jornal escola aberta - outubro 2008

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Beatriz Menezes dos Santos Com a proposta de erradicar o analfa- betismo até 2010, a Secretaria da Educa- ção está mobilizando a sociedade para a inscrição de pessoas que não sabem ler e escrever no programa Santa Catarina Alfa- betizada. A idéia é articular uma rede estratégica definindo metas em prol da qualidade do ensino público com ampla participação de todos os segmentos sociais. Buscar o engajamento da comuni- dade alfabetizada, chamando-a participar do processo, para que matriculem amigos, vizinhos, parentes e funcionários nos cur- sos de alfabetização, oferecidos nas esco- las públicas, igrejas e centros comunitários municipais, é o diferencial do programa. Essa mobilização pelo ensino reforça o compromisso de todos pela educação. O analfabetismo no Brasil é um dos maio- res obstáculos à inclusão social e ao ple- no exercício da cidadania, sobretudo, entre as camadas mais pobres da popula- ção. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizado em 2006, o Brasil ainda possui 14 milhões de pessoas não alfabetizadas. Embora registre um dos índices mais posi- tivos dos últimos 15 anos, com a queda de 17,2% para 9,9% em 2007, seguindo uma tendência histórica, os números sina- lizam a necessidade de novas estratégias para mudar este quadro. O retrato do país revelado pela pes- quisa destaca que Santa Catariana tem 16 cidades livres do analfabetismo dentre os 64 municípios brasileiros com cerca de 5% de analfabetos. É o segundo Esta- do mais alfabetizado, aparecendo ainda no topo do ranking nacional, nas últimas avaliações do IDEB e ENEM. Mesmo que os índices sociais e educacionais de Santa Catarina estejam entre os melhores do país, persistem alguns problemas. Os dados apontam 225 mil analfabetos, na faixa etária dos 15 anos ou mais. A localização geográfi- ca e a idade também se refletem na bai- xa escolaridade. O maior contingente concentra-se entre as pessoas com mais de 50 anos e, dos 50 municípios com maiores taxas, 27 situam-se na mesorre- gião do Oeste catarinense. O programa estadual, integrado ao programa federal, vai promover a inclu- são social dos catarinenses que não tive- ram oportunidade de freqüentar a escola na idade regular. Para concretizar a meta de incluir essas pessoas na sociedade letrada, até 2010, a Secretaria da Educa- ção vai desenvolver ações em três eta- pas. Como ponto de partida, pretende matricular, até o próximo ano, 80 mil; em 2009 inscrever mais 80 mil, e por fim, em 2010, 65 mil. A medida vai pos- sibilitar o exercício constitucionalmente previsto do direito à educação por toda a vida, novas oportunidades de emprego pela qualificação adquirida e transformar Santa Catarina em um Estado de exce- lência na educação. ANALFABETISMO ZERO Pela primeira vez na história da educação catarinense gestores públicos, empresas, universidades, prefeituras municipais, igrejas e organizações da sociedade civil estão unidos para executar o programa que tem como meta zerar o analfabetismo no Estado Santa Catarina é o segundo Estado mais alfabetizado do país — 94,8 %. Os analfabetos equivalem a 5,06% Santa Catarina • Outubro 2008 Osvaldo Noceti Guilhermina Amorim, 81 anos, estuda no CEJA da Ponte de Imaruí - Palhoça

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Edição de Outubro de 2008 do Jornal Escola Aberta, da Secretaria De estado da Educação de SC

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Page 1: Jornal Escola Aberta - Outubro 2008

Beatriz Menezes dos Santos

Com a proposta de erradicar o analfa-betismo até 2010, a Secretaria da Educa-ção está mobilizando a sociedade para ainscrição de pessoas que não sabem ler eescrever no programa Santa Catarina Alfa-betizada. A idéia é articular uma redeestratégica definindo metas em prol daqualidade do ensino público com amplaparticipação de todos os segmentossociais. Buscar o engajamento da comuni-dade alfabetizada, chamando-a participardo processo, para que matriculem amigos,vizinhos, parentes e funcionários nos cur-sos de alfabetização, oferecidos nas esco-las públicas, igrejas e centros comunitáriosmunicipais, é o diferencial do programa.

Essa mobilização pelo ensino reforçao compromisso de todos pela educação.O analfabetismo no Brasil é um dos maio-res obstáculos à inclusão social e ao ple-no exercício da cidadania, sobretudo,entre as camadas mais pobres da popula-ção. Segundo a Pesquisa Nacional porAmostra de Domicílios (Pnad), realizadoem 2006, o Brasil ainda possui 14milhões de pessoas não alfabetizadas.Embora registre um dos índices mais posi-tivos dos últimos 15 anos, com a quedade 17,2% para 9,9% em 2007, seguindouma tendência histórica, os números sina-lizam a necessidade de novas estratégiaspara mudar este quadro.

O retrato do país revelado pela pes-quisa destaca que Santa Catariana tem

16 cidades livres do analfabetismo dentreos 64 municípios brasileiros com cercade 5% de analfabetos. É o segundo Esta-do mais alfabetizado, aparecendo aindano topo do ranking nacional, nas últimasavaliações do IDEB e ENEM.

Mesmo que os índices sociais eeducacionais de Santa Catarina estejamentre os melhores do país, persistemalguns problemas. Os dados apontam225 mil analfabetos, na faixa etária dos15 anos ou mais. A localização geográfi-ca e a idade também se refletem na bai-xa escolaridade. O maior contingenteconcentra-se entre as pessoas com maisde 50 anos e, dos 50 municípios commaiores taxas, 27 situam-se na mesorre-gião do Oeste catarinense.

O programa estadual, integrado aoprograma federal, vai promover a inclu-são social dos catarinenses que não tive-ram oportunidade de freqüentar a escolana idade regular. Para concretizar a metade incluir essas pessoas na sociedadeletrada, até 2010, a Secretaria da Educa-ção vai desenvolver ações em três eta-pas. Como ponto de partida, pretendematricular, até o próximo ano, 80 mil;em 2009 inscrever mais 80 mil, e porfim, em 2010, 65 mil. A medida vai pos-sibilitar o exercício constitucionalmenteprevisto do direito à educação por toda avida, novas oportunidades de empregopela qualificação adquirida e transformarSanta Catarina em um Estado de exce-lência na educação.

ANALFABETISMO ZEROPela primeira vez na história da educação catarinense gestores públicos, empresas, universidades, prefeituras municipais, igrejas e organizações da sociedade civil estão

unidos para executar o programa que tem como meta zerar o analfabetismo no Estado

Santa Catarina é osegundo Estado mais alfabetizado do país — 94,8 %. Os analfabetosequivalem a 5,06%

Santa Catarina • Outubro 2008

Osvald

o Noceti

Guilhermina Amorim,81 anos, estuda noCEJA da Ponte de

Imaruí - Palhoça

Page 2: Jornal Escola Aberta - Outubro 2008

EDITORIAL

Pilares da aprendizagemAssim como o estudo da gra-

mática não faz poetas nem o estu-do da harmonia faz compositores,da mesma forma, escreve o edu-cador Rubem Alves, o estudo das"ciências da educação" não fazeducadores. "Educadores nãopodem ser produzidos. Educado-res nascem. O que se pode fazer éajudá-los a nascer", acrescenta ele.

O caminho para uma relaçãoeducacional, onde alunos e profes-sores possam encontrar horizontesmais vastos, essenciais à realiza-ção de metas e construção desonhos, implica no reconhecimen-to e valorização do educador,como o mentor deste processo. Apalavra enseñar, em espanhol, sig-nifica mostrar, que é a missão pri-mordial do ato ensinar/aprender,tarefa que ultrapassa em muito osconceitos tradicionais da Pedago-gia. Aprender é ler o mundo sobas luzes norteadoras do mestre.

O desafio atual dos gestoresda educação está em fazer comque a escola deixe de ser apenas olugar que ensina conteúdos curri-culares e passe a ser uma organiza-ção estratégica de aprendizado, umcentro de formação continuada,indispensável para que se garantaaos jovens a utopia, aqui entendidacomo um sonho possível.

