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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES POS-GRADUAÇÂO – LATO SENSU A ARTETERAPIA: O DESBLOQUEIO QUE FACILITA A CURA Simar Bertoldo Raimundo Serapião Orientadora: Mary Sue Carvalho Pereira Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

POS-GRADUAÇÂO – LATO SENSU

A ARTETERAPIA: O DESBLOQUEIO QUE FACILITA A CURA

Simar Bertoldo Raimundo Serapião

Orientadora: Mary Sue Carvalho Pereira

Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

POS-GRADUAÇÂO – LATO SENSU

A ARTETERAPIA: O DESBLOQUEIO QUE FACILITA A CURA

Esta pesquisa tem como objetivo primeiro mostrar que a sociedade atual precisa e muito do arteterapeuta e ainda expor o quanto sua presença se tornou essencial e imprescindível à sociedade moderna. É ainda mostrar que muitos são os males sanados ou amenizados com a ajuda desse profissional.

Simar Bertoldo Raimundo Serapião

Rio de Janeiro 2005

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Aos meus familiares e a todos que direta ou indiretamente favoreceram a concretização deste sonho.

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"O uso da arte como terapia implica que o processo criativo pode ser um meio tanto de reconciliar conflitos emocionais, como de facilitar a auto-percepção e o desenvolvimento pessoal" (American Art Therapy Association)

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Agradecimentos

A Deus que orientou meus passos e deu-me coragem para persistir na luta por meu

ideal.

À Rosangela de Paula Balbino Campos, minha prima e afilhada por seu apoio e

incentivo.

À Professora Ana Paula Araújo por ajudar-me a superar alguns obstáculos.

Aos meus familiares, principalmente à minha filha Ana Paula, ao meu namorado Carlos

Alberto do Nascimento e ao meu cunhado José Antonio, por me ajudarem nos

momentos difíceis e pela paciência.

Aos meus queridos pais, Sebastião e Cecília, pelo incentivo.

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Resumo

Profissionais da área da Saúde - médicos, psicólogos e terapeutas de maneira geral -

têm compreendido, de maneira crescente, como a Arte Terapia pode acelerar e

potencializar o crescimento do indivíduo e os seus processos de recuperação, sejam eles

físicos, mentais ou emocionais.

A Dra. Margarethe Haushka, em colaboração com a Dra. Ita Wegmand e Rudolf

Steiner, lançaram os fundamentos de um caminho terapêutico através da arte, em

estreita ligação com a medicina e contando com a experiência de algumas grandes

artistas da época. Isso aconteceu entre 1925 e 1940, na Suiça.

Desta época para cá, como era vontade da própria Dra. Haushka, a Terapia Artística,

como passou a ser mais conhecida, tem sido cada vez mais aplicada como um recurso

facilitador do processo de cura nas mais diferentes manifestações de doenças -

depressões, escloreses ou câncer. É também muito útil para pessoas que buscam o

autoconhecimento e o autodesenvolvimento, sendo importante esclarecer que nenhum

conhecimento técnico-artístico prévio é exigido.

Através de cores, formas, ritmos e movimentos, a pessoa reaprende a expressar seus

sentimentos de maneira estruturada, possibilitando a ação direta do EU no mundo.

Assim é possível resgatar todo o potencial criativo e curativo da arte. Este trabalho tem

como objetivo mostrar como a Arteterapia vem resgatando vidas e curando pessoas, até

mesmo aquelas que já se encontravam em estágio quase terminal.

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Metodologia

A análise será realizada a partir de dados coletados em pesquisa de campo e pesquisa

teórica.

A pesquisa de campo será feita nos centros terapêuticos que existem em Volta Redonda

e nas Associações Médicas da mesma cidade, além de entrevistas com os pessoas que

encontraram a cura através da arteterapia. Também serão levantados os tipos de

arteterapia existentes e mais usados

A pesquisa teórica será realizada em livros que tratem da arteterapia como tratamento e

resgate de problemas emocionais e sociais.

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SUMÁRIO

1 – Introdução 09

2 – Capitulo 1 – A arte como terapia 10

3 – Capitulo 2 – Doenças causadas por desequilíbrio no sistema nervoso 20

4 – Capitulo 3 – A arteterapia e o tratamento de doenças crônicas 36

5 – Conclusão 49

6 – Bibliografias 51

7 – Índice 53

8 – Folha de Avaliação 54

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Introdução

Vivemos um momento impar em nossa civilização, onde podemos observar uma

significativa transição de valores. Fruto da transformação de posturas e a tentativa de

integração da sensibilidade com a razão. Estamos evoluindo para um novo tipo de

cultura e conhecimento que busca a unidade. As relações Sociais sofrem

transformações . O ser humano lentamente vem buscando uma forma mais participativa

de estar no mundo. É convidado a viver o novo, transcender seus limites, usar sua

criatividade para estar e ser no mundo.

A arte é a maneira que o ser humano encontra de simbolizar sua experiência,

expressar a emoção e a alma. A arte age como facilitadora e catalizadora dos processos

de resgate da qualidade de vida e das formas mais humanas e sensíveis de viver e é a

mais antiga forma de comunicação do ser humano e toda sua beleza está juntamente

nesta sua capacidade de aproximar pessoas e atuar como instrumento de integração e

mudanças pessoais e sociais.

Rever crenças e paradigmas, através da arte e do processo criador é uma das principais

tarefas do arteterapeuta, um facilitador do aprendizado simbólico e da educação

emocional e ainda um médico em potencial, visto que media o processo curativo no ser

humano.

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CAPITULO 1 – A ARTE COMO TERAPIA - UMA ABORDAGEM TERAPÊUTICA

A arte terapia ainda é um campo profissional muito novo e não bem definido,

por isso mesmo pouco compreendido. Não há uma única linha determinada, uma

corrente terapêutica, uma vez que os próprios terapeutas vêm de diferentes linhas

teóricas e têm diferentes maneiras de trabalhar.

Escolhe-se denominar a Arteterapia como a área que utiliza essencialmente as

técnicas expressivas, verbais e não verbais, e os recursos artísticos com finalidade

terapêutica.

A passagem do século XIX para os nossos dias marca uma grande mudança de

ver a realidade e de reagir aos estímulos, naquela época de forma muito mais racional e

determinista do que hoje. Em terapia não poderia ser diferente. Já não se alcança, com

tanta facilidade, os mesmos resultados pelos tradicionais caminhos da associação livre,

e os meramente interpretativos. A reorganização dos valores recusa a onipotência

pouco participativa das antigas técnicas psicoterápicas.

Carl Jung, já em seu pioneirismo, demonstrava no inicio do século a

necessidade de uma forma mais dinâmica, de processo terapêutico. A sua descoberta do

método de imaginação ativa é como um precursor do que viria mais adiante, com as

técnicas expressivas e artísticas e a utilização do material simbólico como matéria

prima do processo analítico.

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A utilização das artes e das técnicas expressivas permite uma nova abordagem

dos conceitos tradicionais de transferência. Não se trata mais de transferir para o

analista e sim para o material simbólico que está sendo trabalhado no seu sentido

literal.

Com a possibilidade de trabalhar no concreto, evita-se as racionalizações

interpretativas e podem-se atingir áreas simbólicas anteriormente inacessíveis em que

as associações verbais não conseguiam atingir.

Além disso, como afirma Byington "A interpretação pode criar uma falsa

impressão, até mesmo para o próprio analista, de que a finalidade da vida psíquica é

ser explicada e conhecida e não, primeiramente, experenciada para somente depois ser

explicada".

As técnicas expressivas têm um enorme poder de ativar conteúdos da raiz

arquétipica dos símbolos, nos quais os processos verbais são na maioria das vezes

incapazes de atingir, constituindo por isso em um vantajoso recurso.

A arteterapia propicia a utilização e transformação dos vários materiais, numa

produção simbólica. As técnicas expressivas têm o poder de ampliar a elaboração

simbólica. E a partir disso aumentar a compreensão dos significados emocionais

contidos no símbolo. O símbolo tem a função de integrar e revelar aquilo que está

oculto, fazendo com que, ao entrar em contato com seus níveis mais profundos, o

indivíduo alcance um maior desenvolvimento.

