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MARCO ZERO Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Facinter • Ano I • Número 3 • Curitiba, maio de 2010 Equipe de reportagem do jor- nal Marco Zero aponta os proble- mas com a violência no centro de Curitiba e traz dicas de pre- venção de assaltos. Páginas 6 e 7 Conheça os fatos mais marcantes da carreira do ex-vocalista de rock paranaense Ivo Rodrigues, da banda Blindagem, que fale- ceu recentemente. CULTURA PERFIL Um bate-papo descontraído com o jornalista Toni Casa- grande, ex-âncora do programa de notícias da Bandnews. Página 10 Página 3 Ronaldo Freitas Catedral precisa de reformas Infiltrações, paredes rachadas e pinturas desgastadas são os principais problemas que afetam a estrutura da Catedral Metroplitana de Curitiba. Página 5. Paixão pelo radiojornalismo Adeus a Ivo da banda Blindagem Violência no centro é preocupante

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Jornal Marco Zero 3

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Page 1: Jornal Marco Zero 3

Curitiba, maio de 2010 MARCO ZERO

MARCO ZEROJornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Facinter • Ano I • Número 3 • Curitiba, maio de 2010

Equipe de reportagem do jor-nal Marco Zero aponta os proble-mas com a violência no centro de Curitiba e traz dicas de pre-venção de assaltos.

Páginas 6 e 7

Conheça os fatos mais marcantes da carreira do ex-vocalista de rock paranaense Ivo Rodrigues, da banda Blindagem, que fale-ceu recentemente.

CULTURA

PERFIL

Um bate-papo descontraído com o jornalista Toni Casa-grande, ex-âncora do programa de notícias da Bandnews.

Página 10

Página 3

Ron

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Catedral precisade reformas

Infiltrações, paredes rachadas e pinturas desgastadas são os principais problemas que afetam a estrutura da Catedral Metroplitana de Curitiba. Página 5.

Paixão pelo radiojornalismo

Adeus a Ivo da banda Blindagem

Violência no centroé preocupante

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MARCO ZERO Curitiba, maio de 2010 Curitiba, maio de 2010 MARCO ZEROPERFIL

Adriano Gomes

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EDITORIAL

Aos leitoresEsta edição do jornal Marco Zero

traz assuntos como violência na área central da cidade, que tem crescido nos últimos anos com o aumento do tráfico de drogas, uma matéria sobre o Paço Municipal e uma resenha sobre o filme “Crise é o nosso negócio”, que aborda a relação entre a política e o marketing.

A reportagem especial é sobre a re-forma da Catedral Basília de Nossa Senhora da Luz, a catedral de Curiti-ba. Outro assunto que merece destaque é o tradicional Largo da Ordem, com suas construções antigas, a famosa fer-inha que acontece aos domingos e os barzinhos, pontos de encontro, princi-palmente, nos finais de tarde. Na edi-toria de cultura, o leitor poderá saber como funciona a Cinemateca de Cu-ritiba e conhecer o perfil do músico Ivo, da Banda Blindagem, uma homena-gem que o jornal faz ao vocalista, que faleceu em Curitiba no mês passado.

O Marco Zero é o jornal-laboratório do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter).

As matérias envolvem a região cen-tral de Curitiba e buscam revelar in-formações, curiosidades, e fatos dessa área da capital paranaense.

Por se tratar de um jornal-lab-oratório, o Marco Zero é um espaço para a prática dos estudantes e, por-tanto, sujeito a lacunas e falhas even-tuais, normais nesse tipo de veículo, mas também às experimentações porta-doras de novidades, sempre bem-vindas na formação de futuros jornalistas.

O contato pode ser feito pelo e-mail: [email protected] ou pe-los telefones 2102-7953 e 2102-7954.

Boa leitura!

Expediente

Paixão pelo radiojornalismo

“Acredito que o principal problema começa na infraestrutura. Curitiba deixa a desejar no transporte público. E as mudanças não são somente colocar mais ônibus para circular; a segurança deve ser maior nas vias públicas onde circulam pessoas, ônibus e consequen-temente dinheiro. Isso atrai a atenção dos assaltantes.”• Hagatha Weber, 22 anos, auxiliar de contabilidade

“Não há nenhuma segurança. Todos que utilizam o transporte coletivo de-pendem da própria sorte, pois não há nenhum parâmetro de segurança. Você fica vulnerável a partir do momento em que embarca em um ônibus. Dependen-do do horário, o caos é muito grande, pois, além de ônibus superlotados, você corre o risco de sofrer um assalto.”.Caroline Helena Nolli, 23 anos, recep-cionista

“Os órgãos responsáveis pelo sistema coletivo deveriam se empenhar mais em oferecer segurança a todos que de-pendem desse tipo de transporte. Afinal, o valor das passagens tem aumentado, porém, a segurança tem diminuído”.• Franciele Germano, 32 anos, gerente administrativa

“Creio que a propaganda sobre a segu-rança em Curitiba esconde a realidade das ruas na cidade. Quem realmente anda e precisa de ônibus está sujeito a superlotação e a pequenos furtos por esse motivo.”• Paulo Veiga, 26 anos,- técnico em vendas

“Volte e meia tenho amigas que são as-saltadas, mas isso é mais na Região Met-ropolitana. No centro, elas se sentem mais seguras”.• Daniela Siqueira, 23 anos, diarista

“Os próprios ônibus já têm uma grava-ção que diz: ‘cuide de seus pertences no interior do veículo’. Não é seguro”.• Schirlei Prado, 25 anos, estudante

“Cada dia que passa, tenho mais medo de andar de ônibus. A falta de segurança não é só nos ônibus, pois as ruas estão cada vez mais perigosas. Fico pensando quando meu filho, que ainda é pequeno, começar a andar por aí.”• Michele Michels, 24 anos, recepcionista

Produto com avalidade vencidaPaulo Veiga

O filme “Crise é o nosso negó-cio” analisa os riscos da simbiose entre ideologia e marketing para a conso-lidação da democracia numa nação à beira do colapso. Conta uma história sobre como a política, através da mídia e o reforço de estrategistas, pode manipular o sistema ajudando um candidato a vencer uma eleição.

É o primeiro filme de Rachel Boynton, narrando a campanha política de Gonzalo Sánchez de Lozada, o “Goni”, à presidência da Bolívia em 2002, feita pela empresa de consultoria de James Carville, bem conhecida por conduzir Bill Clinton ao primeiro mandato.

As fórmulas utilizadas pela equipe ao vender um produto, no caso, a candidatura, deixa claro como a imprensa pode ocasionar a ceguei-ra nas pessoas, expondo vantagens que não existem, graças ao poder de persuasão e à força da televisão, ca-muflando assim a realidade.

Os grandes meios de comunica-ção de massa influenciam e manipu-lam as pessoas para elas comprarem certos produtos. A mídia pensa nos resultados financeiros e no lucro que determinados produtos ou ações po-dem dar aos donos do poder. Pensar nas consequências que essas infor-mações causam na vida das pessoas é outra questão, e o próprio filme mostra isso.

A consultoria americana con-tratada pelos assessores do can-didato Goni é o espelho real de como a propaganda pode vender um produto sem pensar no que esse resultado pode ocasionar no futuro. O candidato imaginava que após ga-nhar a eleição tudo estaria resolvido. As falsas promessas de emprego e os incentivos na área de saúde para a população geraram uma grande revolta no país, ocasionando vio-lência e desordem. Devido a esses conflitos, Goni foi obrigado a aban-donar o poder. As pessoas capazes de colocar limites em ações como essas são as que utilizam os produ-tos e compram essas imagens. Nesse caso, se a população boliviana tivesse um conhecimento melhor sobre os propósitos do político, com certeza Goni não teria se reeleito, e alguma

coisa poderia mudar no país. Mes-mo assim, o povo não teve paciên-cia para esperar os resultados, e, por outro lado, a equipe de consultoria não trabalhou bem a pós-eleição.

Goni foi eleito novamente com ajuda de seus assessores. Esses pu-blicitários utilizaram os veículos de comunicação como ferramenta de poder, mas não pensaram como isso poderia acabar futuramente. Esse é um dos exemplos de como os diri-gentes de veículos de comunicação não pensam no resultado daquilo que oferecem às pessoas. Não anal-isam o futuro e sim o que estarão lucrando.

