jornal o ponto - junho de 2006

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ENERGÉTICO Farmácia Popular ainda é insuficiente para a capital Ano 7 | Número 55 | Junho de 2006 | Belo Horizonte/MG DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Xerox em escolas: opção que virou prática danosa Palácio das Artes faz aniversário com greve [ página 11 ] [ página 10 ] [ página 15 ] JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL o ponto Falta de planejamento subutiliza potencial CRISE DO GÁS NA BOLÍVIA REABRE A POLÊMICA: O BRASIL AINDA CARECE DE UMA ESTRATÉGIA QUE VALORIZE A ABUNDÂNCIA DE RECURSOS NATURAIS [ páginas 8 e 9 ] Tragédias no trânsito são, em sua maioria, ocasionadas por imprudência, irresponsa- bilidade, falta do uso de equi- pamento de segurança e de atenção. O maior número destes aci- dentes acontece com motoris- tas com idade entre 19 e 25 anos. Apesar disso, um proje- to de lei em tramitação no país, prevê a diminuição da idade mínima para habilitação de 18 para 16 anos. Segundo a BHTrans, como agravante, o órgão não conta com número de fiscais para um monitoramento eficiente no trânsito. Imprudência é regra nas ruas de BH Aumenta o número de em- preendimentos conhecidos co- mo condomínios fechados nos arredores de Belo Horizonte. Os construtores prometem não só habitações e moradias, mas qualidade de vida e pro- ximidade com a natureza. Boa parte são construídos em áreas de preservação am- biental, com matas nativas e mananciais de água. A devastação dessas matas e os manancias sendo usados para escoamento de esgotos dessas residências estão ge- rando danos ambientais e so- ciais, dos quais a população ainda não se conscientizou. Condomínios destroem mata nativa Partido mais antigo do país vive crise interna Exclusão digital afeta brasileiros O Ponto : 1º lugar no Expocom-Sul O PMDB, maior partido do país, tem se mantido como um partido estratégico no cenário politico nacional. Entretanto, mesmo com a maior bancada no Senado e na Câmara dos Deputados, não lança uma candidatura própria à Presidência da República desde o ano de 1994. Cobiçado tanto pelo PT como pelo PSDB, que buscam seu apoio nas eleições, o PMDB é hoje um partido heterogêneo e fragmentado. Longe de um projeto nacional, atende a interes- ses pessoais e imediatos de líderes políticos locais. Apesar do avanço tecnológico, a maioria da população bra- sileira sequer tem acesso à internet, telefone celular ou ao tele- fone fixo. A exclusão digital amplia as diferenças sociais e a dificulda- de de entrar no mercado de trabalho.Em um país onde quase 60 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, os re- sultados podem ser nefastos. O jornal O Ponto da FCH/Fumec conquistou mais dois prê- mios, sendo um internacional e outro mineiro. As premiações foram na XIII Expocom Mercosul na catego- ria de melhor jornal impresso e no Prêmio PQN 2006, uma ini- ciativa da newsletter e revista Pão de Queijo Notícias, como o melhor jornal laboratório. Estes dois novos prêmios vêm se somar a um outro ante- riormente conquistado no ano passado quando O Ponto foi es- colhido como o melhor jornal laboratório de todo o país, na XII Expocom, realizada na cidade do Rio de Janeiro. [ página 3 ] [ página 16 ] [ página 13 ] [ página 7 ] [ página 5 ] Excesso de velocidade é um dos principais fatores de acidentes entre jovens em Belo Horizonte Mata nos arredores da capital e condomínio ao fundo: eles são os vilões do meio-ambiente Henrique Lisboa - 6º Período Bruno Figueiredo - 8º Período

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Jornal laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Fumec - Belo Horizonte - MG

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Page 1: Jornal O Ponto - junho de 2006

ENERGÉTICO

Farmácia Popular ainda éinsuficiente para a capital

A n o 7 | N ú m e r o 5 5 | J u n h o d e 2 0 0 6 | B e l o H o r i z o n t e / M G D I S T R I B U I Ç Ã O G R AT U I TA

Xerox em escolas: opçãoque virou prática danosa

Palácio das Artes fazaniversário com greve

[ página 11 ][ página 10 ] [ página 15 ]

JORNAL LABORATÓRIODO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL o pontoFalta de planejamento subutiliza potencial

CRISE DO GÁS NA BOLÍVIA REABRE A POLÊMICA: OBRASIL AINDA CARECE DE UMA ESTRATÉGIA QUEVALORIZE A ABUNDÂNCIA DE RECURSOS NATURAIS

[ páginas 8 e 9 ]

Tragédias no trânsito são,em sua maioria, ocasionadaspor imprudência, irresponsa-bilidade, falta do uso de equi-pamento de segurança e deatenção.

O maior número destes aci-dentes acontece com motoris-tas com idade entre 19 e 25anos. Apesar disso, um proje-to de lei em tramitação no país,prevê a diminuição da idademínima para habilitação de 18para 16 anos.

Segundo a BHTrans, comoagravante, o órgão não contacom número de fiscais paraum monitoramento eficienteno trânsito.

Imprudênciaé regra nasruas de BH

Aumenta o número de em-preendimentos conhecidos co-mo condomínios fechados nosarredores de Belo Horizonte.Os construtores prometemnão só habitações e moradias,mas qualidade de vida e pro-ximidade com a natureza.

Boa parte são construídosem áreas de preservação am-biental, com matas nativas emananciais de água.

A devastação dessas matase os manancias sendo usadospara escoamento de esgotosdessas residências estão ge-rando danos ambientais e so-ciais, dos quais a populaçãoainda não se conscientizou.

Condomíniosdestroemmata nativa

Partido maisantigo do paísvive crise interna

Exclusão digitalafeta brasileiros

O Ponto: 1º lugarno Expocom-Sul

O PMDB, maior partido do país, tem se mantido como umpartido estratégico no cenário politico nacional.

Entretanto, mesmo com a maior bancada no Senado e naCâmara dos Deputados, não lança uma candidatura própria àPresidência da República desde o ano de 1994.

Cobiçado tanto pelo PT como pelo PSDB, que buscam seuapoio nas eleições, o PMDB é hoje um partido heterogêneo efragmentado. Longe de um projeto nacional, atende a interes-ses pessoais e imediatos de líderes políticos locais.

Apesar do avanço tecnológico, a maioria da população bra-sileira sequer tem acesso à internet, telefone celular ou ao tele-fone fixo.

A exclusão digital amplia as diferenças sociais e a dificulda-de de entrar no mercado de trabalho.Em um país onde quase60 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, os re-sultados podem ser nefastos.

O jornal O Ponto da FCH/Fumec conquistou mais dois prê-mios, sendo um internacional e outro mineiro.

As premiações foram na XIII Expocom Mercosul na catego-ria de melhor jornal impresso e no Prêmio PQN 2006, uma ini-ciativa da newsletter e revista Pão de Queijo Notícias, como omelhor jornal laboratório.

Estes dois novos prêmios vêm se somar a um outro ante-riormente conquistado no ano passado quando O Ponto foi es-colhido como o melhor jornal laboratório de todo o país, na XIIExpocom, realizada na cidade do Rio de Janeiro.

[ página 3 ]

[ página 16 ]

[ página 13 ][ página 7 ]

[ página 5 ] Excesso de velocidade é um dos principais fatores de acidentes entre jovens em Belo Horizonte

Mata nos arredores da capital e condomínio ao fundo: eles são os vilões do meio-ambiente

Henrique Lisboa - 6º Período

Bruno Figueiredo - 8º Período

01 - Capa - Daniel e Camila 20.06.06 14:52 Page 1

Page 2: Jornal O Ponto - junho de 2006

O P I N I Ã O2 o pontoBelo Horizonte – Junho/2006

Editor da página: Daniel Gomes

Coordenação EditorialProfª Ana Paola Valente (Jornalismo Impresso)

Coordenação da Redação ModeloProf. Fabrício Marques

Conselho EditorialProf. José Augusto (Proj. Gráfico), Prof. Paulo Nehmy(Publicidade), Prof. Rui Cézar (Fotografia),Prof. Mário Geraldo (TREPJ) e Profª. Adriana Xavier (Infografia)

Monitores de Jornalismo ImpressoDaniel Gomes, Fernanda Melo e Tiago Nagib

Monitores da Redação ModeloCamila Coutinho e Daniela Venâncio

Monitores de Produção GráficaJoão Hudson e Rafael Matos

Monitores do Laboratório de Publicidade e PropagandaDaniel Chaves e Ricardo Alves

Projeto GráficoProf. José Augusto da Silveira Filho

Tiragem desta edição5000 exemplares

Consultora em pesquisa iconográficaProfª. Zahira Zouki Cordeiro

Colaboradores voluntáriosAmanda Vidigal, Larissa Carneiro e Henrique Lisboa

Universidade Fumec Rua Cobre, 200 - Cruzeiro Belo Horizonte - Minas Gerais

Professor Pedro Arthur VicterPresidente do Conselho Curador

Profª. Romilda Raquel Soares da SilvaReitora da Universidade Fumec

Prof. Amâncio Fernandes CaixetaDiretor Geral da FCH/Fumec

Profª. Audineta Alves de Carvalho de CastroDiretora de Ensino

Prof. Benjamin Alves Rabello FilhoDiretor Administrativo e Financeiro

Prof. Alexandre FreireCoordenador do Curso de Comunicação Social

o pontoOs artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento

Energia: umaquestão depulso firme

JOÃO HUDSON

7º PERÍODO

Às vésperas de completar80 anos em 2007, a “estrelabrasileira no céu azul” vive orisco de se apagar de vez.

Antes um pedacinho doBrasil a voar levando nossabandeira aos cinco continen-tes, hoje esquecida e em crise,a “pioneira”, como já foi cha-mada em seus tempos de gló-ria, não é mais a mesma.

Os problemas da Varig sãomuitos e agudos. Com mias-mas e rachas internos, o mo-delo de gestão, feudal, é terri-velmente anacrônico. Sem di-nheiro, a frota foi ficando des-padronizada e hoje é antiqua-da para os padrões da aviaçãomundial. Funcionários traba-lham num clima de incertezas,com salários atrasados eameaças constantes de demis-são. Não há dinheiro para maisnada. Com dívidas que já pas-sam da casa dos R$ 7 bilhões,a Varig não tem mais salvaçãotécnica.

Esperar uma ajuda políti-ca? Muito difícil. Nem mesmoos governos anteriores, quetêm parte na crise da compa-nhia, se atentaram para o quepoderia acontecer no futuro.Planos econômicos desastra-dos, alta carga tributária epouco apoio às companhias

nacionais penalizaram umaVarig que crescia a passos lar-gos e se tornava um símbolobrasileiro para o mundo.

Uma administração visio-nária fez da companhia umadas mais respeitadas e reco-nhecidas no mundo, com ser-viço impecável e uma frota queem nada devia para as gigan-tes da aviação. O tempo tratoude derrubar o sonho de areia.A concorrência se fortaleceu,dentro e fora do país, com ad-ministrações cada vez mais efi-cientes e enxutas.

No Brasil, Gol e Tam dis-putam o espaço que aos pou-cos foi sendo deixado e lá fo-ra os altos investimentos empessoal, tecnologia e gestão re-velam um mercado cada vezmais competitivo e exigente,padrão que a nossa Varig nãoconsegue acompanhar.

Aos brasileiros que, comoeu, um dia se orgulharam devoar nos pássaros de ferrocom a figura de Ícaro, só res-ta torcer para que o vencedordo leilão da nossa querida es-trela, hoje cadente, a faça bri-lhar como antigamente.

Espero que o futuro da Va-rig não seja como o de Ícaro,a voar com asas de cera quederreteram ao se aproximardo Sol. E que o saudoso jinglecontinue a tocar: “Varig, Varig,Varig!”.

DANIEL CARLOS

7º PERÍODO

O presidente Lula fechou questão: queriao PMDB com a vaga de vice em sua chapa naseleições de outubro. Mas isso não vai acon-tecer.

Após um breve namoro, os caciques doPMDB decidiram não apoiar formalmente acandidatura do petista, alegando que, com aregra da verticalização, uma aliança nacionalinviabilizaria as alianças nos estados. Isso mostra que o maior partido do país querter liberdade para jogar lá e cá, ou seja, apoiarPSDB ou PT, de acordo com os interesses pes-soais de seus filiados. Dessa forma, o PMDBfará o papel da noiva cobiçada nos principaiscolégios eleitorais do país. Em Minas, porexemplo, deve apoiar a reeleição do tucanoAécio Neves. Já em São Paulo, existe a chan-ce de o partido apoiar o petista Aloizio Mer-cadante, caso não lance candidato próprio.

O que o PMDB quer é sair das urnas emoutubro com o maior número de governa-dores e deputados, e ampliar sua bancada noSenado, que já é a maior. É por isso que a ala governista do partidopropôs uma aliança branca, ou seja, um mo-

vimento pró-Lula, não oficial, nos diretóriosestaduais. O que não satisfez totalmente o pre-sidente que, com o apoio formal, ganhariamais tempo nos programas eleitorais de rá-dio e TV.

Lula também sempre foi contra a candi-datura própria peemedebista para a Presi-dência da República, pois esta poderia com-plicar sua possível vitória ainda no primeiroturno.

Esta possibilidade evitaria a já discutidabipolarização PT–PSDB nas eleições, sendoassim uma terceira via para quem não quervotar no PT, desgastado após tantos escân-dalos, nem no PSDB, que também teve no-mes incluídos nas investigações.

Apesar de ser fundamental para a go-vernabilidade do país, independentementede o vencedor ser Lula ou Alckmin, pareceque o partido de José Sarney, Michel Temere Renan Calheiros se contenta em ser um me-ro coadjuvante, o que há alguns anos o ca-racteriza.

O PMDB confirma, assim, a tese de que éum partido movido pelos interesses de seuscardeais, que põem suas vontades e deleitesacima dos projetos do partido. O partido con-tinua grande, mas com mentalidade nanica.

MARINA FONSECA

5º PERÍODO

Se ela dança, eu não danço. Taxa mínimade consórcio: R$ 50. Lucro com roubo, se-qüestro, tráfico: R$ 1 milhão. Explodir 82 ôni-bus, decretar toque de recolher nas ruas deSão Paulo, matar 41 policiais: não tem preço.

Assim, o Primeiro Comando da Capital(PCC) aterrorizou, de 12 a 19 de maio, a maiorcapital do país. Motivo do ataque: detentosdo presídio Presidente Venceslau reivindicam60 aparelhos de TV para assistir à Copa.

O PCC, maior facção criminosa paulista,é um consórcio com 6000 sócios formado por765 detentos e pela própria população. Issoporque, diferentemente do Estado, o PCC éum grande investidor de movimentos sócio-culturais. Controla associações de morado-res, clubes, atividades esportivas e bailes funkonde se dança ao som da indústria culturalPCC. Indústria essa patrocinadora de artis-tas como Renatinho e Alemão, que cantamno seu CD, "Taleban - Parque dos Mons-tros"–assim o PCC chama o presídio Presi-

dente Venceslau– mensagens ao líder do gru-po, Marcos Willians Herbas Camacho, o Mar-cola: “Não corre/não treme/mete bala no PM”.

Em contrapartida aos ataques, o gover-nador de SP, Cláudio Lembo, respondeu à po-pulação com um discurso com um trecho deum rap dos Racionais MC’s, cujas letras fa-zem apologia à morte de policiais.

A ação da policia também cheira mal. Ain-da se pode sentir o odor dos 110 corpos dosinocentes que a polícia matou após os ataquese omite seus nomes apesar de identificados.

Na dança das cadeiras, sai o secretário deSegurança e entram na história dois advoga-dos-membros do PCC que pagaram R$ 200ao técnico de som do Senado pelo CD em queestariam as ações tomadas contra Marcola naCPI das Armas.

E a mídia? Esta dança conforme a músi-ca. Sua memória é uma ilha de edição, masem seus arquivos certamente estão as rebe-liões do Rio e outros estados que continuama acontecer e perdem a sua importância. En-tão, o que fazer? Talvez ler 3 mil livros comoMarcola e, aí sim, propor um plano de ação.

Varig leva consigomemória nacional

CAMILA COUTINHO

7º PERÍODO

Interessantes, criativos, ins-tigantes e de interesse públicosão as características que ostextos jornalísticos deveriamapresentar. Porém, da forma co-mo vêm sendo tratados nos diasatuais, perderam essa capaci-dade. Os jornais impressos tor-naram-se, em sua grande maio-ria, monótonos e desinteres-santes. Por isso, uma reaproxi-mação com a literatura se tor-na urgente para que o jornalis-ta não se esqueça uma de suasfunções primordiais: a de con-tador de histórias. Desta ma-neira, o jornalista não pode seesquecer da forma, do uso dalinguagem, além de, com o con-teúdo, contar a verdade.

Os manuais de redação oude estilo costumam apresentarcomo única alternativa aqueletexto pretensamente objetivo eimparcial, com declarações, pa-ra que o leitor tenha a ilusão deque está sendo informado de al-go sem a interferência de quemproduziu a notícia. Esse tipo detexto é baseado principalmen-te no critério de verificação ime-diata, isto é, a possibilidade deo leitor se certificar de que o fa-to narrado contado é verdadeou não.

Por outro lado, também nãose pode dizer que toda notícia

é opinativa. Se o padrão de jor-nalismo mais adotado hoje con-sidera que o papel do jornalis-ta é apresentar fatos sem se po-sicionar sobre ele e utilizar-sede estatísticas e depoimentosde especialistas no assunto, de-ve haver alguma razão de se-guir esse modelo.

Importante também é per-ceber que, ao padronizar o tex-to, como verificamos todos osdias ao abrir um jornal, o jor-nalista perde a sua importânciacomo redator, como interme-diário entre o fato e a notícia.Ele se torna uma peça da en-grenagem, mais um trabalha-dor na fábrica. Todas as suas ex-periências, a sua visão de mun-do, anseios e desejos são des-prezados. Como uma boa his-tória pode ser contada assim?

Portanto, a conclusão a quese pode chegar é que não exis-te um padrão, uma fórmula dese escrever textos jornalísticos.O importante é dar a cada as-sunto uma perspectiva inova-dora, inédita, interessante. Se ofato não é novo, ainda há a pos-sibilidade de se descobrir umaspecto que ainda não foi ex-plorado. O limite da relação en-tre jornalismo e literatura vai atéonde a forma não se sobrepõeao conteúdo e é preservada averacidade do acontecimento,ainda que possa ser contado devárias maneiras diferentes.

Jornalismo precisase reinventar

PMDB: Oscar demelhor coadjuvante

PCC: Quinto Poder

ANA PAULA MACHADO

5º PERÍODO

O Brasil, pelo seu temerá-rio jeitinho de fazer agora oudeixar para depois, inflamaainda mais o problema daenergia, pautada pelo mode-lo econômico corrompido quereduz sua capacidade de com-petição e acentua ainda maisa dependência externa.

O desenvolvimento eco-nômico brasileiro está direta-mente relacionado à produ-ção de energia. No passado orecorde de crescimento doPIB de 4,2% foi acompanha-do pelo consumo de energiaque aumentou 4,6%. Situaçãopreocupante, ainda mais coma tendência de crescimento dademanda por energia elétricaem que, cada vez mais, asatenções se voltam para asquestões energéticas, princi-palmente combustíveis e ele-tricidade. Preocupações ne-cessárias em um cenário dedemanda e custos cada vezmais crescentes para a gera-ção de energia elétrica.

A questão do abasteci-mento de energia é um pro-blema que se arrasta desde adécada de 80, quando o con-sumo de eletricidade lançou-se a frente do PIB com um au-mento que superou a capaci-dade da geração de energiano país. E desde então foramprivatizadas, ou melhor, lei-loadas, a um preço ínfimo,empresas do setor elétrico soba alegação de ser essa umamaneira de atrair investimen-tos externos. Assim foi feitocom a Interbrás, importantecompradora individual de pe-tróleo, e com o Instituto doÁlcool, atuante nas exporta-ções de açúcar e álcool.

Em 1997 foi criado o Con-selho Nacional de PolíticaEnergética tendo por metaprestar assistência ao presi-dente nas questões relaciona-das ao funcionamento do sis-tema energético do país. Sereuniu em 2000, mas foi efeti-vo só no papel. Foram defini-das apenas regras, regula-mentações que, desarticuladase sem metas claras, ficarampelo meio do caminho indefi-nidas, enquanto que a cadaano as fontes de energia iamsendo mais sufocadas para ge-rar cada real da economia.

O maior pecado cometidopelo país é o descaso comseus recursos naturais, quesão mal aproveitados. O Bra-sil, por sua biodiversidade eclima tropical, dispõe de re-cursos com os quais apenassonham outros países, quedispõem de opções restritasou muito dependentes de paí-ses vizinhos.

