsáveis

solidários: I) o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou

redução do imposto; II) o representante no país do transportador estrangeiro; III) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de

importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora;

IV) o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora;

V) o expedidor, o operador de transporte multimodal ou qualquer subcontratado para a realização do transporte multimodal;

VI) o beneficiário de regime aduaneiro suspensivo destinado à industrialização para exportação, no caso de admissão de mercadoria no regime por outro beneficiário, mediante sua anuência, com vistas à execução de etapa da cadeia industrial do produto a ser exportado; e

VII) qualquer outra pessoa que a lei assim designar.

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O primeiro caso trata do adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto. Vejamos um benefício existente atualmente: a isenção dada para as instituições científicas para as importações de bens destinados à pesquisa científica. Foi criada pela Lei 8.010/90.

O CNPq, por exemplo, pode importar bens para pesquisa e fará jus a esta isenção. Imaginemos que uma importação desta ocorra e o CNPq desenvolva suas pesquisas. Passado algum tempo, o CNPq pode não ter mais interesse em ficar com a mercadoria já que fez todos os testes desejados. Ele não tem mais interesse na mercadoria, mas pode ser que alguém no Brasil o tenha e, portanto, o CNPq teoricamente tem a oportunidade de lhe vender. O Regulamento Aduaneiro impõe uma condição para que esta transferência se realize: que os impostos sejam pagos previamente. Se não houvesse esta cobrança, todas as pessoas jurídicas iriam usar o CNPq e as demais instituições científicas para intermediarem as compras dos bens que quisessem.

Para realizar a transferência do bem, o CNPq irá pagar previamente os impostos, considerando uma escala de depreciação em que, passados cinco anos, não há necessidade de pagar mais nada.

Passado um ano, há depreciação de 25%. Passados dois anos, a depreciação é de 50%. Após 3 anos, 75%. Quatro anos, 90%. Após 5 anos, 100% de depreciação.

Além de esta situação de transferência após cinco anos não ser tributada, também quando a mercadoria é transferida para outra pessoa que possua a mesma qualidade do importador não é tributada. Por exemplo, se o CNPq quiser transferir a mercadoria para outra instituição cientifica, não haverá necessidade de pagar nada, visto que as duas pessoas têm a mesma qualidade e os mesmos direitos.

Mas se quiser transferir antes dos cinco anos e para alguém que não seja uma instituição científica, os tributos devem ser pagos. O que acontece se o CNPq não fizer o pagamento prévio à transferência da mercadoria? Transforma em responsável solidário o adquirente ou cessionário da mercadoria que foi beneficiada com isenção ou redução do imposto. É isso o que dispõe o primeiro inciso do artigo 106. Ser responsável solidário significa dizer que a Receita vai poder cobrar tais tributos tanto do CNPq quanto do adquirente ou cessionário.

O segundo caso é o do representante no país do transportador estrangeiro. Os transportadores estrangeiros somente podem operar no território nacional se nomearem um representante brasileiro. Isto porque, muitas vezes, a falta ou a avaria causada por ele, transportador, somente é descoberta após sua saída do território. Se o avião da United Airlines descarrega a mercadoria e depois segue viagem, e se só mais tarde a Receita descobrir uma falta ou avaria, não teria como cobrar da United os tributos relativos à falta ou avaria. É por este motivo que o representante é nomeado pelo transportador estrangeiro: ele será cobrado toda vez que o transportador não estiver mais aqui. Mas, como o transportador pode voltar um dia, a responsabilidade do representante é solidária com o próprio transportador, que

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poderá, segundo o Regulamento Aduaneiro, ter o veículo apreendido como garantia dos seus débitos fiscais.

O terceiro caso trata da operação por conta e ordem. É muito comum que uma pessoa jurídica, principalmente as micro e pequenas empresas, não tenham o conhecimento, a estrutura ou interesse de fazer as importações diretamente. É muito comum que elas usem uma empresa especializada em importações e exportações, para agirem em seu nome. As empresas trading são especialistas em compra e venda de mercadorias por conta e ordem de terceiros. Imaginando que uma empresa trading faça uma importação para uma microempresa, pague os tributos e entregue a mercadoria ao encomendante, pode acontecer de a Receita Federal descobrir, posteriormente ao despacho aduaneiro, que há uma insuficiência de tributos ou outra falha no despacho, ensejando a cobrança de multa. Isso é possível porque o despacho aduaneiro pode ser revisto em até cinco anos depois do fato gerador, já que a modalidade de lançamento do imposto de importação é por homologação (CTN, art. 150, § 4º). Se a Receita Federal descobrir insuficiência no recolhimento dos tributos, iria normalmente em cima da pessoa do importador. Mas, neste caso, como a importação é para um terceiro, há a previsão legal da solidariedade: o real adquirente responde solidariamente com o importador.

O quarto caso trata das operações por encomenda. No caso de uma pessoa importar um bem para terceiro, pode estar ocorrendo a “operação por conta e ordem”, vista logo acima, ou a “operação por encomenda”. Qual é a diferença entre os dois casos? Nas importações por conta e ordem, o bem estrangeiro é comprado não pelo importador, mas diretamente pelo adquirente. Já nas importações por encomenda, o bem é comprado pelo importador para atender ao encomendante. Em termos de sujeição passiva do imposto de importação, não haverá nenhuma diferença entre as duas operações. Em ambos os casos, o importador é solidário com o terceiro, seja o adquirente (nas operações por conta e ordem), seja o encomendante (nas operações por encomenda).

O quinto caso trata do expedidor, o operador de transporte multimodal ou qualquer subcontratado para a realização do transporte multimodal. Inicialmente vejamos o que é o transporte multimodal.

O transporte multimodal se caracteriza por ser uma operação de transporte que usa mais de uma modalidade, por exemplo, o terrestre e o marítimo. Se a mercadoria vem do interior da Espanha para um porto no Brasil, será usada a modalidade terrestre do interior da Espanha até o porto espanhol e a modalidade marítima do porto espanhol até o porto do Rio de Janeiro. Se esse transporte do interior da Espanha até o porto brasileiro for contratado com uma única pessoa transportadora, o transporte é chamado multimodal. Caso o transporte terrestre seja contratado com uma pessoa, e o transporte marítimo com outra pessoa, o transporte não é multimodal. O operador de transporte multimodal é o transportador que opera nesta modalidade. É emitido apenas um conhecimento de carga para cobrir toda a viagem.

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O operador de transporte multimodal (OTM) pode prestar os serviços diretamente ou subcontratando. Imagine então que a mercadoria tenha chegado avariada ou faltando ao porto brasileiro, será que a Receita Federal tem condições de saber se a mercadoria foi avariada ou extraviada pelo operador de transporte multimodal ou pelo subcontratado dele?

Provavelmente não. E, por este motivo, ambos são responsáveis solidários no pagamento do imposto. A lei 9.611/1998 define que o operador de transporte multimodal é responsável solidário preferencial. Portanto, a Receita Federal cobra do OTM e este, se for o caso, age regressivamente contra o subcontratado dele.

No inciso IV vemos também que o expedidor é considerado responsável solidário. O que é o expedidor?

É o exportador. Muitas vezes a falta ou avaria da mercadoria foi causada pelo exportador que colocou uma embalagem inadequada ao transporte. Se a mercadoria é perecível ou frágil, o expedidor deveria ter providenciado uma embalagem forte, resistente. Se a embalagem foi inadequada e a mercadoria se perdeu por conta disso, a Receita Federal irá cobrar do exportador os tributos e devolver ao importador o que ele eventualmente tenha pago. Mas novamente temos um problema: o exportador é estrangeiro.

Como já disse anteriormente, o OTM é responsável solidário preferencial. Portanto, ele será cobrado e, neste caso, age regressivamente contra o exportador.

O sexto inciso do artigo 106 definiu que o beneficiário de regime aduaneiro suspensivo destinado à industrialização para exportação responde solidariamente pelo tributo decorrente da admissão da mercadoria no regime por outro beneficiário mediante sua anuência para execução de etapa da cadeia industrial do produto a ser exportado. O que significa isso?

Vejamos um exemplo prático: vamos estudar os regimes aduaneiros especiais em aula futura. No entanto, já falei superficialmente sobre dois: o trânsito aduaneiro e o entreposto aduaneiro. Vou falar agora de um terceiro: o RECOF, que tem o nome de entreposto industrial sob controle informatizado (eu não sei como eles chegaram a esta sigla RECOF). Este regime prevê a importação de matérias-primas com suspensão dos tributos para desonerar as exportações. O governo avaliou que, deixando de cobrar imposto sobre a matéria-prima, torna o produto brasileiro mais competitivo no exterior e, por isso, desonera tais importações. Os tributos incidentes sobre as matérias-primas não são cobrados, ficam suspensos. Esta suspensão fica condicionada à posterior exportação. Caso esta ocorra, beleza! Caso não ocorra, os tributos sobre as matérias-primas, que não foram cobrados inicialmente, agora o serão com juros e multas.

Neste regime, a empresa habilitada ao RECOF pode importar as matérias-primas diretamente, mas pode também autorizar uma segunda empresa a importar tais bens para promover a primeira ou as primeiras etapas da cadeia industrial do produto. Posteriormente, a mercadoria é repassada para o habilitado no RECOF, que continua com a industrialização e finalmente a exporta. Caso, no futuro, a Receita verifique que a exportação não ocorreu, ela

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poderá cobrar o imposto das matérias-primas tanto do importador, quanto daquela indústria habilitada no RECOF que autorizou a importação pelo primeiro.

O sétimo inciso deixa aberta a porta para que outras pessoas sejam nomeadas pela lei como responsáveis solidários. No entanto, nenhuma lei usou deste direito. Guarde isso!

Contribuintes 1) Importador 2) Destinatário de RPI 3) Adquirente de mercadoria entrepostada

Responsáveis 1) Transportador 2) Depositário

Responsáveis Solidários

1) o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto; 2) o representante no país do transportador estrangeiro; 3) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora; 4) o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora; 5) o expedidor, o operador de transporte multimodal ou qualquer subcontratado para a realização do transporte multimodal; 6) o beneficiário de regime aduaneiro suspensivo destinado à industrialização para exportação, no caso de admissão de mercadoria no regime por outro beneficiário, mediante sua anuência, com vistas à execução de etapa da cadeia industrial do produto a ser exportado; e 7) qualquer outra pessoa que a lei assim designar.

