justificação - o coração do evangelho

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    Overloop | Engelsma | Langerak

    Justificao:

    O Corao do Evangelho

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    Justificao: O Corao do Evangelho.Traduzido do original em ingls

    Justification: The Heart of the GospelCopyright 2013 Overloop | Engelsma | Langerak

    Original disponvel em:www.CPRF.co.uk

    Traduo e Produo:

    www.FirelandMissions.com

    Primeira edio: Setembro de 2013.

    Salvo indicao em contrrio, as citaes escritursticas so extradas da BbliaSagrada, Nova Verso Internacional , NVI . Copyright 1993, 2000 by Biblica, Inc. (Disponvel em YouVersion.com). Usadas com permisso.

    Todos os direitos desta publicao esto diponveis sob a licena CreativeCommons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License e pertencemao site FirelandMissions.com. Voc livre para copiar, distribuir e transmitir estaobra, desde que o crdito seja atribudo ao(s) seu(s) autor(es) - mas no de maneiraque sugira que este(s) concede(m) qualquer aval a voc ou ao seu uso da obra.

    Voc no pode utilizar esta obra para finalidades comerciais, nem alterar seucontedo, transforma-lo ou incrementa-lo.

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    ndice

    A Justificao pela F Somente | Rev. Ronald Van Overloop

    Introduo ........... 06O Que a Justificao? .......... 07Como a Justificao Nossa? ........ 11Paz com Deus .............. 14.

    A Justificao e as Boas Obras | Rev. David J. Engelsma

    Introduo .......... 16O Ataque Justificao em Nome das Boas Obras ..... 19

    A Verdade de Tiago 2 .............. 26A Relao Entre Justificao e Obras ............ 28.

    A Justificao e o Cristo | Rev. William Langerak

    Introduo .......... 31A Justificao Estabelece Nossa Relao Legal com Todas as Coisas . 33A Justificao e Nossa Relao com a Igreja ......... 35A Justificao e Nossa Relao com o Mundo: Nossa Carne e Pecado .. 37A Justificao e Nossa Relao com o Mundo: Criao Natural .......... 40

    A Justificao e Nossa Relao com Deus: Paz .........43A Justificao e Nossa Relao com Deus: Adorao e Vida ....... 44.

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    Prefcio

    Este livreto apresenta, em forma impressa, trs palestras que foram dadas naConferncia de Inverno de 2006 promovida pelo Comit de Evangelismo da FirstProtestant Reformed Church em Holland, MI. O tema da conferncia era 1

    "Justificao: O Corao do Evangelho".

    Este tema foi escolhido tendo em vista o fato de que muitos hoje em dia, mesmo emcrculos reformados conservadores, esto negando uma verdade fundamental da freformada: a justificao pela f somente. A justificao est sendo redefinida. A

    palavra "somente" est sendo descartada. Diz-se que o homem justificado pela fe pelas obras.

    Expressamos nosso agradecimento aos trs oradores por suas oportunas palestras,que claramente confrontam e combatem os erros com relao doutrina da

    justificao.

    Cremos que fazer essas palestras disponveis em forma de livreto servir paralembrar ao leitor a importncia da defesa desta verdade - uma verdade que , de

    fato, o prprio corao do Evangelho da graa e salvao de Deus atravs doSenhor Jesus Cristo.

    Que Deus se agrade em usar este livreto como um meio de nos manter firmes na f.Que este livreto possa servir para Sua glria, bem como para a salvao e confortodo Seu povo.

    O Comit de Evangelismo daFirst Protestant Reformed Church em Holland, MI.

    1 Traduo: Primeira Igreja Protestante Reformada.

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    A Justificao Pela F SomenteRev. Ronald Van Overloop

    Introduo

    meu privilgio poder falar com vocs nesta noite sobre um assunto to importante. objetivamente importante porque este foi o assunto principal da ReformaProtestante do sculo XVI, e porque permanece como tal nas igrejas reformadas. E subjetivamente importante para todo filho de Deus, porque saber este assunto

    saber como sou justo diante de Deus.

    Martinho Lutero sustentou que esta verdade era a diferena entre uma igreja de p euma igreja falida. Se uma igreja defende a verdade da justificao pela f somente,ento, segundo o julgamento de Lutero, era uma igreja de p. Se ela no o fizesse,ento ela estava falida. A importncia da verdade da justificao pela f somente tambm evidenciada no fato de que dois credos que surgiram na Reforma, aConfisso Belga e o Catecismo de Heidelberg, mantiveram e defenderam estaverdade, e eles o fizeram atravs dos termos mais precisos, poderosos e

    reconfortantes possveis .2

    A importncia dessa verdade tambm pode ser vista no tipo de ateno que Satansd a ela. Ao longo da histria da igreja, Satans tem atacado a verdade da

    justificao pela f somente. Alguns de seus ataques mais enganosos tm sido eso feitos quando ele distorce a linguagem, usando as palavras "justificao pelaf", mas fazendo elas significarem algo diferente. Na maioria das vezes, Satansataca o uso da palavra "somente". Aqueles que identificam sua posio como "VisoFederal" esto atacando esta verdade fundamental e preciosa, o fazendo da maneira

    mais enganosa possvel. Eles falam sobre o fato de que a justificao pela f epela graa, mas eles acrescentam que a justificao no apenas pela f, mastambm pelas obras que fluem da f. O resultado que a justificao no pela fsomente!

    E a importncia da verdade da justificao pela f somente experimentada. Foiassim na vida de Martinho Lutero. E todo crente tem momentos em que ele sepergunta como pode comparecer diante do Deus santo, cujos olhos nocontemplaro a iniquidade. Todo crente tem conscincia de seus pecados e da

    2Catecismo de Heidelberg, Q&R. 23, 24, 51 e Confisso Belga, Art. 22-24.

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    presena da grande maldade dentro de si. Ns nos perguntamos: quando o grandedia do julgamento vier, como saberei que eu poderei comparecer quele tribunalsem terror? Ali, tudo que eu fiz, disse e pensei, ser exposto. Como posso ansiar por

    esse dia com um confortvel senso do favor de Deus? Como posso ter essa certezaquando a minha conscincia me acusa que eu terrivelmente tenho transgredidotodos os mandamentos de Deus? Como posso ter essa certeza quando outrosapontam os meus erros? Como posso comparecer diante de Deus? Por que Ele merecebe? A resposta a estas profundas perguntas encontrada apenas na verdadeda justificao pela f somente. No que diz respeito a experincia de cada filho deDeus, esta verdade o corao do Evangelho.

    O Que a Justificao?

    O que a justificao? Herman Hoeksema a definiu como um ato da graa de Deus,no qual Ele imputa - credita na conta legal - de quem culpado e condenado noentanto eleito, Sua perfeita justia em Cristo, absolvendo-o de toda a sua culpa epunio com base no mrito da obra de Cristo, e dando a este pecador o direito vida eterna. A justificao uma parte da salvao do pecado atravs de Cristo, umavez que Deus aplica a salvao a cada um de Seus eleitos.

    Nossos credos falam da justificao da mesma forma. Tanto a Confisso Belgaquanto o Catecismo de Heidelberg descrevem a justificao como uma obra deDeus na vida de um crente. A Escritura declara:

    "Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que oamam, dos que foram chamados de acordo com o seu propsito. Poisaqueles que de antemo conheceu, tambm os predestinou para seremconformes imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primognito

    entre muitos irmos. E aos que predestinou, tambm chamou aos quechamou, tambm justificou aos que justificou, tambm glorificou" - Rm8:28-30.

    Esta passagem fala da justificao como uma obra de Deus - Sua declarao legalna conscincia do pecador eleito, chamado, que teme a Deus. Quando falarmos da

    justificao nesta noite, vamos estar falando desta como uma parte da obra de Deusde salvar todo o pecador que eleito, dando a ele a salvao do pecado atravs deCristo. A justificao Deus declarando conscincia de Seus filhos regenerados e

    chamados, que eles so perdoados e justos.

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    Deus por meio de Seu Esprito fala conscincia do pecador humilhado equebrantado, sobre o Seu ato de mudar a posio legal dele perante Deus, o Juiz,de um estado de culpa para um estado de inocncia. Deus fala com o pecador

    arrependido, sobre Sua obra de t-lo justificado em Cristo. A parbola de Jesussobre o fariseu e o publicano conclui com o publicano indo "para casa justificado"(Cf. Lc 18:10-14). O fariseu e o publicano foram ao templo para orar. O fariseu, emp, orava no ntimo: "Deus, eu Te agradeo porque no sou como os outroshomens". O publicano encontrou um lugar em um canto distante e ali humildementeimplorava por misericrdia - piedade imerecida de Deus a um pecador miservel.Deus falou na conscincia daquele quebrantado e humilde pecador, dando a eleuma conscincia de que Deus tinha feito algo por ele. O humilde pecador saiu dotemplo justificado, regozijando-se no conhecimento e na garantia da sua justificao.

    A justificao o humilde pecador ouvir Deus declarar que o seu estado jurdicoperante o santo e justo Juiz foi mudado de um estado de culpa para um estado deinocncia. Acreditando no que Deus havia falado por meio de Seu Esprito suaconscincia, o publicano voltou para casa j no mais batendo no peito como fez notemplo, mas feliz com a bem-aventurana da justificao.

    Embora a declarao de Deus da justificao de Seus filhos eleitos tenhaacontecido uma vez na cruz de Cristo, ainda assim a justificao que acontece naconscincia de Seus filhos ocorre repetidamente. Toda vez que o pecador se

    arrepende, Deus d ao humilhado pecador o conhecimento de que todos os seuspecados e sua maldade so perdoados em nome de Jesus. Mas por que os filhos doPai celestial so ensinados a orar repetidamente: "perdoa as nossas dvidas, assimcomo perdoamos aos nossos devedores"? Para responder a esta pergunta osnossos pais espirituais usaram a linguagem da justificao no Catecismo deHeidelberg:

    "Contente-se por causa do sangue de Cristo por no imputar a ns,pobres pecadores, nossas transgresses, nem a depravao a qual est

    sempre cravada em ns" .

    3

    Toda vez que oramos na quinta petio da orao do Senhor, estamos pedindo anosso Pai no cu para nos justificar, ou seja, para no imputar a ns os nossospecados e a maldade que existe dentro de ns. A justificao repetida, no porqueo ato de Deus da justificao imperfeito, mas porque o pecador repetidamentepeca e precisa ser relembrado, repetidas vezes, que seus pecados no soimputados a ele.

    H dois elementos principais na declarao de Deus da justificao de um pecador3Catecismo de Heidelberg, R. 126.

