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Jornal do Conselho Nacional de Saúde IMPRESSO agosto/setembro2000 - ano 3 - número 09 conselho.saude.gov.br controle social controle social País discute o futuro do SUS Aprovado pacote de diretrizes para aplicação da PEC da Saúde Solenidade no RJ junta a FIOCRUZ e o Conselho Nacional de Saúde Indígenas ganham proteção contra abusos de pesquisadores Saiba como será a 11ª Conferência De Norte a Sul, o país se prepara pa- ra a 11ª Conferência Nacional de Saú- de. De acordo com um levantamento do CNS, pelo menos 17 Estados já reali- zaram ou marcaram datas para suas con- ferências regionais. Nos próximos me- ses, já estão confirmados encontros des- te tipo no Ceará, Distrito Federal, Espí- rito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe. O CONASEMS - que no mês de agosto realizou seu Congresso Nacional - fez um levantamento e calcula que mais da metade do total de 5.507 municípios bra- sileiros também já fizeram suas confe- rências para discutir as propostas de di- retrizes para melhorar o atendimento do Sistema Único de Saúde. Somente este ano,cerca de 2.500 municípios - de to- dos os portes - promoveram seus encon- tros. Durante o encontro de secretários municipais, o apoio a 11ª Conferência fez parte do documento síntese chama- do de Carta de Salvador. (Págs. 9 e 10) A convocação da 11ª Conferência, assim como a definição da Comissão Organizadora do encontro, já saíram no Diário Oficial da União. Desde agosto, o quartel general dos trabalhos fica num prédio sedido pelo Mi- nistério da Saúde, em Brasília. Nesta edição de o Controle Social confira como ficaram os critérios para escolha dos delegados, os desdobramentos previstos para a mesa central e a forma como os debates devem ser conduzidos. Tudo valorizando o tema “Efetivando o SUS: Acesso, Qualidade e Humanização na Atenção à Saúde com Controle Social”. (Págs. 6 a 10) O CNS, várias entidades da sociedade civil e o Ministério da Saúde conseguiram fazer valer a força da vontade popular no Congresso. A PEC da Saúde foi aprovada, em segundo turno, pelo Senado. O plenário do Conselho já definiu cinco diretrizes para orientar gestores na aplicação dos novos recursos.(Págs. 11 e 12) A Resolução 304 - aprovada pelo CNS - garante os direitos dos povos indígenas no que se refere aos possíveis abusos cometidos por cientistas e pesquisadores. O texto, elaborado pela CONEP e Comissão Intersetorial de Saúde Indígena, cria limites para evitar prejuízos a esses grupos. (Pág. 4) Em Manguinhos, no Rio de Janeiro, o CNS e a Fundação Oswaldo Cruz partici- param de uma solenidade que marcou duas datas históricas: os 100 anos da FIOCRUZ e a 100ª Reunião Ordinária do Conselho Na- cional de Saúde. Houve homenagens dos dois lados. O CNS ressaltou a importância da Fundação para a erradicação de doen- ças como a Varíola e a Malária e a melhor qualidade de vida dos brasileiros. A FIOCRUZ reconheceu no Conselho, arti- culador da valorização do controle social em saúde no país, um importante parceiro no movimento sanitarista. (Pág. 3)

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Jornal do Conselho Nacional de SaúdeIMPRESSO

agosto/setembro2000 - ano 3 - número 09conselho.saude.gov.br

controle socialcontrole socialPaís discute o futuro do SUS

Aprovado pacote de diretrizespara aplicação da PEC da SaúdeSolenidade no RJ junta a FIOCRUZ

e o Conselho Nacional de Saúde

Indígenas ganham proteçãocontra abusos de pesquisadores

Saiba como será a 11ª Conferência

De Norte a Sul, o país se prepara pa-ra a 11ª Conferência Nacional de Saú-de. De acordo com um levantamento doCNS, pelo menos 17 Estados já reali-zaram ou marcaram datas para suas con-ferências regionais. Nos próximos me-ses, já estão confirmados encontros des-te tipo no Ceará, Distrito Federal, Espí-rito Santo, Goiás, Mato Grosso, MinasGerais, Pernambuco, Rio Grande doNorte, Rio Grande do Sul e Sergipe. OCONASEMS - que no mês de agostorealizou seu Congresso Nacional - fezum levantamento e calcula que mais dametade do total de 5.507 municípios bra-sileiros também já fizeram suas confe-rências para discutir as propostas de di-retrizes para melhorar o atendimento doSistema Único de Saúde. Somente esteano,cerca de 2.500 municípios - de to-dos os portes - promoveram seus encon-tros. Durante o encontro de secretáriosmunicipais, o apoio a 11ª Conferênciafez parte do documento síntese chama-do de Carta de Salvador. (Págs. 9 e 10)

A convocação da 11ª Conferência, assimcomo a definição da Comissão Organizadorado encontro, já saíram no Diário Oficial daUnião. Desde agosto, o quartel general dostrabalhos fica num prédio sedido pelo Mi-nistério da Saúde, em Brasília. Nesta ediçãode o Controle Social confira como ficaram

os critérios para escolha dos delegados, osdesdobramentos previstos para a mesacentral e a forma como os debates devemser conduzidos. Tudo valorizando o tema“Efetivando o SUS: Acesso, Qualidadee Humanização na Atenção à Saúde comControle Social”. (Págs. 6 a 10)

O CNS, várias entidades da sociedade civil e oMinistério da Saúde conseguiram fazer valer aforça da vontade popular no Congresso. A PECda Saúde foi aprovada, em segundo turno, peloSenado. O plenário do Conselho já definiu cincodiretrizes para orientar gestores na aplicaçãodos novos recursos.(Págs. 11 e 12)

A Resolução 304 - aprovada pelo CNS -garante os direitos dos povos indígenas noque se refere aos possíveis abusos cometidospor cientistas e pesquisadores. O texto,elaborado pela CONEP e ComissãoIntersetorial de Saúde Indígena, cria limitespara evitar prejuízos a esses grupos. (Pág. 4)

Em Manguinhos, no Rio de Janeiro, oCNS e a Fundação Oswaldo Cruz partici-param de uma solenidade que marcou duasdatas históricas: os 100 anos da FIOCRUZe a 100ª Reunião Ordinária do Conselho Na-cional de Saúde. Houve homenagens dosdois lados. O CNS ressaltou a importânciada Fundação para a erradicação de doen-ças como a Varíola e a Malária e a melhorqualidade de vida dos brasileiros. AFIOCRUZ reconheceu no Conselho, arti-culador da valorização do controle socialem saúde no país, um importante parceirono movimento sanitarista. (Pág. 3)

Controle Social agosto/setembro 200002

C I R C U I T O C N S

P l e n á r i o• Na 100ª reunião do CNS, realizada noRio de Janeiro, o plenário do Conselhodecidiu pedir informações às autoridadescompetentes sobre a investigação dosassassinatos dos enfermeiros econselheiros de saúde cariocas MarcosOtávio Valadão e Edna RodriguesValadão. A decisão foi tomada comoresposta ao pedido da conselheira ZeniteFreitas para que o Conselho Nacional deSaúde solicitasse pressa na apuração docaso.

• Na reunião de agosto, no Rio deJaneiro, o plenário do CNS decidiuconvocar uma reunião extraordináriapara o final daquele mês. O objetivoera discutir a aprovação da propostaorçamentária do Ministério da Saúdepara o ano de 2001. A data marcadapara o encontro foi 29 de agosto, emBrasília.

• O Plenário do Conselho Nacional deSaúde, em sua 99ª reunião , realizada emjulho de 2000, aprovou norma com basena Resolução 196/96. De acordo com a

inalizadas as atividades relacionadasaos cinco Seminários Macrorregionaispara apreciação, avaliação e críticas ao

documento “Princípios e Diretrizes para umaNorma Operacional Básica/Recursos Huma-nos/Sistema Único de Saúde”.

Foram realizados cinco Seminários porMacrorregião: em Florianópolis (SC), nos dias18 e 19 de maio; em Goiânia (GO), nos dias8 e 9 de junho: em Manaus (AM), dias 19 e20 de junho; no Rio de Janeiro (RJ), dias 17e 18 de julho; e, finalmente, encerrando essaetapa, um encontro em Fortaleza (CE), nosdias 20 e 21 de julho.

Dando continuidade ao processo, apro-vado pelo plenário do Conselho Nacional deSaúde, realizou-se em Salvador (BA) a Ofi-cina Nacional para apreciação e discussãodo consolidado das propostas apresentadasnos Seminários Macrorregionais. O encontroaconteceu nos dias 30 e 31 de agosto.

A Secretaria Executiva do Conselho Na-cional contou, permanentemente, com apoiodos Secretários Estaduais de Saúde, atravésdas disponibilidades de suas equipes de Re-cursos Humanos, Cerimonial, equipamentosaudio-visuais e de local para realização doseventos em todas as capitais.

Todos os eventos contaram com a parti-cipação de representantes das Secretariase Conselhos de Saúde, Estaduais e Munici-pais, de entidades de trabalhadores de abran-gência estadual, de municípios de gestãoplena de sistema de saúde, de universidadese escolas de saúde.

Seminários discutem NOB/RH - SUS

F

decisão dos conselheiros ficou definidoque as pesquisas em ReproduçãoHumana são aquelas que se ocupamcom o funcionamento do aparelhoreprodutor, procriação e fatores queafetam a saúde reprodutiva da pessoahumana. Nas pesquisas com intervençãoem: Reprodução Assistida;Anticoncepção; Manipulação deGametas, Pré-embriões, Embriões eFeto; e Medicina Fetal; o Comitê de Éticaem Pesquisa (CEP) deverá examinar oprotocolo, elaborar o parecerconsubstanciado e encaminhar ambos àCONEP com a documentação completa.Caberá à Comissão Nacional de Ética emPesquisa (CONEP) a aprovação finaldestes protocolos. Ficou delegada aoCEP a aprovação das pesquisasenvolvendo outras áreas de reproduçãohumana. A norma define ainda que naspesquisas em Reprodução Humanaserão considerados “sujeitos da pesquisa”todos os que forem afetados pelosprocedimentos da mesma. A Resolução,encaminhada à homologação do ministroJosé Serra, ganhou o número 303.