Culpa maior que o país ar-rasta ao longo de sua história,sustentada pelo vício em to-mar decisões sem um plane-jamento claro e bem traçadopara o aproveitamento inde-pendente e adequado do bemtão indispensável e preciosoda energia.

Jo rna l Laboratór io do curso de Comunicação Soc ia lda Facu ldade de C iênc ias Humanas -Fumec

ERRATA: Na edição número 54, de maio de 2006, a charge não foi creditada. A autoria é do aluno Lucas Avelar, do 8º Período de Publicidade e Propaganda.

os monitores

Tel: 3228.3127 - e-mail: [email protected]

02 - Opinião - Daniel Gomes 20.06.06 14:52 Page 1

Page 3: Jornal O Ponto - junho de 2006

P O L Í T I C A 3o pontoBelo Horizonte – Junho/2006

Editor: Pedro Bcheche / Diagramadores da página: João Hudson e Larissa Carneiro

Em busca da UNIÃO

LARISSA CARNEIRO

5º PERÍODO

Desde a sua fundação em1966, o PMDB exerce um pa-pel de destaque dentro da po-lítica nacional. Porém, nestes40 anos, o partido foi marcadotambém por fortes divergên-cias internas sendo que, con-tinuamente, foi usado comoum meio de satisfazer interes-ses pessoais e imediatos de al-guns de seus integrantes, pre-judicando, assim, a sua unida-de como instituição política.

Na convenção nacionalrealizada no último mês, issomais uma vez aconteceu, já queficou decidido que o partidonão lançará uma candidaturaprópria à Presidência da Re-pública, algo que não ocorredesde 1994. Como resultadodesta decisão, o PMDB estásendo disputado tanto peloPSDB e quanto pelo PT, quetentam negociar o seu apoionas eleições de outubro.

O senador Pedro Simon(PMDB-RS), em discurso pro-ferido no dia 10 de março, la-mentou o destino de seu pró-prio partido, que ele ainda, àsvezes, chama de MDB (antigadenominação da legenda) eque agregou, durante o siste-ma bipartidário do regime mi-litar, todas as esquerdas queainda resistiam de alguma for-ma.

Fica indignado pelo fato deque alguns de seus colegas departido atuam na política paramanter “uns carguinhos noGoverno”. Lamenta que o par-tido que, hoje, tem a maior

bancada na Câmara e no Se-nado, o maior número dos go-vernadores, prefeitos e verea-dores eleitos não consiga lan-çar um candidato próprio àPresidência da República.

Para o senador gaúcho, to-da eleição presidencial no Bra-sil é, historicamente, acompa-nhada por uma crise institu-cional, e, para ele, destas cri-ses, os partidos políticos nãofazem parte. Simon lamenta odestino trágico de todas as le-gendas em nossa democraciarepresentativa. Se diz decep-cionado com os rumos toma-dos pelo PT, pelos escândalosem que está envolvido, ePSDB, que defende teoriasneoliberais apesar de ser for-mado em sua gênese por di-versas personalidades da vidapública brasileira.

Para o cientista políticoCarlos Lindenberg, em se tra-tando de PMDB, é impossívelfalar de uma identidade únicapartidária. Este é um partido“multifacetado”. Longe de con-ter uma só proposta ao redorde uma legenda, “o PMDB éuma confederação de partidosregionais que está a serviço delideranças locais”. A isso,emum artigo,Clarice Garotinho,presidente do PMDB Jovem,denomina “visão municipalis-ta”. Todo partido que não temuma identidade nacional”, dizLindenberg, “afirma ter umapreocupação com os municí-pios”.

FragmentadoItamar de Oliveira, diretor

da Fundação Ulysses Guima-

rães de MG, utiliza o termo“fragmentado” para definir asitução atual do partido. Dastrês grandes correntes ideoló-gicas do passado, dirigidasrespectivamente por UlyssesGuimarães, Tancredo Neves eTales Ramalho, sobraram ape-nas agrupamentos de interes-ses, afirma Oliveira.

Rodrigo Sá Motta, histo-riador da UFMG, afirma que oPMDB herdou do MDB nãosomente as letras, mas a hete-rogeneidade em sua composi-ção. O que identificava aquelepartido era “a oposição ao re-gime militar”. E hoje, longe deter uma identidade única, oPMDB “circula em torno de te-mas vagos.” Entretanto, res-salta Motta, “é interessantepensar que o MDB era um par-tido somente de grandes cen-tros, visto com desconfiançanas pequenas cidades e hoje sedá justamente o contrário”. Noúltimo pleito eleitoral, o parti-do elegeu 1057 prefeitos dos5563 municípios brasileiros,sendo somente dois das capi-tais.

Qual a cara do PMDB?”,pergunta Lindenberg. RenanCalheiros, Michel Temer, Ores-tes Quércia? Para RodrigoMotta, a presença do deputa-do Delfim Netto dentro do qua-dro do partido é simbólica desua descaracterização. “Ele foium dos maiores expoentes daArena (partido governista du-rante o regime militar). “Não épreciso dizer mais nada”.

Lindenberg acredita que oMDB era um outro partido.“Hoje é uma geléia geral. Uma

das alas do partido apóia o go-verno; a outra, é contra”. Naconvenção nacional realizadaem maio, a ala do partido quedefendia o apoio a outros can-didatos e a liberdade paracompor nos Estados da Fede-ração venceu. “Como o PMDBnão terá um candidato à Pre-sidência, terá a chance con-creta de eleger 19 governado-res”, afirma Lindenberg.

CandidaturaPara Rodrigo Motta, aque-

les que lutam por um candida-to próprio crêem na necessi-dade de fortalecer os vínculossimbólicos do partido. “Umadas maneiras de se reforçar alegenda é criar laços de iden-tidade”. Oliveira não enxergaoutra possibilidade para aconstrução de um discurso.Porém, ressalta que um candi-dato próprio à Presidência ésomente um dos aspectos dese mensurar a identidade e acoesão partidária. Os outrossão propostas claras e unida-de ideológica, sentencia Lin-denberg.

A Fundação Ulysses Gui-marães informa que o partido,junto com Carlos Lessa, eco-nomista e ex-presidente doBNDES, está escrevendo umprograma nacional para a le-genda. O PMDB tenta se for-talecer e acredita que a próxi-ma eleição será um marco emsua história e que dela, sairáfortalecido. Aos que decretamde tempos em tempos a mor-te da legenda, Itamar de Oli-veira é contundente. “Claroque não morreu”.

Em Minas, o PMDB é umpartido atrelado às liderançasregionais que lutam por obje-tivos próprios. Com uma ban-cada de nove cadeiras na As-sembléia Legislativa, seis de-putados federais, 142 prefeitoseleitos em 2004, o PMDB emMinas Gerais está, também,fragmentado.

Quatro correntes distintasnão se entendem e este foi oquadro na Executiva Estadualdo partido, realizada nos dias8 e 9 do mês de maio, em BH.Há os que defendem umaaliança com o PT; outros de-fendem a parceria com oPSDB; há, ainda os que defen-dem a tese da candidatura pró-pria, e há os defensores de ne-

nhuma coligação e liberdadetotal de composição nas esfe-ras estaduais e municipais.

O deputado estadual Leo-nardo Quintão afirma ser im-possível falar de uma só lide-rança dentro dos quadros doPMDB. Nele há membros quedefendem não o “interesse doPMDB, mas o do PT”. Para ele,o que falta ao PMDB é se valo-rizar. Itamar Oliveira, diretorda Fundação Ulysses Guima-rães, afirma que o drama dopartido é que ninguém “se pre-parou para enfrentar (a candi-datura) Aécio Neves”. E res-salta a contradição de umeventual apoio ao PSDB mi-neiro, maior adversário políti-co do PMDB no interior.

O MAIOR PARTIDO DO PAÍSCONVIVE COM UMA DIVISÃOINTERNA QUE O COLOCA COMO UM INSTRUMENTO PARA COLIGAÇÕES REGIONAIS

Situação se repeteem Minas Gerais

FELIPE NUNES TORRES E

RUBENS MARRA

5º PERÍODO

Em breve, os cidadãos bra-sileiros poderão ter sua classi-ficação racial discriminada emdocumentos da previdênciasocial, da saúde e educação. Aclassificação "negro e branco"será compulsória em uma di-visão racial semelhante à daÁfrica do Sul na época doapartheid . A esta iniciativa sedá o nome de “ação afirmati-va”.O pressuposto deste pro-cesso é o conceito denomina-do “reparação histórica”.

Tramita no Congresso Na-cional, a aprovação do Estatu-to da Igualdade Racial, cujopropósito é diminuir a desi-gualdade social e o preconcei-to racial no país. O Estatuto fe-re, entretanto, o princípioconstitucional que afirma se-rem todos iguais perante a lei.

O racismo e as desigualda-des raciais no Brasil são reali-dades inquestionáveis, mas osmétodos para combatê-los po-

dem ser questionados. O pro-jeto é uma tentativa de se cor-rigir estas distorções. Possuitextos que tocam nos direitosfundamentais dos cidadãos eque estipulam políticas públi-cas.

O autor, o senador PauloPaim (PT – RS), acredita queconseguirá por meio do Esta-tuto “reparar a história” e ame-nizar, segundo ele, “toda a ex-ploração da comunidade bran-ca sobre a negra”. Pretende,as-sim garantir mais igualdade.“Temos que incluir os negrosna sociedade” argumenta osenador.

As distorções do projetocomeçam pelo princípio da“reparação histórica”.“Esteconceito só entrou no direitointernacional para substituir apilhagem de guerra, o que cla-ramente não se adequa ao pro-cesso histórico brasileiro”,atenta o sociólogo DemétrioMagnoli.

O aspecto de beneficiar le-galmente somente um grupoespecífico da população, ex-

cluindo minorias, também écontroverso, devido às possí-veis futuras implicações e con-seqüências que podem inver-ter os objetivos.

A Constituição Brasileira jáé clara em seu quinto artigo:“todos são iguais perante a lei,sem distinção de qualquer na-tureza”. O conceito de igual-dade política e de cidadania se-rá desvinculado e a noção e osvalores ligados a uma naçãoúnica, brasileira, serão com-prometidos. Como diz Mag-noli, corre-se o risco do paísse transformar em uma “con-federação de raças”.

Em contraposição, o sena-dor Paim diz que o ângulo deanálise dever ser outro, que opaís ainda não possui umaigualdade social e que leiscomplementares são válidas enecessárias. “Os negros nãotem direito à liberdade, comolhes é dito. Antes mesmo de fe-rir a Constituição, ela mesmajá vem nos ferindo ao não fa-zer valer o seu cumprimento”explica ele.

Algumas propostas real-mente apresentam seu caráterde legitimidade, como, porexemplo, as que dizem respei-to ao reconhecimento de pro-priedade definitiva das terrasocupadas pelos remanescen-tes das comunidades de qui-lombos e a que reforça a li-berdade de culto.

A exatidão do processosuscita dúvidas, mesmo por-que a maioria das pessoas nãose dá conta de sua herança cul-tural. “Muitos de nós não sa-bemos qual é nossa herança,se portuguesa, indígena, ne-gra ou italiana” afirma o so-ciólogo Antônio Prates. Semuma fiscalização rigorosa noprocesso, deturpações podemacontecer.

Os sociólogos Magnoli ePrates apontam como soluçãoinvestimentos na educação pú-blica. As transformações po-deriam ser realizadas, tanto noleque de oportunidades decrescimento intelectual e pro-fissional, quanto nos valoresde cidadania.

Gabriela Carvalho en-trou, no vestibular de 2004,na UNB (Universidade deBrasília). Superou condiçõesdifíceis para se preparar pa-ra as provas e atualmentecursa Ciências Sociais. Atéaqui a história se parececom a de qualquer outro es-tudante brasileiro que con-seguiu, após um esforçopessoal, sua vaga em umauniversidade pública.

Porém, a trajetória deGabriela tem uma especifi-cidade: ela é uma das pri-meiras beneficiadas do sis-tema de cotas destinadas aestudantes que se declara-rem negros da UNB.

Residente na periferia dacapital brasileira, ela é a pri-meira de sua família a fre-qüentar um curso de gra-duação. Por telefone, elacontou sua história. “Pelomenos cinco gerações daminha família foram escra-vos. Sou a única a ter opor-tunidade de estudar. Talvezsem o sistema de cotas nãoa teria”, declara.

Para garantir a sua vagaGabriela fez o vestibularnormalmente e, com o re-sultado obtido, foi selecio-nada depois de passar pelacomissão avaliadora.

Auto-declarada negra,alerta para aqueles que de-nominam “afro-convenien-tes”, ou seja, indivíduos quese declaram negros para ob-ter os benefícios de acesso.“Existem pessoas que que-rem tirar proveito do siste-ma de cotas”, observa.

Ao contrário do que po-deria ser esperado, revelaque nunca sofreu qualquertipo de discriminação porter obtido sua vaga pormeio do sistema de cotas,mesmo de alunos contráriosao processo. “Eles vêem quesou aplicada, que sofro difi-culdades. A relação não searranha por causa disso”.

Com relação ao racismo,diz que já sofreu, mas acre-dita que a falta de conheci-mento e a ignorância aindasão os maiores obstáculospara se combatê-lo.

Alerta para fraudes

Leonardo Quintão defende a tese da candidatura própria

Daniel Denisson - 5º Período

“Igualdade Racial” na berlindaPROPOSTA DE “REPARAÇÃO HISTÓRICA” FERE PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL

Arte: Rafael Matos

03 - Política - Pedro Bcheche 20.06.06 14:53 Page 1

Page 4: Jornal O Ponto - junho de 2006

E C O N O M I A4 o pontoBelo Horizonte – Junho/2006

Editor da página: Amanda Vidigal Diagramador da página: Natália Andrade

FALÊNCIA DA MAIOR EMPRESA AÉREA BRASILEIRA ASSUSTA CLIENTES E FUNCIONÁRIOS

Empresas aéreasdisputam rotas “órfãs”da companhia gaúcha

Caso haja realmente um co-lapso da Varig, TAM e Gol pas-sariam a voar com uma médiade 87% de seus assentos ocu-pados, uma taxa consideradaalta. Conforme análise divul-gada, os trechos mais deman-dados poderiam ficar muitocongestionados no curto pra-zo.

A taxa de ocupação médiadas três companhias em maiofoi de 72%. As rotas que corremrisco de congestionamento sãoaquelas em que a Varig ocupa-va maior espaço entre as em-presas aéreas, que são Congo-nhas/Curitiba e Congonhas/Brasília. O trecho Rio/São Pau-lo, a ponte aérea mais conges-tionada no Brasil, não seria umproblema, pois a Varig apre-senta um percentual baixo depassageiros nesta rota.

A Justiça fluminense já ma-nifestou a possibilidade de re-ceber novas propostas de em-presas que se cadastraram noleilão mas não deram lances.Entre as companhias aéreas, aOcean Air é a que está mais dis-posta a, de fato, comprar a Va-rig. É que, em caso de falência,a empresa teme ser prejudica-

da num eventual rateio das ro-tas e espaços nos aeroportos ehorários, já que a Gol e a TAMtêm maior participação no mer-cado e vão disputar uma redis-tribuição proporcional do es-pólio da Varig.

A empresa divulgou em no-ta oficial que não está dispostaa pagar nem um centavo a maisdo que seu lance máximo idea-lizado para o leilão -US$ 150 mi-lhões.

No início do ano, depois quea Varig deixou de operar algu-mas rotas no Rio Grande doSul, a Ocean Air se credencioua operá-las, mas não foi autori-zada pela Anac (Agência Na-cional de Aviação Civil).

Enquanto a Varig caiu emabril mais de 2% a TAM subiu2% e a Gol subiu 0,5%. Caso afalência da Varig seja decreta-da, as concorrentes(TAM e Gol)precisarão rapidamente supriras rotas deixadas pela empre-sa, caso isso não aconteça, vá-rios problemas de ausência devôos poderão ocorrer, não sóem trechos domésticos, mastambém nos internacioais, como câmbio favorável e as fériaschegando a procura aumenta.

Varig em rota de turbulência

Guichê da Varig no aeroporto da Pampulha , funcionamento reduzido dos terminais

Raquel Jones - 5º Período

RAQUEL JONES

THANIT XAVIER

5º PERÍODO

Em 1927 era criada a maiorempresa aérea brasileira, a en-tão chamada Viação Aérea Rio-grandense, que anos mais tar-de ficaria conhecida como Va-rig.Hoje, o pesadelo da empre-sa é conhecido por muitos.Umadívida que já chega a R$ 8 bi-lhões e sem muitos candidatosa comprar a empresa. A pro-posta formada pelo TGV (Tra-balhadores do Grupo Varig) foia única apresentada no leilão noRio de Janeiro que aconteceuno dia 9 de junho. Ela prevê opagamento de R$ 1,010 bilhãopela Varig, mas somente R$ 285milhões seriam pagos em di-nheiro. O TGV planeja utilizaros R$ 225 milhões que possuide crédito como credora da Va-rig para o pagamento.Os outrosR$ 500 milhões viriam de cré-ditos futuros adquiridos pelaVarig.

O mercado reagiu negati-vamente à proposta feita pelostrabalhadores. As ações da em-presa que não tem direito a vo-to, perderam mais da metadede seu valor na Bovespa.Se-gundo o economista e CBA(cer-tificated in business adminis-tration) em gestão de negóciosFaither Oliveira,” o país passaatualmente por uma fase eco-nômica muito estável,apesar detodas as turbulências políticas,e ninguém sabe qual poderá sera reação do mercado a umacontecimento caso haja a fa-lência da Varig”. Ainda segun-do o economista, “empresas deaviação com administraçõesmais modernas têm obtidograndes lucros e um aumentoconsiderável no valor de suasações”.

O juiz responsável pelo ca-so Luiz Roberto Ayoub, da 8ªVara Empresarial do Rio de Ja-neiro, afirmou em entrevistaconcedida à Folha de São Pau-lo que não vai realizar outro lei-lão.A Procuradoria da FazendaNacional emitiu em 7 de junho,às vésperas do leilão da Varig,um parecer que isenta o even-tual comprador da companhiade responsabilidade por um

passivo tributário bilionário. Odocumento contraria outrostrês textos redigidos pela mes-ma Procuradoria da Fazenda.

Alguns documentos con-trários ao que foi divulgado pe-la Procuradoria sustentam a te-se que quem arrematar a Variglevará junto o passivo tributá-rio da empresa.

O maior credor da compa-nhia é o próprio governo, queem momento algum manifestoua intenção de transformar a Va-rig na primeira empresa aéreaestatal brasileira, como existeem muitos outros países. A cri-se da empresa se agravou du-rante o governo Collor, quan-do fez um alto investimento emBoeings, a sua maioria em con-trato de leasing. Em 2001 coma crise econômica após os ata-ques de 11 de setembro e a cria-ção da Gol linha aéreas a situa-ção piorou, em pouco tempo aVarig perdeu o posto de se-gunda maior empresa de tráfe-go aéreo do Brasil. Hoje elaprecisa de 110 milhões de dóla-res para continuar operando,sem contar os R$ 8 bilhões quedeve aos credores.

Segundo o ex-presidente daVarig Luiz Martins, que atuouno cargo de 2003 à 2005 “Seriainjusto atribuir a crise da Varigapenas à má gestão, pois ne-nhuma empresa chega a um dé-ficit de R$ 8 bilhões apenas porincompetência administrati-va”.Em meio a toda crise vividapela empresa, quem sai lucran-do são as concorrentes, quecom promoções e maior núme-ro de vôos diários ganharam osclientes que antes optavam pe-la líder no mercado durante dé-cadas.

A Varig foi a primeira gran-de empresa a se beneficiar doprocesso de recuperação judi-cial, lei que substitui a concor-data pela nova Lei de Falências.Isto protegeu a empresa deações movidas por credores,ajudou-a a continuar voando ea iniciar um processo de rees-truturação.A participação re-gional da Varig caiu de 38% pa-ra 16,5% em três anos, em 2002a empresa tinha uma frota de82 aeronaves, hoje tem 60, mas14 delas estão em manutenção.

O Sindicato Nacional dosAeronautas e os Trabalhado-res do Grupo Varig, junto àadministração da empresa, pe-diram aos credores do gover-no (BR Distribuidora e Infrae-ro), que dêem a companhiaum prazo maior para o paga-mento da dívida. Esse prazofaz parte do plano desenvol-vido pela Alvarez & Marsal,consultoria contratada recen-temente pela Varig para im-plementar seu plano de recu-peração.

