jornal notaer - edição de setembro de 2013

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1S REZENDE / CECOMSAER ISSN 1518-8558 www.fab.mil.br Ano XXXVI Nº 9 Setembro, 2013 SEGURANÇA DE VOO - Simpósio do CENIPA alerta para número de acidentes OPERACIONAL DIA DO SOLDADO SIRIUS DOUTRINA Adeus a um herói O Centro de Invesgação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) rea- lizou em São Paulo o maior evento de segurança de voo do Brasil. O Simpósio Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáucos reuniu pilotos, mecânicos, proprietários de empresas e operadores de aeronaves. Durante o evento, foi lançada a revista da Turma da Mônica alertando para os riscos do laser verde e balões. Pág. 8 e 9. O P-3AM da FAB cobriu uma área superior a 1 milhão de km 2 e idenficou 230 em- barcações durante a Operação Albacora, realizada em Forta- leza (CE) e Natal (RN). Pág. 11 O Departamento de Con- trole do Espaço Aéreo lançou o site do programa Sirius, que trouxe diversas inovações para o controle do tráfego aéreo, como a navegação ba- seada em performance. Pág. 12 O Estado-Maior da Ae- ronáuca lançou o Portal de Doutrina Militar Aeroespa- cial. O sistema permite o de- bate e a revisão das doutrinas da Força Aérea. Conheça o portal e parcipe. Pág. 12 A aviação brasileira se despediu em agosto de um dos seus maiores he- róis, o Major-Brigadeiro do Ar Rui Moreira Lima, que executou 94 missões de ataque durante a 2ª Guerra Mundial. Pág. 5 Conheça a história de alguns soldados da Força Aérea Brasileira que fazem a diferença em suas unidades. Batalhadores, valentes e so- nhadores, esses jovens dão uma lição de vida. Pág. 14 SEGURANÇA DE VOO - O Brigadeiro do Ar Luis Roberto do Carmo Lourenço convocou toda a comunidade aeronáutica para a prevenção de acidentes durante o simpósio realizado pelo CENIPA em São Paulo.

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SEGURANÇA DE VOO - Simpósio do CENIPA alerta para número de acidentes

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Page 1: Jornal NOTAER - Edição de setembro de 2013

1S REZEN

DE / C

ECO

MSAER

ISSN 1518-8558www.fab.mil.br Ano XXXVI Nº 9 Setembro, 2013

SEGURANÇA DE VOO - Simpósio do CENIPA alerta para número de acidentes

OPERACIONAL

DIA DO SOLDADOSIRIUS DOUTRINA Adeus a um herói

O Centro de Investi gação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) rea-lizou em São Paulo o maior evento de segurança de voo do Brasil. O Simpósio Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuti cos reuniu pilotos, mecânicos, proprietários de empresas e operadores de aeronaves. Durante o evento, foi lançada a revista da Turma da Mônica alertando para os riscos do laser verde e balões. Pág. 8 e 9.

O P-3AM da FAB cobriu uma área superior a 1 milhão de km2 e identi fi cou 230 em-barcações durante a Operação Albacora, realizada em Forta-leza (CE) e Natal (RN).Pág. 11

O Departamento de Con-trole do Espaço Aéreo lançou o site do programa Sirius, que trouxe diversas inovações para o controle do tráfego aéreo, como a navegação ba-seada em performance.Pág. 12

O Estado-Maior da Ae-ronáuti ca lançou o Portal de Doutrina Militar Aeroespa-cial. O sistema permite o de-bate e a revisão das doutrinas da Força Aérea. Conheça o portal e parti cipe.Pág. 12

A aviação brasileira se despediu em agosto de um dos seus maiores he-róis, o Major-Brigadeiro do Ar Rui Moreira Lima, que executou 94 missões de ataque durante a 2ª Guerra Mundial. Pág. 5

Conheça a história de alguns soldados da Força Aérea Brasileira que fazem a diferença em suas unidades. Batalhadores, valentes e so-nhadores, esses jovens dão uma lição de vida. Pág. 14

SEGURANÇA DE VOO - O Brigadeiro do Ar Luis Roberto do Carmo Lourenço convocou toda a comunidade aeronáutica para a prevenção de acidentes durante o simpósio realizado pelo CENIPA em São Paulo.

Page 2: Jornal NOTAER - Edição de setembro de 2013

2 Setembro - 2013

ExpedienteCARTA AO LEITOR

PENSANDO EM INTELIGÊNCIA

Impressão e Acabamento:

Log & Print Gráfi ca e Logísti ca S.A

O jornal NOTAER é uma publicação mensal do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), voltado ao público interno.

Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno

Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel Aviador Henry Munhoz Wender

Chefe da Divisão de Comunicação Corporati va: Tenente-Coronel Aviador Max Luiz da Silva Barreto

Chefe da Subdivisão de Produção e Divulga-ção: Major Aviador Rodrigo Alessandro Cano

Chefe da Seção de Divulgação: Capitão Avia-dor Bruno Perrut Gomes Garcez dos Reis

Chefe da Agência Força Aérea: Capitão Aviador Bruno Perrut Gomes Garcez dos Reis

Editor: Tenente Jornalista Willian Cavalcanti

Repórteres: Ten JOR Humberto Leite, Ten JOR Flávio Nishimori, Ten JOR Willian Cavalcanti , Ten JOR Jussara Peccini, Ten REP Juliene Salomão, Ten REP Saulo Vargas (CECOMSAER), Ten JOR Maria da Glória Galembeck (III COMAR), Ten JOR Emília Cristi na (V COMAR), Ten REP Daiana Marodin (VI COMAR).

Colaboradores: EMAER, CIAER, AFA, EEAR, IAE, CENIPA, III FAE, 1º/5º GAV, 7º/8º GAV, 1º/7º GAV, II COMAR, VII COMAR e SISCOMSAE (textos enviados ao CECOMSAER via Sistema Kataná).

Diagramação e Arte: Ten FOT José Mauricio Brum de Mello, Subofi cial Claudio Bomfi m Ramos, Sargento Emerson G. Rocha Linares, Sargento Jobson Augusto Pacheco e S2 Yago Vinicius Santos.

Revisão: Cap Av Bruno Perrut Gomes Garcez dos Reis

Tiragem: 30.000 exemplares Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencio-nada a fonte.

Comentários e sugestões de pauta sobre aviação militar devem ser enviados para: [email protected] dos Ministérios - Bloco “M” 7º andar CEP - 70045-900 / Brasília - DF

Insegurança cibernética

Voo seguro

Brig Ar Marcelo Kanitz DamascenoChefe do CECOMSAER

Las Vegas sediou no fi m do mês de julho as duas maiores conferências de segurança da informação. Profi ssio-nais da área de tecnologia uti lizaram estes dois eventos para divulgar e discuti r vulnerabilidades de produtos e serviços tecnológicos.

A “Black Hat” é destinada aos profi ssionais da área de segurança da informação. A maior parte dos parti ci-pantes são funcionários de empresas ou de órgãos governamentais. O pú-blico da “DefCon” é caracterizado por hackers independentes ou afi cionados pela área de tecnologia.

As principais vulnerabilidades divul-gadas nesta edição foram:

- Smart TVs – especialistas de-monstraram ataques que permiti am ao invasor obter acesso às câmeras, microfones e dados pessoais.

