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DESAFIOS E POTENCIALIDADES DA ANÁLISE GEOGRÁFICA EM SAÚDE NA SECRETARIA ESPECIAL DE SAÚDE INDÍGENA – SESAI/MINISTÉRIO DA SAÚDE- BRASIL. Camila Barbosa 1 Kate Tomé de Sousa 2 Renato Apolinário Francisco 3 Palavras-chave: geoinformação, sáude, indígena 1 Mestre em Geografia UNESP – Consultora OPAS/OMS/ONU – SESAI/MS 2 Especialista em Geoprocessamento UNB– Consultora OPAS/OMS/ONU – SESAI/MS 3 Mestre em Geotécnica UnB - Coordenador Geral de Monitoramento e Avaliação da Saúde Indígena - SESAI/MS

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DESAFIOS E POTENCIALIDADES DA ANÁLISE GEOGRÁFICA EM SAÚDE NA SECRETARIA ESPECIAL

DE SAÚDE INDÍGENA – SESAI/MINISTÉRIO DA SAÚDE- BRASIL.

Camila Barbosa1

Kate Tomé de Sousa2

Renato Apolinário Francisco3

Palavras-chave: geoinformação, sáude, indígena

1 Mestre em Geografia UNESP – Consultora OPAS/OMS/ONU – SESAI/MS 2 Especialista em Geoprocessamento UNB– Consultora OPAS/OMS/ONU – SESAI/MS 3 Mestre em Geotécnica UnB - Coordenador Geral de Monitoramento e Avaliação da Saúde Indígena -SESAI/MS

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Introdução

A abordagem geográfica em saúde visa à análise de fatores ambientais de risco para

doenças bem como colabora para o desenvolvimento de estratégias para a administração

dos serviços de saúde, monitoramento de eventos e novos modelos de prevenção e

controle de doenças. É por meio da relação entre a população e seu território que se

estabelecem os meios propícios para o desenvolvimento de doenças e também para seu

controle.

Barcellos et al. (2002) destacam que a análise das situações de saúde depende de um

processo de territorialização dos sistemas locais, de modo a reconhecer porções do

território segundo a lógica das relações entre condições de vida, saúde e acesso a

serviços de saúde. A análise das situações de saúde tem uma lógica territorial, porque no

espaço se distribuem população humanas segundo similaridades culturais e

socioeconômicas e o Estado organiza-se e implementa ações nessa base territorial.

A utilização da abordagem territorial nos trabalhos práticos dos órgãos de gestão da

saúde pública no Brasil ainda é incipiente revelando um desafio cultural que se associa a

um desafio tecnológico e de infraestrutura.

O Ministério da Saúde (MS) do Brasil, por meio da Secretaria Especial da Saúde

Indígena (SESAI) é responsável, desde 2010, por coordenar a Política Nacional de

Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (BRASIL, 2002).

A missão da secretaria é implementar um novo modelo de gestão e de atenção no

âmbito do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, articulado com o Sistema Único de

Saúde (SUS), denominado SASISUS. Que é a prestação de serviços de atenção básica e

saneamento básico em aldeias, em articulação com o SUS. Atualmente o Subsistema

possui em sua base de dados demográfica aproximadamente 700 mil indígenas que

vivem em cerca de 5 mil aldeias.

Todo o processo de gestão (SASISUS) foi previsto na Constituição Federal (BRASIL,

1988). O Subsistema tem por objetivo o atendimento básico em saúde a populações

indígenas de forma descentralizada, hierarquizada e regionalizada, tendo sido criado em

1999, por meio da Lei nº 9.836/99. Deve levar em consideração a realidade local e as

especificidades dos povos indígenas, (BRASIL, 1999).

