kalid apostila de estratégias de controle
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CICOP
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
INSRUMENTAÇÃO, AUTOMAÇÃO, CONTROLE E OTIMIZAÇÃO
Escola Politécnica da
UFBA
UFBA
ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DE PROCESSOS:
CASCTA, FEEDFORWARD, INFERENCIAL, SPLIT-RANGE, SELETIVO,
GANHO NÃO-LINEAR
Prof. Dr. Ricardo de Araújo Kalid Departamento de Engenharia Química da UFBA
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ESTARATÉGIAS DE CONTROLE DE PROCESSOS ÍNDICE
Currículo do Instrutor 03
1. Ementa e cronograma da disciplina 06 1.1. Sugestão de temas (processos) para o trabalho da disciplina 06
2. Introdução 07
3. Sistema em malha fechada 18 3.1. Definições 19 3.2. Exemplo de um sistema de controle: tanque de aquecimento 21 3.3. Terminologia 22 3.4. Diagrama de blocos 23 3.5. Equações de controladores industriais 27 3.6. Ação direta e ação reversa do controlador 30 3.6.1. Válvula normal-aberta e válvula normal-fechada 32 3.7. Projeto de sistemas de controle feedback 35 3.7.1. Graus de liberdade de um sistema de controle 36 3.7.2. Escolha da estrutura de controle e do algoritmo do controlador 40 3.7.3. Escolha do modo do controlador: P, PI ou PID 45 3.7.4. Ação apropriada para o controlador 46 3.7.5. Sintonia do controlador 47 3.8. Exercícios 52
4. Estratégias de controle 64 4.1. Controle em cascata 64 4.2. Controle por relação 65 4.3. Combinação de controle em cascata e por relação 67 4.4. Controle antecipatório 69 4.5. Combinação de controle por realimentação e antecipatório 69 4.6. Controle por intervalo dividido (split-range) 72 4.7. Controle seletivo 73 4.8. Controle com banda morta e ganho não-linear 75 4.9. Compensação do tempo morto 78 4.10. Desacoplamento 79 4.11. Controle adaptativo 81 4.12. Ganho programado 84 4.13. Controle inferencial 85 4.14. Exercícios 89
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CURRÍCULO DO INSTRUTOR
ÁREAS DE ATUAÇÃO E LINHAS DE PESQUISA Simulação em Regime Estacionário e Transiente de Processos Identificação de Processos Controle de Processos Otimização de Processos Simulação, Controle e Otimização de Reatores e Colunas de Destilação OUTROS Professor do Mestrado em Engenharia Química da UFBA Professor (anos 92 e 93) do Curso de Especialização em Instrumentação e Controle (CEINST) promovido
pelo Departamento de Engenharia Mecânica da UFBA Professor de Cursos de Educação Continuada (Controle Avançado, Controle Preditivo Multivariável,
Identificação de Processos, Otimização de Processos Químicos, Controle de Colunas de Destilação) para DOW, PETROBRAS, GRIFFIN, EDN, CIQUINE, OXITENO, COPENE.
Professor (98) do Curso de Especialização em Automação de Sistemas Industriais (CEASI) promovido pelo Depto de Engenharia Elétrica da UFBA
Professor e Coordenador (99) do Curso de Especialização em Controle e Automação de Processos Industriais (CECAPI) promovido pelos Depto de Engenharia Química e Elétrica da UFBA
Professor e Coordenador (2000 a 2002) do Curso de Especialização em Instrumentação, Automação, Controle e Otimização de Processos Contínuos (CICOP 1ª e 2ª turmas) promovido pelo Depto de Engenharia Química e UFBA e AINST.
Coordenador do II Seminário Nacional de Controle e Automação (II SNCA), 2001 PROJETOS COOPERATIVOS E/OU CONSULTORIAS PARA INDÚSTRIAS DETEN: simulação do reator radial para desidrogenação de parafinas EDN: participou da equipe de desenvolvimento do plano diretor de automação COPENE: identificação de processos, sintonia de controladores industriais, simulação, controle e otimização
do conversor de acetileno da ETENO II (em andamento) PDAI-BA - Programa de Desenvolvimento da Automação Industrial, participantes: UFBA, UNIFACS, CEFET-BA, CETIND-SENAI, FIEB, SEPLANTEC, PETROBRAS, NITROCARBONO, DETEN, OXITENO, OPP, POLIBRASIL, POLITENO, COPENE
GRIFFIN: Sistema de controle de pH. Modelagem e Otimização do Reator de DCA COPENE-POLITENO-UFBA: Diagnóstico de Malhas de Controle Preditivo Multivariável (MPC) COPENE-UFBA: projeto de produção + limpa para minimização/reuso de águas industriais INDICADORES DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA Trabalhos Apresentados em Congressos: 12 Trabalhos Publicados em Periódicos: 2 Dissertação de Mestrado (1) e Tese de Doutorado (1) Defendidas e Aprovadas: 2
Participação de Bancas de Mestrado (5) e de Doutorado (1): 6 Orientação de Iniciação Científica: 15 (concluídas) e 3 em andamento Orientação de Dissertações de Mestrado: 6 (em andamento), 3 concluídas
Ricardo de Araújo Kalid, D. Sc. 04/09/64
(0xx71) 247.5123 / 9984.3316
Prof. Depto Engenharia Química da UFBA
Graduação em Engenharia Química – UFBA (88)
Mestrado em Engenharia Química - UFBA (91)
Doutorado em Engenharia Química – USP (99)
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Trabalhos em parceria com indústrias: N Tema Participantes Instituição
01 Modelagem, simulação do reator de desidrogenação de n-parafinas da DETEN
Gian Carlo Gangemi DETEN Ricardo Kalid UFBA
02 Modelagem por redes neurais híbridas e otimização de reatores de CPD
Tatiana Freitas UFBA Luiz Alberto Falcon COPENE Ricardo Kalid UFBA
03 Estimativa do tempo de campanha de fornos de pirólise da COPENE
Murilo F. de Amorim COPENE Eliane Santanta UFBA Ricardo Kalid UFBA
04 Estimativa do tempo de campanha de fornos de pirólise da TRIKEM
José Milton TRIKEM Milton Thadeu TRIKEM Ricardo Kalid UFBA
05 Módulo multimídia para treinamento em controle de processos contínuos
Gustavo Gadelha SENAI-CETIND Jadson Aragão SENAI-CETIND Admilson Casé SENAI-CETIND Ricardo Kalid UFBA
06 Modelagem, simulação, controle e otimização de conversores de acetileno da COPENE
Fabrício Brito UFBA Tatiana Marucci UFBA Mauricio Moreno COPENE Paulo Freitas COPENE Ricardo Kalid UFBA
07 Simulação e controle de colunas de destilação de BTX da COPENE
Lueci V. do Vale UFBA Mark Langerhost COPENE Ricardo Kalid UFBA
08 "Plantwide control" de um trem de separação de xilenos (3 colunas de destilação em série/paralelo) da COPENE
Fábio Carrilho COPENE Mauricio Moreno COPENE Ricardo Kalid UFBA
09 Simulação e controle de colunas de destilação de sulfolane da COPENE
Cathia R. Apenburg COPENE Williane Carneiro COPENE Ricardo Kalid UFBA
10 Sistema de controle de pH dos efluentes da GRIFFIN
Nelson Siem Velarde GRIFFIN Ricardo Kalid UFBA
11 Sintonia do controlador de topo da coluna de destilação de 3,4 DCA da GRIFFIN
Klauss Villalva Serra GRIFFIN Almir Viana Cotias Filho GRIFFIN Ricardo Kalid UFBA
12 Modelagem, simulação e otimização do reator de 3,4 DCA da GRIFFIN
Nelson Siem GRIFFIN Ricardo Kalid UFBA
13 Diagnóstico de malhas de controle preditivo multivariavel – MPC
Nadja Fontes, Frederico Epstein, Márcia Cunha
COPENE
Lúcio Estrella Ricardo Muller
POLITENO
Marcelo Embiruçu Ricardo Kalid
UFBA
14 Minimização/reuso de águas industriais COPENE-AGUA
Moisés Augusto COPENE
João Severiano Asher Kiperstok José Geraldo Pacheco Filho Ricardo Kalid
UFBA
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INSTRUTOR: RICARDO KALID - [email protected]
Cursos e apostilas sobre
MODELAGEM DE PROCESSOS
1. Operações Unitárias em Regime Transiente – Balanços de Massa, Energia e Momentum Aplicados a Processos Químicos.
2. Identificação de Processos Químicos.
SIMULAÇÃO DE PROCESSOS
3. Métodos Numéricos e Simulação de Processos.
4. Programação em MATLAB com Aplicação em Reatores Químicos.
CONTROLE DE PROCESSOS
5. Sistemas de Controle dos Principais Equipamentos da Indústria de Processos Químicos e Petroquímicos.
6. Controle de Processos Químicos.
7. Definição da Estrutura do Sistema de Controle Multimalha de Processos Multivariáveis.
8. Controle Avançado de Processos – Estratégias Clássicas de Controle.
9. Controle de Coluna de Destilação.
10. Controle Preditivo Multivariável: DMC - Controle por Matriz Dinâmica.
11. Sintonia Ótima de Controladores Industriais
OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS
12. Otimização de Processos Químicos
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1 Ementa e cronograma da disciplina
Ementa: Definições e estruturas típicas. Diagramas de blocos. Controle em cascata. Controle de relação. Controle feedforward. Controle inferencial. Compensação do tempo morto. Controle com override. Controle seletivo. Controle split range. Aplicações e recomendações: Colunas de destilação; Reatores; Fornos e fornalhas; Compressores; Caldeiras; Trocadores de calor. Aplicações práticas
Esta disciplina terá 30 horas de duração, que serão assim distribuídas:
Aula Data Dia da
semana
Assunto
Aula Expositiva (1,5 horas) Aula Prática (1,5 horas)
1 4/mar segunda Desempenho de malhas de controle e visão geral de estratégias de
controle: cascata, razão, feedforward, inferencial, seletivo, split range, override, compensação tempo morto
Não haverá aula
2 7/mar quinta Controle em cascata Prática de sintonia em cascata
3 11/mar segunda Controle feedforward Prática de sintonia de
controlador feedforward
4 12/mar terça Controle inferencial Prática de sintonia de controle
inferencial
5 14/mar quinta Compensação do tempo morto Prática de controle com compensação do tempo morto
6 18/mar segunda Aula expositiva: controle seletivo, split range, override
7 19/mar terça Desenvolvimento do projeto de cada equipe
8 21/mar quinta Desenvolvimento do projeto de cada equipe
9 25/mar segunda Desenvolvimento do projeto de cada equipe
10 26/mar terça Desenvolvimento do projeto de cada equipe
Entrega do trabalho escrito: dia 01 de abril, segunda-feira, antes do início da aula de Análise Frequência
1.1 Sugestão de temas (processos) para o trabalho da disciplina
A avaliação desta disciplina se dará através da realização de um trabalho.
