jornal da aduff - abril/2012

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Seção sindical do Andes Filiado à CSP/CONLUTAS Associação dos Docentes da UFF Ano XIV Março/Abril de 2012 Participe das eleições da ADUFF p.3 - Governo descumpre acordo firmado com ANDES ano passado p.11 - Marcha em defesa da educação pública aglutina milhares no Rio Nos dias 11 e 12 de abril, acontecem as eleições para a diretoria de nossa seção sindical para o próximo biênio. Duas chapas concorrem no pleito. Nesta edição, as duas candidatas a presidente apresentam as principais avaliações e propostas de suas chapas. Acompanhe o processo e não deixe de votar! ! p.12 Aprovada a privatização da Previdência

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Jornal mensal da ADUFF SSind

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Seção sindical do AndesFiliado à CSP/CONLUTAS

Associação dos Docentes da UFF

ADUFFSSindAno XIV Março/Abril de 2012•

Participe das eleições da ADUFF

p.3 - Governo descumpre acordo firmado com ANDES ano passado

p.11 - Marcha em defesa da educação pública aglutina milhares no Rio

Nos dias 11 e 12 de abril, acontecem as eleições para a diretoria de nossa seção sindical para o próximo biênio. Duas chapas concorrem no pleito. Nesta edição, as duas candidatas a presidente apresentam as principais avaliações e propostas de suas chapas. Acompanhe o processo e não deixe de votar!

!p.12 Aprovada a privatização da Previdência

Jornal da ADUFFAno XIV - MARÇO-ABRIL/2012Página 2

Rua Prof. Lara Vilela, 110 - São Domingos - Niterói - RJ - CEP 24.210-590 Tels: (21) 2622.2649 e 2620.1811

PresidenteGelta Terezinha Ramos XavierEditorAlvaro NeivaDiagramaçãoLuiz Fernando Nabuco

EstagiárioAndrew [email protected] [email protected]

Facebookfacebook.com/aduff.ssindTwittertwitter.com/aduff_ssindImpressãoFolha Dirigida (4000 exemplares)

Diante de uma conjuntura nacional e internacional de acirramento da

crise econômica e, consequentemen-te, dos ataques à classe trabalhadora, vivemos um momento em que cresce a necessidade de mobilização.

Nas últimas semanas, milhões de pessoas saíram às ruas de países europeus – especialmente Portugal e Espanha – para dizer que não pa-garão por essa crise. Se ela é fruto das opções tomadas pelas classes dominantes, são essas que devem arcar com os seus prejuízos. Os tra-balhadores europeus estão mobili-zados para enfrentar uma nova onda de ataques aos seus direitos.

No Brasil, o cenário não é muito distinto. Para o conjunto da classe trabalhadora e, mais especificamen-te, para os servidores públicos e, ainda mais especialmente, para os docentes, as próximas semanas, os próximos meses serão de definições importantes. Foi aprovado no Sena-do, no dia 28 de abril, o PLC 02/2012, que determina a criação do Fundo de Pensão dos Servidores Públicos (Funpresp). Essa medida representa o fim da Previdência pública para o funcionalismo público, e a criação de um sistema de previdência com-plementar, privado. Embora já este-ja aprovado, e inevitavelmente será sancionado pela presidente Dilma – que vinha lutando pela aprovação do projeto, em caráter emergencial –, os servidores públicos devem prosse-guir lutando contra o Funpresp. Aos funcionários que já estão no serviço público, a adesão é voluntária. Cabe a nós, portanto, lutar contra a ade-são ao novo sistema, que representa uma significativa perda de direitos, mas será fantasiado de supostos be-nefícios pelo governo.

Os docentes das universidades federais têm outros dois desafios importantes, para o curto prazo. Em-

Hora de participarCSP-Conlutas lança site sobre seu 1º Congresso As entidades sindicais e os movimentos sociais comprometidos com a construção de uma central sindical popular e desatrelada de governos, participarão de 27 a 30 de abril, em Sumaré (SP), do 1º Congresso Nacional da CSP-Conlutas, que tem como tema “O futuro é tão grande, vamos de mãos dadas”. Como forma de sistematizar as informações sobre o evento, a Central lançou o site www.congressocspconlutas.org, que contém as teses a serem discutidas e informações e notícias sobre o evento.O 1º vice-presidente da Regional São Paulo do ANDES-SN, Chico Miraglia, sugere que os delegados ao I Congresso, a serem eleitos em assembleias locais até o dia 15 de abril, leiam e discutam as teses antes da realização do evento.

Protesto contra comemoração do golpe termina em confrontoUma manifestação de estudantes e ativistas criticando o regime militar e reivindicando a Comissão da Verdade terminou em confusão no dia 29 de março na Cinelândia, no centro do Rio. O grupo, composto por mais de 300 pessoas, protestava em frente à sede do Clube Militar contra um evento que comemorava o aniversário do golpe de 1964.Militares que compareceram à comemoração foram escoltados pela polícia. Um militante, que trocou agressões com um dos militares, foi preso. O Batalhão de Choque da Polícia Militar foi chamado e agiu de forma rígida, lançando bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar os ativistas. Os nomes de mortos e desaparecidos durante a ditadura foram lidos em voz alta. Em todo o Brasil, houve diversos atos públicos pedindo julgamento dos responsáveis por desaparecimentos, torturas e assassinatos durante a ditadura.

Ciclo de debates sobre efeitos nocivos do neoliberalismoComeçou em março, e vai até outubro, no Centro do Rio, um ciclo de debates sobre as consequências perversas do projeto neoliberal no mundo inteiro. O evento é organizado pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) e pelo Sindicato dos Engenheiros do Rio (SENGE). Na última quinta-feira de cada mês será exibido um filme sobre o tema, seguido de debate. A primeira sessão ocorreu no dia 29 de março, com a exibição do filme “Roger e eu”, de Michael Moore. No dia 26 de abril, será exibido o filme “Segunda-feira ao sol”, do espanhol Fernando Leon de Aranda.Ao longo do ano, serão exibidos “A cidade está tranquila”, em maio, “Ou tudo ou nada”, em junho, “Clube da lua”, em julho, e outros. Os encontros serão no auditório do SENGE, na avenida Rio Branco, 277, 17º andar, Cinelândia.

bora as negociações sobre a carrei-ra docente tenham sido retomadas, com a definição de novo cronograma para as próximas reuniões, o acordo assinado pelo ANDES-SN e o gover-no federal, em caráter emergencial, em agosto do ano passado, previsto para entrar em vigor em março, ain-da não foi cumprido. Os principais pontos do acordo determinavam um reajuste de 4%, e a incorporação da Gemas, além da constituição de um Grupo de Trabalho para definir a reestruturação da carreira docente. O governo incluiu essas medidas no Projeto de Lei 2203/2011. O PL rece-beu quase duzentas emendas e vem tramitando lentamente no Congres-so. Em março, houve uma mudança de relator, atrasando ainda mais a tramitação. O governo não sinaliza nenhuma urgência em aprovar o projeto e cumprir sua parte no acor-do. Acreditamos que esses avanços

(ainda pequenos) somente serão concretizados com a intensificação do processo de mobilização dos do-centes de todo o país.

Vivemos, ainda, o início de uma campanha salarial unificada das di-versas categorias de servidores públi-cos federais. Uma vez mais, o governo sinaliza que devido à necessidade de “contenção de despesas” (afinal, os gastos são destinados essencialmente a pagar amortizações dos serviços da

dívida pública), não atenderá às reivin-dicações. No dia 28 de março, estive-mos em Brasília, em marcha unificada com inúmeras categorias do funcio-nalismo federal. Em audiência após a marcha, o governo reafirmou a políti-ca de contingenciamento salarial – re-ajuste zero – para os servidores públi-cos pelo menos até 2014. No dia 25 de abril, teremos uma nova atividade em Brasília, e nossa tarefa é lotar a Espla-nada dos Ministérios, mostrando nos-sa força, e exigindo nossos direitos.