Em Santa Catarina, onde osnúmeros da educação revelamavanços, o professor está de para-béns. Nesta 7ª edição, o EscolaAberta homenageia esses profis-sionais que são os condutores damudança. Um estímulo aos edu-cadores que, à frente de nossasinstituições de ensino persistemem seu esforço de construir esco-las capazes de formar cidadãosatuantes e motivados pela buscado conhecimento.

Na página Central, a matéria"Professor deve ser sempre valoriza-do" mostra as principais medidas

de valorização do magistério imple-mentadas pela Secretaria de Estadoda Educação e conta a história dedois educadores em diferentesfases de vida, a irmã Maura, quasecentenária, e o professor Júnior,com apenas 19 anos. São exem-plos de dedicação e amor ao ofício.

Outra medida importantedesenvolvida pelo órgão central daeducação é a política de incentivoà leitura que proporciona o conta-to de crianças e adolescentes comobras de boa qualidade. Na seçãoPalavra de Mestre, apresentamos aentrevista do escritor Ziraldo, quefala sobre a importância da escolana formação de leitores.

Na página 11, destacamos oPerfil da professora Rosane daCosta Schndelbach, da EscolaToledo dos Santos de Criciúma,uma das vencedoras, dentre 37mil participantes, do ConcursoNacional de Redação para profes-sores. Com o tema "Um legadode prosa", Rosane enfocou "Aimpor tância de Machado deAssis, um século depois de suamorte". Confira.

O Escola Aberta, nesta edi-ção, também está lançando o pro-grama estadual que tem a metade alfabetizar 225 mil pessoas até2010. A Secretaria da Educaçãoestá mobilizando toda a sociedadecatarinense para garantir o direitoao exercício pleno da cidadania,consagrado pela ConstituiçãoFederal. Inserido no programa San-ta Catarina Alfabetizada, do Minis-

tério da Educação, a medida pro-põe a união de diversos segmen-tos sociais para que se possibilitea multiplicação de esforços, asoma de recursos e o aprimora-mento de ferramentas capazes delevar a um maior número de pes-soas à formação adequada, a fimde que se tornem cidadãos equi-pados de competências mínimaspara viver na nossa sociedademidiática, em que a leitura e aescrita se desenvolvem em códi-gos diversos.

A construção de relações quepossam se reverter em transforma-ções profundas, mesmo que emmédio prazo, vão proporcionar aosjovens e adultos, que não sabemler e escrever, novas oportunidadesde emprego e crescimento pes-soal, além de melhorar os índicesde educação de Santa Catarina.

Jornalistas:

Beatriz Menezes dos Santos/ 01572JP

Suely de Aguiar/ 00416 JP

Mylene Salgado/ 00877JP

Ivan Ansolin/02305 JP

Editora Responsável:

Beatriz Menezes dos Santos / 01572JP

Fotografia:

Osvaldo Nocetti

Diagramação:

Girardi Junior Editora Ltda.

REVISÃO: Antônio Carlos Pereira

“Apr enderé ler o mundo sob as luzes norteadoras do mestre”

CHARGE

A Secretaria da Educação está mobilizando a sociedade catarinense para trazer os 225 milanalfabetos ainda existentes no Estado ao pleno exercício da cidadania por meio do letramento.Charge de Matheus dos Santos Camargo

2 Santa Catarina • Outubro 2008

Osvaldo Nocetti

Page 3: Jornal Escola Aberta - Outubro 2008

Filosofia no Ensino Médio,seu lugar de direito

Aguinaldo Maragno*

Durante várias décadas o ensino deFilosofia no Brasil foi relegado à igrejaque, como se sabe, possuia uma visãomuito particular acerca do que venha aser Filosofia. Em outras palavras, aFilosofia estava a serviço da fé, comosua empregada, mais ou menos comona idade média. Os religiosos, em geral,dominavam todo o ensino de "Filosofia"na América Latina. Há os que questio-nam se isso que se ensinava nas escolasera realmente Filosofia. Mas, como nãohavia muitas opções, o cidadão acabavatendo mesmo de fazer um curso de teo-logia disfarçado em Filosofia.

Foi somente quando alguns docen-tes religiosos se "aposentaram" e a admi-nistração de algumas universidades saiudas mãos das ordens religiosas que secomeçou a implantar cur-sos independentes deFilosofia em nosso país.Essa postura, além alterarsensivelmente o modo deencarar essa área dosaber dentro da própriauniversidade, pois antesera considerada maiscomo uma ciência huma-na, possibilitou perceberque classificá-la assim iade encontro a seus pró-prios princípios e defini-ções, já que a Filosofianão é, necessariamente,uma ciência. Passou-se,com isso, a considerarnão mais os centros deciências humanas, massim como centros deFilosofia "e" CiênciasHumanas (CFHs).

A boa notícia é quea Filosofia hoje volta aocupar seu espaço no sis-tema educacional brasilei-ro, de onde nunca deveriater saído, defenestradaque foi por motivos de"força maior", neste caso,referimo-nos ao regimemilitar e ao "perigo" que, à época, tal dis-ciplina representava. Naquele momento,o objetivo do Ensino Médio era a forma-ção técnica. Com essa desculpa, os mili-tares a retiraram do currículo. No fundo,sabe-se, havia receio de que os adoles-centes se apaixonassem por algumaideologia subversiva, e esta poderia insu-flar comportamentos de oposição ao sis-tema vigente.

Mais recentemente, em julho de2006, foi aprovado, pela Câmara deEducação Básica do Conselho Nacionalde Educação (CNE), a inclusão das disci-plinas de Filosofia e Sociologia comodisciplinas obrigatórias no currículo doEnsino Médio. Isso significa dizer que avisão de educadores e profissionais naárea da educação sobre a Filosofia temse alterado sensivelmente.

A principal razão foi que a Filosofiadeixou de ser uma disciplina de apenasalgumas "mentes privilegiadas" para setornar cada vez mais uma ferramentamoderna e, sobretudo, um instrumentoengajado na formação do pensamentocrítico e autônomo do futuro cidadão.Um ideal que acompanha essa dimen-são do conhecer humano desde a Gré-cia Clássica.

A experiência do pensar individual,e consciente, é algo que não deve sernegado aos adolescentes, uma vez quea Filosofia faz emanar a consciência polí-tica-social, vital em sua formação cidadã.Todavia, para que tal área do conheci-mento cumpra efetivamente seu papel, épreciso o olhar atento dos profissionaisque coordenam a Educação em todo o

país. Isto é, daqueles quepossuem alguma forma-ção ou afinidade com amatéria, no sentido desaberem como ela estásendo implantada, se osprofessores estão rece-bendo o devido apoio ouse está sendo tratadameramente "como maisuma disciplina" para enfei-tar o currículo.

Destacamos que aFilosofia está no dia-a-diade cada pessoa, quer elaperceba ou não. Todo oconhecimento humanoacerca do mundo passou,antes de tudo, por ques-tionamentos filosóficos.Então, filosofar é algoconstitutivo do próprioser, sem o qual não pode-ríamos sequer tomarconsciência de nosso pró-prio existir.

Lembramos que aFilosofia possibilita fazerincursões em todas asáreas do conhecimentohumano, porque todasessas áreas são direta ou

indiretamente filhas dela, o que não retirasua singularidade e sua virtude de ques-tionar. Assim, é preciso trazer aos alunosnoções de Ética e Cidadania, uma vezessas noções fazem parte da formaçãofilosófica e nos tempos em que vivemosestamos carentes de bons exemplos.

Por fim, ressaltamos a necessidadede mostrar aos discentes que eles mes-mos podem ser os "heróis" de sua pró-pria história, de instigá-los a deixar de secolocarem como meros espectadoresdo que acontece, para se tornarem sujei-tos atuantes, participantes efetivos deuma sociedade mais justa, solidária e,acima de tudo, mais humana. Missãopremente da Filosofia.

*Aguinaldo Maragno, Mestrando em Ontologia pela UFSC e Professor de Filosofia da rede pública de ensino

,,Filosofiacomo

instrumentode formaçãodo pensarcrítico e

autônomodos jovens

A Filosofia nos faz repensar ummundo de coisas e nossas relações

com elas, no sentido de construirconceitos e formas de compreensão

desses conceitos. A Filosofia é,portanto, uma maneira de relacionar

nossa existência e nossa relação commundo. A Filosofia nos aproxima da

realidade como ela é, e, principalmente,das questões políticas, morais e éticas.