Ao oferecer um produto, os meios de comunicação deveriam pensar na garantia que ele pode dar às pessoas. Mas nem sempre isso acontece.

Antes de finalizar uma ação pu-blicitária, uma informação jornalís-tica e até uma propaganda eleitoral, deve-se pensar nos resultados e que influência isso pode ter sobre a pop-ulação. Mas isso depende de quem compra esses produtos. Nesse caso, é a própria sociedade.

Deveria haver limites ou regras contra ações publicitárias engano-sas. Cabe a cada um de nós saber até onde certos produtos são ne-cessariamente bem-vindos em nos-sas casas. O impulso de comprar determinadas coisas é estimulado pelos meios de comunicação. Basta analisar se esses produtos - no caso, a propaganda política na Bolívia - estão vencidos ou não, pois, mais cedo ou mais tarde, se não tiver a devida garantia, com certeza quem comprou tem todo direito de faz-er a devolução.

O que você acha da segurança nos ônibus de Curitiba?

Bruna Mermer

Toni Casagrande fala sobre sua vida de jornalista e dá dicas aos novos profissionais

“Estudem. Preparem-se me-lhor, estejam sempre informados, sempre se atualizando”. Esse é o conselho do jornalista Toni Casa-grande aos futuros profissionais da área da comunicação. Nascido em Arapongas, região Norte do Paraná, ele morou em sua cidade natal até os 19 anos. Veio para Cu-ritiba em 1991, após ser transferido em seu emprego. Na época, ele tra-balhava na Caixa Econômica Fe-deral e cursava Direito na Univer-sidade de Londrina. Toni teve que abandonar a faculdade por causa da transferência, tentou voltar, mas não conseguiu. Após alguns anos, formou-se em Jorna-lismo e Le-tras. Foi âncora da CBN e da Band News, além de atuar em outros veículos de comunicação de Curiti-ba. Nesta entrevista, concedida ao jornal Marco Zero, ele fala de sua trajetória no rádio, da profissão de jornalista e sobre um romance de ficção científica que escreveu.

Por que escolheu o jornalismo como profissão?

Até bem pouco tempo, eu acred-itava que o único lugar em que eu conseguia fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo era dentro de um estúdio de rádio, apresentando um radiojornal. Espero estar er-rado e poder fazer o mesmo fora do jornalismo. Além disso, sempre foi um prazer trabalhar com jor-nalismo. No começo, eu imagina-va que iria mudar o mundo, depois a frustração colocou as coisas nos lugares certos.

Qual o veículo com que mais se identifica e gosta de trabalhar? Por quê?Rádio. Tudo é instantâneo, não existe depois. É agora ou nunca. A adrenalina que isso gera é vici-ante, cria dependência. É difícil viver sem.

Como e onde começoua sua tra-jetória no rádio? E quantos anos você tinha?Comecei com 16 anos, na Rádio Arapongas, na minha cidade natal.

Em quais rádios já trabalhou e de qual mais gostou? Por quê?

Arapongas, Cultura de Arapon-gas, Cruzeiro e Folha de Londrina. Em Curitiba, já passei pela Banda B, Clube B2, CBN e Bandnews. O melhor período de todos foi em 2003-2004, quando assumi o co-mando do jornalismo da CBN. Foi um período de muita autonomia e tínhamos uma equipe muito unida, competente, responsável e feliz.

Após 25 anos de profissão e de rádio, sente-se parte da história do radiojornalismo no Paraná?

Não. Sei que dei minha con-tribuição e foi uma boa dose, mas não tenho essa presunção. Estou feliz de ter feito o melhor que po-dia, com responsabilidade e sem abrir concessões.

Qual a entrevista que nunca irá esquecer? Por quê?

Acho que foram várias, mas houve uma que me deixou pertur-bado. Milla Christie estava em Cu-ritiba para participar de um evento e me deu uma entrevista gravada. No final do papo, ela me convidou para ir ao evento, pediu à assessora - que estava ao lado - para me incluir entre os convidados do camarote, chegou a me dar o número da suíte em que estava no Bourbon e perguntou se não poderíamos conversar depois. Eu disse que sim... Eu era casado, preferi ficar em casa.

Você acha que a não obrigato-riedade do diploma de jornalista desvalorizou a profissão?

Não, sempre achei o diploma mais instrumento corporativista do que uma defesa da qualidade do jornal-ismo. Mas acho que a decisão deveria valer para outras profissões também. Advogado, por exemplo. Qualquer um pode ser autodidata e passar no exame da OAB. Diploma pra quê, en-tão? Acho que o lobby dos jornalistas foi muito fraco nesta questão.

Qual o conselho você daria para os futuros profissionais que te-mem a não obrigatoriedade?

Estudem. Preparem-se melhor, estejam sempre informados, sem-pre se atualizando. A verdadeira formação de um jornalista deve ser humanística. É preciso saber História, Filosofia, Sociologia; en-tender os meandros da Política, Geopolítica, as relações sociais e de poder na comunidade; ter ha-bilidade para traduzir os inúmeros discursos que mais escondem a re-alidade que a revelam.

Como você vê o jornalismo hoje? Ele mudou muito desde o início de sua carreira?

Hoje se tem mais liberdade, mas ainda há muitos profissionais e veículos sem compromisso com o bem público, que trabalham para grupos ou por interesse próprio. Não haveria mal algum nisso se essa postura fosse clara. Mas sob o manto da diversidade, isenção e defesa da população, muitos escondem os mais sórdi-dos objetivos.

Você escreveu um livro, “Ân-nima”, qual o assunto abordado nele?

Trata-se de um romance de ficção científica que aborda temas como criogenia, clonagem, biodiversidade, efeito estufa e uma boa dose de filo-sofia e psicologia cognitiva.

O livro é narrado em primeira pessoa. O protagonista, porta-dor de uma doença fatal, tomou a decisão de ser congelado após a morte, no início do século XXI. Sem herdeiros, ele investe todo o seu dinheiro em uma fundação cujo objetivo seria pesquisar a cura da doença que o vitimou. Ele é re-animado mais de cem anos depois, quando a fundação transformou-se em uma mega-corporação, os paí-ses não existem mais, uma parte da Amazônia transformou-se em de-serto, seres humanos, andróides e robôs convivem lado a lado (e até mesmo participam de jogos de fu-tebol!) e há uma profusão de ani-mais e plantas modificados geneti-camente, sem falar nas máquinas orgânicas.

O que o motivou a escrever o livro?

Eu sempre quis ser escritor. Achava que para ser escritor era preciso ser, antes, jornalista.

Pretende continuar a carreira de escritor? Caso continue, irá seguir na mesma linha ou pre-tende mudar? Por quê?

Sim, sempre. Minhas histórias são sempre loucas, não tenho como mudar. Acho que, na ver-dade, o louco sou eu.

RESENHA

Casagrande: “Estudem. Preparem-se melhor, estejam sempre informados, sempre se atualizando”

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O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter)

Coordenador do Curso de Comunicação Social:Gustavo Lopes

Professores Responsáveis:Roberto NicolatoTomás Barreiros

Diagramação:André Halmata (5º período)

Facinter: Rua do Rosário,147CEP 80010-110 - Curitiba-PR

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MARCO ZERO Curitiba, maio de 2010 Curitiba, maio de 2010 MARCO ZERO4

Restaurada pela última vez em 1992, por ocasião dos 300 anos de Curitiba, a Catedral

Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz (ou Catedral Metropolitana de Curitiba) caminha para uma nova re-forma que se estenderá desde a estru-tura básica até o teto. A obra é uma iniciativa dos fiéis que se mobilizaram ao perceberem os problemas que atin-gem a estrutura da igreja.

José Maria de Paula, de 62 anos, funcionário da Catedral há cinco, ava-lia a reforma como urgente. Segundo ele, a pintura é o que mais desagrada os fiéis. “Mas também são necessári-os reparos no patrimônio artístico”, salienta. As danificações acabam prejudicando a concentração dos fié-is para a oração, segundo a psicóloga Marlene Torres, de 38 anos. “É triste ver o mau estado de conservação da Catedral. A casa de Deus merece ser reformada”, avalia.