NOB/RH - SUS: prioridade para controle social no Brasil

A versão que deve ser apresentada aoPlenário do CNS é fruto de um processo quese iniciou com a produção coletiva do Con-selho Nacional de Saúde, através da Comis-são Intersetorial de Recursos Humanos doCNS, que ainda será colocada em discussãoentre vários especialistas. Essas contribui-ções poderão ser incorporadas ao documen-to básico. Ao documento poderão somar-seainda contribuições dos diversos segmentosda sociedade organizada, como forma de re-conhecimento e fortalecimento do SistemaÚnico de Saúde (SUS).

Arquivo C

NS

EXPEDIENTE

O Jornal Controle Social é umapublicação bimestral do Conselho

Nacional de Saúde

Presidente do ConselhoNacional de Saúde

Ministro de Estado daSaúde José Serra

Conselho Editorial

Representantes dos UsuáriosMário SchefferCarlos Martins

Representante do GovernoSílvio Mendes de Oliveira Filho

Representante dosPrestadores de Serviços

Olympio Távora Corrêa

Representante dosProfissonais de Saúde

Temístocles Marcelos Neto

Assessoria deComunicação Social

Fernando CartaxoPaulo Henrique de Souza

Jornalista ResponsávelPaulo Henrique de Souza - RP: 734/04/72/GO

RevisãoBenedita Mendes

Editoração e Projeto GráficoFernanda M. Junqueira Ottoni

Wagner UlissesARS VENTURA

Imagens & Produçõeswww.arsventura.com.br

(61) 328 6404

ImpressãoGráfica do Ministério da Saúde

Conselho Nacional de Saúde

Esplanada dos MinistériosBl. G - Anexo Ala B

1º andar - salas 128 a 147cep: 70058-900 Brasília - DF

fones:(61) 225 6672 / 226 8803

315 2150 / 315 2151fax:

(61) 315 2414 / 315 2472e-mail:

[email protected] page:

conselho.saude.gov.br

As matérias são de responsabilidadede seus autores

tiragem: 12.000 exemplares

agosto/setembro 2000 Controle Social 03

C I R C U I T O C N S

m encontro centenário. De umlado, o Conselho Nacional deSaúde, que nos dias 10 e 11

de agosto completou cem reuniõesordinárias. Do outro, a Fundação Os-waldo Cruz (Fiocruz), que neste anochega a um século ininterrupto deatividades. Este foi o contexto deuma solenidade histórica que juntou,no Rio de Janeiro, representantes deduas forças que lutam por uma me-lhor qualidade de vida para os bra-sileiros.

No fim, houve uma homenagemmútua. O CNS decidiu deslocar a ha-bitual reunião do Conselho, que sem-pre acontece em Brasília, para a se-de da Fiocruz em Manguinhos moti-vado pelo reconhecimento do papeldessa Instituição na construção dahistória da saúde pública no Brasil.O seu centenário, realizado este ano,consagra uma experiência de êxitoda política pública no setor saúde. Pa-ra os conselheiros, a tradição de fazerciência em benefício da populaçãodeixou sua marca no tempo e inspiraos ideais das novas gerações decientistas e sanitaristas.

Por sua vez, a Fiocruz acaboupor reconhecer no Conselho Nacio-nal de Saúde um parceiro importantena militância sanitária e acabou por

CNS homenageia 100 anos da FIOCRUZ

premiá-lo ao lhe dar espaço relevan-te dentro do seu calendário de festi-vidades.

No auditório, em Manguinhos, aconselheira Maria Leda Dantas – re-presentante dos aposentados noCNS - traduziu o sentimento do Con-selho pelos 100 anos da Fiocruz. Nu-ma fala emocionada, destacou a re-levância dos “homens e mulheresque fizeram e fazem a ciência dasaúde, dedicando o seu tempo e sua

criatividade a descobrir a cura dadoença e o alivio da dor”. Ela aindarevelou de forma poética as seme-lhanças da filosofia da ciência e davida, encaradas como buscas inces-santes pela verdade e felicidade. “Ocaminho da descoberta da ciência écomo o caminho da vida, cheio deprovas e incertezas, que acabam porrevelar verdades” refletiu.

“Salvar vidas com a produção doconhecimento não é só uma ato ge-

neroso, mas um ato civilizador. Fazerda política um ato ético, não é só umaação racional, mas um ato humani-zador.” A conselheira concluiu dizen-do que o momento exige a união dasforças do CNS com as da Fiocruz.“O Brasil precisa assegurar de formaintegral o direito à saúde para todos.Somente com a sinergia da ação civi-lizadora da ciência e a ação humani-zadora da ética na política serápossível fazer um país saudável edemocrático”, finalizou.

Durante a reunião do ConselhoNacional de Saúde, ainda foi lança-do um cartão postal e um selo come-morativo pelos 100 anos da Fiocruz.Na solenidade participaram os diri-gentes da Fiocruz e representantesda ECT, a Empresa de Correios eTelégrafos. O coordenador-Geral doCNS, Nelson Rodrigues dos Santos,foi agraciado pela Fiocruz como per-sonalidade de destaque na constru-ção do SUS. A Fiocruz reconheceua sua contribuição para o fortaleci-mento do movimento sanitário econsolidação do controle social noBrasil. Na ocasião, recebeu dasmãos do diretor do Instituto OswaldoCruz, José Rodrigues Coura, umamedalha cunhada pela Casa da Mo-eda do Brasil.

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Fiocruz é o retrato do pró-prio desenvolvimento da ci-ência e da saúde pública no

Brasil. Em um século de existência,enfrentou os principais desafios desaúde pública como os surtos e epi-demias de Febre Amarela, Varíola,Peste Bubônica, Gripe Espanhola eMalária.

No início, a República ainda davaseus primeiros passos. A vida urba-na emergia e os problemas de saúdepública afligiam os habitantes do Riode Janeiro, então capital federal. Es-

Fundação faz parte da história do sanitarismo

ses ingredientes propiciaram o em-preendimento de fincar um institutopara sanear e higienizar a cidade. Odesafio foi entregue ao jovem médi-co Oswaldo Cruz, primeiro brasileiroa estudar no Instituto Pasteur de Paris.

A epopéia da Fiocruz iniciava-se.O primeiro embate foi o controle daPeste Bubônica, com uma ação deextermínio dos ratos. O episódio mar-cante desse período foi a chamada“Revolta da Vacina”, reação popularcontra a vacinação em massa paracontrole da Varíola. A população ma-

nifestava sua insatisfação com ogoverno. A idéia do jovem sanitaristade vacinar toda a população, em pou-cos anos, foi aceita pela populaçãocomo medida eficaz de prevenção econtrole das epidemias.

Outro sanitarista que marcou ahistória da Fiocruz foi o médico Car-los Chagas. Esse sanitarista foi res-ponsável pela primeira campanhabem sucedida contra à Malária. Oseu feito maior foi a descoberta deuma nova enfermidade, conhecidapor Doença de Chagas. Entre as ini-ciativas importantes destacam-se acriação do novo código de saúde pú-blica e a organização de serviços es-pecializados de higiene infantil e decombate às endemias rurais,Tuber-culose, Hanseníase e doenças ve-néreas.

Esses magos do sanitarismo bra-sileiro, imprimiram uma tradição quedeterminou os avanços das ativida-des da Fiocruz. Ela abrange todo opaís e é uma instituição com reco-nhecimento internacional. Hoje, de-senvolve ações diversificadas naárea de ciência e tecnologia em saú-de, com ações de pesquisa básicae aplicada, ensino, assistência hos-pitalar e ambulatorial, formulação deestratégias de saúde pública, infor-

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mação e difusão, formação de recur-sos humanos, capacitação de ges-tores públicos de saúde, produçãode vacinas e medicamentos.

A Fiocruz exerceu relevante papelna construção do novo modelo mé-dico-sanitário brasileiro, que se con-substanciou no Sistema Único deSaúde, referendado na Constituiçãode 1988, que estabelece a saúde co-mo direito de todos e prevê a parti-cipação da sociedade civil nos con-selhos deliberativos de saúde.

Maior produtor deimunobiológicos do país, comcapacidade de produção anual de200 milhões de doses de vacinas Fabrica anualmente 300 milhõesde unidades farmacêuticas Mantém 1.200 projetos dePesquisa e DesenvolvimentoTecnológico Já formou 15 mil profissionaisvoltados para o aperfeiçoamentodo sistema de serviços de saúde dopaís Produz 2 milhões de reativosusados em diagnóstico de doenças Possui 61 laboratórios e suprecerca de 50% da produção nacionalde vacinas

CNS ganhou espaço importante na comemoração do centenário da Fundação Oswaldo Cruz

Os técnicos da Fiocruz ajudam no combate a inúmeras doenças que afetam os brasileiros

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Controle Social agosto/setembro 200004

C I R C U I T O C N S

s pesquisas envolvendo po-vos indígenas também terãoque se adequar aos critérios

definidos pela Comissão Nacional deÉtica em Pesquisa (CONEP), umdos instrumentos que garantem oexercício da ética no meio acadêmi-co, científico e tecnológico no Brasil.A decisão é conseqüência da apro-vação pelo plenário do Conselho Na-cional de Saúde (CNS), a quem aCONEP está subordinada, na suareunião ordinária de agosto, da Re-solução 304. O texto – desenvolvidopela CONEP e a Comissão Interse-torial de Saúde Indígena – já foiencaminhado ao ministro da Saúde,José Serra, para homologação e pos-terior publicação.

