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Faça novos amigos e mate os antigos... Ariana Osgood tem tudo o que ela sempre quis. Um lugar na elite do internato Atherton-Pryce. Amigas fabulosas. Uma nova paixão. E o mais importante, uma nova identidade. Agora que ela está oficialmente se tornando Briana Leigh Covington, o passado conturbado de Ariana está morto e enterrado. Ou não está? Quando a única pessoa que sabe o segredo dela chega ao campus, Ariana decide que é hora de dizer adeus a sua ex-melhor amiga — para sempre.

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KATE BRIAN

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FAÇA NOVOS AMIGOS E MATE OS ANTIGOS...

Ariana Osgood tem tudo o que ela sempre quis. Um lugar na elite do internato Atherton-Pryce. Amigas fabulosas. Uma nova paixão. E o mais importante, uma nova identidade. Agora que

ela está oficialmente se tornando Briana Leigh Covington, o passado conturbado de Ariana está morto e enterrado.

Ou não está?

Quando a única pessoa que sabe o segredo dela chega ao

campus, Ariana decide que é hora de dizer adeus a sua ex-melhor amiga — para sempre.

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Traduzido por Ivana

primeira coisa que Ariana Osgood notou foram os sapatos de Kaitlynn Nottingham — aquelas lindas sandálias em couro marrom da Marc Jacobs. Em seguida, ela estudou lentamente com o olhar os pés perfeitos de sua

inimiga e logo acima suas pernas longas e recentemente depiladas. Ela encarou a calça apertada, o suéter cor de rosa, o cabelo perfeitamente curto e arrumado. Então finalmente, ela olhou nos olhos de Kaitlynn. Olhos verde jade, que brilhavam com malevolência.

Em momentos de fúria intensa, a mente de Ariana Osgood se prendia aos detalhes. As coisas que ela poderia catalogar, analisar, arquivar em sua memória. E sua obsessão particular eram sapatos. Onde diabos Kaitlynn tinha conseguido dinheiro para comprar sandálias Marc Jacobs?

Mas, em seguida, Ariana já sabia a resposta desta pergunta: Kaitlynn tinha conseguido o dinheiro com ela. Aquele um milhão de dólares no qual Ariana tinha derramado sangue, suor e lágrimas para conseguir — o um milhão de dólares que Kaitlynn deveria estar usando para começar uma nova vida na Austrália — tinha sido, pelo menos parcialmente, usado para garantir um novo guarda-roupa, um corte de cabelo caro e alguns sapatos maravilhosos. Todas as coisas que fariam Kaitlynn se encaixar perfeitamente em Atherton-Pryce Hall. No campus, onde as duas estavam agora, com a tarde se tornando uma noite de verão, de frente a uma centena de estudantes conversando alegremente.

— Você está bem, Ana? — Kaitlynn perguntou, inclinando a cabeça com uma falsa preocupação. Ela tinha acabado de se apresentar como Lillian Oswald. Nome muito próximo ao nome da mãe de Ariana, Lillian Osgood. Kaitlynn o tinha escolhido claramente com intenção de irritar Ariana. — Você parece um pouco fraca.

— Ela está certa, Ana — Brigit Rhygsted concordou, pegando o braço de Ariana. — Você não comeu nada desde a corrida de hoje de manhã? Devíamos pegar um pouco de comida para você. — Ela apontou para a parede oposta da sala, onde alguns rapazes estavam cumprimentando uns aos outros. — Há uma mesa ali cheia de porcaria que eu não posso comer. Quer que eu pegue alguma coisa? Ou talvez Lily pegue. Estou em uma dieta — ela explicou para Kaitlynn. — Eu provavelmente não deveria sequer chegar perto daquela mesa. Eu não tenho nenhuma força de vontade.

Os dedos de Ariana se enrolavam. Era quase engraçado Brigit tagarelando sobre suas lutas com a comida como se isso tivesse alguma importância agora. Mas,

A

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a verdade é que ela não tinha ideia de que havia uma séria batalha de oponentes acontecendo bem na frente dela. Até onde ela sabia “Ana Covington” e “Lillian Oswald” nunca tinham se visto antes deste momento.

— Não, obrigada. Estou bem — disse Ariana por entre os dentes, levantando o queixo para mostrar a Kaitlynn que ela não iria se desesperar com sua presença. Mesmo que tivesse sido exatamente isso o que tinha acontecido naquele momento em que ela viu Kaitlynn na quadra lotada. A festa continuou animada e lotada, mas tudo que Ariana podia fazer era abraçar a si mesma firmemente em uma tentativa de acabar com os tremores em seu corpo induzidos pela raiva que ela sentia.

A poucos metros de distância, Palmer Liriano riu e Ariana encontrou-o com os olhos, tendo então um momento de alívio. Ele estava perto de uma mesa de sanduíches e lanches, rindo junto com dois de seus melhores amigos, Christian Brooks e a estrela pop internacional Landon Jacobs. Ariana se fixou em seu belo rosto, seu sorriso despreocupado, a forma como a brisa jogava seu cabelo preto na sua testa, esperando que o vislumbre de sua paixão — o cara que ela logo chamaria de namorado — a acalmasse. Mas não deu certo.

Kaitlynn Nottingham estava aqui. A única pessoa no planeta que poderia estragar o plano cuidadosamente definido de Ariana para uma nova vida — a pessoa que tinha jurado que estaria em um avião para outro país ainda esta noite, se Ariana desse o dinheiro que ela precisava — estava ali. No campus de Atherton-Pryce Hall. O lugar que era a nova casa de Ariana. Seu santuário.

E o inimigo o tinha invadido. Ela tinha usado o dinheiro de Ariana para abrir caminho no APH. E agora que ela estava ali, quem sabe o que ela vai fazer a seguir?

— Eu acho que ela está certa, Ana. Vamos pegar algo para comer — disse Kaitlynn incisivamente, apertando o braço de Ariana em suas mãos como se fosse prendê-la. Ariana imaginou sua pele derretendo sob o toque venenoso da menina. — Vamos. Vamos pegar um lanche e conhecer melhor uma a outra.

Por um momento, Ariana achou que Brigit seguiria junto, mas havia um claro tom de exclusão na voz de Kaitlynn, e os grandes olhos azuis de Brigit demonstraram que ela havia deduzido isso também. Quando Ariana olhou por cima do ombro para Brigit, a menina já tinha se juntado a Adam Lazerri, um bolsista que foi transferido para APH, em uma animada conversa.

Kaitlynn lançou Ariana na frente de uma das mesas de lanche e começou a encher um prato de vidro transparente com doces. Ao redor delas, grupos de amigos riam e fofocavam; alguns casais aventureiros tinham começado sua própria pista de dança no centro do círculo de mesas, e de vez em quando alguém gritava alguma saudação para a equipe de dourada e a multidão aplaudia e gritava em resposta. Todo mundo estava se divertindo, exceto Ariana.

— Antes que você possa envergonhar-se de ter que fazer todas as perguntas óbvias, deixe-me respondê-las — disse Kaitlynn levemente, dirigindo-se para a grande variedade de frutas, biscoitos, bolos e tortas em vez de olhar Ariana nos olhos. Ela falou em um volume suficiente para apenas Ariana ouvir. — Eu usei a maior parte do dinheiro que você me deu para garantir meu lugar na classe júnior do APH e nesta coisa de dormitório exclusivo que você e seus novos amigos chamam de Casa Privilege.

A raiva de Ariana aumentou para níveis nucleares. — Não. Você não pode — disse ela em voz baixa. — Você não pode estar na Casa Privilege.

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Não depois de todo o trabalho que Ariana tinha tido para chegar lá. Não depois que ela foi forçada a roubar de sua equipe para comprar o silêncio de Kaitlynn sobre sua verdadeira identidade. Não depois de trapacear na corrida de remo naquela manhã para garantir a vitória da Equipe Dourada. A Casa Privilege era o que Ariana almejava. A cereja brilhante que ela tinha ganho para si mesma — e para Palmer Liriano, Lexa Greene e o resto de sua equipe. Ela não tinha passado tantos problemas e corrido tantos riscos para que Kaitlynn Nottingham, de todas as pessoas, pudesse partilhar os despojos.

— Aparentemente eu pude — disse Kaitlynn alegremente, mordiscando um bolinho preto e branco. — Você ficaria surpresa com o quão difícil é para a administração do APH negar dinheiro. Parece que a recessão atingiu este lugar onde dói.

As unhas de Ariana escavaram na carne de seu antebraço. Isso tudo era demais para suportar. Era demais para absorver num espaço de dois minutos. Seu cérebro ainda estava absorvendo o fato de que Kaitlynn havia mentido para ela sobre seus planos de deixar o país. E agora ela deveria aceitar o fato de que a menina tinha enganado ela de novo? De que ela tinha forçado Ariana a levantar o dinheiro que iria comprar-lhe um lugar na vida de Ariana? E não apenas um local, mas um local significativo? A menina iria viver em seu edifício, entre seus amigos. Ariana ia ter de vê-la, falar com ela, lidar com ela todos os dias.

Mas não havia como negar. Kaitlynn estava bem ali. A apenas seis centímetros de distância. Apreciando seu cookie e sorrindo para a megaestrela Landon, o namorado secreto de Maria Stanzini, do outro lado da quadra.

— Quem é esse? — Kaitlynn perguntou, estalando um mirtilo em sua boca. — Ele é absolutamente delicioso.

A visão de Ariana começou a formigar com manchas cinzentas. Sua garganta fechou e sua pele queimava. Não havia nenhum ar. Ela estava ao ar livre em um belo fim de tarde de verão, a brisa farfalhando as folhas que pontilhavam o campus, mas não havia ar para Ariana.

Respire, Ariana. Apenas respire. Inspire, um... dois... três... Expire, um... dois... três... Inspire, um... dois... três... Expire, um... dois... três... — Oh meu Deus. Você não está quase a ponto de desmaiar, não é? — Kaitlynn

perguntou em um tom divertido, pegando outro mirtilo. Ariana piscou. As manchas cinzentas haviam dissipado. — Não. Eu não vou desmaiar. — Vadia, ela acrescentou silenciosamente. — Ótimo. Porque nós temos alguns assuntos para discutir — disse Kaitlynn,

cutucando Ariana mais longe da mesa, quando um grupo de alunos do segundo ano chegou em busca de uma corrida de açúcar extra. — Tenho certeza que a avó Covington está enviando algum tipo de subsídio semanal. Eu acho que é justo dividi-lo.

A mandíbula de Ariana apertou tão forte que ela tinha certeza que ela ouviu um estalo em seu dente. — Justo? Como, exatamente?

— Bem, porque você nunca teria conhecido Briana Leigh ou a avó C. se não fosse por mim — disse Kaitlynn com naturalidade, escolhendo um morango de seu

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prato e mordendo-o. — Você não estaria aqui agora, como uma milionária, se não fosse por mim. Na verdade, você deveria estar feliz que eu vou deixar você manter essa farsa.

— Então por que você me deixará mantê-la? — Ariana perguntou, genuinamente curiosa. Antes, quando Ariana e Kaitlynn tinha sido companheiras de cela na Penitenciária Feminina Brenda T. Trumbull, Ariana tinha pensado que ela sabia como a mente de Kaitlynn funcionava, tinha pensado que ela era doce, inocente, mas tudo isso havia sido uma grande mentira. Neste momento, a menina era um enigma completo.

Kaitlynn estalou a língua e inclinou a cabeça novamente, dando uma piscadela para Ariana. Seus lábios estavam manchados do suco do morango. — Porque eu quero você aqui. E você não pode manter a farsa sem dinheiro agora, não é?

— Você me quer aqui — disse Ariana duvidosamente. Os olhos de Kaitlynn arregalaram inocentemente. Ela parecia quase magoada.

— É claro que eu quero, Ana. Você é a única amiga que eu tenho. — Ela enganchou seu braço ao redor de Ariana de forma afável e olhou para fora do outro lado da festa lotada. Belos rapazes com camisetas do APH desgastadas e com sapatos oxfords conversavam com lindas meninas em roupas de grife, suas risadas e sussurros se misturavam na brisa. Lá em cima, as lanternas de papel branco e dourado saltavam e balançavam, penduradas em postes estabelecidos em um círculo ao redor da área da festa. No fundo, a música tocada com um volume baixo de alto-falantes escondidos. Kaitlynn soltou um suspiro de satisfação. — Você pode acreditar no quão longe chegamos? Há alguns meses atrás, você poderia ter imaginado que isso era possível?

Ariana pensou na cela minúscula que elas costumavam compartilhar na Brenda T., na vida melhor que ela tinha imaginado para si e Kaitlynn. É claro que naquela época ela não sabia que Kaitlynn era uma menina perversa que estava manipulando Ariana para obter essa vida.

— Nós realmente conseguimos, A. Você e eu. Eu não estou dizendo que foi tudo champanhe e rosas, mas nós conseguimos.

Ariana não comprou a encenação de Kaitlynn nem por um segundo. Elas nunca iam ser amigas. Se Kaitlynn realmente queria Ariana ali, era por qualquer razão que não seja amizade. Alguma razão obscura, sádica.

— Você é doente, você sabe disso, não sabe? — Ariana disse. Kaitlynn olhou para Ariana com o canto do olho. — Você vai ter que parar de

dizer essas coisas feias para mim, Ana, agora que vamos ser as melhores amigas do mundo novamente.

— Melhores amigas do mundo? Quem fala isso? — Ariana perguntou com um sorriso de escárnio.

— Lillian Oswald fala — disse Kaitlynn com um sorriso. — Ela tem um lado extremamente inocente. Eu encenei isso muito bem antes, não foi?

Ariana olhou-a, furiosa pela referência ao seu passado. — Você vai me dar esse dinheiro — disse Kaitlynn, passando o braço junto ao

de Ariana. — Você vai cooperar comigo. E enquanto você fizer isso, devemos conseguir exatamente o que nós queremos deste lugar.

— E se eu não cooperar? — perguntou Ariana.

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Kaitlynn balançou a cabeça, divertindo-se. — Você realmente tem que perguntar?

Brigit escolheu aquele momento para ir até elas como um coelho do Red Bull. — Ei pessoal! Christian colocou uma Rock Band nas escadas da capela. Ele está

na guitarra e eu estou na bateria, mas precisamos de uma cantora. Landon está se fazendo de “O pop Star” com relação a isso. Vocês cantam?

— Eu não canto — Ariana respondeu sem rodeios, esquecendo por um momento que ela deveria agradar essas pessoas. Mas ela estava muito ocupada tentando não explodir.

— Sério? Lexa disse que vocês costumavam fazer um dueto para todo mundo no acampamento — disse Brigit, franzindo a testa.

Ariana amaldiçoou sua má sorte. Claro que Briana Leigh cantava em shows de talentos. A menina foi a maior exibicionista que Ariana já tinha conhecido, com exceção, talvez, de Kiran Hayes, sua ex-amiga da sua antiga vida na Academia Easton.

As sobrancelhas de Kaitlynn arquearam com esta notícia. — Você tem uma velha amiga aqui, Briana Leigh? — ela disse, claramente se divertindo.

— Lexa Greene. Elas foram para o acampamento equestre juntas faz muito tempo — Brigit explicou amavelmente.

O sorriso de Kaitlynn aumentou. — Mas... que bom para você, Ana. Ariana se arrepiou. Ela e Kaitlynn sabiam que ter alguém no APH que havia

realmente conhecido a agora-falecida Briana Leigh Covington não era nada bom. — Você não tem ideia — disse Ariana, forçando um tom alegre. — Foi incrível

vê-la, e agora é como se nós nunca tivéssemos nos separado — acrescentou ela incisivamente. Só para Kaitlynn perceber que ela tinha tudo sob controle. — Mas eu realmente não canto mais — disse Brigit.

Brigit franziu a testa, brincando com a pulseira de plástico colorido que rodeava seu pulso. — Tudo bem. E você, Lillian?

Kaitlynn deu de ombros, ainda segurando o olhar de Ariana. — Eu posso cantar uma música. — Ela soltou o braço de Ariana e colocou o prato cheio de comida em cima da mesa, quase sem ter tocado. — Vejo você mais tarde, Ana!

Ela acenou com os dedos quando ela se virou e mergulhou na multidão com Brigit. Logo Landon e Adam se juntaram a elas e então, inevitavelmente, Palmer se juntou também. Maria, Lexa e Soomie Ahn estavam fora em algum lugar, tentando lidar com o recente rompimento de Lexa e Palmer. Mas se elas estivessem lá, Ariana tinha certeza que as três teriam ido bajular Kaitlynn também. Kaitlynn era assim, bonita, magnética, interessante.

E, irritantemente, difícil de se livrar.

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Traduzido por Ivana

a escuridão da noite, dezenas de estudantes saíam de vários dormitórios e faziam o seu caminho para o centro do campus com suas malas, caixas e mochilas. O Atherton-Pryce Hall foi construído em uma espécie de série de

círculos. O verde interno continha uma fonte borbulhante e foi circundado pelos prédios de salas de aula, escritórios e pela capela. O próximo círculo abrigava os dormitórios e na periferia ficavam os edifícios de artes, o ginásio e as quadras de jogos.

Ariana se juntou a massa de estudantes que se reunia ao redor da fonte, um burburinho animado enchia o ar. A atmosfera vertiginosa preenchia Ariana com um sentimento de extrema satisfação. Eles estavam todos ali por causa dela. Porque ela tinha sabotado as outras equipes da competição de remo naquela manhã. Não que ela pudesse um dia contar a alguém. Mas ainda assim. Ela era a benfeitora, e o pensamento a fazia se sentir efervescente por dentro.

Enquanto ela circulava em torno dos grupos de meninas tagarelas, mandando mensagens de texto e falando ao mesmo tempo, ela notava o grupo dos rapazes rindo, conspirando e paquerando as meninas. Ela procurou no meio da multidão os rostos de Lexa, Maria, Soomie e Brigit. E ao mesmo tempo manteve-se atenta para Kaitlynn também. Ela queria encontrar suas amigas antes de Kaitlynn encontrar.

— Ana! Aqui! — Lexa chamou. O sorriso de alívio de Ariana durou apenas um breve momento. De pé perto da

grande borda de pedra da fonte borbulhante estavam as quatro meninas que Ariana tinham começado a chamar de “suas amigas” durante a semana passada — e Kaitlynn Nottingham. A menina estava simplesmente em todos os lugares.

Colocando suas mãos em punhos, Ariana caminhou lentamente até elas. Todo mundo estava vestido com roupas largas e camisetas, prontos para a mudança e alguns começavam a socializar em suas novas habitações. Até mesmo Soomie, que estava sempre perfeitamente arrumada e penteada, estava com o cabelo escuro brilhante amarrado em duas tranças ao acaso e usava um moletom azul marinho do APH sobre jeans. Brigit estava tomando algum tipo de milk-shake, seu cabelo loiro curto balançava com a brisa, e Maria estava olhando em volta distraidamente, seu cabelo castanho claro para trás em um coque bagunçado, seu moletom Juilliard, parecia uns dois tamanhos maiores para seu corpo magro.

— Olá, senhoritas — disse Ariana, esboçando um sorriso animado no rosto, apesar de que tudo o que ela queria fazer era arrancar de uma vez os cabelos de

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Kaitlynn. Só então, Tahira Al Mahmood e Allison Rothaus, as outras duas pessoas mais detestadas por Ariana no APH, passaram, conversando em seus celulares enquanto puxavam suas enormes bagagens por trás delas. Os músculos do ombro de Ariana arrepiaram. Parecia que seus inimigos estavam se proliferando. Pelo menos Zuri Tavengua, uma das BFFs de Tahira, tinha escolhido ficar na Equipe Cinza e não se mudaria para a Casa Privilege.

— Ei, Ana, você já conheceu Lily? — Maria perguntou, deixando de roer suas unhas por um momento, para fazer um gesto a Kaitlynn — Ela acabou de ser transferida também.

O sorriso de Ariana endureceu. Ela não se virou para olhar para Kaitlynn. — Nós já nos conhecemos.

— Oi, Ana! — Kaitlynn disse radiante, obrigando Ariana a encará-la. Ariana encontrou seu olhar com frieza. De nenhuma maneira ela ia deixar

Kaitlynn se tornar parte de seu grupo. De jeito nenhum. — Bem, agora que estamos todas aqui, vamos indo — disse Lexa sorridente. Ela começou a passar através da multidão com suas malas. Só então as

dezenas de pessoas ao redor da fonte começaram a se mover, parecia que a posição de Lexa como líder era universalmente reconhecida. Imediatamente, Ariana colocou-se no mesmo ritmo de passo com ela, e as outras meninas formaram um grupo em torno delas. Ariana se perguntou onde estava Palmer. Sua pele formigava agradavelmente com o pensamento dele lá fora em algum lugar na escuridão, possivelmente olhando para ela.

E ele poderia não ser o único a estar observando. Desde que Lexa tinha revelado sobre as sociedades secretas no campus do APH, Ariana sentia constantemente como se estivesse sob algum microscópio gigante, e agora que ela estava indo viver na Casa Privilege, ela sentia isso mais do que nunca. Ela tinha certeza de que em breve a sociedade estaria recrutando novos membros, e Ariana estava determinada a ser um deles — determinada a conduzir-se de forma condizente com a sociedade ultrassecreta e exclusiva. Infelizmente, ela não estava inteiramente certa do que a sociedade estava procurando, mas ela sabia que Lexa Greene era um membro.

— Então... como você está? — Ariana perguntou a Lexa enquanto caminhavam lado a lado ao longo do caminho de paralelepípedos. Até este ponto, a notícia do rompimento de Palmer e Lexa já estava circulando por todo o corpo discente. Ao redor delas as antiguidades do campus brilhavam — as lâmpadas brilhavam com máxima iluminação, abrindo o caminho em direção à colina e o Wolcott Hall mais além.

— Tudo bem. Eu vou ficar bem — disse Lexa corajosamente. — Todo mundo rompe, certo?

Aquilo era uma frase ensaiada, obviamente. Ela tinha terminado com o cara que ela amava há menos de três horas atrás. Mas Ariana compreendia a necessidade de manter as aparências. Quando passaram em uma das lâmpadas tremeluzentes, Ariana percebeu que sob sua franja escura, o bonito rosto de Lexa estava livre de maquiagem. Não havia nenhuma evidência em seus olhos azuis que ela estivesse chorando, mas seu sorriso estava um pouco tenso. Ariana sentiu um traço fugaz de culpa, tendo sido ela a causa imediata da separação entre Lexa e Palmer, mas ela deixou passar. Obviamente eles já tinham tido problemas há um

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tempo. Caso contrário Palmer nunca teria desenvolvido sentimentos por Ariana em primeiro lugar. Não era inteiramente culpa sua que sua amiga estava inconsolável.

— Estou animada para morar lá — Lexa acrescentou, mudando de assunto. — Você sabe que nós podemos escolher os nossos próprios quartos, certo?

— Na verdade, eu não sabia disso — disse Ariana. — Os caras estão na Torre Alpha, as meninas estão na Bella — explicou Maria. — Na realidade é Torre A e Torre B, mas eles colocam apelidos — Soomie

explicou, revirando os olhos, como se a coisa toda fosse muito infantil. — Alpha para os machos alfa, Bella para o sexo supostamente mais delicado — disse ela incisivamente.

— Tão inteligente — disse Ariana em tom de brincadeira. — Faça o que fizer, só não pegue o 2B — Brigit advertiu. — Mantenham-se

longe deste. — Por quê? O que há com o 2B? — Kaitlynn perguntou, olhando por cima do

ombro para Brigit. — É amaldiçoado — disse Brigit com seriedade total. As outras meninas riram. — Não é amaldiçoado — disse Lexa. — Uma menina

morreu lá na década de noventa e, desde então, ninguém quer viver no 2B. — Morreu? Como? — perguntou Ariana. — Ela se matou — disse Maria categoricamente. — Com uma faca que ela

roubou do refeitório. — Aparentemente, ela tinha alguns problemas... — acrescentou Soomie. — Meu Deus!! — disse Kaitlynn, com a mão ao peito. — Isso é tão horrível! Ok,

eu definitivamente não vou viver naquele quarto. Ariana queria rir. Kaitlynn estava assustada por causa de um suicídio? Ela

matou um homem, atirando-lhe à queima roupa com um revólver. Um homem que supostamente ela amava. Então ela desejou poder dizer a suas amigas sobre esse detalhe do passado de Lily. Mas então, Kaitlynn iria expor os segredos de Ariana, as suas próprias... indiscrições. E isso ela não poderia suportar.

— Não se preocupe. Nós geralmente apenas usamos como um closet extra — Lexa disse a elas enquanto elas seguiam a partir do círculo de dormitórios menores e se dirigiam até a inclinação íngreme em direção ao Wolcott. As duas torres de dormitórios do edifício tinham um pátio cortando ao meio, e janelas do chão ao teto cuja vista alcançava de um lado ao outro do campus, até o rio Potomac. Ariana estava morrendo de vontade de ver o interior do edifício exclusivo.

— Ei, Ana, você não encontrou uma companheira de quarto ainda? — perguntou Lexa. — Porque Lily está sozinha e eu achei que vocês duas poderiam dividir um quarto então.

— Oh meu Deus, por favor, diga que você ainda está sozinha — disse Kaitlynn eufórica, apressando-se para frente alguns passos para se juntar a elas. — Eu adoraria se pudéssemos ficar juntas.

Ariana sentiu a súbita vontade de arrancar seu próprio braço fora. — Nós podemos escolher os nossos próprios companheiros de quarto, também? — perguntou ela, tentando ganhar tempo.

— Esta é apenas uma das muitas vantagens de viver na Casa Privilege — disse Soomie, jogando uma de suas tranças grossas por cima do ombro.

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— E nós já temos companheiras de quarto, então vocês duas poderiam muito bem ser companheiras também — sugeriu Maria. — Antes de vocês pegarem alguma perdedora como Tahira.

— Chega, chega — Lexa repreendeu com uma risada. — O que você acha, Ana? Nós podemos ajudar uma a outra a entender este

lugar — Kaitlynn sugeriu, fazendo uma cara de cachorrinho, tornando praticamente impossível a Ariana rejeitá-la sem parecer a vilã malvada diante de suas amigas.

— Claro. Parece ótimo — disse Ariana, rangendo os dentes. Kaitlynn sorriu triunfantemente. Conforme as meninas fizeram o seu caminho

até a colina na frente da longa fila de alunos, Kaitlynn inclinou-se para o ouvido de Ariana.

— Vai ser como nos velhos tempos — ela sussurrou. Certo. Exceto que naquela época eu não sabia que você era uma psicótica e

assassina de sangue frio. Ariana sentia-se tão pesada com o medo e a derrota que seus passos

começaram a diminuir. Logo ela estava assistindo suas amigas já bem a frente, subindo até a colina, tagarelando alegremente com sua inimiga jurada. A inimiga que ia estar dormindo na cama ao lado dela pelo resto do ano.

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Traduzido por Ivana

ssim que Ariana entrou no Wolcott Hall, ela conseguiu deixar todos os seus sentimentos venenosos em relação a Kaitlynn para que pudesse saborear corretamente os frutos de seu triunfo. Ela não estava decepcionada.

Do lado de fora Ariana já tinha notado a área de estudo, cheia de sofás e cadeiras de veludo. Os lugares individuais para estudo, cada um com uma divisão e uma cadeira executiva, tinha conexões de Internet para os laptops dos alunos. Fora da área de estudo, no lado leste, de frente para o rio, havia um pequeno café com um café-bar, pastelaria e venda de sanduíches, que se abria para um pátio privado. Próximo havia uma sala de jogos, com mesa de bilhar, várias mesas de xadrez, e duas TVs de tela plana com Wiis conectados. Do lado oeste da área de estudo havia uma academia, repleta de máquinas de academia, aparelhos de musculação, esteiras de ioga, bolas de exercício e pesos livres.

— Uau. Definitivamente muito superior à Brenda T. — afirmou Kaitlynn baixinho.

Ignorando-a, Ariana foi até duas portas duplas pesadas em frente ao ginásio. — O que tem aqui? — ela perguntou, de pé na ponta dos pés para tentar ver através das janelas altas.

— Esse é o teatro — Lexa explicou, abrindo as portas. Ela atravessou a porta e acendeu as luzes. Dentro parecia um estádio — com cadeiras com porta-copos e apoiador de braços, de frente para uma tela pequena de cinema. — Foi doado por Vera Cassidy há alguns anos atrás. Ela foi uma aluna daqui.

— Vera Cassidy... — Ariana disse, tentando se lembrar. O nome era familiar, mas ela não conseguia lembrar o porquê.

— A diretora? — Soomie sugeriu, como se Ariana fosse uma tonta por não saber disso. — A primeira autora feminina a ganhar o prêmio de Melhor Diretora no Independent Spirit Awards e no Oscar no mesmo ano?

— Ela sempre espera que nos interessemos em produzir filmes aqui — disse Maria. — Acho que ela realmente gosta deste lugar.

— Eu posso ver porque — disse Kaitlynn, olhando ao redor da área comum de uma forma possessiva fazendo Ariana tremer.

— Vamos lá, é melhor subirmos e escolhermos os nossos quartos — disse Brigit, enquanto a multidão do lado de fora começava a crescer.

— Como se alguém fosse tomar os nossos quartos — disse Maria. — Não arruíne o show dela. Ela está muito animada — Soomie respondeu.

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Justo quando estavam prestes a se aproximar do grupo de meninas conversando do lado de fora da torre Bella, um grupo de meninos altos, sorridentes entrou na área comum do Alpha. O coração de Ariana tropeçou quando ela ouviu a risada desinibida de Palmer. A camisa cinza do APH estava para fora da sua calça jeans desgastada, seu cabelo preto coberto por um boné maltratado de beisebol dos New York Yankees. Ariana automaticamente olhou para Lexa, que havia ficado pálida debaixo de seu punhado de sardas adoráveis. Palmer e sua turma, incluindo Landon, Adam, Christian e Rob, fizeram uma pausa quando viram as meninas. O sorriso de menino de Palmer vacilou, mas não tanto ao ponto de um observador casual notar. Houve um breve momento de silêncio desconfortável, durante o qual Palmer olhou para Ariana de uma maneira que fez seus joelhos tremerem.

Você é todo meu agora, ela pensou. Você é meu e eu sou sua. Pequenos arrepios borbulhavam em toda a sua pele.

— Casa Privilege, baby! — Christian gritou, quebrando o silêncio. — Whooo! — Landon aplaudiu, dobrando os joelhos e inclinando a cabeça

para trás como um lobo uivando. Sua longa franja caiu para trás de seu rosto, e os tendões do seu magro antebraço se destacaram enquanto ele cerrava os punhos.

Maria e Soomie riram quando os dois grupos se reuniram, com abraços, empurrões e piadas. Brigit foi direto para Adam, que era bem mais alto do que ela, e os dois coraram enquanto falavam, assim como seguia acontecendo durante toda a semana. Até mesmo Tahira e Allison correram para se juntar a elas, concentrando suas celebrações no namorado de Tahira, Rob, e nos outros caras, é claro. Lexa, no entanto, não se mexeu. Palmer fez lentamente o seu caminho até Ariana e Lexa, com as mãos nos bolsos. Ariana não tinha certeza se Lexa estava fazendo-o ir até ela — o que teria sido muito legal da parte dela — ou se ela estava congelada pelo medo e emoção, o que teria sido decididamente menos legal.

— Ei, Ana — disse Palmer com um pequeno sorriso. De repente, Ariana amava seu novo nome. A maneira como ele o falou o tornou a mais bela palavra do idioma Inglês. — Lexa — acrescentou ele, olhando para ela. — Bem, isso é... estranho — disse ele com um sorriso tímido, tentando aliviar o clima.

— Não deveria ser — disse Lexa casualmente, encolhendo os ombros. — Nós sempre fomos amigos, Palmer. Não há nenhuma razão para que não possamos continuar sendo.

Palmer ergueu as sobrancelhas, claramente surpreso. — Tudo bem, então. Seremos amigos.

— Ótimo — disse Lexa. — Ótimo — ecoou Palmer. Ele olhou para Ariana com um brilho em seus olhos

e não havia nada que ela podia fazer para não deixar seu rosto corar. — Bem, então nos vemos depois, senhoritas.

— Até mais tarde — disse Lexa. — Tchau — acrescentou Ariana. Palmer voltou para seus amigos e Ariana virou-se para Lexa. — Isso correu

muito bem. Estou impressionada. A mão de Lexa disparou e agarrou o pulso de Ariana. — Banheiro — disse Lexa através de seus dentes. — Agora.

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Assim que elas entraram pela porta do banheiro ao lado do café, ela se abriu de novo. Ariana esperava ver Kaitlynn, cobiçando cada ponto do lugar de onde ela não pertencia, mas ao invés disso era Brigit, com uma preocupação amigável.

— O que aconteceu? — perguntou Brigit. — Eu não posso fazer isso. — Lexa se apoiou contra o balcão de mármore das

pias, pressionando as palmas das mãos contra a borda. Lágrimas brilhavam em seus olhos e suas longas franjas escuras encostaram em seus cílios grossos enquanto ela tentava piscar de volta. Seu nariz estava ficando vermelho. Aparentemente, a atitude relaxada na sala comum tinha sido apenas uma encenação muito convincente. — Como eu vou viver no mesmo dormitório que ele?

O coração de Ariana se encheu com um sentimento amargo que era parte arrependimento, parte simpatia e mais uma parte, aborrecimento. Então Lexa não tinha superado Palmer. Nem um pouco. Como Ariana iria começar a namorar o cara, se a pessoa que ela havia escolhido para ser sua melhor amiga estava gemendo e chorando por ele?

— Vai ficar tudo bem, Lex — disse Brigit, pegando o braço dela. Concentre-se, Ariana. Isso não é sobre você agora. Agora se tratava de Lexa. Se ela e Lexa fossem ser melhores amigas, ela teria

que começar a agir. — É verdade — disse Ariana, entregando a Lexa um lenço de uma caixa no

balcão de mármore. — Agora não parece, mas você vai superar isso. — Não. Eu não vou. — Lexa abriu seus olhos. Uma única lágrima escorria pelo

seu rosto. Ela a secou. — Nós tínhamos vários planos... Nós íamos passar o Natal em Paris com os meus pais, o voluntariado nas férias de primavera na República Dominicana. E quanto ao Baile de Cristal em dezembro? E o Baile Formal da primavera? Nós deveríamos ir juntos. Eu tinha tudo planejado.

— Então você vai com outra pessoa — disse Ariana decisivamente. — Alguém melhor.

— Quem é melhor? — Lexa desabafou. Ariana não tinha uma resposta para essa pergunta. Para ela, não havia

ninguém melhor do que Palmer. — Quero dizer... ele encontrou alguém melhor? — Lexa perguntou, andando

em direção às cabines do banheiro. — É disso que se trata? Será que ele encontrou alguém durante o verão? — Ela olhou para Ariana, e por uma fração de segundo, Ariana tinha certeza que ela iria acusá-la de roubar-lhe o namorado bem debaixo de seu nariz. — Você estava saindo com ele na primeira noite. Ele falou alguma coisa?

— Não — disse Ariana com sinceridade. Ele não tinha, de fato, sequer mencionado Lexa enquanto ele estava flertando com Ariana.

— Então eu não entendo — disse Lexa, jogando as mãos para cima. — Eu pensei que estava tudo bem.

— O que ele disse quando ele terminou com você? — perguntou Brigit. — Ele te deu uma razão?

— Não. — Lexa balançou a cabeça e deu de ombros. — Ele apenas terminou. Não foi de uma boa maneira. Ele disse algo sobre nós dois se distanciando. Ele definitivamente não parecia tão distante na outra noite, quando fugimos até a casa de barcos juntos.

Ariana sentiu bile subir por sua garganta.

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— Eu não posso acreditar em todas as coisas que eu disse a ele. — Lexa fungou e olhou para o teto. — Em como eu senti a falta dele e como eu não podia esperar para vê-lo... — Ela começou a chorar de verdade. — Eu me sinto tão estúpida.

O coração de Ariana se quebrantou por Lexa por um instante, mas então aqueles olhos azuis passaram pela sua mente. Ela sabia como era a sensação de ter intimidade com um cara numa noite e ser completamente descartada por ele no dia seguinte. Ter seu coração arrancado. E Lexa estava se sentindo assim agora. Não importava que o garoto que a tinha machucado era o menino que Ariana queria. O que importava era que sua amiga estava sofrendo.

Talvez ela pudesse ajudar. Talvez, se ela jogasse bem, ela poderia ajudar a curar o coração partido de Lexa, ajudá-la a esquecer o garoto que a magoou. O que significa que ela não se importaria quando Palmer se envolvesse com outra pessoa — ou seja, com Ariana.

— Não se sinta estúpida, Lexa — disse Ariana com uma voz suave. — No final de tudo, ele é o idiota. Você não precisa estar com um cara que não gosta de você.

— Ela está certa, Lexa. Os meninos que se danem — disse Brigit, puxando Lexa para um abraço.

Lexa pressionou o rosto no ombro de Brigit, envolvendo os braços em torno de suas costas. — Eles que se danem.

Ariana colocou a mão nas costas de Lexa e a moveu em volta das costas dela, de uma maneira reconfortante.

— Não se preocupe. Estamos aqui por você — disse Ariana. — Nós vamos ajudá-la a evitá-lo, queimar seu quarto ou dormir com seu melhor amigo, ou fazer o que quer que você queira fazer para se vingar dele.

Lexa riu. Ela virou o rosto para ver Ariana. — Aí está a Briana Leigh que eu conheço e amo.

Ariana piscou. Ela não tinha certeza de como absorver isso. — O que você quer dizer?

— Nada... só... quando éramos menores você sempre foi a instigadora. Os complôs, as brincadeiras, as escapadas aos dormitórios dos meninos — disse Lexa, agarrando outro lenço e assoando o nariz. — Eu não sei. Você parece... diferente. Menos... louca. Não que isso seja uma coisa ruim — ela acrescentou rapidamente. — É apenas algo que eu notei.

Todo o corpo de Ariana ficou tenso. Droga de Briana Leigh e de sua super personalidade exagerada. E droga de Lexa por estar aqui e saber que Briana Leigh tinha aquela personalidade. Se Lexa não estivesse no APH, Ariana poderia ter sido ela mesma e ninguém saberia a diferença.

— Eu acho que perder ambos os pais mexe com você — disse Ariana com uma voz plana, carregada de culpa e sentindo que deveria mudar de assunto.

— Ambos os seus pais estão...? — Os olhos de Brigit se arregalaram de piedade. Ariana olhou para longe.

— Oh meu Deus, eu sinto muito. Eu tinha ouvido falar sobre isso, mas eu... — a voz de Lexa falhou. — Eu sou uma idiota. Esqueça que eu disse qualquer coisa.

— Está tudo bem. — Ariana lhe deu um pequeno sorriso, enquanto Lexa respirou fundo e se moveu para a pia para salpicar o rosto com água. Seus dedos

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estavam enrolados em punhos e ela rapidamente os soltou. — Eu acho que eu poderia relaxar um pouco.

Mas como ela deveria fazer isso quando ela estava apaixonada por um cara que, basicamente, pertencia a Lexa? Como ela deveria fazer isso se ela iria viver no mesmo quarto que uma assassina e manipuladora? Antes de Ariana se dar conta disso, suas unhas cavaram seu antebraço.

— Ana? Você está bem? — Lexa perguntou, olhando para o braço de Ariana no espelho.

Ariana limpou a garganta e rapidamente enfiou os braços atrás das costas. — Eu estou bem — disse ela. — Eu relaxo enquanto falamos.

Mentirosa. Mas é melhor você descobrir uma maneira de relaxar, Ariana, ela disse a si mesma. Antes que Lexa comece a ficar desconfiada.

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Traduzido por Gabi Vieira

aitlynn riu no sonho. Era uma das peculiaridades que Ariana iria usar para encontrar algo afetuoso sobre ela. Precioso. Agora, enquanto Ariana estava sentada na borda de sua cama com sua camisola de seda branca, os pés

apoiados no frio piso de madeira brilhante, os risos curtos e caretas ocasionais eriçavam seus curtos pelos dos braços. Com o que sonharia a garota? O que fazia com que uma articuladora, maquinadora e psicopata risse enquanto dormia?

Ariana suspirou. Tudo o que ela queria era uma vida normal. Uma segunda oportunidade. Se libertar de seu passado e todos os erros que ela tinha cometido. Libertar-se de todas as pessoas que tentaram afundá-la e dizer-lhe o que podia e não podia ter. Mas Kaitlynn não ia deixar que isso acontecesse. Ela ia estar ali, em seu dormitório, todos os dias, assegurando-se que Ariana nunca pudesse deixar tudo isso para trás. Que nunca pudesse seguir adiante.

De repente, Kaitlynn virou para o lado, agora de costas para Ariana. Um estalido de uma possibilidade correu pelas veias de Ariana. Seus dedos se esticaram até encontrar o travesseiro em sua cama. Ela tinha tentado fazer isso uma vez e falhou antes, mas esta oportunidade era muito mais conveniente. Kaitlynn estava dormindo profundamente, só a alguns passos dela. Tudo que Ariana deveria fazer era levar o travesseiro até seu rosto e mantê-lo ali. Um minuto ou dois de briga e tudo teria terminado. Ela estaria livre.

Suas unhas se cravaram em um travesseiro de linho bordado de quinhentos dólares. Sua mandíbula estava apertada.

Basta fazê-lo, Ariana. Ela merece. Ela merece isso por tudo o que ela fez com você. Tudo o que ela fez com Briana Leigh.

Briana Leigh. Kaitlynn voltou a rir, e suas mãos afrouxaram. Ela não podia matar Kaitlynn.

Obviamente, se “Lillian Oswald” aparecesse morta, haveria uma investigação. As autoridades levariam cerca de dois segundos para descobrir que Lillian não existia. Dois segundos analisando o rosto de Kaitlynn em um banco de dados e a identidade dela apareceria. Dois segundos a mais e também descobririam sua verdadeira identidade.

E então tudo viria à tona. Como Ariana tinha falsificado sua própria morte. Como ela havia assassinado Briana Leigh Covington e a havia afogado no fundo do Lago Page para as autoridades a encontrarem em seu lugar. Como havia assumido a

K

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identidade de Briana Leigh para poder entrar na APH. Ariana estaria de volta a Brenda T. antes que pudesse dizer “culpada de tudo”.

Ariana suspirou. Voltou a deixar a almofada em seu lugar, e olhou em volta de toda a ampla extensão do dormitório.

Havia só quatro quartos no piso superior da Bella, cada um com uma surpreendente vista de seus vitrais. Ariana e Kaitlynn miravam todo o campus e seu enorme parque verde dali. Sua suíte privada consistia em um grande quarto, um banheiro e uma sala de estar. O quarto estava equipado com dois armários, duas mesas e dois trocadores. O banheiro tinha uma banheira romana, uma ducha de pé e era conectado com o salão pitoresco do outro lado, que continha várias estantes, um sofá cama e uma pequena televisão de tela plana. Cada uma das outras três suítes eram exatamente iguais, menos a de Lexa e Maria que tinham uma janela do chão ao teto com uma cadeira e uma incomparável vista do rio. Soomie e Brigit tinham escolhido o quarto com vista em direção ao norte de Washington DC, e Tahira e Allison, ex-colega de quarto de Ariana, estavam no lado sul, de frente para os campos de jogos e ginásio.

