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Batuque com sotaque baiano A tradição nas ruas O ataque dos zumbis Semana de Comunicação do Uninter é marcada pela diversidade de temas. páginas 6, 7 e 8 JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER – ANO IV – NÚMERO 23 – CURITIBA, OUTUBRO DE 2012 Cidade limpa, mas nem tanto Lixeiras transbordando, papeis e plásticos no chão fazem parte da realidade do centro de Curitiba página 3 Percusionista do Stomp realiza projeto social no Brasil página 4 Leitura de mão e casamento arranjado na história misteriosa de um povo. página 9 Foto: Divulgação Foto: Claudia Bilobran Fotos: Franciane Bubniak e Gabriel Eloi Foto: Claudia Bilobran

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Edição 23 do Jornal Marco Zero

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Page 1: Marco Zero 23

Batuque com sotaque baiano

A tradição nas ruas

O ataque dos zumbisSemana de Comunicação do Uninter é marcada pela diversidade de temas. páginas 6, 7 e 8

JoRnAL-LABoRAtÓRio Do CURSo DE JoRnALiSMo Do CEntRo UniVERSitÁRio UnintER – Ano iV – nÚMERo 23 – CURitiBA, oUtUBRo DE 2012

Cidade limpa, mas nem tanto

Lixeiras transbordando, papeis e plásticos no chão fazem parte da realidade do centrode Curitiba página 3

percusionista do Stomp realiza projeto social no Brasil

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Leitura de mão e casamento arranjado na história misteriosa de um povo. página 9

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Leitura de mão e casamento arranjado na história misteriosa de um povo. página 9

A tradição nas ruasLeitura de mão e casamento arranjado na história misteriosa de um povo. página 9

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Número 23 – Outubro de 20122 MARCO ZERO

opinião

ExpedienteO jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Uninter

Coordenador do Curso de Jornalismo: Tomás Barreiros

Professores responsáveis:Roberto Nicolato e Tomás Barreiros

O jornal Marco Zero foi premiado como melhor jornal-laboratório do Paraná no 16º Prêmio Sangue Novo, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná.

Edição•Ana Luiza Cordeiro•Cláudia Bilobran•David D’visant•Emanuelle Buerger•Lucas Queiroz

Diagramação•Cíntia Silva•Letícia Ferreira

UninterRua do Rosário, 147CEP 80010-110 – Curitiba-PRE-mail [email protected] 2102-7953 e 2102-7954.

Claudia Bilobran

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A luta do jornalismo contraa indústria tabagista

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o informante foi produzido em 1999, nos Estados Uni-dos, e dirigido por Michael

Mann. O longa, que é baseado em uma história verídica, conta com estrelas como Al Pacino e Russell Crowe e seu roteiro é uma adapta-ção do livro The Man Who Knew Too Much, de Marie Brenner.

A trama se passa em 1994 e tem como um dos pilares a indústria do tabaco e a névoa de dúvidas sobre os malefícios que a droga pode cau-sar ao corpo humano. Adjacente à isso, é mostrada a cena midiática da época e como era feito o controle de conteúdo dos jornais por interesses externos.

Lowell Bergman (Al Pacino) é um jornalista e produtor do famoso programa “60 minutos”, que tem como apresentador e entrevistador o renomado Mike Wallace (Christo-pher Plummer). A fim de desmasca-rar a máfia tabagista, Lowell procu-ra Jeffrey Wigand (Russel Crowe), um químico que acabara de ser de-mitido de uma das maiores fábricas de cigarro do país.

Mais tarde é mostrado ao público que Wigand foi demitido justamen-te por descobrir que a composição do produto era extremamente pre-judicial e viciante. Porém, como vice-presidente da empresa Brown & Williamson, foi estabelecido um

contrato de confidencialidade sobre qualquer assunto que envolvesse a empresa.

Os problemas acontecem quan-do, pressionado por Bergman e por sua preocupação com a saúde públi-ca, Jeffrey Wigand decide ser entre-vistado no programa e contar tudo que sabe, inclusive que os grandes empresários do ramo não só sabiam da capacidade viciante do cigarro, como ainda acrescentavam aditivos químicos, como amoníaco, para au-mentar essa característica.

Logo, a empresa descobre as in-tenções do ex-funcionário e passam a ameaçá-lo de várias formas. Devi-do à pressão causada pelas ameaças e pelos envolvidos com o programa, a mulher de Wigand desaba e larga o marido, levando as duas filhas com ela. Sozinho e sem renda, Je-ffrey Wigand vira professor de quí-mica. Ao mesmo tempo, a Brown & Williamson usa de sua influência e pressiona a CBS, canal do programa “60 minutos”, ao ponto de fazê-los cortar a entrevista do programa.

É nesse ponto crucial que per-cebemos a paixão de Lowell Berg-man pelo jornalismo e sua vontade de lutar pelo o que ele acredita. O produtor não só fica indignado por fazer sua testemunha passar por vá-rias situações de risco morais e emo-cionais, mas também por ver que o maior canal jornalístico de TV do país não pratica o jornalismo de for-ma tão séria assim.

É um jogo de poderes que faz Bergman contatar um amigo do

New York Times para, em outras pa-lavras, jogar toda a merda no venti-lador. Ele dá uma pseudo entrevista por telefone divulgando todas as in-formações sobre a relação da Brown & Williamson com a CBS no meio desse escândalo que tomou conta de todas as notícias na época.

É com a matéria de primeira pá-gina, de um dos mais importantes jornais do mundo, que Bergman consegue o que buscou desde o iní-cio deste drama. A matéria desclas-sifica o canal por não levar impre-terivelmente a notícia como o foco principal no meio jornalístico e fala tudo sobre como a CBS cedeu à in-dústria tabagista por motivos econô-micos.

O desfecho do filme se dá com a matéria sendo finalmente repro-duzida no programa “60 minutos”, Bergman pedindo demissão do ca-nal e Wigand seguindo a profissão de professor numa escola de ensino médio.

O filme é interessante não apenas por retratar uma história real, mas por mostrar como grandes indústrias agem em favor próprio, economi-camente falando, sem se preocupar com seus consumidores. O viés jor-nalístico é maravilhoso para apai-xonados pela área, pois mostram como, nem sempre, é possível fazer jornalismo do jeito romântico e lu-tando pela ideologia do jornalista, ao mesmo tempo em que mostra o poder que cada um de nós, como informantes da realidade, podemos exercer.

Mariana Ayres

A coluna Boca no Trombone desta edição quis saber o que a população curitibana acha so-bre os valores cobrados pelos estacionamentos do centro da capital. Confira a indignação geral abaixo.