Também muito interessante é escolher um processo da empresa em que você trabalha. Dispomos de simuladores comerciais em estado estacionário e transiente (HYSYS) que você pode utilizar para o desenvolvimento dos seus trabalhos, além da plataforma MATLAB/SIMULINK.
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2 INTRODUÇÃO
Finalidade do Controle de Processos: Manter as variáveis de processo nas
condições desejadas com um mínimo custo
operacional.
Variáveis de Processo: Propriedades intensivas ou extensivas de
corrente ou de uma substância.
Exemplo de variáveis de processo: · temperatura
· pressão
· vazão
· composição
· viscosidade
· granulometria
· radioatividade
· condutividade
· dureza
· maleabilidade
· cor
· aroma
· sabor
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Motivação para implantar um Sistema da Controle:
· Mudança nas condições de alimentação do processo e no ambiente
(perturbações) estão sempre acontecendo e se nenhuma ação for tomada
importantes variáveis do processo não alcançam as condições desejadas.
Porém esta ação deve ser estabelecida de modo que:
1. a segurança dos equipamentos e dos trabalhadores,
2. a qualidade do produto e
3. a produção.
sejam asseguradas com um mínimo custo de investimento e/ou operacional.
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Exemplo 01:
Seja um tanque agitado, aquecido pela condensação do vapor d’água,
conforme mostra a Figura 1.1. O objetivo deste processo é aquecer uma
corrente de vazão W e temperatura T1 até alcançar a temperatura T2.
Vamos considerar duas perguntas:
Pergunta 1: Quanto de calor deve ser fornecido ao líquido no interior
do tanque para que atinja a temperatura desejada T2?
Considerando o tanque bem agitado não existem gradientes internos de
temperatura e as propriedades do fluido na saída do tanque são as mesmas
do interior do tanque (tanque perfeitamente agitado).
O balanço de energia em estado estacionário no tanque indica qual a
quantidade de calor que deve ser transferida é:
condensado vapor
T2(t), W
T1(t), W
Figura 2-1: Tanque de aquecimento com agitação
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( )ss1sszssss TTCpWQ ,,.. -= (02.01)
onde o subscrito ss nas variáveis indica que os valores das mesmas no
estado estacionário.
e Q
W
Cp
T1
T2
- quantidade de calor que deve ser fornecida ao líquido [=] J/s
- vazão mássica de líquido [=] Kg/s
- calor específico do líquido [=] J/(oC.Kg)
- temperatura da corrente de entrada [=] oC
- temperatura da corrente de saída [=] oC
mas nas condições de projeto T2 é a temperatura de referência Tr ou
temperatura desejada (set-point), então podemos escrever a equação de
projeto para o aquecedor:
( )ss1SPssss TTCpWQ ,.. -= (02.02)
Pergunta 2: Mas se as condições mudarem (a vazão de líquido aumentar
ou diminuir, a temperatura da alimentação oscilar, ou se desejarmos uma
temperatura na saída maior ou menor que a estabelecida no projeto), como
iremos atuar sobre o sistema para que a temperatura na saída do tanque
seja a temperatura desejada (T2 = Tr = TSP) ?
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Existem algumas possibilidades, uma delas é medir a temperatura no
interior do tanque (T), comparar esta com a temperatura desejada (TSP) e
atuar sobre a válvula de controle para que esta aumente ou diminua o fluxo
de vapor para a serpentina, incrementando ou não a transferência de
energia para o fluído no tanque (veja Figura 2.2). Esta estratégia
denomina-se controle a retroalimentação (feedback control).
Na Tabela 1.1 vemos outras alternativas de estratégias de controle para
este processo.
condensado
vapor
T2 ( t ), W2
Figura 2.2 – Tanque de aquecimento agitado com controle feedback.
T1 ( t ), W1
TT
TC
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Tabela 1.1 – Estratégias para o controle de temperatura de um tanque de aquecimento agitado.
Método Variável
Medida
Variável
manipulada Classificação
01 T Q feedback
02 T1 Q feedforward
03 T W feedback
04 T1 W feedforward
05 T1 e T Q feedback / feedforward
06 T1 e T W feedback / feedforward
Podemos ainda instalar um trocador de calor a montante do tanque de
aquecimento para diminuir ou eliminar a oscilação na temperatura T1, ou utilizar
um tanque com um volume maior de modo a diminuir a oscilação na temperatura
de saída T.
Uma vez estabelecida a estratégia de controle é necessário determinar qual a lei
ou algoritmo de controle para o controlador. Uma possibilidade é utilizar o
controlador proporcional, no qual a mudança no fluxo de calor é proporcional à
diferença entre a temperatura desejada (TSP(t)) e a temperatura medida (T(t)):
[ ])()(.)( tTtTKcQtQ SPss -+= (02.03)
onde Kc é denominado ganho do controlador, este parâmetro é ajustável e
define a intensidade da correção a ser realizada sobre o processo.
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Do discutido anteriormente deduz-se que para definir um SISTEMA DE
CONTROLE é necessário:
(1) conhecer o comportamento no estado estacionário do processo que
desejamos controlar;
(2) conhecer o comportamento dinâmico do processo que desejamos
controlar;
(3) estabelecer quais as variáveis de processo que devem ser mantidas o
mais próximo possível dos valores desejados (set-point), denomina-se de
variáveis controladas;
(4) estabelecer quais as variáveis de processo que devem ser monitoradas
(variáveis medidas) a fim de conhecer ou inferir os valores das variáveis
controladas ou das variáveis de processo que podem interferir no mesmo
(perturbações).
(5) estabelecer quais os fluxos de massa e energia que deverão ser
modificados (variáveis manipuladas) para manterem as variáveis
controladas nos seus set-points.
(6) escolher e dimensionar os instrumentos necessários para o
funcionamento do sistema de controle:
(a) sensores das variáveis de processo envolvidas ou elementos
primários de medição,
(b) transmissores e / ou conversores de sinais,
(c) indicadores e / ou registradores de sinais,
(d) controladores,
(e) elementos finais de controle (válvulas).
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NORMAS UTILIZADAS EM INSTRUMENTAÇÃO
A Instrument Society of America (ISA) estabelece normas e procedimentos para
especificação e instalação de instrumentos para controle de processos, bem como
a simbologia a ser adotada nos fluxogramas e documentos (veja “Standards and
Recommended Pratices for Instrumentation and Control” editado pela ISA).
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SINAIS DE TRANSMISSÃO
Existem alguns tipos e faixas padronizadas para transmissão de sinais em
sistemas de controle:
Tabela 1.2 – Sinais padrão de transmissão de informações.
a. sinal pneumático
3 a 15 psig #
6 a 30 psig
3 a 27 psig
representado por
b. sinal elétrico ou
eletrônico
4 a 20 mA #
1 a 5 V
0 a 10 V
representado por - - - - - - -
c. sinal digital ou
discreto ou binário
----\----\------, binário elétrico
, binário pneumático
As próximas três páginas têm um pequeno resumo da simbologia empregada na
confecção de fluxogramas para instrumentação e controle de processos.
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Tabela 1.3 – Letras de identificação de instrumento ou função programada.
LETRA
1o GRUPO DE LETRAS 2o GRUPO DE LETRAS
VARIÁVEL MÉDIA OU INICIADORA FUNÇÃO
1o LETRA MODIFICADORA PASSIVA OU DE INFORMAÇÃO ATIVA OU DE SAÍDA MODIFICADORA
A ANÁLISE ALARME
B CHAMA
C CONDUTIVIDADE ELÉTRICA
CONTROLADOR
D DENSIDADE DIFERENCIAL
E TENSÃO SENSOR (ELEM.
PRIMÁRIO)
F VAZÃO RAZÃO
G
H MANUAL ALTO
I CORRENTE ELÉTRICA INDICADOR
J POTÊNCIA VARREDURA OU
SEL. MANUAL
K TEMPO OU TEMPORIZAÇÃO
TAXA DE VARIAÇÃO COM O
TEMPO ESTAÇÃO DE
CONTROLE
L NÍVEL LÂMPADA PILOTO BAIXO
M UMIDADE INSTANTÂNEO MÉDIO OU INTERMEDIÁRIO
N
O
P PRESSÃO
Q QUANTIDADE
R
S
T
U
V
W VÁLVULA OU
DEFLETOR (DAMPER OU LOUVER)
X NÃO CLASSIFICADA
NÃO CLASSIFICADA NÃO CLASSIFICADA
Y
ESTADO, PRESENÇA OU SEQÜÊNCIA DE
EVENTOS
EIXO DOS Y
PELÉ, RELÉ DE COMPUTAÇÃO OU
CONVERSOR SOLENÓIDES.
Z POSIÇÃO OU DIMENSÃO EIXO DOS Z
ACIONADOR OU ATUADOR P/
ELEMENTO FINAL DE CONTROLE NÃO CLASSIFICADO
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TRC-210.02-A
VARIÁVEL FUNÇÃO ÁREA DE ATIVIDADES
N.O SEQUÊNCIAL
DA MALHA SUFIXO
IDENTIFICAÇÃO FUNCIONAL IDENTIFICAÇÃO DA MALHA
IDENTIFICAÇÃO DO INSTRUMENTO
Figura 2 - Exemplo de identificação de instrumento.
onde:
T - variável medida ou iniciadora: temperatura;
R - função passiva ou de informação: registrador;
C - função ativa ou de saída: controlador;
210 - área de atividades, onde o instrumento ou função programada atua;
O2 - número seqüencial da malha;
A - sufixo.
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3 Sistemas em Malhas Fechadas
PROCESSOS FÍSICOS E / OU QUÍMICOS ESTÃO SUJEITOS A INFLUÊNCIAS AS MAIS DIVERSAS E IMPREVISÍVEIS.
