junho de 2006

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MCTES recebeu propostas sindicais MCTES recebeu propostas sindicais INVERSÕES SALARIAIS: VALE SEMPRE A PENA LUTAR Superior FENPROF ENSINO E INVESTIGAÇÃO Avaliação do sistema de Ensino Superior FENPROF em reuniões com peritos da OCDE e da European Network of Quality Assurance Sector marcado pela instabilidade e pelos despedimentos É preciso valorizar as capacidades instaladas nos Politécnicos Universidade de Évora O pós-greve em Artes Visuais: uma luz ao fundo do túnel, mas... onde estão os critérios de Bolonha?

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Jornal da FENPROF / Sup - Junho de 2006

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Page 1: Junho de 2006

MCTES recebeupropostas sindicaisMCTES recebeupropostas sindicais

INVERSÕES SALARIAIS: VALE SEMPRE A PENA LUTAR

S u p e r i o rFENPROF ENSINO

E INVESTIGAÇÃO

Avaliação do sistema de Ensino SuperiorFENPROF em reuniõescom peritos da OCDEe da European Network of Quality Assurance

Sector marcado pela instabilidadee pelos despedimentos

É preciso valorizar ascapacidades instaladasnos Politécnicos

Universidade de ÉvoraO pós-greve em Artes Visuais:uma luz ao fundo do túnel,mas... onde estão os critériosde Bolonha?

Page 2: Junho de 2006

2 SUP AO N. º 210 ■ JUNHO 2006

Propriedade, Redacçãoe AdministraçãoFederação Nacional dos ProfessoresRua Fialho de Almeida, 31070-128 LISBOATels.: 213819190 – Fax: 213819198Email: [email protected] page: www.fenprof.pt/superior

Director: Paulo Sucena

Departamento de Ensino Superior:João Cunha Serra ■ Mário CarvalhoNuno Rilo ■ Manuela Esteves

Coordenação: José Paulo Oliveira

Colaboração: Inês Carvalho, Paula Velasquez e Elvira Nereu

Paginação e Grafismo: Mário Rui

Composição: Idalina Martinse Lina Reis

Fotografia: Jorge Caria

Impressão: SogapalTiragem média: 4000 ex.Depósito Legal: 3062/88

MEMBROS DA

FENPROF

SINDICATO DOS PROFESSORES DAGRANDE LISBOAR. Fialho de Almeida, 3 - 1070-128 LisboaTel.: 213819100 - Fax: 213819199Email: [email protected] page: www.spgl.pt

SINDICATO DOS PROFESSORESDO NORTEEdif. Cristal ParkR. D. Manuel II, 51-3º - 4050-345 PortoTel.: 226070500 - Fax: 226070595Email: [email protected] page: www.spn.pt

SINDICATO DOS PROFESSORESDA REGIÃO CENTROR. Lourenço Almeida de Azevedo, 203000-250 CoimbraTel.: 239851660 - Fax: 239851666Email: [email protected] page: www.sprc.pt

SINDICATO DOS PROFESSORESDA ZONA SULAv. Condes de Vil’Alva, 2577000-868 ÉvoraTel.: 266758270 - Fax: 266758274Email: [email protected]

SINDICATO DOS PROFESSORESDA REGIÃO AÇORESR. João Francisco de Sousa, 469500-187 Ponta Delgada - S. MiguelTel.: 296205960 - Fax: 296629498

SINDICATO DOS PROFESSORESDA MADEIRAEdifício Elias Garcia, R. Elias Garcia,Bloco V-1ºA - 9054-525 FunchalTel.: 291206360 - Fax: 291206369Email: [email protected] page: members.netmadeira.com/spm/spm

SINDICATO DOS PROFESSORESNO ESTRANGEIROSede Social: Rua Fialho de Almeida, 31070-128 LisboaTel.: 213833737 - Fax: 213865096

Acção conjunta FENPROF/SNESup à porta do MinistérioSeis medidas pela estabilidade profissional e pela protecção em casode desemprego

SUMÁRIOS u p e r i o rFENPROF ENSINO

E INVESTIGAÇÃO

4

Avaliação do Sistema de Ensino Superior FENPROF reúne com ENQA

10

NACIONALInversões salariaisVale sempre a pena lutar . . . . . . . . . . 7

AvaliaçãoFENPROF reuniu com representes da OCDE e da European Network of Quality Assurance . . . . . . . . . . . . . . 8

Universidade de ÉvoraO pós-greve em Artes Visuais . . . . . 13

OPINIÃOAntónio BrotasAs "aulas de substituição" . . . . . . . . 14

Manuel Carlos Silva e Fernando Bessa RibeiroA revisão do Estatuto da CarreiraDocente Universitária . . . . . . . . . . . . 15

João Cunha SerraÉ preciso valorizar as capacidades instaladas nos Politécnicos . . . . . . . . 17

Luís Bensaja dei SchiròSobre o ensino superior privado . . . 19

INTERNACIONALColóquio Mundial, Paris"As Universidades enquanto centros de investigação e de criação de conhecimentos: uma espécie ameaçada?" . . . . . . . . 22

CULTURAAgenda CulturalTemporada de Música da FundaçãoGulbenkian com 128 concertos . . . . 23

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JUNHO 2006 ■ SUP AO N .º 210 3

OMCTES por vezes parece terparagens. Fica como que ausente,impassível perante as dúvidas eincertezas que a aplicação doProcesso de Bolonha levanta,

designadamente aquelas que resultam daprópria legislação que vai produzindo.

Mas, de repente, tem um acordar súbitoe iluminado. Divulga projectos legislativosou de regulamentação e exige pareceres emprazos de tal modo curtos que dir- s e - i aserem já não uma conse-quência indesejada de atra-sos no trabalho do Ministé-rio, mas uma atitude deli-berada para não permitir aconstituição de grupos deopinião que venham a per-turbar a concretização dosaltos desígnios ministeriais.

Vimos até prazos pararespostas importantescoincidirem praticamentecom as datas de publicaçãodas orientações (caso daapresentação de propostasde adequação de cursos a Bolonha paraentrarem em vigor em 2006/2007). E pedi-dos de parecer sobre ante-projectos comprazos impossíveis de satisfazer em condi-ções minimamente aceitáveis permitindoum apuramento fundamentado da opiniãode órgãos como o CRUP ou o CCISP.

Esta atitude não é evidentemente nadasaudável para a participação que se desejaabrangente e bem informada, quer dasinstituições de ensino superior, quer dosdocentes, principais executores das orien-

tações de Bolonha. Em particular, man-tém-se a tendência para sobrelevar aspec-tos mais formais do Processo, relativa-mente às questões de fundo que envolvemalteração de mentalidades e por isso exigi-riam grande atenção e apoio por parte doMinistério, como seja a tal mudança deparadigma que levasse a primeiro planoos objectivos da aprendizagem dos alunose, consequentemente, as condições neces-sárias para o seu sucesso escolar e educa-

tivo – no seu processo de preparação paraa cidadania plena.

É, assim, já tempo de o MCTES deixarde tratar a questão de Bolonha à t ro u x e --mouxe e permitir às instituições e aos quenelas estudem e trabalham uma participa-ção real, esclarecida e empenhada, semmedo da criação de correntes de opiniãoeventualmente desfavoráveis ou conserva-doras, sem receio da expressão das con-tradições de interesses que este Processonaturalmente levanta.

Bolonha à trouxe-mouxeJoão Cunha Serra

EDITORIAL

É, assim, já tempo de o MCTES deixar de tra-tar a questão de Bolonha à t ro u x e - m o u x e ep e rmitir às instituições e aos que nelas estu-dem e trabalham uma participação real, escla-recida e empenhada, sem medo da criação dec o rrentes de opinião eventualmente desfavo-ráveis ou conservadoras, sem receio dae x p ressão das contradições de interesses queeste Processo naturalmente levanta.

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Ochefe do gabinete do ProfessorMariano Gago, que, por sobrepo-sição de agendas do ministro e do

secretário de Estado, recebeu os sindica-listas no passado dia 8 de Junho, alertou-os no sentido de que o MCTES não tema percepção exacta da incidência da nãorenovação de contratos, pois são relati-vamente poucos os docentes que denun-ciam as situações ao Ministério.

"É preciso que nos organizemos nasEscolas, exigindo financiamento ade-quado para 2007, renovação dos contra-tos do pessoal docente, condições paraformação. É importante que denuncie-mos junto da comunicação social, doMinistério, dos órgãos de poder emgeral, as situações que vêm sendo cria-das", sublinha o comunicado conjuntoentretanto divulgado.

As duas organizações subscreveramum pedido de reunião com o Ministropara discussão das "Seis medidas pela

estabilidade profissional epela protecção em caso dedesemprego" que apresen-tamos já de seguida

Objectivos

Atendendo às limita-ções resultantes de legisla-ção aprovada, que impe-dem alterações imediatasaos quadros e às carreiras,e considerando que nãodeve continuar por mais tempo a actualsituação de grande instabilidade profissi-onal que se vive em muitas instituiçõescom efeitos muito negativos para as tare-fas de adequação às novas exigênciasdecorrentes do Processo de Bolonha, aFENPROF e o SNESup apresentam aoSenhor Ministro da Ciência, Tecnologiae Ensino Superior as medidas seguintes,destinadas a serem aprovadas o mais

rapidamente possível de forma a pode-rem produzir efeitos já no próximo mêsde Julho.

Medidas e sua operacionalização

1ª Medida:Reformulação dos horários de traba-

lho docente e da forma de cálculo dasnecessidades de pessoal docente.

Operacionalização:Realização, até fins de Julho, de uma

reunião a nível técnico entre as associa-ções sindicais e o MCTES para discutir:

- as novas definições das cargashorárias de trabalho docente e suas com-ponentes;

- a forma de cálculo do número deETI´s correspondente às novas defini-ções.

2ª Medida:Adopção do princípio da não redução

do financiamento das instituições, nego-ciando com as que se encontrem emmaiores dificuldades contratos-programapara o reforço da qual ificação dosdocentes e para a adequação ao Processode Bolonha.

Operacionalização:Atribuição para 2007, para cada Uni-

versidade, Instituto Politécnico, e insti-

4 SUP A O N .º 210 ■ JUNHO 2006

NACIONAL

Acção conjunta FENPROF/SNESup à porta do Ministério

Seis medidas pela estabilidade profissional e pela protecção em casode desemprego

Níveis de financiamento para trabalharComo sublinhou João Cunha Serra aos jorna-listas que acompanharam a concentração sin-dical junto ao MCTES em 8 de Junho, esta ini-ciativa teve como principal objectivo apoiar aapresentação de uma proposta com um con-junto de “medidas urgentes” para o EnsinoSuperior e a Investigação.Entre outras matérias, “é necessário”, obser-vou Cunha Serra, que “as instituições dispo-nham no ano lectivo de 2006/2007 de níveis definanciamento que assegurem a manutençãoem funções do pessoal docente actualmentecontratado e a existência de condições para oseu acesso à frequência de programas de for-mação científica avançada”.

