apolinário, pedro. leia e compreenda melhor a bíblia

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  • 8/4/2019 Apolinrio, Pedro. Leia e Compreenda Melhor a Bblia

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaLEIA E COMPREENDA MELHOR A BBLIA

    ESTUDO DE ALGUMAS PASSAGENS

    DIFCEIS

    "Que os ignorantes e os fracos na fexplicam de maneira errada para a sua

    prpria perdio".II Pedro 3:16

    PEDRO APOLINRIO

    Instituto Adventista de EnsinoAgosto de 1985

    2 Edio Ampliada

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    Leia e Compreenda Melhor a Bblia

    NDICE

    1. Conceitos e Sugestes teis para Explicare Compreender a Bblia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

    2. Um Verso Difcil de se Traduzir Gn. 4:7 . . . . . . . . . . . . . . . 153. Quem foi Melquisedeque? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184. A Filha de Jeft Juzes 11:29-40 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235. Saul e a Pitonisa de En-Dor I Samuel 28:7-25 . . . . . . . . . . . 276. Uma Traduo Distorcida J 26:5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 317. Exegese de Isaas 7:14 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 378. Cria Deus o Mal? Isaas 45:7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 459. Explicao de Isaas 65:20 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

    10. O Casamento de Jos com Maria Mateus 1:18 . . . . . . . . . . . 5311. Os Irmos de Jesus A Virgindade de Maria . . . . . . . . . . . . . 5512. Cumprir a Lei Mateus 5:17 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

    13. Perfeio Mateus 5:48 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6114. O Pecado Contra o Esprito Santo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6415. Confisso Auricular e Perdo de Pecados . . . . . . . . . . . . . . . . 6816. Qual o Significado de Sbado Segundo-Primeiro de Lucas 6:1? . . . 7217. Defende Paulo a Justificao pelas Obras em Romanos 2:13? 7418. Exegese de Romanos 5:13 e 14 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7919. O Purgatrio I Cor. 3:13 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

    20. O Uso do Vu pelas Mulheres I Cor. 11:5 . . . . . . . . . . . . . . 8721. A que Sbado se Refere Paulo em Colossenses 2:16? . . . . . . . 9022. Somos ns Tricotomistas ou Dicotomistas? . . . . . . . . . . . . . . 9623. Impossvel o Arrependimento de Acordo com Hebreus 6:6? . . . 10124. Almas Debaixo do Altar Apoc. 6:9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10525. Uma Intrigante Pergunta: Quem So os 144.000? . . . . . . . . . 10726. Passagens Aparentemente Conflitantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

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    Leia e Compreenda Melhor a Bblia27. Os Dois Concertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12328. Pode Provar-se a Predestinao Por Atos 13:48? . . . . . . . . . . 12629. Espritos Malignos e Mentirosos Podem Provir

    de Deus? I Sam. 18:10 I Reis 22:19-20 . . . . . . . . . . . . . . . 12930. Manda a Bblia Odiar os Parentes? Lucas 14:26 . . . . . . . . . 13231. Mulheres Caladas na Igreja I Cor. 14:34 e 35 . . . . . . . . . . . 13532. Que Tratamento Dispensava Jesus a Maria? Joo 2:4 . . . . . 14733. Qual a Melhor Traduo para Joo 5:39? . . . . . . . . . . . . . . . . 14934. As Enigmticas Palavras "Gogue" e "Magogue" . . . . . . . . . . 15335. Ofereceram a Jesus Vinho ou Vinagre? Mat. 27:4 . . . . . . . 16336. Tentao e Pecado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16537. Pecado Para Morte e Pecado No Para Morte I Joo 5:16 . . . . . . 17438. Alimento de Joo Batista Mat. 3:4; Mar. 1:6 . . . . . . . . . . . . 18039. A Parbola do Rico e Lzaro Lucas 16:19-31 . . . . . . . . . . . 18440. Estudo Sobre o Salmo 119 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19441. O Fogo Eterno de Mateus 25:41 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19842. A Glria de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209

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    CONCEITOS E SUGESTES TEIS PARA EXPLICAR E

    COMPREENDER A BBLIAA tarefa de explicar a Bblia difcil pelas seguintes circunstncias:a) Muitos foram seus autores.

    b) O tempo da sua composio compreende um perodo de 1.600anos.

    c) Seus livros foram compostos em lugares inteiramente diversos.d) Os costumes daquelas pessoas eram totalmente diferentes dos do

    mundo moderno.e) O cunho das lnguas hebraica e grega bem diferente das

    lnguas modernas.

    Regras de Interpretao1) O texto bblico deve ser explicado gramaticalmente, tendo em

    vista a significao das palavras; observando que h palavras que

    possuem significados diferentes em contextos diferentes.Um exemplo frisante carne, que significa, algumas vezes, o que

    terno e dcil, como em Ezeq. 11:19: "Dar-lhe-ei um corao de carne",em oposio a um corao de pedra. Significa tambm a naturezahumana sem referncia alguma ao estado pecaminoso, como em S. Joo1:14, Rom. 1:3; 9:3; porm, mais comumente ainda se refere naturezahumana, corrupta e pecadora como, em Rom. 8:5; Efs. 2:3. Tem, alm

    disso, a significao daquilo que, religiosamente falando, exterior ecerimonial, como distinto do que interior e espiritual, o que se pode verem Gl. 6:12 e 3:3.

    Em Rom. 11:14 (RC) "incitar emulao os da minha carne",significa minha raa, meu povo. Joo 1:14 "o verbo se fez carne" =Deus se tornou um ser humano.

    Outra palavra importante por possuir muitas significaes sangue.

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaAs passagens seguintes confirmam suas diferenas:Mat. 27:25 "Caia sobre ns o seu sangue", significa a culpa de o

    terem sentenciado morte caia sobre ns.

    Rom. 5:9 "... sendo justificados pelo seu sangue", tem o sentidoda sua obedincia at a morte.Heb. 9:14 "... o sangue de Cristo purificar a nossa conscincia

    das obras mortas", isto , o seu sacrifcio o fundamento da justificaoe o instrumento e o motivo da santificao.

    2) A segunda regra de interpretao muito til conhecer oobjetivo de certos livros serem escritos e tambm especficos captulos.

    Por exemplo, Glatas foi escrito porque membros da Galciainfluenciados por mestres judaizantes pensavam em ser justificadosguardando a lei e requisitos dos judaizantes. (Gl. 2:16; 3:1-6)

    Tiago o objetivo do autor provar que ningum pode serjustificado por uma f passiva, uma f que no produza boas obras.

    Certas parbolas apenas sero compreendidas levando emconsiderao as circunstncias em que foram proferidas, como exemplo

    a do Rico e Lzaro.3) A terceira regra exegtica da Bblia comparar a Escritura com

    a Escritura.Se este princpio fosse sempre seguido muitos erros seriam

    evitados. Um exemplo bastante frisante neste aspecto e S. Mateus 16:18- "tu s Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja".

    Comparando esta passagem com I Cor. 3:11, tudo comea a se

    esclarecer, porque Paulo diz que o nico fundamento da igreja Cristo.Outra passagem incisiva para provar quem era a pedra sobre a qual aigreja seria edificada do prprio Pedro na sua primeira epstola,captulo 2:4 a 8.

    Este princpio hermenutico tambm denominado de consulta spassagens paralelas, isto , aquelas que tratam do mesmo assunto. Dentreos muitos exemplos bblicos, que podem ser citados de passagens

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliaparalelas, o primeiro que me veio mente foi Lucas 16:16. A passagemparalela muito mais clara em explicar o que Lucas queria dizer S.Mateus 11:13. "Porque todos os profetas e a lei profetizaram at Joo".

    Como segundo exemplo elucidativo pode se ver Atos 2:21. Nesteverso Pedro declarou: "todo aquele que invocar o nome do Senhor sersalvo". Parece haver uma contradio com Mateus 7:21. "Nem todo oque me diz: Senhor, Senhor entrar no reino dos cus".

    Que significa invocar o nome do Senhor? A leitura das passagensparalelas de Rom. 10:13 a 15 I Cor. 1:2, citao do profeta Joel (2:32)nos informa que significa a aceitao da obra do Messias e ter confiananas doutrinas que Ele revelou.

    Muitas passagens das Escrituras tm de ser explicadas pondo-as emrelao, no com um ou mais textos, mas com as normas gerais daPalavra de Deus.

    Por exemplo Se algum quiser interpretar as passagens da Bblia,que se referem justificao pela f, como se elas nos desobrigassem deobedecer lei e de levar uma vida de santidade, tal interpretao deveser rejeitada, porque contraria ao esprito do evangelho.

    Uma passagem sempre citada para esposar idias no defensveis pela Bblia Prov. 16:4 "O Senhor fez todas as cousas paradeterminados fins, e at o perverso para o dia da calamidade". Umainterpretao deste texto isoladamente parece indicar que os mpiosforam criados para poderem ser condenados, mas esta idia no seconforma com muitas outras passagens da Bblia. Basta ler Salmo 145:9e II Pedro 3:9. O significado portanto de Prov. 16:4 este: todo mal

    contribui para a glria de Deus e promove a realizao dos seusinsondveis desgnios.O sentido geral das Escrituras, foi denominado por telogos

    antigos, como Orgenes de "a analogia da f", pela interpretao quedavam a Romanos 12:6 onde est a palavra . Hoje osintrpretes afirmam que a passagem se refere medida ou proporoda f dos que profetizam.

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    Auxlios Prestados pelas Lnguas OriginaisMesmo as melhores tradues no conseguem transmitir as nuances

    de certas palavras, as subtilezas das expresses idiomticas, as tnuesdiferenas de significao dos sinnimos. Sendo que muitos destesaspectos ficam velados nas tradues, a leitura do verso no hebraico e nogrego poder captar o seu verdadeiro sentido.

    Particularidades idiomticasCertas peculiaridades do original so mantidas nas tradues,

    dificultando assim a compreenso do verdadeiro sentido.Os seguintes exemplos so primordiais:a) Romanos 12:20 - "Se o teu inimigo tiver fome, d-lhe de comer;

    se tiver sede, d-lhe de beber porque, fazendo isto, amontoars brasasvivas sobre a sua cabea". Amontoar brasa viva sobre a cabea dealgum, uma expresso idiomtica hebraica, com o sentido de fazercom que a pessoa fique envergonhada do seu procedimento.

    b) Mateus 6:3 - "Mas, quando tu deres esmola, no saiba a tua mo

    esquerda o que faz a tua direita". Este idiotismo assim deveria sertraduzido: quando deres esmola, no deves contar o que fizeste nemmesmo ao mais ntimo amigo.

    Sistema Verbal Hebraico e GregoA compreenso destas lnguas, quanto ao verbo, muito til na

    explicao de passagens difceis.

    No hebraico h o intensivo e o causativo.Intensivo Piel e PualCausativo - Hifil e HofalHifil causativo, mas tambm permissivo. Em xodo 7:3 se diz

    que Deus endureceu o corao de Fara. Moiss pergunta em xodo S:22 - " Senhor, por que afligiste este povo?" H nestas duas passagens

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliaum idiotismo hebraico, o verbo usado no para expressar a execuo dealgo, mas a permisso para fazer isso.