- Câmeras IP – mais de 50 equi-pamentos ti veram suas vulnerabili-dades divulgadas. Algumas dessas

falhas permitem que o atacante acesse a captura ao vivo, altere em tempo real a imagem transmiti da ou interrompa a transmissão.

- Privacidade em Navegadores – um pesquisador provou que era pos-sível obter dados pessoais dos plugins das mídias sociais que são embuti dos nas páginas de internet. A técnica con-siste em ler pixel a pixel a informação protegida e transmiti -la ao atacante. Na demonstração o autor da façanha obteve, em 15 segundos, o nome do usuário de uma importante rede social que visitou sua página.

- Recursos do Navegador – hackers estão se especializando em explorar os recursos de armazenamento e proces-samento dos navegadores dos usuários por meio das redes de propaganda. Desta forma, o atacante tem à sua disposição uma vasta rede de compu-tadores para realizar as mais diversas tarefas com um custo muito pequeno.

- Android – falhas no sistema de verifi cação de assinatura do Android permitem que qualquer desenvol-vedor de soft ware disponibilize seu aplicati vo para instalação no sistema operacional. A técnica explora tam-bém um comportamento comum – a maioria dos usuários não dá atenção às permissões que o aplicati vo está requisitando. Assim, o atacante tem

acesso aos dados de localização GPS, microfones, câmeras, redes Wifi , e--mails, SMS, chamadas telefônicas, lis-ta de contatos e informações pessoais.

Para reduzir a chance de se tornar víti ma dessas vulnerabilidades de do-mínio público, o usuário deverá tomar as seguintes precauções:

- atualizar todos os seus equipa-mentos que estejam conectados na internet (fi rmware, soft ware e siste-mas operacionais).

- antes de comprar um equipa-mento (câmera, smart TV, impressoras etc.), pesquisar se o mesmo não tem vulnerabilidade publicada.

- fazer sempre “logoff ” das mídias sociais, mesmo no próprio computador.

- ler atentamente as permissões solicitadas pelos aplicati vos do An-droid. Se as requisições de acesso não forem compatí veis com o que se espera que o soft ware precisa ter, não instalar o aplicati vo.

Nesta edição da Black Hat e De-fCon houve a divulgação de vulnera-bilidades que atacam principalmente a privacidade do usuário. Com simples medidas é possível minimizar a expo-sição dos seus dados pessoais e os da sua família, permitindo assim uma navegação mais segura.

(CENTRO DE INTELIGÊNCIA DA AERONÁUTICA)

Nesta edição do NOTAER trazemos uma cobertura completa do Simpósio Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuti cos. Realizado pelo Centro de Investi gação e Prevenção de Aci-dentes Aeronáuti cos (CENIPA) em São Paulo, o evento foi uma importante ação na busca pela diminuição dos acidentes com aeronaves. Represen-tantes de diversos setores da aviação brasileira discuti ram temas relevantes para a consolidação de uma cultura de segurança de voo no país.

Este mês você acompanha as di-

versas ações operacionais desempe-nhadas por militares da Força Aérea em diferentes áreas. As aeronaves P-3AM do Esquadrão Orungan var-reram mais de um milhão de km2 no mar durante a operação Albacora. Nossos pilotos de caça foram à Su-écia para treinar em um simulador com oito pilotos ao mesmo tempo. O robusto helicóptero H-60 Black Hawk pela primeira vez foi pilotado por duas mulheres.

Conheça também o Portal de Doutrina Militar criado pelo Estado-

Maior da Aeronáutica como um espaço para discussão e revisão de documentos doutrinários de toda Força Aérea.

Não deixe de acompanhar ainda o que está em alta nas mídias sociais da Força Aérea.

Boa leitura!

2S JOH

NSO

N / C

ECO

MSAER

Page 3: Jornal NOTAER - Edição de setembro de 2013

3Setembro - 2013

PALAVRAS DO COMANDANTE

Por uma Força Aérea mais forte

Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito Comandante da Aeronáuti ca

O mês de dezembro reserva à Aviação de Caça da Força Aérea

Brasileira um momento de infl exão que certamente trará lições oportu-nas. A reti rada de serviço dos caças Mirage 2000 é uma decisão irrevogá-vel. O cronograma inicial previa o uso dessas aeronaves até o fi nal de 2011, contudo, graças ao bom trabalho das equipes de manutenção em um esfor-ço coordenado, foi possível adiar esta data por dois anos.

Se por um lado esta saída re-presenta uma retração dos meios disponíveis para o cumprimento da missão, abre-se também uma janela de oportunidade para os militares da Força Aérea Brasileira mostrarem seu profi ssionalismo e dedicação. Longe de existi r uma desconti nui-dade da aviação de caça brasileira, o que há, isto sim, é a constante busca de aperfeiçoamento.

Hoje, já fazem parte do dia-a--dia dos nossos pilotos de combate tecnologias, doutrinas e táti cas antes impensáveis. Combates em cenários além do alcance visual, uso de datalink, armamentos inteligentes e doutrinas de emprego equiparadas às Forças Aéreas mais operacionais do mundo, como mais uma vez será proximamente visto no exercício CRUZEX, são avanços que muito devem orgulhar todos os membros da Força Aérea Brasileira.

Anti gas aeronaves voam, atual-mente, modernizadas. Mas bem mais importante que os novos equipamen-tos eletrônicos é a modernização tam-bém do componente mais importante

de uma arma de aviação: o ser huma-no. O piloto de hoje é um diferencial. É um profi ssional capacitado, atua-lizado e, vale ressaltar, pronto para brevemente operar a nova aeronave de combate que será adquirida para equipar nossos Esquadrões de Caça.

Cada um ao seu nível, Comando da Aeronáuti ca e Governo Federal são responsáveis pelo processo de aquisição das novas aeronaves. A este

Comando coube uma análise técnica que fornecesse subsídios e assesso-ramento adequados a um nível deci-sório acima, que precisa considerar aspectos do Brasil como um Estado dentro do Sistema Internacional, bem como as perspecti vas econômicas e desenvolvimenti stas desta decisão.

O Comando da Aeronáuti ca não deve, atento aos seus princípios de Hierarquia e Disciplina, fazer pres-são. Não é essa a nossa forma de trabalhar. Reportamos realidades e nos mantemos preparados. Temos bases aéreas adequadas, equipes de solo capacitadas e os melhores pilotos para ocupar as cabines de comando. Estou certo de que estes são os principais elementos para uma Força Aérea dar orgulho para seu efeti vo e para a população.

O Mirage F-2000 para de voar no fi nal deste ano e será substituído pelo F-5 EM.