Na argumentação encaminhadaao CNS, os técnicos e integrantesdo grupo que preparou a resoluçãoafirmam que “os benefícios e vanta-gens resultantes do desenvolvimen-to de pesquisas, devem atender àsnecessidades de indívidos ou gru-pos alvos do estudo. Isso levandoem consideração a promoção e amanutenção do bem-estar, a con-servação e proteção da diversidadebiológica, cultural, individual e cole-tiva. Além disso deve ser garantidaa contribuição ao desenvolvimentoe tecnologia próprias.”

Pelo que ficou acertado, qualquerpesquisa envolvendo a pessoa deíndios ou suas comunidades devem

respeitar costumes, atitudes estéti-cas, crenças religiosas e organiza-ção social dos grupos ou indíviduosque sejam alvo de estudos. A reso-lução proíbe a exploração física,mental, intelectual e social dos po-vos indígenas, bem como não admi-te situações que coloquem em riscoa integridade e o bem-estar deles.

Um aspecto que também deveráser levado em conta pelos pesqui-sadores é o fato de que a partir davigência da Resolução 304 as co-munidades alvo devem concordarformalmente com a realização dotrabalho. Todas as pesquisas na áreada saúde terão de ser informadasaos conselhos de saúde, ligados aosDistritos Sanitários Especiais Indí-genas.

A Resolução ainda recomendaque, de modo preferencial, não se-jam realizadas pesquisas com índiosisolados. Em casos especiais, essasiniciativas devem apresentar justifi-cativas detalhadas. Pagamentos,trocas ou quaisquer outras formasde transação também foram objetoda norma. Eles ficam proibidos paraestimular ou facilitar a realização depesquisas nas comunidades.

Ainda ficou claro no texto, apro-vado pelo CNS, outro ponto que re-força o papel da CONEP e dos Co-mitês de Ética em Pesquiisa(CEPs), como braços do controlesocial no campo da ciência. Qual-

Resolução do CNS protege indígenas

Comitês de Ética participam deencontro nacional em Brasília

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quer trabalho científico envolvendoindivíduos ou povos indígenas deveser submetido a avaliação destesnúcleos antes de ser iniciado. Deacordo com a Resolução, o desres-

peito a qualquer dos pontos previs-tos na nova resolução deverá serimediatamente comunicado a estasinstâncias para que sejam tomadasas providências cabíveis.

A resolução 304 ajuda a garantir os direitos dos índios no campo da pesquisa científica

O exercício da ética nas pesquisas foi um dos temas do encontro de representantes dos CEPs

Arquivo C

NS

ela primeira vez, desde que fo-ram criados através da Resolu-ção 196/96, os Comitês de Ética

em Pesquisa reuniram-se para discutirpontos relativos ao trabalho que desen-volvem no Brasil. O I Encontro Nacionalde CEPs aconteceu em Brasília, em 18e 19 de agosto. Organizada pela Co-missão Nacional de Ética em Pesquisa(CONEP), com o apoio do ConselhoNacional de Saúde (CNS) e do Depar-tamento de Ciência e Tecnologia do Mi-nistério da Saúde (DECIT/MS), a reu-nião juntou representantes dos mais de300 Comitês hoje em funcionamento.

A presidência do encontro coube aoprofessor William Saad Hosne, conse-lheiro do CNS e coordenador da CONEP.Durante os dois dias de debates, os par-ticipantes acompanharam a apresenta-ção de vários painéis abordando temáti-cas relacionadas à defesa da ética empesquisa. Um deles levantou a discus-são sobre o desempenho do sistemaCEP/CONEP no acompanhamento daspesquisas científicas envolvendo sereshumanos.

No balanço das atividades dosCEPs que foi realizado chegou-se a

conclusões que indicam o que ainda énecessário fazer para aperfeiçoar estemodelo de acompanhamento de pes-quisas. Entre os pontos positivos enu-merados pelos participantes aparecemo envolvimento institucional na ques-tão, a presença dos usuários nos Co-mitês, o rigor na emissão dos parecerese a independência dos CEPs na con-dução dos trabalhos. O relacionamentodos CEPs com os conselhos munici-

pais e nacional de saúde também foielogiado.

Os aspectos negativos, entre outros,incluem a falta de política de saúde quecontemple as questões de ética, a faltade financiamento para os Comitês, asobrecarga de trabalho e o excesso deburocracia nos procedimentos. A faltade treinamento, a não liberação demembros para reuniões e as resistên-cias ao disposto pela Resolução 196/

96 completam a lista. A avaliação dosparticipantes ajudou a traçar o primeiroperfil das atividades realizadas até omomento, apontando os rumos paranovas iniciativas neste campo.

A análise não deixa dúvidas queficou claro para os cientistas e pesqui-sadores, reunidos no Encontro de Bra-sília, que o grande desafio dos CEPs éfazer com que todos os projetos de pes-quisa, envolvendo seres humanos, se-jam previamente analisados, abrindoo espaço necessário para que os Co-mitês e a CONEP cumpram sua missão:conduzir a reflexão sobre os direitos dossujeitos da pesquisa como forma de as-segurar a proteção deles, diante daspressões de grupos, entidades ou cor-porações.

Mais um passo foi dado nesta dire-ção. Uma jornada importante que secredencia ainda mais com o alto níveldos que acompanharam as mesasredondas, dentre eles profissionais dasmais variadas áreas do conhecimento.Desde médicos e biológos até juristase matemáticos. A grande maioria dosparticipantes era de coordenadores deCEPs. 32 pessoas que ainda não inte-gram um Comitê também acompanha-ram as discussões. Apenas cinco Esta-dos (Acre, Ceará, Maranhão, Santa Ca-tarina, Rondônia, Roraima e Tocantins)não se fizeram representar, o que indi-cou um alto nível de participação emnível nacional.

agosto/setembro 2000 Controle Social 05

C I R C U I T O C N S

resolução 302 do ConselhoNacional de Saúde, que re-quer a liberação dos recur-

sos do FGTS para investimentosnos serviços públicos de saneamen-to básico, foi apoiada pelos partici-pantes do I Seminário Nacional deSaúde e Ambiente no Processo deDesenvolvimento. O encontro reali-zou-se no período de11 a 14 de julho,no Rio de Janeiro e reuniu cientistase estudiosos dos setores saúde emeio ambiente, representantes deentidades governamentais e acadê-micas e das organizações não go-vernamentais.

Na abertura, a vice-presidente deAmbiente, Comunicação e Informa-ção da Fiocruz, Maria Cecília Minayo,enfatizou a dimensão política dopapel do cientista, por “anunciar osdissensos na busca dos consensosnecessários para o desenvolvimento,dentro de um marco positivo de sus-tentabilidade ecológica, social eeconômica”. Maria Cecília apontoucomo desafio superar o atual modelode globalização econômica que, navisão dela, acentua a exclusão so-cial, agrava a degradação ambientale a qualidade de vida nos países emdesenvolvimento.

O representante do Conselho Na-cional de Saúde, Ruy Nedel, salien-

Ambientalistas apóiam decisão do Conselhotou que hoje se vive o clima de pre-paração da 11ª Conferência Nacionalde Saúde, fundamental para tratar “osmecanismos de controle social comoo centro do debate para alavancar astemáticas intersetoriais da saúde nocampo do meio ambiente e do sa-neamento”. Segundo ele, este traba-lho pode levar a um novo desenhodas diretrizes nacionais da políticapara o setor em um novo modelo deatenção à saúde.

A Comissão Intersetorial de Sa-neamento e Meio Ambiente do CNSparticipou da mesa redonda: “A inte-ração de ações entre os setores saú-de e ambiente”. Na oportunidade, fo-ram apresentadas as propostas polí-ticas e institucionais do grupo. Pro-curou-se ressaltar o papel da Comis-são, como subsidiária do CNS naelaboração de diretrizes para uma po-lítica de saúde que conceba as a-ções de saneamento e meio ambien-te como fatores determinantes e con-dicionantes dos níveis de saúde dapopulação.

Durante o seminário foram cons-truídas propostas para a inserçãode temas intersetoriais de sanea-mento e meio ambiente na 11ª Con-ferência Nacional de Saúde. O gru-po de trabalho considerou “a faltade água e de encaminhamento dos

dejetos e resíduos da atividade hu-mana, em cada casa, “uma práticaindigna, uma iniquidade, provinda deum tratamento das pessoas deforma desigual, onde elas são todasiguais, com funções corporais idên-ticas.” As sugestões de inserir nasmesas de debates da 11ª Confe-rência Nacional de Saúde os temas

A

de Saneamento e Meio Ambienteforam encaminhadas à consideraçãoda Assessoria de Programação daConferência, assim como a suges-tão de elaboração de uma “Tese-Guia”, que balizaria as discussões(leia mais sobre a 11ª ConferênciaNacional de Saúde nas páginas 6a 10).

A garantia de mais recursos para o saneamento, defendida pelo CNS, ganhou apoio no RJ

Arquivo C

NS

Instituto Pasteur promoveuem São Paulo, nos dias 22,

23 e 24 de agosto, SeminárioInternacional sobre Raiva. AOrganização Pan-americana deSaúde (OPAS) e o Ministério daSaúde apoiaram o encontrovoltado para profissionais dasaúde e para aqueles que lidamcom animais.O seminário relatou os avanços nocontrole da raiva nos países daAmérica Latina, procurando alertare orientar sobre a necessidade dese evitar a doença em sereshumanos. Apesar da redução doscasos, a hidrofobia, como tambémé conhecida, ainda não estácontrolada no país, mesmo entreos animais de estimação. Emalguns estados do Nordeste, aocorrência de óbitos humanosainda preocupa.Além dos seres humanos, a raivaocorre em cães, gatos, bois,cavalos e morcegos. Os cães sãoos principais transmissores dovírus, embora esteja crescendo opercentual de casos transmitidospor morcegos.O Seminário Internacional sobreRaiva contou com participantes doCanadá, Estados Unidos, França,Argentina e Venezuela, entreoutros países.