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    eleito. O primeiro negativo e o outro positivo. O primeiro elemento da justificao que Deus informa ao eleito mpio que ele est perdoado, libertando-o de toda aculpa e vergonha por seus pecados. O pecador sabe que ele apenas digno da

    condenao e sua conscincia o condena (Cf. Lc 18:13). Mas Deus declara que ele perdoado - perfeitamente inocente. Oua o Catecismo de Heidelberg:

    "Ainda que a minha conscincia me acuse de ter transgredido gravementetodos os mandamentos de Deus, e no ter guardado nenhum deles, eainda ser inclinado a todo o mal, todavia, Deus me d, sem nenhum mritomeu, mas apenas por pura graa, a perfeita satisfao, a justia e asantidade de Cristo como se eu nunca tivesse tido nem cometido pecadoalgum" .4

    Deus perdoa. Ele tira tanto a minha condenao, quanto a pena que eu mereo, avergonha que vem com a pena, e a conscincia da culpa que levou o publicano abater no peito no canto mais distante do templo. Deus declara que o nosso pecadose foi. Ele declara que, em seu julgamento j no somos mais dignos de sermoscondenados. Um pecador justificado seria condenado pelo qu? Seu pecado se foi.H muito tempo, um professor de catecismo me ensinou que ser justificado significaque "simplesmente como se eu nunca tivesse pecado". O Catecismo deHeidelberg diz: "Como se eu nunca tivesse tido nem cometido pecado algum".

    O segundo elemento da justificao Deus declarando conscincia do pecadoreleito que ele justo. Simplificando, ser justo estar certo aos olhos de Deus,porque a lei de Deus foi perfeitamente cumprida. Deus declara que em Cristo, opecador temente a Deus tem cumprido a Sua lei (Cf. Rm 5:19). No importa o quemeus olhos veem ou o que os outros dizem que veem em mim. Justia, significa queDeus declara que o que eu tenho feito certo. Novamente, o Catecismo deHeidelbergcoloca isto muito bem: "Como se pessoalmente eu tivesse cumprido todaa obedincia que Cristo cumpriu por mim" . Esta a realidade desse segundo 5

    elemento da justificao que torna a simples definio de justificao (simplesmentecomo se eu nunca tivesse pecado) simplista, porque no fala de justia. Justificaosignifica que Deus declara algum justo. Esta uma justia real. Deus, o juiz perfeitodeclara o pecador eleito, regenerado e chamado, justo. O pecador justificado ciente de que ele digno de ser condenado condenao eterna, mas Deus, porSua prpria boa vontade, por pura graa, por amor a Cristo, declara que estepecador perfeitamente justo, e, portanto, digno da amizade ntima com Deus, tantoagora quanto na eternidade no cu. A presente relao com Deus que o justificado um filho de Deus, graciosamente adotado em Sua famlia. E ele um herdeiro da

    4 Ibid, R. 60.5 Ibid, R. 60.

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    vida eterna. Os filhos so herdeiros, coerdeiros com Cristo da vida eterna com Deus(Cf. Rm 8:17).

    preciso dizer mais uma coisa sobre a justia de Deus que creditada aojustificado. Ela Deus declarando algum justo por meio da imputao. No Deusfazendo-o justo por meio da infuso ou renovao. Esta ltima a santificao, quesempre sucede a justificao. A justia que nossa na justificao, algo que Deus,como o juiz, declara ser nossa legalmente, por meio da imputao. A justia queDeus d ao pecador apenas a justia de Jesus. Ns no temos nenhuma justia. Eessa justia no nada menos do que a justia de Deus.

    "Portanto, ningum ser declarado justo diante dele baseando-se na

    obedincia lei, pois mediante a lei que nos tornamos plenamenteconscientes do pecado. Mas agora se manifestou uma justia que provmde Deus, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas,

    justia de Deus mediante a f em Jesus Cristo para todos os que creem" -Rm 3:20-22.

    a justia de Deus - a Sua prpria justia. A prpria justia perfeita de Deus creditada em nossa conta por causa da perfeita obra de Jesus Cristo.

    Jesus obteve esta justia absolutamente perfeita. Ele fez isso por meio de Suaperfeita obedincia lei de Deus e o Seu sofrimento de toda a pena por nossospecados. Em Sua vida e sofrimento, Jesus foi feito pecado por ns. Ele foi contadoentre os pecadores. Nossos pecados foram imputados a Ele, portanto Ele carregoutodos os nossos pecados e toda a nossa maldade. Ele veio semelhana da nossacarne pecaminosa, a fim de suportar a ira de Deus por todos os nossos pecados.Romanos 4:25 declara que Ele foi entregue morte por causa de, por conta de,nossas ofensas. Sua obra de suportar a ira de Deus foi uma obra perfeita, realizadapor causa de uma terna obedincia a Deus. Esta obra mereceu o perdo e a justia.

    Ele pagou integralmente a nossa dvida e adquiriu para ns uma justia to perfeitaque Deus teve que ressuscit-Lo dos mortos. Jesus j no estava mais sob o poderda morte e da sepultura. Toda a nossa maldade e todos os nossos pecados foramperdoados (Cf. 2 Co 5:21 Is 53:1-11)

    Mesmo quando Jesus foi entregue morte por causa de nossos pecados, Ele foiressuscitado dentre os mortos por causa da nossa justia. Sua ressurreio aprova de que Ele pagou integralmente por todos os nossos pecados. Quando vemoso tmulo vazio, ento o Esprito nos comunica a verdade do perdo - pleno e gratuito

    Nossa conscincia pode dizer o contrrio. Ela pode querer que olhemos para todosos nossos pecados e fixemos nossos olhos no esgoto espiritual da maldade de onde

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    todos os nossos pecados vm. Isso nos faria duvidar da nossa salvao. Mas oEvangelho aponta para a cruz e para a ressurreio de Jesus Cristo. Seu tmuloest vazio. Ele pagou tudo. Ns somos justificados. Somos justos.

    Como a Justificao Nossa?

    Como a justificao nossa? Como sabemos que somos justos? Como Deus noscomunica isso? Como podemos experiment-la? Pela f somente! A f o meio ou oinstrumento pelo qual Deus imputa ao pecador culpado a justia de Jesus Cristo. E af o meio ou instrumento pelo qual o pecador culpado sabe e desfruta praticamente

    a sua inocncia e paz com Deus.

    O Catecismo de Heidelbergapresenta o tema da justificao depois de tratar sobre oque se deve crer. Ele chega verdade da justificao com esta pergunta: Mas queproveito voc tem em crer em todas as verdades expressas no Credo Apostlico?Sua bela resposta : "Que eu sou justo em Cristo, perante Deus". A questo no se eu sou justo perante outros homens. Eles tero grandes dificuldades paraacreditar que eu sou justo. Eles, assim como a minha conscincia, veem que euainda peco, que eu ainda fao coisas erradas. Mas Deus diz: "Voc justo perante

    Mim, e voc to justo que um herdeiro da vida eterna".

    A f o dom de Deus para o pecador regenerado e chamado, pelo qual o pecador enxertado em Cristo e pelo qual ele abraa e se apropria de Cristo e de todos osSeus benefcios, confiando n'Ele. A f abraa a declarao do juzo divino. A f tomaposse do perdo em Cristo e da justia de Cristo.

    A f o instrumento mais adequado para nos dar o conhecimento de nossajustificao. Isto assim porque a f uma crena e no uma obra. Dizer "f" dizer

    "no obra". A f o oposto de obras. A f um dom de Deus, no de obras, para queningum se glorie (Ef 2:8-9). A f o vnculo que une uma pessoa a Cristo. Deusobjetivamente une todos os eleitos a Cristo na eleio. No momento em que Deusregenera os eleitos, Ele objetivamente nos enxerta, por meio da f, em Cristo. Este o poder da f. Este poder da f se torna ativo, de modo que aqueles que estoobjetivamente enxertados em Cristo, subjetivamente se mantm n'Ele. Eles Oabraam, ou "permanecem n'Ele", assim como Jesus disse em Joo 15. A fconhece e confia em Cristo, para a justia. Ela abraa Jesus Cristo como Ele proclamado no Evangelho. Ns confiamos n'Aquele em quem cremos. Eu sei em

    quem tenho crido e estou certo de que Ele capaz de tirar o meu pecado, pagar porele e adquirir a justia a qual Ele credita em minha conta. A f simplesmente cr -

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    permanecendo na verdade que Deus revelou em Sua Palavra.

    Ento, como sou justo aos olhos do Deus perfeitamente santo? Esta a pergunta

    que arde em cada pecador culpado. Esta era a ardente pergunta de Lutero. Se osserafins de Isaas 6foram obrigados a esconder a si mesmos e seus rostos diante doDeus trs vezes santo, ento como eu posso comparecer perante Ele? A f diz:

    "Eu compareo perante Ele, no com base no que vejo, mas com base noque Deus tem me ensinado em Sua Palavra. A Bblia me diz que, quandoJesus morreu, Ele morreu pelo pecado. E quando Ele viveu, realizando

    perfeitamente a vontade do Pai, Ele adquiriu para aqueles a quem Elerepresentava, uma justia perfeita. Deus, por amor a Jesus, credita esta

    justia em minha conta. Deus me permite comparecer diante d'Ele nestajustia".

    A f exclui obras. Repetidas vezes a Escritura declara que a salvao pela graasomente por meio da f sem obras de homens.

    "Portanto, a promessa vem pela f, para que seja de acordo com a graa"."Portanto, ningum ser declarado justo diante dele baseando-se naobedincia lei" "pois todos pecaram e esto destitudos da glria de

    Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graa, por meio daredeno que h em Cristo Jesus" "pois sustentamos que o homem justificado pela f, independente da obedincia lei" - Rm 4:16, 3:20,23-24, 28.

    Para aquele que trabalha h uma recompensa, mas no uma recompensa dagraa, uma recompensa de dvida (Cf. Rm 4:4). "Todavia, quele que no trabalha,mas confia em Deus que justifica o mpio, sua f lhe creditada como justia " - Rm4:5. A f cr n'Aquele que justifica o mpio pois "Cristo morreu pelos mpios", os

    quais no tm nenhuma fora para fazer algo bom (Rm 5:6). O mpio no faz nadaque merea algo bom de Deus. E Glatas 2:16coloca isso desta maneira:

    "Sabemos que ningum justificado pela prtica da lei, mas mediante a fem Jesus Cristo. Assim, ns tambm cremos em Cristo Jesus para sermos

    justificados pela f em Cristo, e no pela prtica da lei, porque pela prticada lei ningum ser justificado".

    A f um dom de Deus, e no uma obra do homem. H muitos que falam da

    justificao pela f, mas eles fazem a f ser uma obra do homem. Mas a Bblia e asnossas confisses reformadas condenam tal pensamento.

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    "Por que voc diz que justo somente pela f? Eu o digo no porque souagradvel a Deus graas ao valor da minha f, mas porque somente a

    satisfao por Cristo e a justia e santidade d'Ele me justificam peranteDeus. Somente pela f posso aceitar e possuir esta justificao" .6

    A f no a justia, ela apenas o meio pelo qual Deus concede Sua justia a Seupovo. A f no uma obra do homem, mas um dom de Deus. Portanto, ns nuncapodemos pensar que a f faz algum digno ou tenha algum mrito perante Deus.Deus assim efetua em ns tanto o querer quanto o realizar de Sua boa vontade (Fp2:13), de modo que quando acreditamos, ainda assim uma obra de Deus e nonossa. As obras humanas no tm parte alguma na nossa justificao perante Deus.

    As boas obras fluem da nossa salvao, mas de nenhuma maneira elas adquirem asalvao ou nos tornam justos perante Deus.