Em âmbito local, também vive-mos um importante momento de definições, no qual a participação do máximo de sindicalizados é muito importante. Como mostra a matéria de capa desta edição, abril é mês de eleição para a diretoria do sindicato para o próximo biênio. Desta vez, há duas chapas concorrendo. É uma boa oportunidade de aprofundar o debate político. Leiam a matéria de capa, busquem conhecer as idéias e propostas de cada uma das cha-pas, assistam aos debates, conver-sem com os colegas e participem do processo eleitoral. A participação do maior número de sindicalizados na definição dos rumos do sindicato no próximo biênio é muito importante!

Em nível nacional, o ANDES-SN, também elegerá a nova diretoria, no início de maio. Há apenas uma cha-pa concorrendo no pleito nacional, mas de qualquer forma o momento de renovação da direção é um im-portante momento de debate e par-ticipação da base na definição dos rumos do movimento docente.

Com essa edição do jornal, con-vidamos todos os docentes da UFF a se juntarem a nós, debatendo e deci-dindo os rumos que nosso Sindicato deve seguir, e retomando a mobili-zação nas ruas, para as lutas que se fazem necessárias para a defesa e ampliação de nossas reivindicações.

]Acreditamos que essas (ainda pequenas) vitórias somente serão concretizadas com um intenso processo de mobilização

Jornal da ADUFF Ano XIV - MARÇO-ABRIL/2012

Rua Prof. Lara Vilela, 110 - São Domingos - Niterói - RJ - CEP 24.210-590 Tels: (21) 2622.2649 e 2620.1811

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Governo descumpre acordo assinado com ANDES-SN

Reajuste emergencial previsto para março não aconteceu, nem tem previsão de data; da mesma forma, negociações para reestruturação da carreira estão interrompidas

Em agosto do ano passado, após um período de mobilização, o ANDES-

SN assinou um acordo - considerado emergencial - com o governo federal, que estabelecia um reajuste de 4% (para entrar em vigor em março), a incorporação da Gemas (Gratificação Específica do Magistério Superior) ao vencimento básico e uma agenda de negociação para reestruturação da car-reira de docente federal. Todos esses itens foram incorporados no Projeto de Lei 2203/2011, que o governo encami-nhou ao Congresso pouco no dia 31 de agosto. Porém, passados mais de sete meses, o prazo previsto já expirou, o PL segue tramitando lentamente no Con-gresso, e o governo sequer dá sinais de priorizar sua aprovação.

Em 12 de março, já às vésperas do fim do prazo previsto para a en-trada em vigor do acordo, houve uma mudança no relator do projeto. Jovair Arantes (PTB/GO) assumiu a tarefa que era de seu companheiro de partido Ronaldo Nascimento. Seu antecessor tinha se comprometido com o ANDES-SN de encaminhar o relatório até 20 de março.

Assim que tiveram conheci-mento da mudança, os diretores do ANDES-SN Luiz Henrique Schuch e Josevaldo Cunha visitaram o gabine-

te de Arantes, para solicitar agilidade na relatoria do processo. Pediram também que o parlamentar dê pare-cer contrário ao parágrafo que prevê alteração na legislação sobre insalu-bridade e periculosidade - alteração que não estava prevista no acordo e, em muitos casos, vai significar perdas salariais para os docentes.

No dia 22 de março, questionado durante reunião com o Fórum das Enti-dades Nacionais dos Servidores Públi-cos Federais, o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Plane-jamento, Sérgio Mendonça, sinalizou que o PL 2203/2011 terá validade a partir de primeiro de março, indepen-dente da data de sua aprovação.

Outro ponto pendente do acor-do - que independe do andamento do PL - é a negociação em relação à reestruturação da carreira de docen-te federal. Com a morte do então se-cretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Duva-nier Paiva, em janeiro, o processo foi interrompido. Duvanier estava encar-regado de conduzir as negociações, e sua morte e a demora em indicar o substituto atrasaram significativa-mente o processo.

“Resta aos professores ir para as ruas. Sem mobilização, não alcança-

remos conquistas. O governo não rompe o processo de negociação, mas fica nos enrolando. É preciso au-mentar a pressão”, afirmou Luiz Hen-rique Schuch, 1º vice-presidente do ANDES-SN

Interlocução com MECOs diretores do ANDES-SN se

reuniram no dia 22 de março com o novo ministro da Educação, Aloi-zio Mercadante. Na pauta, diversas questões como Campanha 2012, carreira docente, os PL 2203/2011 e 2134/2011.

Marina Barbosa, presidente do Sindicato Nacional, ressaltou já no início de sua fala que o objetivo da entidade é definir uma agenda per-manente de diálogo com o MEC, uma vez que, no entendimento do ANDES-SN, a conversa dos professores com o governo deve passar pelo ministério competente pela educação. “Viemos aqui fazer uma reivindicação formal de uma agenda permanente com o MEC. Muitas das conversas foram desviadas para o Ministério do Plane-jamento e vários debates de fundo conceitual e que dizem respeito ao projeto de universidade que defen-demos passaram a ser questões ge-renciais, tratadas apenas pelo caráter

administrativo”, explicou Marina.Mercadante disse concordar

com Marina e assumiu o compro-misso de manter uma relação direta do MEC com o Sindicato Nacional, através da Secretaria de Educação Superior (Sesu). “Também queremos debater projeto de universidade, for-mas de financiamento, democracia acadêmica”, disse o ministro, reco-nhecendo que existem divergências ideológicas, mas que isso não deve impedir o debate.

“O ministro assumiu publica-mente o compromisso de manter uma interlocução permanente com o ANDES-SN e se mostrou disposto a debater os pontos de pauta que apresentamos e que dizem respeito à concepção de educação, pública, gratuita e de qualidade que defende-mos”, avaliou Marina Barbosa.

“Buscaremos com esta agenda tratar os grandes temas que estão na pauta do ANDES-SN, com a Ebserh, a questão do produtivismo acadêmi-co, os problemas de infra-estrutura nas instituições, os Colégios de Apli-cação e Cefets. Tudo isso já foi apre-sentado nesta reunião, e daqui para frente trataremos ponto a ponto com o MEC/Sesu”, completou a presidente do ANDES-SN.

Jornal da ADUFFAno XIV - MARÇO-ABRIL/2012Página 4

No dia 7 de março, o Procurador Federal de Macaé, doutor Flávio

Reis, convocou uma reunião para dis-cutir e implementar medidas para sa-nar os problemas do Pólo Universitário de Rio das Ostras (PURO). Convocada por conta do inquérito civil público aberto em 2010 para investigar de-núncias acerca da expansão no Pólo e que teve novos problemas indicados em documentação entregue por do-centes do PURO em novembro do ano passado, a audiência tinha como ob-jetivo estabelecer um Termo de Ajuste de Conduta. Estiveram presentes na Procuradoria de Macaé o diretor do PURO, docentes do Pólo, estudantes, um representante da Prefeitura de Rio das Ostras e os Pró-Reitores de Gra-duação e de Assistência Estudantil, Renato Crespo e Sérgio Xavier, repre-sentando a universidade.

Inicialmente, Flávio Reis apon-tou que poucas questões avançaram desde a abertura do inquérito e as promessas feitas com relação ao iní-cio das obras necessárias. Além disso, os prédios onde deveriam funcio-nar o Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) e a moradia estudantil estão concluídos desde o início de 2011 e até hoje não funcionam.

Neste ponto, o diretor do PURO, professor Carlos Bazílio, disse que a maior parte não evoluiu por conta de problemas na parceria com a Prefei-tura, que cortou o repasse de verbas para obras na unidade. O professor também falou que muitas vezes as obras esbarram em trâmites burocrá-ticos. Com relação ao SPA e à moradia estudantil, falta pessoal para fazer a segurança dos prédios e o cercamen-to do terreno já está sendo providen-ciado. Ainda falta a liberação da Cer-tidão de Habite-se dos imóveis.