Pelo menos Ariana tinha uma vista melhor que essas duas. Allison havia sido sua companheira de quarto no Cornwall durante a semana de boas-vindas e uma vadia com Ariana desde o primeiro dia. Quando se tratava de Tahira, Ariana tinha decidido que não a agradava a garota exibicionista desde o primeiro dia. Ela era tudo que Ariana detestava: barulhenta, convencida, imprudente e malcriada. Mas se Ariana tinha que viver a um corredor de distância dela, ao menos poderia consolar-se com o fato de que seu quarto era melhor.

Kaitlynn rolou de costas e bufou. Os lábios de Ariana se curvaram em desgosto. Seus dedos se curvaram. Ela tinha que sair de lá antes que tivesse um colapso e matasse a menina. Ela colocou sua pantufa de cashmere e saiu ao corredor. No centro do edifício havia um banheiro de uso comum, provavelmente construído no caso de as garotas não quererem que suas convidadas usassem os seus. Ariana entrou e ligou a luz. As lâmpadas fluorescentes sobre sua cabeça ganharam vida, piscando até que se acendessem todas. Aparentemente este lugar não era muito usado. Com suas pias de cerâmica e lisas paredes brancas, parecia não ter sido renovado em anos, não como o resto do Wolcott, que cada ano era repintado, restaurado e redecorado.

Ariana foi até o espelho mais próximo. Se olhou bem no espelho com meia luz que havia ali, e viu o medo refletido em seus olhos azuis. A insegurança.

— Você não pode deixá-la fazer isso com você — ela disse para si mesma. Sua voz era baixa, mas firme. Ela fitou os próprios olhos e reprimiu o medo. — Você tem trabalhado muito duro. Esta é a sua vida. Ela não pode ter uma parte disto. Você não pode permitir.

Ariana ouviu o barulho de portas abrindo e fechando. Seu coração subiu na garganta e ela olhou ao redor. Havia ruídos no corredor. O inconfundível som de pisadas cautelosas.

Kaitlynn? As luzes fluorescentes começaram a piscar de novo dentro e para fora

novamente. Ariana ofegou baixo. Se Kaitlynn estava planejando um ataque surpresa, ela tinha que estar preparada. Ela olhou ao redor do desconhecido banheiro em busca de uma arma, mas não havia nada útil. Um dispensador de

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sabonete, toalha de mão, espelho. Tudo grudado na parede. Os passos se aproximavam mais. Os olhos de Ariana caíram no balde de lixo, grudado junto com o banheiro. Ela ia avançar para agarrá-lo, quando a porta do banheiro se abriu.

— Aí está você — Palmer sussurrou. Ariana olhou por cima do ombro. Ela notou em um segundo como ela devia

estar, meio inclinada com sua camisola curta, com a mão esticada para agarrar o balde de lixo.

— Eu fui em seu quarto e sua cama estava vazia, então eu... — Ele fez uma pausa e olhou para ela. — O que você está fazendo?

Era uma boa pergunta. — Eu... hum... eu pensei ter visto um pedaço de papel saindo debaixo do lixo e

eu ia jogá-lo fora, mas eu acho que são só essas luzes horríveis pregando peças. — Cuidadosamente, ela colocou a tampa de novo em seu lugar e se colocou de pé. Suas mãos estavam pegajosas, por isso ela as lavou rapidamente, tomando um momento para respirar, e baixar a adrenalina.

— Então... eu ouvi que você e Lexa romperam — disse ela, olhando para Palmer no espelho.

— Sim. — Ele se aproximou dela por trás. Seu cabelo preto estava úmido e natural. Ele vestia um par de calças curtas de

algodão com uma faixa branca ao lado e uma desgastada camisa branca. Seus pés estavam descalços. A pele de Ariana se eriçou quando notou que ele havia saído da cama e tinha se arriscado a ser pego, só por causa dela.

— Então... o que você está fazendo aqui? — ela perguntou. Palmer sorriu. Ambos sabiam exatamente o que ele estava fazendo ali. Ariana pensou em Lexa. Em como Lexa mataria para que Palmer fizesse o

mesmo por ela. Ela sentiu tristeza pela garota, e euforia por ter sido escolhida em vez dela, tudo ao mesmo tempo. Logo Palmer se aproximou mais e passou as mãos pelos braços pálidos dela.

O coração de Ariana parou. Dane-se Lexa. Ela e Palmer estavam seminus e sozinhos no meio da noite em um banheiro obviamente desusado. O que Lexa não sabia não a machucaria. Ariana se inclinou e juntou seus lábios. Sem hesitar, ele a empurrou para um beijo apaixonado. As mãos de Ariana estavam úmidas, mas ela secou-as no cabelo dele de alguma forma. Ele a pressionou contra a fria parede, beijando-a mais e mais profundamente até que suas costas estavam tão arqueadas e longe da parede que ela se apoiou na pia para não cair.

Finalmente ele se afastou. Seus olhos procuraram os dela como se quisesse memorizá-los.

— Eu quis fazer isso a noite toda. Os lábios de Ariana umedeceram. — Que bom que você finalmente fez. Palmer tomou sua mão levemente na dele e puxou-a para um pequeno banco

de madeira que havia no corredor e a beijou colocando as mãos casualmente em sua cintura, como se fosse algo diário. A familiaridade do gesto derreteu Ariana. Era como se eles já fossem um casal oficial.

— Então, o que você achou da Casa Privilege? — ele perguntou com um sorriso.

— Se este é um dos benefícios, eu gostei — ela respondeu.

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— Obrigado por me ajudar a fechar o bico mais cedo — Palmer disse, passando a mão pelas suas costas. — Eu não poderia lidar se a equipe azul tivesse acabado aqui. Eu teria que golpear alguém.

Ariana sorriu. Ela o tinha ajudado. Ele estava agradecido. — De nada — ela disse.

Ele passou suas mãos pelo pescoço dela e a beijou mais uma vez. Pouco depois, estar sentados em um lugar tão pequeno ficou incômodo, e Ariana manobrou até que terminou sentada de frente para ele, com os joelhos pressionando o banco. Ele tentou acomodar-se, para aproximá-la um pouco mais, mas seu joelhou golpeou a parede atrás dele. Ela arfou enquanto a dor a invadia.

— Sinto muito. — Ele estava sem respiração. — Talvez devêssemos ir para a sala de estar.

A sala de estar. Havia poltronas ali. Seria muito mais cômodo. Mas também era uma área comum aberta. Aonde eles poderiam ser surpreendidos por algum companheiro de andar. Por Lexa.

De repente, Ariana se sentiu muito culpada. — Não. Ela se afastou dele e se colocou em pé. Sua camisola estava totalmente fora

de lugar e ela rapidamente a arrumou. Enquanto Palmer a olhava de cima a baixo, ela se perguntou como seria olhar através de um vestido.

— Não? — Palmer ergueu as sobrancelhas, surpreso. — Sinto muito. Eu tenho que ir — disse Ariana enquanto abria a porta. Ela se

deteve no corredor e virou para olhá-lo. Sua confusão e desilusão eram tão adoráveis que ela quase voltou. Mas ela não podia fazer isso a Lexa. Não podia. Não até que ela descobrisse seu próximo passo.

— Mas obrigada pela visita — ela disse com um pequeno sorriso. Em seguida voltou para seu quarto, onde ela estava absolutamente certa de

que passaria uma noite acordada.

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Traduzido por L. G.

u tenho que perder as primeiras aulas da manhã para que eu possa fazer esse teste de admissão estúpido — Kaitlynn disse enquanto tocava seu brilho labial, inclinando-se para o espelho acima da

cômoda na terça pela manhã. — Alguma dica? Ariana não disse nada. Lenta e deliberadamente, ela abotoou a frente da sua

camisa oxford branca e a colocou dentro de sua saia xadrez cinza. Em seguida, ela colocou uma gravata cinza em torno de seu colarinho e foi fazer o nó, em pé na frente do espelho de corpo inteiro, na parte de trás da porta. Ela tinha acordado depois de uma surpreendentemente boa noite de sono para sol brilhante fluindo através de sua janela enorme. Uma enorme sensação de bem-estar tinha passado sobre ela. A sensação de que de algum jeito, de alguma forma, tudo ficaria bem. Que, eventualmente, ela encontraria uma maneira de corrigir a situação de Kaitlynn, encontraria uma maneira de ter Palmer como seu namorado e Lexa como sua melhor amiga. Encontraria uma maneira de obter tudo o que ela queria. Ariana sempre tomara conta de si mesma. Ela só tinha que ter um toque de paciência. Tudo iria dar certo no final, como sempre acontecia. Começando por fazer de hoje um dia ótimo.

Assim, o plano de Ariana era fingir que Kaitlynn não existia. Se a menina não existisse, então ela não poderia arruinar seu bom humor.

— Ariana? Olá? Eu lhe fiz uma pergunta — disse Kaitlynn, virando-se. Ariana cerrou os dentes pelo uso de seu nome real. Ela queria corrigir a

menina, mas isso significaria reconhecer sua existência. Em vez disso, ela terminou de atar sua gravata e escolheu um par de meias de sua cômoda. Ela sentou-se na beira da cama e deslizou uma meia pelo pé.

— Tratamento de silêncio? Que maduro — disse Kaitlynn com uma risada, empurrando o brilho labial de volta em seu tubo. Ela agarrou sua bolsa de couro e atirou-a sobre o ombro. — Então eu acho que você não vai me dizer para onde você desapareceu no meio da noite.

Os olhos de Ariana arregalaram-se automaticamente. Como Kaitlynn sabia que ela tinha saído? Será que Palmer a acordou quando ele abriu a porta? Será que Kaitlynn tinha visto? Quanto é que ela sabia? Oh Deus. Será que ela diria a Lexa?

Todos os músculos do corpo de Ariana ficaram tensos. Tanto trabalho para não deixar Kaitlynn chegar até ela.

—E

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— Eu estou sempre de olho, Ariana — disse Kaitlynn como se lesse a mente de Ariana. Ela olhou no espelho uma última vez, afofou seu cabelo curto, então com um movimento brusco, abriu a porta e saiu. — Deseje-me sorte!

A porta bateu e Ariana lançou um de seus sapatos para ela, deixando escapar um grunhido de frustração. O som ainda estava pairando sobre ar quando a porta se abriu novamente e Ariana ouviu Lexa, Maria, Soomie, e Brigit gritando olás e bom-dias para Kaitlynn. A porta empurrou o sapato para o lado e Ariana correu para agarrá-lo quando suas amigas entravam. Enquanto estava de costas para elas, Ariana amaldiçoou a política da escola de portas sem trancas nos quartos do dormitório — uma política que ela tinha apreciado na primeira semana de escola, quando ela estava rondando o lugar roubando as coisas das pessoas para que ela pudesse pagar Kaitlynn. Mas então, ela poderia ter usado um momento para se recompor antes de suas amigas entrarem. Ela respirou fundo para acalmar os nervos abalados. Kaitlynn não existia. Ela não existe.

Deus, como ela desejava que a garota não existisse. — Bom dia — disse Ariana, caminhando de volta para sua cama em uma meia.

Ela empurrou o pé para dentro do sapato quando ela caiu sobre seu colchão novo. — Todo mundo pronto para o primeiro dia de aula?

— Ugh. Você é uma pessoa matinal — disse Maria, caindo de costas sobre a cama de Kaitlynn. Seu uniforme estava, como sempre, enrugado, para fora da calça, e bagunçado — um botão desfeito aqui, uma bainha caindo ali.

— Ignore-a. Ela só tomou um café expresso até agora essa manhã — Lexa brincou, empoleirando-se na cadeira da mesa de Ariana. A camisa azul bebê de Lexa era ajustada ao seu corpo, a saia plissada pouco maior do que a de todas as outras. Ela usava meias xadrez argyle puxada até os joelhos e sapatos de amarrar com um salto pequeno. Com sua maquiagem habilmente aplicada e cabelo escuro brilhante solto pelas costas, ela poderia ter sido a garota da capa para o catálogo do APH. Ariana estava contente de encontrá-la tão bem arrumada. Na manhã depois de uma separação, a maioria das meninas usava o estilo estou muito deprimida para me arrumar. Será que isso significava que Lexa já estava esquecendo Palmer?

— Eu amo que temos um café no edifício, mas o café expresso é muito básico — disse Maria, fechando os olhos e entortando o braço sobre a testa.

— Refeitório, então? — Ariana perguntou, rapidamente escorregando em seu segundo sapato.

— Sim. Mas, primeiro, temos de falar com você sobre o NoBash — disse Brigit, caminhando até a janela e encostando-se sobre a leve elevação. Suas dezenas de pulseiras de plástico coloridas caíram para baixo do braço e vieram descansar logo acima de sua mão.

— O que foi, agora? — perguntou Ariana. Ela abriu a bolsa para se certificar de que ela tinha tudo que ela precisava. Laptop, confere. Caderno, confere. Canetas, confere.

— O NoBash — disse Soomie, verificando seu BlackBerry antes de deslizar de volta para o bolso exterior de sua bolsa de camurça. — É um evento muito importante realizado na Embaixada da Noruega a cada ano.

— Os dignitários de todo o mundo, paparazzis loucos, vários detectores de metal de segurança desde que um cara do Brasil conseguiu entrar com uma espada

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desmontável assustadora — disse Maria, acenando com a mão ao redor. — Blá, blá, blá.

— Não assuste ela! — Lexa repreendeu. — É uma festa incrivelmente fabulosa — ela assegurou a Ariana.

— E você precisa saber sobre isso porque (A) a família de Brigit organiza a festa, (B) todo mundo aqui está morrendo de vontade de ir, e (C) nem todo mundo consegue — acrescentou Soomie.

Os ombros de Ariana ficaram tensos. Nem todo mundo consegue ir? Elas estavam aqui para avisá-la de que ela não seria convidada para esta festa exclusiva?

— Meus pais só me dão uma mão cheia de convites — disse Brigit. Seus pais eram o rei e a rainha da Noruega, o que fazia de Brigit uma verdadeira princesa. Não que ela parecesse, vestisse ou agisse como uma.

— E ela os distribui de uma forma muito exigente — acrescentou Lexa, verificando as unhas.

— Então, se você vir pessoas me bajulando nos próximos dias, é por isso — Brigit imitou um olhar arrogante, seu sorriso falso apagando-se rapidamente.

Então... elas estavam aqui para dizer que ela tinha que começar a bajular Brigit. Ariana não tinha certeza se deveria ficar ofendida com a sugestão ou grata pelo aviso. Ela agradeceu silenciosamente que Kaitlynn não estava por perto para ouvir tudo isso.

— Uau. Quanto poder — disse Ariana. — Eu sei. Não é legal? — Brigit respondeu com uma risada. — Claro que eu já

reservei um para você. O coração de Ariana realmente vibrou de emoção. Então isso não era um aviso

para ela correr atrás. Ela já tinha se tornado tão essencial para o grupo que Brigit decidiu incluí-la. Ela realmente percorreu um longo caminho na semana passada.

— Obrigada — ela disse com um sorriso. — Entrega para a Srta. Al Mahmood. Ariana e suas amigas se voltaram para a porta aberta. Uma jovem mulher com

uma saia lápis estava entregando uma grande caixa listrada rosa e roxa para Tahira em seu quarto através do corredor.

— Quem é essa? — perguntou Ariana. — Nossa porteira — Lexa respondeu. — Cada torre tem um. Ela assina os

nossos pacotes, verifica se fomos à lavanderia a tempo, pede comida para nós. Coisas assim.

Droga. Por que, por que, por que ela não podia ligar para o Billings e se exibir? — Que fofo! É um pacote de cuidados da Lissa! — Tahira balbuciou,

verificando o cartão. — Lissa Braverman? — ela disse para as meninas do outro lado do corredor, sua expressão arrogante. — Fomos pra Monte Carlo juntas março passado.

— Parabéns, T. Todo mundo quer ser a garota que consegue segurar o cabelo de Lissa Braverman para trás no vaso sanitário — disse Maria sarcasticamente, sem nem mesmo abrir os olhos.

Brigit, Soomie e Ariana riram, enquanto Lexa apenas sorriu, de costas para Tahira. Lissa Braverman era uma socialite bem conhecida, herdeira de uma boate internacional e uma exuberante total. Quando Ariana estava no segundo ano em Easton, sua amiga Paige Ryan costumava sair com a irmã mais velha de Lissa,

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Mischa. Naquela época, Mischa costumava reclamar de sua irmã, uma criança selvagem, por isso não foi surpresa para Ariana ver o que Lissa tinha se tornado. Tahira deu a todas elas um olhar mortal e bateu a porta de seu quarto.

— Deus — Brigit cuspiu. — Eu não posso acreditar que eu tenho que convidá-la.

— Ela tem que ir para o NoBash? — Ariana perguntou, surpresa. Brigit e Tahira se odiavam.

— Ela e Zuri — Soomie respondeu. — Seus pais são jogadores internacionais, de modo que o rei e a rainha insistiram para Brigit convidá-las.

— Fabuloso — disse Ariana categoricamente. — Elas não são tão ruins — Lexa falou. — Tanto faz. Tahira está sempre tentando me superar, especialmente no

NoBash já que ela sabe o quanto é importante para a minha família, por isso é muito importante que eu e meus amigos sejamos as pessoas mais fabulosas na festa — disse Brigit, de repente, entrando em um estado sem sentido. — Eu vou precisar que vocês tragam seus vestidos para o meu quarto, para aprovação, e ninguém tem permissão para usar roxo. O roxo é meu.

Ariana acenou com a cabeça, impressionada pela atitude de Brigit em assumir o controle. Soomie pegou seu BlackBerry e fez uma nota das demandas de Brigit.

— Entendeu, Maria? — ela perguntou, guardando o aparelho. — Lexa vai me lembrar — disse Maria preguiçosamente. — E Ana, você e Lily tem que manter seus olhos em Tahira — disse Brigit.

Ariana se irritou com a menção de Kaitlynn... em sua inclusão na conversa e no grupo.

— Nós temos? — perguntou Ariana. — Vocês vivem do outro lado do quarto dela, então vocês têm que ser meus

olhos e ouvidos — disse Brigit, afastando-se da janela. — Vocês precisam descobrir o que ela e Alisson vão vestir, quem elas vão levar, que joias elas estão pedindo a que joalheiro. Se Tahira fizer somente uma ligação para seu estilista, eu preciso saber. Ok?

— Absolutamente — disse Ariana. Tahira também era uma espécie de princesa, a filha do governante de Dubai. Suas amigas haviam apelidado a rivalidade entre as meninas de “A Guerra das Princesas” e todas elas pareciam achar tudo muito divertido, apesar de ser muito sério para Brigit e Tahira.

— E certifique-se de dizer a Lily — acrescentou Brigit. — Eu vou, mas eu não sei se ela vai fazer — disse Ariana, mantendo seu tom

casual. — Acho que ela e Tahira se tornaram amigas. Esta era uma mentira total. Até onde ela sabia Kaitlynn e Tahira não haviam

feito nada mais do que se apresentar. Mas não poderia fazer mal plantar a semente de que Kaitlynn estava aliando-se com a inimiga de Brigit. Mesmo que Lexa continuasse insistindo que Tahira também tinha boas qualidades, Ariana ainda não tinha visto nenhuma, e as outras meninas pareciam estar cegas para elas também.

— Sério? Por quê? — Soomie disse, franzindo o nariz, como se a própria ideia de conversar com Tahira fosse nociva.

Ariana fez o seu melhor para não sorrir. — Eu não tenho ideia. — Ok, bem, então, cabe a você, Ana — disse Brigit.

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— Bem, nós já sabemos que Tahira vai levar Robbie — disse Maria, puxando um fio de cabelo na frente do rosto para verificar se havia pontas duplas. — Você deve definitivamente ser capaz de prender alguém melhor que ele.

Brigit estremeceu. — Eu odeio a parte do acompanhante. Às vezes eu desejo viver nos dias em que era inaceitável para as meninas convidar os garotos para sair. Que eles fossem os únicos que tivessem que ficar nervosos e suados o tempo inteiro.

— Por que você não convida Adam? — Ariana sugeriu. Brigit corou e Maria levantou a cabeça pela primeira vez. — Você e o Garoto

Bolsista? É como um conto de fadas. — Ele é... legal — disse Brigit, brincando com a franja em um dos travesseiros

de Ariana para evitar contato com os olhos. — Eu não sei... vamos ver. Tudo o que eu sei é que eu não quero ir desacompanhada. Desacompanhada é ruim.

— Eu estou com você, Brigit — disse Lexa, olhando para frente para o nada. — Era para eu levar Palmer, mas...

Ariana olhou para Maria e Soomie. Descendo pela espiral do tempo. — Esqueça Palmer — disse Maria, sentando-se. — Vai ser divertido, só nós

meninas. — Sim. Quem precisa dele? — Soomie disse. — Acho que eu talvez precise — disse Lexa, com um tremor no lábio inferior. — Oh, Lex! Vai ficar tudo bem. — Brigit se aproximou e colocou os braços em

volta dos ombros de Lexa quando algumas lágrimas escorreram pelas bochechas da garota de cabelo escuro. Ariana e as outras se reuniram em torno dela dizendo palavras de incentivo simpáticas e sem significado. As lágrimas de Lexa estavam apenas começando a diminuir quando um grito soou do outro lado do corredor.

— Chocolate com amendoim? O que essa vadia estava pensando? Ela sabe que eu sou alérgica! — Tahira gritou. A porta se abriu e ela arremessou tão forte uma lata no corredor que Ariana apenas teve tempo suficiente para esquivar-se do caminho antes que a lata levasse sua orelha. — Livre-se disso — Tahira gritou para Allison. — Da caixa inteira!

Allison ficou ali por um momento — alta, pálida e loira — perto da figura mais baixa, morena e com mais curvas. A garota estava claramente perplexa pelo fato de que ela estava recebendo ordens de sua amiga.

— Faça isso antes que eu toque em algo que foi contaminado por amendoins! — Tahira gritou. — A menos que você queira que eu morra!

Allison obedientemente pegou a caixa e correu para fora, descendo as escadas como um rato em pânico.

— Ahh! O que há de errado com as pessoas? — Tahira gritou. Ela bateu a porta novamente, desta vez com tanta força que os espelhos nas

paredes de Ariana tremeram. Por um longo momento houve um silêncio mortal, então Ariana e suas amigas racharam de rir, aliviando toda a tensão no ar.

— O que foi isso? — Ariana perguntou, com a mão ao peito. Maria preguiçosamente se levantou sobre os cotovelos, como se nada de

anormal tivesse acontecido. — Isso foi a rainha do drama preferida de Atherton-Pryce Hall sendo sua versão dramática.

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— Ela é mortalmente alérgica a amendoim — disse Lexa, sorrindo. Aparentemente, o espetáculo tinha distraído sua dor no momento. — Ela carrega um EpiPen em todos os lugares, por precaução.

— Isso é assustador — disse Ariana, desejando que Kaitlynn também tivesse um calcanhar de Aquiles tão conveniente.

Soomie abriu um espelho compacto e entregou a Lexa. Ela correu os dedos por cima do delineador e afastou uma lágrima de seu queixo. Em seguida, ela bateu o espelho fechado, respirou fundo e sacudiu o cabelo para trás.

— Como é que eu estou? — perguntou ela, parada. — Perfeita — Ariana respondeu. — Ótimo. Vamos encontrar os caras para o café da manhã. O coração de Ariana afundou. Foi por isso que Lexa se arrumou tanto. Ela

sabia que elas iriam ver Palmer e ela queria mostrar a ele o que ele estava perdendo. Ariana deveria saber. Ela mesma estava ansiosa para ver Palmer, mas agora, nem tanto. Não, se ele estaria olhando ansiosamente para Lexa. Brigit puxou Maria de cima do colchão de Kaitlynn e todas elas começaram a reunir as suas coisas.

— Lissa! Não... não... Eu não me importo se você está de ressaca, não se atreva a desligar na minha cara! — Tahira gritou atrás da porta fechada dela. — Você me enviou amendoins!? Foi algum tipo de brincadeira sádica, ou você é apenas tão estúpida?

— Uau. Ela é um pouco louca, não é? — Ariana disse, pegando sua bolsa. — Oh, sim — Soomie respondeu, — a garota mais louca do APH. Ariana olhou para a cama de Kaitlynn. Não inteiramente a mais louca.

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Traduzido por Isadora Akemi O. O. Bugan

brigada por ter vindo. Eu só preciso de mais uma dose e eu estarei bem — disse Maria sobre seu ombro enquanto ela e Ariana entravam no Hill depois do café da manhã. O garçom do refeitório

tinha parado Maria depois de seu terceiro café expresso, então ela estava em busca de alguém para alimentar seu hábito.

— Sem problema — Ariana respondeu. O salão Júnior e Sênior estava quase deserto — todo mundo estava correndo

para chegar a suas primeiras aulas do ano — mas havia alguns atrasados na fila do balcão de café. Ariana estava prestes a seguir Maria até lá quando ela viu Palmer com o canto do olho, descansando em um sofá de brocado, mandando mensagens de texto em seu telefone enquanto bebericava um chá gelado. Então este era o lugar onde ele tinha se escondido. Todo mundo sentiu sua ausência na mesa do café, especialmente Lexa. Mas ali estava ele, apenas a algumas portas de distância. Ariana amou que ele estava tão descontraído — justo no primeiro dia ele ainda estava relaxando no Hill cinco minutos antes de a aula começar. Ele estava ridiculamente bonito em sua camisa oxford branca, gravata listrada azul e dourada e blazer azul. Memórias vívidas do encontro na noite passada no banheiro lhe ocorreram com toda a força. Como se ele pudesse sentir sua presença, Palmer olhou para cima, guardou seu telefone e aproximou-se. Ariana olhou cautelosamente para Maria, mas a menina estava tão decidida a conseguir seu expresso que ela nem olhou para trás para ver onde Ariana tinha ido.

— Bom dia, linda — disse Palmer com um sorriso. As entranhas de Ariana estremeceram de prazer. Para um apelido, isso não era

ruim. — A gente sentiu sua falta no café da manhã. — Eu comi aqui — disse ele, chegando-se tão perto que ela podia sentir o

cheiro fresco de seu xampu. Ele tirou a bolinha de baseball que sempre mantinha em seu bolso, jogou-a para cima, e pegou. — Eu não queria lidar com o drama hoje de manhã.

— Ah — disse Ariana. — Então, eu estava pensando, quer ir almoçar comigo mais tarde? — ele

perguntou, com um sorriso tão convidativo que era quase impossível de resistir. — Eu não sei, Palmer — disse Ariana, mantendo o olhar em Maria, que estava

pagando por sua bebida. — Eu acho que é muito cedo.

—O

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Palmer tomou um gole de seu chá gelado e concordou. — Ok, mas não me deixe esperando por muito tempo — ele disse com um sorriso convincente. Em seguida, ele arqueou as sobrancelhas e saiu da sala andando para trás. Ariana abanou a cabeça para ele, mas não pode deixar de sorrir. No segundo que ela o fez, ele se virou e correu pra fora. Naquele exato momento, Maria terminou a transação e se virou para olhar para Ariana. O momento não poderia ter sido mais perfeito. Ela não tinha visto nada.

— O que aconteceu com você? — perguntou Maria. — Nada. Só decidi que eu ia te esperar perto da porta — disse Ariana quando

começaram a sair. — Então, escute, eu estou, tipo, preocupada com Lexa. — Eu sei — disse Maria, tomando um gole de seu café. — Eu nunca tinha visto

ela assim. Ficamos acordadas a noite toda conversando sobre isso de novo e de novo. Eu não disse isso a ela, mas me parece ser apenas Palmer sendo um garotinho inconstante. Ele cansou. Ele seguiu em frente. Fim da história. Mas ela não consegue parar de analisar cada palavra que ele já disse a ela.

Isso não soava promissor. — Eu acho que nós precisamos fazer algo para distraí-la — disse Ariana,

entrando num raio de sol. — Para tirar Palmer de sua cabeça. Para que eu possa finalmente tê-lo só para mim, ela acrescentou

silenciosamente. — Tem alguma ideia? — perguntou Maria. — Ainda não, mas vou pensar nisso — disse Ariana. — É uma pena que o

NoBash seja daqui a mais de uma semana. Aposto que é muito distraível. — Oh, ele pode ser — disse Maria com um pequeno sorriso. Ela escorregou

seus óculos aviador quando elas começaram a andar pelo campus. — Você vai com Landon? — perguntou Ariana. — Provavelmente não — disse Maria, olhando para frente, pensativa. —

Muitas paparazzis. Se eles tiram uma foto de nós dois juntos, e meu pai a vê... — Ela passou seu dedo através de sua garganta e deixou a língua cair no canto de sua boca.

Ariana riu. — Você quer dizer um internato na Europa. — A morte seria preferível — disse Maria secamente. — A gente vai a alguns

eventos por ano — como amigos — ela disse em um tom significativo. — Mas eu acho que Soomie está pensando em chamar ele.

— O que quer que seja que faremos para Lexa, talvez devêssemos fazer para Soomie também. Para ela tirar Landon da sua cabeça — Ariana sugeriu.

— É, acho que você precisa fazer uma lobotomia nela para isso — disse Maria. Ariana riu e, juntas, elas subiram os degraus de pedra para o prédio de aulas.

No lado de dentro, o ar estava frio e cheirava a livros mofados, pisos recém- encerados e décadas de conhecimento. Os alunos corriam pelas escadas, um par de professores falando em voz baixa fora de uma porta da sala aberta, em algum lugar alguém escrevendo em um quadro branco, o chiado rangendo e guinchando. Ariana sorriu, toda iluminada por dentro.

— Deus, você é uma “pessoa escolar” também, não é? — Maria disse, revirando os olhos. — Está ficando cada vez mais difícil gostar de você — ela brincou.

— Muito obrigada — disse Ariana, seu sorriso intacto.

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Maria sorriu e parou do lado de fora de uma sala de aula. — Esta sou eu. Falaremos da Missão: Distração mais tarde.

— Com certeza. Ariana se virou e começou a subir as escadas. No andar de cima Kaitlynn

estava em pé perto da parede, conversando com Tahira, de todas as pessoas. O coração de Ariana pulou uma batida, nervosa. Ela tinha totalmente inventado essa história das duas conversarem. Quando elas tinham ficado tão íntimas? E de quê, exatamente, elas estavam falando?

— O que foi, zero pontos? — Ariana disse a Tahira, não querendo que nenhuma delas pensasse que ela se intimidou com a sua aliança.

— Muito fraca para compensar seus próprios insultos, Briana Leigh? — Tahira perguntou, lançando sua espessa juba negra sobre seu ombro. Ela tinha inventado o nome para Ariana na semana anterior quando ela tinha ganhado dela no tênis, mas agora que Ariana tinha vencido dela — ganhando uma boa quantidade de seu dinheiro no processo — ela tinha transferido o nome para Tahira.

— Só queria te lembrar quem é a perdedora e quem é a vencedora — Ariana brincou, seguindo até as escadas.

Kaitlynn deu seu adeus para Tahira e rapidamente entrou em sintonia com Ariana. — O que foi aquilo? — ela perguntou.

— Ah, se você estivesse aqui na semana de boas-vindas, você saberia — Ariana respondeu alegremente, querendo nada mais do que lembrar Kaitlynn que sua posição ali não era tão segura quanto a sua própria. Talvez Ariana tivesse apenas uma semana de vantagem do que a menina, mas era algo.

— Então você está falando comigo de novo? Legal — disse Kaitlynn. — Porque Tahira me inscreveu nesta coisa de NoBash e eu estou interessada.

— Bom para você — Ariana respondeu, examinando os números nas portas, à procura de sua sala de francês. Ela tinha a sensação de que ela sabia o que estava por vir.

— Sim, parece divertido. Então eu acho que você vai me conseguir um convite, certo? — Kaitlynn disse.

Às vezes Kaitlynn era tão previsível. Ariana suspirou e parou em frente à sala 212. — Você não pode nunca fazer nada sozinha? Ou você é simplesmente fraca demais?

Um lampejo de raiva passou pelos olhos de Kaitlynn, mas os deixou tão rapidamente como tinha chegado. — Por que me preocupar em fazer as coisas eu mesma quando eu tenho você para fazê-las para mim?

Com isso, ela pulou os degraus e deixou a porta da frente do prédio bater atrás dela.

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Traduzido por Ivana

u acredito que todo mundo teve um verão bem cheio de viagens, descobertas e liberdade total — disse Halloran, andando na frente da sala de aula de Inglês de Ariana mais tarde naquela manhã. Ele era

um homem mais velho com uma barba grisalha e cabelo grisalho desgrenhado, que usava seus pequenos óculos na ponta do nariz. Sua gravata estava solta, o paletó quadriculado era novo, seus mocassins de couro arranhados e desgastados. Ele havia decorado sua sala de aula com enormes fotografias brilhantes de lugares literários que tinha visitado — os mouros da Inglaterra de O Morro dos Ventos Uivantes, as cavernas Marabar de Uma Passagem para a Índia, as ruas de Dublin de Retrato do Artista Quando Jovem. As fotos eram suficientes para encarecê-lo para Ariana. Ele era um catalogador. Para não falar um pouco exibicionista.

— E eu acredito que todos tenham tido tempo para ler, pelo menos, dez dos livros em suas listas de leitura de verão, conforme era necessário — acrescentou. As palavras foram recebidas com gemidos por parte da classe. — Então, eu gostaria que vocês escolhessem um desses livros, virassem para a pessoa ao seu lado, e passassem os próximos 40 minutos discutindo esse livro com essa pessoa, delineando todos os seus méritos e defeitos. O tempo começa... agora.

Ariana estava sentada perto da janela. Quando ela virou-se para a pessoa ao lado dela, ela encontrou um belo menino afro-americano com cabelo curto e um sorriso amigável. Ela o viu entrando na Casa Privilege na noite anterior, mas agora que eles estavam à meros centímetros de distância, ela podia ver que ele era um dos garotos mais atléticos do campus do APH. Seus bíceps ficavam apertados no tecido de seu blazer e seu pescoço era tão grosso que mal se continha no colarinho e na gravata. Nos pés, usava um par de tênis caros, mas completamente salpicados de lama. A lama estava fresca, como se ele tivesse acabado de fazer uma corrida naquela manhã.

— Oi — ele disse. — Sou Conrad Royce. Meus amigos, infelizmente, me chamam de Connie. — Ele tinha uma voz de barítono profunda que enviou tremores através de seu peito. Era uma voz sexy. O tipo de voz que era perfeita para leituras de poesia. O tipo que definitivamente poderia cantar uma melodia. — Você estava na equipe dourada também, certo? Você era a líder na corrida de remos.

— Sim, essa era eu. Ana Covington — ela respondeu. — Eu sou uma transferida e não tenho ideia do que estava na lista de leitura do verão.

—E

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Conrad tirou uma folha de papel para fora da pasta e colocou sobre a mesa. — Aqui está.

Ele destacou todos os livros que tinha lido. Ariana fez uma varredura rápida e estimou que ele tinha lido, pelo menos, cinquenta das centenas de livros listados. Muito mais do que o necessário. Ela decidiu que realmente gostou deste Conrad Royce.

— Tudo bem. Posso discutir alguns deles. De qual deles você quer falar? — Ariana perguntou.

— Vou votar em Hemingway. Esse cara me irrita seriamente — disse Conrad, inclinando-se em sua cadeira para encará-la.

Ariana riu, depois cobriu a boca com a mão, quando o Sr. Halloran fez cara de bronca para ela.

— Por quê? — ela perguntou. — Eu só não entendo por que todo mundo acha que ele é tão genial — disse

Conrad, colocando as grandes palmas das mãos sobre os joelhos. — Quero dizer, eu nunca sei quem são seus personagens, eu fico sempre tendo que voltar pelas conversas para descobrir quem está dizendo o quê. É como se faltasse alguma coisa. Alguma descrição, alguma emoção, algum esclarecimento. Qualquer coisa. Eu preciso de um pouco de substância na minha literatura. Parágrafos, inclusive.

— Uau. Eu nunca ouvi alguém criticar Hemingway antes — disse Ariana. — Desculpe, eu suponho que você gosta dele, hein? ‘Oh, Brett e Jake foram

feitos um para o outro’ — ele brincou, colocando uma voz aguda bem alta e juntando as mãos sob o queixo.

Ariana riu novamente. — Não. Na verdade, eu odiava O Sol Também Se Levanta. Eu não entendo por que todo mundo é tão apaixonado por Jake. Ele é muito falho para o meu gosto.

— Você não gosta de falhas em seus heróis? — perguntou Conrad. — Eu não diria isso, exatamente. É claro que eles têm que ter algumas falhas...

caso contrário, eles não têm para onde ir na história, mas esse cara? Ele é um perdedor — disse Ariana.

Conrad riu. — Fale-me sobre isso. — Mas você também leu Por Quem os Sinos Dobram e O Adeus às Armas —

Ariana disse, consultando sua lista. — Por que você continuou lendo, se você odiava tanto?

— Eu achei que eu tinha entendido mal alguma coisa. Além disso, só porque você não gosta de algo, não significa que não é um trabalho importante, certo? — ele disse. — Ler as coisas dele me ajudou a entender o mundo do pós-guerra que ele estava escrevendo, e ele me iniciou em seus contemporâneos, também. F. Scott Fitzgerald e Gertrude Stein foram muito legais.

Ariana sorriu. Ela estava adorando isso. Conversa inteligente com um cara bonito. Seu coração vibrou de emoção e ela ajeitou-se em sua cadeira cheia de uma enorme sensação de satisfação. Este era o lugar onde ela deveria estar. Isso era o que ela deveria ter feito nos últimos dois anos, em vez de ouvir a Cathy Louca tagarelar sobre sua amiga unicórnio imaginária, ou ter que ver a guarda Tracy chupar sementes de abóbora entre os dentes ou suportar as sessões excruciantes com o Doutor Meloni. Se ao menos ele pudesse vê-la agora. Se ele soubesse que ela tinha conseguido exatamente o que ela desejava.

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E além disso, Conrad era um gato. Se ela já não tivesse começado algo com Palmer, ela o teria convidado para se sentar com ela na hora do almoço.

De repente, o telefone de Ariana vibrou. Assustada, ela olhou para o Sr. Halloran, mas ele não parecia ter ouvido. Ariana o pegou em sua bolsa. Na tela havia uma mensagem de Lexa.

“OMD. Essa aula é TÃO chata. Nunca vou sobreviver a esse ano. Você está gostando do seu primeiro dia?”

Ariana sorriu, satisfeita por Lexa se preocupar com ela. Ela mandou uma mensagem de volta rapidamente.

“Na verdade, me divertindo. Te vejo no almoço!” Ela enviou a mensagem e jogou o telefone de volta na bolsa. Quando ela olhou

para Conrad novamente, ele sorriu adoravelmente. — SMS durante a aula, senhorita Covington? Que vergonha — ele brincou. —

Quem era? — Lexa Greene. Você a conhece? — perguntou Ariana. — Lexa? Não muito bem, mas sim, sei quem ela é. Todo mundo sabe quem é

Lexa Greene. — E então ele corou ligeiramente, olhando para o seu caderno. O coração de Ariana pulou mil batidas.

É isso aí. A maneira mais fácil de superar um cara era encontrar um melhor. Por que ela

não tinha pensado nisso antes? Lexa tinha dito a si mesma no banheiro na noite passada — Quem é melhor? — Bem, por que não Conrad Royce? Ele era inteligente. Definitivamente bonito. E um atleta das corridas, assim como Lexa. Além disso, essa voz poderia derreter aço, sem falar em um coração partido.

— Então, Conrad, o que você fez neste verão? — ela perguntou, inclinando-se com o queixo na mão. — Além de toda essa leitura? Algo interessante?

Enquanto Conrad lançava-se na história de seu verão sobre aprender os meandros do negócio vinícola de sua família no norte da Califórnia, Ariana sorriu para si mesma. Ela mal podia esperar para contar a Maria o seu plano. Se ela traçasse seu caminho, Lexa teria um novo namorado antes do NoBash, e Ariana e Palmer estariam livres para ficar juntos.

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Traduzido por Ivana

lista de lição de casa era absurda, mas não tão absurda como metade da lista de objetivos que Ariana construiu para si mesma após o primeiro dia de aulas completo. Durante todo o dia ela havia percebido que ela estava em

uma séria desvantagem. Os professores do Atherton-Pryce Hall eram muito mais rígidos do que a maioria dos professores de Easton. Cada um deles tinha dado aulas com entusiasmo, presumindo que seus alunos poderiam simplesmente entender de onde tinham parado no ano anterior. O que, Ariana havia percebido com admiração, todos eles podiam. Ela, no entanto, não frequentava uma sala de aula por mais de dois anos, e mesmo sendo tão inteligente como ela era, ela não conseguia se lembrar de cada pequeno detalhe do que ela aprendeu em Easton. Ela tinha que se recuperar.

Razão pela qual ela foi a última pessoa a sair da Biblioteca Jonathan Hayes Memorial naquela noite. Quando ela chegou depois do jantar, o lugar estava cantarolando com a movimentação de pessoas, telas de computador brilhando, páginas de livros virando, latas de refrigerante sendo abertas. No momento em que ela saiu — um pouco depois das dez horas — estava quieto como um túmulo, e a bibliotecária de meia idade tinha praticamente a obrigado a sair da biblioteca já escura.

— Eu sinto muito — disse Ariana quando a mulher abriu a porta de carvalho pesado para ela. — Eu não tinha ideia de que já era tão tarde.

— Está tudo bem, Srta. Covington — disse a mulher com um sorriso genuíno. — É bom ver tanta dedicação no primeiro dia. Vou ficar de olho em você. Tenho a sensação de que você vai longe.

De seus lábios aos ouvidos de Deus, Ariana pensou. Era uma das frases favoritas de sua mãe, e seu coração se aqueceu ao recordar a melodiosa voz sulista de sua mãe.

— Obrigada — ela disse. — Eu tenho certeza que vou ver você amanhã. Ariana apressou os passos para o caminho de paralelepípedos que corria ao

longo do círculo interno do campus. Todas as lâmpadas de rua de ferro estavam brilhando, e os bancos e árvores formavam estranhas sombras sobre a grama. Não havia nenhuma outra alma do lado de fora no campus escuro e se ouvia apenas a fonte borbulhante no centro do campus. Uma brisa fez cócegas na nuca de Ariana e ela sentiu um medo inexplicável correndo abaixo de sua coluna vertebral. Ela apressou seus passos.

A

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— A Casa Privilege pode ter suas vantagens, mas definitivamente não é localizada num lugar conveniente — ela disse em voz alta, esperando que o som de sua própria voz acalmasse seus nervos.

De repente, passos ecoaram no caminho atrás dela. O coração de Ariana contraiu-se quando ela se virou, pronta para enfrentar Kaitlynn, Tahira ou quem mais poderia estar perseguindo-a... mas não havia ninguém lá. Outra brisa jogou o cabelo ruivo de Ariana ao longo do rosto. Ariana olhou para a escuridão. Nada. Nenhuma sombra em movimento. Apenas o borbulhar alegre da fonte.

O telefone de Ariana tocou, fazendo seu coração pular em sua garganta. Ela arrancou-o para fora de sua bolsa. Havia uma mensagem de Lexa.