    "Mas por que as nossas boas obras no podem nos justificar peranteDeus, pelo menos em parte? Porque a justia que pode subsistir perante o

    juzo de Deus deve ser absolutamente perfeita e completamente conformea lei de Deus. Entretanto, nesta vida, todas as nossas obras, at asmelhores, so imperfeitas e manchadas por pecados" . "Nossas boas 7

    obras, ento, no tm mrito? Deus no promete recompens-las, nesta

    vida e na futura?" Sim, as nossas boas obras recebem uma recompensa,mas "essa recompensa no nos dada por mrito, mas por graa" .8

    tudo graa. As boas obras que fluem da nossa salvao, as quais Deusrecompensar, no tem parte alguma na nossa justia. Quando comparecemosperante Deus, agora e no dia do julgamento, jamais podemos imaginar que porcausa de algo que fizemos. Ns de fato comparecemos diante de Deus em justia,mas tudo graa, mediante a f, sem nenhuma obra humana.

    Justamente porque a f une a Cristo, ns desviamos o olhar de ns mesmos paraolhar para Ele. No podemos adicionar nada sua obra perfeita. A f em Cristodeclara que tudo d'Ele e nada de ns. Se nossas obras pudessem acrescentar oucolaborar para nossa salvao, ento os nossos pecados a diminuiriam. Ns somos

    justos perante Deus somente porque Ele graciosamente justifica. Ele faz aimputao e a declarao de julgamento. Ns no temos como adquiri-la e nemperd-la. Ns somos justificados pela f sem as obras. Portanto, podemos ter pazcom Deus!

    6

    Ibid, Q&R. 61.7 Ibid, Q&R. 62.8 Ibid, Q&R. 63.

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    Paz com Deus

    Pelo fato da justificao ser pela graa somente e por meio da f somente, h pazcom Deus (Cf. Rm 5:1). No apenas paz, mas uma maravilhosa paz com Deus.Entre Deus e ns h um consenso fundamental e subsequente boa vontade.

    Esta paz no algo que eu vou ter ou posso ter, mas algo que eu tenho agora. Apresente posse desta abenoada paz experimentada quando nos lembramos quesomos justificados pela f somente, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Se

    apenas considerssemos o nosso pecado, ento perderamos o senso da paz comDeus. O diabo gosta de que estejamos concentrados em nosso pecado. Ele usa anossa conscincia e outras pessoas para apontar nossos pecados e nossa maldade.Ele quer que pensemos que no somos bons o bastante. Ele quer que noscomparemos com os outros, porque isso sempre nos leva a considerar as nossasobras. Ele s quer que desviemos nossos olhos da cruz de Cristo. O diabo gosta denos conscientizar da culpa de modo que no consigamos encontrar nenhuma sada,mas que continuemos culpados e condenados. Ao contrrio do diabo, Deus querque Seus filhos experimentem a culpa, mas apenas aquela que nos afasta do mrito

    das obras para nos achegar ao mrito da cruz de Cristo. Pois a culpa de Deus aporta pela qual temos de passar a fim de nos conscientizarmos da justificao.

    Ns somos justificados pela f, atravs de nosso Senhor Jesus Cristo. Temos deolhar para Ele, e continuar olhando para Ele. Sua perfeita obra a nica coisa quepode merecer o pleno perdo e a perfeita justia. A f na Sua cruz e Suaressurreio nos assegura da justificao. E este perdo e justia so to reais queningum pode ou poder ter alguma acusao contra ns.

    "Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus por ns, quem sercontra ns? Aquele que no poupou a seu prprio Filho, mas o entregoupor todos ns, como no nos dar juntamente com ele, e de graa, todasas coisas? Quem far alguma acusao contra os escolhidos de Deus? Deus quem os justifica" - Rm 8:31-33.

    Se no somos justificados, ento estamos condenados. E o apstolo continua assim:

    "Quem os condenar? Foi Cristo Jesus que morreu e mais, que

    ressuscitou e est direita de Deus, e tambm intercede por ns" - Rm8:34.

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    Deus nos faz olhar para a obra de Cristo para nos assegurar da libertao dacondenao e da posse da justificao. "Quem os condenar? Foi Cristo Jesus que

    morreu". Cristo, nosso representante, morreu por ns. Porm h mais: "Eleressuscitou". Lembre-se que ns j aprendemos em Romanos 4:25 que Jesusressuscitou para nossa justificao. E fica ainda melhor: "Ele est direita de Deus,e tambm intercede por ns". direita de Deus, Jesus intercede por ns, pedindo asriquezas dos mritos de Sua cruz, para que Deus nos declare justificados. No hnada que possa nos separar do amor de Deus e da nossa justia em Cristo. E porisso que temos paz com Deus!

    O perdo e a justia so nossos, segundo as riquezas da graa de Deus (Cf. Ef 1:7).

    No so de acordo com a medida do nosso arrependimento, nem com o exerccio danossa f. O perdo de Deus segundo a riqueza da sua graa. Sua graa o nicopadro. A f sabe que somos filhos de Deus por adoo, possuindo todos os direitosde filhos, incluindo uma herana eterna. E a f sabe que a nossa justia nunca podeser perdida e que somos herdeiros da vida eterna. Estando em Sua graa ns nosgloriamos na esperana da glria de Deus (Cf. Rm 5:2).

    Paz com Deus a capacidade de se alegrar. Regozijamo-nos de que no somos dens mesmos, mas pertencemos ao nosso fiel Salvador, na vida e na morte. Ns

    nunca precisamos ser atormentados pelo pensamento de que no correspondemosou no somos bons o bastante. Ao invs disso, temos confiana em nosaproximarmos de Deus, com nossa conscincia livre "do medo, terror e pavor" . A 9

    nica aceitao que importa a de Deus, e ns somos "aceitos no Amado" (Ef 1:6).No momento que Deus ama Seu Filho amado, ali podemos saber que somos aceitospor Deus e amados por causa do nome de Jesus.

    Portanto, creia no Senhor Jesus Cristo. Isso era tudo o que Paulo tinha a dizer emresposta ao carcereiro de Filipos (Cf. At 16:31). Exercite sua f dada por Deus para

    se manter firme em Cristo e em Sua obra perfeita. Permanea n'Ele. Perceba quoplenamente perdoado e perfeitamente justo voc . Esta a paz que excede todo oentendimento.

    Portanto, oh pecador, v para casa justificado!

    9Confisso Belga, Art. 23.

    15

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    A Justificao e as Boas ObrasProf. David J. Engelsma

    Introduo

    Que grande verdade do Evangelho a justificao pela f somente! Que presenteabenoado de Deus para ns a justificao pela f somente. E que abenoadaobra do Esprito de Jesus Cristo em nossa conscincia a justificao pela fsomente.

    Justificao o ato estritamente legal de Deus, como juiz, no qual Ele perdoa ospecados de quem cr em Jesus Cristo e o considera justo apenas com base naobedincia de Jesus Cristo no lugar deste pecador. assim que Davi descreve a

    justificao no Salmo 32:1-2, onde ele proclama quo feliz o homem a quem Deusatribui a justia sem as obras:

    "Como feliz aquele que tem suas transgresses perdoadas e seuspecados apagados! Como feliz aquele a quem o Senhor no atribui

    culpa".

    E assim que o apstolo Paulo descreve a justificao em Romanos 4:5, recorrendoa esta passagem nos Salmos:

    "Todavia, quele que no trabalha, mas confia em Deus que justifica ompio, sua f lhe creditada [imputada ou contada] como justia".

    A nica base deste ato de Deus, o juiz, em pronunciar o pecador mpio - no entanto

    um pecador crente - justo, a obedincia de Jesus Cristo no lugar do pecador. Abase tanto a obedincia de Cristo lei de Deus, ao longo de Sua vida, quanto amorte de Cristo como sendo a satisfao plena e perfeita da justia de Deus emrelao culpa do pecador eleito. Paulo escreve em Romanos 5:19 que pelaobedincia de um s, isto , Jesus Cristo, que muitos so "constitudos" justos, da 10

    mesma forma como todos ns fomos constitudos culpados pela "desobedincia deum s homem". A nica justia que vlida no tribunal celestial de Deus, o juiz - oqual temvel em Sua santidade - a justia adquirida pelo prprio Deus por meio

    10 A palavra mais prxima do original constitudos e no "feitos", como aparece na maioria dasverses.

    16

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    da obediente vida e morte de Seu prprio Filho encarnado, Jesus Cristo.

    Esta justia, a prpria justia de Deus, assim como Paulo ensina em Romanos

    3:25. Deus declarou Sua justia especialmente na propiciao da cruz. EmRomanos 10:3, a acusao do apstolo contra os judeus e contra todos os que dealguma maneira fazem de sua prpria obedincia, no todo ou em parte, sua justiaperante Deus, que eles esto "ignorando a justia que vem de Deus" e"procurando estabelecer a sua prpria". O pecado deles que eles no sesubmetem justia de Deus.

    Esta justia, que a prpria justia de Deus e a nica justia que vlida peranteDeus de modo a obter o veredicto " inocente" e a deixar as portas da vida eterna

    abertas para o pecador esta justia, eu digo, concedida ao pecador por meio da f,e por meio da f somente. Este o ensino do apstolo em Romanos 3:28:"Conclumos, pois, que o homem justificado pela f somente sem as obras da lei" 11

    . A f em Jesus Cristo o meio, o instrumento, pelo qual o pecador recebe a justiapor meio da imputao, de modo que sua posio perante Deus, o juiz, como seele nunca tivesse pecado, como se ele mesmo tivesse obedecido perfeitamente a leide Deus e, como se ele mesmo tivesse pago plenamente por todos os seus pecadose merecido a vida eterna. A medida que Romanos 3:28contrasta f com "as obrasda lei", o apstolo de fato ensina que a justificao pela f somente.

    Quando Martinho Lutero traduziu Romanos 3:28pela palavra allein em alemo, que a palavra "somente", tornando o texto, "o homem justificado pela f somente semas obras da lei", ele capturou o significado do Esprito Santo e traduziu o textocorretamente. Esta compreenso de Romanos 3:28, Glatas 2:16e outros textos, ouseja, que esses textos ensinam que somos justificados pela f somente, confessional para todos os reformadas. O Catecismo de Heidelberg, por exemplo,responde pergunta "Como que voc justo diante de Deus?" Desta maneira:"Somente pela verdadeira f em Jesus Cristo" . Que grande verdade do Evangelho 12

    esta. Lutero e toda a Reforma Protestante declararam que a justificao ocorao do Evangelho bblico. Calvino concordou, chamando a justificao pela fsomente, em suas Institutas:

    "A principal dobradia sobre a qual a religio se dependura".

    Como um puro ato da graa de Deus, a justificao pela f somente glorifica a Deus.A justia de um pecador, da qual todas as bnos e a salvao dependem, o domgratuito de Deus. A justia do pecador perante Deus a prpria justia de Deus

    11 Traduo livre.12Catecismo de Heidelberg, Q&R. 60.

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    adquirida por Deus na encarnao e na morte expiatria de Seu Filho. Enquanto oato da justificao, a obedincia - que a base da justificao - e at mesmo aprpria f do pecador - pela qual ele recebe a justia - so dons gratuitos de Deus

    pela graa soberana a justificao aponta para a eleio eterna de Deus em graacomo a fonte da justificao, e esta amplia a graa de Deus.

