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1 Saúde e meio ambiente seguros em Paracatu Avaliação da Exposição ao Arsênio da População de Paracatu, Minas Gerais, Brasil.

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Saúde e meio ambiente seguros em Paracatu

Avaliação da Exposição ao Arsênio da População de Paracatu, Minas Gerais, Brasil.

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1 POR QUE REALIZAMOS ESTE ESTUDO?

2 QUEM CONDUZIU O ESTUDO? 3 COMO O ESTUDO FOI CONDUZIDO? 4 SUMÁRIO EXECUTIVO5 CONCLUSÕES

ÍNDICE

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Parte da população mundial está exposta a pequenas quantidades de arsênio no seu dia a dia. O arsênio é encontrado na composição da crosta terrestre, na água, no ar e em parte dos alimentos. Nestes, o arsênio pode estar presente na forma de compostos orgânicos ou inorgânicos, de ocorrência natural ou gerados pelas atividades humanas.

Contudo, apesar de estarmos expostos cotidianamente ao arsênio de origem natural, grupos de campanha contra a mineração e outros interessados alegaram que a Kinross estaria causando envenenamento por arsênio em sua mina localizada na cidade de Paracatu, no estado de Minas Gerais.

No intuito de investigar o impacto de suas atividades em relação ao arsênio, a Kinross encomendou o estudo: "Avaliação de risco ambiental e à saúde humana por exposição ao arsênio da população de Paracatu, MG, Brasil”.

POR QUE REALIZAMOS ESTE ESTUDO?

Paracatu

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POR QUE REALIZAMOS ESTE ESTUDO?Esse estudo culminou em uma investigação pioneira e abrangente, conduzida ao longo de sete anos por cientistas e especialistas ambientais internacionalmente reconhecidos. O projeto de pesquisa, liderado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Recursos Minerais, Água e Biodiversidade (INCT-Acqua) – criado por meio de um programa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação – , contou com a participação de especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal de Viçosa (UFV), e da Universidade de Queensland e do Centro Nacional de Pesquisa para Toxicologia Ambiental da Universidade de Queensland (ENTOX), localizados na Austrália.

A pesquisa gerou evidências científicas que comprovam objetivamente que a mina da Kinross em Paracatu, MG, não causa envenenamento por arsênio. Conclusão similar foi obtida por outro grupo de pesquisadores em projeto comissionado pela prefeitura de Paracatu e coordenado pelo Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), órgão vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. O estudo do CETEM, de 2013, conclui que “Nas atuais condições, a população de Paracatu não está exposta a teores de As via consumo de água de abastecimento que representem riscos à saúde humana”, e que “ Os teores médios de arsênio em urina da população amostrada em Paracatu, bem como os teores de arsênio em cabelo e sangue indicam baixa exposição ambiental da população de Paracatu ao arsênio (...) O estudo epidemiológico indicou que a população não mostra taxas de mortalidade por tipos de câncer com associação à exposição ao arsênio acima do observado para diversas cidades brasileiras, regiões e no país; nem casos de dermatopatias referidas à exposição ao arsênio.”

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QUEM CONDUZIU O ESTUDO?

Virginia S.T, Ciminelli é Professora Titular do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desde 1995 e Diretora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Recursos Minerais, Água e Biodiversidade- INCT-Acqua. É uma pesquisadora com reconhecimento nacional e internacional. Membro eleita da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Nacional de Engenharia e da Academia Americana de Engenharia. Admitida na Ordem Nacional de Mérito Científico e Pesquisador Nível 1A do CNPq. Lidera parcerias com várias instituições no Brasil e no exterior. Desde a década de noventa investiga a especiação e estabilidade do arsênio em amostras ambientais. A combinação de modelagem molecular teórica e experimental permitiu importantes avanços na identificação da estrutura de complexação do arsênio em amostras minerais contendo ferro e alumínio, rejeitos de mineração, vegetais e resíduos da avicultura. Suas pesquisas constituíram o trabalho fundamental para a seleção de amostras de latossolo com alta capacidade de adsorção e fixação de arsênio; sua publicação mais recente explica o mecanismo de fixação de longo prazo nesses latossolos. Foi membro de todos os comitês científicos internacionais para a série de congressos sobre arsênio e convidada especial do evento Arsenic 2014 com a palestra plenária: Arsenic in Mining – sources and stability. Foi recipiente do prêmio Mercosul Award for Science and Technology em 2011 na categoria integração pelo trabalho "The Arsenic issue in Mercosul” realizado pela rede IBEROARSEN com pesquisadores da América Latina e da Península Ibérica.