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A territorialização das atividades de atenção a Saúde Indígena caracteriza-se pela

descentralização em Distritos Sanitários Especiais de Saúde Indígena (DSEI). Esses

podem ser entendidos como territórios etnoculturais dinâmicos que possuem

coordenação autônoma dos serviços de saúde, alinhada às diretrizes do SUS. Cada

DSEI se organiza em Polos Base (Território composto um conjunto de aldeias), que

possuem como sede dos tipos: 1 (localizados em aldeia – assistencial e administração)

ou 2 (Localizada em área urbana – administrativo). Em diversas aldeias do território dos

Polos Base estão instaladas Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI). Os Polos Base

contam com equipes multidisciplinares que atendem a determinado conjunto de aldeias

situadas naqueles territórios. Atualmente existem 34 DSEI abrangendo todo o território

nacional, organizados em aproximadamente 360 Polos Base. Para representar essas

informações foram elaborados o Mapa 1, que apresenta a configuração territorial dos

DSEI no Brasil, e o mapa 2, referente ao DSEI Alto Rio Negro com seus respectivos 25

Polos Base. Esses mapas foram elaborados utilizando-se o software livre QGIS, versão

2.8.7, encontrado no site http://www.qgis.org/en/site/.

A abordagem territorial é, portanto, fundamental para a organização dos serviços de

atenção à saúde aos povos indígenas, e neste contexto a SESAI, por meio da

Coordenação Geral de Monitoramento e Avaliação da Saúde Indígena (CGMASI), tem

atuado para viabilizar a sistematização da base de dados geográficos da Saúde Indígena

e o desenvolvimento da cultura de análise geográfica em saúde.

Neste contexto, o reconhecimento do território consiste em um dos pressupostos da

organização dos processos de trabalho e práticas de vigilância e atenção à saúde, através

de uma atuação a partir de uma delimitação territorial previamente determinada.

Este esforço envolve desenvolvimento e aperfeiçoamento de sistemas de informações e

integração entre os demais departamentos da SESAI, colocando em cooperação

profissionais da área de saúde, geografia, saneamento, gestão, demografia, entre outros.

O presente artigo visa descrever o atual cenário da análise geográfica em saúde na

SESAI e refletir sobre os desafios referentes à infraestrutura dos sistemas de informação

e difusão da cultura da informação, bem como sobre a importância da análise geográfica

para a atividade de técnicos e nas tomadas de decisões entre gestores da secretaria.

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Mapa 1 – Mapa com a configuração territorial dos DSEI no Brasil.

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Mapa 2 – Mapa territorial do DSEI Alto Rio Negro com seus 25 Polos Base e no quadro menor sua localização.

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Materiais e Métodos

A condução do trabalho baseou-se em abordagem qualitativa conduzida por estudo

descritivo acerca dos processos de trabalho, produtos e sistemas de informação da

SESAI.

Para caracterização dos sistemas de informação foi realizado levantamento documental,

com foco em documentos produzidos pelo nível central da SESAI, em particular junto à

Coordenação Geral de Monitoramento e Avaliação em Saúde Indígena (CGMASI).

Por fim, após o reconhecimento do atual cenário, buscou-se identificar, com base na

literatura de referência, o atual estágio de implantação da análise geográfica em saúde

na SESAI, avaliando quais são as potencialidades e os desafios a serem superados.

Descrição dos Sistemas de Informações SIASI e GEOSI

A SESAI conta com dois importantes Sistemas de Informações: o Sistema de

Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) e o Sistema de Cadastro e

Georreferenciamento Sanitário e Ambiental em Terras Indígenas (GEOSI). Na

sequência são descritas as principais características dos sistemas.

Conforme citado anteriormente, como parte da Política Nacional de Atenção à Saúde

dos Povos Indígenas foi criado em 1999 o Sistema de informação da Atenção a Saúde

Indígena, cuja implementação deu-se, no ano de 2000, nos 34 Distritos sanitários

Especiais Indígenas (DSEI). Segundo a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos

Indígenas, aprovada pela Portaria GM/MS nº 254/2002:

“O SIASI deverá subsidiar os órgãos gestores e de controle

social quanto à indispensável compatibilidade entre o

diagnóstico situacional dos problemas de saúde identificados e

as prioridades estabelecidas nos níveis técnico, social e político,

visando à coerência entre ações planejadas e efetivamente

executadas”.

Sousa et al. (2007) analisaram o SIASI, contemplando aspectos relativos à sua criação,

implantação, funcionamento, potencialidades e limitações, frisando a importância de um

sistema de informação em saúde especifico para os povos indígenas em decorrência de

suas especialidades socioculturais e demográficas.