O gasto mensal da empre-sa aérea com a Infraero é deR$ 9 milhões e com o com-bustível a dívida chega a R$ 40milhões. Além do prazo soli-citado pela empresa e funcio-nários, um grupo de traba-lhadores quer retirar R$ 300milhões do fundo de pensãoAerus para ajudar a recupe-rar a empresa. No entanto, aSPC (Secretaria de Previdên-cia Complementar) manifes-tou-se contra essa solução. Se-gundo a assessoria de im-prensa da secretaria, não épossível a utilização do di-nheiro de um fundo de pensãopara outra finalidade que nãoseja o pagamento previden-ciário.

Adriane Maria MonteiroMelo Seixas é supervisora daVarig do aeroporto de Confinse trabalha há seis anos pelaempresa. Segundo ela, o tra-tamento da Varig com os fun-cionários não modificou. “Es-peramos que tudo isso se re-solva, continuamos traba-lhando com o mesmo espíritode antes”, afirma.

Funcionários que traba-lham no aeroporto da Pam-pulha também foram procu-rados pela equipe de reporta-gem do “O Ponto”, mas se-gundo a secretária da empre-sa, a Varig proibiu qualquerfuncionário de dar entrevistassobre a companhia.

Trabalhadoresnegociam prazomaior para dívida

o pontoCRÍTICO

Polyanna Rocha 6º Período

A chamada estrela brasi-leira, com seus 79 anos deexistência vive a pior crise fi-nanceira dos últimos tempos.Mergulhada em uma crise demais de R$ 7 bilhões, a Aéreariograndense têm cada vezmenos passageiros, menosvoôs e assim, uma receita nemum pouco condizente com aantiga situação. Sem dinhei-ro, sem ajuda do governo equase sem fornecedores, a Va-rig tem um futuro incerto eperde o mercado para as ta-rifas da novata Gol e atémesmo para a antiga aliadaTAM, que, com o mar de dívi-das da concorrente, se esbal-dou em promoções e arreba-tou os clientes discrentes nacompanhia. A mídia cumpreseu papel na cobertura da cri-se e mostra a resposta do seutrabalho com a demanda depassageiros da Varig. A cadadia menos clientes usam o ser-viço da empresa com medodos atrasos contínuos da com-panhia que só deixa no “lu-cro”, os clientes que possuemo cartãode fidelidade da em-presa, um dos poucos clientesque ainda acreditam no bri-lho dessa estrela.

CRISE Credores da VarigJoão Hudson e Rafael Matos

GOVERNO

ARRENDADORESDE AVIÕES E TURBINAS

OUTROSEMPRESAS ESTATAIS

Fonte: Varig

De toda a dívida da companhia, mais da metade corresponde ao governo brasileiro

04 - Economia - Natália 20.06.06 14:53 Page 1

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C I D A D E 5o pontoBelo Horizonte – mês/2006

Editor e diagramador da página: Polyanna Rocha

JULIANA PIZARRO,MARINA RIGUEIRA E

ENZO MENEZES

1º E 3º PERÍODOS

A estudante de fisioterapia,Renata Criscollo, de 25 anosvoltava de uma festa de casa-mento com familiares quandoo carro em que estava foi sur-preendido por outro veiculoem alta velocidade em um cru-zamento movimentado nobairro Funcionários. Renata foivítima da imprudência de umdesconhecido. O outro carroera conduzido por um menorde idade que depois de ter ba-tido contra o carro da estu-dante, fugiu. A então adoles-

cente, só conseguiu descobrira identidade do motorista in-frator porque a placa do vei-culo caiu com a força da coli-são e assim a polícia pode che-gar até o menor, na época com17 anos e filho de um políticomineiro. Passado os anos, a es-tudante não esqueceu do aci-dente. “Tomei alguns pontosque deformaram meu rosto”diz Renata, que entrou com umprocesso na Justiça para que omenor pagasse uma cirurgiaplástica. O menor não foi pu-nido e pôde tirar a habilitaçãoquando completou a maiori-dade.

O desrespeito às sinaliza-ções, o excesso de velocidade

dos condutores e as ultrapas-sagens em condições adversassão as principais causas dosacidentes de trânsito, e res-pondem pelo mesmo nome: aimprudência dos condutores.Os motoristas imprudentes co-locam em risco toda a socieda-de, e os órgãos competentestentam evitar que eles fiquemimpunes. De acordo com An-dréa Vacchiano Bravo, Dele-gada Coordenadora das Jari´se Defesa deAutuação do DE-TRAN-MG (Departamento Na-cional de Trânsito de Minas ge-rais), cerca de 331,2 mil condu-tores foram multados em Mi-nas Gerais desde 2004. Dessenúmero, 27% dos condutores

mineiros possuem uma infra-ção de trânsito, e 10% possuemmais de três multas. “É um nú-mero até razoável de motoris-tas autuados, tendo em vista aposição dos mineiros em 3º lu-gar nos acidentes em todo opaís”, analisa a delegada. Entreas multas expedidas pelo DE-TRAN-MG em 2005 , cerca de155 mil, mais da metade do to-tal, foi devido a velocidade má-xima ultrapassada.

Conscientizar é preciso Para o diretor- chefe do De-

tran-MG, Eduardo Betti Me-nezes, a educação no trânsito éuma das melhores formas deprevenção dos acidente.“Um

veículo não pode ser usado co-mo arma, é preciso consciên-cia para dirigir e ter noção detodo o trânsito, para evitar si-tuações de risco”, diz o diretorque considera o excesso de ve-locidade como a infração quemais causa acidentes no esta-do. “A responsabilidade namaioria dos casos é do própriocondutor, seja pelo abuso davelocidade ou o desrespeito àsinalização”, finaliza Menezes.Carlos Alexandre Dutra,22, seconsidera um irresponsável. Oestudante de direito voltava deuma festa embriagado quandopor pouco não atropelou umcasal. “Estava muito bêbado enão pensei no que pudesse

acontecer”, diz Carlos, que aca-bou a festa em casa, e hoje seconscientizou dos males da di-reção aliada ao álcool. SolangeMontezuma, gerente de pro-cessamento multas da Bhtrans,acha que a informação é a me-lhor forma de conscientizar aspessoas. “Contamos com pro-gramas de conscientização nonosso site e programas para es-colas sobre direção perigosa”.

Segundo o Detran, em 2005,mais de 300 mil condutores fo-ram multados na capital.Destenúmero, mais de 700 motoris-tas foram autuados dirigindoembriagados ou drogados.

Colaborou: Polyanna Rocha

Projeto de lei reduzidade para dirigir

Henrique Lisboa - 6º Período

BHTrans multa mil todos os diasÁlcool, carteira vencida e

falta do uso dos equipamen-tos de segurança. Essas sãoas infrações mais cometidaspelos motoristas e que sãoconsideradas graves ou gra-víssimas, ou seja, se o condu-tor cometê-las, pode perder acarteira de habilitação.

De acordo com a gerentede processamento de dadosda BHTrans, Solange Monte-zuma, a faixa etária mais im-prudente em Belo Horizonteé de 19 a 25 anos. O órgão tema competência de registrar asinfrações municipais. Só em2005, foram emitidas 394.550notificações, com uma médiade 1080 infrações por dia, in-cluindo as emitidas por agen-tes de trânsito e radares ele-trônicos. Solange afirma queos mineiros são muito impru-

dentes, não só dentro do es-tado.

As quatro principais ocor-rências notificadas pelaBhtrans são excesso de velo-cidade, dirigir usando o tele-fone celular e avanço do sinalvermelho ou parada obriga-tória, gerando um total de 203mil notificações relacionadasao excesso de velocidade.Mais de 34 mil ocorrênciasdizem respeito às pessoasque dirigem ao celular e apro-ximadamente 15 mil são rela-cionadas aos avanços do sinalvermelho ou parada obriga-tória.

Renata Criscollo, 25, víti-ma de imprudência no trânsi-to, acha que os motoristas,principalmente os adolescen-tes estão andando muito pe-rigosamente. Para a estudan-

te os motoristas sempre “be-bem uma, entram no carro ecorrem”, assim acaba aconte-cendo o pior.

De acordo com a Bhtranso centro da cidade de BeloHorizonte é onde ocorremmais acidentes, devido aogrande fluxo de carros du-rante todo o dia e a disputaacirrada que existe por es-tacionamento e espaço. Omaior número de atropela-mentos ocorre nos cruza-mentos das avenidas Afon-so Pena com Espírito Santoe com Tamoios, devido aogrande movimento de pes-soas, que, segundo SolangeMontezuma “vivem cons-tantemente atrasadas”.

A secretária Luísa Al-meida, 20, acha que os car-ros não respeitam o pedes-

tre.”Trabalho no centro esempre vejo acidentes comvítimas, fui atropelada mêspassado na Praça Sete”, as-sim como Luísa, MarcelHenrique Oliveira, 16, foiatropelado por displicênciado motorista. “Estava na cal-çada e mesmo assim o carrome atropelou”, diz o adoles-cente, que ficou 8 dias in-ternado no hospital.

A fiscalização não temcondições suficientes paracontrolar os infratores, quesegundo Solange Montazu-ma, “é infinitamente maiorque o de agentes de trânsi-to da Bhtrans”. A gerenteafirma que “É necessáriocontar com o trabalho para-lelo da conscientização quecreio serem as medidas to-madas contra a impunidade”.

Está em tramitação nopaís, um projeto de lei quemodifica de 18 para 16 anosa idade mínima para dirigir.Criado pelo deputado Albé-rico Filho, do PMDB do Ma-ranhão, se for aprovado oprojeto vai agradar a muitosadolescentes que esperam amaioridade para dirigir.

No projeto consta quemenores de 18 anos comcarteira de habilitação sópoderão circular nos muni-cípios que seus responsáveistenham domicílio fixo, e nasrodovias federais, somenteacompanhados por pessoasque tenham a CNH-CarteiraNacional de Habilitação, de-finitiva. Daniel Castro, 32,dono de uma auto-escola,acha que a mudança na leipode ajudar alguns menoresde idade.“Alguns adoles-centes que trabalham têm anecessidade de ter a habili-tação” ressalta Castro.

O deputado maranhense,autor do projeto, alegou emseu site, que a mudança énecessária “pois permite queos jovens, que vivem em in-tensas atividades ao longodo dia, tenham maior auto-nomia diante dos pais”, semesquecer de que essa auto-nomia esteja vinculada à ex-trema responsabilidade. Da-niel Castro é a favor da mu-dança, mas com algumasressaltas.“Alguns adoles-centes gostam de se exibirna direção, isso acaba sen-do muito perigoso para osmotoristas” diz Castro, quecompleta com um dado in-

trigante. “Cerca de 75% dosalunos na minha auto-esco-la têm de 18 a 20 anos”. Oque comprova um possívelaumento nesse percentualcom a diminuição na idade.

Para alguns alunos daUniversidade FUMEC, osadolescentes de 16 anos deidade não possuem respon-sabilidade e maturidade su-ficientes para dirigir. Erna-ne Léo, 22, aluno de Jorna-lismo da FCH, acha que “ajuventude brasileira nãotem maturidade para assu-mir os seus atos no trânsi-to”. Já Breno Menezes, alu-no de administração de em-presas, é a favor da mudan-ça. “Se aos 16 anos é per-mitido que o cidadão elejaum presidente, também de-veria ser permitido dirigirnessa idade”.

O diretor-chefe do DE-TRAN-MG Eduardo BettiMenezes afirma que existempoucas chances desse pro-jeto de lei ser aprovado. “Pa-ra que essa lei entre em vi-gor seria necessária umamudança nos Códigos deTrânsito, Penal e Civil e tam-bém que o adolescente pas-sasse a responder pelos seusatos judicialmente”.

Se o projeto for aprova-do, ainda existe a possibili-dade dos menores de 18anos serem liberados para acarteira de habilitação pro-visória na validade de doisanos e os que se habilitaremaos 18, como já acontece,vão permanecer com estapor um ano.

SEGUNDO O DETRAN-MG, MAIS DE300 MIL CONDUTORES FORAMMULTADOS EM BH EM 2005

Excesso de velocidade, desrespeito àssinalizações são as principais infrações

cometidas no estado.

IMPRUDÊNCIA SEMLIMITES

Motoristas imprudentes desrespeitam a sinalização e excedem na velocidade causando situações arriscadas para a população

Henrique Lisboa - 6º Período

05 - Cidade - Pollyana Rocha 20.06.06 14:54 Page 1

Page 6: Jornal O Ponto - junho de 2006

C I D A D E6 o pontoBelo Horizonte – Junho/2006

Editor e diagramador da página: Rosáurea Patrocínio

Bem-estar social vira nova moeda de marketing

VILA ACABA MUNDO LUTA PELO BEM-ESTAR SOCIAL FRENTE A HISTÓRICO DE EXCLUSÃO

Exclusão social ameaça aglomerado

Cresce a cada dia o núme-ro de projetos apoiados pelamídia, que tem como foco apromoção do bem-estar social.É comum vermos e ouvirmosmensagens publicitárias dosgovernos: Federal, Estadual eMunicipal sobre os programassociais e ambientais que su-postamente desenvolvem.A questão é que, muitas vezes,a propaganda e a publicidadeestão concentradas no próprioprograma do Governo, e pou-co sobra para as causas e com-portamentos sócio-ambientais.

O Marketing Social ouMarketing para Causas Sociaiscomo também é conhecido, dizrespeito ao esforço mercado-lógico no sentido de associaruma marca ou instituição auma causa social.SegundoJoyce Figueiredo, que estudao relacionamento entre gran-

des empresas e comunidadesque as rodeiam, “o marketingsocial pode ser o desenvolvi-mento de campanhas paraprevenção da saúde, o estímu-lo à leitura, doações para enti-dades assistenciais, parceriascom entidades filantrópicas,ou o desenvolvimento de tra-balho junto à comunidades ca-rentes.” No entanto, é empre-gado para promover aceitaçãode uma causa ou idéia e temcomo principal objetivo, trans-formar a maneira pela qual umdeterminado público percebeuma questão social e promo-ver mudanças comportamen-tais, visando melhorar a qua-lidade de vida de um segmen-to populacional.

Em algumas situações, es-sa forma de marketing podeser utilizada como uma ma-neira de promover uma deter-

minada empresa e fazer comque a sociedade veja essa ins-tituição de forma positiva,mesmo que esta não com-prometa com o bem-estar so-cial de uma comunidade.

Joyce diz que a difusão doprincípio básico da Respon-sabilidade Social tem permiti-do o avanço do Marketing So-cial, no entanto, “ deve ser to-mado no sentido de evitar queempresas e entidades o ado-tem para encobrir suas maze-las”. Nesse caso, essas açõesainda podem ser consideradasmarketing, mas dificilmentepoderiam ser consideradas so-ciais. "É necessário olhar comdesconfiança para empresasque se propõem a mascararsua atuação socialmente ir-responsável na comunidade-seja poluindo o ambiente ouaté mesmo explorando o tra-

balho infantil-através de doa-ções , apoio a grupos menosprivilegiados ou patrocínio decampanhas educativas ou cul-turais", completa.

Quando o marketing so-cial congrega a união dacausa social com o mercado,em esforço mútuo, visandodemonstrar que há possibi-lidade de ganho para todosos envolvidos, consegue re-duzir as diferenças sociais e,ao mesmo tempo, realizarum trabalho de desenvolvi-mento sócio-econômico.Essa deve ser a essência domarketing social, para que aqualidade dos serviços pres-tados por organizações so-ciais seja difundida e o po-sicionamento de empresascomprometidas com causassociais seja verdadeiramen-te demonstrado.

BÁRBARA FREIRE

IZABELA SANTOS

5ºPERIODO

Na década de 20, quando o máximo que a população deBelo Horizonte podia fazer era“subir a Bahia e descer a Flo-resta”, nada existia em direçãoà Serra do Curral. Era o fa-moso “Acaba Mundo”, umaantiga fazenda de 1,6 milhãode metros quadrados cobertapor mata fechada. Há cerca de60 anos tornou-se moradia detrabalhadores vindos do inte-rior do Estado e mais tardepassou a condição de Vila.

Localizada na região cen-tro-sul, onde estão situados osbairros mais nobres da cida-de, a vila que hoje ocupa umaárea de 33.313 m2 convivecom uma realidade de exclu-são social. A região, que des-de a década de 40 foi ocupa-da de forma irregular, situa-se em uma área de alto valorcomercial, entre os bairrosSion, Anchieta, Mangabeirase Belvedere, é alvo de grandeespeculação imobiliária. Essacircunstância ocasiona recor-rentes ameaças de remoçãoda população da Vila, que ho-je possui na comunidade 329domicílios e uma população total de 1187 resi-dentes. Atrelada a essa ques-tão, a região é explorada pormineradoras que extraem adolomita, uma rara formaçãomineral encontrada no sopé daSerra do Curral.

No final de 2004 essa si-tuação foi modificada, o Po-der Público Municipal iniciouum processo de licenciamen-to ambiental das mineradorasque atuam no entorno da Vila,a Magnesita e a mineradoraLagoa Seca. Essa revalidaçãodo licenciamento por mais se-te anos de exploração minerale quatro anos de recuperaçãoambiental inclui o estabeleci-mento de condicionantes exi-gidas pela Secretaria Munici-pal de Meio Ambiente, quecompensariam através de me-didas os danos causados pelasempresas à comunidade.

No ano seguinte, lideran-ças comunitárias formaram oFórum de Entidades do En-torno das Minerações do Aca-ba Mundo (Femam), uma co-missão institucionalizada quediscute melhorias para a Vilae o relacionamento com as mi-neradoras. “Uma das condi-

cionantes para o processo derenovação da licença de ex-ploração é realizar, a partir deum diagnóstico sócio-econô-mico, fundiário e ambiental daVila, um plano de ações quepreste apoio logístico, com re-cursos internos dos empreen-dedores para a manutenção doFemam”, afirma o sociólogo-Márcio César Gonçalves, ana-lista de políticas públicas daSMAMA. Além disso, Gonçal-ves diz que deve ser apresen-tado um relatório semestraldas atividades do Fórum, ca-so contrário, a mineradora La-goa Seca, que possui a licençahá mais de 50 anos, corre o ris-co de não obter a renovaçãode mais sete anos de explora-ção. No caso da Magnesita, alicença que foi concedida po-de ser suspensa.

Segundo Magda Coutinho,do Projeto Querubins, a Pre-feitura exige que toda empre-sa que extrai recursos oriun-dos do solo ou polua o meioambiente, deverá trazer bene-fícios para a sociedade atravésde recuperação do solo ou pormeio de ações concretas.“Apesar disso, até o momen-to, a única assistência ofereci-da é o espaço físico onde fun-ciona o Projeto, além de água,luz e brita”, conta Magda. En-tre as necessidades manifesta-das pela comunidade que ain-da não foram atendidas, Ma-ria Celeste Soares, presidentedo Femam, cita a reforma docentro comunitário e a doaçãode um espaço com equipa-mentos para cursos.

A mineradoraEm muitas situações, as or-

ganizações se envolvem emcausas sociais apenas compretensão de ter o nome asso-ciado à um projeto que lhestraga retorno financeiro indi-reto, uma imagem positiva pe-rante a sociedade. De acordo com Felipe Lavorato, coorde-nador de Meio Ambiente doGrupo da Magnesita, as açõessociais realizadas na Vila nãose limitam às condicionantesdo licenciamento, estendem-se a diversos trabalhos de par-cerias, não só com o ProjetoQuerubins, mas com o proje-to de saneamento básico da Vi-la. ”A empresa busca manterum relacionamento amistoso,visando a integração dos pro-jetos sociais existentes na Vi-la”, finaliza.

Favelas e condomínios sãoimpenetráveis incógnitas

De um lado a favela, de ou-tro, os condomínios dos bair-ros mais nobres da capital mi-neira. Assim é a região sul, quesofre um choque econômicoentre classes sociais opostas.

Em BH, como em qualqueroutra capital ou grande cida-de brasileira, existem favelas,vilas, conjuntos habitacionaiscom uma infra-estrutura es-sencialmente precária, grandes aglomerados e tam-bém os condomínios de luxo. Duas enclaves, entidades au-tônomas e que representamgrande parcela da populaçãode qualquer metrópole brasi-leira.

Dentre os dois, os condo-mínios talvez sejam o fenô-meno que assistiu à maior ex-plosão urbana nas duas últi-mas décadas. Hoje eles sãoconstruídos por todos os la-dos, seja como loteamentoscercados na periferia, comofortificações residenciais nazona sul ou como mini-cida-

des implantadas nos municí-pios vizinhos.

Condomínios e favelasadotam posturas antagônicascom relação à cidade. Mas asfavelas não perdem em her-metismo para os condomíniosmurados. Também são impe-netráveis incógnitas só co-nhecidas por seus moradorese pela polícia. “As favelas sãofavelas porque não tem servi-ços, já os condomínios têm is-so em excesso” diz Cláudio Oli-veira, morador da Vila AcabaMundo.“A concentração decoisas em condomínios fecha-dos gera a aparente diferençaentre favelas e condomínios ”,completa.