JOÃO CUNHA SERRA, coordenador do Departamentodo Ensino Superior e Investigação da FENPROF,integrou a delegação sindical recebida no MCTES

8 de Junho: docentes e investigadores de todo o País à porta do MCTES

Page 5: Junho de 2006

JUNHO 2006 ■ S UP AO N .º 210 5

A FENPROF e o SNESup entregaram,

no passado dia 8 deJunho, no Ministério

da Ciência, Tecnologiae Ensino Superior

(MCTES) uma proposta de

medidas administrativas e legislativas para fazer

frente à gravíssimasituação que vivem

milhares de docentesdo ensino superior

em situação de precariedade, muitosdos quais, a não ser

que estas medidassejam adoptadas peloMinistério, não terão,

já no próximo ano lectivo, nem emprego

nem subsídio de desemprego.

tuição de ensino superior não-integrada,de um nível de financiamento não infe-rior ao de 2006, celebrando-se, casonecessário contratos programa em quefique consagrado:

- o respeito pelas cargas horárias detrabalho docente máximas actualmenteestabelecidas no ECDU e no ECPDESP;

- a redução de serviço lectivo para osdocentes que estejam a frequentar pro-gramas de formação científica avançada,designadamente aos que tenham sidoadmitidos como candidatos a doutora-mento;

- a garantia de renovação de contra-tos dos docentes especialmente contrata-dos, em regime de tempo integral ou dededicação exclusiva, até à revisão dascarreiras e à aplicação de um regime detransição que lhes abra possibilidades depassarem à carreira.

3ª Medida:Adopção de uma forma de cálculo de

efectivos que tenha em conta o apoio àformação, a mobilidade, e a satisfaçãode compromissos das instituições.

Operacionalização:Sem prejuízo da fórmula de financi-

amento, consideração na Portaria quefixará os limites das ETI para 2006//2007:

- dos docentes com redução de ser-viço lectivo por frequentarem programasde formação científica avançada no qua-dro de contratualização das instituiçõescom o MCTES, como fracção de ETIcorrespondente à proporção de serviçoatribuído;

- dos docentes que estejam comredução de serviço lectivo em compen-sação da atribuição em anos anterioresde cargas horárias lectivas superiores àscargas horárias máximas, como fracçãode ETI correspondente à proporção deserviço atribuído.

4ª Medida:Adopção de medidas legislativas de

carácter interpretativo, com vista a evitarabusos na aplicação dos Estatutos deCarreira.

Operacionalização:Publicação, com carácter interpreta-

tivo, de legislação que confirme que acontratação de docentes convidados porperíodos até um ano ao abrigo do nº 5do artigo 34º do ECDU e do nº 3 doartigo 12 º do ECPDESP se aplica ape-nas à primeira contratação, sendo oscontratos, renovados a partir daí, porcinco anos (professores convidados uni-versitários), três anos (assistentes convi-dados universitários) e dois anos (pro-fessores e assistentes equiparados dopolitécnico, encarregados de trabalhosdo politécnico).

Publicação, com carácter interpreta-tivo, de legislação que considere que, emcaso de celebração de novo contrato como mesmo docente equiparado ou encar-regado de trabalhos do politécnico, estedeve ser considerado uma renovação doanterior, pelo prazo legalmente previsto.

Publicação, com carácter interpreta-tivo, de legislação que obrigue a denún-cia expressa dos contratos dos assisten-tes do politécnico, ou dos docentes equi-

Page 6: Junho de 2006

parados e encarregados de trabalhos dopolitécnico, sem o quer estes serão con-siderados tacitamente renovados.

Revogação, com fundamento eminconstitucionalidade, da norma doECPDESP que permite a rescisão doscontratos durante a sua vigência.

5ª Medida: Adopção de medidas legislativas

com carácter transitório e até à revisãodos Estatutos de Carreira, com vista areduzir a precariedade e incentivar aqualificação.

Operacionalização:Integração na carreira, se assim o

requererem, de todos os professoresauxiliares convidados em tempo integralcom doutoramento e de todos os assis-tentes convidados em tempo integralcom mestrado ou doutoramento quenunca tenham sido assistentes, desde quereúnam os requisitos de tempo exigíveis.

Integração na carreira, se assim orequererem, de todos os docentes equi-parados em tempo integral tendo emconta as habilitações de que sejam titula-res e o tempo de serviço prestado.

Prorrogação do contrato dos actuaisassistentes do Politécnico, que concluamo segundo triénio e sejam titulares demestrado, por um terceiro triénio, e docontrato dos que se encontrem já emregime de prorrogação anual após osegundo triénio, por mais um triénio, a

6 SUP A O N .º 210 ■ JUNHO 2006

NACIONAL

partir do fim do actual contrato.Abertura da possibilidade de contra-

tação por professores adjuntos além doquadro, mediante contrato trienal reno-vável, quer para os doutores quer para osmestres que reúnam os requisitos deacesso à categoria de professor adjunto epreencham outras exigências a definirpelas instituições.

6ª Medida:Igualização de direitos entre os

docentes do ensino superior que fiquemcolocados em situação de desemprego,por o seu contrato ter caducado ou nãoter sido renovado, e a generalidade dostrabalhadores por conta de outrem.

Operacionalização:Publicação de legislação reconhe-

cendo o direito à indemnização porcaducidade do contrato, em termossemelhantes aos fixados para a generali-dade dos trabalhadores por conta deoutrem.

Publicação de legislação sobre subsí-dio de desemprego, em termos seme-lhantes aos fixados para a generalidadedos trabalhadores por conta de outrem,contando o tempo de descontos para aCaixa Geral de Aposentações comotempo com contribuições registadas, eadmitindo-se que, tal como previsto emanteprojecto de Proposta de Lei regis-tado na Presidência do Conselho deMinistros sob o número PL 140/2005,fique a cargo das instituições emprega-doras o processamento do subsídio. ■

"É preciso que nos organizemos nas Escolas, exigindo financiamento adequado para 2007, renovaçãodos contratos do pessoal docente e condições para formação"

Institutos Superiores de Serviço Social

Movimento de apoio à integração dos ISSS no Ensino Superior Público

Professores da área científica deServiço Social do Instituto Supe-rior de Serviço Social (ISSS) de

Lisboa, com o apoio do SPGL, entrega-ram em meados de Maio uma providên-cia cautelar tendo como primeiro objec-tivo "reverter a decisão tomada pelaCooperativa de Ensino Superior CES-DET, proprietária dos ISSS de Lisboa ede Beja, de transferir a titularidade des-tes Institutos para a Fundação Minerva,entidade instituidora da UniversidadeLusíada".

"Salvaguardar o património cultural,científico e pedagógico dos Institutos,

bem como dos direitos da respectivacomunidade académica, em particular osdos docentes", foi outro dos objectivosda referida providência.

Reuniões com UNL e ISCTE

"De um total de 6 professores douto-rados em Serviço Social dos ISSS deLisboa e de Beja, 5 tinham assinado em23 de Abril uma carta entregue aoMinistro da Ciência Tecnologia e EnsinoSuperior pedindo a integração dos Insti-tutos no Ensino Superior Público",refere uma nota divulgada pela Direcção

do Sindicato dos Professores da GrandeLisboa.

No fecho desta edição, estavam pre-vistas, com o apoio do SPGL, reuniõescom a participação daqueles professorese de elementos da Reitoria da Universi-dade Nova de Lisboa e da Presidênciado ISCTE.

Avança, entretanto, a mobilizaçãodos profissionais do Serviço Social,através das suas organizações, " p a r acriar um movimento de apoio à inte-gração dos institutos superiores deserviço social no Ensino SuperiorP ú b l i c o ". ■

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NACIONAL

AOs meiosp r o c e s s u a i su t i l i z a d o s

variaram de sindi-cato para sindicato;os períodos paratomada de decisãovariam de tribunalpara tribunal e de

juiz para juiz. É por essa razão que aguar-damos ainda que seja proferida decisão,em primeira instância, relativamente acinco processos.

O SPGL foi o sindicato com maiornúmero de processos entrados em tribu-nal, no total de 24 casos (referentes a 23docentes) dos quais 13 já estão resolvi-dos e com os retroactivos pagos, deacordo com os valores reclamados.

É de salientar o comportamentoexemplar do ISEG que, logo após a pri-meira sentença proferida relativamente aum seu docente, procedeu de imediatoao reposicionamento e pagamento dosmontantes devidos a todos os docentescom processos em curso. Em contra-

ponto, a Universidade de Lisboa mani-festou a sua disposição de vir a utilizartodas as formas de recurso ao seualcance antes de proceder à execuçãodas sentenças que lhe foram desfavorá-

Inversões salariais

Vale sempre a pena lutarA luta despoletada pelos Sindicatos da FENPROF, em 1995, contra os efeitos perversos produzidos pelo regime de descongelamento de escalõesassociado à introdução do Novo Sistema Retributivo, ainda está a meiocaminho mas os resultados até agora obtidos são promissores.

veis. Pelo meio, o IST tem vindo a pro-ceder ao reposicionamento e aos paga-mentos devidos à medida que as senten-ças têm sido proferidas.

O SPRC conseguiu também recente-mente ver concluídos os quatro proces-sos instaurados, com os reposicionamen-tos e respectivos pagamentos devidos.

Foram mais de dez anos a lutar masvaleu a pena! Que o digam os colegasque já receberam os retroactivos!

O Novo Sis tema Retributivo foiregulado pelo Decreto-Lei nº 408/89, de18/11, no que às carreiras do ensinosuperior e da investigação diz respeito.A integração nos novos escalões foi gra-dual, de acordo com limites definidos detempo de serviço prestado na categoria,de acordo com os Decretos-Lei nºs347/91 e 61/92, respectivamente de 19/9e de 15/4. Ora, o efeito conjugado dasregras de transição entre escalas indiciá-rias, no caso de promoção, definidas noDL nº 408/89, e dos limites da antigui-

dade na categoria contabilizada paraefeitos de integração nas novas escalasindiciárias e de descongelamento da pro-gressão nos escalões, veio a produzir umfenómeno designado por "inversõessalariais", uma vez que docentes commenos tempo de carreira, após o douto-ramento, e/ou menos tempo na categoriavieram a ser posicionados em escalãosuperior ao de outros colegas com maiorantiguidade.

O Tribunal Constitucional, chamadoa pronunciar-se, declarou inconstitucio-nal o efeito conjugado das duas normasse delas resultasse a chamada "inversãosalarial". Não estava portanto em causa aconstitucionalidade das normas mas simos efeitos produzidos pela sua aplicaçãoconjunta em cada caso concreto. Por estarazão, só os docentes e investigadoresafectados foram instados a reclamar. Osque o fizeram estão agora a ver a suasituação reparada.

P.V.

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FENPROF reuniu com peritos da OCDEAVALIAÇÃO A FENPROF esteve reunida recentemente com peritos da OCDE. Dirigidos por Abrar Hasan, esses especialistas estão a trabalhar na avaliaçãodo nosso sistema de ensino superior. Deixamos aqui à apreciação dosnossos leitores as opiniões transmitidas pela Federação nesse encontro.

8 SUP AO N .º 210 ■ JUNHO 2006

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JUNHO 2006 ■ SUP AO N .º 210 9

Sistema do Ensino Superior

• A FENPROF apoia a convergênciado actual sistema binário (Universidadese Politécnicos) para um sistema único,integrado e diversificado, que não tratede modo desigual as instituições, nemdesvalorize umas face a outras, e quenão promova a sua hierarquizaçãosocial.

• A FENPROF propõe que oGoverno incentive a criação de redes deparcerias, convénios ou mesmo integra-ções, envolvendo instituições públicasdo mesmo ou de diferentes subsistemasde ensino superior, com vista à raciona-lização de meios e à criação das necessá-rias massas críticas que garantam níveiselevados de qualidade e de eficácia doensino superior, da investigação, da ino-vação e da ligação ao tecido económicoe social.

Financiamento

• A FENPROF defende que o finan-ciamento público do ensino superior e dainvestigação deve ser aumentado paraaproximar o país dos indicadores médiosda OCDE e da UE, em gastos por alunoe por investigador.

• A FENPROF defende que o finan-ciamento deve ser atribuído às institui-ções numa base plurianual, complemen-tado por financiamentos programáticosdestinados à melhoria da qualidade e àpromoção do sucesso educativo.