AgendaAgenda

Núcleo de Estudos de Polí-ticas Públicas (NEPP), cen-tro de pesquisas sociais da

Universidade Estadual de Campinas(UNICAMP), através de um convê-nio com o Ministério da Saúde e como apoio do CONASEMS e dosCOSEMS, está desenvolvendo umestudo nacional sobre o Piso de A-tenção Básica (PAB).

O objetivo deste estudo é acom-panhar e avaliar o processo de im-

Piso da Atenção Básica vaiser avaliado pela UNICAMP

plementação e os resultados do Pisode Atenção Básica (PAB), bem comodos cinco programas a ele associa-dos: o Programa de Saúde da Famí-lia, o Programa de Agentes Comuni-tários de Saúde, o Incentivo ao Com-bate às Carências Nutricionais, a As-sistência Farmacêutica Básica e asAções Básicas de Vigilância Sa-nitária.

Avaliações independentes, reali-zadas com todo o rigor da pesquisa

científica, constituem um instrumen-to essencial para que programas e po-líticas públicas sejam conhecidos,corrigidos, aperfeiçoados, enfim, pa-ra que dêem certo. E, para isso, éfundamental compreender como osprogramas são vividos e assimiladospelos responsáveis, pelos agentesque os implementam e pelos gruposda população que dele se beneficiam.

Nos próximos dias, todos os mu-nicípios brasileiros estarão receben-do questionários referentes ao PABe a cada um de seus programas. OSecretário de Políticas de Saúde doMS, Claúdio Duarte, que é um dosmembros do CNS, solicita a cola-boração de todos os secretários mu-nicipais de saúde, para que respon-dam os questionários o mais rápidopossível, devolvendo-os através doenvelope selado que os acompanha.Segundo, ele a participação dos se-cretários municipais é muito impor-tante, pois, só assim, poderemos co-nhecer de modo sistemático as ca-racterísticas dos programas e as opi-niões e avaliações dos principais a-tores envolvidos.

O estudo da UNICAMP vai ajudar a medir a eficácia de programas como o Saúde da Família

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11ª vai discutir futuro do SUSC O N F E R Ê N C I A

ezembro será um mês impor-tante para a população bra-sileira. Em Brasília, durante os

dias 16 e 19 de dezembro, cerca detrês mil pessoas – entre especialis-tas, estudiosos, usuários, trabalha-dores e gestores da área - devem par-ticipar da 11ª Conferência Nacionalde Saúde. Este tipo de encontroacontece a cada quatro anos e temcomo meta principal levar à reflexãosobre o modelo de atendimento em

11ª vai discutir futuro do SUS

vigor e propor diretrizes que levemao aperfeiçoamento do SistemaÚnico de Saúde (SUS).

A 11ª Conferência Nacional deSaúde não deve ser a maior do gê-nero na história do movimento sani-tário nacional, mas tem tudo para fi-gurar entre as mais significativas.Depois de quase 12 anos de implan-tação no país, o SUS prepara-se pa-ra enfrentar os desafios de um novomilênio. Na sua história, traz uma

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A qualidade, o acesso e a humanização no atendimento serão discutidas, em Brasília, num esforço para melhorar a qualidade de vida do cidadão

Com a nova data, os conselhos de saúde ganham tempo para organizar suas conferências

Comissão Organizadora doencontro, juntamente com oConselho Nacional de Saú-

de, decidiu mudar a data de realiza-ção da 11ª Conferência. Um dos ob-jetivos foi propiciar aos Estados eMunicípios um prazo um pouco maiorpara a realização dos encontros decaráter regional, de onde devem sairseus delegados para o evento, emBrasília. O outro, tão relevante quanto oanterior, é permitir que esses mes-mos representantes possam parti-cipar com tranquilidade do processoeleitoral, em outubro, nos seus mu-nicípios. É que a data anterior da 11ªConferência – entre os dias 1 e 4 denovembro – ficava muito próxima darealização do segundo turno daseleições municipais, o que poderiatrazer transtornos.

O grupo encarregado de organi-zar a Conferência está confiante. As-sessorado por técnicos e por con-selheiros de saúde do país inteiro,há alguns meses já está na estrada,colhendo informações e ouvindosugestões que possam contribuirpara que o encontro de dezembroseja dos mais produtivos. A esperan-

série de êxitos e problemas sérios,que ainda exigem esforço para seremsuperados. Um deles, o do financia-mento do Sistema, em parte solu-cionado com a aprovação da Pro-posta de Emenda Constitucional quevincula recursos dos orçamentos pú-blicos aos gastos com saúde pú-blica.

Mas a dificuldade na obtenção derecursos é apenas um dos aspectosque preocupam usuários, governan-

tes, estudiosos e empresários. Aolado dele, figuram dificuldades rela-cionadas à atenção básica, que con-tribuem para que os indicadores epi-demiológicos continuem a mostraruma realidade que há muito gosta-ríamos de ver banida para semprede nosso país. Com isso doenças,muitas vezes de fácil tratamento, co-mo as verminoses, a desnutrição, atuberculose e a hanseníase aindacontinuam a figurar com destaquenos relatórios oficiais.

Uma das provas é que, apesardo esforço por parte do Ministérioda Saúde e de muitos Governos Es-taduais, os índices de mortalidadematerno-infantil ainda assustam.Sendo assim, os debates previstospara a 11ª Conferência prometemser o momento ideal para que os an-seios da população – representadapelos mais diferentes segmentos –sejam ouvidos.

“O encontro pode ser visto quasecomo uma pausa nas negociaçõestécnicas e políticas para que o cida-dão exponha sua visão sobre um se-tor do qual depende diretamente parater melhor qualidade de vida”, afirmouo presidente do Movimento Nacionalde Reintegração da Pessoa Portadorade Hanseníase (MOHRAN), ArthurCustódio de Souza, que faz parte dogrupo responsável pela organizaçãodo encontro.

ça de todos é contar com os melho-res esforços no sentido de construiruma conferência nacional que sirvaefetivamente de marco para o apri-moramento do SUS.

O trabalho deve contribuir, porexemplo, para o aperfeiçaomento deaspectos que estão entre os maisreivindicados pelos seus usuários:o acesso, a qualidade e a humani-zação do SUS. Isso, sem esquecerque para alcançar essa meta é im-prescindível que o controle social se-ja exercido de forma consciente, ma-dura e comprometida com a melho-ria das condições de vida e saúdeda nossa população. A preocupaçãocom estes itens é tamanha que elesforam diretamente beneficiados coma definição do tema central da 11ªConferência: “Efetivando o SUS:Acesso, Qualidade e Humaniza-ção na Atenção à Saúde comControle Social”.

De acordo com a presidente da As-sociação Brasileira de Saúde Coletiva(ABRASCO), Rita Barradas Barata,coordenadora Geral da ComissãoOrganizadora, a “intenção do Conse-lho Nacional de Saúde ao aprovar es-se tema foi contribuir para o avanço

do SUS priorizando o princípio orga-nizacional do controle social para aobtenção de três metas fundamen-tais, que freqüentemente têm apare-cido como demandas da populaçãode usuários do sistema: o acesso uni-versal e com eqüidade aos serviçose ações de saúde; a qualidade des-

ses serviços, ou seja, sua capacidadede responder com eficiência às ne-cessidades de saúde; e a humaniza-ção, isto é, o acolhimento e o estabe-lecimento de vínculos humanos im-prescindíveis para o sucesso da re-lação entre usuários, profissionais etrabalhadores de saúde.”

Encontros regionais ganham com nova dataA

Arquivo C

NS

agosto/setembro 2000 Controle Social 07

C O N F E R Ê N C I A

a prática, como deverão a-contecer os debates durantea 11ª Conferência Nacional

de Saúde? Essa é uma perguntaque deve estar na cabeça de todosque devem acompanhar este encon-tro, em Brasília. Infelizmente, não épossível que ele seja aberto, por issose optou pela escolha de delegados– indicados a partir de conferênciasestaduais e municipais – que serãoos porta-vozes do pensamento edos interesses de mais de 160 mi-lhões de brasileiros, sejam eles usu-ários do SUS, profissionais de saú-de, prestadores de serviço e gesto-res do Sistema Único de Saúde.

Para que o debate seja qualifica-do, dentro de um princípio de racio-nalidade, a Comissão Organizadoradefiniu que 2.500 delegados partici-pem da 11ª Conferência com direitoa voto. Eles serão distribuídos emgrupos de trabalho - cada um com35 a 40 participantes - para a dis-cussão, em maior profundidade, desubtemas derivados do tema princi-pal. Assim, para cada tema de me-sa-redonda serão estabelecidos seissubtemas e cada 10 ou 12 gruposse encarregarão da discussão de umdeles.

Ao final, o Relatório Geral seráconstituído pelos relatórios de sín-tese de cada um dos 18 sub-temastratados. O mesmo será apresenta-do e votado na plenária final. As mo-ções que forem apresentadas, como aval de 250 delegados e aprovadasna plenária final, serão também in-corporadas ao relatório. Isso tem co-mo objetivo tornar todo o processoparticipativo, democrático e transpa-rente.

Na grade de programação serãoprevistos espaços de tempo e lugarpara a realização de reuniões portemas específicos, de acordo como interesse dos delegados, desdeque previamente aceitos pela Co-missão Organizadora. Essas reu-niões paralelas não serão incorpo-

Critérios garantem qualidade no debateN radas ao relatório final para evitar a

fragmentação excessiva das propos-tas e o enfraquecimento do temacentral. Logo que possível a Comis-são Organizadora tornará disponívelaos interessados os termos de re-ferência relativos ao tema central eaos três eixos principais da progra-mação.

