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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL DESIGN ALEXANDRE VICHINHESKI GARCIA DESIGN DE UMA EMBARCAÇÃO DE ESPORTE E RECREIO - LANCHA GT Artigo como parte do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, para obter título de bacharel em Design, da Universidade Luterana do Brasil, área de tecnologia e computação, Curso de Design. Professor Orientador: Geraldo Alfredo Pagliarini

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Page 1: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

DESIGN

ALEXANDRE VICHINHESKI GARCIA

DESIGN DE UMA EMBARCAÇÃO

DE ESPORTE E RECREIO - LANCHA GT

Artigo como parte do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, para obter título

de bacharel em Design, da Universidade Luterana do Brasil, área de tecnologia

e computação, Curso de Design.

Professor Orientador: Geraldo Alfredo Pagliarini

CANOAS

2009/2

Page 2: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

RESUMO

Este artigo é parte do trabalho de conclusão de curso (TCC) na Universidade Luterana do

Brasil no curso de Design Bacharelado. Ele visa mostrar as principais etapas que compõe o

desenvolvimento de um projeto de design através da metodologia aplicada pela universidade. O

produto desenvolvido trata-se de uma lancha destinada a um público que gosta de velocidade,

pessoas que gostam de acelerar e de sentir a potência dos motores. A proposta é desenvolver uma

lancha que fique em um espaço entre as motos e os carros esportivos. Uma lancha é um item de

consumo que ocupa muito espaço útil para manutenção e resguardo. No entanto a lancha

proposta, uma lancha com tamanho e valor que possa estar substituindo a moto ou o carro

esportivo, que possa ser guardada em garagens comuns, ainda não é encontrada no Brasil.

Visto que no Brasil existem muitas águas navegáveis, muitos dias de sol e calor, uma lancha

tem espaço certo no mercado, o que viabiliza o projeto de uma nova proposta de lanchas para

diversão, que tenha a mesma relação com carro esporte que um jet ski tem com uma moto. A

proposta visa realçar a idéia de lancha veloz com detalhes semelhantes aos de lanchas de

corrida, juntamente com aspectos estéticos inspirados em automóveis superesportivos. O

resultado obtido foi o projeto de um produto que faz referências claras aos carros esportivos,

que indica sua potência e seus âmbitos e que atende as necessidades propostas de forma

satisfatória.

Palavras-chave: Metodologia. Ergonomia. Design.

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Page 3: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

INTRODUÇÃO

O ser humano tem um fascínio por velocidade, desde os primeiros automóveis vêm

organizando corridas e buscando limites do próprio corpo junto às máquinas. Esta paixão por

velocidade fez nomes como Ferrari obterem legiões de fanáticos por seus automóveis. Um

automóvel superesportivo é como um brinquedo de gente grande, que quer sentir o poder de acelerar

e ter no comando uma máquina de devorar asfalto. “Pouco tardou, após o advento do automóvel, a

surgirem as primeiras corridas pondo à prova homens e máquinas.”( Ferreira F. - As primeiras

corridas, 2008).

De acordo com (DOTTORI e LOPES, 2009) correr oferece uma dose extra de adrenalina.

Na náutica não é diferente, e a velocidade em uma lancha parece ser bem maior do que se comparada

à mesma velocidade empregada em pista asfáltica. Tanto que o mercado já oferece alguns produtos

como lanchas e veleiros de alta performance.

Existem 24 mil quilômetros de águas navegáveis no Brasil, e dias de sol e calor por todos

os estados. Portando torna-se muito desejável ter uma lancha, uma lancha é diversão, lazer, paz,

adrenalina, esporte, emoção e prazer. Acontece que para se manter uma embarcação, normalmente

tem-se que ser residente ribeirinho ou poder sustentar acomodação adequada como, estaleiros e

clubes náuticos. O que é pretendido com este artigo é propor um produto com dimensões tais que

proporcionem acomodação facilitada, para que possa ser resguardado em garagens residenciais,

ocupando o mesmo lugar que um automóvel ocuparia. Desta forma possíveis clientes, que não

querem ou não têm condições de manter uma marina, terão acesso a este universo náutico.

“São várias as opções de lazer que um barco oferece: pescar, esquiar, mergulhar, velejar, passear, viajar, praticar esportes, relaxar [...]. No Brasil, as condições para a náutica são perfeitas: clima quente o ano inteiro, cenários paradisíacos, oito mil quilômetros de costa, além de rios, lagos e represas que somam 24 mil quilômetros de águas navegáveis.” (Disponível em: www.acobar.com.br)

A lancha proposta a seguir deverá portar-se em um espaço de mercado destinado a pessoas

apaixonadas por velocidade, pessoas que têm predileção por esportes motorizados, como corridas de

automóveis, motos, barcos e também para entusiastas de automotores esportivos como motocicletas,

powerboats e automóveis superesportivos. Também pessoas que queiram momentos de lazer, curtir

um passeio com um amigo, filho ou amor; que queiram satisfação pessoal, ou seja, entusiasta de

esportes aquáticos ou motorizados que queiram ter um objeto de desejo como seu novo brinquedo de

gente grande; aventura, emoções fortes, sentir o vento batendo no rosto, o gosto de liberdade, a

adrenalina da alta velocidade, o ronco forte de motores e a sensação de que tem poderes intangíveis

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Page 4: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

por um reles mortal; romances, afairs, impressionar garotas, sentir-se desejado e sentir que pode

causar sentimentos novos na pessoa de sua estima; também servir como objeto de auto-afirmação e

status, por fazer com que se seja invejado, por fazer com que o cliente sinta que se tornou mais

importante por possuir este produto.

De acordo com Löbach (2001) o valor estético é a medida do prazer estético proporcionado

pela aparência visual do produto industrial no usuário. Assim sendo, as configurações visuais do

projeto em questão, deverão despertar estes sentimentos de que o cliente poderá ter na lancha GT, em

analogia, o valor estético e de prazer que um automóvel superesportivo pode proporcionar.