    Como um puro ato da graa de Deus, a justificao pela f somente d paz aocrente. "Ainda que a minha conscincia me acuse de ter transgredido grandementetodos os mandamentos de Deus, e no guardado nenhum deles, e ainda estejainclinado a todo o mal", eu estou confiante de que eu sou justo diante de Deus, combase na obedincia de Cristo. Este o testemunho do Catecismo de Heidelberg . 13

    Sem a justificao pela f somente, se dependssemos nem que fosse de uma boa

    obra nossa, "sempre duvidaramos, sendo levados de um lado para o outro, semcerteza alguma, e nossa pobre conscincia estaria sempre aflita" .14

    Mas agora, aonde ficam as boas obras do crente justificado, nesta verdade dajustificao pela f somente? Existe ainda algum lugar para as boas obras? Estelugar para boas obras importante, ou mesmo necessrio? Ou so as boas obras, eo chamado para realizar boas obras, excludos, ou talvez minimizados? A pergunta esta: Qual a relao entre a justificao pela f somente e as boas obras?

    Isto, meus amigos, aparte de qualquer controvrsia sobre o assunto, uma questoimportante em si mesma. O mesmo Evangelho que exclui as boas obras dajustificao, inclui boas obras na nossa salvao por meio do Esprito. O mesmoEvangelho que nos adverte contra trazermos boas obras para justificao, nosadverte contra deixarmos as boas obras fora de nossas vidas.

    Somado urgncia de uma correta compreenso da relao entre a justificao e asboas obras, est o ataque contra a justificao pela f somente por determinadosinimigos desta verdade. Este ataque contra a justificao pela f somente

    motivado, supostamente, em nome das boas obras. A urgncia agravada hojedentro da comunidade de igrejas reformadas, por causa de um ataque justificaopela f somente, em nome de uma nfase em boas obras vinda de dentro dasprprias igrejas reformadas. Na verdade, este ataque justificao pela f somenteest sendo provocado por proeminentes e influentes telogos reformados,professores de seminrios e ministros do Evangelho. Estes homens so porta-vozesde um movimento conhecido como "Viso Federal", que , literalmente, "VisoPactual", porque o desenvolvimento de uma determinada doutrina do pacto.Intrnseco a esta doutrina do pacto est um ataque justificao pela f somente.

    13 Ibid, Q&R. 60.14 Confisso Belga, Art. 24.

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    Este ataque defendido como uma promoo das boas obras na vida do cristo.

    Este ataque contra a justificao pela f somente encontrado hoje na OrthodoxPresbyterian Church , na Presbyterian Church in America , nas United Reformed15 16

    Churches e nas Orthodox Christian Reformed Churches . O ataque justificao17 18

    pela f somente no apenas encontrado nessas igrejas, mas tambm toleradopor elas. E no apenas tolerado por essas igrejas, mas no caso de pelo menos trsdelas, o ataque justificao pela f somente tem sido encorajado pelas principaisassembleias - pelos consistrios, presbitrios e snodos.

    O Ataque Justificao em Nome das Boas Obras

    O principal ataque verdade do Evangelho da justificao pela f somente por seusinimigos de todos os tempos, o argumento de que a justificao pela f somenteenfraquece, se no destri por completo, o zelo por uma vida santa de boas obras.

    De comeo, devemos reconhecer a aparente validade dessa acusao. Ajustificao pela f somente afirma que as obras do pecador que justificado, notem parte alguma na justificao do pecador. Nem todas as boas obras que ele

    possa fazer um dia, e nenhuma das obras pecaminosas que ele j tenha feito - nemque aquela obra pecaminosa no seja to grave - tm parte na sua justificao porDeus. Com base nesta doutrina, a mente carnal, o pensamento carnal, o homemnatural diz: "Isso inevitavelmente resulta em uma vida negligente por parte daquelesque adotam esta doutrina".

    At o presente momento, surgiram trs notveis defensores das boas obras, comoeles gostam que acreditemos, que se opem a justificao pela f somente porque adoutrina prejudicial s boas obras.

    O primeiro destes inimigos da justificao pela f somente a Igreja CatlicaRomana. Na Reforma, e posteriormente, Roma condenou a verdade da justificaopela f somente como sendo a destruidora do zelo por uma vida de santidade. aessa acusao de Roma que o Catecismo de Heidelbergrespondeu:

    "Esse ensinamento [isto , a doutrina da justificao pela f somente] no

    15 Traduo: Igreja Presbiteriana Ortodoxa.16

    Traduo: Igreja Presbiteriana da Amrica.17 Traduo: Igreja Reformada Unida.18 Traduo: Igreja Crist Reformada Ortodoxa.

    19

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    torna as pessoas negligentes e mpias?"19

    Eu no levo a srio a preocupao fingida de Roma por uma vida de santidade e por

    boas obras. Nem ningum deveria levar a srio a preocupao fingida de Roma porboas obras. Quando Roma coloca a mscara de piedade e mostra preocupao deque os reformados protestantes tm falta de santidade, eu dou gargalhadas. umapiada que tal igreja srdida no tempo da Reforma, tenha criticado o protestantismopor impiedade. ridculo que tal igreja com sodomia e homossexualidadegeneralizada, a qual encobria a iniquidade dos nveis mais altos, at que a imprensasecular denunciou suas perverses, tenha censurado os cristos reformados pornegligncia. pura hipocrisia que tal igreja que aceita Ted Kennedye a maior parteda mfia como membros de boa reputao, e que dar a esses homens refinadas

    missas de funeral quando morrerem e perecerem eternamente, tenha sequer dadoum pio sobre a justificao e as boas obras. No entanto, ns estamos interessadosnas acusaes de Roma, porque elas so as mesmas acusaes que tambm tmsido levantadas por outros inimigos da justificao pela f somente. De fato, asacusaes de Roma so as mesmas que foram levantadas contra o prprio apstoloPaulo enquanto ele proclamava a doutrina da justificao na epstola aos Romanos.

    O segundo notvel ataque justificao, o qual supostamente ocorre porque adoutrina prejudicial santidade de vida e boas obras, vem dos arminianos. Isso

    no to popular entre ns, porque ns nos concentramos na negao deles daeleio, expiao eficaz aos eleitos somente, graa soberana e a perseverana dossantos. Mas os arminianos negam a justificao pela f somente tambm. E eles anegam, de acordo com eles, porque veem esta como prejudicial responsabilidadehumana e a vida de santidade. Os Cnones de Dortfalam deste aspecto da heresiaarminiana e condenam o erro que "considera a f e a obedincia da f, ainda queimperfeitas, como a perfeita obedincia lei e que a considera digna da recompensada vida eterna por meio da graa" . John Wesley era um verdadeiro filho de Jac 20

    Armnio e Simon Episcopius em sua negao da justificao pela f somente, como

    sendo destrutiva ideia de John Wesley de santidade.

    O terceiro eminente ataque justificao pela f somente tem vindo, nos ltimostrinta anos ou mais, de dentro das prprias igrejas reformadas, de fato, de dentro deigrejas reformadas e presbiterianas que so amplamente famosas por serem asigrejas presbiterianas e reformadas mais conservadoras. Refiro-me ao movimentoque promove uma teologia conhecida como "Viso Federal", um movimento que influenciado por um entendimento sobre Paulo, especialmente em Romanos eGlatas, que difere do entendimento que Lutero tinha sobre Paulo, que Calvino

    19 Catecismo de Heidelberg, Q. 64.20Cnones de Dort, Cap. 2, Rej. de Erro 4.

    20

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    tinha, que toda a tradio reformada tem tido, especialmente, que as confissesreformadas tm. Essa chamada "A Nova Perspectiva Sobre Paulo". Pelo fatodessa negao da justificao pela f somente ter surgido, e estar sendo nutrida no

    seio das igrejas reformadas supostamente conservadoras, e pelo fato dela se basearem uma popular, na verdade a predominante, doutrina do pacto, este ataque justificao pela f somente o mais perigoso ataque aos cristos reformadosprofessos de hoje. Na verdade, eu considero esta heresia como a mais graveameaa f reformada desde o Snodo de Dort.

    O ataque justificao pela f somente em nome das boas obras, como eles dizem,sempre tem o mesmo formato, e sempre usa os mesmos argumentos. Se ele estsaindo da boca de um telogo catlico romano, da boca de um telogo arminiano, ou

    da boca de um porta-voz das igrejas reformadas conservadoras a favor da " VisoFederal", o argumento sempre o mesmo.

    O argumento fundamental contra a justificao pela f somente este: o crentesomente ser motivado a ser zeloso pelas boas obras se ele supor que a sua

    justificao depende dessas boas obras, ou obtida por meio dessas boas obras, ouse ele for impulsionado pela terrvel condenao que suas boas obras o tornarodigno de ser justificado por Deus. Este o argumento fundamental. A nicamotivao para o zelo em fazer boas obras a suposio de que as boas obras so

    a base ou o fundamento da justia, que essas boas obras so a condio para asalvao, que essas boas obras fazem de algum digno da vida eterna. Se esteargumento errado - e o Evangelho da Escritura diz que ele absolutamente errado-, todo o argumento contra a justificao pela f somente entra em colapso.

    Ligado a este argumento fundamental esto vrios outros constantes argumentoscontra a justificao pela f somente. Por exemplo, o argumento segue que quandoPaulo ensina a justificao pela f somente sem as obras da lei, ou aparte da lei, eleest excluindo apenas certos tipos de obras, as obras-cerimoniais como a

    circunciso, obras que so realizadas com o objetivo de merecimento, ou obras queso realizadas por pessoas no regeneradas. De acordo com aqueles que levantamesse argumento, Paulo no pretendia excluir da justificao as verdadeiras boasobras, as obras realizadas pelo cristo por amor a Deus.

    Outro argumento segue-se desta maneira. Quando Deus promete - como de fatopromete - nos dar um galardo por nossas boas obras, o significado que nossasboas obras adquirem a salvao, nos tornam dignos da salvao, ou so a base danossa salvao em parte, de modo que a nossa justificao pelo menos em parte

    atravs das boas obras, e no somente pela f.

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    Em seguida h esse argumento. Quando a Bblia ensina em 2 Corntios 5:10, e emoutras passagens, que o nosso julgamento final ocorrer "de acordo com" as nossasobras, isso significa que o juzo final, que decide o nosso destino eterno, ser

    baseado, em parte, nas obras que realizamos. E pelo fato do julgamento final serapenas a verso pblica da justificao que vivemos hoje, uma vez que ojulgamento final ser baseado em nossas obras, logo a nossa justificao hojetambm baseada em nossa prpria experincia, a justificao baseada emobras.

    De especial interesse para ns, o argumento contra a justificao pela f somentevindo dos homens da "Viso Federal". Seu argumento contra a justificao pela fsomente um argumento a partir de uma certa doutrina do pacto. o argumento de

    que, uma vez que o pacto de Deus com o Seu povo condicional, ou seja, um pactoque depende da prpria obedincia e f da criana batizada, tambm a justificaono pacto condicional. Ou seja, a justificao de Deus das crianas batizadasdepende do ato da criana de crer, e da obedincia da criana a Deus, ao longo desua vida, dentro do pacto.

