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Karine Naves de Oliveira Goulart TREINO DE FORÇA NO PÓS-JOGO EM ATLETAS PROFISSIONAIS DE FUTEBOL FEMININO: qual o melhor momento de se realizar essa sessão? Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional - UFMG Faculty of Health - University of Technology Sydney - UTS 2020

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Karine Naves de Oliveira Goulart

TREINO DE FORÇA NO PÓS-JOGO EM ATLETAS PROFISSIONAIS DE

FUTEBOL FEMININO: qual o melhor momento de se realizar essa sessão?

Belo Horizonte

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional - UFMG

Faculty of Health - University of Technology Sydney - UTS

2020

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Karine Naves de Oliveira Goulart

TREINO DE FORÇA NO PÓS-JOGO EM ATLETAS PROFISSIONAIS DE

FUTEBOL FEMININO: qual o melhor momento de se realizar essa sessão?

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Ciências do Esporte da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, e ao Curso de Doctor of Philosophy da University of Technology Sydney como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências do Esporte e Doctor of Philosophy in Sports and Exercises.

Orientador: Prof. Dr. Bruno Pena Couto Prof. Dr. Rob Duffield

Linha de pesquisa: Análise de métodos para o desempenho humano e esportivo

Belo Horizonte

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional - UFMG

Faculty of Health - University of Technology Sydney – UTS

2020

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G694t 2020

Goulart, Karine Naves de Oliveira

Treino de força no pós-jogo em atletas profissionais de futebol feminino: qual o melhor momento de se realizar essa sessão? [manuscrito] / Karine Naves de Oliveira Goulart – 2020. 167 f., enc.: il. Orientador: Bruno Pena Couto Coorientador: Rob Duffield

Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Bibliografia: f. 144-158

1. Exercícios físicos – Teses. 2. Futebol para mulheres – Teses. 3. Força muscular – Teses. 4. Fadiga muscular – Teses. I. Couto, Bruno Pena. II. Duffield, Rob. III. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. IV. Título.

CDU: 371.73 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Danlo Francisco de Souza Lage, CRB 6: n° 3132, da Biblioteca da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG.

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Production Note: Signatures removed prior to publication.

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Production Note: Signature removed prior to publication.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, a quem dedico esse momento e por quem me

inspiro durante a busca pelo significado do estudo e do trabalho em minha vida.

Aos meus pais, pelo cuidado e amor oferecidos diariamente. Por não medirem

esforços para que eu tenha o melhor. A toda minha família, pelo apoio e torcida.

Ao meu orientador Bruno Pena, por todos esses anos de caminhada acadêmica,

desde a graduação, mestrado e doutorado, sempre abrindo as portas para

oportunidades profissionais e acreditando em meu potencial. Obrigada por tudo que

fez para que eu pudesse realizar o sonho de um doutorado sanduíche.

Ao meu orientador Rob Duffield, obrigada por todo suporte e tempo dedicado ao

meu aprendizado, que não se restringiram a minha estadia na Austrália. Mesmo de

longe, me senti como peça importante nas suas horas de trabalho. Obrigada por ser

exemplo de eficiência, dedicação e excelência. Cada nova versão de um artigo

foram etapas desafiadoras e instigantes, que me ensinaram muito além da escrita

em inglês, e me fizeram perceber que a persistência e paciência são importantes

para se alcançar um trabalho de qualidade.

A todos os atuais e ex-membros do LAC, que de alguma forma participaram do meu

percurso acadêmico. Em especial, ao Geraldo, por abraçar as minhas coletas como

se fossem dele, e dividir comigo todo o peso das dificuldades que uma coleta de

dados pode gerar, e ao Túlio pela ajuda constante durante sua iniciação científica.

Sem vocês, nada disso seria possível.

A todos os professores, colegas e alunos do grupo de Esporte e Exercício da

University of Technology Sydney, pela experiência, aprendizado e momentos

compartilhados. Por me propiciarem o sentimento de pertencimento a uma equipe

de alto nível, por me tratarem como igual. Meu agradecimento e admiração ao Prof.

Aaron Coutts, por todas as oportunidades oferecidas durante o meu período na UTS

e por ser referência na Ciências do Esporte em todo o mundo. Prof. Job Fransen,

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por todas as dúvidas estatísticas esclarecidas e por ser sempre tão acessível. Prof.

Mark Watsford, obrigada pela ajuda com os dados da plataforma de força e pelas

contribuições durante os Estágios 2 e 3. Obrigada aos professores Franco

Impellizeri, Sharon Coutts, Rob Bower, Lee Wallace, Hugh Fullagar, Katie Slattery,

John Evans, Cristina Caperchione, Elaine, Shiree, Geoff and Brett. Com vocês

aprendi sobre um ambiente de trabalho saudável e cooperativo. Gostaria também de

agradecer a GRS, UTS helps e departamento internacional, especialmente Ana

Paula, por todo apoio. Aos meus colegas pelas trocas de informação, conhecimento

e momentos partilhados. Obrigada Judd, Donna e Nick pela oportunidade de assistir

as suas aulas e aprender tanto com vocês. Sam, pela oportunidade de participar do

seu projeto. Paul, Mitch, Anthony, Rhys, Will, Clem, Anne, pela convivência

prazerosa e enriquecedora nesse meu um ano de UTS. Em especial, obrigada

Donna, pelo companheirismo dentro e fora da UTS.

A todos as amizades que surgiram no meu um ano de Austrália, que fizeram dessa

experiência, a melhor que eu podia ter.

A Carolina Wilke, pioneira do processo de cotutela, por não negar esforços nem

respostas a todas as minhas dúvidas sobre Austrália e UTS. Obrigada pela

disponibilidade e por tornar todo o processo muito mais simples para mim.

A todos os meus amigos da vida, que de alguma forma me ofereceram suporte

quando precisava. Em especial a Cris, amiga enfermeira, pela disponibilidade em

ajudar com a coleta de sangue dos meus voluntários. Ao Gabriel e Letícia, pela

ajuda com o inglês, por me incentivarem na luta contra a prova de proficiência, e por

fazerem de uma viagem um marco fundamental para que o impossível se tornasse

realidade.

A comissão técnica do Vila Nova, por me receberem e proporcionarem um primeiro

contato com o futebol de base e profissional. A comissão do América, pela parceria.

Aos atletas de futebol que participaram do meu estudo, meu muito obrigada pelo

envolvimento e por fazerem dessa experiência algo que realmente valesse a pena.

Em especial, obrigada Bárbara, Victor Alberice, Raphael e Mariana.

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Aos professores Eduardo Mendonça Pimenta, Luciano Sales Prado e Guilherme

Passos Ramos, por toda contribuição durante a qualificação do meu doutorado. E

aos professores que hoje fazem parte da minha banca de defesa de tese.

Gostaria ainda de estender os meus agradecimentos aos professores da UFMG que

foram exemplo e inspiração durante a minha trajetória acadêmica. Foram 10 anos

contínuos de muito aprendizado e diferentes experiências. Prof. Samuel Penna,

Mauro Heleno Chagas, Luciano Sales Prado, Eduardo Pimenta, André Gustavo,

Gustavo Peixoto, Marcos Daniel, Fernando Vitor, Ricardo Carneiro, Reginaldo

Gonçalves, Leszek Schmuchrowski, Danusa Dias Leão, Emerson Silami Garcia,

Ivana Montandon, Kátia Lemos, meu muito obrigada. Todos vocês, de alguma

forma, marcaram a minha caminhada acadêmica.

Por fim, agradeço ao povo brasileiro que, ao pagarem os impostos, me permitiram

realizar o doutorado. Espero, com ética, humildade, dedicação e comprometimento

profissional, poder retribuir todo o investimento ao qual tive o privilégio de ser

contemplada.

Muito obrigada!

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RESUMO

Introdução: Durante a temporada competitiva no futebol profissional, microciclos

semanais geralmente consistem em sessões de treinamento, jogos e recuperação.

Informações sobre o perfil de recuperação pós-jogo permanecem limitadas na

literatura, especialmente no futebol feminino, com poucas descrições de parâmetros

de desempenho físico, fisiológico e respostas perceptivas no mesmo estudo e

observadas em um período de até 72 h. Sessões de treinamento adicionais durante

calendários congestionados tem o potencial de prejudicar o processo de

recuperação, embora sejam necessárias para preparar a equipe e manter a

capacidade física dos atletas, evitando a perda de adaptações. O treinamento de

força (TF), mais especificamente o treinamento de potência muscular, contribui para

melhorias no desempenho físico de atletas de futebol, tais como aumento da força,

melhora no desempenho de salto, tempo de sprint, agilidade e velocidade de chute.

Apesar da importância de realizar TF durante a temporada competitiva, o momento

de se realizar essas sessões após o jogo permanece discutível. Realizar uma

sessão de treinamento de força (STF) 24 h pós-jogo pode aumentar o estresse em

atletas já fadigados. Por outro lado, realizar uma STF 48 h pós-jogo pode atrasar a

recuperação para o jogo subsequente, que geralmente ocorre dentro de 72 h.

Considerações adicionais também são necessárias sobre a qualidade da sessão de

treinamento de força realizada nesses momentos, que pode ser afetada pela

proximidade de uma partida anterior. Portanto, a investigação de STF em diferentes

momentos pós-jogo é importante para entender a recuperação, planejar o

treinamento e preparar os atletas para os próximos jogos. O presente projeto foi

dividido em três estudos, de acordo com os seguintes objetivos: 1) Analisar a

dinâmica de recuperação pós-jogo em atletas de futebol feminino; 2) Analisar a

dinâmica de recuperação pós-treino de potência muscular em atletas de futebol

feminino; 3) Investigar o efeito de uma sessão de treino de potência realizada 24 ou

48 h pós-jogo na recuperação de atletas de futebol feminino. Métodos: Participaram

do estudo 21 atletas profissionais de futebol do sexo feminino de uma equipe de

Belo Horizonte (estudo 1: n = 15; estudo 2: n=10; estudo 3: n=10). Durante a

temporada competitiva, a recuperação das atletas foi monitorada 24, 48 e 72 h após

o jogo e comparada com os valores pré-jogo. Foram realizadas três condições

experimentais: (1) condição controle, sem treinamento de força (2) sessão de

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treinamento de força realizada 24 h pós-jogo (STF24h) e (3) 48 h pós-jogo

(STF48h). Durante a intertemporada, para verificar os efeitos do treinamento de

força isolado, o desempenho em testes físicos e respostas perceptivas foram

monitorados pré, imediatamente após, 24 e 48 h após a STF. O TF consistiu em 3

séries de 6 repetições explosivas dos exercícios de half-squat, jump squat, deadlift e

lunges a 50% de 1RM estimado. Para comparar a qualidade do TF entre as

condições (STF24h e STF48h), o exercício half-squat foi realizado em uma

plataforma de força. Variáveis de desempenho (média e melhor altura do salto com

contramovimento (SCM), média e melhor tempo de 10 e 20 m de sprint), fisiológicas

(proteína C reativa (PCR)) e respostas perceptivas (escala de dor muscular tardia

(DOMS), escala de qualidade total de recuperação (TQR) e escala brasileira de

humor (BRAMS) para avaliar fadiga e vigor) foram usadas para quantificar a

recuperação. Análise estatística: ANOVA one-way de medidas repetidas (para SCM

e sprint) e teste de Friedman (para PCR, DOMS, TQR, fadiga e vigor) foram

utilizadas para verificar o efeito do jogo (Estudo 1) e do treinamento de força (Estudo

2). ANOVA two-way de medidas repetidas (3x4) com análises de tamanho de efeito

(ES) foram realizadas para comparar as três condições experimentais ao longo do

tempo (Estudo 3). Um teste t comparou o desempenho (qualidade do treinamento)

entre STF24h e STF48h (Estudo 3). O nível de significância adotado foi de α =0,05.

Resultados: Estudo 1: A altura média do SCM reduziu 24 h pós-jogo (p<0,05; ES=-

0,45), embora o melhor desempenho do SCM permaneceu reduzido até 48 h pós-

jogo (p<0,05; ES=-0,33). Tanto a média quanto o melhor tempo nos 20 m de sprint

estavam elevados até 48 h pós-jogo (p<0,05; ES=0,68 e p<0,05; ES=0,73,

respectivamente). A PCR aumentou 24 h pós-jogo (p<0,05; ES=0,78), retornando a

valores basais dentro de 48 h. A DOMS atingiu valores pico 24 h pós-jogo

(ES=0,14), embora não tenha diferido dos valores pré (p<0,05). A TQR e o vigor

estavam significativamente reduzidos (p<0,05; ES=-1,92; p<0,05, ES=-0,42;

respectivamente), enquanto a fadiga aumentou significativamente (p<0,05; ES=0,37)

24 h pós-jogo. Estudo 2: Ambos, média e melhor desempenho do SCM reduziram

imediatamente após a STF (p<0,05; ES=-0,49 e -0,65, respectivamente), enquanto

apenas efeitos triviais-pequenos, sem diferenças significativas foram verificados 24 h

(p>0,05; ES=-0,15 e -0,08) e 48 h (p>0,05; ES=0,14 e -0,21). Não foram

evidenciadas diferenças significativas e apenas efeitos triviais-pequenos em

qualquer momento pós-STF para desempenho médio e melhor tempo de 10 m

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(p>0,05; ES=-0,18-0,26) ou 20 m (p>0,05; ES=-0,08-0,19) de sprint. Respostas

perceptivas, incluindo DOMS (p>0,05; ES=-0,30–0,45), TQR (p>0,05; ES=-0,51-

0,01), fadiga (p>0,05, ES=-0,13-0,48) e vigor (p>0,05, ES=0,18-0,41) não alteraram

após a STF. Estudo 3: Embora não tenham sido verificadas diferenças significativas

(p>0,05) entre as condições (STF24h, STF48h e Controle), maiores ES para

alterações entre pré e 72 h foram evidentes para a condição STF48h (ES=0,34-

2,13) comparado a STF24h (ES=0,06-0,68) e condição controle (ES=0,03-0,36), nas

variáveis média e melhor altura do SCM, média e melhor tempo de 10 e 20 m de

sprint, e DOMS. Contrariamente, maiores ES de pré a 72 h foram verificados para

PCR na condição Controle (ES=0,67) comparado a STF24h (ES=0,19) e STF48h

(ES=0,01). Não foram verificadas diferenças significativas na taxa de

desenvolvimento de força, na força média e na força pico do exercício half-squat

entre as condições (p>0,05; ES=0,05-0,43). Conclusão: Jogos de futebol feminino

induzem alterações no desempenho físico por pelo menos 48 h, enquanto PCR e

respostas perceptivas permanecem alteradas apenas 24 h pós-jogo. Uma STF

causa apenas alterações imediatas no desempenho do SCM, sem alterações

residuais no desempenho físico e nas respostas perceptivas. No entanto, realizar

uma STF 48 h pós-jogo aparentemente reduz o desempenho do salto, a velocidade

e aumenta mais a DOMS em 72 h em comparação a realização de uma STF 24 h

pós-jogo ou a ausência de STF (Controle). A força pico, força média e taxa de

desenvolvimento da força produzidos no exercício half-squat não foram

significativamente diferentes, independentemente do tempo pós-jogo (STF24h ou

STF48h). Assim, se treinadores e preparados físicos de futebol desejam prescrever

uma STF, mais especificamente um treino de potência muscular, durante um

calendário congestionado, é recomendável prescrever esta sessão 24 h após o jogo.

Palavras-Chave: Futebol feminino. Recuperação. Fadiga. Treino de potência.

Jogos.

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ABSTRACT

Introduction: During the in-season in professional soccer, weekly micro-cycles

usually consist of training sessions, matches, and recovery. Limited scope exists on

post-match recovery profile of female soccer players with few descriptions of

performance, physiological and perceptual markers of recovery in the same study

and with recovery responses observed up to 72 h. Further training during congested

schedules has the potential to blunt the recovery process, though it is equally

necessary to prepare the team and maintain physical capacity to avoid the loss of

adaptations acquired. Resistance training (RT) for strength and power can make

important contributions to improvements in the physical performance of soccer

players (i.e. strength, jump performance, sprint time, agility and ball strike speed).

Despite the importance of performing RT during the in-season, the timing of these

sessions post-match remains debatable. Performing RT 24 h post-match may

potentially increase stress on already fatigued athletes, contrastingly, at 48 h post-

match it may suppress recovery for any ensuing match at 72 h. Further consideration

is also required for the quality of any explosive strength training session performed at

these times, which may be affected by the proximity to a prior match. Therefore, the

investigation into RT in different post-match timelines in females is important to

understand recovery, plan training and prepare players for ensuing matches. The

present project was divided into three studies, according to the following objectives:

1) Quantify the post-match recovery time-course in female soccer players; 2)

Quantify the post-resistance training recovery time-course in female soccer players;

3) Investigate the effect of a low-load, high-speed RT performed 24 or 48 h post-

match on recovery in female soccer players. Methods: A total of 21 Brazilian female

professional soccer athletes participated in the study (study 1: n=15; study 2: n=10;

study 3: n=10). During the competitive season, the athletes' recovery was monitored

at 24, 48 and 72 h post-match and compared to the pre-match values. Three

experimental conditions were performed: (1) Control condition, without resistance

training (2) Resistance training session performed 24 h post-match (RT24h) and (3)

48 h post-match (RT48h). During the inter-season, in order to verify the effects of

isolated resistance training, the performance in physical tests and perceptual

responses were monitored pre, immediately, 24 and 48 h post-RT. The RT consisted

of 3 sets of 6 explosive repetitions of half-squat, jump squat, deadlift and lunges

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exercises at 50% of estimated 1 RM. To compare the quality of the RT between

conditions (RT24h and RT48h), the half-squat exercise was performed on a force

platform. Performance variables (mean and best countermovement jump (CMJ)

height, mean and best 10 m and 20 m sprint time) physiological (C-reactive protein

(CRP)) and perceptual responses (delayed onset muscle soreness scale (DOMS),

total quality recovery scale (TQR), and Brazilian mood scale (BRAMS) for fatigue and

vigor) were used to quantify recovery. Statistical analyses: One-way repeated

measures ANOVA (for CMJ and sprint) and Friedman test (for CRP, DOMS, TQR,

fatigue, and vigor) were used to verify the single effect of the match (Study 1) and of

the resistance training session (Study 2). Two-way (3x4) repeated measures ANOVA

with respective effect size (ES) analyzes were performed to compare the 3

experimental conditions over time (Study 3). A t-test compared the performance

(quality of training) between RT24h and RT48h (Study 3). Significance level was

accepted at α=0.05. Results: Study 1: Mean post-match CMJ height was reduced at

24 h (p<0.05, ES=-0.45), though best effort was still reduced at 48 h (p<0.05, ES=-

0.33). Both mean and best 20 m sprint time were slower until 48 h post-match

(p<0.05, ES=0.68; p<0.05, ES=0.73, respectively). CRP was increased until 24 h

(p<0.05, ES=0.78), returning to baseline by 48 h. DOMS peaked at 24 h (ES=0.14),

although did not differ to pre (p<0.05). TQR and vigor were significantly reduced at

24 h post-match (p<0.05, ES=-1.92; p<0.05, ES=-0.42; respectively), while fatigue

was significantly increased (p<0.05, ES=0.37). Study 2: Both mean and best CMJ

performance decreased immediately post-RT (p<0.05, ES=-0.49; -0.65, respectively),

though no significant differences and trivial-small effects existed at 24 h (p>0.05,

ES=-0.15 and -0.08) and 48 h (p>0.05, ES=0.14 and -0.21). No significant

differences and trivial-small effects were evident at any time for mean or best 10 m

(p>0.05, ES=-0.18–0.26) or 20 m (p>0.05, ES=-0.08–0.19) performance. Perceptual

responses including DOMS (p>0.05, ES=-0.30–0.45), TQR (p>0.05, ES=-0.51–-

0.01), fatigue (p>0.05, ES=-0.13–0.48) and vigor (p>0.05, ES=0.18–0.41) did not

change following RT. Study 3: Despite no significant differences (p>0.05) existing

between conditions (RT24h, RT48h and Control), ES for changes from pre to 72 h

were larger for mean and best CMJ, 10 and 20 m sprint time, and DOMS in RT48h

(ES=0.34-2.13) than in RT24h (ES=0.06-0.68) and in Control (ES=0.03-0.36).

Contrarily, CRP changes from pre to 72 h tended to be larger in Control (ES=0.67)

than in RT24h (ES=0.19) and RT48h (ES=0.01). No differences in the rate of force

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development, mean and peak force of half-squat exercise existed between conditions

(p>0.05; ES=0.05-0.43). Conclusions: Female soccer matches induce changes in

physical performance for at least 48 h, while CRP and perceptual responses remain

altered only 24 h post-match. High-speed, low-load RT causes only immediate

changes in CMJ performance, with no residual changes in physical performance and

perceptual responses. However, performing a RT 48 h post-match apparently

reduces jumping performance, speed and further increases the DOMS at 72 h

compared to performing a RT 24 h post-match or the absence of RT (Control). Rate

of force development, mean and peak force values produced in the squat exercise

were not significantly different, regardless of the post-match time (RT24h or RT48h).

Thus, if strength and conditioning soccer coaches want to prescribe a high-speed,

low-load RT during a congested schedule, it is suggested to prescribe this session 24

h post-match.

Keywords: Female soccer. Recovery. Fatigue. Resistance training. Matches.

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LISTA DE PUBLICAÇÕES INCLUSAS NA TESE

(LIST OF PAPERS/PUBLICATIONS INCLUDED)

Estudo 1

Post-match performance, physiological and perceptual recovery in female footballers

*Artigo submetido ao periódico Journal of Strength and Conditioning Research no dia

23 de janeiro de 2020.

*Submitted to the Journal of Strength and Conditioning Research on 23 January

2020.

Estudo 2

Recovery timeline following resistance training in professional female soccer players

*Artigo publicado no dia 09 de Março no periódico Science and Medicine in Football.

*Published online on 09 March 2020 in Science and Medicine in Football.

Estudo 3

Post-match resistance training in female footballers; when is the best time to train?

*Artigo submetido ao periódico International Journal of Sports Physiology and

Performance, no dia 22 de Novembro de 2019 (Qualis A2).