No que segue será utilizado a metodologia de projeto de produto lecionada na Universidade

Luterana do Brasil no curso de Design na cadeira de Projeto V para o desenvolvimento de um veículo

aquático com características esportivas que apresentem um paralelo entre automóveis esportivos e

este veículo, assim como há uma relação entre uma moto e um jet ski.

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1. DESENVOLVIMENTO

1.1 NECESSIDADES DO PROJETO

Automóveis esportivos sempre foram itens de consumo altamente desejados, com um valor

de status enorme, afinal quem não quer ter um Porsche 611, uma Ferrari f40, um Ford Mustang

gt500 entre outros. O que percebemos também é o crescimento de um mercado de automóveis

modificados que busca na identidade esportiva. De acordo com a Associação Nacional dos

Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), (apud REDE BAHIA DE TELEVISÃO, 2005)

estima-se que o comércio de carros personalizados apresentou um crescimento de cerca de 30% nos

últimos três anos no país [...]. Isto mostra como a identidade esportiva tem mercado no país.

No caso de motocicletas de grande cilindrada ficam ainda mais evidentes estes apelos, na

maneira que podemos encontrar a venda motos exatamente iguais às utilizadas em corridas como

Moto GP e Super Motos. Conforme Caldeira A. (2008) motos como a Yamaha R1, só se diferem das

motos de pista por terem faróis e itens de obrigatoriedade, não fosse isto poderiam ser facilmente

confundidas com motos de corridas.

Mas se tratando de barcos, mais propriamente falando de lanchas, não encontramos no

Brasil algum tipo de lancha que atenda essa demanda, como por exemplo, uma lancha com

características das lanchas offshore1, lanchas de corridas para alto mar, ou as da maior categoria de

corridas náuticas do país, Stock Boat2. Existem sim os jets skis que são semelhantes às motos e com

um excelente desempenho esportivo, também com competições e corridas que incentivam o seu

consumo. Mas uma lancha intermediária, com tamanho menor que as lanchas padrões, que possam

contemplar facilidade de transporte e de resguardo, juntamente com esportividade das Stock Boat e

status de um automóvel esportivo de luxo, como um Alfa Romeo spider (fig.1), ainda não são

encontradas.

Fig. 1 – Alfa Romeo Spider (disponível em: http://www.imotion.com.br/imagens/data/media/25/9252spider.jpg)

1 Lanchas esportivas de uso em mar aberto. (disponível em: www.realpowerboats.com.br)2 Categoria de corridas motonáuticas brasileira. (disponível em: www.stockboats.com.br)

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Page 6: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

Basicamente temos as provas de stock car3, corrida de automóveis de turismo, que se

utilizam dos aspectos estéticos de automóveis de passeio que podem ser comprados por qualquer

cidadão, temos as motos de grande cilindrada, vendidas em todo o país idênticas às motos das pistas e

temos as lanchas de corrida da stock boat, mas sem nenhum similar nacional, ou algo que referencie

as corridas de lanchas, para ser ofertado em nosso mercado.

“Alta velocidade costuma ser algo imediatamente associado a carros e não tanto a barcos. Até porque navegar pressupõe um meio de transporte geralmente escolhido por quem quer curtir a paisagem sem muita pressa em chegar. Mas, obviamente, nem todo mundo sente o mesmo tipo de prazer, da mesma forma como nem todos os barcos são lentos. Pelo contrário, alguns são bem velozes. E, para quem gosta de correr, o prazer da velocidade tanto pode estar num carro esportivo quanto numa lancha veloz. Quase sempre, em ambos. Por isso, acelerar e sentir a adrenalina correndo nas veias na mesma intensidade da água passando sob o casco é, para muitos donos de barcos, um prazer a mais em navegar. Às vezes, o maior de todos. Junte-se a isto o fato de que, na água, a “pista” onde um barco se locomove é muito mais instável do que qualquer asfalto poderia ser e o desafio de navegar com velocidade torna-se ainda mais excitante. ”(DOTTORI e LOPES, 2009)

A seguir são levantados dados de pesquisa, dos quais identificamos onde este produto será

utilizado, quando ele será utilizado, como será o seu uso, quem o utilizará e finalmente o que é este

produto.

Onde será utilizado: Lanchas de esporte e lazer de médio porte são utilizadas para

navegação em rios e costas, como o rio Guaíba em Porto Alegre, onde a navegação é propícia até

para grandes barcos e também onde existem diversas residências com atracadouros próprios.

Também podem ser utilizados em estaleiros e Iates Clubes, comumente encontrados em cidades-

portos ou cidades litorâneas, com estacionamentos secos, cuja embarcação fica em terra firme

exposta ao tempo, em vagas cobertas individuais protegidas ou em pavilhões coletivos; existem

também os estacionamentos denominados comuns, onde os iates e lanchas ficam atracados em vagas

no trapiche, sendo estes expostos as intempéries do tempo ou protegidos, cobertos por uma espécie

de garagem ou por uma lona apropriada. Em alguns casos ainda existe a possibilidade da embarcação

ser acondicionada em residências comuns, em garagens particulares, ou em locais onde não há local

para navegação, caso este que exigirá o respectivo transporte por vias terrenas até local apropriado

para navegação.

Quando será utilizado: O uso deste tipo de produto é muito relacionado aos meses

quentes do ano e em períodos diurnos, nos finais de semana e em períodos de férias, não descartando

3 Categoria de corridas automobilísticas brasileira. (disponível em: www.stockcar.com.br)

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o uso freqüente durante todo o ano em finais de semana por alguns usuários mais dedicados ao

esporte, assim como o uso por moradores de locais onde faz calor e tempo bom o ano todo. Também

pode ser utilizado como meio de transporte em locais onde existam cidades separadas por lagoas, rios

ou enseadas.