3S BATISTA / CEC

OM

SAER

TEN CEL SÉRGIO

2S BARR

OS / C

ECO

MSAER

Page 4: Jornal NOTAER - Edição de setembro de 2013

4 Setembro - 2013

ACONTECE NA FAB

ANIVERSÁRIOS

Terceira Força AéreaIII FAE

05/08 - 22 anos

Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle

15/08 - 27 anos

Escola Superior de Guerra ESG

20/08 - 64 anos

Comissão Aeronáutica Brasileira em WashingtonCABW

21/08 - 68 anos

Base Aérea de Belém BABE

21/08 - 69 anos

Depósito Central de Intendência – DCI

23/08 - 68 anos

Quinto Esquadrão de Transporte Aéreo5º ETA

15/08 - 44 anos

Quer ver a sua unidade no NOTAER? Mande sua notícia pelo sistema Kataná. Não tem a senha? Cadastre-se pelo e-mail:

[email protected]

Subdiretoria de Abaste-cimento - SDAB

22/08 - 24 anos

Insti tuto de Controle do Espaço Aéreo – ICEA

26/08 - 53 anos

Base Aérea de Natal BANT

07/08 - 71 anos

Odontoclínica de Aeronáuti ca de RecifeOARF

15/08 - 27 anos

Insti tuto de Fomento e Coordenação IndustrialIFI

20/08 - 42 anos

Diretoria de IntendênciaDIRINT

22/08 - 68 anos

Base Aérea de Campo Grande – BACG

21/08 - 69 anos

Base Aérea de CanoasBACO

21/08 - 69 anos

Hospital Central da Aeronáuti ca – HCA

27/08 - 71 anos

Centro de Computação de Aeronáuti ca do Rio de Janeiro - CCARJ

01/08 - 47 anos

O protóti po do vant Acauã, que faz parte do projeto de desenvolvi-mento de tecnologias nacionais para veículos aéreos não-tripulados, fez a primeira decolagem automáti ca. Os ensaios em voo foram executados na Academia da Força Aérea, em Pirassununga (SP). Durante os voos foram verifi cadas a nova confi guração dos equipamentos e novas funcio-nalidades do soft ware embarcado e execução dos ensaios iniciais de decolagem automáti ca. Além disso, foram realizadas corridas no solo para comprovação do controle direcional.

1° GAAAD recebe o primeiro radar de fabricação nacional

Com o objeti vo de aprimorar os meios de defesa anti aérea, o Primei-ro Grupo de Arti lharia Anti aérea de Autodefesa (1° GAAAD) recebeu em agosto o primeiro radar SABER M60 em Canoas (RS). Feito com tecnolo-gia exclusivamente nacional, o novo mecanismo integrará o sistema de controle e alerta do GAAAD e propor-cionará a detecção à baixa altura de alvos de asa fi xa ou rotati va, em uma distância de até 60 km.

Durante três semanas, a Escola de Especialistas de Aeronáutica, em Guarati nguetá (SP), foi sede do Estágio de Intendência Operacional (EIOP), que formou 42 aspirantes e 75 graduados e praças. Durante o estágio, os militares parti ciparam de instruções teóricas e práti cas nas áreas de infraestrutura, elétrica, hidráulica, contraincêndio, além de ati vidades fí sicas e treinamentos. O EIOP é realizado pela Diretoria de Intendência por intermédio da Subdiretoria de Encargos Especiais.

O Major-Brigadeiro do Ar Luis Antonio Pinto Machado recebeu um “voto de aplauso” da Assem-bleia Legislativa de Pernambuco por sua passagem pela chefi a do Segundo Comando Aéreo Regional (II COMAR) de Recife (PE). A home-nagem foi proposta pelo deputado estadual Antônio Moraes em reco-nhecimento pelas diversas ações do comandante a frente do II COMAR em favor de Pernambuco.

VANT desenvolvido pela FAB faz primeira decolagem automáti ca

EEAR sedia Estágio Operacional de Intendência

Ex-comandante do II COMAR é homenageado pela Assembleia de

PernambucoIAE

II CO

MAR

CB R

ENAN

/ EEAR

GAAD

Page 5: Jornal NOTAER - Edição de setembro de 2013

5Setembro - 2013

MEMÓRIA

FAB chora a perda do herói Major-Brigadeiro Rui Moreira Lima

MEMÓRIAMEMÓRIAMEMÓRIA

O Major-Brigadeiro Rui Moreira Lima faleceu aos 94 anos no Rio de Janeiro

Aviador cumpriu 94 missões de combate na Segunda Guerra Mundial e foi autor do livro Senta a Pua!

O homem se fez mito. O mito grandioso, magnânimo, extra-

ordinário. O mito guerreiro. O mito--herói. O herói-homem. Em cada linha do rosto com suas impressões do tempo, cabiam mais de mil histó-rias. Mas, história não morre. Herói não morre. Mito não morre. Nele, havia mais. Havia o olhar brasileiro, daqueles guerreiros da Nação que são lembrados indefi nidamente. Se é certo que será sempre momento de evocar a sua memória, é fato também que a Força Aérea Brasileira (FAB) chora, consternada, a perda do herói Major-Brigadeiro Rui Moreira Lima, aos 94 anos, no Hospital Central da Aeronáuti ca, no Rio de Janeiro, onde estava internado havia dois meses. Herói da Segunda Guerra Mundial como piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça, realizou 94 missões com a aeronave P-47 no front de combate. Era casado com Dona Julinha.

A dor do momento não sobrepuja a alegria da existência desse homem. Sempre tão lúcido, costumava desfi lar sua memória impecável com detalhes sobre fatos ocorridos há seis décadas. O senso de observação diferenciado transformou feitos em histórias re-contadas com minúcias.

Disfarçava não ser um prota-gonista. “Rui, que foi um dos mais destacados combatentes nos céus da Itália, fala de tudo e de todos, mas pouco dele mesmo, ou das 94 missões que executou sobre as tropas alemãs”, disse certa vez o pa-trono da aviação de caça do Brasil, Brigadeiro Nero Moura.

O Major-Brigadeiro Rui foi autor do livro Senta a Pua!, que inspirou também um documentário do mesmo nome. No livro e no fi lme fez ecoar a incrível tra-jetória dos militares brasileiros na cam-panha vitoriosa durante a batalha. Era preocupado em não deixar se apagar a

epopéia que ele e seus colegas viveram. Sua obra transformou-se em leitura de referência e palavras que provocavam lágrimas e sorrisos por onde passava. Não ter sua presença fí sica amanhã naquelas palestras que arrancavam aplausos empolgados deixa silêncio, mas não o vazio.

O luto da Força Aérea Brasileira tem um som mais alto. Agora, dife-rente de todos os outros momentos, cabe a honra de se prestar a tradicio-nal saudação Adelphi dos caçadores ao Major-Brigadeiro Rui.

“-1,2,3... - Palmas! - Adelphi!”É impossível não ouvir a melodia

de “Carnaval em Veneza” e a voz do Brigadeiro Rui, vibrante com a história que ajudou a construir, trazendo os amigos consigo. Em entrevistas para veículos de comunicação da FAB, o herói lembrava característi cas pesso-ais e profi ssionais dos seus colegas na guerra. “Viramos irmãos”, dizia.

Retratou todos os “irmãos” com seus brilhos singulares. Nunca fez questão de falar de si mesmo e

denotava a alma modesta que guer-reiros e heróis têm. Dizia-se inspi-rado pelo exemplo do pai. Palavras do desembargador Bento Moreira Lima, conti das em uma carta escrita em 1939, eram o seu “vade-mécum da vida militar”. Na carta está que “obediência aos teus superiores,

lealdade aos teus companheiros, dignidade no desempenho do que te for confi ado...”. O fi lho seguiu o conselho. Virou guerreiro e herói. Foi além. O legado sobrevive forte e sempre tão lúcido.

94 missões na Segunda Guerra e uma volta para casa emocionante

Durante a Segunda Guerra Mun-dial, o então Tenente Rui Moreira Lima fez nada menos do que 94 missões. A primeira ocorreu no dia seis de no-vembro de 1944 e a últi ma no dia 1º de maio de 1945. Sempre sob o fogo cerrado da arti lharia alemã. “Em cada missão, eram mais de duas horas e meia no combate ao inimigo. Foi bas-tante difí cil para todos”, comentava.