Acho abusivo. Um verdadeiro cartel. Os donos de estacionamento se unem e cobram um preço elevado por horas e períodos. O sistema de Estar não é tão seguro, por isso os senhores do estacionamento cobram o que querem.

É conforme a oferta. Muitos carros, muita pro-cura, poucos esta-cionamentos. Com isso, os donos de estacionamentos cobram o que que-rem. Em Foz do Iguaçu, por exemplo, é R$ 1,00 a hora e R$ 10,00 o dia todo. Pouca deman-da, pouca oferta. Justo não é. É o capitalismo.

Um absurdo. Hoje, por exem-plo, como vou aproveitar o car-ro para lavar, vou gastar em torno de uns R$ 60,00. Mas é o preço do comodismo e da segurança. Na rua, mesmo pa-gando Estar, corremos o risco de ter o carro batido, roubado. Por esses motivos, os donos de estacionamentos se aproveitam e cobram esse absurdo. Vale a pena só pela segurança, mas o custo é inviável. Até o Estar está caro. Pela falta de seguran-ça, deveria custar o mínimo.

O valor cobra-do pelos estacio-namentos é alto e abusivo. A pessoa que precisa deixar todos os dias vai ter um “rombo” no seu orçamento mensal.

Benito, 22,vendedor

Neila Kawase, 49, cabeleireira

Júlio Eloy, 39, comprador

Edi dos Santos, 25, auxiliar de depósito

Filme mostra como a mídia desmascarou a indústria dos cigarros nos EUA

Ao LeitorNesta edição, o jornal Mar-

co Zero visita uma academia de escalada e descobre que este es-porte vai bem além do esforço físico. Leia a matéria e vá às al-turas com o paredão mais alto da América do Sul.

Nossos repórteres mostram que Curitiba não anda tão limpa quanto parece. E as ruas da capi-tal têm mais mistérios que nossa vã filosofia imagina. Leia repor-tagem feita no centro da capital sobre as ciganas que praticam a quiromancia.

O Marco Zero também revela que a leitura pode estar mais perto do que você pensa, pois os livros podem ser encontrados até nos bancos das praças. Libere a sua imaginação!

Na 3ª Semana de Comunica-ção, a Saca Só, nossos repórteres também estiveram presentes, e mostram nesta edição a partici-pação e o comprometimento dos alunos durante o evento. Confira a matéria e a galeria de fotos.

Boa leitura! Cena do filme o informante, com Russel Crowe

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Número 23 – Outubro de 2012 3MARCO ZERO

Anderson Grossll

Curitiba nem tão limpa

Uma das razões que espanta a clientela para os shopping centers é essa sujeira que tomou o centro- Geraldo Siqueira, comerciante

Segundo frequentadores e moradores, a capital paranaense já não é mais exemplo de limpeza pública

CiDADAniA

nos últimos anos, a cidade de Curitiba tem enfrenta-do uma crise em seu sis-

tema de limpeza pública. Se an-tes era conhecida como a cidade mais limpa do Brasil, tal título já não compreende tamanha am-bição.

O setor de limpeza pública da cidade patina no quesito falta de contingente. Com o crescimento da cidade, o descarte de resíduos de toda a ordem aumentou, mas o setor manteve seu quadro de funcionários, com ligeiro cres-cimento de 7% em cinco anos, informa Andressa Marchioratto, da assessoria de comunicação da Cavo (consórcio que administra o sistema de limpeza pública da capital). “Após rigoroso estudo, entendemos, junto à Secretaria

Em nota, a Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba (SMMA) afirma que atual-mente a região central conta com 520 lixeiras e um efetivo de 500 garis e relata que esse dimensionamento de pessoal e equipamento tem se mostrado satisfatório. Além disso, o município dispõe de equipes de fiscalização que dão suporte relevante na questão de manutenção e limpeza.

Atualmente o Município está viabilizando um teste do sistema de coleta conteineri-zada subterrânea.

A SMMA informa ainda que a coleta dos resíduos gerados tanto por edifícios residenciais quanto comerciais executada porta a porta por caminhões compac-tadores diariamente no anel central. O Decreto Municipal 983/04 estabelece que pode dispor à coleta pública até 1200 litros/semana de resíduos, sendo 600 litros de orgânico e 600 para recicláveis. Acima dessa quantidade a unidade é conside-

rada grande geradora e, consequentemente, deve contratar o serviço de coleta.

César Haisi

Jean Kuss

do Meio Ambiente de Curiti-ba, que não há necessidade de aumento do número de funcio-nários para atender a demanda existente na cidade”.

Hoje, ao andar pelo centro da cidade, nos deparamos com lixeiras transbordando resídu-os, papeis e plásticos jogados no chão. O mais preocupante são os sacos de lixo esquecidos em pedestais ou ao pé de pos-tes, com forte odor e, por vezes, rasgados, situação que coloca em risco a saúde das pessoas que transitam no centro e, prin-cipalmente, para quem reside ou trabalha na região.

Geraldo Siqueira, de 52 anos, comerciante no tradicional cal-çadão da rua XV de Novembro, desde 1983, admite que o centro da cidade não é motivo de orgu-lho, pois junto com a visão des-confortável que a sujeira causa, vêm o mau cheiro, insetos e o sentimento de descaso com a limpeza, algo que, segundo ele, contribui para piorar a reputa-ção do local. “A nossa região ja foi o lugar mais aconchegante e cheio de vida da cidade.

Com o movimento do cal-çadão, coloquei duas filhas na faculdade, e hoje mal consigo pagar o aluguel do meu estabe-lecimento. Uma das razões que

espanta a clientela para os sho-pping centers é essa sujeira que tomou o centro”, argumentao comerciante.

A operadora de telemarke-ting Angélica Maria dos San-tos reclama que convive com ratos e insetos,enquanto espera no ponto de ônibus na avenida Marechal Floriano Peixoto, to-dos os fins de tarde. “Enquanto aguardo meu ônibus, o Jardim Mercês/Guanabara, vejo a mo-vimentação de ratos e insetos ao redor dos sacos de lixo de uma lanchonete, que, sinceramente, parece que estão ali há mais de uma semana, esperando para se-rem retirados”, relata Angélica que tem como alternativa ir até a praça Rui Barbosa, segundo ela, melhor cuidada.

O síndico de um edifício da rua Ermelino de Leão, que não quis se identificar, alerta para uma suposta desorganização no sistema de coleta de lixo: “Te-nho observado que os itinerários dos caminhões não estão corres-pondendo ao que foi divulgado pela prefeitura.