EX.: REATOR QUÍMICO MUDANÇA DA COMPOSIÇÃO DA ALIMENTAÇÃO
DESATIVAÇÃO DO CATALISADOR
LOTE DE CATALISADOR DIFERENTE
EX.: TORRE DE DESTILAÇÃO MUDANÇA DA VAZÃO, TEMPERATURA OU COMPOSIÇÃO DA ALIMENTAÇÃO
à CONTROLE DE PROCESSOS
à PRODUTOS + UNIFORMES
QUALIDADE DOS PRODUTOS
SEGURANÇA P/ EQUIP. E PESSOAS
CONSUMO DE ENERGIA
LUCRO
CONTROLE DE PROCESSOS
MANUAL
PROCESSOS SIMPLES
AUTOMÁTICO
PROCESSOS MUITO RÁPIDOS OU COMPLEXOS
REGIÕES REMOTAS
OPERAÇÕES PERIGOSAS
MAIS EFICIENTE
MAIOR INVESTIMENTO INICIAL
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3.1 Definições
SISTEMA
“QUALQUER CONJUNTO DE UNIDADES, ENTRE AS QUAIS EXISTEM RELAÇÕES”
UM SISTEMA É CONSTITUÍDO DE PARTES QUE FORMAM UM TODO COMPLEXO, MAS ORGANIZADO E QUE SE INTER-RELACIONAM DE TAL MANEIRA QUE O TODO ADQUIRE CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS, DIFERENTE DA SIMPLES SOMA DAS CARACTERÍSTICAS DE SUAS PARTES.
EX.: SISTEMA DO MUNDO FÍSICO:
SISTEMA DO MUNDO SOCIAL:
SISTEMAS DO MUNDO TECNOLÓGICO:
sistema solar
sistema político de um país
sistema de trânsito de uma cidade
sistema de computação eletrônica
sistema de produção de amônia
sistema de controle de processos
PARTES DE UM SISTEMA:
1. ENTRADA OU “INPUT”: APORTE DO MEIO EXTERNO PARA O
SISTEMA
2. PROCESSO: SÉRIE DE OPERAÇÕES OU TRANSFORMAÇÕES
EFETUADAS NO INTERIOR DO SISTEMA SOBRE AS ENTRADAS.
3. SAÍDA OU “OUTPUT”: RESULTADO DA AÇÃO DO SISTEMA SOBRE AS
ENTRADAS, É O APORTE DO PROCESSO PARA O MEIO.
ENTRADA
ESTÍMULO PROCESSO
SAÍDA
RESPOSTA
SISTEMA
SUBSISTEMA 1 SUBSISTEMA 2 SUBSISTEMA 3
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SISTEMA DE CONTROLE: “DISPOSIÇÃO DE COMPONENTES FÍSICOS,
CONECTADOS OU RELACIONADOS DE MANEIRA A
COMANDAR, DIRIGIR OU REGULAR A SI MESMOS OU
A OUTROS SISTEMAS.”
SISTEMAS DE
CONTROLE
FEEDFORWARD:
FEEDBACK:
A AÇÃO DE CONTROLE É INDEPENDENTE DA
SAÍDA (CONTROLE ANTECIPATÓRIO)
A AÇÃO DE CONTROLE DEPENDE, DE
ALGUM MODO, DA SAÍDA (REALIMENTAÇÃO)
TIPOS DE
SISTEMAS DE
CONTROLE
CASCATA:
RELAÇÃO
ADAPTATIVO
SUPERVISÓRIO
DESACOPLAMENTO
SPLIT-RANGE
SELETIVO
REALIMENTAÇÃO
à
ANTECIPATÓRIO
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3.2 EXEMPLO DE UM SISTEMA DE CONTROLE : TANQUE DE AQUECIMENTO
PROCEDIMENTO POSSÍVEL: 1. MEDIR A VARIÁVEL A SER CONTROLADA (T)
2. COMPARAR T COM O VALOR DESEJADO (TSP)
3. LIGAR OU DESLIGAR O AQUECEDOR A
DEPENDER DA DIFERENÇA TSP(t) – T(t)
TC
TT
Condensado
( ) ( )vaportWst
( ) ( )tWt 22 ,T
( ) ( )tWt 11 ,T
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3.3 TERMINOLOGIA
VARIÁVEL CONTROLADA variável a ser mantida no valor de referência, por exemplo:
temperatura T(t)
VARIÁVEL MANIPULADA variável que recebe a ação do controlador, variável que se
modifica pela ação do elemento final de controle, ex.: vazão
de vapor Wst(t)
DISTÚRBIO variável que interfere na variável controlada, ex.: vazão
W1(t), ou temperatura T1(t) da água fria, ou vazão da água
aquecida W2(t) – demanda do processo, ou vazão de vapor
Wst(t).
VARIÁVEL MEDIDA variável que é medida e serve como fonte de informação
para malha de controle, ex.: temperatura dentro ou na
saída do tanque.
ELEMENTO FINAL DE
CONTROLE
dispositivo físico que executa a ação de controle, ex.:
válvula de controle ou resistência elétrica.
ELEMENTO PRIMÁRIO DE
MEDIÇÃO
dispositivo físico que mensura as variáveis de processo.
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3.4 DIAGRAMA DE BLOCOS
- APRESENTA VISÃO GLOBAL DAS RELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS
- O SENTIDO DO FLUXO DE INFORMAÇÕES
- FUNÇÃO DE CADA UMA DAS PARTES
DIAGRAMA DE BLOCOS:
SPT
+
Erro
CONTROLADOR Saída do
Controlador AQUECEDOR TANQUE
( )sT
( )SiT
Fluxo
Térmico
TERMOPAR ( )SmT ( )ST
-
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CONVENÇÕES:
SEGMENTOS DE RETA: REPRESENTAM SINAIS, QUE PODEM SER FLUXOS DE
INFORMAÇÕES, DE MASSA OU DE ENERGIA.
®
JUNÇÃO CIRCULAR: SOMA ALGÉBRICA DOS SINAIS AFLUENTES À JUNÇÃO
(+ ou -)
PONTO DE
RAMIFICAÇÃO:
RETA QUE SE RAMIFICA EM OUTRA: DIVISÃO DE UM
SINAL EM MAIS DE UM CANAL SEM SOFRER
MODIFICAÇÃO.
RETÂNGULOS: REPRESENTAM UMA MODIFICAÇÃO DOS SINAIS
EFLUENTES E SÃO USADOS PARA SIMBOLIZAR OS
ELEMENTOS DO SISTEMA
NORMALMENTE CONTÊM AS NOTAÇÕES QUE
DESCREVEM AS CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DO
SISTEMA: EQ. DIF., FUNC. TRANSF.
A A
A
PROCESSO A B
A
+ A + B
+ B
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Exemplo: Diagrama de Blocos do tanque de Aquecimento com Agitação
Diagrama de Blocos para o Sistema de Controle
TC
TT
Condensado
( ) ( )tWt 22 ,T
( ) ( )tqt 11 ,T
TE
TY
( )tOUT *( )tOUT
( )( )tP
Woutq
ts
tstsVapor
h (t) ( )tm
*T
( )SGp1 ( )S1T ( )ST
T
Gc (S) GTY (S) GV (S) GP2 (S)
GP1 (S)
GTT (S) GTE (S)
( )STsp ( )SE ( )SOUT ( )SOUT*
( )SWst
( )ST
(ST1
( )STm ( )ST m*
+ -
+
+
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Controle Liga-desliga (on-off)
Controlador proporcional com um ganho muito elevado (Kc muito grande).
Controle Modo Proporcional + Integral (PI)
( ) ( ) ( ) BIASdttttOUTt
oIc +ú
û
ùêë
ét
+K= ò EE ..1
(03.26)
Onde 1t - tempo integral [=] min
( ) ( ) ( ) úû
ùêë
ét
+K= òt
cIc dttttOUT EE ..
1
(03.27)
Função de transferência:
( ) ( )( ) ú
û
ùêë
ét
+K==SS
SOUTSG
Icc .
.1
1E
(03.28)
Controle Modo Proporcional + Derivativo (PD)
( ) ( ) ( )BIAS
dttd
ttOUT Dc +úûù
êëé t+K=
EE ..
(03.29)
Onde Dt - tempo derivativo, [min]
( ) ( ) ( )úûù
êëé t+K=
dttd
ttOUT DcE
E .. (03.30)
Função de transferência:
( ) ( )( ) [ ]SS
SOUTSG Dcc .. t+K== 1
E
(03.31)
Controle Modo Proporcional + Integral + Derivativo
( ) ( ) ( ) ( )BIAS
dttd
dttttOUT Dt
oc +úûù
êëé t++K= ò
EEE ..
(03.32)
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3.9 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE CONTROLADORES INDUSTRIAIS
A prática determina que variações bruscas devem ser evitadas, o que torna
inconveniente aplicar as equações de controladores ideais em sistemas de
controle reais. Para tanto, a ação derivativa nunca incide dobre o erro E (t) , mas
sobre a própria variável de processo (process variable) medida:
( ) ( ) ( ) ( )dt
tdPVdt
tPVtdSPdt
td-@
-=
E
(03.34)
A equação (04.34) é exata quando as perturbações acontecem na carga, isto é, o
set-point é constante. Outro procedimento que visa suavizar a ação de controle é
fazer que a ação proporcional incida somente sobre a variação da variável de
estado ,e não sobre a função erro:
úû
ùêë
é+ta+t
úû
ùêë
ét
+K=1
111
SS
SG
D
D
Icc ..
..
..
(03.36)
Onde 0,05 < a < 0,1 e no limite para 0®a , obtemos a função de
transferência do controlador ideal PID.
Por outro lado em sistemas digitais os sinais são discretos e as operações de
integração e derivação devem ser aproximadas. Existem basicamente dois
algoritmos de controladores digitais:
28
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Controlador de Posição
Aproximando a integral e derivada por:
( )ò å
=KD@
t
o
n
n tdtt1
.EE (03.37)
( )tdt
td nn
D= -1EEE .
(03.38)
então ( )
úúû
ù
êêë
é-
D
t+
tD
+K+= å=K
n
1-nnp
nI
ncn tt
BIASOUT1
EEEE ... (03.39)
Controlador de Velocidade
De ( ) ( ) BIAStOUTtOUT -= (03.40)
Então BIASOUTOUT nn -= (03.41)
E BIASOUTOUT nn -= -- 11 (03.42)
Logo nnnnnn OUTOUTOUTOUTOUTOUT D=-=-=D -- 11 (03.43)
Então 1-+D= nnn OUTOUTOUT (03.44)
29
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Onde ( ) ( )úû
ùêë
é+-
D
t+
tD
+-K=D 2-n1-nnp
nI
1-nncn tt
OUT EEEEEE .... 2 (03.45)
Efeitos do Controlador P
1. A ORDEM DO SISTEMA PERMANECE A MESMA
2. DEIXA offset
3. COM AUMENTO DE CK A RESPOSTA DO SISTEMA TORNA-SE MAIS
RÁPIDA E PARA SISTEMAS DE ORDEM SUPERIOR A 2 MAIS
OSCILATÓRIA
4. SE CK MUITO GRANDE O SISTEMA TORNA-SE on-off
Efeitos do Controlador PI
1. A ORDEM DO SISTEMA CRESCE (devido a ação integral);
2. O offset É ELIMINADO (devido a ação integral);
3. COM O AUMENTO DE CK A RESPOSTA DO SISTEMA TORNA-SE MAIS RÁPIDA E MAIS OSCILATÓRIA (efeito da ação proporcional e da ação integral);
4. SE CK É MUITO GRANDE, O SISTEMA TORNA-SE INSTÁVEL;
5. PARA CK CONSTANTE, A DIMINUIÇÃO DE It TORNA A RESPOSTA MAIS RÁPIDA E MAIS OSCILATÓRIA (efeito da ação integral).
30
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3.11 AÇÃO DIRETA E AÇÃO REVERSA DO CONTROLADOR
Quando o valor da variável de processo PV (t) está maior que o valor da set-point
SP(t) e isto provocar o aumento do sinal de saída do controlador OUT (t), então
dizemos que o controlador tem ação direta. Do mesmo modo, se a variável de
processo PV(t) está menor que o valor do set-point SP(t) e isto provocar a
diminuição do sinal de saída do controlador OUT (t), então o controlador tem
também ação direta. Veja Tabela 3.02.