    Ora, isso no completamente novo, uma vez que a noo de um pacto condicionale uma salvao condicional dentro do pacto tem sido encontrada e defendida porigrejas reformadas por um longo tempo. Esta a doutrina contra a qual as Protestant

    Reformed Churches lutaram arduamente no final de 1940 e incio de 1950. essadoutrina do pacto que agora est sendo desenvolvida numa completa negao dajustificao pela f somente, e com esta verdade central do Evangelho, umanegao de todos os chamados "cinco pontos do calvinismo". O que novo que adoutrina de um pacto condicional seja agora aplicada verdade da justificao como resultado de que os homens corajosamente negam a justificao pela f somente.

    Eu demonstrei que a negao da "Viso Federal" justificao pela f somente odesenvolvimento da doutrina de um pacto condicional em meu livro, The Covenant

    of God and the Children of Believers .

    21

    O ponto de vista sobre a justificao defendida por todos aqueles que atacam ajustificao pela f somente este: a justificao no um ato estritamente jurdicode Deus, mas tambm uma obra de renovao e santificao, na verdade, uma obrapara fazer o pecador bom. A justificao, neste caso, no depende inteiramente daobedincia de Cristo por ns e fora de ns, mas isso tambm depende, em parte, dens mesmos, de nossa prpria obedincia e de nossas prprias boas obras. E, poresse ponto de vista, a justificao no consiste apenas da obedincia e da justia de

    Jesus Cristo, a perfeita justia de Cristo estabelecida por meio de Sua vida de21 Traduo: O Pacto de Deus e os Filhos dos Crentes.

    22

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    obedincia e Sua morte expiatria em nosso lugar, mas sim, a justia que legalmente declarada por Deus na justificao tambm, em parte, a nossa prpria -a nossa prpria justia imperfeita, estabelecida por nossas prprias boas obras

    imperfeitas.

    Qual a resposta da f reformada ortodoxa a este ataque justificao pela fsomente em nome das boas obras, seja pela Igreja Catlica Romana, pelosarminianos , ou pelos defensores de um pacto condicional?22

    Primeiramente, ns respondemos que o prprio ataque contra ns e nossa doutrinada justificao confirma que estamos defendendo a mesma verdade do Evangelhoda justificao que o apstolo Paulo defendeu e confessou, especialmente em

    Romanos e Glatas. O ensinamento de Paulo sobre a justificao atraiu o mesmoataque, exatamente o mesmo ataque. "Paulo" acusou seus oponentes: "vocsanulam a lei pela f" (Rm 3:31). "Paulo", eles exclamaram: "voc est pregando que

    podemos e que vamos continuar no pecado, para que a graa aumente" (Rm 6:1).Falando por mim e pelas Protestant Reformed Churches , ns nos regozijamos de 23

    que a nossa confisso sobre a justificao ainda esteja atraindo esse ataque. Se anossa confisso sobre a justificao no atrasse esse ataque, eu ficaria preocupadode que houvesse algo errado com a nossa doutrina da justificao. A confisso e apregao de pouqussimas igrejas reformadas hoje sobre a justificao, atraem este

    ataque. Pouqussimas igrejas reformadas esto to clara e nitidamente pregando econfessando a justificao pela f somente e a salvao pela gratuita, soberana eincondicional graa, de modo que os adversrios os acusam de ensinar umadoutrina que resulta em uma vida negligente.

    Em segundo lugar, a nossa resposta a este ataque a do prprio Paulo: "Demaneira nenhuma!". Ns no denegrimos uma vida de boas obras em obedincia lei de Deus. Pelo contrrio, por meio do ensino da justificao pela f somenteestabelecemos uma vida de zelo pelas boas obras.

    Em terceiro lugar, ns no respondemos a esses ataques comprometendo a doutrinada justificao pela f somente - nem sequer um pouquinho. Mas defendemos adoutrina contra estes ataques. A justificao pela f somente. Todas as nossasobras so excludas, incluindo as nossas verdadeiras boas obras, as obras quefazemos no poder do Esprito de Cristo. A nica base da nossa justia para comDeus a obedincia de Cristo, e no a nossa prpria obedincia, seja ela qual for. Anica obra que a nossa justia diante de Deus a obra realizada para ns por

    22

    Os arminianos so 90% ou mais dos cristos professos na Amrica do Norte que se chamamevanglicos e fundamentalistas.23 Traduo: Igrejas Protestantes Reformadas.

    23

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    outro, Jesus Cristo.

    No que diz respeito aos argumentos especficos que so levantados contra a

    justificao pela f somente, ns respondemos que, quando Paulo exclui as obrasda lei, e a lei da justificao, ele est falando de todas as nossas obras. Glatas3:10-12prova isso, pois nessas passagens da lei, sobre a qual ele diz no verso 11,que no tem lugar na justificao do pecador, obviamente, refere-se a toda a lei deDeus, incluindo os dez mandamentos. No versculo 10, Paulo cita Deuteronmio27:26: "Maldito quem no puser em prtica as palavras desta lei". "As palavras dalei" incluem todos os mandamentos, e no apenas os mandamentos cerimoniais.Portanto, quando o apstolo nega, no verso 11, que ningum justificado "pela lei",ele esta falando de toda a lei.

    Quanto recompensa prometida, ns respondemos que a Bblia realmente nospromete uma recompensa por nossas boas obras. Mas esta recompensa umarecompensa da graa, no uma recompensa que adquirimos, nem uma recompensaque merecemos, e nem um salrio que Deus nos d pelo nosso trabalho. Arecompensa da graa, porque Deus, em Sua graa eternamente ordenou as boasobras para que as praticssemos (Cf. Ef 2:10). A recompensa da graa, porque pormeio de Sua morte, Jesus Cristo adquiriu para ns o direito de realizarmos boasobras (Cf. Tt 2:14). um privilgio fazer boas obras a servio de Deus. A

    recompensa a recompensa da graa, porque o prprio Esprito de Cristo realizaessas obras em ns e atravs de ns (Cf. Fp 2:13). A recompensa umarecompensa da graa, porque quando Deus aceita nossas obras, Ele primeiro

    justifica, ou absolve, todas as boas obras quanto corrupo e pecado que manchacada uma delas. E a recompensa uma recompensa da graa, porque quando Deusnos d a recompensa, que a vida eterna e o lugar que temos em glria, Ele o faz,no porque Ele deva isso a ns, mas em livre favor .24

    No que diz respeito ao argumento contra a justificao gratuita que apela para o

    julgamento final e para o fato de que seremos julgados segundo as nossas obras, certamente verdade que o nosso julgamento no ltimo dia do mundo, ser ajustificao daqueles que creem em Jesus Cristo. Esta ser uma justificao pblica.Hoje, quando eu creio em Jesus Cristo, eu sou justificado em particular. Eu e Deussabemos que eu sou justificado pela f em Cristo. Mas chegar um dia em que euestarei diante de Deus, o juiz, na presena de todo o mundo, eleitos e rprobos,demnios e anjos, e ento Deus tornar pblico a justificao que agora privada.Esta justificao no juzo final ser um ato estritamente legal de Deus. Isso no vaiocorrer, nem a Escritura nunca o disse, por causa das nossas obras, ou com base

    nas nossas obras. Mas isso acontecer de acordo com nossas obras como uma24Catecismo de Heidelberg, Q&R. 63.

    24

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    espcie de critrio. Nesse julgamento final, a base nica para a nossa justificaoser o que hoje, ou seja, a obedincia de Jesus Cristo em nosso lugar. Graas aDeus por isso! Se isso no fosse verdade, ns no teramos nenhuma esperana.

    Mas, naquele dia, as boas obras que realizamos com a graa de Deus seroexibidas por Deus, absolvidas de toda a corrupo que as contaminaram, de modoque essas obras apresentaro e demonstraro a realidade do gracioso julgamento esalvao de Deus a ns para o Seu louvor.

    Ao ataque justificao que surge da doutrina de um pacto condicional, nsreplicamos, primeiro, que com base em um pacto condicional, a negao da

    justificao pela f somente e de todas as doutrinas da graa, se seguem. Se o pacto condicional, a justificao pela f e obras. E se o pacto condicional, logo a

    eleio condicional, a expiao condicional, a salvao do pecador condicional, ea vida eterna condicional.

    Segundo, a nossa resposta que o prprio fato de um pacto condicional implicar emjustificao por f e obras, prova que a doutrina de um pacto condicional uma falsadoutrina. Isto a introduo, nas igrejas reformadas, de um Evangelho de salvaopor meio da prpria vontade e obra do homem.

    Terceiro, a nossa resposta que o pacto incondicional. Deus promete e cumpre o

    pacto para com Jesus Cristo e todos os eleitos em Cristo por mera graa, assimcomo Glatas 3:16e Glatas 3:29 ensinam. Glatas 3:16ensina que a promessa dopacto semente de Abrao era uma promessa a Cristo, que a semente de Abrao.

    A promessa do pacto nunca foi direcionada a toda a descendncia fsica de Abrao.De acordo com Glatas 3:29, aqueles, e somente aqueles, que pertencem a Cristopor divina eleio so includos na semente de Abrao e so objetos da promessa.Hoje toda a igreja reformada e presbiteriana conservadora mundial advertida porDeus, atravs da teologia da "Viso Federal", que a doutrina de um pactocondicional a rejeio do Evangelho da salvao pela graa. E toda a igreja

    reformada mundial est sendo testada com relao confisso fundamental dasigrejas reformadas ao longo das eras, que a salvao pela graa somente.

    Quarto, nossa resposta ao ataque justificao pela f somente que de nossaparte acusamos aqueles que ensinam a justificao pela f e obras de estaremdestruindo a paz e a certeza da salvao dos filhos de Deus, de estarem roubandode Deus Sua glria, e serem, assim como Calvino acusa todos os que ensinam a

    justificao pela f e obras, fariseus. Todo aquele que ensina e cr na justificaopor obras, de qualquer forma, um fariseu. De acordo com o nosso Senhor, em

    Lucas 18:14, os fariseus no so justificados. Como pode algum ser justificado seele depender de suas prprias obras contaminadas pelo pecado e ousar - como

    25

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    Robert Trail colocou - fazer a sua lamentvel santidade sentar-se ao trono do juzo,juntamente com o precioso sangue do Cordeiro de Deus?

    A Verdade de Tiago 2

    Eu tenho, at o momento, ignorado deliberadamente o principal argumento sempreusado a favor da justificao por f e obras, e contra a justificao pela f somente.Este um argumento bblico. o apelo a Tiago 2:14-26. Quero agora considerar oataque justificao pela f somente constitudo por um apelo a Tiago 2, e ligado aeste apelo, a verdade de Tiago 2sobre a justificao.

    O apelo que Tiago 2, ensina que tanto Abrao, ao oferecer Isaque por ordem deDeus, e Raabe, em receber e guardar os espies israelitas, foram justificados porobras (v. 21, 25). Tiago 2ensina que a partir desses eventos importantes na histriado Antigo Testamento, esclarecidos como justificao por obras, vemos "que pelasobras que o homem justificado, e no somente pela f" (v. 24). Aparentemente,Tiago 2 ensina que a justificao pelas obras, e no somente pela f. E,aparentemente, no captulo 2, Tiago ensina uma doutrina que claramente contrriaao ensino do apstolo Paulo, que, em Romanos 3 e 4, em Glatas 2e em outras

    passagens, ensina que a justificao no por obras, mas pela f somente.