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A abordagem psicológica denominada arteterapia utiliza essencialmente, as

técnicas expressivas com finalidade terapêutica. A atividade criativa aliada ao trabalho

de compreensão intelectual e emocional facilita o processo evolutivo da personalidade

como um todo.

A pintura, o desenho e toda a expressão plástica, bem como a música, a dança, a

expressão corporal e dramática formam um instrumento valioso para o indivíduo

organizar sua ordem interna e ao mesmo tempo reconstruir a realidade. O uso da arte

como terapia implica que o processo criativo pode ser um meio tanto de reconciliar

conflitos emocionais, como de facilitar a autopercepção e o desenvolvimento pessoal.

De acordo com escritos freudianos, as imagens escapam com mais facilidade do

superego do que as palavras, alojando-se no inconsciente e por este motivo o indivíduo

se expressa melhor de forma não verbal. A necessidade da comunicação simbólica

origina-se deste pressuposto, como forma de autoconhecimento no tratamento

terapêutico e relata que freqüentemente o ser humano experimenta os sonhos em

imagens visuais, sentimentos e pensamentos. E parte da dificuldade de se estimar e

explicar sonhos deve-se à dificuldade de traduzir essas imagens em palavras. Muitas

vezes, quando as pessoas sonham, dizem que poderiam mais facilmente desenhá-los

que escrevê-los.

O recurso da arte aplicado à psicopatologia originou-se quando Jung passou a

trabalhar com o fazer artístico, em forma de atividade criativa e integradora da

personalidade. “Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do

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inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é

vida”. (Jung, 1920).

Variados autores definiram Arteterapia, todos com conceitos semelhantes ao

que diz respeito à auto-expressão. É, portanto, ilimitada unida ao processo terapêutico o

que transforma a Arteterapia em uma técnica especial.

Partindo do princípio, de que muitas vezes não se consegue falar de conflitos

pessoais, a Arteterapia possui recursos artísticos para que sejam projetados e

analisados, todos esses processos, obtendo uma melhor compreensão de si mesmo, e

podendo ser trabalhado no intuito de uma libertação emocional.

É através da expressão artística que o homem consegue colocar seu verdadeiro

self da maneira mais pura e direta que possa existir. Uma obra de arte consegue, por si

só, transmitir sentimentos como alegria, desespero, angústia e felicidade, de maneira

única e pessoal, relacionadas ao estado espiritual em que se encontra o autor no

momento da confecção.

A Arteterapia tem como objetivo, favorecer o processo terapêutico, de forma

que o indivíduo entre em contato com conteúdos internos e muitas vezes inconscientes,

que foram barrados por algum motivo expressando assim sentimentos e atitudes, até

então desconhecidos.

A utilização de recursos artísticos (pincéis, cores, papéis, argila, cola, figuras,

desenhos, recortes e etc) tem como finalidade, a mais pura expressão do verdadeiro

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self, não se preocupando com a estética, e sim com o conteúdo pessoal implícito em

cada criação e explícito como resultado final.

As técnicas de utilização dos materiais, acima citados, são para simples

manuseio dos mesmos, e não para profissionalização ou comercialização. Pois a busca

da terapia da arte é uma maneira simples e criativa para resolução de conflitos internos,

é a possibilidade da catarse emocional de forma direta e não intencional.

As linguagens plásticas, poéticas e musicais dentre outras, podem ser mais

adequadas à expressão e elaboração do que é apenas vislumbrado, ou seja,

complexidade implica na apreensão simultânea de vários aspectos da realidade. Esta é a

qualidade do que ocorre na intimidade psíquica; um mundo de constantes percepções e

sensações, pensamentos, fantasias, sonhos e visões, sem a ordenação moral da

comunicação verbal do cotidiano.

Propõe-se então, a estruturação da ordenação lógica e temporal da linguagem

verbal, de indivíduos que preferem ou de outros que só conseguem expressões

simbólicas. De acordo com o pensamento junguiano, devem-se observar os sonhos,

pois são criações inconscientes que o consciente muitas vezes consegue captar, e que

junto ao terapeuta, pode-se buscar sua significação.

A Arteterapia é uma terapia em que se usam técnicas expressivas, ou seja, a

expressão artística, mas não requer uma preocupação estética, o objetivo é somente o

de possibilitar e facilitar a comunicação. Não é necessário "fazer bonito", porquê o que

importa é o significado do que se faz, o simbólico. Para a experimentação artística, o

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arteterapeuta usa vários materiais e várias técnicas: Barro para fazer modelagem, tintas,

colagens, desenhos, papier machê, etc. Explorando as formas, os volumes e as texturas.

1.1 – VALOR DOS MATERIAIS TERAPEUTICOS

O estudo detalhado do material é muito importante em Arteterapia. Cada um em

particular, tem propriedades que mobilizam emoções e sentimentos de maneiras

diversificadas a cada indivíduo.

É necessário que o terapeuta analise o valor terapêutico do material para cada

cliente, pois podem penetrar de maneira mais rápida e em particular nos conflitos

internos e inconscientes do indivíduo.

Desenho – pode ser utilizado o giz de cera, pastel a óleo, pastel seco, lápis de

cor, lápis de cor aquarelado, hidrocor, carvão e lápis grafite. Todos têm significado

terapêuticos semelhantes.

No desenho, a coordenação motora fina é bastante trabalhada, portanto o

controle é essencial, não só o motor, mas principalmente o intelectual. A atenção, a

concentração e o contato com a realidade são explorados.

O desenho de cópia enfoca a atenção na realidade exterior, e é indicado em

pessoas que fantasiam, sonham, obrigando-as a perceber e reproduzir a realidade tal

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como ela é. A imensa dificuldade que encontram em reproduzir, não é só o medo de

errar, é a própria dificuldade de dar direcionamento em sua vida. É indicado para

pessoas dispersas, sonhadoras, confusas e adolescentes.

No desenho livre, as pessoas entram em contato com sua realidade interna,

deixando fluir conteúdos que estejam a ponto de emergir.

Nos desenhos dirigidos, aqueles feitos a partir de um tema que o Arteterapeuta

escolhe, os indivíduos entram em contato com sua realidade, mobilizando emoções

bloqueadas que precisam vir à tona. Indicados para pessoas deprimidas, com tônus vital

rebaixado.

Quando preferimos os desenhos monocromáticos, trabalhamos com emoções

superficiais, a nível periférico; e quando utilizamos o colorido, lidamos com os

profundos.

Não é necessária a análise do desenho, e sim a análise da interpretação do indivíduo

com relação ao feito.

Pintura – quando a pintura flui, fluem ali, emoções e sentimentos. A esfera afetiva emocional está mais abrangente, pois as pinceladas lembram o fluxo respiratório, a vida. As tintas geralmente utilizadas são: guache, aquarela, anilina, óleo, acrílica e nanquim. A tinta guache exige maior controle de movimentos,

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libera emoções e incentiva a imaginação.

A aquarela, devido a sua leveza, e o uso obrigatório da água, mobiliza ainda

mais o lado afetivo. Indicada para pessoas muito racionais e com dificuldade afetiva.

Contra indicada para deprimidos.

Devido à dificuldade de fazer figuras por ser muito aguda, a anilina é ótima

para pessoas que tem medo de perder o controle das coisas.

A tinta óleo, é recomendada para pessoas com depressão, pois possibilita maior

equilíbrio da situação.O nanquim, quando puro é de fácil controle, mas exige agilidade

e sensibilidade.

Quando usado com água, é mais fluída, exigindo muito mais habilidade,

atenção e concentração. Quanto mais expressão, mais autoconhecimento e mais

autoconfiança. A pintura, assim como o desenho, pode ser livre, de cópia, ou dirigida.

Com a pintura, trabalha-se a estruturação e a área afetiva emocional, chegando

ao equilíbrio das emoções. E quanto mais diluída for a tinta, mais emocional é o

resultado.

Modelagem – a modelagem pode ser feita com massa caseira, argila, cera de

abelha, plasticina, papel machê e massa de modelar. O efeito da modelagem atua nas

sensações físicas e viscerais, como também no sentimento e cognição. A técnica exige

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uma canalização de energia adequada, por partir do nada para a criação de algo

podendo ser livre ou dirigida.

