jornal paralelo - 1ª edição - outubro de 2012

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  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

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    s feijo com arroz,MAS EU GOSTO.

    Restaurante Universitrio

    Poltica Economia CUCOCultura & Comportamento

    Contra amar

    EncargosSalariais

    Ladoescuro

    Vale a pena contratar? p.12Lutas contra a corrupo p.06 A ocupada noite londrinense p.18

    pag. 04

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    Este jornal um trabalhodesenvolvido pela turma 54 de

    Jornalismo daUniversidade Estadual deLondrina, coordenado e

    orientado pelo professor doutorSilvio Ricardo Demtrio

    Charge

    Somos a turma do 2 ano de jornalismo matutino da Universidade Estadual

    de Londrina, de 2012. Nosso projeto foi desenvolvido com a coordenao e

    orientao do Prof. Ms. Dr Silvio Ricardo Demtrio, e com o apoio da UEL.

    Projeto Paralelo

    Diagramao:Alessandra Galletto

    Flavia Maria CheganasLillian CardosoNabila HaddadYudson Koga

    Editora Chefe:Milliane Lauize

    Superintendente:Alessandra Galletto

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    Milliane Lauize

    Como est a poltica dacidade londrinense? Voc

    j pensou como a vida dequem trabalha de madru-gada? Como lidar com en-dividamento de carto decrdito? Nesta aberturado jornal Paralelo tenta-mos responder a perguntasdesses gneros. Samos daavenida e fomos s ruaspequenas, s ruas da es-

    quina e ao lado em buscadas respostas.

    Nesta primeira edio dojornal Paralelo, as matriasproduzidas tm como ob-

    jetivo apresentar um outroponto de vista. A ideia seruma alternativa a imprensamercadolgica e devido aisso escolhemos o nome Pa-

    ralelo. A inteno produzirreportagens diferentes dasque comumente se encon-tra nos jornais dirios, tra-zendo outro ponto de vistae nos tornando paralelas aela. As editorias compostasnesta edio so: Poltica,Economia e CUCO (Culturae Comportamento).

    Os assuntos abordadosvos desde os escndalosna poltica londrinense ato vegetarianismo. O queuma coisa tem a ver com aoutra? Tudo. Apesar de ser-em reportagens diferentesentre si, o que conecta umamatria a outra a formaum pouco menos conven-

    cional de se tratar o assun-

    to. E se para diferenciar,pegamos o que j foi ou notcia e adicionamos outro

    ponto de vista, e se tra-tando disso, visamos mat-rias que j foram esqueci-das ou at mesmo aquelasque foram poucas vezesabordadas. Dessa forma,a produo deste jornalfoi realizada com determi-nao e trabalho em grupo.

    O nosso pblico alvo so

    os alunos e funcionriosque frequentam o RU. E porser uma veiculao apenasinterna da universidade, anossa escolha se deu pelofato de o restaurante trazerdiversidade de pessoas etambm por lidarmos comassuntos que atingem osmesmos. E aproveitando o

    ritmo, fzemos uma abord-agem exclusiva de aberturadentro do prprio restau-rante. Neste especial, vocpoder conhecer como sed o processo do alimentoat chegar ao seu prato.

    Trazemos a voc leitor,nesta edio, um Paralelobreve, mas completo, um

    relato pessoal para voc sesurpreender.

    Para nossa prximaedio voc pode entrar emcontato conosco por emailou atravs do Facebook,e nos ajudar a construir oprximo jornal. Mande seuscomentrios, cartas e men-sagens.

    Tenha uma boa leitura.

    AlessandraGalletto

    Entre em contato!

    Mande sua opinio, sugestes e ideias para o Paralelo:

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    Jornal Paralelo

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    [email protected]

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    s feijo com arroz, mas eu gostoO Paralelo adentrou o RU para conhecer os bastidores do local onde muita gente come, mas poucos sabem como funciona

    Por Rafael Gratieri, FernandoBianchi e Joo Victor Evangelista

    O Restaurante Universitrio

    (RU) da Universidade Estadual deLondrina (UEL) onde uma grandequantidade de alunos se encontradiariamente. O Paralelo foi co-nhecer o dia-a-dia do restaurante,fazendo uma visita aos bastidoresdo RU.

    O RU da UEL surgiu de umareivindicao antiga da comunida-de de alunos e funcionrios. A ne-cessidade era de um local dentroda prpria universidade, onde sepudessem encontrar refeies de

    qualidade a preos acessveis. Des-ta forma, surgiu o projeto do RU,localizado em uma rea central docampus, com a ideia de ofereceracesso fcil aos frequentadores detodos os centros acadmicos. Comuma rea de 1.680 m, o RU foiplanejado para servir diariamente2.500 refeies. Porm, devido aobom funcionamento do servio eo crescimento da comunidade uni-versitria, o restaurante chega aatender aproximadamente quatro

    mil refeies dirias. Em dias degrande movimento e de eventosque ocorrem na UEL, chega a servirquase cinco mil pessoas.

    Bastidores

    No controle de toda a operaodo restaurante est Mrcio RogrioMachado, que desde 1998 servi-dor da UEL. Na gesto da reitoraNdia Moreno, foi convidado paraassumir coordenao da equipe de65 pessoas que trabalha no localem dois turnos de revezamento. Foi

    ele quem nos recebeu para conhe-cermos o funcionamento do restau-rante.

    Durante a nossa visita s de-pendncias do RU, o cuidado coma organizao e limpeza mostrou--se evidente o tempo todo. Antesmesmo de entrarmos, tivemos quecolocar toucas para impedir a que-da de os de cabelo no ambiente(acessrio usado por todos osservidores). Devidamente uni-formizados, fomos conduzidos s

    dependncias do RU por Caroline

    Zanetti, estagiria do curso de nu-trio da UEL. Ela nos apresentou ointerior do local - desconhecido pelamaioria dos usurios - e os diversosfuncionrios que so responsveispor alimentar diariamente centenasde pessoas.

    A visita comeou pelos fun-dos do RU, ondeso recebidas asprovises queso conduzidas

    diretamente aoalmoxarifado dorestaurante, oua uma das cincocmaras frias dolocal, onde soestocados os ali-mentos perecveis. L, conhecemosFabrcio Correa Matos, que res-ponsvel por organizar a demandade alimentos, frutas e bebidas queso recebidas do Governo do Esta-do. Segundo Matos, so consumi-

    dos no RU, diariamente, uma mdia

    de 500 quilos de carne, 240 quilosde arroz, 150 quilos de feijo, en-tre outras. Tudo isso estocado emanuseado com vrios padresde qualidade e de higiene, rigoro-samente determinados pela Agn-cia Nacional de Vigilncia Sanitria(ANVISA).

    Aps conferir-mos rapidamen-te o processode chegada dos

    alimentos ao lo-cal, visitamos ascmaras frias. Lso armazenadoscarnes, verduras eoutros perecveisa uma temperatu-

    ra um pouco abaixo da ambiente, am de manter os produtos frescos.Foi possvel ver tambm o balcoonde so fatiadas as carnes - umaespcie de mini-aougue. Conhe-cidos esses locais complementares,

    nalmente chegamos famosa, po-

    rm desconhecida, cozinha do RU.A quantidade de comida servida

    diariamente faz jus ao tamanho dacozinha. Tudo muito organizado,ainda que no haja nenhuma pare-de ou delimitao fsica que mostreonde feito o qu. Mesmo assim,cada funcionrio tem um local deatuao (que pode ser alterado porescalas) e cada um desses locaisconta com elementos especcos.Por exemplo, existe um cantinho

    destinado apenas escolha do ar-roz. Perto dali, grandes panelascheias de arroz ou feijo j estoem funcionamento desde antes doamanhecer, para que tudo estejapronto at o horrio de almoo.

    No primeiro setor, para quementra pelos fundos, so escolhidasas verduras para a salada. Elas solavadas ali mesmo, uma vez queexistem diversas pias prximas.Depois de alguns passos, nos depa-ramos com quatro funcionrios tra-

    balhando para descascar bananas.

    Anal, naquele dia elas seriam ser-vidas empanadas, e a demanda eragrande. Pudemos ver 10 bandejas

    fundas cheias de bananas descas-cadas, e ainda havia vrios cachospara serem preparados.

    Logo atrs, alguns foges. Narealidade, chapas enormes cujanalidade fritar grandes quanti-dades de bife. Mais frente, vimosquilo que era provavelmente omais impressionante do lugar: pa-nelas que, na verdade, eram caldei-ras retangulares que cozinhavamo arroz e o feijo. Um funcionrioabriu a tampa para que pudsse-

    mos ver o feijo que borbulhava,cozinhando h horas. Alm de tudoaquilo, ao lado havia um recipien-te de metal onde o arroz j prontoestava armazenado e fechado, paraque no esfriasse.

    Todo o alimento, depois de cozi-do, colocado em grandes vasilhasde alumnio, e guardado em trsaparelhos que lembram geladeiras.Ali, mantido aquecido ou resfria-do, para ser servido logo depois.Estes aparelhos tm duas portas

    cada: uma que se abre para a co-zinha e outra que se abre para orefeitrio. dessa forma que ele abastecido enquanto a comida servida.

    Entramos por uma outra porta.Ela conectava-se diretamente dacozinha para o refeitrio do RU.Tivemos uma viso diferente: a dofuncionrio que serve o aluno. Atrsdo balco onde servido o almoo,diversos objetos j esto posicio-nados de antemo. Bandejas, reci-

    pientes de alumnio, caixas cheiasde frutas (como a laranja, que noestraga) - tudo j est devidamenteseparado.

    Dali, seguimos para uma divisoseparada da cozinha, mas aindadentro do restaurante. Era onde sedava a limpeza de utenslios, comopratos, bandejas e talheres. Estesltimos so depositados pelos alu-nos em um buraco na parede, ecaem diretamente em uma soluodesinfetante previamente prepara-

    da. Os pratos, ento, seguem

    So grandes quantidades de arroz, que deve ser separado e lavado cedo, para que d tempo de fcar prontoFotos:RafaelGratieri

    Durante a nossavisita, o cuidado

    com a organizao elimpeza mostrou-se

    evidenteo tempo todo

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    por uma esteira. Depois de tudodevidamente higienizado, os obje-

    tos voltam para o balco onde osalunos iro utiliz-los novamente,fechando o ciclo de um almoo norestaurante universitrio.

    Problemas e soluesSe na ala interna do restaurante

    universitrio tudo funciona aparen-temente bem, do lado de fora issopode ser um pouco diferente. O sol,justamente em pico no horrio dealmoo e especialmente forte emum dia de vero, castiga os alu-nos. Quem busca um pouco de ar

    fresco no pode car debaixo dasduas tendas presentes no local. Osalunos devem se ajeitar embaixo danica rvore prxima ou migrarempara as inmeras rvores um pou-co mais distantes do restaurante.Quando chove, entretanto, todosdevem se contentar com as ten-das, os nicos abrigos secos por ali.Isso tudo em meio a uma confuso:pessoas furando las geralmenteenormes , tentativa de passar nafrente do outro para comprar crdi-

    tos de refeio. Tudo isso pode ser

    visto diariamente no ptio do RU.Conversando com usurios di-

    rios e corriqueiros do restaurante,procuramos descobrir como elesavaliam o mesmo. Muitos dos maisde 13 mil estudantes da UEL de-pendem diariamente da refeioservida pelo local. Entre eles, aque-les que moram sozinhos ou comamigos em Londrina so, provavel-mente, os que mais tm a presen-a garantida, seja no almoo ou nojantar. Uma rpida passagem peloRU nos horrios de funcionamen-to basta para perceber que muita

    gente ca pra fora, aguardando suavez de entrar. Por vezes, a la doRU funcionou com um sistema desenhas numricas, em desuso atu-almente. Hoje, conta apenas comuma la por ordem de chegada.