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QUEM CONDUZIU O ESTUDO?Jack C. Ng é professor e pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa para Toxicologia Ambiental, da Universidade de Queensland, Austrália; chefe do Grupo de Pesquisa para Avaliação de Risco e Intervenção e chefe do Programa do Centro de Pesquisa Cooperativa para Avaliação da Contaminação e Remediação do Meio Ambiente. Toxicologista certificado (DABT) de renome internacional, tem PhD em Química e Toxicologia Ambiental. Sua tese de doutorado tem o título de “Especiação, Biodisponibilidade e Toxicologia do Arsênio no Meio Ambiente”. Foi editor, coordenador e coautor do Environmental Health Criteria of Arsenic and Arsenic Compounds (2001) da Organização Mundial da Saúde, membro da força tarefa e coautor da Monografia IARC Volume 84 (2004) - Some Drinking-water Disinfectants and Contaminants, including Arsenic. Membro do Comitê Especialista e coautor do Relatório Técnico WHO/FAO JECFA (2010) – Relatório Técnico do 72o do Comitê Especialista WHO/FAO para Aditivos Alimentares, Avaliações Toxicológicas de Acrilamida, Arsênio, Deoxinivalenol, Furano, Mercúrio e Perclorato. É editor do Journal of Environmental Geochemistry and Health, membro do conselho editorial do Journal of Toxicology, coeditor da próxima edição da série Merian “Elements and their compounds in the environment”. É o autor principal do documento de orientação australiano sobre Biodisponibilidade e Bioacessibilidade na National Environmental Protection Measure (NEPM) para a Avaliação de Contaminação de Locais na Austrália, adotado pelo National Environmental Protection Council (NEPC 2013). É membro de vários comitês científicos internacionais para a série de congressos sobre arsênio e foi o presidente do Congresso Internacional sobre Arsênio de 2014.

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QUEM CONDUZIU O ESTUDO?

Massimo Gasparon é Professor Adjunto de Geoquímica na School of Earth Sciences da Universidade de Queensland, Diretor do Laboratório de Geoquímica Ambiental na Universidade de Queensland e Pesquisador Chefe no Australian National Centre for Groundwater Research and Training. Em 2013, recebeu uma bolsa de estudos do CNPq como “Pesquisador Visitante Especial”. É também Editor Associado da publicação oficial da International Mine Water Association, a Mine Water and the Environment. Sua pesquisa tem sido utilizada como suporte ao processo decisório na operação da conexão aérea intercontinental da Austrália com a Antártida, e se constituiu na principal base científica para os posicionamentos da política australiana no Encontro Consultivo do Tratado da Antártida com respeito ao provável impacto ambiental resultante da nova estação de pesquisa em Larsemann Hills (Leste da Antártida). Foi palestrante convidado e presidente da sessão no evento Arsenic 2014.

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COMO O ESTUDO FOI CONDUZIDO?

A avaliação da exposição ao arsênio na cidade de Paracatu buscou determinar a exposição da população com base nas principais rotas de exposição, tais como ingestão (água + alimentos + poeira de solo) e inalação (partículas em suspensão). As contribuições relativas das várias rotas de exposição para o consumo diário total de arsênio foram calculadas.

A exposição ao arsênio para a população de Paracatu, determinada pelos pesquisadores do INCT-Acqua, foi comparada à dose de referência BMDL0.5 (Benchmark Dose Lower Limit) adotada para avaliação de risco à saúde humana pelo Comitê Especialista em Aditivos Alimentares (JECFA) da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização para Alimentação e Agricultura (FAO).

O BMDL0.5 refere-se à quantidade de arsênio inorgânico ingerido que implicaria em aumento de 0,5% na incidência de câncer de pulmão após 11,5 anos em média de exposição. O valor do limite inferior do BMDL0.5 foi estabelecido em 3 μg/kg bw por dia (bw = peso corpóreo) com base nos dados de um estudo epidemiológico conduzido em uma população com alta exposição ao arsênio (Taiwan). A análise do impacto das incertezas no cálculo da exposição ao arsênio inorgânico presente na água potável e nos alimentos indicaram um intervalo 2-7 μg/kg bw por dia para o BMDL0.5 (JECFA, 2011).

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ÁGUA

SUMÁRIO EXECUTIVO

AR/POEIRA SOLO ALIMENTOS

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Paracatu Limites no Brasil/OMS

1.34 μg/L

10 μg/L

CONCENTRAÇÃO DE ARSÊNIO NA ÁGUA

I. O ARSÊNIO NA ÁGUAA concentração média de arsênio considerando todas as amostras de água, o que inclui além da água fornecida pela COPASA aquelas coletadas diretamente de poços de água subterrânea e de poços comunitários, é de 1,34 µg/L, ou seja, sete vezes inferior ao valor de 10 µg/L, limite estabelecido pela legislação brasileira e também pela OMS. Esses resultados indicam que a exposição via consumo de água potável - a mais importante, considerando os casos mundiais de contaminação por arsênio - representa um baixo risco à saúde humana para a população de Paracatu.