QUESTÕES 15 – (AFRF/2002-1) O expedidor, o operador de transporte multimodal ou qualquer subcontratado para a realização do transporte multimodal:

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a) são responsáveis solidários, perante a Fazenda Nacional, pelo crédito tributário exigível. b) são responsáveis, por designação expressa, perante a Fazenda Nacional, pelo crédito tributário exigível. c) na qualidade de sujeitos passivos por sujeição direta, respondem perante a Fazenda Nacional proporcionalmente ao crédito tributário exigível. d) são contribuintes substitutos perante a Fazenda Nacional, respondendo proporcionalmente pelo crédito tributário exigível. e) são responsáveis solidários perante a Fazenda Nacional e nessa qualidade respondem proporcional e eqüitativamente pelo crédito tributário exigível. Comentários

A Letra B está errada porque trata apenas da responsabilidade sem tratar da solidariedade. E na legislação aduaneira há uma clara distinção entre os responsáveis e os responsáveis solidários.

A Letra C trata de sujeição direta. Os responsáveis não têm relação direta com o fato gerador do imposto.

Não são contribuintes substitutos e não há proporcionalidade na solidariedade. Todos os solidários respondem pelo crédito integral, como aprendemos em Direito Tributário. Por isso, as letras D e E são falsas.

Gabarito: Letra A. 16 – (TTN/1997-Área Aduana) O depositário incumbido da custódia de mercadoria de terceiros sob controle aduaneiro nos armazéns de zona primária ou secundária: a) é responsável pelo imposto de importação e multas cabíveis relativamente às mercadorias sob sua guarda; b) é solidariamente responsável com o importador com relação à mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto de importação vinculada à qualidade do importador; c) é solidariamente responsável com o importador com relação à mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto de importação vinculada à destinação dos bens; d) é contribuinte do imposto de importação relativamente às mercadorias a ele consignadas; e) pode ser contribuinte do imposto de importação desde que providencie o despacho aduaneiro da mercadoria. Comentários O depositário é contribuinte, responsável ou responsável solidário? Responsável. Gabarito: letra A. 17 – (TTN/1998) É contribuinte do imposto de importação

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a) o adquirente, em licitação, de mercadoria estrangeira b) o estabelecimento que exerce o comércio de produtos importados em relação ao fato gerador decorrente da saída desses produtos para qualquer fim c) o importador, em relação ao fato gerador decorrente do desembaraço aduaneiro de produto, de procedência estrangeira d) o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional e) qualquer pessoa jurídica de direito público ou privado em relação ao fato gerador da entrada de mercadoria importada do exterior no estabelecimento, ainda que se trate de bem destinado a consumo ou a ativo fixo do mesmo Comentários

Letra A: incorreta. Arrematação em leilão não é FG do imposto de importação (II).

Letra B: incorreta. O fato gerador do II não é a saída da mercadoria. Letra C: incorreta. O fato gerador do II não é o desembaraço da

mercadoria. Letra E: incorreta. O fato gerador do II não é a entrada da mercadoria no

estabelecimento, mas a entrada no país. Gabarito: Letra D.

18 – (AFRF/2000) A responsabilidade do Operador de Transporte Multimodal de cargas, no transporte internacional: a) perante o contratante, cobre o período compreendido entre o instante do recebimento da carga e a ocasião de sua entrega ao destinatário, e, perante os órgãos fazendários, permanece desde a concessão do regime de trânsito aduaneiro até o momento da entrega da mercadoria ou carga em recinto alfandegado de destino; b) com relação ao contratante, inicia-se desde sua inclusão no manifesto do veículo transportador até a sua descarga no local alfandegado de destino e, perante os órgãos fazendários, permanece desde a autorização para embarque no veículo até sua descarga no recinto alfandegado de destino; c) perante o contratante, cobre o período compreendido entre o instante da colocação da carga a bordo do veículo e a ocasião da sua chegada ao destino, e, perante os órgãos fazendários, desde o recebimento da carga na origem até o seu desembaraço aduaneiro; d) relativamente ao contratante do transporte, inicia-se com a entrega da carga no local de origem e cessa quando da chegada do veículo ao local de destino e, relativamente à Alfândega, inicia-se desde o recebimento dos documentos relativos à carga até o desembaraço aduaneiro na importação ou averbação de embarque na exportação; e) perante o contratante na importação, inicia-se desde a disponibilização da carga pelo importador na condição FOB até a entrega do conhecimento de transporte à autoridade do local de descarga para instruir o despacho

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aduaneiro e, no tocante aos tributos, inicia-se desde a lavratura do Termo de Visita Aduaneira até o desembaraço aduaneiro da carga. Comentários Perante a Fazenda, o OTM é responsável pelo pagamento dos tributos das cargas por ele transportadas, caso haja falta ou avaria de mercadoria. No entanto, não podemos esquecer que essa responsabilidade é solidária com o expedidor e com os demais transportadores subcontratados. E essa responsabilidade não diz respeito apenas ao trecho internacional da viagem, mas também aos trechos internos se estiver transportando mercadoria sob controle aduaneiro. É o caso, por exemplo, de fazer o trânsito aduaneiro da carga do porto do Rio de Janeiro até um porto seco em Minas Gerais. Perante o exportador, o OTM é responsável pela carga desde o momento em que a pega até o momento em que a entrega ao destinatário. Gabarito: letra A. 19 – (AFRF/2002-1) Transporte multimodal de cargas é aquele que, regido por: a) dois ou mais contratos, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal; b) um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade de mais de um Operador de Transporte Multimodal; c) dois ou mais contratos, utiliza uma única modalidade de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal; d) um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal; e) um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o porto de descarga no destino, e é executado sob a responsabilidade única de mais de um Operador de Transporte Multimodal. Comentários O conceito de transporte multimodal está na Lei 9.611/1998:

Art. 2º Transporte Multimodal de Cargas é aquele que, regido por um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal.

Gabarito: Letra D.

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20 – (TRF/2002-2) Observe os quadros abaixo e relacione cada uma das alíneas do primeiro quadro com as do segundo. Atente para a possibilidade de haver mais de uma vinculação possível, isto é, mais de uma alínea pode estar vinculada a um numeral. v) Qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional. w) O adquirente ou cessionário de mercadoria importada beneficiada com isenção ou redução do imposto. x) O destinatário de remessa postal internacional. y) O adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. z) O transportador que der causa a dano ou falta de mercadoria importada. 1 – Contribuinte. 2 – Responsável. 3 – Responsável solidário. A opção que contém as vinculações corretas é: a) v1 w3 x1 y3 z2; b) v2 w2 x1 y2 z3; c) v3 w3 x2 y3 z1; d) v1 w2 x3 y2 z3; e) v3 w3 x2 y1 z2. Comentários v -> importador -> contribuinte (1) w -> responsável solidário (3) x -> contribuinte (1) y -> responsável solidário (3) z -> responsável (2)

Gabarito: A. 21 – (TRF/2002-2) A responsabilidade tributária pelas faltas ou extravios de volumes ou de mercadorias importadas pode ser do transportador ou do depositário, conforme normas contidas: a) nos Incoterms; b) no Direito Comercial; c) nos acordos internacionais de transporte; d) na legislação tributária; e) nos contratos de transporte internacional e de armazenagem da carga.

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Comentários Responsabilidade tributária é e sempre será objeto da legislação tributária. Gabarito: D.

4.5. Alíquotas As normas sobre alíquotas estão nos arts. 90 a 96 do RA. As alíquotas do imposto de importação estão fixadas na Tarifa Externa Comum (TEC), que é uma tabela monstruosa de grande em que constam as alíquotas decididas em comum acordo pelos quatro países-membros do Mercosul. A TEC surgiu em 1994, tendo sido incorporada ao nosso ordenamento jurídico pelo Decreto 1.343/1994. Depois disso, já foi modificada um milhão de vezes. Na TEC constam as alíquotas de imposto para todas as mercadorias possíveis e imagináveis, mercadorias representadas por códigos de 8 (oito) dígitos (na matéria de classificação fiscal estudamos as regras para se encontrar o código da mercadoria dentro da “tabela-monstro” - classificação fiscal agora só cai para AFRFB em Comércio Internacional). Quando o importador preenche sua Declaração de Importação, ele informa o código de classificação de sua mercadoria. O Siscomex vai então recuperar da TEC, inserida em sua base de dados, a alíquota de imposto de importação relativa àquele código. As alíquotas inseridas na TEC podem ser ad valorem ou específicas. As alíquotas ad valorem são percentuais que vão incidir sobre o valor aduaneiro do bem. As alíquotas especificas vão ser cobradas não em cima do valor do bem importado, mas em cima da quantidade importada. Por exemplo, se a alíquota for US$ 10,00/sapato, o montante do imposto será apurado com a contagem do número de sapatos importados, sendo desnecessário saber o valor de cada um dos bens. Antes de prosseguir, tenho certeza de que você está com a língua coçando:

“Pára, professor! Que que é valor aduaneiro?” É um valor cuja fórmula de apuração foi definida internacionalmente para

que os países não ficassem utilizando bases de cálculo arbitrárias ou fictícias. Em 1947, foi assinado um compromisso entre vários países criando limites para a apuração da base de cálculo do imposto, evitando-se as arbitrariedades estatais. Em 1979, foi aperfeiçoado tal compromisso, criando-se o Acordo de Valoração Aduaneira, a ser explicado pelo Missagia na aula 03 ao tratar do tópico 24 do edital da RFB.

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A sistemática de se pegar a alíquota na TEC para o cálculo do imposto de importação não vale em dois casos: remessas postais internacionais, sujeitas ao regime de tributação simplificada, e bens trazidos por viajante, sujeitos ao regime de tributação especial. Vimos, por alto, que esses dois regimes possuem alíquotas próprias.

O regime de tributação simplificada (aplicado às importações pelos correios) se caracteriza pela cobrança de imposto de 60% do valor aduaneiro do bem importado. O regime de tributação especial (aplicado aos bens trazidos por viajantes) consiste na cobrança de imposto à alíquota de 50% do que exceder a quota de isenção. Veja, então, que as alíquotas da TEC não serão utilizadas nos dois casos. “Professor, hoje as alíquotas da TEC são preponderantemente ad valorem ou específicas?” Ad valorem. Para falar a verdade, não há hoje na TEC alíquotas específicas.