Segundo o cônego Genivaldo Xi-mendes da Silva, pároco da Catedral, uma equipe está se reunindo desde o ano 2000 para planejar a reforma. “Ela tem problemas estruturais que exigem um carinho especial desde dentro da terra até o teto. Várias in-filtrações, o reboco carcomido por fungos, pinturas desgastadas, telha-dos, calhas e toda a questão artística.

Tudo precisa de reparos”, destaca o pároco.

Após aprovados os projetos ar-quitetônicos, que custaram R$ 455 mil para a igreja, as obras estão cami-nhando para a segunda etapa. Para isso, porém, os recursos ainda são insufi-cientes. A reforma está estimada em R$ 7 milhões, mas alcançar esse valor ainda é uma realidade distante para o pároco. “Já temos firmas contrata-das, mas só vamos iniciar a obra com pelo menos parte do recurso. Não é necessário todo ele, mas com alguma parte podemos planejar o início das

reformas. Não posso ser imprudente em começar o trabalho e depois não poder pagar”.

O Programa Nacional de Apoio à Cultura, do Ministério da Cultura, que permite angariar fundos para res-tauração de patrimônios históricos, é fonte de uma das parcelas de ajuda do governo. Além disso, o pároco Xi-mendes afirma que a igreja conta com a doação dos fiéis, os mesmos que in-centivaram o início das obras de res-tauração. Pessoas físicas ou jurídicas que quiserem colaborar podem ligar para (41) 3324-5136.

Catedral necessita de reformasApesar da falta de recursos, pároco e fiéis se mobilizam para a restauração da igreja, que vai custar R$ 7 milhões

Gabriel Sestrem

A Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz está loca-lizada na Praça Tiradentes, e é por muitos considerada a mais impor-tante construção do local. Reside, portanto, no lugar privilegiado onde Curitiba nasceu. Era, inicial-mente, uma pequena capela de ma-deira, vindo a se tornar em 1715 a primeira Igreja Matriz da cidade.

A imagem original do altar, dedicada a Nossa Senhora da Luz, veio de Portugal e foi entronizada em 1640 (localiza-se hoje no Mu-seu Paranaense). Uma outra edifi-cação de pedra e barro, em estilo colonial, foi então erguida para ser a matriz. No entanto, em 1860, por

ocasião do levantamento das tor-res, a construção apresentou racha-duras, o que motivou, em 1875, sua demolição. Sua arquitetura atual foi construída de 1876 a 1893, em es-tilo neogótico, inspirado na Sé de Barcelona. Ocupa o mesmo local da antiga matriz do século 17, bem como o da sua sucessora, construída em 1720.

A Catedral tem atualmente ca-pacidade para abrigar 600 fiéis. Se-gundo estimativa do pároco Geni-valdo Ximenes, entre 800 e 1,4 mil pessoas passam pela igreja a cada dia. Ainda como curiosidade, nas missas dominicais, cerca de 40% dos participantes são turistas.

No berço de Curitiba

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Pároco Genivaldo: “Ela tem problemas estruturais desde dentro da terra até o teto”

Rachaduras e infiltrações comprometem a estrutura e os afrescos da Catedral Metropolitana de Curitiba

TRILHAS DO TEMPO

Fé que resiste a séculos

Além dos famosos bares e da tradicional feira do domingo, o Largo da Ordem é palco de diferentes manifestações artísticas. Nele se encontra o Memorial de Curitiba, que recebe apresentações musicais e teatrais, entre outras. E também o Museu de Artes Sacra da Arqui-diocese de Curitiba.

O Museu está localizado em um anexo ao lado da Igreja da Ordem Terceira de São Fran-cisco, a mais antiga da cidade, construída em 1737. Já esteve na Cúria Metropolitana de Cu-ritiba, nas dependências do Seminário Menor da Arquidiocese e na Rodovia do Café, antes de ir para o anexo da Igreja da Ordem, em 1981.

Com mais de cem obras em seu acervo, conta com objetos de culto, mobílias, pinturas, fotografias e esculturas em estilo barroco. O mu-seu apresenta obras do século 17. O destaque fica para a imagem de São Miguel Arcanjo, que ocu-pava um dos altares da Matriz, e para o retábulo do altar-mor da antiga matriz, em madeira poli-cromada, no qual o Papa João Paulo II celebrou missa quando esteve em Curitiba, em 1980.

Além das exposições permanentes, o mu-seu conta com um espaço para exposições temporárias, com temas ligados à religiosi-dade. As peças são adquiridas por meio de uma parceria entre a Cúria Metropolitana e a Fundação Cultural de Curitiba. A divulga-ção do museu é feita pelo site www.fccdigital.com.br, da Fundação, e pelo caderno Curitiba Apresenta, distribuído em pontos culturais da capital paranaense, que traz toda a programa-ção cultural mensal.

Segundo o coordenador Joarez Lazaroto, passam pelo local mensalmente, em média, cerca de mil pessoas, na maioria de fora da capital.

Para Lazaroto, o museu não é um lugar de culto, ao contrário do que muita gente pensa, por estar em um anexo da Igreja Católica. É um espaço artístico, que conta com obras de séculos passados. Segundo o coordenador, os objetos expostos no museu têm valor históri-co e estão relacionados com a religiosidade, mas são obras que sobrevivem ao tempo e mostram a habilidade artística de quem as produziu. “São peças ricas em detalhes e ela-boradas com o mínimo de estrutura, mons-trando a capacidade de criação e produção de cada artista em cada época”, ressalta.

SERVIÇO:• Museu de Arte Sacra de Curitiba - anexo à Igreja da Ordem, Largo Cel. Enéas, s/n.•Aberto de terça a sexta-feira, das 9h às 12h, e das 13 às 18h, sábado e domingo, das 9h as 14h. Tel. (41) 3321-3265.

Museu de Arte Sacra de Curitiba reúne acervo com mais de 100 peças

Larissa Glass

O Paço da Liberdade, localizado na Praça Generoso Marques, foi inaugurado em 1916 com a finalidade de abrigar a Prefeitura de Curitiba, que ali permaneceu até 1969. Foi projetado pelo então prefeito e engenheiro Cândido Ferreira de Abreu, com a colaboração do escultor Roberto Lacombi.

A construção apresenta características eclé-ticas, com predomínio do estilo “art noveau”, e é o único monumento arquitetônico da cidade tom-bado pelas instâncias municipal, estadual e federal. Entre 1973 e 2002, foi sede do Museu Paranaense, ficando desocupado até a reforma e restauração, concluídas há um ano.

Durante o período em que esteve vazio, so-freu vários danos devido ao abandono, como in-filtrações que estragaram boa parte das paredes, prejudicando algumas pinturas originais que infe-lizmente se perderam.

O trabalho de restauração foi resultado de uma parceria entre o Sistema Sesc-Senac do Paraná e a Prefeitura de Curitiba, que cedeu o local em co-modato por 25 anos. A revitalização levou dois anos, envolvendo cerca de 50 artesãos e mais de 150 trabalhadores, entre engenheiros, antropólo-gos, artistas plásticos e outros profissionais Foram gastos cerca de R$ 7,6 milhões.

A praça também foi revitalizada, incluindo a modernização das calçadas, nova iluminação pública, rede subterrânea de cabos, despoluição visual e sinalização turística para pedestres.

A inauguração do novo centro cultural ocor-reu em 29 de março de 2009, durante as comemo-rações dos 316 anos de Curitiba.

O estudante de Biologia e músico Victor Shultz acredita que o prédio é um dos mais bo-nitos de Curitiba e merecia há muito tempo ser restaurado. Ele elogia o novo estúdio de gravação que, segundo ele, é um dos melhores da cidade. O novo Centro Cultural Sesc tem café com piano, biblioteca, estúdio de gravação, acesso à internet e sala de cinema, entre outras atrações

Paço da Liberdade livre do esquecimentoSilvana Kogus William S. Ferreira

O museu conta com imagens sacras, mobílias, quadros e esculturas, além de fotografias

Estátua de São Francisco das Chagas

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Violência aumenta no centro de Curitiba Apesar da redução ocorrida após instalação de câmeras, assaltos ainda são constantes na área central da cidade

Aauxiliar de serviços gerais Lizete Parize Moreira, de 59 anos, foi assaltada cinco vezes em apenas

um ano na região central de Curitiba. A pior das ações praticadas pelos bandi-dos aconteceu nas imediações da Praça Rui Barbosa, onde ela foi abordada por três menores de idade quando pegava o dinheiro do ônibus. Os menores ten-taram arrancar o dinheiro das mãos de Lizete, que reagiu, e eles feriram seus dedos com canivete, levando todo seu salário, na véspera do Ano Novo de 2009. “Eu fiquei ali, caída no chão, sem saber o que fazer. Tive que pedir din-heiro emprestado”, relata.