Filosofar é estar no mundo.

Francisco Assis Neto - Historiador emestrando em Filosofia pela UFSC

ENQUETE – O ESPAÇO DA FILOSOFIA

O ensino de Filosofia, além de nosmostrar uma maneira diferente depensar e agir, desenvolve aconsciência crítica diante de todasas coisas, pessoas e situações quenos cercam. Faz-nos pensar commoderação para que consigamosagir com ética, tornando-nospessoas melhores e mais dignas.

Kevin Cesar Jorge – estudante do2º ano do Ensino Médio da EscolaHenrique Stodieck - Florianópolis

A Filosofia contribui para acabar com aidiotização corrente na sociedade, com asformas de mistificação da realidade. Noensino médio, ela pode capacitar o alunopara desenvolver modos de pensarconsistentes e habilmente críticos,preparando-o para lidar melhor com osproblemas vitais de nosso tempo. Oaumento da reflexão amplia nossapotencialidade de ação no mundo.

Nestor Habkost - Filosofia pela UFSC –Especialização em Ciências da Linguagem -École des Lautes Etudes em SciencesSociales – Paris

Indica uma grande mudança na formaçãohumanista dos alunos. A Filosofia com seus

temas, problemas e teorias, leva osestudantes a repensar prioridades, questionarseus conceitos, desmanchar as contradiçõesque se apresentam no nosso cotidiano, e, se

espera que na ação, transformem a realidade.A Filosofia é conhecimento que vai provocar

esta transformação. Através dela o alunodesenvolve a cuidadosa capacidade de

formular e reformular seus questionamentos.

Marilse Cristina de Oliveira Freze - CiênciasSociais pela UFSC e professora de Filosofia e

Sociologia no Laboratório de Ensino deFilosofia e Sociologia – LEFIS - UFSC/SED

Santa Catarina • Outubro 2008 3Artigo

Page 4: Jornal Escola Aberta - Outubro 2008

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Ivan Ansolin

Destaques4 Santa Catarina • Outubro 2008

Gustavo estuda na EscolaFranciscoBrasinha Dias,de Belmonte -Extremo Oeste.Acertou 19 de20 questões da prova dasOlimpíadas deMatemática

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x y

y54

x*Ivan Ansolin, Texto e Fotos

O aluno Gustavo Sartori, 13anos, é o destaque da EEB Fran-cisco Brasinha Dias, de Belmon-te, no Extremo-oeste do Estado.De fala mansa, voz baixa e degestos calmos e leves, Gustavodesperta admiração de alunos eprofessores. Ele é destaque emtodas as disciplinas, mas é amatemática que lhe rende osmaiores desafios e conquistas.Em quatro anos, conquistouuma Menção Honrosa (2005),uma prata (2006), um bronze(2007) e, neste ano, acertou 19de 20 questões da prova dasOlimpíadas de Matemática.

Gustavo vive com os pais,Lauri, agricultor, e Inês, agentede saúde comunitária, nacomunidade de Linha BelaUnião, interior do município deBelmonte. Um local calmo epacato, que lhe oferece umambiente tranqüilo e adequadopara os estudos. Ele conta quenão se considera um alunoextremamente estudioso. "Dedi-co cerca de 45 minutos domeu tempo para os estudos.Presto atenção nas aulas e façoas tarefas de casa. Gosto deum bom livro de aventura ou deinvestigação policial", conta eletimidamente.

Além disso, gosta de desa-fios, por isso resolveu participardas Olimpíadas de Matemática.Já na primeira edição, aindacom 10 anos, em 2005, foiagraciado com a medalha deHonra ao Mérito. No ano de2006, levou para sua escola amedalha de prata, e em 2007o bronze. Na edição deste ano,Gustavo acertou 19 das 20questões. "A matemática meinstiga, me proporciona desa-fios e raciocínio. Não há umafórmula exata, há probabilida-des que possibilitam maiordesenvolvimento que as demaismatérias", revela.

O dia do aluno começacedo. Às 6h45 ele já está depé, pronto para apanhar a lota-ção escolar, que o leva até aescola, cerca de quatro quilô-metros de sua casa. Noambiente escolar, conta o meni-

no, se diverte com os amigos,aprende e procura ensinar."Gosto de trocar idéias commeus colegas. Quando tenhodúvidas eles me ajudam equando posso, retribuo", disse.

Gustavo é o orgulho do pai,Lauri, 46, que conta que o garo-to sempre foi curioso e em bus-ca de conhecimentos. "Desdepequenino o Gustavo queriasaber de tudo que havia ao seuredor. Para que servia e comofazia. Tenho muito orgulho domeu filho", disse o pai.

Ele também gosta das ati-vidades da propriedade rural dopai. Sempre que pode, auxiliana ordenha das vacas, nomanejo dos aviários e cuida dapequena horta, junto com sua

avó materna, Dona SantaBrun Sar tori, de 75anos. "É um meninodoce, querido e muitointeligente. Está sem-pre comigo, me ajudan-do e me paparicando",tece ele.

Quando abordado sobreo futuro, Gustavo afirma quererfazer algo ligado às ciênciasexatas, como matemática e físi-ca. "Ainda não sei ao certo,mas espero conseguir cursar

algo ligado ao que eu gostomuito: números", disse ele.

Nas horas de folga, omenino não dispensa umasboas risadas com os amigos,telejornal, novela, filme e muitomenos um futebol. "Gosto mui-to de assistir televisão, rir comos amigos e jogar bola. Nosfinais de semana sempre jogouma "bolinha" com meus ami-gos da comunidade", conta.

Gustavo aguarda agora acolocação da etapa deste ano,para quem sabe comemorarmais uma conquista.

* Assessor de Imprensa da SDR de São Miguel do Oeste

8 ="A matemática me instiga, me proporciona desafios e raciocínio"

Matemática:desafio que leva à paixão

Page 5: Jornal Escola Aberta - Outubro 2008

Palavra do MestreSanta Catarina • Outubro 2008 5

Suely de Aguiar

Escritor, jornalista, pintor, cartazista, chargista,caricaturista e jornalista, Ziraldo Alves Pinto, o Ziraldo,nasceu em 24 de outubro, de 1932, na cidade deCaratinga, Minas Gerais. Iniciou sua carreira nos anos50 em jornais e revistas de destaque no Brasil comoJornal do Brasil, Folha de Minas e O Cruzeiro. Tornou-se famoso a partir dos anos 60, com o lançamentoda primeira revista em quadrinhos publicada no paíspor um único autor: A Turma do Pererê. Durante aditadura militar criou, com outros humoristas e jorna-listas, o inesquecível jornal “O Pasquim”. Com uma

legião de admiradores adultos, Ziraldo fez sua estréiana literatura infantil em 1960, com a obra Flicts, tra-duzida e publicada em vários países do mundo.

Depois disso, sua dedicação às crianças aumen-tou, e em 1980 lançou “O Menino Maluquinho”, umdos maiores fenômenos de venda da literatura brasi-leira. A obra, adaptada para o teatro, cinema, quadri-nhos, internet e videogame, é a marca registrada des-te autor que, apesar de ser uma celebridade, conser-va a simplicidade e a irreverência, cada vez maisraras entre os intelectuais. O jornal Escola Abertapublica nesta edição uma entrevista exclusiva com "onosso eterno Menino Maluquinho", Ziraldo!

JEA: Seu primeiro livro infantil, Flicts,conquistou pessoas de todo o planeta.No entanto, independente de faixa etá-ria ou de classe social do leitor, o maispopular no Brasil continua sendo oMenino Maluquinho, obra que encantoucrianças e adultos (remetendo muitos àprópria infância). Apesar das transfor-mações sociais - nem sempre positivas -que afetam nossas crianças e adoles-centes, ainda existem meninos maluqui-nhos em nosso universo infantil? Ziraldo: Obrigado pelo "conquistou pes-soas de todo o planeta". Não exageremos!Quanto ao Menino Maluquinho, o livro queacabou por me transformar definitivamenteem autor de livros para crianças, este aívem fazendo o maior auê no Brasil. O per-sonagem é muito brasileiro, talvez seja estaa razão do seu sucesso. Quanto a imaginarque crianças e adolescentes são diferentesem sua estrutura interior por causa de tem-pos novos, esqueçam. As crianças nãomudam nunca. Nem os pais, nem asmães. No "Menino da Luz" acredito quedeixo essa crença minha mais explícita.