As favelas podem ser defi-nidas como tal por serem ca-rentes de infra-estrutura. Sãoterritórios onde os habitantesque ali ocupam inventam seuspróprios serviços com umprocesso de auto-organizaçãosem nenhum planejamentoprévio.

Favela na zona sul de BH sofre com exploração mineral do terreno vizinho e moradores correm risco permanente de remoção

Izabela Santos - 5º Período

BH Vila Acaba MundoJoão Hudson e Rafael Matos

89.2%

88.2%

80.2%

97.5%

TAXA DE ALFABETIZAÇÃO

ESGOTO SANITÁRIO

ABASTECIMENTO DE ÁGUA

COLETA DE LIXO

• Dados sobre o desenvolvimento da Vila • Renda mensal em salários mínimos por domicílio

ATÉ UM SALÁRIO

296 CASAS

ENTRE 1 E 2 SALÁRIOS

25,1 CASAS

ACIMA DE 5 SALÁRIOS

36,4 CASAS

SEM RENDIMENTO

2,8 CASASFonte: www.favelaeissoai.com.br e PBH

06 - Cidade - Rosáurea P. 20.06.06 14:55 Page 1

Page 7: Jornal O Ponto - junho de 2006

C I D A D E 7o pontoBelo Horizonte – Junho/2006

Editor e diagramador da página: Paula Pereira

Bruno Figueiredo - 8º Período

O licenciamento ambientalno Estado ainda padece de mui-tos problemas.

Maria Dalce Ricas, superin-tendente da Amda (AssociaçãoMineira de Defesa do Meio Am-biente) diz que “os órgãos sãomal estruturados e seus técni-cos são mal pagos, ao contrá-rio daqueles que cuidam do de-senvolvimento econômico”.

Ricas relata que os licen-ciamentos para empreendi-mentos imobiliários são re-centes. A chamada “agendamarrom" - mineração, barra-gens e indústrias - prevalecianos pedidos de licencimentos.“A entidade cumpre o seu pa-pel de denúncia, de cobran-ças e propostas. É uma luta

difícil, pois além das fragili-dades estruturais dos órgãos

ambientais, existe a má von-tade, a falta de planejamento,

e os municípios, de im modogeral, não se importam comos aspectos ambientais”, diza superintendente.

Ela relata não ter dúvidasde que a situação poderia me-lhorar, se as regras para a ob-tenção de licenciamentos mu-darem e o poder público esta-dual agir em conjunto com opoder municipal.

Para implantar um condo-mínio, existe um procedimentolegal que envolve Planos Dire-tores, Leis Orgânicas Munici-pais e Leis Federais.

Antônio Pereira MagalhãesJr. afirma que já existe uma le-gislação ambiental avançada,só que, entretanto, ela não éoperacionalizada.

Fiscalização ainda é precária

“Os órgãos são malestruturados, seustécnicos mal pagos,ao contráriodaqueles que cuidamdo desenvolvimentoeconômico”

Maria Dalce Ricas, superintendente

da Amda

Existem dois tipos de lotea-mentos na avaliação do profes-sor Antônio Pereira Magalhães.Um dos tipos é aquele no qualo público alvo é a classe A e B,com uma infra-estrutura queevita deformações. E o outro,que são os loteamentos clan-destinos, quase sem nenhumainfra-estrutura. “Em ambos oscasos, as pessoas que vão vivernesses locais não estão prepa-radas para as questões refe-rentes ao meio ambiente”, dizAntônio Pereira.

O professor relata que noprimeiro caso os recursos na-turais são usados como moedade troca. Paga-se mais para seter um riacho passando em suapropriedade, um pedaço de ma-ta, sem uma preparação quan-to à importância desses ele-mentos em termos sistêmicos.

Ainda segundo Antônio Pe-reira, é conveniente falar que a

pobreza é um fator de degra-dação ambiental, mas que nãoé assim. “Vemos no eixo sul da

cidade que a população de altarenda, às vezes, não tem ummelhor nível de informação doque a classe baixa”, completa.

Carlos Augusto Zadorosny,diretor imobiliário da AngloGold Ashanti, relata que algunsmoradores têm a consciênciada preservação, mas é elequem procura os órgãos com-petentes para o licenciamento.“Quanto maior a empresa,maior a facilidade de fiscalizá-la. Fica mais fácil fiscalizá-la doque uma única propriedade, e,então, acontecem os impactos.

Quanto à preservação, Car-los Augusto diz que a melhormaneira é desenvolver umaárea e cuidar. A empresa An-glo Gold reservou uma área deaproximadamente 14 mil hec-tares para o empreendimentoimobiliário. Dessa área, 70%está destinada à preservaçãototal. “Deixar abandonada nãoadianta, pois o Governo nãotem poder fiscalizatório paraconter invasões nesses locais”,enfatiza o diretor.

População não está preparada

“Vemos no eixo sulda cidade que apopulação de altarenda muitas vezesnão tem melhornível de informaçãodo que a classebaixa”.

Antônio Pereira Magalhães Jr,

Professor e Coordenador do Curso

de Geografia – UFMG

Condomínios fechados afetam o equilíbrio ambiental e social, além de não participarem do crescimento econômico da cidade

Bruno Figueiredo - 8º Período

Protesto contra a devastação da mata nativa ocasionada pela construção de um condomínio

LÍDIA RABELO

6º PERÍODO

O município de Nova Lima,localizado ao sul de Belo Hori-zonte, está dentro da APA-Sul(Área de Proteção Ambiental daRegião Sul na Região Metro-politana de Belo Horizonte) etem, ao longo da MG-30, o pre-domínio de vários condomíniosauto suficientes. São verdadei-ros complexos dentro de par-ques ecológicos, que, além denão participarem efetivamentedo crescimento econômico dacidade, ocasionam impactosambientais e sociais.

A estrutura dos condomí-nios apresenta-se como de umaoutra cidade. Antônio PereiraMagalhães Jr, professor e coor-denador do curso de Geogra-fia da UFMG, relata que se ocondomínio é fechado, o restoda população não terá acessoaos seus bens naturais. “Porque, ao invés de condomínios,verdadeiros guetos restritos,não criar parques abertos a to-dos?”, questiona Magalhães.

As áreas de preservaçãoambiental abrangem os ma-nanciais para abastecimentode água da população metro-politana. Porém, as autoriza-ções excessivas de construçãode moradias podem causar umestresse hídrico em toda regiãometropolitana, deixando as ge-rações futuras sem água, rela-ta Edna Cardoso, professora deDireito Ambiental de Minera-ção e Energia da UniversidadeFumec. Para Maria Dalce Ricas,superintendente da Amda (As-

sociação mineira de Defesa doMeioAmbiente), as análises dosempreendimentos não consi-deram os efeitos ambientais ra-dicais, como conectividade dosfragmentos florestais.

Nova Lima detém áreas flo-restadas, transformadas em“unidades de conservação”, co-mo o Parque Estadual do RolaMoça, RPPNs (Reservas Parti-culares de Patrimônio Naturaldo Jambreio MBR - Mineira-ções Brasileiras Reunidas), Sa-muel de Paula (AngloGold). Es-tas áreas correm o risco de fi-carem isoladas das florestas dosmunicípio de Rio Acima, SantaBárbara e Caeté trazendo con-sequências para biodiversida-de, diz Maria Dalce.

O prefeito Carlos Rodrigues,da cidade de Nova Lima, rela-ta que cuidados são tomadospara a preservação destes ma-nanciais, mas que o complica-dor é a rede de esgoto, pois to-dos os resíduos são despejadosna rede pluvial. Afirma que es-tá tomando providências.

O prefeito reconhece que oscondomínios empregam maispessoas de outras cidades doque do município, mas diz que“a Prefeitura, desde 2005, temrealizado um movimento de in-termediação de empregos e jágerou 1800 empregos com car-teira assinada”.

Segundo Magalhães,“sequeremos viver num mundo,onde o meio ambiente tem queser respeitado, é preciso inte-grar a ética, a econômia e aecologia, pois, a longo prazo,ela vira a economia social”

Ilha de concreto no meio da mataEM NOME DA QUALIDADE DEVIDA, CONDOMÍNIOSDESTROEM A NATUREZA

07 - Cidade - Paula Luzia 20.06.06 14:55 Page 1

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E S P E C I A L8 o poBelo Horizonte

Editores da página: Daniel Gomes e Priscilla Ca

MARINA FONSECA E ANA PAULA MACHADO

5º PERÍODO

O problema não é a escassez de recursos, mas um planejamento inadequado ounenhum. O Brasil é um país que não possui um plano de energia. Essas afirmaçõessão do professor de Energia da Universidade Federal de Minas Gerais, RicardoBrant.

Falta levantamento da oferta e do consumo de cada tipo de energia e um planointegrado para o futuro. "O que é preciso é fazer um planejamento de longo prazo,porque o país tem recursos, mas os desperdiça muito, eles não são alocados paraas coisas corretas", afirma Brant.

O fator decisivo na escolha de uma opção energética é o econômico. A partirdesse parâmetro, os países escolhem a alternativa mais barata, sendo que no Bra-sil a usina hidrelétrica é a principal fonte de geração de energia, no raciocínio o tec-nologista Vinicius Verna, do CDTN/CNEN (Centro de Desenvolvimento de EnergiaNuclear, pertencente à Comissão Nacional de Energia Nuclear).

As hidrelétricas respondem por 76,2% da capacidade instalada no país para ge-ração de energia elétrica, por ser muito mais barata e o recurso hídrico, a água, serabundante. Mas o Brasil possui outras fontes de geração de energia e, segundo oprofessor Ricardo Brant, deve-se aproveitar todos os recursos que estão disponí-veis. O país é rico em vários recursos, não só naturais, mas também o carvão, o urâ-nio, o gás e a biomassa, dentre tantos que deveriam ser melhor explorados, comoafirma Brant. Mas sempre se pensando em gerar energia limpa, mesmo com o usodo carvão.

Desde 1995, a energia disponível no país não é suficiente para o consumo da po-pulação brasileira. O consumo de energia é cada vez mais crescente e a energia nu-clear deve acompanhar esse crescimento. Só que é uma fonte de energia cara, porpossuir planos de segurança, controle constante de radiação, treinamento das po-pulações dos locais onde estão às usinas, seis barreiras de contenção múltiplas àradiação, além de testes de emergências que o país faz através da Eletronuclear.

Segundo Verna, o benefício da energia nuclear é, principalmente, o baixo cus-to do combustível, já que o Brasil tem possibilidade de enriquecer o urânio com umcusto muito menor que a maioria dos países como, por exemplo, os Estados Uni-dos. “Além disso, o país possui a sexta reserva de urânio do mundo, tendo o re-curso disponível e combustível a baixo custo”, completa.

A discussão acerca da utilização de determinadas fontes de energia elétrica en-volve os possíveis impactos ambientais que cada uma representa. Além da polui-ção do solo e da água, pela mineração e processamento e poluição atmosférica pe-la emissão de gases e partículas na combustão, no caso do carvão, petróleo e gásnatural, há ainda alterações bruscas na paisagem e grandes áreas alagadas que po-dem levar à erosões, no caso da energia hidráulica.

Já a energia nuclear pode apresentar alto risco de acidentes e sérios problemascom rejeitos. Por outro lado, “é a energia que menos polui porque o lixo atômicoque é produzido tem identidade e CPF, e é guardado e estocado com data de pro-dução”, afirma Verna.

Qualquer empreendimento que você faça sempre gera resíduos e rejeitos. Den-tro do ciclo do combustível nuclear, na geração de energia é preciso várias indús-trias. Segundo o pesquisador da área de meio ambiente do centro de pesquisa daCNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) Otávio Eurico de Aquino, o licen-ciamento nuclear é bem preocupado com os impactos, as etapas nas indústrias deconversão, enriquecimento e tem todo um processo de licenciamento onde é dadauma ênfase aos possíveis acidentes que possam ocorrer dentro da indústria. Seocorrerem, tem todo um aparato para minimizar esses impactos”, explica Aquino.

Um projeto de lei tramita no Congresso para a construção de 10 usinas nuclea-res em 30 anos. A base é um estudo que projeta um cenário de aumento da demandapor energia, com a estimativa de crescimento do PIB em 4% ao longo dos anos até2035.

A energia nuclear é proposta para obtenção de energia complementar a hidre-létrica, sendo que hoje sua participação na matriz energética é de 2,8% e pode sermais significativa caso o projeto de construção de 7 usinas no Nordeste seja leva-do a cabo.

A inviabilidade no projeto parte mesmo das questões econômicas, dos custospara implantação das 10 usinas, já que a questão central para escolha de uma fon-te de energia hoje é o custo.

Com dinheiro que se investe na construção de uma usina nuclear, se constróiquase quatro usinas termoelétricas. Além disso, uma usina nuclear demora muitomais tempo para ser construída. Basta lembrar também da construção de Angra 1e Angra 2, cujos contratos assinados com a Alemanha eram de implementação denove usinas, o que não se deu por falta de recursos. A construção de Angra 3 estáparada também pelo mesmo motivo. "O país tem recursos, mas os desperdiça mui-to. Eles não são alocados para as coisas corretas” aponta o professor Ricardo Brant.Mas a questão é a seguinte: onde o país quer chegar daqui a 20, 30, 50 anos?

Congresso discute energia nuclear

A energia acabou, o Brasil apagou. Em 2001 o episódio do apagão assombrouo país fazendo com que a população passasse a economizar energia para cortardesperdícios e gastos. E por que a energia acabou? Porque faltou água.

O Brasil produz energia a partir de sua fonte mais abundante de reserva natu-ral, a água; outro fator de escolha do governo pela energia hidrelétrica ser a de me-nor custo econômico. No entanto existem inúmeras desvantagens além do risco deapagão no uso desta energia. Investir só em energia hidrelétrica, segundo o tec-nologista Vinicius Verna, gera alguns problemas como a dependência da água queé um recurso natural que não há como ser reposto de outra maneira senão pelaprópria natureza. Por isso, há a possibilidade da falta d'água, e a escassez de chu-vas e o risco de um novo racionamento.

Em certas regiões do planeta, a água tem um valor que ultrapassa o mero con-sum. Ela torna-se palco de disputas internacionais como, no caso do Oriente Mé-dio, a guerra entre árabes e israelenses. Não muito distante de nossa realidade, noBrasil, a escassez da água serve como um instrumento panfletário de políticos, co-mo no caso da transposição do rio São Francisco para a região do Nordeste.

O uso da energia hidráulica também gera uma série de danos ambientais comoalagamentos das represas, o que leva a grande perda da flora e da faun. A reduçãoda biodiversidade do local e a mortandade de inúmeros peixes que não conseguemmais subir o rio para a desova causa inclusive casos de extinção de espécies.

Em Itaipu, de cada 55 peixes, apenas 10 sobreviveram após a construção da usi-na, ou seja, sobreviveram de 4,5 toneladas só 800 toneladas. Outro dano à nature-za é a indução de terremotos, alteração da estrutura geológica e arqueológica, cau-sada pela retenção da água pela barragem da usina hidrelétrica.

A população também é diretamente afetada, pois nestas áreas há perda de nu-trientes do solo, o que encarece a produção agrícolas que estará sujeita a compen-sar a perda de vitaminas dos nutrientes através de fertilizantes artificiais o que au-menta o preço do produto.

Apesar da água ser a fonte mais facilmente tratada e ser a mais limpa do pla-neta, oferece sérios riscos à saúde. O Brasil é um país tropical, e um dos riscos noarmazenamento da água ; pelo fato de a água estar parada, é a transmissão de doen-ças como dengue, a febre amarela, a malária, e a oncocercose. Verna conta que,"em Tucuruí já era existente a Febre Amarela na região do Pará, com 168 casos.Após a construção da barragem os casos foram para 3670, após a instalação do la-go da usina hidrelétrica.

Acaba a água, acaba a luz

ENER

GÉTI

COImpasse

DEPENDÊNCIA BRASILEIRA DO GÁSBOLIVIANO ABRE DEBATE SOBRE ASALTERNATIVAS ENERGÉTICAS DO PAÍS.ANALISTAS CRITICAM A FALTA DEPLANEJAMENTO E QUESTIONAM A RAZÃODE O BRASIL NÃO INVESTIR EM SEUSPRÓPRIOS POTENCIAIS ENERGÉTICOS

08 e 09 - Especial - Daniel G. 20.06.06 14:56 Page 1

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ontoe – Junho/2006 E S P E C I A L 9

ampos / Diagramador da página: Daniel Gomes

TIAGO NAGIB

8º PERÍODO

Após a declaração do presidente boliviano Evo Morales de que iria naciona-lizar as reservas de gás e petróleo da Bolívia, o governo brasileiro se encontrounuma posição complicada. O presidente Lula, que apoiou Morales durante a úl-tima campanha presidencial no país vizinho, viu a Bolívia nacionalizar os ativosde empresas estrangeiras que operam na área energética, entre elas a Petrobras,prejudicando assim interesses da maior companhia estatal do Brasil.

Para se ter uma idéia da importância do gás boliviano para o nosso país, 53%do consumo nacional de gás provém do país vizinho. Entre os principais consu-midores do gás boliviano estão os estados da região Sul e o estado de São Paulo,onde 75% do gás consumido é importado da Bolívia.

Para o professor do curso de relações internacionais da PUC-Minas, DannyZahreddine, o que está em questão não é somente a nacionalização das reservase das empresas de energia que atuam na Bolívia, mas sim a maneira como as ins-talações da Petrobras foram tomadas pelo exército boliviano. Zahreddine afirmaque “nacionalização é um direito soberano de qualquer nação”, e pode ser reali-zada desde que haja um ressarcimento no valor dos ativos nacionalizados, mas“uma coisa é nacionalização, expropriação é outra”, explica. Para ele, relação en-tre a Bolívia e o Brasil é de “amor e ódio”, pois ao mesmo tempo em que o Brasilpode ser visto como parceiro da Bolívia, também uma potência estrangeira quepretende sugar o único recurso boliviano.

Na opinião de Zahreddine, o governo de La Paz não pode e nem deve expul-sar a Petrobras do país, pois a companhia energética do governo boliviano, YPFB(Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), não possui tecnologia ou capaci-dade de prospecção e refino de gás e petróleo, e depende assim da estatal brasi-leira para o tratamento de seus recursos energéticos.

Segundo dados da assessoria de imprensa da Petrobras, a empresa opera 75%das exportações de gás para o Brasil, 46% das reservas de gás natural, 95% dacapacidade de refino, 23% da distribuição de derivados. Produz ainda 100% dagasolina e 60% do óleo diesel consumido no país.

Auto-suficiênciaA saia justa entre Brasil e Bolívia quanto o fornecimento de energia poderia

ter sido evitada? A Bolívia afirma que o contrato que a Petrobrás possui com oBrasil é inconstitucional e que o país não investe o suficiente em seu território.Assim a indagação teria uma resposta afirmativa se o país tivesse em suas man-gas um plano de sustentabilidade energética; ou seja, se o Brasil não fosse de-pendente única e exclusivamente de um país e aproveitasse seus próprios recur-sos, poderia aproveitar a energia externa de forma complementar e não como ne-cessária.

Como explica o pesquisador Otávio Eurico de Aquino, da área de meio-am-biente do centro de pesquisa da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear),o Brasil recentemente fez a opção pelo gás da Bolívia e, de repente não deu nadacerto, pois o país ficou dependente do país para o fornecimento de gás. “O Bra-sil possui fontes no Espírito Santo, em Santos e outras que deveriam ser melhorexploradas", aponta Aquino.

RepúdioEm função das declarações de membros do governo de La Paz, que disseram

que a Petrobras operava “fora da lei” na Bolívia, a companhia brasileira chegoua fazer um comunicado em seu site negando a afirmação do governo boliviano.A empresa disse que “sempre atuou estritamente dentro da lei, na Bolívia comoem todos os países em que opera ou operou”, ressaltando ainda que sua presen-ça na Bolívia, é “decorrente de acordos bilaterais entre o governo brasileiro e odaquele país”. A empresa lembrou que a YPFB foi sua parceira inicial, tendo dei-xado de ser em função da “privatização da parcela da YPFB naquela sociedade”além de reafirmar que a companhia brasileira “gera empregos, paga impostos eé responsável por 25% da receita tributária daquele país”. No comunicado, a Pe-trobras diz “manifestar sua indignação” frente às acusações de que a empresapossa ter atuado fora da lei.

Para agravar ainda mais a situação, Morales chegou a afirmar que a “Petro-bras chantageia a Bolívia”. O presidente da estatal boliviana YPFB, Jorge Alva-rado, chegou a afirmar que a auto-suficiência de gás do Brasil para 2008 é um“conto de fadas”.