DelegadosPara garantir a participação de

todos os segmentos sociais que tor-nam o SUS realidade e cujo trabalhoé fundamental para a obtenção doacesso, da qualidade e da humani-zação, a Comissão Organizadoralançou-se numa verdadeira epópeiamatemática. Primeiro, dividiu os de-legados em dois grupos: 75% eleitosnas conferências estaduais e 25%indicados por entidades nacionaisrepresentativas dos seguintes seg-mentos: gestores, prestadores, tra-balhadores da saúde, formadores derecursos humanos e movimentossociais e de defesa da cidadania re-presentantes de usuários. Tal opçãodeve-se ao fato de que as entidadesnacionais não estão representadasnos conselhos estaduais e normal-mente não têm chance de seremeleitas nas conferências estaduaisde saúde.

Os 1884 delegados que serãoeleitos nas conferências estaduaisforam divididos entre os Estados daFederação e o Distrito Federal, pro-porcionalmente ao tamanho da po-pulação, preservando-se um mínimode seis delegados por Estado a fimde atender à exigência de 50% derepresentantes para o segmento dosusuários e pelo menos um delegadopara o segmento dos gestores, dosprestadores e dos trabalhadores dasaúde.

Em termos gerais, dos 1884 de-legados eleitos nas conferências es-taduais, 942 (50%) deverão ser re-presentantes de usuários, 438 (23%)de trabalhadores da saúde, 280

Distribuição dos Delegados a seremeleitos nas Coferências Municipais

Composição dos Delegados

obs: estão incluídos nos indicados os quantitativos referentes aos conselheirosnacionais e seus suplentes, nos totais dos respectivos segmentos.

(15%) de gestores municipais ou es-taduais e 224 (12%) de prestadoresde serviço em saúde. Estas propor-ções, válidas para o total, nem sem-pre se aplicam a cada Estado, dadaa grande variação dos totais de dele-gados em função do tamanho popu-lacional. Assim sendo, anexamosuma tabela com os quantitativos a-provados por Estado, distribuídos deacordo com os quatro segmentos.

Os 616 delegados indicados se-rão distribuídos entre 308 represen-tantes de entidades nacionais de u-

suários (movimentos sociais e dedefesa da cidadania); 30 represen-tantes das entidades nacionais deformadores de recursos humanos;144 representantes das entidadesnacionais de trabalhadores da saú-de; 58 representantes das entidadesnacionais de prestadores de servi-ços de saúde e 76 representantesdos gestores estaduais e federais dasaúde e outros representantes dogoverno federal relacionados às á-reas da seguridade social e direitoshumanos.

)sodageled005.2(OTNEMGES SOTIELE)%57(

SODACIDNI)%52( LATOT

SEROTSEG 082 67 653

SERODATSERP 422 85 282

EDÚASADSERODAHLABART 834 441 285

HREDSERODAMROF ... 03 03

SOIRÁUSU 249 803 0521

LATOT 4881 616 0052

FUEOÃIGER LATOT OIRÁUSU SERODAHLABARTEDÚAS

SEROTSEG SERODATSERP

ETRON 241 17 13 02 02

OR 41 7 3 2 2

CA 6 3 1 1 1

MA 03 51 7 4 4

RR 6 3 1 1 1

AP 86 43 61 9 9

PA 6 3 1 1 1

OT 21 6 2 2 2

ETSEDRON 235 662 911 08 76

AM 26 13 51 9 7

IP 23 61 6 5 5

EC 28 14 91 21 01

NR 03 51 5 5 5

BP 04 02 8 6 6

EP 68 34 02 31 01

LA 23 61 6 5 5

ES 02 01 4 3 3

AB 841 47 63 22 61

ETSEDUS 008 004 391 021 78

GM 891 99 94 03 02

SE 43 71 7 5 5

JR 851 97 73 42 81

PS 014 502 001 16 44

LUS 082 041 66 24 23

RP 801 45 72 61 11

CS 85 92 11 9 9

SR 411 75 82 71 21

ETSEO-ORTNEC 031 56 92 81 81

SM 42 21 6 3 3

TM 82 41 6 4 4

OG 65 82 21 8 8

FD 22 11 5 3 3

LATOT 4881 249 834 082 422

Controle Social agosto/setembro 200008

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fetivando o SUS: Acesso,Qualidade e Humanizaçãona Atenção à Saúde com

Controle Social. O tema central da11ª Conferência Nacional de Saúdefunciona como um grande guarda-chuva, abrigando as discussões re-lativas ao funcionamento do SistemaÚnico de Saúde nos mais variadosaspectos. Os participantes do encon-tro terão a oportunidade de analisaras questões que mais incomodam aobrasileiro que tem nos médicos, hos-pitais e laboratórios do SUS a únicamaneira de acesso ao atendimento.

Para facilitar esses debates, aComissão Organizadora resolveudesdobrar a mesa central em trêsmesas redondas para que o assunto

E Avaliação do controle social noSUS: a construção do acesso, daqualidade e da humanização na aten-ção à saúde; Financiamento e responsabilidadedas três esferas político-administra-tivas (municípios, estados e união)

• Eqüidade e o direito de cidadania,assim como as demais diretrizesconstitucionais da universalidade,integralidade, participação social edescentralização;• Afirmação dos valores da solida-

Tema será desdobrado em 3 eixos

seja explorado de uma forma maisracional. A primeira deve fazer a va-liação do controle social no SUS,buscando analisar aspectos vincu-lados à construção do acesso, daqualidade e da humanização na a-tenção à saúde; a segunda, se ateráa questões ligadas ao financiamentoe à responsabilidade das três esfe-ras político-administrativas (Municí-pios, Estados e União) na garantiado acesso, da qualidade e da huma-nização na atenção à saúde, comcontrole social; a terceira, tratará domodelo assistencial e da gestão pa-ra garantir acesso, qualidade e hu-manização na atenção à saúde,com controle social.

Desta forma, acredita-se que ca-

na garantia do acesso, da qualidadee da humanização na atenção à saú-de, com controle social; Modelo assistencial e gestão paragarantir acesso, qualidade e huma-nização na atenção à saúde, comcontrole social.

riedade social e da responsabilidadede todos nesse processo;• As estratégias de controle socialpara o alcance dos objetivos delinea-dos na proposta;• A importância estratégica dos recursos

da um desses três eixos deverá con-templar aspectos distintos. Entreeles, o que determina a eqüidade noatendimento do SUS e o direito decidadania, bem como as demais di-retrizes constitucionais da universa-lidade, integralidade, participaçãosocial e descentralização. Outro pon-to que deverá ser beneficiado com arealização das mesas é a afirmaçãodos valores da solidariedade sociale da responsabilidade de todos nesseprocesso. A formulação de estraté-gias que implementem e valorizemo controle social no país para oalcance dos objetivos delineados na

proposta e a avaliação da importân-cia estratégica dos recursos huma-nos para a saúde completam a listaprioritária de enfoques que devem seratendidos com a divisão do temacentral em três mesas. Ainda assim,a Comissão Organizadora pretendereservar alguns espaços livres naprogramação para que os delegadose observadores presentes à 11ªConferência possam promover ativi-dades que se detenham sobre as-suntos específicos, que têm interes-se social e comunitário e, acima detudo, contribuam para que o Brasiltenha um SUS melhor.

Temas das mesas redondas da 11ª

Eixos de interesse da Conferência

decreto da Presidência daRepública que convocou arealização da 11ª Conferên-

cia Nacional de Saúde foi publicadono Diário Oficial da União do dia 28de julho. No entanto, houve um errocom relação à data. No texto cons-tava como se ela fosse acontecerentre os dias 1 e 4 de novembro, pri-meiro período anunciado para a rea-lização dos debates, em Brasília. NoD.O.U do dia 10 de agosto foi publica-do outro decreto, assinado pelo pre-sidente Fernando Henrique Cardosoe pelo ministro da Saúde, José Ser-ra, com a alteração da data de reali-zação do evento, que ficou confir-mado para o período de 16 a 19 dedezembro deste ano.

No mesmo dia, portaria publica-da no mesmo Diário Oficial da União,define a estrutura e a composição daComissão Organizadora da 11ª Con-ferência Nacional de Saúde. A sani-tarista Rita Barradas Barata, presi-dente da Associação Brasileira deSaúde Coletiva (ABRASCO) e repre-sentante da Comunidade Científicano Conselho Nacional de Saúde, foiconfirmada na Coordenação Geral

Convocação já saiu no D.O.U

das atividades. A enfermeira MariaAngélica Gomes, do Ministério da Sa-úde, ficou encarregada de comandara Secretaria Geral e a professoraMaria Elizabeth Diniz Barros, da Uni-versidade de Brasília (UnB), será aRelatora Geral do encontro.

O ministro José Serra criou ain-da, através da mesma portaria, umcolegiado de coordenação e um gru-po consultivo que trabalharão emsintonia dentro da Comissão Organi-

1 – Comitê Executivo• Rita Barradas Barata(Coordenadora Geral)• Maria Angélica Gomes(Secretária Geral)• Maria Elizabeth Diniz Barros(Relatora Geral)

2 – Colegiado de Coordenação• Júlio Strubing Muller• Sílvio Mendes Filho• Carlyle Guerra de Macedo• Gilson Cantarino O’Dwyer• David Capistrano Filho• Nelson Rodrigues dos Santos

3 – Grupo Consultivo• Zilda Arns Neumann

(Coordenadora)• Maria Luiza Jaegger• Neilton Araújo de Oliveira• Maria Natividade Gomes da Silva

Teixeira Santana• Júlia Maria Santos Roland• Ana Maria Lima Barbosa• José Luiz Spigolon• Augusto Alves de Amorim• Arnaldo Agenor Bertone• Carlos Martins

zadora da 11ª Conferência. Destesdois grupos, fazem parte represen-tantes de entidades de usuários,profissionais da saúde, prestadoresde serviço e gestores. A divisão foifeita obedecendo o princípio da pari-dade, defendido e aplicado pelosconselhos de saúde em seus ple-nários. Essa mesma regra deve sera base para a definição dos delega-dos dos Estados que comparecerãoao encontro de dezembro.