JEA: Por meio do Projeto Planeta Leitu-ra, da Editora Melhoramentos, a Cole-ção Ziraldo e Amigos vai beneficiar,com o envolvimento direto dos profes-sores de Literatura, estudantes deescolas públicas de Santa Catarina. Asobras , por si só, já são bastanteatraentes. E o papel do professor?Como ele pode tornar a leitura aindamais interessante para uma parcela dapopulação de crianças e adolescentescuja única oportunidade de ter contatocom livros é na escola? Ziraldo: Para apressarmos a possibilidadede transformar o Brasil em um país de lei-tores, o papel do professor é, e será, funda-mental. Precisamos contar com professoresque gostem muito de ler. Se um professornão gosta de ler ou nunca se emocionouàs lágrimas lendo um livro, vai ser difícilcontar com ele para a realização dessesonho. Para esse fim, o professor tem quese transformar num contador de história.Ninguém pode ajudar mais nesta campa-nha do que um contador de história. Pro-fessor tem que ler para seus alunos. Ler e

conversar sobre o livro, sem querer que seualuno prove qualquer coisa. Ler tem queser uma festa, não uma obrigação. A TVGlobo, numa prova de que pouca genteestá entendendo a questão – ou a gravida-de da questão – quando quer ajudar nareferida campanha vive repetindo: "ler tam-bém é um exercício". Que burrice, meuDeus. Exercício pressupõe uma obrigação,uma coisa chata, uma preparação paraalcançar um objetivo. Exercício é dever. Lernão é não. Ler é prazer, um imenso prazer.Quem disse que exercício dá prazer???Quem? Quem? Quem? Só o pessoal daGlobo que nunca leu um livro!

JEA: E para encerrar, o que você tema dizer aos garotos e garotas doensino fundamental (faixa etária dos6 aos 14 anos)?Ziraldo: Primeiro, que eu morro de penaque esses garotos e garotas tenham quese enfiar numa escola para ficar noveanos seguidos, sem a emoção do rito depassagem que a imensa maioria das civili-zações têm. No Século XIX, educadores,com sensibilidade humana, entenderamque a criança, antes de começar a rece-ber o ensino organizado, curricular, infor-mativo, de acúmulo de dados vitais parasua vida de adulto, devia ser formada paraisto. Assim, o ensino fundamental teriaum período formativo de preparação paraa aquisição dos fundamentos necessáriospara o completo aprendizado. Ou seja, acriança devia, antes de qualquer coisa,saber ler e escrever plenamente e fazer –

plenamente – as quatro operações arit-méticas. Dominando estes códigosfundamentais, a criança estaria ideal-mente preparada para receber asinformações organizadas: línguas,regras gramaticais, ciências, princí-pios matemáticos, história, geografiaetc. Cada matéria com um professorseguro de que a criança estava prepa-rada para este aprendizado. A criançasaía do Primário para o Ginasial. Umrito de passagem tão poderoso, porexemplo, quanto os índios brasileirostêm no seu Kuarup ou os povos judai-cos têm no seu Bar Mitzvah. Os profes-sores daquela época achavam que qua-tro anos seria o necessário para formara criança para a informação.

EA: E agora é diferente?ZIraldo: Sim, eu penso diferente: quatroanos é um tempo médio. Mas, haverámuita criança que vai precisar de ape-nas dois ou três anos para isto e outrasque vão precisar de muitos mais. Comessa medida, acabamos com a ques-tão da repetência que não é um pro-blema da criança nem do ensino. Éfruto da falta de entendimento do quese passa na infância. Repetência éincompetência da sociedade. Falar empromoção automática é transformar acriança em soldadinho que tem queser promovido a cabo, depois a sar-gento, depois a tenente etc. Criançanão tem que ser promovida. Temque ser entendida e orientada. Crian-ça não é foca que tem que ganharum peixinho por ter aprendido arepetir o que o domador ensinou.Criança tem que aprender na medi-da de suas possibilidades. Criançanão tem que ser angustiada emtestes para provar que é melhordo que o outro, ou que já apren-deu o que a professora ensinou.Depois de um ano de convíviocom seu aluno, a professora com-petente já sabe quem pode pas-sar de ano (essa coisa absur-da!). Criança tem que seré permanentementeavaliada. É isto aí.

"O pr ofessortem que se transformarnum contador de

histórias. Ninguémpode ajudar mais

nesta campanha doque um contador

de história"

Ziraldou m ve rd a d e i ro c r i a d o r e c o n t a d o r d e h i s t ó r i a sDivulgação

"Se um professor não gosta

de ler ou nunca se

emocionou às lágrimas lendo

um livro, vai ser difícil contar

com ele para a realização

desse sonho, de transformar o

Brasil num país de leitores"

Page 6: Jornal Escola Aberta - Outubro 2008

Uma vida de amor dedicada à educação e ao próximo

Nascida em 23 de junhode 1910, no atual municípioSão José, aos 15 anos, MariaMaura Schuch foi nomeadapelo governador da época,como professora provisória darede pública estadual de SantaCatarina, no município Vargemdo Cedro. Antes disso, aos 13anos foi morar, com as irmãsda Divina Providência, emAngelina e aos 19 anos voltouao Convento onde se tornou,simplesmente, a “Irmã Maura”e continuou lecionando paracrianças e adultos até 1960.Entre um espaço e outro emsua adolescência, a jovem ain-da morou com os tios e, alémdar aulas para os primos, faziatodos os afazeres da casa. Atéhoje, aos 98 anos de idade,quando relata sobre sua trajetó-ria vida, os olhos azuis brilhammuito, principalmente quando otema é Educação e Religiosida-de. Há 75 anos é freira e atual-mente mora no Hospital BomJesus, em Ituporanga, mas nãoesquece nunca, o amor quesempre teve pela profissão deprofessora e, sempre que pode,ainda ajuda o próximo.

Foi na cidade de São José,conhecida naquele tempocomo Britânia, que iniciou suacarreira no Magistério. "Era umamini Alemanha e os professo-res tinham de ensinar em Por-tuguês e em Alemão", conta

Maura, que teve sete irmãos equem desde criança tinha con-vicção de sua religiosidade ede ser educadora. O pai, agri-cultor, morreu aos 36 anos e amãe aos 101 anos. "Eu nãogostava de trabalhar na roça esempre quis estudar (fez até o3º elementar) e só não estudeimais por falta de tempo, preci-sava ensinar outras pessoas.

Em 1948, Irmã Maura foimorar em Armazém, ficandopor dois anos na Casa dasIrmãs e, praticamente, reorga-nizou a escola local. A previ-

são da matrícula era de 70alunos, a Irmã conseguiumobilizar a comunidade ematriculou mais 200 estudan-tes. Contava na época com aajuda "de uma mocinha", quehavia perdido a família. “Éra-mos nós duas para dar contados alunos, mas Deus nos aju-dou!” Mais tarde passou acontar com a colaboração deum seminarista, muito inteli-gente. Ensinávamos Geografia,Ciências, Matemática, Portu-guês a uma nova disciplina,Educação.

Essa matéria foi criadapara ensinar disciplina aosestudantes, principalmenterespeito aos pais, aos maisvelhos e ao próximo. "Tinhauma régua fininha que utili-zava para "assustar" os maisbagunceiros. Mas apesar deme considerar um poucosevera, sempre gostei muitodos meus alunos. Brincava eaté jogava bola com eles”,lembra. Maura conta quemuitos pais pediam a elapara educar seus filhos, nemque tivesse de usar o castigo.