“Onde você está? A festa do desestresse no nosso quarto vai começar!” Ariana respirou. Lexa queria se divertir. Isso era uma coisa boa. Ela começou a

andar de novo, um pouco mais rápido desta vez, dizendo a si mesma que ela só estava se apressando porque simplesmente estava atrasada para uma festa. Isso era tudo. Ela não estava nem um pouco assustada.

Os pulmões de Ariana apertavam. Ela virou-se novamente, desta vez andando ainda mais rápido. Ela havia dado dois passos em direção ao círculo exterior de dormitórios e a colina que se erguia além, quando, de repente, tudo ficou escuro.

Ariana congelou. Cada luz do campus havia se apagado. As lâmpadas da rua, as luzes dos escritórios, as luzes de emergência através das portas. Ela estava cercada por uma escuridão implacável.

Apagão. É apenas um apagão. Ariana soltou uma respiração apavorada quando de repente alguém apareceu

por trás e jogou um saco preto grosso sobre sua cabeça.

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Traduzido por Ivana

que está acontecendo? Quem é você? Onde você está me levando? Ariana estava apavorada, mas ela não iria deixar que quem

quer que fossem essas pessoas percebessem. Ela perguntou-lhe com calma, de forma racional, mesmo que seu coração parecesse uma britadeira fazendo caminho através de suas costelas. Havia pelo menos duas pessoas. Seguraram os seus braços para os lados enquanto se apressavam através do Campus. Completamente cega pelo saco preto sobre a cabeça, Ariana tropeçou em uma das pedras irregulares e voou para a frente. Ela ouviu alguém, um alguém do sexo masculino, xingando. Fora isso, ninguém disse uma palavra.

Eles estavam indo para o norte, na direção oposta do Wolcott Hall. Ariana tinha quase certeza disso. Eles estavam indo em direção à capela? Ou para os dormitórios dos alunos do primeiro ano? Ou para o estacionamento?

Ela teve sua resposta, um segundo depois, quando parou abruptamente e uma mão forte a empurrou para baixo no topo de sua cabeça, forçando-a a se sentar. Ela foi empurrada desajeitadamente para frente e sua cabeça bateu em outra pessoa enquanto seus joelhos batiam na traseira de um assento de couro.

— Ei! Cuidado! Kaitlynn. Todo o corpo de Ariana começou a tremer de medo. Kaitlynn estava

no carro. Ela era parte disso? Se ela fosse, Ariana ia matá-la. Sem nem pensar nas consequências.

— O que está acontecendo? — Ariana exigiu. Alguém empurrou-a para trás de modo que ela estava sentada no banco

corretamente. — A-Ana — a voz de Kaitlynn respondeu. Estava abafada, muito parecida com

a sua. — É você? Ariana mordeu a língua. Ela não conseguia decidir se Kaitlynn estava

brincando, ou se ela realmente não podia vê-la também. — O que está acontecendo, Lily? — Ariana perguntou incisivamente. A porta do carro bateu. — Eu não sei — Kaitlynn sussurrou, aproximando-se do lado de Ariana. — Eu

estava subindo as escadas para o ginásio quando alguém jogou um saco na minha cabeça e me arrastou para aqui. Quem quer que fosse, eu arranhei todo o seu braço, mas eu não podia vencer com os olhos vendados.

—O

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Ariana parou de respirar. Tanto ela como Kaitlynn estavam sendo sequestradas por sentinelas sem rosto? Havia apenas uma explicação.

— Fim de jogo — ela murmurou. — O quê? O que você quer dizer? — Kaitlynn sussurrou. — É o FBI, obviamente — Ariana respondeu. — Eles descobriram onde

estávamos de alguma forma, e eles estão nos levando de volta. Houve um momento de silêncio, enquanto Kaitlynn tentava assimilar a notícia,

e fora do carro algumas vozes masculinas falavam em voz baixa. — Não. Não é possível. Por que eles fariam isso assim? Por que não entrar com

algemas, armas e toda aquela baboseira? — perguntou Kaitlynn. — Oh, eu não sei, provavelmente porque esta escola está cheia de bilionários

internacionais — Ariana respondeu. — Eles provavelmente vão querer resolver isso com extremo sigilo. Assim, os senadores, presidentes, reis e rainhas não terão que lidar com todo mundo sabendo que na escola supersegura de seus filhos estavam infiltradas duas criminosas foragidas — disse ela sarcasticamente.

Uma das portas do carro se abriu e o carro balançou quando alguém sentou atrás do volante. Ambas, Ariana e Kaitlynn, ficaram em silêncio, sabendo que era melhor não falar nada até que elas soubessem exatamente com quem elas estavam lidando. O carro voltou a andar. Em pouco tempo o carro saiu da estrada pavimentada e percorreu ao longo de algum tipo de terreno rochoso. De repente, Ariana sentiu um terror quente passar por ela. Eles estavam levando-a de volta ao Lago Page? Para o lugar onde ela tinha assassinado Briana Leigh e ela e Kaitlynn haviam descartado o corpo?

A viagem não poderia ter sido mais de quinze minutos, mas pareceu uma eternidade para Ariana. Quando o carro finalmente parou, o motorista não saiu. Em vez disso, as portas dos dois lados do banco traseiro foram abertas e uma mão fechou-se em torno do braço de Ariana. Era pequena e feminina, mas forte. A mulher arrastou Ariana para fora do banco de trás e para um caminho de terra irregular, esburacado. Ariana tropeçou, ainda incapaz de ver, e se perguntou se o governo dos Estados Unidos teria um esquadrão ultrassecreto de fuzilamento na área rural de Virgínia.

— Pare. Ariana congelou. Ela ouviu um estalo e sentiu um calor em seu lado direito.

Isso era fogo? A mulher virou-se e a colocou diante das chamas, e em seguida, se foi. Por um momento, Ariana não conseguiu processar essas informações. Ela deveria tirar o saco da cabeça? Tentar fugir? Mas então, do nada, o saco foi tirado. Os pulmões aliviados de Ariana se encheram de oxigênio e do cheiro inebriante de lenha. À sua esquerda, Kaitlynn se virou, como se estivesse pronta para uma luta, mas Ariana não se mexeu. Diante dela havia um fogo intenso, aceso no centro de uma clareira na floresta. A linha de árvores estava separada por espécies de lápides desgastadas, cada uma com um nome gravado nela, apesar de Ariana não conseguir ler sob a luz fraca. A fogueira estava circunscrita por dezenas de pedras cinzentas esbranquiçadas, perfeitamente redondas.

Não. Não eram pedras, Ariana percebeu dando uma segunda olhada. Crânios. Dezenas de crânios humanos.

De pé do outro lado do fogo estava uma figura alta, toda vestida em preto, com o rosto coberto por uma máscara de esqui preta, com as mãos atrás das

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costas. Do outro lado havia uma pessoa menor, uma garota, vestida exatamente do mesmo jeito. Cada um deles ficou atrás de uma lápide. A do rapaz dizia Lear. A da garota dizia Srta. Temple.

O terror de Ariana rapidamente foi substituído por uma onda de excitação. Era uma das sociedades secretas. Tinha que ser. Ela não ia ser presa. Ela não ia ser fuzilada. Ela ia, de fato, ser recrutada.

E Kaitlynn também. — Ok, isso é estranho. Até mesmo para o governo — disse Kaitlynn. Ariana lançou à Kaitlynn um olhar para que ela se calasse e viu que Brigit,

Tahira e Allison estavam todas em uma fila ao lado dela. Então, Tahira não está na sociedade... ainda, Ariana pensou. Interessante. Ela olhou em volta para as outras lápides nas proximidades, cada uma inscrita

com um nome da literatura clássica — Jay Gatsby, Elizabeth Bennett, Capitão Ahab e assim por diante. Ambos Lear e Srta. Temple estavam atrás de suas pedras. Isso significava que os outros membros estavam de pé atrás deles, bem como, nas árvores, apenas fora da vista? A própria ideia de que ela estava cercada sendo espreitada por membros secretos da sociedade, cada movimento dela sendo observado, fez o coração de Ariana tremer.

— Nós somos Pedra e Sepultura. — As duas figuras falaram de repente, em uníssono. — Você foi trazido aqui esta noite como uma prova de seu potencial. Agora você deve provar seu valor para a irmandade. Só os corajosos de coração e fortes de espírito devem aceitar este desafio. Você aceita?

— Eu aceito — Tahira e Brigit disseram rapidamente. Ariana ainda estava muito animada para formular um pensamento. — Falem, neófitos! — uma das figuras falou. — Vocês aceitam este desafio? — Eu aceito! — Todas as cinco responderam dessa vez. — Muito bem. Lear caminhou ao redor de seu túmulo e deu um passo para frente. Ele andou

diante das cinco meninas, olhando-as de cima a baixo. Ariana olhou para os olhos, tentando discernir se ela os tinha visto antes, mas eles eram totalmente desconhecidos. Decepção brotou dentro do seu peito.

Ela tinha acreditado que Palmer era o presidente da sociedade secreta, tinha concluído que ele era o único digno de tal função.

— Pedra e Sepultura é uma instituição sagrada — Lear começou, o crepitar do fogo atrás dele, dando-lhe um ar ameaçador. — Nos baseamos na lealdade, humanidade, coragem, abnegação, fraternidade. Nossos laços são inquebráveis. Nós subimos como um todo, e cairemos como um todo também. Nossa sociedade corre profundamente nas veias deste país, em cada universidade, em todos os setores, em todos os ramos do governo. Como membro da Pedra e Sepultura, o seu sucesso neste mundo é garantido.

Ariana olhou para Brigit, cuja atenção estava toda em Lear. Seu olhar estava cheio de esperança e orgulho. Isso era exatamente o que ela precisava. A Pedra e Sepultura era a última peça do quebra-cabeça. Era entrar e então ela iria conseguir tudo o que ela queria. Entrando seu passado estaria apagado.

— Prometa sua fidelidade a Pedra e Sepultura, e Pedra e Sepultura vai prometer sua fidelidade a você — disse Lear, fazendo uma pausa no centro da clareira. O fogo assobiou e estalou uma vez que consumiu um galho de árvore. Lear

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ergueu seus punhos juntos em frente a ele, formando um círculo com os braços. — Pedra e Sepultura vai celebrar com você em tempos de prosperidade, protegê-lo em momentos de dificuldade, socorrer você em momentos de necessidade. Tudo o que a irmandade pede é a sua lealdade inabalável.

Deus, isso é perfeito. Ariana não poderia ter conjurado nada melhor a si mesma. Ela se perguntou se as outras meninas estavam tão eufóricas como ela estava, praticamente incapaz de ficar parada.

— Irmã? — ele disse, olhando por cima do ombro. Srta. Temple avançou. Ela limpou a garganta antes de falar. — Cada um de

vocês tem sido considerada digna por seu potencial para a irmandade, mas a nossa sociedade é exclusiva e finita. — Ela tinha uma voz alta. Anormalmente elevada. E nasal. Como se ela estivesse tentando disfarçar sua própria voz. — Temos apenas quatro vagas abertas para neófitos femininos. Quatro vagas, cinco de vocês. Portanto, cada uma deve completar uma tarefa, a fim de provar o seu merecimento para a fraternidade.

Enquanto ela falava, Lear caminhava pela linha de neófitas, entregando a cada uma delas um pequeno envelope preto. Ariana estava sem fôlego e sua mente já estava tentando classificar suas chances contra as outras neófitas. Certamente que ela conseguiria provar-se mais digna do que Allison e Tahira. E até mesmo Brigit, se ela tivesse que ser honesta. Ela era mais forte do que qualquer uma delas. Mais esperta. Mais rápida. Uma sobrevivente. Seja qual fosse a tarefa que a sociedade secreta tinha escolhido para ela, ela estava pronta para fazer e vencer.

Mas Kaitlynn era uma sobrevivente, também. Ariana estava certa de que a garota entraria na Pedra e Sepultura também. O próprio pensamento disso — o pensamento de estar presa a Kaitlynn por toda a vida — fez o estômago de Ariana dar uma volta. Ela teve que engolir a bile que subia em sua garganta.

— Vocês devem completar essas tarefas no segundo domingo de setembro, data considerada para a adesão, mas apenas completá-las não vai garantir a sua aceitação — afirmou Lear. — A irmandade estará observando você. Se você tentar tomar o caminho mais fácil, nós saberemos. Se a sua execução carecer de criatividade, saberemos. Isso não se baseia apenas sobre o resultado final, e sim sobre os meios.

A menina deu um passo para frente novamente. — Nós vamos nos encontrar de novo no domingo, e seu trabalho será avaliado. Se você não tiver concluído a sua tarefa até então, você será automaticamente banida. Se você não tiver concluído a sua tarefa de uma maneira que seja satisfatória para a irmandade, você também vai ser banida. — O fogo levantou atrás dela, lançando seu corpo na sombra. — Pedra e Sepultura não seleciona os sêniores, o que significa que esta é a sua última chance de impressionar a fraternidade — disse ela, olhando diretamente para Brigit e Tahira. Ambas simplesmente lhe devolveram o olhar, quietas como uma pedra.

Ariana piscou. Ela se lembrou do que Lexa havia dito na biblioteca. Que era a última chance de Brigit entrar na sociedade, o que implicava que ela tinha sido selecionada antes e não tinha conseguido. Será que o mesmo tinha acontecido com Tahira?

— Você não deve mostrar esses cartões para ninguém — entoou Lear, dando um passo para trás em linha com o seu homólogo. Ariana estava certa de que ela ouviu sussurros atrás. Pessoas atrás das árvores. Estalando ramos. Os outros

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membros estavam lá fora assistindo. Ela estava certa disso. E agora eles estavam em movimento. — Vocês não devem compartilhar o que ouviram aqui esta noite. Vocês não podem falar desta noite a ninguém fora do seu círculo de cinco. Traição é um pecado que não é tolerado pela irmandade. Se você virar as costas para Pedra e Sepultura, se você difamar Pedra e Sepultura, se você permitir que os civis aprendam os segredos da Pedra e Sepultura, você vai ser calada. Levamos estes delitos a sério. Mortalmente a sério.

A garganta de Ariana se fechou. Ela lembrou-se de como Lexa estava assustada no dia em que ela escorregou e disse a Ariana sobre a sociedade. O que, exatamente, ele quis dizer com “calada”? Ariana olhou em volta para Kaitlynn, Brigit, Tahira e Allison, as quais pareciam tão confusas como Ariana estava.

— Seu tempo para impressionar a irmandade começa agora — disse Srta. Temple.

Em seguida, ela e Lear apagaram o fogo, trazendo uma profunda escuridão. O movimento nas árvores intensificou por um momento, e então tudo ficou em silêncio. A respiração de Ariana ficou curta e superficial. Ela não podia ver nada.

— Nós sugerimos que vocês comecem a andar antes que os ursos negros percebam a presença de vocês. — A voz de Lear ecoou através da noite. — Boa sorte!

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Traduzido por Ivana

ocê tem certeza que estamos indo no caminho certo? — Allison questionou, seu sotaque alemão mais carregado do que o normal, provavelmente devido ao pânico.

— Este é um caminho bem usado — Kaitlynn explicou pela décima vez. — E esta é definitivamente a direção certa.

— Não parece muito com um caminho para mim. É muito estreito — disse Tahira com uma fungada. Seus saltos altos estavam afundando na terra macia, o que a fez ir ficando para trás. — E como você sabe de que direção viemos? Estávamos todas de olhos vendados.

Ariana e Brigit estavam andando lado a lado no escuro, às vezes agarrando as mãos das outras, quando tropeçavam ou aceleravam, disparavam entre si um olhar divertido. Tahira estava sendo Tahira. Como sempre.

— Se você quiser ir por sua conta e risco eu não vou te impedir — respondeu Kaitlynn. — Árvores, conheçam Tahira; Tahira eu te apresento a floresta. Vá em frente.

Tahira cruzou os braços sobre o peito. — Você não tem que ser uma vadia sobre isso.

Kaitlynn parou e deixou cair os braços. — Eu sinto muito, T, ok? É que eu quero voltar para o campus e começar a fazer a minha tarefa, assim como você. Então vamos trabalhar juntas.

Ariana sorriu. Ela sabia que Kaitlynn teria gostado de fazer Tahira cair em prantos, mas Lillian não podia ter uma inimiga como Tahira, no caso de ela precisar dela mais tarde.

— Tudo bem — disse Tahira finalmente, caminhando em frente, balançando seus tornozelos. — Qual é a sua tarefa, de qualquer maneira?

Allison empurrou um galho de pinheiro para o lado. — Eu não sei se devemos estar contando sobre estas tarefas.

— Ela está certa. Acho que vou manter a minha para mim mesma, obrigada — disse Kaitlynn.

— O que diz a sua? — Brigit sussurrou para Ariana, inclinando-se. — Está muito escuro aqui. Eu não consigo enxergar — Ariana respondeu. — Aqui — disse Brigit. — Você pode usar isso. Ela ergueu o pulso e entregou algumas pulseiras de borracha brilhantes que

estavam perto de seu relógio robusto. Com um clique de um botão, uma luz grande

—V

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e brilhante iluminou seu rosto. Ariana parou de andar, pegou o cartão, e inclinou a face do relógio para ele. Lá, em tinta prata, estava sua tarefa:

FAZER UM ESPETÁCULO DE SI MESMA O coração de Ariana apertou. — O quê? Eles estão brincando? Brigit soltou uma risada enquanto lia. — O meu diz: “Envergonhar o príncipe

herdeiro da Jordânia no NoBash”. — Mas eu pensei... — Ariana fez uma pausa, sem saber quantas de suas

muitas teorias e quanto de seu conhecimento ela deveria revelar. Mas Brigit obviamente parecia ter aproveitado o momento. Ela queria saber mais do que Ariana iria dizer.

— Você pensou o quê? — Brigit perguntou enquanto elas aceleravam para alcançar as outras.

— Eu meio que pensei que Lexa estava na Pedra e Sepultura — Ariana sussurrou. Sem mencionar Palmer, a quem ela havia presumido ser presidente, ou líder ou como quer que se chamasse o número um da Pedra e Sepultura. Ela não podia acreditar que seria capaz de pedir que ela satirizasse a si mesma. — Ela não poderia cuidar de me dar algo menos... horrível?

Brigit apertou os lábios de uma maneira que fez a pele de Ariana formigar. — Pedra e Sepultura quer o que quer — disse ela enigmaticamente, levantando os ombros.

Ariana suspirou. Ela odiava quando outras pessoas sabiam mais do que ela. Mas, neste caso particular, poderia ser melhor para ela não cavar muito fundo. Pelo menos ainda não. Mas por que fazer um espetáculo de si mesma, quando tudo que Brigit tinha que fazer era constranger outra pessoa? Parecia completamente injusto.

— Ei, Ana, você pode vir aqui um segundo? — Kaitlynn gritou de seu lugar à frente do grupo.

Ariana mordeu a língua para não amaldiçoar a menina em voz alta. — Eu já volto — disse ela para Brigit. Ela fez seu caminho passando por Tahira e Allison, que também estavam

cochichando entre si, e juntou-se à Kaitlynn na frente do grupo. As árvores estavam mais altas e mais grossas, o mato invadindo o caminho de terra, e Ariana estava começando a duvidar seriamente de que este era, de fato, o caminho por onde haviam vindo.

— O que você quer? — Ariana perguntou em voz baixa. Algo fez cócegas em seu tornozelo e ela disse a si mesma que era apenas um galho ou uma erva daninha, e não uma aranha.

— Sim, escute, eu, obviamente, preciso estar na Pedra e Sepultura, então eu estou pensando, para tornar mais fácil para todos, você deveria apenas cair fora da corrida por esta vaga — disse Kaitlynn calmamente, seu olhar morto em frente.

Ariana riu. — Perdoe-me se eu não encontrar uma resposta digna para isso. — O que é tão engraçado? — Tahira perguntou a alguns metros atrás. — Nada! — Kaitlynn respondeu, aumentando sua velocidade um pouco para

que Ariana tivesse que correr no escuro para manter o ritmo. — É o justo, A — Kaitlynn continuou, em tom diplomático. Ela baixou a voz de

modo que era quase inaudível sobre o som de seus passos caminhando rápido. — Você está salva. Você tem uma identidade, um fundo fiduciário, um futuro, mas eu...

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eu tenho dois anos para fazer conexões que me levarão além do APH. Vou precisar dessas pessoas para me ajudar a fazer isso.

— Você realmente acha que quando você estiver dentro e eles descobrirem que Lillian Oswald não tem nenhum fundo que seja, eles vão ajudá-la a criar um? — perguntou Ariana. Ela lutou para recuperar o fôlego. Entre o exercício, o nervosismo, a escuridão e essa conversa, ela estava começando a transpirar. — Eles provavelmente vão jogá-la de volta para a Brenda T — ela disse através de seus dentes.

— Você ouviu o que eles disseram. Se você é um membro, eles vão te proteger. Eles acolherão você. E eles são incrivelmente conectados — Kaitlynn respondeu. — Então sim, eu acho que eles vão me ajudar.

Ariana suspirou. Esta deveria ser uma noite de platina para ela. Mas em vez disso, ela estava lidando com a psicose de Kaitlynn. Mais uma vez. Ela olhou por cima do ombro para se certificar de que ninguém poderia ouvi-las. As outras estavam tão para trás, que ela mal podia ouvi-las, e muito menos vê-las.

— Eu não vou desistir — ela disse, sem rodeios. — Ok, então, plano B. Quem devemos matar? — Kaitlynn disse, empurrando

um galho grosso de lado e permitindo que o mesmo regressasse bruscamente em direção ao rosto de Ariana. A dor foi forte, mas passageira. Ariana cuspiu alguns espinhos de pinheiro para fora de sua boca enquanto ela corria para alcançá-la.

— Matar alguém? — Ariana assobiou. — Você está falando sério? Kaitlynn lançou um olhar que disse a Ariana que ela estava falando, de fato,

muito sério. — Eu não vou matar ninguém — Ariana respondeu. — Ok, então talvez eu te mate — disse Kaitlynn com um encolher de ombros.

O coração de Ariana congelou, e ela escorregou, tropeçando para frente e quase caindo de cara no chão. Irritada, ela teve que agarrar-se a Kaitlynn, a própria pessoa que tinha acabado de ameaçar sua vida, para não cair.

— Cuidado. Há uma pequena colina aqui — disse Kaitlynn, com um tom de riso em sua voz.

De fato, a terra estava inclinando-se por sobre elas agora, e seus passos naturalmente aceleraram. Se ela empurrasse Kaitlynn tão forte quanto pudesse agora, ninguém iria ver. Mas Kaitlynn teria que cair tão forte e certeiro a ponto de quebrar o pescoço, e se não o fizesse, ela certamente iria dizer a todos como ela havia sido empurrada.

Por que elas não poderiam simplesmente tropeçar em um belo e conveniente precipício?

— Você percebe que, se algo acontecer comigo, eles vão te encontrar? — Ariana sussurrou, o coração batendo.

— Talvez — respondeu Kaitlynn, olhando para trás, para Tahira xingando baixinho, que acelerava os passos e já se aproximava. — Mas matar você poderia me ajudar a conseguir tudo o que eu quero. Então, se eu não te matar e eu não entrar na Pedra e Sepultura, em dois anos, eu estou na rua, sem nada.

Era incrível para Ariana a frieza com que ela falava sobre assassinato. E para a própria pessoa cuja vida ela estava pensando em liquidar.

— Por que tudo tem que ter assassinato para você? — Ariana sussurrou, com os pés batendo no chão. Seu tornozelo torceu levemente quando ela pisou em uma

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pedra, mas desta vez ela mordeu o lábio e encontrou seu próprio equilíbrio, não querendo confiar em Kaitlynn novamente. — Talvez uma delas acabe estragando a própria tarefa ou não realize com talento suficiente. Você ouviu o que Srta. Temple disse. Isso significaria uma eliminação automática.

— Sim, mas eu não posso contar com isso — disse Kaitlynn. — Eu prefiro ter a garantia, a segurança. Então, contanto que eu faça o que eu preciso fazer, eu vou entrar.

— Ok, então por que você apenas não sabota alguém? Dane-se suas chances. Você não tem que matar todos.

— Olha quem está falando — disse Kaitlynn com um sorriso. — Mas você tem um bom ponto. Sabotar alguém iria funcionar. Você faria isso, não é? — ela disse, batendo em Ariana com o ombro.

— O que aconteceu com “nós”? — Ariana disse. Não que ela saboreasse o pensamento de trabalhar lado-a-lado com Kaitlynn, mas esta era a ideia de Kaitlynn.

— Vamos lá, A. Eu tenho tanta coisa para lidar agora — disse Kaitlynn, segurando um galho grosso de lado. — Fazer amigos, fazer provas, ser presença constante em sala de aula, e agora eu tenho alguma tarefa louca para ser concluída. Ajudar uma amiga.

Seu tom de voz era tão falso-doce que fez os dentes de Ariana rangerem. — Eu vou ver o que posso fazer — disse Ariana a contragosto. — Ótimo. E nenhuma pressão sobre você. Quer dizer, se a coisa da sabotagem

não der certo, eu sempre posso me livrar de você... ou talvez de uma de suas amiguinhas. Então eu vou ser uma das favoritas — Kaitlynn disse brilhantemente.

— Deixe minhas amigas fora disso — disse Ariana, os punhos cerrados defensivamente. — Além disso, você não sabe se alguma delas está em Pedra e Sepultura.

— Oh, tenho certeza que poderei descobrir — Kaitlynn cantarolou. — No caso de não ter notado, Ana, eu sou um pouco um gênio quando se trata de pessoas.

Ela fez uma pausa quando elas chegaram a uma clareira na borda da floresta. Diante delas, se viam as luzes cintilantes alegremente piscando do campus abaixo.

— Olha — disse Kaitlynn, levantando uma mão. — Eu nos trouxe para casa. — Bom trabalho, Lily — disse Tahira felizmente, emergindo das madeiras e

envolvendo o braço no de Kaitlynn. Claramente ela tinha esquecido os seus resmungos anteriores. — Vamos tomar um lanche da meia-noite. Eu sou toda chocolate a esta hora. E vocês?

— Definitivamente — respondeu Kaitlynn enquanto caminhavam para baixo da colina. — Vai ser muito divertido quando estivermos na Pedra e Sepultura juntas — disse Kaitlynn. — Você e eu vamos tomar o comando.

Seu riso se misturou com a brisa enquanto a distância entre elas e Ariana aumentava.

— Esperem por mim! — Allison gritou, correndo atrás delas. Brigit finalmente completou seu caminho para fora da floresta e veio parar ao

lado de Ariana. Ariana estava congelada no lugar, atordoada com o total desrespeito de Kaitlynn para com tudo, sua própria segurança incluída. O que ela vai fazer, cortar a garganta de Ariana no meio da noite? Não seria a companheira de quarto a suspeita óbvia em um crime como esse?

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Mas esse era o problema. Kaitlynn era insana. Não se podia saber o que ela seria capaz de fazer.

— Tudo bem? — perguntou Brigit. — Sim... sim — disse Ariana, despertando de seus pensamentos sombrios. —

Vai ficar. Tudo ia ficar bem, assim que Ariana encontrasse alguma segurança para si

mesma. Algo que tornaria impossível para Kaitlynn machucá-la sem ferir a si mesma. — Vamos. — Ela entrelaçou o braço no de Brigit como Tahira tinha feito com

Kaitlynn. — Eu acho que nós merecemos uma sobremesa de comemoração. — Mas a minha dieta... — Esqueça sua dieta. Vamos aproveitar. Acho que devemos nos soltar por

uma noite — disse Ariana. — Você viu aquela torta de chocolate tripla que eles têm? Aposto que é de morrer.

— Oh, eu estou super dentro — disse Brigit, feliz. — Só não diga a Soomie e a Maria, ok? Elas vão me torturar com isso.

— Não se preocupe, eu sou boa em guardar segredos — disse Ariana, observando Kaitlynn descer a colina de braços dados com Tahira. — Muito boa.

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Traduzido por Lua Moreira

stamos definitivamente atrasadas para o francês — disse Soomie, olhando para seu BlackBerry na manhã de quarta.

— Sim, mas vale a pena — Ariana respondeu. Maria acenou concordando.

Elas se sentaram de novo em três das cadeiras de poltrona situadas no pátio exterior do café Wolcott Hall. O espaçoso salão de laje quadrada era salpicado de vasos de crisântemos de cores vivas e florescentes bordos japoneses, suas folhas vermelhas profundas iluminadas pelo sol. Havia alguns estudantes em várias mesas, folheando livros e entregando-se a croissants e bolos. Atrás deles, descendo a colina da casa, o grande rio Potomac murmurava pacificamente. Era tudo tão perfeito que parecia impossível que pudesse ser real.

Era horrível pensar que tudo poderia ser tirado dela. Ariana tinha ficado acordada a noite toda, pensando nessa ideia toda de sabotagem, e chegou a um pequeno problema: Presumivelmente, os membros da Pedra e Sepultura observavam potenciais membros em todos os momentos. O que significava que, se ela sabotasse alguém, eles veriam. Será que eles iriam franzir a testa sobre esse tipo de comportamento? Se tratava-se de uma fraternidade e o apoio era mútuo, sabotar alguém iria desqualificá-la?

— Onde é que aquela menina está? — perguntou Maria. — Eu preciso do meu café.

— Não, sério? — Soomie brincou, sacudindo o cabelo escuro por cima do ombro.

— O que mais é novo? — Ariana acrescentou. Depois de terem perdido o café da manhã naquela manhã em favor de dormir,

elas decidiram pegar café e bolo na cafeteria antes da aula. Ou melhor, outras pessoas tinham pego café e bolo para elas. Lexa tinha levantado ao romper da manhã para sua corrida diária, e Brigit estava em um telefonema com o rei e a rainha.

— Aqui está, Ana. Um café gelado com leite desnatado com uma pitada de canela.

Ariana olhou para Quinn, a estudante do segundo ano que ficava vinte e quatro horas disponível para trazer café para Lexa, Maria, Soomie, Brigit, e agora Ariana. Lexa realmente tinha as rédeas do Atherton-Pryce Hall. Antes de o ano letivo ter começado ela tinha bloqueado toda uma tropa de alunos do segundo ano que

—E

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eram subservientes dela e de suas amigas. Quinn e suas colegas, Melanie e Jessica, haviam estado na Equipe Dourada e, portanto, todas tiveram acesso a Casa Privilege. Tê-las perto ia tornar tudo muito mais fácil. Noelle Lange teria ficado tão impressionada.

— Obrigada, Quinn — disse Ariana, pegando o copo de plástico de café frio e bebendo com o canudo. Ela sorriu feliz, contente por ter uma regalia que não tinha que compartilhar com Kaitlynn. Pelo menos ainda não.

— Um café para Maria — Quinn continuou, entregando a bebida. Maria agarrou-a como se estivesse perdida no deserto e fosse o último copo de água na terra. — E um chá Chai e um bolinho de amêndoa para Soomie.

— Obrigada — disse a outra menina, dando seu lacaio sorriso breve. — Alguma outra coisa antes de eu ir para italiano? — Quinn perguntou,

rapidamente verificando o relógio Gucci. Seu cabelo vermelho liso estava envolto com um diadema de tartaruga e ela usava seu uniforme muito bem arrumado e intocado. Ariana apreciou a atenção da estudante de segundo ano ao detalhe. Quando ela entrasse na Pedra e Sepultura ela ia ficar de olho em Quinn para um membro em potencial.

— Nós estamos bem — disse Soomie, tomando um gole de seu chá. — Não se atrase por nossa causa.

— Tudo bem. Tenham um bom dia! — Quinn disse antes de pegar sua mochila estofada e sair.

Ariana recostou-se na cadeira e tentou relaxar — tentou pensar em algo para conversar com suas amigas — mas tudo o que vinha à mente era Kaitlynn e suas ameaças de morte. Depois de participar da cerimônia da Pedra e Sepultura na noite anterior, Ariana estava mais determinada do que nunca a entrar. Mas isso exigiria três coisas: primeiro, não ser assassinada por Kaitlynn, em segundo lugar, não deixar Kaitlynn assassinar nenhuma de suas amigas, e em terceiro lugar, ser uma das quatro que entraria, ao invés de uma pobre alma que não entraria.

Um par de pássaros piava em uma das árvores próximas, e Ariana se perguntou tristemente porque ela tinha que estar pensando em assassinatos em um dia lindo como este.

Era uma pena que ela não pudesse pedir conselho a Soomie e Maria. Sobre saber se tinha razão sobre uma sabotagem à Pedra e Sepultura. Ela tinha a sensação de que ambas já estavam na Pedra e Sepultura, e poderiam ter alguns conselhos úteis, mas ela não poderia sequer dizer-lhes sobre a cerimônia da noite anterior, sem correr o risco de irritar Pedra e Sepultura, muito menos revelar a verdade sobre si mesma e Kaitlynn.

A não ser que... talvez ela pudesse perguntar-lhes, sem realmente perguntar-lhes. Elas, obviamente, saberiam o que ela estava falando, mas, provavelmente, responderiam sem perceber. Pelo menos, era o que Ariana faria para elas se ela estivesse dentro e elas estivessem fora.

— Ana, qual é o seu problema? — Maria disse de repente. — Você suspirou dez vezes nos últimos cinco minutos.

— Eu suspirei? Desculpe — Ariana respondeu. — Apenas tendo pensamentos profundos.

— Algo em que eu possa ajudar? — perguntou Soomie. — Eu gostaria — Ariana respondeu.

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Ela respirou profundamente o ar de início de outono. Ela deveria fazer uma tentativa, ou Pedra e Sepultura consideraria até mesmo uma vaga pergunta como um crime?

— Experimente — disse Maria finalmente. Ariana se mexeu em sua cadeira. Ela decidiu confiar em suas amigas. Confiar

que elas não iriam dedurá-la para Pedra e Sepultura. Se haveria algum momento para confiar em sua amizade, era agora.

— É só que... há algo que eu quero... e há um grupo de pessoas a caminho de conseguir isso — disse Ariana. — E eu não sei como lidar com isso.

Há. Tecnicamente, ela não disse uma palavra sobre Pedra e Sepultura, então tecnicamente ela não tinha quebrado nenhuma regra. Soomie e Maria trocaram um olhar.

— Isso é fácil — disse Maria, deslizando seus óculos escuros para o alto da cabeça.

— Retire o elo mais fraco — disse Soomie. Ariana sentiu um chiar de possibilidade escorregar através de seu coração. Ela

sabia que podia contar com elas. E ali estavam elas, praticamente sugerindo sabotagem sem rodeios. Então, talvez ela não fosse ser desclassificada.

— O elo mais fraco — ela repetiu. Só então as portas de vidro atrás delas se abriram e Tahira e Allison entraram

caminhando penosamente. Elas tagarelavam e riam desagradavelmente por toda a extensão do pátio para uma mesa à sombra de um guarda-chuva vermelho. Uma vez sentadas, atacaram seus bolos de mação e canela, como um par de cães raivosos soltos em um galinheiro. Tão desagradáveis.

Claro, Ariana poderia ir ao encontro de Kaitlynn e simplesmente sabotá-la. Tirar Kaitlynn da corrida não só significaria entrar em Pedra e Sepultura, mas também significaria que Kaitlynn não estaria lá para irritá-la o tempo todo. Mas havia um problema com esse plano. Se ela sabotasse Kaitlynn, então Kaitlynn poderia entregá-la às autoridades — ou pior, matá-la.

A única opção era tirar alguém. Em seguida, ela e Kaitlynn iriam conseguir o que queriam. A maior parte. Ariana ainda teria que lidar com o fato de estar presa a Kaitlynn por toda a vida, mas pelo menos ela estaria dentro e viva.

— O elo mais fraco. A pessoa que não tem a coragem ou o cérebro para lutar — acrescentou Soomie, percorrendo os e-mails em seu BlackBerry.

Ok. Agora, elas fizeram definitivamente apologia à sabotagem. Não havia nenhuma dúvida sobre isso. Ariana olhou para Tahira e Allison. Ela já tinha cruzado com Tahira, e a menina não só era um gênio, como também era filha do líder de Dubai, e tinha conexões como ninguém no campus — exceto, talvez, Brigit. Ela definitivamente não era o elo mais fraco. Mas Allison... o que Allison realmente têm a seu favor? Ela era bonita, com certeza. Atlética, definitivamente. Com dinheiro — mas por aqui quem não tinha?

Alvo adquirido. E Ariana sabia exatamente o que fazer. Quando ela queria limpar um espaço

na Casa Billings para poder manter um olho em Reed Brennan 24 horas por dia, ela tinha projetado um escândalo de fraude que havia ocasionado na expulsão de Leanne Shore do campus. Tinha sido tão fácil, Ariana poderia ter feito isso com os olhos vendados e com uma mão amarrada atrás das costas. Então por que não fazer

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isso de novo? Allison nem sequer tinha que ser expulsa da escola. Ela só precisava fazer alguma coisa grave o suficiente para que Pedra e Sepultura tivessem conhecimento. Algo que eles considerariam inaceitável. Trapaça ainda funcionava. Era um clássico. A sociedade não queria aceitar ninguém que tinha sido pego fazendo trapaça e sido constrangido publicamente.

De repente, Ariana se sentiu mais confiante, relaxada e feliz do que ela tinha estado toda a noite. Obviamente Maria e Soomie sabiam sobre o que ela estava falando, e, obviamente, elas queriam ajudá-la a entrar na Pedra e Sepultura. Elas tinham realmente aceito ela.

— Obrigada, pessoal. Eu realmente aprecio isso — disse Ariana significativamente.

— Quando precisar — disse Soomie, roçando o braço de Ariana com os dedos. — Mas, na verdade, Ana, você não precisa de nosso conselho — disse Maria,

pegando sua xícara antes de ela pôr-se de pé. — Você tem claramente um talento para conseguir o que quer. Entrar no APH e na Casa Privilege não é tarefa fácil.

O coração de Ariana deu um salto. Havia algo no tom de Maria que ela não gostou. Algum conhecimento.

— Obrigada — disse Ariana, tentando ler o rosto de Maria quando ela se levantou de sua cadeira.

— Meu pai sempre diz que você só precisa de três coisas para ter sucesso na vida — entoou Soomie, atirando sua bolsa preta por cima do ombro. — Um, ambição, dois, inteligência, e três, um advogado realmente bom.

Ariana e Maria riram quando fizeram o seu caminho através das portas, se dirigiram para a saída da frente e para além da colina. Era apenas paranoia, ela estava certa. Como Maria poderia possivelmente saber algo sobre o passado verdadeiro de Ariana? Pelo que qualquer um aqui sabia, ela era Briana Leigh Covington. Ninguém tinha qualquer razão para questionar isso.

Certo?

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Traduzido por Ivana

ão logo o som do sinal indicando o fim das aulas ecoou pelo alto-falante naquela tarde, Ariana se levantou, saindo de sua cadeira, com sua mandíbula apertada em aborrecimento. Ela estava na sala de aula de História, sua

matéria favorita, a qual mal via a hora de entrar, mas ela não tinha sido capaz de desfrutar de um segundo da aula. Durante todos os 55 minutos de duração da aula, ela tinha prestado exatamente zero de atenção. No momento em que Kaitlynn entrou pela sala e entregou a Sra. Ferren a folha de encaminhamento, os ombros de Ariana endureceram de tensão e ela mal podia esperar para correr dali.

Ela não havia conseguido se concentrar, não relaxou, não aprendeu praticamente nada. Ela só sentia a respiração de Kaitlynn em seu pescoço. Seu perfume cítrico inundando o ar e a fazendo asfixiar. Sua mão roçava o cabelo de Ariana cada vez que ela levantava a mão para responder uma pergunta. Até o momento em que a aula acabou, Ariana precisava de uma massagem, uma aula de ioga, e uma hora em uma banheira de hidromassagem bem quente, com perfume de lavanda. Então, talvez, ela seria capaz de respirar.

— Ei, Ana! — Kaitlynn gritou no corredor. — Espera! Ariana continuou andando, quase tropeçando em algum calouro infeliz que

tinha deixado cair seus livros no meio do corredor. Ela virou-se com velocidade enquanto se dirigia para a escada. Não que isso importasse. Kaitlynn estava ao seu lado em pouco tempo.

— Você não está empolgada que estamos na mesma classe? Fiz a prova de história na segunda-feira de manhã e eles estão me deixando participar das aulas mesmo antes que saiam meus resultados — ela balbuciou.

— Por que você acha que eu me importo com algo como isso, que está fora da minha esfera? — disse Ariana, seus olhos estavam ferozes quando ela olhou por cima do ombro.

Ela virou-se de lado para dar mais espaço para o professor obeso que vinha vindo em sua direção e correu escada abaixo. Kaitlynn parou por um momento no topo, mas logo se recuperou e correu para alcançá-la.

— Para onde você está correndo? — A pergunta apropriada é: De quem eu quero correr? — Ariana disse através

de seus dentes. Sua mão agarrou o corrimão da escada de carvalho, firmando seus passos enquanto seu corpo tremia de raiva. Era pedir demais que não colocassem

T

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Kaitlynn em suas aulas? Entre ser sua companheira de quarto e competir com ela por uma vaga na Pedra e Sepultura, era o suficiente para ter que lidar com a garota.

— Muito engraçado — disse Kaitlynn secamente. Talvez eu deva fazê-la tropeçar. Basta estender o pé e fazê-la tropeçar. Com sorte

ela vai quebrar seu pescoço no mármore e isso tudo vai acabar. Um acidente. Seria algo como um acidente total. Talvez eu pudesse dar-lhe um empurrão.

Seu pé vacilou para frente quando Kaitlynn chegou ao seu lado, mas ela só conseguiu chutar o tornozelo de um rapaz alto e desajeitado com seus óculos.

— Ei. Cuidado. — Desculpe — disse Ariana, corando. Ela voltou o pé e manteve-se em

movimento, sentindo um calor irritado e estúpido. Fazê-la tropeçar na escada. Certo. Como se isso fosse funcionar. Estúpida, Ariana. Estúpida, estúpida, estúpida. Ela agarrou seu braço e apertou.

— Então, você já descobriu um plano de sabotagem? — Kaitlynn sussurrou enquanto Ariana se empurrava através das pesadas portas do prédio de classe.

— Eu estou trabalhando nisso — disse Ariana, entrando rapidamente e descendo os degraus de pedra a caminho da área principal do campus.

— Sério? Porque eu pensei ter visto você descansando no pátio com suas amiguinhas esta manhã — Kaitlynn respondeu, mantendo um sorriso simpático no rosto dela para o resto do mundo ver. — Não parecia que você estava trabalhando muito duro para mim.

— Olha, eu tenho um plano. Eu só tenho que descobrir como eu vou executá-lo — disse Ariana, parando sob uma enorme árvore de cereja. — Dê-me algum tempo.

Kaitlynn respirou fundo e soltou o ar pelo nariz, impaciente. — Se eu lhe der tempo você nunca vai fazer nada — disse ela, segurando seu caderno contra o peito. — Então, que tal um prazo? Você sempre funcionou bem com prazos.

Ariana ficou tensa, lembrando do quanto Kaitlynn sabia sobre seu passado. Ela sabia que o Quatro de Julho era o único dia em que sua fuga da Brenda T. poderia ter acontecido, e como Ariana planejou e arranjou tudo para isso com antecedência. Ela sabia que Ariana tinha encontrado uma maneira de arrecadar um milhão de dólares para pagar Kaitlynn em apenas uma semana. A menina sabia demais. Ariana apertava ainda mais o antebraço. Em seguida, um par de meninas que ela reconheceu do Wolcott passou e ela forçou um sorriso.