“Ah, mas a lei pode criar alíquota específica, né?” Pode, mas nem precisa de lei. A alíquota do imposto de importação pode ser fixada pelo Poder Executivo (para ser exato, tal fixação está delegada à Camex – Câmara de Comércio Exterior –, conforme Decreto 4.732/2003). “Tá bem, mas a Camex pode criar alíquotas específicas?” Claro que sim, mas ela vai fazer isso se os países-membros do Mercosul tomarem tal decisão por consenso. “Pode um produto ser tributado com a aplicação das duas alíquotas: ad valorem e específicas?” Pode, mas você não se cansa de perguntar não? rs Se forem criadas as duas alíquotas, o RA dispõe que cabe à legislação a definição acerca da aplicação: se esta será cumulativa ou não. Outra informação acerca das alíquotas é sobre os acordos internacionais. Caso o Brasil (ou o Mercosul) celebre um acordo com os EUA, por exemplo, reduzindo-se as alíquotas reciprocamente, então, obviamente, as alíquotas aplicáveis em função do acordo serão menores do que as alíquotas gerais. Pode, no entanto, depois do acordo celebrado, ocorrer de as alíquotas gerais baixarem e ficarem mais favoráveis ao importador do que as normas previstas no acordo. Neste caso, aplica-se a parte final do art. 95 do RA:

Art. 95. Quando se tratar de mercadoria importada ao amparo de acordo internacional firmado pelo Brasil, prevalecerá o tratamento nele previsto, salvo se da aplicação das normas gerais resultar tributação mais favorável.

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Em suma, havendo um acordo internacional, será aplicada a menor das alíquotas, seja a geral, seja a especial. Por fim, o RA também trata das alíquotas negociadas no âmbito do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT, na sigla em inglês), acordo internacional administrado pela Organização Mundial do Comércio, e no âmbito da Aladi (Associação Latino Americana de Integração). Dispõe o artigo 96:

Art. 96. As alíquotas negociadas no Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio são extensivas às importações de mercadorias originárias de países da Associação Latino-Americana de Integração, a menos que nesta tenham sido negociadas em nível mais favorável.

O que o Brasil der de vantagens para os membros do GATT (cerca de 155 membros, entre países desenvolvidos e em desenvolvimento) deverá estender para os membros da Aladi (14 países latino americanos). Veja, porém, que existe a mesma ressalva: nas importações de bens da Aladi, sempre prevalecerá a alíquota menor.

QUESTÃO 22 – (AFTN/1994) A alíquota ad valorem geral (aplicável a todos os produtos da NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul): (adaptada) a) prevalecerá sobre a alíquota convencional (aplicável às mercadorias objeto de acordo internacional) sempre que se estabeleça uma política de proteção à produção interna do produto similar importado; b) prevalecerá sobre a alíquota convencional na hipótese em que, da aplicação das normas gerais, resultar tributação mais favorável ao contribuinte; c) nunca prevalecerá sobre a alíquota convencional tendo em vista que os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes sobrevenha; d) não prevalecerá sobre a alíquota convencional apenas em se tratando de negociações no âmbito do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT), da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) e do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); e) prevalecerá sobre a alíquota convencional apenas na hipótese de não haver reciprocidade de tratamento por parte do país signatário do acordo internacional com o Brasil. Comentários A alíquota geral da TEC prevalece sobre a alíquota prevista em acordos internacionais, caso seja mais favorável ao importador.

Só um detalhe: a Esaf chamou a alíquota dos acordos internacionais de “alíquota convencional”, pois acordo e convenção são sinônimos no Direito Internacional Público.

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Gabarito: letra B. 23 – (ACE/2002) No Brasil, a definição da alíquota do Imposto de Importação, quando da incidência deste, é feita com base no(a): a) Tarifa Aduaneira Brasileira; b) Preferência Tarifária Regional; c) Sistema Geral de Preferências (SGP); d) Tarifa Externa Comum do Mercosul; e) Sistema Geral de Preferências Globais (SGPG). Comentários Resposta no rodapé.6

4.4. Base de Cálculo A base de cálculo do imposto de importação é tratada nos artigos 75 a 89 do RA. O artigo central é o seguinte:

Art. 75. A base de cálculo do imposto é:

I - quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro apurado segundo as normas do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT 1994; e

II - quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida estabelecida.

Como vimos agora há pouco, existem dois tipos de alíquotas: ad valorem e específicas. Se a alíquota aplicável a um produto importado for do tipo ad valorem, a base de cálculo será o valor aduaneiro. No outro caso, a base de cálculo será a quantidade de mercadoria. Ora, o edital da RFB pede que estudemos o valor aduaneiro no tópico 24. Haverá uma aula inteirinha (aula 03) para olharmos a apuração do valor aduaneiro, o que inclui o estudo dos artigos 76 a 89 do Regulamento Aduaneiro. Então, sob este tópico do edital, temos que estudar o quê? Apenas o artigo 75. Fechamos o tópico. rs 6 23 – Gabarito: letra D.

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QUESTÕES 24 – (AFTN/1989) Na aplicação da alíquota ad valorem do imposto de importação, o contribuinte deve recolher o tributo calculado sobre o valor: a) constante da fatura emitida pelo exportador, quando não inferior ao preço normal da mercadoria no mercado internacional; b) aduaneiro, apurado segundo as normas do artigo VII do GATT; c) FOB da mercadoria, acrescido das despesas de despacho aduaneiro; d) CIF da mercadoria; e) FOB da mercadoria. Comentários Nem precisa de comentário, né? Gabarito: letra B. 25 – (TRF/2000) Constitui base de cálculo do imposto de importação, quando a alíquota for ad valorem, o valor: a) do produto adquirido em licitação de mercadoria estrangeira que tenha sido objeto de pena de perdimento; b) externo, entendido como o preço pelo qual a mercadoria é normalmente oferecida à venda no mercado atacadista do país exportador, somado às despesas para colocação a bordo no porto de embarque, ao seguro e ao frete; c) normal que a mercadoria tem numa venda efetuada em condições de livre concorrência, entre o vendedor no exterior e o importador no Brasil; d) aduaneiro das mercadorias, conforme definido no Acordo de Valoração Aduaneira; e) declarado pelo importador na Declaração de Importação devidamente registrada no Siscomex, incluído o frete interno no país de importação. Comentários

Gabarito no rodapé.7 26 – (TRF/2002-1) A base de cálculo do imposto de importação é: a) em se tratando de alíquota específica, a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida indicada na Tarifa baixada pelo Ministro da Fazenda; b) em se tratando de alíquota ad valorem, o preço pelo qual a mercadoria ou similar é normalmente oferecida à venda no mercado atacadista do país exportador, somado às despesas efetivamente pagas para sua colocação a bordo no porto de embarque para o Brasil, ao seguro e ao frete (CIF),

7 25 – Gabarito: D.

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deduzidos, quando for o caso, os impostos exigíveis para consumo interno e recuperáveis pela exportação; c) em se tratando de alíquota ad valorem, o preço do produto adquirido numa venda internacional em condições de livre concorrência, e relativo ao custo da exportação acrescido das despesas incorridas para colocação no porto de embarque; d) em se tratando de alíquota ad valorem, o preço do produto adquirido em licitação pública, deduzidos os impostos internos exigíveis no mercado interno e acrescido do frete e seguro internacionais; e) quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro definido no Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), no qual o Brasil é parte. Comentários

Ô coisa repetitiva. rsrs Veja o rodapé.8

4.6. Tributação de Mercadorias não Identificadas A tributação de mercadorias não identificadas é tratada no artigo 98 do Regulamento Aduaneiro:

Art. 98. Na impossibilidade de identificação da mercadoria importada, em razão de seu extravio ou consumo, e de descrição genérica nos documentos comerciais e de transporte disponíveis, serão aplicadas, para fins de determinação dos impostos e dos direitos incidentes, as alíquotas de cinqüenta por cento para o cálculo do imposto de importação e de cinqüenta por cento para o cálculo do imposto sobre produtos industrializados.

§ 1o Na hipótese de que trata o caput, a base de cálculo do imposto de importação será arbitrada em valor equivalente à média dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, pela mesma via de transporte internacional, constantes de declarações registradas no semestre anterior, incluídos os custos do transporte e do seguro internacionais, acrescida de duas vezes o correspondente desvio padrão estatístico.

§ 2o Na falta de informação sobre o peso da mercadoria, deve ser adotado o peso líquido admitido na unidade de carga utilizada no seu transporte.

8 26 – Gabarito: letra E.

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Esse artigo parte do pressuposto de que a mercadoria não pôde ser identificada. Sabemos apenas que foi importada uma mercadoria, mas não sabemos exatamente o que foi.

É certo que você já assistiu a reportagens falando sobre as operações conjuntas da RFB e da Polícia Federal nas fronteiras do Brasil. Imagine, por exemplo, que um bandido fure a blitz e consiga, sabe-se lá como, fugir das garras da lei (uau!). Você já estudou Direito Tributário. Logo, sabe que a definição do fato gerador dos tributos independe da licitude dos fatos praticados pelos contribuintes (CTN, art. 118, I). É o princípio do non olet.

No caso do fujão, a aduana, em primeiro lugar, tenta apreender as mercadorias importadas (RA, art. 689, X). Caso não consiga, haverá duas consequências: cobrança dos tributos (art. 73, II, d) e multa no valor aduaneiro da mercadoria (art. 689, § 1º).

No caso de não se conhecer a mercadoria, o valor aduaneiro certamente será apurado pelo sexto e último método de valoração (ainda vamos estudar os seis métodos), sendo razoável, por exemplo, o critério previsto no § 1º do artigo 98, logo acima. Pega-se o valor médio de todas as importações realizadas pela mesma via de transporte e joga-se um “plus” de duas vezes o desvio padrão.

Em relação aos tributos, a base de cálculo será o valor aduaneiro, mas e as alíquotas serão de quanto se não temos a mínima ideia de que mercadorias eram?

Bem, é para responder a esta pergunta que veio escrito o caput do artigo 98. Serão aplicadas as alíquotas de 50% para o imposto de importação e para o IPI. E assim a tributação poderá ser realizada, ainda que as mercadorias não tenham sido identificadas. 4.10. Pagamento do Imposto Este ponto do edital consta nos arts. 107 e 108 do RA:

Art. 107. O imposto será pago na data do registro da declaração de importação.

Parágrafo único. O Ministro de Estado da Fazenda poderá fixar, em casos especiais, outros momentos para o pagamento do imposto.

Art. 108. A importância a pagar será a resultante da apuração do total do imposto, na declaração de importação ou em documento de efeito equivalente.

Quando o importador está em seu escritório utilizando o Siscomex (que ainda estudaremos em detalhes) e preenchendo a DI, uma das coisas solicitadas pelo sistema é o número da conta, da agência e do banco de onde serão debitados os tributos incidentes na importação. É assim que o importador faz o pagamento. Ele não vai ao caixa do banco nem paga um boleto nem passa o cartão de crédito (rs).