A sensação de estar em contato com o barro pode ser muito gratificante ou não.

A argila age como transformadora, de um estado de desencontro para um estado de

equilíbrio, podendo trazer à tona conflitos internos indesejáveis. Por ser moldável,

integra o ser com o mundo exterior, mostrando-o que pode adaptar-se às situações,

sendo fluida, recebe projeções e é dominada, favorecendo ao manipulador, a libertação

das tensões, fadigas e depressões, pois é um material vivo e de ação calmante.

No físico, trabalham questões ligadas a estruturação e coordenação motora. No

emocional mobiliza sentimentos e emoções primitivas, para que possam ser conhecidas

e trabalhadas.

Nos casos de negação e resistência à argila, oferta-se o papel machê ou a massa

de farinha de trigo, pois de início não devemos forçar, e com a adaptação a estes

recursos, aos poucos se inclui o barro.

O papel machê é um material frio e viscoso, mas que também nos oferece

retornos, pois podemos moldá-lo e criar, não chegando aos efeitos da argila, por não ser

um produto natural primitivo.

A massa de farinha de trigo é feita pelo próprio terapeuta, com ou sem ajuda do

paciente, variando cores. E ao contrário do papel machê, é utilizada estando morna,

para melhor manuseio. Em termos terapêuticos, pode levar os adultos, a recordações

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maternas, ou da infância. Proporciona também a capacidade criadora, auto-estima,

catarse emocional, autoconfiança.

Sucata – o trabalho com a sucata estimula a reconstrução, a criatividade, as

percepções, a atenção, a construção, a transformação, o concreto e a mudança.

É um material transformador, pois se dá uma nova utilidade ao que antes era

lixo. É a mudança através do concreto, é a busca de possibilidades de transformação e

do reaproveitamento.

Por poder aliá-lo a pintura, a colagem e a modelagem, é uma atividade rica e

complexa, que mobiliza o conteúdo interno, e já o transforma, reaproveitando-o de

forma benéfica. O terapeuta deve ficar atento, para que nenhum detalhe escape, pois é

um trabalho de muita sutileza. Materiais diversos devem ser utilizados (plásticos,

vidros, papéis, madeira, tecidos) de forma livre ou dirigida.

Colagem – é uma atividade estruturante que pode ser realizada com materiais

diversos: recortes de revistas, jornais, pedaços de papéis coloridos, diversos grãos,

serragem, cortiça, purpurina, tecidos.

Nesta atividade, o cliente busca nos materiais, idéias que possam expressar e

comunicar seus sentimentos, emoções e idéias em relação ao tema. O planejamento, o

direcionamento, e a atenção do paciente ajudam na estruturação de sua vida. É um

recurso rico, pois o indivíduo planeja, analisa, fica atento, concentrado, organizado e

paciente.

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CAPITULO 2 – AS DOENÇAS CRÔNICAS

A modernidade dá ao ser uma série de benefícios, entretanto traz ao convívio

desses uma infindade de doenças que até então não eram conhecidas ou sequer se pode

provar que existiam.

Muitas dessas são de fundo emocional, outras têm características neurológicas e

há ainda as degenerativas. Serão relacionados a seguir algumas das mais conhecidas e

que mais levam o individuo a busca de terapias.

2.1 – TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

(Antiga Neurose de Ansiedade)

A ansiedade é freqüentemente persistente. A pessoa vive em constante estado

de alerta, esperando que algo aconteça e a sensação de morte é muito comum. A

ansiedade afeta diretamente a vida da pessoa, gera dificuldade de concentração e o

raciocínio fica prejudicado, em geral os pacientes dizem que a memória está fraca,

queixando-se de "cabeça leve, oca". Tem uma preocupação excessiva com as mais

diversas atividades que precisa realizar no seu cotidiano e considera extremamente

difícil controlar essa preocupação.

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A ansiedade e a preocupação estão associadas com três ou mais dos seguintes

sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias durante os seis

últimos meses):

- Inquietação, ou sensação de estar com os nervos à flor da pele;

- Fatigabilidade;

- Dificuldade em concentrar-se ou sensações de "branco na mente";

- Irritabilidade;

- Tensão muscular;

- Perturbação do sono (dificuldades em conciliar ou manter o sono, ou sono

insatisfatório e inquieto).

A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causa sofrimento

clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em

outras áreas importantes na vida do indivíduo. A intensidade, duração ou freqüência da

ansiedade ou preocupação são claramente desproporcionais à real probabilidade ou

impacto do evento temido. A pessoa considera difícil evitar que as preocupações

interfiram na atenção a tarefas que precisam ser realizadas e tem dificuldades em parar

de se preocupar. Os indivíduos com este Transtorno freqüentemente se preocupam

excessivamente com circunstâncias rotineiras, tais como atividades domésticas,

finanças, responsabilidades no emprego, mesmo quando todas estas instâncias

estiverem funcionando normalmente sem quaisquer problemas.

O Transtorno de Ansiedade Generalizada é uma doença cada vez mais

freqüente nos dias de hoje. Talvez pela imediaticidade que a vida se tornou, as pessoas

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apresentam cada vez mais um excesso de cobrança para consigo mesmas, o que resulta

num sem número de atividades. Apresentam então o que se chama de "síndrome da

pensação". Pensam em um grande número de coisas, e conseqüentemente ficam

agitadas, estressadas. Nunca dão descanso para si mesmas; parecem ter uma

necessidade de ter assuntos para resolver, procurando problemas mesmo aonde eles não

existem.

O tratamento pode ter algumas variantes. Dependendo do estágio de ansiedade

que a pessoa apresenta, é impossível fazer uma abordagem estritamente

psicoterapêutica, pois ela sequer consegue ter calma para escutar e falar. Quando há a

necessidade de medicação, geralmente usa-se uma combinação de antidepressivos mais

ansiolíticos.

No entanto, o medicamento só irá servir de apoio para o atendimento

terapêutico. O que irá curar na verdade não são os remédios, mas sim uma mudança e

revisão dos valores e comportamentos.

2.2 – TRANSTORNO CONVERSIVO OU DISSOCIATIVO -

(Antiga Neurose Histérica)

O paciente converte algum conflito intrapsíquico para o corpo. Como este

conflito é algo que propicia extremo sofrimento para o indivíduo, este, ao se ver

incapaz de lidar com tamanha dificuldade, converte-a para o próprio corpo. Desta

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forma, evita entrar em contato com seu sofrimento. Quando o indivíduo histérico

realiza esse processo de conversão, geralmente consegue chamar a atenção das pessoas

que estão à sua volta. Ele recebe então, atenção, carinho, cuidados. Esse mecanismo

denomina-se Ganho Secundário. As principais manifestações conversivas referentes ao

corpo são:

Grande Ataque Histérico: Esta manifestação se assemelha muito ao Grande Mal

Epiléptico (Epilepsia). Mas, algumas características os diferenciam tais como: na

histeria a queda é lenta, ao passo que na epilepsia a queda é brusca e a pessoa costuma

machucar o rosto ou a cabeça; na conversão histérica os movimentos são amplos,

assimétricos e desorganizados, ao passo que na epilepsia os movimentos são

generalizados; a crise histérica é barulhenta com gritos, gemidos e choro, enquanto na

epilepsia apresenta apenas o grito inicial, depois o silêncio; o controle esfincteriano está

presente na histeria, enquanto o mesmo não acontece na epilepsia; o paciente histérico

pode sair da crise por sugestão, ou seja, por estímulos externos; o epiléptico não.

A seguir serão apresentados os critérios diagnósticos para este Transtorno:

- Paralisias: No paciente histérico, um membro ou parte dele pode ficar

paralisado. No entanto é preciso salientar que não existe nenhuma causa orgânica para

isso. Pode apresentar monoplegia onde apenas um membro fica paralisado; pode

apresentar hemiplegia, onde metade do corpo fica paralisado, ou então, paraplegia onde

os membros inferiores ficam paralisados. Estas paralisias podem vir acompanhadas de

tremores, contrações musculares e câimbras, e podem desaparecer subitamente.

- Estupor Dissociativo: É quando o paciente perde qualquer contato com o

mundo exterior. Não fala nada, apresenta apatia e abulia. No entanto, apesar de perder

o contato com o mundo exterior, suas funções fisiológicas se mantém normais.