*Submitted to the International Journal of Sports Physiology and Performance on 22

November 2019.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 3.1 Delineamento Experimental .................................................................. 64

FIGURA 3.2 Situações Experimentais ...................................................................... 68

FIGURA 3.3 Salto com contramovimento ................................................................. 69

FIGURA 3.4 Coleta de sangue para análise de variável fisiológica .......................... 71

FIGURA 3.5 Escala Analógica Visual de dor muscular ............................................. 71

FIGURA 3.6 Qualidade Total de Recuperação ......................................................... 72

FIGURA 3.7 Curva força x tempo para o exercício agachamento ............................. 76

FIGURE 4.1 Group mean and individual player responses for Countermovement

Jump (CMJ), 20 and 10 m sprint at pre, 24 h 48 h and 72 h post-match. .................. 89

FIGURE 4.2 Group median and individual player responses for C-Reactive Protein

(CRP) at pre, 24 h, 48 h, and 72 h post-match .......................................................... 90

FIGURE 4.3 Group median and individual player responses for Delayed onset

muscle soreness (DOMS), Total quality of recovery (TQR) and Brazilian Mood Scale

(BRAMS) for fatigue and vigor at pre, 24 h, 48 h, and 72 h post-match. ................... 92

FIGURE 5.1 Time course of recovery for performance variables ............................ 107

FIGURE 5.2 Time course of recovery for perceptual variables ............................... 109

FIGURE 6.1 Time course of recovery for mean and best Countermovement Jump

(CMJ), 20 m and 10 m sprint time at pre, 24 h, 48 h, and 72 h post-match in Control,

RT24h and RT48h conditions .................................................................................. 125

FIGURE 6.2 Effect size changes from pre to 72 h post-match for all variables in

Control, resistance training 24 hours post-match (RT24h) and resistance training 48

hours post-match (RT48h), n=10 ............................................................................ 126

FIGURE 6.3 Time course of recovery for C-Reactive Protein (CRP) and Delay Onset

Muscle Soreness (DOMS) at pre, 24 h, 48 h, and 72 h post-match in Control, RT24h

and RT48h conditions ............................................................................................. 128

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LISTA DE TABELAS

TABLE 4.1 Match characteristics, times, locations, environmental conditions and

number of athletes evaluated at each match (N) ....................................................... 87

TABLE 6.1 Match characteristics, times, locations and environmental conditions .. 121

TABLE 6.2 Mean ± SD external and internal match loads for resistance training 24

hours post-match (RT24h), resistance training 48 hours post-match (RT48h) and

Control Condition ..................................................................................................... 122

TABLE 6.3 Mean ± SD training loads for resistance training at 24 and 48 h post-

match ...................................................................................................................... 122

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANOVA Analysis of Variance - Análise de Variância

BRAMS Brazilian Mood Scale - Escala de Humor Brasileira

BRUMS Brunel Mood Scale - Escala de Humor de Brunel

Ca2+ Íons Cálcio

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CBF Confederação Brasileira de Futebol

CCI Coeficiente de Correlação Intraclasse

CI Confidence Intervals

CK Creatine Kinase - Creatina Quinase

CMJ Countermovement jump

CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CRP C-reactive protein

CV Coeficiente de Variabilidade

DGPS Differential GPS

DOMS Delayed Onset Muscle Soreness - dor muscular de início tardio

EGNOS European Geostationary Navigation Overlay Service

EPM Erro Padrão da Medida

EROS Espécies Reativas de Oxigênio

ES Effect Size - tamanho do efeito

FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais

FC Frequência Cardíaca

FCmáx Frequência Cardíaca Máxima

GPS Global Positioning Satellite - Sistema de posicionamento global

HR Heart Rate

ICC Intraclass Correlation Coefficient

IL-6 Interleucina 6

MSAS Multi-functional Satellite Augmentation System

PCR Proteína C Reativa

POMS Profile of Mood States

PRPQ Pró-Reitoria de Pesquisa

PSE Percepção Subjetiva de Esforço

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RFD Rate of force development

RMS Erro médio quadrático

RPE Rating of Perceived Exertion

RPM Rotações por minuto

RT Resistance Training

RT24h Resistance Training performed 24h post-match

RT48h Resistance Training performed 48h post-match

SCM Salto com Contramovimento

SD Standard Deviation

SEM Standard Error of Measurement

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

STF Sessão de Treinamento de Força

STF24h Sessão de Treinamento de Força realizada 24h pós-jogo

STF48h Sessão de Treinamento de Força realizada 48h pós-jogo

TDF Taxa de desenvolvimento da força

TF Treinamento de Força

TNF-α Fator de Necrose Tumoral alfa

TQR Total Quality Recovery - Qualidade total de recuperação

VAS Visual Analogue Scale

VO2max Consumo máximo de oxigênio

Yo-Yo IR Yoyo Intermittent Recovery-test

Yo-Yo IR1 Yoyo Intermittent Recovery-test level 1

Yo-Yo IR2 Yoyo Intermittent Recovery-test level 2

1RM 1 Repetition Maximum - 1 repetição máxima

1RMest 1 Repetição Máxima estimada

χ2 Chi-Square

WAAS Wide Area Augmentation System

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 24

1.1 Objetivo geral ................................................................................................... 30

1.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 30

1.3 Hipóteses ......................................................................................................... 30

2.1 Caracterização do futebol ................................................................................ 32

2.2 Fadiga e recuperação após jogos de futebol ................................................... 37

2.3 Utilização do desempenho em testes físicos no monitoramento da fadiga no

futebol .................................................................................................................... 41

2.4 Dano muscular, inflamação e reparo tecidual .................................................. 42

2.5 Dano muscular e inflamação induzidos por jogos de futebol ........................... 45

2.6 Respostas Perceptivas .................................................................................... 49

2.7 Variabilidade entre jogos ................................................................................. 52

2.8 Treinamento de força e futebol ........................................................................ 54

3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................... 62

3.1 Cuidados éticos ............................................................................................... 62

3.2 Sujeitos ............................................................................................................ 62

3.3 Delineamento Experimental ............................................................................. 63

3.4 Procedimentos ................................................................................................. 65

3.4.1 Caracterização antropométrica ................................................................. 65

3.4.2 Yo-Yo Intermittent Recovery Test ............................................................. 65

3.4.3 Teste para estimar 1RM ............................................................................ 66

3.5 Procedimentos de Coleta para Variáveis de Monitoramento ........................... 67

3.5.1 Teste de salto com contramovimento ........................................................ 68

3.5.2 Teste de velocidade de 20 metros ............................................................ 69

3.5.3 Variáveis fisiológicas ................................................................................. 70

3.5.4 Escala de Dor muscular ............................................................................ 71

3.5.5 Escala de Qualidade Total de Recuperação ............................................. 72

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3.5.6 Escala de Humor Brasileira ....................................................................... 72

3.5.7 Questionários ............................................................................................ 73

3.6 Procedimentos no dia dos jogos e monitoramento da carga de jogo .............. 73

3.7 Protocolo de Treinamento de Força ................................................................ 74

4 STUDY 1 POST-MATCH PERFORMANCE, PHYSIOLOGICAL AND

PERCEPTUAL RECOVERY IN FEMALE SOCCER PLAYERS ................................ 79

4.1 Introduction ...................................................................................................... 81

4.2 Methods ........................................................................................................... 83

4.2.1 Experimental Approach to the Problem ..................................................... 83

4.2.2 Subjects .................................................................................................... 84

4.2.3 Procedures ................................................................................................ 84

4.2.3.1 Match day procedures and load measurement ................................... 84

4.2.3.2 Performance tests ............................................................................... 85

4.2.3.3 Physiological and Perceptual variables .............................................. 85

4.2.4 Statistical analysis ..................................................................................... 86

4.3 Results ............................................................................................................. 87

4.3.1 Performance tests ..................................................................................... 87

4.3.2 Physiological and perceptual responses ................................................... 90

4.4 Discussion ....................................................................................................... 92

4.5 Practical applications ....................................................................................... 96

5 STUDY 2 RECOVERY TIMELINE FOLLOWING RESISTANCE TRAINING IN

PROFESSIONAL FEMALE SOCCER PLAYERS ..................................................... 97

5.1 Introduction ...................................................................................................... 99

5.2 Methods ......................................................................................................... 101

5.2.1 Subjects .................................................................................................. 101

5.2.2 Experimental Approach to the Problem ................................................... 101

5.2.3 Procedures .............................................................................................. 102

5.2.3.1 Estimation of 1 Repetition Maximum (RM) ....................................... 102

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5.2.3.2 Resistance training protocol ............................................................. 103

5.2.3.3 Pre and post resistance training assessment ................................... 103

5.2.3.3.1 Performance tests ...................................................................... 103

5.2.3.3.2 Perceptual responses ................................................................ 104

5.2.4 Statistical analysis ................................................................................... 105

5.3 Results ........................................................................................................... 105

5.3.1 Performance tests ................................................................................... 105

5.3.2 Perceptual responses .............................................................................. 108

5.4 Discussion ..................................................................................................... 109

5.5 Practical applications ..................................................................................... 112

6 STUDY 3 POST-MATCH RESISTANCE TRAINING IN FEMALE FOOTBALLERS;

WHEN IS THE BEST TIME TO TRAIN? ................................................................. 113

6.1 Introduction .................................................................................................... 115

6.2 Methods ......................................................................................................... 116

6.2.1 Participants ............................................................................................. 116

6.2.2 Experimental Design ............................................................................... 117

6.2.3 Procedures .............................................................................................. 118

6.2.3.1 Estimation of 1 Repetition Maximum (RM) ....................................... 118

6.2.3.2 Match day procedures and load measurement ................................. 118

6.2.3.3 Resistance training protocol ............................................................. 119

6.2.3.4 Pre and 24, 48, 72h post-match measures ....................................... 119

6.2.3.4.1 Performance tests ...................................................................... 119

6.2.3.4.2 Physiological and Perceptual responses .................................... 120

6.2.4 Statistical analysis ................................................................................... 121

6.3 Results ........................................................................................................... 121

6.3.1 Performance tests ................................................................................... 123

6.3.2 Physiological and perceptual responses ................................................. 126

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6.4 Discussion ..................................................................................................... 129

6.5 Practical applications ..................................................................................... 132

6.6 Conclusion ..................................................................................................... 132

7 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 133

8 APLICAÇÕES PRÁTICAS .................................................................................... 143

9 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 144

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 145

MATOS, M. Tensão na face e o diagnostico de DTM muscular. Instituto

Internacional de Neurofisiologia e Patologia da ATM. Disponível em:

http://www.patologiadaatm.com.br/tensao-na-face-e-o-diagnostico-de-dtm-

muscular/. Acesso em: 16 março 2020. ............................................................... 153

APÊNDICES ............................................................................................................ 160

ANEXOS ................................................................................................................. 164

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24

1 INTRODUÇÃO

O futebol é uma modalidade que exige preparação física, técnica, tática e

psicológica dos atletas (STOLEN et al., 2005; LOCKIE et al., 2018). Dentre os

aspectos físicos, o futebol feminino pode ser caracterizado por demandas de jogo

que incluem distâncias totais de aproximadamente 10 km, sendo 1,3 km em alta

intensidade, com 1400 mudanças de ações a cada 3 – 6 s (MOHR et al., 2008;

KRUSTRUP et al., 2005; RAMOS et al., 2017; RAMOS et al., 2019). Como

consequência, um jogo de futebol resulta em decréscimo do desempenho físico

associado com alterações em parâmetros fisiológicos e respostas perceptivas, que

progressivamente retornam aos valores basais durante o processo de recuperação

(NÉDÉLEC et al., 2012; BISHOP, JONES E WOODS, 2008; KELLMANN et al.,

2018). Considerando que um novo jogo pode ocorrer dentro de 72 h, a recuperação

se torna um processo crucial nesse período, embora seja complexo e dependente

da magnitude da fadiga induzida pelo jogo e das capacidades físicas de cada atleta

(NÉDÉLEC et al., 2012; DOEVEN et al., 2018). Portanto, a variabilidade entre

indivíduos é uma perspectiva importante quando se retrata a recuperação pós-jogo

(WILKE et al., 2019; JOHNSTON et al., 2015), embora poucos estudos tenham

reportado essa variabilidade na recuperação em atletas de futebol feminino.

Em uma recente revisão e meta-análise sobre fadiga aguda e residual induzida por

jogos de futebol (SILVA et al., 2017), foi reportado que o desempenho físico,

fisiológico e respostas perceptivas permanecem alterados por pelo menos 72 h pós-

jogo. Contudo, dos 42 estudos incluídos nessa revisão, apenas 10 consistiram em

respostas relacionadas ao futebol feminino. Souglis et al. (2018) sugerem que

diferentes magnitudes de respostas de fadiga pós-jogo existem entre homens e

mulheres, possivelmente devido a menor carga e trabalho excêntrico que mulheres

realizam durante o jogo (STOLEN et al. 2005; DATSON et al., 2014). Além disso,

homens e mulheres diferem em anatomia e fisiologia, o que resulta em diferenças no

desempenho neuromuscular e na fatigabilidade entre os sexos (HUNTER, 2014). De

maneira geral, os músculos esqueléticos dos homens são maiores e apresentam

maior área proporcional de fibras musculares metabolicamente e funcionalmente

mais rápidas (fibras tipo II), comparado a mulheres (ROEPSTORFF et al., 2006),

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25

devido a diferenças relacionadas ao sexo na expressão gênica do músculo

esquelético e nas interações com hormônios específicos do sexo (LIU et al., 2010;

MAHER et al., 2009). Como consequência, os músculos dos homens são

geralmente mais fortes e potentes que o das mulheres (HUNTER, 2014).

Em relação aos 10 estudos com futebol feminino da revisão supracitada (SILVA et

al., 2017), algumas limitações podem ser ressaltadas: quatro deles reportaram

apenas medidas pré e imediatamente pós-jogo (BENDIKSEN et al., 2013;

DELEXTRAT et al., 2013; TSUBAKIHARA et al., 2013; KRUSTRUP et al., 2010);

dois realizaram medidas até 24 h (ANDERSSON et al., 2010; GRAVINA et al., 2011)

e um até 48 h pós-jogo (SOUGLIS et al., 2015). Dos 10 estudos, dois foram

realizados em condições simuladas de jogo (BENDIKSEN et al., 2013; DELEXTRAT

et al., 2013), o que representa uma limitação considerando que maiores magnitudes

de alterações em respostas fisiológicas e perceptivas são induzidas em condições

reais de jogo quando comparados a protocolos simulados (SILVA et al., 2017).

Em se tratando do aspecto multifatorial da recuperação, na revisão supracitada

apenas um estudo investigou respostas de desempenho físico, sendo verificada

redução na altura do salto com contramovimento (SCM) por até 69 h, enquanto o

tempo no teste de sprint retornou a valores basais 5 h após o jogo (ANDERSSON et

al., 2008). A maioria dos estudos avaliou apenas a resposta de marcadores

sanguíneos de dano muscular e inflamação, tais como creatina quinase (CK) e

proteína C reativa (PCR). Embora ambos marcadores tenham apresentado valores

pico 24 h pós-jogo, a PCR retornou a seus valores basais 48 h pós-jogo (SOUGLIS

et al., 2015), enquanto a CK retornou dentro de 69 h (ANDERSSON et al., 2008).

Por fim, apenas um estudo dessa revisão reportou respostas perceptivas no futebol

feminino, com a dor muscular de início tardio (delayed onset muscle soreness -

DOMS) apresentando pico em 24 h e retornando ao basal 69 h pós-jogo

(ANDERSSON et al., 2008). Dessa forma, considerando o que foi exposto,

informações sobre o perfil de recuperação em atletas de futebol feminino

permanecem limitadas na literatura, com poucas descrições de marcadores físicos,

fisiológicos e respostas perceptivas de recuperação no mesmo estudo

(ANDERSSON et al., 2008; SOUGLIS et al., 2015). Portanto, devido à natureza

multifatorial do processo de recuperação, mais estudos são necessários para um

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melhor entendimento sobre a cinética (decurso temporal) de recuperação pós-jogo e

sua variabilidade no futebol feminino.

A rotina de treinamento de jogadores de futebol geralmente consiste em exercícios

técnico-táticos, treinamento de força, aeróbico, resistência anaeróbica e flexibilidade

(HAMMAMI et al., 2017; BARBALHO et al., 2018). A força, contudo, é uma das

capacidades que mais contribuem nas ações determinantes dessa modalidade, tais

como chutes, sprints, saltos, mudanças de direção e disputas de bola contra o

adversário (JULLIEN et al., 2008). Além disso, a força muscular pode ser observada

nos contatos com a bola (passe, cabeceio), nas arrancadas em velocidades, nos

giros, nas fintas, acelerações e desacelerações (RAMPININI et al., 2011; NEGRA et

al., 2016). Considerando as características do futebol, é possível afirmar que a força

rápida é uma manifestação determinante da modalidade. Sendo assim, programas

de treinamento com objetivos de desenvolver a força máxima (JULLIEN et al., 2008;

CHELLY et al., 2009; BRITO et al., 2014) e ou explosiva (NEGRA et al., 2016;

RODRIGUEZ-ROSELL et al., 2016) tem sido sugerido para atletas de futebol.

Literatura recente sugere que cronicamente, o treinamento de força induz

adaptações que resultam na melhora da força máxima, do desempenho no salto,

tempo no sprint, da agilidade e velocidade de chute em jogadores de futebol

(BARBALHO et al., 2018; FRANCO-MARQUEZ et al., 2015; HAMMAMI et al., 2017;

TORRES-TOLEDO et al., 2016), sendo portanto, cruciais para a melhora do

desempenho físico desses atletas (HAMMAMI et al., 2017; BARBALHO et al., 2018).

Esse treinamento de força geralmente é baseado no componente vertical durante a

tripla extensão dos membros inferiores (tornozelo, joelho e quadril), verificada nos

diferentes exercícios de agachamento, devido a sua proximidade com ações

explosivas da modalidade (DE HOYO et al., 2016; KAWAMORI & HAFF, 2004).

Além disso, métodos de treinamento baseados em alta velocidade de execução

associados com percentual de uma repetição máxima e volume de baixos a

moderados (40 a 60% de 1RM, 4 a 12 repetições) (NEGRA et al., 2016;

RODRIGUEZ-ROSELL et al., 2017) parecem ser mais benéficos que treinos de

maiores intensidades (80 a 90% de 1RM) e baixo volume (2 a 6 repetições)

(JULLIEN et al., 2008; CHELLY et al., 2009; BRITO et al., 2014) em velocidades

lentas. Esse método de treinamento é justificado pelo aumento na força de

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contração muscular, aceleração e velocidade, o que pode ser transferido para

habilidades do futebol, tais como giros, sprints e saltos (STOLEN et al., 2005;

FRANCO-MARQUEZ et al., 2015; NEGRA et al., 2016; RODRIGUEZ-ROSELL et al.,

2016). Além disso, esses estudos enfatizam o baixo nível de fadiga induzido por

esse método de treinamento comparado com sessão de treinamento de força (STF)

realizada com altas cargas, o que constitui uma importante consideração para

realização de treino técnico-tático subsequente (FRANCO-MARQUEZ et al., 2015).

Contudo, a magnitude da fadiga induzida por esses treinos não foi quantificada

nesses estudos (FRANCO-MARQUEZ et al., 2015; NEGRA et al., 2016;

RODRIGUEZ-ROSELL et al., 2016), e essa informação poderia fornecer suporte

para o uso de STF durante microciclos no futebol.

Apesar dos benefícios apresentados em relação a um treino de força para jogadores

de futebol, considerações sobre o efeito agudo gerado por essas sessões de

treinamento são necessárias. Draganidis et al. (2013) e Kesoglou et al. (2009)

reportaram que uma sessão única de treino de força produz apenas dano muscular

e respostas inflamatórias leves e de curto prazo em jogadores homens, afetando

minimamente o desempenho de habilidades do futebol. Essa sessão de treino

investigada consistiu de 4 séries de 4-6 repetições do exercício agachamento,

executado o mais rápido possível, a 40% 1RM (KESOGLOU et al., 2009). Além

disso, Draganidis et al. (2013) compararam uma STF de menor intensidade (4

séries, 8-10 repetições por série a 65-70% de 1RM) com uma STF de maior

intensidade (4 séries, 4-6 repetições por série a 85-90% 1RM) e encontraram uma

redução de força somente no momento pós-exercício no grupo de maior intensidade.

A CK apresentou pico 24 h no grupo de menor intensidade e 48 h no grupo de maior

intensidade, enquanto a PCR estava aumentada imediatamente pós-STF e 24 h,

com maiores valores no grupo de maior intensidade. Foi verificada dor muscular

elevada imediatamente após e 24 h no grupo de menor intensidade, enquanto no

grupo de maior intensidade essa variável permaneceu elevada 48 h pós-STF. Dessa

forma, técnicos e demais profissionais do futebol permanecem resistentes para

incluir STF na rotina de jogadores de futebol sem evidências suficientes sobre o

efeito residual desse tipo de treinamento, especialmente em atletas mulheres. Além

disso, permanece a lacuna sobre a variabilidade entre indivíduos nessa resposta de

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recuperação pós-STF, uma vez que todos os estudos supracitados reportaram

respostas médias de grupo em jogadores homens.

Por fim, durante temporadas competitivas no futebol, o planejamento de microciclos

semanais geralmente é constituído por sessões de treinamento, jogos e

recuperação. Muitos destes microciclos podem conter de 2 a 3 jogos por semana

(ISPIRLIDIS et al., 2008), o que reduz o tempo de recuperação entre jogos e

sessões de treinamento (NÉDÉLEC et al., 2012). Portanto, durante esses

microciclos a recuperação se torna um processo ainda mais complexo devido à

fadiga induzida pelo jogo associada à fadiga induzida pelas sessões de treinamento.

Embora possa prejudicar o processo de recuperação, o treino é indispensável para

manter ou aumentar as capacidades físicas e evitar a perda de adaptações

adquiridas durante a pré-temporada (MUJIKA & PADILLA, 2000; ROLLO et al.,

2014). Como consequência, o treinamento de força é geralmente sacrificado durante

o período competitivo devido a preocupações sobre o efeito residual desse tipo de

treinamento na velocidade, potência e no desempenho em habilidades do futebol

nos jogos subsequentes (CROSS et al., 2019).

Embora Draganidis et al. (2013) e Kesoglou et al. (2009) tenham verificado que

sessões de treinamento de força de diferentes intensidades não provocam redução

no desempenho de habilidades do futebol quando realizadas 24 h previamente a um

jogo, em ambos os estudos os jogadores realizaram a sessão de força em

condições que estavam descansados. Portanto, não é possível extrapolar tais

resultados para microciclos competitivos, em que a fadiga é induzida por ambos,

jogos e sessões de treinamento. Dessa forma, permanece desconhecida a influência

que uma sessão de força realizada no pós-jogo exerce sobre a recuperação de

jogadores de futebol, bem como quando realizar essas sessões em um microciclo

competitivo. Em outras palavras, ainda não se sabe o efeito da fadiga induzida por

um jogo, acumulada com a fadiga induzida por sessões de treinamento de força

realizadas 24 ou 48 h após o jogo, no desempenho do jogo seguinte, realizado 72 h

após o primeiro. Realizar uma STF 24 h pós-jogo pode aumentar o estresse em

atletas já fadigados. Por outro lado, realizar uma STF 48 h pós-jogo pode atrasar a

recuperação para o jogo subsequente. Considerações adicionais também são

necessárias sobre a qualidade da sessão de treinamento de força realizada nesses

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diferentes momentos, que pode ser afetada pela proximidade de uma partida.

Considerando a necessidade de recuperação rápida entre jogos realizados em uma

mesma semana e o desafio de planejar e organizar o treinamento para modalidades

que possuem essa característica quanto ao calendário competitivo, o presente

estudo pode contribuir para que treinadores reconsiderem o momento de se realizar

essas sessões. A hipótese geral do presente estudo é de que a realização de uma

STF 48 h pós-jogo em microciclos competitivos seria o momento mais adequado,

considerando que o protocolo para treino de força não produzirá fadiga residual

prolongada e que em 24 h as atletas apresentarão fadiga decorrente do jogo.

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30

1.1 Objetivo geral

Investigar os efeitos de uma sessão de treino de força na recuperação pós-jogo de

atletas de futebol feminino.