• A FENPROF entende que as propi-nas não devem ser aumentadas e que afrequência do 2º ciclo de formação nãodeve em qualquer caso ser onerada compropinas mais elevadas do que as respei-tantes ao 1º ciclo que constituem já hojeum factor dissuasivo da frequência deestudantes de famílias com baixos rendi-mentos, num contexto de uma AcçãoSocial Escolar muito incipiente, quedeve ser reforçada.

Gestão e Avaliação

• A FENPROF defende uma gestãoresponsável e participada, onde sejagarantida a colegialidade das decisões,com base na aprovação e na execução deplanos de desenvolvimento e de activi-dade.

• A FENPROF defende que a gestãodas instituições deve ter em conta aaudição e a participação de representan-

tes do tecido económico e social envol-vente, mas em caso algum aceita que aactividade das instituições seja determi-nada pelos interesses dos representantesdo poder económico, sob os ditames domercado.

• A FENPROF apoia a implementa-ção de um sistema de avaliação rigorosoe de mecanismos exigentes de prestaçãode contas à sociedade relativamente àactividade desenvolvida e, em especial,quanto à aplicação dos fundos públicos.

Pessoal Docente e Investigador

• A FENPROF advoga o alarga-mento significativo do número de inves-tigadores a tempo inteiro nas instituiçõesdo ensino superior, tendo em conta aintensidade e a qualidade da investiga-ção desenvolvida, como forma de impul-sionar a investigação e a inovação e decriar mais emprego científico, tirandoum maior partido do investimento dopaís em recursos humanos com forma-ção avançada e contribuindo para a reno-vação dos corpos de docentes e investi-gadores das instituições.

• A FENPROF defende a existênciade uma carreira docente e de investiga-ção científica única no ensino superior,que permita uma utilização mais flexíveldos recursos humanos mais qualificados,com a diversificação de perfis profissio-nais, de modo a assegurar o aumento daeficácia e da relevância social da suaactividade, tanto no ensino, na investiga-ção e na inovação, como na ligação aomeio económico e social.

• A FENPROF defende que, nestecontexto, o regime de dedicação exclu-siva (que deve ser o regime normal

dominante e de acesso irrestrito), deveser valorizado, nomeadamente pelaaprovação de planos de trabalho indivi-duais e colectivos inseridos nos objecti-vos das instituições e acompanhados deincentivos para um maior envolvimentodos docentes e dos investigadores emactividades de ligação à sociedade.

• A FENPROF defende que osdocentes e os investigadores deverão serestimulados no sentido da aquisição dequalificações mais elevadas e da apre-sentação de melhores desempenhos, oque implica o efectivo direito a uma car-reira com mecanismos efectivos de pro-moção por mérito que sejam idóneos,equitativos e transparentes.

• A FENPROF considera indispensá-vel a redução do elevado grau de preca-riedade de emprego no ensino superior(que afecta 75% dos docentes do Poli-técnico) – situação que se encontra emcontradição com o estabelecido na Reco-mendação da UNESCO de 1997 – e acriação, para todos os docentes, da pos-sibilidade de obtenção de um vínculoestável à carreira, nomeadamente para agarantia do efectivo exercício das liber-dades académicas e do direito à livreexpressão de opinião. O não reconheci-mento do direito ao subsídio de desem-prego tem agravado os efeitos desta pre-cariedade.

• A FENPROF entende necessária aaprovação de um instrumento reguladorda contratação e da carreira dos docentesdo ensino superior particular e coopera-tivo, e uma efectiva aplicação de exigên-cias de qualidade, de modo a assegurar aexistência de corpos docentes próprios,adequadamente qualificados, e a garantira qualidade do ensino. ■

“A FENPROF defende uma gestão responsável e participada, onde seja garantida a colegialidade dasdecisões, com base na aprovação e na execução de planos de desenvolvimento e de actividade” dasinstituições

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1 0 SUP AO N .º 210 ■ JUNHO 2006

AVALIAÇÃO

Os avaliadores, Dr. Christian Thune(coordenador) e Dras. Gemma Rau-ret e Anette Jessen, pretenderam

conhecer a posição da FENPROF sobreo sistema de avaliação que tem estadoem prática em Portugal.

Como foi sublinhado perante aequipa de avaliadores internacionais, aFENPROF apoia a existência de um sis-tema rigoroso de avaliação da qualidadedo sistema de ensino superior, de formaa assegurar que todas as instituições,públicas ou privadas, cumprem os neces-sários requisitos de qualidade e relevân-cia social, no quadro de uma crescenteinternacionalização do ensino superior.

Por outro lado, a FENPROF consi-dera que o sistema de avaliação da res-ponsabilidade do CNAVES não pode servisto isoladamente dos outros instrumen-tos de intervenção na realidade das insti-tuições (poderes de tutela, legislação,financiamento, etc.) e entende que, àexperiência de avaliação que tem sidorealizada, faltou frequentemente a apli-cação prática dos seus resultados e que osistema de ensino superior particular ecooperativo tem beneficiado da cumpli-cidade por omissão de sucessivos gover-nos quanto a exigências de qualidade ede cumprimento da lei.

Além de entender que a futura agên-cia nacional de avaliação e acreditaçãodeve ser uma entidade idónea indepen-dente do governo e das instituições, aFENPROF opõe-se a que o ensino supe-rior seja encarado como uma mercadoriae teme que a liberalização do ensinotransnacional, baseado no e-learning eno franchising (ainda proibido em Portu-gal), se desenvolva sem garantias dequalidade ou que ponha em causa aidentidade cultural do país.

A Federação opõe-se também a queo ensino superior possa ficar na depen-dência directa dos interesses económicose a que os critérios de avaliação privile-

Avaliação do Sistema de Ensino Superior

FENPROF reúne com ENQANa sequência de um encontro anterior com os peritos da OCDE, a FENPROF,representada por João Cunha Serra e Hernâni Mergulhão, reuniu-se no dia18 de Maio com o coordenador da equipa de avaliadores internacionaisnomeados pela ENQA (European Network of Quality Assurance).

giem indicadores de adequação ao mer-cado, designadamente quanto à angaria-ção de financiamentos privados, emdetrimento de indicativos sobre a quali-dade, a eficácia e a relevância social doensino, da investigação e da ligação àcomunidade, sem que tal tenha porobjectivo dominante a angariação defontes de financiamento alternativos aodo Estado.

No encontro com os representantesda ENQA, a FENPROF manifestou asua particular preocupação com a ele-vada taxa de insucesso e de abandonoque o sistema apresenta e defende que

esse deverá ser um critério a ser conside-rado na avaliação, implicando, entreoutras coisas, a valorização da formaçãoe do desempenho pedagógico dos docen-tes.

Finalmente, a delegação sindicaldefendeu que a qualificação científica epedagógica do corpo docente, bem comoa ligação à sociedade, devem ser acom-panhadas de condições, apoios e incenti-vos, nomeadamente de carreira, e que aavaliação das instituições a realizartenha em consideração a insuficiência decondições para a obtenção de qualifica-ções, em particular no Politécnico. ■

Para a FENPROF, o caminho a seguir

aponta para a dinamização de um sistema rigoroso de avaliação

da qualidade do sistema de Ensino Superior

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JUNHO 2006 ■ SUP AO N .º 210 1 1

PANORAMA

Literacy: words countNew test results show that far too many adults lack the basic tools needed to get on in today’s world, in whichthe written word is so important. Governments can help, not least by improving access to adult education.

Could it be that the revolution in com-munications technology is reaffir-ming the pre-eminence of one of civi-

lisation’s oldest tools: the written word?Matters that barely a decade ago wouldhave been dealt with orally by telephone,for instance, now transit via e-mail or textmessages.

For some airlines it is even cheaper toorder tickets online than by phone! Wor-king, shopping, travelling – the writtenword is back with a splash, so much so thatit is becoming all the harder for people toenjoy the benefits of modern society if theydo not master its tools. Yet according to anew report by the OECD, between one-third and over two-thirds of adult populati-ons do not have the basic skills to play afull role in society.

A popular story related by those comba-ting illiteracy in France concerns a deliveryman who had managed to pass his drivingtest thanks to a prodigious memory. He wasworking well in his usual area-until he wastransferred! Like this man, difficulty indeciphering the signs around us can affectour lives at any time, and our ability toadapt to the world in which we live and takeinformed decisions. How can people dealresponsibly with such things as insurance,health or retirement if they do not have thebasic skills to read and complete a form?Basic skills deficits also carry a cost to soci-ety as a whole, whether through obstacles toinnovation, or the risk of social exclusion.

The OECD report on adult literacy,based on the international Adult Literacyand Life Skills Survey (ALL) conductedamong a selection of OECD countries –Canada, Italy, the Mexican State of NuevoLeón, Norway, Switzerland and the UnitedStates – and Bermuda, tackles these issues.The survey focuses on skills gains and los-ses, and sheds light on the relationship bet-ween skills and employability, wages andhealth, for instance. Individuals were testedfor prose literacy, which is understandingcontinuous text; document literacy, whichdemands deciphering items such as payrollforms; numeracy; and problem-solvingskills. A final test was on how people usecomputers.

The first surprise in the report is therelatively small proportion of people withthe minimum skills required to understandand use the information contained in a writ-

ten text. Over two-thirds of Norwegiansperformed to this level or better. But thefigure falls to around 60% of people in Ber-muda and Canada, a little below 50% inSwitzerland and the United States, around20% in Italy and 11% in Nuevo León. Sothere are clearly inequalities not only bet-ween, but also within, countries. For exam-ple, the gap between the lowest and highestlevels of basic skills is narrow in Norwayand Switzerland, but much wider in Italyand the United States. This gap is signifi-cant, for the study shows how it varies inline with a country’s patterns of social, eco-nomic, health and educational performance.

The gender gap is quite small withregard to literacy in general, though womentend to be better at prose literacy and menat numeracy and document literacy. Whatis striking is the generation gap. In everycountry in the survey, young people per-form better and proportionally more ofthem achieve higher scores for basic skills.

This suggests that basic cognitive skillsdiminish as people grow older. Readingand writing skills seem to require practice,just as muscles need exercise. In otherwords, "use them or lose them". But theopposite is also true: old dogs can learnnew tricks. People’s skill levels may not bedetermined for life by innate factors, suchas parental or social background. The trou-ble is, a too high proportion of adults withpoor literacy skills still do not have accessto formal learning. Breaking this viciouscircle is behind the growing interest thatcountries are showing in education foradults in general, and for those with poorbasic literacy skills in particular.

Take workers, for instance. By andlarge, more highly skilled workers tend towork longer, experience less unemploymentand earn significantly higher wages thanlower skilled workers. They also tend to bebetter at using computers, which goes someway towards explaining their ability toaccess higher-paid jobs. According to thesurvey, age and income levels also affectaccess to information technology – younger,well-paid people stand a greater chance ofbeing on the right side of the digital divide.

Poor literacy also has a considerableimpact on health. The risks involved inwrongly deciphering a medical prescriptionor the instructions for using heavy machi-nery are obvious. And the indirect effects

are even greater, though harder to measure.There is a link between poor literacy andpoverty, dangerous jobs, the inability todefend oneself in a dispute, stress, andlifestyle factors that are detrimental tohealth such as smoking or lack of exercise.In a society where literacy is not an optionbut a must, it is easy to imagine the stressfelt by someone who has difficulty readinga sentence.

At a broader economic level, better lite-racy skills are said to contribute to higherproductivity and lower demands on healthsystems–both valuable outcomes at a timewhen many governments are facing wides-pread problems of ageing and vocationalretraining.