OComissão organizadorada 11ª Conferência

As discussões da 11ª devem contribuir para melhorar a qualidade dos serviços da rede pública

Portaria assinada pelo ministro José Serra define Comissão Organizadora da Conferência

agosto/setembro 2000 Controle Social 09

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Organização do encontro tem sede no DFodos os esforços estão sendofeitos para que a 11ª ConferênciaNacional de Saúde tenha êxito.

Desde o mês de julho, integrantes daComissão Organizadora do encontroestão trabalhando na tentativa de en-caminhar os preparativos. Três gruposauxiliares foram criados para dar su-porte nas áreas de programação, mo-bilização e comunicação. Pouco depoisdo decreto convocando a Conferênciasair no Diário Oficial da União, foi mon-tado um pequeno quartel general dasatividades num prédio da Asa Norte,em Brasília.

No espaço – cedido pelo Ministérioda Saúde – ficam a Secretaria Execu-tiva da Comissão Organizadora, comseis funcionários que se revezam noatendimento dos milhares de conse-lhos de saúde e militantes da área quebuscam informações sobre a 11ª Con-ferência. No local, já existem telefonese aparelhos de fax para facilitar as ati-vidades (veja quadro ao lado). Mensa-gens por e-mail e fax foram remetidaspara todos os Estados avisando sobrea realização do evento e dando deta-

lhes sobre questões como a composi-ção das delegações e os desdobramen-tos do tema central Efetivando o SUS:Acesso, Humanização e Qualidadena Atenção à Saúde com ControleSocial.

Visitas a Estados e Municípios estãoprevistas. O objetivo é esclarecer sobrea importância da realização da 11ª Con-ferência para o país. De acordo com oconselheiro Artur Custódio de Souza,presidente do Movimento pela Reinte-gração da Pessoa Portadora de Han-seníase (MORHAN) e representantedos usuários no CNS, quando em con-tato com os conselheiros estaduais emunicipais a idéia é estimular os deba-tes com a meta de enriquecer a reuniãode dezembro.

O presidente do MORHAN, respon-sável pela Comissão de Mobilização da11ª Conferência, acredita na importân-cia de ter todos os segmentos represen-tados no debate de Brasília. “No entan-to, mais que um número grande de de-legados, esperamos ter um debate qua-lificado. Uma discussão capaz de levarà definição de diretrizes que contribuam

para uma melhora efetiva do sistemade atendimento adotado pelo SUS noBrasil”, arrematou ele.

Outra Comissão que já está traba-lhando é a de Comunicação. Coordena-da pelo conselheiro Mário Scheffer, tam-bém representante dos usuários noCNS, a equipe passa a atuar com aten-ção redobrada a partir de agora. Umplano de trabalho - entregue à coorde-nadora Geral do evento, Rita Barradas– prevê a elaboração de informativos,criação de uma página na Internet e adivulgação do encontro nos grandesveículos (rádio, TV e impressos).

“Nossa meta é auxiliar para que a11ª Conferência dê os resultados que

a população espera. Com o apoio daComunicação, nesta etapa que antece-de o encontro, podemos ser peça fun-damental para explicar aos cidadãos so-bre o papel do encontro na defesa poruma melhor qualidade de vida, bem co-mo tirar as principais dúvidas dos con-selhos de saúde”, disse Scheffer. Se-gundo ele, muito do que já foi feito po-derá logo ser visto nas ruas com o enviode cartazes, folders e do regimento da11ª Conferência a todos os municípios.Com isso, apostam Scheffer e Custódio,será possível “afinar” o discurso dos par-ticipantes do encontro em torno das pro-postas que sejam importantes para osbrasileiros.

Visitar o site do Conselho Nacional de Saúde (conselho.saude.gov.br) Ligar para 61-349-8384, 61-349-9007 ou 0800-61-1997 Passar um fax para 61-340-0812 ou 61-349-8232 Escrever para COORDENAÇÃO DA 11ª CONFERÊNCIA NACIONAL DESAÚDE - SEPN 510 (prédio do Ministério da Saúde) Bloco A – 4o andar –sala 415 - Brasília – DF

omo um dos promotores da 11ªConferência Nacional de Saúde,o CONASEMS vem se preparan-

do para participar do evento há algumtempo. “Estamos mobilizados e orien-tando os secretários municipais de saú-de sobre as novas diretrizes do SUS.Para nós é importante valorizar o papeldo controle social e a ampliação da redede atendimentos, com base nos princí-pios da universalidade, eqüidade e hu-manização”, afirma o presidente em e-xercício da entidade, Neilton Araújo.

A orientação do CONASEMS aosmunicípios contempla o tema central da11ª Conferência. Segundo Neilton Araú-jo, aproximadamente 50% dos 5.507municípios brasileiros – isto é, cerca de2.500 - já realizaram suas conferênciaseste ano. Outra fatia – em torno de 15%,ou seja, 550 municípios - já as realiza-ram em 99, por isso teriam optado pelarealização de plenárias preparatóriaspara o encontro previsto para dezembropróximo, em Brasília, de acordo com opresidente. “Os demais municípios, que

2500 municípios já realizaram conferênciascorrespondem a algo em torno de 35%do total, estão sendo orientados por nóspara agilizar as reuniões até o final doano”, acrescentou ele.

O secretário Municipal de Saúde deGoiânia (GO), Elias Rasi, lembra que asconferências que estão acontecendopor todo o país são um importante fórumde discussão sobre os rumos do SUS.Para ele, o alto nível de participação dossegmentos que compõem os conselhos- usuários, profissionais de saúde, pres-tadores de serviço e gestores – acabaajudando no fortalecimento do controlesocial, com a valorização do trabalhorealizado pelos conselhos de saúde.

Sobre as discussões que devem a-contecer no fim ano, durante a 11ª Con-ferencia, Rasi alerta para a necessidadede manutenção do atual modelo de a-tendimento. No entanto, ele acredita serimportante focar os esforços de todosos interessados na melhoria do atendi-mento sanitário no Brasil nas ações quevisam a prevenção de doenças. “As con-ferências municipais, tal como a nacio-

CONASEMS faz congresso na Bahia

Nos Estados, os preparativos para a 11ª ganham fôlego

T

Para saber mais sobre a 11ª Conferência Nacionalde Saúde você pode :

Cais de 1 500 pessoas, represen-tando secretarias municipais e

demais instituições do setor saúde,participaram nos dias 24, 25 e 26 deagosto, do XVI Congresso Nacionalde Secretários Municipais de Saúdepromovido pelo CONASEMS. “Foi umcongresso vitorioso, pela quantidadede participantes e pelo nível dos de-bates”, afirmou o presidente doCONASEMS, Gilberto Natalini.

Entre as principais resoluções doCongresso, contidas na Carta de Sal-vador, está o apoio dos secretários àrealização da 11ª Conferência Nacio-nal de Saúde. Também se deu desta-que ao estabelecimento de um proces-so de transição para os Novos Gesto-

res Municipais de Saúde, valorizandoo papel do CONASEMS na construçãodo Sistema Único de Saúde (SUS) eo reconhecimento da importância dosRecursos Humanos neste processo.

O Congresso de 2001 doCONASEMS já tem local definido:será em Vitória (ES). A data ainda nãofoi acertada. “Vamos discutir desdejá a concepção dos debates, basea-dos na agenda política doCONASEMS e do SUS”, afirmou o se-cretário Municipal de Saúde deVitória, Anselmo Tosi. “Queremos le-var os principais atores e parceirosenvolvidos com a reforma sanitáriabrasileira, a fazer um grande evento,semelhante a esse de Salvador”.

os 27 Estados brasileiros, 17 járealizaram ou já marcaram asdatas para realização das Con-

ferências Estaduais de Saúde. Dentreos nove que ainda não sabem quandoesses encontros irão acontecer, pelomenos um - São Paulo - optou pela rea-lização de plenária ainda este ano comoforma de definir delegados para a 11ª

nal, devem ter um caráter educativo, de-batendo temas como capacitação deRecursos Humanos e a microregiona-

lização do SUS”, diz o secretário queaposta na qualidade dos debates, emBrasília, no mês de dezembro.

M

Conferência Nacional de Saúde. Os da-dos são do CNS, que entrou em contatocom as secretárias executivas dos con-selhos, em agosto.

Até o início do mês de setembro jáhaviam realizado suas conferênciasAcre, Amapá, Mato Grosso do Sul, Pa-raíba, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Ca-tarina e Tocantins. As datas para reali-

D zação dos encontros, onde devem serdiscutidas propostas a ser encaminha-das e discutidas no encontro de dezem-bro, na capital do país, já haviam sidodefinidas no Ceará, Distrito Federal, Es-pírito Santo, Goiás, Mato Grosso, MinasGerais, Pernambuco, Rio Grande doNorte, Rio Grande do Sul e Sergipe.

Em setembro, as discussões acon-

tecem no Distrito Federal e em dois Es-tados importantes: Pernambuco e RioGrande do Norte. Em outubro, será avez de Mato Grosso, Rio Grande do Sule Sergipe. Em novembro, serão reali-zados encontros estaduais no Ceará,Espírito Santo e Minas Gerais

(veja quadro abaixo).

Calendário das conferências estaduais de Saúde (informações fornecidas pelos conselhos de saúde ao CNS)

SODATSE CA LA PA MA AB EC FD SE OG AM TM SM GM AP BP RP EP IP JR NR SR OR RR CS PS ES OT

AICNÊREFNOCADACRAM

áJadazilaer

-áJ

adazilaer- -

a2200/11/42

a8200/90/03

a3200/11/52

a3200/80/52

-a71

00/01/02áJ

adazilaerA20

00/11/50-

áJadazilaer

áJadazilaer

A4200/90/72

-áJ

adazilaera31

00/90/51a50

00/01/80- -

áJadazilaer

-e90

00/11/01áJ

adazilaer09 a

11/11/00

Controle Social agosto/setembro 200010

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fetivando o SUS: Acesso,Qualidade e Humanizaçãoda Atenção à Saúde com

Controle Social, é o tema centralda 4ª Conferência Estadual de Sa-úde, que se realizou em Natal (RN)entre os dias 13 a 15 de setembro,no Centro de Convenções. Cerca de1.100 participantes de todo o RioGrande do Norte compareceram. Ospotiguares estavam entusiasmadoscom possibilidade de discutir as

Mais de 1.000 discutem SUS no RN

mesmas questões que serãotratadas na 11ª Conferência Nacio-nal de Saúde, programada paraacontecer no fim do ano, em Brasília.Para garantir uma participação efe-tiva da maioria dos presentes, a Co-missão Organizadora do encontroprivilegiou estratégias interativas,visando recolher e considerar o má-ximo de opiniões e questionamentosdurante o evento.