Como será o uso: Será utilizado para momentos de lazer e descanso, em passeios

com algum amigo, família e colegas de trabalho, onde poder-se-á praticar esportes, tomar banhos de

sol, banhar-se no mar ou rio, utilizado para praticar pegas e acelerar livremente para sentir a

adrenalina da velocidade. Ele poderá ser utilizado como elemento de status, de auto-afirmação e um

meio e facilitador de oportunidades. Pode até ser utilizado para pescas e para compartilhar bebidas.

Será utilizado para navegação em águas abrigadas.

Quem a utilizará: Homem, jovem-adulto, possui conhecimentos ou habilidades

para desempenhar funções complexas como pilotar automóveis e lanchas, com uma bagagem cultural

pode ser considerado um usuário “expert”. É um profissional com rendimentos que possibilitam que

faça compras de objetos de desejo, objetos de alto valor de status e monetário. Ele é jovem, sente-se

jovem, está preocupado com aparências, pratica esportes, gosta de cuidar de si, ou seja, se permite

comprar presentes e itens de lazer a si mesmo. Procura que o ritmo dos grandes centros seja diluído

por momentos de lazer e descontração. Gosta de esportes náuticos, como corridas de lanchas e

também de esportes com automotores e ciclomotores. Gosta de velocidade, de sentir que o tempo não

passa quando está pilotando.

O que é este produto: O produto em questão trata-se de uma Inshore Powerboat,

embarcação de recreio motorizada, de alta potencia de propulsão, de pequeno porte com

compartimentos internos e externos habitáveis para uso em mares abrigados, lagos e rios.

É preferível que se busque materiais de pouco peso, com baixa densidade, que permitam

facilitar a navegação e até mesmo reduzir consumo de meios energéticos. Estes materiais devem ser

estruturais, resistentes e duráveis, devem suportar os efeitos da exposição ao sol, ao sal e umidade.

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Page 8: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

1.1.1 TENDÊNCIAS

Na linha de barcos de planeio, ou seja, lanchas, principalmente as esportivas, o que se

percebe através de busca em sites e revistas especializadas, é que há uma tendência a existirem

lanchas com conceito formal de automóveis. Com a parte superior destas embarcações

assemelhando-se com automóveis esportivos, como por exemplo, a lancha da Porsche (fig.2) e a

lancha da Lancia (fig.3), duas fabricantes de automóveis famosas por seus carros esportivos.

Fig. 2 – Lancha Porsche, (disponível em: www.webluxo.com.br/.../porsche_barco6.jpg)

Fig.3 – Lancha Lancia, (disponível em: http://www.encontracarros.com/upload/lancia/lancia_power_boat_2010_03.jpg

Também se percebe em eventos como o São Paulo Boat Show 20094 - evento em que se

podem conhecer os lançamentos e oportunidades de negócios no mercado náutico da América latina -

uma forte tendência de embarcações de mini porte, como lanchas de 10 pés aproximadamente. E

também a promoção de um esporte que está cada vez crescendo mais no país, a motonáutica com a

Stock Boat Brasil (fig.4).

Fig.4 – Lancha da Stock Boat, (disponível em:http://www.manausonline.com/images/noticias/not_stockboat_g.jpg)

4 Salão de exposição de produtos náuticos de São Paulo, (REVISTA NÁUTICA, n253, 2009).

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Page 9: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

1.2 PARAMETROS DO PROJETO

O produto em questão tem por definição ser uma lancha, portanto foram definidos os

seguintes parâmetros para o projeto.

Sistema estrutural – parte que garantirá rigidez adequada, ou resistência mecânica à

embarcação. O sistema estrutural escolhido é o sanduíche de compósitos. “Compósitos são materiais

de moldagem estrutural, formados por uma fase contínua polimérica (matriz) e reforçada por uma

fase descontínua (fibras) que se agregam físico-quimicamente após um processo de crosslinking

polimérico (cura).” (ABMACO, 2009). Estes são estruturados através de ligas feitas com colagens de

duas ou mais camadas de compósitos auto-estruturados.

Sistema de acesso – Meio, local ou método o qual o produto obterá sua interação com o

usuário. Os sistemas de acesso comuns ás embarcações são: escada, que pode ser de corda, que é

suspensa na embarcação ou no trapiche; escada de fibra feita no próprio casco da embarcação que

auxilia a entrada seja pela água ou por portos e trapiches; acesso por portas, quando existe uma

escada no porto ou trapiche que levará o usuário ao nível de embarque da lancha ou barco e o

principal acesso, que é o pela boca principal, ou seja pela abertura superior do casco. Também

existem os comandos que são: pedais de comando como o acelerador, manches de controle de

velocidade, assim como o acelerador, direção ou leme, que são os controles de direcionamento e

manobras da embarcação, os botões de comando do painel que servem para diversas funções desde

acionamento de componentes da embarcação até simples funções como ajuste de relógio.

Sistema de suspensão superficial aquático – Meio de garantir flutuação ou plainagem

superficial aquática. Estes podem ser através de cascos impermeáveis, estruturas em forma de concha

cujo não permitirá invasão de água garantindo flutuação superficial; câmaras infláveis, superfícies

com propriedades elásticas e impermeáveis vedadas ao meio externo, com quantidade de ar

comprimido, de maneira a garantir flutuação, em seu interior; Espécies de asas aquadinâmicas, peças

com forma específica para empurrar a água para baixo, garantindo a flutuação da embarcação,

durante movimentação, seguindo o princípio dos aviões com o ar.

Sistema propulsor – Equipamento mecânico que garantirá diferença de aceleração,

impulso ou empuxo. Existem diversos sistemas propulsores para embarcações, como remos, pás de

madeira para empurrar a água ou o fundo, nas águas protegidas como em rios e lagos rasos; motores

com hélices, como elétricos ou a combustão que fazem através do giro das pás com que o fluído sofra

aceleração e reaja contra as pás levando a embarcação a movimentar-se; motores com hélices que

empurram o ar.