Cada dia na Itália foi registrado em uma caderneta que o Brigadeiro guar-dava em casa como uma verdadeira relíquia. Também nela está o voo mais emocionante de sua vida, o de volta para o Brasil após a vitória no combate.

“Quando fui para a guerra, deixei minha mulher grávida. Ao pisar no chão brasileiro, fui direto ao encontro de minha mulher e minha fi lhinha que já havia nascido”, relembrou o Brigadeiro em entrevista à Aerovisão. No reencon-tro, emoção e a maior recompensa que poderia imaginar, o sorriso da fi lha. Foi uma grande vitória do herói.

Desde 1939O maranhense da cidade de Coli-

nas nasceu em junho de 1919. Aos 20 anos de idade, já era cadete da escola militar de Realengo, no Rio de Janeiro. Ingressou na Força Aérea Brasileira assim que a insti tuição foi criada, em 1941. Costumava repeti r que atuar no Correio Aéreo Nacional foi um grande aprendizado para os pilotos de caça que iriam parti cipar da guer-ra. “No Brasil, aprendemos a voar em situações bastante adversas. Quando chegamos na guerra, os americanos fi caram impressionados conosco”.

O Brigadeiro Rui falava sempre com muita tristeza a respeito dos companheiros do Grupo de Caça que foram abatidos nas linhas inimigas. Considerava-os heróis e ficou obsti-nado por contar as histórias na guerra bastante difundidas no meio militar e pouco conhecidas por toda a socie-dade. “Temos que gritar Senta a Pua!, cantar o Carnaval em Veneza, encenar a Ópera do Danilo. Essa é a nossa his-tória”, bradava o herói. Histórias que ficaram muito mais conhecidas por causa do Brigadeiro-do-Ar Rui Moreira Lima. As canções entoadas, a parti r de agora, também glorifi carão o legado desse homem histórico.

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Page 6: Jornal NOTAER - Edição de setembro de 2013

6 Setembro - 2013

MÍDIAS SOCIAIS

Navegue em imagens da FAB pelo Instagram

Mais curtidas do mês

Acesse:instagram.com/fab_ofi cial

O Instagram é um aplicativo gra-tuito que permite aos usuários

tirar fotos, aplicar um filtro e depois compartilhá-la numa variedade de redes sociais. Recentemente o apli-cativo também começou a aceitar pequenos vídeos. A Força Aérea tem utilizado a mídia social para divulgar as atividades que desenvolve, desde exercícios e operações conjuntas com outras Forças Armadas até formaturas diárias, fotos históricas e muito mais.

O Instagram também tem as hashtags, que são usadas para fa-cilitar o acesso a temas específi cos. No perfi l da FAB são publicadas tanto imagens com uma grande produção fotográfi ca quanto as mais comuns, ou seja, captadas por qualquer mili-tar da Força Aérea.

“No Instagram mostramos aos seguidores momentos ímpares que envolvem as ati vidades dos nossos militares, desde uma instrução de pa-raquedistas do PARA-SAR até a capa do gibi da Turma da Mônica sobre segurança de voo”, explica o Tenente Relações Públicas Saulo Roberto de Vargas, do Centro de Comunicação Social da Aeronáuti ca.

Você também pode enviar suas fotos pelo e-mail [email protected]. “Estamos aguardando suas imagens. Apro-veite e siga também os perfi s da FAB nas outras mídias sociais”, completa o Tenente.

Em agosto o vídeo no YouTube com as imagens captadas pelo vant mostrando o gol do Neymar na Copa das Confederações foi o mais visto

pelos internautas. Outra imagem que recebeu muitas “curti das” no Instagram foi a das aviadoras, pilotos do H-60 Black Hawk, em uma missão de resgate na Amazônia. E o destaque na nossa fanpage no Facebook foi uma linda homenagem de um fã aos Fumaceiros depois de um triste acontecimento.

Conheça e faça parte da Força Aérea Brasileira através das mídias sociais. Estamos esperando por você!

Page 7: Jornal NOTAER - Edição de setembro de 2013

7Setembro - 2013

FABTV completa um ano com programação de sucesso

Concebido para ser mais um canal de comunicação da Força Aérea

Brasileira com a sociedade, a FAB-TV completou em agosto um ano de ati vidades. Os programas, que podem ser assis-tidos no portal da FAB e também no You-Tube, já ti veram um total de quase 250 mil visualizações.

A estréia da FABTV ocorreu no dia 5 de agosto do ano passado com o FAB em Ação. O programa, com periodici-dade mensal, mostrou os basti dores da participação da Força Aérea na Operação Ágata 4 do Ministério da Defesa. A grade inicial de veiculação contava ainda com os programas Co-nexão FAB, FAB no Controle, FAB pela FAB e FAB entrevista. Em janeiro deste ano, com a incorporação do Especialis-tas da FAB, e, em maio, com a estreia

Assista:youtube.com/portalfab

do FAB na História, a programação da FABTV passou a exibir sete formatos, todos em alta resolução (Full HD).

Os programas são produzidos e editados pelo Centro de Comunica-ção Social da Força Aérea (CECOM-SAER), em Brasília (DF). O objetivo da FABTV é mostrar para a socieda-de as diversas frentes de atuação dos militares da Aeronáutica nas aviações, controle de tráfego aéreo, saúde, ensino e pesquisa.

Acompanhe toda a programação da FABTV no YouTube. Acesse o QR code:

Page 8: Jornal NOTAER - Edição de setembro de 2013

8 Setembro - 2013

SEGURANÇA DE VOO

O Centro de Investi gação e Prevenção de Acidentes

Aeronáuti cos (CENIPA) regis-trou até 31 de julho 103 aci-dentes na aviação do país. Os dados foram divulgados pelo chefe do CENIPA, Brigadeiro do Ar Luis Roberto do Carmo Lourenço, durante o Simpó-sio Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, realizado em agosto em São Paulo. Pilotos, mecânicos, proprietários de empresas e operadores de aeronaves parti ciparam de palestras vol-tadas a promoção da cultura de segurança na aviação.

Durante o simpósio, o juiz federal Marcelo Honora-

to falou sobre a responsabili-dade criminal nos acidentes aéreos. O palestrante, que foi piloto da Força Aérea Brasilei-ra por mais de 16 anos, abor-dou os aspectos jurídicos na responsabilidade dos profi s-sionais que atuam na aviação, quer seja como mecânico, piloto, diretor ou proprietário de empresa aérea.

O diretor-presidente da Agência Nacional de

Aviação Civil (ANAC), o advo-gado e economista Marcelo Guaranys (foto), foi o primei-ro palestrante do Simpósio Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos. O diretor falou sobre o papel da ANAC na aviação brasi-leira, contribuindo para um transporte aéreo seguro e de qualidade diante do alto cres-cimento da aviação no Brasil.

A ANAC atua em sistema de vigilância continuada, realizando fi scalizações pro-gramadas, não programadas e moti vadas por denúncia. A maior parte dos esforços da Agência tem sido nas ações de fi scalização com foco na segurança das operações das aeronaves e do pessoal da aviação civil.