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O Sistema visa à coleta, processamento e análise de informações, em forma de

relatórios, para o acompanhamento da saúde das comunidades indígenas. Abrange

diversas áreas relativas à atenção básica, como demografia (incluindo nascimentos e

óbitos), imunização, morbidade, saúde bucal, saúde da mulher, vigilância alimentar e

nutricional e ações coletivas de promoção à saúde, conforme a tabela abaixo.

Tabela 1 – Tabela com dados que são alimentados no sistema SIASI

Cadastro

Indivíduo

Aldeia

Profissional de Saúde

Inserção

Monitoramento das Doenças Diarreicas Agudas - MDDA

Influenza

Monitoramento de Inquérito em Saúde

Esquistossomose

Filariose Linfática

Geohelmintíases

Hanseníase

Hepatite B

Hepatite C

HIV

Malária

Oncocercose

Sífilis

Tracoma

Consulta

DSEI

Polo Base

Aldeia

Residência

Terra Indígena

CASAI

Microrregião

Etnia

Profissional de Saúde

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde

Relatório

MDDA – Monitoramento de Doenças Diarréicas Agudas

Relatório de Acompanhamento Alimentar e Nutricional

Relatório Demográfico

Relatório de Saúde Bucal

Relatório Cartão Nacional de Saúde

Relatório Saúde da Mulher

Relatório de Imunização

Relatório de Morbidade com CID

Relatório de Morbidade – Sinais e Sintomas

Atualmente o SIASI encontra-se na versão 4.0, lançada em 2013, e utiliza linguagens de

programação Java e Java Swing, gerenciadores de bancos de dados PostgreSQL e

Oracle, ferramentas de Business Intelligence (BI), além do uso de criptografia e outras

metodologias de segurança da informação (BRASIL, 2015).

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A alimentação dos dados individuais dos indígenas é realizada pelo aplicativo local (off-

line), podendo ser centralizada (digitação na sede do distrito) ou descentralizada (nos

polos base ou aldeias). A digitação de dados consolidados que necessitam de rápida

notificação são inseridos na interface Web do SIASI. Nessas duas interfaces é possível a

geração de relatórios para a visualização da situação de saúde dos indivíduos

acompanhados no SASISUS.

Embora o SIASI não consolide banco de dados geográfico, ele agrega informações

importantes necessárias à análise territorial em diferentes escalas geográficas, como

DSEI, Polo Base, Aldeia, Imóvel, tendo como unidade de entrada do dado o indivíduo

indígena.

Com objetivo de auxiliar a organização dos serviços e principalmente prover dados

confiáveis para a construção de indicadores básicos de saneamento ambiental nos

territórios da saúde indígena, foi desenvolvido, em 2010, o Sistema de

Geoferrenciamento do Saneamento e Ambiental em Terras Indígenas - GEOSI. Através

dele são coletadas as coordenadas geográficas e dados de saneamento básico de aldeias

e imóveis indígenas, armazenando informações sobre a captação de água e formas de

esgotamento sanitário, além outras informações sobre os imóveis existentes nos 34

DSEI (Tabela 2) (BRASIL, 2010).

Tabela 2 – Dados que são alimentados no sistema GEOSI.

Aldeia

Identificação

Abastecimento de água

Esgotamento sanitário

Resíduos sólidos

Sistema de transporte e comunicação

Atividade econômica

Impactos ambientais

Coordenada Geográfica

Elementos (Rio, Poço, Reservatório, Usina, Mineração, Garimpo,

Lixão, desmatamentos etc...)