Em outra ocasião, dessa vez na Praça Osório, assaltantes também agrediram Lizete e levaram sua bolsa com todos os documentos. “Isso me aconteceu perto de um posto policial, só que estava vazio”, conta a vítima. Ela chegou a dar queixa, mas não conseguiram nem recu-perar seus documentos. Ela novamente deu entrada na documentação e mesmo com o boletim de ocorrência teve que pagar pela segunda via.

Situações como essas, e ainda mais graves, acontecem diariamente em Curiti-ba, e as pessoas parecem ter se acostuma-do com esse tipo de notícia nos jornais. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR), no segundo trimestre de 2009, houve um aumento da violência em Curitiba em comparação com 2008. Na capital, houve um cresci-mento de 30,4% dos furtos entre 2008 e 2009, e de 3% dos roubos.

A Prefeitura Municipal de Curitiba investiu R$ 30 milhões, nos últimos cinco anos, para melhorar a segurança na capital paranaense. A presença da Guarda Municipal cresceu 65% em toda a cidade. Em 2010 e 2011, deverão ser recrutadas mais duas turmas com cerca de 150 guardas aprovados em concurso público. A frota da Guarda aumentou de 46 para 81 veículos, entre carros, mo-tocicletas e microônibus. O número de equipamentos para comunicação tam-bém passou de 73 para 391.

Outras medidas de seguranças estão sendo adotadas para que a população saia às ruas com mais tranquilidade e possa

contar com o apoio dos órgãos públicos, como a instalação dos sistemas de moni-toramento por câmeras. De acordo com o coronel Ariovaldo Alves Nery Junior, res-ponsável pelo Departamento de Proteção Comunitária, desde 2001, já foram instala-das na região central da cidade 45 câmeras que vigiam a área 24 horas por dia, moni-toradas na Central de Monitoramentos na Praça Osório.

Com o sistema de observação atenta, houve uma redução da violência no centro da cidade, bem como das ocorrências de tráfico de drogas e assaltos, segundo a PM. “As estatísticas demonstram que houve uma redução de 62% no índice de aten-dimento de ocorrências de 2008 a 2009”, afirma o coronel.

Apesar disso, a violência no centro da cidade ainda assusta. O taxista Luis Ro-berto Moraes, de 38 anos, conta que já foi assaltado oito vezes, sempre no período da noite, por jovens entre 16 e 25 anos. “Em 1996, entrou um casal no meu táxi e pediu para que eu os levasse até São José dos Pinhais. Durante o percurso, o rapaz, que portava armas de fogo, me ameaçou pedindo para que eu lhe entregasse o dinheiro”, conta o taxista.

O estudante Fabio José Falavinha, de 21 anos, relata que já foi assaltado quan-do estava saindo da faculdade Camões, no centro de Curitiba. Ele estava indo até

o ponto de ônibus, e dois rapazes, de 26 ou 27 anos, roubaram seu celular e mais 20 reais. “Foi constrangedor, pois, além de ficar com medo, sofri ameaças, e me xingaram muito”, diz o rapaz. A estudante Fernanda Ricardo, de 22 anos, também teve seu celular roubado por dois rapazes, enquan-to esperava um ônibus na Travessa Nestor de Castro. Segundo ela, eles queriam seu aparelho para comprar drogas.

Até as pessoas que vivem na rua e que, aparentemente, não possuem ob-jetos de valor são alvos de jovens crimi-nosos. Ary de Souza Cordeiro, de 37 anos, morou em Santo André, no ABC Paulista, cursava Direito na Univer-sidade Estadual de Londrina, mas se afastou da carreira e da família porque sofria de depressão e resolveu partir para Curitiba. Hoje, ele é morador de rua e afirma que já foi humilhado mui-tas vezes. Numa delas, foi roubado por usuários de drogas que levaram os úni-cos R$ 2,00 que ele tinha.

Caso inusitado e assustador é o do estudante Marlon Alan Marcelino, de 23 anos. Ele estava perto do terminal do Portão quando 30 rapazes roubaram suas roupas, deixando-o apenas de roupa ín-tima. Segundo ele, eram “gângsteres”, na faixa de 18 a 20 anos.

Rapazes revelam comocometem assaltos

Um artesão que trabalha na rua XV de Novembro, centro de Curitiba (e que não quis ser identificado), revelou à equipe de reportagem do Marco Zero que já cometeu alguns crimes. Ele tem um apelido no mundo do crime e conta que roubou um malote de dinheiro das prostitutas que trabalham num bar da região central da cidade.

O “avião”, como é chamada a pes-soa que pega o dinheiro das garotas de programa, estava com o malote de dinheiro. Ele e mais dois compa-nheiros deram chutes no rapaz com

o intuito de pegar o dinheiro. Quando estavam indo para o Largo da Ordem, policiais da Rotam – Ronda Tática Motorizada pararam e atiraram contra os três, acertando três tiros nas per-nas de um deles, segundo relata um dos rapazes, que afirmou ainda ser foragido da polícia.

ONG combate violência usando a educação

A questão da violência relacionada ao tráfico ou uso de drogas é comum entre muitas famílias de comunidades carentes. A ONG Projeto Jônatas atua nessas regiões, dando atenção especial às crianças e adolescentes em situações de risco - que não têm seus direitos res-peitados, ou aos quais faltam alimentação adequada ou moradia, ou sofreram aban-dono parcial dos pais ou abusos diversos. A entidade trabalha com a evangelização e a inclusão social dessas pessoas.

No Projeto, são realizadas oficinas de artesanato em madeira duas vezes por semana, para adolescentes; uma ofi-cina de costura e patchwork para mães, também duas vezes por semana, e ativi-dades aos domingos com turmas espe-cíficas de adultos, de crianças até oito anos e de adolescentes.

A voluntária Sheila Christina F. de Sousa, de 32 anos, trabalha na ONG Pro-jeto Jônatas há cerca de seis anos e ajuda essas famílias na prevenção da violência. “Nosso trabalho geralmente é de preven-ção e não de recuperação. Os alunos normalmente são irmãos, sobrinhos ou filhos de pessoas diretamente envolvidas com o tráfico”, explica Sheila. Ela diz que

o grande problema é quando os envolvi-dos começam a usar o crack (ou “pe-dra”, como o chamam), porque a pessoa começa a perder o rumo da vida e a con-sciência e comete delitos cada vez piores. Charles Kenny M. de Sousa, de 39 anos, também voluntário do Projeto, explica que gosta muito de trabalhar na comunidade. “Servir a quem precisa é bom, faço isso com alegria, não como obrigação religiosa ou coisa do tipo”, relata o voluntário.

“Nossa intenção é justamente apre-sentar-lhes alternativas de vida, para que no momento certo estejam preparados para se recusarem a envolver-se com o tráfico”, ressalta Sheila. “Luto pra ajudar meninos e meninas a dar valor à vida e en-contrar um caminho alternativo, que, con-forme creio, é Jesus”, finaliza Charles.

Cruz Machado no índice da criminalidade

Ex-usuário contacomo largou o crack

O narcotráfico é o segundo item do comércio mundial, só sendo superado pelo tráfico de armamento. Foi sempre um negócio capitalista, por ser orga-nizado como uma empresa, estimu-lada pelo lucro. A partir do tráfico de drogas se estabelece um conjunto de conexões com outras atividades crimi-nosas, como homicídios, roubos e fur-tos, inclusive o tráfico de armas.

Segundo a Divisão Estadual de Narcóticos da Polícia Civil do Paraná (Denarc), é complicado ter uma estatís-tica sobre a violência ligada ao tráfico no centro de Curitiba, uma vez que as apreensões são sempre grandes e na sua maioria não acontecem na parte central da capital. Isso apesar de Cu-ritiba ser um dos pontos de ligação para levar e trazer drogas para outros esta-dos e por estar próxima do Paraguai.