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Page 10: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

1.3 CONCEITO DE PROJETO

A fim de nortear o projeto a uma solução congruente com as necessidades anteriormente

descritas deve-se obter a ciência de um conceito de projeto que é esclarecido da seguinte maneira: 1º.

Problema, necessidade ou origem. 2º. Qual o objetivo. 3º. Tecnologia para realizar as ações. 4º.

Processos para viabilizar estas ações. 5º. O meio energético. Após todos estes levantamentos

chegamos ao seguinte conceito de projeto:

SISTEMA À COMBUSTÃO DE SUSTENTAÇÃO

1.4 LEVANTAMENTO DE DADOS

Primeiramente foi feito um levantamento histórico de embarcações que existem desde

muito tempo. Os humanos, como forma de sobrevivência, tendiam a ter moradias próximas a água,

desta forma é natural que se façam uso de objetos que flutuem. Na historia podemos perceber o uso

de canoas feitas de bambus, troncos ocos até peles de animais, na medida em que o principio de

flutuação e estanque são compreendidos já começam os primeiros barcos mais elaborados.

Em meados de 1950 surgem as primeiras lanchas esportivas (fig.5), juntamente com a

mudança de comportamento do pós-guerra.

Fig.5 – Riva Ariston do ano de 1953, (disponível em: http://www.woodenrunabout.com/projects/d/238-4/1953+Riva+Ariston.jpg)

Após foi feito o levantamento dos modelos que estão no mercado atual analisando o

fabricante, comprimento, boca, peso, tamanho de tanque, quantidade de pessoas suportadas, numero

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Page 11: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

de camarote, numero de banheiros, tipo de motorização e valor de mercado aproximado (fig.6).

Também foram observados estrutura, função e estilo das embarcações selecionadas pelo

levantamento de dados.

Fig.6 – Modelo do levantamento de dados desenvolvido para pesquisa de

mercado.

Foram encontrados no mercado diversos tipos de lanchas com especificações diferentes,

motorizações e tamanhos diversos. Lanchas cabinadas, são as lanchas que possuem um local

protegido, que pode ser pequeno com somente dormitório, banheiro ou assentos extras, e também

existem as de tamanho grandes com quartos, salas e cozinhas. Estas lanchas podem ser utilizadas

para viagens, passeios, festas e pouso. Lanchas cabinadas podem ter um fly bridge5, que é um tipo de

segundo andar acima do convés onde podem ter os comandos da lancha e laçais para banhos de sol.

Lanchas com proa aberta possuem grande capacidade de acomodação de pessoas e aproveitamento de

espaço, mas sem nenhuma parte protegida. Estas são mais utilizadas para passeios e esportes,

também podendo ser utilizadas para pesca amadora. Existem as lanchas de pesca que têm seus convés

completamente aberto com um pequeno posto de comando e mais assentos e paióis, que podem ser

utilizadas por pescadores esportistas e por amadores, assim com utilização para passeios ocasionais.

Também exercendo a mesma função de uma embarcação existem os jets esquis e os barcos infláveis

motorizados.

Lanchas podem ser feitas de diversos materiais, desde concreto, passando por madeira

metais até compósitos, muito comumente encontradas lanchas feitas de plástico reforçado com fibras

de vidro PRFV, e algumas de alta performance de kevlar e fibra de carbono.

5 Parte superior da cabine de uma lancha. (NASSEH, 2004)

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Page 12: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

Também foram conferidos modelos de automóveis superesportivos a fim de obter

informações estéticas deste mundo da velocidade. Sendo que foi considerado que a preferência do

publico de programas televisivos que tratam do assunto de automobilística e esportes motorizados,

como o Autoesporte que tem uma média de ibope de 13 pontos, é a velocidade, é por automóveis de

alto desempenho, ou seja, superesportivos. (REDE GLOBO, 2009).

A estimativa é que pessoas que podem comprar um carro esporte ou uma moto para

exercitar seus domínios por velocidade, conferir (fig.7 e fig.8), ou seja, um brinquedo de gente

grande são potenciais clientes de lanchas de alto desempenho.

Fig.7 – Pagani Zonda, (disponível em: http://www.sportscarcup.com/cars/pagani-zonda-f.jpg

Fig.8 – Yamaha R1, (disponível em: http://www.zdistrict.com/wp-content/uploads/2008/09/r25.jpg

Para proporcionar maior abrangência de idéias, foram observados também modelos

conceituais de lanchas (fig.9 e fig.10), no intuito de conhecer o que pode estar por vir a ser

produzido.

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Page 13: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

Fig.9 – Concept Manta, (disponível em: http://www.instablogsimages.com/images/2009/02/05/manta-bay-cruiser1_MHDlR_69.jpg)

Fig.10 – Concept Boat Audi Calamaro, (disponível em: http://machinesthatgobing.com/images/audi-calamaro-concept-car-1.jpg)

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Page 14: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

1.4.1 DADOS DE UMA LANCHA

O casco é a parte exterior inferior de uma lancha. Da sua estanqueidade depende a

flutuabilidade. Podemos dividi-lo em três partes: Fundo - parte mais baixa do casco; Costado - parte

lateral do casco; Encolamento - secção de junção entre o Fundo e o Costado.

A forma do casco dependerá do uso da embarcação, existem diversos tipos e formatos de

cascos para embarcações, no caso da Lancha GT sua utilização indica que o casco seja do tipo V-

Profundo6. Este é feito para operar em altas velocidades e cortando águas turbulentas ou ondas, ele

tem uma navegação macia e facilita altas velocidades em comparação com outros tipos de casco, por

causa da sua forma em v no fundo. Uma peculiaridade deste tipo de casco é que ele precisa de

motores mais potentes. (NASSEH, 2004).