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- Conversão Sensorial: O paciente converte para os órgãos sensoriais. Os

sintomas mais comuns se relacionam à visão: cegueira histérica e diplopia. Na

cegueira, o paciente sente como se estivesse com a visão borrada. No caso da diplopia,

o paciente vê uma coisa, mas enxerga duas. Outros podem ocorrer com menos

freqüência, como a surdez histérica e a anosmia (perda de olfato). Outro fator

observado também é a anestesia, na qual o paciente perde a sensibilidade e por isso,

não sente dor.

- Amnésia Dissociativa: Normalmente está relacionada a situações traumáticas

vividas pelo indivíduo. A amnésia dissociativa tem o objetivo de "apagar" tudo o que é

doloroso, que causa sofrimento. Essa amnésia pode aparecer e desaparecer subitamente.

Normalmente é seletiva, ou seja, esquece-se dos períodos da vida que estão

relacionados ao sofrimento. Essa seleção é inconsciente.

- Transtorno de Transe e Possessão: Algumas manifestações histéricas podem

ter sintomas muito estranhos, semelhantes a sintomas psicóticos, o que dificulta às

vezes o diagnóstico. No transe de possessão, é como se a pessoa tivesse uma

dissociação de sua própria identidade, e se comportasse como outra pessoa. Fala coisas

sem sentido e pode tornar-se agressiva.

- Fuga Histérica: De uma hora para outra o indivíduo desaparece de seu

ambiente normal de convívio. Não dá nenhum sinal, nenhum aviso. Durante o período

de fuga, a pessoa não se dá conta do que está acontecendo. Quando passa, acontece

uma amnésia no indivíduo. Ele não se lembra de como foi parar naquele lugar, quando

foi e como foi.

- Personalidades Múltiplas: O paciente pode assumir várias personalidades

sem haver relações entre elas. Há sempre uma amnésia de uma personalidade para

outra.

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Para se realizar o diagnóstico de Transtorno Dissociativo ou Conversivo, não é

necessário que todos estes critérios diagnósticos estejam presentes. Em muitos casos o

diagnóstico é difícil de ser feito, pelo fato de alguns dos sintomas levantarem a

possibilidade de Psicose. Geralmente são indivíduos que fazem um grande "percurso

médico", pois várias vezes procuram estes serviços para sintomas como paralisias e

cegueiras. Ocorre que, ao final dos exames solicitados pelo médico, não se chega às

causas orgânicas destes sintomas. Portanto, o médico também precisa ter sensibilidade

neste momento para saber que se trata de um problema psicológico e não orgânico. A

maior parte dos pacientes portadores deste Transtorno é do sexo feminino. Não existe

medicamento para o tratamento dos pacientes histéricos. Somente o recurso

psicoterápico pode ajudá-los, uma vez que a "raiz" do problema se baseia no fato de

não conseguir entrar em contato com problemas ou situações sofridas e dolorosas. E,

uma vez que somos seres humanos, estamos expostos a todo tipo de situação neste

âmbito.

2.3 - TRANSTORNO FÓBICO ANSIOSO – (Antiga Neurose

Fóbica)

As fobias são o sintoma da neurose toda vez que o indivíduo entra em contato

com o objeto e situação fóbicos, havendo uma crise de ansiedade. Se o indivíduo não

entrar em contato com o objeto e situação, a fobia não se manifesta. A fobia é um medo

irreal, desproporcional ao real perigo que o objeto e situação pode oferecer.

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Existem, porém, casos em que esses pacientes podem desenvolver quadros de

ansiedade antecipatória. Ou seja: O indivíduo sequer entrou em contato com o objeto e

situação fóbicos, e a ansiedade se manifestam. Quando entrar então realmente em

contato, a ansiedade será ainda maior. Por exemplo, a pessoa que tem fobia de viajar de

avião. Vamos supor que ela precisa fazer uma viagem para daqui um mês. No quadro

de ansiedade antecipatória ela já começa a se sentir ansiosa. À medida que o tempo

passa, esta tende a aumentar.

Um mecanismo de defesa bastante utilizado pelos fóbicos é o mecanismo de

evitar. Simplesmente evitam o objeto e situação. Mas, se precisam enfrentá-los, tal

atitude é realizada sob intenso sofrimento.

Outro mecanismo de defesa utilizado é o da tranquilização. Muitas vezes, a

ansiedade ao enfrentar o objeto e situação pode diminuir quando há alguém em sua

companhia. Não que não haja sofrimento ao enfrentá-los, mas a ansiedade fica

diminuída. Em alguns casos, a fobia fica tão acentuada e o mecanismo de

tranquilização é tão utilizado, que a pessoa não consegue fazer nada sem uma outra

pessoa em sua companhia. Os tipos de fobia são:

- Agorafobia: O medo e a angústia se relacionam a espaços amplos ou com

muitas pessoas, à possibilidade de estar em locais onde possa ser difícil escapar, ou

onde o auxílio ou presença de pessoas conhecidas não seja rapidamente possível.

Freqüentemente tem crises de medo e angústia quando estão fora de casa, em um

congestionamento, em uma ponte ou túnel, em um estádio de futebol, em um grande

supermercado ou teatro. Também ocorre com muita freqüência, medo de viajar de

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ônibus, trem ou avião. Há tendência por parte do indivíduo que a sofre, de evitar tais

situações. Geralmente, tais atitudes levam a um estreitamento das possibilidades

vivenciais do indivíduo, restringindo-se às vezes à sua própria casa, e a ambientes

muito familiares que o farão sentir-se seguro.

- Fobia Simples ou Específica: caracteriza-se por medo intenso, persistente,

desproporcional e irracional de objetos simples ou de animais (barata, sapo, cobra,

passarinho, cachorro, cavalo, etc.), medo de ver objetos como seringas, sangue, faca,

vidros quebrados, etc. também pode estar relacionado aos meios de transporte como

por exemplo andar de avião, tem, etc. Esses indivíduos reconhecem o caráter irracional

e desproporcional de seus medos.

- Fobia Social: Caracteriza-se por um medo intenso e persistente de situações

sociais que envolvam expor-se ao contato interpessoal, a demonstrar um certo

desempenho ou situações competitivas de cobrança. O indivíduo sente angústia e

ansiedade ao ter que falar em público, ler em voz alta para outras pessoas, ou mesmo

comer ou escrever em público. Teme ser ridicularizado, de cometer alguma gafe,

enfim, de se expor. Pode até mesmo evitar assinar cheques em público. Começa a suar,

ter taquicardia, sente forte calor, fica com a face vermelha. O mecanismo de defesa, do

evitar é o mais utilizado por este indivíduo. O fóbico social geralmente tem uma

autocobrança excessiva e se preocupa demasiadamente com a opinião e crítica alheios.

Fobia ou medo de rato? Fobia é um estágio acentuado de medo. Para que seja

caracterizado como fobia é necessário que ocorram alguns sintomas físicos

denominados autossômicos como, por exemplo, sudorese, taquicardia e tremores. A

pessoa com fobia de ratos, não consegue dormir no quarto enquanto não tiver certeza

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absoluta de que o mesmo esteja morto. Caso contrário, não consegue dormir, ou então

tem que dormir em outro cômodo. O fóbico chega a passar mal.

A ansiedade é uma sensação normal e até mesmo benéfica para os seres

humanos. É ela que nos deixa melhor preparados para enfrentar as situações da vida.

Deixa-nos por exemplo mais alertas em um momento em que é necessário estar mais

preparado fisicamente para uma determinada situação. Por exemplo, caminhar por uma

rua escura. A ansiedade é o mecanismo que faz com que se fique mais alerta, portanto,

mais preparado. No entanto, quando esta ansiedade extrapola os níveis suportáveis, o

medo se torna patológico e prejudicial, ao invés de benéfico.

O tratamento de indivíduos fóbicos mais satisfatório envolve uma combinação

de tratamentos farmacológicos e psicológicos. O uso de medicamentos vem justamente

para auxiliar nos sintomas físicos descritos acima. Geralmente é usada uma

combinação de antidepressivos e ansiolíticos. Já a psicoterapia visa ajudar o paciente a

refletir, interpretar e mudar alguns hábitos a fim de vencer essa dificuldade. Um bom

caminho que tem sido utilizado é a Terapia Cognitivo-Comportamental na qual o

cliente gradativamente vai sendo exposto à situação fóbica, até conseguir superá-la.