    No de estranhar que os inimigos da justificao pela f somente deem tantanfase a Tiago 2. Tiago 2 a passagem decisiva para todos eles. Roma citou Tiago2para Martinho Lutero sem parar, at que em um ponto, em desespero, o reformadorrepudiou Tiago como uma "epstola de palha" (acusao a qual ele no manteve).Da mesma forma, os defensores contemporneos da justificao por obras, dasigrejas reformadas, se agarram em Tiago 2. Isso por si s altamente significativo.Esses defensores da justificao por obras das igrejas reformadas se alinham

    Roma contra o Evangelho da Reforma.

    A explicao de Tiago 2 dada pelos inimigos da justificao pela f somente aseguinte: Tiago ensina a justificao, como sendo um ato de Deus pelo qual o

    pecador se torna justo, de fato por meio das boas obras do pecador, de modo quea justia do pecador , em parte, sua prpria obedincia lei de Deus. De acordocom os defensores da justificao pela f e obras, Deus leva em conta as obras dopecador no ato da justificao. Tiago deve ser harmonizado com Paulo, desta forma,apesar dos dois estarem falando de justificao no mesmo sentido, eles tm

    diferentes obras em vista. As obras que Paulo exclui da justificao em Romanos3:28 so apenas as obras cerimoniais e as obras que so feitas para merecer a

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    salvao. Por outro lado, dizem eles, as obras que Tiago tem em vista so asverdadeiras boas obras que procedem da f.

    Esta era a explicao de Tiago 2que Roma sempre deu. Esta a explicao deTiago 2, que os defensores da "Viso Federal" agora esto dando. Nossa justiaperante Deus , em parte, a obedincia de Cristo e em parte a nossa. Nossa

    justificao, hoje e no dia do julgamento, depende em parte da obra de Cristo porns e em parte das nossas prprias boas obras. No ato justificador de Deus, peloqual nos tornamos justos, nossas prprias obras esto inseridas. Seus olhos santosas veem, no como pecados a serem perdoados, mas como atos que tem de seraceitveis a Deus, para fazer-nos dignos da vida eterna. E ns vamos ao

    julgamento, agora e no ltimo dia do mundo, com as nossas boas obras em mos,

    advogando essas obras como atos dos quais nosso destino eterno depende.

    No isso demasiadamente terrvel de se contemplar? Eu e voc enfrentaremos ojulgamento final desta maneira? Devo morrer com esse terrvel pensamento emminha alma: o meu destino eterno jaz naquilo que fiz, em mim mesmo? No esteum enorme insulto - o insulto de uma incredulidade hipcrita - perfeita justia queDeus adquiriu em Cristo?

    Este no o ensino de Tiago 2.

    Em primeiro lugar, o que quer que Tiago ensine no captulo 2, est em harmonia como que Paulo ensina, porque o Esprito no pode Se contradizer na Bblia. Paulo estensinando sobre a justificao quanto ao ato de Deus de nos absolver da culpacontando-nos justos. Isto claro na linguagem de Paulo em Romanos 3 e 4:"imputa" "perdoa" "quele que no trabalha, mas confia em Deus que justifica ompio" nosso pai Abrao no foi "justificado pelas obras" (Romanos 4 :1-8).

    Em segundo lugar, Tiago est falando da justificao em um sentido diferente de

    Paulo. Tiago est falando da prova e demonstrao do crente de sua gratuitajustificao pela f somente. O homem que foi justificado pela f somente, mostraresta justificao. Ele a mostrar a outros homens. Ele provar esta justificao a simesmo. E ele mostrar esta justificao a Deus, seu juiz. Ele mostrar sua

    justificao pelas boas obras que so sempre o fruto da justificao.

    Esta sempre foi a explicao dos pais reformados sobre Tiago 2. Em seu comentriosobre Tiago 2:14-26, Joo Calvino escreveu que a justificao pelas obras em Tiago2est falando da "prova [que Abrao] deu a sua justificao". A justificao pelas

    obras em Tiago 2significa "que a justia conhecida e provada por seus frutos".

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    A prpria passagem mostra que este o verdadeiro significado de Tiago. Tiago estargumentando contra os membros da igreja que, apesar de professarem a f, naverdade tm uma f "morta", uma f que no produz nenhuma boa obra, mas se

    contenta em viver impenitentemente no pecado. Tiago desafia esse tipo de membroda igreja: "Mostre-me a sua f sem obras", e acrescenta: "e eu lhe mostrarei a minhaf pelas obras" (v. 18).

    O prprio Tiago chama a ateno para o fato de que Abrao foi justificado pelo atolegal de Deus de perdoar os pecados, e imputar a justia pela f, muito antes de

    Abrao ter oferecido seu filho Isaque na montanha. Bem no meio de sua doutrina dajustificao, Tiago cita Gnesis 15:6:

    "Cumpriu-se assim a Escritura que diz: Abrao creu em Deus, e isso lhefoi creditado como justia."

    Isso aconteceu muitos anos antes de Isaque nascer. Abrao creu na promessa deDeus. E a f de Abrao, aparte de qualquer obra, incluindo o sacrifcio de Isaque, foiimputada a Abrao como justia.

    Tiago est ensinando exatamente o que Jesus havia ensinado em Lucas 7:47sobrea mulher pecadora que O amava porque Ele tinha perdoado todos os seus pecados,

    e que havia ungido os ps d'Ele com o leo precioso: "Os muitos pecados dela lheforam perdoados, pelo que ela amou muito". Ele no quis dizer que seu amor fora abase de seu perdo. Mas Ele quis dizer que o amor dela era a prova e a evidnciado perdo dos seus muitos pecados. A segunda parte de Lucas 7:47expe, semmargem de dvida, que isto era o que Jesus quis dizer: " Mas aquele a quem poucofoi perdoado, pouco ama".

    Este o ensinamento de Tiago 2. As boas obras, que no tm parte alguma no atodo pecador ser considerado justo perante Deus - pois isso somente pela f -, so o

    inevitvel fruto e demonstrao da justificao. Atravs das boas obras de ternagratido quele que graciosamente perdoou seus pecados, Abrao, Raabe, e todoverdadeiro crente justificado demonstrativamente.

    Portanto, Tiago 2 uma passagem importante, para nos ensinar a correta relaoentre a justificao pela f somente e uma vida de boas obras.

    A Relao entre Justificao e Obras

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    As boas obras, de fato, uma vida toda consistente com boas obras - boas obras navida pessoal, boas obras na escola, boas obras no namoro, boas obras nocasamento, boas obras na casa e na famlia, boas obras no trabalho, boas obras na

    igreja, boas obras em meio e contra os mpios, uma cultura depravada e umasociedade em que temos o privilgio de brilhar como a luz na escurido - ou seja, asboas obras so frutos da justificao pela f somente. Elas so frutos e evidnciasde nossa justificao pela f somente. Nossas boas obras no so a condio paraa justificao, nem a base para justificao, nem o contedo da justificao, masseus frutos.

    As boas obras so os frutos da justificao de duas maneiras.

    Primeiro, a f pela qual somos justificados uma f viva e verdadeira. Sendo uma fviva e verdadeira, ela nos une ao ressurreto e vivo Jesus Cristo, a fim de que pormeio da f ns tambm possamos receber a graa purificadora e fortalecedora deCristo, para viver uma vida piedosa. Quem Ele justifica, Ele tambm santifica.Embora ns sejamos justificados pela f sem obras, a f que justifica nunca fica semsuas obras.

    Segundo, as boas obras so frutos da justificao desta forma: o pecador perdoado,livre da culpa e vergonha do pecado, e, portanto, livre da morte e do inferno, e para

    quem agora o cu est aberto, e sobre quem a alegre face de Deus agora brilha,adorar o seu gracioso Salvador. E este amor grato por Deus o motivo de uma vidade boas obras. Oh, ele um forte motivo para o zelo por boas obras. Este foi oensinamento de Jesus sobre a relao entre a justificao e as boas obras naparbola dos dois devedores em Lucas 7:42: "Nenhum dos dois tinha com que lhe

    pagar, por isso perdoou a dvida a ambos. Qual deles o amar mais?". Se somosperdoados, amaremos. E se somos perdoados muito, amaremos muito. Sem o amorpor Deus por uma justificao graciosa, nem sequer uma boa obra possvel.Devemos ouvi-Lo dizer nossa alma: "Meu filho, minha filha, adotado na cruz, eu

    livremente perdoo todos os seus pecados. Eu concedo a ti a justia de Meu Filho ".Ento seremos zelosos por boas obras - no podemos fazer nada mais, seno, serzelosos por boas obras.

    O fato que - e que os defensores da justificao pelas obras ouam - cada obraque feita a partir da motivao de ganhar, da motivao de reembolso, damotivao de cumprir uma condio, da motivao de se tornar digno, da motivaode fundamentar nossa salvao, a fim de fazer uma promessa universal graciosaeficaz para si mesmo, cada tipo de obra como esta m, pecado. O amor trabalha

    na nica maneira agradvel a Deus. E o amor confessa a verdade da salvao pelagraa somente. O amor obedece lei. O amor presta ateno aos preceitos e segue

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    o exemplo de Jesus no Evangelho.

    O pregador no tem razo para temer que, se ele pregar a justificao pela f

    somente, a doutrina produzir negligncia em sua congregao.

    Isso no quer dizer que no haver aqueles que abusam da doutrina, mostrando-senegligentes em suas vidas. O fato de alguns fazerem isso explica a presena deTiago 2na Bblia.

    No pode ser esquecido que Tiago 2 um aviso necessrio sobre justificao eboas obras. Havia na igreja daquele momento, aqueles que estavam confessandoem alta voz a salvao graciosa, mas no estavam conseguindo viver em boas

    obras, sobretudo estavam tratando com crueldade os membros da igreja. Ainda htais pessoas dentro da igreja. Eu mesmo j argumentei contra essas pessoas, eesses foram alguns dos conflitos mais ferozes de todo o meu ministrio. Oh, comoeles falavam da graa soberana. Mas ento, em suas vidas no mostravam nenhumfruto de boas obras. O pregador e a assembleia devem admoest-los em umalinguagem forte:

    "Voc faz uma confisso ortodoxa, enquanto vive perversamente?Satans tambm o faz. Voc no sabe, oh homem ftil, que a f sem obras

    morta?"

    Por meio desta prpria advertncia, escrita nas pginas da inspirada Escritura, quevem a todos ns, ns que temos uma f viva somos despertados mais ainda a umavida de boas obras, a fim de mostrar a nossa f. Isto glorifica a Deus, que salva, nos do castigo do pecado, mas tambm da poluio e escravido do pecado. E Elesalva da poluio e poder do pecado, da mesma forma que Ele salva da culpa dopecado: por meio do Evangelho da graa, no pela lei.