Para isso, o projeto foi dividido em três estudos, de acordo com os objetivos

específicos descritos a seguir:

1.2 Objetivos específicos

Estudo 1: Analisar a dinâmica de recuperação pós-jogo em atletas profissionais de

futebol feminino a partir de variáveis de desempenho, fisiológicas e perceptivas.

Estudo 2: Analisar a dinâmica de recuperação pós-treino de força em atletas

profissionais de futebol feminino a partir de variáveis de desempenho e perceptivas.

Estudo 3: Investigar o efeito de uma sessão de treino de força realizada 24 ou 48h

pós-jogo na recuperação a partir de variáveis de desempenho, fisiológicas e

perceptivas de atletas de futebol feminino.

1.3 Hipóteses

Estudo 1: O jogo de futebol feminino provocará alterações significativas nas

variáveis de desempenho, fisiológicas e nas respostas perceptivas em atletas do

sexo feminino.

Estudo 2: Uma única sessão de treino de força provocará alterações significativas

apenas imediatamente pós-treino nas variáveis de desempenho e nas respostas

perceptivas em atletas de futebol feminino.

Estudo 3: A realização de uma STF 48h pós-jogo produzirá o perfil de recuperação

mais adequado para um jogo subsequente dentro de 72h, comparado a STF 24h

pós-jogo em atletas de futebol feminino.

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31

2 REVISÃO DE LITERATURA

Esta seção foi organizada de maneira a contemplar e contextualizar os principais

tópicos relacionados ao tema do presente estudo. Dessa forma, inicialmente foi

realizada uma caracterização geral da modalidade futebol, incluindo as principais

demandas físicas do jogo, tanto no futebol masculino como no feminino. Essa

caracterização também incluiu comparações entre primeiro e segundo tempo de

jogo, atletas profissionais e não profissionais, entre diferentes posições e categorias.

Em seguida, considerando que o tema principal do presente estudo é a recuperação,

foram apresentados conceitos para esse fenômeno bem como para a fadiga, e

apresentado resultados de alguns estudos que investigaram ambos os processos

(fadiga e recuperação). Com o intuito de justificar a escolha das variáveis

dependentes e apresentar o que a literatura já descreveu em relação a essas

variáveis no contexto do futebol, os tópicos ―Utilização do desempenho em testes

físicos no monitoramento da fadiga no futebol‖, ―Dano muscular e inflamação

induzidos por jogos de futebol‖ e ―Respostas perceptivas‖ foram elaborados para

apresentar as variáveis de desempenho, fisiológicas e perceptivas, respectivamente.

Além disso, previamente a apresentação das variáveis fisiológicas, os processos de

dano muscular, inflamação e reparo tecidual foram definidos, detalhadamente

descritos e exemplificados. Considerando que a variabilidade entre jogos é um

aspecto relevante e que na metodologia proposta do presente estudo vários jogos

foram analisados, um tópico específico para esse tema foi elaborado com o intuito

de discutir potenciais limitações. Por fim, um último tópico destinado ao treinamento

de força no futebol foi apresentado, com uma descrição detalhada de estudos que

investigaram essa temática, incluindo principais lacunas existentes para enfatizar a

relevância e originalidade do presente estudo diante daquilo que já foi verificado na

literatura. Os principais bancos de dados utilizados foram Pubmed e Google scholar

com busca por palavras-chave tais como: ―soccer‖, ―female soccer‖, ―recovery‖,

―fatigue‖, ―resistance training‖, ―strength training‖, ―muscle damage‖,

―countermovement jump‖, ―sprint‖, ―creatina kinase‖, ―c-reactive protein‖, ―delayed

onset muscle soreness‖, ―total quality recovery‖, ―Bunel Mood Scale‖ e ―match

variability‖.

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32

2.1 Caracterização do futebol

O futebol é um esporte intermitente de alta intensidade, normalmente com jogos de

duração de 90 min, consistindo de dois tempos de 45, com um intervalo de 15 min

entre eles (ALDOUS et al., 2014). Estudos apontam que em uma partida de futebol

masculino, a distância total percorrida varia entre 9 e 12 km (MOHR et al., 2003;

STOLEN et al., 2005; THORPE et al., 2012), sendo que cada jogador realiza entre

1000 e 1400 ações, principalmente de curta duração, variando entre 4 a 6 s (MOHR

et al., 2003; STOLEN et al., 2005). Dentre as atividades realizadas, destacam-se

sprints, corridas de alta intensidade (aproximadamente a cada 70 s), cerca de 10 a

17 cabeceios, 50 envolvimentos com a bola, 30 passes, mudanças de ritmo e

sustentação de contrações para manter o equilíbrio e o controle da bola contra a

pressão defensiva (MOHR et al., 2003; STOLEN et al., 2005). Thorpe et al. (2012)

verificaram que jogadores de futebol masculino realizam em média 6 ± 2% do tempo

de jogo em alta intensidade, 39 ± 18 sprints durante os 90 min e percorrem uma

distância média de 15,7 ± 2,3 m por sprint. A intensidade média do jogo corresponde

a aproximadamente 70-75% do consumo máximo de oxigênio (VO2max) e 85% da

frequência cardíaca máxima (FCmax) (STOLEN et al., 2005; SOUGLIS et al., 2015).

Quando analisamos essas mesmas variáveis em jogos de futebol feminino, valores

muito próximos ou ligeiramente inferiores são encontrados comparados àqueles

apresentados por atletas de futebol de elite do sexo masculino. Mulheres percorrem

distâncias entre 8 e 11 km, realizam em média 1400 ações a cada 4 s durante o

jogo, 125 corridas de alta intensidade com duração média de 2,3 s, o que

corresponde a 4,8% do tempo total dos jogos (MOHR et al., 2008; STOLEN et al.,

2005; KRUSTRUP et al., 2005; MCCORMACK et al., 2015). A distância percorrida

em corridas de baixa intensidade, alta intensidade e sprints são de 9,00, 1,31 e 0,16

km, respectivamente (KRUSTRUP et al., 2005). Há relatos de número total de

sprints, cabeceios e posse de bola de 26, 8 e 14, respectivamente (KRUSTRUP et

al., 2005). Sendo assim, parece que a principal diferença nas variáveis de

desempenho entre homens e mulheres é quando comparamos a distância percorrida

em corridas de alta intensidade. Mulheres percorrem em média 1,3 km, ou seja,

menos de dois terços, comparado a distância percorrida por homens de

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aproximadamente 2 a 3 km (KRUSTRUP et al., 2005; MOHR et al., 2003).

Importante apontar que a maioria dos estudos relatados adotam as seguintes

categorias de classificação: em pé (0 km/h), caminhada (6 km/h), trote (8 km/h),

corrida de baixa velocidade (12 km/h), corrida de velocidade moderada (15 km/h),

corrida de velocidade alta (18 km/h), sprint (25 km/h para mulheres e 30 km/h para

homens), corrida de costas (10 km/h) (MOHR et al., 2003; KRUSTRUP et al. 2005;

MOHR et al., 2008). McCormack et al. (2014), contudo, definiram corridas de alta

intensidade como corridas cuja velocidade fosse igual ou superior a apenas 13 km/h.

No estudo desses autores, considerando essa definição, mulheres percorreram de

70 a 190 corridas de alta intensidade por jogo, totalizando até 2 km de corridas de

alta intensidade. Dessa forma, é importante verificar as faixas de intensidades de

corrida adotadas entre os diferentes estudos ao se fazer comparações.

Em geral, os maiores valores encontrados para homens na distância total, na

distância percorrida em alta intensidade e em sprints comparado a mulheres

(DATSON et al., 2014; ANDERSON et al., 2010; MOHR et al., 2003; STOLEN et al.,

2005) são devido ao menor consumo máximo de oxigênio e potência anaeróbica de

mulheres (DATSON et al., 2014; SOUGLIS et al., 2018, MCCORMACK et al., 2014).

Em relação à intensidade do jogo, atletas de futebol feminino apresentam frequência

cardíaca (FC) média acima de 80% da FCmáx durante o jogo, variando entre 81 e

93% (KRUSTRUP et al., 2005). Esses resultados são similares àqueles encontrados

em estudos realizados com homens (STOLEN et al., 2005; SOUGLIS et al., 2015).

Souglis et al. (2015) não encontraram diferenças significativas (p = 0,23) entre a FC

média no jogo de homens e mulheres (173 ± 7 e 169 ± 5 b.min-1) que correspondeu

respectivamente, a 86,9 ± 4,3 e 85,6 ± 2,3% da FCmáx.

Parece que a intensidade e a distância percorrida em jogos de futebol são maiores

quando comparamos o primeiro com o segundo tempo, e quando comparamos

atletas profissionais e não profissionais (STOLEN et al., 2005). Mohr et al. (2003)

mostraram que durante o jogo, a distância total percorrida por jogadores top class é

5,51 ± 0,10 vs 5,35 ± 0,09 km quando comparados primeiro e segundo tempos,

respectivamente. Jogadores de nível moderado, por sua vez, percorrem 5,20 ± 0,01

vs 5,13 ± 0,01 km no primeiro e segundo tempo, respectivamente, sem diferenças

significativas. Para a variável distância percorrida em corridas de alta intensidade,

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jogadores top-class percorrem 1,27 ± 0,07 vs 1,15 ± 0.08 km quando comparados

primeiro e segundo tempos, respectivamente, ao passo que jogadores de nível

moderado percorrem 1,01 ± 0,07 vs 0,90 ± 0,06 km no primeiro e segundo tempo,

respectivamente (MOHR et al., 2003). A distância percorrida em sprints também é

diferente entre o primeiro e segundo tempo (0,35 ± 0,04 vs 0,30 ± 0,03 e 0,21 ± 0,03

vs 0,19 ± 0,02 km) para jogadores top class e para jogadores de nível moderado,

respectivamente (MOHR et al., 2003).

Em jogos de futebol feminino, Krustrup et al. (2005) verificaram que a distância

percorrida em alta intensidade reduz em 30% (de 0,27 para 0,19 km) e 34% (de 0,24

para 0,16 km) quando comparados os primeiros e últimos períodos de 15 min do

primeiro e segundo tempos, respectivamente. Tais resultados corroboram os

achados de Ramos et al. (2017) que também verificaram redução na distância total,

distância percorrida em alta intensidade e carga de jogo ao comparar 15 min de

cada tempo, em jogadoras de futebol feminino da seleção brasileira. Contudo, é

importante ressaltar que jogos que apresentam maior distância total, número de

corridas de alta intensidade e carga de jogo no primeiro tempo, resultam em

reduções nas respectivas variáveis no segundo tempo (RAMOS et al., 2017).

Contrariamente, jogos com menor demanda no primeiro tempo, resultam em

aumento da distância percorrida em sprints, número de acelerações (>2 m.s-2) e

desacelerações (>-2 m.s-2) no segundo tempo (RAMOS et al., 2017).

Em relação às diferentes posições, é importante considerar as exigências e funções

para cada jogador, a fim de contextualizar e melhor compreender as diferenças

físicas e fisiológicas características de goleiros, atacantes, meios de campo ou

defensores. Uma vez que goleiros não percorrem grandes distâncias e nem realizam

muitas ações de alta intensidade (ex: corridas) durante os jogos, quando avaliados,

geralmente são os mais lentos em testes de sprints (SPORIS et al., 2009; HAUGEN

et al., 2012) e apresentam um desempenho pior em testes de capacidade aeróbica

máxima e de agilidade, comparado a jogadores de linha (BOONE et al., 2012).

Contudo, goleiros geralmente são os atletas da equipe que apresentam maior

estatura e massa corporal (SPORIS et al., 2009) e possuem grande potência em

membros inferiores principalmente quando mensurada por meio de testes de salto

máximo (SPORIS et al., 2009; BOONE et al., 2012).

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Estudos prévios em atletas de futebol masculino de alto nível (MOHR et al., 2003) e

feminino (MOHR et al., 2008; RAMOS et al., 2017) têm relatado que atacantes

tendem a realizar um maior número de sprints e, como consequência, maiores

distâncias percorridas em sprints (até 30 m) durante os jogos. Além disso, são

geralmente mais rápidos que jogadores de outras posições em testes de velocidade

linear de distâncias até 20 m (SPORIS et al., 2009).

Há relatos que meios de campo são os jogadores que percorrem maiores distâncias

e realizam um maior número de atividades de alta intensidade durante jogos de

futebol (MOHR et al., 2008; BLOOMFIELD et al., 2007, DATSON et al., 2014). Além

disso, parece que jogadores dessa posição apresentam melhor capacidade

aeróbica, verificada por meio do desempenho no Yo-yo Intermittent Recovery Test

(Yo-yo IRT) e habilidade em realizar sprints repetidos (MOHR et al, 2003; REILLY,

BANGSBO & FRANKS, 2000).

Jogadores que desempenham papéis defensivos precisam frequentemente se

reposicionar para defender a bola e conter os jogadores atacantes que se

aproximam. Tal função pode significar que esses jogadores percorrem um maior

percentual do tempo correndo de costas (BLOOMFIELD et al., 2007). Sendo assim,

essa característica pode justificar resultados encontrados na literatura que mostram

que defensores são mais lentos até os 5 primeiros metros de sprint considerando

que iniciam de uma posição corporal diferente daquela geralmente avaliada em

testes de sprint (LOCKIE et al., 2018). Defensores percorrem geralmente menores

distâncias e completam um menor número de esforços de alta intensidade durante o

jogo (MOHR et al., 2003; MOHR et al., 2008) quando comparados a meios de

campo e atacantes, e ainda assim, precisam de um alto nível de condicionamento

físico. Além disso, defensores são geralmente mais altos e pesados comparados a

atacantes e meios de campo (SPORIS et al., 2009; VESCOVI et al., 2006).

Em relação à FC média durante o jogo, Krustrup et al. (2005) verificaram valores

similares em atletas mulheres de futebol de elite, independente da posição (86, 88 e

88% da FC pico para defensores, meios de campo e atacantes, respectivamente).

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Embora haja uma aparente consistência na literatura em relação à caracterização de

cada posição, também há estudos que mostram pouca ou nenhuma diferença em

diversos parâmetros quando comparados jogadores de diferentes posições. Lockie

et al. (2018), por exemplo, encontraram poucas diferenças entre as posições nas

características físicas e fisiológicas de uma equipe de futebol feminino de primeira

divisão. Foram encontradas diferenças na aceleração de sprint até 5 m (meios de

campo foram significativamente mais rápidos quando comparados a defensores e

goleiros) e no Yo-yo IRT2 (defensores e meios de campo percorreram maiores

distâncias comparados a goleiros). Para as demais variáveis, massa corporal,

estatura, salto vertical e horizontal, testes de agilidade, Yo-yo IRT1 e tempo de 10 e

30 m de sprint não foram encontradas diferenças significativas entre as posições.

Vescovi et al. (2006) também analisaram características fisiológicas em jogadores de

futebol feminino e encontraram características semelhantes entre grupos de

diferentes posições, embora defensores tenderam a ser mais lentos em teste de

velocidade e agilidade.

Além das diferentes posições, o desempenho físico e características

antropométricas de jogadores profissionais de futebol feminino são também

influenciados pela faixa etária (RAMOS et al., 2019). Em estudo realizado com a

seleção feminina brasileira, as categorias sub-20 (31,6 ± 4,3 cm) e sênior (33,0 ± 4,1

cm) apresentaram melhor desempenho no SCM comparado ao sub-15 (27,2 ± 3,1

cm) e sub-17 (28,1 ± 3,8 cm). Para o salto agachado (SA), jogadoras pertencentes

ao sub-20 (29,4 ± 4,2 cm) apresentaram melhor desempenho comparado ao sub-15

(25,8 ± 2,9 cm) e sub-17 (26,1 ± 3,9 cm), enquanto a categoria sênior (32,1 ± 3,9

cm) apresentou desempenho superior comparado às demais categorias.

Similarmente, no teste de velocidade linear de 20 m, atletas seniores foram

significativamente mais rápidas (6,2 ± 0,5 m.s-1) comparadas às demais categorias

(5,9 ± 0,2; 5,8 ± 0,2 e 5,9 ± 0,3 m.s-1 para sub-15, sub-17 e sub-20, respectivamente)

e também percorreram maiores distâncias no teste Yo-Yo IR1 (1,51 ± 0,32 km)

comparado ao sub-15 (0,71 ± 0,21 km), sub-17 (0,72 ± 0,23 km) e sub-20 (0,86 ±

0,24 km) (RAMOS et al., 2019). O perfil de atividades durante competições

internacionais também difere entre categorias (RAMOS et al., 2017). A distância total

percorrida, a distância percorrida em alta intensidade (15,6 – 20 km.h-1), a distância

percorrida em sprints (>20km.h-1), o número de acelerações (>1m.s-2),

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desacelerações (>-1m.s-2) e a carga de jogo aumenta com a idade (sub-17 < sub-20

< sênior) no futebol feminino (RAMOS et al., 2017).

Sendo assim, embora não seja foco do presente estudo, a caracterização da

modalidade e um entendimento geral dos principais fatores contextuais (diferenças

entre posições, faixa etária, sexo, primeiro vs segundo tempo) podem nos ajudar a

compreender a variabilidade nas respostas relacionadas a fadiga e recuperação no

futebol.

2.2 Fadiga e recuperação após jogos de futebol

A fadiga pode ser definida como uma redução aguda do desempenho que inclui

tanto um aumento na percepção de esforço para realizar uma força ou potência

desejada como uma redução na capacidade de realizar uma força ou potência

máximas (GANDEVIA, 2001). Sendo assim, a fadiga envolve alterações na força

máxima, na velocidade máxima de encurtamento e na relação da curva força-

velocidade com diferentes mecanismos subjacentes (ALLEN, LAMB &

WESTERBLAD, 2008). Além disso, dentre os diferentes mecanismos associadas à

fadiga, podemos citar prejuízos no processo de acoplamento excitação-contração,

devido a uma redução na liberação de cálcio (Ca2+) e na ligação de Ca2+ à troponina,

e ou ainda, por danos musculares estruturais (ALLEN, LAMB e WESTERBLAD,

2008).

No futebol, ações típicas dessa modalidade (sprints, corridas com mudanças de

direção, saltos, assim como ações técnicas tais como dribles, passes e chutes) são

de grande demanda física e, associadas a outros fatores como desidratação,

depleção de glicogênio e dano muscular levam à fadiga pós-jogo (NÉDÉLEC et al.,

2012). Dessa forma, no futebol, a fadiga pode ser entendida como uma redução no

desempenho em atividades características dessa modalidade. Nesse contexto, a

fadiga pode ocorrer após curtos períodos de alta intensidade em ambas as metades

do tempo, em direção ao fim da partida e após o jogo (NÉDÉLEC et al., 2012),

sendo, nesse caso, denominada fadiga aguda. Quando a redução do desempenho

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permanece nos dias após o jogo, passa a ser denominada fadiga residual. Portanto,

a fadiga é um processo contínuo que transforma o estado funcional do organismo.

A recuperação, por sua vez, de uma perspectiva prática, pode ser entendida como a

capacidade de alcançar ou superar o desempenho de uma atividade específica. Ou

seja, a capacidade do indivíduo realizar um novo estímulo de treinamento/jogo

mantendo ou superando o desempenho alcançado em uma sessão de treino/jogo

anterior (BISHOP, JONES E WOODS, 2008). Sendo assim, a recuperação é um

processo multifatorial de reestabelecimento do desempenho físico, fisiológico e de

respostas perceptivas em relação ao tempo (KELLMANN et al., 2018).

Os estímulos de treinamento e a sobrecarga gerada em jogos de futebol são fatores

cruciais para a melhora do desempenho dos atletas, contudo, não se pode

negligenciar a importância do período de recuperação, uma vez que a maioria das

adaptações induzidas pelo exercício ocorre durante esse período (BISHOP, JONES

& WOODS, 2008). Dessa forma, monitorar a fadiga, ou seja, o quanto a execução

da carga de treinamento prescrita (ou do jogo) provoca de alteração funcional no

organismo, bem como monitorar a recuperação, ou seja, o retorno ou

supercompensação de variáveis de desempenho, fisiológicas e perceptivas para

valores pré-treino/jogo, são processos fundamentais para o desenvolvimento da

performance esportiva.

Rampinini et al. (2011) mostraram que fatores centrais e periféricos podem explicar a

fadiga tanto imediatamente após o jogo como após dois dias de recuperação. Esses

autores apontaram que fatores centrais parecem ser a causa principal da redução na

produção de força máxima e na capacidade de sprint verificados após o jogo,

enquanto a fadiga residual parece estar relacionada ao aumento da dor muscular, e

dessa forma, possivelmente está associada ao dano muscular e inflamação. Além

disso, no estudo de Rampinini et al. (2011), as variáveis que foram negativamente

afetadas após o jogo retornaram aos valores basais após 48 h de recuperação.

Embora esses autores tenham postulado sobre a origem da fadiga, os mecanismos

fisiológicos não foram investigados. Especulações apontadas por esses autores que

podem explicar o fenômeno da fadiga são o dano muscular, a depleção de

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glicogênio, a inflamação geral associada ao exercício e a dor muscular, que são

comuns após jogos de futebol (RAMPININI et al., 2011).

McCormack et al. (2015), ao compararem o desempenho em dois jogos de futebol

realizados com um intervalo de 42 h, em mulheres de uma equipe da primeira

divisão, não encontraram diferenças na distância percorrida e no número de sprints,

porém, verificaram redução significativa na quantidade de corridas de alta

intensidade. Embora esses autores não tenham investigado os fatores que podem

ter causado tais achados, foram apontadas como possíveis causas dessa diferença

a depleção de glicogênio, o dano muscular, nutrição inadequada e desidratação.

Outros fatores como motivação, táticas do jogo e diferentes adversários foram

apontados como possíveis influentes na redução do desempenho quando jogos são

realizados em um intervalo inferior a 48 h (MCCORMACK et al., 2015).

Embora a recuperação no futebol consista num tema comumente investigado

(SILVA et al., 2017; ANDERSSON et al., 2008; NÉDÉLEC et al., 2014), resultados

inconsistentes são verificados na literatura, dificultando conclusões definitivas sobre

essa temática. De fato, alguns autores mostraram que as variáveis negativamente

afetadas pelo jogo retornam aos valores basais após um período de recuperação de

48 h em atletas profissionais de alto nível (RAMPININI et al., 2011), ao passo que

outros autores revelam que 72 h não são suficientes para recuperação dos atletas

(NÉDÉLEC et al., 2014). Sendo assim, a recuperação no futebol é um processo

complexo, ainda com resultados inconsistentes na literatura, e, dessa forma,

necessita de constante investigação.

Essa complexidade da recuperação no futebol é, em parte, justificada pelos

diferentes fatores que influenciam esse processo. Por exemplo, fatores extrínsecos

(resultado do jogo, qualidade do adversário, local do jogo) e ou fatores intrínsecos

(nível de treinamento, idade, gênero, tipologia de fibra muscular) influenciam o

tempo de recuperação (NÉDÉLEC et al., 2012). De maneira geral, a recuperação é

dependente tanto da variação da carga de jogo que os atletas são expostos

(diferentes posições, tempo de jogo), ou seja, da magnitude da fadiga induzida pelo

jogo, como das capacidades individuais (diferenças no desempenho e

condicionamento físico dos atletas) (RAMPININI et al., 2011; DOEVEN et al., 2018).