    Rafaela Martins, estudante deComunicao Social da UEL, almo-a quase todos os dias no RU, enos revelou que uma das principaisreclamaes dos estudantes emrelao ao restaurante a demorana la. A la realmente o maior

    problema. No demais, a comida, o

    servio, tudo muito bom, armaRafaela. Tatiana Jabor, estudante

    do curso de Farmcia, disse que, svezes, quase se atrasa para as au-las do perodo da tarde em seu cur-so, que integral, devido ao tempoque gasta no RU. No d tempo.s vezes saio daqui correndo paraa sala de aula porque j est emcima da hora.Poderiam fazeralgo para melhoraessa la!, recla-ma a aluna.

    Apesar das

    reclamaes so-bre a demorano atendimento,Mrcio Machadoarmou que a cul-pa muitas vezes do prprio estu-dante. A pessoa demora a escolhero que vai querer comer, e assim, 3segundos de um, 10 segundos deoutro, a demora se acumula e viramuito tempo no decorrer do aten-dimento. Rafaela Martins, entre-tanto, disse que o problema com

    certeza no a demora dos alunos.

    Somos muito rpidos na escolha.O problema do RU que ele preci-

    sa de ampliao, pois o nmero depessoas que ele atende no corres-ponde ao espao fsico que tem,disse a universitria.

    O coordenador Mrcio Machadodisse ter conscincia do problema,e que j est em anlise junto ao

    Governo do Es-tado um projetoque visa dobrara capacidadedo Restauran-te Universitrio.

    Segundo ele, oedital de licitaopara a obra pro-vavelmente serpublicado ainda

    este ano, porm, a reforma devecomear mesmo somente no anode 2013. A inteno da reitora concluir a ampliao at o m desua gesto, que em 2014, armao coordenador.

    FamliaNa cozinha, conversamos com a

    servidora Vernica Tassi, que traba-

    lha no RU desde sua inauguraoem 1998. Hoje, 14 anos depois,

    ela diz que gosta muito do que faz.Amo muito trabalhar aqui. Mas,aqui, trabalhamos de verdade. Naparte da manh, at umas 14 horas,o trabalho intenso, arma Ver-nica. Apesar da rotina pesada, masque respeita as limitaes de cadaum, Vernica arma que a equipedo RU tornou-se uma verdadeirafamlia. Eu passo mais tempo aquido que em casa. Mas no tenho doque reclamar. o melhor empregoque eu tive at hoje, disse a fun-

    cionria, que espera se aposentarna funo daqui a algum tempo. Ese aposentar feliz, como armou,em meio a sorrisos. Se depender dasimpatia e do prossionalismo detodas as pessoas com as quais nos-sa reportagem conversou durantea visita, os estudantes podem cartranquilos, sabendo que o pratode cada dia preparado com mui-to cuidado e carinho, garantido osucesso do funcionamento do res-taurante em uma universidade de

    grande porte como a UEL.

    Tudo feito em grandes quantidades e, para isso, necessrio

    mais de uma pessoa; incluindo descascar bananas

    Se na ala interna do

    RU tudo funciona

    aparentemente bem,

    do lado de fora issopode ser um pouco

    diferente

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    Contra a marEles so poucos, mas zelam

    por direitos comuns a todose querem mudar muita coisa

    Nathalia Corsi

    A sesso da Cmara deLondrina do dia 26 de junhocontava com uma vasta pautade assuntos a serem votados,mas poucas pessoas assisti-ram s discusses. O climaera tranquilo, inclusive para os

    vereadores, que no tinhamnem metade de suas cadeirasocupadas at s 16hrs da tar-de. No parecia o mesmo lu-gar que, na semana anterior,havia sido palco para grandesmanifestaes paccas contraos escndalos polticos da ci-dade, com faixas provocativas,narizes de palhao e tinta norosto de quem se comprome-teu em reagir aos desmandosde poder. Mas, se algum pen-sou que a sesso vazia dessatera-feira foi sinal de baixade guarda dos protestos, foisurpreendido. O silncio dopblico presente fora rompidopela irreverncia de Joo PauloBatista Alvares, que descia osdegraus de uma das galeriascom um esparadrapo na boca,emitindo sons como se quises-

    se falar e no conseguisse, echegou a bater palmas parachamar a ateno para si.

    Alvares integrante doMovimento Popular Contra aCorrupo Por Amor a Lon-drina e, pouco antes, algunsintegrantes do mesmo grupohaviam sido barrados por se-guranas, sendo impedidos deentrar no prdio da Cmara

    com as faixas que portavam. O

    esparadrapo na boca de Joofazia meno justamente aessa proibio como forma decensura e recusa liberdadede expresso. Conforme expli-cou, solicitaram que eles as-sinassem um termo contendouma srie de dados pessoais,como nome, CPF e RG, almda descrio do contedo dasfaixas. Registrado isso, o aces-so ao plenrio seria liberado.

    Segundo Fernando Alfradi-que Scanfferla, um dos lderesdo movimento, j havia sidolida uma carta na sesso an-terior para os representantes e

    o grupo concordou em assinaro termo, mas para eles noexiste legalidade na documen-tao, j que ela no constano regimento da Cmara. Agente se prope a assinar orequerimento, desde que esteesteja previamente estipuladono estatuto da casa, armouScanfferla. Para ele, a intenodo termo exigido ter a quem

    responsabilizar e possivelmen-

    te processar caso os vereado-res se sintam ofendidos com osprotestos. Assinar seria acei-tar que estamos fazendo algoerrado e no estamos. No hnada que proba esse tipo demanifestao, completou.

    No dia 21 de junho, na se-mana anterior, a polmica jestava instaurada e os verea-dores suspenderam a sessodurante duas horas, deixandode lado os assuntos impor-tantes que competem a eles,para resolver que medidas to-mariam em relao s faixasde protesto. Depois de serem

    barrados nessa tera-feira, osmanifestantes mantiveram asfaixas na porta de entrada doedifcio da Cmara e aos pou-cos a imprensa foi chegandopara registrar a indignaodeles frente ao ocorrido. Coma agitao e a presena qua-se instantnea dos veculosde comunicao, chegou umcomunicado de que a entrada

    deles estaria liberada. Por que

    NathaliaCorsi

    autorizaram a subir?, indagou

    um popular que acompanhavao desenrolar da situao; Se aimprensa no v, no liberam.Precisa a imprensa estar aquipara o pessoal l de dentro fa-zer a liberao. A realidade essa!, reetiu.

    Depois de um tempo, o gru-po conseguiu expor as faixasnormalmente. Uma delas tra-zia o nome do movimento, a

    outra questionava a liberdadede expresso e uma outra ain-da continha uma crtica maisincisiva aos vereadores inscri-ta, separando os nomes delesem duas colunas: de um ladoos vereadores que estariamao lado do povo, considera-dos cumpridores da tica po-ltica, enquanto o lado opostorevelava nomes duvidosos, depessoas envolvidas nos ltimosescndalos da cidade, como o caso de Eloir Valena e Ro-berto F.

    dessa maneira, acompa-nhando o trabalho dos repre-sentantes eleitos e cobrandoque os casos de corrupo se-jam punidos, que o Por Amora Londrina pretende atuar. Asatividades do grupo, que seutiliza do Facebook para orga-

    nizar suas reunies e debatertemas, tiveram incio em abrildesse ano. No entanto, muitosde seus membros j estavamenvolvidos com outros movi-mentos da mesma natureza eanteriores a este, como o ocaso do Basta! Londrina San-gra.

    Manifestaes e redessociais

    Fico fazendo contagem re-

    gressiva para todos os even-

    tos, mas, quando eu olho, strs pessoas compartilharam oconvite. 300 esto conrmadase, dessas, vai apenas 10%.Essa declarao de Caio Au-gusto Cavazzani, de 17 anos.Com idade para votar pela pri-meira vez, ele j est fazendoparte da organizao das mo-bilizaes populares, que sosuprapartidrias, e lamenta

    a falta de interesse e engaja-mento dos jovens: O que memotiva querer fazer o contr-rio da grande maioria. Mesmocursando o 3 ano do EnsinoMdio, em ritmo intenso deestudos, ele acompanha dia-riamente as notcias que en-volvem a poltica local: Arru-mo um tempinho, no porquegosto, mas porque sinto que necessrio. Pra mudar a socie-dade, tem que ser feita algumacoisa, completa.

    Caio estava na Viglia Con-tra a Corrupo, protesto rea-lizado na frente da Cmara, naquinta-feira da mesma semanado episdio das faixas (28).L, ele encontrou a amiga ecolega de classe Clara Grossi,de 16 anos, que no participaativamente, mas tem compa-

    recido s visitas ao plenriojunto com o grupo. Clara, porsua vez, encontrou o amigo ecientista social, Osmar Boeira,de 28 anos. Assim, formou--se uma roda de conversa. Secada um ajudasse a compar-tilhar as aes, alcanaramosmuito mais gente, um delescomentou.

    O Compartilhar a forma

    de disseminar ideias e divulgar

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    NathaliaC

    orsi

    atividades propostas por meiodas redes sociais. Mas, embo-ra vejam a internet como umimportante veculo de informa-o e ponto de encontro, tmum olhar crtico a respeito decomo a poltica tratada nes-se meio. Para eles, os protes-

    tos na rede aliviam o peso naconscincia e acomodam mui-ta gente. Os protestos estose tornando como as correntesque circulam por a. As pesso-as acreditam estar apoiandouma causa, mas no existeefeito prtico algum, opinouOsmar. Com a nossa presenana Cmara, estamos saindo doplano virtual, a gente realmen-te est comparecendo e apa-recendo, complementou Caio.

    Outro tpico de discussofoi sobre a formao dos jo-vens atualmente. Ainda se-gundo o que pensa Osmar,muitos estudantes tm repro-duzido a conscincia que foitransmitida para eles de quepoltico sempre ladro. Nofoi porque eles pararam e pen-saram, mas eles reproduzem

    o que ouviram. A mesma coi-sa acontece com os protestos,ningum se permite reetirsobre a importncia deles,constatou. Caio completou oraciocnio apontando a faltade incentivo da escola e dospais e a manipulao da m-dia como grandes fatores deinuncia exercida sobre asnovas geraes. Muito pouco

    se fala sobre os polticos quederam certo. S mostram olado ruim, argumentou o ado-lescente. Para ele, os estere-tipos criados fazem com queos jovens olhem para os rumosda sociedade com ares de queest tudo perdido e tendo emmente que a participao de-les no far diferena. Pormais que vejam que tem coisa

    errada, devem pensar: Por que

    vou car acompanhando, pracar com mais raiva?, disse.

    De acordo com o comenta-rista poltico Fbio Silveira, napoca dos antigos escndalosda cidade, que culminaram nacassao do ex-prefeito Ant-nio Belinati, as pessoas tinhammuito mais medo de enfrentaros representantes. At mes-mo os vereadores, hoje emdia tm, segundo o jornalista,uma postura mais tranquilaem relao s manifestaes.Para Clara Grossi, no signicanecessariamente que os cida-dos estejam mais armados noque diz respeito informao,principalmente sobre seus di-reitos. Com a velocidade dos

    meios de comunicao, aspessoas acabam sabendo demuita coisa, mas, no pontode vista de Clara, no procu-ram realmente estar informa-das. Acho que ainda muitopouco pra falar que as pesso-as melhoraram, que Londrinamelhorou. As pessoas camsabendo do que sai na mdia,mas no buscam informaes

    aprofundadas e reexo, con-

    cluiu.O debate aqui relatado teve

    como cenrio a calada emfrente ao prdio da Cmara deLondrina, que encontrava-serepleta de velas, acesas porcircunstncia da viglia. Es-tamos acendendo velas paraque os nossos representantessejam iluminados e possam to-mar decises armativas paraa nossa cidade, defendeu, emtom de ironia, o ativista Fernan-do Scanfferla. A ao da vigliacontou ainda com a presenade pastores e padres que ze-ram uma reexo sobre a cor-rupo e um breve momentoecumnico de orao. A mdias fala dos polticos, mas a

    corrupo no unilateral. Te-mos que nos manter vigilantesquanto classe empresarial,que, tendo os objetivos capi-talistas frente de tudo, passaa corromper os polticos, disseum dos padres, possivelmenteem referncia ao empresrioAnderson Martins, acusado deoferecer propina ao vereadorRoberto F.