Tabela 3.02: Ação Direta do Controlador
Ação Direta do Controlador
SP (t) PV (t) OUT (t) Controlador Proporcional
Menor
Maior Aumenta
OUT (t) = BIAS - ( )t c E.K
Maior
Menor
diminui
31
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Por outro lado, quando o valor da variável de processo PV (t) está maior que o
valor do set-point SP (t) e isto provocar a diminuição do sinal de saída do
controlador OUT (t), então dizemos que o controlador tem ação reversa. Do
mesmo modo, se a variável de processo PV (t) está menor que o valor do set-
point SP (t) e isto provocar o aumento do sinal de saída do controlador OUT (t),
então o controlador tem ação reversa. Veja Tabela 3.03.
Porém, para definir a ação do controlador, é necessário antes de estabelecer se a
válvula será normal aberta (ar-para-fechar) ou normal-fechada (ar-para-abrir).
Tabela 3.03: Ação Reversa do Controlador
Ação Reversa do Controlador
SP (t) PV (t) OUT (t) Controlador Proporcional
Menor
Maior
Diminui
OUT (t) = BIAS + ( )t c E.K
Maior
Menor
Aumenta
32
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3.11.1 Válvula Normal-Aberta e Válvula Normal-Fechada
Foi dito anteriormente que uma das finalidades do sistema de controle é operar a
planta em condições seguras. Porém em certas situações (por exemplo, falha no
fornecimento de energia elétrica ou parada de um compressor de ar de
instrumento) fica impossível o controle do processo. Neste caso, a planta por si só
deve parar a condição a mais segura possível, apesar de todos os problemas. Isto
pode ser conseguido, escolhendo adequadamente a posição em que as válvulas
de controle vão estar em caso de pane no sistema de fornecimento de de energia
para o atuador da mesma.
Existem duas possibilidades para a posição de repouso de válvulas de controle:
NA ou FO ou AC - Normal-Aberta (Ar-para-fechar ou Fail-Open
ou Air-to-close). Falta de ar de instrumento
provoca abertura total da válvula.
NF ou FC ou AO - Normal-Fechada (Ar-para-Abrir ou Fail-Close
ou Air-to-Open. Falta de ar de instrumento
provoca fechamento total da válvula).
A escolha da posição de repouso da válvula depende de qual a condição mais
segura para a planta. Por exemplo:
(a) a vazão da alimentação de um reator, no qual acontecem reações
exotérmicas, deve ser modulada por uma válvula de controle NF, pois
33
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em caso de falha do ar de instrumento a condição mais segura é cortar
a alimentação do reator;
(b) do mesmo modo, se este reator possui um sistema de refrigeração, a
válvula de controle que modula a vazão do fluido refrigerante deve ser
NA, permitindo a continua refrigeração do reator.
Exemplo 01: ação do controlador de temperatura de aquecedores de correntes
através da manipulação da vazão de vapor para o trocador.
TC
TT
( )tT2 ( )tT1
NF
AO
Vapor
Condensado
SP
PV OUT
1 Ação
34
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Exemplo 2: Ação do controlador de temperatura dos reatores (reação exotérmica)
através da manipulação da vazão de fluido refrigerante.
Exemplo 3: Controle de vazão de um corrente cujo elemento final de controle seja
uma válvula NA.
TC
TT
( )tT
NA
AC
Fluido refrigerante
r e a t o r
Fluido refrigerante aquecido
SP
PV OUT
2 Ação
TT TC
NA
SP
PV OUT
3 Ação
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Portanto para determinação da ação do controlador (ação direta ou ação reversa)
deve-se primeiro estabelecer a posição de repouso da válvula de controle
(normalmente fechada ou normalmente aberta) em seguida, a depender da
necessidade do processo, é estabelecida a ação do controlador.
3.12 PROJETO DE SISTEMAS DE CONTROLE FEEDBACK
A definição do sistema de controle requer que algumas perguntas sejam
respondidas:;
(01) Quantos controladores um equipamento pode ter?
(02) Quais as variáveis controladas, manipuladas, quais os principais
distúrbios?
(03) Qual o modo de controle mais apropriado (P, PI ou PID)?
(04) Qual a ação do controlador (ação direta ou ação reversa) e qual a
posição de repouso das válvulas de controle (NA ou NF ou falha
na posição corrente)?
36
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(05) Qual a melhor sintonia do controlador (qual o valor do ganho
proporcional ¢Kc do tempo integral It e do tempo derivativo
Dt )?
3.12.1 Graus de Liberdade de um Processo de Controle
Para os propósitos do controle de processos a definição de graus de liberdade de
um sistema tem uma pequena diferença em relação a definição utilizada num
projeto de um processo.
Para nós graus de liberdade f pode ser definido como
F = (nº de variáveis V) – (nº de equações E)
- (nº de parâmetros conhecidos P)
- (nº de distúrbios externos D) – (nº de controladores C)
ou
f = V – (E + P + D + C)
Se f for maior que 0 (zero) então o processo (ou pelo menos alguma variável de
processo) não estará sobre controle.
37
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Se f for menor que 0 (zero) então existem controladores em excesso e eles
estarão “brigando” entre si, um tentando suplantar o outro.
Portanto, para um processo estar sobre controle o número de controladores deve
ser igual a:
C = V – (E + P + D)
Exemplo: Tanque de aquecimento com Agitação
Balanço de massa
( ) ( ) ( )tqtqdt
tdha 21 -=.
Condensado
( ) ( )tqt 22 ,T
( ) ( )tqt 11 ,T
Vapor
38
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Balanço de energia
( ) ( ) ( ) ( ) ( )[ ] ( )tWCp
HtTtTtq
dttdT
thA stfg .
....
r+-= 11
Portanto:
Nº de variáveis V: 10 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( )fgst HCptWtTtTtqtqthA ,,,,,,,,, r121
Nº de equações E: 02 (um balanço de massa e um balanço de
energia)
Nº de parâmetros P: 04 ( )fgp HCA ,,, r
Nº de distúrbios D: 02 ( ) ( )( )tTtq 11 ,
Sub-total: 02 (nº de controladores C)
Logo podemos e devemos instalar dois controladores neste processo, um para o
controle de nível e um para o controle de temperatura. Por exemplo, podemos
imaginar o seguinte sistema de controle para este processo:
39
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Um fato importante deve ser lembrado: existem processos que apresentam
multiplicidade de estados estacionários, de modo que mesmo instalando o número
correto de controladores, a depender do procedimento de partida da planta,
diferentes estados estacionários podem ser alcançados.
Por exemplo seja um reator de mistura (CSTR) no qual ocorrem reações
exotérmicas. Este reator tem uma camisa de resfriamento cujo objetivo é controlar
a temperatura no interior do reator. É sabido que este sistema pode apresentar
multiplicidade de estados estacionários. Veja a Figura a seguir.
Portanto para que este processo opere de acordo com o desejado, além de definir
corretamente o sistema de controle, o procedimento de partida do reator deve ser
estabelecido de modo que o estado estacionário alcançado seja o desejado.
TC
TT
Condensado
( ) ( )tqt 22 ,T
( ) ( )tqt 11 ,T
Vapor
LT LC
40
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3.12.2 Escolha da Estrutura de Controle e do Algoritmo do Controlador
A definição da qual a estrutura de controle a ser adotada é uma tarefa complexa,
quer requer um profundo conhecimento do processo e de teoria de controle.
Porém uma abordagem qualitativa é possível, e deve ser aplicada, pois facilita o
entendimento sobre o comportamento dinâmico do processo, dando boas pistas
sobre a estrutura de controle a ser implementada. De maneira geral podemos
aplicar a seguinte metodologia na elaboração da estrutura (escolha dos pares de
variáveis controladas PV e manipuladas MV) de um sistema de controle:
(a) mantenha sob controle o inventário de massa do processo.
(b) Mantenha sob controle o inventário de energia do processo.
(c) Mantenha sob controle a qualidade do processo.
Para cada etapa defina as estruturas segundo a seqüência abaixo:
(1) Selecione as variáveis controladas.
(2) Selecione a(s) variáveis(s) manipulada(s) para cada variável
controlada.
(3) Verifique as interações entre as variáveis manipuladas e controladas
e destas entre si.
(4) Reduza as interações através da troca dos pares PV-MV.
41
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(5) Retorne ao passo (1) sempre que o desempenho do sistema não for
satisfatório.
O procedimento para estabelecer os pares PV-MV é o seguinte:
(a) estabelecer quais as válvulas que serão utilizadas no controle do
inventário;
(b) estabelecer quais as válvulas que serão utilizadas no controle da
qualidade;
(c) a partir de uma análise qualitativa escolher possíveis pares de
variáveis manipuladas-controladas (PV-MV);
(d) a partir da análise quantitativa definir os pares PV-MV, essa análise
quantitativa requer o emprego da Matriz de Ganhos Relativos e/ou
da Decomposição por Valores Singulares (SVD);
(e) verificar através de simulações (em computador ou na planta) da
validade da estrutura de controle estabelecida.
Na definição dos pares PV-MV, ou seja na definição da estrutura do sistema de
controle, tem que ser considerada os seguintes aspectos:
(a) satisfazer aos estados estacionários desejados (satisfazer os set-
poin’s),
(b) desempenho dinâmico apropriado,
42
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(c) satisfazer a operação global da planta/unidade.
Após decidir quais as variáveis a serem controladas devem ser estabelecidas as
variáveis manipuladas. A escolha dos pares de variáveis manipuladas e
controladas é uma tarefa complexa. Neste capítulo discutiremos qualitativamente
alguns aspectos a esse respeito. Contudo encontrar o par “ótimo” requer a análise
quantitativa das funções de transferência.