Bazílio citou também a constru-ção do prédio multiuso previsto no projeto do Pólo. Segundo o diretor, o projeto vem se arrastando há algum tempo e só agora foi aprovado, com ressalvas. Em seis meses deve ser ini-ciada a construção do prédio que, segundo ele, deve liberar o Pólo do aluguel de alguns contêineres.

Os professores do Pólo presen-tes ressaltaram o caráter provisório que o prédio multiuso tem para a consolidação do PURO. O professor

Felipe Brito ressaltou que o multiuso é indispensável para o Pólo no mo-mento, mas que a unidade precisa de soluções permanentes. Segundo o professor, com o ingresso de novos alunos, o Pólo ainda necessitaria de uma quantidade considerável dos contêineres que utiliza atualmente.

Em seguida, o procurador da Prefeitura de Rio das Ostras, Rena-to Vasconcelos, explicou que a Pre-feitura parou de fazer repasses de verba por problemas em cinco pres-tações de contas apresentadas pela UFF, num total de aproximadamen-te R$ 2 milhões. Isso significa que todas as prestações de contas feitas pela universidade desde 2003 foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas. Com isso, o município fica impos-sibilitado de fazer qualquer tipo de repasse de verba. Renato disse ain-da que as contas foram apresenta-das pela UFF para nova apreciação em outubro de 2011, e duas delas já foram aprovadas. As demais devem ser concluídas até o final do mês de março. O procurador dseclarou que a prefeitura vem se esforçando para manter a parceria.

Então, ficou acordado que a Pre-feitura de Rio das Ostras concluirá a análise das contas apresentadas pela UFF até o final de março. Além disso, a Prefeitura se comprometeu a dar prioridade e urgência aos encami-nhamentos solicitados pela UFF para

a implementação dos projetos. Já a universidade se comprometeu a prio-rizar as questões do projeto e agilizar a liberação dos prédios já prontos, assim como o início da construção do multiuso.

Falta de docentesEntão, o Procurador Flávio Reis

iniciou uma breve exposição do que foi apresentado por professores do PURO em novembro de 2011 acerca da carência de professores. Os docu-mentos apontam uma grande carên-cia de docentes no Pólo, o que vem dificultando a implementação dos Projetos Político-Pedagógicos (PPPs) dos cursos e pode provocar, inclusi-ve, a suspensão do vestibular para o PURO, por não haver capacidade para atender novas turmas.

Segundo o diretor da RFR, professor Ramiro Piccolo, os PPPs demandavam uma quantidade de 226 docentes para todo o Pólo e atualmente há apenas 121. Ramiro citou que foi feito um acordo com a reitoria para a disponibilização de 28 docentes em regime de contrato temporário para o funcionamento nos anos de 2011 e 2012. Dessas 28 vagas, 17 foram disponibilizadas e somente 12 foram contratados. Diante deste problema, foi relata-do que o PURO fica praticamente restrito a atividades de sala de aula, havendo grande dificuldade para

o desenvolvimento de projetos de pesquisa e extensão.

Neste ponto, o Pró-Reitor de Graduação, professor Renato Crespo, comentou que a universidade vem publicando menos editais porque o governo federal só tem dado a opção de contratação de temporários. Seria difícil para a UFF projetar contrata-ções para o próximo período, pois isso depende de liberação do Ministério da Educação. Segundo Renato, não há como se comprometer com núme-ro de contratação de professores.

O Procurador Flávio Reis afirmou que há embasamento jurídico para a solicitação de mais professores para o Pólo. Segundo ele, a universidade deve prestar o serviço a que se pro-pôs inicialmente e que isso depende da contratação de pessoal.

O Pró-Reitor de Assistência Es-tudantil e ex-diretor do Puro, Sérgio Xavier, afirmou que a UFF abriu 5mil novas vagas em seu vestibular e que recebeu 105 professores novos. O pró-reitor chegou a dizer que talvez fosse necessária uma contrapartida do PURO, abrindo vagas de expansão, para que fosse possível concretizar a contratação de novos docentes.

Diante do impasse, o procura-dor Flávio Reis buscou estabelecer um cronograma de iniciativas a se-rem tomadas para que a situação possa ser resolvida. Desta forma, foi encaminhado que os professo-res do PURO elaborarão um parecer acerca das demandas de docentes. O parecer será encaminhado à Rei-toria da UFF para que seja levado ao MEC. Caso não haja resposta por parte do Ministério, o Ministé-rio Público Federal convocará nova audiência, com a presença de re-presentantes do MEC. A UFF deve comunicar ao MPF em até 60 dias as medidas adotadas para a solu-ção do problema.

Todas as medidas encaminha-das formam um Termo de Ajuste de Conduta. Caso não sejam cumpridas no prazo estabelecido, o Ministério Público Federal pode acionar a UFF e os demais envolvidos judicialmente a fim de que as medidas necessárias sejam implementadas.

Pedro Martins

Ministério Público estabelece Termo de Ajuste de Conduta para solucionar problemas do Pólo Universitário de Rio OstrasCaso os encaminhamentos não sejam implementados, universidade pode ser acionada judicialmente sobre o caso

Docentes do PURO apresentam ao Procurador Federal de Macaé os problemas que enfrentam diariamente

Pedro Martins

Jornal da ADUFF Ano XIV - MARÇO-ABRIL/2012 Página 5

A concessionária Barcas S/A detém o controle sobre o transporte público

de barcas entre Rio de Janeiro e Niterói após arrematar a concessão por mais de R$ 26 milhões, pagos à vista em 1998. O alto investimento da empresa rendeu a ela o monopólio do transporte aquavi-ário da região por 25 anos e boas cifras com passagens a preços bastante con-testados pela população.

Somado ao alto valor no custo da passagem (R$ 2,80 até o dia 3 de mar-ço), as barcas em condições precárias, envolvidas em acidentes frequentes, e a falta de conforto nas travessias, o novo aumento anunciado pela em-presa gerou uma onda de protestos que vem se estendendo por Niterói desde o início do ano.

Acumulados os problemas com as barcas e o descontentamento da po-pulação que necessita do uso diário do transporte, a sinalização de um grande novo aumento foi o estopim para uma série de novos protestos nas estações Araribóia em Niterói e Praça XV no Rio de Janeiro. O aumento de R$ 2,80 para R$ 4,50 (61% do valor do bilhete) foi consi-derado abusivo inclusive pela Agetransp, agência que regula os transportes no estado fluminense. Segundo relatório da Agetransp, o valor sugerido para o trans-porte não deveria ser maior que R$ 3,18.

O movimento que se formou na cidade, contra o aumento, contou com a organização de um abaixo-assinado que segundo Daniel Nunes, ex-estudan-te da UFF e um dos organizadores do movimento na cidade, já coletou mais de 20.000 assinaturas. Ainda segundo Daniel, o movimento teve condições de acontecer pelo apoio conquistado de di-versos movimentos sociais organizados. “O movimento contou com a participa-ção de diversas entidades como o SIN-TUFF (Sindicato dos Técnicos da UFF), o DCE (Diretório Central dos Estudantes da UFF), a ADUFF (Sindicato dos Professores da UFF), o CCOBB Niterói (Conselho Co-munitário da Orla da Baía de Niterói), Sin-dipetro (Sindicato dos Petroleiros), SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação), União Nacional dos Estudan-tes e a Assembléia Nacional dos Estudan-tes Livres, entre outros”, afirmou.

Um grande ato contra o aumento das barcas foi marcado para o dia 1º de Março, data em que estava previsto o

reajuste da passagem. Como a empresa percebeu o sentimento popular contrá-rio ao aumento, optou por adiar o reajus-te para o dia 3 de março, um sábado – dia em que a movimentação de estudantes e trabalhadores é menor.