No entanto, apesar da crise, a empresa segue afirmando que é parceira daYPFB, e que seguirá investindo na Bolívia, mesmo diminuindo a dependência na-cional em relação ao gás boliviano. A estimativa é que, em 2010, o consumo degás chegue a 100 milhões de metros cúbicos, 45 milhões a mais que no momen-to. Destes, a Petrobras acredita que 70% serão produzidos no Brasil, ao passo quea Bolívia participará com a fatia restante do mercado nacional. Segundo a esta-tal, isso ocorrerá em função do adiantamento da produção nas bacias de Santose do Espírito Santo, que deverão estar operando até 2009.

ChávezO vice-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros, Ary Fialho Vianna

Júnior, acredita que a decisão da nacionalização da Petrobras Bolívia e de outrasempresas energéticas que atuavam no país foi tomada em conjunto com o presi-dente venezuelano Hugo Chávez, e que a YPFB já conta com consultoria e apoiotécnico de funcionários da estatal venezuelana PDVSA (Petróleos de VenezuelaSociedad Anônima).

A opinião em relação ao apoio de Chávez à decisão de Morales é comparti-lhada pelo professor Zahreddine. Ele afirma ainda que o presidente venezuelano“começa a despontar como liderança concreta da América Latina com investi-mentos diretos”. Chávez realizou grandes investimentos em Cuba e na Bolívia,além de ajudar a Argentina no pagamento de sua dívida externa com a comprade bônus lançados pelo governo argentino com este fim.

Coincidentemente, Morales anunciou a nacionalização das empresas do se-tor energético da Bolívia apenas dois dias após se reunir em Havana com o lídercubano Fidel Castro e com Hugo Chávez, para oficializar a fundação do TratadoComercial do Povos, entre a Bolívia, Cuba e a Venezuela. Tal tratado é encaradocomo uma alternativa aos Tratados de Livre Comércio encabeçados pelos Esta-dos Unidos.

AlternativaPara Vianna Júnior, não há uma alternativa que mantenha o valor do gás tão

baixo quanto o que era estabelecido antes com a Bolívia. Segundo o engenheiro,o Brasil tem reservas suficientes para o consumo interno, mas a Petrobras teráde investir no gás brasileiro. Viana Júnior afirmou ainda que a Petrobras não in-vestiu no gás nacional porque era mais barato importar da Bolívia, e que essa de-cisão realmente era conveniente, pois não se podia prever há dez anos que umafigura de apelo populista como Morales chegaria ao poder e nacionalizasse asempresas energéticas.

Para o engenheiro, a Petrobras levará de 3 a 5 anos para conseguir aumentara exploração de gás nacional, fazendo então com que, no atual momento, o Bra-sil seja obrigado a aceitar o preço imposto pela Bolívia.

Questionado se o aumento do gás seria repassado ao consumidor após a de-claração de Lula de que isto não aconteceria, Vianna Júnior disse que a “Petro-bras não tem condição de bancar a diferença”, e que o governo poderá tentar al-guma medida como abaixar os impostos, mas provavelmente após as eleições,este aumento acabará sendo repassado ao consumidor.

A embaixada da Bolívia em Brasília foi procurada por O Ponto para esclare-cer a posição do governo do país. No entanto, após contatos por telefone e e-mail,não responderam às perguntas.Colaboraram: Ana Paula Machado e Marina Fonseca

Conflito

DIPL

OMÁT

Ico

BRASIL ENFRENTA SAIA JUSTA COM ATOBOLIVIANO DE EXPROPRIAR A PETROBRAS.ESPECIALISTAS CRITICAM POSTURA DOGOVERNO BRASILEIRO E DEFENDEM AÇÃOMAIS ENÉRGICA DO ITAMARATY, ALÉM DEAPONTAREM NOVAS FORMAS DE TRATAROS RECURSOS ENERGÉTICOS NACIONAIS

Especialista criticaindecisão de Lula

Apesar de comprar apenas 7,7 milhõesde metros cúbicos de gás, bem menos queos 30 milhões de metros cúbicos compra-dos pela Petrobras, o governo argentinotenta com seu ministro da Planificação Fe-deral (equivalente ao nosso Ministério doPlanejamento), Julio de Vido, estabelecerum aumento menor do gás.

Quem realiza a exploração e importa-ção de gás para a Argentina é a empresahispano-argentina Repsol – YPF, privati-zada durante a década de 90. Curiosa-mente, dentro do processo de negociaçãodo valor do gás com a Bolívia, Argentinae Brasil não negociam juntos os novos pre-ços, fazendo assim dois processos distin-tos e independentes para a negociação.

A imprensa portenha afirma que Kirch-ner deve aceitar um aumento de até U$1,48 pelo milhão de BTUs (unidade de me-dida britânica), passando de U$ 4,02 paraU$ 5,50. No entanto, o ministro de Hidro-carburos da Bolívia, Solíz Rada, disse quea intenção do governo boliviano é estabe-lecer um valor de U$ 6 o milhão de BTUs.Na prática, isso significaria um aumentode 200% em relação ao início do ano. Se-gundo os jornais argentinos, o valor má-ximo considerado ideal é de U$ 4,50 o mi-lhão de BTUs.

A negociação com a Argentina envol-ve também a exportação para o Chile. Ogoverno de Buenos Aires teria dito queparte do gás boliviano é reexportado pa-ra aquele país, com o qual a Bolívia man-tém tensas relações em função de seu plei-to para ter uma saída par ao mar, justa-mente na região norte do Chile. O gover-no de La Paz exige que a Argentina não le-ve uma gota do gás boliviano para o Chi-le. O que ocorre é que a Argentina expor-ta parte de seu gás para o Chile e impor-ta o gás boliviano para consumo interno.

Argentina negociagás paralelamente

Para o professor do curso de RelaçõesInternacionais da PUC - Minas, DannyZahreddine, antes do conflito entre a Pe-trobras e a Bolívia, o governo Lula vinhaconduzindo bem a política externa, masdurante a crise, Lula e o Itamaraty pare-ciam não saber como agir. Zahreddine dizque a posição do presidente Lula foi “frou-xa” em relação à crise. Para ele, o presi-dente deixou que a ideologia passasse adecidir a gestão da política externa

Segundo o professor, o ministro dasRelações Exteriores, Celso Amorim, quechegou a qualificar de “adolescente” a pos-tura do governo boliviano, e o presidenteda Petrobras, Sérgio Gabrielli, que tam-bém criticou e repudiou publicamente asafirmações do governo boliviano de quea Petrobras estaria atuando fora da lei, nãoencontraram respaldo de Lula “O presi-dente parecia não saber que posição to-mar e acabou não criticando a postura deMorales nem defendendo as críticas deAmorim e Gabrielli”, afirma Zaheddine.

O professor explica ainda que Lula ten-tou inverter o discurso de cooperação coma Bolívia muito tarde, e que a reunião emPuerto Iguazú, na Argentina, entre Kirch-ner, Lula, Morales e Chávez foi um fiascopara o Brasil. Zahreddine questiona a par-ticipação de Chávez na reunião, pois a Ve-nezuela não era envolvida na questão.

Na opinião do especialista, o Brasil ten-ta manter-se como potência apenas no dis-curso, enquanto a Venezuela começa adespontar com investimentos diretos. Oprofessor critica a postura de Lula ao con-versar com Morales naquele momento.Para ele, o Brasil foi muito complacentecom Morales, e o Itamaraty atuou com“desesperadora incompetência”.

08 e 09 - Especial - Daniel G. 20.06.06 14:56 Page 2

Page 10: Jornal O Ponto - junho de 2006

Cópias daCópias daCópias da

E D U C A Ç Ã O10 o pontoBelo Horizonte – Junho/2006

Editor e diagramador da página: Mayra Abranches

CULTURA DO XEROX PERMITE CORTE DE GASTOS, MAS PREJUÍZO PEDAGÓGICO É GRANDE

A reprodução de obras literárias a partir depastas, contendo cópias parciais ou integraisde livros, que ficam armazenadas em copiado-ras estabelecidas no interior e nos arredoresdos campus das faculdades e das Instituiçõesde Ensino Superior, geralmente, não é permi-tida pelo ordenamento jurídico brasileiro.

Conforme estabelecido pela ConstituiçãoFederal Brasileira, (artigo 5°, inciso XXVII) éuma garantia fundamental do autor o direitoexclusivo de utilizar, publicar ou reproduzir suaobra. No entanto, a Lei de Direitos Autorais(artigo 46º, inciso II) não constitui como umaofensa “a reprodução, em um só exemplar depequenos trechos, para uso privado do copis-ta, desde que feita por este, sem intuito de lu-cro”.

A advogada Jacqueline Borges explica quenão existe um conceito legal estabelecido pa-ra o termo “pequeno trecho”. Mas, acha ra-zoável interpretá-lo como sendo uma parte daobra utilizada com o fim de orientação, expli-cação ou com fins de agregar o entendimentoou pensamento de outro autor, sem que, no en-tanto, constitua plágio.

Um exemplo prático de permissão legal ci-tado pelo advogado da Associação Brasileirade Direitos Reprográficos (ABDR), Dalton Mo-rato, é a situação em que o aluno retira um li-vro emprestado em alguma biblioteca para es-canear uma parcela dele e depois devolvê-lo.“Desta forma, a legitimidade permitiu o aces-so ao conhecimento e não ao fomento de umaatividade comercial, da reprodutividade ilegal”,afirma Dalton.

Morato aponta a produção de livros custo-mizados como uma das soluções para acabarcom a prática ilegal do xerox nas universida-des, ou seja, a ABDR recebe indicação dos li-vros necessários para os cursos superiores eedita um livro que atenda às necessidades bá-sicas dos estudantes.

Preço do livro éo grande vilão

Muitas pessoas argumentam que não com-pram livros devido ao alto preço das obras. Osócio e gerente da livraria e editora Scriptum,Welbert Belfort, apesar de reconhecer a mádistribuição de renda do país, mostra-se per-plexo em relação ao assunto. “Para um tênisque custa R$ 250 há dinheiro, mas para um li-vro que custa de R$ 35 a R$ 40, muitos consi-deram caro”, declara o gerente.

A aluna de direito da UFMG Fernanda Ra-zo alega que, se o preço das obras caísse, elacompraria um número de livros bem maior.“Tenho que arcar com vários custos para osestudos, como por exemplo, taxa de matrícu-la, vale transporte, alimentação e outros. Mas,se as obras tivessem um preço mais acessível,eu compraria toda a bibliografia básica domeu curso”, declara Fernanda.

Segundo Welbert, o investimento em en-cadernações menos luxuosas e materiais me-nos nobres, porém de qualidade, poderia via-bilizar economicamente a compra das obras.

Incentivos para o livre acesso e comprados livros por um preço mais baixo já forampropostos nas bibliotecas das universidades.Em outubro de 2005 até março deste ano, aAssociação Brasileira de Direitos Reprográ-ficos (ABDR) realizou uma campanha, com umdesconto de 40% nos livros para o ensino su-perior. “Mas, neste período, a demanda do li-vro foi muito pouca”, comenta o advogado daassociação, Dalton Morato.

Desta forma, surge a seguinte questão “ Olivro é caro porque vende pouco, ou vendepouco porque é caro?”. Segundo Welbert, opreço dos livros poderia ser mais baixo se ademanda fosse maior . “As editoras contamcom a pouca demanda de livros, por isso, di-minuem o número de exemplares. Um livro de2 mil exemplares poderia ter 5 mil e ser ven-dido por um valor bem menor”, afirma o ge-rente da Scriptum.

Lei quanto aoxerox é clara

DISCÓRDIACópias da

Adivinha quem não fala a nossa língua?

A sua língua é patrimônio cultural de umpovo.

Saber usá-la é dever de todos10 de Junho - Dia da Língua Portuguesa

MAYRA ABRANCHES

6º PERÍODO

O contato com o livro pode ser firmado pormeio de uma tendência cultural e ser capaz de in-fluenciar a vida de uma pessoa tornando-se es-sencial em sua formação intelectual. Esse é o ca-so da assessora jurídica, Tânia Alves, 43, que des-de sua infância teve incentivo de seus pais paradesenvolver o gosto pelos livros “Sempre bus-quei comprar os livros sugeridos pelos profes-sores. Somente quando não era possível, procu-rava-os nas bibliotecas”.

Porém, nem todas bibliotecas universitáriasno Brasil atendem à demanda dos alunos. Por is-so, muitos recorrem à cópia reprográfica, o fa-moso xerox. A aluna de direito da PUC, MarinaGontijo é um exemplo. Ela aponta a falta de li-vros na biblioteca de sua universidade e afirmaque somente tem acesso ao conteúdo didáticopor meio das pastas de textos que os professo-res disponibilizam. “A biblioteca está bastantedefasada, então, para me manter atualizada nass leis, recorro ao xerox e a outras fontes fora dauniversidade”, explica Marina.

Prejuízo pedagógicoO coordenador do curso de Comunicação So-

cial da Universidade Fumec, Carlos Alexandre,acredita que a prática do xerox causa um enor-me e incalculável prejuízo pedagógico. “Este ma-terial, perfeitamente legítimo quando feito de ma-neira legal, como exceção, torna-se uma pragaquando é regra”, critica. Segundo ele, cabe aosprofessores e alunos sugerirem a compra deobras pela biblioteca. Ele acrescenta que deve sercultivado o hábito da leitura, do empréstimo de

títulos, com devolução, e da discussão dos estu-dos.

De acordo com diretor do sistema de biblio-teca da PUC Minas, Cássio José de Paula, a ver-ba destinada a aquisição da bibliografia básica ecomplementar é prevista no Orçamento Progra-ma da Universidade. Desta forma, é estimado 1livro, de bibliografia básica, para cada 10 alunos,porém, a demanda define posteriormente o au-mento dos exemplares.

Segundo a professora de ergonomia do Cen-tro Educacional Roberto Porto, em João Monle-vade, Priscila Gianeli, a importância da culturado livro no aprendizado deve-se, principalmen-te, à motivação. “No livro, o interesse e respeitopor aquilo que está escrito é totalmente diferen-te. O xerox parece ser descartável .”, afirma. Se-gundo ela, é fácil identificar o aluno que faz a lei-tura no livro e o que estuda por meio de xerox

Defensores da práticaEssa não é a opinião do aluno de administra-

ção da UFMG, Guilherme Jeha. Para ele, a prá-tica pode ajudar nos estudos. “Se o professor so-licita a leitura de somente uma parte do livro, nãovejo porque comprá-lo.” argumenta.

O professor de planejamento gráfico da Uni-versidade Fumec, José Augusto Filho, afirma quea “pasta dos professores” não causa prejuízo pe-dagógico.“Se o próprio aluno não tem interesse,não adianta ele ter o livro.”.Já a bibliotecária ge-ral da universidade Fumec, Eunice Gabriel, en-tende que a leitura em capítulos satisfaz uma ne-cessidade momentânea do aluno. Segundo Eu-nice, antes da leitura de uma obra, é interessan-te fazer um reconhecimento do contexto em queo livro está inserido.

Henrique Lisboa - 6º Período

Xerox no Campus da Fumec: prática da xerocópia já está inserida na cultura acadêmica

10 - Educação - Mayra Abranches 20.06.06 14:56 Page 1

Page 11: Jornal O Ponto - junho de 2006

S A Ú D E 11o pontoBelo Horizonte – Junho/2006

Editoras: Raquel Alves e Camila Coutinho / Diagramadora da página: Camila Coutinho

PROJETO DAS FARMÁCIAS POPULARES RECEBE CRÍTICAS E NÃO ATENDE TODA GRANDE BH

ÁGUA.Essa sim é a mais pedida.

Falta de consenso e de remédiosALINE VALÉRIO

DANIELA VENÂNCIO

6º E 7º PERÍODOS

A Farmácia Popular, que éum projeto do Governo Fede-ral, foi instada em Belo Hori-zonte no dia 24 de março des-te ano e já cria impasses noMinistério Público. Outros ór-gãos também são contrários àsua implementação, como oConselho Municipal de Saúdeque acredita ser o projeto umamaneira de mascarar o pro-blema da falta de medicamen-tos nas farmácias básicas dasunidades de saúde espalhadaspelas capitais e regiões metro-politanas.

Esse projeto conta com avenda de medicamentos parahipertensão, diabetes, alergia,e até alguns antidepressivos,antiinflamatórios, antifúngi-cos, anticoncepcionais e pre-servativos masculinos a pre-ços acessíveis ao bolso do ci-dadão. Apesar de as farmáciasterem a pretensão de atendertodo o país não existem pon-tos de atendimentos suficien-tes para a população. Em Be-lo Horizonte, por exemplo,existe somente um estabeleci-mento para toda a capital e re-gião metropolitana, o que fazcom que ele esteja sempre lo-tado.

Para o 2º Secretário doConselho Municipal de Saúde,Willer Marcos Ferreira, a im-plantação do projeto das Far-mácias Populares foi resulta-do de um acordo político rea-lizado nos altos escalões doGoverno do Estado. Ele acre-

dita que o problema com rela-ção aos medicamentos é maisprofundo do que simplesmen-te instalar farmácias que osdisponibilizem a preço popu-lares, “esse projeto não foi dis-cutido entre nós da base mili-tante da área da saúde. Infe-lizmente alguns pontos políti-cos foram definidos, e não fo-ram ouvidas as bases. Nós queconvivemos com esses pro-blemas todos os dis, formamosuma comissão acreditamosque a assistência farmacêuti-ca juntamente com o SistemaÚnico de Saúde são integran-tes universais financiados porverbas públicas, portanto nãodevem ser vendidos”, afirma o2º Secretário.

População não é atendidaEm meio a uma das ruas

mais movimentadas do hiper-centro da capital, está instala-da a Farmácia Popular, dentrode um Shopping Popular. Pau-lo Cezar foi até lá na segundaquinzena do mês de marçocom o intuito de comprar re-médios para sua mãe, que so-fre com problemas de coleste-rol e hipertensão. “Compara-do com o preço de farmáciascomuns, vale a pena comprarna Farmácia Popular. O pontonegativo é que na primeira vezem que estive aqui só conse-gui dois medicamentos dosquatro que eu precisava e aatendente me disse que o res-tante só iria chegar em algunsdias”, afirma Paulo Cezar. Elefaz parte das 400 pessoas quepassam pela Farmácia Popu-lar diariamente.

A aposentada Maria JoséAlmeida, de 67 anos,ressaltaa falta de orgaização do esta-belecimento. “Deixei meuCPF com a vendedora duran-te três dias e, mesmo assim,não funcionou. Depois de tan-tas tentativas o sistema decomputadores existente nafarmácia constatava que eu játinha adquirido o remédio”.

Segundo a farmacêutica egerente da Farmácia Popular,Monalisa Lopes Mendes, afarmácia deveria ter um esto-que padrão com 94 medica-mentos, apesar disso faltamos remédios por atraso doslotes. Monalisa explica queesses medicamentos são dis-tribuídos para todo o paísatravés de farmácias conve-niadas ou pertencentes ao go-verno. “A distribuição é feitaatravés de licitações em queas farmácias ligadas ao go-verno têm preferência, comoé o exemplo da “Farmangui-nhos”, farmácia ligada a Fun-dação Oswaldo Cruz (Fio-cruz) no Rio de Janeiro”.

A farmacêutica explicaainda a necessidade de o pa-ciente apresente a receita mé-dica para realizar a comprado remédio. “Ela é carimba-da no ato da compra, com ointuito de se controlar o re-cebimento dos remédios.Desta forma, é garantido quenenhum cliente compre me-dicamentos com a receitavencida, para evitar que seautomedique”.

Cerca de 400 pessoas procuram a única Farmácia Popular de Belo Horizonte todos os dias

MP reprova venda de medicamentosO Ministério Público Fede-

ral (MPF) ajuizou em maio de2005, uma ação civil públicacontra a União e o Municípiode Belo Horizonte, para impe-dir a implantação das chama-das Farmácias Populares nacapital mineira. Mesmo assim,a farmácia foi implantada e es-tá em pleno funcionamento, jáque ainda não houve conclu-são do processo. A ação, de nº2005.38.00.018834-1, é de au-toria do procurador da Repú-blica José Jairo Gomes, e foiajuizada perante a 16ª Vara daJustiça Federal. Ela reprovaesse tipo de comercializaçãode remédios, já que deveriamser fornecidos gratuitamente.

Durante o processo de in-vestigação, tanto o Ministérioda Saúde, quanto a prefeiturade Belo Horizonte, ressalta-ram que não existe qualquerobjetivo de lucro no que dizrespeito ao funcionamento dasfarmácias populares. Ela esta-ria fundamentada na Lei Fe-deral nº 10.858/2004, que tra-ta da “disponibilização de me-dicamentos pela Fundação

Oswaldo Cruz (Fiocruz), me-diante ressarcimento, visandoa assegurar à população oacesso a produtos básicos eessenciais à saúde a baixo cus-to”. No entanto, segundo oprocurador, o Estado tem odever de prestar assistênciaintegral, e não o de exercer co-mércio, mesmo que, à primei-ra vista, esses fins sejam jus-tificáveis. "O que virá depois?A cobrança de módicas quan-tias pecuniárias por consultasmédico-ambulatoriais nos jáexangues Postos de Saúde eHospitais Públicos? A co-brança de mensalidades parase freqüentar as decadentes ecarcomidas escolas públicas?",questiona o procurador.