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Ele paga o imposto por débito em conta e, depois de levar os documentos à Receita Federal, aguarda a conferência por parte desta. O lançamento é, portanto, por homologação. 4.11. Isenções e Reduções do Imposto de Importação Meu caro, você sabe quantas hipóteses de isenção/redução existem na legislação do imposto de importação? Não? Dá um chute. (pausa)

Caramba, você acertou na mosca: vinte e seis (escrevi por extenso só para você não colar, mas eu sabia que você não ia fazer isso).

Com esse número enorme, você acha que a Esaf vai ficar pedindo que você decore as hipóteses informadas nos artigos 136 a 138 do RA? Claro que não, né? Então, o que a Esaf quer de nós?

Apenas que saibamos as disposições gerais sobre os benefícios fiscais, sua classificação e as condições para fruição.

“Mas, professor, a Esaf não pode pedir os detalhes de uma ou outra

hipótese de isenção?” Pode sim, mas, se ela perguntasse detalhes para os AFRFB que já estão

na RFB há uma dúzia de anos, você acha que quantos acertariam a resposta? Tirando aqueles que trabalham diretamente com isso, os demais teriam muita dificuldade em responder. Então, tentemos focar no essencial.

Vamos ver as regras gerais dos benefícios fiscais. 4.11.1. Disposições Gerais É interessante ver que o artigo 114 do RA tem por base legal o artigo 111 do CTN, mas não o copia exatamente igual. Veja:

Art. 114. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que dispuser sobre a outorga de isenção ou de redução do imposto de importação.

Outra coisa que destoa um pouco da literalidade do Direito Tributário é o artigo 115 do RA, agora em comparação à CF, art. 150, § 6º:

Art. 115. A isenção ou a redução do imposto somente será reconhecida quando decorrente de lei ou de ato internacional.

É fato que o ato internacional incorporado ao ordenamento jurídico interno tem paridade normativa com a lei. Estudamos isso em Direito Constitucional, mas, ao mesmo tempo, vemos que há exceções, tais como os acordos internacionais relativos a direitos humanos, que podem possuir status de emenda constitucional ou status de supralegalidade.

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Com esses dois primeiros artigos, quero apenas acentuar a distinção do RA com o CTN e com a CF/1988, pois isso poderá cair na sua prova. Se fosse pelo Direito Tributário ou pelo Constitucional, a literalidade poderia te derrubar na prova de Legislação Aduaneira. Mas isso não vai mais acontecer... Em relação às isenções e reduções do imposto de importação, elas somente beneficiam mercadorias originárias do país com o qual se celebrou o acordo. Não vai beneficiar mercadorias procedentes. Se assim o fosse, todos os terceiros países iriam tentar aproveitar o acordo celebrado entre os países A e B. Para ganhar o benefício em A, não basta vir do país B, mas tem que ser originário deste país. Mas quando se pode dizer que um produto é originário de determinado país? O próprio RA responde no § 1º do art. 117:

Respeitados os critérios decorrentes de ato internacional de que o Brasil seja parte, tem-se por país de origem da mercadoria aquele onde houver sido produzida ou, no caso de mercadoria resultante de material ou de mão-de-obra de mais de um país, aquele onde houver recebido transformação substancial.

Guarde isso!

País de origem é aquele que produzir integralmente o bem ou, quando produzido por mais de um país, aquele que realizar uma transformação substancial.

Portanto, uma redução recíproca de imposto acordada entre os países A e B só irá beneficiar as mercadorias produzidas integralmente nos países ou que tenham aí recebido uma transformação substancial. A transformação substancial sofrida por uma mercadoria é aquela que faz surgir uma nova individualidade. Era madeira e se transformou em armário. Era borracha e se transformou em pneu. Era tecido e se transformou em uma calça. Caso o país A importe madeira, borracha ou tecido e produza armário, pneu ou calça, ele será considerado o país de origem destes bens. Por outro lado, se o país A importa o tecido e apenas o corta para exportar para B, não terá havido transformação substancial. Afinal, o produto continuou com a mesma identidade: tecido. Neste caso, o produto fabricado não será considerado originário do país A. Só mais uma coisa: o § 1º transcrito acima menciona “respeitados os critérios decorrentes de ato internacional de que o Brasil seja parte”. Em outras palavras, está dizendo “salvo disposições em contrário”. Significa que os atos internacionais podem prever novos critérios, como, por exemplo, o previsto nas normas do Mercosul.

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A título de curiosidade (para ATRFB): no Mercosul, em regra, um produto ganha a circulação entre os quatro países-membros se cumprir um dos critérios gerais. Estes são os seguintes:

i) for totalmente produzida ou colhida, caçada, pescada ou extraída; ii) ganhar uma nova individualidade; iii) pelo menos 60% de seu valor tenham sido agregados no âmbito do Mercosul.

Isso é apenas curiosidade para quem vai prestar o concurso para ATRFB. Já para o concurso de AFRFB, você precisa saber isso aí. Afinal, o bloco é cobrado na matéria de “Comércio Internacional”. 4.11.2. Condições para fruição do benefício fiscal Para que um produto importado ganhe o benefício fiscal, os arts. 118 e 119 do Regulamento Aduaneiro impõem três condições: não pode haver similar nacional, o produto tem que ser transportado em navio de bandeira brasileira e o contribuinte tem que comprovar a quitação de tributos e contribuições federais.

Porém, o RA admite exceções para as três condições. Por exemplo, a isenção criada para a bagagem do turista tem limite de US$ 500.00, se vier por via aérea ou marítima. A bagagem que o turista trouxer dentro deste valor está isenta de imposto e nem se faz verificação de similaridade do produto. Celulares, notebooks, perfumes, tudo isso possui similar nacional, mas, mesmo assim, o turista ganha a isenção. Há uma confusão muito comum em relação ao navio de bandeira brasileira. A obrigatoriedade de navio de bandeira brasileira deve ser lida da seguinte forma: “se vier em navio, tem que ser em navio de bandeira brasileira”. Alguns interpretam de forma equivocada: “tem que vir de navio e este tem que ser de bandeira brasileira.” Cuidado com isso. Está errado. O transporte por navio não é obrigatório, mas se assim o for, aí tem que vir em navio de bandeira brasileira. “Rodrigo, quando um produto é considerado similar?” Calma, rapaz, isso já é assunto mais para a frente. rs 4.11.3. Modalidades de Isenção No Regulamento Aduaneiro, vemos a classificação de isenções e reduções do imposto em duas modalidades:

i) “isenções/reduções vinculadas à qualidade do importador” ou isenções/reduções subjetivas; e

ii) “isenções/reduções vinculadas à destinação dos bens” ou isenções/reduções objetivas.

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Isenções/Reduções Subjetivas No primeiro caso, a isenção é dada em função não do objeto em si, mas em função da pessoa. É o caso, por exemplo, dos benefícios previstos no art. 136, I:

Art. 136. São concedidas isenções ou reduções do imposto de importação:

I - às importações realizadas:

a) pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal, pelos Territórios, pelos Municípios e pelas respectivas autarquias;

b) pelos partidos políticos e pelas instituições de educação ou de assistência social;

c) pelas missões diplomáticas e repartições consulares de caráter permanente e pelos respectivos integrantes;

d) pelas representações de organismos internacionais de caráter permanente, inclusive os de âmbito regional, dos quais o Brasil seja membro, e pelos respectivos integrantes;

e) pelas instituições científicas e tecnológicas e por cientistas e pesquisadores.

Veja que a isenção é dada para essas pessoas e não se faz menção aos produtos. Logo, qualquer produto pode ganhar a isenção, desde que, é claro, não haja similar nacional, seja transportado em navio de bandeira brasileira e haja a quitação dos tributos federais por parte da pessoa. Ei, você está pegando o marcador de texto para passar no artigo que acabei de escrever? Você tem certeza de que vai fazer isso? Vai ficar decorando? Se eu fosse você, eu não perderia meu tempo com isso não. Dê uma lida só por alto. Isso, você tomou uma ótima atitude. Agora, deixa que eu te pergunte: se uma instituição científica importa um bem com isenção, este será controlado pela RFB por quanto tempo? Claro. Cinco anos. É o prazo decadencial. E o que acontece se a instituição científica transferir o bem para um laboratório ou uma empresa comercial, a RFB vai deixar barato? Óbvio que não. Faca nos dentes. Se a instituição científica quiser transferir um bem para alguém que não tem o mesmo direito de isenção que aquela, então o imposto tem que ser previamente recolhido. Aliás, nós já vimos isso quando tratamos dos sujeitos passivos. Vimos que, realizada a transferência do bem e não feito o pagamento dos tributos, a RFB poderá cobrar o imposto e as penalidades tanto do importador quanto do adquirente ou cessionário do bem importado com isenção/redução. Este é sujeito passivo na qualidade de responsável solidário. Veja o artigo 124 do RA:

Art. 124. Quando a isenção ou redução for vinculada à qualidade do importador, a transferência de propriedade ou a cessão de uso

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dos bens, a qualquer título, obriga ao prévio pagamento do imposto.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos bens transferidos ou cedidos:

I – a pessoa ou entidade que goze de igual tratamento tributário, mediante prévia decisão da autoridade aduaneira;

II – após o decurso do prazo de três anos, contado da data do registro da declaração de importação, no caso de bens objeto da isenção a que se referem as alíneas c e d do inciso I do art. 136; e

III – após o decurso do prazo de cinco anos, contado da data do registro da declaração de importação, nos demais casos.