By and large, all of these aspects areinterlinked and only a comprehensive appro-ach to the problem can lead to noticeableprogress. There are some promising ave-nues, such as family literacy programmesfrom the US and elsewhere, which bringtogether parents and children in a joint effortto learn – in families with problem back-grounds, the children are often more literatethan the adults. These initiatives are particu-larly interesting in that they can break cyclesthat may have lasted several generations.Other attempts to help people with readingdifficulties, such as information and gui-dance services, are also of great benefit. Andwhile some may find it hard to breakthrough the technology barrier, computerliteracy is also becoming a must for acqui-ring basic reading skills. In the end, all ofthis depends on the need for policymakers tohelp broaden access to adult learning.

Literacy underpins the ability to learnand adapt in this new technological era.Giving everyone the opportunity of acqui-ring these skills will increasingly meanmastering the written word.

ReferencesPont Béatriz and Patrick Werquin

(2000), "Literacy in a thousand words", inOECD Observer, No. 223, pp.49-50, Octo -ber, Paris.

OECD (2003), Beyond Rhetoric: AdultLearning Policies and Practices, Paris.

OECD (2005), Promoting Adult Lear -ning, Paris.

*Directorate for EducationPublished: January 2006

By PATRICK WERQUIN*

Page 12: Junho de 2006

No sentido de contribuir para a edi-ficação de percursos e modalida-des de educação ao longo da vida

e de construir respostas socialmente sus-tentadas aos desafios da sociedade doconhecimento, o Departamento de Soci-ologia da Educação e AdministraçãoEducacional organiza a iniciativa Ofi-cina de Saberes, um Curso de Verão quepropõe (per)cursos de debate e análisede algumas problemáticas relevantes nocampo da educação.

Assim, a próxima realização da Ofi-cina de Saberes, com o curso PauloFreire e a Educação na Cidade, orien-tado por Licínio Lima, é particularmentedirigida a responsáveis autárquicos,membros e dirigentes de associações depais, animadores educativos e culturais,formadores e professores, outros mem-bros e dirigentes associativos e sindicaisenvolvidos na educação. Licínio Lima édocente da Universidade do Minho, fun-dador do Instituto Paulo Freire de Portu-gal e assessor internacional do IPF deSão Paulo, Brasil.

A conferência de abertura terá comotema geral "A Actualidade de PauloFreire" e será da responsabilidade deLuiza Cortesão, Professora Emérita daUniversidade do Porto, fundadora e Pre-sidente da Direcção do Instituto PauloFreire de Portugal.

Considerado por muitos um dosmaiores expoentes do pensamento edu-cacional da segunda metade do séculoXX, Paulo Freire produziu uma obra

1 2 SUP AO N .º 210 ■ JUNHO 2006

INICIATIVA

Curso de Verão: Paulo Freire e a Educação na Cidade

Universidade do Minho promove Oficina de Saberes

vasta e multifacetada cuja recepção,entre nós, tem sido geralmente associadaàs problemáticas da educação de adultos,da educação popular e da alfabetização.

Sem prejuízo do estudo dos seusprincipais contributos para as áreas refe-ridas, o Curso de Verão incidirá sobre aprodução mais recente do pedagogo bra-sileiro e, designadamente, sobre a suaobra enquanto administrador público daeducação numa das maiores cidades domundo e nas respectivas reflexões que, apartir de então, produziu sobre política edemocratização da educação (autono-

mia, participação, descentralização, pro-jecto educativo, etc.)

São objectivos do curso:• Apresentar os traços mais marcan-

tes da vida e da obra de Paulo Freire ereflectir criticamente sobre a sua actuali-dade;

• Discutir os conceitos de políticaeducativa e politicidade da educação emarticulação com a sua obra A Educaçãona Cidade;

• Estudar as reformas educativas quedesencadeou na cidade de São Paulo,especialmente no que refere à organiza-ção e administração das escolas;

• Reflectir criticamente sobre os con-ceitos de democracia, participação, cida-dania e autonomia, entre outros, desen-volvidos por Paulo Freire nos seusensaios teóricos e nas suas práticas.

Organização do curso: s e g u n d ouma tipologia que compreenderá sessõesteóricas e sessões teórico-práticas.

Horário de funcionamento: Quinta-feira, 20 de Julho (9h-12h30m; 14h30m-18h); sexta-feira, 21 de Julho (9h-12h30m; 14h30m-18h); sábado, 22 deJulho (9h-13h)

Local de funcionamento: I n s t i t u t ode Educação e Psicologia, Universidadedo Minho, Rua Abade da Loureira (juntoà Central de Camionagem), 4700-356Braga.

I n s c r i ç õ e s : até 6 de Julho de 2006,Secretaria do Departamento de Sociolo-gia da Educação e Administração Edu-cacional, Instituto de Educação e Psico-logia, Universidade do Minho, Campusde Gualtar, 4710 Braga; email: [email protected]

Valor da inscrição: 75 ( c h e q u epassado ao Departamento de Sociologiada Educação e Administração Educacio-nal); estudantes da Universidade doMinho: 60 (cheque passado ao Depar-tamento de Sociologia da Educação eAdministração Educacional)

Número limite de inscrições: 2 5(segundo a ordem de recepção).

I n f o r m a ç õ e s : f a n t u n e s @ i e p . u m i-nho.pt; tel.: (351) 253 604 275. ■

Leiria acolhe Congresso em Novembro

Turismo Cultural, Te rritório e IdentidadesNo âmbito do Projecto de Investigação Identi-

dade(s) e Diversidade(s), desenvolvido por umaequipa de investigadores da ESE – Instituto Politéc-nico de Leiria e outros investigadores exteriores(www.identidades.esel.ipleiria.pt), em conjunto com oCurso de Turismo da mesma escola, pretende-se levara cabo, pela primeira vez, um encontro onde seja pos-sível debater as marcas que o Turismo Cultural, nassuas diferentes facetas, origina nos quadros identitá-rios que formam e conformam os territórios.

Nesta óptica, Cultura e Património – recursosturísticos a serem estudados – surgem, em simultâ-neo, como factores de atracção de turistas e comoreferências de identidade e de identificação dos terri-tórios e dos que nestes habitam, sublinham os organi-zadores do encontro, que terá lugar nos auditórios daESE/IP Leiria, nos dias 29 e 30 de Novembro próximo,com quatro painéis temáticos. Todos os pormenoresem: http://cassiopeia.esel.ipleiria.pt/esel_eventos/por-tal/sites/congturismo

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JUNHO 2006 ■ SUP AO N .º 210 1 3

Na ocasião da greve os dois candi-datos a reitor da Universidade deÉvora afirmaram aos órgãos de

comunicação social concordar com asreivindicações dos professores de ArtesVisuais. Na realidade, estes têm tidoencontros frequentes com o Reitor eleitono dia da greve, o Professor JorgeAraújo, que prometeu solucionar algunsdos problemas existentes. Não foram noentanto até à data tomadas medidas con-cretas significativas.

Resumindo: as instalações conti-nuam degradadas, embora tenham sidoreparados alguns vidros partidos, e ofuturo projecto para o Edifícios dosLeões, onde funcionará Artes Visuais eArquitectura, continua a marcar passo;Artes Visuais continua integrada numDepartamento de Artes em que não sereconhece, e que por sua vez continuamarginalizado em relação à vida univer-sitária; fala-se da constituição de umProto - Departamento de Artes Visuais,em paralelo com o que foi constituídopara a área da Medicina Veterinária naUniversidade, mas tal não passa de uma

intenção; não tem havido contrataçõesde docentes, pelo que se mantém onúmero extremamente elevado de con-tratados a recibo verde.

Esta demora em implementar refor-mas urgentes torna-se mais perigosa,num momento em que é exercida sobreos docentes uma extrema pressão parauma rápida reestruturação dos cursos, nosentido de uma adequação ao processode Bolonha, às necessidades do país e daUniversidade.

Ao mesmo tempo que se afirma que,com Bolonha, irá existir um grande rigorem relação às condições de funciona-mento dos cursos, desinveste-se e hesita--se em tomar as medidas necessárias paraas melhorar. Isto apesar de Artes Visuaisser uma área em expansão na Universi-dade de Évora, com um incremento sus-tentado no número de alunos ao longo dosúltimos anos e um Mestrado de sucesso.

Razões relacionadas com a emprega-bilidade futura dos alunos recomendamno entanto, também aqui, que umarápida e profunda reestruturação noscursos seja efectuada, no sentido de pre-

Universidade de Évora

O pós-greve em Artes VisuaisPassaram mais de três meses desde a greve de Artes Visuais realizada nodia 13 de Fevereiro de 2006. Existem algumas indicações de que a situaçãopode vir a evoluir positivamente, embora sem uma dinâmica compatívelcom a adaptação que se exige aos critérios de Bolonha.

venir o seu futuro definhamento.Sentimos uma grande responsabili-

dade, mas não nos são dados, em tempoútil, os meios para a exercer.

Em Bolonha saberão que, em Por-tugal, é assim? ■

NACIONAL

Reitor da Universidade de Évora recebeu a FENPROFA FENPROF reuniu recentemente com o

Prof. Jorge Araújo, Reitor da Universidade deÉvora, tendo sido abordados neste encontroproblemas relacionados com a precariedade doemprego (“recibos verdes” e docentes já dou-torados e em dedicação exclusiva, contratadoscomo convidados), aplicação do processo deBolonha (cargas lectivas dos docentes) e comas condições de trabalho e ensino na área cien-tífica de Artes Visuais.

Dessa reunião, a FENPROF retira algumas conclusões funda-mentais, resumidas assim numa nota divulgada pelo Departamentode Ensino Superior e Investigação, assinada por Maria ElminaLopes, dirigente do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS):

1. A figura (ilegal) do “colaborador” vai ser extinta e substituída

pela figura (legal) de convidado. 2. Será dado despacho favorável à passa-

gem à carreira dos actuais convidados douto-rados já com 5 anos de serviço.

3 . Em consequência das repercussõespolíticas, nomeadamente na Assembleia daRepública, da greve realizada pela secção deArtes Visuais, no dia 13/2, está já garantidoo financiamento de 5 milhões de euros pro-venientes do FEDER para a recuperação do

edifício dos Leões. 4 . O despacho n.º 44/2006 da Reitoria, referente nomeada-

mente à redução de carga horária docente em função da produçãocientífica, será em breve regulamentado, de forma que possa serefectivamente posto em prática.

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Eu fui um professor privilegiado.Ao longo da minha carreira, pri-meiro como assistente do Téc-nico, depois como professor noBrasil, na Argélia, na Escola

Naval e depois de novo no Técnico, deisempre as aulas que muito bem entendi,sem nunca ter de seguir um programa quealguém me quisesse impor. A primeiravez em que tal sucedeu foi na tropa,quando eu e um tenente fomos designa-dos para dar um curso de cabos ranchei-ros. O tenente disse-me: "Vamos dividir otrabalho. Eu faço os horários e você dá asaulas". E começou a enumerar as maté-rias: Regulamento de Disciplina Militar."Não conheço.". "Não conhece? Não fezo Primeiro Ciclo de Oficiais Milicianosonde é ensinado?". "Não. Fui dispensadoporque vim do Colégio Militar ondenunca aprendi essa matéria". O tenenteteve de aceitar o facto. Deu ele próprio asaulas de RDM e eu dei todas as outras.Os alunos eram só quatro, todos pescado-res. Para rancheiros eram escolhidos pes-cadores porque sabiam distinguir os pei-xes. Eu ensinei-lhes o que quis e me pare-ceu que seria útil para eles: História,Geografia, um bocado de Física, mecâ-nica auto; fomos à cozinha onde teriamde trabalhar e treinei-os a fazerem pesa-gens, contas, relatórios e a responderem aquestionários. Até lhes ensinei algumascoisas militares. Foi um prazer.

Agora, já jubilado, não tenho alunose as Universidades sem a obrigação dedar aulas, são, de facto, sítios admirá-veis. Mas, às vezes, tenho algumas sau-dades. Gostaria de voltar a dar aulas masde níveis e matérias totalmente diferen-tes. Eventualmente aulas de substituiçãono Secundário, ou no Básico. Por exem-plo, de Gramática a alunos do 6º ano deescolaridade.