— Você tem dez dias. Até a noite do NoBash. Se você não sabotar alguém até lá, eu vou — disse ela, com os olhos ameaçadores. Ela olhou ao redor e viu Maria, Soomie, Lexa, Landon e Adam conversando perto da fonte. — Tudo o que precisamos é de um local mais aberto. Eu gostaria de saber qual das suas amiguinhas vai ser. Vamos ver. Bem, obviamente Lexa está dentro. A abelha rainha está sempre dentro. E ela provavelmente não estaria dividindo quarto com Maria, a menos que ela estivesse dentro também. Soomie tem que estar também, já que ela é a número um em cérebro aqui. Ela parece bastante desconexa, no entanto. Ela provavelmente lutaria.

Ariana apertou os lábios. Ao seu redor os alunos estavam conversando, descansando e comparando suas notas. Tendo uma vida normal. Assim como Ariana deveria estar fazendo. Mas em vez disso, ela se deparou com isso. Com esta pressão constante e ameaças sem fim. Este não era o jeito que deveria ser.

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— Ou será que vai ser você? — Kaitlynn acrescentou, olhando nos olhos de Ariana avidamente, como se ela estivesse simplesmente salivando para ter a chance de matar novamente. Ariana estremeceu. Kaitlynn era ainda mais louca do que ela jamais imaginou. Seria possível que ela quisesse que Ariana falhasse? Que quisesse uma desculpa para cometer um assassinato sem sentido? Será que ela não sabia que o assassinato era a última cartada, quando não havia nenhum outro jeito? Que era para ser usado apenas como último recurso?

Deus, ela é louca, Ariana pensou. Ela merece estar na Brenda T. Por que, por que, por que eu fui tirá-la de lá?

— Tudo bem — disse Ariana através de seus dentes. — Até a noite do NoBash haverá apenas quatro de nós na disputa. Enquanto isso, estarei com minhas amigas — disse ela com firmeza.

As sobrancelhas de Kaitlynn subiram em surpresa — ou em respeito? — diante da demanda. — Certo. Como queira.

— Ei, Ana! — Lexa gritou do outro lado do círculo. — Meu pai está nos levando para almoçar em Georgetown. Você vem?

Ariana sorriu quando o sorriso de Kaitlynn caiu. — Com certeza! — Ariana respondeu. — Ótimo! Vamos lá! — Lexa disse, inclinando a cabeça. — Ele está morrendo

de vontade de conhecer a famosa Briana Leigh Covington. — Tudo bem! — Ariana respondeu. Ela olhou para Kaitlynn, sentindo-se

subitamente calma, e muito superior. — Acho que você não foi convidada. Desculpa, Lily.

Ariana passou por Kaitlynn, balançando seu cabelo castanho espesso por cima do ombro e longe de seu pescoço, tentando esfriar a temperatura do corpo.

— Oh, Ana? Ariana fez uma pausa. Ela respirou fundo e virou-se para enfrentar sua inimiga. — Falando de convites, não se esqueça que eu também vou precisar de um

convite para a festa — disse Kaitlynn. — Quanto mais cedo melhor. Existem planos para serem feitos.

Ariana sorriu docemente. Ela adorava a situação agora. — Não se preocupe, Lily. Se você é muito patética para fazer seus próprios amigos, eu vou fazer o que puder para ajudá-la.

Kaitlynn franziu a testa e Ariana rapidamente saiu para se juntar à Lexa e o resto de sua turma. Ela lançou seu braço em volta dos ombros de Lexa exageradamente enquanto se dirigiam para fora da área do outro lado dos dormitórios, sabendo que Kaitlynn estava assistindo. Isso dava um novo sabor a tudo. Pelo menos desta vez ela conseguiu fazer aquele sorriso cínico cair.

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Traduzido por Ivana

gora era a hora para tomar o controle da situação. Quando Ariana cruzou o círculo e subiu a colina em direção ao Wolcott

Hall, seu sangue ferveu mais quente a cada passo. Ela tinha acabado de ter um agradável almoço com o pai de Lexa, o senador Greene, e suas amigas, mas ela não tinha sido capaz de apreciar por completo, porque ela não conseguia parar de pensar sobre seu encontro com Kaitlynn. A menina tinha arruinado um passeio social perfeito e ela sequer tinha estado lá. Ariana sabia que para manter suas emoções sob controle, ela tinha que agir. Tinha que colocar algum plano em ação que pudesse corrigir, pelo menos um, se não todos, os seus problemas atuais. As primeiras da lista eram: Tirar Allison da disputa para entrar na Pedra e Sepultura. Salvar as vidas de suas amigas e a sua própria. Depois disso, ela poderia se concentrar no que poderia vir a ser a tarefa mais fácil, garantir um convite para o NoBash para Kaitlynn.

Então ela poderia se empenhar em unir Lexa e Conrad. Além de sua própria tarefa na Pedra e Sepultura — fazer um espetáculo de si mesma. Isso ia ser interessante. Como diabos ela deveria fazer isso? Vestir uma cueca do lado de fora de seu uniforme por um dia? Usar sapatos da temporada passada? Raspar a cabeça? Nenhuma dessas ideias a agradava. O que eles estavam querendo? Que devastadora humilhação eles estavam esperando?

Ariana tinha chegado ao topo da colina e estava andando tão rápido que ela percebeu o quanto estava não atrativamente ofegante.

Respire. Foco. O Plano de Allison. Era por isso que ela estava ali. Porque todos os bons

conspiradores precisavam de lacaios dispostos. Brigit não tinha vindo na hora do almoço, porque ela tinha uma prova de vestido para o NoBash. Ariana esperava encontrar a amiga em seu quarto. Ela empurrou as portas do Wolcott e quase bateu em Tahira e Allison.

— Cuidado! — Tahira vociferou. — Você quase arrancou a minha cabeça! Quem me dera, Ariana pensou, passando por elas sem dizer uma palavra, seus

dentes cerrados. — Deus. Suando muito? — Allison comentou, olhando Ariana de cima a baixo

com desgosto. Ela e Tahira se desmancharam de rir e seguiram assim ao sair pela porta. Ariana sentiu como se fosse entrar em combustão espontânea.

Sim, Allison tinha que perder. Logo. Assim que fosse possível.

A

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Respirando profundamente pelo nariz e expirando pela boca, Ariana pegou o elevador para o piso superior. No momento em que ela chegou lá ela se sentia muito mais calma. Ela bateu na porta fechada do quarto de Soomie e Brigit. Ela escutou um barulho e alguns sussurros.

— Quem é? — Brigit perguntou. — É Ana. — Você está sozinha? Ariana olhou para trás no corredor vazio. — Sim. Há algo errado? — Não. Entre. Rápido. Ariana entrou no quarto. Brigit estava usando um vestido púrpura de seda

pura e cintilante. Tinha mangas e um decote quadrado que emoldurava seu rosto e pescoço perfeitamente. Muito lisonjeiro. Agachada aos pés de Brigit, prendendo a bainha, estava uma mulher baixinha com cabelos grisalhos marrons puxados para trás em um coque.

— Ei, Ana. Desculpe por isso — disse Brigit. — Eu simplesmente não posso deixar Tahira ou Allison ver meu vestido. Como foi o almoço?

— Foi ótimo, mas senti sua falta — Ariana respondeu, colocando a bolsa na cama de Soomie. — Lindo vestido.

— Eu sei, não é? — O rosto de Brigit estava tonto de alegria. — Leah é um gênio. Oh! Como sou rude. Ana, esta é Leah. Ela acabou de chegar de Oslo, esta manhã.

Ariana tentou não deixar a inveja refletir em seus olhos. Costureira pessoal vinda da Noruega? Que vida.

— Um prazer conhecer uma amiga da princesa. — Leah levantou-se, apertou a mão de Ariana e inclinou a cabeça ligeiramente.

— O prazer é meu — Ariana respondeu. — Você faz um trabalho incrível. — Obrigada, senhorita. Leah voltou ao trabalho, caindo de joelhos e afiando seu caminho em torno da

saia de Brigit. — Você já tem um vestido? — Brigit perguntou animadamente. — Não, na verdade — Ariana respondeu, percebendo que ela ia ter que usar

seu cartão de crédito de emergência para garantir uma roupa adequada para a NoBash. Isso ia ser divertido para explicar à avó Covington.

— Bem, é melhor você ter em breve — Brigit avisou. Então seus olhos se iluminaram. — Já sei! Por que não vamos às compras juntas? Este sábado? Nós vamos todas juntas. Vai ser muito divertido!

Ariana sorriu. A ideia de uma excursão de compras com as suas amigas quase fez sumir o pensamento irritante de mais uma vez ter que fazer um lamento de mendicância de Briana Leigh ao explicar os gastos à sua avó extravagante.

— Tudo bem. Parece um bom plano — ela disse. — Ótimo. Então... o que está acontecendo? — perguntou Brigit. — Você está

toda entusiasmada. — Seus olhos azuis brilharam novamente e ela juntou as mãos na frente dela. — É um garoto? Você conheceu alguém? Já te disse que eu pedi ao Adam para ser meu par no NoBash? Ele disse que sim!

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Ariana riu. — Isso é ótimo, Brigit. Eu sabia que ele aceitaria. Mas não. Nenhum garoto para mim. — No entanto, ela acrescentou silenciosamente. — Na verdade, eu estava pensando... o que você acha de trotes?

O sorriso de Brigit se arregalou. — Eu os amo. Contanto que eles não estejam sendo feitos comigo.

— Claro. Ninguém gosta de ser a vítima — disse Ariana com um sorriso. Ela caminhou para o lado de Brigit no quarto onde havia uma dúzia de

fotografias emolduradas penduradas em torno de sua cama. Algumas das fotos tinham Brigit vestida com vestidos de estilistas, conjuntos de alta costura esportivos maravilhosos, joias e tiaras, posando com jovens dignitários e celebridades de todo o mundo. E então havia uma foto de Brigit e seus pais em caminhadas pelo campo, posando ao lado de uma montanha. Outra dela e de seu pai em uma canoa em algum lugar, sorrindo para o fotógrafo, olhando para todo o mundo como um pai perfeitamente normal e sua filha, em vez de um rei e sua filha princesa.

— Para quem nós vamos fazer o trote? — Brigit perguntou. — Allison — Ariana respondeu. — Ooooh! Então eu estou totalmente dentro — Brigit respondeu. — Isso é

para o... você-sabe-o quê? — ela perguntou em uma voz de liderança, olhando para Leah, que estava simplesmente fazendo o seu trabalho.

— Não — Ariana mentiu. Não era como se Pedra e Sepultura lhe pedira para sacanear Allison, mas a brincadeira era de certa forma relacionada à sociedade. — Ela só precisa de uma boa lição por ser uma vadia quando estávamos morando juntas.

Brigit deu uma risadinha. — Eu gosto disso. Qual é o plano? O que você precisa que eu faça?

Ariana sorriu. Ela sabia que ela tinha escolhido a cúmplice certa. Brigit era definitivamente o tipo de garota que vivia a vida ao máximo e sabia como se divertir. No chão, Leah estalou baixinho.

— Oh, por favor, Leah. Como se você nunca tivesse aprontado algo quando você estava na escola — disse Brigit. — Tenho certeza que vai ser totalmente inofensivo, certo, Ana?

Ariana engoliu em seco. — Claro. — Então, por favor, só planejem isso quando eu já estiver fora daqui — Leah

pediu, olhando para a princesa. — Quanto menos eu souber, menos eu vou ser capaz de dizer se o rei começar a fazer perguntas.

Brigit riu levemente. — Tudo bem. Vamos esperar. — Ótimo. — Leah colocou seu último alfinete. — Prontinho. Já acabei. Brigit desceu até o chão e olhou para a bainha, que estava estendida sobre o

piso aos seus pés. — Ainda está bem longo — ela ressaltou. — Eu sei. Eu fiz isso por uma razão — disse Leah, empurrando um alfinete

extra para a pequena almofada que tinha amarrada ao seu pulso. A postura de Brigit entrou em colapso. — Oh, não, Leah. Não me diga que

você está pensando em fazer isso comigo novamente! — O quê? — perguntou Ariana. — A princesa não sabe como andar de salto alto — Leah disse a Ariana. — Eu

continuo a tentar dizer-lhe que uma mulher em sua posição precisa saber como

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andar de salto, mas ela me escuta? Uma mulher que veste a realeza há mais de vinte anos? Não. Ela não me escuta.

— Qual é o problema? — perguntou Brigit. — Deus me fez desta altura. Porque eu não consigo participar de festas na altura que Deus me fez?

— Ela não vai a uma igreja desde que chegou aos Estados Unidos, mas agora ela quer invocar o Senhor. — Leah revirou os olhos enquanto se levantava.

— Como você sabe disso? — Brigit perguntou, a cor subindo em suas bochechas.

— Você pode pensar que você está longe dos olhos curiosos de seu povo, sua majestade, mas os jornais ainda imprimem cada pequena coisa que eles puderem descobrir sobre você — disse Leah ironicamente. — Você vai conseguir convencê-la? — ela perguntou a Ariana, olhando para as botas de salto alto que Ariana estava usando. — Talvez você possa dar-lhe algumas dicas. Desculpe-me, Princesa.

— É claro — disse Brigit. Leah entrou no banheiro e fechou a porta atrás dela. Brigit revirou os olhos. — Ela está certa — disse Ariana, olhando para bainha de Brigit. — Salto alto

quer dizer que você é uma mulher sofisticada. Se você continuar indo a festas de sandálias, você vira uma espécie de garota muito infantil.

— Eu sei, eu sei — disse Brigit, sentando-se na beira da cama. — Mas se eu começar a ir a festas de salto alto, eu vou estar caindo por todo o lugar, derramando bebidas e jogando molho de aperitivos nas pessoas. Eu meio que acho que é pior.

— Está bem — disse Ariana, sentando ao lado dela. — Então... quer ouvir o plano?

— Com certeza! — Brigit disse, apertando as mãos. — Eu tenho que dizer, porém, que isso é meio uma surpresa vindo de você, Ana Covington — ela acrescentou, dando uma cotovelada rápida em Ariana.

— Por quê? O que você quer dizer? — perguntou Ariana. — Eu não sei... Eu nunca teria pensado que você fosse o tipo que prega peças

— disse Brigit. — Mais ou menos como o que eu estava dizendo a Lexa no banheiro no outro dia. Você é meio...

Ela parou e fez uma cara de desculpas, como se ela não quisesse dizer o que ela estava pensando. Todos os minúsculos pêlos nos braços de Ariana ficaram em pé.

— Meio o quê? — ela perguntou, tentando não parecer irritada. — Hum... rígida, super séria? — Brigit disse. Um gosto amargo encheu a boca de Ariana. Ela sentiu seus dedos começarem

a enrolar em punhos e os forçou a abrir novamente. Rígida? Super séria? Não. Ela não era rígida. Apenas... controlada. Ela tinha que ser equilibrada. Tinha que manter-se sob controle em todos os momentos. Tinha que ser cuidadosa e metódica. Essas pessoas não tinham ideia do que poderia acontecer se ela se soltasse, perdesse o controle. A própria Ariana não tinha ideia do que poderia acontecer — um pensamento que a assustava até o âmago de seu ser cada vez que ela pensava. E era por isso que ela tinha de manter tudo sob controle. Manter todas as emoções fortes — medo, raiva, amor, luxúria — sob controle.

Caso contrário, ela sabia, por experiência, que as coisas poderiam ficar muito, muito ruins.

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— Mas não de uma maneira ruim — Brigit acrescentou rapidamente. — Mas eu estava pensando que talvez seja por isso que Pedra e Sepultura deu-lhe essa tarefa. — Ela sussurrou as palavras Pedra e Sepultura. — Você sabe, assim você pode provar que você pode soltar-se. Que você não se leva tão a sério.

Ariana tomou uma respiração profunda e suave. Talvez Brigit estivesse certa. E talvez fosse Lexa quem tinha criado sua tarefa, depois de já ter notado que Briana Leigh não era tão Briana Leigh como ela costumava ser.

— Eu sei como me divertir — Ariana protestou. Ela desejou que, de repente, Brigit e as outras pudessem tê-la visto em seus dias no Billings. Ariana tinha sido sempre aquela que garantia o champanhe, arrumava os passes para fora do campus, descobria como conseguir as entregas de pastelaria no meio da noite. Ela tinha sido a maior festeira. Mesmo que nunca houvesse sido muito selvagem. — Eu fiz uma festa no meu quarto, na semana passada, lembra?

— Sim! Isso foi tão legal — disse Brigit. — Esqueça o que eu disse. Obviamente, eu estou errada. Pessoas rígidas não pregam peças apenas por diversão.

— Exatamente — disse Ariana, ainda incomodada. Ela desenrolou os dedos e tentou relaxar. Tentou parecer menos rígida.

— Então. Diga-me o plano — disse Brigit, ficando confortável em seus travesseiros e irremediavelmente amassando o vestido. Embora Ariana supusesse que Leah provavelmente passaria ele novamente no vapor mais tarde. — Oh! Mas antes que eu me esqueça, você está livre hoje à noite?

Ariana piscou. — Além de estudar, com certeza. — Ótimo. Encontre-me com as meninas no estúdio de dança por volta das oito

— disse ela. — Eu tenho algo planejado especialmente para Lexa. — Sério. O quê? — perguntou Ariana. — Oh, você vai ver — respondeu Brigit. — Eu gosto que meus eventos sejam

uma surpresa. Ariana estava morrendo por detalhes, mas ela não queria que Brigit pensasse

que ela era intrometida, além de ser rígida. — Tudo bem. Estarei lá — Ariana respondeu. — Agora, sobre o meu plano... Brigit era todo ouvidos e antecipação sem fôlego, e pela primeira vez em

muito tempo Ariana encontrou-se relaxada. Encontrou-se no meio de um bom, alegre, brincalhão e íntimo momento de verdadeira amizade.

Ela estava feliz que Brigit tenha contado a ela as coisas que elas pensavam. Agora que ela sabia, ela poderia tentar melhorar essa impressão. Ela queria dar a certeza aos membros da Pedra e Sepultura com a sua humilhação que ela era tudo menos rígida. Brigit era uma amiga boa e honesta. E era bom ter amigas de verdade novamente.

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Traduzido por Ivana

epois que deixou Brigit, Ariana foi para o café para tomar um latte mocha para celebrar, pois ela estava se sentindo mais a si mesma do que ela tinha sentido em dias. Ela havia começado a preparar seu plano. Certamente uma

vez que o plano de Allison se iniciasse, tudo voltaria ao seu lugar também. Ela estava prestes a passar perto da porta de uma sala escura quando esta se

abriu abruptamente, faltando dois centímetros para bater em seu crânio. Um braço estendeu a mão, agarrou-a pelo pulso e puxou-a para dentro. Ariana estava prestes a gritar, até que percebeu que seu agressor não era outro senão Palmer Liriano.

— Oi — ele disse baixinho, apoiando-a na parede. — Oi. Ela olhou em seus olhos castanhos e sorriu. Ele beijou-a. Um beijo suave, doce.

E desta vez, ela poderia deixar isso acontecer, porque ela sabia que Lexa não estava por perto. E, além disso, era muito, muito bom.

— Oi — ele disse novamente, puxando seu rosto para trás e sorrindo. — Você já disse isso — ela respondeu animadamente. — Sinto muito. Às vezes, quando estou perto de você eu fico meio idiota —

respondeu Palmer. — Ficar idiota é bom — Ariana sussurrou. Em seguida, ela o puxou novamente e o beijou, beijou e beijou. Seus dedos

agarraram brevemente as pregas da sua saia, em seguida, desceram para as pernas, fazendo cócegas em sua coxa. Ariana apoiou-se na parede e Palmer a acompanhou, pressionando-se contra ela, fazendo sentir como se cada centímetro de seus corpos estivessem se tocando.

Em seguida, ele se afastou e segurou seu rosto com as mãos. Seus lábios abriram quando ela olhou para ele.

— Eu lhe disse para não me fazer esperar muito tempo — ele disse. — Agora eu tive que recorrer ao sequestro para ter você.

— Eu sei — disse Ariana, colocando as palmas das mãos contra o peito dele. Ele estava vestindo shorts cargo e uma camiseta cinza de Yale, as letras já estavam desbotadas devido às muitas lavagens e também havia um par de pequenos furos perto do pescoço. Será que isso significava que Yale era a sua primeira escolha? E se assim fosse, como ela poderia fazê-lo mudar para Princeton?

Agora não é o momento para isso, Ariana.

D

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— Eu só quero ter certeza de que Lexa superou você antes de fazermos alguma coisa, você sabe, pública — disse Ariana.

— E? Como está indo? — perguntou Palmer. — Brigit tem algo planejado para esta noite, e amanhã na hora do almoço, eu

vou apresentar um novo homem em sua vida — disse Ariana com um sorriso. Palmer deu um passo atrás. — Um novo homem? Sério? Quem? O coração de Ariana tremeu. Ele estava com ciúmes. Ciúmes de Lexa. Ela

respirou fundo e disse a si mesma que era natural. Ele tinha estado com Lexa por um longo tempo. Mas então, se ele realmente queria estar com Ariana então por que ele se importava com Lexa?

— Não preocupe sua cabecinha com isso — disse Ariana, estendendo a mão e despenteando seu cabelo na intenção clara de irritá-lo. Já que ele tinha acabado de irritá-la, então ele merecia. — Agora eu tenho que ir embora antes que alguém entre aqui e nos encontre juntos.

Ela se virou para ir embora. — Espera. Ariana sorriu para si mesma. Seu coração aqueceu enquanto ele deslizava os

braços fortes por trás dela. Pelo menos ele teve a cortesia de mostrar a ela que ainda não estava pronto para deixá-la ir.

— Apenas me diga que vai ser logo — ele sussurrou em seu ouvido. — Eu não sei por quanto tempo eu posso continuar com isso. Eu penso em você o tempo todo e tudo o que eu quero é estar com você. Almoçar com você, estudar na biblioteca com você, fazer... outras coisas com você... — ele acrescentou sugestivamente.

Ariana fechou os olhos e deixou que suas palavras perfeitas corressem sobre ela. — Sério? — ela disse, virando-se para encará-lo. Ela levantou a mão para que ele colocasse a palma dele contra a palma dela, então entrelaçou os dedos juntos. — Isso é tudo o que você pensa?

— Você não? — ele perguntou, parecendo quase magoado. — Eu só quero poder andar pelo campus com você, segurando sua mão. Eu quero dizer a todos que você é minha namorada. — Ele se inclinou para trás e levantou as sobrancelhas. — Você é minha namorada, não é?

Ariana sentiu como se seus pés tivessem acabado de sair do chão, como se ela estivesse realmente flutuando. — Sim — ela disse com um sorriso. — Sim, eu sou sua namorada.

Ele apertou a mão dela, em seguida, levantou a outra e segurou-a da mesma forma. — Então me diga que vai ser logo.

Ariana sorriu. — Em breve — ela prometeu, com o coração alegre, entusiasmado e livre. — Muito em breve.

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Traduzido por Ivana

onde você vai? — Kaitlynn perguntou a Ariana quando ela abriu a porta do seu quarto naquela noite, exatamente às 20:00h. Ela havia estimado que seriam necessários sete minutos para ela ir de seu

quarto para o estúdio de dança, e ela queria chegar elegantemente atrasada, mas também não queria perder um só momento da ação. O que significava que ela tinha que sair agora.

— Em nenhum lugar que você tenha que saber — disse Ariana, se aproximando da porta.

Kaitlynn levantou-se de sua cama. — Você está fazendo alguma coisa com elas, não é? — ela disse, pegando seu casaco. — Eu vou junto.

Ariana respirou fundo e se preparou. — Não, você não vai. — Por que não? — Kaitlynn disse em um tom desafiador. Ariana sentia como se estivesse lidando com uma criança. Uma criança

pequena, petulante. Mas esse era o problema com a loucura. Era sempre “eu, eu, eu” com eles. Ariana fez uma nota mental para se lembrar disso ao lidar com Kaitlynn a partir de agora. Era uma pena não poder ficar longe da menina por um tempo permanente.

— Porque é preciso ter convite, e você não foi convidada — Ariana explicou lentamente.

— Então me arranje um convite — Kaitlynn respondeu. — Eu vou. Vou arranjar um convite para o NoBash. Mas para fazer isso, eu

preciso que você não pare de agir como uma perdedora necessitada — disse Ariana com um sorriso doce e enjoativo. — Portanto, esta noite, eu sugiro que você fique aqui dentro. Até mais!

Ela bateu a porta do seu quarto, deixando Kaitlynn fumegante atrás dela. Enquanto ela ia caminhado pela porta dos fundos do Wolcott Hall, ela ergueu a sua cabeça e um sorriso triunfante nasceu em seus lábios. Kaitlynn, dessa vez, não tinha vencido essa batalha.

Ariana chegou à porta do estúdio de dança da escola, exatamente 20:08, depois de ter sido atrasada por Kaitlynn por mais de um minuto. O estúdio estava em frente ao corredor da sala do coral, onde o coro exclusivo da escola estava ocupado executando as escalas, ensaiando para seu primeiro concerto do ano. Mais abaixo no corredor iluminado com piso de mármore, Ariana podia ouvir um quarteto de cordas tocando Vivaldi e uma guitarra pulsando alguma canção anti-

—A

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guerra dos anos 1960. Um soprano solitário cantou uma ária inquietante que flutuava acima de outro tipo de música, afirmando-se no corpo a corpo.

Ariana respirou fundo. Que ruído bonito! Tão diferente da gritaria e falatório da Brenda T. Ela poderia ficar ouvindo aquilo durante toda a noite e simplesmente deleitar-se com o fato de que ela estava ali.

Mas ela tinha outros negócios para tratar. Lentamente, Ariana abriu a porta do estúdio de dança, sem saber o que ia

encontrar. Uma enorme festa estridente? Um buffet sofisticado? Uma degustação de vinho? Algum tipo de evento de estilo projetado para encontrar para Lexa um novo namorado? (Ela esperava que não, considerando que ela já tinha escolhido um para ela.) Assim que ela entrou, seus sentidos foram preenchidos com o cheiro de eucalipto e o ar entrou correndo sobre ela como um abraço úmido. O som da música relaxante de spa parecia fazer cócegas nos lóbulos de suas orelhas. Uma mulher afro americana em uma túnica cor de creme adiantou-se e sorriu de forma acolhedora.

— Você deve ser a Senhorita Covington. Eu sou Satia, sua massagista da noite. — Isso, eu não estava esperando — disse Ariana com uma risada satisfeita. Desde o chão até o teto, os espelhos tinham sido envoltos com cortinas de

veludo escuro. Dez fontes se fixavam ao longo das paredes, serenamente borbulhando água em uma bacia cheia de pedras. Havia cinco mesas de massagem no centro da sala e uma manicure e de pedicure posicionadas nos cantos. Caminhando em torno do estúdio havia uma dúzia de mulheres vestidas como Satia, sorrindo placidamente, prontas para servir. Maria estava falando urgentemente com uma das mulheres perto da parede de trás, enquanto Soomie e Brigit saíram de trás de um divisor de quarto chinês, demonstrando-se confortáveis em robes cor de verde musgo.

— Aí está você! O que você acha? — Brigit perguntou, chegando a Ariana. — Você acha que Lexa vai gostar?

Só então, a porta se abriu e Lexa entrou, colocando o celular em sua bolsa Birkin. Seu queixo caiu quando ela olhou em volta, os olhos arregalados.

— Eu acho que Lexa vai adorar — disse Lexa, puxando Brigit para um abraço. — Olha isso! — ela disse, soltando sua amiga enquanto ela contemplava tudo. — Isso é incrível, Brigit. Mas qual é o motivo?

— Você — disse Maria, deslizando para se juntar a elas. — Este é o primeiro passo no plano para que você se esqueça da bunda bronzeada de Palmer Liriano.

— Foi tudo ideia de Brigit — disse Soomie, dando crédito onde o crédito era devido. Ela colocou a mão nas costas de Brigit e Ariana percebeu que era a primeira vez que tinha visto a garota sem o BlackBerry cirurgicamente ligado a palma da sua mão.

— Só o primeiro passo? — Lexa perguntou, preguiçosamente pegando um frasco de esmalte polonês vermelho de uma cesta nas proximidades. — Qual é o segundo passo? Uma viagem para Paris?

— Não é bem isso — disse Ariana, olhando conspirativamente para Maria. — Mas eu acho que você vai gostar.

Ariana tinha revelado a Maria sobre o “plano Connie” no intervalo entre as classes e Maria havia adorado a ideia. Ela havia dito que Connie era uma de suas pessoas favoritas no APH e que ela não podia acreditar que ela mesma não tinha

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pensado nele como um partido para Lexa antes. Tudo isso tinha deixado Ariana sentindo-se perspicaz, triunfante e esperançosa. Se Connie fosse uma combinação perfeita para Lexa, então ela e Palmer estariam livres para estar juntos a qualquer momento.

— Senhorita Greene? — o único massagista masculino na sala — um homem alto, loiro e lindo, com a pele bronzeada e um sorriso de estrela de novela — deu a Lexa uma leve reverência. — Meu nome é Dirk. Se você quiser trocar de roupa, podemos começar.

Lexa sorriu para Brigit e colocou o esmalte sobre o balcão. — Lembre-me de comprar uma coisa linda para você. — Ela respirou fundo e sorriu para Dirk. — Eu estou carregando um monte de tensão em minhas costas — disse ela. — Eu espero que você esteja pronto para trabalhar.

— Seu desejo é uma ordem — disse ele, levantando um braço para guiá-la na direção do divisor de quarto e as roupas penduradas atrás. — Vamos?

— Oh, vamos. Ariana e suas amigas caíram em um ataque de risos quando Lexa e Dirk foram

embora juntos. — Eu acho que isso pode funcionar — disse Ariana. — Perdoe-me enquanto eu me dou um tapinha nas costas — respondeu

Brigit, tentando fazer exatamente isso. — Vá e se troque — disse Soomie para Ariana. — Eu aposto que você poderia

usar o relaxamento — ela acrescentou significativamente. — Oh, você quer dizer por causa do que eu disse a vocês esta manhã? —

Ariana disse. — Eu já agi para lidar com essa situação. — Boa menina — disse Maria com uma piscadela. Uma sensação de calor encheu o coração de Ariana. Soomie e Maria

definitivamente queriam vê-la entrar em Pedra e Sepultura. Elas realmente se importavam com ela. Com uma onda de orgulho, Ariana percebeu a vida incrível que ela estava construindo para si mesma. Amigas de verdade, um namorado em potencial, um futuro sólido. De repente, ela se sentiu que ela mesma também merecia um tapinha nas costas.

— Então, senhorita Covington — disse Satia, acompanhando Ariana ao outro lado da sala. — Você tem áreas específicas que você gostaria de trabalhar? Quaisquer músculos carregados de tensão?

Ariana respirou fundo. — Meus ombros e pescoço, com certeza. Satia inclinou a cabeça e olhou para Ariana com simpatia. — Eu acho que é o

caso de muitos estudantes. Todo esse tempo gasto em frente ao computador. Ariana sorriu. — Sim. É exatamente isso. Isso e cada vez que vejo a psicopata assassina que está tentando arruinar minha

vida, eu sinto meus músculos do ombro torcendo como pretzels. Mas você não precisa saber sobre isso.

— Oh meu Deus. Devíamos fazer isso toda semana — disse Soomie enquanto a pedicure massageava seus pés.

Algumas horas por semana sem Kaitlynn, sendo mimada, juntamente com minhas amigas? Ariana pensou, enquanto vestia seu robe. Eu definitivamente poderia lidar com isso.

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Traduzido por Ivana

riana acordou na quinta-feira de manhã com um presente duplo: um dia ensolarado e uma cama vazia em frente a ela. Kaitlynn já havia levantado e saído, o que significava que Ariana poderia relaxar enquanto ela se

preparava para as aulas. Ela respirou fundo e esticou os braços sobre a cabeça, recordando a noite adorável e relaxante que tinha tido na noite anterior. Ela se sentiu como uma verdadeira integrante do grupo de Lexa, ajudando suas amigas na escolha de seus esmaltes de unhas, conversando sobre seus tratamentos faciais e pedicures. Além disso, seus músculos estavam todos perfeitamente relaxados nesta manhã. Nenhum torcicolo, cãibra ou um nó em algum lugar. Tudo graças a Brigit. Não, graças à escolha que Ariana havia feito naquele primeiro dia de escola, quando ela chegou no APH. Quando ela tinha escolhido ser amiga dessas meninas. Ela obviamente tinha escolhido sabiamente.

Com um sorriso, Ariana se permitiu o luxo de mais um minuto enterrada debaixo das cobertas. Era bom ser ela.

Finalmente, Ariana abriu os olhos e sentou-se. Esticou os braços e levantou a cabeça. Havia algo colocado na borda de sua mesa de cabeceira: uma caixa de joias de veludo rosa com enfeite de ouro, do tipo que geralmente trazia dentro um colar ou uma pulseira. Seu coração disparou. Será que Palmer tinha deixado algo para ela? Ou era, talvez, uma bugiganga da Pedra e Sepultura?

Ariana endireitou-se e olhou para a mesa de Kaitlynn. Ela não tinha nenhuma caixa. O que poderia significar que ou ela já tinha aberto a dela, ou este era, de fato, algo que tinha sido deixado apenas para Ariana.

Prendendo a respiração em antecipação, Ariana pegou a caixa e abriu. Dentro caiu uma grossa mecha de cabelo ruivo. Ela caiu no chão como uma folha, chegando ao pé nu de Ariana. Instintivamente, ela chutou fora, o nariz enrugando com nojo. Em seguida, ela se agachou no chão para ver melhor. Era o tom exato de seu próprio cabelo tingido.

Seu coração mergulhou em seus pés e ela levantou-se, correndo para o espelho. Um grito estrangulado escapou de sua garganta. Havia uma grande mecha de cabelo que fora cortada do lado direito de seu rosto, muito mais do que o que havia sido escondido na pequena caixa. Ariana se virou, seu sangue estava quente, ela estava com raiva agora, e pegou a caixa novamente. Ela virou, procurando uma pista. Nada. Então ela arrancou o fundo removível para fora e um pedaço de papel dobrado caiu no chão. Ariana inclinou-se e desdobrou-o. Era um pequeno calendário

A

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com a palavra NoBash escrita em letras vermelhas sobre a data do próximo sábado, dia 14 de setembro. A data de ontem foi riscada em vermelho. No fundo, havia três palavras rabiscadas em tinta vermelha.

NINR FSYD LEFT! Kaitlynn. Kaitlynn tinha feito isso com ela enquanto ela dormia. Ariana não

havia sentido nada. Se Kaitlynn poderia fazer isso com ela enquanto ela estava em seu estado mais vulnerável... o que mais ela poderia fazer? Ariana levantou-se, seu corpo tremendo, e arremessou a caixa na parede com um grito gutural, liberando toda a raiva e medo que ela tinha reprimido dentro de seu peito nos últimos dez segundos. Ela imaginou-se enfiando a caixa pela garganta de Kaitlynn, então pegando o calendário e fazendo-a engolir também. Kaitlynn não podia fazer isso com ela. Ela não permitiria aquilo.

Lá fora, no corredor, uma porta bateu, e Ariana, de repente percebeu o enorme barulho que ela tinha acabado de fazer. Descontrolada, ela olhou ao redor, por todo seu quarto vazio, perguntando-se quantas companheiras de escola haviam escutado seu grito. Controle. Controle era tudo. O mais importante. E ela tinha acabado de perder isso.

Apenas respire, Ariana. Inspire, um... dois... três... Expire, um... dois... três... Inspire, um... dois... três... Expire, um... dois... três... Sua frequência cardíaca estava voltando ao normal quando um grito quebrou

o silêncio. Ariana correu para o corredor e desceu para o quarto de Soomie e Brigit, entrando de repente. Soomie estava sentada na cama, segurando uma caixa igual a de Ariana em uma mão e uma pequena mecha de cabelo preto na outra. Brigit parada diante dela, parecendo horrorizada.

— Oh meu Deus! — Soomie gritou, olhando para Ariana. — Eu pareço tão ruim quanto você?

Ela se levantou e correu para o espelho, mas levou um minuto para ela encontrar o local onde seu cabelo tinha sido cortado. Kaitlynn tinha tomado um certo cuidado cortando discretamente na parte de baixo do cabelo de Soomie. Um ponto que poderia ser facilmente escondido.

— Quem fez isso? — Soomie gritou, com a mão trêmula. — Você ganhou um, também? — Ariana perguntou a Brigit. Brigit olhou em volta, confusa. — Não. — Que diabos é isso? — Allison gritou. Ariana trocou um olhar com suas amigas e, em seguida, correu pelo corredor.

Allison estava no centro de seu dormitório com outra caixa, um cacho loiro apertado entre o indicador e o polegar. Tahira estava longe de ser encontrada.

— O que está acontecendo aqui? — Lexa perguntou, saindo de seu quarto vestindo um roupão, de banho tomado.

— Alguém andou cortando o cabelo das pessoas no meio da noite — Soomie respondeu, se virando.

— O quê? — Lexa ficou pálida. — Allison, Soomie e Ana tiveram mechas de seus cabelos cortadas e colocadas

em caixas perto de suas camas — explicou Brigit.

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Lexa virou e correu de volta para seu quarto. Ela saiu um momento depois, parecendo um pouco aliviada, mas ainda assustada. — Maria foi embora, mas eu não vejo nada — disse ela, aproximando-se. Ela olhou para a caixa de veludo na mão de Soomie. — Eles não deixaram uma nota ou algo assim?

O coração de Ariana deu uma guinada quando pensou no calendário que tinha sido escondido com sua mecha de cabelo. Ela esperava que Lexa não pegasse a sua caixa.

— Não. Nada — disse Ariana. — Quem poderia ter feito isso? E por que vocês três? — perguntou Brigit. Lexa estreitou os olhos — Eu não sei, mas não se preocupem, meninas. Tenho

certeza de que é apenas uma brincadeira estúpida. E nós vamos descobrir quem está por trás disso.

Todo mundo parecia aliviado. Todas elas voltaram para seus quartos para continuar com o seu dia. Lexa, no entanto, ficou para trás. Ela estremeceu quando ela olhou para o cabelo de Ariana.

— Uau. Pra você fizeram o pior, não é? — ela disse. — Acho que sim — respondeu Ariana, interiormente fervendo. — Não se preocupe. Vá para o chuveiro e então eu vou ajudá-la a consertar

isso — Lexa ofereceu com um sorriso. — Obrigada, Lexa — Ariana disse, emocionada. Segura dentro de seu quarto, ela pegou a caixa jogada no chão e colocou-a

cuidadosamente sobre a mesa de Kaitlynn. Suas mãos ainda estavam tremendo, mas seu pulso tinha voltado ao normal. Mais do que tudo, ela estava irritada por ainda sentir um pouquinho de medo de alguma coisa que a vadia pudesse ter feito.

Por apenas um momento, Ariana tinha deixado Kaitlynn assumir o controle. Ela não iria deixar que isso acontecesse novamente.

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Traduzido por Lua Moreira

r. Pitt? Ariana passou através da porta aberta do escritório de seu

orientador. Ele estava sentado em sua cadeira de couro, comendo uma rosquinha polvilhada com açúcar e lendo uma cópia usada de Uma Breve História do Tempo. No momento em que ela apareceu, ele se sentou em linha reta e tossiu, soprando uma nuvem de açúcar branco por todo o suéter-colete azul escuro. Ariana fez o seu melhor para não enrugar o nariz com desgosto. Ela gostava do Sr. Pitt, mas se ele não queria ser pego vadiando, enquanto desfrutava de carboidratos cobertos de açúcar, por que deixava a porta aberta? Isso era algo básico.

— Senhorita Covington! Ele fechou o livro, deixou cair o donut em um pedaço de papel encerado, e

tirou o pó de sua mesa com um lado do dedo mindinho de sua mão. Seu olhar era expectante enquanto ele descansava seus braços grossos sobre a desordem de sua mesa.

— Posso falar com você por um segundo? — perguntou Ariana. Quando ela entrou, suas mãos agarraram a tira de sua bolsa. Desde o

incidente do cabelo naquela manhã, ela estava cerrando os punhos ou segurando algo o tempo todo. Ela tinha sido forçada a cortar suas extensões antes que ela chegasse a Lexa para que sua amiga não percebesse que o cabelo dela era falso. Então Lexa o tinha moldado em uma forma nova, mais curto o que o fez parecer de muito má qualidade, mesmo que todo mundo ficasse dizendo-lhe que era muito chic. Assim que ela tivesse um minuto livre ela iria para a cidade para ter um corte de cabelo de verdade.

— Absolutamente. — Ele apontou para a cadeira em frente a sua mesa, mas ela não aceitou. — O que posso fazer por você?

— Eu queria saber se você tem algum guia de estudo do SAT que você pudesse me emprestar — disse Ariana. — Eu decidi fazer o teste em outubro então eu vou ter muitas chances de tentar de novo.

Embora ela não chegasse a sentir a necessidade de guias de estudo, o seu plano de ataque era preciso. Era um dos inconvenientes terríveis de recomeçar — ter que refazer o SATs. Há três anos ela tinha alcançado uma pontuação quase perfeita, mas ela conseguiu isso como Ariana Osgood. Não significava nada agora. Por mais que Ariana sempre gostasse de fazer testes padronizados — os pequenos círculos para preencher com lápis perfeitamente afiados, o clima quente de tensão

—S

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e medo que permeava o ar, a emoção de saber a resposta — ela temia a ideia de que ela não pudesse ser capaz de melhorar sua pontuação original.

— É claro, é claro. — O Sr. Pitt levantou-se e limpou os dedos na calça marrom, deixando uma raia de açúcar branco em sua coxa, que ele não percebeu. Ele inclinou-se e abriu a gaveta do armário atrás de sua mesa, que fez um chiado alto, como se não tivesse sido aberta durante décadas. Ariana olhou por cima do ombro para a porta assim que Brigit apareceu completamente.

— Sr. Pitt! As copiadoras atolaram de novo — disse ela, sem fôlego. — Eu não queria atrapalhar você, mas preciso fazer cópias deste folheto para a primeira reunião do clube de francês antes da próxima aula.

O Sr. Pitt se virou, batendo com o tornozelo contra o lado da gaveta aberta. Ariana e Brigit estremeceram quando seu rosto torceu de dor.

— Tudo bem. Eu já vou — disse ele por entre os dentes, claramente tentando conter um gemido.

— Obrigada! — Brigit disse brilhantemente. Ela não fez mais do que olhar para Ariana, o que a surpreendeu. Ariana havia estereotipado Brigit como o tipo de cúmplice que não seria capaz de resistir a um olhar alegre para reconhecer que um plano estava indo bem. Ariana ficou impressionada que Brigit tivesse mais autocontrole do que isso.

— Com todo o dinheiro fluindo para esta escola se poderia pensar que uma pequena porcentagem poderia ser usada para atualizar a tecnologia do escritório de orientação — o Sr. Pitt murmurou, mancando em torno de sua mesa. — Perdoe-me, senhorita Covington. Devo estar de volta em um momento.

— Leve o tempo que for preciso — disse Ariana com um sorriso. Todo o tempo que você precisar.