No entanto, a Fobia pode chegar a um ponto tal que o indivíduo pode chegar a

apresentar os Ataques de Pânico em virtude de um nível reconhecidamente alto de

ansiedade e medo. Portanto, ao menor sinal de fobia ou Pânico, deve-se imediatamente

procurar auxílio especializado. Lembre-se: Qualquer doença tem maior probabilidade

de ser superada quando é tratada o mais cedo possível.

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2.3 – TRANSTORNOS DO PÂNICO

O que é Transtorno do Pânico? É um problema sério de saúde. Este

Transtorno é nitidamente diferente de outros tipos de ansiedade, caracterizando-se por

crises súbitas, sem fatores desencadeantes aparentes e, freqüentemente, incapacitantes.

Depois de ter uma crise de pânico - por exemplo, enquanto dirige, fazendo

compras em uma loja lotada ou dentro de um elevador - a pessoa pode desenvolver

medos irracionais (chamados fobias) destas situações e começar a evitá-las.

Gradativamente o nível de ansiedade e o medo de uma nova crise podem atingir

proporções tais, que a pessoa com Transtorno do Pânico pode se tornar incapaz de

dirigir ou mesmo, sair de casa. Neste estágio, diz-se que a pessoa tem Transtorno do

Pânico com Agorafobia (quadro muito comum). Desta forma, o transtorno do Pânico

pode ter um impacto tão grande na vida cotidiana de uma pessoa como outras doenças

mais graves - a menos que ela receba um tratamento eficaz.

Por causas dos sintomas desagradáveis, este Transtorno pode ser confundido

com uma doença cardíaca ou outra doença grave. Prova disso é que as pessoas que têm

a doença fazem um longo percurso, em uma série de profissionais: clínico geral,

cardiologista, neurologista, psiquiatra, etc. Após uma cansativa série de exames,

constata-se que o paciente não apresenta nada fisicamente. Chega-se então à conclusão

de que é um problema psicológico que afeta o corpo.

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Felizmente, o Transtorno do Pânico tem sido tratado com relativo sucesso. É

importantíssimo que se procure ajuda logo que a doença seja detectada.

Freqüentemente, assim como nos outros distúrbios ansiosos, a associação de

medicamentos com arteterapia produz bons resultados. Os medicamentos utilizados são

habitualmente associações de antidepressivos com ansiolíticos. A Depressão tem sido

relacionada ao Transtorno do Pânico, assim como o alcoolismo e a dependência de

drogas. Quadros de estresse também têm demonstrado grande influência na doença.

Estudos recentes também demonstram que tentativas de suicídio são comuns nesses

pacientes. Felizmente, tais problemas associados ao Transtorno do Pânico podem ser

efetivamente superados, assim como o próprio distúrbio.

De acordo com uma das teorias, o sistema de "alerta" normal do organismo - o

conjunto de mecanismos físicos e mentais que permite que uma pessoa reaja a uma

ameaça - tende a ser desencadeado desnecessariamente na crise de pânico, sem haver

perigo iminente. Não se sabe exatamente o porque disso, mas sabe-se que algumas

pessoas são mais suscetíveis ao problema do que outras. Freqüentemente, as primeiras

crises são desencadeadas por problemas físicos, uma situação de estresse elevado u até

mesmo por medicamentos que aumentam a atividade na região do cérebro envolvida

em reações de medo.

Ataque de Pânico: A característica essencial de um Ataque de Pânico é um

período distinto de intenso medo ou desconforto acompanhado por pelo menos 4 dos 13

sintomas que serão descritos a seguir, que desenvolveram-se abruptamente e

alcançaram pico máximo em 10 minutos:

Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado;

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Sudorese;

Tremores ou abalos;

Sensações de falta de ar ou sufocamento;

Sensações de asfixia;

Dor ou desconforto torácico;

Náusea ou desconforto abdominal;

Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio;

Desrealização (sensações de irrealidade) ou Despersonalização (estar

distanciado de si mesmo);

Medo de perder o controle ou enlouquecer;

Medo de morrer;

Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento);

Calafrios ou ondas de calor.

2.5 – TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO

As obsessões são idéias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes, que

são vivenciados como intrusos ou inadequados e causam acentuada ansiedade e

sofrimento. O indivíduo é capaz de reconhecer que as obsessões são um produto de sua

própria mente, e não impostas a partir do meio exterior (como na Psicose). As

obsessões mais comuns são pensamentos acerca de contaminação (por ex., ser

contaminado em apertos de mãos), dúvidas repetidas (por ex., imaginar se foram

executados certos atos como ter deixado a porta destrancada), uma necessidade de

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organizar as coisas em determinada ordem (por ex., ocorre intenso sofrimento quando

os objetos estão desordenados ou assimétricos), impulsos agressivos ou horrorizantes

(por ex., de machucar o próprio filho ou gritar uma obcenidade na igreja) e imagens

sexuais (por ex., uma imagem pornográfica recorrente vindo à mente).

Esses pensamentos ou imagens, não são meras preocupações acerca de

problemas da vida real (por ex., preocupação com dificuldades atuais, como problemas

financeiros, profissionais ou escolares) e não tendem a estar relacionado a um problema

da vida real. O indivíduo com obsessões, em geral, tenta ignorar ou suprimir esses

pensamentos ou impulsos ou neutralízá-los com algum outro pensamento ou ação (isto

é, uma compulsão).

Um indivíduo assaltado por dúvidas repetidas de ter desligado o gás do fogão,

por exemplo, procura neutralizá-las verificando repetidamente para assegurar-se de que

o fogão está desligado.

As compulsões são comportamentos repetitivos (por ex., lavar as mãos,

ordenar, verificar) ou atos mentais (por ex., orar, contar, repetir palavras em silêncio)

cujo objetivo é prevenir ou reduzir a ansiedade ou sofrimento, e não prazer ou

gratificação. Na maioria dos casos, a pessoa sente-se compelida a executar a compulsão

para reduzir seu sofrimento que acompanha uma obsessão ou para evitar algum evento

ou situação temidos.

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Por exemplo: os indivíduos com obsessão de contaminação podem reduzir seu

sofrimento mental lavando as mãos a ponto de irritar e ferir a pele; outros, afligidos por

pensamentos blasfemos e indesejados podem encontrar alívio contando até 10 em

ordem crescente e decrescente, 100 vezes por cada pensamento. Por definição, as

compulsões ou são claramente excessivas, ou não tem conexão realista com o que

visam neutralizar ou evitar. As compulsões mais comuns envolvem lavar e limpar,

contar, verificar, solicitar ou exigir garantias, repetir ações a colocar objetos em ordem.

Por definição, os indivíduos com Transtorno Obsessivo Compulsivo

reconheceram, em algum ponto, que as obsessões ou compulsões são excessivas ou

irracionais. Esta exigência não se aplica a crianças, pois lhe falta consciência cognitiva

para tal discernimento. Para que o Transtorno seja diagnosticado, as obsessões ou

compulsões devem causar acentuado sofrimento, consumir tempo (mais de 1 hora por

dia) ou interferir significativamente na rotina normal, funcionamento ocupacional,

atividades sociais habituais ou relacionamentos do indivíduo.

Uma vez que intrusões obsessivas podem provocar distração, elas

freqüentemente resultam em desempenho ineficiente em tarefas cognitivas que exigem

mais concentração, tais como leitura ou cálculos. Além disso, muitos indivíduos evitam

objetos ou situações que provocam obsessões ou compulsões. Esta esquiva pode tornar-

se severa e restringir severamente o funcionamento geral.

O indivíduo, com transtorno Obsessivo Compulsivo, é na verdade um escravo

de seus pensamentos. Seu sofrimento é extremo, e pode chegar a sérias conseqüências.

Um exemplo disso pode ser visto em pessoas que apresentam sintomas relacionados à

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contaminação. Algumas delas chegam até mesmo a lavar todo o corpo com compostos

químicos como álcool, e ferir-se gravemente.