Este artigo traz algumas coisinhas muito interessantes. Em primeiro lugar, está escrito que o pagamento deve ocorrer previamente à transferência de propriedade ou à cessão de uso A QUALQUER TÍTULO. Imagine que você esteja fiscalizando uma pessoa jurídica e queira ver onde está o bem para o qual ela obteve uma super isenção. “Senhor fulano, boa tarde. Meu nome é ______________ (preencha seu nome) e eu sou Auditor(a)-Fiscal da Receita Federal. Vim fazer uma auditoria em seu estabelecimento. Para ser direto, traga, por favor, seus livros contábeis e fiscais e me apresente a máquina XYZ importada pela DI tal.” “Doutor, senhor, vossa majestade, sabe o que aconteceu? O meu sócio emprestou a máquina para que seu irmão testasse para ver se interessava a ele comprar uma igual. Por isso, eu só vou poder apresentar para o senhor na semana que vem. Tudo bem?” “Tudo bem. Só que eu já te dou o auto de infração hoje. Tudo bem?” “Mas, mas...” “Mas o quê, rapaz? Está escrito aqui na minha testa que eu sou trouxa? Você importa e depois fica alugando, emprestando, doando as coisas que você recebe em isenção e vem cheio de historinha prá cima de mim? Se a máquina não está contigo, você já está errado. Aproveita e assina aqui o termo de ciência do auto de infração (claro que você, um AFRFB cheio de experiência, já sai da repartição preparado para não encontrar o bem e, por isso, sua mala já está com um monte de autos de infração a ponto de bala rsrs).” Bom, está escrito que, depois de cinco anos, não haverá mais problema em transferir os bens importados com isenção/redução. Isto por causa não só da decadência, mas principalmente porque se considera que o bem foi totalmente depreciado. Existe uma escala de depreciação aplicada aos bens. Se a transferência ou a cessão de uso for pretendida dentro do primeiro ano da importação, não há nenhuma redução dos tributos. No segundo ano, 25% de redução. No terceiro, 50%. No quarto, 75%. No quinto, 90%. Se a transferência for realizada após completados cinco ano, nada haverá a pagar. No caso especial de embaixadas e assemelhados (art. 124, II), o prazo de depreciação é mais acelerado.

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Só resta dizer duas coisas: 1a) se a transferência for a uma outra pessoa que tem a mesma qualidade do importador, não haverá qualquer cobrança. Exemplo: instituição científica transfere o bem a outra instituição científica. Nenhuma cobrança haverá, mas antes tem que pedir a anuência da RFB, pois a recebedora talvez não cumprisse, por exemplo, o critério de quitação dos tributos federais. Para evitar o “comércio” de isenções/reduções, as transferências pedem a prévia anuência da RFB, como consta no art. 124, I. 2a) Se houver descumprimento das condições de fruição da isenção ou redução, os tributos serão cobrados retroagindo ao dia do registro da DI, que é o dia em que os tributos tinham que ter sido recolhidos e não o foram, por conta da isenção. (art. 120) Isenções/Reduções Objetivas Estas são tratadas nos artigos 132 a 135. Em espécie, elas são encontradas, por exemplo, no art. 136, II. Como ilustração, pode-se mencionar a isenção para “amostras e remessas postais internacionais, sem valor comercial”, “bens adquiridos em loja franca, no País” e “bens destinados a coletores eletrônicos de votos”. Se a isenção tiver sido usufruída para a montagem das chamadas urnas eletrônicas, é claro que o importador depois vai ter que comprovar que usou nas urnas e não em máquinas de bingo (até que se parecem na forma e na essência, né? rs) No caso de bens importados com isenção/redução objetiva, a transferência dos bens pode ocorrer para qualquer pessoa. Afinal, o bem é que é o objeto da isenção, não a pessoa importadora. Mas também não é bagunça, senão a RFB perderia o controle das coisas. Para transferir para outra pessoa, as únicas condições exigidas no art. 135 do RA são: i) deve ser mantida a finalidade do bem: se foi importado para urna eletrônica, o compromisso do recebedor é usar na mesma finalidade; e ii) deve ser obtida a prévia anuência da RFB. E se descumprir a finalidade? Aí, você já deduz a resposta: os tributos serão cobrados retroagindo-se ao registro da DI. (art. 134) 4.11.4 Ex-tarifário O mecanismo do ex-tarifário surgiu com o Decreto no 1.343, de 23 de dezembro de 1994. Desde 2001, os ex-tarifários são criados pela Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), órgão presente no Conselho de Governo, de assessoria direta à Presidência da República. A redução do imposto de importação a título de ex-tarifário tem a finalidade de estimular a modernização das nossas empresas ou, como está escrito na Resolução Camex 17/2012 (recentíssima), estimular o “investimento produtivo”.

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Para promover tal estímulo, a Camex reduz o imposto de importação para bens de capital (BK) e bens de informática e de telecomunicações (BIT) que não tenham similar nacional. As regras para a criação do ex-tarifário são definidas na Resolução Camex citada e podem ser assim resumidas: – a instituição do ex-tarifário se dá a pedido das empresas brasileiras ou associações de classe;

− para resguardar as indústrias nacionais produtoras de BK e de BIT, a criação do ex-tarifário é condicionada à inexistência de produção interna de bens similares;

− para “proporcionar maior previsibilidade aos investimentos”, o ex-tarifário é criado com prazo de vigência;

− para resguardar as indústrias brasileiras que, posteriormente à criação do ex-tarifário, podem vir a produzir BK e BIT similares, o prazo de vigência do ex-tarifário não pode ser superior a dois anos, podendo, entretanto, ser prorrogado enquanto forem mantidas as condições que permitiram a criação.

Como o ex-tarifário tem duração de até dois anos, isto significa que, mesmo que, no dia seguinte à sua criação, seja iniciada a produção de um similar nacional, não se pode negar a fruição daquele. Em outras palavras, a similaridade somente é verificada no ato de criação do ex-tarifário, não o sendo nas importações para as quais se requerer a redução tarifária. O ex-tarifário é tratado na doutrina e na jurisprudência como um instrumento de política aduaneira, não um benefício fiscal. Na prática, o que isso significa? Significa que para usar um ex-tarifário, o importador não precisa cumprir as condições necessárias para os benefícios fiscais: não existência de similar nacional e transporte em navio de bandeira brasileira. Nenhuma dessas condições é investigada no curso do despacho aduaneiro de bens passíveis de enquadramento no ex-tarifário. Não sendo considerado um benefício fiscal, não se sujeitará a controle da RFB posteriormente ao desembaraço. A mercadoria pode ser transferida a outrem sem necessidade de se consultar a RFB, como deveria ocorrer se fosse o caso de um benefício fiscal. Adiante veremos numa questão de prova. 4.14. Similaridade O Regulamento Aduaneiro trata de similaridade no artigo 190:

Art. 190. Considera-se similar ao estrangeiro o produto nacional em condições de substituir o importado, observadas as seguintes normas básicas:

I - qualidade equivalente e especificações adequadas ao fim a que se destine;

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II - preço não superior ao custo de importação, em moeda nacional, da mercadoria estrangeira, calculado o custo com base no preço Cost, Insurance and Freight - CIF, acrescido dos tributos que incidem sobre a importação e de outros encargos de efeito equivalente; e

III - prazo de entrega normal ou corrente para o mesmo tipo de mercadoria.

Parágrafo único. Não será aplicável o conceito de similaridade conforme o disposto no caput, quando importar em fracionamento da peça ou máquina, com prejuízo da garantia de seu bom funcionamento ou com retardamento substancial no prazo de entrega ou montagem.

Em suma, o produto nacional será considerado similar ao estrangeiro se possuir preço, prazo e qualidade iguais ou mais favoráveis. Em regra, quando uma empresa deseja um benefício fiscal, ela deve, previamente ao embarque do bem no exterior, solicitar o licenciamento de sua importação (a matéria de licenciamento não é mais cobrada para ATRFB, mas apenas para AFRFB, sob o título “Sistema Administrativo” no edital de Comércio Internacional). Por que tem que ser pedido o licenciamento? Para que o Departamento de Comércio Exterior (Decex), da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) (ufa!), realize a investigação acerca da existência de similar nacional. Para investigar a existência do similar, o Decex publica os pedidos de importação e faz consultas públicas: “alô, alguém aí no mercado produz algo semelhante a isso aqui ó?” Onde ele publica isso? A Portaria Secex 23/2011 aponta que é no site do www.mdic.gov.br. Como nós somos curiosos, a gente vai fuçar o site e encontrar o seguinte link: www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=3430&refr=3398 Nesse link, estão as consultas públicas vigentes. Se ninguém se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias, o Decex considera que não há produção de bens similares e concede a licença de importação. Com isso, o importador irá conseguir da Receita Federal a concessão do benefício fiscal quando do despacho aduaneiro.

QUESTÕES 27 – (AFRF/2000) A empresa Alfa Bética Indústria de Componentes Automotivos Ltda. pleiteou junto ao DECEX redução de alíquota do imposto de importação para uma fresadora especial, sem similar

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nacional, para emprego no seu processo produtivo de engrenagens cônicas para automóveis, cujo processo, após exaustiva análise, culminou com o deferimento do pedido, passando a figurar na TEC como “ex-tarifário”. Passados 2 (dois) anos, a empresa encerrou suas atividades e a referida máquina foi vendida a outra empresa para ser utilizada na produção de engrenagens helicoidais para equipamentos navais, sem autorização prévia da Secretaria da Receita Federal para manutenção da referida redução de imposto. Ato contínuo, em fiscalização na empresa, a Secretaria da Receita Federal: a) exigirá a totalidade dos tributos dispensados na importação, com os acréscimos legais alegando que a redução tributária foi vinculada à qualidade do importador, tanto que tal redução foi deferida à empresa mediante processo específico, além do que não foi solicitada prévia autorização da autoridade fiscal; b) exigirá totalidade dos tributos dispensados na importação, com os acréscimos legais, alegando que a redução tributária foi vinculada à destinação do bem e no caso houve transferência de propriedade para empresa que o utilizou para outra finalidade, além do que não houve prévia autorização do órgão fiscal; c) Considerou regulares as operações, deixando de instaurar qualquer procedimento fiscal contra a empresa importadora e a adquirente do bem, levando em consideração a natureza objetiva da redução tributária; d) exigirá os tributos dispensados, com depreciação do valor do bem em 25% em função de tempo decorrido (24 meses) tendo em vista a redução ter sido vinculada à destinação do bem e a transferência de propriedade ter sido feita sem prévia autorização da fiscalização; e) exigirá os tributos dispensados, com depreciação do valor do bem em 25% em função do tempo decorrido (24 meses) tendo em vista a redução ter sido vinculada à qualidade do importador e a transferência sem autorização prévia da autoridade fiscal. Comentários Como o ex-tarifário é considerado um instrumento de política aduaneira e não um benefício fiscal, não há necessidade de consulta prévia à RFB. Gabarito: C. 28 – (AFRF/2002-1) É concedida isenção do imposto de importação incidente sobre objetos de arte, constantes das posições nos 9.701, 9.702, 9.703 e 9.706 do Capítulo 97 da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM/SH) – atualmente a Nomenclatura Comum do Mercosul – e recebidos, em doação, por museus instituídos e mantidos pelo poder público e outras entidades culturais, reconhecidas como de utilidade pública (Lei no 8.961/1994, art.1º). Em face do enunciado, assinale a opção correta.