    No possvel algum fazer uma exegese correta, se desconhecer

    alguns princpios do sistema verbal grego, como o "aspecto", que adurao da ao verbal. O aspecto linear nos ajuda a explicar I Joo 3:9.O uso da voz mdia nos indica em Atos 9:39 que as mulheres

    estavam usando as vestes naquele momento.

    Alguns hebrasmosOs judeus, muitas vezes, exprimiam o sentido de qualidade, usando

    no o adjetivo mas um segundo nome, tendncia tambm seguida nogrego hebraizado do Novo Testamento.

    I Tess. 1:3 "a obra da vossa f" = a vossa obra fiel.Efs. 1:13 "o Santo Esprito da promessa", logo se percebe que

    significa o Esprito Santo prometido. um hebrasmo comum na Bblia chamar a uma pessoa que tinha

    uma qualidade ou era inclinada a certo mal, o filho dessa qualidade oudesse mal.

    Luc.10: 6 "filho da paz" = pessoa pacfica.Efs. 5: 6 "filhos da desobedincia" = filhos desobedientes.Por respeito e considerao os hebreus evitam o uso excessivo do

    nome de Deus, por isso em vez de usarem a expresso "reino de Deus"eles a substituam por "reino dos cus".

    um hebrasmo, usar no plural nomes designativos de coisasgrandes e suntuosas, como o cu e o mar. Da ser comum na Bblia o

    emprego de "cus" em lugar de "cu".A linguagem humana muito imperfeita para transmitir conceitosdivinos. No existe nenhuma lngua perfeita que possa transmitir

    precisamente pela palavra o pensamento exato. Neste sentido a lnguagrega leva vantagens sobre todas as lnguas modernas. Algum j dissecom muita presteza ser a lngua portuguesa "o tmulo do pensamento".Concorda voc com esta assertiva?

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaNo possvel numa traduo reproduzir variantes de pensamento

    que se encontram em uma nica palavra hebraica e grega. Os exemplos poderiam ser citados s centenas confirmando esta verdade, mas

    limitemo-nos a estes bem elucidativos.A mesma palavra hebraica significa abenoar e amaldioar, omesmo acontecendo com ligar e separar, afligir e honrar, conhecer edesconhecer, emprestar e tomar emprestado, matar e curar. Em oposioa esta pobreza vocabular, o hebraico por vezes rico em outros aspectos,apresentando subtilezas difceis de serem expressas em outras lnguas;

    por exemplo: h trs palavras para janela no relato do dilvio; trstraduzidas por bolsa na histria dos irmos de Jos no Egito; trstraduzidas por fermento no relato da pscoa; trs para navio no primeirocaptulo de Jonas; cinco traduzidas por leo em apenas dois versos de J(4:10 e 11); dez palavras para lei no Salmo 119. Estes exemplos sosuficientes para comprovarem a quase impossibilidade de comunicar emuma traduo todas as sombras de pensamento encontradas na lnguahebraica.

    Existem palavras tanto no hebraico quanto no grego difceis de

    serem traduzidas por terem muitos significados, ou por no termosnenhuma palavra que transmita o seu significado original.

    Hesed - afirmam os estudiosos ser a palavra mais difcil de sertraduzida do hebraico porque no temos nenhuma com o seu significado.Tem sido traduzida por graa, amor, misericrdia, compaixo, tolerncia,clemncia, favor, bondade etc., etc.

    Logos o melhor exemplo do grego, de uma palavra com muitos

    significados, so mais ou menos uns 15.Joo 1:1 - verboJoo 21:23 - dito, notciaAtos 1:1 - livro, tratadoI Cor. 2:1 - expresso, declarao

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaO tradutor ao deparar com um termo como este, precisa escolher

    uma palavra que transmita mais exatamente o pensamento do escritooriginal.

    Doxa, normalmente traduzida por glria, nem de longe expressa aidia do original. Significa em grego o carter de Deus, ou o conjuntodos atributos divinos.

    O expositor das verdades bblicas precisa estar bem conscientedeste fato: muitas palavras tinham um significado no hebraico e gregosecular, mas adquiriram no contexto bblico outro significado, s vezestotalmente diferente. Uma extensa e interessante monografia poderia serescrita sobre este assunto. Pensemos nos seguintes exemplos: batizar, f,graa, justificar, expiar, mundo, converso, salvar, apstolo.

    O Problema das Variantes nos ManuscritosChama-se variante a maneira diferente da mesma passagem se

    apresentar nos manuscritos ou nas tradues. Infelizmente no temosnenhum autgrafo ou manuscrito original da Bblia. Possumos apenascpias de cpias.

    Na maioria das passagens da Bblia existe perfeito acordo, mas emoutras surgem dificuldades de correntes da obscuridade dos caracteresoriginais ou de dificuldades gramaticais dessas lnguas, acrescentando-seainda algumas mudanas de um ou outro copista, de que resultamvariaes textuais. Um dos trabalhos da Crtica Textual estudar essasvariaes e determinar o que teria escrito o autor bblico.

    Uma verdade deve ser conhecida: nenhuma doutrina bblica foi

    afetada por mudanas no seu texto. Um dos maiores expoentes emArqueologia Bblica e Crtica Textual Frederico Kenyon afirma:"Nenhuma doutrina fundamental da f crist repousa num texto em

    disputa.... O cristo deve tomar a Bblia em suas mos e afirmar, semhesitao, que ele est segurando a verdadeira Palavra de Deus,transmitida, de gerao em gerao atravs dos sculos sem nenhumaessencial". Our Bible and the Ancient Manuscripts, pg. 23.

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaLinguagem FiguradaPelo seu amplo uso merece estudo aprofundado. Por no ter sido

    bem compreendida, muitos erros de interpretao tm aparecido.

    Joseph Angus, emHistria Doutrina e Interpretao da Bblia citamuitos exemplos, como este da pgina 169: "Diz-se, no Salmo 18:11,que "Deus fez das trevas o seu lugar oculto" e em I Tim. 6:16, que "Deushabita na luz". No primeiro caso, as trevas significam inescrutabilidade,e, no segundo, a luz significa pureza, inteligncia ou honra".

    A boa compreenso das alegorias, smbolos, tipos, metforas, parbolas bblicas fator indispensvel na exposio das verdadesescritursticas.

    princpio fundamental na exegese bblica que nenhuma parbolaou alegoria deve ser tomada como base ou prova de doutrina. As

    parbolas nos foram dadas para ilustrar ou confirmar verdades e no paraensinar doutrinas. Ver H D I B de Angus. Leis da Linguagem Figurada,

    pg. 172.Cntico dos Cnticos considerado por muitos comentaristas como

    uma extensa alegoria representando a afeio espiritual de Cristo para

    com a Sua Igreja. fato conhecido dos intrpretes bblicos que as parbolas e muitos

    outros escritos figurados jamais devem ser tomados no sentido literal. Sealgum usar tal processo violentar o que o autor almejava transmitir. Asmetforas devem ser entendidas metaforicamente.

    sempre til ter em mente o que declarou W. Arndt no livroDificuldades Bblicas, pg. 14:

    "Muitas vezes no fcil traar a linha divisria entre as duas espciesde linguagem. Tambm neste caso recomendamos ao leitor da Bbliahumildade e orao, assim que gradualmente possa desenvolverconhecimento e entendimento".

    "Outro princpio capital da interpretao da Escritura assim podeenunciar-se: as passagens obscuras e figurativas devem ser interpretadaspor meio daquelas que so claras e desprovidas de sentido metafrico".

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaUm Bom ConselhoA pesquisa, para o esclarecimento de qualquer verso da Bblia, deve

    ser feita com humildade e no com pretenses infalibilidade.

    Esta recomendao inspirada oportuna:"Irmos, cumpre-nos cavar fundo na mina da verdade. Podeisexaminar o assunto a ss ou em consulta recproca, unicamente se ofizerdes num esprito sincero. Demasiadas vezes, porm, o eu grande, elogo que se inicia a investigao, manifesta-se um esprito no cristo.Exatamente nisto se deleita Satans, mas devemos ter um coraohumilde para conhecer, por nos mesmos, o que a verdade". Counsel toWriters and Editors, pg. 41.

    Pensamentos Esparsos1) O conhecimento dos costumes antigos, da ndole das lnguas

    hebraica e grega, dos escritos de autores contemporneos da Bblia, dahistria, arqueologia, etnologia facilitam a exegese dos trechos maisobscuros da Escritura, evitando-se assim graves enganos e erros nainterpretao. .

    2) til na interpretao de um texto, ter em mente, certas regrassimples, que se aplicam compreenso de qualquer texto bblico. Umadelas lembrarmo-nos do tempo e das circunstncias em que foi escritauma declarao.

    3) Os Adventistas do Stimo Dia sustentam a posio protestantede que a Bblia e somente a Bblia a regra nica de f e prtica para oscristos.

    4) Para a formao de idias equilibradas sobre uma verdadebblica, preciso atentar para tudo o que os diversos autores inspiradosdisseram sobre o assunto.

    Exemplo: Como somos salvos?Idias extremistas e fanticas surgem quando algum defende uma

    doutrina baseado numa s passagem.

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    Leia e Compreenda Melhor a Bblia5) As aparentes contradies da Bblia podem ser resolvidas com

    um estudo aprimorado de alguns princpios exegticos, como: atentarbem para o contexto, a analogia da f, estudar as passagens paralelas;

    consultando ainda uma concordncia bblica e um comentrio digno deconfiana, como o SDABC.6) H duas espcies de passagens difceis na Bblia, algumas

    podem ser aclaradas com o trabalho consciencioso dos estudiosos, outrasjamais sero esclarecidas aqui.

    As palavras de Pascal so oportunas:"O ltimo passo da razo saber que h uma infinidade de coisas que

    ela no pode atingir. Resolvam-se todas as questes, expliquem-se todas as

    palavras da Bblia, e ficaro ainda as maiores dificuldades para a prova danossa f: a origem do mal, o mistrio da divina prescincia e da livre ao, emuito ainda sobre o plano da redeno".

    7) S devemos esperar encontrar nas Escrituras Sagradas o que sobo ponto de vista religioso nos importa conhecer.

    Tudo o que foi revelado deve-se estudar, o que no foi considere-secomo no essencial ao plano da salvao.

    8) "No pode haver conflito entre a cincia e a religio. A Bblia autoridade absoluta e decisiva no domnio da verdade religiosa, mas no

    pretende ser a respeito de fatos e princpios cientficos". Angus -Histria, Doutrina e Interpretao da Bblia, pg. 109.

    9) A Bblia , em essncia, uma revelao graduada e progressivado plano de Deus em salvar o homem. Revela em toda a parte o mesmoDeus, santo, sbio e bom, fala dos seus desgnios no governo do mundo,e do resultado final da presente luta entre o bem e o mal.

    10) um fato bastante conhecido, que muitas palavras mudam o seusignificado com o passar dos anos; portanto, provas baseadas nosignificado de uma palavra tm que levar em considerao o seu sentidoquando o autor bblico a empregou.