Além do mais, a coleta tem sido feita no fim da madrugada, quando muitos sacos já foram rasgados por catadores de lixo, mendigos ou mesmo cães atrás de comida”. No prédio de 11 an-dares de apartamentos residen-ciais, Joares Machado, morador há quinze e sindico há três anos, diz que toda a semana é descarta-da aproximadamente uma tonela-da de lixo de seu edifício.

Secretaria nega precariedade

Gari faz a limpeza no Largo da ordem.

não é raro observar o lixo espalhado pelo chão.

Em nota, a Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba (SMMA) afirma que atual-mente a região central conta com 520 lixeiras e um efetivo de 500 garis e relata que esse dimensionamento de pessoal e equipamento tem se mostrado satisfatório. Além disso, o município dispõe de equipes de fiscalização que dão suporte relevante na questão de manutenção e limpeza.

Atualmente o Município está viabilizando um teste do sistema de coleta conteineri-zada subterrânea.

A SMMA informa ainda que a coleta dos resíduos gerados tanto por edifícios residenciais quanto comerciais executada porta a porta por caminhões compac-tadores diariamente no anel central. O Decreto Municipal 983/04 estabelece que pode dispor à coleta pública até 1200 litros/semana de resíduos, sendo 600 litros de orgânico e 600 para recicláveis. Acima dessa quantidade a unidade é conside-

rada grande geradora e, consequentemente, deve contratar o serviço de coleta.

Secretaria nega precariedade

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pERFiL

New Bahia

o percursionista Marivaldo dos Santos, do Stomp, apresenta ao Brasil o balanço do projeto “Quabales”, que ele desenvolve no país

David D’visant

Há 15 anos um jovem bra-sileiro fazia uma audição para um grupo que prome-

tia fazer música com elementos nada convencionais: caixas de fós-foros, vassouras, galões de água, baldes, todo e qualquer tipo de ob-jeto inanimado que pudesse gerar algum tipo de musicalidade com-binada com precisos movimentos corporais. O grupo se intitulava “Stomp” e seus membros vinham de diversos países.

O brasileiro que representaria o Brasil era Marivaldo dos Santos, um baiano, nascido na cidade de Salvador. Músico simples, com seu carisma e sua dedicação des-pretensiosa, conseguiu seu lugar no grupo, hoje mundialmente co-nhecido.

“Eu vim para Nova York no início dos meus 20 anos, tocando em um show e escrevendo músi-cas para as coreografias da mi-nha irmã, a coreógrafa Rosangela Silvestre. Uma das minhas inspi-

rações para vir foi o Rap, queria muito ouvir de perto e entender melhor esse gênero”, comenta.

Hoje, com bagagem musical e com o total apoio dos criadores do Stomp, Marivaldo apresenta seu mais novo desafio: um projeto social chamado “Quabales“, que tem como objetivo proporcionar a crianças carentes uma oportuni-dade na sociedade através da mú-sica e da arte. Além da técnica e da criatividade desenvolvida den-tro do Stomp, Santos leva para o “Quabales“ principalmente a dis-ciplina, requisito essencial para o sucesso em qualquer área. “Te-mos a participação do elenco do Stomp, que através de workshops ensina a técnica para as crianças”, conta o músico.

Para o percursionista, a maior importância deste projeto está no fato de tirar os jovens das ruas, das drogas e da violência, o que pro-porciona a eles um lugar na socie-dade através da arte. O projeto é aberto a crianças e jovens, desde que estejam frequentando a escola.

Além do projeto Quabales, Marivaldo está trabalhando com a Quabales Band, preparando um

CD solo, um show, um filme, um projeto com Naná Vasconcelos e Pretinho da Serrinha, além de gra-vações e produções. Segundo Ma-rivaldo, “o que não falta são idéias e projetos, o problema é tempo para realizar todos”.

Durante um show do Stomp, via e-mail, Marivaldo dos Santos respondeu a algumas perguntas do Marco Zero.

Marco Zero - Pretende for-mar novos percussionistas com o projeto?

Marivaldo - Isso será consequ-ência, mas acredito que é inevitá-vel. O principal é tirar as crianças das ruas proporcionando um novo aprendizado, disciplina e respeito.

O que é necessário para se tornar um percussionista?

Muita disciplina, saber ouvir e seguir seus instintos.

Em quantos países já apre-sentou o “Quabales”?

A princípio no Brasil. O Qua-bales é um projeto novo, começou oficialmente em Janeiro de 2012 e eu já vinha desenvolvendo a ideia há alguns anos.

Qual é a diferença entre o Marivaldo dentro do Stomp e o Marivaldo no Quabales?

Nenhuma, a seriedade e o pra-zer são os mesmos.Pretende trazer parceiros para dentro deste Projeto? Quem?

Já temos alguns parceiros, o Stomp, Ivete Sangalo e Cynthia Sangalo juntamente com a empre-sa Caco de Telha.

Como é o Marivaldo professor?Educar não é fácil, tem que ter

muito jogo de cintura. Como todo professor, vou ensinando e apren-dendo, sabendo ser sério quando necessário.

Qual o estilo do Quabales e para onde caminha?

O Quabales é um projeto social que tem intensão de abrir para to-das as direções em termos da edu-cação musical, criando o seu pró-prio estilo que une a linguagem do Stomp com a linguagem percussi-va baiana.

Como se cria o som do Mari-valdo?

Sabe que isso não sei lhe dizer. Gosto muito de coisas novas e de misturar tudo. Estou sempre liga-do em novidades e gosto de expe-

rimentar e, dessa fusão, eu encon-tro o meu som.

Quais as princi-pais dificuldades que já se deparou como músico?

Acho que até hoje o de mos-trar uma coisa nova e diferente para as pessoas entenderem. Fora isso só alegria!

Em sua opinião, como o Bra-sil adere aos novos experimentos da arte musical?

Acho que o Brasil está mu-dando e como o país é grande, o gosto é bem diferente, mas tem espaço para todos. Acho que o Brasil é bem receptivo a novida-des, sempre estão buscando coi-sas diferentes.

O que Marivaldo dos Santos espera alcançar após o projeto Quabales?

Como o projeto Quabales não tem limite de alcance, acho que eu como Marivaldo espero encontrar outros Marivaldos para dar continuidade, ajudan-do a comunidade a crescer e abrindo portas.

Eu, como Marivaldo, espero encontrar outros Marivaldos para dar continuidade, ajudando a comunidade a crescer e abrindo portas

Bastidores do show do Stomp em Amsterdam

Momentos de atenção ao professor Marivaldo

Marivaldo dos Santos salta em um dos momentos da apresentação do Stomp

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Número 23 – Outubro de 2012 5MARCO ZERO

ESpoRtE

Escalada, um estilo de vidaA cada ano que passa, Curitiba ganha novos adeptos da escalada esportiva

A escalada praticamente sur-giu junto com a humanida-de. Desde que o ser humano

precisou se locomover atrás de terras férteis e alimentos esta prá-tica tornou-se necessária. O Mar-co Zero visitou uma academia de escalada em Curitiba e descobriu que, além de prazeroso, o esporte é acessível a qualquer pessoa, des-de que tenha o mínimo de preparo físico, pois exige boa elasticidade e força nas pernas e braços.