Criminalização antecipadaAntes mesmo do ato, diversos mili-

tantes foram convocados a comparecer a delegacias de polícia para prestar depoi-mentos. Um deles foi o professor da rede estadual Henrique Monnerat, que teve que se dirigir a uma unidade militar para prestar esclarecimentos.

A 48º Vara Cível do Rio de Janeiro também teve um comportamento inusi-tado ao conceder uma liminar para a Bar-cas S/A proibindo o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) de se manifestar sob risco de receber multa de R$ 5 milhões caso descumprisse a ordem judicial.

Outro incidente aconteceu na UFF, exatamente no horário de um dos atos. Importante espaço para a organização do movimento contra o aumento das barcas, o Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICHF) foi invadido pela polícia e a sala do Centro Acadêmico de Ciências Sociais foi revirada: “Alguns estudantes de Ciências Sociais viram a polícia e pare-ce que existem imagens deles entrando no prédio. A direção do instituto lacrou a sala para que o estado em que ela se en-contra após a invasão seja preservado”, afirmou o estudante Henrique Antunes. Os policiais teriam alegado que a invasão foi motivada por uma denúncia anônima de que havia na sala drogas e coquetéis molotov que seriam utilizados na mani-festação, fato que não se comprovou.

As manifestações contra o aumento continuam acontecendo nas estações, e o fórum de entidades que organiza o movimento vem se reunindo no prédio do DCE da UFF. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) entrou com uma representação junto ao Ministério Públi-co contra o aumento da tarifa das barcas, utilizando o relatório da Agetransp que aponta o aumento como abusivo.

Entendendo a concessãoPor algum tempo, a Barcas S/A

competiu com a Transtur no transporte dos passageiros pela Baía de Guana-bara. Com o processo de falência da segunda empresa, a Barcas assumiu o monopólio do oferecimento do serviço, o que fez com que a qualidade do ser-viço caísse ao longo dos últimos anos. O contrato firmado da empresa com o

Aumento da tarifa das barcas gera onda de protestos em NiteróiPreço da passagem subiu cerca de 60% no início de março. Diversas manifestações têm ocorrido contra o reajuste

governo é classificado como “conces-são seletiva de luxo”, mas a empresa ig-nora acordos básicos como a garantia de ar-refrigerado para os passageiros e ruídos inferiores a 85 decibéis.

Os problemas constantes no trans-porte fizeram com que a Assembléia Le-gislativa do Rio de Janeiro iniciasse uma Comissão Parlamentar de Inquérito para averiguar os acidentes e problemas re-lacionados ao transporte aquaviário no estado. Além das constatações de que os serviços estavam aquém do estabe-lecido contratualmente, a CPI divulgou que a concessionária recebeu do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômi-co e Social a quantia de R$ 176 milhões, dos quais R$ 80 milhões ainda não ti-nham sido investidos em melhorias.

Andrew Costa

Protestos bem-humorados contra o aumento da tarifa das barcas teve apoio total da população niteroiense

Fotos: Andrew

Costa

Ano XIV - MARÇO-ABRIL/2012Página 6 Jornal da ADUFF

Quais os principais desafios para a gestão do sindicato no próxi-mo período?

Eblin Farage – São muitos os desafios, não apenas para nosso sindicato, mas também para o conjunto da classe trabalhadora. O que vivemos na UFF é, portan-to, a expressão de um processo maior de ataque a direitos, de criminalização e cooptação dos movimentos sociais que fragiliza e desmobiliza os trabalhadores. Nesse sentido, nosso principal desafio, é (re)construir formas de mobilização docente em conjun-to com os servidores técnico-ad-ministrativos e estudantes, para potencializarmos a luta por uma Universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referen-ciada. Ampliar os espaços e apro-fundar a aproximação da direção com a categoria, e com os outros segmentos universitários com vistas a intensificar o processo de mobilização de forma autônoma e democrática. Estamos conven-cidos que sem mobilização não haverá conquistas.

Quais as principais propos-tas de sua chapa para a ADUFF?

EF – Nossas propostas se ba-seiam em 6 eixos centrais, que são: 1- Trabalho de base: com aproximação entre a direção e a categoria, a partir de ações que possibilitem a participação dos docentes na luta e os aproxime do sindicato. Queremos a pre-sença dos professores em nossa sede. Promover debates, relançar os “Cadernos ADUFF” e ampliar a participação da categoria na re-vista Classe; 2- Mobilização: atra-vés de estratégias de mobilização docente em articulação com DCE, SINTUFF e movimentos sociais, além da revitalização do Conselho de Representantes; 3- Defesa dos direitos dos trabalhadores do-centes: com ênfase na luta pelo

Plano de Carreira do ANDES-SN, reajustes salariais, melhores con-dições de trabalho e realização de concursos. Dar continuidade à luta para barrar o processo de privatização das políticas públi-cas e mercantilização dos direitos sociais, incluindo a Empresa Bra-sileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), e a Previdência Com-plementar do Servidor Público (Funpresp). Aproximação com o campi do interior e o combate à expansão precarizada e ao assé-dio moral.; 4- Valorização da His-tória do Movimento Docente: a partir da criação do Centro de Memória da luta docente na UFF, 5- Trabalho com aposentados: em parceria com a ASPI-UFF, atra-vés de encontros mais freqüen-tes e de elaboração de material produzido pelas duas entidades; 5- Fortalecimento das lutas ge-rais: a partir da participação ativa no ANDES-SN e na CSP-Conlutas, articulação com outros sindicatos docentes do Rio e com movimen-tos sociais. Intensificar o processo de cobrança sobre a administra-ção central da Universidade, lu-tando por melhores condições de trabalho docente e de acesso e permanência dos estudantes, e preservando a autonomia sindical em relação a partidos e à reitoria.

Como deve se desenvol-ver o trabalho sindical local-mente e na relação com as demais entidades do movimento docente e do conjunto dos se-tores classistas?

EF – Avaliamos que a luta dos trabalhadores deve acontecer de forma articulada e conjunta. To-dos os esforços devem ser feitos pela unidade entre os que que-rem lutar. O sectarismo próprio a projetos isolados e partidários dificulta as lutas, isola e fragiliza os trabalhadores. Construir cole-tivamente e fortalecer a luta e a organização do nosso sindicato nacional, o ANDES-SN e de nossa central, CSP-Conlutas, preservan-do o princípio da autonomia sin-dical é um desafio que tem que ser enfrentado cotidianamente. Em maio, teremos eleição para o ANDES-SN e é fundamental que a categoria se envolva nesse pro-cesso, como forma de fortalecer nosso sindicato nos embates que travaremos com o governo. É fun-damental construir com nossa categoria o entendimento sobre a necessidade de articulação com as lutas gerais da classe trabalha-dora. Só coletivamente podemos fortalecer e construir um novo projeto de sociedade. Como afir-mou Brecht, “nada pode parecer impossível de mudar”.

Eleições para diretoria da ADUFF acontecem em abril

Chapa 1: “Mobilização docente e trabalho de base”

Presidente – Eblin Farage•1º Vice-Presidente – Elza Dely •Cysneiros2º Vice-Presidente – Wanderson •Fabio de MeloSecretário-Geral – Claudia •March Frota de Souza1º Secretário – Elizabeth Carla •Barbosa1º Tesoureiro – Francine •Helfreich2º Tesoureiro – Ângela Siqueira•Diretoria de Comunicação •(Titular) – Verônica Silva FernandezDiretoria de Comunicação •(Suplente) – Katia Regina de S. LimaDiretoria Política Sindical •(Titular) – Sonia Lucio R. de LimaDiretoria Política Sindical •(Suplente) – Ana Cristina TroncosoDiretoria Cultural (Titular) – •Dora Henrique da CostaDiretoria Cultural (Suplente) – •Sonia Maria da SilvaDiretoria Acadêmica (Titular) – •Renata Pereira de FreitasDiretoria Acadêmica (Suplente) •– Teresinha Josefa Monteiro

Ano XIV - MARÇO-ABRIL/2012 Página 7Jornal da ADUFF

Quais os principais desafios para a gestão do sindicato no próxi-mo período?