    11) Dentre tantos comentaristas bblicos notveis, como Orgenes,Crisstomo, Jernimo, Lutero, Ado Clarke, Strong, Barnes, Vincent aquem devemos seguir? A nica resposta segura seria esta: nenhuma

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliainterpretao da Escritura por uma pessoa, embora culta e bemintencionada deveria ser considerada como infalvel.

    12) A Igreja Catlica estabeleceu no Conclio de Trento um plano

    ou base de doutrina, de acordo com o qual toda a Escritura devia serinterpretada, mas apesar disso ela nunca publicou um comentrioinfalvel que pudesse explicar as passagens difceis da Escritura.

    13) "H realmente passagens e frases cujo sentido obscuro. Estaobscuridade , em muitos casos, devida nossa ignorncia de algum fatoespecial que esclarea o assunto, e a respeito do sentido exato das

    palavras".Histria Doutrina e Interpretao da Bblia, pg. 203.14) Sendo a Santa Bblia a Palavra de Deus, ela no deve ser

    interpretada de modo arbitrrio e particular. As Escrituras esto baseadasem princpios claros e firmes, por isso Jesus declarou: "a Escritura no

    pode falhar". S. Joo 10:35.15) princpio fundamental da exegese que as Escrituras so seu

    prprio intrprete. Cristo o aplicou quando repreendeu o diabo porinterpretar mal um texto da Bblia (Mat. 4:6 e 7).

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    UM VERSO DIFCIL DE SE TRADUZIR GNESIS 4:7

    "A mensagem da Bblia expressa-se em linguagem oriental. No seumodo de viver e pensar, o oriental diametralmente oposto ao homem doocidente fato este que constitui grande barreira compreenso einterpretao de muitos trechos das Escrituras". Edith A. Allen

    H versculos na Bblia, diante dos quais, os tradutores ficam perplexos, porque se sentem incapazes de transmitir com clareza a

    mensagem neles contida. Um verso que bem ilustra estas dificuldades Gnesis 4:7. Os problemas que ele apresenta so de tal vulto, quenotveis comentaristas modernos crem que algum copista tenhamodificado o texto hebraico original. O Novo Comentrio da Bbliaeditado por Russell P. Schedd, declara: "O hebraico, neste texto, tremendamente difcil".

    No hebraico est literalmente: No que, se ages bem, elevao, e

    se no ages bem, tua porta o pecado (fem.) dormindo (masc.) e para tisua (masc.) cobia e tu o dominars.Em virtude do seu gnero, os pronomes hebraicos para "seu" e "ele"

    no podem pertencer ao pecado espreita, mas sim, precisam sertomados como se referindo a Abel.

    A sua traduo para a Septuaginta obscura e inaceitvel, por issoo Comentrio Adventista afirma sobre este verso: "Que os tradutores daSeptuaginta acharam sua significao obscura no seu tempo evidenteda traduo deturpada que dele fizeram".

    Esta passagem est to estritamente ligada com o texto precedente,que necessrio volvermos a ateno para ele por um momento, antes dequalquer explicao. Caim e Abel trouxeram uma oferta para Deussegundo suas respectivas ocupaes: o primeiro, "do fruto da terra" e osegundo "das primcias do seu rebanho, e da gordura deste". A ateno

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliadada pelo Senhor oferta de um e de outro foi distinta, fazendo com queCaim ficasse encolerizado, e como conseqncia natural apareceudeprimido. O Senhor o advertiu com significativa pergunta: "Por que

    andas irado? e por que descaiu o teu semblante?" e acrescenta, no versoem discusso: "Se procederes bem, no certo que sers aceito? Se,todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz porta; o seu desejo sercontra ti, mas a ti cumpre domin-lo". Almeida Revista e Atualizada noBrasil.

    A Bblia de Jerusalm aps traduzi-lo assim: "Se ests bem dispostono levantarias a cabea? Mas se no estiveres bem disposto, no jaz o

    pecado porta, um animal acuado te espreita, podes acaso domin-lo?",acrescenta a seguinte nota: Traduo aproximativa de um textocorrompido.

    Lzaro Ludovico Zamenhof assim o traduziu para o Esperanto:"Sem dvida se agires bem, sers forte, mas se agires mal, o pecado

    jazer porta, e ele a ti pretender, mas governa acima dele".Sem nos demorarmos em longas dissertaes exegticas e textuais,

    que os especialistas apresentam, cremos que o essencial o seguinte:

    Deus est advertindo Caim do seu procedimento, porque um terrvelato pecaminoso estava prximo, e em linguagem figurada o apresentacomo um animal feroz, esperando saltar sobre ele. Em outras palavras oSenhor lhe estava dizendo: Se fizeres bem, em lugar deste semblanteabatido, naturalmente erguerias a cabea e terias um semblante alegrecomo aqueles que agem com propsitos elevados. Mas se no fizeres o

    bem, e continuares alimentando dio contra teu irmo, por sua oferta ser

    aceita e a tua rejeitada, o pecado descer tua porta como um animalferoz por sua presa. Sers infalivelmente uma vtima de tua pecaminosapaixo. O pecado deseja dominar-te, mas no deves tem-lo porque oSenhor te conceder poder para enfrent-lo e sair vitorioso. Por no terdado a mnima ateno advertncia divina, uma sangrenta tragdia seseguiu, o brbaro assassino de seu irmo. Aps o ato consumado o

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaSenhor disse a Caim: "A voz do sangue de teu irmo clama da terra amim".

    O castigo por fazer a prpria vontade e no a vontade divina est

    relatado nos versos 11 e 12 do mesmo captulo.Comparando-o em vrias tradues e pesquisando o que deledisseram os comentaristas, eis uma tentativa que fiz para o traduzir:

    Se voc for bom, poder reergu-lo (o semblante), mas se no for, opecado como um animal bravio est sua porta, ansioso para domin-lo,mas voc o poder vencer.

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    QUEM FOI MELQUISEDEQUE ?

    Qual o Enigma deste Personagem?

    Um estudo cuidadoso deste personagem bblico nos esclarecer quenada existe de misterioso a seu respeito, a despeito da interpretao dealguns quanto a Hebreus 7:3.

    A palavra em hebraico Malkicedeq, significa rei de justia, ou aindade acordo com Heb. 7:2 rei de Salm, isto , rei de paz.

    Para melhor compreenso deste tema duas coisas so necessrias:1) Estudo do contexto das passagens onde seu nome aparece.2) Alguns conceitos sobre o sacerdcio levtico e o de Cristo.

    1) O nome Melquisedeque aparece dez vezes na Bblia, sendo duasno Velho Testamento (Gn. 14:18; Sal. 110:4); e oito no livro deHebreus (5:6, 10; 6:20; 7:1, 10, 11, 15, 17). Especialmente o captulo

    sete de Hebreus precisa ser bem estudado.2) Aps a entrada do pecado o indivduo tornou-se sacerdote de si

    mesmo. Depois este encargo coube ao primognito. Posteriormente atribo de Levi foi escolhida para este mister. Quem no fosse da Tribo deLevi era indigno para este mister como vemos em Esdras 2:62. O relatodesta passagem deve ser lembrado para melhor compreenso desteassunto.

    O sacerdote devia ser tirado dentre os homens, com suas fraquezas,para que pudesse entender as fraquezas dos homens (Heb. 4:14-16).Sacerdote a pessoa que atua como mediador ou intermedirio

    entre duas partes. Aquele que est encarregado de uma missorespeitvel, o intercessor perante Deus a favor dos homens.

    O Novo Comentrio da Bblia, editado em portugus por Russell P.Shedd, vol. III, pg. 1357 afirma o seguinte:

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    Leia e Compreenda Melhor a Bblia"Sumo sacerdote aquele que nomeado para agir em prol dos

    homens naquilo que diz referncia a Deus, especialmente para apresentarofertas a Deus. O sumo sacerdote deve ser escolhido dentre os homens e

    ser capaz de, na qualidade de verdadeiro homem, simpatizar com asfraquezas humanas. Alm disso, ele no deve presumir em tomar sobre simesmo tal ofcio; deve ter sido chamado para tal tarefa por nomeao deDeus. Tudo isso (em ordem reversa) declarado como cumprido na

    pessoa de Cristo; conforme o escritor sagrado considera Sua nomeaodivina, Sua perfeita humanidade e conseqente habilidade de simpatizarconosco, e Seus ofcio e obra. Pois foi Deus quem ao ressuscit-Lo deentre os mortos reconheceu-o como Seu Filho, declarando abertamente aSua nomeao para um sacerdcio eterno, segundo uma classificaodiferente daquela de Aro, a ordem de Melquisedeque".

    Do exposto, esta declarao deve ser guardada: o sacerdote deve serescolhido dentre os homens para poder simpatizar com as fraquezashumanas. Est a razo pela qual Cristo s passou a exercer a funosacerdotal aps ter tomado a natureza humana.

    As Escrituras nos informam que h dois tipos de sacerdcio:

    1) Levtico hereditrio e extinto com a morte de Cristo.2) Melquisediano prefigurando o sacerdcio de Cristo,

    caracterizado por sua superioridade e eternidade.Cristo apresenta um contraste com os sumos sacerdotes segundo a

    ordem levtica, que eram instalados no ofcio para posteriormente seremremovidos por motivo de falecimento. Por isso que Ele se tornou sumosacerdote para sempre. justamente essa qualidade eterna que distingue

    a ordem sacerdotal de Melquisedeque da ordem levtica de Aro.

    Que sabemos de Melquisedeque?Atravs dos tempos tem havido muita discusso, procurando

    identificar quem foi Melquisedeque. As referncias bblicas para suaidentificao so muito escassas. Aparece numa citao ligeira emGnesis 14:18. Crem os estudiosos que ele era rei de algum cl semita

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliaou de Salm. Sabe-se que era sacerdote e rei. Cristo tambm sacerdotee rei, de onde ser Melquisedeque considerado uma figura de Cristo. Porser "sacerdote do Deus altssimo" no tempo de Abrao, este lhe devolveu

    o dzimo.Tem sido assunto de grandes investigaes entre os comentaristas osaber quem era realmente Melquisedeque. Defendem alguns ter sidoCristo, supem outros que fosse o Esprito Santo, ainda outros sustentamque era um anjo, Enoque.

    No h necessidade de contestar cada uma destas suposies, masapenas dizer o seguinte: Melquisedeque no era Cristo, declara Ellen G.White, pois Ele ainda no tinha tomado a natureza humana.Melquisedeque no podia ser o Esprito Santo, visto que o Esprito Santono foi tirado dentre os homens. O sacerdote vivia do dzimo, porque erahumano, o Esprito Santo no precisa de dzimo.

    "Sem pai, sem me". Esta afirmativa que tem dado motivo paradefenderem que fosse um rei sobrenatural. A opinio mais sensata e

    provvel a que o considera um rei, justo e pacfico, adorador esacerdote do Deus altssimo na terra de Cana, amigo de Abrao, e como

    sacerdote superior a ele em dignidade.A Bblia nos apresenta a superioridade do sacerdcio de

    Melquisedeque sobre o sacerdcio levtico, por isso um significativosmbolo do sacerdcio de Cristo.