Imóveis

Identificação

Situação do Imóvel

Características do imóvel

Abastecimento de água

Hábitos de Higiene

Destino dos dejetos

Destino dos resíduos sólidos

Animais domésticos

Coordenadas Geográficas

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O sistema GEOSI Desktop foi construído utilizando-se a linguagem de programação

DOT Net, Banco de dados Access, Ambiente do servidor Microsoft Windows,

ferramentas Google Earth e Cristal Report. Atualmente essa ferramenta se encontra

obsoleta e uma nova ferramenta, GEOSI WEB, está em desenvolvimento, em

linguagem de programação open-source Python, Django e Leaflet e banco de dados

PostgreSQL e PostGIS. Neste novo desenvolvimento será desenvolvido um módulo

capaz de realizar análises espaciais em saúde e saneamento ambiental permitindo a

interoperabilidade com outros sistemas da saúde indígena, como SIASI.

Diagnóstico da análise geográfica em saúde na SESAI

Através da integração dos dados entre o SIASI e o GEOSI é possível realizar a análise

territorial em saúde em diferentes escalas e níveis de agregação de dados: DSEI, Polo

Base, Aldeia e domicílios/imóveis. Pode-se também estabelecer correlação entre

condições sanitárias e condições de saúde.

A Figura 2 demonstra como a inteligência geográfica é aplicada à análise em saúde na

SESAI. A Inteligência geográfica é um conceito relativamente novo. Diz respeito ao

uso da geografia e todas as possibilidades geográficas para dar respostas a um ou mais

problemas, sejam eles sociais, econômicos ou naturais (Kazmierczaket al., 2007).

Os sistemas GEOSI e SIASI constituem a infraestrutura desenvolvida para a coleta

sistematizada de dados. A transformação dos dados em informação geográfica ocorre

manualmente por meio do tratamento analítico de técnicos da equipe de geoinformação

da CGMASI, com apoio de técnicos da saúde. Os produtos cartográficos produzidos

subsidiam o processo de decisão dos técnicos em saúde e gestão de todos os

departamentos da SESAI.

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Figura 2 - Inteligência Geográfica como ferramenta para a gestão da saúde indígena

Fonte: Adaptada de PEREIRA (2015).

Atualmente, a utilização da informação geográfica é possível com dados agregados por

DSEI, Polo Base e Aldeia, e ocorre conforme as etapas a seguir:

1. Extração e tratamento de dados geográficos e de saneamento do GEOSI;

2. Extração e tratamento de dados de saúde do SIASI;

3. Elaboração de produtos cartográficos em ambiente SIG (Software de Sistema de

Informação – QGIS.

Um novo módulo no GEOSI Web irá viabilizar a sistematização de mapas temáticos que

são demandados atualmente pelas áreas técnicas responsáveis pela atenção básica à

saúde e infraestrutura de saneamento indígena. Esses são desenvolvidos manualmente e

atendem apenas o nível central.

Com base na análise do atual cenário da SESAI, foram identificados, relativamente à

produção cartográfica, seis estágios para a implementação da Inteligência Geográfica na

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Secretaria. Muitos destes estágios já estão parcialmente implantados. Para cada um

deles buscou-se destacar os desafios e potencialidades.

Definiram-se potencialidades como aspectos positivos que viabilizam a análise

geográfica e desafios como dificuldades ou necessidades que precisam ser superados ou

enfrentados. A proposta está apresentada de forma resumida na Tabela 3.

Tabela 3 - Proposta de implantação da inteligência geográfica em Saúde Indígena.

Estágios da implantação

da inteligência

geográfica em saúde na

SESAI.

Potencialidade

Força/Oportunidade Desafios

Fraqueza/Ameaça

1. Disponibilidade de

Dados de saúde,

saneamento e meio

ambiente. E

disponibilidade de

dados espaciais.

O SIASI dispõe de grande

quantidade de dados em saúde;

O GEOSI já possui estrutura e

metodologia desenvolvida para

coleta de dados das condições de

saneamento e meio ambiente das

aldeias indígenas;

O GEOSI disponibiliza dados

espaciais;

Já foi desenvolvido em ambiente

SIG a base territorial da saúde

indígena abrangendo os limites

territoriais dos DSEI e dos Polos

Base.

Aperfeiçoar metodologia de

coleta de dados na escala

dos imóveis para que seja

possível o relacionamento

entre os dados do GEOSI e

do SIASI;

Aperfeiçoamento do

GEOSI;

Infraestrutura para

implantação dos sistemas;

Qualificação do dado a

partir da coleta;

Melhoria no fluxo de

numeração dos imóveis

residenciais indígenas para

viabilizar a

interoperabilidade entre

dados espaciais do GEOSI

e dados em saúde do SIASI,

para análises na escala da

aldeia.