No momento em que o Sr. Pitt foi, Ariana correu em torno de sua mesa, deslizando até a gaveta aberta. Ela estava prestes a cair na sua cadeira, mas depois ela percebeu todas as manchas e migalhas e decidiu permanecer em pé. Ele já estava conectado a intranet da escola, por isso, quando ela digitou o nome de Allison na caixa de pesquisa, o arquivo dela apareceu instantaneamente. Movendo-se propositadamente, Ariana clicou no horário de Allison e o memorizou com apenas uma olhada. Ela então abriu seu cartão do relatório final sobre o ano anterior, e sorriu.

Allison era uma estudante com boas qualificações, com exceção de uma matéria. Em química, ela havia recebido um D naquele ano. O que explicaria o fato de que ela estava fazendo-a novamente este ano. Tudo que Ariana tinha que fazer era escrever uma cópia do primeiro exame de química de Allison, plantá-lo na menina, e certificar-se que seria encontrado. Fácil como torta de maçã. Ela rapidamente fechou o arquivo e olhou para a porta aberta. O corredor estava silencioso. Nenhuma voz, nenhuma pisada. O coração de Ariana saltou animado. Havia outra pessoa que ela estava curiosa a respeito, e ela poderia não ter uma oportunidade de ouro como esta novamente. Ela colocou os dedos sobre o teclado e digitou o nome de Palmer.

Seu horário apareceu. Todos os cursos de AP, além de universidades, cursos eletivos de nível no governo e negócios. Ariana sorriu. Ela sabia que ele era ambicioso, assim como ela mesma. E suas notas desde o ano passado eram excelentes. Outro arquivo intitulado “Aplicações para Universidade” era muito

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tentador para resistir. Ariana deu duplo clique nele e examinou a lista de escolas a que Palmer estava planejando aplicar. Harvard, Yale, Cornell, Columbia, Estado de Arizona (supôs que o filho do congressista local não poderia ignorar seu estado natal) e Princeton.

Princeton. A escola que Ariana havia planejado frequentar. De repente, ela viu os dois passeando ao longo de caminhos de calçada em um dia lindo de outono, seus pés esmagando as folhas caídas enquanto discutiam política, poesia e seus planos para o futuro. Era tudo tão perfeito que doía.

— Não tem problema, Srta. Rhygsted! O coração de Ariana saltou em sua garganta. A voz do Sr. Pitt estava próxima

à porta. Ela pegou o mouse e fechou o arquivo de Palmer. Então ela virou-se e caiu no chão ao lado da gaveta do armário ainda aberta. Ela apertou os olhos fechados e prendeu a respiração. Ela não podia ser pega. Não poderia ser expulsa por causa disso. Se o fizesse, ela iria voltar aqui e matar Kaitlynn. Matá-la usando o método mais horrível, angustiante que ela poderia imaginar. Afinal, se Atherton-Pryce fosse tirado dela, se Palmer, Lexa, Pedra e Sepultura e o resto de suas amigas fossem arrancados dela, se a sua nova imagem de seu futuro fosse obliterada, ela não teria mais nada a perder.

— Senhorita Covington? — O Sr. Pitt disse. Os olhos de Ariana abriram. Bem em frente a ela estava o guia de estudo SAT

amarelo e vermelho, sorrindo para ela da gaveta aberta. Ariana agarrou-o e levantou-se.

— Oh, oi! Desculpe. Minha aula vai começar a qualquer momento, então eu imaginei que eu pudesse simplesmente pegar um para mim. — Ela segurou o livro um pouco mais elevado para ilustrar. — Espero que você não se importe.

O Sr. Pitt ficou na porta por um momento. Seus olhos viajaram lentamente para seu computador, em seguida, de volta para ela. O pulso de Ariana pulsava freneticamente. Ele ia gritar com ela? Conferir o histórico do seu computador?

Por favor, não. Por favor, por favor, não. Mas então ele sorriu. — Nem um pouco. Qualquer coisa para ajudar um

Princeton esperançoso. — Obrigada — disse Ariana com um sorriso. Ela empurrou a gaveta e deu a

volta na mesa, deslizando pela porta. A capa do livro estava escorregadia com seu suor.

Completamente nojento. — Quando quiser! — ele disse atrás dela. Enquanto caminhava pelo corredor de volta Ariana estava rígida, aguardando-

o gritar atrás dela novamente. Que ele descobrisse o que ela procurou em seu computador. Mas tudo o que ela ouviu foi o ranger de sua cadeira quando ele se sentou de novo, e logo ela saiu pela porta, aquecendo-se ao sol da tarde de verão.

Ela colocou o livro em sua bolsa e retirou um lenço de papel para limpar as mãos. Quem ela estava enganando? O cara provavelmente tinha voltado para o seu donut.

— Ei! Brigit movimentou-se atrás de uma árvore de bordo e se juntou a Ariana, suas

muitas pulseiras de plástico fazendo uma dança barulhenta. — Bem? Você conseguiu o que precisamos? — ela sussurrou.

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— Consegui — disse Ariana, com um sorriso, olhando ao redor casualmente. — Isso! — Brigit comemorou em voz baixa. — Eu me senti como uma super

espiã ou algo assim. Então, o que faremos agora? — Tudo que eu preciso é de uma amostra da letra de Allison — Ariana

respondeu friamente. — Você acha que você pode copiá-la? — perguntou Brigit. — Eu sei que posso — Ariana respondeu. — Lembra aquela vez que você

perguntou qual era o meu negócio? — Sim — disse Brigit, excitada. — Bem, é falsificação — disse Ariana com um sorriso. — Querida — Brigit respondeu, completamente escandalizada. — Eu aposto

que será útil, uma vez que entrarmos... você sabe. Os passos de Ariana iluminaram. Ela não tinha pensado nisso. — Eu aposto

que vai. — Eu vou te dar algo de Allison — disse Brigit confiante. — Obrigada, Brigit — disse Ariana, empurrando ela de uma forma amigável.

— Eu sabia que podia contar com você. Brigit sorriu feliz. — Oh, ei. Lá está Lillian! — ela disse, acenando para Kaitlynn. Ariana fez uma careta quando sua colega de quarto se aproximou. Ela não

tinha visto Kaitlynn desde que ela havia se levantado com o presente surpresa da garota naquela manhã.

— Ei, senhoritas — Kaitlynn cumprimentou. — Brigit, eu amei esse colar — disse ela. — Onde você o comprou?

Bajuladora, Ariana pensou. — Obrigada. É uma relíquia de família — disse Brigit, tocando o ouro,

diamantes e águas-marinhas em sua garganta. — Tão bonito — Kaitlynn respondeu. Então ela olhou para Ariana, seus olhos

dançando. — Belo corte de cabelo, A — ela disse. — Eu ouvi que algumas pessoas tinham cortado seu cabelo. Estranho, né?

— Sim. Estranho — Ariana respondeu sem rodeios. — Você é tão sortuda por não cortarem o seu.

— Sim. Acho que sim — Kaitlynn inclinou a cabeça para o lado, fingindo estudar o corte. — Talvez eu possa ajudá-la a dar-lhe forma mais tarde. Eu sei algumas coisas sobre cabelos curtos. — Ela jogou a cabeça para acentuar seu ponto.

— Deus! Obrigada. Aposto que você é boa com uma tesoura — Ariana respondeu.

— Oh, eu sou — disse Kaitlynn. — Bem, vejo vocês mais tarde. Acabei de descobrir que eu estou em espanhol, então eu tenho que chegar até a livraria antes do almoço.

Ela girou os dedos e praticamente pulou fora. — Está vendo? Isso foi doce da parte dela. Ela está fazendo um esforço —

disse Brigit. Ariana cerrou os dentes. — Sim. Realmente doce. Doce o suficiente para fazer uma garota vomitar.

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Traduzido por Ivana

arece que você tinha razão sobre sua colega de quarto — disse Soomie quando ela e Ariana ocuparam os seus lugares no refeitório naquele dia no almoço. Ariana seguiu seu olhar e viu Kaitlynn

sentando em uma cadeira na mesa de Tahira, rindo sobre algo que Zuri estava dizendo. Ariana mordeu a língua. Kaitlynn não era uma idiota. Psicótica, sim, mas não uma idiota. Então o que ela estava fazendo com Tahira? Se ela queria ser convidada para o NoBash, ela deveria estar bajulando Brigit como ela tinha feito anteriormente e evitando Tahira como a último vírus de uma gripe exótica. Ou será que ela não prestou atenção à guerra de Princesas acontecendo em Atherton-Pryce?

— A menina não tem bom gosto — disse Maria em voz baixa, se juntando a elas.

— Ela está apenas tentando fazer amigos — disse Ariana, as palavras com gosto de serragem em sua língua. Mas se ela tivesse que conseguir um convite para o NoBash para Kaitlynn, ela tinha que passar uma boa impressão da menina.

Lexa caminhava pela entrada do refeitório com a cabeça inclinada, em uma conversa com uma menina pequena, com cabelos ruivos crespos e óculos. Ariana a tinha visto perto do Wolcott Hall, mas nunca foram apresentadas. Ela era bonita de uma forma despretensiosa e não usava nenhum outro acessório senão um antigo relógio masculino.

— Quem é aquela com Lexa? — Ariana perguntou quando o garçom se aproximou de sua mesa.

— Aquela é April Corrigan — Soomie respondeu. — Resumindo, ela é o seguinte: estudante do último ano, primeira em sua classe por três anos consecutivos; presidente do clube de Anistia Internacional do APH, da Sociedade Civil APH e da Sociedade de Honra Nacional, editora do Relatório Semanal, editora do The Ash, e capitã do time feminino de lacrosse.

— Uau. Isso é que é ser superqualificada — disse Ariana, devidamente impressionada.

O Relatório Semanal era o jornal do estudante on-line, e The Ash era a revista literária, que era publicada quatro vezes por ano e tinha sido a primeira publicação a ter meia dúzia de prêmios Nobel e os vencedores nacionais de poesia. Ela esperava se juntar à equipe da The Ash, quando eles se conheceriam no início da próxima semana. Ela não tinha escrito nada há muito tempo — desde que o Dr. Meloni tinha

—P

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difamado seu trabalho em suas sessões — mas isso não significava que ela não poderia criticar o trabalho de outras pessoas.

— Talvez. Ou talvez ela seja apenas desfocada — Soomie queixou-se. — Garotas assim não tem ideia do que quer fazer com sua vida — concordou

Maria, deslizando em sua cadeira. — Ao contrário da nossa pequena Maria aqui, que quer salvar o mundo com

seus poderes de dança — Landon Jacobs interpôs, dando uma apertada na bochecha de Maria quando ele se juntou a elas.

— E quem fala é o menino que quer salvar o mundo através do poder do pop — disse Maria, mal fazendo contato visual com o namorado secreto.

— Oi, Landon! — Soomie disse, sentada em frente a ele. Adam e Brigit caminharam juntos e se sentaram ao lado de Soomie, tão

envolvidos na conversa que nem sequer se preocuparam em cumprimentar os outros. Lexa se despediu de April e se juntou a eles, logo que o garçom chegou.

— O que há com April? — perguntou Soomie. — Iniciando um novo clube? — Não, nada disso — disse Lexa com um breve sorriso. Ariana viu Lexa, Maria e Soomie trocarem um olhar rápido. Um observador

casual não teria percebido, mas Ariana sim, e seu sangue ferveu. Será que April tinha algo a ver com a Pedra e Sepultura? Talvez ela e Lexa estivessem trabalhando juntas para descobrir quem tinha feito a brincadeira naquela manhã. Ariana se perguntou o que elas fariam se descobrissem que tinha sido Kaitlynn. Ela seria desqualificada, provavelmente. Será que Ariana poderia encontrar uma maneira de delatá-la sem Kaitlynn ficar sabendo?

Por um momento, ela sentiu a alegria de um novo plano em formação. Mas então a realidade apareceu. Se Kaitlynn não entrasse na Pedra e Sepultura, Ariana seria a única a pagar.

— O que eu posso trazer para vocês hoje? — o garçom perguntou, com a caneta já na mão.

Ariana pediu hambúrguer de peru, batatas fritas e uma salada. Tudo isso a estava deixando com fome. Seus amigos rapidamente fizeram seus pedidos e entregaram seus menus. O garçom estava prestes a se afastar de sua mesa, da qual Palmer esteve novamente ausente, quando Conrad Royce chegou e se sentou na cadeira vaga com seu corpo atlético.

— Ei — ele disse a Ariana com um sorriso. Ariana olhou para Lexa, que parecia confusa, então sorriu para Conrad. — Oi.

Que bom que você se juntou a nós. Já conhece a todos, certo? — É claro — disse Conrad, deixando cair sua mochila no chão ao lado de sua

cadeira. Ele se inclinou sobre a mesa para cumprimentar Landon. — E aí, mano? Ouvi dizer que você deixou um rastro de corações partidos em toda a Europa neste verão.

Maria corou e olhou para o seu iPod, deixando seu cabelo esconder o rosto. Será que Landon a traiu ou era tudo fofoca de celebridade?

Enquanto isso Landon sorriu, jogando a franja para trás de seu rosto. — Você sabe como é, cara.

Conrad riu. — Infelizmente, eu não sei. — Ele tirou o blazer azul e o pendurou na cadeira. — Ei, Lexa — disse ele com um sorriso. — Vi você correndo na pista esta manhã. Novos sapatos?

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Lexa sorriu. — Sim. A linha Asics deste ano é tão leve. Já experimentou? — Ainda não, mas se você acha que vale a pena, eu vou — disse ele com um

sorriso. Lexa corou ligeiramente e passou a mão em seu cabelo na nuca, afofando-o

um pouco. Ariana trocou um olhar triunfante com suas amigas. Ela tinha escolhido sabiamente.

A porta do refeitório se abriu e Palmer entrou. Ariana ficou surpresa ao vê-lo, pois desde que ele e Lexa terminaram, ele estava fazendo sua refeição no Hill. Era apenas uma coincidência que ele tivesse escolhido hoje para aparecer no refeitório, ou ele estava ali para ver quem Ariana havia escolhido para Lexa? Aparentemente, ela ia precisar de um pouco mais de encontros aleatórios em teatros e banheiros para ajudar Palmer a esquecer sua ex inteiramente.

Palmer estava caminhando em direção à sua mesa quando ele percebeu que ela já estava cheia — que Conrad era o cara que tinha tomado o seu lugar. Ele hesitou um instante, depois virou-se rapidamente e se juntou a seus amigos da equipe de remo algumas mesas além.

— O que eu posso trazer para você, Sr. Royce? — perguntou o garçom. Conrad fez seu pedido e Ariana sentou-se em sua cadeira. Em seu lado da

mesa, Brigit e Adam flertavam descaradamente, enquanto do outro lado Lexa trocava olhares com o recém-chegado bonito. Agora, se ela pudesse encontrar alguém que não fosse Landon para Soomie talvez elas poderiam estar todas felizes e compromissadas antes do NoBash.

Ariana olhou para Palmer para ver como ele estava se saindo, vendo Lexa com outro cara. Palmer olhou diretamente em seus olhos, abriu um largo sorriso, e lançou-lhe um polegar para cima. O coração de Ariana vibrou de alegria. Ele não estava com ciúmes. Ele só queria ter certeza de que Ariana tinha escolhido o cara certo para Lexa. E, aparentemente, ele concordou que ela tinha. Ariana não poderia ter parado de sorrir mesmo se tivesse tentado.

Sim, muito em breve, todas estariam felizes e compromissadas.

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Traduzido por Ivana

exta-feira de manhã, Ariana acordou para encontrar uma outra caixa de joias rosa ao seu lado, esta era o tamanho perfeito para um anel. Seu estômago ficou ácido de pavor. O que Kaitlynn fez agora? Tremendo da cabeça aos pés, Ariana levantou-se e inspecionou seu cabelo no

espelho. Ele parecia o mesmo. Mal cortado, um pouco emaranhado de sono. O mesmo. Ela se virou e olhou para a caixa de joias.

Não abra. Não jogue seu jogo. Ignore. Ela foi para o banheiro, mas simplesmente não conseguiu evitar. A curiosidade

era demais. Xingando baixinho sua própria fraqueza, ela se aproximou e abriu a caixa. O conteúdo despencou no chão, minúsculas luas crescentes ricocheteando em várias direções. Um nó se formou na garganta de Ariana quando ela percebeu que ela estava olhando para unhas. Recortes perfeitos de unhas. Ela virou as mãos. Suas unhas perfeitas haviam partido.

Com sua visão nublada, Ariana cambaleou para trás e sentou-se em sua cama. A caixa caiu no chão, e apareceu outro pedaço de papel dobrado. Ariana só

podia imaginar que era outro calendário — outra contagem regressiva. Faltavam oito dias. Ela colocou a cabeça entre os joelhos e respirou.

Inspira, um... dois... três... Expira, um... dois... três... Inspira, um... dois... três... Expira, um... dois... três... Como ela tinha feito isso? Como é que ela conseguiu levantar as mãos de

Ariana e cortar as unhas, sem acordá-la? O estômago de Ariana se enjoou. Ela levantou-se, deixando cair a caixa, e correu para o banheiro. Enquanto ela

vomitava no vaso sanitário, um pensamento repetia-se em sua mente. Ela vai me matar. Primeiro ela está me torturando, e então ela vai me matar. Finalmente, Ariana levantou a cabeça. Ela estendeu uma mão trêmula para a

face corada. Sentada no chão de cerâmica fria, ela virou a parte de trás de sua mão sobre sua boca e abraçou os joelhos ao peito.

Lá fora, no corredor, Brigit gritou, e em seguida, Tahira gritou, e Ariana sabia que Kaitlynn também pegou as outras novamente, apenas por acaso. Mas mal sabiam elas que tudo isso era por causa de Ariana. Tudo isso para lembrá-la que Kaitlynn era louca e era capaz de fazer qualquer coisa.

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Esta semana ela tinha ficado longe dela com todo o plano de Allison, a coisa de Lexa e Conrad e tudo mais. Mas ela não podia adiar a sua proteção por mais tempo.

Era hora de partir para a ação.

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Traduzido por Ivana

aquela manhã, Ariana fez o impensável: Ela faltou a aula de Inglês. Quando seu táxi parou na porta da frente do Wolcott Hall, ela sentiu como se estivesse sendo vigiada. Como se a qualquer momento a Diretora Jansen

fosse pular detrás de um vaso de plantas e esbofeteá-la com algum tipo de demérito. Mas não era culpa dela. As circunstâncias a estavam forçando a quebrar as regras. Naquele momento, Kaitlynn estava em algum lugar, fazendo seu teste da semana, e era a única vez que Ariana poderia ter certeza de que a menina não seria capaz de segui-la.

Ela se encolheu na parte de trás do táxi, engoliu sua culpa, induzida pelas náuseas, e deu ao motorista o endereço que ela tinha impresso da Internet.

Você está faltando essa aula por uma razão, ela disse a si mesma. Uma razão muito importante. É apenas uma aula e você sempre pode pegar as anotações de alguém.

De Conrad. Sua pele formigava com a ideia que lhe ocorreu. Era perfeita, na verdade. Ela poderia usar sua transgressão como uma desculpa para colocar Conrad e

Lexa juntos novamente. Ela poderia estar cometendo um delito contra a escola, mas pelo menos ela poderia fazer algo de bom sair disso. O pensamento a confortou, e o seu pulso acelerado se preencheu de alívio, e ela sentou-se no assento de vinil, sentindo-se muito mais relaxada.

Vinte minutos depois, o táxi parou na frente das imponentes colunas brancas do Primeiro Banco Americano. Ariana pagou o motorista, saiu do carro e caminhou propositadamente pelas escadas de pedra. O guarda na porta olhou-a desinteressadamente, enquanto ela passeava até o balcão de informações. O senhor de idade por trás do balcão olhou para ela e sorriu. Seus dentes eram amarelos, mas seu cabelo branco estava perfeitamente penteado e seus olhos castanhos em alerta. Seu uniforme era vinho, Ariana observou, e estava perfeitamente assentado, e em seu crachá podia-se ler em dourado o nome: Bernard.

— Posso ajudar? — Sim, eu gostaria de alugar um cofre — disse Ariana com confiança. Às

vezes, os homens mais velhos viam uma adolescente e se recusavam a levá-la a sério. Ariana descobriu que falar em tom autoritário podia muitas vezes impedir muita conversa paternalista.

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— Eu posso ajudá-la com isso — disse ele. Ele abriu uma gaveta e tirou um cartão branco. — Você terá que preencher isso e assinar em baixo, e então eu vou ter que conferir a sua identidade.

Ariana preencheu rapidamente o cartão com todas as suas informações e assinou o nome de Briana Leigh na parte inferior. Colocou a caneta para baixo e tirou sua carteira de motorista do Texas de sua carteira. Bernard colocou o cartão no balcão para inspecioná-lo e estendeu a identidade contra a assinatura. Ariana segurou a bolsa fechada e esperou.

E esperou. E esperou. O homem olhou para as assinaturas, olhou para o rosto de Ariana, estreitou os olhos. O coração de Ariana começou a acelerar.

Ela disse a si mesma para relaxar. O homem estava apenas fazendo seu trabalho, isso era tudo. Era Ariana na foto. A assinatura de Briana Leigh era de Ariana em ambos os documentos. Não havia nenhuma razão para ele suspeitar de nada.

Então Bernard pegou o telefone em sua mesa. Ariana parou de respirar. Ele estava chamando o segurança. Ariana olhou disfarçadamente por cima do ombro na porta, querendo saber quão rápido o guarda de segurança poderia chegar. Querendo saber se ela seria mais rápida.

Bernard pegou seus óculos, que estavam descansando no balcão ao lado do telefone, e os colocou no rosto.

— Peço desculpas — disse ele com uma risada. — Eu continuo dizendo a mim mesmo que não preciso deles, mas, obviamente, eu preciso.

Ariana soltou um suspiro, o alívio inundando seu corpo como uma bebida fresca. Bernard era simplesmente cego como um morcego. Segundos depois, ele devolveu sua identidade e se levantou de seu banquinho.

— Por aqui senhorita Covington. Seus joelhos tremiam, era o efeito colateral persistente do medo, enquanto o

seguia pelo chão brilhante de pedra vermelha e entrava em uma pequena sala com caixas para colocar pertences.

— Espere aqui, por favor. Ela fez como lhe foi dito, sentando na cadeira de madeira do pequeno balcão

com alívio. — Tudo bem, você vai ficar com o cofre 167 — disse Bernard, retornando com

uma bandeja de prata longa coberta por um tampo de correr. — Aqui estão as chaves.

Ele colocou duas chaves de bronze em cima da mesa na frente dela com um som estridente. — Você pode colocar seus itens aí dentro, e quando terminar, use o telefone para me avisar — disse ele, apontando para um velho telefone branco na parede. — Nós vamos entrar, pegar a caixa e trancá-lo juntos.

— Entendido — disse Ariana com um aceno. — Demore o quanto quiser. Bernard sorriu e deixou-a sozinha. Ariana respirou fundo e tirou os itens que

ela precisava de sua bolsa. Um pedaço de papel de pergaminho grosso, uma caneta Cross, um envelope. Olhando por cima do ombro para garantir que ela estava completamente sozinha, Ariana começou a trabalhar. De próprio punho, ela escreveu uma breve versão de sua história. Como ela tinha fugido da Brenda T. Como ela tinha assassinado Briana Leigh Covington para assumir sua identidade e

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fornecido às autoridades um corpo para cremar em seu lugar. Como Kaitlynn tinha conseguido sair também. E como, se alguém fosse ler isso, significava que ela estava morta. E se ela estava morta, Kaitlynn havia assassinado ela. Ela forneceu detalhes sobre o paradeiro de Kaitlynn, seu novo nome, e também um outro falso nome que ela tinha usado uma vez para escapar. Então ela pegou uma foto de sua bolsa, que ela tinha tirado com o telefone e impresso naquela manhã. Uma foto de Kaitlynn dormindo em sua cama, de modo que qualquer um que lesse esta nota saberia como Kaitlynn parecia hoje. Cabelo diferente, nome diferente, estilo diferente — mas a mesma sociopata. Ela assinou a carta com um nome que não tinha usado em meses.

Sinceramente: Ariana Osgood. Ela dobrou a carta, colocou-a no envelope junto com a foto, e selou. Então ela

chamou Bernard. Juntos, eles colocaram a caixa entre as centenas de outras no interior do cofre arejado. Ariana usou sua chave para trancá-la, então Bernard usou a chave do banco para bloquear uma segunda trava.

Lá estava. O segredo de sua vida. Escondida em uma fileira de caixas no meio de um dos milhares de bancos em Washington, DC. Segura. Até que ela estivesse morta.

— Ninguém será capaz de abrir essa caixa sem as duas chaves — explicou Bernard. — Existe alguma coisa que eu possa fazer por você, senhorita Covington?

— Não, obrigada — Ariana respondeu, deslizando suas duas cópias de sua chave em sua bolsa. Ela ficou surpresa ao perceber que seus dedos tremiam e respirou para se normalizar. — Eu agradeço sua ajuda.

— À disposição — disse ele enquanto ele a levava para fora da sala e se certificava de haver trancado tudo. — Tenha um bom dia, senhorita Covington.

Oh, eu vou ter, Ariana pensou enquanto ela caminhava para fora do banco e chamava outro táxi, desta vez com destino ao salão de beleza de luxo mais próximo. Por que não experimentar um novo corte de cabelo? Era hora de comemorar. Ela tinha acabado de fazer seu plano de garantia. Se Kaitlynn a machucasse, ela não iria escapar ilesa. Agora tudo o que ela tinha a fazer era enviar a chave extra para a empregada pessoal confiável de Briana Leigh no Texas, com as instruções para ir, abrir a caixa e ler a carta, se alguma coisa acontecesse com Briana Leigh. E dizer a Kaitlynn o que ela tinha feito, é claro. Esse era o ponto de tudo isso — deixar Kaitlynn saber que se Ariana morresse, Kaitlynn deveria ter certeza de que seria presa.

Era o plano perfeito. Ninguém poderia prejudicá-la agora.

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Traduzido por Lua Moreira

aitlynn cantarolava O Lago dos Cisnes de Tchaikovsky enquanto ela se preparava para dormir naquela noite, espalhando hidratante sobre seus braços e pernas, lixando as unhas e penteando o cabelo. Ariana sentou na

cama dela com seu telefone, agitou seu cabelo agora perfeito que chegava até o queixo, e mandou uma mensagem para Conrad.

Me empresta suas anotações de inglês? A resposta foi imediata. Claro. Nos encontramos amanhã? Ariana sorriu e mandou uma mensagem de volta. Depois do café da manhã no lago? Conrad respondeu com uma palavra. Combinado. Ariana colocou o telefone de volta em sua bolsa e se deitou na cama,

sentindo-se satisfeita. Se tratava de fazer uma coisa por vez, planejar, traçar um plano, manter uma atitude positiva.

— Com o que você está tão feliz, A? — perguntou Kaitlynn. Apenas o som da voz da menina colocou um amortecedor sobre o triunfo de

Ariana. De repente, tudo o que ela podia pensar era o que Kaitlynn estava planejando para aquela noite. Ela ia perfurar duas vezes as orelhas de Ariana? Retirar todos os seus cílios? Cada músculo em seu corpo ficou tenso ao pensar em alguém tentando controlar suas emoções, sua vida, seu destino.

— Bem, Lillian — Ariana começou, voltando-se para enfrentar sua inimiga. Era hora de recuperar o controle. — Há algo que eu quero lhe dizer.

— Ah, é? — Kaitlynn perguntou, empoleirando-se na borda da cama. — Eu aluguei um cofre — disse Ariana. As sobrancelhas de Kaitlynn

arquearam com interesse. — Nele há uma carta descrevendo cada coisa que você e eu temos feito afirmando que se alguma coisa acontecer comigo, você é a pessoa que fez isso. Mandei a chave para alguém em quem confio, juntamente com uma carta dizendo a essa pessoa onde está a caixa e que ela a abra, se eu aparecer morta.

Kaitlynn piscou. Ela não traiu um pingo de emoção. Ela simplesmente piscou. — Então você pode me ameaçar o quanto quiser, mas você não me assusta —

continuou Ariana. — Se eu morrer, você será a culpada. Estamos entendidas?

K

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Kaitlynn começou a cantarolar novamente. Ela levantou-se, caminhou em seu armário e vasculhou. Ariana prendeu a respiração. Seu coração batia violentamente no peito. O que Kaitlynn estava fazendo? Procurando por algum tipo de arma? Será que ela tinha uma arma ali dentro ou algo assim? Ela não tinha ouvido uma palavra do que Ariana tinha acabado de dizer? Rapidamente, Ariana procurou ao redor por algo com que pudesse se defender. Seus olhos caíram sobre sua raquete de tênis. Era tudo o que ela tinha. Ela estava alcançando-a quando Kaitlynn surgiu com um longo envelope cor creme.

— Você quer dizer esta carta? — perguntou ela, jogando-a na cama de Ariana. O pulso de Ariana congelou em suas veias. Tanto a carta quanto a foto de

Kaitlynn tinham deslizado do envelope rasgado quando atingiu cama. Isso não era possível.

— Como... como você...? — Seguindo-a, Ariana — disse Kaitlynn categoricamente. — Quando eu vi

você entrar naquele táxi em vez de ir correndo para a aula, como a aluna responsável que você é, eu sabia que algo estava acontecendo, então eu a segui. Depois que eu descobri o que você estava fazendo no banco, eu a segui até o salão de beleza, peguei a sua chave e o cartão de identificação, enquanto você estava lavando o cabelo.

Ariana pegou sua bolsa na cadeira e puxou sua carteira. Como previsto, a chave e sua carteira de motorista tinham sumido. Como ela poderia não ter percebido isso antes?

— Então eu voltei para o banco, esperei que o velho saísse, forjei a assinatura de Briana Leigh, e esvaziei a caixa.

— Mas eles não... você não parece nada com a minha foto — disse Ariana sem fôlego.

— O cara mal olhou para ela. Eu tinha a chave e a assinatura. Além disso, ele estava ocupado demais examinando minha bunda.

Ela retirou a carteira de motorista de Ariana de sua gaveta superior e arremessou em Ariana. Ela caiu no chão a seus pés. Ariana não conseguia pensar em nada para dizer. Mais uma vez, Kaitlynn tinha vencido.

— Muito obrigada, Ariana — continuou Kaitlynn. — Por causa de você eu tenho que gastar meu sábado à tarde fazendo o exame final que eu perdi. Você realmente está me arruinando por aqui, você sabia disso?

Não, você está me arruinando e nós duas sabemos disso, Ariana pensou. Kaitlynn respirou fundo e soltou um suspiro. — Foi uma boa tentativa — ela

disse, pegando o envelope, junto com seu conteúdo anterior. — Mas eu acho que é melhor eu queimar isso agora, não é?

Com uma inclinação de cabeça, Kaitlynn virou, entrou no banheiro e fechou a porta atrás dela. Ariana ouviu o riscar do fósforo, mas não esperou para sentir o cheiro da fumaça. Sentindo-se entorpecida, ela agarrou um travesseiro de sua cama, puxou o edredom, e saiu pela porta com eles. Se ela ficasse em seu próprio quarto por mais tempo, ela sabia que a sensação de impotência pairando logo ao lado de fora de sua parede protetora viria esmagando e a venceria. E ela não podia sentir isso. Não era possível desistir. Havia muito em jogo. No final do corredor, ela bateu na porta de Lexa e Maria. Maria atendeu, com os cabelos em um coque bagunçado,

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sua escova de dente saindo de sua boca. Sua camiseta preta curta deixava exposta uma faixa da barriga perfeitamente bronzeada e lisa.

— Ela está no telefone com Conrad — Maria sussurrou conspirativamente, gesticulando por cima de seu ombro para Lexa.

Ariana forçou um sorriso. — Isso é ótimo. Ouça, posso dormir na sua sala de estar hoje à noite?

— Claro — disse Maria, abrindo a porta larga. — O que foi? Problemas com Lily?

Um nó se formou na garganta de Ariana. Como ela desejou que ela pudesse dizer a verdade, confiar em sua amiga, contar tudo a ela. Mas tudo iria ter que ficar engarrafado no seu peito, agitando, borbulhando e ameaçando explodir em forma de lágrimas desesperadas.

Por que ela não conseguia fazer nada direito ultimamente? Por que parecia que Kaitlynn estava sempre um passo à frente?

— Não. Ela tem alguns problemas de alergia e está roncando muito. Depois de uma semana inteira ouvindo, eu só quero uma boa noite de sono — disse Ariana.

— Eu te entendo. Lexa ronca também — disse Maria. — Eu não! — Lexa choramingou de sua cama. Ela deu a Ariana um aceno e

voltou para sua conversa. — Quer passar o tempo? Íamos assistir Real Housewives no meu laptop até

apagarem as luzes — Maria ofereceu, indo de volta para o banheiro para enxaguar a boca.

— Não, obrigada. Estou exausta — disse Ariana. — Só vou dormir. — Ok. Boa noite! — Maria disse enquanto Ariana abria a porta para a sala. Ela deixou cair o travesseiro no sofá e se preparou para o que com certeza

seria uma incômoda noite de sono. Mas tinha que ser melhor do que dormir ao lado de Kaitlynn, ouvindo seu riso em seu sono, encolhendo-se em cada movimento seu. Pelo menos aqui ela poderia se concentrar em tentar traçar seu próximo passo. Mesmo que ela tivesse certeza de que tudo o que ela pensasse, Kaitlynn ia pensar nisso primeiro.

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Traduzido por L. G.

h meu Deus! Que diabos!? Os olhos de Ariana se arregalaram e ela se sentou ereta, com

o coração batendo na garganta. No quarto ao lado, Lexa estava gritando com toda a força de seus pulmões. Por um momento, Ariana se agarrou ao seu edredom, tentando lembrar por que ela estava no sofá de Maria e Lexa. Em seguida, Maria gritou como se ela tivesse acabado de pisar em um rato.

Com o canto do olho Ariana viu. Outra caixa de anel de veludo cor de rosa, pousada na mesa de café.

Ariana pegou a caixa e a abriu: duas luas crescentes vermelhas caíram para fora. Ela jogou o edredom de lado e verificou seus pés. Como previsto as unhas dos seus dedões do pé tinham sido cortadas até o talo. Naquele momento, Maria e Lexa irromperam na sala.

— Ela tem uma também! — Maria gritou, correndo para o lado de Ariana, o seu rabo-de-cavalo metade desfeito saltitando em cima de sua cabeça. Ela olhou para as unhas dos pés no chão e, em seguida, pulou no sofá atrás de Ariana como se estivesse com medo de que elas fossem mordê-la. — AhmeuDeus, ahmeuDeus. Quem faria isso? — ela chorou, abraçando-se.

Ariana olhou para os dedos de Maria, que eram todos deformados e cobertos de bolhas por serem empurrados em sapatilhas de ponta todos os dias de sua vida. Assim como Ariana, as unhas de seu dedão estavam recém-cortadas.

— Vocês querem saber, meninas? Acho que finalmente descobri — disse Lexa calmamente, colocando a sua própria caixa vazia na estante perto da porta. Ela cruzou os braços sobre o pijama de seda vermelha.

— Você descobriu? A garganta de Ariana contraiu tão rapidamente que doeu. Ela apertou a caixa

rosa com ambas as mãos. Se Maria ou Lexa decidissem inspecioná-la mais de perto, elas com certeza encontrariam o calendário de contagem regressiva que ela tinha certeza de que fora enfiado lá dentro.

Mais sete dias... — AhmeuDeus! Vocês também receberam? — Kaitlynn apareceu na porta,

segurando uma caixa rosa nas mãos. O rosto de Ariana queimou de raiva ao ver a garota. Ela, Lexa e Maria olharam para os pés de Kaitlynn, onde suas grandes unhas dos pés tinham sido cortadas irregularmente.

Dando seu melhor para despistá-las de seu rastro. Brilhante.

—O

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Ariana respirou fundo. — Lexa está prestes a nos dizer quem ela acha que está fazendo isso. — Ela girou a caixa cor de rosa de novo e de novo em suas mãos, odiando que ela tinha que agir como cúmplice de Kaitlynn, mesmo quando ela era uma de suas vítimas.

— Quem? — o coração de Kaitlynn não pulou nenhuma batida. Ela entrou e sentou-se no sofá, olhando para Lexa como uma criança perdida. Maria empoleirou-se no braço do sofá.

— Bem, agora eu tenho certeza que todas vocês sabem, há algumas sociedades secretas aqui em Atherton-Pryce — Lexa começou.

Ela lançou a Ariana um olhar significativo e Ariana entendeu imediatamente. Ela não iria mencionar o fato de que Lexa tinha dito a ela sobre as sociedades secretas durante a Semana de Boas-Vindas. Era um jogo tão estranho que todos estavam jogando. Se ambas Maria e Lexa estavam em Pedra e Sepultura, como Ariana suspeitava, ambas sabiam que ela e Kaitlynn já haviam sido informadas. No entanto, nenhuma delas foi autorizada a reconhecer o que elas sabiam sobre as outras.

— Bem, isso tem a cara dos Fellows — disse Lexa. — Os Fellows? — Ariana perguntou, sentando-se ao lado de Kaitlynn. Suas

pernas pareciam que haviam corrido mais de mil metros. Era difícil acreditar que três minutos atrás ela estava dormindo profundamente.

— Definitivamente — disse Maria acenando com a cabeça. — Esses caras podem ser muito mórbidos.

E arrastar as pessoas para a floresta com sacos sobre suas cabeças para uma fogueira cercada por crânios humanos é o quê? Lunático, Ariana pensou.

— Alguém vai ter que revidar — disse Lexa com um brilho malicioso nos olhos. — Oh, sim. Alguém definitivamente deveria — Maria concordou. Ariana apenas as deixou falar, imaginando se Kaitlynn sabia o quão perigoso o

jogo era. Se Lexa ou qualquer outra pessoa tivessem começado a suspeitar de Kaitlynn, não havia nenhuma maneira de Ariana convencê-las a aceitá-la. Não havia nenhuma maneira de Brigit convidar uma cortadora de unhas noturna para o NoBash. Kaitlynn não receberia nenhuma das coisas que ela queria, e, sem dúvida, a culpa cairia em Ariana.

De alguma forma retorcida, o atraso de Ariana em sabotar alguém a havia forçado a fazer o que ela tinha feito.

Kaitlynn estava muito mais longe do que o fundo do poço; ela estava sendo puxada para o mar por uma forte correnteza. Ariana não estava lidando com uma pessoa racional, com uma pessoa cujos movimentos poderiam ser previstos. Kaitlynn estava fora de controle.

E isso amedrontava Ariana mais do que qualquer coisa.

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Traduzido por Ivana

elo menos era um lindo dia. Quente e ensolarado com uma brisa leve. O dia perfeito para relaxar em volta da lagoa, fingindo estudar e alcançando um belo bronzeado. Razão pela qual ficou fácil para ela convencer Lexa e as

outras a se reunirem com ela na lagoa depois do café da manhã. Enquanto Ariana estava de bruços em cima de um cobertor de algodão, com sua cópia de O Despertar de Kate Chopin aberto na frente dela, ela respirou fundo e tentou não pensar em Kaitlynn e sua psicose. Ela tinha que focar no lado positivo. E agora, o plano Lexa-e-Conrad estava indo perfeitamente bem. Logo depois que ela e suas amigas haviam chegado, Conrad também chegou com suas anotações de inglês como programado e rapidamente entrou em uma conversa com Lexa. O casalzinho estava caminhando a beira da água, parando de vez em quando para admirar os canteiros de flores ou assistir a um par de cisnes graciosos nadando em toda a superfície da lagoa.

Eles estavam obviamente atraídos um pelo outro. Ariana tinha certeza de que Lexa convidaria Conrad para o NoBash a qualquer momento. Então ela estaria declarando oficialmente que superou Palmer e ele estaria livre para levar alguém a festa. Ou seja, Ariana. Às vezes, ela simplesmente não conseguia superar seu próprio brilho.

— Alguém está com sede? — Soomie perguntou, olhando por cima de seu texto de física. — Vou mandar um SMS à Melanie e pedir-lhe para trazer um pouco de chá gelado e lanches.

— Limonada para mim, por favor — disse Ariana, empurrando os óculos de sol no alto da cabeça.

— Chá gelado está bom para nós — Brigit também respondeu. “Nós” significava ela mesma e Adam, que não tinha saído do seu lado durante todo o dia. Os dois estavam dividindo um par de fones de ouvido conectados ao iPod rosa de Brigit, sentados tão juntos em sua toalha de piquenique que o joelho de Brigit descansava em cima da coxa de Adam. Parava ali o nervosismo de Brigit em torno de meninos.

— Espere. Você está mandando mensagens de texto para quem e por que agora? — Adam perguntou, afastando uma abelha incômoda que tinha pairado sobre eles nos últimos minutos.

— É uma longa história. Brigit te conta — disse Soomie, seus polegares já pressionando as teclas.

P

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Ariana sorriu enquanto Brigit começou a explicar todo o conceito dos escravos do segundo ano para Adam, tentando não fazê-lo soar escandaloso, o que facilmente poderia acontecer. Eles realmente faziam um casal bonito. Ela olhou para Soomie, imaginando que tipo de cara ela gostaria se ela não tivesse uma queda por Landon. Maria havia se afastado da sessão de estudos, dizendo que ela tinha uma aula de dança na cidade, enquanto Landon estava supostamente dando alguma entrevista para a Entertainment Weekly. Ariana tinha um palpite de que eles estava juntos em algum lugar, às escondidas, passando algum tempo sozinhos. Ela respeitava plenamente o direito de Maria em querer um relacionamento secreto, mas ela também se sentia mal por Soomie, cobiçando um cara que estava namorando secretamente uma de suas melhores amigas.

Ela estava prestes a voltar para o seu livro, deixando o dilema de Soomie para outro momento quando a risada familiar de Kaitlynn lhe chamou a atenção. Ariana tinha evitado até de olhar para ela no café da manhã, sentando de costas para a mesa de Tahira. Agora seus ombros se contraíram quando ela olhou para o outro lado da margem, passando rapidamente sobre os vários grupos de estudantes espalhados aqui e ali. Quando ela encontrou a menina, ela congelou. Kaitlynn estava perto da borda da lagoa em um short bem curto, conversando com Palmer Liriano.

A visão de Ariana nublou instantaneamente se enchendo com pontos cinzentos minúsculos. Ela tentou respirar, mas sua garganta parecia fechada como um alçapão.

O que Kaitlynn e Palmer estavam fazendo juntos? Como eles se conheceram? — O que você acha de Lillian, Ana? — Soomie perguntou, seguindo seu olhar.

— Você vive com ela. Tem alguma boa sujeira pra contar? Ela é uma vadia. Uma vadia sádica, malvada, completamente insana que corta as

partes do corpo das pessoas no meio da noite. Sujeira suficiente?, ela pensou. Mas ela não podia dizer isso. É claro que ela não podia. No café da manhã,

Lexa e Maria tinham dito a todos a sua teoria, e todos eles tinham concordado que os Fellows eram os culpados mais prováveis. Na saída do refeitório, Maria e Christian tinham informado Palmer, que estava comendo todas as suas refeições com a equipe de remo, e Ariana tinha a sensação de que estavam confabulando sobre se vingar da outra sociedade. Kaitlynn foi isenta de culpa, ela sabia.