A Prefeitura de Curitiba criou uma secretaria antidrogas, cujo atual secretário é Nazir Abdalla Chain, com o objetivo de desenvolver ações de combate ao uso indevido de drogas. Além disso, a pasta dá apoio para ca-sas de reabilitação aos usuários de entorpecentes.

A Secretaria vem tentando há al-guns anos, juntamente com empresári-os, por meio de diversas ações, com-bater a comercialização e o consumo de drogas nas raves e casas noturnas que tocam música eletrônica. Mesmo com a notícia de que as drogas estão cada vez mais acessíveis, principal-mente aos jovens, ainda existe espe-rança para aqueles que são usuários e querem deixar o vício. Um exemplo é André Roberto Romkoski (foto), de 25 anos, ex-usuário de drogas e que hoje trabalha com serviços gerais.

Quando começou a se envolver com drogas ilícitas?

André Romkoski – Quando tinha 12 anos, comecei com a maconha. Co-nheci o crack e me afundei. Fiquei sete anos envolvido com essa droga.

Já roubou para comprar drogas?Várias vezes. Meu primeiro roubo

foi em casa, tirando as coisas que eram da minha mãe. Me arrependo até a morte por isso. Tudo que era dinheiro fácil, eu queria.

Tentou se recuperar do vício? Quan-tas vezes e de qual maneira?

Passei por sete internamentos de reclusão em fazendas, chácaras e sí-tios. Porém, quando retornava para a rua, voltava pior. A recaída é horrível, senti na pele o que é isso.

Qual foi o momento mais marcante quando era usuário?

Tive vários. O primeiro quando as-saltei minha própria mãe que no mo-mento não tinha dinheiro para me dar. Menti que era para pagar o traficante. Queria o dinheiro para usar as drogas. O segundo momento foi quando a polí-cia me pegou com o “cachimbo”, e me espancaram na sola do pé para que não deixasse marcas visíveis. Outra vez foi quando vi um amigo sendo as-sassinado por causa das drogas.

Desde quando não usa as drogas?Não sei ao certo porque não gosto

de contar, mas mais ou menos um ano. Consegui largar o vício com a ajuda de Deus, frequentando a Terceira Igreja Quadrangular, no Água Verde, e lá me sinto bem. Conheci pessoas que me ajudam e jamais imaginei que teria esta chance. Hoje posso dizer que sou feliz de verdade junto a pessoas que querem

Em entrevista ao Marco Zero, o ins-petor Álvaro José Ditzel, de 41 anos, há 20 anos na Guarda Municipal de Curiti-ba, esclarece alguns fatores em relação à violência no centro da cidade.

Sobre as estatísticas de violência no centro, se comparadas a 2009, me-lhoraram ou estão piores? Qual a região do centro mais perigosa?

Na área próxima onde se encontram instaladas as 56 câmeras de monitora-mento, o índice diminuiu, sendo que nos locais onde não temos câmeras, como a Cruz Machado e um pedaço da Rua Riachuelo, ainda é alto o índice de ocor-rências.

Quais ações são feitas em combate à violência?

Ações educativas e preventivas, com palestras ou com Teatro de Fantoches e a Guarda Mirim nas escolas. O prin-cipal objetivo é a orientação quanto às inúmeras irregularidades criminais.

Como é feita a segurança nos finais de semana no centro histórico, uma área frequentada por turistas?

Patrulhamento 24 horas, e há no lo-cal câmeras de monitoramento, além de rondas da PM.

Como é o trabalho da Guarda Munici-pal com a Polícia Militar?

De integração, parceria e treinamento.

Izis Cristine Sophia de Souza

Izis CristineSophia de Souza

No dia do pagamentoSe precisar transportar muito dinheiro, peça a com-panhia de parentes, amigos ou seguranças.No ônibusMantenha a bolsa na frente do corpo.Em deslocamentosAo notar que está sendo seguido, procure mudar várias vezes o lado da calçada. Em caixas eletrônicosEm caso de dificuldade, comunique-se com fun-cionários do banco.Seqüestro relâmpagoNão reaja em nenhuma circunstância.Os interessados em dicas de segurança po-dem encontrar uma cartilha disponível para download no site da PM: www.pm.pr.gov.br.

Dicas de segurança

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As batidas policiais no centro da capital paranaense já viraram rotina

André Roberto passou por sete internamentos

Crianças participam do Projeto Jônatas

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MARCO ZERO Curitiba, maio de 2010 Curitiba, maio de 2010 MARCO ZERO 98

Kyria Mousquier

É de graça!

As gravuras de Eduardo Fausti foram cria-das a partir de fotos tiradas por ele próprio e de outras obtidas com amigos. O artista reproduz rostos de mulheres de diferentes origens culturais e étnicas. As obras de Eduardo Fausti integram o acervo do pres-tigiado Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque (EUA), cidade onde o artista vive há mais de 20 anos. Eduardo é tam-bém bolsista na renomada Universidade de Columbia, dedicando-se ao estudo de assuntos ligados à gravura.Datas: 10/03/2010 a 09/05/2010.Horários de visitação: de terça a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h.Museu da Gravura Cidade de Curitiba – Solar do BarãoRua Presidente Carlos Cavalcanti, 533, Centro, Curitiba-PR (41) 3321-3367

“Novas gravuras” de Eduardo Fausti

O professor Concertino adora música clás-sica. Observa atentamente o som do violino, do violoncelo e do piano e com eles vê se formarem sonatas e sinfonias encantado-ras. Seu amor por esse gênero musical é tão grande que não cabe só nele: Concer-tino deseja que todos os seus amigos tam-bém ouçam música clássica e, como ele, se apaixonem por ela. O que parecia muito simples para o personagem acaba se tor-nando uma grande e difícil aventura criada por Jorge Miyashiro, que também atua como “O Professor Concertino Melodia”.Data: 02/05/2010Horários: aos domingos, às 11hTeatro do PiáPraça Garibaldi, 7 – São Francisco, Curiti-ba-PR (41) 3213-7568

Professor Concertino Melodia

A exposição mostra a modificação do am-biente pela operação de desenhar direta-mente sobre a estrutura interior do espaço dado e evidencia um estreito interesse pela relação entre arte e arquitetura. Datas: 10/03/2010 a 09/05/2010.Horários: visitação: de terça a sexta das 9h às 12h e das 13h às 18h sábados, domin-gos e feriados das 12h às 18hMuseu da Gravura – Solar do Barão.Presidente Carlos Cavalcanti, 533 – Centro, Curitiba-PR (41) 3321-3367

“Hiperplano” de Rodrigo Dulcio

A cidade retratada na arte do mosaico é a proposta da mostra “Tesselas: liberdade de expressão”, que reúne trabalhos de 25 ar-tistas. A mostra foi organizada pelas mosai-cistas Patrícia Ono, Fernanda Czelujinski e Adriane Smythe, e os trabalhos desses ex-positores proporcionam ao público as pos-sibilidades de olhar Curitiba nas suas mais diversas formas: detalhes em flores, clima, arquitetura etc.Datas: 12/04/2010 a 30/05/2010.Horários de visitação: das 8h30 às 12h e das 13h às 21h; aos sábados, das 8h30 às 12h.Centro de Criatividade de CuritibaRua Mateus Leme, 4700, Parque São Lou-renço – São Lourenço, Curitiba-PR (41) 3313-7193 – (41) 3313-7192Contato: 3313-7193 com Rosa RibasE-mail: [email protected]

“A Arte em Tesselas”

Do povo para o povo: ademocratização das rádiosAlexsandro Ribeiro Daysi Passos

Você sabia que os sinais usados pelas rádios AM e FM são de domínio público? Mas, afinal, sendo da popu-lação os sinais, ou seja, também seus, você define a programação da sua rádio preferida? Provavelmente não. Assim como no caso das tevês, as rádios são concedidas na maioria das vezes à ini-ciativa privada, atendendo a interesses mercadológicos ou de pequenos gru-pos, de acordo com o relações-públicas Anderson Luiz Moreira, de 31 anos, for-mado em pela UFPR e educador há sete anos na área de comunicação do Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefúria). Para Anderson Moreira, uma das saídas seria a democratização das rá-dios, e isso deve passar por um conceito maior que o do próprio veículo, que é o da democratização da comunicação. “Está relacionado à democratização do acesso e da produção, com uma maior atuação do Ministério das Telecomunica-ções no sentido de liberar as concessões às rádios comunitárias”, defende.