6 Santa Catarina • Outubro 2008Especial

Textos: Suely de AguiarFotos: Osvaldo Nocetti

"Lembro agora a primeiravez que, em Setúbal, no meiodo ano, me julguei forçado apôr fora da aula um aluno.Fiquei tão doente que parti ogiz que tinha nas mãos e jánão fui capaz de continuar aaula. Hoje é diferente: o Foscosaiu, porque fez barulho - e fezbarulho, porque a aula lhe nãointeressou - e não lhe interes-sou "talvez", porque ela nãotinha interesse nenhum - equem devia ir para a rua eraeu". Esse texto consta do Diáriode Sebastião da Gama, publi-cado na Revista Nova Escola eretrata a exigência que a gran-de maioria dos professores temconsigo mesmo em seu coti-diano profissional. Mas, ele nãoestá só na missão de escolari-zar e educar crianças e jovens.

Aliás, muitos devem seros parceiros: além das institui-ções governamentais, a famí-lia, a comunidade local, asempresas públicas e privadas,ONGs. Enfim, os diversos seto-res de uma sociedade organi-zada. No que compete àSecretaria de Estado da Edu-cação, esta vem se empenhan-do em valorizar cada vez maisos professores catarinenses.Apesar de não ser ainda oideal, vem trabalhando muitopara isso. São várias as açõesvoltadas a esse profissionalimprescindível para um mundo

melhor, mais educado, maisfraterno, mais justo! Afinal, nototal a rede pública estadualconta com cerca 40 mil pro-fessores na ativa, dos quais19.839 mil são efetivos, sendoque desses 98% são habilita-dos e mais de 14 mil são pós-graduados. O número de pro-fessores aposentados chega a16.624 e os Admitidos emCaráter Temporário (ACTs) são15.602.

A diretora de Desenvolvi-mento Humano, Elizete Mello,ressalta que, além de propor-cionar cursos de capacitação

e de formação, como medidade valorização dos profissio-nais do Magistério, o Governodo Estado criou, por meio da

Lei 14.406/2008, o PrêmioEducar, uma verba indenizató-ria de R$ 200,00 para os pro-fessores que atuam em salade aula; e o Prêmio Jubilar, domesmo valor aos aposentadosno cargo de professor. Para osaposentados nos cargos deAssistentes Técnicos Pedagógi-cos, Consultores Educacionaise Especialistas foi concedido oPrêmio de R$ 150,00. Acresci-do a outras vantagens, o bene-fício representa um acréscimode 110% na remuneração dosprofessores, considerando operíodo de 2003 a 2008.

O professortem nas mãos

as chaves que podem

contribuir parauma sociedade

transformadora

Irmã Maura, com 98 anos, relata sua trajetória de vida voltada à educação

Professor deve ser

"O pr ofessortambém tem

responsabilidadecom a educação

integral da criança"

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Santa Catarina • Outubro 2008 7

Aos 19 anos, conhecidomais como professor Júnior,Mario Cezar Amaral (o mesmonome do pai), nasceu e lecio-na no município de Ituporan-ga, como Admitido em CaráterTemporário (ACT), na Escolade Educação Básica Aleixo,situada no centro da cidade.Habilitado em Geografia, esseeducador tão jovem e comdois anos de profissão, podeser facilmente confundido comum dos adolescentes que estu-dam na unidade escolar e queoferece o ensino fundamentalde 1ª a 8ª série . Em suasaulas, além da preocupaçãocom o conteúdo, o professorusa de estratégias para torná-las mais interessantes e maisatraentes. Os mapas são utiliza-dos de forma nada convencio-nal: pintados na própria parededa sala de aula. Idealizados porJúnior, a idéia foi discutidacom os estudantes e e lesdesenvolveram atividade porconta própria, "sendo os auto-res do trabalho", explica o edu-cador. “Como sou professor doensino fundamental e médio,lidando com crianças e adoles-centes, busco usar o lúdico emminhas aulas , tornando-asdivertidas, viajando através dageografia, onde o aluno é oator principal no processo doensino-aprendizagem", ressalta.

O porquê da opção em sereducador está bem claro namente desse jovem: "Sempre

gostei da área de comunica-ções e de relações humanas,por isso a educação me atraiu,também houve influência pormeus pais serem professores".Seguir outra profissão? Nempensar! "Estou fazendo um tra-balho que gosto, me sinto felizcom o que faço, aos ministraras aulas Geografia", respondecategórico.

Quanto às dicas para tornaras aulas mais atraentes, elesugere algumas.

E com relação ao salário, oque pensa o educador? Paraele, apesar de ser uma ativida-de ainda não tão bem remune-rada, se sente recompensadopelo amor que tem por estaprofissão, e por estar ajudandoa construir a história de cadaeducando. Concorda plena-mente com a Irmã Maura,quando ela afirma que tudoque é feito com amor traz bonsresultados. Sobre como lidarcom a disciplina em sala deaula, o professor Júnior lembra

que atualmente os alunos sãoinquietos. "Seu foco de interes-se é mais na televisão e emvídeo game, que nos livros, ena minha escola não é diferen-te. Estabeleço em comum acor-do com os alunos, regras decompor tamento em sala deaula. Busco ouvir mais o aluno,saber de seu histórico familiar esocial, quais seus objetivos como ensino, desenvolvo atividadesque abordem o conteúdo demodo claro e objetivo, faço usode recursos diferenciados",explica com sabedoria o jovemeducador que em muito, ainda,contribuirá para a Educação.

Os educadores de SantaCatarina ainda são beneficia-dos com acréscimos financei-ros referentes às regências declasses: 25% e 40%, respecti-vamente para os que atuamde 5ª a 8ª série e no ensinomédio e de 1ª a 4ª série doensino fundamental. A cadatrês anos de trabalho têmdireito a um triênio, o querepresenta 3% de acréscimona sua remuneração e, dedois em dois anos, são benefi-ciados com o Progresso Fun-cional Horizontal e Vertical.Tudo isso, sem contar que a

cada cinco anos trabalhosadquirem três meses de licen-ça-prêmio. Para os que minis-tram aulas em outro municí-pio que não seja o seu, aSecretaria fornece vale trans-porte intermunicipal.

A Secretaria da Educação,em curto espaço de tempo,estará disponibilizando para assalas de professores mais con-forto e ferramentas tecnológi-cas que auxiliem o seu traba-lho. Outra novidade que já seencontra tramitando naAssembléia Legislativa o Proje-to de Lei para a concessão de

transporte gratuito tambémpara os Especialistas, Consul-tores Educacionais, Assisten-tes Técnicos Pedagógicos eAssistentes em Educação.

Mas, além das informa-ções, o objetivo dessa ediçãodo Jornal Escola Aberta éhomenagear os educadores,nesse mês de outubro e sem-pre, nas figuras de dois gran-des professores, cuja diferen-ça etária é de sete décadas:professora e Irmã Maura, 98anos, aposentada e o profes-sor Mario Cesar AmaralJúnior, de 19.

Como surg iu oDia do Professor? O Dia do Professor fo iinst i tu ído por Dom PedroI , no d ia 15 de outubrode 1827 , d ia consagradoà educadora SantaTereza , pe lo DecretoImper ia l que cr iou o Ens ino E lementar no Bras i l .Mas fo i somente depo is de 120 anos , em 1947 ,que ocorreu a pr imeira comemoração de um diadedicado ao Professor . No entanto o fer iado sófo i of ic ia l i zado com o Decreto Federa l 52 .682 , de15 de outubro de 1963 .

Professor Júnior utiliza a arte plástica na elaboração de mapas

De pai para

filhoO professor Júnior segue a profissão dos pais

Uso o lúdico emminhas aulas,tornando-as

mais divertidas,viajando através

da Geografia

sempre valorizado

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Suely de Aguiar Fotos: Osvaldo Nocetti

Pesquisas da Unesco com-provam que o consumo delivros pela população no Brasil éinferior a 2,5 unidades por pes-soa, enquanto que em outrospaíses da América Latina o con-sumo chega a ser de sete livrospor pessoa. Em vários estadosbrasileiros, as Secretarias deEducação vêm, através de par-cerias com instituições governa-mentais e não governamentais,buscando alternativas paramudar esse quadro.