Imagino-me a chegar a uma aula e adizer a alunos de 12 anos: "Fui desta-cado para vos dar uma aula de substitui-ção de Gramática, mas aprendi Gramá-

tica há tanto tempo que já esqueci quasetudo. Só vos posso dar a aula se me aju-darem". "Vamos tentar começar peloprincípio. Vocês sabem o que é um subs-tantivo? Vamos arranjar uma definição.Não precisa de ser muito boa, mas devepermitir às pessoas saber o que é umsubstantivo". E continuaria: "Agora quetodos sabem o que é um substantivo, vãofazer um exercício. Nas fotocópias dapágina de um livro (ou de um qualqueroutro texto) em grupos de dois, com umacaneta feltro, vão cobrir todos os subs-tantivos que encontrarem. Quando tive-rem dúvidas, perguntam ao grupo aolado. Se a dúvida for grande, discutimostodos". Depois, viriam os adjectivos: adefinição e o cobrir com a caneta feltro.Depois, perguntaria: "Como se chamamestas palavraspequenas que apare-cem ao lado doss u b s t a n t i v o s ? " ."Artigos!". "Arran-jem uma definiçãoe, como são poucos,façam uma listacom os que estãoaqui e com outros que conheçam".

Acho que daria assim a minha aula.Se, no final, os alunos tivessem vontadede continuar, a aposta estava ganha. Se aexperiência continuasse duas semanaspodíamos escrever uma gramática. Sódepois de sentirmos ter chegado ao limitedas nossas possibilidades aceitaria naaula uma gramática impressa, para ver oque tinha de diferente e em que é que iaalém daquilo a que tínhamos chegado.

Este texto não é um mero devaneiode um professor jubilado. Foi escrito apensar no futuro do nosso ensino e foiestimulado por uma notícia recente: a deque muitos professores subscreveram umtexto a protestar contra a obrigatoriedadede darem aulas de substituição sem paraisso terem sido preparados. Esta notíciamostra a que ponto o nosso sistema de

ensino se transformou numa gigantescamáquina atrofiadora, não só de estudan-tes, mas também de professores.

Os professores que não se sentempreparados fazem bem em protestar e háque tomar medidas. A primeira é, natu-ralmente, a de incluir nos cursos de for-mação de professores componentes queos preparem e lhes dêem o gosto de daraulas de substituição. Mas é precisomuito mais. É preciso transformar asescolas em espaços de invenção e cria-ção. Os melhores professores sempre osouberam fazer ao longo dos tempos,muitas vezes subrepticiamente, mas,agora, estão quase impedidos de o fazerdado peso dos programas.

A medida que proponho é, assim,simples e nem sequer custa dinheiro. É a

de que o Ministério aceite a regra de pre-parar programas correspondentes só adois terços das aulas e aceite serem osprofessores a definirem localmente asmatérias e o modo de darem as aulas res-tantes, incluindo a sua avaliação. Consi-dero ser o melhor modo de valorizar edignificar a profissão docente e de trans-formar as escolas nos espaços criativosde que a sociedade precisa.

A crise da Educação é geral em todaa Europa e não sairemos dela sem medi-das verdadeiramente inovadoras quesejam compreendidas pelo País e quetenham a sua aprovação.

Gostaria muito de ver esta e outrasmedidas serem discutidas pelos profes-sores e tidas em conta pelo Ministério.

* Professor Jubilado

1 4 SUP AO N. º 210 ■ JUNHO 2006

OPINIÃO

As “aulas de substituição”António Brotas *

“Às vezes, tenho algumas saudades.Gostaria de voltar a dar aulas mas deníveis e matérias totalmente diferentes. Eventualmente aulas de substituição noSecundário, ou no Básico”.

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De onde partimos?

Desde as reformas de Veiga Simão,ainda na chamada "primavera marce-lista", que o Ensino Superior em Portugalpassou por profundos processos de trans-formação. Como será certamente reco-nhecido até pelos mais críticos, o país foicapaz de desenvolver a formação e ainvestigação, não obstante as dificuldadese os erros cometidos, permitindo umaaproximação, se bem que parcial, aos paí-ses com melhor desempenho nestecampo. Basta lembrar, até porque existevida fora das tecnociências e da investi-gação subordinada às empresas e ao mer-cado, a notável expansão das ciênciassociais, com a constituição de um corpode profissionais que formaram pelomenos duas gerações de jovens e produzi-ram trabalhos de reconhecido mérito paraa compreensão dos fenómenos sociais nassociedades contemporâneas. Ora, paraisto terá certamente concorrido o trabalhodos docentes e investigadores e os qua-dros jurídicos estruturantes da profissão.

O Estatuto da Carreira Docente Uni-versitária (ECDU), com quase trinta anosde existência, confronta-se com proble-mas, desajustamentos e insuficiências quejustificam o nosso interesse. A necessi-dade de o rever é considerada pela maio-ria de nós e das nossas associações declasse, com destaque para os sindicatosque compõem a FENPROF, como umtema prioritário. Se existe concordânciarelativamente à sua revisão, o mesmo nãoacontece com o caminho a trilhar. Cons-tata-se que existem diferenças profundassobre o que fazer com o estatuto, compropostas e sugestões que abrangem todasas possibilidades, desde a sua completasubstituição até à revisão pontual e cir-cunscrita, alterando os aspectos que otempo, a experiência e a própria evoluçãodo sistema tornaram desadequados ouinjustos. Com efeito, não há concordânciasobre a orientação política em relação aosaspectos estruturantes da carreira a con-signar no ECDU, nomeadamente no que

se refere à estabilidade e à progressão.Perante a subordinação das políticas

laborais às lógicas liberais, agravada pelocontexto sócio-cultural muito particularem que os docentes universitários traba-lham – competição extrema, hoje violen-tamente agravada pelo "processo deBolonha", posicionamento ambíguo e,não raro, contraditório em termos deconsciência e mobilização de classe esubsequentes práticas frouxas de solidari-edade, não apenas intra como em relaçãocom os demais tra-balhadores –, a revi-são do ECDU afi-gura-se como umprocesso difícil e deresultado incerto.Considerando quetudo é possível deser "jogado" dentrodos limites previsi-velmente aceitespelo governo –manutenção daactual despesa comos salários do corpodocente –, cabe àsorganizações sindi-cais, em especial àFENPROF, umaespecial e acrescidar e s p o n s a b i l i d a d e .Neste sentido, não deixará dúvidas a nin-guém que é necessário, com a máximapremência, definir uma estratégia. Comela poder-se-á marcar a agenda negocial,apresentando propostas em vez de ficar--se numa débil situação defensiva que,amiúde, permite a perda de direitos e aintrodução de medidas que não deixarãode agravar os aspectos mais nefastos doactual ECDU, nomeadamente no que serefere à precariedade. Para isso deve oDepartamento do Ensino Superior daFENPROF tomar as iniciativas adequadaspara, a breve trecho, definir uma posiçãoclara, sem a qual não se poderá avançarna defesa efectiva dos nossos direitosenquanto trabalhadores da educação e da

investigação. Aliás, é bom lembrar queparece existir inclusive uma certa desori-entação sobre os caminhos a trilhar noseio da nossa organização. Basta ler osuplemento nº 56 do Ensino Superior doJornal da FENPROF para nos darmosconta das dificuldades em que estamosmergulhados. Ainda que enunciada atítulo pessoal, embora não se possaesquecer que tenha responsabilidades nasnossas estruturas sindicais, Carlos MotaSoares propõe-nos uma revisão completa

do ECDU, quer dizer, uma nova lei regu-ladora da profissão que se coloca em con-tra-mão com aquilo que se denuncia nasrestantes páginas do jornal, com particu-lar destaque para o que escreve JoãoCunha Serra no editorial.

Uma revisão ancorada na defesa de princípios fundamentais

Muitas das dificuldades que atingemo Ensino Superior, em especial aquelasque afectam os seus docentes e investiga-dores, decorrem directamente das lacunas(mas também dos desvirtuamentos) doactual ECDU, certamente à revelia dosdesejos do legislador. É o caso, entre

JUNHO 2006 ■ S UP AO N. º 210 1 5

A revisão do Estatuto da Carreira Docente UniversitáriaManuel Carlos Silva * Fernando Bessa Ribeiro **

A progressão na carreira deve ser garan-tida, como desde há longo tempo vemsendo defendido pelos nossos sindicatos,através da implementação da criaçãodos quadros de dotação global dedimensão adequada, de forma a que apromoção dos docentes e dos investiga-d o res não dependa da existência devagas mas tão só do mérito absoluto,devidamente avaliado com base em cri-térios transparentes

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outros aspectos, al iás já largamentedenunciados pela FENPROF e justamentereconhecidos por Carlos Mota Soares noartigo de opinião acima referido, da endo-gamia do corpo docente, da escassa trans-parência nos concursos e provas públicas,das acumulações excessivamente fre-quentes e generalizadas – em algunscasos a raiar a obscenidade, como háalguns meses mostrou o Semanário Eco-nómico num trabalho magnífico sobreeste assunto, realizado com base em ele-mentos coligidos pela FENPROF –, dorecurso sistemático à figura do convidadoe do colaborador para satisfazer necessi-dades permanente de docência, subver-tendo assim os mecanismos de contrata-ção em vigor e aos quais se devem sub-meter o Estado e as suas instituições. Ora,estes problemas e a sua resolução não sãoincompatíveis, muito pelo contrário, coma defesa dos direitos dos docentes einvestigadores enquanto trabalhadores.Isto quer dizer que a revisão do ECDUdeve imperativamente levar em linha deconta o que desde há muito é defendidopela FENPROF. Referimos, em concreto,três pilares fundamentais onde deveassentar a contratualização e sem os quaisa profissão e o seu exercício não passarãode uma caricatura: dedicação exclusiva,progressão na carreira e estabilidade.

A dedicação exclusiva deve ser oprincípio e não a excepção. A ela deverãoestar vinculados, em regra, todos osdocentes e investigadores, devendo pena-lizar-se os que, dela beneficiando, acumu-lam actividades e rendimentos não previs-tos na legislação. Por outro lado deveráser garantida a devida compensação ouremuneração por trabalho realizado paraalém do estabelecido, incluindo a comu-tação de tempo lectivo em tempo deinvestigação e vice-versa. Tal permitiránão só a necessária vinculação e empenhodos docentes e investigadores às suas ins-tituições, com os óbvios benefícios daíresultantes em termos nomeadamente deempenhamento e de compromisso pesso-ais, como contribuirá para o reforço dapartilha democrática do trabalho cientí-fico, disponibilizando novos lugares,como é defendido no documento recente-mente aprovado pelos docentes universi-tários da Grande Lisboa. Daqui decorreque a dedicação exclusiva não pode ficarestritamente dependente de mecanismosde controlo e avaliação hierárquicos, atre-lados a uma lógica subversiva que maisnão fará do que passá-la de uma obriga-ção para um prémio. Aliás, é bom lem-brar que, nas actuais condições remunera-tórias, um catedrático a tempo integral no

primeiro escalão (índice 285) tem umsalário equivalente a um educador deinfância ou professor dos ensinos básico esecundário no topo da carreira (10º esca-lão). Face à pressão política para a redu-ção dos orçamentos com o ensino supe-rior, o estabelecimento de mecanismosselectivos para o acesso à dedicaçãoexclusiva não só iria desprestigiar aindamais a profissão como agravar a conflitu-alidade interna, já intensa. Daqui resulta-riam ressentimentos e desmotivações per-niciosas que concorreriam para o apareci-mento de novas linhas de fractura e dedissenção que em nada contribuiriam paraa defesa dos interesses dos docentes einvestigadores e das suas próprias insti-tuições. Nesta perspectiva, é plausíveladmitir que os defensores desta soluçãomais não pretendam do que repartir o"bolo" salarial de uma forma diferente,agravando nomeadamente a já inaceitáveldiferença salarial entre o início e o topoda carreira, ao mesmo tempo que promo-vem uma alegada meritocracia sem cuidarde saber das condições e dos constrangi-mentos a que cada um de nós está sujeitona construção da sua carreira.