    Russell Norman Champlin afirmou: "Hermeneuticamente,Melquisedeque importante porque ilustra diversas coisas:

    1) Um significado mais profundo da histria;

    2) Como a histria pode ser proftica e simblica;3) A unidade do Antigo e do Novo Testamentos;4) A universalidade do ofcio messinico e sumo sacerdotal de

    Cristo;5) A ab-rogao das ordens sacerdotais do Antigo Testamento, por

    estarem todas cumpridas em Cristo". O Novo TestamentoInterpretado Versculo por Versculo. Vol. 5, pg. 527.

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaO Salmo 110:4 nos ensina que o Messias seria um sacerdote

    divinamente nomeado, de acordo com a classificao de Melquisedeque.Essa afirmao bblica sobre a necessidade de uma nova ordem

    sacerdotal , uma indicao de que a ordem levtica havia fracassado, euma melhor ordem de coisas devia levantar-se de acordo com Hebreus 7.Pelo fato dos judeus rejeitarem a Cristo, no o aceitavam como

    sacerdote, ento Paulo em Hebreus diz aos judeus: qual a razo de vocsno aceitarem a Cristo como sacerdote, se Abrao considerado togrande por vocs aceitou a Melquisedeque como sacerdote, no sendoele da tribo de Levi? do conhecimento de todos que os sacerdotestinham que ser da tribo de Levi, mas que Cristo pertencia a tribo de Jud("tribo qual Moiss nunca atribuiu sacerdotes" - Heb. 7:14).

    M. L. Andreasen escreveu: "Os judeus eram muito rigorosos noregistro e preservao de suas genealogias, especialmente com refernciaaos sacerdotes. Ningum podia servir como sacerdote a menos que

    pertencesse famlia de Aro, da tribo de Levi, e isso tinha ele deprovar, alm de qualquer sombra de dvida. Se porventura houvesse umaquebra na linhagem, seria ele excludo, perdendo assim os privilgios

    assegurados aos sacerdotes. Por esta razo todo judeu, e especialmenteos sacerdotes, guardavam muito ciosamente todos os registrosgenealgicos". The Book of Hebrews, pg. 247.

    A declarao de Hebreus 7:3 "sem pai, sem me, sem genealogia;que no teve princpio de dias, nem fim de existncia" deve sercompreendida como significando que estas informaes genealgicasno estavam registradas em cartrio.

    Este aspecto da vida de Melquisedeque deve ser destacado: o livrode Gnesis nada diz sobre seus antepassados. No Antigo Testamento asgenealogias se revestem de grande importncia, particularmente no casodos sacerdotes. Ele apresentado como sacerdote por seu prprio direito,e no por motivo de descendncia fsica. Semelhantemente no somencionados nem seu nascimento nem sua morte. Nada dito a respeito

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliade seu sucessor. Em tudo isso ele feito, pelo prprio silncio dasEscrituras parecer-se ao Filho de Deus.

    Se o livro de Gnesis apresenta algumas provas da grandeza de

    Melquisedeque, como o fato de ele ter abenoado a Abrao e este lhedevolver o dzimo, o livro de Hebreus (cap. 7) salienta a superioridadede Cristo como nosso sumo sacerdote.

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    A FILHA DE JEFT JUZES 11:29-40

    Ser interessante ler toda a histria de Jeft para ter um quadrocompleto das suas implicaes.

    Do relato se deduz que Jeft fizera um voto precipitado e insensato.Os comentaristas tm apresentado duas interpretaes para o voto

    de Jeft.1) Ele sacrifica a prpria filha em holocausto para cumprir o

    imprudente voto que fizera.2) Sua filha foi devotada perptua virgindade.O Comentrio Adventista se coloca ao lado daqueles que

    defendem o oferecimento da filha em holocausto. Declara que Jeft fezum voto precipitado, o qual poderia ser anulado por ser uma expressatransgresso do sexto mandamento.

    Patriarcas e Profetas na pgina 506 afirma: "O dever a que ficaempenhada a palavra de qualquer pessoa deve ser considerado sagrado,caso no a obrigue prtica de um ato mau".

    A aceitao de que ele ofereceu a filha em holocausto provaria suatotal ignorncia da lei de Deus (Lev. 18:21; 20:2-5; Deut. 12: 31; 18:10).A descrio que a Bblia faz da sua pessoa no autoriza tal concluso,especialmente ser colocado entre os heris da f em Heb. 11:32.Particularmente no aceito que quem tivesse praticado um ato emflagrante desrespeito s leis divinas, (como declaram os versos acima)

    tivesse o privilgio de ser colocado na galeria dos heris da f. Salvo sehouvesse um sincero arrependimento do seu procedimento desastrado.

    Os exegetas, defensores do sacrifcio da filha argumentam que eracomum entre os moabitas, at entre os israelitas, a prtica de sacrifcioshumanos. Se esta afirmativa real h sensveis diferenas entre o caso deJeft e os sacrifcios pagos de oferecer os filhos em holocausto, vistoque estes jamais eram feitos a Jeov. Os israelitas que ofereceram

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliasacrifcios, eles o fizeram por que se tinham afastado do culto aoverdadeiro Deus, como vemos com os reis Acaz e Manasss. Estessacrifcios eram terminantemente condenados na Bblia, como vemos em

    II Reis 3:27. Leve-se ainda em considerao que tais sacrifcios eramoferecidos antes e no depois da batalha.O argumento mais valioso para o SDABC se perfilhar entre os que

    aceitam a morte da moa este: "Se a filha de Jeft fosse apenasdedicada perptua virgindade, no necessitaria de dois meses parachor-la, pois, teria a vida inteira para faz-lo".

    Para melhor compreenso deste assunto bom tambm conhecer alei dos votos do culto hebreu, relatada no captulo 27 de Levtico. Osvotos eram de duas naturezas: remissveis e irremissveis. Todo o

    problema surge pelo fato do voto de Jeft ser de natureza irremissvel.Leiamos o voto em Juzes 11:31: "Quem primeiro da porta da

    minha casa me sair ao encontro, voltando eu vitorioso dos filhos deAmom, esse ser do Senhor, e eu o oferecerei em holocausto."

    Os defensores da idia do sacrifcio da prpria filha se apegam aLev. 27:29, onde declara que no voto irremissvel de pessoas a morte era

    requerida.Carlos Trezza, em extenso estudo sobre a filha de Jeft, discute

    problemas de traduo e de interpretao de algumas passagens, de ondetranscrevemos o seguinte:

    Afirma que o estudioso Dr. Hale, citado por Ado Clarke apresentaa seguinte explicao para Juzes 11:31. O hebraico justifica umatraduo disjuntiva, consistente de duas sentenas, regidas por conjuno

    dual - 'Ser do Senhor, ou lhe oferecerei em holocausto'. E sustenta estaidia com a afirmativa de que a conjuno vau tanto pode sere como ou.Assim no caso de Jeft, dever-se-ia ler: 'Ser do Senhor, ou lheoferecerei em holocausto'.

    Outros comentaristas declaram que o verso 31 de Juzes 11 deviaser lido e a forma original o autoriza da seguinte maneira: "Ser do

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaSenhor, e lhe oferecerei um sacrifcio". O Ministrio Adventista, maio-

    junho, 1970, pgs. 22 e 23.Dentre os comentaristas bblicos que rejeitam a idia de ter Jeft

    oferecido a filha em sacrifcio destacam-se Lang e Ado Clarke.Diz o primeiro: "A filha de Jeft no lamenta o ter de morrer comouma virgem; o que ela lamenta a virgindade em si mesma". Lang'sCommentary, sobre o cap. 11 de Juzes.

    Sentencia o segundo: "E ela no conheceu varo. Isto , continuouvirgem todos os dias de sua vida". Comentrios do Dr. Ado Clarkesobre Juzes 11.

    Se ela tivesse sido sacrificada a declarao do verso 39 - "E ela noconheceu varo" - seria suprflua. Parece-nos ser mais consentneo coma personalidade de Jeft, com os ensinamentos divinos quanto asacrifcios humanos, aceitar que ele no ofereceu a filha em holocausto,mas construiu uma casa parte e fez que ela se mantivesse virgem at ofinal de sua vida.

    Sumariando diramos: Embora saibamos que a maioria doscomentaristas defende o sacrifcio cruento.

    a) No cremos que Jeft tenha sacrificado sua filha contra a lei deDeus. Deut. 12:31. Este ato estaria totalmente em oposio comtodos os preceitos bblicos.

    b) De acordo com o original hebraico o verso 31 de Juzes 11poderia ser assim traduzido: "ser do Senhor e lhe oferecerei umholocausto".

    c) Jeft sabia muito bem que os sacrifcios humanos eram

    condenados por lei (Deut. 12:30 e 31). Se tivesse cometido talato teria a total desaprovao divina, ipso facto; seu nome nopoderia ser arrolado em Hebreus 11.

    d) Encontraramos na Bblia e nos escritos de Ellen G. White umaenrgica condenao ao seu procedimento indigno.

    e) A nica concluso segura a que se pode chegar que a filha deJeft foi devotada a perptua virgindade, como se pode inferir

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliadas declaraes bblicas: "chorou a sua virgindade", "ela jamaisfoi possuda por varo".

    f) Apenas lamentamos que o SDABC sempre criterioso em tomar

    posio, tenha esposado a idia de que Jeft a ofereceu emsacrifcio.

    Nota: Como auxlio valioso para esta pesquisa, valemo-nos doestudo de Carlos Trezza, publicado em O Ministrio Adventista, maio-

    junho de 1970, pgs. 18-24. Vale a pena ler todo o seu relato.

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    SAUL E A PITONISA DE EN-DOR

    O relato de I Samuel 28:7-25 tem levado muitos a citarem estaexperincia como uma prova do estado de conscincia na morte.

    Os versculos que narram a histria do rei Saul e a pitonisaaparecem sem nenhum comentrio. Esta narrativa verdadeiramentedramtica e o autor inspirado no detm a seqncia da ao para umaexposio doutrinria. necessrio portanto, conhecer todo o contexto eas circunstancias que envolveram o incidente, bem como todas asverdades dadas em outras partes da Bblia, para compreender se o plenosignificado da histria desta sesso esprita.

    Antes de mais nada, devemos ter em mente que o rei Saul erahomem perdido, a quem Deus rejeitara e de quem o Esprito Santo seretirara. II Sam. 13:11-14; 15:13-35; 16:14). Havia ele cometido o

    pecado imperdovel de persistir na justificao prpria e desobedinciaat que Deus cessou inteiramente de comunicar-se com ele, deixando-o

    ao inteiro domnio de Satans. (I Sam. 28:6). Foi depois de haverchegado a este ponto que Saul teve a sua experincia com a pitonisa deEn-Dor. As aes de um homem perdido, inteiramente sob o controle deSatans, so fonte pauprrima de prova para a verdade. Elas s podemconstituir uma fonte dos enganos de Satans.

    Examinemos a seguir o contexto dos atos de Saul na consulta pitonisa. Os filisteus tinham invadido a terra de Israel, e Saul estava

    acovardado. Estava grandemente necessitado do auxlio de Deus, que lherecusou resposta por qualquer dos meios que Ele prprio estabelecerapara revelar-se a Seu povo. (I Sam. 28:6). Os trs meios menciona dosneste verso foram vedados a Saul porquanto era homem perdido.