Curitiba abriga o maior paredão de escalada indoor da América do sul, com 17m de altura, perfeito para o treinamento, seja atletas profissionais como amadores ou iniciantes.

O cordenador Anderson Gou-veia, da academia Via Aventura, é um dos poucos praticantes da es-calada no Brasil a viver do esporte.

Os paredões dos desafios e superaçõesOs suportes para o atleta se

agarrar à parede são feitos de resina e colocados nos paredões de forma estratégica para cada nível. Normalmente quem mon-ta esses circuitos são os próprios professores das academias. Den-tro delas, o aluno recebe todas as instruções para começar a escalada. O principal em qual-quer escalada é a segurança, ou seja, cordas que suportam até 2,3 toneladas, mosquetões de aço, sapatilha, cadeirinha e pó de magnésio. Todo esse material é fornecido durante as aulas, não havendo nenhum custo de equi-pamentos. Mas é claro que se o aluno se tornar um bom pratican-te e quiser participar de eventos outdoor, ele terá que adquirir seu próprio equipamento.

A escalada consiste em su-perar desafios, ir cada vez mais longe, além de melhorar muito a condição física. Muitos prati-cantes não consideram a esca-lada somente um esporte, mas também uma filosofia, religião e muitas outras coisas.

Para o praticante de escalada Diego D’avila, assim como na vida, cair faz parte do processo de aprendizagem. “Você não pode viver com medo da queda, assim como não se consegue escalar se ficar com medo de cair. Deve acei-tar o risco da queda controlando o medo, não deixando que ela im-peça de viver essa nova experiên-cia na vida. É assim que se escala, e é assim que se deve viver. Esse foi um dos ‘insights’ mais revela-dores da minha vida”.

Quem quiser passar uma tarde muito divertida e gostosa pode escalar em uma das academias de Curitiba. Além de prazeroso a ati-vidade física lhe trará boa saúde e bem-estar.

Equipamentos e preços*CADEIRINHA CLÁSSICA

R$90,00

SAPATILHA ESCALADA

R$260,00

PÓ DE MAGNÉSIO 56G

R$19,00

MOSQUETÃO D AÇO 45KN

TRAVA DE ROSCA

R$61,00

CORDA ESTÁTICA 11,5MM /

METRO

R$6,90* Os preços pesquisados podem variar para mais ou para menos.

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Sete vezes campeão paranaense e três vezes vice-campeão brasileiro credencia-o como um dos melho-res instrutores para divulgar a es-sência desse esporte que cada vez mais ganha espaço em Curitiba e no Brasil.

Gouveia explica que a escalada esportiva não exige idade míni-ma ou máxima, pois qualquer um pode praticar e que a pessoa mais velha que já escalou o paredão foi um senhor de 85 anos. Numa es-calada indoor, ou seja, dentro de um ambiente fechado, o pratican-te precisa vencer alguns desafios por níveis de dificuldade. Exis-tem paredes de diversos tamanhos e os circuitos são formados por cores, sendo que cada cor corres-ponde a um nível. Claro que cada aluno tem seu ritmo. Há aqueles que apresentam certa dificuldade de início, mas com o treinamento alcançam seus objetivos e outros logo de cara conseguem sair do circuito básico e passar para o ní-vel intermediário.

Lucas Queiroz

A escalada consiste em superar desafios, ir cada vez mais longe

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o maior paredão de escalada da América do Sul está em Curitiba

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Número 23 – Outubro de 20126 MARCO ZERO

ESpECiAL

A Semana de Comunicação 2012 do Uninter foi totalmente diferente dos anos anteriores. De 22 a 26 de outubro, os alunos puderam se servir em um banquete com diversos cérebros da área de comunicação.

Zumbis invadem a Semana de Comunicação

temas atuais pautaram toda a Semana de Comunicação do Uninter, ou melhor, a Saca-

Só, como ficou definido o nome do evento realizado anualmente pelos e para os alunos de Comunicação So-cial da instituição. Copa do Mundo no Brasil, censura na época da dita-dura e na atualidade, imparcialidade no jornalismo, o papel dos bloguei-ros, incentivo do governo ao cinema foram alguns dos temas abordados e discutidos não só por professores da Instituição, mas também profissio-nais de fora convidados para minis-trar as palestras, como o jornalista Dary Junior e o publicitário Roberto Souza.

A campanha de divulgação procu-rou seguir uma linha inovadora, assim como os temas pautados durante a Semana. A equipe organizadora apro-veitou a febre dos zumbis para chamar a atenção dos alunos e incentivá-los a participar das palestras.

O grande destaque do evento ficou por conta do viés escolhido para tratar dos temas. Praticamente todos os pa-lestrantes citaram pelo menos uma vez em seu discurso a novela, considerada fenômeno nacional, “Avenida Brasil”. Os jornalistas foram unânimes em afirmar que a discussão sobre o diplo-ma e o uso das novas ferramentas tec-nológicas é irrelevante se comparada com o domínio das técnicas jornalísti-cas e do conhecimento de uma forma geral, e os publicitários enfatizaram a importância de aproveitar este novo momento para caçar oportunidades.

O evento também contou com uma gincana, que mesclou provas individuais e em grupo de habilida-des práticas, de raciocínio e criativi-dade. Esta edição ainda contou com oficinas, debates, gincanas e shows de talentos. Os alunos que tiveram mais participações nas atividades também receberam a moeda “Saca-Só” e foram premiados.

Entenda as principais mudanças e os acontecimentos mais marcantes com os resumos de cada dia do evento.

22 a 26 de outubroFranciane Bubniak

Dia 22/10 (Segunda-feira)O professor e coordenador Paulo Negri abriu a Semana de Comunicação já com elogios aos alunos que criaram a campanha de divulgação

do evento. Em seguida, o aluno Marcos Paulo Furlan apresentou o seu TCC, trabalho orientado pelo professor Marcelo de Oliveira e que lhe rendeu uma nota

10. O tema era “Criação de um website de e-commerce para curso de treinamento on-line”. Os jornalistas Rogério Galindo, da Gazeta Povo, e Nilson Monteiro deram continuidade

ao evento com palestra sobre comunicação e política. Monteiro, que já trabalhou nos maiores veículos de comunicação paranaenses e nacionais e atualmente é assessor do governador Beto Richa, retomou um assunto que para muitos permanece um mistério: a época da ditadura mi-litar no Brasil. Ele explicou como era difícil para os jornalistas fazerem seu trabalho em um cenário tão restrito pela censura e muitas vezes chegou a se emocionar. “A inteligência ficou proibida neste país, absolutamente proibida. O maior palavrão que eu aprendi na minha vida foi não. Tudo era permitido, menos pensar; vivíamos 24 horas com medo, nós éramos uma ameaça para o regime”.