Em 2012, a ANAC criou uma unidade focada em ope-

Apesar do número expres-sivo de acidentes, a expectati -va é que o índice se estabilize este ano. “Alcançando essa estabilização, a tendência é que as ocorrências entrem numa curva descendente nos próximos anos”, disse o Briga-deiro Lourenço.

O chefe do CENIPA abor-dou também os vilões dos acidentes aeronáuti cos e falou do “jeitinho brasileiro”: em cerca de 35% das ocorrências, há violação de leis e normas da aviação. “Não somente o CENIPA, mas todos que estão ligados à aviação têm que tra-

Além disso, o juiz mos-trou casos reais de acidentes que aconteceram no Brasil, esclarecendo como a atua-ção dos profi ssionais refl ete diretamente na vida dos pas-sageiros. “Delitos culposos ocorrem em razão da falta de cuidado dos aeronavegantes”, afi rma Honorato.

O juiz explicou ainda que, a responsabilidade criminal no contexto da aviação pode

Simpósio de segurança de voo revela dados de acidentes no país

O papel da ANAC na segurança da Aviação Brasileira

A responsabilidade criminal em acidentes aeronáuticos

render penas severas aos operadores, que em muitas situações, não se dão conta dos aspectos jurídicos que envolvem suas ati vidades.

Promoção da segurança Marcelo Honorato tem

desempenhado papel relevante na promoção da segurança de voo em razão do conhecimento e da ampla experiência na área da aviação. O juiz Honorato coordena cursos e palestras para integrantes do poder ju-diciário com a finalidade de proporcionar um melhor en-tendimento dos magistrados na preservação das informações da investi gação do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuti cos (SIPA-ER) nos processos judiciais. Em agosto, o juiz coordenou, em Brasília, o curso sobre o papel do poder judiciário na seguran-ça de voo, com a presença de mais de 50 juízes federais.

balhar ainda mais para que os acidentes diminuam. Ninguém pode se eximir dessa responsa-bilidade”, completou.

rações fiscais em âmbito nacional e com o poder de polícia. “A atuação tem sido intensificada em parceria com diversos órgãos públicos. O trabalho visa aprimorar os resultados das ações e con-tribuir para elevar, cada vez mais, o nível de segurança do transporte aéreo brasileiro”, disse Marcelo Guaranys.

O chamado “fator huma-no”, que está presente cerca de 90% dos acidentes, foi abordado pela norte-america-

na Katherine Lemos, profes-sora do Insti tuto Tecnológico de Aeronáuti ca (ITA). “A in-vesti gação é muito trabalho-sa. Por isso, as informações obti das nesse processo pre-cisam ser comparti lhadas ao máximo entre a comunidade aeronáuti ca”, disse.

O aumento da frota de aeronaves no país, aspectos jurídicos da aviação e os pro-jetos e perspecti vas dos fabri-cantes também foram temas abordados durante o simpósio. No final, o chefe do CENIPA reafi rmou: “a prevenção é res-ponsabilidade de todos”.

A professora americana Katherine Lemos abordou “o fator humano”

O juiz Marcelo Honorato alertou para os crimes aeronáuticos

Marcelo Guaranys, presidente da ANAC

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9Setembro - 2013

O Centro de Investi gação e Prevenção de Acidentes

Aeronáuticos (CENIPA) e o cartunista Maurício de Sousa apresentaram uma edição especial da Turma da Mônica durante o Simpósio Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuti cos. A revista em quadrinhos mostra a Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão em uma história sobre os riscos do laser verde e balões para a aviação.

O gerente de segurança de voo da Embraer, en-

genheiro Umberto Irgang, foi um dos palestrantes do Sim-pósio Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuti cos. Ele mostrou a visão dos fa-bricantes de aeronaves para produzir aviões seguros e os processos que buscam para elevar a segurança.

“A aviação atingiu um nível de segurança elevado graças à dedicação de pro-fi ssionais e organizações e a troca de informações livre e não competi ti va entre os vá-rios elos do sistema”, afi rma

“Queremos levar a mensa-gem de prevenção às crianças e também aos jovens e adultos. Espero que a credibilidade da Turma da Mônica colabore neste trabalho tão importante”, disse Maurício de Sousa.

“Maurício de Sousa é re-conhecido em todo país não só pelo sucesso da Turma da Mônica, mas também pela re-percussão de suas campanhas de cunho social. Há mais de 50 anos leva informação de forma

CENIPA lança revista com a Turma da Mônica

O papel dos fabricantes na segurança de vooo engenheiro. A busca contí -nua de meios e inovações na construção de aviões, segun-do o engenheiro, criou a auto-mação que deve estar aliada ao adequado treinamento, seguindo as boas práticas de cultura organizacional e a correta supervisão para níveis de segurança ainda maiores.

Na visão do palestrante, no futuro o foco da aviação promete máquinas cada vez mais voltadas para o conforto, comodidade e a segurança do usuário. A au-tomação trará a necessidade de estudar meios adicionais

para minimizar eventos de distração e criar formas que favoreçam o moni-toramento da integração homem-máquina.

Para Irgang, a importân-cia do simpósio pode ser me-dida pela grande procura da comunidade aeronáuti ca em parti cipar do evento. “Isso demonstra que existe uma consciência em contínuo aprendizado”, afirmou. Ele ainda destaca a necessidade de que sejam promovidos mais fóruns para elevação dos níveis de segurança da ati vidade aérea.

Maurício se diz satisfeito em contribuir com a segurança de voo

O chefe do CENIPA recebe revista autografada por Maurício de Sousa

Irgang falou das perspectivas dos fabricantes para novas tecnologias

“Quando criança, ti ve o sonho de ser aviador. Me sinto muito orgulhoso em colaborar com esse projeto. Co-meçamos por aqui, mas acredito que podemos colaborar ainda mais com a segurança de voo”

simples e bem-humorada, con-quistando adultos e crianças”, disse o Brigadeiro do Ar Luis Roberto do Carmo Lourenço, chefe do CENIPA.

“É uma forma de esclarecer ao público infanto-juvenil sobre os riscos do uso indiscrimina-do de laser verde e balões. A credibilidade e aceitação da Turma da Mônica junto ao público-alvo contribuem para o sucesso da ação”, afi rma o chefe do CENIPA.

Maurício de Sousa, cartunista

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FOTOS: 1S REZENDE / CECOMSAER

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III FAE

1º/5º GAV

10 Setembro - 2013

OPERACIONAL

Aspirantes voam o C-95 Bandeirante modernizado durante instrução em Fortaleza (CE)

Pilotos, controladores e representantes da III FAE participam de treinamento

Aspirantes escolhem: Transporte ou Patrulha

III FAE treina em centro de simulação na Suécia

Até o fi m deste ano, a Força Aérea Brasileira (FAB) deve ter mais

dez pilotos de aviação de patrulha e 54 da aviação de transporte. Mais cinco meses de estudos e voos de instrução separam os 64 Aspirantes--a-Ofi cial do sonho de se tornarem aviadores operacionais da FAB. É nesse clima de expectati va e con-centração que vive atualmente o Esquadrão Rumba, de Fortaleza (CE). No próximo ano, a turma estará es-palhada por várias unidades da FAB, já cumprindo missões reais.

Em agosto, durante o “Simpósio de Aviações”, ocorreu o aguardado momento de definição da futura aviação dos Aspirantes. Aqueles com melhores notas nas provas aéreas e teóricas, além de teste fí sico e concei-to militar, puderam fazer a escolha de acordo com o gosto pessoal.