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Essas capacidades determinam como os atletas respondem à carga de jogo e têm

um papel importante no processo de recuperação (DOEVEN et al., 2018). Sendo

assim, é importante entender o perfil de recuperação dos atletas de maneira

individual. Além do jogo, atletas de futebol podem sofrer diferentes estresses físicos

durante a mesma sessão de treinamento da equipe. A esse respeito, identificar

diferenças interindividuais no potencial de recuperação entre atletas da mesma

equipe pode contribuir para o desenvolvimento de protocolos de recuperação

individualizados (NÉDÉLEC et al., 2014).

Além disso, a recuperação do desempenho físico, fisiológica (em termos de dano

muscular, inflamação e reparo tecidual) e as respostas perceptivas nem sempre

apresentam o mesmo padrão, magnitude, consistência e ou tempo de retorno a

valores basais (SILVA et al., 2017; DOEVEN et al., 2018). Doeven et al. (2018) em

sua revisão mostraram que monitorando variáveis de desempenho (altura do SCM e

tempo no teste de sprint), atletas podem estar fisicamente recuperados 48 h pós-

jogo. Contudo, a CK pode demorar em média 72 h ou mais para retornar aos valores

basais. Dessa forma, tais respostas podem ser dependentes da natureza do teste

físico (força, velocidade, potência), ou da função fisiológica da variável na cascata

inflamatória. Por exemplo, Andersson et al. (2008), relataram que o desempenho no

sprint foi o primeiro a retornar a valores basais (5 h), seguido da ureia e acido úrico

(21 h), força isocinética de extensão de joelhos (27 h), força isocinética de flexão de

joelhos (51 h), CK e dor muscular (69 h), enquanto o desempenho no salto estava

ainda reduzido 69 h pós-jogo. Tais resultados destacam a complexidade e o aspecto

multifatorial do processo de recuperação.

Outro desafio que concerne o contexto do futebol se refere ao planejamento da

semana e temporada com relação a conciliar recuperação, desenvolvimento de

habilidades com deficiências conhecidas, melhora do condicionamento e da

consciência tática dentro de um calendário cheio de jogos (KIRKENDALL et al.,

2007). De fato, uma recuperação de qualidade é fundamental principalmente durante

períodos competitivos em que o intervalo de recuperação entre jogos consecutivos

pode ser limitado há 2 ou 3 dias (ISPIRLIDIS et al., 2008). Dessa forma, quantificar a

fadiga e ou recuperação por meio de alterações fisiológicas, perceptivas e de

desempenho após jogos de futebol é importante para auxiliar no planejamento e

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otimizar a prescrição da carga de treinamento, sobretudo durante temporadas

competitivas (ANDERSSON et al., 2008; NÉDÉLEC et al., 2014).

2.3 Utilização do desempenho em testes físicos no monitoramento da fadiga no

futebol

Variáveis de desempenho têm sido utilizadas para monitoramento da fadiga e

recuperação de atletas. Considerando que o futebol envolve muitas ações com ciclo

de alongamento-encurtamento, e esse, por sua vez, está relacionado com fadiga de

exercício, o desempenho no salto com contramovimento tem sido um marcador de

recuperação bastante utilizado (ISPIRLIDIS et al., 2008; FATOUROS et al., 2010;

NÉDÉLEC et al., 2014).

Ispirlidis et al. (2008) e Fatouros et al. (2010) encontraram reduções significativas

(aproximadamente 10%) no desempenho do salto vertical somente quando avaliado

24 h pós-jogo em atletas homens. Esses resultados sugerem que os jogadores

podem não ser capazes de realizar atividade anaeróbica intensa com desempenho

máximo por pelo menos 48 h após o jogo. Essa resposta pode ser atribuída, entre

outros fatores, a síntese proteica reduzida, perda de proteínas contráteis e de

neurotransmissores, resultando em reduções da força muscular (FATOUROS et al.,

2010).

No estudo de Nédélec et al. (2014) as variáveis de monitoramento mais sensíveis

para avaliar o status neuromuscular após o jogo foram o desempenho no SCM e a

velocidade pico no sprint. Esses autores sugeriram que ações comumente

realizadas em jogos de futebol, tais como mudanças bruscas de direção,

acelerações e desacelerações estão associadas com fadiga neuromuscular

significativa, que permanece evidente por até 72 h.

Fatouros et al. (2010) avaliaram a recuperação por até 72 h pós-jogo e verificaram

reduções na habilidade de sprint de aproximadamente 2% ao longo desse período.

Ascensão et al. (2008) encontraram resultados similares, com reduções de

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aproximadamente 5% no desempenho de sprint ao longo de 72 h de recuperação

pós-jogo futebol masculino. Ispirlidis et al. (2008) por sua vez, encontraram o pior

desempenho no teste de sprint de 20 m no momento 48 h pós-jogo, sendo que o

desempenho somente retornou aos valores pré-jogo após 120 h de recuperação.

No futebol feminino, Andersson et al. (2008) encontraram diferentes padrões de

recuperação em variáveis neuromusculares. Foram verificadas reduções agudas de

3 e 4% no desempenho de sprint e SCM, respectivamente. Contudo, o desempenho

no sprint apresentou um padrão de recuperação mais rápido, uma vez que retornou

aos valores pré-jogo após 5 h de recuperação, ao passo que o desempenho do SCM

mesmo após 69 h, ainda não havia retornado aos valores pré-jogo. Esses resultados

contrapõem os estudos de Fatouros et al. (2010) e Ispirlidis et al. (2008) que

verificaram um padrão de recuperação mais rápido para o SCM (48 h) comparado

ao sprint (120 h), em homens. Andersson et al. (2008) postularam que as diferenças

nos padrões de recuperação podem ser explicadas pelas distintas exigências na

quantidade de trabalho muscular e coordenação intermuscular existentes entre salto

e sprint. Portanto, mais estudos são necessários para compreender a cinética de

recuperação pós-jogo de futebol por meio de variáveis de desempenho, tais como

SCM e sprint.

2.4 Dano muscular, inflamação e reparo tecidual

O dano muscular pode consistir na ruptura mecânica da fibra, incluindo danos à

membrana, distúrbios miofibrilares caracterizados por desorganização de

miofilamentos e perda da integridade do disco Z, como consequência, processos

inflamatórios e alterações no acoplamento excitação-contração dentro dos músculos

ocorrem (PROSKE & MORGAN, 2001). A gravidade do dano muscular varia de uma

micro lesão em um pequeno número de fibras até a ruptura de um músculo inteiro. O

dano muscular é caracterizado por uma diminuição temporária na função do

músculo, um aumento no sangue das proteínas intracelulares, aumento da dor

muscular e aumento do edema no grupo muscular envolvido (CLARKSON, NOSAKA

& BRAUN, 1992). Consequentemente, os principais marcadores utilizados para

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estudar o dano muscular são a força de uma contração voluntária máxima,

marcadores sanguíneos tais como concentrações de CK e mioglobina, dor muscular

e amplitude de movimento (NÉDÉLEC et al., 2012).

A inflamação, por sua vez, é uma reação ou resposta de defesa do organismo a uma

infecção ou lesão dos tecidos, cujo objetivo é promover a cura ou reparo (SILVA &

MACEDO, 2011). Sendo assim, o dano muscular está também associado a uma

resposta inflamatória e a um aumento de citocinas e outros marcadores sanguíneos

inflamatórios (ISPIRLIDIS et al., 2008; MOHR et al., 2016; SOUGLIS et al., 2018).

Já o processo de reparo ou regeneração após o dano muscular induzido pelo

exercício pode ser dividido basicamente em três fases: (1) fase degenerativa ou fase

de destruição; (2) fase regenerativa ou de reparo e (3) fase de remodelamento do

tecido danificado ou fase de remodelação (JÄRVINEN et al., 2005; SILVA, 2009).

A primeira fase é caracterizada pela ruptura e necrose de miofibras, formação de

hematoma entre miofibras rompidas e reação inflamatória (JÄRVINEN et al., 2005).

Portanto, a lesão no sarcolema constitui o primeiro estímulo que favorece a

liberação de eicosanoides (mediadores inflamatórios), sobretudo prostaglandinas,

prostaciclinas, leucotrienos e tromboxanas (SILVA & MACEDO, 2011). Esses

mediadores, por quimiotaxia, atraem leucócitos especializados na fagocitose. Sendo

assim, após influxo de células inflamatórias para o local lesionado (diapedese),

neutrófilos e macrófagos passam a englobar e destruir os agentes invasores

(elementos indesejáveis relacionados à lesão tecidual) (JÄRVINEN et al., 2005;

SILVA & MACEDO, 2011). A remoção do tecido necrosado e dos produtos de lise

celular do foco de lesão constitui um fator determinante no mecanismo de

regeneração muscular, sendo o principal evento da fase 1 desse processo (SILVA,

2009).

Os neutrófilos são a primeira subpopulação de leucócitos a migrar para o tecido

danificado, alcançando seu pico 1 h após o exercício e podendo permanecer com

sua concentração elevada por até 5 dias (TIDBALL, 2005). A principal função dos

neutrófilos é fagocitar ―organismos estranhos‖. Para isso, ocorre a liberação de

proteases lisossomais, que degradam as proteínas locais, e formação de espécies

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reativas de oxigênio (EROS) por meio de um processo denominado burst

respiratório. Sendo assim, sua ação deve ser muito bem modulada, a fim de

preservar a integridade das células que circundam o local onde o evento inflamatório

está ocorrendo e evitar a exacerbação do dano por meio de um aumento na

produção de EROS. Além disso, sua ação pode ser considerada ponto de partida

para as respostas subsequentes de reparo tecidual (fases 2 e 3) (SILVA &

MACEDO, 2011).

Os monócitos constituem a segunda subpopulação de leucócitos a aparecer no local

danificado, sendo denominados macrófagos ao sair da circulação e migrar para os

tecidos (SILVA & MACEDO, 2011). O papel dos macrófagos na regeneração não se

restringe à fagocitose do tecido necrosado, sendo também reconhecida sua atuação,

por meio da síntese e liberação de moléculas biologicamente ativas, na instalação

do processo inflamatório, na secreção de moléculas pro-regenerativas (fator de

crescimento semelhante a insulina e algumas citocinas) e na ativação, proliferação e

diferenciação de células satélite musculares (SILVA & MACEDO, 2011; JÄRVINEN

et al., 2005; TIDBALL, 2005). Enquanto os macrófagos que invadem precocemente

o local lesionado (24-48 h) são os responsáveis pela remoção do tecido danificado

(fase 1), aqueles que aparecem mais tardiamente (48-96 h) desempenhariam um

papel mais ativo no reparo muscular (fase 2 e 3) (SILVA & MACEDO, 2011).

A segunda fase, denominada fase de reparo é caracterizada pela regeneração de

miofibras, produção de tecido conjuntivo cicatricial e neovascularização dentro da

área lesada (JÄRVINEN et al., 2005). Sobretudo, a fase intermediária do processo

de regeneração consiste em ativação, determinação, proliferação e diferenciação

das células satélites, encarregadas de restaurar, parcial ou totalmente as fibras

lesadas (SILVA & MACEDO, 2011). Citocinas, fatores neurotróficos e demais fatores

de crescimento liberados durante o processo inflamatório inicial constituem os

principais sinais biológicos relacionados à regulação da atividade das células satélite

(TIDBALL, 2005). Tais substâncias são capazes de estimular ou inibir a proliferação

celular, além de influenciar no processo de citodiferenciação (SILVA & MACEDO,

2011).

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A terceira e última fase constitui na fase de remodelamento do tecido danificado,

período no qual ocorre maturação de miofibras regeneradas, contração e

reorganização do tecido cicatricial e recuperação da capacidade funcional do

músculo (JÄRVINEN et al., 2005). Caso a inervação da fibra tenha sido

comprometida, sua re-inervação ocorre na fase final do processo de regeneração,

em consequência de brotamentos axonais que se originam das terminações

nervosas de regiões íntegras adjacentes, o que permite o restabelecimento da

funcionalidade contrátil das fibras (SILVA e MACEDO, 2011).

Para entender a condição do atleta e assim prescrever uma recuperação apropriada,

é importante conhecer a forma pela qual o dano muscular e marcadores imunes

respondem após o exercício, bem como o processo de reparo tecidual (THORPE e

SUNDERLAND, 2012).

2.5 Dano muscular e inflamação induzidos por jogos de futebol

A creatina quinase é uma molécula proteica citoplasmática e não tem a capacidade

de atravessar a barreira da membrana sarcoplasmática (BROWN; CHILD &

DONNELLY, 1997). Dessa forma, se constatado um aumento da concentração

sérica dessa enzima, pode-se inferir que foi devido ao aumento da permeabilidade

ou dano na membrana muscular e em outras estruturas teciduais (FOSCHINI;

PRESTES & CHARRO, 2007). Souglis et al. (2018) mostraram que após jogos de

futebol, mulheres apresentam menores valores de CK comparado a homens para

todas as posições e momentos (pré, imediatamente após, e por um período de até 5

dias após o jogo). Além disso, meios de campo e atacantes mulheres apresentam

maior pico comparado a defensores (SOUGLIS et al., 2018). O pico da CK ocorre

com 24 h (SOUGLIS et al., 2015) e os valores permanecem 1,7 a 2 vezes maiores

por até 5 dias após o jogo, comparado aos valores pré-jogo em homens e mulheres

(SOUGLIS et al., 2018). Thorpe e Sunderland (2012), por sua vez, verificaram

aumentos na concentração de CK em todos os 7 jogadores semi-profissionais de

futebol (3 defensores, 2 meios de campo e 2 atacantes) que completaram todo o

tempo de jogo. Embora o aumento médio tenha sido de 84 ± 61% comparando pré e

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pós-jogo, não foram encontradas diferenças significativas devido a grande variação

nos valores de CK (p=0,17).

Citocinas, por sua vez, estão envolvidas no controle da resposta da fase aguda de

reações inflamatórias e no processo de reparo tecidual (SOUGLIS et al., 2015).

Dentro da cascata inflamatória, a IL-6 é uma das primeiras citocinas a serem

liberadas, principalmente pelo músculo (MUNOZ-CANOVES et al., 2013). O dano

muscular por si só induz uma resposta de reparo, incluindo a entrada de macrófagos

no músculo e causando maior produção de IL-6. Contudo, há evidência de que a IL-

6 seja secretada pela contração muscular (CROISIER et al., 1999),

independentemente de dano muscular (SOUGLIS et al., 2015).

Souglis et al. (2015) mostraram que um jogo de futebol induz respostas inflamatórias

semelhantes em homens e mulheres, com aumentos significativos da IL-6 e TNF-α

imediatamente após o jogo e retorno dessas citocinas a valores basais dentro de 24

h pós-jogo. Essa cinética pós-jogo da IL-6 (pico imediatamente após o jogo e retorno

a valores basais na manhã seguinte ao jogo) corrobora o estudo de Souglis et al.

(2018). Contudo, Souglis et al. (2018) encontraram valores pico de IL-6

significativamente menores em mulheres comparado a homens independente da

posição (atacantes, meios de campo e defensores). Além disso, Souglis et al.

(2018) verificaram que em homens, o pico de IL-6 foi maior em jogadores meios de

campo comparado a atacantes e defensores, e em mulheres, meios de campo

tiveram maior pico comparado a defensoras (SOUGLIS et al., 2018).

Embora o TNF-α e a IL-6 estejam intimamente relacionados, uma vez que são

mediadores iniciais da inflamação, Souglis et al. (2015) encontraram um pico 18%

maior apenas para TNF-α em homens comparado as mulheres. Os autores

postularam que a menor carga absoluta durante o jogo (mulheres percorrem menor

distância total assim como menor distância em alta intensidade comparado a

homens) (DATSON et al., 2014; ANDERSSON et al., 2010; MOHR et al., 2003;

STOLEN et al., 2005), pode ser uma das possíveis razões para esses resultados.

Isso se deve ao menor consumo máximo de oxigênio, à menor potência muscular e

capacidade de sprint de mulheres em comparação aos homens (DATSON et al.,

2014; SOUGLIS et al., 2018, MCCORMACK et al., 2014). Sendo assim, embora

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medidas de FC média durante o jogo sejam similares entre homens e mulheres,

(SOUGLIS et al., 2015; KRUSTRUP et al., 2005) a carga absoluta se difere. Outra

especulação para explicar o menor pico do TNF-α em mulheres consiste em um

possível efeito supressor do estradiol sobre o TNF-α (MURPHY, GUYRE & PIOLI,

2010), sendo o estradiol o principal hormônio feminino produzido pelo folículo

ovariano (TIIDUS, 2000).

O dano muscular não parece ser o regulador primário da concentração de TNF-α na

circulação. Andersson et al. (2010) investigaram alterações do TNF-α em atletas

mulheres, profissionais de elite, após dois jogos de futebol de 90 min separados por

um intervalo de recuperação ativa ou passiva de 72 h. Não foi verificado aumento do

TNF-α após o segundo jogo, apenas após o primeiro, sugerindo que sua

concentração no sangue não é regulada somente pelo dano muscular. Souglis et al.,

(2015) também apontaram que há indícios de que o TNF-α e seus receptores estão

envolvidos no processo de regeneração muscular, por meio de um mecanismo que

envolve a expressão de fatores reguladores miogênicos, já demonstrado em

experimentos com animais (WARREN et al., 2002).

A proteína C reativa, no que lhe concerne, tem um papel na indução de citocinas

anti-inflamatórias em monócitos circulantes e na supressão da síntese de citocinas

pró-inflamatórias em macrófagos teciduais (PUE et al., 1996). Durante a inflamação,

o aumento da IL-6 circulante atua nos hepatócitos para estimular a síntese de

proteínas de fase aguda tais como a PCR. Além da IL-6, essa proteína também é

regulada pela IL-1 e TNF-α (KASAPIS et al., 2005). Sua concentração no plasma

pode aumentar milhares de vezes durante a lesão e infecção. A cinética pós-jogo da

PCR tem sido bem delimitada pela literatura (ISPIRLIDIS et al., 2008; SOUGLIS et

al., 2018), apresentando valores pico no dia seguinte ao jogo e retornando aos

valores basais no segundo dia após o jogo. Sendo assim, o futebol induz uma

elevação marcada, mas transitória da PCR em 24 h, tanto em atletas homens

quanto mulheres (SOUGLIS et al., 2015; SOUGLIS et al., 2018). Embora Souglis et

al. (2015) não tenham encontrado diferenças nos valores de PCR entre homens e

mulheres, Souglis et al. (2018) verificaram que homens apresentam maiores valores

de PCR comparado a mulheres para todas as posições de jogo. Além disso, meios

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de campo apresentam maior pico de PCR comparado às outras posições em ambos

os sexos (SOUGLIS et al., 2018).

Dessa forma, embora Souglis et al. (2015) tenham mostrado que um jogo de futebol

induz respostas inflamatórias semelhantes em homens e mulheres, estudo mais

recente realizado por Souglis et al. (2018) mostrou que o sexo e a posição do

jogador tem um efeito significativo no tempo de recuperação de marcadores de dano

muscular, estresse oxidativo e inflamação após um jogo oficial de futebol. Esses

resultados, em relação ao sexo, foram explicados por dois fatores (1) natureza

hormonal, baseado no papel protetor dos hormônios ovarianos e (2) em termos de

variáveis de desempenho, baseado na menor carga de trabalho excêntrico e de alta

intensidade realizada por mulheres durante os jogos. Embora ainda inconclusivo,

tem sido sugerido que o estrógeno desempenha um papel protetor no processo de

dano muscular induzido pelo exercício, por meio da manutenção da estabilidade da

membrana celular, limitando, dessa forma, o extravasamento de marcadores de

dano muscular, tais como a CK (TIIDUS, 2000). Além disso, há indícios de que o

17B-estradiol exerça algum efeito para atenuar a resposta inflamatória induzida pelo

exercício após atividade física excêntrica intensa e que estrógenos têm a

capacidade de atuar como antioxidantes, reduzindo os níveis de peroxidação lipídica

(TIIDUS, 2000). Embora Souglis et al. (2018) tenham justificado a diferença entre os

sexos baseado nessas duas premissas, o estradiol não foi mensurado e nem

apresentados valores de distância percorrida ou carga de trabalho nos jogos. Os

resultados referentes às posições dos jogadores apontam que meios de campo

apresentam maiores respostas para todas as variáveis analisadas, comparado a

defensores, enquanto atacantes demonstram uma resposta intermediária. Esses

resultados podem estar relacionados com os diferentes perfis de atividades

realizadas durante o jogo por meio-campistas, atacantes e defensores (SOUGLIS et

al., 2018).

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2.6 Respostas Perceptivas

A DOMS é uma sensação de dor e rigidez nos músculos que ocorre entre 1 e 5 dias

após realização de exercícios excêntricos ou de estímulos novos de exercício,

podendo afetar o desempenho devido à redução voluntária de esforço ou à inerente

perda da capacidade do músculo de produzir força (ARMSTRONG, 1984; HOTFIEL

et al., 2018).

Permanece controvérsia em relação aos mecanismos associados à DOMS, embora

exista uma série de hipóteses para explicar tal fenômeno. Armstrong (1984)

descreveu uma sequência de eventos que desencadeiam a dor, a partir de um

estresse mecânico (sobretudo excêntrico) gerado durante o exercício. Dessa forma,

forças mecânicas geram dano estrutural nas fibras musculares e tecido conectivo,

alterando a permeabilidade das membranas celulares e ocasionando consequente

influxo de Ca2+. Altas concentrações de Ca2+ nas células musculares ativam enzimas

proteolíticas que degradam discos z, troponina e tropomiosiona. Essa progressiva

deterioração do sarcolema é acompanhada da difusão de componentes

intracelulares que atraem monócitos, histocinas e proteases lisossomais para as

aéreas de lesão. Tais substâncias ativam os processos de fagocitose e necrose

celular, aumentam a temperatura local e então ativam as terminações nervosas do

músculo (nociceptores) que sinalizam a sensação de dor (ARMSTRONG, 1984).

Portanto, parece que a DOMS está associada ao processo inflamatório

desencadeado pelo reparo do tecido danificado. O surgimento tardio da dor, por sua

vez, pode ser explicado pelo tempo decorrido entre o estímulo, a liberação de

subprodutos celulares e a sinalização dos receptores de dor (ARMSTRONG, 1984).

No contexto do futebol, há relatos de DOMS apresentando valores pico

imediatamente pós-jogo (KRUSTRUP et al., 2011, RAMPININI et al., 2011); 24 h

(ANDERSSON et al., 2008; NÉDÉLEC et al., 2012; FATOUROS et al., 2010) e 48 h

pós-jogo (ISPIRLIDIS et al., 2008; NÉDÉLEC et al., 2014). Além disso, há relatos de

que a DOMS permanece elevada até 24 h (NÉDÉLEC et al., 2012; NÉDÉLEC et al.,

2013; RAMPININI et al. 2011 ; STONE et al., 2014), 72 h (ISPIRLIDIS et al., 2008;

KRUSTRUP et al., 2011; ANDERSSON et al., 2008 ; NÉDÉLEC et al., 2014) ou mais

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de 72 h pós-jogo (HUGHES et al., 2018). Corroborando tais achados, em uma

revisão e meta-análise foram reportados tamanhos de efeito grande e muito grande

nos momentos pós-jogo e 24 h, enquanto tamanhos de efeito moderado a grande

ocorreram até 72 h pós-jogo (SILVA et al., 2017). O amplo espectro de resultados

relacionados à DOMS possivelmente é justificado pela natureza e demanda dos

jogos e pelas características da amostra (nível de condicionamento físico).