A aposentada Maria JoséAlmeida, de 67anos, é diabé-tica e depende de vários me-dicamentos. Ela discorda daação movida pelo MPF e dizque é melhor adquirir os re-médios comprando das Far-mácias Populares, do que fi-car esperando por muito tem-po para conseguir de graça noposto de saúde do bairro on-

de mora. “Toda vez que euprocuro remédio lá no postoé a mesma coisa. Sempre fa-lam que não tem e que não sa-bem quando vai chegar. Pre-firo comprar barato a morreresperando”, conta. A aposen-tada é uma das 300 pessoasque, em média, procuram ospostos de saúde da capital embusca de medicamentos gra-tuitos.

O procurador da repúbli-ca José Jairo Gomes ressaltaainda que, para aumentar oacesso da população a medi-camentos, seria necessária aampliação das Farmácias Bá-sicas, que ao contrário dasFarmácias Populares, distri-buem gratuitamente medica-mentos à população menos fa-vorecida. A dona de casa AnaCláudia Souza, 45, concorda,mas acha que as FarmáciasPopulares devem continuarfuncionando. “Pelo menos émais uma alternativa para aspessoas que dependem de me-dicamentos para viver, princi-palmente os idosos que são osque mais precisam”, diz.

O projeto das FarmáciasPopulares possui um estabe-leimento em BH e possibilitaque farmácias privadas tam-bém participem, vendendo osmedicamentos com o mesmopreço da Farmácia Popular.Na capital, três redes já estãooperando em parceria com ogoverno: a Drogaria Araújo,a Droga Raia e a Drogaria Pa-checo.

Na Araújo, a maior rededo Estado, com 70 lojas, decada 100 consumidores quetentaram comprar os remé-dios por meio do programaFarmácia Popular, apenas 20

conseguiram, informou o ge-rente.O Ponto esteve na uni-dade da Avenida Afonso Pe-na da Drogaria Araújo queparticipa do projeto e o ge-rente, que não quis ser iden-tificado, disse que a falta demedicamentos acontece comfreqüência e causam trans-tornos tanto para os clientes,quanto para os funcionáriosdo estabelecimento. “Os clien-tes chegam a perder a pa-ciência e, muitas vezes, desis-tem de realizar a compra co-nosco” afirma o gerente. Já ogerente da Droga Raia,locali-zada na rua Rio de Janeiro.

A aposentada Maria LúciaRodrigues, de 67 anos, foi auma unidade da FarmáciaAraújo e disse que não en-controu o medicamento deque precisava com o preço daFarmácia Popular. O aten-dente do estabelecimento ainformou que o sistema esta-va fora do ar. “Uma vez eu fi-quei cerca de duas horas nadrogaria e não consegui com-prar o remédio com o des-conto. Tenho muita necessi-dade adquirir esses medica-mentos. Eu e meu marido nãopodemos ficar sem eles”, afir-ma Maria Lúcia.

Particulares participam do projeto

Colaborou: Camila Coutinho

Raquel Alves - 6º Período

11 - Saúde - Raquel Alves 20.06.06 14:56 Page 1

Page 12: Jornal O Ponto - junho de 2006

C O M U N I C A Ç Ã O12 o pontoBelo Horizonte – Junho/2006

Editor e diagramador da página: Daniela Venâncio

Jornal Laboratório é tema de livroEX-ALUNOS ESCREVEM OBRA QUE DISCUTE O JORNALISMO LABORATORIAL E FUMEC LANÇAESFORÇO MONOGRÁFICO EM FORMA DE LIVRO PARA INCENTIVAR A PESQUISA ACADÊMICA

1º trabalho de conclusão de curso publicado pela FCH.

Autores: Rafael Werkema e Renata Quintão.

Trata da importância da produção de um jornal laboratorial

e como essa prática reflete no Projeto Político-Pedagógico

do curso de Comunicação Social.

À venda no Setor de Publicações da FCH-FUMEC.

Tel: 3228-3109

GUILHERME BARBOSA

6º PERÍODO

Os ex-alunos de jornalismoRafael Wekema e Renata Quin-tão lançaram, na Semana daComunicação, o livro “Jornallaboratório: uma proposta edi-torial crítica”. A obra é a ver-são impressa do trabalho deconclusão de curso dos jorna-listas recém-formados. Trata-se de uma receita para se fazerum jornalismo laboratorial,não perdendo uma de suasmaiores essências, a criticida-de. É a primeira vez que a Uni-versidade publica um trabalhode conclusão de curso.

Os autores e jornalistasOs dois autores do livro que

lembraram da importância daprática jornalística experimen-tal para a formação de um bomprofissional de jornalismo. “OPonto não foi só um aprendi-zado, foi uma lição de vida. OPonto é onde temos espaço pa-ra aprender e escrever o quequeremos. Lá fora no mercadoé muito diferente”, lembra Ra-fael Werkema que já foi re-pórter e monitor do jornal la-boratório. Já Renata Quintãofrisou a importância do lança-mento de sua monografia paranovos estudos da prática labo-ratorial. “Esse livro é uma pro-

posta que tenta aliar o projetodo curso de Comunicação So-cial às teorias do jornalismo, afim de criar um projeto edito-rial para o jornal laboratóriobaseado no jornalismo cívico”.

O professor Carlos Ale-xandre, que acompanhou todoo processo de produção daobra, lembrou da árdua tarefade realizar um trabalho comoesse. “Não aliviei para os me-ninos em nenhum momento.Sabia que seria um grande tra-balho realizado, pois eles têmpotencial para isso”. Alexan-dre ainda ressaltou a impor-tância da formação de um co-municador social em um cur-so que busca formar profissio-nais críticos, que é o intúito doProjeto Político Pedagógicoelaborado pela Universidade.

A mesa redonda contoucom os professores FabrícioMarques, coordenador da Re-dação Modelo da UniversidadeFumec e do jornal laboratórioImpressão (UNI-BH), a profes-sora Ana Paola Valente, coor-denadora do jornal laboratórioO Ponto (Fumec), Carlos Ale-xandre Freire, coordenador docurso de Comunicação Socialda Fumec e orientador do pro-jeto, além dos jornalistas e au-tores, Rafael e Renata.

Com o clima que variavaentre descontração e emoção,

a palavra foi dada ao professorFabrício Marques, que ressal-tou a importância da concreti-zação de um estudo sobre aanálise de um jornalismo labo-ratorial. “Estamos diante de ummomento histórico, pelo fatode termos um livro publicadopor alunos do curso de Comu-nicação Social sobre o jornal la-boratório a partir de uma mo-nografia de conclusão de cur-so. O modelo de fazer jornalis-mo está em crise, é necessárioque publiquemos o que não es-tamos vendo”. Fabrício aindalembrou da lacuna existente nomeio bibliográfico sobre estetema tratado pelo livro e acre-dita que esse estudo irá ajudara todos os cursos de comuni-cação e a novos pesquisadores.

A palestra foi encerradacom a participação de Eduar-do Martins, professor de Ciên-cia Política e coordenador depesquisas científicas da Fu-mec, estimulando os alunos afazerem grandes monografi-cas, pois agora, todas as mo-nografias que se destacaremno semestre terão seus traba-lhos publicados. “Renata e Ra-fael são um estímulo para queos outros alunos vejam queuma monografia bem traba-lhada pode ser premiada coma publicação no final do se-mestre”, afirma o professor.

Cultura e Educaçãoem pauta na FCH

DANIELA VENÂNCIO

7º PERÍODO

“O que nos enriquece équando nós olhamos o olhardo outro”. A afirmativa é deAlcione Araújo, que além dedramaturgo é roteirista de ci-nema e ex-professor univer-sitário. Alcione ministrou du-rante a Semana da Comuni-cação uma palestra sobre cul-tura e educação.

Alcione iniciou a palestrafazendo um panorama sobreo avanços tecnológicos e osmeios de comunicação e suasmudanças. Pa-ra ele, antes aimprensa co-bria uma fun-ção secundária,porém se com-prometia comos valores dacultura. “Na mi-nha época,quando eu es-tudava, não existia a internete o livro era a referencia prin-cipal e a imprensa ser preo-cupava com valores de cultu-ra”, afirma Alcione

O palestrante diz que a te-levisão, que antes era regio-nal, passou a uniformizar apopulação na medida em queela deixou de levar em consi-deração as características re-gionais do país. Novas mu-danças ocorreram com o sur-gimento da internet, mas fo-ram somente mudanças desuporte não de conteúdo. “Oconteúdo da televisão brasi-leira está estagnado, pois elerepete sua programação e oque somente vem mudandosão os avanços da tecnologia”.Declara Alcione.

Para o romancista, que foifinalista do Prêmio Jabuti eganhou o Prêmio de MelhorRoteiro nos Festivais de Gra-mado e Brasília, o cinema na-cional tem um mérito incrível,pois, está se diversificando do

ponto de vista que está dei-xando de ser centralizado. “Omais louvável dessa época é adiversidade, pela primeira vezno Brasil está se trabalhandono cinema a descentralização,você conhece o cinema doMaranhão, da Bahia, de cadacanto do país”.

Ele acredita que a indús-tria cinematográfica está emcrise e até mesmo o jornalis-ta está em crise, pois passa aser obrigado a se reciclar se-gundo os avanços tecnológi-cos. “Assim como as grava-doras de discos estão viven-

do uma transi-ção, por queagora você po-de baixar mú-sicas pela In-ternet, o mes-mo acontececom o cinema,pois está cres-cendo o uso dodvd. Como vo-

cês podem ver o avanço tec-nológico está modificando osprocessos da relação do es-pectador com o produto”.

Alcione ressalta a impor-tância que a cultura tem na vi-da das pessoas, para ele aeducação e a cultura no paísestão em caminhos diferen-tes. Ele constata uma dife-rença muito grande entre onúmero de pessoas que estãoenvolvidas com educação, en-tre aquelas que vivem a cul-tura. “62 milhões da popula-ção brasileira está envolvidacom a educação do ensinofundamental ao ensino supe-rior, mas apesar disso, um ro-mance no Brasil tem uma ti-ragem inicial de três milexemplares, a ocupação mé-dia do teatro é de atualmenteé de 18% dos ingressos ofe-recidos, isso significa que aspessoas desse país deixam deabsorver cultura embora fre-qüentem a educação”. la-menta Alcione.

Alunos emcontato coma profissão

EDUARDO KLEIN

FERNANDO PRADO

PAULO CHAVES

7º PERÍODO

A Semana da Comunica-ção, ocorreu entre os dias 15 e19 de maio e movimentou oprédio da FCH da Universida-de Fumec. O evento procuroudebater os principais temas re-lacionados aos cursos de Jor-nalismo e Publicidade e Pro-paganda, além de aguçar aparte teórica do curso, o even-to pode proporcionar aos es-tudantes o contato com pro-fissionais e outros professoresdo ramo, o que aumenta a ba-gagem dos futuros profissio-nais da comunicação.

Com uma média de 4 pa-lestras por dia, além de works-hops e oficinas, a Semana ocu-pou um espaço da grade dematérias das 16 turmas do cur-so. A professora e coordena-dora do Jornal Laboratório OPonto, Ana Paola Valente,considera o período como deextrema importância para osalunos “ A expectativa esteveem apurar esse evento e mos-trar a verdadeira cara dele”,admite a professora.

Já na Redação Modelo oprofessor Fabrício Marques,que defende a discussão da li-tera no âmbito do jornalismo,fala da importância do evento.“O contato com outros profis-sionais do meio ajuda no pro-cesso de formação intelectualdos alunos”, afirma.

A Semana pedagógica docurso de Comunicação Socialé um evento que vem sendorealizado desde o ano de 1999.Para o coordenador do cursode Comunicação Social da Uni-versidade Fumec, AlexandreFreire, “conciliar dois eventoscom objetivos distintos é mui-to difícil, e se concentrar ape-nas em uma atividade é impor-tante para a prática profissio-nal”. afirma Alexandre.

Os ex-alunos Renata e Rafael mostram no evento a importância do livro publicado pela FCH

Divulgação

“O que nosenriquece é quandonós olhamos oolhar do outro”

Alcione Araújo, Escritor

12 - Comunicação - Daniela V. 20.06.06 14:57 Page 1

Page 13: Jornal O Ponto - junho de 2006

J O R N A L I S M O 13o pontoBelo Horizonte – Junho /2006

Editor e diagramador da página: Henrique Lisboa

FERNANDA MELO

7º PERÍODO

A Faculdade de Ciências Humanas daUniversidade Fumec está promovendoa 2ª edição do Concurso de Literatura daRedação Modelo, que está com as ins-crições abertas até o dia 25 de junho, noSetor de Extensão. Com o objetivo de es-timular o gosto pela literatura brasilei-ra, a criatividade e o aprimoramento douso da língua escrita, o concurso é diri-gido a todos os alunos do curso de co-municação social, abrangendo os gêne-ros literários Poesia, Conto e Ensaio. Osinteressados devem se inscrever deacordo com as normas do Edital divul-gado e afixado no Centro de Extensãoda FCH.

Para o professor Fabrício Marques,coordenador do laboratório, o concur-so permite que o aluno coloque em prá-tica os seus conhecimentos lingüísticos,explorando os recursos utilizados nosgêneros literários. “O estudante de co-municação social não pode se limitar aoque é dado em sala de aula. Ele devesempre buscar novas formas de desen-volver e aprimorar a sua escrita”, diz. Se-gundo a aluna Camila Coutinho, moni-tora da Redação, o projeto estimula o de-senvolvimento intelectual, através daprodução de textos narrativos e literá-rios. “É uma forma de exercitar outros

tipos de textos além do texto jornalísti-co trabalhado nas aulas”, afirma.

Em sua 1º edição que aconteceu nofinal do ano passado, o concurso pre-miou os três primeiros lugares na ca-tegoria Poesia e Conto. Para LarissaSoares Carneiro, primeira colocadana categoria Conto, o interessantenão é só ganhar. “O concurso abreespaço para que os alunos pos-sam extrapolar as paredes da sa-la de aula, sair da carteira”, res-salta a estudante do 5º períodoque disse ter se inspirado emum caso verídico ocorrido em1906, no Fórum de uma ci-dade do sudoeste mineiro,para escrever seu conto.

A premiação consisteno valor de uma mensa-lidade integral para oprimeiro colocado,50%¨para o segundo e30% para terceiro co-locado de cada cate-goria. O resultadoserá divulgado nodia 17 de agosto,através do ende-reço eletrônicowww.fch.fu-mec.br .

LARISSA CARNEIRO

5º PERÍODO

Mais dois primeiros prêmios. Este foi oresultado dos concursos que o jornal OPonto participou, ambos direcionados pa-ra estudantes e profissionais da área de co-municação. O jornal, totalmente feito poralunos do curso de Comunicação Social daFumec, conquistou, em maio e junho des-te ano, importantes premiações sendo umainternacional e a outra, mineira.

O primeiro foi um prêmio concedidopela 3ª Expocom Mercosul, no qual o jor-nal conquistou o primeiro lugar na cate-goria de jornal impresso. Tendo conquis-tado, no ano passado, a premiação nacio-nal na 12ª Expocom - Exposição de Pes-quisa Experimental de Comunicação - o jor-nal concorreu automaticamente a esta pre-miação latino-americana.

No segundo, com 80% dos votos, o jor-nal conquistou o primeiro lugar na cate-goria de jornal laboratório foi concedidopela revista e newsletter Pão de Queijo No-tícias, através do Prêmio PQN de Ouro 2006,fruto de uma iniciativa de profissionais dasáreas de jornalismo e publicidade minei-ros, em votaçõ pela Internet.

A 3ª Expocom Mercosul foi realizadaem Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, entreos dias 18 e 20 de maio, e expôs produtosexperimentais dos cursos de comunicaçãosocial de todos os países que fazem partedo eixo mercosul. O PQN, abreviação dePão de Queijo Notícias, é decidido em vo-tação feita por profissionais da área e or-ganizado pelo jornalista Robson de Abreu.Nesta edição, realizada em cerimônia nodia 6 de junho, com a presença de 250 pes-soas, foi a primeira vez que a categoria jor-nal laboratório foi incluída entre as 30 quecontemplam os profissionais que atuam nasáreas de mídia impressa, rádio, TV e as-sessoria de comunicação. A votação foi di-vidida em duas etapas. Segundo o jorna-lista organizador a primeira etapa aconte-

ceu em novembro e dezembro do ano pas-sado, com cerca de 4500 e-mails partici-pando. Na segunda etapa, realizada no iní-co deste anos, em que eram votados os trêsmais indicados na primeira, o numero dee-mails subiu para 6500, aproximadamen-te. ‘O curso de Jornalismo da Fumec é mui-to novo, em relação aos outros, e com issoa diagranação, a proposta editorial e as re-portagens são melhores’, afirmou Robsonjustificando a vitória de O Ponto.

“Sabemos da qualidade do nosso jornallaboratório, como também sabemos de seusdefeitos”, relata Daniel Gomes, estudantedo 6º Período de jornalismo e monitor deO Ponto. “Entretanto, é muito difícil ter pa-râmetros para realmente avaliar o nossojornal frente a outros de tantas faculdadesdo Brasil e da América Latina”. Para Go-mes, as premiações são os parâmetros ex-ternos que faltavam e um reconhecimentoda qualidade do jornal, conseqüência doconteúdo de suas reportagens que condi-zem com o projeto pedagógico da escola.“Muitos falam que a proposta de formarum comunicador social crítico e combatera lógica instrumentalizadora e alienante éremar contra a maré”, acrescenta Ana Pao-la Amorim, professora e editora-chefe doveículo, sobre a relação da proposta peda-gógica da escola com o jornal. “Mas a gen-te tem visto que isso faz a diferença".

“O jornal tem amadurecido em algunsaspectos”, continua Daniel Gomes, “a co-meçar pela reformulação tipográfica ocor-rida no início deste ano”, o que demonstraque o jornal não está acomodado e acom-panha as tendências contemporâneas dojornalismo moderno, mais ativo, desburo-cratizado, informativo e com conteúdo hu-manizado.

“O Ponto põe o curso à prova”, diz Car-los Alexandre Freire, coordenador do Cur-so de Comunicação Social da Fumec. “Háa ousadia de franquear os alunos à expe-riência completa do newsmaking, da pau-ta à edição, ao trabalho de secretaria de re-

dação, a pós edição, realizada pelos moni-tores (do jornal)”. Ana Paola Amorim res-salta, ainda neste aspecto, a importância dahorizontalização no processo de trabalhona confecção do jornal, que não é centrali-zado e seu acesso é democratizado a todosos alunos que dele queiram participar.

O Ponto, cuja primeira edição foi pu-blicada em 1999, em seus seis anos de vidajá tem em seu currículo matérias que foramproduzidas à frente dos jornais estabeleci-dos no mercado. "Procuro na memória umtexto de impacto produzido pela imprensamineira nos últimos anos”, recorda Fabrí-cio Marques, professor da instituição e edi-tor-chefe de outro jornal laboratório, o Im-pressão do Uni-BH. “Entre as raríssimasexceções está aquela reportagem de O Pon-to questionando o Déficit Zero do governoestadual de Minas”.

PRÊMIO INTERNACIONAL PARA

Redação Modelo lança a2ª edição do Concursode Literatura

APÓS PREMIAÇÃONACIONAL, JORNALCONQUISTA TÍTULOLATINO-AMERICANOo ponto

INICIATIVA DO LABORATÓRIO DE TEXTODO CURSO DE COMUNICAÇÃO VISAINCENTIVAR A PRODUÇÃO LITERÁRIA

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L

AB

OR

AT

ÓR

IO

D

O

CU

RS

O

DE

C

OM

UN

IC

ÃO

S

OC

IA

L

DA

F

AC

UL

DA

DE

D

E

CI

ÊN

CI

AS

H

UM

AN

AS

-F

UM

EC

An

o

6

|N

úm

er

o

51

|

No

ve

mb

ro

d

e

20

05

|

B

el

o

Ho

ri

zo

nt

e/

MG

di s

t ri b

ui ç

ãoG

RA

TU

I TA

Jo

rnalista

Ro

géri

o

Pere

z c

riti

ca á

rbit

ros

Turq

uia

negoci

a e

ntr

ada

na U

niã

o E

uro

péia

Bo

ssa N

ova:45 a

no

s

do

rit

mo

bra

sileir

o

[ pág

ina

8]

[ pág

ina

9]

[ pág

ina

10]

Tab

lóid

es b

an

alizam

jo

rnalism

oPre

sos na

red

e

Em o

utub

ro,o

s Diá

rios

As-

soci

ados

,um

a da

s mai

ores

em

-

pres

as jo

rnal

ístic

as d

o B

rasi

l,

lanç

aram

o j

orna

l ta

blói

de

Aqu

i,no

intu

ito d

e ar

reba

tar o

mer

cado

con

sum

idor

de

notí-

cias

das

cla

sses

C,D

e E

.