Foram pesquisados também os materiais utilizados na fabricação dos cascos das lanchas e

embarcações em geral, sendo que a melhor opção ficou com o sanduíche de plástico reforçado com

fibras de vidro, tipo structform (fig.11) juntamente com um núcleo de PET7 reciclado. Este tipo de

compósito proporciona uma estrutura adequada aos requisitos da norma ABNT – NBR 14.574:2000

que é a norma para fabricação de embarcações de esporte e recreio no Brasil, além de contar com

material reciclado contribuindo assim para o Ecodesign.

Fig.11 – RTM Structform

A proa é a extremidade anterior da lancha em sentido de marcha normal, ou seja, a vante, a

popa é a extremidade posterior da lancha onde se situa a plataforma de popa. Os bordos são dois

lados simétricos divididos por um plano longitudinal. Bombordo a parte esquerda e Boreste ou

Estebordo a parte direita do barco. A estabilidade de uma embarcação é a capacidade que ela possui

pra manter-se corretamente trimada na água, ou seja, quando seu calado e ré são iguais e não existe

inclinação para nenhum dos bordos. O comando é o local onde se encontram dispositivos e os

comandos para pilotar a embarcação e a cabine é o local onde se situa o comando. (BARROS, 2001).

6 Casco cuja secção transversal do fundo tem formado da letra v, (BARROS, 2001).7 Politereftalato de etileno, polímero termoplástico, (AUTER, 2007).

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Page 15: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

Existe ainda a linha d’água que é m plano que indica a altura que a água alcançará no

casco, o costado que é a parte externa do casco situada acima da linha d’água e a carena, que é a parte

externa do casco abaixo da linha d’água. (BARROS, 2001).

O deslocamento é o que representa o volume que a embarcação desloca em peso d’água

quando flutuando em águas tranqüilas. Calcula-se o deslocamento máximo, com peso de tripulação

combustível e outros e o deslocamento mínimo com a embarcação inteiramente descarregada. O

centro de gravidade é o ponto onde o peso total da embarcação atua pra baixo. Um centro

gravitacional mais baixo significa uma embarcação mais estável. (BARROS, 2001).

Foram levantadas quais normas regem a fabricação e utilização de lanchas no Brasil, estas

que são:

NORMAN 02: norma para navegação interior.

NORMAN 03: norma para embarcações de esporte e recreio

REG. DA NÁUTICA DE RECREIO - Decreto-Lei n.º 124/2004 de 25 de Maio

PORTARIA 1491/2002 DE 5 DE DEZEMBRO DE 2002.

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) NBR 14574 para construção

de barcos de lazer em fibra de vidro.

RIPEAM – 72 Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar.

A maioria das lanchas são maiores que 18 pés, as lanchas que utilizam motores de popa são

beneficiadas pela manobrabilidade e por estes motores ocuparem menos espaço do casco, as lanchas

com a boca mais larga são as mais estáveis, e quanto ao formato do fundo do casco o mais utilizado

em lanchas é o v-profundo que ajuda na estabilidade e conforto por conseguir cortar as ondas com

maciez. As lanchas com cabine habitável e com fly bridge8 são grandes e precisam de local

apropriado para manutenção e resguardo, estas têm alta capacidade de lotação inclusive com

possibilidade de banheiros e dormitórios. As lanchas menores podem levar menos pessoas, mas têm

vantagens como menor preço de custo e manutenção. Os motores mais econômicos são os motores de

popa, a maioria das lanchas tem seus comandos com direções no lugar dos lemes comuns às

embarcações menos esportivas, os tanques de combustível maiores propiciam passeios mais longos

principalmente em lanchas com motores mais potentes.

Segundo (Nasseh, 2004) a posição do motorista, ou do comandante de uma lancha, é

sempre à mão inglesa, pois o sentido de rotação das hélices do motor faz às vezes de compensar o

peso do motorista em caso de só ele estar na embarcação, sendo que a embarcação com maior peso

tente a ser mais estável.

Os materiais mais utilizados em lanchas de esporte e lazer são derivados de fibras de vidro,

por suas características de estanqueidade, resistências a choques, durabilidade, facilidade de

8 Iden (5)

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manutenção, leveza e baixo custo de produção. Há um forte crescimento da utilização de compósitos

na área náutica o que pode auxiliar a diminuir muito o peso e aumentar as resistências da

embarcação. Ainda existem materiais novos como espuma de PET reciclado que utilizado como

núcleo de sanduíches de compósitos podem ajudar na redução da poluição por se tratar de uso em

bens duráveis.

Automóveis superesportivos são considerados preferência de assuntos por sites

especializados e por programas de televisão. Tudo que oferece velocidade como tema tem um

publico garantido. O custo de uma lancha pode variar desde o entorno de trinta mil Reais até mesmo

as de um milhão de Reais, as mais luxuosas, sendo que o valor médio de lanchas fica semelhante ao

de um carro médio.

Das normas pesquisadas, a que mais abrange necessidades para uma lancha é a Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 14574 para construção de barcos de lazer em fibra de

vidro, pois esta foi feita em conjunto com a Associação dos Construtores de Barcos do Brasil

(ACOBAR).

1.5 DEBRIEFING

Após análise das informações coletadas pode-se balizar o projeto para que o designer não

perca o foco.

Embarcação de esporte e recreio de pequeno porte de aproximadamente 12 pés, para preencher um espaço ainda fresco no mercado de lanchas esportivas, entre os jet skis e as lanchas offshore.

Casco em v-profundo, para garantir estabilidade em encontros com ondas e marolas, além de permitir utilização em navegação costeira sendo este o melhor para velocidade.

Casco feito em RTM integral com Núcleo de Espuma de PET semi-rígidas, por possuir excelentes propriedades mecânicas e físicas para náutica, além do apelo ecológico.

Revestimento do fundo externo com película de pvc translúcida, pois aumenta 5 vezes a resistência a erosão.

Quilha reforçada com kevlar para proteger a embarcação de eventuais contatos com fundo.

Utilização de motor de popa, por ocupar menos espaço físico e por ter melhor manobrabilidade e relação consumo potência para embarcações pequenas.