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    A Justificao e o CristoRev. William Langerak

    Introduo

    Ainda falta ser falado sobre um assunto nesta oportuna e enriquecedora confernciasobre o tema: "A Justificao pela F Somente". Os oradores que me antecederamexplicaram cuidadosamente a verdade sobre o tema. E pelo fato de quase todos osataques contra este terem, atravs dos tempos, tomado o mesmo formato, ou seja,

    introduzido as obras do pecador como base para a nossa justificao, estesoradores fizeram cuidadosamente a distino entre justificao e santificao,mostrando a relao necessria entre elas, e demonstrando que a justificao ocorretanto objetiva como subjetivamente, sem nenhuma conexo com as nossas obras,sejam elas boas ou ms, em corpo ou alma, da carne ou do esprito regenerado. Foidemonstrado que, quando se trata de justificao, as nossas obras simplesmenteno tm lugar algum. O que foi ensinado a verdade da justificao comogeralmente tem sido compreendida pela igreja por cerca de 2000 anos, masespecialmente desenvolvida, formulada e ensinada pela igreja da Reforma contra os

    erros perniciosos de Roma e dos arminianos. A nica coisa que falta nestaconferncia explicar o significado dessa verdade para a vida cotidiana do cristo.

    O significado geral desta verdade j foi observado. O tema desta conferncia usa aamvel descrio dada pela igreja no passado, "O Corao do Evangelho". Osoradores prvios observaram que Lutero chamou a justificao de:

    "O artigo sobre o qual a igreja permanece ou cai"

    E Calvino:

    "A principal dobradia sobre a qual religio se dependura".

    Podemos acrescentar que o significado geral da justificao tambm indicado pelaprofundidade do tratamento que recebeu por esses telogos. Por exemplo, no livrotrs das Institutas, Calvino dedica nove dos vinte e cinco captulos para a

    justificao, esta em comparao com um captulo de cada sobre f e regenerao, etrs sobre a predestinao - muito para o convencional. Ele tambm dedica oito

    captulos para a santificao, se opondo a toda calnia, reduzindo assim a acusao

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    de que os reformados no tm lugar para boas obras. O significado geral dajustificao tambm ficou claro no texto que lemos, onde a Escritura no s defendeessa verdade, mas chama aqueles que tentam destru-la de "ces" e

    "mal-trabalhadores".

    O propsito deste discurso, no entanto, demonstrar a partir da Escritura, dasconfisses e dos escritores reformados, os especficos benefcios prticos que averdade da justificao d ao crente, e ao mesmo tempo demonstrar o que perdidoquando qualquer outra noo sobre a justificao acolhida. Alm disso, a minhainteno concentrar nos aspectos da justificao que se aplicam a nossa atual vidaterrena, uma vez que os oradores anteriores j mencionaram a importncia da

    justificao para nossa vida eterna e glria.

    importante demonstrar o significado prtico dessa verdade para a nossa vidaterrena atual por duas razes:

    Primeiro, para que os crentes sejam incentivados a batalhar com grande zelo esacrifcio pessoal por esta verdade e contra o erro. Mesmo agora, lderes reformadose presbiterianos supostamente conservadores audaciosamente afirmam que estaverdade desenvolvida, formulada e ensinada pela igreja da Reforma, deformada,ilegtima e doentia. Na opinio deles, milhares de crentes ofereceram suas costas ao

    chicote, sua lngua faca, sua boca mordaa e seu corpo ao fogo, no por causada verdade da Palavra de Deus, mas por um colossal erro teolgico cometido pelosnossos pais reformados. Este mais recente ataque, que tem por nome "VisoFederal", faz mais do que menosprezar o alto preo que cristos reformados dopassado pagaram para manter esta verdade, ela desprezvel por si s. No entanto,ao assaltarem a verdade bblica da justificao, a qual de fato o corao doEvangelho, seus defensores roubam do crente os benefcios prticos e salvficos da

    justificao, e de Deus a Sua glria. Portanto, os crentes precisam conhecer essesbenefcios da justificao para a sua vida cotidiana, de modo que, pessoalmente,

    eles sejam movidos a mant-la, mesmo com grande sacrifcio pessoal.

    Segundo, os benefcios prticos da verdade da justificao precisam serdemonstrados a fim de que os crentes se beneficiem deles. Existe o perigo de quens simplesmente vejamos a justificao como uma ideia teolgica abstrata e abatalha contra isso como uma briga de famlia sobre semntica. O fato que se a

    justificao for incompreendida, rejeitada ou eliminada, simplesmente no havernenhum proveito dos ricos benefcios que ela proporciona, somente misria.

    A Justificao Estabelece a Justia de Deus

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    e Nossa Relao Legal com Todas as Coisas

    Para entender o significado da justificao pela f somente para a vida cotidiana docristo, primeiro necessrio saber o que a diferencia de todos os outros aspectosda salvao. O que que faz da justificao o corao do Evangelho, a principaldobradia sobre a qual a religio se dependura e o artigo sobre o qual a igreja

    permanece ou cai? Se voc achasse que a razo porque a justificao revela commais clareza a soberana graa, misericrdia e arbtrio de Deus na salvao a parteda vontade, dignidade e obras dos homens, voc estaria enganado. verdade que adoutrina da justificao revela claramente estas coisas, mas no exclusivamente, oumesmo primariamente. O amor de Deus na eleio, a regenerao vivificadora, a

    santificao transformadora, e de fato, todas as partes da salvao igualmenterevelam que Deus salva a parte da vontade, dignidade ou obras dos pecadores.Poderia at ser argumentado que a eleio revela mais claramente a prerrogativadivina na salvao, que a santificao revela mais claramente o poder divino nasalvao, ou a regenerao a passividade do homem sob a obra de Deus.

    O que coloca a justificao parte e lhe d o seu significado nico que: de todosos aspectos da salvao que desfrutamos, a justificao revela e exalta o direitolegal do Deus Trino, ou seja, a Sua justia, tanto dentro de Seu prprio ser quanto

    em Seu relacionamento com a humanidade. E esta questo sobre a justia de Deus fundamental para o aproveitamento da salvao na vida crist, e o que faz dajustificao o corao do Evangelho.

    A justia de Deus refere-se ao fato de que dentro de Seu prprio ser e em todas assuas relaes com a criao, em particular com a humanidade, o Deus Trino age deacordo com o critrio de Sua prpria bondade tica. Implica tambm no direito deDeus de insistir e manter esse critrio. A justia de Deus no mais muito apreciadanas igrejas atuais. Na verdade, seria justo dizer que a falha em honr-la constitui a

    base - da maioria dos movimentos - da rejeio da verdade da justificao. Asigrejas de hoje esto interessadas no aperfeioamento pessoal e at mesmo nalibertao do sofrimento. Mas, como Abraham Kuyper uma vez atacou:

    "[Toda a questo apenas um dos]pedidos pela ajuda do grande Mdico,que recebe seu pagamento e, em seguida, despedido com poucosagradecimentos. A questo da justia no entra no assunto de formaalguma conquanto que o pecador seja santificado, est tudo bem."25

    25 A. Kuyper, The Work of the Holy Spirit, pg. 375.

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    A justia de Deus fundamental para a f crist. Ela uma perfeio essencial doprprio ser e agir de Deus se Deus fosse injusto ou agisse injustamente, Ele noseria Deus. Considere tambm que junto com conhecimento e santidade, a justia

    uma perfeio que Deus comunicou ao homem quando o criou Sua prpriaimagem, e uma perfeio que Ele imediatamente restaura por meio de Cristo nonovo homem. Alm disso, a pessoa e toda a obra de Jesus Cristo tem por objetivorevelar a justia de Deus. Na cruz, em vez de deixar o pecado impune, Deus o puniuem Seu Filho amado, pois Ele s aceitaria o sacrifcio da justia de Cristo como asatisfao pelo pecado, e Deus justamente o recompensou com a mais elevadahonra e glria por Sua obra. O Catecismo de Heidelberg ensina que Jesus foiprovidenciado a fim de nos restaurar justia , sofreu para adquirir para ns a 26

    justia , morreu para satisfazer a justia de Deus , e ressuscitou e ascendeu para27 28

    fazer-nos participantes daquela justia . O prprio Jesus Cristo, o mistrio da

    29

    piedade, foi justificado no Esprito (Cf. 1Tm 3:16) a fim de revelar a justia de Deus.

    Deveria ento nos surpreender que a justificao - o ato forense, jurdico e legal deDeus de declarar-nos justos com base na cruz - seja o corao do Evangelho? Ela o pois estabelece a justia de Deus. Ela revela que Deus o Legislador queestabelece o que certo e errado, o Juiz que determina o que est em conformidadecom a lei, e o Rei que governa com justia, punindo ou recompensando de acordocom a Sua lei. E uma vez que ela estabelece a justia de Deus, ela revela a

    maravilha de Sua graa em justificar os homens. Assim como Herman Bavinckdisse:

    "O que Deus mais estritamente condena na Sua santa lei, a justificaodos mpios, o que, Ele disse sobre Si mesmo que jamais faria e o que,mesmo assim, Ele faz. Mas Ele o faz sem comprometer a Sua justia. Esta a maravilha do Evangelho" (Cf. Dt 25:1 x 23:07).30

    Ento, o outro significado da justificao que, porque ela revela a justia de Deus

    no estabelecimento de um relacionamento conosco, ela serve como a base jurdicapara todas as relaes dos cristos. Abraham Kuyper corretamente observou:

    "O direito regula as relaes. O direito a base, especialmente dasrelaes interpessoais. Tudo primeiramente estabelecido edesenvolvido em uma base legal, aquela do direito."31

    26Catecismo de Heidelberg, Q&R. 16.27 Idib, Q&R. 37.28 Idib, Q&R. 40.29

    Idib, Q&R. 45 e 49.30 H. Bavinck, Our Reasonable Faith, pg. 450.31 A. Kuyper, The Work of the Holy Spirit, pg. 376.

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    E portanto, a nossa justificao serve como base para a nossa relao com omundo, a relao com o pecado, com a morte, com a lei, com a igreja, com cada

    membro da igreja, com todos os membros do mundo, mas especialmente para onosso relacionamento com Deus. No h nenhum relacionamento com Deus parteda justificao, e no h nenhuma mudana subseqente na nossa condioatravs de Deus a menos que haja primeiro uma mudana em nosso status, que onosso relacionamento legal com Deus, o direito legal de Deus sobre ns.

    Kuyper novamente diz:

    " evidente que a regenerao, chamado e converso, sim, at mesmo a

    completa reforma e santificao, no so suficientes. Pois, embora estessejam muito gloriosos e livrem o homem do pecado, da mancha epoluio [...] ainda assim eles no tocam em sua relao jurdica comDeus. Todo membro da igreja deve [...] perceber a sua posio jurdica

    perante Deus, agora e para sempre, que ele no apenas homem oumulher, mas uma criatura que pertence a Deus, absolutamente controlada

    por Deus, culpada e punvel quando no age de acordo com a vontade deDeus."32

    Iremos agora examinar mais de perto o significado da justificao para o cristonestas relaes.