A progressão na carreira deve ser garan-tida, como desde há longo tempo vemsendo defendido pelos nossos sindicatos,através da implementação da criação dosquadros de dotação global de dimensãoadequada, de forma a que a promoção dosdocentes e dos investigadores não dependada existência de vagas mas tão só do méritoabsoluto, devidamente avaliado com baseem critérios transparentes. Infelizmente, aspráticas de progressão na carreira nem sem-pre se têm pautado por critérios de mérito,antes estando sujeitas a mecanismos deselectividade e ascensão por via burocráticae de relacionamento patrocinal, particular-mente marcante quando estes estão associa-dos a processos de recrutamento de baseclientelar. Fica assim claro que só atravésde processos de avaliação isentos e nãoendogámicos poder-se-á fazer a necessáriae justa distinção entre os docentes, premi-ando os que mais trabalham e se dedicamao serviço público. Considerando a situaçãocrescente de impasse nas progressões, parti-cularmente grave no subsistema politéc-nico, os quadros globais é a única saídapossível para a situação em que nos encon-tramos, pela qual devemos lutar de formai n t r a n s i g e n t e .

Por fim, a estabilidade do vínculocontratual. Cada ano traz-nos novos casosde despedimento e de contratos aindamais precários, fazendo da precariedadecada vez mais a regra e não a excepção.Ora, fiéis às nossas tradições e à história

das lutas dos movimentos colectivos eorganizados de trabalhadores, temos defazer da estabilidade uma reivindicaçãofundamental. A nossa condição de assala-riados exige, a este respeito, coerência.Embora beneficiemos de condições remu-neratórias superiores às da maioria dosdemais trabalhadores, não devemos pro-por para nós próprios critérios que nosdiscriminem face aos restantes trabalha-dores e seus direitos, tais como a segu-rança no emprego. É de admitir a existên-cia de mecanismos de transferência paraoutras funções na administração pública,como o ECDU estabelecia – entretantonão aplicados por força de decisões avul-sas por parte do governo – para todosaqueles que, pelas mais diversas razões,não reúnam as condições necessárias paraa progressão na carreira. Em suma, anossa luta faz parte da luta mais vasta dostrabalhadores pela defesa do contratosocial e dos compromissos a que eleobriga contra o avanço do capitalismoneoliberal e das suas propostas de ferro eviolência para o mundo laboral. Desteponto de vista devemos exigir, muito sim-plesmente, que seja aplicada a lei geral dotrabalho a todos os sectores do Estado,sem excepção, quer dizer, também aoensino superior e aos seus profissionais.Tal significa que não é aceitável que aestabilidade contratual só seja obtida apósum período de trabalho manifestamentelongo, ponteado de inúmeras provas,como acontece hoje, ou que possa vir aestar dependente de critérios de conces-são claramente excessivos, sem paralelocom outros sectores de actividade, porcerto tão exigentes como o nosso, como amagistratura ou as carreiras médicas, ou,mais grave ainda, esteja condicionada porqualquer princípio revogatório e sob con-dições discricionárias dependentes da hie-rarquia funcional directa. É bom quetenhamos presente o que efectivamenteestá em causa: as liberdades académicas ea protecção contra as decisões arbitrárias,como justamente está fixado pela reco-mendação da UNESCO relativa à condi-ção do pessoal docente do ensino superioradoptada em 1997, sem as quais não sepoderá fazer o debate aberto, o confrontode ideais e a formação científica e cidadãplural dos nossos alunos.

* Departamento de Sociologia, Instituto de Ciências Sociais,

Universidade do Minho

** Departamento de Economia, Sociologia e Gestão, Universidade

de Trás-os-Montes e Alto Douro

1 6 SUP AO N. º 210 ■ JUNHO 2006

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Esta situação tem vindo a levar aodespedimento – ainda hoje semverem reconhecido o seu direito

constitucional ao subsídio de desem-prego – de um número cada vez maior dedocentes com contratos precários: osdocentes equiparados (assistentes ou pro-fessores), muitos deles em regime detempo integral ou de dedicação exclu-siva, alguns dos quais com mestrado, oudoutoramento, ou em processos forma-ção avançada, para os quais o Estado teminvestido muitos recursos financeiros.

As capacidades instaladas no ensinosuperior universitário e politécnico nãosão demais para as necessidades dedesenvolvimento do país. Em particular,são indispensáveis, quer os que já sãodetentores de mestrado ou do doutora-mento, quer aqueles que trazem para asinstituições o saber-fazer resultante darespectiva experiência profissional.Nomeadamente, nas áreas tecnológicas,mais castigadas pelo efeito da exigênciada nota mínima de 9,5 nas provas espe-

cíficas de Matemática e de Física, não écoerente defender-se o "Choque Tecno-lógico" e, simultaneamente, permitir odespedimento daqueles que mais pode-riam contribuir para a formação técnicae científica dos quadros necessários epara a investigação e a inovação indis-pensáveis ao aumento da competitivi-dade da economia.

Nas instituições do Politécnico, oupela reduzida dimensão dos quadros, oupor as vagas existentes não terem sidopostas a concurso, cerca de 75% dosdocentes encontram-se contratados porprazos máximos de 2 anos, o que ostorna muito vulneráveis a medidas dedownsizing.

Importa assim que o Governo e oMinistério da Ciência Tecnologia eEnsino Superior (MCTES) aprovemmedidas que permitam estabilizar ocorpo docente das instituições do Poli-técnico de modo a que todos docentes(de carreira e equiparados) possam tra-balhar em cooperação reforçada, sem o

espectro do despedimento à vista, comoagora acontece, no sentido: do aumentodas qualificações do corpo docente; dadefinição de planos de actividade e dedesenvolvimento das suas instituições;da reformulação das formações, deacordo com o processo de Bolonha; docombate ao insucesso escolar; da capta-ção de novos públicos, sem medo de"sujar as mãos", através da oferta de cur-sos pós-secundários de especializaçãotecnológica e de iniciativas para a apren-dizagem ao longo da vida; do fortaleci-mento da ligação à sociedade, e em par-ticular ao sector empresarial, e da inten-sificação das actividades de investigaçãoe de inovação que têm que ser apoiadaspelo Governo através da aprovação deprogramas de financiamento específicos.

A actual instabilidade, que temlevado os órgãos de gestão de algumasescolas do Politécnico a elaborem de lis-tas de docentes a despedir a curto prazo,está a causar um ambiente de "salve-sequem puder", com nefastas consequên-

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Sector marcado pela instabilidade e pelos despedimentos

É preciso valorizar as capacidadesinstaladas nos PolitécnicosVárias escolas do Politécnico atravessam uma crise resultante da diminuiçãoacentuada da procura por parte de candidatos à formação inicial, que igualmente afecta algumas universidades

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cias para o futuro dessas instituições.Em particular é necessário garantir,

neste período de adaptação às novas exi-gências, que o financiamento não sejadiminuído, de modo a permitir que aredução do número de candidatos à for-mação inicial (que tarda em ser compen-sado pela melhoria da qualidade e da efi-ciência do ensino secundário) nãocoarcte às escolas o tempo e os recursosnecessários para a reformulação das suasmissões e, em especial, para a urgentepromoção do sucesso escolar, sobretudoagora que vai entrar em vigor a regra dasprescrições.

É igualmente essencial, enquanto nãose realiza a revisão global dos actuaisestatutos de carreira docente do Politéc-nico de modo a que seja assegurado oefectivo direito a uma carreira, baseadoem exigências de aquisição de qualifica-ções e numa adequada avaliação dodesempenho, que o MCTES aprove, deforma negociada com os sindicatos,medidas visando conferir às instituiçõese aos docentes equiparados, em regimede tempo integral ou de dedicação exclu-siva, a estabilidade contratual e osapoios à sua própria formação avançada(dispensa de serviço docente e paga-mento de propinas e de deslocações)indispensáveis para a aplicação das ori-entações e das exigências de qualidadeinerentes ao Processo de Bolonha, bemcomo para a garantia de condições paraum efectivo exercício das liberdadesacadémicas, bem como as liberdadesopinião e de criação, fundamentais noensino superior e na investigação.

O aumento da qualidade e da relevân-cia social do ensino superior (universitá-rio e politécnico), como sector estratégicopara o desenvolvimento do país e para asaída da actual crise, exige assim, quer doGoverno e do Ministério da tutela, querde todos os intervenientes, em particulardos docentes, um claro sentido do inte-resse público e uma acção articulada,racional e determinada que conduza aomelhor aproveitamento possível de todosos actuais recursos materiais e humanosexistentes no sistema e também dosjovens que se vão doutorando com oapoio do Estado, pois todos não sãodemais para as tarefas que temos pelafrente, no interesse do desenvolvimentodo país e, em particular, do aumento dacompetitividade da economia.

João Cunha Serra

Artigos e estudos de SalvadoSampaio reunidos em ediçãoapoiada pela FENPROFPaulo Sucena, secretário-geral da FENPROF; António Teodoro eÁurea Adão, ambos docentes da Universidade Lusófona deHumanidades e Tecnologias, dinamizaram a sessão realizada nodia 8 de Junho, em Lisboa, de apresentação do livro "Temas deEducação (subsídios para a análise crítica da expansão escolarno Portugal nos anos 60 e 70 do século XX)", com textos de JoséSalvado Sampaio publicados na imprensa.

Com organização eapresentação de ÁureaAdão e nota introdutó-ria de António Teo-doro, este livro dasEdições UniversitáriasLusófonas tem oapoio da FENPROF e

está à disposição de todos os interessadosnos Sindicatos de Professores.

Além de familiares de Salvado Sam-paio, recordado nas diferentes interven-ções como "um homem de grande cora-gem", "figura incontornável" de "enormesentido cívico", estiveram presentes nasessão dirigentes da FENPROF e daCGTP-IN (incluindo o secretário-geral,Manuel Carvalho da Silva) e muitosoutros amigos do investigador, pedagogoe democrata, caso do Prof. Rogério Fer-nandes.

Com esta oportuna antologia de tex-tos de José Salvado Sampaio sobre Edu-cação e Ensino "pretende-se dar a conhe-cer temas relevantes" divulgados em jor-nais diários e outras publicações, comosublinha a Profª Áurea Adão, que organi-zou este trabalho em três partes: Da Edu -cação, Avaliação Escolar e Professores.A nota introdutória de António Teodorodá uma contextualização a esses capítu-los, com a abordagem da "expansãoescolar no Portugal do pós-guerra".

José Salvado Sampaio, licenciado emCiências Histórico-Filosóficas, foi pro-fessor do ensino secundário. Entre Outu-

bro de 1974 e Agosto de 1976, exerceufunções de director de serviços e de ins-pector na Direcção geral do EnsinoBásico, tendo colaborado na reestrutura-ção dos ensinos primário e normal primá-rio. Posteriormente, foi membro do Con-selho Nacional de Educação. Como bol-seiro do Instituto Nacional deInvestigação Científica e do Centro deInvestigação da Fundação Calouste Gul-benkian, a partir da década de 60, dedi-cou-se à investigação nas áreas das Ciên-cias da Educação e, em especial, da His-tória da Educação. Os seus estudos estãopublicados em livros, revistas (dirigidasalgumas delas especificamente às ques-tões educativas e pedagógicas), obrascolectivas e artigos de jornais. A vida e opatrimónio que nos deixou, incluindo asua colaboração activa na construção daLei de Bases do Sistema Educativo, defi-nem bem a capacidade e a criatividade deum homem firmemente empenhado natransformação e democratização da edu-cação em Portugal.

