jornal da manhã - caderno de domingo

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CADERNO C >> DOMINGO E SEGUNDA, 19 E 20 DE JANEIRO 2014 www.jmnews.com.br jornalda manhã f www.facebook.com/jornaldamanha t www.twitter.com/jm_news URBE CADERNO C >> DOMINGO E SEGUNDA , 19 E 20 DE JANEIRO 2014 dimensão Iniciativa tem ações pelo país Hoje, o projeto ‘Meros do Brasil’ é realizado por cinco instituições que trabalham jun- tas nos diferentes pontos focais: Instituto de Pesca (SP); Uni- versidade Federal do Espírito Santo – UFES/CEUNES (ES); Associação de Estudos Costei- ros e Marinhos dos Abrolhos – ECOMAR (BA); Instituto Re- cifes Costeiros – IRCOS (PE); Universidade Federal do Pará (PA) além de novas instituições que estão sendo agregadas nos estados de Santa Catarina, Pa- raná, Alagoas e Rio de Janeiro. O projeto conta também com a parceira de mais de 50 institui- ções e grupos no auxílio do de- senvolvimento das ações nos di- versos pontos focais. DANIEL PETROSKI [email protected] C onservar a vida marinha nacional. A ssim pode ser definida a missão do projeto ‘Meros do Brasil’, uma ini- ciativa que atua através de uma rede de parceiros forma- da por instituições de ensi- no e pesquisa distribuídas pe- lo litoral brasileiro, em coo- peração técnica e científica, contando com a chancela da Petrobrás A mbiental. Dessa forma, o projeto propõe unificar os desafios de pesquisa e conservação de uma espécie de peixe que é distribuída amplamente em quase todo o litoral brasilei- ro. O trabalho em parcerias é o grande diferencial, cons- truindo uma rede nacional de articulação, a qual tem o Me- ro como símbolo da conserva- ção marinha nacional. Entre os dias 9 e 10 de janeiro, uma das expedições do projeto aconteceu no litoral paranaense. A convite da equi- pe responsável pela atividade, o professor do Departamento de Informática da Universida- de Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e mestre em Computa- ção A plicada, Idomar A ugusto Cerutti, participou como fotó- grafo subaquático. “Sou mer- gulhador desde 2001 e fotó- grafo subaquático desde 2004. Devido a esses hobbys, come- cei a fotografar o fundo do mar e eu conheci alguns fotógra- fos. Nesses contatos, passei a fazer parte do projeto, como voluntário, e a fornecer fotos que fiz dos meros. Isso é muito importante, pois tem uma fun- ção de coleta de informação”, Entrevista Carneiro Neto, comentaris- ta esportivo do estado, fala da sua relação com o JM. C>3 Acerte nos modelos ‘plus size’ para curtir o verão a todo o vapor. C >5 O QUÊ ? >> Epinephelus itajara Mais conhecido como ‘Mero’, Epinephelus itajara é um peixe marinho da família Epinepheli- dae, uma dentre as tantas es- pécies que compõe a família das garoupas, chernes e bade- jos. Por ser um peixe de cres- cimento lento, com maturação tardia, que atinge grande ta- manho (pode chegar a dois metros de comprimento e 400 kg de peso) e habitante dos vários ecossistemas costeiros a espécie é muito vulnerável às atividades como a pesca e po- luição, e corre o risco de desa- parecer da costa brasileira. Processo. Peixe ‘Mero’ de 2,05 metros sendo embarcado para estudo | Foto: Idomar Cerutti taria específica que estabele- ceu a proibição da captura, transporte e comercialização pelo período de cinco anos, que foi renovada e é valida até 2015. Na expedição que o pro- fessor Idomar participou, os peixes eram capturados e re- tirados da água para que pas- sassem por um conjunto de procedimentos para coleta de informações e materiais bem como a instalação de tags ele- trônicas, que permitem fazer estudos de telemetria dos mo- vimentos dos peixes. “Eles fi- cavam cerca de 20 minutos fora da água. Durante esse período os peixes eram man- tidos hidratados, para pode- rem respirar, eram medidos, material genético era coleta- do e eles passavam por um procedimento de implantação cirúrgica de um transponder (equipamento eletrônico que emite um sinal, o qual é cap- tado por antenas previamen- te instaladas em locais espe- cíficos), isso permite saber as movimentações dos peixes nas áreas próximas das ante- nas”, revela Idomar. A meta era a coleta de material ge- nético para compreender co- mo a população desses pei- xes está geneticamente sau- dável. “É uma oportunidade de mergulhar com animais es- petaculares. Para quem gosta de vida marinha e fotografia é uma oportunidade ímpar”, completa. Preparação. Professor Idomar mantendo o peixe hidratado durante os procedimentos | Foto: Athila Bertoncini explica o professor Idomar. Os Meros ocorrem em águas tropicais e subtropicais do oceano Atlântico. São ani- mais que, apesar do grande porte, são considerados pací- ficos, permitindo, por vezes, a aproximação orientada de mergulhadores. A espécie po- de viver 40 anos e sua repro- dução se inicia próximo do sétimo ano de idade, quando alcança quase um metro de comprimento total. Esforços de pesquisa tem constatado o desaparecimento gradual dos meros em locais onde costu- mavam ser abundantes. Não se sabe exatamente o número de indivíduos e o to- tal em biomassa que tem sido capturado anualmente de for- ma ilegal. Preocupados com esses indícios, pesquisadores em todo oceano A tlântico vêm dando atenção à espécie, que é classificada como critica- mente ameaçada pela União Internacional para a Conser- vação da Natureza. Há mais de vinte anos protegida por uma moratória de pesca no sul dos Estados Unidos, em 2002 a espécie foi protegida atra- vés de uma moratória especí- fica no Brasil. Por meio desse instrumento o Mero tornou- se a primeira espécie de peixe marinho a receber uma por- >> ENTRE OS DIAS 9 E 10 DE JANEIRO, UMA DAS EXPEDIÇÕES DO PROJETO ACONTECEU NO LITORAL PARANAENSE Cerutti: Cerutti: É uma oportunidade de mergulhar com ani- mais espetaculares. Para quem gosta de vida marinha é uma oportunidade ímpar Idomar Augusto Cerutti> sobre a sensação de ter participado da expedição realizada no litoral paranaense PARTICIPAÇÃO >> PROFESSOR DA UEPG ESTEVE EM EXPEDIÇÃO DE PESQUISA S.O.S fundo do mar O projeto ‘Meros do Brasil’ propõe unificar os desafios de pesquisa e a conservação dos ‘ Meros’ , uma espécie de peixe que está distribuída amplamente pelo litoral brasileiro ww ww ww ww ww ww ww w ww ww w ww ww ww ww ww ww ww ww ww w ww w ww ww ww ww ww ww ww w ww w ww ww ww ww ww ww ww w ww w ww ww ww ww ww ww ww ww ww ww ww ww w w ww ww ww w w w w ww ww w w w w w ww ww w w w ww w ww ww ww w ww ww ww ww ww ww ww ww w w ww w ww w w w ww ww ww w w w w w ww w ww ww ww ww w ww w w w ww ww ww ww ww ww w ww ww w w w w w w w w ww w w ww ww w w ww w w w w w w w w ww ww ww w w w w w w w w ww ww w w ww ww w w w w w w w ww ww ww w ww ww ww w ww w w ww w ww ww ww w w w ww w w w w w ww w ww w ww w w w w w w w w ww w ww ww w w w w w w w w ww w ww ww w w w w w w w w w w ww w ww w w w w w w w w w w w w ww w w w w w w w w w w ww w w ww ww w w w w w w w ww w w w w w w w w w w w w w ww. w w w jmnews.c o