Lorene Figueiredo – É preciso reconhecer que há uma mudança significativa na categoria. O in-gresso de muitos novos docentes, a ampliação da precarização com a presença de substitutos e con-tratados, a interiorização colocam um quadro mais complexo. Neste sentido é preciso unir a experiên-cia dos militantes mais antigos da ADUFF com a contribuição que os novos docentes podem e devem trazer para o movimento. Tam-bém destaco a conjuntura bas-tante difícil que atravessamos. A incorporação por alguns setores da universidade, em apoio ao go-verno, da lógica empresarial, pro-dutivista que extenua o trabalha-dor e nos leva ao limite de nossas condições de saúde. A experiên-cia longa de ataques às organiza-ções sindicais durante o governo FHC e a adesão de setores antes combativos ao governo Lula da Silva e que se mantém com Dilma. Isto mudou a relação de forças na sociedade e dentro da universi-dade permitindo que as políticas regressivas atingissem os direitos dos trabalhadores em geral e dos docentes em particular. Destaco o não cumprimento do acordo fir-mado com o ANDES-SN e agora a entrega da nossa previdência aos especuladores. O grande desafio será a reorganização das forças que lutam em defesa da universi-dade pública, organizar os novos professores e articular novas con-dições para o enfretamento deste quadro que se nos apresenta em unidade de atuação com outros setores da classe trabalhadora.

Quais as principais propos-tas de sua chapa para a ADUFF?

LF – Como princípio norte-ador consideramos fundamen-tal a autonomia sindical e o não

Eleição direta será nos dias 11 e 12 de abril; conheça as plataformas das duas chapas e ajude a definir os rumos do sindicato. Na mesma data, será escolhido o novo Conselho de Representantes

Chapa 2: “Por uma ADUFF autônoma, democrática e de luta”

Presidente – Lorene Figueiredo•1º Vice-Presidente – Sidênia •Alves Mendes2º Vice-Presidente – Cláudio •GurgelSecretário-Geral – Maracajaro •Mansor1º Secretário – Wilma Lucia •Rodrigues Pessôa1º Tesoureiro – Paulo Cresciulo •de Almeida2º Tesoureiro – Jacira Maria •Machado de OliveiraDiretoria de Comunicação •(Titular) – Jonas GurgelDiretoria de Comunicação •(Suplente) – Ana Paula Todaro Taveira LeiteDiretoria Política Sindical •(Titular) – Wallace da S. MoraesDiretoria Política Sindical •(Suplente) – Luiz Roberto C. da SilvaDiretoria Cultural (Titular) – •Sávio Freire BrunoDiretoria Cultural (Suplente) – •Cyana LeahyDiretoria Acadêmica (Titular) – •Jairo Paes SellesDiretoria Acadêmica (Suplente) •– Andrea Cristina Pavão Bayma

aparelhamento do sindicato por partidos políticos e/ou governos. Nossa chapa também propõe nova atuação política integran-do de fato os campi do interior e a sede em uma direção cole-giada, horizontal, que valorize e respeite as contribuições de todos os diretores sem perso-nalismo e sem hierarquizações.

Nossas lutas mais impor-tantes são: pelos direitos dos professores e dos aposentados e por melhores condições de traba-lho e salário; a defesa da universi-dade pública, pelo aumento das verbas públicas para a educação. Nas tarefas imediatas que nos cabem dentro da UFF lutar: con-tra o assédio moral, pelo aumen-to de concursos públicos para professores e pela posse imediata dos já selecionados; o combate à elevação dos módulos de turmas, a superlotação de salas. Como seção sindical: garantir apoio político e jurídico aos docentes atingidos pelo assédio moral. Fazer a ADUFF presente no inte-rior respondendo às demandas e apoiando as soluções e lutas. Este compromisso expressamos na ampla representatividade que construímos nesta chapa. A criação de grupos de discussões sobre os temas da nossa vida profissio-nal: carreira d o c e n t e , a p o s e n t a -doria, ado-ecimentos, pr ivatiza-ção dos H o s p i t a i s Universitá-rios, pós-gra-duação entre outros. Revitali-zar o Conselho de Representantes com

reuniões regimentais em sistema itinerante, que contemple Niterói e o interior.

Como deve se desenvolver o trabalho sindical localmente e na relação com as demais entidades do movimento docente e do con-junto dos setores classistas?

LF – Um dos princípios do nosso sindicato é a unidade clas-sista. Entendemos que ela não se dá no abstrato e nem pode ser proclamada levianamente. Ela se faz na luta respeitando nos-sos princípios organizativos e respaldada por uma perspectiva comum. No nosso caso a defe-sa intransigente dos direitos dos trabalhadores e da universidade pública. A hegemonia neoliberal deve ser rompida e esta tarefa exi-ge que a luta seja coletiva. Temos nossas demandas específicas, mas elas estão inseridas dentro da luta mais ampla dos trabalhadores. Por isso é importante fortalecer nossa central sindical. Nossa pos-tura deve ser do diálogo, da de-mocracia pela base, da coerência com os princípios sobre os quais construímos o ANDES-SN.

O pleito para eleger a diretoria da ADUFF Se-ção Sindical para o biênio 2012-2014 acon-

tecerá em abril. Simultaneamente, será eleito também o novo Conselho de Representantes.

O edital de convocação das eleições foi publicado em jornais de grande circulação e divulgado no boletim eletrônico da ADUFF no dia 8 de março. No último dia 14, acon-

teceu a Assembléia Geral que aprovou a Co-missão Eleitoral, composta por Gelta Xavier e Marcos Barreto, da Faculdade de Educação, e José Raphael Bokehi, da Computação.

No dia 27 de março encerrou-se o prazo para inscrição de chapas. Duas chapas se ins-creveram para participar do pleito. A chapa 1 se chama “Mobilização docente e trabalho

de base” e a chapa 2 tem o nome “Por uma ADUFF autônoma, democrática e de luta”.

As eleições acontecem nos dias 11 e 12 de abril, e a posse da nova diretoria está marcada para o dia 17 de abril. Confira a seguir a no-minata completa de cada chapa, assim como suas principais propostas – através de entre-vistas com as duas candidatas a presidente.

Jornal da ADUFFAno XIV - MARÇO-ABRIL/2012Página 8

Com o auditório Florestan Fer-nandes completamente lota-

do, de docentes e estudantes, a ex-professora da UFF Lúcia Neves proferiu no dia 14 de março a pa-lestra “Ensino superior: desafios para a manutenção da universida-de pública, gratuita e de qualida-de”. Na aula inaugural, organiza-da pela ADUFF, Lúcia mostrou as transformações que têm ocorrido na educação superior no Brasil ao longo das últimas décadas.

A professora baseou sua apre-sentação em alguns dos principais documentos oficias que tratam do projeto da educação para nosso país, como o Plano Brasil 2022, o documento final da CONAE (Confe-rência Nacional de Educação), e o projeto de Plano Nacional de Edu-cação (PNE) que está tramitando no Congresso Nacional. Segundo ela, é preciso conhecer profunda-mente as diretrizes do projeto que está em vigor, para ter condições de fazer uma análise consistente, e as críticas necessárias.

Lúcia lembrou que, nos anos 80, quando se falava em universi-dade, falava-se em um projeto de educação superior formado so-mente por instituições universitá-rias. “Naquele modelo único, todas as instituições se dedicariam a en-sino, pesquisa e extensão. (...) Essas instituições seriam criadas e manti-das pelas esferas governamentais, que as financiaria integralmente”, afirmou. “Na prática, esse modelo não existe mais. Existem institui-ções de ensino superior de dife-rentes tipos, diferentes níveis, com objetivos distintos”, completou.