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a) A isenção concedida tem um caráter exclusivamente objetivo já que direcionada aos objetos de arte citados na norma. b) A isenção concedida tem um caráter exclusivamente subjetivo já que direcionada aos museus mantidos pelo poder público e outras entidades culturais de utilidade pública. c) A isenção concedida tem, cumulativamente, um caráter objetivo e subjetivo, condicionada, ainda, à não cobertura cambial. d) A isenção concedida pode ser, por interpretação extensiva, estendida a outros objetos de arte. e) A isenção concedida suspende a exigência de crédito tributário. Comentários A isenção está voltada a determinadas pessoas (caráter subjetivo) e a determinados bens (caráter objetivo). Logo, a isenção tem caráter misto. Gabarito: C. 29 – (AFRF/2000) De uma maneira geral, com as exceções previstas na legislação específica, pode-se afirmar que os requisitos de inexistência de similar nacional e de transporte obrigatório em navio de bandeira brasileira devem ser observados nas importações: a) às quais se aplicam os regimes aduaneiros especiais excluídos os de trânsito aduaneiro e exportação temporária; b) beneficiadas com isenções ou reduções do imposto de importação vinculadas à qualidade do importador, à destinação dos bens e as decorrentes de Acordos Internacionais (preferências tarifárias); c) beneficiadas com alíquota zero ou redução de alíquota do imposto de importação, constantes da Tarifa Externa Comum (TEC); d) beneficiadas com isenção ou suspensão do imposto de importação; e) beneficiadas com isenções ou reduções do imposto de importação. Comentários Resposta no rodapé.9 4.12. Imunidades do Imposto de Importação e Controle exercido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil Se pegarmos a CF/1988, veremos que as imunidades relativas ao imposto de importação referem-se exclusivamente às importações de livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (CF/1988, art. 150, VI, alínea d). Os demais casos de imunidade de impostos prevista no art. 150, VI, não se aplicariam ao imposto de importação, mas apenas aos tributos sobre

9 29 – Questão literal. Gabarito: E.

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patrimônio, renda e serviços dos entes ali indicados. No entanto, na jurisprudência do STF, há julgados no sentido de que as imunidades subjetivas previstas no art. 150, VI, a, b, c, englobam não só os tributos sobre a renda e o patrimônio propriamente ditos dos entes listados. As imunidades serviriam também para o imposto de importação. É discussão na seara do Direito Tributário. Portanto, quando a Esaf pede “imunidades”, está se referindo certamente à imunidade objetiva da alínea “d” citada. E poderia estar se referindo às imunidades reconhecidas na jurisprudência. E qual é o controle exercido pela RFB? Bem, o controle existe para os bens da imunidade objetiva. O artigo 211-B do Regulamento Aduaneiro dispõe que os importadores, os vendedores e os adquirentes devem manter registro especial na Receita Federal. E para completar, a IN RFB 976/2009 dispõe:

Art. 1º Os fabricantes, os distribuidores, os importadores, as empresas jornalísticas ou editoras e as gráficas que realizarem operações com papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos estarão obrigados à inscrição no Registro Especial instituído pelo art. 1º da Lei nº 11.945, de 4 de junho de 2009, não podendo promover o despacho aduaneiro, a aquisição, a utilização ou a comercialização do referido papel sem prévia satisfação dessa exigência.

Consta na IN que as pessoas referidas no artigo 1º devem apresentar semestralmente a Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle de Papel Imune (DIF-Papel Imune). É assim que a RFB exerce o controle sobre tais bens.

QUESTÃO 30 – (AFRF/2002-2) O imposto de importação tem como elementos que o caracterizam, na essência: a) o lançamento por declaração; o valor da fatura como base de cálculo; tem por finalidade o incremento da arrecadação federal; b) alíquota ad valorem; lançamento misto; o preço normal da mercadoria no comércio internacional como base de cálculo; c) incidência inclusive sobre as mercadorias objeto de contrabando; a base de cálculo, para as mercadorias vendidas em leilão, é o valor da arrematação; lançamento de ofício; d) as alíquotas previstas em acordos internacionais sempre prevalecem sobre as alíquotas da Tarifa Externa Comum; é contribuinte, além do importador, o adquirente, em licitação de mercadoria estrangeira; o depositário de mercadoria sob sua custódia é contribuinte relativamente à mercadoria cuja falta for apurada pela autoridade aduaneira;

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e) lançamento por homologação; decai após 5 (cinco) anos da data do registro da declaração de Importação no Siscomex; o valor de transação previsto no Acordo de Valoração Aduaneira não é aplicável quando a alíquota for específica. Comentários O imposto de importação se caracteriza pelo lançamento por homologação. A base de cálculo é o valor aduaneiro, se a alíquota for ad valorem. É a quantidade de mercadoria, se a alíquota for específica. A finalidade é extrafiscal, não arrecadatória. Não incide sobre bens sujeitos a perdimento. Não há cobrança de imposto na arrematação em leilão. Nem sempre as alíquotas previstas em acordos internacionais prevalecem sobre as alíquotas gerais. Adquirente em licitação não é contribuinte. O depositário, assim como o transportador, é responsável pelo pagamento do imposto. O valor de transação só é aplicável se a alíquota for ad valorem. Se a alíquota for específica, aplica-se, para fins de cálculo, a quantidade de mercadoria. Por tudo isso, o gabarito é a letra E. GLOSSÁRIO 1 – Desnacionalização é a exportação a título definitivo. 2 – Nacionalização é a importação a título definitivo. 3 – Reimportação é a entrada no Brasil de algo que saíra a título temporário. 4 – Reexportação é a saída de algo que fora importado a título temporário. 5 – Entreposto Aduaneiro é um regime aduaneiro especial em que os tributos ficam suspensos, porque a mercadoria não será utilizada de imediato. 6 – Remessa Postal Internacional são as importações via correio. 7 – Desembaraço aduaneiro – Último ato do despacho aduaneiro. É a confirmação pela Receita de que a mercadoria está corretamente descrita e os tributos foram corretamente recolhidos. 8 – Despacho Aduaneiro – Procedimento de apuração da regularidade da importação ou da exportação. Na importação, se encerra com o desembaraço aduaneiro. 9 – Multimodal – Transporte em que há mais de uma modalidade e apenas um contrato de transporte.

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10 – Vistoria Aduaneira – Procedimento promovido pela Receita Federal para apurar falta ou avaria de mercadoria 11 – Conhecimento de Carga – Documento emitido pelo transportador representando o contrato de frete. 12 – Regime de Tributação Especial – utilizado na bagagem. Cobra-se 50% de imposto de importação sobre o que exceder o limite de isenção. 13 – Regime de Tributação Simplificada – utilizado nas importações pelo correio. Cobra-se 60% de imposto de importação. 14 – Perdimento – Perda da mercadoria pelo importador, que passa à propriedade da União. 15 – Exportação Temporária – Regime Aduaneiro Especial em que o imposto de exportação fica suspenso, visto que a mercadoria vai voltar. 16 – Modalidades de Despacho: Consumo (importações definitivas), admissão (para regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais) e internação (relativo à Zona Franca de Manaus, Áreas de Livre Comércio e Amazônia Ocidental). Um abraço, Rodrigo Luz

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QUESTÕES ANALISADAS NESTA AULA 01 – (TRF/2000) Consideram-se nacionalizadas: a) as mercadorias estrangeiras importadas a título não definitivo em regime comum de importação, somente após o regular despacho para consumo, tributadas, ou isentas do imposto de importação; b) as mercadorias estrangeiras importadas a título definitivo, desde que tenham sido despachadas para consumo; c) as mercadorias estrangeiras adquiridas no exterior, excluídas as doações, e tributadas pelo imposto de importação; d) somente as mercadorias estrangeiras despachadas para consumo, tenham ou não sido pagas ao exportador estrangeiro; e) as mercadorias estrangeiras importadas a título definitivo, independentemente de serem despachadas para consumo. 02 – (AFRF/2002-2) No sistema aduaneiro brasileiro a nacionalização de uma mercadoria: a) é condicionada ao seu despacho para consumo; b) ocorre quando se importa uma mercadoria a título definitivo ou não; c) é condicionada ao prévio pagamento dos tributos ou ao reconhecimento de sua dispensa pela autoridade aduaneira; d) implica a sua importação a título definitivo independente de seu despacho para consumo; e) ocorre para a mercadoria importada a título não definitivo, no momento em que é submetida a despacho aduaneiro de admissão a um regime especial. 03 – (TTN/1997-Área Aduana) Para se configurar o fato gerador do imposto de importação e o momento de sua ocorrência, para fins de cálculo do imposto, são condições cumulativas

a) a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro e o seu licenciamento pelo órgão competente

b) a entrada da mercadoria estrangeira nos recintos alfandegados de zona primária e o seu registro no manifesto de carga do veículo transportador

c) a chegada do veículo transportador ao porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado e a entrega dos documentos relativos à importação na repartição aduaneira jurisdicionante

d) a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro e o registro no SISCOMEX da declaração de importação para consumo

e) a entrada de mercadoria estrangeira na zona primária dos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados e o registro da mercadoria para qualquer regime aduaneiro especial.

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04 – (AFTN/1989) No caso de falta de mercadoria constante de documento de carga ou equivalente, apurada pela autoridade aduaneira, considera-se ocorrido o fato gerador: a) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data do lançamento do crédito tributário correspondente; b) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data da entrada do veículo transportador no território aduaneiro; c) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data em que o fato foi comunicado à repartição fiscal; d) na data em que a autoridade aduaneira tenha iniciado a apuração do fato, ficando a mercadoria sujeita aos tributos então vigentes; e) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data em que tenha ocorrido o primeiro registro de declaração de importação de mercadoria desembarcada do mesmo veículo transportador. 05 – (AFTN/1991) Para efeito de cálculo do imposto de importação, considera- se ocorrido o fato gerador na data: a) da entrada da mercadoria estrangeira ou desnacionalizada no território aduaneiro; b) da numeração, pela repartição da Secretaria da Receita Federal, da Declaração de Importação de mercadoria despachada para consumo; c) da apuração da falta da mercadoria constante do Manifesto de Carga, ou documento equivalente, apurada pela autoridade aduaneira; d) do lançamento do imposto, quando se tratar de mercadoria contida em remessa postal internacional ou conduzida por viajante, se aplicado ao caso o regime de importação comum; e) da vistoria aduaneira que verificar ocorrência de falta de mercadoria, mediante o confronto do manifesto com os registros de descarga. 06 – (AFTN/1996) O momento de incidência do imposto de importação sobre uma mercadoria estrangeira associa-se à(ao): a) entrada da mercadoria no território nacional por via aérea, terrestre ou marítima; b) registro da declaração de importação; c) emissão do conhecimento de embarque; d) liquidação do contrato de câmbio; e) expedição da licença de importação. 07 – (AFRF/2002-2) A importação de mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e que se destine à reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que satisfeitas as condições estabelecidas pelo Ministro da

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Fazenda, configura relativamente ao imposto de importação uma hipótese de

a) isenção condicionada. b) regime suspensivo até o implemento das condições. c) não incidência. d) reimportação com não ocorrência do fato gerador. e) isenção de natureza objetiva.