Outro método comumente utilizado para avaliar a percepção de recuperação é a

escala de qualidade total de recuperação, denominada Total Quality Recovery

(TQR), proposta por Kentta e Hassmen (1998). Essa escala foi estruturada em torno

da escala de percepção subjetiva de esforço (PSE) de forma que o processo de

recuperação possa ser monitorado e comparado com as respostas de percepção do

treinamento (KENTTA & HASSMEN, 1998). Além de suas vantagens tais como

baixo custo, fácil e rápida aplicação (OSIECKI et al., 2015), estudos mostram que a

TQR é um instrumento sensível que pode ajudar com o planejamento das cargas de

treinamento e monitoramento da recuperação em atletas (FREITAS et al., 2014;

KENTTA & HASSMEN, 1998).

No futebol, Osiecki et al. (2015) verificaram uma associação significativa entre a

TQR e CK (r= -0.75; p<0.05) em jogadores profissionais, sugerindo que essa escala

pode ser usada para determinar a recuperação de atletas de futebol após jogos

oficiais (OSIECKI et al., 2015). A TQR também já foi utilizada para comparar a

recuperação após condição simulada de jogo, por meio de exercícios específicos

para o futebol, realizados em grama natural e artificial (NEDELEC et al., 2013).

Porém, não foram verificas diferenças significativas após o treino e entre condições

para essa variável (NEDELEC et al., 2013). Quando monitorado após um jogo de

futebol, reduções significativas na TQR foram verificadas 24 h após o jogo

(NEDELEC et al., 2014) em jogadores homens profissionais. Howle et al. (2019), ao

investigar a resposta de jogadores 48 h após um ou múltiplos jogos, verificaram

reduções na TQR apenas após a realização do segundo jogo na condição de

múltiplos jogos. Dessa forma, foi sugerido que essa ferramenta parece ser mais

sensível durante calendários congestionados no futebol, quando atletas disputam

vários jogos (HOWLE et al., 2019). Associado ao número limitado de estudos que

investigaram a TQR no futebol, destaca-se o fato de relatos apenas em jogadores do

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sexo masculino. Portanto, permanece a lacuna sobre uso da TQR para monitorar a

recuperação em atletas mulheres de futebol.

Respostas de humor no esporte têm sido investigadas em todo o mundo (MIRANDA

et al., 2008), sendo frequentemente temporárias e podendo variar em intensidade e

duração (LANE & TERRY, 2000). Estudos sugerem que estados de humor positivos

tais como elevado vigor e baixa fadiga, depressão, tensão, raiva e confusão, estão

associados com um melhor desempenho em competições e são ideais para a

melhora do desempenho esportivo (BRANDT et al., 2017; TERRY & LANE, 2000).

Por outro lado, estudos mostram que estados de humor negativos predominam em

atletas que perdem competições (BRANDT et al., 2017).

Perfis de estado de humor foram pioneiramente avaliados por meio do Profile of

Mood States (POMS) (MCNAIR, LORR, & DROPPLEMAN, 1971). Um de seus

derivados, desenvolvido especificamente para monitorar as respostas de humor no

contexto de esportes e exercícios, é a escala de humor de Brunel, ou Brunel Mood

Scale (BRUMS) (TERRY, LANE, LANE, & KEOHANE, 1999; TERRY, LANE, &

FOGARTY, 2003). Essa escala foi validada para a língua portuguesa (MIRANDA et

al., 2008) sendo denominada escala de humor Brasileira ou Brazilian Mood Scale

(BRAMS). A BRAMS é uma medida de auto-relato, consiste de 24 itens e 6 sub-

escalas que avaliam o humor (raiva, confusão, depressão, fadiga, tensão, vigor). Os

respondentes, em uma escala Likert de 5 pontos (0=nada e 4=extremamente),

devem assinalar o que melhor define ―Como você está se sentindo agora?‖ (TERRY,

STEVENS, & LANE, 2005).

Desde o seu desenvolvimento, a BRUMS tem sido utilizada para monitorar

respostas de humor em diferentes modalidades esportivas (BRANDT et al., 2019),

tais como voleibol (ANDRADE et al., 2016), futebol (THELWELL et al., 2006), futsal

(WILKE et al., 2019), Judô e Jiu-Jitsu (BRANDT et al., 2016), ginástica artística

(BOLDIZSÁR et al., 2016) e ciclismo (LASTELLA et al., 2015). Contudo, o uso dessa

variável no contexto da recuperação pós-jogo ou pós-treino de força em jogadores

de futebol ainda não foi investigado e poderia trazer informações adicionais

relacionadas ao uso dessa escala no monitoramento da fadiga.

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2.7 Variabilidade entre jogos

O futebol é um esporte caracterizado por uma grande variabilidade (em termos de

demandas físicas, fisiológicas e perceptivas) dentro e entre jogos (SLIMANI et al.,

2017; GREGSON et al., 2010). Vários fatores contextuais, tais como resultado do

jogo, qualidade da equipe adversária, aspectos táticos, local e tempo de jogo,

condições ambientais, ranking da liga, competição disputada, demanda de viagens

próximas a competições, entre outros podem influenciar as características do jogo e

as respostas fisiológicas e perceptivas pós-jogo (SLIMANI et al., 2017; RAMPININI

et al., 2007; GREGSON et al., 2010). Sendo assim, existem vários fatores que

podem causar uma variação nos dados de desempenho entre jogos (MCCORMACK

et al., 2015).

Slimani et al. (2017) em sua revisão, verificaram a influência do resultado do jogo

(vitória ou derrota), do gênero (homens x mulheres), tipo de contexto (competitivo x

não competitivo) e do nível dos competidores (novatos x alto nível) nas respostas

hormonais de cortisol e testosterona após jogos de futebol. Esses autores

encontraram que a resposta da testosterona varia de acordo com o resultado do

jogo, com uma maior resposta em vencedores em comparação aos perdedores,

enquanto as concentrações de cortisol não variam para esse fator. O nível dos

competidores, por sua vez, pode influenciar a resposta ao cortisol, uma vez que

novatos do sexo masculino apresentaram maiores níveis de cortisol comparado a

atletas de futebol de alto nível. Além disso, partidas competitivas de futebol

aumentaram os níveis de cortisol em maior magnitude em comparação a jogos não

competitivos. Por fim, independentemente das diferenças de gênero, foi verificado

maior reatividade à testosterona em atletas de alto nível comparado a novatos

(SLIMANI et al., 2017).

Rampinini et al. (2007) mostraram que parte da variação nas medidas de

desempenho encontradas entre as partidas pode ser atribuída a influências dos

diferentes adversários, com fatores tais como estilo de jogo e características físicas

e táticas sendo causas prováveis associadas a variância. Ainda segundo esses

autores, a distância total percorrida em um jogo e a distância percorrida em corridas

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de alta intensidade são maiores quando se joga contra adversários de maior

qualidade (classificados como melhores equipes nacionais e internacionais)

comparados a adversários mais fracos ou de menor qualidade. Contudo, o tamanho

do efeito mensurado para essas variáveis foi pequeno, o que sugere que o efeito do

nível da equipe adversária sobre a fadiga geral ou capacidade de trabalho seja

relativamente pequeno (RAMPININI et al., 2007).

McCormack et al. (2015) não verificaram correlação entre o total de vitórias e

derrotas do adversário e a distância total percorrida em corridas de intensidade alta.

Além disso, também não foi encontrada correlação entre o tempo de jogo e a

distância total percorrida em corridas de intensidade alta. Esses resultados sugerem

que o nível do adversário e o tempo de jogo não foram fatores que contribuíram para

a redução observada na distância total percorrida em corridas de intensidade alta.

Outro aspecto que pode contribuir para a variabilidade entre jogos é o momento do

período competitivo em que ocorrem os jogos. Rampinini et al. (2007) mostraram

que medidas de desempenho físico, tais como distância total percorrida e corridas

de alta intensidade e de intensidade muito alta foram maiores ao final do período

competitivo.

Russel et al. (2015) investigaram a variabilidade entre jogos em marcadores de

recuperação. Foram analisados quatro jogos realizados no período de novembro de

2013 a janeiro de 2014. A variabilidade entre jogos para a potência pico foi de 10,9,

11,0 e 9,9 respectivamente para basal, 24 e 48 h pós-jogo, enquanto para a CK a

variabilidade foi de 41,7, 30,0 e 34,3%, respectivamente (RUSSEL et al., 2015).

Assim como a maioria das medidas de desempenho esportivo, esforços de alta

velocidade em jogos de futebol não são estáveis e estão sujeitos a variação entre

partidas sucessivas (GREGSON et al., 2010). Alterações na condição física do

jogador e condições ambientais podem levar a variação no próprio atleta e entre

jogos ao longo da temporada competitiva (RAMPININI et al., 2007).

Gregson et al. (2010) avaliaram a variabilidade de atividades em alta velocidade

entre jogos realizados por uma grande amostra de jogadores de futebol de elite ao

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longo de um período de tempo e verificaram a influência da posição do jogador

sobre a magnitude dessa variabilidade. Esses autores encontraram que a

variabilidade entre jogos foi alta em todas as variáveis com coeficiente de

variabilidade (CV) médio de 16,2 ± 6,4% e 30,8 ± 11,2% reportados para corridas de

alta velocidade e distância percorrida em sprints. Além disso, essa variabilidade foi

maior para jogadores centrais (meios de campo e defensores) e menor para

atacantes e laterais. Maior variabilidade também foi observada quando a equipe

estava com a posse da bola (~30%) do que quando não estava (~23%). Esses

resultados sugerem que a variabilidade entre jogos nas características de

desempenho de atletas de futebol de elite é alta e que os jogadores não reproduzem

perfis consistentes de atividade de alta velocidade em jogos realizados ao longo do

tempo.

Outros estudos, contudo, relatam baixa variabilidade entre jogos (MOHR et al., 2003;

RAMPININI et al., 2007), sobretudo quando analisados em dois jogos consecutivos,

com CV de 2,4, 6,8 e 14,4% para distância total, corrida de intensidade alta e corrida

de intensidade muita alta, respectivamente (RAMPININI et al., 2007). Mohr et al.

(2003) encontraram valores de CV para corridas de intensidade alta de 9,2% entre

jogos sucessivos e de 24,8% entre diferentes períodos de uma temporada. Sendo

assim, parece que a variabilidade entre jogos aumenta à medida que aumenta o

tempo em que os mesmos são realizados.

2.8 Treinamento de força e futebol

Em esportes como o futebol, fatores como força, velocidade e potência são

essenciais para um bom desempenho dos atletas em competições (STOLEN et al.,

2005; KOBAL et al., 2017; NEGRA et al., 2016). Isso porque muitas ações presentes

nessa modalidade, tais como correr, mudar de ritmo e direção, atacar, saltar e chutar

são explosivas e demandam força (sobretudo de membros inferiores) e, muitas

vezes, constituem os momentos mais cruciais do jogo (JULLIEN et al., 2008;

NEGRA et al., 2016; RAMOS et al., 2019). Sendo assim, muitas situações no

futebol, tais como marcar gols, impedir que os gols sejam marcados, correr mais

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rápido ou saltar mais alto para dominar a bola antes do adversário exigem força

muscular e potência. A potência produzida, por sua vez, depende da força e

velocidade (CHELLY et al., 2009).

O treinamento para melhorar a força máxima geralmente repercute em uma melhora

na potência, provocando deslocamento para direita na curva força-velocidade

(CHELLY et al., 2009). A força muscular pode aumentar sem que ocorra hipertrofia

e, de fato, essas alterações constituem em evidências do envolvimento neural na

aquisição de força muscular (CHELLY et al., 2009). Adaptações neurais incluem o

aumento do recrutamento de unidades motoras, taxa de frequência ou taxa de

potenciais de ação, sincronização e coordenação intermuscular (CORMIE et al.,

2011). Além disso, atletas com maior força e potência muscular geralmente

apresentam menores decréscimos de desempenho durante o jogo (SILVA et al.,

2013). Portanto, é benéfico para um atleta de futebol adquirir melhoras na força

muscular (JULLIEN et al., 2008).

Pelo aumento da força em determinados músculos, aceleração e velocidade podem

melhorar habilidades determinantes no futebol, como giros, sprints e mudanças de

ritmo (CHELLY et al., 2009). Dessa forma, pesquisadores e profissionais têm

proposto diferentes abordagens de treinamento visando melhorar essas habilidades

específicas (BRITO et al., 2014; LOTURCO et al., 2015; ENRIGHT et al., 2015;

HAMMAMI et al., 2017; DE HOYO et al., 2016; KOBAL et al., 2017). Nesse sentido,

o treinamento de ―força com pesos‖ é uma das estratégias mais utilizadas para

melhorar o desempenho esportivo, sobretudo por meio de protocolos que visam

melhorias da força máxima (CHELLY et al., 2009; BRITO et al., 2014; JULLIEN et

al., 2008), força explosiva e potência muscular (NEGRA et al., 2016; RODRÍGUEZ-

ROSELL et al., 2017). Tais protocolos geralmente são compostos por exercícios com

padrões de movimento mais próximo possível das habilidades específicas do

futebol, visando garantir o mais alto grau de transferência entre ganhos de força e

habilidades técnicas de futebol (BRITO et al., 2014). Dessa forma, exercícios de

agachamento são inseridos na maioria dos programas de treinamento de força para

atletas de futebol (CHELLY et al., 2009; HAMMAMI et al., 2017; DE HOYO et al.,

2016; JULLIEN et al., 2008; KOBAL et al., 2017; RODRÍGUEZ-ROSELL et al.,

2017). Protocolos com elevados percentuais de uma repetição máxima (80 a 90% de

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1RM) e baixo volume (2 a 6 repetições) têm sido utilizados para desenvolvimento da

força máxima (JULLIEN et al., 2008; CHELLY et al., 2009; BRITO et al., 2014),

envolvendo adaptações neurais e mais especificamente aumento da taxa de

desenvolvimento da força (CHELLY et al., 2009). Protocolos com percentuais de

uma repetição máxima e volume baixos a moderados (40 a 60% de 1RM, 4 a 12

repetições) e alta velocidade tem sido utilizados para desenvolvimento da potência

em atletas de futebol (NEGRA et al., 2016; RODRIGUEZ-ROSELL et al., 2017).

A maioria dos estudos que investigou o efeito crônico do treinamento de força em

atletas de futebol encontrou melhoras significativas em ganhos de força,

desempenho de salto e sprint, mas sem alterações nos testes de mudança de

direção ou agilidade (HAMMAMI et al., 2017; DE HOYO et al., 2016; CHELLY et al.,

2009; NEGRA et al., 2016; RODRIGUEZ-ROSELL et al., 2017; BRITO et al., 2014).

Outros estudos, não encontraram melhoras significativas em testes de sprints

(KOBAL et al., 2017; JULLIEN et al., 2008).

Segundo Hammami et al. (2017), os ganhos em desempenho de sprint após um

programa de treinamento de força ocorrem principalmente devido à adaptação

neural, incluindo alteração na velocidade de condução nervosa e na estratégia de

recrutamento de unidades motoras. Em relação ao aumento no desempenho do

salto vertical, esses autores postulam que, possivelmente, essa melhora ocorre

devido à adaptação neural e melhora da coordenação, incluindo ativação seletiva de

unidades motoras, maior sincronização de esforço, ativação seletiva dos músculos,

melhor coordenação intermuscular e aumento do recrutamento de unidades motoras

(CORMIE et al., 2011).

A ―mudança de direção‖, por sua vez, é um atributo físico importante para os atletas

de futebol, considerando a ampla gama de situações dentro do jogo que

proporcionam mudanças súbitas de direção (por exemplo, roubadas de bola ou

ataques) (MOHR et al., 2003; NEGRA et al., 2016). Tais ações demandam alta força

e capacidade de gerar potência dos membros inferiores (JULLIEN et al., 2008;

NEGRA et al., 2016). No entanto, a transferência da velocidade em linha reta para a

agilidade é complexa e não pode ser garantida (HAMMAMI et al., 2017). Além disso,

pode haver outros fatores, tais como a técnica, que são ainda mais importantes do

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que o treinamento de força, quando se trata de testes que envolvem várias

mudanças de direção (DE HOYO et al., 2016).

De Hoyo et al. (2016) realizaram um estudo cuja hipótese era de que a combinação

de cargas leves, altas velocidades de execução e velocidade máxima pretendida de

contração é um estímulo potencial (adaptações específicas da velocidade) para

melhorar a força explosiva. Esses autores compararam o efeito de 8 semanas de 3

diferentes métodos de treinamento de força de carga baixa a moderada

(agachamento, sprint com resistência e pliometria) no desempenho de salto, sprint e

no teste de mudança de direção. De maneira geral, todos os grupos apresentaram

melhora no desempenho do salto, o grupo que realizou o treinamento com exercício

de agachamento apresentou melhores resultados no desempenho de sprints

comparado aos demais grupos, e nenhum método de força adotado provocou

alterações nos testes de mudança de direção. Dessa forma, De Hoyo et al. (2016)

mostraram que o treinamento de força com agachamento completo, baixo a

moderados percentuais de 1RM (40-60% de 1RM), baixo volume (2-3 séries por

sessão e 4 a 8 repetições por série) e executado o mais rápido possível repercute

em efeitos positivos em ações explosivas, podendo ser usado como parte de um

programa de treinamento sistematizado para atletas jovens de futebol.

Durante a temporada competitiva do futebol, o treinamento é organizado em

microciclos compostos por sessões voltadas para o desenvolvimento do

condicionamento físico, técnico-tático e ainda por um ou dois jogos competitivos.

Para manter os padrões de desempenho e as adaptações fisiológicas adquiridas

durante o período de pré-temporada, o treinamento de força geralmente ocorre duas

a três vezes na semana, dependendo do microciclo e do calendário de jogos (HOFF,

2005; REVERTER-MASÍA et al., 2009).

Contudo, há evidências de que o treinamento de força pode dificultar o desempenho

técnico devido ao aparecimento de fadiga muscular localizada (APRIANTONO et al.,

2006; LYONS et al., 2006) e induzir uma resposta inflamatória de fase aguda devido

à lesão muscular. Essa resposta é caracterizada pela infiltração de fagócitos no

músculo, produção de radicais livres e deterioração do desempenho (PEAKE et al.,

2016).

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Dessa forma, estudos têm investigado o efeito agudo de sessões de treinamento de

força no desempenho de atletas de futebol com o intuito de verificar uma adequada

organização das sessões de treinamento, recuperação e jogos durante microciclos,

evitando assim, que essas sessões não interfiram de maneira negativa no

desempenho em jogos de futebol (DRAGANIDIS et al., 2013; KESOGLOU et al.,

2009). Esse tipo de estudo, contribui para trazer informações sobre o tempo ótimo

necessário para recuperar dentro de microciclos, evitando assim, decréscimos no

desempenho durante os jogos ocasionados por fadiga gerada durante sessões de

treinamento de força.

Draganidis et al. (2013) investigaram a janela ótima de recuperação após uma

sessão de treinamento de força de baixa a moderara ou alta intensidade, antes da

realização de um jogo durante um microciclo de atletas de futebol de elite. O objetivo

desses autores foi determinar se o desempenho em habilidades do futebol é afetado

pela realização de uma sessão de treinamento de força aguda e se tal efeito é

dependente da intensidade. O desempenho das habilidades do futebol foi avaliado

por meio de testes de passe longo, chute, drible e cabeceio. Dor muscular de início

tardio, amplitude de movimento articular do joelho e força muscular (1RM) no

agachamento foram considerados marcadores de dano muscular. Amostras de

sangue para análise da CK, PCR e contagem de leucócitos também foram

coletadas. Todas essas variáveis foram mensuradas nos momentos pré,

imediatamente após, 24, 48 e 72 h após a sessão de treinamento de força. Os

exercícios realizados na sessão de treinamento foram agachamento, extensão de

pernas na posição sentada, leg horizontal, lunges e flexão/extensão de tornozelo. O

protocolo de menor intensidade consistiu de 4 séries de 8 a 10 repetições com

intensidade de 65 a 70% de 1RM para cada exercício, ao passo que o protocolo de

maior intensidade foi composto por 4 séries de 4 a 6 repetições com 85 a 90% de

1RM. O intervalo de recuperação entre as séries e exercícios foi de um e três

minutos para os protocolos de menor e maior intensidade, respectivamente.

Esses autores encontraram que a dor muscular aumentou imediatamente após o

exercício e com 24 h de recuperação para ambos os grupos. Contudo, a dor

permaneceu elevada por até 48 h somente no grupo de maior intensidade e retornou

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aos valores basais depois desse período. A amplitude de movimento do joelho

permaneceu inalterada em ambos os grupos durante o período de recuperação. Em

ambos os protocolos a CK permaneceu elevada por até 48 h, contudo, para o

protocolo de menor intensidade o pico da CK foi verificado com 24 h, ao passo que

para o protocolo de maior intensidade o pico da CK ocorreu com 48 h. Além disso, o

pico da CK foi próximo a 390 U/L-1 em ambos os grupos, valor bem abaixo daqueles

observados após jogos de futebol (FATOUROS et al., 2010; ISPIRLIDIS et al.,

2008), o que sugere que os protocolos provocaram apenas uma resposta leve ao

dano muscular (DRAGANIDIS et al., 2013). A força da perna permaneceu inalterada

no grupo de menor intensidade e reduziu somente imediatamente após o protocolo

de maior intensidade. A contagem de leucócitos aumentou com 24 h de recuperação

de maneira similar em ambos os protocolos, e após esse período retornou aos

valores basais. A PCR aumentou significativamente após o exercício, apresentou

valores pico com 24 h de recuperação e retornou aos valores basais após esse

período, em ambos os grupos. Contudo, o grupo de maior intensidade apresentou

maiores valores de PCR pós e 24 h, comparado ao grupo de menor intensidade,

indicando um efeito dependente da intensidade. A cinética de recuperação da PCR

verificada no estudo de Draganidis et al. (2013) é semelhante àquela verificada após

jogos de futebol (FATOUROS et al., 2010; ISPIRLIDIS et al., 2008; SOUGLIS et al.,

2015; SOUGLIS et al., 2018), porém, de menor magnitude, sugerindo uma menor

resposta inflamatória após a sessão de treinamento de força. Essa resposta

inflamatória leve aos protocolos coincidiu com o padrão de resposta do desempenho

na maioria das habilidades do futebol, que não foram afetadas.