— Ana? Inspira, um... dois... três... Expira, um... dois... três... Inspira, um... dois... três... Expira, um... dois... três... Não só ela não podia dizer a verdade sobre Kaitlynn, mas ela tinha que falar

bem dela além de tudo. Ela tinha que conseguir que ela fosse convidada para o NoBash. Com Kaitlynn ameaçando matá-la a cada minuto, Ariana não estava disposta a arriscar. Ela não iria permitir ser morta por algo tão insignificante como um convite para uma festinha particular.

— Ela é muito legal — disse Ariana, finalmente, sentindo como se fosse vomitar ou desmaiar, ou ambos. — Na verdade, eu ia te perguntar, Brigit — disse Ariana, olhando por cima do ombro. — Você ainda tem convites para o NoBash?

Brigit desviou os olhos do rosto bonito de Adam e olhou com curiosidade para Kaitlynn. — Tenho dois. Por quê? Você quer que eu a convide?

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Na verdade, eu prefiro arrancar cada fio de cabelo da minha cabeça, um por um, Ariana pensou.

— Não. Quero dizer, eu não tenho a pretensão de dizer-lhe quem convidar — disse Ariana com um aceno de mão.

— Mas se ela é sua amiga... — Brigit disse. Ariana sentiu bile na parte traseira de sua garganta. — Não a convide por

minha causa. Quero dizer, você deve conhecê-la primeiro, para que você possa decidir — disse ela, sentando-se e cruzando as pernas. Ela colocou o livro de lado, com pesar. — Já sei. Porque não a convidamos na nossa saída às compras? Ela tem que fazer o seu último exame de colocação, mas talvez ela possa se encontrar com a gente depois.

Brigit e Soomie olharam para Kaitlynn novamente. Ela e Palmer estavam procurando por algo em um caderno, com as cabeças curvadas bastante juntas, para o conforto de Ariana.

— Tudo bem — disse Brigit. — Provavelmente seria bom conhecê-la. — Definitivamente — Soomie acrescentou, começando um outro SMS. Ariana supôs que Soomie estava interessada em avaliar Kaitlynn para a Pedra

e Sepultura. Parte dela desejava que Kaitlynn fizesse algo estúpido, assim Soomie votaria contra ela e essa coisa toda terminaria. Se Kaitlynn fosse deixada fora por causa de seus próprios erros, ela não poderia culpar Ariana.

Não que ela não a culparia de qualquer maneira. Agir com lógica não era uma característica dos loucos.

— Ótimo. É um plano — disse Ariana. Em seguida, ela colocou os óculos escuros sobre os olhos e inclinou a cabeça

para trás para que o sol pudesse aquecer seu rosto — e para poder monitorar Kaitlynn e Palmer com o canto do olho.

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Traduzido por Ivana

rigit! Acabei de encontrar os sapatos perfeitos para você usar com o seu vestido! — Lexa anunciou, correndo até Brigit e Ariana, que estavam diante de uma parede iluminada com pequenas prateleiras

de prata, e mostrando o mais lindo par de sapatos que Ariana já tinha visto. Atrás delas, Soomie, Maria, e Kaitlynn provavam par após par de sapatos Jimmy Choo, Manolos e Louboutins. Toda vez que Kaitlynn falava, os ombros de Ariana ficavam tensos, de modo que ela estava tentando sair dali o mais rápido possível. Pelo menos agora, ela estava sozinha com Brigit e Lexa para comprar o vestido — parte das compras da viagem. As três tinham percorrido as lojas rápido antes de se encontrar com as outras para a caça aos sapatos. Na terceira boutique que elas entraram, Ariana tinha encontrado um vestido de chiffon azul que era perfeito, e que agora estava pendurado atrás do balcão, onde a vendedora se ofereceu para mantê-lo seguro e reservado, enquanto Ariana e suas amigas compravam os demais itens.

— Deixe-me ver! — Brigit respondeu, com os olhos brilhando. Lexa puxou as mãos de trás das costas. Ariana olhava com admiração para os

sapatos prata. Cada um tinha uma pedra pequena roxa ao lado do dedo maior do pé e tinham o mesmo tom exato do vestido de Brigit. Infelizmente, eles também tinham apenas 9 centímetros de salto.

— Você pode usá-los, já que as unhas do seu pé não foram destruídas por um lunático no meio da noite — disse Lexa com uma risada.

Ariana olhou para Kaitlynn, que estava sentada em um sofá de couro. Seus lábios tremeram ligeiramente. Ariana estreitou os olhos. O que ela e Palmer conversaram na lagoa? Será que de alguma forma Kaitlynn sabia sobre a coisa de Ariana com Palmer? Fazia sentido, porque se ela soubesse, então, obviamente, ela iria atrás dele. A menina claramente queria tudo que Ariana tinha.

— Lexa, eu amei! — Brigit disse com falso entusiasmo. Então ela fez uma careta. — Agora coloque de volta.

— Mas Brigit! Vamos! — Lexa insistiu. — Você tem que usar salto algum dia! — Espere, você não usa saltos altos? — Kaitlynn perguntou, olhando para

cima. — Nunca usei, nunca vou usar — respondeu Brigit. — Qual é o grande

problema, afinal?

—B

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— O grande problema é que você é uma princesa. Princesas usam saltos altos — Kaitlynn respondeu, levantando uma mão.

— Não poderia ter explicado melhor — Maria acrescentou, apontando para um par de sandálias pretas Christian Louboutin.

— Além disso, Brigit, olhe para todos os belos sapatos que você está perdendo! — Soomie acrescentou, levantando-se e olhando ao redor, as palmas das mãos para cima. — 88% dos sapatos deste lugar são sapatos de salto alto e apenas 12% são sapatos sem saltos.

— É praticamente um crime contra a moda você excluir todos esses pobres, pobres sapatos — disse Lexa, mantendo o sapato prata na frente de seu rosto e fazendo beicinho para Brigit. — Vamos lá, se você não fizer isso eu vou ter que comprá-los por você. Preciso de um novo par de sapatos para o meu encontro com Conrad esta noite.

— Você vai sair com Conrad hoje à noite? — Ariana perguntou, praticamente sem fôlego.

Lexa corou. — Ele vai me levar para a ópera — disse ela vertiginosamente. — Como somos sofisticados, não?

Ariana sorriu. Lexa estava claramente ansiosa. Ela se esforçou para esconder o sorriso de felicidade.

— Ótimo. Então você vai comprá-los — disse Brigit, acenando para o sapato com desdém.

— De jeito nenhum. Eu só estava brincando — disse Lexa. — Você tem que experimentá-los.

— Ana? Me ajude aqui — Brigit implorou. Ariana olhou para suas amigas — todas, exceto Kaitlynn — com seus rostos

suplicantes. — Por que você não os experimenta? — ela sugeriu. — Vamos ver o quão ruim

a situação realmente é. O ombro de Brigit caiu. — Tudo bem — ela reclamou. — Mas se... não,

quando eu quebrar minha perna, vocês vão ter que explicar para os meus pais. — Negócio feito — disse Ana. — Precisamos destes no tamanho 34! — Lexa gritou, encurralando o

vendedor mais próximo antes que Brigit pudesse mudar de ideia. Dez minutos mais tarde, Brigit havia colocado os sapatos. Ela se sentou em

uma cadeira de couro e olhou para seus pés. — Meus pés nunca foram tão bem calçados em suas vidas — disse ela com um

sorriso. — Eles são absolutamente lindos — disse Kaitlynn, se aproximando dela. Brigit olhou esperançosamente para ela. — Você acha? — perguntou ela,

movendo os pés de um lado para o outro para inspecioná-los de todos os ângulos. — Sem dúvida — Kaitlynn respondeu com um sorriso amigável. Ariana fez o

seu melhor para não vomitar. — Tudo bem. Mas será melhor que vocês fiquem fora do meu caminho —

Brigit avisou. Ela levantou os braços até Lexa como uma criança pedindo para ser pega.

Lexa puxou e levantou Brigit fora de seu assento. Imediatamente, o tornozelo

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direito de Brigit se torceu. Seus braços se debateram, acertando Kaitlynn na bochecha, e ela caiu de volta em sua cadeira.

— Eu avisei — disse Brigit melancolicamente. Seu rosto queimava de frustração e constrangimento. — Desculpe, Kaitlynn.

— Está tudo bem. Estou bem. Não desista por minha causa. Você pode fazer isso, Brigit — disse Kaitlynn, fingindo-se amistosa, na opinião de Ariana.

— Vamos. Vamos tentar de novo — disse Ariana, movendo-se para frente para ajudar Brigit.

Ela puxou Brigit e, juntas, elas caminharam lentamente em torno das caixas de sapato inumeráveis para uma área mais aberta da loja. Brigit caminhou ao redor como se estivesse andando na ponta dos pés sob um piso de vidro. A cada poucos passos, seus tornozelos balançavam como se eles fossem feitos de marshmallow, em vez de osso e cartilagem. Mas Ariana mantinha um controle firme sobre a menina, e elas conseguiram atravessar a loja sem ninguém ficar ferido.

— Veja, você pode fazer isso totalmente! — Lexa aplaudiu. — Claro. Enquanto Adam não se importar de ser minha muleta pessoal

durante toda a noite — disse Brigit. — Adam é o seu par? — Kaitlynn perguntou, com as sobrancelhas arqueadas.

— Adam, o das pernas insanamente longas? — Esse mesmo — Soomie respondeu. — Bem, então você tem que comprá-los. Como você vai dançar com um cara

que é quase 30 centímetros mais alto que você, sem saltos? — perguntou Kaitlynn. Ariana lançou-lhe um olhar. Quem era ela para estar dizendo a Brigit o que ela

precisava? Mas as outras meninas só balançaram a cabeça. — Ela está certa, Brigit — disse Maria. — Você não quer que ele tenha que

ficar inclinando-se a noite toda. Brigit suspirou. — Não. Mas eu também não quero quebrar meu pescoço. — Isso não vai acontecer — disse Lexa, colocando uma mão de apoio no

braço de Brigit. — Maria vai treinar usar ele com você, certo? — Eu posso te fazer graciosa até a próxima semana — Maria assegurou. — Além disso, eu já vi os sapatos de Tahira e eles se parecem da Birken — eles

são horríveis comparados com esses sapatos — acrescentou Kaitlynn. O coração de Ariana saltou quando Brigit olhou para cima, seus olhos

famintos. Kaitlynn acabara de selar o acordo. — Sério? Eles são feios? — perguntou ela. Kaitlynn riu, com a mão ao peito. — Eu não diria que são feios, mas ela vai

babar quando ver estes. Brigit saiu da sua cadeira, tirou os sapatos e colocou de volta na caixa. — Vou

levar estes, por favor? — ela disse, entregando-os a um vendedor de passagem. — Com prazer — ele disse. Brigit enfiou os pés em seus tênis e se levantou novamente. — Obrigada,

pessoal. Eu nunca teria feito isso sem vocês. — Ela passou por elas em direção ao balcão do caixa. Ariana pegou os sapatos que ela tinha escolhido para si e foi com ela.

— Você tem certeza disso? — perguntou ela. — Quero dizer, esses sapatos são incríveis, mas eu quero que você esteja confortável.

— Eu vou ficar bem — disse Brigit. — Você ouviu Maria. Ela vai me treinar.

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Elas pararam no balcão juntas e olharam para as quatro meninas, que estavam olhando um par de botas de cano alto que Maria estava querendo.

— Kaitlynn é muito legal, não é? — Brigit disse, entregando o seu American Express Preto. — Eu não tinha tanta certeza sobre ela, mas ela só me deu informação de primeira mão sobre Tahira.

Ariana mordeu a língua. Ela tinha estado tão envolvida com os outros planos e complôs que espionar Tahira tinham caído no esquecimento, e Kaitlynn acabara de fazê-lo e salvou o dia.

— Sim, ela é muito legal — Ariana concordou com indiferença. E bajuladora, ela pensou enquanto Kaitlynn jogava a cabeça para trás rindo de

algo que Maria tinha dito. Muito, muito bajuladora.

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Traduzido por Ivana

brigada pelo convite, foi super divertido — disse Kaitlynn sarcasticamente enquanto fechava a porta do dormitório atrás delas. Ela levantou sua bolsa sobre a cabeça, jogou-a no chão, e

caiu drasticamente em sua cama, jogando os braços sobre a cabeça. — Aquela garota Lexa é muito faladeira. E Maria? Ela sempre anda com o nariz tão longe no ar? O que ela está tentando fazer, pegar moscas? Brigit é a única delas que eu posso suportar.

A mandíbula de Ariana cerrou. Ela entrou em seu armário e empurrou de lado alguns cabides para dar espaço para seu novo vestido azul claro. Então ela empurrou de lado um pouco mais para fazer barulho e liberar sua agressividade.

— Se você não gosta delas, por que você está tão determinada a sair com elas? Por que você não apenas encontra algum outro grupo para invadir?

Kaitlynn riu. — Pela mesma razão que você se agarrou a elas. Elas são as melhores. Além disso, você está sempre com elas, e eu aprecio o nosso tempo juntas — ela acrescentou sarcasticamente.

Ariana agarrou-se ao trilho de roupas com as duas mãos e se inclinou para frente, esticando os braços e segurando um gemido.

Controle, Ariana. Controle. Você não pode arrancar as roupas deste trilho e golpeá-la com ele.

Embora o simples pensamento do ato fosse reconfortante. Ariana endireitou-se, suspirou e olhou para seus pés. Ela poderia passar por

isso. Ela podia. Olha o quanto ela já tinha sobrevivido. Ela revirou os ombros para trás e caminhou até a porta entre seu armário e seu quarto. Estreitando os olhos, ela encostou-se no batente da porta e olhou para a garota a quem ela já chamou de sua melhor amiga.

— Bem, você fez alguns progressos hoje — disse ela. — Mas, se eu fosse você, eu pararia de sair com Tahira e a Brigada Schrill. Caso você não tenha notado, Brigit não é uma grande fã.

— Eu notei — disse Kaitlynn, empurrando-se para fora da cama e caminhando para sua penteadeira. Ela tirou uma blusa curta de cashmere preta de manga com um grande decote. Então ela deslizou para fora de seu short e colocou uma saia prata. — Mas uma garota tem que ter um plano reserva.

Ela abriu seu perfume doce e esfregou um pouco em seus pulsos e atrás das orelhas.

—O

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— Além disso, Tahira e Allison vão entrar, provavelmente, na Pedra e Sepultura comigo — disse ela, levantando os ombros. — Nós vamos ser amigas de qualquer maneira.

Não escapou da atenção de Ariana que ela tinha sido deixada de fora dessa equação. O que Kaitlynn não sabia era que Alisson nunca ia conseguir entrar na Pedra e Sepultura. Não, se ela fizesse tudo certo.

— As outras já estão dentro, não é? — Kaitlynn perguntou, olhando para Ariana no espelho. — Cada uma delas, menos Brigit.

— Eu não sei — disse Ariana. — Oh, por favor. — Os olhos de Kaitlynn reviraram. — Você passa todo esse

tempo com elas e você não sabe? Ou talvez você simplesmente não quer me dizer, porque você está com medo do que eu poderia fazer.

A mão de Ariana fechou em torno de seu antebraço e apertou. Ela se esforçou para evitar golpear a garota do outro lado da bochecha. Kaitlynn virou-se para encará-la.

— Deixe-me perguntar uma coisa... se uma delas tivesse que morrer, qual você escolheria? — ela perguntou, com os olhos dançando alegremente. — Soomie, eu aposto, né? A sabe-tudo. Com ela fora, seria muito mais fácil para você se tornar a número um em nossa classe — disse ela, olhando Ariana de cima a baixo zombeteiramente, como se desejar ser a primeira da classe fosse algo miserável.

— Nenhuma delas vai ter que morrer— disse Ariana a Kaitlynn com firmeza. — Eu tenho a situação sob controle.

Kaitlynn sorriu lentamente. Seus olhos ganharam um brilho predatório que fez correr o sangue frio de Ariana. — Eu espero que sim, A. Caso contrário, as coisas vão ficar muito confusas por aqui.

Como se as coisas já não estivessem confusas, com as unhas e os cabelos que foram cortados em todos os lugares. Mas, se tudo corresse como deveria, segunda-feira à tarde tudo terminaria.

Kaitlynn caminhou até seu armário, calçou um par de sapatos pretos, e pegou uma bolsa, que ela encheu com brilho labial, um atomizador, e algum dinheiro.

— Tahira e Rob estão armando para mim com um cara da GW esta noite. Como eu estou? — perguntou ela.

— Como uma cobra venenosa — Ariana respondeu. — Perfeito — Kaitlynn respondeu. Houve uma batida rápida na porta e Tahira entrou, vestindo um vestido de

gola alta, sem mangas em uma cor de fúcsia horrivelmente brilhante. — Vamos nessa, vadia — disse ela com carinho, dando um beijo em Kaitlynn.

— Não podemos deixar os homens esperando. — Deus me livre — disse Kaitlynn com uma risada. Então ela virou-se para

Ariana e deu-lhe um sorriso. — Como é que eu estou? — ela perguntou de novo. Ela estava testando Ariana. Vendo se ela seria rude com ela na frente de outra pessoa. Vendo se Ariana arriscaria contra a ira de Kaitlynn.

— Como uma vadia — disse Ariana, com um sorriso, imitando o tom de Tahira. Tahira riu, tomando claramente o insulto de Ariana como uma brincadeira amigável. O sorriso de Kaitlynn vacilou, e Ariana levantou uma sobrancelha triunfante.

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Depois de um momento Kaitlynn refez seu sorriso até a potência total. — Obrigada, A! Tenha uma boa noite! Espero que você não se canse sentada aqui girando seus polegares!

Ela e Tahira riram e saíram com os braços juntos para fora. Ariana bateu a porta atrás delas e cerrou os punhos, irritada que Kaitlynn tenha conseguido a última palavra. Mas pelo menos ela tinha dada a última portada.

Isso tinha que contar para alguma coisa.

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Traduzido por L. G. ábado à noite. Sábado à noite e Ariana estava sentada sozinha em seu dormitório, olhando pela janela para as luzes cintilantes do campus APH. Brigit estava jantando com Adam. Maria tinha saído com alguns amigos do

Washington Ballet. Soomie havia saído junto com Landon para alguma coisa relacionada a autografar álbuns de som horrível na cidade. Lexa estava indo na ópera com Conrad. Até mesmo Kaitlynn estava fora em um encontro. Ariana deveria estar em um encontro também. Mas ela não podia. Porque o garoto que ela gostava ainda era território de Lexa, e seria até Lexa e Conrad estarem oficialmente juntos.

Mas isso era mesmo verdade? Ariana se perguntou. Qual era o tempo apropriado sem encostar no garoto antes que uma garota pudesse avançar sobre o ex de sua amiga, mesmo que a menina tivesse um novo namorado? Ela e Palmer teriam que continuar em segredo até que eles estivessem fora em Princeton juntos?

Só de pensar em Palmer, Ariana gemeu de desejo. Ela cruzou os braços sobre a mesa e colocou a cabeça para baixo. Isso era tão injusto. Por que ela tinha que se apaixonar por Palmer, de todas as pessoas? Ela se perguntou onde ele estava naquele momento. Será que ele estava se divertindo também? Ou estava, talvez, em algum lugar dentro do dormitório? Em algum lugar sozinho, pensando nela também.

Cada centímetro do corpo de Ariana formigava. Que se dane. Lexa estava fora em um encontro, pelo amor de Deus. Com um cara incrível e gostoso. Ela se levantou, chegou no meio do caminho até a porta, depois hesitou. Lexa morreria se ela descobrisse sobre Ariana e Palmer. Mas ela queria tanto encontrá-lo que as pontas de seus dedos doíam.

Lexa apenas teria que não descobrir. Ariana abriu a porta e saiu para o corredor. Ela pegou o elevador até o

primeiro andar, caminhou até a torre do elevador Alpha, e foi até o último andar, onde o quarto de Palmer era. Somente empurrar a porta pesada que separava os quartos dos meninos de sua área comum a fez se sentir livre e poderosa. Ela ouviu o som do riso estridente de meninos vindo de um dos quartos. Um bando de caras jogando vídeo games, sem dúvida. Ariana esperava que Palmer não estivesse com eles. Afastá-lo de um monte de rapazes seria estranho, para não mencionar muito público.

S

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Ela caminhou até a porta fechada no final do corredor e bateu. Segundos depois, ele abriu. Palmer estava ali em uma camisa preta e bermuda cinza. Ele sorriu.

— Eu pensei que você nunca viria. Ele abriu mais a porta e Ariana entrou. — Como você sabia que eu estava

vindo? — Eu não sabia. Mas eu estava esperando — disse Palmer. Em seguida, ele fechou a porta atrás deles. O coração de Ariana se contraiu. — Isso não é contra as regras? — perguntou ela, seu coração vibrando em sua

garganta. Palmer a puxou para ele. Seu corpo estava duro e forte contra o dela. — Você

realmente consegue se preocupar com as regras agora? — ele perguntou suavemente.

Ariana apenas sorriu. — É. Foi isso que eu imaginei — disse Palmer. E então seus lábios estavam nos dela, ela estava deitada em sua cama, ele

estava tirando sua blusa, ela estava deslizando as mãos sobre o seu peito, as luzes estavam apagadas, os lençóis eram suaves, seu corpo era perfeito e ela sabia que isso era certo... e Ariana simplesmente se deixou levar. Porque naquele momento, nada mais importava.

Nem Lexa, nem Pedra e Sepultura, nem Kaitlynn, nem o seu futuro, nem nada. Nada, nada, nada... só como isso era muito certo.

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Traduzido por Ivana

riana sentou em sua mesa no domingo de manhã com a amostra da letra de Allison na frente dela, observando meticulosamente a letra da menina. Brigit conseguira arrancar uma página do caderno de Allison, o que foi um

golpe de gênio. Sem isso, Ariana não teria sabido que Allison inclinava a letra para baixo ou que ela usava um pequeno círculo no lugar de um x ao multiplicar. Qualquer outra amostra teria sido inútil.

Brigit conseguira o melhor. E não era de se admirar que Allison estivesse indo mal em Química. A maioria

de seus compostos estavam errados. Ela tinha escrito glicose como C9H12O9 em vez de C6H12O6. Ariana sacudiu a cabeça e começou a corrigir os erros. A folha de fraude pareceria totalmente falsa se ela estivesse errada.

De repente, memórias da noite passada correram sobre ela espontaneamente e ela corou da cabeça aos pés. Seus dedos tremeram e ela colocou a caneta para baixo, tomando uma respiração profunda.

Ela não estava pensando em Palmer agora. Esta manhã, à luz do dia, suas prioridades estavam claras novamente. Ela tinha que desclassificar Allison da corrida pela vaga na Pedra e Sepultura. Tinha salvar as suas amigas, salvar a si mesma. Tudo o que ela tinha com Palmer não importaria se ela estivesse morta.

Mas isso iria funcionar. Tinha que funcionar. Ariana pegou a caneta novamente e voltou ao trabalho.

Mais cedo, quando Tahira e Allison tinham passado para buscar Kaitlynn para comer o café da manhã, Ariana teve que fazer força para não rir na cara arrogante de Allison. A menina iria afundar e ela nem sequer suspeitava disso. Ariana mal podia esperar para vê-la desmoronar quando seu professor de química encontrasse a folha de fraude.

Ela respirou fundo e olhou para a lata de lixo, onde jazia a última ameaça de Kaitlynn, escondida debaixo de uma enorme quantidade de papéis amassados. Hoje ela simplesmente deixou para Ariana uma foto de Lexa, Soomie, Maria e Brigit, impressa de suas páginas no Facebook, com uma linha vermelha desleixada cortando através de cada um de seus pescoços. Na parte de baixo estava escrito:

UNI, DUNI, TÊ... VOCÊ TEM SEIS DIAS! Pelo que Ariana sabia, ninguém mais tinha recebido qualquer presentinho

sinistro. Aparentemente Kaitlynn tinha ficado muito bêbada ontem à noite depois de seu encontro duplo para tentar algo mais complicado. Graças a Deus. Se ela

A

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tivesse tentado, Ariana estava certa de que ela teria acordado sem um nariz ou um pé.

Houve uma batida rápida na porta e, em seguida, esta se abriu. Ariana rapidamente deslizou a página de Allison sob o notebook e se virou.

— O que você está fazendo? — Lexa perguntou, sorridente. Ela usava shorts azul de linho curto, blusa branca de manga com a gola detalhada e alpercatas altas com cordões grossos cruzando seus tornozelos.

Ariana sentiu-se culpada com a presença dela, sabendo que ela tinha traído Lexa tão profundamente na noite anterior. Não importava que Lexa tivesse ido para um encontro com Conrad, como Ariana tinha tão pouco convincentemente racionalizado na noite passada. Ela ainda tinha sentimentos por Palmer, e Ariana tinha zombado desses sentimentos.

Ela não faria isso novamente. Palmer simplesmente teria que esperar até que Ariana tivesse certeza de que Lexa havia superado ele.

— Só anotando alguns pontos para a reunião na The Ash segunda-feira — Ariana respondeu, virando-se no assento. — Eu quero ter certeza que estou preparada.

— Oh, April vai te amar — disse Lexa com um aceno de sua mão. Ela pulou na cama de Ariana, pousando sobre os joelhos e balançando uma vez. — Não se preocupe com isso.

— Você está de bom humor — Ariana observou. Lexa corou e balançou as pernas de modo que ela estava sentada na beira da

cama. — Bem, em primeiro lugar, não havia caixas de joias rosa por aí esta manhã,

por isso ou os Fellows se cansaram ou eles descobriram que sabemos deles — disse ela. — E Conrad e eu passaremos o dia inteiro juntos. Ele vai me levar para sair, no barco de seu tio.

— Uau — disse Ariana, impressionada. — Um dia inteiro juntos. Parece que vocês dois estão indo bem.

Lexa sorriu e brincou com a franja de sua bolsa desportiva. — Nós talvez possamos ir para o NoBash juntos, se hoje sair tudo bem.

O coração de Ariana fez uma série de cambalhotas maníacas. Isso tudo era muito bom. Tão bom que até aliviou um pouco de sua culpa.

— Isso é incrível, Lexa. Estou tão feliz por você — disse Ariana. Lexa se levantou e colocou os braços para fora em seus lados. — Palmer que

nada, certo? — Certo. — Ariana levantou-se e deu-lhe um abraço amigo. — Boa sorte hoje.

Tenho certeza que vai ser incrível. — Obrigada, Ana — disse Lexa com um sorriso. — E não pense que eu não sei

que você teve alguma coisa a ver com isso. O coração de Ariana pulou uma batida. — O que você quer dizer? — Convidando Connie para o almoço, ele se encontrando com a gente em

todos os lugares — disse Lexa, dando a Ariana um olhar astuto. — Você é um pouco casamenteira, não é?

Um rubor subiu pelo pescoço de Ariana e em suas bochechas. — Você não está brava, não é?

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— Você está brincando? Eu sempre via Connie, mas eu nunca o conheci intimamente — disse Lexa. — Se não fosse por você, eu nunca saberia que o cara perfeito estava correndo atrás de mim todas as manhãs na pista de cross country.

— Bem, então, eu estou feliz de ajudar — Ariana respondeu. — Divirta-se hoje.

— Eu vou! Te vejo depois do jantar! Lexa praticamente girou para fora do quarto, fechando a porta atrás dela.

Quando Ariana tinha certeza de que ela tinha ido embora, ela se permitiu se sentir sem culpa alguma — um momento feliz, dançando no centro do piso de madeira. Tudo estava se encaixando. Hoje Lexa pediria Conrad para ir ao NoBash, oficialmente liberando Palmer para ser o par de Ariana. Lexa não poderia querer esperar que Palmer simplesmente aparecesse para a maior festa da temporada sem uma parceira, especialmente quando ela já tinha alguém, certo? Amanhã, Allison também seria pega fraudando o teste de química, e o escândalo destruiria suas chances na Pedra e Sepultura. Agora tudo que Ariana tinha que fazer era assegurar que convidassem Kaitlynn para o NoBash e tudo estaria bem.

Bem, isso e fazer um espetáculo de si mesma. Mas ela tinha uma ideia — uma ideia bastante assustadora — de como ela poderia conseguir isso. Ela estava planejando ir para a cidade mais tarde naquele dia para garantir os materiais necessários. Mas isso seria depois. Por agora, ela tinha uma escrita para aperfeiçoar.

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Traduzido por Ivana

azulejo branco era tão frio que Ariana podia senti-lo através do tecido de seu shorts e de sua blusa de manga curta azul do uniforme. Ela estremeceu um pouco, mas não se mexeu. Ela estava inclinada contra a parede do

banheiro, que estava posicionado convenientemente ao lado da sala de aula em que Allison estava fazendo seu exame de química. Se alguém entrasse, Ariana agiria casualmente indiferente, mas ela também queria manter a sua posição em frente à porta, para que ela pudesse sair assim que o sinal tocasse. Por isso que ela fingiu cólicas estomacais para sair da aula de francês mais cedo. Doía-lhe pensar que seus colegas poderiam pensar que ela tinha hepatite ou algo assim, mas estes eram sacrifícios necessários.

Pelo menos os ataques da meia-noite de Kaitlynn pareciam ter acabado. Mais uma vez, Ariana e suas amigas tinham acordado com seu corpo intacto, sem partes delas postas em caixas em suas mesas de cabeceira.

E agora Ariana poderia se esforçar apenas em seu plano. A prova falsa de Allison estava presa entre o quadril de Ariana e o exterior da bolsa. Tudo estava no lugar. Isso ia funcionar. Ninguém teria que morrer para garantir que Kaitlynn entrasse em Pedra e Sepultura. Um pouco de escândalo seria suficiente.

O sinal soou. Ariana segurou a bolsa com firmeza contra seu quadril e saiu. Tahira estava fora da porta da sala de bioquímica, obviamente esperando por Allison, o que deu a Ariana uma razão para se deter. Mas Tahira estava de costas para ela no momento, e, além disso, ela não podia deixar um pequeno contratempo assim impedi-la. Sr. Chen, o professor de química, abriu a porta e se afastou para deixar os seus alunos saírem. Alguns caras saíram e correram pelo corredor como se não pudessem perder um momento de tempo livre ao sol. Então Ariana ouviu a risada de Allison, e ela deu alguns passos para frente, tentando ter forças de fazer o que faria. No segundo em que Allison passou pela porta, Ariana deu um passo gigante e esbarrou na pobre garota desavisada que estava caminhando na direção contrária. Alison deixou cair os seus cadernos, o livro de química e um lápis no chão. Ariana moveu sua bolsa de lado e a folha escorregou para baixo, vindo a cair logo à esquerda dos cadernos. Perfeito. Em seguida, ela moveu-se rapidamente pelo corredor para assistir a ação se desenrolar de longe.

— O que aconteceu? — Tahira disse, levantando Allison antes que ela pudesse passar por cima também.

O

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— Você está bem? — uma amiga do segundo ano perguntou, ajudando-a a levantar.

A menina parecia mais humilhada do que ferida quando ela se levantou, seus olhos escuros evitando todos os outros. Danos colaterais. Algumas vezes era necessário. — Estou ótima — disse ela, se afastando.

— Eu não — Allison falou para a menina, segurando seu braço. — Muito obrigada. Isso vai virar uma contusão.

— Você precisa ver a enfermeira, senhorita Rothaus? — o Sr. Chen perguntou, empurrando os óculos para cima do nariz com o dedo indicador.

— Não. Eu estou bem — Allison respondeu, esfregando o braço. Tahira se agachou para pegar as coisas de Allison. Ariana viu quando ela leu e

depois tentou dobrar escondendo a folha de fraude. Mas era tarde demais. O Sr. Chen tinha visto isso também.

— O que é isso? — o Sr. Chen perguntou, arrancando o papel dos dedos de Tahira. Seu olhar correu sobre o papel. Então ele lançou a Allison um olhar severo. — Senhorita Rothaus?

No corredor, Ariana escondeu um sorriso por trás de sua mão. O Sr. Chen estava reagindo muito bem. Ela deveria ter escrito algo mal sobre ele ali também.

— Isso não é meu — disse Allison, seus cachos loiros tremendo. — Certamente parece a sua caligrafia — disse o Sr. Chen. Allison olhou para Tahira, que encolheu os ombros em um pedido de

desculpas. Claramente ela acreditava que a folha de respostas era de Allison. Uma pequena multidão em torno deles cresceu, sentindo o presságio iminente para fofocas.

— Eu sei, mas não é meu — Allison protestou. — Honestamente, Sr. Chen. Eu estudei para este teste. Eu não precisava colar.

— No entanto, as evidências sugerem o contrário — disse o Sr. Chen, movendo o cartão de respostas como uma provocação. — Venha, senhorita Rothaus. Receio que vamos ter que ter uma conversa com o diretor sobre isso.

A boca de Allison definiu-se em uma linha branca apertada. — Tudo bem — disse ela.

Justo então Brigit virou a esquina e lançou um olhar para Ariana, comemorando, antes de sair andando como se nada tivesse acontecido.

Ariana esperou enquanto o Sr. Chen apagava as luzes de sua sala de aula e fechava a porta, então o seguiu pelo corredor, admiravelmente mantendo a cabeça erguida. No momento em que a porta pesada bateu atrás dela, Ariana permitiu-se uma risada triunfante, que foi abafada pela onda crescente de fofocas e especulações que encheu o corredor em torno delas.

Tinha sido quase fácil demais.

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Traduzido por Ivana

stou tão feliz que você veio para a reunião desta noite, Ana — April Corrigan disse em seu leve sotaque irlandês enquanto ela apagava as luzes na sala de multimídia, e seguia com Ariana para fora. — Eu

gostei da sua ideia sobre esquematizar cada edição da The Ash após a temporada em que é publicada.

— Bem, nada de outro mundo — disse Ariana, inclinando o queixo. À frente, a dúzia de outros membros da equipe da revista literária passava pelas portas duplas do edifício. — Eu estou pensando talvez em maioridade para o outono, morte para o inverno... celebração para a primavera. Apenas uma tempestade de ideias aqui.

April assentiu com entusiasmo, checando mensagens no seu iPhone enquanto ela ajustava a pilha de cadernos e edições da The Ash em seus braços.

— Nós definitivamente deveríamos fazer isso — disse April, empurrando os óculos quadrados até o cabelo para segurar os cachos do rosto. — Lembre-me na próxima reunião e todos nós poderemos refletir sobre os temas exatos juntos. — Ela tirou algumas cópias e entregou-as a Ariana, enquanto caminhavam para fora. — Nesse meio tempo, por que você não olha mais estas? Eu adoraria ouvir suas opiniões.

Ariana sorriu. April era muito inteligente e ela tinha conduzido a reunião como uma profissional — organizada, no ponto certo, firme, mas acolhedora. Todos os funcionários tinham concordado com cada palavra sua. Ela não ia desperdiçar o tempo de ninguém com uma série de debates floridos sobre se uma peça era digna ou não para publicação. Embora, mesmo sendo uma veterana, April era dois anos mais nova que Ariana, e Ariana encontrou-se respeitando a menina como uma aluna nova transferida certamente o faria, honrada que April aceitasse a sua ajuda.

— Isso é ótimo. Vou fazer algumas anotações e trazê-las na próxima segunda-feira — Ariana respondeu, colocando as revistas em seus braços em uma pilha ordenada.

— Perfeito. Lexa e Soomie estavam certas sobre você — disse April, com um sorriso.

O coração de Ariana pulou uma batida. — Por quê? O que elas disseram? — Que você era meu tipo de garota — respondeu April enquanto enviava um

SMS. Ariana sorriu. Então, talvez a coisa toda — de ser rígida demais — não era um

problema, afinal. Talvez ela só quisesse dizer que Ariana era uma espécie de garota

—E

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como April. E se Lexa e as outras eram amigas de April, então é claro que elas poderiam aceitar Ariana do jeito que ela era também.

Mas ela ainda estava querendo mostrar-lhes que ela não era rígida o tempo todo.

— Interessante — disse April, parando e empurrando os óculos para cima novamente.

Ela olhou através do círculo, onde um grupo de pessoas estava correndo passando o prédio de classe para os dormitórios dos meninos mais além. — Me pergunto o que é isso.

Ariana e April trocaram um olhar intrigado e seguiram a multidão. Em pé atrás do Ferrin Hall, o dormitório dos estudantes veteranos, havia uma enorme multidão de estudantes que foi crescendo a cada segundo. Algumas pessoas apontavam para uma das janelas no andar de cima e Ariana olhou à luz minguante da noite para ver o que havia pego a atenção de todos.

Finalmente, seus olhos capturaram uma janela que parecia diferente das outras. Quando ela olhou, ela percebeu que algo estava pintado na vidraça.

— Isso é o que eu acho que é? — perguntou April, estreitando os olhos. Justo então, Landon olhou por cima do ombro e viu Ariana. Ele golpeou Adam

na parte de trás da cabeça para chamar a sua atenção, e os dois garotos se juntaram a elas.

— O que está acontecendo? — perguntou Ariana. — Algum gênio encheu o quarto de Martin Tsang com cocos — disse Landon,

rindo. — Literalmente o encheu! Deve haver mil cocos lá. — Mais, na verdade — disse Adam, torcendo os lábios pensativo. — Você

precisa de pelo menos dois mil para encher um dormitório padrão de 3 x 3 m. — A genialidade de tudo isso é porque Tsang odeia cocos — disse Landon,

ainda rindo. — É verdade — confirmou April, com um aceno de cabeça. — Ele não apenas

odeia. Ele tem medo deles. — Como é que se pode ter medo de cocos? — Ariana perguntou, rindo agora

também. — Quem sabe? Pergunte à Martin Tsang — respondeu Palmer, juntando-se a

eles. O som de sua voz causou arrepios agradáveis por todo o corpo de Ariana e em seus dedos do pé. Ele atirou um braço amigavelmente sobre o ombro de Ariana, o outro em April. Este simples toque trouxe de volta milhares de vivas lembranças de sábado à noite, e de repente a pele de Ariana estava queimando. — Nosso amiguinho se assustou quando abriu a porta de seu quarto e todas aquelas coisas desagradáveis vieram rolando para fora. Ele foi na enfermaria conversar com o Dr. Shrinkhead1.

— Dr. Shrinkhead — Ariana repetiu, tentando não parecer afetada. — O nome dele verdadeiro é Dr. Brinkshed, mas já que ele é o psiquiatra do

campus, o apelido não era mais do que óbvio — explicou April. — O que eu quero saber é, como alguém conseguiu tantos cocos no campus e

colocou em seu dormitório no meio do dia, sem que ninguém percebesse? — Palmer disse, inclinando seu peso em Ariana e April, fazendo com que o calor do

1 Shrink: Psiquiatra.

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corpo de Ariana disparasse. — Quem fez isso é um gênio do crime. Na verdade, eu gostaria de conhecer um mestre destes.

Algo na maneira como ele disse isso deixou absolutamente claro para Ariana que ele era o mestre em questão. Ela olhou para ele e sorriu.

— Eu gostaria de conhecer essa pessoa também. Palmer se endireitou e arrumou suas calças que escorregavam na cintura —

Quem sabe, Ana — ele disse, massageando o queixo com o punho como um tio faria. — Algum dia, você pode ter essa chance.

Então ele se virou e caminhou para longe, casualmente, tirando sua bolinha de baseball do bolso de trás e jogando-a para cima e para baixo enquanto se afastava. Ariana sorriu, feliz por saber que ela tinha acabado deduzindo certo mais uma vez. Como Soomie diria, os fatos eram: A) Esta era claramente a retaliação contra os Fellows que Lexa tinha dito que haveria depois do incidente das unhas, o que significava que B) Martin Tsang estava nos Fellows, e que C) se Palmer tinha executado a brincadeira, como Ariana tinha certeza que ele tinha, então Palmer estava definitivamente na Pedra e Sepultura.

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Traduzido por L. G.

ocê está ótima — disse Ariana enquanto Brigit cambaleava por ela em seus novos saltos naquela noite. Ela estava sentada na sala comum do Wolcott Hall com seus livros de história abertos sobre a

mesa em sua frente, mas não tinha estudado muito desde que havia chegado. Ela estava muito ocupada se sentindo tonta pela certeza de que Palmer estava na Pedra e Sepultura. Se ela entrasse — quando ela entrasse — eles ficariam ainda mais unidos. E ela iria entrar, porque o plano de Allison tinha claramente funcionado. Ninguém tinha visto a garota desde que o Sr. Chen a tinha arrastado para o escritório do diretor naquela manhã. Ariana esperava que isso significasse que Allison estava em sérios apuros. Talvez ela até tivesse sido expulsa do APH completamente. A menina não podia entrar na Pedra e Sepultura se ela nem sequer estivesse inscrita na escola.

— Estou contente por estar com uma boa aparência. Porque eu sinto que eu estou a ponto de... — Brigit tentou se virar ao chegar ao extremo da sala, em vez disso caiu para o lado, aterrissando sobre as costas de uma cadeira vazia. — Ai.

— Você está bem? — Ariana perguntou, pulando para cima. — Tudo bem. Estou bem. Eu só tenho que dominar isso antes do NoBash,

porque vai ser muito pior se eu fizer isso lá, e a única coisa que eu tiver em volta para me apoiar for o Embaixador Tate e sua cadeira de rodas — disse Brigit, seu rosto corando quando se endireitava.

— É. Isso seria ruim — Ariana concordou. — Ah, e a propósito, eu dei à Lillian um convite — disse Brigit, dando um

passo hesitante. — Ela ficou tão animada que ela me abraçou durante uns cinco minutos. Pensei que ela fosse fazer xixi nas calças.

Ariana engoliu todos os comentários sarcásticos que ela queria fazer e tentou sentir o triunfo de concluir com sucesso outra tarefa. Kaitlynn estava indo para o NoBash. A vida de Ariana estava a salvo. Por enquanto.

— Isso é ótimo. Ela é uma garota doce — disse Ariana com algum esforço. Quando ela não está cortando cabelos e unhas, ela acrescentou

silenciosamente. — É. Eu gosto dela. Estou feliz de você tê-la convidado no sábado. Uma súbita explosão de riso encheu o hall de entrada e Ariana se virou

lentamente. Não podia ser. Simplesmente não podia.

—V

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Allison e Tahira atravessaram a porta, caindo uma sobre a outra em vertigem. Ariana sentiu como se estivesse sendo sugada por algum tipo de buraco de minhoca. O que Allison estava fazendo aqui? E por que ela estava tão feliz?

— O que está acontecendo? — perguntou Ariana. As duas meninas pararam em seu caminho, ficando em silêncio. Elas olharam

ao redor do hall, que estava repleto de estudantes, então trocaram um olhar. — Acho que podemos dizer — disse Tahira, embora ela parecesse tudo menos

entusiasmada com a ideia. Ela olhou por cima do ombro para o teatro, em seguida, acenou para Ariana e Brigit seguirem-na. Assim que as quatro meninas estavam em segurança dentro da sala escura, Tahira e Allison começaram a rir de novo. — Vocês vão adorar isso — disse Tahira com um traço de sarcasmo.

— Sabe aquelas tarefas que recebemos na outra noite? — Allison sussurrou, seus olhos brilhando sob a luz fraca que entrava pelas janelas da sala comum. — Bem, eu acabei de concluir a minha.