O jo

rnal

vei

o pa

ra c

onco

r-

rer

dire

tam

ente

com

o S

uper

Not

ícia,

publ

icaç

ão c

ontr

olad

a

pela

Sem

pre

Edito

ra q

ue a

tua

no m

esm

o se

gmen

to e

m B

H.

De

acor

do c

om o

Sin

dica

-

to d

os J

orna

lista

s,o

gran

de

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lem

a de

um

diá

rio

com

o

o A

qui é

o f

ato

de a

equ

ipe

cont

ar c

om a

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s ed

itor

es,

não

tend

o re

pórt

eres

pró

prio

s.

Des

sa f

orm

a,a

qual

idad

e da

info

rmaç

ão fi

ca p

reju

dica

da e

o no

vo v

eícu

lo la

nça

dúvi

das

no m

erca

do d

e tr

abal

ho.

Um

a sim

ples

bri

ncad

eira

torn

ou-s

e ne

góci

o sé

rio:

o su

-

cesso

das

cas

as d

e jo

gos e

stá c

a-

da v

ez m

ais v

isíve

l em

todo

o

país.

Con

sider

adas

um

a ev

olu-

ção

dos t

radi

cion

ais c

iber

café

s,

as la

n ho

uses

pos

suem

com

pu-

tado

res d

e úl

tima

gera

ção,

liga-

dos e

m re

de, o

nde

os u

suár

ios

joga

m c

onec

tado

s em

um

úni

-

co a

mbi

ente

virt

ual.P

or tr

ás d

a

apar

ente

inoc

ênci

a do

s jog

os,

esco

ndem

-se

gran

des r

iscos

.

Jove

ns e

ado

lesc

ente

s,m

aio-

res f

reqü

enta

dore

s des

sas c

asas

,

torn

aram

-se

depe

nden

tes,

per-

dem

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oção

de

tem

po e

vira

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a no

ite jo

gand

o.A

s difi

culd

ades

de re

laci

onam

ento

e a

com

pe-

titiv

idad

e pr

esen

te n

as d

isput

as,

ultr

apas

sa o

esp

aço

virt

ual.

Ad

ole

scen

tes p

erd

em

a n

oção

de t

em

po

nas lan

-ho

uses

Tran

sp

osiç

ão

do

rio

São

Fra

ncis

co

seri

a a

so

lução

para

a c

rise d

e a

baste

cim

en

to h

ídri

co

no

No

rdeste

do

Bra

sil

‘Vel

ho C

hico

’,o

rio

da p

olêm

ica

naci

onal

A d

iscus

são

acer

ca d

a tra

ns-

posiç

ão d

o R

io S

ão F

ranc

isco,

que

se e

sten

de d

esde

o sé

culo

XV

III,

agra

va-s

e co

m a

cri

se

do a

bast

ecim

ento

híd

rico

da

regi

ão N

orde

ste

do B

rasil

. O

proj

eto,

que

prev

ê a

utili

zaçã

o

das á

guas

par

a a

pere

niza

ção

de

rios

e a

çude

s da

regi

ão d

uran

-

te o

s pe

ríod

os d

e es

tiage

ns, é

repl

eto

de p

olêm

icas

.D

e um

lado

, est

ão o

s qu

e

defe

ndem

a tr

ansp

osiç

ão, v

isto

que

veêm

nel

a a

únic

a so

luçã

o

para

res

olve

r os

pro

blem

as d

a

seca

;de

outro

,os q

ue e

stão

real-

men

te p

reoc

upad

os c

om a

s

cons

eqüê

ncia

s am

bien

tais

e so

-

ciai

s que

ess

e em

pree

ndim

en-

to p

ode

vir a

traz

er.

Esp

ecia

lista

s af

irm

am q

ue

é pr

eciso

ava

liar

a qu

antid

ade

de á

gua

disp

onív

el e

a m

anei

-

ra c

omo

será

uti

lizad

a.A

lém

diss

o,de

ve-s

e le

var

em c

onsi-

dera

ção

a po

luiç

ão e

o a

sso-

ream

ento

que

dei

xam

a si

tua-

ção

do V

elho

Chi

co c

ada

vez

mai

s pre

cári

a.O

São

Fra

ncisc

o po

ssui

cer

-

ca d

e 63

4 m

il km

2e

sua

baci

a é

com

post

a po

r 50

4 m

unic

ípio

s.

O r

io a

tend

e ce

rca

de 1

4 m

i-

lhõe

s de

pess

oas e

é re

spon

sáve

l

por 1

7% d

a en

ergi

a el

étri

ca p

ro-

duzi

da n

o pa

ís.

Alé

m d

e m

obili

zar

a ca

pita

l

min

eira

, com

a c

hega

da d

e m

ais

de 1

0 m

il tu

rist

as, a

XV

I Fe

ira

Nac

iona

l de

Art

esan

ato,

que

acon

tece

ent

re o

s di

as 2

2 e

27

de n

ovem

bro,

no E

xpom

inas

,

tam

bém

ger

a be

nefíc

ios

para

a

econ

omia

loca

l,co

m a

cri

ação

de 2

,5 m

il em

preg

os te

mpo

rá-

rios

dur

ante

o e

vent

o.A

Fei

ra c

onta

com

cer

ca d

e

7 m

il ar

tesã

os d

e vá

rios

paí

ses.

Ao

inte

grar

art

e e

cultu

ra, o

ar-

tesa

nato

é u

ma

ativ

idad

e qu

e re

-

prod

uz a

s re

laçõ

es d

os a

rtes

ãos

com

o m

eio

em q

ue v

ivem

,um

a

vez

que

tran

sform

am m

atér

ia-

prim

a em

mer

cado

ria.

Art

esan

ato

mov

imen

tacu

ltura

min

eira

O v

erão

se a

prox

ima

e a

es-

taçã

o m

ais q

uent

e do

ano

,sin

ô-

nim

o de

ban

hos d

e so

l,pisc

ina,

prai

a e

roup

as c

olor

idas

, tam

-

bém

pod

e sig

nific

ar p

erig

o.A

deng

ue, c

onsid

erad

a um

dos

prin

cipa

is pr

oble

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de

saúd

e

públ

ica

do m

undo

, vol

ta c

om

tudo

nes

se p

erío

do e

já p

reo-

cupa

esp

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lista

s.V

isand

o am

eniz

ar o

pro

ble-

ma,

o pr

ojet

o C

ombi

, che

ga a

Min

as G

erai

s,m

ais p

reci

sam

en-

te e

m I

biri

té, r

egiã

o m

etro

po-

litan

a de

Bel

o H

oriz

onte

, com

o ob

jetiv

o de

info

rmar

e c

ons-

cien

tizar

a p

opul

ação

dos

risc

os

que

a do

ença

pod

e tr

azer

.

Pro

jeto

usa

mob

iliza

ção

cont

ra d

engu

e

Divu

lgaç

ão

Guille

rmo

Tâng

ari

[ pág

ina

11]

[ pág

ina

13]

[ pág

ina

12]

[ pág

ina

14][ pág

ina

16]

ato 21.11.05 14:35 Page 1

An

o

7

|

me

ro

5

3

|

Ab

ri

l

de

2

00

6

|

Be

lo

H

or

iz

on

te

/M

G

DI S

TR

I BU

IÇÃ

O G

RA

TU

I TA

Clas

se a

rtíst

ica

de M

Gpa

dece

por

falta

de r

ecur

sos

[ pág

ina

16 ]

JORN

AL

LABO

RATÓ

RIO

DO

CU

RSO

DE

CO

MU

NIC

ÃO

SO

CIA

L

o po

nto

Reun

ião

doBI

D a

cele

raob

ras

em B

elo

Hor

izon

te

A 4

7º re

uniã

o do

BID

real

i-

zada

na

capi

tal m

inei

ra fe

z com

que

os g

over

nos

esta

dual

e fe

-

dera

l alé

m p

refe

itura

mun

icip

al

acel

eras

sem

o ri

tmo

das o

bras

em v

ário

s tre

chos

da

cida

de.

Entr

e as

obr

as r

ealiz

adas

dest

acam

-se

o re

cape

amen

to

da a

veni

da A

maz

onas

, a m

o-

dern

izaç

ão d

o Ex

pom

inas

(se-

de d

o ev

ento

) e d

o ae

ropo

rto

in-

tern

acio

nal d

e C

onfin

s.O

seto

r priv

ado

tam

bém

in-

vest

iu p

ara

o en

cont

ro, p

rinc

i-

palm

ente

o se

tor h

otel

eiro

, que

espe

ra q

ue B

H to

rne-

se u

m im

-

port

ante

cent

ro d

e ne

góci

os ca

-

paz

de a

trai

r tu

rist

as d

e to

das

as p

arte

s.A

s obr

as fa

zem

par

te a

inda

do p

lano

de t

rans

form

ar B

H em

sede

de

even

tos

e as

sim

est

i-

mul

ar o

turi

smo

de n

egóc

ios.

mar

a nã

och

ega

a ac

ordo

e re

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apo

lítica

será

redu

zida

A C

âmar

a Fe

dera

l seg

ue

disc

utin

do a

refo

rma

polít

ica,

mas

se s

abe

que

ela

será

real

izad

a em

esc

ala

redu

zida

.

Alé

m d

e nã

o de

finir

regr

as

para

a fi

delid

ade

part

idár

ia, a

orig

em d

os r

ecur

sos

rece

bi-

dos

pelo

s ca

ndid

atos

, o te

xto

que

abor

da o

lim

ite d

e ga

stos

para

a c

ampa

nha

elei

tora

l ain

-

da fo

i mod

ifica

do, p

ossi

bili-

tand

o as

sim

que

cad

a pa

rtid

o

esta

bele

cess

e se

u pr

ópri

o li-

mite

.A

ref

orm

a po

de ta

mbé

m

não

vale

r par

a as

ele

içõe

s des

-

te a

no, p

ois a

con

stitu

ição

pre

-

vê q

ue a

ltera

ções

na

legi

sla-

ção

elei

tora

l nes

cess

itam

ain

-

da d

e um

ano

de

ante

cedê

n-

cia

para

faze

r ef

eito

.

OPo

nto

expe

rimen

taco

m a

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aE

Estr

utur

a ul

trap

assa

da

torn

a N

eves

inse

gura

Ultr

apas

sada

e s

em r

ecur

sos,

mai

or p

enit

enci

ária

do

esta

do d

ific

ulta

rei

nteg

raçã

o de

set

enci

ados

e n

ão g

aran

te s

egur

ança

par

a a

popu

laçã

od

Min

asal

cn

O PO

NTO

VAI À

PEN

ITEN

CIÁR

IA JO

SÉ M

ARIA

ALK

MIN

E C

ON

STAT

A Q

UE A

S

FALH

AS D

O S

ISTE

MA

COM

PRO

MET

EM S

EGUR

ANÇA

E R

EIN

TEG

RAÇÃ

O

[ pág

inas

4 e

5 ]

Pesq

uisa

dora

Reg

ina

Mot

a fa

la so

bre T

V D

igita

l

e ale

rta:

“N

ão h

á pr

essa

na

esco

lha

do p

adrã

o”

Vict

or S

chw

anne

r

Dani

el Go

mes

Lucia

na R

ibeir

o

[ pág

ina

3 ]

[ pág

ina

10 ]

[ pág

inas

8 e

9 ]

[ pág

ina

3]

Entre

os d

ias 1

5 e

17 d

e se

-

tem

bro,

a Uni

versi

dade

Fum

ec

abri

u es

paço

par

a os

três

pri

n-

cipa

is ca

ndid

atos

à P

refe

itura

de B

elo

Hor

izon

te m

ostra

rem

seu

plan

o de

gov

erno

.Fe

rnan

do P

imen

tel (

PT),

João

Lei

te (

PSB

) e

Rob

erto

Bran

t (PF

L) ap

rese

ntar

am p

ro-

posta

s sim

ilare

s.A

com

panh

ado

pelo

dep

u-

tado

esta

dual

Rog

ério

Cor

rêa,

Pim

ente

l falo

u do

seu

man

da-

to e

das

futu

ras m

elho

rias

, ca-

so se

ja re

elei

to.

Já o

can

dida

to Jo

ão L

eite

ressa

ltou

os p

robl

emas

fina

n-

ceiro

s de

sua

cam

panh

a em

cont

rapa

rtid

a à

de P

imen

tel.

Jõao

leite

reite

rou

a tr

ansp

a-

rênc

ia d

e se

u fu

turo

gov

erno

e pr

omet

eu re

duzi

r o n

úmer

o

de se

cret

aria

s.O

dep

utad

o fe

dera

l Ro-

bert

o B

rant

con

testo

u o

resu

l-

tado

das

pes

quisa

s div

ulga

das

pela

impr

ensa

e a

firm

ou q

ue

“pes

quisa

de

opin

ião

não

ga-

nha

elei

ção”

.C

omo

toda

co

mpa

nha

elei

tora

l asse

ssora

da p

or m

ar-

quet

eiro

s pol

ítico

s,os

can

di-

dato

s se

disse

ram

cap

azes

de

re-

solv

er to

dos o

s pro

blem

as d

o

mun

icíp

io.

JO

RN

AL

L

AB

OR

AT

ÓR

IO

D

O

CU

RS

O

DE

C

OM

UN

IC

ÃO

S

OC

IA

L

DA

F

AC

UL

DA

DE

D

E

CI

ÊN

CI

AS

H

UM

AN

AS

-F

UM

EC

An

o

02

|

me

ro

4

1

|S

et

em

br

o

de

2

00

4

|

Be

lo

H

or

iz

on

te

/M

G

d is t

r ib u

i ção

GR

AT

UI T

A

Fu

mec assin

aco

nvên

io c

om

a

Proj

eto

de le

i de

flexi

bili-

zaçã

o da

s con

struç

ões n

a Pam

-

pulh

a ge

ra p

rote

stos e

ntre

os

mor

ador

es d

os b

airr

os d

a re

-

gião

, pri

ncip

alm

ente

na

Áre

a

de D

iretr

izes

Esp

ecia

is (A

DEs

)

Trev

o,on

de se

rá p

erm

itida

a

cons

truç

ão d

e pr

édio

s e in

sta-

laçõ

es c

omer

ciai

s.Em

out

ros

bair

ros,

com

o o

São

Luiz

, a

possi

blid

ade

da e

dific

ação

de

cine

mas

, bin

gos,

rede

s de

ali-

men

taçã

o e

casa

s de

sho

ws

pert

urba

a p

opul

ação

que

com

eça

a se

pre

ocup

ar c

om o

prov

ável

cre

scim

ento

dos

ín-

dice

s de

viol

ênci

a e

aum

ento

do fl

uxo

de v

eícu

los.

A p

refe

itura

acre

dita

que

as

mud

ança

s con

tem

plad

as p

ela

prop

osiç

ão d

e le

i tr

ará

um

mai

or d

esen

volv

imen

to e

co-

nôm

ico

para

a r

egiã

o co

m a

cria

ção

de e

mpr

egos

e c

om o

aum

ento

do

turi

smo.

Os a

u-

tore

s do

PL a

cred

itam

que

tal

med

ida

torn

ará

a Pa

mpu

lha

auto

-sus

tent

ável

.So

bre

as q

uestõ

es d

e in

fra-

estru

tura

,a p

refe

itura

afirm

a que

o pr

ojet

o te

m c

omo

uma

de

suas

atr

ibui

ções

impl

anta

r um

siste

ma

de c

ontro

le, m

udan

do

o cu

rso

das p

rinc

ipai

s via

s de

aces

so, s

em te

r que

dup

licá-

las,

além

de

impl

anta

r um

nov

o e

mel

hor e

strut

urad

o sis

tem

a de

sane

amen

to p

úblic

o.

Prog

ram

a de

rec

uper

ação

da P

ampu

lha

gera

pro

test

osIn

ova

ção n

as

ruas

de B

H

OC

ontr

ole

Inte

ligen

te d

e

Tráf

ego

(CIT

),ai

nda

em fa

se d

e

impl

anta

ção,

prom

ete

faci

litar

a vi

da d

os m

otor

istas

de

Bel

o

Hor

izon

te. O

prog

ram

a fa

z a

inte

graç

ão e

ntre

o si

stem

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Page 14: Jornal O Ponto - junho de 2006

C O M P O R T A M E N T O14 o pontoBelo Horizonte – Junho/2006

Editor e diagramador da página: Rafael Pimenta

Sem mar, mineiros vão para o barBELO HORIZONTE SE DESTACA NO CENÁRIO NACIONAL COMO A CAPITAL DOS BOTECOS

RAFAEL PIMENTA

6º PERÍODO

Dos bares mais requinta-dos até aqueles conhecidoscomo “copo sujo”, todosatraem os consumidores quenão vêem fronteiras para sesentar em uma mesa de bar ese divertir.

Esses locais são chamadosde botecos. Boteco é o localonde várias tribos se reúnem,desde um encontro a dois, pas-sanso por uma reunião de ne-gócios até uma cervejinha ge-lada depois do futebol. Esseslugares se destacam por seremdiferentes de outros ambien-tes a que estamos acostuma-dos no dia-a-dia.

Diferente das capitais lito-râneas do país, Belo Horizon-te se destaca no cenário na-cional como a cidade destesbotecos. De acordo com pes-quisa do IBGE de 2005, a po-pulação estimada na capitalmineira é de cerca de 2,5 mi-lhões de habitantes. Poucomais de 25 mil espaços sãoclassificados como bares oubotequins, segundo a maiorempresa de distribuição de be-bidas do país, a Ambev. Issoconstitui 1% da população dacidade.

Por não possuir praias emsua extensão, os moradores dacapital mineira se vêem obri-gados a procurar um meio al-ternativo para se divertir. En-tretanto, os mineiros na listade maiores “botequeiros” dopaís não assusta os seus mo-radores.

De acordo com o comer-ciante Lenardo Abranches, 26,a questão financeira ajuda napresença dos consumidoresnos bares. “Não pagamos pa-ra sentar em uma mesa de bare a cerveja sai quase a preçode custo, diferente das boatese danceterias que, além de terque pagar para entrar, cobramum preço abusivo na cerveja.”

Localizado no bairro deSanta Tereza, região leste dacapital, o botequim EsquinaClube se destaca por manteruma boa movimentação declientes tanto em dias úteisquanto em finais de semana.“Quando abri o bar no ano de2004, não imaginava que em

tão pouco tempo estaria comtantos clientes, porém semprecontei com a ajuda dos amigosque, além de freqüentar o meubar, sempre indicam ou trazemnovas pessoas para conhecero ambiente. Fico feliz por con-seguir manter a minha clien-tela, mesmo estando fora doCumida (di Buteco)”, destacouo proprietário Wesley Fer-nandes referindo-se ao festi-val realizado na capital nestaépoca do ano.

Desde o ano de 2000, entreos meses de abril e maio, acon-tece em Belo Horizonte o tor-neio Cumida di Buteco, cam-peonato do qual são selecio-nados alguns bares da cidadepara que o público, juntamen-te com os jurados, possa es-colher o melhor bar da cida-de nos quesitos “tira gosto”,atendimento, higiene e a cer-veja mais gelada.

Em sua primeira edição, oevento contou com a presen-ça de apenas dez bares, já, nes-te ano, 36 bares buscaram aconsagração. O Bar do Zezéfoi o vencedor.

Os critérios adotados paraa participação no evento divi-dem a opinião do público e dosproprietários de bares na ca-pital. De acordo com EuláliaAraújo, uma das organizado-ras do evento, os donos de ba-res de Belo Horizonte procu-ram insistentemente por ela epor Eduardo Maya, tambémorganizador, solicitando a par-ticipação no evento. "Mas nãobasta eles quererem participar.Há muitos fatores que influen-ciam na inclusão ou não de umbar na lista de participantes",afirma a produtora. "Sempremantemos os primeiros vintee um colocados da edição an-terior além de alguns novos in-dicados pelo público no site”.

A realização do festivalatrai turistas de todo o Brasilpara Belo Horizonte.

Os 36 bares em foco repre-sentam a cultura de botecopresente na vida de todos osmineiros, porém, vale lembrarque no período fora do even-to, os quase 25.000 bares dacapital continuam movimen-tados, mantendo Belo Hori-zonte como a capital dos bo-tecos.