Sendo assim, os protocolos de força adotados no estudo de Draganidis et al. (2013)

simularam aqueles utilizados por equipes de futebol durante temporadas

competitivas e não induziram fraqueza local (a força permaneceu inalterada) ou

desconforto (resposta leve de dano muscular) em membros inferiores. O

desempenho das habilidades permaneceu inalterado após a sessão de treinamento

de força, exceto no Loughborough Soccer Passing Test e no teste de chutes, que

estavam reduzidos apenas imediatamente após o exercício. O chute depende da

força muscular da perna e da velocidade resultante da bola durante o chute. De fato,

um movimento de chute coordenado depende da aplicação da força muscular

controlada e das interações segmentares (APRIANTONO et al., 2006). Extensões e

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flexões do joelho com cargas e realizadas de maneira repetida, como nos protocolos

do estudo, podem prejudicar a coordenação intersegmentos (APRIANTONO et al.,

2006). Contudo, com 24 h não foram mais encontrados prejuízos no desempenho

dos chutes (DRAGANIDIS et al., 2013).

Esses resultados sugerem que, de forma aguda, os dois protocolos de exercícios de

força produziram apenas danos musculares e respostas inflamatórias leves e de

curta duração em jogadores de futebol. Além disso, o desempenho de habilidades

de futebol é minimamente afetado pelo exercício de força, independente da

intensidade. O efeito residual do exercício de força de maior intensidade no

desempenho de habilidades de futebol dura menos de 24 h, sugerindo que atletas

de elite podem estar aptos a participar de jogos de futebol 24 h após uma sessão de

treinamento de força. Portanto, com base nos achados de Draganidis et al. (2013), o

treinamento de força para membros inferiores pode ser realizado pelo menos 24 h

antes do próximo jogo ou sessão de treino durante um microciclo de treinamento.

Contudo, vale ressaltar que esses achados correspondem ao treino de maneira

isolada, e não a combinação do jogo com o treino.

Kesoglou et al. (2009), com o objetivo de verificar o impacto de uma sessão de

treinamento de força após um ou dois dias de recuperação no desempenho de

variáveis associadas ao futebol, realizaram um estudo experimental com 6 homens,

jogadores de futebol universitário. Para isso, os indivíduos realizaram duas situações

experimentais de maneira randomizada: treinamento de força seguido de um dia de

recuperação passiva (S1) ou dois dias de recuperação passiva (S2). Após a

recuperação (1 ou 2 dias), os indivíduos realizaram um jogo de futebol simulado. A

força isométrica, ativação muscular, dor muscular e salto vertical foram as variáveis

mensuradas antes e imediatamente após a sessão de treinamento de força, 24 h

após, antes e imediatamente após o jogo simulado para S1 e S2. Essas variáveis

também foram coletadas 48 h após a sessão de força para S2. O protocolo de

treinamento consistiu no exercício agachamento, até 90 graus, com ênfase no

treinamento de alta velocidade e potência. Sendo assim, os jogadores levantaram

pesos relativamente leves, o mais rápido possível, com foco em uma rápida

extensão de quadril. Foram realizadas 4 séries de 4 a 6 repetições a 40% do 1RM,

com intervalos de recuperação entre as séries de 3 a 5 min. Esses autores não

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encontraram diferenças nas variáveis medidas com um ou dois dias de recuperação.

Tais resultados sugerem que o treinamento de alta velocidade e baixos percentuais

de 1RM é relativamente não fatigante, produz pouca dor muscular e permite que a

força muscular isométrica e a altura do salto vertical sejam mantidas em níveis

semelhantes aos observados antes de sua aplicação após apenas um dia de

recuperação.

Embora Draganidis et al. (2013) e Kesoglou et al. (2009) tenham verificado que

sessões de treinamento de força de diferentes intensidades não provocam redução

no desempenho de habilidades do futebol quando realizadas 24 h previamente a um

jogo, em ambos os estudos os jogadores realizaram a sessão de força em

condições descansados. Draganidis et al. (2013), para garantir a recuperação

completa dos atletas, realizou o estudo em período fora da temporada, duas

semanas após finalizada a temporada competitiva dos atletas. Dessa forma,

permanece a lacuna na literatura sobre o efeito agudo de sessões de treinamento de

força realizadas no período pós-jogo dentro de um microciclo. Durante temporadas

competitivas, conforme reportado anteriormente, podem ocorrer de dois a três jogos

por semana. Portanto, ainda não se sabe o efeito da fadiga induzida por um jogo,

acumulada com a fadiga induzida por sessões de treinamento de força realizadas 24

ou 48 h após o jogo, no desempenho do jogo seguinte, realizado 72 h após o

primeiro. Em outras palavras, permanece a questão se em um mesmo microciclo,

quando jogos de futebol são realizados no domingo e na quarta-feira, sessões de

treinamento de força realizadas na segunda ou terça-feira influenciam de maneira

negativa e distinta a cinética de recuperação dos atletas.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Cuidados éticos

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Minas Gerais (CAAE: 74974117.3.0000.5149) (ANEXO 1) e

respeita todas as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde (Res

466/2012). Uma carta de anuência (APÊNDICE 1) foi obtida pelo responsável

técnico do clube e todas as atletas, após receberam esclarecimento quanto aos

procedimentos a serem realizados, assinaram um termo de consentimento livre e

esclarecido em concordância à participação nos experimentos (APÊNDICE 2).

3.2 Sujeitos

Conforme descrito no capítulo ―Objetivo geral‖ e por fins didáticos, o presente projeto

foi dividido em 3 estudos, para os quais foram adotados diferentes procedimentos

que serão descritos a seguir e nos capítulos correspondentes a cada estudo, com a

apresentação dos artigos científicos redigidos para cada um.

Participaram do estudo 21 atletas profissionais de futebol do sexo feminino de uma

equipe de Belo Horizonte (estudo 1: n = 15; estudo 2: n=10; estudo 3: n=10). Todas

as atletas eram afiliadas à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), treinavam 5-6

vezes por semana (2-3 horas por sessão), incluindo treinos físicos e técnico-táticos.

Todas as atletas apresentavam experiência com o treinamento de força, e, além

disso, os exercícios da STF realizados nos estudos 1 e 2 foram incluídos na rotina

de treinamento durante a pré-temporada, com o propósito de familiarização. Apenas

jogadoras de linha participaram do presente estudo, sendo adotado um tempo

mínimo de jogo de 45 minutos como critério de inclusão para os estudos 1 e 3. A

coleta foi realizada durante a pré-temporada (familiarização), período competitivo,

em que as atletas estavam participando de duas competições simultaneamente,

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uma regional aos domingos - jogos da Copa BH de futebol feminino 2018 e outra

nacional às quartas-feiras - campeonato Brasileiro A2 (estudos 1 e 3) e durante o

período intertemporada (estudo 2).

3.3 Delineamento Experimental

Durante o período da pré-temporada, as atletas realizaram os seguintes testes para

caracterização da amostra: avaliação antropométrica (massa corporal, estatura e

percentual de gordura por meio do método de dobras cutâneas) e Yoyo Intermittent

Recovery-test level 2 (Yo-Yo IR2). Com o propósito de familiarização, testes de salto

com contramovimento, teste de velocidade de 20m e exercícios para membros

inferiores (squat, deadlift, lunges) foram incluídos na rotina de treinamento das

atletas, bem como o uso de escalas de dor muscular e TQR. Duas sessões de

testes separadas por um intervalo de 5 dias foram realizadas para obtenção do

Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI2,1) e do Erro Padrão de Medida (EPM) do

SCM e sprint (WEIR, 2005). Previamente ao início do período competitivo, foi

realizado um teste de repetições máximas (até a falha concêntrica) para estimativa

de 1RM por meio da equação de Lombardi (BRECHUE & MAYHEW, 2012). Esse

teste foi repetido a cada dois meses, com o intuito de atualizar os valores de 1RM

estimados.

As coletas foram realizadas de acordo com o calendário de competições, ao longo

de 5 partidas oficiais da Copa BH de futebol feminino, realizadas aos domingos.

Esses jogos ocorreram no período de Abril a Julho de 2018 e iniciaram em horários

semelhantes (TABELA 6.1, p.118). Uma série de variáveis, descritas no tópico ―3.5

Procedimentos de coleta para variáveis de monitoramento‖, foi coletada nos

momentos pré, 24, 48 e 72h após a realização dos jogos. A recuperação física,

fisiológica e respostas perceptivas após os jogos de futebol feminino foram

monitoradas em um total de 15 atletas, cujos dados estão apresentados no estudo 1.

Com o intuito de verificar a recuperação após realização de uma sessão de

treinamento de força, foi selecionada uma semana do período intertemporada em

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que não havia jogos. Nessa semana, 10 atletas realizaram uma sessão de

treinamento de força e variáveis de monitoramento foram avaliadas nos momentos

pré, imediatamente pós, 24 e 48h pós-treino de força. Esses procedimentos foram

realizados para contemplar o estudo 2.

Para avaliar a recuperação pós-treino de força no período pós-jogo, foram

comparadas três situações experimentais: (1) sessão de treinamento de força

realizada 24h pós-jogo (STF24h), (2) sessão de treinamento de força realizada 48h

pós-jogo (STF48h) e (3) situação Controle, em que as atletas não realizaram sessão

de treinamento de força, apenas a coleta das variáveis de monitoramento

(semelhante ao estudo 1). Um total de 10 atletas completaram as 3 situações

experimentais, sendo estes dados apresentados no estudo 3. Para minimizar a

influência dos diferentes jogos sobre os resultados do estudo, a ordem das situações

experimentais foi randomizada entre as atletas.

FIGURA 3.1 Delineamento Experimental

Legenda: STF sessão de treinamento de força. Fonte: Elaborado pela autora

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3.4 Procedimentos

3.4.1 Caracterização antropométrica

Foram realizadas medidas antropométricas de estatura, massa corporal (balança

digital WELMY, Modelo W200/5, 2012) e dobra cutânea (Plicômetro clínico Cescorf,

Brasil) para caracterização da amostra. Foi adotado o protocolo de 7 dobras de

Jackson e Pollock (1978), sendo o percentual de gordura estimado por meio da

equação de Siri (1961). Avaliações de percentual de gordura foram refeitas

mensalmente e os dados mais recentes (de acordo com as coletas de cada estudo)

foram usados para análise descritiva da respectiva amostra.

3.4.2 Yo-Yo Intermittent Recovery Test

O Yo-Yo IR consiste em um teste que avalia a capacidade de uma pessoa treinada

em realizar um exercício intenso repetido com uma grande contribuição anaeróbia

de fornecimento de energia (BANGSBOO, IAIA & KRUSTRUP, 2008). As atletas

foram orientadas a correr o maior tempo possível, ao longo de uma distância de 20

m demarcada por cones, indo e voltando, em uma velocidade que aumentava

progressivamente, indicada por um gravador. A cada 40 m percorridos (ida e volta),

havia um intervalo de recuperação ativa de 10 s. Um sinal sonoro avisava quando as

atletas deveriam estar em uma extremidade ou outra da faixa dos 20 m e também

controlava o intervalo de recuperação. O teste era interrompido quando a atleta não

alcançava a extremidade dentro do tempo determinado por mais de duas vezes

consecutivas, ou quando a própria atleta decidisse voluntariamente interromper o

teste. Existem dois níveis para esse teste, o nível 1 (Yo-Yo IR1) inicia em uma

menor velocidade e com aumentos mais moderados na velocidade comparada ao

nível 2 (Yo-Yo IR2). As atletas realizaram o Yo-Yo IR2 durante a pré-temporada e o

Yo-Yo IR1 durante o período intertemporada. Dessa forma, o consumo máximo de

oxigênio (VO2máx) de cada atleta foi estimado por meio da equação 1 para os

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estudos 1 e 3; e por meio da equação 2 no estudo 2 (BANGSBOO, IAIA e

KRUSTRUP, 2008).

Yo-yo IR2:

VO2máx (mL.min-1.kg-1) = distância (m) × 0.0136 + 45.3 (equação 1)

Yo-yo IR1:

VO2máx (mL.min-1.kg-1) = IR1 distância (m) × 0.0084 + 36.4 (equação 2)

3.4.3 Teste para estimar 1RM

Na semana anterior ao primeiro jogo da coleta, as atletas realizaram um teste para

estimar o peso correspondente a 1RM dos seguintes exercícios: half-squat, deadlift

e lunges. Inicialmente, realizaram um aquecimento que consistiu de 1 série de 6

repetições de cada exercício, somente com os 20 kg da barra olímpica. Em seguida,

as atletas escolheram um peso para realizar repetições até a falha concêntrica.

Caso a falha não ocorresse até a sexta repetição, a tentativa era interrompida, e

uma nova tentativa realizada com um peso maior. Foram realizadas no máximo 3

tentativas para cada exercício de forma que a falha concêntrica ocorresse antes da

sexta repetição. Caso isso não ocorresse nas 3 primeiras tentativas, um novo dia de

teste era realizado. O peso e número de repetições até a falha foram utilizados para

estimar o valor de 1RM por meio da equação de Lombardi (equação 3) (BRECHUE

& MAYHEW, 2012). Essa equação produziu a melhor estimativa de 1RM no

exercício squat quando realizado com carga próxima a 80% 1RM, na faixa de 5 a 17

repetições até a falha em jogadores de futebol (BRECHUE & MAYHEW, 2012).

Testes para predizer o 1RM a partir de repetições até a falha tem sido utilizados

(KESOGLOU et al., 2009) para evitar os riscos e demanda de tempo exigidos por

testes de 1RM em jogadores profissionais de futebol. Devido a dificuldades em

realizar um teste máximo para o jump squat, o valor de 1RM determinado para o

half-squat foi também adotado para o exercício jump squat. Esse teste foi repetido a

cada dois meses com o propósito de atualizar os valores estimados de 1RM durante

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os jogos coletados no período competitivo (estudos 3) e durante o período

intertemporada (estudo 2).

Equação de Lombardi:

1RM = (Peso x número de repetições) 0.10 (equação 3)

3.5 Procedimentos de Coleta para Variáveis de Monitoramento

Conforme já descrito, a dinâmica das variáveis investigadas foi verificada nos

momentos pré, 24, 48 e 72 h pós-jogo (estudos 1 e 3) e nos momentos pré, pós, 24

e 48 h pós-treino de força (estudo 2). O momento pré-jogo para os testes físicos

(SCM e sprint) foi realizado 2-3 dias previamente ao jogo. Para as demais variáveis

(coleta de sangue, escalas de percepção e questionários) o momento pré-jogo

correspondeu aproximadamente a 60 min antes do início dos jogos.

As variáveis de monitoramento foram classificadas em variáveis de desempenho

(altura do SCM e tempo nos 10 e 20 m de sprint), fisiológica (PCR) e respostas

perceptivas (DOMS, TQR e BRAMS, para dados de fadiga e vigor). Contudo, como

questionários para avaliar a escala de humor e TQR foram inseridos no meio do

período competitivo, dados para essa variável foram apresentados apenas nos

estudos 1 e 2. Devido à indisponibilidade do equipamento durante o período

intertemporada, a PCR não foi coletada no estudo 2.

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68

FIGURA 3.2 Situações Experimentais

Legenda: STF sessão de treino de força. Fonte: Elaborado pela autora

3.5.1 Teste de salto com contramovimento

Durante o período da pré-temporada, as atletas receberam instruções verbais e

demonstrações sobre a técnica do salto com contramovimento. Com o intuito de

familiarização, as atletas foram orientadas a realizar os saltos durante sessões de

preparação física e receberam correções quando necessário. Por fim, as voluntárias

realizaram dois dias de teste durante esse período, separados por um intervalo de 5

dias, para obtenção do CCI2,1 (0.931) e do EPM (0.7 cm). O SCM foi realizado a

partir da posição ortostática, com joelhos estendidos e as mãos apoiadas no quadril,

na região supra-ilíaca. As atletas executavam uma ação excêntrica de flexão de

joelhos até a angulação que julgassem mais eficiente, seguida por uma ação

concêntrica de extensão de joelhos. Os joelhos permaneceram estendidos durante a

fase de voo e a aterrissagem foi em flexão plantar.

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O mesmo protocolo foi adotado em todos os testes de SCM. Inicialmente, as atletas

realizavam um aquecimento padrão que consistiu de 3 SCM submáximos, seguido

de 4 saltos máximos com intervalo mínimo de 15 s entre eles (SZMUCHROWSKI et

al., 2011; OLIVEIRA et al., 2018). Os testes de SCM foram realizados em um tapete

de contato (Multisprint®, Hidrofit Ltda, Brasil), a altura do salto estimada pelo tempo

de voo e os dados registrados por meio do software Multi-Sprint®. Para análise dos

dados foi utilizada a média e o melhor desempenho dos 4 saltos.

FIGURA 3.3 Salto com contramovimento

Fonte: fotografia da autora

3.5.2 Teste de velocidade de 20 metros

Com o propósito de familiarização, durante o período da pré-temporada foi

registrado o tempo no teste de velocidade, por meio de 3 fotocélulas (Multisprint®,

Hidrofit Ltda, Brasil), posicionadas a distâncias de 10 e 20 m da primeira fotocélula.

Sendo assim, foram registrados os tempos dos 10 m iniciais e 20 m totais. Por fim,

as atletas realizaram dois dias de teste durante esse período, separados por um

intervalo de 5 dias, para obtenção do CCI2,1 (0.640) e do EPM (0.050 s) no teste de

sprint.

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70

O mesmo protocolo foi adotado em todos os testes de sprint. Inicialmente as atletas

percorriam os 20 m em baixa intensidade, com o propósito de aquecimento e

reconhecimento do espaço / distância. Em seguida, as atletas posicionavam o pé a

0,5 m de distância da primeira fotocélula e eram orientadas a correr os 20 m o mais

rápido possível. Foram realizadas duas tentativas de 20 m de sprint, com intervalo

aproximado de 2 min entre elas. Estímulos verbais foram proporcionados em todas

as tentativas com o propósito de motivação. Os dados foram fornecidos online pelo

software Multi-Sprint®, com precisão de 0.001 s. As fotocélulas foram posicionas em

um tripé, a uma altura aproximada de 1 m do chão. Para análise dos dados foi

utilizada a média e o melhor tempo nos 10 m iniciais e 20 m totais de sprint.

3.5.3 Variáveis fisiológicas

Foi realizada punção digital, após esterilização local com álcool etílico 70%. Uma

lanceta com disparador automático foi utilizada e o sangue drenado para um coletor

de amostra. Em seguida, esse coletor de amostra foi conectado a um tubo de

tampão de detecção e o reagente homogeneizado. As duas primeiras gotas do

reagente foram descartadas e então duas gotas adicionadas no poço da amostra de

um cassete. Após três minutos, o cassete carregado com a amostra foi inserido em

um analisador automático de imunoensaio fluorescente (ICHROMATM Reader, BS

Ver01 01-2016, Coréia do Sul), para quantificação da PCR.

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71

FIGURA 3.4 Coleta de sangue para análise de variável fisiológica

Fonte: fotografia da autora

3.5.4 Escala de Dor muscular

A dor muscular foi avaliada utilizando uma escala visual analógica exibida na figura

3.5. Essa escala foi inicialmente apresentada e utilizada pelas atletas durante a pré-

temporada, com o propósito de familiarização. Durante o período de coletas foi

solicitado às atletas que apontassem a opção que melhor descrevesse seu nível de

dor muscular nos momentos pré, 24, 48 e 72 h após a realização dos jogos de

futebol (estudo 1 e 3) e nos momentos pré, pós, 24 e 48 h após a realização da

sessão de treino de força (estudo 2).

FIGURA 3.5 Escala Analógica Visual de dor muscular

Fonte: Matos, M. Disponível em http://www.patologiadaatm.com.br/tensao-na-face-e-o-

diagnostico-de-dtm-muscular/

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72

3.5.5 Escala de Qualidade Total de Recuperação

Para determinação da percepção de recuperação, cada atleta apontava um valor na

escala TQR (FIGURA 3.6) para responder a seguinte questão: ―Como você se sente

em relação a sua recuperação?‖ nos momentos pré, 24, 48 e 72 h após os jogos

(estudo 1 e 3) e nos momentos pré, pós, 24 e 48 h após a realização da sessão de

treino de força (estudo 2).

FIGURA 3.6 Qualidade Total de Recuperação

Nota Descritor

6

7 Muito, muito mal recuperado

8

9 Muito mal recuperado

10

11 Mal recuperado

12

13 Razoavelmente recuperado

14

15 Bem recuperado

16

17

18

19

20

Muito bem recuperado

Muito, muito bem recuperado

Fonte: Adaptado Kentta e Hassmen (1998)

3.5.6 Escala de Humor Brasileira

Uma avaliação do estado de humor das atletas foi realizada por meio da Escala de

humor Brasileira (BRAMS) (MIRANDA et al., 2008). Esse instrumento consiste de 24

itens e 6 sub-itens avaliando o humor: vigor, fadiga, tensão, depressão, raiva e

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confusão. Cada item é ranqueado em uma escala Likert que varia de 0 (nada) a 4

(extremamente) e os respondentes devem indicar como se sentem naquele

momento (ANEXO 2). Esse instrumento foi validado para a língua portuguesa por

Miranda et al. (2008). Contudo, uma vez que a maioria das atletas indicou valores

diferentes de zero apenas para fadiga e vigor, foram reportados os dados apenas

desses dois sub-itens.

3.5.7 Questionários

Para monitoramento das condições relacionadas ao ciclo menstrual, um questionário

foi incluído no meio da temporada competitiva. Dessa forma, as atletas responderam

as seguintes questões nos momentos pré, 24, 48 e 72 h após os jogos (estudo 1 e

3) e nos momentos pré, pós, 24 e 48 h após a realização da sessão de treino de

força (estudo 2):

1) Você está menstruada?

2) Se sim, fez uso de algum remédio para cólica? Qual?

3) Qual foi a data do primeiro dia da sua última menstruação?

4) Fez uso de algum remédio para cólica nos últimos 3 meses? Qual? Quando?

5) Você faz uso de anticoncepcional? Se sim, qual?

3.6 Procedimentos no dia dos jogos e monitoramento da carga de jogo

No dia dos jogos foi realizada coleta de urina das atletas para verificar o estado de

hidratação das mesmas por meio de um refratômetro portátil (Uridens Inlab, São

Paulo, Brasil) e registrada a massa corporal antes e após o jogo por meio de uma

balança digital (G-Tech Glass 10, China). Água ad libitum foi permitida durante o

jogo. As atletas utilizaram um monitor de frequência cardíaca (Firsbeat 1425652,

Firstbeat Technologies Oy, Finlândia) para registro da frequência cardíaca média,

máxima e percentual da frequência cardíaca máxima (%FCmax). Além disso, foram

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monitoradas por meio do sistema de posicionamento global (GPS), com uma

frequência de amostragem de 5 Hz (QStarz BT-Q1300ST, Qstarz International Co.,

Ltd., Taiwan) para registro da distância total e distância percorrida em diferentes

intensidades (alta: >18 km.h-1, moderada: 10 a 18 km.h-1 e baixa: 0 a 10 km.h-1)

(adaptado de KRUSTRUP et al., 2005). Especificações do instrumento (QStarz BT-

Q1300ST) para dados de acurácia: a precisão da posição é 3,0 m 2D-RMS sem

auxílio ou <3m CEP (50%) sem SA (horizontal); Com DGPS (WAAS, EGNOS,

MSAS) a precisão da posição é 2,5 m. A precisão da velocidade é 0,1 m/s sem

auxílio e 0.05 m/s com DGPS (WAAS, EGNOS, MSAS). Tempo 50 ns RMS. Datum

WGS-84. A temperatura ambiente e umidade relativa do ar também foram

registradas durante o jogo, a cada 15 min, por meio de um termo-higrômetro digital

(TTH100, Incoterm®, Brasil).