O valor médio da concentração de arsênio em amostras de água potável (excluídas as amostras coletadas diretamente dos poços de água subterrânea) foi inferior a 1 µg/L, sendo a maioria dos valores (incluídas as amostras de água da COPASA) menores que 0,3 µg/L.

A baixa concentração de arsênio na água foi confirmada por outro trabalho comissionado pela Prefeitura Municipal de Paracatu e coordenado pelo Centro de Tecnologia Mineral – CETEM (CETEM, 2013). O estudo concluiu que "as águas do sistema de abastecimento de Paracatu não mostram contaminação por arsênio e, assim, não representam via de exposição importante, estando de acordo com legislação pertinente e com os dados de monitoramento da COPASA".

Os resultados indicam que a exposição a arsênio por meio da água potável representa um risco baixo à saúde humana em Paracatu.

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Valor

anua

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Valor

es no

Brasil e

na Uniã

o Euro

peia

5.3 ng/m³5.7 ng/m³

6 ng/m³

BIOACESSIBILIDADE DO ARSÊNIO EM PARTÍCULAS EM SUSPENSÃO MENORES

QUE 10 MICRÔMETROS (PM10)

II. O ARSÊNIO NO AR/POEIRAA contribuição de arsênio inalado na ingestão total é de até 0,8% para adultos e 4,1% para crianças, sob a premissa conservadora de bioacessibilidade de 100%. Assim, a contribuição das partículas em suspensão à exposição total é considerada de menor relevância.

Foram analisadas 953 amostras de partículas em suspensão PM10 e PM2.5, isto é, partículas em suspensão menores que 10 e 2,5 micrômetros coletadas por estações contínuas de monitoramento de qualidade do ar.

O valor médio de arsênio (média superior a um ano) medido em PM10 em cada uma das quatro estações de monitoramento utilizadas no estudo mostrou-se abaixo da meta de 6 ng/m³ estabelecida pela União Europeia. Os valores encontram-se também em conformidade com o risco tolerável à saúde humana para substâncias carcinogênicas (Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA no 420/2009), que implica na probabilidade de ocorrência de um caso adicional de câncer em uma população exposta de 100.000 indivíduos.

De acordo com a Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA), a concentração de arsênio no ar de 5,7 ng/m³ pode ser derivada a um risco de 1:100.000, o que corresponde ao nível tolerável de risco à saúde humana definido pela Resolução n° 420/2009 do CONAMA. Em consonância com uma abordagem conservadora de avaliação de riscos, e considerando que não há ainda dados de bioacessibilidade no ar atmosférico de Paracatu, o valor anual médio máximo nas quatro estações de monitoramento (5,3 ng de arsênio por metro cúbico de ar e assumindo que 100% do arsênio inalado é bioacessível) foi utilizado para avaliar a inalação total de arsênio.

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III. O ARSÊNIO NO SOLOAs concentrações de arsênio bioacessível nas amostras de solo mostraram-se abaixo do valor de investigação (VI = 55mg/kg) estabelecido pela Resolução n° 420/2009 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) para áreas residenciais. Assim, não representam riscos potenciais diretos ou indiretos à saúde humana. A contribuição máxima da mineração (via ingestão não intencional de solos) para a exposição ao arsênio é inferior à exposição via ingestão de alimentos e água. O valor máximo mostrou-se inferior a 2% da dose de referência estabelecida pela OMS de 3 μg/kg bw por dia. Por conseguinte, os riscos para a saúde da população de Paracatu podem ser considerados baixos.

Paracatu OMS

0,06 μg/kg b.w./dia

3 μg/kg b.w./dia

CONCENTRAÇÃO DE ARSÊNIO BIOACESSÍVEL

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Marcas de arroz mais compradas pela popu-

lação de Paracatu

Limites OMS/FAO para arroz branco

Limite OMS/FAO para arroz integral

0.194 mg/kg 0.2 mg/kg

0.4 mg/kg

ARSÊNIO CONSUMIDO NO ARROZ

IV. O ARSÊNIO NOS ALIMENTOSOs alimentos contribuem com até 96% da ingestão total de arsênio para adultos e até 83% da ingestão total para crianças, considerando os diferentes cenários de exposição. Arroz e feijão constituem as principais parcelas da ingestão de arsênio inorgânico a partir de alimentos.