    Nunca duvide de que um

    pequeno grupo de pessoasprofundamente comprometi-das pode mudar o mundo; anica coisa que pode mud-lo.A frase de Margaret Mead podeser considerada um verdadei-ro lema de vida. Divulgando amarcha contra a corrupo queseria realizada poucos dias de-pois no calado de Londrina,Scanfferla enfatizou o quantovale a causa do movimentoque lidera: fomos revistados,barrados, sofremos retaliaese o nosso movimento pe-queno, mas vale a luta, valemtodas as nossas aes e valetambm deixar um pouco anossa famlia, o nosso trabalhoe dar o sangue por algo que

    direito da sociedade londrinen-se. Caio lembrou que, emboraessa no seja a realidade detodas as mobilizaes, para amarcha a faixa-etria espera-da mais jovem. O grupo estengajado, ainda, com a organi-zao de um abaixo-assinadoque cobra a verdade no Centrode Educao Integrada (CEI)da Educao e no caso Centro-

    nic. A inteno mexer com a

    conscincia dos vereadores, jque o voto da populao queos elege e o nmero de assi-naturas almejado expressivo 10 mil.

    Alm de simpatizante doMovimento Popular Contra aCorrupo, Osmar Boeira, re-

    presenta as universidades noConselho Municipal da Juven-tude, cuja inteno elaborare scalizar polticas pblicasvoltadas para a juventude. Eusempre tive uma opinio crticasobre muita coisa, mas acredi-to que car criticando no levaa lugar nenhum. Falta um pou-co de ao, destacou o cien-tista social. Os movimentostm uma srie de coisas comas quais eu no concordo, maseles esto acontecendo e essainiciativa importante. bomver pessoas com nsia por fa-zer algo. O que est sendo fei-to tem que ser aproveitado.

    Os acontecimentos mais re-centes conrmam a crise pol-tica que a cidade est vivendo.Primeiro, a cassao do man-dato do prefeito Barbosa Neto.Depois, a consso frente aoGrupo de Atuao Especial deCombate ao Crime (GAECO)do vice-prefeito, que assumi-ra o mandato, de que recebeupropina de empresas fornece-doras de kits escolares. Estefoi preso e substitudo pelo ve-reador Gerson Arajo, quintoprefeito da cidade em quatroanos. Em meio a um cenrio

    de corrupo, as diversas de-nncias tiram o foco do debateeleitoral, que traa os rumosdo municpio para os prximosanos e no est acontecendocom a profundidade merecida. verdade que a incredulidadequanto poltica local j sealastrou por Londrina. Falta apopulao entender a parteque compete a ela para come-

    ar a fazer a mar virar.

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    Londrina das BananeirasLondrina constri sua histria com gestes conturbadas. Indcios so frequentes, no punidos e pertinentes at hoje

    Por Nabila Haddad

    So os pases tropicais queesto entre os piores IDHs, os

    maiores ndices de desigualdades,os mais propcios casos de corrup-o, e o clima quente ideal parao plantio de deliciosas frutas, in-clusive as bananas. Por esses mo-tivos que esses pases localizadosentre os trpicos de Cncer e Ca-pricrnio recebem o apelido de re-pblica das bananeiras, alm dasbananas, compartilham de tantosoutros problemassociais e polticos.

    Londrina quase es-capa geograca-mente dessa deli-mitao, no entantocarrega tambm osmesmos problemas, ou bananas,dentre eles, os polticos.

    A histria de Londrina tem umagrande mancha de corrupo, etodo o Brasil sabe disso, o que sig-nica que no esquecida, mastambm tenta no ser lembradapelos prprios cidados. Nas l-

    timas dcadas as ligaes peri-gosas entre as administraes eo empresariado Londrinense cau-saram muitos tumultos devido falta de honestidade com propinase desvio de verbas. . De acordocom o clich vigente, os primeirosculpados que nos veem mentequando citada a corrupo so ospolticos, mas por trs disso estotambm os corruptores, empres-rios, que oferecem nanciamentode campanha e propinas, paracompras de votos e aprovao/veto de projetos de lei, em favorde suas companhias. Jos Mas-chio, jornalista e professor univer-sitrio, aponta que a regulao,tanto do Ministrio Pblico (MP),quanto da mdia, acontece com ofoco apenas nos polticos, O MPno to clere para ir atrs doempresariado como para ir paraos corrompidos por eles (os pol-ticos). A Mdia, que recebe publi-

    cidade do empresariado, se cala

    sobre isso.De acordo com Maschio, a cor-

    rupo no pas sustentada a par-

    tir de um trip: terceirizao dosservios pblicos, foro privilegiadoe priso especial. A terceirizaorequer licitaes, nelas, h maiorpossibilidade de superfaturamentoe desvios de verbas. Maschio ex-plica que esse sistema tem incioa partir da eleio de FernandoCollor (PRN), em 1990, quando o

    modus operandi do esquema delicitao foi es-palhado por todo

    o pas, antes,porm, existiamlicitaes fraudu-lentas, mas erampontuais. Aps

    a implementao da assembleiaconstituinte de 88, que torna oprocesso de licitao obrigatrio,iniciou-se uma onda de terceiriza-o dos servios pblicos no Brasilcom o argumento de Ter coletorde lixo para que, se a gente con-trata uma empresa terceirizada e

    ganha comisso nisso, de acordocom Maschio.Marcos Gouvea, jornalista que

    j exerceu o cargo de editor depoltica em Londrina, refora acolocao de Maschio, que as li-citaes viabilizam a atividadede fazer o esquema fraudulento.Complementa ainda que a impren-sa e o MP passaram a se debruarmais sobre as formas de licitaes,

    Pensa bem, quantos pauteiros eeditores esto lendo com atenotodos os Jornais Ociais e editaisdo municpio?. O sistema ainda falho e permite falcatruas.

    Dando continuidade ao tripsugerido por Maschio, a questodo foro privilegiado, que a condi-o de um poltico ser julgado poruma instncia diferente da que jul-ga crimes habituais, permite maisuma vez que a corrupo no sejapunida. Jos Janene (PP) umexemplo. Se ele fosse condenado

    em 89 por licitao fraudulenta

    questo da iluminao pblica

    em Foz do Iguau, no teria sidoreeleito para a Cmara e monta-do todo seu esquema. Ainda quefosse condenado, entra a questoda priso especial, que no levaaqueles que possuem ensino supe-rior ao mesmo tipo de priso queos criminosos que no possuem agraduao. Isso gera indiferenaem ser preso, pois no se sentena pele as pssimas condies dosistema carcerrio, em outras pa-lavras, a pena a ser cumprida.

    Outros escndalos ocorridos napoltica londrinense abrangem oscasos de Nedson Micheletti (PT) edo Sindicato dos Servidores Muni-cipais de Londrina (Sindiserv-LD),que no meio deste ano, um ex-assessor da campanha do petista,apontou a existncia de um caixadois na campanha. A Polcia Fede-ral chegou a investigar a denncia,mas o caso acabou sendo arqui-vado. Esse caso mostra a morosi-

    dade da justia, uma caracterstica

    presente nos casos de poderosos,

    polticos e empresrios. Gouveaexplica o porqu de tamanhalentido: A morosidade da Justi-a nesse e no geral provocadapela falta de estrutura adequadado Judicirio e de uma legislaoantiquada. Qualquer casinho temque ir passando de instncia eminstncia, com tantos recursos queao nal a Justia no feita.

    Uma verdadeira lenda da cida-de de Londrina Antnio Belinati(PP). Conhecido em escala inter-nacional pelos processos que leva,os crimes que o pepista cometeucontribuem com a maior parte daimagem de corrupo da cidadedos ps vermelhos. Belinati ain-da assim, muito aclamado pelapopulao, sempre relacionando-ocom o Cinco Conjuntos, bairro po-pular por ele criado na zona nor-te do municpio, um referencial sua imagem. Prova da predileodo povo foi ter sido eleito para

    seu quarto mandato como pre-

    feito em 2008, porm, foi cassa-do logo em seguida pelo TribunalSuperior Eleitoral (TSE) e houve

    convocao de um terceiro turnoentre Barbosa Neto (PDT) e LusCarlos Hauly (PSDB). Atualmente,o sobrinho que carrega seu sobre-nome, Marcelo Belinati disputa acandidatura para prefeito de Lon-drina no segundo turno com Ale-xandre Kireeff (PSD).

    claro que os casos de corrup-o em Londrina compem umaextensa lista de nomes e envolvi-dos e aqui foram pontuados ape-

    nas alguns. Hoje, vive-se mais umdrama na administrao. Em ape-nas um mandato a cidade j tevequatro prefeitos. Antnio Belinaticassado logo aps eleito. BarbosaNeto, que teve seu mandato cas-sado pela Comisso Processante(CP) Centronic no nal de julhodeste ano. A Comisso acusava oex-prefeito de utilizar o servio dedois seguranas contratados pelaprefeitura na empresa de rdio desua famlia. No o bastante, Bar-

    bosa ainda est envolvido na CPdos Uniformes, que h provas deque foi desviado cerca de 50%da verba da licitao para comprade uniformes escolares das esco-las municipais. Quem assumiu emseguida foi Jos Joaquim Ribeiro(sem partido), vice de Barbosa,que acabou renunciando e confes-sou ter recebido propina. Quemocupa o cargo de prefeito hoje o vereador Gerson Arajo (PSDB),que at ento era presidente daCmara Municipal de Londrina.

    Segue vivo o folclore de cor-rupo que assola a administraode Londrina. Mesmo com o mri-to de muito desenvolvida na pro-poro que cresceu em to poucotempo, leva consigo os problemaspolticos das repblicas bananei-ras, no muito diferente de outraslocalidades que as compem. Naspalavras de Jos Maschio Polticoque no tem cha criminal no

    tem vida poltica.

    Poltico que no

    tem ficha criminalno tem vidapoltica.

    AlessandraGalletto

  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

    9/24

    MST se organiza para ouvircandidatos no perodo eleitoral

    Durante as eleies, a Coordenao Nacional do Movimento

    busca estabelecer debates e orientar a militncia

    Por Pamela OliveiraNs procuramos ouvir todas as

    candidaturas. Ouvimos a todas aspropostas e colocamos nossa pro-posta ao candidato para o caso deleser eleito. Ns organizamos umapauta e apresentamos candida-tura. No perodo eleitoral, assimque o assentamento Eli Vive seorganiza para escolher quem apoiar,segundo Jos Damasceno, repre-

    sentante do Movimento dos Traba-lhadores Sem Terra (MST) do nortedo Paran. Ele afrma que assimcomo acontece no Eli Vive acontecenos demais assentamentos e acam-pamentos ligados ao MST. Ele enten-de tambm que o perodo eleitoralbrasileiro como parte de uma con-quista da sociedade, um exerccio dademocracia, mes-mo que limitado.

    Segundo ele,dentro do Mo-

    vimento os or-ganizadores dosacampamentos edos assentamen-tos buscam estabelecer dilogos edebates no perodo das eleies.No dia 7 de outubro ser o 1 turnopara eleio de prefeitos e verea-dores. Para as cidades que houvernecessidade, dia 28 de outubro a data do 2 turno. Aqui no nortedo Paran vrias cidades possuemassentamentos, por esse motivo es-

    ses militantes talvez devam prestarmais ateno no dia de eleger seuprefeito. Apesar da autonomia dosassentamentos, eles dependem denegociaes com a prefeitura parainstalao de escolas, atendimentomdico e dos servidores sociais.