Após definir a estrutura temos que especificar o algoritmo que o controlador deve
seguir, isto é, escolher entre os modos P, PI, PID ou mesmo uma outra função de
controle.
Regras Práticas para Seleção das Variáveis Controladas
A escolha da variável controlada depende das características do processo e da
disponibilidade de instrumentação adequada para efetuar sua medição. Porém
existem as seguintes regras gerais:
(a) Sempre escolha as variáveis que não são auto-reguladas, por
exemplo nível em tanques com vazão de descarga sugada por uma
bomba.
(b) Sempre escolha as variáveis que, embora sejam auto-reguladas,
podem exceder um limite operacional do equipamento ou processo.
(c) Sempre selecione as variáveis que, embora auto-reguladas
interagem fortemente com outros inventários do processo.
43
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(d) Se o número de variáveis controladas por maior que o número de
variáveis manipuladas, apenas as regras (b) e (c) devem ser
reconsideradas.
Essas regras são gerais e o engenheiro deve adaptá-las para seu problema,
quando for conveniente.
Regras Práticas para Seleção das variáveis Manipuladas.
Após definir as variáveis controladas devem ser estabelecidas as variáveis
manipuladas. esta seleção não é uma tarefa simples e para sua definição é
necessário uma análise quantitativa da influência das variáveis manipuladas sobre
as controladas. Mas, como guia geral, temos as seguintes regra1:
(a) a variável manipulada deve ser a que tem maior influência sobre a
variável controlada associada;
(b) se duas correntes têm a mesma influência sobre a variável
controlada, deve ser escolhida a corrente com menor vazão;
(c) a variável manipulada deve ter a maior relação linear com a variável
controlada;
1 Lipták, B. G., Instrument Engineers Handbook, 1ª edição, pg 1233 e Newell e Lee,
Applied Process Control, pg 131 a 141
44
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(d) a variável manipulada deve ser pouco sensível as condições
ambientais;
(e) a variável manipulada deve ser a que causa menor interação com as
demais malhas de controle;
(f) qualquer atraso (constante de tempo e tempo morto) associado a
variável manipulada deve ser pequeno quando comparado com a
constante de tempo do processo;
(g) escolha sempre que possível uma corrente de utilidades para ser a
variável manipulada, isto não sendo viável selecione por uma
corrente de descarga do processo, e somente em último caso opte
por uma corrente de alimentação (“passe seus distúrbios para
frente”).
É praticamente impossível encontrar uma variável manipulada que satisfaça todas
essas observações, portanto a relativa importância de cada uma delas deve ser
considerada para cada processo.
A definição da PV depende da MV escolhida e vice-versa.
45
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3.12.3 Escolha do Modo do Controlador: P, PI ou PID
As variáveis de processo têm dinâmicas diferentes: a variável temperatura é muito
mais lenta que a variável vazão. Com isso queremos dizer que o modo de controle
apropriado para a variável temperatura via de regra inclui a ação derivativa, o que
nunca deve acontecer com a variável vazão (devido ao elevado nível de ruído que
a medição dessa variável possui).
Outra característica que diferencia as variáveis de processo é a necessidade de
eliminar o offset. Freqüentemente no controle de nível em tanques e de pressão
em vasos é permitido, e muitas vezes desejado, que aconteça o offset no intuito
de absorver perturbações transitórias do processo, evitando assim que tais
distúrbios atinjam equipamentos críticos a jusante do tanque ou vaso. Por outro
lado o controle de temperatura quase sempre não permite a presença de offset,
exigindo a atuação da ação integral.
Na Tabela 3.04 vemos um resumo das características dinâmicas das principais
variáveis de processos químicos.
46
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Tabela 3.04 – Características dinâmicas de variáveis de processo.
TIPO DE VARIÁVEL TEMPO DE RESPOSTA DOS ELEMENTOS
SENSORES
ELIMINAR
OFFSET
MODO
CONTROLADOR
concentração SIM PID
temperatura SIM PI ou PID
nível ÀS VEZES P ou PI ou PID
pressão ÀS VEZES P ou PI ou PID
vazão SIM PI
3.12.4 Ação Apropriada para o Controlador
Conforme discutido na seção 3.11 quem determina se ação do controlador será
direta ou reversa é a condição mais segura para operação da planta.
Na verdade outros elementos da malha de controle podem inverter a ação do
controlador (posicionadores de válvulas de controle ou mesmo os conversores
I/P), de forma que, se for conveniente, pode ser padronizada a ação dos
controladores.
47
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3.12.5 Sintonia do Controlador
Para o perfeito funcionamento de um sistema de controle além de responder
corretamente às 4 perguntas anteriores (itens 3.12.1 a 3.12.4) a escolha dos
valores dos parâmetros do controlador (KC, tI e tD) deve ser feita de forma
criteriosa. A essa escolha criteriosa denomina-se sintonia do controlador.
O primeiro problema que surge é qual o critério de sintonia a ser utilizado, pois
certas opções são contraditórias com outras. Por exemplo, não é possível obter
simultaneamente mínimo tempo de ascensão e mínima sobre-elevação.
Existem inúmeros critérios de sintonia, cada um adequado para um propósito. No
capítulo 10 discutiremos este tema com maior profundidade. Alguns dos critérios
utilizados para sintonia de controladores estão citados a seguir.
(a) mínima sobre-elevação (overshoot)
(b) mínimo tempo de resposta
(c) razão de decaimento de ¼
(d) critério de Ziegler-Nichols
(e) critério de Cohen & Coon
(f) critérios integrais: IAE, ISE, ITAE e ITSE
(g) margem de ganho e margem de fase
48
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O critério de Cohen & Coon, por exemplo, se baseia nos parâmetros que
caracterizam um processo de 1a ordem com tempo morto (Kp, tp e tm) e determina
o ajuste do controlador. Para encontrar Kp, tp e tm é necessário utilizar algum
procedimento de identificação de processos (veja Capítulo 05). Na Tabela 3.05
temos os valores dos parâmetros do controlador sugerido por Cohen & Coon.
49
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Tabela 3.05 – Critério de Sintonia de Cohen & Coon
Modo do Controlador Sintonia do Controlador
Proporcional
úúû
ù
êêë
é
tt
+t
t
K=K
p
m
m
p
pc .
.3
11
Proporcional
+
Integral
úúû
ù
êêë
é
tt
+t
t
K=K
p
m
m
p
pc .
,.12
901
pm
pmmI tt+
tt+t=t
.
..
209
330
Proporcional
+
Integral
+
Derivativo
úúû
ù
êêë
é
tt
+t
t
K=K
p
m
m
p
pc .
.43
41
pm
pmmI tt+
tt+t=t
.
..
813
632
pmmD tt+t=t
..
2114
A literatura contem os procedimentos utilizados na sintonia de controladores para
os diferentes critérios. Como fonte inicial de pesquisa deste assunto recomendo a
50
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monografia elaborada por FREITAS2 no qual ele faz uma breve revisão dos vários
métodos de sintonia e utiliza o critério integral ITAE para sintonizar diferentes
processos (representados pelas suas funções de transferência).
Valores típicos dos parâmetros do controlador podem ser visto na Tabela 3.06.
Tabela 3.06 – Valores típicos dos parâmetros de controladores.
TIPO DE
VARIÁVEL
FAIXA
PROPORCIONAL FP
%
GANHO
PROPORCION
AL KC
TEMPO INTEGRAL
tI (MIN)
TEMPO DERIVATIVO tP
(MIN)
Vazão 150- 250 0,4 – 0,67 0,05 – 0,5 nunca
Temperatura 15 - 100 1,0 – 6,70 0,01 – 0,2 ¼ tI
Nível
@ vazão @ temperatura
Pressão
- vasos para controle de pressão por alívio ou compressão têm resposta é
rápida;
- quando o controle de pressão envolve a variável temperatura a resposta é
lenta, por exemplo: controle de pressão do topo de colunas.
Obs.1.: FP = 100/Kc
2 FREITAS, Gustavo de, Sintonia de Controladores Industriais. Bolsa de Iniciação
Científica fornecida pela COPENE. Orientadores Maurício Moreno (COPENE) e Ricardo
Kalid (UFBA)
51
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Obs.2.: alguns fabricantes de instrumentos trabalham com o tempo integral dado
em repetições por minuto, portanto o inverso multiplicativo do tempo
integral utilizado neste texto.
52
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3.13 Exercícios
3.01 Considere um reator de mistura perfeita, no qual ocorrerá uma reação
homogênea endotérmica. Projete um sistema de controle feedback para esse
processo.
Dados -
-
-
-
-
vazão e concentrações na alimentação são constantes;
temperatura da corrente de entrada = 70oC;
temperatura da corrente de saída = 50oC;
há necessidade de aquecimento do reator;
fluído de aquecimento é vapor saturado;
(a)Faça um desenho simplificado do sistema de controle feedback identificando:
-
-
-
-
-
-
elemento(s) primário(s) de medição;
elemento(s) final(is) de controle;
distúrbio(s);
variável(is) controlada(s);
variável(is) manipulada(s);
malha de controle.
53
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(b) Faça o diagrama de blocos associado.
(c) Identifique e justifique o tipo de controlador mais indicado para esse sistema (ação
direta ou reversa; modo P, PI ou PID).
(d) Se a reação fosse exotérmica, o que mudaria no controlador. Justifique.
3.02 O sistema aquecedor-tanque com agitação, mostrando na figura a seguir, é
controlado por um controlador P. Os seguintes dados são pertinentes ao
problema:
- ¦, vazão do líquido (cte) através do tanque [=] Kg/min
- V, volume de retenção do tanque [=] l
- r, densidade do líquido [=] Kg/l
- Cp, capacidade calorífica [=] Kcal/(Kg.oC)
- elemento final de controle: uma variação de DP atm do controlador faz variar o
fluxo de energia DQ Kcal/min.
- elemento final de controle é linear.
- não há atraso na medição
54
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Obtenha:
(a) O diagrama de blocos deste sistema indicando as funções de
transferências (expressões e unidades das constantes).
(b) Qual o valor máximo permitido para o ganho do controlador.
TC
TT
( ) fti ,T
Vapor
Condensado
( ) ft ,0T
55
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3.03 O sistema aquecedor-tanque com agitação, mostrado na figura abaixo, é
controlado por um controlador PI. Os seguintes dados são pertinentes ao
problema:
- ¦, vazão do líquido (cte) através dos tanques: 113,5 Kg/min
- V, volume de retenção de cada tanque: 283,2 l
- r, densidade do líquido: 800 g/l
- Cp, capacidade calorífica: 1 Kcal/(Kg.oC)
- elemento final de controle: uma variação de 1 atm do controlador faz variar o fluxo
de energia Q de 1.481,76 Kcal/min.