Monteiro falou ainda sobre o impacto da profissão do jornalista na vida das pessoas. Para ele, abolir a censura nos dias atuais também significa assumir que isso é do tamanho de nossa respon-sabilidade. Em relação ao diploma, Nilson é irredutível. “O diploma não dá direito a nada. Mais importante do que discutir sobre isso é discutir a qualidade das escolas de comunicação”.

Em seguida, Rogério Galindo, repórter e colunista da Gazeta do Povo que assina o Blog Caixa Zero, fez uma abordagem geral sobre a profissão e disse que o que importa para um jornalista é saber pensar, e não saber operar “traquitanas”, como iPad, tablets, iPhones, entre outros. Ele aproveitou o momento para defender a política e afirmou que devemos sim nos preocupar com o tema para não sermos censurados, torturados e passarmos fome, pois se não pensarmos nisso, outros vão pensar. “Nada substitui a política. Temos o direto de sermos bem informados, por causa da nossa liberdade, por causa da nossa vida”.

Dia 23/10 (Terça-feira)Às 19h, a aluna Fernanda Rocha apresentou seu TCC sobre “Campanha de comunicação interna para os gestores do Hospital XV de Curi-

tiba” e lembrou aos alunos que esse é um mercado amplo e que está sempre precisando de profissionais de comunicação.Às 19h15, começou a série de oficinas sobre os mais diversos assuntos. As inscrições eram gratuitas, mas deveriam ser feitas antecipada-

mente. O professor de Historia da Comunicação do Uninter, Otacílio Vaz, ministrou a “Oficina de Podcast”, como produzir material de comu-nicação via podcast”; o professor Paulo Negri falou sobre a desmistificação dos padrões de infância nos desenhos a mão livre; Profissionais da

Rádio Mix deram a oficina sobre edição de rádio; o professor de Telejornalismo, Regis Rieger, ensinou sobre textos para a televisão – da pauta à edição de um texto para televisão”; Como elaborar textos no estilo crônica de forma criativa foi o tema tratado pelo professor Tomás Eon Barreiros e o engenheiro Klaus Stromberg falou sobre como montar uma apresentação de TCC no Prezi.

Depois das oficinas, os alunos voltaram para o anfiteatro para assistir à palestra sobre direção e produção de cine-ma, com o produtor executivo, pesquisador cinematográfico e sócio da produtora independente Grafo Audiovisual, Antonio Júnior.

Formado em Relações Públicas, ele tratou das dificuldades de se conseguir fazer do cinema a sua renda única, mas lembrou que a Grafo conquistou essa liberdade e, ao contrário da maioria das produtoras, pôde dispensar o ser-viço de publicidade para manter suas portas abertas. Ele também citou o curta “A Fábrica”, um dos mais premiados na história do cinema brasileiro, e mostrou o trailer do mais novo longa de sua produtora, o “Circular”, em cartaz nos cinemas de Curitiba.

Antônio Junior: leis de incentivo e cinema

professor paulo negri, na abertura da Semana de Comunicação

Leticia Mueller

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Número 23 – Outubro de 2012 7MARCO ZERO

A Semana de Comunicação 2012 do Uninter foi totalmente diferente dos anos anteriores. De 22 a 26 de outubro, os alunos puderam se servir em um banquete com diversos cérebros da área de comunicação.

Zumbis invadem a Semana de Comunicação

Dia 24/10 (Quarta-feira)A quarta-feira da Semana da Saca Só começou com a apresentação da ex- aluna Tais Micheli, que falou sobre o seu TCC, intitulado a “Atu-

ação das Marcas nos Blogs”. Logo em seguida, Luiz Juk, editor de saúde do jornal Indústria & Comércio falou sobre comunicação na área da saúde, focado principal-

mente na relação da redação com as assessorias de imprensa da área médica. Ele também enfatizou a importância de se falar de prevenção nas mídias sociais e sobre os cuidados que os publicitários devem ter ao

trabalhar com remédios. “Assegurar resultados, como afirmar que tal medicamento melhora, resolve, é proibido”. Juk ainda aconselhou os alunos a fugirem do famoso “CTRL C + CTRL V” e a irem diretamente na fonte de informação, com olho

no olho. “Não é aconselhável mandar questionário, porque você nunca sabe quem está respondendo e, logo, você não se relaciona”. Para ele, quem for mais competente, estiver mais atualizado, falar mais de um idioma, dominar bem as regras formais do português, é quem vai se destacar, mas ressalta que os futuros comunicadores podem ficar tranquilos porque há mercado para todos.

A outra palestra do dia foi sobre “Televisão: Audiência x Conteúdo”, com o renomado jornalista Dary Junior, que acumula mais de 25 anos de experiência na área.

Ele começou falando sobre os blogs de jornalistas famosos e alertou os alunos. “É preciso antes de mais nada saber com quem você está lidando”. Segundo ele, as informações podem estar contaminadas e conhecer a fonte é essencial para não passar uma notícia errada.

Outro ponto muito abordado pelo palestrante foi o fato de que quem define a pauta que vai para o ar não é mais apenas o editor, o patrocinador ou o dono da emissora, mas o próprio público. “Viramos reféns da audiência e dança-mos conforme sua música”. Hoje, o sucesso de uma matéria é baseado nos pontos de audiência. Com o advento da aferição do Ibope, perde-se o bom conteúdo em bons programas, como o Globo Repórter, hoje limitado a temas como natureza e saúde, afirma Dary Junior. E aconselhou: “A TV precisa estar um degrau acima do público, e é preciso fugir do apelo popular”.

Para o palestrante, um dos grandes erros atuais dos programas jornalísticos é justamente o conteúdo. Os jornalistas prezam muito pela boa imagem, a tecnologia e a espetacularização, mas esquecem de oferecer informações relevantes e com qualidade. “O novo senso comum das redações é repetir aquilo que provocou audiência”, afirmou o jornalista.

Zumbis invadem a Semana de ComunicaçãoZumbis invadem a Semana de Comunicação

A quarta-feira da Semana da Saca Só começou com a apresentação da ex- aluna Tais Micheli, que falou sobre o seu TCC, intitulado a “Atu-ação das Marcas nos Blogs”.