Muito mais saudável do que procurar o motivo, o porque disso acontecer, é

acreditar que essa doença pode ser superada. Atualmente, o tratamento é feito com a

combinação de medicamentos aliados à psicoterapia. Os medicamentos são geralmente

antidepressivos, que tem demonstrado uma atuação satisfatória nestes quadros.

A Clomipramina (antidepressivo tricíclico), a Fluoxetina e a Fluvoxamina

(antidepressivos modernos) tem sido usados no tratamento. Esses medicamentos atuam

nos neurotransmissores cerebrais, buscando reestabilizar o equilíbrio neuroquímico. Já

a psicoterapia ajuda o paciente a ter um espaço para "desabafar" sobre o que sente,

visto que os sintomas provocam vergonha e culpa. E, também a fazer uma análise do

ritmo de vida da pessoa, uma vez que situações de estresse constante e outras mais,

podem colaborar para o surgimento desta patologia.

Além dos distúrbios citados acima, tem-se ainda uma série de outras doenças,

neurológicas ou não, que vêm sendo tratadas com a arteterapia. Um bom exemplo é o

que ocorre em hospitais que tratam crianças com câncer ou aids, ou ainda nas clinicas

de crianças e jovens que sofrem os malefícios provocados pelo uso de drogas – os

dependentes químicos.

A arteterapia traz esses doentes, que muitas vezes são recusados por médicos e

até mesmo psicólogos, de volta ao convívio social. Muitos com doenças caracterizadas

como incuráveis são resgatados e têm suas vidas e auto-estima recuperadas a partir da

terapia com arte.

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CAPITULO 3 – A ARTETERAPIA E O TRATAMENTO DE

DOENÇAS CRÔNICAS

A Arteterapia é uma técnica terapêutica que vem sendo muito procurada nos

últimos anos, talvez por seu caráter lúdico, sem ser superficial, talvez por sua

abordagem holística. Antes usada apenas nos hospitais psiquiátricos, clinicas e

consultórios, hoje ganha novos espaços.

3.1– ESTRATÉGIAS DO TRABALHO COM ARTE

A arte se converte num elemento facilitador ao acesso do universo imaginário e

simbólico permitindo o desenvolvimento de potencialidades latentes ou rituais, bem

como o conhecimento de si mesmo.

Ao trabalhar com materiais plásticos o individuo tem a possibilidade de criar

uma nova forma a partir da forma original. Materiais como argila, lápis, tinta, papel etc,

realizam por um lado à execução prática de uma idéia (fantasia, sentimento, conflito

etc), como exercitam a inteligência ao dar uma nova configuração a um modo

particular de ser.

A prática clínica coloca como objetivo o tratamento do cliente, fornecendo ao

mesmo vários métodos de Psicodiagnóstico e de psicoterapia, dentre eles, a Arteterapia.

O uso da expressão estética (desenho, pintura, modelagem, música, dança, construções,

drama) no diagnóstico e no trabalho psicoterápico já é algo sedimentado na Psicologia

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Clínica (desde aproximadamente 1940) e na academia (cursos de extensão,

aperfeiçoamento, especialização e Pós Graduação em nível de mestrado).

Um exemplo concreto da arteterapia no tratamento de doenças crônicas e até

mesmo degenerativas é o trabalho feito nos hospitais pediátricos com criança que têm

AIDS, câncer entre outras doenças. “Deve-se estimular o desenvolvimento das crianças

atendidas no hospital durante longos períodos e ajudá-las a viver experiências que não

são capazes de assimilar de forma normal” (LINDQUIST, 1993, p.128).

Esse estudo baseou-se em estudos qualitativos, fundamentados a partir de

mudanças de comportamento dos enfermos e de suas imagens. Foi desenvolvido na

Clínica Pediátrica de um Hospital Público de Goiânia/GO, num período de dois anos

(1998-2000).

Consistiu-se de acompanhamento coletivo, em sala apropriada ou em

enfermarias, sendo que os grupos eram flutuantes em relação à idade, à patologia e

período de internação. Os acompanhantes das crianças também foram acompanhados

simultaneamente, com o objetivo de auxiliar no processo arteterapêutico com as

crianças.

A população alvo foi constituída por várias crianças hospitalizadas inseridas no

processo pré-operatório, de ambos os sexos, com idades entre três e doze anos e baixo

nível econômico.Em repouso e, por isso, se encontravam restritas ao leito, eram

atendidas em suas enfermarias concomitantemente com seus acompanhantes. As

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modalidades expressivas trabalhadas foram variadas e serão escritas a seguir com suas

características específicas, conforme Valladares (2000/2001, p.23):

Desenho: “Forma de expressão gráfica que possibilita a captação e

reprodução a nível simbólico dos pensamentos e sentimentos de seu criador” (Borges

apud VALLADARES, 2000/2001).

O desenho objetivou a forma, a precisão, o desenvolvimento da atenção, da

concentração, da coordenação viso-motora e espacial. Também concretizou alguns

pensamentos.

Foram trabalhados desenhos dirigidos a partir de polaridades: fraco x forte;

saúde x doença; gosto x não gosto; medo x coragem; vida x morte, pré-operatório x

pós-operatório; e doença x cura. Temas como: “Se vocês fossem mágicos (fariam,

estariam, teriam) (...). Trabalhou-se a representação do hospital, da doença, da casa e

da equipe de saúde”.

Materiais utilizados: giz de cera, carvão, lápis de cor, giz colorido, pincel

atômico, canetas hidrográficas e papéis diversos.

Pintura: “A pintura possui o seu próprio valor terapêutico especial. Quando a

pintura flui amiúde o mesmo ocorre com a emoção” (Okalander apud VALLADARES,

2000/2001).

A fluidez da tinta com a sua função libertadora induziu o movimento de soltura,

de expansão, trabalhando o relaxamento dos mecanismos defensivos de controle. As

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cores quentes (amarelo, vermelho) ativas e dinâmicas aceleraram o metabolismo,

enquanto que as cores frias (verde, azul) com a característica balsâmica, acalmaram,

lentificaram.

Foram feitas representações do hospital de forma real e ideal e sua evolução;

utilizou-se, como instrumentos da pintura, materiais hospitalares como: equipos,

escalpes sem agulhas, algodão, frascos de soro, seringas plásticas, garrote, máscaras de

isolamento hospitalar. Foram realizadas pinturas faciais e corporais com tintas não

tóxicas. Outros materiais utilizados: cola colorida, guache, suportes diversos tipo:

papéis, tecidos e madeira.

Colagem/Recorte: “Simbolicamente o ato de recortar ou rasgar os papéis e

posteriormente reuní-los, colá-los, recompondo-os, corresponde subjetivamente à

vivência de cortes, rupturas, reparação e reorganização-estruturação” (Guaraná apud

VALLADARES, 2000/2001).

A colagem favoreceu a organização de estruturas pela junção e articulação de

formas prontas. Já a organização espacial foi simbólica, reparadora e de baixo custo.

Utilizou-se de revistas de propaganda de medicamentos e também seus frascos para

expressarem de forma livre.

Outros materiais utilizados: revistas, jornais, linhas, madeiras, caixas, sucata,

papéis diversos, materiais orgânicos (folhas, flores, casca de árvore, sementes, areia),

tesoura, cola, fita adesiva e durex.

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Modelagem: “Promove a sensibilização tátil, sendo uma atividade de

relaxamento, além de fortalecer a musculatura e a harmonia pelo equilíbrio. Oferece

noções de temperatura, peso, textura, concavidade ou convexidade” (Nascimento apud

VALLADARES, 2000/2001). A modelagem foi uma atividade especialmente sensorial,

trabalhando o toque da mão e a organização tridimensional.

Foram utilizados materiais da cozinha, como: farinha de trigo, óleo e sal para a

confecção da massa artesanal, e o plantio de feijão dentro da casca do ovo colorido.

Concomitantemente ao uso da argila foram empregados acessórios de sucata

proveniente da cozinha hospitalar (macarrão, grãos: arroz, feijão, milho etc). As

dinâmicas foram livres e dirigidas. Outros materiais utilizados: argila, papel machê,

massa artesanal, papel e etc.