O arsênio presente naturalmente nos alimentos contribui significativamente à exposição total ao arsênio no mundo. O arroz é conhecido por ser uma das maiores fontes de exposição ao arsênio para as populações que tem o arroz como base de sua dieta. O arroz é um acumulador natural de arsênio, a partir do contato com quantidades traço deste elemento nas águas que caracterizam a produção em campos inundados.

Em 2014, um comitê conjunto da OMS/FAO estabeleceu um limite máximo de 0,20 mg/kg para arroz branco e 0,40 mg/kg para arroz integral. De acordo com o estudo coordenado pelo INCT, as marcas de arroz mais consumidas pela população de Paracatu têm, em média, 0,194 mg/kg de arsênio total. Ou seja, estão dentro dos limites internacionais.

A Agência de Substâncias Tóxicas e Registro de Doenças (ATSDR), dos EUA, afirma que: "A maioria da população pode estar exposta a arsênio no ar, na água potável e nos alimentos. Destas fontes, os alimentos são, em geral, a maior fonte de arsênio". A União Europeia, por meio da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), traz argumentos que corroboram com a ATSDR, pois afirma: “comparada com exposição do arsênio nos alimentos, a exposição não-alimentar é geralmente de menor importância para a população em geral”.

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V. INGESTÃO OU INGRESSO TOTAL DE ARSÊNIOConsiderando diferentes cenários de exposição, o ingresso total de arsênio inorgânico para todas as fontes de exposição (ingestão oral + inalação) foi de até 0,2474, para adultos, e de 0,2402 μg/kg bw por dia e, portanto, abaixo de 10% do valor de referência BMDL0,5 de 3 μg/kg bw por dia.

Os alimentos são responsáveis por até 96%, para adultos, e 83%, para crianças, da exposição total ao arsênio em Paracatu. O arroz contribui com cerca de 50% da exposição ao arsênio via alimentos. A concentração média de arsênio nas amostras de arroz encontra-se na faixa (de até 0,2 mg/kg) estabelecida pela Organização Mundial de Saúde.

Os resultados do estudo demonstram que a exposição da população de Paracatu ao arsênio e, consequentemente, os riscos à saúde humana, podem ser considerados baixos.

Crianças Adultos BMDL 0,5

0,2402 μg/kg b.w./dia 0,2474 μg/kg b.w./dia

3 μg/kg b.w./dia

INGRESSO TOTAL DE ARSÊNIO INORGÂNICO PARA TODAS AS FONTES DE EXPOSIÇÃO

(INGESTÃO ORAL + INALAÇÃO)

75%

deste consumo vem do arroz, um acumulador natural de arsênio no mundo inteiro

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Este relatório é o mais recente de uma série de estudos que asseguram, com base em evidências científicas e referências internacionais, que:

CONCLUSÕES

A exposição total ao arsênio em Paracatu, considerando todas as fontes, está abaixo de 10% da dose de referência estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para um aumento de 5% da incidência de câncer de pulmão após 11,5 anos de exposição. Desta maneira, podemos afirmar que a exposição da população de Paracatu ao arsênio pode ser considerada baixa.

Com base nos dados obtidos de exposição por meio da pesquisa em conjunto realizada pelo INCT-Aqua e ENTOX, conclui-se que o risco à saúde humana em Paracatu também pode ser considerado baixo.

A contribuição máxima da mineração (via ingestão não intencional de solos + inalação) para a exposição ao arsênio é inferior à exposição via ingestão de alimentos e água. Esta exposição é 2,5 % da dose de referência estabelecida pela OMS. Por conseguinte, os riscos para a saúde da população de Paracatu podem ser considerados baixos.

A ingestão total calculada de arsênio de todas as fontes, na faixa de 0,2097 a 0,2474 μg/kg bw por dia para adultos e de 0,1214 a 0.2402 μg/kg bw por dia para crianças, é, no seu valor máximo, de cerca de 8%, do valor de BMDL0.5 de 3 μg/kg bw por dia.

O valor médio máximo (1,34 µg/L) da concentração de As nas amostras de água potável de superfície e de água dos poços comunitários mostrou-se sete vezes inferior ao limite 10 µgAs/L, estabelecido pela legislação brasileira e recomendado pela OMS. A maioria dos valores de concentrações de arsênio em água valores mostraram-se abaixo de 0,3 µg/L. Esses resultados indicam que a exposição via consumo de água, a mais importante do ponto de vista dos casos mundiais de contaminação de população por arsênio, não apresenta riscos significativos à saúde.

A soma dos riscos de câncer previstos a partir de todas as rotas de exposição (geogênica, alimentos e água) em Paracatu é da ordem de grandeza semelhante ao risco de se beber água contendo 10 µg/L de arsênio (padrão de água potável da OMS e brasileiro), concentração considerada como um limite seguro.