    Reunimos a coordenao nacio-nal, que acontece a cada dois anos,e discutimos a partir da nossa linhapoltica a forma de orientar toda amilitncia. Isso acontece pra genteaproveitar o espao no perodo elei-

    toral para fazer o debate da reforma

    agrria e das mudanas que quere-mos, explica Damasceno. Para ele,o perodo de eleies o momentode aproveitarem para fazer alianascom a classe de trabalhadores e paradifundir seus ideais polticos e ticos.

    O militante explica que o Movi-mento sempre busca votar em can-didatos de partidos da esquerda ouprogressistas: partidos com prefei-tos comprometidos com as mudan-

    as defendidas pelo MST e com a re-forma agrria. Aqui no Paran 130cidades tm a presena de assenta-mentos do MST e, durante esse pe-rodo cheio de propagandas polticase comcios, candidatos prefeiturabuscam se aproximar do movimentopara expor suas chapas. Durante aseleies ns somos assediados por

    todas as foras.Tomamos cuidadosempre para queo processo elei-

    toral no v paradentro do assen-tamento e dividanossa base, conta

    Damasceno. Para ele isso no fun-ciona como uma exigncia ou umadeciso fnal, mas como uma orien-tao geral para pensarem naquiloque melhor para a organizao.

    Tambm nas eleies surgemconstantemente candidatos militan-tes do MST. Damasceno explica que,quando ocorre, exigida a disso-

    ciao do militante ao Movimento. de praxe algum membro decidirfazer campanha eleitoral. Quandoacontece ele tem que sair da instn-cia. E orientamos que uma decisopessoal, por isso o candidato nopode se utilizar da bandeira do Movi-mento para sua campanha, ele develimitar-se ao seu partido.

    Segundo Damasceno, as eleiesmunicipais devem ser tratadas comimportncia pelos militantes. Porser uma organizao poltica, o MST

    tem suas atribuies, dessa forma a

    direo dos assentamentos de cadamunicpio tem o dever de negociarcom a prefeitura de modo a garantirseus direitos e executar seus deve-res. Temos tido muito sucesso coma autonomia de negociao com asprefeituras locais. Devemos pensarnuma fora organizada e evitar ne-gociaes individuais, pois isso podeat prejudicar os membros, afrma

    ele.Ele explica que, o Eli Vive, porexemplo, ainda est em fase de le-galizao e isso limita as negocia-es com a prefeitura atual. Dessamaneira, as melhores conquistasforam na rea da sade e da edu-cao. Damasceno espera que em2013 o assentamento esteja devida-mente legalizado, e, com uma novaadministrao poltica, acredita quepodem conquistar ainda mais, tantoaqui quanto nas outras cidades do

    Brasil. Jos Damasceno discursa no acampamento Eli Vive

    ArnaldoAlves

    Divul

    gaoECB130 cidades do

    Paran tm a presena

    de assentamentosdo MST

  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

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    Abram AlasTendncias polarizam discusso sobre o Passe Livre em Londrina

    Por Yudson KogaH manifestaes que ocor-

    rem de tempos em tempos,com cartazes, autofalantes e

    gritos de protesto, organizadaspor determinados grupos, quedefendem e representam os es-tudantes. No caso de Londrina,dois importantes movimentosna luta pelo passe livre so oDiretrio Central dos Estudantes(DCE) da Universidade Estadualde Londrina (UEL) e o Comitpelo Passe Livre.

    Atualmente, o projeto de leido prefeito cassado BarbosaNeto encontra-se na cmarade vereadores. H duas possi-bilidades: pode ser votado peloprximo presidente da casa, ou,ento, ser arquivado. O projetoprev o Passe Livre a mais de 30mil estudantes,sendo que par-te da tarifa se-ria subsidiada, oque custaria 3,5milhes aos co-fres pblicos.

    Arthur Mon-tagnini, presi-dente do DCE, acredita que osubsdio da Prefeitura impor-tante, porm alerta que, mesmoque o projeto de lei seja apro-vado, o movimento pelo PasseLivre no deve terminar: Comoa gente tem essa primeira pro-posta de subsdio e de um direi-

    to assegurado, ns (DCE) a de-fendemos. Mas se conseguirmoso Passe Livre, a luta no parapor a. Ainda preciso reavaliaros gastos da planilha das com-panhias e questionar as conces-ses s empresas de transportepblico, alm da reduo da ta-rifa do transporte coletivo.

    O Comit pelo Passe Livreapresenta uma outra opinio.Letcia Baldow, estudante de

    Servio Social na UEL e inte-

    grante do comit, explana queo projeto de lei proposto porBarbosa Neto falho, j queesse Passe viria restrito em ho-

    rrios, dias e linhas de nibus.Alm disso, ela afrma que oComit contra o projeto, poisdiz que esses trs milhes es-tariam subsidiando o lucro dosempresrios, e no o custo dotransporte.

    Para ela, a melhor soluo outra: A gente tem as bandei-ras que o Comit defende. Umadelas a estatizao da empre-sa, ou seja, que os trabalhado-res e os usurios do transportecomandem e administrem essaempresa. Letcia ainda diz queno se deve acreditar em dema-gogias polticas e que a nicaforma de garantir o Passe Livre

    por meio demanifestaes emobilizaes di-retas, massivase organizadas,tanto de estu-dantes como detrabalhadores.

    O presidentedo DCE prefere analisar antesa conjuntura poltica e social.De acordo com ele, no temcomo conseguir o Passe Livrepara todos e a municipalizaoda empresa de uma vez s. Pramim, o ideal era que a maioriados servios fosse estatizada e

    de boa qualidade. A pergunta :como iremos chegar a isso? Re-cusando uma proposta de sub-sidio, que ir benefciar todosos estudantes da cidade, queno . Praticamente, temos queir lutando de passo em passo.

    Afnal, tem muito estudante quenecessita muito de um benefciodesses completa.

    Fora de Londrina, a questodo transporte estudantil dife-

    rente.

    Em outras cidades, como nacapital de So Paulo o estudan-te paga meia tarifa para se lo-comover, mas no h restriode horrio, linha de nibus edias da semana. L, os estudan-tes pagam metade do preo dotransporte, com a liberdade dese locomoverem para quando eonde bem entenderem. Aqui, osalunos pagam a meia tarifa so-mente para irem escola ou universidade.

    Sucessivas administraesmunicipais esquecem que exis-

    tem atividades culturais, des-portivas e de desenvolvimentohumano pela cidade, essenciaispara quem estuda. Teatro, bi-blioteca, museu e parque, porexemplo, so locais que, mui-tas vezes, o estudante necessi-ta ir. As limitaes do carto detransporte estudantil so to ri-gorosas que, mesmo que ele sedispusesse a ir, teria que pagaro valor integral e fcar sem cr-

    dito antes do fm do ms.

    Em maio deste ano, foi assi-nado um projeto de lei por Mar-coni Perillo (PSDB) que visa ins-tituir o Passe Livre estudantil noEstado de Gois. Os interessa-dos ainda aguardam a aprova-o da Assembleia Legislativa.

    No Distrito Federal, os estu-dantes j usufruem do Passe Li-vre desde 2010. O gasto que osestudantes tinham antes, agora, subsidiado pelo governo. Aslimitaes so semelhantes aocarto de transporte estudantilde Londrina, mas h a iseno

    total da tarifa. Em julho, foramimplementados carregadores decrdito dentro do prprio ni-bus, o que facilita em muito arotina dos alunos.

    Em Maring (PR), as restri-es seguem da mesma forma.

    A regra para o interessado pos-suir o seu carto de que residaa 1500 metros de sua instituiode ensino.

    Agora esperar o trmino

    das eleies de outubro para

    verifcar se o projeto voltara ser discutido novamente ouno, e se Londrina ir acompa-nhar as demais cidades citadas.Bem como Montagnini lembra:

    de extrema importncia queo assunto no seja esquecido,

    justamente nesse momento emque os estudantes de Londrinaesto to prximos de alcana-rem o Passe.

    O sistema de transporte, naverdade, revela-se como priva-do, mascarado com o nome depblico. O ideal seria que o sis-

    tema fosse municipalizado, demodo a receber verbas espec-fcas do governo.

    Desse modo, a conquista dopasse livre permanece em dvi-da. Resta saber se a controvr-sia de opinies de dois dos maisimportantes movimentos quelutam por esse direito na cida-de DCE e Comit pelo PasseLivre no ir difcultar a con-cretizao do transporte gratui-

    to estudantil.

    O sistema de

    transporte revela-

    se como privado,

    mascarado com onome de pblico

    YudsonKoga

  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

    11/24

    Jornalistas falam sobrea corrupo em Londrina

    Cidade foi palco para onze crises polticas nos ltimos treze anosPor Ana Maria Simono

    Era 24 de abril. Mais um escn-dalo estourava em Londrina. O pre-feito era acusado por manter, naRdio Brasil Sul, pertencente suafamlia, servios de dois funcionriosda empresa de vigilncia Centronic,que possua contratos com a prefei-tura. E a discusso at aquele mo-mento pairava sobre o voto deci-sivo do vereador Eloir Valena (PHS)no caso, que no havia comparecido

    na sesso anterior.Naquela tera-feira, o vereador

    ainda no havia aparecido. Ele jno era o foco do debate. As aten-es de toda a imprensa estavamvoltadas a dois personagens quesurgiram de surpresa no caso, masque ocuparam a posio de prota-gonistas: o ex-secretrio de gabine-te Marco Cito (PDT) e o empresrioLudovico Bonato, que foram presosem agrante por tentativa de subor-no. Eles teriam oferecido 40 mil ao

    vereador Amauri Cardoso (PSDB)para que votasse contra a aberturado processo.

    O desenrolar dessa histria ter-mina com a cassao de BarbosaNeto. Mas, o escndalo no acaboupor a: Jos Joaquim Ribeiro assu-miu o executivo municipal, foi presoem SC, e renunciou depois de assu-mir ter recebido pelo menos 50 milde propina de empresrios em umesquema de compra de uniformes.Grson Arajo (PSDB), ex-presiden-

    te da Cmara, o novo prefeito.Londrina j passou por muitas

    crises polticas estima-se que pelomenos onze nos ltimos treze anos.Nesse perodo, sete polticos estive-ram frente do Executivo Municipal,quatro cumprindo mandato comointerinos e os outros trs via eleio,sendo seis, do total, acusados de ir-regularidades na prefeitura.

    Quando o assunto corrupo,talvez a crise mais lembrada seja ocaso Ama/Comurb (1999/2000), no

    terceiro mandato de Belinati, mas,

    Em julho deste ano, quando o ento presidente da Cmara expediu o decreto de cassao contra

    Barbosa Neto, manifestantes protestaram contra a corrupo nas galerias do plenrio

    ocorreram tambm outros escnda-los. Em 2005, por exemplo, o entoprefeito Nedson Micheleti foi acu-sado de fazer caixa dois na campa-nha. Em 2008, o vereador HenriqueBarros foi preso sob acusao de terrecebido propina para aprovar umprojeto de lei e renunciou para noter o mandato cassado. Mas, dos21 vereadores daquela Legislatura,

    apenas cinco foram reeleitos.Entre 2008 e 2009, dois dias

    aps ter sido eleito para o quartomandato como prefeito, Belinati teveo registro cassado. Em 2009, umaauditoria constatou um superfatura-mento de 681 mil no contrato com aempresa SP Alimentos, que forneciamerenda escolar s escolas munici-pais. Como o caso ocorreu na gestode Micheleti em que Jacks Dias erasecretrio de gesto publica, ambosforam acusados por improbidade

    administrativa. Tambm entre 2009

    e 2010, vereadores foram acusadosde receber propina e dividir salriocom os assessores. Rodrigo Gouva(PTC) fcou preso por 23 dias e JoelGarcia (PP) fcou 54 dias na priso.