Construção: “Trabalha com atos de montar e desmontar e equilibrar... a

percepção e o despertar de valores, como noções de peso, tamanho, forma, posição e

espaço” (Novato apud VALLADARES, 2000/2001).

Construir significou edificar, estruturar, organizar, elaborar. Foi uma atividade

de organização tridimensional; conseqüentemente, requereu níveis melhor elaborados

do que as atividades bidimensionais (desenho, pintura, colagem).

Empregou-se a construção utilizando-se de atadura gessada; embalagens de

medicamentos entre outros, para a construção de personagens, animais e objetos.

Outros materiais utilizados: madeira, sucata, tecidos, sementes, papéis, caixas, arame,

pregos, cola, grampeador, fita adesiva.

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Teatro: “Pela linguagem do corpo, você Diz muitas coisas aos outros, E eles têm muitas coisas a Dizer para você. Também nosso corpo é antes de tudo Um centro de informações para nós mesmos E uma linguagem que não mente” (Weil & Tomspakow apud VALLADARES, 2000/2001).

A dramatização permitiu a experimentação de novos papéis, trabalharam na

criação de histórias, personagens e figuras. O boneco permitiu a pessoa dizer algo que

ela não diria por si só. O teatro arteterapêutico foi bastante abrangente, devido às várias

comunicações simbólicas nas suas produções, pois seus textos e imagens foram

numerosos e variados, o que facilitou o confronto do paciente com as informações, em

geral, e do arteterapeuta com o entendimento das mensagens.

Foi elaborada a criação de histórias coletivas, bem como se trabalhou com

contos de fada: “João e Maria”, “Rapunzel” e “Os três porquinhos”, ou, ainda, as que

representavam o contexto hospitalar como: “A operação de Lili” de Rubens Alves.

Esquematizaram-se fantasias próprias de temas hospitalares (notícias de hospital,

morte, cirurgias, dores) através de roupas hospitalares, seringas plásticas, máscaras,

estetoscópios, soros, termômetro, mala de médico entre outras. Tipos de teatros: ator,

fantoches, sombra, bonecos, máscaras, de dedo, origamis.

Tabuleiro de areia: “Permite uma expressão tangível tridimensional dos

conteúdos incipientes, inconscientes. Os cenários na areia representam figuras e

paisagens do mundo interior e exterior, situando-se aparentemente entre esses dois

mundos e ligando-os” (Weinrib apud VALLADARES, 2000/2001).

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Técnica que permitiu criar cenas tridimensionais em cenários ou em desenhos

abstratos numa caixa de tamanho específico, com uso de areia, água e um grande

número de miniaturas realistas. Foi-se uma técnica proveitosa para crianças em repouso

no leito. Materiais utilizados: tabuleiro, areia, contas, miniaturas diversas, caixas com

tampa, sucata, recursos orgânicos.

Outras atividades como: Brincadeiras livres como guerra de balões, dança,

canto; brincadeiras de roda, de fazer caretas ou de dar gritos e risadas, também foram

largamente utilizadas. Materiais utilizados: balões, fitas, músicas diversas e bolhas de

sabão. Enfim, foram trazidos cores, movimentos, tons, linhas, sons, formas, cheiros,

texturas, jogos e fantasias para as crianças e seus acompanhantes.

“É brincando que a criança mergulha na vida, sentindo-a na dimensão de suas possibilidades. No espaço criado pelo brincar nessa aparente fantasia, acontece a expressão de uma realidade interior que pode estar bloqueada pela necessidade de ajustamento às expectativas sociais e familiares. A brincadeira espontânea proporciona oportunidades de transferências significativas que resgatam situações conflituosas” (CUNHA, 1993, p. 35-36).

“A criança doente continua sendo criança e, para garantir seu equilíbrio

emocional e intelectual, o jogo é essencial. A criança impossibilitada de brincar tem

seu desenvolvimento comprometido” (KISHIMOTO, 1993, p.55). No início das

sessões, as crianças enfermas e os acompanhantes apresentaram estados dolorosos mais

acentuados, como: muita ansiedade e insegurança. Posteriormente, a liberdade de

expressão e de criação não foi prejudicada e pode-se conferir uma diversidade de

formas de comunicação prioritariamente não-verbais, através da expressão da

linguagem simbólica.

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Observou-se que cada criança lidava espontaneamente com materiais artísticos,

expunha muitas vezes uma temática dirigida, mas que, ao final, expressava seu mundo

interior, seus sentimentos, suas idéias e suas fantasias. O pintar, o desenhar, o

dramatizar, o modelar e o construir implicaram num processo de organização do real e

de sua criação, sendo, ao mesmo tempo, tanto estruturante, quanto comunicante.

Possibilitou-se a minimização dos efeitos nocivos da hospitalização, que ficou

evidenciada pela mudança positiva de comportamento dos enfermos e de suas imagens,

acarretando no melhor equilíbrio emocional delas, ao término das sessões, evidenciado

pela diminuição de reclamações de dor, grau de ansiedade e de dúvidas sobre as

cirurgias.

Favoreceu o processo de socialização, através da melhor integração e criação de

laços afetivos com o grupo de pares e com os acompanhantes (adultos).

Resumidamente, foram constatados os benefícios expostos a seguir:

- Deu continuidade ao processo de desenvolvimento global da criança, através

da estimulação física, social e sensorial;

- Permitiu a exteriorização de sentimentos, de tensões e angústias;

- Promoveu a socialização e integração com o ambiente externo;

- Preparou a criança e o acompanhante para cada evento, através de

dramatizações, desenhos entre outros;

- Permitiu com que a criança e acompanhantes fossem livres naquele momento;

- Diminuiu a dor e o desconforto físico;

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- Estimulou a imaginação e a criatividade;

- Realizou sonhos, desmistificou fantasias ou simplesmente permitiu com que

as crianças fossem livres.

“Uma enfermaria pediátrica deve ser sempre um lugar alegre, cheio e vida e nunca um ambiente hostil, cinzento, despido de cor. Se a proposta é fazer com que as crianças tenham seus sofrimentos minimizados no hospital, o ambiente físico tem um papel importantíssimo no sentido de se oferecer alternativas e estímulo às crianças” (ANGERAMI, 1988, p.77).

Partindo do teor do exposto, verifica-se que as crianças no pré-operatório em

muito se beneficiam da aplicação da arteterapia. Isto porque estão vivenciando um

momento estressante e precisam experimentar novos papéis, desenvolver seu potencial

criativo, sua auto-expressão, sua imaginação, sua espontaneidade e sua autonomia, bem

como canalizar tensões, de exteriorizar os sentimentos e emoções e comunicar o que

pensam e sentem (facilitadas pelo processo não-verbal).

A partir desse exemplo pode-se conclui que a arteterapia é um grande benefício

terapêutico que pode ser utilizado para facilitar a cura, visto que proporciona

oportunidade para a retomada do equilíbrio psíquico, fortalecendo um lado mais

saudável do enfermo adormecido pelo processo de doença, hospitalização e tratamento.

A atuação do arteterapeuta possibilita aos enfermos, em geral, um encontro

consigo mesmo, o que facilita o processo curativo, não está se afirmando que se deva

abolir o uso de medicamentos alopáticos, mesmo que se observe que há caso em que

apenas a arteterapia cura o paciente, mas que se opte por utilizar a arteterapia como

parceira nos tratamentos, habitualmente.

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Este estudo constatou, ainda, que hospitais e clinicas, em geral, são ambientes

infinitamente ricos de recursos alternativos (sucata), viabilizando a execução do

processo arteterapêutico, considerando-se que os mesmos, atualmente, se encontram

em constantes dificuldades financeiras para a aquisição de materiais lúdicos. O hospital

pode oferecer uma abundância de materiais descartáveis e que poderão ser

transformados externa e internamente.

Com a Associação brasileira dos Terapeutas da Arte incluiu-se a cadeira de

Arteterapia na Universidade Brasileira. Muitos ainda questionam, entretanto sabe-se

que esta mudança traz à realidade do clínico um novo conceito de cura e tratamento. A

história do povo brasileiro denota que as contribuições da Antroposofia, da Psicanálise,

da Psicologia profunda, das abordagens existenciais e holísticas, destacando nomes

como Margaret Hauschka, Freud, Melanie Klein, C. G. Jung, Margaret Naumburg,

Winnicot, Janie Rhyne, Nathalie Rogers, Nise da Silveira e, da geração nova, Suzan

Bello, fizeram da Terapia pela Arte um método: com técnicas condizentes ou ainda, a

teorização a partir de técnicas bem aplicadas e estudadas.