Rádios ComunitáriasHá cinco rádios comunitárias re-

gistradas em Curitiba, no Bairro Novo, na Cidade Indistrial (CIC), no Bo-queirão, no Cajuru e na Boca Maldita. Esta última, no entanto, só no papel. Foi legalizada como rádio comunitária para a Sociedade Civil Cavalheiros da Boca Maldita, mas nunca operou. “Essa sociedade, formada por alguns daque-les homens que ficam nos cafés na Boca Maldita, tem uma característica muito peculiar que é não permitir a participa-ção de mulheres. Como se autoriza uma rádio comunitária a uma associação que exclui indivíduos? Rádio comunitária não pode fazer esse tipo de discrimina-ção”, critica Moreira.

Para ele, a rádio que mais se apro-xima do conceito “comunitária” é a do Bairro Novo, que tem programação na internet voltada à comunidade. Segundo o educador, a programação das demais é predominantemente musical. Outro fa-tor que desvirtua o conceito da rádio é o fato de elas serem presididas por políti-cos ou líderes religiosos, o que, segundo ele, pode influenciar na programação e direção do conteúdo veiculado. “O que deveria haver de fato é presença da po-pulação nas rádios comunitárias. Hoje, se vê muita rádio comunitária nas mãos de políticos, pastores, padres, entre outros. Há interesses de pessoas em usar as rá-dios como trampolim”, alerta.

A democratização das rádiosDe acordo com Anderson Moreira,

a democratização deveria passar primeiro pela mudança da legislação, um dos pon-tos também defendidos pela Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraco). Depois, pelo aumento da potência das rádios, que atualmente é de 25 watts, pela permissão das rádios tra-balharem com transmissão em rede, o que é proibido atualmente às rádios co-munitárias. “O principal ponto é a altera-ção da Lei, com menos burocracia e mais agilidade na liberação das concessões”, afirma o educador.

Outra forma de garantir a demo-cratização é com maior participação da comunidade na decisão e na formação da programação e na organização da en-tidade. De acordo com Anderson Mor-eira, a população deve estar incluída na direção da rádio, ou seja, ela deve ser parte integrante do conselho da emis-sora. “Quando falo em participação da população na rádio, não é alguém li-gar para lá e pedir música. Certa vez, em uma rádio comunitária, perguntei se havia participação da comunidade. O locutor me disse que sim, pedindo música. Não é isso, e sim participar do conselho, da organização da rádio”, diz o educador.

Para Anderson Moreira, antes das rádios deve ser pensada a democratização da comunicação no país

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Onde todos se encontramCULTURA

Largo da Ordem, no Centro Histórico de Curitiba, reúne bela paisagem, patrimônio histórico e muita diversão num único lugarAndré Halmata

O Largo da Ordem é um dos principais pontos históricos de Curiti-ba. É conhecido por seus bares, sua arquitetura, seus monumentos e pela tradicional feirinha realizada todos os domingos desde 1973. “Eu gosto muito da feira de artesanato. Tem muita coisa fofa, e é impossível pas-sar rapidinho por lá”, diz a dona de casa Elvira Seer, afirmando que sem-pre frequenta o local e aproveita para almoçar na feirinha.

O que mais chama a atenção dos turistas, e mesmo dos moradores de Curitiba, é a grande variedade de bares na região do Largo. Eles servem como ponto de encontro na cidade e ganham a preferência de Fabio Hadas, estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). “Lá estão as mel-hores casas noturnas com apresenta-ções de shows de rock e hardcore, es-tilos de que eu gosto”, explica.

O restaurante Sal Grosso é um dos mais tradicionais do Largo da Or-dem, com mesas ao ar livre e a tradi-cional alcatra na tábua, acompanhada de arroz, alface e maionese. Por isso, é muito disputado, principalmente du-rante a ferinha dos domingos. O Tu-ba’s bar é o escolhido pelos aprecia-dores de rock com música ambiente e exibições de shows de rock, além do Fire Fox, por contar com um salão para exibições de jogos de futebol e

shows na TV. Isso sem falar das comi-das exóticas, como carne de avestruz e jacaré. Já o restaurante Saccy apresenta MPB e inspirou criação do nome do grupo carnavalesco Garibaldis & Sa-cis. Há ainda o The Farm, com música ao vivo de diversos estilos e decoração temática de fazenda, além do famoso Schwarzwald, popularmente chamado de bar do alemão.

Mas toda essa diversão não seria possível se não fosse o aumento da segurança do local proporcionada por novas câmeras instaladas ao longo do Largo. Quatorze das 16 novas câmeras têm ângulo de 360º. Três delas estão instaladas na estrutura externa do Belvedère, mirante art-nouveau cons-truído em 1915, próximo às ruínas de São Francisco. Outras duas moni-toram o interior da sede do Batalhão da Patrulha Escolar Comunitária.

Quando se fala em Largo da Or-dem, um dos locais mais conhecidos é o Schwarzwald, ou Bar do Alemão, que atrai muitos turistas. Suas car-acterísticas rústicas remetem o cliente a um ambiente bastante regional e fa-miliar europeu. É quase uma taverna. Esse local aconchegante e diferencia-do oferece um cardápio composto por pratos tradicionais da culinária alemã, como o eisbein (joelho de porco) e pe-tiscos como a carne de onça.

Por dois anos consecutivos, o chope do Bar do Alemã foi eleito o melhor da cidade, de acordo com o júri da Revista Veja Curitiba. Outra

marca registrada da casa é o subma-rino: um caneco de chope de 500 ml com uma dose de Steinhäger dentro de uma canequinha de porcelana mergulhada no caneco. Segundo a estudante Jéssica Silva, “é um grande barato pedir um submarino”. As pes-soas “passam a mão” no canequinho como um souvenir para descobrirem mais tarde a frase gravada no fundo da lembrancinha: “Este caneco foi roubado honestamente”.

Seja para diversão, happy hour ou saborear um bom chope, o Bar do Alemão é um dos melhores lu-gares do Largo.

A tradição alemã de Curitiba

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Os bares à direita, a igreja e ao fundo a casa Romário Martins, única em estilo colonial.

Bar do alemão, o mais procurado pelos turistas

Estante

Na coluna “Estante” desta edição, escritores curitibanos e livros indispensáveis, de grandes talentos locais que merecem serem descobertos por aqueles que sabem apreciar uma boa leitura.

Chá das Cinco com o VampiroMiguel Sanchez Neto

Durante muitos anos, Dalton Trevisan e Miguel Sanchez Neto foram mestre e dis-cípulo, respectiva-mente. Sanchez, que veio do interior, foi acolhido no círculo literário pelo famoso e recluso escritor para-naense. Em 2001, Tre-visan ficou furioso com Sanchez ao saber que este estava escrevendo um livro sobre ele e suas intimidades. Foi o fim da am-izade. Mas Miguel revelou à imprensa que não era uma biografia de Trevisan, mas uma ficção na qual os personagens eram livremente inspirados em personalidades conhecidas do mundo literário e do jornal-ismo paranaense. Trevisan reagiu e xingou , por meio de um poema o seu ex-discípulo de “araponga louca”, “hiena papuda” e outros nomes nada agradáveis. Fato que só serviu para causar polêmica e divertir o tão sério mundo literário. A fúria de Trevisan é justificável? Bem, agora todos podem sa-ber mais sobre essa controvérsia, já que o livro foi lançado. Em “Chá das Cinco com o Vampiro”, os personagens são reais, so-mente os nomes são diferentes. E a história do livro é basicamente a mesma citada lá no começo do parágrafo: “Jovem escritor se muda para Curitiba, ingressa na vida literária e trava amizade com um grande escritor antissocial.” Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

O Filho EternoCristovão Tezza

Eleito pela crítica como um dos me-lhores livros no ano em que foi lançado (2007) e ganhador de vários prêmios, “O Filho Eterno”, apesar de ser tratado como romance, é es-cancaradamente uma autobiografia, pois aborda a relação do escritor com seu filho deficiente. O livro de Tezza, catarinense radicado em Curiti-ba, narra, por exemplo, o momento em que os médicos revelaram aos pais que o filho tinha Síndrome de Down, o con-flito do pai com a diretora da escola que não aceita uma criança “especial’, enfim, uma bela história que expõe inúmeros percalços e as grandes alegrias de se criar um filho com deficiência.