    No fnal de 2010, a Cmara abriuuma Comisso Especial de Inqurito(CEI) para analisar supostas irregu-laridades no treinamento da guardamunicipal, j no mandato de Bar-

    bosa Neto. Entre maio e junho domesmo ano, 22 mandatos de prisoforam expedidos pelo Grupo de Atu-ao Especial de Combate ao CrimeOrganizado (Gaeco), e apenas doisno foram cumpridos.

    Apesar das crises, o jornalistaFabio Silveira no acredita que Lon-drina seja a cidade mais recorrenteem nmero de escndalos no Pa-ran. Eu acho que Londrina no mais corrupta que as outras cidades.O que acontece que aqui algumas

    questes da conjuntura da cidade

    fazem com que esses escndalostenham maior visibilidade, afrmou.Para ele, fatores como a disputaacirrada entre grupos polticos def-nidos e a presena de um MinistrioPblico mais atuante do que a mdiano Estado, bem como a cobertura deuma imprensa acabam colocando acidade no foco da poltica estadual.

    Para o jornalista Jos Maschio, a

    diviso em setores polticos, sendocausa de a regio ser consideradacentro das crises polticas, no somotivo para estigmatizar. Londrinano um bero de corrupo. Existemais corrupo em Curitiba que emLondrina, mas, aqui a populao fcamais indignada do que l, ressal-tou. Para Maschio, as razes da atualcondio da cidade datam o perodorepublicano de 1988, quando a novaConstituio brasileira prev a fgurada licitao. Sobre isso, ele desta-

    cou: Essa sensao de corrupo

    no uma coisa recente; ela sempreexistiu. Agora existe essa percepoporque as coisas vieram tona como processo licitatrio.

    Maschio numerou trs fatorespara explicar as origens desse pro-cesso, a saber: a terceirizao dosetor pblico, o foro privilegiado ea priso especial. Ele alega que aterceirizao de servios fomenta ochamado caixa dois das campa-nhas eleitorais, favorecendo a cor-

    rupo no setor. Se a prefeitura deLondrina precisa ter 15 mil funcion-rios, que tenha, mas que no tercei-rize o servio. A partir do momentoem que existe a terceirizao, existea possibilidade de licitao fraudu-lenta, de caixa dois, de corrupo,afrmou.

    O jornalista tambm criticou oforo privilegiado. Se cada corruptode uma cidade for Braslia, quan-to tempo vai demorar para se julgarcada caso? Para prefeito, o foro pri-

    vilegiado leva ao Tribunal de Justia.Isso uma certeza da impunidade.Por que o cara frauda licitao? Por-que ele sabe que at o momento emque ele for condenado, a populao

    j esqueceu e ele vai se reelegendoe, enquanto ele se reelege, tem oforo privilegiado, explicou. Comple-tando esse ciclo existe ainda a prisoespecial. Como a maioria dos polti-cos possui algum tipo de formaouniversitria, quase todos tm direi-to ao recurso.

    De acordo com Fabio Silveira, asdecises de arquivar processos naCmara esto relacionadas a umaquesto de conjuntura poltica emque a maioria vencedora barra, vetae determina o futuro das investi-gaes. Nesse sentido, ele critica ademora do Judicirio: O Belinati,por exemplo, tem aes de 12 anosatrs que no foram julgadas, masele completa 70 anos no prximoano. Assim, as aes penais que de-veriam lev-lo cadeia vo pratica-

    mente prescrever, fnaliza.

    DevanirParra,

    MTB2155PR/CmaraMunicipaldeLondrina

  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

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    Do lado de l das contrataesEmpresrios entram em dilema devido ao alto valor de encargos salariais dos funcionrios

    Alessandra GallettoAna Lusa Cabral

    Donos de lojas e empresasenfrentam contradies na horade gerenciar seus estabeleci-mentos: O funcionrio umadespesa, um mal necessrio ouum bem indispensvel? Trs pe-quenos empresrios londrinen-ses do suas idias sobre con-tratao.

    Neusa Boni prefere contra-tar terceiros (pessoas sem en-volvimento familiar). Ela dizque apesar de familiares seremmais conveis, no so ne-cessariamente mais dedicadosou melhores atendentes: Umfuncionrio contratado paraajudar, no apenas para estarl, e acaba colaborando muitomais para o desenvolvimento da

    loja do que algum da famliafaria. Quem contratado sabeque ganha para fazer aquilo, esabe que se ajudar mais, vai serrecompensado, assim como umdia eu fui pela minha dedica-o, comenta Neusa.

    Porm nem sempre trabalharcom funcionrios to fcil. Acontratao, as despesas e adesconana s vezes superamas vantagens. Rogrio Herrero,

    dono de uma casa de massas,prefere no contratar pessoasde fora da famlia. H dois anosno ramo, o cozinheiro no temmuita experincia com contrata-es, um dos motivos de preferiralgum de dentro do crculo fa-miliar. Outro motivo no criarvnculos prossionais formaiscom os contratados. Ou seja,ele prefere deixar a assinaturada carteira de trabalho de lado,

    por conta de taxas, descontos eda falta de Cadastro Nacional daPessoa Jurdica (CNPJ). A uniodele com a famlia cresceu den-tro do negcio, melhorando arelao entre os parentes. Talintimidade facilita na hora dechamar aateno paraalgum erroou parabeni-

    zar: Trabalhocom meu pai,minha me,minha irme meu sobri-nho. Sou dono do negcio, masmesmo assim meus pais mepuxam orelha quando no voucom calma. Fico com raiva nahora, mas bom para aprender.Mesmo eles sendo meus funcio-

    nrios, no deixam de ser meuspais, conta Rogrio.Welton Costa, lojista em

    shopping center, discorda. Comuma empresa um pouco maior,para ele impossvel no ter ne-nhum empregado. J que paraele um auxiliar indispens-vel, Welton prefere candidatos vaga de fora da famlia: Nomeu caso, familiares s vem praatrapalhar, no sabem separar

    pessoal do prossional. Tenteitrabalhar com meu pai, mas eles dava palpites sem ajudar.No deu certo..

    Mesmo preferindo servidorescom quem no tenha relaespessoais, o lojista ainda tem re-ceios. Para ele, o maior medoquanto contratao queuma das meninas que grvida,

    j que o dono da loja teria quepagar pelo auxlio materninade,

    e, nesse meio tempo, ela nopoderia ser despedida. Weltonprefere contratos com a carteiraassinada, e mesmo assim senteo peso dos descontos e das ta-xas no holerite no m do ms:

    Grande parte do rendimento daloja vai para o paga-mento das meninas,e depois o aluguel.

    As duas despesas

    esto equiparadas,tanto em valor -nanceiro, quanto emimportncia. Mesmosendo to pesado,

    indispensvel. Tendo duasfuncionrias aqui eu no preci-so estar na loja diariamente, oque me facilita, e muito, com osmeus outros negcios. Por umlado, at um conforto. Estabe-

    lecer uma meta de vendas esti-mula e isso me deixa despreo-cupado quanto ao lucro da loja.

    O contador Jos Almir Pas-

    quini, entretanto, passa umavaliosa informao. Empresasregistradas como Simples ou depequeno porte na Receita Fede-ral tem iseno de algumas ta-xas que alivia - e muito - o custodos funcionrios.

    Atualmente apenas 60% dovalor da despesa que um em-presrio gasta com seus contra-tados de fato o salrio. Os ou-

    tros 40% correspondem a taxasde aposentadoria, seguros doInstituto Nacional de Seguro So-cial (INSS), frias, 13 e custosde apoio obtidos pelo funcion-rio por empresas de ServiosSociais, como o Servio Nacio-nal de Aprendizagem Industrial(SENAI), o Servio Nacional de

    Aprendizagem Comercial (SE-NAC) e o Servio Social do Co-

    mrcio (SESC).Estas empresas cadastra-das como pequenas ou simplesno precisam pagar as taxas do

    INSS - que pode chegar a 20%do salrio - e nem as taxas deapoio. O salrio mnimo anun-ciado este ano pelo governo de 622 reais ao ms. Porm,para servios de comrcio e pe-quenas empresas, o pagamento em mdia de 746 reais. Assim,uma empresa sem registros di-ferenciados teria despesas de1.102 mil reais ao ms com seus

    funcionrios, enquanto umaempresa pequena ou simplesgastaria aproximadamente 890reais pelo mesmo salrio.

    Dependendo do contrato,tambm pode haver mais des-pesas, como o vale transpor-te. Geralmente um funcionriogasta 115 reais por ms comisso, mas h uma vantagem:O empresrio pode receber de

    volta at 6% do valor, atravsde taxas que o empregado ou aempresa de transportes retorna.

    O Imposto de Renda s pago por pessoas que recebemacima de 1600 reais por ms, e pago pelo funcionrio. Ele podepagar o imposto aps receber,mas normalmente o prprio pa-tro j desconta o imposto dosalrio do empregado e entregao valor Receita Federal.

    Com todos estes custos,um funcionrio de comrciode uma empresa normal custaaproximadamente 13.200 reaispor ano, para seu patro. Ficaa critrio de cada empresriocomo proceder: contratar des-conhecidos atravs de entrevis-tas ou contratar parentes e ami-gos, para criar uma tradio defamlia ou ainda correr os riscosde uma contratao informal.

    O funcionrio uma despesa, um

    mal necessrio ouum bem

    indispensvel?

    AlessandraGalletto

  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

    13/24

    Sob a mira dos patresEmpresas podem deixar decontratar trabalhadores com

    o nome negativado

    AlessandraGalletto

    Ana Maria Simono

    Desde fevereiro deste ano,o Tribunal Superior do Traba-lho (TST) decidiu que os em-pregadores podem consultar oServio de Proteo ao Crdito(SPC), a Centralizao dos Ser-vios dos Bancos (Serasa) e osrgos do Poder Judicirio an-tes de contratar funcionrios.

    A deciso polmica e re-mete h 10 anos, quando uma

    rede de lojas sergipana foi de-nunciada por fazer este tipo depesquisa durante seu processoseletivo. A empresa foi indicia-da pelo Ministrio Pblico doTrabalho (MPT), que julgou amedida discriminatria. pri-meira instncia, a rede de lojasfoi condenada a pagar uma in-denizao de 200 mil por danosmorais mais eventuais multasde 10 mil por consulta efetua-da. Mas a deciso foi revogadaporque o Tribunal Regional doTrabalho de Sergipe entendeuque uma discriminao s secongura em relao a critriosde sexo, raa, cor, origem, es-tado civil, situao familiar ouidade. Em segunda anlise, oTST concordou com a decisoregional e defendeu que noh violao da intimidade dos

    funcionrios ao acessar estescadastros, j que eles so p-blicos.

    No primeiro trimestre desteano, o TST emitiu uma sen-tena que permitiu essa con-sulta por parte das empresascontratantes, contrariando ainterpretao que vinha sen-do dada para estas questes.Existe, porm, um atenuante:

    a medida foi tomada quando

    uma empresa recusou um can-didato a um cargo que exigiamanuseio de dinheiro.

    Alguns especialistas acre-ditam, no entanto, que est

    se confundindo inadimplnciacom desonestidade.

    Seja como for, que ligaotem Londrina com tudo isso?De acordo com dados divul-gados pela Associao Comer-cial e Industrial de Londrina(ACIL), a cidade registrou umaumento de 15,5% no nme-ro de inadimplentes no ltimoano.

    A nvel nacional, a SerasaExperian divulgou que o pri-meiro quadrimestre de 2012teve uma alta de 19,6% antea mesma base de comparaoem 2011 com relao ao ndicede inadimplncia do consumi-dor.