Foi o caso do Aspirante Felipe de Paula. “Sempre ti ve o sonho de servir na Amazônia, ajudar no apoio social

que é dado naquela área”, confessa. Ele optou pela aviação de transporte e quer agora disputar uma vaga no Es-quadrão Arara, de Manaus (AM), equi-pado com os aviões C-105 Amazonas.

Já o Aspirante Thales Araújo preferiu ir para a aviação de patru-lha. “Gostaria muito de participar de uma Ágata”, disse. Em 2014, já como Oficial, ele deverá ser piloto

de aviões P-95 das bases de Floria-nópolis (SC) ou Belém (PA). Mas até lá é preciso concluir a segunda fase do curso de especialização opera-cional, com missões de busca, de vigilância e de ataque com lança-mento de foguetes. “É um desafio, mas a programação da instrução facilita esse aprendizado”, conta.

Depois de voarem os treina-dores T-25 e T-27 na Academia da Força Aérea, os Aspirantes voam no Esquadrão Rumba os bimotores C-95M Bandeirante. É a primeira experiência deles com aeronaves de porte maior e com dois pilotos sentados lado-a-lado na cabine de comando.

O “Simpósio de Aviações” é um dos momentos mais importantes do ano porque encerra a fase inicial de treinamento no C-95M e marcar o começo dos voos mais complexos, voltados para o cumprimento de missões.

Doze pilotos operacionais, de qua-tro unidades de primeira linha da

Aviação de Caça, além de quatro con-troladores militares, sendo dois de uma Unidade de Controle e Alarme em voo e outros dois do Departamen-to de Controle do Espaço Aéreo, trei-naram, durante uma semana, táti cas e técnicas aplicadas ao combate BVR, do inglês Beyond Visual Range, ou seja, além do alcance visual. Tudo isso ocorreu em um dos mais modernos centros de treinamento simulado do mundo localizado na Suécia.

No Centro de Simulação de Com-bate sueco, oito pilotos podem atuar simultaneamente dentro de um am-biente onde vários fatores podem ser configurados: desempenho da aeronave, ti po e quanti dade de ar-mamentos, ti po de radar etc. Nesse mesmo ambiente, os controladores podem interagir com as aeronaves como se esti vessem em suas posi-ções roti neiras, com a vantagem de

acompanhar, pessoalmente, tanto a preparação quanto a críti ca da mis-são. Além disso, podem visualizar, juntamente com os pilotos, toda a arena de combate em modo tridi-mensional, tornando o aprendizado no treinamento muito efi ciente.

Além das aeronaves “pilotadas”, o Centro de Simulação de Combate permite a inclusão de aeronaves de diversos tipos no cenário táti-co, aumentando a quanti dade e a complexidade dos combates aére-os. Tudo isso dentro de um mundo virtual que uti liza o datalink. Essa tecnologia permite que diversas ae-ronaves troquem, automati camente, informações entre si, aumentando a capacidade dos pilotos em perceber o ambiente à sua volta – a chamada consciência situacional.

Junto com os pilotos e controla-dores brasileiros, pilotos e controla-dores suecos parti ciparam do treina-mento, interagindo desde o preparo

da missão, execução e, fi nalmente, a crítica de cada “voo” realizado. “Esse foi um ponto importante, pois todos operaram como uma equipe, trocando experiências, e permiti ndo

uma avaliação das táti cas e técnicas empregadas por nossos pilotos de combate e controladores de voo”, afi rma o Coronel Aviador Jefson Bor-ges, comandante da missão.

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VII CO

MAR

11Setembro - 2013

Black Hawk pilotado por mulheres pela primeira vez

P-3AM cobrem mais de 1 milhão de km2 no mar

Aeronaves P-3AM identifi caram 230 embarcações no litoral brasileiro

Black Hawk voando na Amazônia

Duas aeronaves P-3AM Órion da Força Aérea Brasileira (FAB)

cobriram uma área superior a um milhão de quilômetros quadrados e identificaram 230 embarcações durante a Operação Albacora. Em doze dias, um P-3AM baseado em Fortaleza (CE) e outro em Natal (RN)

conseguiram mapear toda a ati vida-de maríti ma de navios na região que envolve o arquipélago de Fernando de Noronha e os penedos de São Pedro e São Paulo.

De acordo com o Tenente-Coronel Aviador Fábio Morau, comandante do Esquadrão Orungan (1º/7º GAV),

durante a Albacora os P-3AM uti li-zaram sistemas capazes de detectar todo ti po de embarcação, inclusive à noite. “A tecnologia empregada é a mais moderna do mundo”, explica.

Com mais de 30 metros de uma ponta da asa à outra e com o com-primento de nove carros populares, o P-3AM é capaz de realizar voos com até 16 horas de duração, o sufi ciente para patrulhar grandes áreas do lito-ral brasileiro ou até para ir à África e voltar sem reabastecer. Dentro do avião, computadores ligados em rede postos lado a lado fazem a cabine parecer uma lan house. A diferença é que as telas mostram dados de sensores como o radar, detector de anomalias magnéti cas e sistemas de visão de longo alcance.

Operações como a Albacora acontecem de forma conjunta com a Marinha do Brasil e envolvem, so-bretudo, a vigilância da zona econô-

mica exclusiva brasileira. Por força de tratados internacionais, o Brasil é responsável pela busca e salva-mento de uma área de 22 milhões de quilômetros quadrados, quase três vezes o território continental do País, o que inclui praticamente a metade do Atlântico Sul.

As operações também resultam na defesa do meio ambiente, coibin-do práti cas criminosas que afetam a vida marinha. Em missões de patru-lha, as aeronaves da FAB podem iden-ti fi car embarcações que deixam vazar óleo ou fazem a “lavagem de porão”, quando os tanques são lavados com a água do mar. O P-3AM fotografa o navio infrator e encaminha um rela-tório para as autoridades ambientais.

A FAB irá receber no total oito unidades do P-3AM Órion. Baseado em Salvador (BA), as aeronaves do Esquadrão Orungan podem atuar em qualquer ponto do Brasil.

O Black Hawk é o maior e mais pesado helicóptero militar em

operação no Brasil. São 19 metros de comprimento e até 9.185 kg susten-tados por duas turbinas de 1.940 shp de potência. Como um verdadeiro “faz-tudo”, a aeronave é presença constante em exercícios militares e missões reais, como busca e resgate, transporte de tropas e ajuda humani-tária. No dia 1° de agosto, pela primei-ra vez, toda essa capacidade esteve nas mãos duas mulheres, as Tenentes Aviadoras Déborah Gonçalves e Ca-roline Pedretti , ambas do Esquadrão Harpia (7º/8º GAV), de Manaus (AM).

“Pra gente é uma missão nor-mal. Não interessa se é homem ou mulher, e sim se é capaz de cumprir o que está previsto”, diz a Tenente Pedretti. Formada em 2010 pela Academia da Força Aérea, no ano seguinte ela ti rou o primeiro lugar no curso de formação de pilotos de helicóptero e escolheu servir em Manaus com o único objeti vo de voar

o Black Hawk. “Ele consegue trans-portar muito peso. É incrível”, conta.