Salvado Sampaio desempenhou tam-bém um papel relevante no SPGL, naFENPROF (de que foi dirigente comomembro do Conselho Nacional do 1º ao7º Congresso), na CGTP-IN (de que foimembro do seu Conselho Nacional), noInstituto Irene Lisboa (de que foi pri-meiro presidente) e no Conselho Nacio-nal de Educação, em que participoudurante longos anos como representanteda Central sindical.

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Aprimeira observação que deveser feita é que, ao contrário doque se afirma na designação ofi-cial que incautamente foi dadaao ensino privado, não existe

em Portugal qualquer ensino superiorcooperativo. Estamos perante uma des-carada falácia, que é tudo menos ino-cente, a qual, através do recurso a algunsexpedientes formais, tem servido paracolocar nas mãos de pequenos gruposrapaces a gestão e, sobretudo, os largosbenefícios materiais gerados pela explo-ração das universidades privadas exis-tentes no nosso país.

É óbvio que a responsabilidade pelaperpetuação daquele regime jurídico,fraudulento na medida em que viola oespírito e a letra da legislação cooperativaem vigor na República, deve ser assacadaao ministério da tutela, que o consente,embora sabendo que é enganoso, e aoInstituto António Sérgio que, sem que lhesejam dados os meios de intervenção ade-quados, tem a seu cargo a fiscalizaçãodos farrapos do que ainda resta do coope-rativismo português, que tantas ilusõesacendeu no após o 25 de Abril, como viaintermédia entre as agressões do capita-lismo e do colectivismo (e que hoje pode-ria contribuir para distorcer o melodiosomas mortífero canto de sereia da impará-vel globalização…).

De facto, as universidades privadassão verdadeiras empresas comerciais quevisam a valorização económica do pro-duto que vendem e a maximização, portodos os meios, dos respectivos lucros,os quais revertem (nem sempre de formatransparente) a favor do restrito e muitofechado grupo que assegura a gestão: aúnica diferença em relação a qualqueroutra empresa comercial é que, em vezde venderem amendoins ou sabão ama-relo, vendem licenciaturas e mestrados.Uma cooperativa é algo completamentediferente, visto que a sua formulaçãojurídica pode ser simplificada da

seguinte maneira: são associações decapital aberto que não têm como objec-tivo o lucro. O que quer dizer, em pala-vras muito comezinhas, que qualquercidadão – alunos, familiares, professo-res, pessoal não docente, etc. – pode sercooperante, isto é, fazer parte de umaassembleia que elege, que fiscaliza ascontas, que fixa políticas de gestão, porexemplo, valores de propinas ou mon-tantes de remunerações, etc..

É aqui, perante estes duas formas degestão e de repartição de lucros, que oministério da tutela já devia ter tido umaintervenção moralizadora: as universida-des privadas ou escolhem livremente serempresas comerci-ais, que adoptam umnormal modelo capi-talis ta e se regempelas chamadas leisdo mercado, oudecidem ser coope-rativas de ensino e,neste caso, aceitamcumprir as regraslegais que uma talopção implica. Oque não me pareceaceitável é que con-tinuem a existir cooperativas de ensinode j u r e, que escondidas atrás de uma fór-mula que não cumprem e da qual sócolhem benefícios, inclusivamente fis-cais (não nos esqueçamos que existe umcódigo fiscal cooperativo), de facto fun-cionam como empresas comerciais.

Está ainda totalmente por fazer a his-tória do aparecimento e desenvolvi-mento das universidades privadas emPortugal. Durante a ditadura, comexcepção da Universidade Católica nas-cida de condições políticas muito especí-ficas, o ensino superior estava entregueao Estado. Depois do 25 de Abril, apro-veitando-se da confusão que se instalouna sociedade portuguesa, ainda perplexae hesitante à procura do melhor rumo,

um grupo de professores «estadonovis-tas» que havia sido afastado do ensinouniversitário público, acolitado por umconjunto de altos dignitários políticos doregime deposto, beneficiando de algu-mas cavilações jurídicas na interpretaçãoda lei, constituiu uma cooperativa deensino superior (1977), que está na baseda instituição da primeira universidadeprivada (que provocatoriamente se cha-mou Livre). Os cursos, todos de «lápis epapel», eram aquilo a que se pode cha-mar ilegais ou clandestinos, uma vez quenão estavam reconhecidos pela tutela,mas mesmo assim, dada a falta de res-posta do Estado perante a explosiva

democratização do ensino superior, osalunos rondavam o milhar e meio. Osdocentes eram todos recrutados na áreada Direita e, exageradas ou falsas, con-tam-se algumas histórias arrepiantes,sobretudo oriundas da fase de implosãodesta universidade, quanto a passagensadministrativas, a concessão de grausacadémicos, etc.…

Devido a divergências internas, achoques de personalidades, mas sobre-tudo de interesses materiais, a Universi-dade Livre, que entretanto havia sidoreconhecida pelo governo Mota Pinto,através da mão canhestra do ministroValente de Oliveira, entrou num períodode caos, de arruaças, de golpes e contra--golpes entre grupos rivais para a

Sobre o ensino superior privadoLuís Bensaja dei Schirò *

OPINIÃO

É útil e desejável que exista um sectorcooperativo, a funcionar como subsis-tema do público, subsidiado pelo Estadomas fortemente controlado para que asajudas recebidas sirvam para reduzir ovalor de propinas e serviços e não seesvaiam nos bolsos sem fundo e semcontrolo das cúpulas dirigentes…

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tomada do poder, acabando por cindir-see dar origem à Lusíada, a qual por suavez não tardou também a partir-se dandovida à Autónoma, no seio da qual deveser procurado o berço da Lusófona…Não é meu intuito seguir a históriapouco edificante da Livre (e das suasfilhas), mas sublinhar a sua importânciana descoberta do modelo para a criaçãodo ensino superior privado: constituiçãode uma cooperativa, um subterfúgioengenhoso para rodear a lei que nãoprevê a criação de universidades priva-das, abrir cursos de «lápis e papel» quenão requerem investimentos de maior,pô-los a funcionar sem reconhecimentoministerial, à espera que a confusão comalgum compadrio político à mistura seencarregasse de resolver o problema – oque de facto foi acontecendo! Mashouve um outro ensinamento que aexperiência da Livre trouxe: as universi-dades privadas eram uma verdadeiramáquina de fazer dinheiro, uma gigan-tesca fonte de receita, na medida em queas públicas não só não tinham capaci-dade de resposta para a procura como,por motivos orçamentais (mas tambémpolíticos…), haviam decidido extinguiros cursos nocturnos que tantos estudan-tes-trabalhadores beneficiavam, engros-sando assim o mercado das privadas,que ainda por cima, com verdade ou semela, se apresentavam aureoladas pelafama de pouco exigentes. De facto - quefique bem claro - na base de todas as

cisões, de todos os golpes palacianos, detodas as lutas internas, de todas as torpe-zas e faltas de ética que se verificaramno seio das diversas universidades priva-das, esteve sempre o controlo das recei-tas e a sua utilização em proveito pes-soal – conseguido sempre através dorecurso às decisões soberanas de dimi-nutas (e controladas) assembleias gerais,a funcionar no cumprimento meramenteformal do Código Cooperativo…

A todo este verdadeiro descalabro doensino superior, a tutela assiste impassí-vel, até porque – há que dizê-lo – ébeneficiária da situação, ao ver-se livreda pressão de estudantes que queremingressar no ensino universitário públicoe não têm vaga. Há aqui como que umapermuta de favores: o Estado é aliviadopela existência das privadas e, em con-trapartida, não intervém no seu funcio-namento, consentindo assim que aquiloque deveria ser um projecto científico epedagógico de ensino se transforme numprojecto de enriquecimento de umnúcleo restrito de dirigentes, que drenamem seu favor as elevadas receitas gera-das pela exploração dos respectivos esta-belecimentos de ensino, baseadas nafixação de propinas exorbitantes, nacobrança dos mais insignificantes servi-ços, nos baixos salários pagos a desorasà grande maioria dos professores, naausência de quaisquer regalias sociais,na inexistência de hipóteses de progres-são na carreira docente, etc., etc., sem

que haja uma intervenção mínima datutela – que parece ainda não ter enten-dido que estes problemas, só aparente-mente organizacionais, se reflectem naqualidade do ensino ministrado.

A clarificação deste imbróglio, quenão é um mero problema académico dediscussão do sexo dos anjos, é necessá-ria e urgente na medida em que é a basea partir da qual se deve estruturar oensino superior: de um lado, o público,em que o Estado deve investir preferen-cialmente os seus recursos, exigindocom coragem a excelência; do outrolado, o privado, que poderá ser coopera-tivo ou não. Se não for, deverá ser livrede organizar o seu negócio e auto-sufici-ente, cabendo à tutela unicamente a fis-calização da qualidade do ensino minis-trado, para que não haja favores e facili-tações. Finalmente, é útil e desejável queexista um sector cooperativo, a funcio-nar como subsistema do público, subsi-diado pelo Estado mas fortemente con-trolado para que as ajudas recebidas sir-vam para reduzir o valor de propinas eserviços e não se esvaiam nos bolsossem fundo e sem controlo das cúpulasdirigentes…

Esta é a clarificação que urge fazer.Esta é que é a verdadeira liberdade deensinar e de aprender de que fala aConstituição da República.

* Professor Universitário (Universidade Lusófona)

A secretária açoriana do Ambiente e do Mar anunciou a realização, em 2007,de um congresso internacional no arquipélago para promover o desenvolvimentodo jornalismo científico e dar a conhecer as paisagens das nove ilhas.

Ana Paula Marques adiantou à Agência Lusa que o evento "inédito no país"vai permitir reunir nos Açores jornalistas de várias revistas de interesse científicoe docentes universitários especializados em temáticas relativas ao meio ambiente.

"Iremos convidar especialistas de vários países e abrir o evento à participaçãoda comunicação social regional, nacional e da Macaronésia", assegurou a gover-nante, acrescentando que o congresso deverá englobar uma parte teórica e outraprática, através da realização de palestras e actividades de mergulho ou passeio.

Para além de permitir a troca de experiências e conhecimentos entre os jor-nalistas, a secretária do Ambiente e do Mar garantiu que este congresso científicovai servir também para potenciar a divulgação turística das paisagens e recursosnaturais dos Açores em todo o Mundo.

"Será uma oportunidade para as revistas de renome internacional presentesno evento divulgarem as nossas paisagens e o que fazemos a nível da biodiversi-dade e conservação da natureza", afirmou Ana Paula Marques, para quem "háainda muito trabalho a fazer nas ilhas" para desenvolver o turismo de natureza.

Segundo Ana Paula Marques, embora ainda não esteja definido o local para arealização deste primeiro congresso, a opção poderá recair entre as ilhas do Pico oudas Flores.

Lusa, 3/05/2006

Açores recebe congresso internacional de jornalismo científico

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Destinados a um público diversifi-cado (estudantes universitários,licenciados, público em geral) de

Portugal ou do resto do Mundo, os cur-sos terão como objectivo apresentar, dis-cutir e trabalhar, de forma sucinta masintensiva, temas genéricos ou matériasespecíficas da área das ciências sociais ehumanas abrangidas pelos vários Depar-tamentos da FCSH. Os cursos constitui-rão, nesse sentido, um espaço de actuali-zação e reflexão crítica sobre essastemáticas, inserindo-se num projecto deformação contínua ou de suplementoeducacional. Estudantes da FCSH ou deoutras faculdades ou universidades, pro-fessores, especialistas que pretendamdesenvolver ou actualizar os seus pró-prios conhecimentos encontrarão navariada oferta da Escola de Verão umespaço privilegiado de diálogo. Damesma forma, um público mais geralque pretenda apenas alargar ao seushorizontes ou satisfazer o desejo deexercitar as suas capacidades intelectuaisencontrará na frequência dos cursos daEscola de Verão um espaço aliciante detrabalho.