Tanque de combustível frontal para não influenciar na estabilidade da embarcação e para ficar isolado dos tripulantes, conforme norma.

Comando de potência ou aceleração nos pés como em automóveis, para reforçar a identidade de automóveis de corrida e da stockboat que já é assim.

Adequação ergonômica através de regulagens nos assentos para pessoas do percentil 1 ao 99.

Posto do motorista do lado direito, convencional.

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Com dois lugares, que é o tipo de disposição mais utilizada em automóveis esportivos, que são a base da proposta.

Assentos esportivos com encosto regulável como em automóveis, por proporcionarem maior segurança e controle dos comandos.

Estofamentos com proteção UV e anti-mofo, para maior durabilidade. Paióis para equipamentos de salvatagem e para portar pertences. Plataforma de popa para facilitar acesso via térrea e por via d’água, além de

facilitar lançamento nas águas para a prática de esportes aquáticos como esqui. Suporte para cordas de esqui.

2.6 CONCEITO DE DESIGN

O projeto em questão terá uma concepção pragmática, baseando-se na motonáutica como

os stock boats, que é um esporte em plena ascensão no país. Terá o casco e o tipo de motorização

como nas lanchas de corridas. Detalhes como ângulo do pára-brisa (fig.12), entradas de ar, frente

baixa, faróis com linhas fluídas são características de automóveis de alto desempenho (fig.13).

Fig.12 – Lamborghini Concept, (disponível em: http://insaint.net/images/wallpapers/LamborghiniConceptS.jpg)

Fig.13 – Cadilac Supercar, (disponível em: http://www.thesupercars.org/wp-content/uploads/2007/02/cadillac-cien.jpg

Também terá uma abordagem pragmática, no sentido de fazer referencia aos automóveis

superesportivos e todo seu universo, velocidade, desejo, status.

Itens como defletores traseiros são comumente encontrados em automóveis

superesportivos (fig.14), primeiro pelo apelo estético e depois por aumentarem o coeficiente de

arraste fazendo o efeito solo com os automóveis em altas velocidades, este é mais um item que

remete a velocidade e esportividade. Pinturas personalizadas fazem parte deste universo também

(fig.15).

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Page 18: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

Fig.14 – Releitura Lamborghini Miura, (disponível em: http://www.carbodydesign.com/archive/2006/01/06-lamborghini-miura-concept/Lamborghini%20Miura%20Concept%204-lg.jpg

Fig.15 – Releitura GM Camaro, (disponível em: http://www.carspotting.com/userfiles/127/Chevrolet-Chevrolet-Camaro-2008_508.jpg

1.7 ROUHS

Os roughs são desenhos rápidos de punho livre onde através deles pode-se obter a escolha

no âmbito estético formal do projeto de design trabalhado. Aqui deve-se manter o foco nos conceitos

pré-determinados anteriormente. Utilizado caneta esferográfica azul comum.

Na (fig.16), a busca pela semelhança com automóveis se dá no pára-brisa, na (fig.17) nos

ressaltos laterais da dianteira junto com o pára-brisa inclinado e nos defletores traseiros, já na (fig.18)

há a tentativa de expressar velocidade através das linhas cuneiformes.

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Page 19: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

Fig.16 – Estudo lancha 01 Fig.17 – Estudo lancha 02

Fig.18 – Estudo lancha 03

Nas imagens das (fig.19 e fig.20) é incorporado um rebaixo na lateral da lancha fazendo

referências formais às entradas de ar dos grandes carros esportivos, na (fig.19) o emprego de um

aerofólio. Na (fig.20) o pára-brisa ganha a configuração de automóvel através de sua inclinação e das

entradas laterais, há um rebaixo na plataforma de popa que faz referencia às sinaleiras de automóveis

e há o emprego de defletores traseiros. Aqui já está de acordo com as necessidades previstas.

Fig.19 – Estudo lancha 04

Fig.20 – Escolha do design

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Page 20: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

As figuras de (fig.21) à (fig.25) apresentam o desenvolvimento dos itens do habitáculo.

Fig.21 – Estudo habitáculo poltronas e painel Fig.22 – Estudo console lateral

Fig.23 – Estudo habitáculo poltronas 01 Fig.24 – Estudo habitáculo poltronas 02

Fig.25 – Estudo habitáculo painel de controle

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Page 21: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

1.8 RENDER

Para melhor entendimento da escolha do design da lancha, desenhos a mão livre com

técnicas de render foram feitos, utilizando uma caneta esferográfica de tinta azul comum. Conferir

(fig.26 e fig.27).

Fig.26 – Render traseira Fig.27 – Render dianteira

1.9 ANTEPROJETO

O anteprojeto é um dimensional provisório para confecção de modelos de estudo e mock

up, conforme (fig.28).

Fig.28 – Detalhamento macro para confecção de modelos de estudo e mock up

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Page 22: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

1.10 ANÁLISE ERGONOMICA E DEFINIÇÃO ERGONOMICA DO PROJETO

Nesta etapa serão analisadas as relações entre o produto e o usuário, no aspecto de

posicionamento, relação dimensional, antropometria e relações dinâmicas. No caso do

posicionamento, haverá lugares para duas pessoas dispostas lateralmente uma da outra em direção à

vante da lancha, como existentes atualmente, por ser cognitivo e por permitir maior visibilidade.

Quanto à relação dimensional, de acordo com (TILLEY, 2005, p.71):

Os assentos e encostos podem ser constantes para todos os veículos. O apoio para a cabeça irá mudar, já que a linha central da cabeça deve estar perpendicular à linha de percurso escolhida. [...] Um ângulo relaxado para o tornozelo é de 100º, considerando um ângulo de 6-6,5º para o calçado. Esse é um bom ângulo para apoiar o pé esquerdo ou para usar o pé direito no acelerador, [...]. O ângulo ideal dos joelhos para conseguir uma pressão máxima sobre os pedais é 110-120º. [...] Além disso, o pé pode formar um ângulo de 85º, se necessário. O ângulo apresentado entre o assento e o encosto é de 95º. O osso superior da perna apresentado é 3º, assim o osso da perna e a coluna vertebral formam ângulo de 98º. (o ângulo ótimo é 95-100º).