Logo em seguida, Luiz Juk, editor de saúde do jornal Indústria & Comércio falou sobre comunicação na área da saúde, focado principal-mente na relação da redação com as assessorias de imprensa da área médica.

Ele também enfatizou a importância de se falar de prevenção nas mídias sociais e sobre os cuidados que os publicitários devem ter ao trabalhar com remédios. “Assegurar resultados, como afirmar que tal medicamento melhora, resolve, é proibido”.

Juk ainda aconselhou os alunos a fugirem do famoso “CTRL C + CTRL V” e a irem diretamente na fonte de informação, com olho no olho. “Não é aconselhável mandar questionário, porque você nunca sabe quem está respondendo e, logo, você não se relaciona”.

Para ele, quem for mais competente, estiver mais atualizado, falar mais de um idioma, dominar bem as regras formais do português, é quem vai se destacar, mas ressalta que os futuros comunicadores podem ficar tranquilos porque há mercado para todos.

A outra palestra do dia foi sobre “Televisão: Audiência x Conteúdo”, com o renomado jornalista Dary Junior, que acumula mais de 25 anos de experiência na área.

Dary Junior, repórter da Rede Massa.

os jornalistas nilson Monteiro e Rogério Galindo falaram sobre jornalismo político, tendo o professor Roberto nicolato como mediador

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Número 23 – Outubro de 20128 MARCO ZERO

ESpECiAL

Dia 26/10 (Sexta-feira)No último dia da SacaSó, a palestra foi de Roberto Souza (Bob), da Joy Comunicação. O publicitário falou sobre redes sociais

e deu dicas de como mantê-las, além dos cuidados necessários que uma empresa deve ter na rede.Bob também falou da importância de manter os perfis pessoais das redes sociais bem atualizados, com informações corretas

e verídicas, já que muitas empresas de RH checam a vida on-line dos candidatos a empregos. Ele também citou a importância de uma boa assessoria de imprensa junto às empresas, para gerenciamento de crises. Segundo ele, “jornalistas são os maiores inimigos dos advogados, mas os melhores amigos das crises”.

Para finalizar a Semana, aconteceu o show de talentos com os vencedores de cada dia e a premiação dos melhores. A apresen-tação dos professores Jack Holmer e Otacílio Vaz fez todos os espectadores cantarem. Os seguintes alunos se destacaram no show de talentos e foram premiados: Vinícius Camilo (bolsa de francês), Aryadne, Carla e Luana (Book Fotográfico com Hamilton Zambianchi), Vinicius Duare (bolsa de inglês).

Dia 27/10 (Quinta-feira)

Marcos Xavier Vicente, professor tomás Barreiros e Leonardo Mendes Junior, no debate sobre jornalismo esportivo

A semana terminou com a participação especial dos professores Jack Holmer e

otacÌlio Vaz, que cantaram Legião Urbana.

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O TCC “HQtrônica Literária: Adaptação do conto ‘A Cartomante’ de Machado de Assis Para o Formato Hqtronica”, de Leandro Dallazuanna, abriu a quinta-feira da Semana de Comunicação Saca Só.

Em seguida, o assunto abordado foi Jornalismo Esportivo, com os pa-lestrantes Leonardo Mendes Junior e Marcos Xavier Vicente. Ambos co-meçaram o discurso desmistificando a ideia de que jornalista esportivo não faz jornalismo de verdade. “O jornalista deve entender um mínimo de tudo, desde medicina esportiva, direito, legislação com investimento público, etc.”, lembrou Mendes.

Ele afirma que a diferença do assunto esportivo para os outros é que esse é um tema que lida muito com a paixão. “O público que lê o caderno lê com paixão, enquanto pra gente é trabalho”.

Vicente, em contrapartida, falou sobre a postura extremista do público. “Quem acom-panha jornalismo esportivo é mais fiel, e também mais ignorante. O leitor coloca o time acima de tudo. O que mais recebemos é e-mail de torcedor do Coxa falando que somos atleticanos e vice-versa ”.

Ele ainda falou sobre os conhecimentos que o jornalista esportivo deve ter e alertou que o futebol exige um conhecimento aprofundado. “O futebol vai muito além do que rola no gramado. Se quiser seguir nessa área, é bom levar essa visão diferente para não ser tão bitolado”.

O jornalista, que foi um dos enviados especiais da Gazeta do Povo na cobertura da Olimpíada de Londres, comentou também que quando foi cobrir o evento teve que falar sobre a recessão no Reino Unido e os cuidados com a segurança no local.

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Número 23 – Outubro de 2012 9MARCO ZERO

Emanuelle Buerger

Ciganas e seus mistérios pelo centro da capital paranaenseAndarilhas, feiticeiras, artistas... Elas se destacam na praça Rui Barbosa e vivem pela sorte dos desconhecidos curiosos

Quem passa pela Praça Rui Barbosa logo as identifica. Saias coloridas e compri-

das, sorrisos com dentes encapados de ouro, brincos e pulseiras, pés descalços. Já virou rotina para quem passa por lá ser abordado insisten-temente pelas ciganas para ter a sua sorte lida. É assim que elas ganham a vida, desvendando os mistérios es-condidos nas palmas da mão.

As tradições ciganas são cheias de crenças e lendas de diversas culturas. As danças, as festas ale-gres, a música, o uso do ouro como bem de consumo e todos os costu-mes que fazem sua identidade cul-tural correm o risco de extinção. Estão se perdendo o conhecimento da língua cigana e o uso de ervas, cristais e banhos como técnicas te-rapêuticas alternativas e naturais.

Tradições presentes em famílias ciganas há séculos, passando de ge-ração em geração, vêm sendo desa-parecendo com o tempo. Uma situ-ação irreversível em alguns casos.

Característica marcante dos ci-ganos são as mulheres que usam a quiromancia (leitura das mãos) para prever o futuro de seus clien-tes. A crença virou parte de sua cultura. Outra forma de prever o futuro é pelas cartas do tarô.

Para a lojista Renata Albuquer-que, as ciganas presentes na praça são extremamente desagradáveis: “Eu não acredito que elas possuam esse dom de prever o futuro. Além disso, ficam nas ruas incomodan-do os que passam,” reclama.

Já o estudante universitário Fagner de Oliveira, no entanto, é mais condescendente: “É o artifí-

cio que elas adotam para ganhar dinheiro, assim como os pedintes de sinaleiros, que usam malaba-rismos e outras formas de ganhar alguns trocados. Mas não acre-dito nessa ou em qualquer ou-tra forma de previsão de futuro. Acho que abusam da boa fé de algumas pessoas que acreditam mesmo que seu futuro está escri-to nas palmas de suas mãos.”