    O significado da afirmao encontrada em I Sam. 28:6 , quenenhuma comunicao sobrenatural que Saul subseqentemente pudessereceber seria de Deus, mas sim do diabo. Evidentemente Saul sentiu isto,

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliapois foi procura de outra fonte que no a de Deus. "Ento disse Saulaos seus servos: Apontai-me uma mulher que seja mdium". Outrastradues dizem: que tenha o esprito de feiticeira. (28:7). Pela lgica das

    circunstncias) essa mulher s poderia ser uma fonte de informaessatnicas, e coisa alguma na entrevista em questo nos autoriza a tom-lacomo verdade de Deus.

    Examinemos os pormenores da experincia em si. Saul teve algumadificuldade em encontrar uma pessoa que estivesse em comunicao comos espritos, porque Deus havia proibido tais agentes de Satans entreSeu povo. Ao estabelecer a nao de Israel numa terra expurgada daidolatria, Ele proibiu, sob pena de morte, toda comunicao com osespritos (xodo 22:18); Deut, 18:9-14). Esta mais uma razo para noaceitarmos nada nesta entrevista como sendo verdade ou evidncia dealguma doutrina verdadeira. Sua fonte uma "abominao" para Deus.

    Tudo nesta entrevista est mesclado de falsidade. "Saul sedisfarou". v. 8. Ele enganou a mulher com sua identidade. v. 12. estaa maneira de revelar-nos Deus a verdade pela mentira e por um

    processo que Ele chamara "abominao"?

    Saul pediu mulher que fizesse "subir a Samuel". Por que no"descer" se Samuel estava no Cu? Parece que a mulher foi a nica

    pessoa que viu a apario, pois Saul pediu que ela lha descrevesse (vs.13 e 14). Sua descrio convenceu a Saul de que o esprito era Samuel;mas isso no prova de maneira alguma que de fato fosse Samuel. Apenas

    prova que houve materializao sobrenatural de algo que se assemelhavaa Samuel. Uma vez que Satans tem o poder de personalizar-se para

    executar seus maus propsitos (II Cor. 11:13-15), nada do que essaapario disse, fez ou procurou parecer, prova por si mesmo ser Samuel.Tal prova haveria de ser inteiramente objetiva, isto , fora dasdeclaraes da apario em si mesma.

    O esprito que apareceu era real, pois a prpria mulher estavaaterrorizada (vs. 12 e 13). Se tal apario fosse de um anjo, ou o espritode um santo de Deus vindo do Cu, teria produzido conforto e paz, em

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliavez de temor. As palavras do esprito a Saul foram impertinentes e mal-humoradas (v. 15) indignas de um santo glorificado ou de um anjo bom.Alm disso, o dilogo entre Saul e o esprito, indicam claramente que

    ambos sabiam que Saul estava buscando uma fonte de informao nodivina ou celestial. Os versos 17 e 18 esto em harmonia com omalicioso esprito de Satans; ele sempre atormenta aqueles aos quaisengana e leva ao pecado. Nada h em toda esta conversao que lembreSamuel ou qualquer indcio do Esprito de Deus, muito embora o espritodeclarasse ser Samuel.

    O clmax do aspecto satnico das palavras do esprito encontradono verso 19. O esprito simplesmente no poderia manter-se mascaradoat ao fim. Samuel, sem dvida, se as almas mortas esto conscientes, foiimediatamente para o Cu aps sua morte. A Bblia afirma que ele haviamorrido e sido sepultado (v. 3). Mas o esprito de Saul, levando-se emconta repetidas afirmaes de que ele era homem perdido, inteiramenterejeitado por Deus, no poderia ir para o mesmo bem-aventurado lugarde habitao que o esprito de Samuel. Entretanto esse esprito diz queSaul e seus filhos estariam com ele onde quer que ele fosse! Saul

    subentendeu por essas palavras o significado de sua morte. Ou esseesprito no era Samuel ou este mentiu ao dizer que Saul iria para o Cuquando morresse ou as duas coisas so mentira. Se o esprito fosse defato Samuel, no mentiria, mas o esprito mentiu em dois pontos: nem verdade que o esprito de Saul tenha ido para o Cu, nem seria no diaseguinte, mas vrios dias mais tarde, quando Saul morreu. Saul ter-se-iamostrado feliz se tivesse entendido pelas palavras do esprito que iria

    para o Cu. Em vez disso, porm, sabendo-se homem perdido porcomunicar-se com o esprito de Satans, as palavras ameaadoras doarquiinimigo levaram-no a tentar o suicdio nessa noite (versos 20-23) eexecutar esse propsito vrios dias mais tarde (I Sam. 31:3-6).

    Nada h nessa entrevista que no seja engano, mentira e perversidade . parte do grosseiro piano de Satans infligir um ltimo engano vtima

    j levada destruio.

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaPara que crssemos ser este esprito a alma desencarnada de

    Samuel, precisaramos de testemunho mais objetivo do que a declaraoda pretensa materializao e a febril imaginao do mdium e de Saul.

    lias a evidncia objetiva toda para o outro lado. Antes deste evento,temos as repetidas afirmaes de que consultas desta natureza eramabominao para Deus, por serem comunicaes com falsos deuses, oudemnios. Depois do acontecimento, temos a afirmao de que por esse

    pecado culminante Saul perdeu a vida e a salvao (I Crn. 10:13-14). Etemos as afirmaes reiteradas da Bblia de que "os mortos no sabemcoisa nenhuma", no voltam, e dormem na sepultura at que Deus oschame no dia da ressurreio. (Ecles. 9:5, 6 e 10; J 14:10; 12-15, 20, 21e 22; 17:13; Sal. 146:4; 6:5, e outros passos).

    Nota: Resposta dada pelo Pregador Adventista, novembro-dezembro de 1953, pgs. 23 e 24, a uma consulta.

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    UMA TRADUO DISTORCIDA J 26:5

    Os tradutores da Sociedade Bblica Brasileira, inegavelmente,fizeram um trabalho, cujo valor no pode ser subestimado, mas apesar dacultura, conhecimento da tcnica de traduzir e conscincia daresponsabilidade que pesava sobre eles, cometeram alguns deslizes aointerpretarem alguns versos de acordo com crenas no defensveis pelasEscrituras. Referimo-nos Almeida Edio Revista e Atualizada noBrasil, inegavelmente uma das melhores tradues entre todas as que sefizeram no mundo.

    Sua linguagem bastante correta, graas a seu secretrio, Antniode Campos Gonalves, um dos maiores vernaculistas que este pas j

    produziu. Apesar de seu extremo cuidado com a gramtica, pessoalmentediscordo, a menos que algum possa provar-me o contrrio, de certos

    passos como os seguintes:1) Aprendi, por isso ensinei que as conjunes subordinativas

    levam o verbo para o subjuntivo. Ex.: Quero que faas. Ele morreu a fimde que fssemos salvos.

    No Salmo 92:7 lemos: "ainda que os mpios brotam como a erva, eflorescem todos os que praticam a iniquidade..." seria melhor: "ainda queos mpios brotem como a erva e floresam todos os que praticam ainiquidade".

    2) Em Efs. 1:22 e 4:15 a comisso revisora no foi feliz em

    apresentar a Cristo como o cabea da igreja.Os dicionrios apresentam "o cabea" como chefe, mas apenaspermitido em sentido depreciativo, pejorativo. "O cabea da sedio", "ocabea do bando". Em Isaas 7:8 e 9 dois reis so denominados de "ocabea". Rezim "o cabea de Damasco", e Peca, filho de Remalias, "ocabea de Samaria". Para estes reis a designao est bem, mas Jesus no

    pode ser seno "a cabea" da igreja. Em Col. 1:18 Jesus apresentado

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliacom propriedade como "a cabea" da igreja. No se justifica estadiferena com Efs. 1:22 e 4:15.

    3) Desde o incio deste sculo, o insigne gramtico Eduardo Carlos

    Pereira nos ensinou sobre o apropriado uso do possessivo. Devemosdistinguir: purifica, Senhor, o nosso corao, mas guia os nossos ps.Guarda, Senhor, a nossa boca e os nossos ouvidos.

    Em Col. 3:15, 16; 4:8 seria prefervel vosso corao em vez devossos coraes, como aparece na Edio Revista e Atualizada no Brasil.

    Aps esta digresso gramatical passemos ao problema de traduode J 26:5.

    Os adventistas escudados em inamovveis declaraes dasEscrituras crem na inconscincia durante a morte como provam asseguintes passagens: Ecles. 9:5 e 6: Sal. 146:3-4; S. Joo 5:8, 28-29.

    Crem tambm na doutrina escatolgica definida em Teologiacomo extincionista ou do aniquilamento para os mpios, que seroreduzidos a cinzas, o mesmo acontecendo a Satans e aos seus anjos.

    Infelizmente os tradutores das Sociedade Bblica do Brasil notraduziram bem J 26:5. "As almas dos mortos tremem debaixo das

    guas com seus habitantes". Almeida, Edio Revista e Atualizada noBrasil.

    Pessoas no esclarecidas quanto aos problemas de traduo, tomama Bblia, lem esta passagem e passam a proclamar que o texto bblicoensina a imortalidade da alma. uma verdade conhecida, at por pessoasmedianamente cultas, que a palavra para alma em hebraico "nephesh".Esta palavra aparece pela primeira vez na Bblia em Gnesis 2:7, onde a

    alma ou criatura vivente o resultado do corpo com o flego de vidasoprado por Deus.Ao morrer a pessoa, temos um processo inverso, o esprito sai ou

    volta para Deus, e o corpo vai para a terra, desaparecendo a almavivente. Ecles. 12:7.

    At um leigo, com o auxlio de uma concordncia analtica,verificar que o hebraico "nephesh" e o grego "psiqu" no aparecem

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliauma nica vez com a idia de eternidade ou de imortalidade. Ainda mais,

    peamos aos imortalistas as evidncias de que estas palavras originaisfazem aluso natureza cognoscitiva e imaterial depois da morte. Eles

    no as apresentaro porque elas inexistem. A Bblia no apresentanenhuma citao que justifique a idia da sobrevivncia da alma namorte do homem como reconhecem eminentes exegetas e o mais acatadodicionrio hebraico Gesnio. Como igreja apenas admitimos eensinamos aquilo que se encontra na Bblia. Repetimos: No cremos

    porque no se encontra na Bblia que o homem tenha uma alma ou umesprito imortal. A imortalidade segundo a Bblia um atributo exclusivode Deus. I Tim. 6:16.

    Um de nossos opositores, o Sr. Walter Martin, cita Filipenses 1:23como evidencia de que a alma ou o esprito, significando personalidadeconsciente, ao sair do corpo por ocasio da morte dirige-se para a

    presena de Deus ou para o lugar de castigo. Como ponto de partida,mencionemos o fato de que esta passagem nem sequer emprega as

    palavras alma ou esprito. (O comentrio sobre Filip. 1:23 aparece emnosso livroExplicao de Textos Difceis da Bblia).

    A palavra "nephesh", que pode ser traduzida por mais de 40palavras em portugus, mesmo que aparecesse no original de J 26:5,jamais poderia ser traduzida por alma dos mortos.

    Que vocbulo hebraico se encontra nesta passagem e quais os seussignificados?