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Reportagem sobre os trabalhos de marcação de meros no litoral do Paraná.

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Page 1: Jornal da manhã - Caderno de domingo

CADERNO C >> DOMINGO E SEGUNDA, 19 E 20 DE JANEIRO 2014

www.jmnews.com.br jornaldamanhãf www.facebook.com/jornaldamanha t www.twitter.com/jm_news

URBECADERNO C >> DOMINGO E SEGUNDA, 19 E 20 DE JANEIRO 2014

dimensão Iniciativa tem ações pelo país

Hoje, o projeto ‘ Meros do Brasil’ é realizado por cinco instituições que trabalham jun-tas nos diferentes pontos focais: Instituto de Pesca (SP); Uni-versidade Federal do Espírito Santo – UFES/CEUNES (ES); Associação de Estudos Costei-ros e Marinhos dos Abrolhos – ECOMAR (BA); Instituto Re-cifes Costeiros – IRCOS (PE); Universidade Federal do Pará (PA) além de novas instituições que estão sendo agregadas nos estados de Santa Catarina, Pa-raná, Alagoas e Rio de Janeiro. O projeto conta também com a parceira de mais de 50 institui-ções e grupos no auxílio do de-senvolvimento das ações nos di-versos pontos focais.

DANIEL PETROSKI [email protected]

Conservar a vida marinha nacional. A ssim pode ser

definida a missão do projeto ‘ Meros do Brasil’ , uma ini-ciativa que atua através de uma rede de parceiros forma-da por instituições de ensi-no e pesquisa distribuídas pe-lo litoral brasileiro, em coo-peração técnica e científica, contando com a chancela da Petrobrás A mbiental.

Dessa forma, o projeto propõe unificar os desafios de pesquisa e conservação de uma espécie de peixe que é distribuída amplamente em quase todo o litoral brasilei-ro. O trabalho em parcerias é o grande diferencial, cons-truindo uma rede nacional de articulação, a qual tem o Me-ro como símbolo da conserva-ção marinha nacional.