Sendo uma lancha esportiva de concepção no âmbito estético formal automobilístico, as

relações dimensionais e os posicionamentos serão semelhantes aos automóveis esportivos conforme

(fig.29) e (fig.30). Inclusive o acelerador será no pé direito como nas lanchas de corrida. Nas relações

antropométricas serão consideradas as de usuários com tamanhos desde a mulher 1% até o homem

99%, em concordância com (TILLEY, 2005).

Fig 29 – Definição ergonômica do habitáculo homem 99%

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Page 23: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

Fig.30 - Definição ergonômica do habitáculo mulher 1%

Sendo que o acesso à lancha poderá se dar de duas formas, acesso via lateral, onde o

usuário passa do trapiche diretamente para o bordo lateral da lancha e após adentra o habitáculo e o

acesso via popa, ou traseira, onde o usuário pode subir diretamente do solo, quando a lancha estiver

próxima às beiras das águas e em outras ocasiões quaisquer. No habitáculo haverá degraus para

entrada e saída, entra os assentos, conforme (fig.31).

Fig. 31 – Definição ergonômica do acesso à lancha

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Page 24: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

O acesso por mulheres grávidas deverá ser acompanhado por outra pessoa por existir o

risco de quedas e por se tratar de um veículo de acesso diferenciado.

O mostrador principal que é o de velocidade terá diâmetro aproximado de 150 mm com

números brancos e com indicações de velocidade em nós, que é o convencional para náutica. Os

outros mostradores ficarão ao redor do principal, todos dentro dos limites estabelecidos pelo vão

disponível dentro da direção. Os mostradores gerais, excluindo o de velocidade, serão digitais com

controle de intensidade de luminosidade para melhorar visibilidade durante o dia e para não

prejudicar durante a noite. No painel existirão os botões de comando, de ignição e a chave geral

(fig.32).

Fig.32 – Painel de instrumentos.

Os botões serão de acionamento das luzes de navegação e das luzes constantes na norma

RIPEAM, regras internacionais para evitar abalroamentos no mar. Poderá ter luz na cabine. O botão

vermelho é o botão de partida do motor, ao seu lado direito fica a chave geral, os botões

imediatamente dispostos lateralmente da coluna de direção, mais claros, serão de comando das

funções do painel e power trim, controle do ângulo de inclinação do motor em relação á água. O

painel de instrumentos terá medidor de temperatura do motor, temperatura do ambiente, medidor de

nível de combustível, mostrador do power trim da lancha, vante, ré e neutro, conta-giros do motor e

aceleração.

A direção terá diâmetro total de 350 mm e diâmetro médio de 32 ma região de pega. Terá a

parte inferior reduzida para aumentar o espaço das pernas e será levemente descentrada para cima do

eixo para facilitar a visibilidade do painel de instrumentos e terá distância do painel de instrumentos

de 120 mm para evitar choque dos dedos em manobras. Na direção (fig.33) estarão os comandos de

vante e de ré, em analogia ao câmbio dos automóveis esportivos.

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Page 25: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

Fig.33 – Definição ergonômica da direção

1.11 DETALHAMENTO MECÂNICO E RENDER VIA SOFTWARE

Depois de todas as definições acertadas pode-se então partir para o detalhamento mecânico

e o render. Detalhamento mecânico do casco, com vistas de planos a cada 100 mm, conforme padrão

náutico com linha d’água (fig.34) e detalhamento mecânico com vista explodida (fig.35).

Fig. 34 – Vistas de planos de secções de 100 mm, padrão náutico

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Page 26: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

Fig.35 – Detalhamento com vista explodida

O render via software segue nas imagens (fig.36) à (fig.39). Onde mostram a proa, popa,

local do motor e habitáculo respectivamente.

Fig.36 – Render eletrônico frente ou proa Fig.37 – Render eletrônico traseira ou popa

Fig.38 – Render detalhe encaixe motor Fig.39 – Render habitáculo

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Page 27: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

Aqui o modelo tridimensional foi confeccionado em software de modelagem

Solidworks2008, onde a partir dele podemos exportar os arquivos diretamente para geração de peças

e modelos tridimensionais palpáveis, como a estéreolitografia. Na (fig.40) o render mostra o power

trim, com as posições de recolhimento total e os limites de trim na vista lateral.

Fig.40 – Vista lateral e power trim

1.12 MATERIAIS

Para escolha dos materiais que farão parte da fabricação da lancha, foi feito uma pesquisa

em sites especializados, livros e revistas do gênero. Também foi feito um levantamento de texturas e

revestimentos, assim como cores e acabamentos.

No casco e na célula do habitáculo serão empregados sanduíche de compósitos de dois

estágios, externamente será de (PRFV) Plástico Reforçado com Fibras de Vidro, envolvendo o núcleo

de espuma de (PET) Politereftalato de etileno reciclado, no processo de Vacuum Assisted Resin

Transfer Moulding (VARTM) Structform. Segundo Nasseh (2004): “A construção sandwich em um

laminado oferece as mesmas vantagens que uma viga I em uma estrutura metálica, [...]”.

Nas partes do convés, das portinholas e das partes externas traseiras, será utilizado o

método de moldagem por transferência de resina assistida por vácuo comum, Vacuum Assisted Resin

Transfer Moulding (VARTM) de Plástico Reforçado com Fibra de Vidro (PRFV).