    A Justificao e Nossa Relao com a Igreja

    A justificao fundamental para a nossa relao com a igreja de Jesus Cristo.Primeiramente, ela implica que a correta membresia da igreja essencial. Para

    usufruir dos benefcios da justificao pela f somente, a pessoa deve ser ummembro de uma igreja onde a justificao seja ensinada e crida. A razo que ajustificao recebida por meio da adorao pblica. Por suas palavras deadorao, o publicano foi justificado, e por suas palavras de adorao o fariseu foicondenado (Mt 12:37). A declarao de Cristo que algum justificado, ouvidaapenas atravs da pregao pblica e adequada do Evangelho por ministroschamados e enviados. Cristo tem de falar, pois s Deus pode perdoar os pecados.S Deus pode justificar. E Ele escolhe faz-lo atravs da pregao. Alm disso, apregao - a qual tem em seu mago a proclamao de que os pecadores que

    32 A. Kuyper, The Work of the Holy Spirit, pg. 377.

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    creem em Cristo so justificados - a marca principal da verdadeira igreja.

    A importncia da justificao para a membresia da igreja explica porque Lutero a

    chamou de o artigo sobre o qual a igreja permanece ou cai. A igreja verdadeira aquela que prega a justificao pela f somente, e nada contrrio a isso. Uma igrejaque no prega e nem pregar a justificao pela f somente, no igreja. Onde a

    justificao pela f somente rejeitada e outra forma de justificao ensinada,simplesmente no pode haver a justificao dos pecadores. Ela pode at ter a formade religio pura e sem mcula, mas no justifica nenhum membro.

    Nesse sentido, eu acho que a pregao que declara os pecadores justificados dealguma outra forma, no diferente de um clrigo muulmano radical que ensina a

    seus seguidores que eles recebem o favor de deus por matarem infiis, detonandouma bomba suicida presa em sua cintura. Isso at pode ser crido de modo quealguns do a sua vida por esta causa, mas o que eles pregam simplesmente noacontece. Assim tambm, onde o pregador declara que algum justificado pela f eobras de f, ningum justificado. Eles podem at declarar que sim, mas issosimplesmente no verdade.

    No que diz respeito a nossa relao com a igreja, a justificao tambm serve comobase para a nossa essencial unidade como membros da igreja e o justo julgamento

    uns dos outros. neste contexto que Calvino falou do julgamento de amor ou decaridade. Ele observou que devido a impiedade e hipocrisia sempre ter existido naigreja e em todo membro, a santificao por si s no pode ser usada como umamarca da verdadeira igreja, ou de qualquer membro, a favor do assunto. O

    julgamento deve ser de acordo com o amor, isto , de acordo com a forma como nsmesmos seramos julgados por outros crentes luz da graciosa justificao de Deussobre ns. Era disto que Jesus estava falando quando disse: "No julguem apenas

    pela aparncia, mas faam julgamentos justos" - Jo 7:24 - e "da mesma forma quejulgarem, vocs sero julgados" - Mt 7:2. Devemos ter isso em mente na nossa

    relao com o prximo. Ns somos at mesmo obrigados a orar: "Perdoa os nossospecados, assim como ns perdoamos os pecados dos outros".

    A razo da justificao servir como base para a nossa unidade e do justo julgamentodo prximo porque ela o grande equalizador na igreja de Jesus Cristo. A

    justificao a base legal para a igualdade espiritual. O Catecismo de Westminsterobserva atenciosamente este importante fator:

    "A justificao liberta a todos os crentes igualmente da ira vingadora de

    Deus, e isto perfeitamente nesta vida, de modo que eles nunca mais caemna condenao. A santificao no igual em todos os crentes e nesta

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    vida no perfeita em crente algum."33

    A justificao a nica coisa que todos os membros da igreja, desde crianas at os

    santos mais antigos, tm em comum. Haver diferenas de raa, de gnero, dons,posio social, posio econmica e educao. Haver diferenas de crescimentoem santificao - crianas que amadurecem espiritualmente cedo e adultos queainda so espiritualmente crianas - mas todos devem ser vistos e tratados comigualdade com base em sua justificao.

    A Justificao e Nossa Relao com o Mundo:Nossa Carne e Pecado

    A doutrina da justificao tambm significativa para a nossa relao com o mundoe com as coisas que pertencem a ele. A justificao muda toda a nossa relao coma criao, com a lei, com o pecado e com os habitantes do mundo. Esta mudana emnossa relao com o mundo e as coisas nele, apontada na Escritura. A frase emvigor que "estamos mortos para" eles. Por isso, a Escritura quer dizer que a nossarelao legal com eles cortada, de modo que eles j no tm mais qualquer direitosobre ns, enquanto ao mesmo tempo, uma nova relao estabelecida com Jesus

    Cristo a fim de que possamos obter toda a vida e proveito d'Ele.

    Notamos primeiramente que a Escritura ensina que a justificao muda a relaocom a nossa prpria carne - que tem sua origem no mundo - e com os pecados - quetm a sua fonte em nossa carne. A justificao nos faz mortos para o pecado e a leido pecado em nossa carne. Por exemplo, 1 Pedro 2:24 diz:

    "[Cristo] levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim deque morrssemos para os pecados e vivssemos para a justia."

    E Romanos 6:1-2:

    "Que diremos ento? Continuaremos pecando para que a graa aumente?De maneira nenhuma! Ns, os que morremos para o pecado, como

    podemos continuar vivendo nele?"

    Portanto, a justificao a base, a possibilidade e a certeza da santificao - alibertao do poder vigente do pecado em nossa carne. Logo, a justificao e a

    33 Catecismo de Heidelberg, Q&R. 77.

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    santificao esto necessariamente e inseparavelmente relacionadas a relao de imputao legal vigente, status condio, direito recepo, imputao habitao interna. E esto necessariamente e inseparavelmente relacionadas

    exatamente porque Deus quem justifica. A justificao d ao crente o direito de serliberto do domnio do pecado. Atravs dela o direito do pecado de reinar na carne legalmente deposto. E, uma vez que a justificao ocorre atravs de meios da f - aligao orgnica e ativa com Jesus Cristo, estabelecida por Deus - o crente de fatoliberto do poder do pecado. Isso explica por que o Catecismo de Heidelberg tocorajosamente proclama que impossvel que a doutrina da justificao pela fsomente faa os homens se tornarem negligentes e profanos . Por causa da relao 34

    com Cristo atravs a justificao pela f, o crente est agora morto para o pecado, demodo que impossvel que a vida de Cristo falhe em impulsion-lo a uma nova vida

    piedosa. A justificao no depende da santificao, mas a base jurdica e acerteza desta.

    Mas, algum estar justificado, no significa que o pecado est morto na carne docrente. Isso deveria ficar claro, no somente por causa da nossa prpria experincia,mas pela Escritura. J falou sobre as iniquidades de sua juventude e que eleabominava a si mesmo por causa de seu pecado. Enquanto Davi fala de suaintegridade no Salmo 7:8, ele tambm confessa sua maldade e sua depravao noSalmo 51:

    "Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeuminha me".

    E o apstolo Paulo, um santo justificado, comentou:

    "Com a mente, eu prprio sou escravo da lei de Deus mas, com a carne,da lei do pecado" - Rm 7:25.

    O crente deve tambm reconhecer a presena do pecado dentro de si, porque a f contada como justia ao homem que "confia em Deus que justifica o mpio" - Rm 4:5.Eu acredito que isso seja verdade, mesmo quando se fala da justificao subjetiva.Os benefcios da justificao so experimentados continuamente em nossas vidas,no somente quando humildemente confessamos a nossa depravao e pecadospassados, mas especialmente quando confessamos que, embora sendo santos

    justificados e santificados, continuamos pecadores em nossa carne. Temos deaceitar a responsabilidade pessoal pela nossa depravao e pelo pecado queprovm desta, como no dilvio. Caso contrrio, ns nos tornamos "o todo" que no

    precisa do mdico e "o justo" que no precisa de arrependimento (Mc 2:17-18). Nas34 Idib, Q&R. 64.

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    palavras de Calvino:

    "Para obter a justia de Cristo, devemos abandonar a nossa prpria

    justia [...]. O corao no pode estar aberto para receber a misericrdiade Deus a menos que esteja absolutamente vazio de toda a opinio deseu prprio valor."35

    Um exemplo o publicano, que foi justificado quando ele clamou: "tem misericrdiade mim, um pecador", e no "tem misericrdia de mim, que costumava ser um

    pecador" (Cf. Lc 18:13-14) .

    O texto acima, explica por que o Catecismo de Heidelberginclui uma seo inteira

    sobre a nossa misria antes da seo sobre a nossa libertao, onde a justificao proclamada. Um pregador reformado no pula esta seo e simplesmente continua apregar a nossa libertao, com a atitude: "Bem, essas coisas sobre o pecado, anossa misria e a depravao so coisas que costumvamos ser e quecostumvamos precisar de libertao". Isto tambm est l para o nosso confortoest l para avaliarmos corretamente como ns somos por natureza, pois isto necessrio para desfrutarmos a justificao. necessrio porque Jesus liberta e d

    justia aos pobres, necessitados, oprimidos, humildes, aos que choram, aoscansados e sobrecarregados, aos famintos e sedentos por justia. Mesmo o

    justificado, regenerado e santificado apstolo Paulo ainda poderia confessar:

    "Jesus Cristo veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu souo pior" - 1 Tm 1:15.

    Bavinck pontuou desta maneira:

    "Mesmo que o crente compartilhe o perdo dos pecados [justificao], eledeve, conscientemente, de dia a dia, continuar se apropriando deste pela

    f, a fim de desfrutar da segurana e conforto do mesmo. verdade queh muitos que continuam vivendo em funo de uma experincia passadae se contentam com isso, mas essa no a vida crist."36

    Entender a mudana da justificao em nossa relao com o pecado - que estamosmortos para o pecado, mas o pecado no est morto em ns - tambm importantepara que no minimizemos o pecado ou a lei de Deus. Os oradores anteriores japontaram o notvel fato de que aqueles que atacam a verdade da justificao combase de que esta dificulta a realizao de boas obras, em geral, no defendem o

    35 J. Calvino, Institutas, 3.11.3 3.12.7.36 H. Bavinck, Our Reasonable Faith, pg. 463.

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    critrio da lei de Deus, ou a mantm em alta estima. Isto era verdade sobre osauto-justificados fariseus que eram hipcritas quanto a lei nos dias de Jesus. Isto eraverdade sobre os arminianos e seguidores de John Wesley. H uma razo para isso.

    Se algum justificado, em parte, por suas obras de acordo com o critrio da lei deDeus, logo esse critrio deve ser atingvel. Caso contrrio, nenhum pecador pode serjustificado. O resultado de tal pensamento, invariavelmente, que a perfeioexigida pela lei diminuda, que a lei s exige perfeita ao externa, ou que Deusaceita aes imperfeitas como base para a justificao. impressionante tambm,que quando isso feito, as boas obras aos olhos dos homens tornam-se ms aosolhos de Deus, uma vez que elas no so frutos de gratido pela nossa justificao,mas so meios para alcanar a justificao. Este fenmeno tambm explica areclamao manifesta pelo telogo presbiteriano, John Murray:

    "Com demasiada frequncia deixamos de compreender a gravidade donosso pecado contra Deus. Esta a razo pela qual este grande artigo da

    justificao no o que deveria ser, no mais profundo ntimo do nossoesprito. Esta a