Com 1,63 m de altura, ela garan-te que as mulheres são tão capazes quanto os homens de dominar essa máquina de guerra. “Nós treinamos com o módulo de assistência ao pilo-to desligado, o que aumenta o peso nos comandos. Mas isso pra gente não faz diferença”, explica. Outro desafi o vencido pela Tenente Pe-

dretti foi passar no Curso de Adap-tação Básica ao Ambiente de Selva (CABAS), exigido para os aviadores que voam na região amazônica. “Aprendemos bastante coisa sobre a selva. Se a gente precisar pernoitar em alguma localidade remota, por exemplo, vai ser muito úti l”.

Já para a Tenente Déborah, co-mandante da missão, fazer parte do Esquadrão Harpia também é uma experiência relevante por conta das missões que a Força Aérea executa na região amazônica. “É uma região muito carente, onde as pessoas pre-cisam muito de ajuda”, afi rma.

Ten Caroline Pedretti

“ Pra gente é uma missão normal. Não inte-ressa se é homem ou mulher, e sim se é capaz de cumprir o que está previsto

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12 Setembro - 2013

SISTEMA

A 3ª Subchefi a do Estado-Maior da Aeronáuti ca (EMAER) lançou

em junho o Portal de Doutrina Mili-tar Aeroespacial. O lançamento do Portal de Doutrina coincidiu com a publicação da Norma sobre o Siste-ma de Doutrina Militar Aeroespacial (SIDMAE), a NSCA 1-1.

O SIDMAE visa unifi car as ati vida-des de elaboração, revisão, atualização, acompanhamento e divulgação doutri-nária da FAB. Para isso, o sistema possui um conselho, presidido pelo EMAER, que analisa as sugestões de modifi ca-ções mais importantes e garante que a

EMAER cria portal para gerenciar doutrina militar

DECEA lança site do sistema Sírius

doutrina atualizada esteja em conso-nância com a políti ca e estratégia de-fi nidas pelo Comando da Aeronáuti ca.

“O SIDMAE surgiu para organizar as diversas doutrinas do Comando da Aeronáutica. Muitas vezes uma unidade elaborava um documento doutrinário que afetava, ainda que indiretamente, outra unidade, que sequer estava incluída no processo de discussão”, conta o Brigadeiro do Ar Hudson Costa Poti guara, chefe da 3ª Subchefi a do EMAER.

O Portal de DoutrinaO Portal de Doutrina é uma fer-

ramenta interativa em que qual-quer mil itar pode fazer sugestões ou observações das doutrinas da Força Aé-rea. Nele são apresentados artigos de in-teresse geral. Os conteúdos e s t ã o d i s -poníveis em três formatos: textos escritos, podcasts e videocasts. O portal também disponibiliza atualizações, correções ou ex-plicações doutrinárias ao público inter-no por meio de notas de coordenação e relatórios de lições aprendidas.

“O portal permite, também, que o efetivo opine sobre a doutrina e sugira modificações ou até mesmo proponha discussões mais aprofun-dadas sobre um tema”, explica o Tenente-Coronel Aviador Marcello Tolentino, da seção de Doutrina da 3ª Subchefia do EMAER.

EspadaPara complementar as ferra-

mentas do Portal de Doutrina,

foi criado um Espaço Inte-r a t i v o p a r a At u a l i z a ç ã o em Doutrina Militar Aeroes-pacial, chama-do de Espada. “A ferramenta permite a in-teração de mi-litares de dife-rentes regiões e organizações da

FAB para discutir um assunto comum entre eles”, explica o Coronel

Aviador André Pralon, também da seção de Doutrina do EMAER.

O Espada possui chats, fóruns e mensagens em que é possível compartilhar documentos e fazer sugestões para revisão conjunta ou simplesmente o debate sobre o tema. O militar pode acompanhar debates abertos ou se cadastrar para parti ci-par de grupos fechados.

O Brigadeiro Potiguara, o Coronel Pralon e o Tenente-Coronel Tolentino conduzem o projeto

Agora bati zado de Sírius, o sistema anteriormente conhecido pela

sigla CNS/ATM ganhou um site para explicar todas as funcionalidades desse novo paradigma de controle de tráfego aéreo. O nome Sírius, que remete à estrela mais brilhante no céu noturno, se explica porque o novo sistema tem como uma das principais diferenças o uso de satélites.

Na práti ca, o Sírius traz várias ino-vações para o controle do espaço aé-reo no Brasil e no mundo. A implanta-ção total, prevista para acontecer até 2025, é coordenada pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) e, no Brasil, pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).

No site, é possível conhecer todas as funcionalidades do Sírius, bem como acessar os documentos que norteiam a implantação e a história do novo sistema. Entre as ações já adotadas pelo Brasil está a criação do Centro de Gerenciamento da Na-vegação Aérea (CGNA), a aplicação de tecnologias de vigilância para as aeronaves que sobrevoam o Oceano (ADS), implantação na Navegação Baseada em Perfomance (PBN), a ins-talação de sistemas de aproximação com base em informações providas por satélites (GBAS) e a implantação de novas ferramentas para a organi-zação da sequência de pousos das aeronaves nos aeródromos.

Além das autoridades ligadas à aviação, o pro-grama de-s e nv o l v i d o pelo DECEA também deve ser implantado por companhias aéreas e demais usuários de espa-ço aéreo. É preciso que as aeronaves tenham sistemas de bordo capazes de operar de acordo com as novas metodologias de controle de espaço aéreo, além de pilotos capacitados.

O novo site quer pro-mover a integração a essa nova tecnologia ao demonstrar as van-tagens do programa Sírius, que poderá redu-zir a carga de trabalho

de pilotos e contro-ladores e custos

operacionais e aumentar

a efici-ê n c i a

do trans-porte aéreo no

Brasil e no mundo.

Acesse: www.decea.gov.br/cnsatm

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Conheça o Portal de Doutrina e o Espada. Acesse:

www.doutrina.intraerwww.espada.intraer

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13Setembro - 2013

FORMAÇÃO

Um cadete na AmazôniaDurante quatro dias, tivemos a

oportunidade de estar na Região Amazônica conhecendo o trabalho desenvolvido pela Força Aérea e pelo Exército Brasileiro no norte do país. Nossa viagem ocorreu no mês de julho e teve como desti nos Porto Velho, São Gabriel da Cachoeira e Manaus.

A expectativa por esta viagem sempre foi muito grande, pois é uma parte do Brasil que poucos conheciam e que todos gostariam de visitar. Além disso, queríamos ver com nossos pró-prios olhos aquilo que ouvimos com bastante frequência na Academia: as Forças Armadas são essenciais para que o Estado se faça presente na Amazônia.

Nossa primeira visita foi à Base Aérea de Porto Velho (BAPV), onde pudemos conhecer duas unidades aéreas. O 2º/3º GAv – Esquadrão Grifo – despertou parti cular interesse aos que pretendem se tornar pilotos de caça, pois lá vimos jovens ofi ciais – nossos contemporâneos de AFA em 2011 – voando a aeronave A-29 Super Tucano. A segunda unidade aérea que conhecemos em Porto Velho foi o 2º/8º GAv – Esquadrão Poti . Chamou nossa atenção o helicóptero de ataque AH-2 Sabre operado pelo Poti . Alguns cadetes ainda realizaram voos no A-29 e no AH-2 antes da Turma Cerberus se despedir de Porto Velho.