Por meio de programas deincentivo à leitura, tendo comopúblico alvo os estudantes e pro-fessores da rede pública, a unida-de escolar tem papel essencialdentro deste contexto e as esco-las catarinenses investem cadavez mais no letramento. Seupapel é o de propiciar o contatode crianças e adolescentes comobras de boa qualidade, para que

o estudante possa ter uma forma-ção integral e se torne um adultoapreciador da boa leitura.

No Estado, alunos do ensinomédio estão recebendo clássicosda literatura brasileira, escritos porMachado de Assis e José de Alen-car, dentre outros autores funda-mentais para quem começa aingressar no fabuloso mundo daliteratura.

Quanto às crianças que estãomatriculadas de 1ª a 9ª série do ensi-no fundamental, elas estão embarcan-do numa viagem fascinante com oprojeto "Planeta Leitura" e passarão ater contato direto com livros da cole-ção "Ziraldo e seus Amigos", da edito-ra Melhoramentos. Lançado em outu-bro, o projeto vai muito além da dis-tribuição de livros. "Essa açãotem entre seus objetivosgarantir mais oportunidadesao jovem aluno, para queconsiga ultrapassar os horizon-tes de Santa Catarina", destacao secretário da Educação,Paulo Bauer.

Estudantes doEnsino Médio

poderão levar oslivros para casa

Na primeira etapa do pro-jeto de Incentivo à Leitura daSecretaria da Educação, osestudantes do Ensino Médio jácomeçaram a receber asseguintes obras: “Dom Cas-murro”, de Machado de Assis,“Senhora”, de José de Alencare “O Cortiço”, de Aluisio deAzevedo. Na segunda etapade distribuição, prevista aindapara esse semestre, mais umlivro será encaminhado aosjovens: “Broquéis Faróis” do

escritor catarinense Cruz eSousa. O diferencial desse

projeto está no fato deque os alunos poderão

levar para casa asquatro obras e ler

com calma e deforma mais pra-

zerosa. A famí-l ia também

acaba sendocontemplada, pois

seus integrantes tambémterão acesso aos livros. Para o diretor de EducaçãoBásica da SED, Antônio ElízioPazeto, a literatura é uma for-ma de se conhecer e imagi-nar o mundo sem sair decasa. É uma forma de apren-der a pensar, formar uma ati-tude crítica diante da vida."Com estes livros, o jovemterá mais motivação paraestudar e aprender. Depoisde aproveitar bem as obras,poderá compar t i lhar comseus irmãos, pais, vizinhos eamigos o prazer de ler, permi-tindo que todos se divirtam eaprendam", ressalta Pazeto.

Crianças de 1ª a 9ª série embarcamno maravilhoso “Planeta Leitura”

O projeto introduz na práti-ca pedagógica uma literaturacom cunho formativo, abordan-do assuntos como ética, cida-dania, meio ambiente, multicul-turalismo, contribuindo para ocrescimento e a formação inte-gral da criança.

A Secretaria de Estado daEducação adquiriu, através deprocesso licitatório, 34.146coleções do "Ziraldo e seusAmigos" para as escolas queoferecem o ensino fundamen-tal e onde será implantado oprojeto "Planeta Leitura", inicia-tiva da editora Melhoramentos,em parceria com SecretariasEstaduais de Educação. Cada

turma do ensino fundamen-tal receberá maletas comdoze livros, do escritor Ziraldoe de outros autores brasileiros,entre eles Ruth Rocha e AnaMaria Machado. Os cerca de420 mil estudantes de 1ª a 9ªséries serão beneficiados comobras diferenciadas, de acordocom as séries em que estu-dam. Cada uma das turmasterá direito a duas coleçõesque serão trabalhadas em salade aula.

Somando-se as coleções,o tota l de obras chega a409.752 livros. As maletas sãoorganizadas, cuidadosamente,respeitando a respectiva faixa

etáriae reúne livrosdo autor principal ede outros escrito-res . Em s inton iacom os conteúdosdos Parâmetros CurricularesNacionais, as obras destacamtemas de interesse das crian-ças e adolescentes. De formaagradável e simples, os textosvêm acompanhados de lindasilustrações.

Vale lembrar que grandepar te do bom desempenhodas escolas catarinenses no

Índ i ce deDesenvo lv i -mento daE d u c a ç ã o( IDEB ) , de

2007, divulgado em julho de2008, se deve aos projetoseducacionais que têm comofoco a leitura. A Secretariada Educação, escolas, pro-fessores e comunidade esco-lar têm consciência que seusalunos merecem o que háde melhor na produção lite-rária brasileira.

O papel daescola na formação de leitoresPolítica de incentivo à leitura promove o contato direto com obrasde boa qualidade, para que o estudante se torne um adulto leitor

Projetos8 Santa Catarina • Outubro 2008

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Mylene Salgado*

Escolas amplas, modernascom ambientes saudáveis contri-buem para a melhoria da auto-estima e a realização de ativida-des pedagógicas que exigem con-centração. Neste contexto, os estu-dantes da cidade azul têm muitasrazões para aplaudir as iniciativasem favor da educação. Tubarão, aexemplo de outros municípios,também foi contemplado com asmedidas do Governo do Estado,que entregou à população quatroescolas renovadas, beneficiandodiretamente cerca de dois mil alu-nos e mais de uma centena deprofessores. No total, foram cons-truídos na cidade 2.087 m2 ereformados mais 197,40 m2.

As melhorias na Escola deEnsino Fundamentais ProfessorNoé Abati, que funciona no perío-do matutino e vespertino, foramimplementadas pela Secretaria deEstado da Educação, por meio daSecretaria de DesenvolvimentoRegional de Tubarão, que investiuR$1.634.082,79. A unidade rece-beu dez salas de aula, mais cincode apoio, auditório, laboratório deinformática, química, física e biolo-gia, sala de artes, biblioteca, cozi-nha e bicicletário. Somou-se aovalor aplicado uma ampla emoderna urbanização.

Stephany Claudino da Silva,estudante da 3º série, entusiasma-da disse que as aulas que maisgosta são aquelas que acontecemno laboratório de química, física ebiologia, pois são muito interes-santes. "Lá fizemos experiências. Éa aula que mais participo. Outrodia, por exemplo, estudamos pig-mentação, foi ótimo!", destaca.

Dentre as escolas reformadas

e ampliadas, merece destaque aEEB João Teixeira Nunes, localiza-da no bairro de Morretes. Ela fun-ciona nos períodos matutino, ves-pertino e noturno, atendendo alu-nos do ensino fundamental emédio. No total foi investidoR$1.454.224,65. O colégio, fun-dado em 1954, precisava de refor-mas. Por isso, a necessidade daconstrução de um novo prédiocom mais oito salas de aulas. Aedificação antiga também passoupor reformas e urbanização.Assim, a unidade escolar contaagora com laboratórios de infor-mática, química, biologia e física,biblioteca e auditório.

Outra unidade escolar quemereceu atenção da Secretariafoi a EEB Santo Anjo da Guarda,no bairro Guarda, margemesquerda. Ali o investimentosomou mais R$1.471.287,90. Aescola foi entregue à comunida-de revitalizada, contando hojecom dez novas salas de aula,auditório, biblioteca, amplo refei-tório, laboratório de informática,química, física e biologia, sala dearte. Além disso, foi urbanizadoseu espaço físico e feitas melho-rias na quadra de esportes.

Incluído nesse pacote deobras, a EEB Lino Pessoa, situadano bairro Monte Castelo, recebeu

recursos de R$1.417.070,57, queforam aplicados no espaço físicoplanejado com elevador para aten-der as pessoas com necessidadesespeciais. Essa unidade escolar,fundada em 1935, também nuncahavia sido reformada. O novo pré-dio possui 10 salas de aula, sala deartes, laboratório de informática, defísica, química, biologia, refeitório,biblioteca e salas de apoio.

Todas essas ações voltadasao patrimônio físico escolar serefletiram no aumento do númerode estudantes matriculados. Apósas melhorias nas instalações, acomunidade motivada está voltan-do a sentar-se nos bancos escola-

res. A EEB Lino Pessoa, por exem-plo, antes da reforma contava commenos de 200 alunos, hoje são230 os matriculados. Por sua vez,a EEB João Teixeira Nunes nãoficou para trás. Antes da reforma,possuía 438 alunos no ensino fun-damental e médio, agora são 540estudantes. O mesmo ocorreucom a EEF Noé Abati que registra-va 430 matrículas, agora essenúmero saltou para 587. Por fim,a EEB Santo Anjo da Guarda queantigamente somava 420 alunos,após a reforma, a escola recebeumais 70 novas matrículas, totali-zando 490 estudantes. "Essas uni-dades de ensino ficaram ótimas,não perdem em nada para esco-las particulares", afirma Maria ElisaSaturno, mãe de uma aluna daEEB Santo Anjo da Guarda.