Os Cursos de Verão poderão aindafuncionar como um ponto de encontrouniversitário entre Portugal, os países delíngua portuguesa, a Europa e o resto domundo.

A Escola de Verão será composta pormódulos. Cada um terá a duração total de12h lectivas, a decorrer em duas semanas(2h x 3 vezes por semana x 2), e admitiráentre 15 a 40 alunos. Os Cursos funcio-narão de manhã (das 9.30h às 11.30h edas 11.30h às 13.30h), havendo igual-mente alguns módulos em horário pós-laboral (das 18h às 20h). Todas as sex-tas-feiras, das 11.30h às 13.30h, haverá

ainda uma sessão plenária, aberta aosestudantes de todos os módulos, e ondeserão abordados aspectos relevantes dasociedade portuguesa contemporânea.

As duas primeiras semanas de Julhocorresponderão a um conjunto de módu-los e as duas últimas semanas a outroconjunto. Os estudantes poderão optarpor fazer um ou vários módulos (nummáximo de oito nas duas quinzenas), damesma área ou de áreas diferentes, con-soante os seus interesses e disponibilida-des de horários e de lugares.

Cada módulo dará direito à obtençãode um diploma de frequência (para oqual será necessária a participação emtodas as sessões). Os estudantes queassim o solicitarem poderão ser sujeitosa uma avaliação, a qual, sendo positiva,dará lugar à obtenção de 1 créditoECTS. Foi igualmente pedida a acredita-ção para professores (0,6 unidades decrédito por módulo).

A FCSH oferecerá este ano um con-junto de módulos diversificados nasáreas da Literatura e Cultura Portugue-sas, Linguística, História, História deArte, Culturas da Europa e do Mundo,Música, Ciências da Comunicação,Ciência Política, Sociologia, Antropolo-gia, Filosofia, Geografia, Ciências daEducação e Informática.

A frequência dos Cursos será feitamediante inscrição, com uma propina. Ovalor da propina para cada módulo seráde 100 euros para o público em geral ede 80 euros para os estudantes de licen-ciatura. A avaliação terá uma propinaprópria, que será de 20 euros para opúblico em geral e 10 euros para os estu-dantes.

Os cursos serão ministrados em Por-tuguês.

Todas as informações sobre esta ini-ciativa em:http://www.fcsh.unl.pt/esco-ladeverao ■

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Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL

Escola de Verão/2006À semelhança das práticas há muito habituais nasgrandes universidades da Europa e do Mundo, a FCSH vai realizar, entre os dias 3 e 28 do próximomês de Julho, e a partir dos vários Departamentos, a primeira edição da sua Escola de Verão, com umconjunto de cursos intensivos e de curta duração oferecidos por todas as suas áreas.

As Fronteiras e as Identidades Raianas entre Portugal e España

INICIATIVA

Ribadavia (Ourense, Galiza) e Cha-ves vão receber em Julho umcurso subordinado ao tema geral

"As Fronteiras e as Identidades Raia -nas entre Portugal e Espanha", anun-cia a Universidade de Trás-os-Montes eAlto Douro (UTAD).

Xerardo Pereiro (UTAD), Luis Risco(Fundación Vicente Risco) e CésarLlana (Museu Etnológico de Ribadavia)asseguram a coordenação deste curso, arealizar entre 12 e 15 de Julho.

A iniciativa dirige-se especialmentea estudantes de ciências sociais e huma-nidades de Portugal e Espanha, cientistassociais e também a todos os interessadosem geral.

Criar um campus transnacional,internacional e transfronteiriço, pensaras relações ibéricas transfronteiriças ecriar um espaço de pensamento e encon-tro transfronteiriço entre Portugal eEspanha, são outros objectivos destecurso. ■

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A Assembleia-Geral das Nações Unidas declarou2006 o Ano Internacional dos Desertos e da Deserti-ficação. Portugal tem um Programa Nacional deCombate à Desertificação aprovado em 1999, comcinco grandes objectivos: a conservação do solo e daágua; a fixação da população activa nos meios rurais;a recuperação das áreas afectadas; e a sensibilizaçãoda população para a problemática da desertificação.

A Comissão Nacional da UNESCO apoia estacomemoração, sobretudo através das Escolas Asso-ciadas da UNESCO e de acções junto da sociedadecivil, divulgando projectos-piloto da UNESCO quetêm como objectivo desenvolver os conhecimentoscientíficos sobre a desertificação e chamar a atençãopara este fenómeno que afecta todas as regiões doplaneta.

Informação sobre as iniciativas em Portugal liga-das ao Ano Internacional dos Desertos e da Desertifi-cação no site da Direcção-Geral dos Recursos Flo-restais.

2 2 SUP AO N. º 210 ■ JUNHO 2006

INTERNACIONAL

"As Universidades enquanto centros de investigação e de criação de conhecimentos: uma espécie ameaçada?"

O Fórum UNESCO sobre Ensino Superior,Investigação e Conhecimento, plataforma

dedicada a investigadores para discutir questõesimportantes do desenvolvimento, anunciou aabertura do período de apresentação de comuni-cações para o Colóquio Mundial "As Universida-des enquanto Centros de Investigação e de Cria-ção de Conhecimentos: Uma Espécie Amea-çada?", iniciativa que decorrerá na sede daUNESCO, em Paris, de 29 de Novembro a 1 deDezembro de 2006.

Mais pormenores em www.unesco.pt ■

2006 - Ano Internacional dos Desertos e da Desert i f i c a ç ã o

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CULTURAL

Temporada da Gulbenkiancom 128 concertos

A próxima temporada de música daGulbenkian deverá será uma das

importantes de sempre, com 128 con-certos e um ciclo de piano com osprincipais nomes do panorama mun-dial, por ocasião dos 50 anos da fun-dação. O programa começa em Outu-bro e vai até Junho do próximo ano.

O ciclo de piano inclui nomes como Alfred Brendel, EvgeniKissin, Radu Lupu, Grigory Sokolov, Lang Lang, MaurizioPollini e Murray Perahia.

A temporada abre dia 4 de Outubro com um recital dameio-soprano Anne Sophie von Otter.

Outros nomes consagrados integram o ciclo de canto comoBarbara Hendricks, Matthias Goerne, Magdalena Kozená e aportuguesa Elisabete Matos.

O programa de música antiga inclui recitais da EnglishBaroque Soloists, com o maestro John Eliot Gardiner, de LesArts Florissants e da Orquestra Barroca da União Europeiacom o violoncelista Christophe Coin.

Em Janeiro, a soprano romena Angela Gheorghiu, cantaárias de Puccini, acompanhada pela Orquestra Gulbenkian.

O maestro Lawrence Foster, director musical da orquestra,também presente na apresentação da nova temporada, salientoua qualidade do programa e destacou o convite a duas maestri-nas para dirigirem a orquestra nos próximos tempos.

A maestrina australiana Simone Young foi convidada acolaborar com a orquestra a partir de 2007-08 e a portuguesaJoana Carneiro continuará a colaboração que tem com a Gul-benkian. Lusa, 8/06/2006 ■

Grandes Mestres da Pintura no Museu de Arte Antiga

O Museu de Arte Antiga, em Lisboa, recebe a colecção domédico e filantropo Gustav Rau, com 95 obras de grandes

mestres da história da pintura. A exposição pode ser visitadaaté 17 de Setembro.

A mostra patente nas Janelas Verdes reúne 46 obras entreos séculos XV e XVIII das escolas italiana, flamenga, holan-desa, alemã, francesa, espanhola e britânica, e de mestres comoFra Angelico, Bernardino Luini, Guido Renni, Canaletto, Tie-polo, Van Goyen, Fragonard, El Greco, Ribera, Reynolds ouGainsborough.

As restantes 49 obras são dos séculos XIX e XX: pinturasdos movimentos impressionista, do simbolismo e nabis, fau-vismo e expressionismo. Incluem trabalhos de mestres comoCorot, Courbet, Cézanne, Manet, Degas, Monet, Renoir,Pissarro, Sisley, Lautrec e Bonnard.

A exposição funciona às terças-feiras das 14h00 às 18h00 ede quarta a domingo das 10h00 às 18h00. Informações pelotelefone 213912800. A não perder. ■

PortoCartoon reforça internacionalização

E stá patente na sede do Museu Nacional da Imprensa, nacidade do Porto, o VIII PortoCartoon-World Festival. Em

paralelo são apresentadas duas mostras internacionais. O PortoCartoon deste ano marca uma nova etapa na inter-

nacionalização do festival e da sua importância no contextointernacional, pela elevada qualidade alcançada e pela partici-pação conseguida.

Na opinião unânime do júri internacional, presidido maisuma vez pelo cartunista francês Georges Wolinski, esta ediçãopautou-se pela excelência do cartoon levando o júri a atribuir,para além dos principais premiados, dezoito Menções Honro-sas, no conjunto dos temas. A participação conseguida: milha-res de trabalhos, de quatrocentos cartunistas, de meia centenade países, representantes dos cinco continentes, reforçam aimportância da arte do desenho humorístico como a linguagemmais universal.

O novo troféu do certame, criado pelo arquitecto ÁlvaroSiza Vieira, assinala a partir deste ano, a imagem de marca doPortoCartoon-World Festival. Para a organização do festival, apeça escultórica, uma Ponte, exprime as múltiplas pontes que ofestival tem construído no domínio internacional, a partir detemas de grande actualidade.

O tema escolhido para este ano foi de amplitude mundial: ADesertificação e a Degradação da Terra” em sintonia com aONU que declarou 2006 como Ano Internacional da Desertifi-cação.

A exposição do VIII PortoCartoon vai apresentar cerca de250 cartoons e nela podem ser vistos os trabalhos premiados,as menções honrosas atribuídas e os melhores desenhos selec-cionados pelo júri internacional do concurso.

Estão representados diversos países como o Azerbeijão, aArgélia, o Brasil, a China, a Colômbia, Indonésia, o Irão, aMacedónia, a Roménia, a Rússia, a Turquia e a Ucrânia, entreoutros, para além dos principais países europeus, incluindoPortugal.

O VIII PortoCartoon vai estar patente ao público até finaldo ano, nas instalações do Museu Nacional da Imprensa, noPorto (a montante da Ponte do Freixo), todos os dias entre as15h e as 20h. ■

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Pela estabilidade profissionale pela protecção em caso de desemprego

Pela estabilidade profissionale pela protecção em caso de desempregoReformulação dos horários de trabalhodocente e da forma de cálculo dasnecessidades de pessoal docente

Adopção do princípio da não reduçãodo financiamento das instituições, negociando com as que se encontrem emmaiores dificuldades contratos-programapara o reforço da qualificação dosdocentes e para a adequação ao Processode Bolonha.

Adopção de uma forma de cálculo deefectivos que tenha em conta o apoio à formação, a mobilidade, e a satisfaçãode compromissos das instituições.

Adopção de medidas legislativas de carácter interpretativo, com vista a evitar abusos na aplicação dos Estatutos de Carreira

Adopção de medidas legislativascom carácter transitório e até à revisãodos Estatutos de Carreira, com vista a reduzir a precariedade e incentivar a qualificação.

Igualização de direitos entre osdocentes do ensino superior que fiquemcolocados em situação de desemprego,por o seu contrato ter caducado ou nãoter sido renovado, e a generalidade dostrabalhadores por conta de outrem.