2. Disponibilidade de

Dados geográficos dos

estabelecimentos de

saúde indígena (UBSI,

CASAI, Farmácia, Sede

do Polo Base e Sede do

DSEI) e mapeamento

dos fluxos entre os

estabelecimentos de

saúde indígena.

SIASI disponibiliza a base cadastral

dos estabelecimentos, exceto das

UBSI;

Ampliar o conhecimento quanto à

organização territorial dos serviços

de saúde;

Contribuir com análises quanto à

logística dos serviços de saúde a

partir do conhecimento dos trajetos

e modal dos Polos Base e Unidades

de Saúde até as aldeias.

Desenvolver um módulo

nos sistemas de informação

desenvolvidos para a coleta

de coordenadas geográficas

destes dados;

3. Alinhamento das

bases de dados com

outros órgãos do

governo federal.

Ampliar a possibilidade de análise

dos dados produzidos na SESAI

com dados produzidos em outros

órgãos;

Divulgar dados padronizados;

Melhoria da articulação

com outros órgãos

governamentais para a;

Padronizar dados territoriais

para divulgação na INDE –

Infra Estrutura de dados

Espacial;

4. Vinculação entre os

dados espaciais e de

saúde.

Atualmente é possível relacionar

dados espaciais do SIASI com o

GEOSI;

A interoperabilidade permite analise

geográfica em saúde e saneamento

com dados agregados por DSEI,

Melhoria da

Interoperabilidade entre os

Sistemas GEOSI e SIASI;

Hoje esse cruzamento entre

os dados de saúde e dados

espaciais é realizado

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Polo Base e Aldeia;

É possível, ainda que manualmente,

realizar análises espaciais

integrando dados do GEOSI e do

SIASI, nas escalas do DSEI, Polo

Base e Aldeias;

manualmente;

Interoperabilidade de dados

por imóveis: Numeração

dos imóveis e residência –

metodologia de

levantamento de dado

geográfica. Desafio análise

dentro da aldeia por

imóveis;

5. Desenvolvimento de

análises territoriais em

saúde para subsidiar a

gestão e atenção à saúde

indígena;

Já foram desenvolvidas inúmeras

análises territoriais utilizando

indicadores de saúde;

Está sendo desenvolvido módulo no

GEOSI para disponibilizar

sistematicamente alguns mapas

temáticos destes indicadores;

Atualmente as análises são

feitas manualmente;

O sucesso da ferramenta de

geração de mapas temáticos

no GEOSI depende da

qualificação dos dados do

SIASI;

6. Difundir a cultura

do uso da análise

geográfica nos processos

de trabalho dos

departamentos da

Saúde Indígena.

Existe interesse dos técnicos da

coordenação na utilização da

análise geográfica;

A análise geográfica deve contribuir

para a avaliação e aperfeiçoamento

da organização territorial dos

sistemas de saúde e para

diagnósticos de situação de saúde;

Infraestrutura;

Equipe – ampliar

Capacitações e

treinamentos;

Ampliar o diálogo

multidisciplinar entre

técnicos de diversas áreas –

estreitando as relações entre

geógrafos e demais técnicos

da área de saúde;

Difundir conhecimentos

para ampliar a utilização

cartográfica em todos os

níveis de cognição da

representação cartográfica.

Conforme o fluxo de trabalho da equipe da Geoinformação da CGMASI, a maior parte

da produção cartográfica da SESAI são mapas em escala nacional, com dados

agregados por DSEI. Esses são representados principalmente por dados de indicadores

estratégicos para saúde, que foram construídos para o Plano Distrital de Saúde Indígena

(PDSI) de 2016-2019.

O PDSI é uma ferramenta de gestão e tem como objetivo diagnóstico da situação da

saúde e saneamento ambiental nos DSEI, a partir de indicadores de expressão nacional.