Na opinião da Gerente Regio-nal da Educação, Tereza CristinaMeneghel, esses númerosdemonstram a importância de seinvestir na construção de novasescolas e na melhoria de outras."Com obras inovadoras, atenden-do a diversidade e aos parâmetrostecnológicos que caracterizamuma sociedade da informação, oGoverno de Santa Catarinademonstra sua preocupação como aluno de hoje pensando nocidadão de amanhã", destaca.Tereza Cristina acrescenta que acomunidade, estudantes, professo-res e gestores, “respirando novosares e contagiados pelos benefí-cios do novo, com certeza, serãobeneficiados com a melhoria daaprendizagem e da qualidade devida de todos que utilizam asnovas instalações.”

*Assessora de Imprensa daSDR de Tubarão

Novas instalações atraem mais estudantesInvestimentos de mais de quatro milhões beneficiam cerca de dois mil alunos da região de Tubarão

ObrasFotos: Homero Gastaldi Buzzi

Santa Catarina • Outubro 2008 9

Escola Santo Anjo da Guarda recebeu tambémmelhorias na quadra de esportes e laboratório

A escola fundada em 1935 nunca havia sido reformada

A escola NoéAbati recebeumoderna infra-estrutura

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Gincana do Milênio envolve estudantesem projetos para a sustentabilidade

Cerca de 500 estudantes doensino médio da rede pública esta-dual, da Grande Florianópolis, parti-cipam do encerramento da Mostrada Sustentabilidade/Gincana doMilênio Sapiens Circus, que ocorreuna Escola de Educação Básica Iri-neu Bornhausen. Lançada pela pri-meira vez em 2006, a Gincana doMilênio foi idealizada pela FundaçãoCERTI e Secretaria da Educação,com a finalidade de incentivar aaprendizagem por meio de novastecnologias de informação e comu-nicação. Despertando nos jovens ointeresse pela pesquisa, eles come-çam a buscar formas de se torna-rem agentes transformadores da rea-lidade sócio-ambiental do lugaronde vivem.

Durante três meses, a Gincanado Milênio envolveu os jovens emtarefas, para promover a discussão eo cumprimento dos “Oito Objetivos

de Desenvolvimento do Milênio”,definidos pela ONU (Organizaçãodas Nações Unidas). Os alunos cum-priram tarefas individuais e em equi-pes, realizadas através da internet eem atividades presenciais.

As 35 equipes finalistas decada região, além de exporem

seus projetos, vão integrar o Pro-grama Internacional de Empreen-dedorismo Social Juvenil MudaMundo, da ONG Ashoka. Tambémconstam da agenda do eventoapresentações culturais, cerimôniade premiação e show musical deencerramento.

NOTÍCIAS

III Feira de Ciências e Tecnologia

A Secretaria da Educação iniciouos preparativos para a realização da IIIFeira de Ciências e Tecnologia da Edu-cação Básica, que será realizada nosdias 24 e 25 de outubro, no InstitutoEstadual de Educação (IEE), em Floria-nópolis. O objetivo do encontro é valori-zar e incentivar a pesquisa científica nasescolas de educação básica. Para isso,na fase preliminar, ocorrida em junho ejulho nas Gerências Regionais de Edu-cação, as feiras foram um dos pré-requi-sitos para que as unidades escolarespudessem participar do evento em suaetapa estadual. Os trabalhos escolhidosna etapa estadual representarão SantaCatarina na FENACEB, feira nacionalpatrocinada pelo Ministério da Educa-ção, no Distrito Federal, e na MostraInternacional de Ciências e Tecnologia,no Rio Grande do Sul.

Diretores de escolas latino-ameri-canas e britânicas participaram do pri-meiro encontro do projeto “Liderançanas Escolas: novos instrumentos deaprendizagem”, firmado entre o BritishCouncil e o CONSED - ConselhoNacional de Secretários de Educação.

Santa Catarina foi um dos cin-cos estados brasileiros selecionadospara participar do projeto piloto.Mato Grosso, Pernambuco, Tocantinse São Paulo completaram o quadro.

Representaram o Estado, diretoresde cinco escolas da rede públicaestadual. As unidades de ensinoparticipantes foram: Escolas PeroVaz de Caminha, de Florianópolis;Coronel Antônio Lehmkuhl deÁguas Mornas; Giovani PasqualiniFaraco, de Joinvile; Honório Miran-da, de Gaspar e Francisco BenjaminGalotti, de Tubarão.

O objetivo da cooperação entreos parceiros é o de for talecer o

intercâmbio de experiências entrepaíses da América Latina e ReinoUnido, incentivando o desenvolvi-mento da liderança escolar comomeio de melhoria da educação, cen-trando suas ações na capacitaçãode educadores e gestão escolar. Ogrupo catarinense conheceu o coti-diano da Escola Sir William Bur-rough School, em Londres, cuja dire-tora, Avril Newman, orienta e acom-panha o projeto em Santa Catarina.

Equipe de basquete do IEE ganha título nacional

A equipe masculina de basquete do Institu-to Estadual de Educação – IEE, da Capital con-quistou o título brasileiro da divisão especialnas Olimpíadas Escolares, para alunos de 12 a14 anos. Os atletas representaram Santa Catari-na no torneio disputado em Poços de Caldas-MG, e trouxeram para o Estado este título inédi-to. Com a conquista, os garotos vão representaro Brasil nos jogos sul-americanos que serão dis-putados no Uruguai, em dezembro.

Desde que foi sancionada a nova lei doestágio pelo presidente Lula, em setembro, osestudantes brasileiros terão a mais benefíciosem suas experiências profissionais. Mas emSanta Catarina, isto já é uma realidade. Por meiode uma política inovadora da Secretaria da Edu-cação, o Estado é pioneiro na implementaçãode estágio curricular não obrigatório no ensinomédio e na educação profissional para estudan-tes da rede pública estadual.

A política de orientação prevê que o está-gio seja uma ação pedagógica, vinculando otrabalho como princípio educativo, além depossibilitar a inserção do jovem no mundo dotrabalho com condição compatível e favorávelà sua formação integral como cidadão. Segun-do a Diretoria de Educação Básica, mais de200 mil alunos da rede pública serão atendi-dos nesta modalidade, que entra em vigor apartir de 2009.

Cada Gerência Regional de Educação seráresponsável por firmar acordos de cooperaçãotécnica com entidades, instituições e agentes deintegração que se proponham a abrir campo deestágio ou atuar como parceiros da Secretariapara a realização do estágio não obrigatório.

As escolas interessadas em participar terãoque ajustar seus projetos político-pedagógicos,realizando debates internos com alunos, profes-sores e pais, que irão designar um profissionalpara acompanhar os estagiários.

Calendário letivo de 2009começa em fevereiro

Com calendário unificado, dia 10 de fevereiro,as 1.323 escolas da rede púbica estadual iniciam oano letivo de 2009. Nesta data, os cerca de 830mil estudantes serão recebidos pela direção e pro-fessores que já estarão nas unidades de ensino des-de o dia 04, período destinado ao estudo e planeja-mento das atividades pedagógicas.

A Secretaria da Educação está desenvolvendoações para garantir o reinício das aulas com todo osistema organizado e a formação dos quadros depessoal com maior número de professores efetivos,além da contratação dos admitidos em caráter tem-porário, prevista para o início de fevereiro. Apesar deter, em 2009, mais feriados em dias letivos, o encer-ramento das aulas será dia 18 de dezembro, comduas semanas de recesso em julho, completandoassim os 200 dias determinados pela legislação.