Entre os dias 9 e 10 de janeiro, uma das expedições do projeto aconteceu no litoral paranaense. A convite da equi-pe responsável pela atividade, o professor do Departamento de Informática da Universida-de Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e mestre em Computa-ção A plicada, Idomar A ugusto Cerutti, participou como fotó-grafo subaquático. “Sou mer-gulhador desde 2001 e fotó-grafo subaquático desde 2004. Devido a esses hobbys, come-cei a fotografar o fundo do mar e eu conheci alguns fotógra-fos. Nesses contatos, passei a fazer parte do projeto, como voluntário, e a fornecer fotos que fiz dos meros. Isso é muito importante, pois tem uma fun-ção de coleta de informação”,

Entrevista Carneiro Neto, comentaris-ta esportivo do estado, fala

da sua relação com o JM. C>3

Acerte nos modelos ‘plus size’ para curtir o verão a todo o vapor. C >5

O QUÊ ? >> Epinephelus itajara

Mais conhecido como ‘Mero’, Epinephelus itajara é um peixe marinho da família Epinepheli-dae, uma dentre as tantas es-pécies que compõe a família das garoupas, chernes e bade-jos. Por ser um peixe de cres-cimento lento, com maturação tardia, que atinge grande ta-manho (pode chegar a dois metros de comprimento e 400 kg de peso) e habitante dos vários ecossistemas costeiros a espécie é muito vulnerável às atividades como a pesca e po-luição, e corre o risco de desa-parecer da costa brasileira.

Processo. Peixe ‘Mero’ de 2,05 metros sendo embarcado para estudo | Foto: Idomar Cerutti

taria específica que estabele-ceu a proibição da captura, transporte e comercialização pelo período de cinco anos, que foi renovada e é valida até 2015.

Na expedição que o pro-fessor Idomar participou, os peixes eram capturados e re-tirados da água para que pas-sassem por um conjunto de procedimentos para coleta de informações e materiais bem como a instalação de tags ele-trônicas, que permitem fazer estudos de telemetria dos mo-vimentos dos peixes. “Eles fi-cavam cerca de 20 minutos fora da água. Durante esse período os peixes eram man-tidos hidratados, para pode-rem respirar, eram medidos, material genético era coleta-do e eles passavam por um procedimento de implantação cirúrgica de um transponder (equipamento eletrônico que emite um sinal, o qual é cap-tado por antenas previamen-te instaladas em locais espe-cíficos), isso permite saber as movimentações dos peixes nas áreas próximas das ante-nas”, revela Idomar. A meta era a coleta de material ge-nético para compreender co-mo a população desses pei-xes está geneticamente sau-dável. “É uma oportunidade de mergulhar com animais es-petaculares. Para quem gosta de vida marinha e fotografia é uma oportunidade ímpar”, completa.

Preparação. Professor Idomar mantendo o peixe hidratado durante os procedimentos | Foto: Athila Bertoncini

explica o professor Idomar. Os Meros ocorrem em

águas tropicais e subtropicais do oceano A tlântico. São ani-mais que, apesar do grande porte, são considerados pací-ficos, permitindo, por vezes, a aproximação orientada de mergulhadores. A espécie po-de viver 40 anos e sua repro-dução se inicia próximo do sétimo ano de idade, quando alcança quase um metro de comprimento total. Esforços de pesquisa tem constatado o desaparecimento gradual dos meros em locais onde costu-mavam ser abundantes.

Não se sabe exatamente o número de indivíduos e o to-tal em biomassa que tem sido capturado anualmente de for-ma ilegal. Preocupados com esses indícios, pesquisadores em todo oceano A tlântico vêm dando atenção à espécie, que é classificada como critica-mente ameaçada pela União Internacional para a Conser-vação da Natureza. Há mais de vinte anos protegida por uma moratória de pesca no sul dos Estados Unidos, em 2002 a espécie foi protegida atra-vés de uma moratória especí-fica no Brasil. Por meio desse instrumento o Mero tornou- se a primeira espécie de peixe marinho a receber uma por-

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” Cerutti:Cerutti: É uma oportunidade de mergulhar com ani-mais espetaculares. Para quem gosta de vida marinha é uma oportunidade ímpar

Idomar Augusto Cerutti> sobre a sensação de ter participado da expedição realizada no litoral paranaense

PARTICIPAÇÃO >> PROFESSOR DA UEPG ESTEVE EM EXPEDIÇÃO DE PESQUISA

S.O.S fundo do mar O projeto ‘ Meros do Brasil’ propõe unificar os desafios de pesquisa e a conservação dos ‘ Meros’ , uma espécie de peixe que está distribuída amplamente pelo litoral brasileiro

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