- elemento final de controle é linear.
- não há atraso na medição
( ) fT ,ti
Condensado
( ) fT ,t1
( ) fT ,t2 Vapor
TC
TT
56
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Pede-se:
(a) obtenha o modelo matemático do sistema;
(b) a partir do resultado anterior, obtenha o diagrama de blocos do sistema
de controle. Mostrar em detalhes as unidades e os valores numéricos dos
parâmetros. Identifique a ação do controlador (direta ou reversa);
(c) para o controlador proporcional puro, quais os valores da constante
proporcional para que o sistema seja super, criti e sub-amortecido.
Assuma perturbação degrau unitário no setpoint.
3.04 Um tanque pulmão de produtos intermediários, conforme figura a seguir está
instalado num processo. Acontecerá a ampliação da planta de modo que a
vazão deste produto intermediário duplicará.
Pede-se:
(a) qual o ponto de operação (nível no estado estacionário) do tanque
quando qs = 0,2 m3/min, para R1 e R2;
(b) para qs = 0,4 m3/min, há necessidade de trocar o tanque? Faça para R1 e
R2, discuta os resultados;
(c) para controlador PI, qual os valores do ganho proporcional (Kc) que
tornam o sistema instável? (faça para R1 e R2);
57
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Dados:
qs – vazão em estado estacionário antes da duplicação qs = 0,2 m3/min.
A – área da seção transversal do tanque = 0,8 m2
hmax – altura máxima do tanque = 1,25 m
R1 – resistência ao fluxo de saída = 1,25 m/(m3/min)
R2 – resistência ao fluxo de saída = 2,5 m/(m3/min)
q01(t) – fluxo de saída = 1R
h(t)
( )th
( )tq i
( )tq 0 R
LC LT
58
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q02(t) – fluxo de saída = 2R
[h(t)]1/2
tI – tempo integral = 5 min
Kv – ganho da válvula unitário
Não há atraso na resposta da válvula
Km – ganho do elemento de medição = 1
tm – constante de tempo do elemento de medição = 0,2 min
3.08 Considere o processo mostrado na figura abaixo.
( )th1 ( )tq 0
( )tm
¬
( )tq 3
( )tq 1 ( )tq 2
( )tq 4
( )th2
LC
LT
LV1 LY
LV2
LV3
( )tq 3
59
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As seguintes informações são fornecidas:
- A densidade do líquido é constante.
- A vazão de descarga dos tanques é dado por
hm ][(t)..VPCv(t)q 3i iii /== h
onde Cvi – coeficiente de vazão da válvula, constante
VPi – posição da válvula, constante
- A vazão através da bomba é dada por
[ ] /hm][4-m(t).K(t)q 3b3 ==
onde M(t) – energia fornecida à bomba
- A válvula de controle pode ser representado por um sistema de 1a
(primeira) ordem de ganho Kv e constante de tempo tv.
- Os diâmetros dos tanques são D1 e D2.
- O transdutor de sinal I/P (LY1) e o transmissor (LT1) não têm atraso e
apresentam ganhos KLY e KLT, respectivamente.
- Os distúrbios são q1(t) e m(t).
- Controlador proporcional + integral.
60
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Obtenha o diagrama de blocos, indicando as funções de transferência com
suas constantes de tempo, ganhos, e as seguintes variáveis desvio no
domínio de Laplace Q1(s), Q2(s), M(s), H2(s).
3.10 Seja o tanque de aquecimento com agitação conforme a figura a seguir. A
temperatura e a vazão da alimentação podem variar com o tempo. Para
manter este processo nas condições desejadas são necessários dois
controladores: um do nível do tanque, outro da temperatura de saída do
produto. O nível é controlado manipulando a vazão de descarga do tanque,
enquanto a temperatura pela vazão de vapor saturado.
TC
TT
Condensado
( ) ( )tft 11 ,T
( ) ( )tft 00 ,T
Vapor
LT LC
61
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Dados complementares:
- controlador PID para temperatura de PI para nível;
- ganho da válvula de vazão de vapor Kv1;
- ganho da válvula de vazão do produto Kv2;
- constante de tempo da válvula de vazão de vapor tv1;
- constante de tempo da válvula do produto tv2;
- os transdutores/transmissores tem ganhos KTT e KLT para
malha de temperatura e nível, respectivamente;
- existe um tempo morto na medida de temperatura dado
por tm.
Obtenha o diagrama de blocos correspondente ao sistema de controle deste
processo, indicando as expressões de todas as funções de transferências.
62
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3.12 Duas correntes 1 e 2 são misturadas em tanque de mistura bem agitado,
originando a corrente 3, conforme a figura a seguir. Cada corrente é
composta de duas substâncias A e B, com concentrações molares CA1, CB1 e
CAZ, CBZ, respectivamente. Seja também ¦1 e ¦2 as vazões volumétricas e T1
e T2 suas temperaturas. Uma serpentina está submersa no líquido o tanque
com a finalidade de aquecer a mistura.
Dados: - r1 = r2 = r3 = r constante
- Cp1 = Cp2 = Cp3 = Cp = constante
- CA! >> CA2
- ¦1 << ¦2
63
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Pede-se:
(a) o modelo matemático deste processo
(b) identifique as variáveis manipuladas e controladas, justifique sua
resposta
(c) o diagrama de bloco do sistema de controle deste processo, para
sistema isotérmico. Identifique a ordem das funções de
transferências, suas constantes de tempo e ganhos (expressões
matemáticas).
33 BA CC ,
33 Tf ,
11 BA CC ,
11 Tf ,
22 BA CC ,
22 Tf ,
64
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4. ESTRATÉGIAS DE CONTROLE
4.1 CONTROLE EM CASCATA
Uma das aplicações do controle em cascata é evitar que aconteçam perturbações
não desejadas na variável manipulada. Por exemplo, no sistema de resfriamento
de um reator a vazão para a camisa é a variável manipulada, porém pode
acontecer, devido a mudança na pressão a montante ou a jusante da válvula de
controle que esta vazão se modifique, apesar da saída do controlador se manter
constante. Neste caso, é aconselhável acrescentar um controlador de vazão de
líquido refrigerante, sendo que o set point deste controlador é a saída do
controlador de temperatura do reator (Veja Figura 04.01).
Figura 04.01: Sistema de Controle em Cascata
Controlador primário
Fluido
refrigerante
reagente
Reagente
Catalisador
Controlador secundário
C + D
TI 3
TI 2
TI 1
FT 2
FY 2
FC 2
FT 3
FY 3
FC 3
FY 4
FC 4
FT 4
AC 1
AI 1
FT 1
FY 1
FC 1
TC 1
TT 1
65
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4.2 Controle por Relação
Quando se deseja manter a razão entre duas vazões constantes é interessante
utilizar o controle por relação. Por exemplo, deseja-se manter constante a
composição de uma determinada corrente, para tanto, modula-se a vazão de uma
Segunda corrente:
Figura 04.02: Controle por Relação
( ) ( ) ( )tCtCtq BA 111 ,,
( ) ( ) ( )tCtCtq BA 333 ,,
( ) ( ) ( )tCtCtq BA 222 ,,
FT 1
FT 2
FFC 1
FC 1
FY 1
manipuladavariávelq
controladavariávelCA
-
-
2
3
Estação de razão
66
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Então para A1C constante, manipulando a razão 2
1qq
controla-se a composição
na saída do processo. Portanto se a vazão ( )tq1 mudar a estação de razão, que
tem a incumbência de atender a relação 2
1qq
, modificará a vazão ( )tq2 .
Figura 04.03: Sistema de Controle por Relação
Fluido
refrigerante
reagente
Reagente
Catalisador
C + D
TI 3
TI 2
TI 1
FT 2
FY 2
FC 2
FT 3
FY 3
FC 3
FY 4
FC 4
FT 4
AI 1
FT 1
FY 1
FC 1
TC 1
TT 1
FFC 2
67
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4.3. COMBINAÇÃO DE CONTROLE EM CASCATA E POR RELAÇÃO
O sistema de controle dos processos industriais são, freqüentemente, a
combinação de diversas estratégias de controle, por exemplo, combinação de
controle em cascata com controle por relação.
Esta combinação de sinais podem ser de diversas maneiras, por exemplo, pode
ser uma média ponderada (OUT) de sinais vindo da malha feedback (FB) e da
malha por relação (FF).
( ) FFFBOUT .. Â-+Â= 1 (04.09)
Se 0=Â Þ Controle por relação
Se 1=Â Þ Controle em cascata
Se 10 <Â< Þ Combinação cascata/relação
68
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Figura 04.04: Combinação de controle em cascata c/ controle
Controlador primário
Fluido
refrigerante
reagente
A
Reagente
Catalisador
C + D
TI 3
TI 2
TI 1
FT 2
FY 2
FC 2
FT 3
FY 3
FC 3
FY 4
FC 4
FT 4
AC 1
AI 1
FT 1
FY 1
FC 1
TC 1
TT 1
FFC 2
FX 1
FB FF
OUT
69
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4.4 CONTROLE ANTECIPATÓRIO
Quando o processo está submetido à grandes perturbações na carga ou quando
não permite muitas oscilações o emprego do controle antecipatório pode melhorar
o desempenho do processo.
Na figura 04.05 vemos a representação em diagramas de blocos do controle
feedforward.
Figura 04.05: Controle feedback/feedforward
4.5. Combinação de Controle por Realimentação e Antecipatório
Semelhante a combinação cascata/relação podemos combinar o feedforward com
o feedback ou com o controle em cascata. Por exemplo na Figura 04.05 o sinal
que vai para a válvula de controle é a soma do sinal feedback (FB) com
feedforward (FF): OUT = FB + FF
3pG
2pG VG
mG
FFG
1pG R E F
B OUT
Q + C +
+ + -
+ FF
U
cG
70
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Podemos implementar o controle (S) feedforward em combinação com feedback
no sistema de controle da figura 04.01:
Figura 04.06: Combinação de controle feedback/feedforward
Fluido
refrigerante
reagente
A
Reagente
B
Catalisador
C + D
TT 3
TT 2
TT 4
FT 2
FY 2
FC 2
FT 3
FY 3
FC 3
FY 4
FC 4
FT 4
AC 1
AT 1
FT 1 F
Y
FC 1
TC 1
TT 1
TC 2
FX 1
FB OUT
Cálculo da quantidade de
catalisador
Cálculo da carga de processo
FF
71
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Novamente o sinal combinado do feedback com o feedforward pode ser uma
média ponderada:
( ) FFFBOUT .. Â-+Â= 1 (04.09)
Se 0=Â Þ Controle antecipatório
Se 1=Â Þ Controle por realimentação
Se 10 <Â< Þ Combinação feedback/feedforward
72
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4.6 CONTROLE POR INTERVALO DIVIDIDO (SPLIT-RANGE)
Algumas vezes se faz necessário o emprego de duas válvulas de controle para
uma mesma malha. Nestes casos podemos reduzir o custo ou simplificar a
implantação da estratégia utilizando uma técnica denominada controle por
intervalo dividido (split-range).