    De acordo com o econo-mista Sinival Pitaguari, mestreem Economia Regional pelaUniversidade Estadual de Lon-drina, s existe um modo deo indivduo pagar sua dvida:trabalhando. Por isso mes-mo relata do ponto de vis-ta da teoria econmica e noapenas disso, mas tambm dobom senso, esta medida umabsurdo. E ele vai alm: Seum trabalhador que teve umadespesa emergencial estiverdesempregado, como poder

    honrar suas prestaes?, in-daga.

    Alm disso, o economistadestaca que esse tipo de se-leo seria prejudicial para asprprias empresas. A empresaque discrimina um trabalha-dor porque ele est negati-vado pode estar deixando decontratar um prossional maiseciente. Ela pode acabar se-

    lecionando um prossional,

    por exemplo, menos habilitadopara o cargo, mas com o CPFlimpo. A discriminao de qual-quer tipo futuramente pode sevoltar contra a prpria empre-

    sa. A deciso do TST um ver-dadeiro absurdo, tanto do pon-to de vista moral, como sociale economicamente falando,armou.

    O Sindicato dos Emprega-dos no Comrcio de Londri-na (SINDECOLON) tambm contrrio medida. Segun-do o 1 secretrio do SINDE-COLON, Clio Vila, Londrina

    nunca teve problemas em quedeterminada empresa admitis-se publicamente o uso dessasinformaes como ltro de re-crutamento. Apesar disso, elerevelou que, h alguns anos,um advogado foi punido judi-cialmente por ter distribudo aempresas locais uma listagemde pessoas que possuam pen-dncias no nome ou aes tra-balhistas na justia.

    Villa questionou a validadeda sentena emitida pelo TST ese revoltou: Para qu existe aJustia do Trabalho se ela nodefende os direitos e interessesdo trabalhador?!. Ele tambmexplicou que os trabalhadorespodem contar com o apoio dosindicato contra qualquer tipode discriminao.

    Muitos dos endividados, po-

    rm, sentem-se constrangidoscom a situao e no procurama ajuda de rgos de apoio aostrabalhadores. o caso de Ro-sngela Teodoro de Lima, 37anos, vendedora em uma lojade cosmticos, que est como CPF negativado e, apesar dearmar nunca ter passado porproblemas na hora da contra-tao por causa disso, diz que

    j passou por alguns constran-

    gimentos.Me endividei porque estavadirigindo, me distra e acabeibatendo na traseira de outrocarro. Tive que pagar o con-certo do carro do homem e oconcerto do meu prprio carro.A ocina me cobrou 900 reais,mas eu no tinha dinheiro eprecisei fazer um emprstimono banco. Como eu tenho ou-tras dvidas xas, o salrio nofoi suciente para pagar tudo,explicou.

    Sobre as diculdades do en-dividamento, ela falou: ruimsaber que voc tem uma dvi-da e no ter como pagar, aindamais agora com esse negciode juros. Tambm ruim por-que no d para abrir contanas lojas. Uma vez eu fui com-prar uma blusa e, na hora de

    parcelar, a vendedora pediu adocumentao para fazer o ca-dastro. Eu dei os documentose ela disse que eu no pode-ria abrir a conta porque estavacom pendncias. Procurei nabolsa algum dinheiro, mas ovalor que eu tinha no era su-ciente, ento tive que largar oproduto l. Fiquei envergonha-da.

    Quando questionada sobre

    a pretenso de pagar a dvi-da, entretanto, Rosngela foiincisiva: Se Deus quiser euvou pagar essa dvida o quantoantes. S estou esperando por-que vou fazer agora um cur-so do Senac de esttica e daquem sabe se Deus me ajudareu consigo um trabalho melhore vou pagar essa pendnciaminha.

    A deciso sobre a constitu-cionalizao desta medida estagora nas mos do SupremoTribunal Federal (STF), queavalia a questo.

    A medida aprovada peloTST coloca todos os devedoresno mesmo patamar, no cons-tata o montante, no distingueas causas de suas pendncias,nem permite uma anlise par-

    ticular de cada caso para ava-liao. E seria ingenuidadeacreditar que, tendo acesso aesses dados, as empresas ofariam no processo de seleo.Quando o STF colocar tudoisso na balana, ser que aindavai valer a justia de impedir acontratao de um funcionrioapenas em razo de uma d-vida no paga? o que todo

    mundo quer saber.

  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

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    Quanto custa uma paixo?Muitas pessoas economizam at onde no podem s para acompanhar de perto o time do corao

    Lillian Cardoso

    A sensao e a emoo de es-tar presente em uma partida doseu time no tem preo, alis, tem

    sim e pode at ser um pouco sal-gado. Muitos amantes do futebolfazem de tudo para poder estarnaquela partida decisiva, aqueleclssico histrico ou apenas emum jogo qualquer, s pelo pra-zer de ir ao estdio ver seu time.Existem ainda, aqueles torcedoresque esto dispostos a desembol-sar uma grana em diversos pro-dutos personalizados e em canaispagos, como os premires, para

    no perderem nenhum jogo.Ricardo Carlotto, analista desuporte tcnico, viaja cerca de540 km seis ou sete vezes porano s para observar de perto oCorinthians. Carlotto j chegou avender objetos pessoais juntandoo valor necessrio para ir a umapartida. Na poca eu no traba-lhava e precisava arranjar um jeitode obter o dinheiro, foi a que ven-di uma raquete minha, uma cami-seta e um tnis, consegui acumu-lar o que eu precisava para viajar,conta Carlotto.

    Isso foi em 2010 no jogo doCorinthians contra Flamengo nasoitavas de nal da Copa Liberta-dores, no qual seu time foi des-classicado: Apesar do timo sereliminado, a sensao de estarno Pacaembu lotado com a Fielcantando o jogo inteiro, foi ines-quecvel, diz Ricardo. Ele no searrepende nenhum pouco e faria

    tudo de novo se fosse necess-rio. Ele gasta em mdia 300 reaispara ir assistir um jogo, incluindotransporte, ingresso e alimenta-o. Contando que ele faz batee volta sem gastar com estadia.

    Alm dos gastos para viajar, Car-lotto paga anualmente o valor de100 reais ao clube para ser sciotorcedor.

    Os irmos Rafael e Joo Reis,lhos de um pai torcedor fantico,

    compartilham de um amor louco

    pelo Santos. A paixo to gran-de que os levou a decorar todo oquarto com objetos do clube. Nor-malmente, compram uma camise-ta por ano e gastam em torno de500 reais quando viajam para as-sistir ao time. Na maioria das ve-zes assistem s partidas em casa,evitando os barzinhos que podem

    gerar confuses. E para isso, todo

    ms pagam 50 reais de pay perview para no perderem nenhum

    jogo.Rafael conta que uma vez dei-

    xou de curtir uma balada a partirdo momento que cou sabendoque seu dolo Neymar estava l,s para tentar tirar uma foto comele. Aps trs horas de tentativa

    a to desejada foto foi concedida.

    Naquelas horas a razo passoulonge e a emoo veio tona. Osentimento de estar ao lado docraque do time e ter uma hist-ria para contar aos netos so maisimportantes que qualquer coisa.

    Joo deixa de fazer inmerascoisas para no perder nenhumapartida do peixe, independente

    do jogo ele assiste todos demons-

    trando seu amor pelo clube. Eleconta seus rituais nos dias daspartidas: Ns dois deixamos osof reduzido e sentamos sempre

    no mesmo lugar e sem encostar.O nervosismo espera do gol queno vem descontado em umbanco que ca perto deles na horado jogo.

    O caso de Vinicius Lucca Vol-pini um pouco diferente, pois,torce pelo time da prpria cida-de. Inuenciado pelo pai e pelotio, Vinicius torcedor fanticodo Londrina Esporte Clube (LEC)e acompanha o seu time desde

    pequeno. Mas, foi em 2007 queo interesse e a paixo pelo clubecresceram, poca em que o tuba-ro foi campeo do primeiro turnoda Copa Paran. Vinicius no fazparte da torcida organizada, mas torcedor de carteirinha do tuba-ro.

    Vinicius relata que esse anochegou a ir a todos os jogos emcasa, e at foi em Arapongasacompanhar o LEC. Em mdiagastou 195 reais em ingressos ato m do campeonato Paranaen-se. Volpini tem quatro camisas ealguns objetos do tubaro comouma bandeira, bon e chaveiro.Diz que o investimento pelo timefoi alto nesse ano, chegou a gastaraproximadamente 400 reais emapenas uma temporada e no searrepende. uma grana e tanto,mas valeu a pena!, conta Volpini.E olha que ele paga meio ingressopor ser estudante. No caso dele, o

    desempenho do time no interferemuito na compra dos uniformes,sempre compra s aqueles mo-delos de camisas que mais gostaindependente da poca.

    Torcer, acima de tudo, umato de paixo, independente daforma, das possibilidades, o torce-dor faz de tudo e sempre d um

    jeito de apoiar seu clube. Todosacrifcio compensa. Todas as di-culdades se anulam. Paixo no

    tem preo.

    Assisto aos jogos em casa, sempre sento na

    mesma cadeirinha de madeira e coloco a mesma

    camiseta Ricardo

    Jos Roberto Reis e seus lhos Joo Victor e Rafael em torno de uma mesma paixo

    Vinicius segurando sua camiseta autografada

    pelo Carlos Alberto Garcia e pelo Nivaldo,

    ex-craques do LEC

    LillianCardoso

    LillianCardoso

    LillianCardoso

  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

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    Por trs do tapete vermelhoDe olho no grande dia, universitrios procuram meios para economizar e terem uma grande festa

    Lassa AndradeNo h estudante que entre

    na faculdade e no sonhe como dia em que vai formar ecomemorar muito por isso. Pen-sar na formatura e se organizar algo que precisa ser feito jnos primeiros semestres docurso. Pensando nesse publico,muitas empresas de eventos seespecializaram em formaturasuniversitrias, negcio rent-vel e proveitoso pra ambas spartes, mas que deve ser vistocom cuidado.

    O representante de uma des-sas empresas, Marcus Junior,conta que o ramo tem se diver-sicado, que muitas empresasno trabalham mais com contra-tos de promoters e organizaodo evento, mas apenas com aexclusividade fotogrca. Fun-ciona assim: a empresa apenasdireciona a turma e indica buf-fets, bandas, seguranas, etc,porm o nico contrato assi-

    nado com a empresa o de ex-clusividade fotogrca, ou seja,somente os fotgrafos autoriza-dos podem tirar fotos durantea festa. Essa mobilidade odiferencial que est atraindo osestudantes. Chegamos a fazerat 70 festas no trs primeirosmeses do ano, que so os maisprocurados, conta Marcus.

    A estudante de pedagogia doInstituto Catua (ICES), Fernan-da Silva, diz que a turma aindano deniu onde vai realizar afesta de formatura, mas, estocom ideias de como arrecadardinheiro para a festa. S decid-imos que faremos o baile, missae colao, mas no denimoslocal. Programamos junto em-presa que est fazendo asses-soria pra gente festas e cerve-

    jadas todos os semestres, alm

    de mais aes entre amigos, o

    que j nos rende um bom din-heiro, conta Fernanda.

    Organizar uma formaturano tarefa fcil. Para que osonho no se torne um pesade-lo preciso tomar alguns cuida-dos, proporcionando o melhorevento para todos os forman-dos e gastando o mnimo pos-svel. Para ajudar nessa organi-zao, a turma deve eleger umacomisso que controlar gas-tos, promover eventos e tra-balhar na arrecadao de din-heiro, distribudos nos cargos

    de presidente, vice-presidente,secretrio, tesoureiro, etc, almde um estatuto assinado por to-dos.

    EstatutoDeve ser registrado em

    cartrio e assinado por to-dos que desejam participar daformatura. Ele precisa exporquestes que podem aparecerao longo da faculdade, quantosalunos estaro na festa, como

    ser feita a arrecadao, comoser a distribuio de convitese o que acontece no caso dedesistncias. Alm disso, devecar bem clara a participaode cada um. Existem modelosna internet que podem ser facil-mente copiados.