3.7 Protocolo de Treinamento de Força

O protocolo de treino de força consistiu nos exercícios half-squat, jump squat,

deadlift e lunges, com ênfase no treinamento de potência. As atletas realizaram o

movimento o mais rápido possível, com foco em uma rápida extensão de quadril.

Dessa forma, as atletas foram orientadas a realizar a fase concêntrica com

velocidade explosiva e a fase excêntrica em dois segundos. Foram realizadas 3

séries de 6 repetições com intensidade de 50% de 1RM e um período de

recuperação de 3 minutos entre as séries (DE HOYO et al., 2016). Justificando o

protocolo adotado, tem sido reportado na literatura protocolos semelhantes com

baixos a moderados percentuais de 1RM e alta velocidade (4-8 repetições por série,

a 45-60% de 1RM) (FRANCO-MARQUEZ et al., 2015; RODRIGUEZ-ROSELL et al.,

2016; TORRES-TOLEDO et al., 2016) na rotina de jogadores de futebol. Além disso,

esse protocolo é semelhante a sessões de treino de força que atletas de futebol são

submetidos durante o período competitivo.

Para analisar o desempenho na STF nas condições do estudo 3 (STF24h e

STF48h), o exercício agachamento (half-squat) foi realizado sobre uma plataforma

de força (PLA3–1D-7KN/JBA Zb; Staniak; Warsaw, Poland). A frequência de

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amostragem foi configurada para 400 Hz. O software Max (Universal Programme for

Measurement Maintance by Integrated Amplifires, versão 5.5) foi utilizado para

registro dos dados. Inicialmente foi realizado procedimentos de calibração com

valores de referência de 0, 10, 30, 50 e 80 kg. Após coleta dos dados, a opção

smooth foi selecionada e um filtro de 60 Hz foi passado automaticamente pelo

programa. Os dados foram então importados em arquivos de texto e convertidos de

DAX para ASCII utilizando o SPSS. Após salvo, o arquivo foi alterado de .dat para

.asc, tornando-se compatível com o programa de análise. O software Data

Acquisition System Laboratory (DASYLab, versão 11.0) foi utilizado para análise dos

dados. A força média e a força pico das seis repetições de uma série foram

analisadas. O início e fim de cada repetição foram definidos quando a força de

reação do solo fosse equivalente ao peso corporal somado ao peso da barra e

anilhas (peso do sistema). A taxa de desenvolvimento da força (TDF) foi definida

como a variação (delta) da força (força pico menos força do sistema), dividido pela

variação do tempo (tempo até alcançar a força pico) (n=8).

A figura 3.7 ilustra como a análise dos dados foi realizada para a TDF. O cursor da

esquerda foi posicionado no valor de força referente ao peso do sistema (F=1298,65

N e Tempo=11,64 s), ao passo que o cursor da direita foi posicionado no valor

máximo de força atingido, ou força pico (F=1673,49 N e Tempo=11,94 s). A TDF foi

então calculada pela razão entre o delta de força e o delta de tempo resultando em

1249,47 N/s.

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FIGURA 3.7 Curva força x tempo para o exercício agachamento

Fonte: fotografia da autora

Para avaliar a percepção subjetiva de esforço da sessão de treinamento de força, as

atletas responderam a seguinte pergunta: ―Como foi sua sessão?‖, e apontavam um

valor na escala proposta por Foster et al. (2001) aproximadamente 30 min finalizada

a sessão de força (estudo 2).

3.8 Análise estatística

Inicialmente foram verificados os pressupostos de normalidade e esfericidade dos

dados, por meio dos testes de Shapiro-Wilk e Mauchly, respectivamente. Quando

violada, correção de Greenhouse-Geisser foi utilizada. Para análise descritiva dos

dados foram utilizados valores médios e respectivos desvios padrão. O nível de

significância adotado foi de α=0,05. Análise do CCI2,1 (ANOVA two-way random

effects com concordância absoluta - absolute agreement) foi utilizada para avaliar a

confiabilidade do SCM e 20 m sprint por meio do desempenho médio obtido em

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ambos os testes em duas sessões da pré-temporada. O EPM foi calculado conforme

proposto por Weir (2005). O tamanho do efeito (effect size (ES)) e intervalos de

confiança foram determinados em cada estudo, por meio das planilhas “post-only

crossover” disponibilizadas em http://www.sportsci.org/resource/stats/ para

comparações pareadas. Valores limiares para ES foram definidos como trivial (<0.2),

pequeno (0.2-0.6), moderado (0.6-1.2), grande (1.2-2.0) e muito grande (>2.0)

(HOPKINS, 2000). Os dados foram analisados no programa Statistical Package of

the Social Sciences versão 22.0 (SPSS Inc., Chicago, Illinois) e no programa

Graphpad® (Prism 5.0, San Diego, CA, USA).

Estudo 1: Anova one-way de medidas repetidas foi utilizada para verificar alterações

ao longo do tempo (pré, 24, 48 e 72 h pós-jogo) nas variáveis paramétricas de

monitoramento (média e melhor altura do SCM, média e melhor tempo nos 10 e 20

m de sprint) e o post hoc de Bonferroni utilizado para localizar essas diferenças.

Teste de Friedman e post hoc de Dunns foram utilizados para os dados não

paramétricos, tais como PCR, DOMS, TQR, fadiga e vigor. Medidas de tamanho do

efeito foram apresentadas para todas as variáveis (HOPKINS et al., 2009).

Estudo 2: Anova one-way de medidas repetidas foi utilizada para verificar alterações

ao longo do tempo (pré, pós, 24 e 48 h pós-STF) nas variáveis paramétricas de

monitoramento (média e melhor altura do SCM, média e melhor tempo nos 10 e 20

m de sprint) e o post hoc de Bonferroni utilizado para localizar essas diferenças.

Teste de Friedman e post hoc de Dunns foi utilizado para os dados não

paramétricos, tais como DOMS, TQR, fadiga e vigor. Medidas de tamanho do efeito

foram apresentadas para todas as variáveis (HOPKINS et al., 2009).

Estudo 3: Anova two-way de medidas repetidas (3x4) foi realizada para verificar

diferenças nas variáveis dependentes (média e melhor SCM, média e melhor tempo

nos 10 e 20 m de sprint, PCR e DOMS) entre as condições experimentais (STF24h,

STF48h e Controle) e ao longo do tempo (pré, 24, 48 e 72 h pós-jogo). Post hoc de

Bonferroni foi utilizado para localizar essas diferenças. Anova one-way de medidas

repetidas foi utilizada para comparar as cargas de jogo entre condições

experimentais. Test t foi utilizado para comparar a qualidade das STF (TDF, força

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média e força pico) entre as condições (STF24h e STF48h). Medidas de tamanho do

efeito foram apresentadas para todas as variáveis (HOPKINS et al., 2009).

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4 STUDY 1 POST-MATCH PERFORMANCE, PHYSIOLOGICAL AND

PERCEPTUAL RECOVERY IN FEMALE SOCCER PLAYERS

Submitted to the Journal of Strength and Conditioning Research on 23 January 2020

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Abstract

The aim of this study was to quantify the 72 h post-match recovery profile, of female

soccer players, including use of best vs mean performance effort to infer physical

recovery. Fifteen professional Brazilian female soccer players undertook testing prior

to and at 24, 48 and 72 h post-match. Tests included countermovement jump (CMJ)

and 20 m sprint, with best and mean efforts analysed. C-reactive protein (CRP)

analyses, and perceptual measures, such as delayed onset muscle soreness

(DOMS), total quality of recovery (TQR) and Brazilian Mood Scale (Fatigue and

Vigor) were collected. One-way repeated-measures ANOVA, Friedman test and

Effect size (ES) analyses compared the time-course of recovery. Significance was

accepted at α=0.05. Mean post-match CMJ height was reduced at 24 h (p<0.05,

ES=-0.45), though best effort was still reduced at 48 h (p<0.05, ES=-0.33). Both

mean and best 20 m sprint time were slower until 48 h post-match (p<0.05, ES=0.68;

p<0.05, ES=0.73, respectively). CRP was increased until 24 h (p<0.05, ES=0.78),

returning to baseline by 48 h. DOMS peaked at 24 h (ES=0.14), although did not

differ to pre (p<0.05). TQR and vigor were significantly reduced at 24 h post-match

(p<0.05, ES=-1.92; p<0.05, ES=-0.42; respectively), while fatigue was significantly

increased (p<0.05, ES=0.37). In conclusion, reductions in speed and power were

evident until 48 h post-match, while physiological and perceptual responses were

altered until 24 h in female soccer players. Finally, best effort of power is more likely

to inform physical recovery status of speed or power in the 72 h post-match.

Keywords: football, women, fatigue.

[Production Note: This paper is not included in this digital copy due to copyright restrictions.]

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5 STUDY 2 RECOVERY TIMELINE FOLLOWING RESISTANCE TRAINING IN

PROFESSIONAL FEMALE SOCCER PLAYERS

Published in Science and Medicine in Football.

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Abstract

Objective: Determine the time-course of recovery after a resistance training session

(RT) in female soccer players.

Methods: Ten Brazilian female professional soccer players undertook testing prior to

and at immediately, 24 and 48 h post-RT. RT was a high-speed and low-load

session, consisting of three sets of six repetitions of lower body exercises at 50%

1RM. Tests included countermovement jump (CMJ) and 20 m sprint, with the best

and mean efforts recorded. Delayed onset muscle soreness (DOMS), total quality

recovery (TQR) and Brazilian Mood Scale (BRAMS) were collected. Repeated

measures ANOVA with effect sizes (ES) assessed the time-course of recovery

(α=0.05).

Results: Mean and best CMJ performance decreased immediately post-RT (p<0.05,

ES=-0.49; -0.65) though no significant differences and trivial-small effects existed at

24h (p>0.05, ES=−0.15; −0.08) and 48 h (p>0.05, ES=0.14; −0.21). No significant

differences and trivial-small effects were evident at any time for mean or best 10 m

(p>0.05, ES=−0.18–0.26) or 20 m (p>0.05, ES=−0.08–0.19) performance. DOMS,

TQR, fatigue and vigor did not change following RT (p>0.05; ES=-0.51-0.48).

Conclusion: Light-load, high-speed RT induces only small, immediate changes in

CMJ, without prolonged suppression of recovery parameters. Such training seems

feasible for inclusion in competitive micro-cycles at least 24 h prior to the next match.

Keywords: power training, women, soccer, fatigue.

[Production Note: This paper is not included in this digital copy due to copyright restrictions.]

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6 STUDY 3 POST-MATCH RESISTANCE TRAINING IN FEMALE FOOTBALLERS;

WHEN IS THE BEST TIME TO TRAIN?

Submitted to the International Journal of Sports Physiology and Performance on 22

November 2019.

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Abstract

Purpose

To examine the effect of high-speed, low-load resistance training (RT) performed 24

or 48 h post-match on recovery in female soccer players.

Methods

In a randomized cross-over design, ten professional female soccer players undertook

matches followed by three conditions; Control (no RT), RT-24h and RT-48h post-

match. RT was a high-speed and low-load session, consisting of 3 sets of 6

repetitions of lower-body exercises at 50% 1RM. A half-squat was performed on a

force platform to compare quality of RT. Tests were undertaken prior to and at 24, 48

and 72 h post-match and included repeated trials of countermovement jump (CMJ)

and 20 m sprint, with best and mean efforts analyzed. Further, C-reactive protein

(CRP) and delayed onset muscle soreness (DOMS) were collected. Two-way (3x4)

repeated-measures ANOVA and Effect size (ES) analyses compared the time-course

of recovery.

Results

Despite no significant differences (p>0.05) existing between conditions, ES for

changes from pre to 72 h were larger for mean and best CMJ, 10 and 20 m sprint

time, and DOMS in RT48h (ES=0.34-2.13) than in RT24h (ES=0.06-0.68) and in

Control (ES=0.03-0.36). Contrarily, CRP changes from pre to 72 h tended to be

larger in Control (ES=0.67) than in RT24h (ES=0.19) and RT48h (ES=0.01). No

differences in the rate of force development, mean and peak force of half-squat

exercise existed between conditions (p>0.05; ES=0.05-0.43).

Conclusion

The time-course of post-match recovery in female soccer players suggests RT48h is

less ideal during congested micro-cycles given the trend for suppressed recovery on

speed, power and perceptual responses at 72 h post-match.

Keywords: strength training, women, soccer, fatigue, recovery.

[Production Note: This paper is not included in this digital copy due to copyright restrictions.]

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7 DISCUSSÃO

O estudo 1 investigou a recuperação até 72 h pós-jogo por meio de variáveis físicas,

fisiológicas e respostas perceptivas em atletas profissionais de futebol feminino. De

maneira geral, as variáveis de desempenho físico retornaram aos valores basais

dentro de 72 h, enquanto a PCR e as respostas perceptivas retornaram aos valores

pré-jogo dentro de 48 h, o que enfatiza a natureza multifatorial do processo de

recuperação. Dentre os principais achados, destaca-se que, quando considerada a

média das tentativas, o desempenho do SCM no momento 48 h já havia retornado a

valores basais, enquanto a melhor tentativa (desempenho) do SCM apresentou um

padrão de recuperação mais lento (72 h), o que, provavelmente, informa o status

real de recuperação física. Dessa forma, a recuperação pós-jogo em atletas

mulheres de futebol ocorre, geralmente, dentro de 72 h, embora algumas jogadoras

necessitem de um tempo maior ou menor de recuperação, o que demonstra

influência da individualidade e da natureza da variável investigada no processo de

recuperação.

Enquanto o desempenho médio no SCM estava reduzido 24 h pós-jogo, quando

avaliado valores do melhor salto essa redução prevaleceu por até 48 h. No futebol

feminino, Andersson et al. (2008) verificaram uma redução na altura do SCM (melhor

tentativa analisada) por até 69 h. Dessa forma, a recuperação mais rápida para o

SCM, talvez seja explicada pela menor distância percorrida em alta intensidade

pelas atletas do presente estudo (120 ± 88 m), comparado ao estudo de Andersson

et al. (2008) (1090 ± 200 m). Em jogadores homens, reduções no desempenho do

SCM já foram verificadas até 24 (FATOUROS et al., 2010; SILVA et al., 2013), 48

(ISPIRLIDIS et al., 2008, ROMAGNOLI et al., 2015; RUSSEL et al., 2015) ou 72 h

pós-jogo (NÉDÉLEC et al., 2014; MAGALHÃES et al., 2010). Essa redução no

desempenho do SCM pós-jogo pode ser explicada pela demanda de ações que

contemplam o ciclo de alongamento-encurtamento e pela natureza explosiva das

cargas de jogo (NEDELEC et al., 2014). A menor carga reportada no presente

estudo, quando comparada tanto a estudos com homens quanto com mulheres, é,

provavelmente, a explicação para o retorno mais rápido a valores basais observados

no desempenho do salto.

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Ainda no estudo 1, tanto o tempo médio das tentativas quanto o melhor tempo no

sprint de 20 m estavam mais elevados 48 h após o jogo. Durante a fase de

aterrisagem na corrida, a flexão do quadril e a extensão do joelho são desaceleradas

pelo trabalho excêntrico dos isquiotibiais, produzindo alta tensão e dano muscular

estrutural (ISPIRLIDIS et al., 2008; FATOUROS et al., 2010). Apesar das menores

cargas de jogo já relatadas no presente estudo (menor distância percorrida em alta

intensidade), o aumento no tempo de sprint foi similar (3%), embora de maior

duração (5 h vs 48 h) comparado ao outro estudo com atletas do sexo feminino

(ANDERSSON et al., 2008). Esses resultados mostram que, embora a magnitude da

fadiga induzida pelos jogos no desempenho do sprint seja semelhante, a resposta

de recuperação dos jogadores foi diferente. Essas diferenças na recuperação podem

ser atribuídas às características específicas dos jogadores de futebol, como nível

físico do jogador ou nível da partida (RAMPININI et al., 2011). Comparativamente,

em alguns estudos com atletas homens de futebol não foi verificada diferença em

sprints de 5 e 30 m durante o período pós-jogo (SILVA et al., 2013), enquanto outros

relatam tempos de 20-40 m maiores até 24 h pós-jogo (RAMPININI et al., 2011); ou

ainda 48 – 72 h (STONE et al., 2014; FATOUROS et al., 2010; ASCENSÃO et al.,

2008; MAGALHÃES et al., 2010). Novamente, esses achados mostram que a

variação na carga de jogos, tais como a quantidade de movimentos de aceleração e

desaceleração realizados por homens e mulheres, bem como características

individuais de jogadores de futebol poderiam explicar tal inconsistência na literatura.

É importante ressaltar que o tempo nos 10 m iniciais de sprint foi semelhante em

todos os momentos pós-jogo, o que sugere que o aumento no tempo dos 20 m não

foi devido a prejuízos na fase de aceleração, apesar de reduções verificadas no

SCM. Dessa forma, o desempenho no sprint (ambos, média e melhor tempo) retorna

a valores pré-jogo dentro de 72 h em atletas profissionais de futebol feminino.

A PCR é uma proteína de fase aguda frequentemente usada como marcador de

inflamação (MERINO et al., 2015). Os resultados do estudo 1 estão de acordo com a

literatura que reporta que um jogo de futebol induz uma elevação acentuada, porém

transitória, da PCR 24 h pós-jogo (aumento de 120 a 150%) em ambos, homens

(ISPIRLIDIS et al., 2008; SOUGLIS et al., 2015; SOUGLIS et al., 2018) e mulheres

(GRAVINA et al., 2011; SOUGLIS et al., 2015; SOUGLIS et al., 2018). Souglis et al.

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(2018) mostraram valores mais altos de PCR para homens em comparação a

mulheres. Esses autores justificaram o menor dano e inflamação muscular devido à

menor distância percorrida em alta intensidade, além de menor aceleração e

desaceleração realizadas pelas mulheres. No estudo 1 foi demonstrado aumento

dos valores de PCR em 24 h, embora a não padronização do período menstrual

possa ter impactado este achado, uma vez que a PCR encontra-se elevada durante

o início da fase folicular (CHAIRETI et al., 2016). Independentemente do possível

viés, a PCR retornou a valores basais dentro de 48 h em mulheres atletas de futebol.

Respostas perceptivas, incluindo TQR, fadiga e vigor, retornaram a valores pré-jogo

dentro de 48 h. Nenhum outro estudo com atletas de futebol feminino relata essas

variáveis após jogos de futebol, dificultando comparações. No entanto, a redução da

TQR 24 h após o jogo verificada no estudo 1 se compara à relatada em jogadores

de futebol masculino (NÉDÉLEC et al., 2014) (13,3 ± 2,8 e 13,6 ± 1,7 UA,

respectivamente). Também foi relatado um aumento significativo na fadiga 24 h após

o jogo em homens (NÉDÉLEC et al., 2014), embora, em vez de BRUMS, a fadiga

tenha sido mensurada por meio de índices de bem-estar, juntamente com sono,

estresse e DOMS (NÉDÉLEC et al., 2014). Os valores pico da DOMS foram

verificados 24 h após o jogo, corroborando os achados de Andersson et al. (2008) e

Nédélec et al. (2012). Embora diferenças significativas para alterações na DOMS

não tenham sido verificadas no estudo 1, há evidente variabilidade na DOMS pré e

pós-jogo, que pode ser devido às sessões de treinamento prévias ou à fadiga

induzida pelo acúmulo de jogos devido a competições concorrentes.

Independentemente disso, parece que as respostas perceptivas relacionadas à

recuperação retornam a valores pré-jogo dentro de 48 h em atletas mulheres de

futebol.

A inconsistência entre o perfil (magnitude e duração) da recuperação entre

indivíduos e entre as variáveis investigadas nos estudos mencionados dificulta

conclusões definitivas sobre essa temática no futebol, embora dados baseados em

respostas de grupo revelem que a maioria das variáveis de monitoramento em

homens permanece alterada até 72 h (NÉDÉLEC et al., 2014; MAGALHÃES et al.,

2010; FATOUROS et al., 2010; ASCENSÃO et al., 2008; SILVA et al., 2017), e no

sexo feminino essa alteração ocorre até 48 h. Como dito anteriormente, a aparente

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recuperação mais rápida nas mulheres pode ser explicada pela menor carga e

trabalho excêntrico que as mulheres realizam durante os jogos (SOUGLIS et al.,

2018; STOLEN et al., 2005; DATSON et al., 2014). Além disso, parece que a

distância total e a distância percorrida em alta intensidade pelas atletas do estudo 1

foram menores que as relatadas na literatura para atletas de futebol feminino

(DATSON et al., 2014). Ainda, a variabilidade individual foi evidente em todas as

variáveis analisadas (conforme representado graficamente). Apesar das respostas

médias do grupo, algumas atletas apresentaram respostas pós-jogo distintas,

reforçando a natureza individual da recuperação.

Embora o estudo 1 tenha confirmado a natureza multifatorial da recuperação por

meio da resposta pós-jogo distinta entre as variáveis em jogadoras de futebol, uma

limitação notável foi o pequeno tamanho amostral e número de partidas analisadas.

Isso consiste, contudo, em uma limitação com testes ecológicos válidos em clubes

profissionais e, portanto, representa um estudo de caso de jogadores de uma

equipe. Estudos futuros devem investigar a cinética da recuperação pós-jogo em um

grupo maior de jogadoras para permitir que relações mais detalhadas sejam

determinadas com as cargas de jogo.

No estudo 2 foi investigada a recuperação após uma sessão de treino de potência

em atletas de futebol feminino, por meio do desempenho físico e respostas

perceptivas. Os resultados mostraram que este tipo de STF não afetou o

desempenho físico nas 48 h após o treino. Por exemplo, apenas pequenas e

imediatas alterações no SCM foram evidentes, sem reduções no desempenho do

sprint ou nas respostas perceptivas nas 48 h após a STF. Tais achados indicam que

uma sessão isolada de treino de força, mais especificamente uma sessão de treino

de potência, pode ser prescrita durante microciclos competitivos sem efeitos

adversos sobre o status de fadiga subsequente.

Estudos anteriores demonstraram que protocolos de treinamento de força (TF) de

alta velocidade e baixo a moderado percentual de 1RM provocam adaptações

crônicas que melhoram a força, potência, velocidade e desempenho físico, o que

seria relevante para o desempenho no futebol (FRANCO-MARQUEZ et al., 2015;

NEGRA et al., 2016; RODRIGUEZ-ROSELL et al., 2016). Esses estudos ressaltam a

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importância de incluir programas de TF na rotina de treinamento para melhorar as

capacidades físicas relacionadas à velocidade e potência (GONZALEZ-BADILLO et

al., 2015; RODRIGUEZ-ROSELL et al., 2016; FRANCO-MARQUEZ et al., 2015).