Exemplo: Dois trocadores de calor em série.
Figura 04.07: Controle split-range
SP
PV OUT
Ação Reversa
Posicionador
NF
TC
Vapor
Condensado
Vapor
Condensado
NF
TT
73
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Exemplo: Controle de pressão em um vaso
Figura 04.08: Controle split-range
4.7 CONTROLE SELETIVO
As vezes é conveniente selecionar entre vários sinais disponíveis qual o melhor ou
qual o mais crítico para a segurança do planeta. Por exemplo, em reatores
catalíticos de tubulares submetidos a reações exotérmicas o ponto onde a
temperatura mais alta acontece muda de lugar a depender da
atividade/estabilidade do catalisador. Neste caso é conveniente espalhar alguns
elementos primários de medição e escolher a temperatura mais crítica (mais alta)
como sinal de controle (veja Figura 04.09).
SP
PV OUT
Ação Reversa
PT
PC
NF
9 – 15 psi
NA
3 – 9 psi
2N
74
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Figura 04.09: Sistema de Controle de um Processo
Fluido
refrigerante
reagente
A
Reagente
B
Catalisador
C + D
TT 3
TT 2
TT 4
FT 2
FY 2
FC 2
FT 3
FY 3
FC 3
FY 4
FC 4
FT 4
AC 1
AT 1
FT 1
FY 1
FC 1
TC 1
TT 1A
TC 2
FX 1
Cálculo da quantidade de
catalisador
Cálculo da carga de processo
TT 1B
TT 1C
HS 1
75
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4.8 Controle com Banda Morta e Ganho não-Linear
Freqüentemente o controle de nível de tanques não é rígido, isto é, permite-se a
existência de desvio permanente, também denominado erro estacionário ou off-
set, aliás, é até recomendado esse comportamento pois o tanque funciona como
amortecedor de perturbações (filtro passa baixa). A implementação de uma função
de controle que comporte essa característica pode ser feita de várias maneiras.
(a) CONTROLADOR FEEDBACK PROPORCIONAL PURO: Este controlador,
equação (4.8.01) permite o off-set para distúrbios na carga, mas elimina-o para
perturbações no set-point.
( ) ( ) ( ) ( )[ ]tPVtSPKtBIAStOUT c -+= . (4.8.01)
Onde OUT (t) - Saída do controlador
BIAS (t) - Saída do controlador no estado estacionário
cK - Ganho do controlador
SP(t) - Valor desejado (set-poin)
PV (t) - Variável de processo (process variable)
Alguns fabricantes preferem trabalhar com o conceito de Banda Proporcional
(PB – proporcional Band) em lugar de ganho do controlador, a equação
(4.08.02) define a relação entre esses conceitos.
76
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cPB K= 100 (4.8.02)
onde PB - Banda proporcional
(b) CONTROLADOR COM BANDA-MORTA: Neste caso divide-se o nível em
duas regiões, dentro da faixa mais interna o nível é deixado, por exemplo,
controle apenas proporcional, fora dessa faixa, muda-se a função de controle
para, por exemplo, proporcional mais integral com o intuito de forçar o nível a
atingir valores mais próximos do valor desejado. A função de controle será:
Dentro da banda morta:
( ) ( ) ( ) ( )[ ]tPVtSPKtBIAStOUT c -+= . (4.8.03)
Fora da banda morta:
( ) ( ) ( ) ( ) úû
ùêë
ét
++= ò dtttKtBIAStOUTI
c E E ..1
(4.8.04)
Onde E (t) - Erro. ( ) ( ) ( )tPVtSPt -=E
It - Tempo integral [=] minutos ou segundos
77
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(c) CONTROLADOR COM GANHO NÃO LINEAR: Outra possibilidade para tornar
variável a função de controle com o erro é o controlador com ganho não-linear.
Neste caso, o ganho é modificado continuamente de forma a ser proporcional
à magnitude do erro, equação (4.8.06).
Controlador com ganho não-linear:
( ) ( ) ( )[ ] ( )ttKKKtBIAStOUT NLcc E E.. .++= (4.8.06)
Onde NLK - Ganho não-linear
( )tE - Módulo do erro
Podemos, ainda combinar essas possibilidades ou modificá-las de forma a
atender exigências específicas de uma planta.
Os valores dos controladores ( ,, NLc KK banda-morta, etc.) devem ser de
forma a satisfazer um determinado critério, ou seja, o controlador deve ser
sintonizado.
78
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4.9. Compensação do Tempo Morto
A presença de tempo morto é um fator que prejudica o desempenho dos sistemas
de controle, particularmente um grande tempo morto pode instabilizar um
processo, por isso, o projeto do processo deve procurar eliminar ou pelo menos
diminuir o tempo morto, contudo, às vezes é impossível removê-lo do processo,
portanto, nesses casos temos que conviver com ele.
Uma alternativa que pode melhorar o desempenho do sistema é considerar o
tempo morto na função de controle, compensando, assim, o seu efeito. A idéia
básica do compensador de tempo morto calculado na implementação do sistema
de controle, conforme pode ser visualizado na Figura 4.4.01
Figura 4.9.01: Diagrama esquemático do compensador de tempo morto.
CONTROLADOR PROCESSO
SENSOR
COMPENSADOR TEMPO MORTO
R +
- +
- E E’
M
B
C
O
79
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Ao implementar o compensador de Smith a estabilidade do sistema é melhorada
pois elimina-se da equação característica o tempo morto.
Seja G (S) a função de transferência do processo que relaciona a variável
controlada C com a variável manipulada M. Separe de G (S) a parte sem tempo
morto G*(S).
Observando as equações (4.9.04) e (4.9.05) verificamos que o tempo morto não
foi eliminado da equação característica, consequentemente o sistema torna-se
mais estável.
Figura 4.9.02: Diagrama de blocos para o preditor de Smith
4.10. Desacoplamento
Os processos químicos são sistemas multivariáveis, consequentemente é
necessário implementar várias malhas de controle num mesmo equipamento.
Devido à interferência de uma variável manipulada em mais de uma variável
controlada, as malhas de controle interagem entre si, resultando em um controle
)(SGC G(S) R
- +
- E E’ M C
+
)( .* SmeG t--1
)(SGU
-
U(S)
+
+
80
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de baixo desempenho. No evaporador, por exemplo, as malhas de controle de
pressão e de composição interferem uma na outra. Outro exemplo típico de
interação entre malhas é o controle simultâneo das composições de topo e fundo
de colunas de destilação.
O sistema de equações (4.10.09) é denominado MATRIZ DAS FUNÇÕES DE
TRANSFERÊNCIA. Em diagrama de blocos:
Figura 4.10.01: Função de transferência em S de um sistema MIMO 2x2
( )SG11
( )SG21
( )SG12
( )SG22 ( )SX2
( )SX1
( )SY2
( )SY1 +
+
+
+
81
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O desacoplamento é implementado, conforme a Figura 4.10.02:
Figura 4.10.02 Sistema MIMO 2x2 com desacoplamento no domínio S
4.11. CONTROLE ADAPTATIVO
Os processos químicos são não-lineares e alguns são também não-variantes com
o tempo. Nas duas situações, e mais ainda na última, a sintonia dos controladores
PID só são válidas quando o processo encontra-se próximo do estado no qual foi
realizado o ajuste dos parâmetros do controlador. Portanto, quando o processo
sofre uma grande perturbação, o desempenho do controlador fica comprometido,
a menos que seja ajustada uma nova função de controle, neste caso é
recomendado que seja implementado um procedimento automático para
sintonia/adaptação automática dos controladores. Esse controlador é denominado
de adaptativo pois se modifica, adequando-se às novas condições de processo.
( )SG11
( )SG22
( )SG21
( )SG12
( )SU22
( )SU11
( )SX2
( )SX1
( )SY2
( )SY1
( )SU1
( )SU12
+
+
+
+
+
+
( )SD21
( )SD12
82
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O livro de Karl Johan Astrom e Bjorn Wittenmark, Adaptativr Control, editado pela
Addison-Wesley Publisng Company, é uma excelente referência para iniciar os
estudos sobre controladores adaptativos.
Um controlador adaptativo segue as seguintes etapas de atuação:
(a) Monitoramento das entradas e saídas do processo
(b) Estimativa das saídas a partir de um modelo de referência.
(c) Comparação das saídas calculadas com as medidas.
(d) Adaptação do modelo às novas condições de processo.
(e) Sintonia do controlador a partir do modelo adaptado.
Na Figura 4.11.01 vemos, em diagramas de blocos, o esquema de um controlador
adaptativo.
Figura 4.11.01 Controlador Adaptativo
CONTROLADOR
ALGORITMO DE SINTONIA
PROCESSO
ALGORITIMO ESTIMADOR
Novos parâmetros
SP +
-
E C
83
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Existem basicamente 5 tipos de controladores adaptativos:
(1) Ganho programado
Em Inglês: Gain Scheduling
(2) Controlador Robusto de Ganho Constante e Elevado
Em Inglês: Robust High-gain Control
(3) Sistema Adaptativo Auto Oscilante
Em Inglês: SOAS – Self Oscillating Adaptative Systems
(4) Controle Adaptativo por Modelo de Referência
Em Inglês: MRAC – Model Reference Adaptative Control ou
MRAS – Model-Reference Adaptative Systems
(5) Controladores Auto Sintonizados
Em Inglês: STR – Self-Tuning Regulators
A diferença entre estes algoritmos reside nos procedimentos utilizados na
implementação das diversas etapas do controlador adaptativo.
Neste curso apresentaremos controlador de ganho programado. Os demais
algoritmos requerem um aprofundamento maior em teoria de controle que foge ao
escopo e ao tempo disponível para este curso.
84
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4.12. Ganho Programado
Em Inglês: Gain Scheduling
Neste tipo de controlador o ganho do controlador é modificado conforme for o
valor de alguma variável de processo, Figura 4.12.01
Figura 4.12.01: Controle adaptativo por ganho programado
O ganho do controlador ( cK ) pode ser alterado continuamente de forma que seu
produto com o ganho do processo ( pK ) seja constante ( gK ):
gpc K=KK . (4.12.01)
Onde cK - Ganho do controlador
pK - Ganho do processo
gK - Ganho global da malha de controle, constante
Assim, de acordo com a equação (4.1.01) se o ganho do processo se modifica, o
ganho do controlador deve ser alterado para manter o ganho global constante.