São Gabriel da Cachoeira foi a parada seguinte. Visitamos o DTCEA--UA, unidade da Aeronáuti ca que faz o controle do espaço aéreo da região, e a 2ª Brigada de Infantaria de Selva (2ª BdaInfSl) do Exército Brasileiro. Vale destacar também a excelente recepção que ti vemos no Destaca-mento de Aeronáuti ca de São Gabriel (DASG). Quando deixamos a cidade sabíamos que uma experiência única estava por vir: conhecer um pelotão de fronteira do Exército.

A pista curta e estreita era ape-nas um traço na grandiosa fl oresta. Isso já nos dava uma ideia das difi -culdades que os militares do Pelotão Especial de Fronteira de Maturacá enfrentam diariamente para defen-der nosso território. Quando desem-barcamos da aeronave percebemos que aquilo que ouvíramos na 2ª BdaInfSl era uma realidade: estar naquela região de fronteira é muito difí cil e o apoio logísti co da FAB é fundamental face o isolamento.

Após a experiência que ti vemos em Maturacá, ainda restava conhe-cer Manaus. Vimos a grandiosidade, a complexidade e a importância de unidades que em breve serão nossos locais de trabalho. Visitamos o CIN-DACTA IV, o 2º GAAAD, a UCI-MN e as unidades aéreas sediadas na Base Aérea de Manaus (BAMN) – 1º/9º GAv, 7º ETA, 7º/8º GAv e 1º/4º GAv. Foi uma oportunidade única de ver aviadores, intendentes e infantes desempenhando suas funções.

Regressamos ao Ninho das Águias diferentes. Além de ver o que o futuro nos reserva, apren-demos que estar defendendo o que é nosso e se fazer presente na vida dos brasileiros é uma missão árdua, depende do esforço de um número muito grande de pessoas e de recursos muitas vezes escassos. Esperamos voltar em breve para en-grandecer ainda mais o trabalho das Forças Armadas na Amazônia. Selva!

Cadete Aviador Guilherme Krutz

Os cadetes da AFA conheceram diversas unidades militares na Amazônia, incluindo o pelotão de fronteira do Exército em Maturacá (AM)

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14 Setembro - 2013

DIA DO SOLDADO

Em meio ao fogo, fumaça tóxica e gritos de centenas

de jovens víti mas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), toda a ajuda possível – improvisada ou profi ssional – era necessária. Naquela noite, muitas pessoas comuns arris-caram a própria vida tentando ajudar aos outros. Os soldados da Base Aérea de Santa Maria (BASM), Jeferson Lima, Pedro Arthur Zanini Santana Louren-ço, Anderson Lima de Campos e Lucas Domingues, viveram aquela situação extrema e precisaram tomar atitudes rápidas e corajosas.

Quando o incêndio come-çou, o S1 Arthur e o S2 Lima, ambos de 21 anos, estavam na boate e, apesar de tam-bém serem víti mas da tragé-dia que se desenrolava, não

hesitaram em ajudar como podiam: levando os feridos para as ambulâncias e, infe-lizmente, resgatando corpos. “Pude ajudar no resgate de muitas pessoas. Ajudei no que pude... Se esti vesse em outro incidente parecido faria novamente e, se pudesse, um pouco mais”, conta Anderson,

Soldados heróis

que teve problemas respira-tórios e insônia por alguns dias depois do incêndio.

O S1 Jeferson Lima, 23 anos, estava próximo à boate quando percebeu a movi-mentação. Tinha amigos e conhecidos no local e, ao se deparar com aquele cenário assustador, também resolveu

ajudar reti rando as pessoas de dentro do prédio pela única porta existente.

Os jovens dentro da boate já lutavam por suas vidas e o S2 Domingues, 20 anos, estava quase no fi nal de seu serviço no Pelotão de Con-tra Incêndio do Batalhão de Infantaria de Aeronáuti ca. O pedido de ajuda para com-bate ao fogo foi feito pelos bombeiros da Brigada Militar e rapidamente todos estavam prontos para o deslocamento. “A vontade de ir era de todos, mas só poderia ir a metade da equipe e fui um dos escolhi-dos”, relata Domingues.

Diante da situação que encontraram, os bombeiros da BASM não ajudaram ape-nas a apagar as chamas e a resfriar o local, envolveram-se

O Soldado de segun-da classe Helder Cruz

Souza, do efetivo do Bata-lhão de Infantaria do Sexto Comando Aéreo Regional, é o típico brasileiro com aspirações nobres. Quando

criança, sonhava ser piloto. Desde então passou a traçar seus objetivos. Em 2010 mudou-se de Goiânia para Brasília para servir na Força Aérea. “Ser soldado da FAB era uma das minhas metas

para que eu conseguisse chegar ao meu objetivo final”, revela.

Em 2011 sua carreira na FAB se desviou ligeiramente do caminho: foi selecionado para a missão de paz no Haiti, embarcando para o país em março de 2012. Helder relata como uma ex-periência inesquecível. “O sorriso das crianças e como a população como um todo nos tratava era e é motivo de muito orgulho por ter desempenhado a missão”.

Continuando na busca do seu objetivo, ingressou na faculdade de aviação ci-vil. Acredita que com a con-clusão do curso irá realizar seu sonho e terá a carreira que sempre almejou.

Correndo atrás de um sonho Trabalho duro

O trabalho começou cedo na vida de Vando Gomes

de Araújo, 22 anos, soldado do Batalhão de Infantaria de Aeronáuti ca Especial do Rio de Janeiro (BINFAE-RJ). Aos 13 anos ele ingressou como artesão na Escola de Samba Mirim Nova Geração do Está-cio. O dinheiro era desti nado a ajudar sua ti a, com quem morava desde bebê devido a problemas de saúde da mãe.

Durante a adolescên-cia, Vando trabalhou como garçom, monitor de festas infantis até que, aos 16 anos, conseguiu uma vaga na Fundação da Infância e Adolescência (FIA) como aprendiz, realizando servi-ços de escritório.

O militarismo surgiu na vida do Soldado por meio de um amigo da família, que o incenti vou a prestar o serviço militar obrigatório na Força

Aérea Brasileira. Vando se formou S2 no BINFAE-RJ na segunda turma de 2010, e sonha seguir carreira na FAB. “Já tentei e vou conti nuar ten-tando passar na prova para S1. Estou fazendo o curso de técnico em administração e quero fazer faculdade nessa área. Mas meu sonho é ser Sargento da FAB”, afi rmou.

também na busca e resgate dos sobreviventes. Apesar do conhecimento técnico, o S2 Domingues acredita que mesmo para o bombeiro é muito difí cil encarar aquela situação. “A minha moti vação era o senti mento, que não sei explicar, que vem depois de ajudar as pessoas. Faria no-vamente quantas vezes fosse preciso. Só queria ter ajudado mais. Mas essa experiência me fez crescer como bombei-ro e, principalmente, como ser humano”, resume o soldado.

A boate Kiss ti nha auto-rização para comportar 690 pessoas e estava lotada na hora do incêndio. Apesar dos incansáveis esforços dos sol-dados e de outros anônimos, 242 pessoas morreram em decorrência da tragédia.

O soldado Helder fez parte da tropa de paz no Haiti e sonha em se tornar piloto

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Arthur, Lima e Domingues resgataram vítimas na tragédia da boate Kiss

Vando é soldado no BINFAE-RJ

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