Ana Carolina Cervantes - 6º Período

Como em todos os finais de semana, os irmãos Leonardo e Claudio sentam-se em uma mesa de boteco para bater papo e curtir

Wagner Castro, 29, supervisor Trade Marketing da Ambev

“ O melhor de BH éir aos barzinhos,ouvir uma boamúsica tomar umacerveja gelada ecurtir com osamigos.”

Fabrício Araújo, 21, estudante

“ Nada melhor doque tomar umagelada com osamigos depois dofutebol. O botecofaz parte da culturados mineiros.”

Frederico Cadar, 23, estudante

Clarisse Mendes - 5º Período

Elevado consumo de álcool tornaBH um modelo para Ambev

“Desde criança frequentoo bar do Lúcio, onde ia com-prar picolé. Com o passar dotempo, comecei a notar que,com algumas exceções, eramsempre as mesmas pessoasque estavam por lá. Já tinha odom de desenhar e fazer cari-caturas de pessoas e, certo dia,sentado na mesa, resolvi fazerum desenho de uma cena quese repetia diariamente no bar.Isso resultou em um quadroque esta pendurado no bar há,pelo menos, uns dez anos.” Es-ta é a história contada pelocartunista Rogério Serqueira,autor de um dos quadros dobar Bocaiúva, localizado nobairro de Santa Tereza.

São bares que não temmuito conforto, não possuemdiversidades no cardápio e, namaioria das vezes, freqüenta-dos pelas mesmas pessoas,que já se tornaram velhos ami-gos do dono.

“Os botecos ‘copo sujo` fa-zem parte da cultura do belohorizontino. Quem nunca sesentou em um deles pra tomaruma cerveja?”, pergunta o es-tudante Fábio Junior, referin-do-se ao bar em frente a sua casa, sempre cheio de gente.

Uma loja, uma garagem,um trailer, uma barraquinhaou até mesmo a carroceria deum carro pode ser um localpara se abrir um bar.

Servindo uma cerveja ge-lada, tem gente. Este é o casodo comerciante Cláudio Mag-no que começou a sua históriade bar somente com algunsisopores na traseira do carro.Hoje, ele é dono de um esta-belecimento: o Bar do Baiano,localizado no bairro Planalto.“Comecei como uma brinca-deira entre amigos. Nos reu-níamos na esquina de minhacasa onde assávamos uma car-ne e, como eu tenho uma ca-mionete, era o encarregado dacerveja que ficava na carroce-ria. Daí, comecei a vender acerveja também para quemnão era da nossa turma. A coi-sa foi tomando uma propor-ção tão grande que conseguicomprar a loja em frente, on-de funciona o meu bar. Hojeem dia, tenho meus própriosfregueses e consigo me man-ter traquilamente”, relata.

Estas são só algumas dasmuitas histórias ouvidas jun-to à mesa de um bar. É papode boteco.

Devido ao alto número debares e, consequentemente,o elevado consumo de cerve-ja, Belo Horizonte é conside-rada a operação mais bemsucedida da Ambev, a prin-cipal empresa em produçãoe distribuição de bebidas dopaís. Segundo Wagner Cas-tro, produtor de eventos des-ta companhia na cidade, Be-lo Horizonte é um de seusprincipais centros de investi-mento da empresa.

OP- Conhecida como a ci-dade dos botecos, Belo Ho-rizonte está na lista dasprincipais capitais brasilei-ras em consumo de cerve-ja. Como a empresa enxer-ga a cidade? WC- Belo Horizonte é consi-derada a melhor operação daAmbev em nível nacional. Te-mos 82% de share (participa-ção de mercado). A cidade re-cebe visitas dos diretores daAmbev de toda a AméricaLatina para conhecerem anossa operação e isso é mui-to importante para a empre-sa, que usa BH como um mo-delo para outras capitais.

Para a empresa, existe di-ferença na distribuição decervejas para lojas classifi-cadas como bares, bote-quins ou restaurantes?

Claro. Um hipermercado nãopode ter um atendimentoigual ao de um botequim. Sãoatendimentos diferenciadospara conseguirmos satisfazertodos os clientes com as suasnecessidades especificas.

Os bares conhecidos como"copo sujo" exigem atençãoespecial quanto forneci-mento de bebidas?Sim. Geralmente esses barespossuem consumidores debaixo poder aquisitivo e nãonecessitam de produtos devalores mais caros. Se colo-carmos esses produtos donosso portifólio, eles nãoirão vender, vão estourar oprazo de validade e teremosque trocá-los, o que eleva onosso custo.

Há diferença em termos denúmeros na distribuição decerveja na época do festivalCumida di Buteco?Claro. O nosso volume de Bo-hemia, a marca patrocinado-ra do evento, dobra duranteo festival. As outras marcaspegam carona e também au-mentam seu volume de ven-das. Os bares ficam cheios,inclusive os que não estãoparticipando do festival. Te-mos que disponibilizar maiscaminhões para atender asnossas demandas .

Papo de boteco

14 - Comportamento - Rafael P. 20.06.06 15:01 Page 1

Page 15: Jornal O Ponto - junho de 2006

C U L T U R A 15o pontoBelo Horizonte – Junho/2006

Editor e diagramador da página: Simone Monção

Grande vitrine de talentos

Cine Humberto Mauro

PALÁCIO DAS ARTESCENTRO CULTURAL FAZ 35 ANOS COM GREVEDA ORQUESTRA SINFÔNICA DE MINAS GERAISE ANTIGOS PROBLEMAS ESTRUTURAIS

Divulgação

Divulgação

DÉBORA DRUMOND E

BRUNA BONNELI

5º PERÍODO

No ano em que comemora35 anos de vida, o Palácio dasArtes ainda apresenta falhasem sua estrutura técnica, prin-cipalmente na área de segu-rança, e administrativa.

A Orquestra Sinfônica deMinas Gerais, fundada em1977, considerada uma dasmais importantes do país, es-tá em greve. Os músicos rei-vindicam melhores salários.Alegam receber a mais baixaremuneração das orquestrasprofissionais do país, o queimpossibilita até a manuten-ção dos seus instrumentos.Antes de uma apresentaçãono dia 9 de maio deste ano, osintegrantes da orquestra con-vocaram o público para umabaixo-assinado pelo aumen-to dos seus salários.

Mas com a mudança ad-ministrativa da casa há a pos-siblidade de mudanças, e énesse contexto que a Funda-ção Clóvis Salgado, mais co-nhecida pelo nome de Paláciodas Artes, comemora seus 35anos de existência e de gran-des impasses.

Problemas técnicosEm 1997 o Palácio sofreu

um incêndio que destruiu to-da a área da platéia.De acor-do com o engenheiro respon-sável pela manutenção dos

palcos do teatro, MaximilianoHermeto, há 27 anos no car-go, o incêndio não foi comba-tido de imediato porque hou-ve falha no fornecimento deenergia elétrica pela Cemig.Como não havia geradores,não foi possível ligar as bom-bas de água. Na época, tam-bém não existiam sprinklers(dispositivos anti-incêndio)nos outros teatros do comple-xo nem nas galerias. “O riscode incêndio já está bem redu-zido. Atualmente, a platéia es-tá totalmente equipada comsprinklers, assim como o pal-co, mas temos as outras áreasque não foram contempladas,como o foyer (ante-sala dosteatros). Há extintores, masnão sprinklers, assim comonos dois teatros, o Ceschiattie o Juvenal Dias”, admite.

Hermeto afirma que atual-mente, o Palácio das Artespossui gerador. No caso docorte da energia pela Cemig,o ele entra em funcionamentoe mantém as bombas d’águapara combate a incêndio.

Um outro problema en-frentado pelo Palácio das Ar-tes é a Feira de Artesanatoque, há 15 anos, acontece to-dos os domingos em frente .Alguns camelôs utilizam suafachada para expor suas mer-cadorias, além do público evendedores na área de ali-mentação que jogam restos decomida, óleos de frituras e em-balagens dentro do “lago”, en-

tupindo os espelhos d’água.Nos eventos, as fontes são li-gadas juntamente com as lu-zes.

Mudanças à vistaSegundo dados da Funda-

ção Clóvis Salgado, o presi-dente Chico Pelúcio, há ape-nas um ano no cargo, já temfeito grandes progressos àfrente do Palácio.

Muitos equipamentos desom e iluminação já estão ob-soletos e não atendem mais ànecessidade da casa. Porém,várias medidas já foram to-madas para modernizar ereestruturar os espaços, comoa compra de inúmeros com-putadores, rádios comunica-dores, painel eletrônico, de-senvolvimento de software es-pecífico para a bilheteria doGrande Teatro, novo sistemade som, entre outros, além dereformas significativas nosprédios e setores da Funda-ção, que não aconteciam des-de a inauguração das obrasapós o incêndio.

A professora de percepçãomusical Eneida Gonçalves semostra satisfeita com a atualdireção da casa e acredita nanova direção da Funda-ção.“Hoje, na atual direção, háuma pessoa sensível, que sepropõe a ajudar todos os se-tores. O presidente da Funda-ção Clóvis Salgado, Chico Pe-lúcio está sempre disposto aouvir, saber o que está faltan-

do em cada setor. Tem sensi-bilidade, tem interesse”, ga-rante a professora, que atuahá 20 anos na casa, atualmen-te, responsável pela Musico-teca.

O engenheiro MaximilianoHermeto diz que, realmente, asituação está mudando.“Hou-ve uma alteração muito gran-de se comparado com a últi-ma direção”, declara o enge-nheiro.

35 anos de históriaMas os problemas não são

novos. Em 1971 o Palácio dasArtes, considerado o centrode cultura mais importante dacapital mineira, já iniciou suasatividades em meio a proble-mas financeiros, estruturais ede gestão política.

O local reúne os principaisaspectos do patrimônio e damemória artística da cidade eteve seu projeto aprovadoapós 20 anos. Em sua históriarecebeu vários apelidos, comopor exemplo, “Usina de Arte"e “Mineirão da Cultura”.

Ocupando uma área de18,5 mil metros quadrados, oPalácio das Artes é um gran-de complexo de entreteni-mento voltado para um pú-blico erudito. Hoje conta como Grande Teatro e salas deespetáculos como os teatrosJoão Ceschiatti e JuvenalDias, além de galerias de ex-posição, salas de aula de mú-sica, teatro e dança.

Em 2005 mais de 700 milpessoas participaram de al-gum evento da Fundação Cló-vis Salgado. Só no GrandeTeatro, passaram cerca de 181mil pessoas e até o mês demarço deste ano, o Paláciodas Artes registrou um públi-co de 75.118 nas dependên-cias da Fundação. É um mar-co para a cultura. A Fundaçãotambém possui vários proje-tos sociais ligados a ativida-des artísticas com crianças,adolescentes, pacientes hos-pitalares, creches e grupos daterceira idade, além de espe-táculos de acesso livre parapúblicos mais amplos.

Para os bailarinos profis-sionais Alex e Dardiet, estarno Palácio é um grande privi-légio pela oportunidade queé dada a eles de mostrar o tra-balho e levar entretenimentoàs pessoas. “O Palácio é umagrande oportunidade, não sóde transformar a sociedadeatravés da nossa arte, mastambém da nossa transfor-mação como seres humanos.Mas esse universo poderia sermais interligado. Cada um faza sua arte isoladamente. Sejuntássemos essas forças, es-se seria um universo commais categoria”, afirma Dar-diet. Já a funcionária da Mu-sicoteca, Helen Novaes, há

apenas um mês na Fundação,diz que está muito bem am-bientada. “Aqui cheira arte otempo todo. É inspirador veras crianças no balé, bailari-nos, músicos, pessoas talen-tosas, artistas de teatro, tam-bém de cinema, a arquitetu-ra. Niemeyer está por aí, poraí nos rodeando”, completa aatriz e diretora teatral.

O estudante de música eviolino, João Antônio, de 16anos, só tem elogios às aulase a Fundação em geral. “É umambiente especial porque nãoé uma vida de escola comum,lida com a arte, que é umacoisa suprema, superior. Éclaro que há competição en-tre os alunos, mas no fim atéisso nos leva a evoluir. Todosestão ligados na mesma idéia,que é buscar o aprimora-mento artístico”, define João,que já estuda na fundação háquatro anos, quer se profis-sionalizar e espera uma chan-ce pra entrar numa orques-tra.

São 35 anos de história.Uma história construída porproblemas estruturais e polí-ticos, mas também por gran-des nomes da arte nacional einternacional que continuamfazendo do Palácio das Artesuma importante referência nocenário cultural mineiro.

Inaugurado em 1978, o Ci-ne Humberto Mauro é tradi-cionalmente o cinema de artee circuito alternativo de BeloHorizonte, e mantém este per-fil nestes vinte e cinco anos deatividade no Palácio das Artes.

A sala foi batizada segun-do o mineiro de CatauguazesHumberto Mauro (1897-1983).O diretor foi um dos pioneirosda arte cinematográfica emMinas Gerais e no Brasil.Criou e dirigiu alguns dos maisimportantes filmes do cinemabrasileiro, tendo começado aconstruir sua filmografia ain-da no início do século XX.

Entretanto, a sala ficou fe-chada por aproximadamenteum ano, em função das refor-mas no foyer do Palácio, im-possibilitando os mineiros deterem acesso a mostras e fil-

mes que não se apresentam nocircuito comercial.

Equipado com sistema deprojeção e sonorização de qua-lidade, o Cine Humberto Mau-ro é um tradicional centro demostras, festivais e lançamen-to de filmes, assim como se-minários, debates e palestrassobre cinema. A sala possui154 poltronas sendo 2 espaçosreservados para deficientes fí-sicos.

No ano passado a salaHumberto Mauro registrouum número de 30 mil pessoasque participaram dos diversoseventos.

A sala trabalha com mos-tras de filmes clássicos e alter-nativos, realiza retrospectivasde diretores importantes e in-veste em produções com ca-ráter experimental. Além dis-

so, o Cine Humberto Maurorecebe alguns dos mais im-portantes festivais de cinemae vídeo da cidade, como o Fes-tival de Curtas, o Forumdoc eo INDIE. Semanalmente, a sa-la também apresenta o Cine-clube Curta Circuito e a Mos-travídeo Itaú Cultural, amboscom entrada franca.

No entanto, é necessárioque a sala atue, sobretudo, nosentido de divulgar, difundir eapresentar obras de carátermenos comercial, investindoem trabalhos com maior rele-vância conceitual, estética ehistórica, sem perder sua es-sência por problemas inter-nos ou de gestão política.

O cinema também promo-ve, freqüentemente, debates,palestras e encontros da áreaaudiovisual.

Operários trabalham na construção do Palácio das Artes da Fundação Clóvis Salgado, considerado o mais importante centro cultural de Minas Gerais, em 1971, quando iniciou suas atividades

Grande Teatro do Palácio das Artes, com capacidade para 1707 expectadores sentados

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Editor e diagramador da página: Wânia Ferreira

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LÍDIA RABELO

6º PERÍODO

Imagine um telefone celular quepossibilite a você acessar a internet, fa-zer fotos e filmes, editar textos e pla-nilhas, ouvir música e até baixar seusclipes preferidos. Já imaginou? Essetipo de aparelho já existe no mercadoe é conhecido como smartphone. Ago-ra, você consegue imaginar que em umpaís como o Brasil, que têm uma po-pulação de mais de 185 milhões de ha-bitantes, aproximadamente 143 mi-lhões não possuem telefone fixo em ca-sa? Que apenas 12,46% da populaçãobrasileira têm acesso a computadorese somente 8,31% estão conectados àInternet? Estes dados expõem o cená-rio de exclusão digital em que vivegrande parte da população brasileira.

Segundo dados do último Censode agosto de 2004, da Fundação Ge-túlio Vargas/IBGE, 59,43 milhões depessoas no Brasil se encontram abai-xo do nível de pobreza. A maioria dosque têm acesso aos recursos digitais,se concentra na área urbana, cerca de97% do total. Para acessar a Internet,a rede mundial de computadores, épreciso ter um computador que temum custo maior do que mil reais e gas-tar em torno de 60 reais por mês naconta telefônica, pelo uso mínimo deconexão.

No livro Exclusão digital - a misériana era da informação, o sociólogo Sér-gio Amadeu da Silveira diz que “a ex-clusão digital ocorre ao se privar aspessoas de três instrumentos básicos:o computador,a linha telefônica e oprovedor de acesso. O resultado dissoé o analfabetismo digital, a pobreza, alentidão comunicativa, o isolamento eo impedimento do exercício da inteli-gência coletiva.”

Para o psicólogo Cláudio FerreiraLeandro, enquanto os jovens de clas-se alta têm acesso ao ciberespaço, osjovens marginalizados socialmente nãotêm qualquer contato com o compu-tador. “As oportunidades de ascensãoprofissional são bem maiores para osincluídos do que para os que vivem àsmargens da sociedade da informação”,afirma o psicólogo. Entretanto, NísioTeixeira , professor de comunicaçãoda Uni- BH, contrapõe este acesso pri-vilegiado ao uso das informações equestiona: “será que é feito um uso ple-no do potencial de um computador co-nectado à Internet, por exemplo? Per-cebe-se aí uma ignorância muito maiordo que aqueles que não sabem comoligar o aparelho.” Para ele, o abismodigital talvez não seja maior que as coi-sas mais essenciais à população. É oque também pensa a socióloga MariaHelena Barbosa, professora da Uni-versidade Fumec, que diz ser inútil co-locar computadores em todas as es-colas e entidades públicas, enquantoas classes menos favorecidas não dis-põem do básico para sobreviver, co-mo educação, saúde e alimentação.

Margarida Vieira, cientista políticae historiadora da UFMG, diz que “aconvergência de mídias é um avançotecnológico que só será aproveitadopela grande maioria dos brasileirosquando tivermos ampla cidadania par-ticipativa e comportamento ético pre-dominando na vida política e social”.Nísio Teixeira acrescenta que “a opor-tunidade de um acesso pleno à con-vergência tem que ser oferecida a umacamada maior da população para queeles decidam se isso vai ser significa-tivo ou não para suas vidas”.Colaborou: Wânia Ferreira

ABISMOEvolução Tecnológica

Tribute to James Ensor, porTony Stanley e Razghul.Ensor (1860-1949) foi umpintor belga e precursor doexpressionismo esurrealismo do século XIX

HISTORICAMENTE OS INVESTIMENTOS EM TECNOLOGIASEMPRE FAVORECERAM A POPULAÇÃO ABASTADA: OSPOBRES CONTINUAM À MARGEM DESSA EVOLUÇÃO

Projetos de inclusão digital po-dem ser alternativas para diminuir oabismo que existe no Brasil quantoà informação e ao acesso a meios tec-nológicos.

Hércules Macedo, gerente de pla-nejamento e informação da Secreta-ria Municipal de Educação, fala dosprojetos de inclusão que a prefeitu-ra realiza nas escolas da rede muni-cipal, que vão desde educação infantilà educação de jovens e adultos. Den-tre os programas estão o “InternetCidadã”, que é a abertura da biblio-teca para a comunidade que mora noentorno das escolas; o “Rede de Le-tramento Digital”, com a participa-ção de adolescentes e jovens em pro-cessos de criação de mídia, estudodas relações da midiáticas, produçãode jornais e vídeos - esse programatem relação com projetos do gover-no do Estado e da iniciativa privada.Existe ainda a instalação de tele-cen-tros na periferia e no centro da cida-de e ainda um caminhão que ofere-ce mini-cursos à sociedade. “O im-portante é que existe todo um acom-panhamento pedagógico nesse pro-cesso e podemos verificar o retornoda sociedade. As crianças e adoles-centes têm maior facilidade com asnovas tecnologias, mas os adultosnão são da mesma forma, temos queacompanhar mais de perto para fa-zer com que eles percam o medo e aímuitos deles se apropriam e fazemuso da internet para resolver os pro-blemas do cotidiano”, diz Hécules.

Macedo ainda acrescenta que es-sa é uma das formas de minimizar adistância que existe entre as pessoasdas classes menos favorecidadas e asincluídas digitalmente.

Prefeitura de BHrealiza projetosde inclusãodigital

“As crianças eadolescentes têm maiorfacilidade com as novastecnologias, mas osadultos não são damesma forma, temos queacompanhar mais deperto para fazer com queeles percam o medo”

Hércules Macedo, gerente de Planejamento

e informação da Secretaria de Educação.

Reprodução

ExclusãoDigital

Lidia Rabelo - 6º Período

BRASIL Mapa da Inclusão DigitalJoão Hudson e Rafael Matos

Fonte: Comitê para a Democratização da Informática

24%

18%

14%

12%

11%

Distrito Federal

São Paulo

Rio de Janeiro

Santa Catarina

Paraná

2%

1%

0.96%

0.95%

0.65%

Alagoas

Acre

Piauí

Tocantins

Maranhão

16 - Mídia - Wânia Ferreira 20.06.06 15:02 Page 1