De acordo com a docente, esse projeto começou a ser bombardea-do na Constituição Federal de 1988 – que, às vezes, apontamos como um processo vitorioso –, quando definiu que o financiamento públi-co poderia ser destinado a institui-ções privadas. Naquele momento, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão ficava mantida nas instituições universitárias, mas

abria a possibilidade de surgimento de outros modelos de instituições de ensino superior.

Organismos internacionaisO projeto de educação superior

defendido por organismos interna-cionais – como a Unesco e o Banco Mundial – começa a ser implemen-tado de maneira efetiva no Brasil no início do primeiro mandato do pre-sidente Lula. Este modelo significa a criação de um sistema diversificado e hierarquizado de educação terci-ária. “Aquela proposta de igualdade cai por terra, porque deixa de ser igual para todo mundo: enquanto alguns vão chegar ao topo; outros vão chegar apenas na cozinha”, ex-plicou Lúcia. O objetivo deste novo modelo é fazer a massificação da educação superior, o que está ex-plícito nos documentos da Unesco e do Banco Mundial. No Brasil, não se usou este termo; os documentos oficiais optaram pelo termo demo-cratização da educação superior.

O significa o termo educação terciária? Este conceito, criado pela

Organização para Cooperação e De-senvolvimento Econômico (OCDE), representa uma etapa de estudos posterior à educação secundária, que pode se efetivar em universida-des públicas ou privadas, cursos téc-nicos, e outras instituições. Ou seja, a massificação da educação superior pode se dar em qualquer espaço.

Lúcia lista os diferentes tipos de instituições que passam a inte-grar o novo sistema. As universida-des são o topo de pirâmide, são as que mantém a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, por isso as que produzem conheci-mento. Universidades interioriza-das ou regionalizadas devem gerar um grande número de graduados e produzir para o mercado de tra-balho; nelas, não cabe fazer pes-quisa.Instituições profissionalizan-tes são encarregadas da formação técnico-profissional. As universi-dades virtuais e outras formas de ensino à distância, que também não produzem conhecimento, têm sido estimuladas mesmo para cur-sos de pós-graduação.Há ainda

outras formas, como as universi-dades por franquia ou universida-des corporativas. Toda essa gama de instituições tem por objetivo a massificação, a formação voltada para o mercado de trabalho.

Metas para a educaçãoA partir de 2007, o Brasil passa

a se inserir de maneira diferente no cenário internacional, quando pas-sar a acompanhar e colaborar mais estritamente com a OCDE. “Os paí-ses ricos estavam loucos para ex-pandir seus marcados, e a burguesia brasileira fica ansiosa ao ver aquela possibilidade”, afirmou Lúcia.

Segundo ela, o “todos pela educação” é a burguesia brasileira “correndo atrás do prejuízo”, tentan-do atender às metas da OCDE. “Os governos começam a botar todas as pessoas na escola, como se essas fossem grandes depósitos de gente”, completou. Obviamente, é do inte-resse do empresariado essa massifi-cação sem limites da educação bá-sica, e o governo está se esforçando para implementar este projeto.

A posição do Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é 84º. Para melhorar sua inserção pe-rante a OCDE, o Brasil precisa me-lhorar esses indicadores. Por isso, au-mentou o tempo de obrigatoriedade escolar de 9 para 13 anos. “Foi para ampliar direitos dos trabalhadores?”, questionou Lúcia, para responder “Não, foi porque um dos indicadores do IDH é justamente a ‘expectativa de escolaridade’”.

Para concluir, Lúcia se pergun-tou “O que podemos fazer para mudar os rumos da educação no Brasil?”. O primeiro passo, segundo ela, é constatar que há uma grande aceitação por parte da sociedade a este projeto. Neste sentido, é pre-ciso buscar “pontos insatisfação”, ficar atento a cada falha, a cada in-satisfação e buscar acumular forças em defesa do resgate do projeto de uma educação pública, gratuita e de qualidade – e igualitária para o conjunto dos trabalhadores.

Lúcia Neves faz radiografia das reformas da educação superiorEm aula inaugural organizada pela ADUFF, professora revela processo de privatização do ensino superior no Brasil

Alvaro Neiva

Jornal da ADUFF Ano XIV - MARÇO-ABRIL/2012 Página 9

No dia 28 de março, uma grande ca-ravana de servidores públicos fede-

rais foi a Brasília para a Marcha Nacio-nal de Lutas, que reuniu cerca de 6.000 pessoas em ato da Catedral de Brasília até as portas do Ministério do Planeja-mento. A intenção do ato construído por entidades como o ANDES-SN, CSP-Conlutas, Fasubra, Sinasefe, Sindifisco Nacional, entre outras, que atravessou a Explanada dos Ministérios, era pres-sionar para que o governo atendesse as pautas elencadas pelos servidores durante reunião no ministério.

O 1º vice-presidente do ANDES-SN, Luiz Henrique Schuch, declarou que a reunião girou em torno de temas como a definição da data-base, políti-ca salarial permanente com reposição inflacionária, cumprimento por parte do governo dos acordos e protocolos de intenção firmados, necessidade de barrar reformas que retire direitos dos trabalhadores, retirada dos decretos contrários aos interesses dos servido-res públicos, paridade e integralidade entre ativos, aposentados e pensionis-tas e reajustes dos benefícios.

Na reunião, o governo descartou o reajuste de 22,08% reivindicado pe-los servidores. Além disso, sinalizou que não retirará do PL 2203/2011, que trata do acordo firmado com o ANDES-SN em agosto de 2011, o item não pre-visto que modifica as regras relativas a insalubridade e periculosidade. A professora Marinalva Silva Oliveira, do SINDUFAP SSind, comenta: “O governo não se mostrou disposto a avançar nas reivindicações do movimento, temos agora uma calendário de temas para discutir e é necessário que continue-mos nos mobilizando para que a cor-relação de forças melhore e que pos-samos conquistar, de fato, vitórias para o conjunto dos servidores públicos federais”. Como forma de aumentar a pressão sobre o governo, o Fórum das Entidades Nacionais está organizando o Dia Nacional de Luta, com paralisa-ção, em 25 de abril. O presidente da CONDSEF, Josenilton Costa, disse que o ato do dia 28 de março serviu como preparativo para a mobilização do dia

25 de abril. Paulo Barela, da CSP-Con-lutas, também afirmou que a Marcha deveria ser o pontapé inicial de um processo de aglutinação de forças do funcionalismo público.

Para o professor João Negrão, da Universidade Federal do Paraná, a he-terogeneidade da Marcha, que tinha servidores de todos os cantos do país e de todas as categorias, só mostra a for-ma desrespeitosa com que os últimos governos têm tratado os servidores e o serviço público. “Os nossos salários estão muito defasados. Um exemplo foi o último concurso para o Senado Federal, que oferecia um vencimento de R$ 13 mil para nível médio. Profes-sores com doutorado ganham metade desse valor nas nossas universidades. É um acinte”, protestou.

“Vamos voltar para as nossas ba-ses com disposição para reproduzir a unidade demonstrada aqui e construir uma greve forte, que enfrente o desca-so do governo”, afirmou a presidente do ANDES-SN, Marina Barbosa Pinto.

Caberá agora ao conjunto dos servidores públicos federais a cons-trução de uma greve forte e unificada, que faça o governo compreender a in-dignação de todas as categorias.

Docentes das FederaisRepresentantes do setor das Ins-

tituições Federais de Ensino Superior (IFES) também se reuniram com o go-verno. As principais pautas que o setor encaminhou ao governo são relativas à carreira docente e à retomada do gru-po de trabalho que estava travando as negociações da categoria com o gover-no antes do falecimento de Duvanier Paiva, que vinha sendo o interlocutor oficial do governo. Diversas seções sin-dicais do ANDES-SN realizaram vigília em frente ao prédio durante a reunião e se reuniram para analisar a mobiliza-ção da categoria e traçar um plano de lutas para o próximo período. A reunião juntou 58 seções sindicais e 7 diretores do sindicato nacional.