Para que os gestores possam planejar produtos para atender os resultados estratégicos,

sendo esse composto por diversas metas.

Esse foi elaborado através de várias oficinas e reuniões com técnicos da Secretaria,

coordenadores dos 34 DSEI e presidentes do Conselho Distrital da Saúde Indígena

(Condisi). Abaixo informações dos Indicadores (Tabela 4), Resultados estratégicos e

Metas (Figura 3) da saúde indígena.

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Tabela 4 - Indicadores estratégicos da Saúde Indígena

Impacto

Mortalidade

1 Taxa de mortalidade infantil

2 Taxa de mortalidade neonatal

3 Taxa de mortalidade materna

4 Taxa de mortalidade por suicídio

Morbidade

5 Incidência de Infecção Respiratória Aguda (IRA) em menores

de 5 anos

6 Incidência de Doença Diarreica Aguda (DDA) em menores de

5 anos

7 Incidência de déficit nutricional em menores de 5 anos

8 Incidência de déficit nutricional em gestantes

9 Incidência Parasitária Anual (IPA) de Malária

10 Taxa de prevalência de hipertensão

11 Taxa de prevalência de diabetes melito

12 Taxa de incidência detuberculose

13 Incidência de hepatite B

Acesso e cobertura

Imunização 14 Proporção de menores de 5 anos com esquema vacinal

completo

Saúde da criança 15 Proporção de aleitamento materno

16 Proporção de atendimento de crianças menores de 1 ano

Saúde da mulher

17 Cobertura de citopatológico de cólo de útero

18 Proporção de partos normais

19 Proporção de atendimentos de pré‐natal

Educação em saúde 20 Cobertura de ações de educação em saúde em aldeias

Saúde Bucal 21 Proporção de primeira consulta odontológica programática

Vigilância em

saúde

22 Proporção de óbitos infantis investigados

23 Proporção de óbitos maternos investigados

Resolutividade 24 Proporção de resolutividade da atenção básica

Medicamentos 25 Porcentagem de abastecimento de medicamentos

Saneamento

ambiental

Água

26 Proporção de aldeias com acesso a água tratada

27 Proporção de aldeias com sistemas de abastecimento de água

monitorados

28 Proporção de aldeias com acesso a sistemas de abastecimento

Esgoto 29 Proporção de aldeias com destino adequado dos dejetos

Resíduos sólidos 30 Proporção de aldeias com destino adequado de resíduos sólidos

Força de trabalho

Profissionais 31 Número de médicos por população indígena em aldeias

32 Proporção de equipes multidisciplinares de saúde indígena

completas

Educação

permanente 33

Proporção de profissionais do SASISUS em educação

permanente

Estrutura

Edificações

34 Proporção de aldeias com população entre 50 a 250 habitantes

que possui UBSI

35 Proporção de aldeias com população entre 251 a 500 habitantes

que possui UBSI

36 Proporção de aldeias com população superior a 500 habitantes

que possui UBSI

Equipamentos

37 Proporção de consultórios odontológicos em funcionamento no

Dsei

38 Proporção de DSEIS com funcionamento de rede lógica e

internet

Gestão

Sistema de

informação

39 Proporção de implementação do SIASI

40 Proporção de implementação do sistema Hórus

Orçamento 41 Proporção de execução orçamentária

42 Proporção de execução financeira

Articulação

interfederativa

Pactuação 43 Proporção de estabelecimentos de saúde no CNES

Fluxo de

atendimento 44 Tempo médio de permanência nas CASAIs

Controle Social

Participação e

nfluência

45 Proporção de reuniões do CONDISIs realizadas

46 Proporção de reuniões do Conselhos Locais realizadas

Formação e

qualificação

47 Proporção de conselheiros locais qualificados

48 Proporção de conselheiros distritais qualificados

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Figura 3 – PDSI 2016-2019

A maioria desses dados são captados através do banco de dados do SIASI, com exceção

para os de números 03, 16, 20, 22-25, 30-48, e para todos os indicadores do Saneamento

Ambiental podem ser subsidiados através do GEOSI. Corroborando para uma

interoperabilidade entre os sistemas na produção de mapas temáticos para esses

indicadores.