    A palavra "rephaim" e os lxicos hebraicos lhe atribuem os

    seguintes sentidos.a) gigantes (que habitavam a Palestina)b) sombras;c) girafas;d) elefantes;e) nome de um vale perto de Jerusalm;f) mortos.

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaO que no encontramos em nenhum dicionrio hebraico o

    significado de "almas dos mortos".Rephaim aparece transliterada 17 vezes na Bblia para designar o

    vale (Jos. 15:8; 18:16: II Sam. 5:18, 22 etc.) ou os gigantes (Gn. 14:5;15:20; Deut. 2:11 e 20).Sobre esta palavra afirma o SDA Bible Commentary: "A etimologia

    da palavra incerta, e no se sabe definitivamente como pode ela referir-se ora a uma raa de pessoas, ora aos mortos. Talvez rephaim quedesigna uma raa provenha de raiz diversa da de rephaim que significaos mortos.

    "Alguns relacionam ambas as idias, considerando que, como umaraa, os refains tornaram-se extintos, e impotentes. Seus orgulhososrepresentantes jazem prostrados no Sheol, e sua memria tornou-seapagada e sombria. Assim so um smbolo apropriado dos mortos".

    Como bem declarou Arnaldo B. Christianini: "De modo nenhum,porm, h, nas lnguas originais na Bblia a expresso 'alma dos mortos'e esta infelicssima 'traduo' de J 26:5 no passou de uma interpretaogrosseira (eu usaria o adjetivo tendenciosa), a revelar o pendor da

    teologia imortalista dos tradutores".1O cotejo entre vrias tradues da Bblia til para concluir qual o

    significado do vocbulo "rephaim".a) A Septuaginta, a Vulgata, Matos Soares e outros traduzem: "os

    gigantes gemem debaixo das guas"b) A Bblia de Jerusalm apresenta: "As sombras tremem debaixo

    da terra".

    c) Na traduo inglesa The New English Bible lemos: "As sombrasse contorcem de medo".d) Os tradutores da Trinitria escolheram a expresso: "estremecem

    os defuntos".e) Almeida Edio Revista e Corrigida: "os mortos tremem

    debaixo das guas".

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliaf) A Revised Standard Version consigna: "As sombras tremem

    embaixo, as guas e os seus habitantes".Outras tradues poderiam ser apresentadas, porm, as

    mencionadas so suficientes para se chegar seguinte concluso: Ostradutores da Sociedade Bblica no foram nada felizes ao verterem estapassagem para o portugus.

    Srgio Quevedo, ex-estudante de Teologia em nossa Faculdade,incansvel pesquisador de problemas exegticos, estudou J 26:5 sob ottulo: Suposto Embarao na Doutrina da Imortalidade.

    Destaco de sua anlise as citaes seguintes:1) "O vocbulo refain sucede 8 vezes no TM com a acepo capital

    de 'sombras', conforme Gesenius, Driver e Koeher, os trs maisautorizados lxicos da lngua semtica, vetero-testamentria conferindocom a monumental concordncia Wigran.

    2) Deploravelmente os imortalistas da SBB foraram sobremodo atraduo do texto em lide, pondo em dificuldade os defensores do estadode inconscincia na morte. A verso Almeida Atualizada, mais do quequalquer outra, no texto em foco arbitrria, aliteral, destituda de

    fundamento gramatical.3) Adam Clarke de parecer que J estaria fazendo aluso a esses

    antediluvianos sepultados sob as guas, bem como aos grandes animaisaquticos. Nesse caso o termo hebraico refaim (forma aportuguesada),

    primacialmente sombras, tomaria a conotao de espectros, figurasmonstruosas, criaturas gigantescas, interpretao vivel semanticamente.O livro de J estilisticamente potico, o que permite dar ao texto em

    discusso sentido alegrico, figurativo.4) Dessa investigao exegtica podemos inferir que inescrupulosa pretenso querer que o texto diga o que no diz. Lanarmo de J 26:5, para respaldar a doutrina da imortalidade natural dohomem, atestar falta de conhecimento de causa. As evidncias textuaisno favorecem, e muito menos admitem a insero, ou melhor, aintromisso de palavras na construo original. A parfrase s

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliapermitida quando seu sentido no se desvia da fonte primria. Traduoe uma coisa; interpretao outra. Unicamente a partir da verso literal que se pode dar uma interpretao abalizada, coerente ou pelo menos

    mais confinada com a verdade, com a realidade dos fatos".Quero concluir esta anlise com um apelo, que ao mesmo tempoum desejo.

    Espero que em edies posteriores, os esclarecidos amigos daSociedade Bblica, reconsiderem este verso e o apresentem com umatraduo mais harmoniosa com o original hebraico.

    Referncia:

    1. Revista Adventista, setembro, 1970, pg. 11.

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    Leia e Compreenda Melhor a Bblia

    EXEGESE DE ISAAS 7:14

    A PROMESSA A RESPEITO DE EMANUEL

    Isaas chamado pelos estudiosos como o maior dos profetas doVelho Testamento, o "rei de todos os profetas". Chega a sercognominado "a guia entre os profetas" e o evangelista da antigaaliana. O significado do seu nome, em hebraico, bem apropriado parao carter de seus escritos "Yeshayahu", cujo sentido = Yahweh asalvao.

    Sua capacidade estilstica impressionante, seus recursos para criarfiguras literrias nos enleva. Sabedores de que a maior parte do seu livrofoi escrito em forma de poesia, para surpresa de alguns, ele considerado omaior poeta do Velho Testamento.

    Comentaristas na Introduo aos Profetas, daBblia de Jerusalm, odenominam de poeta genial. O brilho do estilo, a novidade das imagens

    fazem dele o grande clssico da Bblia.Para bem compreender o verso de Isa. 7:14, ele deve ser estudado

    em seu contexto histrico, em seu problema gramatical e em suasimplicaes teolgicas.

    I Contexto HistricoO livro de Isaas tem sido dividido por alguns em duas partes:1) Abrangendo 39 captulos;

    2) Compreendendo os demais 27 captulos.A primeira parte est dividida em 5 sees.Com o captulo 7 comea a segunda seo, onde se descreve a

    aliana da Sria com o reino de Israel (Efraim) contra Jud, no reinado deAcaz. Se a cronologia nos informa que Acaz comeou a reinar em 735AC, estes eventos se realizaram em 734.

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaA Sria governada por Rezim, e Israel administrado por Peca, o

    perverso assassino do rei Pecaas, aliaram-se com o inquo objetivo desubjugar o reino de Jud e obrig-lo a cooperar com eles na campanha

    militar contra a poderosa e agressiva Assria. Com a ameaa de umataque iminente, o rei de Jud e o povo ficaram aterrorizados e cheios degrande perturbao.

    Acaz, de personalidade tbia e pusilnime, ferido em seu amorprprio devido primeira derrota frente a Peca e Rezim, cometeu ainsensatez pecaminosa de pedir auxlio ao rei assrio. Ainda mais,amedrontado, tomou a prata e o ouro da casa do Senhor, e os tesouros dacasa do rei e os enviou a Tiglate-Pileser com a declarao vexatria: "Eusou teu servo e teu filho; sobe e livra-me do poder do rei da Sria e do

    poder do rei de Israel, que se levantam contra mim", como nos relata IIReis 16:7-9. Diante desta situao aflitiva, Isaas recebeu de Deus aincumbncia sagrada de procurar Acaz com alguns objetivos.

    1) Apresentar-lhe uma mensagem estimulativa da parte de Deus:"Acautela-te e aquieta-te, no temas nem desanime o teu corao". Isa.7:4. Em outras palavras ele queria dizer: no h nenhuma necessidade

    para preocupao, j que numa elegante metfora, ele compara os doisreis a pedaos de ties fumegantes, pois se outrora eram perigosos,agora seu poderio estava quase extinto. Em sua entrevista com Acaz, o

    profeta procurou anim-lo, transmitindo-lhe a seguinte mensagem: sedepositasse confiana no Senhor haveria livramento. Rezim e Peca em

    breve desapareceriam como bolhas de sabo.2) Isaas, com seu acendrado esprito religioso, combateu

    tenazmente a aliana com poderes pagos, porque previa os males queviriam para Acaz e para o povo de Deus.A mensagem do profeta ao rei alarmado era de confiana em Deus,

    culminando com a declarao do verso 9: "se o no crerdes, certamenteno permanecereis". Nesta afirmativa do profeta, h um notveltrocadilho hebraico, que difcil transmitir numa traduo.

    Eis algumas tentativas para reproduzir o efeito original:

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    Leia e Compreenda Melhor a Bblia"Sem f no h fixidez"."Sem confiana forte no h forte de confiana"."Sem confiana no h permanncia".

    As conseqncias de rejeitar a orientao divina so evidentes no

    relato sagrado:Politicamente Acaz se v transformado num simples vassalo da

    Assria. Na esfera religiosa, rejeitando a promessa de libertao que o

    mensageiro do Senhor lhe oferecera, entregou-se inteiramente aopaganismo. II Reis 16:10-18.

    Tanto se afastou de Deus, que chegou a passar o seu filho pelo

    fogo, influenciando com seu comportamento negativo o declnio espiritualde todo o povo. Altares pagos foram erigidos por toda a parte, inclusiveno templo em Jerusalm, fazendo com que o culto ao verdadeiro Deus seextinguisse.

    Quando Isaas viu, que tanto o rei quanto os seus subordinados,desprezaram a mensagem divina, ele silenciou por algum tempo o seuministrio pblico.

    3) Sugeriu que Acaz pedisse um sinal como evidncia de queestava diante de um verdadeiro profeta de Deus. J que no crs naspalavras do profeta, pede um sinal, uma garantia ou evidncia que te assegure que Deus cumprir a promessa de salvar o Seu povo.

    Acaz respondeu: "No o pedirei nem tentarei ao Senhor". Isa. 7:12.Sua declarao era uma sada hipcrita sob o pretexto de que

    guardava a lei. (Deut. 6:16)Se tentar a Deus pr Deus em uma prova, o pedir o sinal que era

    oferecido por Ele no seria tent-Lo.A razo primordial para rejeitar o sinal, era que ele no estava

    disposto a submeter-se vontade de Deus, ou estava receoso de que oobrigasse a alterar a poltica externa que adotara.

    Diante da atitude de Acaz recusando-se a pedir um sinal, Isaas lhediz que Deus lhe daria o sinal.

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    Leia e Compreenda Melhor a Bblia"Eis que a virgem conceber, e dar luz um filho, e lhe chamara

    Emanuel". Isa. 7:14.Este sinal dado por Deus a demonstrao mais convincente de Sua

    interveno e direo na Histria.No livroA Profecia de Isaas de A. R. Crabtree, pg, 157 h estaafirmao: "Talvez no haja outra profecia no Velho Testamento quetenha produzido mais perplexidade e mais discusso do que estesversculos sobre o sinal que Deus deu a Acaz".

    Corrobora com esta afirmativa Albert Barnes em Notes on the OldTestament, vol. 8, pg. 157, ao declarar "... no existe nenhuma profeciano Velho Testamento da qual se tenha escrito tanto, e que tem produzidomais perplexidade entre os comentaristas do que esta".