Por Andrew Costa, com informações do ANDES-SN

Campanha Salarial leva milhares de Servidores Públicos Federais a Jornada de Luta em Brasília

Servidores se mobilizam para pressionar o governo

Acima, milhares de servidores federais, de diversas categorias, participam da marcha da Jornada de Lutas, em Brasília. Abaixo, os representantes dessas categorias em negociação com o governo federal

Fotos: Andes-SN

Jornal da ADUFFAno XIV - MARÇO-ABRIL/2012Página 10

Movimentos sociais, estudantes e professores estiveram no dia

14 de março, na Uerj, para denunciar a catástrofe sofrida pela educação pública. Não bastassem problemas como a falta de financiamento, o go-verno fechou 24 mil escolas no Rio de Janeiro nos últimos anos. Boa parte delas no campo, mas, na cidade, a si-tuação se repete. Em todo o Brasil são mais de 37 mil colégios fechados.

Os alvos são escolas do campo e escolas noturnas na cidade, que em geral compartilham espaço com co-légios da rede municipal, que funcio-nam durante o dia. O motivo de o Rio de Janeiro liderar o sinistro ranking é muito simples: o atual secretário de Educação do governo Sérgio Cabral é Wilson Risolia, economista que já atuou como gestor de bancos e de fundos de pensão.

Para Tarcísio Motta, que repre-sentou o Sindicato Estadual dos Pro-fissionais de Educação (SEPE-RJ) no debate, o governo trata os cidadãos apenas como números. “Quando o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) mostrou o Rio

de Janeiro em penúltimo lugar no ranking da educação, perdendo ape-nas para o Piauí, Cabral nomeou um economista para resolver o índice. Então, ele fecha as escolas noturnas de educação de jovens e adultos, ‘pulveriza’ esses estudantes entre outras escolas e com isso consegue melhorar o índice. Isso não é se pre-ocupar com as pessoas, mas com os números”, disse Motta.

Uma das taxas que compõem o Ideb é a relação idade-série. As esco-las de educação de jovens e adultos contribuem para o Ideb ser “pior” porque em geral são compostas por pessoas que têm idades muito acima da série que deveriam estar cursan-do. Outro fator é o índice de repro-vação desses estudantes. “Por isso, e só por isso, essas escolas estão sendo fechadas”, alertou Motta.

Luta no campoElisangela Carvalho, do MST,

apresentou a triste realidade das crianças camponesas que precisam muitas vezes andar quilômetros em estradas de terra para terem acesso a

uma escola. A campanha “Fechar es-cola é crime” foi iniciada em 2010 pelo MST após os sucessivos fechamentos de colégios no campo. A luta é para que os estudantes possam dispor de unidades perto de suas casas, com in-fraestrutura adequada para os alunos.

Joselito Ferreira, o Zelito, do mo-vimento Terra Livre, citou exemplos: “Muitas crianças saem de manhã para a escola. Chegam ao colégio já por volta do meio-dia cansadas, sua-das, exaustas de tantas horas na es-trada. Quando termina a aula, a últi-ma criança muitas vezes retorna para casa às 22h. Isso é desumano. Isso acaba com a convivência em família, destrói os laços”.

Redefinição de políticasRoberto Leher, professor da Fa-

culdade de Educação da UFRJ e con-selheiro da Adufrj-SSind, destacou que o fechamento de escolas causa uma profunda redefinição do con-ceito de escola pública e de como o movimento pensa a produção do espaço social. A implicação dessa “re-definição”, principalmente no cam-

Em todo o Brasil, já são quase 40 mil escolas fechadas. Dessas, 24 mil estão no Rio de Janeiro

Centenas de pessoas participam de ato contra fechamento de escolas

po, é, para Leher, “o apagamento do processo de estruturação” daquelas famílias e dos preceitos defendidos pelos movimentos sociais.

Para o docente, todas as políticas atualmente promovidas pelos diversos governos estão imbuídas de uma ra-cionalidade voltada para o capital. Isto beneficia grandes corporações que, por meio do movimento Todos pela Educação, do qual fazem parte a Mon-santo, Vale e Aracruz Celulose “ditam as políticas de educação”, afirmou.

O professor Paulo Alentejano – mais conhecido como Paulinho Chi-nelo –, da Uerj, relacionou o modelo econômico que rege o campo, ou seja, o agronegócio, ao fechamento das escolas rurais: “A perspectiva da educação no campo fez os campo-neses protagonizarem a luta pela educação pública baseada em três matrizes: o socialismo, Paulo Freire e a pedagogia do movimento, pois a luta é pedagógica. E isso tudo está diretamente ligado à reforma agrária. Por isso o desmonte”, analisou.

Por Silvana Sá (Adufrj – SSind)

Quase 400 pessoas lotaram auditório da UERJ, em 14 de março, para participar do ato da campanha “Fechar escola é crime”, organizado por diversos movimentos

Samuel Tosta / A

dufrj-SSind

Jornal da ADUFF Ano XIV - MARÇO-ABRIL/2012 Página 11

A diretoria da ADUFF se reuniu com o reitor Roberto Salles e

sua equipe, no dia 27 de março. O principal objetivo da audiência foi entregar ao reitor a pauta interna da ADUFF, aprovada em assembléia re-alizada no final de 2011.

A presidente da ADUFF, Gelta Xavier, abriu a reunião apresentan-do a avaliação de conjuntura, com

No dia 28 de março, houve uma grande marcha unificada em de-

fesa da educação pública, envolvendo professores, funcionários e estudantes dos diversos níveis. Organizada pelo Fórum em Defesa da Escola Pública, a passeata contou com a participação de diversas entidades e movimentos sociais. Mesmo debaixo de chuva, mais de quatro mil pessoas caminha-ram da Candelária até a Cinelândia.

O dia 28 de março é uma data histó-rica de luta para o movimento estudantil, que lembra o assassinato do estudante Edson Luiz pela ditadura militar no res-taurante Calabouço, no Rio de Janeiro, em 1968. Desde o ano passado, tem sido oportunidade para uma unificação de todas as lutas relacionadas à educação.

Uma das principais pautas do ato foi a reivindicação pela destinação de 10% do PIB para a educação pública. Depois do plebiscito realizado no ano passado, a campanha prossegue este ano.

O ato marcou o início da campanha salarial do Sindicato Estadual dos Profis-sionais da Educação (Sepe/RJ). Neste dia,

Milhares nas ruas em defesa da educaçãoMarcha no centro do Rio reúne milhares de pessoas contra processo de destruição da escola pública

ADUFF tem audiência com reitor

as principais pautas do movimento docente e dos servidores públicos federais para 2012: as negociações em torno da reestruturação da car-reira docente, o novo ataque à pre-vidência do funcionalismo público e a campanha salarial unificada dos servidores públicos federais.

Entre as questões locais, Gelta apontou os problemas provocados

pela expansão precarizada (incluin-do os casos de assédio moral), a implementação do cartão UFF/San-tander e a possibilidade de adesão do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que significa a privatização dos hospitais universitários. Gelta e os demais representantes da ADUFF lembraram que o Conselho Univer-sitário (CUV) já se posicionou con-trário a diversas formas de privati-zação da gestão da saúde pública e, inclusive, já aprovou uma moção de repúdio ao próprio projeto que criou a Ebserh.

O reitor Roberto Salles contou da audiência que a Andifes (Associa-ção Nacional dos Dirigentes das Insti-tuições Federais de Ensino Superior) teve com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Salles disse que, na audiência, questionou o ministro sobre a defasagem salarial dos do-centes e dos servidores técnico-ad-ministrativos. O reitor disse também

concordar com a urgência da reestru-turação da carreira e que já dissera a Marina Barbosa, presidente do AN-DES-SN, que a proposta apresentada pelo ANDES-SN é a melhor.