As ciganas se defendem: “É uma tradição presente em nossa família. Desde pequenas, aprendemos os costumes e os seguimos. Se o povo ainda nos estranha, tem medo, não podemos fazer nada, é nosso modo de vida,” afirma a cigana Cristal.

Segundo o despachante Marce-lo Felício, “as ciganas são pessoas que se dizem sensitivas, que têm o dom de prever o futuro das pesso-as pelos traços das mãos. Não só na Rui Barbosa, como em outras praças e na cidade, há pessoas com esse dom de leitura.” Ele conta que foi abordado algumas vezes, mas apenas agradeceu e seguiu em frente. Quanto a elas continuarem na praça abordando as pessoas, não vê problema algum, “pois a decisão é de cada um,” justifica.

Uma tradição ainda viva entre as ciganas são os casamentos ar-ranjados de adolescentes, acertados entre as famílias. A mulher cigana virgem se casa cedo, antes dos 20 anos. Para eles, o amor está em se-gundo plano e vem com o tempo, após o casamento. A família é es-sencial, é o valor mais importante.

“Quando uma filha se casa, ela passa a ser parte da família do noivo, passa a adotar as normas da

família de seu marido. Hoje, a maior virtude que um pai pode ter é casar sua filha virgem, é mostrar a sua vir-gindade. Temos uma cerimônia, no terceiro dia de festas do casamento, em que o pai mostra o lençol man-chado com sangue da virgindade da filha,” relata a cigana Salomé.

Sem endereço fixo, documen-tos, direito ao voto, à bolsa famí-lia, a escolaridade e a saúde pú-blica, é como se os ciganos não existissem. A sociedade ainda carrega o preconceito, a indife-rença, a ignorância e o medo de um povo que existe há séculos, com uma história misteriosa e cheia de suposições.

Estima-se que hoje existam 15 milhões de ciganos espalhados pelo mundo. No Brasil, são cerca de 800 mil a um milhão. No Paraná, perto de três mil. Segundo dados do cen-so do IBGE de 2010, 90% são anal-fabetos. Isso se deve ao fato de a maioria ser nômade, o que dificulta a continuidade nos estudos.

“Mulher antigamente não ia para a escola. A maioria de nós, adultas, não somos alfabetizadas. Podemos frequentar uma escola, mas sem perdermos as raízes de nosso povo. O povo que não respeita seu passa-do e seu futuro não existe,” argu-menta a cigana Iolanda.

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o povo que não respeita seu passado e seu futuro não existe.cigana iolanda

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Número 23 – Outubro de 201210 MARCO ZERO

Quem anda no centro de Curitiba buscando gran-des fatos, corre o risco

de passar desapercebido por de-zenas de histórias e personagens fascinantes que habitam e tecem pedaços de uma Curitiba que pou-cos conhecem. É andando com a mente mais aberta do que os olhos, que podemos tropeçar em maravi-lhosas histórias.

Esta história começa na Pra-ça Osório, centro de Curitiba, e tem como personagem principal ‘’Trem-bala’’, livro de Martha Medeiros.

Parecia esquecido. Ali, no cantinho do banco da praça. Discreto, quase imperceptível. Sozinho na imensidão da praça, ignorado pela agitação da vida, Um ou outro olhar o encontrava, mas ninguém teve a coragem ou curiosidade de resgatar aquele livro. Assim começa uma desco-berta apaixonante de Aline Ma-ria.

Chame de frieza curitibana, mas há quem diga que é educa-ção de não mexer no que não lhe pertence. Seja como for, o pe-queno viajante continuou repou-sando no canto do banco. Sem sequer um olhar mais curioso, nem pretensão de resgate.

Após alguns outros olhares despretensiosos e desinteressa-dos ao pequeno livro, Aline ce-deu à curiosidade de chegar mais perto, abri-lo, resgatá-lo. “Me sentei no banco receosa, prestes a ser interrompida pelo dono do livro. Mas não, nada aconteceu. Peguei o pequeno emaranhado de histórias nas mãos procuran-do algum motivo para o terem deixado ali, mas aparentemente não havia páginas rasgadas, nem defeitos visíveis. Eis a surpresa: dentro um pequeno bilhete que trazia oito nomes e, logo em-baixo: “Sou um livro viajante. Leia-me, marque seu nome e me esqueça’’.

Ela Já tinha ouvido falar de algum movimento deste gênero – um livro esquecido em um lu-gar público para ser lido por outra

Ana Luiza Cordeiro

Imaginação no banco da praça Livro viajante, de mão em mão, para revelar muitas histórias

Livro no banco da praça: o próximo escolhido pode ser você.

Andando com a mente mais aberta do que os olhos é que podemos tropeçar em maravilhosas histórias.

pessoa e esquecido novamente, somando assim mais histórias do que jamais caberiam em suas páginas. Mas a surpresa foi mui-to mais encantadora. A audácia daquele pequeno livro solto em meio à praça, carregando muito mais história do que seus outros exemplares. Assim o fiz, carre-guei-o nas mãos ciente de que aquilo sim era uma bela história.”

Ah, mas como são belos esses momentos meio torpes que a vida proporciona. Há quem goste de ler e há quem goste de livros. Os leitores leem tudo, revistas, colu-nas, jornais, panfletos. Os aman-tes de livros mergulham em uma biblioteca em êxtase, afogam-se entre páginas, absorvem as pala-vras, respiram as histórias.

E vejam só, Aline, que sempre escolheu, como a grande maio-ria, os livros que lê, desta vez foi escolhida. Naquele dia, no meio do centro de Curitiba, o pequeno “Trem-bala”, de capa verde, a es-colheu, chamou e ela ouviu.

“Li. Mas antes me apaixonei por ele. Sim, antes mesmo de lê--lo me entreguei. Assim como as paixões que começam com olha-res misteriosos, eu me apaixonei

pela história do livro. Me apaixo-nei pelos seus leitores passados, mesmo sem saber nada mais do que suas iniciais. Me apaixonei pelo encantamento de ser perso-nagem desta história”.

E, assim como se acha um livro num lugar sem preten-sões de achá-lo, perdê-lo deve ser totalmente pretensioso. Afinal, quantas vezes pode-mos perder uma grande histó-ria que nos escolheu?

Então, onde mais há de se es-

quecer um livro senão em uma biblioteca? Recostando o au-dacioso trem-bala na escadaria da Biblioteca Pública, Aline se despediu de seu grande achado, para que ele escolhesse o próxi-mo leitor, o próximo fascinado, o próximo desatento.

Pois é assim que se trope-ça em histórias. Andando com a mente mais aberta do que os olhos, você não acha as boas his-tórias, elas acham você.