Confirmaram na 4ª Conferência Es-

tadual de Saúde a participação dos 820delegados eleitos durante as conferên-cias municipais ou regionais de saúdede todo, coordenadas pelos EscritóriosTécnicos de Apoio aos Municípios daSecretaria Estadual de Saúde, comofoi o caso da Conferência Municipalde Natal, a capital do Estado, a maiorde todas. Cerca de 90% dos municí-pios do Rio Grande do Norte realizaramas conferências de nível local. Dos par-ticipantes no encontro estadual, 50%eram representantes de usuários dosistema. A outra metade se dividiu en-tre profissionais de saúde, prestadorese gestores.

Sete grupos de trabalho discuti-ram os temas pertinentes à pautaprincipal do evento. Após a palestrade abertura sobre o tema principaldo encontro, houve duas mesas-re-dondas, tratando, respectivamente,da reorganização do modelo assis-tencial do SUS, com ênfase na qua-lidade e humanização da atenção àsaúde - coordenada pelo assessortécnico da Secretaria Municipal deSaúde de Sobral (CE), Alcides Silvade Miranda; e da efetivação docontrole social no Sistema Único deSaúde a partir de seus avanços eretrocessos – sob a responsabilidade

do representante da Fiocruz, AntônioIvo de Carvalho. Recursos humanose financiamento do SUS foram doispainéis que fecharam os trabalhos doprimeiro dia do encontro. O primeirodeles esteve a cargo da presidenteda Comissão Intersetorial de Recur-sos Humanos para o SUS, Concei-ção Resende.

A Responsabilidade Sanitária dasGestões do SUS no Contexto daReforma do Estado foi a mesa-redonda que abriu os trabalhos dosegundo dia da Conferência. Os de-bates foram dirigidos pela coorde-nadora Geral de Acompanhamento eApoio Técnico à Gestão Municipal doMinistério da Saúde, Cristiane VieiraMachado. O painel Sistemas de Infor-mações de Base Local concluiu ostrabalhos do segundo dia. No últimodia da Conferência, 15 de setembro,houve a aprovação do Relatório Fi-nal e Moções.

Uma inovação implantada pelaComissão Organizadora, com vistasa uma melhor participação, foi a pro-gramação cultural intercalada, co-mandada por uma arte-educadora daEscola de Saúde Pública do Estadodo Paraná, a fim de neutralizar oaspecto formal do encontro.

MS escolhe delegadosConferência Estadual de Saúdedo Mato Grosso do Sul, a quartadeste tipo no Estado, definiu a

participação de 23 delegados sulmato-grossenses na 11ª Conferência Nacio-nal de Saúde. Deste total, 12 serão re-presentantes dos usuários, cinco dosprofissionais da saúde, três de gestorese três de prestadores de serviço. Ao gru-po caberá a responsabilidade de levarao debate programado entre os dias16 e 19 de dezembro, em Brasília, osanseios da população que os indicou,istoé, um sistema de saúde públicomais justo e eficiente.

Do encontro, que aconteceu emCampo Grande, participaram 439 pes-soas. 283 delas eram delegados dosmunicípios dos Estados que realizaramnos meses anteriores suas própriasconferências de saúde. Também acom-panharam a reunião 156 observadores(representantes de instituições de en-sino, de entidades da sociedadesorganizada, ONGs, entre outros). O frutodas discussões foi consolidado numrelatório que deverá ser distribuído embreve.

No Mato Grosso do Sul, 59 municí-pios realizaram suas conferências. Istocorresponde a 77% dos municípios queexistem no Estado, um percentual con-siderado elevado para os participantesdo encontro estadual, mas que deveser superado nos próximos anos. Omais importante é que a população que

mora nestas cidades que encamparama idéia de discutir o futuro do SUS chegaa mais de 1.865.478 pessoas, ou seja91,6% da população do Estado.

A força do controle social no MatoGrosso do Sul tem aumentado a cadaano. Nesta Conferência Estadual se co-memorou por exemplo o fato de oitomunicípios (Água Clara, Bataguassú,Coronel Sapucaia, Naviraí, Paranhos,Pedro Gomes, Sete Quedas e Sonora)realizarem em 2000, pela primeira vezem suas histórias, encontros de âmbitolocal onde usuários, profissionais desaúde, prestadores de serviço e gesto-res avaliaram as condições de acesso,qualidade e humanização no atendi-mento do SUS.

No entanto, se por um lado se cons-tatou uma vitória, por outro se comprovaas dificuldades que o trabalho dos con-selhos de saúde têm enfrentado em 18outros municípios que não realizaramsuas conferências. Assim, a expectativaé de que aqueles que querem melhorqualidade de vida para os moradoresde Aral Moreira, Anaurilândia, Corgui-nho, Douradinha, Eldorado, Iguatemi,Inocência, Itaquiraí, Jaraguari, Jateí,Juti, Ladário, Miranda, Santa Rita doPardo, Terenos e Vicentina consigamorganizar-se a ponto de, mesmo semterem acompanhado de perto as dis-cussões da Conferência, possam apli-car suas conclusões em prol das popu-lações de suas áreas.

almas sediou nos dias 14, 15e 16 de junho a IV ConferênciaEstadual de Saúde, que reuniu

cerca de 300 pessoas no Auditório daUlbra/Iles. Representantes de profis-sionais de saúde, prestadores de ser-viços, trabalhadores, gestores e usuá-rios do SUS discutiram o tema cen-tral “Efetivando o Controle Social.”

O evento foi aberto oficialmenteno dia 14, e contou com as presen-ças do Secretário de Estado da Saú-de, Eduardo Novaes Medrado, parla-mentares, do Secretário Municipal deSaúde de Palmas, Neilton Araújo,além de outros convidados.

No dia 15, pela manhã, os traba-lhos começaram com apresentaçãodos delegados, leitura, apresentaçãoe aprovação do Regimento Interno.Em seguida, aconteceu a conferên-

Tocantins realiza quartaConferência de Saúde

cia “Saúde e Meio Ambiente”, minis-trada pelo presidente da OrganizaçãoNão Governamental Ecológica, Dival-do Resende.

Na parte da tarde, os delegados eparticipantes da conferência debate-ram o tema “ Caminhos e Perspecti-vas do SUS e o Controle Social”. A-pós o debate, os presentes participa-ram de atividades de grupos, que dis-cutiram questões específicas do setor.

No último dia da conferência, dia16, o tema “ Consolidando o ControleSocial e o Papel do Estado” foi apre-sentado pelo secretário de PolíticasPúblicas do Ministério da Saúde econselheiro do CNS, Cláudio Duarte.Ainda pela manhã, o Secretário Esta-dual de Saúde do Mato Grosso, JúlioMüller, abordou o tema “Os Desafiosdo SUS - Recursos Humanos, Finan-ceiros e Políticas de Medicamentos”.

No encerramento foi realizada a lei-tura e aprovação de propostas e e-leição dos delegados que irão parti-cipar da 11ª Conferência Nacional deSaúde, que será realizada em Brasília.

A IV Conferência Estadual de Saú-de foi realizada pelo Conselho Estadualde Saúde, com o apoio da Secretariade Estado da Saúde do Tocantins.

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Em Natal, foi realizada a maior conferência municipal de saúde do Rio Grande do Norte

O controle social foi discutido em Palmas

ACS/CMS - Natal

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agosto/setembro 2000 Controle Social 11

P E C D A S A Ú D E

esforço do Conselho Nacio-nal de Saúde, do Ministérioda Saúde e de dezenas de

entidades da sociedade civil deu re-sultado. Após quase seis anos detramitação pelo Congresso, a Propos-ta de Emenda Constitucional que vin-cula recursos dos orçamentos daUnião, Estados e Municípios aosgastos com o SUS foi aprovada, emsegundo turno, pelo Senado Federalsem alterações. O texto, que já haviapassado pelo mesmo processo naCâmara dos Deputados, foi encami-nhado à promulgação pelo presiden-te do Congresso Nacional, senadorAntonio Carlos Magalhães. O atoaconteceu no dia 13 de setembro,em solenidade no Congresso. O grande dia da PEC da Saúde,como ficou conhecida, foi 10 de agos-to. No plenário do Senado, apenasdois dos 69 senadores presentes àvotação foram contra a proposta. Umdeles – o senador Lúcio Alcântara(PSDB-CE) – garante que teve seuvoto registrado de forma errada eentrou com recurso junto à mesa di-

PEC da Saúde vence batalha no Senadoretora para que ele seja revisto. Ooutro – senador Paulo Souto (PFL-BA) – sempre foi radicalmente contraa proposta. Na opinião dele, a vincu-lação é uma “interferência na autono-mia de Estados e Municípios”.

A estimativa dos técnicos e dospróprios parlamentares é de que aaprovação da PEC eleve o total derecursos investidos em saúde – nostrês níveis de Governo – de R$ 33bilhões, em 1999, para R$ 40 bilhões,em cinco anos. No primeiro ano devigência, a vinculação pode significarum incremento de R$ 2 bilhões – umem nível federal e um no das gestõesestaduais e municpais.