Talentos locaisEliaquim Junior

Barreiras à democratizaçãoPara o educador do Cefuria, além

da burocracia, que dificulta a liberação das concessões, uma das principais barreiras que impedem a democratiza-ção do rádio é a limitação geográfica. “Se há uma emissora em um determi-nado local, só poderá haver outra num raio de quatro quilômetros. Menos que isso não é permitido”, afirma o comu-nicador, que ainda aponta a existência de interesses nas liberações das con-cessões.

“Estava sendo aprovada a criação de uma rádio no Shopping Pinheirinho e ainda não sei se já foi autorizada. A Terra de Direitos (entidade que atua na defesa e promoção dos direitos humanos) preparou um documento e encaminhou à Anatel mostrando que a rádio do shopping infringia o lim-ite geográfico da rádio comunitária da CIC. Mas não deram muita bola. Já a solicitação da criação de uma rádio por uma associação de padarias comuni-tárias não foi liberada porque há a rá-dio do Pinheirinho. No centro de Cu-ritiba, não pode haver outra rádio, pois já existe a da Sociedade Boca Maldita. Por mais que ela nunca tenha operado, a Anatel não libera o espaço”, critica Moreira.

“O que deveria haver de fato é presença da população nas rádios comunitárias. Hoje, se vê muita rádio comunitária nas mãos de políticos, pastores, padres, entre outros. Há interesses de pessoas em usar as rádios como trampolim”

O que poucas pessoas conhecem é a origem do nome do Largo da Or-dem, que mudou três vezes para hom-enagear grandes nomes da cidade. No século 18, foi inaugurado como Páteo da Nossa Senhora do Terço, em virtude da presença da Igreja da Ordem Tercei-ra. Posteriormente, passou a chamar-se Páteo de São Francisco das Chagas e em 1917 chamou-se oficialmente de Largo Coronel Enéas, em homenagem ao Coronel Benedito Enéas de Paula.

No Largo da Ordem, estão as edi-ficações mais antigas de Curitiba, como a Casa Romário Martins e o bebedouro no qual os tropeiros e fazendeiros da região costumavam dar de beber a seus cavalos e mulas. As duas construções são do século 18. Há ainda a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, de 1737 e outros prédios da segunda metade do século 19.

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MARCO ZERO Curitiba, maio de 2010 Curitiba, maio de 2010 MARCO ZERO

O Festival de Curitiba aconteceu entre os dias 16 a 28 de março, comple-tando sua 19ª edição com mais de 400 es-petáculos de companhias de todo o país. O evento é considerado um dos mais im-portantes do Brasil na área teatral.

A Facinter foi um dos locais privilegiados, pois recebeu alguns espetáculos em seu auditório, além de apresentar peças teatrais da Volátil Cia. de Teatro Uninter, da própria faculdade. O Teatro recebeu neste ano 12 peças, como “Planejamento Fa-miliar”, “Céu”, “As Heroides” (cartaz da foto), ambas do Grupo Uninter, “Isso me atormenta”, “Sua majestade, o executivo”, “Se correr a bicha pega, se ficar o bicho come”, “O que?!”, “Mor-rendo e aprendendo”, entre outras.

Criado em 1992, o teatro Uninter, localizado no campus Divina, já foi visitado por mais de 1 milhão de pessoas, em varia-dos tipos de eventos, incluindo peças de teatro e palestras.

ACinemateca é um espaço cul-tural importante de Curitiba por contar com um cinema

diferenciado, alternativo, de arte e re-flexão. Sua programação é composta por mostras culturais que acontecem por intermédio de diversas parcerias, entre elas as realizadas com embaixa-das e organizações sociais, gerando muita discussão e debates a partir dos filmes exibidos.

Segundo a diretora da Cinemate-ca de Curitiba, Solange Straube Stecz, a sala Groff, onde são exibidos os filmes, é hoje a única sala de rua da cidade, que já teve espaços importantes como os Cines Groff, Ritz e Luz. “Foram salas que, por uma sé-rie de circunstâncias, foram sendo fechadas, até ficar somente o cine Luz, que encerrou sua programação em novembro do ano pas-sado”, explica.

A Cinemateca oferece cursos de for-mação no Núcleo de Formação Digital do Ministério da Cultura, o NPD, que tem par-ceria com a Associação de Cinema e Vídeo Paraná (Avec). “Fizemos 11 cursos de for-mação de vídeo, e a procura é muito grande. É preciso fazer um teste de seleção, e a mé-dia é de 20 e 30 pessoas por vaga, pratica-mente um vestibular por curso livre. Isso forma e não só dá noções como a possibili-dade de realização de um filme”, conta So-lange ao explicar que os cursos abrem uma perspectiva de um olhar mais crítico sobre o cinema e a produção cinematográfica, seja ela nacional ou estrangeira.

Solange Stecz fala ainda sobre o públi-co que frequenta a Cinemateca e a progra-mação para 2010: “É um público diferencia-do, que busca um cinema mais de arte, um cinema que faça pensar”, diz a diretora da Cinemateca, lembrando que no mês passado foi aberto um ciclo de debates que será rea-lizado até o final deste ano.

O primeiro debate versou sobre a questão do teatro, com a exibição, pela primeira vez em Curitiba, do filmeBR3, de Evaldo Mocarzel, um documentário sobre o trabalho do grupo Vertigem, de São Paulo. A película foi também exibida na Mostra In-ternacional “É Tudo Verdade”.

Além de exibir o filme, a Cinemate-ca trouxe os cineastas Evaldo Mocarzel e Murilo Hausen, paranaense da Sutil Cia de Teatro. Eles discutiram a relação entre o cinema e a filmagem de uma peça de teatro, destacando a imagem. A Cinemateca tem projetos de formação de plateia e, por isso, tem recebido escolas e organizações da co-munidade em projetos específicos. Um ex-emplo é o projeto “Primeira Sessão”, desti-nado às escolas.

ACONTECEU CULTURA

Festival de Curitiba marca presença no Teatro Uninter

No dia 29 de março, a capital paranaense comemorou seus 317 anos. A data foi festejada com festas, concertos musicais, passeio ciclístico e shows por toda a cidade.

Dois dias antes do seu ani-versário, o centro de Curitiba ficou agitado, pois várias pessoas compareceram à Boca Maldita e as-sistiram à apresentação de um grupo de dançarinos voluntários, que criou uma coreografia especial para comemorar o aniversário da cidade. O grupo contou com bailarinos profissionais, dança-rinos de jazz, dança do ventre e dança de salão e de grupos de dança da Prefeitura, além de profissionais de outras áreas, como professores, artistas e interessados em participar da ação.

Curitiba foi fundada em 1693 pelo capitão Matheus Mar-tins Leme com o nome de Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, mais tarde chamada de Curitiba. A palavra é de origem Guarani: kur yt yba, que quer dizer “grande quantidade de pin-heiros, pinheiral”, na linguagem dos índios, os primeiros habi-tantes da cidade.

Após um ano e três meses de mandato, o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), renunciou ao cargo no dia 30 de março, para poder disputar o governo do Estado do Paraná nas eleições de ou-tubro. Quem assumiu o lugar de Beto foi seu vice, Luciano Ducci (PSB). Para oficializar a sua pré-candidatura, o ex-prefeito realizou um jantar para cinco mil correligionários, incluindo o presidente nacional dos tucanos, senador Sérgio Guerra.

Aniversário de Curitiba

Beto Richa deixa o cargo

A Cinemateca é espaço alternativo para a arte e a reflexão em Curitiba

Quartel dará lugar a novos cinemasJá está em fase de projeto e definição

de verbas o novo Centro de Cultura da Rua Riachuelo com Carlos Cavalcanti. O antigo Quartel do Exército Brasileiro (desativado) é um espaço da área cultural do município e ali vão ser construídas duas salas de cin-ema: o Cine Luz e o Cine Ritz.