Ela e Tahira bateram as mãos. O coração de Ariana despencou. Não. Isso não era possível. Era para Allison ser desqualificada. Ela deveria estar fora da corrida. E agora a garota estava dizendo a ela que ela estava a um passo de entrar?

— O que era? — perguntou Brigit. Allison tirou seu pedaço de papel preto e o ergueu. — Sabote um membro em

potencial de outra sociedade secreta — disse ela com um sorriso. — Vocês sabem aquele papel com a cola que o Sr. Chen encontrou esta manhã? Bem, não era meu. E enquanto eu estava sentada no escritório de Jansen esperando por ela e Chen concluírem a deliberação, tudo que eu conseguia pensar era quem poderia ter feito isso, e então eu percebi... Justina Cruz — a garota que esbarrou em mim estava na equipe azul e eu sei que ela está sendo avaliada por causa da... vocês sabem... da mãe dela.

— Da mãe dela? — Ariana interrompeu. Tahira deu a Ariana um olhar zombeteiro. — É. Dora Cruz? Olá? De que planeta você é? Ariana mordeu a língua. Dora Cruz era uma famosa estrela de cinema, e,

aparentemente, o fato de que esta menina Justina era sua filha era conhecimento comum no APH. Para todos além de Ariana.

— De qualquer forma, eu disse à Jansen e Chen que deve ter sido ela. Que ela estava armando para mim — continuou Allison.

— E eles acreditaram em você? — perguntou Ariana. — Eles olharam novamente para a cola e encontraram algumas diferenças

entre ela e a letra de Allison — disse Tahira. — Ela tem uma dislexia estranha onde seus seis são noves e seus noves são seis.

— E o Sr. Chen sempre deixa passar porque ele sabe que eu não posso controlar — interrompeu Allison. — Então, quando ele viu que todos os compostos na folha da cola estavam corretos, ele descobriu de imediato.

Tahira olhou Ariana diretamente nos olhos. — Era obviamente uma falsificação.

Ariana queria gritar. Ela havia arrumado todos os compostos porque ela pensou que a menina era uma idiota, não uma disléxica. Aquilo não podia estar acontecendo. Como poderia seu plano em se livrar de Allison trabalhar a favor dela? A sala começou a girar. Isso estava errado. Isso estava muito, muito errado.

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— Talvez sua tarefa fosse me sabotar? — Allison disse. — Quem sabe? Qualquer que fosse o caso, ela foi suspensa por um mês e não há maneira nenhuma de ela entrar em qualquer sociedade que a queria — e tã-dã! Minha tarefa está feita!

Ela jogou os braços sobre a cabeça e dançou em círculos, orgulhosa de si mesma. As pontas dos dedos de Ariana se contraíram ansiosos para empurrá-la sobre a fileira traseira de assentos. Sua garganta começou a se fechar e sua visão começou a se confundir. Allison tinha terminado sua tarefa. Havia ainda cinco delas disputando quatro vagas abertas. E mais uma vez, a vida de Ariana estava em jogo. As vidas de todas elas. Seu estômago se encheu de pavor ácido. Todo esse trabalho para não chegar a nada. Nada. E, de repente, Ariana não conseguia respirar.

Não. Você não pode deixá-las verem como isso está te afetando. Controle, Ariana. Controle.

Inspira, um... dois... três... Expira, um... dois... três... Inspira, um... dois... três... Expira, um... dois... três... — Vamos lá, Allison. Vamos abrir o champanhe que papai mandou — disse

Tahira, puxando o cotovelo de sua amiga. — Precisamos comemorar. Vejo vocês mais tarde, senhoritas!

Ela e Allison saíram, deixando Ariana e Brigit sozinhas. No momento em que elas foram embora, Ariana inspirou pela primeira vez em um longo tempo. Ela se inclinou em ambas as mãos na parte de trás de um assento do teatro e inspirou novamente.

— Bem. Isso saiu pela culatra — disse Brigit. — O que saiu pela culatra? A mão de Ariana voou para a garganta, assustada. Lexa estava de pé na porta

do teatro, abrindo-a. — Você me assustou — disse ela. — Desculpa — Lexa respondeu. — Então, o que saiu pela culatra? — Pregamos uma peça em Allison esta manhã — respondeu Brigit,

recostando-se contra a linha traseira dos bancos e tirando seus saltos. Ela suspirou feliz ao ouvi-los caírem ao chão. — Mas parece que ela pegou os limões e os transformou em uma limonada.

— Espere um minuto, foram vocês? — Lexa disse, deixando a porta fechar-se atrás dela. Ela cruzou os braços sobre o peito magro. — Foram vocês que fizeram aquela cola falsa?

— Foi ideia da Ana — disse Brigit prestativamente. — Nós pensamos em nos divertimos um pouco com ela. Você sabe, uma vez que ela era uma vadia para Ana quando elas estavam vivendo juntas.

— Você está brincando — Lexa disse categoricamente, dando a Ariana um olhar de repreensão.

— Qual é o problema? — perguntou Ariana. — Nós estávamos apenas brincando.

Ela tinha pensado que, de todas as pessoas, Lexa ficaria satisfeita. Ela era a única que estava aparentemente obcecada em fazer “Briana Leigh” se soltar tanto quanto antigamente. Aquela que provavelmente havia decidido que a tarefa de Ariana devia ser fazer um “espetáculo” de si mesma.

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— Só brincando? Isso é coisa séria! Ela poderia ter sido expulsa da escola! — Os olhos de Lexa estreitaram.

O rosto de Ariana queimou. E se ela tivesse estado certa o tempo todo? Era uma coisa ruim tentar sabotar outro membro em potencial da Pedra e Sepultura? Mas não. Não era possível — Soomie e Maria tinham praticamente dito a ela para fazê-lo. A menos que elas estivessem tentando sabotar ela. Será que elas realmente queriam mantê-la fora? Não podia ser. Elas eram suas amigas.

De repente, a cabeça de Ariana doeu tentando descobrir o que aquilo significava, quais eram as motivações de cada um. Mas uma coisa era certa: Lexa não conseguiu ser seu centro moral. A menina não tinha ideia dos sacrifícios que Ariana estava fazendo para preservar sua amizade e poupar seus sentimentos. E para manter todos no campus seguros.

— Ela teria terminado em alguma outra boa escola — disse Ariana, levantando uma mão. — Não é uma grande coisa.

Lexa suspirou e balançou a cabeça. — Que seja. Fico feliz que tenha dado errado — disse ela. — Vocês duas pisaram totalmente na bola. — Ela se virou e abriu a porta. — Vejo vocês lá em cima.

Quando a porta se fechou atrás dela, Brigit deu a Ariana um olhar envergonhado. — Uau. Ela ficou brava.

— Eu não entendo — disse Ariana. — Eu pensei que ela queria que eu me soltasse.

Brigit deu de ombros. — Eu acho que no mundo de Lexa tem que se soltar de um bom jeito e de um mau jeito.

Ariana agarrou seu antebraço com força em seus dedos. Ela não podia acreditar que Lexa estava brava com ela. Tudo que ela estava tentando fazer era protegê-la. Proteger Brigit, Maria, Soomie, Tahira, e Allison também. Havia uma psicopata lá fora esperando para atacar uma delas, e Ariana era a única pessoa que poderia detê-la. Cada fibra de seu ser estava se concentrando em tentar impedi-la.

Mas ela tinha falhado. E agora não havia como dizer o que Kaitlynn poderia fazer. Quem ela poderia machucar. Por causa dos erros de Ariana, alguém — provavelmente alguém com quem ela se preocupava — ia morrer.

— Ana? — Brigit disse, olhando preocupada para o braço de Ariana. — Você está bem?

Ariana soltou seu aperto. Havia quatro linhas brancas perfeitamente retas, onde seus dedos haviam estado. O resto de seu braço estava vermelho devido à pressão.

— Eu tenho que ir — disse ela, abrindo a porta. — Eu tenho que sair daqui. Ela esperou até que estivesse fora, ao ar livre e descendo a colina para deixar

fluir as lágrimas.

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Traduzido por Lua Moreira

riana estava ciente de uma dor aguda na perna antes que ela estivesse ciente de que ela estava acordada. Ela bateu na perna enquanto levantava a cabeça e abriu os olhos grogue. Sua mão bateu em algo duro e ela sentou-

se em linha reta. Seu coração parou. Ela estava olhando diretamente nos olhos ameaçadores de Kaitlynn Nottingham, e Kaitlynn estava segurando uma faca. Líquido vermelho pingava da ponta.

Ariana engasgou. Uma poça de sangue tinha juntado embaixo da lâmina, que fluía de um pequeno corte na sua canela. De repente, ela estava bem acordada. Ela ficou de pé, empurrando Kaitlynn para trás com toda sua força, rangendo os dentes para não gritar de raiva e dor. Kaitlynn caiu para trás e tentou agarrar uma cadeira de balanço, mas caiu no chão de bunda sem jeito. A faca deslizou pela madeira e foi parar debaixo da cama de Ariana.

— Que diabos você está fazendo? — Ariana gritou. Ela ficou de pé sobre Kaitlynn, seu corte ardendo, incapaz de tirar sequer um segundo para verificar a gravidade do ferimento. Ela não podia virar as costas para Kaitlynn. Não poderia deixar suas defesas abaixarem por um segundo sequer. A psicopata tinha finalmente cruzado a linha.

Kaitlynn ficou de pé e acertou no rosto de Ariana. — Esse é o seu plano brilhante? Pegar Allison fazendo trapaça! O que você acha que isso é, uma espécie de Especial do Disney Channel?

— Eu estava tentando fazer o trabalho sem que ninguém se machucasse — Ariana respondeu por entre os dentes. — Veja, Kaitlynn, quando as pessoas se machucam ou são assassinadas, isso meio que chama a atenção para a situação. E essa é a última coisa que qualquer uma de nós quer.

— Você é uma idiota — disse Kaitlynn, andando sobre a sua cama. — Tudo o que você fez foi desperdiçar o seu tempo e o meu. Agora eu tenho que descobrir uma maneira de tirar alguém da competição e eu só tenho alguns dias para fazer isso.

Ariana queria gritar. Ela queria gritar tanto que ela sentiu como se sua garganta, seu cérebro e seu coração estivessem todos prontos para explodir.

— Você não ouviu uma palavra do que eu disse? — ela assobiou. — Nós não podemos ter um assassinato no campus, Kaitlynn. Se alguém morre, todos serão interrogados. E se você e eu formos interrogadas, eles vão descobrir a verdade sobre nós.

A

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Kaitlynn olhou em direção à porta. — Essa simplesmente vai ser uma decisão difícil de se tomar — disse ela, como se estivesse falando sobre escolher qual casaco vestir. — Embora, tecnicamente, deva ser você — ela acrescentou, apontando para Ariana. — Você é, obviamente, um desperdício de espaço.

Gemendo em desespero, Ariana pegou a coisa mais próxima que ela podia encontrar para estancar o sangramento em sua perna, o que acabou sendo o moletom branco do APH de Kaitlynn. Ela segurou-o por cima do corte e estremeceu com a dor. Sentando-se em sua própria cama, ela prendeu a respiração e contou até dez.

— Você disse que eu tinha até sábado à noite, lembra? — Ariana falou lentamente.

Kaitlynn olhou para cima. — Sim. E daí? — Então, seja paciente. Eu vou cuidar disso. Eu ainda tenho cinco dias — disse

Ariana. Ela removeu cuidadosamente o moletom. Aderiu ao ferimento por um momento, e logo que soltou, deixou um rastro de dor aguda. Ariana cerrou os dentes enquanto olhava por cima do ferimento. Estava feio, mas não muito profundo. Não parecia que ela fosse precisar de pontos.

— Você vai cuidar disso — disse Kaitlynn com tom de dúvida. — Sim. Eu disse que iria, e eu vou — Ariana respondeu, embora ela não tivesse

absolutamente nenhuma ideia de como. Tudo que ela sabia era que ela tinha que proteger suas amigas e ela mesma, a qualquer custo.

— Tudo bem. Se você diz que vai — disse Kaitlynn com um encolher de ombros. Então ela deitou-se na cama e puxou as cobertas sobre ela, como se nada mais tivesse acontecido do que um bate-papo rápido a meia-noite entre amigas. — Boa noite, Ariana. Ah, e você me deve um moletom.

Então ela virou de lado, de costas para Ariana, e logo adormeceu. Durante poucos minutos, Ariana ficou lá, ouvindo Kaitlynn respirar,

maravilhada com as profundezas da psicose da menina, segurando o moletom na sua perna. Então, sempre com muito cuidado, ela se agachou de joelhos, inclinou-se, e tirou a faca sangrenta de debaixo de sua cama. Era uma das facas que elas usavam no refeitório. Ariana se perguntou quando Kaitlynn a tinha roubado, e se havia mais como essas escondidas em seu quarto.

Lentamente, ela levantou-se, agarrou o cabo da faca, suando, com seu sangue endurecido na palma da mão. Imaginou-se colocando a lâmina nas costas de Kaitlynn. O olhar de confusão, dor e desprezo nos olhos aterrorizados de Kaitlynn.

Ariana inspirava e expirava, combinando a cadência de sua respiração com a de Kaitlynn, segurando a faca — a sua salvação — em seu punho. E então, finalmente, o momento passou. Ela sabia que não poderia fazer isso, mesmo que fosse ser muito gratificante. E seria muito justificado. Se ela assassinasse Kaitlynn em seu dormitório compartilhado, ela estaria de volta na Brenda T. amanhã à noite. Isso não podia acontecer. E isso a frustrava mais do que qualquer das falhas que ela tinha aguentado ao longo dos últimos dias.

Cedo ou tarde, Kaitlynn receberia o que merecia. O universo tinha uma forma de calcular essas coisas. Ariana simplesmente esperava que ela estivesse lá quando a justiça fosse feita. Que ela tivesse alguma parte, mesmo a menor parte, em fazer isso acontecer.

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Traduzido por L. G.

erça-feira à tarde, depois das aulas, Ariana estava andando pelo campus em direção às quadras de tênis quando viu Palmer saindo da biblioteca. Sua respiração ficou presa na garganta com a simples visão dele. Seu primeiro

instinto foi evitá-lo. Lexa ainda não havia convidado Conrad pro NoBash, então os dois não estavam oficialmente juntos. Mas Ariana tinha tido uma noite difícil. Ela merecia um pouco de flerte. Além disso, o ato de santidade de Lexa a tinha deixado chateada.

Ele a viu antes de ela chegar e seus olhos viajaram de cima a baixo em seu uniforme de esporte com admiração, passando pela camisa polo azul marinho do APH e pela minissaia branca. Mas então, é claro, ele franziu a testa para o grande curativo em torno de sua perna.

— Ei — ele disse, parando na frente dela. Ele deu uma olhada rápida ao redor, e, encontrando a costa aparentemente livre, levantou sua mão para beijá-la. — O que aconteceu com a sua perna?

— Acidente do lanche da meia-noite — Ariana respondeu, levantando os ombros. — Nunca desça as escadas quando estiver meio dormindo.

— Bom conselho — disse Palmer, tirando a bola de beisebol de sua bolsa e jogando-a pra cima. — Posso te levar para o treino?

— Claro — Ariana respondeu com um sorriso. À medida que caminhava em direção ao sul das quadras, nos arredores do

campus, Ariana inspirou profundamente, e expirou calmamente. O outono estava finalmente chegando. Ela podia sentir isso no ar. Era o primeiro dia nítido da estação, e as folhas das árvores do campus APH finalmente estavam começando a mudar. Ela estava andando ao longo de um caminho de paralelepípedos com o cara dos seus sonhos. Por um breve momento, ela permitiu-se uma pausa. Permitiu-se parar para desfrutar o que ela tinha — para apreciar o quão longe ela tinha chegado.

— Então, como vão as coisas? — perguntou Palmer. — Ouvi dizer que você foi para a reunião na segunda-feira da The Ash. April Corrigan acha que você vai ser sua nova editora estrela.

— Sério? — Ariana disse, as bochechas ruborizando. — Isso foi legal da parte dela.

— Então as coisas estão boas? — perguntou Palmer.

T

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— Suponho que sim — disse Ariana, ajustando a alça grossa da sua bolsa de tênis Lacoste branca. Sua primeira semana de aulas tinha ido bem, mas manter-se em dia com seus estudos foi a única coisa que ela tinha conseguido em sua longa lista de objetivos.

— Isso é convincente — disse Palmer sarcasticamente, jogando a bola para cima e pegando-a. — Eu espero que... Você não está lamentando a outra noite, não é?

Os dedos de Ariana enrolaram com o simples pensamento da “outra noite”. — Não — ela disse. — Eu não estou. Eu prometo.

— Ótimo. — Palmer parecia genuinamente aliviado. — Porque eu tenho esperado você aparecer na minha porta de novo — ele sussurrou, sua voz baixa e sexy.

Ariana sorriu. — Eu vou. Quer dizer... eventualmente. Eu só... Tinha muitas coisa acontecendo.

Palmer fez uma pausa e olhou para ela, com o rosto cheio de rugas de preocupação. — Está tudo bem?

Ariana pensou na Pedra e Sepultura, e em como Allison tinha preenchido uma das vagas. Pensou em Kaitlynn empunhando a faca ensanguentada no meio da noite. Pensou em como Lexa e Conrad estavam tão lentos que estavam praticamente glaciais. Pensou no estúpido papel preto e na tarefa nele, que ela ainda tinha que reunir a coragem para concluir. Quando se tratava da vida no APH, ela não estava exatamente alcançando muitas metas.

— Eu acho que eu só não esperava que tudo fosse tão difícil — ela resumiu finalmente, parando em uma curva no caminho.

— Ah. — Palmer fez uma pausa também. Ele virou-se para encará-la, deixou cair a bola de volta para a sua mochila, e cruzou os braços sobre o peito. — Ana Covington, você está prestes a obter uma das conversas estimulantes patenteadas por Palmer Liriano.

Ariana sorriu. — Estou? Sorte a minha. — Você tem sorte. Eu não faço isso pra qualquer um — ele disse. Então ele

estendeu a mão e colocou um cabelo errante atrás da sua orelha. Um arrepio agradável passou por ela. — Mas, para você, qualquer coisa.

Ariana sorriu. — No primeiro dia que eu conheci você, Ana, eu sabia que poderia fazer

qualquer coisa — disse Palmer. — Você apenas tem que olhar ao seu redor. Como se nada nunca fosse ficar no seu caminho. Então qualquer redutor de velocidade que você acha que já atingiu desde que chegou aqui, apenas passe por cima deles. Arrase eles. Porque eu sei que você pode.

— Uau — Ariana respirou, seu coração cheio. — Essa foi uma metáfora horrível, Palmer Liriano.

Ele riu. — Tudo bem. Você me pegou. Minhas conversas estimulantes são uma merda. Como isso. — Ele pegou a mão dela, ergueu-a até que a palma da sua mão estivesse de frente para a dele, e entrelaçou os dedos com os dela. — Aceita ir para o NoBash comigo?

Ariana mordeu o lábio, sua mente voando até Lexa. Lexa e Palmer juntos no início do ano. As lágrimas de Lexa no banheiro e novamente em seu quarto do dormitório. E, em seguida, as imagens foram embora. E uma vez que elas se foram,

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ela ficou olhando para sua própria mão entrelaçada com Palmer. E, de repente, ela não se importava com mais nada.

— Sim — ela disse com firmeza. Os olhos de Palmer se arregalaram de surpresa. — Sim? — Sim — disse Ariana com um aceno. Então Tahira veio virando a esquina e

Ariana instintivamente largou a mão de Palmer. Um olhar de confusão atravessou seu rosto. — Mas vamos manter em segredo. Só por agora — disse ela, olhando para Tahira.

Ela não podia deixar ninguém saber que ela estava com Palmer até Lexa oficializar as coisas com Conrad. As pessoas iriam pensar que ela agiu muito rápido.

A mandíbula de Palmer trincou, e por um momento Ariana estava com medo de que ele fosse retirar o convite, mas ele simplesmente assentiu. — Tudo bem. Se esse é o jeito que você quer. Vejo você mais tarde, Ana.

— Tchau — disse Ariana, sentindo uma lufada de perda quando se virou para ir embora.

Ele cumprimentou Tahira enquanto caminhava por ela e foi embora, arrancando sua bola de beisebol da mochila novamente.

— Olá Ana — disse Tahira, parando em frente a ela. Seu cabelo grosso estava preso em um rabo de cavalo alto e brincos de ouro

berrantes pendiam de suas orelhas. Ela estava vestindo o mesmo uniforme de esporte que Ariana, mas vários botões da sua camisa polo estavam desabotoados. A garota simplesmente não conseguia lidar com a ideia de modéstia, mesmo quando ia se exercitar.

— O que você quer? — perguntou Ariana. — Que sensível — disse Tahira, girando a alça de sua raquete de alumínio com

uma mão. — Fiz algo que te magoou? — Hoje não — Ariana respondeu friamente. Ela começou a caminhar em

direção as quadras novamente e Tahira acompanhou seu passo ao seu lado. Já tinham várias pessoas se aquecendo, arremessando bolas através das redes, e Ariana sentiu um arrepio de antecipação passar por ela. Após seu encontro com Palmer, ela estava com muita vontade de arrasar alguém no tênis.

Ele achava que ela podia fazer qualquer coisa. Arrasar qualquer um. Na verdade, agora que ela pensava nisso, ela meio que gostava da metáfora.

— Eu acho que você quer dizer “Ainda não” — corrigiu Tahira. Ela colocou os dedos firmemente no braço de Ariana, parando-a.

Ariana estreitou os olhos para Tahira. Onde, exatamente, isso ia parar? — Eu sei que foi você que armou para Allison — disse Tahira. Ariana não se moveu, não piscou, não respirou. Ela não revelou uma pitada de

nervosismo sobre o fato de que ela tinha acabado de ficar muito, muito enrascada. — Ah, sério? — ela disse. Tahira riu. — Como se fosse apenas uma coincidência que você estivesse

passando naquele corredor? Eu vi você topar com Justina e praticamente empurrá-la para Allison. Você não é tão furtiva quanto você pensa que é.

A mandíbula de Ariana cerrou. — Além disso, eu conheço Justina Cruz — disse Tahira, girando sua raquete

novamente. — Ela não teria coragem de ir contra mim e Allison, mesmo que seja para entrar na Scarlet Key.

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Um estalo de curiosidade atingiu Ariana. A terceira sociedade chamava Scarlet Key?

— Você não tem nenhuma prova — Ariana respondeu finalmente, segurando a alça da sua bolsa de tênis.

Tahira riu. — Eu não preciso de provas. Eu não pretendo entregá-la. Não por isso, de qualquer maneira.

Algo em seu tom de voz fez o sangue de Ariana virar lama gelada. — O que você quer dizer? Tahira deu um passo na direção dela, tão perto que seus seios roçaram o

braço de Ariana. Ariana encolheu com o contato íntimo, mas não recuou. Ela não podia deixar Tahira ver seu suor.

— Esse é o negócio, Ana — disse Tahira. — Fique longe de mim, fique longe de meus amigos, e eu poderia considerar não dizer a administração quem foi o responsável por todos os roubos no início do ano.

Ariana deu um passo instintivo para trás. Ela não conseguiu evitar. Mas no momento em que ela fez, ela percebeu seu erro. Sua ação a fez parecer tão culpada quanto realmente ela era. E Tahira lentamente sorriu.

— Como você... — Vamos apenas dizer que um passarinho me contou — disse Tahira

pretensiosamente. — Seria tão divertido te derrubar. O problema é que nós duas estamos concorrendo para a sociedade secreta Pedra e Sepultura, e eles meio que desaprovam coisas como prejudicar uma irmã ou irmão em potencial.

Ariana piscou. — Eu acho que você não sabia disso, já que acabou de fazer — disse Tahira,

claramente apreciando cada grama de miséria que estava se espalhando por ela tão depressa. — Ainda assim, seria justificado te entregar, A, se eu realmente quisesse.

Não havia ar. Pontos cinza começaram a se formar diante dos olhos de Ariana, obscurecendo sua visão de Tahira. De repente, Ariana estava grata pela brisa fresca deslizando sobre sua pele quente.

— Veja, minha tarefa é humilhar um doador — continuou Tahira. — E eu acabei de descobrir que você e sua avó doaram uma tonelada de dinheiro para colocar a sua bunda nesse lugar, para que você se qualificasse. Se tiver que fazer, então vou garantir que você seja humilhada. E provavelmente presa. Então, como eu disse, para trás.

Ariana tentou pensar em algo para dizer. Algo que iria economizar ainda um pouquinho de dignidade, mas sua mente era um completo branco, em pânico.

— Ótimo — disse Tahira com um sorriso. — Estou feliz que tivemos esta conversa.

Então ela se virou, e os babados da sua saia esvoaçavam a cada passo. Ariana se apoiou lentamente sobre um banco de pedra que foi posicionado ao lado da passarela e se sentou, sua mente correndo. Quem tinha dito a Tahira? Quem mais sabia o que ela tinha feito a não ser...

Kaitlynn. Claro. Ela devia ter dito a Tahira apenas para diverti-la. Só para conquistá-la. E agora Tahira ia usar as informações para manter Ariana sob o seu polegar.

Mas não por muito tempo.

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Só assim, tudo voltou ao foco. Tahira não havia completado sua tarefa ainda. Sua vaga ainda estava aberta.

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Traduzido por Ivana

riana entrou no refeitório na quarta-feira de manhã, com os ombros para trás e o queixo para cima demonstrando firme determinação. Um enorme óculos de sol com moldura branca cobria seus olhos e ela usava um boá

rosa choque de pena no pescoço, por cima do uniforme. Em uma das mãos ela segurava a alça de couro de um alto-falante pequeno, mas potente. Na outra seu iPod e um microfone.

Agora que ela tinha decidido acabar com Tahira, era hora de garantir sua própria vaga na Pedra e Sepultura — hora de começar o show. Hora de mostrar à Lexa, Palmer, Soomie e Maria e quem quer mais que estivesse na Pedra e Sepultura o quão ela estava disposta a entrar.

Ela captou alguns olhares curiosos e risadinhas de interesse enquanto ela caminhava para sua mesa usual — ficando no centro da ação. Soomie e Maria já estavam sentadas. Soomie estava lendo um livro, Maria enviava mensagens de texto do seu telefone, e todo mundo estava vadiando por aí, se informando de qual era a fofoca da manhã. Assim que Ariana colocou o alto-falante na mesa com um som estridente e subiu em cima da superfície de madeira ao lado dele, no entanto, a conversa acalmou consideravelmente.

Ariana olhou para as duas meninas, se perguntando se elas sabiam que ela tinha sabotado Allison e se elas a tinha sabotado encorajando-a. Ou será que elas simplesmente concluíram que Ariana era inteligente demais para ser pega? Ela não tinha certeza, mas de qualquer forma, agora não era o momento para tentar descobrir isso. Ela tinha uma tarefa para ser concluída.

— Um, Ana? — Soomie disse, colocando o livro de lado e sentando-se para a frente. — O que você está fazendo?

— Isto — Ariana respondeu. Ela abaixou-se, colocou o iPod e o microfone perto do alto-falante, e ligou os

aparelhos. Seu coração estava batendo mais acelerado do que estivera em muito tempo. Definitivamente desde a noite em que ela tinha feito sua fuga angustiante da Brenda T. Mas, pelo menos, ela tinha um plano. Ao menos, ela sabia o que ela estava fazendo.

— Bom dia, Atherton-Pryce Hall! — Ariana gritou no microfone. A resposta dos alunos foi ensurdecedora — chegando a deixar a própria mesa

parecer ter estado estremecendo, mas aquele era o efeito desejado. Cada aluno e professor no refeitório, cada garçom e zelador, parou e olhou. Lexa, que estava em

A

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pé perto da parede oposta com April, Brigit, e Conrad, deu alguns passos para frente, e seu queixo caiu em confusão. Estranhamente, ninguém fez um movimento para impedi-la.

— Meu nome é Ana Covington e esta é a minha música favorita — continuou Ariana, segurando o microfone um pouco mais longe da sua boca para evitar o problema de ecos. A palma da sua mão estava tão escorregadia com o suor, que ela estava certa de que o microfone ia cair da sua mão a qualquer momento e bater no chão. Ela bateu no botão de reprodução no iPod e a abertura, notas eletrônicas de Estações de Metro “Shake It” explodiu através do alto-falante.

A seus pés, Maria e Soomie trocaram um olhar estupefato. Ariana respirou fundo... e começou a dançar.

Foi quando o riso se fez alto e eufórico. Você pode fazer isso, Ariana. Você pode, você pode, você pode. Soomie cobriu a boca com as duas mãos. Maria riu e balançou a cabeça,

olhando para seu colo. Em todo o refeitório, as pessoas gargalhavam, apontando e rindo ou encarando com olhar de pena. Ariana captou tudo e concentrou-se no objetivo de que o fim iria justificar estes meios.

Pedra e Sepultura. Este espetáculo ridículo ia levá-la para a Pedra e Sepultura. E então Ariana começou a cantar. — Vou levar você pra casa, se você não me deixar pela porta da frente... — Whoo! Vai Ana! — Brigit gritou, levantando as mãos acima da cabeça. Ariana sorriu em agradecimento, mas neste momento seus olhos estavam tão

embaçados pelas lágrimas, tensão e suor, que ela mal conseguia distinguir alguém no meio daquela multidão.

— Seu corpo está frio, mas garoto, nós vamos deixá-lo tão quente. Isso provocou aplausos e gritos dos caras mais próximos da sua mesa. Os alunos começaram a se formar em uma multidão vinda de todos os cantos

da sala, querendo chegar à mesa primeiro e ficar mais próximo, querendo ver esta exposição ultrajante de perto. Ariana mal podia suportar a atenção de todos os olhos sobre ela, os sorrisos e os vivas, mas ela continuou dançando. Manteve-se cantando e dançando, fazendo uma pequena volta sobre a mesa, subindo e descendo no ritmo da música. Cada novo movimento provocava mais aplausos, e logo o corpo estudantil inteiro estava batendo palmas. Até o momento em que Ariana chegou ao coro, eles já estavam cantando junto.

— Mova-se! Mova-se! Mova-se! Mova isso!! A mesa tremia sob os pés de Ariana. Ela tomou um segundo para se firmar e

percebeu com imensa satisfação que aquele tremor da mesa era o resultado de dezenas de pessoas pulando para cima e para baixo em apoio à ela. Seu coração ainda estava batendo dolorosamente, mas o calor do seu corpo começou a normalizar e sua visão clareou. Foi quando ela viu Palmer e não pôde deixar de rir. Ele estava segurando o celular como uma lanterna na parte de trás da multidão, agitando-se lentamente para trás e para a frente com um olhar surpreso de admiração no rosto.

Depois disso, Ariana realmente se soltou. E em menos de três minutos tudo estava acabado. O salão de jantar explodiu

em aplausos. Ariana fez uma reverência rápida e pulou da mesa. Ela olhou para suas

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amigas. Maria levantou uma folha de papel rasgada do caderno em que ela tinha rabiscado às pressas a nota 10. Soomie levantou a folha escrita 9.5.

— Obrigada, obrigada — disse Ariana. — O que foi isso? — Lexa perguntou, agarrando-lhe a mão. Como se ela não soubesse. — Outro dia Brigit me lembrou daqueles duetos que costumávamos fazer no

acampamento e eu acho que eu me senti inspirada — Ariana respondeu, fazendo o jogo.

— Bem, então você deveria ter me pedido para cantar com você — disse Lexa. — Eu definitivamente teria apoiado você.

— Obrigada — Ariana respondeu, deixando-se cair em uma cadeira ao lado de seu alto-falante. — Mas isso era para ser um solo.

Brigit deu em Ariana um abraço por trás e sussurrou em seu ouvido. — Bom trabalho, Ana. Isso foi um espetáculo, o melhor que já vi.

Ariana sorriu. Ela já não se importava de que esse seria o assunto provavelmente pelo resto do dia. Talvez até mesmo semanas. Talvez até anos. Mas valeu a pena.

Quando o garçom apareceu para tomar os seus pedidos e os alunos tornaram a sentar-se em seus lugares, Ariana sentia-se perfeitamente à vontade. Ainda ofegante, mas à vontade. Ela tinha feito isso.

Lexa e Conrad sentaram-se em frente a ela e Ariana piscou. Eles estavam de mãos dadas. Lexa viu que Ariana percebeu, e sorriu.

— Será que isso quer dizer...? — Ariana disse. Ao invés de responder, Lexa se inclinou para frente para que ela pudesse ver

Brigit. — Ei, Bridge, Conrad vai ser meu par — para o NoBash. Em caso de necessidade de notificar alguém na lista.

— Sério? — Brigit gritou, batendo palmas. — Vou mandar um SMS agora! — Isso é tão bom, gente — disse Ariana. — Acho que sim — disse Conrad, inclinando-se para trás e colocando o braço

em torno de Lexa. — Embora eu esteja apenas usando-a para o convite. Eu tenho ouvido sobre essa festa por muitos anos.

— Cale a boca — disse Lexa, batendo no peito dele com as costas da mão. Lexa sorriu disfarçadamente para Ariana enquanto o garçom fazia seu caminho em torno da mesa para Connie. — Obrigada — ela murmurou.

— De nada — Ariana sussurrou. Ela olhou através do refeitório lotado para a mesa onde Palmer estava tomando a maior parte de suas refeições. Ele não estava olhando em sua direção, mas ela sorriu, no entanto. Um grande obstáculo tinha acabado de ser liberado para eles — demolido, talvez — e ele nem sequer sabia ainda.

— Você cantou bem, Ana — disse Kaitlynn enquanto ela deslizava para sua mesa. — Eu não sabia que você tinha isso em você. — Em seguida, ela inclinou-se para baixo ao lado do ouvido de Ariana e sussurrou para que só ela pudesse ouvir. — Parece que você acabou de conseguir seu lugar na Pedra e Sepultura. Pena que significa que alguém vai ter que ir.

— Não se preocupe, Lil — disse Ariana em tom de brincadeira. — Até o momento em que o NoBash tiver terminado, nós duas vamos ter o que queremos.

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Kaitlynn se levantou, atirou um olhar intrigado para Ariana, e, em seguida, deu a mesa um sorriso perfeitamente doce e inocente e se afastou.

— O que foi aquilo? — perguntou Lexa. — Oh, apenas alguns negócios de colega de quarto — Ariana respondeu,

pegando o copo de água. — Agora, vocês querem que eu cante outra música? Todos riram e começaram a pedir nomes das músicas mais ridículas. Ariana

relaxou em sua cadeira e respirou fácil pela primeira vez em dias. Finalmente, finalmente as coisas estavam melhorando.

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Traduzido por Ivana

estida com seu vestido de seda, seu cabelo castanho preso do rosto, Ariana sentiu-se mais bonita do que ela tinha se sentido desde que se tornou Briana Leigh. Mais como ela mesma. Pela primeira vez em dias, ela tinha

tudo sob controle. Pela primeira vez em dias, ela sabia exatamente como sua noite ia acabar. E não ia ser sob a faca de Kaitlynn, ou a tesoura ou um cortador de unhas. Até o fim da noite, Kaitlynn se daria por satisfeita. Sua participação em Pedra e Sepultura seria garantida — desde que ela terminasse sua própria tarefa, o que não era responsabilidade de Ariana — e todo mundo ficaria feliz.

Exceto, é claro, Tahira, suas amigas e familiares. Mas isso não era a preocupação de Ariana.

— Este vai ser o maior NoBash de todos! — Brigit anunciou, levantando a câmera de vídeo no ar para filmar o ambiente fora do Wolcott Hall. As duas dezenas de estudantes em frente aplaudiram em resposta, acenando para a câmera. Ariana, de pé com Soomie, Maria, Landon, e Christian — todos os quais tinham recebido seus próprios convites e, portanto, estavam dentro da “festa” — acenou e riu quando a lente da câmera passou por ela.

— Onde está a sua companheira de quarto? — Soomie perguntou, ajustando sua echarpe de veludo preta, que repousava na curva de seus braços. Ela usava um vestido sem alças bronze de muito bom gosto e um colar de diamantes simples, com o cabelo puxado para trás em um coque apertado. Ela estava bonita, mas também poderia se passar pela mãe de Noelle Lange indo para a ópera.

— Quem sabe? — Ariana disse alegremente. E quem se importa? ela acrescentou silenciosamente. A última vez que ela tinha visto Kaitlynn, ela tinha estado xingando seu rímel

no banheiro. Seria a cereja no topo do bolo de sua semana se Kaitlynn de alguma forma conseguisse perder a limusine para a festa. Ariana mal se atreveu a sonhar. Ela olhou ao redor da multidão procurando Palmer, que não havia aparecido na porta do quarto dela como ela achava que ele faria. Talvez ele estivesse esperando para encontrá-la aqui, com todos os outros. Embora ela tivesse preferido a formalidade de ser pega em seu quarto, ela estava muito tonta para se preocupar com tudo isso, ela só podia pensar em estar com ele. Ela mal podia esperar para ver o que ele achava de seu vestido.

Então, como se tivesse sido arrancada à força de seu pensamento, Ariana viu Kaitlynn perto do meio-fio, mais uma vez descaradamente flertando com Palmer.

V

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Palmer usava seu smoking preto, de um estilo que parecia que foi feito exclusivamente para ele. Ariana não tinha visto ninguém parecer tão confortável em um terno desde que Thomas Pearson a seduziu no Baile de Inverno há muitos anos. Ela viu quando os dedos de Kaitlynn passavam levemente no braço de Palmer. Ariana sentiu uma onda de ira e ciúmes, como ela também não tinha sentido em anos. Desde o dia que ela tinha visto pela primeira vez Thomas Pearson falando com Reed Brennan na quadra da Academia Easton. O dia em que ela o havia perdido para sempre.

Isso não iria acontecer novamente. — Licença um momento, senhoritas — disse Ariana. Ela caminhou até Palmer e colocou-se ao lado dele, cutucando seu braço com

o cotovelo. — Ei — ela disse para ele sorrindo. Ele olhou para ela. — Ei — ele disse, sem rodeios. O coração de Ariana pulou uma batida inquieta que alastrava-se sobre ela. — Olá, Ana. Você parece... bonita — disse Kaitlynn altivamente. E você parece uma vadia, Ariana pensou, encarando o ridículo decote no

vestido vermelho de Kaitlynn. — Lillian — Ariana respondeu, olhando para sua companheira de quarto. — Se

importa se eu falar com Palmer por um segundo? Sozinha? Kaitlynn olhou para Palmer, como se esperasse que ele dissesse à Ariana para

cair fora. Ao contrário, ele respirou fundo e soltou o ar ruidosamente. — Na verdade, eu preciso falar com a Ana, Lillian. Se você não se importa.

O coração de Ariana fez uma dança da vitória conforme o rosto de Kaitlynn caiu levemente. — Não há problema — ela disse a Palmer. — Eu converso com você mais tarde.

Em seguida, ela caminhou para se juntar com Tahira e Rob na multidão. Palmer olhou em frente a entrada para o vale abaixo, propositadamente evitando o olhar de Ariana. Seus nervos chiaram quando ela perguntou o que estava errado. Será que Kaitlynn tinha dito algo ruim sobre ela?

— Então... você é o meu par para esta festa ou o que? — Ariana disse levemente.

— Eu não sei. Você me diz — disse Palmer, voltando-se para ela. Ele não parecia irritado, apenas ferido. Ariana sentiu uma onda de confusão. Ela era capaz de ferir Palmer Liriano?

— O que você quer dizer? — perguntou Ariana. — Quero dizer, a última vez que falei com você sobre isso, você ainda não quis

contar a ninguém, mesmo com Lexa desfilando por todo o campus com a língua na garganta de Conrad Royce — disse Palmer, a cor começando a subir a partir de seu pescoço para o rosto. Ariana sentiu a picada deste comentário. Ele estava ferido, mas não inteiramente por ela. Ele foi ferido pela capacidade de Lexa para avançar tão rapidamente. E, provavelmente, pelo fato de que Ariana não tinha permitido que ele fizesse o mesmo, por mantê-lo em desigualdade de condições. — Então você me diz. Sou seu par, ou não?

Ariana estava abrindo a boca para responder, quando um braço fino enrolou em torno dela.

— Será que esse cara está te incomodando? — Lexa brincou.

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Ela estava absolutamente linda em um vestido verde esmeralda que ressaltava a cor de seus olhos. Ele foi cortado baixo na frente, ainda mais baixo em volta, e tinha uma saia de várias camadas que acentuava a curva de seus quadris até o chão. Conrad estava justo atrás dela, parecendo forte e alinhado em seu smoking.

Palmer olhou nos olhos de Ariana. Ariana procurou a coisa perfeita para dizer. Uma maneira de dizer que Palmer era sim seu par e que o fato de Lexa os interromper não significava nada e que ele era tudo.

— Vamos lá, Ana — disse Lexa, puxando-a para longe. — Christian está sem um par também, então eu prometi a ele que você seria o par dele. Você não se importa se eu roubá-la, não é, Palmer?

Os olhos de Palmer nunca deixaram os de Ariana. Ele estava esperando que ela falasse. Esperando que ela dissesse a verdade. Mas as palavras pareciam presas no pescoço de Ariana. Claramente Lexa queria mantê-la longe de Palmer. Claramente ela ainda não queria ninguém perto dele. E enquanto Ariana estava certa de que Lexa poderia boicotar sua entrada à Pedra e Sepultura, ela tinha que manter a menina feliz. Palmer poderia boicotar ela também, é claro, mas ela acreditava que ele era mais cavalheiro do que isso. Ela acreditava que ele iria entender que seus motivos eram puros ali. E ela esperava que ele acreditasse, como ela, que toda essa espera era apenas temporária.

— Não — disse Palmer finalmente, como se ele pudesse seguir a linha de pensamento de Ariana nos olhos. — Eu não me importo.

Mesmo que tivesse esta mesma sido a decisão de Ariana, ela sentiu como se ele tivesse acabado de afundar uma faca em seu coração. Mas ela permitiu que Lexa a levasse para longe de Palmer e em direção a Christian. Enquanto ela se foi, ela olhou para Palmer, na esperança de transmitir um pedido de desculpas com os olhos, e viu Kaitlynn já se abatendo sobre ele novamente.

Um furor quente de raiva atravessou Ariana tão ferozmente, que ela pensou por um momento que ela não seria capaz de contê-la. Era ridículo Lexa mantê-la longe de Palmer. Lexa já tinha um novo namorado. Ela não precisava do antigo. E mais absurdo ainda era Kaitlynn flertando com o cara que Ariana queria. Havia muitos garotos quentes e ricos nessa escola. Ela não podia deixar Ariana ter nada para si mesma?

Enquanto ela afastava o seu olhar para longe de Palmer e sua sanguessuga, Ariana viu que ela e Lexa estavam passando direto por Tahira, Allison, e Rob. Seu coração pulou de pânico por ter perdido uma oportunidade tão perfeita. Ela enfiou a mão no bolso, tirou a chave de seu cofre — ela não iria precisar mais dele. Ela tocou o chaveiro de metal pesado que ela tinha prendido a ele, em seguida, colocou-o no bolso do lado de fora da bolsa de Tahira, que estava pousada em um banco com a bolsa de Allison e seus acessórios. No mesmo instante, o calor do corpo de Ariana pareceu baixar.