    Os versos 17 a 25 apresentam uma terrvel descrio de como elesseriam assolados em virtude da rejeio do sinal.

    II O Problema GramaticalIsaas 7:14 uma passagem extremamente difcil de ser traduzida.

    Temos aqui um dos mais controvertidos problemas textuais de toda aBblia.

    O pomo da discrdia se encontra na palavra "almah", que temtrazido para os intrpretes uma longa e complicada discusso.

    Tradues da Bblia como a Septuaginta, King James Version,Almeida tanto a Revista e Corrigida como a Atualizada a traduzem por"virgem". Outras mais fiis ao original hebraico como a RevisedStandard Version, a de Moffatt, New English Bible e A Bblia deJerusalm preferem traduzi-la por jovem ou mulher jovem. Diante destas

    declaraes a primeira pergunta que se levanta esta: qual a traduoprefervel para "almah"? Virgem ou jovem?Afirmam alguns, peremptoriamente, se os tradutores da

    Septuaginta traduziram a palavra "almah" para v a virgem, e se no podemos descrer do conhecimento que tinham dohebraico os que fizeram o trabalho, ento no assiste nenhuma razo

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliaqueles que insistem que em Isa. 7:14 o termo tem que ser traduzido parauma jovem na idade de se casar.

    O traduzir de uma maneira ou de outra sempre cria problemas:

    Tradicionalmente sempre se defendeu a traduo para virgem, por seraparentemente a nica a predizer claramente o nascimento virginal deCristo. Mas se esta passagem uma profecia referente a uma criana quedeveria nascer como sinal para o rei Acaz, a me desta criana no

    poderia ser virgem porque criaria um problema de ordem teolgica.Sendo que outras tradues trazem "mulher jovem", exegetas intervmdeclarando que este procedimento elimina uma doutrina fundamental daBblia, o maravilhoso nascimento virginal de Cristo.

    O livro Problems in Bible Translation, nos informa que a palavra"almah" aparece nove vezes no Velho Testamento, mas que difcilespecificar exatamente o seu real significado. Conclui dizendo que"almah" designa simplesmente uma "mulher jovem" em idade decasamento, quer noiva ou no, casada ou no, virgem ou no". Pg. 168.

    O vocbulo hebraico para virgem "bethulah" que aparece 50 vezesno Velho Testamento.

    C. G. Tuland, concluiu seu artigo no Ministrio Adventista, maro-abril de 1969, pg. 19, explicando Isa. 7:14, da seguinte maneira:"Portanto, no parece ser justificvel traduzir "almah", "mulher jovem",em Isa. 7: 14, por virgem. A nica traduo coerente a da R.S.V.: "Eisque uma mulher jovem conceber, e dar luz um filho".

    A. R. Crabtree, no livroA Profecia de Isaas, pg. 158, defende tesecontrria, com bastante dogmatismo, ao afirmar que "almah" em Isa. 7:14

    deve ser traduzida por virgem, havendo assim um nascimento milagrosono tempo de Isaas, semelhante ao de Cristo, sem se preocupar com oprofundo problema teolgico envolvido nesta interpretao.

    Sendo que este mesmo autor declara que quase todas as palavras seusam em mais de um sentido, informando-nos tambm que asignificao de qualquer palavra deve ser determinada pelo uso nocontexto, pelo sentido com outras passagens bblicas, e em relao com o

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliaensino geral da Bblia sobre o mesmo assunto, no seria melhor concluirque Isaas a empregou, no sinal para Acaz com o significado de jovem, eMateus fazendo uma aplicao messinica do mesmo verso usa a palavra

    parthenos ou virgem?Quem seria a jovem de Isaas 7:14?Trs possibilidades tm sido sugeridas:1) Seria a prpria esposa de Isaas;2) Outros advogam que esta jovem fosse a esposa do prprio rei

    Acaz, pois ele tinha nesse tempo 21 anos;3) Um terceiro grupo, menos numeroso, mas com possibilidades

    verossmeis, defende a tese de ser outra jovem da famlia real,bastante conhecida a eles, mas a ns desconhecida.

    Pessoalmente, baseado no contexto bblico (Is. 8:3), creio que a jovem era a prpria esposa de Isaas. Conferindo Isaas 1:1 com 6:1concluiremos que o profeta estava no incio de seu ministrio, que seestendeu por meio sculo aps este evento.

    III Implicaes TeolgicasA verdade do nascimento virginal de Cristo est implcita atravs

    das Escrituras, portanto no precisa ser confirmada por uma palavrahebraica de Isaas 7:14.

    Se a traduo de "almah" por virgem, cria um problema de naturezateolgica, por no poder ser aplicvel no tempo de Isaas; outro problemanada inferior a este seria se Isaas houvesse usado a palavra "bethulah" parauma outra ocorrncia alm do nascimento virginal de Cristo.

    Se os exegetas defendessem que Isaas 7:14 profetizava um

    nascimento virginal milagroso, teriam tambm de aceitar que estacriana teria a mesma natureza divino-humana e o mesmo poder queJesus possua.

    Das muitas explicaes propostas, visando solucionar o problema, olivroProblems in Bible Translation, pg. 151, destaca estas 4:

    1) Isaas 7:14 no constitua uma verdadeira profecia de eventos,quer no tempo de Cristo ou no de Isaas;

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    Leia e Compreenda Melhor a Bblia2) Cumpriu-se de alguma maneira desconhecida nos dias de Isaas

    e no de outra forma;3) Apontava ao futuro exclusivamente para o nascimento de Cristo;

    4) Era uma profecia dupla, aplicvel tanto aos dias de Isaas,quanto ao nascimento do Messias.A primeira explicao insustentvel para quem acredita na

    inspirao das Escrituras.O segundo ponto de vista nega a inspirao de Mateus.A aceitao de que a aluso apontava unicamente para o nascimento

    de Cristo despreza completamente o contexto e o ambiente histrico deIsaas 7:14.

    A quarta soluo proposta a nica totalmente consistente, com oconceito de que tanto Mateus quanto Isaas foram inspirados.

    O estudo atento do texto hebraico e das varias interpretaespropostas, nos levam concluso de que em Isaas 7:14 temos umaprofecia messinica.

    Este texto deve ser includo entre as profecias messinicas peloprincpio do duplo cumprimento comum a muitas profecias bblicas,

    como nos confirmam os seguintes exemplos.1) A promessa feita a Abrao nos seus descendentes (Gn. 13:16;

    15:5), e um descendente, que Cristo (Gl. 3: 16).2) A profecia de Mateus 24, se cumpriu primeiramente na

    destruio de Jerusalm, no ano 70 da nossa era; mas, o seucumprimento final ser no fim do mundo.

    Da mesma forma, a promessa a respeito de Emanuel, teve uma

    aplicao imediata e primria da libertao temporria de Jud nos diasde Acaz, mas depois de 730 anos, numa aplicao secundria de outrolivramento do inimigo, atravs da encarnao de Cristo, iniciando assimo perodo da salvao espiritual e de paz com Deus.

    O nome Emanuel, dado criana dos dias de Isaas, foi mudadodiante da recusa de Acaz de submeter-se a Deus. Isaas foi instrudo acolocar na criana o nome de Maher - Shalal - Has - Baz.

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaA promessa a respeito de Emanuel poderia ser sintetizada nestas

    palavras: uma promessa de plena e absoluta confiana, de que omesmo Deus que no desampararia os seus filhos no tempo de Isaas. Ele

    atravs do nascimento de Cristo est conosco no eterno concerto dagraa para nos salvar, jamais desamparando o Seu povo, antesprotegendo-o e guardando-o para a glria futura.

    Enfatizemos mais uma vez a idia contida em Isaas 7:9: "Se o nocrerdes, certamente, no permanecereis." Esta confiana absoluta, penhorda salvao (Is. 28:16) nos mostra que no podemos confiar em coisasou em pessoas.

    Que a promessa apresentada por Isaas a respeito de Emanuel Deus conosco esteja sempre conosco e que a transmitamos aos outros

    para sua e nossa salvao.

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    Leia e Compreenda Melhor a Bblia

    CRIA DEUS O MAL?

    "Eu formo a luz, e crio as trevas; fao a paz, e crio o mal; eu o Senhorfao todas as coisas". Isa. 45:7.

    A declarao de Isaas, que Deus cria o mal, tem deixado a muitosleitores da Bblia desorientados, por entenderem que tal declarao nose coaduna com o carter divino.

    Atentando para alguns princpios exegticos e certas peculiaridadesda lngua hebraica tudo se esclarecer.

    "A palavra hebraica para designar o mal 'ra e pode significar omal moral, a natureza perversa, como tambm pode significar malescomo inundaes, terremotos, tempestades de granizo, etc., referidos noslivros da lei como sendo 'atos de Deus'. Aqui no livro de Isaas a palavra empregada neste ltimo sentido. Basta comparar com Isaas 47:11,onde o mal se define como uma 'desolao' e 'calamidade' que vir

    repentinamente. E em Ams 3:6 lemos: 'Suceder algum mal(calamidade) cidade, sem que o Senhor o tenha feito?'

    "Tanto os profetas maiores como os menores profetizaram deinvases e calamidades, que Deus permitiu que acontecessem sobre Seu

    povo devido obstinao deste. Deus tolera por muito tempo homens enaes, mas em Seu dio ao pecado, permite que desastres finalmente seabatam sobre os impenitentes. E, permitindo isto, se diz que Ele 'cria o

    mal'."Tudo que Deus faz correto. Satans que cria o mal no sentidode origin-lo diretamente, tendo em vista desviar de Deus as almassinceras". 1

    Temos nesta passagem um idiomatismo hebraico, pois, os livrosespecializados em estudar a linguagem figurada na Bblia nos informam,

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliaque verbos ativos eram usados pelos hebreus para expressar no aexecuo de algo, mas a permisso disso que se diz que o agente faz.

    Os seguintes exemplos so esclarecedores:

    xo. 4:3 - "Eu, porm, endurecerei o corao de Fara" (isto ,permitirei ou tolerarei que seu corao seja endurecido)xo. 5: 22 - " Senhor, por que afligiste este povo?" (toleraste que

    ele fosse afligido).Jer. 4:10 - Ah! Senhor Deus! verdadeiramente enganaste a este

    povo e a Jerusalm, dizendo: Tereis paz.." O sentido este: (Tolerasteque este povo fosse enganado pelos falsos profetas, que diziam: Tereis

    paz).Os exemplos supracitados confirmam, que em Isa. 45:7 o profeta

    queria dizer que Deus permite o mal." 'Crio o mal'.. Deus o autor da luz e da paz. Ele permite o mal

    para que os homens e os anjos possam testificar o resultado doafastamento dos eternos princpios da justia. Na Escritura, Deus muitasvezes, representado como causando aquilo que Ele no evita" 2

    Se Deus Bom por que existe o mal no mundo?Esta pergunta, ou outras mais ou menos semelhantes, sempre nos

    so apresentadas. Para uma resposta cabal a esta indagao muitas emuitas pginas seriam precisas.

    Limitemo-nos s partes principais da resposta dada, na RevistaAdventista, janeiro de 1960, pg. 36, a algum que enfrentava este

    problema.