Além disso, o espaço vai abrigar salas para cursos e centro de convivência com café e biblioteca, ampliando a ação da Co-ordenação de Cinema e Vídeo, a área da Fundação Cultural de Curitiba que envolve todas as ações do audiovisual do município, inclusive a Cinemateca de Curitiba.

O último cinema de rua da cidade

Feira da Páscoa na Praça Osório

1110

1977 - Surge a banda Blindagem, em Cu-ritiba. O grupo, formado por Paulo Juk, Amauri Stochero, Alberto Rodriguez e Mário Júnior, tocava, inicialmente, em festivais, parques, colégios e concursos, com um som que variava do lírico ao pesado.1979 - Ivo Rodrigues entra na banda.1980 - Primeira apresentação do Blinda-gem no Guairão.1981 - Lançamento do primeiro LP, “Blindagem”. A música “Marinheiro”, de Ivo Rodrigues e Paulo Leminski, en-tra na programação das rádios de São Paulo.1983 - Dois compactos da banda são lan-çados pela Gravadora Pointer. Destaque para as músicas “Malandrinha” e “Me Provoque pra Ver”.1984 - Ruben Pato Romero, baterista ar-

gentino, ingressa na banda.1985 - Mais um compacto: “Operário Padrão”, pela Polygram.1987 - Lançamento do disco indepen-dente “Cara x Coroa”.1997 - O CD “Dias incertos” é produ-zido de forma independente, com apoio da Lei de Incentivo à Cultura.1998 - Comemoração dos 20 anos da banda no Guairão.2008 - Em comemoração aos seus 30 anos, a banda lança o primeiro DVD, “Rock em Concerto – Banda Blindagem e Orquestra Sinfônica do Paraná”.2009 - Ivo Rodrigues recebe um trans-plante de fígado.2010 - Ivo Rodrigues falece, devido a uma parada cardiorrespiratória decor-rente de um câncer.

Um cara piadista e boa genteÍcone do rock paranaense, Ivo Rodrigues, da banda Blindagem, falecido recentemente, deixa esposa, dois filhos e uma enorme legião de fãs

CULTURA

O mês de abril ficará marcado na memória dos admiradores da boa música paranaense. Aos 61 anos, Ivo Rodrigues Jr., vocalista da banda Blinda-gem, faleceu. Na quinta feira, dia 8 de abril, foi vítima de uma parada cardior-respiratória decorrente de problemas causados por um câncer. Familiares, integrantes da banda, amigos e fãs do músico se despediram dele na sexta-feira, dia 9, no Cemitério Municipal de Curitiba, ao som de músicas e homena-gens. Dias depois, a banda recebeu mi-lhares de telefonemas e e-mails incenti-vando a continuação das atividades.

“Reservado, simpático, piadista, contador de histórias e aventuras”. Assim o descreve Cláudia Falce, de 37 anos, fã do Blindagem desde os 15. “Ao contrário dos outros integrantes do Blindagem, que andavam pelos bares conversando com os fãs, Ivo era mais reservado e esperava que as pessoas fossem até ele. Era humilde e gente boa e não tinha inimigos. Fazia caminhadas no Parque Barigui e vivia da música”, recorda.

Cláudia Falce é presidente do fã-clube oficial do Blindagem (Fã Clube Loba da Estepe), que possui mais de 600 membros cadastrados. Ela revela que, no início, o objetivo da criação do fã-clube era apenas ajudar na divulga-ção da banda, mas, com o andamento do trabalho, ela se aproximou mais dos integrantes, tornando-se amiga e fre-quentando as casas dos músicos. Junto com o marido, Humberto Falce, de 40 anos, levou Ivo Rodrigues Jr. diversas vezes até os bares e casas noturnas em que ele costumava tocar. Segundo ela, o filho de apenas sete anos é fã in-condicional do músico. “O Blindagem tem fãs de todas as idades. Conheço fãs crianças, adolescentes e adultos. Acred-ito que a maioria deles tem de 30 a 60 anos. Vi filhos que aprenderam com os pais a apreciar o trabalho do Ivo e do Blindagem”, conta.

Ivo Rodrigues, que também era chamado carinhosamente pelos ami-gos de “Ivão”, ou “O Rocha”, tinha problemas de saúde há mais ou me-nos dez anos, mas a situação se agra-vou há quatro. Um mês antes do seu

O vocalista Ivo Rodrigues (ao centro), junto com a formação atual do Blindagem

Cláudia Falce, junto com o ídolo: “O mais reser-vado da banda”

falecimento, foi detectado um tumor no canal da uretra. No ano passado, ele também havia sido submetido a um transplante de fígado, decorrente de uma cirrose hepática.

Paulo Juk, grande amigo de Ivo e baixista do Blindagem, define o colega como ciumento e piadista. Se-gundo ele, a relação de amizade entre os integrantes era tão positiva que, en-tre eles, eram padrinhos de casamento e de batismo dos filhos uns dos out-ros. “A relação com Ivo era de muita amizade. Há 25 anos, eu era fiel e ria

das mesmas piadas que ele contava”. A amizade “de boteco”, como define Juk, teve início na década de 70, na praia de Itapoá, quando Ivo apresen-tou algumas músicas e Paulo decidiu produzi-las. Após algum tempo, Ivo entrou na banda.

Para Cláudia, os momentos mais inesquecíveis ao lado do músico foram os shows no Guairão em que o Blindagem foi acompanhado pela Or-questra Sinfônica do Paraná, em 2007 e 2008. Segundo ela, foram shows de qualidade excelente, e em todas as

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SERVIÇOFã Clube Loba da Estepewww.lobadaestepe.mus.br

Curitiba promoveu a Feira da Páscoa entre os dias 20 de março e 4 de abril, na Praça Osório e na Praça Santos An-drade, no centro da cidade. Na feira, puderam ser vistos vários trabalhos, como artesanatos, objetos decorativos, chocolates e produtos artesanais em 57 barracas, que oferecerem também alimentos típicos da Páscoa e pratos brasileiros. Feiras similares acontecem nessas praças em diversas outras datas importantes, como o Natal.

apresentações o espaço ficou lotado.Antes de passar pelo transplante

de fígado, Ivo havia iniciado um pro-jeto solo com oito músicas, alternando folk e blues. Após a cirurgia, o músico se uniu com o violonista Gerson Bien-tinez e deu continuidade ao trabalho, que passou a ter uma cara de MPB. Os projetos paralelos de Ivo sempre foram apoiados pelos outros integrantes da banda. “Sempre apoiamos e incentiva-mos. Todos os membros têm projetos paralelos”, afirma Paulo Juk.

Desde junho de 2009, quando Ivo foi operado, o músico Rodrigo Vivaz assumiu provisoriamente os vocais da banda. O cantor, que também trabalha paralelamente com a banda The Elder, ocupou oficialmente o posto de vo-calista do Blindagem a partir da morte de Ivo. Paulo Juk conta que Vivaz é grande fã de Ivo e no início se emo-cionava muito ao cantar com a banda: “É difícil para nós tocarmos sem o Ivo, mas a dificuldade se torna maior para o Rodrigo, por ficar no lugar dele”.

Quem pensa que o Blindagem diminuirá o ritmo das atividades após a perda se engana. Na última conver-sa de Ivo com Paulo Juk no hospital, poucos dias antes de sua morte, o can-tor pediu que a banda não terminasse. Seguindo o conselho do amigo, a ban-da já tem uma série de shows agenda-dos e por cima cogita o lançamento de um novo álbum.

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MARCO ZERO Curitiba, maio de 201012

Nas trilhas de Poty LazarottoTexto e fotos de Walter Alfredo

Ao caminhar pelo centro de Curitiba, pode-se notar várias peças que compõem o cenário urbano, desde detalhes na construção das calçadas a obras de arte. Algumas das figuras que embelezam a cidade são de autoria de Napoleon Potyguara Lazarotto, mais conhecido por Poty. O artista nasceu em 1924 na capital paranaense, onde faleceu em 1988. Sua vida foi marcada pela intensa atividade artística, e suas criações estão espalhadas por vários locais de Curitiba, como na avenida Augusto Stelfeld, na Praça do Homem Nu e na fachada do Teatro Guaíra.

ENSAIO FOTOGRÁFICO