A Emenda estabelece que Es-tados e Municípios apliquem no seuprimeiro ano de vigência um mínimode 7% de seus orçamentos própriosem saúde pública. Este patamar de-ve ser elevado, progressivamente,em cinco anos, até o limite de 12% -no caso dos Estados – e de 15% -no das Prefeituras. A União deveráinvestir no primeiro ano de vigênciada PEC, 5% a mais do que o apli-

cado no ano anterior. O valor deveráser reajustado, anualmente, de acor-do com a variação do Produto Inter-no Bruto.

Pelo texto do relator do projeto,senador Antonio Carlos Valadares(PSB-SE), a fonte dos recursos nosEstados será a arrecadação dos im-

postos sobre a Circulação de Mer-cadorias e Serviços (ICMS), sobre aPropriedade de Veículos Automotores(IPVA) e sobre heranças. Já nosmunicípios, o dinheiro deve sair doque contribuintes pagam de IPTU,Sobre Serviços (ISS) e Sobre aTransmissão de Bens Imóveis (ITBI).

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Vitória coroa esforço do CNS e entidadesA

No Orçamento Municipal Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto Sobre Serviços (ISS) Imposto Sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).

No Orçamento Estadual Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços(ICMS), Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) Imposto Sobre Heranças.

Estados e Municípios aplicam no seu primeiro ano devigência um mínimo de 7% de seus orçamentos própriosem saúde pública; Este patamar deve ser elevado, progressivamente, emcinco anos, até o limite de 12% - no caso dos Estados – ede 15% - no das Prefeituras. A União deverá investir no primeiro ano de vigência daPEC, 5% a mais do que o aplicado no ano anterior. Ovalor será reajustado, de acordo com a variação do PIB.

Fontes dos recursos definidas:O que a PEC da Saúde prevê:

As marchas em favor da PEC marcaram a estratégia do CNS para convencer os parlamentares

Arquivo C

NS

aprovação da PEC daSaúde pelo Congresso foiuma bandeira do Con-

selho Nacional de Saúde (CNS)desde que o projeto que propu-nha a vinculação de parte dos or-çamentos da União, de Estadose de Municípios ao pagamento deações do SUS surgiu em 93. Nãoforam poucas as manifestaçõesde apoio à idéia, orquestradaspelos conselheiros de saúde. Pas-seatas, atos simbólicos, abaixo-assinados populares, visitas aosparlamentares, reuniões com oslíderes do Congresso. O esforçodo CNS – reconhecido pelos po-líticos – acabou visível no placardo plenário do Senado quando,no segundo turno de votação, oprojeto teve 67 votos a favor –quatro a mais que no primeiro.

A CNBB, A Federação Nacio-

nal dos Médicos, o CONASEMS,a Confederação Nacional da Agri-cultura (CNA), a Federação Na-cional das Santas Casas e ForçaSindical foram apenas algumasdas entidades ligadas aos CNSque engrossaram o movimento afavor do financiamento sustentá-vel do SUS. Centenas de conse-lhos de saúde e de populares –mobilizados pelo Conselho – tam-bém fizeram seu sentimento favo-rável à PEC chegar aos parlamen-tares através de cartas, faxes ee-mails. Um dos pontos altos foio encontro do cardeal Emérito deSão Paulo, Dom Paulo EvaristoArns, que se reuniu com os líde-res de quase todos os partidos ecom o presidente do Congresso,senador Antonio Carlos Maga-lhães, para defender a aprovaçãoda PEC da Saúde. O plenário do

Conselho também foi até o Sena-do, onde participou de duas au-diências públicas na Comissão deConstituição e Justiça mostrandoaos políticos a importância do pro-jeto para o futuro da saúde do bra-sileiro. No Congresso, a Propostacontou com a simpatia e o inte-resse de boa parte dos integran-tes das Comissões de Constitui-ção e Justiça e de Assuntos So-ciais, no Senado, e de SeguridadeSocial e Família, na Câmara.

Duas marchas pacíficas tam-bém marcaram toda o esforçopró-PEC. A primeira aconteceu noano passado, poucos dias davotação da Emenda na Câmarados Deputados. Milhares de mili-tantes ocuparam a Esplanada dosMinistérios, vestidos de branco,num grande dia em defesa dasaúde e do SUS. Na segunda, rea-

lizada em julho deste ano, um cor-dão de solidariedade foi até o Se-nado para pedir o voto dos políti-cos a favor da proposta. O ato mar-cou a IX Plenária de Conselhos deSaúde e a divulgação de uma Car-ta Aberta do CNS - endossada porentidades como a OAB e a ABI,entre dezenas de outras - defen-dendo a aprovação da PEC, comgrande repercussão no Senado.

Mas para o Conselho Nacio-nal de Saúde a mobilização ain-da deve continuar. Agora os de-fensores de um SUS forte têmpela frente o trabalho de acom-panhar e propôr diretrizes para aregulamentação da EmendaConstitucional. Serão as normasdefinidas que devem orientar osdeputados e senadores na for-mulação das regras para gastaro incremento de recursos.

Controle Social agosto/setembro 200012

P E C D A S A Ú D E

o dia 13 de setembro, amesma data em que oCongresso promulgou a

PEC da Saúde, o Conselho Na-cional de Saúde (CNS) inicioudebates fundamentais para ofuturo da implementação damedida. Os conselheiros aprova-ram diretrizes que podem garantir

o total, o Conselho Nacionalde Saúde aprovou um pacotede cinco diretrizes. A primeira

indica que os parâmetros básicos daregulamentação são os princípios daUniversalidade, da Eqüidade, daIntegralidade, da Descentralizaçãocom Hierarquização e Regionalizaçãodas redes de serviços e Controle So-cial, priorizando a regressão das dis-paridades macrorregionais, estadu-ais, microrregionais e locais.

A segunda diretriz recomenda queNorma Operacional Básica, a ser ela-borada e aprovada conjuntamentepelas três esferas de Governo – Mi-nistério da Saúde, Conselho Nacionalde Secretários Estaduais de Saúde(CONASS) e Conselho Nacional deSecretários Municipais de Saúde(CONASEMS) e apresentada aoCNS disciplinará implementaçõesque expressam as obrigações legaisde cada esfera de Governo.

Entre os pontos que seriam obser-vados estão a definição do planeja-mento, organização, controle e avali-

Conselho aprova diretrizes para a PEC

uma melhor aplicação para osrecursos que devem ser acres-cidos ao orçamento do SUS coma entrada em vigor da propostade emenda constitucional.

No plenário do CNS, os con-selheiros – representantes dosusuários, gestores, prestadoresde serviço e profissionais da

saúde – se debruçaram sobre otema. A coordenadora Nacionalda Pastoral da Criança, a médicaZilda Arns Neumann (CNBB),afirmou que “é necessário definirde modo urgente parâmetros queevitem problemas futuros e acriação de vícios na aplicaçãodos recursos”.

A mesma preocupação foicompartilhada por todos os ou-tros conselheiros, que concorda-ram em aprovar um conjunto dediretrizes que estão sendo enca-minhadas aos Municípios, Esta-dos e União servindo de parâme-tros à definição dos seus orça-mentos com base na PEC daSaúde, que após promulgada setornou auto-aplicável. Isto é, elanão passa a depender de leicomplementar para ser obedeci-da na sua determinação de queporcentagens definidas dos re-cursos orçamentários estaduaise municipais devem ser obriga-toriamente gastos com a saúdepública.

Os políticos do CongressoNacional – senadores e deputa-dos – que devem passar, a partirde agora, a definir e analisar aproposta de regulamentação pa-ra a PEC da Saúde também de-vem receber o mesmo material.A idéia é repassar, sob a formade recomendação, sugestõesque possam ser incorporada aoprojeto de lei complementar queversará sobre o tema.

5 regras garantemprincípios do SUS

ação das redes hierarquizadas e re-gionalizadas por complexidadescrescentes, inclusive a identificaçãode centros de referência, regionais,estaduais e nacionais. Outra preocu-pação é que seja garantido o princípioda descentralização do SUS aosEstados, DF e Municípios. Isso, comprioridade ao acesso e à alta resolu-tividade das ações e serviços daAtenção Básica à Saúde.

A plena municipalização e micror-regionalização das ações e serviçosbásicos de saúde e os de média com-plexidade; de metas de investimentosestratégicos em capacidade instala-da de serviços de média e alta com-plexidade; e de fixação de profissio-nais especializados, em municípios-polo de regiões menos desen-volvidas, também devem ser asse-gurados, na visão dos conselheirosdo CNS.

A certeza de que pelo menos50% dos recursos federais destina-dos ao conjunto dos Estados, DistritoFederal e Municípios deverão ser re-

passados segundo o quociente dasua divisão pelo número de habitan-tes, até a promulgação da Lei Com-plementar requerida no Art. 198, al-terado pelo Art. 6º da Emenda. Aquarta diretriz indica que enquantoos recursos da Fundação Nacionalde Saúde (FUNASA), Agência Nacio-nal de Vigilância Sanitária (ANVS) eAgência Nacional de Saúde Suple-mentar (ANSS), destinados às açõese serviços de saúde não integraremo Fundo Nacional de Saúde, a elesfica estendido o disposto nas diretri-zes anteriores.

Por último, os conselheiros reco-mendam que a uniformização dos

conhecimentos e interpretações, aonível do Congresso Nacional, da Di-reção do SUS e do Conselho Nacio-nal de Saúde, das alterações intro-duzidas pela Emenda, nos Art. 34,35, 43, 156, 160, 167 e 198, e nasDisposições Transitórias da Consti-tuição Federal, em especial quantoà à auto-aplicação imediata do Art.7º da Emenda aprovada, referenteao cálculo da variação nominal doPIB, aos Art. 155, 157 e 159 para osEstados e DF, e aos Art. 156, 158 e159 para os Municípios. Nestespontos são indicados os percentuaisde vinculação definidos pela PEC(veja quadro na página 11).

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Plenário do Conselho foi unânime sobre a importância de aprovar pacote de diretrizes

Solenidade no Congresso marcou promulgação da PEC. O ato definiu uma nova etapa na relação do SUS com os orçamentos públicos

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