Para saber mais

O movimento de deixar um livro em local público surgiu nos Estados Unidos, em 2001, criado por Ron Hornbaker.

A ideia principal é trans-formar o mundo numa gran-de biblioteca. Compartilhan-do os livros, as histórias e os leitores também.

Você registra seu livro num dos portais participan-tes, perde-o em um local pú-blico, e deixa para que outra pessoa encontre-o.

Achou um livro? Re-gistre-o! Marque a história dele. Alguns livros têm os nomes de seus leitores mar-cados na contra-capa. Outros têm a história registrada nos portais online. Vale a pena procurar.

Além de registrar seu li-vro, você pode acomanhar por onde ele tem passado. Cada vez que alguém regis-tra o código do livro no site do Movimento, é feito um rastreamento. Seu livro pode viajar o país, ou quem sabe o mundo todo!

Principaisportais do movimentoBookcrossing Brasil - http://www.bookcrossing.com.br/Bookcrissing Internacional - http://www.bookcrossing.com/Livr.us - http://www.livr.us

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Mensagem escrita na contracapa do livro “trem-Bala”

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Número 23 – Outubro de 2012 11MARCO ZERO

Imaginação no banco da praça Livro viajante, de mão em mão, para revelar muitas histórias

CULtURA

Adoro segunda feiramentado a segunda é o dia da es-perança. As dietas começam na segunda. Aposto que a maioria dos fumantes que deixou o cigar-ro fez isso em uma segunda-feira. Há alguns dias notei que os astros sempre são favoráveis nesses dias. Também notei que, como eu, mui-tas pessoas só lêem horóscopos na segunda-feira.

Esse é aquele dia em que a sen-sação de que tudo vai dar certo ainda não foi abalada. Você ainda não descobriu que os planos da sua chefe foram frustrados pela chuva e por um final de semana cinza. E o pior, que isso irá deixa–la até quinta com um péssimo humor.

O primeiro dia útil da semana

é o melhor para trocar novidades

com os colegas de trabalho ou de

estudos. Sem contar, é claro, que

as manhãs de segunda em Curiti-

ba geralmente são de sol. Ótimas

para ler textos recheados de abo-

brinhas. Como este aqui.

Enfim, gostem ou não das se-

gundas, elas inevitavelmente che-

gam. Nesse caso o melhor mesmo

é começar a semana com bom hu-

mor e disposição. Sem esquecer de

que a magia da coisa toda está em

nunca saber que surpresas podem

acontecer na terça

Débora Abrahão

o dia que mais gosto da semana é sem dúvida segunda-feira! Tudo bem

que esse dia não tem o frescor de liberdade da sexta e que “todo mundo espera alguma coisa de um sábado a noite”. Mas aí já é con-corrência desleal. Estou falando aqui daqueles dias que entram nas 40 horas semanais do trabalhador, os “úteis”. Entre eles o melhor com certeza é a segunda. Melhor, a manhã de segunda.

Mesmo sendo um dia tão la-ilu

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Las Bibas de Vizcaya é Marisa Touch-Fine e Dolores (Ambas são o alter ego do DJ George M.), que depois de 16 anos vivendo en-tre Barcelona, Londres e Amsterdam volta ao Brasil. Envolvido com música eletrônica há mais de dez anos, e também produzindo remixes e bootlegs de seus amigos e companheiros de DJ, a idéia por trás, de Las Bibas de Vizcaya é se divertir, não importa como.

A música é uma mistura de electro, house, tribal, funk e pop, criando baladas espe-cialmente para a pista de dança. Las Bibas de Vizcaya já lançou uma série de singles e remixes sempre utili-zando a Internet como principal canal de dis-tribuição de seus pro-dutos. Um dos pontos altos de Las Bibas é o humor escrachado usado juntamente com música e imagens.

Claudia Bilobran

Como toda metrópole, Curitiba tem seus personagens extravagantes. Há quem venha somente para tirar uma foto com o Oil Man ou passar em frente à casa do vampiro, o escritor Dalton Trevisan.

E todo turista que se preze passa pela rua XV e pela Boca Maldita, ali entre o Bondinho e a Praça Osório, palco de grandes acontecimentos, desde manifestações fervorosas até o transito livre das excên-tricas e inusitadas personagens da cidade.

Na segunda metade da década de 70 e início dos anos 80 surgiu Gilda, a rainha beijoqueira da Boca Maldita. Considerado o primeiro travesti conhecido de Curitiba, Rubens Aparecido Rinke, ganhou mui-tas moedinhas, roubou beijinhos e fez muita folia desfilando pela região central da cidade, usando seu batom e maquiagem, quebrando os tons de cinza da capital paranaense. Seu estilo de vida livre e alegre não agradava a todos, mas isso não importava. Fazia muitos amigos que se divertiam com sua liberdade de transitar, fazer brincadeiras e viver do modo que lhe conviesse.

Gilda era mais que um simples personagem de rua, era uma verdadeira pedra no sapato da sociedade curitibana da época, recatada e provinciana. Vale muito a pena ver o documentário sobre Gilda dirigido por Yanko del Pino, que entrevista pessoas da época.

Uma breve homenagem a Gilda, a famosa beijoqueira da Boca Maldita

http://www.youtube.com/watch?v=H9pwgxAtKLi

Las Bibas de Vizcaya

Crônica

Para a divulgação do último trabalho, LBFV fez uma paródia da minissérie Gabriela Cravo e Canela, que acabou dando tão cer-to que rendeu sete episó-dios. Vale ótimas risadas. Confira Gaybriela, Trava e boneca:

https://vimeo.com/lbfv/videos

http://lasbibasfromvizcaya.podomatic.com/

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Número 23 – Outubro de 201212 MARCO ZERO

EnSAio FotoGRÁFiCo

o Centro Universitário Uninter foi invadido durante os dias 22 e

26 de outubro por um vírus chamado “SacaSó”, a ter-ceira edição da Semana de Comunicação.

Durante o evento foram rea-lizadas várias palestras, ginca-nas e oficinas. Alunos forma-ram equipes e fizeram diversas tarefas para ganharam os “Sa-caSós”, que valeram pontos. A equipe ou aluno que arreca-dou o maior número de pon-tos ganhou um prêmio. Estava valendo tudo: participar das palestras, interagir com os con-vidados, contar piadas, fazer uma paródia musical, dançar e até se vestir com um modelo de sucata.

A equipe do sexto período de Jornalismo fez a cobertura da Semana de Comunicação, orientada pela professora Jo-siany Vieira Stromberg, na disciplina de Assessoria de Imprensa. Vários momentos da SacaSó 2012 foram regis-trados. Confira!

O vírus que contaminou o curso de Comunicação

Gabriel Eloi