No painel e nos consoles será utilizado (PRFV) no processo de spray up, que consiste em

uma pistola que expele fibra de vidro picada juntamente com as resinas necessárias diretamente sobre

a fôrma, como se fosse uma pintura de spray. Este processo foi escolhido por ser de baixo custo, e

por poder garantir um bom acabamento, permitindo utilização de texturas que simulam couro, o que

se torna mais confortável em locais que possam entrar em contato com a pele, além de poder utilizar

a proteção contra raios ultra-violeta (UV) e de serem resistentes a água.

No restante serão empregados materiais comumente encontrados no mercado náutico.

1.13 APLICAÇÃO SISTÊMICA

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Page 28: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

Aqui faz-se a aplicação de simulações do produto em seu ambiente de uso, sendo utilizado

efeitos de montagens de fotografias.

Fig.41 – Aplicação sistêmica da Lancha GT em uma lagoa no fim da tarde

Fig.42 – Aplicação sistêmica da Lancha GT em aceleração

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Page 29: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

CONCLUSÃO

Quanto à forma, a lancha GT tem em suas linhas claras inspirações nos automóveis

superesportivos e suas relações, como defletores traseiros, rebaixos no costado simulando entradas de

ar, faroletes com formas dinâmicas, ou seja, formas que indicam velocidade, pára-brisa com baixo

ângulo de ataque, formas da proa simulando capôs com seus ressaltos para as “rodas”. No interior da

Lancha GT toda a concepção é baseada em automóveis, desde o painel até os comandos, onde o

comando de aceleração é no pé, e o comando de vante e a ré se darão por meio do manete junto à

coluna de direção.

A lancha GT é uma embarcação de esportes e recreio de médio porte, é um veículo, é um

equipamento destinado ao prazer de pilotar, um saciador do desejo de velocidade. Pode servir como

elemento de inserção social, como auxiliar para conquistas e como objeto de desejo e satisfações.

A lancha GT possuí acabamentos externos de baixa rugosidade, que devem ser mantidos

limpos para evitar que as sujeiras incrustadas prejudiquem o desempenho esportivo, ela têm

comandos de navegação e elementos do painel de comandos que devem ser ajustados e revisados por

profissionais qualificados. Devem ser evitados choques contra o fundo para não danificar o casco e a

estrutura. A pessoa à pilotar a Lancha GT deverá obrigatoriamente portar documento de habilitação

de arrais amador. Regulagens dos bancos poderão ser feitas conforme necessidade do usuário. A

possibilidade de remoção do tanque para manutenção deve ser feita em local arejado e com

equipamentos de segurança apropriados para manuseio de comburentes. Os elementos de

armazenamento de equipamentos de salvatagem devem ser sempre revisados, a fim de garantir o

funcionamento adequado sempre, assim como os equipamentos devem ser renovados conforme prazo

determinado pelo fabricante. O usuário da lancha GT deve, antes de sair pilotando pela primeira vez,

observar bem os componentes da lancha assim como aprender seu funcionamento e observar os

controles do painel de comandos.

O projeto da lancha GT é destinado a pessoas apaixonadas por velocidade, pessoas que têm

predileção por esportes motorizados. Pessoas que queiram momentos de lazer, curtir um passeio com

um amigo, filho ou amor; que queiram satisfação pessoal. Ela é o novo brinquedo de gente grande;

proporcionará aventuras, emoções fortes, sentir o vento bater no rosto, o gosto de liberdade, a

adrenalina da alta velocidade e a sensação de poder. Ela fará com que o cliente viva romances, afairs,

impressione garotas. Servirá para sentir-se desejado e sentir que pode causar sentimentos novos na

pessoa de sua estima. Também pode servir como objeto de auto-afirmação e status, por fazer com que

se seja invejado, por fazer com que o cliente sinta que se tornou mais importante por possuir este

produto.

Foi feito uma pesquisa junto a um cliente consumidor das matérias primas utilizadas para

produção da lancha GT. Tendo como base o custo do metro quadrado de (VARTM) structform como

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Page 30: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

mais ou menos R$500,00 por metro quadrado, e tendo que o casco da lancha tem aproximadamente

10 m² de superfície, mais 7 m² no habitáculo. Tendo o custo por metro quadrado do (RTM) como

R$180,00 por metro quadrado e tento como convés, portinholas e acabamentos como mais ou menos

15 m² de superfície de (RTM). Somando como preço de custo dos aparelhos do painel por

RS2.000,00 e das poltronas como R$ 400,00 cada uma, mais R$2.000,00 de custo do pára-brisa, mais

o preço de aproximadamente R$700,00 do tanque de combustível. O valor da Lancha GT, sem o

custo de mão de obra, ficará em aproximadamente R$17.000,00, sem motor e carreta de transporte.

Normalmente o custo de ferramentas neste tipo de produto é diluído no preço final vezes a

expectativa da demanda do produto em questão.

Para fabricação de uma lancha precisa-se de muito espaço físico, sendo que estaleiros já

estabelecidos não precisarão fazer muitas alterações em suas instalações para produzirem a Lancha

GT.

Para o desenvolvimento da Lancha GT, foram feitas diversas pesquisas, sendo que algumas

possibilidades encontradas ainda podem vir a ser desenvolvidas na lancha, como um painel que fosse

móvel por entre trilhos, e que pudéssemos alternar entre uma lancha monoposto, totalmente

esportiva, e uma lancha de passeio com dois ou três lugares, simplesmente com o deslocamento dos

itens de painel da lateral ao centro da lancha.

Uma lancha com o posto do motorista do lado esquerdo, como é nos carros aqui no Brasil,

para melhorar a relação de acessibilidade para os principiantes no mundo náutico, e para mesmo

aumentar a relação de carro-lancha proposta na Lancha GT.

A Lancha GT foi concebida para ter comandos de aceleração no pé direito como nos

automóveis, mas não restringe o uso do manche normalmente utilizado por lanchas e iates. Sendo que

se alguém fizer questão de continuar com o convencional, poderá sem problemas, pois existem

manches no mercado facilmente adaptáveis em qualquer embarcação.

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Page 31: Lancha GT Artigo to Ate Referencias

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