    Correndo atrsUma festa de formatura en-

    volve um investimento muitoalto, porm para minimizar gas-tos a turma pode recorrer a fes-tas, rifas e promoes, muitasvezes orientadas pela prpriaempresa que foi contratada.Mas, para no ter de acabarcom um rombo no oramentono nal do curso, quanto antes turma antecipar-se para ar-recadar dinheiro, menor sera quantidade que o estudanteter que desembolsar no nal.

    preciso avaliar o perl da

    turma para ver qual o tipo dearrecadao que mais combinacom ela., diz Marcus Junior.

    Alm das festas, as aes en-tre amigos, em um formato quelembra a antiga rifa, tambm

    so teis, j que so uma op-o barata e todo mundo sem-pre ajuda.

    Controlando DespesasO tesoureiro tem a respon-

    sabilidade de controlar o din-heiro e fazer um relatrio coma movimentao do caixa. Temque ser uma pessoa respon-svel e que deixe acessveis es-sas informaes para o resto da

    turma.

    Reunies e assembleias importante que o dilogo

    entre a turma e a comisso ac-ontea com frequncia, espe-cialmente depois do segundoano, quando os oramentos

    comeam a ser pesquisados euma empresa de organizaode eventos costuma ser con-tratada. a hora de levar emconsiderao o que a maioriaquer: o estilo da festa, a data,e como a turma vai arrecadardinheiro.

    Confitos

    difcil encontrar uma turmaem que no haja divergncias,

    discusses e at existem ca-

    AnaLciaMenezes

    sos de pessoas que terminamos anos de graduao sem sefalar. Cabe comisso ajudarno relacionamento entre os es-tudantes, fazendo com que asdecises tomadas sejam o mel-hor para todos.

    Mantendo a OrdemDepois de denidas as re-

    gras para a formatura (no estat-uto e nas atas), cabe Comis-so seguir as regras aplic-las,sempre ouvindo a turma e co-brando de todos a participaonas atividades.

    SeguranaDe nada adianta acertar

    todos os preparativos que en-volvem uma formatura, desde acolao at o baile, e esquecer-se de contratar um bom serviopara garantir a segurana etranquilidade no dia da festa.Para acertar na escolha fun-damental levar em consider-ao pontos como a idonei-dade e solidez da empresa, acapacitao dos prossionais ea procedncia dos equipamen-tos que sero utilizados e, prin-cipalmente, a relao custo ebenefcio.

    Sendo assim, importanteque a turma entre em um acor-do e comece a arrecadar men-salidades o quanto anos. Dessaforma no pesa o bolso e aindad para fazer uma festa baca-

    na. E como muitas empresasauxiliam na preparao, o quefacilita a Comisso da turma.Cada turma tem um perl, cabe comisso denir como sero evento. O importante quetodos participem e discutam oque ser melhor para a turma.

    A formatura deve ser um mo-mento inesquecvel e no umgerador de problemas, naliza

    Marcus.

  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

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    Consumidor brasileiro pagaos juros mais caros do mundo

    Carto de credito o campeo das taxas que chegam a superar os 400% ao ano

    Por Adriana Gallassi

    e Clara Simes

    Uma compra de 10 reais fei-ta no carto de crdito pode setransformar em uma dvida de45 mil em apenas cinco anos.Assim, no difcil entenderporque o carto de crdito aprincipal forma de endividamen-to dos brasileiros.

    O Brasil tem a maior taxa m-dia de juros de carto de crditoem comparao com outros pa-ses da Amrica Latina. Aqui, osjuros so em mdia 323,14% aoano, podendo superar os 400%,segundo a Associao Brasileirade Defesa do Consumidor (PRO-TESTE).

    A taxa de Sistema Especialde Liquidao e Custdia (Selic),referncia para o mercado na-cional, est em um dos meno-res nveis da histria, j as taxasdos cartes no seguiram essareduo, e em alguns casos ataumentaram.

    O que os bancos no expli-cam o motivo de as taxas con-tinuarem to altas. Os bancosBradesco, Ita, Banco do Brasil,Caixa Econmica e HSBC ar-mam que no podem fornecer

    os critrios utilizados para com-por as taxas de juros sobre oscartes. O Santander armouque se baseia no alto ndice deendividamento dos consumido-res.

    O economista e professor daUniversidade Estadual de Lon-drina (UEL), Carlos Caldarelli,arma que h basicamente doiscritrios que compem a taxade juros do carto. Um deles

    referente aos servios presta-dos pelo banco e o outro emrelao ao risco desse tipo deaplicao. Como a inadimpln-cia elevada a taxa de juros docarto de crdito tambm caelevada, pontua.

    Caldarelli explica que a gran-de concentrao do sistemabancrio tambm inuncia nas

    taxas de juros. So poucos osque dominam o cenrio nacio-nal, esses bancos so grandesgrupos nanceiros concentra-dos. aquela mxima, so pou-cos os fornecedores e eles co-bram o preo que eles querem,completa.

    Jlio, 23 anos, j sentiu nobolso os juros altos praticadospelos bancos. Ele conta quecancelou o seu carto h algunsmeses e que tomou essa decisoporque se endividou. Sou muitocompulsivo na hora de comprar,justica. Para resolver o dbito,ele procurou o banco e renego-ciou a dvida a juros menores.

    Com 19 anos, Jonathan jtem dvida com o banco. Ele dei-xou um ms sem pagar a contado carto, que era de 430 reais.Ao receber o boleto no ms se-

    guinte, no valor de 600 reais,Jonathan assustou-se com o au-mento da dvida. Ele procurou obanco e pediu a renegociao dadvida. Foi bem fcil renegociar,z tudo pelo telefone mesmo,relata.

    Rosana, 29 anos, usa trscartes de crdito, mas confessaque possui mais do que isso. Elav o carto como um problemae est tentando parar de usar.

    Voc acaba gastando mais doque ganha, porque os limitesque eles do so mais que o do-bro do seu salrio, ressalta.

    Jair, 50 anos, possui cartode crdito e j se endividou.Para quitar a dvida ele buscouum emprstimo a juros menorescom outro banco e ainda preci-sou vender seu carro. Ele acha

    difcil controlar os gastos e contaque j est endividado de novo.So raras as pessoas que con-seguem controlar o carto decrdito com limite alto explica.

    Mas, h quem discor-de de Jair. Rosa, 35 anos, temcarto de crdito e nunca seendividou. Ao perguntar seu se-gredo, ela respondeu: No temsegredo, s no comprar maisdo que pode pagar.

    Elisangela, 35 anos, declaraser adepta do carto: Foi a me-lhor coisa que inventaram, por-que tem o parcelamento, no como o cheque. Ela concor-da com os juros altos do cartopara que dessa forma as pes-soas consigam ser disciplinadascom a prpria renda.

    O melhor se organizar parano fazer dvidas, mas para

    quem j est endividado, Calda-relli ensina como proceder: Setem dvida no carto de crditoo melhor quitar logo, tomandoum emprstimo ou um consigna-do que tenha juros mais baratos,tem que fugir desses juros ele-vados, comenta. E aconselha,Nunca utilize o carto de crdi-to para fazer nanciamento, issorepresenta uma sentena demorte em termos nanceiros.

    Taxa de juros controlam a

    infao?A taxa de juro no Brasil

    usada justamente como uma

    forma de controlar a inao.

    Isso porque o governo se utili-

    za do consumo para mant-la

    estvel. Altas taxas de juros,

    como as praticadas no nosso

    pas, contribuem para inibir o

    consumo e isso que man-

    tm o controle da inao.

    Como acontece a infao?Se o consumo aumenta

    muito e o pas no tem como

    produzir mais acontece a in-

    ao. Mas, o que se observa

    hoje, segundo o economista

    Carlos Caldarelli que a pro-

    duo brasileira no est pr-

    xima do seu limite.

    Alm disso, o pas passa

    por uma fase de estagnao

    na economia e uma das cau-

    sas a taxa de juros eleva-da. Pois, juros altos inibem o

    consumo e tambm os inves-

    timentos. Para alterar esse ce-

    nrio e retomar o crescimento

    econmico, o governo entrou

    em um processo de reduo

    das taxas de juros e por isso

    que a taxa Selic esta entre as

    mais baixas j praticadas no

    pas.

    O que a taxa Selic?A taxa Selic como uma

    baliza, ou seja, um valor de

    referncia. Caldarelli explica

    que ela como um farol que

    mostra a direo que a taxa

    de juros devem seguir. Dessa

    forma se a Taxa Selic aponta

    para cima as taxas de juros

    aumentam e se aponta para

    baixo elas tendem a cair.

    Foto:AdrianaGallassieClaraSimes

  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

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    O Lado Escuro da RuaA calada da noite em Londrina no to silenciosa quanto parece

    Adriana Gallassi, AlessandraGalletto e Clara Simes

    Avenida Rio de Janeiro, 20h30Um ambiente iluminado com

    uma luz aconchegante, no bas-ta para fazer do bar um localagradvel. A melodia que toca aofundo dene o astral da noite. aique Bethnia Paranzini, 29 anos, eSamuel Muniz, 31, entram nessahistria, ou o bar entra na histriadeles.

    Desde quando era crianaBethnia j tocava piano clssico.Aos 17 anos, veio para Londrina,fazer o curso de Msica na Univer-sidade Estadual de Londrina (UEL).Ela conheceu as rodas de choroe tambm conheceu Samuca oSamuel Muniz e se envolveram,primeiro pela msica, paixo emcomum dos dois.

    Samuca veio de So Sebastio,litoral de So Paulo, e conheceu ochoro quando um amigo lhe apre-

    sentou um disco de Rafael Rabello,violinista e compositor brasileiro.Quando ouviu, pensou quero to-car assim. Resolveu comprar seuprimeiro disco de choro, uma co-letnea do livro Do quintal ao mu-nicipal de Henrique Cazes. Com-prou somente por causa de Rabello.At que veio a Londrina para fazero Festival de Msica e descobriuque os professores que iriam daraula eram aqueles desconhecidosdo disco dele. Fez uma ocina de

    choro e se encantou.Nas rodas de choro, Samuca to-

    cava violo e Bethnia participavacantando, mas como o choro es-sencialmente instrumental, Samu-ca props que Bethnia aprendessea tocar cavaco. Ele aprendeu atocar s para ensin-la. O Samu-ca foi a minha ncora na msicapopular, conta Bethnia. Esserelacionamento que comeou pelamsica, continuou com ela sendoparte importante na vida dos dois.

    Eles se casaram, com direito a rodade choro na festa. O noivo tocou, anoiva cantou, e assim foi por dozehoras.

    Hoje os dois tocam juntos, masno fazem somente isso. Samucad aulas de violo. Bethnia trabal-ha no projeto de canto coral, Umcanto em cada canto, com musi-

    calizao em ensino regular comeducao infantil e fundamental I,e d aula de voz. Ela arma queeles ainda encontram tempo paratocar na noite e para sair tambm.

    Eu acho que bacana porquetodo mundo sai a noite com aquelaesperana de tirar um pouco a so-brecarga do dia, arma Bethnia,sobre o trabalho noite. Ela lembraainda, de uma mulher que cou anoite toda sentada perto deles e nom da apresentao disse-lhes, eu

    estava to estressada do trabalho,como foi bom escutar vocs. ParaBethnia isso graticante. Sam-uca tambm gosta de tocar nanoite, ele declara: Quando a gen-te comea na msica, no comeapensando em dar aula, voc quertocar. Acho que o prazer do msico estar tocando.

    Mas, eles no escondem as di-culdades. Acho que a maior di-culdade, para o tipo de som queeu fao, so as casas. Entendo olado das casas, eles esto pen-sando comercialmente. Ai, j no culpa deles. difcil ir contra amdia, desabafa Samuca. EmLondrina a msica est muito vol-tada para o meio universitrio, eubrinco que ns somos um dos pou-cos resistentes. A gente faz o quea gente gosta. Trabalhar na noite,

    pra mim, levar um tipo de msicaque voc no escuta com tantafacilidade. Ento, proporcionara escuta de msicas que as pes-soas pensem espera l, msicabrasileira, mas eu no conheo,explica Bethnia.