Quando alguns profissionais como a Dra. Nise da Silveira destaca "o fazer com

emoção" ou Dr. Pëtho Sandor destaca como método a Fenomenologia do Inconsciente,

o país, Brasil, ganha uma figura típica, condizente com a alma brasileira. Pois

Musicoterapia, a Dançaterapia e a Arteterapia são métodos bem fundamentados que

combinam bem com a expressividade do brasileiro em geral, pois sua alma é calorosa,

forte, expressiva e a arte tem ajudado a trabalhar eficazmente esse povo.

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A Arteterapia é utilizada em instituições de Reabilitação Física como AACD,

de Deficiência Mental como APAE, em Hospitais Psiquiátricos como Juqueri, ou ainda

no Hospital das Clínicas, Pinel e outros como Hospitais de Clínica Geral ou clínicas de

queimados e mutilados, setores das doenças degenerativas como Câncer, AIDS,

Esclerose Múltipla, Alzeimer, etc.

O centro de referência de São Paulo (AIDS) possui psicólogos trabalhando com

artes com múltiplas funções. Na clínica privada, em consultórios, a arte tem sido

excelente instrumental nas terapias sexuais, familiares e nos problemas do dia a dia,

principalmente nos casos de dificuldade de comunicação verbal e oral.

3.2 – BENEFICIOS E PERIGOS DA ARTE COMO TERAPIA

Arteterapia através da arte tem alguns benefícios como:

1 - Melhora a comunicação consigo mesmo e com o outro;

2 - O cliente se independentifiza do terapeuta, pois é ativo e cria nas sessões;

3 - O tempo do tratamento é menor, pois a transferência é reduzida, a atividade

diminui o valor desta;

4 - Favorece a busca da harmonia e do equilíbrio da vida;

5 - Facilita o diagnóstico propiciando leitura de material pré e inconsciente

através de imagens pictórias, sonoras, táteis e kinestéricas.

6 - Aumenta a espontaneidade e a criatividade positivamente orientadas.

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A Terapia pela Arte não necessariamente se fixa nos limites clássicos da

psicoterapia através da linguagem artística. Na Fonoaudiologia, Fisioterapia,

Psicopedagogia, Psicomotricidade, Terapia Ocupacional a arte também é utilizada

sendo aí Terapia pela Arte. Cabe ao profissional, e somente a ele, o diagnóstico e a

psicoterapia através da arte. Em todas as escolas a arte tem desempenhado papel

importante ao criar uma possibilidade existencial inédita que é a da estética no contexto

terapêutico. Os professores de arte lucram com estes ensinamentos.

Muitos se perguntam quais os perigos da Terapia pela Arte, alguns deles

exigem cautela, pois:

1 - O cliente gosta tanto do trabalho arteterapêutico que não quer parar,

confundindo a Psicoterapia (tratamento) com o prazer da auto-expressão. Melhor

terminar o tratamento e encaminhar à aula de arte;

2 - Pode ocorrer fixação na criação estética ao invés de no real. Nossa tarefa é

tratar e não transformar nossos clientes em artistas. Esta é a função do arte-educador;

3 - Em prol da estética, confundir noções de saúde. Exemplo: atrizes,

manequins, modelos, bailarinos que, em função de modismos, sacrificam seu equilíbrio

interior e sua saúde física. Os modelos estéticos costumavam ser os mesmos dos da

saúde na Grécia antiga. Atualmente é difícil a manutenção desta relação, pois a estética

teve diversas modulações;

4 - Estimular o imaginário sem produzir criações consistentes;

5 - Fugir do real em direção à criação estética sem integrar o que ocorre para

aprender a viver melhor.

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Isto destaca a importância do Terapeuta da Arte ser, antes de tudo, um bom

Clínico e paralelamente ocorrer o aprendizado do manejo do instrumental da criação e

expressão estética (Desenho, Pintura, Modelagem, Música, Canto, Dança, etc).

Conclusão

Todos nascem com um propósito na vida, um destino que é direcionado por um

conteúdo também inconsciente. Isso se chama talento, dom ou recursos internos. Esta

vocação que acompanha o ser desde sua planta original, isto é, ao nascer, está inscrita

nos oráculos naturais, tais como: no mapa astrológico, na íris, nas palmas das mãos, nos

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pés e nos traços fisionômicos do rosto. A vocação nada mais é do que o núcleo criativo,

a Criatividade que significa a atividade do Criador através dos indivíduos, seres

também divinos. Em suma, quando esta divindade não desperta, esta herança espiritual

que no ser habita, não se sabe quais são seus talentos, portanto, facilmente tendem a

desviar-se da rota original e então fica em desarmonia e/ou doentes. Esse núcleo

criativo tem um anseio que conduz a vida. Ele traz em si um chamado, uma paixão. A

infelicidade do homem é a principal causa de todas as doenças e o sofrimento é recalcar

esse desejo essencial do ser. Assim para os terapeutas, a cura psíquica está ligada ao

conhecimento metafísico.”Nada é grave, se não se perde a consciência do ser que

é”(Leloup, 1996). Quando desconhecemos e/ou bloqueamos as energias criativas que

brotam a partir do centro do nosso ser, geramos sofrimento, inquietação, desarmonia e

doenças.

Curar, portanto é lembrar de quem realmente somos e voltar a nos ligar ao nosso

âmago. Aqui se esclarece bem o papel do terapeuta que se identifica com as idéias dos

terapeutas de Alexandria, ou seja: aquele que cuida do corpo, das imagens que habitam

sua alma, cuida dos deuses (arquétipos), cuida da ética, isto é, tem um papel ontológico

no qual vigia o seu desejo a fim de se ajustar ao destino e ao propósito que fixou para

si, mostrando-lhes quando se desvia da própria rota original. Resumindo, este é um

processo terapêutico altamente transformador que inclui o desbloqueio das energias que

estão atuando para impedir a visualização do ser tal como é em sua originalidade.

Encontrar a criatividade é identificar a atividade do Criador em nós, de uma maneira

única e original.

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A Organização Mundial de Saúde declarou em 1988 que a maioria das

enfermidades tem sua causa na repressão emocional sistemática. Essa declaração vem

ao encontro dos postulados sustentados pela medicina tradicional chinesa há mais de

5000 anos. E a Arteterapia é uma técnica terapêutica que vem sendo muito procurada

nos últimos anos, talvez por seu caráter lúdico, sem ser superficial, talvez por sua

abordagem holística.

BIBLIOGRAFIAS

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. Prefácio. São Paulo: Companhia das Letras,

1996.

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de Janeiro, 2003.

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Departamento de Arte-Terapia do Instituto Sedes Sapientiae, ano V, n. 4, 2000/2001.

p.20-25.

Índice

1 – Introdução 09

2 – Capitulo 1 – A arte como terapia 10

1.1 – O Valor dos materiais terapêutico 15

3 – Capitulo 2 – Doenças causadas por desequilíbrio no sistema nervoso 20

2.1 – Transtorno de ansiedade generalizada 20

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2.2 – Transtorno Conversivo ou Dissociativo 22

2.3 – Transtorno Fobico Ansioso 25

2.4 – Transtorno do Pânico 29

2.5 – Transtorno Obsessivo Compulsivo 31

4 – Capitulo 3 – A arteterapia e o tratamento de doenças 36

3.1 – Estratégias do trabalho com a arte 36

3.2 – Benefícios e perigos da arte como terapia 46

5 – Conclusão 49

6 – Bibliografias 51

7 – Índice 53

8 – Folha de Avaliação 54

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Pós-Graduação "Lato Sensu"

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A ARTETERAPIA: O DESBLOQUEIO QUE FACILITA A CURA

Data da Entrega: 29 de janeiro de 2005.

Simar Bertoldo Raimundo Serapião

Orientadora: Mary Sue Carvalho Pereira

Avaliação

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______________________________________________________________________

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Avaliado por:______________________________________________Grau_______________

____________________, ______de___________________de______

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