O reitor afirmou ainda que cri-ticou a contratação de professores substitutos, que é uma solução palia-tiva, e cobrou a realização de novos concursos públicos. “Está errada esta prioridade do governo federal para o superávit fiscal; precisamos fazer con-cursos e de recursos orçamentários para obras de infra-estrutura e para a assistência estudantil”, afirmou Salles.

Sobre a adesão do HUAP à Eb-serh, Salles foi evasivo. Concordou que o CUV já se manifestou por di-versas vezes contrário, mas disse que o debate precisa ser feito novamen-te. Segundo ele, é necessário avaliar cada realidade local, pois há hospi-tais que estão ansiosos pela Ebserh. Disse ainda que o governo federal já começou a fazer uma grande pres-são para que as universidades apro-vem a entrada de seus hospitais.

a rede pública estadual fez uma paralisa-ção, com a realização de uma assembléia de manhã e a participação na passeata à tarde. A passeata parou na avenida Rio Branco, em frente à sede da Secretaria Estadual de Educação, para alguns dis-cursos sobre a situação de calamidade da educação pública no estado do Rio de Janeiro. Ali, foi puxada uma grande vaia para o secretário de educação, Wil-son Risolia. Wiria Cavalcante, do Sepe/RJ, afirmou que Risolia não tem uma trajetó-ria ligada à educação e sim ao mercado financeiro. Por isso, sua gestão se baseia na tentativa de cortar despesas e mer-cantilizar a educação, e não de melhorar o serviço oferecido à população ou as condições de trabalho.

O ato pautou ainda o processo de privatização sofrido pela educação e por outros serviços públicos. Os mani-festantes defenderam que os serviços públicos estejam sob gestão estatal e não estejam submetidos à lógica do lucro, e sim tenham o objetivo de am-pliar sua qualidade e seu alcance para o conjunto da população.

Fotos: Alvaro N

eiva

Milhares de pessoas tomam a avenida Rio Branco, no centro do Rio, para defender uma educação pública de qualidade

Jornal da ADUFFAno XIV - MARÇO-ABRIL/2012Página 112

Sob protesto, Senado aprova privatização da PrevidênciaDilma deve sancionar rapidamente; adesão dos atuais servidores públicos é voluntária, e só trará prejuízos

Nico

A grande manifestação realizada no dia 28 de março pelos servidores no

Senado Federal não foi suficiente para impedir a aprovação do projeto de lei da Câmara 02/2012, que cria o Fundo de Pensão dos Servidores Públicos (Fun-presp) e representa a privatização da Previdência do funcionalismo público. “O projeto atende aos interesses do gover-no, é uma vontade do capital”, afirmou a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Sara Granemann.

Além de lotarem o auditório Petrô-nio Portela, os servidores se dividiram entre visitas aos gabinetes dos senado-res e nas galerias do plenário do Senado. A justeza dos argumentos apresentados, no entanto, não convenceu os senadores. Não por coincidência, o Palácio do Planal-to acertou no mesmo dia com lideranças de partidos governistas a liberação, em abril, de R$ 2,5 milhões em emendas por parlamentar da base. Segundo a agência Reuters, em junho será liberada a mesma quantia por parlamentar aliado.

A votação no plenário do Senado foi acompanhada por dezenas de ser-vidores. Apesar de o senador Randolfe Rodrigues (PSOL/AP) ter apresentado requerimento para que a votação fosse nominal, o presidente da mesa, José Sar-ney (PMDB/AP), aproveitou um momen-to em que Rodrigues não estava no ple-nário para anunciar que a votação seria ostensiva, que é quando os contrários à medida devem levantar a mão. No caso dessa votação, apenas o senador Rober-to Requião (PMDB/PR) se posicionou an-tecipadamente contra a aprovação.

“Foi uma decepção. Eu não pensava que a votação fosse tão rápida. Não hou-ve reação”, afirmou o professor da Uni-versidade Federal de Campina Grande, Antônio Lisboa Leitão.

InconstitucionalidadesLogo após a aprovação do PLC, Ran-

dolfe Rodrigues, líder do PSOL no Sena-do, anunciou que após a sanção da lei do Funpresp pela presidente Dilma Rousseff o partido irá ao Supremo Tribunal Fede-ral questionar a constitucionalidade da proposta. Segundo Randolfe, o projeto é “flagrantemente inconstitucional”.

O primeiro ponto desrespeitado,

segundo o senador, é o bem-estar so-cial previsto pela Carta Magna, que tem a previdência pública como um de seus principais pilares. Para o se-nador, o novo modelo proposto pelo governo promove uma “privatização da previdência pública”. Outra incons-titucionalidade da matéria decorreria da exigência da Constituição de que a previdência complementar seja regu-lada por meio de lei complementar e não lei ordinária, o que caracterizaria um vício formal no PLC 2/2012.

O último ponto destacado pelo se-nador é a previsão constitucional de que determina que “o regime de previdência complementar será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, por intermédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública” (artigo 40, § 15). O projeto apro-vado no Senado, no entanto, prevê como de direito privado as três entidades pre-videnciárias a serem criadas com o novo regime de previdência.

O deputado João Dado (PDT/SP) também disse no seminário realizado no auditório Petrônio Portela que vai questionar a constitucionalidade da lei do Funpresp “Nós não podemos desistir. Caso o PL seja aprovado, vamos questio-nar na Justiça”, adiantou, um pouco antes

da votação. “Este projeto é inconstitucio-nal, pois não há previsão orçamentária”, afirmou. Dado também aconselhou os servidores a votarem apenas em quem defende os interesses da categoria. “Vo-cês têm de dar o troco agora, nas eleições municipais”, aconselhou.

Já o deputado Ivan Valente (PSOL/SP) previu que haverá uma nova propos-ta de reforma da Previdência dentro de poucos anos. “Essa proposta do governo não tem o objetivo de melhorar as con-dições de vida dos servidores. O que o governo vai fazer será jogar as contribui-ções de vocês no mercado financeiro e, não se enganem, daqui a dois anos será apresentada uma nova proposta, para atingir aqueles que não forem para o Funpresp”, afirmou.

Outro parlamentar que criticou o PLC 02/12 foi o deputado Paulo Rubem Santiago (PDT/PE). “O Funpresp vai ser-vir, apenas, para alimentar a ciranda financeira”, advertiu. O deputado Chico Alencar (PSOL/RJ) elogiou a mobiliza-ção dos servidores. “Vocês estão aqui para defender a dignidade do serviço público, que um projeto como esse destrói, pois acaba com a perspectiva de carreira”, disse.

Como representante do ANDES-SN no seminário, a 1ª vice-presidente

da Regional Sul, Bartira Grandi, lem-brou que o Sindicato sempre esteve nas lutas contra as reformas da Previ-dência e que o Funpresp será um tiro de morte no funcionalismo público, pois joga a previdência do servidor no mercado financeiro. “Além disso, é certo que virão novos ataques e reti-rada de direitos”, afirmou.

O auditor fiscal da Receita Fede-ral e representante da Delegacia Sin-dical do Sindifisco no Rio de Janeiro, Luis Carlos, criticou o rolo compressor governo. “Foi para isso que a presiden-te Dilma lutou contra a ditadura, para impedir que hoje um projeto tão im-portante como o do Funpresp passe pelo Congresso Nacional sem nenhu-ma discussão?”, criticou.

Além de Sara Granemann, que questionou o Funpresp por quebrar a solidariedade entre os servidores e por promover a exploração do traba-lhador pela própria classe, o seminário do dia 28 de março contou ainda com a participação dos auditores fiscais Maria Lúcia Fatorelli, Roberto Piscitelli e Clemilce Carvalho.

Fonte: ANDES-SN (Com informações da Agência Senado)