10 Santa Catarina • Outubro 2008

Parlamento Jovem 2008

“Liderança nas Escolas” leva diretores ao Reino Unido

Foram selecionados os seis estudan-tes da etapa estadual do ParlamentoJovem 2008. São eles: Denize Antu-nes (projeto Aumento na Faixa deMata Ciliar nos Rios, Lagos); AryanePatrícia Gabriel (projeto Utilização deVeículos Apreendidos para Seguran-ça Pública); Patrícia Siqueira Santos(projeto Aproveitamento Recursos

Pluviais na Irrigação) Fábio Rodri-gues (projeto Obrigatoriedade depublicação de suplementos opcio-nais gratuitos em braile nas revistasde maior circulação nacional); Mauri-cio Pereira Cabral (projeto Instituirimpostos sobre as Grandes Fortu-nas) e Diego de Oliveira (projetoApoio ao Turismo Rural e Familiar).

SC é pioneira no estágiopara alunos de Ensino Médio

Osvaldo Nocetti

Divulgação

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Machado de Assis continua despertando paixões

Marcos DalmoroSDR de Criciúma

Uma paixão é concebidacom o tempo. Primeiro vem oencanto, depois o deslumbre eassim se descobre que o coraçãopulsa mais forte. É o amor quetomou conta. E foi desta maneiraque a professora da rede públicaestadual – de Criciúma – Rosaneda Costa Schndelbach, da Escolade Educação Básica Toledo dosSantos de Criciúma, descobriu aliteratura. A professora foi uma dascem vencedoras do ConcursoNacional de Redação para profes-sores. Cem anos depois da mortede um dos maiores gênios da lite-ratura brasileira, o tema do concur-so não poderia ser outro: "Aimportância de Machado de Assisum século depois de sua morte".Com a redação "Um legado deprosa", Rosane analisou a formacomo o autor trata da precarieda-de humana, de como desvinculara aparência da essência do serhumano. A premiação consistiaem ter seu texto publicado emuma coletânea que homenageiaMachado de Assis, além deganhar livros da Academia Brasilei-ra de Letras, da editora Folha Diri-gida e uma assinatura semestralda Folha Dirigida Online. Foramquase 37 mil redações, destasapenas, cem foram selecionadaspara compor a coletânea quehomenageia Machado de Assis.

A literatura surgiu na vida deRosane ouvindo os “causos” dospais, que à beira de um fogão alenha no interior do Rio Grande Sul,durante sua infância, encantavam amenina com histórias fantásticasdos pampas gaúchos. Nascida nacidade de São Pedro do Sul, elacresceu e foi fazer o ensino funda-

mental, então chamado de ginásio.A escola dispunha de uma peque-na biblioteca, que a encantou. "Alidescobri o maravilhoso mundo daliteratura, podia viajar, sonhar ecrescer. Tudo era possível nas mãosdos autores que me encantavam".A menina que sempre estudou emescolas públicas queria mais .Sonhava em ser jornalista, mas aoportunidade não surgiu. Entãoapareceu o curso de letras, naFaculdade de Filosofia, Ciências eLetras Imaculada Conceição - FIC,de Santa Maria. "No começo aidéia de ser professora não meempolgava. Mas com o tempo eudescobri a magia da educação".

Machado de Assis surgiu demaneira densa em sua vida quan-do cursou seu mestrado, na Uni-versidade Federal de Santa Catari-na. "Já havia lido inúmeras obras,mas minha orientadora, que pes-quisava as obras dele, me motivoua estudar sobre esse ícone brasi-leiro". A criança sonhadora se tor-nou mulher forte. Hoje atua comoprofessora de gramática e literatu-ra. "Conto trechos instigantes dasobras mais importantes de cadaautor para aguçar o gosto pela lei-tura nos meus alunos, eles ficamem êxtase". Utilizando-se de técni-cas de dramaticidade a professorase realiza contando histórias.

No dia 12 de Setembro desteano, Rosane foi ao Rio de Janeiro ena Academia Brasileira de Letras(ABL), diante de muita expectativa eansiedade, foi homenageada. "Orespeito deles para com os profes-sores me encantou, nosso dia-a-diaé cheio de enfrentamentos, muitasvezes bate o desânimo, mas sãopessoas que sabem dar o devidovalor a um educador; que nosincentivam a continuar nestaencantadora caminhada", completaa professora. No auge de seus 47anos, a gaúcha que virou catarinen-se não tem filhos, mas se realizacom o encanto de seus alunos ecom a literatura. "Tenho dois alunos,do terceiro ano, que se aventurarama ler toda a obra do Érico Veríssimo.Isso pra mim é uma vitória".

A professora, agora escritorae boa contadora de histórias, lem-bra uma frase de um de seusautores prediletos, Fernando Pes-soa. "O papel do escritor é ilumi-nar o mundo, salvá-lo da escuri-dão". Diante desta reflexão, elanão quer deixar de lado o sonhode publicar mais textos. "Já tenhooutras obras escritas, mas minhaautocrítica me barra em algunsmomentos. Meu estilo literário éde reflexão, prezo por fazer o leitorpensar e ler por trás do que nãoestá escrito", afirma a professora.

O gosto literário da professoraé bem diversificado. Rosane aindacritica o acesso à cultura no país."O hábito da leitura no Brasil émuito caro. Minha colega nosEstados Unidos compra grandesobras pela metade do preço quepagamos aqui, um absurdo". Umapanhado de histórias conta a tra-jetória de Rosane: uma professoraque, acima de tudo, ama sua pro-fissão, é apaixonada por seus alu-nos e pela arte de ensinar.

PerfilSanta Catarina • Outubro 2008 11

O legado de um século

A literatura, assimcomo a ciência, tem seusgênios . Joaquim MariaMachado de Assis é umdeles. Nasceu na cidadedo Rio de Janeiro em 21de junho de 1839. Foi cro-nista, contista, dramaturgo,jornalista, poeta, novelista,romancista, crít ico eensaísta. O garoto mestiço,gago e epilético, teve umainfância de muito trabalhoajudando sua mãe. Filhodo sapateiro - FranciscoJosé de Assis, e da lava-deira Maria LeopoldinaMachado de Assis , omaior escritor do país emestre da língua portugue-sa, ficou ór fão de mãemuito cedo. Foi criadopela madrasta, Maria Inês,que se dedicou ao meninoe o matriculou na únicaescola que freqüentaria. Ogaroto virou autodidata.Não freqüentou cursosregulares, mas se empe-nhou a aprender. Sua dedi-cação foi recompensada, ogaroto cresceu, escreveu,lutou e se estabeleceu, tor-nando-se o primeiro presi-dente da Academia Brasi-leira de Letras, além domaior nome da literaturano país. Há muito, esteconquistador vem abalan-do corações com seus tex-tos carregados de paixão.É um galante da línguaportuguesa.

Com a redação "Um Legado de Prosa", a professora Rosane da Costa Schndelbach foi uma das vencedoras, dentre 37 mil participantes, do Concurso Nacional de Redação para professores

Marcos Dalmoro/SDR de Criciúma

Rosane da Costa

Schndelbach,da EEB Toledodos Santos de

Criciúma serealiza com o

encanto deseus alunosnas aulas de

literatura

Um Apólogo

Era uma vez uma agulha, quedisse a um novelo de linha:

— Por que está você com essear, toda cheia de si, todaenrolada, para fingir que valealguma cousa neste mundo?

— Deixe-me, senhora.

— Que a deixe? Que a deixe,por quê? Porque lhe digo queestá com um ar insuportável?Repito que sim, e falareisempre que me der na cabeça.

— Que cabeça, senhora? Asenhora não é alfinete, éagulha. Agulha não temcabeça. Que lhe importa o meuar? Cada qual tem o ar queDeus lhe deu. Importe-se com asua vida e deixe a dos outros.

Machado de Assis,Trecho extraído do livro "Para Gostar de Ler "

Page 12: Jornal Escola Aberta - Outubro 2008

12 Santa Catarina • Outubro 2008

ESCOLAS DE SANTA CATARINA MANTÊM OS ÍNDICES POSITIVOS

NAS AVALIAÇÕES DO MEC

Fonte: MEC / INEP/ Gerência de Registro Escolar e Estatística - SED/SC Fonte: MEC / INEP/ Gerência de Registro Escolar e Estatística - SED/SC