    Abramos, no entanto, quando mais no seja, um caminho soluode um assunto to difcil como este se afigura.Deus poderia haver feito o homem de duas maneiras: livre, ou no

    livre. No h aqui meios termos como no os h entre o ser e o no ser.Bem, se Deus houvesse feito o homem sem o direito de liberdade,

    ou livre arbtrio, em nada nos diferenciaramos de um rob, um bonecomecnico em mos de nosso dono, nesse caso, Deus.

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaNo existiria o saber, nem a cultura, nem o progresso feito pelo

    prprio homem, no poderamos render culto a Deus nem am-Lo,porquanto no teramos vontade prpria; nada haveria em ns que a Ele

    nos assemelhasse, pois nossa semelhana com Deus consistebasicamente em nosso livre arbtrio.Ora, como Deus no faz as coisas sem significao, fez o homem

    com livre arbtrio, isto , f-lo segundo a outra alternativa.Deu-lhe a possibilidade de escolher entre o bem e o mal, com a

    conseqente possibilidade de fazer o bem e de fazer o mal. Deus fez ohomem bom, cumulou-o de todos os dons, p-lo como senhor de toda aTerra, e deu-lhe inclusive o precioso dom, a possibilidade de amar.

    Claro est que necessariamente, como reverso da moeda, estapossibilidade de amar trazia consigo a outra terrvel possibilidade odiar,infelicitar. Mas, se o homem odiava, no era porque Deus o queria, e sim

    porque empregava mal esse dom nico e sagrado da liberdade...Mas se Deus queria criar um homem, este devia ter a liberdade para

    am-Lo e obedecer-Lhe, mesmo com risco da possibilidade do mal. Seh maldade no homem e no mundo, no porque Deus o haja querido,

    pois Ele fez o homem bom, e este, ao empregar mal o dom da liberdade,fez-se mau a si mesmo.

    Assim, pois, nada afeta a bondade de Deus o fato de o homem sehaver tornado mau. Pelo contrrio, esse fato mostra at aonde Deus nosamou, visto que nos deu o dom de poder am-Lo e nos fez semelhantes aEle no amor, mesmo com risco de que nos rebelssemos contra o Criadore O ofendssemos em lugar de bendiz-Lo. Pode-se acaso pensar em

    mais amor e mais bondade?

    Referncias:

    1.Revista Adventista, maio de 1975, pg. 27.2. Seventh-Day Adventist Bible Commentary, vol. IV, pg. 267.

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    EXPLICAO DE ISAAS 65:20"No haver mais nela criana para viver poucos dias, nem velho que

    no cumpra os seus; porque morrer aos cem anos morrer aindajovem, e quem pecar s aos cem anos ser amaldioado". Isa. 65:20

    IntroduoNossas publicaes "O Atalaia" e "Revista Adventista" atravs das

    sees de consultas, em vrias ocasies, tm procurado solucionar oproblema desta passagem.

    Uma pesquisa feita nestas fontes revelar o seguinte: dasexplicaes dadas, algumas so inaceitveis por serem vagas e obscuras;outras chegam at a entrar em contradio. Embora os estudiosos notenham chegado a uma uniformidade sobre o sentido exato daquilo que o

    profeta tencionava dizer, apresentaremos algumas de suas idias,

    concluindo com uma interpretao que parece ser mais consentnea como contexto, os princpios exegticos e as doutrinas bblicas.

    ComentriosMuitos leitores da Bblia ficam perplexos ao lerem esta passagem,

    porque se a tomarem literalmente, ela fala em morte e pecado na NovaTerra, enquanto outros versos bblicos so explcitos em declarar que

    estas coisas no existiro no cu. A Bblia bastante clara em afirmarque na Terra renovada as pessoas no morrero e pecadores no teroacesso ao Paraso. Diante destes problemas, alguns julgam que estas

    palavras tm sentido figurado, e outros apresentam interpretaesforadas, sem base no contexto e no condizentes com os ensinamentosescritursticos.

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaA introduo do vol. IV do SDABC til na elucidao deste

    problema."Os adventistas do stimo dia crem que, falando de modo geral, as

    promessas e predies dadas pelos profetas do Velho Testamentoaplicavam-se originalmente ao Israel literal, e a eles deviam ter-se cumpridosob condio de que obedecessem a Deus e permanecessem leais a Ele.Mas as Escrituras registram que eles desobedeceram a Deus e sedemonstraram infiis a Ele".

    Tecendo consideraes sobre Isa. 65:20 este mesmo comentriodeclara:

    "Nos versculos 17 a 25 Isaas descreve os novos cus e a nova terraque teriam sido instaurados se Israel atendesse s mensagens dos profetas

    e cumprisse o propsito divino aps a restaurao do cativeiro. Israel falhou;portanto, em aplicao secundria, esses versculos apontam para os novoscus e a nova Terra a serem estabelecidos no fim do milnio. No entanto, adescrio deve ser interpretada primeiro sob o aspecto de sua aplicaolocal, e a aplicao secundria s deve ser feita luz do que os escritoresdo Novo Testamento e o Esprito de Profecia dizem a respeito da vidafutura".

    Dentre os expositores adventistas de textos difceis, inegavelmente

    o que mais se projetou foi Francis Nichol, porm sua explicao paraeste verso de Isaas no nos satisfaz plenamente. Suas idias poderiamser concentradas nestas palavras:

    "Isaas 65:20 trata das condies existentes na Nova Terra, bem comodas circunstncias para restaurar a Terra e exterminar o pecado. Este versodeve ser estudado em conexo com Apoc. 20 a 22.

    "Aps o milnio haver um perodo de tempo suficiente longo para queos mpios se organizem visando destruir o arraial dos santos. Cem anos ser

    o perodo entre a ressurreio dos mpios e sua destruio final. O mpio quemorrer depois de cem anos de existncia, sua idade depois da ressurreio,ser considerado como uma criana, comparado com a durao da vida dosremidos que eterna".

    O eminente exegeta Dr. Ado Clarke declara sobre esta passagem:"A pessoa viver trezentos ou quinhentos anos como nos dias dos

    patriarcas e se algum morrer aos cem anos por causa do seu pecado; e

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliamesmo naquela idade ser considerado uma criana, e diro dele morreuum infante".

    Da explicao dada pelaReview and Herald, 11/12,/1958, para Isa.65:20 destacamos esta parte:

    "H contudo, um princpio de interpretao exposto claramente naBblia e no Esprito de Profecia, que permite uma compreenso dessapassagem, sem a forar nem lhe dar sentido alegrico, e que ao mesmotempo lgica e positiva. Resumindo, o princpio o seguinte: Os profetas deIsrael e Jud, que prediziam para o povo escolhido um futuro grandioso, issofaziam na pressuposio de que o povo cumprisse o destino traado porDeus...

    "De acordo com esse princpio, a passagem de Isaas descreve

    condies que teriam prevalecido no caso de Israel ter atendido luz doCu. No estabelecimento de Jerusalm como a poderosa metrpole daTerra, teria havido um perodo em que as condies ali descritas se teriamcumprido ao p da letra. Com a beno de Deus a repousar sobre o Seupovo, ter-se-ia abolido a morte prematura. Isso e o que Isa. 65:20 prediz. Atraduo de Goodspeed d assim a ltima parte do versculo 20: 'O maisjovem morrer com cem anos de idade, enquanto aquele que no alcanarcem anos ser considerado maldito'. Ter esta passagem qualqueraplicao ao futuro? Sim. Com o fracasso de Israel, as promessas feitas aoIsrael antigo se cumpriro na igreja crist; no, porm, em todos ospequeninos pormenores. Escritores do Novo Testamento nos informamacerca da maneira e alcance desse cumprimento. Da, essas profeciasantigas devem sempre ser estudadas luz da revelao do NovoTestamento".

    Para melhor compreenso deste verso seria til ler o contextoreferente poca pr-exlica, especialmente os captulos 63, 64 e 65. Nocaptulo 63 o profeta inicia uma fervorosa orao para que Deus mudassea terrvel situao em que Israel se encontrava, destacando o deplorvelestado de Jerusalm e do templo (64:10-11). Deus respondeu suafervorosa prece, a qual est relatada no captulo 65. Nesta orao apresentada a situao dos que rejeitaram as advertncias divinas edaqueles que as aceitaram.

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    Leia e Compreenda Melhor a BbliaA leitura dos versos 18 e 19 nos mostram que o relato se refere a

    Jerusalm terrestre.Para o profeta a vida seria to diferente depois do cativeiro e se

    prolongaria de tal maneira que quem morresse aos cem anos seria aindajovem.Outros estudiosos declaram que com referncia ao Israel literal a

    expresso "no haver mais nela criana para viver poucos dias"significa a promessa divina de acabar com a mortalidade infantil.

    A declarao "nem velho que no cumpra os seus dias" para Isaasindicava que os ancios no morreriam antes de haver vivido todo o

    perodo designado por Deus.A proposio: "porque morrer aos cem anos morrer ainda jovem"

    tem dado mais trabalho aos exegetas, mas como declarou Ado Clarke seo profeta esperanosamente almejava um perodo de vida de mais detrezentos anos, aos cem ele seria ainda jovem.

    A parte final do verso "quem pecar s aos cem anos seramaldioado" apresenta um problema de traduo, porque de acordocom o hebraico assim deveria ser traduzida: o que no atingir os cem

    anos porque amaldioado. O verbo hebraico "chatah" significaatingir, no apresentando a idia de pecador.

    As tradues de Moffatt e The New English Bible confirmam o queestamos defendendo a exemplo da de Goodspeed, j mencionada nestetrabalho.

    "L nenhuma criana morrer novamente ainda infante, nenhum velho

    deixar de viver at o fim sua vida, todo menino viver seus cem anosantes de morrer, e quem quer que no alcance os cem seramaldioado". N. E. B.

    "Nenhuma criancinha morrer mais na infncia, e nenhum velho queno tenha vivido at o fim seus anos de vida; o que morre mais jovem

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    Leia e Compreenda Melhor a Bbliavive cem anos; qualquer que morrer abaixo de cem anos porque foi

    amaldioado por Deus". Moffatt

    ConclusoA Revista Adventista de abril de 1958, pg. 36 assim concluiu aexplicao para esta passagem:

    "Afinal o que necessrio para a nossa salvao acha-se na Bbliamedianamente claro. No ser melhor deixar descansar o to discutidoIsaas 65:20, como uma passagem difcil demais para a nossacompreenso, e inteiramente dispensvel para a nossa salvao? Docontrrio, Deus nos teria revelado seu sentido".

    De todas as explicaes apresentadas, a mais razovel parece ser aventilada neste estudo, isto , que o verso se refere a Jerusalm literal,que se teria cumprido se os israelitas tivessem sido fiis a Deus.

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    Leia e Compreenda Melhor a Bblia

    O CASAMENTO DE JOS COM MARIA

    "Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua me,desposada com Jos, sem que tivessem antes coabitado, achou-se

    grvida pelo Esprito Santo." Mat. 1:18,RA

    ABblia de Jerusalm assim o traduz:"A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria sua me, comprometida

    em casamento com Jos, antes que coabitassem achou-se grvida peloEsprito Santo". Mat. 1:18,BJ

    Esta mesma Bblia traz a seguinte nota para este