08 – (AFTN/março de 1994) O imposto de importação não incide sobre a) I – mercadoria estrangeira que, corretamente declarada, chegar ao País com erro no manifesto e que, sendo comprovado, seja redestinada ao exterior, II – mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e que se destine a substituir outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, a critério do Ministério da Fazenda; III – mercadoria estrangeira que tenha sido objeto de apreensão na zona secundária aduaneira. b) I – mercadoria nacional ou nacionalizada, reimportada, quando descumpridas as condições do regime de exportação temporária; II – mercadoria estrangeira similar, em igual quantidade e valor, e que se destine à reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que satisfeitas as condições estabelecidas pelo Ministro da Fazenda; III – mercadoria desnacionalizada que retorne ao País desde que tenha sido exportada a título definitivo. c) I – mercadoria estrangeira que, corretamente manifestada, chegar ao País por erro evidente ou comprovado de expedição e que for reexportada para outro país; II – mercadoria estrangeira idêntica ou similar, em igual quantidade e valor, e que se destine à reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após a descarga, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que satisfeitas as condições estabelecidas pelo Ministro da Fazenda; III – mercadoria estrangeira, apreendida ou abandonada, que tenha sido objeto de alienação ou qualquer outra destinação pelo poder público. d) I – mercadoria estrangeira que, corretamente declarada, chegar ao País por erro manifesto ou comprovado de expedição e que for redestinada para o exterior, II – mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e que se destine a reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que satisfeitas as condições estabelecidas pelo Ministro da Fazenda;

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III – mercadoria estrangeira que tenha sido objeto de pena de perdimento. e) I – mercadoria desnacionalizada, que corretamente declarada chegar ao País com defeito técnico que exija sua devolução para reparo ou substituição; II – mercadoria estrangeira idêntica ou similar, em igual quantidade ou valor. e que se destine a reposição de outra anteriormente importada, que se tenha revelado, após a conferência aduaneira, defeituosa, imprestável ou obsoleta para o fim a que se destinava, desde que o importador assine termo de responsabilidade se comprometendo a reembarcá-la para o exterior; III – mercadoria estrangeira ingressada no País em regime exonerativo de tributação. 09 – (TRF/2003) Não haverá incidência do imposto de importação nas seguintes situações, exceto: a) devolução de dois aparelhos de ultra-sonografia nacionalizados, por motivo de defeito técnico e que retornaram ao País para substituição. b) retorno ao País de veículo de fabricação nacional, adquirido no mercado interno, por empresa nacional de engenharia e exportado para execução de obra contratada no exterior. c) retorno ao Brasil de peças de artesanato, sob a alegação de que não correspondia à amostra apresentada ao importador estrangeiro pelo representante da cooperativa de artesãos. d) retorno ao País de produtos nacionais, enviados em consignação e não vendidos, imediatamente após o término do prazo autorizado. e) redestinação ou devolução para o exterior de mercadoria estrangeira, corretamente descrita e cujo erro de expedição foi comprovado. 10 – (TRF/2002-1) Caso se trate de mercadoria constante de manifesto ou documento equivalente, cuja falta for apurada pela autoridade aduaneira, reputar-se-á como ocorrido o fato gerador:

a) no dia do registro do manifesto. b) no dia do lançamento do crédito tributário. c) no dia do registro da declaração de importação. d) no primeiro dia útil do mês subseqüente à apuração da falta. e) no dia da atracação do veículo transportador.

11 – (TTN/1998) Para efeito de cálculo do imposto de importação, considera-se ocorrido o fato gerador a) na data do registro da declaração de importação para admissão nos regimes

aduaneiros especiais, exceto o de drawback b) na data da entrada da mercadoria no território nacional, assim considerada

a da descarga dos volumes para os recintos alfandegados de zona primária

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c) no dia do lançamento respectivo, quando se tratar de mercadoria constante de manifesto ou documento equivalente, cuja falta ou avaria for apurada pela autoridade aduaneira

d) no dia do lançamento respectivo, quando se tratar da entrada regular no território aduaneiro de mercadoria contida em remessa postal à qual tenha sido aplicado o regime de exportação temporária

e) na data do registro da declaração de importação de mercadoria constante de manifesto ou documento equivalente cuja falta for apurada pela autoridade aduaneira em ato de revisão

12 – (TRF/2000) O consignatário de mercadoria submetida ao regime de entreposto aduaneiro na importação: (adaptada) a) é contribuinte do imposto de importação porque reveste a qualidade de importador ao promover a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro b) é contribuinte do imposto de importação ao nacionalizar a mercadoria e promover o despacho aduaneiro para consumo em seu nome c) é contribuinte do imposto de importação porque tem relação pessoal e direta com o procedimento de admissão de mercadoria no regime d) é contribuinte do IPI no momento do desembaraço aduaneiro para admissão no regime e) é responsável pelo pagamento do imposto de importação apenas nas hipóteses de extravio ou falta de mercadoria admitida no regime e declarada abandonada pela ultrapassagem do prazo de entrepostamento 13 – (AFTN/1989) Contribuinte do imposto de importação é: (adaptada) a) o importador ou quem a lei a ele equipara, bem como o adquirente de bens apreendidos ou abandonados aos quais tenha sido aplicada a pena de perdimento, e ainda o adquirente de bens entrepostados; b) a pessoa em nome da qual é feito o contrato de câmbio, se operação cambial houver e, em caso contrário, aquela em nome da qual é emitida a fatura comercial, salvo se existir consignatário diferente do importador, na licença de importação, hipótese em que o consignatário será o titular do despacho aduaneiro para consumo; c) o importador, assim considerado qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional, bem como o adquirente de mercadoria entrepostada e o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; d) a pessoa que apresentar à repartição fiscal a Declaração de Importação e aquela que receber remessa postal internacional, bem como o adquirente de mercadoria entrepostada e o adquirente, em licitação, de mercadoria estrangeira;

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e) o detentor da mercadoria estrangeira em território nacional no momento da ocorrência do fato gerador, ou a qualquer tempo, quando em situação irregular, bem como o adquirente de mercadoria estrangeira entrepostada ou de mercadoria apreendida ou abandonada, em relação à qual tenha sido aplicada a pena de perdimento. 14 – (AFTN/1994) É contribuinte do imposto de importação: a) qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional, bem como o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente, conforme estabeleçam os atos internacionais pertinentes; b) o permissionário de entreposto aduaneiro relativamente às mercadorias estrangeiras depositadas; c) qualquer pessoa que tenha relação com a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional, inclusive o transportador e o depositário, mesmo que a mercadoria se destine a permanecer no país apenas por um tempo determinado; d) qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira para consumo no território nacional, bem como o transportador de mercadoria procedente do exterior em percurso interno, sob controle aduaneiro; e) o importador e o adquirente ou cessionário de mercadoria estrangeira beneficiada com isenção ou redução do imposto vinculada à qualidade do importador. 15 – (AFRF/2002-1) O expedidor, o operador de transporte multimodal ou qualquer subcontratado para a realização do transporte multimodal: a) são responsáveis solidários, perante a Fazenda Nacional, pelo crédito tributário exigível. b) são responsáveis, por designação expressa, perante a Fazenda Nacional, pelo crédito tributário exigível. c) na qualidade de sujeitos passivos por sujeição direta, respondem perante a Fazenda Nacional proporcionalmente ao crédito tributário exigível. d) são contribuintes substitutos perante a Fazenda Nacional, respondendo proporcionalmente pelo crédito tributário exigível. e) são responsáveis solidários perante a Fazenda Nacional e nessa qualidade respondem proporcional e eqüitativamente pelo crédito tributário exigível. 16 – (TTN/1997-Área Aduana) O depositário incumbido da custódia de mercadoria de terceiros sob controle aduaneiro nos armazéns de zona primária ou secundária: a) é responsável pelo imposto de importação e multas cabíveis relativamente às mercadorias sob sua guarda;

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b) é solidariamente responsável com o importador com relação à mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto de importação vinculada à qualidade do importador; c) é solidariamente responsável com o importador com relação à mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto de importação vinculada à destinação dos bens; d) é contribuinte do imposto de importação relativamente às mercadorias a ele consignadas; e) pode ser contribuinte do imposto de importação desde que providencie o despacho aduaneiro da mercadoria. 17 – (TTN/1998) É contribuinte do imposto de importação a) o adquirente, em licitação, de mercadoria estrangeira b) o estabelecimento que exerce o comércio de produtos importados em relação ao fato gerador decorrente da saída desses produtos para qualquer fim c) o importador, em relação ao fato gerador decorrente do desembaraço aduaneiro de produto, de procedência estrangeira d) o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional e) qualquer pessoa jurídica de direito público ou privado em relação ao fato gerador da entrada de mercadoria importada do exterior no estabelecimento, ainda que se trate de bem destinado a consumo ou a ativo fixo do mesmo 18 – (AFRF/2000) A responsabilidade do Operador de Transporte Multimodal de cargas, no transporte internacional: a) perante o contratante, cobre o período compreendido entre o instante do recebimento da carga e a ocasião de sua entrega ao destinatário, e, perante os órgãos fazendários, permanece desde a concessão do regime de trânsito aduaneiro até o momento da entrega da mercadoria ou carga em recinto alfandegado de destino; b) com relação ao contratante, inicia-se desde sua inclusão no manifesto do veículo transportador até a sua descarga no local alfandegado de destino e, perante os órgãos fazendários, permanece desde a autorização para embarque no veículo até sua descarga no recinto alfandegado de destino; c) perante o contratante, cobre o período compreendido entre o instante da colocação da carga a bordo do veículo e a ocasião da sua chegada ao destino, e, perante os órgãos fazendários, desde o recebimento da carga na origem até o seu desembaraço aduaneiro; d) relativamente ao contratante do transporte, inicia-se com a entrega da carga no local de origem e cessa quando da chegada do veículo ao local de destino e, relativamente à Alfândega, inicia-se desde o recebimento dos documentos relativos à carga até o desembaraço aduaneiro na importação ou averbação de embarque na exportação;