Contudo, em semanas de jogos ou durante calendários congestionados no futebol, é

importante garantir que o TF não afete a recuperação para os próximos jogos. No

estudo 2, nenhum declínio no desempenho físico ocorreu 24 ou 48 h após a STF,

sugerindo que este tipo de protocolo não induz uma fadiga residual que poderia

prejudicar o desempenho na velocidade ou potência em sessões subsequentes. Em

estudos recentes foi relatado que o TF de alta velocidade e baixo percentual de 1RM

produz baixa fadiga (FRANCO-MARQUEZ et al., 2015; GONZALEZ-BADILLO et al.,

2015; RODRIGUEZ-ROSELL et al., 2016), porém, tais estudos não quantificaram a

magnitude da fadiga. Além disso, o estudo 2 foi o primeiro a quantificar a

recuperação pós-STF em atletas do sexo feminino, uma vez que relatos anteriores

se limitam a atletas homens (KESOGLOU et al., 2009; DRAGANIDIS et al., 2014).

Independentemente disso, os achados do estudo 2 corroboram Draganidis et al.

(2013), que sugeriram que jogadores de elite se recuperam dentro de 24 h após uma

sessão de treinamento de força semelhante.

As respostas de recuperação física (SCM e sprint) foram semelhantes quando a

média ou o melhor desempenho foram considerados. Tal resultado pode ser

atribuído à baixa magnitude de fadiga induzida pela STF. A única variável que

apresentou alterações significativas imediatamente pós-STF foi o SCM,

provavelmente devido ao fato de que o protocolo de TF caracterizou-se,

principalmente, por um padrão de movimento vertical, por meio de exercícios de

agachamento, squat jump, deadlift e lunges (ARCOS et al., 2014). Dessa forma, a

fadiga leve e transitória induzida imediatamente pós-STF talvez tenha desenvolvido

apenas no componente de força vertical, devido à especificidade com os exercícios.

Por essa mesma razão, o desempenho no teste de 10 e 20 m de sprint, com o

componente horizontal de força predominante, não foi afetado durante o pós-STF

(imediatamente pós à 48 h) (ARCOS et al., 2014). Consequentemente, é possível

que atletas de futebol feminino realizem uma sessão isolada de treinamento de

força, mais especificamente um protocolo de potência muscular, dentro de 48 h

prévias a um jogo, considerando que o desempenho físico não será indevidamente

afetado, embora o uso dessas sessões no pós-jogo ainda precisa ser investigado.

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Respostas perceptivas incluindo DOMS, TQR, fadiga e vigor não foram alteradas

imediatamente pós-STF e nenhuma fadiga prolongada nessas respostas foi

observada. Índices subjetivos de fadiga e TQR têm sido reportados em jogadores

profissionais homens, após simulação de exercícios específicos para o futebol, sem

diferenças ao longo do tempo para TQR e um aumento na percepção de fadiga

imediatamente após o exercício (NÉDÉLEC et al., 2013). Contudo, tais comparações

entre estudos são limitadas devido à natureza distinta entre as sessões de

treinamento (sessão de treino de potência muscular vs 90 min de um teste de campo

aeróbico específico para o futebol). Dessa forma, os resultados do estudo 2 sugerem

que uma sessão de treino de potência pode ser usada como parte inicial de uma

sessão de treinamento, sem alterações na percepção de recuperação.

Estudos tem reportado que o pico da DOMS ocorre 48 h pós-STF em homens

fisicamente ativos após protocolos de repetições máximas (de 0,2 ± 0,3 a 3,4 ± 2,0;

p<0.001) e repetições forçadas (de 0,2 ± 0,3 a 3,7 ± 2,9; p<0.001) (AHTIAINEN et

al., 2003) e após protocolos de saltos em profundidade e exercícios para isquiotibiais

(SARABON et al., 2013). Nas atletas do estudo 2, o pico da DOMS também ocorreu

48 h pós-STF (de 1,3 ± 1,4 a 2,8 ± 2,1), embora os valores tenham permanecido

comparativamente baixos. Em atletas homens de futebol, a DOMS apresentou pico

48 h após um protocolo de maior intensidade (4-6 repetições por série, a 85-90% de

1RM) e 24 h após protocolo de menor intensidade (8-10 repetições por série, a 65-

70% de 1RM) (DRAGANIDIS et al., 2013), sugerindo que as respostas de DOMS

variam com a intensidade. Por fim, valores pequenos de DOMS foram evidentes

mesmo considerando que as atletas estavam retornando de um período de duas

semanas de férias e uma sessão técnico-tática tenha sido realizada após os testes

no momento 24 h pós-STF.

Apesar dos novos achados em atletas de futebol feminino, o estudo 2 apresenta

algumas limitações. A falta de controle em relação a alguns aspectos metodológicos,

tais como a sessão técnico-tática na rotina de treinamento durante a coleta de dados

consiste em uma principal limitação ao se realizar pesquisa no futebol profissional

(HELGERUD et al., 2011). Outra limitação consistiu no fato da STF ter sido realizada

em atletas em condições descansadas, condição essa rara em microciclos

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competitivos, caracterizados pela fadiga induzida pelo acúmulo de jogos e sessões

de treinamento. Dessa forma, estudos futuros devem investigar atletas de futebol

feminino nesse contexto, após fadiga induzida por STF e por jogos durante

microciclos competitivos.

Por fim, para suprir a lacuna supracitada, o estudo 3 comparou o perfil de

recuperação quando uma STF (protocolo para treino de potência muscular) foi

realizada 24 ou 48 h após jogos de futebol feminino. A hipótese do estudo 3 era de

que a condição STF48h seria a opção mais adequada para uma microciclo

competitivo, considerando que em 24 h as atletas ainda estão com fadiga residual

decorrente do jogo. Também era esperado que a STF proposta no presente estudo

não causaria efeitos residuais por mais de 24 h, assim como demonstrado no estudo

2 e corroborando os achados de Kesoglou et al. (2008) e Draganidis et al. (2013).

Contudo, tal hipótese foi refutada, e observou-se que, quando realizada no pós-jogo,

uma STF apresenta um efeito residual mais prolongado. Dessa forma, apesar de

não terem sido verificas diferenças significativas entre condições, maiores tamanhos

do efeito foram evidentes para reduções (em relação ao pré-jogo) em medidas de

desempenho de velocidade e altura do salto, além de aumento das respostas

perceptivas no momento 72 h para a condição STF48h, comparado a STF24h e

Controle. Como consequência, STF48h parece ser a situação menos adequada

durante microciclos congestionados, devido a tendência de supressão na

recuperação 72 h pós-jogo. Além disso, a ausência de carga de treinamento

(Controle) promoveu a melhor recuperação no momento 72 h, e, portanto,

dependendo das cargas de jogo, a prescrição de uma STF talvez seja melhor

implementada 24 h pós-jogo durante microciclos competitivos. Outro importante

achado, consiste que valores de TDF, força média e força pico produzidos no

exercício agachamento não foram significativamente diferentes, independente do

tempo pós-jogo em que foi realizada a sessão (STF24h ou STF48h).

As cargas internas e externas de jogo reportadas no estudo 3, embora tenham sido

menores comparados a outros estudos com futebol feminino (ANDERSSON et al.,

2008), foram semelhantes entre todas as condições e resultaram em perfis de fadiga

semelhantes em todas as condições. Especificamente, o desempenho no SCM e

sprint estavam reduzidos até 24 h (média das tentativas no SCM), 48 h (melhor

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desempenho no SCM) e 72 h (média e melhor tempo em 20 m de sprint).

Curiosamente, o tempo médio e melhor tempo nos 10 m iniciais de sprint estavam

maiores até 72 h apenas nas condições STF24h e STF48h. Como consequência, o

perfil temporal de redução no desempenho físico se ajusta a tendência esperada de

fadiga pós-jogo (SILVA et al., 2017); embora talvez não seja tão exacerbado como

aqueles previamente demonstrados na literatura em atletas de futebol feminino, com

maiores cargas de jogo, resultando em reduções no desempenho do SCM por até

69 h (ANDERSSON et al. 2008). Dada a redução na velocidade e desempenho do

salto verificados no estudo 3, inserir uma STF no intervalo de 24-48 h pós-jogo

estabelece um contexto ecológico para verificar o efeito e a prescrição do TF na

recuperação pós-jogo durante microciclos competitivos.

Os resultados do estudo 3 não revelaram diferenças no desempenho do SCM entre

condições experimentais, quando uma STF é realizada 24 ou 48 h pós-jogo.

Contudo, maiores tamanhos de efeito (embora ainda pequenos) foram evidentes

entre pré e 72 h na condição STF48h (ES=-0.38, ES=-0.34) comparado a STF24h

(ES=0.08, ES=-0.06) e Controle (ES=0.09, ES=0.05) para média e melhor SCM,

respectivamente. Indiscutivelmente, o tamanho do efeito reportado aqui pode não

levar a conclusão de que o TF foi um grande impedimento na recuperação pós-jogo

do SCM. Corroborando essa ideia, Kesoglou et al. (2008) verificaram que a altura do

salto não diferiu significativamente ao longo do tempo, após 24-48 h uma STF. Mais

relevante para o futebol, o desempenho em habilidades específicas (testes de chute

e passe) reduziram apenas imediatamente após STF (DRAGANIDIS et al., 2013). No

entanto, ambos os estudos foram realizados em homens em condições

descansados para concluir que o efeito residual do exercício dura menos que 24 h

em jogadores de futebol. No estudo 3 foi verificado tamanhos de efeito negativos de

pequeno a moderado com a inclusão de uma STF 48 h pós-jogo na recuperação da

potência (SCM) de membros inferiores em mulheres, e, dessa forma, sugere cautela

na prescrição de TF neste momento durante calendários congestionados no futebol.

O desempenho no sprint é considerado importante para o sucesso em um jogo de

futebol (FAUDE, KOCH & MEYER, 2012) e não foi significativamente diferente entre

condições, independente do tempo que a STF foi realizada. Contudo, tamanhos do

efeito grande e muito grande foram verificados em STF48h (ES<2.13) para reduções

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na média e melhor desempenho de 10 e 20 m de sprint linear no momento 72 h.

Consequentemente, esse achado adiciona evidências de que STF48h é a condição

menos adequada em comparação a STF24h (ES<0.79) e Controle (ES<0.30).

Quando o tempo no sprint foi investigado após protocolos de treinamento de força

(60 e 80% de 1RM com perda de velocidade de 20 e 40%) em homens fisicamente

ativos, foram observados tempos de 20 m de sprint mais lentos imediatamente após

o exercício, mas não nas 24 ou 48 h após (PAREJA BLANCO et al., 2019). Apesar

da fadiga de curto prazo reportada na velocidade (PAREJA-BLANCO et al., 2019),

quando uma STF é adicionada ao contexto do pós-jogo, a redução no desempenho

da velocidade dura mais tempo. Assim, considerando que durante microciclos

competitivos jogos de futebol geralmente são realizados em um intervalo de 72 h, a

condição STF48h é a prescrição menos favorável para uma recuperação ótima

nesse contexto.

Como esperado, a PCR alcançou valores pico 24 h pós-jogo para todas as

condições, embora a falta de diferença significativa ofusque qualquer efeito da STF

no pós-jogo. Além disso, a STF realizada 24 ou 48 h tem um efeito limitado no perfil

de recuperação pós-jogo da PCR. Draganidis et al. (2013) verificaram maiores

valores de PCR imediatamente e 24 h pós-STF, com o grupo de maior intensidade

(4-6 repetições por série a 85-90% de 1RM) apresentando maiores valores de PCR

que o grupo de menor intensidade (8-10 repetições por série a 65-70% de 1RM),

indicando um efeito dependente da intensidade. Independente disso, o estímulo do

jogo é, provavelmente, a principal causa de alteração na PCR (SOUGLIS et al.,

2018) e a similaridade nas cargas externas de jogo entre condições da suporte a

essa afirmação. Uma consideração importante para estudos com mulheres é que a

PCR é maior durante o início da fase folicular (CHAIRETI et al., 2016), embora

apenas uma atleta tenha relatado menstruação durante a condição Controle.

Independentemente, uma STF (protocolo de potência muscular) realizada dentro de

48 h pós-jogo não afetou a recuperação da PCR.

Espera-se aumento da DOMS no pós-jogo (ANDERSSON et al., 2008), e tal

resultado foi verificado 24 h pós-jogo em todas as condições do estudo 3. Quando

uma STF foi incluída no pós-jogo, maiores tamanhos do efeito entre pré e 72 h foram

verificados para STF48h (ES=0.69) comparado a STF24h (ES=0.25) e Controle

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(ES=-0.11); sugerindo uma pior percepção de dor após STF48h, embora os efeitos

negativos tenham sido apenas moderados. Da mesma forma, embora fora do

contexto de jogos, Draganidis et al. (2013) verificaram aumento da DOMS 24 h após

protocolo de exercício (8-10 repetições por série a 65-70% de 1RM), enquanto

Kesoglou et al. (2008) relataram maiores valores apenas imediatamente após o

treinamento de força. Portanto, respostas perceptivas maiores as 72 h também

sustentam que, em um microciclo competitivo, realizar uma STF 24 h antes do jogo

(STF48h) é a condição menos favorável em comparação a STF24h ou nenhum

treinamento adicional (Controle).

Dados normativos para o exercício agachamento em plataforma de força mostraram

que o intervalo entre o jogo e a sessão de treinamento não influenciou no

desempenho durante o treino, uma vez que não foi encontrada diferença significativa

na taxa de desenvolvimento de força, força média e pico gerados nas sessões

realizadas 24 e 48 h pós-jogo, embora tamanho de efeito pequeno (ES=0.43) para

TDF possa sugerir uma tendência para melhor qualidade de treino 48 h pós-jogo.

Vale lembrar que os participantes foram orientados a realizar todas as ações

concêntricas com a maior velocidade possível. Esses dados sugerem que, no

planejamento do microciclo, quando se pensa na qualidade do treinamento de força,

técnicos e preparadores físicos podem escolher qualquer um dos dois momentos

para realizar o TF (24 ou 48 h pós-jogo), sem preocupações com perdas

significativas do desempenho durante esse tipo de treinamento. Embora um

tamanho de efeito pequeno para uma maior TDF durante STF48h possa sugerir uma

melhor qualidade no treinamento dessa sessão; no contexto da recuperação pós-

jogo, tamanhos de efeito muito maiores para reduções de desempenho (pré x 72 h)

foram verificados nessa condição (STF48h). Dessa forma, sugere-se que

profissionais do futebol considerem a realização de um treino de potência 24 h após

o jogo para permitir que os atletas estejam em melhores condições de recuperação

para o próximo jogo.

É importante ressaltar que uma limitação do estudo 3 consiste na comparação entre

diferentes jogos para as três condições experimentais, conhecido o fato da

variabilidade entre jogos ser esperada (ANDERSSON et al., 2008). Contudo, todas

as variáveis utilizadas para monitorar as cargas de jogo (frequência cardíaca,

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distância total, distância percorrida em alta, moderada e baixa intensidade, número

de ações e duração do jogo) não foram diferentes entre condições. Além disso, o

fato dos participantes terem realizado as condições experimentais de maneira

randomizada minimiza o efeito da variabilidade entre jogos. Estudos futuros devem

investigar o efeito de outros protocolos de treinamento de força, como protocolos de

força máxima, na recuperação pós-jogo de futebol feminino.

8 APLICAÇÕES PRÁTICAS

Uma sessão de treino de potência pode ser incluída na rotina de treinamento de

atletas de futebol sem preocupações com fadiga residual. Além disso, tendo em

vista a baixa magnitude de fadiga gerada por esse tipo de estímulo, uma sessão de

treino de potência pode ainda ser usada como parte inicial de uma sessão de

treinamento, sem alterações na percepção de recuperação para um treinamento

técnico-tático subsequente.

Durante calendários congestionados no futebol, se as cargas de jogo não forem tão

altas, sessões de treino de potência podem ser incluídas 24 h pós-jogo, garantindo

uma exposição dos atletas a esse estímulo de treinamento e ainda propiciando uma

recuperação mais adequada para o jogo subsequente.

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9 CONCLUSÃO

Jogos de futebol feminino induzem alterações no desempenho físico por pelo menos

48 h, enquanto a PCR e respostas perceptivas permanecem alteradas apenas 24 h

após o jogo. Apesar de tais conclusões relacionadas à média do grupo, variabilidade

individual permanece evidente no processo de recuperação e deve ser considerada

pelos profissionais.

Sessões de treinamento de força, mais especificamente protocolos de potência

muscular, podem ser incluídas na rotina de treinamento de atletas de futebol

feminino, tendo em vista à recuperação do desempenho físico e das respostas

perceptivas de fadiga dentro de 24 h.

Contudo, a realização de uma STF (treino de potência) 48 h pós-jogo,

aparentemente gera efeitos negativos maiores sobre a altura do salto, velocidade e

DOMS no momento 72 h comparado à realização de uma STF 24 h pós-jogo ou da

ausência de TF (Controle). Dessa forma, durante microciclos competitivos e

dependendo das cargas de jogo, é sugerida a prescrição de STF dois dias antes do

jogo subsequente (STF24h), a fim de proporcionar uma exposição a esse estímulo

de treino e ainda garantir recuperação adequada do desempenho físico, de medidas

fisiológicas e perceptivas em atletas de futebol feminino. Além disso, STF com

qualidade semelhante (TDF, força média e pico) são obtidas 24 ou 48 h pós-jogo.

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APÊNDICES

Apêndice 1

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Apêndice 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (T.C.L.E.)

Você está sendo convidado a participar como voluntário do estudo ―Efeito de

sessões de treinamento de força na recuperação pós-jogo de atletas de futebol”.

As informações abaixo contribuirão para esclarecer os seguintes aspectos:

O estudo objetiva comparar o efeito de sessões de treinamento de força

realizadas em diferentes momentos pós-jogo na recuperação de jogadores de

futebol.

A importância deste estudo é a de proporcionar aos treinadores conhecimento

sobre quando realizar sessões de treinamento de força no período entre jogos.

Os resultados que se desejam alcançar são os seguintes: diferentes

respostas no nível de recuperação das variáveis investigadas devido a influência dos

diferentes momentos em que as sessões de treinamento de força serão realizadas.

Para participar deste estudo você deverá ser do sexo feminino, ser jogadora

de futebol de linha filiado ao clube que irá desenvolver a parceria com o projeto de

pesquisa.

O estudo será realizado da seguinte maneira: Inicialmente serão realizadas

medidas antropométricas de estatura, massa corporal e dobra cutânea para

caracterização da amostra. As coletas serão realizadas de acordo com o calendário

de competições, sendo selecionadas três partidas oficiais que deverão ocorrer aos

domingos. Com o intuito de investigar o efeito de uma sessão de treinamento de

força realizada após o jogo na recuperação de atletas de futebol, serão coletadas

uma série de variáveis (de desempenho – por meio dos testes de salto e sprint;

psicológicas – por meio de questionários de recuperação, dor muscular e percepção

subjetiva de esforço; e sanguíneas – coleta de sangue do dedo por meio de uma

lanceta com disparador automático para posterior análise de variáveis tais como

creatina quinase, proteína C reativa e citocinas inflamatórias) nos momentos pré, 24,

48 e 72 horas após realização do jogo. A sessão de treinamento de força, por sua

vez, deverá ser realizada, a cada semana, em três diferentes momentos: (1) não ser

realizada em nenhum momento no período entre jogos, para caracterizar a situação

controle (2) na segunda de manhã (24 horas pós-jogo) e (3) na terça feira de manha

(48 horas pós-jogo). Você deverá realizar as sessões de treinamento de força nos

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dois diferentes momentos e a situação controle, ou seja, uma situação experimental

a cada semana. As coletas serão realizadas no Estádio Mário Ferreira Guimaraes,

local em que já ocorre a rotina de treinamento. O tempo de coleta será de

aproximadamente 2 horas por dia, dependendo da situação experimental em que

você se encontrar.

Os incômodos que poderá sentir com a sua participação são os seguintes:

alguma dor muscular tardia devido ao exercício físico, sendo este efeito comum aos

treinamentos de força e jogos de futebol e não será necessário o uso de

medicamentos. Se julgar incapaz de realizar a sessão de treinamento de força você

será encaminhado à avaliação médica.

Os possíveis riscos à saúde física e mental são: lesões músculo-esqueléticas,

que ocorrem com baixa frequência no treinamento de força a ser aplicado. Os

voluntários da pesquisa, contudo, serão acompanhados durante os procedimentos

por profissional de educação física que orientará de modo a minimizar a

possibilidade de lesões. Caso ocorram lesões músculo-esqueléticas você será

encaminhado para a equipe médica do clube ao qual pertence. Além disso, você

poderá sentir algum desconforto ou dor durante a coleta de sangue para análise de

variáveis bioquímicas. Esse procedimento será realizado por profissionais

tecnicamente treinados e será utilizado material descartável.

Os benefícios que deverá esperar com a sua participação, mesmo que não

diretamente são: contribuir para o estudo do treinamento esportivo, sobretudo sobre

os efeitos gerados por sessões de treinamento de força realizadas em diferentes

momentos pós-jogo.

Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, também não

receberá qualquer vantagem financeira. Sempre que desejar, serão fornecidos

esclarecimentos sobre cada uma das etapas do estudo. A sua participação é

voluntária e sobre o direito de recusa em participar, além disso, a qualquer

momento, você poderá recusar a continuar participando do estudo e, também,

poderá retirar este seu consentimento, sem que isso te traga qualquer penalidade ou

prejuízo. Se houver necessidade, as despesas para a sua participação serão

assumidas ou ressarcidas pelos pesquisadores.

As informações conseguidas através da sua participação não permitirão a

identificação da sua pessoa, exceto aos responsáveis pelo estudo, e a divulgação

das mencionadas informações não serão liberados sem a sua permissão.

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Finalmente, tendo compreendido perfeitamente tudo o que foi informado sobre a

participação no mencionado estudo e estando consciente dos seus direitos,

responsabilidades, riscos e benefícios que a sua participação implicam, você

concorda em dele participar e, para isso, da O SEU CONSENTIMENTO SEM QUE

PARA ISSO TENHA SIDO FORÇADO OU OBRIGADO.

Endereço do(a) participante-voluntário(a) Domicílio: Bairro: CEP: Cidade: Telefone: Ponto de referência:

Contato de urgência: Domicílio: Bairro: CEP: Cidade: Telefone: Ponto de referência:

Endereço dos responsáveis pela pesquisa: Pesquisador responsável: Bruno Pena Couto – [email protected] Karine Naves de Oliveira Goulart (aluna de Doutorado) Instituição: UFMG / Escola de Educação Física Fisioterapia e Terapia Ocupacional / LAC - CENESP Endereço: Av. Antônio Carlos, 6627 Bairro: Pampulha. CEP. 31270-901 Cidade: Belo Horizonte / MG. Telefones p/contato: 34092326 ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a sua participação no estudo, ou em caso de dúvidas sobre questões éticas, dirija-se ao: Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais: Unidade Administrativa II, 2º andar, sala 2005, Campus Pampulha Av. Antônio Carlos, 6627. Belo Horizonte / MG. CEP: 31270-901 Telefone: 3409-4592

Belo Horizonte, de de 20 .

(Assinatura ou impressão datiloscópica d(o,a) voluntári(o,a) ou resposável

legal - Rubricar as demais folhas)

Nome e Assinatura do(s) responsável(eis) pelo estudo (Rubricar

as demais páginas)

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ANEXOS

Anexo 1

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Anexo 2