CONTROLADOR PROCESS
O
TABELA DE GANHOS
Condição Novo
SP
C E +
_
85
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Um procedimento para implementar um controlador programado é visto abaixo:
(a) Determine o ganho em malha aberta do processo no ponto de operação
desejado à sua volta.
(b) Obtenha o valor apropriado do ganho do controlador para o ponto de
operação desejado. Calcule neste ponto o ganho global da malha.
(c) Obtenha uma função que defina a variação do ganho do controlador
com alguma variável do processo.
4.13. Controle Inferencial
Freqüentemente a variável que se deseja controlar não pode ser medida
diretamente, consequentemente não é possível implementar um sistema de
controle feedback ou qualquer outra estratégia de controle que necessite a
medição da variável controlada. Se os distúrbios que perturbem o processo forem
mensurados, podemos instalar controladores feedforward para manter a saída do
sistema próxima do valor desejado.
Porém, quando não for possível medir as perturbações, ou quando o modelo
disponível não for adequado, a única alternativa é inferir o valor da variável
controlada a partir de outras medições e utilizar esta informação para realimentar
a malha de controle. A esta técnica dá-se o nome de CONTROLE INFERENCIAL.
86
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Considere o diagrama de blocos de um sistema em malha aberta conforme a
Figura 4.13.01.
Legenda:M – Variável manipulada
U – Perturbação na carga
C – Variável de saída – controlada – não medida
Y – Variável de saída – Medida
Figura 4.13.01: Diagrama de blocos de sistema 2x2 em malha aberta
1pG
2pG
1dG 2dG
U
C
Y
M
+
+
+
+
87
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Figura 4.13.02: Diagrama de blocos de sistema de controle inferencial
Como o controle inferencial requer um bom modelo matemático, o que raramente
está disponível, deve-se implementar algum procedimento para ajuste do
inferenciador. Por exemplo, no controle inferencial de malhas de composição, o
modelo matemático pode ser corrigido a partir das análises realizadas off-line,
assim o sistema de controle estaria periodicamente sendo “adaptado” às novas
condições operacionais do processo, mantendo seu bom desempenho. Na Figura
U
CG 1pG
2pG
22
11 p
d
dp G
GG
G .-
2
1
d
dGG
1dG 2dG
Mm
Csp
+
+
+
+
+
+
Cm
Ym
2. E
88
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4.13.03 observamos a forma como o modelo do inferenciador é atualizado.
Figura 4.13.03: Diagrama de blocos de sistema de controle inferencial com
atualização do modelo
U
CG 1pG
2pG
22
11 p
d
dp G
GG
G .-
2
1
d
dGG
1dG 2dG
Mm
Csp
+
+
+
+
+
+
Cm
Ym
3.
CORREÇÃO DO GANHO DE G p1
C
+
_
89
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4. 14 EXERCÍCIOS
4.1 Seja um forno e seu sistema de controle, conforme o fluxograma da figura
4.10. O objetivo deste processo é pré-aquecer a corrente de petróleo bruto
que alimentará a seção de fracionamento de uma refinaria. O combustível é
um sub-produto dessa unidade (gás-natural), estando disponível em grande
quantidade. A pressão da corrente de gás natural é constante. O combustível
é o ar atmosférico, sendo fornecido por um sistema de sopradores.
Figura 4.10: Fluxograma para exercício 4.1
produto
gás natural ar
FC 3
FT 3
FY 3
AC 1
AT 1
AC 1
TI 1
FFC 1
FY 1
FT 1
FE 1
FE 2
FY 2
FT 2
FC 2
TC 1
TT 1
TE 1
90
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Devido a negligência do setor de documentação, a descrição do sistema de
controle deste forno foi perdida, havendo necessidade de reconstituir este
documento. Pede-se que engenheiro de controle (vossa senhoria) elabore tal
documentação.
4.2 Seja um sistema reacional e seu sistema de controle, conforme a Figura 4.12.
O objetivo deste processo é produzir os compostos C e D a partir da reação
de A com B. A depender das condições mercadológicas, se maximiza a
obtenção de C ou de D, alterando a vazão de A e B na alimentação. A
conversão dos reagentes é determinada pela quantidade de catalisador
admitida no sistema, que deve ser a menor possível para evitar a ocorrência
de reações indesejadas. Todas as reações que ocorrem são altamente
exotérmicas. Não há limitações quanto à quantidade de matérias-primas e
utilidades necessárias a este processo (fluido refrigerante).
Devido à negligência do setor de documentação, a descrição dos sistemas de
controle deste processo foi perdida, restando apenas um esboço do
fluxograma de engenharia deste processo.
91
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Havendo necessidade de descrição do sistema de controle, pede-se que o
engenheiro de controle elabore tal documentação. Descreva o sistema de
controle indicando e justificando para cada malha:
(a) Variáveis medidas, manipuladas e controladas;
(b) Localize, se existirem, os controladores em cascata indicando o
controlador primário, o controlador secundário, o terciário, etc.
(c) Localize, se existirem, os controles de razão e feedforward
presentes, indique os computadores existentes, descrevendo quais
os cálculos que realizam;
(d) Localize, se existirem, os controles tipo split-range e seletivo,
descrevendo seu modo de funcionamento.
92
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Figura 04.12: fluxograma para exercício 4.8.3
Fluido refrigerante reagente
A
Reagente
B
Catalisador
C + D
TT 3
TT 2
TT 4
FT 2
FY 2
FC 2
FT 3
FY 3
FC 3
FY 4
FC 4
FT 4
AC 1
AT 1
FT 1
FY 1
FC 1
TC 1
TT 1A
TC 2
FX 1
Cálculo da quantidade de
catalisador
Cálculo da carga de processo
TT 1B
TT 1C
HS 1
93
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5. CONTROLE AVANÇADO
Principais problemas dos sistemas de controle de processos industriais:
Ø Substanciais capacitâncias (atrasos de 1a ordem) e tempo morto na resposta
dinâmica dos processos, que são variáveis com o tempo e/ou porto de
operação do processo.
Ø Não medição em linha das variáveis controladas
Ø Resposta dinâmica não linear
Ø Modelos dinâmicos empíricos e aproximados
Ø Variáveis controladas e manipuladas sujeitas a restrições
Ø Significativa interação entre as malhas de controle
Ø Substanciais distúrbios externos não estacionários
Contudo a solução mais empregada, é o controle feedback simples (quando
empregada!)
94
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5.1. OBJETIVOS DO CONTROLE AVANÇADO
OPERACIONAIS COMERCIAIS
Ø Aumento da segurança Ø Maximizar o rendimento
Ø Incrementar a flexibilidade Ø Maximizar a produção
Ø Atender as especificações de qualidade Ø Incrementar os tempos de campanha
Ø Operar em estado estacuinário Ø Reduzir consumo energia
Ø Atender às restrições anbientais Ø Reduzir estoques de produtos
intermediários
Ø Reduzir custos variáveis
95
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ATRATIVOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE CONTROLE AVANÇADO
Ø Mudanças frequentes: Ø Vazão de alimentação
Ø Composição da alimentação
Ø Demanda de produção
Ø Abastecimento de energia
Ø Grande consumo de energia por unidade de produção
Ø Larga diferença entre os valores dos produtos
SEGURANÇA
ECONOMIA QUALIDADE
CONTROLE
FEEDBACK
CONTROLE AVANÇADO
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Ø Projeto altamente integrado
ATRATIVOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE CONTROLE AVANÇADO
Ø Muitos controladores em manual
Ø Longos períodos entre a análise das correntes
Ø Resposta dinâmica lenta
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BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELO CONTROLE AVANÇADO
Variávelcontrolada
Médiaantiga
controleavançado
controlefeedback
D média
Novamédia
Especificação limite
tempo
Operação atual Redução das variaçõesMudança do pto. de
operação p/ + perto dolimite
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5.2. ESTRATÉGIAS AVANÇADAS DE CONTROLE
PROBLEMA à SOLUÇÃO
Mudanças na alimentação à Controle feedforward3
Controle preditivo multivariável
Elevado tempo morto à Compensação do tempo morto
Controle preditivo multivariável
Ruído na medição à Filtros passa-baixa
Variáveis não medidas à Controle inferencial
Controle preditivo multivariável
Interação à Controle preditivo multivariável
Não linearidades à Controle adaptativo
Controle preditivo multivariável
Dinâmica difícil à Controle preditivo multivariável
Restrições à Controle com restrição
Controle preditivo multivariável
Distúrbios de baixa freqüência à Controle estatístico
Conseqüência econômica à Otimização on-line
Modificação nas estratégias de
controle à Sistemas especialistas
3 Alguns autores não classificam o feedforward como controle avançado, mas estamos nos referindo ao controle antecipatório baseado nos modelos fenomenológicos dos processos.
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5.3. TEORIA DE CONTROLE MODERNO: ABORDAGEM POR ESPAÇO DE ESTADOS
Neste momento faremos uma breve comparação entre a Teoria Clássica de
Controle (o que acabamos de estudar) e a denominada Teoria Moderna de
Controle.
Controle Clássico Controle Moderno
Sistemas lineares Sistemas lineares ou não lineares
SISO ou MIMO linear SISO ou MIMO não linear
Transformada de Laplace Equações diferenciais
Transformada Z Equações de diferenças finitas
Critério de Routh,
Lugar das raízes,
Critério de Bode e de Nyquist
Autovalores e autovetores
Planos de fases
Funções e critério de Liapunov
Multiplicidade de estados estacionários não
é observada
Multiplicidade de estados estacionários é
observada
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INSTRUTOR: RICARDO KALID - [email protected]
Cursos e apostilas sobre
MODELAGEM DE PROCESSOS
1. Operações Unitárias em Regime Transiente – Balanços de Massa, Energia e Momentum Aplicados a Processos Químicos.
2. Identificação de Processos Químicos.
SIMULAÇÃO DE PROCESSOS
3. Métodos Numéricos e Simulação de Processos.
4. Programação em MATLAB com Aplicação em Reatores Químicos.
CONTROLE DE PROCESSOS
5. Sistemas de Controle dos Principais Equipamentos da Indústria de Processos Químicos e Petroquímicos.
6. Controle de Processos Químicos.
7. Definição da Estrutura do Sistema de Controle Multimalha de Processos Multivariáveis.
8. Controle Avançado de Processos – Estratégias Clássicas de Controle.
9. Controle de Coluna de Destilação.
10. Controle Preditivo Multivariável: DMC - Controle por Matriz Dinâmica.
11. Sintonia Ótima de Controladores Industriais
OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS
12. Otimização de Processos Químicos