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e) perante o contratante na importação, inicia-se desde a disponibilização da carga pelo importador na condição FOB até a entrega do conhecimento de transporte à autoridade do local de descarga para instruir o despacho aduaneiro e, no tocante aos tributos, inicia-se desde a lavratura do Termo de Visita Aduaneira até o desembaraço aduaneiro da carga. 19 – (AFRF/2002-1) Transporte multimodal de cargas é aquele que, regido por: a) dois ou mais contratos, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal; b) um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade de mais de um Operador de Transporte Multimodal; c) dois ou mais contratos, utiliza uma única modalidade de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal; d) um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal; e) um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o porto de descarga no destino, e é executado sob a responsabilidade única de mais de um Operador de Transporte Multimodal. 20 – (TRF/2002-2) Observe os quadros abaixo e relacione cada uma das alíneas do primeiro quadro com as do segundo. Atente para a possibilidade de haver mais de uma vinculação possível, isto é, mais de uma alínea pode estar vinculada a um numeral. v) Qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional. w) O adquirente ou cessionário de mercadoria importada beneficiada com isenção ou redução do imposto. x) O destinatário de remessa postal internacional. y) O adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. z) O transportador que der causa a dano ou falta de mercadoria importada. 1 – Contribuinte. 2 – Responsável. 3 – Responsável solidário. A opção que contém as vinculações corretas é: a) v1 w3 x1 y3 z2;

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b) v2 w2 x1 y2 z3; c) v3 w3 x2 y3 z1; d) v1 w2 x3 y2 z3; e) v3 w3 x2 y1 z2. 21 – (TRF/2002-2) A responsabilidade tributária pelas faltas ou extravios de volumes ou de mercadorias importadas pode ser do transportador ou do depositário, conforme normas contidas: a) nos Incoterms; b) no Direito Comercial; c) nos acordos internacionais de transporte; d) na legislação tributária; e) nos contratos de transporte internacional e de armazenagem da carga. 22 – (AFTN/1994) A alíquota ad valorem geral (aplicável a todos os produtos da NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul): (adaptada) a) prevalecerá sobre a alíquota convencional (aplicável às mercadorias objeto de acordo internacional) sempre que se estabeleça uma política de proteção à produção interna do produto similar importado; b) prevalecerá sobre a alíquota convencional na hipótese em que, da aplicação das normas gerais, resultar tributação mais favorável ao contribuinte; c) nunca prevalecerá sobre a alíquota convencional tendo em vista que os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes sobrevenha; d) não prevalecerá sobre a alíquota convencional apenas em se tratando de negociações no âmbito do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT), da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) e do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); e) prevalecerá sobre a alíquota convencional apenas na hipótese de não haver reciprocidade de tratamento por parte do país signatário do acordo internacional com o Brasil. 23 – (ACE/2002) No Brasil, a definição da alíquota do Imposto de Importação, quando da incidência deste, é feita com base no(a): a) Tarifa Aduaneira Brasileira; b) Preferência Tarifária Regional; c) Sistema Geral de Preferências (SGP); d) Tarifa Externa Comum do Mercosul; e) Sistema Geral de Preferências Globais (SGPG).

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24 – (AFTN/1989) Na aplicação da alíquota ad valorem do imposto de importação, o contribuinte deve recolher o tributo calculado sobre o valor: a) constante da fatura emitida pelo exportador, quando não inferior ao preço normal da mercadoria no mercado internacional; b) aduaneiro, apurado segundo as normas do artigo VII do GATT; c) FOB da mercadoria, acrescido das despesas de despacho aduaneiro; d) CIF da mercadoria; e) FOB da mercadoria. 25 – (TRF/2000) Constitui base de cálculo do imposto de importação, quando a alíquota for ad valorem, o valor: a) do produto adquirido em licitação de mercadoria estrangeira que tenha sido objeto de pena de perdimento; b) externo, entendido como o preço pelo qual a mercadoria é normalmente oferecida à venda no mercado atacadista do país exportador, somado às despesas para colocação a bordo no porto de embarque, ao seguro e ao frete; c) normal que a mercadoria tem numa venda efetuada em condições de livre concorrência, entre o vendedor no exterior e o importador no Brasil; d) aduaneiro das mercadorias, conforme definido no Acordo de Valoração Aduaneira; e) declarado pelo importador na Declaração de Importação devidamente registrada no Siscomex, incluído o frete interno no país de importação. 26 – (TRF/2002-1) A base de cálculo do imposto de importação é: a) em se tratando de alíquota específica, a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida indicada na Tarifa baixada pelo Ministro da Fazenda; b) em se tratando de alíquota ad valorem, o preço pelo qual a mercadoria ou similar é normalmente oferecida à venda no mercado atacadista do país exportador, somado às despesas efetivamente pagas para sua colocação a bordo no porto de embarque para o Brasil, ao seguro e ao frete (CIF), deduzidos, quando for o caso, os impostos exigíveis para consumo interno e recuperáveis pela exportação; c) em se tratando de alíquota ad valorem, o preço do produto adquirido numa venda internacional em condições de livre concorrência, e relativo ao custo da exportação acrescido das despesas incorridas para colocação no porto de embarque; d) em se tratando de alíquota ad valorem, o preço do produto adquirido em licitação pública, deduzidos os impostos internos exigíveis no mercado interno e acrescido do frete e seguro internacionais; e) quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro definido no Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), no qual o Brasil é parte.

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27 – (AFRF/2000) A empresa Alfa Bética Indústria de Componentes Automotivos Ltda. pleiteou junto ao DECEX redução de alíquota do imposto de importação para uma fresadora especial, sem similar nacional, para emprego no seu processo produtivo de engrenagens cônicas para automóveis, cujo processo, após exaustiva análise, culminou com o deferimento do pedido, passando a figurar na TEC como “ex-tarifário”. Passados 2 (dois) anos, a empresa encerrou suas atividades e a referida máquina foi vendida a outra empresa para ser utilizada na produção de engrenagens helicoidais para equipamentos navais, sem autorização prévia da Secretaria da Receita Federal para manutenção da referida redução de imposto. Ato contínuo, em fiscalização na empresa, a Secretaria da Receita Federal: a) exigirá a totalidade dos tributos dispensados na importação, com os acréscimos legais alegando que a redução tributária foi vinculada à qualidade do importador, tanto que tal redução foi deferida à empresa mediante processo específico, além do que não foi solicitada prévia autorização da autoridade fiscal; b) exigirá totalidade dos tributos dispensados na importação, com os acréscimos legais, alegando que a redução tributária foi vinculada à destinação do bem e no caso houve transferência de propriedade para empresa que o utilizou para outra finalidade, além do que não houve prévia autorização do órgão fiscal; c) Considerou regulares as operações, deixando de instaurar qualquer procedimento fiscal contra a empresa importadora e a adquirente do bem, levando em consideração a natureza objetiva da redução tributária; d) exigirá os tributos dispensados, com depreciação do valor do bem em 25% em função de tempo decorrido (24 meses) tendo em vista a redução ter sido vinculada à destinação do bem e a transferência de propriedade ter sido feita sem prévia autorização da fiscalização; e) exigirá os tributos dispensados, com depreciação do valor do bem em 25% em função do tempo decorrido (24 meses) tendo em vista a redução ter sido vinculada à qualidade do importador e a transferência sem autorização prévia da autoridade fiscal. 28 – (AFRF/2002-1) É concedida isenção do imposto de importação incidente sobre objetos de arte, constantes das posições nos 9.701, 9.702, 9.703 e 9.706 do Capítulo 97 da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM/SH) – atualmente a Nomenclatura Comum do Mercosul – e recebidos, em doação, por museus instituídos e mantidos pelo poder público e outras entidades culturais, reconhecidas como de utilidade pública (Lei no 8.961/1994, art.1º). Em face do enunciado, assinale a opção correta. a) A isenção concedida tem um caráter exclusivamente objetivo já que direcionada aos objetos de arte citados na norma.

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b) A isenção concedida tem um caráter exclusivamente subjetivo já que direcionada aos museus mantidos pelo poder público e outras entidades culturais de utilidade pública. c) A isenção concedida tem, cumulativamente, um caráter objetivo e subjetivo, condicionada, ainda, à não cobertura cambial. d) A isenção concedida pode ser, por interpretação extensiva, estendida a outros objetos de arte. e) A isenção concedida suspende a exigência de crédito tributário. 29 – (AFRF/2000) De uma maneira geral, com as exceções previstas na legislação específica, pode-se afirmar que os requisitos de inexistência de similar nacional e de transporte obrigatório em navio de bandeira brasileira devem ser observados nas importações: a) às quais se aplicam os regimes aduaneiros especiais excluídos os de trânsito aduaneiro e exportação temporária; b) beneficiadas com isenções ou reduções do imposto de importação vinculadas à qualidade do importador, à destinação dos bens e as decorrentes de Acordos Internacionais (preferências tarifárias); c) beneficiadas com alíquota zero ou redução de alíquota do imposto de importação, constantes da Tarifa Externa Comum (TEC); d) beneficiadas com isenção ou suspensão do imposto de importação; e) beneficiadas com isenções ou reduções do imposto de importação. 30 – (AFRF/2002-2) O imposto de importação tem como elementos que o caracterizam, na essência: a) o lançamento por declaração; o valor da fatura como base de cálculo; tem por finalidade o incremento da arrecadação federal; b) alíquota ad valorem; lançamento misto; o preço normal da mercadoria no comércio internacional como base de cálculo; c) incidência inclusive sobre as mercadorias objeto de contrabando; a base de cálculo, para as mercadorias vendidas em leilão, é o valor da arrematação; lançamento de ofício; d) as alíquotas previstas em acordos internacionais sempre prevalecem sobre as alíquotas da Tarifa Externa Comum; é contribuinte, além do importador, o adquirente, em licitação de mercadoria estrangeira; o depositário de mercadoria sob sua custódia é contribuinte relativamente à mercadoria cuja falta for apurada pela autoridade aduaneira; e) lançamento por homologação; decai após 5 (cinco) anos da data do registro da declaração de Importação no Siscomex; o valor de transação previsto no Acordo de Valoração Aduaneira não é aplicável quando a alíquota for específica.

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GABARITOS 01 – E 02 – D 03 – D 04 – A 05 – B 06 – B 07 – C 08 – D 09 – B 10 – B 11 – C 12 – B 13 – C 14 – A 15 – A 16 – A 17 – D 18 – A 19 – D 20 – A 21 – D 22 – B 23 – D 24 – B 25 – D 26 – E 27 – C 28 – C 29 – E 30 – E