Ninguém tinha visto. O primeiro passo de seu plano estava completo. — Christian, sua acompanhante, como prometido — disse Lexa, praticamente

arremessando Ariana em Christian. — Legal — disse Christian, olhando Ariana de cima e a baixo. — Eu vou tentar

não devorar tudo em uma só mordida.

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Landon, Maria, Conrad, Lexa e Soomie riram, enquanto Brigit e Adam tiveram a inocência de apenas corar. Ariana, por sua vez, simplesmente olhou para o relógio e verificou o lento trajeto das limusines.

De repente, ela mal podia esperar para esta noite acabar.

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Traduzido por Ivana

riana olhou pela janela da limusine preta enquanto ela se movia rápido pela linha larga entre os carros de luxo à espera de serem vistoriados pela equipe de segurança da embaixada norueguesa. Os curiosos estendiam

seus pescoços para obter um vislumbre do carro com as bandeiras da Noruega adornando sua grade dianteira, perguntando qual das personalidades conceituadas da Noruega estavam lá dentro.

Imagine o que eles teriam pensado se eles pudessem olhar dentro e vissem Landon Jacobs bebendo de um gole só uma lata toda de Guinness enquanto Palmer e Christian aplaudiam e Brigit, a princesa amada da Noruega, estava encolhida em um canto, estridente e risonha, só esperando que ele não cuspisse tudo para fora em cima dela.

— Ah. Essa é a top — disse Landon, levantando a maior lata de cerveja sobre a cabeça. — Obrigada às boas pessoas da Irlanda por isso.

Então ele arrotou. Um longo e alto arroto. Até mesmo Soomie pareceu enojada.

— Ah, as coisas que você aprendeu em suas viagens pelo mundo — Maria entoou em tom de brincadeira.

— Sim, talvez na turnê no próximo ano você poderia, eu não sei, visitar a um museu ou dois — Lexa brincou.

— Se eles me pagarem para cantar, eu vou — respondeu Landon. — Você é um prostituto da fama — disse Maria, cruzando os braços sobre o

peito. — Ah, mas é por isso que você me ama — Landon respondeu, empurrando-a

com seu cotovelo. Maria corou e levantou-se para se sentar ao lado de Lexa, claramente não

querendo que ninguém no carro levasse esse comentário sobre amar a sério. Lexa, por sua vez, parecia ela mesma muito apaixonada. Ela se aninhou na curva do braço de Conrad e ele se inclinou para beijá-la na testa. Lexa sorriu, depois olhou com o canto do olho para se certificar de que Palmer estava assistindo. Ele não estava. Ele estava olhando, em vez disso, para Ariana. Rapidamente, Ariana voltou seu olhar para fora da janela novamente quando a limusine virou para a unidade de tijolos circular que levava até a embaixada. Fingir estar alheia tanto a Palmer quanto a Lexa era fundamental neste momento. A última coisa que ela queria fazer esta noite era ter que responder um monte de perguntas de Lexa sobre o porquê de Palmer ficar

A

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olhando para ela. A resposta obviamente seria “eu não faço nem ideia do que você está falando”. Mas ela não tinha certeza de quanto tempo ela poderia continuar com isso.

— Nós chegamos! — Brigit anunciou alegremente quando o carro parou. Lá fora, uma centena de lentes de câmeras de fotógrafos no tapete vermelho

virou-se para observá-los. Ariana podia ouvir os helicópteros circulando em cima, e viu pelo menos uma meia dúzia de guardas uniformizados parados ao longo das linhas da frente da multidão. Um tapete vermelho levava até a porta da frente da mansão que era da embaixada, e toda a fachada brilhava com a luz.

— Eu tenho que ir por último, pessoal. Vocês sabem o que fazer — disse Brigit. Adam apertou-lhe a mão, pálida e úmida. Aparentemente, a realidade de quem exatamente ele estava namorando havia acabado de bater com força total.

— Eu estou dentro — disse Landon. Ele abriu a porta da limusine e deu um passo para fora, os braços erguidos

acima da cabeça. Imediatamente houve um suspiro comum, seguido por uma alegria.

— Oh meu Deus! Aquele é Landon Jacobs? — alguém gritou. E de repente, flashes seguiram-se instantaneamente, clicando, piscando e piscando como mil pirilampos psicóticos. Landon passeava pelo solo de tapete vermelho, posando aqui, conversando com um repórter ali. O cara sabia exatamente como trabalhar com uma multidão.

— Pelo menos ele é bom para criar uma distração — disse Maria em voz baixa, segurando a saia de seu vestido rosa escuro quando ela saiu.

— Vamos. Ele é bom para muito mais do que isso — disse Soomie, seguindo depois com olhos estrelados.

Christian pulou e pegou de volta a mão de Ariana. — Madame. Ariana lançou-lhe um sorriso, mas saiu por conta própria. — Desculpe, Chris,

mas eu não sou acompanhante de ninguém — disse ela, batendo-lhe no braço. — Mas guarde-me uma dança, no entanto.

O rosto de Christian caiu, mas ele se recuperou rapidamente, esgueirando-se ao lado de Maria. Os sentimentos do menino eram a última coisa na mente de Ariana. Depois de sua desavença com Palmer, esta noite tornou-se tudo sobre puro trabalho. Ela olhou por cima do ombro para a próxima limusine, que tinha transportado Kaitlynn, Tahira, e Zuri, além de Allison — a quem Brigit tinha convidado, porque ela era potencial membro da Pedra e Sepultura — entre outros. Ariana teve que esperar por elas para sair do carro sem torná-la demasiado óbvia.

— Eu nunca chamei você de acompanhante — Palmer sussurrou para ela. Então ele deu um tapa nas costas de Christian e os dois entraram na festa juntos.

Lexa e Conrad foram os próximos a sair do carro. Lexa lançou um grande sorriso para os paparazzi e Ariana ouviu alguns sussurros de “Lexa Greene” e “filha do senador” escorregar por entre a multidão. Ela agarrou o braço de Conrad e olhou para Ariana.

— Você vem, Ana? — Na verdade, eu vou esperar por Lily — Ariana respondeu, com um sorriso

forçado. — Eu vou entrar logo. — Tudo bem.

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Lexa e Conrad andaram no tapete vermelho, se sentindo como um casal que estrela um filme juntos. Ariana desejou que Lexa investisse plenamente no garoto. Ela parecia realmente gostar dele, então por que ao mesmo tempo queria fazer Palmer ficar com ciúmes?

Kaitlynn, Allison e Zuri estavam na parte traseira do carro agora. Allison e Zuri fizeram o seu caminho até o tapete vermelho de braços dados, posando para as câmeras enquanto Kaitlynn abaixou a cabeça e moveu-se rapidamente para dentro. Jogada inteligente, e logo Ariana estaria fazendo o mesmo. Se qualquer uma delas fosse pega pela câmera, tudo estaria acabado.

Atrás de Ariana, Brigit e Adam fizeram seu caminho em direção à porta de seu carro. Ariana inclinou e parou.

— Espera. — O que há de errado? — perguntou Brigit. — Tahira está prestes a passar — disse Ariana. — Você quer ser a última, não

é? O grande final? Não deixe ela roubar o seu destaque. Você sabe o quanto ela se diverte com estas coisas.

Brigit acenou e sorriu. — Você está certa. Obrigada, Ana. — Sem problema. Tahira saiu do carro com Rob, e de imediato, todas as lentes se voltaram sobre

a princesa de Dubai. Tahira atraiu grande atenção, acenando, posando, mostrando seu sorriso largo, girando seus quadris. Ela fez seu caminho até o topo do tapete vermelho tão lentamente, que Ariana tinha que dar passos de bebê apenas para chegar lá quando queria — justo em frente de Tahira.

— Olá, todos! Bem, sim, é claro! Brigit e eu somos próximas, amigas íntimas! — Tahira gritou, respondendo a perguntas dos jornalistas. Ariana teve vontade de jogar alguma coisa nela. Ou, pelo menos, pisar no reluzente vestido cor de ouro de Tahira para que ela tropeçasse e caísse feio, de cara para cima. Mas em vez disso ela teve que se concentrar em andar devagar o suficiente para passar pela porta logo à frente de Tahira, e em certificar-se de que nenhuma das câmeras poderia obter uma imagem clara de seu rosto.

— O que está fazendo, Covington? — Tahira assobiou baixinho, mantendo seu sorriso adiante. — Tentando me jogar na sombra com sua grande cabeça?

— Ah, Tahira. Ela teria que ser maior que a sua para conseguir isso — Ariana respondeu alegremente.

O sorriso de Tahira apenas vacilou por um instante, e ela voltou a acenar para a multidão. No momento em que, finalmente, ela chegou à porta da embaixada, até mesmo Rob estava verificando o relógio.

— Podemos começar com isso? Estou morrendo de fome — disse ele em voz baixa.

— Você não pode se preocupar com nada mais além do seu estômago? — Tahira estalou. — Este é praticamente o meu trabalho, sabe. Eu tenho uma imagem a manter.

— Eu sei. Desculpe — Rob disse, decepcionado. Ele ergueu as mãos em sinal de rendição.

— Oh meu Deus, Rob, eu não te disse? Consegui a melhor sujeira de um doador — disse Tahira do nada. Os cabelos na parte de trás do pescoço de Ariana se arrepiaram.

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— Sério? — Rob sussurrou. Claramente Tahira tinha quebrado as regras e disse-lhe tudo sobre Pedra e Sepultura e sua tarefa secreta. Ariana se perguntou se a sociedade e seus membros sabiam disso. Ou se havia alguma maneira de deixá-los saber.

Claro, depois de hoje à noite, não importaria mais que Tahira tinha quebrado as regras.

— O que é? — perguntou Rob. — Eu vou te dizer mais tarde — disse Tahira. Em seguida, ela inclinou-se para o

ouvido de Ariana por trás. — Mas alguém deveria ter cuidado! — ela falou baixinho. Custou cada grama de força de vontade de Ariana para não virar e bater no

rosto da garota. Ela tinha que ir. Era ela ou Ariana. Simples assim. Ariana chegou à frente da

fila. — Por favor, coloque objetos metálicos no recipiente ao lado, e em seguida, é

só passar — o guarda instruiu. Ariana não tinha nada de metal com ela, assim ela passou pela porta sem

nenhum problema. À frente, os foliões se reuniam em uma enorme sala de espera, com fartura de champanhe e aperitivos. Ariana hesitou, vadiando entre os poucos grupos de pessoas que tinham ficado para trás para conversar neste primeiro corredor.

Tahira recebeu as mesmas instruções do guarda e, como Ariana, não tinha nada de metal. Ela passou através do portão na frente de Rob, e Ariana prendeu a respiração. No mesmo instante, a luz vermelha no topo do arco da porta começou a piscar e um alarme discreto, mas irritante apitou. A chave tinha feito o seu trabalho.

— Senhorita, você se importaria de encostar aqui? — um guarda de meia idade disse a Tahira com um sotaque norueguês.

— Eu? — Tahira perguntou, irritada. — Sim, por favor. Vou precisar verificar o conteúdo de sua bolsa. Ariana apertou os lábios para não sorrir. Até ali tudo bem. Tahira gemeu e inclinou a cabeça para trás de forma dramática. — Você tem

alguma ideia de quem eu sou? — ela disse, empurrando seu punho até ele. Ele piscou para ela, seu rosto em branco. — Não. Lamento. Então sem a menor cerimônia ele abriu as coisas dela em uma caixa de

plástico. Ariana se movia lentamente na direção da porta, demorando apenas atrás do guarda. Ela olhou para o cesto e viu um espelho compacto, um tubo de brilho labial, o RG de Tahira, e sua EpiPen. A chave que Ariana havia plantado para fazer o detector de metais tocar não tinha caído. Provavelmente estava presa no bolso de fora, apertada, e o guarda ainda não havia notado. Melhor ainda para Ariana. Ele olhou para as coisas e, não encontrando nada de metal, virou-se para o segundo guarda.

— Vamos precisar da varinha — disse ele. — O quê? — Tahira gritou quando o segundo guarda aproximou-se com um

detector de metal — como uma varinha. Ela recuou alguns passos, quase tropeçando na longa bainha de seu vestido. — Você não vai usar essa coisa em mim. Rob! Traga seu traseiro aqui!

Rob, no entanto, estava sendo detido por um terceiro guarda do outro lado do detector de metais, o que a equipe de segurança, evidentemente, faria até que a

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situação atual fosse resolvida. A fila de foliões estava começando a fazer barulho, e todo mundo estava na ponta dos pés e esticando o pescoço para ver qual era a confusão.

— Não posso fazer isso, querida! — ele disse em uma voz entediada. — Eu tenho direitos, sabia! — Tahira gritou. — E eu sou a filha de um

dignitário, o que significa que eu tenho guarda-costas! Deus, por que eu digo a eles para ficar em casa? Se você me der o meu telefone para que eu possa chamá-los aqui, em cinco minutos chegarão e eles vão chutar o seu traseiro norueguês magricela direto de volta para Oslo.

— Por mais atraente que possa parecer, não é necessário — disse o primeiro guarda, aproximando de Tahira, que tentava arrancar seu braço fora do alcance do segundo guarda. — Agora, se você só ficar parada por um momento, senhorita. Estamos simplesmente tentando fazer o nosso trabalho.

— Vocês são uns merdas, sabiam disso? — Tahira ladrou, fazendo uma cena ainda maior. Terrível para a imagem que ela estava tentando manter. — Eu não sei por que nós somos aliados, bastardos obsoletos. A Noruega é uma merda. Na verdade, a Europa é uma merda.

Houve um susto geral da multidão que esperava, que estava, provavelmente, cheia de dignitários da Europa.

— Sim, é isso mesmo! Eu disse isso! — Tahira disse, ainda se contorcendo. — Eu odeio a Europa!

Agora, a multidão começou a murmurar e gritar. Ariana riu e, com os dois guardas agora totalmente ocupados por uma pirralha mimada e uma revolta em potencial, ela rapidamente pegou a EpiPen de Tahira e colocou-a em sua bolsa. Depois virou-se e juntou-se à festa.

A segunda parte de seu plano estava completa.

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Traduzido por Lua Moreira

na Ana! Ana! Brigit meio correu, meio cambaleou através do salão lotado,

obrigando senhoras na moda e homens em fraques a se esquivar de seu caminho enquanto ela passava. Uma mulher com uma tiara brilhante riu de forma indulgente enquanto a princesa corria como uma menina com metade de sua idade. Ariana sorriu quando pegou Brigit em seus braços antes que ela pudesse cair para frente em seus saltos altos. Devia ser bom ter um país inteiro cuidando de você, agradando você, como se fosse uma filha favorita.

— O quê? O que foi? — Ariana perguntou com uma risada, segurando os cotovelos de Brigit enquanto Brigit agarrava os dela.

— Eu consegui. Eu cumpri a minha missão! — Brigit sussurrou sem fôlego, seu peito arfando para cima e para baixo.

— Você envergonhou o príncipe herdeiro da Jordânia? — Ariana respondeu baixinho. — Como?

— Eu estava com ele, o príncipe William e dois filhos dos senadores e eu disse que algo cheirava a cocô de cachorro e eu fiz todos eles tirarem os sapatos para verificar, o que, naturalmente, eles fizeram, porque eu sou a princesa e quando você está dentro destas paredes você praticamente tem que fazer o que eu digo — Brigit divagou, levando Ariana para um banco de veludo perto da parede e caindo. — Isso foi praticamente tudo o que eu tive que fazer — disse ela, levantando as mãos e rindo.

— Fazê-los tirar os sapatos? Como é que isso é embaraçoso? — Ariana perguntou, colocando sua taça de champanhe vazia sobre a mesa ao lado dela. Ela foi imediatamente levada por um garçom com luvas brancas.

— Porque o príncipe herdeiro da Jordânia usa plataforma — Brigit sussurrou conspirativamente. — Quando ele tirou os sapatos ele ficou pelo menos oito centímetros mais baixo, e agora todos os caras sabem! Você deveria ter visto o olhar em seu rosto. Pensei que Will ia morrer de rir.

— Uau. Você é má — disse Ariana, brincando. — Eu sei, não é? — Brigit disse, segurando a mão sobre sua boca. — Talvez eu

devesse ter pedido a ele para me ensinar a andar nesses saltos. — Ela puxou a saia um pouco para cima para mostrar seus sapatos brilhantes. — Já posso tirá-los? — ela choramingou. — Eu juro que quase derrubei uma das tapeçarias apenas tentando fazer uma reverência na frente daquele cara da embaixada japonesa.

—A

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— Não. Você não vai tirar os sapatos — disse Ariana, colocando uma mão calmante no braço de Brigit. — Você está indo bem. São apenas algumas horas.

Brigit revirou os olhos justo quando Kaitlynn apareceu acompanhada de Lexa, Conrad, Adam e Soomie.

— Brigit, esta festa é incrível — disse Kaitlynn, o rosto corado de prazer. — Eh. Está legal — disse Brigit com um encolher de ombros. — E este edifício é lindo — Kaitlynn acrescentou, olhando para o teto alto. —

Você se importaria de fazermos uma tour? Quero dizer, nas partes que estamos autorizados a ver? — ela acrescentou com um uma encantadora risada de autodesprezo.

— Claro — disse Brigit, estendendo os braços para Kaitlynn ajudá-la. Kaitlynn levantou Brigit sobre os calcanhares tão graciosamente quanto possível. — Você vem, Ana?

— Estou dentro — Ariana respondeu. Mesmo que ela tivesse assegurado Kaitlynn inúmeras vezes que ela estava cuidando da Pedra e Sepultura, ela ainda não gostava da ideia de deixar Kaitlynn sozinha com nenhuma de suas amigas. — Vamos fazer isso.

Brigit assumiu a liderança com Adam e Lexa; Conrad e Kaitlynn seguiram atrás deles. No caminho eles pegaram Soomie, Christian, e alguns outros alunos do APH que queriam entrar no tour exclusivo. Palmer ficou para trás e esperou que Ariana se juntasse a ele.

— Ei — disse Ariana, com o coração vibrando por sua proximidade. — Está se divertindo?

— Estou. Eu estaria me divertindo mais, se eu estivesse acompanhado — ele respondeu suavemente.

— Palmer, eu pensei que você tivesse entendido — Ariana respondeu. — Eu preciso voar sob o radar por enquanto.

— Qual é o problema? — perguntou Palmer. — As pessoas separam-se e começam a namorar outras pessoas o tempo todo.

— Sim, mas não melhores amigas — Ariana respondeu enquanto Brigit levava-os através do hall de entrada e através de um par de portas duplas do outro lado.

— Como vocês podem ser melhores amigas? Até duas semanas atrás, vocês não tinham se falado em anos — Palmer sussurrou.

O coração de Ariana revirou. Como Palmer poderia questionar a conexão entre ela e Lexa? Será que Lexa não queria ser sua melhor amiga? Se ela tivesse dito algo a Palmer sobre ela antes de eles se separarem isso significava que ela realmente não gostava de Ariana?

— Não seja malvado — Ariana respondeu com firmeza. Palmer soltou um suspiro. — Eu sinto muito. Eu só... Eu quero ser capaz de

estar com você, isso é tudo. — Ele olhou para frente para o resto do grupo do tour, retardando seus passos para colocar alguma distância entre eles. — Eu quero ser capaz de fazer isso. — Ele ergueu sua mão e beijou-lhe o pulso levemente, olhando diretamente em seus olhos. Seu corpo inteiro tremeu, o que fez Palmer sorrir.

— Você pode fazer isso tudo que você quer — ela sussurrou. — Mais tarde. — Promete? — Palmer perguntou com um sorriso sexy. Ariana sorriu. — Prometo. Eles só tinham que encontrar um lugar privado para ele fazer isso.

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Brigit estava explicando a origem de algumas pinturas estilo renascentistas quando Ariana e Palmer os acompanhou. Então ela virou-se para a parte de trás da mansão e abriu outro par de portas, tão altas que praticamente atingiam o teto.

— Uau — disse Adam, os olhos arregalados, quando eles entraram em uma sala enorme com uma ampla escada em caracol no centro. Havia escadas e andaimes posicionados ao redor da sala, e tinta branca descascada no teto abobadado sobre suas cabeças.

— Eles costumam realizar o NoBash nesta sala, mas como vocês podem ver, está em construção — disse Brigit, batendo os calcanhares em um ritmo desigual quando cruzou em direção à escada. — Eu vou mostrar pra vocês o escritório do meu pai lá em cima. Ele ainda mantém o meu quarto de criança ao lado e está exatamente como quando eu era um bebê.

Ela começou a subir os degraus, segurando a saia de seu vestido com uma mão e agarrando-se ao corrimão de carvalho com a outra. Seu calcanhar prendeu no tapete no meio do caminho e ela parou, respirou fundo, e continuou.

— Você tem certeza que eu não posso tirar os sapatos ainda? — ela perguntou a Ariana, olhando por cima de seu ombro.

— Ainda não! — Lexa, Soomie, Kaitlynn, e Ariana disseram todas em coro, depois riram.

Brigit balançou a cabeça e apontou mais algumas pinturas e tapeçarias enquanto subiam as escadas. Ariana ficou impressionada com todo o conhecimento que ela tinha acumulado sobre os vários artistas e os seus estilos. Brigit era uma garota de muitas camadas. Ariana gostava disso em uma pessoa.

— Você pode acreditar neste lugar? — Kaitlynn disse a Ariana e Palmer, esperando que eles os alcançassem. Ela olhou para as pinturas com um brilho ganancioso nos olhos. — É tudo tão bonito.

Ariana perguntou o que ela estava realmente pensando. Ela estava pensando em tentar levar uma dessas obras de arte? A menina nunca sairia pela porta da frente com ela. Mas a ideia fez Ariana se perguntar... qual era exatamente a missão de Kaitlynn para a Pedra e Sepultura? Era algo que deveria acontecer hoje à noite, especificamente, como havia sido para Brigit?

Ela esperava que não fosse nada que levasse à prisão de Kaitlynn. Porque se fosse, ambas seriam presas.

— Oh, olhe para este, Ana — disse Kaitlynn, parando no topo da escada na frente de uma pintura de dois querubins. Ariana parou e atirou a Palmer um olhar que lhe disse que ela alcançaria o resto do grupo. Ele caminhou à frente lentamente, mantendo-se entre Ariana e Kaitlynn e o resto. Claramente, ele não tinha interesse em estar com mais ninguém. O pensamento fez o coração de Ariana palpitar.

— É magnífico — disse Ariana para Kaitlynn entre dentes. — Podemos ir agora?

— Eu só queria ver com você a respeito do seu plano — disse Kaitlynn, olhando para a pintura com interesse fingido. — Você entende que esta noite é o seu prazo.

— Acredite em mim, eu sei — Ariana respondeu. Ela olhou de volta para baixo da escada, pensando no salão de baile. Percebendo que ela realmente deveria voltar lá e conseguir completar a façanha. — Eu lhe disse para não se preocupar. Tenho tudo sob controle.

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Kaitlynn deslizou um olhar de soslaio para Ariana. — É melhor que tenha. — Então ela olhou para além de Ariana para suas amigas, que estavam apenas começando a entrar em uma sala no final do corredor. — Porque se você não fizer isso, o que acontecer depois será tudo culpa sua.

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Traduzido por Ivana

ahira estava no centro do salão, parando cada garçom que passava e comendo aperitivos como se fossem os últimos restos de comida na terra. Ariana tinha visto a menina comer antes, e sabia que ela era super glutona.

Esse era um elemento-chave de seu plano. Mas olhar para ela agora fez o estômago de Ariana revirar. A menina era tão desleixada, tão rude, tão indigna de sua posição. Ariana estava prestes a fazer um favor ao mundo, na verdade. Ninguém precisava de uma garota como essa se destacando ao redor do mundo fingindo ser um modelo a seguir.

A porta para o corredor se abriu, a porta a partir do qual os garçons tinham entrado e saído durante toda a noite, e Ariana viu um garoto bonito — de idade universitária, em um smoking branco com caudas, cruzando o seu caminho em direção a ela. Ariana esteve estudando os movimentos dos garçons pelos últimos quinze minutos ou mais e já entendia a dança intrincada de seu circuito. Se ela estivesse certa, ele faria o seu caminho ao longo da parede norte, onde ela estava de pé, em seguida, viraria em direção ao centro da sala, quando chegaria no bar. E viraria em direção a Tahira, Zuri e Rob.

Era agora ou nunca. Ariana pegou o pequeno frasco de óleo de amendoim de sua bolsa, afastou-se da parede, e ficou na frente do garçom.

— Oi — ela disse com um sorriso brilhante. Ele a olhou de cima a baixo e sorriu de volta. — Boa noite, senhorita. Gostaria

de um canapé? Ariana estava feliz de que Palmer e o resto de seus amigos estivessem na

varanda em algum lugar, apreciando a vista da cidade. Pelo menos ninguém tinha que vê-la flertando com um empregado. Sem mencionar envenenando sua colega de classe.

— Claro — disse Ariana, arrancando um da sua bandeja de prata. — Mas eu realmente só vim aqui para dizer-lhe que o seu sapato está desamarrado.

— Oh, obrigado — disse ele, colocando a bandeja sobre o fim do balcão atrás dela. — Eu acho que seria ruim se eu tropeçasse e lançasse uma chuva de canapés sobre todos os dignitários.

— Provavelmente — Ariana respondeu, com o coração acelerado. Assim que o garçom se agachou, Ariana virou-se e jogou o óleo de amendoim

em todos os canapés. Naquele momento ele já tinha percebido que nenhum de seus

T

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sapatos estava, de fato, desamarrado, e levantou-se novamente, enquanto Ariana estava olhando em outra direção, como se nada tivesse acontecido.

— Não. Está tudo bem — disse ele. — Ah. Eu poderia jurar que vi um cadarço desamarrado atrás de você — disse

Ariana, levantando um ombro quando ele pegou sua bandeja. — Talvez tenha sido um dos outros garçons.

— Eu vou ficar de olho — disse ele de uma maneira amigável. — Aproveite a festa, senhorita.

— Obrigada. Com certeza eu vou — respondeu ela. Especialmente se você for para onde eu estou esperando que você vá

imediatamente agora, ela acrescentou silenciosamente. O garçom então virou à esquerda e foi em direção à Tahira e seus amigos.

Algumas pessoas serviram-se de canapés de sua bandeja ao longo do caminho, mas haviam muitos ainda quando Tahira estendeu a mão para selecionar um da bandeja.

— Não há amendoim nisso, certo? — Ariana ouviu Tahira perguntar, como ela estava fazendo a noite toda. — Porque eu sou mortalmente alérgica.

— Não, senhora. Nenhum amendoim — o garçom respondeu. Ariana ficou surpresa com o nó que se formou em sua garganta quando Tahira

levou o aperitivo aos lábios. Isso tem que acontecer, ela disse a si mesma. É o único caminho. Ela ameaçou

você. Ameaçou expô-la. E uma vez que ela se for, você, Kaitlynn e Brigit serão aprovadas e entrarão na Pedra e Sepultura. Esta é a única maneira de se proteger e se certificar de que Kaitlynn consiga tudo que quer.

Tahira desceu o canapé pela boca e mastigou. Quase instantaneamente, seus olhos se arregalaram e sua mão foi para sua garganta.

— Tahira? O que foi? Você está sufocando? — Zuri gritou. Tahira balançou a cabeça freneticamente. Seu cabelo caiu livre de seu

penteado quando ela empurrou a bolsa para Rob. — Pen... EpiPen. As pessoas ao seu redor começaram a recuar com medo e repugnância,

formando um pequeno círculo ao redor do trio. Ariana se esforçou para engolir, mas ela descobriu que não podia. Ela mal podia ver isso, mas ela também percebeu que ela não conseguia desviar o olhar.

— Oh, merda. Ela comeu amendoim — disse Rob, mexendo em sua bolsa. Ele procurava algo enquanto Tahira deu uma guinada para frente, inclinando-se na cintura. — Ele não está aqui!

Os olhos de Tahira incharam. Claramente, ela não podia mais falar. As pessoas na multidão estavam murmurando, alarmadas. Ariana ouviu alguém pedir por um médico. Ninguém se moveu.

— O quê? — Zuri gritou, agarrando-se ao braço da amiga. — Tem que estar! Ela sempre trás!

— Você acha que eu não sei disso? — Rob caiu de joelhos e jogou a bolsa no chão. — Ele não está aqui!

Os joelhos de Tahira bateram no chão e Zuri soltou um grito estrangulado. Ariana fechou os olhos e virou a cabeça, a garganta apertada. O que havia de

errado com ela? Isso tinha que acontecer. Por que ela estava sendo tão dramática? — Oh meu Deus! Ajude-nos! — Zuri gritou. — Precisamos de um médico!

Alguém me ajude!

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Ariana respirou. Era sempre difícil ver alguém morrer. Mesmo aquelas pessoas que mereciam. É claro que ela estava chateada. Mas isso era necessário. Tudo aquilo tinha sido necessário.

— Por favor! Por favor, ajudem-na! — Zuri chorou, as lágrimas escorrendo pelo rosto conforme Tahira sufocava e engasgava. — Chamem uma ambulância!

Finalmente, algumas pessoas empurraram através da multidão. Um senhor magro, com cabelo branco correu para frente e agarrou o pulso de Tahira, verificando-o. Ariana prendeu a respiração. Ela se deu conta que não sabia o que esperar.

— Uma reação alérgica? — perguntou ele. — Faça alguma coisa! Ela não consegue respirar! — Zuri chorou. — Ela precisa de um EpiPen — Rob disse, levantando-se do chão. — Alguém

tem uma EpiPen? — ele gritou, olhando ao redor. As senhoras e senhores na multidão olhavam para ele como se ele fosse um leão em um tumulto. — Alguém aqui tem que ter um.

— Aqui! De repente, a bolsa de Ariana foi arrancada de sua mão. Kaitlynn arrancou o

EpiPen e, sem um segundo olhar sobre Ariana, correu em direção a Tahira, que agora estava de bruços no chão, com os olhos rolando para trás em sua cabeça. Kaitlynn entregou a caneta para o médico, que rapidamente expôs a agulha e enfiou no braço de Tahira.

Ariana assistiu a tudo isso como se estivesse acontecendo em câmera lenta. Seu plano estava virando fumaça, com Kaitlynn acendendo o fogo baixo. Ela não podia respirar, não podia se mover, não podia sentir uma coisa diferente de desespero. A sala começou a borrar a seu redor, todos se movendo em câmera lenta.

Por quê? Por quê Kaitlynn fez isso? A menina estava prestes a conseguir exatamente o que ela queria. Ariana sabia que a amizade de Tahira não poderia significar muito para ela. Ninguém nunca tinha significado muito para Kaitlynn. Então o que ela estava fazendo?

Logo Tahira estava respirando de novo. Rob e Zuri cuidadosamente a ajudaram a sentar-se. Ela levou a mão à sua garganta, que estava, sem dúvida, dolorida pela força da asfixia.

— Você está bem? — Perguntou Rob. Tahira assentiu. — O que aconteceu? — ela resmungou. — Esta jovem aqui salvou sua vida — disse o médico, apontando para

Kaitlynn. — Ela encontrou um EpiPen na hora certa. Com a ajuda de Zuri e Rob, Tahira lutou para ficar de pé. Em seguida, ela

correu para Kaitlynn, agarrando-se a ela com os braços em volta de seu pescoço. — Obrigada. Obrigada, obrigada, obrigada — ela resmungou. Todo mundo nas imediações começou a aplaudir, e logo toda a sala e suas

centenas de foliões estavam aplaudindo e batendo palmas para a realização de Kaitlynn.

— Deem a menina uma bebida! — alguém gritou, ganhando risadas da multidão.

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— Não foi nada — Kaitlynn respondeu modestamente. — Eu tenho alergias também, então eu sempre tenho um EpiPen para mim — disse ela, olhando de forma significativa para Ariana. — Qualquer um teria feito o mesmo.

Ariana finalmente respirou. Interessante. Então ela não tinha feito isso para que ela pudesse dizer a todos que Ariana tinha roubado o EpiPen de Tahira.

— Vamos lá — disse Rob, colocando o braço em volta da cintura de Tahira. — Eu acho que você deveria fazer um check up.

— Ele está certo. Eu gostaria de medir a sua pressão arterial e certificar que está tudo bem — disse o médico. — Há um kit de emergência na frente.

Tahira tinha um braço em volta dos ombros de Rob e o outro ao redor do médico quando todos passaram por Ariana em seu caminho para a porta da saída. Zuri correu atrás deles, segurando a bolsa de Tahira. E Kaitlynn, que foi seguida por um punhado de aplausos, finalizava a comitiva. Enquanto passava por Ariana, ela ergueu o pulso de Ariana e colocou algo em sua mão. Então ela sorriu e seguiu seus amigos.

Lentamente, com seus dedos trêmulos, Ariana desdobrou o pedaço de papel preto — a tarefa de Kaitlynn. Lia-se em letras prateadas:

SEJA A HEROÍNA.

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Traduzido por Ivana

riana Osgood estava se sentindo perdida. Seu plano tinha falhado, sendo frustrado pela própria pessoa para quem ela havia criado o dito plano, em primeiro lugar. Agora, tudo o que ela podia pensar era o que Kaitlynn tinha

dito no topo das escadas durante a sua visita à embaixada. O que acontece a seguir é com você. O que iria acontecer a seguir? A partir deste momento, Ariana não tinha ideia.

E esse pensamento a aterrorizou mais do que qualquer coisa. Ela estava perto da parede do salão, observando Kaitlynn, a maneira como ela

conversava e ria com Tahira, Zuri e Allison, solidificando sua condição de agora uma das melhores amigas.

Seja a heroína, Ariana pensou. O que Kaitlynn teria feito se Ariana não tivesse tentado matar Tahira? Se Ariana não tivesse pego o EpiPen? Provavelmente colocaria Ariana em algum tipo de perigo mortal e depois a salvaria no último minuto. Ou alguém. Todos eram apenas peões no jogo sádico da menina.

Kaitlynn riu de algo que Tahira disse, e os olhos de Ariana se estreitaram. A verdadeira questão era, o que a menina estava pensando? Como ela ia conseguir firmar seu lugar na Pedra e Sepultura? Que tipo de plano havia sido elaborado naquela pequena mente distorcida dela?

— Ei. A respiração de Palmer em seu ombro nu trouxe um tiro agradável de calor

para baixo de sua coluna, totalmente incongruente com o medo frio que permeava todos os outros centímetros dela.

— Ei — respondeu ela, levantando-se em linha reta e tentando sorrir. — Aparentemente eu perdi algum drama sério — disse Palmer, tomando um

gole de sua bebida, algum tipo de líquido marrom escuro. Ariana olhou-o com interesse. Talvez fosse hora de ela ficar bêbada e boba. Para apenas deixar-se levar e deixar que tudo o que estava para acontecer, acontecesse. Seu cérebro estava começando a doer por causa da tensão de tentar proteger a todos. De tentar dar sentido a uma psicopata sem sentido.

— Sim. Lily salvou o dia — disse Ariana alegremente. — Não é de admirar que você não consegue parar de flertar com ela.

Palmer olhou para seus pés, decepcionado. — Não por escolha. — O que isso quer dizer? — Ariana perguntou, arrancando o olhar de Kaitlynn

por apenas um momento.

A

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— Ela está sempre vindo até mim — disse ele, terminando sua bebida e colocando o copo sobre a bandeja vazia de um garçom que passava. — E sim, talvez eu não faça esforço para tirar ela do meu pé, mas há uma chance de que eu esteja apenas tentando te fazer ciúmes.

As sobrancelhas de Ariana arquearam. — Sério? — Está funcionando? — Palmer perguntou com um sorriso. Ariana respirou, suspirou, e afundou-se contra o peito forte de Palmer. Ela

estava cansada. Exausta. Doente de manter as aparências acima de todo o resto. No momento, apenas por um momento, ela só precisava de um abraço. O sentimento de um par de braços, tranquilizadores e fortes segurando-a. Fazendo saber que tudo ia dar certo no final.

— Uau — disse Palmer, circulando seus braços ao redor dela. Ela fechou os olhos e se aninhou em seu calor. — O que é isso? Não era para mantermos o disfarce?

— Lexa está feliz com Connie — Ariana respondeu. — Eu não vejo por que eu não posso ser feliz também.

— Finalmente consegui atingir você, hein? — Palmer brincou, alisando uma mecha de cabelo do rosto dela, fazendo cócegas em sua bochecha.

— Eu acho que você conseguiu — respondeu ela. — Não se preocupe — disse Palmer. — Lexa não está por perto, de qualquer

maneira. Eu não a vejo desde antes da grande cena de quase morte, na verdade. O coração de Ariana pareceu sofrer uma parada brusca. Seus olhos se abriram.

Lexa estava fora? Ela sumiu desde antes de Tahira de ser salva pela única pessoa que queria a qualquer custo um lugar na sociedade secreta?

— Eu aposto que ela e Conrad estão fora, se agarrando em um dos quartos no andar de cima — Palmer sussurrou, movendo as mãos e acariciando suas bochechas. — Na verdade, talvez a gente pudesse ir encontrar um quarto para nós.

Ariana deu um passo atrás. Seus joelhos tremeram embaixo dela. — Lexa está sumida?

Um olhar de confusão atravessou o rosto de Palmer. — Eu não disse exatamente nesse sentido.

— Não, mas... — Ariana levou a mão à testa, tentando aliviar os pensamentos desesperados de repente. — Você ainda não a viu. Alguém viu? Onde está Conrad?

— Eu não sei — disse Palmer, pegando sua mão. — Tenho certeza de que eles estão por aí. Agora, por que nós não...

— Não. — Ariana desvencilhou seu braço livre. — Eu tenho que ir. — Agora? — Palmer não estava confuso. Ele estava chateado. Mas Ariana não

podia lidar com isso agora. Kaitlynn tinha feito algo para Lexa. Ela podia sentir isso em seus ossos.

— Sim, agora. Tenho que encontrar Lexa — Ariana disse a ele. — O que há com você e ela? — Palmer deixou escapar, recuando um passo. —

É como se você estivesse apaixonada por ela. — Palmer, eu não tenho tempo para afagar seu ego agora — disse Ariana. —

Eu tenho que ir. Ela virou-se e correu para fora do salão, voltando para o lobby para que ela

pudesse falar com os guardas. Talvez Lexa e Conrad tivessem simplesmente ido embora. Talvez um dos guardas se lembrasse deles saindo.

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Por favor, não esteja machucada, Ariana pensou enquanto corria em seus calcanhares, levantando sua saia em ambos os lados. Se acontecer algo a ela, é tudo minha culpa. Era para eu proteger minhas amigas.

Foi uma lição que ela aprendeu quando era uma das Meninas do Billings. Uma lição que havia sido perdurada no tempo. E aqui no APH, era ainda mais vital do que nunca. Porque Ariana era a pessoa que tinha trazido Kaitlynn até ali. Ariana deveria ter sido mais diligente. Ela deveria ter descoberto a melhor maneira de protegê-las da natureza psicótica de Kaitlynn. Se Lexa estivesse morta, Ariana era a culpada.

— Desculpe-me! — Ariana gritou, correndo até o primeiro guarda que viu. — Você viu uma garota... um pouco mais alta que eu... com cabelo escuro usando um vestido verde. Ela estava com um garoto afro americano...

— Ana! Oh meu Deus! Ariana virou ao som da voz de Lexa. Seus pulmões estavam cheios de alívio.

Ela estava lá. Bem ali. Correndo em direção a Ariana a todo vapor, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

Lágrimas. Justo assim, o alívio foi embora. — Lexa! O que foi!? — Ariana disse se virando para sua amiga. Conrad vinha

logo atrás, com o rosto paralisado, os olhos arregalados de medo. — Eu... Eu... Eu não posso...! — Lexa disse com a voz embargada, mal

conseguindo respirar. — O quê? Lexa desabou para frente e Ariana foi incapaz de segurar seu peso todo. Ela

caiu no chão de joelhos, a saia de seu vestido de balão ao redor dela. Ariana deu a volta dela e entorpecida cambaleou em direção às portas através das quais Lexa e Conrad tinham vindo.

O que Kaitlynn fez? O que está acontecendo? Ariana pensou enquanto entrava pelas portas da sala de tapeçaria. Seu olhar focou instantaneamente na garota deitada, estendida aos pés da escadaria. O sapato de salto alto prata estava a alguns metros, jogado. Os cabelos loiros emaranhados.

— Oh meu Deus — Ariana suspirou, curvando-se. De repente, não havia ar, como se as tapeçarias estivessem sufocando a sala e Ariana junto com ele. — Brigit.

Os olhos da princesa estavam fechados, como se estivesse dormindo pacificamente. Ela poderia até estar dormindo. Se não fosse o ângulo estranho e não natural de seu pescoço.

Uma única lágrima derramou pela bochecha de Ariana. — Brigit, eu sinto... eu sinto muito.

Só então, os guardas correram, passando por cada lado de Ariana, chicoteando armas de coldres e segurando walkie-talkies. Quando alguns deles se agacharam no chão ao redor da forma sem vida de Brigit, Ariana foi rapidamente levada para fora por um par de mãos firmes — deixada de volta no lobby, onde Lexa e Conrad agora estavam sentados em cadeiras, sendo interrogados por mais guardas.

— No fundo das escadas — Lexa estava dizendo quando Ariana se aproximou lentamente. — Eu acho que ela caiu... Ela deve ter tropeçado ou... — Os olhos dela se arregalaram e de repente ela olhou para Ariana, passando pelo ombro quadrado de um dos guardas. — Por que nós a fizemos usar aqueles saltos estúpidos?

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Ariana engoliu contra sua garganta seca, seu coração quebrado. Não é culpa sua, Lexa. Não é culpa sua.

Logo, uma multidão começou a se formar no lobby. A notícia correu rapidamente e o embaixador da Noruega foi trazido. Ele foi conduzido pela porta dupla e desapareceu. Seu grito de desespero logo foi ouvido em toda a embaixada.

— Você encontrou a princesa? — um homem alto, de terno perguntou à Lexa, dando um passo ao lado dos guardas.

Conrad se levantou. — Nós dois encontramos. — Vocês têm que vir comigo — disse o homem. Lexa se levantou, trêmula. Ariana deu-lhe um abraço e ela e Conrad seguiram

atrás de um guarda. Em seguida, Ariana ficou ali de pé, sozinha e gelada, desejando poder voltar no tempo. Desejando ter gasto todos os momentos da noite com Brigit. Desejando poder, pelo menos, pedir desculpas. Dizer-lhe adeus.

Por que tinha que ser ela? A mais doce? A mais inocente de todas elas? Ela tinha sido a mais atenciosa, a mais leal entre elas.

Ariana sentiu uma mão fria em seu ombro. Ela se virou e olhou nos olhos verdes de Kaitlynn. Se a menina pudesse sentir a ferocidade da ira borbulhando logo abaixo da fina camada de pele de Ariana, ela nunca poderia sorrir para ela do jeito que ela estava sorrindo agora.

— O que você fez? — Ariana disse através de seus dentes. — Eu te disse, Ana — Kaitlynn sussurrou alegremente. — Isto é culpa sua.

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Depois da morte misteriosa de Brigit no NoBash, Ariana não vai

descansar até se certificar de que Kaitlynn consiga o que merece. Com todos os pontos agora abertos, entrar na Pedra e Sepultura devia ser moleza — mas Ariana não está disposta a compartilhar sua nova vida com a sua pior inimiga. Será que Ariana será capaz de livrar-se do seu passado, sem expor de

onde ela veio?

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