    Ao perguntar o que a msi-ca signica na vida deles hoje,

    a resposta igual: tudo. Tudo.Porque eu respiro msica, eu faomsica, eu penso msica, declaraBethnia. E Samuca completa: At-ualmente, tudo. No tem maiscomo usar outra palavra. Todavez que tento deixar de lado, sme dano. Tem coisa que a gente,talvez, nasce para fazer.

    Avenida Higienpolis,3h25 da manh

    Ningum realmente quer queaquele telefone celular toque. Ape-

    sar de ser sua prosso, apesar deque se ele nunca tocar no havertrabalho, ningum quer. Apenas aprimeira ligao comum: os par-amdicos, mdicos e enfermeirosque chegam para o turno da noiteem torno das sete horas recebemo telefonema para vericar quemest de planto, e se todos estodisponveis. A partir da vem a es-pera. Distrai-se para que o tempopasse mais rpido. Caf, jantar,

    livros, computadores, tev. Horaou outra olha-se para o celular detransmisso rdio e imagina-seaquele apito desanado, que ger-almente leva a outros sons aindamais estridentes.

    Luis Carlos de Melo, mais con-hecido por Carlinhos, motoristade ambulncia e socorrista h 19anos, trabalha no SOS Unimed ena prefeitura de Camb h 6 anos. casado h 15 anos e tem doislhos. Em seis dos sete dias da

    semana, ele trabalha em plantesem postos de emergncia, em doisturnos de doze horas. Nunca sa-beria como uma rotina normal,trabalhar num escritrio e voltarpara casa no m da tarde. Minhavida noite, conta.

    Numa jornada de trabalho toextenuante, Luis dedica suas 24horas de folga famlia. O estresseprovocado pelo trabalho no con-segue abat-lo. Sou apaixonadopelo que fao. Tenho outra ocu-

    pao, sou marceneiro, mas gostodemais do que eu fao. Primeiro,dirigir. Segundo, dirigir a ambuln-cia. Quando estou nela, a sireneligada na cidade, indo resgataralgum, eu me realizo. Todo o es-tresse que tenho no servio com-pensado quando chego em casa epego meus lhos no colo, apesarde agora pegar s o neto, meus l-hos j so grandes demais, acres-centa entre risos.

    O telefone de emergncias en

    Adrian

    aGallassi

    Do contratempo ao casamento: Bethnia e Samuca uniram-se na vida assim como na msica

  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

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    m toca. Breves informaesso dadas equipe de socorro;uma mulher liga em desespero di-zendo que sua vizinha brigou como namorado e ateou fogo em seuprprio lho. Eu ia todos os diasno Hospital Universitrio (HU) paraver o acompanhamento da criana.Foi um dos acidentes que mais mechocou. Mais de 90% do corpo dobeb foi queimado. Em dois ou trsdias foi necessrio amputar um de

    seus braos. No quarto dia, umadas pernas. Ficou internado emtorno de uma semana e no resis-tiu. Carlos trancou a me da crian-a dentro da ambulncia e deixoua mulher trancada em uma sala nohospital at que a polcia chamadapara lev-la.

    H cerca de um ano e meio,o socorrista salvou um homembaleado em um acidente. Em Cam-b dois jovens discutiram duranteuma festa de m de semana. Um

    deles estava armado. No momentoem que ele tirou a arma do bolso, aarma disparou sozinha, e o tiro fe-riu sua cartida. Na poca, a SantaCasa de Camb no possua UTI,e o jovem foi encaminhado at aSanta Casa de Londrina. Carlin-hos, se demorar mais quinze minu-tos para chegar, ele vai morrer,disse o enfermeiro que acompan-hava Carlos na ambulncia naquelanoite. O socorrista conseguiu sal-

    var sua vida.H poucos meses Carlinhos

    saiu com a famlia e os amigospara aproveitar um m de semanajogando futebol. O mesmo jovemde tempos atrs estava l. Joga-ram juntos, mas ele no reconhe-ceu o homem que o havia salvado.Depois da partida, Carlos conver-sou com o jovem, que agradeceue se emocionou ao descobrir quemele era. Salvar, eu no salvei ele;Deus foi quem me ps ali para es-

    tar onde ele estava. O pessoal abu-sa muito da bebida nestas festase bares, faz tudo car muito per-igoso, comenta.

    Todo mundo trabalha porqueprecisa, mas eu acho que para tra-balhar na rea da sade precisa-mos ter algo a mais. A vida de umapessoa depende das nossas escol-has; um medicamento, uma dos-agem errada pode matar algum.Em um computador, uma pessoa

    comete um erro, apaga, deleta; emum escritrio, se algo est errado,amassa o papel e imprime outro.Aqui nossos erros podem ser fa-tais, diz Carlinhos.Rua Alagoas, 4h00 da manh

    Enquanto a cidade dorme,Antnio Camargo Vieria e sua mul-her, Vera Camargo Vieira, trabal-ham para garantir o po de cadadia. O caf da manh ainda namadrugada e a montagem da bar-raca uma tarefa executada com

    capricho e ordem com cada leg-ume, verdura e fruta em seu lugar.Ainda no silncio da madrugada,eles ajeitam daqui, arrumam dali,deixando tudo no seu canto certoantes do dia amanhecer. O encon-tro entre a singela vida no campocom o mundo movimentado dacidade mostra seus contornos en-quanto o dia ainda nem raiou.Assim acontece toda semana navida de seu Antnio e dona Vera,

    um casal com mais de 30 anosde matrimnio e representantesda simplicidade e do amor ao tra-balho. Unidos de muita simpatia eboa vontade so uma amostra doslegtimos trabalhadores brasileiros.

    Para entender esse conjuntode elogios s mesmo conhecendoessa histria de sucesso contadapelos seus protagonistas. Antnioteve a prosso herdada de seuspais. Desde de pequeno, ele aju-dava seu pai a plantar e colher as

    frutas e verduras. Eu era prat-icamente um pivete e eu, meusirmos e meus pais fomos trabalharnum plantio de horticultura porquea minha famlia tinha bastante di-culdade nanceira. Ele fala dagrande emoo que tinha de podertrabalhar ao lado de seus pais.Eles tinham amor pelo que faziam

    e me passaram esse amor. Sem-pre gostei de trabalhar aqui e era

    melhor ainda quando eu podia tra-balhar ao lado de meus pais. Almda luta para conseguir espao nomercado, a vida tambm reser-vava outras surpresas para seuAntnio, alm de alfaces e brcolis.Eu e Vera nos conhecemos numaquermesse. E eu apostei com umsenhor que eu iria namorar ela. E,assim foi. Namoramos durante trsanos e depois nos casamos, conta.

    O esforo, a responsabilidadee o comprometimento geraramreconhecimento. A histria de vidado casal uma demonstrao doamor ao trabalho e compromissocom o meio ambiente e a sadedos fregueses. A vida de feiranteno fcil. Para tanto sucesso preciso trabalhar, trabalhar e tra-balhar. Eu gosto muito disso aqui,tanto que eu j parti para outrosramos, mas eu no consegui carno, comenta dona Vera. Apesar

    de ser uma vida bastante sacrica-da acordar em plena madrugada

    e ainda ter que preparar a merca-doria, depois de uma noite exaus-tiva de trabalho o casal garantegostar bastante do que faz.

    Apesar dos sacrifcios, Antniono se imagina em outra prosso,pois ama o que faz: Meus clientesso as coisas mais importantespara mim depois da minha famlia.O feirante fala muito do carinho so-bre as amizades nascidas em seu

    ambiente de trabalho, armandoque as feiras so especiais porque o tipo de comrcio onde o vende-dor e o consumidor possuem umgrande vnculo de amizade. Depoisde um dia de tanto trabalho horade voltar para casa, mas engana-sequem pensa que o trabalho acabaaqui. Logo inicia-se o ciclo nova-mente. Seu Antnio e Dona Veraterminam essa feira, mas aindatm simpatia de sobra, mais paradar do que para vender.

    Alessandra Galleto

    Luis Carlos de Melo, motorista de ambulncia e socorrista h 19 anos

    El d b d

  • 7/31/2019 Jornal Paralelo - 1 Edio - Outubro de 2012

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    Eles provam que podem sobreviver s dissoCom diferentes ideologias, vegetarianos e veganos afirmam que no preciso de carne para serem saudveis

    Flvia Cheganas e PamelaOliveira

    Ele olha, escolhe a melhor

    pea, leva para a casa e comea apreparar seu almoo. O primeiropasso cort-la e, ento o caldoescorre pela faca. Ele saliva pelogosto que vir a sentir. Est pron-to. Se voc, leitor, salivou imagi-nando uma carne mal passada,enganou-se. No almoo de hoje,Luis Otvio Freire se delicioucom duas mangas descascadas,bem cortadas e batidas para virarsuco. Essa a rotina dos chama-dos veganos cru, que adotam a

    dieta do crudivorismo. Eles con-somem apenas alimentos nocozidos, como frutas, verduras,sementes cruas, gros germina-dos, entre outros.

    Luis, um engenheiro eletrnicode 47 anos sendo dez deles comovegetariano e vegano cru, temsua maior preocupao com suasade e seu desempenho atl-tico. Eu acho muito legal essaperspectiva de vida mais longa e

    mais saudvel, e isso depende dadieta, diz. Para ele, as pessoascomem carne primeiramente peloprazer devido ao gosto da carne.Em segundo lugar, comem poracreditarem que necessriopara o organismo se manter vivoe por m, por uma questo so-cial, em que seriam excludas deum grande grupo social caso noconsumam carne.

    Seu estilo de vida atual ini-ciou-se quando ele decidiu seguir

    o conceito de viver apenas deluz a partir de vdeos da internet.

    Eu parei de comer durante uns40 dias. Nos primeiros sete diasvoc no come nem bebe nada,nem gua. Depois consome ap-enas lquido. E aps esse perodoeu no senti vontade nenhumade comer qualquer tipo de carne,arma Luis.

    No caso de Nagomi Kishino, 26anos e Mestra em Microbiologia,

    sua escolha em ser vegetarianapartiu de quanto ela presenciou,aos 13 anos, vrias galinhas sen-

    do mortas. Comecei a ver o bife,o peixe e pensava que no deviamais fazer isso, conta. No incio,Nagomi no tinha tanto acesso sinformaes sobre a dieta veg-etariana, chegando a pensar que,caso no comece carnes, pudessemorrer de desnutrio.

    Apesar de muitos anos teremse passado desde que Nagomiadotou esse modo de vida, vri-os mdicos e nutricionistas con-traindicam a dieta vegetariana.

    Porm, segundo os adeptos, necessrio que os nutrientesprovindos da carne sejam sub-stitudos por outros alimentos tonutritivos quanto carne. Assim,todas as necessidades do corpohumano seriam supridas por es-sas fontes, que so gros, se-mentes e cereais, alm de frutas,verduras e leguminosas.

    Mestra em Cincias Biolgicase professora de tica Animal na

    Universidade Estadual de PontaGrossa, Marcela Godoy, 30 anos,diz que decidiu consultar uma nu-tricionista vegana j que todos osnutricionistas que visitou foramcontra a dieta vegetariana. Agente comea a ler sobre gros,sobre alimentao orgnica ecomea a suprir nossas necessi-dades colocando novos alimentosno prato. Existem coisas que eunem sabia que existiam e agoraeu como, diz.

    A nutricionista Luciane Furlan-eto explica que uma dieta vegetar-iana balanceada e bem constru-da pode alcanar as necessidadesnutricionais tanto quanto a onvo-ra pessoas que incluem carnena dieta. P