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Ao analisar estes produtos cartográficos constatou-se que são em grande parcela, mapas

de nível elementar ou de correlação, conforme definição de Guimarães e Ribeiro. 2010,

apresentado na tabela 5.

Tabela 5 - Níveis de cognição da representação cartográfica

Nível Habilidades cognitivas

1 – Elementar Identifica e localiza (o quê? Onde?)

2 – De correlação Estabelece relações entre 2 ou mais elementos. (Com quem?

Por quê?)

3 – De síntese Classifica (tipologia) e julga (como? Para quê?).

Fonte: Libault, 1975. Apud Guimarães e Ribeiro. 2010.

Quanto à utilização dos mapas no processo de trabalho, constatou-se que os mesmos são

utilizados em reuniões de gestão e subsidiam decisões em nível central para estratégias

de programas de morbidades específicas da equipe de atenção à Saúde. Por outro lado,

muitos mapas são utilizados apenas como forma alternativa de apresentação de

resultados de diagnóstico sem apresentar muitos avanços na análise geográfica do

fenômeno.

Considerações finais

Como apontado na Tabela 3 Proposta de implantação da inteligência geográfica em

Saúde Indígena, a superação do atual estágio possibilitará maior visibilidade da

situação de saúde dos povos indígenas nos territórios em que se organizam o

Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.

Acredita-se que ao final do Estágio 6 mencionado, a utilização de mapas de síntese seja

ampliada em atividades como:

Análise de processos de criação de novos Polos Base e reorganização dos limites

territoriais dos DSEI;

Análise logística da rede de saúde e sua conexão com a rede do SUS;

Ampliação dos instrumentos de monitoramento e avaliação dos programas de

saúde;

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Planejamento para localização e administração de infraestrutura e serviços de

saúde;

Correlação entre indicadores epidemiológicos e socioeconômicos;

Estudos ecológicos – analisar incidência de doenças e potenciais fatores

etiológicos, seja no campo da análise exploratória, visando definir hipóteses da

(formulação clássica), ou para apontar medidas preventivas.

Após a conclusão destes estágios será possível também disponibilizar produtos

cartográficos para instrumentalizar as equipes dos DSEI e Polos Base por meio do

GEOSI.

Até o atual momento existem poucos estudos divulgados no meio acadêmico para

análises geográficas sobre o perfil epidemiológico, sociodemográfico e da organização

dos serviços de saúde dirigidos aos povos indígenas. Um desses estudos foi realizado

por Garnelo et. al em 2005, os quais definiram gradientes da intensidade do risco de

adoecimento indígena por tuberculose, malária e mortalidade infantil nos anos de 2000

a 2002, que foram comparados com os coeficientes encontrados na população não

indígena no mesmo período.

Entretanto, em sua metodologia, utilizou-se a figura em “raster” das divisões dos

territoriais dos DSEI e os dados foram organizados em planilhas Excel. Isto demonstra a

importância da divulgação desses dados geográfico na plataforma INDE – Infraestrutura

de Dados Espaciais, que foi instituída pelo Decreto Nº 6.666 de 27/11/2008, e que tem

como objetivo a disponibilização, o compartilhamento e o acesso a dados e informações

geoespaciais. Como também é importante compreender que a interoperabilidade dos

dados tabulares entre os sistemas GEOSI e SIASI facilitará a plena divulgação ao meio

acadêmico.

Considera-se que, superados os desafios referentes à estrutura, que consiste na melhora

e aperfeiçoamento dos sistemas de informação e qualificação da coleta e inserção de

dados, deve-se focar a difusão da cultura da análise geográfica por meio de cursos e

capacitações, vem como de metodologias de análise geográfica em saúde, integrando os

profissionais das diversas formações que a SESAI possui.

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Referências Bibliográficas

BARCELLOS, C.C.; SABROZA, P.C; PEITER, P. e ROJAS, L.I. Organização espacial,

saúde e qualidade de vida: análise espacial e uso de indicadores na avaliação de

situações de saúde. Inf. Epidemiol. SUS, v.11, n.3, p.129-38, 2002.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,

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